a prÁtica do desenho e o desenvolvimento...

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1 Curso de Pedagogia Artigo A PRÁTICA DO DESENHO E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL. ¹BRUNA , ¹SHEILA , EDLAMAR M. F. CLAUSS 2. ¹ Alunas do Curso de Pedagogia e ² Professora Mestre do Curso de Pedagogia. RESUMO: O presente artigo aborda o tema: A prática do desenho e o desenvolvimento cognitivo infantil tendo como objetivo mostrar a inter-relação entre a construção do grafismo, e do desenho infantil e o seu contexto com o cognitivo infantil e desenvolvimento da criança. A análise das diversas produções gráficas de desenhos de várias crianças nas linhas traçadas pela manipulação do lápis, traduzem o mundo de vida infantil de cada criança. A criança desenha pelo prazer de produzir uma marca para ela, assim desenvolvendo suas habilidades de escrita, subsidiada pelos estudos teóricos de diversos autores, ressaltando entre eles Jean Piaget, no qual, através dos níveis de desenvolvimento constituindo evidências de como desenho e escrita se constituem para as crianças através da função semiótica, e Emília Ferreiro ao processo de aprendizagem da psicogênese da língua escrita que não se reduz a um conjunto de técnicas, que os conhecimentos se dão por meio de interações. A criança e o seu desenho surgem como uma função primária, pois a sua primeira abordagem com o mundo adulto se demonstra com rabiscos, e assim como nenhuma pessoa nasce sabendo falar, andar e escrever o desenho se torna uma forma importante na educação infantil. É através do desenho que a criança transmite seus gestos e fala, é sua primeira escrita Palavras Chaves: Grafismo, Desenho, Infância. ABSTRACT The article addresses the present topic: The design of Practice and child cognitive development aiming to show the interrelationship between the construction of graphics, and the children's drawing and its context with the child's cognitive and child development. The analysis of the various graphic productions drawings of several children the lines drawn by the pencil manipulation translate the world of child life of every child. The child draws the pleasure of producing a brand for her, thus developing their writing skills, supported by theoretical studies of several authors, highlighting among them Jean Piaget in which, through the development levels constituting evidence of how drawing and writing constitute for children through the semiotic function, and Emília Ferreiro the psychogenesis of the learning process of written language that can not be reduced to a set of techniques that are given knowledge through interactions. The child and its design emerge as a primary function, as its first approach with the adult world is demonstrated with scribbles, and just as no one is born knowing how to speak, walk and write the design becomes an important way in early childhood education. It is by design that the child gives his gestures and speech, and is its first written. Key - Words: Graphics,Drawing,Childhood. Contato: [email protected] , [email protected] INTRODUÇÃO O presente artigo tem por temática A prática do desenho e o desenvolvimento cognitivo infantil. O desenho no desenvolvimento infantil é um tema pouco aprofundando nas escolas de educação infantil e pouco valorizado, razão pela qual se torna necessário aprofundar o estudo referente à importância do desenho infantil. A criança desde pequena deixa marcas no papel e isso gera um prazer em manusear materiais e realizar movimentos, descobrindo formas de se relacionar com o seu mundo. A cada conquista das crianças em relação às fases do desenho, elas vão se firmando e criando traços próprios,

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Curso de Pedagogia Artigo

A PRÁTICA DO DESENHO E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL. ¹BRUNA , ¹SHEILA

, EDLAMAR M. F. CLAUSS

2.

¹ Alunas do Curso de Pedagogia e ² Professora Mestre do Curso de Pedagogia.

RESUMO: O presente artigo aborda o tema: A prática do desenho e o desenvolvimento cognitivo infantil tendo como

objetivo mostrar a inter-relação entre a construção do grafismo, e do desenho infantil e o seu contexto com o cognitivo infantil e desenvolvimento da criança. A análise das diversas produções gráficas de desenhos de várias crianças nas linhas traçadas pela manipulação do lápis, traduzem o mundo de vida infantil de cada criança. A criança desenha pelo prazer de produzir uma marca para ela, assim desenvolvendo suas habilidades de escrita, subsidiada pelos estudos teóricos de diversos autores, ressaltando entre eles Jean Piaget, no qual, através dos níveis de desenvolvimento constituindo evidências de como desenho e escrita se constituem para as crianças através da função semiótica, e Emília Ferreiro ao processo de aprendizagem da psicogênese da língua escrita que não se reduz a um conjunto de técnicas, que os conhecimentos se dão por meio de interações. A criança e o seu desenho surgem como uma função primária, pois a sua primeira abordagem com o mundo adulto se demonstra com rabiscos, e assim como nenhuma pessoa nasce sabendo falar, andar e escrever o desenho se torna uma forma importante na educação infantil. É através do desenho que a criança transmite seus gestos e fala, é sua primeira escrita

Palavras – Chaves: Grafismo, Desenho, Infância.

ABSTRACT The article addresses the present topic: The design of Practice and child cognitive development aiming to

show the interrelationship between the construction of graphics, and the children's drawing and its context with the child's cognitive and child development. The analysis of the various graphic productions drawings of several children the lines drawn by the pencil manipulation translate the world of child life of every child. The child draws the pleasure of producing a brand for her, thus developing their writing skills, supported by theoretical studies of several authors, highlighting among them Jean Piaget in which, through the development levels constituting evidence of how drawing and writing constitute for children through the semiotic function, and Emília Ferreiro the psychogenesis of the learning process of written language that can not be reduced to a set of techniques that are given knowledge through interactions. The child and its design emerge as a primary function, as its first approach with the adult world is demonstrated with scribbles, and just as no one is born knowing how to speak, walk and write the design becomes an important way in early childhood education. It is by design that the child gives his gestures and speech, and is its first written.

Key - Words: Graphics,Drawing,Childhood.

Contato: [email protected] , [email protected]

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por temática A

prática do desenho e o desenvolvimento

cognitivo infantil. O desenho no

desenvolvimento infantil é um tema pouco

aprofundando nas escolas de educação

infantil e pouco valorizado, razão pela qual se

torna necessário aprofundar o estudo

referente à importância do desenho infantil.

A criança desde pequena deixa

marcas no papel e isso gera um prazer em

manusear materiais e realizar movimentos,

descobrindo formas de se relacionar com o

seu mundo. A cada conquista das crianças

em relação às fases do desenho, elas vão se

firmando e criando traços próprios,

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característicos no seu processo de desenho.

Contudo, eventualmente, deixam de criar e

procurar modelos com estruturas conhecidas

como se não utilizassem mais sua própria

imaginação e, sim buscando uma aprovação

e um modelo como referência.

A escolha do tema surgiu a partir da

percepção da carência de conhecimento

aprofundado e valorização do educador sobre

a importância que o grafismo tem no

desenvolvimento e na formação de seu aluno

e o que querem dizer com seus desenhos, e

por ser um tema que precisa ser mais

abordado na área da educação. Analisar a

relação entre a produção gráfica infantil (a

partir dos desenhos) e o desenvolvimento

cognitivo.

Os objetivos específicos norteadores

da investigação foram: analisar desenhos

produzidos por crianças durante os Anos

Iniciais do Ensino Fundamental, com aporte

teórico na teoria do desenvolvimento

cognitivo de Piaget; e analisar a relação

existente entre a produção escrita das

crianças e o grau de desenvolvimento da

linguagem gráfica com base na psicogênese

de Emília Ferreiro.

A maioria dos indivíduos na infância

começa a se comunicar por meio do desenho,

é um processo natural de desenvolvimento.

Para a criança o desenho é importante, é seu

mundo, é seu meio de comunicação, no qual

expressa a percepção de tudo que a cerca,

suas emoções. E ainda, o desenho é um

sistema de representação gráfica de extrema

relevância na socialização infantil e um dos

aspectos mais importantes para o

desenvolvimento integral do indivíduo

constituindo-se num elemento mediador de

conhecimento e autoconhecimento.

Para o profissional que trabalha com as

crianças na função de educador será

necessário conhecer cada etapa do

desenvolvimento infantil e a produção gráfica,

para podê-la ajudar a superar fases

desafiadoras e estimulá-las na produção

plástica especialmente a do desenho. As

etapas do desenvolvimento do desenho

infantil conjugado ao desenvolvimento infantil

são caracterizados pelo desenvolvimento

psicográfico da criança apresentados neste

artigo pelos teóricos: Jean Piaget e Luquet.

O grafismo, elemento psicográfico, é

uma forma na infância pela qual a criança

demonstra o que está acontecendo na vida

dela. Assim o desenho infantil não é

simplesmente um desenho, pois pode falar

muito da criança. E ainda o desenho infantil é

base de análise importante do progresso da

criança. A produção do desenho contribui

para a representação simbólica, para o

desenvolvimento motor, emocional e

consequentemente para a aprendizagem

como um todo.

O desenho é precedente à escrita,

mas os dois possuem uma relação de

interdependência, pois quanto mais

oportunidades as crianças tiverem de

representar no papel toda a sua impressão

sobre o mundo que a rodeia, seus

sentimentos e emoções, mais ela estará

preparada para se apropriar do sistema de

escrita, visto que também é uma forma de

representação. Pais e educadores devem

estimular as crianças e oportunizarem

momentos significativos de interação, dentre

os quais as atividades lúdicas têm um papel

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importante, e o desenho, como uma atividade

lúdica, é um forte aliado na construção do

pensamento.

As possibilidades concretas da

realização deste estudo podem ser bem

sucedidas, pois é por meio do desenho que a

criança irá comunicar-se e transmitir suas

experiências subjetivas e o que está ativo em

sua mente. Desta forma, é possível identificar

as emoções e reações da criança, pois o

desenho pode ter função terapêutica com

determinadas situações, e pode ser também

considerado a primeira escrita da criança.

.

METODOLOGIA

O procedimento instrumental a ser

utilizado será a pesquisa bibliográfica por

proporcionar aprofundamento teórico por

meio de publicações em livros, artigos,

dissertações e teses. E para possibilitar uma

melhor compreensão da relação entre os

desenhos e o desenvolvimento cognitivo

infantil foram coletados desenhos com a

identificação do próprio nome.

Foram coletadas produções infantis

de vinte (30) crianças na faixa etária de 06 a

08 anos, e para análise foi separando três

(03) desenhos por idade. Os desenhos serão

classificados e analisados de acordo com a

Teoria de Desenvolvimento de Piaget e a

Teoria da psicogênese de Emília Ferreira.

ESTUDO TEÓRICO

O DESENHO NA INFÂNCIA

O desenho é importante para o

desenvolvimento da criança, pois revela uma

forma de se expressar e contribui em vários

aspectos, entre eles: coordenação motora,

visão, organização do pensamento e outros

aspectos cognitivos auxiliares no processo da

alfabetização.

Quando nos deparamos com o

desenho de uma criança, muitas vezes não

conseguimos ver uma lógica ou sentido.

Porém é no desenho que a criança cria sua

realidade, imprime seus sentimentos e ideais.

A criança desenha pelo prazer de produzir

uma marca para ela, assim desenvolvendo

suas habilidades. Derdyk (2004), afirma que a

criança rabisca pelo prazer, elas percebem

que quando escorrega o lápis no papel

surgem traços e se pararem os traços não

aparecem, essa ação passa a ser um

estímulo sensorial e alimenta a vontade de

desenhar, e consequentemente a sensação

de prazer.

O grafismo aparece de forma

espontânea junto ao processo de

desenvolvimento da criança, pouco a pouco

podemos ver os primeiros rabiscos das

crianças sobre o papel. Essa produção

gráfica é basicamente motora, orgânica,

biológica. É importante que a criança possa

fazer seus desenhos livremente de forma que

ela possa dominar seus movimentos

devemos assim respeitar o ritmo de cada

criança seu tempo (DERDYK, 2004).

A criança e o seu desenho surgem

como uma função primária, pois a sua

primeira abordagem com o mundo adulto se

demonstra com rabiscos, e assim como

nenhuma pessoa nasce sabendo falar, andar

e escrever o desenho se torna uma forma

importante na educação infantil. É através do

desenho que a criança transmite seus gestos

e fala, e é sua primeira escrita Pais e

educadores devem estimular as crianças e

oportunizarem momentos significativos,

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dentre os quais seria o desenho para seu

desenvolvimento, proporcionando-lhe

expressar suas ideias.

A importância do desenho assume

uma parte no desenvolvimento da criança

muito importante, pois traduz o que a criança

está passando durante sua infância com seus

rabiscos e seus traços. O desenho também é

utilizado pelos professores como

instrumentos de avaliação do

desenvolvimento da criança no processo de

aprendizagem (MOREIRA, 2009).

De acordo com as ideias sugeridas

pelo Referencial Curricular Nacional para

Educação Infantil, o desenho como linguagem

indica signos históricos e sociais que

possibilitam ao homem significar o mundo.

Portanto evidenciamos a Educação Infantil,

como sendo a primeira etapa da Educação

Básica como espaço de promoção e

apropriação das diversas formas de

linguagens e expressões, sendo o desenho

dotado de significados (BRASIL, 1998).

A arte de desenhar desperta nos

seres humanos a sensibilidade, pois para que

a imagem apareça no papel, ou em qualquer

outro material, vários sentidos perceptíveis do

nosso corpo trabalham: a visão, o

pensamento criativo, o gosto sensitivo pela

forma, cor e até a percepção de outros

saberes. O desenho ajuda também a criança

com sua imaginação e ao fazer seus

desenhos ela tem a possibilidade de melhorar

a criatividade e o desenvolvimento motor.

Aprender a questionar os desenhos

infantis é essencial para o acompanhamento

dos avanços em relação à construção do

pensamento infantil, pois o desenho fornece

ao professor mais um instrumento para

compreender as crianças em suas etapas e

fases de desenvolvimento.

O desenho possibilita à criança se

expressar, de registrar, marca o

desenvolvimento da infância. Porém, em cada

etapa, ele assume um caráter próprio. Estas

faces do desenho definem maneiras de

desenhar que são bastante similares em

todas as crianças, apesar das diferenças

individuais, desta maneira de desenhar,

própria de cada idade, varia muito pouco de

cultura para cultura. Ao desenhar a criança

tem uma intenção realista, tem seu prazer de

desenhar, tem o prazer de colocar no papel o

que está passando na sua cabeça, a criança

pode ser convidada a ver e pensar sobre

suas e outras produções (PILLAR, 1996).

No processo do desenho a criança

pode ter influência de vários aspectos, como

os valores culturais, a realidade em que se

encontra e o sistema educacional. O

desenho é precedente à escrita, mas os dois

possuem uma relação de interdependência,

pois quanto mais oportunidades as crianças

tiverem de representar e transcrever para o

papel toda a sua impressão sobre o mundo

que a rodeia, seus sentimentos, emoções

etc., mas ela estará preparada para se

apropriar do sistema de escrita, visto que o

mesmo, assim como o desenho, também é

uma forma de representação.

O DESENHO E O PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO

A criança, através da manipulação de

objetos e produção de trabalhos manuais, dá

ênfase na sua representação, entra no mundo

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dos jogos simbólicos (PIAGET, 1982, apud,

PILLAR, 2012) e a educação infantil deve

atribuir que esse progresso seja gradativo.

Quanto mais a criança desenha vai

aprimorando seu jogo simbólico, passando-se

de um ato imprescindível, no qual vai

paulatinamente construir significados aonde a

criança possa se familiarizar cada vez mais

no mundo letrado da alfabetização.

Ao final do seu primeiro ano de vida,

que compreende o estágio sensório-motor, a

criança é capaz de manter ritmos regulares e

produzir seus primeiros traços gráficos. O

desenvolvimento progressivo do desenho

implica mudanças significativas que, no início,

dizem respeito à passagem dos rabiscos

iniciais da garatuja para construções cada vez

mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros

símbolos. Para Piaget (1948), a função

semiótica é a capacidade que a criança tem

de representar objetos ou situações que

estão fora do seu campo visual por meio de

imagens mentais, de desenhos, da

linguagem. A criança passa a desenvolver

essa função no estágio pré-operatório, que

compreende faixa etária de dois a sete anos.

Desde que as condições biológicas e

de estimulação sejam preservadas, toda

criança está apta a realizar as ações que

correspondem aos limites do nível de

desenvolvimento em que se encontra. Muitas

vezes a criança pode estar escrevendo o

próprio nome utilizados formas, mas nem

sempre são reconhecidas como letras. Pouco

a pouco as figuras feitas pelas crianças no

instante do desenho se avizinham das letras

(SEBER, 1997).

Podemos ainda relacionar os estágios

do desenho infantil aos estágios da teoria da

epistemologia genética de Jean Piaget. O

desenho em sua perspectiva teórica e

determinada como “função semiótica”, na

qual tem correlação ao jogo simbólico,

intrinsecamente ligado ao prazer, e a imagem

mental, na qual esforça se em imitar o real de

maneira interiorizada (apud. PILLAR, 2012).

Ao final do seu primeiro ano de vida,

que compreende o estágio sensório-motor, a

criança é capaz de manter ritmos regulares e

produzir seus primeiros traços gráficos. O

desenvolvimento progressivo do desenho

implica mudanças significativas que, no início,

dizem respeito à passagem dos rabiscos

iniciais da garatuja para construções cada vez

mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros

símbolos. Para Piaget (1948), a função

semiótica é a capacidade que a criança tem

de representar objetos ou situações que

estão fora do seu campo visual por meio de

imagens mentais, de desenhos, da

linguagem. A criança passa a desenvolver

essa função no estágio pré-operatório, que

compreende faixa etária de dois a sete anos.

O desenvolvimento do grafismo

infantil de Piaget seguem analógicos aos

estágios de desenvolvimento de

representação e ainda mostram se alinhados

aos estudos de Luquet (1969, apud

MÈREDIEU, 2006). Segundo os Estudos de

Piaget, os desenhos podem ser classificados

como:

- Garatuja: esta fase inicia se de zero

a dois anos e pega uma parte da fase

pré-operatória que vai dos dois anos

a sete. Sendo que esta fase pode se

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dividir em outras duas partes. A

representação da figura humana e

inexistente, não há uma intenção

consciente. E o desenho se dá de

maneira prazerosa.

o Desordenada: sem

controle da motricidade seus

movimentos aparecem

amplos e desordenados.

Sendo um ato de simples

riscos ainda desprovidos de

controle motor, onde ignora

os limites do papel. As

primeiras garatujas são linhas

longitudinais que, com o

tempo, vão se tornando

circulares e, por fim, se

fecham em formas

independentes, que ficam

soltas na página. No final

desta fase começam a

aparecer as representações

de figuras humanas, como

cabeças com olhos.

site:revistaescola.abril.com.br

Ordenada: encontra-se na fase pré-

operatória, quando aparece a descoberta na

relação entre desenho, pensamento e

realidade. Começa aparecer as primeiras

noções espaciais, já consegue respeitar os

limites do papel. Ainda não há relação com a

realidade, o que dependerá do seu

relacionamento emocional. Dentro da

expressão, o jogo simbólico aparece como:

"nós representaremos juntos".

site:br.monografias.com

No estágio pré esquemático:

Piaget (1948, apud. PILLAR, 2012),

considera que ele tem início por volta

dos quatro anos de idade

estendendo-se aos sete anos, ao final

dessa fase a criança encontra-se

entre os sete aos nove anos entrando

no estágio esquemático, longo após

dos nove anos passa para o estágio

do realismo nascente, ressaltando

que estes estágios são

compreendidos nos período que as

crianças iniciam as operações

concretas.

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Produção infantil EC102 – R.Emas

Florence Mèredieu faz seus estudos

baseados nas fases do desenho infantil de

Luquet, que foi o primeiro a abordar o

desenho infantil numa perspectiva

cognitivista, abordando o “erro” as

“imperfeiçoes” e atribuiu inabilidade e falta de

atenção, afirmando que há uma intenção

natural e voluntaria da criança para o

realismo. Luquet (apud MÈREDIEU,2006)

distingue quatro estágios na evolução do

grafismo:

Realismo fortuito – inicia por volta

dos dois anos acabando com o

período do rabisco.

Site: cmaps.public3.ihmc.us

Realismo fracassado – uma vez que

descobre a identidade da forma e o

objeto, ela busca reproduzir a forma,

uma fase pontuada na aprendizagem

em meio ao sucesso e ao fracasso

site:rodadeinfancia.blogspot.com

Realismo intelectual – aos quatro

anos sendo o principal estagio e se

estende por volta dos doze anos. O

que se caracteriza neste estágio e

que a criança desenha aquilo que

sabe e não aquilo que vê (

site: museudo desenho.wordpress.com

Realismo virtual – por volta dos doze

anos às vezes aparece antes por

volta dos oito ou nove, marcado pela

perspectiva e submissão, se dando

um empobrecimento tende se a juntar

com as produções adultas.

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Site: castrogomez.wordpress.com

Para Mèredieu (2006) mesmo Luquet

sendo o primeiro a abordar o grafismo infantil

em fases, e muitos teóricos retomando seus

estudos como referência, e que definiram o

desenho em fases sem grandes

modificações, diz que não explica o

nascimento do grafismo nem a passagem de

um para o outro, o que não fica nítido por que

o desenho infantil acaba por empobrecer-se e

desaparecer. Sendo necessário situar todas

estas fases numa abordagem genética que

pudesse não se descreve, mas sim explica-

los (MÈREDIEU, 2006).

Quando a criança começa a perceber

que a escrita representa aquilo que é falado,

ela tenta se aventurar pela escrita por meio

da reprodução de rabiscos e desenhos, o que

para ela constitui aquilo que é dito. Nessa

etapa a criança pode ter a intenção de

produzir marcas diferenciadas desenhos e

letras ou outros códigos (FERREIRO, 1999).

E para que a criança se aproprie do sistema

de representação da escrita, ela terá que

reconstruí-lo, diferenciando os elementos e as

relações próprias ao sistema, bem como a

natureza do vínculo entre o objeto de

conhecimento e a sua representação

(PILLAR, 1996). Assim, o desenho Infantil é

base de análise importante do progresso da

criança. O seu desenvolvimento contribui

para a representação por símbolos e para o

desenvolvimento motor, emocional e para a

aprendizagem como um todo.

No início da interpretação de sua

escrita a criança pode utilizar dos desenhos

como sinais que representem seu próprio

nome. Ao longo do desenvolvimento e

interação, a criança começar a perceber que

existe uma diferenciação entre os dois

sistemas de representação, no qual a escrita

representa o nome do objeto desenhado.

A escrita pode ser entendida como

uma representação da linguagem ou como

um código de transcrição gráfica das

unidades sonoras. O ato de escrever

perpassa por evoluções o que Ferreiro (2011)

distingue em níveis, os níveis analisados nos

desenhos coletados durante a investigação

científica são:

- Nível 1 distinguido por traços

básicos que a criança realiza

tentando reproduzir a forma básica da

escrita de imprensa, aonde a intenção

da criança conta nos resultados

obtidos. Pode aparecer tentativas de

correspondências entre figura e a

escrita do objeto. O escritor espera

que a escrita dos nomes deva ser

proporcional ao tamanho. Nesta fase

faz uso dos mesmos sinais gráficos,

letras convencionais ou outros

símbolos para escrever o que deseja,

exemplo:

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site:caixinhassurpresa2.blogspot.com

- Nível 2 a centralidade está em

atribuir significados distintos, há uma

diferenciação mais evidente neste

processo gráfico, aproximando das

formas das letras habituais, exemplo:

site:

revistaguiafundamental.uol.com.br

- Nível 3 marcado pela busca de dar

significados ao valor sonoro a cada

uma das letras que constitui o que

está tentando escrever. Passando por

um momento evidente da evolução,

constituindo cada letra vale por uma

silaba. O que e denominada por

Ferreiro (1999) de “Hipótese Silábica”,

na qual pode aparecer em uma

escrita distante o formato

convencional das letras, exemplo:

Muitas crianças ao chegarem aos

primeiros anos do Ensino Fundamental

apresentam dificuldades de aprendizagem

relacionadas à escrita. É possível que estas

crianças não tenham tido oportunidades

significativas de interação na Educação

Infantil, fase na qual se desenvolve a função

simbólica e consequentemente os sistemas

de representação, fato que pode ter

prejudicado o desenvolvimento da criança.

Em situações como esta, é perceptível a

importância do trabalho na educação infantil

que priorize e preserve os momentos lúdicos

e prazerosos, que certamente contribuirão

para o desenvolvimento do desenho infantil

(PILLAR, 2012)

Educadores e pais devem oportunizar

as crianças momentos significativos de

interação, dentre as quais as atividades

lúdicas têm um papel fundamental. O

desenho, como uma atividade lúdica, é um

dos principais exemplos. Podemos ainda citar

o brincar, os jogos e as dramatizações, todas

as contribuintes para o desenvolvimento da

representação simbólica.

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A coleta de dados foi realizada na Escola Classe 102 do Recanto das Emas, com 30 crianças sendo: 10 crianças do 1º ano, 10 do 2º ano e 10 do 3º ano. Foram selecionadas 3 crianças de cada turma as que mais demonstravam dificuldades na escrita e no desenho e crianças que estavam na sua

faixa etária certa quanto o desenvolvimento cognitivo.

Os desenhos do 1º ano, crianças com 06 anos devem apresentar os desenhos na fase pré esquemática (PIAGET), realismo intelectual (LUQUET) e nível 2 (FERREIRO).

A aluna Sofia se encontra na fase de

Garatuja ordenada, nível 2 e realismo

fortuito e uma aluna que tem dificuldades na

escrita, por não separar as palavras

escrevendo tudo junto, seu desenho não e

muito rico em detalhes.

A aluna Gabrielly se encontra fase

de Garatuja ordenada, nível 2 e realismo

fortuito e uma aluna tem um ótimo

desenvolvimento, seu desenho não tem

muitos detalhes.

A aluna Eloar se encontra fase de Garatuja

ordenada, nível 3 e realismo fortuito e uma

das melhores aluna da sala esta

desenvolvendo a escrita cursiva e seu

desenho e mais rico em detalhes.

Ao analisar as três crianças do

primeiro ano pode se notar que apesar de

estarem com a mesma faixa etária, segundo

Piaget e Luquet uma da criança não se

encontra no nível de desenvolvimento

correto e logo seu nível de escrita segundo

Ferreiro também não é igual das outras duas

crianças que estão no nível de escrita e de

desenvolvimento de acordo com sua faixa

etária.

Os desenhos do 2º ano podem ser

classificados como; pré esquemático iaget)

e se encontra no nível 2 (Ferreiro)

A aluna Brenda se encontra na fase pré

esquemático, nível 2 e realismo fortuito e uma

aluna com dificuldades na escrita e no desenho

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não tem muito detalhes.

A aluna Alycia se encontra na fase pré

esquemático, nível 2 e realismo fortuito e uma

aluna que hora escreve em letra cursiva hora

escreve em caixa alta seu desenho e rico em

detalhes.

A aluna Milenna se encontra na fase pré

esquemático, nível 2 e realismo fortuito e uma

aluna muito aplicada apesar de hora escrever

com letra hora caixa alta seu desenho e cheio

de detalhes

Tendo como base na pesquisa sobre o

desenvolvimento de Piaget e Luquet pode se

analisar que, a criança tem a mesma faixa

etária, mas os desenvolvimentos delas são

totalmente diferentes uma tem o

desenvolvimento de criança de 6 anos, as

outras duas estão no nível de desenvolvimento

certo.

Os desenhos do 3º ano podem ser

classificados como; pré esquemático (Piaget) e

se encontra no nível 3 (FERREIRO)

A aluna Alice se encontra na fase pré

esquemático e se encontra no nível 3 no

realismo intelectual seu desenho e simples

sem detalhes e uma aluna que não tem

dificuldades em sala não tem muitos erros na

sua escrita.

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O aluno Victor se encontra na fase

de garatuja ordenada e se encontra no nível

2 no realismo fortuito seu desenho não tem

muitos detalhes ele não tem dificuldades

mas e um aluno desinteressado.

O aluno João Victor se encontra na fase pré

esquemático, realismo intelectual

(detalhes das mãos), nível 3. O aluno já

produz frases, possui erros ortográficos, mas

possui clareza na mensagem.

Apesar das crianças terem a mesma

idade, pode se observa que uma das

crianças não se encontra no nível de

desenvolvimento adequado para sua faixa

etária, seu desenho e muito diferente dos

outros e sua escrita também esta de acordo

com o nível da psicogênese de Ferreiro.

Através da nossa pesquisa de

campo e com o auxílio da teoria de Piaget e

Luquet e a psicogênese de Ferreiro, pode

observar que por mais que as crianças

tenham a mesma faixa etária seus

desenvolvimentos não iguais umas

aparentam ter o desenvolvimento ais

avançados que o outro, pode se observar

também que o professor não tem a

preparação adequada para avaliar e saber o

quanto e importante o desenho de seus

alunos e o que eles querem dizer com seus

desenhos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Presente Artigo foi elaborado

buscando um pouco mais de conhecimento,

na qual o desenho e algo fundamental no

desenvolvimento da criança, desde pequena

a criança deixa marcas no papel, e isso gera

um prazer em manusear materiais e realizar

movimentos, descobrindo formas de se

relacionar com o seu mundo.

Ao longo dos estudos bibliográficos

feitos, em busca do entendimento, podemos

analisar que ambos são grandes conquistas

que realizamos ao longo de nossa evolução

humana com intenção de nos comunicarmos

ou por sentirmos necessidade em deixar

nossa história registrada no papel e no

mundo.

Durante o estudo foi possível

mergulhar a fundo nos conhecimentos para

identificar que a criança ao desenhar

demonstra seus sentimentos no papel,

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passando não só pra si mesmo, mais

também para a vida infantil de seu mundo.

A pesquisa pode dar a conhecer

ainda por meio das produções do grafismo a

capacidade representativa de

cada criança em relação ao contexto em que

estavam inseridas, quando esboçaram no

papel, a correspondência entre o

pensamento e o vivido.

O estudo realizado sobre o grafismo

destaca a importância do desenho, elemento

psicográfico, é uma forma na infância pela

qual a criança demonstra o que está

acontecendo na vida dela. Assim o desenho

infantil não é simplesmente um desenho,

pois pode falar muito da criança. E ainda o

desenho infantil é base de análise importante

do progresso da criança. A produção do

desenho contribui para a representação

simbólica, para o desenvolvimento motor,

emocional e conseqüentemente para a

aprendizagem como um todo. O desenho em

sua perspectiva teórica e determinada como

“função semiótica”, na qual tem correlação

ao jogo simbólico, intrinsecamente ligado ao

prazer, e a imagem mental, na qual esforça

se em imitar o real de maneira interiorizada

(apud. PILLAR, 2012).

Finalmente, o desenho tem sua

relevância cognitiva, revela o modo como a

criança vê e sente o mundo, seu equilíbrio

emocional e afetivo, as etapas do

desenvolvimento cognitivo e motor e, como

mais uma forma de linguagem da criança, o

desenho ainda deixa lacunas e continuará

sendo objeto de investigação na exploração

dos modos de pensar das crianças.

A Arte assume importante função na

formação do professor, abrindo perspectivas

para a compreensão do mundo, na qual é

possível transformar a existência e que

aprender não se dissocia de criar e

conhecer.

O desenho acompanha o

desenvolvimento das crianças, e através

dele observamos como as crianças se

relacionam com a realidade e com os

elementos de sua cultura e como traduzem

essas percepções gráficas.

As crianças devem formar sua própria linha

de pensamento e sensibilidade, quando

estão se expressando, e não podemos julgar

os seus trabalhos como se fossem obras

imperfeitas de um adulto, afinal a

representação é da criança e não de quem

as observa. A atitude do professor em sala

de aula é importante para criar climas de

atenção e concentração, sem que se perca a

alegria. As aulas tanto podem inibir o aluno

quanto fazer com que atue de maneira

indisciplinada.

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REFERÊNCIAS

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Infantil: conhecimento de Mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998.

DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 1989. DERDYK, Edith. A representação da figura humana no desenho infantil. São Paulo: Scipione, 1990. FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed,

1999.

_________, Emília. Alfabetização em processo. Tradução Sara Cunha Lima, Maria do

Nascimento Paro. 20. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto: Ed. Do Minho, 1969. MEREDIEU, Florence. O desenho infantil. 11ª ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: A educação do educador. 13.ed, São Paulo: Loyola,2009. PIAGET, J. A formação dos símbolos na criança. (S. L.): PUF, 1948 PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.

PILLAR, Analice Dutra. Desenho & escrita como sistema de representação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

PILLAR, Ana Alice Dutra. Desenho e escrita como sistemas de representação. 2 ed. ver. ampl.

Porto Alegre: Penso, 2012.

SEBER, Maria da Glória. A escrita infantil: o caminho da construção. São Paulo: Scipione, 1997