documento protegido pela lei de direito autoral · ii universidade cÂndido mendes pÓs-graduaÇÃo...

50
i UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O CONTEXTO INTERDISCIPLINAR DOS JOGOS, COM ÊNFASE AO SEGUNDO SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL Por: Maria das Graças Pereira de Almeida Orientadora: Profª. Maria Esther de Araújo Oliveira Co-Orientadora: Profª. Fernanda Sansão Ramos Mattos Rio de Janeiro 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: vuongmien

Post on 15-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

i

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O CONTEXTO INTERDISCIPLINAR DOS JOGOS, COM ÊNFASE AO SEGUNDO SEGMENTO

DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Maria das Graças Pereira de Almeida

Orientadora: Profª. Maria Esther de Araújo Oliveira

Co-Orientadora: Profª. Fernanda Sansão Ramos Mattos

Rio de Janeiro 2010

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

ii

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O CONTEXTO INTERDISCIPLINAR DOS JOGOS, COM ÊNFASE AO SEGUNDO SEGMENTO

DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes – Instituto A Vez do Mestre - sob orientação da Professora Maria Esther de Araújo Oliveira, como requisito parcial para conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Orientação Educacional.

Por: Maria das Graças Pereira de Almeida

Rio de Janeiro 2010

iii

AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que contribuíram para a reflexão e realização deste trabalho.

iv

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Maria Enir Richetti e Maria José Corrêa, que tanto colaborou para o seu desenvolvimento.

À Arlene, minha mãe e primeira mestra na escola da vida.

Maria das Graças Pereira de Almeida

v

Num sentido puramente formal poderíamos considerar toda a sociedade como um jogo, sem deixar de ter presente que este jogo é o princípio vital de toda a civilização. A conclusão é de que sem o espírito lúdico a civilização é impossível.

(Huizinga, 1980)

vi

RESUMO

Os jogos cooperativos são essenciais ao processo de formação

educacional; à medida em que propiciam importantes estímulos para o

desenvolvimento da autoconfiança e dos valores morais e éticos de mútuo

respeito e solidariedade, levam o aluno a um melhor relacionamento no

contexto democrático da sociedade. Assim, a presente abordagem pretende

demonstrar a importância da aplicabilidade interdisciplinar dos jogos

cooperativos nesse processo, sobretudo no segundo segmento do ensino

fundamental. Decorrente do atual modelo de sociedade, onde o ter superpõe-

se ao ser, em subversão dos valores de solidariedade, altruísmo, justiça,

civilidade, alteridade etc., o despreparo moral e ético dos alunos adolescentes

incide em comportamentos nitidamente antissociais. Nesse conjunto, sendo

ignorada a tradicional parceria família-escola, incumbe à escola buscar

alternativas profícuas aos objetivos pedagógicos, dentre estas a inserção nos

currículos de ensino de atividades onde se conjuguem fatores de lazer e

educação, num modo peculiar de pugnar pela formação para a cidadania.

vii

METODOLOGIA

Orientado pela metodologia de pesquisa bibliográfica e tendo por

fontes de consulta dissertações, livros, revistas científicas e sites eletrônicos, o

tema foi estudado somente através de pesquisa teórica, ou seja, não foi

desenvolvida pesquisa empírica.

Na pressuposição de que os aspectos comportamentais carreados

pelos jogos cooperativos tendem a privilegiar o processo de ensino-

aprendizagem, surgindo, portanto, como forte coadjuvante para desenvolver no

educando aspectos psicológico, emocional, intelectual, social, ético e moral,

essa temática vem ganhando espaço nos atuais debates de distintas áreas

científicas - filosofia, psicologia, sociologia, educação geral e educação física.

Nessa ênfase, pretendendo demonstrar que, insertos no currículo

interdisciplinar, os jogos cooperativos são essenciais subsídios para o alcance

dos objetivos pedagógicos in totum, para ser melhor visualizado o estudo utiliza

o sistema de divisão em capítulos: no primeiro capítulo conceitua a

adolescência e enfoca o processo de subjetivação no atual contexto da

sociedade; o segundo capítulo remete às dimensões da educação, com ênfase

aos valores humanos essenciais para o convívio social; o terceiro capítulo

contextualiza o jogo na educação, com destaque aos estímulos psicomotores e

à função dos jogos cooperativos no processo de interação social; concluindo,

seguem algumas considerações pessoais sobre a temática em foco, buscando

estimular a inserção de jogos cooperativos nas aulas de Educação Física e em

cunho interdisciplinar.

SUMÁRIO

Página

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

Capítulo I - ADOLESCÊNCIA: ATUAIS FORMAS DE SUBJETIVAÇÃO..........10

1.1- O Lugar da Cultura na Constituição do Sujeito..........................................11

1.2- Origens da Conduta Antiética na Adolescência.........................................13

1.3- A Construção da Subjetividade na Atualidade...........................................14

Capítulo II - AS DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO................................................16

2.1- A Questão do Limite na Escola..................................................................17

2.2- Vivenciando Valores na Educação.............................................................19

2.3- A Transversalidade da Ética.......................................................................22

Capítulo III - O JOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO..................................25

3.1- O Jogo: Definição e Conceito.....................................................................25

3.2- O Papel do Jogo na Aprendizagem............................................................28

3.3- A Aplicabilidade de Jogos Cooperativos no Segundo Segmento do Ensino Fundamental..........................................................................................34

3.4- O Processo de Interação Social.................................................................37

CONCLUSÃO....................................................................................................40

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................42

9

INTRODUÇÃO

Historicamente, à Educação tem sido incumbido desenvolver o ser

humano intelectual, moral e socialmente, em inconteste prestação de serviços

à sociedade; ainda que no decorrer do tempo tal incumbência tenha sofrido

alterações de cunho político para favorecer a elite, com a democracia firmou-se

como direito de todos e dever do Estado.

Aprender implica adaptar-se ao meio físico e cultural; sendo a boa

convivência essencial para o bom fluxo do processo de ensino-aprendizagem,

a qualidade das relações intersubjetivas interfere no seu êxito ou fracasso; por

conjugar fatores motor, cognitivo e emocional na forja de situações conflitantes

que ajudam a desenvolver o autoconhecimento, o uso estratégico de jogos no

espaço escolar deve ser agregado à totalidade das disciplinas curriculares, em

atividades que levem o aluno a respeitar os hábitos, ritmos e preferências dos

seus congêneres, tendo em mente que o potencial de interação do indivíduo

com o em torno (desenvolvimento psíquico e emocional) suportando

sistemáticas reformulações, permitem-no reconhecer as variadas

possibilidades de se expressar no cotidiano social.

Levando em conta as necessidades e interesses discentes, através

dos elementos do jogo (ludicidade, limites de tempo/espaço, rigidez e

obrigatoriedade de regras formais etc.) é possível atingir os objetivos

pedagógicos de sociabilidade, participatividade e evicção de uma

competitividade malsã; os valores éticos e morais são propiciados aos

participantes via tensão quando, esbarrando em suas regras, deixam aflorar as

características subjetivas de habilidade, audácia, força, tenacidade, lealdade

etc.; intrínsecos ao saber/fazer, o jogo também permite que o educador

perceba quais sentimentos os afligem causando déficits de relacionamento

e/ou de aprendizagem.

À medida em que é demonstrado que os jogos cooperativos são

viáveis alternativas para desenvolver o aluno em seus aspectos psicológico,

emocional, intelectual, social, ético e moral, a questão sobre a sua introdução

10no contexto educacional vem ganhando maior espaço dentre as pesquisas e

estudos de distintas áreas científicas.

No atual paradigma social onde o ser cede espaço ao ter, a parceria

família-escola tem sido ignorada no processo de formação intelectual e moral

dos jovens, em geral sendo esse encargo assumido pela escola. Em razão do

despreparo moral e ético dos alunos, cujos valores de solidariedade, altruísmo,

justiça, civilidade, alteridade etc. são tidos como ultrapassados, vale

questionar: como a sociedade prosseguirá na sua trajetória de

desenvolvimento caso não pugne pelo aspecto qualitativo dos seus

integrantes? A escola poderá formar para o exercício pleno da cidadania

através da conjugação dos fatores de lazer e educação? Insertos no currículo

interdisciplinar, como os jogos cooperativos poderão subsidiar os objetivos

pedagógicos?

Assim, a escolha e delimitação do tema para estudo - O contexto

interdisciplinar dos jogos, com ênfase ao segundo segmento do ensino

fundamental – partiu da hipótese de que os estímulos proporcionados pelas

atividades lúdicas e formativas dos jogos cooperativos podem levar o aluno a

desenvolver importantes referenciais éticos, morais e intelectuais

indispensáveis à interação social.

Com base na detecção das condicionantes de deficitária construção

do conhecimento e/ou do disciplinamento moral e ético do aluno, sobretudo na

fase da adolescência (atitudes de rebeldia, desrespeito às normas institucionais

etc. que, em geral, obstruem o bom fluxo do processo pedagógico), o estudo

pretende demonstrar que o aspecto qualitativo do ser humano é um fator

preponderante para a sociedade na trajetória de seu desenvolvimento; que, na

conjugação curricular dos fatores lúdicos e educacionais, em âmbito

interdisciplinar, a escola poderá formar cidadãos aptos ao pleno exercício de

seus direitos e deveres no contexto societário; que os aspectos

comportamentais carreados pelos jogos cooperativos tendem a privilegiar o

processo de ensino-aprendizagem; e que, insertos nos currículos de ensino, os

jogos cooperativos podem subsidiar o alcance dos objetivos pedagógicos in

totum.

11Capítulo I

ADOLESCÊNCIA: ATUAIS FORMAS DE SUBJETIVAÇÃO

Conceitualmente, sendo um grupo social composto por indivíduos

ligados por múltiplos laços de parentesco capazes de manter os membros

moral, material e reciprocamente durante as gerações, a família adquire o

caráter de espaço sociocultural na medida que, ao acompanhar as mudanças

ideológicas, econômicas e socioculturais do contexto onde se inscreve,

influencia e é influenciada por indivíduos e instituições.

No espaço/tempo histórico em que a obsessão burguesa por

privacidade deu ensejo à formação nuclear da família, período revolucionário,

fervilhante de princípios ideológicos de base evolucionista, organicista e

mecanicista (século XIX), sob a influência de Rousseau (1712-78) o conceito

de infância começou a adquirir um prisma mais humanista, embora a criança

permanecesse ignorada em sua corporeidade, ou seja, enquanto sujeito/agente

no processo de construção do mundo, ente dinâmico resultante de interações

bioculturais, aberto à extensa gama de possibilidades vivenciais

(GONÇALVES, 1994).

Fruto da valorização da infância e da adolescência, a idéia de

identidade etária específica é uma criação da modernidade; tal distinção debita-

se à evolução científica (meados do século XX) que, esquadrinhando a vida em

suas dimensões ideológicas e biopsicossociais, compartimentou a vida humana

nas etapas de infância, adolescência e adultícia, reiteradas pelo artigo 2º do

Estatuto da Criança e do Adolescente (2001).

12Tendo a juventude por tema corrente, dentro do conceito de

"menor" o ECA arrola os termos "criança" (indivíduo com idade abaixo de 18

anos) e "adolescente" (indivíduo com idade entre 12 e 18 anos) como etapas

vitais distintas, relativas à construção de uma conduta social e legalmente

regrada.

Com ênfase ao termo adolescência (fenômeno psicossocial

decorrente do contexto cultural, econômico e político), uma das formações

culturais mais poderosas da contemporaneidade, em geral tem sido confundida

com puberdade (fenômeno orgânico representativo de prontidão à reprodução).

A fase da adolescência corresponde à transição da infância à

adultícia, extremamente marcada por alterações de ordem biopsicológica

(aceleração do crescimento e amadurecimento sexual) e social (expectativas

sociais e desenvolvimento da personalidade), expressadas através de

sentimentos contraditórios e oscilações de humor (amor/ódio, vergonha/prazer,

alegria/raiva etc.), em razão da relação estabelecida entre a imagem corporal-

personalidade e o processo de individuação (formação da identidade) no

círculo familiar e no âmbito dos relacionamentos socioafetivos, cujas

expectativas falhas, gerando conflitos de rejeição, injustiça etc., dão ensejo à

famosa “crise da adolescência”, na qual os valores já adquiridos são

reformulados e assimilados à estrutura mais madura, dando azo à evolução da

personalidade (CALLIGARIS, 2000).

Levi e Schmitt (1996, p. 14) salientam que a juventude é uma

“construção social e cultural (...) que por sua natureza carrega significados

simbólicos de promessas e de ameaças” e que, apesar de destituída de

responsabilidades jurídicas, em geral os indivíduos que atravessam essa faixa

etária são alvo das expectativas projetadas tanto pela família como pelo

contexto social pertinente.

1.1- O Lugar da Cultura na Constituição do Sujeito

Pino (2005) manifesta que o processo de subjetivação, denominado

“nascimento cultural do homem”, ocorre ao nível das relações do indivíduo com

13o outro, ou seja, de acordo com o significado histórico e cultural dado às suas

ações, o que o transmuta de ser biológico ao ser cultural.

Sob a ótica Vygotskyana do desenvolvimento psicológico, a vida

humana é constituída histórica e socialmente à medida em que a cultura,

integrando a sua natureza, orienta o seu desenvolvimento psicológico;

portanto, além dos pais, também a sociedade deve projetar o lugar que o

adolescente ocupará quando adulto, para tanto provendo-o de referenciais

identitários.

Daí a importância de questionar a sociedade para descobrir as

exigências que implicam no processo de construção da personalidade, as quais

tanto podem se contrapor ao universo adulto quanto influenciar na elaboração

dos valores implícitos nos contextos familiar e cultural em que o jovem vive.

Em geral, as práticas sociais decorrem das peculiaridades culturais e

históricas da sociedade; no caso brasileiro, o excesso de poder das autarquias

e a gritante falta de cidadania da massa popular, legados da hierarquização

social e extremo autoritarismo estatal, tolhendo a equanimidade no plano legal

e reivindicatório, dão ensejo à violência enquanto recurso alternativo ao

absenteísmo consensual dos valores éticos e morais. Nessa ênfase, sob o

imperativo da futilidade, elevada parcela da geração atual vir se submetendo a

um processo de esvaziamento, proporcionado por tudo que não se traduza em

prazer imediato e cronicizado pela indiferença e falta de objetivos.

Na cultura atual sobreexistem três tipos de violência: a depredação

e/ou rapto de objetos; molestação física dos semelhantes; exacerbação do

consumismo; com ressalte à violência, Hobsbawn (1996) afirma derivar dos

ideais utópicos de igualdade, individualismo e autonomia.

Traçando um paralelo entre violência e cultura, Aragão et al. (1991)

afirmam que, em suas variáveis, a violência pode ser considerada um sistema

de troca ao nível das relações sociais, irrompendo em face de um déficit

relacional subentendido como a privação do poder do indivíduo sobre as

coisas; essa sobreposição do poder das coisas, dando lugar à busca

desmedida pelo novo, pelo supérfluo, levando a um consumo desenfreado, é

significativa do fracasso do arbitrário, da legalidade e da função paterna.

14Daí no ethos cultural contemporâneo o processo de subjetivação do

adolescente decorrer no interjogo cultura-subjetividade, cujas principais

características (massificação e excesso de informações), obstando o seu

potencial de discernimento, leva-o a novas formas de transição

(individualidade/individualismo e sujeito/consumidor) temporalmente

dimensionadas.

1.2- Origens da Conduta Antiética na Adolescência

Inscrito no modelo de desenvolvimento capitalista, por gerar uma

infinidade de necessidades materiais, em sustento de uma rede de

consumidores ávidos por novos produtos, cujas faixas etárias abrangem desde

crianças até a terceira idade, o consumo tornou-se uma característica marcante

nos séculos XX e XXI.

Se antes o consumo voltava-se, mais especificamente, para a

subsistência, hoje está voltado para o supérfluo, para a aquisição pelo simples

prazer de adquirir e/ou pela perspectiva de aceitação pelo grupo social

pertinente.

Assim, antagonizando à sua responsabilidade social, a atual forma

de organização capitalista da sociedade vem originando formas de violência

peculiares, tais como a desestruturação dos vínculos humanos solidários,

sobretudo os familiares, na medida que, segundo Kehl (2002, p. 13), “as

sociedades modernas têm na liberdade, na autonomia individual e na

valorização narcísica do indivíduo seus grandes ideais, pilares de novos modos

de alienação, orientados para o gozo e para o consumo”. É nesse contexto de

pseudo-liberdade que a banalização da violência concorre para a inversão de

valores tradicionalmente cultivados, dificultando o processo de busca dos

jovens por assegurar seu lugar de direito na sociedade.

Durante o processo de adolescer (reestruturação corporal e

psíquica), o indivíduo apresenta forte vulnerabilidade às influências internas e

externas, desenvolve seu potencial inato e incorpora novos valores identitários;

em geral, o reconhecimento da sua individualidade no grupo familiar e a

15formação de vínculos sociais servem de suporte psíquico e emocional ao

adolescente nessa transição; contudo, por situado no nível pré-convencional de

desenvolvimento moral (egocentrismo), desconsidera as diferenças e

interesses alheios. Para que ultrapasse esse nível é imperativo que perceba o

Outro e a si mesmo como corporeidades (unidades expressivas da existência),

cuja ocorrência dá-se através de um processo de valoração consubstanciado

pela experiência de mundo. Logo, a conduta antiética do adolescente tende a

se originar num ambiente onde os princípios morais e éticos não são

devidamente valorizados (JUNG, 1967; HABERMAS, 1989; MERLEAU-

PONTY, 1999).

Segundo os estudiosos supracitados, no nível pré-convencional

presentifica-se um desequilíbrio de ordem emocional e psíquica, cuja

característica remete, particularmente, à busca do adolescente por estabelecer

a própria identidade, a qual se desenvolve proporcionalmente à introjeção dos

conceitos formados pelas pessoas a seu respeito; daí a tendência a agrupar-

se, a utilizar mecanismos fantasmáticos defensivos, a situar-se

atemporalmente, a manifestar sua sexualidade de forma exacerbada e/ou

inconcisa, ao sentido de onipotência, às variáveis de conduta e às flutuações

de humor; como tais fatores podem ser confundidos com quadros psicóticos ou

psicopáticos (estados mentais e/ou padrões de comportamento de ordem

especificamente psicológica), é preciso uma efetiva observação da constância

e mobilidade dos mesmos, com pauta às variáveis do processo de

desenvolvimento evolutivo e o contexto social e familiar do indivíduo, ou seja,

nos elementos arrolados à crise normal da adolescência, na medida que,

baseado em figuras negativas, o estabelecimento identitário também pode

ocorrer de forma negativa, na medida que a identidade é resulta de múltiplas

identidades parciais, as quais contribuem para que sejam formadas diferentes

configurações, sendo criadas novas imagens à medida em que ocorrem

movimentos no meio circundante ou no meio interno.

1.3- A Construção da Subjetividade na Atualidade

16Figueiredo (in SOUZA et al., 1999) salienta que, para que o

processo de subjetivação seja melhor compreendido é necessário remeter aos

postulados freudianos sobre as relações natureza-cultura e indivíduo-

sociedade :

• Natureza-cultura: a cultura (organização e estabilização do convívio

coletivo) constitui-se por meio de mecanismos controladores das ações

humanas naturais;

• Indivíduo-sociedade: na busca pela subjetividade, o indivíduo situa-se

num estado de complementaridade entre natureza e cultura.

Implicando a evolução da civilização numa luta perene entre as

pulsões de vida e morte, a expressão violência, num primeiro momento

associada à agressividade, de modo mais geral refere-se à conseqüência dos

conflitos de interesses que perpassam o convívio em coletivo, algo como a

violência desencadeada pela pressão do ambiente cultural da atualidade, onde

a “incessante supressão do instinto, e a tensão resultante disto se trai nos mais

notáveis fenômenos de reação e compensação” (FREUD, 1996, p. 321).

A atual cultura do narcisismo, que privilegia a beleza física como

instrumento capaz de impressionar, vem forjando novas formas de

subjetivação, sendo o Outro visto pelo sujeito como objeto de usufruto a ser

descartado quando lhe aprouver, na medida que seus desejos são orientados

para o exibicionismo e autocentrismo, em desvalorização das trocas

intersubjetivas. Fruto desse contexto, o adolescente tem na violência um meio

de autoafirmação no grupo social pertinente, cujas implicações, não permitindo

que erija valores próprios, prejudicam a sua estruturação egóica.

Em face das mudanças culturais rápidas e significativas, onde a

estética transmite uma realidade aparente distinta da interioridade, o descrédito

aos valores tradicionais, levando à intensificação do individualismo, reverbera

no empobrecimento da subjetividade.

Transformado o adolescente num ser esvaziado psicológica, moral,

social e culturalmente, resta-lhe apenas buscar novas alternativas para

descarregar suas energias, daí adquirir/assumir comportamentos antiéticos.

17No paradigma da modernidade, a relação entre consumo e

construção da identidade do adolescente tem a ver com fatores culturais

(divisão classista da sociedade e respectiva questão de status quo), sociais

(busca pela inserção/aceitação no grupo social de convivência), pessoais

(reforço dos traços de identidade/personalidade) e psicológicos (projeções

emocionais, afetivas, perceptivas e motivacionais).

Por essa via, “tanto mais poder os objetos adquirem quanto mais o

interior está esvaziado e exteriorizado”, não tanto por seu caráter

mercadológico, mas por carrear aspectos psicológicos e culturais na

construção da visão de mundo (CONTE et al, 2007).

Capítulo II

AS DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO

No exercício da sua função social de educar, a escola precisa

atentar para as dimensões educativas que perpassam o cotidiano pedagógico,

a que sejam desenvolvidas ações que, em ultrapasse dos tradicionais limites

da práxis docente, levem o educando a uma formação holística (CUNHA,

1989).

• A dimensão estética diz respeito ao sujeito cultural, o que implica na

criação e organização de ambiência que permita ao educando expressar

sua capacidade de compreender o mundo em suas possibilidades e

limitações;

• A dimensão do conhecimento relaciona-se às diferentes nuances e

aportes epistemológicos intrínsecos na construção do conhecimento;

implica um paradigma pedagógico fundamentado na reflexão, ao

docente incumbindo intermediar a relação sujeito-objeto de

conhecimento;

• A dimensão lúdica implica no prazer de ensinar e de aprender, contexto

em que o jogo assume importante papel na formação humana através

da diversidade de suas manifestações;

• A dimensão de possibilidades induz à tomada de atitudes para a

concretização de objetivos e rompimento de paradigmas;

19• A dimensão axiológica, em discussão da ética, possibilita refletir sobre

os valores que norteiam o ser social, ou seja, a filosofia que direciona a

práxis pedagógica no sentido de educar para a realidade contextual

permeado por conflitos, em sobresselência dos valores éticos e morais

para os sanar;

• A dimensão sociopolítica emerge sob a forma orgânica de cidadania à

medida em que envolve deliberações intersubjetivas propícias à

formação do educando enquanto sujeito histórico do processo

pedagógico, capaz de assumir compromissos e responsabilidades

sociais;

• A dimensão humana relacional diz respeito ao sujeito de relações, à

reconhecida importância da subjetividade no contexto intersubjetivo;

implica no fomento dos vínculos essenciais, estímulo e/ou fortalecimento

das noções de inclusão e pertinência grupal e cultivo dos aspectos

éticos e de solidariedade intrínsecos às relações de circunvizinhança;

• A dimensão didáticopedagógica corresponde à estratégia de

planejamento das ações docentes (seleção dos conteúdos

programáticos, metodologias e pesquisas; uso das novas tecnologias

etc.), num processo sistemático de perene reflexão da práxis

pedagógica;

• A dimensão familiar diz respeito à necessária parceria escola-

comunidade, numa perspectiva nitidamente participativa, em

robustecimento dos intercâmbios que possibilitem redesenhar a fórmula

do tradicional partilhamento, com vistas à excelência do processo

educativo.

20Identificadas as causas e viáveis soluções para as questões

socioculturais que perpassam o espaço escolar (evasão, repetição, violência,

drogas, desrespeito, descaso etc.), através desse dimensionamento é dado

provimento de adequada formação para que o aluno, tendo ampliado o seu

desenvolvimento cognitivo, cultural, emocional, artístico, social e ético, conviva

e interaja no contexto da coletividade, na medida que, nessa amplitude;

conforme Dohme (2004, p. 116), “tudo é uma questão de querer e ver a

educação além dos objetivos imediatos, vê-la como um processo de formação

global” (grifo nosso).

2.1- A Questão do Limite na Escola

A antiga civilização grega via no adolescente aquele que se torna

cidadão para cumprir os costumes (ethos) dos adultos; falar de ética e

cidadania, portanto, é falar de adolescência, etapa da vida reconhecidamente

importante na construção do sujeito, cujas vivências e valores são

determinantes do comportamento do ser humano na adultícia; nesse ensejo, é

relevante que a abordagem ética do adolescente não seja vista como um

modismo sujeito a modificações, mas como algo indivisível do biopsicossocial,

pelo reconhecimento do adolescente de hoje como um cidadão ético do

amanhã (ARIÈS, 1978).

Portanto, qualquer ação educativa focada no adolescente deve ter

como principal ponto de referência o seu resgate enquanto sujeito/agente de

construção/transformação do espaço/tempo em que está inserido; para que ele

protagonize a própria história e projete seu futuro na sociedade é imperativo

que, tanto na escola como na família, vivencie experiências com novas figuras

de autoridade e com o grupo de pares; enquanto instituição de vanguarda

neste processo, além das ações específicas da escolarização, em seu projeto

pedagógico a escola deve instanciá-lo com atividades promotoras à sua plena

formação, tendo em mente que, sendo a vida feita de escolhas das mais

rotineiras às mais complexas, para o adolescente qualquer decisão é

significativa de suma importância.

21Na contemporaneidade, tempo de mudanças rápidas e drásticas, de

ruptura de idéias e valores na busca pelo consumível e/ou descartável, cada

vez mais o espaço privado da família transforma-se num local de passagem;

por falta de tempo, a responsabilidade de cuidar dos filhos é transferida para

algum serviçal, e a escola vem se tornando uma viável alternativa ao exercício

das funções tradicionalmente exercidas pela família.

Com ênfase à atual inversão de valores que permeia a sociedade,

tem reverberado na pretensa modernidade comportamental daqueles que

convivem mais estreitamente com os jovens e que, influenciados por noções

inconcisas e disparatadas, não lhes impõem limites, concorrendo para que

sejam subjugados por uma busca insana por prazer e felicidade (premissas de

um consumismo exacerbado); assim, não sabendo como lidar com essa

situação, se acomodam ou abrem mão da sua função de educadores, aspecto

que vem despertando polêmicas no meio científico quanto à possível

reversibilidade desse quadro, em paralelo à recuperação da identidade da

escola como instituição sumamente educacional (CASTRO, MONTEIRO,

2003).

A conduta antiética na adolescência, portanto, origina-se numa

ambiência onde os princípios morais e éticos não são valorizados; com

carências essenciais de diferentes ordens e precisando interagir com tais

elementos, não raro a forma que encontra para as expressar é através de

comportamentos nitidamente antissociais. Instanciado pela imanência

contextual, o adolescente torna-se presa fácil de conflitos em decorrência das

escolhas que precisa fazer para se posicionar como um indivíduo cuja

temporalidade histórica é ímpar, intransferível.

Segundo os estudiosos (BERESFORD, 1994; MERLEAU-PONTY,

op. cit.; REALE, 2002), o adolescente desconsidera as diferenças e interesses

alheios porque, estando situando no nível pré-convencional de

desenvolvimento moral, tem uma percepção pouco nítida sobre as regras e

limites sociais; daí, o maior desafio para as políticas sociais neste início de

milênio, bem como para qualquer ação pedagógica, reside na integral formação

do adolescente.

22Além de seu papel epistêmico, a escola precisa dar oportunidade

para que o aluno vivencie experiências com o grupo de pares e com modelos

de autoridade alternativos aos da família; daí também caber aos educadores a

função de suporte nos momentos em que ele apresente instabilidade

emocional e necessidade de afirmação.

Para que o adolescente aprenda a canalizar seu potencial

energético e emocional, devem ser forjados contextos de expressão artística,

literária, esportiva etc., constituindo a sala de aula um excelente fórum para o

exercício da cidadania, cujas habilidades e valores podem ser exercitados; ao

extrapolar as atividades de cunho institucional, a escola assume a importante

função de desenvolver no educando as habilidades fundantes da vida

societária, pautadas em noções de alteridade, de ética relacional e de convívio

com as diferenças.

2.2- Vivenciando Valores na Educação

As vivências escolares do adolescente são valiosas à sua

socialização; à medida em que os professores assumem um padrão de

autoridade alternativa ao da família nesse processo, a relação do adolescente

com as figuras parentais acaba sendo transferida para os educadores, os quais

acabam se tornando modelos referenciais na construção da sua identidade.

Logo, cabe aos educadores, além do próprio exercício pedagógico,

permitir que o adolescente dê vazão ao seu potencial energético e emocional,

através de atividades artísticas, literárias, cênicas, musicais, esportivas etc.,

cuja discussão dos temas de interesse levem-no a exercitar a capacidade de

expressar seus posicionamentos críticos e, sobretudo, desenvolver as noções

de alteridade e de ética relacional, fundamentais à convivência com as

diferenças, tendo em mente que, assumindo aspectos de maior ou menor

gravidade conforme o momento histórico de sua ocorrência e atingindo os

segmentos da sociedade de forma indistinta, quaisquer que sejam seus portes

os conflitos tendem a marcar profundamente a juventude, incidindo sobremodo

no processo de seu desenvolvimento (CECCARELLI, 2001).

23Com respeito à ocorrência, entre os alunos, de comportamentos que

vão desde os aspectos mais sutis de desrespeito e falta de solidariedade aos

de violência explícita, em atitudes incompatíveis com a dignidade moral e social

do ser humano, Badejo (2002) diz ser o espaço escolar, na atualidade,

reprodutor da cultura subjacente e que, se por um lado, isso leva o educador a

um sentimento de impotência, por outro lado este se vê cada vez mais cobrado

pela sociedade por uma função que também incumbe às famílias e à própria

sociedade: propiciar aos jovens uma formação moral e ética.

Diante do turbilhão de mudanças por que passam os alunos, o

desafio do professor da segunda fase do ensino fundamental é ajudá-los a

equilibrar mais responsabilidades com a dispersão natural da idade, daí a

urgência por redimensionar a práxis pedagógica sob um enfoque antropoético,

balizando-a com a responsabilidade social de cuidar, numa cultura de

valorização do ser e respectiva inserção do educando na sociedade de forma

ampla, em sintonia com as questões mais relevantes do mundo atual,

exigentes por conhecimentos de toda ordem.

Tal apelo por valores é um clamor urgente no atual espaço/tempo

histórico, onde as inquietantes e conflituosas questões de toda ordem desafiam

as políticas das instituições públicas e privadas a que, nesse conjunto, as

iniciativas individuais de educadores e demais profissionais de educação sejam

efetivas.

Conquanto seja crescente número de educadores que vêm

implementando experiências educacionais focadas em valores e na dimensão

psicoafetiva, Tillman e Colomina (2003) apontam que o modelo de sociedade

almejado não se constituirá sem uma educação de qualidade, cujos currículos

tenham por principal fundamento uma perspectiva humana da educação em

todos os níveis, inclusive na formação de educadores; que, antes de tudo, o

educando precisa aprender a ser (processo de individuação), em

reconhecimento dos princípios humanos essenciais à formação de juízos de

valor e pensamentos críticos, num exercício de liberdade, discernimento,

criatividade e sentimento eficaz para que desenvolva o próprio potencial na

construção de melhores perspectivas para o futuro.

24 A individuação é um processo de diferenciação cujo objetivo é o desenvolvimento da personalidade individual (...) o impedimento da individuação (...) será prejudicial para a atividade vital do indivíduo (...) Como o indivíduo não é apenas um ser singular, pressupondo-se também relações coletivas, o processo de individuação não leva ao isolamento, mas a uma consistência coletiva mais intensa. (JUNG, op. cit., p. 525-526)

Uma educação fundada na pressuposição de que os valores morais

e éticos promovem o bem-estar individual e coletivo e que tais valores levam o

educando a opções socialmente conscientes, reconhece o indivíduo em sua

dimensão plena, não dissociando o domínio cognitivo do afetivo; logo, um

ambiente de aprendizagem encorajador, cuidadoso e criativo é propício para

que o educando desenvolva comportamentos positivos.

Essa abordagem humanista da educação incorpora a consciência do

educador a respeito da importância do desenvolvimento desses valores, assim

como do respectivo compartilhamento com os educandos, na medida que as

lições sobre valores morais e éticos levam-nos à efetiva percepção das

consequências provocadas pelos sentimentos de mágoa, medo, ira etc. no

contexto interrelacional; nessa ênfase, destacam-se as atividades exigentes de

cooperação, tais como jogos, projetos, manifestações artísticas e estéticas,

dentre outras cujas técnicas de realização, trazendo à tona o real significado

desses valores, ajudam na resolução de conflitos e na construção de

habilidades de comunicação intersubjetiva.

Barros (1999) assevera que, numa perspectiva global, os temas

sobre paz e respeito, explorados sob uma perspectiva ética através de

atividades interdisciplinares, levam o educando à reflexão sobre os problemas

mundiais da atualidade (diversidade étnica, sustentabilidade, violência urbana,

intolerância racial e religiosa etc.), bem como sobre o próprio papel de sujeito

histórico, cooperativo, tolerante e justo, sendo encorajado a integrar tais

valores na sua rotina, cujas habilidades desenvolvidas contribuem no seu

processo de aprendizagem.

2.3- A Transversalidade da Ética

25A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n° 9.394/96)

instituiu várias alterações no ensino, dentre as quais os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs), sob o postulado de uma metodologia de ensino

mais humana, perspectiva onde ao professor cabe repassar os conteúdos de

forma simplificada e relacionada ao cotidiano dos alunos, tornando-se

mediador do processo de ensino-aprendizagem na aquisição de habilidades.

Os PCNs constam da proposta nacional para uma escola cuja flexibilidade

debita-se “ao caráter genérico dos objetivos, conteúdos, avaliações e

orientações pedagógicas contidos nos documentos” (NASCIMENTO, 2000, p.

185).

Com ênfase à finalidade da Educação, segundo o artigo 2º da LDB é

“o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Respectivamente à Educação

Física, a “promoção do desporto educacional e o apoio às práticas desportivas

não-formais” (art. 27, IV) é um modo do aluno praticar atividades vinculadas às

suas necessidades e potencialidades, e ter respeitada sua individualidade no

grupo em que está inserido.

Como através do corpo o indivíduo tende a captar seus limites

biopsicológicos, as atividades de Educação Física implicam numa metodologia

curricular que visa equilibrar as funções orgânicas de assimilação (exploração

e transformação do ambiente, num processo de incorporação) e acomodação

(transformação estrutural do organismo em adequação à natureza daquilo a ser

apreendido) (BORDENAVE, PEREIRA, 1984, p. 28), na medida que a

construção do conhecimento depende das ações sensório-motoras que,

coordenadas, ativam, organizam e estruturam o sistema nervoso do organismo

humano; logo, ao agir sobre o ambiente, o educando aprende a controlá-lo.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) constam eixos temáticos,

ou temas transversais, a serem desenvolvidos no ensino fundamental, devendo

estar sempre presentes nas aulas de Educação Física, com vistas a estimular a

reflexão, de modo a contribuir para a construção de uma visão crítica

respectivamente à prática e valores insertos na disciplina e no meio social:

26• Ética: respeito, justiça e solidariedade fazem parte das práticas físicas: o

respeito deve ser exercido na interação com adversários; a

solidariedade, vivenciada no trabalho em equipe; a presença de um juiz,

as regras e os acordos firmados entre os participantes são formas de

aprender a valorizar o sentido de justiça;

• Saúde: estresse, má alimentação e sedentarismo são subprodutos da

crescente urbanização, daí a necessidade de vincular a Educação Física

ao cultivo da saúde e do bem-estar das pessoas, superando, em muitos

casos, a falta de infra-estrutura pública voltada para esporte e lazer;

• Meio Ambiente: o contato da escola com áreas da comunidade

subjacente, como parques e praças, abre oportunidade para a Educação

Física abordar o tema do meio ambiente;

• Orientação Sexual: concepções de que futebol é esporte masculino e

ginástica rítmica é algo feminino ainda são manifestadas na sociedade e

no cotidiano escolar; o combate a tais preconceitos é uma das metas da

Orientação Sexual;

• Pluralidade Cultural: adotar uma postura não preconceituosa e não

discriminatória é a chave para atingir os objetivos da pluralidade cultural

em Educação Física; para isso, é preciso valorizar danças, esportes,

lutas e jogos que compõem o patrimônio cultural brasileiro, originários

das diversas origens étnicas, sociais e regionais;

• Trabalho e Consumo: sobretudo o adolescente é alvo contumaz da

publicidade de produtos esportivos; o professor pode ajudar o aluno a

analisar criticamente a necessidade de possuir determinado produto,

criar a noção de consumo consciente.

Nessa ênfase, a boa performance do educador é essencial para que

o aluno desenvolva a capacidade de pautar suas atitudes nos princípios da

Ética, cuja peculiaridade reside em nortear o núcleo transversal da Educação

(Pluralidade Cultural, Saúde, Meio Ambiente e Orientação Sexual), ou seja, as

questões relativas aos valores humanos que perpassam os currículos de

ensino:

27• Respeito mútuo: implicando na compreensão e reconhecimento da

diversidade social, consta na identificação e consideração dos diversos

tipos de relações (pessoais, formais e indiretas) que permeiam o

contexto do convívio em coletivo;

• Justiça: identificação e repúdio de atitudes que violentam os direitos do

ser humano e demais seres vivos;

• Solidariedade: valorização da existência de diversas formas de atuação

solidária no âmbito político e comunitário, em repúdio de atitudes

desleais, de violência e de omissão;

• Diálogo: disposição para ouvir idéias e argumentos do outro, em

reconhecimento da necessidade de rever pontos de vista.

A persecução dos dez mandamentos da ética (fazer o bem, agir com

moderação, saber escolher, praticar as virtudes, viver a justiça, valer-se da

razão, valer-se do coração, ser amigo, cultivar o amor e ser feliz) implica, a

priori, num convite à reflexão sobre si mesmo e, a posteriori, sobre o derredor;

dizendo respeito ao ethos (regras que conferem um caráter de

racionalidade/universalidade ao grupo social), a ética é essencial para a

edificação do nicho de inserção cultural do sujeito (CHALITA, 2003).

Capítulo III

O JOGO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO

Segundo Matweev (1997) e Ferreira (2000), dentre outros

estudiosos, as práticas sociais e respectivos impactos sobre as disposições

manifestadas pelos alunos intra e extramuros sinalizam à necessidade de

definir o modo pelo qual os atores individuais e coletivos combinam as diversas

lógicas de ação (integração, estratégia e subjetivação) que estruturam o mundo

escolar e que correspondem às três funções essenciais do sistema escolar:

socialização, distribuição de competências e educação.

Como a autoestima que o educando vai desenvolvendo implica

sobremodo na interiorização da confiança de que é alvo, é necessária a criação

de situações educativas para que, dentro dos limites impostos pela

convivência, tenha respeitados - e saiba respeitar - os hábitos, ritmos e

preferências individuais.

É nesse contexto que, adequados à dinâmica de ensino, os jogos

servem de suporte para as disciplinas curriculares; para que sejam atingidos os

objetivos pedagógicos do desenvolvimento dos aspectos de sociabilidade,

estímulo à participação e evicção de uma competitividade malsã, suas

atividades devem levar em consideração as necessidades e interesses dos

discentes.

3.1- O Jogo: Definição e Conceito

O jogo é uma atividade voluntária delimitada espacial e

temporalmente; esse legado das antigas civilizações sempre foi cercado de

grande diversidade de significados ao longo da história; “devido a seu caráter

polissêmico, a palavra jogo pode assumir sentidos diversos e muitas vezes até

29contraditórios” (RETONDAR, 2007, p. 9); essa complexidade conceitual

decorre das inúmeras teorizações filosóficas que, em geral, o associam ao

ludismo:

Jogar é dizer de maneira lúdica aquilo que só pode ser dito através do discurso não verbal em situações imaginárias. E como entendemos que o imaginário não é o oposto do real, mas o suporte mesmo da realidade, o ato de jogar revela subjetividades no presente e aponta pistas para o futuro. (RETONDAR, op. cit., p. 12)

Segundo Dohme (op. cit., p. 15), “o jogo está presente em tudo o

que acontece no mundo, ultrapassando os limites da atividade puramente física

ou biológica, tendo um sentido próprio e determinado”; sobretudo se estreitado

à ciência (Filosofia, Psicologia, Pedagogia e Educação Física), o jogo é um

mecanismo que também contempla a resolução de problemas de diversas

ordens, na medida que conforma “um sistema de sucessões de decisões”

(BROUGÈRE, apud DOHME, op. cit., p. 86).

O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida cotidiana”. (HUIZINGA, 2000, p. 33)

30Para Alberti e Rothenberg (1984), em seu conceito mais geral, jogo

é uma situação na qual dois ou mais indivíduos confrontam-se

estrategicamente à busca de dados objetivos conflitantes ou cooperativos; se

conflitantes, obviamente os objetivos não podem ser alcançados por todos os

jogadores simultaneamente; assim, os jogos são classificados como (a)

cooperativos, ou de interesses idênticos, (b) não conflitantes, de interesses

opostos; (c) mistos, envolventes dos dois itens anteriores; em todos os casos,

as funções inerentes aos jogos (exploração de si e do mundo; reforço da

convivência; produção de normas, valores e atitudes; equilíbrio

tensão/relaxamento; aprendizagem via erro/acerto) são essenciais à formação

do educando.

Os Jogos, em sua maioria, são verdadeiros campos de batalha capazes de eliminar a diversão e a pura alegria de jogar. Estruturados para a eliminação de pessoas e para produzir mais perdedores do que vencedores, muitos jogos tornaram-se um espaço para tensão, derrota, ilusão de ser melhor ou pior que alguém, e para sentimentos como raiva, medo, frustração, fracasso, rejeição, e animosidade. (BROTTO1)

“Ao contrário de ser uma característica única e inerente à espécie

humana, a competição e a cooperação, são valores culturais, ou seja, são

valores e atitudes construídas pela educação formal e informal”, sendo que, de

modo geral, nos currículos de Educação Física a atual tendência é por

atividades com jogos cooperativos, num reconhecimento da sua importância

“para que a competição deixe de ser um comportamento condicionado”, na

medida que nessa modalidade de jogo “os participantes jogam com o outro, e

não contra o outro, [jogam] para superar desafios e (...) atingir um objetivo

comum”, afirma Brotto2.

1 Disponível em: <http://www.projetocooperacao.com.br>. 2 Idem.

31O surgimento dos jogos cooperativos derivou da valorização do

indivíduo e da competição; nessa modalidade as equipes conformam uma ação

conjunta resultante no compartilhamento do sucesso, o que vai de encontro às

teorizações de Charles Darwin (o principal valor de sobrevivência para a raça

humana não reside na competição, mas na inteligência, no senso moral e na

cooperação social) e de Pierre de Coubertin (o mais importante não é vencer,

mas ter participado); conceitualmente, competição e cooperação são processos

com objetivos comuns, diferindo quanto aos resultados esperados; enquanto

no universo competitivo os benefícios revertem somente para alguns (o que

gera frustração, medo e insegurança), no universo cooperativo estes são

universais (o que, eliminando o medo do fracasso, aumenta a autoestima e a

autoconfiança) (ORLICK, 1989; BROTTO, 1997).

Através da modificação gradativa das regras e estruturas básicas do jogo, podemos criar um clima de aceitação mútua entre os jovens praticantes, incentivando-os a refletir sobre as possibilidades de transformação do jogo, na perspectiva de melhorar a participação, o prazer e a aprendizagem de todos. Além disso, uma Pedagogia da Cooperação pode ajudá-los a dialogar, a decidir em consenso e a praticar as mudanças desejadas3.

Nessa ênfase, “o jogo organizado constitui o melhor método para

incutir princípios, normas e estabelecer padrões normais. A formação do

caráter não decorre do jogo em si, mas resulta, surge por meio ou através do

jogo”, ressalta Miranda (1990, p. 153).

Isto porque cooperar exige um elevado grau de convívio e doação,

bem como o estabelecimento de uma boa relação do eu consigo mesmo;

competir cria barreiras dificultando as relações e gera sentimentos de

dependência, rivalidade, desconfiança, inibição, medo e estresse; despertada a

consciência para tais efeitos, a escolha por uma dessas polaridades passa a

ser uma questão pessoal; com ênfase à competição, é reforçada pelo atual

contexto de produção, sendo os indivíduos direta e indiretamente

desestimulados à busca por alternativas à medida em que são influenciados

por suas condicionantes.

3 Id.

32Segundo Kishimoto (1998, p. 149), “o jogo elaborado (...) é o espaço

para usar a inteligência (...), para experimentar formas de combinar o

pensamento, a linguagem e a fantasia”, em re/criação de modelos

comportamentais apreendidos através da experiência de mundo.

3.2- O Papel do Jogo na Aprendizagem

Embora como atividade espontânea o jogo não tenha um fim em si

mesmo, durante o jogo é criado um mundo imaginário de acordo com uma

ordem conveniente ao educando, o que permite acompanhá-lo em seu

processo de desenvolvimento social e emocional.

Enquanto para os teóricos do condicionamento estímulo-resposta a

aprendizagem é um processo de mudança comportamental relacionado a

princípios mecanicistas, para os gestaltistas é um processo de aquisição

de insights, ou seja, de padrões de pensamento; para Abreu e Maseto (1990, p.

9), aqueles que se preocupam com a aprendizagem do aluno devem ter

sempre em mente os seguintes princípios:

• para sua efetiva ocorrência a aprendizagem precisa ser significativa, ou

seja, precisa envolver o aluno na sua totalidade biopsicossocial;

• uma real aprendizagem envolve mudança de comportamento ou de

situação do aprendiz, na medida que ninguém aprende pelo outro;

• sendo a aprendizagem um processo contínuo, aluno e professor devem

ser providos de feedback, cujos dados os permita corrigir e reiniciar a

aprendizagem;

• a aprendizagem deve pautar-se na otimização do relacionamento

intersubjetivo, tendo por fundamentos o diálogo, a colaboração, a

participação e o trabalho em equipe.

33Assim, como além da transmissão de conhecimentos e informações,

à escola incumbe desenvolver no educando um modo disciplinado de pensar e

agir, a estratégia de utilização de jogos cooperativos no processo de ensino-

aprendizagem é um excelente recurso para o alcance dos objetivos

pedagógicos, na medida que:

• a aprendizagem dá-se mais facilmente num ambiente favorável à

espontaneidade lúdica;

• camuflar a competição latente no ser humano não é a melhor forma de a

superar e/ou direcionar;

• o clima lúdico dos jogos faz com que o aluno se comporte com

naturalidade e expresse seus sentimentos integralmente;

• a teoria tende a ser melhor compreendida se combinada com situações

práticas;

• o potencial criativo desenvolve-se melhor através de atividades com

jogos.

Ao apontar o papel do jogo na satisfação de certas necessidades

humanas vitais, Huizinga (1971) remete ao seu caráter lúdico, cuja inserção

num contexto de participatividade centrado no educando, propicia uma efetiva

aprendizagem; isto porque, segundo Piaget (1982), a motricidade inerente às

atividades lúdicas (jogos e brincadeiras), interferindo nos diversos níveis das

funções cognitivas, ajudam no pleno desenvolvimento da inteligência; para

Kamii e Devries (1991), a ativação motora (contatos corporais, alternância do

tônus muscular, o postural) e a regulação afetivo-emocional (imitação,

obediência a regras, obrigações, trabalho em equipe) possibilitadas pelo jogo

enriquece a construção da personalidade.

O caráter socializador do jogo, evidenciado nas atividades que

requerem o estabelecimento de cooperação, é altamente relevante no

processo ensino-aprendizagem, podendo catalisar importantes mudanças

comportamentais; nessa perspectiva, os jogos cooperativos são instrumentos

eficazes ao desenvolvimento/aperfeiçoamento da ética, já que a sua estrutura

favorece o jogar com e não contra o outro.

34Por ser um movimento orgânico cuja predomínio assimilativo ajuda

no desenvolvimento da cognição, jogo traduz-se como metodologia curricular

de contínuo movimento à busca por equilibrar as funções orgânicas de

assimilação e acomodação: “pela assimilação o organismo explora o ambiente

(...) transformando-o e incorporando-o a si (...). Pela acomodação o organismo

transforma sua própria estrutura para adequar-se à natureza dos objetos que

serão apreendidos” (BORDENAVE, PEREIRA, op. cit., p. 28).

Logo, a função assimilativa transforma-se em jogo, ou seja, submete

o real à circunstância individual; proporcionalmente, a função imitativa consiste

no copiar a realidade; daí a adoção de jogos como parte da metodologia

curricular abrir espaço para que seja acompanhado o ritmo individual de

desenvolvimento discente, na medida que seu valor catártico, permitindo

liberar dadas tensões em aquisição de autoconfiança, dá condições para um

bom relacionamento social.

José e Coelho (1995) apontam que, sendo uma forma de

saber/fazer, jogar implica em importantes aspectos que, inscritos nas ações

discentes, permitem que os educadores percebam quais sentimentos afligem o

educando causando-lhe déficits de relacionamento e/ou de aprendizagem;

aparentes entretenimentos, na realidade os jogos requerem elementos de

inteligência, raciocínio e movimento que, processados numa atmosfera segura

e confortável, permitem a liberação de tensões.

Desenvolvida por Von Neumann e Morgenstern em 1953, a teoria

dos jogos é uma busca por ferramentas matemáticas que sirvam para modelar

toda sorte de conflitos.

A teoria dos jogos tem a finalidade de prever os movimentos dos outros jogadores, sejam eles concorrentes ou aliados, através dessa teoria os jogadores se posicionam da melhor forma para obter o resultado desejado. O objetivo da teoria dos jogos é entender a lógica na hora da decisão e ajudar a responder se é possível haver colaboração entre os jogadores, em quais circunstâncias o mais racional é não colaborar e quais estratégias devem ser adotadas para garantir a colaboração entre os jogadores. A teoria dos jogos, por meio da matemática, equaciona os conflitos, onde o foco são as estratégias utilizadas pelos jogadores. (ALMEIDA, 20064)

4 Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>.

35

A finalidade da teoria dos jogos é a previsão dos movimentos de

jogadores concorrentes ou aliados, consoante o seu posicionamento com

vistas à obtenção do resultado desejado, bem como visualizar a possibilidade

de haver cooperação entre os integrantes das equipes, quais circunstâncias em

que o mais racional é não colaborar e quais estratégias devem ser adotadas

para garantir a colaboração entre os jogadores.

No âmbito escolar, com ressalte ao ensino fundamental, em sua

dinâmica essa teoria dá relevo à permanente de construção do conhecimento,

com base na ideologia da certeza que, aplicada à totalidade das áreas do

conhecimento, serve sobretudo de suporte à matemática, daí remeter ao

caráter inacabado do Conhecimento Humano.

36A matemática é perfeita, pura e geral, no sentido que a verdade de uma declaração matemática não se fia em nenhuma investigação empírica. A verdade matemática não pode ser influenciada por nenhum interesse social, político ou ideológico (...) A matemática é relevante e confiável, porque pode ser sempre aplicada a todos os tipos de problemas reais. A aplicação da matemática não tem limite, já que é sempre possível matematizar um problema. (SKOVSMOSE, 2001, p. 130)

Conquanto essa teoria derive da Matemática, alça à

interdisciplinaridade na proporção que ajuda na organização de um modelo

mental subjetivo direcionado à previsão dos comportamentos alheios em

situações envolventes de competição ou cooperação, provocando insights

baseados nas seguintes considerações: perseguir metas e objetivos não se

contrapõe à ética; o adversário não é um inimigo moral; os interesses dos

demais jogadores têm legitimidade; apesar do conflito de interesses, é possível

desenvolver atitude cooperativa; o entendimento da lógica situacional leva à

prontidão para prever as reações dos elementos nela envolvidos; tal

entendimento evoca à racionalidade, à prudência e à tomada de decisão.

Embora a Teoria dos Jogos não seja solução para a totalidade dos

problemas, contribui com fortes subsídios cujos fundamentos, adidos a dados

conceitos perceptivos individuais, permite que seja tomada uma resolução

prática e eficaz para os solver.

Num avanço importante nas responsabilidades públicas sobre

educação, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional visa o

desenvolvimento integral do educando em seus aspectos físico, psicológico,

intelectual e social também a partir de jogos, os quais servem de estímulo em

situações que lhe dêem certa autonomia em seu ambiente social; aprendidas

as regras de convivência, ele será capaz de ampliar sua participação na

comunidade, o que demanda a integração de vários campos de conhecimentos

e a cooperação de profissionais de diferentes áreas, pois a base do cuidado

humano deve partir da compreensão do outro, de como ajudá-lo em seu

desenvolvimento (CARNEIRO, 1998).

Para Demeny (apud SOARES, 1998, p. 110), voltada para a

globalidade funcional do organismo e colocando a vida no centro de suas

37proposições, na atual pedagogia de Educação Física os exercícios não são

apenas meios adequados para desenvolver músculos, mas para educar os

centros nervosos que os comandam; como qualquer movimento voluntário "é

precedido de um ato nervoso que o comanda e há nesse ato elementos

necessários a garantir sua precisão", a educação dos sentidos contribui para

que a vida de relação seja levada a bom termo através da constante e

progressiva estimulação do aparelho sensório-motor; as sensações que, assim,

se inscrevem, constituem traços indeléveis na complexa trama do sistema

nervoso, conformando o núcleo essencial da memória.

A tomada de consciência individual das sensações profundas dá ao indivíduo sua entidade, sua identidade, um sentimento de seu corpo, que ele integra pouco a pouco numa vivência-prazer, dando, assim, toda a sua importância e sua eficácia à sua própria memória corporal, voltada para experiências de independência, continuamente "guardadas" e renovadas. (HERMANT, 1988, p. 141)

Influindo diretamente na retidão dos julgamentos por colocar o

indivíduo em contato contínuo com os objetos exteriores, a educação dos

sentidos propicia noções reais sobre a natureza, conferindo a estes as

qualidades essenciais de ponderação e certeza (experiência das coisas).

Daí, através da dialética corporeidade-atividade física, intrínseca na

dinâmica dos jogos cooperativos, o adolescente poderá vivenciar valores éticos

e morais e mudar seu mau comportamento; por essa via, é crescente o número

de experiências educacionais focadas em valores e na dimensão psicoafetiva

da Educação (MERLEAU-PONTY, op. cit.).

Sob a ótica sociológica da Educação, as práticas sociais e

respectivos impactos sobre as disposições manifestadas pelos alunos intra e

extramuros sinalizam à necessidade de definir o modo pelo qual os atores

individuais e coletivos combinam as diversas lógicas de ação (integração,

estratégia e subjetivação) que estruturam o sistema escolar e que

correspondem às três funções essenciais desse universo (socialização,

distribuição de competências e educação) (CHARLOT, 2005; PERRENOUD,

2005).

38Com ênfase aos valores implícitos nos jogos, Braga (1997) ressalta

que terão melhor alcance se forem observados em sua orientação:

• Valor físico: reside no desenvolvimento de força, destreza, velocidade,

resistência etc.;

• Valor psíquico: por seu caráter disciplinador das emoções, ajuda na

liberação inconsciente das tensões emocionais;

• Valor intelectual: contribui para a busca de soluções no enfrentamento

de situações-problema;

• Valor social: favorece o interrelacionamento social;

• Valor educacional: constitui um recurso de aprendizagem de normas,

valores e conteúdos.

Tais valores levam ao entendimento da Educação Física como uma

prática pedagógica cujo objeto de estudo é a expressão corporal como uma

linguagem sistematizada e organizada por meio de conteúdos de ensino; a

partir dessa compreensão, deve ser organizada e estruturada a ação

pedagógica de modo que o jogo seja entendido, aprendido, refletido e

construído como um conceito cognitivo constituinte do acervo cultural da

humanidade (BRACHT,1992).

3.3- A Aplicabilidade de Jogos Cooperativos no Segundo Segmento do Ensino Fundamental

Em face das crescentes exigências escolares do segundo segmento

do ensino fundamental, coincidentes com as transições biopsíquicas da

adolescência e com a descoberta, pelo educando, de que o bom desempenho

escolar é fundamental para a sua boa formação, cabe ao professor ensiná-lo a

organizar a própria aprendizagem, ou seja, ensiná-lo a aprender a aprender,

para que seja garantido o bom fluxo do processo.

39Nessa ênfase, situados dentre as modalidades didáticas, ou seja,

dentre as ferramentas usadas em diferentes situações no processo ensino-

aprendizagem, os jogos cooperativos tornam as aulas mais dinâmicas e

participativas, facilitam a compreensão dos conteúdos via estímulo da

curiosidade e promovem a interação entre os alunos.

Isto porque, segundo Almeida (1998, p. 13), extrapolando sua

tradicional concepção lúdica ao ser inserido na esfera pedagógica, o jogo

configura-se numa “forma transacional em direção a algum conhecimento, que

se redefine na elaboração constante do pensamento individual em

permutações com o pensamento coletivo”.

A utilização do jogo na educação, portanto, tem a vantagem de

facilitar a compreensão daqueles conteúdos de difícil assimilação pelo aluno; a

significativa assimilação de conhecimentos deve-se à forma interativa e

prazerosa dessa proposta pedagógica; ante a extensa gama de possibilidades

de uso do jogo em cunho interdisciplinar, na sua escolha o educador deve

partir de um objetivo específico, a que a interligação dos aspectos lúdico e

pedagógico, enriqueça suas diretrizes pedagógicas, conforme assevera Neto

(1992, p. 43): “se o ensino for lúdico e desafiador, a aprendizagem prolonga-se

fora da sala de aula, fora da escola, pelo cotidiano, num crescimento muito

mais rico do que algumas informações que o aluno decora”.

O jogo pode ser considerado como um importante meio educacional, pois propicia um desenvolvimento integral e dinâmico nas áreas cognitiva, afetiva, lingüística, social, moral e motora, além de contribuir para a construção da autonomia, criticidade, criatividade, responsabilidade e cooperação das crianças e adolescentes. (MORATORI, 2003, p. 9)

Vale ressaltar que, embora essa modalidade didática esteja cada

vez mais presente na sala de aula, seu recurso não substitui o tradicional

método de ensino, servindo apenas para dar maior suporte pedagógico quando

introduzidos novos conceitos a serem aprendidos.

Segundo Grando (2001), no segundo segmento do ensino

fundamental os alunos têm mais dificuldade em matemática, justo porque essa

40disciplina requer o desenvolvimento de raciocínio e assimilação; nesse ensejo,

a aplicação de jogos (de encaixe, de memória, de tabuleiro, labirintos etc.) não

só facilita seu aprendizado, como o torna bastante significativo à medida em

que o aluno passa do pensamento concreto para o abstrato; como facilitadores

do aprendizado nessa área, os jogos cooperativos ajudam a preparar o aluno

para o aprofundamento dos conteúdos já trabalhados, na proporção que os

eventuais déficits tendem a serem sanados consoante a criação de um

ambiente prazeroso, de mútua ajuda entre os participantes, favorável ao

desenvolvimento/treinamento das capacidades e habilidades subjetivas.

Mantendo-se numa correspondência direta com o pensamento

matemático (instruções, operações, definições, deduções, desenvolvimento,

normas, conceitos), em geral os jogos utilizados em sala de aula comportam

regras estabelecedoras dos limites/possibilidades de ação de cada participante,

sendo tipificados como estratégicos (desenvolvem o raciocínio lógico na busca

por dado objetivo; o fator sorte não interfere no resultado), de treinamento

(reforçam determinado conteúdo; em geral o fator sorte interfere no resultado)

e geométricos (desenvolvem a observação e o pensamento lógico).

Manifestando-se sobre a ótica filosófico-pedagógica dos jogos

cooperativos, Brotto (2001) diz voltar-se à promoção de uma ética de

cooperação com vistas à melhoria da qualidade convivencial, na medida que

seus princípios estão centrados na inclusão e no compartilhamento de ações,

cujos resultados reverberam em benefícios comuns; tomando o jogo de xadrez

para exemplo, afirma que além de auxiliar no raciocínio matemático incide,

mais particularmente, na capacidade de pensar, em transmutação desse

potencial em resolução de situações concretas; assim sendo, levando o

educando a incorporar a disciplina pessoal à sua conduta social e fortalecer

sua concentração intelectual, essa modalidade didática torna-o capaz de

enfrentar os ditames do mundo globalizado.

Como alguns alunos adolescentes têm dificuldade para verbalizar

suas emoções, na medida que estas são vivenciadas no e através do corpo as

atividades de Educação Física podem ajudá-los a externá-las; segundo

41Fiamenghi (2001, p. 20), emoções são “reações, fisiológicas e psicológicas

que exercem influência sobre a percepção, aprendizagem e desempenho”.

É por isso que, atualmente, os conteúdos curriculares de Educação

Física correlacionam-se aos temas transversais, sendo trabalhados

dialogicamente com as demais disciplinas, em articulação de atividades e

projetos tendo em mente a integração do educando na cultura corporal do

movimento.

Rompendo com o tradicional favorecimento dos alunos que já

possuem algumas aptidões e arrolando o princípio da inclusão (significativo do

desenvolvimento das potencialidades inatas e ampliação dos limites corporais,

através do encorajamento à cooperação, participação social, autonomia,

afirmação de valores e dos princípios democráticos) à sua ação pedagógica

através de atividades com jogos, sobretudo os cooperativos, a Educação Física

busca integrar a cultura corporal do movimento ao lazer e à expressão de

sentimentos, afetos e emoções, fundamentais para a manutenção da saúde

individual e coletiva, bem como para a construção da cidadania.

Logo, por ser “capaz de conceber a experiência humana como

instância reveladora do ser e do existir e o movimento humano como uma

linguagem que sintetiza emoções e sentimentos” (VARGAS, 1990, p. 61), à

Educação Física cabe um exercício pedagógico crítico, cuja prática de jogos

cooperativos e de modalidades esportivas centrada numa perspectiva

efetivamente humana e solidária, seja elemento de representação social e não

de reprodução de um modelo social centrado na globalização, ou seja, nos

apelos do consumo exacerbado e na competitividade desleal.

3.4- O Processo de Interação Social

Conquanto a interação social seja um fator essencial em todos os

segmentos da vida, no que se refere ao adolescente, a qualidade do

relacionamento interpessoal é imperativo para o bom desempenho escolar;

nessa ênfase, a utilização de alternativas voltadas às ações cooperativas

importa num diferencial para a melhoria qualitativa do contexto de ensino, bem

42como da relação professor-aluno-comunidade.

Fundamentada nesse contexto sócio-histórico e respectivos

conceitos de temporalidade, circunstância, facticidade, corporeidade, conflitos,

carências etc., e aliada a atividades que ajudam o adolescente a extravasar

sentimentos negativos, a intervenção da psicologia educacional e esportiva é

eficaz instrumento para que este adquira comportamentos compatíveis à moral

consensual.

Para que o adolescente ultrapasse o nível pré-convencional é

preciso que a sua percepção (o ato pelo qual se revela o significado) do outro e

de si mesmo como corporeidades (unidades expressivas da existência) seja

estimulada através de uma educação moral e ética; nesse processo de

valoração, que somente se consubstancia com a vivência, é que poderá ser

estabelecida uma indissociável, incondicional comunhão do adolescente com o

mundo (JUNG, op. cit.).

43Ao executar dada atividade física inerente aos jogos cooperativos o

educando vivencia questões morais e éticas; nesse âmbito, numa dinâmica

existencial, a dialética corporeidade-atividade física permite que, na tomada de

consciência sobre a forma autêntica ou não de “estar-no-mundo”, norteando-

se pelos princípios do que é correto e justo, o “ser-no-mundo” seja capaz de

modificar-se.

Como essa tomada de consciência individual “dá ao indivíduo sua

entidade, sua identidade (...), que ele integra pouco a pouco numa vivência-

prazer”, para desenvolver comportamentos intencionais ao “ser-no-mundo”,

antes de tudo ele precisa aprender a construir sua própria realidade em

conformação da sua existência (MERLEAU-PONTY, op. cit.).

A motricidade (alternância dos estados de tônus muscular e

desenvolvimento postural) intrínseca na prática dos jogos interfere nos diversos

níveis das funções cognitivas, cujos mecanismos perceptivos regulam os

estados afetivo-emocionais; relacionados à cooperação, em catalisação de

importantes mudanças atitudinais, contribuem para a construção da

personalidade.

No tocante aos jogos cooperativos, pautam-se nos princípios de

revisão das experiências e reciclagem de pensamentos, sentimentos, emoções

e intenções, a que os jogadores reconheçam e valorizem o Outro em seus

diferentes modos de ser, em extrapolação do egocentrismo (nível pré-

convencional de desenvolvimento moral) inerente à adolescência (ORLICK, op.

cit.).

Jogos Cooperativos são dinâmicas de grupo que tem por objetivo, em primeiro lugar, despertar a consciência de cooperação, mostrar que a cooperação é uma alternativa possível e saudável no campo das relações sociais: em segundo lugar, promover efetivamente a cooperação entre as pessoas, na exata medida em que os jogos são, eles próprios, experiências cooperativas. (BARRETO, apud SOLER, 2003, p.21)

44Para Soler (op. cit., p.23), “os jogos cooperativos são uma abordagem

filosófica pedagógica criada para promover a ética da cooperação e a melhoria

da qualidade de vida para todos, sem exceção”, cujas características

libertadoras são coerentes com as dinâmicas em grupo, na medida que ajudam

a desenvolver a empatia, a cooperação, a estima e o diálogo, com base nos

princípios de inclusão, coletividade, igualdade de direitos e deveres,

aprimoramento humano e processualidade.

Logo, a pedagogia dos jogos cooperativos apóia-se nas dimensões de

vivência, reflexão e transformação, pertinentes ao processo de ensino-

aprendizagem, o que implica em união e compartilhamento, na medida que

ganhar ou perder constituem referenciais para o contínuo aperfeiçoamento

inter/subjetivo.

CONCLUSÃO

As virtudes formativas, presentes dentro e fora do ambiente escolar,

interferem no processo de ensino-aprendizagem; sendo a formação ética uma

das funções da educação escolar, a possibilidade de trabalhar esse princípio

interdisciplinarmente através de jogos cooperativos emerge como importante

coadjuvante curricular para o integral alcance dos objetivos pedagógicos.

Sobretudo nas aulas de Educação Física, o implemento de jogos

cooperativos propicia ao aluno adquirir uma nova visão respectivamente ao

caráter de competitividade, em suas dimensões valorativas de solidariedade,

humildade e respeito mútuo, em indexação do aspecto interrelacional, de forte

impregnância para as mudanças axiológicas contextuais e respectivas

reverberações para o aprimoramento dinâmico da sociedade.

Com respeito aos temas transversais da Educação Física, em ética,

através dos jogos em equipe, na interação com os adversários, o aluno adquire

noções de respeito mútuo, lealdade e não violência; em solidariedade é

trabalhada a dignidade, não sendo dado ao ganhador provocar ou humilhar o

perdedor, enquanto este reconhece a vitória do adversário sem que se sinta

humilhado; em saúde e esporte é realizado um trabalho de conscientização no

tocante à postura, auto-estima, cuidados com a indústria cultural, noções de

corpo ideal, complementos alimentares e pluralidade cultural, a cada um

cabendo cuidar de si como parte integrante do meio ambiente; em orientação

sexual, as atividades decorrem dos questionamentos juvenis; em consumo é

demonstrada a negatividade do consumismo exagerado.

Nesse conjunto, a Educação Física é importante na formação global

do educando, permitindo que desenvolva o próprio potencial de forma

democrática, aprimorando-se como cidadão ao considerar os valores de mútuo

respeito e solidariedade.

À docência dessa área curricular cabe articular as múltiplas

dimensões do humano, ou seja, propiciar ao aluno o desenvolvimento do

próprio potencial cognitivo, afetivo,físico, ético, estético e interrelacional, de

46modo a que, apreciando a diversidade cultural, adquira melhor compreensão

de si e da realidade onde está inserido, através de experiências desenvolvidas

no âmbito do seu potencial dinâmico.

Nesse ensejo, é recomendável a implementação de projetos e

atividades que maximizem a utilização desse importante recurso estratégico no

contexto de ensino, em privilégio de modelos pedagógicos que permitam ao

educando uma visão holística de mundo, com possíveis reverberações no

contexto dinâmico da sociedade.

BIBLIOGRAFIA

ABREU, M.C.; MASETO, M.T. O professor universitário em aula: prática e princípios teóricos. São Paulo: Ed. Associados, 1990.

ALBERTI. E.; ROTHENBERG. O ensino dos Jogos Esportivos. Rio de Janeiro. Ao Livro Técnico, 1984.

ALMEIDA, A.N. Teoria dos Jogos: as origens e os fundamentos da Teoria dos Jogos. São Paulo: UNIMESP, 2006. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>. Acesso em 12-06-2010.

ALMEIDA, P.L.; Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 5.ed. São Paulo: Loyola, 1998.

ARAGÃO, L.T. et al. Clínica do social: ensaios. São Paulo: Escuta, 1991.

ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

BADEJO, M.L. A Educação Enfrenta a Violência. Porto Alegre, Pátio, ano VI, n.21, p. 38-43, mai/jun, 2002.

BARROS. P.S. Valores na Sala de Aula: uma nova cultura para a escola brasileira da atualidade. Fortaleza, Fundação Demócrito Rocha, Jornal da Escola (Formação Continuada de Professores), 13/set/1999, p.7.

BERESFORD, H. A ética e a moral social através do esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 1984.

BRACHT, V. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992.

BRAGA, C.F. Recreação e jogos: informações técnicopedagógicas. Brasília: Faculdade Dom Bosco de Ed.Física, 1997.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990; Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. 3.ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei n° 9.394/96. Rio de Janeiro: Esplanada, 1998.

1

1

BROTTO, F.O. Jogos Cooperativos: se o importante é competir o fundamental é cooperar. Santos, SP: Projeto Cooperação, 1997.

_______. Jogos Cooperativos - para jogar uns com os outros e VenSerh juntos !! Disponível em: <http://www.projetocooperacao.com.br>. Acesso em 24-06-2010.

CALLIGARIS, C. A Adolescência. São Paulo: Publifolha; 2000.

CARNEIRO, M.A. LDB, fácil. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

CASTRO, L.R.; MONTEIRO, R.A.P. O desafio de exercitar a autoridade. Rio de Janeiro, Nós da Escola, ano 2, n.15, 2003, p.6 -7.

CECCARELLI, P.R. Delinqüência: resposta a um social patológico. In: Boletim de novidades da Livraria Pulsional. São Paulo, ano XIV, n. 145, mai/2001, p. 5-13.

CHALITA, G.B.I. Os dez mandamentos da ética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.

CHARLOT, B. Relação com o saber, Formação de Professores e Globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: ARTMED, 2005.

CONTE, M. et al. Consumismo, uso de drogas e criminalidade: riscos e responsabilidades. Psicologia: ciência e profissão, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em 13-06-2010.

CUNHA, M.I. O Bom professor e sua prática. São Paulo: Papirus, 1989.

DOHME, V. Atividades lúdicas na educação: o cantinho dos tijolos amarelos do aprendizado. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

FERREIRA, C. A M. (Org.). Psicomotricidade: da educação infantil à gerontologia - teoria & prática. São Paulo: Lovise, 2000.

FIAMENGHI, G.A.. Motivos & emoções . São Paulo: Mennon, 2001.

FIGUEIREDO, L.C. Psicanálise e Brasil: considerações acerca do sintoma social brasileiro. In: SOUZA, E. (Org.). Psicanálise e colonização: leituras do sintoma social no Brasil. Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1999, p. 24-39.

FREUD, S. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

GONÇALVES, M.A.S. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. 5. ed. Campinas: Papirus, 1994.

GRANDO, R.C. O jogo na educação: aspectos didático-metodológicos do jogo na educação matemática. Unicamp, 2001. Disponível em: <www.cempem.fae.unicamp.br>. Acesso em 26-06-2010.

2

2

HABERMAS, J. Consciência Moral e Agir Comunicativo. (Trad.: Guido Antônio de Almeida). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

HERMANT, G. O corpo e sua memória. São Paulo: Manole, 1988.

HOBSBAWN, E. A Era dos Extremos. O Breve Século XX: 1914/1991. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva/Edusp, 1971.

_______. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 2000.

JOSÉ, E. A; COELHO, M. T. Problemas de aprendizagem. 7.ed. São Paulo: Ática, 1995.

JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

KAMII, C.; DEVRIES, R. Jogos em grupo na educação infantil. Implicações da Teoria de Piaget. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991.

KEHL, M.R.; Sobre Ética e Psicanálise. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

KISHIMOTO, T.M. (Org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.

LEVI, G.; SCHMITT, J.C. (Orgs). História dos jovens II: a época contemporânea . São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

MATWEEV, A.P. Educação Física: teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1997.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. (Trad.: Carlos Alberto Ribeiro de Moura). São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MIRANDA, N. 210 jogos infantis. Belo Horizonte: Itatiaia, 1990.

MORATORI, P.B. Por que utilizar jogos educativos no processo de ensino aprendizagem? .2003. 33f. (Mestrado de Informática aplicado a educação)- Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 2003.

NASCIMENTO, J.V. O contexto de mudança da Educação Física escolar: o caso dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Santa Maria, RS: Kinesis, n.22, p.185-191. 2000.

NETO, E.R. Didática da Matemática. São Paulo: Ática, 1992.

ORLICK, T. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.

3

3

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Apresentação dos Temas Transversais: ética. Secretaria de Educação Fundamental. 2.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

PERRENOUD, P. Escola e Cidadania: o papel da escola na formação para a democracia. (Trad.: Fátima Murad). Porto Alegre: Artmed, 2005.

PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

PINO, A. Cultura e desenvolvimento humano. Coleção memória da pedagogia, 2, p. 14-21. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Segmento-Duetto, 2005.

REALE, M. Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

RETONDAR, J.J.M. Teoria do jogo: a dimensão lúdica da existência humana. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.

SKOVSMOSE, O. Educação Matemática Crítica (A questão da democracia). São Paulo: Papirus, 2001.

SOARES, C.L. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. Campinas: Autores Associados, 1998 (Coleção Educação Contemporânea).

SOLER, R. Jogos cooperativos para educação infantil. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

TILLMAN, D. COLOMINA, P.Q. Guia de Capacitação do Educador. São Paulo: Confluência, 2003.

VARGAS, A.L.S. Educação Física e o corpo: a busca de identidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1990.