jornal locomotiva 15

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Distribuição gratuita nos municípios de Caieiras, Campo Limpo Paulista, Francisco Morato, Franco da Rocha, Jundiaí e Várzea Paulista Tiragem: 20.000 exemplares - Ano II - Edição 15 - 1ª quinzena de janeiro/2010 - venda proibida Promotor pede cassação de Márcio Cecchettini, Pinduca e 10 vereadores Edição especial Franco da Rocha Edição especial Franco da Rocha “verifica-se... com clareza que se trata de uma organização criminosa que instalou a ilegalidade generalizada e implantou perniciosa rede de corrupção”. teriam sido desviados pelo esquema Promotor Daniel Serra Azul Guimarães coloca como réus Márcio, Pinduca e todos os vereadores – exceto o petista Bebé – em ação de improbidade administrativa, fruto das investi- gações iniciadas em julho do ano passado, após apreensão de dinheiro de origem desconhecida na Prefeitura. Entre os a irmã do prefeito, e cinco empresas que mantém contratos com o município. Veja nas páginas 04, 05, 06 e 07.

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1ª Quinzena Jan 2010

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Page 1: Jornal Locomotiva 15

Distribuição gratuita nos municípios de Caieiras, Campo Limpo Paulista, Francisco Morato, Franco da Rocha, Jundiaí e Várzea PaulistaTiragem: 20.000 exemplares - Ano II - Edição 15 - 1ª quinzena de janeiro/2010 - venda proibida

Promotor pede cassação de Márcio Cecchettini, Pinduca e 10 vereadores

Edição especial Franco da RochaEdição especial Franco da Rocha

“verifica-se... com clareza que se trata

de uma organização criminosa que

instalou a ilegalidade generalizada e

implantou perniciosa rede de corrupção”.

teriam sido desviados pelo esquema

Promotor Daniel Serra Azul Guimarães coloca como réus Márcio, Pinduca e todos os vereadores – exceto o petista Bebé – em ação de improbidade administrativa, fruto das investi-gações iniciadas em julho do ano passado, após apreensão

de dinheiro de origem desconhecida na Prefeitura. Entre os r®us tamb®m þguram secret§rios e ex-secret§rios municipais, a irmã do prefeito, e cinco empresas que mantém contratos com o município. Veja nas páginas 04, 05, 06 e 07.

Page 2: Jornal Locomotiva 15

E X P E D I E N T ELOCOMOTIVA é uma publicação da Editora Havana Ltda. – ME

Av. Sete de Setembro, 168 – 2º andar – sala 07 – Centro – Franco da Rocha/SP

Redação e edição: Marcus Brandino Celeguim de Morais, Ricardo Barreto Ferreira Filho, Felipe Nascimento

e-mail: [email protected] e [email protected]

site: jornallocomotiva.wordpress.com

Telefone: 4449-3140

70 mil documentos

indevidos

E o futuro?

Com a quarta ação em que é réu por improbidade adminis-trativa, agora figurando como beneficiário de um desvio de milhões dos cofres públicos, o prefeito Márcio Cecchettini dis-tribuiu uma nova nota “aos ci-dadãos de Franco da Rocha” re-petindo os mesmos argumentos das anteriores.

Mais uma vez, Márcio afirma que não teve acesso ao processo, reclama dos adversários políticos e lamenta o uso indevido de do-cumentos da investigação pela imprensa. O dado curioso é que desta vez o prefeito está respon-dendo ao jornal antes mesmo que ele seja veiculado: a nota circulou num jornal no dia 13, e esta edi-ção é do dia 15.

Ressaltamos que tudo o que publicamos nesta e em outras edições tem base em documentos de livre acesso ao público, garan-tido pela Constituição Federal.

De nossa parte, lamentamos que o prefeito permaneça calado em relação aos piores “documen-tos” relacionados a este caso: os 70 mil reais, em dinheiro e che-ques, de origem desconhecida que foram encontrados com seus principais assessores, ao lado de seu gabinete. Para os bons enten-dedores, até a falta de palavras esclarece.

Franco da Rocha mais uma vez tem sua classe política, quase todos seus representan-tes nos Poderes Executivo e Le-gislativo, envolvida num caso de corrupção. Para quem não se lembra mal se passaram dez anos desde que um prefei-to foi cassado e doze vereado-res foram condenados e afas-tados da política.

Não vou entrar no mérito da denúncia. Fico preocupa-do é com o atraso que a ins-tabilidade política traz para a administração; parece óbvio, para qualquer um que circule pela cidade, que a gestão tuca-na parou desde a ação do MP: nenhuma obra prometida foi inaugurada, as ruas estão esbu-racadas e sujas e as enchentes voltaram a ser uma constante.

Kiko foi vereador (2005/2008) de Franco da Rocha e candidato a prefeito pelo PT em 2008.

e d i t o r i a l

Uma imagem de abandono: o viaduto Donald Savazoni, prin-cipal via de acesso, está há me-ses sem iluminação pública.

Se até o básico fica de lado, pior ainda é falar no futuro. Como vamos resolver proble-mas como o trânsito, cada vez pior, quem está formulando políticas públicas de saúde, habitação popular, educação, cultura e esporte de maior qualidade para os franco-ro-chenses?

É mais um ano perdido e serão também os próximos, quando nossos representan-tes, eleitos e remunerados para pensar nisso, estão pre-ocupados é em salvar a pró-pria pele. Cidade paralisada, este é o efeito mais nefasto da corrupção.

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Represa cheia alarma população; Sabesp diz que Franco não corre risco

Segundo a Sabesp, o Sistema Cantareira está no limite máximo, mas a represa Paiva Castro está com quase 60% da capacidade. No entanto, fica a pergunta: Franco da Rocha está preparada?

Foi com aÿi­«o que muitos franco-rochenses assistiram as notícias divulgadas nos últimos dias, onde a Sabesp alertava para o esgotamento da capaci-dade das represas do Sistema Cantareira, que poderia trans-bordar e atingir áreas densa-mente povoadas da cidade. Em Atibaia, um bairro inteiro þcou dez dias submerso, após aber-tura das comportas dos reser-vatórios Atibainha e Cachoeira.

Para Franco seria um desas-tre: boa parte do comércio está na várzea do Rio Juquery e do Ribeirão Eusébio, que, assore-ados e estrangulados, já têm transbordado com qualquer chuva. A Prefeitura aþrma, en-tretanto, que a cidade está pre-parada para as enchentes.

“VOCÊS JÁ ESTÃO ACOSTU-MADOS”

A Vila Nossa Senhora Apa-recida, por exemplo, localizada atrás da portaria do Hospital do Juquery, þcaria completa-mente submersa segundo as projeções da Sabesp.

“Fazia tempo que não en-trava §gua aqui. Agora, no þ-nal do ano, voltou a acontecer e veio esse rumor de abrirem a comporta. A Prefeitura não fala

nada, deixa a gente no escuro... aí me aparece um rapaz da De-fesa Civil e diz que se as com-portas abrirem não tem pro-blema, que o povo aqui já está acostumado a ter lama dentro de casaó, aþrmou Joanice Go-mes, moradora da vila.

A Defesa Civil municipal aþrmou ainda que as enchen-tes de dezembro serviram para preparar a cidade para eventu-ais cheias nos próximos meses.

PARA A SABESP, CIDADE ESTÁ SEGURA POR ENQUANTO

Segundo Carlos Rober-to Dardis, gerente de recursos hídricos metropolitanos Norte da Sabesp, não há motivo para os moradores se preocuparem. “Esse limite de 97,5% que foi di-vulgado refere-se a todo o Sis-tema Cantareira, que inclui ou-tros cinco reservatórios. A Paiva Castro está com pouco mais de metade da capacidade, não tem perigo no momentoó, aþrmou.

O nível de água dos reser-vatórios pode ser acompanha-do pela internet, no endereço http://www2.sabesp.com.br/mananciais/.

Com informações da Folha de S. Paulo e do G1.com.br

A possibilidade de abertura da comporta da barragem rea-vivou para os franco-rochen-ses mais antigos uma triste lembrança: no verão de 1987, Franco da Rocha þcou quase 15 dias submersa. Na época, ventilou-se a possibilidade de que a inundação teria atingido tais proporções devido à aber-tura da represa, fato negado pela Sabesp.

m e m ó r i a

1987: pior enchente da história

A cidade ficou submersa e a linha do trem intransitável

À esquerda, ribeirão na rua Basílio Fazzi, assoreado e cheio de lixo; à direita, desmoronamento de terra na rua Benedito Fagundes Marques por conta da chuva

Page 4: Jornal Locomotiva 15

O suposto esquema de cor-rupção instalado na adminis-tração pública de Franco da Rocha, investigado e denuncia-do pelo Ministério Público, era complexo e bem organizado. Segundo foi apurado, os envol-vidos se dividiam em três cate-gorias (gr§þco ao lado).

Os operadores atuavam no gabinete do prefeito Márcio Cec-chettini e arrecadariam, mensal-mente, cerca de R$ 200 mil em propinas de empresas que deti-nham contratos e concessões de serviços públicos, como coleta de lixo, transporte público, me-renda escolar e a obra do cen-tro da cidade. Estes operadores eram encarregados de controlar o caixa e distribuir o dinheiro entre os beneþci§rios.

Os valores arrecadados te-riam várias funções, sendo que a mais importante era assegu-

Assessores de Márcio, Nega e Donário comandariam esquema de corrupção

Segundo o Ministério Público, o dinheiro vinha de empresas, passava pelos secretários até chegar ao prefeito, ao vice e aos vereadores.

c o r r u p ç ã o n a p r e f e i t u r a

FINANCIADORES

OPERADORES

Page 5: Jornal Locomotiva 15

“Não há... espaço para qualquer dúvida quanto à estruturação de uma organização criminosa que atuou sobre a estrutura da Prefeitura Municipal para o desvio constante de verbas públicas por meio de licitações e contratos.”

“Márcio Cecchettini agiu com deslealdade e hostilidade com relação à investigação, iludindo... sobre afastamento dos chefes da organização criminosa, nomeando para comissão de sindicância um dos envolvidos”

rar ao prefeito sustentação po-lítica na Câmara Municipal: dez dos onze vereadores da Câma-ra estariam na folha de paga-mento, garantindo a aprovação dos projetos do Executivo.

O restante era partilhado en-tre o alto escalão da Prefeitura, começando por Márcio Cecchet-tini e pelo vice-prefeito Pindu-ca. O MP encontrou anotações que indicam, por exemplo, que o dinheiro era usado até para o pagamento de despesas pesso-ais do prefeito. Um dos cader-nos conteria a anotação “Márcio – doc. carro: R$ 1000”.

Outras anotações apon-tam para a aquisição de bens, como “Relógio – R$ 3000”. O MP suspeita também que par-te dos recursos era destinada à aquisição de imóveis; existem escrituras onde, por exemplo, Donário, Nega e Giuliana Cec-chettini aparecem como co-proprietários. Donário também agiu como procurador do pre-feito na aquisição de uma chá-cara na Vargem Grande, esti-mada em R$ 200 mil.

BENEFICIÁRIOS

Trechos da denúncia feita pelo MP revelam organização criminosa“Márcio Cecchettini... ensejou, por ações e omissões, dolosas e culposas, perda patrimonial, desvio e apropriação de bens e haveres do Município, facilitou a incorporação ao patrimônio particular de pessoas físicas e jurídicas... e agiu negligentemente no que diz respeito à conservação do patrimônio público.”

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MP quer que acusados devolvam R$ 6,5 milhões aos cofres públicos

Valor é correspondente ao que o esquema teria desviado mais multa de 200%; promotor também pede a cassação do prefeito, vice e dos vereadores envolvidos

Na ação civil pública, o pro-motor pede o afastamento imediato do prefeito, do vice, dos vereadores e dos secretá-rios e assessores envolvidos, além da indisponibilidade de seus bens. Além disso, se con-denados, eles þcariam impe-didos de ocuparem funções públicas, disputarem eleições e þrmar contratos com o Poder Público por 10 anos.

De acordo com a Promotoria, os documentos demonstram que o esquema desviou, em 17 meses, mais de R$ 2 milhões. A ação pede a devolução do di-nheiro somado a uma multa de 200%: no total, R$ 6 milhões teriam que ser restituídos aos cofres públicos.

CASO PODE DAR CADEIAAlém da ação de improbi-

dade administrativa, os acu-sados ainda terão pela frente o processo relativo a eventu-ais crimes cometidos pelo es-

quema. Segundo a assessoria de comunicação do MP, este inquérito ainda está em an-damento e será concluído em breve. Sua condu­«o ® conþ-dencial, pois reúne dados de quebra de sigilos þscal, ban-cário e telefônico.

Porém, na ação civil o pro-motor já sugere alguns dos crimes que teriam sido come-tidos, como o de formação de quadrilha e lavagem de dinhei-ro. A investigação criminal é de responsabilidade do Gaeco.

PROMOTOR SAI DE LICENÇAConforme havia garantido

ao jornal Locomotiva em en-trevista na edição número 7, em setembro, o promotor Da-niel Serra Azul Gonçalves le-vou at® o þnal a a investiga­«o na Prefeitura de Franco da Ro-cha. A ação foi seu último ato na cidade: Daniel entrou em li-cença-prêmio por três meses, a partir de primeiro de janeiro e, quando retornar à função, assumirá a Promotoria de Jus-tiça da cidade de Leme, na re-gião de Piracicaba.

No entanto, o promotor também declarou ao jornal Locomotiva que seguirá acom-panhando o processo, mesmo atuando em outra comarca. Esta é a sexta ação de impro-bidade administrativa contra Cecchettini que tramita no Ju-diciário.

Dinheiro encontrado nos gabinetes de Marcelo Nega e Marco Donário é apenas parte dos mais de R$ 2 milhões supostamente desviados

Mesmo atuando em outra comarca a partir de abril, o promotor Daniel Serra

Azul garante que estará à frente das investigações até o final

Zanoni Froissat

Zanoni Froissat

c o r r u p ç ã o n a p r e f e i t u r a

Informe publicitário

Para ler a denúncia acesse: http://migre.me/gx4H

Page 7: Jornal Locomotiva 15

Novas eleições podem acontecer ainda este ano

O processo será julgado pelo titular da 2ª Vara, Dr. Fernando Dominguez Guiguet Leal, que não quis dar declarações, ale-gando que não fala à impren-sa sobre ações em andamento. Guiguet Leal terá que decidir sobre as liminares que pedem o afastamento imediato dos en-volvidos, além do bloqueio de seus bens e contas bancárias.

No entanto, no julgamen-to de outra ação semelhante, o juiz declarou-se impedido por possuir “vínculos de amiza-de” com TG, que é funcionário do fórum. Se Guiguet mantiver este entendimento, o proces-so seguirá para outro juiz. Até o fechamento desta edição, ele não havia se pronunciado.

Na hipótese do pedido ser acatado, Márcio, Pinduca e os dez vereadores serão imedia-tamente afastados de seus car-gos. Os suplentes assumem e elegem um novo presidente da Câmara, que ocupará a Prefei-tura temporariamente, até que

sejam realizadas novas eleições para prefeito, em até 90 dias.

DOIS MILHÕES FAZEM MUITA FALTA

O orçamento da cidade foi, em 2008, de R$ 100 milhões. Considerando despesas de cus-teio, manutenção e verbas de aplicação obrigatória, restam pouco mais de 7 milhões anu-ais para investimentos em pa-vimentação de ruas, construção de escolas, creches e postos de saúde. Os dois milhões que te-

No dia 7 de janeiro, o habeas corpus que havia sido impetra-do pelo secretário de Governo Marcelo Nega e pelo ex-se-cretário de Negócios Jurídicos Marco Donário foi julgado e rejeitado pelo Tribunal de Jus-tiça de São Paulo, por 3 votos a zero. No instrumento, Donário e Nega pediam a suspensão das investigações.

Dinheiro desviado poderia resover problemas de saúde e

urbanização na cidade

Acusados sofrem mais

um revésriam sido desviados, portanto, representam cerca de 30% do total que a Prefeitura pode in-vestir num ano.

A obra do centro, por exem-plo, teve um custo total de R$ 3,5 milhões; a reforma da pri-meira colônia, futura “Praça da Saúde”, custou R$ 2,5 milhões. A avenida Israel, na Vila Bela, depende, segundo a Prefeitura, de R$ 800 mil para sua conclu-são. Menos da metade do di-nheiro desviado daria para ter-minar a obra.

Locomotiva

Locomotiva

divulgação

c o r r u p ç ã o n a p r e f e i t u r a

Page 8: Jornal Locomotiva 15

c l a s s i f i c a d o s

Reajuste, ocorrido na virada do ano, é o sexto na gestão Cecchettini, que havia prometido reduzir a tarifa

t r a n s p o r t e p ú b l i c o

Passagem de ônibus sobe mais uma vez

A tarifa de ônibus urbano na cidade de Franco da Rocha foi reajustada mais uma vez. Ago-ra a passagem custa R$ 2,60. É a sexta vez que a tarifa sobe na gestão Márcio Cecchettini, e continua sendo uma das mais altas da Grande São Paulo. Ano passado, durante a campanha eleitoral, Márcio havia prome-tido a integração das tarifas ao bilhete único metropolitano e aos trens da CPTM, coisa da qual até agora não se tem notícia.

VIAÇÃO É DENUNCIADAA Viação Cidade de Caieiras,

concessionária do serviço de transporte público, é uma das empresas denunciadas pelo MP como participante da suposta “organização criminosa” que atuaria na cidade. A empresa e um de seus diretores são réus na a­«o. Segundo o MP, a þxa-ção da tarifa de ônibus é “ponto indicado como de elevada rele-vância no esquema de arrecada-ção e distribuição de propina”.

LocomotivaTarifa de ônibus

sofre sexto reajuste na

gestão Márcio, sendo uma

das mais caras da Grande SP; empresa que

fornece serviço de transporte é denunciada

pelo MP como participante

de suposto esquema de

corrupção