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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 021.105/2007-1 GRUPO II – CLASSE II – Segunda Câmara TC 021.105/2007-1. Natureza: Tomada de Contas Especial. Entidade: Estado do Espírito Santo. Responsáveis: Antônio Carlos Pimentel Mello (036.035.477-72); Arízio Ribeiro Brotto (577.999.207-00); Francisco de Morais (451.515.807-44); Jonas Hilário da Silva (658.258.377-87); Jorge Luiz de Paula Penha (818.257.067-00); Lorena Dall’Orto Ramos (019.799.977-80); Márcia Bicalho Alonso (947.862.597-72); Maria Helena Ruy Ferreira (035.851.587-49); Maria Ilse Dória Vinha (416.558.007-44); Maria Terezinha Silva Gianordoli (214.521.807-68); Sandra de Carvalho (768.162.066-49); Sebastian Marcelo Veiga (007.936.217-63); Centro de Integração Empresa Escola – CIEE (61.600.839/0001-55). Advogados constituídos nos autos: Roberto Tenório Katter (OAB/ES 5334); Amúlio Finamore Filho (OAB/ES 1.418); Hygoor Jorge Cruz Freire (OAB/ES 1.171); José Júlio dos Reis (OAB/DF 22.057); Renata Lima de Oliveira (OAB/ES 19.879); Letícia Maria Ruy Ferreira (OAB/ES 13.027 e OAB/DF 18.361); Antônio Perilo Teixeira Netto (OAB/DF 21.359) e outros. SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. MTE. FAT/PLANFOR. CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE ENTIDADE EXECUTORA. INEXECUÇÃO CONTRATUAL. CITAÇÃO. AUDIÊNCIA. ACOLHIMENTO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA E RAZÕES DE JUSTIFICATIVA DE ALGUNS RESPONSÁVEIS. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DE OUTROS RESPONSÁVEIS. CONTAS REGULARES COM RESSALVA. QUITAÇÃO. RECONHECIMENTO DA BOA-FÉ. FIXAÇÃO DE NOVO E IMPRORROGÁVEL PRAZO PARA O RECOLHIMENTO DO DÉBITO. 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 021.105/2007-1

GRUPO II – CLASSE II – Segunda CâmaraTC 021.105/2007-1. Natureza: Tomada de Contas Especial.Entidade: Estado do Espírito Santo. Responsáveis: Antônio Carlos Pimentel Mello (036.035.477-72); Arízio Ribeiro Brotto (577.999.207-00); Francisco de Morais (451.515.807-44); Jonas Hilário da Silva (658.258.377-87); Jorge Luiz de Paula Penha (818.257.067-00); Lorena Dall’Orto Ramos (019.799.977-80); Márcia Bicalho Alonso (947.862.597-72); Maria Helena Ruy Ferreira (035.851.587-49); Maria Ilse Dória Vinha (416.558.007-44); Maria Terezinha Silva Gianordoli (214.521.807-68); Sandra de Carvalho (768.162.066-49); Sebastian Marcelo Veiga (007.936.217-63); Centro de Integração Empresa Escola – CIEE (61.600.839/0001-55). Advogados constituídos nos autos: Roberto Tenório Katter (OAB/ES 5334); Amúlio Finamore Filho (OAB/ES 1.418); Hygoor Jorge Cruz Freire (OAB/ES 1.171); José Júlio dos Reis (OAB/DF 22.057); Renata Lima de Oliveira (OAB/ES 19.879); Letícia Maria Ruy Ferreira (OAB/ES 13.027 e OAB/DF 18.361); Antônio Perilo Teixeira Netto (OAB/DF 21.359) e outros.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. MTE. FAT/PLANFOR. CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE ENTIDADE EXECUTORA. INEXECUÇÃO CONTRATUAL. CITAÇÃO. AUDIÊNCIA. ACOLHIMENTO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA E RAZÕES DE JUSTIFICATIVA DE ALGUNS RESPONSÁVEIS. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DE OUTROS RESPONSÁVEIS. CONTAS REGULARES COM RESSALVA. QUITAÇÃO. RECONHECIMENTO DA BOA-FÉ. FIXAÇÃO DE NOVO E IMPRORROGÁVEL PRAZO PARA O RECOLHIMENTO DO DÉBITO.

RELATÓRIO

Tratam os presentes autos de tomada de contas especial – TCE instaurada por determinação do Secretário-Executivo do Ministério do Trabalho e Emprego, em face de matéria publicada, no dia 29/7/2001, em jornal do Espírito Santo, contendo denúncia de possível malversação de recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador – FAT repassados ao Estado do Espírito Santo, por meio do Convênio MTE/Sefor/Codefat nº 25/99, relativamente aos exercícios de 1999 e 2000.2. A Secex/ES lançou a primeira instrução técnica às Peças nos 27/29, nos seguintes termos:

“(...) 2. No âmbito deste Tribunal, a fiscalização da execução do Planfor, no Estado do Espírito Santo, encontrava-se concentrada no TC 016.907/2000-1, que se constituía em uma Representação decorrente de expediente encaminhado pela Secretaria Federal de Controle à então 7ª Secex, reportando diversas irregularidades constatadas em ações de fiscalização sobre a execução e o acompanhamento do Plano Estadual de Qualificação - PEQ, no exercício de 1999, em alguns Estados da federação, dentre os quais destacava-se o Estado do Espírito Santo, custeados com recursos do FAT, repassados por meio do Convênio retro mencionado.

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3. Naquele processo citado anteriormente foram efetuadas as seguintes determinações: (Sessão da 2ª Câmara de 20/6/2002 – Relação nº 44/02 – Ata nº 22/02):

‘a) à Secretaria Executiva do Ministério do Trabalho e Emprego que, após concluído o processo de instauração da tomada de contas especial cujo objeto é investigar a aplicação de recursos públicos do FAT, repassados ao Estado do Espírito Santo por meio do Convênio MTE/Sefor/Codefat nº 25/99, encaminhe a competente TCE à Secretaria Federal de Controle Interno; b) à Secretaria Federal de Controle que, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar do recebimento da tomada de contas especial relativa ao Convênio acima referenciado, adote as providências a seu cargo e remeta o respectivo processo a este Tribunal; e c) a juntada deste processo aos autos de tomada de contas especial a que se referem as alíneas precedentes, para exame em conjunto e em confronto.’(grifos nossos)

4. Apensados, por sua vez, ao TC 016.907/2000-1, encontram-se o TC 012.494/2001-0, relativo à Denúncia contra o então Governador do Estado do Espírito Santo, Sr. José Inácio Ferreira, sobre irregularidades na aplicação de recursos federais oriundos do FAT, destinados ao treinamento de mão-de-obra; o TC 006.295/2002-9, relativo à Solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para realização de auditoria em convênios do FAT, envolvendo o Governo do Estado do Espírito Santo; e o TC 000.864/2003-6, relativo à auditoria realizada na aplicação dos recursos do FAT, no período que abrange os exercícios de 1996 a 1998. Também determinou-se a juntada de cópia do Relatório de Auditoria realizada na aplicação dos recursos do FAT, no período de 1999 a 2001, consubstanciado no TC 015.284/2001-6, ao processo de Representação em referência.

5. Observe-se que na auditoria realizada por esta Secretaria na Setas/ES (TC 015.284/2001-6), objetivando verificar a regularidade da gestão daquela Secretaria sobre os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), dentre outros recursos federais repassados, já haviam sido constatadas as seguintes irregularidades na contratação das entidades executoras das ações de qualificação profissional consubstanciadas no Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (Planfor): - contratação sem licitação, em desacordo com os arts. 37, XXI, da Constituição Federal, e 2º, caput, da Lei nº 8.666/93; - pagamentos efetuados sem que houvesse sido comprovada a quitação dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato, em descumprimento à cláusula oitava dos contratos e aos arts. 71, § 2º, da Lei nº 8.666/93, e 195, § 3º da CF; - Realização de cursos sem que houvessem sido apresentadas pelas entidades executoras desses cursos as apólices do seguro previsto na cláusula quarta, X, dos contratos; e - Não designação dos fiscais dos contratos de execução dos PEQs de 1999 e 2000, em descumprimento ao art. 67 da Lei nº 8.666/93.

6. Tais constatações deram ensejo, naquela ocasião, ao opinamento por parte da equipe de auditoria pela realização de audiência prévia dos responsáveis então arrolados (Antônio Carlos Pimentel, Ary Queiroz da Silva, Flávio Augusto Cruz Nogueira, Elaine Barreto Vivas, Francisco de Morais, Maria Helena Ruy Ferreira e Maria Terezinha Silva Gianardoli), em função das irregularidades retro descritas. Entretanto, tal proposição não foi acolhida por este Tribunal, naquele momento, face a perspectiva da abertura de uma Tomada de Contas Especial, onde o escopo daquele trabalho seria possivelmente ampliado. Dessa forma, deu-se prosseguimento ao referido processo somente com relação às questões relativas aos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS.

7. Assim, após os autos da presente Tomada de Contas Especial terem dado entrada neste Tribunal, mais especificamente nesta Secretaria de Controle Externo, foi apensado à referida TCE, o TC 016.907/2000-1, com todos os seus respectivos apensos identificados anteriormente, para análise em conjunto e em confronto.

8. Procedida à instrução inicial no vol. 114 do TC 007.409/2003-4 (fls. 503/585 do Vol. 2 deste processo) foi determinado pelo dirigente desta Unidade Técnica, com base na delegação de competência conferida pelo art. 1º, incisos VIII e IX da Portaria-MIN-ASC nº 5, de 15 de junho de 2004, a realização de citação e audiência dos responsáveis arrolados, nos termos propostos pela analista no item 62 da conclusão de fls. 565/585 do mencionado volume.

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9. Expedidos os Ofícios de citação e audiência, cujas cópias e respectivos avisos de recebimento foram juntados aos vols. 115 e 116 do TC 007.409/2003-4 (fls. 692/881 do Vol. 3 deste processo), obtivemos, como resposta, situações em que os referidos expedientes foram atendidos e outras em que os responsáveis permaneceram revéis, mesmo após a publicação das citações por edital no Diário Oficial da União, nas hipóteses em que os respectivos destinatários não haviam sido localizados (art. 179, inciso III, do Regimento Interno), conforme discriminado no quadro a seguir (omissis).

10. Elaborada, em 24 de agosto de 2006, a instrução contendo a proposta de mérito da Tomada de Contas Especial em referência (TC 007.409/2003-4), acompanhada dos despachos da Diretora da Unidade Técnica e do Secretário da Secex/ES, datados de 15/12/2006 e 2/2/2007, respectivamente, os autos daquela TCE compostos de 118 volumes, 10 Anexos, além de 4 processos apensos (TC 016.907/2000-1, c/ 4 volumes; TC 012.494/2001-0; TC 000.864/2003-6, c/ 4 volumes; e TC 006.295/2002-9 foram encaminhados, primeiramente, ao Ministério Público junto a este Tribunal, para posteriormente serem apreciados pelo Gabinete do Exmo. Sr. Ministro Augusto Nardes.

11. O Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin, em parecer datado de 7/3/2007 (fls. 2/3 do vol. principal), tendo em vista os pressupostos da racionalidade administrativa e da economia processual, manifestou-se, preliminarmente, no sentido de que aqueles autos fossem restituídos à Secex/ES, a fim de que se procedesse ao seu desmembramento, autuando-se uma nova TCE para cada entidade executora, abrangendo todos os respectivos contratos firmados com o Governo do Estado do Espírito Santo, a exemplo do que ocorreu em caso similar, que trata de irregularidades observadas na aplicação de recursos do FAT transferidos ao Estado do Mato Grosso do Sul, consoante Despacho proferido pelo eminente Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti (TC 021.579/2003-4).

12. Assim, na forma indicada pelo citado Subprocurador, seriam aproveitados os atos processuais já realizados, como as citações e audiências, assim como as respectivas alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas, instruindo-se, individualmente, cada uma das TCEs geradas, com indicação, na proposta final, dos débitos que correspondem a cada grupo de responsáveis solidários ao invés de agrupar os débitos de cada responsável individualmente.

13. Na mesma linha, o Ministro-Relator Augusto Nardes, em despacho datado de abril de 2007 (fls. 4 do vol. principal), entendendo que o colossal volume de informações dificultaria, sobremaneira, a operacionalização daquela TCE, quando da análise do mérito, ou dos possíveis recursos regulamentares, isolados ou conjuntamente, que certamente adviriam a partir de uma condenação desta Corte de Contas, sem falar dos pedidos de vista e de cópias que já haviam se iniciado naquele Gabinete, recomendou a formação de apartados, manifestando concordância com o parecer do Ministério Público e determinando a remessa dos autos à esta Secretaria para as providências cabíveis.

14. A presente Tomada de Contas Especial (TC 021.105/2007 -1), portanto., é fruto dessa determinação, referindo-se exclusivamente ao Contrato n° 2/2000 firmado com a entidade executora Centro de Integração Empresa Escola no Estado do ES (CGC 01.219.199/0001-06) e constituindo-se em um dos treze apartados gerados a partir do desmembramento do TC 007.409/2007 que, por sua vez, será encaminhado ao Gabinete do Ministro Augusto Nardes com proposta de arquivamento, nos termos do art. 40, inciso V, da Resolução TCU n° 191, de 21 de junho de 2006, uma vez que o referido processo já cumpriu o objetivo para o qual foi instituído.”

3. Prosseguindo, diante das inúmeras citações e audiências realizadas nos autos, a unidade técnica apresentou as análises das alegações de defesa e das razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis solidários, nos seguintes termos:

“(...) 2) Responsável: Maria Ilse Dória Vinha - fls. 790/794, vol. 3. Cargo/Função: membro titular da Comissão Especial de Licitação de 2000.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 021.105/2007-1

Irregularidades Imputadas: 1ª) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento. 2ª) habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/1993.

3) Responsável: Sandra de Carvalho - fls. 968/997, vol. 4. Cargo/Função: membro Titular da Comissão Especial de Licitação de 2000.Irregularidades Imputadas: 1ª) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular

juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento. 2ª) habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando a violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93.

4) Responsável: Lorena Dall’Orto Ramos - fls. 940/967, vol. 4. Cargo/Função: membro Titular da Comissão Especial de Licitação de 2000.Irregularidades Imputadas: 1ª) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular

juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento. 2ª) habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando a violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93.

5) Responsável: Jonas Hilário da Silva - fls. 925/939, vol. 4. Cargo/Função: membro Titular da Comissão Especial de Licitação de 2000.Irregularidades Imputadas: 1ª) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular

juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento. 2ª) habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando a violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93.

6) Responsável: Márcia Bicalho Alonso - fls. 912/924, vol. 4. Cargo/Função: membro Titular da Comissão Especial de Licitação de 2000.Irregularidades Imputadas: 1ª) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular

juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento. 2ª) habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando a violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93.

Análise das Alegações de Defesa das Sras. Maria Ilse Dória Vinha, Sandra de Carvalho, Lorena Dall’Orto Ramos e Márcia Bicalho Alonso, bem como do Sr. Jonas Hilário da Silva.

6.15. Considerando-se que aos responsáveis acima elencados foram imputadas as mesmas irregularidades, já que todos atuaram como membros da Comissão Especial de Licitação do PEQ de 2000, procederemos à análise conjunta de suas alegações de defesa.

6.16. Os defendentes foram citados em razão de deixarem de emitir juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios, relativamente a cada uma das entidades que apresentaram documentação, consoante determinação do item 6 do Edital do PEQ/2000, e por força do art. 41, caput, da Lei nº 8.666/93, além de terem procedido à habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando a violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93, o que teria propiciado a habilitação e contratação de instituições que não preencheram os requisitos editalícios e que não detinham as condições materiais e técnicas adequadas para a consecução das ações de educação profissional, comprometendo, assim, a eficiência e eficácia do PEQ e concorrendo diretamente para a inexecução ou execução precária das ações contratadas e, por conseguinte, para a ocorrência de dano ao erário.

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6.17. Destacando-se os pontos mais relevantes das alegações de defesa apresentadas, observamos que a Sra. Maria Ilse Dória Vinha, em síntese, alegou que esta Casa teria se manifestado textualmente sobre a inexistência de qualquer conduta que importasse em configuração de má-fé, alegação esta que nos parece vaga e equivocada, uma vez que até o momento o Colegiado deste Tribunal não teceu qualquer juízo de valor sobre as condutas dos responsáveis identificados neste processo. Ademais, a referida responsável teria solicitado dilação do prazo para a apresentação de defesa complementar, o que lhe foi deferido, sem que ao final do termo aprazado tivesse apresentado qualquer documento que cumprisse essa finalidade conjuntamente com as alegações de defesa ora apresentadas.

6.18. Prosseguindo nessa análise, temos que o Sr. Jonas Hilário da Silva centrou a sua defesa no fato de que as alegações por ele apresentadas junto ao Ministério do Trabalho teriam sido rejeitadas sem qualquer fundamentação legal, bem como na tese de que teria havido cerceamento de defesa por parte daquele Ministério, na fase de instauração da presente Tomada de Contas Especial, o que anularia tal procedimento desde a sua origem. Ocorre que ao consultarmos o Vol. 4 (páginas 989/1003) deste processo, deparamo-nos com a análise das razões suscitadas na defesa do responsável em comento, sendo, portanto, descabida a afirmativa de que tais alegações não teriam sido apreciadas pelo tomador de contas.

6.19. Quanto à alegação de cerceamento de defesa, não constam deste processo provas de que tal fato ocorreu, ao contrário, o tomador de contas em seu relatório afirmou reiteradamente que os autos da TCE sempre estiveram à disposição dos interessados para consulta e que a Comissão sempre prestou os esclarecimentos que lhe foram solicitados. Ademais, ao defendente está sendo franqueada, no momento, uma nova fase de defesa junto a este Tribunal, antes do julgamento do mérito da presente Tomada de Contas Especial, tendo sido disponibilizado a todos os responsáveis arrolados pleno acesso à documentação atinente à mesma.

6.20. Ainda no tocante às alegações de defesa do Sr. Jonas Hilário, constatamos que o Ofício nº 260/SPPE/2002, encaminhado pelo Secretário de Políticas Públicas de Emprego do MTE à Secretária de Estado do Trabalho e Ação Social (fls. 1.003 do vol. 4), não chegou a declarar a aprovação da prestação de contas do exercício de 2000, contendo o referido documento, por outro lado, a afirmação textual de que aquelas contas encontravam-se ainda sem aprovação, em função de ajustes de dados informados no Sigae.

6.21. Cumpre esclarecer que o fato de ter sido atribuída à SPPE a responsabilidade de examinar as prestações de contas dos Estados no que concerne à aplicação dos recursos repassados pelo FAT para implementação do Planfor, com aprovação formal das contas apresentadas, não impede, em havendo denúncias de irregularidades, que a autoridade superior determine a instauração de procedimento para averiguar os fatos denunciados, conforme estabelece o art. 8º da Lei nº 8.443/92.

6.22. A Sra Márcia Bicalho Alonso, por sua vez, negou qualquer participação nas reuniões da Comissão de Licitação, em que tenha ocorrido a análise de documentos apresentados pelas entidades licitantes no procedimento de pré-qualificação e cadastramento do PEQ/2000. Reiterou, ainda, a declaração feita junto ao tomador de contas de que apôs sua assinatura na Ata de Reunião da CEL, do dia 16/3/2000, sob manifesta coação de seu superior hierárquico. Nesse ponto, foi acompanhada pelas Sras. Sandra de Carvalho e Lorena Dall’Orto Ramos que, em suas defesas ora apresentadas junto a esta Corte, também confirmaram a coação exercida pelo mesmo superior, destinada a consignação de suas respectivas assinaturas em uma segunda ata, cujo conteúdo desconheciam, com vistas à substituição da primeira, legitimamente prolatada.

6.23. Em que pese a gravidade das alegações feitas pela defendente mencionada, confirmadas parcialmente por mais duas integrantes da dita Comissão, não há como se averiguar a veracidade desses fatos nos presentes autos. Ademais, as Sras. Sandra de Carvalho e Lorena Dall’Orto Ramos não chegaram a informar de que forma o conteúdo da segunda ata passou a diferir do conteúdo da primeira, a fim de eximi-las da responsabilidade pelos seus atos como membros

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daquela Comissão de Licitação. Ao contrário, alegaram que não emitiram juízo de valor, em razão de alguns envelopes encontrarem-se abertos por ocasião da análise dos mesmos, optando por cadastrar todas as instituições que apresentaram documentos na Rede de Educação Profissional – REP do Sine/ES, conforme constou deliberado na Ata que foi redigida posteriormente pela Assessora da gerência do Sine/ES, a Sra. Ana Cristina de Aquino Cunha, que consta como documento formal deste processo.

6.24. É curioso notar que o resultado do procedimento de pré-qualificação contido na ata assinada pelos membros da Comissão Especial de Licitação (fls. 122/123 do anexo 2) é divergente do resultado da pré-qualificação publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), de 17 de março de 2000 (fls. 120 do anexo 2). De modo que a ata assinada por aquela Comissão habilita 60 (sessenta) entidades, enquanto a ata publicada no Órgão de Imprensa Estadual habilita apenas 45 (quarenta e cinco) entidades, das quais estariam excluídas a Funcefetes, o IET (Instituto de Educação dos Trabalhadores) e a CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), que mais tarde vieram a ser contratadas pelo PEQ/2000. A princípio, consideramos válido para a produção dos devidos efeitos legais, o resultado que foi devidamente publicado pelo Órgão Oficial de Imprensa Estadual, tendo em vista o Princípio da Publicidade previsto no art. 37 da Constituição Federal, bem como no art. 3º da Lei nº 8.666/93.

6.25. Quanto ao mérito das irregularidades imputadas, entretanto, somente as alegações de defesa apresentadas pelas Sras. Sandra de Carvalho e Lorena Dall’Orto Ramos chegaram a atingir o cerne da questão, uma vez que as mesmas arguiram que o procedimento de pré-qualificação apresentado pela Setas/ES não se traduziu em um procedimento licitatório, pois, conforme determina a doutrina e a legislação vigente, este caracterizar-se-ia pela consolidação de contrato com a Administração Pública, ou seja, a realização de contrato para prestação de serviços para o referido ente público Pública, o que não teria ocorrido no caso em questão, estando bem claro no próprio Edital que a apresentação dos documentos solicitados, bem como o fato de vir a instituição a ser cadastrada, não implicaria em obrigação de contratação por parte da Administração Pública, o que de fato teria ocorrido, pois, além das contratações efetuadas não estarem vinculadas necessariamente ao rol de instituições cadastradas, estas acabaram se consumando pelo procedimento de dispensa de licitação, obedecendo a critérios próprios, sendo analisados pela Procuradoria Geral do Estado para este fim.

6.26. Dessa forma, entenderam as requerentes que, como o procedimento de pré-qualificação realizado não teve prevalência no processo de contratação para a execução das ações do Plano Estadual de Qualificação, ocorrendo tais contratações, em realidade, por meio de dispensa de licitação, não haveria que se falar em vínculo entre qualquer decisão tomada no âmbito da Comissão Especial de Licitação e a contratação posterior de instituições para execução do PEQ/ES, vínculo este imprescindível para a caracterização da responsabilidade solidária entre as partes, conforme assinalou a Comissão de Tomada de Contas Especial em seu relatório, posto que da habilitação inadequada daquelas instituições decorreria o dano ao erário.

6.27. Cumpre, inicialmente, apreender o real significado do procedimento de Pré-Qualificação estabelecido no art. 114 da Lei nº 8.666/93, que diz o seguinte: ‘O sistema instituído nesta lei não impede a pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida sempre que o objeto da licitação recomende análise mais detida da qualificação técnica dos interessados. § 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação será feita mediante proposta da autoridade competente, aprovada pela imediatamente superior. § 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigências desta lei relativas à concorrência, à convocação dos interessados, ao procedimento e à análise da documentação’.

6.28. Segundo Comentários do ilustre autor Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, em sua obra intitulada Vade-Mécum de Licitações e Contratos, a respeito da interpretação do referido art. 114, extraímos o seguinte trecho: ‘(...)’.

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6.29. Do exposto, subentende-se que a pré-qualificação constitui uma antecipação da fase de habilitação, cabível no âmbito da modalidade de licitação concorrência. Baseando-se em uma interpretação literal do art. 114, tem-se o entendimento de que a licitação subsequente à pré-qualificação deva ser necessariamente a concorrência. Entretanto, de acordo com o autor mencionado anteriormente ‘é consabido que a Lei nº 8.666/93 permite estender o rigor da concorrência às outras modalidades – v.g. art. 43, § 4º, não havendo impedimento a usar-se a pré-qualificação para convite, tomada de preços, pregão, etc.’

6.30. Examinando-se o conteúdo do Edital de Pré-Qualificação Profissional do PEQ/ES, para o exercício de 2000 (fls. 107/109 do anexo 1), percebe-se que, com exceção da prova de qualificação econômico-financeira, foram exigidos dos interessados que comprovassem a habilitação jurídica, a qualificação técnica e a regularidade fiscal, os quais são inerentes ao procedimento de habilitação estabelecidos nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666/93. Inclusive, o próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal decidiu: ‘que o instituto de pré-qualificação, não pode prescindir da criteriosa avaliação dos requisitos prévios que indiquem idoneidade financeira e capacidade técnico-econômica em participar da seleção, expressados na documentação exigida nos arts. 27 a 31 da Lei 8.666’ (TCDF. Processo nº 918/98 – Decisão nº 450/99).

6.31. Deduz-se, portanto, que a intenção do citado edital, substabelecido pela então Secretária de Estado do Trabalho e Ação Social, Maria Helena Ruy Ferreira, era a de promover a habilitação prévia dos interessados, com vistas a identificar aqueles que estariam aptos para a execução das ações de educação profissional do Plano de Qualificação de 2000. Assim, somente após a habilitação prévia daqueles que cumprissem com todas as exigências previstas no Edital de Pré-Qualificação é que se poderia dar continuidade à fase subsequente do procedimento licitatório, mediante o lançamento de novo Edital, restrito à etapa do exame das propostas dos preços, onde só poderiam participar as empresas selecionadas na pré-qualificação.

6.32. Ocorre que, por força da legislação e do item 6 do Edital, a Comissão Especial de Licitação estava compelida a emitir juízo de valor, ou seja, a proceder a julgamento, registrando em ata quais as empresas e instituições que apresentaram documentação que atendiam aos requisitos editalícios, provando assim estarem qualificadas para execução das ações de educação profissional do Plano Estadual de Qualificação de 2000, bem como aquelas que não obtiveram êxito em qualificar-se. E, quanto a essa manifestação específica em relação à qualificação de cada empresa/instituição, não resta dúvida que os membros da CEL foram omissos.

6.33. Ante as considerações feitas anteriormente, discordamos da argumentação das responsáveis quanto à afirmativa de que não foi conferido um caráter licitatório ao procedimento de pré-qualificação, formalizado por meio de Edital expedido pela SETAS. Isto porque, o procedimento de pré-qualificação, previsto no art. 114 da Lei nº 8.666/93, equivale a uma habilitação prévia, tendo, portanto, um caráter preliminar, preparatório de outra licitação em que se realizará o julgamento das propostas e contratação dos vencedores. No caso em concreto, à exceção da prova de qualificação econômico-financeira, exigiu-se dos interessados que comprovassem a habilitação jurídica, a qualificação técnica e a regularidade fiscal, estabelecidos nos arts. 27 a 33 da Lei de Licitações, que disciplina a fase de habilitação.

6.34. Com efeito, conforme já ressaltado pela Comissão de Tomada de Contas Especial, a Administração Pública, em suas três esferas de Governo, não pratica atos inúteis, adstrita que está aos princípios da legalidade e da eficiência. E, para o administrador público, segundo o princípio da legalidade, diferentemente dos particulares, somente é permitido fazer aquilo que a lei, em sentido lato, autoriza, e na forma que prevê a Lei. Logo, ao lançar mão de um procedimento previsto em lei, como foi o caso da Pré-Qualificação, não pode o administrador público conferir àquele instituto um efeito jurídico distinto daquele nela previsto.

6.35. Assim, por força da legislação e do item 6 do Edital, a Comissão Especial de Licitação estava compelida a emitir juízo de valor, ou seja, a proceder a julgamento, registrando em ata quais as empresas e instituições que apresentaram documentação que atendiam aos requisitos

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editalícios, provando assim estarem qualificadas para execução das ações de educação profissional do Plano Estadual de Qualificação de 2000, bem como aquelas que não obtiveram êxito em qualificar-se. E, quanto a essa manifestação específica em relação à qualificação de cada empresa/instituição não resta dúvida que os membros da CEL permaneceram reticentes, habilitando todas as entidades, sem análise aprofundada da documentação oferecida, ficando comprovado que muitas delas não satisfizeram as exigências editalícias, como foi o caso da Fundação Centroleste.

6.36. Segundo o teor das defesas apresentadas, junto ao tomador de contas, pelo Sr. Jorge Luiz de Paula Penha (‘Diante da análise da documentação pelo Presidente da Comissão Especial de Licitação, entendeu o Contestante da regularidade da documentação, principalmente pelo acúmulo de funções daquele membro’ – fls. .... do Vol. ....) e pelo Sr. Jonas Hilário da Silva (‘Diante da análise da documentação pelo gerente de Trabalho e Renda do SINE/ES, entendeu o contestante da regularidade da documentação – fls. ... do Vol. ..’.), deduz-se que os defendentes sequer analisaram a documentação apresentada pelos licitantes.

6.37. Embora tenha ficado demonstrada a existência do elemento subjetivo (culpa) na conduta omissiva e comissiva imputada aos membros da Comissão Especial de Licitação do PEQ/2000, caracterizada pela negligência, imperícia e/ou imprudência daqueles servidores em omitir-se na formulação de juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos do Edital de Pré-Qualificação daquele exercício, procedendo, assim, à habilitação de instituições que não atenderam às condições estabelecidas naquele instrumento formal, não vislumbramos, neste caso, a presença do nexo causal que vincule as irregularidades que lhes foram atribuídas ao dano acarretado ao erário Público, decorrente de problemas na execução de contratos firmados pelas SETAS, mediante dispensa de licitação.

6.38. Nosso entendimento sobre a ausência do nexo causal advém, primordialmente, do fato de ter havido a mistura de um procedimento típico da modalidade de licitação concorrência, denominado pré-qualificação (art. 114 da Lei nº 8.666/93), instituído com o objetivo de promover a habilitação prévia das empresas/entidades participantes, seguido da contratação mediante dispensa de licitação, quando o correto seria a realização de licitação (preferencialmente concorrência) para a abertura dos envelopes das propostas de preços dentre os participantes previamente qualificados.

6.39. Não houve, desta feita, a finalização do procedimento licitatório iniciado com a pré-qualificação das instituições interessadas, processando-se, posteriormente a essa fase, a contratação direta de entidades/empresas, com base na dispensa de licitação, prevista no inciso XIII, do art. 24, da Lei em comento. Dessa forma, ambos os eventos estariam completamente desvinculados um do outro. Tanto é assim, que algumas das empresas contratadas, não constaram do resultado da pré-qualificação, divulgado na imprensa oficial do Estado do Espírito Santo, inferindo-se, portanto, que as mesmas sequer chegaram a participar daquele procedimento de habilitação prévia.

6.40. Nesse sentido, concordamos com a argumentação aduzida pelas Sras. Sandra de Carvalho e Lorena Dall’Orto Ramos de que não há que se falar em vínculo entre qualquer decisão tomada no âmbito da Comissão Especial de Licitação e a contratação posterior de instituições para execução do PEQ/ES, vínculo este imprescindível para a caracterização da responsabilidade solidária entre as partes, em razão de o procedimento de pré-qualificação realizado não ter tido prevalência no processo de contratação para a execução das ações do Plano Estadual de Qualificação, ocorrendo tais contratações, em realidade, por meio de mera dispensa de licitação.

6.41. Levando-se, ainda, em consideração o trecho extraído da Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa interposta pela Procuradoria da República no Estado do Espírito Santo (Processo 2004.50.01.003138-9), em 2/4/2004, cuja cópia foi anexada pela Sra. Sandra de Carvalho em sua defesa (fls. 1139/1142 do vol. 5), temos que aquele Procurador excluiu do pólo passivo daquela ação, sem prejuízo da responsabilidade já apontada nesta Tomada de Contas Especial e de eventual responsabilidade administrativa ou criminal, as Sras. Regina Célia Mendonça Magalhães, Maria da Penha Soares Lopes (PEQ/1999), Maria Ilse Dória Vinha, Sandra de Carvalho, Lorena Dall’Orto Ramos e Márcia Bicalho (PEQ/2000), assim como os Srs. Jorge de Paula Penha e Jonas

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Hilário da Silva (PEQ/2000), entendendo que, embora reconhecidamente irregulares as suas condutas, ocupavam cargos subalternos, agiram sob ordem (posto que manifestamente ilegal) e quiçá sob ameaça de seus superiores, não havendo, provas, até aquele momento, de que tinham a consciente intenção de contribuir para o desvio ou malversação das verbas públicas federais.

6.42. Assim, diante dessa manifestação do Procurador da República, Henrique G. Herkenhoff, que ventila a possibilidade de coação da vontade dos membros das Comissões de Licitação, relativas aos PEQs de 1999 e 2000, coação essa também suscitada pelas Sras. Sandra de Carvalho, Lorena Dall’Orto Ramos e Márcia Bicalho em suas respectivas alegações de defesa, conjugada com o nosso acolhimento da tese defendida por alguns dos responsáveis sobre a inexistência de nexo causal entre os atos perpetrados por aquela Comissão e o dano resultante da contratação superveniente de instituições para execução das ações de educação profissional, propomos a aceitação das alegações de defesa apresentadas pelos membros da Comissão, relativa ao PEQ/2000.

7) Responsável: Sebastian Marcelo Veiga - fls. 998/1.008, vol. 4.Cargo/Função: presidente das Comissões Especiais de Licitação dos PEQs de 1999 e

2000 e assessor Administrativo.Irregularidades Imputadas: 1ª) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular

juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento. 2ª) habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando a violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93.

7.1. O Sr. Sebastian Marcelo Veiga foi arrolado como responsável em virtude de ter participado como presidente das Comissões Especiais de Licitação dos PEQs de 1999 e 2000, sendo-lhe imputado as mesmas irregularidades atribuídas aos demais membros daquelas Comissões, conforme análise discorrida anteriormente.

7.2. Ressalte-se que o conteúdo da defesa apresentada pelo defendente em relevo é bastante similar ao das alegações apresentadas pelo Sr. Jonas Hilário da Silva, membro da Comissão Especial de Licitação do PEQ de 2000. Não obstante, quanto ao mérito das irregularidades apontadas, o então presidente daquelas Comissões reforçou alguns dos argumentos também levantados por parte dos demais membros, em suas respectivas defesas, que merecem especial destaque.

7.3. O primeiro deles diz respeito ao fato de que a Comissão Especial de Licitação, ao se deparar com a documentação inconsistente das instituições, e por falta de experiência nesse tipo de procedimento, simplesmente decidiu à unanimidade, que as mesmas não atendiam ao edital e, por consequência, não as habilitaria, servindo o processo, apenas para fins de simples cadastro, a fim de que a Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social/SETAS, pudesse ter a noção das instituições interessadas em participar do processo de contratação para a execução do Plano de Qualificação. Nesse sentido, afirmou que não houve a habilitação de nenhuma instituição, conforme comprovam as atas lavradas.

7.4. O segundo argumento reporta-se a ocorrência de omissão em formular juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições. Entendeu o defendente que tal imputação é injusta e sem o menor fundamento, pois, a comissão ao afirmar que não habilitaria nenhuma das instituições, firmou sim, o seu juízo de valor, uma vez que não havia nenhuma instituição com capacidade naquele momento processual para ser considerada habilitada.

7.5. O terceiro e último argumento trata da ausência de nexo causal entre os atos da Comissão Especial de Licitação e a Contratação por dispensa de licitação das instituições contratadas para a execução do PEQ. Postulou o defendente que, como a SETAS decidiu contratar as instituições elencadas na citação, através de procedimento de dispensa de licitação, fundamentada nos termos do inciso XIII, do art. 24 do Estatuto Licitatório, caíram por terra todas as irregularidades apontadas na citação, pois mesmo que elas subsistissem, em nada guardariam relação com as

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contratações, não existindo nexo algum entre o mal fadado procedimento de pré-qualificação (que não habilitou nenhuma instituição) e a contratação por dispensa das instituições com base no inciso XIII, do art. 24, da Lei em comento.

7.6. Com relação ao primeiro argumento lançado pelo defendente, pode-se conceber, no caso da Comissão Especial de Licitação do PEQ/1999, que não houve a habilitação das instituições participantes do certame, motivo por que, com relação aquele exercício, tal irregularidade não foi imputada aos membros e ao Presidente daquela Comissão. No entanto, no exercício de 2000, verifica-se, textualmente, na ata substabelecida pelos membros da Comissão do PEQ daquele ano, o pronunciamento pela habilitação para cadastro naquela Secretaria das concorrentes elencadas no referido documento. Tendo em vista a análise feita anteriormente, o procedimento de pré-qualificação, segundo o art. 114 da Lei nº 8.666/93, é um procedimento de qualificação preliminar, não podendo os servidores citados mascarar a sua finalidade, convertendo-o em um mero cadastramento de entidades que um dia poderão vir a ser convocadas para prestar um serviço específico junto à Administração Pública. Se assim fosse, não haveria necessidade de se constituir formalmente uma comissão de licitação, nos termos do art. 51 da mencionada lei.

7.7. Já no tocante ao segundo argumento, defendemos na análise das alegações de defesa dos membros do PEQ/1999 que a manifestação de juízo formulada por aquela Comissão, embora de natureza genérica, apresentava caráter restritivo para futuras contratações a serem realizadas por meio de dispensa de licitação, não permitindo, portanto, a habilitação daquelas entidades, o que acabou por ser ignorado pela própria SETAS que, ao publicar no Diário Oficial do Estado do Espírito Santo - DOE, de 6/10/1999, o resultado da Pré-Qualificação e Cadastramento para o PEQ/1999, qualificou/habilitou todas as entidades participantes do certame. No caso do PEQ/2000, essa formulação de juízo parece ter ocorrido tacitamente, com a habilitação de todas as participantes, donde se presumiria, à primeira vista, que todas teriam preenchido os requisitos exigidos no Edital para a sua pré-qualificação, o que de fato não ocorreu. Deste modo, a partir da habilitação de entidades que não tinham condições de serem contratadas pela Administração Pública, incorreu-se, automaticamente, na irregularidade de omissão na formulação de juízo de valor sobre o cumprimento dos requisitos editalícios alvitrados no instrumento que regia aquele certame licitatório.

7.8. Quanto ao terceiro e último argumento, já acatamos em análises anteriores a procedência do mesmo (ausência do nexo causal), o qual, em nossa opinião desvincula o procedimento de pré-qualificação, típico de um certame licitatório na modalidade de concorrência, dos resultados obtidos com a contratação direta de instituições, mediante dispensa de licitação, elidindo, portanto, a repercussão de qualquer irregularidade incorrida na fase de pré-qualificação (habilitação prévia) sobre as contratações processadas sem o necessário procedimento licitatório para a escolha da melhor proposta. Assim sendo, a par do que já foi propugnado com relação aos membros das Comissões Especiais de Licitação, relativas aos exercícios de 1999 e 2000, somos pela aceitação das alegações de defesa do responsável em referência.

8) Responsável: Jorge Luiz de Paula Penha - revel. Cargo/Função: membro titular da Comissão Especial de Licitação de 2000.Irregularidades Imputadas: 1ª) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular

juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento. 2ª) habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93.

8.1. Regularmente citado (fls. 756/761 do Vol. 3), tornou-se revel, nos termos do § 3º do art. 12 da Lei nº 8.443/92.

8.2. Acrescentamos que as defesas apresentadas pelos demais responsáveis, membros da Comissão Especial de Licitação de 2000, ilidiram as irregularidades que lhe foram imputadas, conforme descrito anteriormente.

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9) Entidade responsável: Centro de Integração Empresa Escola - CIEE - anexo 1, 10 Vols., fis. 2/1.322.

Irregularidade imputada: 1ª) inexecução do Convênio/MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS/ES (Cláusula 3ª, item 3.2.1), em decorrência da não realização ou realização apenas parcial, pelas entidades executoras, das ações de educação profissional contratadas.

(...) Análise das alegações de defesa do Centro de Integração Empresa Escola – CIEE.9.22. Apesar do equívoco cometido por esta Secretaria em denominar como representante

legal da entidade em comento o Sr. Francisco Lordes, que sequer constava dos quadros daquela instituição, tal fato em nada alterou o efeito jurídico da citação efetivada mediante o Ofício n° 507/2005, de 22/8/2005, uma vez que a aquela convocação foi destinada para a pessoa jurídica CIEE, independentemente de quem fosse o seu mandatário, tanto é assim, que a referida entidade apresentou as suas respectivas alegações de defesa.

9.23. Quanto ao atraso que tal equívoco possa ter acarretado na formulação da defesa da referida entidade, esclareça-se que o seu representante legal já poderia ter solicitado, antes do término do prazo para apresentação das alegações de defesa e/ou recolhimento do débito imputado, prorrogação do prazo inicialmente concedido, de modo que os autos pudessem ser cuidadosamente verificados, para a elaboração de uma defesa mais consistente.

9.24. O que sucedeu, na realidade, foi a formulação de um pedido de prorrogação de prazo (30 dias), para atendimento do ofício de citação, no bojo das alegações de defesa apresentadas, o que acabou não sendo conhecido por este Tribunal em tempo hábil. Entendemos que, apesar da não apreciação do pedido de prorrogação de prazo por esta Corte, a entidade, por meio de seu procurador, poderia, até 6 de outubro de 2005, ter comparecido perante esta Secretaria para ter vistas em separado dos autos, provocando, assim uma resposta quanto à sua solicitação, de modo a apresentar até aquela data um aditamento à sua defesa inicialmente interposta, nos termos do art. 183, parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, o que não aconteceu.

9.25. Observa-se que o CIEE foi citado pelo valor total de R$ 66.413,40, em razão da não execução ou execução parcial das ações de educação profissional contratadas pela SETAS, por meio do Contrato n° 2/00.

9.26. Arguiu o procurador da entidade em destaque que o Relatório do TCU teria sido inespecífico no sentido de não informar precisamente quais ações contratadas não teriam sido executadas a contendo, o que teria impedido o exercício do seu direito de defesa.

9.27. De fato, o relatório deste Tribunal, contido no vol. 114 deste processo, não chegou a detalhar as ações que não teriam sido executadas, muito menos o valor do débito alocado para cada uma delas, mencionando, apenas, o valor total apurado para cada tipo de irregularidade encontrada. Impende esclarecer, contudo, que tal relatório baseou-se nos trabalhos elaborados pela Comissão de Tomada de Contas Especial do Ministério do Trabalho, parte integrante destes autos, em cujos relatórios parciais atinentes a cada entidade contratada encontravam-se plenamente identificados em quadros ilustrativos as ações educacionais não realizadas, assim como a metodologia utilizada para o cálculo do débito decorrente daquelas que foram consideradas parcialmente executadas.

9.28. Esta Secretaria, inclusive, considerando o número de volumes pertinentes ao presente processo, e com vistas a facilitar o atendimento do pedido de vistas dos procuradores dos responsáveis solidários citados, separou por entidade o grupo de volumes relacionados a cada uma delas, onde constava o trabalho elaborado pela referida Comissão na apuração do débito respectivo. No caso do CIEE, os volumes alusivos à mencionada instituição eram os de número 14, 41, 61 e 77 do TC 007.409/2003-4 (anexo 3, vol. principal, 1, 2 e 3 deste processo), encontrando-se o relatório conclusivo daquela entidade às fls. 341/380 do vol. 77 do TC 007.409/2003-4 (1317/1357 do anexo 3, Vol. 3, deste processo).

9.29. Entretanto, limitando-se à verificação da instrução inicial desta Secretaria (vol. 2 - fis. 491/573), assim como ao Relatório Final da CTCE, contido do vol. principal (fls. 21/226), que tampouco detalhava as ações consideradas não executadas, o procurador do CIEE ignorou as demais

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peças processuais, preferindo conduzir a defesa da entidade de modo a refutar genericamente todas as imputações que foram acometidas à mesma. Dessa forma, afirmou, categoricamente, que não houve, no caso da defendente, qualquer serviço contratado que não tivesse sido realizado, não resultando, portanto, em dano ao erário.

9.30. Compulsando o relatório parcial da TCE, contido às fls. 1317/1357 do anexo 3, vol. 3, verificamos que o débito, no valor total de R$ 71.688,30 (setenta e um mil, seiscentos e oitenta e oito reais e trinta centavos), foi constituído de ações não executadas no valor de R$ 3.600,00; ações parcialmente executadas no valor de R$ 47.148,30; e pelo valor de Bolsas-Auxílio não repassadas aos treinandos, no valor de R$ 20.940,00.

9.31. Ocorre que a própria Comissão de TCE procedeu a uma revisão do débito inicialmente apurado, a partir da constatação de erros de somatório nas planilhas de cálculos elaboradas no editor de texto Word, acarretados em face da necessária e constante mesclagem e divisão de células das tabelas, o que resultou na elaboração da Planilha de Revisão do Débito, constante às fls. 9/20 do vol. principal, saneando, assim, as irregularidades encontradas. Dessa revisão, o valor do débito imputado ao CIEE, de R$ 71.688,30, passou para R$ 66.413,40, sendo este último considerado para fins de citação da entidade responsável.

9.32. Dessa forma, o valor de R$ 66.413,40 resultou de ações não executadas (R$ 3.600,00); de ações parcialmente executadas (R$ 41.873,40); e do valor das Bolsas-Auxílio não repassadas (R$ 20.940,00). Observe-se que, em função da revisão retro mencionada, houve alteração somente com relação ao valor das ações parcialmente executadas, que de R$ 47.148,30 passaram para R$ 41.873,40, prevalecendo o quadro demonstrativo constante às 13 do principal.

9.33. Verifica-se, consoante proposta do CIEE, integrante do Contrato n° 2/2000, que os custos das ações contratadas estavam especificados em conformidade com a tabela abaixo, constante das fis. 48, do anexo 3, vol. principal destes autos: (omissis).

9.34. Tendo em vista a carga horária de 100 horas/aula para a qualificação profissional, conforme descrito o quadro anterior, e considerando que estas mesmas ações estão descritas às fls. 40/45 do anexo, vol. principal (Noções Básicas de Informática, Pintor, Auxiliar de Eletricista, Bombeiro Hidráulico, Carpinteiro, Confecção de Peças Íntimas, Confecção de Artesanatos e Habilidades de Gestão), temos que, pela proposta do CIEE, contida às fis. 25/50 do referido anexo, cada aluno era obrigado a fazer o curso de Noções Básicas de Informática (30 horas), optava por um dos cursos profissionalizantes retro especificados (60 horas) e ainda teria que assistir ao curso de Habilidades de Gestão (10 horas), alcançando, assim, as 100 horas/aula previstas para a qualificação profissional.

9.35. Ocorre que, dentre os cursos de qualificação profissional supra referenciados, somente não foi constatada pela Comissão a realização do curso de Habilidades de Gestão, o que resultou em débito no valor de R$ 3.600,00 (200 treinandos X 10 horas/aula X R$ 1,80/hora/aula).

9.36. Realmente, examinando a documentação anexada pela CTCE, em confronto com a nova documentação apresentada pelo CIEE (anexo 1, vols. 1 a 9), com vistas à comprovação da execução integral das ações contratadas, ratificamos o posicionamento previamente adotado por aquela Comissão, uma vez que não foram encontrados diários de classe fazendo alusão à realização do curso de Habilidades de Gestão. Assim sendo, rejeitamos as alegações de defesa da entidade quanto ao valor de R$ 3.600,00, relativo às ações não executadas.

9.37. Quanto ao quadro constante às fis. 1329 do anexo 3, vol. 3, substituído pelo quadro de fis. 13 do vol. principal destes autos, referente às ações consideradas parcialmente executadas, novamente, procedemos a uma revisão da documentação inicialmente anexada pela CTCE, em confronto com a documentação ora apresentada pelo CIEE, constatando-se, com relação ao curso de Cidadania e Direitos Humanos (grupos 1, 2, 3 e 4) que, com base no projeto apresentado pela instituição, deveriam comportar 30 alunos cada um, chegaram a cumprir a carga horária prevista de 100 horas/aula para cada grupo, enquanto os grupos 5, 6 e 7 (30 alunos no grupo primeiro grupo e 25 alunos nos dois últimos grupos) cumpriram carga horária superior àquela inicialmente apurada

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pela CTCE, porém inferior às 100 horas/aulas previstas contratualmente. Já com relação ao curso de Serviços Comunitários foram encontrados alguns diários de classe avulsos (sem identificação de qualquer grupo) que, por sua vez, irão reduzir o débito referente ao mencionado curso, conforme nova configuração demonstrada no quadro abaixo: (omissis).

9.38. Constata-se, portanto, uma redução no dano ao erário de R$ 41.873,40 para R$ 36.608,70, com relação às ações parcialmente executadas.

9.39. No tocante às ações relativas às Bolsas-Auxílios, apurou a Comissão de Tomada de Contas Especial um débito no valor de R$ 20.940,00, resultante da diferença entre o montante liberado de R$ 72.000,00 (R$ 360,00 X 200 treinandos) e a importância efetivamente repassada aos treinandos de R$ 51.060,00. Entretanto, da análise dos novos elementos trazidos para estes autos por parte do CIEE, constatamos que a referida entidade logrou comprovar o pagamento daqueles benefícios no valor de R$ 70.880,00, restando, por conseguinte, um débito de R$ 1.120,00, conforme discriminado a seguir: (omissis).

9.40. Assim sendo, propomos a aceitação parcial das alegações de defesa da entidade citada, reduzindo-se o seu débito, relativo às ações educacionais não executadas e/ou parcialmente executadas, incluindo-se nessas ações o repasse de Bolsas-Auxílios aos treinandos, de R$ 66.413,40 para R$ 41.328,70 (R$ 3.600,00+R$ 36.608,70+R$ 1.120,00).

10) Responsável: Maria Terezinha Silva Gianordoli - fls. 845/911 do Vol. 4.Cargo/Função: ordenadora de despesas dos recursos aplicados no PEQ de 2000.Irregularidade Imputada: 1ª) homologação das dispensas de licitação para a subscrição

dos contratos relativos aos PEQs de 2000; 2ª) autorização ou ordenação do pagamento de parcelas sem o integral cumprimento das exigências legais e contratuais estabelecidas para comprovação da regularidade fiscal, previdenciária (INSS), e fundiária (FGTS), e da efetiva execução das ações de educação profissional contatadas, com violação aos arts. 73, inciso I, da Lei nº 8.666/93; e 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320/64; e à cláusula contratual.

Análise das Alegações de Defesa da Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli:10.47. Cumpre inicialmente destacar que a Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli exerceu

o encargo de ordenadora de despesas no ano de 2000, em substituição à Sra. Elaine Barreto Vivas, que o exercera em 1999, de modo que todos os pagamentos efetuados às entidades executoras do PEQ de 2000 foram ordenados/autorizados pela defendente.

10.48. Quanto à primeira questão preliminar suscitada de que o ato do Ministério do Trabalho e Emprego, que determinou a instauração da presente Comissão Especial, se revestiu de ilegitimidade, em razão de ter sido promovida com base em denúncia constante de matéria veiculada na imprensa, após a aprovação definitiva da prestação de contas do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25-99 SEJUC/ES, denotando, assim, um caráter eminentemente político àquele ato administrativo, é oportuno citar o disposto no § 2º do art. 74 da Constituição Federal em vigor, ipsis litteris: ‘§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.’

10.49. Do mesmo modo, sobre o tema, é importante transcrever também o entendimento perfilhado por Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, nestes termos: ‘Muitas vezes a imprensa realiza importante papel de esclarecimento da sociedade, inclusive veiculando casos de malversação de recursos públicos e de danos ao erário, decorrentes de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico. Há bastante tempo sustentamos que, por ser a imprensa uma importante formadora de opinião, devem os Tribunais de Contas dispensar a denúncias veiculadas pela imprensa uma atenção especial, respondendo com inspeções, auditorias e outros meios de verificação’ (in Tomada de Contas Especial, 2. Ed., Brasília -DF, Ed. Brasília Jurídica, 1998, p. 51/52)

10.50. Impende acrescentar que, do disposto no art. 8º, da Lei nº 8.443/92 (‘Art. 8º Diante da omissão no dever de prestar contas, da não-comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, na forma prevista no início VII do art. 5º desta Lei, da ocorrência de desfalque ou desvio

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de dinheiros, bens ou valores públicos, ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário, a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências com vistas à instauração da tomada de contas especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano’), o órgão repassador, no caso, o Ministério do Trabalho e Emprego/MTE, ante a constatação de qualquer irregularidade que se traduza em dano ao erário, poderia, a qualquer tempo, e independentemente ou não das respectivas prestações de contas já terem sido aprovadas, instaurar a devida Tomada de Contas Especial, sob pena, inclusive, de ser responsabilizado solidariamente ao se recusar a adotar tal procedimento.

10.51. Entretanto, entendendo-se a instauração de uma Tomada de Contas Especial como medida de exceção, principalmente se considerarmos que as contas daquele convênio já tinham sido aprovadas, verificou-se que o Ministro do Trabalho e Emprego, por medida de cautela e economicidade, achou por bem constituir o GEIP – Grupo Especial de Investigação Preliminar, instituído pela Portaria/GM nº 377/2001, com o fim de se proceder à averiguação prévia das denúncias provenientes tanto da imprensa, como de outras fontes, envolvendo irregularidades na aplicação dos recursos destinados à implementação do Planfor, para somente depois, em sendo levantados ao menos indícios razoáveis da existências destas, deliberar pela instauração da competente Tomada de Contas Especial.

10.52. Vê-se, assim, que o Ministério do Trabalho e Emprego não agiu de forma açodada com relação às denúncias veiculadas na imprensa, instaurando de pronto uma Tomada de Contas Especial, como pretendem fazer parecer as responsáveis. Ao contrário, o seu procedimento de constituição de um grupo com vistas a promover investigações de caráter preliminar visou atender também ao disposto no art. 38, § 1º, da Instrução Normativa STN nº 1/97 (‘§ 1º A instauração da Tomada de Contas Especial, obedecida a norma específica será precedida ainda de providências saneadoras por parte do concedente e da notificação do responsável, assinalando prazo de, no máximo, 30 (trinta) dias, para que apresente a prestação de contas ou recolha o valor do débito imputado, acrescido de correção monetária e juros de mora, bem assim, as justificativas e as alegações de defesa julgadas necessárias pelo notificado, nos casos em que a prestação de contas não tenha sido aprovada’) – grifos nossos.

10.53. No tocante à segunda questão preliminar de que o ato que determinou a constituição de Comissão Especial para proceder à Tomada de Constas Especial se revestiu de ilegalidade por não atender aos pressupostos previstos no art. 38, § 1º, da IN 1/97 e no art. 19, § 3º, inciso I, da Resolução CODEFAT nº 258, de 21/12/2000, pois de forma arbitrária, teria sido, simplesmente, determinada a suspensão do recurso e a instauração da Tomada de Contas Especial, ignorando-se a notificação da parte responsável para as providências legais com antecedência de 30 dias, temos que as referidas normas estatuem que o prazo não deva exceder de 30 dias, não obstando, todavia, que a Administração assinale prazo menor.

10.54. De fato, conforme justificado pela própria Comissão de Tomada de Contas Especial, o Ministério do Trabalho e Emprego acolheu esse procedimento legal, ainda que tenha visado o cumprimento do art. 44 da Lei nº 9.784, de 29/1/99, dado que, antes de decidir pela instauração da Tomada de Contas Especial, encaminhou ofício à defendente, então ocupante do cargo de Secretária de Estado do Trabalho e Ação Social (fls. 212 do Vol. 1 do TC 007.409/2003-4), para que, no prazo de dez dias, se manifestasse acerca dos indícios de irregularidades apontados nos relatórios do GEIP, e encaminhasse a documentação comprobatória da execução das ações de qualificação profissional, sendo que a instauração da TCE somente foi decidida a posteriori, porque os esclarecimentos prestados e os documentos encaminhados pela SETAS não se mostraram suficientes para elidir os indícios de irregularidades levantados por aquele Grupo.

10.55. Quanto ao prazo de apenas 10 (dez) dias concedido à Secretária do Trabalho e Ação Social do Espírito Santo, assim se pronunciou a Comissão de Tomada de Contas Especial, às fls. 69 do Vol. Principal deste processo: ‘De qualquer sorte, estamos persuadidos de que o prazo sob

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exame foi estabelecido no interesse da própria Administração, em atendimento ao princípio da economicidade, e não, como pode parecer a princípio, com o intuito de beneficiar os gestores cujas contas não foram prestadas no prazo ou apresentem irregularidades ou indícios de dano ao erário. É bem de ver que os dispositivos legais falam em ‘providências saneadoras’ (IN/STN 1/97) e ‘requerendo a adoção de providências’ (Resolução CODEFAT 258/2000), não se utilizando de termos do tipo: ‘conceder prazo para regularizar’ ou ‘oportunizar ao responsável regularizar’’.

10.56. Constatamos, assim, que o Ministério do Trabalho e Emprego ao notificar a Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social do Estado do Espírito Santo para se manifestar, no prazo de dez dias, sobre os indícios de irregularidades apontados nos referidos relatórios do GEIP, cumpriu com as providências saneadoras previstas nos citados dispositivos legais, não havendo que se falar em arguição de nulidade da TCE.

10.57. Do mesmo modo, entendeu a contestante que, com base no § 1º, do art. 38, da mesma Instrução Normativa, caberia à mesma, ainda naquela fase, o direito de prestar novas contas e alternativamente realizar o recolhimento do numerário ou apresentar esclarecimentos, não tendo sido oportunizado a ela o primeiro item. Ocorre que, naquele momento, já haviam sido apresentadas as contas do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99, sendo-lhe solicitado, apenas, que apresentasse as justificativas e as alegações de defesa julgadas necessárias para o esclarecimento das irregularidades apontadas nos relatórios do GEIP, que contestavam a regularidade das contas previamente apresentadas.

10.58. Com relação à terceira preliminar de que houve agressões aos princípios constitucionais da legalidade e do devido processo legal, estampado no art. 5º, LV, da Carta Magna, baseada no fato de que o primeiro ato citatório (promovido pela CTCE) teria sido efetuado de maneira genérica, sem atentar sequer para a individualização da responsabilidade de cada servidor, e não esclarecendo quais atos irregulares teriam sido praticados pela defendente, o que tornaria aquela citação nula, sem qualquer valor no mundo jurídico, revela particularizar apenas, no caso específico da Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli, que na citação da mesma às fls. 25/49 do Vol. 85 do TC 007.409/2003-4, fora-lhe imputada unicamente a seguinte irregularidade: ‘Autorização ou ordenação do pagamento de parcelas sem o integral cumprimento das exigências legais e contratuais estabelecidas para comprovação da regularidade fiscal, previdenciária (INSS) e fundiária (FGTS), e da efetiva execução das ações de educação profissional contratadas, com violação aos arts. 73, inciso I, da Lei nº 8.666/93; e 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320, de 17/3/64; e a clausula contratual.’

10.59. Observe-se que ao ser citada pela primeira vez por parte da Comissão de Tomada de Contas Especial, a Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli, conforme informado por aquela Comissão, às fls. 108 do Vol. Principal, recebeu cópias de dezoito relatórios parciais de análise contidos nos vols. 31, 55 e 73 do TC 007.409/2003-4, que consignam a minudente análise que a referida Comissão procedeu de todos os contratos celebrados com as entidades executoras para a implementação dos PEQs de 2000.

10.60. Reitere-se a afirmação efetuada por parte da CTCE, de que a análise dos sobreditos relatórios, cujas irregularidades encontravam-se resumidas na citação da defendente, lhe permitiam ter conhecimento integral e de forma clara, precisa, sobre todos os fatos e condutas ilegítimas que estavam sendo acoimadas tanto a ela quanto aos demais responsáveis solidários.

10.61. No que diz respeito à alegação da contestante de que lhe foi atribuída responsabilidade objetiva pela sua condição de ‘ordenadora de despesas’, não se lhe podendo imputar qualquer conduta, por ignorar atos praticados por outros servidores, além do fato de a Comissão de TCE não ter logrado, segundo a mesma, demonstrar a conduta culposa da defendente e o nexo de causalidade com o dano ao erário, cumpre, inicialmente, citar o Acórdão 386/1995-Segunda Câmara (TC 574.084/1993-2), no qual foi afirmada a impossibilidade de ser invocada a responsabilidade objetiva do agente público pela prática de atos administrativos, in verbis: ‘ Por outro lado, o art. 37, § 6º, da Constituição Federal disciplina a responsabilidade objetiva do risco administrativo das pessoas jurídicas de direito público e das legatárias, por atos praticados pelos

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agentes públicos, violando direitos de outras pessoas, causando-lhes danos ou prejuízos, uma evolução da responsabilidade civilista. In fine, o citado parágrafo disciplina que o agente público praticante do ato responde perante a pessoa jurídica responsável por culpa lato sensu . No caso em exame, não se trata de lesão singular a direito, mas à sociedade, por descumprir um dever implícito na função pública, fundado em princípios que norteiam o Direito Público, cujo controle ab initio cabe ao Tribunal, nos termos do mencionado art. 71 e seguintes da Constituição Federal.’ (Grifos nossos).

10.62. Vale destacar que a responsabilidade dos agentes da Administração, no que concerne à obrigação de prestar contas dos recursos públicos que forem colocados sob sua tutela e de reparar o dano causado ao erário, é disciplinada principalmente pelas normas de Direito Público, mas com larga aplicação subsidiária dos institutos de Direito Privado que tratam da responsabilidade civil, das obrigações por ato ilícito e da solidariedade na reparação do dano.

10.63. A esse respeito extrai-se o disposto no art. 70 da Constituição Federal: ‘Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta assuma obrigações de natureza pecuniárias.’ Donde se conclui que o dano ao erário resulta da ausência de prestação de contas dos recursos públicos repassados, exigindo-se a sua restituição, sendo certo que o dever de prestar contas somente se considera cumprido quando verificada a integral comprovação da aplicação dos recursos na finalidade a que foram destinados, pois prestação parcial ou insuficiente de contas equipara-se a contas não prestadas.

10.64. Na esfera infraconstitucional, dispõe o art. 5º da Lei nº 8.429, de 2/6/92 (Lei da Improbidade Administrativa), verbis: ‘Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.’

10.65. Do Código Civil vigente, importante trasladar as seguintes disposições legais que envolvem a matéria sob debate:

‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar prejuízo a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

.............................................................................................................................................................Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à

reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.’

10.66. Não só a Lei, mas também a doutrina e o Tribunal de Contas da União esposaram a teoria da responsabilidade subjetiva no que cuida de dano causado por servidor à Administração Pública, conforme entendimento reiterado no Acórdão 67/2003-Segunda Câmara (TC 325.165/1997-1), do qual extrai o seguinte trecho: ‘A responsabilidade dos administradores de recursos públicos, escorada no parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal e no art. 159 da Lei nº 3.071/1916, segue a regra geral da responsabilidade civil. Quer dizer, trata-se de responsabilidade subjetiva. O fato de o ônus de provar a correta aplicação dos recursos caber ao administrador público não faz com que a responsabilidade deixe de ser subjetiva e torne-se objetiva. Esta, vale frisar, é responsabilidade excepcional, a exemplo do que ocorre com os danos causados pelo Estado em sua interação com particulares – art. 37, § 6, da Constituição Federal’. (Grifos nossos).

10.67. A responsabilidade subjetiva, vale dizer, possui como um dos seus pressupostos a existência do elemento culpa. Nesse sentido, transcrevemos Silvio Rodrigues (Direito Civil, Responsabilidade Civil, pág. 16): ‘Culpa do agente. O segundo elemento, diria, o segundo pressuposto para caracterizar a responsabilidade pela reparação do dano é a culpa ou dolo do agente que causou o prejuízo. A lei declara que se alguém causou o prejuízo a outrem por meio da ação ou omissão voluntária, negligência, imperícia, ou imprudência, fica obrigado a reparar. De modo que,

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nos termos da lei, para que a responsabilidade se caracterize mister se faz a prova de que o comportamento do agente causador do dano tenha sido doloso ou pelo menos culposo.’

10.68. Esse também é o entendimento de Hely Lopes Meirelles, de cujos ensinamentos transcrevemos o texto a seguir:

‘A responsabilidade civil é a obrigação que se impõe ao servidor de reparar o dano causado à Administração por culpa ou dolo no desempenho de suas funções. Não há, para o servidor, responsabilidade objetiva ou sem culpa. A sua responsabilidade (civil) é independente das demais (administrativa e criminal) e se apura na forma do Direito Privado, perante a Justiça Comum.

A Administração não pode isentar de responsabilidade civil seus servidores, porque não possui disponibilidade sobre o patrimônio público. Muito ao contrário, é seu dever zelar pela integridade desse patrimônio, adotando todas as providências legais cabíveis para a reparação dos danos a ele causados, qualquer que seja o Autor. Daí porque a parte final do § 6º, do art. 37, da CF impõe a responsabilização do agente causador do dano somente quando agir com culpa ou dolo, excluindo, portanto, a responsabilidade objetiva, que é unicamente da Administração perante a vítima’ (in Direito Administrativo Brasileiro, 24ª ed., Malheiros Editores, 1999, p. 443/444).

10.69. Impende assinalar que a avaliação da culpabilidade dos agentes administrativos deve levar em conta a importância da função por eles exercida e sua posição com relação ao grau de responsabilidade pela guarda e regularidade da aplicação dos recursos repassados pelo erário. Agravando-se, portanto, o quadro de culpa, quando se leva em conta que a defendente ocupava o cargo de subsecretária de Estado do Trabalho e Ação Social da SETAS e exercia a atribuição de ordenadora de despesas, no ano 2000.

10.70. E, nesse aspecto, aos ordenadores de despesas foi dada uma atenção especial pela lei, atribuindo-se a esses servidores o status e o munus de principais responsáveis pela regularidade contábil e financeira da Administração Pública, conforme se depreende os arts. 80 e 90 do Decreto-Lei nº 200, de 25/2/67, verbis: (...).

10.71. Do exposto, conclui-se que a responsabilidade do ordenador de despesas é ampla, e persistirá enquanto não se comprovar a regularidade da prestação de contas atinente aos recursos públicos federais sob seu controle.

10.72. No caso concreto sob exame, restou demonstrada de forma consistente a existência dos elementos fáticos e jurídicos exigidos para configurar a responsabilidade civil da defendente pelo dano causado ao erário, em que se apurou a ordenação/autorização do pagamento de parcelas sem que fossem cumpridas as exigências previstas nos contratos celebrados em 2000, como segue:

1º) Conduta lesiva: homologou as dispensas de licitação para a subscrição dos contratos relativos ao PEQ de 2000.

Nexo causal: a não realização de licitação impossibilitou a escolha de instituição melhor preparadas para a execução das ações de educação profissional, e oportunizou a contratação direta de entidades, com dispensa de licitação, que não comprovaram a satisfação dos requisitos estabelecidos nos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII; 26, parágrafo único, caput e incisos II e III; 27, incisos II, III e IV; e 54 da Lei nº 8.666/93, comprometendo, com isso, a eficiência e eficácia do PEQ e concorrendo diretamente para a inexecução ou execução precária das ações contratadas e, por conseguinte, para a ocorrência de dano ao erário.

Dano ao erário: decorrente da não realização de cursos de qualificação previstos nos projetos contratados e da não comprovação, por meio de documentos contábeis idôneos, da aplicação dos recursos na finalidade a que se destinavam.

2ª) Conduta lesiva: empenhou os recursos e ordenou o pagamento por serviços que deixaram de ser parcial ou integralmente realizados.

Nexo causal: A ordenação do pagamento de parcelas sem o implemento das condições estabelecidas no contrato causou dano ao erário e implicou ofensa aos arts. 73, inciso I, da Lei nº 8.666/93; e 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320, de 17/3/64; e à cláusula 5ª do contrato.

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Dano ao erário: decorrente da não realização de cursos de qualificação previstos nos projetos contratados e da não comprovação, por meio de documentos contábeis idôneos, da aplicação dos recursos na finalidade a que se destinavam.

10.73. Entendemos, pois, que se encontra devidamente configurada, a culpa da defendente, porquanto as dispensas de licitação somente poderiam ser por ela homologadas se as instituições contratadas houvessem comprovado a satisfação dos requisitos estabelecidos no art. 24, XIII, e outros, da Lei nº 8.666/93, assim como os pagamentos das parcelas somente poderiam ser por ela ordenados mediante a comprovação pelas entidades executoras do total adimplemento das obrigações previstas nos contratos.

10.74. Insta acrescentar que não se pode liberar recursos públicos sem que se proceda à rigorosa verificação do cumprimento das condições estabelecidas na legislação e no contrato, principalmente quando os pagamentos envolvem valores tão significativos, como no caso em tela.

10.75. Saliente-se que, por exercer o cargo de subsecretária de Estado do Trabalho e Ação Social da SETAS, a defendente detinha poder hierárquico sobre os funcionários de menor escalão, cabendo-lhe coordenar, fiscalizar, controlar e corrigir as atividades administrativas por eles executadas. Por isso mesmo, que respondem administrativamente pelos atos de seus subalternos, naquilo que se refere às irregularidades que lhes foram imputadas, não merecendo acolhida a alegação de ‘ignorância dos atos praticados por outros servidores’.

10.76. Em outras palavras, além de ter contribuído diretamente para a ocorrência das irregularidades, por ação ou omissão própria, a defendente responde pelas irregularidades causadas por ação ou omissão de seus subalternos, isso em decorrência da culpa in vigilando, sobre a qual discorre Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, nestes termos: ‘Culpa in vigilando – nesse caso, o dano nasce da ausência de fiscalização dos subordinados ou dos bens e valores sujeitos ao agente. Com frequência, o servidor é responsabilizado mesmo sem ter causado diretamente o dano, mas em virtude de o seu comportamento omissivo, no dever de fiscalizar, ter sido a causa determinante do fato;’ ( in Tomada de Contas Especial, 2ª ed., Brasília-DF, Ed. Brasília Jurídica, 1998, p. 99).

10.77. Desta forma, em que pese ter sido atribuída ao gerente do SINE, Sr. Francisco de Morais, a função de exigir das entidades contratadas a apresentação de toda a documentação concernente ao cumprimento das condições pactuadas, para fins da liberação das respectivas parcelas contratuais, assim como o atesto dos serviços efetivamente executados, competia à defendente, na condição de ordenadora de despesa, conferir a documentação encaminhada pelo SINE, a título de comprovação da implementação das exigências contratuais, assim como da efetiva execução dos serviços contratados, antes da ordenação dos pagamentos correspondentes.

10.78. Do desprezo por parte daquela agente administrativa pela observância da norma de conduta esperada, de um cidadão médio e probo, em atuar diligentemente sobre a documentação apresentada pelo SINE com relação aos resultados produzidos pelos PEQs 1999 e 2000 advém, justamente, a sua culpa por negligência (relacionada com ações desidiosas ou com omissões) e imprudência (ligada a ações temerárias) que resultou no pagamento antecipado de parcelas contratuais, bem como no pagamento de parcelas sem o implemento de condições legais/contratuais e/ou sem a execução integral dos serviços contratados, redundando na execução parcial do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS/ES e, consequentemente, em dano ao erário.

10.79. Quanto à tentativas da defendente em se eximir de suas responsabilidades, alegando que agiram estribadas em pareceres da Assessoria Jurídica da SETAS e da Procuradoria Geral do Estado do Espírito Santo, que representaria a autoridade máxima no âmbito do executivo estadual, convém esclarecer que estes pareceres favoráveis apreciaram apenas a legalidade da dispensa de licitação e a regularidade formal dos contratos celebrados com as instituições executoras, estando, portanto, mais relacionadas a primeira irregularidade imputada às mesmas (homologação das dispensas de licitação do PEQ de 2000).

10.80. Os mencionados pronunciamentos jurídicos não servem ao fim proposto pela defendente de isentá-la de responsabilidade pela malversação dos recursos federais sob sua tutela.

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Tanto é assim, que, não obstante a adoção dessas medidas acautelatórias, previstas na legislação, o fato é que o PEQ de 2000 foi implementado com ineficiência e ineficácia, em face do conjunto de irregularidades administrativas e ilegalidades verificadas e do expressivo dano causado ao erário, conforme se demonstrou, restando caracterizada a inexecução do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS/ES, bem como a inobservância de uma série de normas legais que disciplinam a aplicação de recursos públicos por entes estatais.

10.81. Ademais, vários desses pareceres apresentaram deficiências e fragilidades jurídicas, conforme se infere de trechos dos relatórios de análises, elaborados pela Comissão de Tomada de Contas Especial, colacionados nos vols. 31, 55 e 73 do TC 007.409/2003-4, e transcritos a seguir: - Relatório fls. 217/257 do vol. 31 – Contrato 2/2000 – CIEE:

‘29. A Assessoria Técnica da SETAS emitiu o parecer de fls. 107/108, opinando favoravelmente à dispensa de licitação.

30. Vale notar que o referido parecer foi exarado pelo Assessor Técnico Sebastian Marcelo Veiga, servidor que exerceu o encargo de Presidente da Comissão Especial de Licitação que conduziu o procedimento de pré-qualificação e cadastramento.

31. Conquanto não se entreveja ilegalidade em tal atuação, é certo que os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa a reprovam, visto que a obrigatoriedade de submeter-se o certame licitatório e o ato de contratação ao crivo dos órgãos de assessoria e de controle interno e externo foi estabelecida justamente com o escopo de ensejar a fiscalização, convalidação e legitimação do procedimento, mediante análises técnicas e jurídicas isentas, imparciais, logicamente procedidas por servidores que não participaram da comissão de licitação.

32. A Procuradoria Geral do Estado, diante da justificativa de se tratar de recursos repassados pela União, omitiu-se quanto à análise da contratação mediante dispensa de licitação (fls. 111).’’

- Relatório fls. 119/156 do vol. 55 – Contrato 8/2000 – SENAI:‘28. No entanto, o Parecer nº 1.112/00 da Procuradoria Geral do Estado (fls. 121/123 – do anexo

IV – 4.1, Vol. I), contrapôs-se à dispensa de licitação, baseada nessa fundamentação, sob o seguinte argumento: ‘Não consta nos autos o Estatuto da entidade que se pretende contratar, razão pela qual não é possível avaliar a regularidade da avença, a teor da disposição contida no inciso XIII do art. 24 da Lei nº 8.666/93, que autoriza a contratação direta de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente de pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional’. Não obstante isso, a PGE opinou no sentido de que a contratação poderia operar-se sem prévia licitação, em face do procedimento de pré-qualificação e da pesquisa de preços anteriormente realizados.’

- Relatório fls. 157/201 do vol. 55 – Contrato 9/2000 - SINDIAGÊNCIAS:‘27. No entanto, o Parecer nº 1.110/00 da Procuradoria Geral do Estado (fls. 161/164 – do Vol. I),

contrapôs-se à dispensa de licitação sob essa fundamentação, por entender que: ‘A natureza excepcional do dispositivo impõe uma interpretação rigorosa da norma, de modo a exigir que a entidade contratada tenha objetivos condizentes com o objetivo da contratação, razão pela qual uma entidade sindical não pode ser diretamente contratada ao abrigo deste regramento, vez que obviamente constituída para finalidade diversa daquela a que se refere a norma autorizativa’. Não obstante isso, a PGE opinou no sentido de que a contratação poderia operar-se sem prévia licitação, em face do procedimento de pré-qualificação e da pesquisa de preços anteriormente realizados.’

- Relatório fls. 202/228 do vol. 55 – Contrato 10/2000 – FUNCEFETES:‘20. Indubitável que a FUNCEFETES não poderia ter sido contratada com dispensa de licitação

fundamentada nesse dispositivo legal, porquanto, conforme já esposado, nada há nos autos que comprove que tal entidade detenha inquestionável reputação ético-profissional, capacitação técnico-pedagógica e idoneidade financeira para execução de ações do PEQ.

21. Não obstante isso, a Procuradoria-Geral do Estado emitiu parecer opinando pela legalidade da contratação (fls. 155/157). Refere-se à entidade sob enfoque como sendo uma das pré-qualificadas, cujo nome supôs constar do rol publicado no diário oficial de 17/3/00’.

10.82. Depreende-se, ainda, do rito processual adotado pelo Governo do Estado do Espírito Santo, que os pareceres proferidos pela Procuradoria-Geral daquele Estado não foram decisivos ou exerceram um efeito vinculante sobre os atos homologatórios de dispensa de licitação,

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como querem fazer crer a defendente em sua defesa, uma vez que aqueles pareceres, embora tenham se pronunciado sobre a dispensa de licitação e a legalidade da minuta contratual, somente foram emitidos em data posterior à homologação perpetrada pela Subsecretária de Estado do Trabalho e Ação Social, e à ratificação da dispensa efetuada pela Secretária de Estado do Trabalho e Ação Social, Maria Helena Ruy Ferreira. Concluindo-se, portanto, que a homologação da dispensa de licitação baseou-se primordialmente no Parecer do Assessor Técnico da SETAS, Sr. Sebastian Marcelo Veiga.

10.83. No tocante à responsabilidade solidária atribuída aos agentes públicos e às empresas contratadas, arrolados no âmbito deste processo, como bem observou a defendente Maria Terezinha Gianardoli, esta não se presume, conforme dispõe o art. 265 do novo Código Civil, mas sim, resulta da lei ou da vontade das partes.

10.84. Decorre, também, a teor do art. 942 desse novo Código Civil (Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação – Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932), que da prática de ato ilícito, respondem pela prática do ato todos que concorreram para sua execução.

10.85. No âmbito da legislação que rege os processos desta Corte, o inciso I do art. 12 da Lei nº 8.443/92 dispõe que o Relator, verificada irregularidade nas contas, fixará a responsabilidade, que poderá ser individual ou solidária. Logo, dessa legislação mencionada, é possível depreender que a responsabilidade solidária só surge da lei, do contrato ou da prática de ato ilícito. Consequentemente, a imputação de débito solidário aos agentes públicos de que ora se cuida depende, fundamentalmente, da existência de dolo ou culpa desses agentes. No presente caso, entendemos que a culpa das defendentes restou plenamente configurada conforme análise procedida anteriormente.

10.86. No que tange aos supostos critérios subjetivos utilizados pela CTCE quando da fixação da data da ocorrência do dano, relativamente a cada um dos responsáveis solidários, para efeito de futura incidência de atualização monetária e de juros de mora sobre o débito individualmente imputado, a Comissão, por ocasião da notificação daqueles responsáveis (1º Citação), decidira a questão com base nos seguintes moldes:

‘- Titular da Secretaria de Estado Responsável p/Aplicação dos Recursos: a data do repasse dos recursos para o Estado;

- Ordenador de Despesas: a data do repasse dos recursos para o Estado;- Membros da Comissão de Licitação: a data de publicação da Portaria de designação da

Comissão, ou do repasse dos recursos, se posterior;- Atestador dos Serviços: a data de lançamento do atesto nas faturas;- Coordenador de Qualificação Profissional do SINE: a data da liberação das parcelas do

contrato às instituições executoras.’10.87. Por concluir, a princípio, que os recursos federais colocam-se sob responsabilidade

do ordenador de despesas tão logo sejam transferidos para a conta bancária da Secretaria de Estado, a Comissão de Tomada de Contas Especial lançou, quanto a estes servidores, como data de ocorrência do débito a data do repasse dos recursos à Unidade Federativa.

10.88. Adotou-se esse critério também com relação aos membros das comissões especiais de licitação, sob o entendimento de que a responsabilidade legal por seus atos surgiu com a publicação da portaria de designação da comissão.

10.89. No direito objetivo, a matéria encontrava-se disciplinada no art. 11 da Instrução Normativa TCU nº 13, de 4/12/96, in verbis:

‘Art. 11. Os débitos serão atualizados monetariamente e acrescidos de encargos legais, nos termos da legislação vigente, observados as seguintes diretrizes:

(...) III – quando se tratar de omissão no dever de prestar contas, de não aplicação, de glosa ou impugnação de despesa, convênio ou de desvio de recursos repassados mediante, acordo, ajuste ou outros instrumentos similares, bem como à conta de subvenções, auxílio e contribuições, a incidência de juros de mora

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e de atualização monetária dar-se-á a contar da data do crédito na respectiva conta-corrente bancária ou do recebimento do recurso.’ Tal Instrução Normativa foi recentemente revogada pela IN-TCU nº 56, de 5 de dezembro de 2007, que em seu art. 8º, inciso I, assim dispôs:

‘Art. 8º Os juros moratórios e a atualização monetária incidentes sobre os débitos apurados devem ser calculados com observância da legislação vigente e com incidência a partir: I – da data do recebimento dos recursos ou da data do crédito na respectiva conta-corrente bancária, no caso de ocorrência relativa a convênio contrato de repasse ou instrumento congênere.’

10.90. Assim, na opinião da Comissão de Tomada de Contas Especial, não subsistiu dúvida de que, quanto à autoridade máxima da Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social, responsável primeira pela aplicação dos recursos e pela implementação dos Planos Estaduais de Qualificação, deveria prevalecer como data de ocorrência do débito a data do repasse dos recursos ao Estado (data em que ocorreu o crédito na conta-corrente da SETAS).

10.91. Com relação a todos os demais responsáveis solidários, a Comissão de TCE, após análise jurídica mais aprofundada, decidiu por fixar, em seu Relatório Final, como data de ocorrência do débito a data da liberação das parcelas contratuais às entidades executoras. Essa decisão, segundo a referida Comissão, demonstrou ser a mais consentânea com os princípios de direito e a sistemática jurídica que estabelecem e delimitam a obrigação de reparar o dano causado a outrem, neste caso, à Administração Federal.

10.92. Verifica-se, portanto, que não mais subsiste a alegação da Sra. Maria Terezinha Gianardoli, de que o débito imputado à mesma foi quantificado a partir da data de repasse dos recursos do Convênio ao Estado, fato este, a princípio, anterior e completamente desvinculado do alegado dano, uma vez que este posicionamento foi revisto pela própria CTCE, procedendo-se à citação da ordenadora de despesas, já no âmbito do TCU, com base na data da liberação das parcelas contratuais às entidades executoras.

10.93. Quanto à arguição de que a Auditoria realizada pela Comissão de TCE teria apresentado contradições, visto que a defendente, Maria Terezinha Gianardoli, estaria sendo responsabilizada pela liberação indevida de parcelas em alguns contratos, nas quais não foram apontadas quaisquer irregularidades, entendemos que inexistem as alegadas contradições.

10.94. O que ocorreu, na verdade, nos casos mencionados na peça defensória, como em outros, é que, com relação a determinadas parcelas contratuais, embora não computado dano ao erário decorrente da inexecução de cursos de qualificação profissional contratados, as instituições executoras não lograram comprovar, por meio de documentos contábeis idôneos, que os recursos foram integralmente aplicados na realização do objeto contratual, em consonância com a legislação aplicável à espécie e ao próprio contrato celebrado.

10.95. Por outro lado, observou-se que as instituições executoras não seguiram cronograma de execução físico-financeiro, porquanto não houve especificação nos projetos e nos contratos do período de realização de cada um dos cursos de qualificação profissional pactuados, ficando o pagamento das parcelas vinculado à comprovação do treinamento de determinada percentagem de treinandos do total contratado. Por isso que o dano ao erário, ao final totalizado, seguindo critérios lógicos para especificação da data de ocorrência do débito, foi decrescentemente repartido da última para a primeira parcela, até o limite do valor de cada uma destas.

10.96. A adoção desses critérios por parte da CTCE acabou por se mostrar favorável aos responsáveis solidários, uma vez que a atualização do débito terá como referência as datas das últimas parcelas, e não das primeiras. Essas situações estão bem definidas nos relatórios de análise contidos nos vols. 31, 55 e 73 do TC 007.409/2003-4.

10.97. Citamos como exemplo o caso do Contrato nº 12/2000, celebrado com a Associação dos Ex-Alunos da Fluminense de Engenharia – AEFE (relatório de análise de fls. 265/305 do vol. 55 do TC 007.409/2003-4), em que a Comissão manifestou-se acerca do cumprimento das exigências contratuais nestes termos: (...).

A) – Do cumprimento das exigências para liberação das parcelas

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47. A instituição não cumpriu integralmente os requisitos exigidos no contrato para liberação das parcelas pactuadas.

48. Não obstante isso, os serviços foram atestados pelo gerente de Trabalho e Renda, Francisco de Morais (fls. 176-v, 202-v, 354-v), o qual certificou a realização das etapas de execução dos cursos, sem observar que quanto à:

1ª Parcela 49. A instituição não apresentou detalhamento do Plano Pedagógico (Cláusula 8ª, alínea “a”,

item 1), limitando-se a carrear ‘Cronograma de Execução das Ações de Qualificação’ (fls. 190/198), que não faz qualquer menção a conteúdo pedagógico dos cursos;

Não foi apresentado também relatório de prestação de contas parcial (Cláusula oitava, ‘a’, 2).3ª Parcela51. A liberação da terceira e última parcela ficou vinculada ao cumprimento da qualificação de

100% da programação contratada e atendimento da totalidade da carga horária (fls. 107). No entanto, quando de seu repasse à contratada, não houve demonstração de execução de dois cursos contratados: Formação de Agente Comunitário de Crédito (Mimoso) e Elaboração de Projetos para Captação de Recursos (Mimoso).

52. A liberação das parcelas sem o integral cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei e no contrato importa na responsabilização solidária dos agentes públicos que propiciaram a ocorrência do ato’

10.98. O dano ao erário apurado no caso desse contrato ficou assim discriminado, após a revisão efetuada pela Comissão (Planilha de Revisão do Débito, às fls. 17/18 do vol. principal):

Valor das ações não executadas.....................................R$ 37.235,92Valor das despesas não comprovadas............................R$ 36.477,06 Dano ao Erário.............................................................R$ 73.712,9810.99. O débito imputado à defendente (Planilha de Revisão do Débito, às fls. 17/18 do

vol. principal), está assim especificado:DO DÉBITO

Parcela/

Contrato

Nº Ordem Bancária

Valor liberado

Ações não executadas

Despesas não comprovadas

Valor do dano

Data da Ocorrência

1 2000/1157-3 26.718,07 -0- -0- -0- -0-

2 2000/1325-3 42.748,91 -0- 36.307,68 36.307,68 14/3/00

3 2001/0036-9 37.405,30 37.235,92 169,38 37.405,30 25/9/00

TOTAIS 37.235,92 36.477,06 73.712,98

10.100. Observe-se que o valor do débito atribuído à segunda parcela do contrato, posto que não se tenha, a princípio, indicado irregularidade em sua liberação, refere-se a despesas não comprovadas. E, de outro lado, nenhum valor foi correlacionado à primeira parcela do contrato, mesmo havendo irregularidades em sua liberação. Isso porque, como se disse, o dano ao erário foi computado regressivamente, a contar da última parcela do contrato.

10.101. Situação análoga ocorreu no que pertine ao débito apurado no Contrato 21/2000, firmado com o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde – IAHCS (relatório de análise de fls. 1/50 do vol. 73, do TC 007.409/2003-4).

10.102. No caso do Contrato nº 11/2000, celebrado com o Instituto de Educação dos Trabalhadores – IET (relatório de análise de fls. 229/264 do vol. 55, do TC 007.409/2003-4), o dano ao erário correspondeu ao total do preço do contrato (R$ 260.509,50), tendo em vista que a instituição não comprovou a execução de cursos de qualificação profissional que somam R$ 170.538,52, e não apresentou documentos contábeis que demonstrassem a realização de despesas no importe restante de R$ 89.970,98, por isso que o dano abrangeu todas as parcelas contratuais.

10.103. Sobre a crítica da defendente, Maria Terezinha Gianardoli, de a Comissão de Tomada de Contas Especial não ter se atido ao princípio da legalidade, uma vez que os critérios adotados estariam impregnados de subjetivismo, não alicerçados nas normas que regulam a matéria, é preciso esclarecer que a realização de uma TCE, uma vez que lida com valores e variáveis

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percentuais e quantitativas, pressupõe a utilização de cálculos contábeis e fórmulas matemáticas para verificação das contas e apuração do dano ao erário. E, nesse mister, necessário se torna estabelecer métodos e parâmetros para se chegar ao resultado final.

10.104. É imprescindível, por conseguinte, que esses métodos e parâmetros conduzam a valores reais, que representem fielmente o quantum cuja restituição ao erário é devida, e que estejam suficientemente descritos, para que se possa avaliar a sua exatidão, como no caso destes autos.

10.105. Não se trata aqui de observância ou não ao princípio da legalidade, porquanto a legislação, por sua natureza geral, não desce a esse detalhamento, a ponto de descrever os métodos e fórmulas contábeis e matemáticos de que se deve valer o agente da Administração para chegar aos resultados específicos de cada uma das diversas espécies de auditorias realizadas. Tanto é assim que a defendente não indicou qualquer critério ou método legal que tenha sido ignorado pela CTCE.

10.106. Por outro lado, a Comissão, ao analisar a documentação apresentada pelas instituições executoras, teve por obrigação emitir um juízo de valor acerca da autenticidade e regularidade dos documentos, avaliando se os mesmos mostravam-se aptos a comprovar a execução das ações de qualificação profissional contratadas, bem como a efetiva aplicação dos recursos financeiros recebidos pelas instituições contratadas nas ações de educação profissional.

10.107. Deste modo, muitos desses documentos (frequências e diários de classe), conforme narrado nos relatórios de análise (vols. 31, 55 e 73 do TC 007.409/2003-4), consignavam dados fictícios, irreais, que não refletiam a efetiva realização dos cursos de qualificação profissional e a presença dos treinandos em sala de aula, não sendo convalidados, portanto, por aquela Comissão, o mesmo ocorrendo com relação a determinados comprovantes de despesas (notas fiscais, fatura, recibos e outros), que não se traduziram em gastos com o objeto do convênio.

10.108. No que diz respeito à questão da ‘comprovação contábil’, que constituiu um dos itens de análise pela CTCE, incumbindo-se à instituição contratada em demonstrar, por meio de documentos contábeis idôneos, que os recursos recebidos da Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social foram integralmente aplicados na realização das ações de educação profissional, vale esclarecer que essa comprovação feita através da apresentação de documentos contábeis idôneos (notas fiscais, faturas, recibos e outros) representa a outra face da moeda relativa à efetiva execução das ações educacionais contratadas, ou seja, tem por objetivo demonstrar se os recursos liberados foram totalmente aplicados na consecução daquelas ações, caso contrário, deduz-se que as mesmas podem ter sido executadas por um valor inferior ao contratado, havendo, por conseguinte, um excedente que deverá ser devolvido aos cofres públicos.

10.109. É preciso recordar que o parágrafo único do art. 70 da Constituição federal submete ao controle do TCU qualquer pessoa física ou jurídica que tenha recebido recursos federais. Saliente-se que essa norma não distingue convênio de contrato, dirigindo o foco do controle para alcançar o executor das ações realizadas com verbas públicas, o que inclui as entidades contratadas pela SETAS, com vistas à execução do PLANFOR no Estado do Espírito Santo.

10.110. Impende assinalar que a tese levantada pela citada não procede em uma Tomada de Contas Especial, na qual opera-se a inversão do ônus da prova, conforme estipulado no art. 66 do Decreto nº 93.872/1986 (‘... quem quer que receba recursos da União ou das entidades a ela vinculadas, direta ou indiretamente, inclusive mediante acordo, ajuste ou convênio, para realizar pesquisas, desenvolver projetos, estudos, campanhas e obras sociais, ou para qualquer outro fim, deverá comprovar o seu bom e regular emprego, bom como os resultados alcançados’) e no art. 93 do Decreto-Lei nº 200/1967 (‘... quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes’), de modo que qualquer pessoa que tenha recebido recursos federais para qualquer finalidade assume a obrigação de comprovar o seu bom e regular emprego, o que constitui jurisprudência pacífica deste Tribunal, mencionando-se como exemplo os seguintes processos, TC 549.026/1993-2 e TC 350.107/1995-5.

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10.111. Outro não poderia ser o entendimento na espécie, porquanto, como ficou constatado pela Comissão de Tomada de Contas Especial, a contratação da entidade em destaque somente se concretizou com dispensa de licitação devido a se tratar de instituição sem fins lucrativos e por se concluir que seus objetivos sociais estavam voltados para a educação profissional. Assim, se de um lado não pode a instituição auferir lucro com a execução dos cursos de qualificação profissional, por outro, também não pode utilizar os recursos em finalidade diversa daquela para a qual foi contratada.

10.112. Não obstante a defesa ateste a regularidade previdenciária (INSS) e fundiária (FGTS) das entidades executoras da ações de educação profissional do PEQ de 2000, o que se apurou é que muitas das parcelas dos contratos tiveram seu pagamento autorizado pela defendente sem que constassem dos autos dos processos formalizados pela SETAS guias de recolhimento ou certidões negativas que comprovassem tal condição, conforme apontado nos relatórios de análise, contidos nos vols. 31, 55 e 73 do TC 007.409/2003-4.

10.113. Em muitos casos, conforme atestado pela Comissão de Tomada de Contas Especial em seu Relatório Final, as contratadas também não demonstraram a regularidade para com as Fazendas Municipal, Estadual e Federal, nem mesmo quando notificadas pela Comissão para que apresentassem a documentação relativa à regularidade contábil e fiscal que mantinham sob sua guarda.

10.114. A legislação previdenciária, em determinadas situações, impõe a terceiros o ônus de retenção e recolhimento das contribuições previdenciárias devidas por trabalhadores que lhes prestam serviços na condição de autônomos, sem vínculo empregatício, sob pena de, em não o fazendo, responderem solidariamente pelo débito. Não é o caso destes autos.

10.115. Com efeito, em nenhum momento atribuiu-se à SETAS ou à defendente a obrigação de, no ato da liberação das parcelas do contrato, efetuar a retenção dos valores devidos pelas instituições executoras a título de contribuições previdenciárias.

10.116. Entretanto, diversamente do que supõe a defendente, cabia-lhe exigir das instituições executoras uma via (ou cópia autenticada) dos documentos comprobatórios da regularidade fiscal, previdenciária e do FGTS, juntando-se aos processos atinentes aos respectivos contratos. Essa obrigação é imposta pelo art. 29 da Lei nº 8.666/93 e encontra-se expressamente consignada nos contratos celebrados, bastando citar, por exemplo, a cláusula 5ª, § 6º, do Contrato 5/00 (fls. 42/44 do anexo 8, do TC 021.193/2007-4 - FCAA), nestes termos:

‘Parágrafo Sexto: No ato da apresentação da Nota Fiscal/Fatura, a CONTRATADA deverá anexar os comprovantes de quitação dos encargos trabalhistas, previdenciários-fiscais, e todos os demais que a legislação pertinente exige, em especial, a Lei Estadual nº 5.383, de 17/3/97, publicada no DOE de 18/3/97’.

10.117. O fato de o Dr. Nassim Gabriel Mehedff, então secretário de Políticas Públicas de Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego – SPPE/MTE, ter reconhecido em um de seus pareceres sobre a prestação de contas do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT/Nº 25/99 – SEJUC/ES, que ‘durante toda a execução do Plano de Qualificação Profissional PEQ/1999, a Secretaria teria realizado sistematicamente visitas às entidades executoras’, não significa dizer que a irregularidade relativa à omissão de designação de servidor ou comissão para fiscalização do contrato, na forma do art. 73, inciso I, da Lei nº 8.666/93 esteja sanada.

10.118. Isto porque, estas visitas, ainda que tenham ocorrido, não resultaram da designação formal de um servidor ou de uma comissão, que deveriam ficar encarregados do acompanhamento e fiscalização específica de um ou mais contratos, deste o início até o final da execução dos mesmos, de modo a atestar a execução integral de seus objetos contratuais. O informalismo com que estas atribuições foram delegadas, sem se saber ‘quem’, ‘quando’, ou ‘como’ foram realizadas, nos leva a crer que está ‘fiscalização’ se deu de maneira bastante difusa. Tanto é assim que, diante de um possível dano ao erário, não se tem como responsabilizar aqueles que estavam encarregados desse mister.

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10.119. Vale ressaltar que no que concerne à supervisão e acompanhamento realizados pela Fundação Cecililiano Abel de Almeida – FCAA, operou-se apenas em caráter auxiliar, não elidindo a obrigação da SETAS de velar pela regular execução das ações de educação profissional.

10.120. Saliente-se, outrossim, que dos autos do Contrato nº 3/99 (anexo 4 e anexo 4, vol. 1, do TC 021.193/2007-4 - FCAA), constam apenas sessenta e sete formulários atinentes a ações de campo promovidas em 1999 pela FCAA, ou seja, essa supervisão atingiu apenas um número mínimo de turmas de treinandos naquele ano.

10.121. Deduz-se, portanto, que os projetos especiais de supervisão e acompanhamento não alcançaram a abrangência necessária, e não influíram de modo a impedir que ocorressem as irregularidades verificadas na execução dos cursos de qualificação profissional contratados, servindo tão somente para subsidiar o acompanhamento e avaliação que deveriam ser executados pela própria SETAS.

10.122. Quanto ao requerimento da Sra. Maria Terezinha Gianardoli para que as entidades particulares fossem intimadas a fim de que apresentassem a documentação pertinente à execução do contrato, tal pedido foi indiretamente atendido, uma vez que este Tribunal decidiu pela citação não só dos agentes público-administrativos envolvidos, mas também pela citação da executora contratada, sendo que as alegações de defesa da mesma foram analisadas ao longo desta instrução.

10.123. No tocante à documentação trazida pela defendente mencionada no bojo de suas alegações de defesa (fls. 921/946 do vol. 4), relativas à Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos - CNTM, cumpre esclarecer que a mesma documentação já havia sido apresentada pela requerente, por ocasião da notificação efetuada pela própria Comissão de Tomada de Contas Especial, tendo sido, portanto, oportunamente apreciada por aquela Comissão em seu Relatório Final (fls. 173/188 do vol. principal), o que resultou, inclusive, na modificação do débito apurado com relação àquela entidade contratada.

10.124. Relativamente ao pedido de prova pericial feito pela defendente em referência, objetivando a perfeita verificação de todos os documentos existentes, principalmente junto a sede da Secretaria e das Gerências, observa-se que tal solicitação também foi feita por ocasião da apresentação de sua defesa junto à Comissão de TCE.

10.125. Naquela oportunidade, a referida Comissão inferiu que a Sra. Maria Terezinha Gianardoli intentava apenas que os documentos carreados com sua defesa e outros que se encontravam na Gerência de Trabalho e Renda do SINE fossem apreciados pelos membros da CTCE, sendo que, no tocante a estes últimos, os mesmos foram trazidos aos autos por meio das peças defensórias dos responsáveis solidários Francisco de Morais e Arízio Ribeiro Brotto. Acrescente-se que, após a análise desses documentos, a Comissão concluiu que os mesmos não constituíam prova nova da execução das ações de qualificação profissional, nem serviram ao fim por eles colimados de elidir as irregularidades e o débito que lhes foram imputados na notificação, e também aos demais responsáveis solidários

10.126. Do mesmo modo, acreditamos desnecessária qualquer tipo de prova pericial, pois os documentos mais relevantes foram carreados aos presentes autos pelos responsáveis solidários (ou deveriam ter sido), face à inversão do ônus da prova na presente fase processual. Principalmente, após ter sido procedida, por este Tribunal, a citação das entidades contratadas, oportunidade em que as mesmas tiveram de trazer novos elementos, até então não apresentados pelos gestores públicos estaduais, relacionados à execução das ações educacionais e à comprovação contábil das despesas realizadas no atingimento daquela finalidade.

10.127. Conclui-se que, no caso da defendente em relevo, a ausência da cautela e do zelo profissional requeridos de agentes administrativos, quando estão atuando na defesa dos interesses do erário, contribuiu significativamente para a ocorrência do prejuízo apurado nestes autos, o qual deverá ser ressarcido ainda que reconhecida a boa-fé da responsável. Assim sendo, rejeitamos as alegações de defesa da Sra. Maria Terezinha Gianardoli, na condição de ordenadora de despesa do PEQ de 2000.

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11) Responsável: Francisco de Morais - fls. 1.040/1.054, Vol. 4.Cargo/Função: gerente de Trabalho e Renda do SINE; membro da Comissão Especial de

Licitação/1999; e atestador da execução dos serviços 1999/2000.Irregularidade Imputada: 1ª) atestação da execução dos serviços sem o implemento das

condições estabelecidas no contrato, ou seja, a apresentação pelas entidades dos documentos comprobatórios da regularidade fiscal previdenciária (INSS), e fundiária (FGTS), e da efetiva execução das ações de educação profissional contatadas, com afronta aos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320/64; e à cláusula contratual.

12) Responsável: Arízio Ribeiro Brotto - fls. 1.009/1.039, Vol. 5.Cargo/Função: coordenador de Qualificação Profissional do SINE.Irregularidade Imputada: 1ª) contratação de instituições que não participaram dos

procedimentos de pré-qualificação e cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93; e 2ª) contratação de entidades que não comprovaram possuir capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais, com inobservância dos arts. 27, inciso II, e 30, da Lei nº 8.666/93; 3º) contratação de projetos contendo, na planilha de custos, atribuição indevida de remuneração à própria entidade executora, a algum de seus dirigentes ou a terceiros, quando o Estatuto Social daquela estabelece fins não lucrativos, e sendo esse o motivo de sua contratação com dispensa de licitação; 4º) contratação de projetos contendo majoração injustificada do preço da hora/aula/aluno, resultando na elevação indevida do preço final do contrato, e contrariando o previsto no art. 7º da Resolução CODEFAT nº 194, de 23/9/98; e 5º) atestação da execução dos serviços sem o implemento das condições estabelecidas no contrato, ou seja, a apresentação pelas entidades dos documentos comprobatórios da regularidade fiscal previdenciária (INSS), e fundiária (FGTS), e da efetiva execução das ações de educação profissional contatadas, com afronta aos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320/64; e à cláusula contratual.

12.1. As alegações de defesa dos Srs. Francisco de Morais e Arízio Ribeiro Brotto são idênticas entre si, além de ambas serem também idênticas (ipsis litteris) ao conteúdo das alegações do Sr. Jonas Hilário da Silva, membro da Comissão de Licitação do PEQ/2000. Dessa forma reproduziremos, a seguir, com algumas alterações, o resumo feito das mesmas, por ocasião da análise da defesa deste último responsável mencionado:

‘1. Inicialmente, os requerentes fizeram menção ao processamento da tomada de contas especial no âmbito do Ministério do Trabalho, ocasião em que também foram intimados ao recolhimento de valores ou apresentação de defesa decorrente de supostas irregularidades de seus atos, sendo que no prazo legal apresentaram defesa, recebendo, em contrapartida, comunicado onde foram informados tão somente da sua não aceitação, sem qualquer fundamentação legal, motivo por que arguíram, com base em trechos extraídos de vários julgados pátrios, a nulidade do presente processo, a qual decorreria da falta de motivação e fundamentação.

2. Alegaram os defendentes que, na fase de atuação da Comissão de Tomada de Contas do Ministério do Trabalho, houve agressão ao princípio da ampla defesa e do contraditório pois, com vistas a se defenderem das irregularidades que lhes foram imputadas, os mesmos não teriam tido acesso aos autos, que teriam sido levados pela referida Comissão para Brasília, requerendo, portanto, que fossem declarados nulos todos os atos praticados desde a apresentação da primeira defesa.

3. Argumentaram, que desde o início, na apresentação da primeira defesa (junto ao MTb), não aceita, foram provados três pontos fundamentais, (1) a ilegalidade da formação da Comissão, (2) as questões preliminares (dentre elas a incapacidade passiva, a descentralização do poder, etc.) e (3) as questões de mérito, onde provado, principalmente o atendimento ao princípio da finalidade e da razoabilidade.

4. Informaram, como dito na sua primeira defesa (junto ao MTb), que todos os contratos firmados tiveram seu fim, atingiram o objetivo proposto, melhorando as condições de trabalho da população, como consta do Ofício 00260/SPPE/2002, datado de 3 de março de 2002, cuja cópia anexaram (fls. 1170 e 1201 do vol. 5), que afirmava que a aplicação/utilização dos recursos e suas prestações de contas dos exercícios de 1999 e 2000, encontravam-se corretas e aceitas por quem de direito deveria avaliá-las, ou seja, a Secretaria Nacional de Formação e Desenvolvimento Profissional/SEFOR do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE na então gestão do Exmo. Sr. Secretário Nassim Mehedff, mas que isto não foi levado em consideração pela então

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Comissão Especial de Inquérito, sendo a referida comissão instituída e seus membros, integrantes do então Ministério do Trabalho e Emprego, agido como inquisidores e julgadores.

5. Asseveraram, por simples dedução, que, no momento em que os contratos levaram a cabo o fim proposto no convênio, mesmo se existissem meras irregularidades, às empresas que prestaram o serviço assistiam-lhes o direito de receber, sob pena de agressão ao art. 170 da Carta Magna, caso contrário, as mesmas teriam trabalhado e despendido valores sem a devida contrapartida, o que caracterizaria o enriquecimento sem causa do Poder Público. Assim, ponderaram que se houve ou não alguma irregularidade, no tocante à execução dos contratos, deveria ser aplicada a penalidade legal neles previstas, imputando multa pela conduta, sem jamais devolver o que foi utilizado conforme o objetivo proposto.

6. Nesta esteira, repisando a defesa apresentada (junto ao MTb), consideraram completamente ilegal a imputação de devolução dos valores em sua totalidade, pois os mesmos teriam sido integralmente gastos conforme contratados com as instituições e conveniados com o Governo Federal e assim, importaria em enriquecimento sem causa da União tentar imputar ao seu agente a devolução que por sua vez sofreria com o empobrecimento sem causa.

7. Por fim, requereram a ratificação de todos os atos da defesa já apresentados junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, complementados pelas razões aduzidas na peça ora apresentada, de modo que o presente processo seja arquivado diante da total clareza e legalidade dos atos praticados pelo recorrente, bem como seja suspensa a determinação de inclusão no CADIN, feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

8. Solicitaram, ainda, caso não seja este o entendimento do Tribunal, que sejam aplicadas como penalidade multas administrativas, não se exigindo jamais a devolução dos valores dos convênios e determinando-se o envio para os impugnantes da motivação da decisão pelo não acatamento das razões de defesa apresentadas, sob pena de agressão ao direito da ampla defesa e do contraditório’.

12.2. Observa-se que os requerentes, em suas defesas ora apresentadas, detiveram-se em questões de ordem preliminar, arguindo a existência de nulidades na fase de instauração da presente Tomada de Contas Especial, por parte do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE, com o objetivo de sustentar a anulação de tal procedimento administrativo desde a sua origem. Ocorre que tais alegações já foram por nós examinadas, não só por ocasião da análise das alegações de defesa do Sr. Jonas Hilário da Silva, mas também ao longo de toda esta instrução, refutando-se, assim, o teor das mesmas.

12.3.Quanto ao mérito, contatamos que o conteúdo da defesa em comento foi puramente genérico, não adentrando, especificamente, nas irregularidades imputadas a cada um dos defendentes.

12.4. Nesse ponto, considerando-se uma das solicitações finais desses responsáveis para que fossem ratificados todos os atos da defesa já apresentados junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, em complementação às razões aduzidas nas peças ora apresentadas, extraímos, abaixo, trechos dessas alegações acompanhadas das respectivas análises feitas pela Comissão de Tomada de Contas Especial, com relação às questões mais relevantes atinentes às irregularidades imputadas aos defendentes, as quais encontram-se descritas, na sua totalidade, no Relatório Final da CTCE (vol. Principal – fls. 100/126):

- Da defesa do responsável solidário Francisco de Morais:‘2.4.3) – A função do defendente consistia apenas em analisar a documentação relativa à execução

das ações de educação profissional, a fim de atestar a prestação dos serviços; não lhe cabia emitir juízo de valor, nem proceder à verificação física da realização dos serviços; antes de emitir o Atesto, o defendente consultava: pareceres da Fundação Ceciliano Abel de Almeida; as Comissões Estadual e Municipais do Trabalho; Coordenadores Municipais e servidores internos; treinandos, por telefone e pessoalmente, acerca da efetiva realização dos cursos de qualificação; servidores das prefeituras; havia troca de e-mails, análise de grade curricular; participação em entrega de certificados, abertura e encerramento de cursos, análise de diários de classe e folhas de frequência; a realização dos cursos de qualificação profissional foi amplamente divulgada pela imprensa; o defendente se valeu dos meios de controle, não tendo agido com negligência, imprudência ou imperícia.

299. Diversamente do que supõe o defendente, cabia-lhe sim emitir juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos contratuais para efeito de liberação das parcelas, tanto que lhe incumbia atestar a efetiva prestação dos serviços, ou seja, a execução das ações de educação profissional contratadas.

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300. Manifesto, desse modo, que não se cuidava de simples conferência de documentos. Insuficiente que as instituições exibissem algumas folhas de frequência ou diários de classe para configurar o adimplemento contratual, porquanto exigia-se a comprovação de que as metas e cursos de qualificação profissional estipulados no projeto e no contrato tivessem seu cumprimento devidamente demonstrado. Além disso, a entidade executora deveria comprovar a regularidade fiscal, previdenciária e fundiária no ato da apresentação da fatura.

301.Tanto é assim, que a cláusula 8ª, §§ 2º, 3º e 6º, do Contrato 21/2000, celebrado com o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde – IAHCS, a exemplo dos demais contratos, dispõe expressamente que: ‘Parágrafo Segundo – A Fatura deverá ser entregue no Protocolo do SINE juntamente com os produtos constantes das alíneas dessa cláusula, conforme a parcela a ser liberada e será analisada e aprovada, ou não, pelo gerente de Trabalho e Renda do SINE-ES. Parágrafo Terceiro – Caso seja constatado alguma irregularidade na execução, a Fatura será devolvida e só será atestada quando sanados os vícios eventualmente suscitados, não sendo devido qualquer reajuste ou correção. Parágrafo Sexto – No ato da apresentação da Nota Fiscal/Fatura, a contratada deverá anexar os comprovantes de quitação dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais, comerciais e todos os demais que a legislação pertinente exige, em especial a Lei Estadual nº 5.383, de 17/3/97, publicada no DOE de 18/3/97, bem como de planilha de prestação de contas das parcelas que já tenha sido recebida anteriormente, conforme modelo entregue pela SETAS/ES.’

302. Temos como certo que o defendente não foi tão diligente como aduz, realizando consulta prévia a tantas fontes, para somente depois lançar o Atesto nas faturas, pois, se assim fosse, certamente não teriam sido comprovadas tantas irregularidades nos procedimentos de liberação das parcelas contratuais, bem como a inexecução das ações de qualificação profissional especificadas nos sobreditos relatórios de análise.

303. Ademais, não se vê em parte alguma documentos que registrem consultas efetivadas pelo SINE às Comissões Estadual e Municipais do Trabalho, a coordenadores municipais, a servidores internos, a treinandos ou a servidores das prefeituras, a fim de confirmar a realização das ações de educação profissional.

304. Consoante os fatos esposados no subitem 2.1.10 supra, ficou evidenciado que o acompanhamento e supervisão realizados pela Fundação Ceciliano Abel de Almeida – FCAA, nos anos de 1999 e 2000 tiveram caráter apenas auxiliar e subsidiário, atingindo quantidade pouco expressiva dos treinandos previstos nos projetos apresentados pelas instituições executoras.

305. A realização de cursos profissionalizantes, por se referir a treinamento de pessoas, ministração de ensino em sala de aula, deve ser comprovada por meio de documentos que consignem a presença diária dos alunos, ou seja, registros de frequência, normalmente denominados ‘folhas de frequência’ ou ‘diários de classe’. Não será por meio de matérias jornalísticas ou de material de propaganda que o defendente obterá êxito em comprovar a execução das ações de educação profissional que não restaram demonstradas até então.

2.4.4) - O lançamento do atesto nas faturas somente ocorria depois que os documentos tinham sido analisados pela Equipe Técnica do SINE, e declarada sua regularidade; o defendente não pode responder por atos ‘pretéritos’, praticados por seus subordinados;

306. Colimando elidir as imputações que lhes são feitas, buscam os responsáveis solidários, em regra, atribuir a seus subordinados a responsabilidade pelas falhas administrativas e ilegalidades perpetradas.

307. Foi assim na defesa da responsável solidária Maria Helena Ruy Ferreira (nº 35 – fls. 1742 – vol. VI), e também na defesa da responsável solidária Maria Terezinha Silva Gianardoli, que afirmou que os pagamentos somente foram por ela autorizados porque o gerente de Trabalho e Renda atestou a execução dos serviços (fls. 1696 – vol. VI).

308. Além de ter contribuído diretamente para a ocorrência das irregularidades, por ação ou omissão próprias, o defendente responde pelas irregularidades causadas por ação ou omissão de seus subalternos, isso em decorrência da culpa in vigilando, sobre a qual tratamos nos subitens 2.1.9 e 2.2.4 supra’.

2.4.7) - Incumbia à Assessoria Técnica e ao Setor Financeiro da SETAS analisarem a ‘adequação de toda a documentação apresentada pela instituição para a solicitação de liberação de pagamento’ (fls. 2688 –vol. IX), cabendo ao Setor de Qualificação Profissional apenas organizar e encaminhar a documentação para análise; o atesto das faturas era de competência indelegável do gerente de Trabalho e Renda, e não se arrimava em certificação da equipe de Qualificação profissional; todas as instituições cadastradas pela SETAS eram convidadas a participar das reuniões para apresentação do Plano de Trabalho do PEQ, sendo aceitos projetos de instituições que não participaram das reuniões;

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317. Essas alegações constam também da defesa apresentada pelo responsável solidário Arízio Ribeiro Brotto, Coordenador de Qualificação Profissional do SINE, analisada pela Comissão a seguir, e guardam pertinência com as irregularidades imputadas a esse servidor.

318. Observe-se que a defesa afirma inicialmente que a análise da documentação apresentada pelas instituições executoras com vistas à liberação das parcelas competia à Assessoria Jurídica e ao Setor Financeiro da SETAS para, ato contínuo, dizer que o atesto das faturas era de competência indelegável do gerente de Trabalho e Renda, que não se estribava em parecer da equipe técnica da Coordenação de Qualificação Profissional.

319. Antes disso, o defendente declara na peça defensória que sua função consistia apenas em analisar a documentação relativa à execução das ações de educação profissional, a fim de atestar a prestação dos serviços.

320. Consoante se vê, o aproveitamento de textos elaborados na defesa de outros responsáveis solidários ensejou alguns equívocos e incoerências por parte do defendente, bem como contradições entre as alegações suscitadas.’

- Da defesa do responsável solidário Arízio Ribeiro Brotto:‘2.5.4) - As funções do defendente estavam limitadas à análise e acompanhamento da execução das

ações contratadas pela SETAS; não detinha ele poder de decisão acerca da contratação das instituições executoras, mas apenas apresentava parecer técnico sobre a viabilidade e necessidade de execução e adequação dos projetos apresentados ao Plano Estadual de Qualificação; a decisão pela contratação de determinada entidade estava a cargo da Assessoria Jurídica, de Setores Administrativo e Financeiro da SETAS e da Procuradoria Geral do Estado; o processo de contratação das instituições executoras transcorria da seguinte forma: instituições privadas, governamentais e não-governamentais apresentavam projetos contendo propostas de execução das ações de qualificação profissional; a Gerência de Trabalho e Renda do SINE analisava os projetos, verificando sua adequação aos objetivos e condições estabelecidos pelo PLANFOR; a Equipe Técnica do SINE deliberava sobre os projetos apresentados e emitia parecer técnico, que não possuía caráter definitivo; o gerente de Trabalho e Renda oficiava à SETAS sugerindo a contratação, sobre a qual emitiam pareceres a Assessoria Jurídica da SETAS, a Corregedoria Geral da Administração – COREG e a Procuradoria Geral do Estado; somente após a manifestação desses órgãos de controle é que o processo retornava à SETAS para assinatura do contrato; se a Procuradoria Geral do Estado não autorizasse a contratação, ela não ocorria; houve propostas rejeitadas pela PGE, por não preencherem as instituições os requisitos estabelecidos em lei;

350. A atuação decisória do defendente na contratação das instituições executoras restou sobejamente demonstrada pela Comissão de Tomada de Contas Especial, conforme fundamentos fáticos e jurídicos a seguir transcritos, extraídos do relatório de análise de fls. 971/1020, atinente ao Contrato 22/2000, celebrado com a Fundação Centroleste:

‘33. Observa-se que a contratação da instituição em destaque teve início mediante simples indicação formalizada pelo gerente de Trabalho e Renda do SINE, Francisco de Morais, sob justificativas de que ela preenchia as condições técnicas necessárias, possuía uma metodologia que vinha ao encontro das exigências do MTE e que apresentara a melhor proposta financeira (fl. 2).

34. Posteriormente veio a se esclarecer que, na verdade, não fora realizada pesquisa de preços, sendo, contudo, juntada proposta do SINDIAGÊNCIAS, sobre a qual aduz-se no ofício de fls. 244 que: ... estas planilhas não foram apresentadas anteriormente, devido a inexistência, na ocasião, de proposta diversa da apresentada pela instituição a ser contratada.

35. Opinando favoravelmente à dispensa de licitação, encontramos pareceres da Assessoria Técnica da SETAS (fls. 214/215) e da Procuradoria Geral do Estado (fls. 262/264).

36. Vale notar que o primeiro parecer citado é de autoria do Assessor Técnico Sebastian Marcelo Veiga, que também exerceu o encargo de presidente da Comissão Especial de Licitação, que conduziu o procedimento de pré-qualificação e cadastramento.

37. Conquanto não se entreveja ilegalidade em tal atuação, é certo que os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa a reprovam, visto que a obrigatoriedade de submeter-se o certame licitatório e o ato de contratação ao crivo dos órgãos de assessoria e de controle interno e externo foi estabelecida justamente com o escopo de ensejar a fiscalização, convalidação e legitimação do procedimento, mediante análises técnicas e jurídicas isentas, imparciais, logicamente procedidas por servidores que não participaram da comissão de licitação;

38. De todo o exposto, infere-se que a contratação da CENTROLESTE, nos moldes concretizados, atendeu mais a roteiros próprios e critérios subjetivos dos agentes públicos responsáveis que aos procedimentos formais e critérios objetivos estabelecidos em lei.

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39. Em verdade, deparamo-nos com uma miscelânea dos diversos procedimentos previstos na Lei nº 8.666/93, envolvendo parte das modalidades de licitação denominadas concorrência (pré-qualificação – art. 114), tomada de preços (formação de cadastro de interessados – art. 22, § 2º) e convite (escolha e convocação de instituições – art. 22, § 3º), decidindo-se, por fim, pela contratação com dispensa de licitação (art. 24, inciso XIII).

40. A criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das acima referidas é expressamente vedada pelo art. 22, § 8º (idem).

41. De salientar-se, ainda, que a escolha direta de instituição, frustrando a participação de outros eventuais interessados, obsta a livre concorrência e viola os princípios da isonomia, da impessoalidade e da publicidade, que regem a contratação de particulares pela Administração Pública.

42. De fato, a SETAS habilitou na pré-qualificação, além da CENTROLESTE, diversas outras entidades públicas e privadas. Somente a avaliação dos projetos e propostas de preços por elas apresentados poderia fornecer elementos objetivos sobre sua capacidade de ministrar os cursos, sendo inoportuno que algum agente público decida previamente, e fora do competente procedimento licitatório, que apenas esta ou aquela instituição esteja apta a executar o objeto contratual pretendido.

43. Irregular, portanto, a contratação da entidade sob enfoque com dispensa de licitação, consubstanciando ato administrativo praticado com violação aos arts. 2º, caput, § 8º, da Lei nº 8.666/93.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------110. Convém esclarecer, de outro lado, o porquê da responsabilização do Coordenador de Qualificação

Profissional do SINE, Arízio Ribeiro Brotto.111. Esse servidor atuou direta e decisivamente na escolha das instituições que foram contratadas para a

execução dos PEQs de 1999 e 2000, emitindo decisões e conduzindo os procedimentos de seleção prévia para contratação, tendo chefiado a equipe técnica do SINE que operacionalizou a implementação dos Planos.

112. Também foi o responsável pela análise da documentação apresentada pelas entidades quando da liberação das parcelas, decidindo pela conformidade dos documentos com as exigências estabelecidas no contrato e repassando o processo para o gerente de Trabalho e Renda consignar o Atesto nas faturas, certificando a prestação dos serviços.

113. Sua atuação fica tanto mais evidenciada quando se vê o teor da ‘Ata de Reunião da Equipe Técnica do Setor de Qualificação/SINE-ES’ colacionada às fls. 86 dos autos do Processo SETAS nº 16792521, referente ao Contrato nº 7/99, celebrado com o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde – IAHCS, da qual extraímos os seguintes textos: ‘... Na oportunidade, deliberou-se examinar os processos para a contratação das Entidades Executoras do PEQ/99. Dando prosseguimento à reunião, o gerente de Qualificação, Arízio Ribeiro Brotto, informou que, após o exame do conjunto geral das planilhas recebidas, com os respectivos valores, separados por setor econômico e suas ações de qualificação, verificou-se que, a despeito de uma múltipla variação de valores praticados no mercado, elas continham valores compatíveis. Continuando, propôs que toda a Equipe Técnica realizasse, mais uma vez, uma avaliação de modo que, pelo seu próprio processo, não inviabilizasse a execução do PEQ/99... Isto posto, a Equipe Técnica procedeu à seleção das entidades executoras a serem contratadas dentro dos critérios estabelecidos...’.

114. As declarações colhidas em audiência são elucidativas, confirmando que a participação do Coordenador e a influência por ele exercida foram determinantes na contratação das entidades executoras, consoante trechos a seguir transcritos:

Declarações de Lorena Dall’Orto Ramos, integrante da Equipe Técnica do SINE (fls. 199/201 dos autos principais): ‘... Que a declarante não participou do processo de decisão de escolha das entidades a serem contratadas para a execução do PEQ/99; Que, na oportunidade, a decisão de escolha das instituições foi tomada pelo Coordenador de Qualificação Profissional do SINE, Sr. Arízio Ribeiro Brotto; Que para a execução do PEQ/99, foi realizada pesquisa de preços, sendo que a apreciação para a escolha das entidades a serem contratadas foi procedida pelo gerente e pelo Coordenador de Qualificação Profissional do SINE; ... Que a declarante não participou do processo de seleção e contratação das entidades para o PEQ/2000, sendo isso atribuição do Coordenador e do gerente do SINE e da SETAS...’

Declarações de Francisco de Morais, gerente de Trabalho e Renda do SINE (fls. 220/222, dos autos principais): ‘... Que quando da liberação das parcelas, a documentação apresentada pela instituição era analisada por Lorena, Ana Cristina, Sandra Carvalho e Arízio, e encaminhada para o declarante que atestava a fatura, emitia a Requisição de Pagamento – REP, solicitando a autorização para pagamento da parcela; ...Que a equipe técnica do SINE é que promoveu a seleção das instituições a serem contratadas, e que encaminhou os projetos para elas; Que os esclarecimento relativos à substituição de cursos contratados por outros não previstos nos projetos poderão ser melhor prestados pelo Sr. Arízio Ribeiro Brotto...’.

Declarações do próprio Arízio Ribeiro Brotto (fls.223/225, dos autos principais): ‘...Que foi designado responsável pela parte de implantação técnica do PEQ/ES, nos anos de 1999 e 2000; ... Que um grupo do SINE, do qual o declarante fazia parte, analisava os projetos e propostas apresentadas pelas instituições, selecionando a melhor; ...Que regra geral, as seleções feitas pelo declarante e sua equipe resultavam em contratação definitiva; ... Que o declarante, em diversas oportunidades, autorizou a substituição de cursos previstos nos projetos contratados; ... Que na liberação das parcelas do contrato eram observadas as exigências contratuais; Que os documentos apresentados pelas instituições eram analisados pelo declarante e sua equipe; Que o declarante era quem decidia se a documentação apresentada estava de

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acordo com as exigências do contrato; Que após análise da documentação apresentada, o processo era encaminhado ao Gerente de Trabalho e Renda, com a informação da regularidade...’.

115. De salientar-se, ainda, que o Coordenador de Qualificação Profissional subscreveu vários pareceres denominados de ‘Parecer Técnico de Análise’, como o que se vê às fls. 20 dos autos do Processo SETAS nº 18441424, referente ao Contrato nº 9/2000, celebrado com o SINDIAGÊNCIAS, atestando que as instituições que se pretendiam contratar possuíam aparelhamento material e humano e capacidade técnica para execução dos cursos, bem como inquestionável reputação ético-moral.

116. Demonstrado, assim, que esse servidor contribuiu significativamente para que ocorressem as irregularidades verificadas na contratação das instituições e na execução das ações contratadas.’

351. Diante do que se vem de relatar, evidenciam-se frágeis e inconsistentes os argumentos erigidos pelo defendente nessa questão.

352. Por último, inverossímil que a escolha da entidade executora a contratar esteve a cargo da Assessoria Jurídica da SETAS, da Corregedoria Geral da Administração e da Procuradoria Geral do Estado. Esses órgãos exerceram função consultiva e fiscalizatória, opinando sobre a legalidade formal do procedimento e das cláusulas do contrato, não adentrando no mérito da contratação. Sobre a fragilidade dos pareceres por eles emitidos fazemos remissão ao subitem 2.1.10 supra.

2.5.5) – Incumbia à Assessoria Técnica e ao Setor Financeiro da SETAS analisarem a ‘Adequação de toda a documentação apresentada pela instituição para a solicitação de liberação do pagamento’ (fls. 1803 – vol. VI), cabendo ao Setor de Qualificação Profissional apenas organizar e encaminhar a documentação para análise; o atesto das faturas era de competência indelegável do gerente de Trabalho e Renda, e não se arrimava em certificação da equipe de Qualificação Profissional; não existe nos autos dos processos qualquer indício de que esta função era praticada pelo defendente;

353. Não obstante o teor dessas alegações, logo adiante, na peça defensória, o defendente admite que a equipe técnica por ele chefiada procedia à análise prévia dos documentos apresentados pelas entidades executoras, certificando de sua conformidade com as exigências estabelecidas no contrato para liberação das parcelas, e encaminhando o processo para a emissão do Atesto pelo gerente de Trabalho e Renda, expressando-se dessa forma: ‘Que na liberação das parcelas dos contratos, o setor de qualificação profissional da Secretaria recebia a documentação das instituições, organizava-os e providenciava o seu encaminhamento, sendo observados pelo mesmo apenas os aspectos que diziam respeito ao cumprimento do objeto do contrato, ou seja, estritamente a execução das ações de qualificação, pois a competência para análise legal e contábil da documentação não dizia respeito às competências da Gerência de Trabalho e Renda’ (fls. 1806/1807 – vol. VI).

354. Ora, o ato administrativo do Atesto visa justamente verificar a efetiva prestação dos serviços e o cumprimento dos demais requisitos estabelecidos no contrato, condição sine qua non para que seja autorizado o pagamento das parcelas contratuais.

355. A atuação decisória do defendente no atesto das faturas também foi confirmada no depoimento prestado pelo gerente de Trabalho e Renda do SINE, Francisco de Morais, e no dele próprio, como segue:

Declarações de Francisco de Morais, gerente de Trabalho e Renda do SINE (fls. 220/222, dos autos principais): ‘... Que quando da liberação das parcelas, a documentação apresentada pela instituição era analisada por Lorena, Ana Cristina, Sandra de Carvalho e Arízio, e encaminhada para o declarante que atestava a fatura, emitia a Requisição de Pagamento – REP, solicitando a autorização para pagamento da parcela;’.

Declarações do próprio Arízio Ribeiro Brotto (fls. 223/225, dos autos principais): ‘Que na liberação das parcelas do contrato eram observadas as exigência contratuais; Que os documentos apresentados pelas instituições eram analisados pelo declarante e sua equipe; Que o declarante era quem decidia se a documentação apresentada estava de acordo com as exigências do contrato; Que após análise da documentação apresentada, o processo era encaminhado ao gerente de Trabalho e Renda, com a informação da regularidade;’.’

12.5. Diante do transcrito anteriormente, compartilhamos da mesma visão da Comissão de Tomada de Contas Especial do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE.

12.6. De fato, com base nas alegações de defesa apresentadas junto àquela Comissão, com vistas a afastar as irregularidades que foram imputadas aos responsáveis solidários em comento, restou demonstrado que o Sr. Francisco de Morais, ao exercer as funções de gerente de Trabalho e Renda do SINE e atestador de execução dos serviços dos PEQs 1999/2000, assim como o Sr. Arízio Ribeiro Brotto, na função de coordenador de Qualificação Profissional do SINE, atuaram com clara imprudência uma vez que atestaram a execução dos serviços contratados sem exigir a devida comprovação por parte das entidades executoras, conforme critérios estabelecidos nos respectivos

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contratos, e sem ter fiscalizado a prestação desses serviços, infringindo, assim, normas de execução orçamentária e financeira.

12.7. No caso do Sr. Arízio Ribeiro Brotto, além de ter ficado evidenciada a sua participação, mediante o exercício da função de coordenador de Qualificação Profissional do SINE, na atestação da execução dos serviços, procedendo à análise prévia dos documentos apresentados pelas entidades executoras, e certificando a sua conformidade com as exigências estabelecidas no contrato para liberação das parcelas, seguido do encaminhamento posterior do processo para a emissão de atesto pelo gerente de Trabalho e Renda, também comprovou-se a atuação decisória do referido defendente na escolha dos projetos e, por conseguinte, na contratação das instituições executoras que não dispunham de capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais.

12.8. Assim sendo, considerando que se os responsáveis solidários tivessem atuado com a diligência esperada de um servidor público, o dano causado pela inexecução dos contratos teria sido consideravelmente minorado (ou até mesmo evitado), além do fato de as alegações de defesa ora apresentadas pelos requerentes não conterem novos elementos e argumentos capazes de afastar as irregularidades imputadas aos mesmos, entendemos que suas contas devam ser julgadas irregulares, imputando-se-lhes os débitos resultantes dos contratos nos quais atuaram.

12.9. Observe-se que, apesar da nossa proposta ser pela rejeição das alegações de defesa da Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli e dos Srs. Francisco de Morais e Arízio Ribeiro Brotto, há de se considerar que houve uma redução do débito atribuído aos referidos responsáveis, em razão do aproveitamento, a favor dos mesmos, das alegações de defesa da entidade contratada.

13) Responsável: Maria Helena Ruy Ferreira. Cargo/Função: secretária de Estado do Trabalho e Ação Social e executora do Convênio

MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99 – SETAS/ES.Irregularidades Imputadas: 1ª) habilitação de instituições que não atenderam aos

requisitos estabelecidos no Edital de pré-qualificação e cadastramento do plano estadual de qualificação, configurando violação ao art. 3º, da Lei nº 8.666/93; 2ª) não exigência, no Edital de comprovação de qualificação econômico-financeira para habilitação das entidades, contrariando os arts. 27, inciso III, e 31 da Lei nº 8.666/93; 3ª) habilitação e contratação de instituições mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da Lei nº 8.666/93; 4ª) utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras das ações educacionais, no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII; 26, parágrafo único, caput e incisos II e III; 27, incisos II, III e IV; e 54 da Lei nº 8.666/93; 5ª) contratação de instituições que não participaram dos procedimentos de pré-qualificação e cadastramento do Plano Estadual de Qualificação, configurando violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93; 6º) contratação e pagamento de serviços que já haviam sido realizados em data anterior à autorização de dispensa de licitação e à celebração do contrato, violando os itens 6.4 e 6.5, alínea ‘D’, do Convênio/MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS/ES, e do art. 8º, inciso V, c/c o art. 25, da Instrução Normativa nº 1/97 da STN; 7ª) contratação de entidades que não comprovaram possuir capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais, com inobservância dos arts. 27, inciso II, e 30, da Lei nº 8.666/93; 8ª) contratação de projetos contendo, na planilha de custos, atribuição indevida de remuneração à própria entidade executora, a algum de seus dirigentes ou a terceiros, quando o Estatuto Social daquela estabelece fins não lucrativos, e sendo esse o motivo de sua contratação com dispensa de licitação; 9ª) contratação de projetos contendo majoração injustificada do preço da hora/aula/aluno, resultando na elevação indevida do preço final do contrato, e contrariando o previsto no art. 7º da Resolução CODEFAT nº 194, de 23/9/98; 10ª) liberação antecipada de parcelas, em regime de adiantamento, aos executores das ações de educação profissional, sem exigir a prestação de garantia e o efetivo início da realização dos serviços, com infringência do art. 38 do Decreto nº 93.872, de 23/12/86, e aos arts. 62 e 62, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320/64; 11ª) alocação de recursos em desconformidade com o plano de trabalho

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do Plano Estadual de Qualificação, destinando verbas em montante bastante superior ao previsto para determinado setor econômico, contrariando, assim o disposto na cláusula 6ª, item 6.5, alínea ‘A’, do Convênio/MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS; 12ª) inexecução do Convênio/MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS/ES (Cláusula 3ª, item 3.2.1) em decorrência da não realização ou realização apenas parcial, pelas entidades executoras, das ações de educação profissional contratadas; 13ª) ausência de comprovação, por meio de documentos contábeis idôneos, de que os recursos liberados foram integralmente aplicados na execução das ações de educação profissional, tendo em vista que a contratação das instituições com dispensa de licitação somente ocorreu em face de sua finalidade não-lucrativa e por concluir que seus objetivos sociais guardavam identidade com os objetivos do Planfor (art. 145 do Decreto nº 93.872/86, art. 93 do Decreto-lei nº 200/67 e art. 70, caput, da CF/88); 14ª) subcontratação do objeto do contrato por parte das entidades executoras, configurando violação a cláusula contratual, fato que constitui motivo para rescisão do ajuste, consoante previsto no art. 78, inciso VI, da Lei nº 8.666/93; 15ª) substituição, na execução dos serviços, do pessoal técnico-profissional indicado pela entidade sem autorização da administração, resultando em violação do art. 30, § 1º, inciso I, e § 10º, da lei nº 8.666/93; 16º) omissão em designar representante da administração para acompanhar, fiscalizar e avaliar a execução do contrato, deixando de dar cumprimento ao estabelecido no art. 67 da lei nº 8.666/93 e na cláusula 3ª, item 3.2.2., do Convênio/MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS e cláusulas contratuais; 17ª) omissão em designar servidor ou comissão para concretizar e formalizar o recebimento definitivo do objeto do contrato, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após verificada a adequação das ações de educação profissional executadas aos termos contratuais, deixando de dar cumprimento ao art. 73, inciso I, alínea ‘b’, da Lei nº 8.666/93.

13.1. A Sra. Maria Helena Ruy Ferreira foi regularmente citada (fls. 680/692 e 772 do Vol. 3), permanecendo, no entanto, silente em relação à apresentação das alegações de defesa em seu favor e tornando-se, portanto, revel, nos termos do § 3º, do art. 12, da Lei nº 8.443/92.

13.2. Observe-se, inclusive, que a responsável em epígrafe obteve, por meio de sua advogada Sra. Letícia Maria Ruy Ferreira, vista e cópia dos autos da Tomada de Contas Especial original (TC 007.409/2003-4), ainda no âmbito do Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-Relator Augusto Nardes, antes daqueles autos retornarem para a Secex/ES, com vistas ao desmembramento do mesmo em treze tomadas de contas especiais diferentes, uma para cada entidade executora, conforme atesta a documentação às fis. 1299/1309 do Vol. 6, não apresentando a referida defendente, até o momento da elaboração desta nova análise, as suas respectivas alegações de defesa.

13.3. Acrescentamos que as alegações interpostas pelos demais responsáveis solidários não ilidiram as irregularidades que lhe foram imputadas, conforme descrito anteriormente. Constatou-se, contudo, uma redução no débito pelo qual a responsável em epígrafe foi inicialmente citada, em razão do aproveitamento, em seu benefício, das alegações de defesa apresentadas pela entidade contratada. (...)”

4. Ato contínuo, a unidade técnica prosseguiu com as razões de justificativa apresentadas pelo então Procurador-Geral do Estado do Espírito Santo, Antônio Carlos Pimentel, das quais será transcrita posteriormente neste Relatório apenas a análise procedida pela unidade técnica em nova instrução elaborada nos autos, a partir de novos elementos de defesa acostados por esse responsável.5. Ao final, ante as conclusões definidas a partir das análises das defesas apresentadas, a unidade técnica propôs, em resumo, o acolhimento das justificativas apresentadas pelo então Procurador-Geral e pelos membros da comissão de licitação, atinente ao exercício de 2000, e a irregularidade das contas dos demais responsáveis, com a imputação de débito e/ou multa, nos termos da Lei nº 8.443, de 1992. 6. De todo modo, quando os presentes autos já se encontravam no âmbito do Ministério Público junto ao TCU, para exame de mérito, a Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, uma das responsáveis arroladas no processo, requereu ao então Ministro-Relator deste processo, o Exmo. Sr. Ministro

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Augusto Nardes, mediante expediente datado de 10 de outubro de 2008, a concessão de vistas dos presentes autos, para a extração de cópia, bem como a prorrogação de prazo por 30 dias, a partir da extração das cópias, para a necessária produção de sua defesa, sob a alegação de que a citação a ela dirigida não teria sido válida, uma vez que havia sido encaminhada para um endereço distinto do seu verdadeiro domicílio. 7. Ante as razões expostas pela solicitante, o Exmo. Sr. Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, em função de afastamento legal do Ministro Augusto Nardes, deferiu o pleito da Sra. Maria Helena Ruy Ferreira. 8. O titular da Segecex, por sua vez, tendo a interessada retirado os autos das dependências do Tribunal e restituído o processo com todas as peças dentro do prazo normativamente previsto, determinou o encaminhamento do processo diretamente ao MPTCU para continuidade do feito.9. O Parquet especial, representado nos autos pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira, tendo em vista a apresentação de defesa pela solicitante, procedeu ao exame detalhado das alegações (Peça nº 29, fls. 25/34), manifestando-se, ao final, pelo recebimento da defesa, com base nos princípios do formalismo moderado e da verdade real, excluindo-se a proposta de considerá-la revel para incluir o nome da solicitante no item 1.3 do encaminhamento da unidade técnica, no qual se propõe a rejeição das alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis ali citados, sugerindo, em acréscimo, a aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443, de 1992, aos responsáveis. 10. O representante do MPTCU também propôs, em desacordo com o encaminhamento proposto pelos dirigentes da unidade técnica, a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, da citada lei ao Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello.11. Paralelamente, o Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, então Procurador-Geral do Estado do Espírito Santo, apresentou uma complementação às razões de justificativa já aduzidas anteriormente (Peça nos 29, fls. 37/52, e 30, fls. 1/21).12. Após a chegada dos autos em meu Gabinete, determinei, mediante despacho, que o processo fosse retornado à Secex/ES, para análise da documentação anexada aos autos pela Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, em sede de alegações de defesa.13. Por meio de nova instrução lançada às Peças nos 32/33, a unidade técnica analisou não somente os documentos relativos às alegações de defesa da Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, mas também os concernentes à complementação das razões de justificativa do Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, manifestando-se, em uníssono, nos seguintes termos:

“(...) 171. Inicialmente, a defendente alegou a nulidade da sua citação, haja vista o fato de o Ofício Secex-ES nº 480/2005, de 22/8/2005, ter sido encaminhado para um endereço antigo, distinto do seu atual domicílio em Brasília/DF, conforme atestou o envelope ainda lacrado, contendo a referida notificação, e devolvido pelos Correios em 5/9/2005 com a informação de que a destinatária havia se mudado (fls. 194 do Vol. 15 do TC 007.409/2003-4). Embora também tenha se constatado, no mesmo processo, o Aviso de Recebimento (AR) daquele ofício, confirmando o seu recebimento em 31 de agosto de 2005 (fls. 128 do Vol. 15 do TC 007.409/2003-4 ou fls. 794 do Vol. 3 deste processo), motivo pelo qual esta Secretaria concluiu, inicialmente, pela revelia da ora responsável.

172. A revelia da justificante, todavia, foi afastada, reconhecendo este Tribunal a nulidade daquela citação, considerando-se que foi deferido a Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, em caráter excepcional, o prazo de 30 (trinta) dias, a contar do lapso temporal de retirada dos autos pela mesma, para apresentação de sua defesa, que ora se examina, conforme se infere do Despacho de fls. 1514 do Vol. 6 deste processo.

173. A defendente alegou, em primeiro plano, que já houve por parte deste Tribunal o julgamento de denúncia (TC 015.284/2001-6) sobre os mesmos fatos tratados no âmbito deste processo, o que teria gerado o Acórdão 133/2005-Plenário, em cujo conteúdo não se constatou a procedência da mesma, qual seja, a ocorrência de superfaturamento e malversação dos recursos públicos aplicados.

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174. Compulsando o referido processo, verificamos que, na verdade, o Acórdão 133/2005-Plenário diz respeito ao Processo TC 000.864/2003-6, que cuidou de auditoria realizada na gestão do Plano Nacional de Qualificação Profissional – Planfor no Estado do Espírito Santo no período de 1996 a 2000, conforme se depreende de parte do Relatório do Ministro Relator, reproduzido, a seguir: (omissis).

175. Assim, como se infere do parágrafo 2º daquele relatório, a aludida auditoria, cujo resultado redundou no Acórdão 133/2005, focou-se no período relativo aos exercícios de 1996 a 1998, uma vez que a gestão do Planfor no Estado do Espírito Santo, relativa ao período de 1999 a 2001, já havia sido objeto de fiscalização pelo TCU (TC 015.284/2001-6), bem como de outros órgãos de fiscalização, o que culminou, inclusive, com a abertura da presente Tomada de Contas Especial por parte do Ministério do Trabalho e Emprego.

176. Vale esclarecer, assim, que o suposto texto do Acórdão 133/2005, apresentado pela defendente, na verdade se traduzia em um mero comentário da equipe de auditoria, o qual integrou o mencionado Relatório do Ministro-Relator, sobre as fiscalizações que estavam sendo empreendidas por outros órgãos: (omissis).

177. Observa-se, assim, que, naquela oportunidade, os trabalhos da tomada de contas especial instaurada pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE sequer haviam sido finalizados, tendo a equipe de auditoria deste Tribunal acesso apenas à parte das irregularidades até então apuradas, as quais aparentavam ser de natureza puramente formal, o que deu margem ao comentário precipitado por parte daquela equipe em seu relatório de que não se constatou a ocorrência de superfaturamento ou malversação de recursos públicos, como ao contrário se verificou posteriormente com o encaminhamento dos autos daquela TCE a este Tribunal.

178. Quanto aos problemas estruturais do FAT, e as dificuldades daí geradas para a sua gestão, conforme bem salientou a requerente, estes há muito já foram reconhecidos por este Tribunal em várias de suas decisões, ensejando, inclusive, a adoção de medidas corretivas junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, a exemplo da Decisão 1.351/2002, da Relatoria do Ministro Benjamin Zymler. Entretanto, tais limitações não constituíram empecilho para que os responsáveis arrolados fossem devidamente responsabilizados e condenados naquilo que se referia ao cometimento de irregularidades graves circunscritas à esfera de sua competência.

179. Para fins ilustrativos, dentre inúmeras decisões já proferidas por esta Corte de Contas, citamos o próprio Acórdão 452/2004-Plenário também mencionado pela defendente, em que foi negado provimento ao pedido de reexame interposto contra o Acórdão 330/2002-Plenário, que havia aplicado a multa prevista no art. 58, II, da Lei nº 8.443/1992 ao Sr. Nassim Gabriel Mehedff - Secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego. Assim como, o recente Acórdão 1.314/2009-Plenário, em que os responsáveis arrolados, dentre eles o Sr. Wigberto Ferreira Tartuce (ex-Secretário de Trabalho, Emprego e Renda do DF - SETER /DF) tiveram suas contas julgadas irregulares, com condenação em débito.

180. Cabe razão à requerente em sustentar no item IV das Considerações Iniciais de sua defesa a inexistência de responsabilidade solidária da Secretária de Estado por atos exclusivos da Comissão de Licitação, com base no art. 51, § 3º da Lei 8.666/93.

181. Cumpre esclarecer, contudo, que as três primeiras irregularidades imputadas a ora defendente, quais sejam: 1ª) habilitação de instituição que não atendeu aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do plano estadual de qualificação, configurando violação ao art. 3º da Lei 8.666/93; 2ª) não exigência, no Edital, de comprovação de qualificação econômico-financeira para habilitação da entidade, contrariando os arts. 27, inciso III e 31 da Lei 8.666/93; e 3ª) habilitação e contratação de instituição mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da lei 8.666/93; não eram exclusivas da competência da Comissão de Licitação, pois contaram com a participação da secretária de Estado.

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182. Com efeito, apesar da primeira irregularidade imputada a então secretária de Estado (habilitação de instituição que não atendeu aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do plano estadual de qualificação, configurando violação ao art. 3º da Lei 8.666/93), e igualmente atribuída aos membros da Comissão de Licitação do PEQ/2000, parecer ser um ato típico e exclusivo desta última, é preciso discernir que a justificante teve participação lato sensu no referido ato, uma vez que autorizou a publicação do Edital, considerando todas as instituições que apresentaram documentação, mesmo aquelas que não atenderam aos requisitos editalícios. Já no caso da segunda irregularidade (não exigência, no Edital, de comprovação de qualificação econômico-financeira para habilitação da entidade, contrariando os arts. 27, inciso III e 31 da Lei 8.666/93), a requerente não fez constar do edital de Pré-Qualificação e Cadastramento, por ela subscrito, a exigência de apresentação de documentos comprobatórios da qualificação econômico-financeira das entidades. E, finalmente, quanto à terceira irregularidade, aquela ex-secretária deixou de zelar para que os procedimentos de seleção e contratação das instituições executoras das ações de educação profissional fossem conduzidos com estrita observância das normas legais e regulamentares aplicáveis à espécie (Lei nº 8.666/93), misturando procedimentos pertencentes a diferentes modalidades de licitação.

183. De uma maneira geral, independentemente da coincidência (ou não) das irregularidades que lhes foram imputadas, todos os responsáveis foram considerados solidários pelo total do débito apurado em cada contrato, pelo fato de suas condutas, sejam elas comissivas ou omissivas, terem contribuído diretamente para a inexecução ou execução precária das ações contratadas e, por conseguinte, para a ocorrência de dano ao erário, conforme ficou demonstrado na descrição do nexo causal de cada uma delas.

184. Ao enfatizar a natureza política de seu cargo e, por conseguinte de seus atos, a defendente buscou, ao longo de sua defesa, afastar a sua responsabilidade pela assinatura do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS/ES, assim como pela assinatura dos contratos em relevo dele resultantes, atribuindo à Procuradoria Geral do Estado responsabilidade única e exclusiva pela assinatura daqueles termos, uma vez que competia a esta última o poder-dever de aprovar as minutas de convênios e contratos.

185. Tais argumentos já foram utilizados por vários ex-secretários de Estado, antigos gestores do Plano Nacional de Qualificação Profissional do Trabalhador (Planfor) em seus respectivos Estados e vem sendo refutados reiteradamente por este Tribunal com base no disposto na Decisão Plenária 180/1998, cujo voto condutor do ilustre Ministro Carlos Átila Álvares da Silva firmou jurisprudência sobre o tema:

‘Efetivamente, nem sempre quem firma determinado convênio é o responsável por sua execução. Casos existem, como no presente, em que a responsabilidade se apresenta sob duas faces: política e de gestão ou execução. Esta última não requer maiores reflexões, porquanto aparece na grande maioria dos feitos em que se examinam as prestações ou tomadas de contas, inclusive especiais, dos gestores de recursos públicos. O sujeito que assina é o mesmo que executa a avença, estando aí presente a responsabilidade subjetiva, pessoal do agente público stricto sensu. De outra parte, diferentemente daquela, merece especial atenção, para a justa definição das responsabilidades, as tratativas em que o signatário representante da Administração detém Poder Público, ou seja, é investido de função ou cargo público eletivo ou político, sendo, portanto, mandatário da sociedade, como, por exemplo, o Presidente da República, um Governador de Estado e, em alguns casos, um Prefeito Municipal (quando assina convênios, mas não é seu executor direto). Nesses casos, tem-se a responsabilidade objetiva, ou seja, o signatário é responsável pela meta ou objeto que se pretende alcançar, que, obviamente, deve ser o bem comum mediante a melhoria do nível de vida da comunidade a que se destinam os benefícios que advirão da boa e regular execução do feito. No Estado democrático, responsabilidade desse jaez não é cobrada ou apurada mediante os mecanismos normais destinados às apurações de responsabilidades subjetivas, afetas à instância de execução. As avaliações e apurações são feitas em termos de conceito pela própria sociedade em ocasiões especiais (p. ex. eleições) e pelo Poder Público mediante os mecanismos e instâncias de que dispõe (processos específicos, processos judiciais, etc.). Portanto, ao aferir a responsabilidade pela administração dos recursos e da coisa pública, é fundamental a segregação desse ônus à esfera de atuação do agente. É que todos os atos de interesse da coletividade praticados pelo administrador ou

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gestor, sobretudo os que exigem ou merecem a intervenção daquelas autoridades, trazem consigo aquelas duas modalidades de responsabilidade: política e de gestão ou execução, sendo defeso deslocá-las de seus respectivos planos’.

186. Assim, consoante o disposto na mencionada decisão, são agentes políticos apenas o presidente da República, os governadores e os prefeitos municipais (neste último caso quando assinam convênios, mas não são seus executores diretos). Ressalte-se que, caso esses agentes políticos pratiquem atos administrativos, eles podem ser responsabilizados pelas consequências desses atos.

187. Dessa forma, ‘a alegada impossibilidade de se responsabilizar Secretários de Estado não encontra respaldo na Jurisprudência desta Corte. Ao contrário da tese sustentada pelo citado, o TCU entende que o Secretário de Estado, por não ser considerado agente político, pode ser responsabilizado quando assina convênios, mesmo não sendo seu executor direto. Para tanto, basta que ele tenha praticado atos administrativos, além do ato de natureza política consistente na decisão discricionária de celebrar um determinado convênio’ (Acórdão 1.830/2006-Plenário. Ministro Relator Benjamin Zymler. Afirmativa baseada no voto do relator, item 54). Essa jurisprudência tem se consolidado ao longo dos últimos anos, a exemplo dos Acórdãos 33/2005, 468/2007, 1.715/2008 e 1.314/2009, todos do Plenário deste Tribunal.

188. No caso em tela, a Sra. Maria Helena Rui Ferreira, então titular da Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social – SETAS/ES, foi a signatária do Termo Aditivo nº 1/99, de 23/9/1999, ao Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99 – SEJUC/ES, de 27/5/1999, que substituiu, naquela oportunidade, o órgão responsável pela execução do dito convênio, que da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (SEJUC/ES), passou a ser a Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social – SETAS/ES. Nesse sentido, a responsabilidade pela execução do Plano Estadual de Qualificação – PEQ/ES foi transferida para o âmbito da competência exclusiva da citada Secretaria, tornando-se a sua então titular, na qualidade de gestora daquele Plano como um todo, responsável perante o Ministério do Trabalho e Emprego pela comprovação da correta aplicação dos recursos recebidos.

189. Independente, pois, da sua atuação política na assinatura do referido convênio, ou dos contratos dele supervenientes, aquela Secretária praticou vários atos administrativos, inerentes ao seu cargo, com vistas a coordenar, supervisionar e avaliar as atividades das unidades orgânicas integrantes da sua Pasta, mesmo na condição de autoridade delegante de suas competências originárias a outros agentes administrativos subordinados diretamente envolvidos na consecução do referido Plano. Portanto, não se pode afastar a sua responsabilidade com fundamento no argumento de defesa ora lançado.

190. No tocante aos pareceres favoráveis da Assessoria Jurídica da SETAS e da Procuradoria Geral do Estado, estes apreciaram apenas a legalidade dos Editais de Pré-Qualificação e da dispensa de licitação, além da regularidade formal dos contratos celebrados com as instituições executoras. Assim os mencionados pronunciamentos jurídicos, ou mesmo a contratação da Fundação Ceciliano Abel de Almeida para executar os projetos de supervisão e acompanhamento da execução das ações de educação profissional, também não servem ao fim colimado pela defendente de isentá-la de responsabilidade pela malversação dos recursos federais sob sua tutela.

191. Sustentou a requerente que não se pode falar na existência de omissão quanto ao controle por parte da SETAS/ES, em função precipuamente da contratação da Fundação Ceciliano Abel de Almeida. A referida fundação, pois, foi contratada por aquela Secretaria para executar os seguintes contratos: - Contrato nº 2/99 (Projeto Especial de Avaliação do PEQ/99); - Contrato nº 3/99 (Projeto Especial de Supervisão e Acompanhamento do PEQ/99); Contrato nº 4/99 (Projeto de Cadastro do PEQ/99); Contrato nº 3/00 (Projeto de Diagnóstico e Avaliação de Demanda de Educação do PEQ/2000); Contrato nº 4/2000 (Projeto de Supervisão e Acompanhamento do PEQ/2000); Contrato nº 5/2000 (Elaboração do Projeto de Cadastro do PEQ/2000); e Contrato 7/2000 (Projeto de Diagnóstico e Avaliação de Demanda de Educação Profissional do PEQ/2000).

192. Dos contratos firmados com a FCAA, vemos que os que mais se aproximam da chamada função de controle, foram os Contratos nº 3/99 e 4/00 (Projeto Especial de Supervisão e

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Acompanhamento dos PEQs de 1999 e 2000), que tinham dentre seus objetivos específicos: ‘Verificar junto às Entidades Executoras o cumprimento das ações previstas no contrato’. Entretanto, nos Relatórios Finais desses projetos, constatamos, em cada um deles, no item referente ao Universo da Pesquisa de Supervisão que ‘a abrangência da avaliação foi o PEQ/99 (ou PEQ/2000) como um todo, com supervisão dos programas e cursos selecionados, em todos os municípios, de acordo com as ações de qualificação em andamento no período trabalhado. Foi tomado como critério base pelo menos um curso de cada programa, em cada município e em cada entidade executora, de conformidade com o material documental fornecido pelo SINE-ES e pelas entidades executoras’. Mais adiante, no item Resultados da Pesquisa de Acompanhamento e Supervisão, verificamos, com relação ao PEQ/1999, o registro de que ‘foram supervisionados 66 cursos, cerca de 50% dos cursos contemplados naquele Plano’, enquanto que, com relação ao PEQ/2000, coube o registro de que ‘foram supervisionadas 720 ações, cerca de 40% (quarenta e um por cento) das ações de qualificação contempladas naquele ano’.

193. Do exposto naqueles Relatórios Finais, entrevê-se no tocante ao item ‘Universo da Pesquisa de Supervisão’ que houve certo direcionamento por parte do SINE, com relação aos cursos que seriam acompanhados pela FCAA. Além disso, percebe-se, claramente, com base no item ‘Resultados da Pesquisa de Acompanhamento e Supervisão’, em ambos os exercícios, que menos da metade dos cursos previstos naqueles Planos chegaram a ser acompanhados e/ou supervisionados por aquela Fundação. Logo, os resultados obtidos e demonstrados ao longo daqueles Relatórios, basearam-se em uma amostragem ‘selecionada’ pelo próprio SINE, assim como pelas Entidades Executoras.

194. Vê-se, ainda, que o objetivo geral dos referidos projetos era o de ‘Apoiar as atividades de acompanhamento e supervisão do Plano Estadual de Qualificação – PEQ/ES e o seu nível de articulação ao Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador, através de visitas locais de supervisão/orientação às ações programadas no Espírito Santo em coordenação com o Projeto de Avaliação e o desenvolvimento de informações e indicadores sobre a eficiência dos programas de qualificação/requalificação profissional’. Ou seja, a FCAA não tinha como função ser a única responsável pelo acompanhamento e supervisão das ações de qualificação profissional contratadas, mas sim a de exercer essa função em caráter auxiliar junto a SETAS, este sim, o órgão responsável por velar pela regular execução daqueles Planos. Ademais, os trabalhos desenvolvidos pela Fundação Ceciliano Abel de Almeida tinham um enfoque muito mais operacional do que fiscalizatório, no sentido de avaliar a eficiência, eficácia e efetividades dos referidos programas, mediante a obtenção de indicadores sobre os mesmos.

195. Dessa forma, caiu por terra a alegação da justificante de que o fato de se ter contratado a FCAA para a elaboração de Projetos Especiais de Acompanhamento e Supervisão dos PEQs de 1999/2000, a simples existência de uma Controladoria Interna na Secretaria de Administração, ou até mesmo a criação de uma estrutura consultiva e de assessoramento com uma Gerência Geral de Preços e Contratos, dentro da organização administrativa estadual, liberou-a de sua obrigação, como dirigente máxima do órgão, de acompanhar, controlar e fiscalizar a execução dos atos de seus subordinados. Assim, sem o devido acompanhamento e a competente fiscalização, não havia como assegurar que os objetos contratados fossem rigorosamente cumpridos, como, afinal, ficou demonstrado na tomada de contas especial instaurada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

196. Aliás, um plano da envergadura dos PEQs de 1999/2000 exigia a participação de recursos materiais e humanos daquela Secretaria em número adequado à quantidade de cursos prevista para cada exercício, principalmente no que diz respeito à fiscalização dos serviços prestados pelas entidades contratadas para ministrar os referidos cursos. Além do dano ao erário, uma das consequências dessa omissão por parte da então titular da SETAS/ES consubstanciou-se, inclusive, no cometimento de irregularidades relacionadas à falta de designação de representante da administração para acompanhar, fiscalizar e avaliar a execução de cada contrato, nos termos do art. 67 da Lei nº 8.666/93, bem como à falta de designação de servidor ou comissão para concretizar e

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formalizar o recebimento definitivo do objeto do contrato, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, depois de verificada a adequação das ações de educação profissional executadas aos termos contratuais, nos termos do art. 73, inciso I, alínea ‘b’, da Lei nº 8.666/93.

197. Quanto ao dano apurado contra o erário, insurgiu-se a defendente contra a metodologia adotada para o cálculo do mesmo que, segundo ela, não quantifica o dano causado por cada uma das irregularidades, apenas indica, ao apontar a irregularidade, em quais contratos esta ocorreu e a transpõe para os contratos relacionados no quadro ‘Demonstrativo Individualizado do Débito’ (fls. 4334 do TC 007.409/2003-4), lançando como valor total do débito, um montante cujo critério de apuração é desconhecido, revelando que em alguns casos, inclusive, o valor do débito coincide com o valor total liberado para o contrato.

198. Realmente, a metodologia adotada pela Comissão de Tomada de Contas Especial, e por nós ratificada, não quantifica o dano causado por cada uma das irregularidades apontadas em cada contrato, simplesmente porque seria impossível mensurar-se concretamente o dano decorrente de cada uma delas. Na verdade, cada irregularidade identificada, constituiu uma infringência ao ordenamento jurídico vigente e, a partir dessa violação à norma legal, foi possível estabelecer um nexo causal entre a conduta comissiva ou omissiva indesejável e a inexecução ou execução precária das ações contratadas, que redundaram na ocorrência de dano ao erário. Deduz-se, dessa forma, que a maior parte das irregularidades apontadas não resultou diretamente na ocorrência de dano ao erário, mas contribuiu para a formação do mesmo, uma vez que comprometeu a eficiência e a eficácia dos Planos Estaduais de Qualificação Profissional.

199. Ao contrário do apregoado pela defendente, de que o débito baseou-se em meras deduções, o dano ao erário foi quantificado de forma bastante objetiva por parte da Comissão de Tomada de Contas Especial, levando-se em consideração duas premissas básicas, quais sejam, a não realização do todo ou de parte dos cursos de qualificação profissional contratados, bem como a falta de comprovação contábil, por parte das entidades contratadas, de que os recursos recebidos tenham sido de fato utilizados na materialização das ações de educação profissional que constituíram o objeto dos contratos celebrados. De modo que, quando o valor do dano ao erário (débito) apurado chega a coincidir com o valor total liberado para o contrato é sinal de que não foram apresentados elementos comprobatórios aptos a atestar a execução das ações contratadas.

200. A metodologia utilizada na apuração do dano ao erário, diversamente do que foi colocado pela requerente, já foi devidamente explicitada por ocasião da instrução inicial destes autos (fls. 502/544 do Vol. 2). Entretanto, vale a pena reprisar os seguintes pontos básicos para o entendimento definitivo da mesma:

‘29. Dessa forma, inicialmente, para cada contrato firmado, efetuou-se a quantificação do custo das ações não executadas. Este valor, depois de subtraído do total liberado para o contrato (valor contratual), resultou, necessariamente, no custo das ações executadas. Do qual, em seguida, foi deduzido o montante das despesas contábeis efetivamente comprovadas, chegando-se ao valor das despesas não comprovadas, conforme demonstrado genericamente a seguir:

Nº 1

Valor do contrato...........................................................................................................R$ XX

(-) Custo das ações não executadas.................................................................................. R$ XX

(=) Custo das ações executadas (despesas a comprovar) .............................................. R$ XX

(-) Despesas comprovadas.............................................................................................. R$ XX

(=) Despesas não comprovadas....................................................................................... R$ XX

Nº 2

(+) Ações não executadas............................................................................................... R$ XX

(+) Despesas não comprovadas....................................................................................... R$ XX

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(=) Dano ao erário (Débito)............................................................................................ R$ XX

30. O custo das ações não executadas engloba não somente os cursos não realizados, literalmente falando, mas também os cursos parcialmente executados, ou seja, aqueles realizados com carga horária e/ou número de treinandos inferior ao contratado, sendo que nesses casos o valor do dano causado ao erário foi calculado com base na diferença entre o valor do serviço contratado e o valor do serviço executado, utilizando-se, proporcionalmente, o custo da hora-aula/aluno efetivamente ministrada.

31. Já a comprovação contábil justifica-se em função da incumbência outorgada às entidades contratadas de demonstrar, por meio de documentos contábeis idôneos (recibos, notas fiscais/faturas), que os recursos recebidos da Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social foram integralmente aplicados na realização das ações de educação profissional, fundamentando-se no art. 70, parágrafo único, da Carta Magna que diz: ‘Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária’, bem como no disposto no art. 145 do Decreto nº  96.872, de 23/12/86: ‘Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes (decreto-lei nº 22/67, art. 93)’.

201. No caso dos contratos firmados especificamente com o Centro de Integração Empresa Escola – CIEE verificamos que no cálculo do débito referente ao Contrato n° 2/00, além do item ‘Ações não Executadas’, compôs o débito, excepcionalmente, o item ‘Bolsas - Auxílio não Repassada aos Treinandos’. Não havendo, portanto, com relação a ambos os contratos parcelas de débito decorrentes de ‘Despesas não Comprovadas’, o que significa dizer que todas as ações executadas tiveram os seus custos devidamente comprovados.

202. Saliente-se que, com base na sistemática adotada, por ocasião da citação, o débito atribuído à justificante, com relação a todos os contratos inerentes aos PEQs 1999 e 2000, correspondia ao montante original de R$ 4.511.194,77 (quatro milhões, quinhentos e onze mil, cento e noventa e quatro reais e setenta e sete centavos). Após a audiência dos responsáveis arrolados, citados solidariamente com a defendente, este débito foi reduzido para o valor de R$ 2.990.177,67 (dois milhões, novecentos e noventa mil, cento e setenta e sete reais e sessenta e sete centavos), dos quais R$ 41.328,70 (quarenta e um mil, trezentos e vinte e oito reais e setenta centavos) corresponderiam ao Contrato n° 2/00.

203. Vemos, pois, que as alegações carreadas pela defendente, até o momento, não tiveram o condão de anular a imputação de débito que lhe foi feita, visto ter sido cabalmente demonstrada, ao longo desta e das demais instruções precedentes, a existência de dano concreto contra o erário.

204. Passaremos, a seguir, a análise de mérito da defesa apresentada pela requerente contra cada uma das irregularidades que lhe foi imputada.

205. Com relação à primeira irregularidade (habilitação de instituição que não atendeu aos requisitos estabelecidos no Edital de pré-qualificação e cadastramento do plano estadual de qualificação, configurando violação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93), extraímos do Relatório de Tomada de Contas Especial do Ministério do Trabalho e Emprego (fls. 1320/1322 do anexo 3, vol. 3), trechos alusivos a esse ponto, que explicam o motivo da imputação dessa irregularidade a ora justificante:

Contratos nº 2/2000:‘19. Tratando agora da análise dos documentos apresentados pelo CIEE no procedimento de pré-

qualificação e cadastramento, conclui-se que tal entidade, conquanto tenha logrado alcançar sua habilitação, não reunia as condições legais e materiais previamente estabelecidos para participação no PEQ/2000, conforme demonstrado a seguir:

1. O Edital exigiu como pressuposto para a inscrição que as instituições fossem expressamente incumbidas no seu regimento ou estatuto do desenvolvimento de atividades voltadas para ensino profissionalizante (itens 1, `c', e 2, `b).

- A nosso ver, o estatuto do CIEE não traça como um de seus objetivos principais a realização de ações de educação profissional, mormente no que concerne à execução de cursos de qualificação profissional;

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- Com efeito, o estatuto da entidade deixa claro que sua atuação centra-se na busca da integração empresa-escola, sendo reconhecida sua intermediação na colocação de estagiários em empresas, mas não há referência expressa nas cláusulas estatutárias à execução de cursos de formação profissional, muito embora se faça menção genérica e ampla a ações de caráter educativo.

- Tanto se assevera que a contratada não possui aparelhamento próprio (instalações físicas adequadas e pessoal técnico permanente), para execução de cursos na amplitude em que são promovidas as ações do PEQ, tendo sido necessário valer-se de parcerias para torná-lo disponível (fis. 53 a 167).

II. Exigiu o Edital, na letra f' do item 2, que os interessados apresentassem atestado (s) de capacidade técnico-pedagógica fornecido (s) por instituição (ões) de direito público ou privado, reconhecidamente idônea, comprovando atuação, `se tiver havido', em projetos na área de educação profissional (médio ou superior) há no mínimo um ano.

- O único atestado de capacidade técnico profissional apresentado pela contratada limita-se a informar que ela implementara fóruns de discussão sobre o mercado de trabalho e empregabilidade (fis. 72), cuja carga horária total soma apenas dez horas. Tais temas, vale dizer, não guardam pertinência direta com a educação profissional.

- Ademais, evidente que apenas um atestado, referindo-se a eventos de tão curta duração, não tem o condão de comprovar a capacitação técnico pedagógica do CIEE para executar ações envolvendo a profissionalização de centenas de trabalhadores, restando não satisfeita a exigência legal de prova de inquestionável reputação ético-profissional justificadora da dispensa de licitação.

III. O Edital, em suas alíneas 'g' e `h' subordinou a habilitação à prova de regularidade com as fazendas Federal, Estadual e Municipal, o INSS (contribuições previdenciárias) e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

- Dos documentos que se referem à fase de pré-qualificação e cadastramento, consta dos autos tão somente prova de regularidade quanto ao FGTS (Certificado de Regularidade do FGTS de fis. 76).

IV. Na alínea `k' do item 2 do Edital, estabeleceu-se a exigência de que os interessados apresentassem relação do corpo técnico e administrativo, com os respectivos currículos.

- O CIEE descumpriu o Edital no que tange a esse requisito, não constando dos autos os documentos aí especificados, restando demonstrado mais uma vez, ipso facto, que a entidade não dispõe, em seu quadro de profissionais de pessoal técnico qualificado para implementar ações do PEQ;

20. Malgrado as irregularidades acima apontadas, a Comissão Especial de Licitação decidiu pela habilitação do CIEE, afrontando ela própria os termos do edital, que, em seu item 6, incumbiu-a expressamente de emitir juízo de mérito sobre se cada uma das entidades: a) preenchia os requisitos exigidos no edital; b) tratava-se de instituição incumbida da educação profissional; c) teve atividades relevantes na área da Educação Profissional no ano anterior; e d) enquadrava-se nas exigências dos arts. 13 e 24, VIII e XIII, da Lei 8.666/93, de 21 de junho de 1993.

21. Por óbvio, somente as instituições que cumprissem plenamente tais requisitos poderiam ter sido declaradas habilitadas’

206. Alegou a defendente, em síntese, que a possibilidade de se fazer a pré-qualificação deve ser compreendida dentro de um procedimento licitatório e que, no caso em tela, ocorreu dispensa baseada em hipótese prevista na Lei nº 8.666/93, sendo inaplicável, portanto, o referido procedimento. Tal entendimento por parte da ora justificante levaria à conclusão de que a presente imputação de irregularidade estaria prejudicada, uma vez que não existiu habilitação, não havendo, portanto, qualquer vinculação entre o procedimento licitatório (e sua dispensa) e o procedimento de pré-qualificação para a contratação de entidades para atuar no PEQ.

207. Verificamos, pois, que ponto idêntico foi imputado à Comissão de Licitação que presidiu o procedimento de pré-qualificação das entidades que participaram do PEQ 2000. Dessa forma, daremos a Sra. Maria Helena Ruy Ferreira o mesmo tratamento dispensado aos membros daquela Comissão, conforme se deduz de parte da análise feita anteriormente sobre essa mesma irregularidade no âmbito da apreciação da defesa das Sras. Maria Ilse Dória Vinha, Sandra de Carvalho, Lorena Dall’Orto Ramos e Márcia Bicalho Alonso, bem como do Sr. Jonas Hilário da Silva (membros da Comissão de Licitação de 2000), reproduzida a seguir (fls. 1325/1327 do Vol. 6): (...)”

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14. Já tendo sido feita a transcrição da análise das alegações de defesa dos membros da comissão de licitação (no item 3 do presente Relatório), destaco que a unidade técnica prosseguiu a sua instrução técnica, nos seguintes termos:

“(...) 208. Analogamente à análise transcrita anteriormente, entendemos que, embora discordemos da Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, quanto ao argumento de que não foi conferido um caráter licitatório ao procedimento de pré-qualificação, formalizado por meio do Edital expedido pela SETAS, não vislumbramos, neste caso, a presença do nexo causal que vincule a irregularidade que lhe foi atribuída ao dano acarretado ao erário, decorrente de problemas na execução do Contrato nº 2/2000, uma vez que o referido instrumento foi assinado mediante a dispensa de licitação, prevista no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/93, oportunidade em que foram exigidos novos documentos da entidade escolhida para ser contratada. Assim sendo, relativamente a essa questão, aceitamos as alegações de defesa da responsável em referência.

209. Quanto à segunda irregularidade (não exigência, no Edital, de comprovação de qualificação econômico-financeira para habilitação da entidade, contrariando os arts. 27, inciso III, e 31 da Lei 8.666/93), com base no mesmo entendimento professado por ocasião da análise da irregularidade anterior, também somos pela aceitação das alegações de defesa da defendente, em razão do Contrato nº 2/2000, firmado com o CIEE, ter se efetivado mediante dispensa de licitação, não se configurando, assim, nexo causal entre as falhas verificadas nos respectivos Editais de Pré-Qualificação e o dano resultante da execução daquele contrato.

210. No tocante à terceira irregularidade (habilitação e contratação de instituição, mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da Lei nº 8.666/93), entendeu a defendente que a simples ocorrência de três fatos isolados tais como a pré-qualificação, a formação de cadastro e a coleta de preços, relacionadas pela Comissão de Tomada de Contas Especial como sendo fases de modalidades licitatórias distintas, a saber, a habilitação por meio de pré-qualificação nas concorrências, o cadastramento nas tomadas de preço e as cartas-convite na modalidade convite, respectivamente, não significaram, necessariamente, que houve a referida combinação proibida por lei, pois essa combinação ocorreria, em sua opinião, se houvesse sido publicado um edital com regras de procedimento licitatório que previsse a utilização concomitante das três modalidades.

211. Dissentimos da defendente quanto a esse entendimento, pois com a simples publicação do Edital de Pré-Qualificação, a SETAS/ES sinalizou o início de um procedimento licitatório na modalidade Concorrência, conforme ficou demonstrado quando da apreciação da primeira irregularidade, ocasião em que se reproduziram trechos da análise realizada sobre as alegações de defesa dos membros da Comissão de Pré-Qualificação e Cadastramento do PEQ/2000.

212. Vemos, pois, que diante de um resultado insatisfatório da pré-qualificação, conforme assinalou a própria defendente em sua defesa, esta, contrariamente à decisão tomada de homologação do ato da Comissão Especial de Licitação, que se omitiu em formular um juízo de valor sobre cada entidade participante do PEQ/2000, o que consistia sua obrigação de acordo com o item 6 do Edital de Pré-Qualificação daquele exercício, visto ter processado de pronto a habilitação de todas elas, independente de terem ou não atendido aos requisitos do edital, deveria ter solicitado à referida Comissão o cumprimento do disposto no citado item 6, de modo que, com base na documentação apresentada, houvesse um pronunciamento concreto sobre a qualificação de cada participante, propiciando, assim, a habilitação das entidades que efetivamente atendessem aos requisitos editalícios ou, na hipótese de recusa por parte dos membros daquela Comissão em rever seu ato, procedesse à anulação do mesmo, promovendo, logo em seguida, a abertura de um novo procedimento de pré-qualificação.

213. O fato de a então secretária da SETAS ter se omitido em usar o seu poder-dever discricionário para tal fim, levou-a a acatar a decisão incoerente da Comissão Especial de Licitação, que apesar do não preenchimento dos requisitos mínimos por parte das entidades candidatas, procedeu à habilitação e ao subsequente cadastramento das mesmas no âmbito daquela Secretaria,

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passando, assim, a misturar um procedimento licitatório com o outro, uma vez que a pré-qualificação é uma fase inerente à modalidade Concorrência, enquanto o cadastramento é uma fase pertencente à modalidade tomada de preços.

214. Observa-se, deste modo, que a SETAS iniciou a seleção das instituições valendo-se de procedimento aplicável à modalidade de licitação denominada concorrência, qual seja: pré-qualificação de concorrentes, prevista no art. 114 da Lei nº 8.666/93. Posteriormente, decidiu que a documentação apresentada não resultaria em pré-qualificação, mas que passaria a constituir simples cadastro de interessados, conforme prevê a modalidade denominada Tomada de Preços (art. 22, § 2º, idem). Após, realizou coleta de preços, em que três entidades previamente selecionadas, cadastradas ou não, apresentaram proposta financeira, conforme utilizado na modalidade Convite (art. 22, § 3º, idem), decidindo-se, por fim, pela contratação com dispensa de licitação (art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93).

215. Assim, e, posteriormente, com base em simples indicação formalizada pelo gerente de Trabalho e Renda do SINE, Francisco de Morais, de que a referida entidade preenchia as condições técnicas necessárias e possuía uma metodologia adequada às exigências do Ministério do Trabalho e Emprego, e que apresentara a melhor proposta financeira (fl. 3 do anexo 3 – Contrato nº 2/2000), lastreada pelos pareceres técnicos competentes, a SETAS acabou por contratar o CIEE, para a formalização do contrato em relevo, com base na dispensa de licitação fundamentada no art. 24, inciso XIII, do mesmo estatuto legal.

216. Dessa forma, em que pese a argumentação da defendente de que ‘há incompatibilidade lógica em combinar modalidades de licitação, quando não há sequer procedimento de licitação’, entendemos que restou sobejamente demonstrada a irregularidade em relevo, uma vez que esta teve uma repercussão abrangente, estendendo-se desde o início do procedimento licitatório, desencadeado por meio do Edital de Pré-Qualificação, até o abandono definitivo daquele procedimento, com a contratação direta do CIEE, mediante dispensa de licitação, verificando-se, ainda, além da combinação de diferentes modalidades de licitação, a mistura de um procedimento licitatório com um não licitatório, não se sabendo ao certo onde um começa e o outro termina, motivo pelo qual rejeitamos as alegações de defesa da requerente sobre este ponto.

217. No que concerne à quarta irregularidade imputada (utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras das ações educacionais no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º; 3º; 24, inciso XIII; 26, parágrafo único, caput e incisos II e III; 27, incisos II, III e IV; e 54 da Lei nº 8.666/93), a requerente, inicialmente, informou que não cabia à secretária de Estado definir a modalidade licitatória ou optar pela dispensa do procedimento, pois tais atos estavam contidos dentro do círculo de competência da Comissão Especial de Licitação.

218. Ora, ocorre, por exemplo, que a Comissão Especial de Licitação, instituída pela Portaria nº 3/2000-S, de 11/2/2000 (fls. 106 do anexo 2), tinha por objetivo específico ‘atuar nos processos licitatórios referentes ao Plano de Qualificação Profissional e da Secretaria Nacional de Política de Emprego e Salário do MTE-SINE/ES, conforme exigência do Plano Nacional de Educação Profissional no exercício de 2000 e do Termo Aditivo nº 2/2000 ao Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT/nº 25/99-SETAS/ES’ (grifos nossos), não cabendo à mesma, portanto, atuar em procedimento de contratação direta, como foi o caso do Contrato nº 2/2000, firmado com o CIEE, no âmbito do PEQ de 2000, cujos Avisos de Dispensa de Licitação estavam sob a autorização e assinatura da então secretária de Estado do Trabalho e Ação Social/SETAS, Sra. Maria Helena Ruy Ferreira (fl. 115 do anexo 3).

219. Esclareça-se, primeiramente, que constitui regra geral que a contratação de particulares para realização de serviços públicos seja precedida de licitação, disso não podendo se afastar a Administração, a não ser nos casos que a própria Lei excepciona. Por sua relevância essa matéria é tratada, inclusive, em sede constitucional, nos termos preceituados em seu art. 37, XXI, verbis: (omissis).

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220. O dispositivo constitucional supratranscrito foi regulamentado pela Lei nº 8.666/93 que, em seu art. 2º, estabelece textualmente: ‘as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidos de licitação, ressalvada as hipóteses previstas nesta lei’. As exceções à obrigatoriedade de licitação encontram-se discriminadas, de forma taxativa, nos arts. 17, I e II, e 24 (dispensa de licitação), e no art. 25 (inexigibilidade de licitação), da própria Lei nº 8.666/93.

221. Observamos, contudo, que na gestão dos recursos oriundos do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99 houve uma dispensa generalizada do procedimento licitatório nas contratações realizadas no PEQ de 2000, com flagrante desrespeito ao Princípio da Licitação disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, mencionado anteriormente, bem como à lei que o regulamentou (Lei nº 8.666/93).

222. A SETAS demonstrou desde o início a intenção de contratar as instituições para execução do PEQ de 2000 com dispensa de licitação. Objetivando, pois justificar essas contratações diretas, aquela Secretaria respaldou-se na exceção à obrigatoriedade de licitação prevista no art. 24, XIII, da Lei nº 8.666/93: ‘Art. 24. É dispensável a licitação: (...) XIII – na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos’.

223. Vê-se, pois, que a exceção (dispensa de licitação) foi utilizada como regra e a regra (realização de licitação) tratada como exceção. Assim, em que pese o fato de o art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93 privilegiar, quando das contratações públicas, as instituições brasileiras sem fins lucrativos incumbidas regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, em detrimento de organizações que visam o lucro, esse artigo é inaplicável a contratações em áreas onde operam exclusivamente entidades sem fins lucrativos, caso contrário, fere-se o princípio da inonomia ínsito nos arts. 37, XXI, da Constituição Federal, e 3º, caput , da citada Lei das Licitações.

224. A outra condição básica para que se permita a dispensa de licitação com base no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/93, é que a instituição a ser contratada em seu estatuto social estabeleça como objetivos a pesquisa, o ensino ou o desenvolvimento institucional. O Prof. Carlos Pinto Coelho Motta, em sua obra ‘Eficácia nas Licitações e Contratos’, 8ª edição, ressaltou que o Tribunal de Contas da União tem se posicionado contrariamente à contratação direta (sem licitação), consubstanciada no inciso XIII do art. 24: ‘(...) 8.3. determinar à mencionada Subsecretaria que, doravante, se abstenha de proceder a qualquer contratação sem licitação com base no disposto no inciso XIII do art. 24 da Lei nº 8.666/93, quando o objeto pretendido não for conexo com as atividades de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional precipuamente desenvolvidas pela instituição que se pretenda contratar’. (Decisão 252/1999, DOU de 27/5/1999, p. 114).

225. Tal jurisprudência tem se consolidado no âmbito deste Tribunal mediante as seguintes decisões que se seguiram posteriormente: Decisões 30/2000-Plenário, 516/2000-Plenário, e 1067/2001-Plenário; e Acórdãos 1.370/2004 e 1.373/2004, ambos do Plenário.

226. No caso específico da contratação do Centro Integrado Empresa Escola - CIEE, a defendente destacou a ausência de irregularidade no procedimento de dispensa de licitação do mesmo, tendo em vista o fato de que os objetivos estatutários daquele instituto eram absolutamente compatíveis com o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento institucional, além de serem intimamente pertinentes ao objeto do contrato, atendendo, assim, ao inciso XIII do art. 24 da Lei n° 8.666/93 e às decisões deste Tribunal.

227. Examinando, pois, o art. 3° do Estatuto do CIEE, onde estão inseridos os objetivos do referido instituto, temos o que se segue:

‘O CIEE/ES terá por OBJETIVO GERAL desenvolver ações conjuntas que promovam e sistematizem esforços capazes de, em termos amplos, propiciar a desejável e adequada articulação e integração Educação- Trabalho-Comunidade, objetivando: I. entrosamento entre a Escola e a Empresa, quer

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sejam particulares, quer sejam público-oficiais; II. Concretização de um Esquema de PARCERIA permanente entre os Segmentos EDUCAÇÃO e TRABALHO, em favor do aprimoramento de ambos e dos demais componentes da COMUNIDADE, direta ou indiretamente envolvidos; III. Intercâmbio entre as Instituições de Ensino e de Pesquisa e os Campos de Exercício Profissional e de Aplicação Tecnológica; IV. Convivência interativa entre as CULTURAS: - do trabalho/profissão; - da educação/ensino.’

228. A nosso ver, o estatuto do CIEE não traça como um de seus objetivos principais a realização de ações de educação profissional, mormente no que concerne à execução de cursos de qualificação profissional. Com efeito, o estatuto da entidade deixa claro que sua atuação centra-se na busca da integração empresa-escola, sendo reconhecida sua intermediação na colocação de estagiários em empresas, não havendo referência expressa nas cláusulas estatutárias à execução de cursos de formação profissional, muito embora se faça menção genérica e ampla a ações de caráter educativo.

229. Embora a contratação direta do CIEE, mediante a dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, estivesse totalmente desvinculada do Edital de Pré-Qualificação, que exigia que a instituição tivesse sua atividade voltada para o ensino profissionalizante, conforme asseverou a própria requerente, era óbvio que, para a plena execução dos contratos firmados com aquela entidade, seria necessário que a SETAS tivesse se acercado dos cuidados necessários mínimos com vistas a comprovar a capacidade da mesma no desempenho daquela função específica, visto que os recursos do Convênio nº 25/99, eram destinados exclusivamente à execução de atividades inerentes à qualificação profissional, no âmbito do Planfor, visando construir, gradativamente, oferta de educação profissional (EP) permanente, com foco na demanda do mercado de trabalho, conforme se infere da Cláusula Primeira – Do Objeto, de seu respectivo termo.

230. Nesse sentido, tanto mais se reveste de ilegalidade a contratação da entidade executora em relevo com dispensa de licitação quando se constata que não foi satisfeito o requisito essencial estabelecido no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, qual seja, o de que a instituição a ser contratada detivesse inquestionável reputação ético-profissional, que haveria de ser demonstrada no caso do PEQ de 2000, pela apresentação de atestados de capacidade técnico-pedagógica fornecidos por instituições de direito público ou privado, reconhecidamente idôneas, comprovando a sua atuação em projetos na área de educação profissional, segundo exigências contidas no respectivo edital. O que, na prática, não se verificou, uma vez que o CIEE apresentou um único atestado de capacidade técnico-profissional (fl. 74 do anexo 3), que se limitou a informar a execução de fóruns de discussão sobre o mercado de trabalho e empregabilidade, cuja carga horária total somava apenas dez horas, sendo que tais temas não guardavam pertinência direta com a educação profissional.

231. Percebe-se, assim, que enquanto o Edital de Pré-Qualificação de 2000 se preveniu sobre esse aspecto, a contratação direta por meio de dispensa de licitação, levada a cabo pela SETAS em substituição ao procedimento licitatório previamente iniciado, simplesmente ignorou a exigência de provas que satisfizessem o cumprimento da segunda parte do já citado dispositivo legal (art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93), o que acabou por resultar, em relação ao contrato em referência, em um débito na ordem de R$ 41.328,70 (quarenta e um mil, trezentos e vinte e oito reais e setenta centavos), decorrente das ações de educação profissional não realizadas.

232. Saliente-se, ainda, que a escolha da instituição em comento mediante a coleta de preços de apenas duas outras entidades (SEST/SENAT e o Instituto Empresarial para Desenvolvimento Profissional - IDEAL), no caso do Contrato n° 2/00, obstou a livre concorrência e violou os princípios da isonomia, da impessoalidade e da publicidade, que regem a contratação de particulares pela Administração Pública. De fato, a SETAS habilitou no Procedimento de Pré-Qualificação de 2000, diversas entidades públicas e privadas que atuavam na área da pesquisa e do ensino, dentre as quais o CIEE, atribuindo-lhes, igualmente, inquestionável reputação ético-profissional. Deste modo, ficou evidenciada a viabilidade de competição entre várias, e não apenas entre as três instituições concorrentes, fato este que, por si só, tornava imperativa a realização de um procedimento licitatório.

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233. Ressalte-se, ainda, que não constaram dos autos os termos da proposta formulada pelo SINE às instituições que participaram da ‘cotação de preços’ para a execução do projeto ‘Serviço Social Voluntário’ (fis. 22/50 do anexo 3). Por outro lado, as propostas financeiras daquelas instituições consignaram apenas o valor total, sem discriminação do preço por etapa de execução ou custo previsto, valendo notar, ainda, que a proposta apresentada pelo CIEE estava datada do dia seguinte às das demais. Tais fatos evidenciam que a pesquisa de preços, e, por conseguinte, a seleção da proposta vencedora, foi realizada sem maiores formalidades, situação que abre a possibilidade se contratar instituição adredemente escolhida.

234. Desta forma, entendendo insuficientes os argumentos produzidos pela defendente, somos pela rejeição das suas respectivas alegações de defesa.

235. Tratando-se, agora, da quinta irregularidade (homologação das dispensas de licitação para a subscrição dos contratos relativos ao PEQ de 2000), a defendente na qualidade de secretária de Estado confirmou a homologação das dispensas para a contratação do CIEE, no entanto considerou que, se foi responsável pelos atos de dispensa de licitação, não o poderia ser pela homologação desses mesmos atos, entendendo, ainda, que a dispensa da licitação era de competência exclusiva da Comissão de Licitação.

236. Ocorre que as dispensas de licitação não foram atos administrativos exclusivos da Comissão de Licitação. Na verdade, os trabalhos da Comissão Especial de Licitação, relativas ao PEQ de 2000, encerraram-se com a publicação do resultado daqueles certames no Diário Oficial do Estado, ocasião em que se divulgaram quais as entidades consideradas habilitadas para fins de cadastro naquela SETAS.

237. De acordo com o itinerário processual traçado pela própria defendente, o SINE teria encaminhado à SETAS o nome do CIEE para a contratação pretendida, recomendando a dispensa de licitação; na SETAS o expediente teria sido analisado por um setor técnico-jurídico que avaliou a sua legalidade e, aprovando-o, encaminhou seu parecer à PGE. A Procuradoria Geral do Estado, por sua vez, aprovando tal parecer, teria encaminhado o referido processo à Corregedoria da Secretaria da Administração para verificação de orçamento e conformidade de custos do contrato com os preços praticados no mercado. Destacou, por fim, a então secretária de Estado que, embasada nos pareceres técnico-jurídicos, teria homologado a dispensa de licitação, não lhe restando outra opção, haja vista a aprovação dos órgãos técnicos consultivos, quanto à legalidade da mesma.

238. Com relação aos pareceres exarados pela assessoria Jurídica da SETAS e pela Procuradoria Geral do Estado já restou demonstrado em pontos anteriores que tais pronunciamentos jurídicos não apreciaram a matéria com a profundidade exigida na espécie, deixando, não raras vezes, de observar se as instituições atendiam de fato aos requisitos estabelecidos no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93.

239. Assim sendo, não vislumbramos a propalada incompatibilidade arguida pela defendente entre esta e a irregularidade anterior (utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições...), apenas a complementaridade entre as mesmas, pois, no caso de entendimento divergente, ou constatação de falhas, omissões e/ou lacunas no processamento da dispensa, caberia a então Secretária da SETAS, na qualidade de titular daquela pasta e gestora/supervisora do Planfor no Estado do Espírito Santo, deixar de homologar e/ou ratificar aquela dispensa de licitação, devolvendo o competente processo para as instâncias inferiores, com vistas às retificações que se fizessem necessárias, principalmente se considerarmos que previamente àquela dispensa havia sido deflagrado sob o seu comando um procedimento licitatório, visando à seleção de instituições capazes de atender a demanda por ações de qualificação profissional do Plano Estadual de Qualificação do Estado do Espírito Santo – PEQ/ES. Rejeitamos, deste modo, as alegações da defendente quanto a esse ponto.

240. No que diz respeito à sexta irregularidade (contratação de entidades que não comprovaram possuir capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais, com inobservância dos arts. 27, inciso II e 30 da Lei nº 8.666/93), a defendente cristalizou a sua defesa em

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dois pontos: - a de que a capacitação técnico-profissional do CIEE era notória e incontestável, tendo sido esse o motivo para que o gerente de Trabalho e Renda do SINE-ES, entidade vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, se dirigisse à Secretaria de Trabalho e Ação Social, encaminhando a relação das atividades a serem desenvolvidas no Plano de Qualificação, e recomendando a contratação daquela entidade; e - o de que o fundamento legal da irregularidade em referência (violação aos arts. 27, inciso II e 30 da Lei nº 8.666/93) não se configuraria no presente caso, uma vez que os mencionados dispositivos referem-se aos requisitos de habilitação em processo licitatório, sendo que o que ocorreu, na verdade, foi uma dispensa de licitação em que os requisitos para justificar a exceção à norma geral de licitar são aqueles especificados em cada um dos incisos do art. 24.

241. À primeira vista tem razão a requerente quando se refere à imprecisão do fundamento legal utilizado na irregularidade que lhe foi imputada, pois os dispositivos considerados violados (arts. 27, inciso II e 30 da Lei nº 8.666/93) referem-se à qualificação técnica exigida dos candidatos por ocasião de um certame licitatório, o que não teria ocorrido no presente caso, visto que o CIEE foi contratado mediante dispensa de licitação.

242. Com efeito, quando da imputação e fundamentação dessa irregularidade ainda não se tinha atentado para ausência de vinculação entre o procedimento de Pré-Qualificação, que deflagrou o início de um procedimento licitatório e a contratação direta que se verificou posteriormente, independentemente do resultado da habilitação obtida naquele certame, entendendo-se o referido processo como um todo indivisível para fins de vinculação com o dano causado ao erário. Ao longo da apreciação das alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis, é que ficou evidente que somente o ato de contratação, mediante dispensa de licitação, manteve um nexo causal com o dano apurado para cada contrato executado de forma deficitária.

243. Entretanto, mesmo com o fundamento legal inadequado, a irregularidade permanece, pois a capacidade técnico-profissional para executar as ações educacionais previstas, de cunho eminentemente profissionalizante, poderia ter sido comprovada mediante a observância da segunda parte do art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/93, qual seja, a de que a contratada detivesse inquestionável reputação ético-profissional, o que não ocorreu.

244. Vale ressaltar que no Edital de Pré-Qualificação do PEQ de 2000 tal reputação haveria de ser demonstrada mediante a apresentação de atestados de capacidade técnico-pedagógica fornecidos por instituições de direito público ou privado, reconhecidamente idôneas, comprovando a atuação em projetos na área de educação profissional, segundo exigências contidas nos respectivos editais.

245. No caso específico do CIEE, verificamos que o único atestado de capacitação técnica por ela fornecido foi emitido pelo Rotaract Club de Vitória (fl. 74 do anexo 3), conforme já comentado anteriormente, quando da análise da 1ª e 4ª questões, não refletia a comprovação de aptidão para o desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto do contrato, além da indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização desse mesmo objeto, muito menos a qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizaria pelos trabalhos, nos termos do art. 30, inciso II, da Lei n° 8.666/93.

246. Dessa forma, ante à falta de comprovação de experiência daquela instituição em projetos de educação profissional (médio ou superior), compatível com a magnitude do objeto a ser desenvolvido no âmbito do Contrato nº 2/00, bem como da indicação da estrutura física disponível para a execução dos serviços no Estado do Espírito Santo, entendemos que não havia como a sua reputação profissional ser considerada inquestionável do ponto de vista ético-profissional, para fins da dispensa prevista no inciso XIII, do art. 24, da Lei nº 8.666/93.

247. Vemos, assim, que a escolha da entidade em referência baseou-se em simples indicação do gerente do SINE-ES, sem que essa indicação tivesse se acercado dos cuidados necessários previstos em lei, com vistas à correta caracterização da situação que justificasse a

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dispensa (art. 24, inciso XIII c/c o parágrafo único do art. 26, ambos da Lei 8.666/93), no caso, a comprovação da inquestionável reputação ético-profissional da entidade, na execução de atividades similares as que seriam desenvolvidas no âmbito do Plano de Qualificação, referente ao exercício de 2000.

248. Consideramos, ainda, despicienda a afirmação da defendente de que o ofício do erente do SINE-ES demonstrava haver conveniência suficiente para a Administração embasar uma justificativa de inexigibilidade de licitação, pela impossibilidade de se estabelecer competição, com base no caput do art. 25 da Lei n° 8.666/93, cujo rol de hipóteses é meramente exemplificativo. Ora, é claro que havia sim possibilidade de competição entre o CIEE e qualquer outra entidade sem fins lucrativos que apresentasse os requisitos exigidos por lei, tanto é assim que, objetivando justificar a adequabilidade do preço oferecido pela referida entidade, foi juntada planilha com proposta de preços do SEST/SENAT e do Instituto Empresarial para Desenvolvimento Profissional e Social –IDEAL (fls. 22/23 do anexo 3).

249. Propomos, assim, a rejeição das alegações de defesa da requerente para a presente irregularidade.

250. Discorreremos, agora, sobre a sétima irregularidade imputada à defendente, qual seja a ‘Liberação antecipada de parcelas, em regime de adiantamento, aos executores das ações de educação profissional, sem exigir a prestação de garantia e o efetivo início da realização dos serviços, com infringência ao art. 38 do Decreto nº 93.872, de 23/12/1986 e dos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320/64’.

251. A defendente assinalou, inicialmente, que o contrato foi rigorosamente cumprido, de modo que não haveria liberação antecipada de parcelas neste caso.

252. Entretanto, essa antecipação já estava prevista no Contrato nº 2/2000, firmado com o CIEE, tornando-se, inclusive, uma prática comum adotada para os demais contratos celebrados no âmbito do PEQ de 2000, conforme se depreende da transcrição da Cláusula Quinta – Da Forma de Pagamento, prevista naquele contrato: (omissis).

253. De fato, o art. 38 do Decreto n° 93.872/86 prevê o seguinte: ‘Não será permitido o pagamento antecipado de fornecimento de materiais, execução de obra, ou prestação de serviço, inclusive de utilidade pública, admitindo-se, todavia, mediante as indispensáveis cautelas ou garantias, o pagamento de parcela contratual na vigência do respectivo contrato, convênio, acordo ou ajuste, segundo a forma de pagamento nele estabelecida, prevista no edital de licitação ou nos instrumentos formais de adjudicação direta'.

254. Vê-se, assim, que, as parcelas do Contrato n° 2/00 somente poderiam ser liberadas antecipadamente mediante a prestação das indispensáveis cautelas e garantias, em conformidade, portanto, com a exceção contida na segunda parte do art. 38 do Decreto nº 93.872/86, reproduzido anteriormente. Com efeito, a alínea ‘a’ da mencionada Cláusula Quinta do contrato em relevo, que tratou da liberação da primeira parcela, correspondente a 20% do total contratado, não trouxe nenhuma garantia em face de sua antecipação, muito menos exigiu a comprovação de que os recursos liberados foram efetivamente gastos com material didático, mecanismos de divulgação dos cursos e seleção dos treinandos, vales transporte e alimentação, tal qual afiançou a requerente. Do mesmo modo, não se exigiu na alínea ‘d’ daquela cláusula, correspondentes à liberação da quarta e última parcela, a comprovação de que houve o cumprimento da qualificação de 100% dos treinandos e/ou da carga horária dos cursos, respectivamente.

255. Presume-se, assim, que os instrumentos previstos a nível contratual, com vistas à demonstração da execução dos serviços foram incipientes, uma vez que, no caso da alínea ‘a’, para a liberação da primeira parcela deveriam ter sido exigidos comprovantes fiscais de que os recursos liberados foram efetivamente gastos com as despesas preliminares necessárias à implantação dos cursos e não, simplesmente, a apresentação do detalhamento do projeto e outros planos e roteiros que já deveriam ter feito parte integrante do projeto básico daquele programa. Assim como, no caso da liberação da última parcela, não foram requeridas a apresentação dos diários de classe e/ou das

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folhas de frequência remanescentes que atestassem a realização dos cursos no percentual exigido contratualmente, solicitando-se, apenas, a entrega do Relatório Final do Programa Serviço Civil, sumário executivo, apresentação/discussão em seminário/fórum, estadual ou nacional/regional, caracterizando-se, assim, a liberação antecipada daquelas parcelas contratuais.

256. Constata-se, ainda, no caso específico da primeira parcela, que a liberação quase que imediata de parte expressiva do preço contratado, sem prévia prestação de garantia por parte do CIEE e sem exigir sequer o início da execução dos serviços, apenas a apresentação de documentos relativos ao detalhamento do projeto contratado, em frontal contrariedade ao estabelecido no art. 62 da Lei n° 4.320/64, além de evidenciar falta de zelo na destinação das verbas públicas, e submeter o erário a risco desnecessário, deixou entrever a ausência de capacidade econômico-financeira da instituição contratada para sequer iniciar a execução dos cursos por conta própria, sendo necessário antecipar-lhe parte do preço contratual a fim de viabilizar a realização do projeto.

257. Ademais, a própria Comissão de Tomada de Contas Especial do Ministério do Trabalho constatou, em seu Relatório (fls. 1326/1327 do anexo 3), que a SETAS procedeu à liberação antecipada das quatro parcelas relativas ao pagamento do Contrato nº 2/00, sem que tenha havido o cumprimento das exigências previstas contratualmente por parte da CONTRATADA, de acordo com o trecho transcrito abaixo: (omissis).

258. Intentou a justificante afastar a sua responsabilidade solidária em relação à liberação antecipada dessas parcelas, alegando que todos os pagamentos haviam sido ordenados pela Sra. Elaine Barreto Vivas. E realmente assim o foi, pelo menos no tocante ao PEQ de 1999, visto que com relação aos pagamentos ordenados no âmbito do PEQ de 2000, a competência pela ordenação de despesas cabia a Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli.

259. Tal alegação, entretanto, não tem o condão de afastar a responsabilidade solidária da então secretária da SETAS, com base na presunção de que os pagamentos indevidamente efetuados, ainda que não tenham sido por ela diretamente autorizados, deveriam ser do seu conhecimento. Em primeiro lugar, porque a relevância do PEQ/ES induzia a um acompanhamento especial. Em segundo, porque, na condição de dirigente máxima do órgão, a citada tinha a obrigação de acompanhar, controlar e fiscalizar a execução dos atos de seus subordinados, motivo porque o titular de um órgão deve escolher seus auxiliares diretos com esmero, sob pena de responder por culpa in vigilando e in eligendo, consoante dispunha o art. 1.521, inciso III, do Código Civil então vigente, atualmente art. 933 do Novo Código Civil.

260. A propósito, Hely Lopes Meirelles ensina que a fiscalização hierárquica (Direito Administrativo Brasileiro. 25ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 619): ‘É um poder-dever de chefia e, como tal, o chefe que não a exerce comete inexação funcional. Para o pleno desempenho da fiscalização hierárquica, o superior deve velar pelo cumprimento da lei e das normas internas, acompanhar a execução das atribuições de todo subalterno, verificar os atos e o recebimento do trabalho dos agentes e avaliar os resultados, para adotar ou propor as medidas convenientes ao aprimoramento do serviço, no âmbito de cada órgão e nos limites de competência de cada chefia.’ (grifos nossos).

261. Sobreleva notar que ao gestor público não é dado o direito de se omitir, pois ele detém o poder-dever de agir. A propósito, vale citar novamente Hely Lopes Meirelles (op. cit., pp. 80, 81, 97 e 98): (omissis).

262. Em consonância com as lições doutrinárias acima citadas, esta Corte tem entendido que compete ao administrador público controlar de forma efetiva as atividades de seus subordinados. Para tanto, citamos os seguintes trechos da Decisão 158/2001-Plenário (TC 275.079/1997-0), (omissis).

263. Assim sendo, não merece acolhida a tentativa de transferir responsabilidade da então titular da SETAS/ES para seus subordinados, mais especificamente para a Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli, então ordenadora de despesa do PEQ de 2000.

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264. Em face de análise efetuada até o momento, entendemos ter ficado caracterizado o descumprimento dos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei 4.320/64, reproduzidos a seguir: (omissis).

265. Isto porque, conforme ficou evidenciado anteriormente, verificou-se a liberação antecipada da primeira parcela do Contrato nº 2/2000, sem a apresentação de documentos que comprovassem a utilização daqueles recursos com gastos preliminares destinados à consecução do objeto contratual. Já no tocante às demais parcelas, a liberação antecipada configurou-se pela não comprovação por parte da entidade contratada da efetiva prestação dos serviços pactuados, consubstanciados em ações de qualificação profissional não executadas e/ou executadas parcialmente, em razão de carga horária e/ou número de treinandos inferior ao do projeto contratado, além do não pagamento de parcelas de bolsa-auxílio aos treinandos. Nesse sentido, somos pela rejeição das alegações da responsável ora citada.

266. A oitava [atestação da execução dos serviços sem o implemento das condições estabelecidas no contrato, ou seja, a apresentação pelas entidades dos documentos comprobatórios da regularidade fiscal, previdenciária (INSS) e fundiária (FGTS) e da efetiva realização das ações de educação profissional, com afronta aos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei 4.320/64; e à cláusula contratual], e a nona irregularidades [Autorização ou ordenação do pagamento de parcelas sem o integral cumprimento das exigências legais e contratuais estabelecidas para comprovação da regularidade fiscal, previdenciária (INSS) e fundiária (FGTS), e da efetiva execução das ações de educação profissional contratadas, com violação aos arts. 73, inciso I, da Lei nº 8.666/93; 62 e 63, § 2º, inciso III da Lei 4.320/64 e à cláusula contratual], e considerando-se a complementaridade entre as mesmas, pois se referem a fases distintas da ordenação de despesa, entendemos que podem ser unificadas, para efeito de apreciação das alegações de defesa, conforme proposto pela própria defendente, a seguir:

‘Irregularidade na atestação da execução dos serviços e na posterior autorização do pagamento, em que supostamente:

a) não foram cumpridas as exigências para a comprovação da regularidade fiscal, previdenciária e fundiária;

b) não foram cumpridas as exigências para a comprovação da efetiva execução das ações de educação profissional.’

267. No tocante à comprovação da efetiva execução do serviço, no caso do Centro de Integração Empresa Escola - CIEE, informou a defendente que não há qualquer embasamento ou procedência na alegação da Comissão de Tomada de Contas, como demonstram os Relatórios Mensais do Programa Serviço Civil Voluntário, às folhas 126 a 132 (relativo à primeira parcela), fls. 162 a 169 (relativo à 2ª parcela), 287 a 292 (relativo à terceira parcela), contendo a discriminação dos cursos, número de treinandos, carga horária, datas de início e término e endereço do local de treinamento, além das listas de chamada assinadas pelos alunos, como se vê às fls. 185 a 269 do vol. 14 dos autos do processo TC 007.409/2003-4, cópias de fotografias às fls. 149, 150 e 270 (Abertura Oficial do Programa Serviço Civil Voluntário), que provam a realização das atividades do mencionado programa, e às fls. 160, e 161, do mesmo volume e autos, cópia do jornal interativo do CIEE, veiculado em julho de 2000, com a seguinte manchete: ‘Serviço Civil Voluntário Oferece Novas Oportunidades para Jovens Carentes’, não havendo, portanto, a seu ver, qualquer irregularidade que poderia ser atribuída, tanto ao ato de atestação, quanto ao de autorização do pagamento.

268. Vale lembrar que o citado TC 007.409/2003-4, que se referia a Tomada de Contas Especial instaurada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, englobando todos os contratos firmados com a SETAS/ES, no âmbito dos PEQs relativos aos exercícios de 1999/2000, foi desmembrado em treze novos processos distintos, separados por entidade executora, dentre os quais se encontra o presente processo (TC 021.105/2007-1), cuja executora é o Centro de Integração Empresa Escola - CIEE. Dessa forma, toda a documentação referente à execução do Contrato n° 2/2000, firmado com aquele Centro, foi transferida para esse novo processo apartado, encontrando-se acostada no anexo 3, vols. de 1 a 3, do presente processo.

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269. Com efeito, compulsando toda a documentação concernente à execução do Contrato n° 2/2000, localizada no mencionado Anexo, verificamos a existência de notas fiscais e recibos atestando o pagamento à contratada das parcelas de pagamento efetuadas à mesma, além de várias listas de presenças/frequências por cursos executados. Entretanto, conforme, apurou a Comissão de Tomada de Contas Especial em seu respectivo Relatório (fls. 1317/1357 do anexo 3, vol. 3), as listas de presença ali anexadas não comprovaram a realização da totalidade dos cursos pactuados, apenas de parte deles, uma vez que se constatou a existência de ações contratadas e não executadas (fis. 1328), bem como de ações contratadas e parcialmente executadas, em razão de carga horária e/ou número de alunos inferior ao previsto (fis. 1328/1329), além do não pagamento de parcelas de Bolsa-Auxílio aos treinandos (fis. 1329/1330), o que resultou em um débito no montante de R$ 66.413,40 (fls. 14 do vol. principal), equivalente a 36% do valor total do contrato (R$ 180.000,00).

270. Quanto à regularidade fiscal, previdenciária e fundiária, alegou a defendente que nos atos de pagamento constantes destes autos as mesmas se encontravam devidamente comprovadas, não procedendo a irregularidade levantada pela Comissão de Tomada de Contas. Assim sendo, a nota fiscal n° 119, de 19/7/2000, referente à primeira parcela, teria sido instruída com as seguintes certidões: a) INSS - n° 053492000-07601001, de 9/6/2000, válida por 60 dias - fis. 77; b) FGTS - CRF n° 00648555-6, de 10/2/2000, válido até 8/8/2000 - fls. 78; c) Certidão Negativa da Dívida Ativa da União (B49B.EOFC.B57B.26F3), datada de 19/7/2000 - fis. 124. Já a nota fiscal n° 128, de 2/8/2000, referente à segunda parcela, teria sido instruída, por sua vez, com as certidões a seguir: a) INSS - CND n° 053492000-07601001, de 9/6/2000, com validade por 60 dias - fls. 157; b) FGTS - CRF n° 00648555-6, de 10/2/2000, válida até 8/8/2000 - fis. 158; e c) Certidão de Quitação de Tributos e Contribuições Federais Administrados pela SRF - fls. 209.

271. Ora, no tocante ao pagamento da 1ª parcela (Nota Fiscal n° 119, emitida em 19/7/2000), paga em 21/7/2000, não foram apresentadas as Certidões Negativas de Tributos Estadual e Municipal. Já com respeito ao pagamento da 2ª parcela (Nota Fiscal n° 128, emitida em 2/8/2000), paga em 4/8/2000, além das Certidões Negativas de Tributos Estadual e Municipal, não foi encontrada a Certidão de Quitação de Tributos e Contribuições Federais Administrados pela SRF, citada pela requerente como constante às fls. 209. Quanto à 3ª parcela (Nota Fiscal n° 146, de 22/9/2000 - fls. 277 a 285 do anexo 3), paga em 5/10/2000, também não foi encontrada a Certidão Negativa de Tributos Estaduais. E, finalmente, com relação à 4ª parcela (Nota Fiscal n° 172, de 8/12/2000 - fls. 531 a 539 do anexo 3, vol. 1), paga em 14/12/2000, foram apresentadas todas as certidões negativas requeridas.

272. Em que pese a apresentação de certidões negativas atestando a regularidade fiscal, previdenciária e fundiária, em relação ao Contrato n° 2/2000 firmado pelo CIEE, destaque-se que todas as parcelas foram liberadas sem a observância do disposto na Cláusula Quinta, § 6°, do referido instrumento (Parágrafo Sexto — No ato da apresentação da Nota Fiscal/Fatura, a contratada deverá anexar os comprovantes de quitação dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais, comerciais e todos os demais que a legislação pertinente exige, em especial a Lei Estadual n° 5.383, de 17/3/97, publicada no DOE de 18/3/97), que exigia da contratada a exibição das guias de recolhimento de INSS, FGTS e ISS atinentes aos instrutores e demais trabalhadores que participaram da execução das ações contratadas.

273. Dessa forma, sem a apresentação das guias de recolhimento atinentes aos trabalhadores que efetivamente atuaram naqueles contratos, muitos deles contratados temporariamente para a execução dos mesmos, a contratada pode ter se valido de certidões negativas que apenas atestaram a inexistência de dívidas para com aqueles órgãos credores com relação aos seus próprios empregados fixos, mantendo, portanto, os verdadeiros trabalhadores em situação informal. Nesse sentido, entendemos que não foram cumpridas pela entidade em relevo as obrigações constantes dos contratos em referência, com relação à apresentação da comprovação da regularidade fiscal, previdenciária e fundiária.

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274. Nesses termos, tendo em vista que os argumentos apresentados pela defendente não lograram afastar a oitava e nona irregularidades, constatando-se, portanto, a violação aos arts. 62 e 63, § 2°, inciso III, da Lei 4.320/64; e à cláusula contratual — Cláusula Quinta — Da Forma de Pagamento — Parágrafo Sexto: No ato da apresentação da Nota Fiscal/Fatura, a contratada deverá anexar os comprovantes de quitação dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais, comerciais e todos os demais que a legislação pertinente exige, em especial, a Lei Estadual n° 5.383, de 17/3/97, publicada no DOE de 18/3/97), propomos a rejeição das alegações de defesa relativas às mesmas.

275. No que se refere à décima irregularidade (inexecução do Convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99 – SETAS - Cláusula 3ª, item 3.2.1, em decorrência da não realização ou realização apenas parcial, pelas entidades executoras, das ações de educação profissional contratadas) – Contrato nº 2/2000, a defendente arguiu haver impropriedade técnica de graves consequências ao princípio da ampla defesa, pois em relação ao contrato do CIEE em análise, a proposição da suposta irregularidade se revelaria dúbia, uma vez que não estabeleceria se o convênio não foi executado, ou se o foi apenas parcialmente.

276. Ora, o que se infere da dicção da irregularidade em relevo é que a inexecução do citado convênio decorreu justamente da não realização ou realização parcial, pelas entidades executoras, das ações de educação profissional contratadas. Tal enunciado foi assim formulado, de modo a contemplar todas as hipóteses inerentes aos diversos contratos celebrados no âmbito do Programa Estadual de Qualificação Profissional, relativo ao exercício de 2000, pela SETAS/ES. Tanto é assim que, no presente caso, a Comissão de Tomada de Contas Especial apurou, para o contrato firmado com o CIEE (2/2000), débitos resultantes de cursos contratados e não realizados, bem como de cursos contratados e parcialmente realizados, seja pelo número de alunos e/ou da carga horária inferior à prevista contratualmente, além do não pagamento das bolsas-auxílio aos treinandos.

277. Em que pese a farta documentação constante dos presentes autos, mais especificamente no anexo 3, vols. 1 a 3 deste processo, que resultaram da transformação dos volumes 14, 41, 61 e 77 do TC 007.409/2003-4, consubstanciada, basicamente, por meio de diários de classe e frequências que comprovaram a execução de diversos cursos no âmbito do referido contrato, verificamos, com base no Relatório de Tomada de Contas Especial (fls. 1317/1357 do Anexo 3, Vol. 3 – antigo vol. 77), que apenas uma ação de educação profissional contratada não foi executada, posto que inexistissem nos autos documentos que comprovassem a sua realização, o que gerou um montante de dano na ordem de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais), além da constatação por parte da CTCE de ações de qualificação profissional executadas parcialmente, mediante a realização de cursos com carga inferior ao previsto no projeto e/ou com número de treinandos inferior ao contratado, na importância de R$ 41.873,40 (quarenta e um mil, oitocentos e setenta e três reais e quarenta centavos), além do valor de bolsa-auxílio não repassado aos treinandos, que resultou no montante de R$ 20.940,00 (vinte mil, novecentos e quarenta reais), o que resultou no montante de R$ 66.413,40 (sessenta e seis mil, quatrocentos e treze reais e quarenta centavos).

278. Vale esclarecer que o presente ponto já foi objeto de análise quando da apreciação das alegações de defesa oferecidas pela entidade contratante, o CIEE (fls. 1329/1337 do Vol. 6), oportunidade em que, conforme já dissemos em ponto anterior, houve a reformulação do débito inicialmente apurado pela Comissão de Tomada de Contas Especial para o contrato em referência, em relação às ações não executadas e/ou parcialmente executadas e ao valor da bolsa-auxílio não repassada. Assim, no tocante ao Contrato n° 2/2000, foi reduzido de R$ 66.413,40 (fls. 13/14 do vol. principal), para o valor remanescente de apenas R$ 41.328,70 (quarenta e um mil, trezentos e vinte e oito reais e setenta centavos).

279. Considerando, pois, que os argumentos adicionais apresentados pela ora defendente não foram capazes de elidir o débito remanescente de R$ 41.328,70 (quarenta e um mil, trezentos e vinte e oito reais e setenta centavos), relativo ao Contrato n° 2/2000, firmado com o CIEE, resultante

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das ações não executadas e/ou parcialmente executadas, propomos a rejeição de suas respectivas alegações de defesa.

280. No que se refere à décima-primeira irregularidade (ausência de comprovação, por meio de documentos contábeis idôneos, de que os recursos liberados foram integralmente aplicados na execução das ações de educação profissional, tendo em vista que a contratação das instituições com dispensa de licitação somente ocorreu em face de sua finalidade não lucrativa e por se concluir que seus objetivos sociais guardavam identidade com os objetivos do Planfor – art. 145 do Decreto 93.872/86, art. 93 do Decreto-Lei n° 200/67 e art. 70, caput, da CF/88), em que pese a requerente ter apresentado argumentos em sua defesa, cumpre esclarecer que tal irregularidade não foi imputada à mesma, visto que o montante das despesas comprovadas pelo CIEE superou o valor que lhe cabia demonstrar ainda na fase da elaboração do Relatório de Tomada de Contas Especial instaurada pela Comissão de TCE do Ministério do Trabalho e Emprego (fls. 1317/1357 do anexo 3, vol. 3)

281 No que tange à décima segunda (omissão em designar representante da administração para acompanhar, fiscalizar e avaliar a execução do contrato, deixando de dar cumprimento ao estabelecido no art. 67 da Lei n° 8.666/93 e na cláusula 3ª, item 3.2.2, do convênio MTE/SEFOR/CODEFAT n° 25/99 — SETAS/ES e cláusulas contratuais) e à décima terceira irregularidades (omissão em designar servidor ou comissão para concretizar e formalizar o recebimento definitivo do objeto do contrato, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, depois de verificada a adequação das ações de educação profissional executadas aos termos contratuais, deixando de dar cumprimento ao art. 73, inciso I, alínea ‘b’, da Lei 8.666/93), entendeu a requerente que esta Secretaria tem como irregular o fato de a SETAS não ter designado representante para acompanhar a execução do Contrato n° 2/2000, bem assim para formalizar, ao seu término, o recebimento dos serviços decorrentes do mesmo.

282. Segundo a defendente, a adequação destas irregularidades ao contrato celebrado com o CIEE esvaziaria seu conteúdo, dada as características daquele contrato, ou seja, de seu objeto propriamente dito, o qual consistia na realização de treinamentos destinados a jovens em situação de risco social, a fim de inseri-los no mercado de trabalho, com o encaminhamento, após a realização do curso, às empresas conveniadas com o CIEE, o que, conforme foi exaustivamente dito em itens anteriores seria o objeto institucional do CIEE.

283. Vê-se, pois, que a requerente buscou apoiar-se na especificidade do objeto do contrato de prestação de serviços firmado com a entidade executora, no caso, o CIEE, para se eximir das irregularidades que lhe foram imputadas nestes pontos, que consistiram basicamente na falta de designação de um agente ou comissão administrativa para acompanhar/fiscalizar mais de perto a execução do contrato, bem como proceder ao recebimento definitivo dos serviços concluídos.

284. Se a SETAS, encabeçada pela sua então titular, Maria Helena Ruy Ferreira, houvesse providenciado recursos materiais e humanos suficientes para o gerenciamento do Planfor no Estado do Espírito Santo, dada a relevância do mesmo, no sentido de ter organizado uma equipe de servidores capazes de proceder à supervisão, ao acompanhamento, e à fiscalização da execução destes e dos demais contratos celebrados no âmbito do PEQ de 2000, bem como à recepção do produto final, não se teria verificado a ocorrência das irregularidades elencadas nesta instrução.

285. Se acompanhamento e controle houve, desenvolveu-se de forma precária e perfunctória, deixando de produzir resultados, haja vista o débito apurado no âmbito do Contrato n° 2/2000.

286. Quanto à alegação da impetrante de que ‘o recebimento do serviço foi realizado pela equipe da SETAS e pelo SINE, envolvidos na execução do PEQ, de tal modo que não há que se falar em designar servidor para o recebimento’, esta não merece prosperar, visto que, como medida típica de controle, este recebimento teria que ser feito por um servidor ou uma comissão técnica constituída exclusivamente para o desempenho de tal encargo, composta por servidores distintos daqueles envolvidos na fase da execução contratual.

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287. Infundada, também, a alegação da responsável de que seria incorreta a aplicação do art. 73, I, ‘b’, uma vez que a exigência ali contida se destinaria exclusivamente ao recebimento de obras e serviços de engenharia, como se presumiria da dicção do próprio artigo quanto a termo circunstanciado, vistoria, etc., que, segundo ela, seriam de todo inaplicáveis a trabalhos intelectuais, como seria o caso presente. Isto porque, conforme se infere da leitura daquele dispositivo, o mesmo não desce a qualquer nível de detalhamento sobre qual o tipo de obras e serviços seriam recebidos, referindo-se genericamente a ‘obras e serviços’, de modo que os serviços a serem prestados pelo CIEE estariam perfeitamente enquadrados naquele artigo, com as adaptações que se fizessem necessárias no procedimento descrito na alínea ‘b’, destinado a verificar a adequação do objeto concluído aos termos contratuais.

288. Neste sentido, considerando-se que a não observância dos dispositivos legais violados resultou diretamente no débito apurado, somos pela rejeição das alegações de defesa inerentes a estes dois últimos pontos.

289. Face ao exposto, tendo em vista a análise procedida nos argumentos de defesa da Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, então secretária da Secretaria de Estado do Trabalho e da Ação Social, e considerando-se que somente alguns deles foram acolhidos, enquanto o restante foi peremptoriamente rechaçado, propomos, quando da retificação da proposta de encaminhamento de mérito contida às fls. 1392/1394 destes autos, a rejeição parcial das alegações de defesa da responsável em relevo, sem prejuízo do julgamento pela irregularidade de suas contas (arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea ‘b’ e ‘c’, da Lei nº 8.443/92), e de sua condenação solidária com os demais responsáveis arrolados neste processo ao pagamento dos débitos ali discriminados (arts. 16, § 2º; 19, caput, e 23, inciso III, da Lei nº 8.443/92).

(...) Análise das Razões de Justificativa do Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello. 359. Cabe razão ao defendente quando diz que os ofícios de audiência prévia que lhe

foram encaminhados por duas vezes estavam incorretos e em total dissonância com os termos do que havia sido proposto na instrução de fls. 572/573 e 677, do Vol. 2 destes autos, que formulou a referida audiência a ser realizada junto ao responsável em epígrafe. Com efeito, os Ofícios nº 510/2005, de 22/8/2005 (fls. 770 do Vol. 3) e 571/2005, de 12/9/2005 (fls. 788 do Vol. 3), apesar de imputarem ao responsável as irregularidades corretas, faziam referência a contratos relativos ao PEQ/99, que foram assinados pelo então Procurador-Geral Ary Queiroz da Silva, e não a contratos inerentes ao PEQ/2000, estes sim, em sua maioria, subscritos pelo então Procurador-Geral em comento.

360. No tocante à ocorrência constante da letra ‘a’ do ofício de audiência (‘acolhimento de Edital de Pré-Qualificação do PEQ de 2000, sem a exigência de que constasse daquele instrumento a comprovação de qualificação econômico-financeira para habilitação das entidades, contrariando os arts. 27, inciso III e 31 da Lei nº 8.666/93, identificada nos Contratos ns...’), não há dúvidas de que os editais relativos tanto ao PEQ/1999, quanto ao PEQ/2000 não foram submetidos ao requerente, não sendo, portanto por ele acolhidos, fato este também reconhecido pelo MPTCU, motivo por que esta irregularidade já foi afastada, com a proposição de aceitação das razões de justificativa do responsável quanto a este ponto, conforme se depreende da instrução de fls. 1310/1394.

361. Quanto à ocorrência constante da letra ‘b’ (‘aprovação da utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras das ações educacionais no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII, 26, parágrafo único, caput e incisos II e III; 27, incisos II, III e IV; e 54 da Lei nº 8.666/93, identificada nos Contratos nºs...’), analisaremos as razões de justificativa complementares do responsável com relação a este ponto, as quais podem ser conclusivamente resumidas no sumário descrito a seguir:

‘a) a matéria examinada e as imputações veiculadas ao defendente já foram objeto de processos anteriores em auditoria que antecederam a presente TCE, havendo o TCU isentado o mesmo de qualquer multa ou responsabilidade (Acórdãos 1.731/2003-1ª Câmara, TC 015.284/2001-6, e 1.816/2003-Plenário, TC 014.865/2001);

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b) a participação do defendente no contrato foi exclusivamente de subscrevê-lo no exercício da representação extrajudicial do Estado do Espírito Santo, valendo-se, para tanto, de manifestações plausíveis e razoáveis dos órgãos especializados na própria Procuradoria Geral do Estado, além das informações técnicas atestadas pela SETAS;

c) o douto MPTCU não acolheu as justificativas do ora requerente, valendo-se, sobretudo, de mero equívoco formal da SETAS quando datou o contrato de 8/6/2000, vez que somente publicado no Diário Oficial do Estado de 30/6/2000, após exame pela PGE, que ocorreu de fato em data posterior a 8/6/2000, conforme demonstrado nos autos;

d) os dirigentes da Secex/ES manifestaram-se no sentido de entender descabida a responsabilização do parecerista jurídico no caso concreto sob análise, opinando, por conseguinte, pelo acolhimento das razões de justificativa apresentadas pelo requerente; e

e) o procurador-geral é um agente político e, como no caso não exercia a atividade de ordenador de despesa, não deveria ter seus atos apreciados por esta Corte de Contas.’

362. Com efeito, no âmbito dos Processos TC 015.284/2001-6 (Acórdão 1.731/2003-1ª Câmara) e TC 014.865/2001-1 (Acórdão 1.816-47/03-Plenário), apesar de este Tribunal ter considerado irregular a subscrição de contratos em virtude de procuratório institucional, sem o necessário procedimento licitatório, dispensando, assim, um tratamento não isonômico entre as entidades sem fins lucrativos, acrescido da não observância ao disposto no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, visto que algumas das entidades contratadas não estabeleciam em seus respectivos estatutos, como objetivos principais, a pesquisa, o ensino ou o desenvolvimento institucional, acabou por acolher as razões de justificativa apresentadas pelo responsável em tela, excluindo, portanto, a aplicação de multa àquele ex-procurador.

363. Os precedentes arguidos pelo justificante, embora digam respeito ao mesmo assunto do tratado no presente processo, não constituem coisa julgada em relação ao mesmo, pois foram apreciados em processos completamente distintos do atual, cujos objetos também eram de natureza diferenciada, uma vez que tratavam da aplicação de recursos do FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social, e não do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, como no caso em análise. Independentemente disso, e à vista do juízo de valor procedido, tais precedentes sinalizaram um posicionamento deste Tribunal no sentido de considerar como limitadíssima a participação daquele procurador-geral na edição dos contratos impugnados, após manifestações técnicas aparentemente plausíveis e verossímeis.

364. Com efeito, reexaminado, agora, a participação do então procurador-geral na edição de contratos dos quais resultou dano ao erário, verificamos que a atuação do mesmo deu-se como a de um mero representante do Estado na celebração daqueles contratos, face ao disposto no art. 3º, incisos I e VIII, da Lei Complementar Estadual nº 88/1996: ‘Art. 3º - A Procuradoria Geral do Estado, diretamente subordinada ao Chefe do Poder Executivo, tem a seguinte competência fundamental: I - representar judicial e extrajudicialmente o Estado, suas autarquias e fundações públicas, exercendo privativamente a sua consultoria e assessoramento jurídico; (...)VIII – representar o Estado nos instrumentos referidos no item anterior, sob pena de nulidade e responsabilidade administrativa.’.

365. Vislumbra-se, dessa forma, que ao representar o Estado do Espírito Santo extrajudicialmente, na assinatura do contrato celebrado com o CIEE, o referido procurador desempenhou o papel de mero agente político em nível similar ao de governador de Estado, não praticando, a posteriori, qualquer outro ato administrativo relativamente aqueles contratos, motivo por que não pode ser responsabilizado, conforme se deduz da Decisão Plenária180/1998, cujo voto condutor do ilustre Ministro Carlos Átila Álvares da Silva firmou jurisprudência sobre o tema: (omissis).

366. Ademais, no que tange à responsabilidade dos advogados públicos, este Tribunal tem avaliado esta questão de acordo com as características próprias de cada caso concreto. Assim, conforme alegou o próprio defendente, no presente caso, verificou-se que o pronunciamento jurídico favorável da SCA-Subprocuradoria de Consultoria Administrativa e dos demais órgãos internos da Procuradoria Geral à contratação direta sob enfoque, em que se escudou o referido Procurador-

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Geral, levou em conta as informações provenientes de parecer da Assessoria Técnica da SETAS – Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social, que atestou a condição de entidade sem fins lucrativos, tendo dentre os seus objetivos, aqueles previstos no dispositivo ensejador da dispensa (art.   24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93). A ilegalidade constatada consistiu, pois, em não terem sido comprovados os requisitos legais relativos à situação excepcional de dispensa de licitação para que se pudesse justificar a contratação direta do CIEE.

367. Assim, em que pese o fato de o Ministério Público junto ao TCU, em parecer datado de 16/4/2009 (fls. 1421/1430) ter se manifestado pela rejeição das razões de justificativa do defendente, assim como pela aplicação ao Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello da multa de que trata o art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, em razão de o Contrato n° 2/2000 ter sido celebrado previamente à emissão dos pareceres técnicos e jurídicos que supostamente poderiam embasar a dispensa de licitação, constata-se, com base nos argumentos apresentados pelo defendente e na cronologia dos eventos sucedidos nos autos, que a data constante do referido instrumento (8/6/2000) teve uma conotação puramente formal (fis. 90/108 do anexo 3), sob a justificativa do defendente de que a SETAS quando do encaminhamento do processo para exame dos demais órgãos estaduais, já nele havia inserido o termo contratual com a data mencionada, valendo, na verdade, como data oficial em que o então Procurador Geral deve ter justaposto a sua assinatura ao termo a de 28/6/2000, conforme se depreende do próprio extrato daquele contrato, publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) em 30/6/2000 (fis. 116 do anexo 3).

368. Realmente, percebe-se que após a manifestação da Assessoria Jurídica da SETAS, por meio do Dr. Sebastian Marcelo Veiga (fls. 109/110 do anexo 3), ocorrida em 13 de junho de 2000, em que aquele assessor não vislumbrou óbices para a contratação do Centro de Integração Empresa Escola - CIEE, com base no art. 24, inciso XIII, c/c o inciso III, do art. 26 da Lei n° 8.666/93, os autos foram encaminhados pelo mesmo para a então Secretária da SETAS, com vistas à ratificação da dispensa, também ocorrida em 13/6/2000 (fis. 111), após o que, os referidos autos foram remetidos à Procuradoria Geral, vindo o Procurador Fabiano Geaquinto Herkenhoff, da Subprocuradoria de Consultoria Administrativa, a se manifestar favorável à avença, em parecer também subscrito pelo Assessor Jurídico Wolmar J. R. Filho (fls. 113), em 16 de junho de 2000. Em seguida, em 20/6/2000 e em 21/6/2000, os Chefes da Subprocuradorias Consultiva e da Procuradoria Administrativa da PGE (SCA e PAD), respectivamente, aprovaram o parecer emitido pelo Dr. Fabiano (fis. 114 do anexo 3). Finalmente, em 27/6/2000, o então Subprocurador Geral para Assessoria, Dr. Flávio Augusto Nogueira, posicionou-se também de acordo ao parecer do Dr. Fabiano e remeteu os autos ao então Procurador Geral, Dr. Antônio Carlos Pimentel Mello para a assinatura do contrato constante às fis. 88/105 (fis. 114 - verso). O Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, por sua vez, em 28/6/2000, devolveu o processo a SETAS (fis. 114 - verso), presumindo-se, portanto, que foi naquela data, após a manifestação dos órgãos competentes, que foi aposta a sua assinatura naquele instrumento, cuja súmula (extrato) foi publicada no DOE em 30/6/2000, conforme mencionado anteriormente.

369. Neste sentido, conjugando-se estes fatos esposados com o entendimento já manifestado pelos dirigentes dessa Secex-ES, em seus despachos datados de 21 e 22/7/2008 (fls.   1395/1401), reformulamos o nosso entendimento expresso anteriormente, quando do encaminhamento da proposta de mérito às fls. 1392/1394 do Vol. 6 deste processo, propondo-se o acolhimento das razões de justificativa do Sr. Antonio Carlos Pimentel Mello, com relação a esta irregularidade que lhe foi imputada, considerando-se que não vislumbramos erro grave e inescusável por parte do mesmo, ao aprovar os pareceres jurídicos da Assessoria da SETAS e dos órgãos internos da Procuradoria-Geral do Estado, subscrevendo, assim, respectivamente, o Contrato nº 2/0000, celebrados entre a SETAS e o CIEE.

IV - Conclusão370. Finalmente, em cumprimento ao disposto no art. 202, § 2º, do Regimento Interno

deste TCU, nos manifestamos no sentido de não ter sido verificada a ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, Sras. Maria Helena Ruy Ferreira e Maria Terezinha Silva Gianardoli e

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Srs. Francisco de Morais e Arízio Ribeiro Brotto, bem como da entidade CIEE, devendo este Tribunal proferir, desde logo, o julgamento definitivo de mérito pela irregularidade das contas, nos termos do § 6º, do mencionado dispositivo regimental.

V - Proposta de encaminhamento371.1. aceitar as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis Maria Ilse Dória

Vinha, Sandra de Carvalho, Lorena Dall'Orto Ramos, Jonas Hilário da Silva e Márcia Bicalho Alonso, na condição de membros da Comissão de Cadastramento do PEQ de 2000 e do Sr. Sebastian Marcelo Veiga, na condição de Presidente da referida Comissão, e excluir a responsabilidade do Sr. Jorge Luiz de Paula Penha, na mesma condição de membro;

371.2. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli; Srs. Francisco de Morais, enquanto gerente de Trabalho e Renda do SINE e Atestador da Execução dos Serviços 1999/2000, e Arízio Ribeiro Brotto;

371.3 aceitar as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Maria Helena Ruy Ferreira em relação à 1.a e 2.a irregularidades, e rejeitar as alegações de defesa ofertadas por essa mesma responsável em relação às demais irregularidades que lhe foram imputadas (3.a, 4.a, 5.a, 6.a, 7.a, 8 ^, 9.a, 10.a, 12.a e 13.a);

371.4. rejeitar em parte as alegações de defesa apresentadas pelo Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Espírito Santo - CIEE;

371.5. aceitar as razões de justificativa apresentadas pelo ex-procurador-geral, Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello;

371.6. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso 111, alíneas ‘b’ e ‘c’, da Lei n° 8.443/92, c/c os arts. 1º, inciso 1, 209, incisos II e III, 210 e 214, inciso III, do RITCU, julgar irregulares as contas dos responsáveis Sras. Maria Helena Ruy Ferreira, e Maria Terezinha Silva Gianardoli, Srs. Francisco de Morais, e Arízio Ribeiro Brotto, e da entidade Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Espírito Santo - CIEE;

371.7. com fulcro nos arts. 16, § 2°; 19, caput, e 23, inciso III, da Lei n° 8.443/92, c/c os arts. 209, § 4°, 210 e 214, inciso III, do RITCU condenar solidariamente os responsáveis Maria Helena Ruy Ferreira e Maria Terezinha Silva Gianardoli, Francisco de Morais, Arízio Ribeiro Brotto e Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Espírito Santo - CIEE ao pagamento dos débitos a seguir discriminados, atualizados monetariamente e acrescidos dos juros de mora, calculados a partir das datas especificadas até o efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, fixando o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento aos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT das quantias devidas, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno do TCU:Contrato nº 2/2000Entidade executora: Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Espírito Santo - CIEEValor do Contrato: R$ 180.000,00

DébitoResponsáveis Solidários Total Parcela Nº da OB Data Maria Helena Ruy Ferreira 41.328,70 41.328,70 20000B1652-6 25/9/2000

Maria Terezinha Silva Gianardoli

41.328,70 41.328,70 20000B1652-6 15/12/2000

Francisco de Morais 41.328,70 41.328,70 20000B1652-6 15/12/2000Arizio Ribeiro Brotto 41.328,70 41.328,70 20000B1652-6 15/12/2000CIEE 41.328,70 41.328,70 20000B1652-6 15/12/2000

372.8. autorizar, com fulcro no art. 26 da Lei n° 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno deste Tribunal, desde logo, caso assim desejarem os responsáveis, o parcelamento dos débitos a que se refere o subitem precedente para pagamento em até 24 (vinte e quatro) parcelas, corrigidas

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monetariamente, sobre as quais incidirão os correspondentes acréscimos legais, com o alerta de que a falta do pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor;

372.9. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da lei nº 8.443/92, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

372.10. encaminhar cópia da decisão que vier a ser proferida, bem como do Relatório e Voto que a fundamentarem, ao Ministério Público da União, para adoção das providências que julgar pertinentes, tendo em vista o disposto no art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/92, e à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.”

15. Por seu turno, o Ministério Público junto ao Tribunal, segundo o parecer do Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, manifestou concordância com esse encaminhamento, exceto no que se refere ao então Procurador-Geral, aduzindo, para tanto, à Peça nº 34, fls. 6/8, as seguintes considerações:

“(...) Entretanto, o Ministério Público, no que tange aos elementos adicionais de defesa do Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, com as devidas vênias por divergir do encaminhamento proposto pela Secex/ES, entende que devam ser rejeitados.

A análise da unidade técnica afigura-se correta no sentido de que as decisões prolatadas nos processos de representação não fazem coisa julgada que alcance o presente processo.

O entendimento esposado pelos dirigentes da Secex/ES pode ser dispensado aos procuradores que atuaram como pareceristas jurídicos, motivo por que, corretamente, não foram responsabilizados nos autos. No entanto, não pode ser aplicado ao Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, como pretende sua defesa, uma vez que, na contratação em comento, não atuou como parecerista jurídico, mas como representante do Estado do Espírito Santo.

Como já mencionado no parecer anterior do Ministério Público, ‘o próprio Sr. Antônio Carlos Mello foi signatário do contrato, como representante legal do Estado do Espírito Santo (fls. 90 e 95, anexo 3). Tinha, pois, por imperativo lógico, plena ciência da contratação direta do Sindiagências e cabia-lhe, por dever de ofício, obstar a celebração ilícita. Não sem razão os respectivos procuradores têm a prerrogativa leal de representar os Estados em juízo, ativa e passivamente (CPC, art. 12, inciso I´’.

Por sua pertinência, convém reproduzir, mais uma vez, os comentários transcritos pela Secex/ES à fl. 1527, vol. 6, do TC 021.307/2007-7, extraídos, segundo consta, de instrução lavrada nos autos do TC 015.284/2001-6, no trecho em que foram analisadas razões de justificativa também apresentados pelo Sr. Antônio Carlos Mello acerca da contratação direta indevida da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados de Viana – Fesav, com base no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993: (omnissis).

Nesse sentido, o Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello foi chamado para apresentar razões de justificativa em virtude da utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras de ações educacionais, no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII, 26, parágrafo único, caput e incisos II e III, 27, incisos II, III e IV, e 54 da Lei 8.666/1993.

Destaque-se que o signatário do contrato não é vinculado aos pareceres jurídicos, e, no caso vertente, o Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello tinha conhecimentos mais que suficientes para analisar o contrato e verifica a irregularidade.

Assim, independentemente de ter assinado antes ou depois da manifestação dos pareceristas jurídicos, permanece a responsabilidade do Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello pela contratação por dispensa de licitação sem amparo legal.

Por fim, ainda que o Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, ao assinar o contrato representando o Estado do Espírito Santo, tenha agido como agente político, sua responsabilidade não pode ser afastada.

Consoante precedente do STF (HC 80511/MG, DJ 14/9/2001):

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‘A responsabilidade dos governantes tipifica-se como uma das pedras angulares essenciais à configuração mesma da ideia republicana (RTJ 162/462-464). A consagração do princípio da responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, além de refletir uma conquista básica do regime democrático, constitui consequência necessária da forma republicana de governo adotada pela Constituição Federal. O princípio republicano exprime, a partir da ideia central que lhe é subjacente, o dogma de que todos os agentes públicos - os Governadores de Estado e do Distrito Federal, em particular - são igualmente responsáveis perante a lei.’

Pelo exposto, o Ministério Público ratifica sua primeira proposta (fls. 1421/30).”

16. Ocorre que, após o encaminhamento dos autos ao meu Gabinete, a Sra. Maria Helena Ruy Ferreira requereu permissão para que fosse juntado ao presente processo, para fins de prova, o Laudo de Exame Financeiro do Setor Técnico Científico da Polícia Federal e outros documentos a ele acostados (Peça nº 35).17. Posteriormente, a mencionada responsável requereu que se deferisse o sobrestamento da tramitação destes autos por um prazo de 60 (sessenta) dias, com vistas ao exame de várias caixas de documentos que lhe chegaram às mãos, pertinentes a todos os processos relativos à utilização de recursos do FAT, no período de 1999/2001, no Estado do Espírito Santo (Peça nº 35).18. Em virtude deste fato e tendo, mais uma vez, em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, deferi tais solicitações, em caráter excepcional, por meio do despacho à Peça nº 35, fl. 78, determinando à unidade técnica que promovesse a análise da documentação a ser entregue, alertando que, se o prazo solicitado pela requerente não fosse observado, deveria ser dado pronto prosseguimento ao feito. 19. A partir daí, a auditora federal responsável pela instrução do processo fez novamente um minucioso exame de todas as alegações de defesa e de todos os documentos anexados aos autos, merecendo destaque apenas as alegações de defesa com as respectivas análises envolvendo os itens relativos às irregularidades diretamente imputadas à Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, de modo que, neste ponto, a unidade técnica, em uníssono, se manifestou às Peças nos 100/102, nos seguintes termos:

“(...) 4. Assim, em 31 de outubro de 2011 (data do protocolo na SECEX/ES), a Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, apresentou as suas respectivas alegações complementares de defesa (peças 94, 95, 96 e 97). Em sequência, passaremos a análise dos novos elementos encaminhados a esta Secretaria.

(...) II.25. Da análise das supostas irregularidades: habilitação e contratação de instituições, mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da Lei 8.666/93; utilização da dispensa de licitação; homologação das dispensas de licitação; qualificação técnico-profissional do CIEE; liberação de parte expressiva do preço contratado; atestação da execução dos serviços e autorização de pagamento; inexecução do objeto contratual; e omissão em designar representante para fiscalizar e concretizar o recebimento dos serviços.

186. A defendente reiterou todos os argumentos contidos em sua peça de defesa, sobretudo com relação à exclusão de sua responsabilidade por atos meramente de gestão e aqueles contidos na competência exclusiva da comissão de licitação e, em homenagem ao debate, trouxe em aditamento seus argumentos quanto às supostas irregularidades que lhe foram atribuídas nestes autos, excluídas desde já a 1ª e 2ª irregularidades, quais sejam, a habilitação de instituição que não atendeu aos requisitos estabelecidos no edital de pré-qualificação e cadastramento do Plano Estadual de Qualificação e a não exigência, no edital, de comprovação de qualificação econômico-financeira, para habilitação da entidade, já elididas pela Secex/ES em sua última manifestação (peça 33, p. 22-24).

187. Assim, com relação à irregularidade ‘habilitação e contratação de instituições, mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da Lei 8666/93’, esclareceu que a tomada de contas especial e a análise técnica da Secex-ES mantiveram este indício de irregularidade, a despeito de não haver a situação apontada.

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187.1. Acrescentou que a equipe da SETAS, buscando selecionar a entidade mais adequada para a prestação dos serviços objeto do convênio, estabeleceu, de início, um procedimento de pré-qualificação de entidades interessadas.

187.2. Salientou que a análise técnica da Secex/ES, às fls. 1560 destes autos (peça 32, p. 37), afirmava que com a simples publicação do Edital de Pré-Qualificação, a SETAS-ES sinalizava o início de um processo licitatório na modalidade concorrência. Assegurou que isso não faria o menor sentido, pois, segundo ela, ‘pré-qualificação é pré-qualificação e concorrência é concorrência’.

187.3. Explicou que ao receber a documentação estabelecida no edital de pré-qualificação e considerando o não atendimento dos requisitos pela maioria dos participantes, visando alcançar maior competitividade, a comissão decidiu formar um cadastro de entidades utilizando os documentos fornecidos, além de selecionar a que apresentasse a melhor proposta financeira.

187.4. Dessa forma, salientou que a partir do cadastro formado, a SETAS fazia uma coleta de preços entre os cadastrados, tomando o cuidado de também fazê-lo no mercado, para ter certeza da adequação dos preços ofertados à realidade de mercado.

187.5. Argumentou que a Comissão de Tomada de Contas colheu três fatos isolados – pré-qualificação, formação de cadastro e coleta de preços – e os equiparou a fases de modalidades licitatórias distintas, a saber, a habilitação nas concorrências, o cadastramento nas tomadas de preços e as cartas-convite na modalidade convite, respectivamente, e a partir daí, concluiu, formou o equivocado entendimento sobre combinação de modalidades.

187.6. Ressaltou que combinação de modalidades ocorreria se a SETAS publicasse um edital com regras de procedimento licitatório que previsse a utilização concomitante das três modalidades, o que jamais teria ocorrido.

187.7 Arguiu, portanto, que há incompatibilidade lógica em combinar modalidades de licitação, quando não há sequer procedimento de licitação. Nesse sentido, revelou que a vedação contida no § 8º do art. 22 da lei 8.666/93 só admite ser interpretada e aplicada no contexto de um processo licitatório.

188. No tocante à ‘utilização da dispensa de licitação’, esclareceu que o CIEE foi contratado com dispensa de licitação, por se adequar aos requisitos do inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/93, sendo que essa hipótese legal de dispensa, como todas as outras, tem respaldo constitucional, eis que a dicção do inciso XXI do art. 37, ao enunciar a obrigação legal de licitar, inicia pelas ressalvas: ‘ressalvados os casos especificados na legislação...’.

188.1. Salientou que satisfeitos os requisitos da lei, não há que se falar em utilização indevida da dispensa de licitação eis que criar exigências e gravames não previstos em lei ofende o princípio da legalidade.

188.2. Informou que o Tribunal de Contas da União, em seu posicionamento consolidado a respeito da contratação com base no inciso XIII do art. 24, no sentido de que deve haver identidade entre os fins institucionais (ensino, pesquisa, desenvolvimento institucional) e o objeto do contrato, o que foi atendido posto que o objeto contratual fosse a execução de ações de qualificação/requalificação de cunho educacionais.

188.3. Afiançou que o CIEE, conforme seus estatutos, é uma instituição que tem por finalidade o aprendizado e a empregabilidade, além de notória reputação formada por anos intermediando e supervisionando estágios de complementação de aprendizagem.

189. Sobre a ‘homologação dos atos’, argumentou que a imputação dessa irregularidade por si só já exclui aquelas atinentes a atos da comissão de licitação, como a dispensa de licitação, eis que a justificante não poderia estar presente e participante em todas as etapas do processo administrativo. Se assim ocorresse, explicou, a homologação em si perderia sua razão de ser, porque a Secretária de Estado não poderia homologar um ato seu.

189.1. Ressaltou, ademais, que, se considerado o caráter e a natureza do ato de homologação, dele não poderia resultar qualquer questionamento de validade, porque o ato é vinculado, não havendo para o seu praticante qualquer margem de atuação volitiva.

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189.2. Esclareceu que, em sendo ato de controle, antes de ser encaminhado à defendente, o ato de dispensa de licitação percorreu um caminho, um rito procedimental que envolveu atos prévios, como o encaminhamento pelo SINE/ES à análise por um setor técnico jurídico que avaliou a legalidade e, aprovando-o, encaminhou seu parecer à Procuradoria Geral do Estado, que igualmente o aprovou e emitiu parecer vinculante e, por sua vez, encaminhou-o à Corregedoria da Secretaria da Administração e, finalmente, à Secretária de Estado, que, embasada nos pareceres técnicos jurídicos, homologou a dispensa e assinou o contrato.

189.3. Reiterou, aqui, a questão da competência inerente a cada cargo público, no sentido de que cada um dos atos de aprovação foi praticado pelos agentes dotados da competência necessária dada pela lei, competência sua exclusiva, assim como exclusiva seria sua responsabilidade.

189.4. Argumentou, pois, que a então Secretária de Estado, ora defendente, limitou-se a praticar ato vinculado (sem margem de atuação de sua vontade, sem qualquer liberdade de decisão), considerando ser essa sua única atitude possível, com base na aprovação dos órgãos técnicos consultivos, quanto à legalidade da dispensa de licitação.

190. No que concerne à ‘qualificação técnico-profissional do CIEE’, ressaltou que a Secex-ES, conquanto não acolhesse no mérito as alegações de defesa, que se reiteraram aqui, reconheceu a imprecisão do fundamento legal utilizado na irregularidade (item 241, fls. 1566 – peça 32, p. 42-43). Asseverou que esse reconhecimento implicou, processualmente, em se declarar a nulidade do item de irregularidade.

190.1. Assim, explicou que ao modificar o fundamento legal para declarar a manutenção da irregularidade, a análise técnica violou direitos constitucionais da ampla defesa e do devido processo legal.

191. Relativamente à ‘liberação de parte expressiva do preço contratado’, esclareceu que a suposta liberação antecipada tinha previsão contratual – cláusula 5ª – e por finalidade satisfazer necessidade da execução do próprio contrato e não resultou em qualquer dano ao erário, pelo contrário, permitiu a plena satisfação do interesse contido, que foi rigorosamente cumprido.

191.1. Enfatizou que a análise deste ponto de questionamento por parte da equipe técnica de Tomada de Contas exigia a adoção de uma premissa, que era a de que o contrato é a regra, o marco legal dos pagamentos contratuais, regra objetiva que não comporta valorações subjetivas, desde que cumprida em plena conformidade.

191.2. Lembrou a própria Secex/ES reconheceu que a antecipação do pagamento é cláusula contratual, mas que a mesma ignorou o fato de que as condições contratuais para a liberação foram cumpridas e estariam presentes nos documentos do processo.

191.3. Salientou que a douta unidade técnica enunciou no item 259 (peça 32, p. 46) a existência de responsabilidade solidária com base na presunção ‘de que os pagamentos indevidamente efetuados ainda que não tenham sido por ela diretamente autorizados, deveriam ser do seu conhecimento’, concluindo, daí, que a defendente estaria sendo responsabilizada por atos dos quais não participou, por uma mera suposição de que os pagamentos ‘deveriam’ ser do seu conhecimento.

192. Quanto à ‘atestação da execução dos serviços e autorização de pagamento’ revelou que são atos que têm a mesma questão de fundo, apenas ocorrendo em fases distintas e sucessivas de um mesmo processo de despesa, não se podendo presumir a onipotência e onipresença da Secretária de Estado, de tal modo que esta respondesse pela mesma irregularidade em cada uma das fases ou atos que compõem o processo administrativo.

192.1. Alegou que ao se admitir seja ela responsabilizada pela atestação da execução dos serviços, a mesma não poderia sê-lo novamente pela autorização do pagamento considerando o mesmo fato supostamente irregular.

192.2. Informou que a Secex/ES reconheceu sua complementaridade, embora sustente a permanência da irregularidade quanto à atestação, por entender que alguns pagamentos foram feitos sem a regular liquidação, ou seja, antes da execução dos serviços. Afirmou, pois, que aqui se

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repetiriam, então, os argumentos empregados quanto à liberação das parcelas antes do início da execução, por força de cláusula contratual.

192.3. Enfatizou que também não deve prosperar o não acolhimento quanto à comprovação da regularidade fiscal e previdenciária, uma vez que as certidões apresentadas tinham prazos de validade de até 90 dias, garantindo, assim, a regularidade dos pagamentos feitos à entidade nesse período.

193. Sobre a ‘inexecução o objeto contratual’, de onde decorreu a obrigação de ressarcimento, destacou, às fls. 1573, item 277 (peça 32, p. 50-51), que a análise da Secex-ES reconheceu a existência de farta documentação nos autos, composta por diários de classe e frequência, que comprovavam a execução de diversos cursos no âmbito do Contrato nº 2/2000.

193.1. Assegurou, todavia, que toda a comprovação da efetiva execução das ações contratadas com o CIEE será explicitada adiante, em tópico específico.

194. No tocante à irregularidade ‘omissão em designar representante para fiscalizar e concretizar o recebimento dos serviços’ reconheceu que a Lei 8.666/93 falou em representante da Administração especialmente designado, entendendo-se que, de fato, deveria existir alguma indicação formal do servidor incumbido da fiscalização. Aduziu, porém, que a designação genérica contida na discriminação das competências das diversas unidades já supre essa exigência, conforme Acórdão 1.534 – Min. Augusto Nardes.

194.1 Nestes termos, considerou que o Decreto nº 499-N de 28/7/1999, que regulamentou a SETAS, estabeleceu em sua Seção III, art. 25, que competia à Gerência de Trabalho e Renda a coordenação, o controle e o acompanhamento dos projetos de geração de emprego e renda, neles contidos o PEQ 1999 e 2000 do Planfor.

194.2. Ressaltou, ainda, que a Fundação Ceciliano Abel de Almeida, fundação de apoio ligada à Universidade Federal do Espírito Santo, que foi contratada com o objetivo específico de coletar, registrar e sistematizar informações sobre as ações programadas pelos PEQs, tinha a responsabilidade de verificar junto às entidades executoras o cumprimento das ações previstas no contrato.

194.3. Revelou que, não obstante os procedimentos que vinham sendo adotados para o controle, fiscalização e acompanhamento das ações contratadas, em 2001, através da portaria 034-S, o servidor gerente de Trabalho e Renda, que já possuía essa atribuição nos termos do Regulamento da SETAS, foi formalmente designado.

195. Quanto à ‘comprovação da efetiva execução das ações contratadas’, destacou, preliminarmente, que os processos submetidos ao discrimen desta Corte de Contas são norteados pelo princípio da verdade material ou real podendo ser analisados todos os dados, informações e documentos que digam respeito à matéria tratada e, no caso específico destes autos, que comprovem a efetiva realização das ações contratadas.

195.1. Relatou que, ademais, a jurisprudência consolidada desta Corte de Contas, construída a partir da apreciação de diversos processos envolvendo a aplicação de recursos no âmbito do Planfor, a exemplo dos Acórdãos 37/2004, 17/2005, 903/2009, todos do Plenário, considera como suficiente para fins de comprovação da regularidade das despesas realizadas pelas instituições contratadas que se demonstre a efetiva realização dos treinamentos contratados, tornando-se desnecessária a apresentação de documentos contábeis que comprovassem a execução e o valor das despesas.

195.2. Nesse sentido e em busca da verdade real, informou que a análise da execução dos contratos celebrados por meio do Convênio 25/99 realizou-se com base em todos os meios de prova: diários de classe, dados registrados no SIGAE, avaliações e relatórios de acompanhamento e supervisão da FCAA.

195.3. Esclareceu que o SIGAE (Sistema de Gestão do Programa de Ações de Emprego) foi a ferramenta criada e implantada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, para o controle e acompanhamento das ações de qualificação/requalificação contratadas.

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195.4 Explicou que o SIGAE era de aplicação obrigatória na execução do Planfor e tinha por objetivo auxiliar a SETAS/SINE, nas diferentes fases que envolviam o Programa de Qualificação: planejamento, execução, acompanhamento do contrato e prestação de contas final ao Departamento de Qualificação do Ministério do Trabalho e Emprego.

195.5. Acrescentou que para a fase de prestação de contas à SPPE/MTE, o SIGAE viabilizava a emissão de um conjunto de relatórios que demonstravam se o planejamento e as metas estavam sendo cumpridas, além de fornecer todas as informações capazes de possibilitar e orientar o acompanhamento dos contratos por parte da SETAS/SINE, segundo as cláusulas firmadas nos mesmos.

195.6. Argumentou que, por se tratar de sistema oficial de controle, os documentos do SIGAE seriam importantes para a comprovação das ações executadas.

195.7. Considerou que as avaliações e relatórios de acompanhamento e supervisão produzidos pela FCAA seriam igualmente relevantes meios de prova da efetiva realização das ações contratadas, posto que fossem fruto de visitas in loco e análises imparciais dos cursos ministrados, salientando, inclusive, que um dos objetivos específicos da FCAA era o de verificar junto às entidades executoras o cumprimento das ações previstas nos contratos.

195.8. Assegurou que todos os dados obtidos nas visitas de supervisão in loco direcionavam as medidas gerenciais do PEQ/ES 1999 e 2000, identificando a adequação dos procedimentos praticados em relação ao previsto nos contratos de execução e estabelecendo estratégias para o desenvolvimento de ações corretivas que eram discutidas com a Coordenação Técnica do SINE/ES.

195.9. Por fim, aduziu que os contratos estabelecidos por meio do Convênio 25/99 previam em sua Cláusula Segunda que o modo de execução do objeto contratado (ações de qualificação e requalificação) se daria por empreitada global, com base no preço unitário de treinandos (art. 10, inciso II, alínea a, Lei 8.666/93).

195.10. Isto porque, justificou, o objetivo principal do Planfor era o de qualificar a parcela mais necessitada e carente da população economicamente ativa e buscar a inserção e/ou permanência dessas pessoas no mercado de trabalho. Em decorrência desse objetivo, lembrou que a FCAA, contratada para avaliar a eficácia e eficiência do PEQ no Espírito Santo, apontou o resultado positivo conquistado na inserção no mercado de trabalho dos egressos participantes das ações de qualificação e requalificação realizadas nos anos de 1999 e 2000.

195.11. Por essa razão, considerou que as glosas feitas individualmente pela CTCE e ratificadas pela Secex - com base em cursos realizados ou não, em carga horária total cumprida ou não - não merecem, em sua opinião, prosperar, pois não se coadunam com a forma de execução estabelecida contratualmente. Enfatizou que o que se deve analisar é todo o conjunto de informações contidas nos diferentes meios de prova (diários de classe, frequências, listas de vales transporte, alimentação), com vistas a comprovar a efetiva qualificação/requalificação do número de treinandos estabelecido no objeto contratual.

195.12. Dessa forma, com relação ao Contrato nº 2/2000, único objeto do presente processo de TCE, no valor total de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), informou que a Secex/ES, em sua última manifestação nos presentes autos, teria apurado um débito na ordem de R$ 41.328,70 (quarenta e um mil, trezentos e vinte e oito reais e setenta centavos).

195.12.1. Explicou que o referido Programa previa a qualificação de um total de 200 treinandos, com uma carga horária de 600 horas/aulas divididas da seguinte forma:

a) 100 h/a destinadas às habilidades específicas e de gestão;b) 200h/a destinadas às habilidades básicas, incluindo direitos humanos e prestação de

serviços à comunidade; ec) 300h/a destinadas à elevação de escolaridade cujas atividades seriam desenvolvidas

mediante parceria com a Prefeitura Municipal da Serra e com recursos próprios, não computados no contrato em epígrafe.

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195.12.2. Esclareceu que com relação às 100 horas/aulas supramencionadas no item ‘a’, cada treinando deveria cumprir um total de: 30 horas de noções de informática; 60 horas de curso profissionalizante específico (pintor, auxiliar de eletricista, bombeiro hidráulico, carpinteiro, confecção de peças íntimas e confecção de artesanatos); e 10 horas de habilidades de gestão. E, ainda, no tocante às 200 horas/aulas mencionadas no item ‘b’, acrescentou que cada treinando deveria cumprir um total de: 100 horas de Cidadania e Direitos Humanos; e 100 horas de Prestação de Serviços Comunitários.

195.12.3. Relatou que após a análise das alegações de defesa dos responsáveis arrolados, a Secex/ES manteve uma glosa quanto ao presente contrato no valor total de R$ 41.328,78. Esse valor, segundo a responsável, fazia referência a três grupos de supostas irregularidades: i) ações contratadas e não executadas; ii) ações parcialmente executadas; e iii) não comprovação do efetivo repasse de Bolsa Auxílio.

195.12.4. No que tange ao primeiro grupo (i) de ações não executadas, cujo valor glosado foi de R$ 3.600,00, anunciou que este se refere a não comprovação da execução de 10 horas/aulas de habilidades de gestão previstas no projeto inicial. No entanto, argumentou que a análise dos dados registrados no SIGAE (doc. anexo), assim como dos relatórios de avaliação e acompanhamento das ações de qualificação, produzidos pela FCAA (doc. anexo), demonstram a efetiva execução do curso de Habilidades de Gestão no exato montante de horas contratadas, não havendo, em sua opinião, dano a ser ressarcido.

195.12.5. No que se refere ao segundo grupo (ii), relativo às ações parcialmente executadas, afirmou que o valor glosado foi de R$ 36.608,70, sendo R$ 1.538,50, referente ao Curso de Cidadania e Direitos Humanos e R$ 35.070,20, concernente ao Curso de Serviços Comunitários.

195.12.6. Assim, no que diz respeito à glosa relativa ao Curso de Cidadania e Direitos Humanos, alegou que, preliminarmente, a Secex/ES glosou o fato de as cargas horárias aplicadas às turmas G5, G6 e G7 terem ficado abaixo das 100 h/a contratadas. Por outro lado, revelou que na análise dos diários de classe por parte daquela Secretaria houve a demonstração de que foi efetivamente treinado o total de 200 alunos, sendo que para os grupos G1, G2, G3, G4 e G6 comprovaram-se plenamente a realização das 100 h/a contratadas (doc. anexo).

195.12.7. Nesse sentido, com relação à turma G5, mencionou que os diários de classe comprovaram a realização de 84 horas/aula (doc. anexo). E com relação à turma G7, houve a comprovação de 87 horas/aula (doc. anexo). No entanto, ressaltou que esses valores são muito superiores (84% e 87%) ao cumprimento mínimo de 75%, exigido pela lei de diretrizes básicas, para que o curso seja considerado realizado. E, ademais, assegurou que houve plena comprovação da execução da carga horária de 100h/aula contratada nos dois referidos grupos (G5 e G7) por meio de documentos de avaliação e relatório de acompanhamento produzido pela FCAA (doc. anexo). Desta feita, concluiu que os cursos de Cidadania e Direitos Humanos foram efetiva e integralmente realizados, não existindo dano a ser ressarcido.

195.12.8. Sobre a glosa relativa ao Curso de Serviços Comunitários, ponderou que a Secex/ES levou em consideração diários avulsos que permitiram a redução do débito inicialmente encontrado pela CTCE. Aduziu que no que tange à turma G1, os diários de classe comprovaram a plena execução das 100h/a contratadas (doc. anexo). Quanto aos grupos G2, G3, G4, G5, G6 e G7, informou que os dados registrados no SIGAE e os constantes das avaliações e relatórios de acompanhamento da FCAA (doc. anexo) comprovam a efetiva realização das 100 h/a contratadas e corroboram as informações constantes dos diversos diários carreados aos autos (doc. anexo). Concluiu, dessa forma, que há comprovação da realização integral dos cursos e, em consequência, inexistiria dano a ser ressarcido.

195.12.9. Constatou que a última glosa (iii) feita no contrato em epígrafe refere-se a não comprovação do efetivo repasse de Bolsa Auxílio aos participantes do projeto, sendo que o valor repassado foi de R$ 72.000,00 (R$ 360,00 X 200 treinandos). Considerou que a partir da análise dos documentos colacionados aos autos, a Secex/ES apurou que a entidade logrou comprovar o

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pagamento dos benefícios no valor de R$ 70.880,00 e, por essa razão, manteve um débito de R$ 1.120,00

195.12.10. Salientou, no entanto, que os benefícios da Bolsa-Auxílio foram repassados por meio de emissão de cheques salários nominais em favor dos treinandos, não podendo, portanto, em sua opinião, ter havido locupletação desses valores, posto que, no momento da emissão das ordens de pagamento, os valores saíram da esfera de proteção patrimonial da entidade executora e ingressaram na dos treinandos.

195.12.11. Ponderou, ainda que há de se considerar que se trata de comprovação de ordem contábil e financeira que estava na alçada de controle da entidade e arquivamento, não guardando, portanto, relação com a efetiva execução das ações de qualificação e requalificação contratadas. Não havendo, pois, em sua opinião, dano a ser ressarcido ao erário.

195.12.12. Dessa forma, a ora defendente submeteu os documentos comprobatórios ora anexados das ações executadas à consideração desta Corte de Contas, solicitando, com base no princípio da verdade real, o reconhecimento da inexistência de débito a ser ressarcido ao erário.

196. Por fim, em sua conclusão revelou que nos termos do Relatório de Avaliação Gerencial de 1999/2000 elaborado pelo Planfor/MTE verificou-se que o Espírito Santo, em 1999, atingiu 96% da meta programada de treinandos, qualificando 13.700 pessoas de um total de 14.200 previstas (Tabela 1/1999 – peça 97, p. 86) ficando, portanto, dentro da margem permitida pelo Planfor.

196.1. Já com relação ao custo aluno/hora, o Espírito Santo, teria obtido o valor médio de R$ 1,2 abaixo da média regional que era de R$ 1,9 e também aquém da média nacional que foi de R$ 1,4 (Tabela 8/1999 – peça 97, p. 87).

196.2. Relatou, ainda, que quanto ao exercício de 2000, havia sido programado o treinamento de 39 mil alunos, tendo-se alcançado a inédita marca de 48 mil treinandos (Tabela 2/2000 – peça 97, p. 89).

196.3. Declarou, portanto, que o Espírito Santo cumpriu todas as metas estabelecidas pelo programa de qualificação Planfor no seu fim determinado pelo Convênio nº 25/99, conforme situação de adimplência registrada no SIAFI (peça 97, p. 91), motivo por que requereu, respeitosamente, a defendente o recebimento dessas alegações de defesa complementares e o acolhimento de suas razões de defesa para que, ao final seja afastada a sua responsabilidade e julgados regulares seus atos.

II.26. Análise.197. No tocante à décima irregularidade (inexecução do Convênio

MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99 – SETAS – Cláusula 3ª, item 3.2.1, em decorrência da não realização ou realização apenas parcial, pela entidade executora, das ações de educação profissional contratadas), cumpre registrar que o débito remanescente apurado neste ponto, no valor de R$ 41.328,70 (quarenta e um mil, trezentos e vinte e oito reais e setenta centavos), em relação ao Contrato nº 2/2000, originou-se da não execução de ações de qualificação contratadas (R$ 3.600,00), da execução parcial das referidas ações de qualificação (R$ 36.608,70), bem como da não comprovação do repasse de Bolsas-Auxílio aos treinandos (R$ 1.120,00).

197.1. Com efeito, por ocasião da análise das alegações de defesa dos responsáveis arrolados, especialmente a da própria entidade contratada (CIEE), houve a reformulação do débito inicialmente apurado pela Comissão de Tomada de Contas Especial para o contrato em referência, em relação às ações não executadas e/ou parcialmente executadas e ao valor da bolsa-auxílio não repassada, que, de R$ 66.413,40 (peça 1, p. 14-15 c/c peça 11, p. 36-37), foi reduzido para o valor remanescente de R$ 41.328,70 (peça 27, p. 37-41).

197.2. A Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, por sua vez, nessa segunda oportunidade de defesa que lhe está sendo concedida, trouxe novos elementos comprobatórios com vistas de elidir definitivamente os débitos que lhe foram imputados em relação ao contrato em relevo (peças 94, 95, 96 e 97), os quais são descritos detalhadamente a seguir: (omissis).

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197.3. Assim sendo, no tocante ao Programa Serviço Civil Voluntário desenvolvido pelo CIEE, cujo objeto do contrato nº 2/2000 contemplava, com recursos do FAT, o treinamento de 200 jovens, com carga horária total de 300 horas/aula (peça 66, p. 51), no valor total de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), foi considerado como não realizado o curso de Habilidade de Gestão, que resultou em um débito no valor de R$ 3.600,00 (200 treinandos X 10 horas/aula X R$ 1,80/hora/aula) e como parcialmente realizados os cursos de Direitos Humanos e Cidadania e de Prestação de Serviços Comunitários, com um débito na ordem de R$ 36.608,70. Tais valores, acrescidos, ainda, das Bolsas-Auxílios cujo pagamento não fora comprovado, correspondente a R$ 1.120,00, resultariam em um débito total no valor de R$ 41.328,70, conforme anteriormente assinalado.

197.3.1. Examinando, pois, a documentação complementar apresentada pela ora defendente, verificamos, com relação à ação contratada e não executada, referente ao curso de Habilidade de Gestão (peça 92, p. 5), que o único elemento atestando a realização daquela ação baseia-se em um Relatório do SIGAE (peça 96, p. 144), ou seja, não existem diários de classe (no projeto original estava prevista a existência de um professor para aquela disciplina – peça 96, p. 132) e até mesmo avaliações feitas pela FCAA, ao contrário do informado pela defendente, que ratifiquem as informações contidas naquele sistema de que o referido curso fora executado. Igualmente, não constou do Relatório de Atividades do Programa Serviço Civil Voluntário (peça 96, p. 96-107), a realização do referido curso.

197.3.2. Ora, entendemos que as informações produzidas pelo SIGAE, quando apresentadas de forma isolada, são frágeis para fins de comprovação da efetiva realização do curso Habilidade de Gestão, uma vez que a própria SETAS/SINE/ES, à época, pode ter dado por concluído aquele curso, no âmbito do referido sistema, sem o respaldo da documentação necessária (diários de classe/folhas de frequência), para fins de acompanhamento de sua execução por parte do Ministério do Trabalho e Emprego. Nesse sentido, optamos por que seja mantido o débito na ordem de R$ 3.600,00, relativo a não execução do curso de Habilidades de Gestão.

197.3.3. No que se refere às ações parcialmente executadas (peça 27, p. 37-41), consubstanciadas nos cursos de Direitos Humanos e Cidadania e Prestação de Serviços Comunitários, compulsando a documentação complementar apresentada pela defendente, verificamos, relativamente ao curso de Direitos Humanos e Cidadania, que foram apresentados relatórios do SIGAE (peça 96, p. 142) atestando a realização completa dos 7 (sete) grupos previstos para o referido curso, assim como os diários de classe correspondentes aqueles grupos, no quantitativo de horas-aulas ministradas compatível com o apurado por esta Secretaria, quando da análise das alegações de defesa do CIEE (peça 94, p. 238-284; peça 96, p. 147-329; e peça 97, p. 1-84).

197.3.4. Tal informação aliada com a argumentação da defendente de que os grupos G5, G6 e G7 foram executados com, respectivamente, 84%, 96% e 87% da carga horária prevista de 100 horas/aula, valores estes superiores ao cumprimento mínimo de 75% exigido pela lei de diretrizes básicas, para que o curso seja considerado realizado, leva-nos a convicção de que os mesmos poderão ser reputados como plenamente executados, elidindo-se, assim, o débito remanescente de R$ 1.538,50 (um mil, quinhentos e trinta e oito reais e cinquenta centavos).

197.3.5. Já com relação ao curso Prestação de Serviços Comunitários (200 alunos X 100 h/a), também considerado como parcialmente realizado, em função do não atingimento das 100 horas/aulas para os sete grupos previstos, em que pese a apresentação de Relatório do SIGAE (peça 96, p. 146), atestando a execução completa da carga horária prevista para aqueles grupos, os diários de classe ora apresentados pela defendente não trouxeram nenhuma novidade no sentido de completar o quadro contido na peça 27, p. 39-40, permanecendo, em nossa opinião o débito na importância de R$ 35.070,20 (trinta e cinco mil, setenta reais e vinte centavos), conforme demonstrado a seguir: (tabela no original).

197.3.6. No tocante à parcela de débito no valor de R$ 1.120,00, resultante da não comprovação do repasse de parte da Bolsa-Auxílio, a defendente trouxe ao conhecimento desta Secretaria a Relação de Pagamentos constante da peça 94, p. 175-178, no valor total de R$ 1.660,00

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(um mil, seiscentos e sessenta reais). Afasta-se, dessa forma o débito remanescente apurado por ocasião da análise das alegações de defesa da entidade executora (peça 27, p. 40-41), ficando o pagamento daquele benefício, liberado no montante de R$ 72.000,00 (R$ 360,00 X 200 treinandos), devidamente comprovado, mediante os elementos indicados no quadro demonstrativo abaixo: (...).

197.4. Observa-se, com base nos novos elementos produzidos pela ora defendente que, embora o débito remanescente de R$ 41.328,70 (quarenta e um mil, trezentos e vinte e oito reais e setenta centavos), tenha sido reduzido para R$ 38.670,20 (trinta e oito mil, seiscentos e setenta reais e vinte centavos), ante a aceitação das alegações de defesa relativas à execução integral do curso de Direitos Humanos e Cidadania (R$ 1.538,50), bem como da comprovação do repasse completo da bolsa-auxílio (R$ 1.120,00), elidindo-se, assim, o valor de R$ 2.658,50 daquele montante original, o mesmo ainda persiste, motivo por que rejeitamos em parte as alegações de defesa complementares da defendente quanto a este ponto.

198. No tocante às demais irregularidades até o momento não elididas (3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª 9ª, 12ª e 13ª), uma vez que a 1ª, 2ª e 11º (Ausência de comprovação, por meio de documentos contábeis idôneos, de que os recursos liberados foram integralmente aplicados na execução das ações de educação profissional), já o foram quando da apreciação das primeiras alegações de defesa da defendente (peças 32 e 33), procederemos à análise das mesmas com base nos novos argumentos apresentados pela defendente, reproduzidos resumidamente nos subitens 186 a 194 desta instrução.

198.1. Assim, no tocante à terceira irregularidade (habilitação e contratação de instituições, mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da Lei 8.666/93), aceitamos as alegações de defesa da defendente, pois, na realidade, a contratação do CIEE deu-se em decorrência de contratação direta, e não por meio de um procedimento licitatório, em que pese o fato de, anteriormente a essa contratação, ter havido a deflagração de um procedimento licitatório indefinido, que misturava concomitantemente três modalidades de licitação (Concorrência, Tomada de Preços e Convite), posteriormente abandonado.

198.2. Já com relação à quarta irregularidade (utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras das ações educacionais, no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII; 26, parágrafo único, caput e inciso II e III; 27, incisos II, III e IV; e 54 da Lei nº 8.666/93), reiteramos a nossa análise contida às páginas 39-42 da peça 32, mantendo a rejeição pelas suas respectivas alegações de defesa.

198.3. No que concerne à quinta irregularidade (homologação das dispensas de licitação para a subscrição dos contratos relativos ao PEQ de 2000), verificamos que a defendente não trouxe argumentos novos, motivo por que também reiteramos nossa análise quanto a esse ponto contida à página 42 da peça 32, rejeitando, por conseguinte, as alegações de defesa novamente propostas.

198.4. Passaremos, agora, a reanalisar à sexta irregularidade imputada (contratação de entidades que não comprovaram possuir capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais, com inobservância dos arts. 27, inciso II e 30 da Lei nº 8.666/93).

198.4.1. Os argumentos apresentados praticamente reiteram os contidos na primeira peça de defesa daquela ex-Secretária (peça 32, p. 18-19), no sentido de que haveria falha de técnica jurídica no enunciado da irregularidade em referência, o que ensejaria sua nulidade por ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa, visto que, de acordo com o citado enunciado, consistiria a irregularidade na ausência de comprovação pela contratada de que possui os requisitos de qualificação técnica, o que supostamente violaria os arts. 27, inciso II e 30 da Lei 8.666/93.

198.4.2. Com efeito, o enunciado da referida irregularidade realmente padece de falha na sua elaboração, uma vez que, como não se tratou, no caso concreto, de um procedimento licitatório, mas sim de uma contratação direta, motivo por que reconhecemos que não havia respaldo jurídico para se questionar em uma citação, como equivocadamente foi feito, a comprovação de uma capacitação técnico-profissional exigida especificamente para a realização daquele tipo de procedimento, nos termos dos dispositivos legais ali mencionados. Revisamos, assim, nosso

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entendimento anterior, aceitando as alegações de defesa apresentadas, no tocante a essa irregularidade.

198.5. Com relação à sétima irregularidade (liberação antecipada de parcelas, em regime de adiantamento, aos executores das ações de educação profissional, sem exigir a prestação de garantia e o efetivo início da realização dos serviços, com infringência ao art. 38 do Decreto nº 93.872, de 23/12/1986 e dos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei 4.320/64), a defendente não trouxe argumentos válidos que afastassem esse ponto, isto porque, embora não tenha promovido pessoalmente a liberação antecipada daquelas parcelas, o referido procedimento, obviamente, era do seu conhecimento, pois permitiu que tal previsão constasse do respectivo instrumento contratual, sem qualquer garantia, o que constituiu um risco que, no caso concreto se materializou em um prejuízo na ordem de R$ 38.670,20 (trinta e oito mil, seiscentos e setenta reais e vinte centavos), consubstanciado, principalmente, em ações de qualificação profissional executadas parcialmente. Assim sendo, propomos o não acolhimento das alegações de defesa complementares em relação a essa irregularidade.

198.6. Relativamente à oitava e nona irregularidades (‘atestação da execução dos serviços e posterior autorização do pagamento, em que supostamente: a) não foram cumpridas as exigências para a regularidade fiscal, previdenciária e fundiária; e b) não foram cumpridas as exigências para a comprovação da efetiva execução das ações de educação profissional’), tendo em vista a inexistência de fatos novos trazidos pela defendente, reiteramos a nossa análise contida às páginas 48-50, da peça 32, de modo a rejeitar as novas alegações de defesa da ora requerente quanto a este ponto, considerando-se, principalmente, o fato de o débito remanescente apurado no âmbito dos presentes autos não ter sido completamente afastado.

198.7. No que tange à décima segunda (omissão em designar representante da administração para acompanhar, fiscalizar e avaliar a execução do contrato, deixando de dar cumprimento ao estabelecido no art. 67 da Lei nº 8.666/93 e na cláusula 3ª, item 3.2.2, do convênio MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99 - SETAS e cláusulas contratuais) e à décima terceira irregularidades (omissão em designar servidor ou comissão para concretizar e formalizar o recebimento definitivo do objeto do contrato, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, depois de verificada a adequação das ações de educação profissional executadas aos termos contratuais, deixando de dar cumprimento ao art. 73, inciso I, alínea ‘b’, da lei 8.666/93), vê-se, conforme informação da própria defendente, que somente em 2001 o servidor gerente de Trabalho e Renda teria sido formalmente designado para essas atribuições através da portaria 034-S.

198.7.1. Antes disso, contudo, ainda segundo a defendente, o exercício daquelas atribuições, quais sejam, a fiscalização e a concretização do recebimento dos serviços prestados estariam subentendidas genericamente no âmbito das competências da Gerência de Trabalho e Renda e, consequentemente, nas de seu titular.

198.7.2. Ora o objetivo contido nos citados dispositivos da lei de licitações foi justamente o de se proceder à designação específica de um determinado servidor para que o mesmo se encarregasse daquelas funções ali cominadas, de modo a não deixar margem de dúvidas sobre quem seria o responsável (is) pelo acompanhamento, fiscalização e recebimento definitivo dos serviços, em razão da complexidade dos mesmos.

198.7.3. Dessa forma, entendemos que a ausência de um agente prévia e especialmente designado para os fins colimados naqueles dispositivos legais constituiu uma irregularidade que concorreu diretamente para a obtenção do resultado negativo apurado (R$ 38.670,20), razão pela qual mantemos a proposta pela rejeição das alegações de defesa apresentadas quanto a este ponto.

199. Diante disso, observamos que a 1ª, 2ª, 3ª, 6ª e 11ª irregularidades imputadas a então Secretária foram afastadas, enquanto a 4ª, 5ª, 7ª, 8ª, 9ª, 10ª, 12ª e 13ª irregularidades permanecem, em nossa opinião, inalteradas, quanto as suas respectivas impropriedades

III - Conclusão

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200. Face ao exposto, tendo em vista a análise procedida nos novos argumentos de defesa trazidos pela Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, então secretária da Secretaria de Estado do Trabalho e da Ação Social, em que não foram acatadas as alegações de caráter genérico relativas à sua atuação, de um modo geral, a frente do Planfor no Espírito Santo, nos exercícios de 1999 e 2000, enquanto as de caráter específico, referentes à execução do Contrato nº 2/2000 foram rejeitadas em parte, destacando-se o não acolhimento daquela relacionada à comprovação da realização integral por parte da entidade executora (Centro de Integração Empresa Escola do Estado do ES - CIEE) dos cursos para os quais a mesma foi contratada (10ª irregularidade), uma vez que se constatou a existência de um débito remanescente imputado à responsável em epígrafe, no valor total de R$ 38.670,20 (trinta e oito mil, seiscentos e setenta reais e vinte centavos), bem como a permanência de outras irregularidades que lhe foram inquinadas (4ª, 5ª, 7ª, 8ª, 9ª, 12ª e 13ª), as quais foram determinantes na formação daquele débito, entendemos que as contas da responsável em epígrafe, bem como a dos demais responsáveis com ela arrolados solidariamente no âmbito deste processo, sejam julgadas irregulares.

200.1. Quanto à possibilidade de aplicação, aos responsáveis, da multa cominada no art. 57 da Lei Orgânica do TCU, entendemos que, a exemplo do que foi decidido no Acórdão TCU 1.026/2008-Plenário, a referida penalidade poderá ser, excepcionalmente, dispensada:

‘XII - Considerações finais60. Sopesado o contexto no qual foi executado o Planfor no DF e em consonância com a

jurisprudência que se está formando nesta Corte em relação às tomadas de contas especiais instauradas em cumprimento ao disposto na Decisão nº 1.112/2000 - Plenário, de 13/12/2000, entendo que, excepcionalmente, não deve ser aplicada aos responsáveis a multa prevista no art. 57 da Lei Orgânica do TCU. (Voto do Ministro Relator Benjamim Zymler).’ (grifos nossos).

IV - Proposta de encaminhamento.201. Ante todo o exposto, propomos que o presente processo de Tomada de Contas

Especial seja encaminhado, inicialmente, ao Ministério Público junto a este Tribunal, e posteriormente, ao Gabinete do Excelentíssimo Senhor Ministro Relator Substituto André Luis de Carvalho, com a seguinte proposta de mérito, que substituirá aquela constante da peça 33, p. 22-23:

201.1. considerar revel o Sr. Jorge Luiz de Paula Penha, nos termos do art. 12, § 3°, da Lei n° 8.443/92;

201.2. aceitar as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis Maria Ilse Dória Vinha, Sandra de Carvalho, Lorena Dall'Orto Ramos, Jonas Hilário da Silva e Márcia Bicalho Alonso, na condição de membros da Comissão de Cadastramento dos PEQs de 2000 e do Sr. Sebastian Marcelo Veiga, na condição de presidente das referidas Comissões, e excluir a responsabilidade do Sr. Jorge Luiz de Paula Penha, na mesma condição de membro

201.3. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli e Srs. Francisco de Morais, enquanto gerente de Trabalho e Renda do SINE e Atestador da Execução dos Serviços 1999/2000, e Arízio Ribeiro Brotto;

201.4. rejeitar em parte as alegações de defesa apresentadas pelo Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Espírito Santo - CIEE;

201.5 aceitar as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Maria Helena Ruy Ferreira em relação à 1ª, 2ª, 3ª, 6ª e 11ª irregularidades, aceitar parcialmente as produzidas em relação à 10ª irregularidade e rejeitar as alegações de defesa ofertadas por essa mesma responsável em relação às demais irregularidades que lhe foram imputadas (4ª, 5ª, 7ª, 8ª, 9ª, 12ª e 13ª);

201.6. aceitar as razões de justificativa apresentadas pelo ex-procurador-geral, Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello;

201.7. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, da Lei nº 8.443/92 c/c os arts. 1º, 209, incisos II e III, 210 e 214, inciso III, do RITCU, julgar irregulares as contas dos responsáveis, Sras. Maria Helena Ruy Ferreira e Maria Terezinha Silva Gianardoli; Srs. Francisco de Morais e Arízio Ribeiro Brotto, bem como as do Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Espírito Santo – CIEE;

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201.8. com fulcro nos arts. 16, § 2º; 19, caput, e 23, inciso III, da Lei nº 8.443/92, c/c os arts. 209, § 5º, 210 e 214, inciso III, do RITCU condenar solidariamente os responsáveis Maria Helena Ruy Ferreira, Maria Terezinha Silva Gianardoli, Francisco de Morais, Arízio Ribeiro Brotto, e o Centro de Integração Empresa Escola do Estado do Espírito Santo – CIEE ao pagamento do débito a seguir discriminado, atualizado monetariamente e acrescido dos juros de mora, calculados a partir das datas especificadas até o efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, fixando o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento aos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT das quantias devidas, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno do TCU: Contrato nº 2/2000Entidade Executora: Centro de Integração Empresa Escola do Estado do ES Valor do Contrato: R$ 180.000,00 Responsáveis Solidários Total do Débito Nº da OB Data da Ocorrência Maria Helena Ruy Ferreira 38.670,20 2000OB1652-6 25/9/2000Maria Terezinha Silva Gianardoli 38.670,20 2000OB1652-6 15/12/2000

Francisco de Morais 38.670,20 2000OB1652-6 15/12/2000Arízio Ribeiro Brotto 38.670,20 2000OB1652-6 15/12/2000

Centro de Integração Empresa Escola do Estado do ES – CIEE/ES

38.670,20 2000OB1652-6 15/12/2000

201.9. autorizar, com fulcro no art. 26 da Lei n° 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno deste Tribunal, desde logo, caso assim desejarem os responsáveis, o parcelamento dos débitos a que se refere o subitem precedente para pagamento em até 36 (trinta e seis) parcelas, corrigidas monetariamente, sobre as quais incidirão os correspondentes acréscimos legais, com o alerta de que a falta do pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor;

201.10. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da lei n° 8.443/92, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

201.11. encaminhar cópia da decisão que vier a ser proferida, bem como do Relatório e Voto que a fundamentarem, ao Ministério Público da União e à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, para conhecimento e tomada de providências que entenderem cabíveis, no âmbito de suas respectivas esferas de competência.”

20. Por conseguinte, o Ministério Público junto ao Tribunal, em novo parecer do Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, após sintetizar a proposta da unidade técnica, concordou com a nova análise efetivada, exceto no que se refere ao acolhimento das alegações de defesa dos procuradores estaduais, mantendo a posição anteriormente adotada, em consonância com as considerações específicas que fez lançar à Peça nº 103, nos seguintes termos:

“(...) O Ministério Público concorda, em essência, com a derradeira proposta formulada pela unidade técnica.

De fato, as alegações complementares da Sra. Maria Helena Ruy Ferreira são aptas a descaracterizar algumas irregularidades imputadas a esta responsável, bem como a desconstituir pequena parcela do débito inicialmente apontado na presente TCE.

Quanto à redução do débito, por pertinente, transcreve-se excerto da última instrução da Secex/ES (peça 100, pp. 39/42): (omissis).

Assim, restaram elididas as seguintes irregularidades, de início, imputadas à Maria Helena Ruy Ferreira:

- habilitação de instituições que não atenderam aos requisitos estabelecidos no edital de pré-qualificação e cadastramento do plano estadual de qualificação, configurando violação ao art. 3º, da Lei 8.666/1993 (por meio das alegações de defesa iniciais);

- não exigência, no edital, de comprovação de qualificação econômico-financeira para

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habilitação das entidades, contrariando os arts. 27, inciso III, e 31 da Lei 8.666/1993 (por meio das alegações de defesa iniciais);

- habilitação e contratação de instituições, mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da Lei 8.666/1993 (pelas alegações complementares);

- contratação de entidades que não comprovaram possuir capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais, com inobservância dos arts. 27, inciso II e 30 da Lei 8.666/1993 (pelas alegações complementares);

- ausência de comprovação, por meio de documentos contábeis idôneos, de que os recursos liberados foram integralmente aplicados na execução das ações de educação profissional (pelas alegações complementares).

Enquanto permanecem as falhas a seguir, as quais devem fundamentar a condenação da responsável:

- utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras das ações educacionais, no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII; 26, parágrafo único, caput e inciso II e III; 27, incisos II, III e IV; e 54 da Lei 8.666/1993;

- homologação das dispensas de licitação para a subscrição dos contratos relativos ao PEQ de 2000;

- liberação antecipada de parcelas, em regime de adiantamento, aos executores das ações de educação profissional, sem exigir a prestação de garantia e o efetivo início da realização dos serviços, com infringência ao art. 38 do Decreto 93.872/1986 e dos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964;

- atestação da execução dos serviços e posterior autorização do pagamento, em que supostamente: a) não foram cumpridas as exigências para a regularidade fiscal, previdenciária e fundiária; b) não foram cumpridas as exigências para a comprovação da efetiva execução das ações de educação profissional;

- inexecução do Convênio MTE/Sefor/Codefat 25/1999 – Setas – Cláusula 3ª, item 3.2.1, em decorrência da não realização ou realização apenas parcial, pela entidade executora, das ações de educação profissional contratadas;

- omissão em designar representante da administração para acompanhar, fiscalizar e avaliar a execução do contrato, deixando de dar cumprimento ao estabelecido no art. 67 da Lei 8.666/1993 e na cláusula 3ª, item 3.2.2, do convênio MTE/Sefor/Codefat 25/1999 – Setas e cláusulas contratuais;

- omissão em designar servidor ou comissão para concretizar e formalizar o recebimento definitivo do objeto do contrato, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, depois de verificada a adequação das ações de educação profissional executadas aos termos contratuais, deixando de dar cumprimento ao art. 73, inciso I, alínea ‘b’, da Lei 8.666/1993.

Todavia, o Ministério Público insiste que não devem ser acatadas as razões de justificativa do Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, razão peça qual reproduz sua análise anterior no que tange à questão: (omissis).

Em face de todo o exposto, manifesta-se o Ministério Público, em essência, de acordo com as proposições da Secex-ES, sugerindo apenas que, em relação ao Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, sejam rejeitadas suas razões de justificativa e lhe seja aplicada a multa cominada no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.”

21. Ocorre, todavia, que, novamente, quando os autos já se encontravam em meu Gabinete, foram apresentados novos elementos de defesa pela Sra. Maria Helena Ruy Ferreira (Peça nº 104), anunciando a chegada de novos documentos comprobatórios da execução dos cursos questionados.

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22. Assim, mais uma vez, em homenagem aos princípios do contraditório e da ampla defesa, determinei, mediante o despacho exarado à Peça nº 105, a necessária análise pela unidade técnica.23. Ato contínuo, por meio de manifestações uniformes acostadas às Peças nos 107/109, a unidade técnica apresentou o seguinte parecer:

“(...) 2. Primeiramente a defendente insurgiu-se contra o fato de estar sendo, segundo ela, única e exclusivamente responsabilizada de forma ‘objetiva’, por omissão e por culpa in vigilando da atuação de seus subordinados.

3. Assim, com base na argumentação de que por força de determinação expressa do Decreto nº 4.499-N, de 28/7/1999, que seria a normatização específica e trataria da regulamentação e organização do art. 98, I, da Constituição Estadual do Espírito Santo, no que tange à SETAS/ES (que acabava de ser criada em 1999), asseverou que não lhe incumbia a atribuição de fiscalizar e supervisionar convênios (peça 104, p. 9-18).

4. Isto porque, explicou, nos termos do art. 30 do referido decreto, competia ao subsecretário para Assuntos Administrativos as seguintes responsabilidades e atribuições:

‘VI – deliberar sobre assuntos diversos e especialmente os de caráter administrativo e financeiros, inerentes à Pasta.

VII – gerenciar e acompanhar a aplicação de recursos financeiros provenientes de fundos, convênios e outros termos de ajuste, bem como a elaboração, execução e controle dos respectivos planos de aplicação.

IX – assinar cheques e outros documentos de despesa no âmbito de sua competência, em conjunto com o Grupo Financeiro e Setorial.’ (grifos da defendente).

5. Deste modo, objetiva a ora responsável eximir-se de suas responsabilidades e transferi-las para outrem, mais especificamente para um dos seus subordinados, atribuindo-se a si tão somente o papel de mero agente político que, por delegação do governador do Estado teria simplesmente firmado com o Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT o Convênio nº 25/99 e, por extensão o Contrato nº 2/2000, com o CIEE.

6. Ocorre que a disposição normativa (art. 30, incisos, VI, VII e IX, do Decreto nº 4.499-N, de 28/7/1999) reproduzida pela requerente não pode ser interpretada de maneira isolada.

7. Ora, do disposto no art. 2º, inciso XVI, do decreto mencionado, compete à Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social – SETAS, como integrante do conjunto de Secretarias de Estado da Área Social, nos termos da Lei 3.043/75, no cumprimento de suas finalidades, dentre outras: ‘(...) XVI – a informação, o aperfeiçoamento e a qualificação de mão de obra em consonância com as necessidades do mercado de trabalho e do setor produtivo’.

8. Mais adiante, no art. 3º do decreto em referência tem-se que ‘A Secretaria de Estado do Trabalho e da Ação Social – SETAS exerce as suas ações executivas através de suas Gerências, Subgerências, Núcleos Regionais, Órgãos de Regime Especial e das Entidades da Administração Indireta’.

9. Nesse sentido, o art. 7º do referido decreto descrevia a estrutura organizacional da Secretaria de Estado do Trabalho e da Ação Social em: I - Nível de Direção Superior (a – Secretário de Estado do Trabalho e Ação Social; b- Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa; c- Conselho Estadual de Assistência Social; e d- Conselho Estadual da Pessoa Portadora de Deficiência); II - Nível de Assessoramento; III – Nível de Gerência (a - Subsecretaria para Assuntos Administrativos; e b - Subsecretaria para Assuntos Sociais); IV – Nível de Atuação Instrumental; e V – Nível de Execução.

10. Verifica-se, pois, que a Subsecretaria para Assuntos Administrativos constituía um nível de gerência da Secretaria de Estado do Trabalho e da Ação Social, cabendo-lhe, segundo o disposto no art. 17 do citado decreto, além do assessoramento direto e pessoal do Secretário de Estado, o desempenho das atividades que lhe eram delegadas.

11. Logo, as atribuições descritas no art. 30 do Decreto nº 4.499-N, de 28/7/1999, como sendo de responsabilidade da subsecretaria para Assuntos Administrativos, eram também delegadas pelo secretário de Estado do Trabalho e da Ação Social, conforme se depreende do inciso II daquela

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disposição normativa, não mencionado pela defendente: ‘II – promover a gestão administrativa da Secretaria, com a delegação de competência conferida pelo Secretário de Estado.’

12. Portanto, as atribuições elencadas pela requerente como sendo de competência exclusiva da Subsecretaria Administrativa eram, na verdade, delegadas pela secretária de Estado, uma vez que tal Subsecretaria integrava a sua pasta. Dessa forma, a responsabilidade original permanece com a autoridade máxima, no caso, a então secretária de Estado do Trabalho e da Ação Social.

13. Com efeito, nos casos dos contratos firmados no âmbito dos PEQs de 1999 e 2000, constata-se que tanto a então representante da Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social, Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, quanto as suas subsecretárias de Estado do Trabalho e Ação Social para Assuntos Administrativos, Sras. Elaine Barreto Vivas (no exercício de 1999) e Maria Terezinha Silva Gianardoli (no exercício de 2000), foram responsabilizadas solidariamente.

14. Ademais, há que se recordar que a então secretária de Estado do Trabalho e da Ação Social assinou conjuntamente, e não por delegação do governador do Estado, o primeiro e segundo termos aditivos ao Convênio nº 25/1999, uma vez que o termo original foi firmado pelo então secretário de Estado da Justiça e da Cidadania, também em conjunto com o governador. Já os contratos provenientes do referido convênio, a exemplo do Contrato nº 2/2000, foram assinados pela referida secretária em conjunto com o procurador-geral do Estado.

15. Observa-se, por conseguinte, que a SETAS figurou como convenente e como contratante, respectivamente, no âmbito do Convênio nº 25/1999 (e aditivos), e dos contratos em tela, assumindo diretamente em nome do Estado do Espírito Santo, e por meio de sua representante legal, a então secretária de Estado do Trabalho e da Ação Social, uma série de obrigações, dentre elas a de prestar contas dos recursos recebidos por meio daquele convênio, observando o disposto na IN/STN nº 1/97 e a de acompanhar, supervisionar e fiscalizar a implantação e o desenvolvimento do objeto dos contratos dele decorrentes.

16. Assim, sobre o tema em destaque, relacionado à responsabilidade da então secretária Maria Helena Ruy Ferreira, remetemos nossas conclusões à análise já procedida no âmbito da instrução anterior (peça 100, itens II.23 e II.24, p. 25-32), no sentido de ratificar o nosso entendimento ali manifestado pela improcedência dos argumentos lançados não somente naquela oportunidade, como também no momento atual, pela ora defendente.

17. Quanto às glosas remanescentes do Contrato nº 2/2000, no valor total de R$ 38.670.20, relativas a dois grupos de supostas irregularidades: i) ações contratadas e não executadas; e, ii) ações parcialmente executadas, a gestora argumentou o seguinte.

17.1. Preliminarmente, ressaltou que conforme relatado na Decisão 354/2001-Plenário, as enormes dificuldades enfrentadas para a implementação do Planfor em todo o País levaram a aceitação por parte desta Corte de Contas de toda a informação que atestasse a efetiva execução do objeto contratado, prezando-se por uma análise finalística dos objetos contratuais sub examen, devendo-se verificar se a população foi efetivamente beneficiada pelos recursos públicos.

17.2. Em específico, no que diz respeito ao CIEE, reproduziu trecho do Relatório Final de Avaliação e Supervisão de 2000, emitido pela FCAA, em que aquela Fundação dizia que o referido Centro de Integração Empresa Escola do ES teria executado o Programa Serviço Civil Voluntário, no município da Serra, com o propósito de atender e apoiar 200 jovens pertencentes à família de baixa renda, mantendo-os na condição de estudantes da rede pública e repassado todas as informações necessárias para um bom acompanhamento e supervisão das ações realizadas (TC 021.193/2007-4, vol. 4, anexo 1, fls. 125).

17.3. Assim, no que tange ao primeiro grupo (i) de ações não executadas, explicou que o valor glosado foi de R$ 3.600,00 e referia-se a não comprovação da execução de 10 horas de habilidades de gestão previstas no projeto inicial.

17.3.1. No entanto, aduziu que os dados registrados no SIGAE, assim como os contidos nos relatórios de avaliação e acompanhamento das ações de qualificação, produzidos pela FCAA

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(doc. anexo), demonstram e comprovam a efetiva execução do curso de Habilidades de Gestão no exato montante de horas contratadas. Não havendo, portanto, em sua opinião, dano a ser ressarcido.

17.4. Com relação ao segundo grupo (ii) de ações parcialmente executadas, cujo valor glosado foi de R$ 35.070,20, relativo ao curso de Prestação de Serviços Comunitários, revelou que para a plena comprovação da execução dessas ações existiam não apenas os diários de classe já anteriormente anexados, mas também os Relatórios do SIGAE (doc. anexo) e avaliações e questionários dos cursos supervisionados pela FCAA (doc. anexo).

7.4.1. Ademais, enfatizou que o Relatório de Atividades do Programa Civil Voluntário, apresentado pelo CIEE para a liberação da 4ª parcela do Contrato 2/200, declarava e descrevia, às fls. 1236, Anexo 3, vol. 3 – doc. anexo, como transcorreu a realização das prestações de serviços à comunidade, em que locais, com quais ações tendo sido desenvolvidas, demonstrando mais uma vez a plena execução das ações.

17.4.2. Alegou que foram desenvolvidas ações de manutenção e restauração de 8 espaços públicos (fls. 1238, anexo 3, vol. 3), dentre eles reformas e pintura em creches municipais, colocação de portas, janelas, telhados e forros no Batalhão da Polícia Militar e no Conselho Tutelar, restauração da rede hidráulica, instalação de ventiladores e luminárias.

17.4.3. Declarou que os próprios jovens participantes dos programas também desenvolveram campanhas educativas sobre métodos contraceptivos, DSTs, uso de drogas, gravidez na adolescência nas creches e unidades de saúde através de palestras e apresentações teatrais.

17.4.4. Afirmou, ainda, que constou do Relatório de Atividades de 2000 (fls. 1297/1305, Anexo 3, Vol. 3 – doc. anexo) a realização de cursos e palestras não previstos no projeto inicial, bem como atendimentos individuais aos treinandos e às famílias, e encontros de acompanhamento com todos os adolescentes, o que, por lógica, teria aumentado a carga horária ministrada pela instituição.

17.4.5. Apresentou, também, documentos baseados em diversas fotos (doc. anexo) e cartas enviadas a SETAS (doc. anexo) que confirmariam a realização das ações de prestação de serviços à comunidade e, portanto, a inexistência de débitos relativos a essas ações.

17.5. Concluiu, nesses termos, que haveria a comprovação não só da realização integral dos cursos e, em consequência, da inexistência de dano a ser ressarcido, assim como da plena efetividade do programa realizado, uma vez que a SETAS teria encerrado o ano de 2000 com o cumprimento da meta de lotação de 150 adolescentes que participaram do referido programa em 40 áreas/órgão diversos.

18. Antes de dar início à análise dos novos argumentos propostos pela defendente, vale lembrar os termos em que o Contrato nº 2/2000, firmado entre a SETAS e o CIEE foi firmado. Nesse sentido, verifica-se que os custos das ações contratadas estavam especificados em conformidade com a tabela abaixo, consoante proposta do CIEE, integrante do contrato em referência (peça 66, p. 51): (omissis).

18.1. Assim, com exceção da Elevação da Escolaridade bancada pelo Estado do ES, foram financiados com recursos do FAT e, portanto, integraram o Contrato nº 2/2000, os itens relativos à Bolsa Auxílio, Qualificação, DH e Cidadania e Serviços Comunitários, resultando em um valor contratual de R$ 180.000,00 (R$ 1.350,00 – R$ 450,00 = R$ 900,00/aluno X 200 alunos = R$ 180.000,00).

18.2. Dessa forma, a Bolsa-Auxílio, o curso de Direitos Humanos e Cidadania, e os Cursos de Qualificação foram praticamente todos comprovados no âmbito das alegações de defesa apresentadas anteriormente, tanto pelo CIEE (peça 27, p. 37-41), quanto pela ora defendente (peças 33, 33 e 100). No caso dos cursos de Qualificação Profissional, cumpre registrar que a carga de 100 horas/aula prevista para cada aluno estava compreendida em 30 horas/aula de Noções Básicas de Informática, 10 horas/aula de Habilidades de Gestão e 60 horas/aula em um dos seguintes cursos profissionalizantes específicos (Pintor, Auxiliar de Eletricista, Bombeiro Hidráulico, Carpinteiro, Confecção de Peças Íntimas, e Confecção de Artesanatos).

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18.3. Assim, uma das glosas contestadas pela responsável em comento, diz respeito justamente ao Curso de Habilidades de Gestão (10 horas/aula), no valor de R$ 3.600,00 (10 horas/aula X 200 alunos X R$ 1,80 por aluno), que integrava a Qualificação Profissional, considerado não realizado. Ora, conforme já discorrido na análise das alegações de defesa anteriores (peça 100, p. 40, item 197.3.1 e 197.3.2) não foram apresentados diários de classe que dessem suporte às informações contidas no Relatório do SIGAE, motivo por que aquele Relatório por si só foi considerado bastante frágil para fins de comprovação da realização do referido curso.

18.4. Ocorre que o novo elemento agora apresentado pela defendente diz respeito a um único e singelo questionário aplicado pela Fundação Ceciliano Abel de Almeida – FCAA, tendo como informante a Sra. Mônica Rezende de Moura, Coordenadora do Programa no CIEE (peça 106, p. 19-22 e peça 66, p. 27). Isto é, não foram apresentadas avaliações feitas pela FCAA junto a alunos e /ou instrutores que participaram do curso, muito menos uma avaliação feita pela própria FCAA sobre o referido curso, o que daria credibilidade às informações prestadas no Relatório do SIGAE (peça 104, p. 23-24), de que o mesmo foi plenamente realizado.

18.5. Quanto ao Curso de Prestação de Serviços Comunitários, este foi considerado parcialmente realizado, em que pese o fato de o Relatório do SIGAE, já apresentado em oportunidades anteriores, ter atestado o contrário (peça 104, p. 25-26), subsistindo, por conseguinte, a glosa no valor de R$ 35.070,20.

18.6. Com efeito, observamos no âmbito deste processo a existência de diários de classe praticamente inelegíveis, mas que, no entanto, foram aproveitados ao máximo com a finalidade de comprovar a realização daquelas atividades, dando origem ao quadro demonstrativo contido no subitem 197.3.5 da instrução anterior (peça 100, p. 41-42), que contabilizou um débito na ordem de R$ 35.070,20, uma vez que teria sido comprovada a realização de apenas 7,71% do que foi contratado (R$ 2.929,80–Valor do Serviço Executado/R$ 38.000,00–Valor do Serviço Contratado).

18.7. Do disposto no Projeto ‘Serviço Civil Voluntário’ (peça 66, p. 28-53), que fez parte integrante do Contrato nº 2/2000, verifica-se que a atividade ‘Prestação de Serviços à Comunidade’ não pode ser definida como um curso em sala de aula propriamente dito, mas sim como uma prestação de serviços à comunidade, ou seja, a aplicação prática do que foi aprendido nos cursos de qualificação visando à melhoria da mesma. Para tanto, reproduzimos os trechos do referido programa, a seguir: (omissis).

18.8. Não obstante o perfil prático da atividade ‘Prestação de Serviços à Comunidade’, o seu custo estava claramente definido no projeto inicial (peça 66, p. 51), reproduzido no item 18 desta instrução, de modo que cada um dos 200 alunos deveria cumprir 100 horas nessas atividades ao custo de R$ 1,90 por hora/aluno, o que resultaria no custo total de R$ 38.000,00 (200 alunos X R$ 1,90 X 100 horas).

18.9. Assim, se tomarmos o próprio Relatório do SIGAE como referência (peça 104, p. 25-26), em que os 200 alunos estavam divididos em 7 grupos (5 grupos de 30 e 2 grupos de 25 alunos), e que as atividades de Prestação de Serviços Comunitários estariam ocorrendo igualmente para todos os grupos no período de 11/9/2000 a 10/12/2000, com uma carga horária de 3 horas por dia, conforme ali consignado, teríamos como resultado a disponibilização de 33,3 dias para o cumprimento das 100 horas previstas para cada aluno (100h/3 horas/dia = 33,3 dias). Vemos, assim, que para que o demonstrativo contido no subitem 197.3.5 (peça 100, p. 41) apresentasse uma configuração completa, de modo a não produzir nenhum débito, seria necessário que cada grupo apresentasse em torno de 33 linhas, uma vez que cada uma das folhas de frequência ali contidas referia-se a um dia de atividade.

18.10. Tendo em vista os demais documentos apresentados pela requerente a título de comprovação da realização da Prestação de Serviços Comunitários, a exemplo do Relatório Final do Programa Serviço Civil Voluntário (peça 104, p. 39-74), temos que ali, mais especificamente às páginas 48 e 50, estariam relatadas as atividades de restauração que teriam sido promovidas em 8 prédios públicos pelos cinco primeiros grupos (pintor de parede, bombeiro hidráulico, auxiliar de

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eletricista, elétrica predial e carpinteiro), assim como a realização das campanhas educativas, palestras e apresentações teatrais sobre métodos contraceptivos, DSTs, uso de drogas e gravidez na adolescência, supostamente feita pelos dois últimos grupos (confecção de peças íntimas e artesanato).

18.11. Ocorre que, apesar de todas as alegações produzidas pela requerente, não há comprovação de que os alunos vinculados àquelas atividades de ‘Prestação de Serviços Comunitários’ efetivamente prestaram as 100 horas previstas para cada aluno. Isto porque não constou destes autos os relatórios dos coordenadores de cada equipe que, segundo disposto no projeto inicial, deveriam ser preparados, após cada atividade, contendo relato minucioso da mesma, e enviados a SETAS pelo CIEE, em no máximo até três dias após a ocorrência. Esses relatórios serviriam, portanto, como um substitutivo dos diários de classe, comprovando os dias despendidos naquelas atividades, a carga horária diária, os alunos empregados diariamente naquelas atividades, e os locais objetos das mesmas.

18.12. Além disso, verificou-se o acompanhamento precário daquelas ações relativas à ‘Prestação de Serviços Comunitários’, face ao que estava estabelecido no projeto inicial (peça 66, p. 52): (omissis).

18.13. De fato, em que pesem as fotografias anexadas a este processo, elas não têm a faculdade de comprovar a execução da totalidade da carga horária a ser cumprida por cada aluno, uma vez que tal registro fotográfico pode se referir a uma mínima parte do que deveria ter sido feito. Do mesmo modo que os supostos ‘atendimentos individuais aos treinandos e às famílias’, e ‘encontros de acompanhamento com todos os adolescentes’, não poderiam ser utilizados como complementações às horas aulas estabelecidas no projeto inicial para fins de atestação da execução das atividades de Prestação de Serviços Comunitários, uma vez que tais ações não constaram originalmente da planilha de custo do contrato em referência, estando, em nossa opinião, naturalmente incluídas no custo do programa como um todo.

19. Ante todo o exposto, considerando que as novas alegações de defesa apresentadas pela requerente não tiveram, sob o nosso entendimento, o condão de comprovar a realização integral das ações inquinadas e, consequentemente, o poder de afastar o débito imputado aos responsáveis, somos pela ratificação da proposta de encaminhamento contida na instrução anterior (peça 100, p. 45-46).”

24. Enfim, o Ministério Público junto ao Tribunal, novamente representado pelo Procurador Júlio Marcelo de Oliveira (Peça nº 110), acompanhou a proposta de encaminhamento no sentido de permanência dos débitos inicialmente indicados, tendo em vista que a responsável não apresentou elementos que comprovassem a realização dos treinamentos questionados ou que possam afastar a sua responsabilidade pelo dano apurado, conforme análise da unidade instrutora, motivo pelo qual o Parquet especial reiterou o seu posicionamento anterior à Peça nº 103.

É o Relatório. PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Como visto no Relatório, tratam os presentes autos de tomada de contas especial – TCE instaurada por determinação do Secretário-Executivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mediante a Portaria SE/MTE nº 190, de 28/2/2002, publicada no Boletim Administrativo nº 4-B, de 5/3/2002.2. Registro que essa tomada de contas foi precedida de investigação preliminar por parte do aludido Ministério, em face de matéria publicada no dia 29/7/2001, em jornal do Estado do Espírito Santo, contendo denúncia sobre possível malversação de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT repassados ao Estado do Espírito Santo, por meio do Convênio MTE/SEFOR/Codefat nº 25/99, relativamente aos exercícios de 1999 e 2000.

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3. De início, esclareço que os recursos do FAT repassados no âmbito do citado convênio se destinavam à implementação do então Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador – Planfor, conduzido pela Secretaria de Políticas Públicas de Emprego - SPPE, do MTE, e pelas secretarias estaduais do Trabalho, que deveriam elaborar o Plano Estadual de Qualificação – PEQ.4. O Planfor tinha por objetivo construir a oferta de educação profissional permanente, com foco na demanda social e no mercado de trabalho, de modo a qualificar ou requalificar, a cada ano, pelo menos 20% da população economicamente ativa no País.5. Para execução do citado convênio, foram celebrados pelo Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social – Setas, diversos contratos com instituições públicas e privadas.6. É importante destacar que a tomada de contas especial instaurada pelo MTE originou o TC 007.409/2003-4, envolvendo 26 contratos firmados, bem assim que, em vista do grande volume de documentos a serem analisados (118 volumes, 10 anexos e 4 processos apensos), o então Relator, Ministro Augusto Nardes, a título de racionalidade administrativa e economia processual, determinou o desmembramento do processo original com a autuação de uma TCE para cada entidade executora, com o aproveitamento das citações e audiências já realizadas.7. Nestes autos, está sendo examinado o Contrato nº 2/2000, firmado com o Centro de Integração Empresa Escola – CIEE para execução de ações no âmbito do Plano Estadual de Qualificação – PEQ, relativo ao exercício de 2000.8. As Sras. Maria Helena Ruy Ferreira, secretária de Estado do Trabalho e Assistência Social; Maria Terezinha Silva Gianordoli, subsecretária para Assuntos Administrativos; Lorena Dall’Orto Ramos, Márcia Bicalho Alonso, Maria Ilse Dória Vinha e Sandra de Carvalho, membros da Comissão Especial de Licitação – CEL; e os Srs. Francisco de Morais, gerente de Trabalho e Renda e membro da CEL; Arízio Ribeiro Brotto, coordenador de Qualificação Profissional; Sebastian Marcelo Veiga, assessor Técnico e presidente da CEL; Jonas Hilário da Silva e Jorge Luiz de Paula Penha, membros da CEL, além do CIEE, foram citados para recolherem aos cofres do Fundo do Amparo ao Trabalhador – FAT o débito apurado nos autos, em função de irregularidades que teriam sido verificadas, em especial, na contratação da citada entidade e na execução contratual.9. Também foi realizada a audiência do Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, na qualidade de então Procurador-Geral do Estado, como responsável pela emissão de pareceres favoráveis ao procedimento de pré-qualificação e à contratação do CIEE por meio de dispensa de licitação.10. No mérito, a unidade técnica propõe, ao final, o julgamento das contas dos responsáveis pela irregularidade, com imputação de débito e aplicação de multa, ao tempo em que o MPTCU, em essência, manifesta-se de acordo com as proposições da Secex/ES, sugerindo apenas que, em relação ao Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, sejam rejeitadas as suas razões de justificativa para ser-lhe aplicada a multa legal. 11. De início, assinalo que concordo parcialmente com a proposta de mérito apresentada pela unidade técnica, acolhendo, em parte, como razões de decidir, as percucientes manifestações tecidas nos autos pela auditora federal, sem prejuízo de apresentar as considerações que se seguem.12. Assim, com o intuito de racionalizar a análise do presente caso e de proporcionar um melhor entendimento da matéria tratada no presente feito, passo de início a apresentar um breve histórico dos fatos, abordando, por tópicos, as principais questões analisadas.

I - Irregularidades apuradas

13. No que tange ao contrato firmado com o CIEE, em relação aos quais os responsáveis foram ouvidos em citação, conforme as funções e as atribuições desempenhadas, foram identificadas as seguintes irregularidades:

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a) omissão da Comissão Especial de Licitação em formular juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender à determinação do próprio edital de pré-qualificação e cadastramento;

b) habilitação e contratação de instituições que não atenderiam aos requisitos estabelecidos no Edital de Pré-qualificação e Cadastramento do PEQ, configurando possível violação ao art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;

c) não exigência, no Edital, de comprovação de qualificação econômico-financeira para habilitação das entidades, contrariando os arts. 27, inciso III, e 31 da Lei nº 8.666, de 1993;

d) habilitação e contratação de instituições mediante a combinação das diferentes modalidades de licitação, contrariando o disposto no art. 22, § 8º, da Lei nº 8.666, de 1993;

e) utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras das ações educacionais no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII, 26, caput e parágrafo único, incisos II e III, 27, incisos II, III e IV, e 54 da Lei nº 8.666, de 1993;

f) homologação das dispensas de licitação para a subscrição dos contratos relativos ao PEQ de 2000;

g) contratação de entidades que não comprovaram possuir capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais, com inobservância dos arts. 27, inciso II, e 30 da Lei nº 8.666, de 1993;

h) liberação antecipada de parcelas, em regime de adiantamento, aos executores das ações de educação profissional, sem exigir a prestação de garantia e o efetivo início da realização dos serviços, com desrespeito ao art. 38 do Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986, e aos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964;

i) atestação da execução dos serviços sem o implemento das condições estabelecidas no contrato, ou seja, sem a apresentação pelas entidades dos documentos comprobatórios da regularidade fiscal, previdenciária (INSS) e junto ao FGTS e da efetiva realização das ações de educação profissional, com afronta aos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320, de 1964, e à cláusula contratual;

j) autorização ou ordenação do pagamento de parcelas sem o integral cumprimento das exigências legais e contratuais estabelecidas para comprovação da regularidade fiscal, previdenciária (INSS) e junto ao FGTS e da efetiva execução das ações de educação profissional contratadas, com violação ao art. 73, inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993, e aos arts. 62 e 63, § 2º, inciso III, da Lei nº 4.320, de 1964, e à cláusula contratual;

k) inexecução do Convênio/MTE/SEFOR/Codefat nº 25/1999-Setas/ES (Cláusula 3ª, item 3.2.1), em decorrência da não realização ou realização apenas parcial, pelas entidades executoras, das ações de educação profissional contratadas;

l) ausência de comprovação, por meio de documentos contábeis idôneos, de que os recursos liberados foram integralmente aplicados na execução das ações de educação profissional, tendo em vista que a contratação das instituições com dispensa de licitação somente ocorreu em face de sua finalidade não-lucrativa e por concluir que seus objetivos sociais guardavam identidade com os objetivos do Planfor (art. 145 do Decreto nº 93.872, de 1986, art. 93 do Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 e art. 70, caput, da CF/88);

m) omissão em designar representante da administração para acompanhar, fiscalizar e avaliar a execução do contrato, deixando de dar cumprimento ao estabelecido no art. 67 da Lei nº 8.666, de 1993, e na cláusula 3ª, item 3.2.2., do Convênio/MTE/SEFOR/Codefat nº 25/1999-Setas/ES e nas cláusulas contratuais; e

n) omissão em designar servidor ou comissão para concretizar e formalizar o recebimento definitivo do objeto do contrato, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após verificada a adequação das ações de educação profissional executadas com os termos contratuais, deixando de dar cumprimento ao art. 73, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 8.666, de 1993.

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14. Já o Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello foi ouvido em audiência pelas seguintes irregularidades:

a) acolhimento de Edital de Pré-Qualificação e Cadastramento do PEQ de 2000, sem a exigência de que constasse desse instrumento a comprovação de qualificação econômico-financeira para habilitação das entidades, contrariando os arts. 27, inciso III, e 31 da Lei nº 8.666, de 1993; e

b) aprovação da utilização irregular do expediente da dispensa de licitação para contratação direta de instituições executoras das ações educacionais no âmbito do Plano Estadual de Qualificação, com inobservância dos arts. 2º, 3º, 24, inciso XIII, 26, parágrafo único, e incisos II e III, 27, incisos II, III e IV, e 54 da Lei nº 8.666, de 1993.

II - Análise sobre a existência de dano ao erário

15. Como visto nos autos, a Setas firmou com o CIEE o Contrato nº 2/2000, cujo objeto consistia na prestação de serviços técnicos para a execução do Programa Serviço Civil Voluntário do Plano Estadual de Qualificação Profissional – PEQ/20, no valor de R$ 180.000,00.16. O CIEE foi citado nos autos (Peça nº 17, fls. 2/3), pelo valor original de R$ 66.413,40, para apresentar alegações de defesa ou recolher aos cofres do FAT os valores apurados como débito em função da seguinte irregularidade: “inexecução do Convênio/MTE/SEFOR/CODEFAT n° 25/99-SETAS/ES (Cláusula 3ª, item 3.2.1) em decorrência da não realização ou realização apenas parcial, pelas entidades executoras, das ações de educação profissional contratadas;”.17. No exame inicial da presente questão, a unidade técnica, após análise das alegações de defesa até então apresentadas, reduziu o débito anteriormente apurado para R$ 41.328,70, quantia correspondente às ações educacionais consideradas como não executadas ou executadas parcialmente.18. Cumpre registrar que a unidade técnica efetivou a análise da execução contratual com base no exame de diários de classe, listas de presença, avaliação dos treinandos, Relatório de Avaliação da Fundação Ceciliano Abel de Almeida – FCAA/UFES, contratada para supervisionar o Programa de Qualificação Profissional, e de Relatórios do SIGAE (Sistema de Gestão do Programa de Ações de Emprego), ferramenta criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para acompanhamento das ações.19. Ocorre que, após minuciosa análise da documentação complementar acostada aos autos pela Sra. Maria Helena Ruy Ferreira, a unidade técnica concluiu pela aceitação das alegações de defesa relativas à execução integral do curso de “Direitos Humanos e Cidadania” (R$ 1.538,50), bem como da comprovação do repasse completo da bolsa-auxílio (R$ 1.120,00), elidindo-se, assim, o valor de R$ 2.658,50 daquele montante original. 20. Assim sendo, o valor do débito foi reduzido para R$ 38.670,20, composto pelos seguintes itens: não realização do curso de “Habilidade de Gestão” (R$ 3.600,00) e realização apenas parcial do curso de “Prestação de Serviços Comunitários” (R$ 35.070,20), de sorte que, por esse prisma, se deve passar ao exame das responsabilidades solidárias e/ou individuais nestes autos.

III - Responsabilização dos membros da Comissão Especial de Licitação

21. Importa destacar que o silêncio do Sr. Jorge Luiz de Paula Penha, membro da CEL, devidamente chamado aos autos para se manifestar sobre as irregularidades apontadas neste feito, não impede o regular prosseguimento do processo, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei no 8.443, de 16 de julho de 1992, devendo, em consequência, ser declarada a revelia desse responsável.22. Com relação aos demais integrantes da CEL (Sras. Lorena Dall’Orto Ramos, Márcia Bicalho Alonso, Maria Ilse Dória Vinha e Sandra de Carvalho e os Srs. Sebastian Marcelo Veiga e Hilário da Silva), responsável pelo procedimento licitatório de “Pré-qualificação e Cadastramento do PEQ/ES” em 2000, mostra-se pertinente a proposta de acolhimento das alegações de defesa apresentadas.

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23. Como visto nos autos, as falhas que ensejaram a citação em solidariedade desses responsáveis se relacionariam com: i) a omissão em formular juízo de valor acerca do cumprimento dos requisitos editalícios pelas instituições, deixando de atender a determinações do próprio edital; e ii) a habilitação de instituições que não atenderiam aos requisitos estabelecidos no edital, configurando violação ao art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993. 24. Com efeito, observa-se que as comissões especiais somente foram designadas após a publicação dos editais e findo o prazo para apresentação das documentações especificadas, de modo que resta evidente que os seus membros não tiveram participação na elaboração do edital.25. Logo, constata-se que a participação da CEL nesse caso teria se resumido unicamente à análise da documentação apresentada pelas entidades em uma única reunião realizada em cada exercício.26. Por sua vez, em relação à CEL designada para o PEQ/ES 2000, cujos integrantes foram ouvidos nestes autos, a ata anexada aos autos demonstra a habilitação de todas as entidades participantes da pré-qualificação.27. Ocorre que restou demonstrado, posteriormente, que várias interessadas não poderiam ter sido habilitadas por não terem apresentado toda ou parte da documentação exigida.28. Vê-se, no presente caso concreto, todavia, que tais falhas não se configuram como falta grave, não só porque a atuação da comissão de licitação não teria sido decisiva para a contratação desta ou daquela entidade, mas também porque a pré-qualificação não foi efetivamente utilizada para as contratações realizadas posteriormente, todas decorrentes de processo de dispensa de licitação, destacando-se, também, que a referida deficiência na habilitação não resultou em efetivo prejuízo ao erário.29. De todo modo, ao tempo em que se vê que não há elementos nos autos com força bastante para amparar a proposta de exclusão da responsabilidade do Sr. Jorge Luiz de Paula Penha, então membro da Comissão Especial de Licitação no exercício de 2000, como proposto no encaminhamento final alvitrado pela unidade técnica, observa-se que, a despeito de esse responsável ter se tornado revel, nos termos do § 3º, do art. 12, da Lei nº 8.443, de 1992, podem lhe ser aproveitados os elementos objetivos constantes das defesas oferecidas pelos demais responsáveis, como membros da CEL de 2000, com vistas a ensejar também o julgamento das contas do Sr. Jorge Luiz de Paula Penha pela regularidade com ressalvas.

IV - Responsabilização dos Srs. Francisco de Morais e Arízio Ribeiro Brotto

30. Quanto aos Srs. Francisco de Morais, gerente de Trabalho e Renda, e Arízio Ribeiro Brotto, coordenador de Qualificação Profissional, servidores da Setas vinculados ao Sistema Nacional de Emprego – Sine, eles foram ouvidos sobre a atestação da execução dos serviços sem a apresentação pelas entidades dos documentos comprobatórios da regularidade fiscal previdenciária (INSS) e fundiária (FGTS), e da efetiva execução das ações de educação profissional contatadas, enquanto o Sr. Arízio Ribeiro Brotto foi ouvido também acerca da contratação de instituições que não participaram dos procedimentos de pré-qualificação e cadastramento do Plano Estadual de Qualificação. 31. Como bem analisado pela unidade técnica, os responsáveis atuaram com clara imprudência na conduta de atestarem a execução dos serviços contratados sem a devida comprovação por parte das entidades executoras e sem terem fiscalizado devidamente a prestação desses serviços, infringindo, assim, normas de execução orçamentária e financeira.32. Já no caso do Sr. Arízio Ribeiro Brotto, além da sua participação na indevida atestação da execução dos serviços, também comprovou-se a atuação decisória desse responsável na escolha e na contratação das instituições executoras que não dispunham de capacitação técnico-profissional para executar as ações educacionais.

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33. Dessa forma, entendo que as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis não são capazes de afastar as irregularidades que lhes são imputadas.

V - Responsabilização da Sra. Maria Terezinha Gianardoli

34. A Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli ocupava a função de subsecretária para Assuntos Administrativos durante o exercício de 2000, atuando como ordenadora de despesa no exercício de 2000, por delegação da então secretária estadual, Sra. Maria Helena Ruy Ferreira.35. As irregularidades imputadas à Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli consistiram, em síntese, na homologação das dispensas de licitação para subscrição dos contratos relativos ao PEQ de 2000 e na autorização ou ordenação do pagamento de parcelas contratuais sem o integral cumprimento das exigências legais e contratuais previstas, bem como da efetiva execução contratual.36. A partir da análise das alegações de defesa da responsável pela Secex/ES, ressalta-se o aspecto de que foram apontados os elementos fáticos e jurídicos necessários a caracterizar a sua responsabilidade quanto ao dano ao erário, uma vez que, na condição de ordenadora de despesas, a Sra. Maria Terezinha Gianardoli tinha a obrigação de zelar pela correta aplicação dos recursos públicos tutelados, inclusive por atos praticados por terceiros, de modo que não merece ser acolhida a alegação de que ignorava os atos praticados por outros servidores.37. Dessa forma, considero que as alegações de defesa apresentadas pela responsável não são capazes de afastar as irregularidades que lhes são imputadas.

VI - Responsabilização do Procurador-Geral

38. Já relativamente ao Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, na qualidade de Procurador-Geral, com a devida vênia ao MPTCU, entendo que se mostram adequadas as considerações tecidas pela unidade técnica, no sentido de acolher as razões de justificativa apresentadas por esse responsável. 39. De fato, ficou comprovado nos autos que o responsável atuou como representante do Estado na celebração do referido contrato, conforme previsto na Lei Complementar Estadual nº 88, de 1996, então vigente.40. Constata-se, de toda sorte, que ele estava amparado em pareceres jurídicos e técnicos favoráveis, oriundos da assessoria da Setas e de órgãos internos da Procuradoria-Geral do Estado, de modo que, ao que tudo indica, ele agiu apenas como representante formal do ente político.41. Registre-se aí, aliás, que não foram identificados erros grosseiros ou inescusáveis, nem dolo ou má-fé nos pareceres jurídicos que embasaram a assinatura do aludido contrato.42. Já quanto aos editais de pré-qualificação, aprovados pela Procuradoria-Geral do Estado, a despeito da inobservância de alguns requisitos legais, saliento que, conforme já anteriormente demonstrado, tais atos não contribuíram para a ocorrência de irregularidades, razão pela qual também não merece subsistir reprimenda em face desses pontos.43. Neste ponto, é pertinente registrar que, ao julgar o TC 020.946/2007-3, na Sessão de 19/7/2011, sob a relatoria do nobre Ministro Augusto Nardes, e o TC 021.126/2007-1, sob a minha relatoria na Sessão de 7/8/2012, o TCU decidiu por acolher as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, em relação às mesmas irregularidades apontadas nestes autos, destacando-se que, assim como estes autos, aqueles processos envolviam tomadas de contas especiais que também foram constituídas, por apartado, a partir do TC 007.409/2003-4.

VII – Responsabilização do Centro de Integração Empresa Escola – CIEE

44. Como já mencionado, o CIEE foi contratado pela Setas, por meio do Contrato nº 2/2000, para a execução de ações no âmbito do Plano Estadual de Qualificação – PEQ, relativo ao exercício de 2000.

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45. Nestes autos, a entidade foi chamada para apresentar alegações de defesa e/ou recolher o débito quanto à inexecução do Convênio/MTE/SEFOR/CODEFAT nº 25/99-SETAS/ES, em decorrência da não realização ou realização apenas parcial das ações de educação profissional contratadas.46. No mérito, a contratada apenas defendeu-se com a afirmativa genérica de que não haveria débito, visto que foram executadas as ações previstas na contratação.47. Ocorre que a unidade técnica, examinando a documentação existente nos autos, reduziu o débito inicialmente apontado de R$ 66.413,40 para R$ 38.670,20, tendo em vista que foram consideradas como executadas apenas parte das ações previstas no Contrato nº 2/2000. 48. Dessa forma, entendo que as alegações de defesa apresentadas pela entidade não são capazes de afastar o dano ao erário que lhe é imputado.

VIII - Responsabilização da Sra. Maria Helena Ruy Ferreira

49. Para a então secretária de Estado do Trabalho e Assistência Social, foi imputada a responsabilidade pela quase totalidade das irregularidades listadas no item 13 acima, à exceção daquelas consignadas nas alíneas “a”, “f”, “i” e “j”. 50. A unidade técnica, a partir das novas alegações de defesa anexadas aos autos pela responsável, manteve a proposta inicial no sentido da sua responsabilização pelo pagamento do dano ao erário, ainda que em valor reduzido, e do consequente julgamento das suas contas como irregulares.51. Com a devida vênia, divirjo da proposta da Secex/ES para, em vez de julgar irregulares as contas dessa responsável, acolher parcialmente as alegações de defesa apresentadas para julgar regulares com ressalva as suas contas, pois se vê que, no presente caso concreto, não competia diretamente à referida secretária acompanhar e fiscalizar a execução dos serviços, além de comprovar a legitimidade dos respectivos pagamentos efetuados por conta do acordo em debate, nos termos do Decreto Estadual nº 4.499-N, de 28 de julho de 1999, não tendo ela contribuído para o aludido dano ao erário. 52. O aludido Decreto Estadual nº 4.499-N, de 1999, em seu art. 30, incisos VI, VII e IX, determinou que cabia à subsecretária do órgão deliberar acerca dos assuntos administrativos e financeiros, em especial, no tocante às atribuições de gerenciar e acompanhar a aplicação dos recursos provenientes de convênios.53. Assim, vê-se que não se mostra adequado imputar o débito à secretária estadual, já que competia à subsecretária a específica atribuição de fiscalizar a execução do convênio em tela, de modo que se deve acolher parcialmente as alegações de defesa apresentadas pela secretária estadual para julgar regulares com ressalva as suas contas.

IX – Aplicação de multa

54. Como visto no Relatório, a despeito de ter proposto o julgamento das contas de alguns responsáveis pela irregularidade, a unidade técnica, quanto à possibilidade de aplicação da multa cominada no art. 57 da Lei Orgânica do TCU, propõe a dispensa, em caráter excepcional, da referida penalidade, citando, para tanto, como exemplo, o precedente contido no Acórdão 1.026/2008-TCU-Plenário.55. De fato, em casos semelhantes ao ora tratado, este Tribunal tem deixado de aplicar a multa do art. 57 da Lei nº 8.443, de 1992, como se deu, por exemplo, no âmbito do mencionado acórdão, ocasião em que o então Ministro-Relator Benjamin Zymler, ao cuidar de tomada de contas especial relativa ao Planfor no Distrito Federal, sustentou que: “sopesado o contexto no qual foi executado o Planfor no DF e em consonância com a jurisprudência que se está formando nesta Corte em relação às tomadas de contas especiais instauradas em cumprimento ao disposto na Decisão nº 1.112/2000-

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Plenário, de 13/12/2000, entendo que, excepcionalmente, não deve ser aplicada aos responsáveis a multa prevista no art. 57 da Lei Orgânica do TCU”.56. De todo modo, a despeito de concordar que não se deve pugnar pela aplicação de multa, no presente caso concreto, entendo que as alegações de defesa acostadas aos autos em relação às falhas não elididas devem ser acolhidas apenas parcialmente, mostrando-se dispensável o encaminhamento de determinações ao Governo do Estado do Espírito Santo uma vez que tal providência já foi adotada pelo Acórdão 7.599/2012-2ª Câmara, prolatado no âmbito do TC 021.116/2007-5.

X – Reconhecimento da boa-fé dos responsáveis

57. No caso vertente, contudo, é possível reconhecer a boa-fé dos responsáveis para, no presente momento processual, rejeitar as alegações de defesa apresentadas, em face do elevado número de cursos realizados por meio do aludido convênio com a União, dificultando, com isso, o normal acompanhamento dos eventos, além do que houve substancial redução do débito inicialmente indicado pela Secex/ES, demonstrando o empenho na comprovação do correto emprego dos recursos em debate. 58. Posto isso, e tendo também em conta que as várias falhas configuram na verdade uma só irregularidade, já que se correlacionam entre si, entendo que a decorrência legal para a rejeição das alegações de defesa seja a fixação de novo e improrrogável prazo para o recolhimento do débito, apenas atualizado monetariamente, postergando-se, assim, o julgamento das contas desses responsáveis, que podem até ser contemplados com a regularidade com ressalva das contas, no caso de pagamento tempestivo do débito.

XI - Considerações finais

59. Enfim, lembro que este Tribunal, por meio de auditoria operacional realizada no Fundo de Amparo ao Trabalhador e no Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador – FAT/Planfor, no âmbito do TC 006.743/2000-3, identificou inúmeras deficiências, inclusive estruturais, na execução do referido programa de governo nos exercícios de 1999 e 2000, merecendo destaque para a ausência de diretrizes para a escolha dos cursos, para a ausência de detalhamento para as ações de fiscalização e controle necessárias e para a utilização indiscriminada da dispensa de licitação para contratação das entidades executoras das ações de qualificação/requalificação profissional.60. Com respeito, em específico, às contratações por meio de dispensa de licitação com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666, de 1993, esta Corte de Contas, ao analisar inúmeros processos relativos à execução dos recursos do FAT/Planfor nos exercícios de 1999 e 2000, constatou que, à época, tal medida se constituía em prática generalizada, adotada em inúmeras unidades da federação e admitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que não teria adotado medidas efetivas para evitá-la até a edição, pelo Codefat, em 21/12/2000, da Resolução nº 258, passando, a partir daí, a exigir a realização de licitação segundo os estritos termos da Lei nº 8.666, de 1993, com o detalhamento de critérios e de requisitos específicos a serem observados pelos órgãos executores, quando da opção pela dispensa de licitação.61. Anote-se, então, que este Tribunal, ao apreciar cada caso concreto de execução do Planfor pelas secretarias estaduais, a despeito de não descaracterizar a irregularidade praticada, tem considerado todas essas circunstâncias como atenuantes para a imputação de responsabilidade aos gestores, podendo-se citar, neste ponto, como exemplos, os Acórdãos 1.830/2006, 1.467/2007, 487/2007, 495/2010, 171/2009, 1.138/2009, do Plenário, e também o Acórdão 5.820/2012, da 2ª Câmara, por meio dos quais não foram aplicadas aos responsáveis as multas previstas nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.443, de 1992.

Ante todo o exposto, proponho que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação

deste Colegiado.

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TCU, Sala das Sessões, em 24 de junho de 2014.

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Relator

ACÓRDÃO Nº 2976/2014 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo nº TC 021.105/2007-1. 2. Grupo II – Classe II – Assunto: Tomada de Contas Especial. 3. Responsáveis: Antônio Carlos Pimentel Mello (036.035.477-72); Arízio Ribeiro Brotto (577.999.207-00); Francisco de Morais (451.515.807-44); Jonas Hilário da Silva (658.258.377-87); Jorge Luiz de Paula Penha (818.257.067-00); Lorena Dall’Orto Ramos (019.799.977-80); Márcia Bicalho Alonso (947.862.597-72); Maria Helena Ruy Ferreira (035.851.587-49); Maria Ilse Dória Vinha (416.558.007-44); Maria Terezinha Silva Gianordoli (214.521.807-68); Sandra de Carvalho (768.162.066-49); Sebastian Marcelo Veiga (007.936.217-63); Centro de Integração Empresa Escola – CIEE (61.600.839/0001-55).4. Entidade: Estado do Espírito Santo.5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.7. Unidade Técnica: Secex/ES.8. Advogados constituídos nos autos: Roberto Tenório Katter (OAB/ES 5334); Amúlio Finamore Filho (OAB/ES 1.418); Hygoor Jorge Cruz Freire (OAB/ES 1.171); José Júlio dos Reis (OAB/DF 22.057); Renata Lima de Oliveira (OAB/ES 19.879); Letícia Maria Ruy Ferreira (OAB/ES 13.027 e OAB/DF 18.361); Antônio Perilo Teixeira Netto (OAB/DF 21.359) e outros.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de tomada de contas especial – TCE

instaurada por determinação do Secretário-Executivo do Ministério do Trabalho e Emprego, em face de matéria publicada, no dia 29/7/2001, em jornal do Espírito Santo, contendo denúncia de possível malversação de recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador – FAT repassados ao Estado do Espírito Santo, por meio do Convênio MTE/Sefor/Codefat nº 25/99, relativamente aos exercícios de 1999 e 2000;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Segunda Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. considerar revel o Sr. Jorge Luiz de Paula Penha, membro da Comissão Especial de Licitação, no exercício de 2000, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992;

9.2. acolher parcialmente as alegações de defesa apresentadas por Maria Helena Ruy Ferreira, secretária de Estado do Trabalho e Assistência Social;

9.3. acolher as alegações de defesa apresentadas por Lorena Dall’Orto Ramos, Márcia Bicalho Alonso, Maria Ilse Dória Vinha, Sandra de Carvalho, Sebastian Marcelo Veiga e Jonas Hilário da Silva, membros da Comissão Especial de Licitação;

9.4. acolher as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Antônio Carlos Pimentel Mello, Procurador-Geral do Estado do Espírito Santo;

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9.5. rejeitar as alegações de defesa apresentadas por Maria Terezinha Silva Gianardoli, subsecretária para Assuntos Administrativos, Francisco de Morais, gerente de Trabalho e Renda, e Arízio Ribeiro Brotto, coordenador de Qualificação Profissional, e, ainda, pelo Centro de Integração Empresa Escola – CIEE;

9.6. julgar regulares com ressalva, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, as contas de Maria Helena Ruy Ferreira, Maria Ilse Dória Vinha, Sandra de Carvalho, Lorena Dall'Orto Ramos, Márcia Bicalho Alonso, Sebastian Marcelo Veiga, Jonas Hilário da Silva e Jorge Luiz de Paula Penha, dando-lhes quitação;

9.7. fixar, com fundamento no art. 12, § 1º, da Lei nº 8.443, de 1992, novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para que os Srs. Francisco de Morais e Arízio Ribeiro Brotto, a Sra. Maria Terezinha Silva Gianardoli e o Centro de Integração Empresa Escola – CIEE comprovem, solidariamente, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno do TCU) o recolhimento aos cofres do Fundo de Amparo do Trabalhador – FAT da quantia de R$ 38.670,20 (trinta e oito mil, seiscentos e setenta reais e vinte centavos), atualizada monetariamente desde 15/12/2000 até a data do efetivo recolhimento, sem incidência de juros de mora, na forma da legislação em vigor;

9.8. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443, de 1992, c/c o art. 217 do RITCU, o parcelamento da dívida constante deste Acórdão em até 36 (trinta e seis) parcelas, atualizadas monetariamente até a data do pagamento, esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (art. 217, § 2º, do RITCU), sem prejuízo das demais medidas legais; e

9.9. informar aos responsáveis que o recolhimento tempestivo do débito atualizado monetariamente sanará o processo, de modo a permitir que o TCU venha a julgar as presentes contas regulares com ressalva, dando-lhes quitação, mas que, de outra sorte, o não recolhimento ensejará a condenação dos responsáveis em débito, cujo valor estará sujeito à incidência de juros e atualização monetária, e o julgamento das suas contas pela irregularidade com aplicação, ainda, de multa legal no montante de até 100% do débito.

10. Ata n° 21/2014 – 2ª Câmara.11. Data da Sessão: 24/6/2014 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2976-21/14-2.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Raimundo Carreiro e José Jorge.13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho (Relator).

(Assinado Eletronicamente)AROLDO CEDRAZ

(Assinado Eletronicamente)ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Subprocuradora-Geral

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