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CIÊNCIAS CONTÁBEIS INFLUÊNCIA NAS OBRIGAÇÕES CONTÁBEIS DAS ENTIDADES RELIGIOSAS À LUZ DA INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB 1.420, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2013 INFLUENCES OF FINANCIAL OBLIGATIONS RELIGIOUS EDUCATION OF LIGHT RFB Normative Nº 1.420 OF 19 DECEMBER, 2013 DYEBSON FERREIRA DA SILVA MARCELO LUIZ WERLE ITAMAR DA SILVA RODRIGUES Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar as adequações e a aplicabilidade da Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, que dispõe sobre a Escrituração Contábil Digital (ECD). Visto que, é uma das ferramentas integrantes do projeto do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituída pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, na qual as entidades religiosas estão obrigadas ao cumprimento de uma série de exigências legais (contábeis e fiscais) frente a uma nova realidade de um ambiente globalizado. Conforme, a lei que institui o Código Civil Brasileiro, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, sofreu alterações na Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003, que dá nova redação ao art. 44, trazendo as organizações religiosas como pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por finalidade as atividades religiosas. Utilizando-se o método indutivo, através de abordagem qualitativa demonstrando o histórico das entidades religiosas no Brasil, conhecidas como terceiro setor, os fatores que levaram as influências das obrigações contábeis dessas entidades religiosas. Ambas foram por meio de pesquisa exploratória e bibliográfica. O pré-teste foi realizado com a turma do 8º semestre de contabilidade, referente à compreensão das perguntas elaboradas. Demonstra-se através de uma pesquisa, se as entidades religiosas realizam suas obrigações contábeis de acordo com a legislação vigente. O resultado da pesquisa aponta que 48% das entidades religiosas transmitem as obrigações contábeis e 52% não há uma observância da IN RFB 1.420/2013. Palavras-Chave: Terceiro Setor, Inf luências Contábeis e Entidades Religiosas. Abstract The purpose of this article is to analyze the adequacy and applicability of Brazilian Federal Revenue Normative Instruction No. 1,420, dated December 19, 2013, w hich provides for Digital Accounting Bookkeeping (ECD). Whereas, it is one of the tools included in the project of the Public Digital Bookkeeping System (Sped), instituted by Decree 6,022, dated January 22, 2007, in w hich religious entities are obliged to comply with a series of legal requirements And fiscal) in the face of a new reality of a globalized environment. Accordingly, the law establishing the Brazilian Civil Code, Law No. 10,406, of January 10, 2002, was amended by Law No. 10,825, dated December 22, 2003, w hich provides a new wording to art. 44, bringing the religious organizations as legal entities of private law , non-profit, whose purpose is religious activities. Using the inductive method, through a qualitative approach demonstrating the history of religious entities in Brazil, know n as the third sector, the factors that led to the influences of the accounting obligations of these religious entities. Both w ere by means of exploratory and bibliographical research. The pre-test was carried out w ith the group of the 8th semester of accounting, regarding the understanding of the questions elaborated. It is demonstrated through a survey, if religious entities perform their accounting obligations in accordance w ith current legislation. The survey results indicate that 48% of the religious entities transmit the accounting obligations and 52% there is no compliance w ith IN RFB 1,420 / 2013. Keywords: Third Sector, Accounting Inf luences and Religious Entities. INTRODUÇÃO No Brasil, a contabilidade das entidades religiosas como as outras pessoas jurídicas, deve ser planejada, estruturada e organizada. Para tanto, devem da melhor forma possível, atender ao cumprimento das Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC, para que as informações sejam tempestivas e fidedignas para o cumprimento de suas obrigações. Observa-se que no Brasil uma expansão do terceiro setor. Nas últimas décadas, este crescimento pode estar atrelado à ineficiência do Estado em cumprir suas funções sociais, permitindo, assim, o crescimento dessas entidades, que demonstram s eu papel na sociedade, tornando-se cada vez mais relevantes na economia mundial. O que se vê, em geral, é que o terceiro setor propiciou mudanças sócio-econômicas, trazendo um conjunto de transformações políticas, econômicas e sociais. Essas mudanças afetaram diret ament e a sociedade e sua organização, em seus diferentes setores e ramos de atividade, fazendo com que as entidades que as compõem produzam, também, transformações. Atualmente, o terceiro setor está dividido em três setores distintos: o primeiro, o segundo e o terceiro setor. Inicialmente, o primeiro setor é considerado aquele composto pelas entidades públicas, ou seja, representado pelo Estado. Em termos financeiros aplica os recursos públicos em ações para a sociedade. O segundo setor corresponde às empresas privadas que visam à obtenção do lucro por meio da produção de bens, vendas e serviços, isto é, atuam em benefício próprio e particular. Por último, o terceiro setor é constituído pelas organizações privadas que geram bens e serviços públicos e que não visam lucro financeiro, dessa forma, objetivando atender as demandas por serviços sociais. O estudo e conhecimento sobre o tema é de grande relevância para a atualidade, após o advento da Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, as entidades religiosas passaram a ter obrigações contábeis. Nesse sentido a presente pesquisa teve por objetivo analisar as adequações nos aspectos legais que estabelecem os critérios das influências nas obrigações das entidades Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 565

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CIÊNCIAS CONTÁBEIS INFLUÊNCIA NAS OBRIGAÇÕES CONTÁBEIS DAS ENTIDADES RELIGIOSAS À LUZ DA INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB 1.420, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2013 INFLUENCES OF FINANCIAL OBLIGATIONS RELIGIOUS EDUCATION OF LIGHT RFB Normative Nº 1.420 OF 19 DECEMBER, 2013

DYEBSON FERREIRA DA SILVA

MARCELO LUIZ WERLE ITAMAR DA SILVA RODRIGUES

Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar as adequações e a aplicabilidade da Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, que dispõe sobre a Escrituração Contábil Digital (ECD). Visto que, é uma das ferramentas integrantes do projeto do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituída pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, na qual as entidades religiosas estão obrigadas ao cumprimento de uma série de exigências legais (contábeis e f iscais) frente a uma nova realidade de um ambiente globalizado. Conforme, a lei que institui o Código Civil Brasileiro, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, sofreu alterações na Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003, que dá nova redação ao art. 44, trazendo as organizações religiosas como pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por f inalidade as atividades religiosas. Utilizando-se o método indutivo, através de abordagem qualitativa demonstrando o histórico das entidades religiosas no Brasil, conhecidas como terceiro setor, os fatores que levaram as influências das obrigações contábeis dessas entidades religiosas. Ambas foram por meio de pesquisa exploratória e bibliográfica. O pré-teste foi realizado com a turma do 8º semestre de contabilidade, referente à compreensão das perguntas elaboradas. Demonstra-se através de uma pesquisa, se as entidades religiosas realizam suas obrigações contábeis de acordo com a legislação vigente. O resultado da pesquisa aponta que 48% das entidades religiosas transmitem as obrigações contábeis e 52% não há uma observância da IN RFB 1.420/2013. Palavras-Chave: Terceiro Setor, Influências Contábeis e Entidades Religiosas. Abstract The purpose of this article is to analyze the adequacy and applicability of Brazilian Federal Revenue Normative Instruction No. 1,420, dated December 19, 2013, w hich provides for Digital Accounting Bookkeeping (ECD). Whereas, it is one of the tools included in the project of the Public Digital Bookkeeping System (Sped), instituted by Decree 6,022, dated January 22, 2007, in w hich religious entities are obliged to comply with a series of legal requirements And f iscal) in the face of a new reality of a globalized environment. Accordingly, the law establishing the Brazilian Civil Code, Law No. 10,406, of January 10, 2002, was amended by Law No. 10,825, dated December 22, 2003, w hich provides a new wording to art. 44, bringing the religious organizations as legal entities of private law , non-profit, whose purpose is religious activities. Using the inductive method, through a qualitative approach demonstrating the history of religious entities in Brazil, know n as the third sector, the factors that led to the influences of the accounting obligations of these religious entities. Both w ere by means of exploratory and bibliographical research. The pre-test was carried out w ith the group of the 8th semester of accounting, regarding the understanding of the questions elaborated. It is demonstrated through a survey, if religious entities perform their accounting obligations in accordance w ith current legislation. The survey results indicate that 48% of the religious entities transmit the accounting obligations and 52% there is no compliance w ith IN RFB 1,420 / 2013. Keywords: Third Sector, Accounting Influences and Religious Entities. INTRODUÇÃO

No Brasil, a contabilidade das entidades religiosas como as outras pessoas jurídicas, deve ser planejada, estruturada e organizada. Para tanto, devem da melhor forma possível, atender ao cumprimento das Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC, para que as informações sejam tempestivas e fidedignas para o cumprimento de suas obrigações.

Observa-se que no Brasil há uma expansão do terceiro setor. Nas últimas décadas, este crescimento pode estar at relado à ineficiência do Estado em cumprir suas funções sociais, permitindo, assim, o crescimento dessas entidades, que demonstram seu papel na sociedade, tornando-se cada vez mais relevantes na economia mundial.

O que se vê, em geral, é que o terceiro setor propiciou mudanças sócio-econômicas, trazendo um conjunto de transformações políticas, econômicas e sociais. Essas mudanças afetaram diretamente a sociedade e sua organização, em seus diferentes setores e ramos de atividade, fazendo com que as entidades que as compõem produzam, também,

transformações. Atualmente, o terceiro setor está dividido

em três setores distintos: o primeiro, o segundo e o terceiro setor. Inicialmente, o primeiro setor é considerado aquele composto pelas entidades públicas, ou seja, representado pelo Estado. Em termos financeiros aplica os recursos públicos em ações para a sociedade. O segundo setor corresponde às empresas privadas que visam à obtenção do lucro por meio da produção de bens, vendas e serviços, isto é, atuam em benefício próprio e particular. Por último, o terceiro setor é constituído pelas organizações privadas que geram bens e serviços públicos e que não visam lucro financeiro, dessa forma, objetivando atender as demandas por serviços sociais.

O estudo e conhecimento sobre o tema é de grande relevância para a atualidade, após o advento da Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, as entidades religiosas passaram a ter obrigações contábeis.

Nesse sentido a presente pesquisa teve por objetivo analisar as adequações nos aspectos legais que estabelecem os critérios das influências nas obrigações das entidades

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religiosas e que servem de guia para um novo momento das informações contábeis que as entidades religiosas precisam adotar.

Terceiro Setor

Para definir as entidades do terceiro setor, na concepção de França (2015) torna-se necessário entender as organizações que integram este setor, sua natureza e qual seu campo de atuação. As entidades constituídas com personalidade jurídica privada sem fins lucrativos, também conhecidos como entidades do terceiro setor, são tradicionalmente identificadas pela legislação brasileira como entidades de utilidade pública. Portanto, o terceiro setor é aquele que não é público e nem privado.

Nas palavras de Paes (2015) define-se terceiro setor como um conjunto de organismo, organizações ou instituições sem fins lucrativos dotados de autonomia e administração própria que apresentam funções e objetivos ao voluntariado.

Histórico

No Brasil, o surgimento das organizações do terceiro setor foi marcado por quatro momentos, a saber: a colonização, a industrialização, a intervenção estatal e o regime militar. Inicialmente, o primeiro período compreende a época da colonização no Brasil. O crescimento das entidades ocorreu juntamente com o avanço dos movimentos nas sociedades civis, por meados dos anos de 1500 a 1808.

Nas palavras de Landim e Carvalho (2007, p. 6), apud Silva (2010, p. 5) “o Brasil Colônia foi formatado por um Estado autoritário e centralizado, em simbiose com a Igreja Católica”. Diz que a sociedade civil foi “construída” pelo Estado - a Coroa Portuguesa - através de mandato concedido à Igreja Católica.

Percebe-se que no Brasil, tanto na colônia quanto no Império, as relações entre Igreja Católica e o Estado foram estreitas. A igreja católica desempenhava um papel social dentro de certos limites que eram obrigações do Estado. Nesta época, surgiram às primeiras entidades religiosas, as Santas Casas de Misericórdia, que tinham princ ípios filantrópicos e que exerciam atividades de caridade religiosa.

De acordo com Costa e Visconti (2001) destacam que a igreja católica tinha uma responsabilidade muito grande na prestação de serviços e assistência social nas comunidades mais carentes.

Conforme Silva (2010, p. 1305) “do período colonial até o final do século XIX novas organizações foram surgindo, tendo em comum à origem religiosa e a prática assistencialista às comunidades carentes que ficavam às margens das políticas sociais básicas”.

Pode-se concluir que as atividades de

cunho social, educação, saúde, assistência e lazer tiveram seu início por intermédio da Igreja Católica, através das ações filantrópicas de natureza caritativa, ou seja, pessoas que praticam caridade.

O segundo período iniciou-se nos anos de 1930, no governo de Getúlio Vargas. Nessa época o processo de industrialização e urbanização se intensificou, inclusive modificaram profundamente a conjuntura sócio-econômica brasileira. De certo, o governo declarou o papel de manifestador e executor destas políticas com o apoio das entidades sem fins lucrativos para a execução das políticas públicas.

Para Mânica (2007, p. 176) “no campo institucional, com a Constituição de 1934, o Estado brasileiro assumiu o modelo de Estado social, passando a voltar sua atenção também para a área econômica e social”.

Além disso, o Estado abraçou as políticas públicas nas áreas da saúde e educação. Desse modo, o Estado atuou com maior contribuição de recursos financeiros nas políticas direcionadas às entidades assistenciais.

Em 1935, foi promulgada a Lei nº. 91, de 28 de agosto de 1935, que declarou a utilidade pública das entidades. Em seguida, no ano de 1938, o Conselho Nacional de Serviço Social foi criado e instituiu que as entidades inscritas recebessem benefícios governamentais. A igreja, neste período, tinha um dever muito importante na prestação de serviços sociais, inclusive, em alguns casos, o Estado financiava algumas de suas obras.

No terceiro período, compreendido ent re 1964 a 1988, que ocorreu durante o Regime Militar e foi marcado pela separação entre o Estado e a sociedade, pois o povo foi impedido de atuar no cenário político. As políticas corporativistas de massa por parte do governo formam extintas. O Estado passou a reprimir as organizações e movimentos sociais que não estavam em seu controle considerando-as como clandestinas e ilegais.

Neste sentido, temos a afirmação de Pancieri (2001, p. 115) “os movimentos sociais autônomos ao regime cresceram e se desenvolveram sob a cobertura da Igreja e assumiram um caráter libertador, politizador e revolucionário”.

Durante esse período a igreja foi desligada das estruturas de poder e manteve sua atuação sem a intervenção do Estado. Diante desse cenário aconteceu uma mobilização da sociedade que fortaleceu os movimentos sociais autônomos sobre cobertura da igreja para serem os porta-vozes dos problemas sociais. Surgiram diversas organizações “invis íveis” aos olhos do Estado, como a comunidade eclesiástica de base e a ideologia da libertação.

No quarto período que se iniciou em 1988, surgiu o populismo, a promoção de assistência e a intervenção estatal.

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Nas palavras Costa e Visconti: O período do Estado Novo caracterizou-se por uma continuidade deste processo de criação de organizações de finalidade pública. O terceiro setor passava a ser integrado por inúmeras entidades cuja representatividade não era mais tão bem definida. Esta nova realidade acabou sendo determinante para a elaboração de uma legislação específica para o conjunto de entidades não governamentais, sem fins lucrativos e de finalidade pública. (COSTA e VISCONTI, 2001, p. 7).

Percebe-se que a população passou a ser um novo “ator” no setor político e começou a exigir maior atenção do Estado. Diante disso, o Estado passa a intervir na sociedade e na economia. Tal atitude, conhecida como assistencialismo tinha como objetivo evitar crises e ganhar apoio popular.

Para Justen Filho (2005, p. 30) “a sociedade tornou-se muito mais complexa para que as suas necessidades sejam satisfeitas exclusivamente por parte do Estado. A cidadania impõe que os indivíduos e as empresas se organizem e atuem concretamente para minorar os problemas e combater as carências”.

Diante das novas necessidades, a sociedade organizou-se e obteve poderes para atuar nas questões de ordem social. No ano de 1942, foi criada a Legião Brasileira a Assistência – LBA para atender os setores fragilizados da população. Essa entidade era mantida por recursos do governo ou de doações particulares.

Com a redemocratização brasileira, por volta dos anos de 1988 a 2000, houve a reintegração das instituições que haviam sido abolidas durante a Ditadura Militar, o que fortaleceu a ideia do surgimento do “Terceiro Setor”, juntamente com a redemocratização, ocorrendo a retomada das garantias e dos direitos individuais e coletivos.

A partir da década de 1980, com a redemocratização o Brasil ganhou impulso no vocábulo “terceiro setor”. No final da década de 1980, novos elementos incidem no perfil dessas organizações, gerando desafios, reposicionamentos, complexificando o campo até então construído. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, temos a denominação das organizações não governamentais (ONGs) do terceiro setor.

Segundo Pereira (2003, p. 31) as organizações “passam a ampliar suas ações, projetando-se também como atores sociais e sujeitos diante das temáticas nacionais”. Assim, ao afirmarem seu compromisso com a construção da democracia e contribuírem com o processo de abertura política, as organizações da sociedade civil, como “terceiro setor” se tornaram legalizadas, com isso, diversas ações locais puderam ser colocadas em prática para ajudar na resolução de problemas globais, como a fome, poluição e entre outras. As organizações sociais

passaram a atuar nas causas dos problemas e não somente nos sintomas.

A partir dos anos 2000 até a elaboração deste trabalho, houve o compartilhamento de responsabilidades e novos modelos de negócios e iniciativas sociais. O cenário de investimento social se fortaleceu por conta dos eventos econômicos, culturais e sociais que aconteceram no Brasil e no mundo. Mas, apesar do grande crescimento econômico na última década, o Brasil ainda é o país em desenvolvimento que enfrenta diversos desafios sócio-econômicos.

Ademais, o Terceiro Setor no Brasil passou a ter uma importância significativa nos assuntos que envolvem os serviços sociais. Por outro lado, às organizações sem fins lucrativos tiveram um papel importante no processo de assistência às populações de baixa renda, pois praticamente assumiram por conta própria a todas as demandas sociais do País.

Nessa linha, cumpre mencionar os ensinamentos de que se refere: [...] o terceiro setor brasileiro sofreu uma mudança em seu perfil como resultado de uma soma de fatores: do próprio processo de democratiza- ção; da influência de um processo mundial em que essas organizações passaram a ser valorizadas como atores políticos; do surgimento de organizações fundadas com base na defesa de valores democráticos que acabaram influenciando o setor como um todo. Ademais, para ser considerada uma organização pertencente ao terceiro setor é indispensável à configuração simultânea e constante de três características: a prestação de serviços de interesse coletivo, não ter como finalidade o lucro e ser uma entidade privada. (TAVARES COELHO, 2002, p. 23).

Deste modo, verifica-se que o Estado é um, dentre muitos setores, que destina recursos e força de trabalho na consecução de políticas sociais. Além disso, existe uma esfera pública não atendida de forma plena por suas atividades e, neste espaço, o terceiro setor atual, muitas vezes de forma subsidiária e complementar, naquilo que se refere à prestação de serviços sociais básicos. Características

No que se parece, a termologia conceitual, como também a abrangência legal do chamado terceiro setor, foi inicialmente utilizada nos Estados Unidos por volta de 1970, sendo de igual modo utilizado por pesquisadores Europeus um pouco mais tarde. A disponibilização de material humano e a capacidade de desenvolvimento de capital e recursos gerados trouxeram o reconhecimento necessário para o desenvolvimento do assim chamado Terceiro Setor, que por sua vez não é público, não é privado, mas se aglutina com ambas, porém, tendo sua própria e real identidade dentro de sua

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metodologia, sendo um elemento essencial da sociedade civil.

Com a expressão: “Terceiro Setor” foi inicialmente, utilizada na década de 1970 por pesquisadores nos Estados Unidos da América e, a partir da década de 1980, passou também a ser usada pelos pesquisadores europeus. Assim, só recentemente começou-se a reconhecer a importância desse setor no âmbito da sociedade e da economia contemporâneas, pela sua capacidade de mobilização de recursos humanos e matérias (FRANÇA, 2015, p. 26).

A verdade é que não se têm conhecimento da real importância que o Terceiro Setor tem para a sociedade e como as pessoas de alguma forma são beneficiadas, obtendo uma maior qualidade de vida. Visto em um primeiro momento como um setor que gerava o assistencialismo paternalista, desenvolvendo principalmente por doações e benefícios sem observância da caracterização do bem doado e obtido por outrem, sendo esta uma característica exclusiva do governo, dessa forma esta importância foi enfraquecida perdendo até mesmo o modelo único que caracterizava este setor da sociedade.

Sendo caracterizado por volta dos anos de 1822 a 1930, período da primeira república, como um setor de cunho totalmente religioso, por causa da influência da coroa portuguesa, como também do poder institucional da igreja católica, o terceiro setor perde a sua consolidação inicial fincada por movimentos humanitários, tornando-se puramente de cunho político e partidário.

As Entidades do Terceiro Setor no Brasil Associações

De acordo com Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o Novo Código Civil, no art. 44 (BRASIL, 2002) diz que as associações são pessoas jurídicas de direito privado que são formadas por um grupo de pessoas que se reúnem para atingir uma determinada finalidade. Essa finalidade, por exemplo, destina-se a área da educação, saúde ou cultura. As associações são dirigidas por um estatuto social, estas não visam o lucro, logo, os dividendos não são divididos entre os participantes. No tocante a captação de recursos financeiros, esses devem ser revertidos em benefícios para a própria associação visando à melhoria de sua atividade.

Ainda nesse sentido, o art. 5º da Constituição Federal do Brasil no inciso XVIII, (1988, p. 14) diz que “a c riação de associações e, na forma da lei, independem de autorização”. Nesse ponto, a legislação apresenta o desdobramento da liberdade de associação, ou seja, a criação independe de autorização. É importante salientar que o legislador, trouxe também, uma vedação no que diz respeito à interferência estatal no funcionamento das associações, sendo a administração da

associação, responsável pelo seu funcionamento. Fundações Privadas

Pode-se definir uma Fundação Privada

como uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos. Conforme a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o Código Civil, no art. 44 (BRASIL, 2002) diz que a Fundação se forma da existência de um patrimônio extraído de uma pessoa Instituidor ou Instituidores que transformam parte de seu patrimônio em uma Pessoa Jurídica. A Fundação poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência social, e sua finalidade não poderá ser modificada pelos seus administradores. Pode-se citar uma fundação, por exemplo, a Fundação Ayrton Sena e a Fundação Roberto Marinho.

Segundo o art. 62 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o Código Civil, o Instituidor fará, por escritura pública, ou testamento, a criação de uma Fundação, (BRASIL, 2002). Nesse caso, o Instituidor fará a dotação de bens livres em vida, irá destinar os bens para a criação de uma pessoa jurídica e que não estejam hipotecados ou penhorados. Em vida, deixará um testamento e neste documento irá dispôs de alguns bens para a criação desta Fundação.

Os bens destinados pelo instituidor para a criação da fundação, não poderão ser insuficientes, conforme art. 63 do Código Civil, (BRASIL, 2002) não adianta o instituidor fazer uma dotação de bens se os mesmos não são suficientes para formar uma fundação. O Ministério Público será o órgão responsável pela análise se os bens são, ou não, suficientes para criação da Fundação.

Sindicatos

Os Sindicatos são entidades que representam legalmente uma determinada classe profissional, pode ser de empresários, profissionais liberais ou uma categoria de trabalhadores.

Um sindicato é diferente de uma associação de trabalhadores, pois é um representante legal, ou seja, o sindicato é a entidade reconhecida por lei para que perante a lei represente um trabalhador ou uma categoria inteira. Não se trata de uma obrigação, mas de um direito.

Segundo a Constituição Federal do Brasil, o art. 8º (1988, p. 19) preceitua que “é livre a associação profissional ou sindical”. Logo, o princ ípio da liberdade sindical, traduz-se no direito individual da empresa ou do trabalhador de ingressar, abster-se ou deixar de se associar ao Sindicato representativo da categoria econômica ou profissional. Outro embasamento legal encontra-se no Decreto-Lei no art. nº 544 que aprova a Consolidação das Leis do Trabalho –

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CLT. De acordo com o Decreto-Lei 5.452, de 1º

de maio de 1943, no art. 513, em especial na letra “b” (BRASIL, 1943) esta é uma atribuição mais importante do sindicato, pois quando os diretores dos sindicatos reúnem-se na mesa de negociação com os patrões, são eles que irão decidir, por exemplo, qual será o reajuste salarial da categoria, quais os benefícios futuros para a classe.

Partidos Políticos

No Brasil, partido político é considerado como pessoa jurídica de direito privado. Partidos políticos são agrupamentos de pessoas na sociedade com liberdade de criação, todas com iguais direitos e deveres. Os Partidos Políticos resolvem-se unir, organizar e fortalecer que se propõem a dirigir os destinos do Estado.

Conforme previsto no art. 17 da Constituição Federal (1988, p. 23) “é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos politicos [...]”, pois vivemos em um regime democrático, logo não existe democracia sem partido políticos em tempos modernos. Numa democracia é livre a manifestação de pensamento, para comungar de um mesmo posicionamento político e ideológico, capaz de ser representado por um partido político.

Sendo assim, os partidos políticos possuem seus princ ípios, ideais, diretrizes e seus programas partidários por meio dos quais cada um apresenta sua ideologia e claridade conceitual. Serviços Sociais Autônomos

O Serviço Social Autônomo compõem as entidades do Sistema "S" que é um conjunto de entidades paraestatais voltadas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica qualificada. Dessa forma, são consideradas como paraestatais denominadas de “Sistema S” que integram o terceiro setor, por exemplo, Senai, Sesi, Senac e Sesc, Sebrae entre outros. Os primeiros serviços sociais autônomos foram concebidos na década de 1940, em seguida, o Governo Federal realizou a expansão do modelo “S”, com a criação e inclusão do Sebrae.

Segundo Meirelles (2000, p. 346) os Serviços Sociais Autônomos “são todos aqueles instituídos por lei, com personalidade de Direito Privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais”.

Tais entidades, também conhecidas como entes paraestatais, não integram a administração direta nem indireta, embora, atuem em cooperação com o Estado. Ressalta-se que os serviços sociais autônomos não são delegado

pelo Estado, porém, desenvolvem atividades privadas de interesse coletivo. O objetivo das entidades paraestatais é fornecer principalmente utilidades para os integrantes de certas categorias, relativamente à assistência social e, em especial, ao aperfeiçoamento profissional.

A natureza jurídica da contribuição é de tributo, com previsão constitucional, em seu art. 149, Constituição Federal de 1988, que institui a contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas e determina a competência exclusiva da União, conforme segue: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos art. 146, III, e art. 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. (BRASIL, 1988, p. 255).

Em virtude do vínculo que liga o Serviço Social Autônomo ao poder público que normalmente é sua capacidade tributária, entende-se que essa capacidade de arrecadar contribuições parafiscais destina-se a manutenção do seu sistema. Assim prevê o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 no art. 183 (BRASIL, 1967) que estabelece, as contribuições parafisciais recebidas por entidades e organizações em geral, que exercem atividades sociais, estão sujeitas à fiscalização do Estado nos termos e condições estabelecidas na legislação pertinente a cada uma, conforme quadro abaixo:

Quadro 01: Alíquotas do Sistema “S”

Terceiros Finalidade Alíquota

SENAI Educação Profissional 1%

SESI Promover o bem-estar social 1,5%

SENAC

Educação Profissional de aprendizagem comercial

1%

SESC Promover o bem-estar social 1,5%

SEBRAE

Promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno porte

0,3% a

06%

Fonte: Fundo de Previdência e Assistência Social

Sendo assim, as empresas paraestatais são mantidas por recursos oriundos de contribuições sociais de natureza tributária, recolhidas compulsoriamente pelos contribuintes

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definidos em lei. Em geral, as contribuições incidem sobre a folha de salários das empresas pertencentes à categoria correspondente. Cooperativas

É definida como uma sociedade de pessoas ou grupos com os mesmos interesses comuns, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos. A Cooperativa é regulada por lei especial e que se destina unicamente à prestação direta de serviços aos associados. Nestas entidades o cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário do empreendimento.

Foi instituído pelo Decreto-lei nº 59, de 1966, regulada pela Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a política nacional de cooperativismo, o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. No caput do art. 4º, da referida lei, (BRASIL, 1971) temos que “as cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados”.

Do mesmo modo, cooperativismo é um movimento que nasce da união de pessoas que querem somar, fazer e crescer juntos e pensar de forma coletiva para gerar t rabalho e renda aos cooperados. Organizações Religiosas

De acordo com a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, alterada em seu art. 44, inciso IV, pela Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003, que rege o Código Civil, (BRASIL, 2003) incluiu as organizações religiosa como espécie do gênero pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que estão ligadas aos assuntos religiosos. Além disso, professam uma religião segundo seus preceitos religiosos e sob a perspectiva de uma fé, na vivência do culto divino, de uma ideologia, de uma filosofia de vida que lhes forneça o fundamento para suas iniciativas religiosas, educacionais e assistenciais.

Em particular, o parágrafo 1o do art. 44, do Código Civil, incluído pela Lei n.º 10.825, de 22 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003) estabelece que “são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.

Considerando que, as organizações religiosas são livres na sua criação, atende ao pluralismo religioso existente no país, o que implica na participação de vários grupos sociais na vida democrática, surge a valorização do pluralismo que, inclusive, promove uma diversificação de ideologias. Desse modo, contribuindo inclusive para uma miscigenação no

processo eleitoral que reflete na tomada de decisões de um governo.

Contudo, essa livre criação não se mostra absoluta, posto que se a entidade religiosa instituir rituais que afrontem o direito à vida e à universalidade dos valores da dignidade humana, por certo terá a sua criação vedada pelo Estado Democrático de Direito.

Influências das Obrigações Contábeis nas Entidades Religiosas

As necessidades geradas por uma sociedade carente de confiança e por que não dizer de credibilidade, dependem da parceria do poder público, que é incapaz de atender de forma eficiente as necessidades sociais, econômica e litúrgica que é caracterizado pelo ensino da fé, com as entidades do terceiro setor em especial as Instituições Religiosas. Na busca desta credibilidade, as Instituições Religiosas estão legalmente obrigadas à prestação de contas e isto incluem os demonstrativos contábeis.

Nas últimas décadas, no Brasil, observou-se um crescimento significante das entidades religiosa, sem fins lucrativos, o que ocasionou uma maior preocupação com os registros contábeis dessas entidades. Com isso, a atuação da contabilidade se faz presente nestas entidades para tornar possível e contabilizar quais os créditos tributários, quais os impostos obrigatórios, como também, a distinção de imunidades e isenções. Desta forma, o contador ou gestor da entidade poderá se prevenir perante órgãos externos, bem como servir como prova contra desvios de finalidade e outros atos ilícitos.

As entidades religiosas buscam cada vez mais espaço para demonstrar com mais clareza os resultados da administração, que engloba não apenas a atividade humana, mais também econômico-financeiro. Observa-se que a contabilidade deixou de ser considerada uma simples técnica de escrituração de documentos contábeis, fiscais ou apuração de t ributos, passando a praticar um importante papel no âmbito da gestão organizacional.

Nesse sentido Marion (2006, p. 23) afirma que: A Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em formas de relatórios ou de comunicados, que contribuem para a tomada de decisões. (MARION, 2006, p. 23).

Assim, a Contabilidade é uma ciência social que estuda e pratica as funções de controle e de registro relativas aos atos e fatos da administração e da economia. A contabilidade é necessária para toda e qualquer entidade religiosa independente do seu porte.

O auxílio da contabilidade tornou-se indispensável para as entidades religiosas, pois, é

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possível expor para a sociedade o que realmente é desenvolvido por parte da instituição. Os problemas encontrados por parte dos órgãos fiscalizadores é a falta de transparência das entidades religiosas. Pois, quanto mais clara for à mensuração de todos os processos operacionais da entidade, mais positivamente esta será vista.

Escrituração Contábil Digital (ECD)

A Escrituração Contábil Digital (ECD) é parte integrante do projeto Sistema Pública de Escrituração Digital - Sped e tem por objetivo a substituição da escrituração em papel pela escrituração transmitida via arquivo, ou seja, corresponde à obrigação de transmitir, em versão digital.

De acordo com a Instrução Normativa da RFB 1.420, de 19 de dezembro de 2013, no art. 1º, parágrafo único (BRASIL, 2013) diz que a ECD deverá ser transmitida pelas pessoas jurídicas e obrigadas a adotar o Sped, instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 e somente será confirmada a validação após a autenticação pelos órgãos de registro. Originalmente a ECD foi criada para atender as necessidades dos registros do patrimônio das pessoas jurídicas. A ECD é uma ferramenta gerencial sendo instituída para o pleno desenvolvimento das informações de caráter fiscal e previdenciário. Logo, para obter uma fiscalização mais rígida, por parte do Governo Federal, instituiu a implantação do sistema o Sped.

De acordo com o art. 2° do Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, que institui o Sistema Público de Escrituração Digital – Sped define-se por: Art. 2º instrumento que unifica as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das sociedades empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações (BRASIL, 2007).

Diante disso, o Governo Federal acelerou o processo de fiscalização e fortalecimento de controle do fisco. Sendo assim, o objetivo do Sped consiste em promover a integração dos fiscos, a padronização e compartilhamento das informações contábeis e fiscais, bem como tornar célere a identificação de ilícitos tributários nos cruzamentos de dados. O Sped foi um projeto anunciado pelo Governo Programa de Aceleração do Crescimento 2007-2010 (PAC), com a implantação do projeto desta magnitude, o Sped, implica em uma adaptação das empresas, e do profissional contador.

Com o advento da Instrução Normativa nº 1.420 de 19 de dezembro de 2013, das normas da Receita Federal, ficou estabelecido que a partir do ano-calendário de 2014, todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, ficam

obrigadas a adotar nos termos do art. 2º do Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, preconiza no art. nº 3º, inciso III (BRASIL, 2007) determinando que todas as entidades do Terceiro Setor, por exemplo, as entidades imunes e isentas e sem fins lucrativos, em especial, as entidades religiosas, estão obrigadas a desenvolver a Escrituração Contábil Digital (ECD).

A Receita Federal do Brasil inspirada na apuração e contabilização das entidades do terceiro setor, desenvolveu o Sped que tem como fundamento realizar a escrituração contábil contendo todas as informações econômica-financeira das entidades religiosas, como: despesas, serviços tomados, aquisições e venda de bens do imobilizado, empréstimos, financiamentos, receitas e movimentação bancária.

O Sped Contábil será transmitido pela entidade religiosa e caso possua filiais, deverão conter as informações consolidadas de todos os estabelecimentos (matriz e filiais ou congregações) da pessoa jurídica. A normativa da lei indica que, mesmo que estas entidades estejam sem movimento, ou seja, com atividades paralisadas, precisam desenvolver as informações contábeis e fiscais, bem como enviá-las ao Sped Contábil. As entidades religiosas deverão manter todos os documentos contábeis e fiscais relacionados com as informações prestadas, pelo prazo de cinco anos.

As Normas ora consolidadas, a ECD deverá ser transmitida, pelas pessoas jurídicas obrigadas a adotá-la. De acordo com a Instrução Normativa da RFB nº 1.420 de 19 de dezembro de 2013, no art. 2º a ECD compreenderá a versão digital dos seguintes livros: I - livro Diário e seus auxiliares, se houver; II - livro Razão e seus auxiliares se houver; III - livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos. (BRASIL, 2013).

Desse modo, para a guarda eletrônica, os livros contábeis e documentos em papel devem ser digitalizados, os mesmos devem estar devidamente autenticados e assinados por pessoa física responsável pelo processo de autenticação, pelo contador responsável ou representante legal da entidade religiosa utilizando-se de certificado de segurança mínima tipo A3 - certificado digital (e-CPF). Este certificado digital sendo expedido pela ICP-Brasil - Infra-Estrutura de Chaves Públicas que é o conjunto de técnicas e procedimentos de suporte a um sistema criptográfico baseando-se em certificados digitais a fim de garantir a autoria, autenticidade, integridade e a validade jurídica do documento digital.

Ainda conforme a Instrução Normativa da RFB 1.420, de 19 de dezembro de 2013, do art. 3 e inciso III a transmissão da ECD torna-se obrigatória para as pessoas jurídicas (BRASIL,

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2013) “[...] imunes e isentas que, em relação aos fatos ocorridos no ano-calendário, tenham sido obrigadas à apresentação da Escrituração Fiscal Digital das Contribuições, nos termos da Instrução Normativa da RFB nº 1.594/15”.

Eventualmente com a nova legislação atualizada pela Instrução Normativa da RFB nº 1.594/2015, em relação aos fatos contábeis ocorridos até 31 de dezembro de 2015, apenas estarão obrigadas a enviar a ECD as pessoas jurídicas imunes e isentas que apresentaram a EFD Contribuições no exercício anterior, ou seja, aquelas que registraram valores das contribuições (PIS, COFINS e Contribuição Incidente sobre a Folha de Salários), apurados sobre suas receitas, em valor mensal superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) e auferirem receitas, doações, incentivos, subvenções, contribuições, auxílios, convênios e ingressos assemelhados, cuja soma seja superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

Segundo com a Instrução Normativa da RFB 1.420, de 19 de dezembro de 2013, o prazo fixado no art. 5º (BRASIL, 2013) “A ECD será transmitida anualmente ao Sped até o último dia útil do mês de maio do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira a escrituração”.

Diante disso, percebe-se que a entidade religiosa que deixar de cumprir as obrigações acessórias ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para prestar esclarecimentos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, acarretará a aplicação de multas.

Conforme a Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013, no art. 57, do inciso II (BRASIL, 2013) determina que “por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal, será aplicada uma multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário”.

Não somente multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), por mês-calendário de at raso, mas também resultará na suspensão do CNPJ da entidade religiosa, bem como a impossibilidade de emissão de Certidão Negativa de Tributos Federais, podendo, inclusive, ficar com o CNPJ inapto, tendo como consequências a dificuldade de abertura e manutenção de contas bancárias, obtenção de financiamentos, captação de recursos, compra e venda de veículos e de bens imóveis, entre outros.

Sendo assim, todas as entidades religiosas estão obrigadas a manter uma contabilidade completa e atualizada de suas operações, pois sem os registros contábeis não terão como atender as exigências legais quanto à entrega das declarações contábeis, ficando sujeitas a penalidades e inclusive podendo perder o benefício da imunidade tributária.

De acordo com a Receita Federal do Brasil (2009) a ECD apresenta várias vantagens e desvantagens, que é resultado de uma modernização tecnológica que causou impacto significativo na esfera contábil, dentre as quais se pode citar:

Quadro 02: Das vantagens e Desvantagens

Vantagens Desvantagens Praticidade das informações

Complexidade para o operacionalizar

Redução de entrega das Declarações

Pane no sistema devido a quantidade de empresas utilizando o sistema ao mesmo tempo

Redução dos custos da emissão e armazenamento de papel

Os custos com a aquisição de Certi ficados Digitais

Aumento de espaço no arquivo morto

Falta de profissional habilitado e capacitado

Cruzamento eletrônico das informações

Os investimentos em manutenção da segurança dos dados

Escrituração Contábil Fiscal (ECF)

A partir de 2015, uma nova obrigação acessória de registros contábeis passou a ser exigida das pessoas jurídicas. A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) que é destinada a obtenção de informações relativas a todas as operações que possam influenciar a composição e o valor devido da contibuição social sobre o lucro. Enfim, foi implantado pela Receita Federal do Brasil, por meio da Instrução Normativa nº 1.422, de 19 de dezembro de 2013, uma ferramenta integrante do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), de caráter obrigatório e acessório.

Essa obrigação acessória tem por objetivo interligar os dados fiscais que se referem à composição da base de cálculo e o valor devido do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), imposta para todas as pessoas jurídicas, atuantes no Brasil, sejam elas tributadas pelo lucro real, lucro presumido e lucro arbitrado, inclusive as entidades religiosas sem fins lucrativos imunes e isentas. As empresas tributadas pelo Simples Nacional, os órgãos públicos, as autarquias, as fundações públicas e as pessoas jurídicas inativas estão dispensada da obrigatoriedade da ECF.

Segundo Oenning (2016), a implantação da ECF veio para substituir a Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), dando ao Fisco maior rastreamento de informações, isso não ocorre com a DIPJ. No ano de 2016, a obrigatoriedade foi imposta a todas as empresas jurídicas,

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inclusive imunes e isentas que deverão apresentar a ECF de forma centralizada pela matriz a partir do ano-calendário de 2015. A criação da ECF teve como objetivo controlar os processos do Fisco e tornar mais eficiente o processo de fiscalização no cruzamento de dados, com isso, combater a sonegação fiscal.

De acordo com a Instrução Normativa da RFB nº 1.422, de 19 de dezembro de 2013, alterada pela Instrução Normativa da RFB n º 1.524, de 08 de dezembro de 2014, no art. 3º (BRASIL, 2014) preconiza no “A ECF será transmitida anualmente ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) até o último dia útil do mês de setembro do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira”.

Dessa forma, a não apresentação da ECF ou a sua apresentação com incorreções ou omissões acarretará aplicação de multa para entidade religiosa. Para que as entidades não venham sofrer penalidades junto a Receita Federal do Brasil é necessário que as organizações contábeis invistam em gestão contábil e controles rigorosos de registros, a fim de escriturar corretamente estes novos livros.

De acordo com a Lei nº 12.873, no art. 57, do inciso II (BRASIL, 2013) que diz: “por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal, será aplicada uma multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário”.

Por isso, é de suma importância que o profissional contábil das entidades religiosas antecipe o preenchimento da ECF, evitando fazê-lo apenas no mês de setembro de 2015, de modo a prevenir-se quanto a eventuais complicações para a efetiva conclusão desta obrigação fiscal, assim como das graves penalidades acima comentadas.

Entidades Sem Fins Lucrativos

As entidades sem fins lucrativos são entidades de direito privado dotadas de personalidade jurídica própria, seus associados não respondem solidariamente nem subsidiariamente pelas obrigações civis, criminais, sociais, tributarias e nem por outros compromissos de qualquer natureza assumidos pela associação. Sua característica principal é o agrupamento de pessoas para a realização de objetivos e ideais comuns, sem finalidade lucrativa.

Para França (2015, p. 23) as entidades sem fins lucrativas são “constituídas visando atender aos interesses e necessidades de pessoas indeterminadas, ou à sociedade em geral”. Diante disso, conclui-se que, os interesses sociais que são atribuídos a estas entidades são o seu requisito indispensável, sendo importantes para caracterizar uma entidade que presta

serviços sociais, por exemplo, nas áreas de saúde, educacão, técnico-cient íficas, esportivas, religiosas, políticas e culturais. Dessa forma, essas entidades não visam lucros e são dotadas de personalidade distinta de seus componentes.

Ainda de acordo com França (2015), as entidades de interesse social, são definidas como sem fins lucrativos, em especial as organizações religiosas, em que nas suas finalidades estatutárias tenham objetivos de natureza social, que está prevista no art. 44 do Código Civil. É indispensável que a entidade de interesse social exerça, por meio de seus objetivos, para sociedade como um todo em sua missão.

De fato, ocorrendo os objetivos de interesse social pela entidade, o Ministério Público poderá realizar a fiscalização. Entretanto, se os objetivos estatutários estejam voltados especificamente para seus associados, não será fiscalizada pelo Ministério Público, pois nesse caso, não será considerada como de interesse social.

Conforme a Lei nº 9.790, de março de 1999, as entidades sem fins lucrativos: § 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social (BRASIL, 1999).

Ainda de acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T 10.19, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) define-se da seguinte forma as entidades sem fins lucrativos “São aquelas em que o resultado positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou prejuízo são denominados, respectivamente, de superávit ou déficit”. (NBC, CFC, 2000).

Como se observa que a entidade não pode realizar a distribuição de qualquer dividendo de suas receitas entre os sócios. Contudo, as entidades sem fins lucrativos, podem e devem adquirir receitas, bem como superar as despesas. Deve-se entender que não é o superávit ou déficit, lucro ou o prejuízo, que irá caracterizar a finalidade lucrativa, e sim a alocação ou aplicação dos recursos financeiros.

Portanto, não há qualquer vedação na Constituição Federal do Brasil de 1988, para que as entidades sem fins lucrativos possam realizar vendas de mercadorias de sua fabricação ou até prestação de serviços. Porém, para que a mesma faça jus à isenção fiscal, é importante ressaltar que os resultados financeiros provenientes desses trabalhos deverão ser aplicados nos fins da Instituição, e, visivelmente, que não haja partilha a título de lucro.

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Para a constituição e registro das entidades sem fins lucrativos é importante que seja realizado a elaboração e debatido o estatuto social; deverá haver uma assembleia geral de constituição da associação; registro do estatuto e ata da assembleia de constituição no cartório de registro de pessoas jurídicas; obtenção de CNPJ na receita federal; registro da entidade no INSS e registro na prefeitura municipal.

Imunidade Tributária das Entidades Religiosas

As entidades sem fins lucrativos do terceiro setor são identificadas por suas finalidades, dentre as quais podemos destacar a ajuda ao Estado no desenvolvimento de ações dos serviços sociais e de interesse coletivo. Assim, o poder público oferece a essas entidades algo em troca na prestação dos serviços, ou seja, favorecimentos de ordem t ributária. O Estado permite esses benefícios em reciprocidade aos serviços sociais prestados pelas entidades do terceiro setor, pois auxiliam o país nessa área.

Algumas atividades da economia são consideradas estratégicas, por isso, possui um regime tribitário especial, esse é o caso das entidades do terceiro setor pela sua natureza social. Para essas entidades a legislação prevê dois regimes tributários distintos: a imunidade e a isenção.

Com as palavras de Ichihara (2000, p. 183) “imunidades tributárias são normas da Constituição Federal, expressas e determinadas, que delimitam negativamente, descrevendo os contornos às normas atributivas e dentro do campo das competências tributárias”.

Assim, pode-se afirmar que a imunidade tributária que está prevista na Constituição Federal de 1988, é uma exclusão e uma competência negativa do governo. A União, o Estado, os Municípios e Distrito Federal não podem cobrar tributos, ou seja, impostos sobre renda, pratimônios e serviços e de certas pessoas jurídicas, dentre elas, as entidade beneficientes.

Ainda com o intuito de anunciar a abrangência da imunidade de que gozam as entidades religiosas, o art. 150 do inciso VI, da Constituição Federal em especial a alínea "a" e "b", dispõe que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI - instituir impostos sobre: a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) Templos de qualquer culto; [...] (BRASIL, 1988, p. 93)

Ao limitar a imunidade, conforme artigo citado acima usou a expressão compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços das entidades religiosas.

Tendo em vista às observações feitas acima, o templo é só uma construção, ele é só

patrimônio de alguma entidade, mediante o exposto, não poderia ter patrimônio. Nem menos poderia ter renda, pois quem auferiria a renda, seria a entidade que o administra, não o próprio templo. O patrimônio, renda ou serviços são protegidos pela constituição, então não pode incidir no IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano sobre o prédio da entidade, nem no IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores sobre o veículo, e no IRRF - Imposto de Renda Retido na Fonte, tampouco nos dízimos, ofertas e doações.

Ao dizer breves considerações sobre a imunidade dos templos, Baleeiro (1999, p. 137) se manifesta: “o templo não deve ser apenas a igreja, sinagoga ou edifício principal, onde se celebra a cerimônia pública, mas também a dependência contígua, inclusive a casa ou residência especial, do pároco ou pastor, pertencente à comunidade religiosa”.

Entende-se que o sentido de templos religiosos deve ser restritivo, ou seja, apenas no sentido de construção física, onde se realizam os cultos. Não haverá incidência de impostos sobre os templos, ou seja, ao referir-se a templos de qualquer culto, considera como “entidade”, não como mero local, ou edificação física. Isenção Tributária das Entidades Religiosas

No Brasil, a isenção tributária é instruída pelo princ ípio da legalidade, obviamente, um dos mais importantes princípios do ordenamento jurídico brasileiro. Por isso, para efeitos tributários o princ ípio da legalidade foi reforçado no art. 150 inciso I, da Constituição Federal expressa que: [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Munic ípios: I - exigir ou aumentar t ributo sem lei que o estabeleça; [...] (BRASIL, 1988, p. 93)

Sendo assim, o legislador prescreve que apenas as situações descritas em lei são tributáveis, ou seja, nenhum tributo pode ser criado, aumentado, reduzido ou extinto sem uma real observância em virtude de lei. Da mesma forma, a isenção é o ato ou efeito de isentar, ou seja, livrar, dispensar, desobrigar ou eximir, tornando o indivíduo isento de determinadas obrigações.

De acordo com a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) nº 286, do STF, temos que “a isenção é a dispensa do pagamento de um tributo devido em face da ocorrência de seu fato gerador”. (CORRÊIA, 2002). Sem dúvida, a isenção é a dispensa de recolhimento de tributo que o Estado concede a determinadas pessoas jurídicas e em determinadas situações, através de leis infra-constitucionais. Neste caso, havendo aprovação legislativa, diante de determinadas condições, o Estado pode, ou não, recolher o tributo em uma determinada época. Logo, o tributo é toda prestação pecuniária compulsória

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obrigatória. A expressão “prestação pecuniária” refere-

se ao pagamento em dinheiro, todavia o art.156 do inciso XI, do Código Tributário Nacional acrescido pela Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001, prevê a possibilidade de (BRASIL, 2012, p. 94) “dação em pagamento em bens imóveis”. Deste modo, dação em pagamento é um contrato de vontades entre credor e devedor, ocorre quando o devedor solve sua obrigação mediante a entrega de outro bem que não seja dinheiro. Após a apuração do preço do bem a ser dada em pagamento, a relação entre credor e devedor será regulamentada pelas normas do contrato de compra e venda.

Para as entidades sem fins lucrativos a Isenção Tributária é um dispositivo legal para que alcancem o benefício fiscal da isenção dos tributos. Em outras palavras, é um acesso alternativo para as Entidades do Terceiro Setor que buscam a redução da sua carga tributária sobre as atividades de saúde, educação e assistência social.

Dessa maneira, nada mais justo que essas entidades sem fins lucrativos, justamente por executarem atividades de titularidade do Estado sem o objetivo da contraprestação financeira, o lucro, sejam de alguma forma incentivadas pelo Poder Público, o que ocorre através de repasses de verbas e, principalmente, do não recolhimento de tributos e contribuições sociais em decorrência dos institutos da isenção.

As Entidades Religiosas e suas adequações

Ao longo da história, inúmeras entidades religiosas vêm sendo formadas. Isto se da por causa da Constituição Federal do Brasil de 1988, que consagra como direito fundamental a liberdade de religião, prescrevendo que o Brasil é um país laico.

Assim, as características essenciais das entidades religiosas são definidas como comunhão de pessoas que se dedicam na vivência de uma religião, de uma crença, de modo organizado, autônomo e independente.

De acordo com a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, no art. 44, que intittui o Código Civil (BRASIL, 2003) considera uma entidade religiosa, espécie do genero de pessoa jurídica de direito privado, com libertade de criação, portanto, datada de algumas obrigações.

As entidades precisam de uma estrutura consistente em sua hierárquica organizada, distribuídas a uma forte influência política, social, histórica, cultural e econômica, buscando o respeito por parte da sociedade. Por isso, não se pode tratar as entidades religiosas só em aspecto espiritual, religiosos, mas também em seus aspectos administrativos e jurídicos.

Portanto, as entidades religiosas estão sujeitas ao cumprimento de todas as obrigações legais e acessórias, tais como previdenciárias,

fundiárias, trabalhistas, fiscais, contábeis, esta em especial referenciada com a Instrução Normativa nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, e também outras atribuídas a qualquer tipo de pessoa jurídica, sem fins econômicos e lucrativos enquadrada nas exigências da lei.

De acordo com Thibes (2011), declara que muitos administradores desconhecem as obrigações nas quais as entidades religiosas imunes ou isentas deixam de cumprir perante aos órgãos reguladores. No seu entendimento as entidades religiosas precisam adequar-se as leis nas quais foram abertas, bem como regularizadas juridicamente, mantendo os registros contábeis em dia, a fim de evitar problemas futuros. De fato, o responsável pela entidade religiosa deverá manter a contabilidade devidamente registrada.

De acordo com a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que intittui o Código Civil, em seu art. nº 44 do inciso IV, (BRASIL, 2002) estabelece que as organizações religiosas sejam pessoas jurídicas de direito privado, necessitando assim, obrigatoriamente do seu registro no Cartório de Pessoa Jurídica. Para que uma entidade religiosa tenha os direitos constitucionais federais e ser legal diante do código civil brasileiro e outros, obrigatoriamente terá que ter documentação exigida e atender algumas obrigações, como demonstra o (quadro 3).

Quadro 03: Documentos exigidos pela legislação

Documento Descrição Estatuto Registro em cartório

Inscrição do CNPJ Matriz e suas fliais

Carimbo do CNPJ Matriz e suas congregações.

Livro Caixa Escrituração das receitas, despesas e contas patrimoniais.

Livro de Ata Termos de Abertura e Termo de Encerramento

Rais Negativo Não possui empregados registrados

Matricula no INSS

Após o registro do estatuto e da inscrição do CNPJ, a igreja deve providenciar sua matrícula no INSS.

Ata de Eleição da Diretoria

A instituição deve transcrever em Ata da Eleição da última diretoria e providenciar seu registro em cartório.

Imposto Sindical Patronal

Deverão recolher no mês de janeiro de cada ano o imposto sindical patronal ou solicitar a sua isenção.

Contrato de locação Se o templo não for próprio, neste caso,

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contrato de cessão de uso.

Fonte: Thibes (2011)

Os documentos listados no quadro acima são necessários para a confirmação sobre a importância de se legalizar as entidades religiosas. Nesta fase a contabilidade se faz presente nas entidades, tornando-se obrigatória, pela necessidade de prestação de contas aos orgãos competentes.

Para Almeida e Ferreira (2014), diz que a transparência é uma qualidade que as entidades religiosas necessitam alcançar, pois, através dela, é possível construir uma boa imagem e atuar com credibilidade junto aos parceiros. A transparência tem o poder de trazer de volta a confiabilidade da sociedade tornando-se fator fundamental para o desenvolvimento das entidades religiosas.

Neste processo de transparência, a contabilidade possui um papel muito importante, pois é uma ciência que dispõe de instrumentos que viabilizam a prestação de contas para os usuários e as posições patrimonial, econômica e financeira das entidades religiosas com a elaboração dos demonstrativos.

Certamente, a entidade religiosa que está desenvolvendo principalmente atividades religiosas, como por exemplo, a prática de cultos do credo e da fé devem observar que caso queiram exercer outra atividade de cunho social será necessário a criação de um novo CNPJ. Assim, a recomendação é de que as entidades religiosas que pretendam receber recursos financeiros públicos para destiná-los às suas atividades de assistência social devem criar uma nova entidade não-religiosa para o desempenho dessas atividades, denominada, Assistência e Promoção Social.

Atualmente, vem se tornando comum, a recomendação, e às vezes tornando-se exigência, que as entidades religiosas, para receberem recursos públicos, que serão destinados às suas atividades de promoção e assistência social, devem criar outra instituição não-religiosa para o desempenho das atividades de assistência social ou reformar seu estatuto, retirando a qualificação de organização religiosa, alterando a natureza jurídica da instituição.

Contabilidade para Entidades Religiosas

A contabilidade das entidades religiosas sem fins lucrativos é vista como um sistema de informação formal e estruturado para demonstrar as origens dos recursos, e como eles foram aplicados, facilitando assim o aspecto da transparência diante dos órgãos fiscalizadores, dessa forma, manter uma contabilidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade é essêncial.

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) a partir de 1999 editou as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) aplicáveis às organizações sem fins lucrativos. Diante da

necessidade de definir Normas específicas, em vigor a interpretacão Tecnica Geral - ITG, 2002 (BRASIL, 2002) a contabilidade deve ser “planejada, estruturada e organizada, utilizando da melhor forma técnica possível no cumprimento das Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC”.

Assim, a contabilidade é a ciência capaz de evidenciar e promove a segurança, transparência e o planejamento das atividades econômico-financeiras das entidades religiosas.

Para Almeida e Ferreira (2014), ainda diz que, neste processo de transparência, a contabilidade possui um papel muito importante, pois é uma ciência que dispõe de instrumentos que viabilizam a prestação de contas para os usuários e as posições patrimonial, econômica e financeira das entidades religiosas com a elaboração dos demonstrativos.

Segundo os autores Nazaré e Silva (2015), “a contabilidade tem relevância inquestionável em qualquer empreendimento, visto que é at ravés dela que podemos ter conhecimento da arrecadação das receitas, das despesas, do controle patrimonial dentre outros”.

Por isto, é relevante afirmar que a contabilidade é imprecendível nas entidades religiosas, já que as obrigações impostas são de fatos contábeis e fiscais.

Sem dúvida, que a contabilidade e os fatos registrados, são importantes, já que, no Brasil, os documentos são para a contra prova de assuntos pertinentes. Manter a posse dos documentos contábeis, principalmente os de caráter trabalhista para salvaguardar multas, pagamento em duplicidade e até como ônus de provas em caso de fiscalização e ou processos judiciais.

De acordo com a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, preconiza em seu art. nº 1.194 (BRASIL, 2002) “O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados”.

A princípio, existe a obrigatoriedade da conservação de toda a escrituração e apuração contábil e fiscal, mesmo que estas serão enviadas pelo método eletrônico, como demonstra o (quadro 4). Quadro 04: Prazo de guarda de documentos:

Documento Período IPTU 05 anos IRRF 05 anos PIS 05 anos

INSS 10 anos FGTS 30 anos

Folha de pagamento 35 anos Recibos de Proventos Pastorais 35 anos

Comprovantes Receitas Acima de 05 anos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 576

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ou Despesas não relacionadas

Notas Fiscais de bens do ativo imobilizado

Enquanto o bem prermanecer como propriedade da Instituição, ainda que totalmente absoluto ou depreciado.

Fonte: Código Civil art. nº 1.194 (2002)

Para entidade religiosa não podia ser diferente esta obrigação, referente a conservação documental. Com uma gestão de arquivos de documentos eficiente, garante o controle administrativo desde sua criação até a destinação final.

A Interpretação Técnica Gera l- ITG do item 22 esclarece que: As demonstrações contábeis, que devem ser elaboradas pela entidade sem finalidade de lucros, são o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Período, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração dos Fluxos de Caixa e as Notas Explicativas. (BRASIL, ITG, 2002).

Diante disso, as demonstrações contábeis das entidades religiosas obedecem aos princípios contábeis e ordem da contabilidade geral, mudando apenas na nomenclatura dos nomes.

Quando se fala no patrimônio das entidades religiosas, é importante se ter conhecimento aprofundado dos mecanismos da gestão administrativa e da contabilidade para avaliar a realidade na qual as entidades religiosas funcionam. É preciso analisar as suas etapas administrativas para tornar possível uma tomada de decisão no que se refere aos fatos Contábeis.

A entidade religiosa necessita reunir recursos financeiros, isto é, dinheiro ou bens que lhe permitam instalar-se e desenvolver suas atividades. O capital inicial é formado pelos recursos financeiros trazidos pelos associados, membros, sob a forma de dízimos e ofertas para constituição da entidade e seus acréscimos posteriores formam os recursos próprios.

Porém, é preciso avaliar que nem sempre os recursos são suficientes para dar andamento as suas atividades sociais. Desta forma, é bem comum buscar recursos de terceiros, em forma de ofertas especiais, campanhas, onde os próprios membros se mobilizam para arrecadação de fundos. Estes valores em poder da entidade ou que ela recebe de terceiros, também precisará ser contabilizados, por exemplo, material de construção adquiridos, ofertas especiais, doações, financiamentos mediante empréstimos bancários entre outros.

Por isso, a importância da Contabilidade que procura alertar, separar e controlar a aplicação desses recursos de maneira que tornem possível o funcionamento de uma

entidade religiosa. A Contabilidade é responsável pelo patrimônio das igrejas, das entidades religiosas, bem como é responsável pelos relatórios financeiros que possibilitam o bom adamento das atividades, visando à transparência com seus membros e com as entidades competentes.

As entidades religiosas são obrigadas a elaborar, com base na sua escrituração contábil, as suas demonstrações contábeis, mostrando com transparência a real situação do patrimônio e as mutações ocorridas no exercício social, tais como, balanço patrimonial, demonstração do superávit ou déficit do exercício, demonstração das mutações do patrimônio social (DMPS), demonstração do fluxo de caixa, notas explicativas e plano de contas.

Em suma, a contabilidade é inquestionavelmente, o instrumento indispensável e necessário na gestão das entidades religiosas. Pelo não cumprimento das Normas legais exigíveis, o responsável responderá civil, administrativa e penalmente pelos atos praticados.

Metodologia

No que se diz respeito aos objetivos da pesquisa do presente trabalho está classificada como exploratória, pois permite aos pesquisadores estudar, desenvolver e modificar conceitos e ideias para uma formulação conceitual e fidedigna do problema desenvolvido, tendo também como objetivo o aprofundamento de discussões referente ao tema proposto, que é pouco explorado nas entidades religiosas e de alguma forma colaborar com estas entidades.

O universo da pesquisa é constituído nas influências das obrigações contábeis das entidades religiosas, levando em conta a instrução normativa RFB 1.420 de 19 de dezembro de 2013, que trata especificamente das entidades imunes e isentas que caracteriza o terceiro setor, no qual as organizações religiosas estão inseridas.

Utiliza-se a pesquisa bibliográfica, tendo como objetivo uma expressão literária e uma exposição de relevância, dando a devida credibilidade ao tema proposto no conhecimento específico no que se dizem respeito ao terceiro setor, entidades religiosas, a contabilidade das entidades religiosas e as normas que regi os padrões contábeis, fiscais e suas exigências.

Ambiente de pesquisa

A presente pesquisa apresentará o resultado que teve como objetivo analisar as adequações e a aplicabilidade no cumprimento das obrigações exigidas pela Instrução Normativa da RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013.

Pré-teste

Os autores da pesquisa elaboraram um pré-teste com a turma do oitavo semestre de

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contabilidade que tinha por objetivo verificar a qualidade e compreensão das perguntas elaboradas para numa segunda etapa aplicá-lo numa amostra para as entidades religiosas. Sujeitos da pesquisa

Inicialmente foram entrevistadas 20 (vinte) entidades religiosas de denominações diferentes - evangélicas e católicas – para coleta das amostras.

Primeiramente, o representante responsável pela administração ou gestão da entidade religiosa indicou o profissional da área contábil para efetuarem o preenchimento do referido questionário de avaliação.

Ao mesmo tempo que, não possuíam profissionais na área contábil responsável pelos registros, imediantamente os questionários foram respondidos pelos representantes religiosos – padres ou pastores. Resultado e Discussão

No decorrer da elaboração deste artigo, pode-se verificar a importância do estudo das influências das obrigações contábeis nas Entidades Religiosas à Luz da Instrução Normativa da RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013.

Ao identificar o resultado, o percentual indica que 48% do total das Entidades Religiosas pesquisadas responderam (Sim) as perguntas. Observa-se que até existe uma pré disposição no conhecimento das obrigações contábeis, ou seja, não quer dizer que existe o cumprimento das obrigações.

Ao contrário, responderam 28% (Não) e 24% (Desconheço). A pesquisa leva-nos a uma preocupação real da não observâncias das leis que regem o terceiro setor, em especial as entidades religiosas. Logo, 52% do total da pesquisa, certamente, a entidade religiosa não possui sua gestão de forma efetiva no que se diz respeito ao controle econônico-financeiro e também a falta de controle contábil.

Constata-se através da pesquisa, como de todo o contexto exposto pela normativa de lei, que não existe uma preocupação, por desconhecimento, como também por ineficiência administrativa, nas observâncias das obrigações legais por parte das entidades religiosas. Gráfico: Apuração

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

Em suma, entidades religiosas, sempre possuiam patrimônio, contas bancárias, receitas e despesas contabilizadas, em suas respectivas atribuições mensalmente apuradas, nas áreas contábil, fiscal e pessoal.

Através da Instrução Normativa da RFB nº

1.420, de 19 de dezembro de 2013, que dispõe sobre a Escrituração Contábil Digital (ECD), que integra o Sped, assim as entidade religiosas deverão obrigatoriamente de forma digital, informar todos as suas receitas e despesas, cumprindo as exigências dispostas na normativa, o que deveria ter sido feito mesmo antes dos dispositivos de lei em sua gestão, que de alguma forma teria que ser normal, natural nas administrações de suas entidades. A grande diferença é que, de uma maneira digital, as informações chegarão a Receita Federal do Brasil de maneira transparente e rápida, já que em sua essência, haverá o cruzamento de dados relacionados às outras documentações fiscais que precisam ser enviadas, tais como:

• Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - DIRF; • Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF; • Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social – GFIP e • Sistema Público de Escrituração Digital - Receita Federal - SPED.

As entidades religiosas são constantemente criticadas a respeito da arrecadação e destinação de seus recursos. Por isso, a contabilidade torna-se um instrumento eficaz na comprovação da origem e finalidade desses recursos financeiros. Entende-se que a proposta destas entidades consiste no reinvestimento e não na remuneração da direção.

Todas as entidades religiosas, sem exceção, estão obrigadas a manter a contabilidade completa de suas operações, pois sem a contabilidade não terão como atender a legislação fiscal quanto à entrega, com transparência dos resultados que tem de transcrever. A contabilidade aplicada nas entidades religiosas não deve ser vista apenas como uma obrigação para com o governo, algo que foi imposto pelo Estado, deve ser considerada como uma ferramenta benéfica, que possibilita uma maior transparência de seus atos, da sua gestão, para que não ocorram dúvidas e questionamentos possibilitando desta forma o crescimento sócio-econômico das mesmas dentro da sociedade.

Neste caso, os aspectos contábeis influenciarão de forma significativa o escopo da gestão das entidades religiosas, tendo como objetivo cooperar na organização dos registros contábeis, como também das informações necessárias aos órgãos competentes, permitindo uma análise concreta dos seus fatos contábeis.

Entende-se que as entidades religiosas se relacionam com o exerc ício de fé, de qualquer tipo de visão religiosa, com seus direitos e obrigações, por meio destas obrigações as entidades religiosas possuem suas responsabilidades legais.

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Observa-se que as leis que se enquadram a uma associação, a um partido político, a sindicatos e assistências sociais, pelo fato de estarem inseridas no terceiro setor, sendo estas imunes e isentas. Desta forma, as mesmas obrigações, em especial a Instrução Normativa da RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, se enquadra diretamente as entidades religiosas. Portanto, é obrigação destas entidades, cumprirem as leis estabelecidas.

De forma geral, Instrução Normativa da RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, influência em mudanças radicais nas entidades religiosas no que se refere à transparência de suas atividades administrativas e suas informações econômico-financeiras, na observância e cumprimento das leis.

Entende-se como influência, uma atuação de uma parte física com maior poder para com outra parte solicitando modificações. É exatamente desta forma que a Instrução Normativa da RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, vem atuar nas entidades religiosas. Uma das necessidades da sociedade, esta basicamente na busca de mudanças de impactos imediatos em todas as áreas da sociedade, seja ela na economia, na política, na cultura e na área social. Claro que em qualquer crescimento, desenvolvimento, gera alterações que influênciam os modelos estabelecidos, porém é preciso ser para todas e não só para aquelas que ultrapassarem o teto estabelecido.

O que se discute aqui é exatamente as influências que a Instrução Normativa da RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, terá em todas ou algumas entidades religiosa, se devem se enquadrar as obrigações prevista na lei, já que a própria normativa modificada pelos termos da Instrução Normativa da RFB nº 1.594/2015, estabelecendo limites para aquelas entidades que devem ou não ser obrigadas a reconhecer suas obrigações e enviá-las digitalmente.

A influência, o clamor por modificações tem que ser para todas. O limite estabelece critérios que obscurecem a clareza e a organização da gestão das entidades religiosas, independente que sejam pequenas, medias ou grandes. O fato é que são entidades religiosas e que precisam e devem ser t ransparentes, aos órgãos competentes à luz da Instrução Normativa da RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, que veio para colaborar neste intuito.

Análise dos dados

Para atingir os objetivos estabelecidos neste estudo, foi utilizada a metodologia como grande referência. Nesta seção, são apresentados e analisados os dados obtidos por meio de questionários.

Os dados foram coletados, a partir da aplicação de questionário contendo sete perguntas, objetivas de múltipla escolha, que traçaram o perfil da entidade religiosa, com

enfoque nas influências nas obrigações pertinentes a Instrução Normativa Receita Federal do Brasil nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, bem como as declarações exigidas pela Receita Federal do Brasil.

Sendo assim, seguem os gráficos com os resultados após aplicação dos questionários. Gráfico 01: Obrigações contábeis

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

Constatamos que na pesquisa realizada 60% das entidades religiosas afirmaram conhecer as obrigações contábeis, 20% alegaram não saber e os outros 20% restantes responderam que desconhecem as exigências e obrigatoriedade contábeis exigidas pela Receita Federal do Brasil. Percebe-se que a maioria das entidades envia as informações contábeis.

As entidades religiosas, sem fins lucrativos, possuem um regime tributário especial, no art. 150 do inciso I e VI, da Constituição Federal, a legislação prevê dois regimes tributários (imunidade e isenção). Mesmo que as entidades religiosas possuam imunidade e isenção isso não as desobriga de elaborar a Escrituração Contábil Digital (ECD). Com o advento da Instrução Normativa da RFB 1.420, de 19 de dezembro de 2013, nos termos do art. 3º (BRASIL, 2013), ficam obrigadas a adotar a ECD, em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014.

Na questão a seguir procurou-se verificar se as entidades religiosas conhecem a exigência e obrigatoriedade de envio da ECD e ECF. Gráfico 02: Entrega da ECD e ECF

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

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Observa-se que em relação a esta

pergunta 40% das entidades religiosas responderam que adotam a Escrituração Contábil Digital - ECD e a Escrituração Contábil Fiscal – ECF, bem como enviam para os órgãos competentes da Receita Federal do Brasil. Os outros 30% alegaram que não enviam e 30% desconhecem do assunto completamente.

A Receita Federal do Brasil, por meio da Instrução Normativa RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, estabeleceu novas regras sobre a Escrituração Contábil Digital (ECD). A principal alteração está inserida no art. 3º, inciso III “as pessoas jurídicas imunes e isentas”. (BRASIL, 2013), quando estende a obrigatoriedade de entrega da ECD para diversas pessoas jurídicas que até então estavam desobrigadas de fazê-lo.

Também, em dezembro de 2013, foi editada a Instrução Normativa RFB nº 1.422, obrigando a Escrituração Contábil Fiscal (ECF) para todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, que deverá ser apresentada de forma centralizada pela matriz e passa a fazer parte do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) em 2014.

Na pergunta seguinte questionou-se sobre o período para envio da ECD. Gráfico 03: A partir de quando é enviada a ECD

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

Como mostra o gráfico acima um percentual de 25% das entidades religiosas afirmou ter conhecimento a partir do mês-calendário do envio da ECD, um percentual pequeno. Os demais, 30% não sabem informar em que período a obrigatoriedade iniciou-se e 45% responderam que desconhecem, ou seja, a maioria dos profissionais contábeis não está informada sobre a Instrução Normativa da RFB 1.420/2013. O prazo fixado conforme o art. 5º Instrução Normativa da RFB 1.420, de 19 de dezembro de 2013, (BRASIL, 2013) “A ECD será transmitida anualmente ao Sped até o último dia útil do mês de maio do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira a escrituração”. A não entrega destas declarações gera multa para a entidade caso ela esteja obrigada,

anualmente com multa de R$ 500 por declaração. A questão abaixo indica se a entidade

religiosa cumpriu com as obrigações contábeis e o que influencia na qualidade e transparência. Gráfico 04: Influência da ECD para RFB

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

Como mostra a pesquisa 70% das entidades religiosas acredita que os fatos contábeis têm grande relevância na qualidade e transparência nas informações contábeis perante a Receita Federal do Brasil.

Assim, a prestação de contas das entidades religiosas é obrigatoriamente realizada anualmente, conforme o art. 5º da Instrução Normativa da RFB 1.420/2013.

A próxima pergunta refere-se ao cumprimento da IN RFB 1.1420/2013 perante aos orgaos comperantes. Gráfico 05: Cumprimento das obrigações legais

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

As entidade religiosas, assim como as demais instituições sem fins lucrativos, devem informar ou enviar suas obrigações contábeis. Segundo a pesquisa realizada um percentual de 55% das entidades religiosas disseram que informam suas obrigacões contábeis a Receita Federal do Brasil, um percentual não muito desejável.

Enquanto, 45% das entidades não cumprem ou desconhecem da exigência e obrigatoriedade da Instrução Normativa da RFB nº 1.420/2013.

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Gráfico 06: Conhecimento da IN RFB 1.420/2013

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

A pesquisas aponta um percentual de 35% das entidade religiosas dizerem conhecer da IN RFB nº 1.420/2013, que dispoe a ECD, estas respondidas pelo profissional contabil ou administrador. Pode-se observer no grafico 2 uma diferença de 5% quando a entidade foi questionada referente as exigencias e obrigatoriedades da ECD e ECF.

Enquanto, o somatorio dos dois outros percentuais apontam 65% das entidades não conhecem a IN RFB nº 1.420/2013. Para a atualidade, o profissional da contabilidade precisa estar atento às inovações que a tecnologia traz, principalmente a IN RFB 1.1420/20013, que trata da ECD.

Diante dos fatos, a entidade religiosa que deixar de enviar a ECD para a Receita Federal do Brasil, será intimada para prestar esclarecimentos e estando sujeita a multas.

Na última questão foi perguntado se as entidades religiosas possuem acesso à página eletrônica da Receita Federal do Brasil.

Gráfico 07: Acesso ao Sped

Fonte: Pesquisa realizada pelos autores, outubro e novembro de 2016.

Por fim, 50% das entidades religiosas afirmam possuir acesso ao formato digital, ou seja à página Eletrônica do órgão competente.

Logo, 35% relataram que não possuam acesso e 15% afirmam desconhecer esse acesso junto a Receita Federal do Brasil.

Observa-se que os outros 50% não

possuem o acesso ao Sped, ou seja, no formato digital. Este fica condicionado a autenticação mediante certificado digital credenciado pela ICP-Brasil, emitido em nome do órgão ou entidade.

Conclusão

No Brasil, o terceiro setor é composto por uma diversidade de entidades, que possuem particularidades e atuam nas mais diversas áreas de interesse público, em especial as entidades religiosas, essas entidades adotam a forma jurídica de organização religiosas, previsto pelo Código Civil Brasileiro.

Afere-se do presente trabalho, que o brasileiro não teve sua religiosidade mitigada com o enfraquecimento da religião oficial, dos tempos da colônia aos dias de hoje.

Por sua vez, a enorme quantidade de entidades religiosas que continuam se instalando dia após dia no Brasil, enseja maior rigor na exigência das prestações de contas das obrigações contábeis.

Em resposta ao questionário de avaliação, pode-se dizer que as entidades religiosas com o intuito de manter seus usuários internos e externos informados dos seus atos, faz uso da contabilidade como um instrumento de transparência, ou seja, deve ser planejada, estruturada e organizada para que não existam dúvidas quanto à gestão de seus recursos e o trabalho desenvolvido pela mesma.

Neste trabalho, a pesquisa realizada aponta para um número expressivo de entidades religiosas que, segunda elas próprias, cumprem com todos os requisitos contábeis e obrigações legais. No entanto, a resistência demonstrada pelas próprias entidades em receber e responder os questionários, associada ao intenso estudo de casos e pesquisas bibliográficas apontam, sem hesitação para, uma fragilidade do sistema fiscal e contábil em exigir e gerir os demonstrativos e as contas das entidades religiosas brasileiras.

Porém, existem entidades religiosas que buscam cada vez mais espaço para demonstrar com mais clareza os resultados da administração, que engloba não apenas a atividade humana que se dedica a fé, mais também a econômico-financeira.

A contabilidade deixa de ser considerada uma simples técnica de escrituração de documentos contábeis, fiscais ou apuração de tributos, passando a praticar um importante papel no âmbito da gestão organizacional dentro de um ambiente considerado estranho que é exatamente as entidades religiosas. Ao atingir o objetivo da pesquisa, em demonstrar a funcionabilidade das obrigações contábeis e sua influência, regidas pela Instrução Normativa da RFB 1.420, de 19 de dezembro de 2013, que cria a ECD, pode-se observar que esta nova ferramenta proporciona aos usuários benefícios, que traduz nos direitos básicos daqueles que contribuem de forma direta

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ou indireta, na transparência, rapidez e praticidade.

Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus que iluminou o nosso caminho durante esta caminhada.

Agradecemos a todos aqueles que de forma direta ou indireta possibilitaram a realização deste trabalho.

Queremos agradecer também as nossas esposas e filhos, pela compreensão e pelo apoio em todos os momentos que demonstramos cansaço e desanimo nesta longa caminhada.

Em especial quero agradecer ao professor Itamar, nosso orientador, pela disponibilidade e pelo seu apoio, o qual nos possibilitou esta conquista. Referências 1 - ALMEIDA, M. C.; FERREIRA, E. S. Terceiro Setor: Prestação de contas e suas implicações. Disponível em <http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/viewFile/3857/2862>. Acesso em: 30/11/2016. 2 - BALEEIRO, A. Direito Tributário Brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. 3 - BRASIL. Decreto nº 6.002, de 22 de janeiiiro de 2007. Institui o Sistema Público de Escrituração Digital - Sped. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Decreto/D6022.htm>. Acesso em: 01/10/2016. 4 - BRASIL. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L5764>. Acesso em: 05/10/2016. 5 - BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: Texto Constitucional Promulgado em 5 de outubro de 1988, com as Alterações Determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 93/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas. 2016. 6- BRASIL. Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sôbre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e da outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

lei/Del0200.htm>. Acesso em: 14/11/2016. 7 - BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 16/11/2016. 8 - BRASIL. Instrução Normativa da RFB nº 1.422, de 19 de dezembro de 2013. Dispõe sobre a Escrituração Contábil Fiscal (ECF). Disponível em http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=48711>. Acesso em: 22/11/2016. 9 - BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013. Dispõe sobre a Escrituração Contábil Digital (ECD). Disponível em <http://normas.receita. fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=48709c>. Acesso em: 14/11/2016. 10 - BRASIL. Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001. Altera dispositivos da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm>. Acesso em: 05/11/2016. 11 - BRASIL. Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003. Dá nova redação aos arts. 44 e 2.031 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil. Disponível em < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.825.htm>. Acesso em: 11/10/2016. 12 - BRASIL. Lei nº 12.873, de 24 de outubro de 2013. Autoriza a Companhia Nacional de Abastecimento a utilizar o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/Lei/L12873.htm>. Acesso em: 16/11/2016. 13 - BRASIL. Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9790.htm>. Acesso em: 10/09/2016. 14 - BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 14/08/2016. 15 - BRASIL. Resolução CFC Nº 1.409/12.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 582

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Aprova a ITG 2002 – Entidade sem Finalidade de Lucros. Disponível em <http://eduardobarbosa.com/sitedata/filesdt/legislacao/30/interpretacaotecnica2002-cfc.pdf>. Acesso em: 20/11/2016. 16 - BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº 286F. Relator: Min. CORRÊA, M. Disponível em < http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo279.htm>. Acesso em: 04/11/2016. 17 - CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC T 10.19 e Conselho Federal de Contabilidade: Entidade sem finalidade de lucro. 2000. Disponível em < <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t1019.htm>. Acesso em: 13/09/2016. 18 - COSTA, C. S.; VISCONTI, G. R. Terceiro Setor e Desenvolvimento Social. 2001. Disponível em: <http:/www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bnde_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/relato/tsetor.pdf>. Acesso em: 30/05/2016. 19 - FRANÇA, J. A. et al. Manual de Procedimentos para o Terceiro Setor: Aspectos de Gestão e de Contabilidade para Entidades de Interesse Social. Brasília: Fundação Brasileira de Contabilidade, 2015. 20 - ICHIHARA, Y. Imunidades Tributárias. São Paulo: Atlas. 2000. 21 - JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. 2ª ed. São Paulo: Editora Saraiva 2006. 22 - LANDIM, L.; CARVALHO, L. A. Projeto transparência e prestação de contas da sociedade civil na América Latina - CASO: BRASIL. Uruguai: Instituto de Comunicação e Desenvolvimento, 2007. 23 - MÂNICA, F. P. Panorama histórico-legislativo do terceiro setor no Brasil. In: OLIVEIRA, G. J. (Coord.). Terceiro Setor, empresas e Estado: novas fronteiras entre o público e privado. Belo Horizonte: Fórum, 2007. 24 - MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 25 - MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 25ª ed. São Paulo: Malheiros, 2.000.

26 - NAZARÉ, L. S. D. e SILVA, M. A Importância da Contabilidade nas Organizações Populares. Disponível em <http://www.peritocontador.com.br/artigos/a_imp_da_contabilidade_nas_org_populares.pdf>. Acesso em: 18/11/2016. 27 - OENNING, F. ECF 2016 – O Que Você Precisa Saber Sobre a ECF. Disponível em <http://www.pensamentocontabil.com.br/ecf-2016/>. Acesso em: 08/10/2016. 28 - PAES, J. E. S. Manual de Procedimentos para o Terceiro Setor: Aspectos de Gestão e de Contabilidade para Entidades de Interesse Social. Brasília: Fundação Brasileira de Contabilidade, 2015. 29 - PANCIERI, R. Terceiro setor: A identificação das competências essenciais dos gestores de uma organização sem fins lucrativos. Tese de Doutorado – PPGEP/UFSC como condição para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. Florianópolis, 2001. Disponível em Disponível em: <http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/title/terceiro-setor-identifica%C3%A7%C3%A3o-das-compet%C3%Ancias-essenciais-dos-gestores-uma organiza%C3%A7%C3%A3o/id/597584.htm>. Acesso em: 30/04/2013. 30 - PEREIRA, T. D. O Não Governamental em questão: Um Estudo Sobre o Universo ABONG. Rio de Janeiro: FASE/Observatório, 2003. 31 - SILVA, C. E. G. Gestão, Legislação e Fontes de Recursos no Terceiro Setor Brasileiro: Uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública – RAP - Rio de Janeiro, Nov./Dez. 2010. 32 - TAVARES COELHO, S. Terceiro Setor: Um estudo comparado entre Brasil e Estados Unidos da América. 2. ed. São Paulo: Senac, 2002. 33- THIBES, V. A. Contabilidade de Organizações Religiosas. Disponível em <http://www.contabeis.com.br/artigos/497/contabilidade-de-organizacoes-religiosas>. Acesso em: 14/11/2016.

Anexos

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 583

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QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO

O presente questionário, é de caráter estritamente sigiloso, servirá como subsídio para discussões

acerca do curso ora concluído. As informações contidas no mesmo são de suma importância para a melhoria da qualidade do curso promovido pela Facudades Promove de Brasília. O questionário servirá como incentivo para a elaboração do Relatório Final de Avaliação do Curso Ciências Contábeis.

Curso: Ciências Contábeis INFLUÊNCIA NAS OBRIGAÇÕES CONTÁBEIS DAS ENTIDADES RELIGIOSAS À LUZ DA INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB 1.420, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2013.

1- Mesmo que as entidades religiosas possuam imunidades e isenções, não as desobriga de elaborar as obrigações contábeis. Logo, elas precisam enviar essas informações para a secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). A Entidade conhece as obrigações contábeis?

Sim Não Desconheço

2. A Escrituração Contábil Digital, destinada para fins contábeis e previdenciários é normatizada pela Instrução Normativa RFB 1.420/2013, enquanto a Escrituração Contábil Fiscal, objetiva prestar informações relativas a todas as operações que influenciem a composição da base de cálculo e o valor devido do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). A Entidade conhece a exigência e obrigatoriedade do envio dos mesmos?

Sim Não Desconheço

3. A Entidade sabe a partir de quando existe a obrigatoriedade de enviar a Escrituração Contábil Digita l - ECD?

Sim Não Desconheço

4. A contabilidade é a ciência capaz de evidenciar, trazer à transparência as atividades econômicas - financeiras das organizações religiosas. Diante disto, a Entidade acredita que os fatos contábeis influenciam na qualidade das informações aos órgãos competentes?

Sim Não Desconheço

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 584

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5. As Organizações Religiosas estão sujeitas ao cumprimento de todas as obrigações legais e acessórias. A Entidade informa suas obrigações junto aos órgãos competentes?

Sim Não Desconheço

6. A Entidade conhece a Instrução Normativa RFB Nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, que dispõe sobre a Escrituração Contábil Digital - ECD?

Sim Não Desconheço

7. A Entidade tem acesso ao formato digital da entrega das obrigações dos fatos contábeis?

Sim Não Desconheço

Instituição Religiosa

Local

Assinatura

Brasília, de de 2016.

Anexos:

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 585