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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
FERNANDO DE ANDRADE FERNANDES
UNIDADE DIDÁTICA PARA O ENSINO DE FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Alfenas/MG 2017
3 A CONSTRUÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA
Ensinar ciências da natureza é ao mesmo tempo difícil e estimulantes de
forma que ao envolver conceitos concretos e abstratos temos a chance de relacionar
com muitos conceitos do dia-a-dia dos alunos. A noção de conceito científico é algo
inerente do aluno, porém muitas vezes ele não tem noção exata do que está utilizando
e adquirindo.
O conhecimento de ciências é importante para a vida de um aluno, quer seja
por sua curiosidade ou mesmo devido à sua relação com tecnologias e acesso a
informação obtida por redes sociais e veículos de mídia. É comum hoje, para um
professor de ciências, chegar no ambiente de sala de aula pela manhã e os seus
alunos o questionarem sobre um acontecimento que foi publicado minutos antes de a
aula começar. A elaboração e aplicação de uma unidade didática pode promover e
contribuir com o professor no ensino fundamental II para que possa ensinar conceitos
relacionados à Física (área que geralmente não é de domínio) durante a aula de
ciências.
5.6.1 A Unidade Didática – A escolha do tema
Para construir essa Unidade Didática primeiro escolhi o tema com base no
PCN e no conteúdo ministrado nas aulas de ciências do sexto ano do ensino
fundamental II no colégio. O Assunto Formação da Terra e suas camadas foi escolhido
por fazer parte dos conteúdos de ciências e geografia e por isso o estudante poderia
utilizar os conhecimentos adquiridos durante a aula como suporte em outras aulas de
outras disciplinas.
Para construir a unidade utilizei um vídeo introdutório, uma narrativa de uma
viagem ao centro da Terra e exposição de figuras e animações por meio de uma
apresentação de slides além da construção de um modelo das camadas da Terra
utilizando massa de modelar.
5.6.2 O Vídeo Introdutório
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Para começar o assunto formação da Terra e suas camadas utilizei um curta
metragem da Twentieth Century Fox Animation com o título “Scrat Continental Crack-
Up”, que apesar do nome em inglês não possui falas o que não dificultou em nada o
entendimento por parte dos alunos.
Figura 2: Imagem da capa do curta metragem “Scrat Continental Crack-up” da Twentieth Century Fox
Animation
Fonte: ICEAGE WIKI - http://iceage.wikia.com/wiki/Scrat's_Continental_Crack-up
Esse vídeo possui 2’41’’ e mostra de maneira divertida e inusitada como a
Terra passou por suas formações desde a pangeia até a formação continental atual e
mostra também como e quais são as camadas da Terra. É importante ressaltar que
5 esse vídeo não é científico e por isso possui algumas informações equivocadas que
deve ser corrigida e trabalhada pelo professor durante as aulas.
5.6.3 A Narrativa
O texto escolhido para a narração inicial trata de uma possível viagem ao
centro da Terra escrita por um garoto de 10 anos. O texto apresenta alguns erros de
coesão e coerência mas mostra exatamente como um garoto dessa idade iria narrar
sua história. Utilizei o texto como forma de introduzir o caso e começar a levantar
questionamentos com os estudantes.
“Em um belo dia, um garoto chamado Marley foi para escola e quando chegou
na sala de aula a professora havia botado no quadro uma atividade que era para
relatar uma viagem sensacional baseado em fato real, ou seja, algo que o aluno
passou, porém na realidade.
O menino nunca passou por nada surpreendente, pois ele apesar de tudo, era
um aluno esforçado, muito estudioso e foi aí que ele passou a pensar e também a
planejar algo para que ele pudesse viajar para um lugar não normal e sim um local
que quase ninguém teve a capacidade de alcançar.
Então foi nesse momento que ele pensou e lembrou do núcleo da terra, ele
olhou e começou a fabricar uma máquina que fosse capaz de ao mesmo tempo
perfurar o solo e ir descendo junto com a perfuração. Demorou 10 dias e quando ele
imaginava que já estava pronto faltava mais um retoque que era uma câmera. Foi
assim que ele conectou a câmera ao computador da casa dele e colocou presa na
frente da máquina, apertou o botão para que iniciasse o sistema, e então colocou
bastante gasolina na máquina.
Quando iniciou tudo, fez um estrondo muito grande. Entrou em contato com o
solo duro e ressecado e foi descendo, demorou por volta de uns 4 até uns 9 dias para
chegar, pois não raciocinou direito e esqueceu de medir o tempo por causa da vontade
de chegar aquele local. Quando estava para chegar lá sentiu um calor enorme e por
isso ele foi calçando as luvas e o tênis que ele colocou um material para que
refrigerasse os pés uma blusa com o mesmo material e também uma calça toda com
o mesmo material.
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Então ele parou a operação com medo com que ocorresse algo com ele e os
pais pudesse ouvir e ver o que estava ocorrendo lá embaixo pela câmera. Tirou muitas
fotos e quando foi voltar para contar a história, a máquina enguiçou, neste momento
ele entrou em desespero. Começou a gritar o nome da mãe e do pai, eles ouviram
pelo áudio da câmera que ele estava lá embaixo e os pais foram para o buraco que
ele fez para a operação, lançaram uma corda e lembraram que se ao acaso o filho
saísse da máquina seria morto com a temperatura que chegava até 360° C. Pensando
calmamente, o menino se lembrou e apertou o botão de emergência fazendo que a
máquina começasse a perfurar ainda mais rápido. Ele começou a sentir que a
máquina reiniciava todo o sistema, porém com o modo turbo, e que seria mais rápido
sair daquele local, mas a gasolina já estava acabando totalmente e ele perderia a
chance de conseguir alcançar a terra, resolveu então deixar a máquina voltar
normalmente, sem pressa, o que demorou aproximadamente uns 10 dias ou mais para
chegar, porém conseguiu voltar.
Chegando lá em cima ele digitou o texto, levou para escola e sua professora
e a turma toda não acreditaram nele. Quando acabou ele levantou da cama e viu que
estava apenas sonhando com tudo aquilo. ”
Essa narrativa dá início a apresentação e já deixa oportunidades de
questionar termos como “sentir calor enorme”, “temperatura que chegava a 360° C”,
“medição de tempo” e “material que refrigerasse”, que são conceitos relacionados com
a Física do cotidiano dos estudantes.
5.6.4 A Apresentação
Ao pensar a apresentação procurei por figuras que mostrasse o assunto sobre
camadas da Terra, mas que dessem espaço para falar sobre os conceitos físicos
relacionados. Coloridas e o mais detalhado possível montei uma apresentação
sequencial de slides de forma a estruturar uma sequência de conhecimentos que
servissem como um organizador prévio. As figuras 3, 4, 5 e 6 mostram algumas das
imagens utilizadas durante a apresentação da unidade didática aos alunos e à
professora de ciências do colégio.
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Figura 3: Imagem animada das camadas da Terra
Fonte: Mundo Educação - http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/as-camadas-terra.htm
Figura 4: Descrição das camadas da Terra
Fonte: Mats Halldin/GNU Free Documentation License
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Figura 5: Desenho de como funciona a gravidade terrestre
Fonte: http://www.silvestre.eng.br/astronomia/criancas/gravidade
Figura 6: Desenho representativo do campo magnético terrestre protegendo dos ventos solares
Fonte: http://www.galeriadometeorito.com/2016/05/o-campo-magnetico-da-terra-esta-mudando.html
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É importante salientar que são figuras sugeridas na montagem da
apresentação e essa deve levar em consideração tópicos que serão abordados e a
intenção do professor no momento do uso dessa apresentação.
5.6.5 A Explanação e Questionamentos
Ao explicar sobre as camadas da Terra e fornecer dados gerais de como ela
foi formada e como seria uma viagem ao centro da Terra alguns questionamentos
foram levantados para serem refletidos e debatidos pelos alunos:
1) Porque as diferentes camadas da Terra têm consistências diferentes?
2) Qual a diferença entre essas consistências?
3) O núcleo é mais agitado que a parte da crosta?
4) Qual seria então o conceito de temperatura?
5) Porque sempre ficamos presos na Terra?
6) O que aconteceria se hipoteticamente cavássemos um buraco passando
pelo núcleo da Terra e chagássemos até o outro lado do planeta? E se
soltássemos uma bola que suportasse a temperatura do núcleo da Terra
nesse buraco. O que aconteceria a ela?
7) Como é produzida a aurora? O que é campo magnético terrestre e como
ele é produzido?
Essas questões foram levantadas ao longo da aula, não todas de uma única
vez, de forma que algumas foram se desdobrando devido a questionamentos dos
alunos e outras acabaram por serem respondidas de forma rápida e concisa.
5.6.6 As Maquetes
Para a apresentação construí duas maquetes das camadas da Terra que
seriam de cunho interativo com os estudantes. A primeira uma semiesfera de isopor
que possuía um núcleo redondo de cor cinza e as camadas representadas em outras
10 cores. Essa maquete foi expositiva e passou pelas mãos dos alunos para que pudesse
mexer, retirar as partes, entender a organização sem ser somente por imagens.
Encontrei um modelo no site da Universidade Federal de Alagoas – UFAL e o utilizei
como base para a construção da minha maquete (figura 7).
Figura 7: Maquete de isopor das camadas da Terra
Fonte: http://www.ufal.edu.br/noticias/2013/10/instituto-de-geografia-e-meio-ambiente-promove-
projeto-para-melhorar-a-qualidade-do-ensino-nas-escolas-publicas/maquete-das-camadas-da-terra-
elaborada-para-aula-em-arapiraca.jpg/view
A segunda maquete foi feita também com isopor, porém utilizando a esfera
inteira e cortando ¼ de seu volume total para que as partes internas pudessem ser
visualizadas de forma diferente do habitual. Cada camada da Terra estava
representada de uma cor e possuía nível diferente de forma que era facilmente
identificável. Distribui aleatoriamente algumas bandeirinhas feitas de papel e grudadas
em um palito de dente com os nomes das camadas da Terra e de acordo que os
alunos eram chamados cada um deles colocava as bandeirinhas onde achasse
apropriado. Para construir essa maquete utilizei como fonte as imagens presentes no
site do Colégio Social Madre Clélia de Curitiba – PR (figura 8).
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Ao final da atividade os colegas julgavam se todas estavam corretas e se não
estivesse fariam as modificações. Eles mesmos chegavam a conclusões de onde
seriam os locais certos para cada nome.
Figura 8: Maquete de isopor das camadas da Terra interativa.
Fonte: http://madreclelia.redesagradosul.com.br/noticias/maquetes-sobre-as-camadas-da-terra/
Por último construí uma maquete das camadas da Terra feita com massa de
modelar. Essa foi feita pelos alunos em sala no final da aula como forma de integrar o
conhecimento teórico com uma prática divertida. Para isso utilizei massa de modelar
comprada em papelaria e fiz uma pequena bolinha, depois fui recobrindo essa bolinha
com outras camadas de forma a cobrir totalmente a camada anterior. Ao final da
construção, com o auxílio de um pedaço de linha cortei a maquete em dois pedaços.
A sequência das figuras 9, 10 e 11 mostram como construí inicialmente o modelo que
foi construído pelos alunos em sala de aula. O que vale ressaltar sobre esse modelo
é o fato de os modelos não ficarem com formatos de esferas perfeitas, o que aproxima
da realidade e também o fato de as camadas possuírem diferentes espessuras.
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Figura 9: Sequência da construção da maquete das camadas da Terra com massa de modelar feito
antes da aplicação da unidade didática.
Fonte: Arquivo pessoal do autor.
13 Figura 10: Sequência da construção da maquete das camadas da Terra com massa de modelar feito
antes da aplicação da unidade didática.
Fonte: Arquivo pessoal do autor.
Figura 11: Sequência final da construção da maquete das camadas da Terra com massa de modelar
feito antes da aplicação da unidade didática.
Fonte: Arquivo pessoal do autor.
A apresentação feita em slides e o vídeo utilizado nessa unidade didática estão
disponíveis em:
1) Apresentação:
https://mega.nz/#!1BtW1JhZ!iN3-8h-FcxFH9455p7UcZoVFWu3WWWQzFdqIq8idpfw
2) Vídeo Introdutório:
https://mega.nz/#!QQsGFCyJ!_GLFCkLheQRXUM2Xrhp_qSjfJNKynle174959hTeEIs