61271870 2009 volume 2 cadernodoprofessor quimica ensinomedio 1aserie caderno do professor

Upload: airton-freitas

Post on 29-Oct-2015

70 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • ensino mdio

    1a SRIE

    caderno doPROFESSOR

    QU

    MIC

    A

    volume 2 - 2009

    QUIM_1a_2bi.indd 1 6/5/2009 16:00:06

  • GovernadorJos Serra

    Vice-GovernadorAlberto Goldman

    Secretrio da EducaoPaulo Renato Souza

    Secretrio-AdjuntoGuilherme Bueno de Camargo

    Chefe de GabineteFernando Padula

    Coordenadora de Estudos e Normas PedaggicasValria de Souza

    Coordenador de Ensino da Regio Metropolitana da Grande So PauloJos Benedito de Oliveira

    Coordenador de Ensino do InteriorRubens Antonio Mandetta

    Presidente da Fundao para o Desenvolvimento da Educao FDEFbio Bonini Simes de Lima

    EXECUO

    Coordenao Geral Maria Ins Fini

    Concepo Guiomar Namo de MelloLino de MacedoLuis Carlos de MenezesMaria Ins FiniRuy Berger

    GESTO

    Fundao Carlos Alberto Vanzolini

    Presidente do Conselho Curador: Antonio Rafael Namur Muscat

    Presidente da Diretoria Executiva: Mauro Zilbovicius

    Diretor de Gesto de Tecnologias aplicadas Educao: Guilherme Ary Plonski

    Coordenadoras Executivas de Projetos: Beatriz Scavazza e Angela Sprenger

    COORDENAO TCNICA

    CENP Coordenadoria de Estudos e Normas Pedaggicas

    Coordenao do Desenvolvimento dos Contedos Programticos e dos Cadernos dos Professores

    Ghisleine Trigo Silveira

    Autores

    Cincias Humanas e suas Tecnologias

    Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Lus Martins e Ren Jos Trentin Silveira

    Geografia: Angela Corra da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimares, Regina Araujo, Regina Clia Bega dos Santos e Srgio Adas

    Histria: Paulo Miceli, Diego Lpez Silva, Glaydson Jos da Silva, Mnica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari

    Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers

    Cincias da Natureza e suas Tecnologias

    Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabola Bovo Mendona, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo

    Cincias: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, Joo Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Czar Foschini Lisba, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Mara Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogrio Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordo, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume

    Fsica: Luis Carlos de Menezes, Sonia Salem, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Iv Gurgel, Lus Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurcio Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da Purificao Siqueira e Yassuko Hosoume

    Qumica: Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valena de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidio

    Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias

    Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque, Jssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins e Sayonara Pereira

    Educao Fsica: Adalberto dos Santos Souza, Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Venncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Renata Elsa Stark e Srgio Roberto Silveira

    LEM Ingls: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lvia de Arajo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo

    Lngua Portuguesa: Alice Vieira, Dbora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, Jos Lus Marques Lpez Landeira e Joo Henrique Nogueira Mateos

    Matemtica

    Matemtica: Nlson Jos Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, Jos Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moiss, Rogrio Ferreira da Fonseca, Ruy Csar Pietropaolo e Walter Spinelli

    Caderno do Gestor

    Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie

    Equipe de Produo

    Coordenao Executiva: Beatriz Scavazza

    Assessores: Alex Barros, Antonio Carlos de Carvalho, Beatriz Blay, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de Oliveira, Jos Carlos Augusto, Luiza Christov, Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo Mendes, Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata, Ruy Csar Pietropaolo, Solange Wagner Locatelli e Vanessa Dias Moretti

    Equipe Editorial

    Coordenao Executiva: Angela Sprenger

    Assessores: Denise Blanes e Luis Mrcio Barbosa

    Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie

    Edio e Produo Editorial: Conexo Editorial, Edies Jogo de Amarelinha, Jairo Souza Design Grfico e Occy Design (projeto grfico)

    APOIO

    FDE Fundao para o Desenvolvimento da Educao

    CTP, Impresso e Acabamento

    Imprensa Oficial do Estado de So Paulo

    A Secretaria da Educao do Estado de So Paulo autoriza a reproduo do contedo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educao do pas, desde que mantida a integridade da obra e dos crditos, ressaltando que direitos autorais protegi-dos* devero ser diretamente negociados com seus prprios titulares, sob pena de infrao aos artigos da Lei n 9.610/98.

    * Constituem direitos autorais protegidos todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que no estejam em domnio pblico nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.

    Catalogao na Fonte: Centro de Referncia em Educao Mario Covas

    So Paulo (Estado) Secretaria da Educao.

    Caderno do professor: qumica, ensino mdio - 1 srie, volume 2 / Secretaria da Educao; coordenao geral, Maria Ins Fini; equipe, Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valena de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Maria Fernanda Penteado Lamas, Yvone Mussa Esperidio. So Paulo : SEE, 2009.

    ISBN 978-85-7849-299-1

    1. Qumica 2. Ensino Mdio 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Ins. II. Zambom, Denilse Morais. III. Souza, Fabio Luiz de. IV. Peixoto, Hebe Ribeiro da Cruz. V. Santos, Isis Valena de Sousa. VI. Akahoshi, Luciane Hiromi. VII. Marcondes, Maria Eunice Ribeiro. VIII. Lamas, Maria Fernanda Penteado. IX. Esperidio, Yvone Mussa. X. Ttulo.

    CDU: 373.5:54

    S239c

    QUIM_1a_2bi.indd 2 6/5/2009 16:00:06

  • Prezado(a) professor(a),

    Vinte e cinco anos depois de haver aceito o convite do nosso saudoso e querido Governador Franco Montoro para gerir a Educao no Estado de So Paulo, nova-mente assumo a nossa Secretaria da Educao, convocado agora pelo Governador Jos Serra. Apesar da notria mudana na cor dos cabelos, que os vinte e cinco anos no negam, o que permanece imutvel o meu entusiasmo para abraar novamente a causa da Educao no Estado de So Paulo. Entusiasmo alicerado na viso de que a Educao o nico caminho para construirmos um pas melhor e mais justo, com oportunidades para todos, e na convico de que possvel realizar grandes mudanas nesta rea a partir da ao do poder pblico.

    Nos anos 1980, o nosso maior desafio era criar oportunidades de educao para to-das as crianas. No perodo, tivemos de construir uma escola nova por dia, uma sala de aula a cada trs horas para dar conta da demanda. Alis, at recentemente, todas as pol-ticas recomendadas para melhorar a qualidade do ensino concentravam-se nas condies de ensino, com a expectativa de que viessem a produzir os efeitos desejados na aprendiza-gem dos alunos. No Brasil e em So Paulo, em particular, apesar de no termos atingido as condies ideais em relao aos meios para desenvolvermos um bom ensino, o fato que estamos melhor do que h dez ou doze anos em todos esses quesitos. Entretanto, os indicadores de desempenho dos alunos no tm evoludo na mesma proporo.

    O grande desafio que hoje enfrentamos justamente esse: melhorar a qualidade de nossa educao pblica medida pelos indicadores de proficincia dos alunos. No estamos ss neste particular. A maioria dos pases, inclusive os mais desenvolvidos, es-to lidando com o mesmo tipo de situao. O Presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, dedicou um dos seus primeiros discursos aps a posse para destacar exata-mente esse mesmo desafio em relao educao pblica em seu pas.

    Melhorar esses indicadores, porm, no tarefa de presidentes, governadores ou secretrios. dos professores em sala de aula no trabalho dirio com os seus alunos. Este material que hoje lhe oferecemos busca ajud-lo nesta sua misso. Foi elaborado com a ajuda de especialistas e est organizado em bimestres. O Caderno do Professor oferece orientao completa para o desenvolvimento das Situaes de Aprendizagem propostas para cada disciplina.

    Espero que este material lhe seja til e que voc leve em considerao as orienta-es didtico-pedaggicas aqui contidas. Estaremos atentos e prontos para esclarecer suas dvidas e acatar suas sugestes para melhorar a eficcia deste trabalho.

    Alcanarmos melhores indicadores de qualidade em nosso ensino uma questo de honra para todos ns. Juntos, haveremos de conduzir nossas crianas e jovens a um mundo de melhores oportunidades por meio da educao.

    Paulo Renato SouzaSecretrio da Educao do Estado de So Paulo

    QUIM_1a_2bi.indd 3 6/5/2009 16:00:06

  • SumRioSo Paulo faz escola uma Proposta curricular para o estado 5

    Ficha do caderno 7

    orientao sobre os contedos do bimestre 8

    Situaes de Aprendizagem 10

    Situao de Aprendizagem 1 Combustveis e combusto no dia-a-dia e no sistema produtivo 10

    Situao de Aprendizagem 2 Relaes em massa nas transformaes qumicas: conservao e proporo em massa 22

    Situao de Aprendizagem 3 Implicaes socioambientais da produo e do uso de combustveis 37

    Situao de Aprendizagem 4 Modelo atmico de John Dalton: ideias sobre a constituio e a transformao da matria 51

    Questes para avaliao 56

    Propostas de Situao de Recuperao 60

    Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreenso do tema 60

    consideraes finais 62

    QUIM_1a_2bi.indd 4 6/5/2009 16:00:06

  • 5So PAulo FAz eScolA umA PRoPoStA cuRRiculAR PARA o eStAdo

    Prezado(a) professor(a),

    com muita satisfao que apresento a todos a verso revista dos Cadernos

    do Professor, parte integrante da Proposta Curricular de 5a a 8a sries do Ensino

    Fundamental Ciclo II e do Ensino Mdio do Estado de So Paulo. Esta nova verso

    tambm tem a sua autoria, uma vez que inclui suas sugestes e crticas, apresentadas

    durante a primeira fase de implantao da proposta.

    Os Cadernos foram lidos, analisados e aplicados, e a nova verso tem agora a

    medida das prticas de nossas salas de aula. Sabemos que o material causou excelente

    impacto na Rede Estadual de Ensino como um todo. No houve discriminao.

    Crticas e sugestes surgiram, mas em nenhum momento se considerou que os

    Cadernos no deveriam ser produzidos. Ao contrrio, as indicaes vieram no

    sentido de aperfeio-los.

    A Proposta Curricular no foi comunicada como dogma ou aceite sem restrio.

    Foi vivida nos Cadernos do Professor e compreendida como um texto repleto de

    significados, mas em construo. Isso provocou ajustes que incorporaram as prticas

    e consideraram os problemas da implantao, por meio de um intenso dilogo sobre

    o que estava sendo proposto.

    Os Cadernos dialogaram com seu pblico-alvo e geraram indicaes preciosas

    para o processo de ensino-aprendizagem nas escolas e para a Secretaria, que gerencia

    esse processo.

    Esta nova verso considera o tempo de discusso, fundamental implantao

    da Proposta Curricular. Esse tempo foi compreendido como um momento nico,

    gerador de novos significados e de mudanas de ideias e atitudes.

    Os ajustes nos Cadernos levaram em conta o apoio a movimentos inovadores, no

    contexto das escolas, apostando na possibilidade de desenvolvimento da autonomia

    escolar, com indicaes permanentes sobre a avaliao dos critrios de qualidade da

    aprendizagem e de seus resultados.

    QUIM_1a_2bi.indd 5 6/5/2009 16:00:06

  • 6Sempre oportuno relembrar que os Cadernos espelharam-se, de forma objetiva, na

    Proposta Curricular, referncia comum a todas as escolas da Rede Estadual, revelando

    uma maneira indita de relacionar teoria e prtica e integrando as disciplinas e as

    sries em um projeto interdisciplinar por meio de um enfoque filosfico de Educao

    que definiu contedos, competncias e habilidades, metodologias, avaliao e recursos

    didticos.

    Esta nova verso d continuidade ao projeto poltico-educacional do Governo de

    So Paulo, para cumprir as 10 metas do Plano Estadual de Educao, e faz parte das

    aes propostas para a construo de uma escola melhor.

    O uso dos Cadernos em sala de aula foi um sucesso! Esto de parabns todos os que

    acreditaram na possibilidade de mudar os rumos da escola pblica, transformando-a

    em um espao, por excelncia, de aprendizagem. O objetivo dos Cadernos sempre ser

    apoiar os professores em suas prticas de sala de aula. Posso dizer que esse objetivo foi

    alcanado, porque os docentes da Rede Pblica do Estado de So Paulo fizeram dos

    Cadernos um instrumento pedaggico com vida e resultados.

    Conto mais uma vez com o entusiasmo e a dedicao de todos os professores, para

    que possamos marcar a Histria da Educao do Estado de So Paulo como sendo

    este um perodo em que buscamos e conseguimos, com sucesso, reverter o estigma que

    pesou sobre a escola pblica nos ltimos anos e oferecer educao bsica de qualidade

    a todas as crianas e jovens de nossa Rede. Para ns, da Secretaria, j possvel antever

    esse sucesso, que tambm de vocs.

    Bom ano letivo de trabalho a todos!

    maria ins FiniCoordenadora Geral

    Projeto So Paulo Faz Escola

    QUIM_1a_2bi.indd 6 6/5/2009 16:00:07

  • 7FichA do cAdeRnocombustveis: transformaes, massas e energias envolvidas

    nome da disciplina: Qumica

    rea: Cincias da Natureza e suas Tecnologias

    etapa da educao bsica: Ensino Mdio

    Srie: 1a

    Perodo letivo: 2o bimestre de 2009

    temas e contedos: Combustveis e combusto no dia-a-dia e no sistema produtivo Relaes em massa nas transformaes qumicas: conservao e proporo em massa Implicaes socioambientais da produo e do uso de combustveis Modelo atmico de John Dalton: ideias sobre a constituio e a transformao da matria

    QUIM_1a_2bi.indd 7 6/5/2009 16:00:07

  • 8oRientAo SobRe oS contedoS do bimeStReCaro(a) professor(a),

    Esperamos que este material possa atender

    aos seus anseios e auxili-lo no planejamento,

    na execuo e na avaliao de suas aulas. Os

    contedos que aqui sero abordados levam

    em considerao as orientaes dos Parme-

    tros Curriculares Nacionais para o Ensino

    Mdio (PCNEM), a matriz de competncias

    e habilidades do Exame Nacional do Ensino

    Mdio (Enem) e os princpios educacionais de

    contextualizao do conhecimento cientfico

    e da interdisciplinaridade. Acreditamos que,

    tratando de contedos socialmente relevantes,

    de forma que os estudantes possam participar

    ativamente na elaborao de seus prprios co-

    nhecimentos, poderemos alcanar o objetivo

    de fornecer nossa sociedade um servio edu-

    cacional de qualidade.

    Na 1a srie do Ensino Mdio sero es-

    tudadas as transformaes qumicas que

    ocorrem no dia-a-dia e no sistema produ-

    tivo e como o conhecimento cientfico pos-

    sibilita ao ser humano compreender, prever

    e controlar esses processos. Isso permitir

    a ampliao do conhecimento cientfico e a

    compreenso das aplicaes da Qumica e

    suas consequncias na sociedade, na econo-

    mia e no meio ambiente.

    Neste bimestre, sero estudados os com-

    bustveis, focalizando cinco principais as-

    suntos dentro deste tema: (a) os aspectos

    conceituais e representacionais das reaes de

    combusto; (b) a quantidade de energia libe-

    rada na queima de diferentes combustveis; (c)

    as relaes em massa envolvidas nas combus-

    tes e outras transformaes qumicas; (d) os

    impactos ambientais envolvidos na produo

    e no consumo de combustveis; (e) as ideias de

    John Dalton sobre a constituio e a transfor-

    mao da matria.

    Inicialmente, esses assuntos sero discu-

    tidos no nvel macroscpico, levando-se em

    conta somente as massas de reagentes e pro-

    dutos e as quantidades de energia que a quei-

    ma de diferentes combustveis pode fornecer.

    O modelo atmico de Dalton ser ento in-

    troduzido para que a conservao da massa

    (Lei de Lavoisier) e as propores constan-

    tes entre as massas de reagentes e produtos

    participantes de uma transformao qumica

    (Lei de Proust) possam ser entendidas no n-

    vel submicroscpico (atmico-molecular).

    Antes da introduo do modelo de Dalton,

    ser proposta uma atividade, Cena de um cri-

    me, que procura apresentar a ideia de modelo

    e teoria como criaes humanas consistentes,

    com evidncias, e que permitem explicaes e

    previses, mas que no podem ser igualadas

    verdade. Espera-se que os alunos compre-

    endam que o modelo de Dalton, embora no

    explique a natureza eltrica da matria, foi

    QUIM_1a_2bi.indd 8 6/5/2009 16:00:07

  • 9Qumica - 1a srie - Volume 2

    muito importante em sua poca e possibilitou

    que o entendimento das transformaes qu-

    micas pudesse ser ampliado. Almeja-se, enfim,

    que se entenda que todos os modelos apresen-

    tam limitaes e que podem ser abandonados,

    ampliados ou modificados luz de novos co-

    nhecimentos e descobertas, mas que isso no

    diminui sua importncia no processo de cons-

    truo do conhecimento humano.

    Na realizao dessas atividades, esperamos

    que sejam desenvolvidas as seguintes compe-

    tncias e habilidades:

    1. dominar a linguagem cientfica empregada na descrio de transformaes qumicas.

    Empregar corretamente termos como con-

    servao de massa, proporo em massa,

    modelo atmico, tomos, elementos qumi-

    cos e massa atmica;

    2. construir e aplicar conceitos das vrias re-as do conhecimento para compreender as

    transformaes qumicas que ocorrem no

    dia-a-dia e no sistema produtivo, em espe-

    cial as relaes em massa e o uso de mo-

    delos explicativos para a interpretao ao

    nvel microscpico;

    3. selecionar, organizar, relacionar e interpre-tar dados e informaes representados em

    textos, tabelas e grficos referentes s trans-

    formaes qumicas e s massas envolvidas,

    para tomar decises e enfrentar situaes-

    problema. Interpretar as transformaes

    qumicas a partir das ideias de John Dalton

    sobre a constituio da matria;

    4. relacionar informaes com dados de ob-servaes diretas, textos descritivos e dados

    de propriedades especficas para construir

    argumentaes consistentes sobre o uso e a

    produo de combustveis;

    5. recorrer aos conhecimentos sobre as transformaes qumicas envolvidas na

    queima de combustveis para propor in-

    tervenes na realidade da comunidade

    escolar, visando melhoria da qualidade

    de vida.

    As Situaes de Aprendizagem propostas

    neste Caderno foram concebidas tendo em

    vista as condies limitadas s quais muitas

    vezes voc, professor, est sujeito. Acredita-

    mos no potencial dos professores de Qumi-

    ca de So Paulo e esperamos que as devidas

    adaptaes possam ser feitas sem que haja

    perda de qualidade nas Situaes de Apren-

    dizagem propostas. Sugerimos a realizao

    de experimentos, leituras de textos, ativida-

    des com papel e lpis, uso da lousa e de aulas

    expositivas dialgicas como estratgias did-

    ticas para o ensino dos temas propostos para

    este 2o bimestre.

    Os materiais elaborados pelos alunos e os

    resultados apresentados ao longo do bimestre

    na realizao das atividades propostas devem

    ser avaliados em termos de expectativas de

    aprendizagem dos conhecimentos essenciais

    ao prosseguimento dos estudos nas etapas

    subsequentes. Esses conhecimentos a ser prio-

    rizados so discutidos em cada uma das Situ-

    aes de Aprendizagem deste Caderno.

    QUIM_1a_2bi.indd 9 6/5/2009 16:00:07

  • 10

    SituAeS de APRendizAgem

    vistos na Atividade 2 da Situao de Apren-

    dizagem 3 do Caderno anterior. No devem

    ser abordados, neste momento, os conceitos

    de energia de ligao ou entalpia, visto que

    ainda no foi discutido um modelo corpus-

    cular da matria e, nessa introduo ao tema,

    no necessrio tal aprofundamento. A dis-

    cusso neste bimestre deve se dar apenas no

    nvel fenomenolgico; o uso de modelos ex-

    plicativos sobre a formao e o consumo de

    energia nas reaes qumicas ser discutido

    nos bimestres posteriores. As indicaes em

    relao ao uso de smbolos, frmulas e equa-

    es qumicas apresentadas no Caderno ante-

    rior continuam vlidas, ou seja:

    as frmulas devem ser tratadas como re- fpresentaes qumicas das substncias,

    sem a preocupao, neste momento, com

    a compreenso dos significados dos smbo-

    los qumicos e seus ndices;

    as equaes qumicas devem ser trata- fdas como representaes das interaes e

    transformaes qumicas, sem a preocupa-

    o com o balanceamento, o rearranjo de

    tomos ou as ligaes qumicas.

    SITUAO DE APRENDIzAGEM 1 COMBUSTVEIS E COMBUSTO NO DIA-A-DIA

    E NO SISTEMA PRODUTIVO

    Nesta Situao de Aprendizagem sero

    conhecidos e analisados diferentes combust-

    veis, alguns empregados na produo da cal

    e do ferro e outros em veculos automotivos.

    Este tema foi escolhido por proporcionar um

    contexto de estudo por meio do qual as trans-

    formaes qumicas podem ser compreendi-

    das de maneira significativa. Para isso, sero

    ressaltadas as relaes entre a massa de um

    combustvel e a quantidade de energia que sua

    combusto capaz de gerar, alm de alguns

    aspectos cientficos e tecnolgicos do uso de

    combustveis como carvo, lcool e gasolina.

    Esta situao tem a funo de estabele-

    cer uma ponte entre os assuntos tratados no

    1o bimestre e os temas que sero abordados

    neste 2o bimestre. Retoma-se a produo da

    cal e do ferro, desta vez destacando o com-

    bustvel usado nesses processos, e no os

    produtos em si. No se espera que sejam es-

    gotados os contedos relacionados ao tema

    combustveis e combusto ou os conceitos

    da termoqumica apenas nesta Situao de

    Aprendizagem. Trata-se de uma ampliao

    da compreenso dos aspectos energticos

    envolvidos nas transformaes qumicas,

    QUIM_1a_2bi.indd 10 6/5/2009 16:00:07

  • 11

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    tempo previsto: 4 aulas.

    contedos e temas: uso de diferentes combustveis; caloria; poder calorfi co; reao de combusto.

    competncias e habilidades: analisar dados referentes s massas e energia envolvida na queima de com-bustveis, estabelecendo relaes de proporcionalidade entre essas duas grandezas.

    estratgias: levantamento das ideias dos alunos; exposio dialogada.

    Recursos: lousa e giz; questes presentes neste Caderno.

    Avaliao: respostas s questes e participao nas aulas.

    Atividade 1 combusto do carvo na produo da cal e do ferro

    Sugere-se que esta atividade seja iniciada

    com um levantamento das ideias que os alu-

    nos tm sobre o uso de combustveis. Algumas

    das questes que podem ser propostas so:

    Vocs conhecem algum combustvel? O que so

    combustveis? Para que so usados? As respos-

    tas podem ser escritas num canto da lousa e

    organizadas em uma lista com os nomes dos

    combustveis e seus usos, porm no h neces-

    sidade, neste momento, de entrar em detalhes

    sobre as formas de produo e os usos desses

    combustveis, nem especifi car suas caracters-

    ticas. O importante que os alunos saibam

    que h uma grande diversidade de materiais

    usados como combustveis para a produo

    de energia trmica e luz, e que esses podem ser

    usados em diferentes situaes.

    Pode-se retomar os processos de produo

    da cal e do ferro, discutidos no bimestre an-

    terior. Para isso, faa um esboo de um forno

    de calcinao na lousa e indique onde os ma-

    teriais so dispostos, quais matrias-primas

    so empregadas e quais produtos so obtidos.

    Os fornos de calcinao de calcrio podem

    apresentar diversos formatos, portanto no

    preciso dar ateno a detalhes quanto ao de-

    senho. Uma sugesto de esboo apresentada

    a seguir:

    Esboo de um forno de calcinao de calcrio.

    sada de gs

    entrada de calcrio

    paredes detijolos

    sadada cal

    entradade carvo e ar

    Con

    exo

    Edi

    tori

    al

    QUIM_1a_2bi.indd 11 6/5/2009 16:00:08

  • 12

    A produo da cal e do ferro, como visto

    anteriormente, apresenta diversos aspectos

    cientficos e tecnolgicos que podem ser inter-

    pretados luz dos conhecimentos qumicos.

    Um desses aspectos a necessidade da queima

    de combustveis para o fornecimento de ener-

    gia nas reaes qumicas que ocorrem no for-

    no de calcinao do calcrio e no alto-forno

    siderrgico.

    Lembre aos alunos que, conforme visto

    anteriormente, em ambos os casos o combus-

    tvel empregado o carvo. No caso da cal-

    cinao do calcrio, utiliza-se o carvo mais

    por convenincia do que por necessidade, isto

    , o carvo usado, entre outros motivos, por

    ser um combustvel de baixo custo e de fcil

    obteno. Assim, ele poderia ser substitudo

    por outras fontes de energia, como a lenha, o

    gs natural ou o leo diesel, que fornecem a

    energia necessria para que o calcrio alcance

    temperaturas superiores a 900 C, sua tempe-

    ratura de decomposio trmica em xido de

    clcio (CaO) e gs carbnico (CO2). Entretan-

    to, tais mudanas exigiriam modificaes nos

    fornos de calcinao e provavelmente resulta-

    riam em maiores custos com combustvel.

    Por outro lado, o carvo siderrgico, ou

    seja, aquele empregado na produo do ferro,

    no pode ser substitudo por outro combust-

    vel, pois apresenta uma dupla funo: alm de

    fornecer a energia necessria para que ocor-

    ram algumas transformaes qumicas no

    alto-forno, ele um dos reagentes necessrios

    produo do ferro. O carvo, ao interagir

    com quantidades reduzidas de oxignio, for-

    ma monxido de carbono (CO), que interage

    com xidos de ferro produzindo ferro metli-

    co. Esse processo ser visto com mais detalhes

    no prximo bimestre.

    O carvo usado em escala industrial

    como fonte de energia trmica tanto na ob-

    teno da cal como na obteno do ferro. A

    tabela a seguir mostra os dados de consumo

    de carvo na produo de 1 kg, ou seja, 1 000 g

    de cal e de ferro.

    massa de carvo consumida

    na produo de 1 000 g (1 kg) de cal

    na produo de 1 000 g (1 kg) de ferro

    312 g 910 g

    Na anlise da tabela, algumas questes

    simples podem ser propostas para avaliar o

    entendimento sobre as informaes apresen-

    tadas. Pode-se perguntar, por exemplo: O que

    consome mais carvo, a produo de 1 kg de cal

    ou de 1 kg de ferro?

    apresentada a seguir uma questo para

    que os estudantes relacionem a massa de cal

    produzida e a massa de carvo consumida nes-

    te processo.

    Questo

    Segundo a Associao Brasileira de Produ- ftores de Cal (ABPC), a produo de cal no

    Brasil em 2006 foi de 7 milhes de tonela-

    das. A partir deste dado e das informaes

    da tabela acima:

    QUIM_1a_2bi.indd 12 6/5/2009 16:00:08

  • 13

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    a) Expresse a massa, em gramas, de cal

    produzida em 2006, levando em conta

    que 1 t = 106 g = 1 000 000 g.

    b) Calcule a quantidade de carvo, em to-

    neladas, consumido no Brasil apenas na

    produo de cal durante o ano de 2006.

    grade de avaliao da Atividade 1

    Nesta questo ser necessrio ler, interpre-

    tar e utilizar os dados da tabela e do enunciado,

    estabelecer uma relao de proporcionalidade

    e calcular o valor solicitado. Por isso, d tem-

    po para que os alunos reflitam e respondam

    questo.

    possvel a resoluo da seguinte forma:

    a) 7,0 milhes de toneladas = 7,0 x 106 t

    Como 1 t equivale a 106 g 7,0 x 106 t = 7,0 x 106 x 106 g =

    7,0 x 1 012 g

    b)

    Assim, para a produo de 7,0 milhes de

    toneladas de cal foram usados 2,2 milhes de

    toneladas de carvo.

    Uma provvel dificuldade que pode ser

    apresentada na resoluo desta questo diz

    respeito ao uso da notao cientfica. Talvez

    seja este o momento em que se deva fazer uma

    reviso sobre esse tpico ou, em ltimo caso,

    solicitar que o professor da disciplina de Ma-

    temtica a faa. Outra dvida que pode apare-

    cer refere-se forma de expressar o resultado

    final. Nesse caso, pode-se retomar o conceito

    de algarismos significativos1 e mostrar que,

    como o dado de partida (7,0 milhes de to-

    neladas) apresenta apenas dois algarismos

    significativos, o resultado final fica limitado a

    apenas dois algarismos significativos (2,2 mi-

    lhes de toneladas).

    Atividade 2 o poder calorfico dos combustveis

    A escolha de um combustvel deve considerar

    outros fatores alm do custo e da disponibilida-

    de. importante tambm que o combustvel a

    ser escolhido apresente uma boa produtividade

    de energia. Como as mesmas massas de distintos

    combustveis liberam quantidades diferentes de

    energia, desejvel que o combustvel escolhido

    consuma a menor massa possvel na liberao

    da energia requerida para um dado processo.

    1 So os algarismos dos quais se tem certeza, mais o primeiro algarismo duvidoso de uma medida. Os zeros esquerda no so considerados algarismos significativos. O nmero 0,00342 apresenta apenas trs algarismos significativos, dois dos quais se tem certeza (3 e 4), e um algarismo duvidoso (2). As respostas finais no podem apresentar mais algarismos significativos do que o dado de origem com menor nmero de algarismos significati-vos: 1,223 + 2,3 = 3,523 = 3,5.

    Massa de carvo

    Massa de cal

    X

    7,0 x 1012 g

    312 g

    1 000 g=

    X = 2,184 x 1012 g

    X 2,2 x 106 t

    QUIM_1a_2bi.indd 13 6/5/2009 16:00:08

  • 14

    A tabela a seguir permite a melhor visuali-

    zao da relao entre massa de combustvel

    e energia trmica liberada na combusto, da-

    dos que sero utilizados nas prximas aulas.

    combustvel

    energia trmica liberada na combusto de 1,0 kg de combustvel

    em kJ/kg em kcal/kg

    Gs de cozinha (GLP)2 49 030 11 730

    Gasolina (sem lcool) 46 900 11 220

    Gasolina (com 20% de lcool) 40 546 9 700

    leo diesel 44 851 10 730

    Carvo 28 424 6 800

    Lenha 10 550 2 524

    Etanol 29 636 7 090

    lcool combustvel 27 200 6 507

    Biogs 25 000 6 000

    Gs natural 37 800 9 054

    A quantidade de energia trmica liberada

    na queima de 1 kg de combustvel chama-

    da de poder calorfico e pode ser expressa em quilojoules por quilograma (kJ/kg) ou em

    quilocalorias por quilograma (kcal/kg) de

    combustvel. A comparao dos poderes ca-

    lorficos de diferentes combustveis um dos

    critrios para a sua escolha. Nesse aspecto,

    quanto maior o poder calorfico, melhor o

    combustvel.

    2 Gs liquefeito de petrleo, uma mistura de propano (C3H8) e butano (C4H10).

    importante destacar o fato de que a maio-

    ria dos combustveis formada por misturas de

    substncias e que as propores entre as subs-

    tncias que compem cada combustvel podem

    variar dependendo da forma como foi obtido,

    de sua origem ou do mtodo usado para sua pu-

    rificao. Em decorrncia dessas diferenas de

    composio, o poder calorfico em geral repre-

    senta a mdia de valores de certas variedades de

    combustvel com composies bem especficas.

    Tabela baseada em: GEPEQ. Interaes e transformaes I: elaborando conceitos sobre transformaes qumicas. Livro do Aluno / GEPEQ. So Paulo: Edusp, 2005, p. 218.

    QUIM_1a_2bi.indd 14 6/5/2009 16:00:08

  • 15

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    O biogs um exemplo disso. Este gs

    combustvel formado por uma mistura de

    diversos gases, sendo o metano (CH4) e o gs

    carbnico seus maiores constituintes. Depen-

    dendo da forma como ele produzido, pode

    haver diferentes teores do gs metano (com-

    bustvel). Em geral, o biogs apresenta entre

    50% e 70% de metano e seu poder calorfico

    pode variar entre 5 000 e 7 000 kcal/kg.

    O mesmo pode ocorrer com o carvo mi-

    neral, que, em sua formao geolgica, pas-

    sa por diferentes estgios e tem seu teor de

    carbono modificado progressivamente. Cada

    estgio apresenta um nome especfico e uma

    faixa de teor de carbono e de poder calorfico,

    como mostrado na tabela abaixo.

    tipos de carvo

    turfa linhito hulha Antracito

    teor de carbono

    (%)50-60 60-75 75-90 90-95

    Poder calorfico

    (kJ/g)25 25-30 30-35 35-38

    No necessrio, neste momento, que se

    discutam de forma aprofundada essas ques-

    tes em sala de aula. Basta que fique claro que

    a composio dos muitos combustveis pode

    variar um pouco pelo fato de serem formados

    por misturas de vrias substncias; por isso, o

    poder calorfico pode variar tambm.

    So sugeridas a seguir algumas questes

    que envolvem o clculo de massa de combus-

    tvel e de energia liberada em sua combusto.

    Para responder a essas questes, os alunos de-

    vem ter em mos os dados de poderes calorfi-

    cos apresentados anteriormente.

    Questes

    1. Analise a tabela de poder calorfico de di-versos combustiveis e responda:

    a) Qual dos combustveis apresenta maior

    poder calorfico?

    b) Qual dos combustveis apresenta menor

    poder calorfico?

    2. Que quantidade de energia trmica pode ser liberada na combusto de 5,0 kg de lenha?

    3. Que massa de carvo necessria queimar para liberar 17 000 kcal?

    4. A queima de 1,0 kg de gs natural gera em torno de 9,1 x 103 kcal de energia. Responda:

    a) Que quantidade de energia trmica

    pode ser liberada na queima de 30 kg de

    gs natural?

    b) Qual massa de biogs deve ser queima-

    da para gerar a mesma quantidade de

    energia que 1,0 kg de gs natural?

    5. Em qual das situaes h maior liberao de energia trmica: na combusto de 30 kg de

    gasolina com 20% de lcool ou na combus-

    to de 40 kg de lcool combustvel? Justifi-

    que sua resposta, apresentando os clculos e

    as concluses.

    QUIM_1a_2bi.indd 15 6/5/2009 16:00:08

  • 16

    6. Em mdia, um alto-forno produz 4,0 x 104 kg de ferro de uma vez, consumindo cerca de

    0,91 kg de carvo para cada 1,0 kg de ferro

    produzido. Nessas condies, que quan-

    tidade de energia pode ser liberada no

    alto-forno por meio da queima do carvo?

    grade de avaliao da Atividade 2

    Nesta atividade, fundamental que os alu-

    nos compreendam duas ideias principais: a

    relao de proporcionalidade entre a massa

    de combustvel e a energia trmica liberada

    na combusto, ou seja, quanto maior a massa

    de um combustvel queimado, maior a quan-

    tidade de energia trmica liberada; e que cada

    combustvel tem um poder calorfico prprio.

    As trs primeiras questes so mais simples

    e a maioria dos estudantes no deve apresen-

    tar muita dificuldade em respond-las. Ao res-

    ponder questo 1, o aluno deve reconhecer

    que, entre os combustveis da tabela, o gs de

    cozinha (GLP) o que apresenta maior poder

    calorfico e que a lenha apresenta o menor.

    Na questo 2, a quantidade de energia

    pode ser calculada em quilojoules, obtendo-se

    como resultado 52 750 kJ (ou, mais correta-

    mente, 5,3 x 104 kJ), ou em quilocalorias, tendo

    como resultado 12 620 kcal (ou 1,3 x 104 kcal).

    A questo 3 tem como resposta 2,5 kg de

    carvo.

    O grau de dificuldade eleva-se a partir da

    questo 4, por exigir a compreenso dos con-

    ceitos de notao cientfica e algarismos signifi-

    cativos. No item a deve-se obter como resultado 2,7 x 105 kcal e no item b, 1,5 kg de biogs.

    Na questo 5 (proposta no Caderno do

    Aluno CA como Lio de Casa, questo 1,

    p. 6), deve-se calcular a quantidade de energia

    liberada na combusto da gasolina (1,2 x 106 kJ)

    e do lcool (1,1 x 106 kJ) para justificar o fato

    de que na combusto de 30 kg de gasolina

    libera-se mais energia do que na combusto

    de 40 kg de lcool.

    Das questes sugeridas, a questo 6 , sem

    dvida, a mais desafiadora. As eventuais di-

    ficuldades apresentadas anteriormente em

    relao ao uso de notao cientfica e aos al-

    garismos significativos podem se repetir nesta

    questo. Assim, deve-se estar atento aos dados

    do enunciado e apresentao do resultado.

    Esta questo pode ser resolvida da seguinte

    forma:

    c f lculo da massa de carvo consumido na produo de 4,0 x 104 kg de ferro:

    clculo da quantidade de energia trmica fliberada na combusto de 3,64 x 104 kg de

    carvo:

    Massa de carvo

    Massa de ferro

    X

    4,0 x 104 kg

    0,91 kg

    1,0 kg=

    X = 3,64 x 104 kg

    QUIM_1a_2bi.indd 16 6/5/2009 16:00:08

  • 17

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    A produo de 4,0 x 104 kg de ferro envolve

    a liberao de cerca de 2,5 x 108 kcal de ener-

    gia obtida pela queima de carvo.

    Sugesto de questes para pesquisa

    1. Alm do preo, disponibilidade e poder ca-lorfico, que outros fatores podem ser consi-

    derados na escolha de um combustvel?

    2. Por que a gasolina comercializada no Brasil apresenta cerca de 20% de etanol, sendo

    que ela isenta de lcool tem poder calorfi-

    co maior?

    Atividade 3 A combusto

    Alm de conhecer os combustveis e suas pro-

    priedades, importante que os alunos compreen-

    dam como se d o seu processo de combusto.

    Para ocorrer a combusto so necessrias,

    alm do combustvel, a presena de gs oxig-

    nio na quantidade ideal e uma pequena quanti-

    dade de energia para iniciar o processo. Assim,

    define-se combusto como sendo uma transfor-

    mao qumica que envolve a interao de ma-

    terial combustvel com um comburente (quase

    sempre o oxignio), em que h liberao de

    energia trmica (transformao exotrmica).

    Mesmo que a combusto j tenha sido es-

    tudada no Ensino Fundamental, este assunto

    pode ser retomado a partir do tringulo da

    combusto.

    Tringulo da combusto.

    Pode-se destacar, na discusso desse esque-

    ma, o fato de que apenas a presena do com-

    bustvel no suficiente para ocorrer a reao

    de combusto. O combustvel deve estar em

    contato com um comburente, ou seja, outro

    reagente que participar da combusto ge-

    ralmente o gs oxignio constituinte do ar , e

    esses materiais devem receber uma quantida-

    de inicial de energia para interagirem.

    bom frisar que essa quantidade inicial de

    energia trmica pode ter diferentes origens.

    Em geral, quando se pergunta sobre o que

    necessrio para ocorrer a combusto de um

    material, os alunos respondem oxignio e

    fogo. A ideia de que necessrio fogo para

    ocorrer combusto muito recorrente. Esta

    concepo pode ser confrontada levando-os

    Energia

    Massa de carvo

    6 800 kcal

    1,0 kg

    Y

    3,64 x 104 kg

    =

    ou Y 2,5 x 108 kcalY = 24 752 x 104 kcalCALOR

    COMBURENTE COMBUSTVEL

    QUIM_1a_2bi.indd 17 6/5/2009 16:00:08

  • 18

    a refletir sobre fenmenos como acender um

    palito de fsforo, queimar uma folha de pa-

    pel usando uma lente para concentrar os raios

    solares, ou usar o pirgrafo3 para escrever ou

    desenhar na madeira. Sugere-se que esses fe-

    nmenos sejam expostos um a um e que os

    estudantes sejam solicitados a dizer se houve

    ou no a combusto e, em caso positivo, expli-

    car como ela ocorreu. O objetivo, neste caso,

    que os alunos concluam que, para ocorrer

    combusto, no necessrio haver fogo, e sim

    energia trmica, que pode vir do atrito, da luz

    concentrada ou de uma resistncia eltrica,

    por exemplo.

    Outro aspecto interessante a ser tratado

    em sala de aula o fato das combustes po-

    derem ou no apresentar chama e emitir luz,

    dependendo do tipo de combustvel e da for-

    ma como ocorrem. A queima do carvo numa

    churrasqueira ou de um pedao de palha de

    ao, por exemplo, acontece sem a presena de

    chama, mas com emisso de energia trmica

    e luz. J na combusto da glicose no interior

    das clulas, ocorre apenas a liberao de ener-

    gia trmica. Embora possam existir diferenas

    entre as combustes, elas sempre sero trans-

    formaes qumicas exotrmicas, ou seja, que

    liberam energia trmica.

    Outro fato pouco discutido nas aulas de

    Qumica o de que combustveis lquidos no

    pegam fogo. Nesse caso, o que entra em com-

    busto so os gases formados pela evapora-

    o dos lquidos combustveis. Tanto que,

    quando resfriados abaixo de certas tempera-

    turas, os combustveis lquidos no vaporizam

    em quantidade suficiente para que ocorra a

    combusto, mesmo prximos de uma chama.

    Essa temperatura mnima para que o vapor

    de um combustvel misturado com ar inflame

    na presena de chama denominada tempe-ratura de fulgor. O etanol, por exemplo, no queima, mesmo na presena de chama, em

    temperaturas inferiores a 13 C, ou seja, essa

    sua temperatura de fulgor. A facilidade com

    que um combustvel lquido pode queimar

    est relacionada quantidade de vapor que

    se forma em sua superfcie. Quanto menor a

    temperatura de ebulio de um lquido, mais

    facilmente ele evapora e, consequentemente,

    mais facilmente entra em combusto.

    As combustes, por serem transformaes

    qumicas, podem tambm ser representadas

    por meio de equaes qumicas. Os reagentes

    de uma combusto so o combustvel e o com-

    burente, que quase sempre o gs oxignio4.

    Os produtos vo depender do tipo de combus-

    tvel empregado e da quantidade de oxignio

    disponvel para a combusto. Tomando como

    exemplo o carvo, usado como combustvel

    na produo da cal e do ferro, pode-se repre-

    sentar sua combusto considerando apenas a

    3 Equipamento eltrico que apresenta uma ponta metlica aquecida por uma resistncia eltrica, utilizado para fazer inscries em objetos de madeira.

    4 Alm do oxignio, o gs cloro tambm atua como comburente quando, por exemplo, reage com hidrognio (H2(g) + Cl2(g) 2 HCl(g) + energia) ou com ferro (2 Fe(s) + 3Cl2(g) 2 FeCl3(s) + energia).

    QUIM_1a_2bi.indd 18 6/5/2009 16:00:09

  • 19

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    interao do carbono, maior constituinte do

    carvo, com o oxignio do ar.

    carvo (carbono) + gs oxignio gs carbnico + energia

    C(s) + O2(g) CO2(g) + energia

    Estas e outras equaes qumicas que se-

    ro apresentadas neste bimestre no esto

    balanceadas porque, neste momento, apenas

    traduzem a linguagem discursiva para a lin-

    guagem simblica da Qumica. No se espera

    que sejam estabelecidas relaes de proporcio-

    nalidade em termos de quantidade de part-

    culas ou de matria (mol) entre os reagentes e

    produtos. Assim, a introduo de coeficientes

    estequiomtricos nas equaes qumicas seria

    apenas um fator complicador e no acrescen-

    taria nada aos alunos.

    Alguns professores e autores preferem no

    incluir o termo energia ou mesmo o valor

    de energia na equao qumica, alegando que

    apenas substncias devem fazer parte desta

    equao. Entretanto, optamos por inclu-lo

    para indicar que nas transformaes qumicas

    a energia faz parte do processo, podendo ser

    absorvida ou liberada. No caso especfico das

    combustes, a energia sempre liberada e, por

    isso, aparece ao lado dos produtos. necess-

    rio esclarecer, ao interpretar a equao qumi-

    ca, que energia no se trata de um material ou uma substncia.

    Pode-se, ainda, apresentar outras transfor-

    maes qumicas representadas por equaes

    que mostrem a combusto de outros materiais,

    como do lcool combustvel:

    lcool combustvel (etanol) + gs oxignio gs carbnico + gua + energia

    C2H5OH(g) + O2(g) CO2(g) + H2O(g) + energia

    ou da gasolina (representada pelo octano):

    gasolina (octano) + gs oxignio gs carbnico + gua + energia

    C8H18(g) + O2(g) CO2(g) + H2O(g) + energia

    Ao interpretar essas ou outras representaes

    da combusto, procure destacar quais so os re-

    agentes que participam da transformao qumi-

    ca, quais so os produtos formados, que formas

    de energia podem ser liberadas, que evidncias

    de transformao qumica poderiam ser per-

    cebidas etc. interessante tambm que a inter-

    pretao da combusto seja escrita por extenso,

    estabelecendo relaes entre a linguagem verbal

    (discursiva) e a simblica. Pode-se fazer isso, por

    exemplo, a partir da queima do metano:

    CH4(g) + O2(g) CO2(g) + H2O(g)

    O metano gasoso reage com o gs oxignio formando dixido de carbono gasoso (ou gs carbnico) e gua no estado gasoso.

    So apresentadas a seguir sugestes de

    questes que envolvem a compreenso concei-

    tual das combustes e o domnio das lingua-

    gens discursiva escrita e simblica.

    QUIM_1a_2bi.indd 19 6/5/2009 16:00:09

  • 20

    Questes

    1. Considere as combustes a seguir e com-plete o quadro abaixo:

    I. queima de carvo (C) para churrasco;

    II. queima de lcool etlico ou etanol

    (C2H5OH);

    III. queima de palha de ao, constituda ba-sicamente de ferro (Fe), com formao

    apenas de xido de ferro III (Fe2O3).

    combusto Reagentes Produtosmanifestao de energia liberada

    Apresenta chama?

    I

    II

    III

    2. Interprete por extenso as trs combus-tes apresentadas na questo anterior e

    proponha equaes qumicas que as re-

    presentem.

    3. Um estudante definiu combusto da se-guinte forma: combusto uma rea-

    o qumica que forma gs carbnico e

    gua. Analise a definio do estudante e

    diga o que est correto e o que est erra-

    do nela. Proponha outra definio para o

    termo combusto.

    4. O enxofre (S) um slido amarelo que pode ser queimado facilmente, formando dixi-

    do de enxofre gasoso (SO2). Proponha uma

    equao qumica que represente essa com-

    busto (CA, Lio de Casa, questo 1, p. 9).

    5. A tabela a seguir mostra as temperaturas de ebulio e de fulgor de alguns combust-

    veis (CA, Lio de Casa, questo 2, p. 10).

    combustveltemperatura de

    ebulio (c)temperatura de fulgor (c)

    Etanol 78 13

    Gasolina 40-200 -43

    Querosene 175-320 45

    Responda:

    a) Explique por que a gasolina e o quero-

    sene apresentam uma faixa varivel de

    temperatura de ebulio enquanto o

    etanol apresenta temperatura de ebuli-

    o bem determinada.

    b) Qual a temperatura mnima da ga-

    solina para que ocorra sua combusto

    quando dela se aproxima uma chama?

    E do querosene?

    c) A partir desses dados, proponha uma ex-

    plicao para o fato dos carros a lcool

    QUIM_1a_2bi.indd 20 6/5/2009 16:00:09

  • 21

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    mais antigos terem problema para dar

    partida em dias frios.

    grade de avaliao da Atividade 3

    Nesta atividade buscou-se abordar aspec-

    tos qualitativos, tecnolgicos, conceituais e re-

    presentacionais das combustes. As questes

    propostas para a avaliao da aprendizagem

    buscam abranger esses aspectos, fazendo com

    que se tenha uma compreenso mais clara so-

    bre o processo de combusto.

    Na questo 1 importante que o aluno com-

    preenda que a combusto uma transforma-

    o qumica e que saiba identificar os reagentes

    e produtos envolvidos, alm dos aspectos ener-

    gticos e qualitativos das combustes.

    combusto Reagentes Produtos energia liberada tem chama

    I C + O2 CO2 trmica, luz talvez

    II C2H5OH + O2 CO2 + H2O trmica, luz sim

    III Fe + O2 Fe2O3 trmica, luz no

    na combusto sempre ocorre liberao de fenergia.

    Na questo 5 retomado o conceito de

    temperatura de ebulio, discutido no bimes-

    tre anterior. No item a, deve-se compreender que muitos combustveis no apresentam tem-

    peraturas de ebulio bem determinadas, pois

    so misturas de substncias, como no caso da

    gasolina e do querosene. No item b, espera-se que sejam capazes de aplicar o conceito de

    temperatura de fulgor para comparar a facili-

    dade de se inflamar os combustveis. Os alunos

    devem reconhecer que a temperatura mnima

    para que a gasolina queime na presena de

    chama de -43 C e que, no caso do quero-

    sene, de 45 C. No item c, espera-se que eles compreendam que o fato da gasolina ter com-

    ponentes bastante volteis (com temperaturas

    de ebulio a partir de 40 C) e temperatura de

    fulgor baixa (-43 C), quando comparada ao

    As questes 2 e 4 buscam desenvolver a

    habilidade de transitar entre a linguagem sim-

    blica das equaes qumicas e a linguagem

    discursiva escrita.

    A questo 3 conceitual e busca desenvol-

    ver a metacognio por motivar o estudante a

    refletir sobre sua prpria concepo do concei-

    to de combusto. importante que as respos-

    tas dadas contemplem os seguintes pontos:

    a combusto uma transformao qumica; f

    a combusto envolve a interao de um fcombustvel com um comburente, quase

    sempre o oxignio do ar;

    os produtos da combusto dependem dos freagentes empregados na combusto, ou

    seja, no se formam necessariamente gs

    carbnico e gua numa combusto;

    QUIM_1a_2bi.indd 21 6/5/2009 16:00:09

  • 22

    lcool, faz com que seja mais fcil dar parti-

    da em carros a gasolina do que em carros a

    lcool. Como o lcool menos voltil que a

    gasolina (tem temperatura de ebulio supe-

    rior de alguns componentes da gasolina),

    a quantidade de vapores de etanol formados

    nos motores a carburao pequena em dias

    frios e, por isso, a combusto dificultada.

    Entretanto, bom frisar que os automveis

    mais modernos (construdos a partir de mea-

    dos da dcada de 1990) no apresentam mais

    esse problema.

    Como se pde perceber, esta Situao de

    Aprendizagem possibilita inmeras abor-

    dagens alm da possibilidade de estabeleci-

    mento de relaes interdisciplinares com a

    Geografia, por exemplo. As questes envolvi-

    das com a minerao de carvo, explorao

    de poos de petrleo ou uso da monocultura

    da cana-de-acar para a produo de lcool

    combustvel podem suscitar interessantes dis-

    cusses sobre aspectos sociais, ambientais,

    tecnolgicos, polticos, econmicos e cientfi-

    cos. Entretanto, deve-se ter em mente que o

    que foi proposto aqui apenas um pequeno

    recorte de tudo aquilo que pode ser aborda-

    do. Acreditamos, contudo, que a forma como

    est proposto o contedo pode auxiliar os es-

    tudantes a alcanar alguns dos objetivos prin-

    cipais deste 2o bimestre da 1a srie do Ensino

    Mdio, que so: compreender as relaes de

    proporcionalidade entre a massa de um com-

    bustvel queimado e a energia liberada em sua

    combusto; compreender os aspectos qualita-

    tivos e conceituais principais das combustes;

    e conhecer alguns importantes combustveis e

    suas caractersticas gerais.

    SITUAO DE APRENDIzAGEM 2 RELAES EM MASSA NAS TRANSFORMAES

    QUMICAS: CONSERVAO E PROPORO EM MASSA

    Nesta Situao de Aprendizagem sero de-

    senvolvidas as ideias de conservao de mas-

    sa e relaes proporcionais entre reagentes e

    produtos envolvidos em uma transformao

    qumica. A construo dessas ideias se dar

    ao longo de trs momentos pedaggicos dis-

    tintos. Inicia-se o estudo com uma problema-

    tizao das observaes sobre mudanas de

    massa na combusto do papel e da palha de

    ao. A seguir, os conceitos de conservao de

    massa e de proporo em massa nas transfor-

    maes qumicas so desenvolvidos, usando-se

    para isso dados tabelados das quantidades de

    reagentes e produtos da combusto do carvo

    e tambm dados obtidos de um segundo expe-

    rimento demonstrativo a ser realizado em sala

    de aula. Num terceiro momento, as explicaes

    fornecidas pelos alunos sobre o que acontece

    com as massas do papel e da palha de ao aps

    a combusto so retomadas e reconstrudas.

    QUIM_1a_2bi.indd 22 6/5/2009 16:00:09

  • 23

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    Essas ideias podem constituir obstculos

    para a compreenso da lei de conservao de

    massa e do processo de combusto. A supera-

    o dessas concepes e a construo dos con-

    ceitos de conservao e proporo em massa

    so os objetivos desta atividade.

    Sugere-se que, aps um levantamento das

    ideias iniciais dos estudantes e a retomada dos

    tpicos mais importantes da Situao de Apren-

    dizagem anterior, seja realizada a atividade ex-

    perimental demonstrativa apresentada a seguir.

    Nesta atividade, sero propostas explica-

    es para a diferena de massas observadas

    nas combustes do papel e da palha de ao.

    Esse experimento tem carter qualitativo e

    pode ser feito com materiais de fcil obten-

    o. A partir de sua discusso, ser possvel

    conhecer melhor como os alunos compreen-

    dem a conservao de massa nas transforma-

    es qumicas e a participao de substncias

    gasosas nesses processos.

    tempo previsto: 5 aulas.

    contedos e temas: conservao de massa nas transformaes qumicas e relaes proporcionais entre as massas envolvidas em uma transformao qumica.

    competncias e habilidades: perceber a conservao da massa nas transformaes qumicas; analisar dados de massas de reagentes e de produtos estabelecendo relaes de proporcionalidade entre eles; aplicar os conceitos de conservao e proporo em massa na previso de quantidades envolvidas nas transformaes qumicas.

    estratgias: exposio dialogada; experimentos demonstrativos; exerccios.

    Recursos: lousa e giz; questes presentes neste Caderno; materiais e reagentes indicados nos roteiros dos experimentos.

    Avaliao: respostas s questes e participao na discusso dos experimentos.

    Atividade 1 Problematizao inicial: o experimento da queima da palha de ao

    Alguns problemas conceituais surgem cor-

    riqueiramente no ensino do tema combusto.

    Em primeiro lugar, comum que os alunos

    desconsiderem a participao dos gases na

    combusto e comparem apenas as massas dos

    materiais slidos (carvo e cinzas, por exem-

    plo). Em segundo lugar, mesmo aqueles que

    consideram os gases envolvidos na combusto

    (oxignio e dixido de carbono, por exemplo),

    podem pensar que gases no possuem massa.

    Pode-se tambm apresentar a concepo

    alternativa de que tudo o que queima diminui

    de massa, some ou vira energia. Essas ideias

    so fortemente sustentadas pela experincia de

    vida dos estudantes. Muito provavelmente, eles

    j viram a madeira e o papel ficarem mais leves

    quando queimados e o mesmo ocorrer com a

    vela, os tecidos, os plsticos e outros materiais.

    QUIM_1a_2bi.indd 23 6/5/2009 16:00:09

  • 24

    importante ter em mente que a funo

    principal desse experimento problematizar a questo da conservao ou no da massa nas

    transformaes qumicas. Portanto, neces-srio e sufi ciente que os estudantes se sintam

    instigados a discutir e a compreender o pro-

    blema proposto a partir do experimento.

    Esta atividade possibilita que eles apre-

    sentem suas ideias sobre o que ocorre com

    as massas em transformaes de combusto

    e, ao ser confrontados com um fato que no

    condiz com suas previses e que no conse-

    guem explicar, sintam-se estimulados a buscar

    explicaes.

    experimento 1 Queima da palha de ao5

    materiais e reagentes

    balana de pratos feita de arame e pratos fde papel-alumnio (tipo marmitex);

    2 folhas de papel sulfi te; f

    2 palhas de ao; f

    fsforos ou isqueiro. f

    Procedimento

    1. Construa uma balana de pratos usando arame e pratos de papel-alumnio tipo mar-

    mitex, como mostrado na fi gura a seguir.

    Balana feita de arame e pratos de papel-alumnio.

    2. Segure a balana pelo ponto central de sua haste. Pode-se utilizar um clipe metlico

    para segurar a balana. Isso diminui o atri-

    to entre a mo e a balana, aumentando

    sua sensibilidade.

    3. Coloque uma folha de papel em cada prato da balana de maneira que ambos fi quem

    no mesmo nvel.

    Questo: f O que vocs acham que acon-tecer com o nvel dos pratos se o papel

    que est sobre um deles for queimado?

    Pea que expliquem a previso feita em

    termos das massas de papel. Anote as

    previses em um canto da lousa.

    4. Queime uma das folhas de papel de um dos pratos da balana e observe.

    Questo: f Suas previses foram confi r-madas?

    5. Limpe a balana e coloque um pedao de palha de ao em cada prato, de maneira

    que os dois lados fi quem no mesmo nvel.

    5 Experimento adaptado de: BELTRAN, N. O. Combusto: duas interpretaes diferentes. In: Revista de Ensino de Cincias. FUNBEC. n. 19, out. 1987.

    80 centmetros

    QUIM_1a_2bi.indd 24 6/5/2009 16:00:10

  • 25

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    Questo: f Quais so suas previses sobre o que acontecer com o nvel dos pratos

    da balana se a palha de ao que est so-

    bre um deles for queimada?

    6. Queime a palha de ao de um dos pratos da balana e observe.

    Pea que relacionem suas observaes so- fbre as mudanas de massa ocorridas aps

    a queima do papel e da palha de ao.

    Solicite que expliquem por que a massa fda palha de ao aumentou e a massa de

    papel diminuiu.

    Como os alunos ainda no estudaram a

    lei da conservao da massa nas transfor-

    maes qumicas, no se espera que eles

    consigam responder s questes feitas. Es-

    sas ideias devem ser retomadas na Atividade

    3 desta Situao de Aprendizagem, aplican-

    do-se os conhecimentos sobre conservao

    da massa que sero desenvolvidos a seguir.

    Caso a opo seja por no retomar as ideias

    iniciais dos alunos, melhor no fazer o

    experimento problematizador, pois, nesse

    caso, as ideias alternativas apresentadas no

    incio no sero confrontadas com as novas

    ideias e no podero ser abandonadas nem

    reconstrudas.

    Assim, preciso ter em mente a seguinte

    questo: Como explicar que na combusto da

    palha de ao observa-se que a massa aumenta

    enquanto em outras a massa diminui? Esse o

    problema que deve permear os pensamentos

    do estudante ao longo das aulas dedicadas a

    esta atividade.

    Diversas hipteses podem ser considera-

    das na tentativa de explicar esses fenmenos.

    Alguns podem pensar que na combusto a

    massa diminui porque parte do combust-

    vel vira energia e a outra parte vira cinzas.

    Essa hiptese serve para explicar as obser-

    vaes feitas na queima do papel, mas no

    servem para justificar o aumento da massa

    observado na queima da palha de ao. Ou-

    tra hiptese que pode surgir, provavelmente

    por fora das observaes sobre a queima

    da palha de ao, a de que alguns materiais

    podem ser introduzidos no sistema ou reti-

    rados durante a queima, o que poderia cau-

    sar as mudanas de massa observadas nos

    dois casos. Ambas as hipteses podem vir

    dos prprios alunos ou ser propostas para

    que eles as avaliem. Tenha em mente que a

    Atividade 3 far uma releitura do problema.

    Alm disso, no CA, Lio de Casa, p. 14, os

    alunos so convidados a verificar a coern-

    cia de explicaes sobre o que ocorre com as

    massas do papel e da palha de ao quando

    submetidas ao processo de combusto.

    Para investigar se a segunda hiptese cor-

    reta, voc pode propor o estudo de uma com-

    busto cujo sistema seja fechado, ou seja, em

    que no ocorram trocas de materiais entre o

    sistema e o meio.

    QUIM_1a_2bi.indd 25 6/5/2009 16:00:10

  • 26

    Atividade 2 conservao da massa e proporo em massa entre as espcies participantes da transformao qumica

    Esta segunda parte da Situao de Apren-

    dizagem pode ser iniciada retomando-se a

    combusto do carvo. O carvo constitudo

    basicamente de carbono (C), cerca de 90% de

    sua massa; o restante formado por materiais

    orgnicos no decompostos na carbonizao

    da madeira e por sais minerais.

    Na combusto do carvo, o carbono

    interage com o oxignio do ar formando

    principalmente gs carbnico, deixando um

    resduo slido composto principalmente por

    xidos metlicos, a cinza. A tabela seguinte

    mostra as massas dos materiais envolvidos

    na combusto do carvo.

    Amostra

    massas iniciais dos reagentes (valores em gramas)

    massas finais dos produtos (valores em gramas) energia

    liberada(kcal)carvo

    (c(s))gs oxignio

    (o2(g))dixido de carbono

    (co2(g))cinzas

    I 150 320 442 31 1 020

    II 60 128 172 12 410

    III 23 48 66 5 156

    Esses dados foram obtidos a partir de ex-

    perimentos de combusto de carvo em reci-

    pientes fechados e as massas de gs oxignio

    consumido e de gs carbnico (dixido de car-

    bono) produzido puderam ser medidas por-

    que sistemas fechados no permitem a troca

    de material com o meio externo, ou seja, no

    entra nenhum material, inclusive outros gases,

    no recipiente onde ocorreu a combusto, as-

    sim como no sai dele nenhum material. Po-

    de-se fazer um desenho simples na lousa para

    ilustrar o experimento relatado.

    importante frisar que esses valores de

    massa so experimentais e no calculados;

    portanto, esto sujeitos a variaes de at uma

    unidade nos ltimos algarismos medidos, ine-

    rentes prpria medio. Faz parte do traba-

    lho experimental saber analisar dados e saber

    estimar as incertezas das medidas. importan-

    te salientar que os dados no esto errados, ou

    seja, que no houve erros experimentais.

    Na prtica, deve-se considerar uma mar-

    gem de incerteza nos valores medidos em

    qualquer aparelho, por mais simples que seja.

    No caso das balanas, pode-se considerar

    uma incerteza de mais ou menos uma unidade

    no ltimo algarismo registrado. Um valor de

    53 g medido em balana mais corretamente

    expresso como 53 ( 1) g, e um valor de 7,38 g

    como 7,38 ( 0,01) g.

    QUIM_1a_2bi.indd 26 6/5/2009 16:00:10

  • 27

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    No se prope que voc, professor, adote

    esse rigor na representao dos valores expe-

    rimentais, mas apenas que essa possibilidade

    de pequenas variaes de at uma unidade

    no ltimo algarismo medido seja considera-

    da na anlise dos dados experimentais. Dessa

    forma, os alunos devem ser capazes de con-

    siderar que a soma das massas dos reagentes

    da amostra I de carvo (150 + 320 = 470),

    por exemplo, igual soma das massas de

    seus respectivos produtos (442 + 31 = 473),

    se considerarmos que cada uma das quatro

    medidas pode ter variao de at uma unida-

    de no ltimo algarismo registrado e que essas

    incertezas se somam quando se comparam

    valores de vrias medidas.

    importante que essa discusso seja fei-

    ta com eles, pois a compreenso dessas ideias

    lhes possibilitar interpretar de forma mais

    acertada os resultados experimentais. Isso

    ser essencial na anlise e interpretao dos

    dados quantitativos da atividade experimental

    que ser proposta a seguir.

    Para analisar os dados de massa da tabela

    de combusto do carvo propem-se as se-

    guintes questes:

    Some as massas dos reagentes da amostra I. fSome as massas dos produtos da amostra I.

    Comparando esses dois resultados, possvel

    dizer que a massa do sistema permaneceu a

    mesma depois da combusto do carvo? Se

    no, a que pode ser atribuda essa diferena?

    Compare a soma das massas dos reagen- ftes com a soma das massas dos produtos

    na amostra II. Compare tambm as mas-

    sas reagentes e de produtos na amostra III.

    possvel dizer que a massa se conservou

    aps a combusto das amostras II e III?

    Justifique sua resposta.

    No preciso apresentar a lei de conserva-

    o de massa neste momento. Basta que os es-

    tudantes compreendam que na combusto do

    carvo a massa se conserva. A generalizao

    para outras transformaes qumicas ser fei-

    ta a seguir com a anlise de um experimento

    demonstrativo em duas partes.

    Antes de iniciar essa etapa, porm, sugere-se

    que a tabela apresentada a seguir seja preen-

    chida pelos alunos medida que se realiza a

    experincia (consulte o CA, item 8 do proce-

    dimento experimental, p. 17).

    Sistema no estado inicial Sistema no estado final

    descrio(aspecto visual)

    massadescrio

    (aspecto visual)massa

    Fechado Aberto

    QUIM_1a_2bi.indd 27 6/5/2009 16:00:10

  • 28

    experimento 2 transformaes qumicas e conservao de massa

    materiais e reagentes

    garrafa plstica incolor de 600 mL com ftampa (seca);

    cerca de 50 mL de soluo de cido clor- fdrico 1 mol/L (quantidade equivalente ao

    volume de um copo descartvel de caf);

    1 tubo de ensaio de 15 mm x 100 mm; f

    2 g de hidrogenocarbonato de sdio (bicar- fbonato de sdio) ou carbonato de clcio;

    estante para tubos de ensaio; f

    balana; f

    2 tubos de ensaio de 15 mm x 150 mm; f

    esptula ou palito de sorvete; f

    cerca de 5 mL de soluo de sulfato de co- fbre II 0,5mol/L;

    cerca de 5 mL de soluo de hidrxido de fsdio 1mol/L.

    observao 1: a garrafa plstica e o tubo de ensaio podem ser substitudos por um frasco de

    maionese com tampa e um vidrinho de remdio

    ou similares. Basta que o sistema no permita o

    escape do gs formado na experincia. Para me-

    lhorar a vedao, pode-se colocar um pedao de

    filme de PVC entre o frasco e a tampa. funda-

    mental que voc teste antes o experimento, inde-

    pendentemente da montagem escolhida.

    observao 2: pode-se preparar as solu-es durante a realizao do experimento

    dissolvendo-se separadamente nos tubos de

    ensaio maiores uma ponta de esptula de sul-

    fato de cobre II em cerca de 5 mL de gua e

    uma quantidade equivalente de hidrxido de

    sdio na mesma quantidade de gua. Dois

    alunos podem ser convidados a preparar essas

    solues durante a realizao do experimento.

    Nesse caso, deve-se chamar a ateno para os

    perigos do manuseio desses reagentes, orien-

    tando-os a evitar que haja contato com pele

    e olhos. Oriente-os tambm sobre a forma

    correta de agitar um tubo de ensaio, pois eles

    tendem a tampar o tubo com o dedo polegar

    para agit-lo e isso pode ser muito perigoso,

    dependendo do seu contedo. As quantidades

    de reagentes no precisam ser estequiomtri-

    cas, pois o experimento qualitativo.

    Procedimento

    interao entre cido clordrico e hidrogeno-carbonato de sdio (bicarbonato de sdio)

    1. Coloque com cuidado 50 mL da soluo de cido clordrico na garrafa. A garrafa

    no pode estar molhada por fora para que

    no haja perda de massa por evaporao.

    2. Usando a esptula, adicione cerca de 2 g de bicarbonato de sdio ao tubo de ensaio

    pequeno.

    QUIM_1a_2bi.indd 28 6/5/2009 16:00:10

  • 29

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    3. Transfira com cuidado o tubo de ensaio para dentro da garrafa conforme a Figura 4. No

    deixe que a soluo de cido entre em contato

    com o bicarbonato de sdio neste momento.

    Montagem do experimento usando garrafa plstica ou frasco de boca larga.

    4. Pese todo o conjunto na balana: garrafa com a soluo de cido e tubo de ensaio

    contendo o bicarbonato e a tampa da gar-

    rafa (no se esquea de pesar a tampa).

    Anote o valor de todo o sistema.

    5. Assegure-se de que a garrafa esteja bem fe-chada.

    6. Vire a garrafa de modo que o cido en-tre em contato com o bicarbonato. Deixe

    ocorrer a reao at cessar a efervescncia.

    7. Com a garrafa ainda tampada, mea a mas-sa do conjunto novamente. Anote o valor.

    8. Destampe a garrafa e mea a massa do conjunto sem se esquecer de medir tam-

    bm a massa da tampa da garrafa. Anote

    o valor.

    interao entre o sulfato de cobre ii e o hidrxido de sdio

    1. Prepare as solues de sulfato de cobre II e de hidrxido de sdio, dissolvendo sepa-

    radamente, nos tubos de ensaio maiores,

    uma esptula de cada um deles em 5 mL

    de gua.

    2. Coloque esses tubos de ensaio maiores com as solues preparadas na estante para tu-

    bos de ensaio. Pese todo esse sistema (tu-

    bos com as solues e estante). Anote o

    valor da massa.

    3. Transfira a soluo de sulfato de cobre II para o tubo de ensaio com a soluo de hi-

    drxido de sdio.

    Neste momento, pode-se questionar os

    alunos sobre o que eles acham que aconte-

    ce com a massa do sistema.

    4. Pese todo o sistema novamente, incluin-do o tubo de ensaio que continha a solu-

    o de sulfato de cobre II. Anote o valor

    da massa.

    Neste momento, pode-se perguntar a eles

    se o valor de massa encontrado correspon-

    de s suas previses.

    Cla

    udio

    Rip

    insk

    as

    QUIM_1a_2bi.indd 29 6/5/2009 16:00:12

  • 30

    Questes para anlise do Experimento 2

    1. Voc considera que os dois fenmenos ob-servados neste experimento so transfor-

    maes qumicas? Por qu?

    2. Em relao ao sistema cido clordrico e hidrogenocarbonato de sdio, calcule a di-

    ferena de massa entre:

    a) a massa inicial e a massa final com a

    garrafa fechada. Houve diferena entre

    as massas? Como voc explica esse re-

    sultado?

    b) a massa inicial e a massa final com a

    garrafa aberta. Houve diferena entre

    as massas? Como voc explica esse re-

    sultado?

    3. Caso tenha sido usado bicarbonato de s-dio nesta experincia, o fenmeno obser-

    vado pode ser representado pela equao

    qumica:

    cido clordrico + bicarbonato de sdio gua + gs carbnico + cloreto de sdio

    HCl(aq) + NaHCO3(s) H2O(l) + CO2(g) + NaCl(aq)

    O termo (aq) indica que o material est dis-

    solvido em gua, formando o que se chama de

    uma soluo aquosa. Os termos (s), (l) e (g) repre-sentam os estados fsicos slido, lquido e gaso-

    so, respectivamente. Relacione os estados fsicos

    dos materiais envolvidos nesse fenmeno e as

    diferenas de massa calculadas na questo 2.

    4. possvel dizer que as massas inicial e fi-nal na interao entre o cido clordrico e

    o bicarbonato de sdio foram iguais? Jus-

    tifique sua resposta com base nos dados

    experimentais.

    5. Compare as massas inicial e final na inte-rao entre a soluo de sulfato de cobre II

    e a soluo de hidrxido de sdio. Houve

    conservao da massa nessa interao? Ex-

    plique.

    Aps a discusso e correo das ques-

    tes, pode ser proposta a generalizao das

    relaes em massa que foram estabelecidas,

    ou seja, a massa no estado inicial sempre

    igual massa no estado final em qualquer

    transformao qumica. Se todos os reagen-

    tes se transformam em produtos, as massas

    de reagentes sero iguais s massas dos pro-

    dutos. Esse fato pode ser observado quan-

    do a transformao qumica se processa em

    sistema fechado, mas pode parecer incorre-

    to quando se observam as transformaes

    em sistemas abertos. Isso porque em siste-

    mas abertos pode ocorrer ganho ou perda

    de materiais gasosos, modificando a massa

    final do sistema.

    Pode-se mencionar que essas observaes

    sobre a conservao da massa nas transfor-

    maes qumicas so conhecidas desde o scu-

    lo XVIII e foram inicialmente propostas pelo

    qumico francs Antoine Laurent Lavoisier

    (1743-1794). Essa proposta ficou conhecida

    como Lei da Conservao da Massa ou Lei

    de Lavoisier.

    QUIM_1a_2bi.indd 30 6/5/2009 16:00:12

  • 31

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    Como escolher as quantidades de reagentes para que no haja desperdcio?

    Evitar desperdcio de materiais uma das

    preocupaes que surgem quando se quer rea-

    lizar uma transformao qumica. Esse cuida-

    do especialmente importante nos processos

    industriais, nos quais a margem de lucro, a

    qualidade do produto e os impactos ambien-

    tais, por exemplo, podem estar diretamente

    ligados questo do desperdcio de materiais.

    Na produo do ferro-gusa usa-se minrio

    de ferro, calcrio e carvo em quantidades da

    ordem de toneladas. Se for usado menos minrio

    de ferro, sero desperdiados carvo e calcrio,

    alm de ser gerado um produto final de m qua-

    lidade. Se for usado menos carvo ou calcrio,

    sobrar minrio de ferro sem reagir. Os preju-

    zos, em ambos os casos, sero grandes. Para que

    no haja desperdcio preciso que os reagentes

    sejam adicionados em uma proporo ideal.

    O estudo sobre as propores entre reagentes

    e produtos numa transformao qumica pode

    ser iniciado com a retomada da tabela que

    mostra as massas de reagentes e produtos en-

    volvidos na combusto do carvo, apresentada

    no incio desta atividade da Situao de Apren-

    dizagem 2 (p. 26). Alm das relaes em massa,

    pode-se abordar tambm as relaes entre ener-

    gia e massas de reagentes e de produtos.

    A primeira relao que pode ser observada

    a razo entre a massa de carvo queimado e

    a massa de cinzas formada. Pea que calculem

    a razo entre esses valores dividindo a mas-

    sa de carvo pela massa de cinzas para cada

    uma das trs amostras. Esse valor representa

    quantas vezes a massa de carvo maior que

    a massa de cinzas em cada amostra.

    Para cada cinco partes de carvo queimadas,

    uma parte de cinzas se formar. Se queimarmos

    10 g de carvo devem-se formar 2 g de cinzas.

    Proponha outras questes, como: Se quei-

    marmos 100 g de carvo, que massa de cinzas

    dever se formar? E se queimarmos 27 g?

    importante que na anlise desses resultados

    sejam considerados os algarismos significativos

    dos dados (dois para as amostras I e II e apenas

    um para a amostra III). Deve-se tambm relem-

    brar o fato de que esses dados so experimentais

    e, portanto, esto sujeitos a incertezas.*

    Dessa forma, pode-se considerar que a ra-

    zo ou a proporo entre as massas de carvo

    e cinzas constante:

    Massa de carvo

    Massa de cinzas

    5

    1=

    Massa de carvo

    Massa de cinzas

    150

    31

    60

    12

    23

    5= 4,8 = 5,0 = 4,6 ou 5

    Amostra I Amostra II Amostra III

    * No CA, pp. 19 e 20, so propostos exerccios sobre as questes tratadas nesta pgina e na prxima.

    QUIM_1a_2bi.indd 31 6/5/2009 16:00:12

  • 32

    Agora, outra relao pode ser explorada: existe uma proporo constante entre a massa de

    carvo e a massa de oxignio.

    A relao entre as massas de carvo e de

    oxignio de 0,47.

    Em outras palavras, pode-se dizer que para

    cada 0,47 parte de carvo necessria uma

    parte de oxignio. Questo para discusso:

    Quantos gramas de gs oxignio so necess-

    rios para queimar 47 g de carvo? E para quei-

    mar 94 g de carvo?

    Essa relao de proporcionalidade pode

    ser estabelecida entre quaisquer reagentes ou

    produtos. importante dizer tambm que ge-

    ralmente essa relao no um nmero intei-

    ro. Pode-se estabelecer, por exemplo, a relao

    entre as massas de carvo e gs carbnico, en-

    tre gs carbnico e gs oxignio etc.

    Os alunos devem ser motivados a realizar

    anlises qualitativas dos dados, ou seja, perce-

    ber as propores de forma aproximada (CA,

    Exerccios em sala de aula, p. 19). Mostre

    que, nesse caso, a massa de carvo pratica-

    mente a metade da massa de oxignio nas trs

    amostras. Analisar os dados qualitativamente

    importante para a compreenso das relaes de

    proporcionalidade e, desta forma, no aceitar

    qualquer resultado dado por uma calculadora.

    Assim, os estudantes devem perceber que:

    a massa de oxignio um pouco maior que fo dobro da massa de carvo;

    a massa de carvo cerca de cinco vezes fmaior que a massa de cinzas;

    a massa de oxignio cerca de dez vezes fmaior que a massa de cinzas etc.

    O desenvolvimento dessa forma de pensar

    to importante quanto a capacidade de re-

    alizar clculos de razo entre as massas, pois

    ambos os raciocnios, qualitativo e quantitati-

    vo, se complementam.

    A seguir, mostre a relao de proporciona-

    lidade entre as massas de reagentes e produtos

    de cada uma das trs amostras: as massas da

    amostra I so cerca de 2,5 vezes maiores que

    as massas da amostra II.

    Massa de carvo

    Massa de oxignio

    150

    320

    60

    128

    23

    28= 0,469 = 0,47 = 0,48

    Amostra I Amostra II Amostra III

    Massa de carvo

    Massa de oxignio

    0,47

    1=

    Amostra I

    Amostra II

    150

    60

    320

    128

    442

    172

    31

    12= 2,5 = 2,50 = 2,57 = 2,6

    carvo oxignio dixido de carbono cinzas

    QUIM_1a_2bi.indd 32 6/5/2009 16:00:12

  • 33

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    Pode-se mencionar que essas observaes

    sobre a proporo entre as massas nas trans-

    formaes qumicas tambm so conhecidas

    desde o sculo XVIII. Elas ficaram conheci-

    das como Lei das Propores Fixas ou Lei

    de Proust em homenagem ao francs Joseph

    Louis Proust (1754-1826), que estudou as re-

    laes entre massas nas transformaes qu-

    micas. Em seus estudos, ele demonstrou que a

    composio do carbonato de cobre era a mes-

    ma, independentemente da amostra escolhida:

    5,1 partes de cobre para 3,9 partes de oxignio

    para 1 parte de carbono. Assim, para formar

    qualquer quantidade de carbonato de cobre

    seria necessria sempre a mesma proporo

    entre os reagentes. Essas mesmas observa-

    es foram feitas em relao composio e

    formao de outras substncias e, no incio

    do sculo XIX, era praticamente consensual

    a aceitao da Lei das Propores definidas

    pela comunidade cientfica.

    A relao entre a massa de um combustvel

    queimado e a quantidade de energia liberada

    nessa combusto foi abordada na Situao de

    Aprendizagem 1 (consulte o CA, p. 14) e pode

    ser retomada na anlise desses dados sobre a

    combusto do carvo. possvel fazer uma

    anlise qualitativa dos dados mostrando que,

    quanto maior a massa de carvo queimado,

    maior tambm ser a quantidade de energia

    liberada na transformao. Essa relao de 1 g

    de carvo para 6,8 kcal de energia. A relao

    entre massa e energia pode tambm ser esta-

    belecida em termos de quantidade de oxignio

    consumido ou de um dos produtos formados

    (CA, Exerccios em sala de aula, p. 19).

    Neste momento, eles podem ser questiona-

    dos sobre a seguinte situao: Sabemos que as

    substncias interagem em propores determi-

    nadas. Mas o que aconteceria se os reagentes

    no estivessem na proporo correta? Todos os

    reagentes seriam consumidos mesmo assim?

    Pode-se dar como exemplo a amostra I da

    combusto de carvo. O que aconteceria se,

    em vez de 320 g de oxignio, houvesse 4 000 g

    de oxignio no recipiente onde ocorreu a com-

    busto do carvo?

    Espera-se que deem como resposta que as

    quantidades de produtos no mudariam, ape-

    nas sobrariam 3 680 g de oxignio no final do

    processo, pois para consumir 150 g de carvo

    necessita-se de apenas 320 g de oxignio.

    Outras questes mais elaboradas tambm

    podem ser propostas: Que massa de oxignio

    restaria se 30 g de carvo fossem queimados na

    presena de 500 g de oxignio?

    Nesse caso, deve-se primeiro calcular que

    massa de oxignio necessria para interagir

    com 30 g de carvo. Como a massa de car-

    vo queimada 1/5 da massa de carvo da amostra I, espera-se que a massa de oxig-

    nio consumido tambm seja 1/5, ou seja, para queimar 30 g de carvo seriam necessrios

    apenas 64 g de oxignio e restariam 436 g

    desse gs sem reagir.

    A seguir so propostas questes e proble-

    mas nos quais se pode aplicar os conceitos de

    conservao e proporo em massa.

    QUIM_1a_2bi.indd 33 6/5/2009 16:00:12

  • 34

    Questes*

    1. Sabendo-se que a combusto de 60 g de carvo requer 128 g de gs oxignio e pro-

    duz 12 g de cinzas, que massa de cinzas

    formada quando se queimam 90 g de car-

    vo? Que massa de oxignio ser consumi-

    da na combusto dessa massa de carvo?

    2. O responsvel tcnico de um forno de calcinao de calcrio elaborou um re-

    latrio sobre as trs ltimas tiragens da

    produo de cal. O relatrio apresenta a

    seguinte tabela:

    datamassa de

    calcrio (t)(caco3)

    massa de cal (t)(cao)

    massa de dixido de carbono (t)

    (co2)

    12/7 10,0 5,6 4,4

    15/7 11,2

    18/7 12,0 6,7

    Como se pode perceber, faltaram dados de

    massa de calcrio usado no dia 15/7 e massa

    de dixido de carbono formado nos dias 15/7

    e 18/7.

    a) Identifique o que reagente e o que

    produto nesse processo.

    b) Sabendo que a calcinao do calcrio

    envolve o consumo de energia, propo-

    nha uma equao qumica que repre-

    sente a calcinao do calcrio e inclua o

    termo energia na equao.

    c) Determine os valores que faltam na ta-

    bela e complete-a. Mostre todos os cl-

    culos realizados.

    3. A combusto do etanol foi estudada em laboratrio e as massas de reagentes e pro-

    dutos da combusto de duas amostras de

    etanol foram registradas em uma tabela.

    massas no estado inicial (g) massas no estado final (g)

    etanol adicionado

    oxignio adicionado

    gs carbnico produzido

    gua produzida

    etanol em excesso

    oxignio em excesso

    50 96 88 54 4

    23 50

    * No CA, as questes 1 a 4 compem a Lio de Casa das pp. 21 e 22.

    a) Analise a tabela e mostre que a massa

    se conservou na combusto da primei-

    ra amostra de etanol. Apresente os cl-

    culos e as concluses.

    b) H excesso de oxignio na combusto

    da segunda amostra de etanol? Mostre

    os clculos e as concluses.

    QUIM_1a_2bi.indd 34 6/5/2009 16:00:12

  • 35

    Qumica - 1a srie - Volume 2

    c) Calcule a massa de gs carbnico (CO2)

    e de gua formada na combusto da se-

    gunda amostra de etanol.

    4. Sabe-se que 0,50 g de magnsio metli-co (Mg) e 0,33 g de oxignio (O2) reagem

    completamente, formando exclusivamente

    xido de magnsio (MgO).

    a) Que massa de MgO espera-se nesta ex-

    perincia?

    b) Que massa de O2 necessria para rea-

    gir totalmente com 1,0 g de Mg?

    c) O que se espera que acontea se 2,0 g de

    Mg reagirem com 2,0 g de O2?

    grade de avaliao da Atividade 2

    Na questo 1, relaes de proporcionalida-

    de devero ser estabelecidas entre as massas

    de carvo e cinzas e entre carvo e oxignio.

    Espera-se que os alunos concluam que so for-

    mados 18 g de cinzas a partir da combusto de

    90 g de carvo, sendo consumidos para isso

    192 g de gs oxignio.

    Na questo 2, os alunos devero analisar a

    tabela de produo de cal e identificar o calc-

    rio como o nico reagente e o dixido de car-

    bono e a cal como seus produtos. A massa de

    dixido de carbono formada no dia 18/7 pode

    ser obtida considerando-se a conservao das

    massas nessa transformao qumica e seu

    valor deve ser de 5,3 t. As massas de calcrio

    e dixido de carbono do dia 15/7 podem ser

    obtidas considerando-se a proporo entre as

    massas de calcrio e de cal e entre as massas de

    cal e dixido de carbono dos dias 12/7 e 15/7.

    Dessa maneira, obtm-se como resultados um

    consumo de 20 t de calcrio e uma produo de

    8,8 t de dixido de carbono no dia 15/7.

    Na questo 3, item a, comparando-se as massas de reagentes e produtos, nota-se que

    a massa se conservou nessa transformao

    qumica. Isso pode ser feito considerando

    a massa inicial como a soma da massa de

    etanol que reage (etanol adicionado etanol

    em excesso) e a massa de oxignio, e a massa

    final como a soma das massas dos produ-

    tos (mi = 142; mf = 142). No item b, deve-se identificar que apenas 46 g de etanol reagem

    na primeira amostra (excesso de 4 g) e que

    essa massa est relacionada a um consumo

    de 96 g de oxignio. Assim, a combusto de 23 g

    de etanol (metade de 46 g) consome apenas 48 g

    de oxignio (metade de 96 g), sobrando 2 g de

    oxignio. No item c, os alunos devem, ainda, calcular as massas de gua e dixido de car-

    bono na combusto da segunda amostra de

    etanol. Espera-se que cheguem aos valores de

    44 g de dixido de carbono e 27 g de gua.

    Na questo 4, obtm-se um valor de 0,83 g

    de MgO no item a; 0,66 g de O2 no item b; e se espera que 2,0 g de Mg consumam apenas

    1,32 g de oxignio, restando um excesso de

    0,68 g desse gs no item c.

    QUIM_1a_2bi.indd 35 6/5/2009 16:00:12

  • 36

    Atividade 3 Releitura do problema inicial

    Neste momento, pode-se retomar o pro-

    blema inicialmente levantado na experincia

    da queima da palha de ao. A questo que os

    alunos devem ser capazes de responder agora

    : Como explicar que em algumas combustes

    observamos que a massa aumenta enquanto em

    outras a massa diminui?

    Espera-se que, neste momento, os alunos

    possam:

    considerar a importncia da participao fdos gases nas reaes qumicas, inclusive

    em combustes;

    compreender que gases possuem massa; f

    saber que em todas as transformaes qu- fmicas, incluindo as combustes, as massas

    no estado inicial e final so iguais.

    O experimento da queima da palha de ao

    pode ser retomado fazendo um desenho es-

    quemtico na lousa ou mostrando a balana

    de pratos usada em sua execuo.

    Recorde o fato da