direito comercial - carlos pimentel

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    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ_________________________________________________________________________

    _________________________________________________________________________

    P698d

    5. ed.

    Pimentel, Carlos Barbosa

    Direito Comercial: teoria e questes comentadas / Carlos

    Barbosa Pimentel 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

    376p. (Impetus provas e concursos)

    Inclui bibliografia

    ISBN: 85-352-1985-4

    1. Direito comercial. 2. Direito comercial Problemas, questes,

    exerccios. 3. Servio pblico Brasil Concursos. I. Ttulo. II. Srie.

    05-3692. CDU 347.7(81)

    2006, Elsevier Editora Ltda.

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998.

    Nenhuma parte deste livro, sem autorizao prvia por escrito da editora,

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    Editorao Eletrnica

    SBNIGRI Artes e Textos Ltda.

    Reviso Grfica

    Tnia Gonalves

    Coordenador da Srie

    Sylvio Motta

    Projeto Grfico

    Elsevier Editora Ltda.

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    ISBN 13: 978-85-352-1985-2

    ISBN 10: 85-352-1985-4

    Muito zelo e tcnica foram empregados na edio desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitao,

    impresso ou dvida conceitual. Em qualquer das hipteses, solicitamos a comunicao nossa Central de

    Atendimento, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questo.

    Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou

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  • Aos meus pais, que me ensinarama importncia do conhecimento;

    Patrcia, minha esposa, pelo estmuloe compreenso;

    aos meus filhos, Carlinhos e Clarinha, queinundaram minha alma de felicidade;

    ao meu sobrinho, Victor, que sempre estevepresente em minha vida;

    aos amigos sinceros, pelo apoio e ajuda narealizao deste trabalho.

    Dedicatrias

  • Nota do Autor

    A disciplina a que nos propomos estudar tem como caracterstica a variedade de normasregulamentadoras. So muitas leis e decretos, todos tendentes a estabelecer regras a respeitode Empresrios, Empresas, Registro Pblico de Empresas, Livros Empresariais, Ttulos deCrdito, Falncia, Concordata, Contratos Mercantis, entre outros temas ligados ao DireitoComercial.

    Quando a finalidade do estudo a participao e a aprovao em concursos pblicos,devemos estar atentos para o melhor aproveitamento possvel do tempo disponvel, semdesperdi-lo na leitura de assuntos que no se referem diretamente aos programas.

    Geralmente, o aluno iniciante depara-se com certa dificuldade, absolutamentecompreensvel, devido diversidade prpria da matria.

    Ciente da importncia de maximizar o aprendizado, face extenso dos tpicosconstantes nos editais, que no so poucos, procurei reunir numa nica obra os objetos doDireito Comercial mais requeridos nos competitrios, j aproveitando as novidadesintroduzidas pelo Cdigo Civil de 2002, sobretudo no que se refere ao Direito de Empresae Empresrios.

    Este trabalho, portanto, desenvolvido tanto a partir da observao de questes presentesem concursos realizados pelas mais conceituadas instituies do gnero no pas, como daleitura de importantes autores, a exemplo de Fbio Ulhoa Coelho, Fran Martins e RubensRequio, entre outros, tem a finalidade de ajudar o candidato, na medida em que ele ter aoportunidade de apreciar os principais pontos da matria, ao mesmo tempo em que disporde cerca de oitenta quesitos comentados (todos extrados de concursos).

    Com a pretenso de estar colaborando na busca pelo objetivo dos aspirantes a um cargopblico, lembro que todo propsito a ser conseguido, por mais difcil que possa ser, necessitada conjuno de trs fatores: a vontade de conquist-lo, a persistncia do agente e aorganizao de suas aes.

    Carlos Barbosa [email protected]

  • Nota 2a edioA segunda edio dessa obra mantm a opo por um estudo objetivo, procurando

    enfocar os principais temas ligados ao Direito Comercial sob a tica de quem pretendeenfrentar e vencer o desafio da aprovao em concursos pblicos.

    Para que um trabalho dessa natureza atinja o fim a que se prope, dever serconstantemente revisto e atualizado. Por isso, aproveitei para inserir novos conceitos, novasmatrias, a exemplo do item especfico tratando das sociedades simples, e, at mesmo,questes aplicadas em certames realizados mais recentemente.

    Entrementes, apesar da vontade de enriquecer o livro com cada vez mais temasrelacionados disciplina, no posso esquecer o objetivo inicial a que me propus, que o deoferecer, ao mesmo tempo, um material didtico abrangente dos assuntos requeridos nasprovas, enfocando-os com clareza e preciso, pois o candidato que se prepara para enfrentarprocessos seletivos com tamanho grau de dificuldade, como os que venho observando nosltimos anos, no pode utilizar seu precioso tempo na leitura de ensinamentos que, emboravlidos, no traro proveito prtico.

    Lembrem-se! A conquista de um sonho necessita de trs fatores: o primeiro o desejode alcan-lo, que nasce dentro de cada um de ns; depois, preciso organizar as aes quepermearo o caminho, muitas vezes longo; por fim, a persistncia de quem parece dispostoa atingir uma meta, quando o desnimo e o pessimismo devem ser afastados.

    Nota 3a edioFeliz por ter nova oportunidade de enriquecer este trabalho com cada vez mais matrias

    de Direito Comercial, aproveito para inserir dois importantes temas relacionados disciplina.

    O primeiro, cuja iniciativa nasceu da observao das grades curriculares de algumasuniversidades, remonta s origens do comrcio, com a evoluo histrica do DireitoComercial at seu surgimento no Brasil. Seu estudo proporcionar ao leitor um substratoimportante, no sentido de debutar no conhecimento da cincia jurdico-comercial.

    Para no me afastar da prpria concepo objetiva da obra, busquei reunir conceitos eavaliaes de renomados mestres (cito Rubens Requio, Waldirio Bulgarelli, Fran Martins,dentre outros), sob uma viso finalstica da matria.

    O outro tema acrescentado, a partir desta edio, conhecido por LiquidaoExtrajudicial de Instituies Financeiras, e envolve a participao do Banco Central doBrasil na interveno, liquidao extrajudicial e administrao especial temporria nasinstituies financeiras e assemelhadas. Diferente do primeiro, este contemplado emprogramas de vrios editais de concursos pblicos, a exemplo do Auditor Fiscal daPrevidncia Social, Auditor Fiscal da Receita Federal, Tcnico do Banco Central etc.

    Desejo aos leitores, portanto, um timo aproveitamento e que o esforo de meu trabalhoseja til realizao dos objetivos de cada um.

  • Nota 4a edioO Direito uma disciplina dinmica, adaptvel ao dinamismo da prpria sociedade,

    sempre perseguidora do progresso e do bem-estar social.

    Essa busca dos grupos sociais por mudanas leva necessidade de constantesconciliaes entre os anseios do povo e as normas jurdicas aplicveis.

    A Nova Lei de Falncias, publicada em 09 de fevereiro prximo passado, umexemplo de como o sistema jurdico de um pas deve acompanhar as mutaes em seupanorama econmico. Se a antiga legislao, representada pelo Decreto-lei no 7.661, de1945, j no contribua com a impulso da atividade econmica, pois no trazia instrumentospara propiciar a recuperao de pessoas jurdicas que atravessassem crises momentneasem seu fluxo de caixa, imprescindvel era uma norma moderna, capaz de possibilitar osoerguimento de empresas invariavelmente fadadas extino, com graves conseqnciaseconmicas e sociais nao.

    Foi com base nessas premissas que surgiu a Lei Federal no 11.101/2005, maisconhecida como a "Nova Lei de Falncias", que poderia ser intitulada como a "Lei deRecuperao e Falncias das Empresas e dos Empresrios". Isso porque trouxe novas formasde processamento para a recuperao dos empresrios, aqui entendidos pessoas fsicas oujurdicas. Trata-se da recuperao judicial e extrajudicial, nas quais devedor e credores tma chance de resolver seus conflitos atravs de um plano de recuperao proposto pelodevedor e levado a juzo. A falncia, da forma como era apresentada no antigo decreto, foimantida, mas com alteraes.

    Pois bem, essa nova ordem, com seus detalhes mais importantes reunidos de maneiradidtica, procurando sempre tornar a leitura o mais prazerosa possvel ao leitor, constitui-se no grande atrativo a essa 4a edio, que tambm conta com os demais captulos japresentados em edies passadas.

  • A Srie Impetus Provas e Concursos tem se consagrado junto ao seu fielpblico leitor, em razo da excepcional qualidade das obras que apresenta.Sempre foi objetivo desta Srie propiciar ao candidato instrumentos eficazespara o seu xito no certame pblico. E isso tem ocorrido, graas a doisfatores primordiais: a excelncia dos professores signatrios das obras que acompem e o rgido controle de qualidade da Editora.

    Pois bem, com essa obra no diferente. O Professor Carlos Barbosaconsegue dispor, de forma didtica e agradvel, o Direito Comercial,permeando sua narrativa de advertncias oportunas para aquele que seprepara para enfrentar uma banca examinadora exigente.

    Atualizada pelo novo Cdigo Civil, esta empreitada ainda dispe deinmeras questes de prova, para facilitar a fixao do contedo explanado.

    E atestando a qualidade da obra que a Editora Campus/Elsevier tem oprazer de coloc-la em suas mos, agradecendo a confiana e fazendo detudo para continuar a merec-la.

    Sylvio Motta

    Palavras da Coordenao

  • Sumrio

    CAPTULO 1 NOES GERAIS .................................................................... 11. Origem do Comrcio ............................................................... 12. Surgimento do Direito Comercial ........................................... 23. Evoluo Histrica do Direito Comercial ............................... 2

    3.1. Imprio da Babilnia ............................................... 33.2. Os Fencios .............................................................. 33.3. Os Romanos ............................................................. 33.4. Idade Mdia ............................................................. 43.5. Os Estados Nacionais .............................................. 5

    4. O Histrico do Direito Comercial no Brasil ........................... 65. Autonomia do Direito Comercial ........................................... 76. Fontes do Direito Comercial ................................................. 107. Conceitos de Direito Comercial ............................................ 118. Caractersticas do Direito Comercial ..................................... 129. Empresrio ............................................................................ 13

    9.1. Conceito ................................................................ 139.2. Requisitos .............................................................. 14

    9.2.1. Profissionalismo ..................................... 149.2.2. Organizao ........................................... 149.2.3. Atividade Econmica ............................. 149.2.4. Capacidade ............................................ 15

    9.3. Continuao da Empresa por Incapaz .................. 179.4. Os Impedidos ........................................................ 179.5. O Empresrio Rural e o de Pequeno Porte ............ 18

    10. Prepostos do Empresrio ....................................................... 2011. Livros Empresariais ............................................................... 21

    11.1. Conceito ................................................................ 2111.2. Classificao .......................................................... 22

  • 11.3. Formalidades ......................................................... 2311.4. Fora Probante ...................................................... 2411.5. Exibio dos Livros Empresariais .......................... 24

    12. Registro Pblico de Empresas ............................................... 2512.1. Disposies Preliminares ....................................... 2512.2. Modelo Organizacional do Registro ...................... 2712.3. Atos de Registro ..................................................... 2712.4. Eficcia do Registro ............................................... 2812.5. Inatividade do Registro .......................................... 29

    13. Estabelecimento Empresarial ................................................. 2913.1. Conceito ................................................................ 2913.2. Composio ........................................................... 30

    13.2.1. O Ponto Empresarial .............................. 3113.2.2. O Ttulo do Estabelecimento ................. 32

    13.3. Natureza Jurdica ................................................... 3313.4. Alienao ............................................................... 34

    14. Nome Empresarial ................................................................. 3514.1. Conceito ................................................................ 3514.2. Formao ............................................................... 3614.3. Princpios .............................................................. 3814.4. Proteo ................................................................. 3814.5. Funo ................................................................... 3914.6. Alienao ............................................................... 4014.7. Utilizao por quem de Direito ............................ 41

    15. Direitos de Propriedade Industrial ....................................... 4215.1. Disposies Preliminares ....................................... 4215.2. Patentes .................................................................. 43

    15.2.1. Inveno e Modelo de Utilidade ........... 4415.2.2. Do Pedido e Concesso da Patente ........ 4515.2.3. Da Vigncia e da Proteo

    Conferida pela Patente .......................... 4715.2.4. Da Nulidade da Patente ......................... 4815.2.5. Das Licenas .......................................... 4815.2.6. Da Patente de Interesse da

    Defesa Nacional ..................................... 5015.2.7. Da Extino da Patente .......................... 5015.2.8. Da Realizao por Empregado

    ou Prestador de Servio ......................... 5015.3. Registro .................................................................. 51

    15.3.1. Registrabilidade do DesenhoIndustrial ............................................... 51

  • 15.3.2. Do Pedido e da Concesso doRegistro de Desenho Industrial ............. 52

    15.3.3. Da Vigncia e da ProteoConferida pelo Registro ......................... 53

    15.3.4. Da Nulidade do Registro ....................... 5315.3.5. Extino do Registro .............................. 53

    15.4. Registro de Marcas ................................................. 5415.4.1. Disposies Preliminares ....................... 5415.4.2. Do Pedido e da Concesso

    do Registro ............................................. 5515.4.3. Da Vigncia e da Proteo

    Conferida pelo Registro ......................... 5615.4.4. Da Nulidade do Registro ....................... 5715.4.5. Da Extino do Registro ........................ 57

    15.5. Indicaes Geogrficas ........................................... 5815.6. Concorrncia Desleal ............................................ 58

    16. Meios de Proteo Ordem Econmica ................................ 6016.1. Represso s Infraes Contra

    a Ordem Econmica .............................................. 6016.1.1. Disposies Preliminares ....................... 6016.1.2. O Conselho Administrativo de

    Defesa Econmica CADE.................... 6116.1.3. Das Infraes e das Penas ...................... 6116.1.4. Da Interveno Judicial ......................... 62

    16.2. Represso aos Crimes Contraa Ordem Econmica .............................................. 63

    17. Direitos do Consumidor ....................................................... 6317.1. Disposies Preliminares ....................................... 6317.2. Consumidor .......................................................... 6317.3. Fornecedor ............................................................ 6417.4. Dos Direitos Bsicos do Consumidor ................... 6517.5. Das Responsabilidades .......................................... 67

    17.5.1. Da Responsabilidade pelo Fato doProduto ou do Servio ........................... 67

    17.5.2. Da Responsabilidade por Vcio doProduto ou do Servio ........................... 68

    17.5.3. Da Decadncia e da Prescrio .............. 7217.6. Da Desconsiderao da Personalidade Jurdica .... 7317.7. Da Publicidade ...................................................... 7417.8. Da Proteo Contratual ......................................... 75

    Exerccios ........................................................................................ 77

  • CAPTULO 2 DIREITO DE EMPRESA ......................................................... 871. Disposies Preliminares ....................................................... 87

    1.1. Sociedades Empresrias ......................................... 881.2. Sociedades Simples ............................................... 89

    2. Constituio das Sociedades ................................................. 913. Personificao das Sociedades .............................................. 934. O Patrimnio das Sociedades ................................................ 945. Classificao das Sociedades ................................................. 976. Modificao das Sociedades ................................................ 1007. Tipos de Sociedades ............................................................ 103

    7.1. Sociedades Simples ............................................. 1037.1.1. Constituio ......................................... 1037.1.2. Formao do Capital Social ................. 1047.1.3. Cesso de Quota Social ........................ 1057.1.4. Deliberaes Sociais ............................. 1057.1.5. Administrao ...................................... 1067.1.6. Responsabilidade dos Scios ............... 1087.1.7. Dissoluo da Sociedade ..................... 110

    7.1.7.1. Da Dissoluo ........................ 1117.1.7.2. Da Resoluo em Relao

    a um Scio ........................... 1127.1.8. Da Liquidao ...................................... 113

    7.1.8.1. Da Liquidao Extrajudicial ... 1147.1.8.2. Da Liquidao Judicial ........ 116

    7.2. Em Nome Coletivo .............................................. 1177.3. Em Comandita Simples ....................................... 1187.4. Em Comandita por Aes .................................... 1197.5. Em Conta de Participao ................................... 121

    8. Sociedade Limitada ............................................................. 1238.1. Disposies Preliminares ..................................... 123

    8.1.1. Conceito ............................................... 1238.1.2. Regncia ............................................... 1238.1.3. Natureza ............................................... 1248.1.4. O Nome................................................ 124

    8.2. Constituio ........................................................ 1258.3. A Quota Social .................................................... 1278.4. O Scio Quotista ................................................. 128

    8.4.1. Conceito ............................................... 1288.4.2. Deveres dos Scios ............................... 1298.4.3. Responsabilidade dos Scios ............... 1308.4.4. Direitos dos Scios .............................. 132

  • 8.5. Administrao da Limitada ................................. 1348.6. rgos da Limitada.............................................. 136

    9. Sociedades Annimas ......................................................... 1419.1. Disposies Preliminares ..................................... 1419.2. Constituio ........................................................ 1419.3. Deveres dos Acionistas ........................................ 1439.4. Responsabilidades dos Acionistas ....................... 1449.5. Direitos dos Acionistas ........................................ 1459.6. Administrao da Companhia ............................. 1469.7. rgos da Companhia ......................................... 1489.8. Valores Mobilirios .............................................. 153

    9.8.1. Conceito ............................................... 1539.8.2. Aes .................................................... 1539.8.3. Partes Beneficirias .............................. 1569.8.4. Debntures ........................................... 1569.8.5. Bnus de Subscrio ............................ 157

    9.9. Livros Sociais ....................................................... 1589.10. Demonstraes Financeiras ................................. 1589.11. Lucros, Reservas e Dividendos ............................ 159

    9.11.1. Disposies Preliminares ..................... 1599.11.2. Reservas ................................................ 1609.11.3. Dividendos .......................................... 162

    9.11.3.1. Dividendos Obrigatrios ...... 1629.11.3.2. Dividendos Prioritrios ........ 163

    9.12. Dissoluo, Liquidao e Extino ..................... 16310. Sociedade Cooperativa ........................................................ 165

    10.1. Regncia ............................................................... 16510.2. Constituio ........................................................ 16510.3. Caractersticas Principais ..................................... 16610.4. Classificao das Cooperativas ............................ 16710.5. rgos .................................................................. 16810.6. Administrao ..................................................... 16910.7. Responsabilidade dos Scios ............................... 16910.8. Dissoluo da Cooperativa .................................. 170

    11. Ligaes entre Sociedades ................................................... 17112. Sociedades Dependentes de Autorizao ........................... 173

    12.1. Disposies Gerais ............................................... 17312.2. Sociedade Nacional ............................................. 17412.3. Sociedade Estrangeira .......................................... 174

    13. Sociedade entre Cnjuges ................................................... 17514. Sociedades de Economia Mista ........................................... 176Exerccios ...................................................................................... 188

  • CAPTULO 3 DIREITO CAMBIRIO ......................................................... 2011. Disposies Preliminares ..................................................... 2012. Conceito de Ttulos de Crdito .......................................... 2023. Atributos dos Ttulos de Crdito ........................................ 2024. Caractersticas dos Ttulos de Crdito ................................ 2025. Modo de Circulao ............................................................ 2046. Endosso, Aceite, Aval, Protesto ........................................... 2057. Letra de Cmbio .................................................................. 207

    7.1. Conceito .............................................................. 2077.2. Legislao Aplicvel ............................................. 2077.3. Figuras Intervenientes ......................................... 2077.4. Requisitos de Validade ........................................ 2087.5. Endosso ............................................................... 2087.6. Aceite ................................................................... 2097.7. Aval ...................................................................... 2107.8. Vencimento ......................................................... 2117.9. Pagamento ............................................................ 2127.10. Ao de Cobrana ............................................... 2137.11. Protesto ................................................................ 2137.12. Ressaque .............................................................. 214

    8. Nota Promissria ................................................................. 2148.1. Conceito .............................................................. 2148.2. Legislao Aplicvel ............................................. 2148.3. Figuras Intervenientes ......................................... 2158.4. Requisitos de Validade ........................................ 2158.5. Endosso, Aval, Vencimento, Pagamento, Ao de

    Cobrana, Protesto ............................................... 2158.6. Aceite ................................................................... 216

    9. Cheque ................................................................................ 2169.1. Conceito .............................................................. 2169.2. Legislao Aplicvel ............................................. 2169.3. Figuras Intervenientes ......................................... 2169.4. Requisitos de Validade ........................................ 2179.5. Caractersticas Principais ..................................... 2179.6. Endosso ............................................................... 2189.7. Aceite ................................................................... 2189.8. Aval ...................................................................... 2199.9. Vencimento e Pagamento ..................................... 2199.10. Ao de Cobrana ............................................... 2199.11. Protesto ................................................................ 220

  • 9.12. Sustao ............................................................... 2219.13. Espcies ............................................................... 221

    10. Duplicata ............................................................................. 22210.1. Conceito .............................................................. 22210.2. Legislao Aplicvel ............................................. 22310.3. Figuras Intervenientes ......................................... 22310.4. Requisitos de Validade ........................................ 22310.5. Caractersticas Principais ..................................... 22310.6. Endosso ............................................................... 22410.7. Aceite ................................................................... 22410.8. Aval ...................................................................... 22510.9. Vencimento ......................................................... 22510.10. Ao de Cobrana ............................................... 22510.11. Protesto ................................................................ 226

    11. Conhecimento de Depsito e Warrant .................................. 22611.1. Conceito .............................................................. 22611.2. Legislao Aplicvel ............................................. 22711.3. Requisitos de Validade ........................................ 22711.4. Caractersticas Principais ..................................... 22711.5. Endosso ............................................................... 22811.6. Aval ...................................................................... 22811.7. Protesto ................................................................ 228

    12. Ttulos de Crdito Rural ..................................................... 22812.1. Conceito .............................................................. 22812.2. Legislao Aplicvel ............................................. 22912.3. Figuras Intervenientes ......................................... 22912.4. Caractersticas Principais ..................................... 22912.5. Endosso ............................................................... 23012.6. Aval ...................................................................... 23012.7. Protesto ................................................................ 230

    Exerccios ...................................................................................... 235

    CAPTULO 4 DIREITO FALIMENTAR ...................................................... 241Introduo ..................................................................................... 2411. Falncia ............................................................................... 244

    1.1. Disposies Preliminares ..................................... 2441.2. Caracterizao da Falncia .................................. 2451.3. Sujeitos Passivos da Falncia ............................... 2481.4. Sujeitos Ativos da Falncia .................................. 2491.5. A Massa Falida .................................................... 249

  • 1.6. rgos da Falncia .............................................. 2501.7. O Juzo da Falncia ............................................. 2531.8. Verificao e Classificao dos Crditos .............. 2551.9. Efeitos Jurdicos da Falncia ............................... 258

    1.9.1. Quanto ao Negcio do Falido ............. 2581.9.2. Quanto aos Bens do Falido ................. 2591.9.3. Quanto aos Direitos dos Credores ....... 2621.9.4. Quanto aos Contratos do Falido ......... 2631.9.5. Quanto Ineficcia e Revogao

    de Certos Atos ...................................... 2661.10. O Processo Falimentar ......................................... 268

    2. Recuperao de Empresas ................................................... 2752.1. Recuperao Extrajudicial ................................... 275

    2.1.1. Disposies Preliminares ..................... 2752.1.2. Caracterizao da Recuperao

    Extrajudicial ........................................ 2762.1.3. Sujeitos Passivos da Recuperao

    Extrajudicial ........................................ 2782.1.4. Sujeitos Ativos da Recuperao

    Extrajudicial ........................................ 2782.1.5. rgos da Recuperao

    Extrajudicial ........................................ 2792.1.6. O Juzo da Recuperao

    Extrajudicial ........................................ 2792.1.7. Efeitos Jurdicos da Recuperao

    Extrajudicial ........................................ 2792.1.8. O Processo de Recuperao

    Extrajudicial ........................................ 2802.2. Recuperao Judicial ........................................... 282

    2.2.1. Disposies Preliminares ..................... 2822.2.2. Caracterizao da Recuperao

    Judicial ................................................. 2842.2.3. Sujeitos Passivos da Recuperao

    Judicial ................................................. 2872.2.4. Sujeito Ativo da Recuperao

    Judicial ................................................. 2872.2.5. rgos da Recuperao Judicial .......... 2882.2.6. O Juzo da Recuperao Judicial ......... 290

  • 2.2.7. Verificao e Classificao dosCrditos ................................................ 291

    2.2.8. Efeitos Jurdicos da RecuperaoJudicial ................................................. 2922.2.8.1. Quanto ao Negcio do

    Devedor ................................ 2932.2.8.2. Quanto aos Bens do

    Devedor ................................ 2932.2.8.3. Quanto aos Direitos dos

    Credores ............................... 2942.2.8.4. Quanto aos Contratos

    Celebrados pelo Devedor ..... 2952.2.9. O Processo de Recuperao Judicial .... 295

    3. Liquidao Extrajudicial de Instituies Financeiras ......... 2973.1. Disposies Preliminares ..................................... 2973.2. Interveno .......................................................... 298

    3.2.1. Conceito ............................................... 2983.2.2. Causas .................................................. 2993.2.3. Sujeito Ativo ........................................ 2993.2.4. Sujeito Passivo ..................................... 2993.2.5. Efeitos da Interveno .......................... 3003.2.6. O Processo de Interveno ................... 300

    3.3. Liquidao Extrajudicial ..................................... 3013.3.1. Conceito ............................................... 3013.3.2. Causas .................................................. 3023.3.3. Sujeito Ativo ........................................ 3033.3.4. Sujeito Passivo ..................................... 3033.3.5. Efeitos da Liquidao Extrajudicial .... 3033.3.6. O Processo de Liquidao

    Extrajudicial ........................................ 3043.3.7. Responsabilidade dos

    Administradores .................................. 3053.4. Administrao Especial Temporria .................... 306

    3.4.1. Conceito ............................................... 3063.4.2. Causas .................................................. 3073.4.3. O Processo de Administrao

    Especial Temporria ............................ 307Exerccios ...................................................................................... 309

  • CAPTULO 5 CONTRATOS ........................................................................ 3131. Disposies Preliminares ..................................................... 3132. Classificao dos Contratos ................................................. 3143. Constituio dos Contratos ................................................. 3154. Efeitos da Celebrao dos Contratos ................................... 3165. Espcies de Contratos ......................................................... 317

    5.1. Compra e Venda Mercantil .................................. 3175.2. Alienao Fiduciria ........................................... 3185.3. Faturizao .......................................................... 3205.4. Franquia Mercantil .............................................. 3215.5. Leasing ou Arrendamento Mercantil .................... 3225.6. Carto de Crdito ................................................ 3235.7. Representao Comercial ..................................... 3245.8. Concesso Comercial ........................................... 324

    Exerccios ...................................................................................... 326

    GABARITO ............................................................................................... 329

    COMENTRIO.............................................................................................. 331

    BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 351

  • Captulo 11111Noes Gerais

    1. Origem do Comrcio

    Nas sociedades primitivas, seus componentes buscavam produzir os bens deque necessitavam. Outros eram extrados da natureza, atravs da caa, da pesca, dapecuria ou do cultivo agrcola e vegetal. Com o passar dos tempos e o naturalcrescimento dos grupos sociais, comeou a haver uma permuta do excedente deproduo entre as sociedades, quando elas tentavam suprir a carncia na produode certos artigos, ofertando aquilo que tinham em abundncia.

    Contudo, logo esse modelo demonstrou-se ineficaz, pois nem sempre o gruposocial detentor de gneros desejados por outro estava interessado na aquisio doexcesso produtivo daquele.

    Tornou-se, ento, imperiosa a criao de uma unidade comum de valor aaaaa

    moedamoedamoedamoedamoeda cobiada por todos.A moeda foi o fator determinante para o surgimento do comrcio, ou da atividadeatividadeatividadeatividadeatividade

    mercantilmercantilmercantilmercantilmercantil, uma vez que possibilitou a transio de uma economia de subsistnciaeconomia de subsistnciaeconomia de subsistnciaeconomia de subsistnciaeconomia de subsistncia,na qual o principal elo econmico entre os grupos sociais eram as trocas do excedenteproduzido, para uma economia de escalaeconomia de escalaeconomia de escalaeconomia de escalaeconomia de escala, voltada para a produo macia dedeterminados bens, com uma parte devendo ser vendida a outros contingentespopulacionais.

    Nessa seara, surgiram os comerciantesos comerciantesos comerciantesos comerciantesos comerciantes, conhecidos no incio como mercadoresmercadoresmercadoresmercadoresmercadores,identificados como aquelas pessoas que promoviam a intermediao dos bens entreo produtor e o consumidor. Desde o incio, tiveram por objetivo auferir lucro daprofisso, pois geralmente adquiriam produtos por um preo inferior, para revend-loscom majorao no valor da compra. A diferena, excludos seus custos, era a margemde lucro. atividade precpua do comerciante, ou seja, ao ato de comprar bens paraposterior revenda, deu-se o nome de atividade mercantil ou comercial.

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    Direito Comercial Carlos Pimentel

    claro que nem sempre a equao funciona dessa forma, pois pode acontecer de opreo de venda ser inferior ao de compra. No entanto, o escopo da atividade sempreser o lucro. Por isso, diz-se que a atividade comercial, ou mercantil, sempre onerosa.

    2. Surgimento do Direito Comercial

    Com o fomento da atividade mercantil, os governantes perceberam que ali estavauma promissora fonte de renda e que deveriam agir para seu disciplinamento, nosentido de criarem normas que regulassem a atividade comercial.

    Tal providncia normativa remonta a civilizaes muito antigas, antes mesmo donascimento de Cristo, como os fenciosfenciosfenciosfenciosfencios, que, no apogeu de sua civilizao,intensificaram o comrcio martimo entre a sia e as cidades costeiras doMediterrneo.

    No entanto, sabemos que a qualificao como disciplina s possvel face a umconjunto sistematizado, codificado ou no, que envolve normas, costumes, usos,alm de outras fontes do Direito. E isso no havia ocorrido ainda, seno a partir da

    Idade MdiaIdade MdiaIdade MdiaIdade MdiaIdade Mdia, quando as corporaes de mercadores, criadas a partir do sculo XIIjustamente para proteger os exercentes da atividade mercantil, fizeram dos usos ecostumes comerciais da poca verdadeiros diplomas do Direito ConsuetudinrioDireito ConsuetudinrioDireito ConsuetudinrioDireito ConsuetudinrioDireito Consuetudinrio,ultrapassando, inclusive, as fronteiras das corporaes e sendo recepcionados pelasCidades.

    E foi desta forma que teve incio a disciplina, a princpio restrita ao seio dascorporaes para, em seguida, serem absorvidas pelo prprio Estado.

    J num estgio evolutivo posterior, o Direito Comercial passou a regular atmesmo atos praticados por pessoas comuns, no-comerciantes, a exemplo da emissode um cheque cheque cheque cheque cheque ou de uma nota promissrianota promissrianota promissrianota promissrianota promissria, assim como o aval aval aval aval aval ou o endosso endosso endosso endosso endosso nosttulos de crdito em geral, conforme estudaremos no Captulo 03.

    3. Evoluo Histrica do Direito Comercial

    A Idade MdiaIdade MdiaIdade MdiaIdade MdiaIdade Mdia marcou o surgimento do Direito Comercial, quando um conjuntosistematizado de normas lastreadas nos usos e costumes dos mercadores nasceu nombito das corporaes, em contraste com a forma esparsa de regras ou costumesat ento praticados, algumas at mesmo importadas do Direito Civil, como erahbito, por exemplo, na Roma AntigaRoma AntigaRoma AntigaRoma AntigaRoma Antiga, quando no existia regramento especficodestinado ao Direito Comercial, mas sim quele outro ramo do Direito Privado.

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    Captulo 1 Noes GeraisCAMPUS

    Entretanto, na histria de vrios povos, iremos observar normas especiais a respeitodo Direito Comercial, conforme veremos a seguir.

    3.1. Imprio da Babilnia

    Aos babilnios, povo que ocupou extenso territorial na sia e no Oriente Mdio, creditada a elaborao de um dos primeiros dizeres a respeito de matria comercial. Trata-sedo Cdigo de HamurbiCdigo de HamurbiCdigo de HamurbiCdigo de HamurbiCdigo de Hamurbi inscrio em pedra datada do ano 2.083 a. C. , com disposiessobre emprstimo a juro, contratos de depsito, de sociedade e de comisso.

    Apesar de seu contedo, a majoritria doutrina no considera o Cdigo deHamurbi um precursor dos cdigos comerciais, tendo em vista no conterdispositivos a respeito de compra e venda mercantil, muito menos se traduzir emum corpo sistematizado, que merecesse ser chamado de Direito Comercial.

    3.2. Os Fencios

    Esse povo intensificou sobremaneira o comrcio dos tempos antigos, principalmenteo martimo, que se desenvolveu entre a sia e as cidades costeiras do Mediterrneo.

    Por volta do sculo X a. C., eles j haviam consagrado a prtica do alijamentoalijamentoalijamentoalijamentoalijamento,que era a faculdade que detinham os comandantes dos navios de se livrar da carga,em caso de perigo iminente. Nesta situao, o prejuzo seria repartido entre oproprietrio do carregamento e o da embarcao.

    Tambm no h indcios de que os fencios houvessem realizado qualquer obrasistematizada do Direito Comercial.

    3.3. Os Romanos

    Na Era Crist, os romanos, povo de forte tradio guerreira, praticaram o comrcio.Essa atividade, contudo, estava destinada aos escravos, ou aos estrangeiros, sempremarginalizados na sociedade. A classe patrcia, detentora das maiores propriedadesrurais, smbolo do poder da poca, assim como os senadores, estavam proibidosde exercer o comrcio.

    A aristocracia romana considerava a prtica do comrcio uma atividade indignade um cidado romano. Isso porque o Direito RomansticoDireito RomansticoDireito RomansticoDireito RomansticoDireito Romanstico condenava a usurausurausurausurausura,princpio basilar da atividade comercial.

    Algumas questes envolvendo a prtica mercantil, especialmente as referentesaos contratos e obrigaes, eram resolvidas atravs do Direito Civil. Outras, noentanto, tiveram origem na Roma AntigaRoma AntigaRoma AntigaRoma AntigaRoma Antiga, como, por exemplo, a falncia e osbanqueiros, dentre outras.

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    Apesar da origem desses institutos, no podemos afirmar que o Direito Comercial, comodisciplina autnoma, teve origem em Roma, pois ainda faltava a sistematizao da matria.

    3.4. Idade Mdia

    O Imprio Romano ruiu por volta do sculo V, quando os rabes assumiram ocontrole sobre o Mar Mediterrneo. Sucedeu-se um perodo de profundas mudanas nasociedade europia, pois os muulmanos bloquearam as vias de acesso ao comrciomartimo, o que causou isolamento das comunidades e, por conseqncia, a fragmentaodo poder central. Uma apreenso crescente tomava conta da populao que, na ausnciado Estado, viu-se compelida a buscar segurana junto aos seus senhores nas reas rurais.

    Aps longo perodo de dominao rabe no Mediterrneo, os europeus retomaramas antigas rotas, fazendo reflorescer um intenso comrcio martimo na regio, pormeio do qual a produo dos campos era escoada para outras terras.

    Aos poucos, os portos martimos tornaram-se ncleos comerciais, centralizadoresde diversos pontos de venda, para onde se dirigiam clientes, fornecedores e consumidores.Fortaleceu-se a classe burguesa nas cidades, em contraposio aos senhores feudais,nascida justamente daquelas pessoas que, a princpio, buscaram segurana juntoaos seus senhores, devido pulverizao do Estado.

    J no sculo XII, apareceram as primeiras corporaescorporaescorporaescorporaescorporaes, que reuniam os praticantesda atividade mercantil, sob determinadas regras. Elas tinham jurisdio sobredeterminado territrio e eram criadas pelos prprios mercadores. Serviam paradirimir conflitos entre eles, com atribuies at para punir os culpados. Para tanto,escolhiam-se cnsulescnsulescnsulescnsulescnsules, que deveriam trabalhar na aplicao das normas elaboradasna prpria corporao. Muitas passavam a compor o ordenamento jurdico dascidades. Alguns autores sustentam que foi a atribuio dos cnsules precursora dostambm extintos Tribunais do Comrcio, existentes inclusive no Brasil, sob agide do Cdigo Comercial de 1850, que perduraram at 1875.

    Possuam as corporaes fora legislativa e judicante; a primeira, expressada apartir da elaborao das normas a serem aplicadas aos comerciantes, enquanto aoutra relacionava-se ao poder consular.

    As corporaes exerceram tanta influncia sobre a sociedade mercantilizada da poca,naquele incio do segundo milnio da era crist, que muitas cidades aproveitaramsuas normas na criao das primeiras codificaes do Direito Comercial. Foi o casode Amlfi, com a TTTTTabla Amalfitanaabla Amalfitanaabla Amalfitanaabla Amalfitanaabla Amalfitana (sculo XII), Veneza, com sua CapitularCapitularCapitularCapitularCapitulares Nauticumes Nauticumes Nauticumes Nauticumes Nauticum,ou o Consulado do MarConsulado do MarConsulado do MarConsulado do MarConsulado do Mar, em Barcelona. Um pouco mais adiante, j no sculo XVI,surgiu, na Frana, o Guidon de la Mer, dedicado praticamente ao seguro martimo.

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    Remonta ainda Idade Mdia o aparecimento de alguns dos principais contratoscomerciais, a exemplo do contrato de transporte, de seguro martimo e de seguro.

    3.5. Os Estados Nacionais

    Os sculos XV e XVI so caracterizados pela retomada do poder central nosEstados, que logo perceberam a importncia da atividade mercantil para ofortalecimento de suas economias e conseqente prosperidade das naes.

    Percebam que aquelas regras relacionadas ao comrcio da poca medieval, emboratoleradas e incorporadas pelo enfraquecido poder estatal de ento, no haviam sidopor ele elaboradas. Partiram, como vimos, da organizao dos mercadores. O fatoque marcou o surgimento do Direito Comercial nascido do prprio Estado foramas Ordenanas FrancesasOrdenanas FrancesasOrdenanas FrancesasOrdenanas FrancesasOrdenanas Francesas.

    A primeira, baixada no ano de 1673, quando a Frana encontrava-se sob a regnciade Lus XIV, dispunha sobre o comrcio terrestre, regulando agentes de bancos,sociedades, falncias, alm de alguns ttulos de crdito. Oito anos mais tarde, veio aoutra, que disps sobre o comrcio martimo.

    O primeiro Cdigo Comercial, no entanto, s foi elaborado em 1807, tambm naFrana, que, poca, estava sob o comando de Napoleo, ficando por isso conhecidocomo o Cdigo NapolenicoCdigo NapolenicoCdigo NapolenicoCdigo NapolenicoCdigo Napolenico. Em sua feitura, muitos dos dispositivos das OrdenanasOrdenanasOrdenanasOrdenanasOrdenanasforam aproveitados, podendo at se afirmar que poucas inovaes normativas ele trouxe.

    Entrementes, no podemos olvidar sua maior contribuio que, guiado pelosprincpios da igualdade e da liberdade permeadores da Revoluo Francesa, no sculoXVIII, procurou evitar privilgios corporativos que dominaram o comrcio na IdadeMdia, quando prevalecia o subjetivismo caracterizador dos comerciantes, que sseriam alados a tal condio se pertencessem a uma corporao. Para tanto, aquelediploma de 1807 tratou de regulamentar as questes relativas ao exerccio do comrciode forma objetiva, qualificando o comerciante como qualquer pessoa que praticasseatos de comrcio, de forma profissional e habitual. Tais atos estavam relacionadosno prprio cdigo e possuam correlao com atividades de intermediao demercadorias, atividades bancrias, seguros e transporte de mercadorias, dentre outras.

    De outra forma, se o Cdigo Napolenico no acrescentou grandes inovaes aoDireito Positivo ento vigente, influenciou, com seu objetivismo, a elaborao deoutros Cdigos Comerciais em diversos pases, a exemplo da Blgica, da Espanha,de Portugal, da Itlia e, inclusive, do Brasil, que s implantou o seu em 1850,atravs da Lei no 556, de 25 de junho de 1850.

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    Direito Comercial Carlos Pimentel

    4. O Histrico do Direito Comercial no Brasil

    No perodo colonial brasileiro, apesar do intenso comrcio desenvolvido poraqui, o Direito aplicado era o portugus, pois a colnia sujeitava-se aos ditames daCoroa. E foi esta que, em 1603, sob a regncia de Felipe II, editou as OrdenaesOrdenaesOrdenaesOrdenaesOrdenaes

    FilipinasFilipinasFilipinasFilipinasFilipinas, em aluso ao rei.No se tratava evidentemente de um Cdigo Comercial, pois j estudamos que o

    primeiro do gnero nasceu na Frana, dois sculos mais tarde. Tambm no podemosequipar-la s Ordenanas Francesas surgidas setenta anos depois, pois, enquantoela abrangia outros ramos do Direito, como o Penal, o Processual etc., as OrdenanasFrancesas tratavam da disciplina exclusivamente comercial. No entanto, continhamdispositivos tratando da matria, alm de outras j citadas. Sua vigncia estendeu-seat pouco depois da vinda de Dom Joo VI para o Brasil, em 1808.

    Outro importante diploma portugus daqueles tempos foi a Lei da Boa RazoLei da Boa RazoLei da Boa RazoLei da Boa RazoLei da Boa Razo,de 1769, assim conhecida por determinar que, na ausncia de norma legal a respeitode certo tema, deveriam ser adotadas leis de outras naes crists, iluminadas epolidas, que com elas estavam resplandecendo na boa, depurada e s jurisprudncia.

    Pressionada por Napoleo, que ameaava invadir Portugal, refugiou-se no Brasil aCorte Lusitana. Esse ato trouxe profundas transformaes para o Brasil-Colnia que, nacondio de Sede Provisria da Coroa, foi contemplado com uma srie de medidas decarter econmico, decisivas para o incremento da atividade mercantil no Pas. Destacam-sea abertura dos portos s naes amigas, em 1808; tambm a criao da Real Junta doComrcio; e a criao do Banco do Brasil, tambm naquele ano de 1808.

    Alguns anos aps a declarao da independncia, j em 1834, foi apresentado Cmara o Projeto do Cdigo Comercial. Dezesseis anos de discusses legislativaspassaram-se, at surgir a Lei Federal no 556, de 25 de junho de 1850, mais conhecidacomo o Cdigo Comercial Brasileiro.

    Com forte influncia francesa, o Cdigo Brasileiro adotou a Teoria dos Atos deComrcio, reputando comerciante todo aquele que praticasse compra e venda demercadorias de forma profissional, alm de algumas poucas espcies de servio.Estava criada a base para o desenvolvimento do Direito Comercial Brasileiro, fincadono objetivismo, atravs do qual a concepo do status de comerciante era atribudaaos que praticassem atividades especficas, a serem definidas posteriormente.

    Ainda assim, em seu art. 4o, prescreveu a necessidade de inscrio dos comerciantesnos ento existentes Tribunais do Comrcio (em seguida substitudos pelas JuntasComerciais), pelo menos para poderem usufruir dos benefcios da legislao comercial.

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    Percebam que esse dispositivo no tratou de excluir os no-inscritos do conceitode comerciante, como fizera o subjetivismo corporativo da Idade Mdia, mas apenasreputava comerciantes irregularescomerciantes irregularescomerciantes irregularescomerciantes irregularescomerciantes irregulares aqueles exercentes da atividade mercantil queno tomassem tal providncia, subtraindo alguns direitos exclusivos dos regularesregularesregularesregularesregulares.

    Curiosamente, contudo, no enumerou os chamados atos de comrcio, comofizera o Cdigo Francs. Esses s foram detalhados quando da edio do Regulamentono 737, contemporneo ao cdigo, que relacionou todas as operaes que seconstituam em atos de comrcio. Dentre elas, operaes de cmbio, banco ecorretagem, seguros, transporte de mercadorias, alm, claro, da compra com objetivode posterior revenda de bem mvel ou semovente, ou at para alugar seu uso.

    Ao longo dos anos, muitos dos dispositivos do cdigo foram sendo revogadospor legislaes mais contemporneas, a exemplo da Lei das Sociedades Annimas(1976) e da Lei de Falncias e Concordatas (1945), dentre outras. No entanto, ogolpe de misericrdia foi dado com a edio do Cdigo Civil de 2002, que revogoupraticamente todos os artigos que ainda vigoravam do Cdigo de 1850. Sobreviveramapenas os relativos ao comrcio martimo, contemplado em sua Parte Segunda.

    Hoje, a Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, mais conhecida como CdigoCivil Brasileiro, disciplina matrias especficas do Direito Comercial, tais como:empresas, empresrios, registro pblico de empresas, livros empresariais e nomeempresarial, dentre outras.

    Inspirado no modelo do Cdigo Civil Italiano, de 1942, a moderna Lei CivilBrasileira acabou por provocar uma fuso legislativa entre os dois ramos do DireitoPrivado, unificando normas bsicas do Direito Civil e do Comercial. Esse fato trouxede volta uma discusso antiga, a respeito da autonomia do Direito Comercial, a serenfrentada no tpico seguinte.

    Por outro lado, implantou um novo sistema jurdico para o Direito Comercial,fundamentado no perfil subjetivo do empresrio. Essa nova concepo no se resumiuapenas a uma mudana de nomenclatura, mas introduziu grandes inovaes nestaseara, pois passou a enquadrar pessoas jurdicas, antes consideradas sociedades civispor fora do objeto social, conforme dispunha a antiga teoria objetiva dos atos decomrcio, como sociedades empresrias, a partir da forma organizacional apresentada.

    5. Autonomia do Direito Comercial

    Com o advento do Cdigo Civil de 2002, veio tona novamente a discussosobre a autonomia do Direito Comercial.

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    Direito Comercial Carlos Pimentel

    Essa polmica no indita; basta reportarmo-nos ao incio do sculo XX, maisprecisamente em 1911, quando Ingls de Souza, incumbido de elaborar projeto do novoCdigo Comercial, apresentou dois projetos. Um, com a matria comercial e civil unificadasem um nico cdigo; e outro, onde o Direito Comercial era codificado de forma exclusiva.

    Antes dessa poca, ao final do sculo XIX, em pronunciamento na Universidadede Bolonha, o clebre jurista italiano Cesare Vivante posicionou-se contra a autonomiado Direito Comercial, por entender que este no possua critrios claros e objetivosque o distinguissem do Direito Civil. Seu discurso surpreendeu a todos,principalmente por se tratar do maior comercialista comercialista comercialista comercialista comercialista da poca.

    Apesar disso, em 1919, nomeado para coordenar estudos visando edio doNovo Cdigo Civil Italiano, voltou atrs e mudou de opinio, ao posicionar-secontra a unificao dos dois ramos de Direito. Mesmo assim, a unificao foiaprovada, surgindo, em 1942, o Novo Cdigo Civil Italiano, que juntou os doisramos de Direito Privado em um nico diploma legislativo.

    A par de toda essa discusso, devemos ter em mente o ensinamento de MarceloBertoldi, quando afirma que a autonomia de uma disciplina no deve ser vista comoum princpio absoluto, pois nenhuma completamente autnoma. Existe umacorrelao entre as disciplinas jurdicas, de modo que uma aproveita regras das outras,como, por exemplo, o Direito Administrativo utiliza-se de normas do Direito Processual,a fim de subsidiar o processo administrativo; ou o Direito Comercial aproveitadispositivos do Cdigo Penal, ao regular crimes falimentares. Nada disso comprometea autonomia das disciplinas, que continuam tendo campo prprio de atuao.

    Nesse ponto, convm expor a relao do Direito Comercial com outros ramosdo Direito, Pblico ou Privado, seno vejamos:

    a)a)a)a)a) com o Direito Constitucionalcom o Direito Constitucionalcom o Direito Constitucionalcom o Direito Constitucionalcom o Direito ConstitucionalRelaciona-se esse ramo do Direito Pblico com praticamente todos os demais,pois a Constituio Federal pode ser considerada o nascedouro do sistemanormativo do Pas. Com relao ao Direito Comercial, o art. 22, I, da CF prev a

    competncia privativacompetncia privativacompetncia privativacompetncia privativacompetncia privativa da Unio para legislar. Tambm no Ttulo VII, que trata daOrdem Econmica e Financeira, h meno ao exerccio da atividade empresarial;

    b)b)b)b)b) com o Dircom o Dircom o Dircom o Dircom o Direito Teito Teito Teito Teito TributrioributrioributrioributrioributrioEsse ramo conserva relaes estreitas com o Direito Comercial, a exemplo daresponsabilizao dos scios-gerentes de limitadas por obrigaes da sociedadede natureza tributria, exegese do art. 135, III, do Cdigo Tributrio Nacional,ou mesmo da imposio de algumas espcies de livros fiscais aos empresrios;

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    Captulo 1 Noes GeraisCAMPUS

    c)c)c)c)c) com o Dircom o Dircom o Dircom o Dircom o Direito do Teito do Teito do Teito do Teito do TrabalhorabalhorabalhorabalhorabalhoAqui, um ramo do Direito Privado que mantm ligao forte com o DireitoComercial. Basta vermos as causas trabalhistas sendo decididas no mbito daJustia do Trabalho para, em seguida, habilitarem-se no QuadrQuadrQuadrQuadrQuadro Geral deo Geral deo Geral deo Geral deo Geral de

    CrCrCrCrCredoredoredoredoredoreseseseses admitidos na falncia. Tambm os dbitos de natureza trabalhista sendocobrados dos scios das sociedades annimas ou limitadas;

    d)d)d)d)d) com o Direito Civilcom o Direito Civilcom o Direito Civilcom o Direito Civilcom o Direito CivilCom este, inmeras so as relaes, a comear do atual compartilhamento doCdigo Civil, que reservou dispositivos dedicados matria comercial, seja sobrettulos de crdito, empresa, empresrio, registro de empresas etc.;

    e)e)e)e)e) com o Direito Internacionalcom o Direito Internacionalcom o Direito Internacionalcom o Direito Internacionalcom o Direito InternacionalO Brasil seguidor de convenes internacionais que tratam de ttulos de crditoe propriedade industrial, dentre outros. Para insero das normas em nossoordenamento jurdico, utilizam-se procedimentos afeitos ao DireitoInternacional.Por ltimo, a fim de consolidar a tese da autonomia do Direito Comercial,analisemos a disciplina de acordo com os seguintes aspectos:

    autonomia didticaautonomia didticaautonomia didticaautonomia didticaautonomia didtica, que medida de acordo com a grade curricular dasuniversidades, no havendo razo para contestar-se a autonomia didticado Direito Comercial, pois a disciplina aparece em todos os programasdos cursos de Direito;

    autonomia legislativaautonomia legislativaautonomia legislativaautonomia legislativaautonomia legislativa, considerada a partir da codificao prpria damatria. Sob esse ponto de vista, tambm temos que admitir a autonomiado Direito Comercial, pois, ainda que o Cdigo Civil Brasileiro de2002 tenha praticamente unificado os dois ramos, ainda restou suaSegunda Parte, tratando do Direito Martimo, como bem ressaltou FranMartins;

    autonomia substancialautonomia substancialautonomia substancialautonomia substancialautonomia substancial, que tem a ver com o contedo da disciplina, suaabrangncia, a matria que regula. E, assim, no podemos hesitar emapontar assuntos especficos da matria comercial, a exemplo dosempresrios, das sociedades empresrias, dos ttulos de crdito, da falnciae da concordata, enfim, temas que podem ser facilmente isolados dosdemais. J o Direito Civil cuida de sucesso, famlia e obrigaes civis,dentre outros.

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    Direito Comercial Carlos Pimentel

    6. Fontes do Direito Comercial

    Quando tentamos conceituar fontes do Direito, normalmente a definio restringe-se prpria expresso do direito, ou seja, a forma como ele se manifesta. No entanto, importante entendermos que antecedem norma os anseios da sociedade. Estesso mutantes, variando com as geraes, mas se revelam determinantes para osurgimento do ordenamento jurdico de uma nao.

    Muitos autores costumam classific-las em fontes materiaisfontes materiaisfontes materiaisfontes materiaisfontes materiais e formaisformaisformaisformaisformais. As primeirasesto relacionadas a fatores polticos, sociais, religiosos ou, mesmo, econmicos,componentes do grupo social, enquanto as fontes formais so justamente as normasjurdicas. E so estas ltimas que compem o objeto de nosso estudo.

    Dividem-se as fontes formais em primrias primrias primrias primrias primrias e secundriassecundriassecundriassecundriassecundrias. As primeirasposicionam-se em ordem de preferncia em relao s outras, traduzindo-se numaobrigatoriedade de esgot-las, antes de invocar-se uma fonte secundria.

    Leis Leis Leis Leis Leis A principal fonte primria de nosso Direito Comercial a lei. Existeuma profuso delas, a comear pelo prprio Cdigo Comercial de 1850,que, embora com a revogao da maioria de seus artigos, permanece vivoem sua Segunda Parte, tratando do comrcio martimo. Outras, apenaspara citar algumas, so as Leis no 6.404/76, que disciplina as sociedadespor aes, e no 5.474/68, que dispe sobre duplicatas. Importa ressaltarque o Cdigo Civil de 2002, na parte que trata sobre Direito de Empresa, considerado fonte primria do Direito Comercial.

    RegulamentosRegulamentosRegulamentosRegulamentosRegulamentos So considerados fontes primrias justamente porqueservem eficacizao das leis comerciais.

    TTTTTratados interratados interratados interratados interratados internacionaisnacionaisnacionaisnacionaisnacionais A matria comercial tambm incorporou algunstratados internacionais, a exemplo da Lei Uniforme de Genebra, tratandode cheque, letra de cmbio e nota promissria.

    Inexistindo, portanto, em um caso concreto, norma primria sobre a matria,fica a autoridade judiciria autorizada a lanar mo de uma norma secundria, deforma subsidiria. So elas: usos e costumes comerciais, a analogia, a jurisprudnciae os princpios gerais do Direito.

    Usos e costumes comerciaisUsos e costumes comerciaisUsos e costumes comerciaisUsos e costumes comerciaisUsos e costumes comerciais Estes se constituem em importante fontedo Direito Comercial. Alis, no princpio (Idade Mdia), ele eraconsuetudinrio. Tambm no mbito do Direito Civil, a Lei de Introduoao Cdigo Civil, em seu art. 4o, concede analogia, aos costumes, ou,mesmo, aos princpios gerais do Direito a qualificao de fontes subsidiriasdo Direito. Os costumes, para serem aceitos como fonte do Direito

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    Comercial, necessitam revestir-se de alguns requisitos. Primeiro, precisoque se trate de uma prtica reiterada e uniforme, que seja assimilada portodos como se fora lei. De outra forma, dever estar previsto na prprialei. No pode, contudo, ser contra a lei, pois violaria a prpria concepode fonte subsidiria lei. Assim, ns temos os costumes: a) praeter legem,que decorrem da prtica mercantil, aceitos e aplicados para suprirem aslacunas legislativas, a exemplo do cheque visado, citado por Bulgarelli;b) secundum legem, pois so previstos na prpria lei, como no art. 113 doCdigo Civil, que anuncia: Os negcios jurdicos devem ser interpretadosconforme a boa-f e os usos do lugar de sua celebrao; c) contra legem,estes no so tolerados pelo ordenamento jurdico e, conseqentemente,no aceitos como fonte do Direito, a exemplo do cheque pr-datado, quevai de encontro prpria natureza do documento, que um ttulo decrdito vista. Normalmente, no Direito Comercial, os costumes, paraserem admitidos como prova, necessitam estar assentados na JuntaComercial, que emitem certido a respeito. No entanto, o juiz tem direito livre convico na anlise das provas, desde que no se afaste daspremissas bsicas quanto ilegalidade das mesmas.

    AnalogiaAnalogiaAnalogiaAnalogiaAnalogia Na ausncia de outra fonte formal do Direito, permite-se a aplicaoda analogia, considerada como a possibilidade de utilizar-se entendimento arespeito de um caso concreto similar, j julgado, a fim de dirimir a lide.

    JurisprudnciaJurisprudnciaJurisprudnciaJurisprudnciaJurisprudncia A jurisprudncia, assim entendida como a uniformidadedas decises dos tribunais a respeito de determinada matria, tambm fonte secundria do Direito Comercial. Isso no implica a obrigao de ojuiz segui-la, pois ele pode desenvolver sua prpria convico, mesmoque seja diversa daquela. Alerto que h autores que no consideram estauma fonte do Direito Comercial, por entenderem que ela no fontegeradora do Direito, j que se trata da observao de fatos pretritos.

    Princpios Princpios Princpios Princpios Princpios gggggerais do Direitoerais do Direitoerais do Direitoerais do Direitoerais do Direito Por ltimo, os princpios gerais do Direito, queso os norteadores da construo do prprio sistema jurdico positivo vigente.

    7. Conceitos de Direito Comercial

    Aps estudados alguns temas relacionados ao desenvolvimento histrico do

    Direito Comercial, seu surgimento, sua importncia no desenvolvimento das naes,

    assim como a abrangncia da disciplina, vejamos como os pesquisadores da matria

    comercial tm se esforado no sentido de melhor conceituar o Direito Comercial.

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    O Direito Comercial a parte do Direito Privado que tem, principalmente, porobjeto regular as relaes jurdicas que surgem do exerccio do comrcio. Estadefinio, proposta pelo comercialista italiano Cesare Vivante, foi criticada por nocontemplar atos praticados por no-comerciantes, mas regulados por leis comerciais(exemplo da emisso de cheque).

    Waldemar Ferreira props: Direito Comercial o conjunto sistemtico de normasjurdicas disciplinadoras do comerciante e seus auxiliares e do ato de comrcio edas relaes dele oriundas.

    Carvalho de Mendona trilhou caminho parecido, ao afirmar que: O Direito Comercial a disciplina jurdica reguladora dos atos de comrcio e, ao mesmo tempo, dos direitose das obrigaes das pessoas que os exercem profissionalmente e dos seus auxiliares.

    Dessas duas ltimas definies surgiu uma, de autoria de Fran Martins, quemelhor sintetiza a disciplina: Direito Comercial o conjunto de regras jurdicasque regulam as atividades das empresas e dos empresrios, bem como os atosconsiderados comerciais, mesmo que esses atos no se relacionem com as atividadesdas empresas.1

    Da assertiva, tem-se que as normas do Direito Comercial alcanam no apenasos empresrios, mas aqueles que, mesmo sem se revestirem dessa qualidade, praticamatos aos quais a lei atribuiu caractersticas tais que se tornaram regidos pelo DireitoComercial. Exemplo destes a emisso de um cheque, feita por quem no se revesteda qualidade de empresrio, da mesma forma que uma letra de cmbio ou uma notapromissria ou, at, uma garantia prestada por aval. Todos esses atos possuemregulamentao em legislaes prprias, como veremos no Captulo 3, concernenteaos ttulos de crdito, e fazem parte do campo de abrangncia do Direito Comercial,independentemente de haverem sido praticados por empresrio ou representante desociedade empresria.

    8. Caractersticas do Direito Comercial

    O Direito Comercial apresenta traos que o distinguem de outros ramos doDireito, especialmente do Direito Civil, e que se encontram relacionados a seguir.a) Simplicidade ou informalismoa) Simplicidade ou informalismoa) Simplicidade ou informalismoa) Simplicidade ou informalismoa) Simplicidade ou informalismo

    Prope adoo de frmulas simples para soluo de conflitos, diferentementedo Direito Civil, formalista e complexo. Exemplo: circulao de ttulos de crditomediante endosso.

    1 MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 25.

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    b)b)b)b)b) Internacionalidade ou cosmopolitismoInternacionalidade ou cosmopolitismoInternacionalidade ou cosmopolitismoInternacionalidade ou cosmopolitismoInternacionalidade ou cosmopolitismoEst regulamentado por normas de alcance internacional. Exemplo: Lei Uniforme

    de Genebra, que dispe sobre letras de cmbio, notas promissrias e cheque.

    c)c)c)c)c) ElasticidadeElasticidadeElasticidadeElasticidadeElasticidadePermanece em constante processo de mudanas, adaptando-se evoluo das

    relaes de comrcio. Exemplo: contratos de leasing e franchising.

    d)d)d)d)d) OnerosidadeOnerosidadeOnerosidadeOnerosidadeOnerosidadeTem o lucro como o fim perseguido pelos empresrios, cuja atividade sempre onerosa.

    9. Empresrio

    9.1. Conceito

    Durante muito tempo, convivemos com uma legislao comercial que j no atendiaas transformaes ocorridas, sobretudo aps a primeira metade do sculo passado.

    Se muitos dispositivos da principal Lei Comercial, elaborada h mais de cento ecinqenta anos, estavam expressamente revogados, seja pela Constituio Federalde 1988, seja por leis esparsas, outros simplesmente vinham sendo ignorados pelasautoridades judicirias e at pelos tribunais, em regra lastreados na modernaconcepo de atividade econmica.

    Da o fortalecimento de teorias, como a da empresa ou do empresrio, atravsdas quais se atribua uma nova viso ao profissional do comrcio, agora no maisrestrita quele agente que pratica freqentemente atos de intermediao de mercadoriasou umas poucas espcies de servios, tais como bancos, transporte de mercadorias,seguros, alm de outros, excluindo importante segmento da atividade econmica,que justamente a prestao de servios como um todo. A Teoria da Empresa alargouo campo de incidncia do Direito Comercial, trazendo para seu mbito justamente osegmento de servios, assim como o de produo de mercadorias.

    O novo Cdigo Civil, aprovado pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002,s veio confirmar a teoria, introduzindo definitivamente no Direito Brasileiro asdefinies de empresa empresa empresa empresa empresa e empresrioempresrioempresrioempresrioempresrio.

    Em seu art. 966, caput, o empresrio empresrio empresrio empresrio empresrio considerado como quem exerceprofissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulaode bens ou servios. O pargrafo nico do mesmo dispositivo excluiu daquelacategoria os profissionais que exeram atividade intelectual, de natureza cientfica,literria ou artstica, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores,salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa.

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    Como se v, novos requisitos surgiram para classificar algum como empresrio,que podero ser somados capacidade civil, analisada adiante.

    9.2. Requisitos

    9.2.1. Profissionalismo

    O titular do negcio dever faz-lo no em carter eventual, mas habitualmente,assumindo o ofcio como sua profisso.

    Essa no uma disposio indita; a antiga Teoria dos Atos de Comrcio j seguiava pela prtica habitual da compra e venda de mercadorias. No bastava a realizaode uma nica operao comercial ou, mesmo, algumas eventualmente observadas.Seria preciso que o agente tomasse essa atividade como ofcio, fizesse dela a suaprofisso, caso contrrio incorreto seria o seu enquadramento como comerciante.

    Portanto, permanece consagrado o requisito, agora no Cdigo Civil de 2002,que prescreveu, em seu art. 966, caput, a forma profissional de atuao do empresrio.

    9.2.2. Organizao

    Significa a necessidade de o exercente da atividade econmica aparelhar-se de formaadequada para o desempenho de sua profisso. Se tomarmos como exemplo umapessoa que revende objetos em pequena proporo, movimentando diminuto volumede recursos, ainda assim dela sero exigidas instalaes compatveis com sua atividade.

    No se concebe um empresrio, seja pessoa fsica ou jurdica, desprovido de umconjunto de bens organizados destinados ao exerccio da empresa.

    Em outras palavras, todo empresrio dever dispor de estabelecimentoempresarial, definido no art. 1.142 do Cdigo Civil, como o complexo de bensorganizados para o exerccio de empresa, por empresrio ou por sociedade empresria.

    O estabelecimento empresarial, ao contrrio do que possa parecer, no exclusividade de empresrios de mdio ou grande porte. Em absoluto, o estoque demercadorias, juntamente com os mveis, utenslios e instalaes utilizadasdiretamente na atividade econmica j so assim considerados, independentementeda dimenso tomada.

    9.2.3. Atividade Econmica

    O teor do art. 966 do CC/2002 apresenta elementos caractersticos ao empresrio,aqui entendido como a pessoa fsica que exerce em seu prprio nome uma atividadeeconmica organizada, para a produo ou a circulao de bens ou de servios.

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    Excludas do conceito esto as profisses consideradas intelectuais que, apesar depossurem carter econmico, tm natureza cientfica, literria ou artstica. Nessa categoria,incluem-se mdicos, arquitetos, dentistas, escritores e artistas em geral, dentre outros.

    Entretanto, se esses profissionais exercerem o ofcio, estando presente elementode empresa, podemos enquadrar o empreendimento como uma sociedadeempresria. o caso do mdico, proprietrio de um grande hospital, clinicando ou,mesmo, operando em suas dependncias. Nesta situao, prevalece o carterempresarial da atividade hospitalar. O raciocnio no se aplica s sociedades deadvogados, conforme exposio no item 1 do captulo seguinte.

    Mas o que vem a ser elemento de empresa? fcil. Imaginemos um famosopintor de quadros, proprietrio de um atelier, onde emprega variados profissionais,entre atendentes, telefonistas, secretrias e outros ligados mesma arte, pintandoe colocando venda telas similitude do fundador do negcio. Enfim, a dimensoeconmica conquistada com o seu intelecto ultrapassou a sua aptido primitivapara o ofcio, tanto que, se ele parar de pintar, objetivando apenas conduzir oempreendimento, o mesmo poder continuar sem maiores conseqncias. Nestecontexto, ele rene todas as condies de ser classificado como empresrio.

    Com relao s implicaes prticas advindas desse novo conceito, poderemospresenciar a sujeio falncia do prestador de servios em geral, assim como apossibilidade de ele requerer recuperao judicial ou extrajudicial. Tambm poderofazer prova com os livros empresariais, tudo na dependncia de estarem cumpridasas formalidades legais.

    9.2.4. Capacidade

    Requisito fundamental correta atuao empresarial, na qualidade de empresrioindividual ou administrador de sociedade, o pleno gozo da capacidade civil.

    A regra, contida no art. 972 do Cdigo Civil, deve ser conjugada com as disposiessobre personalidade e capacidade na esfera civil, previstas nos arts. 1o a 10 da mesma lei.

    E, logo no art. 1o, disps o legislador: Toda pessoa capaz de direitos e deveresna ordem civil. Significa afirmar que qualquer indivduo, independente de sua idade,sade mental ou vcios possui capacidade para contrair direitos e assumir obrigaes.

    Com a preciso que lhe peculiar, Maria Helena Diniz chega a afirmar que a capacidadede direito no pode ser recusada ao indivduo, sob pena de se negar sua qualidade depessoa, despindo-o dos atributos da personalidade. Entretanto, o exerccio dessacapacidade pode ser restringido por algum fator genrico como o tempo (a maioridadeou menoridade), ou devido a uma insuficincia somtica (deficincia mental).

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    Em ocorrendo uma restrio legal no exerccio da capacidade jurdica, naconformidade do que dispem os arts. 3o e 4o do Cdigo Civil, suprime-se dosujeito o direito ao exerccio pessoal de pleno gozo da capacidade de direito.

    Perceba o leitor que a capacidade de direito pode subsistir sem a de exerccio.Esta, por sua vez, pressupe a existncia da outra. Pois bem, aquele que no desfrutardo livre exerccio de sua capacidade civil no poder ser empresrio.

    Sob o aspecto temporal, o art. 5o do Cdigo prev que a menoridade cessa aos dezoitoanos completos, quando a pessoa fica habilitada prtica de todos os atos da vida civil. Noentanto, o pargrafo nico do mesmo artigo traz hipteses de aquisio da capacidadecivil antes da maioridade, quais sejam:

    a) pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, medianteinstrumento pblico, independente de homologao judicial, ou porsentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

    b) pelo casamento;c) pelo exerccio de emprego pblico efetivo;d) pela colao de grau em curso de ensino superior; oue) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existncia de relao de

    emprego, desde que, em funo deles, o menor com dezesseis anoscompletos tenha economia prpria.

    Observem que, apenas nas letras a e e, o legislador condicionou aemancipao a uma idade mnima de dezesseis anos, e no foi por acaso.Se observarmos as outras trs hipteses, somente haveria dvida em relao idademnima para a emancipao nos casos de colao de grau em curso superior. queo art. 1.517 do CC/2002 previu que somente a partir dos dezesseis anos podem ospais autorizar o casamento de menor. Antes dessa idade, o casamento s possvelpara evitar a imposio ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez,de acordo com a previso do art. 1.520.

    Quanto ao exerccio de emprego pblico efetivo, no que pese serem os entes federadose a prpria Unio livres para determinar a idade mnima dos que podem ingressar noservio pblico, a Constituio Federal probe o emprego ou a ocupao de cargo pblicoaos que contarem com menos de dezesseis anos de idade, salvo na condio de aprendiz.Logo, impossvel a efetivao da hiptese aos menores daquela idade.

    De outra forma, incapazes tambm so os maiores de dezoito anos portadoresde alguma das patologias especificadas nos arts. 3o e 4o do Cdigo. Sendo aenfermidade enquadrada no art. 3o, ser o indivduo absolutamente incapaz. Nessacondio, o cometimento de qualquer ato jurdico depende de um representante,pois o incapaz est completamente privado do gozo de sua capacidade jurdica.

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    Outros so os relativamente incapazes, a que se refere o art. 4o. Para esses, aautoridade judiciria poder autorizar a prtica de atos da vida civil, desde quedevidamente assistidos.

    Com a representao ou a assistncia, estar suprida a incapacidade de exerccio,ao menos para os atos da vida civil. No entanto, um e outro instituto dependem deum regular processo de curatela, quando se observar a condio do incapaz, e oseu enquadramento em uma das hipteses legais, aps o que ser o indivduoconsiderado interdito, tudo conforme a previso dos arts. 1.767 a 1.783 (os filhosmenores so postos em tutela, quando falecidos ou ausentes os pais ou se estesdecarem do poder familiar).

    Entrementes, mesmo que assistidos ou representados, no esqueamos que aregra geral do art. 972 torna proibitiva aos incapazes a atividade de empresrio.

    9.3. Continuao da Empresa por Incapaz

    O art. 972 vedou o exerccio da atividade de empresrio aos juridicamente incapazes.De outra maneira, o art. 974 permitiu aos interditos, cuja incapacidade foi supervenienteao exerccio da atividade empresarial, ou aos menores tutelados, que tiveram seus paisfalecidos ou ausentes, dar continuidade empresa, desde que devidamente assistidosou representados, conforme a incapacidade seja relativa ou absoluta.

    Para configurao da hiptese, a lei exige autorizao judicial que, como tal,poder ser revogada a qualquer momento pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ourepresentantes legais do menor ou do interdito, sem prejuzo dos direitos adquiridospor terceiros. Essa possibilidade de revogao lhe confere a qualidade de serconsiderada a ttulo precrio.

    Os bens do incapaz existentes poca da interdio ou da sucesso ficamprotegidos em relao ao resultado do negcio, desde que estranhos ao seu objeto.

    Situao curiosa ocorre quando o representante ou assistente do incapaz estiverlegalmente impedido de exercer a atividade empresarial. Nesse caso, essa pessoa deverindicar um ou mais gerentes, que se submetero aprovao judicial. Ainda assimpermanece o representante ou assistente responsvel pelos atos dos gerentes nomeados.

    9.4. Os Impedidos

    Os impedidos no so incapazes. Contudo, alguma circunstncia tornou-osincompatveis ao exerccio da atividade empresarial. o caso, por exemplo, dosservidores pblicos em geral, que esto, por leis administrativas, proibidos de serempresrios individuais ou administradores de sociedades empresrias.

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    Para eles, a condio de acionista ou quotista de sociedade empresria nodeve ser considerada englobada pela disposio do art. 972, que probeexclusivamente a qualificao como empresrio individual ou administrador desociedade empresria. Outro que pode ser enquadrado na proibio o falido. Prev o art. 102 da LeiFederal no 11.101/2005 (Nova Lei de Falncias) que o falido fica inabilitado paraexercer qualquer atividade empresarial a partir da decretao da falncia. O impeditivosomente perde o efeito aps declaradas extintas todas as suas obrigaes, naconformidade do disposto no art. 158 do mesmo diploma legal, e ainda assim seno tiver sido constatada a ocorrncia de crime falimentar, fato que postergaria aindamais a sua reabilitao, conforme exposto adiante, no captulo 04 desta obra.

    Contudo, a proibio legal no tem o condo de exonerar o agente quedesrespeitou a lei pelas responsabilidades advindas de seus atos, tanto que o art. 973do Cdigo previu a assuno pelos impedidos das obrigaes por eles contradas,oriundas do exerccio de atividade prpria de empresrio.

    9.5. O Empresrio Rural e o de Pequeno Porte

    O art. 971 do Cdigo Civil contm redao nos seguintes termos, a respeito dosintitulados empresrios rurais: O empresrio, cuja atividade rural constitua suaprincipal profisso, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 eseus pargrafos, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis darespectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos osefeitos, ao empresrio sujeito a registro.

    Nesse particular, o legislador considerou o produtor rural, geralmenteorganizado em economia familiar, com um ou outro funcionrio, mas sem adimenso de uma grande organizao, cuja base de sustentao provenha danatureza, seja de uma cultura agrcola, da pecuria ou do extrativismo vegetal oumineral. Pode ser at uma sociedade, conforme prev o art. 984, mas, se o seuobjeto for aquele do empresrio rural, sofrer o mesmo tratamento.

    Esto margem do conceito as corporaes agrcolas, conhecidas comoagronegcio, detentoras de estruturas tipicamente empresariais. Essas esto obrigadasao registro antes do incio de suas atividades, conforme reza o art. 967.

    J para aqueles classificados como empresrios rurais, ou para os pequenosempresrios, o art. 970 previu a edio de lei garantidora de um tratamento favorecido,pelo menos no que concerne inscrio e aos efeitos da decorrentes.

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    Na inexistncia da norma prevista, o que se tem o teor do art. 971 que,combinado com o art. 970, leva-nos a concluir que o empresrio rural no estobrigado ao registro. No entanto, se o mesmo for efetivado, o praticante de umaatividade econmica rural passa a ser equiparado ao empresrio, para todos os efeitos.O mesmo acontece em se tratando de sociedade que tenha por objeto atividadeprpria de empresrio rural, com a condio de que tenha adotado um dos tipos dasociedade empresria e, da mesma forma, haja requerido o registro.

    Dessa inteleco deflui-se a possibilidade de virem a falir, de obterem recuperaojudicial ou extrajudicial, dentre outras questes prprias do empresrio.

    Percebam que o fato de o legislador, logo no incio do art. 971, haver nomeadoo exercente da pequena atividade rural pelo termo empresrio, no significa que omesmo deva ser tratado da mesma forma que os outros, enquadrados no conceitodo art. 966. Isso porque o prprio cdigo contm dispositivos que lhe conferemtratamento favorecido, como j fora citado.

    Com relao ao pequeno empresrio, Fbio Ulhoa Coelho e Srgio Campinhodefendem que, na ausncia de norma regulamentadora do dispositivo, deve o mesmoser aproveitado em favor dos microempresrios e empresrios de pequeno porte,como tais previstos na Lei Federal no 9.841/99.

    Esse diploma jurdico, regulamentado pelo Decreto no 3.474, de 19 de maio de2000, foi editado em obedincia Lei Maior brasileira que, em seu art. 170, IX,previu tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte, constitudas sobas leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no pas.

    E logo no art. 2o, incisos I e II, do decreto, foi estabelecido:I- microempresa, a pessoa jurdica e a firma mercantil individual que tiver

    receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarentae quatro mil reais);

    II- empresa de pequeno porte, a pessoa jurdica e a firma mercantil individualque, no enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superiora R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais) e igual ou inferiora R$ 1.200.000,00 (um milho e duzentos mil reais).

    Conforme foi observado por Ludio Fabretti, para a pessoa fsica serenquadrada em um ou noutro conceito, necessrio que seja a atividade praticadade natureza mercantil, que hoje, j na vigncia do novo cdigo, deve serconsiderada a atividade prpria de empresrio, conforme definio do art. 966,anteriormente comentado.

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    De outra forma, a pessoa jurdica, independentemente de seu objeto ou formaorganizacional, poder ser enquadrada em uma ou em outra classificao, a dependerde seu faturamento.

    Tanto os microempresrios como os empresrios de pequeno porte gozam debenefcios concedidos pela legislao, relacionados simplificao do exerccio daempresa.

    10. Prepostos do Empresrio

    A matria encontra-se disciplinada pelos arts. 1.169 a 1.178 do Cdigo Civil de2002, que faz citao expressa a dois tipos de prepostos do empresrio; o gerentegerentegerentegerentegerentee o contabilistacontabilistacontabilistacontabilistacontabilista. Isso no significa a excluso dos demais colaboradores, tais comoescriturrios, pessoal tcnico, vendedores etc., tanto que a Seo III do Captulo IIinvoca a presena de outros auxiliares do empresrio.

    Na verdade, a escolha do legislador foi detalhar as responsabilidades e limitaesde dois dos mais importantes agentes diretamente ligados ao empresrio, sabendo-se,de antemo, que a disciplina extensiva aos demais.

    Essas pessoas trabalham, contribuindo com o empresrio no exerccio de suaprofisso. O primeiro, no desempenho de atividades administrativas, relacionando-secom clientes e funcionrios ou at representando o empresrio em tarefas externas;j o contador responsabiliza-se pela escriturao da empresa.

    Todos, entretanto, possuem uma caracterstica comum, que a da continuidadedos servios prestados, diferentemente da relao criada com um contrato de mandatomercantil, que tem carter eventual.

    Tambm podemos destacar, como caracterstica do vnculo jurdico entrepreponente e preposto, a subordinao deste quele. Esse carter diferencia-o, porexemplo, do contrato de representao comercial, por no se subordinar orepresentante ao representado.

    Prev o art. 1.178 a responsabilidade do preponente (empresrio) pelos atos dequaisquer prepostos, quando praticados dentro do estabelecimento, desde querelativos atividade da empresa, mesmo que no haja autorizao por escrito. Forado estabelecimento, somente se forem cometidos nos limites dos poderes conferidos.

    Entretanto, ainda quanto responsabilidade pelos ato