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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O ESTRESSE NO TRABALHO
Por: Wanise Lins Guanabara
Orientadora
Profa. Adélia Araújo
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O ESTRESSE NO TRABALHO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão de Recursos
Humanos.
Por: Wanise Lins Guanabara
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha mãe, Ruth Lins Guanabara, meus
irmãos Wania e Mauro e demais familiares que me
incentivaram durante todo esse longo percurso, às
amigas Valezia Maria Ribeiro, Nina Hauer, Astride
Rangel, Thais Ribeiro Ramos, Selma Ribeiro e
Cristiane Oliveira, que sempre estiveram presentes
me acompanhando e torcendo para que eu atingisse
mais essa meta em minha vida.
Agradeço aos Orixás a força, garra e disposição que
me deram para encarar mais esse desafio e
iluminaram minha mente para que eu não me
desvirtuasse de meu objetivo.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à minha
companheira, parceira de todos os
momentos. Àquela que deu novo rumo à
minha vida e me faz ver a cada dia o
quanto somos capazes de nos superar,
de enfrentar as adversidades que surgem
ao longo de nosso caminho e me faz
acreditar cada vez mais que meu coração
fez escolha certa.
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RESUMO
O presente estudo tem como objetivo Identificar as causas e reduzir
as consequências do estresse no trabalho, além de identificar as
possibilidades de reduzi-lo mediante ações promovidas pela área de Recursos
Humanos.
A pesquisa tem caráter exploratório, sendo desenvolvida através de
bibliografia específica, abrangendo as áreas de Administração, Gestão e da
Psicologia.
No presente estudo são apresentadas várias fontes de estresse
laboral, suas inúmeras formas de manifestação e orientações de especialistas
na área de como é possível reduzir o estresse no trabalho, por meio de
programas específicos.
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METODOLOGIA
A pesquisa tem como foco o estudo do estresse no trabalho, suas
causas ambientais e pessoais, assim como suas consequências.
Será abrangida pelas áreas da Administração, da Gestão e da
Psicologia e produzida com base em estudos atuais realizados por autores
especializados nas diversas áreas de conhecimento acima citadas.
Nossa pesquisa será bibliográfica e terá caráter exploratório,
tomando por base dados bibliográficos publicados no Brasil, disponíveis sobre
o tema na última década. A pesquisa será desenvolvida com base nas
abordagens teóricas desses autores, bem como também serão utilizados como
fontes de pesquisa trabalhos de pesquisa disponíveis na WEB, de modo a
podermos aprofundar a matéria de nosso estudo, visando o alcance da melhor
identificação do problema objeto de nossa pesquisa, bem assim, alcançar os
objetivos específicos por nós delimitados.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Histórico e Conceitos de Cultura, Cultura Brasileira, Cultura Organizacional
Brasileira, Qualidade de Vida no Trabalho, Estresse e Estresse no Trabalho.
11
CAPÍTULO II
Fontes, Fases e Tipos de Estresse no Trabalho 23
CAPÍTULO III
Como reduzir as consequências do Estresse no Trabalho 34
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CITADA 45
WEBGRAFIA CITADA 46
ÍNDICE 47
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
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INTRODUÇÃO
Nosso trabalho monográfico tem como tema o Estresse no Trabalho
e como a área de Recursos Humanos pode identificar as causas e reduzir as
consequências do estresse no trabalho.
A justificativa do estudo do estresse no trabalho torna-se cada dia
mais importante em razão de ser ele um dos problemas de saúde que afeta
constantemente o trabalho nas organizações.
Conhecer suas causas ambientais e pessoais é um fator
indispensável a fim de que seja possível evitar os problemas causados por ele,
tanto ao trabalhador quanto à empresa.
Na medida em que o estresse provoca uma série de consequências
físicas como diversas doenças nos colaboradores de uma organização, torna-
se necessário conhecer suas causas e resultados, a fim de que seja possível
analisar as condições ambientais que possam vir a ser modificadas, de forma a
reduzir as possibilidades de que o estresse seja instalado, assim como dar o
suporte básico à manutenção da saúde do trabalhador.
Para as empresas é extremamente relevante a produção de
resultados e o alcance de suas metas. Para tanto, investem na seleção,
contratação e no treinamento de seus colaboradores, o que faz com que cada
um desses colaboradores seja peça fundamental no alcance dessas metas
pretendidas.
Assim, a valorização da saúde dos colaboradores de uma empresa
passa a ser um item de grande relevância, vez que seu maior patrimônio está
na sua força de trabalho, que deve ser cuidada e preservada, para a
manutenção da produção de seus bens e serviços, evitando os custos
decorrentes de altos índices de absenteísmo, de novos processos de seleção,
contratação e treinamento.
O objetivo geral de nosso trabalho monográfico é identificar as
causas e reduzir as consequências do estresse no trabalho, de acordo com a
visão da área de Recursos Humanos.
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Os objetivos específicos são identificar as causas do estresse no
trabalho; as consequências do estresse no trabalho e as possibilidades de
reduzir o estresse no trabalho.
Dando início ao nosso trabalho de pesquisa, abordaremos no
Capítulo I alguns aspectos da “Cultura Organizacional e da Cultura Brasileira”,
desde a formação de nossa cultura oriunda de três matrizes: a indígena, a
portuguesa e a da África negra.
Ainda sobre as nossas características culturais, apresentaremos
opiniões de alguns autores que têm por objetivo enfatizar traços marcantes da
“personalidade básica brasileira”, objetivando caracterizar mais
adequadamente o “gerente” brasileiro.
O objetivo de nossa abordagem inicial decorre da necessidade de
estabelecer e demonstrar o elo entre a nossa cultura com o próximo assunto a
ser levantado, qual seja a Qualidade de Vida no Trabalho, sua origem,
conceito e trajetória até os dias de hoje, concluindo o Capítulo com os
conceitos e origens do estresse no trabalho.
No capítulo II, trataremos das fontes, fases e tipos de estresse no
trabalho, conceito de burnout, origens da noção de stress, dos “mecanismos
de formação dos sintomas”, importantes percepções da doença mental
relacionada ao trabalho, recorrendo, inclusive à Psiquiatria e à Medicina
Ocupacional, aprofundando-se no exame da perspectiva brasileira, os quais
nos ajudam a entender melhor os diversos métodos que os pesquisadores
poder fazer uso para compreender o stress ocupacional e a qualidade de vida
no trabalho.
O Capítulo III tratará de percepções e orientações de diversos
autores de como reduzir as consequências do estresse no trabalho, assim
como abordagens de várias questões para se criar um ambiente de trabalho
saudável, como construir uma saúde melhor, como criar Programas de
Assistência ao Funcionário, como controlar o estresse, como lidar com o
estresse, propondo uma integração dos conceitos de promoção da saúde e
qualidade de vida no trabalho apresentando recursos físicos, psíquicos e
sociais.
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Com esse material pretendemos chegar ao final de nosso trabalho
tendo atingido nossos objetivos.
CAPÍTULO I
HISTÓRICO E CONCEITOS DE CULTURA, CULTURA
BRASILEIRA, CULTURA ORGANIZACIONAL
11
BRASILEIRA, QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO,
ESTRESSE E ESTRESSE NO TRABALHO.
Preliminarmente à abordagem dos conceitos relativos ao estresse
no trabalho, daremos início, como dissemos em nossa Introdução, com alguns
aspectos históricos da Cultura Organizacional e da Cultura Brasileira.
De acordo com Motta e Caldas (2010), in Cultura Organizacional e
Cultura Brasileira, apesar de expressar níveis complementares de um mesmo
fenômeno, estudos sobre Cultura Organizacional, por um lado, e de Cultura
Brasileira, por outro, têm geralmente seguido tradições e caminhos distintos no
Brasil dos últimos anos. Essa independência parece predominar desde que o
campo da cultura organizacional aportou no Brasil da década de 80, no rastro
da difusão dessa linha de pesquisa no mundo ocidental. (p. 15).
Ainda os mesmos autores reconhecem o distanciamento do ponto
de vista da antropologia brasileira, com esse novo campo, porém preferem não
se aprofundar na questão, optando por abordar o ponto de vista
organizacional, alegando que, o distanciamento é cada vez mais sentido, e há
cada vez mais evidência da falta de entendimento da cultura brasileira no
estudo da cultura organizacional no Brasil. (2010, p. 15).
Ambos afirmam que apesar do aumento significativo de estudos
focados em cultura organizacional no país desde fins da década de 80, ainda
são poucos aqueles que se têm focado na análise da cultura de empresas no
Brasil à luz das raízes, da formação e evolução, ou dos traços atuais da cultura
brasileira. Também, continuam eles, não são muitos aqueles que têm buscado
entender melhor a cultura brasileira – ou manifestações de sua diversidade –
com base no espaço organizacional moderno, do seio das empresas aqui
instaladas. E, por fim, são muito poucos os que se têm dedicado a analisar
organizações ou manifestações organizativas tipicamente brasileiras,
procurando daí aprender sobre nossa cultura, sobre nossos próprios híbridos,
ou sobre nós mesmos. (2010, p. 15 -16).
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Motta e Caldas, todavia, reconhecem que mais recentemente alguns
autores no Brasil têm pesquisado organizações com base na premissa de que
o estudo da cultura das empresas no Brasil depende de entendermos melhor
como a cultura brasileira é expressa e revelada em nossas organizações.
(2010, p. 16).
Dando continuidade às análises de Motta e Caldas, passamos ao
conceito de cultura que, segundo ambos, é um conceito antropológico e
sociológico que comporta diversas definições. Para alguns, dizem eles, “a
cultura é a forma pela qual uma comunidade satisfaz a suas necessidades
materiais e psicossociais.” (2010, p. 16). Ainda enfatizam que nessa ideia, está
a noção de ambiente como fonte de sobrevivência e crescimento. E que, para
outros, cultura é a adaptação em si, é a forma pela qual uma comunidade
define seu perfil em função da necessidade de adaptação ao meio ambiente.
Acrescentam ainda que nesses dois casos está presente a ideia de feedback.
“A adaptação bem sucedida leva à evolução nessa direção, enquanto que a
adaptação malsucedida tende a levar à correção e à evolução em outra
direção.” (MOTTA; CALDAS, 2010, p. 16).
Prosseguem os autores em sua análise: “Outra forma de ver a
cultura parte do inconsciente humano. Todas as configurações culturais
estariam previamente inscritas no inconsciente.” (2010, p. 17). Entretanto, os
autores consideram que:
as condições ambientais internas e externas à comunidade seriam responsáveis pelas combinações diversas dos traços presentes no inconsciente. Essas combinações apresentam-se sob forma de símbolos, cujos significados nos dão a chave de uma cultura e, portanto, de uma comunidade humana. (MOTTA; CALDAS, 2010, p. 16).
Apresentam, ainda, outra forma de visão da cultura procurando
concentrar-se nas formas diversas de cognição que caracterizam diferentes
comunidades. Semelhante aos indivíduos, estas optam por determinadas
maneiras de pesquisar, perceber e compreender a realidade e diante de
determinadas circunstâncias, essas formas de cognição podem ser alteradas.
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O estudo dessas formas – dizem os autores -, de suas origens e
transformações, bem como do simbolismo que assumem, é o estudo da
cultura. (2010, p. 16).
Finalizam afirmando que essas visões da cultura não esgotam
absolutamente as diferentes possibilidades teóricas e metodológicas do estudo
da cultura, apenas não apresentam alguns dos principais focos de análise que
estão na base de muitos estudos atuais sobre cultura, cultura nacional, cultura
brasileira e cultura organizacional e empresarial.
Passamos, agora, a demonstração e observação das seguintes
questões também abordadas por Motta e Caldas, relativamente a: Cultura
Brasileira e Cultura Organizacional Brasileira.
Como já mencionamos anteriormente, eles abordam três matrizes
comumente apontadas como ingredientes fundamentais de nossa cultura: a
indígena, a portuguesa e a da África negra. Agora passaremos a analisar cada
um desses matrizes, na visão dos autores.
Quanto à matriz indígena, sabemos que os índios estavam divididos
em inúmeros grupos étnicos e culturais, e que em sua maioria, constituíam-se
de tupi-guaranis, tapuias, nu-aruaques e caraíbas, por ocasião da “descoberta”
do Brasil.
Os tupi-guaranis e os tapuias considerados grupos mais
importantes, sendo que os tupi-guaranis viviam no litoral e eram considerados
mais próximos dos portugueses. Os tapuias, que os europeus consideravam
mais bárbaros, viviam no interior.
A alimentação básica dos habitantes das Américas era o milho,
enquanto que a dos índios brasileiros era a mandioca. A agricultura indígena
era de subsistência e o trabalho cabia às mulheres. Aos homens cabia a caça,
e a guerra.
Os portugueses constituíam-se de um povo de comerciantes e
navegadores. Suas origens foram muito diversas, entre elas os romanos,
bárbaros, árabes, berberes e judeus sefaraditas. Estavam acostumados a lidar
com povos diferentes e com a prática da escravidão. Sua missão no Brasil era
a de explorar o pau-brasil. Em sua maioria eram fidalgos decadentes ou
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degredados, que vinham sozinhos para o Brasil e por isso casavam-se ou
uniam-se com índias, que podem ser consideradas as primeiras mães dos
brasileiros.
Os negros africanos eram em geral de dois quadros étnicos e
culturais: bantus e sudaneses. As culturas de ambos eram muito mais
próximas da dos portugueses do que a dos indígenas brasileiros.
Segue Motta e Caldas, “Os negros sempre escravos e quase
sempre nos engenhos, dividiam-se entre o trabalho nos campos e na casa
grande. Normalmente nos engenhos mais ricos, as mucamas, que trabalhavam
na casa grande, eram escolhidas entre as mulheres mais bonitas, o que
invariavelmente significava com o tipo físico mais próximo do europeu. Quando
os negros eram vendidos na África, eles o eram em lotes, isto é, não
pertenciam a uma mesma família e nem mesmo a um grupo social bem
determinado. Quando chegavam ao Brasil, portanto, procuravam logo aprender
a língua portuguesa para se comunicarem”. (2010, p. 17).
Essas três raças misturaram-se em proporções diversas e deram
origem a várias subculturas no Brasil. Dessa forma é muito forte a cultura
cabocla ou mameluca na região Norte, em Estados como Amazonas e Pará,
mas também em outras regiões e Estados. A cultura cabocla é aquela em que
a matriz indígena é mais forte. No Nordeste e no Centro-Oeste, predomina a
cultura sertaneja, que provavelmente combina com três matrizes de forma mais
equilibrada. Em São Paulo e Minas Gerais, predomina a cultura caipira, em
que talvez o predomínio do português tenha sido mais forte, acrescido em São
Paulo da cultura do imigrante, principalmente italiano. Todavia, a presença do
negro e do índio também é forte, principalmente no modo de falar. (MOTTA;
CALDAS, 2010 p. 17). De acordo com os autores, foi de grande importância na
região Sudeste e especialmente no Sul, a presença de outros imigrantes
europeus, que não os portugueses, da mesma forma que os orientais,
sobretudo os japoneses e árabes. (p. 18).
A análise dos autores demonstra que imigrantes russos, franceses e
ingleses existem ou existiram no Sul, mas as colônias mais significativas são
as de alemães, italianos, poloneses e portugueses das ilhas dos Açores. Ainda
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segundo eles, isto tudo permite identificar no Sul uma cultura de “gringos”,
compreendendo os europeus não portugueses, uma cultura de matutos,
compreendendo os descendentes de açorianos, e uma cultura gaúcha, ligada
ao pastoreio, muito próxima dos povos da fronteira com o Uruguai e a
Argentina acrescentando que, o que parece marcar profundamente a cultura
brasileira é o aristocratismo ibérico, que passa às outras etnias, como marca
de sucesso e ascensão social, e que da mesma forma, a escravidão – abolida
em 1888 – está presente nas relações inter-raciais, de forma evidente,
tornando difícil a construção de uma sociedade verdadeiramente igualitária.
Quanto ao racismo brasileiro, eles o classificam como diferente do norte-
americano e do de outros países, não sendo, porém menos prejudicial à
população brasileira, que possivelmente seria considerada essencialmente
mulata pela maioria dos países. (2010, p. 18).
Ainda segundo os mesmos autores:
Não são apenas raças e etnias, que produzem culturas. Classes sociais, instituições e organizações também as produzem. Os muitos livros e artigos sobre cultura organizacional e empresarial produzidos desde a década de 80 têm-se ocupado em definir e aprofundar essa apropriação das diversas concepções de cultura no âmbito social e organizacional. (2010, p. 18, grifo nosso).
Entretanto, ressaltam eles que, mesmo com a potencial diversidade
de culturas que podem ser geradas dentro das sociedades, é também verdade
que, com a globalização, há tendência para profunda uniformização das
classes dominantes e médias de todo o mundo. Essa uniformização começa
nas empresas, onde a ideologia tecnocrática instaurou um modo muito
semelhante de racionalidade e de comportamento.
Por outro lado, toda sociedade, em maior ou menor medida, filtra e
adiciona seu próprio “tempero” a idéias e tecnologias globalizantes, criando
suas próprias versões. Por sua vez, organizações também refiltram e
retemperam essas idéias, costumes e valores, globalizados mas já
nacionalizados, a sua própria maneira. Entender a particularidade desses
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híbridos de empresa para empresa, bem como o processo de sua formação,
constitui também o objeto de estudos que tratam de cultura organizacional.
No final das contas, acabam existindo vários aspectos que
condicionam essas diferenças culturais entre empresas. É claro que a cultura
de uma empresa será sempre diferente da cultura de uma tribo, e será sempre
semelhante à cultura de outra empresa. Porém, um dos fatores mais
importantes a diferenciar a cultura de uma empresa da cultura de outra, talvez
o mais importante, é a cultura nacional. Os pressupostos básicos, os
costumes, as crenças e os valores, bem como os artefatos que caracterizam a
cultura de uma empresa, trazem sempre, de alguma forma, a marca de seus
correspondentes na cultura nacional. Não há como, portanto, estudar a
cultura das empresas que operam em uma sociedade, sem estudar a
cultura – ou as culturas – dessa sociedade. (MOTTA; CALDAS, 2010, p. 18-
19, grifo nosso).
Essa vale dizer, é nossa proposta quando estamos incluindo em
nosso trabalho essa matéria relativa à cultura organizacional e à cultura
brasileira, sobre a qual ainda incluiremos a visão de outros autores citados por
Rodrigues (2009) a seguir, ou seja, nosso propósito ao estudar o estresse no
trabalho, envolve intrínseca e preliminarmente a abordagem de nossa cultura
brasileira, assim como da cultura organizacional brasileira.
Assim sendo, temos Ribeiro (1983) citado por Rodrigues (2009) que
diz que efetivamente, o Brasil não nasceu como etnia e se estruturou como
nação em consequência da soma dos desígnios de seus criadores. Surgiu, ao
contrário, como uma espécie de subproduto indesejado e surpreendente de um
empreendimento colonial, cujo propósito era produzir açúcar, ouro ou café e,
sobretudo, gerar lucros exportáveis. Desse empreendimento – levado a cabo
no curso do processo civilizatório desencadeado pela Revolução Mercantil –
resultou ocasionalmente um povo e, mais tarde, uma sociedade nacional. Esta
emergiu da condição de feitoria colonial à de nação aspirante ao comando de
seu destino, por força de um outro processo civilizatório de âmbito mundial – a
Revolução Industrial – que, embora só afetasse reflexamente, a transfigurou
radicalmente. (p. 67).
17
Já Azevedo (1964) vê que:
Entre os traços dominantes, um dos mais fortes, e considerado às vezes como a própria chave do caráter brasileiro, é o predomínio, na sua estrutura, do afetivo, do irracional e do místico. O autor alerta, ainda, para a moral “constituída de dois princípios, da autoridade soberana do chefe, herdeiro do senhor e da fidelidade incondicional do servidor”. (AZEVEDO apud RODRIGUES, 2009, P. 67).
“O passivismo expressa-se em atitude de resignação, fatalismo e
aceitação do status quo” considera Rosen (1964) citado por Rodrigues (2009).
Quanto a este passivismo, o autor reafirma o fato de o mesmo ser
característica oriunda de pessoas que vivem em sociedades autoritárias e
rigidamente estratificadas.
Freire (1983) vê nessa passividade do brasileiro uma “neutralidade
frente ao mundo, frente ao histórico, frente aos valores que reflete apenas o
medo que se tem de revelar o compromisso”. A falta de compromisso com a
sociedade, com a organização, passa a ser outra característica genérica do
brasileiro, “que estão comprometidos consigo mesmos, com seus interesses ou
com os interesses dos grupos aos quais pertencem”. (FREIRE apud
RODRIGUES, 2009, p. 68).
Da Matta (1986) citado por Rodrigues (2009) analisa o indivíduo
brasileiro dando um enfoque fora dos padrões tradicionais, mas coerente com
o brasileiro do futebol e carnaval. Considera a “malandragem” e o “jeitinho”
como características fundamentais do estilo brasileiro. O que faz com que
exista sempre um meio-termo, entre o “é permitido” e o “é proibido”, existe o “é
possível”, posição esta institucionalizada no dia-a-dia do brasileiro. “O jeito é
um modo e um estilo de realizar, é um modo pacífico e até mesmo legítimo de
resolver problemas, provocando essa junção inteiramente casuística da lei com
a pessoa que a está utilizando”. (p. 68)
Para Moraze (1988) o jeitinho brasileiro é “uma engenhosa manobra
para tornar o impossível possível, o injusto justo e o ilegal, legal”. (MORAZE
apud RODRIGUES, 2009, P. 68).
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Considerando as características culturais brasileiras já
mencionadas, a nosso ver, estão um pouco defasadas considerando-se o
trabalhador brasileiro que já não mais tem as atitudes e características acima
elencadas. Sob nosso ponto de vista essa é sim a visão dos grupos
dominantes, políticos e até de alguns governantes, mas não da totalidade dos
brasileiros que já atingiram um grau de maturidade profissional e lutam pelo
seu espaço no mercado de trabalho, enfrentando, sim, muitas das vezes esses
brasileiros acima caracterizados pelos autores citados. Porém, fizemos
questão de citá-los para deixar marcada a evolução histórica do brasileiro
diante de uma cultura colonizadora e das atuais necessidades de
sobrevivência no mercado de trabalho, cada vez mais exigente e exaustiva.
Em continuação, abordaremos a seguir o conceito de Qualidade de
Vida no Trabalho.
A técnica de agrupar o trinômio Indivíduo/Trabalho/Organização,
surgiu no início da década de 50, na Inglaterra, graças a estudos feitos por
TRIST e alguns colaboradores. Essa técnica foi denominada de Qualidade de
Vida no Trabalho – QVT. Porém, outros exemplos de estudos à época ainda
não estruturados sob o conceito de QVT, não podem ser desprezados, como,
por exemplo, “os ensinamentos de Euclides de Alexandria sobre princípios de
geometria, há 300 anos aC, e que foram aplicados para melhorar o método de
trabalho dos agricultores à margem do Nilo, ou a “Lei das Alavancas”, de
Arquimedes, que, em 287anos aC, veio diminuir o esforço físico de muitos
trabalhadores . Esses são alguns fatos históricos que vieram a alterar a forma
de execução da tarefa, trazendo intrinsecamente uma melhoria nas condições
de trabalho e bem estar do trabalhador”. (RODRIGUES, 2009, p.76).
Segundo Rodrigues, “HUSE & CUMMINGS (1985) explicitaram em
sua obra os pontos de maiores convergências e preocupações sobre as
dimensões que trariam ao indivíduo uma melhor QVT. São eles: 1) Adequada
e satisfatória recompensa; 2) Segurança e saúde no trabalho”; 3)
Desenvolvimento das capacidades humanas; 4) Crescimento e segurança
profissional; 5) Integração social; 6) Direitos dos trabalhadores; 7) Espaço total
de vida no trabalho e fora dele; 8) Relevância social.” (2009, p. 78).
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Ainda segundo Rodrigues, para WALTON (1973, p. 11) “a
expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente frequência para
descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas
sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do
crescimento econômico”. (2009, p. 81). Segundo WALTON (1973), oito
“categorias conceituais” são propostas a fim de se ter uma estrutura para
analisar as características da QVT, que são: “1) Compensação adequada e
justa; 2) Condições de segurança e saúde do trabalho; 3) Oportunidade
imediata para a utilização e desenvolvimento da capacidade humana; 4)
Oportunidade futura para crescimento contínuo e segurança; 5) Integração
social na organização de trabalho; 6) O Constitucionalismo na organização do
trabalho; 7) O trabalho e o espaço total da vida; 8) A relevância social da vida
do trabalho”. (2009, p. 84-85).
Podemos, de acordo com as citações acima, verificar certa
convergência de pensamentos e análises entre os autores, o que demonstra
uma sintonia quanto às necessidades básicas de Qualidade de Vida no
Trabalho.
De acordo com o artigo publicado no RH-PORTAL, escrito para a
Palestra Qualidade de Vida no Trabalho, no IV Congresso Norte Paranaense
de Recursos Humanos, em Londrina – Paraná, “Segundo a Organização
Mundial de Saúde, Qualidade de Vida é um conjunto de percepções individuais
de vida no contexto dos sistemas de cultura e de valores em que vivem, e em
relação a suas metas, expectativas, padrões e preocupações.” E completa: “A
missão estratégica de um Programa de Qualidade de Vida canaliza seus
esforços para alcançar os seguintes resultados: - Aumentar os níveis de
SATISFAÇÃO E SAÚDE do colaborador/consumidor/comunidade. (Força de
trabalho mais saudável) – Melhorar o CLIMA ORGANIZACIONAL (ambiente,
relações e ações saudáveis) – Afetar beneficamente no processo de
FORMAÇÃO E DESENVLVIMENTO humano, agregando competências
(capacidades e atributos) – Influenciar na diminuição da PRESSÃO NO
TRABALHO e do DISTRESSE individual e organizacional (Menor
absenteísmo/rotatividade; Menor número de acidentes) – Melhorar a
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capacidade de DESEMPENHO das atividades do dia-a-dia. (Maior
produtividade)”. (CARMELO, Eduardo, 2012).
Passaremos, agora, aos conceitos de estresse, abordando, alguns
autores, iniciando por BOHLANDER e SNELL, in Administração de Recursos
Humanos, para os quais “O estresse é qualquer exigência feita a um indivíduo
que requeira um comportamento caracterizado por grande esforço,
responsabilidade, dedicação. O estresse se origina de duas fontes básicas:
atividade física e mental ou atividade emocional.” (2009, p. 468). Prosseguem
acrescentando que:
Os psicólogos utilizam dois termos distintos para distinguir entre as formas positiva e negativa de estresse, mesmo que as duas formas sejam iguais bioquimicamente. O chamado eustresse é o estresse positivo, que acompanha a realização de um objetivo e a satisfação resultante. O eustresse é o estresse de conseguir superar desafios, como aqueles encontrados nos setores gerenciais, técnico ou de contato com o público; ele é considerado uma força benéfica que ajuda as pessoas a enfrentarem obstáculos. O que se considera nocivo é o distresse. O estresse se transforma em distresse quando começamos a perceber uma perda de nosso sentimento de segurança e adequação. Falta de ânimo, desespero e desapontamento transformam o eustresse em distresse. (BOHLANDER e SNELL, 2009, p. 468, grifos dos autores).
Bohlander e Snell (2009) dizem que a reação ao estresse é uma
mobilização química coordenada de todo o corpo, visando atingir as exigências
para enfrentar ou evitar uma situação de luta ou fuga. O sistema nervoso
simpático ativa a secreção de hormônios a partir das glândulas endócrinas,
que colocam o corpo em uma situação de “pé de guerra”. Essa resposta,
comumente chamada reação de alarme, basicamente envolve um aumento da
frequência cardíaca e respiratória, altos níveis de adrenalina no sangue e
aumento de pressão arterial, e persiste até que a percepção da pessoa quanto
à relativa ameaça ao seu bem-estar for reavaliada. Se o distresse permanecer
por muito tempo, poderá resultar em fadiga, exaustão e, até mesmo, em surto
físico e/ou emocional. (p. 469)
De acordo com FRANÇA, Ana Cristina Limongi e RODRIGUES,
Avelino Luiz, in Stress e Trabalho - Uma Abordagem Psicossomática, é
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definido que “o significado do termo stress, na forma que tem sido utilizado,
vem da Física e, nesse campo de conhecimento, tem o sentido do grau de
deformidade que uma estrutura sofre quando é submetida a um esforço.”
(2009, p. 29).
Para (SAMPAIO e GALASSO, 2009) “As origens da noção de
stress”, no mesmo livro acima citado, contido no item 4 – Stress no Mundo do
Trabalho: trajetória conceitual são abordadas da seguinte forma: “A utilização
da palavra stress antecede em séculos seu uso sistemático ou científico, tendo
sido identificadas diferentes origens etimológicas para ela: stress (dureza,
desconforto) do inglês antigo; estresse (estreiteza) do francês antigo; strictia e
strictus (apertado, estreito), do latim e também do princípio de stringere (tornar
apertado, apertar). (p. 66).
Os aspectos do estresse enfocados no material acima são:
a) No campo da Física - no final do século XVII, o termo estresse já
fazia parte do vocabulário das ciências físicas e passou a ser utilizado no
século XIX já com o significado de uma deformação de um corpo, em
decorrência da exposição do mesmo a uma força externa;
b) Como base de más condições de saúde – no século XIX, na área
da Medicina, o estresse já era visto como consequência de excesso de
trabalho;
c) Alterações fisiológicas – na década de 30, em estudos sobre a
fisiologia das emoções, definiram o estresse como um distúrbio da
homeostase, que podia ser observada quando de exposição ao frio, falta de
oxigênio, baixo nível de açúcar no sangue;
d) Síndrome de Adaptação Geral – caracterizada por três fases, a
de reação de alarme, a fase de resistência e a fase da exaustão;
e) Como estado dinâmico – entendido como um estágio de
adaptação do organismo a exigências ambientais e de outros agentes
considerados como nocivos;
22
f) De combatentes de guerra – visto como um estresse das
condições de vida e das formas de enfrentá-la.
No final da década de 70, tiveram grande impulso os estudos do
estresse decorrente do processo de envelhecimento, da passagem pelas
diversas fases da vida, além das crises de estresse como consequência dos
aspectos ambientais, sociais e físicos, aos quais estavam sujeitos os
trabalhadores.
Assim, finalizamos esse primeiro Capítulo de nossa pesquisa tendo
abrangido toda a área inicial proposta, constando do histórico e conceitos de
cultura, cultura brasileira, cultura organizacional brasileira, Qualidade de Vida
no Trabalho, estresse e estresse no trabalho, pontos considerados
fundamentais para que possamos prosseguir observando um desenvolvimento
estruturado e alinhado com os Capítulos subsequentes.
CAPÍTULO II
FONTES, FASES E TIPOS DE ESTRESSE NO
TRABALHO
Uma das características do século XX foi o surgimento e a
ampliação de novas tecnologias, sobretudo aquelas de informação, destinadas
a tornar o trabalho mais ágil, dinâmico, técnico, mensurável através de
softwares de avaliação qualitativa e quantitativa de produção e próximo dos
esperados níveis de perfeição, tanto por parte das empresas, quanto dos
próprios empregados que são cada vez mais exigidos na execução de suas
tarefas.
Esse nível de exigência vem transformando as empresas e seus
colaboradores, levando esses últimos a um nível de estresse extremamente
elevado.
23
Nesse II Capítulo, abordaremos as fontes, fases e tipos de estresse
no trabalho, iniciando pelas mais conhecidas fontes de estresse já identificadas
por diversos autores e em seguida, falaremos sobre as fases e tipos de
estresse, da mesma forma, calcados em autores consagrados nessa literatura
específica.
De acordo com Elton Mayo (1880-1949), citado por BENEDICTO,
Samuel Carvalho de, ABBUD, Emerson Luiz, PENIDO, Aline Michelli Silva e
PEREIRA, Wellington Dias, no artigo “Estresse e Psicopatologias no Ambiente
de Trabalho: Conceitos, Contextos, Manifestações e Consequências”, suas
experiências na fábrica da Western Electric, em Chicago, objetivando
estabelecer ligações entre a motivação e o resultado final do trabalho dos
empregados, clarificaram para o mundo do trabalho que o fator humano
deveria ser recuperado, numa época em que a produção em massa
desumanizante era mais apreciada. Ancorado em estudos da American
Psychiatric Associotion (1994) e pesquisas desenvolvidas por Dejours e
Abdouchely (1994) e Dejours (1996,2000) abaixo são evidenciados alguns
fatores desencadeadores do estresse no ambiente de trabalho.
Ruído: O ruído excessivo pode causar estresse pela estimulação do
Sistema Nervoso Simpático, provocando irritabilidade, perda de audição e
diminuindo o poder de concentração. O ruído torna-se um fator estressante
capaz de produzir alterações nas funções fisiológicas essenciais, apresentando
um efeito físico e/ou psicológico.
Alterações do sono: O contínuo atraso do sono seja por trabalho,
viagens e variações do ritmo das atividades sociais, facilitadas pelo uso da luz
elétrica e atrações noturnas, pode levar à insônia e, consequentemente ao
estresse. A má qualidade do sono produz aumento da sonolência no período
de trabalho (seja noturno ou diurno), muitas vezes responsável por acidentes,
desinteresse, ansiedade, irritabilidade, perda da eficiência e estresse.
Falta de Perspectivas: A perspectiva otimista alivia as tensões do
cotidiano. O pessimismo e a falta de perspectivas predispõem o trabalhador
aos efeitos ansiosos, sem esperanças de recompensas agradáveis. Dejours
(2000) destaca que é falso acreditar que funcionários temerosos produzem
24
mais. O medo motiva para a ação por breve tempo, mas logo sobrevêm o
estado de esgotamento com efeitos imprevisíveis. Assim, os ambientes de
trabalho onde o futuro se mostra continuamente sombrio são indesejáveis.
Mudanças constantes no trabalho: Normalmente as mudanças
podem gerar insegurança e necessidade de ambientação. Diante das
mudanças, aquilo que é mais solicitado das pessoas é a adaptação, portanto,
é o momento onde o estresse está acontecendo. Evidentemente, as pessoas
possuidoras de dificuldades adaptativas sofrerão mais. Para Dejours (2000),
nestas condições é imperativo que as condições emocionais do trabalhador
(mágoa, orgulho, inveja, rancor, etc.) estejam sob controle da razão.
Novas tecnologias: A tecnologia normalmente está em contínua
substituição por sistemas mais modernos, por isso, as pessoas são
emocionalmente solicitadas a se adaptar ao novo. Nesse caso o estresse será
variável, de acordo com as disposições pessoais e com o tipo dessa nova
tecnologia a ser implantada. Sofrerão mais as pessoas com instabilidade
afetiva, com traços marcantes de ansiedade ou já previamente estressadas.
Mudanças auto-impostas: São as exigências que as pessoas
fazem a si próprias. Para Dejours (2000) essa prática é necessária para que o
indivíduo esteja sempre buscando adaptar-se às novas circunstâncias da vida.
Por intermédio do inconformismo busca-se sempre fazer com que o amanhã
seja melhor do que o hoje e exige uma reciclagem constante, mudanças
continuadas e necessidades de adaptação. Encarar a mudança sob uma
perspectiva de crescimento e adequação certamente evitará considerar a
tarefa tediosa, inútil e humilhante. Essas atitudes negativas favorecem o
descontentamento, a ansiedade e, consequentemente, o estresse.
Ergonomia: Dejours (2000) defende que o conforto humano deve
ser sempre considerado. Privilegiar apenas as razões emocionais se constitui
um erro. A postura ergonômica envolve o confronto térmico, acústico, as horas
trabalhadas interruptamente, a exigência física e postural. Muitos trabalhadores
estão submetidos a ambientes hostis, em termos de temperatura, umidade do
ar e contato com agentes agressivos à saúde. Desse modo, muitos
trabalhadores desenvolvem estresse ergonômico, por desempenharem
25
atividades que exigem posições anti-fisiológicas, repetitividade de exercícios
danosos e exigências posturais com permanência exagerada em atitudes
cansativas. (DEJOURS apud BENEDICTO, ABBUD, PENIDO E PEREIRA,
2012, p. 8 – 9).
Para Baum e Gatchel, tratando sobre a natureza do stress, explicam
que, o estresse de desdobra como um processo, começando com o
reconhecimento e a avaliação de estressores e levando a uma ampla série de
mudanças em todo o organismo. O timing desses eventos é um tanto variável,
embora a ordem geral dos eventos seja menos variável do que sua magnitude
e espaçamento. A maioria dos teóricos concorda que o stress é integrado,
iniciado e regulado pelo sistema nervoso central (SNC), que fornece
informações sobre o ambiente e a periferia e interpreta e age com base nessas
informações. Parte desse processo é a avaliação, uma interpretação
neuralmente baseada de estímulos aferentes. Dependendo da natureza desse
processo, o SNC emite instruções ao corpo, ou para manter uma atividade
contínua ou para modificá-la a fim de lidar com o objeto dessa avaliação. Em
outras palavras, o cérebro absorve informações sobre o ambiente, bem como
sobre o estado do resto do corpo e, se essa avaliação produzir a “conclusão”
de que as condições prevalecentes ameaçam dano, perda ou exigência
excessiva, evocam-se respostas de stress. (2009, p. 190).
Bohlander e Snell explicam que as causas do estresse relacionado
ao trabalho são muitas. Todavia, de acordo com um estudo realizado pela
Lluminari, uma empresa norte-americana de assistência à saúde, quatro
fatores têm importante influência no estresse dos empregados:
§ Elevado nível de exigência: muitas tarefas a realizar em muito
pouco tempo;
§ Grande esforço: necessidade de empregar muita energia mental
ou física por um período muito longo;
§ Pouco controle: ter muito pouca influência sobre o modo como o
trabalho diário é realizado no dia-a-dia;
26
§ Pouca compensação: receber feedback inadequado sobre
desempenho e não obter nenhum reconhecimento por um trabalho bem
concluído. (2009, p. 469).
Ainda segundo os mesmos autores outros fatores de estresse no
trabalho que são reconhecidos incluem: demissões e reestruturação
organizacional; desentendimentos com gerentes ou colegas; preconceito em
virtude de idade, gênero (feminino ou masculino), raça ou religião;
impossibilidade de realizar reclamações; e condições de trabalho
insatisfatórias. Até mesmo pequenas irritações como falta de privacidade,
música ambiente desagradável, assim como outras condições, podem ser
causas de distresse para uma pessoa. (2009, p. 469).
Sampaio e Galasso, citando Baker e Karasek (2000), apresentam a
“relação de componentes do processo de stress publicada pelos autores,
acompanhada de suas consequências de caráter fisiológico, psicológico ou
comportamental, de curto e longo prazos, e dos fatores modificadores”.
Componentes do processo de estresse (BAKER e KARASEK,
2000).
Estressores
§ Exigências de tempo, estrutura temporal do trabalho e ritmo:
horas extras, trabalho em turnos, trabalho ao ritmo da máquina, pagamento por
produção.
§ Estrutura das tarefas: falta de controle, subutilização de
capacidades.
§ Condições físicas: desagradáveis, ameaça de riscos físicos ou
tóxicos, riscos ergonômicos.
§ Organização do trabalho: ambigüidade de papel, conflito de
papel, competição e rivalidade.
§ Extra-organizacionais: fatores relacionados à comunidade,
insegurança no emprego, preocupações com a carreira.
§ Fontes extratrabalho: pessoais, família, relacionados à
comunidade.
Consequências
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Fisiológicas:
§ de curto prazo: catecolaminas, cortisol, aumentos de pressão
arterial;
§ de longo prazo: hipertensão, doenças cardíacas, úlceras, asma.
Psicológicas (cognitivas e afetivas):
§ de curto prazo: ansiedade, insatisfação, doença psicogênica de
massa;
§ de longo prazo: depressão, burnout, distúrbios mentais.
Comportamentais:
§ de curto prazo: no trabalho (absenteísmo, produtividade e
participação); na comunidade (redução das amizades e da
participação); na esfera pessoal (abuso de álcool e drogas, fumo);
§ de longo prazo: “desesperança aprendida”.
Modificadores
§ Individuais: estilo e vida e recursos pessoais.
§ Suporte social: de natureza emocional, auto-estima,
informacional. (SAMPAIO E GALASSO, 2009, p. 74-75).
Assim, diante das fontes de estresse acima citadas segundo as
análises dos autores focados, vemos que muitas são essas fontes, que muitos
autores fazem análise mais ou menos amplas, chegando, porém, na maior
parte das vezes a conclusões muito próximas uns dos outros e que podemos
perceber também que, não raro essas fontes de estresse se apresentam em
qualquer ambiente organizacional, daí o motivo de tantos empregados
sofrerem de estresse e das doenças dele decorrentes, sem saber, muitas das
vezes que os males que os atacam tiveram origem no seu ambiente de
trabalho.
Quanto às fases do estresse, França e Rodrigues (2009, p. 37 – 40),
tratando da Síndrome Geral de Adaptação, nome dado por Selye “Ao
conjunto de modificações não específicas que ocorrem no organismo, diante
de situações de stress.” Descrevem essa síndrome que se caracteriza por três
fases:
1ª Fase: Reação de Alarme
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ð Aumento da frequência cardíaca
ð Aumento da pressão arterial
ð Aumento da concentração de glóbulos vermelhos
ð Aumento da concentração de açúcar no sangue
ð Redistribuição do sangue
ð Aumento da frequência respiratória
ð Dilatação dos brônquios
ð Dilatação da pupila
ð Aumento da concentração de glóbulos brancos
ð Ansiedade.
2ª Fase: Reação de Resistência
ð Aumento do córtex da supra-renal
ð Ulcerações no aparelho digestivo
ð Irritabilidade
ð Insônia
ð Mudanças no humor
ð Diminuição do desejo sexual
ð Atrofia de algumas estruturas relacionadas à produção e células
do sangue.
3ª Fase: da Exaustão
ð Retorno parcial e breve à Reação de Alarme
ð Falha dos mecanismos de adaptação
ð Esgotamento por sobrecarga fisiológica
ð Morte do organismo.
Ainda os mesmos autores, ou seja, França e Rodrigues, abordando
os ”Mecanismos de Formação dos Sintomas”, entram na questão da Medicina
Psicossomática “enquanto método de investigação científica e prática na
promoção de saúde”, que, segundo eles:
Organizou-se há cerca de 60 anos; no entanto tem apresentado rápida evolução, o que demonstra grande interesse e esforço em relação ao desenvolvimento dessa modalidade de saber, que procura levar em consideração, como primeira meta, a figura do doente e não a doença. Não é
29
uma especialidade médica ou ramo da Psiquiatria. É uma postura, uma atitude do médico ou de qualquer profissional da área da saúde que concebe o ser humano como um ser bio-psico-social. E para operacionalizar esse conceito na prática é que se instituiu a Medicina Psicossomática. (2009, p. 83).
É importante frisar o que dizem ainda os autores acima citados, no
que se refere ao trabalho, ou seja, que: “Dentro do contexto do trabalho, vale a
pena lembrar, como destaca Dejours (1994), que o trabalhador não chega à
empresa como uma máquina nova. Ele tem uma história pessoal que gera
aspirações, desejos, motivações, necessidades psicológicas e interage com
sua história passada. Isso confere a cada indivíduo características únicas e
pessoais.” (2009, p. 86). E prosseguem: “Grande número de estudos médicos
e psicológicos demonstra que o ser humano tem apresentado dificuldade em
lidar com estímulos estressores ambientais e socioeconômico-culturais da
sociedade industrial e urbana. Dentro da perspectiva da Medicina
Psicossomática e dos ensinamentos de Seyle e seguidores que estão a
aperfeiçoar continuamente suas teorias iniciais, pode-se compreender grande
número de doenças – principalmente aquelas mais frequentes do homem
urbano contemporâneo – que denunciam, expressam e revelam a forma de a
pessoa viver, sua qualidade de vida e sua maneira de interagir com o mundo.”
(FRANÇA e RODRIGUES, 2009, p. 88, grifo do autor).
Quanto às fases do estresse, consideramos também relevante
mencionar a análise de Rodrigues (2009) quando se refere à questão dos
distúrbios neurovegetativos: subproduto da função executiva. Segundo ele a
função do executivo apresenta diversos aspectos que atraem o profissional. Os
altos salários, status, a posição de respeito e poder inerente ao cargo são
algumas destas vantagens. Em contrapartida estes benefícios estão
associados a situações competitivas e conflituosas.
A pressão organizacional com origem nos dirigentes maiores,
trabalhadores e no ambiente externo e a incerteza profissional, são algumas
das situações negativas vivenciadas pelo gerente. Esta situação causa um
“desgaste anormal da máquina humana, resultando em uma incapacidade de
adaptação às exigências de natureza psíquica existentes em sua vida.”
30
(COUTO apud FRANÇA e RODRIGUES, 2009, p. 64), o que leva o gerente a
um estado denominado de stress, e afeta diretamente sua Qualidade de Vida
no Trabalho.
Para finalizar a pesquisa quanto às fases do estresse, não podemos
deixar de tratar do burnout que, segundo Maslach e Leiter, “implica uma reação
prolongada a estressores interpessoais crônicos no trabalho” (MASLACH,
1982; MASLACH; LEITER, 1997). As três dimensões mais importantes do
burnout são a exaustão, o ceticismo e um sentimento de ineficácia profissional.
Essas três dimensões têm uma inter-relação estruturada no sentido de que a
exaustão ocorre em relação a exigências do meio ambiente, leva ao ceticismo,
que, por sua vez, diminui a eficácia profissional. “Essa relação estruturada
define o burnout como uma síndrome, e não como um grupo de sintomas
associados por coincidência.” (2009, p. 3).
França e Rodrigues, citando FREUDENBERGER e RICHELSON
(1980), dizem que ambos os autores colocam o burnout como fruto de
situações de trabalho notadamente nos profissionais que têm como objeto de
trabalho o contato com outras pessoas. O burnout seria a resposta emocional
a situações e stress crônico em função de relações intensas – em situações de
trabalho – com outras pessoas ou de profissionais que apresentam grandes
expectativas com relação a seus desenvolvimentos profissionais e dedicação à
profissão; no entanto, em função de diferentes obstáculos, não alcançaram o
retorno esperado. (2009, p. 52).
França e Rodrigues, ainda sobre o assunto, citam que:
Pela conceituação de Maslach, o burnout é uma síndrome caracterizada por três aspectos básicos: “Exaustão emocional, Despersonalização e Redução da realização pessoal e profissional”. (2009, p. 53, grifos do autor).
A exaustão emocional decorre de uma intensa carga emocional
imposta pelo contato frequente e intenso com pessoas, sobretudo aquelas que
estão passando por grande sofrimento. O sentimento do profissional é o de
não conseguirá recuperar suas energias e frequentemente esse profissional
31
torna-se intolerante, facilmente irritável, nervoso e amargo, não só em seu
ambiente de trabalho como, também em suas relações entre amigos e família.
Na despersonalização ocorre o distanciamento emocional
exagerado, com frieza e indiferença frente às necessidades alheias, tornando o
profissional desumanizado, fazendo com que ele só veja seu trabalho como
um problema, um transtorno, tornando-o intolerante, irritado e ansioso.
A redução da realização pessoal e profissional é decorrente dos dois
aspectos acima enfocados, a exaustão e a despersonalização, que
transformam o profissional numa pessoa com a sensação de que não está
atingindo seus objetivos profissionais, daí decorrente uma redução de sua
auto-estima que, por vezes, leva à depressão.
Finalizando o Capítulo, abordaremos os tipos de estresse, o positivo
e o negativo, ou seja, o eustresse e o distresse.
Para GARFIELD (1983), citado por Rodrigues (2009), o stress é
visto como um “fato da vida”. Somente quando ele é prolongado e excessivo
torna-se uma condição de excitação fisiológica crônica, a qual evidentemente
predispõe as pessoas às doenças coronarianas e outras patológicas. (p. 64-
65).
Continua Rodrigues, “o stress benéfico é visto por HANDY como a
pressão do papel, já o prejudicial como a tensão do papel”.
Para França e Rodrigues, os tipos de stress são definidos como:
Eustress: tensão com equilíbrio entre esforço, tempo, realização e resultados e Distress: tensão com rompimento do equilíbrio biopsicossocial por excesso ou falta de esforço, incompatível com tempo, resultados e realização. No eustress – stress positivo -, o esforço de adaptação gera sensação de realização pessoal, bem estar e satisfação das necessidades, mesmo que decorrentes de esforços inesperados. É um esforço sadio na garantia de sobrevivência. (2009, p. 42 - 43).
Segundo Bohlander e Snell (2009) a fadiga é um estado grave de
distresse. A fadiga relacionada à carreira profissional geralmente ocorre
quando uma pessoa começa a questionar-se quanto a seus próprios valores.
Simplificando, pode-se dizer que a pessoa não acredita mais que aquilo que
32
ela faz é importante. Depressão, frustração e perda da produtividade são
sintomas da fadiga, que se deve, principalmente, à falta de realização pessoal
no trabalho ou à falta de um feedback positivo em ralação ao trabalho.
Para França e Rodrigues, tratando sobre Avaliação, enfocam que
“ainda que muitos estímulos estressores sejam potentes o suficiente para
desencadear o distress em uma grande maioria das pessoas [...], as diferenças
de respostas individuais ou grupais de como a situação é percebida devem
sempre ser consideradas, pois elas podem variar tanto qualitativa como
quantitativamente.” (2009, p. 43).
“É esse processo – continuam os autores - que nos indicará se uma
situação é estressante ou não para a pessoa, ou seja, se ela implica ou não
ameaça ou desafio.” (2009, p. 43).
Os autores analisam que no processo de avaliação, há uma
atividade mental que parte é racional e parte emocional, mas nem sempre
consciente, em que a pessoa faz um reconhecimento, uma estimativa da
situação que está apresentando-se, baseada em experiências passadas que
terá importância crucial não só na forma como a pessoa percebe o stress, de
como enfrentá-lo, mas também na determinação do tipo e intensidade da
resposta a ser produzida. Podemos dizer que tem a função de um mecanismo
de discriminação. É a avaliação que dá ao indivíduo o significado do momento
que está sendo vivido. E isto é muito importante, pois um mesmo
acontecimento estressante pode ser para uma pessoa motivo de grande
alegria, enquanto, para outra, ser causa de muito sofrimento.
Ao finalizar essa identificação e pesquisa sobre os tipos de estresse,
concluímos que os autores são unânimes quanto aos tipos de estresse
existentes, o positivo e o negativo, assim como concluímos, também, que o
positivo pode produzir bons resultados e até ser saudável, na medida em que
produz satisfação e prazer ao indivíduo após alcançar a realização de um
trabalho estressante, bem como ficou bem claro que o estresse negativo, é de
extrema periculosidade, em função da imensa quantidade de doenças que
pode vir a produzir num indivíduo submetido às mais adversas condições
físicas e mentais de trabalho.
33
CAPÍTULO III
COMO REDUZIR AS CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE
NO TRABALHO
Nesse último Capítulo de nosso trabalho de pesquisa monográfica,
trataremos das possibilidades conhecidas e recomendadas por diversos
autores consagrados na matéria, de como reduzir as consequências do
estresse no trabalho, enfocando, também, como a área de Recursos Humanos
das empresas deve preocupar-se e implantar medidas de redução do estresse
no trabalho.
A importância da percepção de fontes de estresse no local de
trabalho, bem como de seus sintomas nos empregados, é fundamental para
que a empresa possa evoluir cuidando da saúde de seus colaboradores e
reduzindo despesas relativas, por exemplo, a altos níveis de absenteísmo,
baixa produtividade e doenças decorrentes do estresse.
Segundo Bohlander e Snell (2009) em um estudo realizado
recentemente sobre a magnitude do estresse no local de trabalho, 54% dos
respondentes indicaram que com frequência voltam para suas casas em um
estado de fadiga, e cerca de 50% chegam cansados em seus lares (p. 468).
Segundo eles, tratando de programas de controle de estresse que
muitas empresas já desenvolveram constatam que em geral um programa
pode incluir diversas atividades como: “instrução sobre técnicas de
relaxamento, habilidades de adequação, capacidade de ouvir (as pessoas),
métodos para lidar com pessoas de personalidade difícil, administração de
tempo e assertividade”. (2009, p. 470).
34
Todas essas técnicas visam quebrar o padrão de tensão que
acompanha as situações de estresse e ajudar a conseguir um maior controle
de suas vidas. As técnicas organizacionais, como o esclarecimento quanto à
função, a redefinição e o enriquecimento do trabalho, a correção de fatores
físicos no ambiente e a capacidade de lidar efetivamente com fatores
interpessoais, não devem ser menosprezadas no processo de treinamento dos
empregados para lidarem com o estresse.
Nesse sentido Bohlander e Snell (2009) apresentam algumas
propostas que são discriminadas a seguir:
§ Construa relacionamentos gratificantes com os colegas. § Converse francamente com gerentes ou funcionários sobre preocupações pessoais ou profissionais. § Prepare-se para o futuro mantendo-se informado sobre prováveis mudanças nas exigências de trabalho. § Não exceda suas habilidades e capacidades. § Estabeleça prazos realistas; negocie prazos razoáveis com os gerentes. § Aja agora nos problemas ou preocupações relevantes. § Reserve períodos de trabalho durante os quais as interrupções sejam evitadas. § Quando sentir-se estressado, encontre tempo para desligar-se ou relaxar. § Não deixe coisas triviais assumirem importância; lide com elas rapidamente ou encaminhe-as para outros. § Faça pequenos intervalos, afastando-se de sua área de trabalho, como forma de mudar o ritmo. (2009, p. 470).
Baum e Gatchel, abordando várias tentativas de reduzir o estresse
ocupacional, citam programas desenvolvidos por algumas empresas como a
Jonhson & Johnson Corporation, a New York AT&T e a Blue Cross/Blue Shield
que tiveram tamanha importância para deixar claro que são possíveis
resultados positivos de redução do estresse, que, diante dos resultados
alcançados, “vários pesquisadores do stress ocupacional delinearam métodos
para reduzir substancialmente os estressores no local de trabalho, Taylor
(2006) resumiu esses métodos.” (2009, p. 198), conforme adiante descrito:
Reduzir tanto quanto possível os estressores físicos no trabalho, como barulho, iluminação agressiva, aglomeração, extremos de temperatura, etc.
35
Minimizar a imprevisibilidade e a ambiguidade nas tarefas e nos níveis desempenho esperados. Envolver tanto quanto possível os trabalhadores em decisões importantes que possam afetar o stress no local de trabalho (por exemplo, controle sobre certas características do emprego, como a ordem e o ritmo em que certas tarefas são realizadas). Tornar as tarefas do emprego tão interessantes e gratificantes quanto possível. Oferecer dependências sociais e recreacionais aos trabalhadores, para desenvolver e promover apoio social significativo, durante períodos de intervalo, hora do almoço e tempo livre depois do expediente. Treinar os supervisores para monitorar sinais potenciais de stress (por exemplo, apatia, raiva, absenteísmo, monotonia, negligência) e então intervir antes que o stress se torne problemático. (2009, p.198).
Outros autores ampliam o leque de recursos para a redução do
estresse no trabalho, como França e Rodrigues, que relacionam os seguintes:
Físicos: • técnicas de relaxamento; • alimentação adequada; • exercício físico regular; • repouso, lazer e diversão; • sono apropriado às necessidades individuais; • medicação, se necessário e sob supervisão médica. Psíquicos: • métodos psicoterapêuticos; • processos que favoreçam o autoconhecimento; • estruturação do tempo livre com atividades prazerosas e ativas; • avaliação periódica de sua qualidade de vida; • reavaliação de seu limite de tolerância e exigência; • busca de convivência menos conflituosa com pares e grupos. Sociais: • revisão e redimensionamento das formas de organização de trabalho; • mudanças no poder, com equalização deste e abolição do trabalho coercitivo e repetitivo; • aperfeiçoamento dos métodos de trabalho, com o sentido de incrementar o aumento da participação e da motivação; • melhoria das condições socioeconômicas; • investimento na formação pessoal e profissional. • aprimoramento, por parte da população em geral, do conhecimento de seus problemas médicos e sociais.
36
• concomitância dos planejamentos econômico, social e de saúde. (2009, p.173-174).
As estratégias acima elencadas quando implantadas em empresas,
devem obedecer a princípios de ações dirigidas, com o objetivo de conhecer
de forma mais abrangente possível as necessidades das pessoas, grupos e
empresas. Devem ter programas específicos para que possam produzir os
resultados esperados de forma positiva, não gerando assim o descrédito dos
empregados.
França e Rodrigues apresentam o que a empresa pode fazer:
“Ginástica laboral, comunicação positiva, maturidade de interação, critérios e
modelos legitimados, educação alimentar, arranjo físico/ambiente,
corresponsabilidade, gerenciamento estratégico = Bem-estar + resultados”
(2009, p. 175).
Para Arden (2003), a promoção de ajustes de atitude é
imprescindível quando se trata de “sobreviver” ao estresse no trabalho. Ele
aponta que algumas pessoas que experimentam estresse no trabalho têm
problemas em se separar de seus trabalhos. Nesse caso, os limites pessoais
são confundidos com os limites do trabalho.
Quando trata do gerenciamento do tempo, “A carga de estresse
pode ser aumentada, se você passar freneticamente de uma tarefa para a
outra; portanto, o gerenciamento do tempo é uma parte importante da redução
do estresse.” (ARDEN, 2003, p. 180).
Dentro desta análise são necessárias algumas ações tais como:
• Priorizar as tarefas importantes.
• Elaborar um cronograma que se concentre inicialmente nas
tarefas mais importantes.
• Conceder a si mesmo tempo suficiente para conclusão da tarefa,
procurando respirar para se recuperar antes de passar para a
próxima tarefa.
• Delegar tarefas para outras pessoas que possam ajudar, sem
impor empecilhos como: “Eles não sabem fazer isso”, e “Eu farei
isso, só assim ficará pronto”.
37
• Dar o melhor de si em cada tarefa.
Tratando da questão da tolerância ao estresse, Arden (2003) diz
que:
Algumas pessoas se referem a si mesmas como “perfeccionistas”. Geralmente, impõem altos padrões não realistas, e se sentem inadequadas se não correspondem a esses padrões, que são, quase sempre, impossíveis de serem alcançados. Um “perfeccionista” vive se frustrando, pois está continuamente descobrindo que não é perfeito. Essas pessoas, de fato, não se sentem perfeitas intimamente; geralmente tentam compensar exageradamente sentimentos de ansiedade, procurando comportar-se de uma maneira “mais do que perfeita” nas relações com o mundo externo. O perfeccionismo não é uma boa estratégia para lidar com o estresse do trabalho. (2003, p. 180).
Para Rossa, “É possível aprender a usar o estresse de modo
produtivo com a aplicação de breakout – princípio de ruptura, uma paradoxal
dinâmica ativopassiva”.
No campo neurológico Benson citado por Rossa afirma que o que
ocorre é que ao topar com um fator estressante no trabalho (um funcionário
difícil, uma negociação dura, um prazo apertado, ou algo pior), somos capazes
de lidar com o problema por um breve período antes que surjam os efeitos
negativos. Se formos expostos por períodos longos demais ao reflexo de fuga
ou luta, a pressão ficará muito grande e nosso sistema ficará inundado pelos
hormônios (epinefrina, norepinefrina e cortisol), fazendo subir a pressão, o
batimento cardíaco e a atividade cerebral, efeitos estes bastante prejudiciais
ao longo do tempo. As últimas descobertas indicam que se abandonarmos o
problema naquele momento, através de certos mecanismos, o cérebro tende a
se reorganizar de modo a gerar uma comunicação melhor entre os
hemisférios, ficando mais fácil resolver os problemas.
Carmello, que trata mais especificamente de Qualidade de Vida no
Trabalho é aqui citado por considerarmos a importância que o estresse
assume no âmbito geral dos aspectos da Qualidade de Vida, ou seja, um
Programa de Qualidade de Vida no Trabalho não pode deixar de enfocar o
estresse ocupacional.
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De acordo com (CARMELLO, 2007) vivemos numa sociedade em
constantes mudanças e num momento excitante para as organizações. A
sociedade percebe que a Qualidade de Vida e a Saúde são CADA VEZ MAIS
ativos importantes, envolvendo dimensões física, intelectual, emocional,
profissional, espiritual e social. Práticas inadequadas no ambiente de trabalho
geram impacto negativo na saúde física e emocional dos empregados e na
saúde financeira das empresas. Baixa motivação falta de atenção, diminuição
de produtividade e alta rotatividade criam uma energia negativa que repercute
na família, na sociedade e no sistema médico.
De acordo com Rossi, “O stress ocupacional tem feito sentir suas
consequências de forma cada vez mais forte e determinante, apesar dos
crescentes estudos e pesquisas internacionais sobre o tema”. Segundo dados
divulgados pelo The American Institute of Stress (AIS), os Estados Unidos
gastam cerca de US$ 300 bilhões/ano com as consequências do stress, e
estima-se que no Brasil os gastos cheguem a 3,5% do PIB/ano nacional.
Diante desse cenário, fica a pergunta: Onde está sendo colocado
todo o conhecimento acumulado sobre stress nas últimas décadas? O que
está faltando nos programas das empresas que se propõem gerenciar o
stress? Por que, apesar dos esforços, não atingem os resultados desejados?
(ISMA-BR, 2009).
A filial brasileira da International Stress Management Association no
Brasil (ISMA-BR) foi fundada em 2000. É uma associação sem fins lucrativos,
cuja missão é pesquisar o estresse e divulgar as teorias, práticas e aplicações
tecnológicas mais modernas, para o seu diagnóstico e tratamento.
A International Stress Management Association (ISMA) começou
suas atividades nos Estados Unidos em 1973, liderada pelo médico Edmund
Jacobson e pelos psicólogos F. J. McGuigan e Marigold Edwards. Sua primeira
denominação foi Associação para o Avanço do Controle da Tensão, quando
integrava disciplinas as seguintes Disciplinas: Audiologia, Comunicação,
Educação, Fisioterapia, Medicina, Odontologia e Psicologia e desde então, tem
atuado crescentemente e vem se adequando às atuais necessidades
decorrentes das mudanças ocorridas na sociedade.
39
Sua missão, desde sua criação e em vigor até os dias de hoje é
facilitar a aquisição e a disseminação do conhecimento científico sobre o
gerenciamento da tensão. Outra proposta é contribuir na orientação das
aplicações tecnológicas para o diagnóstico e tratamento do stress.
A partir de 1974, no intuito de viabilizar sua missão, a ISMA
começou a promover reuniões anuais em Chicago e já quatro anos depois,
assumiu caráter internacional, contando com uma representação na Europa.
Hoje a ISMA está representada em 12 países, Alemanha, Austrália,
Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Hong Kong, Índia, Inglaterra,
Japão, Rússia e Brasil e desde 1994 foi criado o periódico "International
Journal of Stress Management", publicado trimestralmente.
Em 1988 foi criado o web site da ISMA, que é a mais antiga
associação “para o gerenciamento do stress e ainda a única com caráter
internacional, permanecendo inalterado, desde sua criação, seu objetivo que é
“contribuir para a redução de doenças decorrentes do stress, colaborando para
uma melhor qualidade de vida em todo o mundo.”
(http://www.ismabrasil.com.br/).
Recentemente, em julho de 2012, a ISMA-BR promoveu seu 12º
Congresso de Stress em Porto Alegre e um dos especialistas convidados,
Sean Nicholson, apresentou dados impressionantes sobre o estresse e alertou
para o fato que considera uma das coisas que as empresas devem fazer é dar
poder de decisão aos seus funcionários, aumentando, assim, o controle que
têm sobre o seu trabalho. (http://www.ismabrasil.com.br/).
Uma pesquisa realizada pelo International Stress Management
Association no Brasil (ISMA-BR) com 1,2 mil pessoas mostrou que a redução
no uso do computador, do celular e de outras tecnologias teve efeitos
benéficos e ajudou a atenuar dores musculares, insônia, ansiedade e cansaço.
(http://www.ismabrasil.com.br/). Na mesma matéria, são apresentadas cinco
estratégias antiestresse:
a) Respire fundo – expire pela boca contando até dez e esvaziando os pulmões. Em seguida, inspire pelo nariz,inflando bem o abdômen. Conte até cinco enquanto faz movimento. Solte todo o ar e repita a respiração completa mais seis vezes.
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Além de se tranquilizar por um instante, você manda mais oxigênio para o cérebro funcionar melhor. b) Relaxe os músculos – Foque cada parte do corpo para sentir se há algum nó de tensão e, mentalmente, tente desfazê-lo. Comece pela face. Contraia a musculatura por dois segundos. Relaxe. Passe para outros pontos até chegar aos pés. Quando você relaxa a musculatura, a mente se beneficia. c) Visualize o relax – Imagine uma luz colorida, que entra pelo topo da cabeça e percorre todo o corpo, relaxando cada região por onde passa. d) Coma cereais integrais – Trigo, aveia, cevada e outros grãos oferecem nutrientes indispensáveis em períodos tensos. Há desde o carboidrato até as vitaminas do complexo B, que interferem com substâncias do cérebro e trazem bem estar. Sem falar que os integrais fornecem o magnésio, mineral que dá um basta no nervosismo. e) Caminhe – essa atividade física é uma excelente forma de liberar endorfinas, um grupo de substâncias que banha o corpo de bem-estar. (http://www.ismabrasil.com.br/).
Como podemos verificar várias são as estratégias e atitudes que
podem vir a reduzir o estresse no ambiente organizacional, porém é
imprescindível que as empresas estejam atentas e efetivamente atuantes
quanto à percepção dos mínimos sinais de estresse ocupacional que venham
a apresentar seus empregados, a fim de que sejam tomadas as providências o
mais rápido possível, para evitar consequências prejudiciais à saúde tanto dos
seus colaboradores, quanto, por via de consequência, das próprias empresas.
CONCLUSÃO
41
O tema por nós abordado, O Estresse no Trabalho, é, cada vez
mais de importância fundamental como parte da Qualidade de Vida no
Trabalho.
Ao longo de nossa pesquisa monográfica, fizemos um histórico,
desde a questão da Cultura Organizacional, a Cultura Brasileira, abrangendo o
conceito de cultura até a formação da cultura brasileira, no intuito de fazer o
link necessário com as questões de Qualidade de Vida no Trabalho, do qual o
estresse é uma das consequências da falta dessa Qualidade de Vida.
Abordamos os conceitos, fases e tipos de estresse na visão de
vários autores e terminamos com as possibilidades de redução do estresse no
trabalho, de acordo com as várias recomendações de autores especializados.
Diante de todo esse material objeto de nossa pesquisa, podemos
concluir que é indispensável que as empresas vejam seus colaboradores não
apenas como meros empregados, máquinas desumanizadas obrigadas a
realizar suas atividades laborais sob intensa cobrança de prazos exíguos, sem
as instalações físicas adequadas, com a total ausência de uma infraestrutura
condizente com as necessidades do trabalho a ser realizado, sem o
reconhecimento, a recompensa e o feedback necessários ao bom
desenvolvimento de seus trabalhos.
Concluímos que faz-se necessário, cada dia mais, que as empresas
voltem seu olhar para a saúde de seus colaboradores, é imprescindível que
eles sejam vistos como seres biopsicossociais que na realidade são.
É necessário que cada indivíduo tenha seu trabalho devidamente
mensurado, com as condições necessárias à sua realização.
É absolutamente inadmissível que as empresas não reconheçam
que boas condições de saúde de seus colaboradores representarão um melhor
aproveitamento das suas capacidades e que o trabalhador saudável
representará, por via de consequência, uma empresa igualmente saudável, ou
seja, aquela capaz de cumprir sua missão de forma digna, correta e lucrativa.
O certo é que, ao mesmo tempo em que constatamos o aumento
exacerbado do número de empregados portadores de estresse ocupacional e
tomamos conhecimento de cifras astronômicas em diversos países, como
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citamos exemplos dos Estados Unidos e no Brasil, gastas para o tratamento de
funcionários portadores de estresse e das suas várias consequências, vemos,
também, inúmeros exemplos de como é possível reduzir o estresse no trabalho
e que já há anos o estudo do estresse e de suas consequências tem ocupado
diversos pesquisadores e empresas interessadas em uma mudança geral de
atitude, visando o enfrentamento do problema como um fato real e dando a ele
a importância devida.
Concluímos que, mesmo com as inúmeras e crescentes demandas
da sociedade e das empresas, quanto à urgência no atendimento de todas as
suas necessidades com rapidez, perfeição e a um custo cada vez menor para
a produção de produtos e serviços, já é sabido por grande parte das empresas
que sem as condições ideais de saúde de seus colaboradores elas não
atingirão suas metas sem comprometer um volume considerável de recursos
financeiros decorrentes das doenças ocupacionais, notadamente no caso do
estresse, em função da enormidade de disfunções físicas, psíquicas e sociais
que o estresse pode provocar.
Vemos que já existe grande preocupação por parte das empresas
com a percepção e a atenção aos sintomas de estresse decorrente do trabalho
e vemos, também, com satisfação que também cresce a cada dia o número de
empresas comprometidas com a saúde de seus colaboradores, sobretudo
quanto à implantação de programas de tratamento do estresse e de suas
consequências.
Concluímos, finalmente, que chegamos ao final de nossa pesquisa
tendo atingido nossos objetivos e esperamos que cada vez mais seja maior o
número de empresas comprometidas em observar os primeiros sinais do
estresse em seus colaboradores para de imediato adotarem as medidas
necessárias para a redução do estresse no trabalho, visando a construção de
uma sociedade mais justa, consciente e saudável, capaz de produzir os
produtos e serviços necessários, porém, com a imprescindível atenção à saúde
dos seus colaboradores.
43
BIBLIOGRAFIA CITADA
ARDEN, Jonh B., Sobrevivendo ao Estresse do Trabalho – Como Superar as
Pressões do Dia-a-Dia, Rio de Janeiro, Editora Atlas Book Ltda., 2003.
44
BAUM, Andrew e GATCHEL, Robert. J., CAMARGO, Duílio Antero de.,
FRANÇA, Ana Cristina Limongi., SCHONFELD Irvin Sam e FARREL Edwin.,
Stress e Qualidade de Vida no Trabalho – O Positivo e o Negativo, Editora
Atlas, 2009.
BOHLANDER, George e SNELL, Scott, Administração de Recursos Humanos
(tradução da 14ª. Edição norte-americana), São Paulo, Cengage Learning
Edições Ltda., 2010.
FRANÇA, Ana Cristina Limongi e RODRIGUES, Avelino Luiz, SAMPAIO, Jáder
dos Reis, GALASSO, Leonilde M. R. e RIBEIRO, Silas da Cunha, LEITER,
Michel P. e MASLACH, Christina., Stress e Trabalho – Uma Abordagem
Psicossomática, São Paulo, Editora Atlas S.A., 2009.
MOTTA, Fernando c. Prestes e CALDAS, Miguel P., Cultura Organizacional e
Cultura Brasileira, São Paulo, Editora Atlas S.A., 2010.
RODRIGUES, Marcus Vinicius, Qualidade de Vida no Trabalho – Evolução e
Análise no Nível Gerencial, Petrópolis, Rio de Janeiro, Editora Vozes, 2009.
WEBGRAFIA CITADA
BENEDICTO, Samuel Carvalho de, ABBUD, Emerson Luiz, PENIDO, Aline
Michelli da Silva e PEREIRA, Wellington Dias, Estresse e Psicopatologias no
Ambiente de Trabalho: Conceitos, Contextos, Manifestações e
Consequências. URL: http://www.ead.fea.usp.br > Acessado em: 17/03/2012.
45
CARMELLO, Eduardo, RH Portal, Qualidade de Vida no Trabalho,URL:
http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=a7o2sdrwi,>Acessado
em: 28/05/2012.
McGUIGAN, F.J."Uma História Abreviada da International Stress
Management Association (ISMA)", International Journal of Stress
Management, Vol. 1, N° 1, 1994.URL: http://www.ismabr.com.br.,> Acessado
em: 16/07/2012.
ROSSA, Giovana, “Novos insights, soluções e criatividade no trabalho”.
URL: http://www.rhportal.com.br/artigos/wnview.php?icd_cad=63fnbjkvp,
>Acessado em 29/05/2012.
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
46
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
HISTÓRICO E CONCEITOS DE CULTURA, CULTURA BRASILEIRA,
CULTURA ORGANIZACIONAL BRASILEIRA, QUALIDADE DE VIDA NO
TRABALHO, ESTRESSE E ESTRESSE NO TRABALHO. 11
CAPÍTULO II
FONTES, FASES E TIPOS DE ESTRESSE NO TRABALHO 23
CAPÍTULO III
COMO REDUZIR AS CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE NO TRABALHO
34
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CITADA 45
WEBGRAFIA CITADA 46
ÍNDICE 47
FOLHA DE AVALIAÇÃO