jornal brasil atual - jundiai 15

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Jornal Regional de Jundiaí www.redebrasilatual.com.br nº 15 Maio de 2013 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA JUNDIAÍ jornal brasil atual jorbrasilatual Reduzir a jornada de trabalho é a grande luta dos trabalhadores Pág. 6 CUT O QUE FAZER? Funcionalismo consegue reposição de inflação e aumento real Pág. 7 SERVIDORES DE ACORDO Como o uso do computador modifica – para pior – a visão Pág. 2 OFTALMOLOGIA PISCADINHA EDUCAÇÃO Edmar faz Ciências Sociais, Vanessa, Engenharia e Agenor formou-se em Som e Imagem Pág. 4-5 POBRES, NEGROS E ÍNDIOS ESTÃO NA UNIVERSIDADE Prefeito Pedro Bigardi fala das acões emergenciais e aposta no futuro 100 DIAS DE GOVERNO PURA SUPERAÇÃO

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Jundiai 15

Jornal Regional de Jundiaí

www.redebrasilatual.com.br

nº 15 Maio de 2013

DistribuiçãoGratuitajundiaí

jornal brasil atual jorbrasilatual

Reduzir a jornada de trabalho é a grande luta dos trabalhadores

Pág. 6

CUT

o que fazer?

Funcionalismo consegue reposição de inflação e aumento real

Pág. 7

servidores

de acordo

Como o uso do computador modifica – para pior – a visão

Pág. 2

ofTalmologia

piscadinha

edUCação

Edmar faz Ciências Sociais, Vanessa, Engenharia e Agenor formou-se em Som e Imagem

Pág. 4-5

Pobres, negros e índios esTão na Universidade

Prefeito Pedro Bigardi fala das acões emergenciais e aposta no futuro

100 dias de governo

PUra sUPeração

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2 Jundiaí

expediente rede Brasil atual – Jundiaíeditora Gráfica atitude Ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Antonio Cortezani, Douglas Yamagata, Enio Lourenço e Lauany Rosa revisão Malu Simões diagramação Leandro SimanTelefone (11) 3295-2800 Tiragem 15 mil exemplares distribuição Gratuita

ediTorial

Nos 100 primeiros dias à frente da administração pública da cidade, o prefeito Pedro Bigardi já sentiu o tamanho dos problemas que terá de enfrentar para poder realizar, em quatro anos de mandato, aquilo que dele se espera. Alguma coisa já andou, ainda que esteja longe do que se almeja. Na área de educação, houve a contratação de 80 agentes de desenvolvi-mento infantil e de 20 professores. Na área administrativa, houve um maior controle das despesas correntes, com redu-ção nos gastos de combustível e de telefonia fixa. A seguran-ça também deu uma melhorada com a retomada das rondas escolares pelos guardas municipais. E também os servidores municipais tiveram um pequeno ganho na campanha salarial de 2013, com o aumento de 8,29% nos salários e de 21,66% no valor do tíquete refeição. Agora, Jundiaí espera que o pre-feito Bigardi continue a se superar como, aparentemente, fez nesses poucos meses de governo.

Há, também, nas páginas centrais desta edição, uma bela notícia na educação brasileira. É que a política de cotas do governo federal já mostra os primeiros resultados de inclusão social, botando pobres, negros e índios na universidade, algo inimaginável até alguns anos atrás. É isso. Boa leitura!

outono

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected] ou [email protected] facebook jornal brasil atual twitter @jorbrasilatual

jornal on-line

Um canal para o trabalhador“Câmara tem de se abrir à sociedade” – diz Malerba

Poder legislaTivo

O presidente do Partido dos Trabalhadores de Jundiaí, Paulo Malerba, afirmou que “o 1º de maio é um dia de luta e reflexão acerca dos grandes temas que afligem a classe tra-balhadora, como o projeto de terceirização da mão de obra, que precariza as condições de trabalho”. Para ele, há várias situações a serem enfrentadas – a questão salarial, a reforma sindical – e o Poder Legisla-tivo tem de estar mais aberto à sociedade. “A possibilidade

de a Câmara fazer política é ampla. Os mandatos de esquerda têm de se compro-meter com as demandas das diversas categorias da clas-se trabalhadora, pois o par-lamento pode pressionar e demandar o Executivo local e outras esferas. “Precisa-mos colocar os mandatos à disposição dos trabalhado-res, pois muitos mandatos estão a serviço de empresá-rios e de grandes capitalis-tas” – acentuou.

a “síndrome” do computadorModernidade leva as pessoas a ficarem horas diante dele

ofTalmologia

Sem perceber, as pessoas passam horas na frente des-sas máquinas. Resultado: pis-cam menos do que deviam, o que acarreta má lubrificação dos olhos: o número de pis-cadas se reduz em até 60% em relação a quando não es-tão em frente do computa-dor. As lágrimas ajudam os olhos a permanecer úmidos, saudáveis e confortáveis, e o piscar é um reflexo natural para espalhar essa lágrima por todo o olho. O resseca-mento ocular faz com que a pessoa sinta os olhos secos, irritados, causando dor e vi-são turva, e o diagnóstico é confundido como presbiopia,

erro refrativo ou hipermetro-pia latente. A fadiga ocular leva o paciente a queixar-se de náuseas, cefaleia, enjoo e redução da competência para leitura, mas 70% dos casos de reclamações nos consultórios oftalmológicos equivalem à Síndrome do Computador,

que mais se assemelha aos sintomas do olho seco.

O problema é comporta-mental e seu aparecimento é favorecido por graus mal corrigidos, óculos vencidos, excesso ou má iluminação no ambiente de trabalho e carga elevada de trabalho para ler e escrever. Os oftalmologistas da Clínica de Olhos Jundiaí recomendam que a cada 50 minutos em frente ao compu-tador deve-se parar por três minutos e olhar para longe. Dessa forma a musculatura intrínseca do olho descansa e exerce sua função fisiológica. Mais informações <www.cli nicadeolhosjundiai.com.br>.

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3Jundiaí

Prefeito bigardi: “100 dias é período de superação”

o que foi feito de mais importante pela prefeitura

À imprensa, ele destacou as ações emergenciais já realizadas e os projetos em elaboração

balanço de governo

O prefeito Pedro Bigardi disse que um de seus objeti-vos é integrar as secretarias municipais, no intuito de cui-dar das pessoas. “Esse perío-do foi de superação. Tratamos das demandas mais urgentes da cidade, investindo na infra-estrutura de manutenção e na conservação de vias e praças. O lixo também tinha muitos problemas. O primeiro passo é mecanizar a limpeza pública de Jundiaí” – afirmou.

Ele enfatizou também os avanços na saúde, citando a inauguração do Pronto Aten-dimento Central 24 horas, com investimentos de R$ 600 mil, que conta com equipamentos de última geração, e 25 leitos adicionais que desafogaram o Hospital São Vicente. “O Pronto Atendimento Central equivale aos serviços médicos particulares, com mais qualida-de. Agora, vamos avançar com a construção de três Unidades

de Pronto Atendimento (UPAs) do governo federal e uma cre-che com o governo estadual. São ações desencadeadas que têm reflexos positivos.” Sobre o meio ambiente, Bigardi ci-tou a captação de recursos no governo estadual, de R$ 280 mil, para a preservação da Ser-ra do Japi. “À medida em que realizamos ações no municí-pio, conquistamos apoio nos governos federal e estadual. Exatamente como eu imagi-

nava. A gente pretende fazer um bom governo.” O prefeito destacou ainda que falta muito a fazer, mas o primeiro diag-nóstico aponta que Jundiaí tem de investir bastante em infraes-trutura de mobilidade urbana. “Fizemos algumas pavimenta-ções, mas a cidade carece de obras viárias. Investimentos em transporte coletivo, mas a mobilidade urbana e a seguran-ça são desafios que requerem muito a nossa atenção.”

Administração – Ex-tinção de 105 cargos em comissão. Criação de sete coordenadorias, com o ob-jetivo de aproximar a popu-lação das políticas públicas: Coordenadoria Especial da Promoção de Políticas de Igualdade Social; da Pessoa com Deficiência; de Políti-cas Públicas das Mulheres; do Idoso; da Defesa Civil;

da Juventude; e do Bem-Estar Animal.

Recursos Humanos – Po-lítica de valorização dos ser-vidores por meio da educação continuada.

Educação – Contratação de 80 agentes de desenvolvimen-to infantil e de 20 professores, 15 cozinheiros e oito técnicos de nutrição. Ampliação do convênio com as escolas par-

ticulares de educação infantil (creches de 0 a 3 anos), que vai garantir a criação de mais 300 vagas para o atendimento da lista de espera.

Finanças – Controle das despesas correntes – exemplo é a redução de 21% nos gas-tos com combustível e de 27% com telefonia fixa. Monitora-mento das horas extras abusi-vas, em ação conjunta das se-

cretarias. A média do primeiro trimestre caiu 57% em com-paração ao mesmo período de 2012.

Segurança – Guarda Muni-cipal retoma rondas escolares. Objetivo é reduzir em até 30% ao ano as ocorrências nas es-colas. Aumento de 12% nas rondas nos bairros em relação ao mesmo período no ano pas-sado.

Mobilidade – Elaboração do Plano de Mobilidade Ur-bana, que contempla sistema cicloviário, infraestrutura do transporte e trânsito, além de visita técnica a Bogotá (Co-lômbia) para nortear ações de implantação do transporte rápido por ônibus. No total, R$ 106 milhões foram obti-dos do governo federal para o início do projeto.

dilma tem 63% de avaliação positiva. Um recordeGoverno da presidenta é mais bem avaliado do que o do ex-presidente Lula

PesqUisa

Segundo o Instituto Bra-sileiro de Opinião e Estatísti-ca (Ibope), em março, Dilma Rousseff bateu novo recorde e atingiu 63% de bom ou óti-mo – maior percentual desde março de 2011, quando come-çou a pesquisa. Outros 29%, dos 2002 entrevistados em 143 municípios brasileiros, consi-deram o governo regular e 7%

afirmam que ele é ruim ou pés-simo. A aprovação do modo de governar subiu 1%, alcançando 79%, contra 17% dos que desa-provam. A confiança na presi-denta subiu de 73% para 75%. E o otimismo para os próximos 16 meses de mandato cresceu três pontos, chegando aos 65%. Três fatores possibilitaram a manutenção da avaliação po-

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sitiva do governo Dilma: baixa taxa de desemprego aliada à manutenção da renda familiar, os programas sociais e a perso-nalidade e o carisma da presi-denta da República.

A pesquisa revela ainda que 61% dos brasileiros con-sideram o governo de Dilma igual ao do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Mas,

pela primeira vez, aumentou o número de favoráveis a Dil-ma frente a Lula. Dessa vez, 20% da população conside-rou o atual governo melhor do que o anterior, que ficou com 18%. Em dezembro, a pesqui-sa mostrava que 21% dos bra-sileiros viam o governo Lula como melhor, enquanto 19% optavam pela presidenta.

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4 Jundiaí

Pobres, negros e índios chegam pela porta da frente

Por uma nova cultura. e bota cultura nisso

62% da população apoia política de cotas, que revoluciona o ensino superior no país Por Cida de Oliveira

edUCação

Voltar à escola e ter um trabalho longe da rotina exte-nuante do canavial. O sonho do índio terena Agenor Cus-tódio, que dos 12 aos 18 anos

cortava cana em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, foi conquistado aos 39 anos, ao se formar em Imagem e Som pela Universidade Federal de

São Carlos (UFSCar). Agora, ele pode passar na seleção do programa de mestrado da ins-tituição e disputar uma vaga na área de audiovisual ou na carreira acadêmica. A 230 km da capital, a UFSCar é uma das dez melhores universida-des do país, segundo o Minis-tério da Educação.

Agenor teve dificuldades para estudar. Adolescente, lar-gou a escola para trabalhar. Aos 21 anos matriculou-se no ensino médio, que só concluiu aos 28 – mesmo assim, en-trou na Faculdade de Turismo numa universidade pública de seu Estado. Estava no tercei-ro ano, mas parou por falta

de dinheiro para alimentação, moradia e transporte. Mas o sonho não morreu. Em 2008 ingressou na UFSCar graças à cota para indígenas; em mar-ço, ele colou grau. “De outra forma seria impossível entrar numa universidade pública, gratuita, prestigiada, estudar, pesquisar e ter a chance no mestrado” – diz.

Sua vizinha de república, Vanessa David de Campos, 23 anos, aluna de Engenharia de Produção, tem grandes expec-tativas. Ingressou na UFSCar em 2008, na cota dos negros. Primeira universitária da famí-lia, a futura engenheira cresceu na periferia pobre de Taubaté

(SP). Estudou em escola públi-ca e, até o ensino médio, acre-ditava que toda faculdade era paga. Aprendiz numa indústria de autopeças, Vanessa fez mo-delação industrial – um curso técnico no Senai, junto com o colegial –, para entrar mais cedo no mercado de trabalho. Nos fins de semana, tinha aulas num cursinho popular.

Aos 18 anos, viajou sozi-nha pela primeira vez e se ma-triculou em São Carlos. Sem computador portátil e com dinheiro que mal dava para o xerox, enfrentou dificuldades. “Tive muitas desilusões. Em-bora não seja declarado, o ra-cismo existe” – afirma.

Ex-metalúrgico, Edmar Neves da Silva, 21 anos, do terceiro semestre de Ciên-cias Sociais, entrou na fa-culdade por meio da cota para oriundos da escola pública. Cursou a primeira metade do ensino funda-mental na rede municipal de Mogi-Guaçu (SP), depois seguiu na rede estadual até o ensino médio. “A formação foi muito ruim” – lembra o estudante, que queria chegar ao ensino superior público, gratuito e de qualidade.

O que o ajudou a suprir as falhas foi uma bolsa de um curso pré-vestibular par-ticular, que ganhou em 2010, quando trabalhava de dia e estudava à noite e nos fins de semana. Dirigente do di-

retório acadêmico da UFSCar, Edmar é o segundo da família numa faculdade. A irmã mais velha cursou Administração com bolsa integral do Progra-ma Universidade para Todos (ProUni) e faz pós-graduação em Marketing. Os pais não con-cluíram o ensino fundamental.

Porém, ainda há gente que paga colégios caros para os filhos chegarem às universida-des públicas, que se incomo-dam de vê-los dividir salas de aula com negros, indígenas e estudantes pobres – antes da adoção de cotas, em 2004, eles não estariam ali. Esse incômo-do acabará quando a elite se conscientizar de que as boas escolas públicas são mantidas pelos impostos de todos.

Há também casos como o

da fisioterapeuta Sílvia Marti-nez, que pagou boa escola par-ticular para a filha que ficou na lista de espera da Universida-de de Brasília (UnB). “Se não houvesse vagas reservadas

para as cotas, ela teria entrado. É uma mudança de mentalida-de, que leva gerações para ser assimilada. Mas é uma ques-tão de justiça social, vale a pena” – opina.

Um estudo dos pesqui-sadores Jacques Velloso e Claudete Batista Cardoso, da UnB – a primeira a adotar cotas para negros e pardos, em 2004 –, verificou que as cotas mais que dobraram as chances desses candidatos. Para completar, em agosto de 2012, a presidenta Dilma sancionou a lei de ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. O prazo é de quatro anos para que as instituições reservem metade das vagas para estudantes do ensino médio de escolas públicas. Desse percentual, metade é para estudantes de famílias com renda de até 1,5 salário mínimo per capita.

graças às cotas, vanessa, edmar e agenor chegaram lá

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5Jundiaí

a voz da elite branca Como vencer o preconceito

Por meio da imprensa con-servadora, os porta-vozes da classe social que o ex-gover-nador paulista Cláudio Lembo batizou de “elite branca” es-palham uma visão enviesada, segundo a qual as cotas ferem a igualdade e o mérito acadê-mico, são ineficazes porque o problema está na péssima qualidade do ensino básico público, e não na má distribui-ção de renda, rebaixam o nível acadêmico, desfavorecem os brancos mais pobres em de-trimento dos negros e prejudi-cam essa população ao estig-matizá-la como incompetente.

Todos esses mitos vão sendo derrubados. Em 2006 e 2008, pesquisas do institu-to Datafolha indicavam que mais de 80% da população aprovava as cotas. Em feve-reiro, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma pesquisa do Ibope que mostra que 62% dos entrevistados – dois em cada três brasileiros – apoiam cotas em universidades públi-cas para alunos negros, pobres e estudantes da escola pública.

A pesquisa foi realizada em todas as regiões brasileiras e

constatou que é maior (77%) o apoio às cotas para os de baixa renda, seguido por 64% de aprovação às baseadas em critério de raça. A oposição é maior entre os entrevistados brancos, das classes A e B, mo-radores das capitais, nas regiões Norte e Centro-Oeste. E menor entre os que estudaram da 5ª à 8ª série, emergentes da classe C, nordestinos e moradores do interior. Segundo o jornal, os que buscam ascensão social e econômica são mais simpáticos a políticas que aumentem suas chances de chegar à faculdade. A pesquisa mostra que, em to-das as camadas sociais, o apoio é maior que a contrariedade.

“De 2004 a 2011, a pro-porção de pessoas pertencen-tes à faixa de menor renda aumentou no ensino superior, passando de 0,6% para 4,2%. No mesmo período, a inserção dos negros saltou de 5% para 8,8% e dos pardos, de 5,6% para 11%” – diz o professor João Feres Júnior, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Uni-versidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Na ava-liação de frei David Raimundo dos Santos, 60 anos, diretor da

ONG Educação e Cidadania de Afrodescendentes (Educa-fro), a aprovação das cotas é fruto dos argumentos sólidos dos defensores da medida. “Com humildade, sabedoria e vigor, as pessoas esclare-cem à opinião pública, o que não ocorre com os críticos que estão em 90% das repor-tagens contrárias publicadas nesses 10 anos” – diz.

O juiz f e d e r a l W i l l i a m D o u g l a s , 45 anos, do Rio de Janei-

ro, era contrário às cotas dos negros, mas passou a defendê-las. Branco, filho de pai lavrador e mãe ope-rária, ele não crê mais em “heroísmo”. “Minha filha estuda em colégio caro, de professores bem pagos e óti-ma estrutura, mas a maioria das crianças pobres estuda em escolas sem professores, carteiras ou banheiros. Não é justo exigir o mesmo de-sempenho na hora de entrar na universidade” – diz.

As cotas valem apenas para o ingresso na facul-dade. A permanência e a conclusão são por conta do aluno. Com o mesmo grau de exigência nos cursos, os cotistas superam as de-ficiências do ensino básico e rendem igual ou melhor

que os não cotistas. Em 2008, o desempenho acadêmico dos cotistas negros era de 6,41 e dos vindos de escolas públicas 6,56, acima do 6,37 dos não cotistas. Além disso, a taxa de conclusão dos cursos era maior.

Embora as universida-des estaduais paulistas não adotem o sistema de cotas, a Unicamp concede pontos adi-cionais na nota do vestibular dos egressos da rede pública. A comissão para o vestibular constatou que a nota média desses alunos beneficiados foi mais alta que a dos demais.

Outra resposta ao discurso de que a política de cotas seria demagógica e os beneficiados abandonariam o curso vem de um estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A maioria dos cotistas já cum-prira a maior parte dos cré-ditos das disciplinas e o seu desempenho estava entre os mais altos em cursos como Matemática, Física, Engenha-ria Elétrica, Ciências Biológi-cas, Odontologia, Farmácia,

os negros na universidade são uma novidade nas aulas

Filosofia, Comunicação, Nutrição, Psicologia e Di-reito. Os cotistas também estavam menos sujeitos a reprovação por faltas.

Primeiro aluno a ingres-sar na UFBA por meio de cotas, Icaro Vidal formou-se em Medicina em 2011. Negro e oriundo da escola pública, viu graduarem-se inúmeros grupinhos de es-tudantes brancos, formados nas melhores escolas parti-culares de Salvador. Nunca fez parte de nenhum deles, tampouco sentiu na pele preconceito por ser cotista. Mas sabe que existia, de for-ma velada.

Médico do Programa de Saúde da Família da Prefei-tura de Salvador e servidor estadual num instituto de cri-minalística, Icaro torce pela educação brasileira. “As cotas facilitam a entrada na faculdade, mas não são tudo. É preciso melhorar a escola pública. Atendo adultos e crianças de 12 anos que não sabem ler nem escrever.”

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flagrante: o doutor icaro atende seus pacientes

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6 Jundiaí

CUT debate produção, indústria e reforma agrária

a árdua conquista da terra para quem trabalha nela

A redução da jornada de trabalho é um sonho de todos, que ainda precisa se realizar

movimenTo sindiCal

Com a presença da maioria dos sindicatos de sua base, a Central Única dos Trabalhado-res (CUT) de Jundiaí e região realizou, em 19 de abril, o de-bate sobre Produção, Indústria e Reforma Agrária. O evento, realizado na Associação dos Aposentados de Jundiaí e Re-gião, contou com a participa-ção dos assentados de Franco da Rocha e Cajamar, do Movi-mento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), de lideranças sindicais e do prefeito Pedro Bigardi. O prefeito destacou

o processo histórico iniciado com o fim da ditadura. “Os movimentos sociais garanti-ram várias conquistas, mas ainda falta muito. Por isso, o papel dos sindicatos é impor-tante no avanço dos direitos dos trabalhadores e na divisão da riqueza do país. Essa é a re-flexão que deve ser feita em 1º de maio” – este ano, o Dia do Trabalho tem como mote as discussões sobre o desenvol-vimento econômico e a sus-tentabilidade.

Para o presidente da sub-

O secretário de Meio-Ambiente da CUT-SP, Apa-recido Bispo, disse que a re-forma agrária no Brasil está estacionada porque a proposta de aquisição de terras em São Paulo, da presidenta Dilma, não é a ideal. “Aqui, as terras são mais caras e a presiden-ta fixou um teto muito baixo para assentar uma família, que torna inviável o assentamento no Estado.” E comparou: “Em Andradina (MG), o assentado tem direito a cinco alquei-res para produzir. Se ele não

Produtividade e mercado de trabalho: novas lutasUm dos palestrantes do

evento, o economista Lean-dro Horié, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconomicos (Dieese), falou sobre Produ-ção, Indústria e os desafios que os trabalhadores têm para se articular frente à nova re-

sede da CUT em Jundiaí, Vitor Machado, o Vitão, os temas surgiram por haver na região assentamentos de sem ter-ras e um vasto parque indus-trial. “A gente preparou ações para conscientizar o pessoal do campo e da indústria da importância festiva da data e para rememorar as lutas e conquistas dos trabalhadores, sem esquecer as pendências que temos, como a redução da jornada de trabalho e as con-venções coletivas, entre ou-tras” – disse.

quiser trabalhar com hortaliças, optando pela pecuária, a área já se torna pequena. A proposta em São Paulo é assentar a família em 3,5 hectares, insuficientes para que ela se mantenha no lote” – salientou.

De acordo com Apareci-do, o governo fala em desen-volver os assentamentos, mas com essa quantidade de terra não é possível. “Em algumas cidades próximas a São Paulo é até possível fazer uma boa plantação de legumes etc., mas em Ribeirão Preto e ou-

tras cidades não dá para traba-lhar com 3,5 hectares” – expli-cou. Ele esclareceu ainda que os sem-terra conversam com o governo para que ele use as terras devolutas do Pontal do Paranapanema para assentar as famílias em áreas maiores. “Lá, há 340 mil hectares de terras públicas que poderiam servir à reforma agrária.”

O Estado de São Paulo pos-sui 50 mil hectares de terras públicas, que podem ser via-bilizadas para o assentamento. Mas muitas delas são repassa-

das para a plantação de cana e eucalipto, com a alegação de que são áreas para pesqui-sas, e não são. Na opinião de Aparecido, se os governos não querem repassar terras de particulares, poderiam fazê- -lo com áreas públicas. “Nós apresentamos um levanta-mento ao governo federal mostrando que a União tem ao menos 200 mil hectares de terras no Estado aptos à re-forma agrária, mas até o mo-mento ele não deu solução, daí a nossa preocupação.”

alidade. E explicou: “Se em Jundiaí há grande concen-tração de trabalhadores com carteira assinada e a indústria for mal, os trabalhadores for-malizados sofrerão mais com a diminuição da oferta de em-prego. E isso é ruim, uma vez que esses trabalhadores são

os que têm os melhores salá-rios e benefícios.”

Para ele, o trabalhador não tem tido grande melhoria no setor produtivo porque a me-canização no mercado é alta e as pessoas ficaram muito tempo em trabalhos informais.Por isso, ele enfatizou que é

preciso que a pauta trabalhista – com questões como a redu-ção da jornada de trabalho e as convenções coletivas – avance “para que os trabalhadores te-nham seus direitos garantidos no mercado de trabalho e para que a economia melhore e ga-ranta uma evolução salarial”.

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7Jundiaí

Categoria aceita proposta feita pela administração

o que diz o prefeito bigardi

Funcionalismo obtém aumento salarial de 8,29% e reajuste de 21,66% no ticket alimentação

servidores

Acabou no dia 25 de abril a campanha salarial de 2013 dos funcionários da prefeitura muni-cipal de Jundiaí. Eles aceitaram a proposta feita pela administra-ção da cidade, embora pedissem o dobro do que vão receber. Se-gundo a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos, Eleni Mossin Fávaro, a categoria acei-tou a proposta da Prefeitura de reposição da inflação de 8,29% e 1% de ganho real – inicialmente, eles pediam 16% de aumento sa-

larial, mais reajuste no cartão de alimentação.

“Gostaríamos de conseguir índices maiores, mas sabemos da realidade da Prefeitura e resolvemos aceitar. A nego-ciação mostrou que a adminis-tração tem os olhos voltados para as cláusulas sociais, que avançaram com a regulamen-tação das penalidades contra o assédio moral e a reabertu-ra da discussão do plano de cargos e salários, que iniciará

em julho. Além disso, tivemos reajuste no cartão alimenta-ção, que subiu 21,66%” – diz. Para ela, é preciso ainda que haja um reforço no quadro de funcionários da prefeitura em áreas essenciais, como saúde e segurança pública. “Médi-cos, pessoal de enfermagem e guardas municipais têm de ser funcionários estatutários, não terceirizados. Continuamos negociando com a administra-ção” – observa.

Os servidores públicos municipais lotaram a Câmara Municipal na sessão de terça--feira, dia 16. Os técnicos de saúde aguardavam a votação do projeto que reajusta em 42% o salário da categoria, equiparando-a aos demais técnicos da prefeitura. O pro-jeto foi aprovado pelos ve-readores em sessão extraor- dinária. Para a presidente Eleni, a vitória da categoria

O prefeito Pedro Bigar-di, durante participação na Oficina da CUT, afirmou que as negociações com o funcionalismo municipal “caminham bem e que a prefeitura criou uma comis-são de diálogo entre a admi-nistração e o sindicato para buscar um entendimento”. A administração propôs um aumento real, além da re-posição da inflação, de 8%.

tração passada. Além disso, resolvemos o problema dos técnicos de enfermagem, que obtiveram 42% de au-mento. Analisamos ainda outras categorias, que têm problemas com cargos e sa-lários – como os auxiliares de enfermagem e os profes-sores. Mas, dentro do nosso limite, estamos conquistan-do muita coisa” – destaca o prefeito.

secretário quer expandir atividades do projeto PeamaPrograma de Esportes e Atividades Motoras Adaptadas conquista medalhas e índices

Pessoas Com defiCiênCia

O Peama possibilita que o atleta com deficiência dispu-te as competições nacionais, tendo o sonho de participar de provas internacionais, como as Paraolimpíadas – seu obje-tivo é integrá-lo na sociedade. O secretário municipal adjun-to de Esportes, Cristiano Lo-pes, afirma que “agora é a hora

vitória dos técnicos

“Poderíamos oferecer um per-centual maior, mas há limita-ção no orçamento, que não é nosso, é herdado da adminis-

acaba com uma injustiça co-metida no passado. “E a pre-feitura fez esse papel de aten-der à nossa reivindicação.”

de o Peama expandir suas ati-vidades”. Hoje, o projeto está centralizado no Conjunto Po-liesportivo doutor Nicolino de Lucca, o Bolão.

O Peama conquistou 25 medalhas na Etapa Regional do Comitê Paraolímpico Bra-sileiro no atletismo e na nata-ção, na primeira competição

no ano. No atletismo, dez atletas conquistaram nove medalhas de ouro, cinco de prata e cinco de bronze. Des-taque para Kelly Peixoto, na classe F41 – nanismo – com duas medalhas de ouro e dois recordes brasileiros: no ar-remesso de peso, com 6,48 metros e no lançamento do

disco, com 16,31 metros. A natação levou quatro atletas à competição. Eles conquista-ram duas medalhas de ouro, três de prata e uma de bron-ze. A atleta Zancani Tamires conquistou o índice para as etapas nacionais nos 50 me-tros livre e nos 100 metros peito.

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8 Jundiaí

foTo sínTese – Casarão Tombado Palavras CrUzadasPalavras CrUzadas

respostas

Palavras CrUzadas

sUdokU

As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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Horizontal – 1. Quem faz pesquisa 2. Sigla do Rio Grande do Sul; Nome das plantas que causam irritação na pele 3. Que contém ópio; Liga Oficial Pokémon 4. Quadro-negro; Radical NO2, que torna mais ácida a molécula da qual faz parte 5. A letra R; Visto que 6. Tribunal Administrativo Tributário; Classe de compostos orgânicos com um radical hidroxila ligado a um núcleo de benzeno 7. Tornar mais fino 8. Sorri; Indica a pessoa que fala e funciona como sujeito da oração; Bashar Hafez al-, dirigente sírio 9. Cidade do Ceará; As três primeiras letras do alfabeto; Music Theatre International 10. Lugar com água e vegetação no meio de um deserto; Designa orelha.vertical – 1. Trabalhador que vive apenas de seu salário 2. Casual, fortuita 3. Tenda, ou abrigo subterrâneo dos povos nômades do centro da Ásia; Símbolo do ósmio 4. Por pouco; Fonema correspondente à letra L 5. Nome de um bairro carioca; Plural de água 6. Que não tem bom sabor, insípido 7. Comuna da Suíça, localizada no Cantão Valais; Antônimo de forte 8. Símbolo de prata; Pau-d’arco, árvore de madeira muito resistente 9. Distúrbio da visão que impede a percepção de cores 10. Sobrenome do general que é patrono da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro; Antigo Testamento 11. Trecho musical que se executa depois de uma cerimônia.

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Palavras cruzadas

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