revista de domingo nº 592

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Revista semanal do Jornal de Fato

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Page 1: Revista de Domingo nº 592
Page 2: Revista de Domingo nº 592

Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

ao leitor

• Edição – C&S Assessoria de Comunicação• Editor-geral – Wil liam Rob son• Dia gra ma ção – Rick Waekmann• Projeto Gráfico – Augusto Paiva• Im pres são – Grá fi ca De Fa to• Re vi são – Gilcileno Amorim e Stella Sâmia• Fotos – Carlos Costa, Marcos Garcia, Cezar Alves e Marcelo Bento• In fo grá fi cos – Neto Silva

Re da ção, pu bli ci da de e cor res pon dên cia

Av. Rio Bran co, 2203 – Mos so ró (RN)Fo nes: (0xx84) 3323-8900/8909Si te: www.de fa to.com/do min goE-mail: re da cao@de fa to.com

Do MiN go é uma pu bli ca ção se ma nal do Jor nal de Fa to. Não po de ser ven di da se pa ra da men te.

No final do mês de agosto, precisamente no dia 28, o Jornal De Fato comemorou 12 anos de jor-nalismo de verdade. Dois anos depois de sua

fundação, surgiu a Revista Domingo. O suplemento come-çou como uma ideia inovadora para Mossoró e se mantém assim. A primeira a editar o caderno foi a jornalista Daiany Dantas. Hoje ela faz doutorado e é professora da Universi-dade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), contudo, tirou um tempo para nos escrever sobre sua experiência com esse projeto. Segue.

Na verdade, o editor era o William Robson, eu era repórter. Foi uma experiência muito legal. Eu gostava muito da equipe com quem lidava dire-

tamente – William, que sempre acolhia e colaborava com minhas sugestões de pauta, e o fotógrafo Marcos Garcia, que tinha muita sensibilidade e paciência para encontrar os ângulos mais bacanas e conhecer as personagens. Eu tinha total liberdade criativa e as pautas eram bem ousadas – o editor me mandou uma vez escrever sobre a questão da preocupação masculina com o tamanho do pênis! Essa ma-téria deu o que falar. A gente experimentou bastante no começo, fazíamos pautas sobre costumes, história do es-tado, variedades, comportamento, saúde, com certeza foi das coisas mais prazerosas de minha carreira de repórter, eu adorava. Quanto à evolução do jornal, com certeza, ele está bem melhor estruturado, conta com equipe maior, vejo que os meus alunos sempre o colocam como referên-cia dentre as publicações locais. Com certeza conta ponto a favor o jornal ter insistido em manter publicações volta-das à reportagem e com um viés cultural.

editorial

Dez anos de

A memória de Domingo, por Daiany Dantas.

Domingo

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vis

taCapa

Davi Moura preparou uma coluna supersaborosa.

Presentes mais que especiais

Rafael Demetrius continua te ajudando a se sair bem nas entrevistas

Adoro comer

Criatividade

Coluna

p4

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p 12

2

p8

Jogadores potiguares falam como é viver em áreas de conflito pelo mundo

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3Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

)( Envie sugestões e críticas para oe-mail: [email protected]

Debruçado no balcão o negro bebia um guaraná pelo gar-galo. Era desse tipo calado e

cheio de respeito quase cerimonioso diante das pessoas. Característico da raça. Tinha poucos dias na cidade, aon-de chegara do sertão pra trabalhar em salina.

Era o tempo de eleição no sindicato da categoria, e o negro Bió, apelido que trouxe da sua terra natal, e assim ficou sendo chamado, não podia votar porque ainda não era sindicalizado. Carecia da certidão de nascimento, que ficara de ir buscar quando pegasse dinheiro.

Fazendo quina com o sindicato, era ali no bar que se juntavam dia de sábado salineiros tanto da situação quanto da oposição, e era aquela confusão, em-briagados. Uma vez ou outra, briga de faca.

O negro Bió não bebia, entrara ali no bar, num sábado de manhã, ao sair do sindicato, depois de receber a “semana”, pra tomar um guaraná, sua bebida pre-dileta. Quando ia saindo, Majó, como era chamado, e por sinal autor de dois crimes de morte, fez questão que Bió ficasse ali com sua turma, até mais tarde. Cedeu, com seus modos humildes.

Ofereceu-lhe bebida, o que quisesse

O VALENTÃO GELOU

JOSÉ NICODEMOS*

conto

tomar, Bió recusou-se, com muito jeito, não bebia álcool, fosse desculpando. Mas de quando em vez Majó voltava a insistir, não dava nada por homem que não bebe, e Bió só fazia rir o seu riso manso de dentes brancos.

Sol quase no meio do céu, ali pelas onze, Bió levantou, decidido a ir pra casa, era hora do almoço com a patroa, e foi contido por Majó – Nem vai e agora vai beber por bem ou por mal – arrastando a faca de dez polegadas, que chamava de “mamãe traga a vela”.

– Não vou ser desfeitado, já mandei dois pra cidade de pés juntos, e você po-de ser o terceiro. Como é, bebe ou não bebe?

Bió nem mudou de cor, sereno como

se estivesse tirando uma soneca em sua rede armada debaixo do tamarindo no fundo do quintal de casa, depois do al-moço.

Arrastou também sua faca, com toda a naturalidade, nenhum sinal de altera-ção de ânimo, como quem não visse de quê, e foi chamando Majó pro meio da rua, “vamos respeitar o dono da casa”.

Para surpresa de todo mundo ali no bar, Majó gelou, enfiando a faca na bai-nha, sem dizer palavra.

Paraibano, Bió era neto do famoso cangaceiro Chico Pereira, depois suce-dido Lampião, e fora jagunço do Coronel Zacarias da serra Teixeira. Nos seus olhos mansos, não se adivinhava o número de mortes pesando-lhe no espinhaço.

O negro Bió não bebia, entrara ali no bar, num sábado de manhã, ao sair do sindicato, depois de receber a “semana”, pra tomar um guaraná, sua bebida predileta.

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4 Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

entrevista

Uma grande contribuição à memória dos que atuaram com cobertura esportiva no rádio nacio-nal. Esta é uma das afirmativas em relação ao livro “Enciclopédia do Rádio Esportivo Brasi-leiro”, recém-lançado no maior evento de comunicação social do país, o Intercom, realizado em Fortaleza (CE) na última semana (de 3 a 7 de setembro). Um dos autores que contribuíram

para a realização da pesquisa no Rio Grande do Norte é o jornalista Fabiano Morais. Com graduação em Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba (1995) e mestrado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2010, Fabiano é, atualmente, repórter da TV Ponta Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte, e professor assistente nível IV da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Radiodi-fusão, atuando principalmente nos seguintes temas: telejornalismo, documentário, TV e radiojornalis-mo. Ele fala sobre a importância dessa enciclopédia e sobre sua paixão pelo jornalismo esportivo.

FABIANO MORAIS

Por Izaíra [email protected] | Twitter: @izairathalita

“É preciso ter zelo com a memória”

DOMINGO – Como se deu a sua participação e contribuições para o li-vro “Enciclopédia do Rádio Esportivo Brasileiro”? (Pode detalhar também o processo de pesquisa de toda a obra e número de autores)

FABIANO MORAIS – Tive a infor-mação do projeto e logo passei a colher

informações para poder dar minha con-tribuição, já que se trata de uma área que tenho muita afinidade, até pela minha origem na comunicação que foi na reportagem esportiva de rádio. Por sinal meus seis primeiros anos na co-municação foram no radiojornalismo esportivo. Então mantive contato com

uma das pesquisadoras que estava na organização, a professora Nair Prata, de Minas Gerais. Tive de imediato a acei-tação para compor a equipe de pesqui-sadores, mais de 120, de norte a sul. Um honra, já que se trata de um traba-lho inédito no país por retratar profis-sionais não só do eixo Rio-São Paulo.

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COMO foi a realização da pesquisa aqui no RN?

COMO não tenho profundo conheci-mento sobre a história dos profissionais de todos os tempos em terras potigua-res por ser pernambucano e morar aqui há apenas oito anos, comecei a contac-tar cronistas experientes em busca de mapear quais nomes deveriam constar na lista. Listei uns 12 nomes, mas eu tinha a recomendação editorial de fa-zer de cinco a dez biografias. Foi então que pensei em falar com o jornalista Everaldo Lopes, uma verdadeira “en-ciclopédia” do rádio esportivo do RN. Com ele o trabalho avançou, apesar das inúmeras dificuldades que tivemos em coletar dados e, principalmente, fotos dos profissionais escolhidos. Levamos cerca de dois meses entre idas e vindas de e-mails. No final, acabou faltando algo, que talvez fique para uma próxi-ma edição, mas mesmo assim dentro do que esperávamos.

QUE contribuições esta obra traz para a memória do rádio esportivo na-cional?

SÃO muitas contribuições. Atual-mente é muito difícil fazer uma pesqui-sa em que se necessite de informações dos cronistas das regiões Centro-Oes-te, Norte e Nordeste. Nessas regiões também existem grandes profissionais e a partir desse trabalho todos poderão saber o que marcou e ainda marca a crônica dessas localidades. Será uma inestimável fonte de consulta para admiradores, desportistas e pesquisa-dores da área. Só lamento não termos publicado fotos dos biografados aqui no Estado. Tinha de ter uma resolução mínima para qualidade de impressão e, apesar de inúmeros contatos com os próprios profissionais ou familiares dos que já morreram, não tivemos suces-so. Mas fica o grande registro escrito desses cronistas, pois quem comprar o livro terá a oportunidade de ver.

VIMOS que há uma carência de tra-balhos dessa grandeza quando se refere a nomes de pessoas, personagens mar-cantes na comunicação brasileira. Por que, na sua opinião, há poucos traba-lhos com propostas similares a estas?

PORQUE, de um modo geral, temos pouco zelo com a memória. Com a co-municação não é diferente. Vivemos uma fase cruel, de muito imediatismo. O legado de muitos acaba se perdendo no tempo. É importante que trabalhos desse porte possam surgir para servir de orientação e estímulo aos mais jo-vens da comunicação.

5Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

entrevista

VOCÊ está chefe de departamento no curso de Comunicação Social. Há disciplinas para os que gostam ou pen-sam em atuar na cobertura esportiva?

SIM. Temos a disciplina de Jornalis-mo Esportivo, ofertada como optativa para os cursos de Jornalismo e Radia-lismo. Inclusive, tenho o imenso prazer de poder ministrar essa disciplina, com certeza a que mais, junto com telejor-nalismo, tenho satisfação em trabalhar. Além disso, temos um projeto de ex-tensão, com cerca de 10 alunos envol-vidos, que envolve a produção espor-tiva no rádio. Esteve parado por causa da greve recente, mas estará de volta na nova roupagem da FM Universitá-ria, que estreia agora em setembro, na web. A ideia é orientarmos esses alu-nos para o exigente mercado do mundo esportivo e revelar novos talentos para o mercado regional futuramente.

EM termos de mercado, qual o es-paço para a atuação de cobertura es-portiva?

EM TERMOS nacionais, muito vasto. A cada dia os veículos estão segmen-tando, dentro das redações, a cobertura esportiva. Isso no jornal, inclusive, já que na TV e no Rádio é bem mais evi-dente há alguns anos. Na nossa cidade ainda é visto com ressalvas, infeliz-mente. É como se fosse menos jornalis-mo do que outros setores como polícia, política ou temas gerais. Essa tem sido, ainda, uma visão distorcida de alguns gestores de veículos de comunicação.

O SEU interesse por essa área se dá além do âmbito profissional?

CLARO que tem o lado pessoal. Fui criado praticamente dentro do futebol. Meu pai, Floriano, lá de Pernambuco, me levava a quase todos os jogos do Náutico no Nordeste. Fui até mascote por uns oito anos. Depois veio a vontade natural de ser jogador. Atuei nas categorias de base do próprio Náutico, Santa Cruz e Paulis-tano, todos de Pernambuco. Depois ainda joguei no juniores do Treze, na Paraíba. Como não me profissionalizei, o desejo de estar no meio esportivo foi evidente. Comecei então a atuar como repórter es-portivo de rádio na Caturité, de Campina Grande. Depois fui para a Rádio Olinda, Clube de Recife e Continental, na qual cheguei a ser diretor e comandar uma grande esportiva, com conhecidos no-mes do radioesportivo pernambucano. Por último, no caminho já da televisão, tive a oportunidade de ser repórter do SporTV por cinco anos. Uma experiência formidável e prazerosa. Amo esportes e o jornalismo esportivo.

PARA finalizar, como é possível ob-ter o livro “Enciclopédia do Rádio Es-portivo Brasileiro”? Haverá lançamen-to no RN?

ELE ficará disponível no site da Edi-tora Insular para compra. O lançamen-to será feito apenas em Fortaleza, na próxima quarta, 5, por ocasião do 35º Congresso Brasileiro de Comunicação, o Intercom. Em cada Estado faremos a di-vulgação na mídia e nas universidades.

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O valor está na criatividade, na exclusividade e personalização, que deixam o presenteado ainda mais feliz

de grande valorPresentes

criatividade

)) A vitrola foi montada em uma mala artesanal com caixa de som e entrada USB para presentear um amigo

Nem sempre é fácil agradar al-guém e, por isso, às vezes é mais fácil e conveniente pre-

sentear quem se gosta com mais mesmo do que está disponível no mercado: rou-

pas, cosméticos, perfumaria, acessó-rios... O difícil é conseguir ser criativo com estas opções mais fáceis de serem encontradas.

Há quem goste de personalizar tanto

o presente que demora dias, semanas e até meses para preparar um presente assim, tornando-o mais que especial. É claro que isso não é válido para todos os amigos, mas aqueles dos quais se conhe-ce gostos, preferências e que saibam valorizar esse tipo de esforço.

Foi o que fez, por exemplo, o servidor público Flávio Eleotério. Ao se aproximar a data de aniversário de um grande ami-go, ele pensou em algo que fosse dife-rente, criativo e especial e saiu para transformar essa ideia em presente.

“Tenho um amigo publicitário que gosta de coisas antigas e pensei num presente criativo para dar em seu ani-versário. Levou cerca de dez dias para que ficasse pronto”, lembra Flávio.

Flávio comprou uma mala feita por um artesão de Apodi, que já está nacio-nalmente conhecida. Somente a mala já seria a peça que o amigo gostaria de ga-nhar, mas o servidor procurou e comprou uma vitrola que ainda toca discos de vinil em bom estado e mandou que se fizesse uma caixa para que contasse com caixa de som, rádio e entrada USB para pen-drive. Tudo isso foi montado dentro da mala.

“Quando meu amigo viu a mala ficou feliz, mas ele não fazia ideia do que tinha dentro. Ao abrir, veio a surpresa, que ele depois me disse que aquele presente por diversas razões era o mais especial que já havia recebido”, ressalta.

PLANEJAMENTONeste caso específico, o presente saiu

a um preço tão especial quanto a própria ideia, em média R$ 300,00. Mas, é pos-sível, com planejamento, utilizar a cria-tividade para produzir presentes perso-nalizados com preços menores.

A maior dica está mesmo em anotar a ideia e preparar o presente com dias, semanas de antecedência. Assim, há tempo para se conferir todos os itens ne-cessários para a criação e ainda é possí-vel se pesquisar com calma, seja no co-mércio, seja na Internet.

Não precisa ser caro, mas que tenha seu “dedo” na criação e/ou confecção. O maior valor ainda é o sentimental.

Outra dica importante é conhecer bem o presenteado(a). “É preciso conhe-cer bem para que se possa acertar no presente e a pessoa saiba valorizar o es-forço”, afirma Flávio.

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alimentação

Conhecida por ter mais cálcio que um copo de leite e um elevado teor de proteínas, elas são aliadas das dietas para emagrecimento com saúdemodos de usar

Chia: Chia:

A semente de chia é uma ótima pedida para quem quer ema-grecer de forma saudável, sem

sofrer com carência de nutrientes, pois oferecem um coquetel de nutrientes, como ômega 3, fósforo, magnésio, po-tássio, ferro, zinco, cobre e manganês, e podem ser consumidas de muitas for-mas.

Dá para sentir o sabor da chia, mis-turá-la a outros alimentos ou até prepa-rar receitas; só depende da disposição em incluir mais essa novidade na die-ta.

O que é interessante colocar é que há diversas formas de uso da semente da chia.

Uma delas é a de semente em forma de gel. Quando se mistura a semente de chia com água, ela começa a formar uma espécie de gel, reação característica das fibras solúveis. Conforme informações nutricionais, comer essa gelatina provo-ca um atraso no esvaziamento gástrico, aumentando a sensação de saciedade. Além disso, o gel formado aumenta o volume do bolo fecal, melhorando o fun-cionamento do intestino e prevenindo a prisão de ventre. Para consumir a chia em forma de gel, deixe uma colher de sopa da semente de molho em 60ml de água durante aproximadamente 30 mi-nutos.

O ideal é consumir o gel assim que ele estiver formado, não sendo recomen-

dado guardar a mistura para comer de-pois.

FARINHA DE CHIAFeita por meio da trituração da se-

mente, a farinha de chia contém todos os nutrientes que o grão inteiro oferece. Ela pode ser usada no preparo de diver-sas receitas, como massa de bolos, tor-tas, pães e brownies. Ao trocar a farinha de trigo pela de chia, você está acrescen-tando ao prato diversos nutrientes que não aparecem (ou aparecem pouco) na farinha de trigo, como proteínas, cálcio, ferro e ômega 3.

NO IOGURTEQuando em contato com líquidos, a

semente de chia forma um gel que torna a digestão mais lenta, aumentando sua saciedade após a refeição. Ao colocar chia no iogurte, você também está acres-centando fibras ao prato e enriquecendo ainda mais a bebida com cálcio e prote-ínas. Isso contribui para a prevenção de doenças como osteoporose e ainda ajuda na reconstrução muscular. Uma suges-tão é comer a porção no lanche entre as refeições, pois um pote de iogurte des-natado (160ml) mais uma colher de sopa de chia contêm apenas 70 calorias.

VITAMINAS E SUCOSAo acrescentar a chia em sucos ou

vitaminas, você não só aproveita todos

os nutrientes que as frutas oferecem co-mo também está ingerindo boas doses de cálcio, proteínas, ferro e zinco. Além disso, a chia potencializa o efeito antio-xidante das frutas, ajudando no comba-te ao envelhecimento e prevenindo do-enças como o câncer.

APÓS EXERCÍCIOSConsumir uma salada de frutas

acompanhada da chia pode ser uma óti-ma opção de lanche após os exercícios, uma vez que as frutas são fontes de car-boidratos e a chia possui elevado teor de proteínas e potássio. Para quem pratica atividade física, é indispensável o con-sumo dessa combinação após o treino, já que os carboidratos vão repor a ener-gia perdida, as proteínas vão ajudar na recuperação dos músculos e o potássio vai prevenir cãimbras.

SUBSTITUI O OVOO gel formado pela chia pode ser um

ótimo substituto do ovo em receitas. Mis-turando uma colher de sopa da farinha de chia com 60ml de água, você obtém uma quantidade de gel suficiente para substituir um ovo em qualquer receita. Ao fazer isso, há diminuição no consumo do colesterol (presente no ovo) e adição de mais nutrientes ao preparo. Qualquer porção de ovos de uma receita pode ser substituída pelo gel da farinha de chia sem problema.

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8 Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

capa

mundo da bolaJogadores encontram dinheiro e estabilidade quando vão atuar no exterior, mas sofrem com adaptações culturais e o temor de guerra

A profissão de jogador de futebol no Rio Grande do Norte é bastan-te instável. A maioria dos clubes

locais só atua durante três ou quatro meses, que é o período referente ao Campeonato Estadual. Por isso, os atletas vão à busca de qualquer clube para o restante do ano e, aqueles que não conseguem, se veem obrigados a se transferir para outras pro-fissões ou se aventurar em campeonatos amadores.

O sonho de consumo desses jogadores passa a ser atuar no exterior, nem que se-ja em países distantes e desconhecidos. Esse desejo de atuar fora do Brasil se dá justamente porque as competições nesses países acontecem durante o ano todo e os salários são pelo menos cinco vezes maio-res do que no Rio Grande do Norte, bem como são pagos rigorosamente em dia.

Bahrain, Emirados Árabes, Hong Kong e Irã são alguns dos países que já recebe-ram ou recebem atletas do Rio Grande do Norte. Mas nem tudo são flores nesses lo-cais. A adaptação cultural nem sempre é um desafio que dá para tirar de letra. Esse choque é muitas vezes o pior adversário dos atletas, sobretudo em países que são ameaçados por guerra ou que possuem uma cultura religiosa muito rígida.

Márcio Cardoso, de Mossoró, começou uma aventura no Oriente Médio em 2006. Apesar de considerar o local tranquilo, ele já passou por grandes dificuldades no ex-terior. A maior delas aconteceu no Bahrain, onde atuou até o mês de julho deste ano.

Na guerra civil do Bahrain, entre o final de 2010 e início de 2011, quando os xiitas foram às ruas tentar derrubar o poder su-nita do país, ele teve medo de ser assassi-nado em uma das barricadas que aconte-ciam nas ruas a cada 200 metros.

Parado no trânsito em uma delas, ao lado do também mossoroense Max e a ex-esposa desse segundo, Márcio Cardoso não entendeu a gesticulação dos guardas e foi identificado como fugitivo. O exército in-clusive já tinha a ordem de atirar no carro, mas, por muito pouco, houve tempo para explicação.

O guarda que estava na rua fez o gesto para que o carro em que Márcio vinha con-duzindo fosse parado imediatamente no

meio da rua. Porém, ele não entendeu bem e foi para o acostamento, fazendo parecer que ele estava fugindo.

Pediram, em árabe, que ele se explicas-se, já com as armas apontadas. E o fato de não saber a língua local foi um fator que salvou a vida deles. Depois de muita gesti-culação, Cardoso se aproximou de um guar-da que sabia falar inglês e eles conseguiram se explicar, falando que eram estrangeiros e estavam alheios a guerra vigente. O guar-da avisou para eles terem mais cuidado, pois a ordem já era de atirar neles.

“Eles queriam que eu parasse de ime-diato, ainda na rua, mas não entendemos e paramos no acostamento para não atrapa-lhar o trânsito. Daí veio a ordem de atirar, por entender que era uma tentativa de fuga. Foi difícil, me comuniquei em inglês com um militar, para explicar que somos estran-geiros. Tive muito medo”, confessa.

Durante a guerra cívica, Márcio ainda teve temor, mas, depois disso, afirma que tudo ficou tranquilo no Bahrain, onde o jogador atuou por quatro temporadas. Ele diz que o país é tranquilo e aberto aos cos-tumes ocidentais.

“Em linhas gerais, o Bahrain é um país muito bom. Não temos muitos problemas. A guerra foi um problema isolado e que já passou. Posso dizer que o Bahrain é o me-lhor país do Oriente Médio para se adaptar. Eles têm os períodos de oração, mas res-peitam os costumes ocidentais, sem gran-des choques”, salientou Márcio.

A primeira experiência de Cardoso no ex-terior foi nos Emirados Árabes, em 2006. Nes-te país, ele afirma que teve bem mais proble-mas de adaptação cultural do que no Bahrain. O maior deles foi a questão religiosa.

Como possui formação evangélica, Márcio Cardoso queria continuar pratican-do a sua religião no exterior. Ele conheceu outros evangélicos e passou a participar de grupos cristãos que se reuniam nos Emi-rados. Esses encontros, porém, são estri-tamente proibidos no país, que possui for-mação mulçumana.

As punições podem ser a deportação ou até mesmo a pena de morte. Para não serem identificados, o grupo revezava os locais de reunião. “Era uma hora na casa de um, depois na casa de outro. Sempre

Choque de culturas no

)) Paulo Junior nos Emirados

)) Marcio Cardoso no deserto

)) Joao Batista em dubai

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9Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

capa

em locais que os vizinhos não pudessem escutar”, conta, revelando que eles para-ram de fazer esses encontros ao percebe-rem que os vizinhos já estavam descon-fiando dos encontros. “A experiência reli-giosa passou a ser individual, sem partilhar com ninguém, deixamos os encontros pa-ra não acontecer o pior”, conta Márcio.

O jogador conta ainda que nos Emira-dos Árabes não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas, nem existem tantas opções de lazer, a não ser em hotéis cinco estrelas, que são frequentes somente nas cidades de Dubai e Abu Dhabi, que estão investindo no turismo.

O atacante mossoroense João Batista já é rodado no futebol do exterior. A pri-meira atuação fora do Brasil aconteceu em 2005, quando ele se transferiu para o Al-Hilal da Arábia Saudita. Desde então, já rodou por cerca de dez países entre ava-liações e contratos.

João conta que existe o temor quando se vai para alguns países, sobretudo do Oriente Médio, onde se fala muito em ter-rorismo, mas ele conta que essa questão envolve mais os xiitas e sunistas, deixan-do os estrangeiros isolados dessa disputa. Ele atualmente joga no Al-Jazeera Club, da divisão de acesso dos Emirados Árabes e está em sua terceira passagem pelo país. Segundo ele, os Emirados é um local bom para se morar, apesar de ter que se adap-tar a um local onde vários costumes oci-dentais são recriminados e a religião islâ-mica deve ser seguida com rigorosidade.

Batista é companheiro de clube do jo-vem Renan, natural de Serra do Mel, que atuava pelo Potiguar de Mossoró. Aos 22 anos, Renan está em sua primeira experi-ência no exterior. O jogador desembarcou no país há cerca de um mês e diz que a adaptação não é tão tranquila como ima-ginava anteriormente.

“Viajei como quem vai para um clube qualquer. Quando cheguei aqui e vi que não sabia falar com ninguém, foi que co-mecei a me tocar. As mulheres aqui tam-bém são muito estranhas, com as roupas que tampam tudo, mas tem o João Batista aqui para me ajudar”, comentou Renan.

E, segundo João Batista, o Oriente Mé-dio é um lugar que não se enfrenta tanta dificuldade em comparação ao Irã, onde ele passou apenas alguns meses e afirma que houve o maior choque de sua vida. No Irã, o clima de guerra era intenso quando ele chegou ao país e isso era nítido desde os companheiros no clube, até o nervosis-mo das pessoas na rua.

“Era tudo muito estranho e o pior é que eu não sabia ao certo o que estava aconte-cendo. Tinham umas pessoas que estavam se cortando voluntariamente com lâminas de barbear e iam para as ruas. A língua era muito estranha e o povo muito fechado. Não entendi nada, era tudo estranho e da-va certo medo”, conta João Batista, reve-

lando também que os homens não podem sair de camiseta nas ruas e as mulheres se vestem todas cobertas.

O atacante afirma que em cada país existem suas peculiaridades que dificul-tam na adaptação, mas aos poucos o joga-dor vai se acostumando. Na Áustria, onde atuou por duas temporadas e sofreu várias contusões, o problema é mais no futebol, onde os treinadores não aceitam que o atleta se canse. “Eles sempre estão exigin-do mais e mais. Fica difícil aguentar”, con-ta.

João conta ainda que enfrentou o pre-conceito em Portugal. “Eles falam mal dos brasileiros, tentam mostrar superioridade, mas ao mesmo tempo querem ter um fu-tebol como o nosso”, revela o jogador, que atuou pelo Estrela Amadora em 2007-2008, clube que na época atuava na 1ª Divisão de Portugal.

Um jogador que já conta com bastante experiência no exterior é o atacante Paulo Júnior, natural de Natal e radicado em Mos-soró. Ele atua desde 2005 no exterior e grande parte da sua experiência fora do Brasil aconteceu nos Emirados Árabes, on-de ele atuou entre 2007 e julho deste ano.

PJ afirma que a adaptação no país não é um desafio tão complexo se o jogador tiver focado e com a mente formada. É preciso, segundo ele, aceitar as roupas locais, não tentar pregar o cristianismo em locais onde a religião é mais rígida e adap-tar-se aos costumes culturais do país, co-mo os horários de oração e o mês do rama-dã, no qual os muçulmanos jejuam duran-te o dia e, por isso, os treinos só acontecem no período da noite.

“Não tem nenhum bicho de sete ca-beças. É respeitar os costumes deles, para ser respeitado. Passei cinco anos nos Emirados Árabes e não tive problema al-gum. Tem algumas questões que causam impacto, mas, em linhas gerais, é tudo muito tranquilo”, disse Paulo Júnior, brin-cando sobre um cumprimento local mas-culino que é feito de nariz com nariz.

O jogador diz ainda que o país está in-vestindo no futebol e, por isso, existe um respeito com os brasileiros, que são bem valorizados nesse processo de crescimen-to do futebol local.

“Tem a crença deles, baseada no alco-rão, que é bem diferente da nossa, mas eles entendem que somos ocidentais e acabam nos respeitando, principalmente nós jogadores que chegamos aqui para ajudar no desenvolvimento do futebol de-les”, comentou PJ.

Paulo se transferiu para a Coréia do Sul há cerca de dois meses. Ele conta que exis-te um temor de guerra constante entre Coréia do Sul (capitalista) e Coréia do Nor-te (socialista).

“Eles até hoje não finalizaram a guerra,

só estão em trégua, pois a Coréia do Norte atacou a Coréia do Sul e quase dominava, eles entraram justamente por aqui, em Incheon. Aí, os Estados Unidos interviram na guerra. Eles reconquistaram e foram atacando a Coréia do Norte. Aí eles pedi-ram trégua, bandeira branca. E assim fi-cou, mas ainda se preparam para qualquer momento. Aqui todos passam anos no exército”, salientou o jogador. “Não sei bem o tempo que isso aconteceu, eles sem-pre comentam isso e a pessoa nota algum receio deles, creio que se preocupam sem-pre”.

Outro temor na Coréia do Sul é quanto aos tufões, ventos fortes que causam vários danos ao país. “Teve aqui semana passada. Ventos com mais de 120 quilômetros por hora. Teve algumas pessoas que morreram no país, não muito, mas aqui onde mora-mos foi mais o vento forte, não foi muito atingido”, contou Paulo Júnior.

)) Joao Batista na Austria

)) Paulo Junior nos Emirados

)) Marcio Cardoso no deserto

)) Joao Batista em dubai

Page 10: Revista de Domingo nº 592

10 Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

música

O gaitista e cantor com uma carreira de mais de duas décadas Flávio Guimarães será a atração principal e Gustavo Cocentino fará show de acompanhamento

Blues no DoSol

Nem só de rock é feito o Centro Cultural DoSol em Mossoró. Confirmando a proposta de

ser um espaço para os gêneros musicais alternativos (o alternativo para nossa região é basicamente tudo o que está distante do forró), o Centro Cultural Do-Sol Mossoró realiza no final deste mês um show de blues em grande estilo.

O show será no dia 21 de setembro em Mossoró e dia 22 em Natal com o músico Flávio Guimarães da banda Blues Etílicos (RJ) – uma das mais populares bandas de blues do Brasil, pela primeira vez em Mossoró.

A banda de blues/rock natalense Gus-tavo Cocentino & Blue Mountain fará o show de abertura e acompanhará o ar-tista.

GRANDE MÚSICOFlávio Guimarães é dono da mais ex-

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música

)) Flávio Guimarães já gravou com grandes nomes da MPB

tensa biografia de um músico de blues no Brasil. Tem 18 CDs gravados entre carreira solo e a banda Blues Etílicos, sendo oito álbuns solo e mais dez como integrante e fundador da mais popular banda de blues brasileira, a Blues Etíli-cos.

Gaitista, cantor e pioneiro do blues no Brasil, possui uma carreira de mais de duas décadas. O músico já gravou com Alceu Valença, Cássia Eller, Ed Motta, Fernanda Abreu, Luiz Melodia, Paulo Moura, Renato Russo, Rita Lee, Titãs, Zeca Baleiro e Zélia Duncan, entre outros. Realizou shows de abertura para B. B. King e Robert Cray, além de compartilhar o palco com algumas lendas vivas do blues, como Buddy Guy, Charlie Musse-lwhite, Sugar Blue e Taj Mahal.

Na gaita diatônica, pelo conjunto de sua obra e por seu pioneirismo, Flávio se tornou a principal referência desse ins-trumento no país.

GUSTAVO COCENTINONatural do Rio de Janeiro, o guitarris-

ta Gustavo Cocentino começou a tocar em bares e festas no ano de 1996 na ban-da carioca Gang do Whisky.

De volta a Natal em 2003, participou de vários outros projetos musicais e em 2008, junto com o baixista Leo Javali de Minas Gerais, criou a banda potiguar de blues “The Blue Mountain”. Através do Clube do Blues, projeto de sua autoria, acompanhou e dividiu o palco com nomes do blues nacional e internacional como Flávio Guimarães do Blues Etílicos (em mais de cinco ocasiões), Nuno Mindelis (três vezes), André Christovam (SP), Lar-ry McCray (EUA), George Israel (Kid Abe-lha), Willie Big Eyes Smith (Muddy Waters band), Danny Vincent (Arg), Jefferson Gonçalves (RJ), Robson Fernandes (SP), Maurício Sahady (RJ), Mitch Kashmar (EUA), Big Gilson (RJ), Felipe Kazaux (CE), Adrian Flores (Arg) ,Celso Blues Boy (RJ) e Carlos Johnson (Chicago, EUA).

Suas principais influências musicais são Jimi Hendrix, Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan, o blues e suas vertentes em geral, country, bluegrass, Raul Seixas e classic rock anos 60 & 70.

Em 2011, o nome da banda muda pa-ra Gustavo Cocentino & Blue Mountain e, após cinco anos produzindo e atuando ao lado de grandes nomes do gênero, lança o primeiro CD no início de outu-bro.

O CD intitulado Gustavo Cocentino & Blue Mountain reúne releitura de clássicos do blues e conta com a participação de dois grandes nomes do blues. O guitarrista Nuno Mindelis e o gaitista Flávio Guima-

rães da banda carioca Blues Etílicos. Além dessas grandes estrelas, o álbum conta também com a participação dos músicos locais CBI, vocalista da banda Mad Dogs, o multi-instrumentista Antônio de Pádua no trompete e de Toni Gregório, integran-te da banda Rosa de Pedra.

Neste ano de 2012, foi indicado pelo “Prêmio Hangar”, na categoria melhor instrumentista de 2011. Participou da

mostra II blues do Nordeste realizado pelo BNB em Fortaleza (CE). Esteve pre-sente ainda nas edições dos anos de 2009 e 2010 do Natal Blues Festival. Pelo Oi Blues by Night, acompanhou o lendário John Primer (Chicago, EUA). Participou das edições do Fest Bossa & Jazz acom-panhando o americano Larry McCray no ano de 2010 e a dupla de Bluesmen Da-ve Riley & Bob Corritore em 2011.

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13Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

ÂNGELA CLAUDIA REZENDE*

Depois de um dia cansativo, em que predominou o movimento, as atividades “sorventes” que

rodeiam nosso cotidiano completo de “coi-sas” o que o corpo quer é o merecido des-canso. Mas pessoas notívagas como eu não lidam bem com esse momento e sofrem quando chega o fim do dia porque têm que dormir. O que fazer então quando não te-mos sono, mas somos obrigados a deitar porque teremos de acordar cedo para “dar conta” dos afazeres?

O caso é que isso me aflige muito. As pessoas normais deitam contam seus car-neiros enfileirados pulando a cerca pa-cientemente um a um. Bem comportados carneirinhos os dos outros. E desejaria profundamente ter carneirinhos compor-tados em meus pensamentos e não ter problema algum para dormir, mas veja o que me acontece.

Durante todo o período de ensino mé-dio, passava as noites estudando para as provas, trabalhos, lendo os romances ou escrevendo meus textos, o que passou a ser comum. Acordada à noite como uma “lobiswomen”, se é que possível isso, e dormia um pouco pela manhã, pois à tar-de eu teria as tardes mais animadas da minha vida. Isso se repetiu durante a fa-culdade, os anos em que não se têm hora para dormir, dorme-se quando pode, quando acabam-se os trabalhos, leituras, relatórios, fichamentos, textos. Dorme-se quando exime-se de todas as responsabi-lidades e mais 4 anos seriam suficientes para tornar hábito a troca do dia pela noi-te. Mais dois anos de mestrado viriam acostumar-me então a viver uma vida de zumbi. Mas a vida da sociedade funciona de dia e a gente que trabalha tem de se acostumar, o que de fato não acontece co-migo.

Chega a noite e a minha insônia me obriga a procurar alternativas para cochi-

Malcomportados carneirinhos )(

lar. Nada deu certo nunca, a não ser passar horas e horas olhando para o escuro e quan-do se esgotam as possibilidades do pensa-mento chega o sono. De todas as tentativas que fiz para dormir a mais divertida é “con-tar carneirinhos”. E lá estava eu com um amontoado de carneiros brancos em fren-te a uma cerca de madeira, perto de um monte de capim esperando (como numa corrida para cavalos) que eu desse o sinal para que eles pulassem. Iam um a um pu-lando, o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto era totalmente impaciente e não esperava a sua vez de forma que os outros carneirinhos ficaram com raiva e queriam passar na frente e estava feita a confusão. Os meus carneirinhos impacientes saíam empurrando uns aos outros, acabavam quebrando a cerca e eu nada de dormir com toda essa confusão. Que droga de carnei-rinhos. Tão malcomportados e eu começa-va a rir porque não conseguia fazê-los se-

guir uma ordem. Mas que mente desgo-vernada essa minha! Fiquei imaginando que eu não poderia ser normal, várias pes-soas conseguem contar carneiros normal-mente e por que eu não consigo?

Eu tinha certeza de que eu era anormal. Compartilhei esse fato com meu esposo e ele me disse que também não conseguia. (Puxa! Que bom, mais alguém tem o mes-mo “problema” que eu.) Aí eu perguntei por que ele não conseguia contar os car-neiros e ele me contou que não sabe o por-quê, mas que na hora dos carneiros pula-rem a cerca quando iam tinha um chiclete pregado na pata do bicho. Não aguentei. Comecei a rir. E fiquei imaginando que pior do que um grupo de carneiros impacientes é um carneiro no meio de um curral com chiclete pregado na pata impedindo a sua “pulada”. (Existem mentes mais interes-santes que a minha). Virei para o lado e fui dormir.

* Ângela Claudia Rezende do Nascimento Rebouças, é professora na Faculdade Mater Christi.

crônica

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RAFAEL DEMETRIUS

Começa na segunda-feira na Meta, das 19h às 22h, o curso que vai tirar todas as suas dúvidas sobre Departamento Pessoal. Para participar, basta ligar para a Meta, no 84 3314-1024, ou mandar um e-mail para [email protected] e fazer sua inscrição. As vagas são limitadas.

Curso de legislação trabalhista e previdenciária

sua carreira

x

Aquestão da postura é fundamental para causar uma boa impressão durante a entrevista. É preciso sentir-se seguro, mas sem parecer arrogante. A linguagem corporal, ou não-

verbal, é a maior responsável por uma conexão imediata entre duas pessoas. Por isso, o entrevistador analisa a aparência, a voz e a ma-neira de se comunicar do profissional. Na sala de espera não há nada mais desastroso do que um candidato sentado de maneira desleixada. Há ainda os que demonstram claramente seu nervosismo, seja ba-lançando a perna, murmurando palavras desconexas (como se esti-vesse ensaiando uma fala), ou deixando os ombros caídos sem uma atitude visivelmente ansiosa. Portanto, mesmo enquanto aguarda o momento da entrevista, o profissional deve ficar atento à sua postu-ra. A primeira impressão precisa ser positiva. Quando o entrevistador se aproxima, o candidato deve sorrir e cumprimentá-lo olhando di-retamente para ele, apertar sua mão de maneira firme, porém cordial. Se apresentar problemas de sudorese nas mãos é importante usar um gel antitranspirante e manter um lenço de papel estrategicamen-te guardado no bolso do paletó ou dentro da agenda de mão. A ques-tão da postura é fundamental para causar uma boa impressão duran-te a entrevista. O candidato deve manter o corpo ereto, mas sem denotar rigidez ou falta de flexibilidade. É interessante que se movi-mente em direção a seu interlocutor para demonstrar motivação pe-lo assunto, sem, contudo, ultrapassar os limites do bom senso. As roupas e acessórios que utilizar devem ser conservadores e neutros. Na dúvida, é melhor apostar no terno e gravata para homens e num conjunto de calça e blazer para as mulheres. Essas e mais outras dicas vocês encontrarão agora nesta coluna.

Revise e reveja seu currículo, tenha uma cópia dele consigo no mo-mento da entrevista, e se alguma das suas respostas for divergir do que constava no currículo que você enviou à empresa, explique a razão, pois seus entrevistadores irão perceber, ainda que não falem nada a você na hora.

Na véspera, durma bem e se alimente de forma segura, evite chegar com o rosto marcado pelo sono, ressaca, ou atrasado porque dormiu demais.

Mesmo que o anúncio da vaga responda a tudo que você gostaria de saber, pesquise mais sobre a organização que está contratando, sobre o mercado dela, oportunidades e concorrentes. Nada vai impressionar mais o seu entrevistador ou banca do que perceber que você tem conhecimento de assuntos correntes sobre o tema. Não se limite ao site da empresa, pesquise notícias e, se possível, recorra a algum contato que conheça a organização.

Mesmo em casos de entrevistadores benevolentes, que permitirão que você seja entrevistado mesmo chegando atrasado, a impontuali-dade conta muitos pontos negativos. Planeje antes sua rota para che-gar a tempo. Dependendo da natureza da entrevista, você pode estar entrevistado por chefes das áreas em que há vagas, e não tenha dúvi-da de que o tempo deles é valioso. Planeje chegar 15 minutos mais cedo e use o tempo extra para relembrar ou revisar suas anotações, ou mesmo para trocar ideias com outros candidatos ou com alguém da organização que esteja na sala de espera, mesmo que casualmente. Eu sempre procuro passar na sala de espera antes das entrevistas, me identifico claramente (sem pegadinhas) e espero para ver quem tem iniciativa de conversar e fazer perguntas inteligentes.

Nunca fale mal de sua antiga empresa, empregadores, fornecedores ou clientes – nem mesmo na sala de espera, e principalmente na entrevista. Este conselho serve também para a sua vida pessoal.

Use o bom senso na hora de escolher a roupa, e separe-a e revise-a já na véspera. Mostre que você se dedicou para escolher uma roupa adequada a um ambiente profissional e à imagem da organização. Mas não exagere!

Planeje boas respostas (mas sempre totalmente sinceras) para per-guntas potencialmente difíceis, como a lista de seus pontos fortes e fracos, ou a razão pela qual você deixou seu último emprego. Uma boa resposta para a questão dos pontos fracos começa com “Eu percebi que não estou tão bem quanto gostaria no aspecto X, e por isto ultimamente tenho tentado corrigir isto fazendo Y”. Mas só é boa se for verdade mesmo

Obtenha ou prepare uma lista de perguntas típicas de entrevistas de emprego e convide alguém de sua confiança para praticar a lista várias vezes. Se possível, grave e depois ouça. O ideal é chegar ao ponto em que você responde a qualquer uma das perguntas básicas sem parar para pensar mais do que alguns segundos nem dizer os típicos “Ééééé”, “Ahhhhh”, “Bom...”. Mas cuidado para não se pre-cipitar – você deve refletir, para responder exatamente o que foi perguntado – sem ser monossilábico. Interaja, mostre que você tem conteúdo. Mas nunca exagere!

Seja educado e civilizado tanto na sala de espera quanto na entre-vista. Não masque chiclete, não fique olhando para o relógio, des-ligue o telefone celular. Evite fumar, e não abuse do cafezinho.

CURRÍCULO

EVITE EMERGÊNCIAS

INFORME-SE

CHEGUE A TEMPO

FAIR PLAY

TRAJE

ANTECIPE O MAIS DIFÍCIL

PRATIQUE E TREINE

POLIDEZ

Como se sair bem em uma entrevista

de emprego

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Conversando com alguns leitores do #AdoroComer, per-cebi que o pessoal adora, mas não sabe diferenciar os nomes. Hoje vou ensinar os nomes dos mais populares – e nem precisa ser perito em japonês:CALiFÓRNiA: A principal característica do califórnia é a inserção de frutas e vegetais no seu recheio. É bem comum encontrá-lo com manga e pepino, sempre acom-panhados com kani e cream cheese;HoSSoMAKi: É o sushi mais popular, com a alga enro-lada por fora e fatias de peixe por dentro. O sushi “brasil-eiro” apresenta a opção com cream cheese;FUToMAKi: O futomaki é maior que o hossomaki e leva mais ingredientes no seu recheio. A base é a mesma, com a alga enrolada por fora;URAMAKi: É o contrario do hossomaki. Aqui, a alga é enrolada pra dentro. É o meu favorito, especialmente com o recheio skin, de pele de salmão grelhada com cream cheese;gUNKANMAKi: O lance desse aqui é, na hora de enrolar, um pedaço de alga é deixado mais alto, assim se forma uma “caminha” de arroz que permite que o sushiman acrescente mais ingredientes por cima, como um topping. Fica em formato de barquinho, mais alongado;NigUiRi: Este aqui é feito na mão, em formato de bolin-ho, com uma tira de peixe por cima. Pode vir com outros toppings, embora salmão, atum, robalo e linguado sejam os mais usuais.TEMAKi: O temaki é considerado fast food no Japão e todo dia 8 de cada mês, é comemorado o dia do temaki. É um cone de sushi e deve ser comido como sorvete. Há quem não goste da alga que o envolve.

A dica de local de hoje é o restaurante Todas as Caras, mais conhecido por seu dono, Lucena. É um local que há anos meus pais gostam de frequentar, assim como vários amigos sempre vão por lá. É reservado, a comida é gostosa e ba-rata. Um dos melhores petiscos são os bolinhos pequenos de queijo, bem fritinhos e bons para acompanhar uma cerveja gelada. O espetinho é bem generoso e recheado com bacon, acompanhado por batatas fritas e farofa. O destaque maior é a feijoada, servida com arroz e farofa e bons pedaços de carne dentro. Saborosa e bem temperada, vem em uma vasilha de barro, que a mantém quentinha por mais tempo. Uma porção mais que generosa pra 1 pes-soa – dá até pra duas. Visite: R. Inácio Vale, 1122, no Plan-alto 13 Maio. Fica na rua da Maçonaria, atrás do Rebouças novo. Abre de quarta a sexta a partir das 18h e sábado e domingo a partir das 12h. Contato: (84) 3314-6141.

Já há algum tempo que o novo Maison Gastronomia foi in-augurado aqui em Mossoró e já deu pra perceber que a pro-posta é de um ambiente diferenciado, elegante e com a cu-linária bem mais elaborada. A nova proposta para movimen-tar são noites especiais com culinárias específicas de algumas partes do mundo. A dessa vez é uma típica refeição americana, com direito a costelinha com molho barbecue, hambúrguer, steak e até torta de maçã. É uma oportunidade bem interes-sante de provar as delícias do mundo, fora todo o conceito cultural que é trabalhado. Será no dia 14 de Setembro, às 21h. Reservas: (84) 8709 7897 | (84) 9183 2654.

Tipos de sushi

Restaurante Todas as Caras

Living Las Vegas

1

2

3

DAVI MOURA

14 Jornal de Fato | DOMINGO, 9 de setembro de 2012

Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

adoro comer

Temos hábitos que trazemos de infância. Algumas regrin-has que nossas mães e avós nos passaram de etiqueta à mesa, ainda que senso comum. Hoje trago uma pequena lista com algumas dicas que vão ajudar com certeza a vida de todo mundo. Confira:

1) O guardanapo deve ser aberto no seu colo, isso quando o mesmo for de pano. Quando terminar de comer, ele vol-ta à mesa, do lado esquerdo do prato. E, ao levar à boca, basta tocar levemente onde está sujo;2) Os talheres devem ser usados da seguinte forma: o garfo na mão direita e a faca apoiada na parte superior do prato, voltada pra dentro;3) Assim que terminar de comer, o garfo e a faca ficam voltados à direita em cima do prato, delicadamente incli-nados para baixo;4) Evite os palitos de dente. É feio, seboso e deselegante. Vá ao banheiro e passe o fio dental. Se não tiver, leve o palito ao banheiro;5) Os copos, em jantares formais, ficam alinhados do lado direito do prato. O primeiro é pro vinho branco, o segundo pro tinto, o terceiro e maior para a água e, às vezes, uma taça alta para champanhe;6) Já na parte comidas, pode dobrar as folhas da salada. Não corte, nem coloque-as abertas na boca;7) O frango pode sim ser segurando com o guardanapo.

Um dos concursos mais legais de gastronomia do Bra-sil é o Comida di Buteco. Convenhamos que petiscos são deliciosos – muitas vezes melhor que o prato prin-cipal. Acontece em algumas das capitais e outras ci-dades que tem um cenário gastronômico mais elabo-rado: um dia chega à nossa terrinha quente. Você pode conferir por aqui mais receitas: http://www.comidadib-uteco.com.br/. O campeão do ano passado foi o “Cro-quete de Calabresa” em Campinas, do Rancho Vô Joaquim, no bairro Guanabara. Os requisitos de aval-iação são vários, que incluem até a limpeza do local e atendimento. Claro, o sabor é o principal. Os botecos foram avaliados com jurados secretos, tudo bem na surdina. Achei massa!As receitas são até bem fáceis de fazer em casa. Peguei a receita do croquete – lá no G1 – pra ver quem con-segue fazer em casa. Acompanhe:

Etiqueta à mesa

Croquete de Calabresa do Rancho Vô Joaquim4

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adoro comer

INGREDIENTES

• 500 gramas de calabresa moída• 2 cebolas picadas• 2 dentes de alho• 50 gramas de manteiga• 1 lata de creme de leite• 1 sachê de molho de tomate• 1 xícara de farinha de trigo• Óleo suficiente para fritar

MODO DE FAZER

• Cozinhar todos os ingredientes até soltar do fundo da panela. Deixe esfriar. A seguir, enrole, empane e frite em óleo bem quente.

Croquete de Calabresa

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