reportagem oficial sobre o cenário do heavy metal na região do cariri

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O Cenário do Heavy Metal na região do Cariri Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha Nessa reportagem, abordase o a história do Heavy Metal no Brasil e especialmente seus reflexos e influências na região do Cariri, principalmente nas cidades de Juazeiro do Norte e Crato: as primeiras bandas, as experiências, o preconceito, os desafios e dificuldades dos músicos de manterem vivo este estilo musical hoje em dia. Na década de 80, o calçadão da Rua Santa Luzia (entre as ruas Padre Cícero e São Pedro) na cidade de Juazeiro do Norte, era o ponto de encontro de muitos jovens nos finais de semana, que curtiam e viviam o Rock e o Heavy Metal. Tachados de marginais e nomes depreciativos em função de seu jeito de vestir e pelo tipo de música que curtiam, esses jovens não deixaram o preconceito ofuscar o que eles tinham de mais precioso: a liberdade de viver e o amor pelo gênero musical que começava a se tornar notório no Brasil. Aos poucos foram surgindo lugares (principalmente bares) que abriram espaço para as bandas que começavam a surgir aqui e acolá. No Juazeiro, alguns lugares como o Bar do Téo (entre os anos de 1985 a 1990), Só Maio Bar, Miolo de Pote, Amar, Didi Lanches e no Crato, o Lagoinha, Xá de Flor, Saint’s (que mudou para Darkside), Acauã, Rosto, Navegarte, Oficina do Disco, Bar Arranha Céu, dentre outros, eram o palco de shows, geralmente nos finais de semana.

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Page 1: Reportagem oficial sobre o cenário do heavy metal na região do cariri

O Cenário do Heavy Metal na região do Cariri

Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha

Nessa reportagem, aborda–se o a história do Heavy Metal no Brasil e especialmente seus

reflexos e influências na região do Cariri, principalmente nas cidades de Juazeiro do Norte e

Crato: as primeiras bandas, as experiências, o preconceito, os desafios e dificuldades dos

músicos de manterem vivo este estilo musical hoje em dia.

Na década de 80, o calçadão da Rua Santa Luzia (entre as ruas Padre

Cícero e São Pedro) na cidade de Juazeiro do Norte, era o ponto de encontro de

muitos jovens nos finais de semana, que curtiam e viviam o Rock e o Heavy Metal.

Tachados de marginais e nomes depreciativos em função de seu jeito de

vestir e pelo tipo de música que curtiam, esses jovens não deixaram o preconceito

ofuscar o que eles tinham de mais precioso: a liberdade de viver e o amor pelo

gênero musical que começava a se tornar notório no Brasil.

Aos poucos foram surgindo lugares (principalmente bares) que abriram

espaço para as bandas que começavam a surgir aqui e acolá. No Juazeiro, alguns

lugares como o Bar do Téo (entre os anos de 1985 a 1990), Só Maio Bar, Miolo de

Pote, Amar, Didi Lanches e no Crato, o Lagoinha, Xá de Flor, Saint’s (que mudou

para Darkside), Acauã, Rosto, Navegarte, Oficina do Disco, Bar Arranha Céu,

dentre outros, eram o palco de shows, geralmente nos finais de semana.

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Michel Macedo Marques (professor auxiliar do Curso de

Letras da URCA, guitarrista das bandas Glory Fate e Holy Wood e baixista da

banda Rei Bulldog) no artigo “A História do Rock no Cariri– Partes I, II e III ”,

publicado na Revista Geral, nos meses de fevereiro à outubro de 2002, diz que a 1ª

banda de Rock autoral da região do Cariri foi a Pombos Urbanos, formada por

jovens da cidade de Juazeiro do Norte e Crato, criada em outubro de 1987 e durou

até maio de 1988, quando mudou o nome para Fator RH. Em 1990, a banda muda

para Lerfa Mu e com este nome, gravou a 1ª fita demo de Rock do interior do

Ceará.

Durante o tempo, mudaram de nome e integrantes: de junho a julho de

1994, chama–se “Os papa–figos”; de 1994 a 2008, Nacacunda. Depois de 23 anos, a

banda ressurge novamente com a intenção de gravar um cd em tributo ao

guitarrista Segestes Tocantins, que faleceu em 14 de maio de 2011.

Já a 1ª banda de Rock Pesado ou Heavy Metal caririense foi a

Stormbringer, que surgiu em 1992 (remanescente da antiga Calliope), que mais

tarde se tornou a Glory Fate. A mudança do nome foi justificado pela existência de

duas bandas homônimas. Tem como influência e referência, bandas importantes

dos anos 80, como Iron Maiden, Deep Purple, Manowar, UFO e Running Wild.

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Com o nome Stormbringer, chegou a gravar duas demos tapes. Como Glory

Fate, abriu grandes shows nacionais de Metal e gravaram 04 CDs.

Ao longo do tempo, várias bandas começaram a aparecer no cenário

underground caririense, bandas essas partindo das diversas vertentes do Rock e do

Heavy Metal, como por exemplo, Shadows (punk rock), Eutanásia, Lynx (rock e

hard rock), Traumatismo Craniano, Chemical Death (doom metal), Hidrofobia,

Neurize (punk), Prisma 777, Fator X (rock e hard/punk), Dr. Raiz, Post Scriptum,

Nigthlife, Al Capone tá é bebo, Hortus, Laments of Soul (doom gothic metal),

Malebounge (black metal) etc, que consolidaram ainda mais essa vertente musical

na região.

Quando se fala do 1º festival de renome no Cariri, este foi o URCASTOCK,

organizado pelos estudantes do curso de Letras da URCA (Universidade Regional

do Cariri) com a ajuda da professora Cláudia Rejane, em maio de 1992.

Rinalme Emiliano de Lima Bezerra, escrevente de um

cartório imobiliário, professor, ex–integrante das bandas Qi–Zero e Prisma 777 e

atualmente baterista das bandas Hortus e The old lady under the bed, fala sobre a

importância do evento para a região do Cariri: “Foi a oportunidade de mostrar

como estava o movimento do Rock e do Metal no Cariri (...) Até então, existiam

algumas bandas, mas nunca nenhum evento (...) Achei fantástico! (...) Aquilo mexeu

comigo, me marcou (...)” A 2ª edição do evento aconteceu na antiga quadra do

Ginásio Municipal Antonio Xavier de Oliveira, em 1996 na cidade de Juazeiro.

Já a 1ª loja de vinil/discos e livros foi a ET CETERA, de propriedade de

Marcos Vinícius Leonel Tavares, na cidade de Juazeiro do Norte. A inauguração

ocorreu em 1986. Naquele recinto tinha alguns LPs e artigos de Heavy Metal.

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Mas em 1992 chegou ao Cariri, um estabelecimento comercial que veio

agregar e ajudar a firmar o Rock e o Metal no Cariri: a Porão Discos (agora Porão

Rock), sob a responsabilidade de Manoel Welson Gomes Mota, uma loja com

artigos variados para quem é amante desse estilo musical, tornando–se também

um local de encontro e discussão sobre o movimento que ganhava força cada vez

mais. A loja é responsável por produzir e patrocinar grandes eventos ligados ao

Metal na região do Cariri.

A Loja Porão era um sonho de Welson: “Fui morar em Belém do

Pará, trabalhei, economizei e resolvi voltar para minha terra (Juazeiro) e iniciar a

loja.” No início, enfrentou dificuldades até se estabelecer como uma loja de

referência para os roqueiros metaleiros, shakistas e otakus: “Quando comecei,

faltou dinheiro e tinha o preconceito também, mas com o tempo conseguimos mostrar

(...) que éramos responsáveis (...) Conquistamos o respeito, que foi o mais importante

(...) Hoje, a Porão conta com uma filial. Temos um estoque razoável, que vai do

simples brinco ao material importado (...) E o futuro é incentivar novas bandas e

quem sabe, levar filiais para outras cidades.”

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Welson explicou a importância do surgimento da loja na região do Cariri,

como um local/espaço de “bate papo, troca de idéias e formações de opiniões (...) A

coisa (o movimento) foi saindo do underground e mostrando pra sociedade

juazeirense e caririense que na terra do Forró tinha „Som Pauleira‟.”

Novos espaços e festivais foram surgindo no Juazeiro e no Crato. Os

festivais como o Sesc Metal (nos anos 2001 e 2002 no Crato), Throne of Metal (o

mais antigo festival de Metal), Juá Rock, Festival Rock Cordel, Sesc Mostra de

Bandas– Armazém do Som, Welcome to Hell, Rock Todo Mês, Domingo do Rock,

são alguns nomes desses festivais. Alguns exemplos de novos espaços são: Sesc,

Centro Cultural do Banco do Nordeste, Black Dog Rock Bar, Pink Floyd Bar.

Antonio Queiroz, Gestor de Cultura da Unidade Sesc de Juazeiro

do Norte e baixista da banda Nigthlife, explica sobre a sua participação nos

eventos e projetos do Sesc: “Tem um projeto voltado para bandas alternativas, não

só pra banda de Metal (...) Tem muita gente trabalhando com música, então acho

muito complicado você fechar só pra um estilo (...) É importante também dá espaço

pra todos os estilos.”

Em se tratando dos desafios de manter esse estilo vivo na região do Cariri,

Antonio ressalta que existem dificuldades relacionadas a executar, ou seja, tocar

Metal, já que “exige uma técnica apurada do músico”, além de recursos, como bons

instrumentos, por exemplo, e o espaço é ainda reduzido: “Você passa tipo 6 meses

ensaiando com a banda e não aparece muita coisa. Você vai se cansando, os próprios

integrantes vão se cansando porque tem outras prioridades.”

Amanda Mota, integrante da banda Laments of Soul, questiona a “falta

de eventos da cidade organizados pela prefeitura e a falta de estúdio de ensaio e

gravação gratuito para as bandas.”

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As possíveis soluções para driblar o problema do incentivo e da falta de

espaço, para Antonio Queiroz, seria trabalhar com pessoas ligadas diretamente as

ferramentas culturais, que tenham sensibilidade, e desmitificar o preconceito que

ainda existe, voltado a construção de uma imagem errônea e distorcida do

movimento. “Para que você possa levar ações como essas, justamente do Metal para

dentro de instituições e projetos, é muito complicado porque tem a desconstrução do

preconceito perante a sociedade, a desconstrução dentro das instituições e produtoras

de eventos.”

Entretanto, Michel Macedo assim se posiciona: “Aqui no Ceará (...) a gente

tem um dogma que só o que é de fora é bom. Então de repente a gente fala „Ah, mas

não tem espaço‟, mas quando vem uma banda de fora, eles conseguem espaço, eles

têm público, só pelo fato de ser de fora (...).”

Para Rinalme Emiliano, o maior desafio reside nos artistas e no público: “O

grande problema que existe (...) é da própria galera ir além do seu próprio

preconceito, numa questão de buscar ser mais unido, buscar dar mais apoio (...) O

desafio é a mudança estrutural do pensamento do próprio roqueiro daqui da região

(...) Em um festival de várias bandas, a galera só aparece de frente ao palco, se for

aquela banda que você quer ver. Se for outra, não tem a curiosidade de ficar

olhando.”

Quando se fala em preconceito, Antonio Queiroz diz que, “é quase

impossível você não ser vítima (...) O 1º preconceito que sofro é dentro da minha

família (...).” Michel Macedo acrescenta: “Naquela época, tinha muito preconceito

(...) A idéia que se tinha do Rock, do Heavy Metal principalmente, era de que tudo era

um monte de louco, um monte de drogados (...) Desde que o mundo é mundo, o povo

tem medo de novidade (...) Por exemplo: o 1º Rock in Rio no Brasil foi um choque

muito grande na época. Foi quando as pessoas começaram a prestar atenção nesse

estilo que já existia na Europa e em muitos lugares do mundo.” O comerciante

Welson Mota comenta que “era horrível ser tachado de maconheiro só porque

usávamos roupas pretas e cabelos grandes (...) É difícil mostrar pra sociedade que um

cabeludo, tatuado, pode ser igual a qualquer pessoa, pois caráter está na pessoa e não

na forma de se vestir.”

Não podemos esquecer que existe uma situação mais agravante do que as já

apontadas anteriormente: é a situação do mercado: “A música não deixa de ser um

produto e o que vende é o que está mais exposto (...) Já teve bandas que o cara teve

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que emagrecer ou não foi aceito o „Cara X‟ em „Tal Banda‟, porque não se encaixava

no perfil, porque ele não tinha a cara da coisa, porque infelizmente hoje em dia, o

mercado da música está muito vinculado a imagem. Antigamente era e hoje em dia é

muito mais. Então se você não vende isso na imagem, fica muito complicado”,

explica Antonio. A nível nacional, o mundo do Heavy Metal é “cruel... Muito difícil

de uma banda nordestina, se não tiver o perfil europeu, conseguir alguma coisa.”

Já Michel acrescenta que o Metal vive um “momento terrível”. As duas

bandas que marcaram o auge desse estilo musical aqui no Brasil foram o Angra e o

Sepultura. “Naquela época, mandar uma demo tape para a Rock Brigade era difícil e

mais complicado ainda era ter um aval positivo da gravadora, já que não aceitava

outras bandas que concorresse com o Angra e Sepultura. (...) Isso foi fazendo com

que todo o público corresse pra essas bandas e elas de repente, como acontece com

qualquer artista, tiveram seus maus momentos (...) E ai o que foi que fizeram para

salvar desse momento? Criaram bandas covers, esse circo que existe das bandas que

se veste igual e tudo. É interessante... Foi legal num 1º momento para criar público,

por exemplo (...) Mas ao mesmo tempo, isso também atrapalhou o trabalho de bandas

autorais.”

Já Cenário do Metal hoje no Cariri é visto com olhares positivos. Antonio

vê avanços em termos de bons profissionais e recursos tecnológicos mais acessíveis.

“O Juazeiro está mais aberto para aceitar e entender o Metal”, completa Rinalme.

Para Welson, “a nova geração está ai pra defender a nossa ideologia de vida.”

No Cariri existe também o único programa radiofônico destinado a uma

vertente do rock/metal: o Christ Rock. Rinalme Emiliano é também locutor e

idealizador deste programa de Rock/Metal Cristão, que está no ar a 6 anos, todos

os domingos, das 14 às 15 horas na Rádio Padre Cícero, 104.9 Fm. O programa

também é transmitido pela internet no próprio site e blog da rádio.

O projeto do programa surgiu em virtude do amor que Rinalme nutre pela

música e rádio (o seu primeiro trabalho como locutor, começou em 1997, quando

fazia um programa da Renovação Carismática).

Em 2001, Rinalme teve a idéia de criar um programa radiofônico, mas logo

esbarrou no preconceito do diretor da rádio naquela época. O projeto ficou

“engavetado” até 2005, quando sob a direção do Padre Luiz, teve aprovação. O

nome do programa também foi uma sugestão do mesmo padre.

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A primeira transmissão do Christ Rock, foi no dia 16 de setembro de 2006.

Durante essa trajetória, o público fiel foi aumentando e a participação/interação é

constante nas redes sociais (facebook, MSN) e pelo telefone. A dinâmica do

programa consiste em blocos de música, salmos, curiosidades sobre a vida dos

artistas, letras traduzidas, entrevistas com bandas regionais e nacionais, etc.

O Christ Rock tem como finalidade usar a música como um meio de

transmitir uma mensagem positiva, de incentivo, quebrar certos tabus existentes

que pregam o distanciamento entre religião e música. “Por ser roqueiro, o pessoal

da igreja me critica... Porque sou cristão, o pessoal que é roqueiro me critica porque

sou cristão”, diz Rinalme.

Segundo o mesmo, o importante é “transmitir o bem, uma mensagem sadia”,

com uma programação educativa, embalados pelo ritmo do Rock e do Metal

Cristão ou não Cristão (essas últimas, pela mensagem que suas músicas

transmitem). “A intenção não é doutrinar”, ressalta o locutor, já que o público–alvo

do programa engloba pessoas de todas as idades, de diferentes crenças e gostos

musicais e até de outros países, que de alguma forma, se identificam com a

proposta do programa.

No ano passado, foi aberto um espaço de apoio às bandas da região, que

depois de enviarem seus CDs ou demos para o locutor, (que avalia tal material)

têm divulgado suas músicas. Pretende–se este ano, implantar um quadro chamado

“A voz do Ouvinte”, tornando a interação com o público ainda mais visível.

Um pouco da História do Rock e do Heavy Metal

De acordo com o livro “O que é Rock?” de Paulo Chacon, o

Rock and Roll nasceu na década de 50 e nos anos 70 já era visto como um produto

a ser consumido pela “massa”. Entretanto, não era só um estilo de música:

converteu–se também em uma “maneira de ser, uma ótica da realidade, uma forma

de comportamento”, segundo Chacon.

As raízes do Rock residem desses dois estilos: o Rhythm e o Blues, tidos

como a “vertente negra” do Rock. Mas como toda cultura, seja ela literatura, artes,

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música, etc, é passível de transformações, não foi diferente no Rock. A partir da

primeira vez em que se ousou distorcer uma guitarra, nascia assim uma das

vertentes mais fortes e mais duradouras de todos os tempos: o Heavy Metal, Rock

Pauleira ou Rock Pesado. O termo “Headbanger”, traduzido aqui como

“Metaleiros”, é usado para identificar os indivíduos que ouvem esse tipo de

música, que vivenciam os costumes, a “moda do Metal”, etc.

No livro “Heavy Metal: Guitarras em Fúria” de Tom Leão,

aborda com mais riqueza de detalhes as questões que norteiam essa vertente do

Rock (o Heavy Metal), que surgiu nos anos 60. A fragmentação em sub–gêneros

ocorreu por volta dos anos 80. Dentre os sub–gêneros mais conhecidos, estão o

Black Metal, Death Metal, Doom Metal, Folk Metal, Glam Metal, Metal

alternativo, Metal Progressivo, Metal Sinfônico, Metalcore, Power Metal, Speed

Metal, Stoner Metal, Thrash Metal, Metal Experimental, Groove Metal, etc.

Tom Leão diz que atualmente, o termo Heavy Metal “se tornou muito

restrito para identificar, traduzir e exemplificar o que se passa dentro deste gênero

barulhento do rock.” O autor aponta que existe também uma “facção forte e

radical” neste estilo que por ser ainda conservadora, não admite a mudança e as

novas vertentes de seus sub–gêneros.

No site “Heavy Metal Center” (www.heavymetalcenter.net),

André Lopes fala do Rock e do Metal a nível nacional. Nos anos 50, quando o Rock

chegou em nossas terras, foi primeiramente absorvido pelas orquestras de Jazz e

pelos cantores da época, responsáveis por elaborar e difundir os “primeiros hits do

novo gênero”. Em 60, a mistura de outros ritmos agregado ao Rock brasileiro,

fizeram com que o mesmo explodisse “sob diversas formas”.

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Já nos anos 70, o Rock brasileiro procura sua própria identidade. Chacon

em seu livro explica que “é o Tropicalismo e não a Jovem Guarda que

antropofogicamente conduz o Rock” em nosso território. Com isso, nos anos 80, o

gênero musical se firma no mercado. A 1ª edição do festival conhecido como Rock

In Rio, aconteceu entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985 no Rio de Janeiro, e

trouxe ao solo brasileiro, bandas renomadas no cenário do Rock e do então Heavy

Metal, como Queen, Iron Maiden, Whitesnake, AC/DC, Scorpions, Ozzy

Osbourne, etc.

A partir desse evento, a mídia e as pessoas voltariam os seus olhares para

aquele novo estilo musical e seus seguidores, que ganhavam força mundo afora e

como é de praxe, começaram–se a estereotipar o desconhecido, não refletindo

corretamente os ideais, as reais facetas e pensamentos daqueles jovens que usavam

a música como forma de se rebelar contra o sistema, seja ele político, econômico,

social, religioso, etc.

E finalmente nos anos 90, a perspectiva desse ramo musical, se estende ao

exterior, ou seja, o Brasil começou a exportar artistas ligados ao cenário do Rock e

do Heavy Metal.

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