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41

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ECONOMIA

AFONSO TAVARES GOMES VILAS NOVAS

ANALISE DA INFLAO DO SETOR DE CONSTRUO CIVIL EM MATO GROSSO EM CONTRAPOSIO AO INDICE NACIONAL DE CUSTOS DA CONSTRUO.

Cuiab2014

Afonso Tavares Gomes Vilas Novas

ANALISE DA INFLAO DO SETOR DE CONSTRUO CIVIL EM MATO GROSSO EM CONTRAPOSIO AO INDICE NACIONAL DE CUSTOS DA CONSTRUO. Monografia apresentada Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Economia, como requisito parcial para obteno do ttulo de bacharel em Cincias Econmicas.

Orientador: Prof. Dr. Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo

Cuiab2014

Afonso Tavares Gomes Vilas Novas

ANALISE DA INFLAO DO SETOR DE CONSTRUO CIVIL EM MATO GROSSO EM CONTRAPOSIO AO INDICE NACIONAL DE CUSTOS DA CONSTRUO.

Monografia apresentada Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Economia, como requisito parcial para obteno do ttulo de bacharel em Cincias Econmicas.

Aprovado em 22 de fevereiro de 2014.

BANCA EXAMINADORA

.Prof. Doutor Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo UFMT

.Prof. Doutor Antnio Ricardo de Souza UFMT

.Prof. Mestre Hermlia Maria Latorraca Ferreira - UFMT

Dedico este trabalho aos meus pais, que me apoiaram durante toda minha vida e tiveram papel fundamental para que alcanasse mais este objetivo. Tambm dedico em especial este trabalho a meu querido av Afonso Vilas Novas, que teve um papel muito especial na minha vida e formao RESUMO

Este trabalho tem como objetivo identificar a representao do Indice Nacional de Custos da Construo para a realidade inflacionaria na capital do estado de Mato Grosso, Cuiab. Para isto, foram utilizados dados do Sistema Nacional de Pesquisa e Custos e ndices da Construo Civil (SINAPI), para o projeto de edifcios comerciais, cdigo 3762, podendo assim ver a evoluo real nos preos praticados no estado atravs da curva ABC e posteriormente comparar com a taxa de inflao proposta pelo INCC. Os principais resultados obtidos a partir da anlise dos dados foram de que o ndice INCC representa grande parte dos insumos que compe uma edificao, porem houveram grandes discrepncias em relao a itens importantes utilizados na construo.

Palavras-chave: Inflao. Construo INCC. Preo

ABSTRACT

This study aims to identify the representation of the National Construction Cost Index (INCC) to the inflationary reality in the state capital of Mato Grosso, Cuiab. It used data from the National System of Costs Survey and Indexes of Construction and (SINAPI), for the design of commercial buildings, code 3762 for this, and can therefore see the real evolution of prices in the state by the ABC curve and then compare with the rate of inflation proposed by INCC. The main results obtained from the analysis were that the INCC index represents the majority of the elements that make up a building, however there were large discrepancies regarding important items used in construction.

Keywords: inflation. Construction. INCC. Price.

Sumrio

Introduo71Referencial Terico101.1Teoria dos Custos131.2Classificao dos custos131.3Contabilidade de custos141.4Detalhamentos de Custos Fixos, Variveis, Diretos e Indiretos segundo ponto de vista da Economia.15Figura 3. Exemplificao das curvas de Custo Total, Custo Varivel e Custo Fixo172Metodologia182.1INCC182.2SINAPI192.3Mtodo de Curva ABC192.4Caracterizaes do Projeto 3762/NBR203Anlise de resultados224Concluso305Bibliografia31 Apendice........................................................................................................................................40

Lista de tabelas

Tabela 1: Participao percentual no Valor Adicionado Bruto segundo Classes e Atividades ............................................................................................................10Tabela 2: Classificao dos insumos do Projeto 3672 pelo mtodo da Curva ABC.......................................................................................................................23Tabela 3: Resumo de testes de correlao entre as series histricas presentes no projeto 3762 em relao ao INCC..........................................................................28

Figuras

Figura 1: Taxa de variao trimestral Construo Civil e demais Setores Econmicos..........................................................................................................11Figura 2: Variao percentual do PIB brasileiro em comparao ao PIB da construo Civil entre o perodo de 2004 a 2012.................................................12Figura 3: Exemplificao das curvas de Custo Total, Custo Varivel e Custo Fixo......................................................................................................................18Figura 4: Evoluo dos preos nominais e reais por hora de trabalho de um engenheiro ou arquiteto entre o perodo de 2003 a 2012...................................24Figura 5: Crescimento percentual do custo de mo-de-obra baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100..............................................................................23Figura 6: Crescimento percentual dos custos do Concreto baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100..............................................................................25Figura 7: Crescimento percentual dos custos do Tijolo baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100..............................................................................26Figura 8: Crescimento percentual dos custos do Ao baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100..........................................................................................27Figura 9: Comportamento inflacionrio do projeto 3762 segundo valores praticados na cidade de Cuiab em comparao ao ndice de inflao nacional INCC.....................................................................................................................28IntroduoTem-se o objetivo primrio de identificar a relao entre a taxa de inflao presente no estado de Mato Grosso no setor de construo civil e o ndice Nacional de Construo Civil (INCC), uma vez que este ltimo o ndice que mede a inflao de preos do setor nacionalmente, porm utilizando uma mdia feita em sete capitais brasileiras. Sendo assim, h uma grande probabilidade de que este ndice no represente a realidade inflacionria do estado de Mato Grosso. O estudo utilizar base de dados fornecidos pelo site SIPCI-SINAPI da Caixa Econmica e a serie histrica do INCC fornecida pelo site oficial da Fundao Getlio Vargas (FGV).Atravs dos dados obtidos pela SINAPI, ser possvel geral um esboo do comportamento inflacionrio do setor no estado de Mato Grosso entre 2003 e 2012 , que posteriormente ser comparado com o ndice nacional INCC. Representando um perodo to importante na historia de Mato Grosso, os dados analizados compreendero meses anteriores e posteriores a fatos impactantes no setor de construo civil do estado, como a intensificao do programa governamental Minha Casa, Minha Vida e o anuncio oficial de que a capital do estado, Cuiab, seria uma das sedes da Copa do Mundo 2014. Tais fatores podem ter causado efeitos diferentes nos custos de insumos e mo de obra no estado em comparao com o restante do Pas, havendo assim uma falha de representao do ndice nacional INCC para representar o estado. O INCC utilizado para regular vrios tipos de contratos, como locao e habitao, e usado como indicador da inflao setorial da construo civil, mas feito em sete capitais, gerando assim uma duvida quanto seu poder de representao da realidade inflacionria do estado de Mato Grosso. O estudo referente ao comportamento inflacionrio do setor de construo civil no estado de grande valia graas a o histrico problema inflacionrio vivenciado pelo Pas durante a maior parte do sculo XX. Vrios fatores colaboraram com as altas taxas de inflao no passado, porm o que mais influenciou na realizao deste trabalho foi o aumento da demanda de produtos e servios relacionados construo nos ltimos anos da dcada de 2000, o que pode acarretar sintomas na economia como a perda de poder aquisitivo da populao quanto a imveis e a incerteza na hora de investir em uma construo a mdio e longo prazo, pois com um crescimento inflacionrio irregular o preo final de um bem tornar-se-ia uma incgnita.Outro motivo para a realizao deste estudo referente a importncia que este setor adquiriu nos ltimos anos no estado de Mato Grosso como gerador de renda, sendo o principal responsvel pelas altas taxas de empregos nos primeiros anos da dcada de 2010. A evoluo do salario dos trabalhadores da construo civil tambm evoluiu de maneira superior quando comparado aos demais setores da economia mato-grossense. Este fato, unido relativamente pouca quantidade de mo-de-obra especializada em construo no estado, tambm um fator a colaborar com inflao superior a media nacional, o que caracterizaria uma divergncia entre o INCC com a realidade inflacionaria estadual. Desta fora, o problema : a realidade inflacionaria do setor de Construo Civil no estado de Mato Grosso vem sendo bem representada pelo INCC? Tendo como base os preos reais do projeto das Unidades Habitacionais do banco de dados SINAPI, da Caixa Econmica Federal, identificar possveis comportamentos divergentes entre a variao de preos de insumos e servios no estado de Mato Grosso em contraposio realidade nacional descrita pelo INCC. Procura-se fazer um detalhamento das duas series histricas, analizando a serie temporal dos preos de cada insumo ou hora de mo-de-obra empregados em um determinado empreendimento, neste trabalho sendo um prdio comercial com dois pavimentos e 16 salas comerciais, e como estes se comportaram ao longo de cada ms entre o perodo de 2003 a 2012.

Devido a isto, tem-se como objetivo geral deste trabalho: Identificar os principais insumos e custos, referentes ao projeto disponibilizado pela SINAPI, e analisar as variaes dos preos e os seus coeficientes de representao na construo, a partir do mtodo de Curva ABC.

Seguindo a linha do objetivo geral, seguem-se os objetivos especficos:

a) Comparar as variaes de preos e custos com a serie histrica de 2003 a 2012 do ndice Nacional de Custos da Construo (INCC).

b) Detalhar em formato de curva ABC os insumos que compe o projeto 3762 utilizado para a realizao deste trabalho.

c) Identificar atravs da curva ABC os insumos que mais pesam financeiramente na construo do projeto 3762, e seus comportamentos inflacionrios durante os anos de 2003 a 2012.

Mtodo de avaliao: comparao grfica e teste estatstico de diferena de mdias das series histricas de insumos e servios no estado de Mato Grosso disponibilizado pela SINAPI e o ndice INCC e a avaliao do preo final ms a ms segundo as duas taxas de variao obtidas.

Mtodo de avaliao: Construir, atravs dos dados fornecidos pelo projeto de Unidades Habitacionais da SINAPI do perodo que vai de 2003 2012 para o estado de Mato Grosso, as tabelas, series temporais, e grficos que mostrem a evoluo dos preos dos insumos mais utilizados na construo durante o perodo em anlise e seu real impacto no preo total da obra.

Hiptese: os principais insumos e custos deste tipo de projeto analisado so associados ao cimento, areia, pedreiro e servente, e aos servios. Apesar de apresentarem variaes considerveis, a parte eltrica no vem a influenciar tanto, devido sua pequena utilizao dentro de obras habitacionais ou de comercio simples.

Referencial TericoCaracterizao do setor da construo civil

O setor de construo civil tem sido responsvel pela gerao de milhares de empregos e uma significativa parcela do PIB brasileiro nas ltimas dcadas, porm ganhando um papel de destaque nacional durante boa parte da dcada de 2000, graas a fatores como o aumento do poder aquisitivo da populao brasileira e o bom desempenho da economia em geral, alm de fatores como a intensificao de programas governamentais nos molde do Minha Casa, Minha Vida e da escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo 2014.

Tabela 1. Participao percentual no Valor Adicionado Bruto segundo Classes e Atividades

AnoAgropecuriaIndstriaServios

TotalConstruo CivilTotalAtividades imobilirias e aluguis

19955,827,55,566,78,9

19965,526,05,768,512,1

19975,426,16,068,513,1

19985,525,76,268,813,2

19995,525,95,668,612,2

20005,627,75,566,711,3

20016,026,95,367,110,7

20026,627,15,366,310,2

20037,427,84,764,89,6

20046,930,15,163,09,1

20055,729,34,965,09,0

20065,528,84,765,88,7

20075,627,84,966,68,5

20085,927,94,966,28,2

20095,626,85,367,58,4

20105,328,15,766,67,8

20115,527,55,867,07,9

20125,226,35,768,58,2

Fonte: IBGE Sistema de Contas Nacionais Brasil

Elaborao: Banco de dados CBIC

Analisando especialmente o perodo entre 2003 e 2012, percebe-se uma constncia da participao do setor no PIB total, variando em torno de 5% durando todo o perodo. Porm, considerando o crescimento do PIB brasileiro durantes estes mesmos anos, podemos notar um bom desempenho do setor. Outro fato a ser mencionado e a gradativa queda no setor de Atividades Imobiliarias e Aluguis, graas aos muitos auxlios para a aquisio da casa prpria e a perspectiva de crescimento do comercio.

Figura 1. Taxa de variao trimestral Construo Civil e demais Setores Econmicos Fonte: Banco de dados CBIC. Elaborado pelo autor.

Analisando a taxa de variao trimestral de 2003 a 2013, percebesse o acompanhamento dos setores da Indstria, agropecuria e Servios comportando-se de forma similar ao da Construo Civil, com ateno especial ao ano de 2009, no qual todos os setores tiveram maus resultados, influenciados com a crise econmica sofrida no exterior no ano anterior mas que veio a ser sentida na economia brasileira j no ano seguinte.

Figura 2. Variao percentual do PIB brasileiro em comparao ao PIB da construo Civil entre o perodo de 2004 a 2012 Fonte: IBGE Contas Nacionais Trimestrais. Novas srie 2006 Elaborao: Banco de Dados CBIC

Quando analisamos a variao anual percentual do PIB brasileiro e o gerado pelo setor da construo civil em um perodo de oito anos (2004-2012), notamos um desprendimento variacional entre as duas variveis, sendo que as variaes do setor da Construo Civil estiveram mais acentuadas em todos os anos com exceo de 2005 e 2007.

1.2 Inflao

O termo Inflao definido como o aumento persistente e generalizado no valor dos preos presentes em um pais ou rea. Pode ser dividida em Inflao de Demanda e Inflao de Custos. A inflao de Demanda referente ao aumento de preos causado pelo excesso de demanda agregada em relao produo, sendo caracterstica de pases ou regies cujo nvel de emprego e de consumo est em alta, porem com incapacidade de aumentar a produo de maneira satisfatria a atender a demanda. A Inflao de Custos refere-se ao aumento dos custos enquanto a demanda permanece inalterada. Como o aumento dos custos ocorrer uma retratao de produo fazendo com que os preos de mercado tambm sofram aumento. Pode-se citar o aumento dos salrios e de matria-prima como os principais causadores do aumento dos custos de produo. Os principais ndices de inflao brasileiros so: IGP (ndice Geral de Preos), IPA (ndice de Preos no Atacado), INPC (ndice Nacional de Preos ao Consumidor), IPCA (ndice de Preos ao Consumidor Amplo), INCC (ndice Nacional do Custo da Construo), CUB (Custo Unitrio Bsico).

Teoria dos CustosA teoria dos custos uma parte da teoria da firma, seguindo o pressuposto de que os agentes econmicos buscam maximizar o lucro (RT > CT), dentro dessa busca a minimizao dos custos desempenha um papel crucial. A aplicao da teoria de custos na engenharia civil acontece pois esta favorece o controle interno da construtora ou individuo que esteja empreendendo em um imvel.A definio de custo entende-se como o gasto efetuado para produo de um bem ou servio atravs de servios e bens utilizados para sua produo, podendo ser varivel ou fixo, ou seja, que varia ou no de acordo com a quantidade produzida. Esta definio muitas vezes confundida com o termo despesa, que diz respeito ao consumo de servios e insumos visando a gerao de receita, tanto direta quanto indiretamente, na maioria das vezes sendo empreendidas a emprstimos obtidos, dispndios com vendas, consultorias e organizao empresarial. Sendo assim (MARTINS, 2006, p. 27):

Custo e Despesa no so sinnimos; tm sentido prprio, assim como Investimento, Gasto e Perda. A utilizao de uma terminologia homognea simplifica o entendimento e a comunicao.

Classificao dos custosSegundo uma viso contbil da teoria de custos, observa-se a definio da IBRACON/CRC-SP (2000), os custos so classificados, segundo sua finalidade, da seguinte forma:

1.1.1 Quanto unidade do produto:Diretos: Os custos diretos podem ser apropriados diretamente ao produto ou bem, nesse caso no h necessidade de se efetuar um rateio. Indiretos: Os custos indiretos no podem ser apropriados diretamente ao produto ou bem, e, mediante critrios pr-determinados, so apropriados aos produtos finais. Alguns custos que so considerados do tipo direto podem estar presente no tipo indireto se forem irrelevantes ou de difcil mensurao. Primrios: So custos elementares como a matria prima e a mo de obra direta.De transformao: So todos os de produo, exceto as matrias primas. Compreendem a mo de obra direta e os custos diretos de fabricao, e so necessrios por implicarem na transformao do produto.

3.2.2Quanto ao comportamento em relao ao volume de atividade: Fixos: So custos que, sendo observado o perodo e a capacidade instalada, no variam com o volume de produo da empresa. Variveis: Variam conforme a volume de produo da empresa. Semifixos: So os custos que podem variar de tempo em tempo, como aluguel reajustado, depreciao pela soma dos dgitos etc. Semi-variveis: so os custos que permenacem fixos dentro de estreitos limites, sua variao se d em saltos e no linearmente.

3.2.3Quanto controlabilidade: Controlveis: Custos que so contralados por algum dentro de sua escala hierrquica; cabendo ao responsvel prever, realizar e organizar, sendo que o mesmo poder ser cobrado por desvios apurados.

No controlveis: Custos que fogem ao controle do chefe de departamento. Exemplo: salrio do chefe.

Contabilidade de custosUma boa gesto depende de resultados financeiros positivos. Isto torna essencial a organizao dos dados de forma correta, permitindo ao gestor visualizar preo dos produtos, quantidades demandas e outros aspectos financeiros importantes. Facilitatomada de decises, tornando a empresa mais eficiente, transparente e lucrativa. A contabilidade de custos portanto um instrumento das empresas que apura resultados e aufera a competitividade das atividadesm empreendidas.Os principais termos da Contabilidade de Custos, de acordo com a IBRACON, podem ser interpretados segundo est rpida definio: Desembolso: se efetua mediante aquiso de bem ou servio, ou seja, um gasto, independente de qual tipo seja (investimento, custo ou despesa). Investimento: um gasto, ativo ou no, que tem em vista os possveis benefcios futuros que pode gerar. Custo: a expresso monetria do sacrifcio de ativos no processo de produo de bens ou servios. Receita: a soma de todas os valores que entraram em um determinado perodo de tempo. Perda: gasto involuntrio ou anormal, pode decorrer de fatores externos ou fortuitos. Ganho: todo lucro obtido, seja por meio de transaes ou eventos no relacionados s operaes normais da entidade. Despesa: gastos necessrios a obteno de receitas. Gasto: sacrifcio de ativo visando a acquisio de bens e servios. Lucro/prejuzo: resultado positivo/negativo da diferena entre receita e despesa, ganhos e perdas. Custeio: mtodo de se apropriar custos ao produto.

Detalhamentos de Custos Fixos, Variveis, Diretos e Indiretos segundo ponto de vista da Economia. Pindyck e Rubinfeld (2003) faz a distino dos custospela forma que estes incidem na produo e organizao empresarial, sendo alguns variam de intensidade dependendo fortemente do nvel de produo adotado pela empresa, enquanto alguns custos se mantem estveis por todo o processo de produo. Tratam-se dos Custos Fixos (CF) e Custos Variveis (CV), desta maneira definidos por Pindyck e Rubinfeld em seu livro Introduo a Microeconomia (2003).Custos Fixos (CF): custos que no variam com o nvel da produo e s podem ser eliminados se a empresa deixa de operar. Estes devero ser pagos mesmo que no haja produo, e a nica forma de serem totalmente eliminados seria com a interrupo de funcionamento da atividade. Atividades econmicas a curto prazo geralmente so consideradas fixas por questes de logstica e remunerao de mo-de-obra e insumos que devem ser pagos imediatamente ou em um curto perodo de tempo, sendo assim uma empresa impossibilitada de regulamentar o nvel de intensidade da atividade. So considerados custos fixos os gastos com seguro, numero mnimo de empregados necessrios e manuteno de fabrica ou local de trabalho, pois estes so gastos que no tero variao apesar do nvel de produo ser muito baixo. Custos Variveis (CV): custos que variam quando o nvel da produo aumenta ou diminui segundo a demanda, sendo que a empresa se adapta realidade do mercado. Em sua grande maioria so referentes a mo-de-obra contratada e insumos necessrios para a produo, energia eltrica utilizada para o funcionamento de maquinrio, etc. Segundo MAHER (2001), Os Custos Diretos so aqueles relacionados de forma direta produo da empresa, seja em forma de produtos ou prestao de servios, sendo que sua mensurao facilmente percebida, pois seu preo diretamente relacionado ao produto. Pode ser definido como o preo unitrio de uma determinada matria-prima utilizada na produo, da preo por hora de trabalho utilizada para produzir ou custo por hora de energia eltrica utilizada para funcionar um maquinrio. Ainda MAHER, em seu livro Contabilidade de Custos (2001), define os Custos Indiretos como custos que necessitam de ateno especial para sua mensurao, como a utilizao de estimativas e clculos, como por exemplo gastos com limpeza, gastos com administrao empresarial e pagamento de dividendos a supervisores, depreciao de maquinrio com o passar do tempo de utilizao, ferramentas, etc.Atraves da frmula CT = CV + CF, Pinkyck e Rubinfeld (2010) consideram que as formas de custo variam conforme determinado perodo de tempo, podendo este ser curto, mdio ou longo prazos. Considerando uma ao em curto prazo, provavelmente o custo fixo ser maior que o custo varivel, por conta do investimento inicial em contratao de mo de obra e aquisio de maquinrioe meios de produo. Ao mdio e longo prazo, os custos variveis se tornam mais presentes que os fixos, por conta da possibilidade de alterar sua fora de trabalho e liquidar maquinrio utilizado para produo e outros, alm da possibilidade de mudar fatores de produo sem a necessidade de alterar seu rendimento. Pode-se visualizar por meio da Figura 3:

Figura 3. Exemplificao das curvas de Custo Total, Custo Varivel e Custo FixoFonte: Pindyck e Rubinfeld (2010, p.201)

MetodologiaA metodologia utilizada para a elaborao deste trabalho consiste na criao de um ndice bsico referente variao de preos no setor de construo no estado de Mato Grosso entre os anos de 2003 a 2012, atravs da comparao entre o ms base e o ms anterior. Havendo gerado o ndice de variao de preos, comparar com o ndice nacional INCC, procurando entender o comportamento e o grau de intensidade que os dois ndices variaram no perodo. Para perodos com discrepncias muito grandes ou variaes inversas, pesquisar as possveis causas para tal acontecimento.Alm da comparao por meio de grficos e tabelas quanto ao comportamento dos ndices, ser realizado um teste de hiptese afim de identificar se podemos aceitar os resultados ou no.

INCC O ndice Nacional de Construo Civil tem a finalidade de medir a variao dos custos do setor de construo no Pas realizado mensalmente. Foi criado em fevereiro de 1985, oriundo do ICC, criado em 1950 e que cobria somente a ento capital nacional Rio de Janeiro. Aps a criao do ICC houve fatores que colaboraram com a expanso da base de pesquisa para a construo do ndice, sendo os principais a adoo de Braslia como capital nacional em 1960 e o fortalecimento de So Paulo e outras capitais como centros econmicos do pas. Esta expanso continuou at o ano de 1985, quando foram adotadas sete capitais para serem realizadas as coleta de preos de insumos e mo-de-obra e assim realizarem a construo do ndice. Estas capitais so So Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Braslia.O INCC dividido em tres ndices principais: INCC-DI, realizado entre o primeiro e ltimo dia de cada ms; O INCC-M realizados entres os dias 21 e 20 dos dois meses base e o anterior; O INCC-10 abrange um perodo entre os dias 11 e 10 do ms anterior e da base.

SINAPIA SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e ndices da Construo Civil) um projeto realizado pela CAIXA e o IBGE, sendo esta primeira encarregada pela base tcnica de engenharia e pelo processamento de dados, enquanto a pesquisa de preos, composio de metodologias e ndices fica por conta do IBGE, o qual tem uma rede de coleta de dados que pesquisa mensalmente preos de equipamentos, materiais, mo-de-obra, etc, em lojas, indstrias e sindicatos nas 27 capitais brasileiras. Segundo o site oficial da SINAPI:

Com o conhecimento dos materiais e suas respectivas quantidades, bem como a mo de obra e o tempo necessrio para realizao de cada servio, possvel, a partir dos preos e salrios, calcular o seu custo. Somando-se as despesas de todos os servios, determina-se o custo total de construo relativo a cada projeto. Em caso de projetos residenciais e comerciais, um mesmo servio pode ser executado de acordo com diferentes especificaes que atendem a diferentes padres de acabamento: alto, normal, baixo e mnimo.

Desde sua implantao as sries de custos e ndices sofreram algumas descontinuidades, ora devido s atualizaes das referncias tcnicas do sistema, ora devido aos planos econmicos. A srie atualmente publicada foi iniciada em janeiro/99 (base dez/98=100).

Mtodo de Curva ABCCriado por Vilfredo Pareto, o modelo de custeio ABC (ActivityBasedCosting), tambm denominado Curva 80-20 tem por finalidade indexar a um determinado produto todos os custos empregados para sua criao. Quanto a seu nome, Ballou (2012) explica a origem do termo Curva 80-20, sendo este referente a um estudo econmico realizado per Pareto quanto a concentrao de renda italiana no final do sculo XIX, no qual 80% da riqueza do pas se apresentava nas mos de 20% da populao. Segundo Martins (2003), o modelo ABC tem por principal finalidade a procurar reduzir as distores provocadas pela diviso arbitrria de custos indiretos. Assim, este sistema funciona atravs do esclarecimento de todos os agentes causadores do preo final, e assim, poder monitorar o comportamento de cada um dos componentes utilizados na criao do produto. Aplicando a metodologia de custos ABC no sistema de estimao de preos SINAPI, percebemos o detalhamento do preo final de projetos de construo civil atravs da indexao do preo atualizado de insumos e mo de obra que compe a edificao. No caso da SINAPI, esta forma de indexao facilita o monitoramento dos diversos componentes que formam uma edificao, como os setores de instalao eltrica e alvenaria.

Caracterizaes do Projeto 3762/NBRPara facilitar a visualizao entre o ndice INCC e a taxa de inflao percebida atravs do preo de insumos e mo de obra no estado de Mato Grosso, foi utilizado o projeto 3762,da SINAPI/SIPSI. Este projeto referente a um modelo de prdio comercial de alto padro, contendo garagem (Escada, elevadores, 128 vagas cobertas, lixo, depsito e instalao sanitria), trreo (hall, escada, elevadores e 8 salas com sanitrio privativo). Este oramento equivalente ao custo unitrio (M2) do projeto padro CSL-16 da NBR 12721, composto por uma cesta de 29 insumos. encontrado atravs do cdigo 3762, no site SINAPI/SIPSI.Conforme os insumos da SINAPI so atualizados mensalmente pelos preos praticados nas capitais brasileiras, a cada ms obtemos o preo final do projeto 3762, alm de todos os outros projetos presentes no sistema. O projeto obtm seu preo final atravs da multiplicao do valor referente a cada insumo e mo de obra segundo preos de determinada cidade, neste caso sendo Cuiab a escolhida. Aps a formao do preo final do projeto, obtem-se o preo por m da obra. O projeto segue o padro estabelecido pela norma ABNT NBR12721, rgo normativo que estabelece critrios de avaliao de custos e procedimentos de construo para incorporao imobiliria e outros parmetros referentes a construes de todos os tipos.Anlise de resultados

Os dados analisados foram obtidos atravs do banco de dados SINAPI, e se referem ao projeto de edifcios residenciais j caracterizados na seo 2.2 deste trabalho.Esta seo est segmentada em duas partes, na primeira ser feita uma anlise descritiva das sries apresentando os resultados iniciais da pesquisa, da classificao pelo mtodo de Curva ABC, e em seguida sero apresentados os resultados dos testes de mdia no intuito de testar o efeito das polticas pblicas nos preos dos insumos da construo civil.Atravs dos dados obtidos no banco de dados da SINAPI/SIPSI, foi analisado o comportamento inflacionrio proposto pelo trabalho entre os anos de 2003 e 2012, contrapondo o ndice Nacional de Custos da Construo e a realidade inflacionria presente no estado de Mato Grosso, ilustrado atravs do projeto 3762 da SINAPI. Pode-se visualizar o projeto 3762 atraves da tabela 2, a qual apresenta todos os itens que compe o projeto e sua participao no preo final da obra, divididos segundo seu peso financeiro no final da obra atravs do mtodo de custeio ABC. Para a confirmao de que as series de preos histricos dos insumos analisados podem ser ou no representados pelo INCC foi utiliza o Teste-z de hiptese, sendo considerada como hiptese de diferena entre mdias o valor 0 (zero), buscando identificar se o comportamento inflacionrio dos Insumos presentes no projeto podem aceitar o ndice nacional INCC como representante. Com isto, considera-se a taxa inflacionria mato-grossense passvel de ser representada pelo INCC no caso da negao da hiptese nula, H0.

Tabela 2. Classificao dos insumos do Projeto 3672 pelo mtodo da Curva ABC Grupo A Grupo BGrupo C

Insumo % Insumo %Insumo %

PEDREIRO 23,01 JANELA DE ALUMINIO 5,51 BETONEIRA 320L 0,01

SERVENTE 11,27 CHAPA MADEIRA 3,38 TUBO PVC 0,81

ACO CA-50 9,87 CABO DE COBRE I 3,31 VIDRO LISO0,77

CONCRETO 9,69 CIMENTO 2,64 TELHA0,11

PEDRA BRITADA7,66 TINTA2,44 REGISTRO0,56

ENGENHEIRO OU ARQUITETO 7,34 TIJOLO 1,96 VASO SANITRIO 0,89

DISJUNTOR TRIPOLAR 70A 1,90 GRANITO0,05

CERMICA 1,86 BLOCO CONCRETO0,11

EMULSAO ASFALTICA1,36 JANELA 0,59

TUBO ACO 1,02 PORTA MADEIRA 0,80

FECHADURA 0,16

PLACA GESSO 0,12

AREIA 0,78

Fonte: SINAPIElaborao: Autor

Em uma primeira anlise, observa-se a importncia da mo de obra neste projeto, sendo a contratao de pedreiros, serventes e engenheiros responsvel por 41,62% do preo total da obra. Somando-se a isto, a compra de Ao, Concreto e Pedra Britada representam 68.85% da obra. Portanto, este sero os insumos que devero ter ateno especial durante a construo deste prdio comercial. Conforme a temtica deste trabalho, observamos o comportamento de preos histricos em comparao ao INCC, alm do preo total da obra nas figuras de 1 a 8.

Figura 4. Evoluo dos preos nominais e reais por hora de trabalho de um engenheiro ou arquiteto entre o perodo de 2003 a 2012.

Fonte: SINAPI Elaborao: Autor

Figura 5. Crescimento percentual do custo de mo-de-obra baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100Fonte: SINAPI Elaborao: AutorA Figura 1 demonstra o crescimento ao longo do perodo analisado de 2003 a 2012, conferindo um crescimento real de aproximadamente mais de R$40,00 por hora de trabalho. Este valor se sobressai realidade inflacionria nacional e aos demais segmentos de mo de obra analisados, representados na Figura 2 pelo preo de hora de trabalho de serventes e pedreiros. Sendo realizado o teste de hiptese para confirmar se a relao entre as series histricas de remunerao para Engenheiros, Serventes e Pedreiros a os valores nacionais do INCC, considera-se que o ndice Nacional de Custo da Construo representa de forma aceitvel a inflao notada no estado de Mato Grosso quanto a remunerao de Serventes e Pedreiros, porm h um descolamento quanto aos valores praticados para a remunerao de Engenheiros.

Figura 6. Crescimento percentual dos custos do Concreto baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100

Fonte: SINAPI Elaborao: Autor

Analisando primeiramente o teste de hiptese cujos resultados esto ilustrados na Tabela 3, a serie historica de preos praticados no estado de Mato Grosso para a aquisio do m de Concreto bem representada pelo INCC, fato importante pela razo do uso de Concreto no projeto 6762 representar 9,63% do custo total da obra, como pode ser visualizado na Tabela 2. Porm, esta serie no teve crescimento constante, sendo que de 2003 at os primeiros meses de 2008 o preo do Concreto variou entre perodos de estagnao e decrescimento, aumentando a partir desta data a experimentar nveis de crescimento similares inflao nacional no setor de construo. Ao final do perodo analisado, percebe-se que os preos do Concreto tiveram uma aumento de aproximadamente 50% em relao a preos praticados em 2003.

Figura 7. Crescimento percentual dos custos do Tijolo baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100

Fonte: SINAPI Elaborao: Autor

Apesar de no apresentar importncia to relevante quanto a sua participao percentual no valor total da obra, os preos praticados em Cuiab para a compra de unidades e m de Tijolos (Figura 7) durante a ltima dcada foram bem representados pelo INCC segundo o teste de hiptese ilustrado na Tabela 3, tendo sido aceita a hiptese de que seu comportamento inflacionrio semelhante s taxas de inflao do INCC.

Figura 8. Crescimento percentual dos custos do Ao baseados em valores de janeiro de 2003, em base 100

Fonte: Resultados da pesquisa.

Visualizando o comportamento da serie histrica de preos do Ao em Cuiab, nota-se atravs da Figura 8 uma grande alta de preos nos primeiros meses de 2008, seguidos por uma quase constante queda nos anos seguintes. Provavelmente por estes fatores foi negado sua representao pelo ndice INCC atravs do Teste-z de hiptese. Por final, visualiza-se a Figura 10, que leva em conta o custo final do projeto 3762 entre os anos de 2003 e 2012, contrapondo seu crescimento em base 100 referente ao ms de janeiro de 2003. Atravs da informao expressa pela figura, a linha de evoluo do preo do projeto esteve muito prxima do comportamento inflacionrio expresso pelo INCC. Atravs do teste de hiptese presente no apndice e com resultados expressos na Tabela 3, considera-se passvel de aceitar que o ndice INCC represente a realidade inflacionria estadual, quando se trata de uma obra completa, envolvendo at mesmo insumos que no venham a ter resultados inflacionrios diferentes da realidade nacional.

Figura 9. Comportamento inflacionrio do projeto 3762 segundo valores praticados na cidade de Cuiab em comparao ao ndice de inflao nacional INCC.

Fonte: SINAPI Elaborao: Autor

Tabela 3. Resumo de testes de correlao entre as series histricas presentes no projeto 3762 em relao ao INCC.Teste P(Z