documento protegido pela lei de direito autoral · 5 resumo este trabalho propõe uma reflexão...

44
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ESCOLA: ESPAÇO DE UM RICO DELINEAR PARA O TRABALHO Por: Viviane Machado Santos Pereira da Costa Orientadora Professora Mary Sue Rio de Janeiro DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: others

Post on 14-Apr-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESCOLA: ESPAÇO DE UM RICO DELINEAR PARA O

TRABALHO

Por: Viviane Machado Santos Pereira da Costa

Orientadora

Professora Mary Sue

Rio de Janeiro

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

2

2014

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESCOLA: ESPAÇO DE UM RICO DELINEAR PARA O

TRABALHO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Orientação Educacional e

Pedagógica

Por: Viviane Machado Santos Pereira da Costa

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus,

por me inspirar no fazer deste trabalho

de conclusão de curso;

Também agradeço aos meus pais e

irmão, por sempre me incentivarem a

estudar;

Estendo meus agradecimentos aos

meus professores deste curso de Pós-

Graduação, os quais muito me

ensinaram e contribuíram na minha

formação enquanto Orientadora

Educacional e Pedagógica.

Finalizo agradecendo aos meus

colegas de turma deste curso por todo

o incentivo que me concederam a

cada aula.

Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, aos

meus familiares, amigos, colegas e a

todos os demais que sempre me

deram incentivo para construí-lo,

assegurando-me de que eu

alcançaria a realização deste.

Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

5

RESUMO

Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional,

especialmente quando esta se dá no espaço escolar.

Para que a compreensão da Orientação Profissional que ocorre em

grande parte das escolas nos dias de hoje ocorra de modo mais fácil,

primeiramente, faz-se um estudo da História desta Orientação: seus primeiros

estudiosos reconhecidos, as transformações políticas, econômicas e sociais

vivenciadas pelas nações que contribuíram significativamente para alterações

e manutenções do fazer desta Orientação Profissional com o passar dos

tempos.

Em seguida, são apresentadas formas das mais variadas em que esta

Orientação Vocacional se dá, pois as abordagens exemplificadas se

encontram nos mais distintos contextos, desde o espaço em que se dão,

didática seguida até as personagens envolvidas neste processo.

Finalmente, a partir de uma reflexão sobre as variadas práticas da

Orientação Profissional expostas, possibilidades de trabalho para uma prática

cada vez mais eficaz, conduzidas por um Orientador Profissional em crescente

formação, são sugeridas.

Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

6

METODOLOGIA

Para a construção desta monografia, foram lidos e estudados materiais

bibliográficos abordados e sugeridos ao longo das aulas da Disciplina

Orientação Vocacional e Profissional, a qual integrou a grade curricular do

Curso de Pós-Graduação ao qual este trabalho se refere.

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A História da Orientação Profissional 11

CAPÍTULO II - A Orientação Profissional comumente encontrada nas escolas

brasileiras 21

CAPÍTULO III – Sugestões para uma Orientação Profissional de maior

qualidade nas escolas brasileiras 29

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO 45

INTRODUÇÃO

Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

8

É comum pensar-se na figura do Orientador Profissional somente ao lado

de jovens que estão a concluir o Ensino Médio e desejam definir um Curso

Superior a seguir.

Entretanto, muitas das sociedades dos diversos continentes se encontram

em uma nova ordem do mundo do trabalho, onde a crise do emprego pode ser

assinalada.

Para exemplificar esta crise e mostrar que o Orientador Profissional – o

qual, em alguns momentos, será encarado como um Reorientador Profissional,

se faz necessário não somente naquele cenário, registra-se situações como:

* existência de carreiras profissionais completa ou praticamente extintas, o que

leva trabalhadores de longa experiência a se perguntarem sobre o que podem

fazer, quais suas possibilidades dentro deste novo contexto. Alguns, inclusive,

aposentados, que procuram nova colocação pela necessidade de

complementar os ganhos, uma vez que os vencimentos da aposentadoria são

insuficientes, ou porque querem nova ocupação, como modo de preencher o

tempo vago. Ressalta-se que muitos destes trabalhadores retornam à escola

com o anseio de se aprimorarem para buscarem uma nova função, um novo

papel no mercado de trabalho;

* indivíduos que não estão satisfeitos com a atual profissão, por diversos

motivos: não escolheram, foram "escolhidos" para uma profissão, abraçaram a

primeira oportunidade que apareceu, dentre outros. Em grande número de

casos, esse, “foram "escolhidos" para uma profissão” ou esse “abraçar a

primeira oportunidade que apareceu” se deu como consequência da

necessidade da própria sobrevivência ou também de seus familiares. Muitas

das vezes, ausentes da escola. Assim, em um momento futuro tido como de

melhores condições, tais indivíduos buscam a escola e, ao passo em que vão

se aperfeiçoando e, consequentemente, (re) conhecendo-se mais, questionam-

se sobre o que são, o que querem, o que não querem, etc. Deste modo,

Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

9

dúvidas relativas aos seus projetos profissionais passam a atormentar a vida

da maioria destes jovens e inclusive dos adultos.

Em meio a contextos tão diversificados e repletos de angústia, incertezas

e todo tipo de conflitos surgidos sobre o que fazer, que opção tomar, qual a

definição ou caminho a seguir, psicólogos e educadores, na teoria e na prática,

têm se debruçado sobre o problema da escolha e da orientação profissional.

Com isso, estes profissionais têm procurado aprofundar-se, cada vez mais,

sore a história da Orientação Profissional, compreender melhor as

transformações pelas quais a Orientação passou e passa, conhecer os mais

variados mecanismos de Orientação Vocacional e aplicar estes mecanismos

considerando cada realidade apresentada, visando os resultados mais eficazes

possíveis.

Destaca-se que a Orientação Profissional trata, essencialmente, de fatos

que evidenciam o conceito de “escolha”. Trata-se, portanto, de um fenômeno

humano específico, qual seja a definição ou redefinição profissional de

sujeitos, com todos os conflitos inerentes a esta situação. Fala-se, assim, do

sujeito em situação de escolha, de definição em relação à carreira ou

possibilidades de trabalho.

Já que a Orientação Profissional trata dos fatores implicados no processo

de orientação frente a uma situação de escolha, ela se refere a atividades que

incluem um enfoque interdisciplinar, fundamentalmente pedagógico e

psicológico (Bohoslavsky, 1998); (Müller, 1998).

Mariita Bertassoni da Silva (1999) concebe a Orientação Profissional como

um campo extenso e interdisciplinar, onde o psicólogo como orientador

trabalha na esfera da APRENDIZAGEM. Aprendizagem do cliente sobre si

mesmo (autoconhecimento); aprendizagem sobre o mundo do trabalho e

aprendizagem na elaboração de um projeto vocacional-ocupacional. Essas

aprendizagens ocorrem a nível do Esquema Conceitual Referencial Operativo

Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

10

(ECRO), conforme conceituado por Pichon – Rivière (1986), permitindo ao

cliente aprender a escolher uma profissão ou ocupação de forma mais

consciente e autônoma.

Ainda segundo Mariita Bertassoni da Silva (1999), cabe ao psicólogo

auxiliar o orientando, facilitando a construção dessa APRENDIZAGEM. Ela

acrescenta que para desempenhar essa tarefa, é necessário que o profissional

também passe por sua própria aprendizagem formativa, estando esta

formação centrada em três eixos principais e dos quais derivam-se todos os

outros. São eles:

1) uma base teórico-técnica sólida, que permita ao orientador articular de

forma segura suas percepções teórico-práticas;

2) clareza em sua definição de homem no mundo. Será essa definição que

orientará a escolha do psicólogo do tipo de intervenção ou modalidade de

trabalho (modelo clínico, modelo estatístico, processual...)

3) resolução dos próprios conflitos quanto à escolha, ou seja, é preciso que o

orientador tenha feito seu próprio “luto” (BOHOSLAVSKY, 1977) em relação a

todas as outras possibilidades de atuação e esteja comprometido totalmente

com sua tarefa de orientador.

Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

11

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

O início dessa história pode começar a ser contada junto com a história

dos grandes pensadores da humanidade, pois bem antes que filósofos,

psicólogos e educadores se detivessem sobre a questão da escolha da

profissão, muitos trabalhadores “comuns”, ao longo do cotidiano laboral,

perante as especificidades oriundas de cada atividade de trabalho, já haviam

percebido que era necessário se encontrar um meio diferente do acaso para

essa escolha.

No entanto, como argumenta Carvalho (1995), a realidade social era tão

segmentada que, na prática, não havia liberdade de escolha, e,

consequentemente, não havia mobilidade social. Para o homem comum, as

ocupações raramente eram escolhidas, e, quando eram, as alternativas eram

poucas (Martins, 1978).

Contudo, a Revolução Industrial, ampliada no século XIX, impôs a

multiplicação de novos e específicos postos de trabalho. E para que os

trabalhadores pudessem exercer essas novas funções, surgiram novos cursos

e especializações, aumentando as possibilidades de escolha ocupacional,

principalmente para os iniciantes nesse mercado de trabalho. Por tudo isso,

além da exigência do aumento da eficiência industrial - a fim de atender à

demanda da sociedade - , foi-se atribuído aos jovens uma complexidade cada

vez mais crescente na hora de escolher sua ocupação.

Rosas (2000) atribui a Edouard Charton a primeira tentativa concreta de

fornecer informação profissional. Esse engenheiro francês, com a finalidade de

ajudar as pessoas a se decidirem quanto à profissão, coletou o depoimento de

vários profissionais e organizou o Dicionário de Profissões (Dictionnaire des

Professions), cuja 1ª edição data de 1842.

Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

12

Acrescenta-se que Frank Parsons tem considerável importância na história

aqui registrada. Americano da cidade de Boston, Parsons trabalhou como

engenheiro civil, professor de matemática, de história e francês.

Posteriormente, graduou-se também em direito, e além da função de

advogado, exerceu ainda as de escritor e político. A partir de 1892, passou a

atuar como professor da Boston University. A instabilidade de sua própria

trajetória profissional levou-o a refletir sobre as dificuldades de muitos jovens

em se definir profissionalmente.

A visão de Parsons contribuiu para uma vinculação estreita entre

orientação profissional e educação, que posteriormente mais desenvolvida e

difundida, passou a ser conhecida como orientação educacional, e a fazer

parte dos currículos escolares.

Entre o século XIX e o início do séc. XX, outras obras autobiográficas e de

auto-ajuda foram escritas para pais e jovens tratando da questão da escolha

da profissão. Entretanto, o surgimento da Orientação Profissional, como uma

prática com propostas de fundamentação teórica e técnicas próprias, se deu

no início do século XX. Educadores e psicólogos foram os especialistas que se

incumbiram desta nova ocupação.

Gemelli (1963) afirma que o primeiro centro de orientação profissional foi

criado em 1902 em Mônaco da Baviera, por iniciativa conjunta de

trabalhadores e de autoridades, de indústrias e de professores. Relata ainda o

surgimento de vários centros pela Europa, com as funções de informação e

orientação profissional.

Na visão de Carvalho (1995), a partir de 1909, a orientação profissional foi

se desenvolvendo em duas modalidades: uma vinculada à psicologia do

trabalho e a outra, à orientação educacional. Embora houvesse diferença de

Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

13

objetivos nessas duas modalidades, os métodos empregados eram os

mesmos: técnicas psicométricas e informação ocupacional.

No entanto, foi a partir do trabalho do psicólogo Carl Rogers, Couseling

and Psychoterapy: new concepts in practice, publicado em 1942, que se

observou uma transformação nas práticas da orientação profissional. Sua

abordagem não-diretiva e centralizada no cliente influenciou a postura dos

orientadores que passaram a valorizar a participação do orientando no

processo de intervenção. Substituiu-se a posição de encontrar um diagnóstico

e dar conselhos por uma postura de auxílio ao autoconhecimento e a uma

tomada consciente de posições e escolhas.

Com o surgimento, a partir da década de 50, de diversas teorias sobre a

escolha profissional, as mudanças iniciadas com os trabalhos de Rogers

continuaram. O livro Ocupational Choice, de 1951, do economista Ginzberg e

colaboradores, apresentou a primeira Teoria do Desenvolvimento Vocacional,

de acordo com a qual a escolha vocacional é um processo evolutivo que ocorre

entre os últimos anos da infância e os primeiros anos da idade adulta (Sparta,

2003).

Em 1953, Donald Super publica sua Teoria do Desenvolvimento

Vocacional, que define a escolha profissional como um processo que ocorre ao

longo da vida, da infância à velhice, através de diferentes estágios e da

realização de diversas tarefas evolutivas.

O marco da Orientação Profissional no Brasil é a criação do Serviço de

Seleção e Orientação Profissional para os alunos do Liceu de Artes e Ofícios

de São Paulo, em 1924. A iniciativa foi do engenheiro suíço, naturalizado

brasileiro, Roberto Mange, convidado para lecionar na Escola Politécnica de

São Paulo. Após este importante acontecimento na trajetória da Orientação

Profissional brasileira, muitos outros episódios de elevada importância para a

área também se sucederam também na primeira metade deste século, como:

Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

14

* em São Paulo, Lourenço Filho institui o primeiro serviço público de

Orientação Profissional no Serviço de Educação do Estado de São Paulo, que

mais tarde teve prosseguimento no Instituto de Educação da USP;

* em 1947, foi inaugurado, na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, o

Instituto de Seleção e Orientação Profissional, o ISOP. Seus objetivos eram o

desenvolvimento de métodos e técnicas da Psicologia aplicada ao Trabalho e

à Educação, o atendimento ao público, através dos serviços de seleção e

orientação, e a formação de novos especialistas. A partir de 1948, o ISOP

passou a oferecer cursos de formação em Seleção e Orientação Profissional,

e, no ano seguinte, a publicar a Revista Arquivos Brasileiros de Psicotécnica.

Até a década de 60 o modelo psicométrico, internacionalmente

predominante, foi o ponto comum em todas as iniciativas de trabalho de

orientação profissional no Brasil.

A criação dos cursos de graduação em psicologia no Brasil, com a

promulgação da Lei 4.119 de 27 de agosto de 1962, exerceu importante

influência nos trabalhos de OP que eram desenvolvidos no país,

particularmente por sua vinculação à Psicologia Clínica e por sua transferência

para consultórios particulares.

Reforçando essa tendência de vinculação com a Psicologia Clínica, em

fevereiro de 1975, o Instituto de Psicologia da USP trouxe, na categoria de

professor convidado, o argentino Rodolfo Bohoslavsky. Este psicólogo havia

publicado, em 1971, a obra Orientação Vocacional. A Estratégia Clínica, em

que apresenta uma fundamentação teórica sólida e consistente para a nova

proposta de OP que defendia. A obra de Bohoslavsky é considerada divisor de

águas na Orientação Profissional.

A modalidade clínica desenvolvida em oposição ao que ele chamava de

modalidade estatística encontrou força especialmente no trabalho que vinha

sendo realizado por Maria Margarida de Carvalho na USP. Embora o

Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

15

trabalho por ela realizado fosse feito em grupo, o casamento de suas ideias

teóricas com a prática desenvolvida na USP levou ao convite para que

Bohoslavsky passasse a lecionar no Brasil, o que não fora possível devido à

sua morte precoce em 1977.

Há um segundo livro organizado por Bohoslavsky, Orientação Vocacional:

Teoria,Técnica e Ideologia, no qual as questões sociais, políticas e

econômicas, que também sobredeterminam a escolha, são o tema central.

Essa obra teve uma única edição no Brasil, em 1983, e infelizmente não foi

mais reeditada.

Dessa forma, sua mais conhecida e importante obra, a Estratégia Clínica,

tornou-se leitura obrigatória para todos os que se dedicam ao trabalho em OP.

A entrevista clínica passa a ser o principal instrumento do processo de OP, e,

apesar de aceitar a utilização de testes, a modalidade clínica insiste em seu

papel instrumental, e adverte que os mesmos nunca poderão substituir a

função do psicólogo.

Deste modo, vê-se uma mudança radical na forma como a OP passa a ser

concebida e trabalhada no Brasil: do modelo psicométrico para o modelo

clínico. Certamente, nem todos os profissionais aderiram ao novo modelo, mas

o impacto que este causou na prática da grande maioria é inegável.

A Orientação Profissional passou por quatro estágios teórico-práticos,

segundo Oswaldo de Barros Santos – pioneiro na área no Brasil. Conforme

palestra proferida no Simpósio de Orientação Profissional (realizado em maio

de 1987 no Instituto de Psicologia da USP), os estágios foram os seguintes:

1) Informativo - Oferecia informações a respeito das profissões, suas

perspectivas e exigências;

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

16

2) Psicométrico - Não atribuía tanta importância à realidade e à diversificação

do mercado, mas valorizava as características pessoais para o sucesso em

determinado campo profissional. O orientador, a partir da análise das funções

exigidas em cada tipo de trabalho, avaliava inteligência, aptidões motoras e

sensoriais, personalidade, além de definir qual a profissão mais adequada para

o indivíduo.

3) Clínico - Enfatizava o papel ativo do indivíduo, atribuindo-lhe potencial e

recursos para a auto-compreensão e auto-direção. O papel do orientador era

facilitar o reconhecimento e o desenvolvimento do processo.

4) Político e Social - Incluía como fator relevante o contexto sócio-político do

processo de escolha profissional, para o qual convergiam complexas

configurações sociais passadas, presentes e futuras (Lehman, 1988).

Essas quatro etapas apresentavam aspectos afins: em todas elas, a

Orientação Profissional é considerada como “o processo pelo qual o indivíduo

é ajudado a escolher e a se preparar para ingressar e progredir em uma

ocupação” (Super e Bohn Jr., 1976, p. 199).

A produção da década de 80 sobre temas relacionados à Orientação

Profissional foi particularmente pouco significativa no país (Carvalho, 1995;

Soares, 1999). Tal fato não significa que não houvesse trabalhos expressivos

na área, mas a grande maioria era desenvolvida sem compromisso com

a publicação, e consequentemente, sem o desenvolvimento de um modelo, ou

modelos, de OP próprios ao Brasil. Celso Ferretti e Selma Pimenta constituem

exceção nesse período, embora os trabalhos de ambos se restrinjam no

âmbito da educação e se constituam em críticas às teorias psicológicas de

escolha profissional (Sparta, 2003).

Melo-Silva (2001) argumenta que a desproporção dos títulos de

publicações da área de Orientação Profissional em relação a outras áreas da

psicologia pode ser compreendida como uma desvalorização da área.

Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

17

A realização, em novembro de 1993, do I Simpósio Brasileiro de

Orientação Vocacional/Ocupacional, em Porto Alegre, marcou a mudança no

rumo tímido que a OP vinha tomando no país. Nesse evento, foi fundada a

Associação Brasileira de Orientadores Profissionais, a ABOP, no intuito de

congregar vários profissionais de diferentes lugares que tinham a mesma

sensação de solidão em relação à Orientação Profissional.

Firmada no compromisso de desenvolver, integrar e valorizar a OP no

Brasil, a ABOP vem se empenhando nessa causa, através de ações como

promoção de simpósios, promovendo simpósios, publicando a Revista

Brasileira de Orientação Profissional, etc.

Reconhecendo que a prática da Orientação Vocacional no Brasil tem se

dado em um contexto multidisciplinar, a ABOP tem como uma de suas

finalidades “gerar e consolidar a discussão e a prática de Orientação num

âmbito interdisciplinar, respeitando as identidades interdisciplinares e

sustentando a mais ampla liberdade de pensamento e expressão, desde que

dentro de paradigmas ideológicos que garantam o engrandecimento individual

e social.” (Melo-Silva et al, 2003).

De forma coerente com o apresentado acima, podem associar-se à ABOP

todos os profissionais, de formação universitária, cujo exercício profissional

esteja ligado a OP. Lisboa (2002), em recente levantamento, afirma que,

apesar de seu caráter inter-disciplinar, a grande maioria dos afiliados à ABOP

é de psicólogos, seguida por pedagogos. Ainda assim, economistas,

sociólogos e administradores de empresa têm participado dos vários eventos

que a ABOP vem realizando em todo o país. Esse fato demonstra que o refletir

e pesquisar sobre o trabalho, seu significado e sua interação com o homem

tem sido tema pertinente a várias e diferentes áreas do conhecimento.

Todavia, frente à demanda pelos serviços de Orientação Profissional no

Brasil, as iniciativas existentes são modestas. A falta de uma política pública de

Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

18

OP no país, como as existentes na França, Alemanha e Canadá, deixa a área

à mercê de iniciativas isoladas, e torna a formação de profissionais

competentes, limitada.

Há um movimento no sentido de transformar a Orientação Profissional

em área de especialização, em nível de pós-graduação, para garantir uma

formação teórica e prática mais sólida àqueles que seguem seus caminhos.

Nesse sentido, há alguns cursos de Pós-Graduação acontecendo no país,

alguns deles vinculados às universidades e outros a instituições particulares.

Ainda assim, o exercício da Orientação Profissional não é “fiscalizado” por

nenhum órgão específico.

No intuito de fortalecer seu papel na sociedade brasileira, e de participar

das discussões das questões relativas à Orientação Vocacional/Profissional

que acontecem em todo o mundo, a ABOP participa da IAEVG – Internacional

Association for Educational and Vocational Guidance. Essa associação,

fundada em 1951, é mais conhecida no Brasil por sua nomenclatura francesa,

AIOSP – Association Internationale d’Orientation Scolaire et Professionnelle.

A AIOSP representa indivíduos e associações nacionais e regionais em todos

os continentes e tem objetivos que refletem suas preocupações com a

orientação educacional e vocacional/profissional.

O levantamento mais recente a que se tem acesso sobre os serviços de

Orientação Vocacional/Profissional no Brasil foi feito por Melo-Silva e publicado

em 2001, e aborda os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina,

Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Observa-se a predominância da psicanálise como referencial teórico, e a

constatação de que as teorias psicológicas ainda sustentam essa prática no

país. As idéias de Bohoslavsky e de alguns outros argentinos de destaque

mostram a importância da psicanálise daquele país em nossa realidade. Os

Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

19

serviços desenvolvidos nas faculdades são os que apresentam maiores

possibilidades de divulgação, em contraposição aos de instituições

particulares.

Constata-se ainda que embora o referencial teórico mude, os eixos

temáticos são parecidos: o autoconhecimento; a informação sobre as

profissões e o mundo do trabalho.

O uso de técnicas em processos de OP atualmente varia ampla e

largamente. Há um movimento acentuado de desenvolvimento de novas

técnicas com publicações sobre sua utilização e a edição de seu material.

Exemplo disso foi o VI Simpósio da ABOP, que possibilitou o público conhecer

vários lançamentos de técnicas consequentes do trabalho recente de pesquisa

individual ou de grupos de pesquisadores. Várias outras técnicas foram

apresentadas na qualidade de pesquisas em fase de desenvolvimento e

conclusão. No caso dos testes projetivos, dois deles vêm sendo estudados

mais sistematicamente: o Teste Projetivo Ômega e o BBT-Br, sobre os quais

se pode encontrar no que de mais recente tem sido publicado na área

(Levenfus e Soares, 2002; Melo-Silva et al., 2003).

No âmbito da psicologia, a Orientação Profissional tem encontrado campo

de desenvolvimento na clínica, na educação e na social.

Nas publicações dos últimos anos, encontram-se vários autores que

aproximam o processo de Orientação Profissional ao da psicoterapia breve,

cujo foco é a escolha profissional. Essa posição não é unânime e há quem

considere que essa postura acaba por subestimar o caráter pedagógico da OP,

restringindo sua prática aos psicólogos e limitando seu alcance de intervenção

(Sparta, 2003).

Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

20

No campo da educação e da psicopedagogia, também encontram-se

produções relacionadas à Orientação Profissional, embora em menor número,

ou talvez, menor divulgação.

No entender de Melo-Silva (2001), o aumento do número de publicações

em nosso país, voltadas à questão da escolha da profissão, aponta a

ampliação das possibilidades de atuação neste campo de atividades.

O incentivo à produção de novas técnicas de diagnóstico e intervenção

está em acordo com o objetivo de desenvolvimento e consolidação da

Orientação Profissional como área científica, cuja produção esteja segundo o

contexto brasileiro. Alguns exemplos de serviços de Orientação

Profissional/Vocacional voltados para a pesquisa em OP podem ser citados:

LABOR, – Laboratório de Estudos sobre o Trabalho e Orientação Profissional -

, da Universidade de São Paulo, LIOP, – Laboratório de Informação e

Orientação Profissional –, na Universidade Federal de Santa Caarina, NACE, –

Orientação Vocacional e Redação –em São Paulo, entre outros.

Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

21

CAPÍTULO II

A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL COMUMENTE ENCONTRADA NAS

ESCOLAS BRASILEIRAS

No Brasil, a Orientação Profissional ainda não se faz presente na vida da

maior parte da população. E, quando o faz, geralmente ocorre de modo

isolado, somente às vésperas do Ensino Médio e/ou do Vestibular,

desvinculado do ciclo de fenômenos vivenciados pelos seres humanos, apesar

do sistema de Ensino Brasileiro ter realizado algumas reformulações para

acompanhar as mudanças ocorridas no mundo do trabalho, inclusive na Lei de

Diretrizes e Bases de 1997, como será exemplificado no transcorrer deste

capítulo.

Com isso, a Orientação Vocacional segue desconhecida por muitos,

enquanto outros têm dela uma imagem ou visão parcial ou distorcida, como ao

enxergarem ser ela uma área de atuação “menos nobre” da psicologia, por

exemplo. Enquanto isso, a Educação para a Carreira é uma modalidade de

orientação de carreira desenvolvida de forma sistemática, em todos os níveis

de educação, em muitos países.

Apesar da atual realidade nacional quanto à Orientação Vocacional ser a

descrita no parágrafo anterior, no contexto brasileiro, segundo a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei No. 9.394, 1996), a educação

escolar deve estar vinculada ao mundo do trabalho e à prática social; assim, a

orientação para o trabalho deve fazer parte dos conteúdos da Educação

Básica e fornecer os meios para os alunos progredirem no trabalho em

estudos posteriores. Entretanto, a Orientação Vocacional no Brasil ainda está

muito restrita às práticas clínicas, com procedimentos voltados para a escolha

profissional e privilegiando as classes mais ricas.

Diante do exposto e sendo a Educação para a Carreira - Munhoz, I. M. S.,

& Melo-Silva, L. L. (2011); Educação para a carreira, 45 - uma proposta de

Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

22

orientação para a carreira inserida no currículo escolar, que busca relacionar

educação, trabalho e carreira, percebe-se não somente a sua importância,

como também a sua complexidade.

A importância de debater este tema no Brasil é que a Educação para a

Carreira se apresenta como um modelo de intervenção adequado ao contexto

atual da sociedade pós-moderna, tecnológica e globalizada, e contempla, com

seu enfoque educativo, a possibilidade de abranger um número expressivo de

crianças e jovens, atualmente desprovidos de intervenções que ajudem a

articular educação e trabalho, fazer escolhas mais conscientes e se

prepararem para ter empregos e empregabilidade.

O que se concebe, para o contexto brasileiro, é que o trabalho seja

considerado um tema transversal ao currículo desde as séries iniciais do

Ensino Fundamental – tal como Ética, Saúde, dentre outros temas. Por outro

lado, que se amplie/efetive sua importância no Ensino Médio, para além das

escolhas ocupacionais/profissionais. O modelo que se defende para o contexto

escolar brasileiro é de um programa que, de preferência, insira os conceitos

relativos ao desenvolvimento vocacional no currículo, sob a supervisão de um

orientador especializado, com a colaboração de um grupo de apoiadores,

como professores, pais e outras pessoas da comunidade. Desta forma,

pretende-se contribuir para a preparação dos jovens para um engajamento

democrático, ativo e crítico em todos os aspectos da sua vida pessoal, social

e profissional.

A preocupação com a orientação profissional e vocacional esteve presente

desde os primórdios da organização das instituições de ensino. No que se

refere ao fato, Baptista (1984) destaca a promulgação das Leis Orgânicas, em

1942, a partir das quais a Orientação Profissional e Vocacional foi introduzida

oficialmente no Brasil. Todavia, infelizmente, a Orientação Profissional em solo

brasileiro acontece, na quase totalidade dos casos, de modo bastante diferente

do descrito nos últimos três parágrafos anteriores, pois:

Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

23

* a temática “emprego” e seus derivados não costumam pertencer aos eixos

temáticos nem às práticas educativas adotados pela maioria das escolas, nem

mesmo entre os grupos do Ensino Médio, cujos alunos se encontram próximos

da decisão de seguir ou não um Curso no Ensino Superior; e, em caso

positivo, qual curso seguir. Entretanto, lá em 1961, foi promulgada a LDB (Lei

de Diretrizes e Bases da Educação), que instituiu a Orientação Educacional

(OE) e a então denominada Orientação Vocacional (OV) no Ensino Médio.

Posteriormente, a Lei de Diretrizes e Bases de 1997 determinou que 25% do

currículo do Ensino Médio deve ser flexível, de modo a incluir disciplinas que

sejam adequadas às necessidades da comunidade. Surge, então, um espaço

para que a Orientação Profissional possa se integrar à grade curricular,

tornando formal a responsabilidade da escola em lidar com o assunto. A

questão do auxílio para a escolha de uma ocupação ou para identificação de

habilidades e talentos, ou ainda para conhecer as ocupações existentes, é

uma ideia que existiu e contou com ações isoladas e parciais ao longo dos

últimos 400 anos, como apontam Bohoslavsky (1980) e outros autores da área.

* a Orientação Profissional/Vocacional se faz pouco presente na vida dos

discentes que se encontram nos últimos anos do Ensino Fundamental,

especialmente no 9º ano, quando estes estão prestes a iniciar o Ensino Médio,

o qual pode ser cursado sob Modalidades de Ensino variadas: Regular,

Técnico, dentre outras;

* a Educação Infantil e o Ensino Fundamental (em especial, o 1º segmento

deste) regularmente não são compreendidos como espaços em que a

Orientação Vocacional pode acontecer, despertando nos discentes seus

gostos, sua preferências, facilidades,.... Claro, respeitando a maturidade

motora, emocional de seus educandos. Essa comum ausência da Orientação

nestes grupos da Educação Básica vai contra ao que Parsons considerava:

que o desempenho de uma ocupação em harmonia com as aptidões,

habilidades e interesses, tornaria o trabalho mais agradável, com uma maior

Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

24

produtividade e eficiência, resultando em uma boa remuneração: “eficiência e

sucesso são extremamente dependentes da adaptação” (Parsons, 1909/2005,

p.4). Registra-se tal contradição, pois, partindo desse pressuposto, ele propôs

três princípios fundamentais para uma orientação vocacional:

(1) uma clara compreensão de si mesmo, de suas aptidões, capacidades,

interesses, ambições, recursos, limites e de suas causas;

(2) um conhecimento dos requisitos e condições de sucesso, vantagens e

desvantagens, remuneração, oportunidades e das perspectivas nos diferentes

tipos de trabalho;

(3) uma resultante verdadeira das relações entre esses dois grupos de fatores.

Assim, lembra-se que o autoconhecimento e o conhecimento do mundo do

trabalho acontecem de modo processual, não com atividades estanques. Por

isso, é possível afirmar que tais conhecimentos teriam uma construção mais

sólida se buscados desde a Educação Infantil ou ainda no início do Ensino

Fundamental.

* as famílias e/ ou responsáveis pelos alunos, raramente, questionam às

instituições de ensino a respeito da Orientação Profissional que é conduzida –

ou não – por elas. E, quando tal Orientação se sucede, sua dinâmica de

aplicação, geralmente, não é transmitida às famílias e/ ou aos responsáveis

dos alunos. Muitos desses nem tomam conhecimento que ela é realizada.

* é mais comum do que se imagina a Orientação Profissional ser guiada por

profissionais não habilitados para exercê-la, o que reforça a prática isolada da

Orientação Vocacional, que é resumida à uma superficial aplicação de testes

e/ou dinâmicas que veiculam em fontes de senso-comum. Contudo, desde os

primeiros anos da prática da Orientação Profissional no Brasil, esta foi indicada

a ser de responsabilidade de profissionais das áreas de Pedagogia, Psicologia,

Filosofia ou Ciências Sociais.

Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

25

* Orientadores Profissionais que trabalham a partir de uma única perspectiva,

tida como padrão: jovens concluintes do Ensino Médio que terão a

oportunidade de traçarem os caminhos da área ou curso sugerido ao longo da

Orientação Vocacional vivenciada. Os novos paradigmas e novos contextos

que se impõem devido à nova realidade de contínua ruptura e imprevisibilidade

fazem com que o campo da Orientação Profissional passa agora por um novo

estágio: como a dinâmica do mundo do trabalho é cada vez menos previsível,

estabelece- se um cenário de transição, o qual exige das pessoas

adaptabilidade e multifuncionalidade e coloca a realização do projeto

profissional em um contexto complexo e mutante. Neste sentido, um trabalho

que se assemelha ao da Orientação Profissional, o da Reorientação

Profissional ocorre, mas somente em alguns espaços escolares. Esta

Reorientação é desenvolvida, através de técnicas específicas, com pessoas

que já realizaram uma primeira escolha profissional.

* a área, apesar do seu crescimento – como fora mostrado no capítulo 1 -,

necessita de investimentos teóricos e metodológicos, além do desenvolvimento

de mais pesquisas sobre temas correlatos, para que sua prática seja ampliada

quantitativa e qualitativamente. Desta forma, acredita-se que as carências do

setor comecem a ser superadas. Para exemplificar estas carências, nota-se

que há uma defasagem, no âmbito nacional, no desenvolvimento e na

atualização dos testes existentes para uso em Orientação Profissional.

Certamente, pois, ao contrário do cenário internacional, onde o uso de

instrumentos psicométricos e projetivos é amplo e há um constante

desenvolvimento de testes voltados para a avaliação vocacional, no Brasil,

pela tradição histórica, é mais comum o uso de dinâmicas nas intervenções em

grupo, sendo os instrumentos mais frequentes na área da pesquisa. Muitos

profissionais estão familiarizados com estes instrumentos disponíveis para, por

exemplo, mensuração de características vocacionais como maturidade de

carreira (Neiva, 2000). No entanto, há uma área ainda pouco explorada pelos

profissionais e pesquisadores em orientação e desenvolvimento vocacional,

Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

26

que é o momento diagnóstico. Neste, o uso de instrumentos é ainda pouco

substancial: busca-se um primeiro entendimento das condições do indivíduo

com o objetivo de estabelecer o contrato de trabalho ou realizar o

encaminhamento para outro tipo de atendimento.

Por tudo isso, muitos indivíduos não conhecem a Orientação Profissional,

pois, como FERRETTI mesmo coloca que há, em nossa sociedade, pessoas

que não têrn as condições básicas de sobrevivência garantidas para poderem

escolher a profissão que desejam. Ainda segundo FERRETI:

“ (...) os fatores mais graves referem-se à própria condição de vida

desses jovens e de suas famílias, que obrigam uma sujeição as

oportunidades profissionais que se oferecem ... Dados recentes

tem destacado o progressivo aumento dos contingentes

populacionais que são instados, em virtude de condições

econômicas adversas, a sujeitarem-se as oportunidades de trabalho

oferecidas pelo subemprego para não caírem no desemprego”

(FERRETI, 1988:40).

Na prática, estes argumentos de FERRETI puderam ser constatados

através de um trabalho que objetivou investigar que fatores, relativos à

trajetória educacional e profissional dos egressos do Ensino Médio Público,

foram determinantes para a efetivação ou não de suas escolhas profissionais.

Para tanto, foram entrevistados dez egressos de duas escolas públicas, que

concluíram o Ensino Médio no ano de 1997. As entrevistas foram submetidas à

Análise de Conteúdo.

As conclusões dessa pesquisa indicam que os determinantes

socioeconômicos representam o principal obstáculo para a concretização das

opções profissionais dos sujeitos. Nesse sentido, é preciso relativizar o termo

“escolha profissional”, visto que os jovens pertencentes às classes subalternas,

dentro de uma sociedade capitalista, possuem graus muito limitados de

Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

27

liberdade de escolha, pois sua condição de classe muitas vezes os leva a

percorrer caminhos em que a necessidade supera a própria vontade.

Coloca-se, então, um desafio para os orientadores profissionais que

trabalham com os alunos do Ensino Médio público: saber quem é esse jovem,

conhecer o mundo do trabalho na atual sociedade capitalista, entender o

significado das reais possibilidades de escolha desse jovem e compreender

que há algo muito maior que permeia e condiciona a efetivação das escolhas:

a realidade socioeconômica.

A Orientação Profissional, historicamente, tem servido mais a alunos

oriundos da escola particular (que possuem maiores possibilidades de escolha)

do que aos da escola pública, visto que, para esses, outros fatores ligados à

sua condição de classe interferem em suas trajetórias educacionais e

profissionais. Esses fatores, muitas vezes, são desconhecidos pelos

orientadores profissionais, que acabam por homogeneizar sua prática.

Conhecer esses fatores se justifica pelo fato de poder oferecer apoio para

que os orientadores repensem sua atuação no atendimento desses alunos,

percebendo os limites da Orientação Profissional e enfrentando os desafios

que são colocados a essa prática.

Os dados analisados nesta pesquisa tornaram possível observar que a

escolha do jovem se dá a partir de um contexto social, econômico e político

específico, de um círculo espacial e temporal determinado, historicamente

construído, de estruturas e conjunturas peculiares. Em determinados contextos

desfavoráveis, aquilo que o orientador profissional interpreta como “escolha” ou

“opção” do indivíduo pode, na realidade, ser uma falta de opção, uma reação

àquilo que é imposto pela conjuntura econômica e pela estrutura sócio-política.

Ainda durante a realização do EM, foram poucas as oportunidades de

escolha, com pouquíssimo espaço para a efetivação de fatores subjetivos,

como o gosto pessoal ou o desejo de realizar determinado curso ou profissão.

Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

28

A escolha profissional dos entrevistados se mostrou drasticamente restrita. A

impossibilidade de participar de um programa de OP que lhes desse

oportunidade de discutir a questão da inserção produtiva numa sociedade

capitalista restringiu as chances de analisar mais criticamente suas “escolhas”

profissionais. Estas foram realizadas, muitas vezes, baseadas numa visão

estereotipada das profissões.

Houve, posteriormente, algumas mudanças de opção, mais no sentido de

uma maior facilidade de ingresso em um curso superior do que no real desejo

de realizar o curso “escolhido”. Revista Brasileira de Orientação Profissional,

2005, 6 (2), pp. 31 – 43; Escolhas profissionais de jovens oriundos do Ensino

Público.

Deve-se apontar que no Brasil ocorre um movimento diferente do de

outros países, nos quais se concebe a Orientação Profissional principalmente

relacionada à orientação escolar. Levanta-se a hipótese de que isso ocorreu

em função da falta de políticas públicas em relação à questão da Orientação

Profissional e em função da extrema cisão ocorrida entre a área de Orientação

Educacional e Orientação Profissional, fazendo com que o espaço desta última

ficasse extremamente restrito à escola e com que apenas recentemente se

abrisse dentro dela um espaço de reflexão para a questão da escolha

profissional. Observa-se que os espaços educacionais que mais aderiram à

Orientação Educacional foram as escolas de ensino profissionalizante, como o

SENAI e o SENAC, os quais também mantinham trabalhos de Orientação

Profissional.

Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

29

CAPÍTULO III

SUGESTÕES PARA UMA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL DE MAIOR

QUALIDADE NAS ESCOLAS BRASILEIRAS

Na busca por uma atuação da Orientação Profissional de melhor qualidade

– visando-se uma excelência - primeiramente, cita-se que a formação teórico-

técnica dos Orientadores Profissionais necessita estar sob constante

realimentação, a qual pode alcançar-se pela educação continuada em

seminários, fóruns, cursos e literatura especializada e atualizada sobre o tema

e de temas correlatos. Todavia, registra-se que os Sindicatos e Órgãos de

Classe vêm pouco a pouco mudando seus eixos de ação na negociação

salarial e na obtenção de garantias para a qualificação de seus associados por

meio de cursos, de palestras e de outros espaços ainda pouco explorados

pelos orientadores.

Nesse sentido, os profissionais envolvidos no espaço da Orientação

Profissional – a qual deve ser por estes compreendida como contida em um

campo de intermediação entre o indivíduo, o sistema educacional e o mercado

de trabalho – não podem desconsiderar que esta área, como já abordado nos

capítulos anteriores, sofre uma importante transformação, pois passa a

trabalhar com problemáticas mais amplas, os quais não se atêm apenas a um

momento da vida (jovens no final do Ensino Médio). Novamente, registra-se

que, nos dias de hoje, é necessário orientar adultos empregados,

desempregados, aposentados, entre outros.

Para que essas demandas sejam bem atendidas pelo Orientador

Profissional, é de extrema importância que ele conheça e compreenda a

desconstrução do mercado de trabalho que vem se desenrolando, fruto das

grandes mudanças ocorridas nas organizações do trabalho e da mecanização,

o que alterou profundamente a relação do homem com o próprio trabalho e

com seu projeto de vida. Neste contexto, não se pode deixar de citar a

globalização, que trouxe para o homem, para a educação e para a relação

Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

30

homem-trabalho inúmeras questões, o que resultou em novas demandas e

novas ideologias que sustentam tal relação.

Com tantas mudanças ocorridas no mundo do trabalho, foi natural que na

área da Orientação em questão também acontecessem alterações no modo

em que se dava. Nesta, ocorre uma migração do paradigma primordial do

desejo, da realização pessoal e da busca de identidade. Antes, a Orientação

Profissional coincidia com um conjunto de práticas que tinha como perspectiva

o ingresso no mercado de trabalho, ou seja, a transição da escola para o

campo profissional; no entanto, agora, enfatiza-se o encaixe e a elaboração de

projetos, no sentido da sobrevivência.

Com tudo isso, a tarefa do orientador se torna mais complexa, pois ele

deve compreender inúmeros paradoxos: no mundo pós-moderno, a identidade

deve, constantemente, incluir a construção e, ao mesmo tempo, a

desconstrução; e o orientador deve buscar a individualização, assim como a

diversificação. É preciso também combinar e considerar fatores que outrora

eram totalmente diversos e excludentes, mas que, no momento, não são mais.

Para aclarar esta ideia, tem-se exemplos de cursos, como Engenharia

Mecânica, que foram considerados como “acabados” por muitos pela chegada

de novos cursos. Neste caso, cita-se a Eletrônica. Entretanto, viu-se que, a

partir de ambas, surgiu a Mecatrônica.

Assim sendo, a Orientação Profissional deve dar maior ênfase não à teoria

ou à técnica, mas à busca do desenvolvimento de aportes diferenciados,

adequados a populações específicas, revelando modos mais sensíveis de

abordar o problema da escolha profissional, e subordinando-a ao diagnóstico

que aponte qual teoria e qual técnica seriam mais relevantes no trabalho com

essa ou aquela situação.

A Orientação Profissional nesses novos contextos necessita desenvolver

modelos de intervenção conforme cada problemática. Todavia, a consciência

Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

31

cada vez maior de que a inserção no mercado de trabalho depende do

desenvolvimento educacional parece ser verdadeira para determinada camada

da população, mas não para outra, pois os trabalhadores com maior

escolaridade são justamente os mais atingidos pelo desemprego (Pochmann,

2001).

É de enorme importância destacar que um processo de Orientação

Profissional necessita evidenciar que a escolha da profissão deve ser

compatível com a eleição de um ser. Ou seja, o processo de Orientação

Profissional necessita localizar a pessoa do seu Projeto de ser e da função

mediadora da profissão nessa totalidade. Como assinala o próprio

Bohoslavsky, a profissão consiste em quem ser e não apenas no que fazer.

Neste sentido, o processo de Orientação Profissional transcende a escolha

administrativa da profissão e localiza a pessoa em sua Situação e do Projeto

mais amplo, rumo ao qual os diversos aspectos de seu ser se articulam e se

unificam, e da profissão como um meio possível de viabilização desse ser

futuro (Ehrlich, 2002). Assim, localiza a pessoa como sujeito de seu ser, numa

contingência dada, que necessita ser constantemente ultrapassada para um

mundo futuro.

Nesta reflexão acerca de uma Orientação Profissional que avance no

Brasil, recorda-se que, aqui, a perspectiva da avaliação centrada no resultado

e a ênfase na definição da escolha e no papel diretivo do orientador estão

ainda muito presentes, e os inventários de interesse estão entre os

instrumentos privilegiados pelos profissionais da área. No entanto, ao contrário

do cenário internacional, não há aqui a mesma preocupação com a criação ou

adaptação dos instrumentos psicológicos, sendo que grande parte deles não

possui estudos de validação e normas atualizadas para a população brasileira

(Noronha & colaboradores, 2003; Ottati & colaboradores, 2003).

Além das necessidades já apresentadas, a OP brasileira também precisa

considerar o modelo de Orientação Profissional centrado no processo, o qual

Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

32

se preocupa com questões relativas aos processos, internos e externos, que

levam o indivíduo à escolha profissional e à tomada de decisão. Nesta visão, o

Orientador busca compreender o contexto de desenvolvimento do Orientando

e auxiliá-lo na aquisição ou aperfeiçoamento das informações e habilidades

necessárias à tomada de decisão. E para facilitar esta linha de trabalho,

recorda-se que a sistematização da produção do conhecimento sobre

Educação para a Carreira poderá contribuir para viabilizar reflexões que

possam gerar programas de intervenção no contexto brasileiro, por meio de

estratégias curriculares infusivas, aditivas ou mistas. Como apresentados nos

trabalhos de Hoyt (1995, 2005), quem sempre defendeu a ideia de que os

conteúdos escolares deveriam ter como eixo central o trabalho.

Não se pode deixar de aqui registrar que as variadas formas como o

sujeito Orientador - analisado neste trabalho - é chamado, ao longo da história

da Orientação (cuja nomeação varia junto com a do Orientador), refletem o

foco de sua atuação em cada ocasião. Assim, supõe-se que o Orientador

Vocacional é chamado a sinalizar a área de vocação – a partir das aptidões,

gostos e outros pontos observados - de quem está sendo Orientado. Neste

sentido, pensa-se em uma Orientação mais voltada para a indicação de uma

área, de profissões afins. Já a Orientação Profissional é mais objetiva. Como

seu próprio nome diz, o foco maior é indicar uma profissão específica ao

Orientando. Enquanto isso, o Orientador de Carreira – no contemporâneo

Planejamento de Carreira - é visto como aquele que não somente sinaliza uma

profissão a ser escolhida, mas, além disso, uma possível trajetória - esta,

também fruto da interpretação das características do Orientando - a ser

seguida pelo Orientando para que este tenha uma caminhada profissional de

êxito. Ressalta-se que, Segundo Holland (1988), “orientar” se refere a

determinar, adaptar ou ajustar uma posição; dirigir, guiar, reconhecer ou

examinar o lugar, a posição em que se encontra, para poder guiar-se.

Enquanto “planejar” refere-se a fazer planos, projetar, traçar. Daí, pode-se

entender que os vocábulos remetem a dois momentos distintos. “Orientar”

contém a ideia de desorientação, de alguém que necessita de parâmetros para

Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

33

se guiar; e “planejar” implica um conhecimento das variáveis para desenvolver

um projeto. É importante que o OP dos dias de hoje diferencie e tenha

parâmetros para distinguir aqueles que precisam ou desejam traçar algumas

metas em sua carreira, de pessoas que voluntária ou involuntariamente se

sentem desorientados frente às questões de trabalho e mais precisamente

questionam o vínculo com sua profissão.

Contudo, destaca-se que os Orientadores descritos no parágrafo anterior

são um mesmo profissional, o qual se constitui das temáticas inerentes a cada

um deles. O que se vê é que a aplicabilidade da Orientação responde às

demandas de cada época, mas que as variações de tal aplicabilidade se

complementam, interagem entre si. E, por tudo isso, o Orientador deste início

do século XXI deve ser um Orientador Profissional-Vocacional-de Carreira-e do

que mais se torne necessário para que haja um número crescente de

trabalhadores que se identifiquem e se satisfaçam com e a partir do que

fazem.

Ainda segundo essa grande variedade de terminologias utilizadas para a

nomenclatura – considerando que ainda há “Informação Profissional”,

“Aconselhamento de Carreira”, e, em alguns contextos, “Sem nomenclatura

específica”, dentre outras -, apesar do crescimento da OP, coloca-se que esse

dado pode indicar tanto uma baixa concordância entre os profissionais que

realizam pesquisa na área, como uma diversidade de referenciais teóricos

adotados.

Cada vez mais, a Orientação tem que ser cautelosa para que o indivíduo

não “dure” apenas. Deste modo, é importante entender que a busca por

autonomia ou pela possibilidade de exercitar uma “paixão” são alguns dos

indicadores da presença do “espírito” empreendedor. E já que o

empreendedorismo não é uma profissão, a atividade empreendedora não se

sujeita a regras, normas, tais como educação, especialização ou conselhos

profissionais. Assim, a orientação, que usualmente contempla uma fase de

Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

34

informação profissional, torna-se - novamente - mais complexa, pois não há

um curso específico e completo de preparação para estas informações, tanto

teóricas quanto práticas. O que é importante é fazer. Pode-se inclusive dizer

que “somos aquilo que nós fazemos”, mas também refletir sobre o que se faz.

Para isso, é importante que o Orientador Profissional reconheça que cada um

dos elementos de definição pode dar acesso a uma certa realidade, mas

nunca em simultâneo. Em teoria, mas também na prática, nunca se conhecem

todos os elementos de definição de um sistema. Contudo, no centro de ambas

as abordagens, está o indivíduo – sem esquecer a importância dos aspectos

cognitivos, conativos e culturais: um modelo utilizado como um instrumento de

estudo, um modelo utilizado como ferramenta de diagnóstico.

Na sociedade atual, a adequação dos Modelos usados pela Orientação

depende do contexto. Por exemplo, para os trabalhadores-colaboradores que

são habitualmente designados como trabalhadores nucleares, para esses, o

aconselhamento-coaching de carreira terá que incidir na aprendizagem de

investimento pessoal e de desenvolvimento de outras competências para

conseguirem sobreviver num mercado sem fronteiras. Para os que são

habitualmente designados os trabalhadores temporários, a incidência do

aconselhamento-coaching de carreira deverá ser nos ciclos de aprendizagem e

na capacidade de lidar com transições, e ainda na promoção da

empregabilidade (respostas consubstanciadas em novas competências e

assunção de novas responsabilidades). Já para ajudar os mais marginalizados

os que têm trabalho precário, a aposta deverá ser na preparação para a

flexibilidade, para encararem projetos de curto prazo, ou orientá-los no sentido

de encontrarem enquadramentos de natureza social, ou ainda apoiá-los na

reinvenção de outras formas de trabalho, que poderão ser determinadas pela

sua empregabilidade (Duarte, 2009b).

No processo de OP sempre é recomendável observar (especialmente

em intervenções com clientes adolescentes) o nível de maturidade e a

capacidade de escolha, a organização da personalidade, os históricos familiar

Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

35

e escolar, o manejo das situações da adolescência e prognóstico da relação-

orientando. Nesse sentido, vê-se, ao longo do tempo, a ênfase dos

profissionais da área à criação de testes específicos ao contexto vocacional.

Essa preocupação fez surgir uma quantidade expressiva de instrumentos

disponíveis ao psicólogo para uma melhor compreensão da problemática

vocacional dos indivíduos e auxiliou o desenvolvimento de propostas de

intervenção cada vez mais eficazes. No entanto, algumas ressalvas são

necessárias no intuito de estimular o aprimoramento das possibilidades da

avaliação psicológica no âmbito vocacional brasileiro, especificamente. Trata-

se da necessidade iminente de: qualificação dos instrumentos disponíveis;

aumento dos esforços para disponibilizar, no país, instrumentos já existentes e

em uso internacionalmente, desde que devidamente validados e adaptados à

realidade brasileira; preocupação dos cursos de formação em Psicologia em

ensinar as diferentes possibilidades de avaliação em Orientação Profissional;

maior agilidade na divulgação e comercialização dos instrumentos

desenvolvidos em pesquisas universitárias.

Por outro lado, é preciso que os profissionais voltados ao campo aplicado

estejam atentos às transformações teórico-práticas que a Orientação

Profissional vem experimentando nas últimas décadas: a evolução dos

métodos de intervenção e a mudança de perspectiva que se observou em

relação à própria definição do que é escolha profissional e desenvolvimento de

carreira. Somente dessa forma será possível aos profissionais fazer uma auto-

avaliação de sua prática e aproveitar os instrumentos disponíveis naquilo que

eles podem oferecer.

Nesse sentido, reflete-se que a Orientação Profissional em nosso país

valoriza muitas posições teóricas que cristalizam os homens como 'objetos',

com faculdades e aptidões imanentes, e que precisam ser orientados para

ocuparem os lugares certos e mais adequados. Este homem é colocado como

mero "reator', portanto passivo, que necessita ser encaixado no espaço

profissional onde ele mais se enquadra. Contudo, BOHOSLAVSKY defende

Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

36

que o futuro tenha uma importância atual-ativa enquanto projeto. Marca-se que

este "futuro" não é algo abstrato, mas é sempre pensado concretamente, é um

futuro personificado. Ou seja, pensar em ser médico, não é ser um médico

qualquer, uma entidade abstrata, mas é ser médico como o irmão ou como o

pai, por exemplo, é estar trabalhando em tal lugar e não em outro, é querer

estar convivendo com tais pessoas e não com tais outras, fazendo tais

atividades e não outras.

Por tudo isso, afirma-se que a Orientação Profissional no Brasil precisa

incorporar de maneira mais enfática, em suas teorias e práticas, aspectos

relacionados à avaliação psicológica, independentemente da abordagem

utilizada. Em especial, a formação dos Orientadores deve salientar a

importância da avaliação como recurso que permite o planejamento das

intervenções e a verificação do progresso obtido com o trabalho de Orientação.

Obviamente, avaliação psicológica não pode ser entendida apenas sinônimo

de teste vocacional, como foi o caso décadas atrás. O mundo do trabalho e da

formação profissional mudou, assim como os indivíduos e suas necessidades

de orientação. Analisar variáveis atualmente relevantes para a escolha

profissional e o desenvolvimento de carreira deverá ser o papel da avaliação

psicológica em Orientação Profissional, de modo a otimizar a eficácia desta

intervenção. É bom que o Sistema Educacional considere o psicólogo ao longo

da Orientação Profissional, para que este auxilie o Orientando, facilitando essa

construção.

Ainda, para se ter um processo de Orientação Profissional que respeite a

constatação ontológica do homem enquanto um ser temporal, faz-se

necessário considerar que: o passado pode ser verificado e descrito com

recurso a ele próprio; qualquer tentativa de retomar o passado com o intuito de

repará-lo, posto que é imutável em seu ser; mostra-se infrutífera e sem aparo

ontológico; toda e qualquer ação humana é Projeção para um mundo ainda

não existente; evidencia-se que o futuro é inteiramente descritível e

compreensível.

Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

37

A partir de todas essas sugestões, torna-se mais fácil pensar em uma

Educação Continuada quanto ao Trabalho, quanto à Carreira, o que destaca a

relevância dos serviços de Orientação Profissional e Vocacional para a

promoção do desenvolvimento de recursos humanos saudáveis, onde cabe ao

orientador o papel de facilitador desta promoção. Mas, acima de tudo, deve-se

ter em mente que, além do crescimento pessoal, a Orientação Profissional

também deve contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e

inclusiva.

Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

38

CONCLUSÃO

Analisar a trajetória da Orientação Vocacional/Profissional no Brasil – e

também sua história em outros países- ao longo deste trabalho, contribui para

uma melhor compreensão da sua situação na atualidade, sua repercussão e

seu alcance.

Tal compreensão, certamente, terá reflexos em uma perspectiva de

posicionamento crítico no trabalho de orientadores profissionais, os quais

precisam ter consciência da atuação da crise atual, seja porque o trabalho – ou

a noção de trabalho – está se modificando, seja porque o valor do trabalho

hoje não é o mesmo que antes. Hoje em dia, a sociedade está frente a uma

série de ideologias paradoxais, que a mergulham em contradições.

Dessa forma, cada vez mais os Orientadores se confrontam com as

encruzilhadas profissionais e são obrigados a lidar com elas. Este grupo de

profissionais precisa conhecer (e até tentar prever) as condições futuras da

profissão escolhida e ter em mente a realidade da educação e da economia do

Brasil – o que parece ser utópico, pois as condições de trabalho são díspares

em nosso país, tanto em nível técnico quanto educacional.

Nesse momento, em que o aspecto social passa por uma transformação

vertiginosa, a apreensão da realidade torna-se confusa e difusa. O trabalho

dos Orientadores Profissionais/ Vocacionais – e até de carreiras - , muitas

vezes, começa por clarificar, nessa confusão, o que é realmente importante

para o indivíduo que escolhe. Isso faz com que o campo de Orientação

Profissional comece a se ampliar e com que novas situações se delineiem.

Tem crescido o interesse por essa área e ela passou a despertar a atenção de

vários setores. Existem diversos institutos de orientação especializados que

visam a fazer frente a essas novas situações, oferecendo orientação de

carreira e atendimento tanto a profissionais de alto nível quanto àqueles que

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

39

foram dispensados e precisam ser recolocados ou, ainda, àqueles que se

aposentaram.

A Orientação Profissional é hoje um campo que transcende em muito as

teorias e as técnicas de cada orientador, pois nela convergem todos os

conflitos de ordem social, institucional e psicológica que marcam a realidade

dos jovens e dos trabalhadores nesse momento histórico.

A força e o sucesso de qualquer atividade de Orientação residem na

possibilidade de responder a um conjunto de questões diferentes das

formuladas da maneira mais clássica e tradicional de abordar a Orientação; a

grande questão é entender quais os processos de construção de si, ou seja,

como é que as pessoas, cada pessoa, pode construir as suas vidas,

nomeadamente a sua vida de trabalho nesta sociedade de indivíduos em que

cada um de nós atua e se procura desenvolver.

A orientação, na atualidade, deverá ser encarada como se de um texto

dinâmico se tratasse, mas um texto dinâmico, que só por si, mas sem

esquecer a sua relação com o contexto, é gerador e condicionador de outros

textos – porque a história humana, e portanto a narrativa conjunta e solidária

dos indivíduos em diálogo permanente com o tempo e com as circunstâncias,

será sempre uma história interminável, que a cada momento e circunstância

identifica problemas e para eles engendra soluções.

O conjunto das reflexões apresentadas parece sustentar que, para a

construção de modelos, que visem a Orientação enquanto processo de auto-

construção, não se deve perder de vista um conjunto de variáveis. Um possível

desenho de modelo deverá considerar quem são os atores, que estrutura

adotar, que estratégia se há de definir, qual o processo que se desenvolve, e

que resultados se pretendem obter. E nunca perder de vista os contextos, as

estruturas que existem, e as que se podem criar, as culturas locais, e a

estratégia, e o processo.

Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

40

Para que se dê corpo a estes substantivos, há que identificar os

obstáculos, há que formular o acordo de orientação, e há que trabalhar os

detalhes (Duarte, 2009b).

Como fora salientado no relatório do último Simpósio de Orientação

Vocacional & Ocupacional, os estudos e práticas de carreira e orientação

profissional no Brasil têm demonstrado uma maior maturidade científica, bem

como uma maior inserção social e política. Um ponto importante consistiu na

consolidação do intercâmbio com agentes políticos e sociais, como o Ministério

do Trabalho e Emprego (MTE), enfatizando a relevância social da orientação

profissional como prática importante para todos, não somente grupos

privilegiados da sociedade, em função, também, da maturidade organizativa

dos orientadores profissionais brasileiros.

A partir de todas as novas perspectivas referentes aos Orientadores até

aqui apresentadas, faz-se possível pensar que este Orientador, ora chamado

Orientador Profissional, ora Orientador Vocacional, ou ainda Orientador de

Carreira, precisa ter em sua prática todos os enfoques que geram estes

vocativos diversos, reconhecendo o que se faz mais necessário em cada

contexto, mas sem deixar que cada uma dessas abordagens se desdobre

sobre a(s) outra(s). Assim, pensa-se em uma Orientação mais eficiente, mais

rica, onde o Orientador atua de modo mais completo e menos estanque, sendo

um Orientador para o Trabalho – nesta hipótese, o conceito de “Trabalho” não

é mero sinônimo de “profissão”, nem significa somente “vocação”, mas sim,

corresponde a estas ideias e a outras – como a questão da carreira, por

exemplo – de modo que elas se integrem.

Coloca-se como último ponto central, o estabelecimento de uma agenda

de ações interdisciplinares e de internacionalização, principalmente, dos

pesquisadores brasileiros da orientação profissional, colocará, gradativamente,

o Brasil como componente e interlocutor importante nos grupos e espaços de

pesquisa internacionais.

Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BARDAGI. Marúcia P. e SPARTA, Mônica O Teste Projetivo Ômega como

instrumento diagnóstico em Orientação Profissional. (The Omega test as a

Diagnostic Instrument in the Vocational Guidance Process) Título Abreviado:

Uso do Teste Projetivo Omega em Orientação Profissional. Universidade

Federal do Rio Grande do Sul

BARROS, Delba Teixeira Rodrigues. Histórico da Orientação Profissional.

Departamento de Psicologia – UFMG.

COÊLHO, Ildeu Moreira*, GUIMARÃES, Ged*. Educação, escola e formação.

Artigo recebido em 2/2/2012 e aprovado em 10/4/2012.

* Universidade Federal de Goiás

CONNELL, RAEWYN. Bons professores em um terreno perigoso: rumo a uma

nova visão da qualidade e do profissionalismo. Resumo. Universidade de

Sydney.

ENGLISH, Leona 1, MAYO, Peter 2. A educação de adultos e o mundo do

trabalho 3 (Adult education and the world of work).

1 Doutorado em Educação pela Universidade de Columbia (EUA) e em

Filosofia pela University of Technology (AUS). Professora do Departamento de

Educação de Adultos da Universidade St. Francis Xavier, Canadá. E-mail:

<[email protected]>.

2 Doutorado em Sociologia da Educação pela Universidade de Toronto (CA).

Professor do Departamento de Estudos Educacionais da Universidade de

Malta, Malta. E-mail: <[email protected]>.

3 Texto publicado, originalmente, no livro Learning with Adults: A Critical

pedagogical introduction. Rotterdam: Sense Publishers, 2012. p.77-93.

Tradução de Natália Valadares Lima (CEFETMG/UFMG).

Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

42

LEHMAN, Yvette Piha. Orientação profissional na pós-modernidade. 20ª

edição. LEVENFUS, Soares & Cols.

Revista Brasileira de Orientação Profissional, jul.- dez. 2011, Vol. 12, No. 2,

143-151, Seção Especial. Desaprender para ensinar os princípios (ou um outro

modo de enfrentar a orientação). DUARTE, Maria Eduarda. Faculdade de

Psicologia, Universidade de Lisboa, Portugal.

Revista Brasileira de Orientação Profissional, jan.-jun. 2011, Vol. 12, No. 1, 37-

48. Educação para a Carreira: Concepções, desenvolvimento e possibilidades

no contexto brasileiro. Artigo. MUNHOZ, Izildinha Maria Silva e SILVA, Lucy

Leal Melo Ribeirão Preto - SP, Brasil: Universidade de São Paulo, FFCLRP.

Disponível em http://pepsic.bvs-psi.org.br/rbop

Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2005, 6 (2), pp. 31 – 43.

Efetivação de Escolhas Profissionais de Jovens Oriundos do Ensino Público:

Um Olhar sobre suas Trajetórias. BASTOS, Juliana Curzi. Juiz de Fora – MG:

Universidade Federal de Juiz de Fora

Revista Brasileira de Orientação Profissional, jan.- jun. 2011, Vol. 12, No. 1,

119-125. Empreendedorismo ou profissão: Um desafio para orientadores (as).

Ensaio. BARLACH, Lisete. São Paulo-SP: Universidade de São Paulo, EACH.

Disponível em http://pepsic.bvs-psi.org.br/rbop

Revista Brasileira de Orientação Profissional, jul.-dez. 2011, Vol. 12, No. 2,

267-275. Relatório do “III Congresso Latino-americano, X Simpósio Brasileiro

de Orientação Vocacional & Ocupacional e I Fórum de Pesquisa da ABOP”.

Revista de Ciências Humanas, n.28, p.61-79. Florianópolis: EDUFSC.

Orientação Profissional: liberdade e determinantes da escolha profissional.

EHRLICH, Irene E., DE CASTRO, Fernando e SOARES, Dulce Helena Penna -

Mestrado em Psicologia – UFSC, out. de 2000

Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

43

Revista de Ciências Humanas, n.28, p.81-99, out. de 2000 Florianópolis :

EDUFSC. Re-orientação profissional, orientação e o processo de escolha:

notas sobre experiências vividas. KRAWULSKI, Edite, SIQUEIRD,Marcia C. B.,

CAETANO, Sônia S., CASCAES Carla T. e SOARES, Dulce H. P.

Revista Ensino Superior Unicamp. Educar para o ofício ou educar para mudar

de ofício? CASTRO, Claudio de Moura*.

* Assessor especial da presidência do Grupo Positivo, doutor em economia

pela Universidade de Vanderbilt; foi diretor-geral da Capes, chefe da divisão de

políticas de formação da OIT e economista sênior de Recursos Humanos do

Banco Mundial; ensinou nos programas de mestrado da PUC/Rio, FGV,

Universidade de Chicago, UnB, Universidade de Genebra e Universidade da

Borgonha em Dijon.

DA SILVA, Mariita Bertassoni da Silva**. A formação do orientador

profissional*. Curitiba - Pr.

* Trabalho apresentado em mesa-redonda organizada pela ABOP no I FÓRUM

DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL, realizado em 25/06/1999, na sede do

CRP08,

** Psicóloga. Mestre em Educação. Professora-Adjunta do Curso de Psicologia

da PUC - PR: Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Page 44: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 5 RESUMO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da Orientação Profissional, especialmente quando esta se dá no espaço escolar

44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 11

CAPÍTULO II

A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL COMUMENTE ENCONTRADA NAS

ESCOLAS BRASILEIRAS

22

CAPÍTULO III

SUGESTÕES PARA UMA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL DE MAIOR

QUALIDADE NAS ESCOLAS 29

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 44