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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Artigo Original CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E IMPACTOS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NA REGIÃO- FLORESTA NACIONAL DE BRASÍLIA) CAUSES, CONSEQUENCES AND IMPACTS OF FOREST FIRE IN THE FOREST NATIONAL REGION- BRASÍLIA Thiago Silva Santos¹, ²João Batista Câmara 1Aluno do Curso de Gestão Ambiental 2Professor Orientador Resumo No Distrito Federal a cada ano enfrentamos incêndios florestais, de baixas e de grandes proporções em diversas unidades de conservação diferentes, isso se dá devido a sua característica de longos períodos de estiagem e com uma baixa umidade e temperaturas elevadas, isso somado a uma vegetação que favorece a disseminação do fogo causam grandes proporções de focos de calor. Este trabalho de conclusão de curso tem como finalidade identificar as possíveis causas e consequências e adotar medidas eficientes e aplicáveis anualmente, que minimizem o risco de ocorrência de incêndios e seus impactos destes incêndios na região da Floresta Nacional de Brasília, situada entre a região administrativa de Taguatinga e Brazlândia. Palavras-chave: Incêndios Florestais; Políticas Públicas; Causas e Consequências; Efetividades e Eficácia Abstract In the Federal District each year face forest fires, casualties and major in several different protected areas , this is the due to its characteristic of long periods of drought and low humidity and high temperatures , adds up to a vegetation favors the spread of fire cause major hot spots . This course conclusion work aims to identify the possible causes and consequences, adopt effective measures, and apply annually, to minimize the risk of fires and impacts of these fires in the region of Brasilia National Forest, located between the administrative region Taguatinga and Brazlândia. Keywords: Forest Fires; Public Policy; Causes and Consequences; Effectivities and Effectiveness Contato: [email protected] 1- Introdução Atualmente o Brasil não tem dado a devida importância que deveria ser dada relacionada à preservação ambiental, principalmente relacionado a incêndios florestais que de ano em ano devastam uma grande área do país. As áreas que mais sofrem com esta degradação estão localizadas nas regiões da Floresta Amazônica e Cerrado. A falta de informações fundamentais como o número de focos de calor e área queimada, são frutos da inexistência de dados estatísticos confiáveis, que é um fator preponderante para se desenvolver políticas de prevenção de incêndios florestais que tenham efetividade e eficácia ao mesmo tempo. Incêndios podem se constituir em fenômenos naturais causados por efeitos de aquecimento global e mudanças climáticas ou também por ações antrópicas. É necessário que se tenha um controle eficiente e economicamente viável de incêndios para diminuir o número de ocorrências de degradação ambiental. Ao se comparar incêndios florestais com outros desastres geológicos e meteorológicos, se tem uma vantagem de incêndios poderem ser previstos e controlados, para isso foram desenvolvidos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) junto com sistemas de tomadas de decisão, criados especificamente para a prevenção e controle de incêndios. A presença do fogo nas Unidades de Conservação seja de forma natural ou proposital (antrópica), deixa bem clara a necessidade de ação, isso se dá devido ao fato da falta de conhecimento de algumas partes sobre a complexidade dos ecossistemas presentes nas Unidades de Conservação. Em alguns locais a atuação do fogo faz parte da dinâmica do ecossistema, já em outros casos é causado de forma antrópica o que muitas vezes causa um prejuízo maior a determinado ecossistema. E apesar do fogo ser considerado como um dos elementos determinantes da diversidade de paisagens do cerrado, na maioria dos casos a estratégia tem sido a supressão total de incêndios em parques. No Distrito federal a ocorrência de incêndios florestais atualmente tem gerado uma preocupação maior, o que tem causado também um aumento na soma de esforços do setor público nas operações de prevenção e combate.

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Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Artigo Original

CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E IMPACTOS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NA REGIÃO- FLORESTA NACIONAL DE BRASÍLIA) CAUSES, CONSEQUENCES AND IMPACTS OF FOREST FIRE IN THE FOREST NATIONAL REGION-BRASÍLIA Thiago Silva Santos¹, ²João Batista Câmara 1Aluno do Curso de Gestão Ambiental 2Professor Orientador

Resumo

No Distrito Federal a cada ano enfrentamos incêndios florestais, de baixas e de grandes proporções em diversas unidades de conservação diferentes, isso se dá devido a sua característica de longos períodos de estiagem e com uma baixa umidade e temperaturas elevadas, isso somado a uma vegetação que favorece a disseminação do fogo causam grandes proporções de focos de calor. Este trabalho de conclusão de curso tem como finalidade identificar as possíveis causas e consequências e adotar medidas eficientes e aplicáveis anualmente, que minimizem o risco de ocorrência de incêndios e seus impactos destes incêndios na região da Floresta Nacional de Brasília, situada entre a região administrativa de Taguatinga e Brazlândia.

Palavras-chave: Incêndios Florestais; Políticas Públicas; Causas e Consequências; Efetividades e Eficácia

Abstract

In the Federal District each year face forest fires, casualties and major in several different protected areas , this is the due to its characteristic of long periods of drought and low humidity and high temperatures , adds up to a vegetation favors the spread of fire cause major hot spots . This course conclusion work aims to identify the possible causes and consequences, adopt effective measures, and apply annually, to minimize the risk of fires and impacts of these fires in the region of Brasilia National Forest, located between the administrative region Taguatinga and Brazlândia.

Keywords: Forest Fires; Public Policy; Causes and Consequences; Effectivities and Effectiveness

Contato: [email protected]

1- Introdução

Atualmente o Brasil não tem dado a devida importância que deveria ser dada relacionada à preservação ambiental, principalmente relacionado a incêndios florestais que de ano em ano devastam uma grande área do país. As áreas que mais sofrem com esta degradação estão localizadas nas regiões da Floresta Amazônica e Cerrado. A falta de informações fundamentais como o número de focos de calor e área queimada, são frutos da inexistência de dados estatísticos confiáveis, que é um fator preponderante para se desenvolver políticas de prevenção de incêndios florestais que tenham efetividade e eficácia ao mesmo tempo.

Incêndios podem se constituir em fenômenos naturais causados por efeitos de aquecimento global e mudanças climáticas ou também por ações antrópicas. É necessário que se tenha um controle eficiente e economicamente viável de incêndios para diminuir o número de ocorrências de degradação ambiental. Ao se comparar incêndios florestais com outros desastres geológicos e meteorológicos, se tem uma

vantagem de incêndios poderem ser previstos e controlados, para isso foram desenvolvidos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) junto com sistemas de tomadas de decisão, criados especificamente para a prevenção e controle de incêndios.

A presença do fogo nas Unidades de Conservação seja de forma natural ou proposital (antrópica), deixa bem clara a necessidade de ação, isso se dá devido ao fato da falta de conhecimento de algumas partes sobre a complexidade dos ecossistemas presentes nas Unidades de Conservação. Em alguns locais a atuação do fogo faz parte da dinâmica do ecossistema, já em outros casos é causado de forma antrópica o que muitas vezes causa um prejuízo maior a determinado ecossistema. E apesar do fogo ser considerado como um dos elementos determinantes da diversidade de paisagens do cerrado, na maioria dos casos a estratégia tem sido a supressão total de incêndios em parques. No Distrito federal a ocorrência de incêndios florestais atualmente tem gerado uma preocupação maior, o que tem causado também um aumento na soma de esforços do setor público nas operações de prevenção e combate.

Para auxilio e melhor elaboração do trabalho faz-se necessário a definição de um objetivo geral que seria realizar pesquisas que determinem as possíveis causas da ocorrência de incêndios florestais na região da Floresta Nacional de Brasília e alguns objetivos específicos, sendo eles: Objetivo 01: Verificar a posição dos funcionários da brigada de incêndio da região, isto é, verificar se há um efetivo suficiente à disposição para combater os incêndios e sugerir um aumento no efetivo, para que quando venha a ocorrer o surgimento de possíveis focos se tenha uma facilidade maior no combate.

Objetivo 02: Verificar a posição de alguns moradores da região em relação ao uso do fogo.

2- Metodologia As propostas metodológicas utilizadas para determinar o desenvolvimento da pesquisa foram: pesquisas em campo e bibliográficas, entrevistas e análises de medidas e condições de combate aos incêndios florestais da região. A proposta metodológica aplicada terá como orientação os órgãos gestores da unidade, que dispõem de informações fundamentais. Pode ser caracterizada como uma pesquisa metodológica de análise dos dados ambientais para caracterizar a região do estudo. Foram realizadas diversas visitas à região de estudo e duas aos órgãos atualmente responsáveis pela gestão da região, uma visita ao Instituto Chico Mendes (IcmBio), e uma visita ao IBAMA que junto com outros órgãos, tais como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que fornecem serviços de imagens de satélite e sensoriamento remoto, que fazem o monitoramento e o combate de focos de calor na região puderam contribuir para a elaboração deste artigo.

3- O fogo

O fogo é parte integrante do ciclo do cerrado brasileiro, importante para a renovar os campos, base alimentar de um delicado ecossistema, e pode também ajudar na quebra de dormência das sementes de algumas espécies vegetais. Várias árvores presentes no cerrado, embora sejam de pequeno porte, têm cascas grossas que permitem que se protejam do fogo.

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Ocupa 21% do território nacional e é considerado a última fronteira agrícola do planeta (Borlaug, 2002). O termo Cerrado é comumente utilizado para designar o conjunto de ecossistemas (savanas, matas, campos e matas de galeria) que ocorrem no Brasil Central (Eiten, 1977; Ribeiro et al., 1981). O clima dessa região é estacional, onde um período chuvoso, que dura de outubro a março, é seguido por um período seco, de abril a setembro.

A precipitação média anual é de 1.500mm e as temperaturas são geralmente amenas ao longo do ano, entre 22ºC e 27ºC em média. Os remanescentes de Cerrado que existem nos dias de hoje desenvolveram-se sobre solos muito antigos, intemperizados, ácidos, depauperados de nutrientes, mas que possuem concentrações elevadas de alumínio (muitos arbustos e árvores nativos do Cerrado acumulam o alumínio em suas folhas – Haridasan, 1982). Para torná-los produtivos para fins agrícolas, aplicam-se fertilizantes e calcário aos solos do Cerrado.

A pobreza dos solos, portanto, não se constituiu em obstáculo para a ocupação de grandes extensões de terra pela agricultura moderna, especialmente a cultura da soja, um dos principais itens da pauta de exportações do Brasil, e as pastagens plantadas. Cerca de metade dos 2 milhões de km² originais do Cerrado foram transformados em pastagens plantadas, culturas anuais e outros tipos de uso.

O termo Cerrado designa uma vegetação de fisionomia e flora próprias, classificada dentro dos padrões de vegetação do mundo como savana (Eiten 1994). Muito rico floristicamente, sendo inclusive considerado como a flora mais rica entre as savanas mundiais (Klink 1996), o cerrado destaca-se com relação à biodiversidade devido a sua grande extensão, sua heterogeneidade vegetal e por conter trechos das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Alho & Martins 1995; Klink 1996).

O Cerrado contribui ainda com cerca de 5% da diversidade da fauna e flora mundiais (Klink et al. 1995) e com cerca de 1/3 da biota brasileira (Alho & Martins 1995). A mais recente compilação de sua flora contabilizou 6429 espécies vasculares (Mendonça et al. 1998), número superior ao de grande parte de outras floras no mundo (Klink 1996). Dessas 6429 espécies, 6060 são angiospermas, o que

representa 65% das 9300 estimadas por Gentry et al. (1997) para o Cerrado, Caatinga, Llanos, Chaco e Pantanal. O Cerrado é notável também pela grande variação na fisionomia, apresentando formas florestais, savânicas e campestres (Ribeiro & Walter 1998).

Figura 01 - Fitofisionomias: campestres, savânicas e florestais de Cerrado. Adaptado de RIBEIRO & WALTER (1998), FURLEY (1999) e OTTMAR el al. (2001).

Segundo Eiten (1994), a forma savânica mais comum no Brasil Central é o "arvoredo de escrube-e-árvores", chamada de cerrado sensu

stricto (s.s.), fisionomia caraterizada por

apresentar os estratos arbóreo e arbustivo bem definidos e cobertura arbórea variando de 10 a 60%.

Figura 02 - Cerrado Sensu stricto. Fonte: www.pucgoias.edu.br

No Cerrado são encontradas algumas variações quanto à densidade, podendo ser mais ralo ou mais denso. Uma forma florestal mais densa e mais alta, com árvores de 7m ou mais de altura formando assim um dossel praticamente fechado é conhecida como cerradão. Dentre as formas florestais encontram-se ainda as matas de galeria, tipo de vegetação com predominância de espécies arbóreas e com formação de dossel, ocorrendo ao longo dos cursos fluviais de pequeno porte no Brasil Central. Já as formas campestres apresentam cobertura arbórea menor que o cerrado strictu sensu e arbustos mais esparsos sendo conhecidas como campo cerrado e

campo sujo como na figura 03. E também se tem a forma campestre mais extrema, na qual predomina uma vegetação herbácea principalmente graminosa, com raros arbustos e ausência completa de de árvores é conhecida

como campo limpo.

Figura 03 - Cerrado Campo Sujo, APA Jalapão, próximo da estrada Mateiros – São Félix do Tocantins, TO. Fonte: IcmBio

Apesar da sua importância, existe uma carência de informações, fisiológicas, ecológicas, florísticas e fitossociológicas, entre outras, acerca do bioma Cerrado e em muitos locais não foram ainda feitas coletas de material botânico (Felfili et al. 1993). Estes fatos, aliados à pequena área deste ecossistema teoricamente protegida em unidades de conservação legalizadas, as quais, em geral, são mal localizadas ou apresentam tamanho insuficiente para proteger sua biodiversidade (Dias 1994), dão uma ideia dos riscos da perda de informações sobre a florística da região. A carência de áreas de conservação no Cerrado pode ser ainda mais evidenciada quando se compara o esforço governamental em conservar os ecossistemas Amazônicos, os quais têm 12% da sua área protegida em Unidades de Conservação, contra menos de 2% no Cerrado (Klink 1996).

A forma de intervenção humana mais significativa no Cerrado tem sido a grande expansão das pastagens plantadas de lavouras comerciais (soja, milho, arroz, café, feijão e mandioca). Estimou-se que em 1995 um total de 38,6% da área do Cerrado estaria sendo voltadas para agropecuária, lavouras, pastagens plantadas e terras produtivas não utilizadas. Essas são alterações do uso da terra podem representar ameaças à biodiversidade (genética, de espécies e de ecossistemas) no Cerrado.

Tabela 01 - Cobertura de áreas protegidas nos principais biomas brasileiros. Fonte: Equalisambiental-[site da internet]

Segundo Machado (2004) A destruição dos ecossistemas que constituem o Cerrado continua de forma acelerada. Um estudo recente, que utilizou imagens do satélite MODIS do ano de 2002, concluiu que 55% do Cerrado já foram desmatados ou transformados pela ação humana, o que equivale a uma área de 880.000km², ou seja, quase três vezes a área desmatada na Amazônia brasileira.

As taxas anuais de desmatamento também são mais elevadas no Cerrado: entre os anos de 1970 e 1975, o desmatamento médio no Cerrado foi de 40.000km² por ano – 1,8 vezes a taxa de desmatamento da Amazônia durante o período 1978–1988 (Klink & Moreira, 2002). Estas diferenças se devem em parte ao modo que o Código Florestal trata os diferentes biomas brasileiros: enquanto é exigido que apenas 20% da área dos estabelecimentos agrícolas sejam preservadas como reserva legal no Cerrado, nas áreas de floresta tropical na Amazônia esse percentual sobe para 80%.

Tabela 02 – Porcentagem da área do DF e estados coberta

originalmente pelo bioma cerrado.

4- O fogo no Cerrado

O fogo é um elemento que está presente no cerrado há vários anos, podendo vir a causar certos tipos de prejuízos ou não. Um dos efeitos notados mais imediatos de uma

queimada é a elevação da temperatura local, seja do ar ou do solo. Dos poucos presentes dados dispostos mostram que a temperatura do ar na chama pode atingir 800 °C ou mais.Com isso esta elevação e de curta duração, ou seja, o fogo passa rapidamente. Já no solo, a 1, 2 e 5 cm de profundidade, a temperatura pode elevar-se apenas em alguns poucos graus. Apenas uma pequena camada de terra é suficiente para isolar termicamente todos os sistemas subterrâneos que se encontram sob ela, fazendo com que quase não sinta a presença do fogo ali na superfície.

Graças a esse funcionamento essas estruturas conseguem sobreviver e rebrotar em alguns poucos dias em perfeito estado.

Figura 04 - Temperaturas do solo a profundidades de 0, 1, 2 e 5 cm, durante uma queimada de campo cerrado em Emas, Pirassununga, SP, segundo L. M. Coutinho

5- Incêndios Florestais

Os incêndios florestais geram diversos prejuízos econômicos e paisagísticos, ecológicos, podendo ocorrer em Unidades de Conservação, áreas de preservação, fazendas, margens de estradas, proximidades de aglomerados urbanos e áreas de reflorestamento, dentre outras localidades.

No Brasil, inicialmente os incêndios florestais eram combatidos principalmente por voluntários, bombeiros, militares e funcionários de Unidades de Conservação e empresas de reflorestamento. A partir da década de 1990 foram formados os primeiros brigadistas civis de combate aos incêndios florestais em Unidades de Conservação, com treinamento e equipamentos baseados em modelos dos EUA, do Canadá, do Chile e de outros países (MEDEIROS e FIEDLER, 2004).

Diante das perdas anuais decorrentes

do fogo, há a necessidade de mobilização de equipamentos e pessoal para o combate. Na ocorrência de fogo no Distrito Federal, normalmente os combatentes, ou brigadistas, geralmente trabalham em locais de difícil acesso e locomoção, além de serem submetidos frequentemente a jornadas estafantes, utilizando equipamentos em quantidade insuficiente ou de eficiência duvidosa para o tipo de combate a ser travado (MEDEIROS, 2002).Essas características provocam um quadro de possível estresse físico e mental, o qual vem tendo pouco ou nenhuma atenção da comunidade científica, sendo normalmente negligenciado.

O combate a incêndios florestais é uma atividade desgastante. Juntamente com o desgaste físico, se as condições de trabalho forem precárias, não haverá comprometimento dos níveis de saúde, segurança, bem-estar e satisfação do trabalhador. Esse comprometimento poderá levar a altos índices de acidentes do trabalho, surgimento de doenças relacionadas ao trabalho, insatisfação, baixa qualidade e produtividade dos serviços. Para que um combate seja eficaz é necessário, acima de tudo, que os brigadistas estejam bem treinados, equipados e que as condições de trabalho sejam desejáveis.

6- Principais causas do fogo na vegetação:

Segundo Dias (2004) entre alguns

fatores que contribuem para as causas do fogo

na vegetação estão eles:

6.1- Analfabetismo ambiental

Expressa o desconhecimento (ignorância) sobre os sistemas, as inter-relações e interdependência dos processos que asseguram as condições de vida. Não se tem noção das consequências dos atos de degradação ambiental. O analfabetismo ambiental é a maior ameaça à sustentabilidade socioambiental.

6.2- Acidentais / Incidentais

Fogueiras mal apagadas, re-ignição (reinício do fogo após combate), queda de balões, efeito lupa (raios solares convergem para um ponto após atravessar cacos de vidros, criando um foco de luz com muito calor), rompimento de cabos de alta tensão, emissão de fagulhas incandescentes (expelidas por escapamento de veículos pesados, nas rodovias, e fagulhas das vias férreas), tochas utilizadas em sinalização, nas rodovias, dentre

outros.

6.3- Culturais / Comportamentais

Velas acesas deixadas em rituais religiosos, utilização do fogo para caça (alguns povos ainda usam essa estratégia para matar pequenos animais), conflitos com órgão ambientais, muitas vezes as pessoas colocam fogo na vegetação por vingança, vandalismo, piromania (pessoas que ateiam fogo simplesmente para ver as chamas).

6.4- Fenômenos naturais

Alguns incêndios florestais são iniciados por raios. Há vários relatos desses tipos nas unidades de conservação.

6.5- Extrativismo

Por descuidos, fogueiras mal apagadas durante atividades de exploração dos recursos naturais (caça, pesca, retirada de madeira, coleta de frutos, raízes e outros), terminam causando incêndios florestais.

7- Fatores que contribuem para os incêndios florestais: Segundo divulgação de estudos realizados pelo IBAMA, quanto ao risco e a facilidade de propagação do fogo, geralmente são influenciados pelos seguintes fatores:

Em relação aos fatores climáticos que geralmente influenciam na propagação do fogo, se tem a baixa precipitação de chuvas, ventos fortes e a baixa umidade relativa do ar são fatores que favorecem para o início e a propagação do fogo na vegetação. Podemos perceber também que quanto menor a precipitação, mais a vegetação fica ressecada o que facilita a combustão; o que aumenta a temperatura e quanto maior a temperatura maior a facilidade de combustão também. Devido à presença dos constantes ventos fortes aumentam a evapotranspiração e diminuem a umidade relativa do ar. As formações específicas de nuvens na atmosfera favorecem a presença de raios na região.

Já na questão topográfica quanto mais acidentado for um terreno, ou seja, com a presença de aclives e declives, mais rápido o fogo se espalha, regiões com inclinações acentuadas contribuem para regimes específicos de movimentação de ar, o que contribui com o fogo na vegetação. Já nas áreas planas os ventos têm maior velocidade e consequentemente maior é a propagação do fogo.

Outro fator que deve ser observado é o material que está sendo queimado, a biomassa, pois ele que determina a combustão e a propagação do fogo. É um material orgânico geralmente composto por troncos, galhos, cascas, folhas, raízes, frutos entre outros que já estão dispostos no ambiente, facilitando a combustão.

8- Principais consequências das queimadas e incêndios florestais: 8.1- Efeitos sobre a saúde humana

A presença de fumaça e das fuligens causam e agravam doenças respiratórias como bronquite e asma, provocam dores de cabeça, náuseas e tonturas, conjuntivites, irritação da garganta e tosse, induzem maior uso de bronco dilatadores, crianças e idosos são os mais afetados. Entre outros fatores tais como:

Alergias na pele;

Promovem complicações em pacientes com doenças cardiovasculares e pulmonares, aumentando a mortalidade;

Induzem efeitos danosos sobre o sistema nervoso;

Produzem efeitos negativos no desenvolvimento do feto;

Reduzem a percepção visual e a habilidade para realizar tarefas;

Reduzem a concentração de oxigênio a níveis críticos;

Causam intoxicação até a morte;

8.2- Efeitos Econômicos e Sociais:

As queimadas e os incêndios florestais iniciam uma cadeia crescente de consequências negativas, cujas inter-relações são imprevisíveis. Destacam-se:

Aumento de atendimento hospitalares e gastos gerais com a saúde

Interrupções no fornecimento de energia elétrica com danos gerais

Problemas no abastecimento de

água

Queda na produtividade agrícola devido à desidratação do solo (ressecamento) e perda de nutrientes

Elevação dos preços dos alimentos

Comprometimento da segurança e do funcionamento do transporte aéreo e rodoviário devido à redução da visibilidade

Suspensão de atividades educacionais e de lazer

Contribuição para as mudanças climáticas (induzem secas, inundações, tempestades, ciclones e outro)

8.3- Nos ecossistemas

Efeitos sobre a regulação dos ecossistemas:

Afeta a reciclagem de nutrientes;

Causa a morte da biota, reduzindo a biodiversidade;

A redução da biodiversidade diminui a resiliência dos ecossistemas (nível de distúrbio que um ecossistema pode suportar sem precisar ultrapassar um ponto limite para outra estrutura de funcionamento; capacidade de se adaptar);

Elimina os predadores naturais de algumas pragas

Destroem nascente e interrompe o fluxo de água para atmosfera;

Contribui para o aquecimento global.

O bem estar humano pode ser afetado devido as constantes mudanças que vêm ocorrendo nos ecossistemas, mudanças que muitas vezes ultrapassam limites e nem se quer são notadas. Os sistemas se modificam para que as perturbações fiquem em estado neutro e se conforma em um estado diferente. A ciência alerta para os riscos crescentes mais não é capaz de prever os pontos-limites em que as mudanças podem ser detectadas. E quem acaba sofrendo com os efeitos desproporcionais da degradação dos serviços

são as populações mais pobres. O que tem contribuído para o aumento das desigualdades entre diferentes grupos da população, sendo às vezes o principal fator gerador de pobreza e conflitos sociais.

9- Alternativas ao uso do fogo

Segundo o IBAMA há alguns benefícios que podem ser obtidos a partir da adoção de práticas alternativas sugeridas.

Com a ausência das queimadas se têm uma preservação dos elementos que formam as dinâmicas dos ecossistemas. As bactérias e as minhocas que vivem no solo, os insetos e as aves, a vegetação e as nascentes são alguns exemplos de componentes dos ecossistemas que são poupados quando não há queimadas.

Com o aumento da produtividade agrícola se tem também uma proteção da vegetação, ou seja, o solo recebe menos calor evitando seu ressecamento, isso preserva também a matéria orgânica e a água no solo. A vegetação também contribui para que se evitem erosões e consequentemente e perda de nutrientes.

Já sobre saúde humana os efeitos surgem quando os gases presentes na vegetação são liberados para a atmosfera através das queimadas. Esses gases se misturam com as fuligens e causam vários problemas de saúde tais como asma, irritação dos olhos e garganta, bronquite, dentre outros. E já sem as queimadas podemos ter uma melhor qualidade no ar em que respiramos, e melhores condições sociais, econômicas e de saúde.

9.1- Alternativas sugeridas:

Para a mitigação dos efeitos nocivos das queimadas e incêndios florestais no Cerrado, especialmente nas unidades de conservação e seus entornos, são:

Consorciação de culturas

Consiste no plantio de diferentes espécies, simultaneamente sobre a mesma área.

Adubações verde

Adubos verdes são plantas cultivadas para serem incorporadas ao solo. Esta prática melhora e estrutura o solo, fornece nutrientes, conserva a umidade, favorece a flora microbiana, aumenta a biodiversidade e

controla as plantas invasoras

Artesanato e reciclagem

Geram benefícios do ponto de vista ambiental, econômico e social, pois ambos contribuem para a diminuição da pressão antrópica sobre os recursos naturais e o aumento da renda familiar.

Carbono Social

Projeto que desenvolve atividades socialmente benéficas com o objetivo de reduzir as emissões de carbono na atmosfera. Esse projeto inclui sistemas agroflorestais, plantio de mudas nativas, artesanato e redução de queimadas.

Compostagem

Processo de transformação de materiais como restos vegetais e de alimentos, palhada e estrume em materiais orgânicos utilizáveis na agricultura.

Cultura em andares

Consiste em plantar diferentes culturas de forma organizada em uma mesma área, levando em consideração a disposição horizontal e vertical, formando diversos andares de vegetação.

Ecoturismo

Atividade que busca utilizar, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentivando a sua conservação, promovendo a formação de uma consciência sócio ambientalista.

Reflorestamento social

Consiste no plantio de espécies madeireiras de crescimento rápido para produção de celulose, madeira, laminados e carvão vegetal, juntamente com espécies frutíferas, plantas medicinais e criação de pequenos animais com o objetivo de atender o consumo familiar.

Sistemas Agroflorestais

Técnica que envolve o manejo intencional de árvores: Agros silvicultura (árvores + culturas agrícolas), Silvo pastoris (árvores + produção ambiental) e Agrossilvopastoris (árvores + culturas agrícolas + produção animal).

10- Área de estudo

FLORESTA NACIONAL DE BRÁSILIA Este trabalho de conclusão de curso

tem como objetivo levantar informações no que diz respeito das possíveis causas e as consequências causadas pelos incêndios florestais na região da Floresta Nacional de Brasília, que foi criada pelo Decreto S/N, de 10 de junho de 1 999, com o objetivo de constituir um cinturão verde que assegurasse a preservação dos mananciais e do Parque Nacional de Brasília. É composta por 4 áreas disjuntas nas proximidades de Taguatinga, Ceilândia e Brazlândia, que são divididas em Flona 1, 2, 3 e 4. (Figura 05) A pesquisa tem como foco a região da Flona 1 devido ao fato de ser a região em que apresenta maior cobertura vegetal nativa do cerrado, ou seja, a Flona 1 é a que possui melhor representatividade desses ambientes que sofrem com a incidência de foco de calor. Um fator que propicia a presença dessas vegetações são os cursos d’água que cruzam a Flona 1 (Ribeirão das Pedras e Córrego dos Currais) e marcam o limite oeste da Flona 3 (Rio Descoberto) já a região da Flona 2, é uma das glebas mais problemática devido ao fato de ter surgido do compromisso do governo do DF de doação de imóveis que compõem sua área à União, mas poucos moradores foram indenizados, traz alguns problemas devido a contar com mais de 400 famílias, representadas em parte por associações de moradores, assim como a Associação 26 de Setembro, e devido à este assentamento não há mais a presença de vegetação nativa ou outra qualquer. As demais glebas da FLONA contam com moradores mais antigos.

Figura 05 – Localização da FLONA/DF de Brasília na região noroeste do Distrito Federal.A unidade é dividida em quatro glebas, próximas ao Parque Nacional de Brasília. Fonte: Google Earth

A região conta com uma área de

cobertura florestal de espécies usadas em reflorestamentos comerciais, predominando eucaliptos (figura 7) e Pinus spp. (figura 6)

Figura 6 - Região de reflorestamento de Pinnus spp., Fonte: Do autor

Figura 7 – Região de reflorestamento da espécie eucalipto. Fonte:

Do autor

Além de áreas com cobertura nativa do Cerrado, e até mesmo regiões onde há a presença de ambas as espécies, onde podemos encontrar a presença de cerrado, pinnus sp., e eucaliptos.

Figura 8 - Foto panorâmica da região com a presença de ambas as espécies. Fonte: Do autor

Tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, a manutenção e proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade do Cerrado, a recuperação de áreas degradadas, a educação florestal e ambiental, a manutenção de amostras do fragmento do ecossistema e o apoio ao desenvolvimento sustentável naturais das áreas limítrofes. Com ênfase em métodos

para exploração sustentável de florestas nativas, conforme define a Lei nº 9.985/2000, do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.

A região da floresta nacional possui 9.346 hectares que são divididos em quatro áreas: duas localizadas na Região Administrativa de Taguatinga – RA III, e duas na Região Administrativa de Brazlândia – RA IV. A área 1, conhecida como Flona 1, possui 3.353,18ha e, envolvendo o Ribeirão das Pedras, localiza-se entre o Córrego Currais, BR070 e a DF001.Esta pesquisa teve como foco as regiões das áreas 1 e 2.No local ocorrem algumas variedades de fitofisionomias de cerrado em área de preservação permanente envolvendo as nascentes dos córregos Currais e Pedras. A área 2 tem 996,48ha e está localizada entre a DF 001 e os córregos Cana do Reino, Cabeceira do Valo e Poço D’Água. Encontra-se tomada por um assentamento denominado “26 de setembro”, mesmo nome dado à associação de moradores que os representa. (figura 9)

Figura 9 – Assentamento 26 de Setembro. Fonte: Do autor

A área 3 (Flona 3) tem 3.071ha e está localizada entre a DF180, em frente a Brazlândia e o Rio Descoberto, por meio do qual faz limite com o Estado de Goiás. É dividida em talhões, com chácaras “regularizadas” na parte conhecida como Capãozinho, e invasões na parte sul, conhecida como Maranata. A área 4, ou Flona 4, possui 1.925,62ha e está situada entre as DF435 e DF415, envolvendo os córregos Capão da Onça, Barrocão, Jatobá e Guariroba. Representa a segunda área mais conservada

da Flona, depois da área 1.

Figura 10 – Áreas 3 e 4 da região da Floresta Nacional de Brasília. Fonte: Ibama

Esta é uma região que está localizada bem próxima a áreas do Parque Nacional de Brasília e outras inseridas na Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio Descoberto, e atualmente vem sofrendo nos últimos anos a ocupação desenfreada, e isso pode trazer como consequência o comprometimento da qualidade e quantidade da água de mananciais que responsáveis por grande parte do abastecimento do Distrito Federal.

Uma das medidas que o IBAMA adotou foi a constituição de um Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Brasília (anexo I) para orientar e acompanhar a implantação e o gerenciamento dessa Unidade de Conservação – UC. Essa Floresta Nacional será efetivamente concretizada com a doação, pelo Distrito Federal à União, dos imóveis que a compõem.

Figura 11 – Local de descarte e entulho e queima de lixo ás margens da DF- 001 e ao lado da FLONA. Fonte: Do autor

11- Caracterização da área

A Floresta Nacional de Brasília não dispõe de aparelhos para coleta de dados meteorológicos, por isso sua caracterização climática é descrita de acordo com a da região do Distrito Federal. Que é definido como um inverno seco e frio, verão úmido e quente. A precipitação média anual é de 1600 mm,

concentrada no período de novembro a abril enquanto a época de estiagem na região dura aproximadamente de maio a outubro. Durante a época seca, caem chuvas esparsas ao início e final do período, mas a precipitação é próxima à zero durante os demais meses, o que faz com que a aumente as chances do surgimento de novos focos. Outra realidade observada em pesquisas realizadas à campo observaram algumas áreas próximas a via da BR 070 onde há a presença de descarte de entulhos e de lixo sendo queimado próximo à rodovia esses podem ser fatores que podem vir a agravar a situação dos focos.

As vias externas à UC são áreas que necessitam de maior preocupação, devido ao fato de que suas margens são utilizadas para descarte de lixo, entulho, móveis velhos, produtos de roubo, vários destes itens queimados após o descarte. Essa realidade é mais clara na Flona 1 do que nas demais. Na região existem estradas vicinais importantes para o transporte da região, o que aumenta o trânsito de pessoas dentro da unidade, e como consequência o aumento de invasões para atividades ilícitas dentro da área. No mais, as vias internas, se limpas regularmente, ajudam na prevenção a incêndios de grande magnitude, ao cumprir função de aceiros. Porém nas proximidades das cercas ainda possuem algumas áreas que precisam de uma atenção maior, ainda são feitos descartes de materiais inadequados que podem provocas novos indícios de incêndios.

Figura 12 - Região da Flona 1, local próximo às cercas. Descarte inadequado de entulhos. Fonte: Do autor

Topografia

A topografia nas quatro áreas da FLONA pode ser classificada como levemente ondulada, não apresentando zonas de difícil acesso à pé ou de veículo leve. Entretanto, apesar do bom estado de conservação das vias internas, alguns pontos de inclinação leve não permitem o acesso de caminhões pipa às áreas mais baixas como na proximidade de matas de galeria nas FLONAS 1 e 3.

12- Discussão

A ocorrência de focos de calor na região da Floresta Nacional de Brasília se enquadra nos padrões citados por Fiedler et al. (2006) assim como Soares (1992), que evidenciam que os impactos causados pelos incêndios e pelas queimadas não estão associados apenas ao meio ambiente como, por exemplo, em áreas de preservação permanente ou parques ecológicos mas em outros aspectos como na economia e zonas urbanas. Um dos problemas ecológicos nas Unidades de Conservação são os incêndios antrópicos, na maioria criminoso (Medeiros & Fielder, 2004; semahr, 2004). A região da Floresta Nacional de Brasília possui uma proximidade da zona urbana muito alta, isso faz com que as possíveis causas de incêndios aumentem devido a falta de cumprimento da lei por parte de algumas pessoas que como já foi mencionado, fazem a queima de lixo nas proximidades das vias da FLONA. Para que se evite ações como estas é necessário que medidas sejam tomadas por parte dos órgãos responsáveis e gestores da unidade tais como um incentivo maior para a realização de campanhas educativas, palestras e outros meios que possam vir a deixar a população que reside nas proximidades da área e os frequentadores cientes de práticas que possam evitar o surgimento de novo incêndios. De acordo com Silveira et al., (2008) em áreas florestais é possível prever o início do incêndio e sua propagação, para tanto é necessário conhecer alguns aspectos, tais como, fatores bióticos (antrópicos e naturais) e físicos que influenciam e fazem parte do processo, como a hidrografia, uso e cobertura do solo, a geomorfologia e a proximidade da malha viária. Outro aspecto que merece atenção é quanto ao conhecimento básico da região, ou seja, para áreas com maiores índices de ocorrências sejam identificadas e monitoradas. Segundo Soares & Batista (1997), deve-se levar em consideração a área da FLONA para saber seu risco, pois o fogo irá propagar-se mais facilmente em mata aberta e em espécies lenhosas do que em mata densa e de espécies

folhosas. Isso explica o fato de algumas partes ocorrerem a mistura de áreas de maior risco e outras de risco moderado.

13- Resultados

Definição de áreas com maior risco de ocorrência de incêndios

Em todas as glebas da Flona de Brasília, o acúmulo de combustível presente dentro ou fora da UC é um fator importante para o aumento do risco de incêndios.Com isso a definição das áreas críticas tem base na identificação de locais de risco potencial, bem como em locais onde foram registradas ocorrências anteriores. São elas:

• Flona 1: Margens das rodovias DF001 e BR070, proximidades do Córrego dos Currais e áreas de cerrado campo sujo próximo ao Ribeirão das Pedras.

• Flona 2: Margens da rodovia DF001 e próximo às chácaras de Cana do Reino.

• Flona 3: Região de chácaras do Maranata, região do Capãozinho e proximidades da DF180.

• Flona 4: Face Leste da gleba e talhões infestados por vegetação de gramíneas na porção norte.

Histórico da ocorrência de incêndios na Região da Floresta Nacional de Brasília

Fonte: INPE-bdqueimadas

Atividades de prevenção

a) Apoio a atividades de queima controlada

Segundo informações obtidas em entrevista com o o gerente da brigada da UC constatou-se que não existe interesse em emitir a autorização ou em incentivar o pedido queima controlada, são poucos os proprietários que queimam suas áreas para fins de cultivo. Geralmente usam fogo apenas para queimar lixo e alguns são suspeitos de queima para renovação de pasto. Mesmo assim ainda é recomendado que se divulgue ou discuta em Conselho Consultivo ou demais instâncias de comunicação com a vizinhança a necessidade de prevenção aos incêndios na região, reforçando a disponibilidade para fornecer uma capacitação mais adequada aos moradores, em como proceder em procedimentos de queima controlada e noções de segurança em combate.

b) Estabelecimento de parcerias

A Floresta Nacional de Brasília conta com um Conselho Consultivo para auxílio à implementação e ao gerenciamento. Está atualmente em reestruturação, já em relação aos incêndios florestais, é sugerido que, nas reuniões futuras, se esclareçam as rotinas de prevenção e pré-supressão adotadas na região, como as formas de acionamentos da equipe da Flona em caso de incêndio. Identificar e incentivar monitores voluntários localizados em regiões críticas ou de boa visualização é um procedimento aparentemente simples, mas que é de extrema importância. Na Flona 1, é recomendado entrar e manter contato com a gerência do posto de combustível Texaco. Localizado próximo à face sul desta gleba. Deve ser solicitado que, ao avistar coluna de fumaça para o lado da UC, a equipe da Flona seja acionada.

A também a participação dos moradores mais antigos da região. Como forma de contato da UC com as associações rurais, são discutidas questões que refletem na forma de gerir a FLONA. Segundo o gerente da brigada da Unidade, membros de uma associação de produtores da região já solicitaram permissão para retirada de acículas dos bosques de Pinus, bem como de madeira morta caída nas mesmas áreas. Em relação às acículas, é notável que sua remoção é desejável e sugere-se que a retirada aconteça sempre em uma faixa de 2m a partir da via, como forma de reforçar o aceiramento do

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Quantidade de focos

talhão. Em relação à remoção de madeira caída, a situação deve ser melhor estudada em seus termos legais, antes da tomada de decisão pela equipe da Flona. Entretanto, do ponto de vista técnico da prevenção aos incêndios, é importante fazer a retirada de troncos secos dos bosques de Pinus, tendo em vista que é um combustível seco e mais pesado caracteriza risco de ocorrências de maiores incêndios.

c) Confecção de aceiros e supressão de combustível

Devido à contarem com a presença de acessos já presentes entre os talhões de pinheiros e eucaliptos e apresentaram largas vias de acesso junto ao perímetro de cada área, há uma facilidade e uma efetividade maior em relação ao controle do fogo em eventuais ocorrências nos talhões, com a finalidade de impedir a continuidade do combustível seco é importante também observar o desbaste das copas de árvores junto à divisão dos talhões, é necessário que se faça a retirada dos troncos caídos nos bosques. As acículas devem ser retiradas também com a finalidade de alargar a área de aceiro ao longo das vias.

Flona 1. Aceiro negro que deve conter não menos que 10 m na faixa próxima à DF 001 e no limite entre Flona e Incra 7 que geralmente é confeccionado juntamente com o gerente do fogo da unidade e a brigada da Flona. As vias próximas ao limite da UC devem ser roçadas com auxílio de roçadeira mecanizada em trator. Dependendo da disponibilidade de máquinas, é recomendado que se faça a limpeza dos principais acessos internos entre os talhões, dando foco também ás estradas desativadas.

Flona 2. A localização da área crítica desta região é localizada próxima à DF 001. E como é realizado em anos passados é necessário que se faça um aceiro negro próximo à rodovia, como é feito na região da Flona 1. A área é cortada por ruas de acesso às chácaras, e devido a ocupação humana o aceiramento interno e externo não são realizados.

d) Campanhas Educativas

A FLONA-DF já conta com algumas ações de sensibilização ambiental, abordando temas variados. A cada ano os esforços específicos em campanhas de prevenção a

incêndios na região estão aumentando. Infelizmente existe uma grande carência por material impresso sobre o tema, segundo a Chefe da Unidade, até mesmo material fotocopiado resolveria parcialmente o problema. O entorno da Flona, em suas 4 áreas, constitui-se de pequenos produtores rurais, em sua grande parte. É sugerido que se tenha um efetivo maior na disseminação da informação e um contato de agentes da Flona com os moradores, por meio de palestras em escolas, atividades em campo com as universidades de Taguatinga e Ceilândia, visitas técnicas aos chacareiros. Outro fator muito marcante são as encruzilhadas da Flona, principalmente a gleba 1, são visadas para condução de rituais religiosos com uso de velas, alguns fogem ao controle e já causaram incêndios. E é sugerido que nas áreas de maior ocorrência sejam construídos e sinalizados locais apropriados a esse tipo de manifestação.

Figura 13 - Vela utilizada em rituais religiosos, localizada próxima à cerca. Fonte: Do autor

Infraestrutura e recursos

a) Instalações Físicas

A Floresta Nacional conta com amplas estruturas em sua sede, bem como edificações nas glebas 3 e 4 que serviriam de pontos de apoio aos trabalhos da brigada.

• Escritório sede, na Flona 1. Edificação em bom estado de conservação, possui 4 salas.

• Centro de visitantes, na Flona 1. Apresenta duas amplas salas para reuniões, aulas e palestras.

• Alojamento dos vigilantes, na Flona 1. Atualmente utilizada como apoio aos vigilantes que ficam 24h em escala nas dependências da sede, é uma casa de madeira com apenas dois cômodos. Nela ficam suprimento de lubrificantes e alguns equipamentos como motosserra, enchadas e pás. Como os brigadistas não pernoitam na UC, serve atualmente como base de apoio da brigada nas dependências da sede.

Figura 14 – Alojamento dos vigilantes. Local onde é armazenado também materiais de combate. Fonte: Do autor

b) Equipamentos

A Flona apresenta atualmente estrutura de combate acumulada da gestão anterior, com motobombas, motosserra, roçadeira costal, bombas costais (figura 15) e abafadores (figura 16). Em situações de combate, são utilizados equipamentos pesados do PNB, como caminhão-pipa, rodofogo e trator, mas segundo o gerente da brigada atualmente a equipe não conta com o apoio destes materiais.Com isso, pode-se dizer que a situação não é muito confortável quanto ao acesso a esses meios para combater incêndios de imediato. É importante que a manutenção dos equipamentos seja realizada logo antes e logo depois da época crítica de incêndios florestais. Recomendamos inclusive que seja esta a primeira atividade da brigada após sua contratação, com , encabamento, limpeza, lubrificação de ferramentas, teste de moto bombas, motosserras e roçadeiras, e verificação do estado de demais ferramentas mecanizadas e veículos em geral. Outro fator é em relação ao local de armazenamento do material que deve estar adequadamente trancado e o material

disposto em prateleiras ou suportes, que facilitem sua organização e acesso em emergências.

Figura 15 – Bombas Costais, utilizadas no primeiro combate aos incêndios. Fonte: Do autor

Figura 16 – Abafador, utilizado no combate ás chamas. Fonte: Do autor.

c) Veículos

Atualmente a unidade conta com apenas 2 veículos disponibilizados para o primeiro combate e para a realização de rondas feitas pela brigada disponível na região, uma Mitsubishi L200 (PV06) e uma Toyota Bandeirantes. Ambas não se encontram em bom estado.

Figura 17 – Toyota Bandeirantes. Fonte: Do autor

Figura 18 – Mitsubishi l200 Fonte: Do autor

14-Conclusão:

A elaboração do trabalho foi baseada em estudos, entrevistas e pesquisas à campo, e a análise dos dados obtidos. Com isso nota-se que o clima do Distrito Federal apresenta clima tropical que é marcado por períodos secos e frios no inverno e úmido e quente no verão. A região sofre com o surgimento de focos de calor e consequentemente com a degradação do bioma característico da sua região, o cerrado, e também de outras espécies da fauna e da flora presente em Unidades de Conservação do Distrito Federal. Como na área de estudo que conta com a presença de reflorestamentos com algumas variedades de Eucaliptus e de Pinus, além de fitofisionomias de cerrado em área de preservação permanente envolvendo as nascentes dos córregos Currais e Pedras. E devido ao crescimento desordenado, estas áreas merecem total atenção por parte das políticas públicas, devido ao fato de serem responsáveis por grande parte do abastecimento de água do Distrito Federal.

Nessa concepção, a área da Floresta Nacional de Brasília, criada em junho de 1999, foi reflorestada na década de 70 com o objetivo de criar um cinturão verde que assegurasse a preservação desses mananciais e do Parque Nacional de Brasília, porém nos últimos anos vem sofrendo com a falta de ações que busquem diminuir ou remediar as ocorrências de incêndios na região, que na maioria das vezes são causados pelas ações do homem. È necessário um investimento maior na Educação ambiental, e na disseminação de informações para moradores próximos da região por meio de palestras e reuniões, que informe sobre as possíveis consequências que incêndios florestais podem causar na saúde e também alterações no próprio meio em que vivem e também sugerir práticas alternativas.

Atualmente, segundo entrevista realizada com o gerente da brigada de incêndio o efetivo para o combate está completo e é dado como suficiente, composto por 14 brigadistas divididos em 2 turnos. (7 brigadistas para cada turno). Porém informou que a unidade ainda conta com a falta de alguns equipamentos fundamentais como tratores, caminhões pipa, materiais para a confecção de aceiros dentre outro. Há também uma carência de disponibilidade de material digital e impresso dos órgãos responsáveis. Com isso faz-se necessário um aumento de interesse por parte dos órgãos responsáveis pela região para que essas dificuldades apresentadas na região diminuam a cada ano consecutivo.

ANEXO I

Conselho consultivo da Floresta Nacional de Brasília (Capítulo I)

CAPÍTULO I

DOS OBJETIVOS E DAS ATRIBUIÇÕES Art. 1º - O Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Brasília (FLONA de Brasília) com domicílio junto

à Unidade do IBAMA em Brasília - DF, criado por Portaria, é uma Entidade voltada para a orientação das

atividades desenvolvidas na FLONA de Brasília, conforme disposições do presente Regimento.

Art. 2º - Os objetivos do Conselho Consultivo, resguardados os preceitos do § 1º do Art.1º do Decreto nº

1.298/94, são:

I - Contribuir para o aprimoramento de uma Política Pública Florestal que possa garantir o

desenvolvimento da Sociedade e a conservação dos recursos naturais da FLONA de Brasília - DF;

II - Garantir a Gestão Integrada e Participativa da FLONA de Brasília - DF, envolvendo o Poder Público e

Segmentos Sociais Organizados;

III - Contribuir para o aperfeiçoamento da Gestão Participativa das demais Unidades de Conservação

nos níveis Federais, Estaduais e Municipais.

Art. 3º - As atribuições do Conselho Consultivo são:

I - Atuar na FLONA de Brasília - DF de forma consultiva e propositiva junto ao IBAMA, segundo

demandas definidas pela Chefia da Unidade;

II - Propor critérios e procedimentos técnico-científicos para direcionar ações de proteção ambiental e de

desenvolvimento econômico-social e científico, na FLONA de Brasília - DF;

III - Propor e encaminhar programas, projetos e atividades relacionadas à FLONA de Brasília - DF;

IV - Contribuir para a divulgação de ações promissoras desenvolvidas na FLONA de Brasília - DF;

V - Consultar e convidar técnicos especializados nas áreas de educação, saúde, pesquisa, extensão,

fomento, segurança, jurídica e outras para assessorá-lo.

Parágrafo único: Em todas as decisões do Conselho Consultivo deverão ser observadas as normas e

leis relacionadas com as Florestas Nacionais, Meio Ambiente e Políticas Florestais vigentes, inclusive as

especificas da Floresta Nacional de Brasília, bem como a legislação pertinente do Distrito Federal, no que

couber

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CBM-DF- Corpo de Bombeiros Militar do DF

Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - Prevfogo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais - IBAMA

ICMbio – Instituto Chico Mendes de biodiversidade MMA – Ministérios do Meio Ambiente INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais