jornal locomotiva 62

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Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação Locomotiva 14 de abril - sábado - nº 62 - Distribuição Gratuita Todas as acusações do prefeito Locomotiva inicia série sobre denúncias de corrupção e improbidade administrativa em Franco da Rocha | Págs 4 e 5 Faltam serviços básicos, asfalto e iluminação pública no Green Valley, que pede socorro| Pág 7 Maria-fumaça percorre trilha em meio à natureza| Pág 3 Após salvar irmã, herói e mãe morrem em incêndio |Pág. 6 Projeto social Meninos do Parque reúne futebol e cidadania | Pág . 8 Construção e reforma no Parque Paulista tem nome: Polido|Pág. 6 Ferrovia Perus-Pirapora

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14 de Abril de 2012

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Page 1: Jornal Locomotiva 62

Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação

Locomotiva14 de abril - sábado - nº 62 - Distribuição Gratuita

Todas as acusações do prefeitoLocomotiva inicia série sobre denúncias de corrupção e improbidade administrativa em Franco da Rocha | Págs 4 e 5

Faltam serviços básicos, asfalto e iluminação pública no Green Valley, que pede socorro| Pág 7

Maria-fumaça percorre trilha em meio à natureza| Pág 3

Após salvar irmã, herói e mãe morrem em incêndio | Pág. 6

Projeto social Meninos do Parque reúne futebol e cidadania | Pág . 8

Construção e reforma no Parque Paulista tem nome: Polido| Pág. 6

Ferrovia Perus-Pirapora

Page 2: Jornal Locomotiva 62

Campanha da Boa Visão Dia 17/04 das 9h às 15h - Consultas grátisLeninha, presidente da Associação Filantrópica do Parque Vitória, na Rua Bogotá, 52, pon-to final, convida a todos para a 15ª Campanha da Boa visão. Apoio vereador Bebé

As premissas do liberalismo incluem a intervenção mínima do Esta-do, deixando para a sociedade

organizada as decisões que influenciam a vida dos cidadãos. Ninguém discorda que o poder constituído muitas vezes é ineficiente, burocrático, lento e dá margem à corrupção.

Nesta edição trazemos um caso no qual a mão do Estado se faz desnecessária. A ferrovia Perus-Pirapora, outrora modifica-dora, com recursos públicos, da realidade de um bairro da metrópole São Paulo, e depois abandonada pelos seus gestores, hoje revive sem verbas públicas e exercita uma nova chance.

Por outro lado, temos também nesta edi-ção, reportagem tratando do descaso com o

bem público. Será que a diferença entre as duas situações demonstra que aqueles que defendem o liberal lema laissez-faire (deixa fazer) estão definitivamente com a razão? Pode até ser, mas não há provas disso, pelo menos até hoje.

Nos dois casos, há provas, sim, mas do contrário. A ferrovia só foi possível graças ao investimento de dinheiro público e durou o que o mercado achou que era adequado. A corrupção comentada nas páginas 4 e 5 mostra que, mesmo quando um dos parti-dos envolvidos defende o liberalismo como regra, não são necessariamente as chama-das “boas práticas” que imperam. Mais ou menos na linha do ditado “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Ou esta frase estaria invertida?

Kassab na fitaO prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), apesar de ter fechado apoio a José Serra (PSDB), para a prefeitura de São Paulo, não descarta a possibilidade de seu partido fechar com o PT nos municípios da região metropolitana.

Semana em açãoToninho Lopes (PSD), presidente da Câmara Municipal de Franco da Rocha, em seu boletim eletrônico, manifesta preocupação com a manutenção do viaduto Donald Savazoni, que não recebe nenhum investimento há muito tempo.

Crise na CPTM Embora a demanda não pare de aumentar, o tamanho da malha da CPTM encolheu. Desde o ano passado, 252 quilômetros de trilhos estão à disposição de quem usa o sistema diariamente – extensão 8,3 km menor do que existia em meados de 2010. Ou seja, a rede diminuiu cerca de 3%. Nos últimos dois anos, no entanto, o número de usuários subiu 9,1%.

EDITORIAL

Locomotiva é uma publicação semanal da

Editora Havana Ltda. ME.

Circula em Franco da Rocha, Caieiras, Francis-

co Morato, Mairiporã e região.

E-mail: [email protected]

Impressão: LWC Gráfica e editora

Tiragem: 50 mil exemplares

Editor: Alessandro Soares

Reportagem: Thiago Lins e Pedro Pracchia

Projeto gráfico: Feberti

Diagramação: Vinícius Poço de Toledo

Todos os artigos assinados são de responsa-

bilidade de seus autores e não representam,

necessariamente, a opinião do jornal.

Expediente

Nova placa de obrasEm 3 de outubro de 2009 foi homologado pela CPTM contrato para a reconstrução das estações de Franco da Rocha e Francisco Morato, com a entrega prevista para 4/2/2012, no valor de R$ 65 milhões. E colocaram as placas das obras nas duas estações. Sem a obra concluída, colocaram outra que fala do Plano de Expansão Transportes Metropolitanos, com serviços de energia elétrica, e sem prazo para terminar.

Cobrança permanenteO prefeito Zezinho Bressane (PT), de Francisco Morato, disse que a estação não tem acessibilidade e condições mínimas de segurança para a população. “A estação foi construída há quatro anos, provisoriamente, e não tem suporte para atender ao fluxo de pessoas, que chega a 40 mil diariamente.” Afirmou ainda que os secretários estaduais Jurandir Fernandes e Edson Aparecido estão cientes da situação. “Desde o começo do meu mandato, em 2009, estamos cobrando e acompanhando essa questão”, disse o prefeito.

NOS TRILHOS

Uma centenária senhora de respeito

“Meu nome é Paulo Ro-drigues, 48 anos, comerciante e principalmente ferroviaris-ta. Sou presidente do IFPPC (Instituto de Ferrovias e Preser-vação do Patrimônio Cultural), ONG responsável pela guarda e restauro da EFPP (Estrada de Ferro Perus-Pirapora”).

Assim começa o relato do “Paulinho”, que a reportagem conheceu na manhã do último domingo em um inusitado passeio de trem em Perus, zona norte de São Paulo, na antiga ferrovia Perus-Pira-pora, inaugurada em 1914,

que transportava operários, calcário e cimento da fábrica da região. Nada a ver com os trens de subúrbio, com os quais todos os moradores da região estão acostumados.

Trata-se de uma curta via-gem de seis quilômetros, com 1 hora e 30 minutos de duração, ida e volta, num carro de passa-geiros puxado por uma quase centenária maria-fumaça, uma locomotiva a vapor. O trecho inicia logo após a estação Perus da antiga São Paulo Railway e termina no km 17, no bairro Gato Preto, no município de

Cajamar, passando dentro do Parque Anhanguera.

Trem das Onze - Mas tudo estava parado desde 1983 e a empreitada para preservar o que restou da ferrovia dura mais de 20 anos, sem nenhum apoio público. A única contri-buição até hoje foi da empresa Natura, para restauro e ma-nutenção da locomotiva nº 8 modelo Decauville, de fabri-cação francesa, que este ano completa 100 anos.

O acervo do IFPPC é composto, além do que res-tou da Perus-Pirapora, de

locomotivas, vagões e outros equipamentos de dez ferrovias também extintas. Tudo o que o instituto tem fica em um pátio de manobras a aproxi-madamente três quilômetros de onde parte o passeio. Um dos “tesouros” é a locomoti-va 17, norte-americana, que fez 100 anos em dezembro de 2011. Ela trafegava pela Tranway da Cantareira (Ja-çanã) em 1952, linha férrea desativada em 1965 que inspirou a canção Trem das Onze. Por isso ganhou o nome “Adoniran Barbosa”.

ServiçoPasseio de maria-fumaça Perus-Pirapora: Aos domingos. Horários: 10h, 11h30, 12h, 13h, 14h, 15h e 16h. Ingressos: de 4 a 7 anos - R$ 3; de 8 a 15 anos - R$ 5; de 16 a 59 anos - R$ 10; acima de 60 anos - R$ 5. Reservas e agendamento a partir de 4ª pelo telefone 2885-2837. Limite: 40 vagas. Ligar antes para confirmar lugares disponíveis.

Passeio na maria-fumaça da estrada Perus-Pirapora é uma viagem no tempo graças ao dedicado trabalho de preservação

Quem sabe faz a hora

Moradores da Rua Euclides da Cunha, na Vila Olinda, em Franco da Rocha, cansaram de esperar uma

ação do poder público. No domingo, dia 8, pegaram ferramentas e foram à luta para melhorar um pouco as

condições de uso da rua – que já foi matéria neste jornal. Bonito, e ao mesmo tempo triste.

No percurso, natureza e, infelizmente, lixo

O passeio com a maria-fumaça começa no bairro paulistano de Perus. Por uma estrada de terra chega-se ao cruzamento com a ferrovia, ponto de partida do trem. Ele abastece com a madeira que será queimada na volta em uma parada de 30 minutos – tempo para conhecer as lojinhas temáticas da ferrovia e fotografar.

Em boa parte do trecho por onde passa o trem temos a

companhia do Rio Juquery, que deságua no Rio Tietê muito mais a frente. Nos pontos em que há alagamentos às margens do rio, existe muito lixo, especialmente garrafas plásticas.

Luiz José Campineiro, morador de Perus, fez o passeio pela primeira vez, acompanhado da mulher e do filho. “É muito importante a reativação da ferrovia, que faz parte da história do lugar”, disse Campineiro.

Destino final era ‘selva de pedra’

A ferrovia Perus-Pirapora nunca foi até a cidade destino de tantos romeiros que para lá se dirigem por ocasião da festa do Bom. O alcance máximo da linha nunca passou de Cajamar. Os vagões serviam para o transporte de pedra calcária usada pela Companhia de Cimento Portland Perus, inaugurada em 1926. Os ferroviários se orgulham em dizer que o material carre-gado nesses vagões ajudou na construção de Brasília e a transformar São Paulo na selva de pedra que é hoje. Como esse fluxo era constante, o transporte de romeiros ficou impossível e em 1934 o governo paulista desobrigou a ferrovia de chegar a Pirapora.

Como chegar

Via Perus – na ligação para a Rodovia Anhangue-ra, passar sob o viaduto da Rodovia dos Bandeirantes e entrar à direita.

Via Anhanguera (sen-tido interior) – pegar a saída 25 A sentido Perus, entrar à esquerda antes do viaduto da Rodovia dos Bandeirantes. Daí entrar na portaria da minerado-ra Pedrix. São 2 km até o embarque.

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O dia que não terminou

A cidade de Franco da Rocha viveu um pesadelo na terça-feira, dia 7 de ju-lho de 2009, do qual restam sombras até hoje. Em dois gabinetes dentro da Prefei-tura foram apreendidos pelo Ministério Público (MP) cer-ca de R$ 66 mil em dinheiro, cheques de empresas suspei-tas de superfaturamento e listas de receitas e despesas, que seriam propina, onde se liam detalhes como “Marcio – 7.145 terreno”, “Pinduca – 5.000”, “Nega – 2.000”, “Re-lógio – 3.000”. O processo corre no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Os envolvidos, segundo denúncia de corrupção fei-ta pelo vereador Carlinhos – assassinado em 2008 – e investigada pelos promoto-res do MP e do Grupo de Atuação Especial de Com-bate ao Crime Organizado (Gaeco) seriam o prefeito, o vice, três secretários e dez vereadores. Como não sou-beram explicar a origem do dinheiro, foram encaminha-dos à delegacia para prestar depoimento e ninguém foi preso. Os documentos apre-endidos demonstrariam que o esquema teria desviado mais de R$ 2 milhões dos cofres públicos. Se os envolvidos forem condenados, terão de devolver aos cofres públicos mais de R$ 6 milhões, in-cluindo multa de 200%.

Há duas semanas, o SPTV lembrou a história, e na edição de hoje o Jornal Locomotiva inicia uma série de reporta-gens sobre todos os processos que envolvem o prefeito: são

Cerca de R$ 66 mil em dinheiro foram apreendidos na Prefeitura; prefeito alegou que verba mensal para obras é de pouco mais de R$ 300 mil; segundo o MP, esquema movimentaria R$ 200 mil por mês

seis por improbidade admi-nistrativa – dois julgados em primeira instância – e duas ações populares.

O prefeito Márcio Cecchet-tini (PSDB) não respondeu ao Locomotiva sobre os indícios levantados pelo MP à época. Em julho de 2009, limitou--se a divulgar uma nota, sem papel timbrado e sem data: “A Prefeitura Municipal já determinou a abertura de sin-dicância para a apuração dos fatos de sua responsabilidade, afastando, temporariamente, os servidores cujos nomes foram apontados; Após a con-clusão de sindicância serão

adotados (sic) as providências cabíveis”. Não disse que pro-vidência tomou em quais os resultados dessa sindicância.

Ao SPTV, o prefeito res-pondeu: “Imediatamente afastei os secretários” e “tem que investigar, tem que ter presunção da inocência e o devido processo legal”. O se-cretário de Governo, Marcelo Tenaglia da Silva (Marcelo Nega), foi afastado em julho após a denúncia do MP, mas voltou ao trabalho cerca de um mês depois; o secretário de Assuntos Jurídicos, Marco Donário, teria pedido exone-ração, mas esta informação a

Prefeitura não respondeu.(leia quadro na página 5).

Sem verba? Ainda ao SPTV, questio-

nado sobre a situação de obras paradas ou não reali-zadas, Cecchettini afirmou que “Franco da Rocha é um dos mais pobres municí-pios do Estado”, que tem “R$ 3.850 milhões para obras de infraestrutura no ano, que dá R$ 320.830 por mês”.

Os números oficiais, po-rém, são outros. A receita anual de Franco da Rocha, segundo o Tribunal de Con-tas do Estado de São Paulo,

foi de R$ 156.151.759,14 em 2011; desse valor R$ 54,9 milhões vieram de transferências constitucio-nais do Tesouro Nacional (para educação, Fundo de Participação dos Municípios etc). Então, a receita mensal de Franco seria de R$ 13 milhões. Segundo o MP, o esquema movimentaria cer-ca de R$ 200 mil por mês.

Cecchettini afirmou ao SPTV que fica “entre a omis-são e a ação”. Resta saber se o que o prefeito entende por “ação” é o mesmo que o MP entende por mau uso do dinheiro público da cidade.

Locomotiva inicia série sobre os processos por improbidade administrativa e mau uso do dinheiro público movidos contra o prefeito de Franco da Rocha Um esquema de corrup-

ção envolveria empresas que prestam serviços para a Pre-feitura de Franco da Rocha. Em julho de 2009, o Ministé-rio Público encontrou R$ 52 mil no gabinete do secretário de Assuntos Jurídicos e R$ 10 mil com o secretário de Governo, parte em dinheiro

vivo, parte em cheques das empresas. Além do dinheiro, foi apreendido um caderno com anotações a mão que re-gistram o destino do dinheiro, como despesas pessoais dos envolvidos. A acusação é improbidade administrati-va, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

A DENÚNCIA do MPComo funcionava o esquema?Dinheiro pago para empresas executarem obras públicas vira propina, indo parar no bolso de funcionários da alta cúpula da Prefeitura.

Quem pagava?As empresas que venciam licitações para obras públi-cas, nas áreas de merenda escolar, transporte escolar, transporte público, cole-ta de lixo, pavimentação e revitalização urbana.

Quem recebia?Segundo o Ministério Público, 10 dos 11 vereadores rece-biam a propina, o que garan-

tia a aprovação dos projetos no poder executivo. O res-

tante seria dividido entre o prefeito, o vice

e quatro secretários.

FinanciadoresEmpresas e empresários da cidade

OperadoresMarcelo Nega – secretário de Governo.

Em seu gabinete, foram encontrados R$ 10mil em dinheiro e cheques de empresas;

Marco Antônio Donário – Ex-se-cretário de Assuntos Jurídicos. Mais de R$ 50 mil em dinheiro e cheques e a contabilidade informal das despesas e receitas foram encontrados em seu gabinete.

Osmair Anzelotti, o Deda – assessor de gabinete. Um dos responsáveis pela distribuição do dinheiro.

BeneficiáriosMarcio Cecchettini - Prefeito de Fran-

co da Rocha (PSDB) é apontando pelo Ministério Público como um dos cabeças do esquema que teria desviado mais de R$ 2 milhões de dinheiro público.

Pinduca – Vice-prefeito de Franco da Rocha. Receberia o dinheiro das em-presas e repassaria para os beneficiários

Secretários e vereadores

Esquema

Em 7 de julho de 2009, promotores cumpriram man-dado judicial na Prefeitura e apreenderam R$ 66 mil e anotações com dois secretá-rios, Marco Antônio Donário e Marcelo Nega. Ninguém foi preso. Afastado do cargo, Nega retornou à função um mês depois. Na mesma épo-ca, o MP pediu quebra de sigi-lo bancário do prefeito Márcio

Cecchettini, da irmã dele, de sua secretária e do diretório municipal do PSDB.

Em 2 de outubro, Cecchet-tini atacou o Locomotiva, que publicou declarações do MP sobre a falta de colaboração do prefeito nas investigações. O esquema teria desviado R$ 2 milhões e movimentaria R$ 200 mil por mês.

Pedidos de arquivamento

das investigações e devolu-ção do dinheiro foram nega-dos pelo Judiciário a Marcelo Nega, por falta de provas de origem lícita. Em janeiro de 2010, o MP moveu ação civil pública pedindo o afastamen-to dos envolvidos. O caso foi o último trabalho na cidade do promotor Daniel Serra Azul Guimarães, que foi transferi-do para Diadema.

Desvio de R$ 200 mil/mês

As investigações levam a outra suspeita: a de que o pagamento de propina teria relação com contratos entre a Prefeitura e empresários da cidade. Para o promotor do Ga-eco, Neudival Mascarenhas, “ havia pagamento de propina feito por duas pessoas ligadas à Prefeitura. O que sabemos

é que poderiam ser em vários setores, tanto no transporte público como na limpeza ur-bana”, disse à época.

Em 1998, na última lici-tação para a concessão de transporte na cidade, aten-tados vitimaram pessoas li-gadas ao processo, matando dois empresários de ônibus e

um vereador. Outros assassi-natos teriam conotações polí-ticas, vitimando Gilson Rosa e Carlinhos, ex-presidentes da Câmara.

“Suspeitamos de funcio-nários ligados à Prefeitura, mas nada foi provado até o momento”, disse o promotor Daniel Serra Azul Guimarães.

Mortes também são investigadas

Chamaram a atenção dos promotores dezenas de ano-tações feitas à mão em ca-dernos e agendas apreendi-dos. Entre elas, as inscrições “Márcio – 7.145 – terreno”, que aparecem em vários me-ses, e “Márcio – doc. carro – 1.000”, sugerindo despesas

pessoais, além de “Pinduca – 5.000” e “Nega – 2.000”, indicando retiradas periódi-cas, alêm de sugestões de aquisição de bens pessoais, como “Relógio – 3.000”.

Segundo a promotoria, a demora na comprovação da origem do dinheiro colabora

com a suspeita de material ilícito. O valor apreendido totalizou R$ 66.512 mil, sendo R$ 56.062 no gabi-nete de Marco Donário (R$ 30.577 em uma pasta de mão e R$ 25.485 nas gavetas) e R$ 10.450 em um cofre no gabinete de Marcelo Nega.

‘Relógio R$ 3.000’ e ‘Terreno R$ 7.145’

?Lista de despesas

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Maurício César Polido é nascido e criado em Franco da Rocha. Hoje aos 38 anos de idade, é funcionário público e dono do Vitória Materiais para Construção, no Parque Paulista, bairro onde mora. Antes de ter a loja, foi feirante por muitos anos na extinta feira da Rua Amália Sestine, no Centro, além de ter sido camelô. O ramo não surgiu à toa. “Desde criança meu pai gostava muito de fazer ser-viços gerais. Cresci vendo ele trocar pisos e fazer pequenas reformas em nossa casa. Me espelhei muito nele e o tenho como herói. Na hora de montar minha loja, essa lembrança foi decisiva”, afirma Polido.

A loja Vitória funciona há mais de seis anos e tem oito empregados, todos moradores de Franco da Rocha. Com vários itens de materiais para construir e reformar, atende cidades da região, mas com demanda maior entre moradores do bairro. Na loja,

Mãos a obra no Parque Paulista

Esta nova sEção do Locomotiva é dEdicada ao comércio dE Franco da rocha, o mais FortE da rEgião. Em cada Edição, vamos mostrar um produto ou sErviço quE é prEstado aqui, do Lado dE casa.AQUI TEM

Vitória Materiais para Construção – Avenida São Paulo, 1.230, Parque Paulista, Franco da Rocha. De segunda a sábado, das 8h às 18h. Aceita parcelamento e Construcard.

o cliente tem facilidade para fazer a compra, como parcelamento bancário, e entrega do pedido em no máximo 24 horas após a compra.

O jovem empreendedor também se preocupa com a construção de um futuro melhor para a cidade. Como um legítimo franco-rochense conhece muito bem os problemas locais. “A Prefeitura poderia investir em escolas que funcionassem em período integral. Isso afastaria as crianças da ociosida-de e também do perigo das drogas. É muito mais barato cuidar de uma criança por mês do que de um preso,” afirma Polido.

Vale ‘esquecido’ pede socorroPoeira nas casas, ruas sem asfalto, falta de coleta de lixo, ausência de energia elétrica são alguns dos problemas do Green Valley

Tragédia:

Só com pressão da comunidade a Prefeiturade Franco se mexe

Mãe e filho morreram carboniza-dos em um incêndio que atingiu a casa da família no Lago Azul, em Franco da Rocha, na noite de quinta-feira, dia 12. O rapaz, de 15 anos, salvou a irmã, de 12, mas morreu ao voltar para a casa para tentar resgatar a mãe, cadeirante.

O fogo teve início por volta das 20h45 na casa que fica na Comunidade Arco-íris, localizada na avenida Arco--íris. Seis equipes dos bombeiros foram acionadas, mas não tiveram como salvar o adolescente Luiz Fernando Rodrigues e sua mãe, Raimunda de Paula Ro-drigues, 56 anos. O corpo da mulher estava em um canto da sala; já o do garoto, ao lado da cama.

Com 5% do corpo queimados (um

No Green Valley (Vale Verde, em inglês), bairro no eixo Palmares/Monte Verde e Lago Azul, falta o básico: iluminação pública, asfalto, transporte público, energia elétrica residencial, coleta de lixo. Há pouco tempo atrás, não tinha nem água nas tor-neiras das casas.

Na última quarta-feira, o Jornal Locomotiva se depa-rou com um lugar esquecido. Por ser área invadida, não se sabe ao certo quantas fa-mílias moram ali, mas pode ultrapassar os milhares. O bairro fica em um vale, di-vidido em dois lados: de um lado, moradores andam em média 20 minutos para che-gar ao ponto de ônibus do Monte Verde; do outro, são aproximadamente 10 mi-nutos para chegar à Estrada da Vargem Grande (sentido Vila Belmiro/Palmares).

Por ser uma circunferência em torno de três quilômetros

de diâmetro, as ruas não dialo-gam e o vale no meio dificulta ainda mais o trajeto no local.

Celsa Rocha mora na Rua Luiza Basso Celeguim há dois anos. Ela esperou mais de cinco meses pelo direito de ver água nas torneiras e que hoje, com problemas sérios de saúde, sofre com a falta de transporte público. “Às vezes conto com a boa vontade dos vizinhos, mas quando tenho que fazer algo no Centro, tenho de cami-nhar mais de 25 minutos na terra batida até o ponto de ônibus no Monte Verde”, explica.

Um problema está atre-lado a outro. A falta de transporte público, segun-do moradores justificada pela falta de asfalto, torna a vida complicada já que falta iluminação deixa o bairro um verdadeiro breu após as 18h30 (os poucos pos-tes são improvisados pelos

moradores. Do lado em que fica a rua da dona de casa Celsa, os moradores já incor-poraram o fator escuridão na vida cotidiana.

Paula Souza Santos, inqui-lina de Celsa há quatro anos, é prova disso. Sua agenda exigem que ela saia de casa à noite e o problema é voltar. “Vou à igreja pensando na carona de volta. Às vezes, de-pendendo do ponto em que estou, nem volto pra casa. É perigoso andar à noite aqui. Tivemos relatos de crimes e coisas ruins que acontecem com quem anda por essas ruas. Não temos outra alter-nativa”, lamenta. Paula é mãe de Eduardo, de 19 anos. O rapaz sai da empresa onde trabalha às 2h da manhã e vem correndo no escuro pra casa por não ter transporte no bairro e por não ter outra opção ao voltar do trabalho.

A poeira que invade as ca-sas, devido à falta de asfalto,

Na edição passada, o Lo-comotiva relatou uma série de problemas insolúveis de Franco da Rocha, apresen-tados no quadro Parceiros do SP, exibido no telejornal SPTV, dos quais o jornal também vem mostrando desde o ano passado. Diante

também é um grave problema e uma luta diária. Em nossa visita ao único mercadinho do bairro, nem o teclado do computador escapou da ca-mada de poeira e todo lixo já tem destino: o fogo.

Todo esse cenário impossi-bilita, por exemplo, a entrada de táxis e ambulâncias no bairro– principalmente em dias muito secos ou de chu-va. “Pelo que sabemos, há dois acamados que precisam de ambulância com frequ-ência e que, quando chove, ficam em situação difícil.

disso, a Prefeitura tomou ati-tude em relação a três deles. A travessa Geraldo Viola, após quatro anos com pos-tes sem eletricidade, enfim recebeu iluminação pública. A Avenida Israel, que mes-mo esburacada e com asfalto pela metade constava como

Um descaso mesmo”, contam Celsa e Paula.

Outro lado - Apesar de passarem pelos mesmos problemas, os moradores do outro extremo do bairro vi-vem em melhores condições.Segundo Belmiro Francisco da Silva, “a água chegou há uns quatro meses, mas não temos energia elétrica. Não consigo nem imaginar se um dia o esgoto tratado vai chegar”, lamenta.

A Prefeitura foi procurada, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição.

concluída pela Prefeitura, enfim foi pavimentada e teve muro de arrimo. A estrada do Mato Dentro conta agora com dois ônibus no trajeto até o centro da cidade – mas ainda é pouco. A população espera que a Prefeitura não funcione apenas sobre pressão.

braço e parte do rosto), Daniele de Paula Rodrigues, salva pelo irmão, foi encami-nhada pelos bombeiros para o Hospital Estadual de Franco da Rocha, onde continua internada, em estado consi-derado bom, mas sem previsão de alta. Não se sabe a causa do incêndio. Segundo os bombeiros, não foi ouvi-da explosão e os dois botijões de gás estavam intactos. A casa tinha energia elétrica clandestina, o chamado “gato”. Vizinhos contam que chegaram a ou-vir gritos de socorro de Raimunda e ouviram a menina pedir ajuda.

Raimunda havia sofrido um aci-dente vascular cerebral (AVC) e tinha problemas de locomoção – por isso, usava uma cadeira de rodas.

rapaz salva irmã de incêndio, mas morre com a mãe

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Page 5: Jornal Locomotiva 62

Bala comanda ‘Meninos do Parque’

NOSSA GENTE nEsta sEção vamos rEgistrar as histórias, os “causos”, a vida dos homEns E muLhErEs quE FizEram E FazEm, a cada dia, a nossa cidadE.

nEsta sEção, trarEmos sEmprE as pEssoas, LugarEs E EvEntos quE briLham na vida sociaL dE nossa cidadE E rEgião. SOCIAIS

Alguém que olha por nossas crianças é certamente uma boa maneira de re-sumir o que faz Edson Araújo da Silva, mais conhecido Parque Vitória, bairro de Franco da Rocha, como Edson Bala. São 27 anos de seus 34 de vida morando lá onde ele está à frente do projeto social “Meninos do Parque”, criado por Bala junto com alguns amigos. Ele se lembra da infância ao falar do projeto “A gente só tinha um campo de futebol como es-paço de lazer, e gostaria que as crianças de hoje pudessem ter ao menos isso.”

Com quase um ano de existência, o projeto busca através da prática do futebol afastar a juventude das drogas e outros riscos que a vida nas ruas oferece. Todo sábado aproximadamen-te 60 crianças, com idades entre 7 e 16 anos, do Parque Vitória e bairros vizinhos, invadem o campo para ter

um pouco mais de três horas de lazer e aprendizado.

Bala conta com parceria da Força Sindical, que ajudou a retirar o entulho que antes tomava conta do espaço e cedeu os equipamentos necessários para a criançada jogar.

Apesar da falta de apoio de comer-ciantes e moradores da região e também problemas no próprio espaço do pro-jeto, como a falta de um vestiário, o “Meninos do Parque” apresenta bons resultados. “Outro dia um pai nos contou que o filho tinha melhorado o relacionamento com a família e estava mais disciplinado”, relata.

Bala segue lutando pelo futuro da juventude. “Antes de tudo nós quere-mos formar cidadãos. Se a gente não fizer nada pelas crianças, pelo menos no bairro, ninguém vai fazer”, finaliza.

Aniversariantes

Leninha9 de abril

Rubão, 5 de abril

Prof João Gonçalves, 11 de abril

Jose Antonio (Indio), 08 de abril

Bruno Rais,12 de abril

Sandra Regina , 12 de abril

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