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Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso Uma Publicação da: Agência de Cooperação e Pesquisa para o Desenvolvimento Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

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Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

Uma Publicação da:Agência de Cooperação e Pesquisa para o Desenvolvimento

Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

Foto da tampa:O investigador com membros de WONA-NDLELA, uma associação de PVHAs em Inhambane, um capital provincial da província.

Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

ACRÓNIMOS

ACORD AgênciadeCooperaçãoePesquisaparaoDesenvolvimento

AGR ActividadedeGeraçãodeRendimentos

ARVs MedicamentosAnti-retrovirais

ATV AconselhamentoeTestagemVoluntária

DDH HospitalDesignadoaoníveldistrital

EAC ComunidadedaÁfricaOriental

HASAP ProgramadeAdvocaciaeApoioaoHIVeSIDA

IEC Informação,EducaçãoeComunicação

OMC OrganizaçãoMundialdoComércio

OMS OrganizaçãoMundialdaSaúde

ONGs OrganizaçõesNão-Governamentais

PEPFAR PlanodeEmergênciadoPresidentedosEstadosUnidosparaoAuxílioao

SIDA

PVHS PessoasVivendocomHIVeSIDA

PTMPF PrevençãodaTransmissãodeMãeparaoFilho

SADC ComunidadeparaoDesenvolvimentodaÁfricaAustral

TARV TerapiaAnti-retroviral

TAWOLIHA MulheresTanzanianasVivendocomHIVeSIDA

TRIPS DireitosdePropriedadeInternacionaisRelacionadoscomoComércio

TWG GrupodeTrabalhoTécnico

UNAIDS ProgramaConjuntodasNaçõesUnidassobreoHIVeSIDA

UNGASS SessãoEspecialdaAssembleiaGeraldasNaçõesUnidassobreoSIDA

WAMATA WalioKatikaMapambanodhidiyaUkimwiTanzania

i

Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Políticoii

�Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

ÍNDICE

ACRÓNIMOS........................................................................................................................................ i

ÍNDICE................................................................................................................................................. v

SUMÁRIOEXECUTIVO................................................................................................................... vii

1.0 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 1

1.1 Introdução.................................................................................................................... 1

1.2 ContextodosTrêsEstudossobreARVs................................................................... 1

1.3 OProblemadeEstudoeJustificação ....................................................................... 2

1.4 ObjectivosdosTrêsEstudos .................................................................................... 2

1.5 EscopodosEstudos .................................................................................................. 2

1.6 MetodologiaeAbordagem......................................................................................... 2

2.0 PERFISDASPESSOASBENEFICIANDODOSARV ............................................. 5

2.1 Introdução..................................................................................................................... 5

2.2 PerfisSócio-demográficodasPessoasBeneficiandodosARV............................ 5

3.0 SENSIBILIZAÇÃOECONHECIMENTOSOBREOTRATAMENTOARV .................. 7

3.1 Introdução..................................................................................................................... 7

3.2 ConhecimentoeCompreensãodoTratamentoARV............................................. 7

3.3ConhecimentosobreaElegibilidadeaoTratamentoARV..................................... 7

3.4 FontesdeInformaçãosobreoTratamentoARV....................................................... 10

4.0 DISPONIBILIDADE,ACESSIBILIDADEEUSODEARV.................................................. 11

4.1 Introdução ............................................................................................................... 11

4.2 DisponibilidadedeARVs............................................................................................ 11

4.3 AcessoaosARVs.......................................................................................................... 11

4.4 UsodeARV/UtilizaçãodosServiçosdeTratamentoARV................................ 13

�i Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

5.0 IMPACTODOUSODEARVEASBARREIRASÀACESSIBILIDADE ................... 15

5.1 Introdução ............................................................................................................... 15

5.2 ImpactodousodeARV............................................................................................... 15

5.3 BarreirasaoUsodosARVs......................................................................................... 17

6.0 POLÍTICASNACIONAISEINTERNACIONAIS .......................................................... 19

6.1 Introdução ............................................................................................................... 19

6.2 PolíticaseQuadrosNacionais..................................................................................... 19

6.3 PolíticaseQuadrosInternacionais ........................................................................ 20

7.0 CONCLUSÕESERECOMENDAÇÕES ....................................................................... 21

7.1 Introdução ............................................................................................................... 21

7.2 Conclusões.................................................................................................................... 21

7.3 Recomendações............................................................................................................ 21

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 25

LISTA DE TABELAS

Tabela1:Perfissócio—demográficosdaspessoasrecebendoARV ............................................. 5

Tabela2:ConhecimentosobrequeméelegívelausarosARVs ............................................. 8

Tabela3:FontesdeInformaçãosobreoTratamentoARV ........................................................... 9

Tabela4:AcessoGeográficoaosARVs ..................................................................................... 13

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico1:DistribuiçãodaspessoasbeneficiandodosARVsporocupaçãoem3países............. 6

Gráfico2:AprimeiravezqueaspessoasbeneficiandodosARVouviraramsobreo

tratamentoemMoçambique ............................................................................................................... 7

Gráfico3:AprimeiravezqueaspessoasbeneficandodosARVsouviraramsobreo

tratamentoemTanzânia ............................................................................................................... 7

�iiUm Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

IntroduçãoEm 2006, a Agência para a Cooperação ePesquisa para o Desenvolvimento (ACORD)atravésdoseuProgramadeAdvocaciaeApoioao HIV e SIDA (HASAP) realizou estudossobreosmedicamentosAnti-retrovirais (ARVs)em Burkina Faso, Tanzânia e Moçambique. OobjectivogeraldostrêsestudosfoideservircomouminstrumentodeadvocaciaparaaACORDeoutrosactoresenvolvidosnaadvocaciaparaumaacessibilidade equitativa acrescida aos serviçosde tratamento e cuidados do SIDA nos paísesAfricanos.Osobjectivosespecíficosdosestudosincluíram,entreoutros:

• ConstataroconhecimentoeacompreensãodaspessoassobreotratamentoARVbemcomo as fontes de informação para otratamentoARV,

• Avaliar a disponibilidade e o uso dosARVspelapopulaçãonostrêspaíses,

• DescobriroimpactodousodeARV,• Analisar as políticas nacionais e

internacionaise• Fazer recomendações visando abordar

as lacunas identificadas na provisão deserviçosrelacionadoscomosARVs.

Os três estudos adoptaram uma combinaçãode metodologias qualitativas e quantitativas.As pessoas beneficiando dos ARV foram osprincipais participantes dos estudos. Umtotal de 103, 58 e 176 pessoas beneficiandodos ARVs foram entrevistadas na Tanzânia,Moçambique e Burkina Faso respectivamente.Outros participantes no estudo incluíram nãoutilizadores de ARVs (PVHS elegíveis masnão recebendoARVspor suaprópria escolha),membrosda comunidadeemgeral emembrosdos agregados familiares dos beneficiários deARV, trabalhadores e funcionários distritais dasaúde. Tecnocratas nos Ministério da Saúde,ProgramaNacionaldeControlodoSIDA(PNCS),OMS,UNAIDS,eassociaçõesdePVHS.

Resultados Chave

Perfil das Pessoas Beneficiando dos ARV Nostrêspaíses,amaioriadepessoasbeneficiandodosARVerammulheresebasicamenteresidiamnaszonasurbanas.AmaiorpartedosbeneficiáriosdeARVemTanzâniaeMoçambiqueeramchefesdeagregadosfamiliaresetinhamumbaixoníveldeeducaçãoformali.e.,ensinoprimárioeeramgeralmente pobres conforme reflectido na suaocupaçãoprincipal.Quaseumquarto(18%)dosagregadosbeneficiadoresdeARVna TanzâniatinhaumrendimentomensalestimadodemenosdeUS$10pormês e ligeiramentepoucomaisdeumdécimo(12%)ganhavamentreUS$25-40pormês.

Sensibilização e Conhecimento sobre o Tratamento ARVEm geral, o conhecimento das pessoas emrelação à elegibilidade de se beneficiar dosARVs incluindo as pessoas actualmente sobtratamentoARVeralimitado.Maisdedoisterços(67.9%) e quase todas as pessoas beneficiandodos ARV (89.5%) tanto na Tanzânia como emMoçambique respectivamenteacreditavamquetodasasPVHSdeviamestarsobtratamentoARV.Uma proporção significativa de utilizadoresde ARV partilhava este ponto de vista queos ARVs podiam ser usados na prevençãoda infecção pelo HIV e do SIDA. ExistiamLacunas Glaring no conhecimento sobre osARVs, especialmente sobre quem é elegívelparatomarosmedicamentoseascircunstânciasque assegurassem um abandono completo douso dos medicamentos. Comparativamente, osbeneficiários deARV emMoçambique tinhammenos conhecimentos que os da Tanzânia.A diferença nos conhecimentos foi tambémevidentenapercepçãodosmotivosparatomaros ARVs onde mais de um terço da amostrana Tanzânia, e um quarto em Moçambique,acreditavamquetomandoosARVsiriapreveniroHIVeSIDA.AsdiferençasdeconhecimentossobreosARVnãoestavamapenaslimitadasaosmembrosnormaisdacomunidademastambémaoníveldostrabalhadoresdasaúde.

SUMÁRIO EXECUTIVO

�iii Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

Asconstataçõesdoestudovariavamemtermosde grau de popularidade das diferentes fontesde informação sobre os serviços e tratamentoARVs.Porexemplo,naTanzâniaeBurkinaFaso,os conselheiros/provedores de saúde no postode fornecimento de tratamento ARV foramreportadoscomoaprincipalfontedeinformaçãosobreosARVs,enquantoemMoçambique,elesestavamdentreasfontesmenoscitadas.Aoinvésdas fontes de informação geralmente citadassobreo tratamentoARV foi citadaa rádio.Emtodasaszonasdeestudo,otipodeinformaçãorecebida geralmente citada dos diversos meiosdecomunicaçãofoisobre“oacessoaoscentrosde tratamento ARV”. Os aspectos principaisdo tratamento ARV não estavam sendodisseminados foradoscentrosdeprovisãodosARVsemtodosospaísesdeestudo.

A Disponibilidade, Acessibilidade e Uso dos ARVEmboraadisponibilidadedosARVsdemonstrousinaisdeaumento,omesmoeraaindainadequadonos trêspaísesespecialmenteparaaquelesqueresidiamnaszonasrurais.AacessibilidadeaosARVsnão foiportantouniversalpara todososquedelesprecisavamnostrêspaíses.AsdiversasbarreirasemrelaçãoaoacessoeusodosARVsincluindo os baseados na unidade sanitária,política, sensibilização e relacionadas com otransporte bem como os níveis nutricionaisapontados foram citados em quase todos ostrês países. Em Moçambique e Tanzânia, osARVs são fornecidos gratuitamente e portantosem custos directos não sendo estes incorridospelosbeneficiários.Porém,emBurkinaFaso,ogoverno não proporciona um acesso universalao tratamento embora algumas pessoassejam capazes de aceder aos medicamentosgratuitamenteatravésdeorganizaçõestaiscomoSOS-SIDA, pelo que outras pessoas têm quepagar.

Na unidade sanitária, a barreira geralmentecitada em relação ao acesso e benefício doserviçodetratamentoARVfoiainadequaçãodopessoalnoscentrosdeprovisãodetratamento.Todos os países visitados reconheceram terdesafios relacionados com trabalhadores desaúde qualificados para fornecer cuidadosespecializados do SIDA. A outra barreirarelacionada com a unidade sanitária foi ainadequaçãodasinstalaçõeseoutrascondições.

As políticas existentes constituem tambémpotenciais barreiras ao acesso ao tratamentoARV. Aparentemente, algumas directrizes,inadvertidamente, limitam o acesso aosserviços.Alémdisso,osbeneficiáriosdeARVs,osnãobeneficiárioseospotenciaisbeneficiáriosqueriamigualmentetergarantiasdequeosARVsestariamsempredisponíveisequeoprogramagratuito de ARVs era sustentável. A falta deuma informaçãoclaraemrelaçãoàcapacidadee prontidão dos governos de suster a provisãode ARVs gratuito foi reportada como estandoa causarpreocupaçãoedesconforto, levandoanãoutilizaçãodeARVs.

A fraca sensibilização devido à ausência deinformação adequada e apropriada em relaçãoaosARVsforamcitadasamplamentecomoumabarreiraprincipalemrelaçãoaousodosserviçosdetratamentoARV.CasosdePVHSrecusando-se a registar nos serviços de tratamento ARVdevidoaoreceiodosefeitossecundáriosforamsubvalorizados nesses estudos. Em geral, asbarreirasrelacionadascomotransportedevidoaoscustosenvolvidosforamosobstáculosmaisfrequentementecitadosemBurkinaFaso.

Impacto do uso dos ARV e as Barreiras à AcessibilidadeEmgeral,oimpactopositivoenegativodousodosARVsemrelaçãoaosbeneficiáriosindividuaisaindaestavaparaserenfrentadoumavezqueousodeARVserarelativamenterecentenoslocaisdeestudo.Noentanto,obenefícioreconhecidoindividualmente da melhoria da saúde foicitadoporquasetodososbeneficiáriosnostrêspaíses,partindodeumaesperançarevitalizadade viver; sendo capaz de voltar às actividadeslaboraisecomerciais,planeamentoparaassuasfamíliasecontribuindoparaampliara lutaemrelaçãoaoHIVeSIDA.

Namaioriadoscasos,ousodeARVsnãotinharesultado em efeitos adversos nas relaçõesfamiliares. Casos de membros da famíliademonstrandoumaatitudepositivaedemaiorcaridade foram reportados nos três países,embora também tenham sido reportados casosisolados entre casais e membros da famíliaalargadaquedesenvolveramatitudeshostis.

ixUm Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

Em relação ao impacto da provisão de ARVssobre os outros serviços de saúde, o principalproblema tanto nas unidades sanitárias dosectorpúblicocomonoprivadosãoosenormescustos correntes associados essenciais para umprogramasustentável.Semdúvida,ossucessosnotratamentodasPVHSaumentaademandaemrelaçãoaosistemadesaúde.Istoacontecetantoemtermosdepessoalcomodeinfra-estruturas.OqueémuitoimportanteobservarnostrêspaísesfoiagarantiaecompromissoexpressoporpartedosgovernosparaabordarosconstrangimentosnoprogramadeARV.

Políticas Nacionais e Internacionais A Tanzânia e Moçambique têm QuadrosEstratégicos Nacionais do HIV e SIDAabrangentes —i.e., Tanzânia possui um PlanoNacional de Tratamento e Cuidados doHIV e SIDA que especificamente orienta aimplementação e gestão do programa deARVnopaíseàsuasemelhançaMoçambiquepossuium “ Plano Estratégico Nacional do Sector deSaúdedeCombateàsITS/HIV/SIDA”.Ambosospaísesdesenvolveramdirectrizesdepolíticase quadros sobre tratamento e cuidados parapromoveraprovisãodeARVs.Oqueécomumé que as directrizes políticas sobre tratamentoe cuidados não são explicadas de formasuficientemente detalhada. As outras questõestais como os mecanismos de monitoria eseguimentodaspessoassobtratamentoARV,osplanosdeexpansãoparaabordarosproblemasde equidade, mecanismos auto-integrados desustentabilidadeparaadisponibilidadedeARVse a acessibilidade, planos de incentivos para aproduçãodeARVsetc.,tambémnãoestãobemarticuladas pelos propósitos e objectivos dapolíticanospaísesestudados.TantonaTanzâniacomo em Moçambique, não havia evidênciaaduzida pelos estudos de que as políticasestabelecidassejamdisseminadasparaaquelesaquemfoimandatadoimplementá-las.

Comoemtodosospaísesemdesenvolvimento,asmudançasnaspolíticasglobaisrelacionadascomosARVstaiscomoaspolíticassobreosdireitosdepatentesafectaramaTanzânia,MoçambiqueeBurkinataiscomoosAspectosdeDireitosdePropriedade Intelectual Relacionados com oComércio (TRIPS) da Organização Mundial doComércioqueforamintroduzidosem1995.ComocumprimentoporpartedaÍndiaemrelaçãoaoAcordodeTRIPSemvigordesdeMarçode2006,osprogramasdeexpansãodosARVtêmestado

sobameaçanospaísescommenosrecursos.

Recomendações para a Acção Nacional

Uma série de recomendações para a acçãonacionalforamfeitas.Estasincluemoseguinte:

• EsforçosdereduçãodapobrezavisandoasPVHSsobtratamentoARV,

• Abordagem sobre os problemas deequidade entre as zonas urbanas e asrurais em relação ao acesso aos ARVsbemcomoàinformaçãosobreoassunto,

• EvoluçãodeumaestratégiamultifacetadadeIECparadisseminaçãodeinformaçãofactualsobreotratamentoARV,

• Uma crescente campanha visando oestigmaediscriminação,

• ExpansãodeserviçosdeATVeficazesebaseadosnaética,

• Provisãodeapoioalimentarenutricionalpara as PVHS mais vulneráveis sobtratamentoARV,

• Inclusão e aumento da proporção dehomensbeneficiandodosARVs,e

• Melhoria do sistema geral de cuidadosdesaúdeeosrecursoshumanos.

Recomendações mais abrangentes ao nívelregionalePan-AfricanoAs recomendações mais abrangentes aonível regional e Pan-Africano pressupõemo envolvimento dos Governos Africanosnum esforço concertado juntamente comas organizações da sociedade civil para seenvolveremnaspolíticasedebatesglobais.Partedestes envolve uma advocacia e lobby intensoemtornodasseguintesáreas:

• Financiamentoparaosserviçosdesaúdeemobilizaçãoderecursos,

• Operacionalização e harmonização daspolíticasnacionaiseregionais,

• ExpediçãodalegislaçãodasflexibilidadesdoTRIPSeumenvolvimentofortalecidonaspolíticasglobais.

x Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

�Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

�.0 INTRODUÇÃO

1.1 IntroduçãoEm 2006, aAgência de Cooperação e PesquisaparaoDesenvolvimento(ACORD)atravésdo Programa de Advocacia e Apoio ao HIV eSIDA (HASAP), realizou um estudo sobre osmedicamentos Anti-retrovirais (ARVs) emBurkinaFaso,TanzâniaeMoçambique.Osestudosfocalizaram na acessibilidade comunitária aosARVs, sensibilização e conhecimentos sobre osARVsetambémavaliARAMoambientepolíticono qual o Programa de ARV estava sendoimplementado.Comopartedadisseminaçãodasconstataçõesqueresultaramdostrêsestudos,oHASAP decidiu comprimir os relatórios nestaúnicaversãopopulari.e.,oRelatórioCompêndio(RC). Os objectivos imediatos deste RC foramquarto,designadamente:

• SituaroRCemantecedentesecontextoclaro,

• Fornecerumsumárioanalíticodostrêsrelatórios,

• Identificar as diversas semelhanças eou diferenças nas constatações dos trêspaíses,e

• Compilar as recomendações para ospolíticoseos implementadoresaonívelnacionaleinternacional.

1.2 Contexto dos três estudos de ARV

PassammaisdeduasdécadasemeiadesdequeoHIVeSIDAsurgiunacenamundialcomoumadasmaisdevastadorascalamidadeshumanadoséculo20.ComasmortesdoHIVeSIDAceifandomilhares de vidas, os governos no mundointeiro concederam recursos para combatera sua disseminação nas suas intervenções deprevençãonaspopulações emgeral.A medidaqueasintervençõesdeprevençãoseenraizavamem diversos países, a necessidade de cuidadose tratamento das pessoas vivendo com o HIVe SIDA (PVHS) surgiu, colocando um grandedesafio para o países fracamente providos derecursos tais como a Tanzânia, Moçambique eBurkina Faso onde a ACORD tem programas.

Assim, nos últimos dois anos, a questão deexpansão do acesso aos ARVs dominoucrescentemente a agenda política ao nívelnacionaleinternacionalcomassociedadescivismaisdoquenuncaaumentandoosseusesforçosde advocacia relacionado com acessibilidadeuniversaleacrescidadosARVs.

A advocacia para o acesso acrescido de ARVsna Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso foiem largamedidaprecipitadapela iniciativa ‘3by5’ idaOMSquevisou atingir3milhõesdepessoas que precisavam de tratamento ARVate 2005, bem como outras grandes iniciativas,tais como Plano de Emergência do Presidentedos Estados Unidos para o Auxilio ao SIDA(PEPFAR), as diversas iniciativas do BancoMundial, tais como o Programa Regional deAceleramentodoTratamentoeoutrasiniciativasapoiadas pelas Nações Unidas. Resultante doscompromissos das Nações Unidas, a maioriados países na região da África Sub-SaharianaestevesobpressãoparaestabelecerecumprirasmetasemrelaçãoaoacessoaosARVsatéaoano2005,cujasmetaspareciamtersidolargamenteirrealistas.Porexemplo,ametaparaalgunsdospaísesondeaACORDoperataiscomoBurkinaFaso na África Ocidental é de 20,000, masapenas 2,000 pessoas estão de facto a recebertratamento. No caso da Tanzânia na ÁfricaOriental,ametaéde200,000,masactualmenteapenas19,000foramalcançados.Asituaçãonãoé tão diferente em Moçambique, foi estimadoque 210,000 HIV+ pessoas precisam de TARVdeviamteracessoaosARVsatéOutubrode2005masapenas25,465estavamsobtratamentoARV(IRIN,Janeiro2006).Éparcialmentenestepontode vista desta situação que os actores na áreadoHIVeSIDAcomoaACORDestãocadavezmaisinteressadosnaquestãodaacessibilidadeeprovisãodeARVs.

O interesse da ACORD na questão de acessoaos ARVs se relaciona directamente a um dostrês objectivos da sua missão no HIV e SIDA,designadamente de “promover o acesso

� Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

igualitário à informação, serviços, tratamentodesafiando todas as formas de discriminaçãoe exclusão social”. Guiada por esta missão,a ACORD encomendou os estudos, queabarcaram, entre outros, comunidades remotasemarginalizadasnostrêspaíses.

1. 3 O Problema de Estudo e Justificação

AprovisãodeARVéumainiciativarelativamenterecente nos países em desenvolvimento taiscomoaTanzânia,MoçambiqueeBurkinaFaso.Devido aos recursos limitados, os esforçosactuais de fornecer ARVs para os nacionaisforamcaracterizadospormuitasdesigualdades– alcançando largamente as elites, ascategorias abastadas na população em geral epoucas pessoas nas zonas urbanas. Assim, aacessibilidade universal aos ARVs em paísespobresaindaestáparaseralcançada.Tudoistoestáaacontecerentreumafaltadeexperiênciasempiricamente documentadas em relação àacessibilidadedosARVseasimplicaçõesqueissotemsobreosindivíduos,agregadosfamiliareseascomunidades.Temhavidopesquisalimitadaem relação às consequências e dimensões daimplementaçãodoprogramadeARVaoníveldacomunidadeeportantoasrazõesejustificaçõesquecompelemaACORDarealizartaisestudos.

1. 4 Objectivos dos Três EstudosOobjectivogeraldos trêsestudosfoideservircomo um instrumento de advocacia para aACORDeoutrosactoresenvolvidosnaadvocaciapara uma acessibilidade igualitária acrescidaem relação ao tratamento e cuidados do SIDAnos paísesAfricanos. Os objectivos específicosincluíram:

1. Descobrir os conhecimentos ecompreensãodaspessoasdotratamentoARVbemcomoasfontesdeinformaçãoparaotratamentoARV;

2. Avaliar a acessibilidade e uso dosARVs pela população em comunidadesseleccionadasnostrêspaíses;

3. Descobrir o impacto do uso dos ARVs,entre outros, nas relações de género eos níveis de rendimento nos agregadosfamiliares;

4. Investigar as barreiras em relação aoacesso e aderência aos ARVs tais comoo estigma, distância em relação aos

serviços, atitude dos provedores deserviços, informação inadequada sobreo uso correcto, custo dos ARVs e /ouserviçosrelacionados;

5. Analisaraspotenciaisameaçasemrelaçãoao tratamento ARV incluindo ameaçascolocadas pela segurança alimentar enutrição;

6. Analisar o impacto em relação aosserviços de saúde, em particular osserviçosdecuidadosprimáriosdesaúdecomo um resultado da introdução dosARVs;

7. Analisarograuderelevânciadaspolíticase quadros nacionais e internacionaisse facilitam e/ou limitam o acesso aotratamentoARV;

8. Procurar os pontos de vista dosprovedores de serviços em relação àqualidade e cobertura do programa deARV com o propósito de identificar asforçasefraquezas

9. Fazer recomendações visando abordaras lacunas identificadas na provisãode serviços relacionados com os ARV,incluindooacessoeuso.

1.5 Escopo dos EstudosAo contrário do Burkina Faso, os estudos naTanzânia e em Moçambique colocaram ênfaseespecífica na “sensibilização e conhecimentoscomunitários relacionados com os ARVs bemcomo o ambiente político em que aos ARVssãodistribuídos.EmBurkina,ofocofoisobreoacessoeosbenefíciosdotratamentoARV.

1.6 Metodologia e AbordagemFoiempregueumacombinaçãodemetodologiasqualitativas e quantitativas na realização detais estudos. Métodos quantitativos ajudarama investigar a sensibilização e conhecimentosindividuais, acessibilidade e uso dos serviços,barreiras encontradas pelas pessoas querecebemARVs,eimpactosobreasrelaçõesdosagregados.Poroutrolado,osdadosqualitativoscomplementaram os dados quantitativos, eajudaramemgrandemedidanaexploraçãodocontextoemqueotratamentoARVéacedidoemmaiordetalhe.Noentanto,oescopodoestudopara o Burkina Faso foi limitado a avaliar aqualidadeecoberturadoprogramadeARV.1.6.1 Áreadeestudo

�Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

A área de estudo nos três países foideliberadamente seleccionadas com basena presença de operações e intervenções daACORD,aexistênciadeassociaçõesorganizadasde pessoas vivendo com HIV e SIDA (PVHS)e a presença de locais dos ARVs funcionais.A escolha dos locais de estudo foi tambémreconhecendoadivisãoentreoruraleurbano.PorexemplonaTanzânia,oestudofoirealizadona zona de Mwanza tanto com característicasurbanaseruraisenoDistritodeSengerema,queébasicamenterural.EmMoçambique,aCidadeeProvínciadeMaputorepresentaramcontextostipicamente urbanos enquanto os distritos dePanda e Maxixe na Província de Inhambanerepresentaramaszonasrurais.EmBurkinaFaso,FassoPoeOuagadougourepresentaramzonasde estudo rurais e urbanas respectivamente.Acobertura das zonas rurais e urbanas permitiuqueos estudos identificassemasdiferençasnonível, qualidade e acessibilidade dos serviçosde ARV em diferentes zonas geo-económicas.As capitais nacionais nos três países foramincluídas nos estudos para captar os pontosde vista dos formuladores de políticas eplanificadores tecnocratas nacionais e outraspartesinteressadas.

1.6.2 Participantes/amostra do estudo

Nos três países, as pessoas que recebem ARVconstituíram os participantes primários doestudo. O procedimento de selecção variou.Porexemplo,enquantonaTanzâniaaspessoasque recebem os ARV foram encontradasprincipalmenteduranteosdiasdeclínicaondeumtotalde103pessoasreceptorasforamsujeitasaentrevistasàsaída,emMoçambiquetécnicasdeamostragememboladeneveforamusadasparaseguir 58 pessoas receptoras de ARV nas suascomunidades.EmBurkinaFaso,umtotalde176PVHSafiliadasàsorganizaçõesproeminentesdecuidados do SIDA em duas zonas de estudo e66provedoresdeserviçosforamaleatoriamenteseleccionados.Outrosparticipantesdoestudoincluíramosnão-utilizadores deARVs (PVHS elegíveis não sobosARVsporsuaprópriaescolha),membrosdacomunidadeemgeral,emembrosdosagregadosbeneficiantes de ARV, trabalhadores da saúdee funcionários distritais. Os tecnocratas dosMinistérios da saúde e do Programa Nacional

de Controlo do SIDA (PNCS), OMS, UNAIDS,e as associações de PVHS foram tambémabordadas.

1.6.3 Métodos de colecta de dados Dados quantitativos foram colectados atravésdeentrevistaspessoaisusandoumquestionárioestruturado que foi administrado para aspessoasrecebendoosARVeoutrosmembrosdacomunidade . O instrumento foi administradoporpessoaltreinadoeminquéritosfluentesemlínguaslocaisdostrêspaíses.

Entrevistadores em Moçambique passando por uma sessão de treinamento.

OsdadosqualitativosforamcolectadosatravésdarevisãodaliteraturadediversosdocumentossobreotratamentoecuidadosdoHIVeSIDA;asprincipaispolíticasequadrosdeplanificação.Os principais documentos incluíram a PolíticaNacional sobre o HIV e SIDA, o QuadroEstratégico Nacional de saúde para as ITS/HIV/SIDA(2004-2008)nocasodeMoçambiqueeoQuadroEstratégicoNacionalMulti-sectorialparaoHIV/SIDA(2003-2007)paraaTanzânia,as Directrizes sobre Tratamento e CuidadosdoMinistériodaSaúde (2004),documentosdaONUSIDAeOMS.

� Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

Outras fontes de dados qualitativos foraminformantes chave ao nível de distrito enacional, trabalhadores de saúde nos locais deprovisãodeARVse lideres/representantesdasassociaçõesdePVHSeorganizaçõesdeserviçodo SIDA especialmente aquelas que estavamsobtratamentoARVelidereslocais,observaçãodirectaenocasodeBurkinaFaso,ousodeumalistadeverificaçãoparaavaliaras capacidadesorganizacionaisdosprovedoresdeserviços.

1.6.4 Gestão de dadosTodososquestionáriosdevidamentepreenchidosforam editados e inseridos no computadorusandooPacote InformáticodeEpidemiologia(EPI-INFO)eumaanáliseadicionalfoirealizadautilizandooPacoteEstatísticoparaosCientistasSociais (SPSS). A análise foi principalmentedescritiva com algumas fabulações cruzadas,para estabelecer as relações de causa e efeitoentre as variáveis significativas. Para os dadosqualitativos,aabordagemtemáticaedeconteúdofoiutilizadaparaanálise.Ostemasdominantesforamdesenvolvidoscombasenosobjectivosdeestudosobosquaisosdadosforamanalisados.

�Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

�.0 PERFIS DAS PESSOAS QUE RECEBEM OS ARVs

2.1 IntroduçãoOsperfisdepessoasquerecebemosARVssãomuitoimportantes para avaliar em qualquer debatesobrepolíticasrelacionadascomaacessibilidadeeutilizaçãodosARVs.As características sócio-demográficas são particularmente importantesdevidoaoseupotencialdeinfluenciarograuemqueosbeneficiáriosacedemaosARVs,utilizam-noseaderemàsuautilização.

Tabela 1: Perfis sócio—demográficos das pessoas que recebem os ARV

Características Tanzânia Moçambique Burkina Faso

% (N=�0�) % (N=�8) % (N=�76)

LocalidadeRural

Urbano

8.891.2

9.091.0

22.777.3

Sexo Homem Mulher

31.168.9

28.072.0

3070

Estado Ci�il Solteiro(a)/Nunca casou

Casado(a)/coabitandoViúvo/viúva

Divorciado(a)/Separado(a)

10.742.731.115.5

62.120.78.68.6

25382412

Ní�el educacional Nunca frequentou a escola

Nível primário Nível secundário

Depois do secundárioOutros

6.873.817.52.00.0

10.045.035.03.07.0

2935283.40.0

Relação com o chefe do agregado familiarEle próprio/ela própria como chefe

FilhoFilha

TioTia

Avos Outros (Especificar)

66.02.91.05.81.02.9

20.4

56.910.324.10.01.70.06.9

-------

2.2 Perfis sócio-demográfico das pessoas que recebem os ARVs

AsconstataçõesdostrêsestudosrevelaramqueamaioriadaspessoasquerecebemosARVserammulheres e basicamente residiam nas zonasurbanas.Assim,nostrêspaíses,houvegrandesdisparidadesnoacessoaosARVsporlocalidadederesidênciahabitual.VideaTabela1paramaisdetalhes.

Adisparidadedegéneronoacessoaotratamentocom osARVs é parcialmente uma reflexão daabertura demonstrada por mulheres que estãovivendocomoHIVeSIDAcomparadoscomoshomens, e também uma demonstração de ummelhor comportamento de procura de saúdepelasmulheresdoqueoshomens.Emdiversasdiscussõesdegrupo,asutentescujosparceirosestavamtambémausaros ARVscomentaramqueelasiniciaramousodeARVsantesdosseusparceirosofazerem.

Os resultados demonstram que mais que amaioria dos utilizadores de ARV na Tanzâniae Moçambique eram chefes de agregadosfamiliares.PorimplicaçãonocontextoAfricano,os chefes de agregados familiares são os seusganha pão. Um rácio de elevada dependênciaaoníveldoagregado(i.e.diversosmembrosdo

6 Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

agregado dependendo do chefe do agregado),em casos onde a maioria dos ganha-pão estãovivendo com o HIV e SIDA, pode representarumfuturoincertoparatodooagregado.

AmaioriadosutilizadoresdeARVtinhabaixosníveis de educação formal i.e., tendo obtidoapenasoensinoprimário.Maisdemetadedaspessoas recebendo ARV nos três países tinhaobtidoonívelprimáriodeescolaridade.

2.3 Perfis Económicos das Pessoas Recebendo ARV

Amaioria dos beneficiários dosARV nos trêspaíseserageralmentepobresegundoreflectidopela sua ocupação principal, o que ao mesmotempoconstituíaaprincipalfontederendimentoparamuitos,aexcepçãodosestudantesedonasde casa. Por exemplo, na Tanzânia, a maioriaviviaatravésdocomérciomiúdo(47%)enquantoemBurkinaFaso,maisdeumterçoeramdonasde casa. Nos três países, com a excepção deMoçambique, as oportunidades de encontrartrabalhadores do sector público e pessoasabastadas dentre os beneficiários dosARV era

mínima.VideaFigure1.

As entrevistas com os informadores chaverevelou que a maioria dos trabalhadores dosector público e pessoas abastadas preferemcontinuar no anonimato quando se refere aoacessoeusodosARVs.Foi constadoqueestesraramente revelam o seu estado em relaçãoao HIV por receio de serem estigmatizados ediscriminados. A maioria de tais pessoas nãotinha tido a coragem e a vontade de ir para oGATV.

Relacionado ainda com a ocupação dosbeneficiários dos ARV eram de níveis derendimento e chefes de agregados; os quaispodiampotencialmenteafectaraacessibilidade,uso e aderência aos ARV. Por exemplo, quaseumquarto(18%)dosagregadosquebeneficiamdos ARV na Tanzânia tinham um rendimentomensal estimado em menos de US $10 pormêse ligeiramenteacimadeumdecimo(12%)ganhavamentreUS$25-40pormês.Uma análise adicional dos perfis económicosdosbeneficiáriosdeARV revelaque amaioriados agregados estava a viver acima da faixados seus rendimentos - despesas mensaisestimadas dos agregados de longe excediam orendimento ganho por mês. A despesa acimaeamaisemtaisagregadosfoireportadacomosendo tornado possível por algumas provisõesde rendimento por parte de parentes e ou deamigos,empréstimos,vendadealgunsutensíliosdo agregado; dos quais não são sustentáveis epodem facilmente colocar um agregado numcíclo vicioso de pobreza especialmente numasituaçãoondeomembrodafamíliabeneficiandodeARVséaomesmotempoochefedoagregadoeoseuganha-pão.

Na maioria dos casos (especificamente paraa Tanzânia e Moçambique), os beneficiáriosde ARV eram chefes dos seus agregados e osganha-pãodosmesmos.Estasituaçãopodiaserexacerbadapelofactodequeamaiorproporçãodos utilizadores de ARV tinha os seus filhoscrescidos—daíofardodoscuidados.

As constatações acima nos três paísesdesvalorizamodesafioqueosbeneficiáriosdeARVtêmpara fazer faceàscondiçõesdevida.Ė possível deduzir que seria improvável quetais pessoas pobres iniciassem a terapia Anti-retroviral (TARV) se fossem eles a pagar pelosmedicamentos.

05

1015

2025

3035

4045

50

Peas

ant f

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Civ

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que

Tanz

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Figura 1: Distribuição dos beneficiários de ARV nos 3 países por ocupação

7Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

�.0 SENSIBILIZAÇÃO E CONHECIMENTOS EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO ARV

3.1 IntroduçãoO nível de sensibilização e conhecimentos queumindivíduo temsobreumaspectoespecíficodetermina como ele/ela se relaciona com esseaspecto. Neste caso, o conhecimento do queconstituiosARVs,suautilidadeeosproblemasassociados com a tomada deles eram questõesvistas como pertinentes em relação ao uso dosARVs. Esta secção, portanto, apresenta umasíntesedosresultadosdoestudosobreosníveisde sensibilização e conhecimentos em relaçãoaos ARVs incluindo tais intricâncias como acompreensão do tratamento ARV, as fontes emeiosdeinformaçãoemrelaçãoaosARVs.

3.2 Conhecimento e Compreensão do tratamento ARV

Figure 2: A primeira vez que pessoas beneficiando de ARV ouviram falar do tratamento em Moçambique

10.5

54.4

22.8

12.3

0

10

20

30

40

50

60

Percentage

Less than 1year ago

1-3 years ago 4-5 years ago 5 and moreyears ago

Os resultados do estudo revelaram que oconhecimento acerca dos ARVs era muitorecém-adquiridonostrêspaíses.Amaioriadosparticipantes no estudo nos diversos paísestinha ouvido falar, pela primeira vez, sobre aotratamento ARV num período de entre menosdeumanoedetrêsanosanterioresaosestudos.Asvariaçõespelosdiferentespaísesemestudoexistiam mas não eram muito significantes.Por exemplo, na Tanzânia a maior proporção(38.2%)comparadacom10.5%emMoçambique

e 34% em Burkina Faso reportaram que elesouviramsobreo tratamentoARVhámenosdeumano.Alémdisso,apenascercadeumdecimo(11.8% e 12.3%) na Tanzânia e Moçambiquerespectivamentereportaramaprimeiravezqueouviram falar sobre o tratamento ARV comosendo tendosidohámaisde5anos, enquanto15%emBurkinaFasotinhamouvidofalardodotratamentoARVhá4anos.VideasFigures2e3. Figure 3: A primeira vez que pessoas beneficiando de ARV ouviram falar do tratamento na Tanzânia

38.2

28.4

21.6

11.8

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Percentage

Less than 1year ago

1-2 years ago 3-4 years ago 5 and moreyears ago

Os resultados ademais confirmam que oconhecimento dos ARVs especialmente nospaíses em desenvolvimento; uma categoria,emqueostrêspaíses,Tanzânia,MoçambiqueeBurkinaFasoseenquadram,sejarelativamenterecente.

3.3 Conhecimento em relação à Elegibilidade ao Tratamento ARV

Diversos indicadores de aproximação sobreos níveis de conhecimento sobre a TARV e osARVs, em geral, foram testados nos países de

8 Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

estudo. Em geral, o conhecimento das pessoasem relação a elegibilidade ao uso dos ARVsincluindoaquelesactualmente sobaTARVeralimitado. Os resultados do estudo revelaramvariações insignificantes pelos três países. Porexemplo, mais de dois terços (67.9%) e quasetodos(89.5%)dosbeneficiáriosdeARVtantonaTanzâniacomoemMoçambiquerespectivamenteacreditavam que todas as PVHS deviam estarsobo tratamentoARV.Isto implicaqueapenasumterçodosbeneficiáriosdosARVsnaTanzâniae cerca de um décimo dos beneficiários emMoçambique tinham o conhecimento correctorelativo a quem devia estar sob os ARVs, i.e.apenas as PVHS que sejam recomendadas eaconselhadasporummédicodeviaminiciaroutomarosARVsi.e.(depoisdefazerumtestedeCD4bemcomosubmeter-seaumdiagnosticoclínicoespecializado).

Table 2: Conhecimento sobre quem é elegível para usar os ARVs

Aspecto do Conhecimento Tanzânia Moçambique

% (N=�0�) % (N=�0�)

Categoria das pessoas �istas como (quem de�e) estar sob tratamento ARV **

Todas as PVHSApenas as PVHS que foram recomendadas por um médico formado

Outras categorias

67.932.10.0

89.549.11.8

Moti�o �isto para a procecussão do tratamento ARV ***Para prevenir o HIV e SIDA

Tratar o SIDATratar as infecções oportunistas relacionadas com o HIV e SIDA

Fortalecer o sistema imunitário Tratar uma dor

35.31

31.437.319.6

22.864.922.624.612.3

Duração �ista para uma pessoa estar sob tratamento ARVDurante a vida

Sempre excepto quando um médico formado recomenda o contrario Não sei

97.112

60.735.73.6

Quando interromper o tratamento ARVEm nenhuma circunstância

Com base na recomendação de um médico Quando ele/ela melhora

Se existem efeitos secundáriosSe for ridicularizado pelos membros da família/comunidade

Não sei

70.6-1

14.71

5.9

50.952.6

01.83.55.3

Problemas associados com a não procecussão da medicação segundo prescrita pelo médico***

NenhumDesenvolvimento de resistência

Ressurgimento de doresDesenvolvimento de efeitos secundários

Desenvolvimento do SIDA na integraOutros

11.750.54.911.729.11.9

26.324.65.33.5

15.826.3

*** Foram autorizadas Respostas Múltiplas

AsconstataçõesdoconhecimentoemrelaçãoàelegibilidadeaousodosARVsademaisrevelouqueumaproporçãosignificantedosbeneficiáriosdos ARV partilhava o ponto de vista de queos ARVs podiam ser usados na prevenção dainfecçãopeloHIVeoSIDA.VideaTabela2.

ĖtambémimportanteobservarqueainformaçãofactualsobreosARVseasuautilidadeconstituiuma parte do conteúdo do aconselhamento.As lacunas visíveis no conhecimento sobre osARVs, especialmente sobre quem é elegívelparatomarosmedicamentoseascircunstanciasassegurando um abandono por completo douso dos medicamentos, existem em todas ascomunidades visitadas. Comparativamente, osbeneficiários deARV emMoçambique tinhammenos conhecimentos comparados com os daTanzânia; niveis elevados de educação sobre

�Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

o tratamento eram mais evidentes entre osutilizadoresemMoçambique.

As lacunas nos conhecimentos eram tambémevidente nos motivos vistos para a tomadados ARVs onde mais de um terço da amostrana Tanzânia e um quarto em Moçambiqueacreditavam que tomar os ARVs evitariam oHIVeSIDA.IstopodeparticularmenteminaraeficáciadascampanhasdeprevençãodoHIVeSIDAespecialmentea“Abstinência,Fidelidadee o uso do Preservativo” campanha (ABC).Uma vez que as pessoas podem começar atolerar comportamentos sexuais e práticas quepodem potencialmente expló-las aos riscos deinfecção pelo HIV na esperança que os ARVsnão serão uma solução. Todas estas lacunasem conhecimentos precisam de ser abordadas.As pessoas precisam de informação sobre osserviçosdeARVincluindoainformaçãosobreotestedeHIV.

Tabela 3: Fontes de Informação sobre o Tratamento ARV

Fonte de aprendizagem sobre os ARVs *** Tanzânia Moçambique

% (N=�0�) % (N=�0�)

Fontes de informação sobre tratamento ARV Mensagens na rádio

Mensagens na televisãoPainéis Publicitários

Cartazes/brochuras/fliersJornais

Exibições teatrais Amigos/Familiares

Conselheiro/provedor de saúdeLideres locais/reunião da aldeia

Pessoal de ONG

36.014.01.05.06.01.0

17.058.07.09.0

65.97.11.20.60.62.44.711.20.60.6

Tipo de informação sobre o tratamento ARV actualmente recebido

Acesso aos centros de tratamento ARVServiços fornecidos nos Centros de Tratamento ARV

Uso correcto dos ARVs/aderência aos ARVsEfeitos secundários do uso de ARV

Vantagens do uso de ARVsNenhum

46.56.9

33.74.0

35.66.9

61.231.944.015.538.80.9

O local de tratamento ARV tem informação sobre o tratamento ARV

SimNão

Não sei

93.23.92.9

62.412.125.4

Meios de fornecimento de informação sobre ARVPanfletos

BrochurasCartazesLivrinhos

Sessões orais

3.12.16.31

91.7

33.332.411.112.064.8

***Foram permitidas respostas múltiplas

Disseminação do conhecimento correcto em relação aos ARVs tanto nas zonas rurais como nas urbanas é muito importante na promoção do uso de ARV …a comunidade tem de ser preparada e informada que o tratamento está disponível. Precisamos de começar com a mobilização comunitária e a sensibilização acerca dos ARVs antes de pensarmos na expansão.

— Informante Chave, Ministério da Saúde — Moçambique

As lacunas em relação ao conhecimento dosARVs não se mostram limitadas apenas nosmembrosdacomunidadeemgeral,mastambémnostrabalhadoresdasaúde.Emboraosestudosfeitosnãoabarquemostrabalhadoresdesaúdeem termos de avaliação do seu conhecimento

�0 Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

dos ARVs, outros estudos que antecederam aesteporexemplo,emMoçambiqueconcluíramque o nível de conhecimento em relação aoSIDAeramuitobaixoemtodasascategoriasdetrabalhadoresdesaúdeconformedemonstradopor um grande número de trabalhadores desaúdequenemeramcapazes de fornecerumaboa informação aos pacientes e ao público emgeral,nemeramcapazesdetratardasinfecçõesoportunistas (IOs) devidamente (Conjumba,2003). Isto então significa que as campanhasde conhecimentos sobre os ARV precisam deser completamente abrangentes cobrindo ostrabalhadoresdesaúdebemcomoespecialmenteosquadrossubalternos.

A discriminação dos dados em relaçãoao conhecimento dos ARV por sexo dosentrevistados geralmente revela poucadiferença entre beneficiários e beneficiáriasdos ARVs. Apenas em Moçambique foramobservadas diferenças ligeiras; constatou-seque os entrevistados tinham uma ligeira idadeemrelaçãoàcontraparte feminina.Muitomaisentrevistadas (88.8%) eram de opinião quetoda a pessoa vivendo com HIV e SIDA deviaestarsobmedicaçãoARVconformecomparadocom 78.1% dos entrevistados. Mas em geral,as beneficiárias de ARV pareciam estar maisexpostas à sensibilização e ao aconselhamentoemrelaçãoaoscuidadosdoSIDA.

3.4 Fontes de Informação em relação ao Tratamento ARV

Os resultados revelaram diversos graus depopularidadedasdiferentesfontesdeinformaçãoem relação aos serviços e tratamentoARV. Porexemplo,enquantonaTanzâniaeBurkinaFaso,osconselheiros/provedoresdesaúdenoslocaisdedistribuiçãodosARVforamreportadoscomosendo a principal fonte de informação sobreos ARVs, em Moçambique eles estavam entreas fontes menos citadas. Ao invés das fontesde informação geralmente citadas em relaçãoao tratamentoARV foi referidaa rádio.Vide aTabela3.

3.4.1 Fontes de Informação Mais Popular/Comuns sobre os ARVSNaTanzânia,osresultadosrevelaramqueosmeiosmaispopularesdefornecimentodeinformaçãosobre o tratamentoARV eram as sessões orais

realizadas pelos conselheiros/trabalhadores desaúdenoscentros.AsituaçãoemMoçambiqueera ligeiramentediferente,enquantoas sessõesoraiscaracterizarammaiscomomeiospopularesde fornecimento de informação sobre ARV,houve outros meios que foram destacados taiscomo brochuras e panfletos. O que tudo issoimplica é que na Tanzânia, fora dos locais dedistribuição dosARV, muita informação não édisseminada para a comunidade. Além disso,talimplicaqueainformaçãosobreosARVsnãoé disseminada com o propósito de informaras pessoas e de aumentar a sua sensibilidadeacercadosARVs,masparaprepararosfuturosbeneficiários para iniciarem e aderirem ao usodosARV.EmBurkinaFaso,algunsentrevistadosobservaram que eles tinham ouvido falar dosARVsquandoviajaramparaospaísesvizinhos,taiscomoaCostadoMarfim.

3.4.2 Tipos de informação recebidos acerca dos ARVsEm relação ao tipo de informação que estavasendorecebidapelapopulaçãodasdiversasfontesde informação, os resultados demonstraramnenhumadiferençapelosdiferentespaíses.Emtodasasáreasdeestudo,o tipode informaçãogeralmenterecebidacitadanasdiversasformasdecomunicaçãoerasobreo“acessoaoscentrosdetratamentoARV”,i.e.ondeoslocaisdosARVestavam localizados. A informação em relaçãoaousocorrectoouaderênciaaosARVs,emboranãotãosignificante,erarecebidanotavelmente.Como pode ser visto na Tabela 4 acima, osprincipais aspectos dos tratamentos ARV nãoestavam sendo disseminados fora dos locaisde distribuição deARV em todos os países deestudo—Tanzânia e Moçambique. Tem de serdestacadoqueparaaspessoasseremmotivadasaprocuraro tratamentoARV,elasprecisamdeserfornecidasinformaçãosobreváriosaspectosincluindo as vantagens do uso dos ARVs,possíveis efeitos secundários, tipos de serviçosque são fornecidos nos centros de tratamentoARV e sobre o significado da aderência umavezqueapessoajátenhainiciadoatomadadeARVsemrelaçãoàrecomendaçãodeummédico

��Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

qualificado.Tudoissorepresentaoconhecimentodas lacunasnosconhecimentosque temdesersuprimidas.

3.4.3 Disparidades no acesso a Informação A discriminação de dados por género, idadee níveis de educação revelaram nenhumasvariações nas fontes de informação e noacesso à informação em relação aosARVs. Noentanto, diferenças significantes existiam entreos beneficiários dosARV nas zonas urbanas eaqueles que estão nos contextos tipicamenteruraisemtodosostrêspaíses.

3.4.4 Recomendações Para a comunidade em geral, muito maisinformação é necessária, especialmenteem relação ao teste de HIV, antes que umapessoa possa começar a pensar nos ARVs. Adisponibilidade dos ARVs potencialmentefuncionacomoumfactordemotivaçãoparaaspessoas procurarem os serviços de testagem.IssosignificaqueamedidaqueaeducaçãosobreosARV é promovida, os governos e os outrosparceirosnostrêspaísesondeosestudosforamrealizados têm de garantir um fornecimentoequitativo das unidades de testagem do HIV.Umavezfeitoisso,entãoapopulaçãoprecisadesersensibilizadaefornecidainformaçãosobreadisponibilidadedosserviçosdeaconselhamentoetestagemdoHIV.

Em relação às disparidades no acesso àinformaçãosobreosARVs,podeserobservadoque o aumento da consciencialização e asensibilizaçãoemrelaçãoaosARVsdevealargar-se por forma a incluir todos os sectores dasociedade;osricoseospobres,osbeneficiárioseosnãobeneficiáriosdosARVs,PVHSeaquelesquesãoHIVnegativos,i.e.,alcançandoatodos.Esta estratégia procura suscitar o apoio socialparaasPVHSausarosARVs,mastambémvaidemãosdadascomasestratégiasparaaeliminaçãodoestigmaediscriminação,que tambémminao uso e aderência aos ARVs. Os métodos quereforçamlargamenteosmeiosdefornecimentodeinformaçãointerpessoais,talhadosamedidado cliente e individualizado precisam de serpromovidos.

�� Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

��Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

�.0 DISPONIBILIDADE, ACESSIBILIDADE E USO DOS ARVs

4.1 IntroduçãoAdisponibilidadedosARVsdenotaasituaçãodacapacidadedosutentesdeobterosmedicamentos(ARVs)aqualqueralturaqueosprecisam.Poroutro lado, a acessibilidade também implicaosutentesseremcapazesdealcançarcomumarelativa facilidadeos locaisdedistribuiçãodosARVe,obterosserviçosetratamentoARV.EstaSecçãofocalizaemtaisaspectosdaprovisãodosARV.

4.2 Disponibilidade dos ARVsAdisponibilidadedosARVs,emboraamelhorar,continua ainda inadequada nos três países doestudo.

4.2.1 Disponibilidade dos locais de distribuição/fornecimento dos ARVEm Moçambique, a literatura demonstra queapenas 34 unidades sanitárias em todo o paísestavam a fornecer a Terapia Anti-retroviralAltamente Activa (HAART) até os finais de2005. A situação é tanto a mesma em BurkinaFaso.Dostrêspaíses,apenasaTanzâniacomumnúmero considerável dos locais de tratamentoARVi.e.204locais.EmBurkinaFaso,umtantoquanto diferente de Moçambique e Tanzânia,osprovedoresdeserviços tinhamumaopiniãomuito baixa da disponibilidade de ARVs comquase todos (98%) observando que ARVs nãoestavam amplamente disponível, e portantonão fácil em relação ao acesso—uma clarademonstraçãodeproblemasdeequidade.

4.2.2 Disparidades na disponibilidade dos locais de distribuição/fornecimento dos ARVs AquestãodaequidadenadistribuiçãodosARVsnos locais de provisão pelas comunidades emdiferentespaísesfigurade formaproeminente.Existe maior concentração dos locais detratamento ARV nas zonas urbanas e pouconas zonas rurais não é rebatível. Por exemplo,emMoçambique,aCidadedeMaputotinha10locaisdefornecimentodeARVatéfinaisde2003comparadocom3 locaisemInhambane–uma

província tipicamente rural.A distribuição doslocais na Tanzânia não era de qualquer formadiferentedosoutros;aCidadedeMwanzatinha2 locais de fornecimento de ARVs enquantoo distrito de Sengerema; uma zona rural tinhaapenas um local. Em Burkina Faso a situaçãoerasemelhanteadosoutrosdoispaísescomoacitaçãoseguinteilustra.

Uma das fraquezas do actual programa é que os ARVs não estão disponíveis na maioria das unidades distritais….tenho de ir para a capital Ouagadougou todos os meses para obter os meus ARVs

- Um homem beneficiário de ARV de Nahouri, Burkina Faso

4.2.3 Distribuição dos locais de fornecimento Como é mencionado na secção acima, estadistribuição equitativa das unidades sanitáriasquefornecemosARVsimplicamqueamaioriadas pessoas sob os ARVs estão concentradasemcontextos tipicamenteurbanosaocontrariodas zonas rurais onde mais de 80% dapopulação residem na maioria dos países emdesenvolvimento.

Existem cerca de 40,000 pessoas sob os ARVs em Moçambique, mas a maior parte destes estão em Maputo porque é lá onde a maioria dos centros de saúde estão concentrados e portanto os serviços estão disponíveis…

-Entrevistado chave, ONUSIDA - Moçambique

4.2.4 Iniciativas em curso para aumentar a disponibilidade de ARVs Uma nota positiva no entanto, os Governosdos três países com o apoio dos doadores eoutros parceiros estão a tomar iniciativas paraassegurarqueosARVsgratuitosestejamsempre

�� Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

disponíveis nos poucos locais em que foramcredenciados. Por exemplo, o regime de ARVgratuito na Tanzânia iniciou em Mwanza emOutubro de 2004 e um ano mais tarde ele seexpandiu para cobrir o Distrito de Sengeremae nenhum caso de falhanço para obter oreabastecimento foi reportado. Virtualmentetodos os entrevistados (98%) revelaramque obtinham tratamento ARV sempre quevisitassemasunidadesdefornecimentodeARV.Àemelhança,emMoçambique,quasetodososentrevistadosqueestavamatomarosARVs-50dos58observaramqueelessempreobtiveramosARVsnassuasrespectivasunidadessanitárias.Noentanto,casosdeabastecimentoinconsistentede medicamentos foram mais comuns emBurkinaFaso.

Os medicamentos não são sempre fornecidos a tempo e os beneficiários têm de esperar enquanto os medicamentos devem ser tomados diariamente ….por exemplo, este mês apenas recebemos o suficiente para 80 pessoas, o que está a baixo do montante exigido

- Conselheiro de Kadiogo, Burkina Faso

4.2.5 A disponibilidade e provisão sustentável dos ARVsEmbora as questões da disponibilidade sãogeralmentecuidadas,acontinuidadenoacessonão tem sido garantida. A renovada garantiaque osARVs gratuitos estão ai para ficar estáemfaltadaiaincerteza–mesmoosfuncionáriosgovernamentaisnãoestãocertosdofuturo.Porexemplo, um funcionário governamental noDistrito de Sengerema, Tanzânia na resposta àquestão do futuro do programa de ARV tinhaisto a dizer; “assumimos que o fornecimentode ARVs gratuitos continuará”. Mesmo aUNAIDS(Marçode2006)reconhecequeafaltade financiamento seguro para a maioria dosprogramas nacionais de TARV para além de2008 continua uma preocupação. Isto destacauma necessidade para advocacia a urgir osgovernosafricanosaconsideraraorçamentaçãodos programas deARV ao contrário de contarfortementecomoapoiodosdoadores.

Se o programa chaga ao fim, o que me acontecerá, uma vez que eu não tenho um rendimento? Como pode a continuidade ser assegurada por forma a suster aqueles actualmente sob tratamentos? - Uma mulher participante na discussão em grupo focal, Kadiogo, AJPO, Burkina Faso

A incerteza do fornecimento sustentável deARVs era desencorajadora para os potenciaisbeneficiáriosparticularmentenaTanzâniaondeosnãobeneficiáriosobservaramqueeles estãoemmelhorposiçãodenãoiniciarcomARVsqueiniciá-los e depois interromper por ausência, oqueseriadesastrosoparaassuasvidas.

4. 3 Acesso aos ARVsA parir de fontes secundárias, surgiu que aacessibilidade dos ARVs não era universalparatodosqueprecisavamnostrêspaíses.Dostrês países, a Tanzânia tinha alcançado umaconsiderável acessibilidade - até meados deJulho de 2006 havia 83,000 pessoas registadascom42,000sobosARVs;emboraencorajador ,odadoestavaaindalongedametanacionaldeatingir100,000pessoascomosARVsatéfinaisdeDezembrode2006.AsituaçãoemMoçambiqueeramuitopior;cercade260,000Moçambicanosforam registados com estando a precisar dosARVs, mas apenas cerca de 37,000 estavam aacederaosARVsatéfinaisdeOutubrode2006(MoH; NAC). À semelhança, em Burkina Fasodas 45,000 PVHS estimadas de precisarem detratamentoARV,apenas5,200estavamaacederaosARVscomoemfinaisde2005.

4.3.1 Acesso aos locais de distribuição/provisão de ARVsEm relação à acessibilidade geográfica aosserviços de tratamento ARV, os resultados doestudo demonstraram baixos níveis de acesso,especialmente para as pessoas a residir emcontextostipicamenteurbanos.Nostrêspaíses,a maioria das pessoas com acesso aos ARVsestavamnaszonasurbanas.Porexemplo,Pandaem Moçambique tinha menos de um terço daamostradosbeneficiáriosdeARV.Otransportefoi reportado como o principal factor queafectouaacessibilidadeaosARVs.Asdistânciaspercorridas eram grandes; a distância médiaestimada das residências dos beneficiáriosde ARV para o local era de 9.8km e 10.5kmna Tanzânia e Moçambique respectivamente.Citando os problemas chave relacionados como acesso e a disponibilidade pelos provedoresde serviços em Burkina Faso, a distância dasestruturas de apoio e a falta de unidades detransporteparaosserviçosdeacessofiguravamdeformaproeminente.VideaTabela4paraosdadosprocessadosdaTanzâniaeMoçambique.

��Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

Tabela 4: Acesso geográfico aos ARVs

Acesso Países

Tanzânia Moçambique

Distância estimada da residência dos beneficiários dos ARV para o local dos ARV

Média (Media)Mais próxima Mais distante

9.8km0.5km70km

10.5km1km

28.3km

Tempo estimado que se le�a a percorrer da residência para a fonte dos ARVs

Média/médiaMínimo/mais curto

Máximo/mais longo

54min3min

500 min [8hrs]

56min 6.7min

120min (2hrs)

Meios de transporte para o Centro de Tratamento ARVAndando a pé

bicicleta/motorizadaVeiculo

comboio

38.2%7.8%

59.8%1%

67.9%-

32.1%-

Dado que antes de uma pessoa iniciar o usode ARVs, ele/ela tem de visitar o local porum mínimo de 3 vezes, incluindo o teste decélulasCD4 epassarpeloaconselhamentoemrelação à aderência, tais distâncias constituíamuma barreira para os pobres mas tambémpara os potenciais utilizadores. Ė importanteobservar que todos os locais de fornecimentode ARV estavam localizados em centrosurbanos,oque limitaoacessoaosARVspelosutilizadores baseados nas zonas rurais e osfuturos utilizadores, devido largamente aproblemas de transporte. Mesmo nos distritosrurais tais como Sengerema e Inhambane naTanzânia e Moçambique respectivamente, oslocaisdefornecimentoestavamlocalizadosnosprincipaiscentrosurbanosdosdistritos.Umdospoucoscasosdosnão -aderentes, foi reportadode falhado devido ao aumento da tarifa detransporteedecidiuabandonarcompletamenteoprogramadeARV.

Em geral, no entanto, a acessibilidade aosserviços de tratamento ARV tem melhoradode forma tremenda ao longo dos anos, mas osnúmerosaindaestãodelongeabaixodeatingiro acesso universal desejado pela ONUSIDA.Aparentemente, existe um acesso limitadocomparado com a necessidade em todas ascomunidades estudadas e isso é reportadode forma mais inconsistente em relação aosutilizadores dos ARVs baseados nas zonasrurais.Osplanosdeexpansãoparaasunidadessanitárias de nível mais baixo incluindo asunidadesdebaseruralestãoemcursonostrês

países. Mas para tal a localização dos serviçosdeprovisãodeARVparaserrelevante,eladeveirdemãosdadascomapromoçaodosGATASe actividades visando eliminar o estigma ediscriminação. O pouco, mas significanteincidentequeaconteceuemSengeremailuminaesteponto.Aenfermeiradohospitalqueajudouaequipadeestudoaseguirosbeneficiáriosnassuasresidências,tinhaderetirarprimeiroasuabatade identificaçãoantesde se aproximardaresidênciadobeneficiárioporreceiodesuscitaruma suspeita desnecessária dos vizinhos queiniciariam especulando que o agregado tinhaumaPVHS,oqueculminarianaestigmatizaçãoediscriminaçãodosocupantesqueestesvivem.

4.4 Uso de ARV/Utilização dos Serviços de Tratamento ARV DentreosbeneficiáriosdeARVs,foramreportadosníveismaiselevadosdeaderênciaem todasascomunidades estudadas.As beneficiárias VHSque tinham tomado a decisão de iniciar o usodos ARVs ainda estavam determinadas emgarantir uma aderência máxima. No entanto,deve ser observado que o uso de ARV é umaprática relativamente nova em tais países,embora o Burkina Faso e Moçambique tinhamumahistorialigeiramentemaislongadeusodosARVscomparadoscomaTanzânia.Ligeiramentemaisdeumquarto(26.9%)dosbeneficiáriosdeARVemMoçambiquee8.3%emBurkinatinham

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iniciado a tomada deARVs antes de 2003. NaTanzânia, a provisão de ARVs tornou-se maisproeminente em 2005. A diferença era que naTanzânia a provisão deARV para os nacionaiseramuitomaisumainiciativadogovernoeosdoadores apenas compraram comparado comMoçambique e Burkina Faso, onde a iniciativainicialsurgiudefora—dosdoadores.A segmentação dos dados em relação aosbeneficiáriosdeARVSegundoogéneroatestaaofactodequeousodeARVpossuiumadimensãodegénero.OsresultadosrevelaramqueasmulheresperfaziamamaiorproporçãodosbeneficiáriosdeARV. Por exemplo, em Moçambique, quasetrês quartos dos beneficiários de ARV erammulheres comparadas com ligeiramente acimade um quarto que eram homens —72.4% e27.6% respectivamente. Quase proporçõesiguais de beneficiários e beneficiárias deARVforam reportados em Burkina Faso– 73.6% e26.4% respectivamente. Na Tanzânia existiamtambém mais beneficiários que beneficiárias.Porexemplo,maisde70%dasPVHSregistradasbeneficiandodosserviçosdeExtensãodoSIDAdeNyakatoerammulheres.

em Capital provincial de Inhambane -Moçambique, membros da WONA-NDLELA;umaassociaçãodePVHS,observou-sequedos60membros,43estavamsobosARVseamaioriaerademulheres.UmaoutraassociaçãodePVHSnaCidadedeMaputo,TINHENAcomumtotalde285membros,maisde90%erammulheres.

Esta dimensão de género não demonstrade qualquer forma que a provisão sejaprincipalmente de mulheres que estejam aprecisardosARVs.Amaiorpartedasmulherestendem a visitar os centros de saúde que oshomensondeelastêmacessoàinformaçãosobreosARVs,eesperandosermães,elassãomuitasvezes aconselhadas a fazer um teste de HIV, eseforempositivassãoencorajadasaregistarno“programadeprevençãodatransmissãodemãeparaofilho(PTV).AsdiscussõescomosmembrosdasdiversasassociaçõesdasPVHSrevelouquemuitas vezes os homens não revelam o seuestadoaopontoquemesmoquandoelesestãosob tratamento ARV, isso é mais um assuntoprivado—eles mantêm isso para eles próprioscomparado com as mulheres que acham issofácilderevelaredese juntaremasassociaçõesdePVHSparaapoiopsico-socialematerial.

�7Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

�.0 IMPACTO DO USO DE ARV E BARREIRAS A ACESSIBILIDADE

5.1 Introdução EstaSecçãoapresentaosresultadossintetizadossobre o impacto dos ARVs em relação aobeneficiário individual, os seus agregadosfamiliares, a comunidadeeo impacto sobreosoutros serviços de saúde. Isso também destaca

asbarreirasàacessibilidadedosARVs.

5.2 Impacto do Uso dos ARV

5.2.1 Impacto sobre os níveis individual e dos agregados Emgeral,oimpactopositivoenegativodousodoARVemrelaçãoaobeneficiárioindividualaindaestáparasersentidoumavezconformeindicadoanteriormente, o uso de ARV é relativamenterecente nos locais de estudo. No entanto, obenefício reconhecido individualmente desaúdemelhoradafoicitadoporquasetodososbeneficiáriosnostrêspaísespassandoporumaesperançarevivigoradadeviver;capacidadederetomaro trabalhoeasactividadescomerciais,

Vim aprender sobre o meu seroestado em relação ao HIV em 2005, depois de vários episódios de doenças. Dado o choque dos resultados do HIV e a batalha com a TB, fui hospitalizada durante 6 meses. Durante o período do internamento, a contagem do meu CD4 era de 30 e estava a pesar 28-30 quilogramas. Iniciei os ARVs, que eu atribuo a minha vida e a actual boa saúde.

“ Estava muito doente, não podia falar, mas os ARVs fizeram com que eu torna-se a ganhar a minha vida e saúde.”

Sophia, cuja contagem de CD � na altura deste estudo era de cerca de 220, está a pesar �8 Kgs tinha se tornado numa acti�ista do HIV gerindo programas na tele�isão relacionados com o HIV e SIDA para sensibilizar a população em relação à epidemia e para promo�er o uso dos

ARVs. A Sophia que tinha começado a ser discriminada na sociedade especialmente depois de deixar o hospital de�ido às suas aparências físicas, agora se tornou numa

planeamentoparaassuasfamílias,econtribuirpara a luta mais ampla de combater o HIV eSIDA.UmcasodavidarealdaSophiaconstituiumexemploclarodoqueosARVspodemfazerparaavidadeumapessoaseforamtomadosdeformaconsistente.

I5.2.3 Impacto do uso dos ARVs sobre a família e a comunidadeNamaiorpartedoscasos,ousodosARVsnãotinharesultadoemefeitosadversosnasrelaçõesfamiliares. Nos três países foram reportadoscasosdemembrosdafamíliaademonstrarumaatitude positiva e de mais caridade, emboracasos isoladosfossemreportadosentrecasaisemembrosdafamíliaalagadaquedesenvolveramatitudes hostis. Em Burkina Faso constatou-se que dos 45% dos beneficiários de ARVreportarammelhorassignificativasnasrelaçõescom os membros da família uma vez iniciadocomosARVs,apenas10%doscasosreportaramnenhuma mudança no relacionamento emboraum quinto dos beneficiários tenha reportadorelações melhoradas com os vizinhos e outrosmembrosdacomunidade.

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No entanto, fora do círculo social dosbeneficiários, e a sua família imediata, houveindicações que o uso dosARVs não tinha sidodadaumaboareceptividadeporalgunsmembrosdacomunidade.Emalgumasdascomunidadesvisitadas, um ar de ressentimento para como tratamento ARV era evidente [com umapossibilidade de aumento a não ser verificadapelas campanhas de sensibilização]. A suadesaprovaçãoestavamaisinclinadaemrelaçãoa possível compromisso sobre as abordagensdeaversãoaorisco;elesargumentavamqueosutilizadoresperdiamtodosossintomasassociadoscomoSIDAealgunsmesmoseenvolviamemsexonãoprotegidocompessoasnãosuspeitas.Estaconstataçãodestacaanecessidadedeirparaalém de focalizar nos direitos das PVHS paraincluir as suas responsabilidades na protecçãodosdireitosdasoutraspessoas(naprevençãodadisseminaçãodoHIV).

5.2.4 Impacto dos ARVs sobre os outros serviços de saúdeOprincipalproblemacomaprovisãodosARVtantonasunidadesdesaúdepúblicaeprivadaestáassociadocomosenormescustoscorrentesessenciais para um programa sustentável. Semdúvida, os sucessos no tratamento das PVHSaumentam a demanda em relação ao sistemade saúde. Isto acontece tanto em termos depessoalcomodeinfra-estruturas;amaiorpartedos locais de provisão dos ARV não tinhamtodasascondiçõesexigidastaiscomomáquinaspara a contagem de CD4 daí que os fundoshospitalaresforamdispendidosparafazercomqueos testes fossemrealizados.Comefeito,asunidadesprivadastinhamdesubsidiaroscustoscorrentesparaosARVsenoentantoamaioriados beneficiáriosdosARVnãopagavampelosserviços.ApessoaresponsávelpelohospitaldeSengerema,umaunidadereligiosanaTanzânia,lamentouqueaprovisãodeARVsconstituíaumfardotãograndeparaohospital.

“Os técnicos do laboratório em Sengerema são demasiados poucos para gerir todos os casos…o programa está a levar o nosso melhor pessoal; altamente qualificado e experiente. Não temos pessoal suficiente…temos apenas três conselheiros que podem fornecer serviços de aconselhamento de forma competente além das outras tarefas designadas, embora o aconselhamento para os beneficiários de ARV e aqules que vêm para o teste esteja a tornar-se num serviço diário

-Médico responsável, Hospital de Sengerema, Tanzânia

Os desafios do pessoal eram também iguaisem Burkina Faso e Moçambique. O caso daunidade sanitária de Panda em Moçambiquesuscintamentesumarizaasituaçãoprevalente.

UNIDADE SANITÁRIA DE PANDA- MOÇAMBIQUEAinda que agora a unidade sanitária de Panda esteja a fornecer os ARVs, não foi recrutado mais nenhum trabalhador. O que uma pessoa obser�a é que a maior parte dos trabalhadores de saúde qualificados, i.e. o director do centro de saúde, é a pessoa responsável pelo programa de ARV apoiado por outro trabalhador que foi sujeito à capacitação. Embora, não mencionado, o programa de ARV está a le�ar os melhores dos melhores no centro. Além disso, as pessoas que �êm para o teste de HIV, ficam na fila com os pacientes de medicação de rotina, o que muitas �ezes abranda o processo. O tempo de espera é portanto prolongado, o que tem impacto na qualidade dos ser�iços fornecidos.

Oqueémuitoimportanteobservarnostrêspaíses,éarenovadagarantiaeocompromissoexpressodosgovernosparaabordarosconstrangimentosnoprogramadeARV.Porexemplo,naTanzânia,foireveladoqueogovernoestavanumprocessodetrabalharnumMemorandodeEntendimentoaserassinadoentreogovernoeosprovedoresprivadostraçandoclaramenteocompromissode

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ambasasparteslogoqueeles(unidadeprivada)tenhasidoindicadaparagerirumprogramadeARV.

5.3 Barreiras para o Uso dos ARVsDiversasbarreirasparaousoeacessodosARVsincluindo as baseadas na unidade sanitária,política pública, sensibilização e relacionadascom o transporte, bem como a nutricional ,foram citadas em quase todas as comunidadesselecionadasnostrêspaíses.

5.3.1 Custos directos dos ARVs Em Moçambique e Tanzânia, os ARVs sãofornecidos gratuitamente e portanto nãosão incorridos nenhuns custos directos pelobeneficiárioparaacederaosARVs.Noentanto,emBurkinaFaso,ogovernonãoforneceoacessouniversalaotratamento,emboraalgumaspessoassejam capazes de aceder aos medicamentosgratuitos através de organizações tais como aSOS-SIDA,masasoutrastêmdepagar.A única categoria de pessoas em Burkina Fasoque tem um acesso gratuito aos ARVs sãoaquelaspessoasderendimentobaixoe/ousemrendimentosligadosàsassociações,dehospitaisnacionaise regionaisquesão identificadosporummédico,farmacêuticoeagentedosserviçossociais ou funcionário de uma associação. Estecritériodeselecçãopodesertãoestigmatizantee prejudicial em relação ao grau de excluir ospotenciaisbeneficiáriosdosARVs.

5.3.2 Barreiras relacionadas com a unidade sanitária Na unidade sanitária, a barreira geralmentecitada para o uso e acesso dos serviços detratamentoARV era a inadequação do pessoalno local de provisão de ARV. A acessibilidadeacrescida aos ARVs não constitui apenas umafunção da disponibilidade dos medicamentose das unidades sanitárias, mas também dadisponibilidadedepessoaldesaúdequalificado.Todosospaísesvisitadosreconhecemterdesafiosrelacionados com trabalhadores de saúdeformadosparafornecercuidadosespecializadosdo SIDA. Por exemplo em Moçambique, asituaçãoeramaispatéticacomparadacomorestodaregiãodaComunidadedeDesenvolvimentoda África Austral (SADC) conforme reveladopeloseguinte:

• Havia 17,000 trabalhadores de saúdedos quais 11,000 eram formados e quea qualidade dos cuidados estava sendolimitada pela qualificação mínima dopessoaldesaúde;

• Apenas 6% eram médicos formadosdos 11,000 trabalhadores de saúde, econsequentemente menos de 50% doshospitaisdistritaistinhamummedico;

• O número de enfermeiras por pacienteerade 1:5,000—omaisbaixona regiãodaSADCi.e.,comparadoaÁfricadoSul(1:125);Botswana(1:457);Zâmbia(1:610);Malawi(1:1298)eZimbabwe(1:704);

• Havia um número limitado deconselheirosefarmacêuticos;

• Elevada rotação dos trabalhadores desaúdequalificadoscomumaperdaanualde 7% devido a transferência ou mortedopessoaldistritaldesaúde;

• Até Março de 2004, o país tinha umaestimativa de 240 médicos que tinhamsidoformadosparaforneceraTARV.

Os entrevistados chave em todos os paísesvisitadosconcorriamcomofactodequeosseussistemasnacionaisdesaúdeestavamlimitadospela falta de recursos humanos. A UNAIDS(March 2006) em particular observou que aexpansão do tratamento enfatiza fraquezascríticasnossistemasdesaúdequeprecisavamdeserabordadas,espeialmenteainfra-estructuraeosrecursoshumanos.Emboraacapacitaçãodostrabalhadoresdesaúdepara fornecercuidadosespecializados do SIDA tenha sido feita, elanão tinha resolvido o problema dos recursoshumanos.

A outra barreira relacionada com a unidadesanitáriaeraainadequaçãodasinfra-estruturas.Em todas as unidades sanitárias visitadas,foi reportado que o número de beneficiáriosde ARV tinha estado a aumentar o que tinhainadvertidamentelevadoaumcongestionamento.Porexemplo,naTanzâniaquandoaequipadoestudovisitouSekouToure,asPVHStinhamseapinhadonoscorredoresondeoaconselhamento,testagem e provisão dos ARVs estava sendofeita.Aequipadeestudotinhadeseapertaraolongo do corredor a abarrotado. Foi reveladoem Sengerema que nos dias de atendimentoda clínicadeARV, semprehaviaumamisturapara as unidades tais como cadeiras/bancosentre os pacientes de rotina e os beneficiáriosdosARVs.Acapacidadelaboratorialconstituia

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uma maior fraqueza em todos os três países erecursos adicionais e perícia seriam tambémnecesarios para garantir a qualidade da infra-estruralaboratorialalongoprazo.

ATanzânianaalturadesteestudoestavaatentarrecrutarmaispessoasparamanusearosARVs.As pessoas recrutadas e formadas estavampara ser enviadas para todas as unidades queforneciamosARVstantonosectorpúblicocomono privado. Igualmente, Moçambique planeouformar2000profissionaisdecuidadosdesaúdedenívelintermediário.Burkinaestavatambéma procura de alargar a sua lista de pessoasqualificadasareceitarosARVs.

5.3.3 Barreiras relacionadas com políticas As políticas existentes constituem potenciaisbarreiras ao acesso ao tratamento ARV.Aparentemente, algumas directrizesinadvertidamente limitam o acesso aosserviços. Na Tanzânia por exemplo, a restriçãoem relação a onde um beneficiário dos ARVsobtém os medicamentos, foi citada dentre osconstrangimentosparaacederoubarrarqualqueroutrapessoadeirbuscarosARVsemnomedobeneficiário do local de provisão, o que podecontribuirparaanão-aderência.Istocertamentecolocadesafiosespecíficosaosutilizadoresqueestão acamados e aqueles com problemas detransporte.Istoapelaporinovaçõeseflexibilidadenasdirectrizessobrepolíticasporformaaajudaraaumentaraaderênciabemcomoaconvenceros não-utilizadores a se registrar. Em BurkinaFaso,oplanoerade decentralizaros locaisdeprovisão dos medicamentos para garantir umacessomaisfácilparaosutilizadoresnaszonasrurais.

Outraspolíticasqueestavamrelacionadascomanutriçãoforamcitadasemalgumascomunidadescomo uma barreira, mas apenas específicasà Tanzânia onde os futuros utilizadores deARV eram exigidos de assinar uma ficha decompromisso declarando que eles aderirão aouso correcto dos ARVs. Dentre as condiçõesestava a capacidade de poder ter uma dietaespecial,umafonteseguraderendimento,águapotável, etc. Consequentemente, a importânciadaalimentaçãosetornanumelementoessencialdacontinuidadedoscuidadosparaPVHS.

“Participo em diversos seminários sobre os ARVs e eles destacam que uma pessoa deve ter seis refeições ao dia, mas eu difilmente posso me dar ao luxo de uma única refeição, dai que não podia iniciar a tomada dos ARVs ”

- Homen não utilizador dos ARVs, Mwanza, Tanzânia

Por último, os utilizadores dos ARVs, os não-utilizadoresbemcomoospotenciaisutilizadoresqueriamteragarantiadequeosARVsgratuitosestavam ai para ficar e que o programa erasustentável.AfaltadeumainformaçãoclaraemrelaçãoàcapacidadeeprontidãodosgovernosdesusteraprovisãodeARVsgratuitofoireportadacomocausandoumapreocupaçãoedesconfortolevandoaonãousodosARVs.

5.3.4 Barreiras relacionadas com a sensibilização A fraca sensibilização devido a falta deinformação apropriada e adequada sobre osARVsfoicitadaamplamentecomoumabarreirachave para o uso dos serviços de tratamentoARV. Como foi anteriormente indicado, osaspectos principais do tratamento ARV nãoestavamsendodisseminadosforadoslocaisdeprovisão dos ARV. As mensagens geralmenteouvidas na comunicação social eram noslugares onde os ARVs podiam ser acedidos.Aparentemente, isto deixou muitas pessoascom poucos ou sem conhecimentos dosARVs.HouvemesmoreclamaçõesqueosARVsforamintroduzidos antes das devida preparação dasPVHS para dissipar o receio instigado pelosmitoseporinformaçãoerrada.NaTanzâniaporexemplo, foiobservadoqueo focodogovernofoi reportadoemrelaçãoaassegurarprovisõessuficientesdosARVscombasenaassunçãoqueasprovisõesgratuitasdeARVsseriamsuficientesparaatrairasPVHSausaremosmedicamentos.Casos de PVHS recusando se registrar para osserviçosdetratamentoARVdevidooreceiodosefeitossecundáriosforamsubestimadosemtaisestudos.

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“Algumas pessoas declinaram redondamente a ideia de iniciar os ARVs porque a sua condição podia piorar…eles tinham receio dos possíveis efeitos colaterais”

- Coordenador dos Cuidados Domiciliários Distritais, Sengerema, Tanzânia

“Um doador deu-nos ARVs gratuitos por 3 anos; éramos 5 pessoas mas apenas 2 concordaram em tomar os ARVs. Embora o doador dissesse que os medicamentos foram comprados por minha causa, recusei porque não estava preparado. Infelizmente, os 2 que tomaram os medicamentos morreram por causa das reacções do medicamento. Cuidei de um deles antes dela morrer; ainda lembro os efeitos secundários, mesmo até hoje não posso tomar os ARVs; Tenho dito aos médicos”

- Um não utilizador dos ARV, Cidade de Mwanza, Tanzânia

5.3.5 Barreiras relacionadas com o transporte As barreiras relacionadas com o transportepara aceder e usar os ARVs constituíam osobstáculos mais frequentemente citados emBurkinaFaso.O transportecomoumabarreiraaousodosARVtemdoisgumes.Ele limitaosutilizadoresepotenciaisutilizadoresetambémotornadifícilparaosprovedoresdeserviçosdesaúdedefazervisitasdeseguimento.Comofoianteriormente indicado, o acesso aos locais deprovisãodosARVerafraco–amediaestimadade distancia da residência do beneficiáriodos ARVs ao local de provisão dos mesmos édistante,oquesetraduzemníveiselevadosdedeslocação que desencorajam os utilizadores elevaanão-aderência.Umdessescasosfoicitadonas ilhasdoLago Victóriaquedista emcercade70kmsdolocaldosARVemSengerema–outilizadorfalhoudevidoaoselevadoscustosdedeslocação.

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6.0 POLÍTICAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

6.1 IntroduçãoIAs questões relacionadas com o ambiente depolíticas em que os programas de ARV estãosendo implementados não estavam cobertosemBurkinaFasoamedidaqueelasestavamemMoçambique e Tanzânia. No entanto, deve serobservadoquetantoaspolíticasnacionaiscomoas internacionais podem tanto promover comolimitaraacessibilidadeparaeousodosARVsbemcomooprogramadeexpansão.

6.2 Políticas e Quadros Nacionais O ambiente de políticas nos dois paísesforneceram um ambiente favorável para aimplementação dos programas de ARV. TantonaTanzâniacomoemMoçambiquetemquadrosestratégicosnacionaisabrangentesparaoHIVeSIDA—i.e.,aTanzâniatemumPlanoNacionalde Tratamento e Cuidados do HIV e SIDAque orienta especificamente a implementaçãoe gestão do programa dos ARV no pais, ea semelhança Moçambique tem um “PlanoEstratégicaNacionaldeCombateas ITS/HIV/SIDA”.Emrelaçãoaoultimo,adirecçãopolíticapara a provisão de ARVs e a expansão estaimbuída naquele Plano. Ele constitui o pontodereferencianacionalemgeraleoquadrosobo qual as directrizes e intervenções do HIV eSIDA estão baseadas incluindo para aquelesparaosARVscomocomparadoaTanzâniaondea “PolíticaNacional doHIVeSIDA(2001)”,constituiodocumentosupremoedereferenciaparaorientararespostaaoHIVeSIDA.

Ė importante observar que os dois paísesdesenvolveram outras directrizes e quadrossobre políticas para promover a provisãodos ARVs tais como a “Política sobre Testese Tratamento”, As Directrizes sobre a TARV(2004) e as “Directrizes sobre Nutrição” paraMoçambique e as “Directrizes Nacionais ParaaGestãoClínica doHIVeSIDA(Abril2005)”nocasodaTanzânia.ATanzâniatambémpossuio Quadro Estratégico Nacional Multisectorialpara o HIV e SIDA (NMSSF) 2003-2007 queoperacionaliza a sua Política Nacional do HIVeSIDA.Estequadro,dentreoutros,considerao

tratamento de infecções oportunistas comuns,incluindoosARVs,ereconhecequeaprovisãode cuidados apropriados incluindo o acessoao tratamento anti-retroviral altamente eficazconstitui um dos marcos de toda a estratégianacional.

O que é comum em ambos os países é que assuas directrizes de políticas sobre cuidados etratamento não são explicadas num detalheamplo. Por exemplo, enquanto o propósito eobjectivos da política da Tanzânia são muitoclaros em relação a prevenção do HIV, elefornece uma atenção geral para a questão detratamentosoboseuterceiroobjectivoespecifico-“Cuidados para as PVHS”. A advocacia parao acesso acrescido das PVHS aos cuidadosmédicos principalmente aos ARVs não estabemarticulado.AsoutrasquestõestaiscomoosmecanismosparaamonitoriaeseguimentodaspessoassobosARVs,osplanosparaaexpansãopara abordar os problemas de equidade, osmecanismosdesustentabilidadeintegradaparaa disponibilidade de ARVs e acessibilidade,planosdeincentivosparaaproduçãodeARVsetc. também não estão bem articuladas pelopropósito e objectivos da política. Todos estesnecessitamdevirclaramentenapolíticanacionaldopaisparaoHIVeSIDA.

No caso de Moçambique, o desafio estaprincipalmente no conteúdo no documento doPlanoestratégiconacional.Estequadronacionalde grande alcance está dividido em partes; a“Componente Estratégica—Análise Situacionale a “Operacionalização”. A ComponenteEstratégica em si constitui um documentodetalhadoqueapresentaumaanalisesituacional,dentreoutras, emrelaçãoaos indicadoresparaavaliação da doença, os vectores da epidemia,actividades de IEC, actividades de prevenção,tratamento, mitigação do impacto, etc. Massendoumaanalisesituacional,issonãofornece

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uma analise abrangente em relação a questãodosARVs.Issofornecelargamenteainformaçãodos antecedentes que desde então foramultrapassados pelos acontecimentos. A maiorpartedodocumentosecentranaprevençãodainfecção e portanto precisa de ser revisto paraincluiraprovisãodeARVeaacessibilidade.

6.3 Políticas e Quadros Internacionais

Como todos os países em desenvolvimento,mudanças nas políticas globais relativasaos ARVs tais como as políticas sobre osdireitos de patentes tem afectado a Tanzânia,Moçambique e Burkina. De acordo com orelatóriodaUNAIDS (Março2006)ospatentessetornaramnumadasquestõesdebatidasmaisintensivamente nos medicamentos essenciaisdesde o Acordo da Organização Mundial doComercio sobre os Aspectos dos Direitos dePropriedade Intelectual Relacionados com oComercio (TRIPS) foi introduzido em 1995.Isso foi seguido da Declaração Ministerial deDoha sobre o Acordo TRIPS e Saúde Publicade 2001, que clarificou que oAcordo continhaflexibilidadesquepermitemospaísesaimportare produzir versões de medicamentos anti-retroviraisgenéricossobapatenteparaprotegerasaúdepublica.Isto,porsuavez,constituiummecanismo para aumentar a competição entreos fabricantes de medicamentos, reduzindoos preços e expandindo o acesso a terapiaanti-retroviral . A UNAIDS tem, no entanto,advertidoqueo impactoda saúdepublicadasflexibilidadesdosTRIPSdependeradecomoospaíses efectivamente implementam e os usamdentrodosseussistemasnacionais.Nomesmorelatório se observa que os países de baixa emediarendamuitasvezesnãotemacapacidadede administrar de forma efectiva as políticasque governam os direitos de propriedadeintelectual e também não possuem informaçãosobre a situação das patentes em relação aosmedicamentos essenciais, o que é necessáriopara fazer o uso da flexibilidade dos TRIPS.Dadaestasituação,paísestaiscomoaTanzânia,MoçambiqueeBurkinapodiamestarmelhoremlidarcomtaisaspectosnosseusagrupamentosregionais.

Todosostrêspaísesi.e.Tanzânia,Moçambiquee Burkina são membros de um numero deorganismos regionais tais como a SADC, a

Comunidade da África Oriental (EAC) e aECOWAS.EstestêmopropósitodeharmonizarasPolíticas,EstratégiasProtocolosdeTratamentodoHIVeSIDAdosEstadosmembros.Osestadosmembros na EAC foram mesmo urgidos deconsiderar aquisições conjuntas de ARVs combasenosProtocolosharmonizadosdeTARVdaEACcomopropósitodereduziraindamaisoscustosdosmedicamentoseaumentaroacesso.

NocasoespecíficodaTanzânia,todososestadosparceirosnaEACestabeleceramprogramasparaaexpansãoedistribuiçãodosARVsaospacientesna sua jurisdição. Isto aconteceu nos últimosdois a três anos usando produtos genéricosbaratosprincipalmentedaÍndia.Contudo,coma Índia a cumprir com o ACORDO TRIPS emvigor desde Março de 2006, tais programas deexpansãoestãosobameaça.AÍndianãopoderáser capaz de produzirARVs genéricos baratosatravésdaengenhariacontraria.AopçãoqueospaísesmembrosdaEACtêméde fabricarelesprópriososmedicamentos.

Como agora os países em desenvolvimentoincluindo a Tanzânia, Moçambique e BurkinaFasoeosoutrosestadosparceirosnosorganismosregionais precisam de passar a legislação quepodeostornarcapazesdeexplorarpositivamenteasflexibilidadesfornecidasnoTRIPS,etambémproduzir de forma vigorosa os medicamentosgenéricos para os seus cidadãos. Mas emgeral, os três países onde tais estudos foramrealizados são todos reconhecidos como tendopolíticas nacionais que os capacitam a poderaceleraradeformapotencialadisponibilidadeeacessibilidadedosARVs.

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7.0 CONCLUSÕES E RECOMDAÇÕES

7.1 IntroduçãoEstaSecçãofinaldoRelatóriotiraasconclusõesesugestõessuscitadasdosresultadosdoestudo.Assugestõesestãosintetizadasdopontodevistadosparticipantesdoestudoemrelaçãoaooqueeles consideram de ser o papel da sociedadecivil,incluindoaACORDnestaeradoscuidadosetratamentodoHIVeSIDAedosARVs.

7.2 ConclusõesEmgeral,aprovisãodosserviçosdetratamentoARVconstituiumainiciativarecenteemtodosostrêspaísesdaTanzânia,MoçambiqueeBurkinaFaso. Ainda há desafios dolorosos em relaçãoa disponibilidade, acessibilidade e utilizaçãodosARV.A acessibilidade universal dosARVsespecialmentedosARVsgratuitoslevaraalgumtempoparasermaterializadoemtodosospaíses.Afaltadeequidadenadistribuiçãodoslocaisdeprovisão dosARV esta mais pronunciada paraos contextos tipicamente rurais – mesmo naszonasrurais,oslocaisdeprovisãodeARVestãolocalizadosempartesurbanasdacomunidade.Como agora, a maior parte dos locais deARVnos três países estão localizados nos centrosurbanos.Istoconstituiumproblemadeequidadeque caracteriza os programas de ARV e exigeatenção. Isto constitui mesmo um problemamaioremBurkinaFasoondeosARVsnãosãofornecidosgratuitamente.

A disponibilidade dos ARVs não se traduzfacilmentenaacessibilidadeeuso,anãoserqueasituaçãogeraldepobrezasejaabordada.Comoétípicodosagregadosdilaceradospelapobreza,adespesadosagregadosfocalizadosnesteestudoultrapassavamemtermosderendimentomensal.Este tipo de situação ameaça a acessibilidade,usoeaderência; implicandoqueosprogramasvisandoaexpansãodaacessibilidadeaosARVsdevemirdemãosdadascomosprogramasdeerradicaçãodapobreza.

Doladopositiveembora,valhaapenaobservarquemesmodentrodeumcurtoperíododetempodaintroduçãodosprogramasdeARV,asmassastem mais que o conhecimento e compreensão

mediado tratamentoARV.A informaçãosobreosARVsébasicamente fornecidanos locaisdeARV/unidades sanitárias pelos trabalhadoresde saúde e conselheiros, o que implica queos outros membros na comunidade que nãovisitamouraramentevisitamoslocaisdosARVsou as unidades sanitárias dificilmente obtêminformaçãosobreosARVs.

Todooprogramadesaúdetemoseuimpacto—negativo ou positivo, o mesmo sucede como programa de ARV. Embora ele ainda sejademasiado cedo para conhecer o impacto alongo prazo do programa de ARV devido aocurto tempo que tem sido implementado, oestudo no entanto revelou poucos aspectos doimpacto. O impacto positivo dos beneficiáriosindividuais tem sido a saúde melhorada eprodutivaacrescida,masoimpactonegativoestácadavezmaisareflectir-senoscustosassociadoscomoacessoaosARVs taiscomooscustosdetransporteeoarcarcomalgumasnecessidadesdosagregadosdentreoutras.

7.3 RecomendaçõesAsrecomendaçõesestãocategorizadasemduaspartes; aqueles que são para acção nacional, eaquelasqueexigemumaabordagemconcertadaregionalePan-Africana.Defacto,podehaveranecessidadedeumapesquisamaisaprofundadaaonívelregionalePan-Africana.

7.3.1 Recomendações para a acção nacional

Esforçosdereduçãodapobreza:-Osperfissócio-demográficoeeconómicodetodososutilizadoresdeARVrevelaramqueamaioriaépobre.TaiscondiçõesdepobrezaduplicamcombarreirasaacessibilidadeeusodosARV,oqueexigeacção.Doiscenáriossãosugeridos(i)queasPVHSsobosARVsecujasaúdeestejaadeteriorardeviamserabordadascomasredesdeapoiosocial—porex., apoionutricionaldirecto, equalqueroutroapoiovistocomocritico,e(ii)paraasPVHScuja

�6 Sensibilização, Consciencialização, Conhecimentos sobre ARVs & o Ambiente Político

saúdenãotenhasidolargamentecomprometida,seusagregadosdevemserabordadoscomapoioemmicro-crédito.

Abordando os problemas de equidade: - Osresultados do estudo demonstraram que oslocais dos ARV eram quase uma prerrogativadas zonas urbanas, o que criou desequilíbriosnoacessoainformaçãoenaprovisãodeserviçosentre as zonas urbanas e as rurais, e ainda amaioria das pessoas residem nas zonas rurais.Ė portanto recomendado que para alem deestimular a demanda dos ARVs , o governodeve descentralizar a provisão dos ARVs paraas unidades sanitárias mais subalternas parafacilitaraacessibilidadeepromoverouso.Istoimplica a expansão do programa deARV nascomunidades rurais “difíceis de alancar” ouaquelesnasmargensdasociedade.Otratamentoe os serviços relacionados precisam de estardisponíveis gratuitamente para todos aquelesqueosprecisamespecialmenteemBurkinaFasoondeoprogramadeARVnãoécompletamentegratuito.

EmrelaçãoasdisparidadesnoacessoainformaçãoacercadosARVs,pode-seobservarqueoaumentodasensibilizaçãoeconsciencializaçãoemrelaçãoaos ARVs deve alargar para incluir todas ossectores da sociedade; os ricos e os pobres, osutilizadoresenão-utilizadoresdeARVs,asPVHSeaquelesquesãoHIVnegativos,i.e.,alcançandoatodos.EstaestratégiaprocurasuscitaroapoiosocialparaasPVHSparausaremosARVs,mastambém vai de mãos dadas com as estratégiasparaaeliminaçãodoestigmaediscriminação,oquetambémminaousodeARVseaaderência.Os métodos em reforçam largamente os meiosinterpessoais, talhados a medida do cliente,individualizadosdefornecimentodeinformaçãoprecisadeserpromovido.

Estratégiamulti-facetadadeIECparainformaçãofactual: - Os resultados do estudo revelarambaixosníveisdesensibilizaçãoeconhecimentossobre osARVs na população em geral—tantonas zonas urbanas como nas rurais. Os dadossecundários também indicaram a falta deconhecimentosadequadossobreosARVentreosprovedoresdesaúdeparadisseminarinformaçãofactualeapropriadasobreosARV.Osresultadosdoestudotambémrevelamqueosconselheiros/provedoresdesaúdenos locaisdeprovisãodeARVconstituíamaprincipalfontedeinformaçãosobreosARVs.Serecomendaqueumaestratégia

multi-facetada da rádio, Comunicação socialescrita, educadores sanitários baseados nacomunidade e organizações da sociedade civilseja empregue para disseminar informaçãoe conhecimentos sobre os ARVs—i.e., paraaumentaraeducaçãosobreosARV edissiparosmitosereceiosqueconstituembarreirasemrelaçãoaousodosARV.

Campanhasvisandooestigmaediscriminação:- Embora o estigma e discriminação sejamreportados com estando a diminuir, existe aevidencia que eles ainda existem em algunssectoresdascomunidades,oqueminaousodosARV. Portanto se recomenda que os Governoscom apoio dos outros parceiros tais como asociedadecivildevemsusteracampanhacontraoestigmaediscriminação,oqueminaoapoiosocialparaatomadadosARVs.

OsServiçosdeATV: -OsresultadosdoestudoindicaramqueparaalocalizaçãodosserviçosdeprovisãodosARVseremrelevantes,elesdevemirdemãosdadascomapromoçãodeserviçosdeATVéticos, eficazes e sustentáveis. Eticamentee eficazmente a prestação de serviços deATVpodem contribuir largamente no sentido deeliminaçãodoestigmaediscriminação.

ApoioNutricionaleAlimentar:-Nãoháduvidaqueumanutriçãoapropriadaconstituiaprimeiralinha no tratamento das doenças relacionadascomoSIDA.Portantoosprogramasnutricionaise a disponibilidade de alimentação adequadapara as pessoas sob os ARVs precisa de serfinanciado pelo governo e outros actores noterrenocomopartedoprogramadeARV.Istoira,entreoutros,contribuirparaaaderênciaeatrairpotenciesutilizadoresaabraçaremoprograma.Na verdade, a questão de apoio nutricional ealimentarestanocentrodautilizaçãodosARVsemMoçambique.

AumentaraproporçãodehomensbeneficiandodosARVsOsresultadosrevelaramquemaismulheresquehomens estavama beneficiar dosARVs, o queenfatiza a necessidade de alcançar os homens.Um dos principais pontos de intervenção paraencorajar os homens a beneficiar dos ARVs éatravés da redução e da eventual eliminaçãodo estigma e discriminação. O aumentosustido da sensibilização e consciencializaçãoe aconselhamento da comunidade em geralrealizaria as mudanças no número de homens

�7Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

beneficiandodosARVs.

Melhoriageraldosistemadecuidadosdesaúdee dos recursos humanos: - Antes da expansãoda provisão dosARV em todos os três países,esforços deliberados devem ser feitos paramelhorar em geral o sistema de cuidados desaúde. Existe uma necessidade urgente paramaior capacitação do pessoal de saúde tantonas unidades sanitárias e públicas, e advogartambémparaamelhoriadostermosecondiçõesde serviço para o recrutamento e retençãofortalecida.

ApoioparaasestruturasdeeparaasPVHS:-Asassociações de PVHS desempenham um papelvital na identificação de pessoas que precisamde tratamento e lhes apoiam com informaçãoe aconselhamento básico. Tais associaçõesdeve ser apoiadas e fortalecidas através doapoio financeiro acrescido e construção decapacidades.

7.3.2 Recomendações mais abrangentes ao nível Regional e Pan-Africano

Financiamento para os serviços de saúde e amobilizaçãoderecursos:-Aquestãoderecursoslimitados tem sido documentada como umabarreira em relação a acessibilidade equitativaaosARVs.Estefinanciamentoparaasaúdeafectaa todos os três países. Este estudo recomendaumaadvocacia acrescidapara ofinanciamentofortalecido para os serviços de saúde e outrascomponentesparaagestãodoHIVeSIDAparasatisfazer as actuais necessidades. Portantoé importante que a mobilização de recursose os esforços de advocacia sejam apoiadas. Asemelhança,ofocodevesercolocadonaalocaçãoeficiente de recursos ao longo das diferentesintervenções para os provedores do sectorpublico e privado, melhorando a colaboraçãoe parcerias, fortalecendo os governos centraise distritais para garantir que os recursos sejautilizados na prestação de serviços eficientesparaosgruposalvo.

Operacionalização das políticas e quadrosnacionais: -EmboraoprogramadeARVaindaseja relativamentenovo,oestudorevelouumapolíticaequadrodoHIVeSIDAricoefavorável.A limitação esta na tradução deste ambientepoliticoouempolíticasemprogramasconcretosnoterreno.Existeportantoanecessidadedeumlobby e advocacia acrescido, e para mobilizar

recursos para que tais políticas possam sertraduzidas em programas de financiamentosustentáveisvisandofortaleceraacessibilidadeeusodosARVnospaísesdaregiãoedaÁfricaSub-Sahariana.

Expedição da legislação das flexibilidades dosTRIPS e participação fortalecida nas políticasglobais :-O estudo revelou uma possíveldificuldadenasustentabilidadedaprovisãodosARVsparaoscidadãosnaregiãoamedidaqueaÍndia,quecostumavaseraprincipalfontedosARVsparaaregião,tersecomprometidocomos TRIPS. Os países da África Sub-Saharianaprecisam de suster o seu envolvimento comos organismos internacionais e os governospoderososnomundoqueestãoaestabeleceraagendaparaaproduçãoeprovisãodosARV.

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��Um Relatório Compêndio da Tanzânia, Moçambique e Burkina Faso

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