grupo – classe – (plenário ou 2ª câmara)acord\20061013... · web viewtc-004.020/2004-4 (13...

60
Tribunal de Contas da União GRUPO II – CLASSE V – Plenário TC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social - Dataprev Responsável: José Jairo Ferreira Cabral, CPF: 080.900.334-15. Advogado: não há Sumário: RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO. AUSÊNCIA DE MEDIDAS EFETIVAS PARA A MIGRAÇÃO DE SISTEMAS E BASES DE DADOS PARA PLATAFORMAS ABERTAS, CONFORME DETERMINADO PELO TCU. CONTRATAÇÃO INDEVIDA E ANTIECONÔMICA DA COBRA, QUE SERVIU DE MERA INTERMEDIÁRIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS QUE SÓ PODERIAM SER EFETIVAMENTE EXECUTADOS PELA UNISYS. CARACTERIZAÇÃO DE DÉBITO. CONVERSÃO EM TCE. CITAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS. RELATÓRIO Cuidam os autos de Relatório de Acompanhamento, realizado com o objetivo de avaliar os desdobramentos de auditoria operacional feita em 2001 na Dataprev (TC 014.003/2001-2), julgada por meio da Decisão 1.459/2002-Plenário. 2. Especificamente, o objetivo do acompanhamento foi verificar os seguintes aspectos: a) a adoção de medidas judiciais com vistas à recuperação de R$ 60 milhões junto à Unisys Brasil Ltda; b) a regularidade das duas contratações diretas da empresa Cobra Tecnologia S.A, em confronto com a Lei nº 8.666/93 e a Decisão nº 1.459/2002-Plenário; c) a regularidade, também à luz da Lei de Licitações e Contratos, da Concorrência nº 2/2004 para a prestação de serviços de integração de soluções de tecnologia da informação para alocação e

Upload: hoangduong

Post on 09-Feb-2019

237 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

Tribunal de Contas da UniãoGRUPO II – CLASSE V – Plenário TC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0Natureza: Relatório de AcompanhamentoEntidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social - DataprevResponsável: José Jairo Ferreira Cabral, CPF: 080.900.334-15.Advogado: não há

Sumário: RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO. AUSÊNCIA DE MEDIDAS EFETIVAS PARA A MIGRAÇÃO DE SISTEMAS E BASES DE DADOS PARA PLATAFORMAS ABERTAS, CONFORME DETERMINADO PELO TCU. CONTRATAÇÃO INDEVIDA E ANTIECONÔMICA DA COBRA, QUE SERVIU DE MERA INTERMEDIÁRIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS QUE SÓ PODERIAM SER EFETIVAMENTE EXECUTADOS PELA UNISYS. CARACTERIZAÇÃO DE DÉBITO. CONVERSÃO EM TCE. CITAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Relatório de Acompanhamento, realizado com o objetivo de avaliar os desdobramentos de auditoria operacional feita em 2001 na Dataprev (TC 014.003/2001-2), julgada por meio da Decisão 1.459/2002-Plenário.

2. Especificamente, o objetivo do acompanhamento foi verificar os seguintes aspectos:

a) a adoção de medidas judiciais com vistas à recuperação de R$ 60 milhões junto à Unisys Brasil Ltda;

b) a regularidade das duas contratações diretas da empresa Cobra Tecnologia S.A, em confronto com a Lei nº 8.666/93 e a Decisão nº 1.459/2002-Plenário;

c) a regularidade, também à luz da Lei de Licitações e Contratos, da Concorrência nº 2/2004 para a prestação de serviços de integração de soluções de tecnologia da informação para alocação e suporte a recursos computacionais de grande porte em ambiente MCP/DMSII; e

d) a adoção de medidas necessárias à elaboração e à implementação de projeto de migração de sistemas e bases de dados para plataformas abertas.

3. No que tange ao item ‘a’ acima, a Dataprev ingressou com a ação ordinária nº 2003.5101008829-4 na 5ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

4. No trabalho realizado, constataram-se diversas irregularidades que motivaram a realização da audiência do então Presidente da Dataprev, Sr. José Jairo Ferreira Cabral. Foram elas:

a) celebração dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a empresa Cobra Tecnologia S.A., sem que estivesse caracterizada a imprevisibilidade da situação, assim entendida como aquela cuja ocorrência refoge às possibilidades normais de prevenção por parte da Administração, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93.

Page 2: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

b) inclusão do equipamento Libra 185 no objeto dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 firmados com a empresa Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse demonstrado o risco da ocorrência de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos ou outros bens, que importasse a urgência na contratação do referido equipamento, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93.

c) celebração dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a empresa Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse caracterizada a adequação da escolha do fornecedor, como determina o art. 26, parágrafo único, inciso II, haja vista que não ficou demonstrado:

1. que a Cobra tinha condições de fornecer o objeto dos contratos sem atuar como mera empresa interposta, repassando os serviços prestados pela Unisys;

2. que a contratação de uma empresa integradora de soluções fez cessar uma relação de exclusividade entre a Dataprev e o proprietário da solução, a Unisys;

3. que a figura da empresa integradora de soluções acabou com a relação de subserviência existente, por excluir do processo o proprietário da solução, a Unisys;

4. que a entrada de um parceiro independente permitiu prospectar os mesmos produtos e serviços em outros mercados (como o secundário e o internacional), em condições de menor custo e melhores possibilidade de negociação.

d) celebração dos contratos emergenciais nºs 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a Cobra Tecnologia S.A. sem que tenha sido demonstrada, em obediência ao art. 26, parágrafo único,III, da Lei nº 8.666/93:

1) a economicidade da contratação de uma empresa integradora de soluções em tecnologia da informação como alternativa à contratação direta do fornecedor exclusivo;

2) a razoabilidade dos preços das fitas cartucho Timberline e dos serviços de gerência de robótica;

3) a razoabilidade do aumento de 5,14% nos valores mensais de licença de software e de manutenção de hardware e software dos equipamentos NX5800 e da periferia remanescente a partir do terceiro mês do contrato nº 01.0448.2003;

4) a fundamentação legal para a cobrança de 5% de ISS sobre o valor da parcela de locação do mainframe Libra 185 e da parcela de locação dos dispositivos de robótica do contrato nº 01.0448.200.

e) prestação de serviço de locação e manutenção de hardware e software sem cobertura contratual nos períodos de 1/7 a 14/8/2003 e 12/2 a 11/3/2004, pelas empresas Unisys Brasil Ltda. e Cobra Tecnologia S.A, respectivamente, em desacordo com os arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93;

f) ausência de projeto de migração de seus sistemas e bases de dados para plataforma aberta, que seja factível e que contemple, dentre outros, os recursos humanos e financeiros envolvidos e suas origens, cronograma de ações ou etapas a realizar, os prazos para conclusão de cada etapa, um plano de desmobilização dos equipamentos de grande porte Unisys, indicando quando cada equipamento será devolvido à empresa, plano de contratação de novos hardware e software para operação em plataforma aberta, bem como outras informações consideradas necessárias, conforme determinação contida na Decisão nº 1459/02-Plenário;

g) ausência de definição das competências de Dataprev, INSS e MPS – inclusive o Comitê de Tecnologia da Informação da Previdência Social, o Comitê de Gestão Estratégica da Previdência Social e a Assessoria Especial de Tecnologia e Informação – no processo de elaboração e implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social;

h) ausência de um plano de ação contendo o conjunto de ações diretamente relacionadas à elaboração e à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social para plataforma aberta, com a indicação dos agentes responsáveis, dos prazos de execução e de indicadores e metas que permitam aferir a evolução de cada uma das ações;

i) ausência, nos estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico, de manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto a alternativas de adequação do parque e seu momento de implantação;

Page 3: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

j) ausência de relatório de avaliação contendo informações sobre o cumprimento dos prazos e as metas de cada uma das ações relacionadas à elaboração e à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social;

k) ausência de realização periódica de estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico que permita dotar a empresa de melhores subsídios de planejamento e evitar, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico;

l) ausência no processo CP nº 2003.0473.01, de pesquisa de preço e orçamento detalhado em planilhas para os serviços a serem adquiridos, em conformidade com o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei 8.666/93;

m) não-inserção, nas pastas de processo CP nº 2003.0473.01, de cópias dos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado, em conformidade com o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei 8.666/93;

n) fixação, nas cláusulas 9.2.3 e 9.2.4 do Edital da Concorrência nº 002/04, de fatores de ponderação dos índices técnico e de preço em desacordo com o disposto no art. 3º, IV, do Decreto 1.070/94.

5. Apresentadas as razões de justificativa (anexo 18), elas foram analisadas de forma pormenorizada pela ACE Cristiane Basílio de Miranda, conforme instrução abaixo transcrita, que recebeu a anuência do Diretor da 4ª D.T da Secex/RJ e do Titular daquela Unidade Técnica (fls. 218/274, v.16):

3. EXAME DA AUDIÊNCIA

Item A“Celebração dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a empresa Cobra Tecnologia S.A., sem que estivesse caracterizada a imprevisibilidade da situação, assim entendida como aquela cuja ocorrência refoge às possibilidades normais de prevenção por parte da Administração, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93.”

9. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 58 a 98 do relatório de acompanhamento (fls. 18/25 do Volume Principal).

Razões de justificativa apresentadas pelo responsável10. Os argumentos suscitados pelo responsável são os seguintes (fls. 4/5, Anexo 18):

a) a Diretoria anterior envidou, durante o exercício de 2002, os esforços necessários à renegociação dos contratos com a Unisys e, não logrando êxito, buscou a tutela jurisdicional;

b) a nova Diretoria – da qual o responsável era integrante – foi empossada em janeiro de 2003 e tinha a missão de solucionar o impasse existente entre a Dataprev e a Unisys;

c) a contestação pela Unisys dos parâmetros de negociação propostos pela consultoria externa da FIA/USP delineava um cenário complexo, em que não se vislumbrava solução de curto prazo ou alternativa paliativa;

d) a nova Diretoria tratou do assunto em âmbito ministerial, em razão do que foi produzido um projeto básico específico que disserta sobre a estratégia adotada pelo Governo para a solução do problema, uma vez que a possibilidade de se contratar por inexigibilidade por licitação encontrava-se prejudicada pela falta de acordo entre a Unisys e a Dataprev acerca dos valores a serem pactuados;

e) esperava-se que a escolha de uma empresa integradora de soluções viesse a resolver o impasse, embora não se pudesse estimar o tempo necessário para tal realização;

f) de forma semelhante à Dataprev, a Cobra também teve dificuldades para estabelecer consenso com a Unisys, o que somente ocorreu 45 dias após o encerramento dos contratos com a Unisys;

g) a celebração dos contratos emergenciais foi a única forma jurídica encontrada para formalizar os direitos e obrigações das partes para a prestação dos serviços de locação e manutenção de computadores de grande porte;

h) por se tratar de serviços que não podiam ser interrompidos, a falta de instrumento contratual impedia que a Dataprev cobrasse os níveis adequados de serviços e aplicasse eventuais penalidades ao prestador, pondo em risco a qualidade e a continuidade de serviços essenciais à população

Page 4: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

brasileira;i) a possibilidade de interrupção dos serviços caracterizaria a situação de possíveis prejuízos ou

comprometimento à segurança de pessoas que fundamenta a contratação emergencial, de acordo com a Lei de Licitações e Contratos e a Decisão nº 347/94-TCU-Plenário;

j) a situação vivenciada pela Dataprev diverge circunstancialmente dos motivos que levaram o Ministério dos Transportes a formular a consulta que resultou na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário, pois os serviços de recuperação de estradas de rodagem podem ser licitados, ao contrário dos serviços de locação e manutenção de hardware e software Unisys, cuja concorrência já se mostrou praticamente inexistente dado o resultado do processo licitatório;

k) a questão da imprevisibilidade não está esgotada, se for considerada a atipicidade do caso presente, para o qual não foram encontradas referências semelhantes; e

l) é razoável providenciar a devida cobertura contratual seja por inexigibilidade, seja por emergencialidade, pois ambas exigem comprovações que visam salvaguardar os princípios basilares da Lei de Licitações, em especial com relação à economicidade, e ambas propiciam garantias que são inexistentes quando o serviço é realizado sem o devido amparo contratual.

Análise das razões de justificativa11. As razões de justificativa apresentadas pelo responsável não trazem fatos ou documentos novos

acerca da celebração dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 e repetem considerações e argumentos já suscitados nestes autos.

12. Permanece o fato de que, apesar de ter assumido a presidência da Dataprev em janeiro de 2003, o responsável somente enviou correspondência à Unisys solicitando a retomada das negociações visando à assinatura de um novo contrato em 13 de maio do mesmo ano, quando faltava pouco mais de um mês para o término da vigência dos contratos unificados.

13. Da mesma forma, persiste o fato de que o responsável não adotou medidas que esgotassem as possibilidades de negociação com a Unisys, mesmo diante da avaliação do Departamento de Suprimentos da Dataprev de que havia margem para negociação dos preços ofertados, de forma a obter reduções significativas. Como consta do relatório de acompanhamento, houve apenas uma rodada de negociação com a Unisys com vistas a uma nova contratação. A demonstração de que a Dataprev promoveu e esgotou todas as possibilidades de negociação com a Unisys seria essencial não só para justificar a própria contratação emergencial, mas também para justificar o custo adicional sobre o preço do fornecedor exclusivo – Unisys – representado por impostos e margem de lucro da empresa interposta – Cobra.

14. Tais fatos contrapõem-se à alegação do responsável de que reconhecia a complexidade do cenário e a dificuldade em negociar um acordo com a Unisys. Apesar de afirmar que a situação era complexa e que “recebeu a contenda de solucionar o impasse existente entre Dataprev e Unisys”, o responsável não esclareceu porque quatro meses se passaram sem que medidas tempestivas tenham sido tomadas visando a uma nova contratação junto ao fornecedor exclusivo, que somente foi instado a retomar as negociações pouco mais de um mês antes do término da vigência dos contratos.

15. A dependência crônica da Dataprev em relação à tecnologia Unisys já é conhecida de todos e a conseqüente necessidade de firmar novos contratos com vistas a assegurar a continuidade – até a conclusão da migração dos sistemas e bases de dados – dos serviços de processamento de dados em computadores de grande porte é situação previsível. Outrossim, conforme afirmação da Auditoria Interna da Dataprev reproduzida no relatório de acompanhamento (fls. 24, Volume Principal), a empresa conhecia, desde a prolação da Decisão nº 1.459/2002-Plenário, as condições necessárias para providenciar a contratação desejada e evitar a reincidência dos apontamentos feitos pelos órgãos de controle interno e externo. Não pode prosperar, assim, a alegação de que a situação seria imprevisível.

16. É sabido igualmente que o cenário de dependência crônica da Dataprev em relação à tecnologia Unisys faz com que as negociações com a contratada se revistam de um caráter de alta complexidade e algumas vezes de confronto, como relatado no TC 014.003/2001-2 (grifo nosso):‘298. (...) na proposta de unificação dos contratos encaminhada pela Empresa à Unisys constava uma cláusula que previa a repactuação dos valores contratados caso o mencionado Grupo de Trabalho viesse a indicar essa necessidade. Essa proposta foi, de pronto, rechaçada pela Unisys, que ameaçou não assinar o contrato e retirar o equipamento NX5800-78E, recém instalado no

Page 5: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

CTRJ.O e em fase de testes.’17. O responsável não pode, portanto, alegar a complexidade do cenário como razão de justificativa

para a inação administrativa que predominou durante os cinco primeiros meses de 2003. Ao contrário, a complexidade do cenário – litígio entre Dataprev e Unisys – e a natureza e a relevância do objeto a ser contratado exigiam do gestor esforços administrativos e gerenciais adicionais àqueles ordinariamente empregados na renovação de contratos. Entretanto, não é possível encontrar indícios de esforços ordinários ou adicionais seja nos elementos constantes dos autos, seja nas razões de justificativa do responsável.

18. O responsável alega genericamente que “a Dataprev vinha tomando as medidas tempestivas”. Concretamente, menciona a contração de consultoria externa (FIA/USP) e a elaboração de projeto básico. A primeira medida foi adotada e concluída em 20021, em gestão anterior à do responsável. Quanto à segunda medida – a elaboração de projeto básico – supomos que o responsável esteja se referindo àquele elaborado em 23/06/2003 por dois diretores da Dataprev e aprovado pelo responsável e pelo então Assessor de TI do MPS (fls. 121/144, Volume 8, Anexo 2). Este documento foi concluído apenas uma semana antes do término da vigência dos contratos com a Unisys justamente para subsidiar a contratação emergencial de empresa integradora de soluções, de modo que não pode ser caracterizado como medida tempestiva destinada a evitar a contratação emergencial.

19. Cabe registrar também que o responsável não trouxe aos autos qualquer documento que tenha sido elaborado em razão da análise do “assunto em âmbito Ministerial”. Nesse sentido, lembramos que consta dos autos que negociações com a Unisys teriam sido conduzidas – sem sucesso – por equipe ligada diretamente ao Ministério da Previdência Social e que todos os documentos fornecidos pela referida equipe foram anexados ao processo de dispensa de licitação (fls. 19 e 20, Volume Principal). Entretanto, não é possível identificar, dentre as pastas do processo CP nº 2003.0232.01, qualquer documento cuja autoria possa ser atribuído à referida equipe (Volumes 4 a 8, Anexo 2).

20. A alegação do responsável de que esperava que a escolha de uma empresa integradora de soluções viesse a resolver o impasse, embora não pudesse estimar o tempo necessário para tal realização denota que o responsável não avaliou com a antecedência mínima necessária a opção de contratação dos serviços por meio de empresa interposta. Tal conclusão é reforçada pelo fato de que as tratativas com a empresa escolhida – Cobra Tecnologia S.A. – começaram somente cerca de duas semanas antes do término dos contratos com a Unisys. Além disso, consta do relatório de acompanhamento (fls. 41/42, Volume Principal) que as negociações com a Cobra também foram difíceis e complexas, o que indica que, a exemplo do ocorrido com a Unisys, a Dataprev tampouco se preparou para negociar com a Cobra Tecnologia S.A.

21. A Secretaria Federal de Controle Interno consignou opinião semelhante em seu Relatório de Auditoria nº 147757/2004, de 23/09/2004 (fls. 126, Volume Principal): “Neste entendimento, observa-se a total ausência de eficiência diante das contratações emergenciais, a falta de organização e estrutura gerencial hábil e proativa.”

22. Por todo o exposto, vê-se que o responsável não logrou demonstrar ter adotado medidas tempestivas e necessárias para negociar com a Unisys as bases de uma nova contratação por inexigibilidade. Por conseguinte, não conseguiu evidenciar que a assinatura dos contratos emergenciais com a Cobra resultou de uma ocorrência que não poderia ter sido prevenida. Antes, fica claro que a contração emergencial decorreu de uma opção, de uma “estratégia adotada pelo Governo para a solução do problema” e não de uma alegada imprevisibilidade da situação.

23. É preciso ponderar, ainda, como já comentado no relatório de acompanhamento, que as contratações emergenciais em exame não afastaram uma contratação decorrente de processo licitatório, mas sim uma contratação direta decorrente de inexigibilidade de licitação. A ocorrência inquinada não é, portanto, o afastamento de licitação, uma vez que não havia viabilidade de competição sequer para a contratação de empresa interposta, em razão dos contratos firmados entre a Cobra e a Unisys que faziam com que somente a Cobra pudesse ser a empresa integradora de soluções como demonstrou, aliás, o resultado da Concorrência nº 002/2004.

24. Não obstante, não pode prosperar a alegação do responsável de que “é razoável providenciar a devida cobertura contratual seja por inexigibilidade, seja por emergencialidade”. Embora ambas sejam exceções à regra constitucional de licitar, não se trata de hipóteses cambiáveis, a serem

1 Acerca do assunto, ver Apêndice III do relatório de acompanhamento, fls. 71, Volume Principal.

Page 6: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

utilizadas discricionariamente ao talante do gestor. Inexigibilidade e dispensa de licitação são modalidades distintas de contratação direta, com diferentes requisitos, e só devem ser empregadas quando presentes as condições autorizadoras para cada caso. No primeiro caso não há viabilidade de competição. No segundo, há viabilidade de competição mas a realização de uma licitação não é o meio adequado para satisfazer o interesse público. Em se tratando de dispensa de licitação para contratação emergencial, é preciso ainda que fica caracterizada a imprevisibilidade da situação, assim entendida como aquela cuja ocorrência refoge às possibilidades normais de prevenção por parte da Administração, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93. A contratação emergencial tem caráter excepcional e com freqüência conduz a contratações desfavoráveis à Administração Pública, dada a urgência no atendimento da situação. Deve, destarte, ser evitadas pelos gestores, dentro das possibilidades normais de prevenção, e não pode ser usada para prover respaldo contratual quando o gestor deixa de adotar as medidas tempestivas visando a realização de procedimento administrativo seja para uma licitação, seja para uma contratação decorrente de inexigibilidade de licitação, razão pela qual entendemos aplicável ao caso a citada jurisprudência desta Corte.

25. No que diz respeito ao argumento de que a falta de instrumento contratual poria em risco a qualidade e a continuidade de serviços essenciais à população e que não podem ser interrompidos sob pena de causar prejuízos ou comprometer a segurança de pessoas, este já foi usado para justificar não só o postergamento de medidas destinadas a romper a dependência tecnológica de plataformas computacionais proprietárias como também para fundamentar outras contratações emergenciais, como se constata nos processos 014.003/2001-2 e 008.818/2003-0. A nosso ver, a propalada essencialidade do serviço, antes de justificar a contratação emergencial, reforça a necessidade, já comentada, de que os gestores adotem medidas administrativas e gerenciais adicionais àquelas ordinariamente empregados na renovação de contratos no sentido de evitar a descontinuidade na prestação ou a ausência de cobertura contratual, que são, sim, situações geradoras de insegurança jurídica, mas que não têm o condão de justificar a omissão ou ação negligente que dá ensejo a uma contratação emergencial.

26. Nesse sentido também se manifestou a Secretaria Federal de Controle Interno, por meio do já mencionado Relatório de Auditoria nº 147757/2004, de 23/09/2004 (fls. 120, Volume Principal): “O que observamos foi uma ação pretérita por parte da Dataprev na renovação do contrato com a Unisys, pois, com todos os litígios existentes entre as empresas, somente, em 13.5.2003, foi encaminhado o primeiro documento à Unisys, CE PR nº 075/2003, no sentido de negociar a renovação do contrato, tempo exíguo para uma negociação plausível entre duas empresas em litígio. Aliada a ação negligente na renovação do contrato, observamos a ausência de um planejamento estratégico e adequado à situação, que permitiria uma ação tempestiva e proativa diante dos fatos, cabendo assim apuração dos fatos e responsabilização pela desídia e inércia por parte da Dataprev.”

27. Por fim, cumpre assinalar que, em 1997, por ocasião de apreciação de relatório de auditoria, esta Corte de Contas determinou à Dataprev que não contratasse de forma emergencial e direta os seus serviços, tendo em vista o disposto nos itens “a” e “a-1” da Decisão nº 347-TCU/Plenário (TC 625.334/1996-5 – Decisão nº 370/1997-Plenário) que preconiza:

‘a) que, além da adoção das formalidades previstas no art. 26 e seu parágrafo único da Lei nº 8.666/93, são pressupostos da aplicação do caso de dispensa preconizado no art. 24, inciso IV, da mesma Lei:‘a.1) que a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação;(grifo nosso)’

Conclusão28. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a celebração dos contratos

emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a empresa Cobra Tecnologia S.A., sem que estivesse caracterizada a imprevisibilidade da situação, assim entendida como aquela cuja ocorrência refoge às possibilidades normais de prevenção por parte da Administração, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93.

Page 7: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

29. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:

Assinatura dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a empresa Cobra Tecnologia S.A., sem que estivesse caracterizada a imprevisibilidade da situação, assim entendida como aquela cuja ocorrência refoge às possibilidades normais de prevenção por parte da Administração, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93

Nexo de Causalidade:

O responsável não demonstrou ter adotado medidas tempestivas e necessárias para negociar com a Unisys as bases de uma nova contratação por inexigibilidade e assim evitar a assinatura dos contratos emergenciais com a empresa interposta Cobra Tecnologia S.A.

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do responsável. Contudo, a importância, a previsibilidade e a imprescindibilidade dos serviços de locação e manutenção de hardware e software Unisys, bem como a complexidade do relacionamento e das negociações com a contratada eram de pleno conhecimento do responsável desde sua nomeação para a presidência da Dataprev.

30. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.

31. Outrossim, propomos seja reiterada a determinação à Dataprev contida no item “a” da Decisão nº 370/1997-Plenário no sentido de que a empresa não contrate de forma emergencial e direta os seus serviços, tendo em vista o disposto na Decisão nº 347-TCU/Plenário, item 8.2, alíneas “a” e “a.1”.

Item B‘Inclusão do equipamento Libra 185 no objeto dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 firmados com a empresa Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse demonstrado o risco da ocorrência de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos ou outros bens, que importasse a urgência na contratação do referido equipamento, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93.’32. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 99 a 121 do relatório de acompanhamento (fls.

25/30, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável33. Os argumentos suscitados pelo responsável são os seguintes (fls. 5/6, Anexo 18):a. o parágrafo 105 da instrução de fls. 5/67 do Volume Principal registra o comprometimento de

serviços de missão crítica da Dataprev, que geraram prejuízos aos seus beneficiários e à própria empresa;

b. em decorrência da saturação do ambiente, a Dataprev não pôde implantar nas agências da Previdência Social os Sistemas de Cadastramento e Alteração de Dados da Pessoa Física – CADPF, Cadastro Nacional de Informações Sociais, Vínculos e Remunerações – CNISVR e Sistemas de Homologação de Informações da Previdência – HIPNET;

c. a agilidade e a maior utilização no reconhecimento automático de direito depende diretamente da utilização dos sistemas mencionados, pois com o cadastro atualizado o tempo de espera e de concessão de benefícios é reduzido drasticamente;

d. o cadastro atualizado permitiu à Dataprev cumprir a Lei nº 10.403/2002, que dispensa os trabalhadores vinculados ao Regime Geral da Previdência Social da apresentação de documentos para comprovar, perante o INSS, seus vínculos e remunerações para o período posterior a julho de 1994, mediante a utilização das informações constantes do CNIS;

e. ocorre que a retirada do CNIS em horários de pico em função da saturação do ambiente de produção, impossibilitava a obrigatoriedade do uso de todos os aplicativos de atualização pelas agências da Previdência Social;

f. como medida de contingência, foi possibilitado que os aplicativos de habilitação de benefícios atualizassem as informações do segurado para fins de concessão, o que implicaria o descumprimento de recomendação da Secretaria Federal de Controle no sentido de serem utilizados os aplicativos do CNIS como fonte das informações cadastrais dos segurados;

Page 8: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

g. para reduzir a possibilidade de fraudes, a Dataprev desenvolveu um processo que identificava os segurados com os dados cadastrais atualizados e armazenava-os em um depósito para posterior verificação pelo INSS, o que gerou aumento na carga de trabalho do INSS e comprometeu o atendimento aos cidadãos;

h. os serviços foram restaurados de forma integral no momento da entrada em produção do Libra 185; e

i. a necessidade de adequação imediata da capacidade de processamento dos mainframes está descrita no parágrafo 106 da instrução de fls. 5/67 do Volume Principal e foi formalizada na avaliação do parque de mainframes de abril de 2003.

Análise das razões de justificativa34. O Libra 185 foi alocado para os hosts CV1 (Desenvolvimento) e CV3 (Benefícios). Com isso, o

equipamento NX5822-78, que antes abrigava os sistemas de Benefícios, foi alocado para o host CV2 (CNIS). As tabelas a seguir mostram a configuração do parque de mainframes da Dataprev antes e depois da instalação do Libra 185:

TABELA IIConfiguração do parque de mainframes antes da instalação do Libra 185

HOST EQUIPAMENTO CAPACIDADE EM RPM ESPAÇO EM DISCO SISTEMAS

CV1 A18-732 4.680170 GB(área local)

Desenvolvimento

CV2 NX4822-75 12.590404 GB(área local) 1007 GB

(área com-partilhável)

CNIS

CV3 NX5822-78 20.334362 GB(área local)

Benefícios

MV2 NX5822-78 20.334712 GB(área local)

Arrecadação e Procuradoria

Fonte: 2/8 do Relatório Técnico de Avaliação do Parque Computacional de Mainframe de Abril de 2003.

TABELA IIIConfiguração do parque de mainframes após a instalação do Libra 185

HOST EQUIPAMENTO CAPACIDADE EM RPM ESPAÇO EM DISCO SISTEMAS

CV1Libra 185(partição VM)

4.500 214 GB Desenvolvimento

CV2 NX5822-78 20.334 1.526 GB CNIS

CV3Libra 185 (partição CMOS)

28.796 1.344 GB Benefícios

MV2 NX5822-78 20.334 875 GB Arrecadação e Procuradoria

Fonte: fls. 8, 10, 29/30 e 53, Anexo 20, Relatório Técnico de Avaliação do Parque Computacional de Mainframe de Agosto de 2004.

35. Cabe lembrar que em auditoria realizada em 2001, equipe de auditoria do TCU identificou que o NX5822-78 destinado ao host MV2 fora contratado com cerca 20 meses de antecedência, o que acabou por gerar subutilização do equipamento (TC 014.003/2001-2). Contratado em 1999, o NX5822-78 ainda hospeda o host MV2 e no relatório de agosto de 2004 – 5 anos após sua contratação – consta que ele ainda encontrava-se em patamares de utilização de processador (média de 52%) e memória adequados, com 0% de demanda reprimida e índice de enfileiramento no limite inferior (fls. 8, Anexo 20).

Page 9: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

36. O último relatório de avaliação do parque de mainframes da Dataprev antes da entrada em operação do equipamento Unisys Libra 185 foi produzido em abril de 2003 com base em dados coletados nos meses de novembro de 2002 e fevereiro e março de 2003. Após a instalação efetiva do Libra 185, em outubro de 2003, somente em agosto de 2004 foi feita uma nova avaliação, desta feita com base em dados coletados em fevereiro, março e abril de 2004 (fls. 30, Anexo 20). Não há índices, portanto, para os seis meses anteriores e para os três meses posteriores à instalação do Libra 185, ocorrida no terceiro mês da primeira contratação emergencial da Cobra Tecnologia S.A.

37. O Apêndice V a esta instrução contém uma síntese dos índices obtidos nos relatórios de avaliação do parque de mainframes da Dataprev (fls. 298).

38. Como já consignado no relatório de acompanhamento, embora as avaliações anteriores à instalação do Libra 185 registrem a elevação dos níveis de saturação dos hosts CV2 (CNIS) e CV3 (Benefícios), elas não indicam em que momento se faria imprescindível a adequação do parque por meio da contratação de um novo equipamento e tampouco são conclusivas quanto à melhor alternativa para fazê-lo, ou seja, qual o equipamento que melhor atendia às necessidades da Dataprev em termos técnicos e financeiros.

39. De acordo com a avaliação técnica do parque de mainframes de agosto de 2004, os picos das médias de utilização dos processadores dos equipamentos dedicados ao CNIS e a Benefícios eram de 82% e 79%. No relatório anterior, estes índices montavam a 97% e 89%, respectivamente2. As médias dos picos de utilização dos processadores, por seu turno, eram de 90% e 85% no relatório de abril de 2003, e passaram a ser de 80% e 72% no relatório de agosto. A Dataprev considera o percentual de 80% como o parâmetro de média dos picos adequada. Assim, conforme a avaliação feita pela Dataprev, três meses após a instalação do Libra 185 e a substituição do NX4822-75 pelo NX5822-78, os hosts CV2 (CNIS) e CV3 (Benefícios) estavam operando dentro de patamares considerados adequados em termos de utilização do processador.

40. Não obstante os impactos positivos decorrentes da instalação do Libra 185 e da substituição do NX4822-75 pelo NX5822-78, o responsável não logrou esclarecer que a adequação do parque computacional da Dataprev deveria ocorrer em outubro de 2003, no terceiro mês de uma contratação emergencial, sob pena de causar risco da ocorrência de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos ou outros bens. Dito de outra forma, em que pese a saturação dos equipamentos dedicados ao CNIS e a Benefícios e as suas conseqüências negativas para a empresa, o responsável não demonstrou que o prejuízo ou risco eram de tal monta que exigiam a inclusão de um novo equipamento de grande porte, ao custo mensal de R$ 1.408.986,70 (fls. 43, Volume 8, Anexo 2), no bojo de uma contratação emergencial, não podendo esperar a realização de avaliação conclusiva do parque de mainframes e a conclusão do processo licitatório.

41. Os problemas relatados pelo responsável decorrentes da saturação do equipamento dedicado ao CNIS não caracterizam uma situação de urgência. Vejamos:

a. A implantação nacional do CADPF – Sistema de Cadastramento e Alteração de Dados de Pessoa Física nas Agências da Previdência Social – APS foi concluída em setembro de 2004, quase um ano após a adequação do parque, em outubro de 2003 (fls. 198, Volume Principal).

b. O CNISVR – Atualização on-line de Vínculos e Remunerações do Trabalhador e o HIPNET – Sistema de Homologação e Informações da Previdência foram implantados em somente 100 das mais de mil Agências da Previdência Social – APS em todo o Brasil e a continuidade e conclusão do projeto dependiam, em setembro de 2005 (quase dois anos após a adequação do parque) da substituição dos servidores (Pentium III e Pentium III Xeon) por meio de locação a ser realizada pelo INSS (fls. 198/200, Volume Principal e fls. 176, Anexo 20).

c. A obrigatoriedade de utilização do CNIS para atualização dos dados cadastrais do segurado foi implantada em outubro de 2002. Porém, na ocasião constatou-se sobrecarga nos mainframes da Dataprev e esta obrigatoriedade foi relaxada. Posteriormente, a implantação deu-se de forma gradativa até sua conclusão em setembro de 2004, quase um ano após a adequação do parque, em outubro de 2003 (fls. 200, Volume Principal).

2 O pico das médias, se consistente, é próximo à média dos picos de utilização, que por sua vez consiste na média aritmética dos maiores picos observados. Apesar de ser da mesma ordem de grandeza, o pico da média é superior à média dos picos, compensando eventual falha ou imprecisão na estimativa de demandas futuras, razão pela qual os técnicos da Dataprev o utilizam como indicador para cálculo de projeção futura de patamares ótimos de utilização (fls. 78, Anexo 20).

Page 10: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

42. Em resumo, a tomada de decisão pela inclusão do Libra 185 no escopo das contratações emergenciais ocorreu sem respaldo em avaliações conclusivas quanto à melhor alternativa para fazê-lo, ou seja, qual o equipamento que melhor atendia às necessidades da Dataprev em termos técnicos e financeiros. Outrossim, instado a apresentar razões de justificativa acerca do assunto, o responsável não conseguiu demonstrar que havia urgência na contratação do referido equipamento e que a saturação dos equipamentos dedicados ao CNIS e a Benefícios era de tal monta que havia risco da ocorrência de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos ou outros bens.

Conclusão43. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a inclusão do equipamento Libra

185 no objeto dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 firmados com a empresa Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse demonstrado o risco da ocorrência de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos ou outros bens, que importasse a urgência na contratação do referido equipamento, conforme jurisprudência contida na Decisão nº 347/94-TCU-Plenário acerca do art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93.

44. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:

Assinatura dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse demonstrado o risco da ocorrência de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos ou outros bens, que importasse a urgência na contratação do equipamento Libra 185.

Nexo de Causalidade:

O gestor poderia ter prevenido a ocorrência, haja vista que deveria ter exigido que as áreas técnicas da Dataprev se manifestassem conclusivamente acerca do momento em que seria necessária a contratação um novo equipamento de grande porte e demonstrassem objetivamente o prejuízo ou do risco da não contratação.

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do gestor. Contudo, desde sua nomeação em 13/01/2003 tinha condições de ficar a par da situação e de adotar as medidas necessárias a demonstrar objetivamente a necessidade de contratar um novo equipamento de grande porte.

45. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.

46. Outrossim, de forma a prevenir ocorrência semelhante, reiteramos a proposta contida no parágrafo 120 do relatório de acompanhamento no sentido de que a Dataprev inclua em seu próximo relatório de gestão informações acerca da adoção de procedimentos internos para que os estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico, quando identificarem a necessidade de sua adequação, contenham manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto a alternativas de adequação do parque e seu momento de implantação, bem como sejam realizados permanentemente por seus profissionais e não somente por ocasião de necessidade de atualização do parque, dotando a Empresa de melhores subsídios de planejamento, evitando-se, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico.

Item C“Celebração dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a empresa Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse caracterizada a adequação da escolha do fornecedor, como determina o art. 26, parágrafo único, inciso II, haja vista que não ficou demonstrado: 1.que a Cobra tem condições de fornecer o objeto dos contratos sem atuar como mera empresa interposta, repassando os serviços prestados pela Unisys;2.que a contratação de uma empresa integradora de soluções faz cessar uma relação de exclusividade entre a Dataprev e o proprietário da solução, a Unisys;3.que a figura da empresa integradora de soluções acaba com a relação de subserviência existente, por excluir do processo o proprietário da solução, a Unisys;4.que a entrada de um parceiro independente permite prospectar os mesmos produtos e serviços em outros mercados (como o secundário e o internacional), em condições de menor custo e melhores possibilidade de negociação.”

Page 11: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

47. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 122 a 136 do relatório de acompanhamento (fls. 30/34, Volume Principal).

Razões de justificativa apresentadas pelo responsável48. A respeito desse item, o responsável informou o seguinte (fls. 7, Anexo 18):“Quanto à contratação da Cobra, citamos que no item 130 do ofício TCU 235/2005 foram registradas as devidas justificativas que embasaram a contratação de uma Empresa Integradora de Soluções de TI. Cumpre informar que os resultados técnicos obtidos mostraram-se satisfatórios, viabilizando sem problemas o processo de adequação técnica do ambiente, inclusive com a substituição e migração de equipamentos que processam serviços críticos para o funcionamento da Previdência Social Brasileiro, possibilitando a regularização desses serviços. Registramos também que foram alocados técnicos providos pela própria integradora para atuar em conjunto aos setores de suporte e produção na coordenação e implantação desses processos de mudança bem como em outras demandas técnicas correlatas ao contrato (grifo nosso).”

Análise das razões de justificativa49. O responsável remete-se aos esclarecimentos prestados em 17/03/2004 pelo então Diretor de

Administração e Finanças da Dataprev à Auditoria Interna da empresa, que constatara que a Cobra não possuía expertise no fornecimento e administração de ambientes computacionais de grande porte e figurava como empresa interposta, utilizando-se de profissionais da Unisys na prestação dos serviços de manutenção (fls. 40/41 e 53, Anexo 6).

50. Os esclarecimentos consistiram em afirmar que: a) não era necessário demonstrar a expertise da Cobra, pois se tratava de contratação fundada em situação emergencial e não em notória especialização; b) a Cobra foi contratada como empresa integradora de soluções e podia se valer da experiência de terceiros, entre eles Unisys, Storagetek, EMC.

51. Como já analisado no relatório de acompanhamento, tais explicações e os demais elementos constantes dos autos não respondem aos quesitos deste item da audiência e não demonstram a adequação da seleção da Cobra Tecnologia S.A. conforme exige o art. 26, parágrafo único, inciso II, da Lei nº 8.666/93 (fls. 32/33, Volume Principal).

52. As demais alegações do responsável referem-se à execução do contrato, momento posterior à elaboração da justificativa da escolha do fornecedor, peça indispensável do processo de contratação emergencial. A razão da escolha do fornecedor ou executante é elaborada previamente à assinatura do contrato e não pode ser suprida posteriormente pelas afirmações – desacompanhadas de quaisquer documentos que as comprovem – de que a execução do contrato é satisfatória e que a Cobra possui técnicos para realizar os serviços.

53. Vê-se que as razões de justificativa apresentadas pelo responsável não trazem fatos ou documentos novos acerca da adequação da escolha do fornecedor. Em vista disso, reiteramos a análise contida no relatório de acompanhamento, reproduzida a seguir (fls. 32/33, Volume Principal):

“131. Os documentos e argumentos contidos nos autos não demonstram a experiência da Cobra na prestação de serviços de processamento de dados em computadores de grande porte Unisys. Ao contrário, indicam que a Cobra não possui experiência anterior na prestação de serviços baseados em mainframes Unisys, haja vista as declarações do representante da Cobra, em que reconhece a complexidade do objeto e declara a dependência de informações e profissionais da Unisys.132. Do mesmo modo, a afirmação do representante da Cobra de que a empresa estava tendo dificuldades de relacionamento com a Unisys afasta a alegação da Dataprev de que a contratação da integradora de soluções afastou os problemas de relacionamento com a Unisys e eliminou “o ônus da continuidade do desgaste acumulado” ou fez cessar a “relação de exclusividade entre o cliente e o proprietário da solução”. 133. A inexperiência da Cobra na prestação de serviços baseados em mainframes Unisys e a dificuldade de relacionamento entre essas empresas repercutem nas negociações entre a Dataprev e a Cobra. Assim é que, por ocasião da primeira contratação emergencial, foram necessárias oito propostas comercias e várias rodadas de negociações. Na oportunidade da segunda contratação emergencial, a primeira proposta comercial apresentada pela Cobra contemplava um aumento de 20% em relação ao preço do contrato anterior, não obstante a garantia dada anteriormente de manutenção dos preços no caso de uma nova contratação por um período de 24 meses (fls. 173, Volume VIII, Anexo II). Os reflexos também se fizeram sentir na Concorrência nº 002/2004, em que a proposta comercial da Cobra, única licitante,

Page 12: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

foi desclassificada por preço excessivo, tendo sido realizadas várias rodadas de negociações até que se chegasse aos valores praticados no segundo contrato emergencial.134. Como já comentado, a dependência crônica da Dataprev em relação à tecnologia Unisys configura uma situação de inexigibilidade de licitação, de sorte que a mera interposição de um terceiro ente não tem o condão de alterar “a correlação de dependência”, haja vista a necessidade imperiosa de continuidade da solução tecnológica baseada em produtos e serviços Unisys enquanto não se efetivar a migração de sistemas e bases de dados da Previdência Social para uma plataforma aberta. 135. Não pode prosperar, igualmente, a alegação de que “a entrada de um parceiro independente do atual fornecedor, permite, por meio daquele, prospectar os mesmos produtos e serviços em outros mercados (como o secundário e o internacional), em condições de menor custo e melhores possibilidades de negociação”, pois o mesmo documento afirma que a “contratação de máquinas usadas no mercado nacional ou internacional por meio de brokers seria pouco aconselhável” (fls. 131 e 133, Volume VIII, Anexo II).”54. Nesse sentido também se manifestou a Secretaria Federal de Controle Interno, por meio do Relatório

de Auditoria nº 147757/2004, de 23/09/2004 (fls. 116, Volume Principal): “Observa-se que a contratação da Cobra Tecnologia é uma interposição entre Unisys e a Dataprev, pois, não existe a demonstração de que os serviços de administração do parque tecnológico, baseado em mainframes, estão sendo executados pela Integradora de Soluções, ou que a mesma esteja executando serviços de suporte, planejamento, desenvolvimento de soluções em tecnologia de informação e otimização dos processo na administração do parque tecnológico da Dataprev.”

Conclusão55. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a celebração dos contratos

emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a empresa Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse caracterizada a adequação da escolha do fornecedor, como determina o art. 26, parágrafo único, inciso II.

56. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:Assinatura dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a Cobra Tecnologia S.A. sem que estivesse caracterizada a adequação da escolha do fornecedor.

Nexo de Causalidade:

O responsável poderia ter prevenido a ocorrência, haja vista que deveria ter exigido do fornecedor que comprovasse objetivamente a sua aptidão para executar os serviços de processamento de dados baseados em equipamentos de grande porte Unisys.

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do gestor. Contudo, assinou o contrato apesar das declarações do representante da Cobra reconhecendo a complexidade do objeto a ser contratado e declarando a dependência de informações e profissionais da Unisys.

57. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.

58. Outrossim, de forma a prevenir ocorrência semelhante, reiteramos a proposta contida no parágrafo 141 do relatório de acompanhamento, no sentido de que seja determinado à Dataprev que instrua os processos de dispensa de licitação com a razão da escolha do fornecedor ou executante, fundada em atestados de capacidade técnica que demonstrem objetivamente a experiência da futura contratada no fornecimento ou execução do objeto.

Item D“Celebração dos contratos emergenciais nºs 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a Cobra Tecnologia S.A. sem que tenha sido demonstrada, em obediência ao art. 26, parágrafo único,III, da Lei nº 8.666/93:

a economicidade da contratação de uma empresa integradora de soluções em tecnologia da informação como alternativa à contratação direta do fornecedor exclusivo;a razoabilidade dos preços das fitas cartucho Timberline e dos serviços de gerência de robótica;

Page 13: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

a razoabilidade do aumento de 5,14% nos valores mensais de licença de software e de manutenção de hardware e software dos equipamentos NX5800 e da periferia remanescente a partir do terceiro mês do contrato nº 01.0448.2003;a fundamentação legal para a cobrança de 5% de ISS sobre o valor da parcela de locação do mainframe Libra 185 e da parcela de locação dos dispositivos de robótica do contrato nº 01.0448.200.”59. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 143 a 165 do relatório de acompanhamento (fls.

36/42, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável60. O responsável apresentou extensas razões de justificativas acerca deste item da audiência.

Entretanto, uma parte de seus argumentos não diz respeito à questão da economicidade da contratação de uma empresa integradora como alternativa à contratação direta do fornecedor exclusivo, mas sim às circunstâncias que antecederam à contratação direta da Cobra Tecnologia S.A, a saber:

a. as críticas do TCU e da Secretaria Federal de Controle Interno dizem giram em torno da ausência de consultas de preços de mercado, melhores práticas comerciais e livre concorrência entre fornecedores de equipamentos de grande porte;

b. as críticas do TCU e da Secretaria de Controle Interno têm limitações pois:b.1 há um monopólio mundial no mercado de mainframes que é mantido por Unisys e IBM;b.2 a Dataprev desenvolveu seus sistemas de grande porte para rodarem exclusivamente em equipamentos Unisys, o que criou uma dependência absoluta impossível de ser alterada no curto prazo;b.3 desde a elaboração, em 2000, do relatório da Secretaria de Controle Interno, a Dataprev implementou diversas ações concretas e envidou todos os esforços no sentido de libertar a empresa do jugo comercial da Unisys; eb.4 a Dataprev não dispôs de tempo e recursos financeiros para investimentos em tecnologia e recursos humanos, em vista do atraso do INSS em honrar seus compromissos e propiciar um fluxo regular de recursos.c a Dataprev, seguindo recomendações do TCU, SFC, Gartner Group, FIA/USP e grupos de trabalho

internos, realizou pesquisa de mercado junto a PRODESP, SABESP, BASA, BRB e CEDAE e concluiu:

cada entidade seguia um procedimento próprio nas suas contratações;as entidades utilizavam Unisys há pelo menos 19 anos;o pagamento de encargos iniciais era usual;somente a SABESP recorreu à consultoria externa em suas contratações; esomente o BASA, a exemplo da Dataprev, gozava de gratuidade de locação após o encerramento do prazo contratual.d a segunda contratação emergencial somente ocorreu depois da realização de solicitação de

propostas à HP, IBM, Unisys, Cobra, Prodasen e Serpro, sendo que somente a Cobra respondeu;e a direção da Dataprev esgotou todas as possibilidades e alternativas existentes antes de utilizar a

exceção prevista no art. 24 da Lei de Licitações;f a direção da Dataprev não podia deixar de efetuar a contratação sob pena de inviabilizar o

processamento dos sistemas da Previdência Social, o que causaria uma convulsão social;g as empresas IBM, Smartech Consulting, HP e Cobra participaram da audiência pública para a

Concorrência nº 002/2204, mas somente a Cobra compareceu ao certame, o que demonstra a inviabilidade de competição;

h a Dataprev e o MPS deram publicidade, por intermédio da imprensa, sobre a intenção de contratar a Cobra em substituição à Unisys, sem que qualquer pessoa oferecesse outras opções;

i a Lei nº 8.666/93 admite a contratação por dispensa de licitação, aplicável ao caso, e o relatório do TCU não demonstra que tenha havido qualquer tipo de intempestividade, falha que somente restaria caracterizada se não tivesse adotado as medidas cabíveis antes do vencimento do contrato;

j a atitude da Unisys – cobrança de valores de locação do NX5800 e dos discos magnéticos, amparados pela cláusula de gratuidade; evasiva no detalhamento da proposta apresentada; renitência em aceitar exigências fundamentadas nas recomendações dos órgãos de controle – inviabilizou a continuidade das negociações;

k as tentativas de negociações com a Unisys não ficaram restritas ao que está formalizado no processo, mas ocorreram em diversas oportunidades anteriores ao vencimento dos contratos, o que levou a

Page 14: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

Dataprev a ajuizar as ações em curso na justiça federal; el a Dataprev precisava se libertar das amarras que a mantinham refém da multinacional fabricante e

locadora dos equipamentos.61 Especificamente quanto ao subitem 1 da audiência, o responsável alegou (fls. 7/19, Anexo 18):a a Dataprev, para fins de cálculo dos preços médios praticados pela Unisys, elaborou diversos

estudos comparativos com a finalidade de desenvolver uma metodologia que serviu como balizadora para a condução da contratação da Cobra;

b não há evidências de que a Dataprev tenha se desviado dessa metodologia nos estudos realizados;c as conclusões apresentadas pelo analista do TCU traduzem um juízo subjetivo de opinião, de quem

não vivenciou a situação de forma concreta;d o imposto calculado no relatório de auditoria do TCU inclui a exação fiscal devida pela locação e

manutenção do software e a manutenção do Libra 185;e o analista do TCU não trouxe ao processo novas referências de preço;f como o contrato entre Cobra e Unisys envolve cláusula de exclusividade com relação à exploração

do bem econômico envolvido, o responsável somente teve acesso ao seu teor do por meio do relatório da SFC;

g não houve imposição de qualquer ônus adicional à Dataprev, fato que se comprova com base em demonstrativos do Relatório nº 147.757/2004 elaborado pela SFC em 05/11/2004;

h a contratação da Cobra proporcionou benefícios não contemplados nos cálculos e comparativos apresentados pelo TCU, a saber:

h.1 os cálculos do relatório do TCU não levaram em consideração o preço de R$ 2.198.908,60, pago pelos serviços prestados pela Unisys sem cobertura contratual durante o período de 01/07 a 15/08/2003, faturado com base no contrato que se extinguira em 30/06/2003, o que gerou uma economia de R$ 774.907,56;h.2 a Dataprev somente admitiu o repasse da elevação da alíquota da Cofins, vigente a partir de 01/01/2004, na segunda contratação emergencial com a Cobra, que teve início em 12/03/2004, o que gerou uma economia de R$ 178.423,34;h.3 a Dataprev, quando do pagamento dos encargos iniciais do Libra 185, irá descontar R$ 87.159,22 relativos a ISS repassado pela Cobra no período entre 01/11/2003 a 11/03/2004, em vista da edição da Lei Complementar nº 116/2003, que retirou a locação de bens móveis do campo de incidência do tributo;h.4 não houve prejuízos para a Dataprev, mas sim uma economia de R$ 1.040.490,12 (R$ 774.907,56 + R$ 178.423,34 + R$ 87.159,22);h.5 a Dataprev, embora tenha efetuado todos os pagamentos do período com atrasos, não pagou juros, multa ou atualização monetária ao prestador de serviço, pois o contrato não continha cláusula nesse sentido, o que gera ganhos financeiros;h.6 o custo da prestação do serviço realizado pela Cobra não se limitou ao preço do contrato com a Unisys, devendo a ele ser adicionado o valor de tributos federais (totalizando 9,45%), ISS (5%), encargos iniciais derivados da importação do Libra 185, o que redunda em R$ 19.743.904,72;h.7 a Cobra pagou à Unisys R$ 1.390.947,72 de encargos inicias, dos quais somente R$ 1.046.666,73 foram comprovados;h.8 em vista do limite de R$ 964.063,00 previsto na cláusula décima terceira do primeiro contrato emergencial e da ausência de disposição semelhante no segundo contrato emergencial e naquele decorrente da Concorrência nº 002/2004, a Dataprev somente vai ressarcir à Cobra R$ 67.484,41, correspondente a 3,5 meses e meio da primeira contratação emergencial, o que gerará uma economia de R$ 896.578,59;h.9 ao contrato entre Cobra e Unisys, a Cobra adicionou somente a carga tributária;h.10 o custo para a Cobra do 1º emergencial foi de R$ 19.743.904,72 e para a Dataprev foi de R$ 18.457.361,79, o que mostra que mostra que houve economicidade na contratação da Cobra; eh.11 as despesas com a locação e manutenção dos equipamentos de grande porte da Dataprev são significativamente inferiores àquelas vigentes durante os contratos unificados.i. a Dataprev somente teria agido em desrespeito ao princípio da economicidade se, alternativamente: 1) os preços da Cobra no contrato emergencial fossem superiores aos do contrato unificado; 2) houvesse recusado uma proposta da Unisys em bases inferiores às da Cobra; 3) fossem trazidas novas referências de preço além daquelas pesquisadas, o que não ocorreu;

62. Especificamente quanto ao subitem 2 da audiência, o responsável alegou (fls. 19, Anexo 18):

Page 15: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

a. as análises de preço não tiveram por escopo avaliar o valor cobrado item a item, mas sim o total a ser contratado, consoante as recomendações dos próprios órgãos de controle;

b. técnico do TCU não segregou o valor das fitas e do serviço de robótica no quadro de fls. 36, o que inviabilizou uma justificativa mais detalhada da matéria;

c. esses componentes representam apenas 6,32% do preço global mensal; ed. valor desses itens corresponde a 62% do menor preço pesquisado no mercado.

63. Especificamente quanto ao subitem 3 da audiência, o responsável alegou (fls. 20, Anexo 18):a. como afirmado anteriormente, a avaliação da proposta apresentada pela Cobra levou em conta o

preço fechado do serviço a ser prestado; eb. o suposto acréscimo representaria apenas R$ 12.557,52 (R$ 256.643,94 - R$ 244.086,42), o que

corresponde a um incremento de 0,35% no preço total de R$ 3.517.948,84, o que está de acordo com o princípio da razoabilidade.

64. Especificamente quanto ao subitem 4 da audiência, o responsável alegou (fls. 20, Anexo 18):a. não há fundamentação legal para a cobrança de 5% de ISS sobre o valor da parcela de locação do

mainframe Libra 185 e da parcela de locação dos dispositivos de robótica do contrato nº 01.0448.200 a partir de 01/08/2003, pois a Lei Complementar nº 116/2003, de 31/07/2003, retirou a locação de bens móveis do campo de incidência do ISS;

b. a Dataprev tem direito a um crédito de R$ 87.159,22 relativo a ISS indevidamente cobrado no período de outubro de 2003 a fevereiro de 2004, do qual a empresa não havia se ressarcido em razão de estar inadimplente com a Cobra; e

c. o Departamento Financeiro da Dataprev formulou consulta à Consultoria Jurídica sobre a possibilidade de deduzir esse valor das parcelas de ônus iniciais (referentes ao primeiro contrato emergencial) e de faturas de serviços prestados com base num novo contrato (relativas ao contrato decorrente da Concorrência nº 002/2004).

Análise das razões de justificativa65. Inicialmente, em vista dos argumentos do responsável acerca das circunstâncias que antecederam

à contratação da Cobra Tecnologia S.A., julgamos pertinente repetir algumas conclusões obtidas no relatório de auditoria operacional realizada na Dataprev em 2001 (TC 014.003/2001-2), bem como no relatório de acompanhamento de fls. 5/67 destes autos:

a. é possível identificar no mercado a utilização de pelo menos dois segmentos de plataformas de informática, a saber (TC 014.003/2001-2, fls. 122):

a1 as consideradas proprietárias ou fechadas, que se caracterizam pela dependência existente entre hardware e software, o que por conseqüência cria a dependência com o fornecedor, haja vista que uma determinada solução de software só é possível dentro de uma solução de hardware. Assim se caracteriza a plataforma tecnológica de grande porte da Dataprev, baseada em soluções Unisys, onde há a dependência unívoca entre o hardware e o software, criando a dependência da Empresa a um único fornecedor, no caso à Unisys;a2 as consideradas abertas, que se caracterizam pela não dependência existente entre hardware e software, o que por conseqüência não cria a relação de dependência de fornecedor, haja vista que para uma determinada solução de hardware há no mercado diversas possibilidades de software. Assim, existe a possibilidade de encontrar-se no mercado diversos fornecedores de diversas soluções de software que ‘rodam’ na solução de hardware adotada pela organização, criando a possibilidade de estudar-se as soluções mais vantajosas para a mesma.b. a dependência da Dataprev em relação à Unisys decorrente da utilização de arquiteturas

proprietárias conduz à inexigibilidade de licitação, inexigibilidade essa que somente se descaracterizará com a migração para plataformas não-proprietárias (TC 014.003/2001-2, fls. 57);

c. a Dataprev não realizou pesquisas de preços para subsidiar as contratações celebradas com a Unisys em 1999, tendo o Gartner Group asseverado que tais contratações não seguiram as melhores práticas de mercado, levando a contratos desfavoráveis à Dataprev (TC 014.003/2001-2, fls. 125);

d. o fato de a Dataprev não possuir, até o presente momento, alternativas à contratação da Unisys, não a desonera de verificar os preços propostos pela contratada, muito pelo contrário, a comprovação da adequação dos preços torna-se crucial para a validade da contratação (TC 014.003/2001-2, fls. 57);

e. a mera interposição de um terceiro ente não tem o condão de eliminar a dependência da Dataprev em relação à tecnologia Unisys (TC 004.020/2004-4, fls. 33);

f. em 2001 a Dataprev não possuía um projeto factível que possibilite tornar real suas intenções quanto

Page 16: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

à migração de seus sistemas e bases de dados (TC 004.020/2004-4, fls. 123);g. o responsável não demonstrou ter adotado as medidas necessárias e tempestivas para dar

cumprimento à determinação desta Corte contida no item 8.9.3 da Decisão nº 1.459/2002-TCU-Plenário e dessa forma elaborar e implementar de um projeto de migração que contemplasse todas as bases da Previdência Social (TC 004.020/2004-4, fls. 254);

h. os elementos contidos nestes autos não demonstram que a Dataprev tenha se preparado para negociar com a Unisys as bases de uma nova contratação por inexigibilidade, haja vista que somente em maio de 2003 solicitou à contratada a apresentação de proposta de preços, que por sua vez foi objeto de uma única rodada de negociação, ocorrida no último dia de vigência dos contratos unificados (TC 004.020/2004-4, fls. 23);

i. o responsável não adotou medidas que esgotassem as possibilidades de negociação com a Unisys, mesmo diante da avaliação do Departamento de Suprimentos da Dataprev de que havia margem para negociação dos preços ofertados, de forma a obter reduções significativas (TC 004.020/2004-4, fls. 222);

j. a demonstração de que a Dataprev promoveu e esgotou todas as possibilidades de negociação com a Unisys é essencial não só para justificar a própria contratação emergencial, mas também para justificar o custo adicional sobre o preço do fornecedor exclusivo – Unisys – representado por impostos e margem de lucro da empresa interposta – Cobra (TC 004.020/2004-4, fls. 24);

k. a complexidade do cenário – litígio entre Dataprev e Unisys – e a natureza e a relevância do objeto a ser contratado exigiam do gestor esforços administrativos e gerenciais adicionais àqueles ordinariamente empregados na renovação de contratos. Entretanto, não é possível encontrar indícios de esforços ordinários ou adicionais seja nos elementos constantes dos autos, seja nas razões de justificativa do responsável (TC 004.020/2004-4, fls. 223);

l. o responsável não conseguiu evidenciar que a assinatura dos contratos emergenciais com a Cobra resultou de uma ocorrência que não poderia ter sido prevenida. Antes, fica claro que a contração emergencial decorreu de uma opção, de uma “estratégia adotada pelo Governo para a solução do problema” e não de uma alegada imprevisibilidade da situação (TC 004.020/2004-4, fls. 224); e

m. a essencialidade do serviço, antes de justificar a contratação emergencial, reforça a necessidade, já comentada, de que os gestores adotem medidas administrativas e gerenciais adicionais àquelas ordinariamente empregados na renovação de contratos no sentido de evitar a descontinuidade na prestação ou a ausência de cobertura contratual, que são, sim, situações geradoras de insegurança jurídica, mas que não têm o condão de justificar a omissão ou ação negligente que dá ensejo a uma contratação emergencial (TC 004.020/2004-4, fls. 225).

66. O responsável repisa, assim, argumentos rejeitados anteriormente – por ocasião da apreciação do relatório de auditoria operacional – e nesta instrução.

67. Passemos, agora, ao exame das razões de justificativas que dizem respeito à economicidade da contratação de uma empresa integradora de soluções em tecnologia da informação como alternativa à contratação direta do fornecedor exclusivo (subitem 1).

68. De início, é preciso registrar que a justificativa de preço para as contratações emergenciais se baseou de fato em pesquisa efetuada junto a empresas estatais (fls. 3/52, Volume 7, Anexo 2). No entanto, a justificativa de preço não aborda a questão referente aos custos adicionais sobre o preço do fornecedor exclusivo – Unisys – representado por impostos e margem de lucro da empresa interposta – Cobra.

69. A mesma pesquisa serviu de base também para a compilação das “práticas usuais de mercado”. Como se vê às fls. 504/508 do Volume 6 do Anexo 2, a contratação de empresa integradora de soluções sequer foi aventada nos questionários aplicados na pesquisa.

70. Cabe lembrar que a elaboração da justificativa de preço – prevista no art. 26, parágrafo único, III, da Lei nº 8.666/93 – compete à Administração, devendo o gestor responsável cuidar para que fique evidenciada a razoabilidade do preço a ser desembolsado. Assim, a utilização da permissão legal para a contratação direta exige o cumprimento de formalidades que visam proteger o interesse público, daí a necessidade da Administração demonstrar a razoabilidade do preço e a adequação do fornecedor escolhido. Por isso, cabia à Dataprev justificar a razoabilidade de se arcar com os custos adicionais sobre o preço do fornecedor exclusivo – Unisys – representado por impostos e margem de lucro da empresa interposta – Cobra.

Page 17: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

71. Nesse sentido também se manifestou a Secretaria Federal de Controle Interno, a despeito da afirmação do responsável de que os demonstrativos do Relatório de Auditoria nº 147.757/2004, elaborado em 23/09/2004 pela SFC, comprovariam que a contratação da Cobra não importou ônus adicional para a Dataprev. Reproduzimos, a seguir, a conclusão do referido relatório acerca da economicidade da contratação da Cobra (fls. 124, Volume Principal, grifo nosso).

“35. Os custos totais do contrato para a DATAPREV é de R$ 19.353.940,36, e o da COBRA Tecnologia S.A. com a UNISYS é de 16.963.159,20, criando um sobrepreço de R$ 2.390.781,16 para os cofres públicos, por um período de 6 meses ou de R$ 398.478,53 mensal. Avaliando-se os preços praticados na contratação da COBRA Tecnologia S.A., percebemos que a forma encontrada para solucionar os problemas existentes entre DATAPREV e UNISYS não figura como a mais vantajosa para administração pública, estando prejudicado o princípio da economicidade, tendo em vista que o pagamento de uma integradora acabou por onerar os custos da contratação do parque de mainframes, permanecendo a DATAPREV com a mesma dependência tecnológica e operacional com a UNISYS.”

72. A própria Auditoria Interna da Dataprev já se declarara, em 22/01/2004, acerca da inconsistência da justificativa de preço (fls. 44, Anexo 6, grifo nosso):

“Mesmo em se tratando de uma situação de caráter emergencial, o princípio da economicidade, pilar da Lei de Licitações e Contratos, não ficou demonstrado, uma vez que o processo evidencia que o preço do fornecedor Cobra, que se prevaleceu das locações sem custo dos equipamentos que a Dataprev detinha por força contratual, está onerado em relação àquele do fabricante da plataforma computacional proprietária utilizada pela DATAPREV em pelo menos o valor dos impostos incidentes e a margem da interposta.”

73. Não obstante as análises da SFC e da Auditoria Interna da Dataprev, o responsável afirma que há benefícios decorrentes da contratação da Cobra que não foram contemplados nos cálculos e comparativos constantes do relatório de acompanhamento, às fls. 36/42 do Volume Principal. Para demonstrá-los, apresenta uma série de valores e cálculos.

74. Vejamos o primeiro benefício: o responsável alega ter feito economia de R$ 774.907,56 porque conseguiu que os serviços prestados pela Unisys sem cobertura contratual no período de 01/07 a 15/08/2003 fossem faturados com base no contrato recém-extinto e não com base nos preços da primeira proposta da Unisys para uma nova contratação, que contemplava um reajuste de 45,45%. É preciso lembrar, entretanto, que só houve uma rodada de negociação entre Dataprev e Unisys, ocorrida no último dia de vigência dos contratos unificados e que os técnicos da Dataprev acreditavam então que havia margem para negociação dos preços ofertados pela Unisys, de forma a obter reduções significativas (fls. 251, Volume 7, Anexo 2). O benefício aventado pelo responsável é, portanto, portanto, uma economia hipotética, calculada sobre um valor passível de negociação, e que, ademais, ainda que tivesse existido, não guardaria relação com a interposição de uma empresa integradora de soluções, visto que os valores envolvidos dizem respeito a um período anterior à contratação da Cobra.

75. O segundo benefício relacionado pelo responsável corresponde a R$ 178.423,34 “economizados” com o não-repasse da elevação da alíquota da Cofins nos dois últimos meses da primeira contratação emergencial da Cobra Tecnologia S.A (janeiro e fevereiro de 2004). Cabe esclarecer, inicialmente, que o aumento da alíquota da Cofins para 7,6% somente produziu efeitos a partir de fevereiro de 2004, conforme arts. 2º e 93, I, da Lei nº 10.833/2003, e não a partir de janeiro de 2004, como afirmado pelo responsável (fls.179 e 221, Anexo 20 e fls.12, Anexo 18). De todo modo, trata-se de uma alteração na legislação tributária que teria ocorrido fosse a Cobra a contratada, fosse a Unisys a contratada. Não está, portanto, relacionada com a interposição de uma empresa integradora de soluções.

76. O terceiro benefício consistiria no desconto de R$ 87.159,22 relativos a ISS indevidamente repassados pela Cobra no período entre 01/11/2003 e 11/03/2004. Em que pese o responsável considerar tal fato como uma economia, na verdade é apenas a devolução à Dataprev de valores cobrados indevidamente pela Cobra. Causa espanto, outrossim, que a alteração na legislação tributária, ocorrida em 31/07/2003, somente tenha sido levada em conta na assinatura do segundo contrato emergencial, em 12/03/2004, seis meses depois após a entrada em vigor da Lei Complementar nº 116/2003. O desconto deste valor não havia ocorrido até setembro de 2005, conforme informações do próprio responsável (fls. 20, Anexo 18).

Page 18: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

77. Não houve, portanto, a alegada economia de R$ 1.040.490,12 (R$ 774.907,56 + R$ 178.423,34 + R$ 87.159,22).

78. Outro benefício suscitado pelo responsável consistiria no ressarcimento à Cobra de somente R$ 67.484,41 a título de encargos iniciais do equipamento Libra 185. A situação dos encargos inicias é a seguinte: a Cobra apresentou à Dataprev comprovantes de despesas com encargos iniciais no montante de R$ 1.390.587,63. Destas despesas, a Dataprev entendeu que apenas R$ 1.046.666,73 estavam efetivamente comprovadas. Ocorre que a Cláusula Décima Terceira do primeiro contrato emergencial entre Dataprev e Cobra estimava em R$ 964.063,00 o montante de despesas com encargos iniciais passíveis de ressarcimento. Estabelecia ainda que o pagamento seria feito ao final do contrato, na proporção de 1/50 (um cinqüenta avos) para cada mês de utilização. Em vista disso, seriam devidos, ao final do primeiro contrato emergencial, os já mencionados R$ 67.484,413. A Dataprev entende ainda que, como a Cobra não fez constar no segundo contrato emergencial e no contrato decorrente da Concorrência nº 002/2004 cláusulas que permitam o pagamento de ônus iniciais do Libra 185, nada mais é devido pela Dataprev a esse título além dos R$ 67.484,41. Esta situação está descrita no Memorando DEFI.A nº 006/2005 (fls. 207/209, Volume Principal.

79. A descrição da situação mostra que houve descuido da Cobra Tecnologia S.A. na elaboração das cláusulas contratuais referentes ao ressarcimento de encargos iniciais do Libra 185. Descuido que, no entender da Dataprev e do responsável, limitaria o valor a ser ressarcido a cerca de 7% do previsto. Não se trata, desse modo, de um benefício decorrente da interposição de uma empresa integradora de soluções em substituição ao fornecedor exclusivo, mas sim de uma vantagem inesperada, originada de um descuido da empresa interposta, o que reforça a conclusão de que a Cobra não detinha expertise administrativa, jurídica e técnica no fornecimento e administração de ambientes computacionais de grande porte.

80. Após arrolar os “benefícios” acima, o responsável apresenta uma série de cálculos para mostrar que o custo para a Dataprev foi menor que o custo para a Cobra, que teria adicionado ao valor de seu contrato com a Unisys somente a carga tributária (fls. 15/16, Anexo 18). Ocorre que os cálculos apresentados pelo responsável contêm falhas, a saber:

a. a base de cálculo da retenção de tributos na fonte (IRPJ, CSLL, Cofins e PIS/PASEP) utilizada pelo responsável ora é o valor do contrato Dataprev x Cobra, ora é o valor do contrato Cobra x Unisys;

b. a base de cálculo do ISS utilizada pelo responsável ora é o valor do contrato Dataprev x Cobra, ora é o valor do contrato Cobra x Unisys;

c. os cálculos não levam em consideração o regime de compensação do IRPJ, CSLL, Cofins e PIS/PASEP de que pode lançar mão o contribuinte destes tributos conforme previsto no art. 5º da IN SRF nº 306/2003 (fls. 223, Anexo 20);

d. a base de cálculo do ISS dos meses de outubro de 2003 a janeiro de 2004 inclui o valor de locação de hardware.

81. Em vista disso, forçoso é concluir que os cálculos efetuados pelo responsável não contribuem para o deslinde da questão.

82. O responsável alega também ter obtido ganhos financeiros por não ter pago juros, multa ou atualização monetária que seriam devidos em razão dos pagamentos à Cobra terem sido feitos com atraso. Tal argumento não pode prosperar, haja vista que as dificuldades de caixa da Dataprev – já relatadas nas prestações de contas da empresa4 – são conhecidas de seus fornecedores e o atraso reiterado no adimplemento do preço gera um custo financeiro que é embutido no preço final pelas empresas contratadas. A situação descrita pelo responsável caracteriza assim uma prática administrativa reprovável – ainda que justificável em face dos atrasos dos pagamentos do INSS à Dataprev – e não um benefício decorrente da intermediação de uma empresa integradora de soluções.

83. Prossegue o responsável afirmando que as despesas com locação e manutenção dos equipamentos de grande porte previstas no contrato com a Cobra são significativamente inferiores àquelas vigentes durante os contratos unificados firmados diretamente com a Unisys. De fato, os valores de locação de hardware são inferiores, mas isto se deve à cláusula de gratuidade prevista nos contratos unificados que estabelecia que após os 48 meses de vigência a Unisys concederia 100% de desconto, de forma que tal benefício não pode ser atribuído à atuação da empresa

3 (964.063,00 ÷ 50) x 3.5 = 67.484,41. A Dataprev considerou o período de 01/11/2003 a 14/02/2004 (3,5 meses).4 Ver processos TC 007.416/2001-2, TC 011.449/2002-8, TC 012.170/2003-8 e TC 009.880/2004-9.

Page 19: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

integradora de soluções. Já o valor mensal de manutenção de hardware estabelecido nos dois primeiros meses do contrato emergencial com a Cobra – em que a configuração do parque computacional se manteve – é superior àquele do contrato anterior, firmado diretamente com a Unisys:

TABELA IVLocação de Hardware – Valores mensais

EQUIPAMENTOCONTRATO UNIFICADO5

Unisys

1º CONTRATO EMERGENCIAL6

CobraParque existente

1º CONTRATOEMERGENCIALCobraParque com upgrade

NX5822-78 705.762,68 0,00 0,00NX5822-78 705.762,68 0,00 0,00NX4822-75 415.726,76 0,00 -A-18 0,00 0,00 -Periferia 452.176,32 0,00 129.216,81Libra 185 - - 398.766,94Total 2.279.428,44 0,00 527.983,75Fonte: TC 014.003/2001-2 e fls. 42/43, Volume 8, Anexo 2.TABELA V

Manutenção de Hardware – Valores mensais

EQUIPAMENTOCONTRATO UNIFICADOUnisys

1º CONTRATO EMERGENCIALCobraParque existente

1º CONTRATOEMERGENCIALCobraParque com upgrade

NX5822-78 70.891,26 112.748,42 118.548,53NX5822-78 70.891,26 112.748,42 118.548,53NX4822-75 21.764,02 33.322,10 -A-18 40.431,15 61.902,10 -Periferia 46.731,19 113.978,90 140.505,98Libra 185 - - 83.900,72Total 205.708,88 434.699,94 461.503,76Fonte: TC 014.003/2001-2 e fls. 42/43, Volume 8, Anexo 2.

84. Por fim, não procede a alegação do responsável de que somente teria violado o princípio da economicidade se o preços das contratações emergenciais com a Cobra fossem superiores aos dos contratos unificados com a Unisys. Isto porque permanece sem justificativa o ônus adicional suportado pela Dataprev representado pelos tributos e margem de lucro da empresa integradora de soluções, ônus que poderia ter sido evitado por meio de contratação direta do fornecedor exclusivo, uma vez que o responsável não logrou demonstrar ter esgotado as possibilidades de negociação com a Unisys.

85. Vê-se, destarte, que os argumentos trazidos pelo responsável não enfrentam a ocorrência inquinada, ou seja, não esclarecem porque a Dataprev não conseguiria obter diretamente junto à Unisys o preço ajustado entre a multinacional e a Cobra e conseqüentemente evitar o custo adicional representado pelos tributos e a margem da empresa interposta e tampouco demonstram que a intermediação da Cobra trouxe alguma vantagem técnica ou financeira.

86. Feita a análise do subitem 1, examinaremos as razões de justificativas acerca da razoabilidade dos preços das fitas cartucho Timberline e dos serviços de gerência de robótica (subitem 2). Esta

5 Vigência de 01/07/1999 a 30/06/2003.6 Vigência de 15/08/2003 a 11/02/2004. Nos meses de agosto e setembro de 2003 o parque computacional não sofreu alterações em relação ao contrato unificado com a Unisys. O upgrade ocorreu em outubro de 2003, com a instalação do Libra 185. Os valores da 2ª contratação emergencial com a Cobra refletem os mesmos preços da 1ª contratação emergencial com ajustes decorrentes de alterações de alíquotas de tributos e da retirada de itens devolvidos ou desligados (fls. 350, Anexo 8).

Page 20: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

ocorrência foi relatada inicialmente pela Auditoria Interna da Dataprev, conforme relatório às fls. 42/43 do Anexo 6.

87. Em primeiro lugar, cumpre registrar que não foi identificada jurisprudência desta Corte no sentido de que as análises de preço não devem ter por escopo avaliar o valor cobrado item a item, mas sim o valor total contratado.

88. Em segundo lugar, o fato de a tabela de fls. 36 não segregar o valor das fitas e do serviço de robótica não inviabilizou a apresentação de justificativas haja vista que o responsável argumenta que o valor desses itens corresponde a 62% do menor preço pesquisado. Não obstante tal afirmação, o responsável não indicou ou juntou aos autos a fonte de informação utilizada.

89. Tampouco pode prosperar a iniciativa do responsável de tentar caracterizar como de pequena monta o valor das fitas cartucho Timberline e dos serviços de gerência de robótica, uma vez que o custo mensal e total destes itens no primeiro contrato emergencial correspondem a R$ 222.346,98 e R$ 889.387,92, respectivamente (fls. 37, Volume Principal).

90. Quanto ao subitem 3 da audiência – a razoabilidade do aumento de 5,14% nos valores mensais de licença de software e de manutenção de hardware e software dos equipamentos NX5800 e da periferia remanescente a partir do terceiro mês do contrato nº 01.0448.2003 – o responsável tenta novamente caracterizar como de pequena monta o aumento ocorrido e para tal fim restringe-se ao exame do aumento do valor mensal da periferia remanescente, desprezando o aumento ocorrido nos valores dos demais itens, como se vê às fls. 36 e 37 do Volume Principal. A tabela a seguir quantifica a diferença mensal.

TABELA VI1º Contrato Emergencial com Cobra Tecnologia S.A.

PARQUE EXISTENTE(2 primeiros meses)

PARQUE COM UPGRADE(4 meses seguintes)

DIFERENÇA

LICENÇA SOFTWARE

NX5800 SP 542.858,95 570.785,22 27.926,27

NX5800 RJ 542.858,95 570.785,22 27.926,27

Periferia remanescente

105.781,05 111.222,74 5.441,69

MANUTENÇÃO HARDWARE

NX5800 SP 112.748,42 118.548,53 5.800,11

NX5800 RJ 112.748,42 118.548,53 5.800,11

Periferia remanescente

113.978,90 119.842,36 5.863,46

MANUTENÇÃO SOFTWARE

NX5800 SP 119.504,21 125.651,86 6.147,65

NX5800 RJ 119.504,21 125.651,86 6.147,65

Periferia remanescente

24.327,37 25.578,84 1.251,47

TOTAL MENSAL 1.794.310,48 1.886.615,16 92.304,68

Fonte: fls. 42/43, Volume 8, Anexo 2.

91. Os valores da 2ª contratação emergencial com a Cobra refletem os mesmos preços da 1ª contratação emergencial com ajustes decorrentes de alterações de alíquotas de tributos e da retirada de itens devolvidos ou desligados (fls. 350, Anexo 8).

Page 21: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

92. Observa-se que o aumento, não justificado pelo responsável, de 5,14% nos itens acima durante a vigência do contrato emergencial importou em mais R$ 92.304,68 mensais. Em quatro meses o acréscimo no preço resulta em R$ 369.218,72.

93. Por fim, no que concerne ao subitem 4, o responsável se limita a reconhecer que não havia fundamentação para a cobrança de 5% de ISS sobre o valor da parcela de locação de hardware e que a Dataprev estaria tomando as providências para se ressarcir do valor indevidamente cobrado.

Conclusão94. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a celebração dos contratos

emergenciais nºs 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a Cobra Tecnologia S.A. sem que tenha sido demonstrada, em obediência ao art. 26, parágrafo único,III, da Lei nº 8.666/93, a adequação do preço contratado.

95. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:

Assinatura dos contratos emergenciais nos 01.0448.2003 e 01.0095.2004 com a Cobra Tecnologia S.A. sem que tenha sido demonstrada: a) a economicidade da contratação de uma empresa integradora de soluções em tecnologia da informação como alternativa à contratação direta do fornecedor exclusivo; b) a razoabilidade dos preços das fitas cartucho Timberline e dos serviços de gerência de robótica; c) a razoabilidade do aumento de 5,14% nos valores mensais de licença de software e de manutenção de hardware e software dos equipamentos NX5800 e da periferia remanescente a partir do terceiro mês do contrato nº 01.0448.2003; e d) a fundamentação legal para a cobrança de 5% de ISS sobre o valor da parcela de locação do mainframe Libra 185 e da parcela de locação dos dispositivos de robótica do contrato nº 01.0448.2003.

Nexo de Causalidade:

O gestor poderia ter prevenido a ocorrência, haja vista que deveria ter exigido que as áreas técnicas da Dataprev se manifestassem acerca dos tópicos acima.

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do gestor. Contudo, assinou o contrato mesmo sem estar demonstrada a economicidade da contratação de uma empresa integradora de soluções como alternativa à contratação direta do fornecedor exclusivo.

96. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.

Item E“Prestação de serviço de locação e manutenção de hardware e software sem cobertura contratual nos períodos de 01/07 a 14/08/2003 e 12/02 a 11/03/2004, pelas empresas Unisys Brasil Ltda. e Cobra Tecnologia S.A, respectivamente, em desacordo com os arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93.”

97. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 286 a 295 do relatório de acompanhamento (fls. 61/63, Volume Principal).

Razões de justificativa apresentadas pelo responsável98. Os principais argumentos suscitados pelo responsável são os seguintes (fls. 20/22, Anexo 18):

a. em março de 2003 foi emitida requisição para uma nova contratação com a Unisys, ocasião em que foram iniciadas as tratativas com a citada empresa, tendo em vista o término dos contratos em 30 junho de 2003;

b. em 6 de junho de 2003, o então Diretor de Administração e Finanças da Dataprev notificou o Departamento de Suprimentos que nenhum contato com a empresa Unisys fosse feito, interrompendo assim as negociações;

c. em seguida, a poucos dias do encerramento dos contratos com a Unisys, a Diretoria da Dataprev comunicou que por “determinação governamental”, a Dataprev não mais contrataria com a Unisys, mas sim com a Empresa Cobra Tecnologia S.A., na qualidade de integradora de solução;

d. a fim de que não ocorresse descontinuidade dos serviços pela Unisys, a Dataprev interpôs medida cautelar visando a manutenção dos serviços pela Unisys, que resultou em um Termo de Compromisso subscrito pelo fornecedor;

e. ocorre que a Cobra Tecnologia não conseguiu ultimar sua proposta com a celeridade esperada e o contrato com a Unisys se encerrou em 30/06/2003, data em que a Cobra ainda se encontrava em

Page 22: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

tratativas com a Dataprev;f. o contrato com a Cobra somente foi firmado em 14 de agosto de 2003;g. no período entre o término dos contratos com a Unisys e a assinatura do contrato com a Cobra, a

cobertura contratual que sustentou os serviços da Previdência foi a decisão judicial proferida pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região;

h. a decisão governamental de não mais contratar a Unisys e buscar um novo fornecedor ocasionou uma demora, visto que novas negociações tiveram que ser iniciadas;

i. a referida decisão governamental foi tomada muito perto do encerramento do contrato com a Unisys e acabou por acarretar: atraso na formulação de proposta pela Cobra, período sem cobertura contratual e prestação de serviços por força de decisão judicial;

j. o Ministério da Previdência Social avocou para si a constituição de comissão de licitação que, durante a vigência do contrato emergencial com a Cobra, prepararia o edital de licitação visando a continuidade da prestação dos serviços de computadores de grande porte no Rio de Janeiro e São Paulo;

k. ocorre que o tempo não foi suficiente para a conclusão da licitação e mais uma vez o contrato em vigor expirou;

l. além disso, contribuiu para a ocorrência do segundo período sem cobertura contratual, a necessidade de novas negociações com a Cobra, uma vez que a Dataprev não concordou com o aumento de preços, na ordem de 20%, proposto pela empresa; e

m. após o segundo período sem cobertura contratual, foi assinado um segundo contrato emergencial, visando a conclusão do processo licitatório.

Análise das razões de justificativa99. As razões de justificativa apresentadas pelo responsável não trazem fatos ou documentos novos

acerca dos períodos em que os serviços de locação e manutenção de hardware e software foram prestados sem cobertura contratual, e repetem considerações e argumentos já suscitados nestes autos.

100. O principal argumento para justificar o primeiro período sem cobertura contratual consiste em admitir que a “decisão governamental” de não mais contratar a Unisys foi tomada muito perto do término da vigência dos contratos e, em vista disso: a) negociações tiveram que ser iniciadas com a Cobra Tecnologia; b) a Cobra não conseguiu formular proposta com a celeridade esperada; c) a vigência dos contratos com a Unisys se encerrou e os serviços foram prestados pela Unisys sem cobertura contratual.

101. Ocorre que a referida “decisão governamental” não foi tomada sem o conhecimento ou participação do responsável, haja vista que, em 25/06/2003, apenas cinco dias antes do término da vigência dos contratos com a Unisys, a Diretoria da Dataprev, integrada pelo presidente e pelos diretores, conforme art. 13 do estatuto da empresa, divulgou mensagem, reproduzida a seguir, em que fica patente seu conhecimento e anuência quanto à referida “decisão governamental” (fls. 250, Volume 7, Anexo 2, grifo nosso):

“Brasília, 25 de junho de 2003MENSAGEM DA DIRETORIACom a proximidade do vencimento do contrato assinado entre a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – Dataprev e a Unisys do Brasil, no próximo dia 30, a diretoria entende serem necessários alguns esclarecimentos:1 – A Dataprev, que este ano completará 29 anos, continuará prestando serviços como única empresa de Tecnologia da Informação da Previdência Social, implantando as melhorias necessárias para facilitar o atendimento, pelo nosso cliente – o INSS -, àquele que, no fundo, é o alvo de toda a nossa preocupação: o beneficiário da previdência social.2 – Como é do conhecimento público, em dezembro passado, a Dataprev entrou com uma ação na Justiça Federal do Rio de Janeiro na qual questiona os valores que vêm sendo pagos à Unisys, notadamente os juros embutidos no contrato assinado em 1999.3 – Diante de tal contencioso judicial, ainda longe de uma solução, o Ministério da Previdência Social e a diretoria da Dataprev entenderam existir impedimentos éticos que desaconselham uma negociação direta entre as duas partes.4 – Neste sentido, a solução encontrada foi a de buscar no mercado uma empresa que atuasse como integradora de soluções, a partir das demandas da Dataprev para atender seu principal cliente.

Page 23: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

5 – Desta forma, ficou decidido se recorrer aos préstimos da Cobra Soluções Tecnológicas Corporativas, empresa controlada pelo Banco do Brasil, para apresentar uma solução que nos ajude a manter a continuidade dos serviços imprescindíveis que prestamos ao INSS, articuladamente com a futura migração dos sistemas para uma nova plataforma.

6 – A contratação da Cobra tem como finalidade única e exclusiva a busca de soluções adequadas para que a Dataprev possa continuar atendendo às necessidades de seu cliente, sem que haja influência dos atuais problemas de relacionamento com a Unisys, evitando maiores prejuízos à administração da empresa, bem como ao seu desenvolvimento tecnológico.A Diretoria”

102. O responsável, na qualidade de presidente da Dataprev à época, detinha – ou pelo menos deveria deter – o conhecimento necessário acerca do assunto e portanto assumiu os riscos técnicos e administrativos que poderiam advir de tal decisão, entre eles a prestação de serviços sem cobertura contratual, uma vez que não é razoável esperar que uma empresa como a Cobra, sem experiência na prestação de serviços de processamento de dados em computadores de grande porte Unisys, como visto no parágrafo 53 acima, tivesse condições de, em curto espaço de tempo, assimilar o conhecimento necessário à sua atuação como empresa interposta entre Dataprev e Unisys e à conseqüente assinatura de contratos com as duas empresas.

103. No que diz respeito ao segundo período sem cobertura contratual, o responsável afirma que o atraso ocorreu em parte no âmbito do Ministério da Previdência Social, que não teria concluído a tempo o edital para a licitação dos serviços, em parte no âmbito da Dataprev, que não concordou com o aumento de preços, na ordem de 20%, pleiteado pela Cobra, o que exigiu novas rodadas de negociações.

104. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o grupo de trabalho criado por meio da Portaria Ministerial nº 1.355/2003, com a finalidade de elaborar a documentação necessária ao processo licitatório que visava à contratação de empresa para dar continuidade aos serviços, contava com a participação de três membros do MPS, um do INSS e três da Dataprev. Posteriormente, o prazo para conclusão dos trabalhos foi prorrogado por mais um mês e mais dois funcionários da Dataprev foram integrados ao grupo (fls. 228/229, Volume 1, Anexo 9). Não é possível afirmar, destarte, que a Dataprev foi alijada deste processo.

105. Em segundo lugar, é incoerente fazer menção a dificuldade para negociar preços com a Cobra, uma vez que a integradora de soluções foi contratada supostamente para eliminar os problemas de relacionamento da Dataprev com a Unisys. Não obstante, isso mostra que a contratação de uma empresa interposta em nada alterou a relação de dependência em relação à Unisys e que a Dataprev tampouco avaliou corretamente as conseqüências da decisão de contratar a Cobra como alternativa à contratação direta da Unisys. Assim, a dificuldade para negociar com a Cobra tem origem, em última análise, em “decisão governamental” subscrita pelo próprio responsável, razão pela qual não pode prosperar a alegação de que as dificuldades de negociação com a Cobra contribuíram para a ocorrência do 29 dias sem cobertura contratual entre o primeiro e o segundo contrato emergencial.

106. Vê-se que as razões de justificativa apresentadas pelo responsável não trazem fatos ou documentos novos acerca da ocorrência. Em vista disso, reiteramos a análise contida no relatório de acompanhamento, reproduzida a seguir (fls. 62, Volume Principal):

“290. Vimos nos parágrafos 82 a 99 acima que o objeto dos contratos mencionados é essencial para a Dataprev, haja vista que provêem o hardware e software que suportam os sistemas e bases de dados da Previdência Social atualmente processados em computadores de grande porte Unisys. Tal situação de dependência em relação à tecnologia proprietária Unisys perdurará enquanto a Dataprev não elaborar e implementar projeto de migração de sistemas e bases de dados para plataformas ditas abertas.291. Não obstante a previsibilidade e a essencialidade deste serviço, a Dataprev não logrou concluir tempestivamente os processos destinado a amparar a contratação que sucederia os contratos com a Unisys e evitar a prestação de serviços sem cobertura contratual. Tampouco conseguiu evitar a mesma ocorrência por ocasião do término da vigência da primeira contratação emergencial 292. Forçoso é concluir, portanto, que a Dataprev não adotou as medidas necessárias à evitar a prestação de serviços sem cobertura contratual e contrariou o disposto nos arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93.”

Page 24: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

Conclusão107. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a prestação de

serviço de locação e manutenção de hardware e software sem cobertura contratual nos períodos de 01/07 a 14/08/2003 e 12/02 a 11/03/2004, pelas empresas Unisys Brasil Ltda. e Cobra Tecnologia S.A, respectivamente, em desacordo com os arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93.

108. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:

Aceitação de prestação de serviço de locação e manutenção de hardware e software sem cobertura contratual nos períodos de 01/07 a 14/08/2003 e 12/02 a 11/03/2004, pelas empresas Unisys Brasil Ltda. e Cobra Tecnologia S.A, respectivamente.

Nexo de Causalidade:

O gestor poderia ter prevenido a ocorrência, haja vista a previsibilidade e imprescindibilidade dos serviços de processamento de dados baseados em mainframes Unisys.

Culpabilidade:Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do gestor. Contudo, desde sua nomeação em 13/01/2003 tinha condições de ficar a par da situação e de adotar as medidas necessárias a evitar os períodos sem cobertura contratual.

109. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.

110. Outrossim, reiteramos a proposta contida no parágrafo 294 do relatório de acompanhamento, no sentido de determinar à Dataprev que observe os arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93 e abstenha-se de aceitar a prestação de serviço sem cobertura contratual.

Item F“Ausência de um projeto de migração de seus sistemas e bases de dados para plataforma aberta, que seja factível e que contemple, dentre outros, os recursos humanos e financeiros envolvidos e suas origens, um cronograma de ações ou etapas a realizar, os prazos para conclusão de cada etapa, um plano de desmobilização dos equipamentos de grande porte Unisys, indicando quando cada equipamento será devolvido à empresa, um plano de contratação de novos hardware e software para operação em plataforma aberta, bem como outras informações consideradas necessárias, conforme determinação contida na Decisão nº 1459/02-Plenário.”

111. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 212 a 257 do relatório de acompanhamento (fls. 50/57, Volume Principal).

Razões de justificativa apresentadas pelo responsável112. Os principais argumentos suscitados pelo responsável são os seguintes (fls. 23/29, Anexo

18):a. a principal preocupação da Dataprev é a modernização tecnológica sem por em risco a

continuidade dos serviços prestados à população brasileira;b. o complexo de mainframes que hoje suporta os sistemas previdenciários deve ser mantido

atualizado tecnologicamente e com capacidade adequada de forma a não comprometer os serviços prestados à sociedade brasileira;

c. questões alheias à Dataprev dificultaram a execução dos investimentos planejados até a presente data;

d. o estágio atual do processo de modernização tecnológica demonstra os avanços e o comprometimento da Dataprev com a modernização tecnológica;

e. em 03/06/2004, a Dataprev, por meio da Resolução nº 2569/2004, criou o Comitê Gestor de Modernização Tecnológica - CGMT, com o objetivo de assessoramento direto de sua Diretoria Executiva para planejar e coordenar as ações das áreas da empresa e implementar os projetos específicos exigidos pela estratégia de modernização e, especialmente, para a realização da migração, com a atribuição de estruturar os projetos de migração de plataforma tecnológica do CNIS, Receitas Previdenciárias e Dívida Ativa, bem como planejar, implementar e coordenar as ações para gerar produtos complementares do Anteprojeto da Portaria MPS nº 125/2004; as principais ações e produtos do CGMT são as seguintes:

e.1)elementos complementares ao Anteprojeto de Migração dos Sistemas de receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS, elaborado em 30/06/2004;

Page 25: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

e.2) documento de referência que identifica elementos essenciais para execução e gestão dos projetos instituídos pelo processo de migração;e.3) adequação da Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas Orientados a Objeto (MDS-OO Dataprev) para o caso do processo de migração de sistemas;e.4) estruturação de um Plano de Capacitação Emergencial;e.5)elaboração de termo de referência, em conjunto com MPS e INSS, contendo a especificação técnica para a aquisição da suíte Integrada de Ferramentas para Desenvolvimento de Sistemas com Metodologia Orientada a Objetos (OO);e.6)capacitação dos técnicos para definição de um framework para codificação dos sistemas;e.7)criação do site do CGMT;e.8)definição e implantação de uma arquitetura de hardware capaz de suportar o início do processo de migração com possibilidade de ampliação/escalabilidade que permite ajustes necessários de forma gradual conforme o andamento do processo e a evolução de cada sistema;e.9)planejamento da migração dos sistemas de Benefícios e demais sistemas do CNIS.

f. estão em andamento na Dataprev os seguintes os projetos:f.1)DNG 0288 – Migração do CNIS exceto Base de Vínculos e Remunerações;f.2)DNG 0308 – Modernização Tecnológica da Base de Dados de Recolhimentos do Contribuinte Individual;f.3)DNG 0310 – Elaboração de Anteprojeto de Modernização de Vínculos e Remunerações do CNIS;f.4)DNG 0284 – Migração dos Sistemas de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e Financeiro;f.5)DNG 0294 – Migração do Sistema de Entidades Filantrópicas;f.6)DNG 0309 – Elaboração de Anteprojeto de Migração dos Sistemas e Bases de Dados de Benefícios; ef.7)DNG 0289 – Sistema de Ajuizamento Virtual.

Análise das razões de justificativa113. Inicialmente, registramos que um resumo das etapas concluídas e a concluir da migração de sistemas e bases de dados da Previdência Social encontra-se no Apêndice II a esta instrução (fls. 278, Volume 16). Este resumo foi elaborado a partir de informações da Dataprev e do Ministério da Previdência Social, em especial dos seguintes documentos:- Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social elaborado em novembro de 2003 (fls. 100 a 156, Anexo 3);- Anteprojeto de Migração dos Sistemas de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS, elaborado em maio de 2004 (Volume 1, Anexo 9);- Ofício nº 10-AETI/SE/MPS, de 27 de maio de 2004 (Anexo 9);- Produtos Complementares ao Anteprojeto de Migração dos Sistemas de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS, elaborado em junho de 2004 (fls. 413/450, Volume 2, Anexo 9);- Ofício nº 15-AETI/SE/MPS, de 9 de agosto de 2004 (fls. 404/405, Volume 2, Anexo 9);- Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social elaborado em junho de 2005 (Anexo 19);- Ofício Dataprev nº 076/2005/PR, de 9 de setembro de 2005 (fls. 196/209, Volume Principal); e- Ofício nº 003/AECI/MPS, de 3 de janeiro de 2006 (fls. 67, Anexo 19).114. A partir das informações acima, compiladas no Apêndice II, é possível observar que, em novembro de 2003 – dez meses após a posse do responsável no cargo de presidente da Dataprev – a migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social pouco evoluíra em relação à situação relatada por equipe de auditoria do TCU em março de 2002 no TC 014.003/2001-2:TABELA VIIBASE DE DADOS ESTÁGIO EM NOVEMBRO / 2003

CNIS-Base de Pessoa Jurídica 65% do projeto de migração desenvolvido

CNIS-Base de Pessoa Física 50% do projeto de migração desenvolvido

CNIS-Base de Recolhimentos do Contribuinte Individual

55% do projeto de migração desenvolvido

CNIS-Base de Vínculos e Remunerações do Trabalhador

não iniciado

Page 26: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e Financeiro não iniciado

Benefícios não iniciadoFonte: Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social de novembro de 2003 (fls. 100/167, Anexo 3).

115. Além disso, o “Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social” então elaborado não atendia ao disposto no item 8.9.3 da Decisão nº 1.459/2002-TCU-Plenário, prolatada um ano antes, em outubro de 2002, consistindo essencialmente em um histórico das iniciativas havidas até então (fls. 100/167, Anexo 3).116. Seis meses depois, em maio de 2004, a Dataprev concluiu o “Anteprojeto de Migração dos Sistemas de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS”, posteriormente complementado pelos “Produtos Complementares ao Anteprojeto de Migração dos Sistemas de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS”, elaborado em junho de 2004.117. A análise contida no relatório de acompanhamento que deu origem a estes autos compreendeu o cotejo dos documentos mencionados acima com os requisitos do item 8.9.3 da Decisão nº 1.459/2002-TCU-Plenário e concluiu que nenhum dos dois atendia ao que fora determinado por esta Corte (fls. 51/52 e 94/100, Volume Principal). Esta foi a ocorrência que motivou a audiência do responsável, realizada em março de 2005. Cerca de duas semanas depois, em meados de abril de 2005, o responsável deixou a presidência da Dataprev.118. As razões de justificativa apresentadas pelo responsável não trazem fatos ou documentos novos a respeito do assunto. Inicialmente, o responsável faz considerações acerca da importância de não se por em risco a continuidade dos serviços prestados à população brasileira, alegação freqüentemente utilizada pela Dataprev para justificar ora contratações emergenciais (como vimos na análise do item de audiência “A”, acima), ora a continuidade da dependência tecnológica de plataformas proprietárias.119. Em seguida o responsável argumenta que “questões alheias à Dataprev dificultaram a execução dos investimentos planejados” sem, entretanto, esclarecer que questões foram essas. De forma igualmente vaga, afirma que “o estágio atual do processo de modernização tecnológica demonstra os avanços e o comprometimento da Dataprev com a modernização tecnológica”, e não indica quais foram os avanços obtidos.120. Objetivamente, o responsável menciona apenas a existência de 7 (sete) projetos que estariam em andamento. Diligência feita à Dataprev confirmou a existência dos projetos, mas demonstrou também que a migração de sistemas e bases de dados pouco evoluiu de meados de 2004 a meados de 2005. O Apêndice III a esta instrução contém as informações acerca dos projetos em andamento na Dataprev relacionados com a migração de sistemas e bases da Previdência Social )fls. 291, Volume 16). A partir das informações fornecidas pelo responsável e pela Dataprev acerca desses projetos, bem como a partir do “Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social” elaborado em junho de 2005, é possível afirmar que a situação da migração, em junho de 2005 (cerca de dois meses após a saída do responsável do cargo de presidente da Dataprev) era a seguinte:TABELA VIII

BASE DE DADOS ESTÁGIO EM JUNHO / 2005

CNIS-Base de Pessoa Jurídica concluída

CNIS-Base de Pessoa Físicaem andamento

(percentual não informado)

CNIS-Base de Recolhimentos do Contribuinte Individual

em andamento

(55% executado)

CNIS-Base de Vínculos e Remunerações do Trabalhador

não iniciado

(dependia de avaliação das alternativas pelo INSS)

Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e Financeiro não iniciado

Page 27: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

(interrompido em razão da edição da MP que criou a Receita Federal do Brasil)

Benefícios

não iniciado

(técnicos da Dataprev e do INSS estariam detalhando os novos processos de Benefícios Não Programados, Amparo Assistencial e Revisão).

Fonte: Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social (fls. 9, Anexo 19), Ofício Dataprev nº 076/2005/PR (fls. 202/205, Volume Principal),

121. A comparação entre as Tabelas VII e VIII mostra que, salvo a conclusão da Base de Pessoa Jurídica (iniciada em 2000), pequena – ou mesma nenhuma, no caso das bases de Vínculos e Remunerações - CNIS, Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e Financeiro e Benefícios – foi a evolução da migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social no período sob a gestão do responsável à frente da Dataprev. Ademais, conforme consignado no Apêndice II desta instrução, a desarticulação e a falta de alinhamento estratégico entre MPS, INSS e Dataprev gerou atrasos na migração da Base de Recolhimentos do Contribuinte Individual – CNIS (seis meses) e da Base de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e Financeiro (um ano e meio) (fls. 284 e 288, Volume 16).122. Assim, os argumentos trazidos aos autos pelo responsável não demonstram ter ele adotado as medidas necessárias e tempestivas para dar cumprimento à determinação desta Corte contida no item 8.9.3 da Decisão nº 1.459/2002-TCU-Plenário e dessa forma elaborar e implementar de um projeto de migração que contemplasse todas as bases da Previdência Social. Não obstante a desarticulação e a falta de alinhamento estratégico entre MPS, INSS e Dataprev não poderem ser atribuídas unicamente ao responsável e terem efetivamente contribuído para o atraso na elaboração e implementação de um projeto de migração, sobressai dos autos que o responsável não tomou qualquer iniciativa em relação à migração de parcela relevante dos sistemas e bases de dados, a saber, as bases de Vínculos e Remunerações do Trabalhador – CNIS e de Benefícios, e restringiu-se a determinar a elaboração de anteprojeto – cujo conteúdo não satisfez os requisitos estabelecidos na decisão do TCU – para a base de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS (exceto Vínculos e Remunerações).123. Por fim, cumpre registrar que, com a posse de novos titulares das três casas em julho e agosto de 2005, teve início um processo de remodelagem do “Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social” elaborado em junho de 2005. Este plano foi objeto de parecer por parte desta Secretaria, de 21/09/2005, que contemplou uma série de sugestões a título de subsídio para a elaboração de um substitutivo (fls. 52/61, Anexo 19). Este parecer e outras considerações sobre o plano foram debatidos em reunião técnica realizada em novembro de 2005 e que contou com a participação de técnicos do TCU, da CGU, do MPS, do INSS e da Dataprev. Na ocasião, ficou acertado que até o dia 20/01/2006 a Dataprev encaminharia à SECEX/RJ as alterações propostas e os detalhamentos do Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social.124. Em reunião ocorrida na Dataprev, no Rio de Janeiro, em 21/02/2006, com a participação de técnicos do TCU, do MPS, do INSS e da Dataprev, o presidente dessa empresa, Sr. Antonio Carlos Costa d’Ávila Carvalho, apresentou parte dos Planos de Desenvolvimento e Infra-estrutura, e informou que os trabalhos de revisão do “Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social” deveriam terminar em 31 de março de 2006, com a conclusão dos Planos de Capacitação e de Investimento. Estas informações constam do TC 017.553/2005-8, que trata de acompanhamento dos esforços empreendidos com vistas à celebração de termo de ajuste de conduta entre o Ministério da Previdência Social, INSS, Dataprev e Procuradoria Geral da República acerca da elaboração e implementação de um projeto de migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social para plataforma aberta, conforme determinado no item 8.9.3 da Decisão nº 1.459/2002-TCU-Plenário. Mais recentemente, em 28/04/2006, o Presidente da Dataprev entregou nesta Secretaria os Planos de Desenvolvimento e Infra-estrutura e informou que o encaminhamento formal de todo o Plano, Capacitação e Investimentos inclusive, se dará na próxima semana, pelo Ministro de Estado da Previdência Social. Por fim, impende assinalar que os Planos de Desenvolvimento e de Infra-estrutura estão em análise nesta Secretaria, no âmbito do já mencionado TC 017.553/2005-8.

Page 28: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

125. Em que pese a iniciativa relatada acima, somos de opinião que permanece válida a proposta contida no parágrafo 256 do relatório de acompanhamento no sentido de que seja determinado ao Ministério da Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Dataprev que, em conjunto, encaminhem a este Tribunal um projeto de migração de seus sistemas e bases de dados para plataforma aberta, que seja factível e que contemple, dentre outros, os recursos humanos e financeiros envolvidos e suas origens, um cronograma de ações ou etapas a realizar, os prazos para conclusão de cada etapa, um plano de desmobilização dos equipamentos de grande porte Unisys, indicando quando cada equipamento será devolvido à empresa, um plano de contratação de novos hardware e software para operação em plataforma aberta, bem como outras informações consideradas necessárias.126. Tal determinação se faz necessária, a nosso ver, para evitar o impacto negativo de uma eventual descontinuidade administrativa. A tabela abaixo apresenta em ordem cronológica as iniciativas de elaboração de projetos de migração e as mudanças nas administrações das três casas. Nela é possível observar que a cada mudança na direção dos órgãos corresponde uma nova iniciativa relacionada à elaboração e implementação de um projeto de migração:TABELA IX

DATA EVENTO

Novembro de 2003

Elaboração de “Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social” pela Dataprev.

Janeiro de 2004 Mudança no Ministério da Previdência Social.

Abril de 2004 Mudança na presidência do INSS.

Maio de 2004 Elaboração de “Anteprojeto de Migração das Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS” pela Dataprev.

Junho de 2004 Elaboração de “Elementos Complementares ao Anteprojeto de Migração das Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS” pela Dataprev.

Março de 2005Mudança no Ministério da Previdência Social.

Mudança na presidência do INSS.

Abril de 2005 Mudança na presidência da Dataprev.

Junho de 2005 Elaboração de “Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social” pela Dataprev.

Julho de 2005 Mudança no Ministério da Previdência Social.

Agosto de 2005Mudança na presidência do INSS.

Mudança na presidência da Dataprev.

Março de 2006 Prazo para conclusão da revisão do “Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social” pela Dataprev.

Conclusão127. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a não-elaboração de um projeto de migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social que atenda aos requisitos estabelecidos no item 8.9.3 da Decisão nº 1459/2002-TCU-Plenário.

128. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:Não-elaboração de um projeto de migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social que atenda aos requisitos estabelecidos no item 8.9.3 da Decisão nº 1459/2002-TCU-Plenário.

Nexo de Causalidade:

O responsável não demonstrou ter adotado medidas tempestivas e necessárias para dar cumprimento à determinação desta Corte, pois não tomou qualquer iniciativa em relação à migração de parcela relevante dos sistemas e bases de dados, a saber, as bases de Vínculos e Remunerações do Trabalhador – CNIS e

Page 29: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

de Benefícios, e restringiu-se a determinar a elaboração de anteprojeto cujo conteúdo não satisfez os requisitos estabelecidos na decisão do TCU – para a base de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS (exceto Vínculos e Remunerações).

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do responsável. Contudo, a determinação desta Corte era de pleno conhecimento do responsável desde sua nomeação para a presidência da Dataprev. Deve-se levar em conta, contudo, que a desarticulação e a falta de alinhamento estratégico entre MPS, INSS e Dataprev não podem ser atribuídas unicamente ao responsável.

129. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.130. Outrossim, reiteramos a proposta contida no parágrafo 256 do relatório de acompanhamento (fls. 57, Volume Principal), no sentido de que seja determinado ao Ministério da Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Dataprev que, em conjunto, encaminhem a este Tribunal um projeto de migração de seus sistemas e bases de dados para plataforma aberta, que seja factível e que contemple, dentre outros, os recursos humanos e financeiros envolvidos e suas origens, um cronograma de ações ou etapas a realizar, os prazos para conclusão de cada etapa, um plano de desmobilização dos equipamentos de grande porte Unisys, indicando quando cada equipamento será devolvido à empresa, um plano de contratação de novos hardware e software para operação em plataforma aberta, bem como outras informações consideradas necessárias.131. Por fim, conforme art. 30 da Resolução nº 136/2000, propomos o desentranhamento dos Anexos 3, 9 (com seus volumes 1 e 2), 17 e 19 e a sua juntada ao processo TC 017.553/2005-8, que trata de acompanhamento dos esforços empreendidos com vistas à celebração de termo de ajuste de conduta entre o Ministério da Previdência Social, INSS, Dataprev e Procuradoria Geral da República acerca da elaboração e implementação de um projeto de migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social para plataforma aberta, com o intuito de subsidiar o seu exame.Item G‘Ausência de definição das competências de Dataprev, INSS e MPS - inclusive o Comitê de Tecnologia da Informação da Previdência Social, o Comitê de Gestão Estratégica da Previdência Social e a Assessoria Especial de Tecnologia e Informação - no processo de elaboração e implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social.’

132. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 258 a 285 do relatório de acompanhamento (fls. 57/61, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável133. A respeito desse item, o responsável informou o seguinte (fls. 22, Anexo 18):‘As sobreposições de competências apontadas por este tribunal realmente geram impactos na gestão do processo de modernização tecnológica, dificultando a necessária integração entre MPS, INSS e DATAPREV, que é a empresa de TI da Previdência e possui a autoridade técnica para prover as soluções tecnológicas necessárias aos processos da Previdência Social. Entretanto, cumpre-nos informar que os instrumentos normativos que geraram os referidos conflitos de atribuições fazem parte do escopo de atuação do MPS. Visando facilitar o necessário esclarecimento desta questão, estamos enviando em anexo, os principais normativos que tratam da análise em epígrafe, para vossas análises e conclusões.’

Análise das razões de justificativa134. Assiste razão ao responsável quando alega que a elaboração dos normativos a respeito do assunto não está dentro do escopo de atuação da Dataprev.135. A fixação das competências de Dataprev, INSS e MPS no processo de elaboração e implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social não depende unicamente da Dataprev. Esta empresa não tem competência para estabelecer as competências do Ministério encarregado de sua supervisão e tampouco do INSS, autarquia federal que é simultaneamente seu acionista e principal cliente.

Page 30: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

136. Como já consignado no relatório de acompanhamento, a definição dos papéis e responsabilidades de cada uma das três casas que compõem a Previdência Social na elaboração e implementação de projeto de migração somente pode ocorrer se feita em conjunto pelas entidades.137. Cabe registrar que o Comitê de Tecnologia e Informação da Previdência Social – órgão de gestão integrado pelas três casas a quem competia deliberar sobre políticas, diretrizes, planos, programas e projetos de tecnologia e informação – foi extinto pelo Decreto nº 5.513/2005, de 16/08/2005. Outra alteração organizacional havida foi a transformação da Assessoria Especial de Tecnologia e Informação do MPS no Departamento de Tecnologia da Informação do MPS, conforme Decretos 5.256/2004, 5.403/2005 e 5.469/2005.138. Em setembro de 2005, a Dataprev informou que a Portaria Ministerial nº 1.264, de 30/06/2005, estabeleceu o ordenamento de responsabilidades entre MPS, INSS e Dataprev para a execução das macro-atividades do Projeto de Implementação do Novo Modelo de Gestão – PI/NMG e que o Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social tem forte acoplamento com esse Projeto e obedecerá ao mesmo ordenamento. Ainda de acordo com a Dataprev, a coordenação conjunta do PI/NMG e a explicitação dos papéis de cada uma das entidades reduzirão os riscos de não-sincronismos entre atividades que são funcionalmente interdependentes e executadas por entidades distintas (fls. 201, Volume Principal).139. No que diz respeito especificamente à migração, a referida Portaria (fls. 177/178, Anexo 20) estabelece (grifo nosso):“Art. 6º Ficam definidos, na forma a seguir, os papéis e responsabilidades do MPS, INSS e Dataprev, no âmbito do Projeto de Implementação do Novo Modelo de Gestão:(...)§ 5º Quanto à migração de processos e sistemas:I – A Dataprev será responsável, com a participação de técnicos do MPS e INSS, pela coordenação, especificação, dimensionamento, implantação e hospedagem da infra-estrutura de hardware, software e serviços necessários à sustentação e operacionalização das soluções de TI adotadas, contemplando:ambiente central de processamento;rede de telecomunicações;gerenciamento eletrônico de documentos - GED;solução tecnológica para portal;solução tecnológica de segurança;suporte à especificação da solução para o ambiente cliente.

II - no que tange aos equipamentos adquiridos pela Previdência Social, a DATAPREV compromete-se a prover a sustentação dos mesmos, considerados os níveis de serviços ajustados com o cliente (MPS e INSS). garantindo também a sustentação do ambiente legado e sua integração com o novo ambiente computacional;III - os processos de aquisição de infra-estrutura deverão ser submetidos à apreciação do CTI/PS, em conformidade com o seu regimento interno;IV - a condução das atividades decorrentes dessas ações observará o Plano de Aquisições do PINMG.§7º Os casos omissos e eventuais impasses serão resolvidos pelo Comitê de Tecnologia da Informação da Previdência Social (CTI/PS) ou, quando este julgar-se incompetente para tanto, pelo Comitê de Gestão Estratégica da Previdência Social (CGE/PS).

Parágrafo único - Para auxiliar o CTI/PS na tomada de decisão, deverá ser criado um Subcomitê que terá como participantes representantes das áreas de TIC e de negócio.”140. A nosso ver, a migração é um processo complexo que exige um maior detalhamento das responsabilidades, em especial das competências decisórias. A Portaria prevê que as ações devem ser planejadas, executadas,controladas e avaliadas de forma integrada, mediante coordenação compartilhada, mas não especifica como se dará a tomada de decisão, salvo no caso do inciso IV do parágrafo 3º do art. 6º. No trecho que cuida da migração, reproduzido acima, a Portaria não esclarece, por exemplo, como se dará a participação dos técnicos do INSS e MPS e a quem caberá a tomada de decisão. Outrossim, com a extinção do CTI/PS, não mais há um fórum tripartite para resolver os casos omissos e eventuais impasses. Dessa forma, somos de opinião que ainda se faz necessário um maior

Page 31: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

detalhamento dos papéis e responsabilidades de cada um dos três entes na elaboração e implementação da migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social.

Conclusão141. As alegações apresentadas pelo responsável lograram justificar a ausência de definição das competências de Dataprev, INSS e MPS no processo de elaboração e implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social.142. Por todo o exposto, propomos sejam aceitas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.143. Outrossim, reiteramos a proposta contida no parágrafo 283, “a” do relatório de acompanhamento (fls. 61, Volume Principal), a saber, seja determinado ao Ministério da Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Dataprev que, em conjunto, definam as competências de Dataprev, INSS e MPS – inclusive o Comitê de Gestão Estratégica da Previdência Social e o Departamento de Tecnologia e Informação – no processo de implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social.Item H‘Ausência de um plano de ação contendo o conjunto de ações diretamente relacionadas à elaboração e à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social para plataforma aberta, com a indicação dos agentes responsáveis, dos prazos de execução e de indicadores e metas que permitam aferir a evolução de cada uma das ações.’144. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 195 a 211 e 282 do relatório de acompanhamento (fls. 47/49 e 60, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável145. Os argumentos suscitados pelo responsável são os mesmos apresentados para o item “F” acima (fls. 23/29, Volume Principal).

Análise das razões de justificativa146. O responsável não se manifestou especificamente a respeito da ausência de um plano de ação nos moldes acima, tendo apenas apresentado uma série de medidas que, a seu ver, promoveram a modernização tecnológica da Previdência Social.147. É preciso consignar, contudo, que não havia determinação desta Corte para que elaborasse o referido plano de ação. O teor da determinação contida no item 8.9.3 da Decisão nº 1.459/2002-TCU-Plenário restringe-se à elaboração de um projeto de migração dos sistemas e bases de dados e seus requisitos, não abrangendo um plano que definisse o conjunto de ações a cargo de cada um dos três entes para viabilizar e garantir a coordenação, a celeridade e a efetividade das iniciativas relacionadas à elaboração e implementação de um projeto de migração.148. Assim, embora recomendável do ponto de vista organizacional e administrativo para tentar eliminar a deficiência na coordenação das ações a cargo de MPS, INSS e Dataprev e por via de conseqüência evitar a descontinuidade das iniciativas relacionadas com a elaboração e implementação de um projeto de migração, não havia comando legal ou determinação desta Corte que exigissem tal conduta do responsável.Conclusão149. As alegações apresentadas pelo responsável lograram justificar a ausência de um plano de ação contendo o conjunto de ações diretamente relacionadas à elaboração e à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social para plataforma aberta, com a indicação dos agentes responsáveis, dos prazos de execução e de indicadores e metas que permitam aferir a evolução de cada uma das ações.150. Por todo o exposto, propomos sejam aceitas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.151. Outrossim, reiteramos a proposta contida no parágrafo 283, “b” do relatório de acompanhamento (fls. 61, Volume Principal), a saber, seja determinado ao Ministério da Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Dataprev que, em conjunto, remetam ao Tribunal um plano de ação contendo o conjunto de ações diretamente relacionadas à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social, com a indicação dos agentes

Page 32: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

responsáveis, dos prazos de execução e de indicadores e metas que permitam aferir a evolução de cada uma das ações.Item I‘Ausência de relatório de avaliação contendo informações sobre o cumprimento dos prazos e metas de cada uma das ações relacionadas à elaboração e à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social.’152. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 258 a 285 do relatório de acompanhamento (fls. 57/61, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável153. Os argumentos suscitados pelo responsável são os mesmos apresentados para o item “F” acima (fls. 23/29, Volume Principal).Análise das razões de justificativa154. A exemplo do item de audiência “H”, o responsável não se manifestou especificamente a respeito da ausência de um relatório de avaliação nos moldes acima, tendo apenas apresentado uma série de medidas que, a seu ver, promoveram a modernização tecnológica da Previdência Social.155. É preciso consignar, contudo, que não havia determinação desta Corte para que elaborasse o referido relatório de avaliação. O teor da determinação contida no item 8.9.3 da Decisão nº 1.459/2002-TCU-Plenário restringe-se à elaboração de um projeto de migração dos sistemas e bases de dados e seus requisitos e não abrange o encaminhamento de um relatório de avaliação contendo informações sobre o cumprimento dos prazos e metas de cada uma das ações relacionadas à elaboração e à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social.156. Assim, embora recomendável do ponto de vista organizacional e administrativo para tentar eliminar a deficiência na coordenação das ações a cargo de MPS, INSS e Dataprev e por via de conseqüência evitar a descontinuidade das iniciativas relacionadas com a elaboração e implementação de um projeto de migração, não havia comando legal ou determinação desta Corte que exigissem tal conduta do responsável.Conclusão157. Por todo o exposto, propomos sejam aceitas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.158. Outrossim, reiteramos a proposta contida no parágrafo 283, “c” do relatório de acompanhamento (fls. 61, Volume Principal), a saber, seja determinado ao Ministério da Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Dataprev que, em conjunto remetam ao Tribunal, trimestralmente, relatório de avaliação contendo informações sobre o cumprimento dos prazos e metas de cada uma das ações relacionadas à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social

Item J‘Ausência, nos estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico, de manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto a alternativas de adequação do parque e seu momento de implantação.’159. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 99 a 121 do relatório de acompanhamento (fls. 25/30, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável160. A respeito desse item, o responsável informou o seguinte (fls. 29, Anexo 18):“Nos estudos contidos no relatório periódico de Avaliação do Parque Computacional de Mainframe elaborado pela Dataprev, várias vezes citado no ofício do TCU 235/2005, é apresentado parecer técnico conclusivo relativo as necessidades de adequação do parque computacional. Nestes trabalhos foram apresentadas às devidas alternativas de adequação em unidades de capacidade de processamento, bem como seu momento de implantação, conforme pode ser observado no item no parecer técnico, item 8, do relatório de avaliação do parque computacional de mainframe de abril de 2003.”Análise das razões de justificativa161. As razões de justificativa apresentadas pelo responsável não trazem fatos ou documentos novos acerca dos estudos de capacidade e performance do parque computacional da Dataprev e repetem considerações e argumentos já suscitados nestes autos.

Page 33: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

162. Não obstante, julgamos pertinente reproduzir a seguir os trechos relevantes do item 8 do relatório de avaliação do parque computacional de mainframe de abril de 2003 citado pelo responsável (fls. 9/11, Volume 2, Anexo 2):‘8 – Parecer TécnicoAs cargas atuais analisadas e projetadas indicam a necessidade imediata de adequação do parque computacional de mainframes no tocante à sua capacidade de processamento e armazenamento.8.1 – IndicativoConsiderando que:(...)Recomendamos:A continuidade do processo de otimização e ajustes do ambiente de mainframes;aumento da capacidade de processamento e armazenamento (opção C do item abaixo);A adequação do parque computacional de mainframes através da contratação de um único equipamento para atendimento das cargas atuais. Dentre as alternativas apresentadas no Anexo 2, indicamos a opção 3 (Adequação do Parque Computacional de Mainframes através da substituição do NX4822-75 por um novo equipamento) ou também a opção 4-B (Contratação de um único equipamento para substituir os do Rio de Janeiro (NX4822-75 e NX5822-78), considerando dois ambientes MCP distintos, ou seja, uma partição MCP para execução dos sistemas de Benefício e outra para os sistemas do CNIS), como as alternativas tecnicamente mais adequadas. A escolha deverá ser, então, pautada na relação custo-benefício entre essas duas alternativas, devendo-se considerar no processo decisório, que não teremos custos de locação do hardware para os equipamentos inclusos no contrato de locação em vigência.

(...)8.2 – Possibilidades para adequação C) Aumento na capacidade de Processamento e Armazenamentoaumento de aproximadamente 10.000 RPM na capacidade de processamento dos Sistemas de Benefícios, ou seja, utilização de um equipamento com aproximadamente 30.000 RPM;aumento de aproximadamente 8.500 RPM na capacidade de processamento do CNIS, ou seja, utilização de um equipamento com aproximadamente 21.000 RPM (similar ao NX5822-78);aumento na capacidade de armazenamento conforme tabela abaixo

Mainframe Previsão 12 meses Previsão 18 mesesA18 18 GB 18 GBNX4822-75 e NX5822-78 320 GB 410 GBNX5822-78 (CTSP.O) 140 GB 195 GB

(...)

8.3 – Recomendações FinaisRecomendamos também a implantação de um programa para gerenciamento de capacidade e análise de desempenho, conforme modelo apresentado no anexo 6, que encontra-se em fase de homologação.”163. A leitura deste trecho – que já fora analisado por ocasião da elaboração do relatório de acompanhamento – é exemplificativa da conclusão então obtida: “as três avaliações do parque computacional da Dataprev não são categóricas quanto ao momento em que se deve realizar a adequação do parque e qual a melhor alternativa para fazê-lo, ou seja, qual o equipamento que melhor atende às necessidades da Dataprev em termos técnicos e financeiros” (fls. 28, Volume Principal).164. Este achado não é novo. Por ocasião da auditoria operacional realizada na Dataprev em 2001, a equipe constatou que “o estudo realizado pela Dataprev não continha elementos suficientes que pudessem dar segurança à tomada de decisão da Empresa quanto à atualização de seu parque tecnológico”. Propôs, então, que a empresa incluísse em seu próximo relatório de gestão, “informações acerca da adoção de procedimentos internos para que os estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico sejam realizados permanentemente por seus profissionais, e não somente por ocasião de necessidade de atualização do parque, dotando a Empresa de melhores subsídios de planejamento, evitando-se, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades, no tocante às alterações de seu parque tecnológico.’

Page 34: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

165. A insuficiência dos estudos de capacidade e performance do parque tecnológico da Dataprev foi igualmente consignada pela Auditoria Interna da empresa, como já consignado no relatório de acompanhamento (fls. 44, Anexo 6 e fls. 26, Volume Principal):‘Os estudos deveriam apontar além da capacidade adequada do equipamento a ser adotado, em que momento se necessitaria do upgrade.’166. Em vista disso, somos de opinião que permanece válida a proposta de determinação à Dataprev contida no parágrafo 120 do relatório de acompanhamento para que a empresa inclua em seu próximo relatório de gestão informações acerca da melhoria dos estudos de capacidade e performance de seu parque computacional.Conclusão167. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a ausência, nos estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico, de manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto a alternativas de adequação do parque e seu momento de implantação.168. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:

Assinatura de contrato emergencial contemplando adequação do parque computacional sem respaldo em estudos de capacidade e performance que contivessem manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto às alternativas de adequação e seu momento de implantação.

Nexo de Causalidade:

O responsável poderia ter prevenido a ocorrência se tivesse exigido das áreas técnicas da Dataprev que se pronunciassem conclusivamente em termos técnicos e financeiros, quanto às alternativas de adequação e seu momento de implantação.

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do responsável. Contudo, o responsável tinha pleno conhecimento de que a adequação do parque tecnológico da Dataprev implicava custos elevados. Não obstante, praticou o ato sem o respaldo de estudos ou pareceres técnicos e financeiros conclusivos.

169. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.170. Outrossim, de forma a prevenir ocorrência semelhante, reiteramos a proposta contida no parágrafo 120 do relatório de acompanhamento no sentido de que a Dataprev inclua em seu próximo relatório de gestão informações acerca da adoção de procedimentos internos para que os estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico, quando identificarem a necessidade de sua adequação, contenham manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto a alternativas de adequação do parque e seu momento de implantação.Item K‘Ausência de realização periódica de estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico que permita dotar a Empresa de melhores subsídios de planejamento e evitar, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico.’171. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 99 a 121 do relatório de acompanhamento (fls. 25/30, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável172. A respeito desse item, o responsável informou o seguinte (fls. 29, Anexo 18):“Ratificamos que a Dataprev realiza acompanhamentos e ajustes de performance diária em seus equipamentos computacionais, de maneira cíclica e habitual, através de seus setores de suporte e produção, gerando relatórios de acompanhamento de foco departamental para estes setores. Informamos ainda que de forma regular, vêm sendo produzidos desde 2002, relatórios detalhados de avaliação técnica de mainframes, de forma a dotar a Empresa de subsídios de planejamento, com vistas a auxiliar a tomada de decisões baseadas nas reais necessidades de seu parque tecnológico. Cumpre esclarecer que estes relatórios contêm recomendações de ações necessárias ao parque tecnológico que abordam desde alterações sistêmicas a alternativas para adequação do hardware.”Análise das razões de justificativa

Page 35: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

173. Por meio do Ofício nº 937/2005/SECEX/RJ-4ªDT, de 14/07/2005, foram solicitados à Dataprev cópias dos relatórios técnicos de avaliação do parque de mainframes elaborados após maio de 2003 até aquele momento. 174. Em resposta, a Dataprev encaminhou, em 13/09/2005, dois cd’s cujos conteúdos encontram-se armazenados em \\srv-rj\trabalho\Informações\Unidades Jurisdicionadas\LUJ SECEX_RJ\EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDENCIA SOCIAL\CDs anexos ao Ofício 076-2005-PR Dataprev (fls. 174 e 214, Volume Principal). O cd nº 1 contém informações acerca das avaliações realizadas em abril de 2003 e agosto de 2004. O cd nº 2 contém o arquivo “RespostaTCU-ItemA.doc” que traz gráficos semestrais dos níveis de utilização percentual da CPU e da memória global e gráficos anuais da utilização da área em disco, todos desacompanhados de qualquer comentário, avaliação ou conclusão acerca dos dados apresentados e da indicação dos responsáveis pela sua elaboração. Há somente a descrição dos conceitos, dos níveis de apuração e das fórmulas (fls. 130/139, Anexo 20). A comparação deste arquivo com as avaliações realizadas em abril de 2003 e agosto de 2004 (Volume 2 do Anexo 2 e fls. 1/129, Anexo 20) impede que se possa considerá-lo como uma avaliação técnica do parque de mainframe.

175. Vê-se, assim, que entre as duas avaliações do parque computacional realizadas transcorreram 16 meses.176. Na mesma diligência foram solicitadas as normas internas que regulam a realização de avaliações periódicas do parque computacional da Dataprev. O cd nº 2, mencionado acima, contém as seguintes normas:NORMA DATA CONTEÚDOCS/DOP/Nº 002/2001 09/01/2001 Procedimentos para monitorização do ambiente on-line nos

computadores de grande porte Unisys no período compreendido entre 7:00 e 22:00, visando minimizar as discrepâncias que afetam o tempo de resposta.

CS/DOP/Nº 003/2001 09/01/2001 Regras para definição da prioridade dos processamentos nos computadores de grande porte Unisys.

CS/DOP/Nº024/2001 28/11/2001 Procedimento para apuração mensal de indicadores de avaliação do processo produtivo nos computadores de grande porte nos Centros de Tratamento de Informação do Rio de Janeiro e de São Paulo.

177. As normas acima dizem respeito ao processamento nos computadores de grande porte Unisys mas não tratam de avaliações periódicas do parque computacional. Há somente a afirmação, na CS/DOP/Nº024/2001, de que os estudos para atualização do parque computacional terão como base os dados históricos dos indicadores ali definidos (fls. 157, Anexo 20).178. Como já consignado no relatório de acompanhamento, a avaliação realizada em abril de 2003 recomendou a implantação de um programa para gerenciamento de capacidade e análise de desempenho que se encontrava então em fase de homologação (fls. 43, Volume Principal). O mesmo modelo foi proposto por ocasião da avaliação de agosto de 2004, em que os técnicos responsáveis por sua elaboração afirmaram que a “avaliação periódica de um parque computacional é uma necessidade das organizações, pois além de exibir uma visão do momento, subsidia a adoção de medidas que permitirão a correção ou adequação do ambiente às necessidades atuais e vindouras da organização” (fls. 133/178, Volume 2 do Anexo 2, e fls. 11 e 84/124, Anexo 20). Não há nos autos e nas razões de justificativas apresentadas pelo responsável informações acerca da implementação deste programa ou outro equivalente.179. Tendo em vista as informações acima, é forçoso concluir que o responsável não tomou medidas para que fossem realizadas avaliações periódicas de estudos de capacidade e performance do parque tecnológico da Dataprev, muito embora essa deficiência já tivesse sido detectada em 2001 pela equipe de auditoria operacional do TCU e já houvesse, desde abril de 2003, um modelo proposto pela área técnica da Dataprev do qual não se tem notícia de sua implantação durante a gestão do responsável.

Conclusão180. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a ausência de realização periódica de estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico que permita dotar a

Page 36: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

Empresa de melhores subsídios de planejamento e evitar, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico.181. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:

Não adoção de medidas para garantir a realização periódica de estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico que dotem a empresa de melhores subsídios de planejamento e evitem, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico.

Nexo de Causalidade:

O responsável poderia ter prevenido a ocorrência se tivesse adotado medidas, durante seus mais de dois anos de gestão, para instituir o modelo proposto em abril de 2003 e reiterado em agosto de 2004 pelos técnicos da Dataprev ou outro programa equivalente.

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do responsável. Contudo, o responsável tinha pleno conhecimento da necessidade, já apontada pelos órgão de controle e pela área técnica da empresa, de realizar avaliações periódicas do parque computacional da Dataprev, de forma a dotá-la de melhores subsídios de planejamento e evitar a tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico.

182. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.183. Outrossim, de forma a prevenir ocorrência semelhante, reiteramos a proposta contida no parágrafo 120 do relatório de acompanhamento no sentido de que os estudos de capacidade e performance da Dataprev sejam realizados permanentemente por seus profissionais e não somente por ocasião da necessidade de atualização do parque.Itens L e M‘Ausência no processo CP nº 2003.0473.01, de pesquisa de preço e orçamento detalhado em planilhas para os serviços a serem adquiridos, em conformidade com o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei nº 8.666/93.’“Não inserção, nas pastas de processo CP nº 2003.0473.01, de cópias dos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado, em conformidade com o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei nº 8.666/93.”184. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 174 a 188 do relatório de acompanhamento (fls. 43/45, Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável185. A respeito desse item, o responsável informou o seguinte (fls. 29/30, Anexo 18):“Em atendimento aos itens “l” e “m” do Ofício nº 235/2005 da Secex/RJ-4ª DT, datado de 15/03/2005, com base na documentação disponível, tenho a informar que já foi providenciada a inserção no Processo/CP 2003.0473.01 toda a documentação referente à pesquisa de preço para os serviços a serem adquiridos, cópias dos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado, em conformidade com o disposto nos Artigos 7º, §2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei 8.666/93.Trata-se da análise econômico-financeira realizada pela equipe técnica da Dataprev, que contou com fontes diversas de informação, como por exemplo os relatórios a respeito do mercado de computadores de grande porte realizados pela Trevisan, pelo Gartner Group, referências extraídas de relatórios do TCU e pesquisa de mercado junto às empresas PROCERGS, BRB, CEDAE e PRODESP.Esse trabalho, cuja cópia encaminho em anexo, subsidiou as negociações com a empresa Cobra Tecnologia à época das contratações emergenciais, sendo a principal referência do preço contratado e, conseqüentemente, do preço estimado para a licitação (Processo/CP 2003.0473.01).”Análise das razões de justificativa186. De início, impende registrar que, embora o responsável afirme ter enviado cópia da análise econômico-financeira em anexo a suas razões de justificativa, ela não consta da documentação reunida no Anexo 18 a este processo.187. De toda forma, a análise econômico-financeira mencionado pelo responsável é aquela que subsidiou as contratações emergenciais e se encontra às fls. 3/52, Volume 7, Anexo 2 e Volumes 5 e 6,

Page 37: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

Anexo 2, deste autos. Não se trata, portanto, de elemento novo, já tendo sido analisado por ocasião da elaboração do relatório de acompanhamento.188. Em vista disso, reiteramos a conclusão contida nos parágrafos 182 a 186 do relatório de acompanhamento, que passamos a transcrever (fls. 44/45, Volume Principal):‘182. Em que pese a estimativa de custo para a Concorrência nº 002/2004, contida na Requisição DEST.O nº 01/2003, ter sido feita com base nos valores mensais do primeiro contrato emergencial com a Cobra, cujos preços unitários podem ser encontrados no processo de dispensa de licitação CP nº 2003.0232.01, somos de opinião que tais informações não suprem a exigência da Lei de Licitações e Contratos.183. Da mesma forma, a não atualização da pesquisa de preços realizada em maio de 2003 não se coaduna com as melhores práticas administrativas que a Dataprev alega empregar, como afirmado em 17/03/2004 pelo Diretor de Administração e Finanças da Dataprev: “(...) hoje a Empresa já dispõe de uma massa de dados e informações que lhe permite negociar, em condições de igualdade, com qualquer fornecedor ou prestador de serviços neste tipo de negócio, pois passou a seguir as diretrizes, sistemáticas e referências adotadas pelo Tribunal de Contas da União – TCU, Secretaria Federal de Controle Interno – SFCI e ‘Gartner Group’, as quais foram consolidadas pela FIA/USP” (fls. 49, Anexo VI).184. É preciso lembrar que o equipamento Libra 185 foi lançado em julho de 2003, posteriormente, portanto, à coleta de preços realizada pela Dataprev em maio de 2003 (fls. 30, Volume II, e fls. 42, Volume IV, Anexo II). Assim, não obstante a dificuldade na obtenção de informações de preços de mainframes Unisys, a Dataprev deveria ter envidado esforços no sentido de obter novas referências de preços, em especial da linha ClearPath Plus Libra, e assim seguir as melhores práticas administrativas e ao mesmo tempo atender ao espírito da Lei de Licitações e Contratos.185. Cabe lembrar que, em sessão de 30/06/2004, por ocasião do julgamento do relatório de auditoria TC nº 008.818/2003-0, o Plenário desta Corte determinou à Dataprev que observe, nos processos de aquisição e contratação de bens e serviços de informática, o disposto no art. 7º, § 2º, II, da Lei nº 8.666/93, realizando pesquisa de preço e elaborando orçamento detalhado em planilhas para os serviços a serem adquiridos, inserindo nas pastas de todos os procedimentos licitatórios cópias dos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado, em conformidade com a legislação (Acórdão nº 838/2004-TCU-Plenário, Ata 23/2004).186. Assim, embora os fatos narrados no item “Evidências” tenham ocorrido antes da prolação do Acórdão nº 838/2004-TCU-Plenário, entendemos pertinente seja renovada a determinação transcrita acima.’Conclusão189. As alegações apresentadas pelo responsável não lograram justificar a ausência, no processo CP nº 2003.0473.01, de pesquisa de preço e orçamento detalhado em planilhas para os serviços a serem adquiridos, em conformidade com o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei nº 8.666/93.190. A responsabilidade do Sr. José Jairo Ferreira Cabral, Presidente da Dataprev no período de 13/01/2003 a 14/04/2005, decorre do seguinte:

Conduta:Assinatura de contrato decorrente da Concorrência nº 002/2004 CP que não continha orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários e foi baseada em pesquisa de preços desatualizada.

Nexo de Causalidade:

O responsável poderia ter prevenido a ocorrência se tivesse exigido das áreas técnicas da Dataprev que atualizassem a pesquisa de preços e elaborassem as planilhas de quantitativos e preços unitários.

Culpabilidade:

Não há indícios de que tenha havido má-fé por parte do responsável. Contudo, o responsável praticou o ato sem o respaldo de pesquisa de preços atualizada e sem orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários, utilizando como subsídio informações coletadas há mais de um ano, em maio e junho de 2003.

191. Por todo o exposto, propomos sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.192. Outrossim, de forma a prevenir ocorrência semelhante, reiteramos a proposta contida no parágrafo 187 do relatório de acompanhamento no sentido de que seja determinado à Dataprev que observe, nos processos de aquisição e contratação de bens e serviços de informática, o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei nº 8.666/93, realizando pesquisa de preço e elaborando orçamento

Page 38: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

detalhado em planilhas para os serviços a serem adquiridos, inserindo nas pastas de todos os procedimentos licitatórios cópias dos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado, em conformidade com a legislação.Item N‘Fixação, nas cláusulas 9.2.3 e 9.2.4 do Edital da Concorrência nº 002/04, de fatores de ponderação dos índices técnico e de preço em desacordo com o disposto no art. 3º, IV, do Decreto nº 1.070/94.”193. Este achado encontra-se relatado nos parágrafos 189 a 194 do relatório de acompanhamento (fls. 46 do Volume Principal).Razões de justificativa apresentadas pelo responsável194. A respeito desse item, o responsável informou o seguinte (fls. 30, Anexo 18):“De fato, o grupo de trabalho criado pelas Portarias Ministeriais 1355 e 1500/2004 responsável por elaborar o edital inverteu a ordem dos fatores de ponderação dos índices técnicos e de preço previstos nas cláusulas 9.2.3 e 9.2.4 do edital. No entanto entendo que este lapso cometido não interferiu no resultado do certame, uma vez que um único licitante acudiu à licitação.’Análise das razões de justificativa195. O responsável reconhece o erro mas pondera que ele não interferiu no resultado do certame. De fato, como já dito anteriormente, não havia viabilidade de competição sequer para a contratação de empresa interposta, em razão dos contratos firmados entre a Cobra e a Unisys que faziam com que somente a Cobra pudesse ser a empresa integradora de soluções como demonstrou, aliás, o resultado da Concorrência nº 002/2004. Logo, o erro na fixação do fator de ponderação não afetou o seu resultado.196. Destaca ainda o responsável que o lapso foi cometido pelo grupo de trabalho criado pelas Portarias Ministeriais nº 1355 e 1500/2004. Ocorre que as cláusulas 9.2.3 e 9.2.4 da minuta de edital apresentada pelo grupo de trabalho fixam os fatores de ponderação dos índices técnico e de preço em 6 (seis) e 4 (quatro), em conformidade, portanto, com o inciso IV do art. 3º do Decreto nº 1.070/94 (fls. 460, Volume 2, Anexo 7).197. A alteração dos fatores de ponderação aconteceu no âmbito da Dataprev: em 22 de janeiro de 2004, o funcionário Márcio Sena, do Departamento de Suporte Técnico, enviou e-mail à presidente da Comissão Permanente de Licitações, Cândida Begami, solicitando que verificasse junto ao advogado Marcelo Marques Lopes acerca da possibilidade de alterar os fatores de ponderação dos índices técnicos e de preços para 3 (três) e 7 (sete) (fls. 575, Volume 3, Anexo 7). 198. Não há, nos autos, resposta para o e-mail acima. Contudo, a versão final do edital, com os fatores de ponderação dos indíces técnicos e de preços fixados em 3 (três) e 7 (sete), foi assinada por Márcio Sena, Cândida Begami e Marcelo Marques Lopes, que assim demonstraram concordância com todos os seus termos, inclusive as cláusulas inquinadas.199. Os presentes autos não contêm indícios de que o responsável tenha determinado a alteração dos fatores de ponderação. Assim, a nosso ver, não é razoável exigir do gestor que tivesse detectado tal erro no edital de licitação que foi elaborado por um grupo de trabalho integrado por nove servidores das três casas (fls. 245 e 247, Volume 1, Anexo 7), e posteriormente revisado pelas áreas técnica (Márcio Sena), administrativa (Cândida Begami) e jurídica (Marcelo Marques Lopes) da Dataprev.Conclusão200. As alegações apresentadas lograram justificar a ausência de responsabilidade do Sr. José Jairo Cabral na fixação, nas cláusulas 9.2.3 e 9.2.4 do Edital da Concorrência nº 002/04, de fatores de ponderação dos índices técnico e de preço em desacordo com o disposto no art. 3º, IV, do Decreto nº 1.070/94.201. Por todo o exposto, propomos sejam aceitas as razões de justificativa apresentadas pelo responsável José Jairo Ferreira Cabral.202. Outrossim, reiteramos a proposta contida no parágrafo 194 do relatório de acompanhamento, a saber, seja determinado à Dataprev que observe o disposto no art. 3º, IV, do Decreto nº 1.070/94 e abstenha-se, nas licitações de bens e serviços de informática tipo “técnica e preço”, de fixar o valor do fator de ponderação de índice técnico fora do intervalo de 5 (cinco a 7 (sete).

4. PROPOSTA1. Diante do exposto, sugerimos o encaminhamento dos autos ao Gabinete do Ex.mo Ministro-Relator, Dr. Ubiratan Aguiar, propondo:

Page 39: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

1.1 aceitar as razões de justificativa do responsável José Jairo Ferreira Cabral para os itens para os itens “g”, “h”, “i” e “n” da audiência realizada por meio do Ofício nº 235/2005/SECEX/RJ-4ªDT, de 15/03/2005 (fls. 140/143, Volume Principal) (ver parágrafos 142, 150, 157 e 201 desta instrução);1.2 rejeitar as razões de justificativa do responsável José Jairo Ferreira Cabral para os itens “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, “f”, “j” , “k”, “l” e “m” da audiência realizada por meio do Ofício nº 235/2005/SECEX/RJ-4ªDT, de 15/03/2005 (ver parágrafos 30, 45, 57, 96, 109, 129, 169, 182 e 191 desta instrução);1.3 aplicar ao responsável José Jairo Ferreira Cabral, com fundamento no art. 250, § 2º, do Regimento Interno, a multa prevista no art. 58, III, da Lei nº 8.443/92 c/c os arts. 250, § 2º e 268, III, do Regimento Interno, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, consoante o art. 216 do Regimento Interno;1.4 autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, a cobrança judicial da dívida referida no item acima, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora estabelecido, até a data do recolhimento, caso não atendida a notificação, na forma da legislação em vigor;1.5 determinar ao Ministério da Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Dataprev, com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 250, II, do Regimento Interno deste Tribunal, que, em conjunto:a) encaminhem a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, um projeto de migração de seus sistemas e

bases de dados para plataforma aberta, que seja factível e que contemple, dentre outros, os recursos humanos e financeiros envolvidos e suas origens, um cronograma de ações ou etapas a realizar, os prazos para conclusão de cada etapa, um plano de desmobilização dos equipamentos de grande porte Unisys, indicando quando cada equipamento será devolvido à empresa, um plano de contratação de novos hardware e software para operação em plataforma aberta, bem como outras informações consideradas necessárias (ver parágrafo 130 desta instrução);

b) encaminhem a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a definição das competências de Dataprev, INSS e MPS - inclusive o Comitê de Tecnologia da Informação da Previdência Social, o Comitê de Gestão Estratégica da Previdência Social e a Assessoria Especial de Tecnologia e Informação - no processo de implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social (ver parágrafo 143 desta instrução);

c) remetam ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, um plano de ação contendo o conjunto de ações diretamente relacionadas à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social para plataforma aberta, com a indicação dos agentes responsáveis, dos prazos de execução e de indicadores e metas que permitam aferir a evolução de cada uma das ações (ver parágrafo 151 desta instrução); e

d) remetam ao Tribunal, trimestralmente, relatório de avaliação contendo informações sobre o cumprimento dos prazos e metas de cada uma das ações relacionadas à implementação de projeto de migração de todos os sistemas e bases de dados da Previdência Social (ver parágrafo 158 desta instrução).

1.6 determinar à Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social - Dataprev, com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 250, II, do Regimento Interno deste Tribunal, que:a) inclua em seu próximo relatório de gestão informações acerca da adoção de procedimentos internos

para que os estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico, quando identificarem a necessidade de sua adequação, contenham manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto a alternativas de adequação do parque e seu momento de implantação, bem como sejam realizados permanentemente por seus profissionais e não somente por ocasião de necessidade de atualização do parque, dotando a Empresa de melhores subsídios de planejamento, evitando-se, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico (ver parágrafos 46, 170 e 183 desta instrução);

b) doravante, instrua os processos de dispensa de licitação com a razão da escolha do fornecedor ou executante, prevista no art. 26, parágrafo único, II, da Lei nº 8.666/93, fundada em atestados de capacidade técnica que demonstrem objetivamente a experiência da futura contratada no fornecimento ou execução do objeto da dispensa de licitação (ver parágrafo 58 desta instrução);

Page 40: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

c) doravante, observe, nos processos de aquisição e contratação de bens e serviços de informática, o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei nº 8.666/93, realizando pesquisa de preço e elaborando orçamento detalhado em planilhas para os serviços a serem adquiridos, inserindo nas pastas de todos os procedimentos licitatórios cópias dos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado, em conformidade com a legislação (ver parágrafo 192 desta instrução);

d) doravante, nas licitações de bens e serviços de informática tipo “técnica e preço”, observe o disposto no art. 3º, IV, do Decreto nº 1.070/94 e atribua ao fator de ponderação de índice técnico valor de 5 (cinco) a 7 (sete) (ver parágrafo 202 desta instrução);

e) doravante, observe os arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93 e abstenha-se de aceitar a prestação de serviço sem cobertura contratual (ver parágrafo 110 desta instrução).

1.7 reiterar a determinação à Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social - Dataprev contida no item “a” da Decisão nº 370/1997-Plenário no sentido de que a empresa não contrate de forma emergencial e direta os seus serviços, tendo em vista o disposto na Decisão nº 347-TCU/Plenário, Ata 22/94, item 8.2, alíneas “a” e “a.1” (ver parágrafo 31 desta instrução);1.8 enviar cópia do Acórdão a ser proferido, acompanhado do Relatório e Voto que o fundamentarem, ao Ex.mo Sr. Senador José Jorge, tendo em vista o teor da representação de que trata o TC 013.072/2004-0, apensado a estes autos;1.9 enviar cópia do Acórdão a ser proferido, acompanhado do Relatório e Voto que o fundamentarem, à Sra. Raquel Branquinho P. Mamede Nascimento, Procuradora da República, em resposta ao Ofício GAB PR/DF/RB Nº 250/04;1.10 desentranhar, conforme art. 30 da Resolução nº 136/2000, os Anexos 3, 9 (com seus volumes 1 e 2), 17 e 19 e promover sua juntada ao processo TC 017.553/2005-8, que trata de acompanhamento dos esforços empreendidos com vistas à implementação do Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social e à celebração de termo de ajuste de conduta entre o Ministério da Previdência Social, INSS, Dataprev e Procuradoria Geral da República acerca da elaboração e implementação de um projeto de migração dos sistemas e bases de dados da Previdência Social para plataforma aberta, com o intuito de subsidiar o seu exame (ver parágrafo 131 desta instrução); e1.11 determinar o apensamento do presente processo às contas da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – Dataprev relativas aos exercícios de 2003 (TC 009.880/2004-9, por cópia dos Volumes Principal e 16, bem como dos Anexos 2 (e seus volumes), 3, 4, 6, 9 (e seus volumes), 17 e 18) e 2004 (TC 011.921/2005-9), com fundamento no art. 250, § 2º, in fine, do Regimento Interno.”

É o relatório.

VOTO

A questão mais relevante presente nos autos, e que tem reflexo na maior parte das irregularidades detectadas, diz respeito à dependência da Dataprev em relação à tecnologia Unysis, aspecto abordado pelo Tribunal na Decisão nº 1.459/2002-Plenário.

2. Conforme bem registrou a unidade técnica, durante o período de gestão do responsável à frente da entidade pública (jan/2003 a abr/2005), pouco foi feito no sentido de romper essa dependência, conforme havia sido determinado pelo TCU na Decisão 1.459/2002–Plenário. Constatou-se que o ‘Plano de Modernização Tecnológico da Previdência Social’, elaborado em novembro de 2003, dez meses após o início da gestão do responsável, não atendia ao que havia sido determinado pelo Tribunal, uma vez que consistia essencialmente em um histórico de iniciativas havidas até então. Tampouco atendia a determinação desta Corte o ‘Anteprojeto de Migração dos Sistemas de Receitas Previdenciárias, Dívida Ativa e CNIS’, elaborado em maio de 2004, uma vez que ele não contemplava os seguintes elementos (fl. 51, v.p):

“a ) os recursos humanos e financeiros envolvidos e suas origens;

b) um cronograma de ações ou etapas a realizar;

c) os prazos para conclusão de cada etapa;

Page 41: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

d) um plano de desmobilização dos equipamentos de grande porte Unysis, indicando quando cada equipamento será devolvido à empresa;

e) um plano de contratação de novos hardware e software para operação em plataforma aberta”

4. Após a saída do responsável do posto de Diretor-Presidente da Dataprev, foram tomadas algumas iniciativas no sentido de atender à determinação do Tribunal, que estão sendo avaliadas no âmbito do TC nº 017.553/2005-8. O fato é que durante a gestão do Sr. José Jairo Ferreira Cabral pouco se fez com o objetivo de romper a dependência tecnológica em relação à tecnologia Unysis.

5. Essa dependência traz conseqüências desagradáveis para a Dataprev, como em qualquer relação dessa natureza. Mas, dada a relevância dos serviços prestados, os quais não podem ser descontinuados, a entidade tem que conviver com a situação e tentar administrá-la da melhor forma, com o objetivo de proteger seus interesses e o interesse público de uma forma geral.

6. Uma conseqüência natural dessa dependência é que a contratação para a prestação dos serviços teria que ser feita junto à própria Unisys, por inexigibilidade de licitação. Alegadamente por problemas de relacionamento com a Unysis, decidiu a Dataprev contratar a Cobra, inicialmente por dispensa de licitação e depois por meio da realização de licitação, que apenas a Cobra participou.

7. Não há nada que indicasse a necessidade e a utilidade real dessas contratações com a Cobra. A Dataprev dependia da tecnologia Unysis e, portanto, esta empresa é que deveria prestar os serviços à entidade pública. Conforme destacou a unidade técnica, as dificuldades de negociação com a Unisys sempre estiveram presentes e a Dataprev estava ciente delas. No entanto, elas teriam que ser contornadas, como sempre haviam sido antes, de forma a possibilitar a continuidade da prestação dos serviços, nas condições mais vantajosas possíveis. No entanto, não foi isso que ocorreu em 2003. Apenas quando faltavam cerca de 45 dias para o encerramento do contrato com a Unysis, quatro meses após o início da gestão do responsável, o ex-Presidente da Dataprev enviou correspondência oficial à Unisys para a definição de um novo contrato. Sem que conste ter havido a continuidade das negociações com a Unysis, a Dataprev, em junho de 2003, iniciou contatos com a Cobra, o que acabou levando à contratação dessa empresa em agosto de 2003.

8. A contratação de uma terceira empresa, obviamente, não tem o condão de mudar a realidade dos fatos, que é a condição de dependência da Dataprev em relação à Unisys. Simplesmente o que deixou de existir foi a relação direta entre ambas, tendo-se formado duas relações: Dataprev – Cobra e Cobra – Unysys. Aliás, no mesmo dia em que a Dataprev celebrou o contrato com a Cobra, esta contratou a Unysis. O próprio Diretor Comercial da Unysis afirmou, em expediente encaminhado ao Ministério da Previdência Social, que esse contrato com a Cobra foi celebrado atendendo à solicitação do Ministério e que por força desse contrato, “os equipamentos são para uso restrito da Dataprev, onde os serviços de manutenção necessárias serão prestados pela Unysis...” (fls. 213/214, vol 8).

9. É uma situação no mínimo sui generis: a Dataprev deixou de contratar a Unysis pretensamente por problemas de relacionamento entre as instituições, mas os serviços de manutenção continuaram a ser prestados por tal empresa, mas desta vez por intermédio de uma terceira empresa, a Cobra, que celebrou contrato com a Unysis justamente por solicitação do ministério ao qual a Dataprev é vinculada. Não vejo outro propósito para a ‘solução’ dada, que não o de incluir a Cobra no processo, que obviamente foi remunerada pela intermediação realizada. A Dataprev, ao invés de remunerar apenas a Unysis, que efetivamente prestava os serviços, passou a remunerar também a Cobra, desnecessariamente. Apesar das tentativas do responsável de demonstrar eventuais vantagens financeiras para a Dataprev, é evidente que os custos aumentaram para ela.

10. Há várias evidências de que era a Unisys que efetivamente prestava os serviços. Além da afirmação do Diretor Comercial da empresa, reproduzida no item 8 acima, a auditoria interna da Dataprev também registrou que a Cobra utilizava-se dos profissionais da Unisys (fls. 40/41 e 53, anexo VI). A própria Cobra reconheceu a dependência que tinha em relação à Unisys (fl. 65, vol. VII, Anexo II).

11. Entendo que essa situação caracteriza débito, uma vez que a Dataprev acabou desembolsando valores superiores aos que teriam sido gastos caso a contratação fosse feita diretamente com a Unisys. Foi uma contratação desnecessária e antieconômica. O relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União

Page 42: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

indica que, nos dois contratos emergenciais com a Cobra, e mais um mês de reconhecimento de débito, o custo para a Dataprev foi de R$ 44.070.870,92, ao passo que os valores desembolsados pela Cobra à Unisys foram de R$ 40.179.718,12, o que representa um dispêndio desnecessário de R$ 3.891.152,80 (fl. 126).

12. A esses valores devem ser somadas as mesmas diferenças pertinentes ao contrato celebrado em decorrência da Concorrência 2/2004. O valor total do contrato era de R$ 138.212.395,00, ao passo que os valores pactuados entre a Cobra e a Unisys, segundo apontado pela CGU, eram de R$ 110.858.759,00 (fl. 135), por um prazo de 36 meses, o que geraria um dispêndio desnecessário de R$ 27.353.635,00.

13. Esse contrato entre a Dataprev e a Cobra, entretanto, foi suspenso por decisão do TRF-1ª Região, tomada em 1/8/2005, no Agravo de Instrumento 2005.01.00.034526-3/DF interposto pelo Ministério Público Federal no âmbito da Ação Civil Pública 2005.34.00.013716-5/DF. Decidiu o TRF-1ª Região, naquela oportunidade, determinar (fls. 315/316):

“1) suspensão da execução do contrato nº 01.0479.2004, firmado pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – DATAPREV a COBRA TECNOLOGIA S/A, ...

2) a contratação dos serviços individualizados no referido contrato, entre as empresas DATAPREV E UNISYS BRASIL LTDA, nos mesmos moldes, parâmetros, prazos e condições praticados pela Empresa COBRA TECNOLOGIA S/A, observado o preço por ela praticado com a empresa Unisys Brasil Ltda, observada a forma e a periodicidade de reajuste de remuneração proposta pelo Ministério Público...”

14. Tal decisão judicial reforça a convicção de que a situação caracterizou débito aos cofres da Dataprev, tendo-se determinado que a Dataprev contratasse diretamente a Unisys, pelos preços que vinham sendo praticado na relação Cobra-Unisys. Conforme informou a própria Dataprev, os serviços passaram a ser prestados diretamente, sem intermediação da Cobra, a partir de 19/8/2005 (fl. 309). Permito-me transcrever parte da decisão adotada pelo Desembargador Federal Souza Prudente, que foi ao cerne da questão ora discutida (fl. 315):

“... os elementos carreados para os autos não deixam dúvidas quanto a desnecessária onerosidade na contratação dos serviços, objeto do contrato nº 01.0479.2004, na medida em que, restando demonstrado, como no caso, que tais serviços são prestados efetivamente pela Unisys Brasil Ltda, afigura-se inoportuna e onerosa a intermediação levada a efeito pela empresa Cobra Tecnologia, em flagrante violação aos princípios da moralidade administrativa, da eficiência, da razoabilidade e da economia procedimental, a autorizar a imediata suspensão do contrato em referência...”.

15. Há necessidade, portanto, de conversão destes autos em Tomada de Contas Especial, para que possa ser feita a citação dos responsáveis. Compulsando os autos, verifica-se que antes do vencimento do contrato com a Unisys a área técnica da Dataprev trabalhava, como não poderia ser diferente, com a hipótese de renovação do contrato com a Unisys. Entretanto, em junho de 2003 começaram a ser feitos contatos com a Cobra e, em 25/6/2003, consta do processo uma ‘mensagem da diretoria’, em que se afirmava (fl. 250, Anexo II, vol. 7):

“...

Diante de tal contencioso judicial, ainda longe de uma solução, o Ministério da Previdência Social e a Diretoria da Dataprev entenderam existir impedimentos éticos que desaconselham uma negociação direta entre as partes...

...

Desta forma, ficou decidido se recorrer aos préstimos da Cobra Soluções Tecnológicas Corporativas, ...”

Page 43: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

16. Não consta dos autos que tenha sido elaborada alguma reunião formal, com a lavratura de ata, indicando quais membros da diretoria teriam aprovado tal medida. Apesar da menção ao Ministério da Previdência Social, também não há documento demonstrando que autoridades daquele Ministério teriam participado dessa decisão. Consta dos autos o ‘Relatório de Adjudicação e Homologação nº 354/2003”, referente à primeira contratação emergencial, assinado pelo Presidente da Dataprev e pelos Diretores de Administração e Finanças, Negócios, Operações e Telecomunicações e Recursos Humanos e Rede de Atendimento (fl. 52, anexo 2, vol. VIII).

17. Entendo que a Unidade Técnica deverá realizar diligência à Dataprev para que informe se houve reunião formal que levou à deliberação contida na referida mensagem, em que se possa identificar os responsáveis por tal decisão. Deve ser diligenciado, também, se houve algum documento formal oriundo do Ministério da Previdência Social que evidencie a participação de representantes daquele ministério nessa decisão. Se não existirem tais documentos, a Secex/RJ deverá identificar os membros da diretoria da Dataprev em 25/6/2003, que serão os responsáveis pelo débito.

18. No tocante ao valor do dano, apesar das informações da CGU mencionadas nos itens 11 e 12 deste voto, para que se tenha maior precisão no cálculo desses valores, devem ser feitas diligências à Dataprev e à Cobra para que informem os valores pagos no âmbito dos contratos já mencionados. As diferenças entre esses valores, mês a mês, constituirão os débitos a serem imputados aos responsáveis.

19. Em relação aos demais aspectos abordados na audiência, concordo integralmente com a análise feita pela Unidade Técnica, de que ficaram caracterizadas as irregularidades referidas nos itens ‘a’, ‘b’, ‘c’, ‘d’, ‘e’, ‘f’, ‘j’, ‘k’, ‘l’, e ‘m’ do ofício da audiência realizada, transcritas no item 4 do Relatório precedente. Em relação à apenação do ex-Presidente, é mais adequado que se aguarde o julgamento da tomada de contas especial, até para efeito de gradação da multa a ser aplicada e avaliação acerca da possibilidade de imposição de algum outro tipo de pena.

20. Quanto à proposta de desentranhamento de alguns volumes destes autos para juntada ao TC-017.553/2005-8, como o processo não está sendo encerrado neste momento, é mais conveniente que se mantenha este processo na íntegra. Se alguma informação contida nos citados volumes for de fundamental importância para as análises empreendidas no TC-017.553/2005-8, a unidade técnica deverá extrair cópias dessas informações e juntá-las àquele processo.

21. No que se refere às determinações propostas ao Ministério da Previdência Social, ao INSS e à Dataprev, relacionadas ao projeto de migração dos sistemas e bases de dados da Previdência, como tais questões estão sendo acompanhadas mais de perto no TC nº 017.553/2005-8, eventuais determinações devem ser feitas no âmbito daquele processo.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 11 de outubro de 2006.

UBIRATAN AGUIARMinistro-Relator

Page 44: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

ACÓRDÃO Nº 1888/2006 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo n.º TC - 004.020/2004-4 (com 13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-02. Grupo II – Classe - V: Relatório de Acompanhamento3. Responsável: José Jairo Ferreira Cabral, CPF: 080.900.334-154. Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social - Dataprev5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secex/RJ8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Acompanhamento, com o objetivo de

avaliar os desdobramentos de auditoria operacional feita em 2001 na Dataprev (TC 014.003/2001-2), julgada por meio da Decisão 1.459/2002–Plenário.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo relator, em:

9.1. converter os autos em Tomada de Contas Especial, nos termos do art. 47 da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 252 do Regimento Interno/TCU;

9.2. determinar à Secex/RJ que:9.2.1. realize diligência à Dataprev para que esta informe:9.2.1.1. se houve alguma reunião, com lavratura de ata, indicando quais membros da diretoria

aprovaram a medida contida na ‘mensagem da diretoria’ expedida em 25/6/2003, de contratação da Cobra Tecnologia S/A, e em caso positivo, envie cópia desse documento (deverá ser encaminhada à empresa, no ofício de diligência, cópia da referida mensagem);

9.2.1.2. se houve algum documento oriundo do Ministério da Previdência Social, em que se evidencie a participação de autoridades daquele ministério na decisão de contratar a Cobra Tecnologia S/A, consubstanciada na mensagem referida no item anterior e, em caso positivo, envie cópia desse documento;

9.2.1.3. a relação dos pagamentos feitos à Cobra Tecnologia S.A. no âmbito dos contratos 01.0448.2003, 01.0095.2004 e 01.0479.2004, com os respectivos comprovantes de pagamento desses valores;

9.2.1.4. a relação de pagamentos feitos à Unisys do Brasil, após a suspensão do Contrato 01.0479.2004 por decisão tomada pelo TRT-1ª Região no Agravo de Instrumento 2005.01.00.034526-3/DF, com os respectivos comprovantes de pagamento desses valores;

9.2.2. realize diligência à Cobra Tecnologia S/A, para que encaminhe a relação de pagamentos feitos à Unisys do Brasil, em razão do(s) contrato(s) vigente(s) em 2003, 2004, e 2005 para atender à Dataprev no fornecimento e manutenção de toda a infra-estrutura tecnológica instalada no Rio de Janeiro e São Paulo, com os respectivos comprovantes de pagamento desses valores;

9.2.3. após a chegada das informações acima, realize a citação dos responsáveis identificados na forma descrita nos itens 16 e 17 deste voto, para que, nos termos do art. 12, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o art. 202, inciso II, do Regimento Interno/TCU, recolham aos cofres da Dataprev os valores calculados conforme o item 18 deste voto, ou apresentem alegações de defesa pela contratação desnecessária da Cobra Tecnologia S/A (contratos 01.0448.2003, 01.0095.2004 e 01.0479.2004), que serviu de mera intermediária em relação aos serviços que foram efetivamente executados pela Unisys do Brasil, onerando indevidamente os cofres da empresa.

9.3. determinar à Dataprev, nos termos do art. 43, inciso I, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno, que:

9.3.1. inclua, em seu próximo relatório de gestão, informações acerca da adoção de procedimentos internos para que os estudos de capacidade e performance de seu parque tecnológico, quando identificarem a necessidade de sua adequação, contenham manifestação conclusiva, em termos técnicos e financeiros, quanto a alternativas de adequação do parque e seu momento de implantação, bem como sejam tais estudos realizados permanentemente por seus profissionais e não somente por ocasião de necessidade de atualização do parque, dotando a empresa de melhores subsídios de planejamento,

junniusma, 03/01/-1,
# # PLENÁRIO: * I – Recursos; * II – Pedidos de Informação e outras solicitações do C.N.; * III – Consultas; * IV – Tomadas e prestações de contas; * V – Auditorias e Inspeções; * VI – Matérias de Câmaras (arts. 17, § 1º, e 139, parágrafo único do RI/TCU); VII – Denúncias, representações e outros assuntos de competência do Plenário. ##CÂMARAS * I – Recursos * II – Tomadas e prestações de contas; * III – Auditorias, inspeções e outras fiscalizações; * IV – Atos de admissão de pessoal; * V – Concessões de aposentadoria ...; * VI – Representações.
Page 45: GRUPO – CLASSE – (Plenário ou 2ª Câmara)Acord\20061013... · Web viewTC-004.020/2004-4 (13 anexos com 21 volumes). Apenso: 013.072/2004-0 Natureza: Relatório de Acompanhamento

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC-004.020/2004-4

evitando-se, dessa forma, tomada de decisões dissociadas de suas reais necessidades no tocante às alterações de seu parque tecnológico;

9.3.2. instrua os processos de dispensa de licitação com a razão da escolha do fornecedor ou executante, prevista no art. 26, parágrafo único, II, da Lei nº 8.666/93, fundada em atestados de capacidade técnica que demonstrem objetivamente a experiência da futura contratada no fornecimento ou na execução do objeto da dispensa de licitação;

9.3.3. observe, nos processos de aquisição e contratação de bens e serviços de informática, o disposto nos arts. 7º, § 2º, II, e 40, § 2º, II, da Lei 8.666/93, realizando pesquisa de preço e elaborando orçamento detalhado em planilhas para os serviços a serem adquiridos, inserindo nas pastas de todos os procedimentos licitatórios cópias dos levantamentos e estudos que fundamentaram o preço estimado;

9.3.4. nas licitações de bens e serviços de informática tipo “técnica e preço”, observe o disposto no art. 3º, IV, do Decreto nº 1.070/94 e atribua ao fator de ponderação de índice técnico valor de 5 (cinco) a 7 (sete);

9.3.5. observe os arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93, evitando a prestação de serviços sem cobertura contratual.

9.4. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao Senador José Jorge, conforme determinado no Acórdão nº 1.558/2004-Plenário, e à Procuradora da República Raquel Branquinho P. Mamede Nascimento, em atendimento ao Ofício GAB PR/DF/RB Nº 250/04.

10. Ata n° 41/2006 – Plenário11. Data da Sessão: 11/10/2006 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1888-41/06-P13. Especificação do quórum:13.1. Ministros presentes: Guilherme Palmeira (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Ubiratan Aguiar (Relator) e Benjamin Zymler.13.2. Auditores convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

GUILHERME PALMEIRA UBIRATAN AGUIARPresidente Relator

Fui presente:

LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral