cadernos de pimentel

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OLHAR DE MULHER Este olhar de mulher parece isca fincada na pontinha de um anzol uma oferta que petisca aos olhos uma recusa que belisca os nervos um fogo capaz de derreter a lua um gelo capaz de congelar o sol se bem não haja tanta força sua pois tudo é natural em seu olhar olhar, descaradamente inocente olhar, inocentemente descarado trama sem culpa e ar de fingido crime doloso com réu absolvido impossível descrever tanto mistério que voleia entre mentira e verdade uma mistura de pecado e castidade se repousa no umbral da santidade e conduz à devassidão do adultério não há quem afirme que assim seja se apenas olha ou se mesmo deseja se ao mesmo tempo oferece e nega a um só momento ele larga e pega olhar de uma mulher é mesmo isto como petisco envenenado em mel caminho certo para inferno ou céu a duvida entre a oração e o feitiço impossível desvendar o seu recado será sua dona cortesã será menina - obra de arte criada pelo diabo - num momento de inspiração divina jul 2008 MEU ROUXINOL para Mariella meu rouxinal de tantas cores de um canto lindo alegre, saltitante ninguém vai aprisionar você você é livre para seus vôos você é livre para seus risos você é livre para seu canto você é livre para suas cores e até para suas dores você é livre mas, pelo amor de Deus, meu rouxinol, se afaste dessa janela a porta aberta da gaiola não é para o perigo de um vôo assim esse cenário vazio não é seu esse figurino não tem suas cores esse final triste não é o das peças que seu talento enfeitava Cadernos de Roberto Pimentel do lado de cá dessa janela há uma vida inteira todinha para voce há tanto amor por você há tanta amor para você tudo está do lado de cá se afaste dessa janela, pelo amor de Deus do lado de lá dessa janela há um vazio muito grande uma tristeza muito grande sem seu riso sem sua alegria sem seu canto sem seu talento sem te ver saltitante não há nada lá, meu rouxinol não há nada lá nem para voce nem para quem lhe ama pelo amor de Deus pelo amor à vida pelo amor aos seus se afaste dessa janela, meu rouxinol março / 2012 N ossa página de Literatura tem o privilé- gio de apresentar hoje dois poemas do cachoeirense honorário Roberto Pimentel, marido de Marília Lima Pimentel, pai de Vivi- ane, Ricardo e Mariela e avô de Luíza. A dvogado, escritor, colecionador, poeta, violonista e perfomático, Pimentel é um capixaba como poucos, que não se deixa abater e está sempre prestigiando os movimentos culturais de Cachoeiro e Vitória. A produção poética e literária de Roberto é muito vasta e a partir de agora, contando com a boa vontade do artista, estaremos compartilhando com vocês. Roberto Pimentel, e sua família nunca perderam o vínculo com Cachoeiro e com o Espírito Santo. Ricardo após muitos anos morando nos Estados Unidos, está de volta para alegria de seus amigos e familiares. Roberto e seu violão animam as noites do Bar do Henrique e das manhãs da praia da Jurema. LITERATURA FICÇÃO & ENSAIOS [email protected]

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Page 1: CADERNOS DE PIMENTEL

OLHAR DE MULHER

Este olhar de mulher parece isca fincada na pontinha de um anzol uma oferta que petisca aos olhos uma recusa que belisca os nervos um fogo capaz de derreter a lua um gelo capaz de congelar o sol se bem não haja tanta força sua pois tudo é natural em seu olhar olhar, descaradamente inocente olhar, inocentemente descarado trama sem culpa e ar de fingido crime doloso com réu absolvido impossível descrever tanto mistério que voleia entre mentira e verdade uma mistura de pecado e castidade se repousa no umbral da santidade e conduz à devassidão do adultério não há quem afirme que assim seja se apenas olha ou se mesmo deseja se ao mesmo tempo oferece e nega a um só momento ele larga e pega olhar de uma mulher é mesmo isto como petisco envenenado em mel caminho certo para inferno ou céu a duvida entre a oração e o feitiço impossível desvendar o seu recado será sua dona cortesã será menina - obra de arte criada pelo diabo - num momento de inspiração divina jul 2008

MEU ROUXINOL

para Mariella meu rouxinal de tantas cores de um canto lindo alegre, saltitante ninguém vai aprisionar você você é livre para seus vôos você é livre para seus risos você é livre para seu canto você é livre para suas cores e até para suas dores você é livre mas, pelo amor de Deus, meu rouxinol, se afaste dessa janela a porta aberta da gaiola não é para o perigo de um vôo assim esse cenário vazio não é seu esse figurino não tem suas cores esse final triste não é o das peças que seu talento enfeitava

Cadernos de Roberto Pimentel

do lado de cá dessa janela há uma vida inteira todinha para voce há tanto amor por você há tanta amor para você tudo está do lado de cáse afaste dessa janela, pelo amor de Deus do lado de lá dessa janela há um vazio muito grande uma tristeza muito grande sem seu riso sem sua alegria sem seu canto sem seu talento sem te ver saltitante não há nada lá, meu rouxinol não há nada lá nem para voce nem para quem lhe ama pelo amor de Deus pelo amor à vida pelo amor aos seus se afaste dessa janela, meu rouxinol março / 2012

Nossa página de Literatura tem o privilé-gio de apresentar hoje dois poemas do

cachoeirense honorário Roberto Pimentel, marido de Marília Lima Pimentel, pai de Vivi-ane, Ricardo e Mariela e avô de Luíza.

Advogado, escritor, colecionador, poeta, violonista e perfomático, Pimentel é um

capixaba como poucos, que não se deixa abater e está sempre prestigiando os movimentos culturais de Cachoeiro e Vitória. A produção poética e literária de Roberto é muito vasta e a partir de agora, contando com a boa vontade do artista, estaremos compartilhando com vocês.

Roberto Pimentel, e sua família nunca perderam o vínculo com Cachoeiro e com o Espírito Santo.Ricardo após muitos anos morando nos Estados Unidos, está de volta para alegria de seus amigos e familiares.

Roberto e seu violão animam as noites do Bar do Henrique e das manhãs da praia da Jurema.

LITERATURAFICÇÃO & ENSAIOS [email protected]