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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4 GRUPO I – CLASSE VII – Plenário. TC 027.265/2006-4 (com 25 volumes e 11 anexos). Natureza: Representação. Unidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE/MEC; Petróleo Brasileiro S./A – Petrobras; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/MEC. Responsáveis: Adolfo Elias Mitouzo Vieira (CPF 120.463.025-91); Agência de Desenvolvimento Solidário (CPF 03.607.290/0001-24); Ailton Florêncio dos Santos (CPF 352.039.605-00); Anamaria Miranda Rodrigues Ballard (CPF 892.923.327-91); Ari Aloraldo do Nascimento (CPF 419.563.460-15); Central Unica dos Trabalhadores – Cut (CNPJ 60.563.731/0001-77); Cláudia Ribeiro Lapenda (CPF 674.108.637-49); Cooperativa de Profissionais Em Planejam. e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental – Colméia (CNPJ 03.587.004/0001-06); Ecosol – Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (CNPJ 06.267.304/0001-04); Fernando Francisca (CPF 021.523.567-30); Gilmar Carneiro dos Santos (CPF 571.928.128-20); Ifas (CPF 01.682.509/0001-24); Iolete Giffoni de Carvalho (CPF 786.073.707-82); Janice Helena de Oliveira Dias (CPF 329.728.490-00); Joao Antonio Felicio (CPF 672.384.168-91); José Samuel Magalhães (CPF 580.103.358-00); João Miranda Neto (006.221.628-70); Luis Fernando Maia Nery (741.569.007-97); Luiz Marinho (CPF 008.848.518-85); Marcelo Benites Ranuzia (CPF 064.805.928-67); Marcos Medeiros de Oliveira (CPF 633.951.697-15); Maria Auxiliadora Lobo Alvin (243.944.405-72); Maria Eunice Dias Wolf (CPF 240.085.670-20); Maria Ivandete Santana Valadares (152.836.235-72); Mariruth de Mello Alves (232.487.425-34); Maristela Miranda Barbara (933.299.038-72); Ney Ribeiro de Sá (CPF 328.133.175-00); Paulo Cezar Farias (CPF 692.268.811-20); Pedro Rivas Franco Lima Gomes (805.201.545-68); Rosane Beatriz Juliano de Aguiar (CPF 011.494.147-58); Rosemberg Evangelista Pinto (CPF 080.200.515-20); União 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário.TC 027.265/2006-4 (com 25 volumes e 11 anexos).Natureza: Representação.Unidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE/MEC; Petróleo Brasileiro S./A – Petrobras; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/MEC.Responsáveis: Adolfo Elias Mitouzo Vieira (CPF 120.463.025-91); Agência de Desenvolvimento Solidário (CPF 03.607.290/0001-24); Ailton Florêncio dos Santos (CPF 352.039.605-00); Anamaria Miranda Rodrigues Ballard (CPF 892.923.327-91); Ari Aloraldo do Nascimento (CPF 419.563.460-15); Central Unica dos Trabalhadores – Cut (CNPJ 60.563.731/0001-77); Cláudia Ribeiro Lapenda (CPF 674.108.637-49); Cooperativa de Profissionais Em Planejam. e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental – Colméia (CNPJ 03.587.004/0001-06); Ecosol – Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (CNPJ 06.267.304/0001-04); Fernando Francisca (CPF 021.523.567-30); Gilmar Carneiro dos Santos (CPF 571.928.128-20); Ifas (CPF 01.682.509/0001-24); Iolete Giffoni de Carvalho (CPF 786.073.707-82); Janice Helena de Oliveira Dias (CPF 329.728.490-00); Joao Antonio Felicio (CPF 672.384.168-91); José Samuel Magalhães (CPF 580.103.358-00); João Miranda Neto (006.221.628-70); Luis Fernando Maia Nery (741.569.007-97); Luiz Marinho (CPF 008.848.518-85); Marcelo Benites Ranuzia (CPF 064.805.928-67); Marcos Medeiros de Oliveira (CPF 633.951.697-15); Maria Auxiliadora Lobo Alvin (243.944.405-72); Maria Eunice Dias Wolf (CPF 240.085.670-20); Maria Ivandete Santana Valadares (152.836.235-72); Mariruth de Mello Alves (232.487.425-34); Maristela Miranda Barbara (933.299.038-72); Ney Ribeiro de Sá (CPF 328.133.175-00); Paulo Cezar Farias (CPF 692.268.811-20); Pedro Rivas Franco Lima Gomes (805.201.545-68); Rosane Beatriz Juliano de Aguiar (CPF 011.494.147-58); Rosemberg Evangelista Pinto (CPF 080.200.515-20); União de Núcleos Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco – Unas (CNPJ 38.883.732/0001-40); Valtenira da Matta Almeida (CPF 234.067.125-68); Wilson Santarosa (CPF 246.512.148-00).Advogados constituídos nos autos: Nilton Antônio de Almeida Maia (OAB/RJ 67.460), Carlos da Silva Fontes Filho (OAB/RJ 59.712), Gustavo Cortês de Lima (OAB/DF 10.969), Claudismar Zupiroli (OAB/DF 12.250), Roberto Cruz Couto (OAB/RJ 19.329), Ricardo Penteado de Freitas Borges (OAB/SP 92.770), Marcelo Certain Toledo (OAB/SP 158.313), Idmar de Paula Lopes (OAB/DF 24.882), Rodrigo Muguet da Costa (OAB/RJ 124.666), Paulo Vinícius Rodrigues Ribeiro (OAB/RJ 141.195), Juliana de Souza Reis Vieira (OAB/RJ 121.235), Daniele Farias Dantas de Andrade (OAB/RJ 117.360), Ingrid Andrade Sarmento (OAB/RJ 109.690), Marta de Castro Meireles (OAB/RJ 130.114), André Uryn (OAB/RJ 110.580), Paula Novaes Ferreira Mota Guedes (OAB/RJ 114.649), Ivan Ribeiro dos Santos Nazareth (OAB/RJ 121.685), Maria Cristina Bonelli Wetzel (OAB/RJ124.668), Rafaella Farias Tuffani de Carvalho (OAB/RJ 139.758), Thiago de Oliveira (OAB/RJ 122.683), Marcos Pinto Correa Gomes (OAB/RJ 81.078), Bruno Henrique de Oliveira

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Ferreira (OAB/DF 15.354), Nelson Sá Gomes Ramalho (OAB/RJ 37.506), Marcos César Veiga Rios (OAB/DF 10.610), André de Almeida Barreto Tostes (OAB/DF 20.596), Nelson Barreto Gomyde (OAB/SP 147.136), Cristiane Rodrigues Pantoja (OAB/DF 15.372).

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE UNIDADE TÉCNICA. VERIFICAÇÃO DE INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES NOS REPASSES DE RECURSOS, EFETIVADOS PELA PETROBRAS, SOB A FORMA DE PATROCÍNIOS, CONVÊNIOS E OUTROS MEIOS ASSEMELHADOS. INSPEÇÃO. CONSTATAÇÃO DA AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS CLAROS E OBJETIVOS NO ÂMBITO DA PETROBRAS PARA DEFINIR A FORMATAÇÃO DOS REPASSES DESTINADOS A PATROCINAR AÇÕES DE CARÁTER SOCIAL. DESCUMPRIMENTO DA DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL. AUSÊNCIA DE PARECER JURÍDICO PRÉVIO À CELEBRAÇÃO DE CONTRATOS DE PATROCÍNIO DA ÁREA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL. IRREGULARIDADES NA COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DE RECURSOS DE CONVÊNIOS. AUDIÊNCIA. REJEIÇÃO DE PARTE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA REPRESENTAÇÃO. NECESSIDADE DE APROFUNDAMENTO DA APURAÇÃO MEDIANTE PROCESSOS DE TOMADAS DE CONTAS ESPECIAIS. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Tratam os autos de representação formulada pela 1ª Secretaria de Controle Externo em razão de supostas irregularidades em procedimentos adotados pela Petrobras no tocante a repasses de verbas em forma de patrocínios, convênios e outros meios assemelhados, a organizações não governamentais e entidades supostamente ligadas a partidos políticos, constatadas em notícias veiculadas na imprensa (fls. 1/10, v. p.).2. A representação em questão foi conhecida pelo relator da matéria, à época, Ministro Benjamin Zymler, que determinou o exame de mérito da matéria (fl. 13, v. p.), e, posteriormente, autorizou a realização de diligências e inspeções necessárias ao saneamento do processo (fl. 23, v. p.).3. A inspeção foi realizada com o propósito de verificar a conformidade dos procedimentos de seleção, contratação, fiscalização, prestação de contas e avaliação de resultados das ações relacionadas aos patrocínios e/ou convênios firmados com as entidades referidas pelos órgãos de imprensa e, para verificar os critérios adotados na seleção dos municípios e entidades beneficiadas com repasses da Petrobras para o Fundo para a Infância e Adolescência (FIA).4. A equipe de inspeção produziu o relatório acostado às fls. 189/275, do v. 1, abaixo reproduzido como parte deste Relatório:

“[...] 1 - INTRODUÇÃO

1.1 – DeliberaçãoO presente processo foi autuado como Representação, mediante Despacho do Exmo. Sr. Ministro-Relator (fl. 23) que, no mesmo expediente, autorizou a realização de diligências e inspeções necessárias.Em cumprimento ao Despacho de 25/3/2009 da 1ª Secretaria de Controle Externo (TC 027.265/2006-4), por delegação de competência do Exmo. Ministro Aroldo Cedraz, realizou-se inspeção no Petróleo Brasileiro S.A. - MME, no período compreendido entre 30/3/2009 e 10/7/2009, com as seguintes finalidades (fl. 49):

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a) verificar a conformidade dos procedimentos de seleção, contratação, fiscalização, prestação de contas e avaliação de resultados adotados pela Petrobras, no que se refere aos patrocínios e/ou convênios firmados com as entidades referidas na notícia;b) verificar os critérios adotados na seleção dos municípios e entidades beneficiadas com repasses da Petrobras para o Fundo para a Infância e Adolescência (FIA) para, em confronto com todo universo de repasses da espécie, apurar se existe ou existiu isonomia entre as entidades pleiteantes.

1.2 - Visão geral do objeto Os convênios e contratos de patrocínios na área de responsabilidade social estão diretamente relacionados à Comunicação Institucional da Petrobras.A Comunicação Institucional conta com seis gerências: Planejamento e Gestão, Atendimento e Articulação Regional, Publicidade e Promoções, Responsabilidade Social, Patrocínios, Comunicação Internacional e Relacionamento. A Gerência de Responsabilidade Social é responsável pelas gerências setoriais de Programas Ambientais, Programas Sociais e Orientações e Práticas de Responsabilidade Social. A Gerência de Patrocínios responde pelas gerências setoriais de Patrocínios Culturais e Patrocínios Esportivos. Nas Unidades de Negócio e nas Gerências Setoriais Regionais de Comunicação (Gerência de Atendimento e Articulação Norte - Leste - Centro-Oeste; Gerência de Atendimento e Articulação Nordeste; Gerência de Atendimento e Articulação São Paulo - Sul, e Gerência de Atendimento e Articulação Rio de Janeiro - Espírito Santo) também há ações relacionadas à responsabilidade social. Segundo a Petrobras, o Programa Petrobras Fome Zero foi lançado no dia 1º/9/2003, com o acionamento da primeira bomba de água fornecida pelos poços perfurados pela Petrobras, em Upanema/RN, onde a Companhia não encontrou petróleo. As ações do Programa Petrobras Fome Zero seguem a linha articulada pelo Governo Federal para combater a exclusão social, garantindo o acesso à alimentação adequada, educação, qualificação profissional e geração de emprego e renda, consolidando a nova visão de responsabilidade social da Companhia - Desenvolvimento com Cidadania. Para o Programa Petrobras Fome Zero foram destinados, inicialmente, recursos da ordem de R$303.000.000,00 (trezentos e três milhões de reais) para o período compreendido entre 1º/9/2003 e 31/12/2006. Nessa quantia está incluída a contribuição para o Fundo para a Criança e Adolescente (FIA), que tem isenção fiscal de até 1% (um por cento) do valor devido a título de Imposto de Renda. Como a Petrobras aumentou seu lucro, o valor destinado ao FIA também aumentou com o passar dos anos; com isso o Programa Petrobras Fome Zero alcançou o montante de R$385.000.000,00 (trezentos e oitenta e cinco milhões de reais).No Programa Petrobras Fome Zero, os valores foram distribuídos entre projetos que se enquadrassem em seleção pública, FIA e convidados.

Seleção pública no Programa Petrobras Fome ZeroDesde 2004, a Petrobras lançou regulamento para selecionar projetos sociais nas seguintes linhas de atuação: educação e a qualificação profissional de jovens e adultos, geração de emprego e renda e garantia dos direitos da criança e do adolescente. Segundo a Companhia, nesse ano, o investimento disponível para a seleção pública foi de R$15 milhões, sendo que cada projeto poderia receber verba máxima de R$500 mil. Em 2005, foram destinados R$18 milhões, sendo R$600 mil a verba máxima de cada projeto. E, em 2006, foram destinados R$20 milhões aos projetos selecionados, sendo o patrocínio de até R$660 mil por iniciativa, renovável por até dois anos. O processo seletivo contempla todos os estados do Brasil por meio de ampla divulgação. Os projetos inscritos são analisados por avaliadores internos e externos à Companhia. Inicialmente, são submetidos a uma triagem administrativa, na qual se observa a conformidade da documentação enviada com o regulamento. A fase seguinte é a triagem técnica que pontua os projetos segundo um conjunto de critérios como: a relação das propostas com as linhas de atuação, o contexto de atuação, as estratégias

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para sustentabilidade das ações, a organização do projeto, as avaliações processual e de resultados, o cronograma e o orçamento. Cada projeto é analisado por dois diferentes técnicos avaliadores. Em casos de discrepância entre os dois, um terceiro avaliador sênior define um parecer final. A etapa seguinte é a análise econômica e tem caráter não eliminatório, na qual os projetos são submetidos a uma comissão de avaliadores especialistas em orçamento, que emitem pareceres sobre a parte financeira dos projetos. Após essa etapa, os projetos são analisados e selecionados pela Comissão de Seleção, composta por representantes da Petrobras e membros convidados, estes representantes do governo, da sociedade civil e da imprensa. Por último, os projetos são analisados pelo Conselho Deliberativo, composto por representantes do corpo gerencial da Petrobras e por líderes e formadores de opinião na área social de forma a assegurar a representatividade da sociedade.Os projetos que participam da seleção pública e são bem avaliados, mas não podem ser patrocinados devido ao limite de recursos, passam a integrar a Carteira de Projetos Petrobras. Para estimular ações de responsabilidade social junto às empresas parceiras, clientes e fornecedores que fazem parte da cadeia de negócios da Petrobras, a Carteira mobiliza novos atores do meio empresarial para o desenvolvimento de parcerias, indicando e recomendando as iniciativas que buscam transformar a realidade social brasileira.

Projetos convidadosOs projetos convidados são diretamente apoiados pela Comunicação Institucional, Áreas e Unidades de Negócio, Engenharia e Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), bem como pelas Subsidiárias, pois são considerados como iniciativas promissoras, com reconhecida expertise em uma determinada área de atuação, grande potencial multiplicador, capacidade de desenvolver tecnologias inovadoras ou que apresentem interface com o negócio da Petrobras. Segundo a Petrobras, os Projetos Sociais produzem resultados não quantificáveis monetariamente, então se procura relacionar um conjunto de critérios e resultados alcançados pelos projetos com o volume de recursos necessários para sua implantação, estabelecendo-se uma linha de corte em função do orçamento anual. O sistema de análise e seleção dos Projetos Sociais da Petrobras está baseado nas informações enviadas pelas organizações parceiras, ou seja, refere-se a um processo qualitativo de medição com metodologia e ferramentas padronizadas para reduzir a subjetividade relativa desses dados, formatando-os de modo a viabilizar a comparabilidade entre as diferentes alternativas. No caso de um projeto com múltiplos efeitos sociais, para que seja dado um tratamento quantitativo a estas informações, ponderam-se os diferentes benefícios decorrentes do mesmo. São considerados projetos convidados:- projetos da seleção pública anterior (renovação);- projetos efetivamente convidados, que são atendimento das necessidades locais, expectativas da população, melhorias na estrutura social da comunidade: têm correlação com a linha de ação do Programa Petrobras Fome Zero;- apresentação de projetos a funcionários da Petrobras: os projetos são enviados para a Comunicação Social a fim de serem analisados.De acordo com o Gerente de Responsabilidade Social, desde 2003, há roteiro para apresentação de projetos, usado para a seleção pública e para os projetos convidados. No caso da seleção pública, há parâmetros para avaliação dos projetos e a pontuação vai de 1 a 4. Para os projetos convidados são usados os mesmos parâmetros e os projetos são pontuados, porém não entram na comparabilidade como na seleção. Os projetos convidados são formalizados por meio de contrato de patrocínio. O fluxo de aprovação dos patrocínios é o seguinte:- o projeto autorizado pela Gerência de Responsabilidade Social, e que tem repasse acima de R$100 mil, é enviado (eletronicamente) à Secretaria de Comunicação de

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Governo e Gestão Estratégica - Secom para análise pelo Comitê de Patrocínio da Secom; - o Comitê aprecia a planilha: discute o tema, emite a ata e a envia à Petrobras para aprovação, mencionando o número da planilha;- a Gerência de Responsabilidade Social, recebendo a aprovação do Comitê, prepara os documentos, a minuta do contrato e outros, e envia ao Jurídico para que esse setor emita o parecer;- depois de formada a documentação, é enviada planilha eletrônica à Secom para aprovação do custo do patrocínio pela Diretoria; a aprovação do repasse independe do valor ser maior ou menor do que R$100 mil;- após a aprovação da planilha de custo pela Diretoria da Secom, a Petrobras estará apta a contratar.Na Petrobras, o Gerente Executivo de Comunicação Institucional é o único que assina planilha de custo, independentemente do valor. O Comitê da Secom é formado por representantes da administração direta e indireta; o foco da análise dos contratos de patrocínio é a integração entre os patrocinadores e a especialização no tema. Quanto à planilha de custo, a Petrobras tem a responsabilidade legal; a Secom verifica o conteúdo segundo os pontos de análise e ratifica as escolhas dos patrocínios.

Fundo para a Infância e Adolescência - FIA De acordo com a Petrobras, o projeto Fundo para Infância e Adolescência (FIA) está sendo realizado em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Autorizado pela Lei nº 8.242, de 12 de outubro de 1991, o FIA é gerido pelos Conselhos de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Esses fundos existem nas instâncias federal, estadual e municipal e foram criados para captar recursos destinados ao atendimento de políticas, ações e programas voltados para a proteção de crianças e adolescentes. Para a doação de recursos foram priorizados os conselhos que: têm projetos alinhados às diretrizes prioritárias do Programa Petrobras Fome Zero; defendem a efetivação das medidas propostas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com relação à proteção e integridade das crianças e adolescentes; desenvolvem iniciativas de combate ao abuso sexual infanto-juvenil; atuam em cidades localizadas nas rotas de prostituição identificadas pela Secretaria Especial de Direitos Humanos; executam ações contra a utilização de mão-de-obra infantil ou trabalho irregular de adolescente; propõem ações de combate à evasão escolar e de inclusão social dos portadores de necessidades especiais, entre outras. Os recursos do FIA são deduzidos do pagamento do Imposto de Renda e o valor é limitado a 1% do imposto devido. Os Fundos são geridos pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, responsáveis pelo envio dos projetos à Petrobras. Os recursos destinados ao FIA são aplicados preferencialmente em projetos de defesa dos direitos de crianças e adolescentes em situação de risco social ou pessoal, em projetos de combate ao trabalho infantil, de apoio à profissionalização de jovens e de orientação e apoio sócio-familiar. É essencial que a escolha do projeto seja dos conselhos, que devem apresentar os projetos por ordem de prioridade. A Petrobras estuda a consistência do projeto com os propósitos do FIA.A seleção inicia com a avaliação da forma. Nem todos os municípios têm conselhos; estes existem em menos de 1/3 dos municípios brasileiros.Em 2001, o comprovante da transferência dos recursos pelo FIA era dado por meio de contra-recibo da prefeitura. Desde 2003, é celebrado convênio entre a Petrobras, como repassadora dos recursos, o representante do conselho (municipal, estadual ou nacional), o órgão do executivo (municipal, estadual ou nacional) responsável pela liberação do recurso e as entidades executoras. O recurso vai para o órgão executivo legal (prefeitura, secretaria de finanças etc), no respectivo CNPJ; para sair da conta é necessário ter a assinatura do representante do conselho e do representante do município.

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O recurso é liberado no final do ano, quando se tem o valor aproximado de 1% do imposto devido naquele exercício fiscal. No caso do Conanda, a Petrobras não possui influência sobre a destinação dos recursos a ele enviados; o Conanda, por sua vez, tem prazo para indicar as entidades executoras.Desde 2006, são destinados 50% dos recursos do FIA para as áreas de influência das unidades da Petrobras. Os outros 50% seguem aqueles critérios de escolha já determinados para os anos anteriores. Para estes, desde 2007, há uma comissão de escolha formada por oito membros, sendo dois da Petrobras (gerentes regionais em rodízio) e seis externos, sendo um deles do Conanda. Essa Comissão verifica a consistência legal dos projetos.O fluxo de liberação dos recursos é: a) Conselho Nacional - Gerência de Projetos Sociais - contabilidade, oub) Conselhos estaduais e municipais - Gerências Regionais - contabilidade.Um percentual dos recursos repassados pode ser revertido aos conselhos municipais. Por exemplo, em 2006 a destinação de R$100.000,00 a um projeto, por meio do CMDCA, permitia ao Conselho Municipal receber 10% (aplicar 10% em sua estruturação física e administrativa); então o valor do repasse foi de R$110.000,00. O Ministério Público estadual é responsável pela análise da prestação de contas dos recursos repassados aos conselhos. Então a comprovação dos gastos é enviada ao Ministério Público de cada Estado. Na Petrobras, o conselho emite documento contábil que é registrado na contabilidade.Deve-se ressaltar que, até 2007, além da fiscalização realizada pelo Ministério Público, a Companhia também acompanhava a realização dos gastos, em razão de dispositivo expresso no Convênio, que obrigava os beneficiários a prestar contas.

Programa Desenvolvimento & Cidadania PetrobrasDe acordo com a Petrobras, a conclusão do Programa Petrobras Fome Zero coincidiu com uma nova revisão do Plano Estratégico da empresa. Em 2007, a Petrobras decidiu tornar-se uma das cinco maiores empresas de energia do mundo, comprometida com o desenvolvimento sustentável e referência internacional em responsabilidade social e ambiental. Esse marco passou a definir a responsabilidade social como uma função corporativa e, como decorrência, foram elaboradas política e diretrizes próprias para o tema. Nesse contexto, o programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras foi construído de forma a permitir a continuidade das ações consideradas bem sucedidas ou promissoras no Programa Petrobras Fome Zero. Ele prevê o investimento de R$1,3 bilhão, no período de 2007 a 2012, em projetos de geração de renda e oportunidade de trabalho, educação para a qualificação profissional e garantia dos direitos da criança e do adolescente.

1.2 - Objetivo de auditoriaA presente inspeção, inserida no processo TC-027.265/2006-4, teve por objetivo verificar a regularidade dos procedimentos adotados pela Petrobras no tocante a repasse de verbas em forma de patrocínios e convênios.De acordo com as informações que ensejaram a presente representação, as entidades que seriam beneficiadas com o repasse de verbas foram as seguintes (fl. 48):– Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) – RJ;– Associação Vira Lata – SP;– Associação de Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável – MG;– ONG Onda Verde – RJ;– Centro Integrado de Educação Ambiental e Práticas Sustentáveis – RJ;– Central Única dos Trabalhadores (CUT);– União Nacional dos Estudantes (UNE);– União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES);– ONG Missão Criança – SE;– Fundação Cidade de Aracaju (FUNCAJU) – SE;

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– Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) – DF;– União dos Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis (Unas) – SP;– União Popular por Moradia Popular (UNMP);– Associação de Cooperação Agrícola (ACA);– Confederação das Mulheres do Brasil.A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões relacionadas aos critérios para repasse dos recursos, à conformidade de celebração de convênios e de contratação de patrocínios e ao controle dos repasses de recursos.

1.3 - Metodologia utilizadaEm consulta aos dados enviados pela Petrobras, como resposta às diligências iniciais (fls. 15 e 21 do Anexo 1), a equipe selecionou os projetos de convênios e contratos de patrocínios que ensejaram a presente representação (fl. 48) como amostra para a fase de execução. Na planilha enviada, não foram encontrados patrocínios ou convênios celebrados com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), como, por exemplo, o patrocínio analisado no mencionado processo 005.003/2004-8. Cabe ressaltar que, na relação inserida no processo arquivado 013.657/2005-4, constam patrocínios que não foram encontrados na planilha enviada pela Petrobras em resposta à diligência deste processo. Embora contratos e convênios celebrados com a CUT não constassem da planilha enviada inicialmente, verificou-se que havia outras entidades vinculadas à CUT, como a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária - Ecosol e a Associação de Desenvolvimento Solidário - ADS, que tinham celebrado contratos de patrocínio com a Petrobras; então essas entidades foram incluídas na amostra. Ressalta-se que a equipe teve conhecimento de dois convênios celebrados com a CUT (Projeto Todas as Letras – 1ª e 2ª fase) somente durante a fase de execução. Destaca-se que não foi encontrado patrocínio ou convênio celebrado com a União Nacional dos Estudantes (UNE), somente o projeto Memória da UNE, celebrado com a Fundação Roberto Marinho, que, então, não foi selecionado.Além desses contratos e convênios comentados, a equipe incluiu patrocínios e convênios celebrados entre Petrobras e:- Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz – Ifas, por ser objeto de investigação do Ministério Público Federal no Estado de Goiás devido a irregularidades em convênio celebrado com o Incra, em 2006, em que o verdadeiro beneficiário do dinheiro público era outra entidade (Notícias on line da Procuradoria da República em Goiás, em 6/2/2008 e em 6/3/2008).- Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental - Colméia, prestadora de serviços para o Programa de Associação Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (Ates), em que o verdadeiro beneficiário dos recursos públicos era outra entidade (Notícias on line da Procuradoria da República em Goiás, em 6/3/2008).Para complementar a visão geral do objeto, a equipe solicitou à Petrobras a apresentação do projeto na área social denominado Programa Petrobras Fome Zero e a forma de contribuição para Fundo para a Infância e Adolescência (FIA). Na exposição, a Petrobras apresentou o Programa Desenvolvimento e Cidadania, que teve início em novembro de 2007, a partir da experiência do Programa Petrobras Fome Zero, o FIA e os patrocínios nas áreas ambiental, cultural e esportiva. Quanto aos trabalhos correlatos, foram consultados, pela equipe, os processos, já arquivados, 013.657/2005-4 e 005.003/2004-8.Inicialmente foram selecionados 29 contratos e convênios celebrados com: Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP); Confederação das Mulheres do Brasil (CMB); Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol); Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia); Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS), órgão vinculado à CUT;

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Associação de Cooperação Agrícola no Estado de Goiás (Ascaeg); Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare); Associação Vira Lata - Ação social, Cultural, Ambiental e de Promoção da Dignidade Humana; Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz (Ifas); Instituto Recriando e Missão Criança Aracaju; União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas); Entidade Ambientalista Onda Verde.

Na fase de execução foram incluídos dois convênios celebrados com a CUT e excluídos dois contratos de patrocínio que, embora constassem da planilha inicial, não chegaram a ser firmados, sendo um deles com o CEAP e outro com a Colméia.

1.4 - VRF O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$266.655.842,04: R$47.516.964,36 - referentes ao valor total dos contratos de patrocínio e de convênios analisados.R$219.138.877,68 - referentes aos recursos repassados como contribuição para o Fundo para a Infância e Adolescência.

1.5 - Benefícios estimados Entre os benefícios estimados desta fiscalização podem-se mencionar as seguintes Melhorias:- incremento dos cidadãos nas instituições públicas;- melhoria na organização administrativa;- melhoria dos resultados apresentados.O total de benefícios estimados quantificáveis desta fiscalização é R$28.697.342,17, referentes a débito de: Convênio 6000.0007055.04.4 - R$7.016.498,87.Convênio 6000.0017248.05.4 - R$8.795.978,75.Convênio 6000.0032085.07.4 - R$9.878.610,28.Convênio 6000.0031986.07.4 - R$1.619.141,65.Contrato de patrocínio 612.2.010.03.6 - R$128.269,39.Contrato de patrocínio 610.2.014.04.8 - R$432.431,22.Contrato de patrocínio 6000.0021294.06.2 - R$475.674,39.Contrato de patrocínio 6000.0010762.05.2 - R$350.000,00.

1.6 - Processos conexos - TC nº 004.583/1998-1.Representação acerca de gastos com publicidade e propaganda.Acórdão nº 233/2001 - TCU - Plenário. Situação: Sobrestado. - TC nº 005.003/2004-8Representação da 1ª Secex para apuração do patrocínio por parte da Petrobras nas comemorações dos 20 anos da CUT. Acórdão nº 1.962/2004 - TCU - 2ª Câmara (Relação nº 48/2004). Situação: arquivado. - TC nº 012.152/2005-6Patrocínio da Conferência Nacional Terra e Água. Acórdão nº 447/2008 - TCU - Plenário e Acórdão nº 1.344/2008 - TCU - Plenário. Situação: aberto. - TC nº 013.657/2005-4Possíveis irregularidades praticadas pela Petrobras na firmatura de convênios e contratos com municípios e organizações não-governamentais. Acórdão nº 177/2006 – TCU - Plenário (Relação nº 4/2006). Situação atual: arquivado.

2 - ACHADOS DE AUDITORIA 2.1 - Ausência de estudo de viabilidade para contratação de patrocínio.2.1.1 - Situação encontrada:

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Nos contratos solicitados e analisados pela equipe de fiscalização, inexistia estudo que permitisse avaliar previamente a viabilidade técnica e econômica do contratado ou do conveniado para executar o objeto.

2.1.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Contratos

6000.0011616.05.3/2005Patrocínio ao projeto “Cadeia Produtiva do Biodiesel e as Relações de Trabalho – 2005”.Entidade: Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$48.000,00.

612.2.026.03.8/2003Patrocínio ao projeto “Construção do Parque da Sementeira, em Aracaju/SE”.Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia).Valor R$2.000.000,00.

612.2.010.03.6/2003Patrocínio ao projeto “Petrobras 50 anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos”. Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia).Valor R$1.752.000,00.

6000.0012317.05.2/2005Patrocínio ao projeto "Semana Cultural da Mulher e do Desenvolvimento Brasil-China".Entidade: Confederação das Mulheres do Brasil.Valor R$100.000,00.

6000.0010762.05.2/2005Projeto "Saber Transformar". Entidade: Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol).Valor R$350.000,00.

6000.0025849.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Escola para Mulheres Alice Tibiriçá". Entidade: Confederação das Mulheres do Brasil.Valor R$608.000,00.

6000.0019168.06.2/2006 Patrocínio ao projeto “Encontro Estadual de Sem Terrinhas”.Entidade: Associação de Cooperação Agrícola no Estado de Goiás (Ascaeg).Valor R$54.660,00.

6000.0021293.06.2/2006Patrocínio ao projeto “Fortalecimento e consolidação das oito organizações de catadores que integram a Rede de Economia Solidária da unidade de reciclagem de plástico e da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Ibirité”. Entidade: Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare).Valor R$1.479.992,30.

610.2.238.03.3/2003Patrocínio ao projeto “Inclusão Social e Geração de Renda pela Coleta Seletiva e Reciclagem.”

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Entidade: Associação Vira Lata.Valor R$614.625,96.

6000.0019214.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Vira Lata". Entidade: Associação Vira Lata.Valor R$870.608,00.

6000.0019188.06.2/2006Patrocínio ao projeto “Recriando Caminhos 2006”. Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$894.611,48.

6000.0031731.07.2/2007Patrocínio ao projeto "Recriando Caminhos 2007". Entidade: Instituto Recriando (antigo Missão Criança Aracaju).Valor R$770.649,64.

610.2.091.03-5/2003Patrocínio ao projeto "Movimento Lúdico - Recriando Caminhos”. Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$581.723,00.

6000.0007829.04.2/2004Patrocínio ao projeto "Recriando Caminhos 2005". Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$793.713,92.

6000.0008670.04.2/2004Patrocínio ao projeto "Resgatando a Cidadania". Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$181.200,00.

6000.0024878.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Segurança Alimentar e Geração de Renda da Comunidade de Campinhos - Tucano – BA”.Entidade: Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$85.438,84.

6000.0020725.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Saber Transformar – 2006”. Entidade: Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol).Valor R$350.000,00.

6000.0025934.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Ação Afirmativa, Atitude Positiva: Seu Sonho é Nossa Luta". Entidade: Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).Valor R$1.697.730,14.

Convênio

6000.0031986.07.4/2007 Projeto "Qualificação Profissional e Desenvolvimento dos Sistemas de Produção de Oleaginosas para a Produção de Biodiesel a Nível de Agricultura Familiar nos Estados da Bahia, Ceará e Minas Gerais”.

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Entidade: Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz (Ifas).Valor R$4.000.000,00.

2.1.3 - Efeitos/Conseqüências do achado: Risco de prejuízos gerados pela ausência de análise das condições técnicas e econômicas acerca da contratação. (efeito potencial)

2.1.4 - Critérios: Constituição Federal, art. 37, caput.O estudo de viabilidade permite aferir a impessoalidade (isonomia) e a eficiência no emprego dos recursos repassados à executora.

2.1.5 - Evidências: Atendimento ao Ofício de Requisição nº 5, item b: em atendimento ao referido Ofício, sobre os documentos que compõem o processo, não consta "estudo de viabilidade" ou "análise prévia" ou expressão similar. (folha 137 do Volume Principal).

2.1.6 - Esclarecimentos dos responsáveis: O estudo de viabilidade, chamado de análise prévia, é feito oralmente, por meio de discussão entre o profissional da Petrobras que analisa o projeto e a titular da Gerência de Projetos Sociais. Depois é discutido entre a Gerência de Projetos Sociais e a Gerência de Responsabilidade Social.

2.1.7 - Conclusão da equipe: A falta do estudo de viabilidade para contratação de patrocínio é risco de prejuízo aos cofres da Companhia, como se pode exemplificar pelos seguintes processos examinados:- no Contrato 6000.0019214.06.2, com a Associação Vira-Lata - Projeto Vira-Lata, a justificativa para a assinatura de Aditivo de 310 dias ao prazo inicial foi a negociação de terreno para a construção de galpão, objeto principal do contrato no valor de R$280.000,00 (Anexo 7, Volume 1, fls. 241/242). Verifica-se que a patrocinada não dispunha de terreno para a construção. Ressalte-se a inexistência de qualquer projeto básico ou executivo de construção. A patrocinada não conseguiu executar a obra e destinou o valor previsto para a compra de equipamentos, com o consentimento da Petrobras (Anexo 7, Volume 1, fls. 250/251). Ficou caracterizado o conseqüente comprometimento da execução do projeto. A avaliação prévia permitiria exigir a comprovação de viabilidade técnico-financeira da contratada para executar o objeto. - No Contrato 6000.0025849.06.2, com a Confederação das Mulheres do Brasil - Projeto Escola para Mulheres Alice Tibiriçá, houve a assinatura de dois aditivos na execução do contrato. O primeiro aditivo foi para acréscimo de 161 dias ao prazo do contrato; o segundo termo adicionou R$131.000,00 e mais 161 dias ao prazo. A justificativa apresentada para o aditivo de valor foi a escolha de local com as melhores características para implantação da escola (Anexo 7, Volume 1, fls. 297/298). A escolha do imóvel ocorreu após a patrocinada assegurar-se de que contaria com o patrocínio da Petrobras. Nota-se no trecho da justificativa, a seguir, que o projeto foi modelado após a assinatura do contrato de patrocínio: “Ao assinarmos o contrato e estarmos mais seguras de que a Escola contaria com o imprescindível patrocínio da Petrobras, recomeçamos a discussão (...) sobre a escolha da melhor localização e características do local para implantação da Escola (...)”. Restou comprovado o conseqüente comprometimento da execução do projeto de acordo com o contratado, por ausência de análise prévia de viabilidade do projeto. - No Contrato 612.2.010.03.6, com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental - Colméia - Projeto Petrobras 50 Anos -

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Marco Zero - Construindo Novos Caminhos, cujo objeto envolvia obras de urbanização e realocação de famílias, no valor inicial de R$1.300.000,00, não havia autorização dos entes públicos para que fossem derrubadas casas (moradias) e realocadas pelo menos catorze famílias. O "Protocolo de Intenções" entre os entes governamentais foi celebrado depois de três meses da celebração do contrato de patrocínio. Foram celebrados quatro aditivos de prorrogação de prazo e o preço da obra foi aumentado em R$452.000,00. Um estudo prévio da viabilidade da contratação verificaria que uma cooperativa de profissionais em planejamento não é construtora e não executaria obras que teriam de ser iniciadas depois da autorização de entes governamentais. - Por meio do Contrato de patrocínio n.º 6000.0025934.06.2, firmado com o Centro de Articulações de Populações Marginalizadas - CEAP, a Companhia repassou, em 2007, R$1.697.730,14, pouco mais que o dobro do transferido em 2005, por meio do Contrato 6000.0014249.05.2, no valor de R$793.155,00; este, também, maior que o transferido em 2004, no total de R$536.526,00, pelo Contrato 6000.0003631.04.2. Houve acréscimos de atividades nos contratos mais recentes, o que, em tese, exigiria maior aporte de recursos. Porém, não está claro se o aumento das atividades correspondeu ao acréscimo nos valores repassados, e, ainda, qual foi o critério utilizado para os aumentos sucessivos de repasses para a entidade. - No Convênio n.º 6000.0031986.07.4, firmado com o Instituto de Formação e Assessoria Sindical Rural Sebastião Rosa da Paz – Ifas, a Companhia não verificou a capacidade da entidade para desenvolver as atividades acertadas no Convênio, o que resultou, posteriormente, na inexecução do objeto. A prestação de contas, como mais adiante será discutida, não apresenta elementos suficientes para caracterizar a execução do objeto com os recursos liberados. Além disso, pesaram sobre a entidade diversas denúncias, em 2008, de que se trata de entidade de fachada, conforme denúncia do Ministério Público/GO. A avaliação prévia seria oportuna para esclarecer os fatos.O art. 37, caput, da Constituição Federal impõe como princípios da administração pública a impessoalidade e a eficiência, o que se aplica na destinação dos recursos públicos. A imagem da Companhia estará relacionada à boa aplicação dos recursos e à distribuição isonômica deles.

2.1.8 - Responsáveis: Nome: Rosemberg Evangelista Pinto CPF: 080.200.515-20 Cargo: Ex-Gerente Setorial Regional Nordeste Conduta: Não determinou a realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênios e contratos de patrocínio, a fim de avaliar as condições da contratada ou da conveniada para executar o objeto.Nexo de causalidade: Como gerente de área em que são celebrados contratos de patrocínio referentes à área social, cabia-lhe, em obediência aos princípios da impessoalidade e da eficiência insertos no caput do art. 37 da Constituição Federal, exigir a realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênios e contratos de patrocínio, sob risco de não se atingir o objetivo do patrocínio ou do convênio e, conseqüentemente, causar prejuízo aos cofres da Petrobras.Culpabilidade: O responsável praticou o ato sem prévia consulta a órgãos técnicos ou, de algum modo, respaldado em parecer técnico.É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável zelar pela boa e regular aplicação dos recursos repassados pela Petrobras aos patrocinados. Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser chamado em audiência a fim de se avaliar se deve ser apenado com a aplicação de multa.

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Nome: Wilson Santarosa - CPF: 246.512.148-00 - Cargo: Gerente Executivo da Comunicação InstitucionalConduta: Não determinou a realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênios e contratos de patrocínio, a fim de avaliar as condições da contratada ou da conveniada para executar o objeto.Nexo de causalidade: Como gerente de área em que são celebrados contratos de patrocínio referentes à área social, cabia-lhe, em obediência aos princípios da impessoalidade e da eficiência insertos no caput do art. 37 da Constituição Federal, exigir a realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênios e contratos de patrocínio, sob risco de não se atingir o objetivo do patrocínio ou do convênio e, conseqüentemente, causar prejuízo aos cofres da Petrobras. Culpabilidade: O responsável praticou o ato sem prévia consulta a órgãos técnicos ou, de algum modo, respaldado em parecer técnico.É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável zelar pela boa e regular aplicação dos recursos repassados pela Petrobras aos patrocinados. Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser chamado em audiência a fim de se avaliar se deve ser apenado com a aplicação de multa.

2.1.9 - Proposta de encaminhamento: Com fundamento no art. 43, II, da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 250, IV, do Regimento Interno do TCU, determinar a audiência de Wilson Santarosa, CPF 246.512.148-00, Gerente Executivo de Comunicação Institucional, e de Rosemberg Evangelista Pinto, CPF 080.200.515-20, Ex-Gerente Setorial Regional Nordeste, para que apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, razões de justificativa a respeito da não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de Comunicação Institucional, a fim de avaliar as condições da contratada ou da conveniada para executar o objeto, em obediência aos princípios da impessoalidade e da eficiência insertos no caput do art. 37 da Constituição Federal, sob risco de não atingir o objetivo do patrocínio ou do convênio e, conseqüentemente, causar prejuízo aos cofres da Petrobras.

2.2 - Inexistência de cláusula, nos contratos de patrocínio, referente à comprovação dos gastos por parte do patrocinado.2.2.1 - Situação encontrada:Nos contratos de patrocínio solicitados por meio do Ofício de Requisição nº 3, de 28/4/2009, não foi encontrada a cláusula de comprovação dos gastos. Encontraram-se apenas cláusulas de exigência de comprovação das contrapartidas.

2.2.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Contratos

6000.0025849.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Escola para Mulheres Alice Tibiriçá. Entidade: Confederação das Mulheres do Brasil.Valor R$608.000,00.

6000.0019168.06.2/2006Patrocínio ao projeto “Encontro Estadual de Sem Terrinhas”.Entidade: Associação de Cooperação Agrícola no Estado de Goiás (Ascaeg).Valor R$54.660,00.

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6000.0021293.06.2/2006 Patrocínio ao projeto “Fortalecimento e consolidação das oito organizações de catadores que integram a Rede de Economia Solidária da unidade de reciclagem de plástico e da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Ibirité”. Entidade: Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare).Valor R$1.479.992,30.

6000.0019214.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Vira Lata". Entidade: Associação Vira Lata.Valor R$870.608,00.

6000.0019188.06.2/2006Patrocínio ao projeto “Recriando Caminhos 2006”. Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$894.611,48.

6000.0031731.07.2/2007Patrocínio ao projeto "Recriando Caminhos 2007".Entidade: Instituto Recriando (antigo Missão Criança Aracaju)Valor R$770.649,64.

6000.0024878.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Segurança Alimentar e Geração de Renda da Comunidade de Campinhos - Tucano – BA”. Entidade: Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$85.438,84.

6000.0020725.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Saber Transformar" - 2006. Entidade: Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol).Valor R$350.000,00.

6000.0021294.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas”. Entidade: União dos Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis (Unas).Valor R$475.674,34.

6000.0025934.06.2/2006 Patrocínio ao projeto "Ação Afirmativa, Atitude Positiva: Seu Sonho é Nossa Luta". Entidade: Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).Valor R$1.697.730,14.

6000.0033790.07.2/2007Patrocínio ao projeto Agricultura Familiar e Agroecologia para faixas de dutos - Nova Iguaçu e Duque de Caxias. Entidade: Instituto Terra de Preservação Ambiental.Valor R$1.165.402,00.

2.2.3 - Causas da ocorrência do achado: Deficiências de controles

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2.2.4 - Efeitos/Conseqüências do achado: Risco de prejuízo por uso indevido dos recursos. (efeito potencial)

2.2.5 - Critérios: Acórdão nº 1.962/2004 - TCU - 2ª Câmara, item 1.4.Constituição Federal, art. 37, caput.

2.2.6 - Evidências: Cláusulas dos contratos analisados. (folhas 251/449 do Anexo 2 - Volume 1)

2.2.7 - Esclarecimentos dos responsáveis: Segundo o interlocutor, a questão foi repassada para o Setor Jurídico. Porém não houve resposta nem entrega, à equipe de fiscalização, de informação ou documentos a respeito do assunto.

2.2.8 - Conclusão da equipe: O TCU determinou, por meio do Acórdão nº 1.962/2004 - TCU - 2ª Câmara, que a Petrobras deveria incluir nos contratos de patrocínio a comprovação dos gastos. Apesar da interposição de pedido de reexame contra a referida determinação, não se obteve provimento, conforme Acórdão 2.224/2005 - TCU - 2ª Câmara, publicado no DOU de 11/11/2005. A Companhia, contudo, não inseriu a cláusula de comprovação dos gastos nos contratos de patrocínio. A comprovação dos gastos, principalmente na área de responsabilidade social, permite demonstrar o verdadeiro destino dado aos recursos públicos. No patrocínio de evento cultural ou esportivo, tem-se um meio de auferir o alcance da exposição da marca “Petrobras”, haja vista o produto a ser apresentado, tal como livro, show, corrida de automóvel, equipe participando de competições desportivas. Há possibilidade de mensuração do retorno de imagem a ser obtido. Ou seja, de qualquer modo o resultado é facilmente verificado. Diferentemente, a atuação na área social necessita de tempo para ser percebida e de etapas a serem vencidas para que o resultado seja notado. Daí a importância de se comprovar que os recursos destinados foram aplicados no alcance do objetivo social firmado no contrato.A demonstração da aplicação dos recursos em patrocínios na área social, especialmente por meio de prestação de contas, é obrigação constitucional e, ainda, garantia de que estão sendo adequadamente utilizados. Para ilustrar a situação, apesar de o projeto estabelecer, não foram apresentadas as listas de presença relativas às oficinas previstas no contrato de patrocínio n.º 610.2.014.04-8 – Projeto “Geração Vida Heliópolis” com a entidade Unas, que tinha por objetivo a realização de diversas atividades, como curso de reciclagem pedagógica e relacionamento interpessoal da equipe do projeto e cursos de capacitação de mulheres e adolescentes (cidadania, oficinas culturais e esportivas, informática, oficina de desenvolvimento e passeios e visitas monitoradas). No ano seguinte, as ações, cujo foco era similar ao anterior, previstas no contrato de patrocínio n.º 6000.0021294.06.2/2006 - Projeto "Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas”, celebrado com a Unas, não foram devidamente demonstradas, uma vez que as listas de presença juntadas aos autos não são representativas da execução de todo o objeto firmado.Sem a prestação de contas, torna-se difícil o controle sobre a veracidade das informações contidas nos relatórios de atividades, que são elaborados pelo recebedor do recurso e enviados à Petrobras. Nesse contexto, os patrocínios na área social configuram fonte abundante de recursos para entidades, sem rigorosa fiscalização do alcance de metas ou de exigência de demonstração da utilização dos recursos. A apresentação de contrapartida, sozinha, não configura comprovação de aplicação de recursos: a faixa e os banners com a marca Petrobras não significam que são para aquele evento, pois o cenário pode ser usado para vários eventos diferentes; o efeito

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de publicidade da marca Petrobras pode ser reduzidíssimo, pois os projetos na área social são realizados, em grande parte, em áreas rurais e em municípios do interior, com restrito acesso e circulação de pessoas. Por isso a contrapartida tem que ser complementada com a comprovação dos gastos no objeto do contrato de patrocínio. Ressalte-se, por fim, que os contratos de patrocínios na área social são em essência convênios, pois, neles, existe a convergência de interesses das partes. O contrato de patrocínio na área social configura-se como uma fuga de exigências, especialmente no que se refere a prestação de contas e demonstração de liame entre as despesas e o recurso transferido. Na área cultural, os patrocínios celebrados com a aprovação do Ministério da Cultura, com base na Lei Rouanet (Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991), apresentam comprovação de gastos. Na área social, essa comprovação seria a maneira mais objetiva de mostrar à sociedade o comprometimento com a responsabilidade social.Conforme descrito no preâmbulo do julgamento que originou o Acórdão nº 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara, por integrar a Administração Pública Federal, a Petrobras está sujeita à observância dos princípios constitucionais inerentes à atividade administrativa, de maneira que está obrigada a exigir a prestação de contas das despesas realizadas por parte dos patrocinados com as verbas públicas que lhes forem repassadas, aplicando-se às suas atividades de comunicação social o Decreto nº 4.799, de 4 de agosto de 2003, por estar a empresa inserida no Poder Executivo Federal.Como exemplo de observância dos princípios constitucionais, tem-se a Companhia Hidrelétrica do São Francisco - Chesf, subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S/A – Eletrobrás, criada pelo Decreto-Lei nº 8.031, de 3 de outubro de 1945, que exige dos patrocinados que comprovem a adequada aplicação dos recursos bem como a realização das contrapartidas acordadas (www.chesf.gov.br). No “Roteiro” para elaboração do relatório de comprovação da execução do projeto de patrocínio, é exigida a relação dos documentos comprobatórios das despesas do projeto (Notas fiscais e Recibos) e os comprovantes de realização do Projeto – fotos, camisas, matérias na imprensa, folders, CD´s (original) etc. No Relatório Final é exigida, entre outras, a conciliação bancária, com saldo bancário conforme extrato, cheques não compensados e outros débitos não lançados pelo banco, e a relação de pagamentos, além da estimativa de público alcançada.

2.2.9 - Responsáveis: Nome: Luis Fernando Maia Nery - CPF: 741.569.007-97 - Cargo: Gerente de Responsabilidade SocialConduta: Não cumpriu o Acórdão nº 1.962/2004 - TCU - 2ª Câmara, ratificado pelo Acórdão 2224/2005 - TCU - 2ª Câmara, em que foi determinado à Petrobras a inclusão, nos futuros contratos de patrocínio, de cláusula prevendo a comprovação dos gastos por parte do patrocinado.Nexo de causalidade: Como gerente da área em que são celebrados contratos de patrocínio referentes à área social, cabia-lhe fazer cumprir a determinação do TCU em obediência ao princípio da eficiência inserto no caput do art. 37 da Constituição Federal.Culpabilidade: É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável zelar pela boa e regular aplicação dos recursos repassados pela Petrobras a título de patrocínio na área social.Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser chamado em audiência a fim de se avaliar se deve ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Wilson Santarosa - CPF: 246.512.148-00 - Cargo: Gerente Executivo da Comunicação Institucional

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Conduta: Não cumpriu o Acórdão nº 1.962/2004 - TCU - 2ª Câmara, ratificado pelo Acórdão 2.224/2005 - TCU - 2ª Câmara, em que o TCU determinou à Petrobras que incluísse, nos futuros contratos de patrocínio, cláusula prevendo a comprovação dos gastos por parte do patrocinado.Nexo de causalidade: Como titular da Gerência Executiva da Comunicação Institucional, em que são celebrados contratos de patrocínio nas áreas social, ambiental, cultural e esportiva, deveria fazer cumprir a determinação do TCU em obediência ao princípio da eficiência inserto no caput do art. 37 da Constituição Federal.Culpabilidade: É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável zelar pela boa e regular aplicação dos recursos repassados pela Petrobras a título de patrocínio na área social.Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser chamado em audiência a fim de se avaliar se deve ser apenado com a aplicação de multa.

2.2.10 - Proposta de encaminhamento: Com fundamento no art. 43, II, da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 250, IV, do Regimento Interno do TCU, determinar a audiência de Wilson Santarosa, CPF 246.512.148-00, Gerente Executivo de Comunicação Institucional, e de Luis Fernando Maia Nery, CPF 741.569.007-97, Gerente de Responsabilidade Social, para que apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, razões de justificativa a respeito de não constar, nos contratos de patrocínio firmados na área de Responsabilidade Social, cláusula prevendo a comprovação dos gastos por parte do patrocinado, com o objetivo de aferir a eficiência e a racionalidade na aplicação dos recursos, conforme determinado por este Tribunal nos termos do item 1.4 do Acórdão nº 1.962/2004 - TCU -2ª Câmara, ratificado pelo Acórdão 2.224/2005 – TCU - 2ª Câmara.

2.3 - Ausência de análise prévia dos convênios e contratos de patrocínio pelo setor jurídico.2.3.1 - Situação encontrada: A equipe solicitou, por meio do Ofício de Requisição nº 2, de 22/4/2009, processos de contrato de patrocínio e processos de convênio para serem analisados. Em resposta, a Petrobras trouxe cópia dos referidos processos, com falta de documentação, tais como os pareceres jurídicos, estatutos e certidões. A equipe, por meio do Ofício de Requisição nº 3, de 28/4/2009, solicitou os originais para efetuar a análise e verificar a existência da documentação exigida pela Lei nº 8.666, de 21 de junho 1993.Os pareceres jurídicos referentes aos seguintes contratos de patrocínio não constavam da documentação apresentada à equipe pela Petrobras: 6000.0011616.05.3, 6000.0012317.05.2, 612.2.010.03.6, 612.2.026.03.8. Em relação ao Contrato nº 6000.0010762.05.2, de 4/2/2005, o Parecer Jurídico-BA nº 143/2005, de 23/5/2005, é posterior à celebração do referido Contrato.A equipe solicitou ao Presidente da Petrobras, por meio do Ofício de Requisição nº 5, de 14/5/2009, item b, relacionar os documentos que devem compor os processos de contratos de patrocínio e processos de convênio. Consta, na resposta ao ofício, que o parecer jurídico deve fazer parte do processo físico.2.3.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Contratos

6000.0010762.05.2/2005Patrocínio ao projeto "Saber Transformar". Entidade: Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol).Valor R$350.000,00.

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6000.0012317.05.2/2005Patrocínio ao projeto "Semana Cultural da Mulher e do Desenvolvimento Brasil-China".Entidade: Confederação das Mulheres do Brasil.Valor R$100.000,00.

612.2.010.03.6/2003Patrocínio ao projeto “Petrobras 50 anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos”.Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia).Valor R$1.752.000,00.

612.2.026.03.8/2003Patrocínio ao projeto “Construção do Parque da Sementeira, em Aracaju/SE”. Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia)Valor R$2.000.000,00.

6000.0011616.05.3/2005 Patrocínio ao projeto “Cadeia Produtiva do Biodiesel e as Relações de Trabalho – 2005”. Entidade: Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$48.000,00.

2.3.3 - Efeitos/Conseqüências do achado: Risco de prejuízo à Petrobras devido à possível existência de cláusulas contratuais prejudiciais aos interesses da empresa (efeito potencial) que poderia levar a Petrobras a dúvidas na execução contratual ou mesmo a litígios. A análise do jurídico orienta a exclusão ou a alteração da cláusula em benefício da Companhia.

2.3.4 - Critérios: Lei 8.666/1993, art. 38, inciso VI:Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:(...)VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade;Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras (MPC), item 6.7.3.1:6.7.3.1 - As minutas dos contratos de patrocínio serão, sempre, submetidas à análise prévia do Jurídico e da Comunicação Institucional (COMUNICAÇÃO).

2.3.5 - Evidências: Atendimento ao Ofício de Requisição nº 3, item a (folhas 112/120 do Volume Principal).Atendimento ao Ofício de Requisição nº 5, item b (folha 137 do Volume Principal).Parecer jurídico - BA nº 206/2006, de 25/1/2006, que menciona o não atendimento às orientações do Jurídico e do MPC, em relação à análise prévia do Contrato nº 6000.0010762.05.2. (folhas 109/110 do Anexo 8 - Principal).Parecer jurídico-BA nº 143/2005, de 23/5/2005, posterior à celebração do Contrato nº 6000.0010762.05.2, de 4/2/2005 (folhas 31/32 do Anexo 8 - Principal).

2.3.6 - Esclarecimentos dos responsáveis: Não houve esclarecimento, mesmo a equipe tendo comunicado verbalmente ao interlocutor a ausência dos pareceres.

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2.3.7 - Conclusão da equipe: A equipe comunicou o fato ao interlocutor do Presidente da Petrobras e solicitou, verbalmente, os pareceres jurídicos, pois poderia ser apenas uma falha na entrega da documentação uma vez que já deveriam fazer parte do processo. Até o fechamento do relatório, os pareceres jurídicos não foram entregues à equipe. Em relação ao Contrato nº 6000.0010762.05.2, de 4/2/2005, o Parecer Jurídico-BA nº 143/2005, de 23/5/2005, fl. 31, a. 8, é posterior à celebração do referido Contrato; portanto não houve análise prévia da minuta do contrato. Isso pode ser confirmado, também, pelo Parecer Jurídico - BA nº 206/2006, de 25/1/2006, fl. 109, a. 8, em que o parecerista afirma que o consulente firmou contrato sem análise prévia. A Lei nº 8.666, de 1993, estabelece:Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:(...)VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8 de junho de 1994)Constata-se que a Lei prevê a existência de parecer jurídico sobre a inexigibilidade da contratação, e esse parecer jurídico deve ser da minuta do contrato, portanto é análise prévia.O Decreto nº 2.745, de 1998, que aprova o Regulamento do procedimento licitatório simplificado da Petrobras, dispõe, no item 10.1, que "A disciplina estabelecida neste Regulamento poderá ser complementada, quanto aos aspectos operacionais, por ato interno da Diretoria Executiva da PETROBRÁS, previamente publicado no Diário Oficial da União..." O referido complemento se concretizou no Manual de Procedimentos Contratuais. Esse Manual estabelece, no Capítulo referente a Patrocínios, item 6.7.3.1, que "As minutas dos contratos de patrocínio serão, sempre, submetidas à análise prévia do Jurídico e da Comunicação Institucional (COMUNICAÇÃO)". Embora o TCU não reconheça a validade da aplicação do Decreto 2.745, de 1998, e a Petrobras tenha levado a questão à decisão do Supremo Tribunal Federal, solicitando o reconhecimento da validade do instrumento, é de se ressaltar que os representantes da Companhia não estão cumprindo nem a disposição do Manual, aprovado pela Diretoria Executiva conforme disposto no item 10.1 desse Decreto.

2.3.8 - Responsáveis: Nome: Wilson Santarosa - CPF: 246.512.148-00 - Cargo: Gerente Executivo da Comunicação Institucional.Conduta: Celebração do contrato sem a análise prévia do setor jurídico da Petrobras, conforme prevê a Lei nº 8.666, de 1993, e o Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras (MPC), aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto 2.745, de 1998.Nexo de causalidade: A ausência do prévio parecer jurídico expõe a Petrobras a risco de litígios, com prejuízos, uma vez que o contrato poderá conter cláusulas contrárias aos interesses da Petrobras.Culpabilidade: É razoável afirmar que era possível ao responsável ter consciência da ilicitude do ato que praticara.É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável cumprir a legislação vigente a fim de zelar pela integridade da Petrobras nas contratações.

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Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser chamado em audiência a fim de se avaliar se deve ser apenado com a aplicação de multa.

Nome: Rosemberg Evangelista Pinto - CPF: 080.200.515-20 - Cargo: Gerente Setorial Regional Nordeste até jun/2008Conduta: Celebração do contrato sem a análise prévia do setor jurídico da Petrobras, conforme prevê a Lei nº 8666, de 1993, e o Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras (MPC), aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto 2.745, de 1998.Nexo de causalidade: A ausência da manifestação do parecer jurídico expõe a Petrobras a risco de litígios, com prejuízos, uma vez que o contrato poderá conter cláusulas contrárias aos interesses da Petrobras.Culpabilidade: É razoável afirmar que era possível ao responsável ter consciência da ilicitude do ato que praticara.É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável cumprir a legislação vigente a fim de zelar pela integridade da Petrobras nas contratações.Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser chamado em audiência a fim de se avaliar se deve ser apenado com a aplicação de multa.

2.3.9 - Proposta de encaminhamento:

Com fundamento no art. 43, II, da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 250, IV, do Regimento Interno do TCU, determinar a audiência do Sr. Wilson Santarosa, CPF 246.512.148-00, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, apresente razões de justificativa acerca de: (a) celebração dos contratos nº 612.2.010.03-6, nº 612.2.026.03.8 e nº 6000.0012317.05.2 sem o parecer do setor jurídico da Petrobras; (b) celebração do Contrato nº 6000.0010762.05.2, por ter sido feita a análise jurídica posteriormente à assinatura do Contrato; ambos em descumprimento ao art. 38, inciso VI e parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 1993, e ao item 6.7.3.1 do Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto 2.745, de 1998.Com fundamento no art. 43, II, da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 250, IV, do Regimento Interno do TCU, determinar a audiência do Sr. Rosemberg Evangelista Pinto, CPF 080.200.515-20, para que, no prazo de 15 dias, a contar da ciência, apresente razões de justificativas acerca da celebração do Contrato nº 6000.0011616.05.3, sem o parecer do setor jurídico da Petrobras, em descumrpimento ao art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 1993, e ao item 6.7.3.1 do Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto 2.745, de 1998.

2.4 – Celebração do contrato e liberação de recursos pela Petrobras sem a prévia anuência do Poder Público para execução do objeto.2.4.1 - Situação encontrada: O Contrato de patrocínio 612.2.010.03-6 foi firmado em 1º/9/2003, entre a Petrobras e a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental - Colméia, no valor inicial de R$1.300.000,00 e vigência inicial de 270 dias. Por meio de quatro termos aditivos, o valor total passou para R$1.752.000,00 e o prazo para 1.033 dias.O objeto do contrato é o projeto denominado PETROBRAS 50 ANOS - MARCO ZERO - CONSTRUINDO NOVOS CAMINHOS, a ser implantado no local denominado Lobato, em Salvador/BA, e tem como objetivos específicos, descritos na Cláusula Oitava:

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1) realocar famílias residentes em torno do poço pioneiro para outras unidades habitacionais, a serem escolhidas pelas próprias famílias, de modo que se possa fazer as intervenções;2) melhorar o acesso ao bairro, em direção ao MARCO ZERO, através da melhoria da rua principal até o monumento e a rua que fica logo acima, devido às condições de topografia daquela;3) construir no local do poço uma praça para receber o monumento, deslocando do local atual;4) urbanizar as adjacências da praça onde será colocado o monumento, deslocando do local atual; 5) construir um "pier" que facilite o acesso ao pedaço da baía que fica no local;6) construir um centro comunitário, no antigo local do monumento, que possa servir para atividades de lazer, cursos, encontros da comunidade etc;7) fazer um diagnóstico de intervenção social na área com vistas à elaboração de um projeto de apoio ao desenvolvimento sustentável do bairro;8) fazer tratamento paisagístico de toda a área;9) fazer sinalização de toda a área;10) recuperar a sede da associação comunitária.Entretanto não havia prévia autorização da Prefeitura Municipal de Salvador ou do Estado da Bahia para que obras públicas fossem executadas no local por Cooperativa, que tem por objeto atividades nas áreas econômica, social e ambiental.Informa-se que a Colméia é sociedade civil por quotas de responsabilidade limitada, sem fins lucrativos, constituída com base na Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971.

2.4.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Contrato 612.2.010.03.6/2003Patrocínio ao projeto ”Petrobras 50 anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos”.Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia).Valor R$1.752.000,00.

2.4.3 - Efeitos/Conseqüências do achado: Risco de prejuízo devido à ausência de documentação. (efeito potencial) - A obra deve obedecer ao plano diretor da cidade, uma vez que envolve demolição de imóveis particulares e destinação diferente para o terreno.

2.4.4 - Critérios: Lei 10257/2001, art. 26, inciso VI e VIII; art. 40, caput.Lei Complementar 14/1973, art. 3º, § único.

2.4.5 - Evidências: Protocolo de Intenções que entre si celebraram a Agência Nacional do Petróleo, a Petrobras, o Estado da Bahia, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - Conder e o município de Salvador, de 19/12/2003. (folhas 275/281 do Anexo 2 - Volume 1).Projeto Marco Zero: construindo novos caminhos, de 28/8/2003. (folhas 262/274 do Anexo 2 - Volume 1).Contrato de patrocínio nº 612.2.010.03-6, de 1º/9/2003. (folhas 252/260 do Anexo 2 - Volume 1).Aditivos 1 a 4 ao Contrato de patrocínio nº 612.2.010.03-6. (folhas 283/291 do Anexo 2 - Volume 1).

2.4.6 - Conclusão da equipe: A Petrobras celebrou contrato de patrocínio com sociedade civil de responsabilidade limitada, com estrutura jurídica própria, constituída com fundamento na Lei nº 5.764,

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de 1971, cujo art. 4º estabelece que "As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados...". Entretanto o projeto apresentado descrevia que haveria retirada de famílias de suas residências com destruição dos imóveis particulares, dando-lhes outro destino; melhoria de rua para acesso ao bairro, construção de área de lazer, urbanismo e paisagismo.Essas atividades têm que obedecer ao Plano Diretor da cidade, consagrado nos artigos 39, 40, 41 e 42 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana. No caso de Salvador, a Lei Municipal nº 3.805, de 4 de novembro de 1987, dispõe sobre o direito de construir, para fins de preservação da área de interesse de patrimônio histórico, artístico, paisagístico e ecológico, implantação de infra-estrutura urbana e outros. O art. 2º dessa Lei Municipal, com nova redação dada pelo art. 4º da Lei Municipal nº 4.668, de 23 de dezembro de 1992, dispõe que, “mediante autorização da Prefeitura Municipal”, o proprietário de imóvel considerado pelo Poder Público como de interesse para os fins especificados no art. 1º poderá, mediante autorização da Prefeitura Municipal, exercer, em outro local, o equivalente ao direito de construir previsto na legislação do ordenamento do uso e Ocupação do Solo do Município, desde que seja doado ao Município, mediante escritura pública, o imóvel cujo direito de construir deverá ser transferido. A mesma Lei nº 10.257, de 2001, dispõe, também, sobre o direito de preempção, que será exercido sempre que o Poder Público necessitar de áreas para criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes e para proteção de áreas de interesse histórico, cultural e paisagístico (art. 26, incisos VI e VIII). Portanto, não há dúvida de que cabe ao município a disposição de suas áreas urbanas e rurais e o exercício do direito de preempção. Além disso, o município de Salvador integra a região metropolitana de Salvador, criada pela Lei Complementar nº 14, de 8 de junho de 1973, cabendo ao Estado da Bahia a política de desenvolvimento urbano, metropolitano e habitacional da região. Em cada região metropolitana há um Conselho Deliberativo ao qual compete coordenar a execução de programas e projetos de interesse da região metropolitana com o objetivo de unificar os serviços comuns. Para tanto, o parágrafo único do art. 3º da Lei Complementar nº 14, de 1973, estabelece que "A unificação da execução dos serviços comuns efetuar-se-á quer pela concessão do serviço a entidade estadual, que (sic) pela constituição de empresa de âmbito metropolitano, quer mediante outros processos que, através de convênio, venham a ser estabelecidos." A empresa a que se refere a Lei é a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), a empresa pública com personalidade jurídica de direito privado e vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano; foi criada pela Lei Estadual Delegada nº 8, de 9 de julho de 1974, modificada pela Lei Estadual nº 7.435, de 30 de dezembro de 1998, com a finalidade de promover, coordenar e executar a referida política e as obras de interesse urbano da região metropolitana. Entretanto, a Petrobras celebrou o contrato "de patrocínio" com cooperativa de planejamento e desenvolvimento nas áreas econômica, social e ambiental para que esta exercesse as funções destinadas legalmente à Conder, sem que houvesse autorização dos entes públicos competentes por meio, no mínimo, de contratação decorrente de certame licitatório ou de convênio, ambos promovidos pelo Poder Público. A ação do Poder Público se deu após cem dias da celebração do Contrato de patrocínio, em que foi firmado Protocolo de Intenções entre os seguintes envolvidos: Agência Nacional do Petróleo, Petrobras, Estado da Bahia, Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - Conder e o Município de Salvador. Como o próprio nome indica, o Protocolo de Intenções é mera explicitação de intenções futuras quanto a projetos de interesse comum pelas signatárias. Estabelece a Cláusula Primeira desse documento: "Constitui o objeto do presente instrumento a implantação do Projeto Lobato, no bairro de Lobato - Subúrbio Ferroviário do Município de Salvador, no Estado Bahia, da primeira etapa conforme planta anexa." Por se tratar de "intenções", em nenhum lugar se faz menção à entidade ou empresa que executaria as

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obras de implantação do Projeto Lobato. Isto confirma que não havia autorização, prévia ou posterior ao Protocolo, para que a Colméia executasse o objeto do Contrato. A Petrobras não se preocupou com os aspectos legais da situação e isso pode ser comprovado, também, pela ausência do parecer do setor jurídico da própria Petrobras a respeito da contratação, conforme já se tratou anteriormente, nesta mesma instrução. Como se pode observar, a planta da obra foi levada ao contrato pelo Protocolo de Intenções (Cláusula Primeira), pois, para ser efetuado o contrato, a Petrobras aceitou apenas um memorial contendo apresentação, justificativa, atividades anteriores, objetivo geral, objetivos específicos, metodologia empregada, avaliação de processo, parcerias e alianças, equipe técnica, comunicação do projeto, cronograma e cronograma físico-financeiro.Ressalta-se que o Estatuto da Colméia estabelece:Art. 18 - Caberá à Cooperativa um percentual sobre o valor dos contratos a serem executados.§ 1º - No caso de contrato obtido pela administração da Cooperativa, haverá uma retenção para a Cooperativa da ordem de 15% (quinze por cento) sobre o valor do contrato;§ 2º - No caso de contrato obtido por associado e repassado à Cooperativa, o mesmo terá direito a 2% (dois por cento) do valor do contrato, retirado do total atribuído à Cooperativa;§ 3º - Nos casos de contrato obtido pelo associado e executado pelo mesmo, haverá uma contribuição para a Cooperativa da ordem de 5% (cinco por cento) do valor contratado.Logo, do valor do Contrato, a quantia de R$262.800,00 (0,15xR$1.752.000,00) foi destinada à intermediação do Contrato, para uma cooperativa que sequer tinha investidura legal para executar o objeto. Outro fato que merece ser destacado é que, desde a celebração do Contrato até a assinatura do Protocolo de Intenções, em 19/12/2003, já havia sido liberada pela Petrobras à contratada a quantia de R$792.800,00, que correspondeu a 61% do valor total do Contrato; isso sem que o Poder Público tivesse se manifestado formalmente a respeito das obras a serem executadas na área. Em 16/11/2004, ao ser celebrado o Aditivo nº 2, acrescendo o valor do contrato, a Petrobras havia liberado R$1.233.895,00, correspondente a 95% do valor inicial do Contrato, sendo que a obra perdurou até abril/2006. Quanto à liberação dos recursos, tem-se:- Boletim de Medição de 9/10/2003, no valor de R$320.000,00;- Boletim de Medição de 12/11/2003, no valor de R$315.200,00; - Boletim de Medição de 28/11/2003, no valor de R$157.600,00; - Boletim de Medição de 15/6/2004, no valor de R$300.320,00;- Boletim de Medição de 14/9/2004, no valor de R$140.775,00;- Relatório de Medição de 3/12/2004, no valor de R$30.000,00;- Relatório de Medição de 6/12/2004, no valor de R$410.000,00;- Relatório de Medição de 21/6/2005, no valor de R$22.000,00;- Relatório de Medição de 6/4/2006, no valor de R$20.000,00.Em relação aos aditivos, tem-se:- Aditivo nº 1, de 13/5/2004: acrescer 218 dias, passando a vigência do Contrato para 488 dias;- Aditivo nº 2, de 16/11/2004: alterar o valor, acrescendo R$452.000,00, e prorrogar o prazo por mais 180 dias, passando o Contrato a viger pelo prazo de 668 dias;- Aditivo nº 3, de 29/6/2005: prorrogar o prazo por mais 185 dias, passando a viger por 853 dias, e nomear como gerente Rosemberg Evangelista Pinto e, como fiscais, Maria Ivandete S. Valadares e Valtenira da Matta Almeida;- Aditivo nº 4, de 22/12/2005: prorrogar o prazo por mais 180 dias, passando a viger pelo prazo de 1033 dias.Com os aditivos, o valor do contrato passou, de R$1.300.000,00, para R$1.752.000,00 e o prazo passou, de 270 dias, para 1033 dias.

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2.4.7 - Responsáveis: Nome: Wilson Santarosa - CPF: 246.512.148-00 - Cargo: Gerente Executivo da Comunicação InstitucionalConduta: Celebração de contrato de patrocínio para obras públicas sem que a patrocinada estivesse investida, legalmente, pela Prefeitura Municipal de Salvador, em cumprimento ao art. 26 e art. 40 da Lei nº 10.257, de 2001, e pelo Governo do Estado da Bahia, em cumprimento ao parágrafo único do art. 3º da Lei Complementar nº 14, de 8 de junho de 1973.Nexo de causalidade: A Petrobras não poderia patrocinar Cooperativa relacionada à área de planejamento e desenvolvimento econômico, ambiental e social, que não estava autorizada a realizar as obras públicas. Culpabilidade: Não é possível afirmar que houve boa fé do responsável.O responsável praticou o ato sem prévia consulta a órgãos técnicos ou, de algum modo, respaldado em parecer técnico.É razoável afirmar que era possível ao responsável ter consciência da ilicitude do ato que praticara.É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável exigir a documentação que comprovasse a habilitação da patrocinada para realizar as obras, tanto legal quanto tecnicamente.Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, razão pela qual ele deve ser chamado em audiência a fim de se avaliar se deve ser apenado com a aplicação de multa.

2.4.8 - Proposta de encaminhamento: Com fundamento no art. 43, II, da Lei nº 8443, de 1992, c/c art. 250, IV, do Regimento Interno do TCU, determinar a audiência de Wilson Santarosa, Gerente Executivo da Comunicação Institucional, CPF 246.512.148-00, para, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, apresentar razões de justificativa, relacionadas ao Contrato de patrocínio 612.2.010.03-6, de 1º/9/2003, celebrado entre a Petrobras e a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental Ltda., cujo objeto foi o Projeto Petrobras 50 anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos e o objetivo geral foi a intervenção física e social na comunidade do Lobato, a respeito de:a) celebração do Contrato de patrocínio sem aprovação do projeto e sem que a contratada estivesse legalmente autorizada, para a realização de obras públicas, pela Prefeitura Municipal de Salvador, em cumprimento ao art. 26 e art. 40 da Lei nº 10.257, de 2001, e pelo Governo do Estado da Bahia, em cumprimento ao parágrafo único do art. 3º da Lei Complementar nº 14, de 1973;b) liberação do pagamento à contratada em descompasso com o cronograma físico da obra, conforme pode ser demonstrado nos boletins de medição e nos aditivos de prorrogação do prazo contratual.

2.5 - Gasto efetivo menor do que o valor repassado à patrocinada, sem devolução dos valores não aplicados.2.5.1 - Situação encontrada: Não consta da documentação recebida pela equipe a devolução da diferença entre os recursos repassados pela Petrobras e o total dos recursos aplicados pela contratada, no Contrato 612.2.010.03.6, celebrado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental - Colméia, em 1/9/2003.

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O valor inicial do Contrato foi de R$1.300.000,00 e a vigência inicial de 270 dias. Esse Contrato sofreu quatro aditivos. Com isso, o valor total do Contrato passou para R$1.752.000,00, e o prazo passou de 270 dias para 1033 dias. Na planilha de Acompanhamento de Despesas - final, o total das despesas, apresentado pela Colméia, foi de R$1.587.825,61. Conforme o Termo de Recebimento Definitivo, a Colméia recebeu a quantia de R$1.752.000,00.

2.5.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Contrato 612.2.010.03.6/2003Patrocínio ao projeto “Petrobras 50 anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos”.Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia).Valor R$1.752.000,00.

2.5.3 - Efeitos/Conseqüências do achado: Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real) - Pagamento a maior com despesa de pessoal no âmbito do projeto.

2.5.4 - Critérios: Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 5.5Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 4.2Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 5.2Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 10.1Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 10.2Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 14.1Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 14.3Contrato 6122010036/2003, Petrobras/Colméia, cláusula 14.3.12.5.5 - Evidências: Planilha Acompanhamento de Despesas - final, apresentada pela Colméia, relativa ao Contrato de patrocínio 612.2.010.03.6 (folha 345 do Anexo 2 - Volume 1)Termo de Recebimento Definitivo da quantia de R$1.752.000,00, relativo ao Contrato de patrocínio 612.2.010.03.6. (folha 347 do Anexo 2 - Volume 1)Boletins e relatórios de medição. (folhas 293/337 do Anexo 2 - Volume 1)

2.5.6 - Conclusão da equipe: No Contrato 612.2.010.03.6, Petrobras 50 Anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos, o dispêndio apresentado pela patrocinada, no Acompanhamento de Despesas - final foi de R$1.587.825,61.No caso em questão, está comprovado que houve o repasse de recursos pela Petrobras, a título de patrocínio, no montante de R$1.715.895,00 (embora o Termo de Recebimento Definitivo - TRD indique a quantia de R$1.752.000,00), e que o valor comprovado na planilha de Acompanhamento de Despesas - final é de R$1.587.625,61. Na documentação apresentada à equipe não consta comprovante de devolução dos recursos não aplicados, no valor de R$128.269,39, nem comprovação de que foi tomada providência por parte dos responsáveis da Petrobras para que a devolução ocorresse.Quanto à responsabilidade da Colméia, o Contrato 612.2.010.03.6 estabelece:- na Cláusula Décima, item 10.2, que "A ação ou omissão da Fiscalização em nada diminui ou exime a total obrigação da PATROCINADA pela execução do presente CONTRATO ou pela realização do projeto patrocinado"; - na Cláusula Décima Quarta, item 14.3.1, que "A assinatura do TRD não exime a PATROCINADA das responsabilidades previstas neste CONTRATO e na legislação em vigor". Assim, está clara a responsabilidade da patrocinada em relação à aplicação dos recursos no projeto patrocinado e a devolução da quantia porventura não aplicada.

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Verifica-se, ainda, a responsabilidade dos fiscais e gerentes, com base na Cláusula Décima, itens 4.2, 5.5 e 10.1.5, tendo em vista o pagamento total do contrato sem que fosse tomada providência para devolução dos recursos não aplicados. O Contrato 612.2.010.03.6 estabelece:- na Cláusula Quarta, item 4.2, que "O valor real a ser pago à PATROCINADA será o resultante da efetiva realização do projeto";- na Cláusula Quinta, item 5.5, que "Eventuais pagamentos efetuados a maior ou a menor pela PETROBRAS serão compensados tão logo sejam detectados, sendo os respectivos valores devidamente corrigidos";- na Cláusula Décima, item 10.1, que "A PETROBRAS fiscalizará, por prepostos por ela designados, o bom e fiel cumprimento do presente CONTRATO, obrigando-se a atender prontamente às exigências da Fiscalização, que terá amplos poderes, não limitativos, para: (...) 10.1.5 - Acompanhar a execução do projeto em patrocínio";- na Cláusula Décima Quarta, item 14.3, que "Concluído o projeto PATROCINADO, em rigorosa conformidade com as condições estabelecidas neste CONTRATO, a PETROBRAS o aceitará mediante Termo de Recebimento Definitivo (TRD), assinado por ambas as partes".Pela Cláusula Décima do Contrato, a gerência coube a Maria Ivandete Santana Valadares, a fiscalização a Valtenira da Matta. No Aditivo nº 3, o gerente passa a ser Rosemberg Evangelista Pinto e, fiscais, Maria Ivandete Santana Valadares e Valtenira da Matta Almeida. Nos termos da Cláusula Décima Quarta, item 14.3, quem assinou o TRD foi Valtenira da Matta Almeida. Em relação às demais cláusulas, o Contrato 612.2.010.03-6 estabelece:- na Cláusula Quinta, item 5.2, que "A PATROCINADA deverá acompanhar as medições realizadas pela PETROBRAS, oferecendo oportunamente suas eventuais impugnações, visto que a assinatura daquele nos Boletins de Medição fará prova da exatidão das medições realizadas";Verifica-se a solidariedade, em relação à regular aplicação dos recursos, entre os representantes da Petrobras no Contrato e a patrocinada.Pelas cláusulas contratuais, são solidários a Colméia - Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental, como executora do projeto, o coordenador do projeto nomeado contratualmente, Ailton Florêncio dos Santos, e os seguintes representantes da Petrobras: Valtenira da Matta Almeida, como fiscal, Iva Valadares (Maria Ivandete Santana Valadares), como fiscal e como gerente, Rosemberg Evangelista Pinto, como gerente e competente para liberação dos recursos, no Contrato 612.2.010.03.6.

2.5.7 - Responsáveis: Nome: Ailton Florêncio dos Santos - CPF: 352.039.605-00 - Cargo: Coordenador do projeto Petrobras 50 Anos - Marco Zero - Construindo Novos CaminhosConduta: Coordenador do projeto, por parte da Colméia, a quem cabia responder pela execução do Contrato 612.2.010.03.6, deixou de devolver aos cofres da Petrobras a quantia não aplicada na execução do contrato de patrocínio.Nexo de causalidade: Deixou de devolver a quantia não aplicada, configurando-se enriquecimento ilícito por parte da executora do contrato.

Nome: Valtenira da Matta Almeida - CPF: 234.067.125-68 - Cargo: Supridora.Conduta: Como fiscal do Contrato 612.2.010.03-6 (Cláusula Décima), não exigiu a devolução dos recursos não aplicados na execução do projeto.Nexo de causalidade: Ao não exigir a devolução dos recursos não aplicados, configurou-se prejuízo aos cofres da Petrobras.

Nome: Rosemberg Evangelista Pinto - CPF: 080.200.515-20 - Cargo: Gerente Regional

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Conduta: Como gerente do Contrato (Aditivo nº 3), não exigiu a devolução dos recursos não aplicados na execução do projeto.Nexo de causalidade: Ao não exigir a devolução dos recursos não aplicados, configurou-se prejuízo aos cofres da Petrobras.

Nome: Maria Ivandete Santana Valadares - CPF: 152.836.235-72 - Cargo: Auxiliar Técnica de AdministraçãoConduta: Como gerente (Cláusula Décima) e, pelo Aditivo 3, fiscal do Contrato 612.2.010.03.6, não exigiu a devolução dos recursos não aplicados.Nexo de causalidade: Ao não exigir a devolução dos recursos não aplicados, configurou-se prejuízo aos cofres da Petrobras.

Nome: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental - Colméia - CNPJ: 03.587.004/0001-06Conduta: Não comprovou a aplicação de parte dos recursos recebidos da Petrobras por meio do Contrato 612.2.010.03-6.Nexo de causalidade: Enriquecimento ilícito ao não comprovar a aplicação de parte dos recursos nem devolvê-los aos cofres da Petrobras.

2.5.8 - Proposta de encaminhamento: Em relação ao Contrato nº 612.2.010.03.6/2003, celebrado com a Colméia, com fundamento no art. 47, I, da Lei nº 8.443, de 1992, e no art. 250, II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Petrobras que apresente a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência, sob pena de responsabilidade solidária de agentes da Companhia em sede de tomada de contas especial, comprovante da devolução aos cofres da Petrobras de recursos não aplicados no valor de R$128.269,39, devidamente corrigidos a partir de 3/5/2006, referentes à diferença verificada entre o gasto de R$1.587.625,61, discriminado na planilha Acompanhamento de Despesas - final, e a quantia repassada à Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental – Colméia, de R$1.715.895,00, verificada nos boletins e relatórios de medição.

2.6 - Ausência de comprovação do alcance do objetivo de convênios e de contratos de patrocínio.2.6.1 - Situação encontrada: A Petrobras celebrou dois convênios com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 2004 e 2006, e um convênio com a Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS), órgão da CUT, em 2007, todos com a interveniência do Ministério da Educação (MEC). Os objetos dos convênios foram repasses de recursos para o Projeto "Todas as Letras." Celebrou, ainda, um convênio com a Entidade Ambientalista Onda Verde e três contratos de patrocínio, sendo dois com a União de Núcleos Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas), em 2004 e 2006, e um com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol), em 2005.Não constam dos processos apresentados à equipe, referentes aos convênios celebrados com a CUT e com a ADS, os meios de verificação da avaliação dos resultados dos convênios, que seriam as fichas de acompanhamento individual e a lista de presença e acompanhamento das ações dos alfabetizadores, número de alfabetizandos envolvidos, documentos que atestem que os materiais denominados kit aluno e kit professor foram realmente entregues, que o kit sala de aula foi distribuído e que o pagamento feito à Unisoli, empresa de turismo, a título de viagens e hotelaria, referia-se aos convênios em questão. O comprovante da participação do MEC nos convênios celebrados com a CUT e com a ADS também não consta do processo apresentado à equipe. Por meio do Ofício de Requisição nº 6, de 15/5/2009, a equipe de fiscalização do TCU solicitou a apresentação dos relatórios do MEC e o nome dos alfabetizandos, com o local da alfabetização, e o

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nome dos alfabetizadores, com os respectivos documentos. A solicitação não foi atendida.Em relação ao Contrato 6000.0010762.05.2/2005 - Projeto "Saber Transformar", celebrado com a Ecosol, também não foram apresentadas à equipe de fiscalização, durante a execução do trabalho, as listas de presença, o que impede que se possa concluir pela realização do objeto como contratado. No Contrato 610.2.014.04-8 (ou Contrato 6000.0001124.04.2/2004), a ONG Unas apresentou relatórios de atividades, em que constam objetivo, método e resultado das atividades realizadas, além de CD com fotografias. Porém, não há as listas de presença aos eventos.No Contrato 6000.0021294.06.2/2006, celebrado com a Unas, o Projeto aprovado previa a realização de diversas oficinas. Não há, entretanto, comprovação de todas as atividades realizadas (não há listas de presença de todas as atividades programadas).Para entendimento dos achados, passa-se a descrever os objetos e objetivos dos convênios e contratos aqui tratados.O Convênio 6000.0007055.04.4 (Anexo 4, fls. 12/21), de 13/9/2004, celebrado entre a Petrobras, a CUT e o Ministério da Educação (MEC), no valor de R$7.334.952,87, estabeleceu como finalidade, na Cláusula Primeira, o repasse de recursos para o "Projeto TODAS AS LETRAS", cujo objetivo era formar 80 mil trabalhadores jovens e adultos leitores da realidade social do país e 3200 alfabetizadores. O Anexo I ao Convênio tem, como título, Projeto de Alfabetização da CUT (Anexo 4, fls. 22/31); informa que o projeto seria desenvolvido no âmbito do programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal (1º parágrafo) e que o objetivo geral do projeto era formar leitores da realidade social e política do país e possibilitar um processo permanente e contínuo de formação de educadores(as)/alfabetizadores(as) (6º parágrafo). Essa meta do Projeto Todas as Letras constou dos objetivos específicos (item 5 do Anexo I), da avaliação dos resultados (item 8 do Anexo I) e da avaliação de impacto (item 9 do Anexo I). O item 8 - Avaliação de Resultados do Plano de Trabalho - Anexo I estabeleceu os meios de verificação para cada objetivo específico (Anexo 4, fl. 28). O Convênio 6000.0017248.05.4, de 24/1/2005 (Anexo 4, vol. 1, fls. 269/277), celebrado entre a Petrobras, a CUT e o MEC, no valor de R$8.795.978,75, teve por finalidade o "Projeto TODAS AS LETRAS - Etapa 2006", cujo objetivo era formar leitores da realidade social do país para que estes fossem capazes de fazer uso social da escrita e da leitura a fim de ampliar as condições desses sujeitos para o pleno exercício da cidadania. O Anexo I ao Convênio (Anexo 4, vol. 1, fls. 278/292) explica que o projeto apresentado corresponde à segunda etapa do Projeto Todas as Letras, que permaneceu inserido no Programa Brasil Alfabetizado do Governo Federal, via MEC/Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que já formalizara a aprovação daquela nova fase. Acrescenta que, no convênio anteriormente firmado, coube à CUT o papel de desenvolver cursos de alfabetização para trabalhadores(as) jovens e adultos, desenvolver metodologia adequada a esse público, capacitar educadores(as) dentro de uma concepção de educação integral, elaborar material pedagógico e acompanhar o desenvolvimento das ações. Informa que o referido projeto teve como meta cadastrar 80 mil trabalhadores(as) e, desse público, formar 60.000 trabalhadores, e capacitar 3.200 educadores, por isso solicitou o apoio de R$8.795.978,75. Essa meta constou dos objetivos específicos (item 5 do Anexo I), da avaliação de resultados (item 8 do Anexo I) e da avaliação de impacto (item 9 do Anexo I). O item 8 - Avaliação de Resultados estabeleceu os mesmos objetivos específicos e respectivos meios de verificação do Convênio nº 6000.0007055.04.4 (Anexo 4, vol. 1, fls. 285/286).O Convênio 6000.0032085.07.4 (Anexo 4, vol. 2, fls. 468/471), de 5/6/2007, no valor de R$9.899.788,01, celebrado entre a Petrobras, a ADS e o MEC, trouxe, na Cláusula Primeira - Objeto, que o convênio tinha como finalidade o "Projeto TODAS AS LETRAS - 3ª Etapa", cujo objetivo era idêntico ao do Convênio 6000.0017248.05.4. O Anexo I do Convênio 6000.0032085.07.4/2007 (Anexo 4, vol. 2, fls. 478/508) expõe que o projeto Todas as Letras correspondeu ao desenvolvimento de ações de alfabetização de jovens

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e adultos, executado no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado do Governo Federal - MEC/FNDE, através da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), que já havia formalizado a aprovação desse convênio. A meta foi cadastrar 80.400 trabalhadores, conforme estabelecido pela SECAD/MEC, e, desse público, formar 60.300 trabalhadores, como também capacitar 3.200 alfabetizadores; para isso, a CUT/ADS solicitou o apoio de R$9.899.788,01. Essa meta constou dos objetivos específicos (item 5 do Anexo I), da avaliação de resultados (item 8 do Anexo I) e da avaliação de impacto (item 9 do Anexo I), acrescida da meta de capacitar 12 membros da coordenação nacional e regional do projeto Todas as Letras, 33 membros da equipe técnico-administrativa e 144 coordenadores pedagógicos. No item 8 - Avaliação de Resultados do Plano de Trabalho - Anexo I, os meios de verificação foram descritos para cada objetivo específico (Anexo 4, vol. 2, fl. 486).Ao verificar as contas prestadas pela CUT/ADS, constatou-se que foram apresentados os seguintes relatórios:1. Em relação ao Convênio 6000.0007055.04.4: - relatório parcial de atividades no período de 13/9/2004 a 10/12/2004, mostrando as oficinas realizadas com os coordenadores, o número de alfabetizandos cadastrados e de alfabetizadores selecionados, e a relação de municípios com o número de alfabetizandos em cada um deles;- relatório parcial de atividades no período de 13/2/2005 a 30/4/2005, relatando os encontros de "formação dos formadores" (oficinas para os coordenadores); no Anexo 1, há a relação dos municípios de abrangência do projeto com o número de turmas em cada um deles;- relatório final de atividades no período de 13/9/2004 a 12/9/2005: mostrando os resultados quantitativos das oficinas (nacional, regionais, internúcleo e locais) realizadas, local e data. Quanto aos resultados, o relatório versa sobre a articulação da ação de alfabetização com as políticas públicas de Educação de Jovens e Adultos, articulação das ações de alfabetização com as iniciativas no campo da geração de trabalho, emprego e renda, apropriação do código lingüístico, apropriação dos vários portadores de textos existentes no cotidiano, aperfeiçoamento da linguagem oral, ampliação do uso da leitura e da escrita nas práticas sociais, atuação dos educadores coerente com a proposta pedagógica e articulação com outras iniciativas.2. Em relação ao Convênio 6000.0017248.05.4:- relatório parcial de atividades no período de 24/1/2006 a 30/4/2006, mostrando as oficinas realizadas com os coordenadores, o número de alfabetizandos cadastrados e de alfabetizadores selecionados, e a relação de municípios de atuação com o índice de analfabetismo, o número de turmas e o número de educandos cadastrados em cada um deles;- relatório de atividades desenvolvidas no período de 1/5/2006 a 31/7/2006: situação das metas dos projetos, indicando o número de alfabetizandos e educadores cadastrados, a distribuição das turmas e o período e o local das atividades de capacitação;- relatório final de atividades desenvolvidas de 24/1/2006 a 24/1/2007: mostra o número de alfabetizadores capacitados (3.482) e as oficinas realizadas para formação dos alfabetizadores, o modelo da ficha de acompanhamento individual do educando (Anexo 3), produções de 4 coordenadores e de 5 alfabetizandos e parcerias estabelecidas. No que se refere a resultados, o relatório informa que a “meta” alcançada foi de 73,29% de alfabetizandos capacitados, além de apropriação do código lingüístico, aumento no número de intervenções e formação de 98,48% dos alfabetizadores selecionados.3. Em relação ao Convênio 6000.0032085.07.4:- relatório de monitoramento - não consta o período: mostra os avanços das ações propostas até aquele momento e os resultados alcançados pela comunicação do projeto. O relatório foi feito pela ADS;

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- relatório final de monitoramento de 16/6/2008: mostra os resultados obtidos pelo projeto. No que diz respeito à capacitação dos alfabetizandos, o relatório indica que foram 60.512 e que o "resultado pode ser comprovado nas produções dos alfabetizados expressas em vários tipos de linguagens que contextualizam o conhecimento e a vivência de cada alfabetizando...". Em relação à capacitação de 3.200 alfabetizadores, o relatório indica que foram capacitados 3.258; os 144 cursos de formação também foram realizados, acrescidos de 2 oficinas internúcleos. Sobre os resultados de comunicação, o relatório mostra que foram confeccionados kit aluno (81 mil cadernos, borrachas, lápis, apontadores, réguas e estojos), kit professor (4 mil camisetas, pastas e canetas), kit sala de aula de referência (3.200 mapas, dicionários, caixas de giz branco, cartolinas, papéis kraft, pincéis atômicos) e publicações do projeto (6 mil exemplares da Revista Forma e Conteúdo - III Etapa do Projeto Todas as Letras). Entretanto, não consta do relatório o preenchimento da situação inicial e da situação atual sobre os resultados quantitativos que poderiam ser obtidos junto aos beneficiários diretos do projeto, isto é, a planilha que mostra a evolução dos alfabetizandos. O relatório foi preenchido e enviado pela ADS.Quanto à prestação de contas prevista no item 3.2.7 de cada convênio, a CUT/ADS enviou cópia das notas fiscais e dos recibos à Petrobras e resumiu cada prestação de contas em relatórios analíticos de rubricas. Os documentos contábeis referem-se a viagens, pagamentos de diárias e transporte, aluguéis de salas e equipamentos, pagamentos de exames médicos, pagamentos de refeições e hotéis, pagamentos à agência de turismo Unisoli e outros similares. Há, ainda, o Relatório Acumulado das despesas realizadas desde o início da vigência de cada convênio até determinado período. Além disso, os convênios estabelecem, em Subcláusula Única da Cláusula Terceira:O Ministério da Educação, na condição de interveniente, compromete-se a:(...)3.3.2. Acompanhar a metodologia utilizada no projeto TODAS AS LETRAS a fim de que esteja garantida a efetiva alfabetização, possibilitando ampliar as práticas de leitura e escrita e o universo linguístico dos alfabetizandos, bem como seu domínio em relação aos conhecimentos matemáticos e à utilização das operações matemáticas em seu cotidiano;3.3.3. Orientar a organização da formação inicial e continuada dos alfabetizadores, visando, num processo dialógico, a reflexão sobre o contexto histórico da educação de jovens e adultos sobre as diferentes funções da linguagem, os diferentes tipos de textos, sua interpretação e produção e sobre os conhecimentos matemáticos referenciados no cotidiano dos alunos a serem alfabetizados;3.3.4. Avaliar o processo de alfabetização e formação de alfabetizadores em parceria com a Central Única dos Trabalhadores.No que toca ao Convênio n.º 6.000.0021960.06.4, a prestação de contas demonstra, a cada etapa, a execução do objeto acordado entre a Petrobras, a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP/PR) e a ONG Entidade Ambientalista Onda Verde. A Comunidade de Pescadores Marcílio Dias foi a grande beneficiária do projeto de desenvolvimento sustentável, composto das seguintes etapas:- realização de obras de reforma e infra-estrutura nas dependências do centro comunitário;- criação de Centro de Aprendizagem Permanente (CAP);- realização de Cursos de Capacitação e Formação da Cooperativa;- identificação e articulação com mercados consumidores locais, regionais ou pontuais.A equipe de fiscalização não encontrou, na documentação apresentada pela Petrobras, o extrato bancário do Convênio, peça essencial para verificar o nexo de causalidade entre as despesas realizadas e os recursos transferidos, impedindo, dessa forma, manifestação conclusiva sobre a regularidade do ajuste.

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O Contrato 6000.0010762.05.2/2005 - Projeto "Saber Transformar" (Anexo 8, fls. 43/51), de 4/2/2005, celebrado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária – Ecosol, no valor de R$350.000,00, teve como objetivo específico impulsionar a economia solidária enquanto mecanismo de oportunidades de inclusão social através da organização dos empreendimentos econômicos solidários em bases de apoio, fortalecendo a intercooperação e contribuindo para a construção de um modelo de desenvolvimento territorial sustentável e solidário. Consta como parte do contrato, nos termos da cláusula décima quinta, item 15.1, a proposta da patrocinada. Entre os objetivos específicos das metas sociais do projeto (Anexo 8, fls. 16/17), há referência à implantação de um programa de formação e de intercâmbio entre os empreendimentos econômicos solidários por Base de Apoio. Um dos meios de verificação da avaliação de resultados dessas ações (Anexo 8, fls. 17/18) eram as listas de presença nas oficinas, realizadas nas bases de apoio Ibotirana, Serra Geral, Juazeiro, Sisal e Salvador, contemplando 2.180 pessoas. O Contrato 610.2.014.04-8 (ou Contrato 6000.0001124.04.2/2004) - Projeto "Geração Vida Heliópolis” (Anexo 9, fls. 3/13), de 17/2/2004, celebrado com a União de Núcleos Associações e Sociedades Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas), no valor de R$432.431,22, visava à implantação de uma cooperativa de costura com capacitação em oficinas de moda e estilismo para 50 (cinqüenta) mulheres, acima de 21 anos, e a realização de oficinas sócio-educativas em arte, capoeira, esporte e informática para 100 (cem) adolescentes, de 14 a 18 anos, da comunidade de Heliópolis, São Paulo. O Aditivo, de 14/2/2005, foi assinado alterando, unicamente, o prazo de vigência de 365 para 424 dias.A proposta da patrocinada compõe o contrato. No item relativo à avaliação processual (Anexo 9, fls. 41/42), esse documento estabelece indicadores como meios de verificação do alcance do objeto contratado, entre eles listas de presença, cronograma das aulas, diário de atividades, relatório de acompanhamento dos educadores e oficineiros, relatórios mensais. No âmbito do projeto, estava prevista a realização de diversas atividades, como curso de reciclagem pedagógica e relacionamento interpessoal da equipe do projeto e cursos de capacitação de mulheres e adolescentes (cidadania, oficinas culturais e esportivas, informática, passeios e visitas monitoradas, oficina de desenvolvimento, passeios e visitas monitoradas). Acrescentem-se, ao objeto a ser alcançado, visitas a outras comunidades (rede social), intercâmbio de experiências, eventos de divulgação do projeto com apresentações, bem como seminários para jovens e mulheres do projeto e encontro de jovens que desenvolvem outros projetos sociais.O Contrato 6000.0021294.06.2/2006 - Projeto "Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas" (Anexo 9, fls. 82/94), de 29/5/2006, celebrado com a União de Núcleos Associações e Sociedades Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas), no valor de R$475.674,34, visava a promover a formação profissional na área de moda para adolescentes e jovens de Heliópolis e o fortalecimento da Cooperativa de Moda dos Moradores de Heliópolis. O Aditivo, de 28/5/2007, foi assinado alterando o prazo de vigência de 365 para 545 dias, além de modificar a data de pagamento da quarta e última parcela do cronograma de pagamento.Faz parte do referido Contrato, nos termos da cláusula décima sexta, item 16.1, a proposta da Patrocinada. No item relativo à avaliação de processo (Anexo 9, fls. 72/74), esse documento estabelece como meios de verificação do alcance do objeto contratado entre as partes, entre outros indicadores, as chamadas listas de presença. No âmbito do projeto, havia uma série de atividades a ser implementadas, com programas voltados para adolescentes e mulheres. Faziam parte das ações oficinas de cidadania, de moda, de estilismo, de leitura e escrita e de empreendedorismo, entre outras, além da promoção de rodas de discussões e seminários. Conforme o projeto, houve outras ações voltadas para as mulheres, que merecem referência: oficinas de cidadania, trabalhos manuais, customização, costura industrial e cooperativismo.

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Em conjunto com os relatórios de atividades, a ONG Unas apresentou à Petrobras relatório de acompanhamento, relatório referente à avaliação final e relatórios descritivos, contendo listas de presença das oficinas realizadas no âmbito do projeto. Em relação ao Contrato nº 6000.0021294.06.2/2006, no Programa Adolescente, há listas de presença na denominada Escola de Moda Jovem referente aos períodos de 3/7/2006 a 19/12/2006 e entre 15/1/2007 e 30/3/2007. As atividades atenderam a cerca de 30 jovens. No Programa Mulheres, as listas apresentadas referem-se ao Curso de Modelagem, Corte e Costura (turmas A e B), realizado entre março e abril de 2007 e atendeu a cerca de 20 mulheres. Em 2006, apesar dos relatórios descritivos fazerem referência à realização de diversas atividades e oficinas, não há listas comprovando as ações.Os programas, tanto o voltado para adolescentes quanto para mulheres, previam a realização de atividades durante 12 meses (Anexo 9, fls. 70, 71 e 86), prazo posteriormente prorrogado em mais 180 dias. As ações comprovadas referem-se apenas a parte do período. No caso do primeiro, as listas demonstram o desenvolvimento de 9 meses de atividades, enquanto em relação ao segundo programa, só se pode admitir 2 meses. Assim, não houve comprovação do cumprimento de todo o objeto.

2.6.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Contratos

6000.0001124.04.2/2004Patrocínio ao projeto "Geração Vida Heliópolis". Entidade: União dos Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis (Unas).Valor R$432.431,22.

6000.0010762.05.2/2005Patrocínio ao projeto "Saber Transformar".Entidade: Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol).Valor R$350.000,00.

6000.0021294.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas”. Entidade: União dos Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis (Unas).Valor R$475.674,34.

Convênios

6000.0007055.04.4/2004 Projeto "Todas as Letras". Entidade: Central Única dos Trabalhadores (CUT).Valor R$7.334.952,87.

6000.0017248.05.4/2006 Projeto "Todas as Letras - Etapa 2006". Entidade: Central Única dos Trabalhadores (CUT).Valor R$8.795.978,75.

6000.0032085.07.4/2007 Projeto "Todas as Letras - 3ª Etapa". Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$9.899.788,01.

2.6.3 - Efeitos/Conseqüências do achado: 32

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Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real) - Não houve comprovação do alcance do objetivo dos convênios.

2.6.4 - Critérios: Contrato 6102014048/2004, Petrobras, cláusula 9.1.Contrato 6102014048/2004, Petrobras, cláusula 9.1.5.Contrato 60000010762052/2005, Petrobras, cláusula 9.1.Contrato 60000010762052/2005, Petrobras, cláusula 14.3.1.Contrato 60000010762052/2005, Petrobras, cláusula 9.1.5.Contrato 60000010762052/2005, Petrobras, cláusula 9.2.Contrato 60000010762052/2005, Petróleo Brasileiro S. A., cláusula 3.1.5.Contrato 60000021294062/2006, Petróleo Brasileiro S. A., cláusula 10.1.Contrato 60000021294062/2006, Petróleo Brasileiro S. A., cláusula 14.3.1.Contrato 60000021294062/2006, Petróleo Brasileiro S. A., cláusula 9.2.Contrato 60000021294062/2006, Petróleo Brasileiro S. A., cláusula 10.1.5.Convênio 60000032085074/2007, Petrobras/ADS/MEC, cláusula 7.2.1.Convênio 60000032085074/2007, Petrobras/ADS/MEC, cláusula 7.2.2.Convênio 60000007055044/2004, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.2.5.Convênio 60000007055044/2004, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.3.Convênio 60000007055044/2004, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.1.2.Convênio 60000007055044/2004, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 8.2.2.Convênio 60000007055044/2004, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 8.2.1.Convênio 60000017248054/2006, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.2.5.Convênio 60000017248054/2006, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 7.2.1.Convênio 60000017248054/2006, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 7.2.2.Convênio 60000017248054/2006, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.1.2.Convênio 60000017248054/2006, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.3.Convênio 60000032085074/2007, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.2.5.Convênio 60000032085074/2007, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.1.2.Convênio 60000032085074/2007, Petrobras/CUT/MEC, cláusula 3.3.Convênio nº 6000.0021960.06.4, Petrobras/Entidade Ambientalista Onda Verde/SEAP-PR, cláusula terceira, item 3.2

2.6.5 - Evidências: Ofício de Requisição nº 6 - Fiscalis 321/2009 - Solicitação da equipe de fiscalização de documentos que permitissem avaliar o cumprimento de etapas para liberação dos recursos, a comprovação da participação do Ministério da Educação - MEC e a avaliação dos resultados que permitissem avaliar a consecução do objeto e o alcance do objetivo dos Convênios de acordo com os respectivos Planos de Trabalho - Anexo I. (folhas 77/79 do Volume Principal).Petrobras - Atendimento ao Ofício de Requisição nº 6, itens a, b e c: documentos enviados à equipe - ausência dos relatórios do MEC e dos meios de verificação que permitissem avaliar os resultados do Plano de Trabalho - Anexo I do Convênio. (folhas 142/143 do Volume Principal).Contrato nº 6000.0021294.06.2/2006: Listas de presença apresentadas não contemplam todo o período previsto na execução do objeto. (folhas 134/207 do Anexo 9 - Principal).Contrato nº 610.2.014.04-8: Não apresentação das listas de presença. (folhas 30/59 do Anexo 9 - Principal).Contrato nº 6000.0010762.05.2/2005: Não apresentação das listas de presença. (folhas 9/77 do Anexo 8 - Principal).Ausência do extrato bancário no Convênio 4600290913 (folha 878 do Anexo 3 - Volume 4).

2.6.6 - Esclarecimentos dos responsáveis: 33

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A Gerente de Projetos Sociais informou que o objetivo do projeto Todas as Letras foi formar os coordenadores nacionais, regionais e locais. No que se refere a alfabetizadores e alfabetizandos, disse que não cabia à Petrobras responder sobre isso e sugeriu que a equipe solicitasse a documentação ao MEC.O Ofício de Requisição nº 6, de 15/5/2007, não foi respondido no que se refere aos itens a.2, a.3, b.3, b.4, c.2 e c.3.Quanto aos Contratos 6000.0001124.04.2/2004 - Projeto "Geração Vida Heliópolis", 6000.0010762.05.2/2005 - Projeto "Saber Transformar" e 6000.0021294.06.2/2006 - Projeto "Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas", não houve, durante a execução dos trabalhos, questionamento sobre ausência ou possíveis defeitos nas listas de presença.

2.6.7 - Conclusão da equipe: Inicialmente, cabe comentar que não há exposição de motivos ou documento similar que permita saber o motivo pelo qual a Petrobras repassou recursos para a CUT desenvolver projeto no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado, uma vez que essa atribuição é do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)/MEC, criado pela Lei nº 5.537, de 21 de novembro de 1968, com a finalidade captar recursos financeiros e canalizá-los para o financiamento de projetos de ensino e pesquisa. A atribuição do FNDE pode ser constatada por meio das resoluções do Conselho Deliberativo desse Fundo, que estabelecem critérios e procedimentos para a transferência de recursos financeiros aos estados, Distrito Federal e municípios, e estabelece orientações e diretrizes para a concessão de bolsas no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado. A Resolução FNDE/CD nº 14, de 25/3/2004, estabeleceu orientações e diretrizes para a assistência financeira suplementar a projetos educacionais no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado, a ser executado pelo FNDE. A referida Resolução dispõe sobre a ação de alfabetização de jovens e adultos, a ação de formação de alfabetizadores, os cadastros de alfabetizandos e alfabetizadores, o acompanhamento das ações, o desembolso financeiro, as competências dos órgãos/entidades convenentes e os critérios de priorização para aprovação de projetos. A assistência poderia ser pleiteada por entidades federais, estaduais, municipais e privadas (sem fins lucrativos) de ensino superior e organismos da sociedade civil, sem fins lucrativos, que comprovassem experiência em projetos de educação de jovens e adultos. No ano de 2006, a Resolução/CD/FNDE nº 22, de 20/4/2006, limitou a transferência dos recursos do Programa Brasil Alfabetizado aos entes federados ao estabelecer, no art. 2º., que o programa consiste na transferência automática de recursos financeiros em favor dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, destinados a ações de Formação de Alfabetizadores e Alfabetização de Jovens e Adultos. Os recursos repassados têm caráter suplementar a fim de não substituir as obrigações constitucionais e estatutárias dos entes federados na esfera de educação fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), nem pretendendo cobrir custos totais nem substituir esforços e ações realizadas pelos entes federados. Também em 2007, a Resolução CD/FNDE nº 45, de 18/9/2007, limitou a transferência dos recursos do Programa Brasil Alfabetizado aos entes federados ao estabelecer, no art. 2º, que o programa consiste na transferência automática de recursos financeiros, em caráter suplementar, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e no pagamento de bolsas, visando à universalização do ensino fundamental por meio de ações de alfabetização de jovens, adultos e idosos, e do respectivo apoio a tais ações, contemplando a formação inicial e continuada de alfabetizadores da rede pública e de educadores populares, além do atendimento educacional, com qualidade e aproveitamento, aos jovens, adultos e idosos em processo de alfabetização.A Petrobras poderia, em vez de à CUT, ter repassado os recursos ao FNDE/MEC, que, por sua vez, transferiria aos estados e municípios que atendessem a critérios e procedimentos previamente estabelecidos. Se assim o fosse, a Companhia atenderia os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade, ao mesmo tempo que

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cumpriria a função de responsabilidade social na área de educação e qualificação profissional. Em relação à assistência poder ser pleiteada por organismos da sociedade civil, conforme disposto na Resolução FNDE/CD nº 14, de 2004, ressalta-se que o organismo deveria solicitar o recurso junto ao FNDE, não junto à Petrobras, e, ao mesmo tempo, deveria comprovar experiência em projetos de educação de jovens e adultos.O volume total de recursos oferecidos pela Petrobras para a ação foi de R$26.030.719,63, e não há, nos autos que compõem os processos, explicação dos motivos que levaram a Petrobras a celebrá-los com organização sindical de massas. O MEC, que tem em sua estrutura autarquia investida de financiar programas (FNDE), entre eles o Programa Brasil Alfabetizado, exerceu, no caso, função secundária. Outra questão é a ausência de comprovação da participação do MEC como interveniente e fiscal dos convênios. O MEC comprometeu-se a acompanhar a metodologia utilizada no Projeto Todas as Letras para garantir a efetiva alfabetização, organizar a formação inicial e continuada dos alfabetizadores e avaliar o processo de alfabetização e formação de alfabetizadores em parceria com a CUT/ADS. Entretanto não se encontram no relatório indicadores ou qualquer sinal que mostre a presença do MEC nos convênios. Os relatórios encaminhados à Petrobras foram elaborados pela CUT e suas escolas sindicais regionais. A equipe de fiscalização solicitou à Petrobras os relatórios do MEC, por meio do Ofício de Requisição nº 6, porém não foi atendida. A respeito da comprovação relativa à participação do MEC, a Gerência de Projetos Sociais respondeu que a equipe deveria solicitar essa comprovação ao MEC. Porém quem repassou os recursos para os projetos foi a Petrobras, então cabe a ela cobrar o alcance dos objetivos propostos sob risco de malversação dos recursos.Quanto à prestação de contas, o conteúdo do Relatório Analítico de Rubricas traz a contabilidade dos recursos recebidos. Da análise das rubricas, extrai-se:1. Em relação ao Convênio 6000.0007055.04.4:- o Anexo I ao Convênio (Anexo 4, fl. 25) prevê a capacitação de 80.000 trabalhadores jovens e adultos e de 3.200 alfabetizadores; no relatório parcial de atividades desenvolvidas, de 13/9/2004 a 10/12/2004, consta como adquiridos 100.000 kits para os alunos (Anexo 4, vol. 2, fl. 444); na prestação de contas do Relatório Analítico de Rubricas, consta a confecção (sic), como "brindes promocionais", de 90.000 estojos de nailon, 90.000 lápis pretos, 90.000 cadernos, 90.000 borrachas brancas e 90.000 apontadores (Anexo 4, fl. 75), e a impressão de 80.000 cadernos do educando (Anexo 4, vol. 1, fl. 219); além da inconsistência entre o número total de kits adquiridos e o quantitativo individual de seus itens componentes, bem como a inconsistência entre o número de kits e a meta prevista de capacitação de jovens e adultos, não consta comprovação de que esse material foi entregue aos alfabetizandos e, o mais importante, utilizado por eles, considerando-se o elevado volume de kits adquiridos;- confecção de material denominado kit professor, composto por 4.000 cadernos de educadores, e, como "brindes promocionais", por 4.000 pastas de nailon pretas, 4.000 canetas click e 5.000 camisetas (Anexo 4, fl. 75) sem comprovação de que esse material chegou aos educadores/alfabetizadores; - pagamento efetuado a Unitrabalho – Rede Interuniv. Estudos Pesquisas sobre Trabalho a título de Serviço de Desenvolvimento de Metodologia no Campo de Formação de Educadores e Alfabetizadores, por meio de recibo, no valor de R$58.058,91, em 18/2/2005 (Anexo 4, fls. 148), R$10.898,14 em 2/9/2005 (Anexo 4, vol. 1, fl. 266), R$4.166,67 em 14/10/2005 (Anexo 4, vol. 1, fl. 267), R$3.251,83 em 14/10/2005 (Anexo 4, vol. 1, fl. 267) e R$13.742,27 em 14/10/2005 (Anexo 4. vol. 1, fl. 267). Não há, no plano de trabalho apresentado no Anexo I, menção de contratação de instituto de pesquisa para desenvolver metodologia de educação. Pelo contrário, o Anexo I descreve a metodologia a ser empregada no projeto (Anexo 4, fls. 26/27), portanto a referida metodologia já deveria estar desenvolvida e pronta para ser aplicada no início da execução do projeto.

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2. Em relação ao Convênio 6000.0017248.05.4, o Anexo I ao Convênio prevê o cadastramento de 80.000 trabalhadores jovens e adultos, alfabetização esperada de 60.000 deles, e a capacitação de 3.200 alfabetizadores; no Relatório Analítico de Rubricas consta a impressão de 10.700 cadernos pedagógicos I, II e III, número excessivo para os alfabetizadores e escasso para os alfabetizandos (Anexo 4, vol. 1, fl. 330); não consta comprovação da distribuição do material aos alfabetizandos e, principalmente, de sua utilização durante as aulas, considerando-se o elevado volume de kits adquiridos.3. Em relação ao Convênio 6000.0032085.07.4:- o Anexo I ao Convênio prevê o cadastramento de 80.400 trabalhadores jovens e adultos, alfabetização esperada de 60.300 deles, e de capacitação de 3.200 alfabetizadores (Anexo 4, vol. 2, fl. 486); nos relatórios de monitoramento constam como confeccionados e distribuídos a todos os alfabetizandos 81.000 cadernos, borrachas, lápis, apontadores, réguas e estojos (Anexo 4, vol. 2, fl. 537 e 555); no Relatório Analítico de Rubricas consta que foram impressos 82.000 cadernos pautados e comprados 82.000 estojos (Anexo 4, vol. 2, fl. 583); consta, ainda, material do kit aluno - projeto Todas as Letras 3ª etapa, no valor de R$23.780,00 (Anexo 4, vol. 2, fl. 583). Não consta comprovação da distribuição do material aos alfabetizandos e, principalmente, que foram usados durante as aulas, considerando-se o elevado volume de kits;- no Relatório Analítico de Rubricas consta o pagamento de R$1.165,20 correspondente a cesta de natal, objeto diferente do previsto no Convênio (Anexo 4, vol. 2, fl. 623);- três pagamentos efetuados à IIEP – Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas, referentes a contrato de pesquisa, com inclusão de Imposto Sobre Serviço (ISS) sobre serviço de pesquisa IIEP, no valor total de R$180.000,00 Anexo 4, vol. 2, fl. 653). Entretanto há pagamentos a quatro pessoas físicas (Juliana, Clara, Mariana, Marilene) também referentes a serviços de pesquisa, no valor total (inclui ISS e IR) de R$20.160,00 (Anexo 4, vol. 2, fl. 653). Os pagamentos à empresa e às pessoas foram feitos três meses antes da finalização do Convênio. Não consta do plano de trabalho do Anexo I ao Convênio destinação de recursos para contrato de pesquisa e também não se tem informação sobre o teor da pesquisa e se ela foi aplicada no projeto.Apesar de haver recibos e notas fiscais na prestação de contas, verifica-se a existência de inconsistências, conforme apontado anteriormente.Não se pode concluir, ademais, com a análise da prestação de contas, que a pesquisa contratada junto ao IIEP destinou-se ao objeto conveniado. E, ainda, não se pode conceber que após iniciado o projeto fosse contratada pessoa jurídica para desenvolver metodologia de formação de educadores e alfabetizadores, uma vez que a educação de jovens e adultos é programa do Ministério da Educação, que deve ter, de modo unificado, a metodologia a ser aplicada em âmbito nacional. Destacam-se, ainda, pagamento referente a cestas de natal e diferenças entre as quantidades de material adquiridas (100.000 kits, no primeiro convênio), informadas nos relatórios de atividades e de monitoramento, e as quantidades confeccionadas (90.000 kits no mesmo convênio), informadas nos relatórios analíticos de rubricas. No relatório parcial de atividades desenvolvidas, referente ao período de 24/1/2006 a 30/4/2006, na página 15 – Parcerias, consta que a Petrobras financiaria salários dos Coordenadores Regionais e Pedagógicos e apoios (apoio é pagamento de pessoal, conforme Relatório Analítico de Rubricas), material didático e de divulgação, atividades do projeto. Entretanto o Relatório Analítico de Rubricas menciona pagamentos efetuados à empresa Inframídia Consultoria em Informática, por desenvolvimento de sistema para controle de pagamento dos alfabetizadores, no valor total de R$9.272,00, entre março de 2006 a janeiro de 2007 (Anexo 4, vol. 1, fls. 345, 349, 371, 428 e 429), e no valor total de R$19.793,07, entre junho de 2007 a maio de 2008 (Anexo 4, vol. 2, fls. 579, 595, 620, 655, 656, 657). Ora, se cabia à Petrobras financiar os salários dos coordenadores e ao MEC efetuar o pagamento dos alfabetizadores, a Petrobras não teria que custear o desenvolvimento de sistema de pagamento dos alfabetizadores. A

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controvérsia persiste ao se consultar o projeto detalhado no Anexo I de cada convênio (Anexo 4, fls. 25/26, 282/283 e 487/488), em que consta que o objetivo específico é a capacitação de jovens e adultos e de alfabetizadores, falando-se em coordenadores somente no Convênio 6000.0032085.07.4. Foram, também, efetuados pagamentos à MWR Comércio e Serviços Ltda, por elaboração e execução das atividades do projeto Todas as Letras, no valor total de R$41.795,86, no período de março a novembro de 2005 (Anexo 4, fl. 169, 200, 208, 219, 231, 237, 248 e 267), e no total de R$56.626,67, entre março e dezembro de 2006 (Anexo 4, vol. 1, fl. 330, 348, 362, 374, 384, 396 e 417). Não consta do plano de trabalho e dos relatórios de monitoramento quais seriam essas atividades. Ressalta-se que foi efetuado pagamento a título de “verba para supervisão do programa”, o que caberia à CUT executar (Anexo 4, vol. 1, fl. 237).Do mesmo modo, não se pode aferir o alcance do objetivo em relação ao número de jovens e adultos alfabetizados, uma vez que não há lista de presença, cadastro com identificação dos alfabetizandos, ficha de acompanhamento ou outro sinal que demonstre o investimento dos recursos pela Petrobras na capacitação dos 80.000 jovens e adultos do Convênio 6000.0007055.04.4, dos 60.000 do Convênio 6000.0017248.05.4 e dos 60.300 do Convênio 6000.0032085.07.5. Não há cadastro dos coordenadores/alfabetizadores com a devida identificação e lista de presença ou ficha de acompanhamento que comprove a capacitação de 3.200 educadores em cada convênio. Embora os relatórios da CUT mostrem fotos das oficinas e do conteúdo abordado, esses dados não são suficientes para aferir a quantidade de pessoas presentes aos eventos nem se os eventos fazem parte do projeto Todas as Letras. Embora a equipe de fiscalização tenha solicitado o nome e a identificação dos alfabetizandos e dos alfabetizadores à Petrobras, por meio do Ofício de Requisição nº 6, a solicitação não foi atendida.Em suma, não há comprovação de que os recursos foram empregados na consecução do objeto e no alcance do objetivo proposto de formar "leitores da realidade social do país, para que estes sejam capazes de fazer uso social da escrita e da leitura, abrindo espaços para a continuidade de uma prática social transformadora, capaz de produzir novas palavras, novos sentidos e, sobretudo, novas formas de organização das relações sociais, a fim de ampliar as condições desses sujeitos para a plena cidadania."Cabe mencionar que caso idêntico ao ora tratado foi recentemente julgado por este Tribunal, resultando no Acórdão nº 1.207/2009 – TCU – Plenário. O processo nº 006.296/2006-9 trata de Tomada de Contas Especial, em que se apreciou convênio celebrado entre o FNDE e a Associação Nacional de Cooperação Agrícola - ANCA pela concessão de assistência financeira para formação continuada de docentes em educação de jovens e adultos e para a aquisição de material didático para alunos. A Anca e seu dirigente foram citados para recolherem o valor total transferido pelo FNDE em decorrência da ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos recebidos do FNDE. Em trecho do Voto do Ministro-Relator, lê-se: Ademais, não há nos autos documentos aptos a demonstrar a efetiva execução do objeto pactuado, tais como, cadastro de educadores e alunos, listas de presença, relatórios de atividades desenvolvidas e de resultados, dentre outros. Já em relação à aquisição de material escolar (20.000 exemplares de livro e 28.000 kits de material de papelaria), adquiridos pela Anca de forma centralizada, nada foi apresentado acerca da distribuição desse material aos 28.000 alunos em 329 municípios. Assim, como uma operação deste porte deveria estar documentada, está reforçada a conclusão de que essa etapa do convênio igualmente não foi executada.Outro julgamento feito pela Segunda Câmara deste Tribunal, no Acórdão nº 4.184/2008, processo 017.960/2005-4, tratou da verificação de conformidade das transferências e aplicações de recursos federais repassados ao município de Banzaê/BA, por meio Convênio Siafi 503182 - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - Capacitação de Professores e Aquisição de Material Didático. O Sr. José Ribeiro de Moraes, ex-prefeito do município de Banzaê/BA, foi citado para apresentar alegações de

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defesa, em razão de não haver comprovado a execução do objeto do Convênio, ou recolher aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação a quantia transferida. Em trecho do Voto do Ministro-Relator, lê-se: 5. Em relação ao Convênio FNDE nº 804.577/2004, no entanto, não vislumbro na prestação de contas nenhum documento que evidencie a consecução do objeto pactuado. Não foram apresentadas, sequer, as folhas de freqüência que demonstrariam, em última análise, a atestação de que os recursos foram aplicados na forma prevista no Plano de Trabalho. Dessa forma, não há nenhuma informação acerca do objeto: quem foram os beneficiários do curso, qual a sua real carga horária e nem sequer se os eventuais beneficiários eram aqueles professores de 1ª e 2ª séries de que trata o convênio.Em relação à responsabilidade, o parecer jurídico relativo à apreciação da minuta do Convênio 6000.0007055.04.4/2004 esclarece (Anexo 4, fl. 8): Finalmente, nos cumpre, mais uma vez, frisar que compete ao Consulente o papel de afirmar o interesse da PETROBRAS na participação de empreendimentos que lhe são oferecidos por diversas entidades, devendo aquele órgão ter uma maior cautela quando o projeto envolva quantias vultosas. Assim, a decisão de apoiar um empreendimento que tem como objetivo principal 'formar leitores da realidade social do país para que estes sejam capazes de fazer uso social da escrita e da leitura,...' cabe ao Consulente, já que se trata de típica decisão de quem detém poderes para administrar e gerir os negócios que são celebrados pela Companhia. As observações da Gerência Jurídica confirmam a responsabilidade do titular da Comunicação Institucional, referido como Consulente no trecho descrito como “quem detém poderes para administrar e gerir os negócios que são celebrados pela Companhia”. Assim, o representante da Petrobras, Wilson Santarosa, que assinou o convênio, também é responsável pelo alcance dos objetivos dos convênios.Em relação à liberação dos pagamentos, tem-se:a) Convênio 6000.007055.04.4/2004 - responsável técnico: Janice de Oliveira Dias- Relatório de Medição de 28/10/2004, no valor de R$1.702.578,94: fiscal Janice de Oliveira Dias, gerente e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 5/1/2005, no valor de R$978.966,21: fiscal Janice de Oliveira Dias, gerente e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 2/2/2005, no valor de R$824.506,21: fiscal Rosane Beatriz J. Aguiar, gerente e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 1/4/2005, no valor de R$482.431,44: fiscal Janice de Oliveira Dias, gerente e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 1/6/2005, no valor de R$851.706,21: fiscal Cláudia Teixeira Ribeiro, gerente e responsável pela liberação do pagamento Janice de Oliveira Dias;- Relatório de Medição de 23/6/2005, no valor de R$1.016.984,39: fiscal Rosane Beatriz J. Aguiar, gerente e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 15/8/2005, no valor de R$471.613,26: fiscal Janice de Oliveira Dias, gerente e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 31/8/2005, no valor de R$1.006.166,21: fiscal Fernando Francisca, gerente e responsável pela liberação do pagamento Janice de Oliveira Dias.A CUT efetuou devolução de recursos em 26/12/2005, no valor de R$318.454,09.b) Convênio 6000.0017248.05.4/2006 - responsável técnico Janice de Oliveira Dias- Relatório de Medição de 22/2/2006, no valor de R$4.837.788,31: fiscal Anamaria M. Rodrigues Ballard, gerente e responsável pela liberação do pagamento Janice de Oliveira Dias;- Relatório de Medição de 29/5/2006, no valor de R$1.319.396,81: fiscal Cláudia Ribeiro Lapenda, gerente e responsável pela liberação do pagamento Janice de Oliveira Dias;- Relatório de Medição de 24/8/2006, no valor de R$1.319.396,81: fiscal Cláudia Ribeiro Lapenda, gerente Janice de Oliveira Dias e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;

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- Relatório de Medição de 6/11/2006, no valor de R$1.319.396,81: fiscal Cláudia Ribeiro Lapenda, gerente Janice de Oliveira Dias e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery.c) Convênio 6000.0032085.07.4/2007 – responsável técnico Cláudia Ribeiro Lapenda- Relatório de Medição de 14/6/2007, no valor de R$4.128.279,39: fiscal Cláudia Ribeiro Lapenda, gerente Janice de Oliveira Dias e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 4/10/2007, no valor de R$2.152.278,84: fiscal Cláudia Ribeiro Lapenda, gerente Janice de Oliveira Dias e responsável pela liberação do pagamento Luis Fernando Nery;- Relatório de Medição de 7/12/2007, no valor de R$2.217.071,24: fiscal Cláudia Ribeiro Lapenda, gerente Janice de Oliveira Dias e não consta o responsável pela liberação do pagamento;- Relatório de Medição de 5/3/2008, no valor de R$1.402.158,54: fiscal Cláudia Ribeiro Lapenda, gerente Janice de Oliveira Dias e responsável pela liberação do pagamento Wilson Santarosa.A ADS efetuou devolução de recursos em 30/7/2008, no valor de R$21.177,73.Nos convênios em questão, os representantes da Petrobras assinaram os relatórios de medição e emitiram os respectivos termos de Recebimento Definitivo, dando os convênios por encerrados, sem que fosse exigida a comprovação de que foram efetivamente capacitados, em cada convênio, cerca de 3.200 educadores e formados 60.000 leitores da realidade social do país, e de que os materiais confeccionados com os recursos dos convênios teriam sido aplicados nas referidas atividades de capacitação. Também não há a comprovação da participação e fiscalização do Ministério da Educação, conforme estabelecido em cláusula contratual.Tem-se, ainda, no item 3.1.2 da Cláusula Terceira de cada um deles, que é encargo da Petrobras "fiscalizar o desempenho deste Convênio, indicando, por escrito, o responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento das atividades previstas no Plano de Trabalho - Anexo I". A Cláusula Terceira, item 3.2.5, de cada convênio estabelece, como encargo da patrocinada, "cumprir integralmente o Plano de Trabalho - Anexo I deste Convênio - e as respectivas fases de execução que deverão ser previamente aprovadas pela PARTÍCIPE REPASSADORA".A Cláusula Quinta, item 5.4, do Convênio 6000.0007055.04.4 dispõe que os repasses serão liberados em estrita conformidade com o item 5.1, exceto "quando não tiver havido comprovação da boa e regular aplicação do repasse anterior". A Cláusula Quarta, item 4.3, do Convênio 6000.0017248.05.4 e a Cláusula Quarta, item 4.4, do Convênio 6000.0032085.07.4 estabelecem o mesmo sobre os repasses.Cabe ressaltar que a CUT e a ADS efetuaram devolução de recursos não aplicados, o que confirma que os responsáveis pelo repasse de recursos da Petrobras o fizeram sem que fossem medidos os serviços efetivamente realizados. Essa prática torna os boletins de medição ferramenta inócua de controle da execução físico-financeira.No Convênio n.º 6000.0021960.06.4, celebrado entre a Petrobras, a Entidade Ambientalista Onda Verde e a SEAP/PR, não foi apresentado, na prestação de contas do Convênio, o extrato bancário. Como a Entidade recebeu recursos de outros cofres, não há como saber se os recursos aplicados nas obras e serviços em prol da Comunidade foram, de fato, os recursos repassados pela Petrobras.A Cláusula 3.2 desse Convênio estabelece que o Partícipe Beneficiário compromete-se a "aplicar os recursos recebidos da PARTÍCIPE REPASSADORA, e os rendimentos auferidos das aplicações financeiras, exclusivamente na consecução do objeto previsto nas alíneas listadas na Cláusula Primeira - Objeto deste CONVÊNIO;". Cabe aos beneficiários, além disso, nos temos da letra "f", da referida cláusula, responsabilidade pela gestão administrativa e financeira do Convênio "(...) comprovando a aplicação dos recursos repassados pela Partícipe repassadora." Faltou, no caso, o extrato bancário, para que se possa verificar o liame entre o gasto (despesa) e o recurso repassado pela Companhia.

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Como responsáveis pelo total dos repasses de recursos da Petrobras, tem-se:- Relatório de Medição de 14/6/2006, no valor de R$486.646,09: fiscal Edson Galeão da Silva; gerente e responsável pela liberação dos recursos Ronaldo Chaves Torres;- Relatório de Medição de 31/7/2006, no valor de R$486.646,09: fiscal Edson Galeão da Silva; gerente e responsável pela liberação dos recursos Ronaldo Chaves Torres;- Relatório de Medição de 5/10/2006, no valor de R$243.323,05: fiscal Edson Galeão da Silva; gerente e responsável pela liberação dos recursos Ronaldo Chaves Torres;- Relatório de Medição de 14/12/2006, no valor de R$162.215,36: fiscal Edson Galeão da Silva; gerente e responsável pela liberação dos recursos Ronaldo Chaves Torres;- Relatório de Medição de 8/2/2007, no valor de R$162.215,36: fiscal Edson Galeão da Silva; gerente e responsável pela liberação dos recursos Ronaldo Chaves Torres;- Relatório de Medição de 26/4/2007, no valor de R$81.107,68: fiscal Edson Galeão da Silva; gerente e responsável pela liberação dos recursos Ronaldo Chaves Torres.Ressalta-se que foi encontrado o extrato bancário referente somente ao período de 11/6/2007 a 26/6/2007, no total de despesas de R$198.000,00. Entretanto o último relatório de medição, com autorização para liberação do recurso, data de 26/4/2007.Por parte da entidade Onda Verde, o gerente do projeto é Helio Vanderlei Coelho Filho, a quem cabia tratar de todas as comunicações do projeto.Em relação aos contratos de patrocínio, tem-se a mesma situação.O Contrato 6000.0010762.05.2/2005 - Projeto "Saber Transformar", celebrado em 4/2/2005, tinha como objetivo impulsionar a economia solidária enquanto mecanismo de oportunidades de inclusão social por meio da organização dos empreendimentos econômicos solidários em bases de apoio, fortalecendo a intercooperação e contribuindo para a construção de um modelo de desenvolvimento territorial sustentável e solidário. Entre os objetivos específicos das metas sociais do projeto estava a realização de diversas oficinas nas bases de apoio Ibotirana, Serra Geral, Juazeiro, Sisal e Salvador, contemplando 2.180 pessoas. Como avaliação de resultados do alcance dos objetivos específicos, o item 6 do Projeto impõe, como meios de verificação: (a) as planilhas de monitoramento e as listas de presença, para o programa de formação e de intercâmbios entre os empreendimentos econômicos solidários; (b) livro caixa, balanço e balancetes, para o acompanhamento contábil e gerencial dos empreendimentos solidários, visando à organização e à estruturação do processo produtivo; (c) relatórios de atividades, para as atividades de planejamento, monitoramento e avaliação, visando à troca de experiências e à sistematização das ações de forma participativa, fortalecendo as relações de intercooperação, e (d) visitas às bases de apoio, para estruturação de seu funcionamento. Como contrapartida, o Contrato estabelece, na Cláusula Terceira, item 3.1.5, que a contrapartida SOCIAL será "Fomentar o associativismo e cooperativismo com geração de trabalho e renda para diversas comunidades baianas". A comprovação dessa contrapartida deveria se dar, justamente, pelos meios de verificação anteriormente mencionados, o que, todavia, não ocorreu, o que impede que se possa concluir pela realização do objeto como contratado. Apenas a imagem feita por fotografias não comprova que foram realizados os programas de formação e demais atividades previstas como objetivos específicos sociais no projeto aprovado pela Petrobras, tampouco que houve o retorno esperado pela Petrobras com o investimento realizado.Embora o Contrato em questão seja de patrocínio, com cláusulas de contrapartidas estipuladas, a patrocinada deveria apresentar os meios de verificação de alcance dos objetivos específicos - planilhas de monitoramento, listas de presença nas diversas oficinas, livros contábeis e relatórios de atividades e das visitas, para comprovar a contrapartida SOCIAL. De acordo com a Cláusula Nona do Contrato, item 9.1, "A PETROBRAS fiscalizará, por prepostos a seguir designados, o bom e fiel cumprimento do presente Contrato, obrigando-se a PATROCINADA a atender prontamente as exigências da Fiscalização, que terá amplos poderes, não limitativos para:...", e no item 9.1.5, "Acompanhar a

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execução do projeto em patrocínio". Nesse caso os prepostos não comprovaram o cumprimento da contrapartida social. Em relação à patrocinada, a Cláusula Décima Quarta (Responsabilidade), item 14.3.1, estabelece que a "A assinatura do TRD não exime a PATROCINADA das responsabilidades previstas neste Contrato e na legislação em vigor." E, na Cláusula Nona, item 9.2, "A ação ou omissão da Fiscalização em nada diminui ou exime a total obrigação da PATROCINADA pela execução do presente contrato ou pela realização do projeto patrocinado."Assim, são responsáveis pela ausência de comprovação da contrapartida Social a patrocinada, os fiscais e gerentes, o responsável pela liberação do pagamento e o representante da Petrobras que nomeou os fiscais e gerentes no Contrato 6000.0010762.05.2/2005, bem como o Diretor-Presidente da ECOSOL.Os responsáveis pela fiscalização, gestão do contrato e liberação dos pagamentos foram os seguintes (Anexo 8, fls. 52/70):- 1.º Relatório de Medição de 28/2/2005, no valor de R$70.000,00: fiscal Valtenira da Matta Almeida; gerente do Contrato Maria Ivandete Santana Valadares; responsável pela liberação do pagamento Adolfo Elias Mitouzo Vieira;- 2.º Relatório de Medição de 1/3/2005, no valor de R$70.000,00: fiscal Maria Ivandete Santana Valadares; gerente do Contrato Rosemberg Evangelista Pinto; responsável pela liberação do pagamento Rosemberg Evangelista Pinto;- 3.º Relatório de Medição de 1/5/2005, no valor de R$70.000,00: fiscal Maria Ivandete Santana Valadares; gerente do Contrato Rosemberg Evangelista Pinto; responsável pela liberação do pagamento Rosemberg Evangelista Pinto;- 4.º Relatório de Medição de 1/7/2005, no valor de R$70.000,00: fiscal Maria Ivandete Santana Valadares; gerente do Contrato Adolfo Elias Mitouzo Vieira; responsável pela liberação do pagamento Adolfo Elias Mitouzo Vieira;- 5.º Relatório de Medição de 28/8/2005, no valor de R$35.000,00: fiscal Mariruth de Mello Persson; gerente do Contrato Mariruth de Mello Persson; responsável pela liberação do pagamento Adolfo Elias Mitouzo Vieira;- 6.º Relatório de Medição de 27/10/2005, no valor de R$35.000,00: fiscal Mariruth de Mello Persson; gerente do Contrato Mariruth de Mello Persson; responsável pela liberação do pagamento Adolfo Elias Mitouzo Vieira.Com a ONG Unas foram firmados dois contratos: de n.º 610.2.014.04-8 (ou 6000.0001124.04.2/2004), no valor de R$432.431,22, e de nº 6000.0021294.06.2/2006, no valor de R$475.674,34.No Contrato 610.2.014.04-8 - Projeto "Geração Vida Heliópolis", o item 9 do projeto, item Avaliação Processual, dispôs sobre a realização de diversas atividades, como curso de reciclagem pedagógica e relacionamento interpessoal da equipe do projeto e cursos de capacitação de mulheres e adolescentes (cidadania, oficinas culturais e esportivas, informática, oficina de desenvolvimento, passeios e visitas monitoradas). Acrescente-se ao objeto a ser alcançado visitas a outras comunidades (rede social), intercâmbio de experiências, eventos de divulgação do projeto com apresentações, bem como seminários para jovens e mulheres do projeto e encontro de jovens que desenvolvem outros projetos sociais.No que toca ao Contrato 6000.0021294.06.2/2006 - Projeto "Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas", referente a 2006, o projeto previa a realização de diversas ações, com programas voltados para adolescentes e mulheres, cujo alcance seria verificado por meio de indicadores, entre outros, as chamadas listas de presença. No item 7 do projeto, avaliação de processo, no título Programa Adolescente, estão previstas diversas atividades, tais como capacitação de educadores e multiplicadores, oficinas de cidadania, de moda, de estilismo, de leitura e escrita e de empreendedorismo. Acrescente-se, ainda, a promoção de rodas de discussões, abordagem de assuntos transversais presentes na vida de um cidadão, aulas teóricas/práticas da língua portuguesa, matemática, história e empreendedorismo. Além disso, tem-se a promoção de reuniões periódicas, seminários e workshops, oficinas de formação profissional,

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visitas monitoradas, intercâmbio com outros grupos, seminários sobre políticas públicas, oficina de elaboração de projetos, visitas aos espaços do Poder Legislativo Municipal e Estadual e intercâmbio com outros grupos organizados.No Programa para Mulheres, outro foco do projeto, as atividades previstas envolviam discussões sobre o tema cooperativismo e comercialização, divulgação da cooperativa para os consumidores e lojistas, realização de discussões sobre produção e sustentabilidade do negócio e visita a outras cooperativas de moda e estilismo. Acrescente-se a realização de ações de formação de multiplicadores, de oficinas de cidadania, de trabalhos manuais, de customização, de costura industrial e de cooperativismo. Estavam previstas, ainda, a promoção de rodas de discussões, oficinas de cidadania, entre outras, seminários sobre políticas públicas, visitas aos espaços do Poder Legislativo Municipal e Estadual, intercâmbio com outros grupos organizados.Os contratos em apreciação visavam ao patrocínio de uma série de atividades de conteúdo social. O meio de verificação de alcance do objeto pactuado, além da fiscalização no local, seriam os referidos relatórios de participantes e de educadores, relatórios de atividades, as listas de presença dos beneficiados nos eventos, avaliação de aulas por outros especialistas, cronograma das aulas, diário de atividades e fotos.Vê-se, no tocante ao Contrato nº 610.2.014.04-8, para o qual não há as listas de presença, que não se pode posicionar sobre o alcance das metas sociais.Em relação ao Contrato nº 6000.0021294.06.2/2006, tanto no Programa Adolescente quanto no Programa Mulheres as listas de presença apresentadas não comprovam a realização de todo o objeto acordado. O valor por aluno no projeto é de R$792,79, considerando os doze meses de vigência inicial do projeto e 50 indivíduos contemplados. Assim, deve ser comprovada a realização de ações do projeto correspondentes a 3 meses de atividades no Programa Adolescente e 10 meses no Programa Mulheres, o que corresponde, em cálculo proporcional, a cerca de R$229.909,30.De acordo com a Cláusula Décima do Contrato,10.1 A PETROBRAS fiscalizará, por prepostos a seguir designados, o bom e fiel cumprimento do presente Contrato, obrigando-se a PATROCINADA a atender prontamente as exigências da Fiscalização, que terá amplos poderes, não limitativos para: (...) 10.1.5 - Acompanhar a execução do projeto em patrocínio. Em relação à patrocinada, a Cláusula Décima Quarta (Responsabilidade), item 14.3.1, estabelece que a "A assinatura do TRD não exime a PATROCINADA das responsabilidades previstas neste Contrato e na legislação em vigor." E, na Cláusula Nona, item 9.2, "A ação ou omissão da Fiscalização em nada diminui ou exime a total obrigação da PATROCINADA pela execução do presente contrato ou pela realização do projeto patrocinado.” As referidas cláusulas sobre fiscalização e responsabilidade também estão contidas no Contrato n.º 610.2.014.04-8.Os responsáveis pela fiscalização, gestão do contrato e liberação dos pagamentos foram os seguintes:a) Contrato nº 610.2.014.04.8 (6000.001124.04.2/2004), fls. 20 a 28, a. 9 (Geração Vida Heliópolis):- 1.º Relatório de Medição de 17/2/2004, no valor de R$198.640,79: Fiscal - Marcos Medeiros de Oliveira; Gerente do Contrato: Luis Fernando Nery; Liberação do pagamento: Luis Fernando Nery;- 2.º Relatório de Medição de 27/5/2004, no valor de R$70.000,79: Fiscal - Iolete Giffoni de Carvalho; Gerente do Contrato: Luis Fernando Nery; Liberação do pagamento: Luis Fernando Nery;- 1.º Relatório de Medição de 3/2/2005, no valor de R$70.000,79: Fiscal - Iolete Giffoni de Carvalho; Gerente do Contrato: Luis Fernando Nery; Liberação do pagamento: Luis Fernando Nery;

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- 2.º Relatório de Medição de 15/4/2005, no valor de R$93.788,85: Fiscal - Marcos Medeiros de Oliveira; Gerente do Contrato: Janice de Oliveira Dias; Liberação do pagamento: Janice de Oliveira Dias.b) Contrato n.º 6000.0021294.06.2, fls. 105 a 116, a. 9 (Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas):- 1.º Relatório de Medição de 6/6/2006, no valor de R$190.269,74: Fiscal - Marcos Medeiros de Oliveira; Gerente do Contrato: Janice de Oliveira Dias; Liberação do pagamento: Luis Fernando Nery;- 2.º Relatório de Medição de 5/12/2006, no valor de R$95.134,87: Fiscal - Marcos Medeiros de Oliveira; Gerente do Contrato: Janice de Oliveira Dias; Liberação do pagamento: Luis Fernando Nery;- 3.º Relatório de Medição de 13/3/2007, no valor de R$95.134,87: Fiscal - Marcos Medeiros de Oliveira; Gerente do Contrato: Janice de Oliveira Dias; Liberação do pagamento: Luis Fernando Nery;- 4.º Relatório de Medição de 9/5/2007, no valor de R$95.134,91: Fiscal - Marcos Medeiros de Oliveira; Gerente do Contrato: Anamaria Rodrigues Ballard; Liberação do pagamento: Luis Fernando Nery.Assim, são responsáveis pela ausência de comprovação da contrapartida denominada Social a patrocinada, os fiscais e gerentes, os responsáveis pela liberação do pagamento nos Contratos nº 610.2.014.04-8 e nº 6000.0021294.06.2, bem como a própria Unas.

2.6.8 - Responsáveis: Nome: Wilson Santarosa – CPF 246.512.148-00 - Cargo: Gerente Executivo da Comunicação InstitucionalConduta: Culpa in vigilando, quanto à conduta dos fiscais e gerentes no que se refere à ausência de exigência de comprovação do alcance dos objetivos dos convênios 6000.0007055.04.4, 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.4, que envolviam vultosas quantias. Assinou o relatório de medição de 5/3/2008 do Convênio 6000.0032085.07.4 para liberação do repasse de recursos pela Petrobras, sendo solidário às ações dos fiscais e dos gerentes. Nexo de causalidade: Foi solidário às ações dos fiscais e dos gerentes que não exigiram da conveniada a comprovação do alcance dos objetivos específicos dos convênios. A liberação do recurso sem a comprovação do alcance do objetivo configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Janice Helena de Oliveira Dias - CPF: 329.728.490-00 - Cargo: Fiscal do Convênio 6000.0011616.05.3, gerente dos convênios 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.4Conduta: Como fiscal no Convênio 6000.0011616.05.3, assinou o relatório de medição sem observar o cumprimento das cláusulas conveniadas no que diz respeito aos meios de verificação dos objetivos específicos para alcance do objetivo; como gerente nos convênios 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.4 e nos contratos 6000.0021294.06.2 e 610.2.014.04.8, assinou os relatórios de medição sem conferir o efetivo cumprimento do objetivo do projeto, bem como deixou de notificar a executora acerca das medidas necessárias à correção das falhas/irregularidades. Acrescente-se que a responsável também respondia pela responsabilidade técnica nos convênios 6000.0007055.04.4 e 6000.0017248.05.4.Como responsável pela liberação dos recursos no Convênio 6000.0017248.05.4 e no Contrato 610.2.014.04.8, foi solidária às ações do fiscal e do gerente.Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

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Nome: Luis Fernando Maia Nery - CPF: 741.569.007-97 - Cargo: Agente responsável pela liberação dos recursos.Conduta: Assinou os relatórios de medição para liberação do pagamento nos convênios 6000.0007055.04.4, 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.4 e no contrato 6000.0021294.06.2. Como gerente no relatório de medição do Contrato 610.2.014.04.8, assinou os relatórios de medição sem conferir o efetivo cumprimento do objetivo do projeto, bem como deixou de notificar a executora acerca das medidas necessárias à correção das ações conveniadas.Nexo de causalidade: Foi solidário às ações dos fiscais e dos gerentes que não exigiram da conveniada a comprovação do alcance dos objetivos específicos dos convênios. A liberação do recurso sem a comprovação do alcance do objetivo configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Cláudia Ribeiro Lapenda - CPF: 674.108.637-49 - Cargo: Fiscal dos convênios 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.4Conduta: Deixou de exigir da conveniada a comprovação do alcance dos objetivos dos convênios, em cumprimento às obrigações firmadas (fiscal no Relatório de Medição de 1/6/2005 do Convênio 6000.0007055.04.4, nos relatórios de medição de 29/5/2006, 24/8/2006 e 6/11/2006 - Convênio 6000.0017248.05.4 e nos relatórios de medição de 14/6/2007, 4/10/2007, 7/12/2007 e 5/3/2008 do Convênio 6000.0032085.07.4).Acrescente-se que a Sra. Cláudia Ribeiro Lapenda era a responsável técnica do Convênio 6000.0032085.07.4.Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Marcos Medeiros de Oliveira - CPF: 633.951.697-15 - Cargo: Fiscal dos contratos 610.2.014.04.8 e 6000.0021294.06.2Conduta: Deixou de exigir da conveniada a comprovação do alcance dos objetivos dos convênios, em cumprimento às obrigações contratuais (fiscal dos contratos 610.2.014.04.8 e 6000.0021294.06.2).Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Valtenira da Matta Almeida - CPF: 234.067.125-68 - Cargo: Fiscal no Contrato 6000.0010762.05.2.Conduta: Deixou de exigir da contratada a comprovação do alcance dos objetivos, em cumprimento às obrigações contratuais (fiscal no relatório de medição de 28/2/2005) Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Fernando Francisca - CPF: 021.523.567-30 - Cargo: Fiscal no Relatório de Medição de 31/8/2005 do Convênio 6000.0017248.05.4Conduta: Assinou o relatório de medição sem exigir da conveniada a comprovação do alcance dos objetivos dos convênios, em cumprimento às obrigações contratuais (fiscal no Relatório de Medição de 31/8/2005 do Convênio 6000.0017248.05.4). Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Rosane Beatriz Juliano de Aguiar - CPF: 011.494.147-58 - Cargo: Fiscal do Convênio 6000.0007055.04.4Conduta: Assinou o relatório de medição sem exigir da conveniada a comprovação do alcance dos objetivos dos convênios, em cumprimento às obrigações contratuais (fiscal nos relatórios de medição de 2/2/2005 e de 23/6/2005 do Convênio 6000.0007055.04.4).

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Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Anamaria Miranda Rodrigues Ballard - CPF: 892.923.327-91 - Cargo: Gerente no Contrato 6000.0021294.06.2Conduta: Assinou o relatório de medição sem conferir e o efetivo cumprimento das ações pactuadas, deixando de notificar a executora acerca das medidas necessárias à correção das falhas/irregularidades.Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Iolete Giffoni de Carvalho - CPF: 786.073.707-82 - Cargo: Fiscal nos relatórios de medição de 27/5/2004 e 3/2/2005 do Contrato 610.2.014.04.8Conduta: Assinou o relatório de medição sem conferir e o efetivo cumprimento das ações pactuadas, deixando de notificar a executora acerca das medidas necessárias à correção das falhas/irregularidades.Nexo de causalidade: Como foi liberado o repasse de recursos sem a comprovação do alcance do objetivo, configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Gilmar Carneiro dos Santos - CPF: 571.928.128-20 - Cargo: Presidente da Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária - EcosolConduta: Deixou de apresentar os resultados quantitativos e qualitativos que permitissem avaliar o alcance dos objetivos do Contrato de patrocínio 6000.0010762.05.2/2005. Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua boa e regular aplicação, recai sobre o responsável a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

Nome: João Miranda Neto - CPF: 006.221.628-70 - Cargo: Ex-Presidente da União de Núcleos Associações e Sociedades Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas).Conduta: Deixou de apresentar os resultados quantitativos e qualitativos que permitissem avaliar o alcance dos objetivos dos contratos de patrocínio nº 610.2.014.04.8 e nº 6000.0021294.06.2.Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua boa e regular aplicação, recai sobre o responsável a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Maristela Miranda Barbara - CPF: 933.299.038-72 - Cargo: Representante da CUT e da ADS nos Convênios 6000.0007055.04.4, 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.4Conduta: Responsável pela apresentação à Petrobras da prestação de contas das entidades CUT e ADS, não comprovou o alcance dos objetivos propostos no Anexo I de cada convênio (convênios 6000.0007055.04.4, 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.5). Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua boa e regular aplicação, recai sobre a responsável a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Ecosol - Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária - CNPJ: 06.267.304/0001-04Conduta: Responsável pela execução do projeto, deixou de apresentar os resultados quantitativos e qualitativos que permitissem avaliar o alcance dos objetivos propostos no Anexo I do Contrato 6000.0010762.05.2.

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Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua boa e regular aplicação, recai sobre a executora a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Agência de Desenvolvimento Solidário - CNPJ: 03.607.290/0001-24Conduta: Responsável pela execução do projeto, deixou de apresentar os resultados quantitativos e qualitativos que permitissem avaliar o alcance dos objetivos propostos no Anexo I do Convênio 6000.0032085.07.4.Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua boa e regular aplicação, recai sobre a executora a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Central Única dos Trabalhadores - CUT - CNPJ: 60.563.731/0001-77Conduta: Responsável pela execução do projeto, deixou de apresentar os resultados quantitativos e qualitativos que permitissem avaliar o alcance dos objetivos propostos no Anexo I dos convênios 6000.0007055.04.4 e 6000.0017248.05.4.Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua boa e regular aplicação, recai sobre a executora a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

Nome: União de Núcleos Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco - Unas - CNPJ: 38.883.732/0001-40Conduta: Responsável pela execução do projeto, deixou de apresentar os resultados quantitativos e qualitativos que permitissem avaliar o alcance dos objetivos propostos no Anexo I dos contratos 610.2.014.04.8 e 6000.0021294.06.2.Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua boa e regular aplicação, recai sobre a executora a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Mariruth de Mello Alves - CPF: 232.487.425-34 - Cargo: Fiscal e Gerente nos relatórios de medição de 28/8/2005 e 27/10/2005, do Contrato 6000.0010762.05.2.Conduta: Como fiscal, assinou o relatório de medição sem observar o cumprimento das cláusulas conveniadas no que diz respeito aos meios de verificação dos objetivos específicos para alcance do objetivo; como gerente, assinou os relatórios de medição sem conferir o efetivo cumprimento do objetivo do projeto, bem como deixou de notificar a executora acerca das medidas necessárias à correção das ações conveniadas.Nexo de causalidade: A liberação do recurso sem a comprovação do alcance do objetivo configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Maria Ivandete Santana Valadares - CPF: 152.836.235-72 - Cargo: Gerente e fiscal no Contrato 6000.0010762.05.2.Conduta: Como fiscal, assinou o relatório de medição sem observar o cumprimento das cláusulas conveniadas no que diz respeito aos meios de verificação dos objetivos específicos para alcance do objetivo; como gerente, assinou os relatórios de medição sem conferir o efetivo cumprimento do objetivo do projeto, bem como deixou de notificar a executora acerca das medidas necessárias à correção das ações conveniadas.Nexo de causalidade: A liberação do recurso sem a comprovação do alcance do objetivo configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Rosemberg Evangelista Pinto - CPF: 080.200.515-20 - Cargo: Gerente e responsável pela liberação do pagamento no Contrato 6000.0010762.05.2/2005.

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Conduta: Assinou os relatórios de medição sem conferir, bem como deixou de notificar a conveniada do não cumprimento das metas e de adotar medidas para que a conveniada implantasse ações corretivas.Nexo de causalidade: A liberação do recurso sem a comprovação do alcance do objetivo configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Adolfo Elias Mitouzo Vieira - CPF: 120.463.025-91 - Cargo: Gerente e responsável pela liberação do pagamento no Contrato 6000.0010762.05.2/2005.Conduta: Assinou os relatórios de medição sem conferir, bem como deixou de notificar a conveniada do não cumprimento das metas e de adotar medidas para que a conveniada implantasse ações corretivas.Nexo de causalidade: A liberação do recurso sem a comprovação do alcance do objetivo configura-se dano aos cofres da Petrobras.

Nome: Edson Galeão da Silva - CPF: 299.673.177-87 - Cargo: Fiscal nos relatórios de medição do Convênio 6000.0021960.06.4Conduta: Assinou o relatório de medição sem conciliar as despesas realizadas com a movimentação financeira da conta corrente do convênio.Nexo de causalidade: Liberação de recursos sem verificação da conciliação entre as despesas realizadas e a movimentação bancária não comprova que os gastos foram efetuados com os repasses do convênio.

Nome: Ronaldo Chaves Torres - CPF: 433.793.467-72 - Cargo: Gerente e responsável pela liberação do pagamento no Convênio 6000.00021960.06.4.Conduta: Assinou o relatório de medição sem conciliar as despesas realizadas com a movimentação financeira da conta corrente do convênio.Nexo de causalidade: Liberação de recursos sem verificação da conciliação entre as despesas realizadas e a movimentação bancária não comprova que os gastos foram efetuados com os repasses do convênio.

Nome: Helio Vanderlei Coelho Filho - CPF: 582.511.977-91 - Cargo: Gerente do ProjetoConduta: Deixou de apresentar o extrato bancário do Convênio.Nexo de causalidade: Não comprovou que as despesas foram realizadas com os recursos repassados.

Nome: Entidade Ambientalista Onda Verde - CNPJ: 00.091.494/0001-67Conduta: Como executora do projeto, deixou de apresentar os extratos bancários do Convênio 6000.0021960.06.4 que permitissem avaliar se as despesas foram realizadas com os recursos repassados.Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua aplicação, recai sobre a executora a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

2.6.9 - Proposta de encaminhamento: Com fundamento no art. 47, I, da Lei nº 8.443, de 1992, e no art. 250, I, do Regimento Interno do TCU, determinar à Petrobras que apresente a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes da Companhia em sede de tomada de contas especial:a) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio 6000.0007055.04.4/2004 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Central Única dos Trabalhadores - CUT: – comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio;

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– comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio; b) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio 6000.0007055.04.4/2004 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Central Única dos Trabalhadores - CUT: – comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; – comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio;

c) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio 6000.0032085.07.4/2007 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Agência de Desenvolvimento Solidário - ADS: – comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; – comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio;

d) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato 6000.0010762.05.2/2005 – Projeto Saber Transformar e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol):– meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos das metas sociais previstas no Anexo I do Contrato;

e) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato 610.2.014.04.8 (6000.0001124.04.2/2004) e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas): – meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos previstos no Anexo I do Contrato;

f) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato 6000.0021294.06.2/2006 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas):

– meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos previstos no Anexo I do Contrato, uma vez que não restou comprovada a realização de todas as ações do projeto, no âmbito do Programa Adolescente e Programa Mulheres;

g) extrato bancário da conta adotada para o repasse de recursos do Convênio nº 6000.0021960.06.4, celebrado com a Entidade Ambientalista Onda Verde e a, então, Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República, juntamente com o parecer do fiscal e do gerente que assinaram os boletins de medição dos serviços executados, com a demonstração da conciliação entre os recursos repassados pela Petrobras e a aplicação no objeto conveniado.

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2.7 - Ausência de comprovação da aplicação dos recursos repassados.2.7.1 - Situação encontrada: O Convênio de número 6000.0031986.07.4, de 18/5/2007 (Anexo 3, fls. 186/213), firmado pela Petrobras com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz (Ifas), previa, na cláusula quarta do termo, item 4.1, o aporte financeiro no montante de R$4.000.000,00 (quatro milhões de reais), a serem desembolsados em quatro parcelas(Anexo 3, fl. 196):1ª parcela – R$1.600.000,00, em 25/5/2007;2ª parcela – R$800.000,00, em 24/8/2007;3ª parcela – R$800.000,00, em 4/12/2007;4ª parcela – R$800.000,00, em 31/3/2008.O objeto do Convênio, estabelecido na cláusula primeira, era a implementação do Projeto “Qualificação Profissional e Desenvolvimento dos Sistemas de Produção de Oleaginosas para Produção de Biodiesel a Nível de Agricultura Familiar nos Estados da Bahia, Ceará e Minas Gerais”. Com isso, buscava-se promover “(...) a inserção de 3.000 famílias de agricultores familiares no processo de produção de oleaginosas de forma sustentável, (....) com a qualificação de agricultores familiares, ampliando e fortalecendo o processo de organização social e da produção, (...)”.Foram repassados, na data mencionada, os recursos referentes à primeira parcela do Convênio, cuja programação incluía a liberação da segunda parcela no final de agosto de 2007. Em documento de 11/7/2007 (Anexo 3, fl. 204), o Ifas comunicou à Petrobras a abertura da conta 8.764-5, agência 2883-5, do Banco do Brasil, para movimentar os recursos, em substituição da utilizada no Banco Itaú, agência 0869, conta 31.690-1, que ainda mantinha saldo para compensar os cheques já emitidos.O Ifas não prestou contas da primeira parcela dos recursos na data prevista (agosto de 2007). Em documento de 30 de janeiro de 2008 (Anexo 3, vol. 1, fl. 336), encaminhou demonstrativo de gastos à Petrobras e informou que a prestação de contas estaria sendo escriturada. Nos meses seguintes, após cobrança da Companhia, afirmou que os documentos que comporiam a prestação de contas teriam sido apreendidos, impossibilitando o envio de toda a documentação.A Petrobras aprovou gastos no total de R$1.209.857,36 do total de R$1.600.000,00 transferidos, acrescida da quantia de R$19.879,36 resultado de aplicação financeira.No demonstrativo de prestação de contas até 31/12/2007 (Anexo 3, vol. 1, fls. 337 a 339), o Ifas apresentou as rubricas em que teria aplicado os recursos repassados pela Petrobras, aparecendo saldo final, na época, de R$149.580,65, que já estaria empenhado para suportar as despesas lá indicadas. No Ofício nº 43/2008, de 22/4/2008 (Anexo 3, vol. 1, fl. 364 a 365), o Ifas apresentou esclarecimentos à Petrobras sobre itens da planilha de prestação de contas anteriormente enviada, informando que itens de despesas incluídos na prestação de contas tiveram as notas fiscais e cheques levados pela Polícia.Com isso, a Petrobras considerou suficiente para aprovação parcial das contas os documentos encaminhados pelo Ifas. Excluiu, no entanto, as denominadas despesas sem explicação, de R$151.159,36, e aquelas para as quais não havia comprovantes (cheques e notas fiscais, cujas cópias foram levadas pela polícia), no valor de R$258.863,53. Daí o total de R$410.022,00, pleiteado pela Petrobras em ação judicial contra a ONG, cópia acostada no Anexo 3, vol. 1, fls. 372 a 377, datada de 19/11/2008 (processo n.º 2008.001.377733-0 TJ/RJ - distribuído em 19/11/2008).O valor de R$151.159,36 (Anexo 3, vol. 1, fl. 374) é próximo ao saldo final do Convênio informado pelo Ifas no demonstrativo de prestação de contas encaminhado à Petrobras, de R$149.580,65 (Anexo 3, vol. 1, fl. 339), que já estaria empenhado para a realização de despesas.Despesa de pessoalPara o Convênio em questão, só foi liberada a primeira parcela do ajuste, no valor de R$1.600.000,00 (ao que se deve somar o valor de R$19.879,36, resultado de aplicação financeira), correspondente a cerca de três meses de execução. Não foram prestadas

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contas do Convênio na época oportuna, o que fundamentou a não liberação das demais parcelas de recursos. A entidade, no Ofício nº 45, de 9/5/2008 (Anexo 3, vol. 1, fl. 367/370), pleiteou a continuidade dos repasses para a Associação Colméia (Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental – CNPJ 03.587.004/0001-06), tendo em vista as dificuldades que enfrentava.O gasto de pessoal direto previsto no orçamento estimativo, incluindo encargos sociais, era de R$1.056.562,28 para os 365 dias de vigência do Convênio (Anexo 3, fl. 162). Conforme o cronograma de realização da despesa no âmbito do Convênio, para a primeira parcela liberada (cerca de três meses), o máximo de recursos despendidos em remuneração e encargos trabalhistas seria R$264.823,92. Porém, no demonstrativo de prestação de contas até 31/12/2007 (Anexo 3, vol. 1, fl. 337/339), o valor gasto, considerando todo o período, foi de R$668.398,67, incluídos aqui, também, os pagamentos de diárias. No demonstrativo “Resumo de Impostos da Folha de Pagamento”, do mês de julho de 2007 (Anexo 3, vol. 1, fls. 378/380), verificou-se que os valores referenciados como salário bruto diferem dos unitários definidos para cada função/cargo estabelecido no orçamento para despesa de pessoal, que acompanha o termo de Convênio. Por exemplo, para o cargo de “Agrônomo” (Anexo 3, fl. 162), o valor é de R$2.500,00, enquanto que, na folha, consta R$2.416,67. Além disso, os pagamentos de todos os encargos trabalhistas foram realizados com muito atraso, nas datas de 15/2 e 26/2/2008. Constatou-se, também, que o Ifas firmou convênio com o Ministério da Agricultura (Anexo 3, vol. 4, fls. 826/840), instrumento que previa repasse de recursos de R$6.341.902,21, após incremento de valor com alteração do projeto básico, cujo "(...) objeto era promover a capacitação de 9.375 assentados, com vistas à ampliação do processo de organização e fortalecimento das áreas de assentamento de reforma agrárias (...)". Instaurada e processada a Tomada de Contas Especial no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), imputou-se débito aos responsáveis, senhores Paulo Cezar Farias e Antônio Pereira Chagas, no valor de R$5.047.002,20, já corrigido, conforme Relatório da Comissão de TCE (Anexo 3, vol. 4, fls. 878 a 897).InvestimentosO orçamento de investimentos aprovado no âmbito do Convênio nº 6000.0031986.07.4 previa gastos de R$2.563.500,00 (Anexo 3, fls. 162, 163 e 168), distribuídos na aquisição, entre outros, de: a) veículos (carro e moto) - R$220.000,00; b) móveis - R$25.000,00; c) equipamentos - R$48.000,00; d) utensílios - R$27.500,00.No cronograma de investimentos, estavam previstos gastos com a primeira parcela do repasse de recursos no valor de R$1.128.802,78, distribuídos, no mais importante, no gasto total dos recursos destinados à aquisição de veículos, equipamentos, móveis e utensílios, totalizando R$320.500,00. Há, nos documentos comprobatórios (Anexo 3, vol. 2, fls. 491/534), apenas cópia de sete certificados de registro e licenciamento de veículos, sendo três relativos a motos e quatro, a carros. A soma dos valores é de R$123.900,00, ao que se deve acrescer nota da Inovar Móveis Para Escritório e Tapeçaria, no valor de R$1.085,00, totalizando R$124.985,00, a menor em R$15.791,00 em relação ao valor admitido como comprovado pela Petrobras. Estava previsto, ainda, no orçamento de investimento (Anexo 3, fl. 168), relativamente às atividades de plantio, a aquisição de insumos de produção, tais como sementes e adubo orgânico. Para esses dois itens os valores seriam de R$120.000,00 e R$81.000,00, respectivamente. O custo unitário seria de R$18,00/T no último caso. Entretanto, ao verificar as cópias de notas fiscais, os valores variam de R$30,00/T, adquiridos de pessoa física, a R$270,00/T, fornecidos pela Bio-Organ Indústria, Comércio e Serviços de Adubos Ltda. (Anexo 3, vol. 2, fls. 558/574). Ressalte-se que não foram localizadas no documental apresentado à equipe as notas fiscais de aquisição de sementes (Anexo 3, vol. 2, fls. 577/613). Por outro lado, encontram-se

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recibos, não acompanhados do respectivo documento fiscal, indicando a prestação de serviço de transporte de sementes (Anexo 3, vol. 2, fls. 549/557).Ainda acerca das atividades relacionadas a plantio, o demonstrativo de prestação de contas aponta investimentos de R$282.565,84. Além disso, o valor informado como despendido no preparo do solo, de R$81.000,00, não está coerente com o pago na contratação de serviços de trator em aração de solo (Anexo 3, vol. 2, fls. 537/541), no total de R$11.370,00, rubrica que pode contemplar a aquisição de combustível (óleo diesel). Teria ocorrido, adicionalmente, transferência de R$6.000,00 para a Fetraf (Anexo 3, vol. 2, fl. 536), que supostamente custeou a realização de serviços dessa natureza.ViagensConstam na prestação de contas do Convênio notas fiscais ou faturas da Transworld: turismo, passagens e excursões, no valor de R$53.687,00 (Anexo 3, vol. 3, fls. 622/629), e fatura da Itiquira Cons. Representações Ltda., no valor de R$2.627,58 (Anexo 3, vol. 1, fl. 631), totalizando de R$56.314,58, valor diferente do indicado pelo Ifas no demonstrativo de prestação de contas, de R$55.314,58 (Anexo 3, vol. 1, fls. 337/339). Dos gastos em 2007, apenas no tocante à fatura da Itiquira, houve juntada de documento comprovando os trechos das viagens, que incluíram, no roteiro, Campo Grande e Brasília. O projeto envolvia, contudo, ações na Bahia, Ceará e Minas Gerais, o que impõe serem consideradas indevidas tais despesas. Além disso, juntaram-se aos autos faturas das Transworld (Anexo 3, vol. 3, fls. 638/683), emitidas com data de janeiro e fevereiro de 2008, no montante correspondente a R$18.118,40, incoerentes com o momento da realização das atividades do projeto. Desse total, vale frisar, R$9.646,32 referem-se a passagens com origem ou destino em Brasília, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Natal, Porto Alegre, Campo Grande e Guarulhos, localidades onde não havia ações a desenvolver com os recursos liberados.

Extratos bancáriosOs extratos bancários relativos à prestação de contas dos recursos depositados no Banco do Brasil, agência 2883-5, conta nº 8764-5 refletem a situação de 1/8/2007 a 31/8/2007, com cheques no total de R$7.500,00 (Anexo 3, fl. 206); de 1/9 a 12/9/2007 (Anexo 3, fl. 205), cuja movimentação foi de R$22.280,21; de dezembro de 2007 e janeiro de 2008, no valor de R$216.509,39 (Anexo 3, vol. 1, fls. 346/353); no período de 1/3 a 18/3/2008, em que não há utilização dos recursos (Anexo 3, vol.1, fls. 343/345). A movimentação, no Banco Itaú, agência 0869, conta nº 31690-1 (Anexo 3, vol. 1, fls. 354/363), na qual a Petrobras depositou, originalmente, o repasse financeiro, contempla o período de 1/6/2007 a 11/2/2008, mas não permite concluir sobre a aplicação dos recursos no objeto do Convênio (trata-se de extrato de conta de investimento). Foram realizados resgates no total de R$291.125,72 em fevereiro de 2008. Há, ainda, as operações na conta-corrente referentes ao mês de agosto/2007, no valor de R$202.937,68 (Anexo 3, fl. 207). Adicione-se que a Petrobras transferiu R$1.600.000,00 ao Ifas, mas o primeiro extrato mostra saldo de R$1.553.365,91, sem demonstrar o destino de R$46.634,09 (Anexo3, vol. 1, fl. 354). Comprovantes de gastos e avaliação de resultadosCompuseram a prestação de contas enviada pelo Ifas diversas notas fiscais de aquisição de combustíveis, material de escritório, locação de veículo, alimentação, hospedagem e recibos pelo pagamento de diárias, hospedagens, alimentação e reembolso de deslocamento de participantes dos eventos, entre outros. Na Bahia, por exemplo, os gastos com diárias e transporte teriam somado, conforme demonstrativo “PRESTAÇÃO DE CONTAS ATÉ 31/12/2007”, R$39.000,00 (Anexo 3, vol. 1, fls. 338).A avaliação de resultados e do impacto social do projeto (Anexo 3, fls. 151/154) envolvia três objetivos específicos, quais sejam: programas de formação, de incentivo à

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produção e de geração de renda. No programa de formação, o resultado esperado era a qualificação de 3.000 agricultores familiares para a produção de oleaginosas nos Estados da Bahia, Minas Gerais e Ceará. Era, também, meta a qualificação de lideranças da agricultura familiar e de multiplicadores (1.200), além do fortalecimento de organizações cooperativistas nas regiões abrangidas pelo projeto. A freqüência dos participantes, o cadastro e as fotografias seriam as formas de verificação dos resultados.No programa de incentivo à produção, os resultados esperados eram, dentre outros, construção e/ou aquisição de armazéns para estocagem, transporte da produção às cidades pólos e implantação de banco de sementes. Os meios de verificação dos resultados incluíam prestação de contas das obras ou compras, visitas in loco, fotografias e relatórios. Compuseram os objetivos específicos do programa de geração de renda a produção de oleaginosas em consórcio com culturas alimentares, o beneficiamento e a comercialização da produção e a implantação de cooperativas estaduais.Outros aspectosÉ possível identificar no conjunto apresentado diversos documentos aceitos indevidamente para comprovar despesa. É o caso, por exemplo, da suposta aquisição do “RUNNER Lac886 – Fungicida S2 30/11/2007 6,680 PEN 21”, no valor de R$26.666,66, suportada por apenas um PEDIDO junto à Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba – SP (Anexo 3, vol. 2, fl. 546).Ressalte-se, ainda, que foram juntadas a estes autos, a título de registro, cópias de documentos retirados do processo 54000.002443/2006-68 (Incra), que trata do Convênio n.º 70.200/2006 (Anexo 3, vol. 4, fls. 826/829), firmado entre o Ifas e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, envolvendo valores no total de R$6.341.902,21. As entidades parceiras do Ifas (Anexo 3, vol. 4, fl. 858), o plano de trabalho (Anexo 3, vol. 4, fls. 859/876) e a declaração da Central Única dos Trabalhadores (Anexo 3, vol. 4, fl. 877), acerca do regular funcionamento da entidade, são as informações acrescentadas. Há de destacar que o objeto deste Convênio é a capacitação, também presente no caso em análise, e ambos seguem a mesma forma de operação.

2.7.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Convênios

6000.0031986.07.4/2007Projeto "Qualificação Profissional e Desenvolvimento dos Sistemas de Produção de Oleaginosas para a Produção de Biodiesel a Nível de Agricultura Familiar nos Estados da Bahia, Ceará e Minas Gerais”. Entidade: Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz (Ifas).Valor R$4.000.000,00

6000.0021960.06.4/2006Projeto “Desenvolvimento sustentável para a comunidade de pescadores de Marcílio Dias, situada na Baia de Guanabara. Entidade: ONG Onda Verde.Valor R$1.622.133,64.2.7.3 - Efeitos/Conseqüências do achado: Risco de malversação de recursos em face da ausência de comprovação da sua aplicação. (efeito potencial).Risco de prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial).

2.7.4 - Critérios: Convênio 60000031986074/2007, Petrobras, cláusula 2.1 e 2.1.1.

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Convênio 60000031986074/2007, Petrobras, cláusula 3.2.5.Convênio 60000031986074/2007, Petrobras, cláusula 9.1.

2.7.5 - Evidências: Declaração da entidade convenente de que parte da documentação teria sido levada pela Polícia (Ofício n. 43/2008, de 22/4/2008). (folhas 364/365 do Anexo 3 - Volume 1).Ação Judicial da Petrobras, pleiteando a devolução de recursos por parte do convenente, que não teriam sido aplicados. (folhas 372/377 do Anexo 3 - Volume 1).

2.7.6 - Conclusão da equipe: Sobre a despesa de pessoal, houve recolhimento intempestivo, em fevereiro de 2008, dos tributos relativos aos contratados do Ifas, ligados ao Convênio, apesar de a Companhia ter liberado os recursos na data acertada, em maio de 2007 (Anexo 3, vol. 2, fls. 436/460 e 462). O ônus decorrente do pagamento com atraso dos encargos trabalhistas, causado pelo gestor da entidade, não deve ser suportado com recursos do ajuste. Assim, deve-se considerar débito dos responsáveis (Paulo Cezar Farias e do Ifas) o valor de R$34.780,19, correspondente aos encargos pelo atraso no cumprimento de obrigação legal. Ressalte-se que a primeira parcela do Convênio deveria ser destinada, em sua maior parte, à realização de investimentos; porém, foi utilizada para suportar a folha de pagamento da entidade. Houve, assim, desvio de finalidade na aplicação dos recursos.Registre-se que não está sendo imputada responsabilidade aos empregados da Petrobras pelo dano à empresa, porque agiram com a diligência esperada, ao não liberar a 2ª parcela de recursos do Convênio, quando a ONG deixou de prestar contas da primeira parcela. Além disso, a Companhia encaminhou diversas correspondências à entidade, cobrando o cumprimento do ajuste e, ainda, impetrou ação judicial visando ao ressarcimento de valores não aplicados ou utilizados inadequadamente. Tais ações levam a atribuir as irregularidades e a responsabilidade decorrente apenas ao Ifas e a seus gestores. No tocante aos investimentos (Anexo 3, vol. 2, fls. 491/534), a avaliação da documentação mostra que os valores informados pelo Ifas, no total de R$250.667,00 (Anexo 3, vol. 1, fl. 337), não se sustentam, como aquisição de veículos e equipamentos.Dos R$320.500,00 orçados para aquisição de veículos, utensílios, móveis e equipamentos (Anexo 3, fl. 163), com a primeira parcela liberada do Convênio, apenas R$124.985,00 poderiam-se, em tese, ser aceitas como devidamente comprovados, já que, no tocante aos veículos, os defeitos nas cópias não permitem formar opinião definitiva sobre a propriedade (CRLV, em cópia escura). Se estava previsto investimento de R$320.500,00 nos itens referidos, e somente o valor de R$124.985,00 pode-se assumir como comprovado, ainda que de forma não definitiva, fica claro que se deixou de aplicar no fim previsto R$195.515,00. Sobre os gastos com passagens, só foram apresentados os trechos dos bilhetes adquiridos, ainda em 2007, da Itiquira Cons. Representações Ltda, os quais incluem origens ou destinos fora do roteiro das ações do programa, isso impede afirmar serem despesas regulares. Além disso, lançaram-se como despesas do Convênio passagens emitidas em janeiro e fevereiro de 2008, no correspondente a R$18.118,40, incoerente com o momento da realização das atividades do projeto, além de parte das passagens, no valor de R$9.646,32, referir-se a trechos com origem ou destino em Brasília, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Natal, Porto Alegre, Campo Grande e Guarulhos, também em desacordo com o objeto pactuado.A movimentação constante dos extratos bancários não contempla todos os recursos transferidos. Ademais essa movimentação revela-se incoerente com as supostas despesas realizadas no âmbito do Convênio e com o cronograma estabelecido no plano de trabalho. Os extratos, inclusive, não contém débitos relevantes, como aquisição de veículos, adubo e passagens, entre outros.

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Compôs a prestação de contas apresentada pelo Ifas lista com nome dos beneficiados do projeto (Anexo 3, vol.1, fls. 262/316). Em razão da quantidade, selecionou-se o seminário realizado em Alagoinhas - BA, entre 22 e 23 de julho de 2007 (Anexo 3, vol. 2, fl. 293), para verificar a credibilidade da lista, confrontando os nomes lá contidos com aqueles que receberam diárias e ressarcimento pelo deslocamento para participar do evento. O senhor Luiz Fernando - CPF 646.416.785-53 (Anexo 3, vol. 3, fls. 746/747) e a senhora Jailza Santos Lima - CPF 014.115.905-70 (Anexo 3, vol. 3, fls. 702, 703 e 772) assinaram recibos confirmando o recebimento de diárias e ressarcimento de transporte pela suposta participação no evento, embora não constem da lista de agricultores cadastrados no programa. Incluídos no programa e que receberam valores, constam apenas os senhores José Nonato dos Santos - CPF 139.145.224-18 (Anexo 3, vol. 3, fl. 726), Antônio Ribeiro Neves - CPF 420.412.285-04 (Anexo 3, vol. 3, fl. 714) e Sipriano José dos Santos - CPF 126.307.725-00 (Anexo 3, vol. 3, fl. 760). Deveriam fazer parte, também, da prestação de contas, entre outros comprovantes, como forma de verificação dos resultados alcançados e do impacto social do projeto, folha de freqüência dos participantes (item não juntado) e fotografias (incluídas apenas 6). Isso configura, no contexto dos elementos encontrados, indícios graves de não implementação do projeto.Acrescente-se a isso o fato de que na lista constam nomes de beneficiários do projeto pelas atividades ocorridas no Ceará e em Minas Gerais. Não há, entretanto, recibos de pagamentos a eles por deslocamentos e diárias. Inexistem, portanto, outras provas que permitam dar credibilidade à realização das atividades.Conclui-se que o demonstrativo de gastos não traduz os comprovantes constantes da prestação de contas. O relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias. Além disso, alguns documentos/recibos não atendem às formalidades legais para suportar despesas. Soma-se a isso o fato de os recursos terem sido aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias. Por fim, os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do Convênio, impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos. Essa última falha se torna mais grave quando se tem em conta que o Ifas recebeu, no mesmo período, recursos públicos de outras fontes (como o Incra e o MDA) para a execução de ações similares.

2.7.7 - Responsáveis:

Nome: Paulo Cezar Farias - CPF: 692.268.811-20 - Cargo: Coordenador Geral do Ifas à época da celebração do Convênio 6000.0031986.07.4.Conduta: Deixou de devolver os recursos cuja aplicação não foi comprovada. Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua aplicação, recai sobre o responsável a presunção de dano aos cofres da Petrobras.Culpabilidade: É razoável afirmar que era possível ao responsável ter consciência da ilicitude do ato que praticara.É razoável afirmar que era exigível do responsável conduta diversa daquela que ele adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável acompanhar a execução do objeto do Convênio, uma vez que era responsável pela aplicação dos recursos recebidos e pela prestação de contas do Convênio.Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, há ainda a obrigação de reparar o dano, portanto deve o responsável ser citado a fim de avaliar se deve ser condenado em débito e/ou apenado com a aplicação de pena de multa.

Nome: Ifas - CNPJ: 01.682.509/0001-24Conduta: Como executora do Convênio 6000.0031986.07.4, não logrou comprovar a aplicação de parte dos recursos recebidos da Petrobras.

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Nexo de causalidade: Como geriu recursos públicos sem comprovar sua aplicação, recai sobre a executora a presunção de dano aos cofres da Petrobras.

2.7.8 - Proposta de encaminhamento: Em relação ao Convênio nº 6000.0031986.07.4/2007, celebrado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas), com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8443, de 1992, e no art. 250, II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Petrobras que:a) apure a efetiva aplicação dos recursos repassados ao Ifas, diante das seguintes ocorrências:– o demonstrativo de gastos não traduz os comprovantes constantes da prestação de contas;– o relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias;– alguns documentos/recibos não atendem às formalidades legais para suportar despesas;– os recursos foram aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias;– os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do Convênio, impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos. b) informe a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, as providências adotadas para recolhimento do débito apurado aos cofres da Petrobras, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes da Companhia em sede de tomada de contas especial.

2.8 – Ausência de priorização de critérios isonômicos na seleção de projetos. 2.8.1 - Situação encontrada: A seleção dos projetos sociais pela Petrobras envolve dois métodos, que se diferenciam pela existência ou não de competição entre os projetos.Os projetos denominados pela Companhia “projetos convidados” são selecionados sem critério de comparação entre todos os apresentados. Os escolhidos por meio da seleção pública disputam entre si a possibilidade de serem contemplados com recursos da Petrobras.

2.8.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado: Programa Desenvolvimento & Cidadania/2007 - Regulamentos do Programa Desenvolvimento & Cidadania 2007/2008.Programa Petrobras Fome Zero/2004 - Regulamentos do Programa Petrobras Fome Zero, anos 2004/2006.

2.8.3 - Critérios: Ata 4418 de 13/5/2004, Petrobras - Diretoria Executiva.Constituição Federal, art. 37, caput.

2.8.4 - Evidências: Atendimento à solicitação para apresentar os normativos dos programas Petrobras Fome Zero e Desenvolvimento & Cidadania. (folhas 86/87 do Volume Principal).Regulamentos dos programas Petrobras Fome Zero e Desenvolvimento & Cidadania. (folha 878 do Anexo 3 - Volume 4).

2.8.5 - Conclusão da equipe: Na seleção pública, os projetos são avaliados em várias etapas. A seqüência de filtros existentes confere maior objetividade à escolha. Inicialmente, os projetos são submetidos a uma triagem administrativa, na qual se observa a conformidade da

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documentação enviada com o regulamento. A fase seguinte é a triagem técnica que pontua os projetos segundo um conjunto de critérios como: a relação das propostas com as linhas de atuação, o contexto de atuação, as estratégias para sustentabilidade das ações, a organização do projeto, as avaliações processual e de resultados, o cronograma e o orçamento. Cada projeto é analisado por dois diferentes técnicos avaliadores. Em casos de discrepância entre os dois, um terceiro avaliador sênior define um parecer final. A etapa seguinte é a análise econômica e tem caráter não eliminatório, na qual os projetos são submetidos a uma comissão de avaliadores especialistas em orçamento, que emitem pareceres sobre a parte financeira dos projetos. Após essa etapa, os projetos são analisados e selecionados pela Comissão de Seleção, composta por representantes da Petrobras e membros convidados, estes representantes do governo, da sociedade civil e da imprensa. Por último, os projetos são analisados pelo Conselho Deliberativo, composto por representantes do corpo gerencial da Petrobras e por líderes e formadores de opinião na área social.Com o processo de seleção pública, nota-se evolução na seleção de projetos. Segundo dados dos Balanços Sociais da Companhia a participação de entidades nos processos alcançou 4.517 projetos em 2006, 3.232 projetos em 2005 e 5.884 projetos em 2004.Para quantificar a eficácia da seleção pública como impulsionadora de isonomia e eficiência, é necessário, porém, quantificar o percentual de recursos relacionados a processos que são por ela filtrados.Calculou-se sua participação em relação ao total, com base nos dados da gerência de Comunicação Institucional/Responsabilidade Social/Projetos Sociais (COMUNICAÇÃO/RS/PS), principal unidade da empresa realizadora dos patrocínios e convênios relativos a projetos sociais.Apresenta-se abaixo um quadro comparativo de valores destinados a projetos convidados e a seleção pública, considerando-se os dados da COMUNICAÇÃO/RS/PS.

Tabela 1

Ano Seleção Pública ConvidadosPercentual de participaçãoda Seleção Pública

2004 R$6.541.409,30 R$58.678.509,02 10,03

2005 R$8.283.490,19 R$119.259.257,1

1 6,49

2006 R$16.075.245,2

2 R$77.439.725,59 17,19

2007 R$17.013.223,6

2 R$84.873.712,42 16,70 2008 R$1.429.251,96 R$54.949.790,24 2,54

Total R$49.342.620,2

9 R$397.770.808,5

0 11,04

Percebe-se no exame a grande superioridade dos valores destinados a projetos convidados em relação aos destinados à seleção pública. A seleção pública abrange percentualmente uma pequena parte dos recursos aplicados.Inexiste, ainda, uma clara priorização da seleção pública nos programas sociais, já que ocorre concomitantemente à contratação de projetos convidados.Embora seja boa prática a adoção da seleção pública para os projetos na área de responsabilidade social, cabe recomendar à Petrobras, com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8443, de 1992, c/c art. 250, III, do Regimento Interno do TCU, que eleve o percentual de projetos sociais selecionados publicamente, por meio de critérios pré-determinados, em prol da transparência na aplicação dos recursos na área de responsabilidade social e da isonomia na escolha desses projetos.2.8.6 - Proposta de encaminhamento: Com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8443, de 1992, c/c art. 250, III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Petrobras a elevar o percentual de projetos sociais

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escolhidos por meio da sua seleção pública na área de responsabilidade social, assim como priorizar esse método de seleção, prática de gestão que se coaduna aos princípios da impessoalidade, publicidade e moralidade, inseridos na Constituição Federal, art. 37, caput.

2.9 - Ausência de direcionamento na transferência de recursos para o Fundo para a Infância e Adolescência - FIA. 2.9.1 - Situação encontrada: A Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990, prevê, no art. 260, que os contribuintes poderão deduzir do imposto devido, na declaração de imposto de renda, o total das doações feitas ao Fundo para Infância e Adolescência - FIA, obedecidos os limites estabelecidos de 10% da renda bruta para pessoa física e de 5% da renda bruta para pessoa jurídica.Diante da autorização legal, a Petrobras assumiu compromisso de contribuir com o FIA no equivalente a até 1% do imposto de renda devido, haja vista o benefício fiscal assegurado.Verificou-se na documentação recebida que no início de dezembro de cada ano a Diretoria Executiva da Companhia delibera sobre a destinação dos recursos, fundamentada em plano elaborado pela Comunicação Social, em que são discriminados os entes beneficiados, as entidades executoras dos projetos e o valor a ser doado. O repasse efetivo do dinheiro dá-se até o final do exercício em que é aprovado e, em geral, ocorre na última semana de dezembro.

Critérios de seleçãoA Petrobras disponibilizou à Equipe de Auditoria os planos de aplicação de recursos no FIA, aprovados pela Diretoria Executiva, relativos aos exercícios de 2001 a 2008.Em 2001 e 2002, os planos são sucintos e fazem referência à aplicação dos recursos em projetos sociais indicados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente e em consonância com os objetivos do Programa Petrobras Social, amparado na legislação do FIA. Em 2002 o enfoque centrou-se no componente temático “doações para projetos que visem à erradicação da mão de obra infantil e à proteção ao trabalho do adolescente” (Anexo 5, fls. 1 e 2).No DIP Comunicação n.º 138/2002, de 6/12/2002, que trata do Plano FIA 2002, afirma-se que 75% dos recursos seriam destinados para os projetos selecionados pelos Conselhos. O destino dos demais valores seriam projetos específicos escolhidos, em comum acordo, pelos Conselhos e Petrobras (Anexo 5, fl. 2).Conforme DIP Comunicação 133/2003, de 5/12/2003, que trata do Plano FIA 2003, os Conselhos contemplados atenderam a, pelo menos, um dos pontos a seguir (Anexo 5, fl. 71):a) atuam em municípios de interesse das Unidades de Negócio (UN) da Petrobras;b) atuam em municípios localizados em áreas de pobreza, segundo indicadores do IBGE, do IPEA e das Nações Unidas (Índice de Desenvolvimento Humano – IDH);c) na sua carteira de credenciamento, têm projetos alinhados com as diretrizes prioritárias do Programa Petrobras Fome Zero;d) desenvolvem projetos de combate ao abuso e exploração sexual infanto-juvenil, atuando em Municípios situados nas rotas de prostituição infanto-juvenil identificadas pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH-PR);e) apresentam projetos voltados para o desenvolvimento da criança e do jovem adolescente, com metodologia considerada inovadora em termos de educação, saúde, profissionalização, geração de primeiro emprego e renda, na formação da cidadania de crianças e jovens, prestando apoio aos seus familiares.O Plano de Aplicação FIA 2004, encaminhado à Diretoria Executiva por meio do DIP Comunicação n.º 141/2004, de 15/12/2004, contemplou outros Conselhos Municipais, além daqueles atendidos no exercício anterior cujos resultados foram considerados satisfatórios. Destinaram-se, também, recursos ao Conanda para atender projetos

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voltados ao fortalecimento do Sistema de Promoção e de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, com foco específico de fortalecer o eixo da defesa da garantia dos direitos de adolescentes em conflito com a lei, em regime aberto e semi-aberto (Anexo 5, fls. 119/125).A Companhia, no DIP Comunicação n.º 128/2005, de 2/12/2005, que trata do Plano de Aplicação FIA 2005, assentou a realização de pré-seleção das regiões de interesse, com base em indicações das Unidades de Negócio e das Coordenadorias Regionais de Comunicação. Após isso, carta foi enviada a cada Conselho, solicitando a remessa de proposta, que contivesse projetos e instituições responsáveis pela execução (Anexo 5, fls. 160/166). Os temas prioritários para a seleção foram, na essência, os adotados no exercício de 2003:a) projetos nas comunidades do entorno das Unidades de Negócio, beneficiando crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade;b) projetos estratégicos, que focam a garantia dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual, trabalho infantil, jovens em conflito com a lei, portadores de necessidades especiais e vítimas da desnutrição;c) projetos exitosos, que receberam repasses do Plano FIA 2004;d) municípios identificados com baixo Índice de Desenvolvimento Humano – IDH;e) projetos, que adotam metodologias inovadoras, com potencial de se tornarem referências de políticas públicas.No DIP Comunicação n. 161/2006, de 11/12/2006, que trata do Plano de Aplicação FIA 2006, a Petrobras confirma a adoção da mesma sistemática do ano anterior, quanto à pré-seleção das regiões de interesse e o encaminhamento de carta aos Conselhos Municipal e Estadual, solicitando a remessa de proposta com até três projetos e as instituições responsáveis pela execução. Os projetos priorizados foram aqueles que contemplaram ações, como combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Além disso, ações que tivessem por fim o benefício de crianças e adolescentes em situação de risco social e pessoal, moradoras de comunidades no entorno de unidades da companhia. No processo FIA 2006, para a seleção dos municípios, foram utilizadas as seguintes temáticas, algumas utilizadas no exercício anterior, quais sejam (Anexo 5, Volume 1, fls. 265/268):a) municípios estratégicos para os projetos já em fase de implementação do Programa Petrobras Fome Zero;b) municípios identificados na Matriz Intersetorial de Enfrentamento à Exploração Sexual da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH-PR);c) municípios onde se desenvolvam projetos exitosos para aprimoramento do Sistema de Garantia de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente que já receberam recursos do FIA aplicados pela Petrobras;d) municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em relação à média nacional.A partir de 2007, a Petrobras alterou a forma de destinação dos recursos, com a criação da Comissão FIA-2007, composta por oito membros, sendo seis representantes externos. Essa comissão passou a ser responsável pela destinação de parte dos recursos doados pela Companhia ao fundo (Anexo 5, Volume 1, fl. 371). No DIP Comunicação n.º 199/2007, de 5/12/2007, a Companhia estabeleceu como critério de seleção para a destinação dos recursos os municípios pertencentes às áreas de influência das atividades da Petrobras, mapeados pelo Programa de Olho no Ambiente e indicados segundo as regiões de interesse das Unidades de Negócio e Gerências de Atendimento e Articulação Regionais da Comunicação Institucional. Houve, ainda, doações, por meio do FIA, ao Conanda e aos projetos designados pela Comissão, acima referida (Anexo 5, Volume 1, fls. 371/372).

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No DIP Comunicação n.º 184/2008, de 5/12/2008, a Companhia continuou com as modalidades de repasse previstas no exercício anterior (Anexo 5, Volume 2, fls. 494/497).

2.9.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

Atas da Diretoria Executiva da Petrobras de aprovação das doações ao FIA, com recursos de incentivos fiscais:

4.447/2003, de 15/12/2003.4.506/2004, de 16/12/2004.4.560/2005, de 15/12/2005.4.620/2006, de 15/12/2006.4.674/2007, de 14/12/2007.4.732/2008, de 10/12/2008.

2.9.3 - Efeitos/Conseqüências do achado:

Ausência de impessoalidade e isonomia no tratamento dos recursos públicos. (efeito real)

2.9.4 - Critérios:

Lei 8069/1990, art. 260.

Atas da Diretoria Executiva da Petrobras de aprovação das doações ao FIA, com recursos de incentivos fiscais:

4.447/2003, de 15/12/2003.4.506/2004, de 16/12/2004.4.560/2005, de 15/12/2005.4.620/2006, de 15/12/2006.4.674/2007, de 14/12/2007.4.732/2008, de 10/12/2008.

2.9.5 - Evidências:

Atas da Diretoria Executiva com os valores aprovados para repasse aos conselhos municipais, estaduais e nacional (folhas 5/604 do Anexo 5 - Principal).Balanço Social e Ambiental - Petrobras - anos 2003 a 2007 - página da Petrobras na internet (folha 123 do Volume Principal).Planilha de Repasses efetuados pela Petrobras aos conselhos (folha 604 do Anexo 5 - Volume 2).

2.9.6 - Conclusão da equipe: De acordo com a autorização do Ministro-Relator, a inspeção foi realizada, tendo, como uma das finalidades, verificar os critérios adotados na seleção dos municípios e entidades beneficiadas com repasses da Petrobras para o Fundo para Infância e Adolescência (FIA) para, em confronto com todo universo de repasses da espécie, apurar se existe ou existiu isonomia entre as entidades pleiteantes, com vistas a investigar favorecimento nos repasses de verbas da empresa a municípios dirigidos pelo PT.Verificação dos dados obtidos

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Para uma análise de confiabilidade das informações recebidas, foram selecionados os anos de 2006 e 2007 e utilizadas as planilhas eletrônicas disponibilizadas pela Petrobras (planilha de projetos e planilha de pagamentos), o valor de repasse consolidado constante do Balanço Social e o plano aprovado pela Diretoria Executiva, com os beneficiados, os projetos e os valores repassados.Encontraram-se divergências nos valores comparados que passam a ser comentadas.

Inconsistências verificadas em 2006A Diretoria Executiva aprovou, na Ata de n.º 4.620, item 32, de 21/12/2006 – Pauta n.º 1.317, para o Plano FIA – 2006, a destinação de recursos da ordem de R$48.634.200,33, na forma apresentada na Tabela 2.

Tabela 2Beneficiados Valor (R$)Conselhos municipais e estaduais 38.634.200,33

Conselho Nacional (Conanda) 10.000.000,00

Total 48.634.200,33

Nesse exercício, foram encontradas as seguintes inconsistências nas informações disponibilizadas pela Petrobras:

a) diferença entre o valor constante do Balanço Social, aprovado pela Diretoria Executiva, no total de R$48.634.200,33, e o repassado de R$43.788.139,93, constante da planilha de repasses. Acrescente-se a diferença entre o valor total repassado e a soma dos projetos da planilha de projetos, conforme demonstrado na Tabela 3:

Tabela 3

TítuloPlanilha de Projetos (em R$)

Planilha Aprovada pela DE (em R$)

Balanço Social (em R$)

Planilha de Repasses (em R$)

Valor 40.488.910,34 48.634.200,33 48.634.200,33 43.788.139,93 b) os municípios, a seguir indicados, são exemplos dos que foram contemplados com projetos aprovados pela Diretoria Executiva da Petrobras e não constavam da planilha de projetos:

Tabela 4Município UF Valor (R$)Itabuna BA 275.000,00Barroquinha CE 110.000,00Araioses MA 110.000,00Barra do Corda MA 110.000,00Cabedelo PB 110.000,00Cacimbas PB 110.000,00Manari PE 110.000,00Porto da Folha SE 110.000,00

1.045.000,00Total

c) repasse de recursos para dois projetos, no valor total de R$220.000,00, que não constavam do Plano FIA/2006, aprovado pela Diretoria Executiva:

Tabela 5

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Conselho Municipal UF Convênio InstituiçãoValor na planilha

eletrônica (R$)Valor Repassado (R$)

Serra do Mel RN 6000.0028486.06.4Federação Das Associações De Vilas De Serra Do Mel

100.000,00 110.000,00

Divina Pastora SE 6000.0028485.06.4 Instituto Ser E Agir 100.000,00 110.000,00

200.000,00 220.000,00 Total

d) pagamentos a maior em relação ao aprovado pela Diretoria Executiva, no valor de R$387.913,56, para os seguintes projetos:

Tabela 6

Conselho Municipal UF Convênio InstituiçãoValor aprovado pela

DE (R$)Valor Repassado

(R$)Diferença (R$)

Santo Antonio de Jesus BA 6000.0027704.06.4Redes - Rede De Desenvolvimento Social

180.070,00 380.000,00 199.930,00

Recife PE 6000.0027755.06.4Centro Dom Helder Câmara De Estudos E Ação Social

187.500,00 375.483,56 187.983,56

367.570,00 755.483,56 387.913,56 Total

e) constatação de que projetos, constantes da planilha de projetos e aprovados pela Diretoria Executiva com valor total de R$4.043.881,58, não tiveram os recursos repassados:

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Tabela 7

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Conselho Municipal ou Estadual

UF Convênio Instituição Valor na planilha eletrônica (R$)

Valor aprovado pela DE (R$)

Mutuipe BA 6000.0027701.06.4Instituição Associação De Mulheres

Do Bairro Da Cajazeira132.000,00 112.000,00

Sao Luis MA 6000.0027748.06.4Grupo De Apoio Às Comunidades

Carentes Do Maranhão330.000,00 330.000,00

Guamare RN 6000.0027774.06.4 Associação Comunitária Maranata R$ 110.000,00 110.000,00

Siriri SE 6000.0027788.06.4 Associação Comunitária De Siriri R$ 110.000,00 110.000,00

Balsa Nova PR 0200.0028033.06.4 Prefeitura Municipal De Balsa Nova 47.356,00 47.356,00

Lapa PR 0200.0028036.06.4Associação De Voluntario

Semeadores110.056,00 110.056,00

Sao Mateus Do Sul PR 0200.0028039.06.4 Lar São Mateus 173.418,00 173.418,00

Balneario Pinhal RS 0200.0028040.06.4Prefeitura Municipal De Balneário

Pinhal78.706,00 78.706,00

Sao Francisco De Paula RS 0200.0028050.06.4Prefeitura Municipal De São

Francisco De Paula 78.706,00 78.706,00

Tramandai RS 0200.0028054.06.4 Prefeitura Municipal De Tramandaí 110.387,00 110.387,00

Balneario Camboriu SC 0200.0028056.06.4 Associação Passos Da Integração 89.156,00 89.156,00

Biguacu SC 0200.0028057.06.4Secretaria Municipal De Assistência

Social De Biguaçu51.405,00 51.405,00

Guaramirim SC 0200.0028059.06.4 Cmdca 57.806,00 57.806,00

Balsamo SP 0200.0028066.06.4Associação Social E Assistencial De

Bálsamo68.256,00 68.256,00

Capao Bonito SP 0200.0028069.06.4Legionário Na Defesa Do Menor De

Capão Bonito 110.056,00 110.056,00

Caraguatatuba SP 0200.0028070.06.4 Casa Da Criança De Caraguatatuba 110.056,00 110.056,00

Cubatao SP 0200.0028071.06.4Associsção Cubatense De

Capacitação Para Exercicio Da Cidadania

302.713,00 302.713,00

Fernandopolis SP 0200.0028073.06.4 Comunidade Das Famílias São Pedro

76.183,00 76.183,00

Itariri SP 0200.0028075.06.4Núcleo De Apoio Social À Criança E

Adolescente Nascer Do Sol414.556,00 414.556,00

Santo Andre SP 0200.0028082.06.4 Centro Social Heliodor Hesse 231.124,58 231.124,58

Santos SP 0200.0028083.06.4 Pró Viver 129.865,00 129.865,00

Sao Sebastiao SP 0200.0028086.06.4 Entidade Berçário Santana 178.312,00 178.312,00

Sao Vicente SP 0200.0028088.06.4Centro Camará De Pesquisa E

Apoio Á Infância E Adolescencia262.347,00 262.347,00

Suzano SP 0200.0028089.06.4 Município De Suzano 162.306,00 162.306,00

Urupes SP 0200.0028090.06.4 Prefeitura Municipal De Urupês 121.111,00 121.111,00

Ibirite MG 6000.0028139.06.4Associação Unida Do Bairro Washington Pires - Aubwp

198.000,00 198.000,00

Apiacas MT 6000.0028147.06.4Secretaria Municipal De Assistência

Social220.000,00 220.000,00

3.843.881,58 4.043.881,58 Total

Inconsistências verificadas em 200763

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A Comunicação Social, por meio do expediente Comunicação 199/2007, encaminhou à Presidência da Companhia o plano de repasse ao Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente – Plano de Aplicação FIA 2007, com recursos estimados de até R$40.313.000,00.A Diretoria Executiva, conforme Ata de n. 4.674, item 34, de 14/12/2007, pauta n. 1384, aprovou as proposições formuladas, distribuindo os recursos na seguinte forma:

Tabela 8Beneficiados Valor (R$)Conselhos municipais 23.947.821,03Conselhos estaduais 6.365.178,97Conselho nacional 10.000.000,00Total 40.313.000,00

Nesse exercício, foram encontradas as seguintes inconsistências nas informações disponibilizadas pela Petrobras:

a) diferenças entre o valor constante no Balanço Social, o aprovado pela Diretoria Executiva, o constante da planilha de projetos e o efetivamente repassado, conforme a seguir demonstrado:

Tabela 9

TítuloPlanilha de Projetos (em R$)

Planilha Aprovada pela DE (em R$)

Balanço Social (em R$)

Planilha de Repasses (em R$)

Valor 38.986.631,14 40.313.000,00 43.200.000,00 43.106.841,38 O valor do Balanço Social é aproximado (R$43,2 milhões).

b) a Diretoria Executiva destinou recursos aos Estados do Pará, Rondônia e Tocantins, nos valores, respectivos, de R$249.800,00, R$466.295,00 e R$390.000,00 e que não foram repassados, nem constavam na planilha eletrônica. O mesmo ocorreu, por exemplo, com os projetos que contemplaram recursos para os seguintes municípios:

Tabela 10Cidade UF Valor (R$)Manaus AM 550.000,00Belém PA 550.000,00Catu BA 90.000,00Cabo de Santo Agostinho PE 90.000,00Itaboraí RJ 224.437,50

1.504.437,50Total

c) constatação de que foi repassado a maior, em R$760.322,00, os projetos a seguir enumerados, em relação ao definido pela Diretoria Executiva:

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Tabela 11Conselho Municipal UF Convênio Instituição Valor Repassado (R$) Valor Aprovado pela

DE (R$)Diferença (R$)

Mata De São João BA 6000.0038380.07.4Sociedade Musical 8 De Dezembro

110.000,00 90.000,00 20.000,00

Salvador BA 6000.0038381.07.4Associação Educacional Sons No Silêncio

637.207,56 547.207,56 90.000,00

São Francisco Do Conde BA 6000.0038382.07.4 Filarmônica Lira 30 De Março

169.260,33 90.000,00 79.260,33

Vitória Da Conquista BA 6000.0038432.07.4 Apae Vitória Da Conquista 330.000,00 240.000,00 90.000,00

Quixadá CE 6000.0038403.07.4

Centro De Desenvolvimento Do Trabalho Integrado Ao Social

178.854,31 90.000,00 88.854,31

Camaragipe PE 6000.0038405.07.4

Centro Camaragibe De Profissionalização, Proteção E Defesa À Criança A Ao Adolescente - Sos Criança

200.925,00 90.000,00 110.925,00

Conceição Da Barra ES 6000.0037974.07.4 Projeto Arte Comvida - Pacovi

111.161,10 106.157,87 5.003,23

Guarapari ES 6000.0037975.07.4Prefeitura De Municipal De Guarapari

147.000,00 107.730,00 39.270,00

Marataizes ES 6000.0037977.07.4Associação De Pais E Amigos Dos Excepcionais De Marataízes

110.250,00 89.775,00 20.475,00

Pedro Canario ES 6000.0037980.07.4Arluz - Associação Raios De Luz

123.536,62 112.098,33 11.438,29

Presidente Kennedy ES 6000.0037981.07.4Associação Do Conselho De Escola Da Comunidade De Jibóia

141.750,00 134.662,50 7.087,50

São Mateus ES 6000.0037983.07.4 Centro De Apoio Tia Ana 94.188,48 80.531,14 13.657,34

Serra ES 6000.0037984.07.4Cáritas Arquidiocesana De Vitória

147.000,00 134.662,50 12.337,50

Vitória ES 6000.0037985.07.4Obra Social Nossa Senhora Das Graças

199.500,00 179.550,00 19.950,00

Armacao De Buzios RJ 6000.0037986.07.4Associação De Pais E Amigos Dos Excepcionais De Armação De Búzios

73.500,00 62.842,50 10.657,50

Cachoeiras De Macacu RJ 6000.0037988.07.4Centro De Estudos De Saúde Do Projeto Papucaia - Cespp

157.500,00 151.953,17 5.546,83

Duque De Caxias RJ 6000.0037989.07.4Centro De Assistência À Mulher

252.000,00 215.460,00 36.540,00

Itaguaí RJ 6000.0037991.07.4Fundação Projeto Casa Luz Do Futuro

157.894,38 134.999,70 22.894,68

Mangaratiba RJ 6000.0037992.07.4Prefeitura De Municipal De Mangaratiba

210.000,00 197.505,00 12.495,00

São Goncalo RJ 6000.0037997.07.4Programa Social Crescer E Viver

210.000,00 197.505,00 12.495,00

São Francisco De Itabapoana

RJ 6000.0037999.07.4Associação Dos Moradores E Produtores Agrícolas Do Distrito De Carrapato - Amproac

157.164,00 136.500,00 20.664,00

São João Da Barra RJ 6000.0038000.07.4Associação De Pais E Amigos Dos Excepcionais De São João Da Barra

126.000,00 107.730,00 18.270,00

Tangua RJ 6000.0038003.07.4 Ong Agora É Nossa Vez 210.000,00 197.500,00 12.500,00

4.254.691,78 3.494.370,27 760.321,51 Total

65

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

d) constatação de que foi repassado, a menor, o valor de R$168.537,50, relativo aos projetos, a seguir enumerados, em relação ao definido pela Diretoria Executiva:

Tabela 12Conselho Municipal UF Convênio Instituição Valor Repassado (R$) Valor Aprovado pela

DE (R$)Diferença

Fortaleza CE 6000.0038391.07.4Associação Beneficente Da Criança E Adolescente Em Situação De Risco/Pastoral Do Menor

285.509,40 397.207,56 111.698,16

Piúma ES 6000.0037979.07.4Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Piúma

101.255,04 101.517,58 262,54

Belford Roxo RJ 6000.0037987.07.4 Solidariedade 220.069,50 230.549,00 10.479,50

Conceição de Macabú RJ 6000.0038006.07.4Prefeitura de Municipal de Conceição de Macabu

52.500,00 55.000,00 2.500,00

Mendes RJ 6000.0037993.07.4 Prefeitura de Municipal de Mendes

210.000,00 220.000,00 10.000,00

Paracambi RJ 6000.0037995.07.4Prefeitura de Municipal de Paracambi

100.800,00 105.600,00 4.800,00

Quatis RJ 6000.0037996.07.4

Centro de Orientação e Apoio à Criança e ao Adolescente Semente do Amanhã

196.702,68 198.000,00 1.297,32

São João de Meriti RJ 6000.0038001.07.4Casa da Cultura Centro de Formação Artística da baixada Fluminense

315.000,00 330.000,00 15.000,00

Volta Redonda RJ 6000.0038005.07.4 Lar Espírita Irmã Zilá - LEIZ 262.500,00 275.000,00 12.500,00

1.744.336,62 1.912.874,14 168.537,52 Total

e) constatação de que 19 projetos constantes da planilha de projetos e aprovados pela Diretoria Executiva, com valor total de R$3.423.899,46, não tiveram os recursos repassados:

66

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

Tabela 13Conselho Municipal ou

EstadualUF Convênio Instituição Valor na planilha

eletrônica (R$)Valor aprovado pela

DE (R$)

Boca da Mata AL 6000.0038365.07.4Instituto Girassol De Desenvolvimento Social

90.000,00 90.000,00

Capela AL 6000.0038367.07.4Associação Comunitária Dos Moradores De Capela

90.000,00 90.000,00

Coruripe AL 6000.0038368.07.4 Associação Renascer 90.000,00 90.000,00

Estado de Alagoas AL 6000.0038438.07.4Secretaria Estadual Dos Direitos Humanos

249.624,00 249.624,00

Flexeira AL 6000.0038369.07.4Clube De Mães E Senhoras De Flexeiras

90.000,00 90.000,00

Marechal Deodoro AL 6000.0038370.07.4 Centro De Formação Santa Rosa De Lima

90.000,00 90.000,00

Penedo AL 6000.0038371.07.4 Escola Profissional Lar De Nazaré

90.000,00 90.000,00

Pilar AL 6000.0038372.07.4Associação Socio-Educativa De Pilar - Assep

90.000,00 90.000,00

São Miguel dos Campos AL 6000.0038373.07.4Associação De Desenvolvimento Comunitário

90.000,00 55.591,12

Camaçari BA 6000.0038376.07.4União Das Organizações Sociais E Culturais De Camaçari

90.000,00 90.000,00

Itapetinga BA 6000.0038430.07.4 Apae De Itapetinga 268.000,00 268.000,00

Itororó BA 6000.0038431.07.4Associação Dos Artesãos E Artífices Do Município De Itororó

256.000,00 250.000,00

Estado da Paraíba PB 6000.0038443.07.4 Casa Pequeno Davi 497.471,00 497.471,00

Recife PE 6000.0038408.07.4Clube De Mães Dos Moradores Do Alto Do Refúgio

485.650,21 527.956,44

Barra dos Coqueiros SE 6000.0038421.07.4 Instituto Nossa Gente 90.000,00 90.000,00

Capela SE 6000.0038422.07.4Associação Musical Lira Nossa Senhora Da Purificação

90.000,00 90.000,00

Estado de Sergipe SE 6000.0038488.07.4 Fundação Renascer Do Estado De Sergipe

485.256,90 485.256,90

Moita Bonita SE 6000.0038437.07.4Associação Comunitária De Moita Bonita

100.000,00 100.000,00

Siriri SE 6000.0038428.07.4Associação Comunitária De Siriri - Ascosi

90.000,00 90.000,00

3.422.002,11 3.423.899,46 Total

Verificação de existência de favorecimento

Para investigar eventual direcionamento dos recursos destinados ao FIA, realizamos, para os anos de 2003 a 2008, estudo comparativo dos partidos cujos governantes eram detentores de mandato nos municípios e estados que tiveram conselhos beneficiados.

67

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

Utilizaram-se dois critérios. No primeiro, considera-se o partido do governante eleito e, no segundo, a coligação partidária vencedora, para pontuação e comparação das participações dos quatro principais partidos brasileiros.Os dados utilizados no estudo foram retirados da planilha recebida da Petrobras com indicação de municípios, projetos contemplados e valores. Registrou-se, em momento anterior, a ocorrência de diversas inconsistências, tais como entre os valores lá constantes, os aprovados pela Diretoria Executiva e o fluxo de pagamentos extraído do sistema SAP-R3 da Companhia. Por não comprometerem a análise e serem representativos, os dados da planilha foram utilizados sem risco para as conclusões a serem emitidas.

Análise do partido do governante

Metodologia adotada

I. Com as informações de repasses anuais da empresa aos municípios/estados selecionados, foram realizadas por ano as seguintes operações:

1. Pesquisa do partido vencedor e do número de habitantes de cada município/estado brasileiro, com dados do Tribunal Superior Eleitoral e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, respectivamente.2. Para cada um dos quatro maiores partidos, Partido dos Trabalhadores - PT, Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB, Partido da Frente Liberal – PFL, hoje Democratas, e Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, realizou-se cálculo do número de governantes nos municípios/estados recebedores.3. Para cada partido, calculou-se o total de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados com governantes eleitos.4. Cálculo do número de municípios/estados com governantes eleitos para cada partido.5. Cálculo do volume de recursos médio por partido. Volume de recursos médio = volume de recursos recebidos (3)/número de governantes eleitos (4).6. Cálculo do total de habitantes de municípios/estados recebedores cujos governantes eram do partido.7. Cálculo, por partido, da razão entre o total de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados e o total de habitantes de municípios/estados recebedores. Volume de recursos por habitante (7) = (3)/(6).

II. Repetiu-se a análise para os anos de 2007 e de 2008, com a exclusão dos municípios indicados pelas comissões do FIA. Para os estados não há a separação, visto que os repasses desses anos a estados foram todos selecionados pela Comissão do FIA.

Resultados da análise de municípios

Sem a exclusão dos municípios indicados pelas comissões do FIA:

68

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

Tabela 14

Ano Partido

Número de municípios

recebedores cujos

governantes eram do

partido (2)

Total de recursos

destinados a conselhos de municípios

cujos prefeitos eleitos eram do

partido (3)

Número de municípios brasileiros

cujos prefeitos eleitos eram do

partido (4)

Comparativo de municípios administrados pelo partido

em relação ao total de

municípios administrados

por um dos quatro partidos considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume de

recursos médio

Total de habitantes de municípios recebedores

cujos governantes

eram do partido (6)

Volume de recursos

por habitante

(7) = (3)/(6)

Comparativo do item

"recursos por habitante"

PT 34 10.185.000,00 187 5% 54.465,24 88% 22.123.844 0,46 7%PSDB 14 2.300.000,00 989 29% 2.325,58 4% 693.073 3,32 47%PFL 13 2.200.000,00 1.026 30% 2.144,25 3% 3.577.297 0,61 9%PMDB 24 4.016.000,00 1.256 36% 3.197,45 5% 1.506.533 2,67 38%PT 29 3.004.000,00 187 5% 16.064,17 83% 9.510.776 0,32 19%PSDB 19 1.120.000,00 989 29% 1.132,46 6% 1.685.088 0,66 40%PFL 10 650.000,00 1.026 30% 633,53 3% 3.281.738 0,20 12%PMDB 24 1.890.000,00 1.256 36% 1.504,78 8% 4.015.263 0,47 29%PT 42 7.714.682,31 410 13% 18.816,30 64% 11.974.646 0,64 14%PSDB 22 2.136.563,30 869 28% 2.458,65 8% 2.533.220 0,84 19%PFL 22 2.778.231,80 788 25% 3.525,67 12% 1.621.796 1,71 38%PMDB 34 5.026.807,13 1.058 34% 4.751,24 16% 3.805.726 1,32 29%PT 35 6.291.946,98 410 13% 15.346,21 57% 10.527.631 0,60 13%PSDB 27 2.804.159,00 869 28% 3.226,88 12% 15.571.269 0,18 4%PFL 21 2.543.882,50 788 25% 3.228,28 12% 926.980 2,74 59%PMDB 44 5.521.290,07 1.058 34% 5.218,61 19% 4.810.682 1,15 25%PT 32 5.038.324,16 410 13% 12.288,60 58% 10.073.753 0,50 18%PSDB 16 1.874.042,28 869 28% 2.156,55 10% 12.790.235 0,15 5%DEM 15 1.882.754,71 788 25% 2.389,28 11% 1.776.703 1,06 38%PMDB 35 4.443.983,50 1.058 34% 4.200,36 20% 4.015.218 1,11 39%PT 32 6.543.891,22 410 13% 15.960,71 66% 9.718.796 0,67 10%PSDB 16 2.560.929,11 869 28% 2.946,98 12% 1.637.370 1,56 24%DEM 13 1.711.592,85 788 25% 2.172,07 9% 762.991 2,24 35%PMDB 24 3.395.593,47 1.058 34% 3.209,45 13% 1.756.014 1,93 30%

2003

2004

2005

2006

2007

2008 Com a exclusão dos municípios indicados pelas comissões do FIA:

Tabela 15

Ano Partido

Número de municípios

recebedores cujos

governantes eram do

partido (2)

Total de recursos

destinados a conselhos de municípios

cujos prefeitos eleitos eram do

partido (3)

Número de municípios brasileiros

cujos prefeitos eleitos eram do

partido (4)

Comparativo de municípios administrados pelo partido

em relação ao total de

municípios administrados

por um dos quatro partidos considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume

de recursos médio

Total de habitantes de municípios recebedores

cujos governantes

eram do partido (6)

Volume de recursos

por habitante

(7) = (3)/(6)

Comparativo do item

"recursos por habitante"

PT 19 3.074.821,48 410 13% 7.499,56 56% 8.409.567 0,37 16%PSDB 11 1.446.042,28 869 28% 1.664,03 12% 12.652.721 0,11 5%DEM 11 1.142.754,71 788 25% 1.450,20 11% 1.591.944 0,72 32%PMDB 25 2.891.414,00 1.058 34% 2.732,91 20% 2.751.874 1,05 47%PT 25 4.705.241,22 410 13% 11.476,20 59% 8.991.218 0,52 8%PSDB 13 2.321.902,55 869 28% 2.671,92 14% 1.549.382 1,50 24%DEM 12 1.616.442,85 788 25% 2.051,32 11% 731.856 2,21 36%PMDB 24 3.395.593,47 1.058 34% 3.209,45 17% 1.756.014 1,93 31%

2007

2008

Resultados da análise de estados

De 2003 a 2006, os repasses a estados ocorreram apenas para o Piauí, nos 4 anos, e para o Pará, em 2004, ambos governados pelo PT.

69

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

Tabela 16Ano UF Valor Coligação Partido

2003 PI R$ 1.000.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PTPI R$ 600.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PTPA R$ 60.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT

2005 PI R$ 1.250.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT2006 PI R$ 1.380.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT

2004

Segue-se a exposição de recursos repassados para estados em 2007 e 2008. A análise não é separada com a constituição das comissões do FIA, pois todos os repasses a estados, a partir de então, foram por ela analisados.

Tabela 17

Ano Partido

Número de estados

recebedores cujos

governadores eram do

partido (2)

Total de recursos

destinados a conselhos de estados cujos governadores eleitos eram do partido (3)

Número de estados cujo governador

era do partido (4)

Comparativo de estados

administrados pelo partido em relação ao total de estados administrados por

um dos quatro partidos

considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume de

recursos médio

Total de habitantes de estados

recebedores cujos

governantes eram do

partido (6)

Volume de recursos por habitante (7)

= (3)/(6)

Comparativo do item

"recursos por

habitante"

PT 3 1.339.408,90 5 26% 267.881,78 46% 19.802.368 0,068 48%PSDB 5 1.508.148,60 6 32% 251.358,10 43% 38.295.377 0,039 28%DEM 0 - 1 5% - 0% - - 0%PMDB 2 440.380,00 7 37% 62.911,43 11% 13.046.745 0,034 24%PT 3 2.141.823,63 5 26% 428.364,73 37% 18.473.821 0,116 32%PSDB 4 2.843.504,94 6 32% 473.917,49 41% 35.139.269 0,081 22%DEM 0 - 1 5% - 0% - - 0%PMDB 4 1.730.095,80 7 37% 247.156,54 22% 10.533.117 0,164 45%

2007

2008

Análise da coligação partidária do governante

Metodologia adotada

I. Com as informações sobre os repasses anuais da empresa aos municípios selecionados, foram realizadas por ano as seguintes operações:

1. Pesquisa da coligação partidária vencedora e do número de habitantes de cada município/estado brasileiro, com dados do Tribunal Superior Eleitoral e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, respectivamente.2. Para cada um dos quatro maiores partidos – PT, PSDB, PFL e PMDB –, identificou-se o número de participações em coligações vencedoras em municípios/estados recebedores de recursos do FIA.3. Soma de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados cuja coligação vencedora envolvia a participação dos partidos.4. Para cada partido, cálculo do número de participações em coligações vencedoras no Brasil.5. Cálculo do volume de recursos médio por partido. Volume de recursos médio = volume de recursos recebidos (3)/número de participações em coligações vencedoras no Brasil (4).6. Cálculo do total de habitantes de municípios/estados recebedores cuja coligação partidária eleita continha o partido.7. Cálculo, por partido, da razão entre o total de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados e o total de habitantes de municípios/estados recebedores. Volume de recursos por habitante (7) = (3)/(6).

70

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

II. Repetiu-se a análise para os anos de 2007 e de 2008, com a exclusão dos municípios indicados pela Comissão do FIA. Para os estados, não há a separação, visto que os repasses desses anos a estados foram todos selecionados pela Comissão FIA. Resultados da análise de municípios

Sem a exclusão dos municípios indicados pelas comissões do FIA:

Tabela 18

Ano Partido

Número de participações

em coligações vencedoras

em municípios

recebedores (2)

Soma dos recursos

recebidos por conselhos de

municípios cuja coligação vencedora envolvia a

participação do partido (3)

Número de participações

em coligações vencedoras no Brasil (4)

Comparativo de participação do partido em

coligações vencedoras em

relação ao total de

coligações vencedoras

integradas por pelo menos um

dos quatro partidos

considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume

de recursos médio

Total de habitantes de municípios recebedores

cuja coligação partidária

eleita continha o partido (6)

Volume de recursos

por habitante

(7) = (3)/(6)

Comparativo do item

"recursos por habitante"

PT 55 12.285.000,00 753 10% 16.314,74 68% 24.694.192 0,50 16%PSDB 52 5.950.000,00 2.160 29% 2.754,63 12% 4.658.295 1,28 41%PFL 39 5.066.000,00 2.257 30% 2.244,57 9% 9.058.959 0,56 18%PMDB 49 6.151.000,00 2.393 32% 2.570,41 11% 7.959.422 0,77 25%PT 50 4.264.000,00 753 10% 5.662,68 75% 11.294.430 0,38 21%PSDB 56 3.510.000,00 2.160 29% 1.625,00 21% 5.080.967 0,69 39%PFL 39 3.130.000,00 2.257 30% 1.386,80 18% 9.069.940 0,35 19%PMDB 53 3.960.000,00 2.393 32% 1.654,83 22% 10.675.337 0,37 21%PT 70 11.173.798,67 1.631 19% 6.850,89 32% 14.123.169 0,79 20%PSDB 88 11.377.176,61 2.227 26% 5.108,75 24% 11.920.523 0,95 24%PFL 79 9.415.352,66 2.245 27% 4.193,92 20% 9.619.821 0,98 24%PMDB 87 12.239.638,43 2.348 28% 5.212,79 24% 9.423.432 1,30 32%PT 60 10.470.135,08 1.631 19% 6.419,46 76% 12.586.815 0,83 27%PSDB 75 9.441.489,94 2.227 26% 4.239,56 50% 24.125.285 0,39 13%PFL 65 11.170.145,65 2.245 27% 4.975,57 59% 18.403.656 0,61 19%PMDB 87 12.762.804,62 2.348 28% 5.435,61 64% 9.839.084 1,30 41%PT 64 8.804.867,25 1.631 19% 5.398,45 31% 12.124.769 0,73 26%PSDB 72 8.980.762,24 2.227 26% 4.032,67 23% 19.712.752 0,46 16%DEM 61 7.614.876,39 2.245 27% 3.391,93 20% 17.129.456 0,44 16%PMDB 83 10.321.699,00 2.348 28% 4.395,95 26% 8.727.620 1,18 42%PT 59 10.517.728,29 1.631 19% 6.448,64 76% 11.248.462 0,94 17%PSDB 62 9.651.402,13 2.227 26% 4.333,81 51% 6.485.385 1,49 28%DEM 49 8.156.738,86 2.245 27% 3.633,29 43% 6.420.035 1,27 24%PMDB 61 10.301.275,95 2.348 28% 4.387,26 52% 6.041.756 1,71 32%

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Com a exclusão dos municípios indicados pelas comissões do FIA:

Tabela 19

71

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

Ano Partido

Número de participações

em coligações vencedoras

em municípios

recebedores (2)

Soma dos recursos

recebidos por conselhos de

municípios cuja coligação vencedora envolvia a

participação do partido (3)

Número de participações

em coligações vencedoras no Brasil (4)

Comparativo de participação do partido em

coligações vencedoras em

relação ao total de

coligações vencedoras

integradas por pelo menos um

dos quatro partidos

considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume de

recursos médio

Total de habitantes de municípios recebedores

cuja coligação partidária

eleita continha o partido (6)

Volume de recursos

por habitante

(7) = (3)/(6)

Comparativo do item

"recursos por habitante"

PT 39 5.552.763,66 1.631 19% 3.404,51 28% 9.971.009 0,56 24%PSDB 53 7.077.762,24 2.227 26% 3.178,16 27% 19.118.241 0,37 16%DEM 42 5.539.973,70 2.245 27% 2.467,69 21% 16.621.239 0,33 14%PMDB 58 6.862.028,60 2.348 28% 2.922,50 24% 6.519.919 1,05 46%PT 50 8.523.428,29 1.631 19% 5.225,89 31% 10.474.717 0,81 16%PSDB 56 9.133.705,97 2.227 26% 4.101,35 24% 6.301.804 1,45 28%DEM 44 7.739.288,86 2.245 27% 3.447,34 20% 6.323.297 1,22 24%PMDB 58 10.051.756,35 2.348 28% 4.280,99 25% 5.965.971 1,68 33%

2007

2008

Resultados da análise de estadosDe 2003 a 2006, os repasses a estados ocorreram apenas para o Piauí, nos 4 anos, e para o Pará, em 2004, ambos com coligações integradas apenas pelo PT, considerados apenas os quatro partidos analisados.

Tabela 20Ano UF Valor Coligação Partido

2003 PI R$ 1.000.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PTPI R$ 600.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PTPA R$ 60.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT

2005 PI R$ 1.250.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT2006 PI R$ 1.380.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT

2004

Segue-se a exposição de recursos repassados para estados em 2007 e 2008. A análise não é separada com a constituição das comissões do FIA, pois todos os repasses a estados, a partir de então, são por ela analisados.

Tabela 21

Ano Partido

Número de participações

em coligações vencedoras em estados recebedores

(2)

Total de recursos

recebidos por conselhos de estados cuja

coligação vencedora envolvia a

participação do partido (3)

Número de participações

em coligações vencedoras no Brasil (4)

Comparativo de participação do

partido em coligações

vencedoras em relação ao total de

coligações vencedoras

integradas por pelo menos um dos quatro partidos considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume de

recursos médio

Total de habitantes de estados

recebedores cuja

coligação partidária

eleita continha o partido (6)

Volume de recursos por habitante (7)

= (3)/(6)

Comparativo do item

"recursos por

habitante"

PT 4 1.766.545,90 13 27% 135.888,15 19% 28.350.177 0,062 29%PSDB 7 2.136.890,34 10 21% 213.689,03 30% 46.582.175 0,046 21%DEM 6 1.884.066,60 12 25% 157.005,55 22% 40.501.459 0,047 22%PMDB 8 2.700.135,63 13 27% 207.702,74 29% 45.036.006 0,060 28%PT 5 4.084.652,45 13 27% 314.204,03 23% 30.159.171 0,135 31%PSDB 6 3.538.999,06 10 21% 353.899,91 26% 40.986.966 0,086 20%DEM 8 5.015.954,94 12 25% 417.996,25 30% 45.280.709 0,111 25%PMDB 8 3.867.923,23 13 27% 297.532,56 22% 37.346.591 0,104 24%

2007

2008

Análise dos DadosPara permitir melhor compreensão dos dados, fez-se estudo da destinação dos recursos para os conselhos municipais e estaduais, considerando tanto o partido político do gestor quanto a coligação partidária que sustentou a eleição. O volume total de recursos e o valor por habitante transferido foram os outros critérios utilizados para

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

determinar o quanto, indiretamente, bandeiras políticas determinadas tiveram participação nos recursos distribuídos pela Petrobras. Aos conselhos estaduais, verifica-se que de 2003 a 2006 foram realizados poucos repasses, concentrados em estados geridos pelo PT (Tabela 16). Já em 2007 e 2008, os repasses acompanharam a representatividade nacional dos partidos (Tabelas 17 e 21).Para facilitar, a análise dos repasses a conselhos municipais foi dividida em três momentos. No primeiro, em 2003 e 2004, apenas 5% dos municípios, considerados apenas os municípios administrados por um dos quatro partidos analisados, eram administrados pelo PT (Tabela 14). Se considerarmos a coligação em que aparece a referida agremiação política, esse número sobe para 10% (Tabela 18). Entre os conselhos contemplados com recursos do FIA, aqueles ligados a municípios geridos pelo PT receberam o maior volume absoluto de recursos, no total de R$10.185.000,00 e R$3.004.000,00 (Tabela 14). Quando se considera a coligação, esses números passam a R$12.285.000,00 e R$4.264.000,00 (Tabela 18). O fato de a soma das participações dos quatro partidos em coligações vencedoras ser maior que o número de municípios brasileiros deve-se à possibilidade de presença de dois ou mais desses partidos numa mesma coligação.No mesmo período, considerados apenas os quatro partidos analisados, 29% dos municípios do País eram administrados pelo PSDB, mesmo percentual de coligações que o incluíam. Os recursos destinados para conselhos de municípios com essa bandeira política somaram R$2.300.000,00 e R$1.120.000,00 (Tabela 14). Se considerarmos a participação na coligação, esses valores aumentam, respectivamente, para R$5.950.000,00 e R$3.510.000,00 (Tabela 18). Para interpretar esses números, que parecem demonstrar forte direcionamento de recursos a conselhos de prefeituras do PT, é preciso acrescentar aos critérios utilizados a população dos municípios contemplados. Assim, as prefeituras ligadas ao PT, nos respectivos períodos, considerados apenas os quatro partidos analisados, receberam, por habitante, 7% e 19% dos recursos disponibilizados. Às do PSDB, destinaram-se, na mesma sequência, 47% e 40%. Em segundo momento, nos anos de 2005 e 2006, com novo quadro político, após as eleições de 2004, considerados apenas os quatro partidos analisados, 13% dos municípios eram administrados pelo PT, que compunha, no mesmo período, 19% das coligações vencedoras. Os conselhos de municípios geridos pela referida agremiação política receberam R$7.714.682,31 e R$6.291.946,98, respectivamente. Esse valor é muito maior que o destinado a conselhos de municípios geridos pelo PSDB, que detinha 26% dos municípios, nos valores de R$2.136.636,30 e R$2.804.159,00 (Tabela 14). Considerando a coligação partidária, os conselhos de municípios geridos por coligação integrada pelo PT participam com o maior volume médio das doações da Companhia, com R$6.850,89 e R$6.419,46, no período, bem maior que o do PSDB, com R$5.108,75 e R$4.239,56 (Tabela 18).Adicionando-se, na análise, o critério populacional, por habitante, os conselhos de municípios geridos pelo PT, no mesmo período, considerados apenas os quatro partidos analisados, participaram com 14% e 13% dos recursos disponibilizados. Para os conselhos de municípios geridos pelo PSDB, os recursos disponibilizados, por habitante, representam 19% e 4%. A partir de 2007, a Petrobras alterou a forma de destinação dos recursos, com a criação da Comissão FIA-2007, composta por oito membros, sendo seis representantes de instituições públicas e da sociedade civil, a exemplo do Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência – UNICEF. Essa Comissão passou a ser responsável pela destinação de parte dos recursos doados pela Companhia ao fundo. Nesse ano, dos R$40.313.000,00 aprovados pela Diretoria Executiva, a referida Comissão selecionou projetos e entes beneficiados no correspondente a R$16.656.500,00. Em 2008, os repasses designados pela referida Comissão chegaram a R$25.903.663,28, de um total de R$0.000.000,00.

73

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Com a mudança da sistemática de escolha dos municípios a serem beneficiados com recursos do FIA, os números mostram que as coligações vencedoras, em que houve a participação do PT, tiveram uma redução no volume médio de recursos recebidos em relação aos demais partidos, inclusive os de oposição. Entretanto, permanecem, na procura por partido, com os maiores volumes absolutos de recursos recebidos os municípios cujos gestores pertenciam à bandeira política do PT. Em 2007, excluindo-se os valores destinados pela Comissão, os municípios geridos pelo PT receberam, em valores absolutos, R$3.074.821,48, enquanto os de gestão do PSDB foram beneficiados com R$1.446.042,48. O volume médio de recursos para cada um, na ordem, é de R$7.499,56 e R$1.664,03 (Tabela 15). No ano seguinte, também excluídos os valores destinados pela Comissão, os municípios geridos pelo PT receberam, em valores absolutos, R$4.705.241,22, enquanto os de gestão do PSDB foram beneficiados com R$2.321.902,55. Nesse critério, o volume médio de recursos para cada um, nessa ordem, é de R$11.476,20 e R$2.671,92 (Tabela 15).Utilizando-se o critério populacional, nos anos de 2007 e 2008, os conselhos de municípios geridos pelo PT foram contemplados, considerados apenas os quatro partidos analisados, por habitante, 16% e 8% dos recursos disponíveis, enquanto os ligados ao PSDB participaram com 5% e 24%, respectivamente.Sem excluir, no cálculo, os recursos destinados pela Comissão, em 2007 e 2008, os municípios em que as coligações vencedoras contêm a participação do PT receberam de volume médio R$12.288,60 e R$15.960,71, enquanto os ligados ao PSDB receberam R$2.156,55 e R$2.949,98. Em valores absolutos, tem-se R$5.038.324,16 e R$6.543.891,22 para municípios geridos pelo PT e R$1.874.042,28 e R$2.560.929,11 para os de gestão do PSDB, respectivamente (Tabela 14). Utilizando-se o critério populacional, há pequenas mudanças no quadro de distribuição dos recursos, mas coerente com o entendimento formulado com a exclusão da Comissão, anteriormente apresentado.Ressalte-se, a título comparativo, que o PT e o PSDB aparecem, respectivamente, entre 2005 e 2008, como partidos vencedores em 13% e 28% dos municípios administrados por um dos quatro partidos analisados (Tabela 14). Apontando-se para a coligação, os números passam para 19% e 26%, nessa ordem, em que a gestão contém uma das referidas agremiações políticas (Tabela 18).

ConclusãoA consolidação e a sistematização dos dados disponibilizados pela Petrobras permitiram à Equipe de Auditoria realizar estudo criterioso, mesmo com as inconsistências verificadas, que, no caso, não impactaram o cerne das constatações a serem registradas.Considerado o volume de recursos repassados, o estudo demonstra, no período avaliado, de 2003 a 2008, que os conselhos municipais de cidades geridas pelo PT receberam maiores volumes absoluto e médio de recursos, quando comparados com os demais partidos, mesmo se a referência for o PMDB, que tem o controle da maior quantidade de municípios.Frise-se que o contexto de avaliação considera apenas quatro partidos. Enquanto o PT detinha a gestão de 5% e 13%, respectivamente, de 2003 a 2004 e de 2005 a 2008, dos municípios, o PSDB geria 29% e 28%, nos mesmos períodos. Já o PFL, atual Democratas, e o PMDB controlavam, nos mesmos períodos e na ordem, 30% e 25%, e 36% e 34%.À interpretação do quadro, que indicaria direcionamento, deve-se acrescentar o critério populacional para averiguar a destinação dos recursos da Petrobras. Assim, os conselhos ligados aos municípios ligados ao PT receberam, por habitante, consideradas apenas as quatro agremiações políticas, ou o menor ou segundo menor volume de recursos, no período avaliado. Nesse critério, os conselhos de municípios ligados ao

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PSDB aparecem ora como o maior contemplado ora como o menor, a exemplo de 2003 e 2006.No acumulado de 2003 a 2008, considerados todos os repasses anuais, os conselhos municipais receberam, conforme a bandeira política, os seguintes valores absolutos:

Tabela 22

PartidoValores Absolutos (R$)

PT 38.777.844,67 PSDB 12.795.693,69 PFL/DEM 11.766.461,86 PMDB 24.293.674,17

Verifica-se superioridade dos valores recebidos pelos Conselhos Municipais ligados ao PT, a despeito de essa bandeira deter a gestão de menor quantidade de municípios. Essa tendência também se confirma se o foco de análise ocorrer no critério coligação partidária.

No mesmo período, de 2003 a 2008, considerado o critério populacional para a transferência de recursos, tem-se, por habitante, a seguinte distribuição de recursos aos conselhos municipais ligados às quatro bandeiras políticas:

Tabela 23

Partido

Volume de Recursos por Habitante (R$)

PT 3,19PSDB 6,72PFL/DEM 8,57PMDB 8,65

Vê-se, nesse critério, que os conselhos dos municípios ligados ao PT receberam o menor volume de recursos, enquanto que os do PMDB foram os maiores contemplados.A doação dos recursos depende de aprovação da Diretoria Executiva do plano de aplicação elaborado pela Comunicação. Antes, porém, a Companhia formula consulta aos Conselhos Municipais para que se manifestem sobre o interesse em receber recursos, devendo encaminhar projetos para avaliação e seleção.A seleção dos projetos envolve o atendimento a um conjunto de critérios, dentre os quais ações que atendam, entre outros, os seguintes direcionamentos, sempre tendo, como norte, a busca da garantia dos direitos da criança e do adolescente:a) projetos desenvolvidos no entorno das Unidades de Negócio;b) projetos que receberam doações em anos anteriores;c) projetos em municípios considerados em área de pobreza, segundo indicadores do IBGE, do IPEA e das Nações Unidas (Índice de Desenvolvimento Humano – IDH);d) projetos de metodologias inovadoras;e) projetos alinhados com as diretrizes prioritárias do Programa Petrobras Fome Zero.A existência de critérios é importante, mas não é garantia contra o direcionamento de recursos a conselhos municipais de bandeiras políticas determinadas. A partir de 2007, para dar destino a parte dos recursos do FIA, foi criada comissão com participação de membros externos (seis do total de oito). A nova sistemática não significou alteração no perfil partidário dos conselhos municipais contemplados.Não se deve deixar de lembrar que a Petrobras, a partir do referido ano, passou a adotar, como áreas de influência - critério importante utilizado para doações de recursos - as mapeadas pelo Programa de Olho no Ambiente e indicadas segundo as regiões de interesse das Unidades de Negócio e Gerências de Atendimento e

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Articulação Regionais da Comunicação Institucional. Em momento anterior, essa definição estava mais solta.Por fim, a Equipe de Auditoria, com base nos estudos e informações disponibilizadas, não tem elementos conclusivos que permitem emitir opinião pela existência de direcionamento na distribuição de recursos do FIA para bandeiras partidárias. Pode afirmar, todavia, que além de, em número, serem os mais escolhidos, os conselhos municipais ligados ao PT receberam a maior soma de dinheiro, ao passo que, considerando a população das cidades, foram contemplados com o menor volume de recursos, por habitante.

2.10.7 - Proposta de encaminhamento: Comunicar à Diretoria Executiva da Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras) sobre as seguintes diferenças entre as informações sobre conselhos de entes recebedores e valores a serem repassados, constantes de suas atas 4.620/2006, de 15/12/2006, e 4.674/2007, de 14/12/2007, e as informações de repasses efetivados pela Companhia ao Fundo para Infância e Adolescência (FIA):

a) ano de 2006:

a.1) não efetivação dos repasses indicados na Tabela 4, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva;a.2) repasse de recursos para dois projetos, no valor total de R$220.000,00, que não constavam do Plano FIA 2006, aprovado pela Diretoria Executiva (Tabela 5);a.3) repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$387.913,56, conforme a Tabela 6;

b) ano de 2007:

b.1) não efetivação dos repasses aprovados pela Diretoria Executiva para os conselhos dos Estados do Pará, de Rondônia e de Tocantins, nos valores, respectivos, de R$249.800,00, R$466.295,00 e R$390.000,00;b.2) não efetivação dos repasses indicados na Tabela 10, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva;b.3) repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$760.322,00, conforme a Tabela 11;b.4) repasses em valores inferiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$168.537,50, conforme a Tabela 12;b.5) não efetivação dos repasses indicados na Tabela 13, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva.

3 - ACHADOS NÃO DECORRENTES DA INVESTIGAÇÃO DE QUESTÕES DE AUDITORIA3.1 - Inexistência de adequada formalização nos processos de contratação de patrocínio e nos processos de convênio.3.1.1 - Situação encontrada: Solicitados, pela equipe de fiscalização, processos de contratação de patrocínio e de convênios celebrados pela Gerência Executiva de Comunicação Institucional, a Petrobras entregou cópias de parte desses processos. A equipe solicitou, por meio do Ofício de Requisição nº 3, o original dos mesmos processos, a fim de que verificasse a presença de todos os documentos.A Petrobras entregou o material dentro de pastas plásticas, tendo, em folha inicial, rol da documentação contida nelas. Nessa documentação não havia numeração seqüencial e rubricada das páginas ou outra marcação que significasse que a documentação estava completa e que ela pertencia àquela contratação ou àquele convênio.3.1.2 - Objetos nos quais o achado foi constatado:

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Contratos:

612.2.010.03.6/2003Patrocínio ao projeto “Petrobras 50 anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos”.Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia).Valor R$1.752.000,00.

612.2.026.03.8/2003Patrocínio ao projeto “Construção do Parque da Sementeira”. Entidade: Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia)Valor R$2.000.000,00.

610.2.091.03.5/2003Patrocínio ao projeto "Movimento Lúdico - Recriando Caminhos". Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$581.723,00.

610.2.238.03.3/2003 Patrocínio ao projeto “Inclusão Social e Geração de Renda pela Coleta Seletiva e Reciclagem”. Entidade: Associação Vira Lata.Valor R$614.625,96.

6000.0003631.04.2/2004Patrocínio ao projeto "Ação Afirmativa, Atitude Positiva". Entidade: Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).Valor R$536.526,00.

6000.0001124.04.2/2004Patrocínio ao projeto "Geração Vida Heliópolis. União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas).Valor R$432.431,22.

6000.0008670.04.2/2004Patrocínio ao projeto "Resgatando a Cidadania".Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$181.200,00.

6000.0007829.04.2/2004Patrocínio ao projeto "Recriando Caminhos 2005". Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$793.713,92.

6000.0014249.05.2/2005Patrocínio ao projeto "Ação Afirmativa, Atitude Positiva: Seu sonho é nossa luta." Entidade: Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).Valor R$793.155,00.

6000.0010762.05.2/2005 Patrocínio ao projeto "Saber Transformar". Entidade: Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol).

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Valor R$350.000,00.

6000.0012317.05.2/2005Patrocínio ao projeto "Semana Cultural da Mulher e do Desenvolvimento Brasil-China".Entidade: Confederação das Mulheres do Brasil.Valor R$100.000,00.

6000.0011616.05.3/2005Patrocínio ao projeto “Organização - Cadeia Produtiva do Biodiesel e as Relações de Trabalho – 2005”.Entidade: Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$48.000,00.

6000.0025934.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Ação Afirmativa, Atitude Positiva: Seu Sonho é Nossa Luta". Entidade: Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).Valor R$1.697.730,14.

6000.0021294.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Geração Vida Heliópolis - Trilhas Urbanas”.Entidade: União dos Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis (Unas).Valor R$475.674,34.

6000.0020725.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Saber Transformar – 2006”.Entidade: Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol).Valor R$350.000,00.

6000.0024878.06.2/2006 Patrocínio ao projeto "Segurança Alimentar e Geração de Renda da Comunidade de Campinhos - Tucano – BA”. Entidade: Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$85.438,84.

6000.0019188.06.2/2006Patrocínio ao projeto “Recriando Caminhos 2006”. Entidade: Missão Criança Aracaju.Valor R$894.611,48.

6000.0019214.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Vira Lata". Entidade: Associação Vira Lata.Valor R$870.608,00.6000.0021293.06.2/2006Patrocínio ao projeto “Fortalecimento e consolidação das oito organizações de catadores que integram a Rede de Economia Solidária da unidade de reciclagem de plástico e da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Ibirité”. Entidade: Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare).Valor R$1.479.992,30. 6000.0019168.06.2/2006 Patrocínio ao projeto “Encontro Estadual de Sem Terrinhas”.Entidade: Associação de Cooperação Agrícola no Estado de Goiás (Ascaeg).Valor R$54.660,00.

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6000.0025849.06.2/2006Patrocínio ao projeto "Escola para Mulheres Alice Tibiriçá". Entidade: Confederação das Mulheres do Brasil.Valor R$608.000,00.

6000.0031731.07.2/2007 Patrocínio ao projeto "Recriando Caminhos 2007". Entidade: Instituto Recriando (antigo Missão Criança Aracaju)Valor R$770.649,64.

Convênios:

6000.0007055.04.4/2004 Projeto "Todas as Letras". Entidade: Central Única dos Trabalhadores (CUT).Valor R$7.334.952,87.

6000.0017248.05.4/2006 Projeto "Todas as Letras – 2ª Etapa". Entidade: Central Única dos Trabalhadores (CUT).Valor R$8.795.978,75.

6000.0032085.07.4/2007 Projeto "Todas as Letras - 3ª Etapa". Entidade: Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS).Valor R$9.899.788,01.

6000.0031986.07.4/2007 Projeto "Qualificação Profissional e Desenvolvimento dos Sistemas de Produção de Oleaginosas para a Produção de Biodiesel a Nível de Agricultura Familiar nos Estados da Bahia, Ceará e Minas Gerais”.Entidade: Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz (Ifas).Valor R$4.000.000,00.

3.1.3 - Causas da ocorrência do achado: Deficiência de controles.

3.1.4 - Efeitos/Conseqüências do achado: Risco potencial de erro ou fraude por extravio ou substituição indevida de documentos arquivados no processo.

3.1.5 - Critérios: Acórdão nº 233/2001 - TCU - Plenário, item 8.5, d.Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999, art. 2º, § único, inciso I; art. 22, § 4º.

3.1.6 - Evidências: Cópias dos processos de contratação sem numeração das páginas (os originais foram vistos durante a execução da fiscalização) (folhas 251/449 do Anexo 2 - Volume 1)Solicitação dos originais dos contratos de patrocínio e dos convênios. (folhas 68/71 do Volume Principal)Resposta à solicitação da equipe. (folhas 106/121 do Volume Principal)

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3.1.7 - Esclarecimentos dos responsáveis: Segundo o interlocutor da equipe, a Petrobras não tem todos os documentos em papel, alguns são eletrônicos, como a liberação para que seja efetivado o pagamento de determinada parcela, a planilha de custos dos patrocínios enviada à Secom para aprovação pela Diretoria da Secom e o relatório de atividades. Ainda, segundo o interlocutor, o “rito” da Petrobras é diferente: os papéis não estão na ordem cronológica, mas, sim, separados por finalidade, como pareceres, contratos com anexos e aditivos, relatórios de atividades e medição.

3.1.8 - Conclusão da equipe: Inicialmente, cabe comentar que a equipe de fiscalização recebeu cópias dos processos de contratação e de convênio, com ausência de diversos documentos, tais como pareceres jurídicos, estatutos das contratadas, certidões de regularidade fiscal e, no caso de patrocínio, planilhas aprovadas pela Secom. Solicitados os originais, também houve falta de documentos, tais como os mencionados anteriormente. Os pareceres jurídicos dos contratos 612.2.010.03.6, 612.2.026.03.8, 6000.0011616.05.3 também não foram entregues durante a fase de execução nem enviados ao Tribunal na fase de relatório.Para esclarecer a importância da formalização do processo administrativo, tem-se o caso do Contrato 6000.0024878.06.2, 9/10/2006, em que os relatórios periódicos apresentados pela contratada estavam escritos à mão o período a que se referiam. Pela leitura do conteúdo, verificou-se que o relatório periódico assinalado como "RM1 - OUT/2006 a AGO/2007", na verdade, correspondia às atividades do período posterior ao primeiro, ou seja, correspondia às atividades equivalentes ao RM3; o relatório assinalado como "RM2. Set/2007 a Fev.08" na verdade trazia as atividades do primeiro período, então equivaleria ao RM1; e o "RM3 - FEV/2008 A AGO/2008" descrevia as atividades equivalentes ao RM2. Se houvesse processo formalizado, os relatórios periódicos, que não têm data, estariam na seqüência correta.No caso concreto, a equipe não tem informação suficiente para afirmar se os processos estavam realmente completos ou se alguns documentos foram juntados posteriormente, ou até no momento em que foram solicitados pela equipe, prejudicando a atividade de controle. Outro ponto a ser ressaltado é que a formalização do processo permite o controle da própria Petrobras sobre a sua documentação. No caso de pedido de vista ou solicitação de análise do processo, a Petrobras terá controle sobre a documentação e conseguirá refazer o processo, sabendo se houve ou não extravio de documentos. Ressalta-se que a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, estabelece, no § 4º do art. 22, que o processo administrativo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas. Além disso, o inciso I do parágrafo único do art. 2º da mesma Lei, dispõe que, nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a Lei e o Direito. Ainda que a Petrobras conteste a obrigatoriedade de obediência por ela da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, matéria pacífica nesta Corte, os princípios do processo administrativo devem ser seguidos. O Plenário deste Tribunal já havia determinado à Petrobras, no item 8.5, d, do Acórdão nº 233/2001, que adotasse, nos processos relativos à sua Área de Comunicação Social, medidas corretivas quanto à adequada formalização dos referidos processos.

3.1.9 - Proposta de encaminhamento: Com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 250, II, do Regimento Interno do TCU, reiterar a determinação feita à Petrobras, por meio do item 8.5.d do Acórdão nº 233/2001 – TCU - Plenário, para que adote, na área de Comunicação Social, medidas corretivas quanto à adequada formalização dos processos, em cumprimento à Lei nº 9.784, de 1999, art. 22.

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4 - CONCLUSÃO

As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho: - Ausência de estudo de viabilidade para contratação de patrocínio - Inexistência de cláusula, nos contratos de patrocínio, referente à comprovação dos gastos por parte do patrocinado.- Ausência de análise prévia dos convênios e contratos de patrocínio pelo setor jurídico.- Celebração de contrato e liberação de recursos pela Petrobras sem a prévia anuência do Poder Público para execução do objeto. - Gasto efetivo menor do que o valor repassado à patrocinada, sem devolução dos valores não aplicados. - Ausência de comprovação do alcance do objetivo de convênios e de contratos de patrocínio.- Ausência de comprovação da aplicação dos recursos repassados.- Ausência de priorização de critérios isonômicos na seleção de projetos - Ausência de direcionamento na transferência de recursos para o Fundo para a Infância e Adolescência – FIA.Foi identificado, ainda, o seguinte achado não vinculado a questão de auditoria: Inexistência de adequada formalização nos processos de contratação de patrocínio e nos processos de convênio. Entre os benefícios estimados desta fiscalização podem-se mencionar as seguintes Melhorias:- incremento dos cidadãos nas instituições públicas;- melhoria na organização administrativa;- melhoria dos resultados apresentados.O total de benefícios potenciais quantificáveis é R$28.697.342,17, referentes a: Convênio 6000.0007055.04.4 - R$7.016.498,87.Convênio 6000.0017248.05.4 - R$8.795.978,75.Convênio 6000.0032085.07.4 - R$9.878.610,28.Convênio 6000.0031986.07.4 - R$1.600.000,00.Convênio 6000.0021960.06.4 – R$1.622.153,64.Contrato de patrocínio 612.2.010.03.6 - R$128.269,39.Contrato de patrocínio 610.2.014.04.8 - R$432.431,22.Contrato de patrocínio 6000.0021294.06.2 - R$475.674,39.Contrato de patrocínio 6000.0010762.05.2 - R$350.000,00.A inspeção, inserida no processo TC-027.265/2006-4, teve como finalidades:a) verificar a conformidade dos procedimentos de seleção, contratação, fiscalização, prestação de contas e avaliação de resultados adotados pela Petrobras, no que se refere a patrocínios e convênios da área social da empresa.b) Verificar os critérios adotados na seleção dos municípios beneficiados com repasses da Petrobras para o Fundo para Infância e Adolescência (FIA) para apurar se existiu isonomia na distribuição dos recursos, com vistas a investigar favorecimento a municípios dirigidos pelo Partido dos Trabalhadores (PT).Quanto aos procedimentos de seleção, contratação, prestação de contas e avaliação de resultados, constatou-se desconformidade dos atos de gestão da empresa com princípios que pautam a aplicação de recursos públicos, como eficiência, impessoalidade, e transparência.Os contratos de patrocínio analisados foram celebrados sem prévia análise da viabilidade técnico-financeira dos projetos. Restou, com isso, verificado, em alguns casos, comprometimento do alcance dos objetivos acordados. A Petrobras alega que, nos casos de contratos de patrocínio, procura retorno com o fortalecimento de sua imagem institucional e, para tanto, bastaria análise do cumprimento das contrapartidas por parte das entidades contratadas.Verificou-se ausência de comprovação dos gastos efetuados na execução de projetos, bem como fragilidade na fiscalização da Petrobras.

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A comprovação dos gastos na área de responsabilidade social, contudo, permitiria demonstrar o verdadeiro destino dos recursos. No patrocínio de evento cultural ou esportivo, tem-se um meio de auferir o alcance da exposição da marca “Petrobras”, haja vista o produto envolvido no projeto, tal como livro ou equipe participando de competições desportivas. Existe, nesses casos, possibilidade de mensuração do retorno de imagem a ser obtido. Já a atuação na área social envolve maior tempo para ser notada e etapas a serem vencidas. Daí a importância de comprovação de que os recursos foram aplicados no alcance do objetivo social firmado no contrato.Com a prática da Companhia, os patrocínios na área social configuram fonte de recursos sem demonstração de utilização e fiscalização do alcance de metas. Contratos que são, em essência, convênios, com convergência de interesses das partes, configuram-se como uma fuga de exigências, especialmente no que se refere a prestação de contas e demonstração de liame entre as despesas e os recursos transferidos.Nos convênios verificados, por outro lado, constatou-se casos de prestação de contas incompleta, assim como de ausência de comprovação do alcance dos objetivos acordados, o que torna irregular a execução dos convênios. No que se refere a apuração de possível favorecimento no repasse de recursos do FIA a municípios dirigidos pelo PT, a equipe concluiu que, de acordo com os critérios utilizados, no período avaliado (2003 a 2008), os repasses efetuados pela Petrobras não indicam existência de direcionamento.

5 - ENCAMINHAMENTO

Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-Relator Aroldo Cedraz, com a(s) seguinte(s) proposta(s):

5.1 Comunicar à Diretoria Executiva da Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras) sobre as seguintes diferenças entre as informações sobre conselhos de entes recebedores e valores a serem repassados, constantes de suas atas 4.620/2006, de 15/12/2006 e 4.674/2007, de 14/12/2007, e as informações de repasses efetivados pela Companhia ao Fundo para Infância e Adolescência:a) ano de 2006:a.1) não efetivação dos repasses indicados na Tabela 4, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva;a.2) repasse de recursos para dois projetos, no valor total de R$220.000,00, que não constavam do Plano FIA 2006, aprovado pela Diretoria Executiva (Tabela 5);a.3) repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$387.913,56, conforme a Tabela 6;

b) ano de 2007:b.1) não efetivação dos repasses aprovados pela Diretoria Executiva para os conselhos dos Estados do Pará, de Rondônia e de Tocantins, nos valores, respectivos, de R$249.800,00, R$466.295,00 e R$390.000,00;b.2) não efetivação dos repasses indicados na Tabela 10, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva;b.3) repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$760.322,00, conforme a Tabela 11;b.4) repasses em valores inferiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$168.537,50, conforme a Tabela 12;b.5) não efetivação dos repasses indicados na Tabela 13, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva

5.2 Com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8443, de 1992, c/c art. 250, III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Petrobras a elevar o percentual de projetos

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sociais escolhidos por meio da sua seleção pública na área de responsabilidade social, assim como priorizar esse método de seleção, prática de gestão que se coaduna com os princípios da impessoalidade, publicidade e moralidade, inseridos na Constituição Federal, art. 37, caput.

5.3. Com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8.443, de 1992, e no art. 250, II, do Regimento Interno do TCU, reiterar a determinação feita à Petrobras, por meio do item 8.5.d do Acórdão nº 233/2001 – TCU - Plenário, para que adote, na área de Comunicação Social, medidas corretivas quanto à adequada formalização dos processos, em cumprimento à Lei nº 9.784, de 1999, art. 22.

5.4. Com fundamento no art. 43, I, da Lei nº 8.443, de 1992, e no art. 250, II, do Regimento Interno do TCU, determinar à Petrobras que:5.4.1 Em relação ao Contrato nº 612.2.010.03.6/2003, celebrado com a Colméia, que apresente a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes da Companhia em sede de tomada de contas especial, comprovante da devolução aos cofres da Petrobras de recursos não aplicados no valor de R$128.269,39, devidamente corrigidos a partir de 3/5/2006, referentes à diferença verificada entre o gasto de R$1.587.625,61, discriminado na planilha Acompanhamento de Despesas - final, e a quantia repassada à Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental – Colméia, de R$1.715.895,00, verificada nos boletins e relatórios de medição.5.4.2 Em relação ao Convênio 6000.0031986.07.4/2007, celebrado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz (Ifas):a) apure a efetiva aplicação dos recursos repassados ao Ifas, diante das seguintes ocorrências:– o demonstrativo de gastos não traduz os comprovantes constantes da prestação de contas;– o relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias;– alguns documentos/recibos não atendem às formalidades legais para suportar despesas;– os recursos foram aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias;– os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do Convênio, impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos. b) informe a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, as providências adotadas para recolhimento do débito apurado aos cofres da Petrobras, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes da Companhia em sede de tomada de contas especial.

5.4.3 Apresente a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes da Companhia em sede de tomada de contas especial:a) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio 6000.0007055.04.4/2004 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Central Única dos Trabalhadores - CUT: – comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; – comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio;

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b) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio 6000.0007055.04.4/2004 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Central Única dos Trabalhadores - CUT: – comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; – comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio;c) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio 6000.0032085.07.4/2007 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Agência de Desenvolvimento Solidário - ADS: – comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; – comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio;d) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato 6000.0010762.05.2/2005 – Projeto Saber Transformar e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol):– meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos das metas sociais previstas no Anexo I do Contrato; e) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato 610.2.014.04.8 (6000.0001124.04.2/2004) e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas): – meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos previstos no Anexo I do Contrato; f) documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato 6000.0021294.06.2/2006 e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados à União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas):

– meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos previstos no Anexo I do Contrato, uma vez que não restou comprovada a realização de todas as ações do projeto, no âmbito do Programa Adolescente e Programa Mulheres;g) extrato bancário da conta adotada para o repasse de recursos do Convênio nº 6000.0021960.06.4, celebrado com a Entidade Ambientalista Onda Verde e a, então, Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República, juntamente com o parecer do fiscal e do gerente que assinaram os boletins de medição dos serviços executados, com a demonstração da conciliação entre os recursos repassados pela Petrobras e a aplicação no objeto conveniado.

5.5. Com fundamento no art. 43, II, da Lei nº 8443, de 1992, e do art. 250, IV, do Regimento Interno do TCU, determinar a audiência de:

5.5.1 Wilson Santarosa, Gerente Executivo de Comunicação Institucional, CPF 246.512.148-00, para que apresente, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, razões de justificativa a respeito de:

5.5.1.1 Contrato de patrocínio 612.2.010.03-6, de 1/9/2003, celebrado entre a Petrobras e a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental Ltda., cujo objeto foi o Projeto Petrobras 50 anos - Marco Zero - Construindo Novos Caminhos e o objetivo geral foi a intervenção física e social na comunidade do Lobato, no que se refere a:

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b) celebração do Contrato de patrocínio sem aprovação do projeto e sem que a contratada estivesse legalmente autorizada, para a realização de obras públicas, pela Prefeitura Municipal de Salvador, conforme art. 26 e art. 40 da Lei nº 10.257, de 2001, e pelo Governo do Estado da Bahia, conforme o parágrafo único do art. 3º da Lei Complementar nº 14, de 1973;b) liberação do pagamento à contratada em descompasso com o cronograma físico da obra, conforme pode ser demonstrado nos boletins de medição e nos aditivos de prorrogação do prazo contratual.

5.5.1.2 não constar, nos contratos de patrocínio firmados na área de Responsabilidade Social, cláusula prevendo a comprovação dos gastos por parte do patrocinado, com o objetivo de aferir a eficiência e a racionalidade na aplicação dos recursos, conforme determinado por este Tribunal nos termos do item 1.4 do Acórdão nº 1.962/2004 – TCU – 2ª Câmara, ratificado pelo Acórdão nº 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara;

5.5.1.3 celebração dos contratos nº 612.2.010.03-6, nº 612.2.026.03.8 e nº 6000.0012317.05.2 sem o parecer do setor jurídico da Petrobras, em descumprimento ao art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8666, de 1993, e ao item 6.7.3.1 do Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto nº 2.745, de 1998;

5.5.1.4 celebração do contrato nº 6000.0010762.05.2 com realização de análise da minuta pelo setor jurídico da Petrobras posteriormente à assinatura, em descumprimento ao art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8666, de 1993, e ao item 6.7.3.1 do Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto nº 2.745, de 1998;

5.5.1.5 não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de Comunicação Institucional, a fim de avaliar as condições da contratada ou da conveniada para executar o objeto, em obediência aos princípios da impessoalidade e da eficiência insertos no caput do art. 37 da Constituição Federal, sob risco de não atingir o objetivo do patrocínio ou do convênio e, conseqüentemente, causar prejuízo aos cofres da Petrobras.

5.5.2 Luis Fernando Maia Nery, Gerente de Responsabilidade Social, CPF 741.569.007-97, para que apresente, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, razões de justificativa a respeito de não constar, nos contratos de patrocínio firmados na área de Responsabilidade Social, cláusula prevendo a comprovação dos gastos por parte do patrocinado, com o objetivo de aferir a eficiência e a racionalidade na aplicação dos recursos, conforme determinado por este Tribunal nos termos do item 1.4 do Acórdão nº 1.962/2004 – TCU – 2ª Câmara, ratificado pelo Acórdão 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara.

5.5.3 Rosemberg Evangelista Pinto, Ex-Gerente Setorial Regional de Comunicação do Nordeste, CPF 080.200.515-20, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, apresente razões de justificativa acerca de:

5.5.3.1 celebração do Contrato nº 6000.0011616.05.3, sem o parecer do setor jurídico da Petrobras, em descumprimento ao art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8666, de 1993, e ao item 6.7.3.1 do Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto nº 2.745, de 1998;

5.5.3.2 não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de Comunicação

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Institucional, a fim de avaliar as condições da contratada ou da conveniada para executar o objeto, em obediência aos princípios da impessoalidade e da eficiência insertos no caput do art. 37 da Constituição Federal, sob risco de não atingir o objetivo do patrocínio ou do convênio e, conseqüentemente, causar prejuízo aos cofres da Petrobras. [...]”.

5. O Secretário da Unidade Técnica ao manifestar-se, quanto ao mérito, de acordo com a proposta de encaminhamento oferecida pela equipe de inspeção, proferiu o seguinte despacho (fls. 276/277, v. 1):

“[..] O presente trabalho teve origem em representação desta unidade técnica motivada por notícias veiculadas na imprensa dando conta de possíveis irregularidades na transferência de recursos da Petrobras, por meio de convênios e patrocínios, a entidades ligadas a partidos políticos.

Com o propósito de instruir o processo, foi realizada inspeção na empresa com vistas a:a) verificar a conformidade dos procedimentos de seleção, contratação, fiscalização,

prestação de contas e avaliação de resultados das ações relacionadas aos patrocínios e/ou convênios firmados com as entidades referidas pelos órgãos de imprensa;

b) verificar os critérios adotados na seleção dos municípios e entidades beneficiadas com repasses da Petrobras para o Fundo para a Infância e Adolescência (FIA).

Sobre o primeiro ponto, dentre os elementos recolhidos pela equipe de inspeção, apresenta-se particularmente relevante a ausência de critérios claros e objetivos no âmbito da Petrobras para definir a formatação dos repasses destinados a patrocinar ações de caráter social – uma parte dos recursos é transferida sob a forma de convênios; outra, mais expressiva, é transferida por meio de contratos de patrocínio.

A distinção não é mera formalidade. Diferentemente do que ocorre no caso dos convênios, a empresa entende que, no tocante aos patrocínios, o que de fato lhe interessa é a efetiva exposição da marca Petrobras nos projetos por ela financiados, pouco ou nada importando a forma como os repasses são aplicados no objeto contratual, desde que a ‘contrapartida’ seja apresentada. Daí, vale dizer, decorre a maior parte das deficiências nas prestações de contas suscitadas pela equipe de auditoria.

De acordo com os técnicos da empresa, ouvidos em diversas oportunidades ao longo do trabalho, abstraída uma elevada carga de subjetividade, a principal distinção entre convênio e patrocínio estaria na existência ou não de interesse recíproco entre as partes na consecução do objeto. Segundo essa conceituação, o ajuste feito com a UNAS, por exemplo, para ‘ formação profissional na área de moda para adolescentes e jovens de Heliópolis e o fortalecimento da Cooperativa de Moda dos Moradores de Heliópolis’, seria tipicamente um patrocínio, porquanto um tal objeto não integra o rol de interesses comerciais da companhia.

Ocorre que a exposição da marca Petrobras nesse tipo de evento é extremamente restrita, notadamente quando comparada com o universo de beneficiados – no caso da UNAS, foram repassados cerca de R$ 475 mil ao longo de 18 meses, tendo sido alcançadas, ao todo, cinqüenta pessoas (ao custo individual, portanto, de quase R$ 10 mil). Fosse apenas esse o real interesse da empresa – a exposição de sua marca – seria mesmo de se questionar a economicidade de um tal investimento.

No entanto, a Petrobras estabeleceu como estratégia de atuação tornar-se ‘uma das cinco maiores empresas de energia do mundo, comprometida com o desenvolvimento sustentável e referência internacional em responsabilidade social e ambiental’. Em função disso, a companhia passou a definir ‘responsabilidade social’ como uma ‘função corporativa’. Ora, se ações na área social são uma ‘função corporativa’ da empresa, não há que se dizer que não existe ‘interesse recíproco’ na promoção de eventos como o da UNAS, de modo que o instrumento correto para realização dos repasses seria, sim, o convênio. Por conseqüência, deveria a empresa buscar a comprovação não apenas da consecução do objeto, mas também a comprovação do nexo de

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causalidade entre o dinheiro transferido e as ações implementadas pelo beneficiário. No caso, tem-se um particular administrando a aplicação de recursos públicos, pelo que, por imposição constitucional (art. 70, parágrafo único), deve prestar contas.

É certo que isso envolve a realização de investimentos na estruturação da companhia para acompanhar a execução dos repasses por ela promovidos. Mas, se seus administradores entendem que devem despender recursos em projetos de ‘geração de renda e oportunidade de trabalho, educação para a qualificação profissional e garantia dos direitos da criança e do adolescente’, vêem-se também obrigados a investir no aparelhamento da empresa para supervisionar adequadamente a implementação dessas ações pelos respectivos executores.

Uma alternativa que eventualmente poderia ser considerada é realizar os investimentos por meio das agências oficiais do governo já dedicadas a esse tipo de ação. Nesse sentido, exemplificadamente, em vez de assumir a obrigação de acompanhar acuradamente as atividades desenvolvidas pela CUT na alfabetização de trabalhadores (projeto ‘Todas as Letras’), inclusive no tocante à movimentação financeira dos recursos transferidos à entidade (algo, no caso, da ordem de R$ 26 milhões), poder-se-ia cogitar repassar tais recursos ao FNDE, ou ao MEC, já estruturados para a realização de tais acompanhamentos, e solicitar, em troca, que os eventos fossem adequadamente identificados como patrocinados pela Petrobras, o que lhe asseguraria o cumprimento de sua função corporativa na área social e, ainda, o direito de explorar os benefícios desejados em termos de imagem.

Mas não é apenas na comprovação da correta aplicação dos recursos que foram encontradas deficiências. Estas, na realidade, têm início já na definição dos projetos a serem patrocinados, escolhidos, ao menos na amostra examinada pela equipe de auditoria, sem um prévio estudo de viabilidade técnica e econômica. Também aqui, segundo cremos, ou a Petrobras se estrutura adequadamente para avaliar, antes de realizar qualquer repasse, a exeqüibilidade dos projetos candidatos a financiamento e a confiabilidade técnica e operacional de seus respectivos executores, arcando, nesse caso, com os custos inerentes à formação de uma equipe própria qualificada e aparelhada para tanto, ou, alternativamente, passa a se valer da estrutura já existente no âmbito da Administração Federal.

Por fim, no tocante ao segundo ponto objeto da inspeção, não foi identificada a utilização de critérios político-partidários na distribuição, para estados e municípios, dos recursos do Fundo para a Infância e a Adolescência. No ponto, aliás, merece registro, como boa prática administrativa da Petrobras, a criação, em 2007, da Comissão FIA, composta por oito membros, sendo seis representantes de instituições públicas e da sociedade civil, a exemplo do Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência – UNICEF, comissão essa responsável pela destinação de expressiva parcela dos recursos doados pela companhia ao Fundo. [...]”.

6. Em cumprimento a autorização constante no despacho deste Gabinete de fl. 278, v. 1, foram efetivadas as audiências dos responsáveis, e posteriormente, as diligências à Petrobras para que encaminhasse a documentação necessária ao exame de mérito do presente processo.9. Após a apresentação das respostas às oitivas a 1ª Secex, analisou os elementos acostados aos autos, produziu a instrução que abaixo:

“[...] ANÁLISE DAS AUDIÊNCIASQuestionamento (item 5.5.1.1 da instrução anterior): Contrato de Patrocínio 612.2.010.03-

6, de 1/9/2003, celebrado entre a Petrobras e a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental Ltda. (Colméia), cujo objeto foi o “Projeto Petrobras 50 anos – Marco Zero – Construindo Novos Caminhos” e o objetivo geral foi intervenção física e social na comunidade do Lobato, no que se refere a: (a) celebração do Contrato de Patrocínio sem aprovação do projeto e sem que a contratada estivesse legalmente autorizada, para a realização de obras públicas, pela Prefeitura Municipal de Salvador, conforme art. 26 e art. 40 da Lei nº 10.257, de 2001, e pelo Governo do Estado da Bahia, conforme o parágrafo único do art. 3º da Lei Complementar nº 14, de 1973; (b) liberação do pagamento à contratada em descompasso

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com o cronograma físico da obra, conforme pode ser demonstrado nos boletins de medição e nos aditivos de prorrogação do prazo contratual.

Responsável: Wilson Santarosa (CPF: 246.512.148-00), Gerente Executivo de Comunicação Institucional, representante da Petrobras no Contrato.

Razões de justificativa do responsável (fls. 22/27 – Anexo 12).5. Segundo os representantes do responsável, o imóvel em que houve a intervenção

pertence à Agência Nacional do Petróleo – ANP. A Fazenda Lobato, hoje subúrbio da cidade de Salvador, foi irregularmente ocupada por população carente. Assim a propriedade é da ANP, com a posse coletiva do terreno, o que significa que o terreno não se encontra legalmente loteado.

6. A intervenção efetuada foi pontual, aduzem os representantes do responsável: tratou da recuperação do marco zero e do primeiro poço de exploração de petróleo, com as consequentes melhorias e benefícios para a comunidade. Logo não se enquadra no conceito de desenvolvimento e expansão urbanística. O dever da Petrobras era zelar pela preservação da marca e associar o seu nome a um programa de responsabilidade social, por isso celebrou contrato de patrocínio com a Colméia.

7. Para os representantes do responsável, nesse caso, não se pode falar em transgressão ao direito de preempção, pois não há lei municipal que estabeleça a conformidade, até porque o terreno é da ANP; também não houve o exercício do direito de preempção pelo Poder Público, tendo em vista que o executivo local consentiu tacitamente ao celebrar o acordo entre os entes. Por outro lado, houve conhecimento por parte dos órgãos municipal e estadual, uma vez que, em julho de 2003, foi elaborada planta baixa pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), contemplando as intervenções decorrentes do projeto Marco Zero.

8. Além disso, continuam os mesmos representantes, caso fosse necessário anuência do Poder Público para a realização das obras ou para a realização do projeto, caberia à Colméia obter os alvarás e as licenças pertinentes, pois a responsabilidade para tanto é de quem executa o projeto.

9. Em relação à liberação do pagamento à contratada em descompasso com o cronograma físico da obra, os representantes do responsável afirmam que: ‘o objeto do contrato não era uma obra, mas sim um projeto social’; o contrato é de patrocínio e não de empreitada; e o objeto é a veiculação da marca do patrocinador mediante o pagamento de retribuição pecuniária. A Companhia não desejava obter a obra para si, embora a marca estivesse ligada à execução da obra. A fiscalização se deu no sentido de verificar se o projeto estava em andamento e se a contrapartida de veiculação da marca estava sendo cumprida.

10. O responsável, por meio de seus representantes, trouxe aos autos tabela de comparação entre os valores correspondentes ao cronograma físico-financeiro e o pagamento do patrocínio (fl. 26 – Anexo 12), mostrando o descompasso entre o que foi executado e o que foi liberado, com vantagem para o executado.

Análise11. Se o terreno é da ANP, conforme informam os representantes do responsável, o

Protocolo de Intenções deveria ser celebrado somente entre a Petrobras e a ANP: a obra teria caráter privado e, nesse caso, o investimento feito pela Petrobras geraria direito de ressarcimento pela ANP. Entretanto, o Protocolo de Intenções foi celebrado entre Petrobras, ANP, Estado da Bahia (Secretaria de Desenvolvimento Urbano), Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia – Conder (que já havia elaborado o projeto para a região) e Prefeitura de Salvador.

12. A proposta de patrocínio apresentada à Petrobras menciona que seriam executadas, no bairro de Lobato, melhorias de ruas, deslocamento de famílias, urbanização (quiosque, espaço de convivência, quadra esportiva, píer, centro comunitário, paisagismo, sinalização, sede da associação). Verifica-se, então, que a ‘intervenção’ não foi pontual.

13. Isso pode ser confirmado na cláusula terceira do Protocolo de Intenções, em que ‘a implementação do Projeto Lobato deverá assegurar a implantação de ações que sejam equilibradas em todo o território de intervenção, com base referenciada em estudos preliminares de planejamento urbano e desenvolvimento sustentável, realizados com a participação da

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comunidade e interagindo com outros programas e projetos em desenvolvimento na região, a exemplo dos projetos Subúrbio Ferroviário e o Ribeira Azul, bem como outros que possam surgir’ (grifo nosso). Logo, existia, por parte dos órgãos públicos, estudo de planejamento urbano e desenvolvimento sustentável para o local, o que reforça a compreensão de que a intervenção não se daria apenas na área do poço.

14. Os representantes dos responsáveis afirmam que o projeto é social, que a Companhia jamais pretendeu obter a propriedade da obra e que o objeto último do contrato era apenas a veiculação da marca Petrobras. Contudo, o projeto apresentado à Petrobras para solicitar o patrocínio indicou que haveria a recuperação física do espaço (fl. 264 – Anexo 2, vol. 1), com a realização de diversas obras, nomeadas com o título ‘atividades’ (fl. 270 – Anexo 2, vol. 1), bem como apresentou cronograma para essas atividades/obras (fl. 273 – Anexo 2, vol. 1) e afirmou que, no projeto, pretendia-se adicionar detalhes de execução, com cronogramas de obras, datas de execução dos trabalhos e orçamento (fl. 264 – Anexo 2, vol. 1). O relatório apresentado pela Colméia, como forma de verificação das atividades, mostra a execução de obras (fls. 362/384 – Anexo 2, vol. 1). Portanto, não há como não admitir que o projeto ‘social’ consistia na realização de obras; após executadas as obras é que o uso passaria a ser social.

15. Atente-se que a Colméia não estava habilitada a realizar obras. Pelo seu Estatuto, a Colméia tem finalidade social, podendo desenvolver prestação de serviços de engenharia somente no que se refere a consultoria, assessoria técnica, pesquisa e disseminação de tecnologia, processos e metodologia. No entanto, para essa função, coube à Colméia 15% sobre o valor do contrato obtido, conforme consta no § 1º do art. 18 do seu estatuto, enquanto que, na estrutura do governo da Bahia, já existe empresa pública – Conder – com o objetivo, dentre outros, de ‘coordenar e controlar a execução de serviços de interesse urbano e metropolitano, promovendo a sua unificação, integração e operação’ (www.conder.ba.gov.br).

16. Ressalta-se, ademais, que o contrato de patrocínio entre a Petrobras e a Colméia foi celebrado em 1º/9/2003, enquanto que o Protocolo de Intenções entre ANP, Petrobras, Estado da Bahia, Conder e Município de Salvador foi firmado em 19/12/2003, três meses depois. Isto significa que, antes desse Protocolo, a Colméia não estava formalmente autorizada pelo poder público (nem pela ANP) a realizar qualquer ‘intervenção’ no bairro de Lobato; tampouco foi exigida, na celebração do contrato, documentação que comprovasse tal condição. E, em se tratando de execução de obras públicas com recursos públicos, deveria ser precedida de procedimento licitatório. Como consequência da assinatura do contrato, até 19/12/2003 houve liberação à Colméia de 61,5% dos recursos iniciais contratados, sendo 49,23% (R$ 640.000,00) deles autorizados pelo próprio responsável Wilson Santarosa.

17. Em relação aos pagamentos efetuados, os representantes do responsável não trouxeram evidências para justificar os valores no cronograma físico-financeiro, correspondentes às seis parcelas. Na coluna denominada pagamento do patrocínio, os valores informados foram os valores brutos descritos na cláusula quinta do contrato, inclusive quanto ao número de parcelas, o que não corresponde à informação contida nos documentos denominados ‘Boletim de Medição’ e ‘Relatório de Medição’, entregues pela Petrobras à equipe de fiscalização e juntados aos autos como evidência (fls. 293/336 – Anexo 2, vol. 1).

18. À vista do exposto propõe-se:a) rejeitar as razões de justificativa do responsável Wilson Santarosa;b) com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art.

268, inciso II, do Regimento Interno do TCU, aplicar multa ao responsável.Questionamento (item 5.5.1.2 da instrução anterior): Não constar, nos contratos de

patrocínio firmados na área de Responsabilidade Social, cláusula prevendo a comprovação dos gastos por parte do patrocinado, com o objetivo de aferir a eficiência e a racionalidade na aplicação dos recursos, conforme determinado por este Tribunal nos termos do item 1.4 do Acórdão 1962/2004–TCU–2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara, publicado no DOU de 11/11/2005.

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Responsáveis: Wilson Santarosa (CPF: 246.512.148-00), Gerente Executivo de Comunicação Institucional, e Luis Fernando Maia Nery (CPF: 741.569.007-97), Gerente de Responsabilidade Social.

Razões de justificativa dos responsáveis (fls. 27/44 e 02/20 – Anexo 12)19. Os representantes dos responsáveis apresentaram a distinção entre convênios e

contratos de patrocínio, com a intenção de demonstrar que é juridicamente inviável a exigência de cláusula de comprovação de gastos em contratos de patrocínio social.

20. Explicam que, no contrato de patrocínio, a Petrobras não idealiza e executa o projeto ao lado do patrocinado: a Companhia seleciona as iniciativas e contrata com as entidades promotoras a vinculação de sua imagem, mediante o pagamento em dinheiro, a título de contrapartida. A execução do projeto é atribuição do patrocinado, porque se trata de atividade estranha ao objeto social da Petrobras, cujo interesse é o fortalecimento de sua imagem institucional. A retribuição devida ao patrocinado tem natureza obrigacional. Nesse caso, a Petrobras não tem responsabilidade administrativa ou financeira sobre o projeto e nem o dever de fiscalizar a aplicação dos recursos repassados. A fiscalização da Petrobras restringe-se à verificação de que o projeto/evento ocorreu e que nele foi veiculada a marca da Companhia na forma pactuada.

21. Em seguida, os representantes dos responsáveis discorrem sobre a natureza privada do contrato de patrocínio, atentando para o fato de que este é um contrato tipicamente de direito privado, bilateral e oneroso, com obrigações e vantagens para ambas as partes. Assim, é inerente a obtenção de proveito econômico pelos contratantes. Mesmo que a entidade não persiga fins lucrativos, esta pode auferir excedentes financeiros que serão direcionados para outras atividades; não é ilícito ou imoral que, deduzidos os gastos, remanesça para a entidade margem de ganho pecuniário. ‘Às entidades não governamentais do terceiro setor é vedado distribuir lucro, mas não lhes é vedado perceber proveito econômico com suas atividades’ (fl. 31 – Anexo 12). Finalizam afirmando que transplantar as exigências do convênio para os contratos de patrocínio resultaria em destruir sua natureza jurídica, ‘indispensável para preservar sua utilidade enquanto instrumento vocacionado à obtenção de ganhos econômicos, por intermédio da difusão da marca e incremento da reputação da empresa’ (fl. 32 – Anexo 12).

22. Os representantes dos responsáveis alegam que a Companhia utiliza ferramentas gerenciais de acompanhamento dos projetos sociais com foco nos resultados, as quais permitem a formação de juízo de valor, com grau satisfatório de segurança, acerca do alcance dos objetivos do projeto e da veiculação da marca, não se limitando ‘ao mero recebimento de relatórios de atividade apresentados pelas entidades patrocinadas’ (fl. 33 – Anexo 12). Afirmam que a simples demonstração da regularidade contábil não se revela hábil para verificar o desempenho do projeto sob o ponto de vista de resultados. ‘É a verificação dos resultados que interessa à Petrobras’ (fl. 33 – Anexo 12).

23. Para os mesmos representantes, a metodologia de acompanhamento dos projetos patrocinados que a Petrobras vem desenvolvendo ‘recai sobre o controle substancial das ações e não o controle meramente formal’ (fl. 33 – Anexo 12). Atualmente, os projetos são acompanhados por relatórios de monitoramento, visitas técnicas presenciais, cartas de notificação, contatos telefônicos e e-mails. Na nova avaliação, a cada três meses, as patrocinadas preencherão e enviarão relatório de monitoramento, via internet, com o relatório de acompanhamento da execução orçamentária. A aprovação do conteúdo condiciona a liberação do próximo trimestre. Outros instrumentos de acompanhamento são: relatório final de lições aprendidas, visitas técnicas presenciais, contatos telefônicos, indicadores intermediários que compõem o Indicador de Resultados do Investimento Social – IRIS (mede o desempenho da Petrobras no alcance das metas de programas sociais para o período 2007/2012).

24. Enfim, os representantes dos responsáveis afirmam que a ausência de cláusula de prestação de contas e comprovação de gastos nos contratos de patrocínio, nos moldes de convênio, não pode ser interpretada como omissão ou desinteresse da Petrobras. ‘Existe uma avaliação efetiva das ações e dos resultados, na medida em que o êxito do projeto se relaciona com o proveito

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econômico obtido pela Companhia no fortalecimento de sua imagem institucional’ (fl. 38 – Anexo 12).

25. Em relação ao descumprimento de determinação deste Tribunal, os representantes dos responsáveis mencionam trecho do ‘voto’ do Acórdão nº 2087/2009 – Plenário (TC 005.343/2009-0), que trata de contratos de patrocínio firmados entre a Confederação Nacional dos Municípios e a Petrobras, Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal, para realização da XI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, em abril de 2008. Buscam mostrar que o ‘voto’ traz ‘entendimento em sentido diametralmente oposto’ (fl. 39 – Anexo 12). Acrescentam que a ‘decisão’ representa uma evolução significativa na compreensão do TCU e, como o acórdão foi ‘prolatado pelo Plenário, deve ser considerado como um posicionamento do Órgão Maior de deliberação do TCU sobre a matéria’ (fl. 40 – Anexo 12).

Análise26. Os representantes dos responsáveis alegam que a empresa celebra contrato de

patrocínio em vez de convênio porque a atividade é estranha ao objeto social da Petrobras, cujo interesse é o fortalecimento de sua imagem institucional. Entretanto a Petrobras criou, em sua estrutura organizacional, a Gerência de Responsabilidade Social, pertencente à Gerência Executiva de Comunicação Institucional, com o objetivo de incentivar a geração de renda e oportunidade de trabalho, a educação para a qualificação profissional e a garantia dos direitos da criança e do adolescente e, assim, contribuir para o desenvolvimento do país. Desta forma, há interesse convergente entre o objetivo da Gerência de Responsabilidade Social da Petrobras e as entidades para as quais a Companhia repassa recursos com a finalidade de executar projetos de desenvolvimento social. Assim sendo, o instrumento de repasse de recursos para execução desses projetos tem característica de convênio, independentemente da denominação que a Petrobras utilize.

27. Verifica-se, também, que, diferentemente do que os representantes dos responsáveis alegam atualmente ocorrer, a atividade de fiscalização a cargo da Gerência de Responsabilidade Social não foi exercida a contento no tocante aos repasses examinados pela equipe de fiscalização desta Corte. Nesse sentido, basta anotar que os relatórios de acompanhamento da execução dos projetos sociais arquivados na companhia são documentos sumários elaborados pelas próprias recebedoras dos recursos.

28. Logo, sem comprovação de gastos por parte das entidades recebedoras dos recursos e sem fiscalização por parte da Gerência de Responsabilidade Social da Petrobras, não há como concordar com a afirmação dos representantes dos responsáveis de que ‘existe uma avaliação efetiva das ações e dos resultados, na medida em que o êxito do projeto se relaciona com o proveito econômico obtido pela Companhia no fortalecimento de sua imagem institucional’ (fl. 38 – Anexo 12).

29. Em relação ao TC 005.343/2009-0, cabe esclarecer que a transcrição trazida aos autos trata de trecho do relatório do Acórdão 2087/2009 – Plenário, no qual consta a análise efetuada pelo técnico da 2ª Secex, conforme estabelece o art. 69, inciso I, do Regimento Interno. O teor do Acórdão 2087/2009 – Plenário (TC 005.343/2009-0) não trouxe nenhum entendimento a respeito do assunto, apenas determina a realização de providências para esclarecimento dos fatos tratados naquela ocasião, além do que os casos ora analisados não guardam semelhança com aqueles tratados no processo retromencionado.

30. Ressalta-se que os contratos verificados por ocasião da fiscalização foram firmados em 2006 e 2007 e que o Acórdão 1962/2004 – TCU – 2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2224/2005 – TCU – 2ª Câmara (publicado no DOU de 11/11/2005), foi anterior à celebração dos contratos fiscalizados. Com isso, constata-se que nenhuma providência foi tomada com vistas ao atendimento da determinação exarada por este Tribunal, configurando a hipótese tipificada no art. 58, § 1º, da Lei Orgânica.

31. À vista do exposto, propõe-se:a) rejeitar as razões de justificativa dos responsáveis Wilson Santarosa e Luis Fernando

Maia Nery;91

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b) com fundamento no art. 58, § 1º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 268, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, aplicar multa aos responsáveis.

Questionamentos (itens 5.5.1.3 e 5.5.1.4 da instrução anterior): Celebração dos Contratos nos 612.2.010.03-6, 612.2.026.03.8 e 6000.0012317.05.2 sem o parecer do setor jurídico da Petrobras e celebração do Contrato nº 6000.0010762.05.2 com realização de análise da minuta pelo setor jurídico da Petrobras posteriormente à assinatura, em descumprimento ao art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 1993, e ao item 6.7.3.1 do Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto nº 2.745, de 1998.

Responsável: Wilson Santarosa (CPF: 246.512.148-00), Gerente Executivo da Comunicação Institucional.

Questionamento (item 5.5.1.5 da instrução anterior): Celebração do Contrato nº 6000.0011616.05.3 sem o parecer do setor jurídico da Petrobras, em descumprimento ao art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 1993, e ao item 6.7.3.1 do Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, aprovado conforme disposto no item 10.1 do Decreto 2.745, de 1998.

Responsável: Rosemberg Evangelista Pinto (CPF: 080.200.515-20), ex-Gerente Setorial Regional Nordeste.

Razões de justificativa dos responsáveis (fls. 44/46 e 61/63 – Anexo 12)32. Os representantes dos responsáveis justificam que todos os contratos de patrocínio

relacionados seguem a minuta-padrão, aprovada pelo setor jurídico da Petrobras. Este Tribunal já se pronunciou no Acórdão 392/2006 – TCU – Plenário sobre a desnecessidade de parecer jurídico quando se tratar de minuta-padrão de contrato. Para tanto, cabe aos gestores a alteração da numeração, da qualificação das partes e do projeto, dos valores e das datas, observando que não deve haver nenhuma inovação que possa traduzir em inobservância da finalidade buscada pela lei.

Análise33. Assiste razão aos representantes dos responsáveis ao informarem que o Plenário já se

pronunciou a respeito da desnecessidade de parecer quando se tratar de minuta-padrão. O Acórdão 392/2006 – TCU – Plenário, mencionado pelos representantes dos responsáveis, foi prolatado em 29/3/2006 e publicado no DOU de 31/3/2006.

34. O Voto do Ministro-Relator do pedido de reexame que originou o Acórdão 392/2006 – Plenário assim dispõe sobre as minutas-padrão:

‘Dessa forma, ao aprovar minutas-padrão de editais e/ou contratos, a assessoria jurídica mantém sua responsabilidade normativa sobre procedimentos licitatórios em que tenham sido utilizadas. Ao gestor caberá a responsabilidade da verificação da conformidade entre a licitação que pretende realizar e a minuta-padrão previamente examinada e aprovada pela assessoria jurídica. Por prudência, havendo dúvida da perfeita identidade, deve-se requerer a manifestação da assessoria jurídica, em vista das peculiaridades de cada caso concreto.

A despeito de haver decisões do TCU que determinam a atuação da assessoria jurídica em cada procedimento licitatório, o texto legal – parágrafo único do art. 38 da Lei 8.666/93 – não é expresso quanto a essa obrigatoriedade. Assim, a utilização de minutas-padrão, guardadas as necessárias cautelas, em que se limita ao preenchimento das quantidades de bens e serviços, unidades favorecidas, local de entrega dos bens ou prestação dos serviços, sem alterar quaisquer das cláusulas desses instrumentos previamente examinados pela assessoria jurídica, atende aos princípios da legalidade e também da eficiência e da proporcionalidade.’ (grifos nossos)

35. Conforme se depreende do voto do Relator, a minuta-padrão é ferramenta para auxiliar o gestor, que se limita ao preenchimento de quantidades, unidades favorecidas e local de entrega do bem ou da prestação de serviço, sem alterar qualquer cláusula do instrumento previamente examinado.

36. Entretanto o art. 38, inciso VI, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 199, dispõe sobre a exigência do parecer técnico ou jurídico emitido sobre a inexigibilidade de licitação. Uma vez que

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os contratos de patrocínio são celebrados por inexigibilidade, somente o preenchimento da minuta-padrão pelo gestor não atende a referida exigência legal.

37. Este Tribunal também tem se pronunciado sobre a submissão de inexigibilidade de licitação ao exame prévio do setor jurídico, como no Acórdão 654/2004 – TCU – Segunda Câmara, Acórdão 690/2005 TCU – Segunda Câmara e Acórdão 1365/2010 – TCU – Segunda Câmara.

38. À vista do exposto, propõe-se:a) rejeitar as razões de justificativa dos responsáveis Wilson Santarosa e Rosemberg

Evangelista Pinto;b) com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art.

268, inciso II, do Regimento Interno do TCU, aplicar multa aos responsáveis.Questionamento (item 5.5.1.6 da instrução anterior): Não realização de estudo de

viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de Comunicação Institucional, a fim de avaliar as condições da contratada ou da conveniada para executar o objeto, em obediência aos princípios da impessoalidade e da eficiência insertos no caput do art. 37 da Constituição Federal, sob o risco de não atingir o objetivo do patrocínio ou do convênio e, consequentemente, causar prejuízo aos cofres da Petrobras.

Responsáveis: Wilson Santarosa (CPF: 246.512.148-00), Gerente Executivo de Comunicação Institucional, e Rosemberg Evangelista Pinto (CPF: 080.200.515-20), ex-Gerente Setorial Regional Nordeste.

Razões de justificativa dos responsáveis (fls. 46/59 e 63/70 – Anexo 12).39. Os representantes dos responsáveis esclarecem que a análise técnica e econômica

constitui a comprovação de um conjunto de condições técnica, econômica e jurídica que habilitam a pessoa física ou jurídica a cumprir as prestações a que pretende obrigar-se perante a Administração Pública para participar de um certame licitatório ou de uma contratação direta. Tais exigências estão contidas no item 4.1 do Decreto nº 2745, de 1998, e se destinam a avaliar se o interessado atende a condições específicas de qualificação para a realização de obras, serviços ou fornecimentos para a Petrobras (fl. 47 – Anexo 12).

40. Aduzem que a equipe de fiscalização do TCU quer que a Companhia utilize o mesmo procedimento para as entidades que vierem a celebrar contratos de patrocínio e convênios no âmbito da Petrobras. No caso de contratos de patrocínio, em geral, é realizada contratação direta por inexigibilidade de licitação e, para contratação de patrocínios na área social, é desenvolvida análise de viabilidade distinta da análise efetuada para contratação de obras, serviços e compras. Isso porque ‘a Petrobras contrata patrocínio em razão dos projetos e não instituições’, uma vez que é a realização do evento que vai sustentar a veiculação da marca da Companhia (fl. 48 – Anexo 12).

41. Os mesmos representantes explicam que os projetos, objetos de contrato de patrocínio, são formatados segundo um roteiro padronizado, com o objetivo de orientar e auxiliar a análise, seleção, aprovação, acompanhamento e avaliação dos projetos sociais. Após ser considerado como alinhado à estratégia de comunicação social da Companhia e economicamente viável, analisa-se a entidade proponente pelo aspecto legal.

42. Acrescentam que, em relação à viabilidade econômica, as entidades ou instituições dependem dos recursos repassados pela Petrobras para a execução do projeto. Se isso não ocorresse, dificilmente haveria entidades totalmente habilitadas nos quesitos técnicos e econômicos para contratar, já que essas entidades dependem do patrocínio para viabilizar sua própria estrutura e realizar as ações pertinentes. Cada projeto apresenta orçamento físico-financeiro que é avaliado pela Petrobras sob o aspecto de coerência entre as rubricas e a proposta de ação do projeto e entre os valores e o contexto socioeconômico da região onde será executado.

43. Para a viabilidade técnica, os representantes dos responsáveis expõem que as instituições comunitárias patrocinadas servem como centros de articulação de pessoas, recursos e saberes fundamentais para a execução do projeto; com os recursos do patrocínio, a entidade realiza as contratações para a execução do projeto. A viabilidade técnica consiste na capacidade de as

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instituições apresentarem projetos viáveis e alinhados à estratégia de comunicação institucional da Companhia na área social e de se inserirem em comunidade ou em categoria, dinamizando em seu entorno todos os elementos viáveis para a concretização do projeto.

44. Logo, concluem os representantes dos responsáveis, os patrocínios sociais são avaliados por ‘outro prisma’, diferentemente do que ocorre nas demais contratações. Há um criterioso sistema de análise e seleção dos projetos sociais apresentados à Petrobras, garantindo a eficiência na aplicação dos recursos e impessoalidade na celebração dos contratos de patrocínios sociais.

45. A seguir, os representantes dos responsáveis tecem considerações sobre os projetos que foram objetos de constatação da impropriedade (fls. 51/59 – Anexo 12).

Análise46. Embora os representantes dos responsáveis afirmem que a Petrobras contrata

projetos e não instituições, a Companhia despende recursos para a execução do projeto, inclusive para tornar viável a própria estrutura da entidade favorecida.

47. O prévio exame da viabilidade técnica torna-se quesito necessário para assegurar que as instituições beneficiárias têm condições de exercer a gerência do empreendimento (administração de pessoal, técnica em gerenciamento de projetos, qualificação em finanças etc). Caso a entidade não tenha mínimas condições técnicas para gerenciar o projeto, ou mesmo para discernir qual o profissional que teria condições técnicas para exercer a gerência, a marca Petrobras estará associada a um projeto fracassado e a entidade beneficiada nem sequer terá condições de devolver os recursos recebidos, com consequente dano aos cofres da Petrobras. Verifica-se, então, que a viabilidade econômica e a viabilidade técnica são condições para a execução do projeto e estão associadas ao sucesso do empreendimento: a primeira (econômica), no financiamento do projeto, e, a segunda (técnica), no gerenciamento do projeto.

48. Este Tribunal também tem tratado da importância do prévio exame de viabilidade técnica e dos valores propostos, inclusive com pena de multa ao gestor que não realiza essa análise, como se vê nos trechos dos votos dos relatores no Acórdão 255/2004 – Segunda Câmara, no Acórdão 1363/2007 – Plenário e no Acórdão 2510/2009 – Plenário.

49. Há que se considerar, como relevante, que a contratação de patrocínio é feita diretamente, por inexigibilidade de licitação, o que, por si só, impõe uma efetiva análise das condições técnicas e econômicas da entidade contratada, de modo a justificar a escolha do executante e o valor a repassar, conforme parágrafo único do art. 26 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

50. O processo TC 015.568/2005-1 (Acórdão 2066/2006 – TCU – Plenário), que trata de verificar a regularidade da aplicação de recursos federais repassados pela União ou por entidades da Administração Indireta a Organizações Não Governamentais – ONG, no período de 1999 a 2005, expõe a situação de algumas entidades que receberam recursos da Administração Pública por meio de convênios, contratos de repasse e instrumentos similares:

‘3.2.11 O caso da ONG Urihi – Saúde Yanomami, por exemplo, que celebrou três convênios com a Funasa, deixa evidente que a prática de transferir recursos a entidades que não dispõem de condições para consecução do objeto não é só uma questão de análises técnicas superficiais ou deficientes. A celebração do primeiro convênio, no valor de R$ 8.778.787,09, apenas três meses após a fundação da ONG, revela, no mínimo, negligência com o trato da coisa pública e absoluto descaso com as normas que condicionam a celebração de convênios, dada a magnitude dos recursos envolvidos e a natureza continuada do objeto pactuado (serviços de saúde à população indígena).

(...)3.2.16 O caso da Cunpir – Coordenação da União dos Povos e Nações e Indígenas de

Rondônia, Norte de Mato Grasso e Sul do Amazonas é significativo. Segundo relatório da unidade executora, a entidade configura-se como de caráter cultural e não como prestadora de serviços de

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saúde, mas a Funasa fez convênios com a mesma para prestação de assistência médica aos índios, entregando-lhe recursos no montante de R$ 11.390.857,43.

(...)3.2.18 O caso é emblemático porque demonstra, com perfeição, a correlação do tipo

causa e efeito entre a celebração de convênios com entidades sem condições para executá-los, tanto em termos de atribuições como de capacidade administrativa e operacional, com as irregularidades cometidas na fase de execução e os consequentes danos ao erário.

(...)3.2.28 A adequada análise técnica das proposições, certificando-se da consistência dos

planos de trabalho, da adequabilidade de seus custos e das condições das entidades convenentes para executá-los, constitui a validação do planejamento da ação a ser executada e é a fase de controle mais efetiva e menos onerosa neste tipo de processo: a antecedente. A efetividade das demais fases, a concomitante (acompanhamento e fiscalização da execução) e a subsequente (avaliação de resultados e prestações de contas) dependem fundamentalmente dos parâmetros estabelecidos na primeira fase. Os fatos descritos neste relatório denotam uma correlação do tipo causa e efeito entre a negligência na primeira fase e as irregularidades praticadas nas demais.’

51. Nessa mesma assentada, o Plenário assim deliberou, no Acórdão 2066/2006:‘9.6. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo – Segecex que:9.6.1. expeça orientação ao corpo técnico deste Tribunal para que, ao realizar auditorias

em convênios, termos de parceria, acordos, ajustes e outros instrumentos utilizados para transferir recursos federais a Organizações Não Governamentais, concentre esforços na avaliação do controle preventivo que deve ser exercido pelo Unidade concedente, na fase de análise técnica das proposições e celebração dos instrumentos, atentando quanto a eventuais desvios de conduta e/ou negligência funcional de agentes e gestores públicos, caracterizados pela falta ou insuficiência de análises técnicas, especialmente a avaliação da capacidade da entidade convenente para consecução do objeto proposto e para realizar atribuições legalmente exigidas na gestão de recursos públicos e para prestar contas, propondo, entre outras medidas ao seu alcance, a responsabilização pessoal por ato de gestão temerária, instauração de processo disciplinar, inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança, multas e solidariedade no débito quando a conexão dos fatos assim permitir, especialmente quando não presentes os pressupostos basilares para a celebração: a legitimidade da parceria e a existência de interesse público convergente entre os entes concedentes e convenentes’.

52. Assim sendo, propõe-se:a) rejeitar as razões de justificativa dos responsáveis Wilson Santarosa e Rosemberg

Evangelista Pinto;b) com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art.

268, inciso II, do Regimento Interno do TCU, aplicar multa aos responsáveis.ANÁLISE DAS DILIGÊNCIAS À PETROBRASa) Em relação ao Contrato nº 612.2.010.03.6/2003, celebrado com a Cooperativa de

Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia), apresente comprovante de devolução aos cofres da Petrobras dos recursos não aplicados no valor de R$ 128.269,39, devidamente corrigidos a partir de 3/5/2006, referentes à diferença verificada entre o gasto de R$ 1.587.625,61, discriminado na planilha denominada Acompanhamento de Despesas – final, e a quantia repassada à Colméia, de R$ 1.715.895,00, verificada nos boletins e relatórios de medição.

Manifestação da Petrobras (fl. 73 – Anexo 12)53. A Petrobras informa que, nos contratos de patrocínio, a instituição executora do

projeto recebe contribuição pecuniária para associar a esse evento a marca da Companhia. A obrigação do patrocinado reside, unicamente, na realização do evento e na veiculação da marca. ‘Logo, não há obrigatoriedade da aplicação dos recursos recebidos a título de contraprestação do patrocínio no projeto’ (fl. 73 – Anexo 12).

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54. Alega, ainda, que a 2ª Secex já emitiu manifestação no mesmo sentido no TC 005.343/2009-9, Acórdão nº 2087/2009 – Plenário.

Análise55. Quanto ao posicionamento do Tribunal em relação à obrigatoriedade de

comprovação de gastos nos patrocínios de cunho social, cabem aqui as mesmas considerações apresentadas nos itens 26 a 30 desta instrução.

56. No caso específico do Contrato de Patrocínio nº 612.2.010.03.6/2003, celebrado entre a Petrobras e a Colméia, a Cláusula Quarta, item 4.2, estabeleceu que ‘O valor real a ser pago à PATROCINADA será o resultante da efetiva realização do projeto’ (grifo nosso). Na Cláusula Quinta, item 5.5, tem-se que ‘Eventuais pagamentos efetuados a maior ou a menor pela PETROBRAS serão compensados tão logo sejam detectados, sendo os respectivos valores devidamente corrigidos’. Portanto a devolução à Petrobras dos recursos não aplicados pela contratada resulta de cumprimento das próprias cláusulas contratuais.

57. Ademais, pelas datas de liberação dos recursos, verifica-se que, nos três meses iniciais, foram liberados 61,5% do valor inicial do contrato, sem a autorização dada pelos entes públicos para execução das obras. Nos 12 (doze) meses finais, restava apenas 1% do valor total a ser liberado. Caso a obra estivesse adiantada, o que mitigaria a liberação antecipada dos recursos, não seria necessário aditivo de prazo de 365 dias após serem liberados 99% dos recursos repassados. Conclui-se que a liberação dava-se sem a efetiva medição da execução do projeto e que não houve devolução dos recursos não aplicados no objeto, conforme planilha de prestação de acompanhamento de despesas (fl. 345 – Anexo 2, vol. 1).

58. Assim, deve ser fixado prazo para que a Petrobras, sob pena de responsabilidade solidária dos seus empregados eventualmente omissos, instaure e remeta ao Controle Interno tomada de contas especial da Colméia, para restituição da quantia de R$ 128.269,39, devida a partir de 3/5/2006, data do recebimento definitivo do objeto pactuado.

b) Em relação ao Convênio nº 6000.0031986.07.4/2007, celebrado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar Sebastião Rosa da Paz (Ifas), informe sobre as providências adotadas para recolhimento do débito aos cofres da Petrobras.

Manifestação da Petrobras (fl. 74 – Anexo 12)59. A Petrobras informa que o convênio foi assinado em 18/5/2007, com prazo de 1 (um)

ano para realizar as ações no plano de trabalho. ‘As atividades estavam em andamento até que surgiram dificuldades operacionais e administrativas na comprovação da aplicação dos recursos repassados na 1ª parcela, em razão do bloqueio judicial de suas contas, o que levou a Petrobras a suspender o repasse das demais parcelas’ (fl. 74 – Anexo 12). Em constatação feita no local, os técnicos da Petrobras verificaram o descumprimento das etapas, o que fez com que a Companhia ajuizasse ação (Processo nº 0379610-58.2008.8.19.001, em tramitação na 44ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro) para reaver os recursos repassados e não comprovados na prestação de contas.

Análise60. Inicialmente, cabe comentar que o convênio foi celebrado em 18/5/2007 e a primeira

prestação de contas, que teria de ser apresentada em agosto/2007, foi enviada em 30/1/2008, em forma de demonstrativo de gastos. Nos meses seguintes, a convenente informou que os documentos foram apreendidos, por isso não enviou toda a documentação. Somente em 19/11/2008, a Petrobras impetrou ação judicial contra o Instituto. Do total de R$ 1.600.000,00 transferidos ao Ifas, a Petrobras aprovou gastos de R$ 1.209.857,36.

61. É relevante assinalar que os gastos aprovados pela Petrobras foram questionados pela equipe de fiscalização deste Tribunal, conforme trecho da conclusão (fls. 241/243 – principal, vol. 1) abaixo transcrito:

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‘Sobre a despesa de pessoal, houve recolhimento intempestivo, em fevereiro de 2008, dos tributos relativos aos contratados do Ifas, ligados ao Convênio, apesar de a Companhia ter liberado os recursos na data acertada, em maio de 2007 (Anexo 3, vol. 2, fls. 436/460 e 462). O ônus decorrente do pagamento com atraso dos encargos trabalhistas, causado pelo gestor da entidade, não deve ser suportado com recursos do ajuste. Assim, deve-se considerar débito dos responsáveis (Paulo Cezar Farias e do Ifas) o valor de R$34.780,19, correspondente aos encargos pelo atraso no cumprimento de obrigação legal. Ressalte-se que a primeira parcela do Convênio deveria ser destinada, em sua maior parte, à realização de investimentos; porém, foi utilizada para suportar a folha de pagamento da entidade. Houve, assim, desvio de finalidade na aplicação dos recursos.

(...)No tocante aos investimentos (Anexo 3, vol. 2, fls. 491/534), a avaliação da documentação

mostra que os valores informados pelo Ifas, no total de R$250.667,00 (Anexo 3, vol. 1, fl. 337), não se sustentam, como aquisição de veículos e equipamentos. Dos R$320.500,00 orçados para aquisição de veículos, utensílios, móveis e equipamentos (Anexo 3, fl. 163), com a primeira parcela liberada do Convênio, apenas R$124.985,00 poderiam, em tese, ser aceitos como devidamente comprovados, já que, no tocante aos veículos, os defeitos nas cópias não permitem formar opinião definitiva sobre a propriedade (CRLV, em cópia escura). Se estava previsto investimento de R$320.500,00 nos itens referidos, e somente o valor de R$124.985,00 pode-se assumir como comprovado, ainda que de forma não definitiva, fica claro que se deixou de aplicar, no fim previsto, R$195.515,00.

Sobre os gastos com passagens, só foram apresentados os trechos dos bilhetes adquiridos, ainda em 2007, da Itiquira Cons. Representações Ltda, os quais incluem origens ou destinos fora do roteiro das ações do programa, isso impede afirmar serem despesas regulares. Além disso, lançaram-se como despesas do Convênio passagens emitidas em janeiro e fevereiro de 2008, no correspondente a R$18.118,40, incoerente com o momento da realização das atividades do projeto, além de parte das passagens, no valor de R$9.646,32, referir-se a trechos com origem ou destino em Brasília, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Natal, Porto Alegre, Campo Grande e Guarulhos, também em desacordo com o objeto pactuado.

A movimentação constante dos extratos bancários não contempla todos os recursos transferidos. Ademais essa movimentação revela-se incoerente com as supostas despesas realizadas no âmbito do Convênio e com o cronograma estabelecido no plano de trabalho. Os extratos, inclusive, não contêm débitos relevantes, como aquisição de veículos, adubo e passagens, entre outros.

Compôs a prestação de contas apresentada pelo Ifas lista com nome dos beneficiados do projeto (Anexo 3, vol.1, fls. 262/316). Em razão da quantidade, selecionou-se o seminário realizado em Alagoinhas – BA, entre 22 e 23 de julho de 2007 (Anexo 3, vol. 2, fl. 293), para verificar a credibilidade da lista, confrontando os nomes lá contidos com aqueles que receberam diárias e ressarcimento pelo deslocamento para participar do evento. O senhor Luiz Fernando – CPF 646.416.785-53 (Anexo 3, vol. 3, fls. 746/747) e a senhora Jailza Santos Lima – CPF 014.115.905-70 (Anexo 3, vol. 3, fls. 702, 703 e 772) assinaram recibos confirmando o recebimento de diárias e ressarcimento de transporte pela suposta participação no evento, embora não constem da lista de agricultores cadastrados no programa. Incluídos no programa e que receberam valores, constam apenas os senhores José Nonato dos Santos – CPF 139.145.224-18 (Anexo 3, vol. 3, fl. 726), Antônio Ribeiro Neves – CPF 420.412.285-04 (Anexo 3, vol. 3, fl. 714) e Sipriano José dos Santos – CPF 126.307.725-00 (Anexo 3, vol. 3, fl. 760). Deveriam fazer parte, também, da prestação de contas, entre outros comprovantes, como forma de verificação dos resultados alcançados e do impacto social do projeto, folha de frequência dos participantes (item não juntado) e fotografias (incluídas apenas 6). Isso configura, no contexto dos elementos encontrados, indícios graves de não implementação do projeto.

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Acrescente-se a isso o fato de que na lista constam nomes de beneficiários do projeto pelas atividades ocorridas no Ceará e em Minas Gerais. Não há, entretanto, recibos de pagamentos a eles por deslocamentos e diárias. Inexistem, portanto, outras provas que permitam dar credibilidade à realização das atividades.

Conclui-se que o demonstrativo de gastos não traduz os comprovantes constantes da prestação de contas. O relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias. Além disso, alguns documentos/recibos não atendem às formalidades legais para suportar despesas. Soma-se a isso o fato de os recursos terem sido aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias. Por fim, os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do Convênio, impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos. Essa última falha se torna mais grave quando se tem em conta que o Ifas recebeu, no mesmo período, recursos públicos de outras fontes (como o Incra e o MDA) para a execução de ações similares.’

62. Nesse sentido, a diferença a ser ressarcida pelo Ifas pode superar o valor constante da ação de cobrança ajuizada pela Petrobras, o que demanda a adoção de novas medidas tendentes ao ressarcimento dos gastos não comprovados, a saber, a instauração de tomada de contas especial (TCE). A propósito, cumpre salientar que, caso haja recolhimento parcial do débito em face da ação judicial, o valor assim recolhido, por evidente, será abatido do débito identificado na TCE, por ocasião da execução do respectivo julgado, de modo que não há que se falar em litispendência.

63. Assim sendo, em relação ao Convênio nº 6000.0031986.07.4/2007, celebrado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar ‘Sebastião Rosa da Paz’ (Ifas), com fundamento no art. 8ª da Lei nº 8.443, de 1992, propõe-se determinar à Petrobras que, no prazo de 60 (sessenta) dias, apure a efetiva aplicação dos recursos repassados ao Ifas e instaure tomada de contas especial para o recolhimento do débito, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes da Companhia, diante das seguintes ocorrências:

– o demonstrativo de gastos não se apresenta coerente com os comprovantes constantes da prestação de contas;

– o relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias;

– diversos documentos/recibos não atendem às formalidades legais para suportar despesas;– os recursos foram aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de

trabalho e nas planilhas orçamentárias;– os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do Convênio,

impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos.

c) Em relação ao Convênio nº 6000.0007055.04.4/2004, celebrado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), apresente documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados: (c.1) comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; (c.2) comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio.

d) Em relação ao Convênio nº 6000.0017248.05.4/2006, celebrado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), apresente documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados: (d.1) comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; (d.2) comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio.

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e) Em relação ao Convênio nº 6000.0032085.07.4/2007, celebrado com a Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS), apresente documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados: (e.1) comprovação da participação do MEC e do cumprimento de seus encargos, de acordo com a Subcláusula Única da Cláusula Terceira do convênio; (e.2) comprovação da consecução do objeto e do alcance dos objetivos específicos, em conformidade com os meios de verificação constantes do Plano de Trabalho, Anexo I do convênio.

Manifestação da Petrobras (fls. 75/76 – Anexo 12)64. A Petrobras encaminhou imagem da Nota Técnica 21/2009 do MEC, em resposta aos

itens c.1, d.1 e e.1.65. Em relação aos itens c.2, d.2 e e.2, a Petrobras informou que os valores repassados

pela Companhia destinaram-se à criação e à produção do material pedagógico e às ações formativas de 3.200 educadores a cada ano.

66. Para os itens c.2 e d.2, a Companhia comunicou a existência, em meio magnético, de relatório (um de cada convênio) contendo as atividades realizadas no âmbito do convênio e a relação dos alfabetizadores capacitados. Para o item e.2, há relatório final e de avaliação de todas as fases do projeto, esta última realizada por grupo de pesquisadores independentes.

Análise67. A relação dos alfabetizadores capacitados nos Convênios nos

6000.0007055.04.4/2004 e 6000.0017248.05.4/2006, conforme requerido nos itens c.2 e d.2, não consta das informações enviadas a este Tribunal.

68. No que tange à Nota Técnica, assinada pelo chefe de gabinete da SECAD/MEC, tem-se:

‘Com relação às informações solicitadas, por meio do SBA, compilamos os seguintes pontos:

a) Processo nº 23400.009956/2004-00, Convênio nº 828005/2004, Siafi nº 511127, assinado pela Central Única dos Trabalhadores – CUT, no valor de R$ 7.856.640,00, com o objetivo de alfabetizar 51.307 pessoas. O projeto foi executado completamente. O detalhamento sobre a execução do projeto encontra-se no anexo I desta Nota Técnica;

b) Processo nº 23000.012530/2005-14, Convênio nº 828004/2005, Siafi nº 529527, firmado também com a Central Única dos Trabalhadores – CUT, no valor de R$ 7.856.640,00, com o objetivo de alfabetizar 80.000 pessoas. O projeto foi executado em 79,62% e o detalhamento está expresso no anexo II desta Nota Técnica;

c) Processo nº 23000.016775/2006-04, Convênio nº 828044/2006, Siafi nº 579300, firmado com a Agência de Desenvolvimento Solidário, no valor de R$ 8.213.079,60, com o objetivo de alfabetizar 80.425 pessoas. O projeto foi executado em 79,68% e o detalhamento está expresso no anexo III desta Nota Técnica.’

69. Embora a Nota Técnica nº 21/2009, da SECAD/MEC, tenha comunicado que anexou a essa nota ‘CD com informações sobre os alfabetizandos e alfabetizadores cadastrados por cada uma das entidades’, tais informações também não constam da resposta enviada ao TCU pela Petrobras. O detalhamento expresso nos anexos apresenta apenas tipo ou situação e respectivas quantidades dos alfabetizandos e dos alfabetizados, conforme resumo a seguir:

Tabela 1 – Alfabetizadores por situaçãoAlfabetizadores por

situaçãoQuantidade

2004 2005 2006

Em atividade 2423 3053 3610Total cadastrado 3276 3881 4516Tabela 2 – Alfabetizandos por situação

Alfabetizandos por situação

Quantidade2004 2005 2006

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Em alfabetização 0 2 5283Evasão 8426 6104 3128Desistente 3546 6809 15765Cancelado 17175 15394 23795Encaminhado para turma de EJA

36896 44202 23294

Impossibilidade de continuar na EJA

14411 19494 35508

Total Cadastrado 80457 92005 106773

70. Como não ficou esclarecida a participação do MEC nos convênios, procedeu-se inspeção no FNDE e na SECAD a fim de conhecer o objeto dos convênios firmados pelo MEC com a CUT/ADS.

71. Para melhor compreensão da relação entre os convênios firmados, separadamente, pela Petrobras e pelo MEC, com a mesma entidade, na mesma ocasião, tem-se:

Tabela 3 – Convênios celebrados pela Administração Pública com a CUT/ADSConvênio Petrobras – CUT/ADS –MEC Convênio MEC – CUT/ADS

O Convênio 6000.0007055.04.4, de 13/9/2004, no valor de R$ 7.334.952,87, estabeleceu como finalidade, na Cláusula Primeira, o repasse de recursos para o ‘Projeto TODAS AS LETRAS’, cujo objetivo era formar 80 mil trabalhadores jovens e adultos leitores da realidade social do país e 3200 alfabetizadores.

Processo nº 23400.009956/2004-00, Convênio nº 828005/2004, Siafi nº 511127, no valor de R$ 7.856.640,00, com o objetivo de alfabetizar 51.307 pessoas. O projeto foi executado completamente.

O Convênio 6000.0017248.05.4, de 24/1/2005, no valor de R$ 8.795.978,75, teve por finalidade o ‘Projeto TODAS AS LETRAS – Etapa 2006’, cujo objetivo era formar leitores da realidade social do país para que estes fossem capazes de fazer uso social da escrita e da leitura a fim de ampliar as condições desses sujeitos para o pleno exercício da cidadania.

Processo nº 23000.012530/2005-14, Convênio nº 828004/2005, Siafi nº 529527, no valor de R$ 7.856.640,00, com o objetivo de alfabetizar 80.000 pessoas. O projeto foi executado em 79,62%.

O Convênio 6000.0032085.07.4, de 5/6/2007, no valor de R$ 9.899.788,01, trouxe, na Cláusula Primeira – Objeto, que o convênio tinha como finalidade o ‘Projeto TODAS AS LETRAS – 3ª Etapa’, cujo objetivo era idêntico ao do Convênio 6000.0017248.05.4.

Processo nº 23000.016775/2006-04, Convênio nº 828044/2006, Siafi nº 579300, no valor de R$ 8.213.079,60, com o objetivo de alfabetizar 80.425 pessoas. O projeto foi executado em 79,68%.

72. Na inspeção no FNDE, verificou-se que constam solicitação e liberação de recursos desse Fundo para formação inicial e continuada de alfabetizadores, nos valores de R$ 380.160,00, no convênio de 2004, R$ 380.160,00, no convênio de 2005, e R$ 415.800,00, no convênio de 2006. Entretanto, nas prestações de contas relativas aos convênios celebrados entre Petrobras e CUT/ADS, constou rubrica de reembolsos ao MEC também a título de formação inicial e continuada, nos valores de R$ 411.710,12, no convênio de 2004 (fl. 229 – Anexo 4 – vol. 1), R$ 384.002,08, no convênio de 2006 (fl. 394 – Anexo 4, vol. 1), e R$ 420.002,77, no convênio de 2007 (fl. 621 – Anexo 4, vol. 2). Tem-se, pois, que foram liberados recursos tanto do FNDE como da Petrobras para a formação inicial e continuada de alfabetizadores.

73. Em resumo, os convênios firmados pela Petrobras com a CUT, segundo a Companhia, destinaram-se ao custeio do material didático e à formação de coordenadores (nacional, estaduais e locais) e de alfabetizadores do Programa Brasil Alfabetizado. Os convênios da CUT com o FNDE, por sua vez, tiveram por objeto a formação de alfabetizadores e o pagamento de bolsa a eles. Portanto, havia uma parte comum entre os convênios da Petrobras e do FNDE, a saber, a formação inicial e continuada de alfabetizadores.

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74. Esse fato, por si só, deveria ensejar redobrada atenção no exame das prestações de contas da entidade sindical. Além disso, acrescente-se, o acompanhamento e o monitoramento por parte da Secad/MEC dos convênios celebrados no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado davam-se por meio de amostragem, o que fez com que somente o convênio celebrado em 2006 entre Petrobras e CUT/ADS fosse alvo de fiscalização específica do MEC, e ainda assim apenas nos estados do Espírito Santo (selecionadas as cidades de Vitória, Vila Velha e Serra) e Roraima (selecionada a cidade de Boa Vista), no período de 10/09/2006 a 10/11/2006.

75. A Petrobras, de sua parte, a despeito de haver formalmente aprovado, por intermédio de sua Gerência de Responsabilidade Social, as respectivas prestações de contas, tratou os convênios com a CUT, na prática, como os seus ‘contratos de patrocínio’, ou seja, sem real preocupação com a boa e regular aplicação do dinheiro por ela transferido, mas tão somente com a suposta ‘veiculação de sua marca’. Tanto que, conforme registrado na instrução anterior, nos convênios cujos objetos foram apoiar ações de alfabetização e formação de alfabetizadores, houve despesas com passagens aéreas, alimentação, hospedagem, cesta de natal, entre outros, com os recursos repassados pela Petrobras.

76. Resumindo, a CUT/ADS firmou três convênios com o FNDE objetivando alfabetizar 80.000 jovens e formar 3.200 alfabetizadores em cada convênio, no valor total de R$ 23.926.359,60. Posteriormente, foi devolvida à autarquia a quantia de R$ 4.506.534,28, referente aos três convênios. Na mesma ocasião, a CUT/ADS firmou três convênios com a Petrobras destinados a apoiar a mesma ação de alfabetização, no valor total de R$ 26.030.719,63. Mais tarde, foi devolvida à Companhia a quantia de R$ 339.631,82, referente aos convênios de 2004 e 2007. No total, foram transferidos à Central Única dos Trabalhadores cerca de R$ 45.000.000,00 para execução de ações na área de alfabetização.

77. Cabe destacar que, de acordo com a Nota Técnica nº 21/2009, da SECAD/MEC, em face de problemas identificados em convênios firmados em 2007, o MEC passou a vedar a adesão de entidades não governamentais ao Programa Brasil Alfabetizado, o que vem sanear os questionamentos a respeito de futuros repasses da Petrobras para programas contemplados com recursos de outros órgãos e entidades da Administração Pública.

78. À vista do exposto, propõe-se, com fundamento no art. 71 da Constituição Federal, alertar a Petrobras que, nos convênios celebrados entre a empresa e a Central Única dos Trabalhadores, nos anos de 2004 a 2007, com vistas a financiar ações de alfabetização, foram identificadas as principais irregularidades: a) ausência, nos respectivos planos de trabalho, de detalhamento dos custos envolvidos, impossibilitando a aferição da compatibilidade entre o valor transferido e as atividades efetivamente desenvolvidas pela entidade executora (§§ 73 a 75); b) fragilidade dos procedimentos adotados pela Companhia para fiscalização da execução dos respectivos objetos e análise das prestações de contas (§ 75).

f) Em relação ao Contrato nº 6000.0010762.05.2/2005 – Projeto Saber Transformar, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol), apresente documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato e aferir a boa e regular aplicação dos recursos (meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos, conforme descritos na avaliação de resultados do Anexo I do Contrato).

Manifestação da Petrobras (fls. 76/77 – Anexo 12)79. A Petrobras esclareceu que não compete à Companhia a aferição da boa e regular

aplicação dos recursos, por se tratar de contrato de patrocínio. A entidade executora do projeto recebe retribuição pecuniária para associar ao evento a marca da Companhia, sem vinculação da aplicação dos recursos do projeto. A partir do momento em que realiza o evento e veicula a marca do patrocinador, faz jus à remuneração e os valores passam a integrar o seu patrimônio, não cabendo interferência da Companhia na gestão da entidade de direito privado.

80. Com relação à verificação de resultados, a Petrobras informa que, nos contratos de patrocínio, a Companhia fiscaliza o cumprimento das contrapartidas contratuais e acompanha a execução dos projetos, por meio dos relatórios parciais e final de execução apresentados pelas

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instituições responsáveis, e pode realizar a verificação no local. A Petrobras acompanha as metas estimadas de desempenho e, como estas são ‘estimadas’, o não atendimento delas não significa inadimplemento contratual, apenas aferem a viabilidade do projeto e a oportunidade de manter a veiculação da marca. As metas estão descritas na cláusula décima sexta do contrato.

81. A Petrobras enviou, em meio magnético, cópia dos relatórios das atividades realizadas, também chamados relatórios de monitoramento, referentes aos seguintes períodos: fevereiro a abril de 2005, março a junho de 2005, julho e agosto de 2005, setembro a novembro de 2005 e dezembro de 2005 a fevereiro de 2006. Nos relatórios estão descritas as atividades realizadas e o respectivo público alvo.

Análise82. De acordo com o item 6.2 do Contrato nº 6000.0010762.05.2, de 4/2/2005, ‘O valor

real a ser pago à PATROCINADA será o resultante da efetiva realização dos eventos’ (grifo nosso). Logo, o valor a ser repassado à patrocinada está relacionado à comprovação da realização do evento, conforme estabelece a cláusula contratual.

83. No caso em análise, não foram apresentados os meios de verificação, descritos no item 6 do Anexo ao Contrato, ou quaisquer outros registros que pudessem comprovar a efetiva realização dos eventos (oficinas, intercâmbios, feiras e exposições), conforme requerem os itens 2.1.1 e 6.2 do Contrato nº 6000.0010762.05.2:

– listas de presença dos participantes das atividades, que permitam aferir a capacitação dos trabalhadores e as trocas de experiências, com o objetivo de ‘implantar programa de formação e de intercâmbio entre os empreendimentos econômicos solidários, bem como trocar experiências e sistematizar as ações participativas, fortalecendo as relações de intercooperação’;

– livros caixa, balanço e balancetes escriturados, que permitam aferir o ‘conhecimento contábil e gerencial como instrumento de autogestão, com o objetivo de promover o acompanhamento contábil e gerencial dos empreendimentos solidários, visando à organização e à estruturação do processo produtivo’.

84. Os relatórios parciais e finais, elaborados pela própria beneficiada pelos repasses, não constituem, isoladamente, elementos comprobatórios da efetiva execução do objeto.

85. Ressalta-se que a Petrobras criou, em sua estrutura organizacional, a Gerência de Responsabilidade Social, com o objetivo de incentivar a geração de renda e oportunidade de trabalho, a educação para a qualificação profissional e a garantia dos direitos da criança e do adolescente e, assim, contribuir para o desenvolvimento do país. Logo, a Petrobras, ao repassar recursos por meio dessa Gerência para financiar projetos de desenvolvimento social, o faz com interesse convergente, com a característica de convênio, devendo exigir a comprovação da execução do objeto e da correta aplicação dos recursos.

86. As cláusulas contratuais, notadamente os itens 2.1.1, 6.2, 9.1, 9.3 e 14.3, estabelecem a fiscalização por parte da repassadora e a conformidade da execução do objeto com o projeto anexo ao contrato.

87. Assim sendo, propõe-se determinar à Petrobras que, no prazo de 60 (sessenta) dias, sob pena de responsabilidade solidária dos seus empregados eventualmente omissos, instaure e remeta ao Controle Interno tomada de contas especial da Ecosol, em face da ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos à entidade, no âmbito do Contrato nº 6000.0010762.05.2/2005 – Projeto Saber Transformar, no montante de R$ 350.000,00.

g) Em relação ao Contrato nº 610.2.014.04.8 (6000.0001124.04.2/2004), firmado com a União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas), apresente documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato e aferir a boa e regular aplicação dos recursos (meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos e da realização das atividades, conforme descritos na avaliação processual e na avaliação de resultados no Anexo I do Contrato).

Manifestação da Petrobras (fls. 77/78 – Anexo 12)

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88. A resposta da Petrobras teve o mesmo teor da resposta anterior. Informou que as metas estavam descritas no Anexo IV. Acrescentou que a Companhia não fiscaliza ações ou atividades meio, processuais ou instrumentais, próprias da discricionariedade dos gestores das entidades executoras do projeto/evento patrocinado.

89. A Petrobras enviou fotos de eventos e a seguinte documentação:– correspondência da Unas, esclarecendo que as atividades eram realizadas em duas

turmas, divididas em dois turnos separados, e os adolescentes participavam de todas as atividades; portanto a forma de controle era por dia e por período e não por atividade;

– 1 (uma) lista de presença intitulada ‘Formação de Educadores para Trabalho com Adolescentes’, com 48 nomes;

– cronograma de formação do mês de março (sem especificar o ano), com 23 dias de atividades;

– 57 (cinquenta e sete) fichas de inscrição para ‘Projeto de Moda, mulheres acima de 21 anos’, com datas de março e abril/2004;

– controle de frequência da oficina Moda com o nome das participantes das turmas A e B, no período de maio/2004 a julho/2005;

– documentos relativos à constituição da cooperativa de moda – Coopermoda, em 16/12/2005: edital de convocação, ata da assembleia geral e respectiva lista de presença de constituição da cooperativa e estatuto da cooperativa.

Análise90. O Contrato de Patrocínio nº 6000.0001124.04.2/2004, de 17/2/2004, tinha como

objeto o patrocínio a projeto que visa a implantar cooperativa de costura com capacitação em oficinas de moda e estilismo para 50 (cinquenta) mulheres, acima de 21 anos, e a realização de oficinas sócio-educativas em arte, capoeira, esporte e informática para 100 (cem) adolescentes, de 14 a 18 anos. O valor repassado pela Petrobras à Unas foi de R$ 432.431,22.

91. De acordo com o item 4.2 do Contrato nº 6000.0001124.04.2/2004, ‘os valores a serem pagos pela PETROBRAS à PATROCINADA serão aqueles previstos para os eventos que forem efetivamente executados e aceitos pela Fiscalização’ (grifo nosso). O item 3.1.1 da Cláusula Terceira dispõe, como obrigação da patrocinada, ‘Cumprir integralmente e com perfeição todas as obrigações oriundas deste Contrato, bem como as especificações contidas em sua proposta (Anexo I) que passa a fazer parte integrante do presente Contrato’.

92. Os meios de verificação trazidos aos autos comprovam apenas a constituição da Cooperativa de Moda e a capacitação das mulheres em oficinas de moda. Quanto ao custo das ações empreendidas, tem-se somente o valor do capital inicial da Cooperativa de Moda, no montante de R$ 6.800,01, em 16/12/2005, em bens móveis doados pela Unas. Não se tem o custo das oficinas de moda realizadas para mulheres.

93. Em relação às oficinas e demais atividades propostas para adolescentes, não foram apresentados pela Petrobras elementos que comprovem a efetiva realização das atividades descritas no item 9 e o alcance dos objetivos descritos no item 10 do Anexo ao Contrato.

94. Ao mesmo tempo, reconhece-se a dificuldade em quantificar o débito relativo à inexecução das atividades para jovens (débito parcial), uma vez que não foi informado o custo individualizado dessas atividades. Casos semelhantes foram tratados por este Tribunal como irregularidade sem débito, como no Acórdão 283/2002 – Plenário e no Acórdão 112/2005 – Plenário, porém com aplicação de multa aos responsáveis.

95. Uma vez que a aplicação de tal penalidade aos responsáveis já é objeto de proposição nesta instrução, precisamente pela ausência de dispositivo contratual prevendo a comprovação dos gastos da entidade favorecida (itens 19 a 31 desta instrução), deixa-se de sugerir, na espécie, a adoção de medida adicional.

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h) Em relação ao Contrato nº 6000.0021294.06.2/2006, firmado com a União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas), apresente documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Contrato e aferir a boa e regular aplicação dos recursos (meios de verificação que comprovem o cumprimento dos objetivos específicos, conforme descritos na avaliação do processo no Anexo I do Contrato, uma vez que não restou comprovada a realização de todas as ações do projeto, no âmbito do Programa Adolescente e Programa Mulheres).

Manifestação da Petrobras (fl. 79/80 – Anexo 12)96. Em relação à comprovação do alcance dos objetivos, a Petrobras apresentou a mesma

resposta dada para o Contrato de Patrocínio nº 610.2.014.04-8 (6000.0001124.04.2/2004).97. A Petrobras enviou fotos de eventos e a seguinte documentação:– correspondência da Unas, esclarecendo que as atividades eram realizadas em duas

turmas, divididas em dois turnos separados, e os adolescentes participavam de todas as atividades; portanto a forma de controle era por dia e por período e não por atividade;

– fichas de inscrição para projetos Arte Costura, no período de fevereiro e março de 2007;– fichas de matrícula para a Escola de Moda Jovem de Heliópolis, no período de

março/2006 a outubro/2007;– lista de presença do Projeto de Moda das turmas A e B, no período de 11/5 a 1º/7.Análise98. A correspondência da Unas esclareceu que as atividades eram conjuntas e que o

controle era por dia de atividade. À vista dessa informação, as fichas de inscrição e de matrícula foram confrontadas com as listas de presença constantes dos autos. Não foram apresentados os relatórios de avaliação das aulas por outros especialistas, conforme prevê o Anexo I ao Contrato. Em que pese, nas oficinas de moda, constar nas listas de presença os mesmos nomes das participantes do curso do contrato anterior, pode-se entender como sendo continuação daquele contrato.

99. Além disso, há que se considerar que o projeto foi proposto para 30 jovens e 20 mulheres, por período de 12 meses, com valor despendido pela Petrobras de R$ 475.674,34. Os relatórios descritivos e as listas de presença demonstram que o período de execução foi de julho/2006 a março/2007, no total de 148 dias de atividades para os adolescentes (fls. 134/182 – Anexo 9 e 259/307 e 321/376 – Anexo 9, vol. 1), e de janeiro a março/2007, no total de 24 dias de atividades para as mulheres, sendo 12 dias para cada turma (fls. 184/207 – Anexo 9). Segundo informação da Unas, as atividades eram realizadas em conjunto por turno. Assim, se os 30 adolescentes tiveram 148 dias de atividades e as 20 mulheres tiveram 24 dias de atividades, tem-se que o total de horas de todas as atividades foi de: 172 dias x 8 horas/dia = 1.376 horas de atividades.

100. Com essas informações, foi feita a tabela abaixo que mostra o total de horas das atividades.

Tabela 4 – Horas de atividade do Contrato nº 6000.0021294.06.2/2006Período Evento Público-

alvoHoras total

Jul a Set/2006

3 oficinas (56 dias de atividades)

30 jovens 448(56 dias x 8 horas/dia)

7 oficinas 20 mulheres

não há lista de presença que comprove a realização das atividades

no períodoOut a

Dez/20068 oficinas (47 dias de

atividades)1 intercâmbio*

(total de 48 dias)

30 jovens 384(48 dias x 8 horas/dia)

12 oficinas 20 mulheres

não há lista de presença que comprove a realização das atividades

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no períodoJan a

Mar/20074 oficinas (48 dias de

atividades)1 reunião de pais

1 aula*2 rodas de discussão*

1 seminário*1 intercâmbio*

(total de 54 dias)

30 jovens 432(54 dias x 8 horas/dia)

9 oficinas (12 dias de atividades = 12 para Turma A e 12 para Turma B, em turnos

diferentes)3 rodas de discussão*

(total de 15 dias)

20 mulheres

192(24 dias x 8 horas/dia)

9 meses 163 dias de atividades 1.456 horas de atividades*não foram apresentadas as listas de presença para essas atividades, porém foram contadas

como 1 dia com 8 horas de aula para 1 atividade.101. Tomando-se o valor pago pela Petrobras a título de patrocínio à Unas, de R$

475.674,34, por 1.304 horas de atividades, tem-se que a hora média de atividade chega a R$ 326,69. Cabe lembrar que o objeto do Contrato nº 6000.0021294.06.2/2006 é a renovação do patrocínio anterior; o valor do contrato anterior, de nº 6000.0001124.04.2/2004, foi de R$ 432.431,22.

102. Para a apreciação da compatibilidade do preço da hora média de atividade paga pela Unas com o patrocínio da Petrobras, o Convênio nº 6000.0021960.06.4, celebrado pela Petrobras com a Entidade Ambientalista Onda Verde e a então Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República, em 2006 (mesmo ano do contrato em análise), apresenta o preço da hora para ‘consultoria para cursos’, com cursos para público-alvo semelhante ao do contrato de patrocínio em análise:

Tabela 6 – Custo por hora de atividade do Convênio nº 6000.0021960.06.4Nº Especificação Indicador físico Duração

MesesHora Mês

Custo em R$ HorasTotal*Unidade Quant. H/H Total

1 Agente Comunitário em Saúde

Unidade 1 8 64 41,00 20.992,00 512

2 Manipulação de Alimentos Unidade 2 6 40 41,00 19.680,00 2403 Carpintaria Naval Unidade 1 6 64 28,00 10.752,00 3844 Eletricista Naval Unidade 1 6 64 28,00 10.752,00 3845 Refrigeração Unidade 1 6 64 28,00 10.752,00 3846 Mecânica Naval Unidade 1 6 64 28,00 10.752,00 3847 Cooperativismo Unidade 2 6 64 26,00 19.968,00 3848 Comunicação para Jovens Unidade 2 6 64 26,00 19.968,00 3849 Articulador de Mercado Unidade 1 6 64 26,00 9.984,00 384

Custo total R$ 133.600,00 3.440* coluna inserida pela AUFC103. No Convênio nº 6000.0021960.06.4 (com a Entidade Ambientalista Onda Verde), a

hora de maior valor para uma atividade foi de R$ 41,00, valor bem mais baixo do que a hora média de atividade do Contrato de Patrocínio nº 6000.0021294.06.2/2006 (com a Unas), que foi calculada como R$ 326,69. Para ações semelhantes foram despendidos valores muito diferentes.

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104. Outra comparação que pode ser feita é com cursos contratados para capacitação de servidores do TCU, ressaltando, nesse caso, que o nível dos cursos ministrados no TCU foi para servidores concursados de nível superior e de nível médio:

Tabela 7 – Custo por hora de treinamento no TCUEvento Carga

HoráriaValor do evento Custo da hora

Curso de Desenvolvimento de Equipe (2006)

24 R$ 5.100,00 R$ 212,50

Curso de Linguagem Jornalística (2007)

7 R$ 1.820,00 R$ 260,00

105. Mais uma vez tem-se que o custo por hora dos cursos ministrados no TCU para servidores concursados de nível superior e de nível médio tem valor mais baixo do que o valor médio da hora de atividade proporcionada aos jovens moradores da comunidade de Heliópolis, que foi de R$ 326,69.

106. Cabe mencionar que já houve deliberação deste Tribunal, por meio do Acórdão 174/2008 – Primeira Câmara, a respeito de sobrepreço na prestação de serviços referente a cursos de capacitação, o que causou prejuízo aos cofres da instituição repassadora dos recursos, condenando o recebedor do recurso e a empresa executora a devolverem os recursos recebidos ao respectivo Fundo.

107. Verifica-se, ainda, que, apesar de os contratos serem celebrados com inexigibilidade de licitação, não consta do processo de contratação pesquisa de preço ou justificativa que permita prever com acuidade o volume de recursos a ser repassado em função da atividade a ser realizada, conforme estabelece a legislação para todos os órgãos da administração pública direta e indireta e a norma da própria Petrobras para contratos celebrados por inexigibilidade de licitação. Ressalta-se que, em se tratando de realização de cursos como os propostos no presente contrato, a atividade é largamente oferecida no mercado, pelo que deveria, no presente caso, ter sido apresentada a justificativa da compatibilidade do valor repassado em relação às atividades realizadas. Essa exigência legal tem sido evidenciada, constantemente, em deliberações deste Tribunal.

108. A ausência de parâmetros que permitam aferir a razoabilidade dos recursos repassados a entidades para execução de programas sociais, por meio de contratos de patrocínio, foi observada em todos os contratos de patrocínio examinados pela equipe do TCU. O presente contrato não constitui caso isolado, em que os recursos são aprovados sem que conste a justificativa do valor e a razão da escolha do favorecido, conforme prevê o caput do art. 37 da Constituição Federal e o parágrafo único do art. 26 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

109. À vista do exposto, cabem aqui as mesmas considerações formuladas nos itens 94 e 95 desta instrução.

i) Em relação ao Convênio nº 6000.0021960.06.4, celebrado com a entidade ambientalista Onda Verde e a então Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República, apresente documentação que permita comprovar o alcance dos objetivos do Convênio e aferir a boa e regular aplicação dos recursos repassados (extrato bancário da conta adotada para o repasse de recursos do Convênio; parecer do fiscal e do gerente que assinaram os boletins de medição dos serviços executados, com a demonstração da conciliação entre os recursos repassados pela Petrobras e a aplicação no objeto conveniado).

Manifestação da Petrobras (fls. 4/5 – Anexo 13)110. A Petrobras informou que:a) em relação ao extrato bancário da conta adotada para o repasse dos recursos do

Convênio, a informação está no arquivo 2010-01-08 – EXTRATO DE CONTA CORRENTE.pdf, contendo os extratos bancários da conta vinculada ao convênio dos seguintes períodos: maio de 2006 a agosto de 2007;

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b) em relação ao parecer do fiscal e do gerente que assinaram os boletins de medição, há: os relatórios bimestrais 01 de 06, 02 de 06, 03 de 06, 04 de 06, 05 de 06; o relatório final; os comprovantes de pagamento (notas fiscais, cupons fiscais e recibos) e o parecer do gerente da SMS/Petrobras.

Análise111. Sobre o parecer, o Gerente Setorial da Região Sudeste – SMS o emitiu. Entretanto

não consta a data da emissão nem o número do Convênio a que se refere o parecer.112. Na documentação enviada a este Tribunal, não consta a demonstração da conciliação

entre os recursos repassados pela Petrobras e a aplicação no objeto conveniado.113. Embora não se possa comprovar que os recursos aplicados foram integralmente da

Petrobras, pois a Entidade recebeu recursos de outras fontes, a consideração que se tem de fazer, neste momento, é que o convênio, aparentemente, atingiu as metas propostas.

114. A execução do objeto acordado entre a Petrobras, a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República e a ONG Onda Verde para a Comunidade de Pescadores Marcílio Dias apresentou as seguintes etapas:

– realização de obras de reforma e infraestrutura nas dependências do centro comunitário;– criação de Centro de Aprendizagem Permanente (CAP);– realização de Cursos de Capacitação e Formação da Cooperativa;– identificação e articulação com mercados consumidores locais, regionais ou pontuais.CONCLUSÃO115. No presente processo foram analisados contratos de patrocínio e convênios

celebrados pela Gerência Executiva de Comunicação Institucional, por meio da Gerência de Responsabilidade Social, da Petrobras.

116. Em relação aos contratos de patrocínio, não há como acolher o posicionamento da Petrobras no sentido de que não compete à companhia a aferição da boa e regular aplicação dos recursos transferidos, mas tão somente exigir do favorecido a associação da marca da empresa ao evento patrocinado. Na realidade, os próprios contratos da estatal preveem a fiscalização por parte da repassadora, a conformidade da execução do objeto com o projeto anexo ao contrato, o valor a ser pago de acordo com a efetiva realização dos eventos, a medição dos serviços pela Petrobras e a sustação ou a determinação, pela Petrobras, de refazer os eventos inadequados às especificações mínimas ou às disposições contratuais.

117. De mais a mais, verificou-se que a Gerência de Responsabilidade Social da Petrobras não tem realizado a atividade de fiscalização da execução do objeto contratado na área de desenvolvimento social, uma vez que não exige a comprovação de gastos nos contratos de patrocínio, contrariando inclusive determinação contida no item 1.4 do Acórdão 1.962/2004 – 2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2.224/2005 – 2ª Câmara. Os contratos verificados por ocasião da fiscalização foram, em sua maior parte, firmados em 2006 e 2007, posteriormente à prolação das aludidas deliberações desta Corte. Com isso, constata-se que nenhuma providência foi tomada com vistas ao atendimento da determinação exarada por este Tribunal.

118. Acrescente-se, em relação à atividade de fiscalização, que os relatórios parciais e o relatório final de execução são elaborados pelas próprias instituições executoras do objeto e os recibos emitidos pelos contratados ou convenentes, quando apresentados, são documentos frágeis, muitos deles inclusive sem indicação até mesmo de sua data de emissão.

119. Conforme já destacado em deliberações deste Tribunal, o agente público, sob pena de lhe ser atribuída responsabilidade, deve cercar-se de todos os meios necessários ao pleno exercício da competência funcional que lhe é atribuída; atestar contas como mera rotina administrativa, sem atentar para o real alcance e significado dessa importante medida de controle, pode levar a autoridade responsável pelo ato à condição de partícipe de eventuais irregularidades havidas na execução do objeto.

120. Ressalte-se que os instrumentos firmados com terceiros pela Gerência Executiva de Comunicação Institucional da Petrobras, com vistas à promoção de ações sociais, ainda que

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materializados sob a forma de contratos, tipificam, inequivocamente, a categoria de convênios ou similares. O argumento de que isso não ocorre porque não há interesse comum das partes na execução do objeto não procede. Primeiro, porque a Gerência de Responsabilidade Social da companhia tem por propósito, precisamente, contribuir para o desenvolvimento do país por meio de ações de incentivo à geração de renda, à educação para a qualificação profissional e à garantia dos direitos da criança e do adolescente. Ora, se a estatal chega ao ponto de dispor, em sua estrutura organizacional, de unidade dedicada precipuamente à promoção de ações de caráter social, não há como alegar que a empresa não tenha interesse direto na execução das ações sociais por ela financiadas. Em segundo lugar, porque os investimentos típicos em patrocínio devem guardar coerência entre a visibilidade dada à marca do patrocinador e o montante de recursos por ele despendidos. No caso, como dizer que, sob o prisma estritamente comercial, haveria coerência entre a ‘exposição da marca Petrobras’ e um repasse de quase R$ 500 mil para a realização de um curso de moda para cerca de 30 adolescentes (Contrato 6000.0021294.06.2/2006, firmado com uma associação de moradores)?

121. Esse tipo de ação só se justifica quando seus resultados possam ser apresentados à sociedade como casos comprovados de sucesso e exemplo das preocupações sociais da empresa. Para assegurar a qualificação de um caso como de sucesso, a empresa terá de se certificar que o objeto pactuado foi realizado a contento, que o dinheiro por ela repassado foi bem aplicado. E isso não pode ser feito à distância, por meio de um acompanhamento meramente formal e despido de real significado, sob a alegação de que interessa apenas a exposição da marca. Aliás, para a obtenção de verdadeiros casos de sucesso, antes mesmo de investir os recursos de seus acionistas, a empresa teria de se certificar da real capacidade de a entidade favorecida conduzir a contento a ação pretendida.

122. Entretanto, os representantes da estatal nestes autos afirmam que ‘a Petrobras contrata patrocínio em razão dos projetos e não instituições’ (fl. 48 – Anexo 12). Com isso, ao que parece, pretendem justificar o repasse de expressivos recursos para entidades que, mais tarde, se revelam incapazes de levar a bom termo as ações que comprometeram realizar, como veio a ocorrer no caso do Contrato 6000.0031986.07.4/2007.

123. Tais circunstâncias motivaram o oferecimento da presente representação por esta Unidade Técnica.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTOPelo exposto, submetem-se os autos à consideração superior, com as seguintes propostas:a) seja determinado à Petrobras, com fundamento no art. 8º da Lei nº 8.443, de 16 de julho

de 1992, que, no prazo de 60 (sessenta) dias, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes omissos, instaure e remeta à Corregedoria-Geral da União as tomadas de contas especiais referentes aos seguintes repasses efetuados pela empresa:

a.1) Contrato nº 612.2.010.03-6/2003, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia), em face da não devolução aos cofres da Petrobras da quantia de R$ 128.269,39, referente à diferença entre o valor repassado à Colméia, R$ 1.715.895,00, e o valor efetivamente aplicado no objeto da avença, no montante de R$ 1.587.625,61 (itens 53 a 58 desta instrução);

a.2) Convênio nº 6000.0031986.07.4/2007, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar ‘Sebastião Rosa da Paz’ (Ifas), em face das seguintes ocorrências (itens 59 a 63 desta instrução): 1 – o demonstrativo de gastos não se apresenta coerente com os comprovantes constantes da prestação de contas; 2 – o relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias; 3 – diversos documentos/recibos não atendem às formalidades legais para suportar despesas; 4 – os recursos foram aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias; 5 – os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do

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Convênio, impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos;

a.3) Contrato nº 6000.0010762.05.2/2005, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol), em face da ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos à entidade, no montante de R$ 350.000,00 (itens 79 a 86 desta instrução);

b) sejam rejeitadas as razões de justificativa do Sr. Wilson Santarosa (CPF 246.512.148-00), Gerente Executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, no tocante às seguintes ocorrências: 1 – liberação de recursos no âmbito do Contrato nº 612.2.010.03-6, celebrado com a Colméia, sem que a executora estivesse previamente autorizada pelo poder público para a realização das obras inerentes ao objeto, ocasionando descompasso entre os cronogramas físico e financeiro do empreendimento, expondo a risco desnecessário o dinheiro transferido pela estatal e contrariando os arts. 26, incisos II, VI e VIII, e 40 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e o art. 3º, parágrafo único, da Lei Complementar nº 14, de 8 de junho de 1973 (itens 5 a 17 da instrução); 2 – descumprimento da determinação desta Corte inserta no item 1.4 do Acórdão 1.962/2004 – 2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara (itens 19 a 30 da instrução); 3 – ausência de parecer jurídico prévio à celebração de contratos de patrocínio na área de desenvolvimento social, contrariando o art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 (itens 32 a 37 da instrução); 4 – não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de Comunicação Institucional (itens 39 a 51 da instrução);

c) sejam rejeitadas as razões de justificativa do Sr. Luis Fernando Maia Nery (CPF 741.569.007-97), Gerente de Responsabilidade Social da Petrobras, no tocante ao descumprimento da determinação desta Corte inserta no item 1.4 do Acórdão 1.962/2004 – 2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara (itens 19 a 30 da instrução);

d) sejam rejeitadas as razões de justificativa do Sr. Rosemberg Evangelista Pinto (CPF 080.200.515-20), ex-Gerente Setorial Regional Nordeste da Petrobras, no tocante às seguintes ocorrências: 1 – ausência de parecer jurídico prévio à celebração de contratos de patrocínio da área de desenvolvimento social, contrariando o art. 38, VI e parágrafo único, da Lei nº 8.666, 21 de junho de 1993 (itens 32 a 37 da instrução); 2 – não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de Comunicação Institucional (itens 39 a 51 da instrução);

e) seja aplicada, individualmente, aos Sres Wilson Santarosa, Luis Fernando Maia Nery e Rosemberg Evangelista Pinto, a multa prevista no art. 58, inciso II e § 1º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992;

f) seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

g) seja alertada a Petrobras de que:g.1) os contratos de patrocínio firmados pela empresa envolvendo ações de

desenvolvimento social tipificam convênios, sobre eles incidindo, em consequência, toda a legislação pertinente;

g.2) nos convênios firmados pela empresa com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) nos anos de 2004 a 2007, foram identificadas, a despeito da magnitude dos valores envolvidos, as seguintes irregularidades: 1 – ausência, nos respectivos planos de trabalho, de detalhamento dos custos envolvidos, impossibilitando a aferição da compatibilidade entre o valor transferido e as atividades efetivamente desenvolvidas pela entidade executora; 2 – fragilidade dos procedimentos adotados pela Companhia para fiscalização da execução dos respectivos objetos e análise das prestações de contas;

h) seja autorizada a remessa destes autos, após as notificações pertinentes, à 9ª Secex, unidade técnica em cuja clientela se inclui atualmente a Petrobras, para monitoramento da deliberação que vier a ser adotada por este Tribunal. [...]”.

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5. Na oportunidade em que levei este feito à apreciação do Plenário do TCU, em sessão de 30/3/2011, o Ministro José Múcio Monteiro formulou pedido de vista dos autos e, em passo seguinte, mediante despacho constante da folha 359, do v. 1, sugeriu a este Relator que solicitasse a manifestação do Ministério Público. Acatando à solicitação do Ministro-Revisor, por meio de despacho exarado à folha 360, v.1., encaminhei o processo ao Parquet requerendo a sua manifestação.

6. Em cumprimento à solicitação, o MP/TCU, após realizar breve resumo dos fatos, elaborou o parecer acostado às fls. 361/373, abaixo reproduzido como parte do Relatório:

“[...] Passo, então, a externar o que me parece sobre a matéria tratada nesta representação.Inicialmente, ressalto a materialidade dos recursos financeiros envolvidos nas

transferências realizadas pela Petrobras em favor de entidades privadas mediante convênios e contratos de patrocínio e também por meio de doações para os Fundos para a Infância e a Adolescência – FIAs. De acordo com informações constantes dos autos, no período compreendido entre 2003 e 2007, a estatal ajustou transferências desse tipo em valores que totalizaram R$ 1,1 bilhão. Informa-se, ainda, nestes autos, que a Petrobras previu, para o período de 2007 a 2012, a realização de gastos dessa mesma natureza em montante de R$ 1,3 bilhão. Cuida-se, pois, de valores de altíssima materialidade.

A amostra de trabalho montada pela 1ª Secex envolveu recursos que totalizam R$ 270.933.496,41, sendo R$ 219.138.877,68 referentes a recursos doados a FIAs e R$ 51.974.618,73 referentes a convênios e contratos de patrocínio. Trata-se de duas matérias às quais se deve dispensar exames bem distintos, razão pela qual me manifesto acerca delas separadamente, nas duas seções que se seguem.

- IV -

Ocupo-me, primeiramente, das doações efetuadas pela Petrobras em favor de Fundos para a Infância e a Adolescência.

Os FIAs foram instituídos nas esferas nacional, estadual e municipal em consonância com a diretriz inserida no artigo 88, inciso IV, da Lei nº 8.069, de 13/07/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA). Esses fundos têm como uma de suas fontes de receita as doações efetuadas por pessoas físicas e jurídicas, sendo os valores dessas doações total ou parcialmente dedutíveis do imposto sobre a renda devido pelos doadores, conforme dispõe o artigo 260 daquela mesma lei.

Os exames levados a efeito pela equipe de inspeção da 1ª Secex acerca da matéria visaram a verificar se, no período compreendido entre 2003 e 2008, houve ou não favorecimentos de cunho político-partidário nas doações efetuadas pela Petrobras em favor dos FIAs. Ao cabo daqueles exames, concluiu-se o seguinte: “No que se refere a apuração de possível favorecimento no repasse de recursos do FIA a municípios dirigidos pelo PT, a equipe concluiu que, de acordo com os critérios utilizados, no período avaliado (2003 a 2008), os repasses efetuados pela Petrobras não indicam existência de direcionamento.” (folha 270). O titular da 1ª Secex anuiu a essa conclusão, afirmando que “não foi identificada a utilização de critérios político-partidários na distribuição, para estados e municípios, dos recursos do Fundo para a Infância e a Adolescência” (folha 277).

Com a devida vênia, não concordo com a conclusão a que chegou a 1ª Secex, por entender que se revela inadequado o critério adotado por aquela unidade técnica para aferir se houve ou não favorecimento político-partidário nas referidas doações. Justifico, nas linhas que se seguem, o meu entendimento.

O exame empreendido pela 1ª Secex fundou-se na tabulação de informações referentes às doações efetuadas pela Petrobras entre 2003 e 2008 em favor de FIAs de municípios e estados governados pelos quatro principais partidos políticos brasileiros: Partido dos Trabalhadores (PT), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido da Frente Liberal (PFL, hoje Democratas – DEM), e Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). A unidade técnica tabulou as referidas informações com base em duas abordagens: (1ª) doações a FIAs de estados/municípios governados por

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aqueles quatro partidos políticos e (2ª) doações a FIAS de estados/municípios governados pelas coligações partidárias de que participaram aqueles quatro partidos políticos. Nas duas abordagens, o critério utilizado pela unidade técnica para aferir se houve ou não favorecimento de ordem político-partidária na realização das doações foi exatamente o mesmo. Assim, qualquer daquelas duas abordagens pode ser considerada com a finalidade de se apontar o que entendo haver de inadequado naquele critério. Consideremos, então, para esse fim, a tabulação erguida pela 1ª Secex referente à primeira das referidas abordagens.

Nessa tabulação, dispuseram-se, para cada ano, e para cada um daqueles quatro partidos políticos, as seguintes informações: número de municípios/estados que eram governados pelo partido e cujos FIAs foram beneficiados com doações; valor total das doações efetuadas em favor de FIAs dos municípios/estados governados pelo partido; número de municípios/estados governados pelo partido; fração representativa dos municípios/estados governados pelo partido em relação ao total de municípios/estados governados pelos quatro partidos; valor médio das doações recebidas por FIAs de municípios/estados do partido, equivalente à razão entre o valor total das doações efetuadas em favor de FIAs dos municípios/estados governados pelo partido e o número de municípios/estados governados pelo partido; fração representativa do valor médio das doações recebidas por FIAs de municípios/estados do partido em relação ao valor médio das doações recebidas por FIAs de municípios/estados governados pelos quatro partidos; número de habitantes dos municípios/estados que eram governados pelo partido e cujos FIAs foram beneficiados com doações; volume de recursos doados por habitante nos municípios/estados do partido, equivalente à razão entre o valor total das doações efetuadas em favor de FIAs dos municípios/estados governados pelo partido e o número de habitantes daqueles mesmos municípios/estados; fração representativa do volume de recursos doados por habitante nos municípios/estados do partido, em relação ao volume de recursos doados por habitante nos municípios/estados governados pelos quatro partidos.

No que se refere às doações efetuadas em benefício de FIAs municipais, o resultado obtido pela 1ª Secex foi o seguinte (Tabela 14 do Relatório de Inspeção, à folha 257):

Ano Partido

Número de municípios recebedores

cujos governantes

eram do partido (2)

Total de recursos

destinados a conselhos de municípios

cujos prefeitos eleitos eram do

partido (3)

Número de municípios brasileiros

cujos prefeitos

eleitos eram do partido

(4)

Comparativo de municípios

administrados pelo partido em relação ao total de municípios

administrados por um dos quatro partidos

considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume de

recursos médio

Total de habitantes de municípios recebedores

cujos governantes

eram do partido (6)

Volume de recursos por

habitante (7) = (3) /

(6)

Comparativo do item

"recursos por habitante"

2003

PT 34 10.185.000,00 187 5% 54.465,24 88% 22.123.844 0,46 7%PSDB 14 2.300.000,00 989 29% 2.325,58 4% 693.073 3,32 47%PFL 13 2.200.000,00 1026 30% 2.144,25 3% 3.577.297 0,61 9%PMDB 24 4.016.000,00 1.256 36% 3.197,45 5% 1.506.533 2,67 38%

2004

PT 29 3.004.000,00 187 5% 16.064,17 83% 9.510.776 0,32 19%PSDB 19 1.120.000,00 989 29% 1.132,46 6% 1.685.088 0,66 40%PFL 10 650.000,00 1026 30% 633,53 3% 3.281.738 0,20 12%PMDB 24 1.890.000,00 1.256 36% 1.504,78 8% 4.015.263 0,47 29%

2005

PT 42 7.714.682,31 410 13% 18.816,30 64% 11.974.646 0,64 14%PSDB 22 2.136.563,30 869 28% 2.458,65 8% 2.533.220 0,84 19%PFL 22 2.778.231,80 788 25% 3.525,67 12% 1.621.796 1,71 38%PMDB 34 5.026.807,13 1.058 34% 4.751,24 16% 3.805.726 1,32 29%

2006

PT 35 6.291.946,98 410 13% 15.346,21 57% 10.527.631 0,60 13%PSDB 27 2.804.159,00 869 28% 3.226,88 12% 15.571.269 0,18 4%PFL 21 2.543.882,50 788 25% 3.228,28 12% 926.980 2,74 59%PMDB 44 5.521.290,07 1.058 34% 5.218,61 19% 4.810.682 1,15 25%

2007

PT 32 5.038.324,16 410 13% 12.288,60 58% 10.073.753 0,50 18%PSDB 16 1.874.042,28 869 28% 2.156,55 10% 12.790.235 0,15 5%DEM 15 1.882.754,71 788 25% 2.389,28 11% 1.776.703 1,06 38%PMDB 35 4.443.983,50 1.058 34% 4.200,36 20% 4.015.218 1,11 39%

2008

PT 32 6.543.891,22 410 13% 15.960,71 66% 9.718.796 0,67 10%PSDB 16 2.560.929,11 869 28% 2.946,98 12% 1.637.370 1,56 24%DEM 13 1.711.592,85 788 25% 2.172,07 9% 762.991 2,24 35%PMDB 24 3.395.593,47 1.058 34% 3.209,45 13% 1.756.014 1,93 30%

Quanto às doações a FIAs estaduais, observando que, “De 2003 a 2006, os repasses a estados ocorreram apenas para o Piauí, nos 4 anos, e para o Pará, em 2004, ambos governados pelo PT” (folha

111

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

257), a unidade técnica chegou aos seguintes resultados (Tabelas 16 e 17 do Relatório de Inspeção, à folha 258):

Ano UF Valor Coligação Partido2003 PI R$ 1.000.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT

2004PI R$ 600.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PTPA R$ 60.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT

2005 PI R$ 1.250.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT2006 PI R$ 1.380.000,00 PT / PTN / PC do B / PL / PT do B / PAN / PCB / PMN PT

Ano Partido

Número de estados

recebedores cujos

governadores eram do

partido (2)

Total de recursos

destinados a conselhos de estados cujos governadores

eleitos eram do partido (3)

Número de estados cujo governador

era do partido (4)

Comparativo de estados administrados

pelo partido em relação ao total de

estados administrados por um dos quatro

partidos considerados

Volume de recursos

médio (5) = (3)/(4)

Comparativo do volume de recursos

médio

Total de habitantes de

estados recebedores

cujos governantes

eram do partido (6)

Volume de recursos por habitante (7)

= (3) / (6)

Comparativo do item

"recursos por habitante"

2007

PT 3 1.339.408,90 5 26% 267.881,78 46% 19.802.368 0,068 48%PSDB 5 1.508.148,60 6 32% 251.358,10 43% 38.295.377 0,039 28%DEM 0 - 1 5% - 0% - - 0%PMDB 2 440.380,00 7 37% 62.911,43 11% 13.046.745 0,034 24%

2008

PT 3 2.141.823,63 5 26% 428.364,73 37% 18.473.821 0,116 32%PSDB 4 2.843.504,94 6 32% 473.917,49 41% 35.139.269 0,081 22%DEM 0 - 1 5% - 0% - - 0%PMDB 4 1.730.095,80 7 37% 247.156,54 22% 10.533.117 0,164 45%

Para avaliar se houve ou não favorecimento político-partidário nas doações efetuadas pela Petrobras, a 1ª Secex comparou, em todos os anos (2003 a 2008), o “Volume de recursos por habitante” atribuído a cada um dos quatro partidos políticos considerados. Ao fazer essa comparação, chegou a unidade técnica, então, à já referida conclusão, de que não houve direcionamentos naquelas doações, uma vez que a suspeita inicial que deu ensejo à presente representação – a de favorecimento do Partido dos Trabalhadores – não se sustentou ante os valores de “Volume de recursos por habitante” atribuídos àquele e aos demais partidos. Para a 1ª Secex, apesar de os FIAs vinculados a entes governados pelo PT terem recebido, em todos os anos considerados, as maiores doações (à exceção das efetuadas a FIAs estaduais em 2007 e 2008), entendidas essas em termos de valores absolutos ou de valores médios por município/estado governado, sob o critério de “Volume de recursos por habitante”, aqueles FIAs receberam ou o menor ou segundo menor volume de recursos naquele mesmo período, o que descaracterizaria o favorecimento daquele partido político.

Para evidenciar a inadequação do critério utilizado pela 1ª Secex, valho-me de uma situação hipotética, com números proposital e exageradamente díspares. Com esses números, trilho os mesmos passos do método de que fez uso aquela unidade técnica para chegar, ao final, a uma conclusão visivelmente incorreta.

Consideremos, então, por hipótese, que os 5.564 municípios do Brasil fossem governados por prefeitos de quatro partidos políticos: A, B, C e D. Consideremos, ainda, que esses quatro partidos dividissem de maneira rigorosamente igual o comando dos municípios, tanto no que se refere à quantidade de municípios governados (1.391 municípios por partido) quanto ao que se refere à população governada (um quarto da população brasileira por partido). Suponhamos, então, que, a despeito dessa rigorosa igualdade, a Petrobras tivesse doado a FIAs municipais, no ano X, o montante de R$ 20,3 milhões, distribuídos da seguinte maneira: R$ 20 milhões a 10 FIAs de municípios governados pelo partido A, com população total de 10.000.000; R$ 100 mil a 10 FIAs de municípios governados pelo partido B, com população total de 20.000; R$ 100 mil a 10 FIAs de municípios governados pelo partido C, com população total de 20.000; e R$ 100 mil a 10 FIAs de municípios governados pelo partido D, com população total de 20.000. Lancemos esses dados hipotéticos em tabela de mesmo molde da que fez uso a unidade técnica para aferir se houve ou não favorecimentos de cunho político-partidário nas doações reais efetuadas pela Petrobras em favor de FIAs:

Ano Partido Número de Total de recursos Número de Comparativo de Volume de Comparativo Total de Volume de Comparativo

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municípios recebedores

cujos governantes

eram do partido (2)

destinados a conselhos de

municípios cujos prefeitos eleitos eram do partido

(3)

municípios brasileiros

cujos prefeitos

eleitos eram do partido

(4)

municípios administrados pelo

partido em relação ao total de municípios

administrados por um dos quatro partidos

considerados

recursos médio (5)= (3) / (4)

do volume de recursos

médio

habitantes de municípios recebedores

cujos governantes

eram do partido (6)

recursos por habitante (7)

= (3) / (6)

do item "recursos por

habitante"

X

A 10 20.000.000,00 1.391 25% 14.378,15 98,5% 10.000.000 2,00 11,8%B 10 100.000,00 1.391 25% 71,89 0,5% 20.000 5,00 29,4%C 10 100.000,00 1.391 25% 71,89 0,5% 20.000 5,00 29,4%D 10 100.000,00 1.391 25% 71,89 0,5% 20.000 5,00 29,4%

De acordo com o critério adotado pela unidade técnica, baseado na comparação de “Volume de recursos por habitante”, doações que tivessem sido realizadas em conformidade com as informações inseridas na tabela acima teriam beneficiado muito mais os FIAs de municípios governados pelos partidos B, C e D do que os FIAs de municípios governados pelo partido A, significando isso, segundo aquele critério, um flagrante favorecimento daqueles três partidos em detrimento do partido A. Mas, como salta aos olhos, trata-se de uma conclusão desarrazoada. O que se dá, em verdade, é justamente o contrário. Na situação hipotética que propus, é o partido A que sai exageradamente favorecido. Veja-se, senão, que, a despeito de terem sido beneficiados com “Volume de recursos por habitante” duas vezes e meia menor do que os demais, os FIAs de municípios governados pelo partido A receberam nada menos do que 98,5% do montante doado, restando apenas 1,5% daquele montante para os demais FIAs municipais. É de se ver, ainda, que as doações a FIAs de municípios governados pelo partido A teriam o potencial de beneficiar, direta ou indiretamente, a população de 10 milhões de habitantes, ao passo que as doações aos demais FIAs de municípios governados pelos partidos B, C e D teriam o potencial de beneficiar uma população total de apenas 60 mil habitantes. É notório, pois, que, na situação hipotética considerada, é o partido A que poderá, como usualmente se diz, colher maiores dividendos políticos. Indague-se, senão, de qualquer líder partidário, se ele trocaria a situação do partido A, no quadro hipotético considerado, pela situação de qualquer dos demais partidos.

A situação hipotética acima apresentada serve, pois, a demonstrar que o critério de comparação do “Volume de recursos por habitante”, tal como utilizado pela unidade técnica, não se revela adequado a dirimir a questão da ocorrência ou não do favorecimento político-partidário ora em exame. Aliás, há de se convir que, a prevalecer aquele critério, uma curiosa situação se configurará. Afinal, segundo aquele critério, é de se notar que PSDB, PFL/DEM e PMDB teriam sido favorecidos, em detrimento do PT, nas doações a FIAs municipais efetuadas de 2003 a 2008, a despeito de aquela estatal, como é notoriamente sabido, ter sido administrada, naquele período, por presidentes indicados pelo próprio PT.

Observo, porém, que afirmar ser inadequado o critério de comparação do “Volume de recursos por habitante”, tal como utilizado pela unidade técnica, não é a única conclusão de relevo que se pode extrair da situação hipotética que propus. Há uma outra ilação, tão ou mais importante do que aquela, que deriva, a olhos vistos, das informações hipotéticas consideradas. É que, se, por premissa, foi estipulada distribuição de população rigorosamente igual entre os partidos A, B, C e D, então não se justificariam grandes disparidades entre os montantes doados a FIAs de municípios governados por aqueles quatro partidos. Isso equivale a dizer que, naquela situação hipotética, é possível extrair, com todo o rigor lógico, a conclusão de que o partido A foi injustificadamente beneficiado nas doações, uma vez que ele, por pressuposição, posicionava-se em situação de absoluta igualdade em relação aos demais partidos.

Mas, afinal, seria possível extrair uma conclusão tão taxativa quanto essa na situação real enfrentada nesta representação? Afirmo, em resposta a essa indagação, que, com os elementos que atualmente constam dos autos, não é possível extrair conclusão peremptória nem de que houve o ora investigado favorecimento político-partidário nem de que não o houve. Explico o porquê.

De acordo com o levantamento efetuado pela unidade técnica, no período compreendido entre 2003 e 2008, foram doados os seguintes valores a FIAS de municípios governados pelos quatro

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principais partidos políticos brasileiros (informações extraídas das Tabelas 22 e 23 do Relatório de Inspeção, à folha 263):

Partido Valores AbsolutosVolume de Recursos por

HabitantePT R$ 38.777.844,67 R$ 3,19PSDB R$ 12.795.693,69 R$ 6,72PFL/DEM R$ 11.766.461,86 R$ 8,57PMDB R$ 24.293.674,17 R$ 8,65

Assim expostas, essas informações sugerem, sob o critério de valores absolutos doados, um favorecimento do PT em detrimento dos demais partidos. Todavia, a falta, nestes autos, de informações cruciais, relativas à população governada por aqueles quatro partidos, não permite que se vá além da mera suposição de que houve aquele favorecimento. Ou seja, afirmar que FIAs de municípios governados pelo PT receberam cerca de R$ 38,7 milhões, no período considerado, enquanto FIAs de municípios governados pelo PFL/DEM, por exemplo, receberam, no mesmo período, cerca de R$ 11,7 milhões, pouco ou nada diz, para fins de se avaliar ter ocorrido ou não o favorecimento político-partidário, se não se consideram as populações governadas por aqueles dois partidos. É bem verdade que, em seus cálculos, a 1ª Secex considerou os dados populacionais. No entanto, o fez de modo inadequado, o que a levou, ao fim, a extrair conclusões equivocadas. Afinal, não devem ser considerados, na aferição que se persegue, apenas os dados populacionais dos municípios cujos FIAs receberam doações, mas, sim, os dados populacionais de todos os municípios governados pelos quatro partidos políticos considerados. Isso equivale a dizer que os dados populacionais não devem ser considerados de forma restrita, no fecho dos cálculos, apenas para fins de levantamento do que se chamou de “Volume de recursos por habitante” dos municípios que tiveram FIAs beneficiados, visto que esse levantamento quase nada traduz, para os fins perseguidos. Os dados populacionais devem ser considerados logo no limiar daqueles cálculos, abrangendo-se todos os municípios governados pelos quatro partidos políticos considerados, com vistas a se aferir se os montantes doados a FIAs de municípios governados por um determinado partido guardaram proporcionalidade com a população total governada por aquele mesmo partido.

Para ilustrar esse meu entendimento, tomemos as informações constantes da já referida Tabela 14 do Relatório de Inspeção, à folha 257, alusivas às doações efetuadas a FIAs municipais em 2005, por exemplo. Ali se informa que FIAs de municípios governados pelo PT receberam R$ 7,7 milhões, o que corresponde a 43,7% do total doado em 2005 a FIAs municipais (R$ 17,6 milhões). Daí que, se a população dos municípios governados pelo PT naquele ano era de 43,7% da população dos municípios governados pelos quatro partidos que naquela tabela se consideram (com pequena e aceitável variação, obviamente, para mais ou para menos), então não se poderá afirmar, de modo nenhum, que houve favorecimento daquele partido. Mas, se, por outro lado, a representatividade populacional do partido naquele ano era de, digamos, apenas 25%, então o favorecimento daquele partido far-se-á patente, a menos que circunstâncias especialíssimas, objetiva e exaustivamente comprovadas, justifiquem tamanha discrepância.

Ressalto que, pelas mesmas razões acima expendidas, o critério da comparação do “Volume de recursos por habitante” revela-se igualmente inadequado quando se considera a segunda abordagem utilizada pela 1ª Secex, baseada na tabulação de informações referentes a doações a FIAS de estados/municípios governados pelas coligações partidárias de que participaram PT, PSDB, PFL/DEM e PMDB.

Do exposto, concluo, pois, que devam ser refeitos, com as alterações de métodos e critérios a que acima me referi, os cálculos necessários a esclarecer se houve ou não favorecimento de ordem político-partidária nas doações efetuadas pela Petrobras aos Fundos para a Infância e a Adolescência. Para tanto, é preciso que, retornando o processo à unidade técnica, sejam trazidos aos autos as informações referentes às populações de municípios e estados governados por PT, PSDB, PFL/DEM e PMDB em cada ano do período compreendido entre 2003 e 2008. Sem essas informações, de

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obtenção plenamente viável, já que disponíveis e franqueadas em bases de dados mantidas por órgãos e entidades da União, não se poderá chegar a uma objetiva conclusão sobre a questão em foco.

- V –

No que se refere aos convênios e aos contratos de patrocínio celebrados sob responsabilidade da Gerência de Responsabilidade Social, subordinada à Gerência Executiva de Comunicação Institucional da Petrobras, noto, de início, que, de acordo com informações constantes dos autos, os contratos de patrocínio, todos eles celebrados pela estatal com entidades privadas mediante contratação direta, por inexigibilidade de licitação, envolveram transferências de recursos financeiros significativamente maiores que as operadas mediante convênios. Observo, no entanto, que não restaram objetivamente esclarecidas as regras que a Petrobras adota para a escolha, em cada caso, de qual daqueles dois instrumentos deve ser utilizado para a prestação de apoio financeiro a projetos de interesse pretensamente social apresentados à estatal por entidades privadas. Naturalmente, isso torna aquela escolha permeável a subjetividades de todo indesejáveis, pois que a opção por um daqueles dois instrumentos acarreta, no – equivocado, como adiante se verá – entendimento defendido no âmbito da Petrobras, uma importante consequência, relativa ao controle que a estatal entende deva ser exercido sobre a aplicação das importâncias transferidas.

Para os gestores da Petrobras que se manifestaram nos autos, o controle dos gastos realizados pela entidade beneficiada com os recursos transferidos é cabível nos convênios, mas não nos contratos de patrocínio, dado que, nestes, o que de fato interessa, segundo aqueles mesmos gestores, é a efetiva exposição da marca Petrobras nos projetos financiados, independentemente da forma como os recursos transferidos tenham sido aplicados ou da consecução dos objetivos sociais alegados pelas entidades privadas pleiteantes do apoio financeiro. Ainda segundo aqueles mesmos gestores, o patrocínio se faz mediante contrato de direito privado, bilateral e oneroso, com obrigações e vantagens para ambas as partes, de tal forma que, mesmo que a entidade privada patrocinada não persiga o lucro, pode ela auferir excedentes financeiros que serão direcionados para outras atividades. Sustentam, também, que fazer uso das exigências típicas do convênio nos contratos de patrocínio resultaria em destruir a natureza jurídica deste, “indispensável para preservar sua utilidade enquanto instrumento vocacionado à obtenção de ganhos econômicos, por intermédio da difusão da marca e incremento da reputação da empresa” (folha 32 do Anexo 12).

Não posso concordar com o entendimento defendido pelos gestores da Petrobras acerca da presente questão. Admitir que não cabe à estatal exigir a comprovação da devida aplicação, nos fins sociais alegados, dos recursos transferidos a entidades privadas a título de patrocínio significa, seguramente, abrir portas a desvios, desmandos e malversações de recursos da empresa. Se transferências de recursos financeiros são realizadas por aquela estatal visando à consecução de uma finalidade tida como de interesse público, a demonstração da correta aplicação daqueles recursos se faz imperiosa, ainda que se entenda que não se trata, no caso, de recursos de natureza estritamente pública. A Constituição Federal, no parágrafo único de seu artigo 70, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/1998, tratou de identificar quem está obrigado a prestar contas: “Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”. Percebe-se, claramente, que esse dispositivo constitucional trata de três hipóteses distintas de obrigação de prestar de contas. Nesse sentido, dispõe a Constituição que a obrigação de prestar contas deve recair sobre qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que: (1ª hipótese) utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos; (2ª hipótese) utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores pelos quais a União responda; ou (3ª hipótese) em nome da União, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Essa forma de apresentação do parágrafo único do artigo 70 da Constituição permite evidenciar, de forma cristalina, que a gestão de recursos estritamente públicos, correspondente à

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1ª hipótese acima referenciada, representa apenas uma das três situações que implicam submissão de pessoas físicas ou jurídicas ao dever de prestar contas. Ou seja, para que nasça a obrigação de prestar contas, nem sempre é necessário que ocorra a gestão de recursos de natureza estritamente pública. Note-se que a 2ª hipótese acima referenciada não coloca como condicionante do dever de prestar contas a gestão de recursos estritamente públicos, mas sim a gestão de quaisquer recursos, públicos ou privados, pelos quais a União deva responder, direta ou indiretamente, total ou parcialmente. Ora, é fácil ver que é justamente essa hipótese que corresponde à situação que tem lugar nas empresas estatais. Os recursos geridos nessas empresas nem sempre têm natureza pública. Mas, independentemente da natureza – pública ou privada – dos recursos geridos pelas estatais, é indiscutível que sua má gestão acarreta prejuízos para aquelas empresas, o que acabará por afetar negativamente os cofres da União, uma vez que esta participa total ou parcialmente do capital daquelas empresas. Por fim, e só para completar, a 3ª hipótese acima destacada refere-se ao dever de prestar contas que recai sobre aqueles que, agindo em nome da União, decidam sobre contratação de operações de crédito ou concessão de garantias, atos que, evidentemente, também refletem no erário.

Assim, entendo que, quer sejam feitas mediante convênio, quer sejam feitas mediante contratos de patrocínio, as transferências de recursos financeiros pela Petrobras em favor de entidades privadas com vistas à consecução de finalidades sociais sujeitam-se à prestação de contas de que trata o artigo 70, parágrafo único, da Constituição. Por sinal, cabe lembrar que o TCU, mediante os Acórdãos n.os 1.962/2004 e 2.224/2005, da 2ª Câmara, já se pronunciou expressamente sobre a obrigatoriedade de prestação de contas dos recursos transferidos a entidades privadas por meio de contratos de patrocínio.

Feito esse necessário esclarecimento acerca da obrigatoriedade, de natureza constitucional, de prestação de contas dos recursos transferidos pela Petrobras a entidades privadas, passo, então, a tratar dos achados resultantes do exame dos convênios e dos contratos de patrocínio que compuseram a amostra de trabalho definida pela 1ª Secex. Em síntese, constataram-se, naqueles ajustes, as seguintes ocorrências: ausência de estudo de viabilidade, pela Petrobras, para contratação de patrocínios; inexistência de cláusula, nos contratos de patrocínio, que exigisse da entidade patrocinada a comprovação dos gastos; ausência de análise prévia dos convênios e contratos de patrocínio pelo setor jurídico da Petrobras; celebração de contrato e liberação de recursos pela Petrobras sem a prévia anuência do Poder Público para execução de obras inseridas no objeto contratual; autorização de desembolso, em favor de entidade contratada, em descompasso com o cronograma físico da obra prevista no objeto do contrato de patrocínio; realização de gasto efetivamente menor do que o valor repassado à entidade patrocinada, sem que tenha ocorrido a devolução dos valores não aplicados; falta de comprovação de que os objetivos de convênios e de contratos de patrocínio foram alcançados; ausência de comprovação da aplicação dos recursos repassados; ausência de priorização de critérios isonômicos na seleção de projetos; e inexistência de adequada formalização nos processos de contratação de patrocínio e nos processos de convênio.

Quanto às ocorrências que traduziram o cometimento de graves irregularidades, ainda que não tenham elas implicado danos quantificados ou quantificáveis aos cofres da Petrobras, alinho-me à proposição formulada pela 1ª Secex, no sentido de que o Tribunal rejeite as razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Wilson Santarosa, Luis Fernando Maia Nery e Rosemberg Evangelista Pinto, respectivamente, Gerente Executivo de Comunicação Institucional, Gerente de Responsabilidade Social e Gerente Setorial Regional Nordeste da Petrobras, aplicando-se-lhes multas individuais com fulcro no que dispõe o artigo 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992. O primeiro daqueles gestores não logrou descaracterizar as seguintes irregularidades, ocorridas na celebração e na execução do Contrato de Patrocínio nº 612.2.010.03-6/2003, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia): celebração do contrato sem aprovação do projeto e sem que a contratada estivesse legalmente autorizada a realizar as obras públicas previstas naquele projeto; e autorização de pagamento à contratada em descompasso com o cronograma físico da obra. O segundo daqueles gestores não conseguiu justificar o descumprimento do item 1.4 do supramencionado Acórdão n.º 1.962/2004, que dispôs sobre a obrigatoriedade de

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prestação de contas dos recursos transferidos a entidades privadas por intermédio de contratos de patrocínio. Quanto ao terceiro dos gestores, restaram caracterizadas e sem justificativas as seguintes irregularidades: ausência de parecer jurídico prévio à celebração de contratos de patrocínio da área de desenvolvimento social; e não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênios e de contratos de patrocínio na área de comunicação institucional.

No que tange às ocorrências que redundaram em danos quantificados ou quantificáveis aos cofres da Petrobras, a 1ª Secex propôs que a própria estatal instaure as tomadas de contas especiais a fim de apurar: débito de R$ 128.269,39, referente ao Contrato de Patrocínio nº 612.2.010.03-6/2003, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia), em decorrência da não devolução, aos cofres da Petrobras, da diferença entre o valor transferido à Colméia (R$ 1.715.895,00) e o valor efetivamente aplicado no objeto daquela avença (R$ 1.587.625,61); dano a ser quantificado, referente ao Convênio nº 6000.0031986.07.4/2007, no valor de R$ 1.619.141,65, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas), em decorrência de os demonstrativos de gastos não se apresentarem coerentes com os documentos constantes da prestação de contas, de o relatório de atividades referir-se a ações cuja execução não foi comprovada mediante documentos e fotografias, de diversos documentos/recibos não atenderem às formalidades legais para suportar despesas, de os recursos terem sido aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias, e de os extratos bancários não terem demonstrado a canalização dos recursos no objeto do convênio, impossibilitando-se, assim, a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos; e débito de R$ 350.000,00, referente ao Contrato de Patrocínio nº 6000.0010762.05.2/2005, firmado naquele valor com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol), em decorrência da falta de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos à entidade.

Concordo com a 1ª Secex quanto ao cabimento de tomadas de contas especiais para a apuração dos prejuízos acima apontados. Trata-se, evidentemente, de procedimento que se impõe. No entanto, com as vênias de praxe, permito-me discordar do encaminhamento proposto pela unidade técnica para a matéria. Isso porque a Lei nº 8.443/1992 dispõe expressa e cristalinamente sobre qual é o correto encaminhamento a ser dado ante a constatação de dano em sede de fiscalização:

“Art. 47. Ao exercer a fiscalização, se configurada a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário, o Tribunal ordenará, desde logo, a conversão do processo em tomada de contas especial, salvo a hipótese prevista no art. 93 desta lei.

Parágrafo único. O processo de tomada de contas especial a que se refere este artigo tramitará em separado das respectivas contas anuais.”

Este dispositivo legal aponta inequivocamente no sentido de que as tomadas de contas especiais necessárias à apuração dos danos acima referidos devam ser iniciadas e processadas não pela Petrobras, mas pelo próprio TCU. Ademais, deve-se considerar que, por se revelar clara a necessidade de que aquelas matérias sejam examinadas em processos distintos do presente, deverão, então, ser formados apartados para tanto, em consonância com o disposto no artigo 37 da Resolução TCU nº 191/2006.

A propósito, calha frisar e repisar, neste ponto, que a competência do TCU para julgar contas especiais referentes a recursos geridos em empresas estatais, tais como a Petrobras, firma-se a partir da combinação do já referido artigo 70, parágrafo único, com o artigo 71, inciso II, parte final, da Constituição. Dessa combinação, logicamente se extrai a intelecção de que cabe ao TCU julgar as contas de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que der causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário quando essa pessoa utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar dinheiros, bens e valores pelos quais a União responda, ações que, como já dito, dizem respeito à gestão de empresas estatais.

Ainda quanto ao que se refere aos convênios e aos contratos de patrocínio celebrados pela Petrobras com entidades privadas, entendo, diferentemente do que concluiu a 1ª Secex, que as avenças em que se configuraram danos diretos aos cofres da Petrobras – e indiretos, portanto, aos cofres da

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União – não se restringiram às acima mencionadas. Passo, então, a tratar de outras avenças celebradas pela estatal em que, a meu ver, ocorreram danos.

Em 13/09/2004, a Petrobras celebrou com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) o Convênio nº 6000.0007055.04.4, no valor de R$ 7.334.952,87. Em 24/01/2005, a estatal celebrou, com a mesma CUT, o Convênio nº 6000.0017248.05.4, no valor de R$ 8.795.978,75. Em 05/06/2007, foi a vez da Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS), órgão da estrutura da CUT: a Petrobras celebrou com a ADS o Convênio nº 6000.0032085.07.4, no valor de R$ 9.899.788,01. Os referidos convênios tiveram por objeto a formação de “leitores da realidade social do país, para que estes sejam capazes de fazer uso social da escrita e da leitura, abrindo espaços para a continuidade de uma prática social transformadora, capaz de produzir novas palavras, novos sentidos e, sobretudo, novas formas de organização das relações sociais, a fim de ampliarmos as condições desses sujeitos para o pleno exercício da cidadania” (folhas 13, 270, 271 e 470 do Anexo 4).

Sobre esses convênios, a 1ª Secex, em sua mais recente instrução, relatou e concluiu o seguinte (folhas 344 e 345):

“75. A Petrobras, de sua parte, a despeito de haver formalmente aprovado, por intermédio de sua Gerência de Responsabilidade Social, as respectivas prestações de contas, tratou os convênios com a CUT, na prática, como os seus ‘contratos de patrocínio’, ou seja, sem real preocupação com a boa e regular aplicação do dinheiro por ela transferido, mas tão somente com a suposta ‘veiculação de sua marca’. Tanto que, conforme registrado na instrução anterior, nos convênios cujos objetos foram apoiar ações de alfabetização e formação de alfabetizadores, houve despesas com passagens aéreas, alimentação, hospedagem, cesta de natal, entre outros, com os recursos repassados pela Petrobras.

(...)78. À vista do exposto, propõe-se, com fundamento no art. 71 da Constituição

Federal, alertar a Petrobras que, nos convênios celebrados entre a empresa e a Central Única dos Trabalhadores, nos anos de 2004 a 2007, com vistas a financiar ações de alfabetização, foram identificadas as principais irregularidades: a) ausência, nos respectivos planos de trabalho, de detalhamento dos custos envolvidos, impossibilitando a aferição da compatibilidade entre o valor transferido e as atividades efetivamente desenvolvidas pela entidade executora (§§ 73 a 75); b) fragilidade dos procedimentos adotados pela Companhia para fiscalização da execução dos respectivos objetos e análise das prestações de contas (§ 75).”

Proposição exatamente no sentido do que vai acima constou do encaminhamento para este feito sugerido pela 1ª Secex (folha 353). Com a devida vênia, discordo dessa proposição. Vejo contradição da unidade técnica em reconhecer a falta de comprovação da aplicação, nos fins alegados, das vultosas quantias envolvidas naqueles três convênios para, ao cabo de sua manifestação, propor que simplesmente se alerte a Petrobras sobre as irregularidades constatadas naquelas avenças. Definitivamente, não é esse o encaminhamento que a Constituição e a lei impõem ante o que foi constatado. Se a Petrobras, por meio dos mencionados convênios, transferiu à CUT R$ 26.030.719,63 para aplicação em determinadas finalidades, e se não há comprovação de que a totalidade daquele valor foi devida e corretamente aplicada naquelas finalidades, então se faz imperiosa a apuração dos danos impostos à estatal mediante as competentes tomadas de contas especiais. Ademais, assevero que, pelas mesmas razões a que acima já me referi, também no caso desses três convênios aplica-se o disposto no artigo 47 da Lei nº 8.443/1992, em combinação com o disposto no artigo 37 da Resolução TCU nº 191/2006, no sentido de que as tomadas de contas especiais necessárias à apuração dos danos devam ser iniciadas e processadas não pela Petrobras, mas pelo próprio TCU, mediante formação de processos apartados do presente.

A propósito, entendo que, na instrução das tomadas de contas especiais que vierem a se ocupar da apuração dos danos decorrentes da celebração dos convênios firmados pela Petrobras com a CUT e sua ADS, deva-se, antes de tudo, proceder à elucidação dos objetos daqueles convênios. Em outros termos, é preciso, antes mesmo de se adentrar a apuração daqueles danos, esclarecer o que é e a que serve a vaga e enigmática formação de “leitores da realidade social do país” apontada como

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objetivo daquelas avenças. Desse modo, poderá ser esclarecido, de pronto, se aquele objetivo traduz, de fato, uma finalidade de interesse público, ou se, de modo diverso, funciona como eufemismo que se presta a velar uma finalidade estranha ao interesse público, a exemplo das de natureza político-partidária ou político-ideológica.

Ainda sobre a CUT e a ADS, e para finalizar este tópico, cabe ressaltar que, ao instruir este feito, a 1ª Secex constatou que aquela central sindical e sua agência firmaram, com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com os mesmos objetivos previstos nos supramencionados Convênios nos 6000.0007055.04.4, 6000.0017248.05.4 e 6000.0032085.07.4, firmados com a Petrobras, as seguintes avenças: Convênio nº 828005/2004, no valor de R$ 7.856.640,00; Convênio nº 828004/2005, no valor de R$ 7.856.640,00; e Convênio nº 828044/2006, no valor de R$ 8.213.079,60. Os valores desses três convênios perfazem, pois, R$ 23.926.359,60. Assim, para formarem “leitores da realidade social do país”, CUT e ADS celebraram com a Petrobras e o FNDE convênios cujos valores, somados, atingiram a extraordinária quantia de R$ 49,9 milhões! Diante, pois, da expressiva materialidade dos recursos envolvidos nos referidos convênios celebrados pelo FNDE, bem como da coincidência de seus objetos, em relação aos convênios celebrados pela Petrobras com a CUT e a ADS, entendo que as informações que constam destes autos e que aludem àquelas avenças devem ser encaminhadas ao gabinete do Ministro José Jorge, relator dos processos relativos àquele fundo, para adoção das medidas que S. Ex.ª entender cabíveis.

– VI –

Diante do exposto, este representante do Ministério Público junto ao TCU propõe:1) sejam refeitos, com as alterações de métodos e critérios a que me referi na seção IV

supra, os cálculos necessários a esclarecer se houve ou não favorecimento de ordem político-partidária nas doações efetuadas pela Petrobras aos Fundos para a Infância e a Adolescência, trazendo-se aos autos, para tanto, as informações referentes às populações de municípios e estados governados por PT, PSDB, PFL/DEM e PMDB em cada ano do período compreendido entre 2003 e 2008;

2) consoante o disposto no artigo 47 da Lei nº 8.443/1992, em combinação com o disposto no artigo 37 da Resolução TCU nº 191/2006, sejam formados processos apartados do presente a fim de se apurarem os danos ocorridos na execução das seguintes avenças celebradas pela Petrobras:

a) Convênio nº 6000.0007055.04.4, no valor de R$ 7.016.498,87, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

b) Convênio nº 6000.0017248.05.4, no valor de R$ 8.795.978,75, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

c) Convênio 6000.0032085.07.4, no valor de R$ 9.878.610,28, firmado com a Agência de Desenvolvimento Solidário, da Central Única dos Trabalhadores (ADS/CUT);

d) Convênio nº 6000.0031986.07.4, no valor de R$ 1.619.141,65, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas);

e) Contrato de Patrocínio nº 612.2.010.03.6, no valor de R$ 1.715.895,00, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia);

f) Contrato de Patrocínio nº 6000.0010762.05.2, no valor de R$ 350.000,00, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol);

3) sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Wilson Santarosa, Luis Fernando Maia Nery e Rosemberg Evangelista Pinto, respectivamente, Gerente Executivo de Comunicação Institucional, Gerente de Responsabilidade Social e Gerente Setorial Regional Nordeste da Petrobras, aplicando-se-lhes, individualmente, a multa prevista no artigo 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992; e

4) sejam encaminhadas ao gabinete do Ministro José Jorge, relator dos processos relativos ao Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação, para adoção das medidas que S. Ex.ª entender

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cabíveis, as informações que constam destes autos e que aludem às seguintes avenças, celebrados pelo FNDE com a CUT e a ADS: Convênio nº 828005/2004, no valor de R$ 7.856.640,00; Convênio nº 828004/2005, no valor de R$ 7.856.640,00; e Convênio nº 828044/2006, no valor de R$ 8.213.079,60. [...]”.

7. Registro, por oportuno, que, estando o processo incluído na pauta para julgamento por este Colegiado na Sessão do dia 1/8/2012, recebi em meu gabinete memorial subscrito pela ilustre advogada constituída pelos Srs. Wilson Santarosa, Luis Fernando Nery e Rosemberg Evangelista Pinto, datado de 31/7/2012.

É o Relatório.

VOTO

Preliminarmente registro que, por preencher os requisitos de admissibilidade, ratifico a proposta de conhecimento da presente representação, formulada pela 1ª Secex, motivada por notícias veiculadas na imprensa dando conta de possíveis irregularidades na transferência de recursos da Petrobras, por meio de convênios e patrocínios, a entidades ligadas a partidos políticos.2. A representação em questão foi inicialmente conhecida pelo relator do feito, à época, Ministro Benjamin Zymler, que determinou o exame de mérito da matéria e autorizou a realização de diligências e inspeções necessárias ao saneamento do processo.3. Após análise de elementos acostados aos autos em resposta às diligências, foi realizada inspeção na empresa com vistas a verificar a conformidade dos procedimentos de seleção, contratação, fiscalização, prestação de contas e avaliação de resultados das ações relacionadas aos patrocínios e/ou convênios firmados com as entidades referidas pelos órgãos de imprensa, bem como aferir os critérios adotados na seleção dos municípios e entidades beneficiadas com repasses da Petrobras para o Fundo para a Infância e Adolescência (FIA).4. Para a realização do trabalho, foram utilizadas as diretrizes do roteiro de auditoria de conformidade. Na visão geral do objeto, a equipe solicitou à Petrobras informações sobre o Programa Petrobras Fome Zero e sobre aplicações no Fundo para a Infância e Adolescência, ambos da área de Comunicação Institucional. Na exposição, a Petrobras incluiu o Programa Desenvolvimento e Cidadania, que teve início no mês de novembro de 2007, a partir da experiência do Programa Petrobras Fome Zero, e os patrocínios nas áreas ambiental, cultural e esportiva.5. Quanto aos trabalhos correlatos, a equipe consultou os processos, já arquivados, 013.657/2005-4 e 005.003/2004-8. Ao todo, foram selecionados 28 contratos de patrocínio e convênios da área de Comunicação Institucional e 1 (um) convênio da área de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), celebrados com entidades não governamentais.6. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 270.933.496,41, sendo R$ 51.974.618,73 referentes ao valor total dos contratos de patrocínio e convênios analisados e R$ 219.138.877,68 referentes aos recursos repassados como contribuição para o Fundo para a Infância e Adolescência.7. A equipe de inspeção elaborou o trabalho reproduzido no Relatório precedente, onde registra, em relação aos critérios adotados na seleção dos municípios e entidades beneficiadas com repasses da Petrobras para o FIA, que da análise dos estudos e das informações disponibilizados, não foram obtidos elementos suficientes para permitir a emissão de opinião pela existência de direcionamento na distribuição de recursos do fundo para bandeiras partidárias.8. Há, ainda, no parecer emitido pelo titular da unidade técnica, também reproduzido no Relatório precedente, a informação de que não foi constatada utilização de critérios político-partidários na distribuição, para estados e municípios, dos recursos do Fundo para a Infância e a Adolescência.9. Vale registrar que para investigar eventual direcionamento dos recursos destinados ao FIA, a equipe de auditoria realizou, para os anos de 2003 a 2008, estudo comparativo dos partidos cujos governantes eram detentores de mandato nos municípios e estados que tiveram conselhos beneficiados.

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10. Utilizou dois critérios. No primeiro, considerou o partido do governante eleito e, no segundo, a coligação partidária vencedora, para pontuação e comparação das participações dos quatro principais partidos brasileiros.11. Os dados utilizados no estudo foram retirados da planilha recebida da Petrobras com indicação de municípios, projetos contemplados e valores. A equipe registrou, em momento anterior, a ocorrência de diversas inconsistências entre os valores constantes nas planilhas, os aprovados pela Diretoria Executiva e o fluxo de pagamentos extraído do sistema SAP-R3 da Companhia. Independentemente desta questão, a equipe entendeu que, por não comprometerem a análise e serem representativos, os dados, apesar das inconsistências, seriam utilizados sem risco para as conclusões a serem emitidas.12. De posse dos dados e com a utilização da metodologia descrita no relatório transcrito, para identificação do partido do governante, municípios, estados e coligações do governante, beneficiados com recurso, a equipe elaborou as tabelas de 14 a 23, reproduzidas no Relatório precedente, realizou a análise de todos os dados em confronto e concluiu, conforme já mencionado em item precedente deste Voto, que, de acordo com os critérios utilizados, no período avaliado (2003 a 2008), os repasses efetuados pela Petrobras não indicam existência de direcionamento.13. No que tange à conclusão apresentada, devo registrar que estas foram obtidas com base em metodologia confiável. No entanto, o remate deve se restringir à fonte de recurso analisada, ao período referenciado e ao contexto descrito no relatório.14. Além da avaliação de possíveis irregularidades na transferência de recursos da Petrobras, por meio de convênios e patrocínios, a entidades ligadas a partidos políticos, a inspeção objetivou, também, verificar a conformidade dos procedimentos de seleção, contratação, fiscalização, prestação de contas e avaliação de resultados das ações relacionadas aos patrocínios e/ou convênios firmados com as entidades referidas pelos órgãos de imprensa. Sobre essas verificações entendo conveniente tecer as considerações a seguir aduzidas.15. Inicialmente, registro que os principais achados reproduzidos no relatório foram:

a) ausência de estudo de viabilidade para contratação de patrocínio (item 2.1);b) inexistência de cláusula, nos contratos de patrocínio, referente à comprovação dos

gastos por parte do patrocinado (2.2);c) ausência de análise prévia dos convênios e contratos de patrocínio pelo setor jurídico

(2.3);d) celebração do contrato e liberação de recursos pela Petrobras sem a prévia anuência do

Poder Público para execução do objeto (2.4)e) gasto efetivo menor do que o valor repassado à patrocinada, sem devolução dos valores

não aplicados (2.5);f) ausência de comprovação do alcance do objetivo de convênios e de contratos de

patrocínio firmados (2.6);g) ausência de comprovação da aplicação dos recursos repassados (2.7);h) ausência de priorização de critérios isonômicos na seleção de projetos (2.8);i) inexistência de adequada formalização nos processos de contratação de patrocínio e nos

processos de convênio (3.1).16. Entre os achados relatados pela equipe de inspeção, apresenta-se particularmente relevante a ausência de critérios claros e objetivos no âmbito da Petrobras para definir a formatação dos repasses destinados a patrocinar ações de caráter social. Uma parte dos recursos é transferida sob a forma de convênios e a outra, mais expressiva, é transferida por meio de contratos de patrocínio.17. Conforme bem frisou o Secretário da 1ª Secex, no parecer transcrito no Relatório precedente, a distinção entre os dois instrumentos de transferência de recursos não é mera formalidade. Diferentemente do que ocorre no caso dos convênios, a empresa entende que, no tocante aos patrocínios, o que de fato lhe interessa é a efetiva exposição da marca Petrobras nos projetos por ela financiados, pouco ou nada importando a forma como os repasses são aplicados no objeto contratual, desde que a “contrapartida” seja apresentada.

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18. Já o relatório de inspeção deixa evidenciado que, para os técnicos da empresa, ouvidos em diversas oportunidades ao longo do trabalho, a principal distinção entre convênio e patrocínio estaria na existência ou não de interesse recíproco entre as partes na consecução do objeto. Daí, no entender dos auditores, é que decorria a maior parte das deficiências nas prestações de contas suscitadas pela equipe de auditoria.19. Consta, ainda, do relatório, a informação de que a Petrobras teria estabelecido como estratégia de atuação tornar-se “uma das cinco maiores empresas de energia do mundo, comprometida com o desenvolvimento sustentável e referência internacional em responsabilidade social e ambiental”. Em função disso, a companhia passou a definir “responsabilidade social” como uma “função corporativa” e, como decorrência, foram elaboradas política e diretrizes próprias para o tema.20. Nesse contexto, a unidade técnica menciona o programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras construído de forma a permitir a continuidade das ações consideradas bem sucedidas ou promissoras no Programa Petrobras Fome Zero. Ele prevê o investimento de R$ 1,3 bilhão, no período de 2007 a 2012, em projetos de geração de renda e oportunidade de trabalho, educação para a qualificação profissional e garantia dos direitos da criança e do adolescente.21. Essa informação é um bom exemplo de como este Tribunal deve estar atento à forma como a Companhia irá operacionalizar a implementação desse programa, o volume de recurso é vultoso e a área de aplicação muito relevante.22. Embora respeitando os procedimentos que têm de ser obedecidos pelos gestores da empresa para estabelecer o tipo de instrumento mais adequado para os repasses, dada a elevada carga de subjetividade na distinção entre convênio e patrocínio (existência ou não de interesse recíproco entre as partes na consecução do objeto), a escolha de um ou outro instrumento deve ser objeto de avaliação por parte desta Corte de Contas até porque, em relação aos contratos de patrocínio, principalmente na área de responsabilidade social, a demonstração do verdadeiro destino dado aos recursos públicos é de difícil aferição, já que a atuação na área social necessita de tempo para ser percebida e de etapas a serem vencidas para que o resultado seja notado. Daí a importância de se comprovar que os recursos destinados foram aplicados no alcance do objetivo social firmado no contrato.23. Defendo, portanto, que a demonstração da aplicação dos recursos em patrocínios na área social, especialmente por meio de prestação de contas, é obrigação constitucional e, ainda, garantia de que estão sendo adequadamente utilizados.24. Outro ponto que devo ressaltar como de difícil verificação é se os patrocínios concedidos pela Petrobras estão de acordo com os preceitos legais que regem a matéria, bem como alinhados aos objetivos institucionais daquela entidade petrolífera. Neste aspecto, há dúvidas, inclusive, sobre os normativos aplicáveis à matéria.25. Já foi defendido, no âmbito deste Tribunal, que, por regulamentar apenas convênios com recursos do orçamento fiscal da União e da seguridade social, a IN/STN 1/1997 e a Portaria 127/2008 não se aplicam a convênios da Petrobras que envolvam somente recursos próprios da Companhia. Esclareço que a Portaria 127/2008 foi revogada pela Portaria Interministerial 507, de 24/11/2011.26. É certo, no entanto, que os dispositivos da Lei 8.666/1993 que tratam dos procedimentos relativos a convênios ali definidos são aplicáveis às entidades da administração indireta, no que couber (art. 116 da Lei).27. De qualquer forma, se os normativos mencionados nos itens precedentes forem considerados inaplicáveis para orientar a prestação de contas de recursos descentralizados pela Petrobras, ora mediante convênio, ora mediante patrocínio, mas este com a finalidade específica de financiamento de projeto de interesse eminentemente social, depreendo que dispositivos constantes na Constituição Federal são plenamente apropriados para esse fim.28. O constituinte derivado, ao alterar o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal pela EC 19/98, expressou com meridiana clareza que, in verbis:

“Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.”

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29. Em harmonia com esse dispositivo, nos termos do art. 6º da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, “Estão sujeitas à tomada de contas e, ressalvado o disposto no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal, só por decisão do Tribunal de Contas da União podem ser liberadas dessa responsabilidade as pessoas indicadas nos incisos I a VI do art. 5º desta Lei.”.30. Pelo art. 5º, incisos I e II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, estão sob a jurisdição do Tribunal:

“I – qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso I do art. 1º desta Lei, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta assuma obrigações de natureza pecuniária;

II – aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário.”31. No meu entender, a presença de um aparato normativo contundente como o transcrito acima, obriga a Petrobras a criar instrumentos efetivos para acompanhar o emprego dos recursos por ela cedidos, seja mediante patrocínio, seja mediante convênio, para certificar-se da sua correta destinação, em conformidade com os projetos aprovados.32. A ausência de norma infralegal específica não desonera a concedente de recursos de acompanhar a sua aplicação e a exigir os resultados pactuados com os proponentes. Aqueles dispositivos legais e constitucionais se impõem independentemente da existência ou não de norma operacional que oriente a elaboração da prestação de contas que, sob qualquer formato, deve atender ao maior dos preceitos, que é o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal, com a redação que lhe foi conferida pela EC 19/98.33. No presente processo, foram analisados contratos de patrocínio e convênios celebrados pela Gerência Executiva de Comunicação Institucional, por meio da Gerência de Responsabilidade Social, da Petrobras.34. Com essas considerações, passo à análise das propostas da unidade técnica efetivadas após apreciação das razões de justificativa de gestores e executores e manifestações da Petrobras, trazidas aos autos após audiências.35. De início, registro a minha concordância com a conclusão da unidade técnica ao não acolher argumento trazido pela Petrobras para justificar a não utilização de convênio, ao firmar com terceiros, por intermédio de sua Gerência Executiva de Comunicação Institucional, instrumento com vista à promoção de ações sociais.36 Da mesma forma, entendo adequado o entendimento da 1ª Secex, no que tange aos contratos de patrocínio, de que não é possível acolher o posicionamento da Petrobras no sentido de que não compete à companhia a aferição da boa e regular aplicação dos recursos transferidos, mas tão somente exigir do favorecido a associação da marca da empresa ao evento patrocinado.37. Tal entendimento se deve, ainda, ao fato de que os próprios contratos da estatal preveem a fiscalização por parte da repassadora, a conformidade da execução do objeto com o projeto anexo ao contrato, o valor a ser pago de acordo com a efetiva realização dos eventos, a medição dos serviços pela Petrobras e a sustação ou a determinação, pela estatal, de serem refeitos os eventos inadequados às especificações mínimas ou às disposições contratuais.38. É procedente, também, a conclusão da unidade de que a Petrobras, por meio de sua Gerência de Responsabilidade Social, não tem realizado a atividade de fiscalização da execução de objeto contratado na área de desenvolvimento social, uma vez que não exige a comprovação de gastos nos contratos de patrocínio, contrariando, dessa forma, determinação contida no item 1.4 do Acórdão 1.962/2004 – 2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2.224/2005 – 2ª Câmara.39. Diante de tudo que foi apresentado no Relatório e nos itens precedentes deste Voto, entendo adequada a realização de determinação à Petrobras, para que instaure e remeta à Corregedoria-Geral da União, no prazo de sessenta dias, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes omissos, as tomadas de contas especiais referentes aos repasses efetuados pela empresa que comentarei nos itens subsequentes.

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40. No que tange ao contrato 612.2.010.03-6/2003, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia), as irregularidades consistem em não devolução aos cofres da Petrobras da quantia de R$ 128.269,39, referente à diferença entre o valor repassado à Colméia, R$ 1.715.895,00, e o valor efetivamente aplicado no objeto da avença, no montante de R$ 1.587.625,61 (itens 53 a 58 da instrução transcrita no relatório).41. Mesmo considerando a dificuldade de se verificar a adequabilidade dos patrocínios concedidos pelas estatais em relação aos preceitos legais que regem a matéria, bem como de aferir se estão alinhados aos objetivos institucionais da entidade, depreendo que as irregularidades observadas em relação à liberação de recursos no âmbito deste contrato estão bem caracterizadas.42. Quanto ao convênio 6000.0031986.07.4/2007, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas), foi observado que o demonstrativo de gastos não se apresenta coerente com os comprovantes constantes da prestação de contas; o relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias; os diversos documentos/recibos não atenderam às formalidades legais para suportar despesas. Além disso, os recursos foram aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias e os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do Convênio, impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos (itens 59 a 63 da instrução transcrita no relatório).43. Já no contrato 6000.0010762.05.2/2005, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol), verifico que não houve a comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos à entidade, no montante de R$ 350.000,00 (itens 79 a 86 da instrução transcrita no relatório).44. As irregularidades que ensejaram a proposta de instauração das TCEs estão explicitadas nos subitens 53 a 58, 59 a 63 e 79 a 86, da instrução transcrita no relatório precedente, as quais, em função da análise efetivada pela unidade técnica e das razões expostas nos itens 25 a 32 deste Voto, entendo que estão adequadamente fundamentadas.45. Acolho a análise efetivada pela 1ª Secex nas razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Wilson Santarosa, Gerente Executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, em razão da celebração do contrato de patrocínio sem aprovação do projeto e sem que a contratada estivesse legalmente autorizada, para a realização de obras públicas, pela Prefeitura Municipal de Salvador, conforme art. 26 e art. 40 da Lei 10.257, de 2001, e pelo Governo do Estado da Bahia, conforme o parágrafo único do art. 3º da Lei Complementar 14, de 1973; e da liberação do pagamento à contratada em descompasso com o cronograma físico da obra, conforme pode ser observado nos boletins de medição e nos aditivos de prorrogação do prazo contratual.46. Restou claro nos autos que, se a Colméia estivesse previamente autorizada pelo poder público para a realização das obras inerentes ao objeto do contrato 612.2.010.03-6, poderia não ter ocorrido o descompasso entre os cronogramas físico e financeiro do empreendimento, expondo a risco desnecessário o dinheiro transferido pela estatal e contrariando os arts. 26, incisos II, VI e VIII, e 40 da Lei 10.2572001, e o art. 3º, parágrafo único, da Lei Complementar 14/1973, de acordo com o explicitado nos itens 5 a 17 da instrução transcrita no Relatório precedente.47. Foi observado, ainda, o descumprimento da determinação desta Corte inserta no item 1.4 do Acórdão 1.962/2004 – 2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara, já que não constava nos contratos de patrocínios firmados na área de Responsabilidade Social cláusula prevendo a comprovação dos gastos por parte do patrocinado, com o objetivo de aferir a eficiência e a racionalidade na aplicação dos recursos, nos moldes determinados por este Tribunal nas deliberações mencionadas, conforme demonstrado nos itens 19 a 30 da instrução transcrita no Relatório.48. Constatou-se, também, a ausência de parecer jurídico prévio à celebração de contratos de patrocínio na área de desenvolvimento social, contrariando o art. 38, VI e parágrafo único, da Lei 8.666/1993 (itens 32 a 37 da instrução), além da não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de Comunicação

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Institucional (itens 39 a 51 da instrução). Devo lembrar que os recursos do FIA são deduzidos do pagamento do Imposto de Renda (renúncia fiscal).49. Assim, acolho a proposta no sentido de serem rejeitadas as razões de justificativa do Sr. Wilson Santarosa, Gerente Executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, responsável pelas ocorrências mencionadas nos itens precedentes, razão pela qual entendo apropriada a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II e § 1º, da Lei nº 8.443/1992, a esse responsável, cujo valor fixo em R$ 5.000,00.50. Da mesma forma, devem ser rejeitadas as razões de justificativa do Sr. Luis Fernando Maia Nery, Gerente de Responsabilidade Social da Petrobras, em razão do descumprimento da determinação desta Corte inserta no item 1.4 do Acórdão 1.962/2004 – 2ª Câmara, confirmado pelo Acórdão 2.224/2005 – TCU – 2ª Câmara, demonstrada nos itens 19 a 30 da instrução transcrita no Relatório precedente, razão pela qual entendo apropriada a aplicação a esse responsável da multa prevista no art. 58, inciso II e § 1º, da Lei nº 8.443/1992, cujo valor fixo em R$ 2.000,00.51. Acolho também a proposta de rejeição das razões de justificativa do Sr. Rosemberg Evangelista Pinto, ex-Gerente Setorial Regional Nordeste da Petrobras, ante a ausência de parecer jurídico prévio à celebração de contratos de patrocínio da área de desenvolvimento social, contrariando o art. 38, VI e parágrafo único, da Lei 8.666/1993 e da não realização de estudo de viabilidade técnica e econômica previamente à celebração de convênio ou de contrato de patrocínio na área de comunicação institucional, situações devidamente demonstradas nos itens 32 a 37 e 39 a 51, da instrução transcrita no Relatório precedente. Entendo conveniente aplicar a esse responsável a multa prevista no art. 58, inciso II da Lei 8.443/1992, cujo valor, fixo em R$ 3.000,00.52. No que tange às considerações formuladas nos itens 94, 95 e 109 da instrução reproduzida no relatório precedente, ante a dificuldade em quantificar o débito relativo à inexecução das atividades para jovens (contrato 6000.0001124.04.2/2004) e ausência de parâmetros que permitam aferir a razoabilidade do valor e da escolha do favorecido (contrato 6000.021294.06.2/2006), acolho o entendimento da unidade técnica e registro que tais informações foram consideradas na quantificação da penalidade imposta aos responsáveis que foram ouvidos em razão da ausência de dispositivos contratuais prevendo a comprovação dos gastos da entidade favorecida.53. Independentemente da aplicação de sanção aos responsáveis, deve-se determinar à Unidade Técnica que, em processo apartado, aprofunde a apuração e análise da aplicação dos valores tratados nesses contratos, ante os princípios basilares da obrigatoriedade de prestação de contas de recursos públicos, cuja aplicação é confiada a entidades privadas.54. Quanto à proposta constante da alínea g e subalíneas g.1 e g.2, da instrução transcrita no Relatório, no sentido de serem expedidos alertas à Petrobras, entendo conveniente tecer as considerações a seguir aduzidas.55. Inicialmente como foi exposto neste Voto, em se tratando de patrocínio, até mesmo a definição do instrumento jurídico utilizado para sua formulação (contrato de patrocínio ou convênio), não restou muito bem esclarecido pela Petrobras. Há, ainda, alegação de ausência de instrumentos normatizadores para orientar a prestação de contas de recursos descentralizados pela Estatal, ora mediante convênio, ora mediante patrocínio, com a finalidade específica de financiamento de projeto de interesse eminentemente social.56. Em ocasião pretérita, este Tribunal, embora não tenha especificado metodologia de análise objetiva de custo/benefício dos patrocínios, já expediu orientação à Petrobras no sentido de adotar medidas comparativas e parâmetros que evitem desperdícios, em razão de perceber a necessidade de fixação de um instrumento de controle.57. Assim, considerando o que foi exposto neste Voto, entendo que a matéria tratada, referente a impropriedades observadas em relação aos contratos de patrocínio firmados envolvendo ações de desenvolvimento social, tem natureza cogente e deve ser objeto de determinação à Petrobras com fundamento no inciso II, do art. art. 250, do Regimento Interno desta Corte e não alerta.58. No que tange aos convênios firmados pela empresa com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) nos anos de 2004 a 2007, onde foram identificadas irregularidades referentes à

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ausência, nos respectivos planos de trabalho, de detalhamento dos custos envolvidos, impossibilitando a aferição da compatibilidade entre o valor transferido e as atividades efetivamente desenvolvidas pela entidade executora e, ainda, a constatação de fragilidade dos procedimentos adotados pela Companhia para fiscalização da execução dos respectivos objetos e análise das prestações de contas, a Petrobras, a despeito das irregularidades descritas, formalmente aprovou, por intermédio de sua Gerência de Responsabilidade Social, as respectivas prestações de contas.59. Na prática, a Petrobras tratou os convênios firmados com a CUT, como vinha fazendo em relação aos seus “contratos de patrocínio”, ou seja, sem se preocupar com a boa e regular aplicação do dinheiro por ela transferido, mas tão somente com a suposta “veiculação de sua marca”.60. No item 76 da instrução transcrita no relatório precedente, há a informação de que a CUT/ADS teria firmado três convênios com o FNDE objetivando alfabetizar 80.000 jovens e formar 3.200 alfabetizadores em cada convênio, no valor total de R$ 23.926.359,60. Posteriormente, foi devolvida à autarquia a quantia de R$ 4.506.534,28, referente aos três convênios. Na mesma ocasião, a CUT/ADS firmou três convênios com a Petrobras destinados a apoiar a mesma ação de alfabetização, no valor total de R$ 26.030.719,63. Mais tarde, foi devolvida à Companhia a quantia de R$ 339.631,82, referente aos convênios de 2004 e 2007. No total, foram transferidos à Central Única dos Trabalhadores cerca de R$ 45.000.000,00 para execução de ações na área de alfabetização.61. Houve, ainda, a informação no item 77 da instrução que, de acordo com a Nota Técnica 21/2009, da SECAD/MEC, em face de problemas identificados em convênios firmados em 2007, o MEC passou a vedar a adesão de entidades não governamentais ao Programa Brasil Alfabetizado, o que possibilitou o saneamento de questionamentos a respeito de futuros repasses da Petrobras para programas contemplados com recursos de outros órgãos e outras entidades da Administração Pública.62. Independentemente das informações colacionadas pela 1ª Secex, deixo de acolher proposta de expedição de alertas à Petrobras a respeito da matéria, em razão das considerações que passo a aduzir.63. Entendo que não restou devidamente esclarecido nos autos qual o procedimento adotado tanto pela Petrobras quanto pelo MEC para a aferição da execução da parte comum entre os convênios dessas duas entidades, a saber, a formação inicial e continuada de alfabetizadores (itens 72 a 76 da instrução transcrita no Relatório precedente).64. Duas situações que me causam estranheza foram relatadas pala unidade técnica na instrução em relação aos convênios/contratos firmados com a CUT/ADS. A primeira, já mencionada acima, diz respeito a não aferição da boa e regular aplicação de recursos repassados pela Petrobras para terceiros por intermédio dos denominados contratos de patrocínio. A segunda, é que o monitoramento e acompanhamento promovidos pela Secad/MEC nos convênios celebrados no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado ocorre por meio de amostragem.65. Tal situação é particularmente preocupante em razão da informação de que foram transferidos à Central Única dos Trabalhadores cerca de R$ 45.000.000,00 para execução de ações na área de alfabetização nos exercícios de 2004 a 2007 e de que não há elementos suficientes para atestar a sua boa e regular aplicação. Assim, considerando a relevância da importância repassada e a fragilidade dos controles da Petrobras para aferir a efetividade da aplicação desses recursos, deve-se determinar à Unidade Técnica que, em processo apartado, aprofunde a apuração e análise da aplicação desse montante, ante os princípios basilares da obrigatoriedade de prestação de contas de recursos públicos, cuja aplicação é confiada a entidades privadas.66. Acolho, por pertinentes, a proposta contida no subitem 5.1, alíneas a e b, e respectivas subalíneas, da proposta constante no Relatório de Inspeção, transcrito no relatório precedente, como também, a de reiteração da determinação feita à Petrobras, por meio do item 8.5.d do Acórdão 233/2001 – TCU – Plenário, para que adote, na área de Comunicação Social, medidas corretivas quanto à adequada formalização dos processos, em cumprimento à Lei 9.784, de 1999, art. 22.67. Deixo de acolher a proposta contida no subitem 5.2 do relatório de inspeção já mencionado, por entender que a definição dos critérios de seleção dos projetos sociais é de competência do gestor da Petrobras que deve atender, para esse fim, os normativos da empresa e do Poder Executivo Federal, sem deixar de observar, entretanto, os princípios da impessoalidade, publicidade e moralidade,

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inseridos na Constituição Federal, art. 37, caput, o que sempre será objeto de verificação por parte desta Corte de Contas.68. Registro, por fim, que foi apreciado neste Tribunal o TC 018.284/2009-5, que tratava de solicitação encaminhada a este Tribunal pelo Senador João Pedro, Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI Petrobras, referente ao Requerimento 121/2009, de autoria do senador Romero Jucá, no qual foram requeridas informações sobre os contratos de patrocínio da estatal que estavam sendo auditados por esta Corte de Contas, bem como os já analisados, em que foram constatadas irregularidades, e quais providências foram tomadas.69. Na oportunidade, foi proferido o Acórdão 1927/2009-TCU-Plenário, em que, no subitem 9.6, foi determinada a juntada de cópia do referido Acórdão aos autos deste processo, para ser verificada, por ocasião da apreciação de mérito, a oportunidade de cientificar o Congresso Nacional da deliberação que vier a ser adotada, caso ainda estejam em curso os trabalhos da CPI-Petrobras.70. Da mesma forma, na apreciação do TC 013.316/2009-8, que deliberou sobre solicitação remetida pela Câmara dos Deputados, consubstanciada na solicitação de Informações 34/2009, de autoria do Deputado Federal Chico Alencar, a fim de que este Tribunal enviasse cópias de relatórios, auditorias e pareceres que tivessem como objeto contratos e convênios celebrados entre a Petrobras e organizações da sociedade civil, foi proferido o Acórdão 1621/2009-TCU-Plenário, em que, no subitem 9.4, consta determinação para juntadas a estes autos da solicitação referida, bem como no subitem 9.5 foi determinada a extensão a este processo dos atributos urgência, tramitação preferencial, apreciação pelo Plenário e de forma unitária, em observância aos disposto no art. 14, inciso III, da Resolução-TCU 215/2008.71. Assim, importante dar ciência desta deliberação aos Presidentes da Câmara dos Deputados e Senado Federal, em atendimento à Solicitação de Informações ao TCU 34/2009 e Requerimento 121/2009 e ao presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização - CMO, mediante o envio de cópia do Acórdão a ser proferido, acompanhado do Relatório e Voto que o fundamentam.72. Com essas considerações, conheço da Representação, uma vez satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 237, inciso IV, do Regimento Interno do Tribunal c/c o art. 132, inciso VI, da Resolução-TCU 191/2006 e acolho, no essencial, a proposta da unidade técnica, com os ajustes julgados necessários.

Ante o exposto, Voto porque este Tribunal adote a deliberação que ora submeto à consideração do Plenário.

Sala das Sessões, em 26 de setembro de 2012.

AROLDO CEDRAZRelator

GRUPO II - CLASSE VII - Plenário.TC 027.265/2006-4 (com 25 volumes e 11 anexos).Natureza: Representação.Unidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE/MEC, Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras e Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECADI/MEC.Responsáveis: Adolfo Elias Mitouzo Vieira (CPF 120.463.025-91); Agência de Desenvolvimento Solidário (CPF 03.607.290/0001-24); Ailton Florêncio dos Santos (CPF 352.039.605-00); Anamaria Miranda Rodrigues Ballard (CPF 892.923.327-91); Ari Aloraldo do Nascimento (CPF 419.563.460-15); Central Unica dos Trabalhadores

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– Cut (CNPJ 60.563.731/0001-77); Cláudia Ribeiro Lapenda (CPF 674.108.637-49); Cooperativa de Profissionais Em Planejam. e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental – Colméia (CNPJ 03.587.004/0001-06); Ecosol – Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (CNPJ 06.267.304/0001-04); Fernando Francisca (CPF 021.523.567-30); Gilmar Carneiro dos Santos (CPF 571.928.128-20); Ifas (CPF 01.682.509/0001-24); Iolete Giffoni de Carvalho (CPF 786.073.707-82); Janice Helena de Oliveira Dias (CPF 329.728.490-00); Joao Antonio Felicio (CPF 672.384.168-91); José Samuel Magalhães (CPF 580.103.358-00); João Miranda Neto (006.221.628-70); Luis Fernando Maia Nery (741.569.007-97); Luiz Marinho (CPF 008.848.518-85); Marcelo Benites Ranuzia (CPF 064.805.928-67); Marcos Medeiros de Oliveira (CPF 633.951.697-15); Maria Auxiliadora Lobo Alvin (243.944.405-72); Maria Eunice Dias Wolf (CPF 240.085.670-20); Maria Ivandete Santana Valadares (152.836.235-72); Mariruth de Mello Alves (232.487.425-34); Maristela Miranda Barbara (933.299.038-72); Ney Ribeiro de Sá (CPF 328.133.175-00); Paulo Cezar Farias (CPF 692.268.811-20); Pedro Rivas Franco Lima Gomes (805.201.545-68); Rosane Beatriz Juliano de Aguiar (CPF 011.494.147-58); Rosemberg Evangelista Pinto (CPF 080.200.515-20); União de Núcleos Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco – Unas (CNPJ 38.883.732/0001-40); Valtenira da Matta Almeida (CPF 234.067.125-68) e Wilson Santarosa (CPF 246.512.148-00).

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE UNIDADE TÉCNICA. VERIFICAÇÃO DE INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES NOS REPASSES DE RECURSOS EFETIVADOS PELA PETROBRAS, SOB A FORMA DE PATROCÍNIOS, CONVÊNIOS E OUTROS MEIOS ASSEMELHADOS, A ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS E ENTIDADES SUPOSTAMENTE LIGADAS A PARTIDOS POLÍTICOS. INSPEÇÃO. CONSTATAÇÃO DA AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS CLAROS E OBJETIVOS, NO ÂMBITO DA PETROBRAS, PARA DEFINIR A FORMATAÇÃO DOS REPASSES DESTINADOS A PATROCINAR AÇÕES DE CARÁTER SOCIAL. IRREGULARIDADES NA COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DE RECURSOS DE CONVÊNIOS. AUDIÊNCIA. REJEIÇÃO DE PARTE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA REPRESENTAÇÃO. NECESSIDADE DE APRODUNDAR A APURAÇÃO MEDIANTE PROCESSOS DE TOMADAS DE CONTAS ESPECIAIS. DETERMINAÇÕES.

VOTO REVISOR

Após o pedido de vista formulado por este Revisor, aprecia-se representação formulada pela 1ª Secretaria de Controle Externo em razão de supostas irregularidades em procedimentos adotados

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pela Petrobras no tocante a repasses de verbas a organizações não governamentais e entidades supostamente ligadas a partidos políticos, constatadas em notícias veiculadas na imprensa.2. Por oportuno, destaco a qualidade do voto do eminente Relator, Ministro Aroldo Cedraz, que, com o habitual cuidado, zelo e profundidade, submete a este Plenário proposta de acórdão relativamente à presente representação.3. Depois de analisar detidamente o encaminhamento alvitrado por Sua Excelência, em cotejo com o que consta nos autos e com o parecer do Procurador-Geral (fls. 361/373, vol. 1), exarado após o pedido de vista, peço vênias para sugerir alguns ajustes no acórdão a ser proferido, pelas razões que serão expostas na sequência.4. Por oportuno, transcrevo a proposta de acórdão que Ministro-Relator submete a este Colegiado, bem como o que alvitra o representante do Ministério Público, com grifos acrescidos.5. Proposta do Ministro Relator:

“9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

9.2. determinar à Petrobras, com fundamento no art. 8º da Lei 8.443/1992, que, no prazo de 60 (sessenta) dias, sob pena de responsabilidade solidária dos agentes omissos, instaure e remeta à Corregedoria-Geral da União as tomadas de contas especiais referentes aos seguintes repasses efetuados pela empresa:

9.2.1 contrato 612.2.010.03-6/2003, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia), ante a não devolução aos cofres da Petrobras da quantia de R$ 128.269,39 (cento e vinte e oito mil duzentos e sessenta e nove reais e trinta e nove centavos), referente à diferença entre o valor repassado à Colméia, R$ 1.715.895,00 (um milhão setecentos e quinze mil oitocentos e noventa e cinco reais), e o valor efetivamente aplicado no objeto da avença, no montante de R$ 1.587.625,61 (um milhão quinhentos e oitenta e sete mil seiscentos e vinte e cinco reais e sessenta e um centavos);

9.2.2 convênio 6000.0031986.07.4/2007, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas), diante das seguintes ocorrências: o demonstrativo de gastos não se apresenta coerente com os comprovantes constantes da prestação de contas; o relatório de atividades contempla ações que não estão devidamente amparadas com provas documentais e fotografias; diversos documentos/recibos não atendem às formalidades legais para suportar despesas; os recursos foram aplicados em desconformidade com o estabelecido no plano de trabalho e nas planilhas orçamentárias; os extratos bancários não demonstram a canalização dos recursos no objeto do Convênio, impossibilitando a verificação do nexo de causalidade entre o executado e o desembolso de recursos;

9.2.3 contrato 6000.0010762.05.2/2005, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol), em face da ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos à entidade, no montante de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais);

9.3. com fundamento no inciso II, do art. 250 do Regimento Interno – TCU, determinar à Petrobras que ao descentralizar recursos mediante convênio ou contrato de patrocínio, mas com finalidade específica de financiamento de projetos de interesse eminentemente social, deve ser exigida a apresentação de prestação de contas, em atendimento ao que dispõe o art. 70, parágrafo único da Constituição Federal;

9.4. comunicar à Diretoria Executiva da Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras) as seguintes diferenças entre as informações sobre conselhos de entes recebedores e valores a serem repassados, constantes de suas atas 4.620/2006, de 15/12/2006 e 4.674/2007, de 14/12/2007, e as informações de repasses efetivados pela Companhia ao Fundo para Infância e Adolescência:

9.4.1 ano de 2006: não efetivação dos repasses indicados na Tabela 4, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva; repasse de recursos para dois projetos, no valor total de R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais), que não constavam do Plano FIA 2006, aprovado pela Diretoria Executiva; repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 387.913,56 (trezentos e oitenta e sete mil novecentos e treze reais e cinquenta e seis centavos) (Tabela 6);

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9.4.2 ano de 2007: não efetivação dos repasses aprovados pela Diretoria Executiva para os conselhos dos Estados do Pará, de Rondônia e de Tocantins, nos valores, respectivos, de R$ 249.800,00 (duzentos e quarenta e nove mil e oitocentos reais), R$ 466.295,00 (quatrocentos e sessenta e seis mil duzentos e noventa e cinco reais) e R$ 390.000,00 (trezentos e noventa mil reais); não efetivação dos repasses indicados na Tabela 10, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva; repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 760.322,00 (setecentos e sessenta mil trezentos e vinte e dois reais) (Tabela 11); repasses em valores inferiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 168.537,50 (cento sessenta e oito mil quinhentos e trinta e sete reais e cinquenta centavos) (Tabela 12); não efetivação dos repasses indicados na Tabela 13, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva.

9.5. com fundamento no art. 43, I, da Lei 8.443, de 1992, e no art. 250, II, do Regimento Interno do TCU, reiterar a determinação feita à Petrobras, por meio do item 8.5.d do acórdão 233/2001 – TCU - Plenário, para que adote, na área de Comunicação Social, medidas corretivas quanto à adequada formalização dos processos, em cumprimento à Lei 9.784, de 1999, art. 22;

9.6. rejeitar as razões de justificativa do Sr. Wilson Santarosa e aplicar-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II e § 1º, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizados monetariamente a partir do dia seguinte ao prazo fixado neste acórdão, na forma prevista na legislação em vigor;

9.7. rejeitar as razões de justificativa do Sr. Luis Fernando Maia Nery e aplicar-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II e § 1º, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao prazo fixado neste acórdão, na forma prevista na legislação em vigor;

9.8. rejeitar as razões de justificativa do Sr. Rosemberg Evangelista Pinto e aplicar-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II e § 1º, da Lei nº 8.443/1992, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao prazo fixado neste acórdão, na forma prevista na legislação em vigor;

9.9. seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

9.10. determinar à 9ª Secex, unidade técnica em cuja clientela se inclui atualmente a Petrobras que, em processo apartado, aprofunde a apuração e análise da aplicação dos recursos transferidos mencionados nos itens 53 e 65 do voto condutor deste acórdão, ante os princípios basilares da obrigatoriedade de prestação de contas de recursos públicos, cuja aplicação é confiada a entidades privadas.

9.11. encaminhar cópia deste acórdão e do relatório e do voto que o fundamentaram:9.11.1 ao Presidente da Câmara dos Deputados, em atendimento à Solicitação de

Informações ao TCU 34/2009;9.11.2 ao deputado federal Chico Alencar, autor da Solicitação de Informação

mencionada no subitem 9.4.1, retro;9.11.3 aos presidentes das Comissões do Congresso Nacional;9.11.4 à Petrobras;9.12. autorizar a remessa destes autos, após as notificações pertinentes, à 9ª Secex,

unidade técnica em cuja clientela se inclui atualmente a Petrobras, para monitoramento da determinação constante do subitem 9.2, retro;

9.13. após as comunicações devidas, arquivar o presente processo.”6. Proposta do representante do Ministério Público junto ao TCU:

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“1) sejam refeitos, com as alterações de métodos e critérios a que me referi na seção IV supra, os cálculos necessários a esclarecer se houve ou não favorecimento de ordem político-partidária nas doações efetuadas pela Petrobras aos Fundos para a Infância e a Adolescência, trazendo-se aos autos, para tanto, as informações referentes às populações de municípios e estados governados por PT, PSDB, PFL/DEM e PMDB em cada ano do período compreendido entre 2003 e 2008;

2) consoante o disposto no artigo 47 da Lei nº 8.443/1992, em combinação com o disposto no artigo 37 da Resolução TCU nº 191/2006, sejam formados processos apartados do presente a fim de se apurarem os danos ocorridos na execução das seguintes avenças celebradas pela Petrobras:

a) Convênio nº 6000.0007055.04.4, no valor de R$ 7.016.498,87, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

b) Convênio nº 6000.0017248.05.4, no valor de R$ 8.795.978,75, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

c) Convênio 6000.0032085.07.4, no valor de R$ 9.878.610,28, firmado com a Agência de Desenvolvimento Solidário, da Central Única dos Trabalhadores (ADS/CUT);

d) Convênio nº 6000.0031986.07.4, no valor de R$ 1.619.141,65, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar ‘Sebastião Rosa da Paz’ (Ifas);

e) Contrato de Patrocínio nº 612.2.010.03.6, no valor de R$ 1.715.895,00, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia);

f) Contrato de Patrocínio nº 6000.0010762.05.2, no valor de R$ 350.000,00, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol);

3) sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Wilson Santarosa, Luis Fernando Maia Nery e Rosemberg Evangelista Pinto, respectivamente, Gerente Executivo de Comunicação Institucional, Gerente de Responsabilidade Social e Gerente Setorial Regional Nordeste da Petrobras, aplicando-se-lhes, individualmente, a multa prevista no artigo 58, inciso II, da Lei nº 8.443/1992; e

4) sejam encaminhadas ao gabinete do Ministro José Jorge, relator dos processos relativos ao Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação, para adoção das medidas que S. Ex.ª entender cabíveis, as informações que constam destes autos e que aludem às seguintes avenças, celebrados pelo FNDE com a CUT e a ADS: Convênio nº 828005/2004, no valor de R$ 7.856.640,00; Convênio nº 828004/2005, no valor de R$ 7.856.640,00; e Convênio nº 828044/2006, no valor de R$ 8.213.079,60.”7. Inicialmente, esclareço que concordo com a essência e o espírito de ambas as propostas. Apenas divirjo quanto ao encaminhamento, neste momento, a ser dado a duas questões.8. A primeira é em relação à instauração das tomadas de contas especiais. 9. Como se vê, o Ministro-Relator propõe que as TCEs sejam instauradas pela própria Petrobras e somente em relação a três “repasses efetuados pela empresa”: Contrato 612.2.010.03-6/2003); Convênio 6000.0031986.07.4/2007 e Contrato 6000.0010762.05.2/2005.10. Por sua vez, o MP/TCU entende que as tomadas de contas especiais devem ser instauradas, mas não pela Petrobras e sim por esta Corte de Contas, e, ademais, não somente em relação aos contratos e convênios enumerados pelo Relator, mas também quanto a outros que verificou serem passíveis de apuração. Assim, neste ponto, o Procurador-Geral propugna “a formação de processos apartados a fim de se apurarem os danos ocorridos na execução das seguintes avenças celebradas pela Petrobras”: a) Convênio 6000.0007055.04.4; b) Convênio 6000.0017248.05.4; c) Convênio 6000.0032085.07.4; d) Convênio 6000.0031986.07.4; e) Contrato de Patrocínio 612.2.010.03.6; f) Contrato de Patrocínio 6000.0010762.05.2”.11. Sobre esta questão, alinho-me ao entendimento do MP/TCU, pelas razões que o seu representante expôs no mencionado parecer, das quais destaco as seguintes:

“A Lei nº 8.443/1992 dispõe expressa e cristalinamente sobre qual é o correto encaminhamento a ser dado ante a constatação de dano em sede de fiscalização:

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‘Art. 47. Ao exercer a fiscalização, se configurada a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário, o Tribunal ordenará, desde logo, a conversão do processo em tomada de contas especial, salvo a hipótese prevista no art. 93 desta lei.

Parágrafo único. O processo de tomada de contas especial a que se refere este artigo tramitará em separado das respectivas contas anuais.’

Este dispositivo legal aponta inequivocamente no sentido de que as tomadas de contas especiais necessárias à apuração dos danos acima referidos devam ser iniciadas e processadas não pela Petrobras, mas pelo próprio TCU. Ademais, deve-se considerar que, por se revelar clara a necessidade de que aquelas matérias sejam examinadas em processos distintos do presente, deverão, então, ser formados apartados para tanto, em consonância com o disposto no artigo 37 da Resolução TCU nº 191/2006.

A propósito, calha frisar e repisar, neste ponto, que a competência do TCU para julgar contas especiais referentes a recursos geridos em empresas estatais, tais como a Petrobras, firma-se a partir da combinação do já referido artigo 70, parágrafo único, com o artigo 71, inciso II, parte final, da Constituição. Dessa combinação, logicamente se extrai a intelecção de que cabe ao TCU julgar as contas de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que der causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário quando essa pessoa utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar dinheiros, bens e valores pelos quais a União responda, ações que, como já dito, dizem respeito à gestão de empresas estatais.

Ainda quanto ao que se refere aos convênios e aos contratos de patrocínio celebrados pela Petrobras com entidades privadas, entendo, diferentemente do que concluiu a 1ª Secex, que as avenças em que se configuraram danos diretos aos cofres da Petrobras - e indiretos, portanto, aos cofres da União - não se restringiram às acima mencionadas.

(...)Vejo contradição da unidade técnica em reconhecer a falta de comprovação da aplicação, nos

fins alegados, das vultosas quantias envolvidas naqueles três convênios para, ao cabo de sua manifestação, propor que simplesmente se alerte a Petrobras sobre as irregularidades constatadas naquelas avenças. Definitivamente, não é esse o encaminhamento que a Constituição e a lei impõem ante o que foi constatado.”12. O segundo ponto refere-se à apenação dos responsáveis. 13. Tanto o Ministério Público quanto o Relator consideram que os responsáveis devem, desde logo, ser apenados com multa. No entanto, os fundamentos deste último estão baseados no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 (“ato praticado com grave infração à norma”) e § 1º (“deixar de dar cumprimento à decisão do Tribunal”). Já o Procurador-Geral lastreia sua proposta de multa aos gestores apenas no art. 58, inciso II, desta Lei.14. Considero que esta ainda não é a ocasião mais propícia para serem cominadas multas aos mencionados responsáveis, pelas razões que esclareço a seguir. 15. Os pontos em comum de ambas as propostas é de que sejam instauradas tomadas de contas especiais, o que, na prática, implica um aprofundamento do exame de todas as questões que foram até aqui levantadas. Esta é a intelecção que extraio de algumas passagens da Instrução Normativa TCU 56/2007 - que regulamenta a instauração e organização de processos de tomada de contas especial - nas quais estão previstos, entre outros, os seguintes elementos: “adequada apuração dos fatos, com indicação das normas ou regulamentos eventualmente infringidos; correta identificação do responsável; precisa quantificação do dano e das parcelas eventualmente recolhidas; observância das normas legais e regulamentares pertinentes pelo concedente [quando se tratar de recurso relativo a convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere]; celebração do termo, avaliação do plano de trabalho e demais documentos constantes da solicitação de recursos”.16. Embora discipline, principalmente, a forma de proceder dos órgãos de controle interno e das autoridades administrativas, esta IN deixa claro, no § 3º do art. 3º, que “O Tribunal pode determinar a instauração de tomada de contas especial, a qualquer tempo, independentemente das medidas administrativas adotadas”.

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17 Assim sendo, pode se considerar que todas as regras desta Instrução Normativa têm a intenção de orientar uma apuração precisa no âmbito dos processos de TCEs, independentemente de quem os instaure. 18. Alguns pontos que deverão ser aprofundados nas tomadas de contas especiais a serem instauradas, conforme entendimento do Ministro-Relator e o MP/TCU, já estão sendo objeto de proposta de formação de juízo definitivo a ponto de se alvitrar a cominação de multa aos responsáveis.19. Considero que as questões não estão totalmente esclarecidas e, portanto, não vejo como sendo este o melhor momento para se aplicar penalidades. 20. Até porque, havendo recurso contra as sanções, os processos correm sério risco de serem sobrestados e, ademais, provável mudança de entendimento poderia acarretar que as apurações para aprofundamento se mostrassem desnecessárias. 21. No presente caso, adiar a aplicação das multas é medida de prudência e economia processual que em nada irá prejudicar a eficácia da ação desta Corte de Contas em relação a estes autos, porquanto, como facilmente se depreende das propostas apresentadas, eles não podem ser considerados totalmente saneados. 22. Assim, das apurações adicionais que estão sendo propostas, tanto pelo Relator quanto pelo MP/TCU, poder-se-á formar um melhor juízo do grau de responsabilidade dos gestores da Petrobras e, consequentemente, tomar uma decisão, senão definitiva, mais firme acerca da conduta desses responsáveis, inclusive em cotejo com a aferição do nível de participação de terceiros na prática dos atos sob suspeita. A sanção inclusive, poderá ser agravada se, após as apurações propostas, forem materializadas as hipóteses previstas em mais dispositivos da Lei Orgânica do Tribunal, como, por exemplo, o inciso III do art. 58, o caput do art. 57 ou, até mesmo, o art. 60.23. É importante registrar que o MP/TCU levantou outras questões que enriquecem o debate e muito serão úteis nas apurações que deverão se seguir. No entanto, em relação aos outros pontos de aparente divergência entre os entendimentos, não vejo reparos a serem feitos na essência da proposta do Ministro-Relator.

Ante todo o exposto, renovando escusas por dissentir parcialmente do Ministro-Relator e representante do MP/TCU, voto por que o Tribunal de Contas da União adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.

“9.1 conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;9.2 determinar à 9ª Secex que constitua processos apartados para:9.2.1 aprofundar a apuração e análise da aplicação dos recursos transferidos mencionados no item

53 do voto do Ministro-Relator (Contrato 6000.0001124.04.2/2004 e Contrato 6000.021294.06.2/2006), ante os princípios basilares da obrigatoriedade de prestação de contas de recursos públicos, cuja aplicação é confiada a entidades privadas;

9.2.2 apurar os danos e responsabilidades ocorridos na execução das seguintes avenças celebradas pela Petrobras:

9.2.2.1 Convênio 6000.0007055.04.4, no valor de R$ 7.016.498,87, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

9.2.2.2 Convênio 6000.0017248.05.4, no valor de R$ 8.795.978,75, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

9.2.2.3 Convênio 6000.0032085.07.4, no valor de R$ 9.878.610,28, firmado com a Agência de Desenvolvimento Solidário, da Central Única dos Trabalhadores (ADS/CUT);

9.2.2.4 Convênio 6000.0031986.07.4, no valor de R$ 1.619.141,65, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas);

9.2.2.5 Contrato de Patrocínio 612.2.010.03.6, no valor de R$ 1.715.895,00, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia);

9.2.2.6 Contrato de Patrocínio 6000.0010762.05.2, no valor de R$ 350.000,00, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol);

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9.3 reiterar a determinação feita à Petrobras, por meio do subitem ‘8.5.d’ do Acórdão 233/2001 - TCU - Plenário, para que adote, na área de Comunicação Social, medidas corretivas quanto à adequada formalização dos processos, em cumprimento à Lei 9.784/1999;

9.4 comunicar à Diretoria Executiva da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) as seguintes diferenças entre as informações sobre conselhos de entes recebedores e valores a serem repassados, constantes de suas Atas 4.620/2006, de 15/12/2006 e 4.674/2007, de 14/12/2007, e as informações de repasses efetivados pela Companhia ao Fundo para Infância e Adolescência:

9.4.1 ano de 2006: não efetivação dos repasses indicados na Tabela 4, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva; repasse de recursos para dois projetos, no valor total de R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais), que não constavam do Plano FIA 2006, aprovado pela Diretoria Executiva; repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 387.913,56 (trezentos e oitenta e sete mil novecentos e treze reais e cinquenta e seis centavos) (Tabela 6);

9.4.2 ano de 2007: não efetivação dos repasses aprovados pela Diretoria Executiva para os conselhos dos Estados do Pará, de Rondônia e de Tocantins, nos valores, respectivos, de R$ 249.800,00 (duzentos e quarenta e nove mil e oitocentos reais), R$ 466.295,00 (quatrocentos e sessenta e seis mil duzentos e noventa e cinco reais) e R$ 390.000,00 (trezentos e noventa mil reais); não efetivação dos repasses indicados na Tabela 10, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva; repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 760.322,00 (setecentos e sessenta mil trezentos e vinte e dois reais) (Tabela 11); repasses em valores inferiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 168.537,50 (cento sessenta e oito mil quinhentos e trinta e sete reais e cinquenta centavos) (Tabela 12); não efetivação dos repasses indicados na Tabela 13, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva;

9.5 encaminhar ao Gabinete do Ministro José Jorge, relator dos processos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação, para adoção das medidas que entender cabíveis, as informações que constam destes autos e que aludem às seguintes avenças, celebradas pelo FNDE com a CUT e a ADS: Convênio 828005/2004, no valor de R$ 7.856.640,00; Convênio 828004/2005, no valor de R$ 7.856.640,00; e Convênio 828044/2006, no valor de R$ 8.213.079,60;

9.6 encaminhar cópia deste acórdão e do relatório e voto que o fundamentam:9.6.1 ao Presidente da Câmara dos Deputados, em atendimento à Solicitação de Informações ao

TCU 34/2009;9.6.2 ao Deputado Federal Chico Alencar, autor da Solicitação de Informação tratando da questão

a que se refere o subitem 9.4.1, acima;9.6.3 às entidades e órgãos arrolados no item 4 deste acórdão.”

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1 de agosto de 2012.

JOSÉ MÚCIO MONTEIRORevisor

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VOTO COMPLEMENTAR

Na oportunidade em que trouxe este processo à apreciação do Plenário do TCU, na Sessão de 30/03/2011, o Ministro José Múcio Monteiro formulou pedido de vista dos autos.2. Primeiramente, agradeço ao ilustre Ministro pelas considerações oferecidas em seu Voto Revisor, as quais em muito contribuem para o aperfeiçoamento das propostas que serão submetidas a este Plenário, particularmente em relação à instauração de tomadas de contas especiais e à apenação dos responsáveis.3. No Voto que apresentei anteriormente, acompanhei a proposição da unidade técnica de determinar à própria Petrobras que instaurasse e remetesse à Controladoria-Geral da União as tomadas de contas especiais referentes aos Contratos 612.2.010.03-6/2003, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia), e 6000.0010762.05.2/2005, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol), e ao Convênio 6000.0031986.07.4/2007, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas).4. Entendi, ainda, conveniente, determinar à 9ª Secex, unidade técnica em cuja clientela se inclui atualmente a Petrobras que, em processo apartado, aprofundasse a apuração e análise da aplicação dos recursos transferidos, mencionados nos itens 53 e 65 do meu voto, ante os princípios basilares da obrigatoriedade de prestação de contas de recursos públicos, cuja aplicação é confiada a entidades privadas.5. Entretanto, o Ministro Revisor, após manifestação do Ministério Público/TCU, defende, em sintonia com o Parquet, que as TCEs devem ser instauradas não pela Petrobras mas sim por esta Corte de Contas, em processos apartados, em atendimento ao que dispõem os arts. 70, parágrafo único, c/c art. 71, inciso II, parte final, da Constituição Federa; art. 47 da Lei 8.443/92 e art. 37 da Resolução-TCU 191/2006.6. Concordo com o Ministro José Múcio que seja medida adequada a adoção do procedimento sugerido. Assim, alinho-me a esse posicionamento, pelas razões expostas no item 11 do Voto Revisor.7. Em consequência do acolhimento da proposição supra, considero também adequado adiar a aplicação de multa aos Srs. Wilson Santarosa, Luis Fernando Maia Nery e Rosemberg Evangelista Pinto, respectivamente, Gerente Executivo de Comunicação Institucional, Gerente de Responsabilidade Social e Gerente Setorial Regional Nordeste da Petrobras, para o momento da apreciação das indigitadas TCEs, quando deverão ser sopesadas, para a aplicação das sanções, não só as irregularidades ora apontadas, como também eventual débito passível de ser imputado a esses responsáveis.8. Como tais processos serão conduzidos por este Tribunal, à época da apreciação do mérito, e para que seja preservado o direito ao contraditório e à ampla defesa, deverão ser efetivadas novas oitivas dos responsáveis em relação às irregularidades listadas neste processo de Representação, cujos argumentos de defesa não foram capazes de afastar.9. Acolho, também, por pertinente, a proposta de encaminhamento das informações que constam destes autos e que aludem às seguintes avenças, celebradas pelo Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com a Associação de Desenvolvimento Solidário (ADS): Convênio 828005/2004, no valor de R$ 7.856.640,00; Convênio 828004/2005, no valor de R$ 7.856.640,00, e Convênio 828044/2006, no valor de R$ 8.213.079,60, ao gabinete do relator da lista em que estiver contido o FNDE, para adoção das medidas cabíveis.10. Quanto à proposta apresentada pelo MP/TCU, para que sejam refeitos, com as alterações de métodos e critérios referenciados na seção IV do parecer transcrito no Relatório precedente, os cálculos necessários a esclarecer se houve ou não favorecimento de ordem político-partidária nas doações efetuadas pela Petrobras aos Fundos para a Infância e a Adolescência, trazendo-se ao processo, para tanto, as informações referentes às populações de municípios e estados governados pelo PT, PSDB, PFL/DEM e

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PMDB em cada ano do período compreendido entre 2003 e 2008, devo tecer as considerações a seguir aduzidas.10. Como pode ser verificado na instrução da unidade técnica reproduzida no Relatório precedente, para aferição de possível existência de favorecimento foi utilizada a metodologia abaixo descrita (dados detalhados nas tabelas 14 a 23 do Relatório):

“[...] Análise do partido do governanteMetodologia adotadaI. Com as informações de repasses anuais da empresa aos municípios/estados

selecionados, foram realizadas por ano as seguintes operações:1. Pesquisa do partido vencedor e do número de habitantes de cada

município/estado brasileiro, com dados do Tribunal Superior Eleitoral e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, respectivamente.

2. Para cada um dos quatro maiores partidos, Partido dos Trabalhadores - PT, Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB, Partido da Frente Liberal – PFL, hoje Democratas, e Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, realizou-se cálculo do número de governantes nos municípios/estados recebedores.

3. Para cada partido, calculou-se o total de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados com governantes eleitos.

4. Cálculo do número de municípios/estados com governantes eleitos para cada partido.

5. Cálculo do volume de recursos médio por partido. Volume de recursos médio = volume de recursos recebidos (3)/número de governantes eleitos (4).

6. Cálculo do total de habitantes de municípios/estados recebedores cujos governantes eram do partido.

7. Cálculo, por partido, da razão entre o total de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados e o total de habitantes de municípios/estados recebedores. Volume de recursos por habitante (7) = (3)/(6).

II. Repetiu-se a análise para os anos de 2007 e de 2008, com a exclusão dos municípios indicados pelas comissões do FIA. Para os estados não há a separação, visto que os repasses desses anos a estados foram todos selecionados pela Comissão do FIA.

Análise da coligação partidária do governanteMetodologia adotadaI. Com as informações sobre os repasses anuais da empresa aos municípios

selecionados, foram realizadas por ano as seguintes operações:1. Pesquisa da coligação partidária vencedora e do número de habitantes de

cada município/estado brasileiro, com dados do Tribunal Superior Eleitoral e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, respectivamente.

2. Para cada um dos quatro maiores partidos – PT, PSDB, PFL e PMDB –, identificou-se o número de participações em coligações vencedoras em municípios/estados recebedores de recursos do FIA.

3. Soma de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados cuja coligação vencedora envolvia a participação dos partidos.

4. Para cada partido, cálculo do número de participações em coligações vencedoras no Brasil.

5. Cálculo do volume de recursos médio por partido. Volume de recursos médio = volume de recursos recebidos (3)/número de participações em coligações vencedoras no Brasil (4).

6. Cálculo do total de habitantes de municípios/estados recebedores cuja coligação partidária eleita continha o partido.

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7. Cálculo, por partido, da razão entre o total de recursos recebidos por conselhos de municípios/estados e o total de habitantes de municípios/estados recebedores. Volume de recursos por habitante (7) = (3)/(6).

II. Repetiu-se a análise para os anos de 2007 e de 2008, com a exclusão dos municípios indicados pela Comissão do FIA. Para os estados, não há a separação, visto que os repasses desses anos a estados foram todos selecionados pela Comissão FIA. [...]”

11. Diante dos elementos citados é possível deduzir que os dados referentes à população, constantes da proposta do MP/TCU, já foram trazidas aos autos e valorados.

12. Por outro lado, não se pode afastar o elevado grau de subjetividade que envolve a matéria, visto que, a depender do critério utilizado, pode-se chegar a novas inferências, sem com isso afastar a conclusão anterior, por desapropriada ou desarrazoada.

13. Por evidente, os gestores sempre tentam justificar que os municípios ou as entidades têm suas pretensões atendidas a partir da análise da documentação exigida e da aferição de que se enquadram nos programas sociais e não por critério político partidário. A comprovação do contrário é algo extremamente difícil de ser obtida, com os instrumentos de que dispõe este Tribunal. 14. Faço lembrar que em meu Voto inicial registrei que o remate deve restringir-se à fonte de recurso analisada, ao período referenciado e ao contexto descrito no Relatório. 15. Ante isso, mantenho o meu entendimento sobre a questão, por acreditar que a conclusão da unidade técnica está suportada por metodologia aceitável e razoável, com utilização de subsídios a que teve acesso, tanto no que se refere a valores, quanto à população. 16. Diante do exposto, agradeço a contribuição do Ministro Revisor, e pelas razões declinadas acima, Voto por que este Tribunal adote a deliberação que ora proponho ao Colegiado.17. Registro, por fim, que, estando o processo incluído na pauta para julgamento por este Colegiado, na Sessão do dia 1/8/2012, recebi em meu gabinete memorial subscrito pela ilustre advogada constituída pelos Srs. Wilson Santarosa, Luis Fernando Nery e Rosemberg Evangelista Pinto, datado de 31/7/2012, cujo teor foi analisado por este Relator e considerado, naquilo que entendi pertinente, para o deslinde da matéria e para firmar o juízo de convicção que ora apresento a este Colegiado.

Sala das Sessões, em 26 de setembro de 2012.

AROLDO CEDRAZRelator

ACÓRDÃO Nº 2575/2012 – TCU – Plenário

1. Processo TC 027.265/2006-4 (com 25 volumes e 11 anexos)2. Grupo I – Classe VII – Representação.3. Responsáveis: Adolfo Elias Mitouzo Vieira (CPF 120.463.025-91); Agência de Desenvolvimento Solidário (CPF 03.607.290/0001-24); Ailton Florêncio dos Santos (CPF 352.039.605-00); Anamaria Miranda Rodrigues Ballard (CPF 892.923.327-91); Ari Aloraldo do Nascimento (CPF 419.563.460-15); Central Unica dos Trabalhadores – CUT (CNPJ 60.563.731/0001-77); Cláudia Ribeiro Lapenda (CPF 674.108.637-49); Cooperativa de Profissionais Em Planejam. e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental – Colméia (CNPJ 03.587.004/0001-06); Ecosol – Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (CNPJ 06.267.304/0001-04); Fernando Francisca (CPF 021.523.567-30); Gilmar Carneiro dos Santos (CPF 571.928.128-20); Ifas (CPF 01.682.509/0001-24); Iolete Giffoni de Carvalho (CPF 786.073.707-82); Janice Helena de Oliveira Dias (CPF 329.728.490-00); Joao Antonio Felicio (CPF 672.384.168-91); José Samuel Magalhães (CPF 580.103.358-00); João Miranda Neto (006.221.628-70);

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Luis Fernando Maia Nery (741.569.007-97); Luiz Marinho (CPF 008.848.518-85); Marcelo Benites Ranuzia (CPF 064.805.928-67); Marcos Medeiros de Oliveira (CPF 633.951.697-15); Maria Auxiliadora Lobo Alvin (243.944.405-72); Maria Eunice Dias Wolf (CPF 240.085.670-20); Maria Ivandete Santana Valadares (152.836.235-72); Mariruth de Mello Alves (232.487.425-34); Maristela Miranda Barbara (933.299.038-72); Ney Ribeiro de Sá (CPF 328.133.175-00); Paulo Cezar Farias (CPF 692.268.811-20); Pedro Rivas Franco Lima Gomes (805.201.545-68); Rosane Beatriz Juliano de Aguiar (CPF 011.494.147-58); Rosemberg Evangelista Pinto (CPF 080.200.515-20); União de Núcleos Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco – Unas (CNPJ 38.883.732/0001-40); Valtenira da Matta Almeida (CPF 234.067.125-68); Wilson Santarosa (CPF 246.512.148-00).4. Unidades: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE/MEC; Petróleo Brasileiro S./A – Petrobras; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/MEC.5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: 1ª Secex.8. Advogados constituídos nos autos: Nilton Antônio de Almeida Maia (OAB/RJ 67.460), Carlos da Silva Fontes Filho (OAB/RJ 59.712), Gustavo Cortês de Lima (OAB/DF 10.969), Claudismar Zupiroli (OAB/DF 12.250), Roberto Cruz Couto (OAB/RJ 19.329), Ricardo Penteado de Freitas Borges (OAB/SP 92.770), Marcelo Certain Toledo (OAB/SP 158.313), Idmar de Paula Lopes (OAB/DF 24.882), Rodrigo Muguet da Costa (OAB/RJ 124.666), Paulo Vinícius Rodrigues Ribeiro (OAB/RJ 141.195), Juliana de Souza Reis Vieira (OAB/RJ 121.235), Daniele Farias Dantas de Andrade (OAB/RJ 117.360), Ingrid Andrade Sarmento (OAB/RJ 109.690), Marta de Castro Meireles (OAB/RJ 130.114), André Uryn (OAB/RJ 110.580), Paula Novaes Ferreira Mota Guedes (OAB/RJ 114.649), Ivan Ribeiro dos Santos Nazareth (OAB/RJ 121.685), Maria Cristina Bonelli Wetzel (OAB/RJ124.668), Rafaella Farias Tuffani de Carvalho (OAB/RJ 139.758), Thiago de Oliveira (OAB/RJ 122.683), Marcos Pinto Correa Gomes (OAB/RJ 81.078), Bruno Henrique de Oliveira Ferreira (OAB/DF 15.354), Nelson Sá Gomes Ramalho (OAB/RJ 37.506), Marcos César Veiga Rios (OAB/DF 10.610), André de Almeida Barreto Tostes (OAB/DF 20.596), Nelson Barreto Gomyde (OAB/SP 147.136).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representação formulada pela 1ª

Secretaria de Controle Externo em razão de supostas irregularidades em procedimentos adotados pela Petrobras no tocante a repasses de verbas em forma de patrocínios, convênios e outros meios assemelhados, a organizações não governamentais e entidades supostamente ligadas a partidos políticos, constatadas em notícias veiculadas na imprensa.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos artigos 237, inciso VI, e parágrafo único, do Regimento Interno, e no art. 132 da Resolução 191/2006, em:

9.1. conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;

9.2. determinar à 9ª Secex que constitua processos apartados para aprofundar a apuração e análise da aplicação dos recursos transferidos, mencionados no item 53 do voto do Ministro-Relator (Contrato 6000.0001124.04.2/2004 e Contrato 6000.021294.06.2/2006), ante os princípios basilares da obrigatoriedade de prestação de contas de recursos públicos, cuja aplicação é confiada a entidades privadas;

9.3. com fundamento nos arts.12, II, e 47 da Lei 8.443/1992 c/c o 252 do RI/TCU e arts. 37 e 43 da Resolução-TCU 191/2006, determinar à 9ª Secex a formação de apartados de tomada de contas especial, os quais deverão ser constituídos dos elementos atinentes a cada um dos contratos referenciados, celebrados pela Petrobras, na forma a seguir especificada, com vistas à identificação dos responsáveis e quantificação dos valores a serem ressarcidos:

9.3.1. Convênio 6000.0007055.04.4, no valor de R$ 7.016.498,87, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

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9.3.2. Convênio 6000.0017248.05.4, no valor de R$ 8.795.978,75, firmado com a Central Única dos Trabalhadores (CUT);

9.3.3. Convênio 6000.0032085.07.4, no valor de R$ 9.878.610,28, firmado com a Agência de Desenvolvimento Solidário, da Central Única dos Trabalhadores (ADS/CUT);

9.3.4. Convênio 6000.0031986.07.4/2007, no valor de R$ 1.619.141,65, firmado com o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar “Sebastião Rosa da Paz” (Ifas);

9.3.5. Contrato de Patrocínio 612.2.010.03.6/2003, no valor de R$ 1.715.895,00, firmado com a Cooperativa de Profissionais em Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Colméia);

9.3.6. Contrato de Patrocínio 6000.0010762.05.2/2005, no valor de R$ 350.000,00, firmado com a Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária (Ecosol);

9.4. com fundamento no inciso II, do art. 250 do Regimento Interno – TCU, determinar à Petrobras que ao descentralizar recursos mediante convênio ou contrato de patrocínio, mas com finalidade específica de financiamento de projetos de interesse eminentemente social, deve ser exigida a apresentação de prestação de contas, em atendimento ao que dispõe o art. 70, parágrafo único da Constituição Federal;

9.5. comunicar à Diretoria Executiva da Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras) as seguintes diferenças entre as informações sobre conselhos de entes recebedores e valores a serem repassados, constantes de suas atas 4.620/2006, de 15/12/2006 e 4.674/2007, de 14/12/2007, e as informações de repasses efetivados pela Companhia ao Fundo para Infância e Adolescência:

9.5.1 ano de 2006: não efetivação dos repasses indicados na Tabela 4, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva; repasse de recursos para dois projetos, no valor total de R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais), que não constavam do Plano FIA 2006, aprovado pela Diretoria Executiva; repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 387.913,56 (trezentos e oitenta e sete mil novecentos e treze reais e cinquenta e seis centavos) (Tabela 6);

9.5.2. ano de 2007: não efetivação dos repasses aprovados pela Diretoria Executiva para os conselhos dos Estados do Pará, de Rondônia e de Tocantins, nos valores, respectivos, de R$ 249.800,00 (duzentos e quarenta e nove mil e oitocentos reais), R$ 466.295,00 (quatrocentos e sessenta e seis mil duzentos e noventa e cinco reais) e R$ 390.000,00 (trezentos e noventa mil reais); não efetivação dos repasses indicados na Tabela 10, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva; repasses em valores superiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 760.322,00 (setecentos e sessenta mil trezentos e vinte e dois reais) (Tabela 11); repasses em valores inferiores aos aprovados pela Diretoria Executiva, no montante de R$ 168.537,50 (cento sessenta e oito mil quinhentos e trinta e sete reais e cinquenta centavos) (Tabela 12); não efetivação dos repasses indicados na Tabela 13, em que pese sua aprovação pela Diretoria Executiva.

9.6. encaminhar ao Gabinete do Ministro José Jorge, relator dos processos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação, para adoção das medidas que entender cabíveis, as informações que constam destes autos e que aludem às seguintes avenças, celebradas pelo FNDE com a CUT e a ADS: Convênio 828005/2004, no valor de R$ 7.856.640,00; Convênio 828004/2005, no valor de R$ 7.856.640,00; e Convênio 828044/2006, no valor de R$ 8.213.079,60;

9.7. encaminhar cópia deste Acórdão e do Relatório e do Voto que o fundamentaram:9.7.1. aos Presidentes da Câmara dos Deputados e Senado Federal, em atendimento à

Solicitação de Informações ao TCU 34/2009 e Requerimento 121/2009;9.7.2. ao presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização

(CMO);9.7.3. ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), à Petróleo

Brasileiro S.A. (Petrobras) e à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secadi/MEC);

9.8. autorizar a remessa destes autos, após as notificações pertinentes, à 9ª Secex, unidade técnica em cuja clientela se inclui atualmente a Petrobras, para prosseguimento do feito.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 027.265/2006-4

10. Ata n° 38/2012 – Plenário.11. Data da Sessão: 26/9/2012 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2575-38/12-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro (Revisor) e Ana Arraes.13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.13.3. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)AROLDO CEDRAZ

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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