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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
VALE DO PARAÍBA – REGIÃO FLUMINENSE – DEGRADAÇÃO E
RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Por: Williams Wagner Cravo de Carvalho
Orientador
Prof. Maria Esther Araújo
Rio de Janeiro
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
VALE DO PARAÍBA – REGIÃO FLUMINENSE – DEGRADAÇÃO E
RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Gestão Ambiental
Por: . Williams Wagner Cravo de Carvalho
AGRADECIMENTOS
Ao Engenheiro Florestal Doutor Marcos
Paulo Pereira e também Engenheiro
Florestal Christopher Cesar pelo apoio na
realização deste trabalho.
DEDICATÓRIA
A Minha Grande e Eterna Amiga Jornalista
Danielita Mendes Braga.
RESUMO
O presente trabalho trata das dificuldades encontradas na região do Vale
do Paraíba, assim como, das possíveis soluções para sanar o problema que hoje
habita a citada região.
Serão apresentados momentos históricos, passando pela época em que
Dom Pedro proclamou a independência do Brasil, as dificuldades encontradas
para o cultivo do café e a crise econômica mundial no ano de 1929 que acabou
por introduzir a produção do leite no país.
Como numa grande roda gigante, outros pontos de vistas serão abordados,
onde cada leitor tirará suas próprias conclusões, como no caso da cultura local, da
educação ambiental, das atividades educativas ligadas ao meio ambiente e
também à agricultura, que precisam de uma ação conjunta para que tudo funcione
para o bem de todos.
O Turismo será apontado como um grande incentivador para que o Vale do
Paraíba consiga diversificar e ampliar seus horizontes, como no caso de ofertas
de serviços com a criação de restaurantes com um cardápio típico da região, na
tentativa de resgatar a culinária local, sem falar nos serviços de hospedagem, seja
em pousadas ou na própria casa do agricultor, tornando o turismo um potencial de
novos negócios, que acabará por ajudar no crescimento da região.
Finalmente, será tratada aqui a questão de manejo e recuperação do solo,
tanto em relação as suas propriedades físicas, químicas e biológicas. A fauna, a
erosão hídrica, o assoreamento, as chuvas e o relevo serão um capítulo a parte,
onde poderá ser verificada a influência do homem neste diversos processos.
Palavras-chaves: Vale do Paraíba; Meio Ambiente, Erosão, Recuperação do Solo.
METODOLOGIA
Dissertar sobre o Vale do Paraíba é uma tarefa que requer muita pesquisa
e estudo, pois há uma enorme gama de informações sobre o assunto em questão,
tornando necessário uma minuciosa escolha nas fontes de pesquisa a fim de não
fazer abordagens infundadas. Pesquisa no Centro de Informações e Dados do Rio
de Janeiro – CIDE – se tornou fundamental para a elaboração deste trabalho,
assim como a consulta ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Com o uso da informática, tudo fica mais prático. Basta teclar “Vale do
Paraíba”, e uma enorme lista de informações aparece na tela do computador para
que seja acessada, porém nem todo site fala necessariamente do problema em
questão. O site www.cnpab.embrapa.br foi uma fonte muito especial no momento
de dissertar sobre a fauna e o solo da região do Vale do Paraíba.
Apesar de toda tecnologia, um bom livro não deve ser deixado de lado,
ainda mais se for levado em consideração a correria do dia-a-dia que muitas
vezes não permite um acesso mais contínuo aos dados da internet. Por este
motivo, leitura de autores como Leonardi, Boff, Souza e Murta, entre outros, foram
importantes companheiros nesta viagem sobre o Vale do Paraíba.
Diante de tanta bibliografia sobre o assunto foi necessário muita perícia na
escolha da consulta, o que se tornou um trabalho fascinante, pois foram “ouvidos”
vários autores, cada um com uma opinião sobre o problema da região e que
soluções poderiam ser tomadas.
O método escolhido foi muito diversificado, como pode ser concluído. O
mais importante é que nada seja deixado de lado. Leitura de livros, pesquisas pela
internet, acesso a reportagens antigas, etc. Cada escolha é valiosa na composição
de um trabalho.
S U M Á R I O
INTRODUÇÃO 5
CAPÍTULO I – A História do Vale do Paraíba 8
1.1. Aspectos sociais e econômicos. 8
1.2. Aspectos históricos e culturais. 11
CAPÍTULO II – Cenário Atual do Vale do Paraíba 18
2.1. Estratégias de recuperação para o meio ambiente. 18
2.2. O Programa Nacional da Agricultura Familiar no desenvolvimento agrário. 25
CAPÍTULO III – Soluções para a recuperação do Vale do Paraíba 28
3.1. Técnicas de manejo e recuperação do solo. 28
3.2. Sistemas alternativos para produção. 32
3.3. Controle dos processos erosivos. 34
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
5
INTRODUÇÃO
A escolha para dissertar sobre o Vale do Paraíba, foi bastante pensada,
tendo em vista toda a complexidade que envolve a região. Por outro lado, não se
pode deixar escapar um tema tão intenso, seja do ponto de vista político,
ambiental e sócio-cultural. Percebe-se o quanto ainda se tem que conhecer,
aprender e fazer uma corrente de conscientização sobre o meio ambiente de uma
forma geral. Várias pesquisas apontam as dificuldades encontradas na região,
mas também sugerem alternativas para reverter à estagnação em que se encontra
o Vale do Paraíba.
A finalidade com um tema tão fascinante e importante para o nosso País, é
não deixar que os problemas ambientais do Vale do Paraíba tomem maiores
proporções do que já possuem.
Este trabalho exige muito estudo, mas se todos se conscientizarem que os
problemas lá encontrados podem ser solucionados, a curto, médio ou longo prazo,
a escolha do tema apesar de arriscada, não terá sido em vão.
O Vale do Paraíba do Sul dispõe-se pelo interior, por trás da Serra do Mar,
apresentando-se como uma região deprimida em relação ao relevo circunvizinho,
drenada pela bacia do Paraíba do Sul, rio que percorre longitudinalmente esta
região, desde Resende até Aperibé, a partir de onde inflete em direção ao oceano,
indo atravessar outras unidades geomorfológicas. Compreendem modelados de
diversos tipos, com níveis altimétricos que variam desde 100 metros junto às
margens do rio Paraíba do Sul, até 1250 metros, correspondentes aos topos das
cristas aí existentes. É constituído por três unidades geomorfológicas: Depressão
do Médio Paraíba do Sul, Alinhamento de Cristas do Paraíba do Sul e Depressão
Escalonada dos rios Pomba e Muriaé. (FUNDAÇÃO CIDE, 1997)
A História mostra que não há exagero na afirmação quando diz que o Brasil
pode se considerar um país soberano, nação livre que comemora 183 anos de
6
Independência de Portugal, devendo parte dessa conquista ao apoio da população
do Vale do Paraíba. Dom Pedro I legitimou a proclamação da Independência do
Brasil com o apoio dos produtores de café e de membros da aristocracia vale-
paraibana, que na época eram influentes na vida política da Província de São
Paulo. Vale lembrar que os paulistas, cariocas e mineiros apoiavam a
emancipação brasileira. Com uma nova Constituição, Portugal endureceu as
regras para a colônia brasileira. O Brasil perdeu privilégios e se viu obrigado a se
submeter novamente ao governo da metrópole.
A par dos acontecimentos, Dom João VI escreveu ao filho Dom Pedro, em
3 de agosto de 1822: "Meu filho, receberás os seus decretos, e te recomendo a
sua observância e obediência às ordens". As ordens eram para que ele retornasse
a Portugal. Como contava com apoio da aristocracia paulista, especialmente dos
barões do café do Vale do Paraíba, Dom Pedro resolveu desafiar a corte
portuguesa e permanecer no Brasil - episódio que ficou conhecido como o "Dia do
Fico".
A viagem histórica pela independência começou no Rio de Janeiro em 14
de agosto de 1822. Dom Pedro deixou a capital acompanhado de apenas 05
pessoas e alcançou a província paulista com uma comitiva de 45 pessoas, que
contou com uma Guarda de Honra formada por cavaleiros do Vale do Paraíba.
Eram 16h do dia 7 de setembro de 1822 quando em São Paulo, no topo da colina
e à margem do Ipiranga, Dom Pedro proclamou a independência do Brasil,
acompanhado dos cavaleiros vale-paraibanos, com a seguinte frase: "Brasileiros,
brada Dom Pedro, de hoje em diante nosso lema será: independência ou morte".
Além disso, a situação geográfica da região, localizada entre os dois
maiores centros produtores e consumidores – São Paulo e Rio de Janeiro – e as
facilidades de comunicação, foram fatores decisivos para o início da
industrialização do Vale do Paraíba que se desenvolveu em três fases distintas,
que serão apresentadas no decorrer deste trabalho.
7
A história do Vale do Paraíba está intimamente ligada ao ciclo econômico
do café, período de opulência que deu prestígio e poder político à região, à
despeito da cidade de Lorena que começou seu desenvolvimento com o ciclo do
ouro nos idos de 1700 devido à passagem pelo Rio Paraíba do Sul. Aos poucos,
a riqueza vinda do café foi realizando uma grande transformação na estrutura da
região Centro-Sul. Foram criados empregos, melhorou-se a condição dos portos e
instalaram-se novas formas de transporte. Os grandes fazendeiros do Vale
receberam títulos de nobreza, e passaram a ser a principal base de apoio para o
Imperador. Eram os Barões do café. O problema de transporte foi solucionado
com a construção da ferrovia Dom Pedro II, hoje conhecida como Central do
Brasil.
É possível concluir que os graves problemas ambientais enfrentados pela
região Noroeste Fluminense constituem-se em entraves para o seu
desenvolvimento agrícola e turístico. Caso não sejam levadas adiantes obras de
saneamento, a região Noroeste Fluminense pode vir a se transformar em uma
nova região semi-árida no país, em pleno domínio único e semi-úmido do Sudeste
brasileiro.
Finalmente, é possível afirmar que, se houver estratégias adequadas e
mecanismos de incentivo eficientes, o turismo rural pode ser para o Vale do
Paraíba, mediante o seu grande potencial e as condições descritas neste trabalho,
a forma mais eficiente de aceleração do turismo como fator de desenvolvimento
sustentável, uma vez que há uma grande demanda por atrativos de cunho regional
e um anseio das populações urbanas por alternativas de lazer e descanso no
cenário rural, provocado por fatores como o estresse e a necessidade de volta às
origens.
8
CAPÍTULO I – A HISTÓRIA DO VALE DO PARAÍBA
“A história e peculiaridades do desenvolvimento econômico
e social das comunidades do Vale do Paraíba emergem da
memória daqueles que acreditaram e lutaram, daqueles que
se arriscaram sempre e tiveram a coragem de mudar o rumo
de suas vidas e dos acontecimentos, criando novas
realidades e deixando raízes." Abram Szajman.
A opção por contar a história do comércio e das cidades do Vale do
Paraíba a partir de sua marca mais característica: seu papel de interligação entre
as duas mais importantes capitais brasileiras. Importante eixo de desenvolvimento
entre São Paulo e Rio de Janeiro, desde os tempos coloniais, o Vale configurou-se
como rota fundamental na abertura de caminhos para circulação de mercadorias:
primeiro no lombo das mulas, depois nos trilhos das ferrovias, e finalmente no
asfalto das auto-estradas.
Destacou-se a "febre dos trilhos" que acompanha a riqueza do Vale do
Paraíba com a produção cafeeira do século 19. Ficam aí em destaque as
transformações econômicas e sociais com a chegada da estrada de ferro.
1.1. Aspectos sociais e econômicos
"O Vale do Paraíba teve participação decisiva na
independência do Brasil, pois foi a única região do país a
participar diretamente dos acontecimentos que culminaram
com a separação de Portugal, em 7 de setembro de 1822",
escreveu o historiador e professor José Luiz Pasin no livro 'A
jornada da Independência' (Editora Santuário) e no site
www.valedoparaiba.com/terragente/estudos.
9
No século 19, as fazendas cafeeiras do Vale do Paraíba se tornaram a
principal fonte produtiva da economia brasileira, que se desgastara com o declínio
da produção de açúcar e o isolamento gradativo de Portugal.
Historicamente, a economia vale-paraibana sempre esteve baseada na
agricultura e nas atividades ligadas a terra, principalmente o café. Mesmo foi
trazido para o Brasil em 1727, por Francisco de Melo Palheta, que levou as mudas
para o Pará. No início, era utilizado apenas no consumo doméstico, e acredita-se
que, por volta de 1760, já existissem pequenos cultivos no Rio de Janeiro.
O “Ciclo Cafeeiro Vale-paraibano” foi tão importante para o Brasil Império
que, segundo Afonso de E. Taunay, nas páginas 233 e 234 da sua Pequena
história do café no Brasil , ao se dizer simplesmente “o Vale”, todo o país sabia
tratar-se do Vale-paraibano.
A região do Vale do Paraíba era bastante apropriada para a cafeicultura,
pois era abundante em terras virgens e tinha um clima favorável.
A implantação das fazendas se deu pela tradicional forma de plantation, ou
seja, grandes propriedades, cultivo para exportação e uso de mão-de-obra
escrava.
A produção era feita através do uso extensivo do solo, ou seja, somente
quando a terra não tinha mais nutrientes necessários é que se trocava de região,
deixando a antiga abandonada ou para pequenas plantações.
Os instrumentos de trabalho eram, praticamente, apenas a enxada e a
foice. Quando a planta começava a produzir, os escravos colhiam o café
manualmente.
Com a decadência do café, o Vale do Paraíba buscou novas atividades
econômicas. Nas áreas rurais, a substituição dos cafezais pelas pastagens e, nas
cidades, o início de um lento processo de industrialização.
10
A discussão dos fatores que viabilizaram a penetração do café brasileiro no
mercado externo e outras implicações vinculadas a este tema foi examinada em
detalhes, entre outros, no capítulo 8 de A ferro e a fogo, de Warren Dean.
A partir da crise econômica mundial de 1929, foi introduzida a produção de
leite. O Vale do Paraíba é o maior pólo produtor de leite do país. Por questões
conjunturais, a produção de leite se encontrava em decadência, mas ainda
sustentava boa parte da população rural dos pequenos municípios.
A atual estrutura fundiária do Vale do Paraíba é fruto de mudanças
significativas na forma de distribuição das terras ocorridas a partir da decadência
do café, quando as grandes fazendas passaram a ser retalhadas em partilhas e
heranças familiares.
Esse processo se multiplicou à medida que as gerações foram se
sucedendo, o que resultou numa região pontuada por pequenas propriedades e
produção agropecuária marcadamente familiar.
Há ainda outras manifestações importantes como a culinária regional,
influenciada por índios, negros e brancos e claramente focada na cozinha das
fazendas e sítios, com variedade de elementos e temperos e, apesar da
simplicidade, muito atraente ao gosto e o paladar de consumidores oriundos dos
grandes centros urbanos.
Destacam-se pratos tradicionais como o "afogado", comida à base de carne
bovina, servido graciosamente nas festas de padroeiros das cidades do Alto
Paraíba ou a "Carne à Moda da Bocaina". Este prato foi criado de improviso para
servir aos soldados revolucionários paulistas de 1932, numa fazenda de
Cachoeira Paulista.
Havia, também, a cachaça e demais produtos derivados da cana-de-
açúcar, que teve breve ciclo na região, ocorrido na transição dos ciclos do ouro e
11
do café. Almeida e Souza, (2003) explicam que o debate sobre a
multifuncionalidade da agricultura ganha notoriedade durante as negociações da
Organização Mundial do Comércio, em Seattle, em dezembro de 1999.
Eles afirmam que o conceito de multifuncionalidade opõe-se à idéia de que
a agricultura é uma atividade exclusivamente produtora de bens alimentares, mas
que exerce outras funções, incluindo a recreativa, de lazer e de serviços. Essas
constatações reforçam o potencial da atividade turística no meio rural brasileiro,
entendida como oportunidade de renda.
1.2 – Aspectos históricos e culturais
Outro aspecto a ser observado é a existência de núcleos rurais e de
pequenos municípios, nos quais se mantém o modo de vida característico do
meio, reunindo por vezes personagens significativos da cultura local.
Atividades de lazer como a pesca (pesque-pagues e rios) cavalgadas,
caminhadas pelo campo, visita às instalações de fazendas de interesse histórico
ou tecnológico e atrativos naturais da propriedade como cachoeiras, rios e áreas
naturais; educação ambiental, através de atividades educativas ligadas ao meio
ambiente e às práticas agrícolas.
A oferta de serviços de alimentação em restaurantes, cafés caipiras ou
coloniais, que oferecem alimentação típica ou de preparo especial, procurando
estabelecer um resgate da culinária local.
Hospedagem, em pousadas, hospedarias ou a própria casa do agricultor,
preparada para hospedar os visitantes e arredores da propriedade rural, cujos
atrativos são um potencial de negócios que podem ser integrados ao produto
turístico.
De acordo com as Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural,
elaboradas pela Secretaria de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, a
12
prática dessa modalidade, no Brasil e em outros países, vem proporcionando
alguns benefícios, como:
1. Diversificação da economia regional, pelo estabelecimento de micro e
pequenos negócios;
2. Melhoria das condições de vida das famílias rurais;
3. Interiorização do turismo;
4.·Difusão de conhecimentos e técnicas das ciências agrárias;
5. Diversificação da oferta turística;
6. Diminuição do êxodo rural;
7. · Promoção de intercâmbio cultural;
8. · Conservação dos recursos naturais;
9. · Reencontro dos cidadãos com suas origens rurais e com a natureza;
10. · Geração de novas oportunidades de trabalho;
11. Melhoramento da infra-estrutura de transporte, comunicação,
saneamento;
12. Criação de receitas alternativas que valorizam as atividades rurais;
13. · Melhoria dos equipamentos e dos bens imóveis;
14. Integração do campo com a cidade;
15. Integração das propriedades rurais e comunidade;
13
16. · Valorização das práticas rurais, tanto sociais quanto de trabalho;
17.· Resgate da auto-estima do campesino.
Cantadores, bordadeiras, doceiras, contadores de causos, artesãos de um
modo geral e outros talentos, que se ocupam de atividades rotineiras do campo,
mas que, nos momentos de lazer e de convivência da comunidade, demonstram
suas habilidades.
Esse conjunto de experiências constitui um patrimônio valioso, que ajudou
a perpetuar costumes e manifestações da cultura regional, como uma marca do
povo valeparaibano e atraiu a atenção de um público qualificado, vindo das
grandes cidades.
As festas religiosas, muito relacionadas ao meio rural valeparaibano, ainda
são preservadas como importantes manifestações culturais, que representam a
relação entre o caipira e a religiosidade, expressa na mistura do profano e do
divino, movimentando cidades como São Luiz do Paraitinga e Cunha, localizadas
nas encostas da serra do Mar, onde se destacam as festas do Divino e dos
respectivos padroeiros, São de Toloza e Nossa Senhora da Conceição. Nestas
festas, grupos de cavalhadas, moçambique, congadas e outros folguedos se
misturam a manifestações de fé, em ritos seculares mantidos pela comunidade
local.
De um modo geral, todas as cidades do Vale do Paraíba, inclusive as mais
urbanizadas como Pindamonhangaba, Taubaté e São José dos Campos,
homenageiam seus santos padroeiros com festas tradicionais, além de festas
como a de São Benedito, em Aparecida, de Santo Antonio, em Guaratinguetá e
Paraibuna, Nossa Senhora da Piedade, em Lorena e São João Batista, em
Queluz.
A EMBRATUR, por sua vez, conceitua o turismo rural como "conjunto de
atividades turísticas praticadas no meio rural, comprometido com a produção
14
agropecuária, agregando valor a produtos e serviços e resgatando e promovendo
o patrimônio cultural e natural da comunidade".
Caio Luiz de Carvalho, presidente da Embratur, em discurso realizado no
Seminário sobre competitividade do turismo e luta contra a pobreza, realizado em
Natal-RN, em junho de 2001, realça a necessidade de reverter às condições
sócio-econômicas do país através do turismo, enfatizando que esse setor tem a
capacidade de transformar "tradições, manifestações espontâneas da música, da
dança e da cultura de um povo, transformar suas montanhas, florestas, desertos,
rios e praias em riqueza" .
"Enquanto produtor e consumidor do espaço, o turismo pode
‘mercantilizar’ as culturas locais, tornando-as objeto de
consumo, causando dessa forma danos irreversíveis à
identidade da comunidade anfitriã. Daí a importância de se
criar uma harmonia entre as atitudes dos turistas e o
comportamento da população local" (Hazin; Oliveira;
Medeiros, 2000: 7)
Tal afirmação torna, ainda mais urgente, a elaboração de medidas que
visem a preservação da identidade cultural, já que constitui um diferencial de peso
na escolha do destino de uma parcela significativa de visitantes.
Constata-se, portanto, que o turismo rural vem sendo introduzido, ainda que
timidamente, em propriedades rurais familiares do Vale do Paraíba, através de
iniciativas dos próprios produtores que, improvisadamente, através da constatação
informal da demanda, passam a oferecer serviços de hospedagem ou
simplesmente abrem as porteiras para quem deseja passar o dia na roça,
saboreando uma comida tipicamente regional e o ambiente produtivo da fazenda.
O município de Paraibuna, por exemplo, iniciou há cerca de dez anos, um
projeto de valorização da cultura caipira, adotando uma estratégia de divulgação
15
para as festas, a paisagem, a gastronomia e a história locais e favorecendo a
implantação de infra-estrutura hoteleira, baseada principalmente na zona rural,
tornando-se uma referência regional neste aspecto.
Faria sugere que seja aproveitada a infra-estrutura que outrora serviu às
atividades produtivas das propriedades, como a cafeicultura e a pecuária de leite e
que hoje se encontra ociosa, para que sejam implantados projetos de
aproveitamento do potencial turístico do meio rural, na região do Vale do Paraíba
paulista.
O aproveitamento das antigas infra-estruturas resultaria na diminuição dos
custos de implantação de uma proposta nessas propriedades, pois permitiria a
reutilização de material e a adaptação de antigas instalações para as novas
finalidades.
As sedes das fazendas, por exemplo, podem se transformar em pousadas,
nas quais haja compartilhamento da casa com os hóspedes; antigos ranchos
podem ser utilizados como restaurantes ou salões de jogos e casas de colonos
podem ser transformados em chalés, desde que sejam devidamente preparados
para isso.
A proposta, segundo o autor, só contemplará seu objetivo, no entanto, se
houver a integração de roteiros regionais, a capacitação empresarial e de mão de
obra e a realização de investimentos em estratégias de marketing para a
divulgação e inserção do produto no mercado com chances de sucesso.
É preciso ressaltar que o grande entrave para quem pretende planejar a
atividade turística na região é o fato de não haver intenção ou disposição das
instâncias públicas locais em fomentar esse segmento da economia, por
desconhecimento dos seus agentes ou por uma questão de prioridades.
Repete-se no Vale do Paraíba, o quadro da maior parte dos municípios
brasileiros, que, apesar de vislumbrarem seus potenciais turísticos, não
16
disponibilizam de recursos para investimento em mão-de-obra especializada no
planejamento e na organização da comunidade para o turismo, nem tampouco
investem na infra-estrutura necessária para dar suporte a um fluxo turístico
consistente.
Dessa forma, para que uma proposta se consolide, há também a urgência
de se intensificar os esforços conjuntos entre os governos municipais, os órgãos
de extensão rural e as instituições de ensino regionais para que se processe o
planejamento adequado da atividade, levando-se em conta o que afirmam
Campanhola e Silva (2000, p.152), segundo os quais há uma relação direta entre
turismo rural e as características sociais, econômicas e ecológicas de cada local, o
que fortalece a idéia de que o planejamento turístico deve estar inserido no âmbito
do planejamento territorial, pois as oportunidades são locais e muito particulares.
Também se deve estimular e apoiar iniciativas como as que ocorrem em
Itaocara, onde um importante movimento ecológico, denominado Projeto
Piabanha, tenta repovoar os rios com peixes, conscientizar a população e
reivindicar investimentos para o setor ambiental.
Idealmente, portanto, deveriam ser mobilizados recursos suficientes para
que, de curto a longo prazo, a cobertura vegetal e as formas de uso rural e urbano
na bacia sejam adequadas às restrições ambientais previstas em leis e em
normas e critérios técnicos.
No entanto, as dificuldades para se atingir condições ideais são bem
conhecidas, não só quanto à disponibilidade de recursos financeiros, como na
implantação, manutenção e continuidade de ações voltadas para reflorestamentos
ecológicos e proteção de mananciais.
É fundamental salientar que a sociedade civil não está passiva diante deste
quadro, desde os anos 70 as associações de moradores lutam para preservar as
17
lagoas, os ecossistemas, expandir a rede de abastecimento de água e implantar
todo o sistema de esgotamento sanitário.
18
CAPÍTULO II – Cenário Atual do Vale do Paraíba
Os solares imperiais do Vale do Paraíba são, ainda hoje, o testemunho vivo
da grandeza do Ciclo do Café. O Instituto Preservale apresenta algumas das mais
belas casas rurais do Brasil do século XIX, contando um pouco da sua história.
O Rio Paraíba do Sul recebe atualmente o esgoto da maioria dos
municípios pelos quais passa. Um estudo recente desenvolvido pela Universidade
de Taubaté (UNITAU) revelou que o rio possui um alto nível de poluentes, que
apresentam riscos de danos genéticos e de câncer em organismos aquáticos e
humanos.
Dentre os agentes poluidores, como os resíduos industriais, extrativistas,
da pecuária e da agricultura, o estudo aponta como sendo o mais preocupante o
esgoto urbano.
2.1. Estratégias de recuperação para o meio ambiente
Nos últimos anos, o crescimento acelerado e desordenado das cidades, a
multiplicidade de atividades industriais, a excessiva valorização das terras, vêm
produzindo efeitos negativos sobre o espaço ambiental na região vale-paraibana.
Localizado entre os dois maiores centros culturais do país, o Vale do
Paraíba tem condições para desenvolver um programa de integração cultural
voltado para a realidade social da região.
A bacia do rio Paraíba do Sul apresenta um conjunto de problemas
ambientais que se acumulam e cresce ano após ano. Com sua destacada posição
geopolítica, interligando os maiores centros urbanos do país – São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte – a bacia sofreu um processo de ocupação e uso dos
recursos naturais que extrapola a capacidade de suporte do ambiente.
19
Os diagnósticos já realizados na bacia evidenciam problemas críticos em
todos os aspectos ambientais que se possa considerar, desde a escassez de
florestas à contaminação das águas por lançamento de esgotos domésticos e
industriais sem tratamento adequado, passando pelo esgotamento da capacidade
produtiva dos solos.
A maior parte dos rios da bacia apresenta níveis de poluição acima dos
limites aceitáveis pelas normas ambientais, especialmente o próprio rio Paraíba do
Sul, mais intensamente utilizado e corpo receptor dos demais rios.
Quanto a bioacumulação, observou-se que ela está ocorrendo
principalmente na icitiofauna carnívora como o Dourado (Salminus maxilosus), que
atingindo maiores pesos, apresentaram teores próximos aos limites máximos
recomendados pela OMS (1990).
Nestas condições sugeriu-se um consumo eventual destes peixes pela
população da Região Noroeste. Os garimpos parecem ter sido os responsáveis
pela contaminação dos sedimentos.
"Destruição ou mineralização de matéria orgânica natural ou sintética por
microorganismos existentes no solo, na água ou em sistema de tratamento de
água residuária". (ACIESP, 1980). (18)
Contudo, devem ser consideradas as contribuições de outras atividades
econômicas, como a da agricultura canavieira que utilizava pesticidas
organomercuriais. A contribuição da litologia regional com o mercúrio natural
também deve ser considerada.
Quanto aos problemas de contaminação por mercúrio sugere-se o
monitoramento das áreas onde ocorreram os garimpos e o eventual consumo de
peixes carnívoros pela população.
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Nos trechos pesquisados, o mercúrio revelou-se, na sua maior parte, retido
em sítios geoquímicos nos quais ele se apresenta mais estável (fases oxidável e
residual), significando que, se permanecerem as condições físico-químicas do
meio aquático, este metal tende a ficar retido nos sedimentos, embora constituindo
uma fonte potencial de poluição.
Isto significa que, apesar de terminada a atividade garimpeira no Estado do
Rio de Janeiro, o mercúrio permaneceu nos sedimentos aluviais, porém com
níveis mais baixos se comparados às áreas fortemente impactadas por mercúrio
como em Rondônia (13.000 a 19.000 ng. g-1) e em geral seus níveis estão duas
vezes maiores que as áreas não compactadas (SOUZA, 1944).
Com exceção das amostras PS8, RP1 a RP8. Isto significa que, apesar de
terminada a atividade garimpeira no Estado do Rio de Janeiro, o mercúrio
permaneceu nos sedimentos aluviais, porém com níveis mais baixos se
comparados às áreas fortemente impactadas por mercúrio como em Rondônia
(13.000 a 19.000 ng. g-1) e em geral seus níveis estão duas vezes maiores que as
áreas não compactadas (SOUZA, 1944).
Sugere-se como prevenção, o monitoramento das concentrações do
mercúrio nos peixes a serem consumidos pela população e apoiar iniciativas como
as que ocorrem em Itaocara, onde um importante movimento ecológico,
denominado Projeto Piabanha que tem como metas o repovoamento dos rios com
peixes e criação de peixes em tanques pelos próprios pescadores para serem
vendidos para o consumo evitando-se assim a contaminação com mercúrio.
Para o conhecimento das concentrações do mercúrio ao longo dos rios
foram determinados os pontos de amostragem onde ocorreram os garimpos de
ouro. O mercúrio metálico tem baixa solubilidade em água, sendo muito
lentamente oxidado e apenas as formas oxidadas é que se coloca em soluções
disponíveis para a metilação pelas bactérias que o transformam o mercúrio
orgânico (forma mais tóxica para os seres vivos).
21
Porém, já tem sido relatado mecanismo de oxidação do Hg0 a Hg+2 pelo
oxigênio em presença de íons com os quais faz complexos estáveis, como o Cl -
(LACERDA 1997).
Os teores totais de mercúrio nos sedimentos variaram de 209 ng.g-1 a 3700
ng.g-1 , sendo que o valor mais alto foi registrado na estação de amostragem
PS16 localizada numa área de rejeito do garimpo em São Fidélis.
Ao se comparar à faixa de variação de mercúrio total observada no Rio
Paraíba do Sul (PS) e no seu afluente Pomba (P), com os teores encontrados nas
áreas-controle ou “background” que variaram de 170 a 365 ng.g-1, verificou -se
que somente as estações PS8, P1 a P8 apresentaram concentrações de mercúrio
nos sedimentos dentro desta faixa. As demais amostras estavam acima destes
valores.
Quanto ao nível de disponibilidade do mercúrio para o meio aquático e a
biota observou-se que 20% do mercúrio total, encontravam-se facilmente
disponíveis (fase trocável), enquanto a sua maior parte (de 40 a 60 %) estava
potencialmente disponível (na fase oxidável) e 40 % inerte (fase residual).
Também se deve estimular e apoiar iniciativas como as que ocorrem em
Itaocara, onde um importante movimento ecológico, denominado Projeto
Piabanha, tenta repovoar os rios com peixes, conscientizar a população e
reivindicar investimentos para o setor ambiental. A atenção deve estar voltada
para os projetos de reflorestamento, como os propostos pelo Instituto Estadual de
Florestas – IEF.
Caso não sejam levados adiante, ou obras de saneamento não sejam
prioridade, a região Noroeste Fluminense pode vir a se transformar em uma nova
região semi-árida no país, em pleno domínio úmido e semi-úmido do Sudeste
brasileiro.
22
Sem uma nova estratégia de uso dos recursos disponíveis, projetos
importantes como o da fruticultura tropical, proposto pelo governo do Estado do
Rio de Janeiro e aceito com entusiasmo pela região, pode estar fadado ao
fracasso já no nascedouro.
É possível afirmar que a mesorregião geográfica Noroeste Fluminense
apresentou um baixo crescimento demográfico no intervalo de tempo em estudo e
que apesar da região apresentar fortes características rurais, atualmente quase a
totalidade de sua população é urbana.
O Noroeste fluminense insere-se no setor semi-úmido do estado. Isto
significa que a estação seca é bastante pronunciada, ocasionando déficit hídrico
em toda a região. Esta situação é provocada pela atuação do Anticiclone
Subtropical do Atlântico Sul.
Este sistema de alta pressão provoca uma grande estabilidade atmosférica
ao longo de todo o período de outono-inverno. Esta estabilidade só é alterada
quando ocorre a entrada de frentes frias.
Deve-se ressaltar que devido ao período do ano, a convergência de
umidade para o sistema frontal é muito baixa, reduzindo acentuadamente a sua
capacidade pluvial. Em função disto, o ambiente se ressente da falta de água,
originando uma floresta semiestacional, cuja parte das árvores perdem as folhas
nesta época do ano.
No período de primavera-verão a estabilidade atmosférica diminui e a
umidade aumenta, incrementando também a quantidade de chuva. O sistema
mais importante a provocar chuvas nesta área é a ZACAS (Zona de
Convergência do Atlântico Sul). . Ela se forma originariamente devido à
interação entre uma frente fria e toda a umidade proveniente da floresta
Amazônica. Este sistema pode provocar grande quantidade de chuva no período
em que estiver atuando. Na maioria dos casos registra-se algo entre 70 mm e 120
23
mm em 24 horas. Os grandes volumes registrados normalmente estão associados
a sua ação.
Há intensa liberação de calor latente e calor sensível, o que contribui para a
manutenção do equilíbrio termodinâmico do fenômeno, impedindo a sua
dissipação. Em função disto, o período com chuva pode avançar por vários dias.
É comum durarem entre 7 e 10 dias. O resultado disto pode ser calamitoso para
populações sem meios ou que estiverem em locais de risco de inundação ou
desmoronamento de encostas. Para o ambiente, isso é muito importante, pois
repõe a umidade do solo e do aqüífero, perdida ao longo do outono-inverno.
A vegetação também responde de forma importante, pois é o período de
crescimento das plantas e de maior evapotranspiração, garantindo assim um
abastecimento de água contínuo às suas raízes.
A elevada demanda de emprego no setor petrolífero em Campos e em
Macaé levou à ampliação do comércio formal e informal, e por conseqüência
também ao crescimento do setor de serviços, o que acaba por aumentar a
demanda de emprego não somente ligados à indústria petrolífera.
Dinamicamente a ZACAS é um canal de umidade entre a Amazônia, a
região central brasileira e o Sudeste do país, avançando pelo Atlântico como
frente semi-estacionária. Quando não há a atuação da ZACAS a qualidade da
estação chuvosa fica muito comprometida, ocasionando secas em plena época de
chuva.
No período da primavera-verão com estas características são mais quentes
e o stress hídrico se transforma em calamidade, pois, desta forma, o período seco
extravasa os meses habituais, comprometendo toda a estação de crescimento das
plantas.
Devido ao intenso desmatamento ocorrido ao longo dos últimos 150 anos
muitos rios modificaram o seu regime, passando de perenes para temporários.
24
Embora a redução da vazão dos rios ao longo da estação seca seja uma
característica desta região fluminense, os relatos da temporalidade dos rios têm
sido muito freqüentes.
Atualmente, verificam-se cenas antes restritas ao sertão semiárido do
Nordeste do Brasil, este sim, um núcleo peridesértico, como caminhões pipa, para
abastecer as populações com água; a vegetação totalmente desfolhada; rios
totalmente secos e aqüífero idem.
Fazendo um breve resumo, pode-se dizer que 90% do Vale do Paraíba
apresenta áreas naturais degradadas e quase sem florestas, a água está
extremamente contaminada, principalmente por conta do Esgoto Orgânico nas
cidades. Alguns córregos e riachos que atravessam áreas urbanas estão
totalmente mortos.
A fauna e a flora encontram-se totalmente modificadas pela introdução de
inúmeras espécies exóticas para os mais diversos fins. As Comunidades
Biológicas são pobres e os Ecossistemas estão pouco diversificados.
Não podemos esquecer que o solo está praticamente perdido, degradado,
compactado, além de contaminada e envenenado, por conta do mau uso feito do
solo e de práticas agrícolas infundadas.
O ar também está comprometido em algumas áreas, principalmente nas
imediações das zonas industriais das cidades. Além da poluição os ecossistemas
naturais estão descaracterizados, além de degradados.
O Desenvolvimento Sustentável torna-se cada vez mais importante, pois
não existem ecossistemas que se recuperam por si só, através do manejo do uso
humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização
sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa
produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo
25
seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e
garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral; (SNUC). (4)
2.2. O Programa Nacional da Agricultura Familiar no desenvolvimento
agrário.
De acordo com dados do Levantamento de Unidades de Produção
Agropecuária (LUPA), realizado pelo Instituto de Economia Agrícola do Estado de
São Paulo, conjuntamente com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
(CATI), órgão da Secretaria da Agricultura do Estado, havia na região em 1995,
um total de 12.769 propriedades rurais, das quais 10.646 tinham área menor que
100 hectares, enquadrando-se dentro do limite estabelecido pelo Programa
Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), de quatro módulos fiscais, na
classificação das propriedades familiares.
Embora não sejam dados muito recentes, esta é a única estatística
disponível sobre a distribuição agrária regional, sendo suficiente, no entanto, para
caracterizar como familiar, o perfil da produção agrícola da região.
De acordo com o Programa Nacional da Agricultura Familiar, a discussão
sobre a importância e o papel da agricultura familiar no desenvolvimento brasileiro
vem ganhando força nos últimos anos, impulsionada pelo debate sobre
desenvolvimento sustentável, geração de emprego e renda, segurança alimentar e
desenvolvimento local.
O universo da agricultura familiar é caracterizado, segundo o programa,
simultaneamente, quando a direção dos trabalhos do estabelecimento é exercida
pelo produtor e quando o trabalho familiar é superior ao trabalho contratado.
Mais recentemente, para distinguir o turismo rural como atividade inserida
no modelo de agricultura familiar definido pela Secretaria da Agricultura Familiar
do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), através do Programa Nacional
26
de Agricultura Familiar (Pronaf), conceituou a atividade turística familiar como
aquela que ocorre na unidade produtiva dos agricultores familiares, que mantêm
as atividades econômicas típicas da Agricultura Familiar, dispostos a valorizar,
respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio cultural e natural,
ofertando produtos e serviços de qualidade e proporcionando bem estar aos
envolvidos.
De acordo com essas premissas, o programa estabelece os seguintes
princípios para o turismo rural na agricultura familiar:
1. Ser um turismo ambientalmente correto e socialmente justo;
2. Oferecer produtos locais;
· 3. Incentivar a diversificação da produção e propiciar a comercialização
direta pelo agricultor;
4. Contribuir para a revitalização do território rural e para o resgate e
manutenção da auto-estima dos agricultores familiares;
5. Proporcionar a convivência entre os visitantes e a família rural;
6. Estimular o desenvolvimento da agro ecologia;
O programa vislumbra algumas oportunidades para o turismo rural na
agricultura familiar como a oferta de produtos transformados, a partir das
pequenas agroindústrias caseiras de queijos, vinhos, geléias, sucos, embutidos,
doces e compotas, biscoitos, bolachas e outros; sistemas produtivos, tendo a
produção diversificada de alimentos como um atrativo de forte apelo cultural.
Atividades de lazer como a pesca (pesque-pagues e rios) cavalgadas,
caminhadas pelo campo, visita às instalações de fazendas de interesse histórico
ou tecnológico e atrativos naturais da propriedade como cachoeiras, rios e áreas
27
naturais; educação ambiental, através de atividades educativas ligadas ao meio
ambiente e às práticas agrícolas.
Os grupos de agricultores familiares, por sua vez, precisam ser organizados
e capacitados, para formarem rotas ou roteiros rurais, nos quais se possa oferecer
ao turista uma diversidade de atrativos e atividades, ao mesmo tempo em que se
fortalecem os laços associativos e cooperativos, facilitando o acesso às linhas de
crédito disponíveis e dando representatividade política aos grupos.
De outra parte, a estrutura produtiva familiar que predomina na região e a
necessidade de alternativas de revitalização do meio rural coincidem com as
premissas do turismo rural, que surge como forma de agregação de valor,
aumento da renda e incentivo para a valorização cultural e ambiental por parte das
comunidades locais (www.pindavale.com.br)
É possível concluir que os graves problemas ambientais enfrentados pela região
Noroeste Fluminense constituem-se em entraves para o seu desenvolvimento
agrícola e turístico.
28
CAPÍTULO III – Soluções para a recuperação do Vale do Paraíba
A degradação da área é inerente ao processo de mineração. A
intensidade desta degradação depende do volume, do tipo de mineração e dos
rejeitos produzidos. A recuperação destes estéreis e rejeitos deve ser considerada
como parte do processo de mineração. Esta recuperação resulta numa paisagem
estável, em que: a poluição do ar e da água é minimizada, a terra volta a ser auto-
suficiente e produtiva, o habitat da fauna é restabelecido, e uma paisagem
esteticamente agradável é estabelecida. O pré-planejamento é essencial em
recuperação, pois permite a identificação de área problemática antes que apareça.
O pré-planejamento pode assumir várias formas, e uma legislação recente exige o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e o
Plano de Recuperação.
Os objetivos de recuperação são uma parte muito importante do processo
de planejamento e devem ser explicitamente declarados no plano de recuperação,
pois definem o produto que deve ser obtido. O processo inteiro de recuperação
deve ser direcionado para dar suporte à realização deste objetivo.
3.1. Técnicas de manejo e recuperação do solo
Em uma propriedade agrícola, o solo é um dos bens mais preciosos e o
manejo adotado pode conservá-lo, melhorar suas propriedades físicas, químicas e
biológicas. Mas também pode produzir erosão, perda de matéria orgânica e de
nutrientes. O solo não é composto apenas por partículas minerais e orgânicas.
Existem bilhões de organismos vivos em cada metro quadrado, interagindo com o
manejo e definindo a qualidade desse recurso que deixamos para as gerações
futuras.
A fauna do solo tem um importante papel na regulação dos sistemas
agrícolas e, desde os anos 1980, vem sendo pesquisada no Brasil como indicador
de sustentabilidade do manejo dos solos tropicais. Tem importante atuação nos
29
processos de decomposição, mineralização e humificação de resíduos orgânicos;
imobilização e mobilização de macro e micronutrientes; fixação de nitrogênio
atmosférico; estruturação e agregação do solo e conseqüente conservação e
regulação de pragas e doenças (auto-regulação), beneficiando os sistemas de
produção como um todo.
A erosão hídrica é umas das principais formas de degradação do solo,
acarretando prejuízos de ordem econômica, ambiental e social. Segundo Bahia
(1992), o Brasil perde anualmente cerca de 600 milhões de toneladas de solo
devido a erosão. Além do prejuízo na reposição dos nutrientes perdidos, outro
grande problema decorrente é o assoreamento de corpos de água.
O assoreamento afeta não só o abastecimento de água potável à
população rural e urbana, como as atividades agrícolas e industriais, e também, a
produção de energia elétrica, tendo em vista que mais de 95 % da energia
produzida no país provém de hidrelétricas (ANEEL, 2002).
Existem diferentes formas de erosão hídrica de acordo com o seu grau de
carreamento de partículas e incisão no solo. Quando a perda de solo pela erosão
se dá em camadas relativamente finas e homogêneas, às vezes até imperceptível,
é chamada de erosão laminar.
À medida que a água se concentra em determinados pontos devido às
depressões no relevo do terreno, pode formar os sulcos, e podendo chegar a um
estágio mais avançado que são as chamadas voçorocas (Braun, 1961).
Existem outros termos utilizados como boçorocas, grotas, esbarrancados
ou esbarrancamentos, dependendo da região, para denominar as “crateras”
formadas no terreno. Deve-se ressaltar que os solos com grande capacidade de
reter água não são os mais comuns, visto que a estrutura geológica deste setor
fluminense é fortemente marcada por afloramentos rochosos ocasionando solos
rasos.
30
Dentre as formas de erosão, esta é a que causa conseqüências mais
graves à população em termos de perda de área utilizável, assoreamento de rios,
riachos e lagoas, e até morte de animais devido a acidentes. As causas com que a
erosão pode chegar a esse estágio avançado são naturais, mas a ação do homem
pode acelerar bastante o processo.
Fatores como o relevo acidentado, chuvas concentradas em poucos
meses do ano, características do solo, como: textura, consistência friável, baixo
teor de matéria orgânica e pequena estabilidade de agregados, tendem a
aumentar a susceptibilidade do solo à erosão.
Em relação ao relevo, sua influência está relacionada com as
características de declividade (quando acentuada), comprimento de rampa longo e
a forma da encosta, que favorecem maior velocidade, volume e concentração da
enxurrada.
Quanto às chuvas, a erosão pode ser maior ou menor em função da sua
duração, intensidade, distribuição e tamanho de gotas (Wischmeier & Smith,
1958). Em regiões onde sua distribuição é concentrada em poucos meses do ano,
a quantidade de eventos de grande intensidade geralmente é maior, e
conseqüentemente, mais alto é o índice de erosividade e os danos causados
(Bertoni & Lombardi Neto, 1993).
A respeito das características do solo, aqueles que quando úmidos se
desfazem com facilidade, são facilmente desagregados e transportados pelas
chuvas, e isso está relacionado com maiores teores de silte e areia fina
(Wischmeier et al., 1971). Solos de textura mais grosseira, como areia grossa e
cascalho, podem ser também susceptíveis por não apresentarem agregação entre
suas partículas (Venturim & Bahia, 1998).
A agregação do solo (união de partículas formando pequenos torrões) é
uma propriedade importante sobretudo por estar relacionada à porosidade.
31
Quanto maior o volume de poros grandes do solo, maior a infiltração de água das
chuvas, e menor o escoamento superficial.
A matéria orgânica influencia bastante a agregação, conferindo maior
estabilidade aos agregados através da cimentação das partículas, e com isso,
proporciona maior resistência à ação das gotas das chuvas e das enxurradas
resultando em menor desestruturação e carreamento de solo (Verhaegen, 1984).
Vieira, citado por Fendrich et al. (1988), descreve características de solos
que apresentam suscetibilidade à formação de voçorocas: solos arenosos, ácidos,
poucos coesivos, Horizonte A com cor vermelho intenso, com areia muito fina,
siltosa e com pouca argila, predominando nos horizontes subjacentes, areias mais
claras levemente rosadas ou amarelas com tendência a cor branca.
O tipo de rocha da qual o solo foi formado, ou seja, o material de origem,
pode também influenciar na formação de voçorocas. Um exemplo disso são os
solos formados em rochas do embasamento cristalino, em que os horizontes
superficiais, sobretudo o B, são mais resistentes à erosão.
No entanto, saprolitos, a camada ou horizonte C, com características da
rocha matriz, podem apresentar alta erodibilidade, e conseqüentemente, formar
voçorocas quando essa camada é exposta aos agentes erosivos (Resende e
Parzanese, citados por Morais et al., 2004).
A ação do homem no sentido de acelerar o processo erosivo ocorre
quando este retira a cobertura vegetal original do solo e realiza práticas que
promovem sua desagregação como, aração, gradagem, calagem, adubação,
redução da matéria orgânica, etc., e o expõe ao impacto das gotas das chuvas,
devido à baixa cobertura do solo, que pode ocorrer também com o superpastejo,
queimadas, etc.; com ausência de práticas de conservação do solo. Tudo isso
associado a condições de relevo acidentado, em certos casos locais considerados
como de preservação permanente, acarreta o aumento do escoamento superficial
32
da água das chuvas, e dependendo das características do solo, o processo
erosivo pode evoluir ao longo do tempo formando as voçorocas.
Na Unidade de Pesquisa em Fauna do Solo, instalada no Setor de
Fitotecnia do Pólo APTA Vale do Paraíba, os estudos sobre a fauna do solo estão
auxiliando os projetos, cujo enfoque é o manejo conservacionista do solo em
sistemas experimentais focados na produção sustentável de alimentos e
bioenergia.
A fauna está sendo utilizada como indicador ambiental, caracterizando os
grupos de organismos associados à dinâmica da matéria orgânica e o grau de
degradação dos solos em função do manejo. O treinamento técnico foi realizado
no Laboratório de Fauna do Solo da Embrapa
(http://www.cnpab.embrapa.br/pesquisas/fauna_solo.html).
Deve-se ressaltar que os solos com grande capacidade de reter água não
são os mais comuns, visto que a estrutura geológica deste setor fluminense é
fortemente marcada por afloramentos rochosos ocasionando solos rasos.
3.2 – Sistemas alternativos para produção
O planejamento do sistema de produção deve levar em conta a integração
dos componentes vegetal, florestal e animal. Técnicas conservacionistas (plantio
direto na palha, a rotação de culturas anuais, integração de plantas anuais e
perenes, pastejo rotacionado, integração lavoura-pecuária, manutenção de
corredores de vegetação, integração de espécies arbóreas no pastejo dos animais
etc.) são ferramentas recomendadas para a manutenção do equilíbrio de
populações de artrópodes. A fauna do solo é um importante instrumento biológico
de avaliação de sistemas agropecuários sustentáveis e na recuperação de áreas
degradadas. (Antônio Carlos Davide).
33
Desde o final da década de 80, os problemas ligados à degradação dos
recursos naturais se acentuaram. Nesse cenário, o processo de produção
agrícola, que em alguns casos propiciou o desmatamento da cobertura florestal
através de derrubadas e queimadas, começou a exigir a adoção de sistemas
alternativos de produção. Com isso, surgiram propostas de racionalização do uso
do solo. Dentre elas, destacam-se os Sistemas Agroflorestais – SAFs. Uma
opção que combina benefícios produtivos, econômicos, sociais e ambientais.
Os SAFs referem-se às formas de uso da terra onde árvores e arbustos são
cultivados junto a cultivos agrícolas, pastagens e/ou animais, visando múltiplos
propósitos, e são umas opções viáveis de manejo sustentado da terra e aumento
de produção agrícola, animal e florestal nas propriedades rurais. Além disso, são
umas alternativas para a oferta simultânea de madeira, alimentos e outros bens e
produtos.
Os SAFs apresentam, ainda, várias vantagens, frente a sistemas de
monocultivos, tais como: utilização mais eficiente do espaço, redução efetiva da
erosão, sustentabilidade da produção e estímulo a economias de produção com
base participativa.
Dado ao caráter de múltiplo propósito das árvores, com os SAFs se pode
aproveitar as vantagens dos diferentes estratos da vegetação para diversificação
da produção, do uso da terra, da utilização da mão-de-obra e da renda, agregação
de valor econômico e a produção de serviços ambientais.
A utilização dos SAFs também ajuda a diminuir os custos de implantação e
manutenção de áreas florestais, assim como garantem condições adequadas para
o desenvolvimento das lavouras e o suprimento de madeiras para diversos fins.
Soma-se a isso, o plantio de árvores em lavouras e pastagens constitui uma forma
de reposição, embora pequena, da cobertura florestal destruída pelo avanço da
34
fronteira agrícola. (V Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, realizado
em outubro de 2004, na PUC em Curitiba)
Assim, os Sistemas Agroflorestais, em suas diferentes modalidades –
sistemas silviagrícolas, silvipastoris e agrossilvipastoris – caracterizam-se como
alternativas ambientalmente corretas, economicamente atrativas e socialmente
interessantes.
3.3 – Controle dos processos erosivos
A erosão hídrica é umas das principais formas de degradação do solo,
acarretando prejuízos de ordem econômica, ambiental e social. Segundo Bahia
(1992), o Brasil perde anualmente cerca de 600 milhões de toneladas de solo
devido a erosão. Além do prejuízo na reposição dos nutrientes perdidos, outro
grande problema decorrente é o assoreamento de corpos de água. O
assoreamento afeta não só o abastecimento de água potável à população rural e
urbana, como as atividades agrícolas e industriais, e também, a produção de
energia elétrica.
Existem diferentes formas de erosão hídrica de acordo com o seu grau de
carreamento de partículas e incisão no solo. Quando a perda de solo pela erosão
se dá em camadas relativamente finas e homogêneas, às vezes até imperceptível,
é chamada de erosão laminar.
Dentre as formas de erosão, esta é a que causa conseqüências mais
graves à população em termos de perda de área utilizável, assoreamento de rios,
riachos e lagoas, e até morte de animais devido a acidentes.
As causas com que a erosão pode chegar a esse estágio avançado são
naturais, mas a ação do homem pode acelerar bastante o processo. Fatores como
o relevo acidentado, chuvas concentradas em poucos meses do ano,
características do solo, como: textura, consistência friável, baixo teor de matéria
35
orgânica e pequena estabilidade de agregados, tendem a aumentar a
susceptibilidade do solo à erosão.
Em relação ao relevo, sua influência está relacionada com as
características de declividade (quando acentuada), comprimento de rampa longo e
a forma da encosta, que favorecem maior velocidade, volume e concentração da
enxurrada.
Quanto às chuvas, a erosão pode ser maior ou menor em função da sua
duração, intensidade, distribuição e tamanho de gotas (Wischmeier & Smith,
1958). Em regiões onde sua distribuição é concentrada em poucos meses do ano,
a quantidade de eventos de grande intensidade geralmente é maior, e
conseqüentemente, mais alto é o índice de erosividade e os danos causados
(Bertoni & Lombardi Neto, 1993).
O tipo de rocha da qual o solo foi formado, ou seja, o material de origem,
pode também influenciar na formação de voçorocas. Um exemplo disso são os
solos formados em rochas do embasamento cristalino, em que os horizontes
superficiais, sobretudo o B, são mais resistentes à erosão. No entanto, saprolitos,
a camada ou horizonte C, com características da rocha matriz, podem apresentar
alta erodibilidade, e conseqüentemente, formar voçorocas quando essa camada é
exposta aos agentes erosivos (Resende e Parzanese, citados por Morais et al.,
2004).
A ação do homem no sentido de acelerar o processo erosivo ocorre
quando este retira a cobertura vegetal original do solo e realiza práticas que
promovem sua desagregação como, aração, gradagem, calagem, adubação,
redução da matéria orgânica, etc., e o expõe ao impacto das gotas das chuvas,
devido à baixa cobertura do solo, que pode ocorrer também com o superpastejo,
queimadas, etc.; com ausência de práticas de conservação do solo.
36
Tudo isso associado a condições de relevo acidentado, em certos casos
locais considerados como de preservação permanente, acarreta o aumento do
escoamento superficial da água das chuvas, e dependendo das características do
solo, o processo erosivo pode evoluir ao longo do tempo formando as voçorocas.
A redução da taxa de infiltração de água pode estar relacionada, em
alguns tipos de solos, como os Argissolos, às características pedogenéticas de
acúmulo de argila no horizonte B (Bt), o que pode contribuir para evolução dos
processos erosivos e formação de voçorocas. O uso e o manejo destes solos são
de fundamental importância para evitar a formação de voçorocas.
No entanto, a formação de voçorocas pode ocorrer também pela falta de
planejamento e gerenciamento das águas das chuvas como, construção de
estradas, cercas, infra-estruturas, com ordenamento da enxurrada em um único
ponto sem estratégia de dissipação de energia, etc., (DAEE, 1989).
Outro processo erosivo existente é o escoamento sub-superficial que
forma fluxos concentrados na forma de túneis ou dutos, chamado de piping, que
podem provocar o colapso da superfície situada acima destes (Guerra, 2003),
podendo formar voçorocas em curto espaço de tempo.
No Brasil as áreas localizadas no Noroeste do Paraná, Planalto Central,
Oeste Paulista, Campanha Gaúcha, Triângulo Mineiro e Médio Vale do Paraíba do
Sul, são as mais críticas quanto à incidência de processos erosivos, e
correspondem também, as áreas que têm sido mais estudadas devido a grande
relevância em termos de perda de solo e redução da produtividade (Botelho &
Guerra, 2003).
Em relação ao Médio Vale do Paraíba do Sul, estima-se que mais de 1
milhão de hectares estão nos níveis de vulnerabilidade à erosão alta a muito alta.
Esses processos erosivos vêm causando o assoreamento de forma acelerada, do
rio Paraíba do Sul e reservatórios do sistema Light-Cedae (CEIVAP, 2002).
37
Deve-se ressaltar que o rio Paraíba do Sul, juntamente com o rio Guandu,
são os principais responsáveis pelo abastecimento de água para mais de 9
milhões de pessoas no Grande Rio (CEIVAP, 2002).
Para quantificar o problema, uma voçoroca de tamanho médio em
Pinheiral, apresenta cerca de 1000 m2 de área, e profundidade média de 10 m, o
que resulta em 10.000 m3 de volume. Isso equivale ao longo do desenvolvimento
da voçoroca, a 2.000 caminhões de aterro, e que têm os rios e riachos como
destino final.
Em um trecho de 70 km da linha férrea da MRS Logística entre Barra
Mansa e Japerí-RJ, foram contadas mais de 160 voçorocas voltadas para o rio
Paraíba do Sul. Isso dá uma dimensão do problema na região.
Como visto até aqui, a formação de voçorocas está relacionada
principalmente com a evolução do processo erosivo em locais que apresentam
suscetibilidade a esses fenômenos, e apresenta uma forte relação com o uso do
solo. Nos locais em que o processo de voçorocamento já se encontra iniciado, o
que resta é tentar contê-lo da maneira mais eficiente e econômica possível,
evitando assim, estragos ainda maiores.
A recuperação de voçorocas não é uma tarefa fácil e barata, principalmente
se for pensar em correção de taludes com máquinas pesadas onde o custo da
hora trabalhada é elevado.
Entretanto, é possível estancar a evolução de voçorocas, reduzir a perda de
solo e melhorar a paisagem, de forma eficiente e a custos relativamente baixos,
fazendo uso somente de mão-de-obra familiar e materiais alternativos, com
poucos insumos externos à propriedade rural.
38
CONCLUSÃO
Mas o que é mesmo educação ambiental? E aí já vêm vários
complicadores. Ela é mais "educação"? Ou é mais "ambiental"? Ou seja, o que há
de substantivo nela? Ou ela é apenas um adjetivo da educação, assim como a
educação artística, a educação sexual, a educação para a terceira idade etc. etc.?
Nota-se que as diversas definições de educação ambiental variam,
também, segundo a formação e a experiência profissional de quem as formula.
Assim, um biólogo ou ecólogo enfatiza o ambiente biológico; o sociólogo o
ambiente humano; o geógrafo, o ambiente físico.”
O olhar sobre a própria memória e a memória do outro pode ser muito
importante: um diferencial em um mundo marcado por uma tendência de
pasteurização das culturas locais. A valorização da memória, especialmente
quando feita pelo povo do lugar pode representar uma resistência à
homogeneização cultural que vivemos.
Uma comunidade que não conhece a si mesma dificilmente poderá comunicar a
importância de seu patrimônio, seja na interação com os visitantes, seja na
sensibilização das operadoras.
A prática interpretativa, deve-se portanto, promover a discussão entre os
vários segmentos sociais sobre aquilo que torna o lugar especial e diferente.
Deve, também, levar os moradores à (re) descobrir novas formas de olhar e
apreciar seu lugar, de forma a desenvolver entre eles atitudes preservacionistas
Também se deve estimular e apoiar iniciativas como as que ocorrem em
Itaocara, onde o importante movimento ecológico Projeto Piabanha, tenta
repovoar os rios com peixes, conscientizar a população e reivindicar investimentos
para o setor ambiental.
39
A cada processo de mudança da sociedade, a paisagem se adapta às
novas necessidades e atualiza-se. Por outro lado, esse movimento de mudança é
influenciado pela forma já estabelecida, na medida em que as determinações
sociais devem levar em conta essas heranças do passado.
A conservação dos espaços que fazem parte do patrimônio e também sua
recuperação devem apoiar-se na memória coletiva e engajar a população, com o
objetivo de revitalizá-los, combinando os aspectos sociais do passado e do
presente da sua sociedade.
A partir dos documentos temáticos “Ciência & Tecnologia para o
Desenvolvimento Sustentável e Cidades Sustentáveis da Agenda 21 Brasileira
(MMA), foram assumidas seis dimensões da sustentabilidade para cada uma das
dimensões e seus respectivos indicadores, conforme descrito abaixo:
Dimensão Social: a) capacidade de absorção de
empregados/trabalhadores; b) qualidade do emprego; c) dinamização da
economia local e solidariedade social.
Dimensão Econômica: a) inércia (dependência; b) lucratividade: c)
capacidade de planejamento e gestão estratégica do negócio.
Dimensão Histórico-Cultural: conscientização do valor cultura; b)
preservação patrimonial; c) promoção cultural.
Dimensão Ambiental: a) condições sanitárias; b) educação ambiental; c)
valorização do patrimônio natural
.Dimensão Espacial/Territorial: a) ocupação e uso do solo; b)
acessibilidade; c) mobilidade (fluência).
Dimensão Político-Institucional: representatividade; b) participação; c)
coesão.
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De um modo geral, só haverá realmente desenvolvimento local se houver
integração dos proprietários de fazenda, comunidade e administração pública.
Finalmente é possível afirmar que, se houver estratégias adequadas e
mecanismos de incentivo eficientes, o turismo rural pode ser para o Vale do
Paraíba, mediante o seu grande potencial e as condições descritas neste trabalho,
a forma mais eficiente de aceleração do turismo como fator de desenvolvimento
sustentável, uma vez que já uma grande demanda por atrativos de cunho regional
e um anseio das populações urbanas por alternativas de lazer e descanso no
cenário rural, provocado por fatores como o estresse e a necessidade de volta às
origens.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANNAMA. Educação Ambiental. In: Curso de formação e capacitação de agentes
municipais responsáveis pela gestão ambiental. ANNAMA: SP. (s.d.).
ALMEIDA, Joaquim Anécio, FROELICH, José Marcos e RIEDI, Mário. Turismo
rural e desenvolvimento sustentável. Campinas (SP): Papirus, 2000 (Coleção
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BOFF, L. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. São Paulo: Ática. 1996.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1993
LEONARDI, M. L. A. A educação ambiental como um dos instrumentos de
superação da insustentabilidade da sociedade atual. In: CAVALCANTI, C.
(Org.) Meio Ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São
Paulo: Cortez, 1997.
SOUZA, C.M.M – Avaliação ambiental dos riscos do mercúrio em áreas de
garimpo no Brasil, 1996.
MURTA, Stela Maria e ALBANO, Celina – Interpretar o patrimônio, um exercício
do olhar. Minas Gerais. Editora UFMG – Território Brasilis.
CIDE – Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
AGENDA 21 – BRASILEIRA – Ministério do Meio Ambiente.