€¦ · web viewtc 019.888/2003-2. apenso: tc 012.206/2005-9. natureza: denúncia. entidade:...

64
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do Maranhão ASP (CNPJ 07.484.587/0001-09); Baltazar Neto Santos Garcia (CPF 094.934.253-04); Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 075.352.103-25); Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. (CNPJ 05.697.048/0001- 14); Danilo Jorge Trinta Abreu (CPF 808.147.278-91); Dental São José Comércio e Representações Ltda. (CNPJ 02.410.516/0001- 30); Dentária Rio Lima Ltda. (CNPJ 23.680.697/0001-94); Elizabete Leal Mendes (CPF 104.346.233-34); Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. (CNPJ 01.540.362/0001-38); Fabiane Pinheiro Trinta (CPF 689.961.362-04); Formação – Centro de Apoio à Educação Básica (CNPJ 04.300.957/0001-04); GRC Comércio e Representações Ltda. (CNPJ 41.503.756/0001- 30); Idália Sinfrósia Cardoso Ferreira (CNPJ 04.201.247/0001-27); José Ribamar Freitas Abreu (CPF 063.065.353-49); Lusimaria Costa – Comércio e Representações (CNPJ 04.209.021/0001-72); Manoel de Jesus Botelho (CPF 238.784.443-20); Márcio Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 819.489.133-72); Marcopolo S.A. (CNPJ 88.611.835/0008-03); Maria das Graças Assis Paz (CPF 175.775.863- 15); Nilson Santos Garcia (CPF 062.067.513- 68); Norma Célia Oliveira Ferreira (CPF 137.892.953-53); Pilares Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 01.271.314/0001-91); Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto, CNPJ 03.303.327/0001-20); Ponto Dentário Ltda. (CNPJ 02.678.818/0001-93); Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. (CNPJ 1

Upload: ledien

Post on 08-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

GRUPO II – CLASSE VII – PlenárioTC 019.888/2003-2.Apenso: TC 012.206/2005-9.Natureza: Denúncia.Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do Maranhão – ASP (CNPJ 07.484.587/0001-09); Baltazar Neto Santos Garcia (CPF 094.934.253-04); Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 075.352.103-25); Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. (CNPJ 05.697.048/0001-14); Danilo Jorge Trinta Abreu (CPF 808.147.278-91); Dental São José Comércio e Representações Ltda. (CNPJ 02.410.516/0001-30); Dentária Rio Lima Ltda. (CNPJ 23.680.697/0001-94); Elizabete Leal Mendes (CPF 104.346.233-34); Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. (CNPJ 01.540.362/0001-38); Fabiane Pinheiro Trinta (CPF 689.961.362-04); Formação – Centro de Apoio à Educação Básica (CNPJ 04.300.957/0001-04); GRC Comércio e Representações Ltda. (CNPJ 41.503.756/0001-30); Idália Sinfrósia Cardoso Ferreira (CNPJ 04.201.247/0001-27); José Ribamar Freitas Abreu (CPF 063.065.353-49); Lusimaria Costa – Comércio e Representações (CNPJ 04.209.021/0001-72); Manoel de Jesus Botelho (CPF 238.784.443-20); Márcio Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 819.489.133-72); Marcopolo S.A. (CNPJ 88.611.835/0008-03); Maria das Graças Assis Paz (CPF 175.775.863-15); Nilson Santos Garcia (CPF 062.067.513-68); Norma Célia Oliveira Ferreira (CPF 137.892.953-53); Pilares Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 01.271.314/0001-91); Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto, CNPJ 03.303.327/0001-20); Ponto Dentário Ltda. (CNPJ 02.678.818/0001-93); Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. (CNPJ 69.377.794/0001-03); Weder Pereira Garcia (CPF 761.544.163-34). Advogados constituídos nos autos: Paulo Cruz Pereira (OAB/MA 4.574); Emílio Ricardo Santos Lima (OAB/MA 7.431); Kléber Francisco de Assis dos Santos (OAB/MA 4.779); Luis Guilherme Ramos Siqueira (OAB/MA 6.729); Aparecida Rocha Vieira (OAB/MA 3.354); Vagma Serra Birino (OAB/MA 6.628); Sandro Silva de Souza (OAB/MA 5.161); Isaque Ramos da Silva Júnior (OAB/MA 7.075); Fernando André Pinheiro Gomes (OAB/MA 7.067); Herberth de Sousa Dourado (OAB/MA 6.695).

SUMÁRIO: DENÚNCIA. CARÁTER SIGILOSO IMPOSTO À MATÉRIA. TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS FEDERAIS PARA A PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMEIRÂNDIA/MA, MEDIANTE CONVÊNIOS E CONTRATOS DE REPASSE. REALIZAÇÃO DE INSPEÇÃO. APURAÇÃO DE INÚMERAS IRREGULARIDADES NA EXECUÇÃO DAS AVENÇAS, EM ESPECIAL, OCORRÊNCIAS DE FRAUDES EM LICITAÇÕES E DESVIOS DE RECURSOS. COMPROVAÇÃO DA VERACIDADE DOS FATOS DENUNCIADOS. CONHECIMENTO E PROCEDÊNCIA DA

1

Page 2: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

DENÚNCIA. CONSTITUIÇÃO DE 36 PROCESSOS APARTADOS DE TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DECRETAÇÃO DA INDISPONIBILIDADE DE BENS DOS RESPONSÁVEIS. ENCAMINHAMENTO DE ACHADOS DE AUDITORIA A ÓRGÃOS REPASSADORES DE RECURSOS. DETERMINAÇÕES. CANCELAMENTO DA CHANCELA DE SIGILO. DILIGÊNCIAS E AUDIÊNCIAS PARA APURAÇÃO DAS IRREGULARIDADES REMANESCENTES NESTES AUTOS. REVELIA. ACOLHIMENTO E REJEIÇÃO DE RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. APLICAÇÃO DE MULTA. DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE DE EMPRESAS LICITANTES. COMUNICAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de denúncia sobre irregularidades na gestão de recursos federais transferidos ao município de Palmeirândia/MA, à vista da execução de convênios e contratos de repasse celebrados com entes federais, envolvendo a responsabilidade dos ex-prefeitos Danilo Jorge Abreu Trinta, gestão: 1997 a 2000, e Nilson Santos Garcia, gestões: 1993 a 1996 e 2001 a 2004 (fls. 2/195). 2. Consoante o despacho do então Relator, emérito Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha (fl. 1), a Secretaria de Controle Externo no Estado do Maranhão (Secex/MA) foi autorizada a realizar inspeção na Prefeitura Municipal de Palmeirândia/MA, cujo escopo foi estabelecido na instrução inicial de fls. 205/208. 3. Uma segunda denúncia foi juntada às fls. 210/216, relativa a supostas irregularidades envolvendo os mesmos responsáveis, as quais teriam ocorrido na execução do então Programa Bolsa-Família, na gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e na aplicação de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do então Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).4. Conforme consta do relatório de inspeção de fls. 218/436, v. 1, foram constatadas inúmeras irregularidades, em especial, desvios de recursos das contas bancárias de dezenas de convênios e contratos de repasse firmados pela prefeitura entre 1996 e 2004, além de fortes indícios de fraudes em licitações e uso de documentos fiscais inidôneos, de modo que a equipe de fiscalização propôs a conversão dos autos em tomada de contas especial e a formação de apartados para cada avença inquinada. 5. Ao examinar a matéria, a diretora da Secex/MA divergiu, em parte, das conclusões apresentadas pela equipe de inspeção (fls. 437/447, v. 2), no que foi seguida pelo titular da unidade técnica, conforme parecer de fls. 450/452, v. 2.6. Acolhendo o parecer da unidade técnica, o então Relator submeteu a este Colegiado proposta condutora do Acórdão 1.159/2005, prolatado nos seguintes termos (fls. 453/476, v. 2):

“(...) 9.1. com fulcro no artigo 53 da Lei nº 8.443/92, c/c o artigo 235 do Regimento Interno/TCU, conhecer da presente Denúncia, ante o preenchimento dos requisitos de admissibilidade pertinentes, para, no mérito, considerá-la procedente;

9.2. com fundamento no artigo 47 da Lei nº 8.443/92, c/c o artigo 252 do Regimento Interno/TCU, converter o presente processo em Tomada de Contas Especial, autorizando a Secex/MA a realizar as diligências necessárias ao saneamento dos autos, nos termos do Parecer Secex/MA-DT, de 20/06/2005;

9.3. com fulcro no artigo 30 da Resolução TCU nº 136/2000, e após o cumprimento das diligências a que se refere o subitem precedente, quando for o caso, determinar a formação de processos apartados de Tomada de Contas Especial, mediante o desentranhamento dos respectivos anexos que compõem os presentes autos, relativamente aos respectivos convênios e contratos de

2

Page 3: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

repasse abaixo indicados, à vista dos débitos resultantes das irregularidades na aplicação dos recursos financeiros correspondentes, autorizando a realização de audiência e/ou citação dos responsáveis, na forma do Parecer Secex/MA-DT, de 20/06/2005:

Contrato de Repasse nº 121.009-35/01-CEFContrato de Repasse nº 121.010-64/01-CEFContrato de Repasse nº 125.269/2001-CEFContrato de Repasse nº 129.402-75/2001-CEFContrato de Repasse nº 129.403-89/2001-CEFContrato de Repasse nº 130.555-46/2001-CEFContrato de Repasse nº 132.536-48/2001-CEFContrato de Repasse nº 160.187-15/2003-CEFConvênio EP nº 482/98-FUNASA Convênio EP nº 1.541/99-FUNASAConvênio EP nº 1.013/2001-FUNASAConvênio EP nº 1.165/99-FUNASAConvênio EP nº 2.237/2001-FUNASAConvênio EP nº 2.889/2001-FUNASAConvênio EP nº 483/1998-FUNASAConvênio EP nº 645/97-FUNASAConvênio EP nº 668/2000-FUNASAConvênio EP nº 812/99-FUNASAConvênio EP nº 648/1997-FUNASAConvênio FNDE nº 354/96Convênio FNDE nº 3644/96Convênio FNDE nº 3989/96Convênio FNDE nº 43.260/98Convênio FNDE nº 804312/2003Convênio FNDE nº 93.653/2001Convênio MMA/SRH nº 070/2001Convênio MMA/SRH nº 071/2001Convênio MMA/SRH nº 072/2001Convênio MPAS/SAS nº 107/97Convênio nº 1.178/2001-MINConvênio nº 1.655/99-FNSConvênio nº 1.565/2002-FUNASAConvênio nº 2.312/2001-Fundo Nacional de SaúdeConvênio nº 2.390/2000-Fundo Nacional de SaúdeConvênio nº 972/2001-Fundo Nacional de Saúde

9.4. com fulcro no artigo 44, parágrafo 2º, da Lei nº 8.443/92, decretar, cautelarmente, pelo prazo de 1 (um) ano, a indisponibilidade de bens dos Srs. Nilson Santos Garcia, Danilo Jorge Trinta Abreu, Jorge Luiz Santos Garcia e Baltazar Neto Santos Garcia, tantos quantos considerados bastantes para garantir o ressarcimento dos débitos apurados, relativamente aos contratos de repasse e convênios acima enumerados;

9.4.1. determinar à Secex/MA que adote providências no sentido de expedir comunicações aos órgãos e entidades competentes, visando assegurar o cumprimento da medida indicada no subitem 9.4 acima;

9.5. determinar a audiência dos respectivos responsáveis em relação aos instrumentos a seguir enumerados, para que apresentem razões de justificativa acerca das irregularidades cometidas quando da execução das avenças, conforme levantamento feito quando da fiscalização:

3

Page 4: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Contrato de Repasse nº 129.402-75/2001-CEFContrato de Repasse nº 41.832-12/97-CEFContrato de Repasse nº 74.225-76/98-CEFConvênio FNDE nº 750.374/2001Convênio FNDE nº 800.076/2003Convênio MMA/SRH nº 177/97Convênio nº 1.758/1998-Fundo Nacional de Saúde9.6. autorizar a realização de diligência junto à Gerência da Receita do Estado do

maranhão com vistas à solicitação dos elementos indicados nos subitens 3.32, 3.33 e 3.34 do Parecer Secex/MA-DT, de 20/06/2005, associados aos Convênios FNDE nºs 93.948/1999, 275/1996 e 91.863/1998, ficando, desde logo, autorizada a constituição dos respectivos processos de Tomada de Contas Especial, no caso de comprovação das irregularidades;

9.7. determinar à Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente a adoção de providências no sentido de ultimar o exame da prestação de contas relativa ao Convênio MMA/SRH nº 515/98, encaminhando a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, cópia dos pareceres emitidos;

9.8. encaminhar ao Ministério de Integração Nacional cópia dos achados de auditoria relativos ao Convênio nº 197/MIR, objetivando subsidiar o exame da respectiva prestação de contas;

9.9. encaminhar ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por intermédio da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania, cópia dos achados de auditoria referentes ao Programa Bolsa-Família, acompanhados dos respectivos registros consignados no Relatório de Inspeção, para os fins previstos nos artigos 33, 34 e 35 do Decreto nº 5.209/2004;

9.10. autorizar a concessão de vista e extração de cópia dos autos ao Sr. Paulo Cruz Pereira, advogado, restringindo, contudo, o acesso à autoria da Denúncia;

9.11. remeter cópia da presente deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a fundamentam:

9.11.1. aos denunciantes, ao Ministério Público do Estado do Maranhão, à Secretaria Federal de Controle Interno e ao Tribunal de Contas do Estado do Maranhão;

9.11.2. ao Ministério Público Federal, encaminhando, ainda, àquele órgão, cópia do Relatório de Inspeção; e

9.12. com fundamento no artigo 55, parágrafo 1º, da Lei nº 8.443/92, cancelar a chancela de sigiloso aposta aos autos, preservando-o, no entanto, em relação à autoria da Denúncia”.

7. Em observância aos itens 9.2 e 9.3 do decisum acima, a Secex/MA autuou 36 processos apartados de tomada de contas especial, consoante o termo de desentranhamento de fl. 2202, v. 10, bem como efetuou as diligências autorizadas e as audiências dos responsáveis identificados neste processo de denúncia, de acordo com o resumo constante da instrução de fls. 2073/2076, v. 10.8. Após o exame das informações coletadas em diligência e das razões de justificativas apresentadas pelos responsáveis, o auditor da Secex/MA elaborou a instrução de mérito de fls. 2267/2301, v. 11, nos seguintes termos:

“(...) 4. Em relação às determinações da referida deliberação, constatou-se, após longo e cansativo apanhado, que o exame a proceder deve centrar-se exclusivamente nos subitens 9.5 e 9.6, haja vista que os demais chegaram a bom termo.

5. No que tange ao subitem 9.6 do Acórdão 1.159/2005-TCU-Plenário, resposta da Secretaria de Fazenda do Estado do Maranhão, às fls. 2110/2112, expressamente consignou duas realidades: a) a impossibilidade de tecer comentários sobre as notas fiscais 025 e 026 da Comercial Tropical Ltda., 030 da Comercial Mirador Ltda. e 019 da Ravis Lisa Dist. e Representações Ltda.; e b) a inidoneidade das notas fiscais 166 e 167 da GRC Comércio e Representações Ltda., pois, ainda que tendo procedência a respectiva AIDF, aqueles documentos, emitidos após o prazo-limite de 18 meses a contar da autorização, são inidôneos à luz do Decreto 13.421/1993.

4

Page 5: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

6. Em razão dessa constatação, cumprirá, para satisfazer cabalmente a ordem do colegiado, a instauração de TCE dos responsáveis pela ocorrência (agora confirmada) que consta do subitem 34.3 do relatório de inspeção (fl. 333), ligada ao Convênio 91.863/98-FNDE e ao anexo 37.

7. A respeito do subitem 9.5 do Acórdão 1.159/2005-TCU-Plenário, a Secex/MA expediu a miríade de comunicações tabuladas às fls. 2225/2234, cujo resumo, para os fins que interessam de imediato, pode ser assim visualizado:

Instrumento de transferência voluntária Responsável Manifestação

Convênio nº 1.758/1998-FNS

Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa fls. 1835/1836Danilo Jorge Trinta Abreu fls. 651/656

Dental São José Comércio e Representações Ltda. (Guilherme de Freitas Pereira ou Juliana de Freitas

Pereira)não oferecida

Dentária Rio Lima Ltda. (Fernando José Rio Lima de Almeida) não oferecida

Manoel de Jesus Botelho fls. 1825/1826Norma Célia Oliveira Ferreira fls. 1827/1828

Ponto Dentário Ltda. (Francisco César da Paz Pereira) não oferecida

Convênio nº 177/1997-MMA/SRH

Danilo Jorge Trinta Abreu fls. 657/669Elizabete Leal Mendes fl. 2163

Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. não oferecidaJosé de Ribamar Freitas Abreu fls. 1791/1797

José Ribamar Freitas Abreu fl. 2162Manoel de Jesus Botelho não oferecida

Maria das Graças Assis Paz fls. 694/702Nilson Santos Garcia fls. 1837/1839

Pilares Construções e Serviços Ltda. não oferecidaVick Construções Indústria e Comércio Ltda.

(Francisco de Paulo Oliveira da Cruz) não oferecida

Convênio nº 800.076/2003-FNDE

Associação de Saúde da Periferia do Maranhão fls. 1000/1086Centro de Apoio à Educação Básica fls. 705/998

Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí fls. 787/997

Fabiane Pinheiro Trinta não oferecidaIdália Sinfrósia Cardoso Ferreira não oferecida

Lusimaria Costa não oferecidaMárcio Ribeiro de Jesus Sousa fls. 1829/1831

Nilson Santos Garcia fls. 1843/1845Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto) não oferecida

Weder Pereira Garcia fl. 2161

Contrato de Repasse nº 129.402-75/2001

CJ Construções Ltda. (Jacinto de Jesus Costa ou Jorge Luís Santos Garcia) não oferecida

Maria das Graças Assis Paz não oferecidaMaura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa não oferecida

Nilson Santos Garcia fls. 1840/1842 Sônia Luzia Pinheiro Trinta fls. 1853/1856

Contrato de Repasse nº 132.536-48/2001

AC Abreu e Paz Ltda. (Marinilde Pinheiro Serra) não oferecidaAJ Ferreira Ltda. (Jorge Luís Santos Garcia) fl. 2160

CJ Construções Ltda. (Jorge Luís Santos Garcia) fl. 2160Maria das Graças Assis paz não oferecida

Maura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa não oferecida

5

Page 6: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Instrumento de transferência voluntária Responsável Manifestação

Nilson Santos Garcia fls. 1846/1852Sônia Luzia Pinheiro Trinta fls. 1857/1859

Contrato de Repasse nº 41.832-12/1997

Baltazar Neto Santos Garcia fls. 1823/1824Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa fls. 1832/1834

Danilo Jorge Trinta Abreu fls. 670/679Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. não oferecida

Maria das Graças Assis Paz fls. 685/693Pilares Construções e Serviços Ltda. (Fábio César

Carvalho ou Rita de Cássia Miranda Almeida) fls. 1865/1928

Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. (Maria Vitória Marques Brandão) não oferecida

Convênio 750.374/2001-FNDE

Marcopolo S/Afls. 1861/1864

fls. 1799/1800 e 1816/1820

Maria de Nazaré Martins não oferecidaMaura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa não oferecida

Nilson Santos Garcia não oferecidaSônia Luzia Pinheiro Trinta não oferecida

Contrato de Repasse nº 74.255-76/1998 Danilo Jorge Trinta Abreu fls. 680/684

8. Antes do escrutínio das alegações defensivas, impende frisar que, para evitar bis in idem, não se fará qualquer análise acerca das justificativas relativas aos Contratos de Repasse nºs 132.536-48/2001 e 129.402-75/2001, visto como as irregularidades que enodoam as duas avenças (e que constituem o cerne das audiências no momento examinadas) foram objeto dos processos TC 009.445/2006-4 e TC 009.753/2006-2, desembocando nos Acórdãos 2.668/2009 e 1.682/2009, ambos do Plenário, conforme se vê às fls. 2203/2212 e 2213/2224, v. 10, respectivamente.

9. Por isso, restringir-se-á a abordagem aos demais instrumentos de transferência voluntária.

10. IRREGULARIDADES VERIFICADAS NA EXECUÇÃO DO CONVÊNIO Nº 1.758/1998-FNS (as remissões foram feitas a páginas do anexo 25):

‘- Propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.).

Vê-se sem dificuldade que, no Convite n° 34/98 (fls. 83/102), as licitantes Dentária Rio Lima Ltda. (fls. 86/87), Ponto Dentário Ltda. (fls. 90/91) e Dental São José Comércio e Representações Ltda. (fls. 94/95) apresentam propostas e planilhas deveras parecidas, podendo-se destacar as palavras ‘esterelização’, ‘maquina’ de escrever, ‘termometro’, além da formatação das planilhas e outros aspectos gráficos e/ou redacionais.

- Licitantes com mesmo endereço:A par da similitude de propostas, depõe absolutamente contra a idoneidade do processo licitatório

em epígrafe o fato de que as três licitantes se situam no mesmo endereço: Rua Afonso Pena, 98, Centro, São Luís/MA (vide cabeçalho a fls. 86, 90 e 94).

- Licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico:Esta irregularidade desvenda que Juliana P. Rio Lima de Almeida é, ao mesmo tempo, diretora

administrativa e financeira da licitante Ponto Dentário (vide assinatura e sinete à fl. 91) e pessoa natural que, em nome da Dentária Rio Lima Ltda., hipotética vencedora do Convite n° 34/98, assinou em 16 de novembro de 1998 o contrato de fornecimento com a Prefeitura de Palmeirândia/MA (termo à fl. 101).

- Valor da proposta vencedora igual ou muito próximo ao do valor orçado pela Prefeitura de Palmeirândia/MA:

Cumpre, ademais, notar que a proposta da licitante Dentária Rio Lima Ltda. (fls. 86/87), que se sagrou vencedora do certame, reproduziu boa parcela do orçamento (fl. 109) projetado pela Prefeitura para o objeto do Convite n° 34/98, tendo um índice de ‘coincidência’ de quase 50% do total de itens.

6

Page 7: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

- Não aprovação da prestação de contas pelo órgão repassador:Impropriedades na licitação (falta de parecer jurídico sobre a minuta etc.) e, no plano da

execução da despesa, diferença entre o preço da balança de 100 kg nas notas fiscais 1852 (fl. 28) e 1963 (fl. 71), com perda de mais de mil reais, levaram a Secretaria Executiva do FNDE a recomendar a adoção de medidas tendentes a sanear problemas relacionados com a execução do objeto conveniado. Não houve resposta, segundo consta, a respeito do assunto veiculado por meio do Ofício MS n° 000044 (fl. 2)’.

11. Justificativas sobre as irregularidades atinentes ao Convênio nº 1.758/1998-FNSAbaixo se transcrevem (com redução de texto, mas sem qualquer perda do essencial) as

razões de justificativa de cada um dos responsáveis, com exceção das referentes às seguintes pessoas jurídicas: Dentária Rio Lima Ltda., Ponto Dentário Ltda. e Dental São José Comércio e Representações Ltda.; que se mantiveram silentes.

11.1. Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa (fls. 1835/1836) ‘Tais assertivas não devem prosperar, vez que trata-se de observações de natureza subjetiva,

senão vejamos: a) propostas com idêntica padronização gráfica ou visual; b) valor da proposta igual ou muito próximo ao valor orçado; c) licitantes com o mesmo endereço. Nunca foram e nem serão motivo para comprometer a seriedade dos atos da comissão de Licitação da prefeitura de Palmeirândia.

No procedimento administrativo-licitatório não existia e nem poderia existir nenhuma restrição quanto à participação societária. Não existe nenhuma proibição no Direito Brasileiro quanto à participação societária em várias empresas de uma mesma pessoa. Trata-se de participação societária na forma e nos moldes legais.

Vê-se que, senão por motivos subjetivos, outros não existem que levem o procedimento licitatório a vícios decorrentes de má-fé da comissão de licitação.

Esta não pode ser responsabilizada por atos dos proponentes (propostas semelhantes), no mesmo modo, se a proposta inicial foi também semelhante à proposta vencedora, não pode ser a comissão penalizada.

Assim, e pelas razões de justificativas ora apresentadas roga-se pelo saneamento da situação, preliminarmente, dita como irregular’.

11.2. Manoel de Jesus Botelho e Norma Célia Oliveira Ferreira (fls. 1827/1828 e 1825/1826)

‘Tais assertivas não devem prosperar, vez que trata-se e observações de natureza subjetiva, senão vejamos: a) propostas com idêntica padronização gráfica ou visual; b) valor da proposta igual ou muito próximo ao valor orçado; c) licitantes com o mesmo endereço.

Tais fatos nunca foram e nem serão motivo para comprometer a seriedade dos atos da Comissão de Licitação da Prefeitura de Palmeirândia.

No procedimento administrativo licitatório não existia e nem poderia existir nenhuma restrição quanto à participação societária. Não existe nenhuma proibição no Direito Brasileiro quanto à participação societária em várias empresas de uma mesma pessoa. Trata-se de participação societária na forma e nos moldes legais.

Vê-se que, senão por motivos subjetivos, outros não existem que levem o procedimento licitatório a vícios decorrentes de má-fé da comissão de licitação.

A comissão de licitação não pode ser responsabilizada por atos dos proponentes (propostas semelhantes), cujos atos são de inteira responsabilidade das empresas participantes do certame e não da comissão de licitação. Do mesmo modo, se a proposta inicial foi também semelhante à proposta vencedora, não pode ser a comissão penalizada, pois não havia como aferir se as propostas eram semelhantes ou não. Indaga-se? Propostas semelhantes ou próximas de 1icitantes conduz a incriminação dos membros da comissão de licitação? À evidencia que não.

Assim, e pelas razões de justificativas ora apresentadas roga-se pelo saneamento da situação, preliminarmente, dita como irregular’.

11.3. Danilo Jorge Trinta Abreu (fls. 651/656) ‘A primeira ‘constatação’ cingiu-se à propostas com idêntica padronização gráfica ou visual

(estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.).Caro Ministro, o controle da existência de padronizações gráficas ou visuais nas propostas não se

mostra de competência do Prefeito Municipal, mas sim da Comissão de Licitação, órgão autônomo, constituído para esse fim, sendo certo que seus atos são postos à apreciação do Prefeito para homologação quanto a sua legalidade, e não para aferição de pormenores de controle delegado.

7

Page 8: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Portanto, em se tratando de suspeita traduzida em propostas com idêntica padronização, assaz se mostra que eventual ilegalidade é de cunho subjetivo, competindo a quem tinha o dever legal de recebê-las, apreciá-las e julgá-las.

Continua o relatório quanto à licitantes com mesmo endereço. Essa circunstância se mostra idêntica à tratada acima, competindo à Comissão de Licitação o controle e regulação dessas circunstâncias.

A terceira dita irregularidade: licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico. Como explicitado alhures, compete aos membros da Comissão de Licitação avaliar a documentação ofertada pelos licitantes. E nesse espeque não poderia ser diferente.

A quarta irregularidade: valor da proposta vencedora igual ou muito próximo ao do valor orçado pela Prefeitura Municipal.

Nobre Ministro, igual falta de responsabilidade remanesce ao Prefeito, por atos tomados pela Comissão de Licitação. Como é de se observar, o fato da proposta vencedora ter sido igual ou muito próxima ao do valor orçado não indicia nenhuma irregularidade, sendo certo que tornou-se vitoriosa a proposta mais vantajosa para o Município, que era a de menor valor.

A quinta e última irregularidade apontada: não aprovação da prestação de contas pelo órgão repassador. Absurda a alegativa dos analistas subscritores da fiscalização guerreada, eis que, como transcrito, essa prestação de contas não foi desaprovada, tendo, na realidade, sido baixada para diligências, razão porque deve ser desconsiderada essa dita irregularidade, posto que não configurada’.

12. AnáliseAs justificativas apresentadas por Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa, Manoel de Jesus

Botelho e Norma Célia Oliveira Ferreira, membros da CPL de Palmeirândia, não têm força para elidir as irregularidades motivadoras da audiência. Na realidade, embora tachando de subjetivas constatações puramente objetivas e calcadas em documentação idônea feitas pela Secex/MA, foram os próprios contestantes que deixaram de fundamentar a respectiva defesa. Nesse sentido, basta ver a alegação de que nada, no direito interno, veda a participação de uma pessoa jurídica em outra, quando é certo, porém, que existe vedação de que pessoas jurídicas integrantes de grupo econômico (ainda mais de forma sub-reptícia, como aconteceu) participem de um mesmo certame. Por outro lado, aos membros da CPL era dado, ao contrário do que se alega, aferir as grosseiras semelhanças na oferta (não causadas, diga-se de logo, por qualquer padronização anterior à conta do instrumento convocatório) ou nos itens de preço.

Com relação à defesa de Danilo Jorge Trinta Abreu, há de refutá-la por três razões centrais.

Primeiramente, ao responsável, então prefeito municipal, coube a homologação do procedimento licitatório, ato administrativo que sobre ele lançou a responsabilidade por falhas anteriores, delas não se eximindo diante de manifestações que, não fora a dele, jamais chegariam a aperfeiçoar a emanação volitiva da administração pública.

Em segundo lugar, não desfez, ante a igualdade formal e redacional das ofertas, a proximidade de endereço e sócios comuns entre participantes do certame e a propinquidade ou absoluta igualdade dos preços apresentados, a existência de forte indício de conluio entre os licitantes, constituindo, ao reverso do que averba o defendente, irregularidade de grande significado.

Por último, como verificou a Secex/MA, impropriedades na licitação (falta de parecer jurídico sobre a minuta etc.) e, no plano da execução da despesa, diferença entre o preço da balança de 100 kg nas notas fiscais 1852 e 1963 (fls. 28 e 71, anexo 25), com ‘quebra’ de mais de mil reais, levaram a Secretaria Executiva do FNDE a recomendar a adoção de medidas tendentes a sanear problemas relacionados com a execução do objeto conveniado, sem que, à época daquela admoestação ou agora, haja qualquer prova de solução do problema, conforme veiculado pelo Ofício MS nº 000044 (fl. 2, anexo 25).

13. IRREGULARIDADES ATINENTES AO CONVÊNIO Nº 177/1997-MMA/SRH (as remissões foram feitas a páginas do anexo 5)

‘- Movimentação/recebimento de recursos federais por membros do Executivo de Palmeirândia ou por pessoas de qualquer modo estranhas à execução do objeto do convênio ou do contrato de repasse, conforme se constatou ao comparar prestação de contas e dinâmica bancária da conta específica:

8

Page 9: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Sem dúvida a irregularidade de maior envergadura, de que se tornam ancilares as demais, é a referente à percepção ilícita de valores do Convênio n° 177/97 por agentes da Prefeitura de Palmeirândia (o prefeito Danilo Jorge e o secretário Manoel Botelho).

A constatação foi obtida graças ao comparativo entre a relação de pagamentos (fl. 6) e a movimentação (fls. 111/131) da conta corrente 30.395-X, agência 2607-7 do Banco do Brasil, conforme tabulação abaixo:

Cheque Valor (R$) Data Tomador no cheque

Beneficiário real do título

Operação Tomador/Credor declarado na

prestação de contas993141

(fls. 124/125)

247.473,76 14/4/1998 Pilares Construções e

Serviços

Botelho (coendossante) e Pilares Construções e

Serviços

Retirada em guichê

Pilares Construções e

ServiçosQuer dizer, o desembolso não foi realmente feito à credora Pilares Construções e Serviços,

suposta construtora que executaria as barragens de terra relativas ao Convênio n° 177/97, mas ao referido agente público municipal.

Essa apropriação ilícita, por outro lado, é causa (ou efeito) dos atos irregulares a cuja narrativa abaixo se procede.

- Inexecução parcial ou total do objeto previsto no convênio ou no contrato de repasse, a caracterizar divergência entre a realidade da obra (itens de planilha sem execução, estágio de execução, existência ou não do objeto etc.) e o que consta formalmente da prestação de contas:

Importante na medida em que demonstra a infidelidade das informações constantes do termo de recebimento à fl. 12, o presente tópico resulta do apanhado fotográfico e descritivo feito pela equipe em visita às obras do convênio em questão, distribuídas nominalmente nos povoados de Marmorama, Marcela e Campinho. Eis o que se constatou:

Povoado visitado

Localização das fotos (fl.)

Observações de campo

De Marmorama a

Cruzeiro

132/135 Há 16 anos foi feita a barragem (pref. José Carlos Muniz); a recuperação foi mais ou menos em 1997/98; a recuperação foi uma nova camada de laterita; quando necessário só faz recapeamento; os próprios moradores tapam os buracos; o serviço de recuperação da planilha prevê desmatamento, escavação e limpeza com remoção de camada vegetal – não houve draga - nada disso existiu; moradores ouvidos: José Maria Farias de Sousa; Maria Amélia Frazão (marido morreu há 16 anos); João Edelson Amorim e Maria Tereza Botelho; localização – GPS - Marmorama: S 02º 40’52,0’’ e W 44º 54’ 04,6’’; após 410,0 m: S 02º 41’ 12,3’’ e W 44º 54’ 17’’

Marcela /Campinho

136/138 Marcela: S 02º 36’ 38’’ e W 44º 59 ‘ 26,1’’; S 02º 36’ 35,6’’ e W 44º 59’ 24,4’’. Obs.: alguns moradores disseram que a barragem do Campinho emenda com Marcela, no entanto, outros negam (...); feita em 1998 (segundo o morador Joaci dos Santos Rodrigues). Campinho: S 02º 36’ 47,7’’ e W 45º 00’ 06,5’’; Marcela: 96,8 m, diferente de 1.500 m –projeto; Campinho – 192 m

Souto 139/141 S 02º 44’ 00’’; N 45º 02’ 59’’; mais ou menos 400 m fazem parte da estrada; foto 37 fundo é leito, não é água; Segundo Manoel de Jesus Lobato Chagas, a barragem foi feita na gestão do Remi Trinta; José Carlos Costa (lavrador); Paula Albertina Pereira Costa, comerciante; Manoel de Jesus Chagas (lavrador); Obs.: poço no povoado Souto teria sido feito com SAA na gestão do Nilson Garcia; não há convênio relacionado.

- Indevida dispensa ou adoção de modalidade de licitação inadequada:Trata-se de indevida dispensa de licitação para contratação da empreiteira Pilares Construções,

ainda que o ato tenha sido precedido de ‘consulta’ a duas outras pretensas sociedades do ramo de construção civil.

O dado destoante é que, sem embargo de pedido de emergência feito pelo Secretário de Obras (fl. 36) e do Decreto n° 001/98 baixado pelo prefeito Danilo Jorge Trinta, não se conseguiu divisar fundamentação e solidez na decretação de dispensa de licitação, com base no art. 24, inciso IV, da Lei

9

Page 10: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

n° 8.666/93, haja vista que, na fase de visita ao local, o que se descobriu foi uma realidade completamente distinta da que fora apontada para a contratação direta, em sentido que desmentia a situação de urgência explicitada naqueles atos oficiais.

- Propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.):

As ofertas das sociedades empresárias ‘consultadas’, ou seja, Pilares Construções e Serviços Ltda. (fls. 49/53), Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. (fls. 54/58) e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. (fls. 59/63), contêm formatação gráfico-textual deveras assemelhada.

Só para ilustrar, observem-se, em cada uma delas, a posição do cabeçalho e os barbarismos ‘DESCRIÇAO’, ‘UNITARIO’ e ‘SUB-TOTAL’.

- Propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens de custo consecutivos ou não:Além das coincidências gráficas e redacionais, aquelas ‘consultas’ trazem intrigante

igualdade nos preços dos itens ofertados, conforme se observa na tabela abaixo:Item Preço unitário da Pilares Construções Preço unitário da Estrela Preço unitário Vick Construções1.1 100,00 100,00 100,002.1 0,11 0,11 0,112.2 3,75 3,75 3,752.3 0,40 0,40 0,402.4 0,95 0,95 0,952.5 1,90 1,90 1,903.1 82,30 82,30 82,303.2 96,50 100,00 96,50

- Licitantes/fornecedores de bens/serviços de titularidade ou com participação de servidor (ou ex-servidor) da Prefeitura:

Fala-se do engenheiro Francisco Silva, que, afora assinar esse (fls. 39/42) e outros projetos de obra ou reforma da Prefeitura Municipal de Palmeirândia, é contratado da Pilares Construções (ver docs. a fls. 144/147), adjudicatária do objeto da dispensa de licitação, tendo atuado, em outras circunstâncias, como procurador da Construtora Troya (ver doc. a fls. 148), que viria a tornar-se vencedora de diversos certames municipais.

Acrescente-se que o referido engenheiro subscreveu (fl. 89) o instrumento de convênio na condição de testemunha instrumentária da prefeitura, bem como fora contratado em 1998 (fl. 149) para trabalhar na FG Construções, empreiteira de Maria das Graças Assis Paz, membro da CPL municipal, que participara de licitação ou realizara obras em Palmeirândia.

- Ausência de documentos (certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública municipal:

É observável, por outro lado, que a contratação da Pilares, conforme instrumento negocial às fls. 70/72, não se fez preceder de qualquer exigência de certidões negativas quanto ao FGTS e à Previdência Social’.

14. Justificativas sobre as irregularidades atinentes ao Convênio nº 177/1997-MMA/SRH Abaixo se transcrevem (com redução de texto, mas sem qualquer perda do essencial) as

razões de justificativa de cada um dos responsáveis, com exceção de Manoel de Jesus Botelho e das seguintes pessoas jurídicas: Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda., Pilares Construções e Serviços Ltda. e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda.; que se mantiveram inertes.

14.1. Danilo Jorge Trinta Abreu (fls. 657/669)‘A primeira ‘constatação’ cingiu-se: movimentação/recebimento de recursos federais por membros

do Executivo de Palmeirândia ou por pessoas de qualquer modo estranhas à execução do objeto do convênio ou do contrato de repasse, conforme se constatou ao comparar prestação de contas e dinâmica bancária da conta específica.

Como se observa, o que traduz dita ‘irregularidade’ na Auditoria procedida, é o fato de que tanto o ora defendente, como o secretário Manoel Botelho, promoveram movimentação das contas e recebimento dos recursos enviados para consecução das obras, tendo se apropriação ilicitamente dos mesmos. Essa afirmação inverídica foi lançada no bojo do referido relatório de fiscalização.

Porém, Excelência, o fato de eventualmente ter sido efetuados saques na referida conta pelo defendente não significa dizer que não tenham sido honrados os compromissos assumidos junto ao prestador de

10

Page 11: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

serviços, e muito menos que tais valores tenham sido objeto de apropriação indevida, sendo temerária, para não dizer infeliz e irresponsável, a conclusão lançada pelos subscritores da aludida fiscalização.

Para tanto se faz mister analisar os autos da prestação de contas, onde serão vistos os recibos de pagamento da prestadora de serviços Pilares Construções e Serviços Ltda., atinentes ao repasse dos valores devidos na obra de recuperação de barragem de terra, objeto do Convênio nº 177/97.

Acrescente-se, Excelência, por necessário, que se mostra uma praxe do Município de Palmeirândia movimentar os valores que lhe são destinados em pecúnia, com pagamento em espécie aos prestadores de serviços, tendo em vista que não existem Casas Bancárias naquele município, forçando-se assim os gestores a utilizarem desse expediente, quanto não escorreito, se mostra quão necessário.

Por essas colocações se tem por justificados os referidos saques que não traduzem em momento algum, e em colocação alguma, indício de apropriação indébita ou de desvio de dinheiro público.

A segunda divagação lançada: inexecução parcial ou total do objeto previsto no convênio ou no contrato de repasse, a caracterizar divergência entre a realidade da obra (itens da planilha sem execução, estágio da execução, existência ou não do objeto etc.) e o que consta formalmente da prestação de contas.

Como se observa no relatório impingido, retrata-se uma verdade quanto à Barragem de Marmorama: realmente a obra havia sido feita na gestão do Prefeito José Carlos Muniz. Tanto que, Excelência, quando da tomada do referido convênio, seu objeto foi a recuperação de barragem de terra. De mais a mais a outra verdade cingiu-se ao fato de ter sido afirmado pelos moradores que sua recuperação foi feita em 1997/1998, o que corrobora o Termo de Recebimento Definitivo de Obras de fls. 12 dos autos, datada de 23 de junho de 1998.

Portanto, Excelência, outra leviandade se mostra nas divagações dos subscritores da fiscalização ora combatida, eis que consignaram, demonstrando profundo interesse de prejudicar, que são infiéis às informações constantes do termo de recebimento de fls. 12, quando os fatos por ele mesmos citados dão conta de recuperação da barragem entre 1997/1998, cujas informações foram procedidas pelos populares ouvidos.

A barragem do Povoado Marcela também foi recuperada em 1998, considerando que já existia uma construção inicial, feita por outro gestor municipal, valendo destacar que as obras na época foram além do objeto conveniado, conquanto que fora empreendida pela prefeitura o piçarramento da estrada, eis que de nada adiantaria a barragem, sem a possibilidade dos moradores acessarem a comunidade.

Quanto à barragem do Povoado Souto, esta também fora construída na gestão de Remi Trinta, haviam 25 anos, motivo pelo qual urgia sua recuperação que, diga-se de passagem, feita além do objeto do convênio, eis que foram colocados pilares de concreto armado e mais o taboamento, inexistentes na Planilha Orçamentária.

A terceira divagação do relatório de fiscalização: indevida dispensa ou adoção de modalidade de licitação inadequada.

Nobre Ministro, como sempre asseverado pelo causídico que subscreve essa peça, a ‘Aplicação do Direito não se oriunda de nada mais do que o bom-senso’.

Ora, como se observa dos autos, a inspeção fora realizada recentemente, compreendendo o interstício 1996-2004. Daí que ininteligível a assertiva dos analistas que recentemente se dirigiram ao referido local, eis que afirmaram, na ‘fase de visita ao local, o que se descobriu foi realidade completamente distinta da que fora apontada para a contratação direta em sentido que desmentia a situação de urgência explicitada naqueles atos oficiais’.

Nobre Ministro, sinceramente, como se pode constatar em 2005 uma situação emergencial que alegadamente ocorrera em 1998?

Em corroboração a nossa tese, Sr. Ministro, é humanamente impossível ter-se como verossímil uma alegada visita em 2005 que demonstre cabalmente a inexistência de uma emergência ou calamidade pública ocorrente em 1998, devidamente traduzida em pedido formal de emergência, recebido e caracterizado por Decreto Legal.

De mais a mais, tal relatório não informou sequer em que base se sustenta as alegações expendidas, traduzindo-se em apenas especulação ou opinião própria que não enseja a responsabilização pretendida.

A quarta colocação: propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.).

Caro Ministro, o controle da existência de padronizações gráficas ou visuais nas propostas não se mostra de competência do Prefeito Municipal, mas sim da Comissão de Licitação, órgão autônomo, constituído

11

Page 12: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

para esse fim, sendo certo que seus atos são postos à apreciação do Prefeito para homologação quanto a sua legalidade, e não para aferição de pormenores de controle delegado.

Portanto, em se tratando de suspeita traduzida em propostas com idêntica padronização, assaz se mostra que eventual ilegalidade é de cunho subjetivo, competindo a quem tinha o dever legal de recebê-las, apreciá-las e julgá-las.

Continua o relatório: propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens de custo consecutivos ou não.

Essa circunstância se mostra idêntica à tratada acima, competindo à Comissão de Licitação o controle e regulação dessas circunstâncias.

A sexta dita irregularidade: licitante(s)/fornecedor(es) de bens/serviços de titularidade ou com participação de servidor (ou ex-servidor) da prefeitura.

As informações prestadas pelos analistas subscritores da fiscalização são inconsistentes. Não é de conhecimento do ora defendente que o aludido engenheiro Francisco Silva seja funcionário ou ex-funcionário da Prefeitura Municipal de Palmeirândia.

O fato dele ter sido contratado por diversas construtoras não evidencia fraude ou outra qualquer irregularidade, eis que na condição de engenheiro, o certo é ser contratado por construtoras, quanto mais quando algumas dessas construtoras são sediadas fora de Palmeirândia, e necessitavam de um responsável de obra na localidade, e nada mais adequado do que contratar alguém que residia nas proximidades de Palmeirândia.

A última infundada alegativa: ausência de documentos(certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública municipal.

A alegada ausência de documentos fiscais não se mostra de responsabilidade do Prefeito Municipal, eis que a delegação da competência legal torna os membros da Comissão de Licitação responsáveis pessoalmente pelos seus atos, valendo destacar que estes devem emitir a Adjudicação no certame, que, necessariamente, por determinação da Lei 8.666/93, carece da demonstração da regularidade fiscal por si aferida.

Diante disso, o gestor, responsável homologação, deve-se ater aos termos adjudicação, e no caso em espécie, o ato (adjudicatório) foi procedido dentro formalidades legais, razão pela qual homologado. Se as certidões são verdadeiras ou falsas, não condiz responsabilidade do Prefeito que apenas homologou o ato adjudicatório firmado por quem tem o dever objetivo de aferir suas autenticidades. Se estes foram induzidos a erro ou erraram intencionalmente, decerto é que lançaram na adjudicação os documentos como válidos, não cabendo, - eis que nem caberia -, ao Prefeito Municipal fiscalizar caso a caso, conquanto que a fiscalização é delegada aos membros da Comissão de Licitação’.

14.2. Elizabete Leal Mendes (fl. 2163) ‘A Comissão de Licitação recebeu do Poder Executivo Municipal um pedido de abertura de

licitação, modelo tomada de preço, devidamente assinada pelos setores competentes recomendando pedido emergencial. A CPL do Município encaminhou o processo ao departamento jurídico municipal para o seu parecer sobre o pedido. O departamento jurídico anexou ao processo decreto assinado pelo prefeito, assim como seu parecer favorável ao processo em regime de emergência, o que foi executado pela comissão.

Quanto a supostas irregularidades de grafia das propostas não tínhamos como identificar, pois foi recomendado dispensa de licitação.

Quanto às certidões solicitadas no edital, todas estavam apensadas no processo de dispensa quando enviado ao poder executivo.

Quanto à movimentação financeira de recursos não tenho explicação, pois não tinha nenhuma participação como membro da CPL.

Quanto à execução do objeto também não nos diz respeito’.14.3. José de Ribamar Freitas Abreu (fls. 1791/1797)‘O Interessado é parte ilegítima no referido processo, e não mantém relação alguma com o

responsável, qual seja, a Prefeitura Municipal de Palmeirândia. Isso porque o nome do verdadeiro responsável, conforme documento nos autos do processo de n° 02 (doc. n° 01), e que também se faz presente nesta defesa, e José Ribamar Freitas Abreu, secretário de Obras daquele município, que de fato confunde-se com o nome do Interessado, José de Ribamar Freitas Abreu, diferenciando-se apenas com a palavra ‘de’, ap6s o primeiro nome (vide doc. 02 e 03).

Portanto, o Interessado está incluso no processo mediante erro da Secretaria do próprio Tribunal de Contas, erro um tanto quanto compreensível em virtude da pequena diferença quanto ao nome, mas que gera

12

Page 13: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

consequências transtornantes por não se tratar da mesma pessoa, envolvendo um cidadão comum que inclusive teve que se deslocar do Rio de Janeiro ao Maranhão praticamente às pressas conforme passagens em anexo (doc. 04) e endereço em própria citação do referido processo (doc. 05), visando tomar parte da situação e manifestar-se, como o faz agora.

Ratifica o Interessado que não tem relação alguma com a Prefeitura de Palmeirândia/MA, muito menos com quaisquer de seus administradores lato sensu, quais sejam, prefeito, vice-prefeito, secretários e outros ligados a Prefeitura de forma direta e indireta, nem com ações por eles exercidas, principalmente a obra a que fez referência o processo em questão, e que não emitiu o Relatório de Cumprimento do Objeto (doc. 01), pois quem o faz é o Sr. José Ribamar Freitas Abreu, Secretário Municipal de Obras, pessoa absolutamente dessemelhante e desconhecida do Interessado.

Por todo o exposto, requer que V. Ilma. Sa. se digne a fazer a devida correção processual, desentranhando assim dos autos o nome do Interessado para que possa ser chamado ao processo o Sr. José Ribamar Freitas Abreu, Secretário de Obras do Município de Palmeirândia/MA e verdadeiro interessado, e sejam tomadas as medidas cumpridoras da Justiça do TCU’.

14.4. José Ribamar Freitas Abreu (fl. 2162) ‘O Prefeito Municipal da época solicitou a nossa secretaria que a obra fosse executada em regime

de emergência devido período chuvoso em nossa região. Como Secretário de obras, fiz a solicitação à CPL do Município. Não tive participação na licitação e nem nas empresas que porventura dela participaram. Como não fui ouvido como Secretário de Obras no que se refere ao andamento, gerenciamento, execução e participação técnica na obra, que era recuperação das barragens Marmorana, Marcela e Campinho, pedi o meu desligamento da referida Secretaria.

Quanto à movimentação financeira de recursos não tenho explicação, pois não tinha nenhuma participação como Secretário de Obras.

Quanto a possíveis vícios no processo licitatório não tenho explicação, pois não fazia parte da CPL’.

14.5. Maria das Graças Assis Paz (fls. 694/702)‘A primeira ‘constatação’ cingiu-se: indevida dispensa ou adoção de modalidade de licitação

inadequada.Nobre Ministro, como sempre asseverado pelas causídicas que subscrevem essa peça, a

‘Aplicação do Direito não se oriunda de nada mais do que o bom-senso’.Ora, como se observa dos autos a inspeção fora realizada recentemente, compreendendo o

interstício 1996-2004. Daí que ininteligível a assertiva dos analistas que recentemente se dirigiram ao referido local, eis que afirmaram, na ‘fase de visita ao local, o que se descobriu foi uma realidade completamente distinta da que fora apontada para a contratação direta, em sentido que desmentia a situação de urgência explicitada naqueles atos oficiais’.

Nobre Ministro, sinceramente, como se pode constatar em 2005 uma situação emergencial que alegadamente ocorrera em 1998?

Em corroboração a nossa tese, Sr. Ministro, é humanamente impossível ter-se como verossímil uma alegada visita em 2005, que demonstre cabalmente a inexistência de uma emergência ou calamidade pública ocorrente em 1998, devidamente traduzida em pedido formal de emergência, recebido e caracterizado por Decreto Legal.

De mais a mais, tal relatório não informou sequer em que base se sustenta as alegações expendidas, traduzindo-se em apenas especulação ou opinião própria que não enseja a responsabilização pretendida.

Por oportuno cabe ressaltar, a Lei 8666/93, no art. 24, IV, estabelece que quando há pedido de emergência no município, pode decretar dispensa de licitação, mesmo assim foi consultada três Empresas, ganhando aquela que ofereceu menor valor, a defendente como presidente de Comissão de Licitação, apenas cumpriu o Decreto baixado pelo Prefeito, sendo este quem decretou emergência no Município, portanto nada havendo de irregular.

A segunda colocação: propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação a descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.).

Tratando de suspeita traduzida em propostas com idêntica padronização, e apenas especulação do Relator, mesmo assim a Lei 8666/93 não proíbe que as propostas sejam parecidas, deste modo não há nenhuma ilegalidade.

13

Page 14: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Terceira colocação: propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens de custo consecutivos ou não.

Essa circunstância se mostra idêntica à tratada acima, é opinião de cunho meramente subjetivo, a Comissão de Licitação cumpriu estritamente o que a Lei estabelece, não havendo por parte desta nenhuma ilegalidade, nem ao menos tentar burlar a aplicação da lei.

A quarta dita irregularidade: licitante(s)/fornecedor(es) de bens/serviços de titularidade ou com participação de servidor (ou ex-servidor) da prefeitura.

As informações prestadas pelos analistas subscritores da fiscalização, são inconsistentes. Não é de conhecimento da ora defendente que o aludido engenheiro FRANCISCO SILVA seja funcionário ou ex-funcionário da Prefeitura Municipal de Palmeirândia.

O fato de ele ter sido contratado por diversas construtoras não evidencia fraude ou outra qualquer irregularidade, eis que na condição de engenheiro, o certo é ser contratado por construtoras, quanto mais quando algumas dessas construtoras são sediadas fora do Município (Palmeirândia), e necessitavam de um responsável de obra da localidade, e nada mais adequado do que contratar alguém que residia nas proximidades de Palmeirândia, principalmente sendo este um profissional competente.

A última infundada alegativa: ausência de documentos (certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública municipal.

A alegada ausência de documentos fiscais são infundadas, em se tratando que no momento do certame, um dos requisitos principais para participar do mesmo, era a apresentação dessas documentações, as quais, foram todas juntadas no processo. Se hoje, nobre Ministro, não se encontram, não pode esta defendente ser responsabilizada por qualquer extravio ao longo desse tempo, não podendo esquecer que o certame aconteceu em 1998.

Atendendo às formalidades legais, até que prove o contrário, todas as certidões tinham autenticidades, e para aferi-las neste momento necessitaria de peritos que não cabe a defendente requisitá-lo.

Portanto, Excelência, como fartamente demonstrado, refutando-se todas as alegativas lançadas, a ora defendente não negligenciou em suas atribuições como Presidente da Comissão de Licitação, valendo destacar que todos seus atos foram procedidos dentro de suas prerrogativas, e proferidos dentro da legalidade’.

14.6. Nílson Santos Garcia (fls. 1837/1839) ‘O item 2.3 - Movimentação/recebimento de recursos federais por membros do Executivo de

Palmeirândia ou por pessoas de qualquer modo estranhas a execução do objeto do convênio ou do contrato de repasse, conforme se constatou ao comparar prestação de contas e dinâmica bancária da conta específica.

Irregularidade adjetivada como de ‘maior envergadura’, e que ainda, segundo o malfadado relatório, ‘à qual todas as demais são ancilares’.

Em espécie, trata-se, de simples endosso do cheque do Banco do Brasil n° 993.141, agência 2607-7, conta corrente 30.395-X, pelo Sr. Manoel de Jesus Botelho, à época tesoureiro da Prefeitura Municipal de Palmeirândia.

Antes porém de nos atermos detidamente sobre o fato dito ‘irregular’ é por demais necessário esclarecer que o Município de Palmeirândia não possuía agência bancária do Banco do Brasil, sendo por esse motivo, prática corriqueira o endosso dos cheques emitidos para posterior pagamento ‘em espécie’ aos credores das obrigações.

Questiona-se o endosso do cheque, na tentativa de afirmar que o montante da obrigação não foi quitado junto ao credor. Não apresenta, porém, o relatório técnico, nenhuma afirmação quanto à ausência de quitação da obrigação.

Quanto à ‘irregularidade’ nomeada de ‘indevida dispensa ou adoção de modalidade de licitação inadequada’, ratificamos que não se pode falar em indevida dispensa, muito menos em licitação em modalidade inadequada, pois o que de fato ocorreu foi a contratação direta em razão de ter sido considerada deserto o procedimento licitatório nos termos da legislação vigente.

Confunde o servidor do TCU, quando fez constar em seu relatório técnico que ocorreu inexecução parcial do objeto previsto no convênio. Ora, trata-se aqui o objeto de recuperação de barragem de terra e não de construção de uma nova barragem, como se pode constatar do pacto celebrado no convênio. Todas as informações colhidas com os moradores são provas incontestes da existência anterior das barragens recuperadas com os recursos do convênio em tela.

Como se constata dos autos, nenhum morador afirmou que tais barragens não foram recuperadas. Todavia afirmaram também que, quando necessário, também ajudam na recuperação dessas mesmas

14

Page 15: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

barragens. Não pode e nem existem elementos para levar o auditor afirmar que nessa época as barragens deixaram de ser reformadas conforme o objeto do convênio e foram reformadas pela comunidade.

Não pode o Gestor Municipal ser responsabi1izado por atos de terceiro, porque segundo os auditores do TCU, dar como irregularidade a semelhança entre as propostas dos participantes. Ora, em um mundo informatizado, não se pode afirmar muito menos garantir que documentos com a mesma padronização seja de fato feitos pela mesma pessoa. Será porque essa defesa foi feita com o mesmo padrão gráfico do relatório técnico acusador, teria sido feita pela mesma pessoa? Claro que não, e é por esse motivo que não pode o Gestor ser responsabi1idade por tal ato, muito embora, ratificamos que tal semelhança não se trata de irregularidade alguma.

Todas as demais ‘irregulares’ não fazem parte das atividades as quais o sr. Manoel de Jesus Botelho desempenhava na Prefeitura Municipal de Palmeirândia, quer seja, a atividade de tesouraria.

Assim, e pelas razões de justificativas ora apresentadas roga-se pelo saneamento da situação, preliminarmente, dita como irregular’.

15. Análise Rejeitam-se as justificativas de Danilo Jorge Trinta Abreu pelos motivos a seguir

delineados. Primeiro, porque, segundo a irregular operação apontada pela Secex/MA, o que se arguiu

foi a retirada de dinheiro do Convênio nº 177/97 por agente público e não pelo titular da Pilares Construções e Serviços Ltda. Alegar, como o faz o ex-gestor, que, por dificuldades ocasionadas pela rede bancária, o pagamento aos fornecedores ou prestadores de serviços era feito em espécie não resiste a duas perguntas simples: por que a quitação das obrigações contratuais do Executivo de Palmeirândia não se processava por meio de ordem bancária? Por que, ainda que mediante cheque, o valor não foi creditado em conta da suposta prestadora de serviços, quiçá mais oportuno ou cômodo para ela na ocasião, mas sim sacado por um representante legal na ‘boca do caixa’?

Segundo, porque, afora a irregularidade acima narrada, os munícipes entrevistados e a sequência fotográfica a fls. 132/141, anexo 5, sob firme orientação do AUFC Danilo Adelwal Mendes Reis e de técnico da CEF/MA (ambos engenheiros civis), deixaram de corroborar os serviços previstos na planilha às fls. 39/42, anexo 5.

Terceiro, pelo fato de que, segundo se asseriu no relatório de fiscalização, as constatações derivadas de entrevistas in loco e elementos constantes dos autos da prestação de contas, sobretudo a movimentação da conta bancária específica do convênio, não permitem chancelar a idoneidade da dispensa a lume do art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, embora referente a fato pretérito. Com efeito, nada no conjunto probatório, nem mesmo os elementos das fls. 36/37, anexo 5, abona a pertinência de uma realidade emergencial apta à contratação direta da pessoa jurídica Pilares Construções e Serviços Ltda. para os serviços de reforma das barragens em Marmorama, Souto e Marcela, de modo que não houve exercício divinatório algum, mas inferência baseada na análise dos fatos e dos papéis da prestação de contas. Acresce que, no plano da necessária formalidade administrativa, não foram respeitados os mínimos preceitos da Lei 8.666/1993, em particular justificativa da dispensa e tempestiva publicação na imprensa oficial.

Quarto, porque ao responsável, então prefeito municipal, coube a homologação do procedimento licitatório, ato administrativo que sobre ele lançou a responsabilidade por falhas anteriores, delas não se eximindo por manifestações que, não fora a dele, jamais chegariam a aperfeiçoar a emanação volitiva da administração pública.

Quinto, porque, de acordo com detalhamento da irregularidade, não se afirmou que Francisco Silva fosse ou tivesse sido servidor da prefeitura de Palmeirândia, mas sim que tivera marcante relacionamento com a administração municipal e com empreiteiras que participaram de certames ali promovidos. Assim é que, ao lado de assinar o projeto do que viria a ser objeto do convênio (fls. 39/42, anexo 5) e outros de obra ou reforma da prefeitura municipal de Palmeirândia, tinha sido contratado da Pilares Construções (ver docs. a fls. 144/147, anexo 5), adjudicatária do objeto da presente dispensa de licitação, havendo atuado, em outras circunstâncias, como procurador da Construtora Troya (ver doc. a fls. 148, anexo 5), uma das vencedoras de diversas licitações

15

Page 16: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

realizadas naquela comuna; e, de toda a significância para o que ora se analisa, subscreveu (fl. 89, anexo 5) o instrumento de convênio na condição de testemunha instrumentária da Prefeitura, bem como fora contratado em 30 de março de 1998 (fl. 149, anexo 5) para trabalhar na FG Construções, empreiteira de Maria das Graças Assis Paz, membro da CPL municipal que coassina ato de adjudicação a fls. 65, anexo 5.

Sexto, porque completamente destituída de fundamento a defesa do responsável, já que a ele, então prefeito municipal e signatário do contrato às fls. 70/72, anexo 5, cabia, quando menos, exigir a juntada aos autos da dispensa de licitação de comprovantes de regularidade da Pilares Construções e Serviços Ltda. quanto ao FGTS e ao INSS.

Elizabete Leal Mendes e José Ribamar Freitas Abreu, embora tenham razão a propósito da movimentação bancária, porquanto nelas não tomaram assento, não apresentam razões plausíveis para quaisquer das irregularidades associadas à dispensa de licitação e à regularidade da empreiteira Pilares Construções e Serviços Ltda. perante o FGTS e a Previdência Social.

Rechaça-se também a defesa de Maria das Graças Assis Paz, tendo-se a considerar os pontos infracolocados.

Primeiro, o relatório de fiscalização, as constatações derivadas de entrevistas in loco e os elementos constantes dos autos da prestação de contas, sobretudo a movimentação da conta bancária específica do convênio, não permitem chancelar a idoneidade da dispensa a lume do art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, ainda que referente a fato pretérito. Com efeito, nada no conjunto probatório, nem mesmo os elementos das fls. 36/37, anexo 5, abona a pertinência de uma realidade emergencial apta à contratação direta da pessoa jurídica Pilares Construções e Serviços Ltda. para os serviços de reforma das barragens indicadas dos povoados Marmorama, Souto e Marcela, de modo que não houve exercício divinatório algum, mas inferência baseada no detido exame dos fatos e dos papéis da prestação de contas. Acresce que, no plano da necessária formalidade administrativa, não foram respeitados os mínimos preceitos da Lei 8.666/1993, em particular justificativa da dispensa e tempestiva publicação na imprensa oficial.

Segundo, não se trata, ao contrário do que assevera a contestante, de especulação da equipe de AUFCs que subscreve o relatório de auditoria, mas de situação que, ao lado de outras, configura a inidoneidade da dispensa que culminou com a contratação da pessoa jurídica Pilares Construções e Serviços Ltda. e, fato mais relevante, com a retirada de recursos do convênio por pessoa diversa do representante legal da contratada. E, conquanto seja verdade que possam existir, aqui e acolá, semelhanças entre ofertas de participantes em qualquer licitação, não se acredita que isso seja possível no tão elevado grau demonstrado às fls. 49/53, 54/58 e 59/63, anexo 5, ainda mais se pouco têm aquelas em comum com a formatação das planilhas oficiais (fls. 39/42, anexo 5).

Terceiro, a evasiva não serve para desfazer a constatação objetiva de que, dos 10 (dez) itens de custo indicados nas planilhas oficiais, 8 (oito) coincidiram em preço nas três propostas sob exame, não se podendo afastar cenário conducente a tipificar conluio sob a dispensa estudada.

Quarto, de acordo com detalhamento da irregularidade, não se afirmou que Francisco Silva fosse ou tivesse sido servidor da prefeitura de Palmeirândia, mas sim que tivera marcante relacionamento com a administração municipal e com empreiteiras que participaram de certames ali promovidos. Assim é que, ao lado de assinar o projeto do que viria a ser objeto do convênio (fls. 39/42, anexo 5) e outros de obra ou reforma da prefeitura municipal de Palmeirândia, tinha sido contratado da Pilares Construções (ver docs. às fls. 144/147, anexo 5), adjudicatária do objeto da dispensa de licitação, havendo atuado, em outras circunstâncias, como procurador da Construtora Troya (ver doc. à fl. 148, anexo 5), uma das vencedoras de diversas licitações naquela comuna. E, de toda a significância para o que ora se analisa, subscreveu (fl. 89, anexo 5) o instrumento de convênio na condição de testemunha instrumentária da Prefeitura, bem como fora contratado em 30 de março de 1998 (fl. 149, anexo 5) para trabalhar na FG Construções, empreiteira de Maria das Graças Assis Paz, membro da CPL municipal que coassina ato de adjudicação à fl. 65, anexo 5.

16

Page 17: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Quinto, quanto às certidões do INSS e do FGTS, a resposta é inapta para elidir a irregularidade apontada, pois supõe a existência de documentos que, pelo menos nos autos da dispensa de licitação ora sob censura, não são encontráveis.

Quanto a Nílson Santos Garcia, desde já sublinhando a rejeição de suas razões de justificativa, tem-se a ponderar o que segue.

Primeiro, conforme a irregular operação anotada pela Secex/MA, o que se argui é a retirada de dinheiro do convênio 177/97 por agente público e não pelo titular da Pilares Construções e Serviços Ltda. Alegar, como o faz esse ex-presidente de CPL, que, por dificuldades com a rede bancária, o pagamento aos fornecedores ou prestadores de serviços era feito em espécie não resiste a duas indagações singelas: por que a quitação das obrigações contratuais do Executivo de Palmeirândia não se processava por meio de ordem bancária? Por que, ainda que por cheque, o valor não foi creditado em conta da suposta prestadora de serviços ou, talvez mais cômodo para ela na ocasião, sacado por um representante legal seu na ‘boca do caixa’?

Segundo, pelo que se asseriu no relatório de fiscalização, as constatações derivadas de entrevistas in loco e elementos constantes dos autos da prestação de contas, sobretudo a movimentação da conta bancária específica do convênio, não permitem chancelar a idoneidade da dispensa à luz do art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, ainda que referente a fato pretérito. Com efeito, nada no conjunto probatório, nem mesmo os elementos das fls. 36/37, anexo 5, abona a pertinência de uma realidade emergencial apta à contratação direta da pessoa jurídica Pilares Construções e Serviços Ltda. para os serviços de reforma das barragens indicadas dos povoados Marmorama, Souto e Marcela, de modo que não houve exercício divinatório algum, mas inferência baseada no detido exame dos fatos e dos papéis da prestação de contas. Acresce que, no plano da necessária formalidade, desrespeitaram-se os mínimos cânones da Lei 8.666/1993, em particular justificativa da dispensa e tempestiva publicação na imprensa oficial.

Terceiro, o defendente, que assinara o ato de adjudicação como presidente da CPL comunal e não como prefeito, incorre no erro de querer atribuir as indiscutíveis semelhanças das propostas a fls. 49/53, 54/58 e 59/63, anexo 5 ao uso de meios informáticos, quando a discussão versa sobre o fato de que, tenha ou não havido auxílio de computador, os ofertantes, mesmo sendo pessoas jurídicas diversas e sem ter seguido o padrão ditado pela planilha oficial a fls. 39/42, anexo 5, conseguiram a façanha de elaborar oblações muito similares em forma e conteúdo.

Acatam-se, porém, as justificativas de José de Ribamar Freitas Abreu, o qual, de acordo com documentação por ele juntada às fls. 1793/1797 e ratificação por pesquisa na base da Receita Federal do Brasil às fls. 2237/2238, é totalmente estranho às ocorrências perscrutadas, razão por que há de ser excluído do rol de responsáveis. O que no caso dele sucedeu foi, pela homonímia quase perfeita, ter sido confundido com José Ribamar Freitas Abreu, ex-secretário de Obras de Palmeirândia, verdadeiramente implicado em irregularidades na execução do Convênio nº 177/1997-MMA/SRH. Para espancar todas as dúvidas, sintetizam-se os dados de um e de outro: a) José de Ribamar Freitas Abreu, CPF 807.072.623-72, nascido no dia 11 de dezembro de 1977, filho de Maria das Graças Freitas Abreu (fl. 2237); b) José Ribamar Freitas Abreu, CPF 063.065.353-49, nascido no dia 2 de maio de 1949, filho de Pureza de Jesus Abreu (fl. 2238).

16. IRREGULARIDADES ATINENTES AO CONVÊNIO Nº 800.076/2003-FNDE (as remissões foram feitas a páginas do anexo 30)

‘- Movimentação/recebimento de recursos federais por membros do Executivo de Palmeirândia ou por pessoas de qualquer modo estranhas à execução do objeto do convênio ou do contrato de repasse, conforme se constatou ao comparar prestação de contas e dinâmica bancária da conta específica:

Irregularidade de envergadura, de que as outras são preparatórias ou instrumentais, é a que exsurge quando se compara a relação de pagamentos discriminada na prestação de contas (fl. 3) com a movimentação e os documentos bancários da conta corrente 9.304-1, agência n° 2607-7, conforme tabela infraescrita:

Número Valor (R$)

Data de emissão

Tomadores nominados

Beneficiários reais do título

Operação Tomadores/Credores na prestação de

17

Page 18: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

/recebimento no cheque contas (fl. 3)850001 (fls.

128/129)39.586,15 2/2/2004 Centro de

FormaçãoNão há Depósito na conta

68017-7, agência 0365, sem

titularidade conhecida

Centro de Formação

850004 (fls. 130/131)

4.500,00 13/2/2004 Benedito Torres Araújo

Benedito Torres Araújo

Recebimento no guichê

Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto)

850005 (fls. 134/135)

3.000,00 13/2/2004 Não há Baltazar Recebimento no guichê

Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto)

- Propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.):

No Convite n° 50/03 (fls. 75/90) as propostas das licitantes Pinheiro Variedades (fls. 75/76), Lusimaria Costa (fls. 77/78) e Idália Sinfrósia (fls. 79/80) são, em gráfico e conteúdo, muito parecidas, valendo enfatizar formatação da tabela, espaçamento entre caracteres, linhas e colunas, cabeçalho de colunas etc.

Em relação ao Convite n° 49/03 (fls. 91/115), o fenômeno repetiu-se nas propostas das licitantes Centro de Apoio à Educação Básica (fl. 102), Associação de Saúde da Periferia do Maranhão (fl. 103) e Centro de Formação Continuada (fl. 104).

- Licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico:Além do detalhe das propostas de formatação assemelhada, pode-se citar um fato deveras

esclarecedor sobre as licitantes Idália Sinfrósia e Lusimaria Costa: segundo cópia de alteração averbada no registro mercantil às fls. 141/157, as duas pessoas naturais que àquelas emprestam firma mantêm laços na IF Terraplenagem e Construções Ltda., uma das construtoras que realizou obras na Prefeitura de Palmeirândia.

Flávia de Fátima Carvalho Cabral, comente-se por necessário, é filha de Maria Raimunda Carvalho Cabral, responsável pela Promed (fornecedora da Prefeitura em outros processos) e irmã de Eveline de Fátima Carvalho Cabral, titular da EFC Cabral (outra usual contratada da Prefeitura) e que reside no mesmo endereço de Jorge Luiz Santos Garcia, um dos irmãos do prefeito Nílson Santos Garcia que, em várias oportunidades, mas sempre às ocultas, gerenciou a AJ Ferreira e a CJ Construções (vide docs. às fls. 136/137), empreiteiras que arrebanharam grande parte dos contratos de construção civil no Município.

- Seleção de proposta em desacordo com critérios previstos no instrumento convocatório:Trata-se da maneira como, no Convite n° 50/03, pretensa licitação realizada pela Prefeitura

de Palmeirândia, foram selecionados os itens da proposta vencedora, revelando-se o procedimento sem amparo no critério do menor preço e/ou sem observância da regra objetiva de desempate, conforme se demonstra na tabela abaixo:

Item da planilha

Quantidade adquirida

Pinheiro Variedades (fls. 75/76)

Lusimaria Costa

(fls. 77/78)

Idália Sinfrósia

(fls. 80/81)

Menor preço

Diferença total para o item = (preço Pinheiro - menor

preço) x quantidade adquirida

3 1936 1,65 1,55 1,70 1,55 193,605 3872 1,30 1,35 1,20 1,20 387,206 3872 1,30 1,25 1,20 1,20 387,207 968 1,50 1,50 1,45 1,45 48,408 968 1,65 1,60 1,60 1,60 48,409 968 8,00 7,95 8,20 7,95 48,4011 968 2,20 2,15 2,20 2,15 48,4018 48 26,00 26,00 24,50 24,50 72,0021 48 14,00 13,80 14,00 13,80 9,6023 48 10,10 10,00 10,00 10,00 4,8027 1200 1,35 1,30 1,50 1,30 60,0028 192 7,50 7,25 7,50 7,25 48,0030 48 45,00 43,00 46,00 43,00 96,0032 48 45,00 43,00 45,00 43,00 96,0033 1960 0,50 0,45 0,55 0,45 98,00

18

Page 19: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Item da planilha

Quantidade adquirida

Pinheiro Variedades (fls. 75/76)

Lusimaria Costa

(fls. 77/78)

Idália Sinfrósia

(fls. 80/81)

Menor preço

Diferença total para o item = (preço Pinheiro - menor

preço) x quantidade adquirida

34 1960 0,50 0,45 0,55 0,45 98,0040 48 10,15 10,10 10,10 10,10 2,4041 96 16,00 16,00 15,50 15,50 48,00

Total da diferença

1.794,40

A escolha em bloco da proposta da Pinheiro Variedades também não tomou em consideração, tal que previsto no § 3° do artigo 45 da Lei n° 8.666/1993, o sorteio como critério de desempate de ofertas de igual preço unitário, como é mostrado a seguir:

Item da planilha

Quantidade adquirida

Pinheiro Variedades (fls. 75/76)

Lusimaria Costa (fls. 77/78)

Idália Sinfrósia (fls. 80/81)

2 3872 0,20 0,20 0,2512 968 2,50 2,60 2,5013 968 5,00 5,15 5,0019 1200 0,40 0,40 0,5020 1200 0,50 0,50 0,6522 96 4,50 4,50 4,5024 48 45,00 46,00 45,0026 48 10,00 10,00 10,0029 480 2,00 2,00 2,0035 1200 0,60 0,60 0,6036 1952 0,50 0,50 0,5037 3360 0,30 0,33 0,3038 480 14,00 14,00 14,0039 48 8,50 8,50 8,5041 96 16,00 16,00 15,5042 48 25,00 25,00 25,00

- Valor da proposta vencedora igual ou muito próximo ao do valor orçado pela Prefeitura de Palmeirândia:

O que pode explicar essa escolha global da oferta da Pinheiro Variedades, sendo ao mesmo tempo um ótimo demonstrativo do grau de ilicitude do convite mencionado, é a circunstância segundo a qual os preços unitários da licitante vencedora são quase (exceção a cerca de 20% do total) a fiel reprodução do orçamento que embasa o plano de trabalho do convênio (fls. 59/60).

- Licitantes com mesmo endereço:No caso do Convite n° 49/03 (fls. 102/115), é constatável que as ofertantes Centro de Formação

Continuada de Professores do Maranhão - Piauí (fl. 104) e Centro de Apoio à Educação Básica (fl. 102) têm localização no mesmo endereço (Rua Maestro Nunes - Ana Jansen, 12), com mudança apenas da sala (607 e 612, respectivamente).

- Licitante cujo sócio aufere renda de entidade que também participou do certame licitatório:E, se entre ambas existe semelhante link, descobriu-se que entre a Associação de Saúde da

Periferia do Maranhão, apesar de endereço distinto do acima mencionado, e o Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão existe um relacionamento digno de nota: a Sra. Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos, CPF 252.973.763-0, e que subscreve o contrato de empreitada (fls. 111/112) com a Prefeitura de Palmeirândia, teve aquele ente associativo como fonte pagadora no ano de 2003 (vide docs. às fls. 138/139)’.

17. Justificativas sobre as irregularidades atinentes ao Convênio nº 800.076/2003-FNDE Abaixo se transcrevem (com redução de texto, mas sem perda alguma do essencial) as

razões de justificativa de cada um dos responsáveis, com exceção de Fabiane Pinheiro Trinta, Idália

19

Page 20: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Sinfrósia Cardoso Ferreira, Lusimaria Costa e Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto), que se mantiveram silentes.

17.1. Associação de Saúde da Periferia do Maranhão – ASP (fls. 1000/1008)‘No que tange aos aspectos da denúncia, após análise por esta Corte, em se tratando mais

precisamente da Sra Lidia Fernanda da Silva Vasconcelos é importante considerar que a mesma fora contratada pela Associação de Saúde da Periferia do Maranhão (ASP), como prestadora de serviços autônomos através de contrato por prazo determinado, onde a mesma cumpriu, de forma mais do que satisfatória, todas as atividades a ela confiadas, exercendo sua função de pedagoga no projeto Jovem Cidadão.

Urge salientar que da análise da situação ora atacada vislumbra-se a idoneidade moral, ética e a capacidade técnica de uma profissional. Ressalte-se, ainda, que esta não é impedida por nenhum dispositivo legal de exercer a sua atividade profissional, seja junto a organizações não governamentais, ou perante quaisquer pessoas jurídicas de direito público ou privado, até porque não tem contrato de exclusividade com o Centro de Formação Continuada de Professores Maranhão-Piauí Ltda., sua empregadora. Sendo assim, está habilitada para prestar os serviços retro mencionados, cuja profissão no caso em tela de pedagoga, em nada impede que a mesma venha constituir empresa com fins lucrativos, visto que o contrato que teve com o ‘ente associativo’ fora dentre de suas atribuições inerentes à função de pedagoga, portanto nenhuma irregularidade cometida no exercício dos serviços prestados durante a vigência do contrato firmado com a ONG em comento.

Desta feita, o contrato de prestações de serviços não fora celebrado entre a ASP e a empresa Centro de Formação Continuada de Professores Maranhão-Piauí Ltda., e sim por uma profissional autônoma competente para realizar os serviços que lhe foram atribuídos, sendo que os mesmos foram prestados a contento’.

17.2. Centro de Apoio à Educação Básica (fls. 705/716) ‘Quanto à idêntica padronização gráfica ou visual:12. Prima facie, urge salientar que a proposta apresentada pela ONG Formação (doc. 14) seguiu

o padrão apresentado pelo Anexo I do Edital do Convite n° 49/03, que trata da Planilha Orçamentária de Custos (doc. 13). Sendo assim, não deve prosperar a afirmativa de que ‘há idêntica padronização gráfica ou visual’ das propostas das três licitantes, pois embora os itens discriminados sejam os mesmos, uma vez que estão em conformidade com o Anexo I do Edital, a proposta da ONG Formação tem suas peculiaridades, tanto no aspecto gráfico quanto no visual, sendo bem mais concisa e direta do que as das demais licitantes (doc. 14).

13. Deveras urge ressaltar que a Lei n° 8.666/93, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providencias, não adota nenhum modelo de apresentação de proposta. Desta feita, cada licitante é livre, de acordo com a sua conveniência, para adotar o modelo de sua preferência, desde que este esteja de acordo com o Edital do Processo Licitatório, que, in casu fora uma licitação na modalidade convite (Convite n° 49/03), do tipo menor preço global (docs. 10 usque 12).

Quanto à alegação de mesmo endereço:14. Aduz o TCU, ainda, que ‘as ofertantes Centro de Formação Continuada de Professores do

Maranhão-Piauí (fl. 104) e Centro de Apoio a Educação Básica tem localização no mesmo endereço (Rua Maestro Nunes - Ana Jansen, 12)’.

15. Mais uma vez, mostra-se, de forma cristalina, que fora imputado à ONG Formação uma suposta irregularidade que, na verdade, não se enquadra em nenhum ilícito administrativo, ou de qualquer outra esfera do direito.

16. Toda pessoa jurídica, tanto de direito público, quanto de direito privado, tem assegurado pela Constituição Federal de 1988, o direito de estabelecer a sua sede no local que melhor atenda as suas necessidades. Todavia, a Administração Pública, como forma de preservar o interesse público, pode estabelecer vedações quanto ao estabelecimento de certas pessoas jurídicas em locais que não sejam adequados ao exercício da atividade predominante da mesma. Para isso possui uma série de medidas administrativas que dificultam, e até mesmo impedindo, a instalação da pessoa jurídica naquele local. Uma dessas medidas administrativas é o Alvará-Licença para Localização e Funcionamento, que só é concedido àqueles que preencham os requisitos legais, encontrando-se submetido ao juízo de conveniência e oportunidade inerentes à administração pública.

17. A ONG Formação, por não incidir em nenhuma vedação administrativa, escolheu como sede o endereço precitado, pois, devido a sua localização, atende plenamente as suas necessidades. Desta feita, pouco importa quem são seus vizinhos no prédio comercial onde está localizada a sua sede, pois a realização de suas atividades, sejam estas de ordem interna ou externa, não estão ligadas, como regra, a outras pessoas jurídicas.

20

Page 21: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

18. O fato de a ONG Formação ter a sua sede em endereço próximo ao do Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. em nada representa um indício de irregularidade, pois assim como a referida empresa tem sua sede no Edifício Comercial em tela, muitas outras empresas e profissionais liberais também escolheram aquele local para exercerem as suas atividades, pois a localização é privilegiada.

19. Tanto a ONG Formação quanto o Centro de Formação são pessoas jurídicas individualizadas, com razão social, CNPJ, sede, Alvará-Licença para Localização e Funcionamento etc., distintos (doc. 04/05).

20. O que ocorre, na verdade, é que os objetivos da ONG Formação e do Centro de Formação são convergentes, pois em ambos busca-se o fomento de atividades voltadas para o desenvolvimento da educação de jovens, ressaltando-se que uma dessas atividades é a formação, capacitação e atualização dos professores das comunidades alvo dos projetos educativos’.

17.3. Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. (fls. 787/997)

‘2. Propostas com idêntica padronização gráfica ou visual:Não deve prosperar a afirmativa de que as propostas apresentadas pelas três participantes do

Convite n° 49/03 são idênticas. Vejamos.Primeiramente, faz-se mister ressaltar que cada licitante pode apresentar o modelo de proposta

que melhor atenda as suas necessidades, desde que o mesmo esteja em conformidade com o Edital do procedimento licitat6rio e com os dispositivos legais aplicáveis à espécie, pois o Estatuto das Licitações e Contratos da Administração (Lei n° 8.666/93) não estabelece nenhum modelo de proposta a ser seguido pelos participantes dos certames licitatórios.

A estrutura gráfica ou visual da proposta apresentada pela Justificante à Comissão Permanente de Licitação - CPL do Município de Palmeirândia, nos autos do Convite n° 49/03, seguiu o modelo disponibilizado pela referida Comissão, de acordo com o Anexo I (Planilha Orçamentária de Custos) do Edital do Convite n° 49/03 (DOC. n° 13). Ademais, pode-se observar no DOC n° 13 que o modelo disponibilizado pela CPL de Palmeirândia serviu apenas de inspiração, na medida em que a proposta do Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda., embora tenha os mesmos itens do Anexo I (até porque não poderia divergir, sob pena de indeferimento) apresenta-se de forma bem detalhada, com a indicação do nome da empresa, CNPJ, endereço da sede, endereçamento da proposta, data de abertura, valor global, validade da proposta, e assinatura da representante legal da empresa. Sendo assim, a proposta apresentada pelo Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. é um documento individualizado, com suas peculiaridades, o que demonstra, de forma límpida, que não houve nenhuma padronização gráfica ou visual.

3. Licitantes com mesmo endereço:O Ordenamento Jurídico Pátrio, em regra, assegura a todas as pessoas, sejam elas naturais ou

jurídicas, a liberdade de escolha do local onde pretendem se fixar e/ou exercer suas atividades.Somente a Administração Pública pode estabelecer limitações à fixação de uma empresa em

determinada localidade, desde que estas vedações estejam previstas na legislação pertinente. O que se pretende preservar com tais limitações e o princípio da supremacia do interesse público ou da finalidade pública, pois os objetivos de uma empresa não podem se sobrepor aos interesses de toda uma coletividade. Dentre essas limitações administrativas temos o Alvará-Licenca para Localização e Funcionamento, de competência do governo municipal, que para ser concedido depende do preenchimento de uma serie de requisitos legais.

In casu, trata-se de uma pessoa jurídica de direito privado, com fins eminentemente lucrativos. Desta feita, a escolha do local de sua sede é um passo importante para a consecução de seus fins. O fato de o Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. ter a sua sede no endereço em questão deve-se à localização privilegiada do mesmo, capaz de atender a todas as suas necessidades empresariais.

Sendo assim, como a ora Justificante não se enquadra em nenhuma limitação de ordem administrativa, e a localização do prédio comercial atende a todas as suas necessidades, não há porque se questionar tal escolha, tendo em vista que a mesma não representa nenhum ilícito, nem indício de nenhuma irregularidade, independentemente dos vizinhos da mesma.

O Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. é uma pessoa jurídica de direito privado individualizada, tendo seu próprio CNPJ, sua sede, seu alvará, etc., tendo como objetivo, de acordo com a cláusula 3ª do Contrato de Constituição de Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada (DOC. n° 05) a ‘prestação de serviço na área de educação básica’.

21

Page 22: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Portanto, mostra-se de forma límpida, que a ora Justificante e o Formação - Centro de Apoio à Educação Básica são pessoas jurídicas distintas, até porque a primeira tem fins lucrativos, enquanto a segunda é uma organização não governamental sem fins lucrativos. O ponto comum entre as mesmas são os serviços na área de educação básica. Devido a esses objetivos similares, o Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. já desenvolveu projetos e atividades em conjunto com a referida ONG.

4. Licitante cujo sócio aufere renda de entidade que também participou do certame licitatório: Mais uma vez o aduzido por este Egrégio Tribunal não deve prosperar.Primeiramente cabe esclarecer que a Sra. Lidia Fernanda da Silva Vasconcelos não é sócia do

Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda., podendo-se constatar tal fato no Contrato de Constituição de Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada (DOC. n° 05). No ato constitutivo em tela, somente figuram como sócias as Senhoras Martha Daisy da Silva e Pádua Suely da Silva Vasconcelos.

Na verdade, a Sra. Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos é empregada do Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda., sendo que seu poder de representação decorre de um público instrumento de procuração, assinado em 05/08/2003, no qual as sócias da referida empresa lhe conferiram ‘amplos e gerais poderes para representar a empresa outorgante juntos às repartições públicas, Estaduais, Federal e Municipais, Bancos abrir contas, assinar cheques, tirar extratos enfim movimentar conta, podendo para tanto seu dito procurador assinar documentos, cumprir exigências prestar declarações, enfim resolver tudo que se fizer necessários referente a empresa outorgante e tudo mais praticar ao bom e fiel cumprimentos do presente mandato’ (DOC. N.° 04).

Desta feita, caracterizada está a relação de trabalho entre a Sra. Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos e o Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda., sendo tal relação regida pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

(...) Aduz o Tribunal de Contas da União que a Sra. Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos teve como fonte pagadora no ano de 2003 a Associação de Saúde da Periferia - ASP. Ocorre que os pagamentos destinados pela ASP à Sra. Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos decorreram de um Contrato de Prestação de Serviços, firmado entre ambos em 01/08/2003, para prestar ‘serviços autônomos como Pedagoga do projeto Jovem Cidadão’ (DOC. n° 41). Tal contrato teve prazo de duração de 12 (doze) meses, contados da data de assinatura do mesmo. Os pagamentos, foram feitos por meio de Recibo de Pagamento a Autônomo - RPA. Saliente-se que a data da assinatura do contrato precitado é anterior à do público instrumento procuratório que outorgou poderes para a Sra. Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos representar o Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda.

Portanto, não houve qualquer irregularidade nos pagamentos alegados pelo TCU, pois decorreram de uma relação trabalhista estabelecida entre a Sra. Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos, na condição de Pedagoga autônoma, profissional com capacidade técnica adequada para prestar os serviços, e a Associação de Saúde da Periferia - ASP, pois aquela não assinou contrato de exclusividade com nenhum empregador’.

17.4. Márcio Ribeiro de Jesus Sousa e Nílson Santos Garcia (fls. 1829/1831 e 1843/1845)‘Apresenta o relatório técnico diversas irregularidades encontradas na execução do Convênio

nº 800.076/2003, celebrado entre a Prefeitura Municipal de Palmeirândia e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, no montante de R$ 115.518,15.

Irregularidade adjetivada como de ‘maior envergadura’, e que ainda, segundo o malfadado relatório, ‘da qual todas outras são preparatórias ou instrumentais’.

Ora, o que tem haver o Sr. Márcio Ribeiro de Jesus Sousa com a movimentação bancária da Prefeitura Municipal de Palmeirândia. Apenas era o defendente membro da Comissão de Licitação daquele órgão, não sendo responsável por endosso de cheque, muito menos movimentação bancária.

A ‘irregularidade’ seguinte apresenta como de natureza subjetiva, vez que não apresenta nenhuma análise grafológica. Não é de responsabi1idade da comissão de Licitação a análise estrutural dos documentos que integram o procedimento licitatório, e mesmo assim, se fosse, indaga-se qual o fundamento legal para desclassificar as propostas tidas como ‘de padronização idêntica’.

Quando a sócios comuns entre os concorrentes, não tem fundamento legal a comissão para desclassificar tais empresas. O convite foi público e apresentadas as empresas que atendiam a demanda da administração.

Como peça instrumentadora do processo, o relatório técnico deve ser redigido em linguagem formal, sem pré-julgamentos, principalmente aqueles desacompanhados de provas. Quando afirma o relatório

22

Page 23: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

técnico que ‘trata-se de maneira como, no Convite n° 50/03, pretensa licitação realizada (...)’ deixa a entender que o certame licitatório não ocorreu, o que de fato é uma inverdade.

Por mais falhas de natureza pessoal e involuntária que tenha ocorrido no certame este jamais poderá ser dito como não realizado. Assim, a irregularidade quanto à seleção da proposta mais vantajosa à administração, há que se esclarecer, que não existiu critério de desempate, vez que os participantes Lusimaria Costa e Idália Sinfrósia desistiram em favor da empresa Pinheiro Variedades, por entenderem que somente conseguiriam ter vantagem (lucro) com o fornecimento total das mercadorias.

Quanto à proposta vencedora ser muito próxima ao do valor orçado pela Prefeitura de Palmeirândia, indaga-se qual mal há nisso? Qual preceito legal foi descumprido?

Por fim e quanto a licitantes terem os mesmos endereços, ratificamos que não é função da comissão de licitação checar endereços e confirmá-los. A comissão trabalha internamente, dentro de uma sala, e não investigando a vida das empresas.

Assim, e pelas razões de justificativas ora apresentadas roga-se pelo saneamento da situação, preliminarmente, dita como irregular’.

17.5. Weder Pereira Garcia (fl. 2161) ‘Com referência ao contido no ofício acima que se refere às Cartas-convites 49 e 50/2003 do

Município de Palmeirândia-MA venho, como ex-membro da CPL desse município, relatar o que se segue:Foi publicado o edital para realização das duas cartas-convites acima as quais tinham objetos

diferentes. Foi checado por esta comissão toda a documentação necessária para abertura das devidas cartas-convites. As propostas continham os itens solicitados no edital e foi reparado a condição de menor preço global, uma das condições para de ganhar o certame.

Quanto à formatação de propostas parecidas umas com as outras, fica muito difícil para um membro da comissão identificar tais coincidências.

Quanto ao endereço de uma empresa ser no mesmo edifício, porém com salas diferentes, não nos mostra qualquer irregularidade.

Quanto ao sócio de uma empresa prestar serviço para outra que esta participando do certame, não tem como ser analisado no momento de abertura de uma licitação.

Quanto à aplicação de recursos financeiros e aplicação do objeto não me diz respeito’.18. Análise Rejeitam-se os argumentos defensivos da Associação de Saúde da Periferia do Maranhão

e do Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí.Do ponto da liberdade de trabalho, o raciocínio de defesa é adequado. O problema,

contudo, está em que não se discute isso nos autos, e sim o fato de que Lídia Fernanda da Silva Vasconcelos, CPF 252.973.763-0, que subscreveu, como administradora ou, sem mudar substancialmente as coisas, procuradora (nos termos da procuração às fls. 806), contrato de empreitada (fls. 111/112, anexo 30) firmado entre a Prefeitura de Palmeirândia e o Centro de Formação Continuada de Professores Maranhão-Piauí Ltda., ter tido como fonte pagadora no ano de 2003 a Associação de Saúde da Periferia, que tomara assento no Convite nº 49/03 (vide, a respeito, documentos às fls. 111/112 e 138/139, anexo 30).

Do confronto entre, de um lado, as propostas das licitantes Centro de Apoio, Associação de Saúde da Periferia do Maranhão e Centro de Formação Continuada (fls. 102/103 e 104, anexo 30) e, de outro, o invocado Anexo I do Convite nº 49/03 (fl. 99, anexo 25), ficam bem claras estas diferenças: a) o documento oficial não contém as colunas ‘QUANT’, ‘P. UNIT’ e ‘P. TOTAL’, acrescidas, de maneira idêntica (isto é, em caixa alta e sem ponto), nas ofertas das pessoas jurídicas em questão; b) as três cotações não exibem a notação do padrão monetário dos itens e do valor global; c) o preço total, em todas elas, é destacado em negrito.

Ainda que, numa visão descontextualizada possa assistir razão às defendentes, visto como há relativa (nunca absoluta, note-se bem) liberdade de instalação ou localização da sede de qualquer sociedade empresária, o achado sob análise vai além, depondo contra o fato de que as licitantes Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí e Centro de Apoio à Educação Básica, que no Convite nº 49/03 formularam propostas comerciais (que, antes de tudo, deveriam ser sigilosas e essencialmente diversas) com acentuada similaridade na forma e no conteúdo, estavam estabelecidas no mesmo logradouro (Rua Maestro Nunes - Ana Jansen, 12, Centro Empresarial

23

Page 24: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Mendes Frota, São Francisco, São Luís/MA), com mudança apenas de sala (607 e 612, respectivamente).

No que concerne à defesa de Márcio Ribeiro de Jesus Sousa e Nílson Santos Garcia, cumpre fazer os seguintes comentários.

Quanto à movimentação bancária, faz sentido a defesa de Márcio Ribeiro de Jesus Sousa, descabendo manter-se a irregularidade no que concerne a esse defendente.

No que tange, porém, às demais justificativas apresentadas por ele, por Nílson Santos Garcia e por Weder Pereira Garcia, não têm força para elidir as irregularidades motivadoras da audiência. Na realidade, embora tachando de subjetivas constatações puramente objetivas e calcadas em documentação idônea feitas pela Secex/MA, foram os próprios contestantes que deixaram de fundamentar a respectiva defesa. Nesse sentido, basta ver a alegação de que nada, no direito interno, veda a participação de uma pessoa jurídica em outra, quando é certo, porém, que existe clara vedação de que pessoas jurídicas integrantes de grupo econômico (ainda mais de forma sub-reptícia, como aconteceu) participem de um mesmo certame. Por outro lado, aos membros da CPL era dado, ao contrário do que se alega, aferir as grosseiras semelhanças na oferta (não causadas, diga-se de logo, por qualquer padronização anterior à conta do instrumento convocatório) ou nos itens de preço.

19. IRREGULARIDADES ATINENTES AO CONTRATO DE REPASSE Nº 41.832-12/97 (as remissões são feitas a páginas do anexo 31)

‘- Propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.) :

São em tudo e por tudo similares no Convite n° 13/97 (fls. 15/42) as propostas formuladas por Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. (fls. 21/23), Pilares Construções e Serviços Ltda. (fls. 24/26) e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. (fls. 27/29), bastando relancear o texto interno das planilhas, o cabeçalho que identifica o objeto e o rodapé ao final da proposta.

- Propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens de custo consecutivos ou não:Afora os detalhes gráfico-textuais, a semelhança se projeta sobre o conteúdo das ofertas,

constatando-se, numa comparação detida, que em todas as planilhas são iguais os preços unitários propostos para quase a totalidade das dezenas de itens de custos, excetuando-se apenas os que se referem aos de código 1.2 (areia), 1.3 e 4.1.1 (cimento Portland).

- Proposta formulada sem data, indicação do certame e/ou sem assinatura do responsável ou sem CNPJ do ofertante:

Amplia o descrédito na idoneidade do certame em questão que, somente na proposta da Vick Construções Ltda. (fl. 27), faz menção ao número do Convite nº 13/97, dado que inexiste nas cartas de encaminhamento de proposta da Estrela e da Pilares (fls. 21 e 24).

Acresce que, na carta da licitante Estrela (fl. 21), nem CNPJ, Inscrição Estadual ou Inscrição Municipal são consignados.

- Licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico:Um pormenor significativo, capaz de encerrar a discussão sobre a falta de lisura do comentado

certame, se infere da assinatura (fls. 21, 30 e 35) associada ao representante legal da Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda.: cuida-se da firma do Sr. Valdenor Ramos, pessoa natural que, nada obstante, em outros processos teve participação em créditos pagos à Pilares Construções, representa a licitante que teria vencido o Convite nº 13/97. A propósito desse relacionamento subterrâneo, são juntadas às fls. 114/117 cópias de cheques que, à guisa de pagamento do objeto do Convênio n° 107/97, carregam a rubrica do Sr. Valdenor como efetivo beneficiário.

- Adulteração e/ou rasura de documentos que embasam processo licitatório:É importante, ainda, mencionar que, nada obstante vazadas em letra típica de computador, as

cartas de apresentação das licitantes Estrela (fl. 21), Pilares (fl. 24) e Vick (fl. 27) trazem, invariavelmente rasurada, data adrede redigida com uso de máquina de escrever comum ou elétrica.

- Referência a inexistente ato oficial de designação da CPL:Por outro lado, nesse certame licitatório chama a atenção o fato de que, ao relatar a sorte do que

apurado com relação às propostas, a CPL, logo no preâmbulo do documento (fl. 33), faz referência à Portaria n° 006/97, de 2 de janeiro de 1997. Esse ato designativo, porém, não existe, estando acostado aos autos o único com tal finalidade, que vem a ser a Portaria n° 002/97, de 21 de julho de 1997 (fl. 20).

24

Page 25: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

- Ausência de documentos (certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública municipal:

A contratação da Pilares Construções (fls. 40/41) não foi precedida da exigência de apresentação de certidão negativa do FGTS e do INSS.

- Notas fiscais emitidas em data anterior à da respectiva Autorização para Impressão de Documentos Fiscais (AIDF):

Importa, com relação aos documentos comprobatórios de liquidação da despesa, assinalar que a nota fiscal n° 0218 da Pilares (fl. 47), de 2 de julho de 1999, é inidônea porque teve emissão após o prazo de validade da respectiva AIDF (12 de novembro de 1998)’.

20. Justificativas sobre as irregularidades atinentes ao Contrato de Repasse nº 41.832-12/97

Abaixo se transcrevem (com redução de texto, mas sem perda alguma do essencial) as razões de justificativa de cada um dos responsáveis, com exceção de Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda., que se mantiveram silentes.

20.1. Baltazar Neto Santos Garcia (fls. 1823/1824)‘A ‘irregularidade’ apresentada é de natureza subjetiva, vez que não apresenta nenhuma análise

grafológica. Não é de responsabilidade da Comissão de Licitação a análise estrutural dos documentos que integram o procedimento licitatório, e mesmo assim, se fosse, indaga-se qual o fundamento legal para desclassificar as propostas tidas como ‘de padronização idêntica’.

A Comissão Permanente de Licitação não tem ingerência alguma quanto às propostas dos concorrentes, trata-se o certame de licitatório de convite e não de Pregão, dessa forma, se as propostas são parecidas ou próximas, nada tem haver a Comissão de Licitação.

Do mesmo modo não tem responsabilidade alguma a comissão, quando os proponentes por qualquer que seja o motivo, apresenta proposta rasurada, amassada, ou qualquer outro vício de forma.

Quanto a licitantes terem sócios comuns, ratificamos que não é nenhuma irregularidade tal fato. A comissão trabalha internamente, dentro de uma sala, e não investigando a vida das empresas.

Faz referência o relatório técnico, quanto à ausência da portaria de nomeação da comissão de licitação. Por erro humano, trocou-se o número da portaria, sendo de fato verdade a Portaria nº 002/97, de 31 de junho de 2007, aquela que nomeou os membros da comissão permanente de licitação.

Quanto às autorizações impressão de documentos fiscais, ratificamos que não é de responsabilidade da comissão de licitação aferir a regularidade dos documentos fiscais entregues após a realização do devido procedimento licitatório.

Assim, e pelas razões de justificativas ora apresentadas roga-se pelo saneamento da situação, preliminarmente, dita como irregular’.

20.2. Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa (fls. 1832/1834)‘Apresenta o relatório irregularidades encontradas na execução do Convênio n° 41.832-12/97,

celebrado entre a Prefeitura Municipal de Palmeirândia e a Caixa Econômica Federal, no montante de R$ 125.000,00.

A ‘irregularidade’ apresentada é de natureza subjetiva, vez que não apresenta nenhuma análise grafológica. Não é de responsabilidade da Comissão de Licitação a análise estrutural dos documentos que integram o procedimento licitatório, e mesmo assim, se fosse, indaga-se qual o fundamento legal para desclassificar as propostas tidas como ‘de padronização idêntica’.

A Comissão Permanente de Licitação não tem ingerência alguma quanto às propostas dos concorrentes. Trata o certame de licitatório de convite e não de Pregão. Dessa forma, se as propostas são parecidas ou próximas, nenhuma responsabilidade pode ser imputada à Comissão de Licitação.

Do mesmo modo não tem responsabilidade alguma a comissão, quando os proponentes por qualquer que seja o motivo, apresentam propostas rasuradas, amassadas, ou qualquer outro vício de forma, indaga-se qual a violação a texto legal cometido pela comissão de Licitação a fato de inteira responsabilidade de terceiros, no caso, os participantes do certame.

Quanto a licitantes terem sócios comuns, ratificamos que não é nenhuma irregularidade tal fato. A comissão trabalha internamente, dentro de uma sala, e não investigando a vida das empresas. se houve conluio, ajuste, o foi entre as empresas e isso só pode ser imputado a elas, e nunca a Comissão de Licitação que nenhuma ingerência tem nas tais empresas.

25

Page 26: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Faz referência o relatório técnico quanto à ausência da portaria de nomeação da comissão de licitação. Por erro humano, trocou-se o número da portaria, sendo de fato verdadeira a Portaria nº 002/97, de 31 de junho de 2007, aquela que nomeou os membros da comissão permanente de licitação.

Ademais, o princípio da primazia da realidade se sobrepõe à forma. Ora, se existia de fato a comissão de licitação, é porque foi ela criada e estava em pleno funcionamento e eventuais irregularidades de natureza formais não têm o condão de suprimir seus atos no mundo fático.

Quanto às autorizações de impressão de documentos fiscais, ratificamos que não é de responsabilidade da comissão de licitação aferir a regularidade dos documentos fiscais entregues após a realização do devido procedimento licitatório.

Cabe a secretaria de Fazenda fiscalizar as empresas quanto à emissão de notas fiscais, se estas são idôneas ou não, se estão ou não dentro dos padrões fiscais, e não a membros de comissão de licitação, cujos trabalhos encerram-se com a homologação do procedimento licitatório pela autoridade que solicitou a abertura do procedimento.

Assim, e pelas razões de justificativas ora apresentadas roga-se pelo saneamento da situação, preliminarmente, dita como irregular’.

20.3. Danilo Jorge Trinta Abreu (fls. 670/679)‘Trata a presente do apontamento de, basicamente, oito irregularidades, atribuídas à

responsabilidade do defendente, as quais serão combatidas teto a teto, demonstrando a impertinência da denúncia, ao tempo em que isenta de responsabilidade o defendente, ex-gestor municipal e signatário das avenças. Senão vejamos.

A primeira ‘constatação cingiu-se: propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.).

Caro Ministro, o controle da existência de padronizações gráficas ou visuais nas propostas não se mostra de competência do Prefeito Municipal, mas sim da Comissão de Licitação, órgão autônomo, constituído para esse fim, sendo certo que seus atos são postos à apreciação do Prefeito para homologação quanto a sua legalidade, e não para aferição de pormenores de controle delegado.

Portanto, em se tratando de suspeita traduzida em propostas com idêntica padronização, assaz se mostra que eventual ilegalidade é de cunho subjetivo, competindo a quem tinha o dever legal de recebê-las, apreciá-las e julgá-las.

Continua o relatório: propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens de custo consecutivos ou não.

Essa circunstância se mostra idêntica à tratada acima, competindo à Comissão de Licitação o controle e regulação dessas circunstâncias.

A terceira dita irregularidade: proposta formulada sem data, indicação do certame e/ou sem assinatura do responsável ou sem CNPJ do ofertante.

Diferentemente do alegado no relatório ora impugnado, todas as três propostas informadas encontram-se datadas, sendo que a da empresa Estrela, do dia 26/12/97, a da Construtora Pilares do dia 26/12/97 e da Construtora VICK também do dia 26/12/97, como se observa respectivamente às fls. 21, 24 e 27.

Quanto à falta da menção do número da Carta-Convite nas propostas das empresas Estrela e Pilares, tal referência só é obrigatória se exigida na convocação, se tratando, pois, na espécie, de simples omissão que não se demonstra hábil a eivar de vício ou suspeita de fraude referidos documentos.

De mais a mais, diferentemente do contido no relatório relativo à falta de citação do número do CNPJ na proposta da licitante Estrela, vê-se que o analista laborou em erro visto que na proposta de fl. 21 foi atribuído o número do CGC da empresa, quando de sua qualificação, posteriormente ao declínio do endereço.

A quarta infundada alegativa: licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico.

Insigne Ministro, tais assertivas dos analistas responsáveis pela fiscalização em comento se mostram ininteligíveis ao passo que desarrazoadas, visto que não existe confusão nenhuma entre a assinatura do representante da firma Estrela com qualquer outra das empresas participantes do certame.

A quinta alegativa insubsistente: da adulteração e/ou rasura de documentos que embasam processo licitatório.

Como explicitado alhures, compete aos membros da Comissão de Licitação avaliar a documentação ofertada pelos licitantes. E nesse espeque não poderia ser diferente.

26

Page 27: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Porém, Excelência, não se mostra fraudado ou suspeito documento eventualmente completado com máquina de escrever. Essa ilação se mostra infundada se não acompanhada de provas cabais da alegada fraude.

Como sexta dita irregularidade: referência a inexistente ato oficial de designação da CPL.Nobre Ministro, igual falta de responsabilidade remanesce ao Prefeito, em eventual documento

equivocado lavrado pela própria Comissão de Licitação.Como é de se observar, referido documento foi assinado pela Sra. Presidenta da Comissão à

época, e ao que tudo indica deve ser resultado de erro material. Porém para aferição da realidade dos fatos, mister oficiar-se à Prefeitura Municipal de Palmeirândia para informar se em seus anais encontra-se referida Portaria 006/97, ou se efetivamente é a Portaria 002/97 que constituiu referida Comissão.

Decerto, Sr. Ministro, é que tanto sendo uma ou outra portaria, não há como se inquiná-la de inválida, visto que em 26 de dezembro de 1997 tanto uma como a outra estavam passíveis de surtir efeito, ao ponto de eventual erro material não ser hábil a invalidar referida Comissão.

A dita sétima irregularidade apontada: ausência de documentos (certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública municipal.

A alegada ausência de documentos fiscais não se mostra de responsabilidade do Prefeito Municipal, eis que a delegação da competência legal torna os membros da Comissão de Licitação responsáveis pessoalmente pelos seus atos, valendo destacar que estes devem emitir a adjudicação no certame, que, necessariamente, por determinação da Lei 8.666/93, carece da demonstração da regularidade fiscal por si aferida.

Diante disso, o gestor, responsável pela homologação, deve-se ater aos termos da adjudicação, e no caso em espécie tal ato (adjudicatório) foi procedido dentro das formalidades legais, razão pela qual foi homologado. Se as certidões são verdadeiras ou falsas, não condiz responsabilidade do Prefeito que apenas homologou o ato adjudicatório, firmado por quem tem o dever objetivo de aferir suas autenticidades. Se estes foram induzidos a erro ou erraram intencionalmente, decerto é que lançaram na adjudicação os documentos como validos, não cabendo, - eis que nem caberia -, ao Prefeito Municipal fiscalizar caso a caso, conquanto que a fiscalização é delegada aos membros da Comissão de Licitação.

Como última alegação de irregularidade: notas fiscais emitidas em data anterior à da respectiva Autorização para Impressão de Documentos Fiscais(AIDF).

A última irregularidade apontada pela fiscalização faz crer que a Nota Fiscal foi emitida quando não mais possível, posto que vencido o Bloco.

Ora Nobre Julgador, a própria autorização de emissão é clara no sentido de que aquele Bloco de Notas tem sua validade de 02 (dois) anos contados da sua perfuração, sendo certo que não restou provada a data dessa perfuração, pelo que improcede a assertiva de emissão fora do prazo legal’.

20.4. Maria das Graças Assis Paz (fls. 685/693) ‘Trata a presente do apontamento de, basicamente, sete irregularidades, atribuídas à

responsabilidade da defendente, as quais serão combatidas teto a teto, demonstrando a impertinência da denúncia, ao tempo em que isenta de responsabilidade a defendente, Presidente da Comissão de Licitação. Senão vejamos.

A primeira “constatação” cingiu-se: propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.).

Em se tratando de suspeita traduzida em propostas com idêntica padronização, é de cunho meramente subjetivo, tratando-se de mera especulação do nobre Relator, uma vez que a Lei 8666/93, não faz menção, não cabendo a esta Presidente fazer restrições, assegurando que todos os atos foram realizados dentro da mais ampla legalidade.

Continua o relatório: propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens de custo consecutivos ou não.

Essa circunstância se mostra idêntica à tratada acima, assegurando a defendente que todos os itens foram analisados dentro dos critérios estabelecidos na Lei 8666/93.

A terceira dita irregularidade: proposta formulada sem data, indicação do certame e/ou sem assinatura do responsável ou sem CNPJ do ofertante.

Diferentemente do alegado no relatório ora impugnado, todas as três propostas informadas encontram-se datadas, sendo que a da Empresa Estrela, do dia 26/12/97, a da Construtora Pilares do dia 26/12/97, e da Construtora VICK também do dia 26/12/97, como se observa respectivamente as fls. 21, 24 e 27.

27

Page 28: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Quanto à falta da menção do número da Carta-Convite nas propostas das empresas Estrela e Pilares, tal referência só é obrigatória se exigida na convocação, se tratando, pois, na espécie, de simples omissão que não se demonstra hábil a eivar de vício ou suspeita de fraude referidos documentos.

De mais a mais, diferentemente do contido no relatório relativo a falta de citação do número do CNPJ na proposta da licitante Estrela, vê-se que o analista laborou em erro visto que na proposta de fl. 21 foi atribuído o número do CGC da empresa, quando de sua qualificação, posteriormente ao declínio do endereço.

A quarta infundada alegativa: licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico.

Insigne Ministro, tais assertivas dos analistas responsáveis pela fiscalização em comento se mostram ininteligíveis ao passo que desarrazoadas, visto que não existe confusão nenhuma entre a assinatura do representante da firma Estrela com qualquer outra das empresas participantes do certame.

A quinta alegativa insubsistente: da adulteração e/ou rasura de documentos que embasam processo licitatório.

A Comissão de Licitação avaliou todas as documentações ofertadas pelos licitantes. E nesse espeque não poderia ser diferente. Porém Excelência não se mostra fraudado ou suspeito documento eventualmente completado com máquina de escrever. Essa ilação se mostra infundada se não acompanhada de provas cabais da alegada fraude.

Como sexta dita irregularidade: referência a inexistente ato oficial de designação da CPL.Como é de se observar, referido documento foi assinado pela Sra. Presidenta da Comissão à

época, e ao que tudo indica deve ser resultado de erro material. Porém para aferição da realidade dos fatos, mister oficiar-se a Prefeitura Municipal de Palmeirândia para informar se em seus anais encontra-se referida Portaria 006/97, ou se efetivamente e a Portaria 002/97 que constituiu referida Comissão.

Decerto, Sr. Ministro, é que tanto sendo uma ou outra portaria, não há como se inquiná-la de inválida, visto que em 26 de dezembro de 1997 tanto uma como a outra estavam passíveis de surtir efeito, ao ponto de eventual erro material não ser hábil a invalidar referida Comissão.

A dita sétima irregularidade apontada: ausência de documentos (certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública municipal.

A alegada ausência de documentos fiscais, não procede, um vez que todas foram juntadas ao processo, sendo esta de competência legal dos membros da Comissão de Licitação responsáveis pelos seus atos, valendo ressaltar que tudo foi realizado em determinação a Lei 8.666/93’.

20.5. Pilares Construções e Serviços Ltda.Foram apresentadas duas defesas, a seguir evidenciadas e analisadas. 20.5.1. Fábio César Carvalho (fl. 1866) ‘1- Que, apesar de figurar como representante legal da Pilares Construções e Serviços Ltda.,

jamais participara de qualquer licitação, uma vez que a empresa sempre fora representada pelos senhores José Vicente Aroucha e Valdenor Ramos Machado; sendo o primeiro quem assinava todos os contratos e o segundo responsável pela parte contábil e financeira da empresa;

2- Em todas as licitações que a Pilares Construções e Serviços Ltda. participou fora como é determinada por Lei e efetuada pela parte contratante, no caso sub judice, pela Prefeitura de Palmeirândia/MA, inclusive tendo outras empresas como concorrentes;

3- Ressalta-se, ainda, que todos os atos resultantes das licitações com o Município de Palmeirândia/MA, foram assinados e efetuados pelos supracitados senhores responsáveis de fato da empresa, como se pode verificar dos documentos já ancorados aos autos, não há a assinatura do signatário em nenhum deles;

4- Ademais, conforme tivemos informações da Prefeitura licitante e dos responsáveis da empresa, dos quais em outras oportunidades poderemos indicar seus endereços, todas as obras foram concluídas e devidamente entregues’.

20.5.2. Rita de Cássia Miranda Almeida (fls. 1867/1872 e 1873/1928)‘A ora Peticionante foi notificada por meio do Ofício n° 980/2006-TCU/SECEX-MA em razão de

deliberação dessa Egrégia Corte de Contas constante no Acórdão 1.159/2005-TCU-Plenário, por meio do qual foi determinada a Audiência da empresa Pilares Construções Ltda., referente a supostas irregularidades no Contrato de Repasse n° 1.832-12-97 - Caixa Econômica Federal.

28

Page 29: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Ab initio, cumpre esclarecer que a Peticionante já não é sócia da empresa em questão, conforme comprova o documento anexo, expedido pela Secretaria da Receita Federal no Maranhão, nem é titular ou sócia de qualquer pessoa jurídica (doc. 02).

Entretanto, como as informações solicitadas se referem a fatos pretéritos, quando a Peticionante ainda era sócia da Pilares, cumpre-nos destacar que a Pilares foi contratada pelo Município de Palmeirândia para execução dos serviços objeto do Contrato de Repasse n° 41.832-12-97 por meio de processo licitatório no qual foram estritamente observados os princípios administrativos, sobretudo os da legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade, conforme comprovam os documentos anexos (docs. 03 a 18).

A citada licitação se deu na modalidade Convite, em razão do seu valor não ultrapassar o limite previsto na alínea ‘a’ inciso I do art. 23 da Lei n.° 8.666/93, da qual participaram as empresas Estrela Industrial e Construções Ltda. e VICK Construção, Indústria e Comércio Ltda., além da Pilares.

Como se verifica nos documentos colacionados aos autos e juntados à presente peça, todas as etapas do processo licitatório exigidas na referida Lei foram devidamente cumpridas, culminando com a adjudicação e posterior contratação da empresa da qual a Peticionante era sócia.

Assim, se houve alguma irregularidade no Processo Licitatório do Convite n° 013/97 a Pilares Construções em nada pode ser responsabilizada, já que a participação da mesma no processo de contratação se deu por convite da então Comissão de Licitação, e os atos dos quais participou se revestiram de moralidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, em atendimento aos ditames de Lei de Licitações e Contratos Públicos.

Contratada a empresa, seguiu-se a execução dos serviços, de acordo com o cronograma de execução físico/financeiro estipulado no Plano de Trabalho constante no Contrato de Repasse citado, cuja copia já integra os autos (doc. 19 a 37).

Os serviços foram executados de acordo com as especificações exigidas e todos os pagamentos foram precedidos de perícia e medição do objeto executado. Além disso, ao final dos trabalhos, a obra concluída foi entregue ao ente público, tendo sido aceitos sem qualquer ressalva, o que somado ao que foi dito no início deste parágrafo, retira da contratada qualquer responsabilidade posterior no que se refere à obra.

Resumindo, se houve qualquer irregularidade na execução do Contrato de Repasse em questão, ou em qualquer outro, a Pilares Construção e sua ex-sócia não concorreram de nenhuma forma para o evento, não se podendo falar em qualquer responsabilidade das mesmas.

Repita-se, por oportuno, que os documentos anexados aos autos e juntados à presente petição são suficientes para demonstrar, de forma inconteste, a estrita observância da Lei n.° 8.666/93 no Processo licitatório, na contratação e posterior execução dos serviços objeto do Contrato de Repasse n° 41.832-12-97’.

21. Análise As justificativas apresentadas por Baltazar Neto Santos Garcia e Beatriz Ribeiro de Jesus

Sousa, membros da CPL de Palmeirândia, não têm força para elidir as irregularidades motivadoras da audiência. Na realidade, embora tachando de subjetivas constatações puramente objetivas e calcadas em documentação idônea feitas pela Secex/MA, foram os próprios contestantes que deixaram de fundamentar a correlata defesa. Nesse sentido, basta ver a alegação de que nada, no direito interno, veda a participação de uma pessoa jurídica em outra, quando é certo, porém, que existe clara vedação de que pessoas jurídicas integrantes de grupo econômico (ainda mais de forma sub-reptícia, como aconteceu) participem de um mesmo certame.

Por outro lado, aos membros da CPL era dado, ao contrário do que se alega, aferir as grosseiras semelhanças na oferta (não causadas, diga-se de logo, por qualquer padronização anterior à conta do instrumento convocatório) ou nos itens de preço, sem mencionar rasuras e outros vícios de grave repercussão percebidos no processamento do convite 013/97.

No que pertine, todavia, à inidoneidade da nota fiscal 0218 da Pilares (fl. 47, anexo 31), de 2 de julho de 1999, cuja emissão sucedera após o prazo de validade da respectiva AIDF, têm razão os defendentes, pois não lhes cabia acompanhar o processo de pagamento.

Com relação a Danilo Jorge Trinta Abreu, têm-se as seguintes ponderações. Primeiro, o responsável, então prefeito municipal, coube a homologação do procedimento

licitatório, ato administrativo que lançou sobre ele a responsabilidade por falhas anteriores, delas não se eximindo por manifestações que, não fora a dele, jamais chegariam a aperfeiçoar a emanação volitiva da administração pública.

29

Page 30: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Segundo, embora correto apenas quanto ao CNPJ (antigo CGC) da licitante Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. à fl. 21, anexo 31, o raciocínio defensivo não elimina as constatações sobre a inexistência de menção ao número do Convite nº 013/97 nas cartas de encaminhamento de proposta da Estrela e da Vick (fls. 21 e 24, anexo 31) e às inscrições estadual e municipal na oblação da licitante Estrela.

Terceiro, nada há que seja ininteligível ou desarrazoado no achado respeitante à Carta-Convite nº 013/97, pois ficou constatado pela Secex/MA um pormenor significativo, capaz de encerrar a discussão sobre a ausência de lisura desse certame: a assinatura (fls. 21, 30 e 35, anexo 31) associada ao representante legal da Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. é de Valdenor Ramos, pessoa natural que, não obstante em outros processos haja participado de créditos pagos à Pilares Construções, representa a licitante que teria vencido o certame ora em dissertação. A propósito desse relacionamento subterrâneo, foram juntadas às fls. 114/117, anexo 31, cópias de cheques que, à guisa de pagamento do objeto do Convênio nº 107/97, carregam a rubrica de Valdenor como efetivo beneficiário. Por outro lado, é difícil esconder a estranheza de somente as datas em tela, além de rasuradas, aparecem redigidas a máquina de escrever comum ou elétrica, a despeito de todo o restante conter caracteres gerados em computador.

Quarto, é bom reiterar, chama a atenção o fato de que, ao relatar a sorte do que apurado com relação às propostas, a CPL, logo no preâmbulo do documento (fl. 33), faz referência à Portaria nº 006/97, de 2 de janeiro de 1997. Esse ato designativo, porém, não existe, estando acostado aos autos o único com tal finalidade, que vem a ser a Portaria nº 002/97, de 21 de julho de 1997 (fl. 20, anexo 31).

Quinto, é completamente destituída de fundamento a defesa do responsável, pois a ele, então prefeito municipal e signatário do contrato às fls. 40/41, anexo 31, cabia, quando menos, exigir a juntada aos autos administrativos de comprovantes de regularidade da Pilares Construções e Serviços Ltda. quanto ao FGTS e ao RGPS.

Sexto, não faz sentido a argumentação do gestor, pois, ainda que não se saiba precisamente a data de perfuração relativa à nota fiscal 0218 da Pilares (fl. 47, anexo 31), é induvidoso que, ao ser emitida (em 2 de julho de 1999), já prevalecia AIDF emitida em 16 de dezembro de 1998, de que é inocultável exemplo a nota fiscal 272 (fl. 52, anexo 31).

As justificativas apresentadas pelos membros da CPL de Palmeirândia, não têm força para elidir as irregularidades motivadoras da audiência. Na verdade, embora tachando de subjetivas constatações puramente objetivas e calcadas em documentação idônea feitas pela Secex/MA, foram os próprios contestantes que deixaram de fundamentar adequadamente seu ponto de vista.

Com relação à defesa de Maria das Graças Assis Paz, cabem as seguintes ponderações.Primeiro, embora correto quanto ao CNPJ (antigo CGC) da licitante Estrela Empresa

Industrial e Construções Ltda. à fl. 21, anexo 31, o raciocínio defensivo não elimina as constatações sobre a inexistência de menção ao número do Convite nº 013/97 nas cartas de encaminhamento de proposta da Estrela e da Vick (fls. 21 e 24, anexo 31) e às inscrições estadual e municipal na oblação da licitante Estrela.

Segundo, nada há que seja ininteligível ou desarrazoado no achado respeitante à Carta-Convite nº 013/97, pois ficou constatado pela Secex/MA um pormenor significativo, capaz de encerrar a discussão sobre a falta de lisura desse certame: a assinatura (fls. 21, 30 e 35, anexo 31) associada ao representante legal da Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. é de Valdenor Ramos, pessoa natural que, nada obstante em outros processos teve participação em créditos pagos à Pilares Construções, representa a licitante que teria vencido o certame ora em dissertação. A propósito desse relacionamento subterrâneo, foram juntadas às fls. 114/117, anexo 31, cópias de cheques que, à guisa de pagamento do objeto do Convênio nº 107/97, carregam a rubrica de Valdenor como efetivo beneficiário. Por outro lado, é difícil esconder a estranheza de somente as datas em tela, além de rasuradas, aparecem redigidas a máquina de escrever comum ou elétrica, a despeito de todo o restante conter caracteres gerados em computador.

30

Page 31: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Terceiro, cabe a insistência, ao relatar a sorte do que apurado com relação às propostas, a CPL, logo no preâmbulo do documento (fl. 33, anexo 31), faz referência à Portaria nº 006/97, de 2 de janeiro de 1997. Esse ato designativo, porém, não existe, estando acostado aos autos o único com tal finalidade, que vem a ser a Portaria nº 002/97, de 21 de julho de 1997 (fl. 20, anexo 31).

Quarto, com relação às certidões negativas reclamadas, não tem razão a alegante, pois cabia-lhe, no curso da licitação – e antes mesmo da contratação –, exigir a regularidade do FGTS e INSS da vencedora.

No que se refere à Pilares Construções e Serviços Ltda., a defesa, quer de Fábio César Carvalho ou de Rita de Cássia Miranda Almeida, apenas historia a participação dessa sociedade empresária no certame, não enfrentando quaisquer das ocorrências a ela imputadas.

22. IRREGULARIDADES CONCERNENTES AO CONVÊNIO Nº 750.374/2001-FNDE (todas as remissões se referem a folhas do anexo 16)

‘- Contradição na cronologia dos eventos administrativos associados à execução do objeto pactuado:

Esse achado aponta para possível fraude à licitação que teria embasado a compra e venda de um micro-ônibus pela Prefeitura de Palmeirândia, uma vez que no pretenso Convite n°10/02 (fls. 50/74) é visível a inversão cronológica dos atos desenvolvidos, como se pode perceber da suma infraescrita:

Ato/fato administrativo Data LocalizaçãoSessão de abertura das

propostas19 de março de 2002 edital do convite à fls. 55

e ata da sessão à fl. 69Carta-proposta da Marcopolo S/A (licitante que venceria o

certame)

19 de abril de 2002 (percebe-se que a data é essa por causa do recurso ‘autocompletar’ do Microsoft Word, que grafou no topo do

documento ‘2002-04-19’, ou seja, o dia em que efetivamente redigido (ano, mês e dia), segundo a

configuração ‘aaaa-mm-dd’

Documento à fl. 57

Certidões de habilitação da Marcopolo (licitante que

venceria o certame)

26 de março de 2002 (conforme cabeçalho de fac-símile no topo de cada documento)

Documentos às fls. 58/66

Para mais, note-se que a única participante cujos dados estão completos (CNPJ, endereço, certidões etc.) é a Marcopolo S.A., não se identificado tais informações nem na proposta da Ciferal (fl. 66) nem na da Agrale (fl. 67).

- Fornecimento de mercadoria proveniente de outro Estado-membro sem comprovação de trânsito e controle por postos fiscais:

Outro detalhe importante é que, nada obstante o micro-ônibus seja proveniente de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, de acordo com a nota fiscal n° 090.181 (fl. 8), não existe um carimbo sequer de posto de fiscalização tributária que comprove o efetivo traslado da mercadoria até o Maranhão.

- Pagamento antecipado:A dinâmica da despesa, quando se cotejam a nota fiscal n° 090.181 da Marcopolo S.A. (fl. 8) e os

pagamentos efetuados pela Prefeitura de Palmeirândia, é reveladora de pagamento antecipado, visto como aquele documento fiscal, no valor de R$ 70.000,00, fora emitido em 2 de maio de 2002, tendo sido o veículo licenciado apenas no dia 15 de junho de 2002 (fl. 118), ao passo que o credor recebera R$ 31.700,00 em 2 de abril de 2002 (fls. 23/25) e R$ 19.812,88 em 24 de abril de 2002 (fl. 28), totalizando mais de 75% do valor avençado.

- Inadimplência registrada pelo órgão repassador:Irregularidade que se junta ao rol acima especificado é a inadimplência registrada pelo Controle

Interno devido à não apresentação de documentos da prestação de contas, do que dá notícia o extrato Siafi a fls. 116/117’.

23. Justificativas sobre a irregularidade do Convênio nº 750.374/2001-FNDE Abaixo, visto como se mantiveram silentes as pessoas naturais Maria de Nazaré Martins,

Maura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa, Nílson Santos Garcia e Sônia Luzia Pinheiro Trinta, transcrever-se-ão as considerações do único responsável a manifestar-se.

31

Page 32: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

23.1. Justificativas da Marcopolo S/A (fls. 1799/1800, 1816/1820 e 1861/1864)‘Em resposta ao Ofício n° 1177/2005, extraído do Processo TC n° 019.888/2003-2, referente à

denúncia de irregularidades praticadas em licitação no âmbito da Prefeitura Municipal de Palmeirândia/MA, tem-se o seguinte;

A Marcopolo S.A. participou do certame licitatório n° 10/02, modalidade Convite, conforme edital publicado em 08.03.2002, sagrando-se vencedora por apresentar proposta mais vantajosa para administração pública.

Não obstante, a Marcopolo tem por política enviar a documentação básica para cadastros em licitações públicas aos seus representantes comerciais, dentre as quais: certidões negativas, documentos estatutários, procurações, etc.

A documentação da Marcopolo para participação do certame licitatório foi enviada para seu representante comercial localizado no Estado do Maranhão, Pavel São Luiz Ltda., responsável pela apresentação da proposta vencedora.

No final de março e/ou início de abril de 2002, houve solicitação do Prefeito Municipal de Palmeirândia no sentido de obter a documentação da Marcopolo novamente, face extravio ocorrido no âmbito da Administração Municipal.

Da mesma forma, a Pavel São Luiz Ltda. recebeu a solicitação no sentido de enviar a proposta vencedora juntamente com a documentação da Marcopolo, o que foi feito em abril de 2002.

Importante frisar que em momento algum houve impugnação das datas por parte dos demais licitantes, fato que comprova que não houve irregularidade alguma no âmbito da licitação entelada.

No ensejo, apresentamos nossos protestos da mais elevada estima e consideração, sempre colocando-nos à disposição para maiores esclarecimentos’.

24. AnáliseAs explicações da Marcopolo S.A. não conseguem elidir, de modo algum, as

irregularidades apontadas pela Secex/MA. Basta ver, nesse rumo, que o cerne da defesa (imaginado pedido da Prefeitura para que a defendente e a Pavel São Luís Ltda. substituíssem documentos extraviados no âmbito do procedimento licitatório) findou sem comprovação. Ademais, em se dando algum crédito à versão de que tais documentos teriam sido remetidos em abril de 2002, acabariam, ainda assim, sem justificativa os papéis fac-similares às fls. 58/66, anexo 16, todos com data de março de 2002 e considerados, sem ressalva de que espécie seja, formalmente vinculados à cronologia do certame discutido.

25. IRREGULARIDADE ATINENTE AO CONTRATO DE REPASSE Nº 74.255-76/98 (as remissões são feitas a páginas do anexo 33)

‘- Licitante(s)/fornecedor(es) de bens/serviços de titularidade ou com participação de servidor (ou ex-servidor) da Prefeitura:

Trata-se do fato de o Sr. Francisco Silva, afora atuar, mediante procuração (fl. 65), como mandatário e engenheiro civil da Construtora Troya Comércio Construções e Serviços Ltda., à qual se adjudicou o objeto da Carta-Convite n° 016/99 (vide ato à fls. 41), ser também engenheiro da Prefeitura de Palmeirândia (ver às fls. 66/67, por exemplo, cópia de laudo que expediu sobre a pretensa consecução do objeto do Convênio n° 515/98)’.

26. Justificativas sobre as irregularidades do Contrato de Repasse nº 74.255-76/98 Abaixo são transcritas as razões de justificativa de Danilo Jorge Trinta Abreu

(fls. 680/684):‘Trata a presente do apontamento de uma irregularidade cuja responsabilidade foi atribuída ao

defendente, que, diga-se de passagem, impertinente, posto que inexistente. Senão vejamos,Licitante(s)/fornecedor(es) de bens/serviços de titularidade ou com participação de servidor (ou

ex-servidor) da Prefeitura:Nobre Ministro, como se apura, a licitação referente à melhoria de unidades habitacionais nas

áreas urbanas e rurais foi devidamente procedida nos moldes legais.À época, o Sr. Francisco Silva não era funcionário e nem ex-funcionário da Prefeitura de

Palmeirândia, razão porque não tinha nenhum impedimento de funcionar como preposto de qualquer que fosse a empresa junto àquela Municipalidade.

De sorte que, ao compulsar os autos, e verificar o documento de fl. 66/67, o defendente foi tornado por surpresa, visto que não tem conhecimento do vínculo existente entre o engenheiro e o ente Municipal, que,

32

Page 33: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

como transcrito, somente é datado de 2001, quando o defendente não mais estava à frente do executivo municipal.

Ainda assim, Excelência, o fato do aludido engenheiro ter funcionado como representante de empresa que participou daquele certame nada tem haver com o relatório técnico emitido, vez que não dizem respeito à mesma licitação e à mesma obra.

Portanto, Excelência, como abastadamente demonstrado, refutando-se todas as alegativas lançadas, o ora defendente não negligenciou em suas atribuições como gestor do citado contrato de repasse, valendo destacar que todos seus atos foram procedidos dentro de suas prerrogativas, e proferidos dentro da legalidade, respeitando a autonomia das decisões da Comissão Setorial de Licitação.

E, nesse contexto, serve a presente para requerer a Vossa Excelência que, após o devido processamento, seja julgado improcedente a denuncia formulada, e, via de consequência, seja o ora defendente absolvido da acusação que contra si pesa na presente Tomada de Contas’.

27. AnáliseSegundo detalhamento do achado, a questão irregular tem amparo na circunstância de

Francisco Silva, afora atuar, mediante procuração (fl. 65, anexo 33), como mandatário e engenheiro civil da Construtora Troya Comércio Construções e Serviços Ltda., à qual se adjudicou o objeto da Carta-Convite nº 016/99 (vide ato à fl. 41, anexo 33), ser também engenheiro da Secretária de Obras Prefeitura de Palmeirândia, tal qual se vê de ato por ele assinado (fls. 66/67, anexo 33) acerca da pretensa consecução do objeto do Convênio nº 515/98, outra transferência voluntária que favoreceu aquela municipalidade. Logo, as justificativas não elidem o vezo, que se mantém incólume e íntegro.

28. CONCLUSÃO E PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTODiante do exposto, propõe-se:a) conhecer das razões de justificativa apresentadas, relativamente às irregularidades dos

convênios e contratos de repasse a que alude o subitem 9.5 do Acórdão 1.159/2005-TCU-Plenário apresentadas por Associação de Saúde da Periferia do Maranhão (CNPJ 07.484.587/0001-09), Baltazar Neto Santos Garcia (CPF 094.934.253-04), Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 075.352.103-25), Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí (CNPJ 05.697.048/0001-14), Danilo Jorge Trinta Abreu (CPF 808.147.278-91), Elizabete Leal Mendes (CPF 104.346.233-34), Formação – Centro de Apoio à Educação Básica (CNPJ 04.300.957/0001-04), José Ribamar Freitas Abreu (CPF 063.065.353-49), Manoel de Jesus Botelho (CPF 238.784.443-20), Márcio Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 819.489.133-72), Marcopolo S.A. (CNPJ 88.611.835/0008-03), Maria das Graças Assis Paz (CPF 175.775.863-15), Nilson Santos Garcia (CPF 062.067.513-68), Norma Célia Oliveira Ferreira (CPF 137.892.953-53), Pilares Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 01.271.314/0001-91) e Weder Pereira Garcia (CPF 761.544.163-34);

b) acatar exclusivamente as justificativas apresentadas, quanto à incongruência na movimentação de conta bancária específica, por Elizabete Leal Mendes, José Ribamar Freitas Abreu e Márcio Ribeiro de Jesus Sousa e, acerca de irregularidade em documento fiscal (AIDF), por Baltazar Neto Santos Garcia e Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa, rejeitando-se as demais deles e dos outros responsáveis;

c) acatar as justificativas de José de Ribamar Freitas Abreu (CPF 807.072.623-72), para, em virtude de ilegitimidade passiva, excluí-lo da relação processual;

d) considerar revéis, para os fins legais, ante a completa ausência de manifestação sobre achados que, afora os Contratos de Repasse nºs 129.402-75/2001 e 132.536-48/2001, lhes diziam respeito: Dental São José Comércio e Representações Ltda. (CNPJ 02.410.516/0001-30), Dentária Rio Lima Ltda. (CNPJ 23.680.697/0001-94), Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. (CNPJ 01.540.362/0001-38), Fabiane Pinheiro Trinta (CPF 689.961.362-04), Idália Sinfrósia Cardoso Ferreira (CNPJ 04.201.247/0001-27), Lusimaria Costa – Comércio e Representações (CNPJ 04.209.021/0001-72), Maura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa (CPF 760.852.443-04), Maria de Nazaré Martins (CPF 076.575.603-04), Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto, CNPJ 03.303.327/0001-20), Ponto Dentário Ltda. (CNPJ 02.678.818/0001-93), Sônia Luzia Pinheiro

33

Page 34: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Trinta (CPF 351.536.603-20) e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. (CNPJ 69.377.794/0001-03);

e) aplicar aos responsáveis mencionados nas alíneas ‘a’ e ‘b’ retro, com a necessária individualização, a multa de que cuidam os arts. 58, II, da LOTCU e 268, II, do RITCU;

f) determinar à Secex/MA que: f.1) em atendimento ao subitem 3.34 de instrução à fl. 442, incorporado ao subitem 9.6 do

Acórdão 1.159/2005-Plenário, instaure TCE de Danilo Jorge Trinta Abreu, ex-prefeito de Palmeirândia/MA, em solidariedade com a pessoa jurídica GRC Comércio e Representações Ltda., CNPJ 41.503.756/0001-30, pela ocorrência que, discriminada no subitem 34.3 do relatório de auditoria (fl. 333), se associa à execução do Convênio nº 91.863/98-FNDE, para tanto desentranhando dos autos o anexo 37 bem como, localizado às fls. 2110/2112, o expediente originário da Secretaria de Estado da Fazenda do Maranhão;

f.2) encaminhe cópia da deliberação que vier a ser proferida, tanto quanto do relatório e do voto que a lastrearem, à Procuradoria da República no Maranhão;

f.3) arquive os presentes autos”.

9. O então gerente em substituição da unidade técnica, por sua vez, dissentiu, em parte, da proposta de encaminhamento acima, consoante o parecer de fls. 2303/2304, v. 11, lavrado nos seguintes termos:

“Manifesto minha concordância com a instrução de fls. 2267/2301, com as seguintes dissensões pontuais e observações a seguir.

Frise-se inicialmente que estes autos já foram apreciados por este Tribunal que prolatou o Acórdão 1.159/2005 – Plenário. Naquela assentada, foram determinadas, dentre outras providências, a formação de apartados de tomada de contas especial (TCE), para as situações de débito, e audiência para demais irregularidades observadas.

Instauradas as diversas TCEs envolvendo os recursos fiscalizados, foram examinadas nesta oportunidade o cumprimento das determinações contidas no subitem 9.5 e 9.6 do citado decisum, ou seja, diligência e audiências, plenamente cumpridas, ensejando a apreciação definitiva destes autos.

Destaque-se as seguintes ponderações acerca de cada transferência.Convênio nº 1.758/1998Manifesto plena concordância com a proposta de multa alvitrada pelo informante,

destacando que na dosimetria da pena seja considerada a culpabilidade maior dos membros da comissão de licitação e licitantes, sendo secundária a participação do então prefeito municipal para a consecução da irregularidade.

Frise-se outrossim a necessidade de comunicar essa irregularidade ao Ministério Público Federal, por estarmos diante de indícios de simulação de licitação e/ou conluio entre licitantes, o que pode configurar crime previsto na Lei nº 8.666/93.

Convênio nº 177/1997Manifesto plena concordância com a proposta de multa alvitrada pelo informante, pois

configurada a infração ao art. 20 da IN nº 001/97 e os próprios termos da avença. Convênio nº 800.076 FNDEManifesto plena concordância com a proposta de multa alvitrada pelo informante,

destacando novamente que na dosimetria da pena seja considerada a culpabilidade maior dos membros da comissão de licitação e licitantes, sendo secundária a participação do então prefeito municipal para a consecução da irregularidade.

Note-se outrossim a necessidade de comunicar essa irregularidade ao Ministério Público Federal, por estarmos diante de indícios de simulação de licitação e/ou conluio entre licitantes, o que pode configurar crime previsto na Lei nº 8.666/93.

Contrato de Repasse nº 41.832-12/97

34

Page 35: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Manifesto plena concordância com a proposta de multa alvitrada pelo informante, destacando que na dosimetria da pena seja considerada a culpabilidade maior dos membros da comissão de licitação e licitantes, sendo secundária a participação do então prefeito municipal para a consecução da irregularidade.

Note-se outrossim que os membros da CPL aceitaram a participação de licitantes sem as devidas certidões negativas, incorrendo em outra irregularidade.

De igual forma, o prefeito acatou nota fiscal inidônea como base para pagamento de credor, incorrendo em outra ilegalidade, liquidação irregular de despesa, contrariando o art. 62 e 63 da Lei nº 4.320/64.

Ressalte-se outrossim a necessidade de comunicar ao Ministério Público Federal, os indícios de simulação de licitação e/ou conluio entre licitantes, o que pode configurar crime previsto na Lei nº 8.666/93.

Convênio nº 750.374/2001 FNDEData vênia da análise e proposta punitiva alvitrada pelo informante, tenho por razoáveis

os esclarecimentos da Marcopolo S.A. De fato, pode ter havido um extravio de documentos apresentados à época da licitação e tê-los remetidos novamente à Prefeitura para fins de regularização documental, ensejando a normalização da contratação e pagamento. Difícil crer que Agrale e Ciferal, empresas de nome internacional juntamente com a Marcopolo, fornecedoras de ônibus e caminhões no Brasil e no mundo, pudessem compactuar com fraude licitatória em um pequeno município do interior do Maranhão, para compra de um único ônibus escolar.

Quanto ao pagamento antecipado e liquidação irregular da despesa, tenho por devidamente caracterizados e imputáveis ao Prefeito Municipal à época, Sr. Nilson Santos Garcia, para quem concordo com a apenação com multa, em face das transgressões legais.

Contrato de Repasse nº 41.832-12/97Manifesto plena concordância com a proposta de multa alvitrada pelo informante,

destacando que na dosimetria da pena seja considerada a culpabilidade maior dos membros da comissão de licitação e licitante irregular, sendo secundária a participação do então prefeito municipal para a consecução da irregularidade.

Quanto aos demais itens da proposta de encaminhamento, concordo plenamente”.

10. O dirigente da Secex/MA, a seu turno, acompanhou o parecer do gerente em substituição da unidade técnica, conforme parecer aposto à fl. 2304, v. 11.

É o Relatório.PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Registro, preliminarmente, ex vi do Acórdão 1.159/2005-TCU-Plenário (fls. 474/476, v. 2), que a presente denúncia foi considerada procedente por esta Corte de Contas, em razão de irregularidades verificadas na gestão de recursos federais transferidos ao município de Palmeirândia/MA, por intermédio de convênios e contratos de repasse celebrados com entes da União, durante os mandatos dos ex-prefeitos Danilo Jorge Trinta Abreu (gestão: 1997/2000) e Nilson Santos Garcia (gestões: 1993/1996 e 2001/2004). 2. De acordo com a inspeção realizada pela Secex/MA, de novembro de 2004 a março de 2005 (relatório de fls. 218/436, v. 1), foram confirmadas inúmeras irregularidades atinentes a dezenas de ajustes firmados no interregno de 1996 a 2004, principalmente a ocorrência de desvios de recursos de contas bancárias e de evidências de fraudes em licitação e em comprovação de despesas, o que levou à determinação de constituição de apartados de TCE, quando cabível, consoante subitem 9.3 do decisum acima, bem como à decretação, por um ano, da indisponibilidade dos bens dos responsáveis (subitem 9.4 desse Acórdão).3. Além disso, promoveu-se a audiência dos responsáveis no tocante aos instrumentos enumerados no subitem 9.5 do sobredito Acórdão, assim como as diligências que se fizessem

35

Page 36: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

necessárias (subitem 9.6), de modo que, no caso vertente, conforme apontado na instrução de fls. 2267/2301, v. 11, as medidas adotadas nestes autos, a partir de então, cingiram-se ao cumprimento desses comandos.4. No que tange ao subitem 9.6 do aresto, a Secretaria da Fazenda do Estado do Maranhão, em resposta ao Ofício-Secex/MA nº 995, de 4/11/2008 (fl. 2089, v. 10), consignou os seguintes fatos (v. ofício de fls. 2110/2112, v. 10):

a) impossibilidade de tecer comentários sobre as seguintes notas fiscais: nº 33 da J. C. Comércio e Serviços Ltda., nºs 25 e 26 da Comercial Tropical Ltda., nº 30 da Comercial Mirador Ltda. e nº 19 da Ravis Lisa Distribuição e Representações Ltda.; e

b) inidoneidade das notas fiscais nºs 166 e 167 da GRC Comércio e Representações Ltda., pois, ainda que a respectiva Autorização para Impressão de Documentos Fiscais (AIDF) tenha procedência, esses documentos foram emitidos após o prazo limite de 18 meses, contados da autorização, em desacordo com o Decreto Estadual nº 13.421, de 20 de outubro de 1993. 5. Assim, em face da informação prestada na alínea “b” acima, a Secex/MA propõe a instauração de TCE, por força dessa ocorrência, agora confirmada, que consta do subitem 34.3 do relatório de inspeção (fl. 333, v. 1), relacionada ao Convênio nº 91.863/98-FNDE e ao Anexo 37, medida que se mostra desnecessária, uma vez que já fora autorizada no subitem 9.6, in fine, do Acórdão 1.159/2005-TCU-Plenário.6. E, no tocante ao subitem 9.5 do Acórdão 1.159/2005-TCU-Plenário, a tabela de fls. 2267/2271, v. 11, associa o convênio ou contrato de repasse com os respectivos responsáveis e com a manifestação por eles encaminhada ao Tribunal, cujo exame das razões de justificativa consta das fls. 2271/2300, v. 11, bem como do Relatório precedente.7. Antes de adentrar na análise efetuada pela Secex/MA, cabe registrar a informação constante da instrução de mérito em questão, que aduz: “para evitar bis in idem, não se fará qualquer análise acerca das justificativas relativas aos Contratos de Repasse nºs 132.536-48/2001 e 129.402-75/2001, visto como as irregularidades que enodoam as duas avenças (e que constituem o cerne das audiências no momento examinadas) foram objeto dos processos TC 009.445/2006-4 e TC 009.753/2006-2, desembocando nos Acórdãos 2.668/2009 e 1.682/2009, ambos do Plenário, conforme se vê a fls. 2203/2212 e 2213/2224, v. 10, respectivamente”. 8. Por isso, restringiu-se a abordagem aos demais instrumentos de transferência voluntária indicados no subitem 9.5 do Acórdão em tela, quais sejam: Convênios nºs 1.758/1998-FNS, 177/1997-MMA/SRH, 800.076/2003-FNDE e 750.374/2001-FNDE, e Contratos de Repasse nºs 41.832-12/1997 e 74.255-76/1998. E, assim, passo a analisar as questões relativas a cada uma dessas seis avenças.

I9. As irregularidades verificadas no Convênio nº 1.758/1998-FNS, cujo objeto era a aquisição de equipamentos para posto de saúde, no valor repassado de R$ 80.000,00, foram (fls. 305/306, v. 1):9.1. propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.);9.2. licitantes com mesmo endereço, sócios comuns ou do mesmo grupo econômico;9.3. valor da proposta vencedora igual ou muito próximo ao valor orçado pela prefeitura; e9.4. não aprovação da prestação de contas pelo órgão repassador.10. Os responsáveis que apresentaram justificativas alegaram, em síntese, o que se segue.10.1. Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa, Manoel de Jesus Botelho e Norma Célia Oliveira Ferreira, membros da Comissão Permanente de Licitação (CPL) da prefeitura aduziram que: as irregularidades apontadas seriam de natureza subjetiva; não existiria restrição à participação no certame de várias empresas de uma mesma pessoa; a CPL não poderia ser responsabilizada por atos das proponentes; não haveria como aferir se as propostas eram semelhantes; e10.2. Danilo Jorge Trinta Abreu afirmou que: não seria da competência do prefeito verificar a consistência das propostas e a documentação apresentada pelas licitantes, mas sim da CPL, a quem

36

Page 37: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

caberia homologar o certame; tais irregularidades seriam de cunho subjetivo; não haveria ilegalidade no fato de a proposta vencedora ser similar ao orçamento da prefeitura; teria sido vitoriosa a proposta de menor preço; a prestação de contas não teria sido reprovada, mas baixada em diligência.11. As empresas licitantes Dentária Rio Lima Ltda., Ponto Dentário Ltda. e Dental São José Comércio e Representações Ltda. mantiveram-se silentes, apesar de regularmente notificadas, cabendo, diante disso, a teor do art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, considerá-las revéis para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo.12. Entendo que as justificativas dos responsáveis merecem rejeição, na sua totalidade, consoante a análise empreendida pela unidade técnica, com a qual me alinho na íntegra, incorporando-a, desde já, a estas razões de decidir.13. De fato, as defesas apresentadas não lograram afastar as evidências de conluio no Convite nº 34/1998, que teria sido realizado no âmbito do convênio em destaque, sendo certo que as irregularidades comprovadas não poderiam ser realizadas sem a participação dos membros da CPL, responsáveis pela verificação da consistência e validade das propostas, bem como da documentação apresentada pelas licitantes.14. Não se pode afastar, de igual modo, a responsabilidade do ex-prefeito, autoridade homologadora do suposto certame, de modo que, com isso, convalidou os demais atos praticados em afronta aos princípios da moralidade, da igualdade e da probidade administrativa, consubstanciados nos arts. 3º, caput e § 3º; 22, §§ 3º e 7º; e 94 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, c/c o art. 37, caput, da Constituição Federal, assim como à jurisprudência deste Tribunal (citem-se: os Acórdãos 673/2008, 928/2008, 1.345/2008 e 2.859/2008, todos do Plenário).15. Como bem destacou a Secex/MA, mesmo após os questionamentos do repassador quanto à ausência de parecer jurídico, dentre outras falhas formais, e quanto à diferença entre o preço da balança de 100 kg nas notas fiscais nºs 1852 e 1963 (fls. 28 e 71), com perda de mais de R$ 1.000,00, o ex-prefeito não tomou nenhuma medida para sanar os problemas verificados na prestação de contas.16. Assim, acolho a proposta de multa formulada pelo auditor da Secex/MA, com o aval do corpo diretivo da unidade técnica. 17. Ademais, considerando a ocorrência de fraude comprovada à licitação, entendo cabível a declaração de inidoneidade das empresas Dentária Rio Lima Ltda., Ponto Dentário Ltda. e Dental São José Comércio e Representações Ltda., nos termos do art. 46 da Lei nº 8.443, de 1992, sem prejuízo de comunicar tais fatos à Procuradoria da República no Estado do Maranhão, conforme alertado pelo gerente em substituição da Secex/MA, em observância aos termos do art. 102 da Lei nº 8.666, de 1993; lembrando neste ponto que, segundo o STF, indícios vários e concordantes constituem prova.

II18. As irregularidades do Convênio nº 177/1997-MMA/SRH, cujo objeto era a recuperação de barragens de terra, no valor repassado de R$ 247.473,46, foram (fls. 238/242, v. 1):18.1. percepção ilícita dos recursos do convênio pelo prefeito Danilo Jorge Trinta Abreu e pelo secretário Manoel de Jesus Botelho;18.2. execução apenas parcial do objeto, caracterizada pela divergência entre dados colhidos sobre a obra (itens de planilha sem execução, fotos do estágio da execução, depoimento colhidos na inspeção que colocam em dúvida a existência ou não do objeto) e o que consta formalmente da prestação de contas (termo de recebimento);18.3. dispensa indevida de licitação pela não caracterização de situação emergencial prevista no art. 24, IV, da Lei nº 8.666, de 1993;18.4. propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.);18.5. propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens (consecutivos ou não);18.6. licitantes/fornecedores de bens/serviços de titularidade ou com participação de servidor (ou ex-servidor) da prefeitura; e

37

Page 38: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

18.7. ausência de documentos de regularidade fiscal (certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública.19. Os responsáveis que apresentaram justificativas alegaram, em síntese, o que se segue.19.1. Danilo Jorge Trinta Abreu afirmou que: saques efetuados na conta do convênio não significariam ausência de pagamento dos compromissos assumidos, tampouco apropriação indébita; seria praxe movimentar as contas bancárias por meio de saques para pagamento em espécie aos prestadores de serviço, vez que não existiriam casas bancárias no município; os moradores ouvidos na inspeção teriam indicado que as barragens foram recuperadas entre 1997 e 1998; teriam sido realizados serviços além dos previstos no convênio; não seria possível avaliar em 2005 a situação de emergência que levou à dispensa de licitação em 1998; a verificação da consistência das propostas e da documentação das licitantes seriam competências exclusivas da CPL; não seria do seu conhecimento que o engenheiro Francisco Silva, contratado pelas licitantes, fosse funcionário (ou ex-funcionário) da prefeitura;19.2. Elizabete Leal Mendes, membro da CPL, alegou que: não teria como identificar a semelhança das propostas; teria sido recomendada a fazer dispensa de licitação; as certidões teriam sido anexadas ao processo enviado ao prefeito; não teria tido nenhuma participação na execução da avença;19.3. José de Ribamar Freitas Abreu aduziu que: teria sido chamado aos autos por engano, no lugar do verdadeiro responsável, que seria o Sr. José Ribamar Freitas Abreu; 19.4. José Ribamar Freitas Abreu, ex-secretário de Obras, alegou que: o prefeito teria solicitado que a obra fosse executada em regime de emergência, devido ao período chuvoso na região; não teria tido nenhuma participação na licitação e na execução do convênio;19.5. Maria das Graças Assis Paz, presidente da CPL, oferecendo justificativas similares às do ex-prefeito para as irregularidades comuns, afirmou que: as irregularidades seriam de caráter subjetivo; teria cumprido o decreto que estabelecia situação de emergência, baixado pelo prefeito; a lei não proibiria propostas parecidas; os documentos de regularidade fiscal teriam sido juntados ao processo durante a licitação; e19.6. Nilson Santos Garcia, então membro da CPL, oferecendo também justificativas similares às do ex-prefeito para as irregularidades comuns, alegou que: as irregularidades seriam de caráter subjetivo; a licitação não teria sido dispensada, mas sim considerada deserta; a semelhança entre as propostas não autorizaria a dedução de que teriam sido elaboradas pela mesma pessoa.20. Já os responsáveis Manoel de Jesus Botelho, Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda., Pilares Construções e Serviços Ltda. e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. mantiveram-se silentes, apesar de regularmente notificados, cabendo, diante disso, considerá-los revéis para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo.21. No mérito, acompanho as conclusões da unidade técnica quanto a excluir da relação processual o Sr. José de Ribamar Freitas Abreu, chamado aos autos por engano, e a rejeitar as alegações dos integrantes da CPL, vez que foram incapazes de espancar as irregularidades apontadas no certame, em especial as evidências de direcionamento ou simulação (itens 18.3 a 18.7 acima).22. Entretanto não vejo nos elementos constantes dos autos fundamentos suficientes para considerar a inexecução do objeto (item 18.2), ainda que parcial, baseados em depoimentos pouco esclarecedores e sem a identificação e quantificação precisa dos serviços não realizados.23. Tampouco vejo como prosperar a suspeita de desvio de recursos prevista no item 18.1, irregularidade esta que já havia sido rejeitada no despacho da diretoria da Secex/MA, às fls. 437/447, v. 2, vez que o cheque contestado foi descontado na boca do caixa pela empresa contratada para realizar os serviços e o endosso do Sr. Manoel de Jesus Botelho, então tesoureiro da prefeitura, não é suficiente para indicar que esse agente, ou mesmo o ex-prefeito, tenham se locupletado de tais recursos públicos, de modo que tal situação se mostra escusável, ao contrário da prática condenada de saques em espécie, sem a identificação do beneficiário.

38

Page 39: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

24. Além disso, divirjo da proposta de aplicação de multa à empresa Pilares Construções e Serviços Ltda., tendo em vista que o entendimento deste Tribunal a respeito do assunto tem sido no sentido de ser inaplicável à pessoa jurídica contratada, ou mesmo à licitante, a multa do art. 58 da Lei nº 8.443, de 1992, conforme debates constantes dos Acórdãos 459/2004, 58/2005, 683/2006, 548/2007, 1.012/2007, 1.190/2009 e 2.161/2010, todos do Plenário.25. A participação fraudulenta de empresas em processos licitatórios tem ensejado, todavia, aplicação da sanção prevista no art. 46 da Lei nº 8.443, de 1992, medida essa que se mostra mais adequada à apenação pela comprovação de conluio e direcionamento da licitação por parte das empresas Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda., Pilares Construções e Serviços Ltda. e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda.26. E, quanto à proposta de multa aos agentes envolvidos, entendo cabível, pelos motivos acima, a aplicação apenas aos seguintes responsáveis: Danilo Jorge Trinta Abreu, Elizabete Leal Mendes, José Ribamar Freitas Abreu, Maria das Graças Assis Paz e Nilson Santos Garcia.

III27. As irregularidades do Convênio nº 800.076/2003-FNDE, cujo objeto era formação de docentes e aquisição de material didático, no valor repassado de R$ 115.518,15, foram (315/320, v. 1):27.1. propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.);27.2. licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico;27.3. seleção de proposta em desacordo com critérios previstos no instrumento convocatório;27.4. preços unitários da licitante vencedora, em 80% dos itens, iguais ao orçamento que embasa o plano de trabalho do convênio;27.5. licitantes com mesmo endereço; e27.6. licitante cujo sócio aufere renda de entidade que também participou do certame.28. Os responsáveis que apresentaram justificativas alegaram, em síntese, o que se segue.28.1. Associação de Saúde da Periferia do Maranhão – ASP afirmou que: a Sra. Lidia Fernanda da Silva Vasconcelos teria sido contratada como prestadora de serviços de pedagoga, por prazo determinado, e não seria impedida legalmente de exercer suas funções em outra entidade; o contrato de prestações de serviços não teria sido celebrado entre a ASP e a empresa Centro de Formação Continuada de Professores Maranhão-Piauí Ltda., e sim com uma profissional autônoma;28.2. Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. afirmou que: a estrutura gráfica ou visual da proposta apresentada teria seguido modelo disponibilizado pela referida CPL, de acordo com o Anexo I (Planilha Orçamentária de Custos) do Edital do Convite n° 49/2003; apesar de seguir o modelo, a proposta da licitante teria sido mais detalhada e com dados específicos que a individualizaria das demais propostas; esta licitante seria pessoa jurídica de direito privado, não se confundindo com a ONG Formação, apesar de terem objetivos convergentes e estarem sediadas em salas vizinhas, no mesmo edifício comercial; a Sra. Lidia Fernanda da Silva Vasconcelos não seria sócia, mas sim empregada e procuradora do Centro de Formação, com amplos poderes, e que os pagamentos recebidos da ASP decorreriam de contrato de prestação de serviço autônomo, assinado em data anterior ao do instrumento de procuração do Centro de Formação; 28.3. Centro de Apoio à Educação Básica (ONG Formação) apresentou justificativas similares às do Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. para as irregularidades comuns; e 28.4. Márcio Ribeiro de Jesus Sousa e Nilson Santos Garcia, membros da CPL, afirmaram que: não teriam relação alguma com a movimentação bancária do convênio; as irregularidades seriam de natureza subjetiva; não seria da responsabilidade da CPL a análise estrutural da padronização das propostas ou o endereço das licitantes; não haveria óbice à participação de licitantes com sócios comuns; não teria existido critério de desempate, vez que os participantes Lusimaria Costa e Idália

39

Page 40: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

Sinfrósia teriam desistido em favor da Pinheiro Variedades; não teria sido mencionado que dispositivo legal foi transgredido com a adjudicação à proposta com valores muito próximos ao orçamento; e 28.5. Weder Pereira Garcia, membro da CPL, afirmou que: seria muito difícil ao membro da CPL identificar a semelhança das propostas ou que um sócio de uma empresa prestasse serviços para outra licitante; não veria como irregular o endereço das licitantes no mesmo edifício, porém em salas diferentes.29. E os responsáveis Fabiane Pinheiro Trinta, Idália Sinfrósia Cardoso Ferreira, Lusimaria Costa e Pinheiro Variedades mantiveram-se silentes, apesar de regularmente notificados, cabendo, diante disso, considerá-los revéis para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo.30. No mérito destes pontos, também acompanho as conclusões da unidade técnica, incorporando-as, desde já, a estas razões de decidir, uma vez que as irregularidades examinadas são semelhantes aos vícios apurados em relação ao Convênio nº 1.758/1998-FNS (vide item 9 acima) e as justificativas apresentadas não foram suficientes para ilidi-las.31. Com efeito, do confronto entre as propostas das licitantes (fls. 102/104, Anexo 30) e o invocado Anexo I do Convite nº 49/2003 (fl. 99, Anexo 25), ressaltam-se, conforme indicado pela unidade técnica, as seguintes diferenças: “a) o documento oficial não contém as colunas ‘QUANT’, ‘P. UNIT’ e ‘P. TOTAL’, acrescidas, de maneira idêntica (isto é, em caixa alta e sem ponto), nas ofertas das pessoas jurídicas em questão; b) as três cotações não exibem a notação do padrão monetário dos itens e do valor global; c) o preço total, em todas elas, é destacado em negrito”.32. Já no caso do Convite nº 50/93, destacou a Secex/MA que “as propostas das licitantes Pinheiro Variedades (fls. 75/76), Lusimaria Costa (fls. 77/78) e Idália Sinfrósia (fls. 79/80) são, em gráfico e conteúdo, muito parecidas, valendo enfatizar formatação da tabela, espaçamento entre caracteres, linhas e colunas, cabeçalho de colunas etc.”.33. E, desse modo, torna-se cabível a aplicação da multa proposta, apenas aos membros da CPL, pois, conforme os motivos que apresentei ao analisar o Convênio nº 177/1997-MMA/SRH (item 24 acima), não se mostra adequado aplicar a multa do artigo 58 da LOTCU às licitantes do Convite nº 49/2003 (ASP, Centro de Formação e ONG Formação), para as quais se mostra mais adequado aplicar a sanção do art. 46 da LOTCU, medida igualmente necessária às licitantes do Convite nº 50/2003.

IV34. Já as irregularidades verificadas no Contrato de Repasse nº 41.832-12/1997, cujo objeto era a melhoria de unidades habitacionais, no valor repassado de R$ 125.000,00, foram (fls. 320/323, v. 1):34.1. propostas com idêntica padronização gráfica ou visual (estrutura de planilha, codificação e descrição de itens, alinhamento de texto, erros gramaticais etc.);34.2. propostas com preços globais e unitários iguais para vários itens (consecutivos ou não);34.3. proposta formulada sem data, indicação do certame e/ou sem assinatura do responsável ou sem CNPJ do ofertante;34.4. licitantes com sócios comuns ou pertencentes ao mesmo grupo econômico;34.5. adulteração e/ou rasura de documentos que embasam o processo licitatório;34.6. referência a ato oficial inexistente de designação da CPL;34.7. ausência de documentos (certidões negativas do FGTS e do INSS) que comprovariam a aptidão do fornecedor/prestador para contratar com a administração pública; e34.8. notas fiscais emitidas em data anterior à da respectiva AIDF.35. Os responsáveis que apresentaram justificativas alegaram, em síntese, o que se segue.35.1. Baltazar Neto Santos Garcia, Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa e Maria das Graças Assis Paz, membros da CPL, afirmaram que: não teriam responsabilidade nos casos em que a licitante venha a apresentar proposta semelhante ou rasurada; não seria irregularidade as licitantes terem os mesmos sócios; teria havido erro na indicação da portaria de designação da CPL; não teriam como aferir a

40

Page 41: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

regularidade de documentos fiscais; as irregularidades seriam de natureza subjetiva; os itens de preços teriam sido avaliados conforme os critérios da Lei de Licitações; as três propostas informadas encontrar-se-iam datadas (com 26/12/1997); a falta da menção do certame na proposta seria simples omissão; a proposta da empresa Estrela conteria o CNPJ (grafado como CGC); não existiria confusão nenhuma entre a assinatura do representante da firma Estrela com qualquer das empresas participantes do certame; não seria fraude eventualmente completar à máquina de escrever dados da proposta; os documentos fiscais teriam sido juntados ao processo pela CPL;35.2. Danilo Jorge Trinta Abreu, ex-prefeito, apresentou justificativas similares às apresentadas em relação ao Convênio nº 1.758/1998-FNS, para as irregularidades comuns, assim como às apresentadas pela Sra. Maria das Graças Assis Paz, para as irregularidades comuns; e35.3. Pilares Construções e Serviços Ltda., contratada, por intermédio de seus representantes legais (Fábio César Carvalho e Rita de Cássia Miranda Almeida), afirmou que: a empresa teria sido representada sempre pelos Srs. José Vicente Aroucha e Valdenor Ramos Machado, como no presente contrato, no qual não teria havido participação do sócio Fábio César Carvalho; a empresa teria se sagrado vencedora em procedimento licitatório totalmente regular; teria executado os serviços estipulados no cronograma de trabalho constante do plano de trabalho da avença; todos os pagamentos teriam sido precedidos de medição e a obra teria sido recebida pela prefeitura sem nenhuma ressalva. 36. Os responsáveis Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. mantiveram-se silentes, apesar de regularmente notificados, cabendo, diante disso, considerá-los revéis para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo.37. Como se vê, as irregularidades acima são similares àquelas já analisadas nestas razões de decidir, imputadas aos mesmos responsáveis em outras avenças, sendo que, desta feita, igualmente não foram apresentadas justificativas suficientes para afastar as respectivas ocorrências, à exceção de falhas formais constantes dos itens 34.3, 34.6 e 34.8, descritos acima, as quais receberam proposta de acolhimento pela unidade técnica.38. Ademais, restou caracterizado o direcionamento do certame e a ligação entre as licitantes, haja vista que, conforme destacou a unidade técnica, o representante da empresa vencedora (Pilares), Valdenor Ramos, era também representante da empresa Estrela (fls. 21, 30, 35 e 114/117, Anexo 31).39. E, desse modo, acolho a proposta de multa formulada pelo auditor da Secex/MA, que contou com o aval do corpo diretivo da unidade técnica, deixando de aplicá-la às empresas licitantes, pelas razões já consignadas nesta proposta de deliberação (item 24), assim como de sanção pelo art. 46 da LOTCU, já proposta para as mesmas empresas no item 25 acima.

V40. As irregularidades verificadas no Convênio nº 750.374/2001-FNDE, cujo objeto era a aquisição de micro-ônibus, no valor repassado de R$ 50.000,00, foram (fls. 272/274, v. 1):40.1. inversão na cronologia dos eventos associados à execução do objeto pactuado;40.2. fornecimento proveniente de outro Estado (Rio Grande do Sul) sem comprovação de trânsito e controle por postos fiscais;40.3. pagamento antecipado; e40.4. inadimplência registrada pelo órgão repassador.41. Apenas a empresa contratada, Marcopolo S.A., apresentou justificativas, que podem ser assim resumidas: teria por política enviar a documentação básica para cadastro em licitações públicas aos seus representantes comerciais, dentre as quais, certidões negativas, documentos estatutários e procurações; teria enviado os documentos do Convite nº 10, de 8/3/2002, para seu representante comercial no Estado do Maranhão, Pavel São Luiz Ltda.; no final de março e/ou início de abril de 2002, teria havido solicitação do prefeito no sentido de obter a novamente a documentação, face ao extravio ocorrido no âmbito da administração municipal; a Pavel São Luiz Ltda. teria recebido da Marcopolo a solicitação para reenviar a proposta vencedora juntamente com a documentação cadastral, o que teria sido feito em abril de 2002; não teria havido impugnação pelas demais licitantes.

41

Page 42: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

42. Os demais responsáveis chamados aos autos (Maria de Nazaré Martins, Maura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa, Nilson Santos Garcia e Sônia Luzia Pinheiro Trinta) não apresentaram justificativas, apesar de regularmente notificados, cabendo, diante disso, considerá-los revéis para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo.43. E aí, no mérito, deixo de acompanhar a instrução do auditor da Secex/MA, para me alinhar ao entendimento esposado pelo então gerente em substituição (fls. 2303/2304, v. 11), com a ciência do secretário (fl. 2304, v. 11): nos seguintes termos:

“(...) tenho por razoáveis os esclarecimentos da Marcopolo S.A. De fato, pode ter havido um extravio de documentos apresentados à época da licitação e tê-los remetidos novamente à Prefeitura para fins de regularização documental, ensejando a normalização da contratação e pagamento. Difícil crer que Agrale e Ciferal, empresas de nome internacional juntamente com a Marcopolo, fornecedoras de ônibus e caminhões no Brasil e no mundo, pudessem compactuar com fraude licitatória em um pequeno município do interior do Maranhão, para compra de um único ônibus escolar.

Quanto ao pagamento antecipado e liquidação irregular da despesa, tenho por devidamente caracterizados e imputáveis ao Prefeito Municipal à época, Sr. Nilson Santos Garcia, para quem concordo com a apenação com multa, em face das transgressões legais”.

44. Dessa forma, deve-se excluir a responsabilidade da empresa chamada aos autos, bem como a dos membros da CPL sobre as irregularidades acima, restando aplicar a multa proposta ao ex-prefeito pelas ocorrências atinentes à fase de execução da avença.

VI45. No tocante ao Contrato de Repasse nº 74.255-76/1998, cujo objeto era a melhoria de unidades habitacionais, no valor repassado de R$ 67.500,00, foi indicada apenas a seguinte irregularidade (fls. 325/326, v. 1): “Licitante(s)/fornecedor(es) de bens/serviços de titularidade ou com participação de servidor (ou ex-servidor) da Prefeitura”. 46. O responsável, Sr. Danilo Jorge Trinta Abreu, alega, em síntese, que: o Sr. Francisco Silva não seria funcionário e nem teria sido ex-funcionário da prefeitura, razão porque não teria nenhum impedimento de atuar como preposto de qualquer empresa contratada pelo município; o vínculo indicado no relatório de inspeção não teria relação com a avença em tela.47. No mérito, acolho as conclusões da unidade técnica, vez que o Sr. Francisco Silva era: “também engenheiro da Secretária de Obras da Prefeitura de Palmeirândia, tal qual se vê de ato por ele assinado (fls. 66/67, Anexo 33) acerca da pretensa consecução do objeto do Convênio nº 515/98, outra transferência voluntária que favoreceu aquela municipalidade”. 48. Logo, totalmente cabível a aplicação da multa proposta pela Secex/MA.

VII49. Importante registrar que deixo de aplicar aos responsáveis envolvidos a sanção prevista no art. 60 da Lei nº 8.443, de 1992, tendo em conta o conjunto de graves irregularidades, haja vista que tal medida já vem sendo tomada por este Tribunal no âmbito dos processos de TCE derivados desta denúncia, a exemplo do Acórdão 1.826/2010-TCU-Plenário (TC 009.476/2006-0).50. Em relação à declaração de inidoneidade da empresa Pilares Construções e Serviços Ltda., esclareço que essa medida já foi adotada no Acórdão 1.991/2010-Plenário, entretanto foi motivada pela fraude à licitação decorrente de outro convênio, não examinado nos presentes autos, o que torna cabível a sua adoção ante as irregularidades verificadas no Convênio nº 177/1997-MMA/SRH, conforme indicado no item 25 destas razões de decidir.51. Enfim, concluídas todas as ações processuais realizadas nestes autos, cabe o arquivamento do feito, sem prejuízo de encaminhar cópia desta deliberação ao denunciante, bem como à Procuradoria da República no Estado do Maranhão, em atenção à representação autuada no

42

Page 43: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

TC 012.206/2005-9, apensado à presente denúncia (cf. despacho do então Relator à fl. 5 daqueles autos), em razão do procedimento administrativo nº 1.19.000.000771/2003-21 que trata dos mesmos fatos denunciados a este Tribunal.

Ante o exposto, proponho que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 30 de novembro de 2011.

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO Relator

ACÓRDÃO Nº 3173/2011 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 019.888/2003-2. 1.1. Apenso: 012.206/2005-9.2. Grupo II – Classe VII – Assunto: Denúncia.3. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do Maranhão – ASP (CNPJ 07.484.587/0001-09); Baltazar Neto Santos Garcia (CPF 094.934.253-04); Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 075.352.103-25); Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda. (CNPJ 05.697.048/0001-14); Danilo Jorge Trinta Abreu (CPF 808.147.278-91); Dental São José Comércio e Representações Ltda. (CNPJ 02.410.516/0001-30); Dentária Rio Lima Ltda. (CNPJ 23.680.697/0001-94); Elizabete Leal Mendes (CPF 104.346.233-34); Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda. (CNPJ 01.540.362/0001-38); Fabiane Pinheiro Trinta (CPF 689.961.362-04); Formação – Centro de Apoio à Educação Básica (CNPJ 04.300.957/0001-04); GRC Comércio e Representações Ltda. (CNPJ 41.503.756/0001-30); Idália Sinfrósia Cardoso Ferreira (CNPJ 04.201.247/0001-27); José Ribamar Freitas Abreu (CPF 063.065.353-49); Lusimaria Costa – Comércio e Representações (CNPJ 04.209.021/0001-72); Manoel de Jesus Botelho (CPF 238.784.443-20); Márcio Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 819.489.133-72); Marcopolo S.A. (CNPJ 88.611.835/0008-03); Maria das Graças Assis Paz (CPF 175.775.863-15); Nilson Santos Garcia (CPF 062.067.513-68); Norma Célia Oliveira Ferreira (CPF 137.892.953-53); Pilares Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 01.271.314/0001-91); Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto, CNPJ 03.303.327/0001-20); Ponto Dentário Ltda. (CNPJ 02.678.818/0001-93); Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. (CNPJ 69.377.794/0001-03); Weder Pereira Garcia (CPF 761.544.163-34). 4. Entidade: Município de Palmeirândia/MA.5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade: Secex/MA.8. Advogados constituídos nos autos: Paulo Cruz Pereira (OAB/MA 4.574); Emílio Ricardo Santos Lima (OAB/MA 7.431); Kléber Francisco de Assis dos Santos (OAB/MA 4.779); Luis Guilherme Ramos Siqueira (OAB/MA 6.729); Aparecida Rocha Vieira (OAB/MA 3.354); Vagma Serra Birino (OAB/MA 6.628); Sandro Silva de Souza (OAB/MA 5.161); Isaque Ramos da Silva Júnior (OAB/MA 7.075); Fernando André Pinheiro Gomes (OAB/MA 7.067); Herberth de Sousa Dourado (OAB/MA 6.695).

9. Acórdão:

43

Page 44: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Denúncia sobre irregularidades praticadas no âmbito da Prefeitura Municipal de Palmeirândia/MA, quando da utilização de recursos federais transferidos por intermédio de convênios e contratos de repasse nos exercícios de 1996 a 2004.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. excluir da relação processual os responsáveis José de Ribamar Freitas Abreu (CPF 807.072.623-72), Maria de Nazaré Martins (CPF 076.575.603-04), Maura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa (CPF 760.852.443-04) e Sônia Luzia Pinheiro Trinta (CPF 351.536.603-20);

9.2. declarar revéis, para todos os efeitos, a teor do art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, os responsáveis Dental São José Comércio e Representações Ltda., Dentária Rio Lima Ltda., Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda., Fabiane Pinheiro Trinta, Idália Sinfrósia Cardoso Ferreira, Lusimaria Costa – Comércio e Representações, Manoel de Jesus Botelho, Maura Patrícia Aguiar Mendes de Sousa, Maria de Nazaré Martins, Pilares Construções e Serviços Ltda., Nilson Santos Garcia, Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto), Ponto Dentário Ltda., Sônia Luzia Pinheiro Trinta e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda., em relação às audiências não atendidas, dando-se prosseguimento ao processo;

9.3. acolher as razões de justificativa apresentadas por Elizabete Leal Mendes, José Ribamar Freitas Abreu e Márcio Ribeiro de Jesus Sousa quanto à incongruência na movimentação de conta bancária específica; por Baltazar Neto Santos Garcia e Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa sobre a irregularidade em documento fiscal (AIDF); por Danilo Jorge Trinta Abreu e Manoel de Jesus Botelho em relação à inexecução do objeto do Convênio nº 177/1997-MMA/SRH e à ocorrência de possível desvio de recursos da conta bancária específica dessa avença; e pela empresa Marcopolo S.A.;

9.4. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis nas demais ocorrências indicadas nos autos;

9.5. aplicar aos responsáveis Baltazar Neto Santos Garcia, Beatriz Ribeiro de Jesus Sousa, Manoel de Jesus Botelho, Danilo Jorge Trinta Abreu, Elizabete Leal Mendes, José Ribamar Freitas Abreu, Maria das Graças Assis Paz, Nilson Santos Garcia, Norma Célia Oliveira Ferreira, Weder Pereira Garcia, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU – RITCU) o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, na forma da legislação em vigor;

9.6. declarar a inidoneidade das pessoas jurídicas Associação de Saúde da Periferia do Maranhão – ASP, Centro de Formação Continuada de Professores do Maranhão-Piauí Ltda., Dental São José Comércio e Representações Ltda., Dentária Rio Lima Ltda., Ponto Dentário Ltda., Estrela Empresa Industrial e Construções Ltda., Formação – Centro de Apoio à Educação Básica, Idália Sinfrósia Cardoso Ferreira, Lusimaria Costa – Comércio e Representações, Pilares Construções e Serviços Ltda., Pinheiro Variedades (R. Pereira Neto) e Vick Construções Indústria e Comércio Ltda. para participar, por 5 (cinco) anos, de licitação na administração pública federal, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.443, de 1992;

9.7. autorizar, desde logo, com base no art. 26 da Lei nº 8.443, de 1992, c/c o art. 217 do RITCU, o parcelamento das dívidas a que se refere o subitem 9.5 deste Acórdão em até 24 (vinte e quatro) parcelas, caso requerido;

9.8. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, a cobrança judicial das dívidas a que se refere o subitem 9.5 deste Acórdão, caso não atendidas as notificações;

9.9. encaminhar cópia deste Acórdão, acompanhada do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamenta, à Controladoria-Geral da União – CGU, para as providências ao cumprimento do subitem 9.6 deste Acórdão, no que diz respeito à inscrição no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS, criado por meio da Portaria CGU nº 516, de 15 de março de

44

Page 45: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

2010; e9.10. encaminhar cópia deste Acórdão, acompanhada do Relatório e da Proposta de

Deliberação que o fundamenta, ao denunciante, bem como à Procuradoria da República no Estado do Maranhão, nos termos do art. 102 da Lei nº 8.666, de 1993, e em atenção à representação formulada no âmbito do TC 012.206/2005-9 (apensado).

10. Ata n° 52/2011 – Plenário.11. Data da Sessão: 30/11/2011 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3173-52/11-P.

45

Page 46: €¦ · Web viewTC 019.888/2003-2. Apenso: TC 012.206/2005-9. Natureza: Denúncia. Entidade: Município de Palmeirândia/MA. Responsáveis: Associação de Saúde da Periferia do

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.888/2003-2

13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.13.2. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho (Relator) e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

46