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GRUPO II – CLASSE IV – Plenário TC-015.938/2005-4 - c/ volume e 10 anexos (estes c/ 1 volume) Apenso: TC-017.307/2005-4 - c/ 1 volume e 7 anexos (estes c/ 6 volumes) Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) Responsáveis: Jânio Cezar Luiz Pohren (CPF 299.183.240-15), João Henrique de Almeida Sousa (CPF 035.809.703-72), José Carlos Julião (CPF 209.413.666-34), José Otaviano Pereira (CPF 318.752.461-34), Maria Laurência Santos Mendonça (CPF 126.946.491-49), Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (CNPJ 34.358.432/0001- 90), MAG+ Rede Cultural Produções e Edições Ltda. (CNPJ 06.030.656/0001-33), Master Publicidade S.A. (CNPJ 04.513.101/0001-17), Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda. (CNPJ 07.207.110/0001-78), Ponto de Produção Ltda. (CNPJ 04.992.156/0001-57), ProMaker Marketing Promocional Ltda. (CNPJ 03.187.046/0001-50), Promowaal Marketing Promocional Ltda. (CNPJ 04.752.924/0001- 03) Advogados: Adriana Serra de Souza Lopes (OAB/DF nº 16.528), Claudette Vallone de Camargo Sheldon (OAB/SP nº 14.779), Fernando de Camargo Sheldon Júnior (OAB/SP nº 154.018), Francisco Oliveira Thompson Flores (OAB/DF nº 17.122), João Maurício Ferreira Maciel (OAB/DF nº 15.031), José Ribeiro Braga (OAB/DF nº 8.874), Manoel J. Siqueira Silva (OAB/DF nº 8.873), Paulo Roberto Moglia Thompson Flores (OAB/DF nº 11.848), Rodrigo Madeira Nazário (OAB/DF nº 12.931)

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GRUPO II – CLASSE IV – Plenário TC-015.938/2005-4 - c/ volume e 10 anexos (estes c/ 1 volume)Apenso: TC-017.307/2005-4 - c/ 1 volume e 7 anexos (estes c/ 6 volumes)Natureza: Tomada de Contas EspecialEntidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)Responsáveis: Jânio Cezar Luiz Pohren (CPF 299.183.240-15), João Henrique de Almeida Sousa (CPF 035.809.703-72), José Carlos Julião (CPF 209.413.666-34), José Otaviano Pereira (CPF 318.752.461-34), Maria Laurência Santos Mendonça (CPF 126.946.491-49), Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (CNPJ 34.358.432/0001-90), MAG+ Rede Cultural Produções e Edições Ltda. (CNPJ 06.030.656/0001-33), Master Publicidade S.A. (CNPJ 04.513.101/0001-17), Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda. (CNPJ 07.207.110/0001-78), Ponto de Produção Ltda. (CNPJ 04.992.156/0001-57), ProMaker Marketing Promocional Ltda. (CNPJ 03.187.046/0001-50), Promowaal Marketing Promocional Ltda. (CNPJ 04.752.924/0001-03)Advogados: Adriana Serra de Souza Lopes (OAB/DF nº 16.528), Claudette Vallone de Camargo Sheldon (OAB/SP nº 14.779), Fernando de Camargo Sheldon Júnior (OAB/SP nº 154.018), Francisco Oliveira Thompson Flores (OAB/DF nº 17.122), João Maurício Ferreira Maciel (OAB/DF nº 15.031), José Ribeiro Braga (OAB/DF nº 8.874), Manoel J. Siqueira Silva (OAB/DF nº 8.873), Paulo Roberto Moglia Thompson Flores (OAB/DF nº 11.848), Rodrigo Madeira Nazário (OAB/DF nº 12.931)

Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADES NA EXECUÇÃO DE CONTRATO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA. FISCALIZAÇÃO DEFICIENTE POR PARTE DO CONTRATANTE. INTERMEDIAÇÃO DE PATROCÍNIOS, PELA AGÊNCIA DE PUBLICIDADE, SEM CONTRAPRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. SUBCONTRATAÇÃO EXCESSIVA. FRAUDE EM ORÇAMENTOS PARA SUBCONTRATAÇÃO. CONTAS IRREGULARES.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial oriunda de representação formulada por equipe de auditoria da 1ª Secex, a fim de apurar irregularidades noticiadas pela imprensa, no ano de 2005, em licitações e contratos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

2. Adoto como parte deste relatório a instrução do Analista Rogério Blass Staub, da 1ª Secex (fls. 232/294):

“Trata-se de representação formulada pela equipe responsável pela Auditoria Fiscalis n° 890/2005, designada pela Portaria de Fiscalização n° 961, de 27 de junho de 2005, com o objetivo de realizar auditoria de conformidade sobre os processos de licitação e contratos mencionados em notícias veiculadas na imprensa sobre corrupção na ECT.

RESUMO1 A fim de cumprir despacho do Exmo. Ministro-Relator Ubiratan Aguiar no TC 007.694/2005-2, no sentido de que indícios de irregularidades graves observados no decorrer do processo de fiscalização fossem relatados tempestivamente, consoante o disposto no Inciso II do art. 86 da Lei Orgânica c/c o caput do art. 246 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, foram originadas as representações dos TCs 015.938/2005-4 e 017.307/2005-4, que versam sobre irregularidades graves na execução do contrato 12378/2003 firmado entre a ECT e a agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda.2 No item 9.8 do Acórdão nº 1.874/2005-TCU-Plenário (Ministro-Relator Ubiratan Aguiar, Ata nº 45/2005-Plenário, Sessão ordinária de 16.11.05), ao deliberar sobre as irregularidades apontadas no TC 017.307/2005-4, determinou o TCU a juntada dos respectivos autos ao TC 015.938/2005-4, razão pela qual serão tratados em conjunto nesta instrução.3 No TC 015.938/2005-4 foram analisadas as seguintes ações promocionais desenvolvidas pela agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. no âmbito do contrato 12378/2003: Dia do Carteiro 2005, 10ª Festa Nacional da Vindima, Fórum Telecomunicações – Um novo salto, Maximídia Direct 2004, CUT – Dia das Crianças, Display de Mesa (Calendário 2005). No TC 017.307/2005-4, as ações promocionais HSM Expo Management World 2004, Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios e “Brésil a La Loupe”. Nas ações examinadas foram identificadas, em síntese, as seguintes irregularidades:

a. Recebimento de comissão pela agência sem a prestação de qualquer serviço;b. Subcontratação do objeto do contrato sem justificativa;c. Subcontratação de produtos/serviços sem a apresentação de três propostas;d. Sobrepreço na aquisição de bens ou na prestação de serviços contratados pela agência de publicidade no âmbito do contrato;e. Indícios da apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação de produtos/serviços;f. Pagamento de despesas sem comprovação;g. Ausência de avaliação posterior dos resultados obtidos pela ação promocional.

3.1 O TC 015.938/2005-4 foi apreciado pelo TCU no Acórdão nº 1.529/2005-TCU-Plenário (Ministro-Relator Ubiratan Aguiar, Ata nº 38/2005-Plenário, Sessão ordinária de 28.09.05) que determinou a conversão dos autos em TCE, com a citação dos responsáveis da ECT e da agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. e a audiência dos responsáveis da ECT pelas irregularidades apontadas.3.2 O TCU deliberou sobre o TC 017.307/2005-4 no Acórdão nº 1.874/2005-TCU-Plenário (Ministro-Relator Ubiratan Aguiar, Ata nº 45/2005-Plenário, Sessão ordinária de 16.11.05) que determinou a conversão dos autos em TCE, com a citação dos responsáveis da ECT e da agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. e a audiência dos responsáveis da ECT pelas irregularidades apontadas. Determinou, ainda, a audiência das empresas que ofereceram propostas para a subcontratação das ações “Exposição de Abertura do Museu Postal” e “Brésil a La Loupe”, para que apresentassem razões de justificativa para os indícios de utilização de propostas fraudulentas quando da cotação de preços prevista no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato 12.378/2003.4 A seguir, procederemos à análise das alegações de defesa e razões de justificativa trazidas aos autos. Os argumentos dos responsáveis foram resumidos com a finalidade de produzir um texto conciso, mas podem ser lidos na íntegra, acompanhados dos respectivos anexos, nos documentos juntados aos autos.

TC 015.938/2005-4 – Acórdão nº 1.529/2005-Plenário5. Irregularidade – Recebimento de comissão pela agência sem a prestação de

qualquer serviço (item 9.3.1 do Acórdão nº 1.529/2005-Plenário)5.1. Situação EncontradaPagamento à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, de honorários por patrocínios concedidos, totalizando R$ 45.059,52 (quarenta e cinco mil cinqüenta e nove reais e cinqüenta e dois centavos), conforme quadro a seguir, sem a efetiva intermediação da agência, em afronta ao item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003, c/c o item 4, da IN nº 3, de 31.05.93, da Assessoria de Comunicação Institucional da Presidência da República e art. 9º, § 1º do Decreto nº 4.799, de 02.08.03, da Presidência da República.

Ação Mercadológica Patrocínio (R$) Honorários (R$) Total (R$)10ª Festa Nacional da Vindima 25.000,00 1.250,00 26.250Maximídia Direct 2004 200.000,00 10.000,00 210.000Fórum Telecomunicações 2004 – Um novo salto 476.190,48 23.809,52 500.000CUT – Dia das Crianças 200.000,00 10.000,00 210.000Total (R$) 901.190,48 45.059,52 946.250

5.2. Alegações de defesa – ECT (fls. 2/111, Anexo 8)Os responsáveis pela ECT argumentam que toda a gestão junto aos organizadores do evento foi conduzida pela agência de publicidade, em nome da ECT, conforme procedimentos reproduzidos no Anexo I desta instrução.Concluem que as ações foram realizadas dentro de todos os quesitos de legalidade vigentes e foram oportunas dentro dos interesses mercadológicos da ECT, tendo a agência atuado de forma efetiva em cada uma delas, seguindo com correção o desenvolvimento de todo o processo.

5.3. Alegações de defesa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls. 112/239, Anexo 8)

A agência de publicidade começa suas alegações de defesa descrevendo que o procedimento de aprovação de uma ação promocional se desenvolve no âmbito interno da ECT e que, só após a aprovação da SECOM, a agência de publicidade atua, sendo responsável pela autorização do serviço e pelo seu faturamento.Descreve, a seguir, as etapas adotada pela agência que fazem parte das ações promocionais:

- a agência recebe a aprovação do cliente para a realização da ação promocional, após aprovação da SECOM;

- após a comunicação, promove o contato com a organização do evento solicitante do patrocínio a fim de: comunicar o apoio dos Correios, informar o valor aprovado para a ação, confirmar os itens de contrapartida, explicar os procedimentos de faturamento e de comprovação da contrapartidas, esclarecendo dúvidas a respeito de faturamento e de pagamento;

- emite o orçamento de produção (OP) para os Correios e o pedido de produção (PP) para a organização do evento, atua na aprovação das peças, visando à correta utilização da logomarca da ECT, e responde a todas as demandas da organização do evento;

- após a realização do evento, instrui a organização para enviar a documentação solicitada, as declarações necessárias e os comprovantes de que as contrapartidas foram executadas, bem como analisa a documentação encaminhada;

- acompanha, em alguns casos, o evento, especialmente quando envolve ação da agência para a produção de standes, ações e peças promocionais;

- providencia o faturamento do processo e envia à ECT para pagamento, e repassa à organização do evento em até 48 horas;Acrescenta que, mesmo que se trate de evento simples, que não exija a produção ou criação de peças publicitárias, há importante e minucioso trabalho executado pela agência em cada uma das ações promocionais realizadas, comprovando o rigoroso cumprimento do determinado pelo item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003.Considera que, toda e qualquer ação publicitária deverá ser intermediada por agência de propaganda, conforme o art. 9º do Decreto 4.799/03 e que o seu parágrafo primeiro abriu a possibilidade, em casos extremamente excepcionais, de que ações promocionais sejam realizadas sem a intermediação de agência de publicidade, à critério do SICOM, motivo pelo qual a ECT sempre solicita a autorização expressa da SECOM.

Descreve, em seguida, o trabalho de intermediação realizado em cada uma das ações criticadas e que justificariam sua remuneração.5.4. Análise da unidade técnicaA participação em ações promocionais, como feiras e exposições, pode ser dividida em dois momentos: no primeiro momento ocorre a contratação da participação junto à organização do evento. O segundo momento se dá, uma vez contratada a participação no evento, se houver necessidade, no desenvolvimento de estratégia publicitária de divulgação da empresa ou de produtos ou de serviços.A contratação da participação no evento se dá diretamente entre a organização do evento e a ECT. Nessa etapa, são definidos entre a ECT e a organização do evento os valores do patrocínio e as contrapartidas acertadas, para posterior encaminhamento à SECOM para aprovação, conforme bem descreve a ECT em suas alegações de defesa no âmbito do TC 017.307/2005-4 (fl. 4, Anexo 6) ao justificarem a remuneração da agência pela mesma irregularidade: “O processo decisório de participação da ECT em um evento dessa relevância ocorre em âmbito interno e é posteriormente levado à SECOM para aprovação”. Não há nessa etapa, conforme documentação presente nos autos, nenhuma atuação da agência de publicidade. A ação da agência se restringiu, na maioria dos casos analisados, à emissão do orçamento e do pedido de produção, com vistas ao faturamento da ação, em típica atividade de intermediação contratual posterior à aprovação. Para tanto, percebeu 5% a título de honorários, conforme se depreende do processo que resultou na aprovação das Planilhas de Ação de Divulgação 0104/200 (fl. 1-A, Anexo 1), 0822/2004(fl. 3, Anexo 2) e 1204/2004(fl. 2, Anexo 3), 1050/2004 (fl. 2, Anexo 4).Em momento posterior à contratação do direito de participação no evento, poderia ocorrer a atuação da agência no desenvolvimento de ações que viessem a utilizar as oportunidades oferecidas pela organização: espaço para stand, anúncio em revista, etc. Não é este o aspecto que se discute aqui e os argumentos referentes a esta etapa posterior não interferem no ponto fundamental do achado: o pagamento de honorários à agência pela aquisição da participação em eventos sem que haja qualquer atuação efetiva no desenvolvimento e na execução do evento até aquele momento. A própria agência de publicidade corrobora esse entendimento e evidencia que sua atuação, quando há, é posterior, ao afirmar em suas razões de justificativa (fl. 113, Anexo 8):

“Todas as ações promocionais no âmbito dos Correios têm de seguir, obrigatoriamente, um procedimento-padrão interno, que vai desde o primeiro contato, até a autorização e pagamento da ação, senão vejamos:Os organizadores dos citados eventos procuram diretamente os Correios, por intermédio de sua Diretoria Regional, que seguindo o procedimento interno, envia a proposta para o Departamento de Marketing (DMARK), via Administração Central dos Correios.No Departamento de Marketing (Dmark) as propostas são analisadas e discutidas em conjunto com a Diretoria Regional.Ato contínuo, quando as referidas ações promocionais recebem a aprovação dos Correios e da Subsecretaria de Comunicação Institucional (Secom), a agência de publicidade escolhida, nestes casos a Link/Bagg é comunicada da decisão autorizando que ela inicie o trabalho, bem como assuma todas as responsabilidades inerentes à sua função.”

Ressalte-se, ainda, que, por não se tratar de atividade de propaganda, não se aplica aos casos analisados a obrigatoriedade do concurso de agência previsto no item 3 da Instrução Normativa (IN) nº 3, de 31.05.93, da antiga Assessoria de Comunicação Institucional da Presidência da República.A classificação adequada é dada no próprio texto da citada IN, que classifica a atividade publicitária em dois tipos: propaganda ou promoção. A atividade publicitária de propaganda é definida no item 2 da IN como a atividade de criação, produção e distribuição de mensagens, padronizadas quanto aos veículos de divulgação. A atividade publicitária de promoção, por sua vez, é caracterizada no item 4 da IN nº 3 como o patrocínio – cultural, esportivo -, a organização e a participação em feiras e exposições, a veiculação de propaganda não ostensiva no entrecho dramático de filmes e telenovelas e demais ações que não se prestam à reprodução, sob o mesmo formato e com o mesmo conteúdo, em situações diversas para as quais foram originalmente concebidas.Para a realização de atividades publicitárias de promoção, tais como a organização e a participação em feiras e exposições, nos termos do item 4 da citada IN nº 3, não se aplica a obrigatoriedade do concurso de agência ou de agenciador de propaganda. Da mesma forma, o Decreto nº 4.799, de 04.08.03, que dispõe sobre a comunicação de governo do Poder Executivo Federal, estabelece no §1º do art. 9º que as ações de promoção poderão ser executadas sem a intermediação de agência de propaganda, a critério dos integrantes do SICOM1, isto é, da própria ECT, e não da SECOM.Apesar do teor, aparentemente discricionário, do Decreto e da Instrução Normativa, não cabe escolha ao agente público quando não houver qualquer atuação da agência no desenvolvimento e na execução da ação promocional, nem quando essa atuação consistir na mera intermediação contratual para aquisição do direito de participação em atividades publicitárias de promoção. Também não cabe escolha ao agente, quando, dentre duas alternativas que permitam atingir o mesmo resultado, uma delas se revela mais onerosa para a administração. Nesta situação, a discricionariedade, caso existisse, não se confirmaria ante as peculiaridades de situação concreta2, que exigiriam uma solução específica dentre as situações possíveis: a menos onerosa. A ausência de participação da agência nas contratações fica evidente no rol de atividades a ela atribuídos para justificar sua remuneração, tratam-se de tarefas essencialmente administrativas, muitas delas restritas a contatos telefônicos, outras sem comprovação, ou cuja comprovação consiste em documentos elaborados pela própria agência. Evidenciam, de qualquer forma, a atuação da agência em momento posterior à aprovação do patrocínio.A seguir, algumas considerações sobre os procedimentos e documentos fornecidos pela ECT e pela agência para justificar a contratação.

1 Decreto 4.799/03 – Art. 4º. O Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal (SICOM), instituído pelo Decreto no 2.004, de 11 de setembro de 1996, é integrado pela Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência de República, como órgão central, e pelas unidades administrativas dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal que tenham a atribuição de gerir atividades de comunicação de governo.2 MELLO, Celso Antônio Bandeira. Discricionariedade e Controle Jurisdicional. São Paulo. Malheiros, 2003. p. 38

5.4.1. Ação Promocional: Festa da Vindima (TC 015.938/2005-4 - Anexo 1)A contratação da participação no evento, que resultou na Planilha de Ações de Divulgação 0104/04 (fl. 1-A, Anexo 1), foi procedimento inteiramente desenvolvido no âmbito da ECT, sem a participação da agência, conforme documentação constante do anexo 1, e se configura apenas, quando muito, como intermediação contratual, e não se insere em nenhuma das hipóteses de remuneração previstas na cláusula oitava do contrato. A agência relata uma série de providências administrativas, tais como: deixar recado, confirmar razão social do proponente e demais dados, explicar o procedimento do faturamento e confirmar contrapartidas oferecidas, instruir quanto à aplicação do logo dos correios nas peças, conferência das contrapartidas (fl. 145, Anexo 8). Estas providências – carentes de comprovação, inclusive, vez que só há a declaração da agência nesse sentido - poderiam ter sido realizadas pelo próprio DMARK, sem ônus para a ECT, uma vez que não houve, por parte da agência, consoante documentação presente nos autos (Anexo 3), nenhuma atividade relacionada ao desenvolvimento e a execução da ação promocional, que foi desenvolvida exclusivamente pelo Centro Empresarial de Flores da Cunha. A documentação juntada aos autos demonstra que atuação da agência cingiu-se à emissão de fatura e ao recebimento de numerário.

5.4.2. Ação Promocional: Fórum Telecomunicações (TC 015.938/2005-4 - Anexo 2)A contratação da participação no evento, que resultou na Planilha de Ações de Divulgação 0822/04 (fl. 3, Anexo 2), foi procedimento desenvolvido no âmbito da ECT, sem a participação da agência, conforme documentação apresentada constante do Anexo 2 e se configura apenas, quando muito, como intermediação contratual, e não se insere em nenhuma das hipóteses de remuneração previstas na cláusula oitava do contrato.A agência informa a realização de reuniões de briefing, negociação de contrapartidas, seleção de logos, dentre outras, de perfil predominantemente administrativo.Ressalte-se que quaisquer reuniões no âmbito dos contratos de publicidade, ainda mais aquelas que tratem de assuntos relevantes, devem ser registradas em relatórios encaminhados à ECT em até dois dias úteis após a realização do contato, conforme itens 5.1.13 e seus subitens do contrato 12378/2003.

“5.1.13 Registrar em Relatórios de Atendimento todas as reuniões e telefonemas de serviço entre a CONTRATANTE e a CONTRATADA, com o objetivo de tornar transparentes os entendimentos havidos e também para que ambas tomem as providências necessárias ao desempenho de suas tarefas e responsabilidades.5.1.13.1 Esses relatórios deverão ser assinados e enviados pela CONTRATADA à CONTRATANTE até o prazo máximo de dois dias úteis após a realização do contrato.5.1.13.2 Se houver incorreção no registro dos assuntos tratados, a CONTRATANTE solicitará a necessária correção, no prazo máximo de dois dias úteis, a contar da data do recebimento do respectivo relatório.” (grifos nossos)

A importância do relatório de atendimento é evidente, pois não se tratam de simples registros de datas, mas de registros de assuntos tratados para tomada de providências necessárias ao desempenho de suas tarefas e responsabilidades. Não foi, porém, anexado qualquer relatório, existindo apenas menção da ocorrência dessas reuniões em e-mails trocados entre a organização do evento e a agência (fls. 155 e 166/172, Anexo 8).

Não há nos autos comprovação de que a agência tenha desenvolvido qualquer logo ou fundo para aplicação nas peças do evento, apenas intermediou a seleção entre a ECT e a organizadora (fls. 156/163 e 174/175, Anexo 8) do logo utilizado no convite e no material promocional. As marcas utilizadas nos anúncios do evento (fls. 173 e 174-A, Anexo 8), produzidos pela respectiva organização, são os conhecidos logos do SEDEX, produto cuja publicidade é desenvolvida por outra agência. De qualquer forma, a atividade de criação não deve ser remunerada por um percentual do evento, mas nos termos do item 8.1.3 da cláusula oitava do contrato 12378/2003 que estabelece:

“8.1.3 Desconto de 30% (trinta por cento) dos valores previstos na tabela de preços do Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal, a título de ressarcimento dos custos internos dos trabalhos realizados pela própria CONTRATADA.”

Despesas de deslocamento de representantes da agência para acompanhamento do evento são de exclusiva responsabilidade da agência, só cabendo sua remuneração pelo seu valor líquido e sem cobranças de honorários, em casos de eventuais exceções, se antecipadamente orçadas e aprovadas pela ECT (o que não ocorreu neste caso), nos termos do item 8.5 da cláusula oitava do contrato 12378/2003 que prevê:

“8.5 Despesas com deslocamento de profissionais da CONTRATADA ou de seus representantes serão de sua exclusiva responsabilidade. Eventuais exceções, no exclusivo interesse da CONTRATANTE, poderão vir a ser ressarcidas por seu valor líquido e sem cobrança de honorários pela CONTRATADA, desde que antecipadamente orçadas e aprovadas pela CONTRATANTE;” (grifo nosso)

Ressalte-se, ainda, que o relatório de acompanhamento feito pelo representante da agência(fl. 176, Anexo 8) em atendimento à Sra. Maria Laurência da ECT (FL. 165, Anexo 8) é pífio, contendo menos informações que o programa do evento, pois não se consegue identificar sequer os palestrantes que abordaram os temas, tampouco sua relevância para a ECT. Portanto, as atividades desenvolvidas pela agência de publicidade consistiram, mais uma vez, em mera intermediação, que seriam menos onerosas à ECT, caso promovidos diretamente pelo DMARK.

5.4.3. Ação Promocional: CUT – Dia da Criança (TC 015.938/2005-4 - Anexo 3)A contratação da participação no evento, que resultou na Planilha de Ações de Divulgação 1204/04 (fl. 02, Anexo 3), foi procedimento inteiramente desenvolvido no âmbito da ECT, sem a participação da agência, conforme documentação constante do anexo 3, e se configura apenas, quando muito, como intermediação contratual, e não se insere em nenhuma das hipóteses de remuneração previstas na cláusula oitava do contrato.Por e-mail (fl. 23, Anexo 8), a agência ratificou, isto é, confirmou, a participação da ECT no evento. Cabe ressaltar que a confirmação ocorreu três dias após a realização do evento, pois o e-mail data de 15.10.04 e o evento ocorreu em 12.10.04. Além disso, o e-mail trata do pagamento e do envio de comprovação das contrapartidas acertadas pela ECT, e não comprova a participação da agência no desenvolvimento e na execução da ação promocional sob análise, de onde se conclui que a agência exerceu mera função pagadora. Tratam-se de tarefas que poderiam, a exemplo dos acertos para aprovação do evento, ser realizadas pelo DMARK sem ônus para a ECT.

O pedido de produção é o documento por meio do qual a agência solicita ao fornecedor a execução do serviço especificado. No caso sob análise, tanto o pedido de produção, como o orçamento de produção que constam nos autos (fls. 9 e 10, respectivamente, Anexo 3) foram emitidos em 25.10.04, quase duas semanas após a realização do evento.A agência encaminhou anúncio do SEDEX obtido junto à agência FCB/Giovanni. A CUT, em sua correspondência Pres 049/04 (fl. 16, Anexo 3) confirma o recebimento do material, contudo, novamente trata-se de atividade administrativa, na qual não houve realização, por parte da agência Link/Bagg, de qualquer serviço de publicidade, visto que o anúncio já estava pronto e foi desenvolvido por outra agência. Ademais, o anúncio poderia ter sido selecionado diretamente pelo DMARK junto à agência FCB/Giovanni. Aparente inconsistência emerge do e-mail no qual a Link solicita o anúncio à Giovanni (fl.25, Anexo 8). Neste e-mail fala-se de anúncio a ser veiculado em revista do evento Futurecom, não relacionado à ação promocional sob análise.

5.4.4. Ação Promocional: Maximídia Direct 2004 (TC 015.938/2005-4 - Anexo 4)A contratação da participação no evento, que resultou na Planilha de Ações de Divulgação 1050/04 (fls. 2/4, Anexo 4), foi procedimento inteiramente desenvolvido no âmbito da ECT, sem a participação da agência, conforme documentação constante do anexo 4, e se configura apenas, quando muito, como intermediação contratual, e não se insere em nenhuma das hipóteses de remuneração previstas na cláusula oitava do contrato.Acerca dessa contratação, nenhum dos argumentos trazidos pela ECT e pela agência trouxeram elementos capazes de comprovar sua participação no desenvolvimento e na execução da ação promocional, visto que todas as contrapartidas relacionadas na Planilha de Ações de Divulgação 1050/2004 (fls. 2/4, Anexo 4) e na proposta da organização (fls. 17/18, Anexo 4) foram desenvolvidas pela organização do evento.A agência argumenta que, em 23.07.04, avaliou as opções de stand e sugeriu os stands 10, 11 e 12 ou 13, e que verificaria se os espaços estariam disponíveis (fls. 87 e 146, Anexo 8). A afirmação da agência não subsiste a uma leitura detalhada da proposta aprovada pela ECT, na qual a própria organização do evento fornece planta do evento datada de 22.07.04 (fl. 19, Anexo 4), no qual já estavam reservados para a ECT os referidos stands.Novamente, a única participação da agência cingiu-se à emissão de fatura e ao recebimento de numerário Em momento posterior à aquisição do direito de participação no evento, com o desenvolvimento da ação promocional foi demandada a intervenção da agência, na montagem de stand, produção de peças publicitárias, contratação de seguranças, etc., ações referentes a outras Planilhas de Ação de Divulgação, para o que coube pagamento de honorários específicos à agência, nos termos previstos no item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato. Consideramos, portanto, que os argumentos trazidos pela ECT e pela agência de publicidade não conseguiram afastar a irregularidade indicada no item 9.3.1 do Acórdão nº 1.529/2005-Plenário, e comprovar a participação da agência no desenvolvimento e na execução das ações promocionais sob análise, representadas pelas Planilhas de Ação de Divulgação 0104/200 (fl. 1-A, Anexo 1), 0822/2004(fl. 3, Anexo 2) e 1204/2004(fl. 2, Anexo 3), 1050/2004 (fl. 2, Anexo 4), razão pela qual reiteramos entendimento anterior no qual reputamos indevida a remuneração da

agência de publicidade, uma vez que a contratação da participação em eventos, além de não contar com a efetiva participação da agência, não se configura como serviço publicitário, caracterizando-se apenas, quando muito, como intermediação contratual, e não se insere em nenhuma das hipóteses de remuneração previstas na cláusula oitava do contrato.

5.5 Encaminhamento Diante do exposto, consideramos adequado propor:

a. aplicação de multa aos responsáveis, com base nos artigos 19, caput, 57 e 58, III da Lei 8.443/92, e no art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pelo pagamento à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, de honorários por patrocínios concedidos, conforme quadro a seguir, sem a efetiva intermediação da agência, em afronta ao item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003, c/c o item 4, da IN nº 3, de 31.05.93, da Assessoria de Comunicação Institucional da Presidência da República e art. 9º, § 1º do Decreto 4.799, de 02.08.03, da Presidência da República, caracterizando ato de gestão antieconômica, ensejador de dano ao erário, nos termos do art. 16, III, c da Lei 8.443/92.

b. determinação à ECT para que retenha a importância de R$ 45.059,52 (quarenta e cinco mil cinqüenta e nove reais e cinqüenta e dois centavos) das próximas faturas a serem pagas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., correspondente ao pagamento indevido à agência de honorários correspondentes à 5% do valor concedido à título de patrocínio às ações mercadológicas analisadas, conforme tabela a seguir, sem que tenha sido caracterizada e comprovada a sua atuação no desenvolvimento e na execução da ação promocional, nos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003, e, também, por ser a intervenção da agência de publicidade dispensável, nos termos do § 1º do art. 9º do Decreto 4.799, de 02.08.03 e da citada IN nº 3, de 31.05.93, informando ao TCU, no prazo de 30 (trinta) dias, a adoção da medida;

Ação Mercadológica Patrocínio (R$) Honorários (R$) Total (R$)10ª Festa Nacional da Vindima 25.000,00 1.250,00 26.250Maximídia Direct 2004 200.000,00 10.000,00 210.000Fórum Telecomunicações 2004 – Um novo salto 476.190,48 23.809,52 500.000CUT – Dia das Crianças 200.000,00 10.000,00 210.000Total (R$) 901.190,48 45.059,52 946.250

c. contrate a participação em atividades publicitárias de promoção, dentre elas feiras e exposições, definidas nos termos do art. 1º, V da IN nº 2, de 20.02.06, da Secretaria-Geral da Presidência da República, diretamente com a organização do evento, sem a intermediação de agência de publicidade, por ser esta intermediação desnecessária e antieconômica, capaz de propiciar enriquecimento sem causa contra entidade da Administração pública federal, fato que fere os princípios da moralidade, da eficiência e da economicidade.

6. Irregularidade – Sobrepreço na aquisição de bens ou na prestação de serviços contratados pela agência de publicidade no âmbito do contrato - Ação: Display de Mesa (Calendário 2005) - (item 9.3.2.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário)

6.1. Situação EncontradaPara implementar o calendário 2005, foi subcontratado fotógrafo para realizar a reprodução de 12 selos. A fim de respaldar a subcontratação, em atenção ao item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato, foram apresentadas três propostas de profissionais (fls. 30, 32 e 33, Anexo 6), conforme quadro a seguir.

Fornecedor CNPJ Valor (R$)Foto Forum (Ver e Ouvir – Áudio e Foto Ltda. ME) 26.478.784/00 01-51 4.547,40

Clausem Fotografia não fornecido 5.457,00Kazuo Okubo Photo Studio não fornecido 21.600,00

A proposta selecionada, por apresentar o menor preço entre as três foi a da empresa Foto Forum (Ver e Ouvir –Áudio e Foto Ltda. ME), CNPJ 26.478.784/0001-51.A fim de comparar a cotação apresentada pela agência com a praticada no mercado, realizamos reprodução fotográfica digital de um selo em estabelecimentos especializados na praça de Brasília (fls. 83/85, Anexo 6).

Fornecedor CNPJ Valor Unitário (R$)Guedes Fotografias Ltda. 01.247.776/0001-73 R$ 3,00Benecolor Foto Digital 05.990.739/0001-01 R$ 7,00

Constata-se, que o preço pago para reprodução dos doze selos, R$ 4.547,40, é, pelo menos, 98% superior ao maior preço pesquisado pela equipe de auditoria (12 x R$ 7,00 = 84,00), revelando indícios da prática de superfaturamento, o que acabou por onerar o serviço em, pelo menos, R$ 4.686,57, correspondentes à diferença entre o preço pago pela ECT (R$ 4.547,40) e o maior preço cotado (12 x R$ 7,00), acrescida de honorários de 5% (R$ 223,17).

6.2. Alegações de Defesa – ECT (fls. 2/111, Anexo 8) A ECT inicia suas alegações de defesa descrevendo a necessidade de criação do display de mesa (calendário 2005) e o público atingido pela estratégia de divulgação.Menciona que, quando uma peça publicitária prevê a utilização de imagem de selos, os Correios autorizam a reprodução, desde que preservadas suas características e com a mesma qualidade da emissão original, como previsto no item 9.5 da Portaria nº 816, de 17.07.69, do Ministério das Comunicações.Ressalta que, para a obtenção de uma imagem de qualidade, compatível com a da emissão de um selo, tendo por finalidade a utilização em peça publicitária, se faz necessária uma produção fotográfica profissional e de caráter publicitário, não se confundindo como uma mera reprodução convencional e que, para a composição de orçamento para composição de foto publicitária, são considerados honorários do fotógrafo, concessão de uso da foto, filmes, laboratório, cachê de modelo (se houver), mídia a que se destina (internet, impressa, etc) e cessão de direitos de uso das fotos.Argumenta que a comparação do serviço contratado pela ECT com a reprodução de fotografias para uso doméstico fica prejudicada por se tratarem de trabalhos com diferentes características técnicas e que exigem recursos diversos. Para tanto, anexa ofício recebido da Foto Fórum (fl. 91 , Anexo 8), empresa contratada para realizar as fotos, no qual são relacionados os seguintes recursos: Câmara fotográfica Canon EOS 1DS Mark II, lente 105 mm, mesa de luz, gerador de luz, cabeça de luz (tocha) e hazy-light, fotômetro, colorímetro, computador G5 para realizar a captura e o tratamento da imagem.Menciona que o valor pago pela produção das 12 fotografias, de caráter publicitário, de R$ 4.547,50, foi o menor custo apresentado.6.3. Alegações de Defesa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls.

112/239, Anexo 8)Os principais aspectos da defesa da agência Link/Bagg foram:

- imagens de objeto, especialmente os de pequenas dimensões, devem ser reproduzidas em alta resolução para que todos os detalhes sejam reproduzidos e ressaltados;

- a digitalização via scanner é incapaz de reproduzir com fidelidade e qualidade necessárias, sem distorção, os detalhes do objeto digitalizado, independentemente da potência e da resolução do equipamento, razão pela qual se faz necessária a reprodução fotográfica do selo, com toda a preparação de luz, estúdio e equipamentos profissionais, conforme descrito em ofício da Foto Forum (fl. 185, Anexo 8);

- não foi possível a utilização dos arquivos originais dos selos por serem antigos, muitos deles feitos à mão ou de uma época em que não havia arquivos digitais ou que nem mesmo a ECT possui;

- o único modo de realizar o trabalho e garantir que a portaria nº 816, de 17.7.69, do Ministério das Comunicações, fosse cumprida, seria fotografar profissionalmente os selos, cujos originais foram cedidos pela ECT para serem fotografados;

- não há como comparar o trabalho de um fotógrafo profissional, que fotografa com a luz e com os equipamentos adequados, com o custo de uma reprodução fotográfica, como realizado pela equipe de auditoria, na qual ficou gritante a perda de qualidade e de reprodução de detalhes de selo, inclusive com a perda do picote;

- qualquer fotógrafo profissional cobraria um valor superior ao da realização de uma simples cópia digital, por ter que remunerar sua hora trabalho e os equipamentos usados;

- se fossem realizadas cotações de preço para fotos em estúdio, seria comprovado que os preços pagos pela ECT estão dentro dos praticados pelo mercado, se não forem menores;

- toda e qualquer foto produzida por um fotógrafo é considerada uma obra intelectual e como tal está protegida nos termos do art. 7º, VII da Lei 9.610/98, e que, apesar da propriedade dos selos ser da ECT, o profissional detém os direitos autorais da fotografia. Traz comparações com fotos de pessoas e com fotos adquiridas junto a arquivos de jornais.

6.4. Análise da unidade técnicaInicialmente, cabe ressaltar que pesam sobre a contratação da empresa Foto Fórum para realização das fotos dos selos, além do indício da prática de sobrepreço, indícios da utilização de propostas fraudulentas para respaldar a contratação, conforme detalhado a seguir, o que fortalece os questionamentos sobre os preços praticados. Das três propostas apresentadas pela agência de publicidade, observou-se que as propostas das empresas Foto Fórum e Clausem Fotografia apresentam mesmo padrão gráfico e textual, mesmos valores e número de orçamento, bem assim a mesma pessoa para contato, revelando fortes indícios de que a proposta da empresa Clausem Fotografia foi elaborada apenas para cumprir a formalidade prevista no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato, que prevê a apresentação de, no mínimo, três propostas para a contratação de serviços de terceiros e respaldar a proposta da Foto Fórum. Corrobora o indício, o fato de que o fotógrafo indicado na proposta da ‘Clausem Fotografia’ Cristiano Sérgio, ser representante legal da Foto Fórum, conforme declaração fiscal (fls. 32 e 34, Anexo 6).

Evidenciamos, ainda, que a ECT firmou, no primeiro semestre de 2003, contrato com a empresa Opensoft Informática Ltda.(fls. 225/226, Principal), cujo objeto consistia em serviço de digitalização de imagens com carga e formatação de banco de dados e abrangia os seguintes itens:

a. digitalização das imagens dos selos em formato TIF (600 dpi-maior lado com 10 cm) e em formato jpg (96 dpi – tamanho natural), lançando as mesmas no banco de dados formatado, devendo ser considerados os selos de 1894 até 2002 (aproximadamente 3.500 imagens);

b. digitalização do conteúdo dos editais de lançamento dos selos, transformando os mesmos em texto e lançando as informações no banco de dados formatado, devendo ser considerados os editais de 1974 até 2002 (aproximadamente 947 editais);Desnecessário tecer comentários acerca dos aspectos técnicos de reprodução digital, pois a desnecessidade e a onerosidade da contratação ficam evidentes, a partir do momento em que os selos digitalizados poderiam ter sido obtidos junto ao Departamento Filatélico e utilizados para confecção das peças publicitárias. O chefe do Departamento Filatélico afirma que a ECT passou a ter todas as imagens dos selos digitalizadas a partir de 2003 (fl. 231, Principal).Pela execução dos serviços acima relacionados, que incluiu a digitalização de cerca de 3500 imagens, a empresa Opensoft cobrou R$ 15.800,00, o que também evidencia a inadequação dos preços praticados pela agência de publicidade (R$ 4.547,40 por doze imagens) para os serviços de reprodução digital dos selos utilizados no calendário.Sobre a cobrança de direitos autorais sobre as reproduções, a Lei 9.610/98, no seu art. 7º, XI, trata da proteção das obras intelectuais, dentre elas as fotográficas:

“Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:...VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;...” (grifo nosso)

O texto legal deixa bem claro o objeto de sua proteção: as obras intelectuais, isto é, as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, seja tangível ou intangível. Sobre os elementos que permitem caracterizar uma obra intelectual reproduzimos o esclarecedor texto disponibilizado pela Fundação Biblioteca Nacional:

“A doutrina do direito autoral qualifica como obra intelectual toda aquela criação intelectual que é resultante de uma criação do espírito humano (leia-se intelecto), revestindo-se de originalidade, inventividade e caráter único e plasmada sobre um suporte material qualquer.Como disse Henry Jessen: ‘A originalidade é condição sine qua non para o reconhecimento da obra como produto da inteligência criadora. Só a criação permite produzir com originalidade. Não importa o tamanho, a extensão, a duração da obra. Poderá ser, indiferentemente, grande ou pequena; suas dimensões no tempo ou no espaço serão de nenhuma importância.

A originalidade, porém, será sempre essencial, pois é nela que se consubstancia o esforço criador do autor, fundamento da obra e razão da proteção. Sem esforço do criador não há originalidade, não há obra, e, por conseguinte, não há proteção’. 3 (grifos nossos)

Não é, portanto, toda e qualquer fotografia produzida por um fotógrafo passível de proteção, mas somente aquelas que possuam o requisito da originalidade, que sejam produto da inteligência criadora. Esse é o entendimento compartilhado, inclusive, pela Associação Brasileira dos Fotógrafos de Publicidade – Abrafoto:

“1 - A obra fotográfica é, como qualquer outra obra da criação intelectual de alguém, protegida pelo Direito de Autor, desde que tenha um mínimo de criatividade e originalidade.”4 (grifo nosso)

A obra artística, objeto de proteção não se confunde com a simples reprodução, atividade destituída de qualquer criação ou originalidade, definida pelo no art. 5º, VI da Lei 9.610/98:

“art. 5º. VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido;” (grifo nosso)

A tarefa desempenhada pelo fotógrafo consistiu na mera reprodução dos selos para viabilizar a criação do calendário, conforme se depreende do exame do calendário trazido aos autos pela agência (fl. 186, Anexo 8) e da leitura dos orçamentos (fls. 29,30 e 32, Anexo 6) e da nota fiscal (fl. 31, Anexo 6), que descrevem os serviços como “reprodução fotográfica de 12 selos”. Foi este inclusive o serviço autorizado pela ECT: reprodução dos selos (fls. 3, 6, Anexo 6). Não houve nenhuma adaptação ou transformação da obra original que pudesse ser apresentada como criação intelectual nova, passível de proteção nos termos do inciso XI, do art. 7º da Lei 9.610/98, visto serem os selos reproduções fiéis de seus originais. O fotógrafo foi simplesmente o meio utilizado para realizar a reprodução fotográfica dos selos, cuja propriedade e direitos de reprodução pertencem à ECT, nos termos dos itens 9.3 a 9.55 da Portaria nº 816, de 17.07.96, do Ministério das Comunicações. A criação intelectual envolveu, sim, a concepção do calendário que utilizou imagens dos selos para sua composição, cabendo, nesse caso, a remuneração por direitos de autor efetuada ao Sr. Herbert Mascarenhas

3 http://www.bn.br/Script/FbnEDAPerguntas.asp?pStrCodSessao=BC1F85E0-DA4F-4E0E-84FD-3B2346744504#7. Acesso em 19.05.064 http://www.abrafoto.com.br/visualizar.asp?id=186&menu=2&submenu=12&titulo=guia%20abrafoto. Acesso em 19.05.065 Portaria nº 816, de 17.07.96, do Ministério das Comunicações “9.3 - Pertencem à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos a propriedade e os direitos de reprodução dos modelos de suas emissões, bem como os das obras de arte (inclusive artes finais), especialmente elaboradas para ilustrar selos. 9.4 - De igual forma, pertencem à ECT todos os originais de selos, que passarão a compor o acervo da ECT. 9.5 - Toda e qualquer reprodução de selos postais só poderá ser efetivada com a autorização da ECT, desde que os exemplares sejam reproduzidos integralmente e com a mesma qualidade da emissão original, e que apresentem marcas ou sinais que impeçam a utilização fraudulenta no serviço postal” (grifos nossos) (Disponível em http://www.correios.com.br, Acesso em 31.08.05)

(item 7.1.1, fl. 5, Principal). A simples inclusão do pagamento de direitos autorais no valor cobrado pelas fotos já comprova o excesso no pagamento realizado pela ECT.Consideramos, portanto, que os argumentos trazidos pela ECT e pela agência não conseguiram afastar a irregularidade, razão pela qual reiteramos entendimento anterior no qual se constatou que o pagamento pela reprodução fotográfica dos selos e dos direitos referentes a sua reprodução por tempo indeterminado no calendário e em outras peças publicitárias onerou o serviço em R$ 4.686,57.

6.5. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor:

a. aplicação de multa aos responsáveis, com base nos artigos 19, caput, 57 e 58, III da Lei 8.443/92, e no art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pela contratação da empresa Foto Forum (Ver e Ouvir – Áudio e Foto Ltda. ME) para reprodução digital de selos que poderiam ter sido obtidos, sem custos, junto ao Departamento Filatélico da empresa, configurando ato de gestão antieconômico, capaz de ensejar dano ao erário, nos termos do art. 16, III, c da Lei Orgânica do TCU;

b. determinação à ECT para que retenha, nas próximas faturas a serem pagas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., os valores referentes à importância de R$ 4.686,57 (quatro mil seiscentos e oitenta e seis reais e cinqüenta e sete centavos), correspondente à diferença entre o preço pago pela ECT (R$ 4.547,40) e o preço cotado (12 x R$7,00=R$ 84,00), acrescida de honorários de 5% (R$ 223,17).

7. Irregularidade – Sobrepreço na aquisição de bens ou na prestação de serviços contratados pela agência de publicidade no âmbito do contrato - Ação: Dia do Carteiro (Walkman) - (item 9.3.2.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário)

7.1. Situação Encontrada Como parte da ação publicitária prevista para celebrar o Dia do Carteiro 2005, foram adquiridos 53.000 Walkman com impressão em uma cor, incluindo pilhas e reinserção nas caixas.Para a execução dos serviços foram coletadas propostas junto a três fornecedores (fls. 19/21, Anexo 7), conforme o quadro a seguir:

Fornecedor CNPJ Qtde Valor unitário (R$)

Valor total (R$)

Presença Comercial Ltda. 19.590.579/0001-18 53.000 8,00 424.000,00GKS Global Brindes e Promoções Ltda. 06.073.295/0001-02 53.000 9,50 503.500,00Brands Brasil Comércio Repres Importação e Exportação

01.133.632/0001-96 53.000 9,00 477.000,00

A proposta selecionada, por apresentar o menor preço entre as três, foi a da empresa Presença Comercial Ltda. (fl. 19, Anexo 7).A fim de comparar a cotação apresentada pela agência com a praticada no mercado, realizamos pesquisa de preço (fl. 80, Anexo 7) junto a empresa Luminati Promocional, cujo contato foi obtido no site da Presença Brindes (fl. 79, Anexo 7), empresa selecionada para a subcontratação:

Fornecedor Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$)Luminati Promocional 50.000 5,90 295.000,00

Constata-se, que o preço unitário pago pela ECT para adquirir os rádios, R$ 8,00, é, cerca de 35% superior ao preço pesquisado pela equipe de auditoria.

7.2. Alegações de defesa – ECT (fls. 2/111, Anexo 8) A ECT apresenta nas suas alegações de defesa, os seguintes argumentos:

- os procedimentos administrativos previstos na legislação e no contrato 12.378/2003 foram devidamente cumpridos pela ECT, desde a exigência de cotação de preços, passando pela aprovação da SECOM, até o recebimento, de forma correta, do material;

- ressalta que, por ocasião da comparação de preços, deve ser observada a similaridade dos itens pesquisados e das condições de fornecimento, como por exemplo, modelo do aparelho adquirido, características de aplicação de logomarca, tipo de aplicação a ser feita, quantidade, condições do mercado no momento da cotação, prazo para entrega do produto, local de entrega e forma de pagamento;

- foram exigidos outros itens e serviços, não incluídos na cotação de preços da equipe de auditoria, que resultaram em acréscimo de custo no preço base dos rádios adquiridos: inclusão de 2 pilhas AA, manuseio para retirar os rádios da caixinha, prazos exíguos entre a aprovação da peça, autorização da ação e o limite inadiável para fornecimento da peça, o que exigiu dos fornecedores todo seu espaço logístico para garantir o cumprimento do serviço contratado.7.3. Alegações de defesa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls.

112/239, Anexo 8)A Agência Link apresenta nas suas alegações de defesa, em síntese, os seguintes argumentos:

- a cotação de produção para qualquer material pode sofrer grandes alterações, quando as cotações não são rigorosamente as mesmas, devido às características dos materiais;

- influem num orçamento fatores como: forma de aplicação da logomarca, quantidade de cores da logomarca, condições de pagamento, prazo de entrega (que pode envolver o pagamento de cobrança de taxa de urgência);

- só há como validar duas ou mais cotações se forem orçadas exatamente da mesma forma, com as características exatas e em períodos de tempo próximos, o que já foi objeto de deliberação pelo TCU;

- deve ser considerada a exigüidade do prazo e a complexidade da ação requerida, que compreendeu a aquisição dos rádios, o custo das 2 pilhas AA, três turnos de trabalho para a gravação da logomarca da ECT no rádio, custo de manuseio, que consistiria na retirada dos rádios da caixa original e inserção na caixa produzida pela agência e adição das pilhas em cada embalagem, com prazo de execução de menos de 2 dias, o que representaria 100% de aumento no custo;

- a variação do dólar no período, depreciação de 15%, foi suficiente para alterar consideravelmente a cotação realizada para a aquisição dos produtos;

- as condições de pagamento impostas pelos fornecedores de brindes é incompatível com a realidade dos Correios, pois a maioria das empresas cobra antecipação de custos de 50% do pagamento na aprovação do trabalho e os 50% restantes na entrega das peças. No caso de grandes quantidades, como no caso da aquisição sob análise, exigem 100% do pagamento antecipado, para poder arcar com

os custos de aquisição das peças ou produtos, já que nenhuma das empresas possui toda quantidade necessária do produto em estoque. Assim, o pagamento realizado após a entrega do produto teve custo financeiro elevado;

- janeiro é o mês de férias coletivas das empresas de brindes;- a cotação realizada pela equipe de auditoria seguiu critérios totalmente

diversos daqueles que orientaram a ação.

7.4. Análise da unidade técnicaInicialmente, cabe ressaltar que pesam sobre a contratação da empresa Presença Comercial Ltda. para fornecimento das 53.000 unidades do Walkman, além do indício da prática de sobrepreço, indícios da utilização de propostas fraudulentas para respaldar a contratação, o que fortalece os questionamentos sobre os preços praticados. Reproduzimos a seguir, trecho da instrução inicial na qual são relatados os indícios de utilização de proposta fraudulenta.

“Consulta ao cadastro de contribuintes do ICMS do estado de Minas Gerais revelou que a empresa Brands Brasil Comércio Representação Ltda. é contribuinte não habilitado do ICMS por desaparecimento do contribuinte. A data desta situação cadastral é de 31.03.04 (fl. 81, Anexo 7), cerca de nove meses antes da apresentação da proposta, que é de 14.01.05.O Acórdão 15.341/03/2ª - SEF/MG (fls. 74/75, Anexo 7) relaciona o Sr. Samy Katz, signatário da proposta da empresa GKS Global Brindes e Promoções Ltda., à subcontratada escolhida para fornecimento dos brindes, Presença Comercial Ltda. O citado Acórdão trata do transporte de mercadorias desacobertadas de documentos fiscais hábeis, que teriam como destinatário o Sr. Samy Katz e não a empresa Presença Comercial Ltda., que seria a efetiva detentora do endereço lançado no documento fiscal apresentado. Em contato telefônico com a empresa Presença Comercial Ltda., fomos informados que o Sr. Samy Katz é diretor da empresa.Consta, ainda, que o Sr. Samy Katz, signatário da proposta da empresa GKS Global Brindes e Promoções Ltda., faz parte do quadro societário da empresa Brands Brasil Comércio Repres Importação e Exportação Ltda.O fato de a empresa Brands Brasil Comércio Representação Ltda. ser contribuinte não habilitado do ICMS desde 31.03.04 e ter o Sr. Samy Katz no seu quadro societário, aliado à informação de que o Sr. Samy Katz, signatário da proposta da GKS Global Brindes e Promoções Ltda., mantém relacionamentos com a Presença Comercial Ltda. representam fortes indícios de que as propostas apresentadas para respaldar a subcontratação foram forjadas apenas para respaldar a proposta da Presença Comercial Ltda. e simular cumprimento à cláusula 5.1.7 do contrato 12378/2003.” (fls. 16/17, Principal)

O orçamento apresentado pela equipe de auditoria contém descrição adequada do produto adquirido, conforme as especificações constantes dos orçamentos fornecidos pela agência de publicidade, e foi obtido junto à estabelecimento comercial sediado no RJ apto a fornecer os produtos. Incluem, além do fornecimento do produto em quantidade (50.000 unidades) e especificações compatíveis, 2 pilhas por aparelho, gravação da marca, manipulação das caixas fornecidas pelo cliente e frete CIF (incluso no preço da mercadoria). É, portanto, válido para realizar comparação de preços. O exíguo prazo para entrega do produto alegado pela agência para fornecimento do produto não é razoável. Não há justificativa para a organização de comemorações como o “Dia do Carteiro” num curto intervalo de tempo, pois sua realização, por

tratar-se de evento anual, pode ser prevista com pelo menos um ano de antecedência, o que permite aos interessados em promovê-la avaliarem com antecedência o retorno a ser obtido com a sua realização e definirem as ações publicitárias a serem implementadas. A ECT, como promotora do evento, e a agência de publicidade, detentora de vasta experiência no mercado, poderiam ter agido dessa forma, a fim de não onerar os cofres da estatal com urgências só mencionadas por ocasião de alegações de defesa junto ao TCU, promovendo seu planejamento com antecedência cabível. Vale lembrar que a pesquisa e a seleção de eventos de oportunidade para a empresa na comunicação institucional e mercadológica é atribuição da área de imprensa da Divisão de Comunicação do DMARK, conforme o item 2.3.2 do Mod. 47, Cap. 2 do Manual de Organização da ECT6.A relatada urgência demonstrou apenas a realização da ação promocional sem planejamento adequado por parte da ECT e da agência, o que acarreta, unicamente, o desnecessário encarecimento dos custos envolvidos. A necessidade do planejamento está normatizada na IN nº 6, de 14.04.95, da Subsecretaria de Comunicação Institucional da Presidência da República, que prevê, dentre outros aspectos, que o plano de campanha, incluindo orçamento global, deverá ser submetido à SECOM na fase de planejamento e que está disporá de dez dias úteis para examiná-la e aprová-la. Está previsto, também, no item 5.1.8.1 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, que, para a aprovação das despesas relacionadas ao contrato, a agência deverá apresentar, em um único documento, orçamento detalhado de todas as peças ou veículos que compõem cada ação publicitária. Ressalta-se, ainda, que em nenhum momento, houve menção, nos documentos afetos à ação promocional ora analisada, à injustificada exigüidade do prazo e seus reflexos no preço do produto. Sendo condição relevante para a formação de preço, tal situação deveria ter sido mencionada, para evitar equívocos na apreciação dos preços apresentados. Trata-se de analogia com os incisos I e III do art. 26 da Lei 8666/93, que, ao tratarem da dispensa de licitação em virtude de situação emergencial, prevêem a caracterização da situação e da justificativa do preço. Observa-se, ainda, que o orçamento da Brands Brasil (fls. 21, Anexo 7) – contribuinte não habilitado do ICMS desde 31.03.04-, não inclui a manipulação das caixas fornecidas pelo cliente. Vale aqui a observação da própria agência de publicidade de que, para que ocorra uma comparação válida, é necessário haver orçamentos elaborados em igualdade de condições.A afirmação de que o pagamento tenha que ser antecipado, seja integralmente, seja em duas parcelas de 50% cada, não encontra respaldo na análise dos orçamentos apresentados pela agência de publicidade, que prevêem prazos de pagamento de 30 dias. Se prosperasse o argumento da agência, o sobrepreço refletiria, na verdade, o ressarcimento pela ECT de despesas financeiras com antecipações de pagamento feitas pela agência, o que não encontra respaldo contratual. Ainda, acerca das antecipações de pagamento, ressalta-se que, tal afirmação – como todas as demais feitas pela agência - não veio acompanhada de nenhum documento que permitisse aferir (ainda que não elidisse a irregularidade), não só a veracidade da informação prestada, mas o valor efetivamente repassado pela agência ao fornecedor, o que lança mais dúvidas

6 EMI: 31.08.04, 31ª REDIR, VIG: 04.08.04.

acerca do preço praticado, pois esses documentos poderiam ser facilmente obtidos nos assentos contábeis da agência. Não foram trazidos aos autos documentos que permitam aferir o impacto das variações do dólar no preço de venda do produto. Tampouco se justifica que uma variação negativa de 15% no preço do dólar corresponda a uma variação negativa de 40% no preço do produto.A agência de publicidade traz aos autos excertos do Acórdão 214/2002-2ª Câmara7, com a qual procura desqualificar a cotação de preços realizada pela equipe de auditoria, sob o argumento de que só há como validar duas cotações se forem realizadas em período de tempo próximo. Consideramos que o referido Acórdão não se aplica à situação sob análise, por referir-se à período anterior ao Plano Real (1994), em que a inflação anual atingia patamares superiores a 60%, enquanto que em 2005, período do evento e da cotação, os principais índices acusavam irrelevante elevação anual de preços próxima a 1%, conforme quadro a seguir. Observa-se, ainda, que a elevação dos índices de inflação tem como conseqüência o aumento dos preços, e não a sua redução, como constatado pela equipe de auditoria.

IGP-M (FGV) IGP(DI) INPC (IBGE)fev/1993 0,69 0,73 1,01fev/2005 61,59 62,87 60,69

Consideramos, portanto, que os argumentos trazidos pela ECT e pela agência não conseguiram afastar a irregularidade indicada no item 9.3.2.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário, razão pela qual reiteramos entendimento anterior no qual se constatou que a aquisição de 53.000 rádios Walkman por preço superior (R$ 424.000,00) ao praticado no mercado (R$ 312.700,00), acrescidos de honorários de 5% (R$ 55.565,00).

7.5. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor determinação à ECT para que retenha, nas próximas faturas a serem pagas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., o valor de R$ 116.865,00 (cento e dezesseis mil oitocentos e sessenta e cinco mil reais), correspondentes à diferença entre o preço pago pela ECT (R$ 424.000,00) e o preço cotado (R$ 312.700,00), acrescida de honorários de 5% (R$ 5.565,00).

8. Irregularidade: sobrepreço na aquisição de bens ou na prestação de serviços contratados pela agência de publicidade no âmbito do contrato - Ação: Maximídia Direct 2004 (item 9.3.3.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário)

8.1. Situação EncontradaPara implementar a ação promocional relativa ao evento Maximídia Direct 2004, foram contratados junto à empresa Dream Factory Comunicação e Eventos S.A. infra-estrutura durante os 4 dias de evento, incluindo telefones, limpeza (2 profissionais), segurança (2 profissionais) e decoração do stand. A contratação da Dream Factory atingiu o valor total de R$ 78.703,83, dos quais o orçamento de produção nº 143/04 (fl. 22, Anexo 5) atribui R$ 33.692,11 à prestação dos serviços de infra estrutura, que, acrescidos de honorários de 5%, atingem R$ 35.376,72.Diante de valores obtidos pela equipe de auditoria em pesquisa junto a fornecedores estabelecidos no mercado, a contratação de infra estrutura para o evento, incluindo

7 TC 200.284/1995-8, Ministro-Relator Ubiratan Aguiar, Ata 16/2002 – Segunda Câmara.

telefones (6 linhas telefônicas, com identificador de chamadas e internet banda larga de 600 Kbps), limpeza (2 profissionais), segurança (2 profissionais) custaria, incluindo honorários de 5%, pelos maiores valores obtidos, R$ 7.387,64, valor R$ 27.989,08 inferior ao valor pago pela ECT. Ressaltamos que não identificamos, a partir das fotos do stand apresentadas, a prestação do serviço denominado ‘decoração do stand’, razão pela qual, consideramos o mesmo não realizado. A partir das fotos, identifica-se o fornecimento de mobiliário nos termos das especificações presentes do orçamento AT 2559 e pedido de produção 002859 (fls. 35 e 36, Anexo 5), contratados junto à empresa ViaBR/Global Internacionais Cinema e Comércio Ltda.

8.2. Alegações de Defesa – ECT (fls. 2/111, Anexo 8) A ECT alega que os itens referentes à infra-estrutura não se restringiam a custos com telefone, limpeza, segurança e decoração, conforme questionado pela equipe de auditoria, pois, segundo planilha fornecida pela Dream Factory (fls. 195/196, Anexo 8) à agência Link, dentro da composição constavam telefone para o stand, segurança, limpeza, decoração, buffet, custos de escritório, custos de produção exclusiva, custos de assistente de produção exclusiva e van para produção. Registra que, da mesma forma que em outras contratações, as condições das propostas foram avaliadas previamente pela SECOM, a qual realiza comparações com preços de mercado, tendo como base banco de dados próprio.8.3. Alegações de Defesa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls.

112/239, Anexo 8)A agência de publicidade alega que o valor pago incluía outros serviços além daqueles cotados pela equipe de auditoria, conforme podem ser comprovados na planilha da empresa Dream Factory (fls. 195/196, Anexo 8) e que os custos de limpeza e de segurança estão abaixo dos cotados e relacionados pela equipe de auditoria (embora não especifique esses valores).

Ademais, o evento exigia exclusividade no fornecimento dos serviços de telefonia pela empresa NEC do Brasil, cujo telefone básico foi cotado por R$ 270,00 (fl. 223, Anexo 8).8.4. Análise da unidade técnicaA Planilha de Ações de Divulgação 1054/04 (fls. 16/19, Anexo 5) apresentava apenas a designação genérica “infraestrutura durante os 4 dias de evento”. Questiona-se como a SECOM aprovou o item sem saber do seu conteúdo. Acerca da planilha, a responsável pela SECOM, Lúcia Mendes, escreveu em e-mail de 14.09.04 (fl. 20, Anexo 5): “Os custos estão Ok, apenas com uma ressalva de atenção com os custos de produção gráfica”. A aprovação da SECOM, contudo, não afasta a responsabilidade dos empregados da ECT.A planilha fornecida pela Dream Factory (fls. 195/196, Anexo 8) não constava da documentação analisada pela equipe de auditoria, tendo sido apresentada pelas partes apenas por ocasião das alegações de defesa. O documento analisado pela equipe consistiu no Orçamento de Produção AT 2565 (fl. 44, Anexo 5), que apresenta, para o item sob análise, a seguinte descrição: “Infraestrutura durante os 4 dias de evento, incluindo telefones, limpeza (2 profissionais), segurança (2 profissionais) e decoração do stand.”, enquanto a planilha da Dream Factory incluía: “telefone para stand (sem consumo), custos de escritório (ligações, cópias, impressões, etc), produtora exclusiva, assistente de produção

exclusiva, van para produção, segurança (6 dias), limpeza (6 dias), buffet (café e água durante o dia, canapés e bebidas diversas para happy hour nos 4 dias de evento, conforme cardápio enviado), decoração do stand (iluminação cenográfica, incluindo spots para iluminação da apresentação da banda e complementação de mobiliário, com mesas redondas e cadeiras + mesas bistrô e banquetas).Ressalte-se que, embora contemple mais itens, a nova planilha ainda registra a inexistência de um orçamento detalhado das despesas envolvidas, pois os orçamentos apresentados pela agência de publicidade apresentam itens genéricos, englobando diversos serviços sob uma única rubrica, e não permitem a comprovação e o controle (interno e externo) das despesas realizadas, a identificação das especificações dos serviços contratados e dos seus custos efetivos (condição para aprovação do patrocínio pela SECOM, conforme a IN nº 68, de 14.04.95, da antiga Subsecretaria de Comunicação Institucional da Presidência da República, que disciplinava a aprovação de campanhas), sua compatibilidade com os preços praticados no mercado, e o conseqüente cumprimento do item 5.1.5 da cláusula quinta do contrato, no que se refere à busca de condições mais vantajosas para a contratante. Não obstante, cabem as considerações a seguir.Os serviços de telefonia, como evidencia a agência de publicidade em suas alegações de defesa (fl. 13, Anexo 8), eram contratados junto a fornecedor exclusivo a custo de R$ 270,00 para o modelo simples. O preço do serviço encontra-se estipulado no manual do expositor (fl. 223, Anexo 8). Ressalte-se, no entanto, que, nem a agência, nem a ECT trouxeram aos autos comprovantes do pagamento do serviço. Não foi apresentada nota fiscal, de emissão obrigatória, correspondente a suposta despesa de R$ 270,00 realizada a título de serviços de telefonia. O próprio formulário 9 (fl. 222, Anexo 8, Vol. 1) solicita o nome do responsável e o endereço para onde enviar a nota. Quanto aos serviços de limpeza, consta à fl. 212 do Anexo 8 pertinente ao manual do expositor, a cobrança obrigatória de taxa de limpeza de R$ 12,00/m², em troca da qual seria fornecido serviço de manutenção das áreas comuns durante o período de montagem e desmontagem, bem como de conservação dos stands e áreas comuns, durante a realização do evento. Considerando a área do stand da ECT (165,50 m²), seria obrigatório o pagamento de taxa de limpeza de R$ 1986,00, correspondente à despesa de R$ 331,00/dia (tendo em vista 1 dia para limpeza de inauguração, 4 dias de evento e 1 dia de desmontagem). Em face deste parâmetro, consideramos que está justificado o valor pago para esse item.O serviço de segurança, conforme o manual, poderia ser contratado da empresa credenciada pela organização do evento, R$ 12,00/hora-homem, ou ser prestado por outra empresa, com pagamento de crachá de segurança de R$ 120,00/credencial. No primeiro caso, considerando a prestação do serviço por 24 horas (por 2 funcionários em turnos de 12 horas), teríamos o custo diário de R$ 288,00, ou R$ 1.152,00/4 dias. Considerando a maior cotação obtida pela auditoria, R$ 400,00, acrescida da taxa de crachá, teríamos R$ 1.840,00, valor maior que o custo cobrado pela organização do evento. Não resta claro, todavia, como ocorreu tal contratação.Quanto à decoração, o fornecimento de mobiliário para a denominada área VIP do stand, nos termos das especificações presentes na proposta da Dream Factory (fl. 44, Anexo 9), consta do orçamento AT 2559 e do correspondente pedido de produção

8 Revogada pela Instrução Normativa nº 2, de 20.02.06, da Secretaria-Geral da Presidência da República.

002859 (fls. 35 e 36, Anexo 5), contratado junto à empresa ViaBR/Global Internacionais Cinema e Comércio Ltda. pelo valor de R$ 83.700,00. Não obstante, não integra o referido contrato a iluminação cenográfica, incluindo spots para apresentação da banda. Não há comprovação das atividades de produtora exclusiva, assistente de produção exclusiva e van para produção. Pessoas que trabalham no stand durante o evento devem ser devidamente credenciadas, conforme o item Formulário 5 – Credenciais do expositor do manual do expositor (fl. 210/211, Anexo 8). A única credencial apresentada pela agência foi a de Mila Rocha, empregada da agência (fl. 154, Anexo 8). Há aparente pagamento em duplicidade, pois o item Coordenação da planilha da Dream Factory, cotado a R$ 31.202,51, inclui os serviços de planejamento e coordenação da montagem e desmontagem do stand e da realização das ações promocionais, atribuições que se confundem com a de um produtor. Todavia, não há como se afirmar categoricamente tal ocorrência.A proposta produzida pela Dream Factory (fl. 19/46, Anexo 9) efetivamente contemplava a contratação de serviço de barista/buffet e sua realização foi comprovada pelas fotos do evento juntadas aos autos (fls. 51 e 58, Anexo 9). No entanto, os valores unitários, assim como os demais constantes da planilha às fls. 195/196 do Anexo 8, não estão especificados, de sorte a identificar os valores pagos por cada serviço.Diante do exposto, consideramos que, como o item ‘infra-estrutura para stand’ efetivamente contempla outros serviços além daqueles cotados pela equipe de auditoria, não há como confirmar a inadequação dos preços praticados, uma vez que não há preços unitários para cada um deles. Não se trata de endossar os preços pagos pela ECT, mas apenas da constatar a impossibilidade de aferir a economicidade e a compatibilidade dos preços com o mercado. Por esta razão, manifestamo-nos por afastar o débito atribuído no item 9.3.3.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário.

8.5. EncaminhamentoDeterminar à ECT que, para o desenvolvimento de ações publicitárias, nas hipóteses de subcontratação previstas no item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, exija de cada proponente, com fundamento nos itens 5.1.5, 5.1.6 e 5.1.8 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, orçamento de todas as peças, serviços ou veículos que compõem a proposta, com o detalhamento pormenorizado de suas especificações e custos unitários, e proceda à aferição de sua compatibilidade com os preços de mercado, conforme previsto no art. 43, IV da Lei 8.666/93, evitando a prática de orçamentos globais.

9. Irregularidade: sobrepreço na aquisição de bens ou na prestação de serviços contratados pela agência de publicidade no âmbito do contrato - Ação: Maximídia Direct 2004 (item 9.3.3.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário)

9.1. Situação Encontrada Para implementar a ação promocional relativa ao evento Maximídia Direct 2004, foram locados junto à Imagepro Sistemas e Produtos Ltda., CNPJ 03.884.532/0001-27, segundo especificações constantes do orçamento AT 2560 e o pedido de produção PP 002860 (fls. 52/53 , Anexo 5), 4 microcomputadores Pentium IV com tela LCD 15’’, 1 tela de plasma de 42’’, 1 tela de plasma de 60‘’ para exibição de filmes, 1 DVD e 1 operador durante os 4 dias de evento. A locação dos equipamentos de informática e de

audiovisual teve o custo total de R$ 12.075,00, correspondente à locação (R$ 11.500,00) e honorários de 5% (R$ 575,00).A fim de identificar valores referentes a locação de equipamentos de informática e de audiovisual nas especificações, realizamos pesquisa de preço junto a empresas que prestam o serviço em São Paulo e na empresa Infoview, do Rio de Janeiro/RJ, que atende no telefone que consta da nota fiscal da Imagepro Sistemas e Produtos Ltda.

Aluga.net Locatech InfoviewMonitor de plasma 42’’ 1.400,00 1.200,00Monitor de plasma 60’’ 3.950,00 não trabalhaDVD 0,00 50,004 microcomputares P IV 480,00 1.000,004 Telas LCD 15’’ 620,00 840,00Operador não cotou não cotouMontagem/Desmontagem/ Transporte 0,00 0,00Total (R$) 6.450,00 3.090,00 8.740,00Honorários (R$) 322,50 154,50 437,00Total + Honorários (R$) 6.772,50 3.244,50 9.177,00

Observamos que os valores pagos pela ECT para a locação dos equipamentos de informática, R$ 11.500,00, é aproximadamente 30% superior àquele praticado pela Infoview, R$ 8.740,00, o que acabou por onerar o serviço em, pelo menos, R$ 2.898,00, correspondentes à diferença entre o preço pago pela ECT, R$ 11.500,00, e o maior preço cotado, R$ 8.740,00, acrescido de honorários de 5%, R$ 437,00.

9.2. Alegações de defesa – ECT (fls. 2/111, Anexo 8) A ECT argumenta que:

- para o evento Maximídia foi levado em conta o orçamento global da ação, na qual constava a especificação referente ao item aparelhos: locação de 4 microcomputadores com tela LCD 15’’, 1 tela de plasma de 42’’, 1 tela de plasma de 60’’ para exibição de filmes, 1 dvd e 1 operador durante os 4 dias do evento;

- os itens são, em sua maioria, eletrônicos importados e seguem cotação de acordo com a variação do dólar. O orçamento que se encontra no processo se encontra defasado, isto é, refere-se à cotação de um ano atrás, sendo possível que a cotação atual ofereça alguma redução de custos dada as características do produto.

- o dólar no período variou aproximadamente 20%, conforme Banco Central, o que vem a ser próximo à variação apresentada pela equipe de auditoria e que a diferença de R$ 460,00 pode ser justificada por aumento de custos fixos, como mão-de-obra, impostos ou até mesmo outras variações de mercado.

- o orçamento da equipe de auditoria não levou em conta, nas avaliações feitas pelo auditor, custos de diárias de operador, além de montagem, desmontagem e transporte.9.3. Alegações de defesa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls.

112/239, Anexo 8)A agência de publicidade alega que:

- a empresa Imagepro apresentou o melhor orçamento naquele momento;

- o custo de equipamentos eletrônicos tiveram seu valor diminuído com o passar do tempo, até pela queda obrigatória do custo de novas tecnologias com o alargamento de seu uso (ganho de escala);

- o preço para locação de equipamentos teria que sofrer um decréscimo de pouco mais de 20% no período, devido a variação do dólar;

- o barateamento de novas tecnologias ao longo do tempo e a depreciação do dólar americano tem uma influência tão grande no preço dos eletrônicos que um monitor de plasma de 42’’ que custava cerca de R$ 22.000,00 no início do ano já é oferecido, hoje, no mercado, por cerca de R$ 9.000,00. O mesmo aconteceu com monitores de tela plana de 15’’ que, há um ano custavam cerca de R$ 1.500,00 e hoje são vendidos por R$ 800,00, quase o mesmo preço que a empresa cotada pela auditoria queria pelo aluguel dos referidos monitores: R$ 620,00.

- os computadores alugados, além de serem máquinas defasadas, tiveram acentuada queda nos preços especialmente com o advento do programa “Computador para todos”, de incentivos à aquisição de produtos de informática, com a isenção de alguns tributos (PIS/PASEP e Cofins);

- o rigor absoluto da cotação realizada quando da execução do serviço, pode ser comprovado se for diminuído do valor pago a importância referente à desvalorização do dólar, que fornece o valor de R$ 9.200,00, e que a diferença de R$ 460,00, pode ser justificada pelo aumento nos custos de mão de obra e transporte ocorridos ao longo de um ano.9.4. Análise da unidade técnicaOs orçamentos apresentados pela equipe de auditoria contêm descrição adequada dos serviços adquiridos: locação de 1 tela de plasma de 42’’, 1 tela de plasma de 60’’, 1 aparelho de DVD, 04 microcomputadores PC Pentium IV, Montagem, Desmontagem, Transporte e operador durante o período do evento, conforme as especificações constantes do orçamento AT2560 e do pedido de produção 002860 (fls. 52/53, Anexo 5), sendo, portanto, válidos para realizar comparação de preços. Para cotação do serviço de locação de equipamentos de informática e de audiovisual não foram apresentadas três propostas. O serviço constava como parte do orçamento global apresentado para realização do evento pelas empresas Dream Factory, Back Stage e N Outra (fls. 47/49, Anexo 5). O equipamento locado e seu preço (R$ 11.500,00) foram detalhados apenas após a seleção da Dream Factory para realização do evento, conforme especificações constantes do orçamento AT 2560 e do pedido de produção PP 002860 (fls. 52/53, Anexo 5): 4 microcomputadores Pentium IV com tela LCD 15’’, 1 tela de plasma de 42’’, 1 tela de plasma de 60’’ para exibição de filmes, 1 DVD e 1 operador durante os 4 dias do evento.A proposta da empresa Imagepro Sistemas e Produtos Ltda., fornecedora dos equipamentos, foi trazida aos autos pela agência em suas alegações de defesa (fl. 225, Anexo 8) e apresenta divergências entre o serviço autorizado pela ECT e aprovado pela SECOM, pois não contempla os custos de operador durante os 4 dias do evento, o que aumenta a diferença entre a maior proposta apresentada pela equipe de auditoria (R$ 8.740,00) (fls.123/124, Anexo 5) e o valor pago pelos serviços (R$ 11.500,00) em R$ 640,00, referente ao custo do operador pelo período cobrado pela Infoview (fls. 123/124, Anexo 5).

O preço de venda de equipamentos de informática decresce ao longo do tempo e sofre influência da cotação cambial, contudo, não trouxeram, nem a agência, nem a ECT, elementos que permitam concluir que o valor de locação, e não o de aquisição, se reduziram na mesma proporção. Se atualizarmos o preço cotado pela Image Pro, R$ 11.500,00 (fl. 225 Anexo 8), de acordo com a cotação do dólar fornecida pela agência ( R$ 2,92900, em 1.09.04, e R$ 2,31970, em 12.09.05), obtemos R$ 9.107,00. Se compararmos com o maior preço obtido pela equipe de auditoria, R$ 8.100,00 (não foram incluídos os custos de operador, pois a proposta da Image Pro não contempla tal serviço), a diferença (R$ 9.107,00 - R$8.100,00 = R$ 1.007,00) indica que a cotação realizada pela equipe de auditoria, mesmo considerando-se a depreciação cambial, é 12 % inferior àquele obtido pela agência de publicidade. Se compararmos com a proposta da empresa Aluga.net (R$ 6.450,00), a diferença indica que a proposta da equipe de auditoria, mesmo considerando a depreciação cambial, é 41% inferior àquela apresentada pela agência. Cabe evidenciar, ainda, que, não há elementos que permitam aferir que o preço de locação varie na mesma proporção que o dólar.Ressalte-se, também, que a diferença, que a agência calculou erroneamente em R$ 460,00, e atribuiu a fatores mão de obra e transporte, corrigidos ao longo de um ano, não tem fundamento. Primeiramente, porque não foi comprovada. Em segundo lugar, para que os raciocínios da agência e da ECT fossem corretos, os custos deveriam ter sofrido deflação ao longo do período para atingir o valor cotado pela auditoria e não sofrer elevação, tal como por eles alegado. Quanto à alegação de que o preço dos equipamentos de informática sofreu redução devido ao programa “Computador para todos” e isenção de alguns tributos (PIS/Pasep e Cofins), devido à entrada em vigor com a chamada MP do Bem (Medida Provisória nº 252), de 15 de junho 2005, a agência não apresentou fundamentos que permitam confirmar sua afirmação, no que concerne aos preços de locação dos equipamentos de informática.A irregularidade demonstra a lesividade da cotação de preços globais para a contratação de ações, que dificulta a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública, o controle por parte da entidade e a comprovação da realização das despesas por parte da agência.Consideramos que os argumentos trazidos aos autos pela ECT e pela agência de publicidade por ocasião de suas alegações de defesa são insuficientes para afastar as irregularidades correspondentes ao item 9.3.3.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário.

9.5. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor determinação à ECT para que retenha, nas próximas faturas a serem pagas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., a importância de R$ 2.898,00 (dois mil oitocentos e noventa e oito reais) correspondente à diferença entre o preço pago pela ECT (R$ 11.500,00) e o maior preço cotado (R$ 8.740,00), acrescida de honorários de 5% (R$ 138,00).

10. Irregularidade: Pagamento de Despesas sem comprovação da execução - Ação: Maximídia Direct 2004 (item 9.3.3.3 do Acórdão 1.529/2005-Plenário)

10.1. Situação EncontradaNão restou comprovada a execução do serviço pela Capricórnio Consultoria, CNPJ 06.926.823/0001-29, uma vez que a arte referente ao convite e ao tag faz parte do caderno de produção elaborado pela Dream Factory Comunicação e Eventos S.A. Ademais, conforme já se ressaltou anteriormente, tanto o orçamento AT 2615 (fl. 85, Anexo 5) e o pedido de produção PP 002932 (fl. 86, Anexo 5) feitos pela agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., datam de 29.09.04, seis dias após o encerramento do evento.O Orçamento de Produção nº 143/04 (fls. 21/25, Anexo 5) discrimina, ainda, o pagamento de taxas de organização pela Dream Factory Comunicação e Eventos S.A., conforme quadro a seguir, com incidência de honorários de 5%, contudo, não há comprovação do pagamento das citadas taxas.

Serviço Valor (R$) Honorários (R$) Valor Total (R$)Taxas de energia elétrica (por Kvas) e limpeza. Taxas obrigatórias cobradas pela organização do evento.

6.454,40 322,72 6.777,12

Taxas hidráulica, telefonia/internet e segurança. Taxas obrigatórias cobradas pela organização do evento

4.340,18 217,01 4.557,19

Total (R$) 10.794,58 539,73 11.334,31

10.2. Alegações de defesa – ECT (fls. 2/111, Anexo 8) A ECT, em suas alegações de defesa, argumenta:

- a agência Link/Bagg terceirizou a realização da ação para as empresas referidas Dream Factory Ltda. e Capricórnio Consultoria.

- os serviços foram efetivamente prestados, conforme comprovantes de pagamento anexos:

a. R$ 6.454,40 pagos à M&M Eventos, conforme especificado no orçamento de produção. O valor R$ 5.844,46 é justificado pela retenção de tributos no valor de R$ 609,04 (fl. 104, Anexo 8);b. R$ 4.340,18 pagos a Dream Factory a fim de cobrir custos de internet (R$ 2.316,00), segurança (R$ 120,00), telefone (R$ 57,56), taxa hidráulica (R$ 407,00), locação de extintor (R$ 90,00), custos operacionais de produção (R$ 800,00), impostos para pagamento de taxas e credenciais previstas no orçamento aprovado (R$ 549,62).

10.3. Alegações de defesa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls. 112/239, Anexo 8)

Acerca da irregularidade, as alegações de defesa apresentadas pela agência de publicidade foram, em síntese:

- o pagamento das taxas se dividia em:a. R$ 6.454,40, pagos para a MM Eventos (o valor inferior se refere à retenção de tributos);b. R$ 4.340,18, pagos para a Dream Factory, que repassou os valores para os respectivos fornecedores. A diferença de R$ 1.349,62 entre os comprovantes apresentados e a quantia questionada, refere-se a soma dos gastos com pequenos valores, pagos em espécie pela produção, tais como refeições,

estacionamento, credenciais extras e outros assemelhados que não possuem recibos para sua demonstração.- os serviços executados pela Capricórnio Design podem ser comprovados pela

própria criação das peças utilizadas no evento e que o fato do custo da subcontratação da capricórnio ser parte integral da proposta da Dream Factory explica-se pela racionalização da execução do serviço, visto que essas empresas são parceiras habituais, sendo a Capricórnio prestadora exclusiva de serviços de criação de peças promocionais para a Dream Factory.10.4. Análise da unidade técnicaConsideramos que o pagamento da quantia de R$ 6.454,40 foi adequadamente comprovado.Do valor de R$ 4.340,18, consideram-se comprovados o consumo de telefone (R$ 57,66), taxa hidráulica (R$ 407,00), locação de extintor (R$ 90,00), o que totaliza R$ 554,66. O ponto telefone para o stand consta do item infra-estrutura para stand da planilha da Dream Factory (fls. 195/196, Anexo 8). As ligações foram cobradas à parte e faturadas mediante NF 002448, de 29.10.04. (fls. 235, Anexo 8)A locação do extintor foi comprovada por Nota Fiscal (fls. 237, Anexo 8). Para o pagamento da taxa hidráulica não foi apresentada nota fiscal, apenas um comprovante de débito sem qualquer valor, contudo, como no stand havia um ponto de hidráulica e o valor corresponde àquele constante do Manual do Expositor, consideramos a taxa como comprovada (fl. 236, Anexo 8). Para comprovar o pagamento da taxa de segurança, a agência apresentou um recibo no valor de R$ 120,00(fl. 234, Anexo 8) sem qualquer valor fiscal, sem identificação do evento ao qual se refere. Ademais, o manual do expositor, ao descrever o formulário 12 – segurança para o estande (fl. 213, Anexo 8) estabelece que o pagamento será feito por boleto bancário enviado pela M&M eventos e que, cada credencial de segurança não oficial custaria R$ 120,00. Uma vez que foram contratados dois seguranças, conforme se depreende do orçamento de Produção AT 2565 (fl. 44, Anexo 5) deveriam ter sido adquiridas duas credenciais, cuja comprovação de pagamento se daria pelo comprovante de depósito bancário. Assim, não restou comprovada pela agência e pela ECT a realização da referida despesa.Os serviços de telefonia/internet do pavilhão de exposições são explorados diretamente pela NEC do Brasil, conforme formulário 9 do Manual do Expositor (fl. 222, Anexo 8, Vol. 1) e esses serviços seriam solicitados diretamente ao Transamérica Expo Center (fl. 213, Anexo 8, Vol. 1). Para o consumo de telefonia, a empresa Transamérica Promoções e Eventos emitiu a nota fiscal nº 002448, de 29.09.04, no valor de R$ 57,56. Não há nota fiscal, de emissão obrigatória, correspondente à suposta despesa de R$ 2.316,00 realizada a título de taxa de internet. O próprio formulário 9 (fl. 222, Anexo 8, Vol. 1) solicita o nome e o endereço do responsável para quem enviar a nota. Além disso, não consta do comprovante de depósito em conta corrente (fl. 233, Anexo 8 ) nenhuma informação que permita identificar o depositante e a natureza da despesa ou, pelo menos, associá-lo a ação em sob análise, constando apenas como beneficiária a empresa Transamérica Promoções, razões pelas quais consideramos as despesas como não comprovadas.

Não há, nos autos, informações que permitam descobrir como a ECT dividiu a diferença relatada de R$ 1.349,62 em custos operacionais de produção (R$ 800,00) e taxas e credenciais previstas no orçamento aprovado (R$ 549,62). A Dream Factory alega que a importância referida foi gasta em despesas de produção, tais como estacionamentos, táxi, água, lanche, motoboy, xerox e reembolso de gastos com telefonia a produtor, parte dos quais já estaria incluída nos chamados custos de escritório (ligações, cópias, impressões, etc), do item “infra-estrutura” (fl. 195, Anexo 8).Ademais, a importância de R$ 4.340,18 refere-se exclusivamente a pagamento de taxas obrigatórias cobradas pela produção do evento (telefone, hidráulica e segurança), conforme Orçamento de Produção 143/2004 (fl. 25, Anexo 5) e planilha Dream Factory (fls. 195/196, Anexo 8), não se justificam, portanto, o pagamento de despesas como lanches, água, etc. Dessas despesas, portanto, só foram comprovados a execução de R$ 674,66, restando pendente a comprovação de R$ 3.785,52, que acrescidos de honorários de 5% (R$ 189,28), atingem R$ 3.974,84. Ressalte-se, ainda, a inexistência de um orçamento detalhado das despesas envolvidas, pois os orçamentos apresentados pela agência de publicidade apresentam itens genéricos, tais como infra-estrutura para stand, taxas de hidráulica, telefonia/internet e segurança, que não permitem a identificação adequada do serviço, e dificultam, não só a identificação do custo efetivo dos itens cotados (condição para aprovação do patrocínio pela SECOM, conforme a IN nº 6, de 14.04.95, da antiga Subsecretaria de Comunicação Institucional da Presidência da República, que disciplinava a aprovação de campanhas), mas também comprovação e o controle das despesas realizadas, como relatado neste item. No tocante a execução do serviço pela Capricórnio Consultoria, CNPJ 06.926.823/0001-29, temos que não restou comprovada, uma vez que a arte referente ao convite e ao tag faz parte do caderno de produção elaborado pela Dream Factory Comunicação e Eventos S.A (fls. 19/46, Anexo 9). Ademais, conforme já se ressaltou anteriormente, tanto o orçamento AT 2615 (fl. 85, Anexo 5) e o pedido de produção PP 002932 (fl. 86, Anexo 5) feitos pela agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. à Capricórnio, datam de 29.09.04, seis dias após o encerramento do evento. A respeito da informação de que a Capricórnio e a Dream Factory sejam parceiros habituais, identificou-se que, à época do evento (setembro de 2004), essa “habitualidade” durava pouco mais de um mês, visto ter sido a Capricórnio constituída em 11.08.04 e o pedido de produção ter sido emitido em 29.09.04. A equipe de auditoria não identificou nenhum outro trabalho desenvolvido por essa empresa ou por seus sócios.As alegações de defesa apresentadas pela ECT e pela agência de publicidade elidiram parcialmente as irregularidades apontadas no item 9.3.3.3 do Acórdão 1.529/2005-Plenário, no que concerne à comprovação da despesa de R$ 6.454,40 referente ao pagamento de taxas de energia elétrica e limpeza. Do valor de R$ 4.340,18, correspondente a taxas hidráulica, telefonia/internet e segurança, consideram-se comprovados o consumo de telefone (R$ 57,66), taxa hidráulica (R$ 407,00), locação de extintor (R$ 90,00), o que totaliza R$ 554,66, restando pendentes de comprovação a importância de R$ 3.785,52. Não conseguiram comprovar a execução dos serviços de elaboração e finalização das peças impressas pela Capricórnio pelo valor de R$ 2.350,00.

10.5. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado determinar à ECT que:

a. retenha, nas próximas faturas a serem pagas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., a importância de R$ 6.342,30 (seis mil trezentos e quarenta e dois reais e trinta centavos), relativa a despesas referentes ao evento Maximídia Direct 2004 sem comprovação de sua execução acrescidas de honorários:

Fornecedor Serviço Valor (R$)

Honorários (R$)

Valor Total (R$)

Dream Factory Ltda. Taxas hidráulica, telefonia/internet e segurança. Taxas obrigatórias cobradas pela organização do evento

3.785,52 189,28 3.974,84

Capricórnio Consultoria

Elaboração e finalização de peças impressas 2.350,00 17,50 2.367,50

Total (R$) 6.135,52 206,78 6.342,34

d. para o desenvolvimento de ações publicitárias, nas hipóteses de subcontratação previstas no item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, exija de cada proponente, com fundamento nos itens 5.1.5, 5.1.6 e 5.1.8 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, orçamento de todas as peças, serviços ou veículos que compõem a proposta, com o detalhamento pormenorizado de suas especificações e custos unitários, e proceda à aferição de sua compatibilidade com os preços de mercado, conforme previsto no art. 43, IV da Lei 8.666/93, evitando a prática de orçamentos globais.

11. Irregularidade: Subcontratação do objeto do contrato sem justificativa - (item 9.4.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) – Ações: Display de mesa (Calendário 2005) e Maximídia 2004

11.1. Situação EncontradaSubcontratações relacionadas a seguir, sem comprovada necessidade, em afronta aos item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003 e aos artigos 68 e 72 da Lei 8.666/93.

Evento Fornecedor CNPJ Objeto Valor (R$) Honorários (R$)

Total (R$)

Display de mesa (Calendário 2005)

Herbert Mascarenhas

- criação do calendário 2005.

7.924,00 633,92 8.557,92

Maximídia 2004

Capricórnio Consultoria

06.926.823/0001-29 criação e finalização de peças publicitárias.

2.350,00 117,50 2.467,5

Dream Factory Comunicação e Eventos S.A.

04.458.217/0001-09 criação, planejamento e coordenação da montagem e desmontagem do stand e da realização de ação

31.202,51 1.560,00 11.025,42

promocional durante o evento Maximídia 2004.

Total (R$) 41.476,51 2.311,42 22.050,84

11.2. Ação: Display de Mesa (Calendário 2005)11.2.1. Razões de Justificativa – ECT (fls. 2/89, Anexo 9)Inicia a ECT relatando a situação que levou à seleção do tema e à criação do Display de Mesa.

Argumenta, ainda, que:- a contratação de terceiros estaria amparada no item 5.12 da cláusula quinta

do contrato;- a justificativa para a subcontratação e aprovação pela ECT baseou-se na avaliação comparativa entre os custos

de criação definidos pela tabela do sindicato das agências de propaganda e o valor proposto pelo autor da idéia criativa, cujo resultado seria favorável à empresa em R$ 787,00, conforme cálculo a seguir:

Base 2Capa 1Calendário 2004 1Calendário 2006 1Introdução 1 1Meses 24Total de páginas 30Custo por página R$ 445,00Custo total pela tabela 30 x R$ 445,00 R$ 13.350,00Desconto de 30% (R$ 4.005,00)Custo de criação total pela agência com o desconto R$ 9.345,00Valor pago pela subcontratação + honorários R$ 8.557,52Diferença R$ 787,08

- foram adotados os procedimentos previstos na legislação e no contrato para efeito dessa contratação e que os cálculos demonstram que os preços praticados, independente da utilização da agência, ficaram significativamente menores que os previstos na tabela oficial tomada como referência no mercado;

- com a finalidade de obter um produto prático e bonito, foi demandado à agência, como de praxe na relação com a ECT, um trabalho especial junto à empresas especializadas no sentido de atender a demanda;

- que não se pode considerar que a subcontratação tenha sido desnecessária e que tenha havido prejuízo à ECT, e que atendeu o princípio da economicidade.

11.2.2. Análise da unidade técnicaNão constam das informações prestadas pela ECT por ocasião da auditoria qualquer avaliação que justificasse a subcontratação do serviço pela agência. Os argumentos foram trazidos aos autos apenas por ocasião de suas razões de justificativa, contudo demonstram a economicidade da subcontratação.

11.3. Ação: Maximídia 2004 11.3.1. Razões de Justificativa - ECT(fls. 2/89, Anexo 9)A ECT alega, em suas razões de justificativa, que:

- a contratação da Dream Factory justificou-se pela especificidade do tipo de ação e pelas características de qualificação da empresa que, entre os três fornecedores, apresentou melhores condições, conforme projeto, o qual constava do processo analisado pela auditoria;

- a empresa contratada elaborou toda a proposta criativa, de acordo com a temática sugerida pela agência, realizou o levantamento de custos das empresas parceiras e coordenou as atividades da ação promocional, entre elas a fiscalização da montagem e desmontagem do stand, sob o assessoramento e o apoio da agência;

- a contratação da capricórnio teria ocorrido de forma lícita e legal, em função de uma especificidade, a criação de peças complementares às peças promocionais e de relacionamento no evento;

- a ECT obteve vantagem financeira, conforme cálculo a seguir:Mala Direta (usada como convite, preço por página) R$ 320,00 x 2 páginas R$ 640,00Logo de produto R$ 2.035,00Tag – Folhinha (preço por página) R$ 445,00 x 2 páginas R$ 890,00Custo total de criação das 2 peças R$ 3.565,00Desconto de 30% na tabela (R$ 1.069,50)Custo total de criação com desconto R$ 2.495,00Custo pago à Capricórnio, incluindo honorários de agência

R$ 2.467,50

Diferença a favor da ECT R$ 28,00

11.3.2. AnáliseContratação da Capricórnio ConsultoriaPara a contratação da Capricórnio não foram apresentadas as três propostas conforme previsto no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato 12378/2003.Não constam das informações prestadas pela ECT por ocasião da auditoria qualquer avaliação que justificasse a subcontratação de serviço de criação e finalização das peças publicitárias pela agência. São serviços que a agência deve estar apta a realizar, conforme item 3.1 e seus subitens das Normas Padrão. Saliente-se ainda que, conforme informação prestada pela agência (fl. 121, Anexo 8), o folder distribuído no stand foi por ela criado (fl. 150, Anexo 8), de sorte que a “proposta criativa” já havia sido por ela elaborada, inclusive a chamada “aquecendo o mercado”.Ademais, não restou comprovado que os serviços foram efetivamente prestados pela Capricórnio.Discordamos do raciocínio apresentado pela ECT:

- para o tag e para o convite não foi criada qualquer logomarca, seja de produto, seja de empresa. Como logomarca considera-se o símbolo gráfico que identifica uma empresa ou marca, quando composta do símbolo em si, mais o logotipo, isto é, a logomarca identifica uma empresa ou uma marca, os termômetros que ilustram as peças não identificam nada, trata-se apenas de uma ilustração, não de um logo;

- não foram criadas “duas folhinhas”, mas um convite e uma etiqueta (tag), que representam os seguintes custos (fl. 71, Anexo 9):

Convite 2x320,00 640,00

Etiqueta (tag) 2x295,00 590,00Total (R$) 1.230,00Desconto de Agência (30%) (R$) (369,00)Custos Internos (R$) 861,00

A contratação da capricórnio, além de desnecessária, onerou o serviço em quase 200%, representou o pagamento desnecessário de 5% à agência e não garantiu a observância ao item 8.1.3 que, combinado com o item 5.1.25.1 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, estabelecem:

“5.1.25.1 Em casos de subcontratação de terceiros para a execução, total ou parcial, de serviços estipulados neste instrumento, exigir dos eventuais contratados, no que couber as mesmas condições do presente contrato.”“8.1.3 Desconto de 30% (trinta por cento) dos valores previstos na tabela de preços do Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal, a título de ressarcimento dos custos internos dos trabalhos realizados pela própria CONTRATADA.”

Contratação da Dream FactoryNão constam dos autos elementos que permitam aferir a necessidade de subcontratação da Dream Factory para realizar serviços de criação, planejamento e coordenação da montagem do stand, com o pagamento de honorários de 5%. A subcontratação total do evento, resultou no pagamento de remuneração pela coordenação do evento à Dream Factory, sobre a qual incidiram honorários de 5% pagos à agência, que não existiriam caso a ação fosse realizada diretamente pela agência.Sobre a necessidade da motivação para a subcontratação de serviços de terceiros, valem aqui os argumentos utilizados na análise do item desta instrução, que tratou do item 9.4.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário, que determinou a audiência dos responsáveis da ECT pela subcontratação da empresa Banco de Eventos Ltda. para execução integral da ação HSM Expo Management World (Planilha de Ações de Divulgação 1782/2004), sem adequada motivação, sem que tenha sido caracterizada qualquer atuação da agência, além da mera intermediação contratual.Consideramos que os argumentos trazidos aos autos pela ECT por ocasião de suas razões de justificativa são insuficientes para afastar as irregularidades correspondentes ao item 9.4.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário.

11.3.3. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor:

a. aplicação de multa aos responsáveis, com base no art. 58, III da Lei 8.443/92, e no art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pelas subcontratações relacionadas a seguir, capazes de ensejar dano ao erário, nos termos do art. 16, III, c da Lei 8.443/92, sem comprovada necessidade, em afronta aos item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003 e aos artigos 68 e 72 da Lei 8.666/93.

Evento Fornecedor CNPJ Objeto Valor (R$) Honorários (R$)

Total (R$)

Maximídia 2004

Capricórnio Consultoria

06.926.823/0001-29 criação e finalização de peças

2.350,00 117,50 2.467,5

publicitárias.Dream Factory Comunicação e Eventos S.A.

04.458.217/0001-09 criação, planejamento e coordenação da montagem e desmontagem do stand e da realização de ação promocional durante o evento Maximídia 2004.

31.202,51 1.560,00 32.762,51

Total (R$) 41.476,51 2.311,42 43.787,93

b. Determinação à ECT para que, a fim de dar efetivo cumprimento ao item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, que estabelece que a contratada deverá realizar os serviços contratados com recursos próprios e prevê a contratação de terceiros apenas quando necessário, realize avaliação formal da necessidade, da conveniência e da economicidade por ocasião das subcontratações realizadas no âmbito dos contratos firmados com as agências de publicidade.

12. Irregularidade: Contratação de produtos/serviços sem a apresentação de três propostas (item 9.4.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) – Ação: Maximídia Direct 2004

12.1Situação EncontradaA agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, a fim de desenvolver ações promocionais referentes ao evento Maximídia Direct 2004, realizou contratações, conforme o quadro a seguir, sem observar o item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, que determinam cotação de preços dos serviços a serem contratados e a apresentação de, no mínimo, três propostas, ou, não sendo possível obtê-las, a indicação das justificativas pertinentes por escrito.

Contratada CNPJ Objeto Valor (R$) Honorários (R$)

Valor Total (R$)

ViaBR/Global Internacionais Cinema e Comércio Ltda.

03.267.132/0001-72 montagem e desmontagem de stand, conforme especificações no orçamento AT 2559 e pedido de produção 002859

83.700,00 4.185,00 87.885,00

Image Pro Sistemas e Produtos Ltda.

03.884.532/0001-27 locação de equipamentos de áudio e de informática, conforme especificações no orçamento AT 2560 e pedido de produção 002860

11.500,00 575,00 12.075,00

Grooveria Electro Acústica Ltda.

00.968.130/0001-12 apresentação de DJ e percursionista por duas horas durante os quatro dias do evento

9.040,00 452,00 9.492,00

Capricórnio Consultoria

06.926.823/0001-29 elaboração e finalização das peças impressas

2.350,00 117,50 2.467,00

Espaço Zero Galeria de Arte Ltda.

00.647.890/0001-28 fornecimento de brinde: termômetro

4.087,50 16,35 4.291,88

BG Veiculação e Propaganda Publicidade

equipe com 11 profissionais, entre promotores e supervisores

13.720,00 686,00 14.406,00

Além desses casos, constatamos a partir do Orçamento de Produção nº 143/04 (fl. 21, Anexo 5), de 15.09.04, que houve a subcontratação, por meio da empresa Dream Factory, sem cotação de preços, de diversos serviços que poderiam ter sido objeto de contratação direta pela agência ou pagamento direto pela ECT à organização do evento, acarretando menores custos à ECT, conforme quadro a seguir.

Serviço Valor (R$) Honorários (R$) Valor Total (R$)Infra estrutura durante os 4 dias do evento (telefones, limpeza (2 profissionais), segurança (2 profissionais), decoração do stand

33.692,11 1.684,61 35.376,72

locação de jogo termômetro, incluindo aplicação de logo dos correios

3.356,15 167,81 3.523,96

10.000 convites 5.200,00 260,00 5.460,00600 Tags 912,88 45,64 958,52Taxas de organização 10.794,58 539,73 11.334,71

Não constam das informações apresentadas pela ECT que a agência tenha realizado pesquisa de preços junto a, no mínimo, três empresas, antes da subcontratação dos serviços revelando descumprimento da cláusula 5.1.7 do contrato 12378/2003, tampouco tenha apresentado justificativas por escrito no caso de impossibilidade de apresentação das propostas.

12.2Razões de Justificativa – ECT (fls. 2/89, Anexo 9)A ECT argumenta, em síntese, que:

- para realizar a criação a ECT teria solicitado à agência que apresentasse alternativas de propostas e fornecedores do mercado;

- a agência, em decorrência, apresentou três propostas: N Outra (R$ 365.000,00), Backstage ( R$ 330.000,00) e Dream Factory (R$ 296.000,00);

- a área técnica da ECT solicitou à agência que tentasse renegociar o valor cotado, a fim de obter uma redução de preço, o que resultou numa redução do preço global para R$ 227.305,73, o que acarretou ganhos de R$ 68.694,27 para a empresa. A proposta renegociada foi apresentada em planilha detalhada, que traz a identificação precisa do executor de cada parcela da ação;

- a contratação se deu pelo preço global da ação.

12.3. Análise da unidade técnicaAssiste razão à ECT ao relatar que os serviços foram incluídos, ainda que de maneira genérica, nas propostas dos fornecedores e que a ação foi contratada por preço global.Também assiste razão à ECT quando evidencia a redução de custo formalizada na OP 143/04 (fls. 21/25, Anexo 5) e na Planilha de Ações de Divulgação 1054/2004 (fl. 16, Anexo 5), de 15.09.04. Todavia, esta redução de custos não teve como reflexo economicidade e transparência nos procedimentos adotados, uma vez diversos itens constantes das propostas revelaram indícios de sobrepreço (Image Pro Sistemas e Produtos Ltda.), subcontratação injustificada do objeto contratual (Capricórnio Consultoria, Dream Factory), despesas sem comprovação de sua execução (Capricórnio Consultoria, Taxas de Organização do evento), dentre outros. Acerca do procedimento adotado pela ECT cabem algumas considerações adicionais ressaltando sua inadequação. Como relatam os responsáveis em suas razões de justificativa, a proposta foi selecionada pelo preço global apresentados nos orçamentos da Dream Factory, N Outra e Backstage. Destes orçamentos, o único que apresentou o detalhamento da ação foi o da Dream Factory (fls. 190/46, Anexo 9). Os demais, denominados pré projetos pela agência em fax encaminhado ao DMARK em 13.09.04 (fl. 46, Anexo 5), consistiram em orçamentos genéricos que não permitem uma noção precisa e adequada do que seria pretendido pela ECT e pela agência para o evento, não servindo para comparação.Convém transcrever trecho do citado fax:

“Selecionamos a Dream Factory porque apresentou o pré-projeto mais adequado (com mais informações e sugestões) e com a estimativa mais baixa.Não tivemos como pedir a todas que realizassem as propostas por falta absoluta de prazo. A Noutra, inclusive, ligou logo depois de mandar o pré projeto informando que não teria como atender por falta de tempo.” (grifos nossos)

Este excerto textual, além de evidenciar que a escolha da subcontratada foi feita pela agência, demonstra que os orçamentos foram apresentados de maneira genérica e ressaltam, devido à alegada exigüidade de tempo, mais uma vez, que as ações publicitárias na ECT não são adequadamente planejadas.Para uma avaliação correta dos orçamentos apresentados, os proponentes deveriam ter submetido a entidade projeto que, nos moldes do projeto básico, definido no art. 6º, IX da Lei 8.666/93, fornecesse detalhamento preciso do que seria executado e permitisse avaliação minuciosa dos custos envolvidos, dentre outros aspectos. Apesar de se destinarem à mesma finalidade, como os projetos são diferentes, apresentam especificações distintas referentes à pessoal, serviços, equipamentos, dentre outras, não são passíveis de comparação e não há como assegurar se o orçamento selecionado representa a escolha mais vantajosa para a administração, considerada como tal a de menor custo. A comparação só seria possível se os orçamentos se referissem ao desenvolvimento do mesmo projeto. Essa interpretação encontra supedâneo nos itens 5.1.5, 5.1.6 e 5.1.8 da cláusula quinta do contrato 12378/2003.A lesividade do procedimento praticado pela ECT, aprovação do orçamento global, ficou clara, pois resultou na prática de preços excessivos e de despesas sem comprovação na execução da ação Maximídia Direct 2004, além de acarretar grande

dificuldade para a comprovação das despesas, conforme relatado no item desta instrução.Consideramos que os argumentos trazidos aos autos pela ECT por ocasião de suas razões de justificativa são insuficientes para afastar as irregularidades correspondentes ao item 9.4.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário. Contudo, como não restou configurada grave infração à norma legal, nem foi possível identificar injustificado dano ao erário decorrente do ato, conforme previsto nos incisos II e III do art. 58 da Lei 8.443/92, deixamos de propor multa aos responsáveis.

12.4. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor determinação à ECT para que:

a. só autorize as subcontratações previstas nos termos do item 5.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003 por intermédio da agência de publicidade, e não por intermédio de subcontratados da agência;

b. para o desenvolvimento de ações publicitárias, nas hipóteses de subcontratação previstas no item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, exija de cada proponente, com fundamento nos itens 5.1.5, 5.1.6 e 5.1.8 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, orçamento de todas as peças, serviços ou veículos que compõem a proposta, com o detalhamento pormenorizado de suas especificações e custos unitários, e proceda à aferição de sua compatibilidade com os preços de mercado, conforme previsto no art. 43, IV da Lei 8.666/93, evitando a prática de orçamentos globais.

13. Irregularidade: Indícios da apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a contratação de produtos/serviços (item 9.4.3 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) – Ação: Display de Mesa (Calendário 2005)

13.1. Situação Encontrada Para implementar o calendário 2005, foi subcontratado fotógrafo para realizar a reprodução de 12 selos. A fim de respaldar a subcontratação, em atenção ao item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato, foram apresentados três propostas de profissionais estabelecidos no DF (fls. 30, 32 e 33, Anexo 6), conforme quadro a seguir.

Fornecedor CNPJ Valor (R$)Foto Forum (Ver e Ouvir – Áudio e Foto Ltda. ME) 26.478.784/0001-51 4.547,40Clausem Fotografia não fornecido 5.457,00Kazuo Okubo Photo Studio não fornecido 21.600,00

A proposta selecionada, por apresentar o menor preço entre as três foi a da empresa Foto Forum (Ver e Ouvir –Áudio e Foto Ltda. ME), CNPJ 26.478.784/0001-51.

13.2. Razões de Justificativa – ECT (fls. 2/89, Anexo 9)A ECT inicia suas razões de justificativa ratificando informação constante de alegações de defesa apresentada no dia 07.12.05, na qual, com relação ao item 9.3.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário, escreveu:

“18. Vale registrar que o valor pago pela produção das 12 fotografias, de caráter publicitário, foi de R$ 4.547,40, menor custo apresentado. Os preços orçados pela agência foram apresentados à ECT em planilha recebida por meio eletrônico, com o detalhamento do menor e a citação dos valores concorrenciais.

19. Tendo em vista os esclarecimentos técnicos relacionados à referida produção, coube à ECT seguir os procedimentos regulares de exigir a cotação de preços e submetê-la à aprovação prévia da SECOM, para avaliação da sua compatibilidade com os preços praticados no mercado. Portanto, foram cumpridas todas as providências previstas na legislação e no contrato 12.378/2003.”

Conclui que foram tomadas as providências administrativas que estavam ao alcance dos responsáveis pelos atos questionados, na busca da economia aos cofres da estatal, com vistas ao cumprimento da lei e das normas contratuais. Anexa a planilha eletrônica recebida da agência (fl. 78, Anexo 9).

13.3. Análise da unidade técnicaA defesa dos responsáveis centra-se na escolha da proposta mais econômica para a ECT. Esse não foi o cerne do presente questionamento, afeto à ocorrência de fraude nas propostas fornecidas.Da análise das propostas apresentadas pela ‘Foto Forum’ e pela ‘Clausem Fotografia’ observa-se que as duas propostas apresentam mesmo padrão gráfico e textual, mesmos valores e número de orçamento, revelando fortes indícios de que a proposta da empresa Clausem Fotografia foi elaborada apenas para cumprir a formalidade prevista no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato, que prevê a apresentação de no mínimo, três propostas para a contratação de serviços de terceiros e respaldar a proposta da Foto Forum. Corrobora o indício, o fato de que o fotógrafo indicado na proposta da ‘Clausem Fotografia’ Cristiano Sérgio, ser representante legal da Foto Forum, conforme declaração fiscal (fl. 34, Anexo 6). São fraudes grosseiras, portanto, que deveriam ser observadas pelos responsáveis, quando da análise das propostas apresentadas.A ECT argumenta, todavia, que a seleção da proponente ocorreu, exclusivamente, com base na planilha (Orçamento de Produção nº 217/04) (fl. 78, Anexo 9), encaminhada pela agência. Contudo, o contrato 12378/2003, no seu item 5.1.7da cláusula quinta, estabelece que a agência deverá: “fazer cotação de preços para todos os serviços de terceiros e apresentar, no mínimo, três propostas, com a indicação da mais adequada para sua execução.” (grifo nosso) Trata-se, portanto, de exigência mais ampla que a da apresentação do orçamento de produção com o detalhamento do menor e citação dos valores concorrenciais. Exigem-se as propostas em documento próprio, devidamente identificados, que devem conter, por exemplo, especificação do serviço, prazo de entrega, condições de pagamento, dentre outros aspectos relevantes. Ademais, a ausência da apresentação das propostas não permite aferir se houve efetivamente a cotação de preços por parte da agência, uma vez que esta, ao elaborar os orçamentos de produção poderia preenchê-los com qualquer identificação de empresa e valor.Verifica-se, ainda, que o procedimento que a ECT alega ter adotado neste item, ao aprovar a cotação com base no orçamento de produção, foi diverso daquele adotado nas demais ações analisadas pela equipe de auditoria que consistiram na apresentação de propostas, mesmo que em número insuficiente do previsto contratualmente.Consideramos, portanto, que os argumentos trazidos pela ECT não conseguiram afastar a irregularidade correspondente ao item 9.4.3 do Acórdão 1.529/2005-Plenário, pois a aprovação da contratação do serviço com base no orçamento de produção, sem análise

mais detalhada das propostas, acarretou, não só a aceitação de grosseiros indícios de fraude, que poderiam ter sido identificados pela sua leitura, mas também indícios da prática de sobrepreço que oneraram a contratação em, pelo menos, R$ 4.686,57, conforme análise no item desta instrução.

13.4. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor a aplicação de multa aos responsáveis, com fundamento nos artigos 43, parágrafo único e 58, III da Lei 8.443/92 c/c o art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pela aceitação de propostas fraudulentas para realizar a cotação de preços prevista no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, com relação à subcontratação da Foto Fórum (Ver e Ouvir – Áudio e Foto Ltda. ME), CNPJ 26.478.784/0001-51, para realização de serviços de reprodução fotográfica de selos no âmbito da ação Display de Mesa (Calendário 2005), que oneraram a contratação em, pelo menos, R$ 4.686,57.

TC 017.307/2005-4 – Acórdão nº 1.874/2005-Plenário14. Irregularidade: Recebimento de comissão pela agência sem a prestação de

qualquer serviço (item 9.3 do Acórdão nº 1.874/2005-Plenário) - Ação: HSM Expo Management World 2004

14.1. Situação EncontradaA ECT pagou à HSM do Brasil Ltda., CNPJ 01.619.385/0001-32, o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) para participação no evento “HSM Expo Management World 2004”, realizado em São Paulo/SP, de 08.11 a 10.11.04, no horário de 8:30h às 15h. Do total, a agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. recebeu R$ 15.000,00, correspondentes à 5% do valor despendido, a título de honorários, conforme Orçamento de Produção 140/04 (fls. 5/6, Anexo 1), de 15.09.04, Planilha de Ações de Divulgação 1084/2004 (fl. 2, Anexo 1), de 15.09.04, Nota Fiscal 005925 da Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fl. 7, Anexo 1) e Nota Fiscal 022944, de 15.12.2004, da HSM do Brasil Ltda. (fl. 8, Anexo 1).

Não restou comprovado nos documentos fornecidos pela ECT a efetiva atuação e/ou intermediação da agência no que concerne ao desenvolvimento e à execução do evento HSM Expo Management World 2004.

14.2. Alegações de defesa – ECT (fls. 2/51, Anexo 6)A ECT inicia suas alegações de defesa descrevendo o evento e a importância da participação da ECT.A seguir, acrescenta:“O processo decisório de participação da ECT em um evento dessa relevância ocorre em âmbito interno e é posteriormente levado à SECOM para aprovação (ANEXO 1). Após essa etapa, a agência é autorizada a iniciar os contatos com o proponente e adotar os procedimentos previstos para a efetiva participação da empresa. A agência, juntamente com a equipe técnica da ECT discute cada contrapartida proposta, propõe ações para a otimização das mesmas e elabora um cronograma de atuação.”Afirma que a ECT seguiu os procedimentos regulares de sua atuação e a agência executou, com ampla e adequada sintonia com as áreas técnicas da ECT, os passos de sua competência nesse tipo de ação, dos quais resume:

- confirmar e complementar os dados cadastrais do proponente;- ratificar as contrapartidas propostas, buscar melhoria e possibilidade de

obtenção de outras;- passar instruções detalhadas sobre a forma de comprovação das

contrapartidas;- orientar quanto à aplicação da marca nas peças;- checar a correta utilização da marca no site do proponente, quando for o

caso, bem como nas peças impressas, avaliando o equilíbrio em relação às marcas de outras empresas apoiadoras da ação;

- analisar a pertinência de divulgação de produtos e/ou serviços, no caso de haver stand, de acordo com a abordagem do evento e o perfil de público;

- receber layouts das peças com a aplicação da marca e avaliar com os Correios;

- emitir ordem de produção para aprovação dos Correios;- enviar autorização de trabalho ao proponente;- receber a nota fiscal do proponente juntamente com a apresentação dos

comprovantes de contrapartida, realizando a checagem de todo o material;- emitir fatura e encaminhar à ECT toda a documentação pertinente e os

comprovantes de contrapartidas referentes ao evento;- pagar ao proponente;- fechar relatório de acompanhamento da ação;- a atuação da agência ocorreu de acordo com as normas vigentes,

resultando em excelentes resultados para a empresa e ampla satisfação das expectativas demandadoras da ação e, para tanto, a título de honorários, recebeu o equivalente a 5% do valor da ação, conforme prevê o contrato de publicidade.14.3. Alegações de defesa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls.

366/459, Anexo 6)A agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. iniciou suas alegações de defesa descrevendo a forma como se procede, na prática, o relacionamento entre a agência de publicidade e seus clientes, no caso, a ECT:

a. os organizadores das ações promocionais procuram diretamente a ECT, por intermédio de sua diretoria regional, que, envia a proposta para o DMARK;

b. no DMARK as propostas são analisadas e discutidas em conjunto com a diretoria regional;

c. quando as ações promocionais recebem a aprovação da ECT e da SECOM, a agência escolhida é comunicada da decisão e inicia o trabalho, bem como assume as responsabilidades inerentes à sua função;

d. a agência inicia a fase de tratativas com a solicitante do patrocínio, fase que inclui, entre outras coisas, o assessoramento para a potencialização das ações promocionais pretendidas e seu acompanhamento detalhado. A agência é, também, responsável pela autorização do serviço e pelo seu faturamento;

A seguir, a fim de informar o TCU da sistemática adotada, descreve os passos e procedimentos adotados pela Link/Bagg, de integral conhecimento do cliente, que fazem parte das ações promocionais como um todo:

a. envia por escrito, normalmente por e-mail, para a agência de publicidade a aprovação do cliente para a realização da ação promocional, ação esta que já foi previamente aprovada pela SECOM;

b. a agência realiza contato com a organização do evento a fim de: comunicar o apoio da ECT, informar o valor aprovado, confirmar itens da contrapartida acertados e a empresa que irá emitir o documento fiscal, explicar os procedimentos de faturamento e de comprovação da contrapartida e esclarecer quaisquer dúvidas a respeito de faturamento e pagamento;

c. emite o orçamento de produção , com as informações referentes à ação e o encaminha à ECT;

d. emite o pedido de produção, enviado para a organização do evento, que consiste na autorização para que seja emitido o documento fiscal contra os Correios;

e. realiza a intermediação na aprovação das peças do evento, para correta utilização da logomarca da ECT, bem como atende e responde às demandas da organização do evento;

f. acompanha o evento, em alguns casos, ‘in loco’;g. após a realização do evento, a agência instrui a organização do evento para

enviar a Nota Fiscal solicitada, declarações necessárias e os comprovantes de que as contrapartidas foram executadas, bem como verifica com rigor todos os comprovantes para, em caso de erros ou omissão de documentos, providenciar a correção dos equívocos. Posteriormente, toda a documentação e comprovantes são enviados à ECT para pagamento;

Portanto, a agência passa a intermediar todo e qualquer contato entre a organização do evento e a ECT.A agência conclui que, mesmo que se trate de um evento simples – que não exija a produção ou criação de peças publicitárias por parte da agência – há um importante e minucioso trabalho executado pela agência em cada uma das ações promocionais realizadas, o que comprovaria o rigoroso cumprimento do item 8.1.2 da cláusula oitava do Contrato 12378/2003.Além disso, considera que, ao contrário do que afirma o Acórdão, a execução de qualquer ação publicitária deverá ser intermediada por agência de propaganda nos termos do art. 9º do Decreto 4.799/03.A seguir, tece considerações sobre sua atuação na ação HSM Expo Management World 2004:

a. da leitura do registro de datas (fls. 377/279, Anexo 6) pode-se perceber que a agência não intermediou apenas a contratação da empresa que executou o serviço;

b. a atuação iniciou-se antes mesmo da aprovação da participação da ECT no evento, pois a agência teria apresentado, em agosto daquele ano, sugestões de ações promocionais para otimizar a participação da ECT, além de auxiliar a estatal a analisar e negociar as contrapartidas oferecidas que seriam mais vantajosas para a empresa (fls. 381/394, Anexo 6);

c. foi responsabilidade da agência selecionar empresas no mercado de marketing promocional que fossem capazes de propor ações e peças e sua execução para a participação da ECT no HSM Expo Management World 2004;

d. a agência elaborou um briefing (fls. 395/411, Anexo 6) contendo as informações necessárias para a execução das ações;

e. realizou análise técnica, avaliando o que cada proposta trazia de positivo, traçando um comparativa entre elas para orientar o cliente na seleção do fornecedor (fls. 413/422, Anexo 6);

f. realizou negociação de cada custo considerado acima do mercado, tornando a ação menos onerosa possível para o cliente, além de realizar a intermediação perante o cliente de todas as definições e aprovações de peças;

g. intermediou, perante o cliente, todas as definições e aprovações de peças já que o contato com o cliente não é feito diretamente pela empresa de marketing promocional, assim como os assuntos operacionais, tratados diretamente com a organização do evento (fls. 433/448, Anexo 6);

h. a agência executou o seu devido papel no desenvolvimento e execução da ação promocional, tendo, entre outras coisas, enviado com recursos próprios os materiais requisitados pela organização do evento, como o vídeo que seria veiculado;

i. criou e produziu cordas de crachás que seriam distribuídos aos participantes do evento, contrapartida acertada com a organização do evento (fl. 423/428, Anexo 6).

j. criou e executou a programação visual de uma carreta, colocada no estacionamento do evento, que funcionou como um grande out-door (fls. 430/432, Anexo 2);

k. foi responsável pelo stand da ECT no evento;l. deslocou representante, às suas expensas, para realizar o acompanhamento

do evento (fls. 450/459, Anexo 6).

14.4. Análise da unidade técnicaVale aqui a análise feita no item 5.3 desta instrução, no tocante à atuação da agência como mera intermediária contratual.A ECT relata uma série de providências administrativas – muitas sem comprovação de sua execução, pois consistem em declarações ou da ECT ou da agência – que poderiam ter sido realizadas pelo corpo administrativo da ECT, sem acarrretar ônus correspondente ao pagamento de honorários à agência.Consideramos que os argumentos trazidos aos autos pela ECT por ocasião de suas razões de justificativa são insuficientes para afastar as irregularidades correspondentes ao item 9.3 do Acórdão 1.874/2005-Plenário.

14.5. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor:

a. aplicação de multa aos responsáveis, com base nos artigos 19, caput, 57 e 58, III da Lei 8.443/92, e no art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pelo pagamento à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, de honorários por patrocínios concedidos, conforme quadro a seguir, sem a efetiva intermediação da agência, em afronta ao item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003, c/c o item 4, da IN nº 3, de 31.05.93, da Assessoria de Comunicação

Institucional da Presidência da República e art. 9º, § 1º do Decreto 4.799, de 02.08.03, da Presidência da República, caracterizando ato de gestão antieconômico, ensejador de dano ao erário, nos termos do art. 16, III, c da Lei 8.443/92.

Planilha de Ações de Divulgação

Ação Mercadológica Valor (R$) Honorários (R$) Total (R$)

1084/2004 HSM Expo Management World 2004

300.000,00 15.000,00 315.000,00

b. determinação à ECT para que retenha, nas próximas faturas a serem pagas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., a importância da importância de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) das importâncias devidas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., correspondente ao pagamento indevido à agência de honorários correspondentes à 5% do valor concedido à título de patrocínio à ação HSM Expo Management World 2004, sem que tenha sido caracterizada e comprovada a sua atuação no desenvolvimento e na execução da ação promocional, nos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003, e, também, por ser a intervenção da agência de publicidade dispensável, nos termos do § 1º do art. 9º do Decreto 4.799, de 02.08.03 e da IN nº 3, de 31.05.93.

15. Irregularidade: Subcontratação do objeto do contrato sem justificativa (item 9.4.1 do Acórdão 1.874/2005-Plenário) - Ação: HSM Expo Management World 2004

15.1. Situação EncontradaNa análise dos documentos fornecidos pela ECT referentes à ação HSM Expo Management World 2004, foi identificado que a agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. contratou a empresa Banco de Eventos Ltda. para a prestação integral dos diversos serviços pertinentes à implementação da estrutura da ECT no evento HSM Expo Management World 2004 por R$ 415.001,61, tendo havido o pagamento de honorários de 5% à agência, no valor de R$ 20.750,08 (fl. 9, Anexo 1).

A subcontratação envolveu, em síntese, a prestação dos seguintes serviços (fls. 11/12 e 15/16, Anexo 1):

montagem, desmontagem, manutenção, mobiliário e decoração do stand; operacionalização para fornecimento de 5 tipos de café para 400 pessoas/dia; organização e serviços de happy hour; produção de xícaras promocionais para utilização e/ou distribuição no stand; criação, elaboração, finalização e produção de peças impressas; merchandising no stand dos correios; coordenação das ações promocionais e stand (criação, planejamento e

coordenação de montagem/desmontagem do stand e da realização das ações promocionais, serviço de confirmação de presença nas 3 palestras).

Para viabilizar a subcontratação e dar cumprimento ao item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato, a agência apresentou propostas das empresas Alessandra Medeiros Eventos (fls. 25/29, Anexo 1) e Dream Factory (fls. 23/24, Anexo 1). Não se identifica dos documentos fornecidos pela ECT qualquer outra atuação da agência, além da subcontratação total do objeto contratual.

15.2. Razões de Justificativa – ECT (fls. 52/343 , Anexo 6)Sobre a subcontratação da empresa Banco de Eventos Ltda., repete a ECT argumentos já utilizados em sua resposta à citação determinada no item 9.3 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, nos quais descreve o evento e destaca sua importância para a ECT. A seguir, acrescenta, em síntese, os seguintes argumentos:

- foi realizada reunião de briefing com representantes da ECT e da agência para definição do tema a ser trabalhado e planejamento das ações promocionais adequadas ao evento e ao perfil do público. Na reunião ficou definido que o tema seria SEDEX;

- na ocasião, a ECT demandou à agência, com fundamento no item 2.1 da cláusula segunda do contrato 12378/2003, pesquisa de marketing promocional, especializadas em organização de eventos, planejamento e montagem de stands, para apresentação de propostas alinhadas aos objetivos estratégicos da empresa;

- em decorrência, a agência elaborou documento de briefing sobre a ação e enviou aos três proponentes para apresentação de propostas. Com base na apresentação e análise apresentada pela agência, as propostas foram discutidas por técnicos da ECT e da agência, levando-se em conta o objeto da proposta, a motivação, a qualidade técnica, a pertinência, prazos e preços, sendo considerada adequada a proposta da Banco de Eventos;

- em 22.09.04 realizou-se reunião com o diretor comercial da HSM, de representantes da ECT e da agência, na qual se discutiu o reforço de contrapartidas, a inserção de novas, na qual se conseguiu aumento do espaço do stand e local para colocação de carreta adesivada com as marcas da família SEDEX;

- há diferença substancial entre os serviços constantes da planilha 1782/2004 e aqueles prestados por uma agência de publicidade. Se, por um lado, coube à agência amplo trabalho para viabilização do patrocínio e formatação da ação, a partir de amplos levantamentos e discussões, junto à área técnica da ECT, além da identificação de fornecedores especializados, captação de propostas e gestão direta da execução, por outro, coube à Banco de Eventos, o projeto, o desenvolvimento, a montagem e a operação do stand;

- os serviços prestados pela Banco de Eventos foram necessários e toda a execução foi supervisionada pela agência de publicidade, conforme relação constante nas razões de justificativa;

- o trabalho da empresa contratada para desenvolvimento do projeto, montagem e operação do stand envolve minucioso planejamento e grande capacidade de execução;

Conclui que os serviços constantes na Planilha 1782/2004 e no orçamento de produção 189/2004 fora executados pela empresa de produção de eventos sob a orientação e supervisão da agência, o que difere completamente da interpretação que se trataria de mera interpretação contratual.

15.3. Análise da unidade técnicaNenhuma das diversas reuniões alegadas pela ECT restou comprovada, pois, como já afirmado em diversos itens desta instrução, quaisquer reuniões no âmbito dos contratos de publicidade devem ser registradas em relatórios e encaminhados à ECT em até dois dias úteis após a realização do contato, conforme itens 5.1.13 e seus subitens do contrato 12378/2003. Não se trata de um simples registro de data, mas do registro de

assuntos para tomada de providências necessárias ao desempenho de suas tarefas e responsabilidades.

Sobre a subcontratação, observa-se que, o contrato firmado entre a ECT e a agência de publicidade inclui no seu objeto, conforme sua cláusula segunda, a prestação de serviços de publicidade da contratante, compreendidos (fl. 35, Anexo 1):

estudo, concepção, execução e distribuição de campanhas e peças publicitárias;

desenvolvimento e execução de ações promocionais; elaboração de marcas.

O contrato estipula no item 5.1.2, que a contratada deverá realizar com seus próprios recursos, ou quando necessário, mediante a contratação de terceiros, todos os serviços relacionados com o objeto do contrato (fl. 36, Anexo 1).

Sobre a possibilidade de subcontratação versa o art. 72 da Lei 8.666/93, que permite a subcontratação até o limite estabelecido, em cada caso, pela Administração, sem prejuízo das responsabilidades legais e contratuais. Os limites, no caso em questão, são os dispositivos contratuais citados nos itens anteriores, que permitem a contratação de terceiros quando necessário.

Aurélio Buarque de Holanda define o vocábulo necessário como: 1. Aquilo que não se pode dispensar, que se impõe, essencial, indispensável; 2. Que não pode deixar de ser; forçoso, inevitável, fatal; 3. Que deve ser feito, cumprido; que se requer; preciso.

Da leitura dos dispositivos legais e contratuais citados e da definição apresentada, constata-se que a subcontratação pela agência de serviços objeto do contrato é possível, contudo só pode ser feita quando necessário e se previamente aprovada pela contratante, nos termos precisos do item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato e do art. 72 da Lei 8.666/93.

A contratação indiscriminada de terceiros para realização de tarefas como as de criação, analisar a situação da empresa no mercado e os objetivos a serem atingidos com a ação (dentre outras), constitui desvirtuamento do item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato, que deve ser interpretada restritivamente, tão somente como um instrumento para assegurar à agência a contratação de serviços acessórios, complementares para a execução das ações. O próprio contrato assegura tal interpretação ao considerar como seu objeto a prestação de serviços de publicidade (item 2.1 da cláusula segunda) e prever a remuneração, no item 8.1.2 da cláusula oitava, para “outros serviços realizados por terceiros, com a efetiva intermediação da CONTRATADA, referentes ao desenvolvimento e execução de ações promocionais”.

Exemplo de sua aplicação, seria, após a concepção pela agência do plano publicitário concernente a uma ação promocional, o caso da subcontratação de equipe de segurança ou de limpeza como parte da realização de serviço necessário para o seu desenvolvimento e execução. Nesse caso, o negócio da agência não é a prestação de serviços de segurança ou de limpeza, pois não possui pessoal qualificado em seu quadro para tal, impondo-se, portanto, a contratação de terceiros para a prestação de serviços. Dessa forma, propõe à ECT a subcontratação de empresa especializada, a qual presta o serviço de acordo com as necessidades e especificações da entidade. A agência, então,

recebe percentual incidente sobre o valor do serviço prestado, a título de honorários. Não se pode furtar, porém, à elaboração e à execução do plano publicitário relativo à ação promocional.

A remuneração, nesse caso, ocorre nos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003 que prevê o pagamento e honorários de 5% incidentes sobre os custos comprovados e previamente autorizados, com a efetiva intermediação da agência, de outros serviços realizados por terceiros, referentes à (fl. 42, Anexo 1):

desenvolvimento e execução de ações promocionais, podendo-se incluir os patrocínios;

elaboração de marcas, de expressões de propaganda, de logotipos e de outros elementos de comunicação visual;

assessoramento e apoio na execução de ações de comunicação - especialmente aquelas destinadas a integrar ou complementar os esforços publicitários - relacionadas à assessoria de imprensa e relações públicas, ao desenvolvimento de pesquisas, ao desenvolvimento de produtos e serviços, ao planejamento e montagem de estandes em feiras e exposições e à organização de eventos.

No caso sob análise, a ECT argumenta que coube à Multi Action o trabalho de execução, desde a criação das peças que compõem o stand até a garantia houve a execução integral da ação pela empresa Banco de Eventos Ltda. Esta atuação integral da empresa fica evidente no rol de atribuições da subcontratada relacionado nas razões de justificativa da ECT (fl. 58, Anexo 6), dentre as quais reproduzimos:

- analisar a situação da empresa no mercado e os objetivos a serem atingidos com aquela ação;

- avaliar o espaço e a localização do stand;- definir de que forma a empresa deve se posicionar e se apresentar;- estudar formas de materialização da presença dentro do tema escolhido;- assegurar a execução do serviço dentro dos devidos prazos.

Embora possível tal subcontratação, não restou demonstrada sua necessidade, visto que diversas das atribuições da subcontratada poderiam ter sido realizadas diretamente pela agência. Essa afirmação fica evidente da análise dos itens relacionados na proposta da Banco de Eventos Ltda. (fls. 111/113, Anexo 6), à luz dos dispositivos legais e dos normativos mencionados, dentre outros, conforme explanação a seguir.

a. O item ‘Programação Visual’ abrangeu a subcontratação de criação de peças (texto, telegrama teaser, brindes, convites, uniforme, cardápio, folhetos para pastas, blocos, coffee card para ação de abordagem) e editoração das peças criadas por um custo total de R$ 30.618,00.

Não foram apresentadas justificativas para a contratação da Banco de Eventos Ltda. para realizar a criação de peças, atividade que a agência deveria estar apta a realizar, conforme o item 3.1 e seus subitens das Normas Padrão. A necessidade de sua justificação decorre, conforme mencionado, do item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003.

A subcontratação de atividades de criação, além de acarretar o pagamento de honorários de 5% à agência de publicidade – não incidentes se a agência tivesse desenvolvido o serviço -, não permitem, na ausência de justificativa para a contratação, aferir se houve a observação do item 8.1.3 da cláusula oitava combinado com o item 5.1.25.1 da cláusula quinta do contrato 12378/2003. Caso a agência tivesse realizado o serviço, que estabelecem:

“5.1.25.1 Em casos de subcontratação de terceiros para a execução, total ou parcial, de serviços estipulados neste instrumento, exigir dos eventuais contratados, no que couber as mesmas condições do presente contrato.”“8.1.3 Desconto de 30% (trinta por cento) dos valores previstos na tabela de preços do Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal, a título de ressarcimento dos custos internos dos trabalhos realizados pela própria CONTRATADA.”

b. O item ‘Produção e Compra de Materiais’ abrangeu a produção de xícaras, cardápios, uniformes para promotoras, guardanapos, aquisição de jornais e revistas, dentre outros itens, a um custo de R$ 31.225,00, acrescidos de honorários de 5%.

Questiona-se a razão de subcontratar terceiros para realizar a produção e a compras de materiais, atribuição que poderia ter sido desempenhada diretamente pela agência, caso a mesma tivesse elaborado o plano de comunicação da ação sob análise. Conforme o item 3.1.6 das normas padrão do Conselho Executivo das Normas Padrão, as agências certificadas, como a Link/Bagg, devem estar aptas a prestar serviços de execução do plano publicitário, incluindo orçamento e realização das peças publicitárias (Produção9).

c. O item ‘pré evento’ compreendeu o planejamento e desenvolvimento do projeto, a um custo de R$ 12.700,00, ao qual serão acrescidos honorários de terceiros e da agência.

Valem aqui as mesmas considerações feitas nos itens ‘’ e ‘’ anteriores.

d. Os itens ‘Montagem de Stand’, ‘Atração musical’, ‘buffet’, ‘equipe’, ‘área’, ‘café’, ‘serviços gerais’, ‘equipamentos’ são passíveis de subcontratação nos termos do item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2005, pois não é razoável exigir que a agência disponha de serviços de stand, promotores, gastronomia, limpeza, computadores em sua estrutura.

O que permanece sem resposta é a necessidade de fazê-lo por intermédio da Banco de Eventos e não diretamente pela agência.

9 PRODUÇÃO1. Tarefa de dar forma física às mensagens publicitárias imaginadas pela criação. 2. Área da agência responsável pela produção e pelo relacionamento com as produtoras e os fornecedores gráficos. (Ver Criação, Produção Gráfica e RTV) PRODUÇÃO GRÁFICA1. Tarefa de dar forma física às peças publicitárias gráficas imaginadas pela criação. 2. Área da agência encarregada da produção e do relacionamento com os fornecedores gráficos. (Ver Criação, Produção Gráfica e RTV)

e. Constam da proposta da Banco de Eventos o pagamento de itens como ‘infra-estrutura’, ‘despesas gerais’, ‘despesas taxas/seguros’. Valem aqui os mesmos questionamentos feitos no item ‘’ anterior.

f. O item ‘pré evento’ compreendeu o planejamento e desenvolvimento do projeto, a um custo de R$ 12.700,00, ao qual serão acrescidos honorários de terceiros e da agência.

O briefing supostamente elaborado pela agência não permite ter uma noção precisa do que seria pretendido para a ação promocional sob análise, uma vez que a empresa apresentou somente linhas gerais, as propostas apresentadas pelas empresas Banco de Eventos, AM e Dream Factory foram absolutamente distintas, evidenciando que cada empresa propôs o que quis, vez que são mínimas as semelhanças entre os projetos e o briefing. A lesividade desse procedimento fica evidente, pois não há como assegurar se foram obtidas efetivamente as melhores condições para a entidade, conforme o item 5.1.5 da cláusula quinta do contrato, nem se os preços praticados para cada um dos itens contratados foram compatíveis com os preços praticados no mercado, uma vez que os objetos foram distintos, apesar de se destinarem a mesma finalidade: participação da ECT na ação promocional. Essa comparação só seria possível se as propostas apresentadas se referissem ao mesmo projeto.

Caso os itens fossem executados diretamente pela agência, não haveria a incidência de honorários de 5%.

Consideramos que os elementos trazidos aos autos pela ECT não conseguiram afastar a irregularidade indicada no item 9.4.1 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, razão pela qual reiteramos nosso entendimento anterior de que, no evento em questão, a agência de publicidade operou apenas como intermediária, efetuando a subcontratação total das atividades necessárias ao desenvolvimento da ação promovida pela ECT para viabilizar sua participação no evento HSM, o que configurou transferência integral à empresa terceirizada, pela agência, das atividades que poderiam ter sido realizadas diretamente por ela, por estarem identificadas com o objeto contratual consoante enunciado da cláusula segunda do contrato, sem a devida caracterização da necessidade.

15.4. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor a aplicação de multa aos responsáveis, com fundamento nos artigos 43, parágrafo único e 58, III da Lei 8.443/92 c/c o art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pela subcontratação da empresa Banco de Eventos Ltda., CNPJ 04.468.464/0002-69, para execução integral do objeto do contrato, sem a adequada necessidade, prevista no item 5.1.2 do contrato, e sem que tenha sido caracterizada qualquer atuação da agência, nos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do Contrato 12378/2003, além da mera intermediação contratual.

Planilha de Ações de Divulgação

Fornecedor Valor (R$) Honorários (R$) Total (R$)

1782/2004 Banco de Eventos Ltda. 415.001,61 20.750,68 435.751,69

16. Irregularidade: Recebimento de comissão pela agência sem a prestação de qualquer serviço (item 9.4.2 do acórdão 1.874/2005-Plenário) - Ação: Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios

16.1. Situação EncontradaPagamento à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, de honorários correspondentes à 5% do valor concedido à título de remuneração ao serviço contratado, conforme tabela a seguir, sem que tenha sido caracterizada e comprovada a sua efetiva intermediação no que concerne ao desenvolvimento e execução do evento, nos precisos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003.

Ação Etapa Valor (R$) Honorários (R$) Total Etapa (R$)Exposição de Abertura do Museu Postal

Anteprojeto (fls. 33/ 61, Anexo 2) 167.281,93 8.364,10 175.646,03Projeto Executivo (fls. 62/101, Anexo2)

330.405,29 16.520,26 346.925,55

Total (R$) 497.687,22 24.884,36 522.571,58

16.2. Razões de justificativa – ECT (fls. 60/343 , Anexo 6)Inicia a ECT descrevendo a história do Museu Postal e que, após seu fechamento em 2001, foi formado grupo de trabalho, em 2004, com o objetivo de promover estudos e avaliações a respeito da revitalização do museu, além de propor formas e definições de outros itens que culminariam com uma proposta de nova concepção conceitual e museográfica, incluindo um tratamento arquitetônico diferenciado (fls. 160/162, Anexo 6). Como resultado desses estudos, foram desencadeados trabalhos em várias áreas, tendo como destaque as seguintes ações:

a. uma referente ao projeto de reforma do prédio e das instalações, a ser executada pela área de engenharia da empresa;

b. outra referente à exposição de abertura do museu, a ser elaborada pela área de comunicação e marketing.No que se refere à alínea b, coube a agência Link/Bagg desencadear os procedimentos, conforme previsto no contrato 12378/2003.A partir daí, a agência passou a realizar todos os procedimentos regulares na condução desse tipo de ação, os quais estariam minuciosamente descritos em documento (fls. 164/166, Anexo 6)Todos os procedimentos administrativos previstos na legislação e no contrato 12378/2003 foram devidamente cumpridos pela ECT, desde a cotação de preços, passando pela aprovação da SECOM, até o acompanhamento e recebimento dos serviços.Diante da relação detalhada sobre a atuação da agência Link/Bagg, observa-se que a ação foi desenvolvida seguindo todos os dispositivos legais vigentes, bem como é oportuna aos objetivos de comunicação da ECT, e comprova o efetivo trabalho da agência, que por sua vez, teve efetiva participação em todas as etapas do processo.16.3. Análise da unidade técnicaInicialmente, cabe ressaltar que não há comprovação das diversas reuniões relacionadas pela agência e pela ECT em registro de datas (fls. 164, Anexo 6), nas quais teriam sido definidos briefing, apresentadas propostas, discutidos cronogramas,

dentre outros tópicos. Ressalte-se que estas reuniões, ainda mais pela relevância de seus temas, deveriam ser registradas em relatórios encaminhados à ECT em até dois dias úteis após a realização do contato, conforme itens 5.1.13 e seus subitens do contrato 12378/2003.

“5.1.13 Registrar em Relatórios de Atendimento todas as reuniões e telefonemas de serviço entre a CONTRATANTE e a CONTRATADA, com o objetivo de tornar transparentes os entendimentos havidos e também para que ambas tomem as providências necessárias ao desempenho de suas tarefas e responsabilidades.5.1.13.1 Esses relatórios deverão ser assinados e enviados pela CONTRATADA à CONTRATANTE até o prazo máximo de dois dias úteis após a realização do contrato.5.1.13.2 Se houver incorreção no registro dos assuntos tratados, a CONTRATANTE solicitará a necessária correção, no prazo máximo de dois dias úteis, a contar da data do recebimento do respectivo relatório.” (grifos nossos)

A importância do relatório de atendimento é evidente, pois não se tratam de simples registros de datas, mas de registros de assuntos tratados para tomada de providências necessárias ao desempenho de suas tarefas e responsabilidades.

Para obtenção dos orçamentos, consta que a agência teria enviado briefing para 3 empresas (fl. 164, Anexo 6). Todavia, verificamos, ante os documentos obtidos que, a agência encaminhou às empresas por ela indicadas apenas pedido de orçamento (fls. 14/15, Anexo 2), que teria sido desenvolvido em reunião conjunta com a ECT, contendo detalhamento técnico da exposição de abertura do museu.

Sobre o briefing, a definição da Instrução Normativa nº 2, de 27 de abril de 1993, da antiga Assessoria de Comunicação Institucional da Presidência da República, ainda vigente:

“5 - O "briefing" é um resumo informativo, preliminar ao planejamento e à criação publicitária, que contém, de forma precisa e completa, clara e objetiva, todas as informações que a Entidade deve fornecer à Agência, para orientar o trabalho desta.” (grifo nosso)

Ressaltando a importância do briefing, texto do DesignBrasil10 (iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – através do Programa Brasileiro de Design, em conjunto com o SENAI e o SEBRAE):

“O desenvolvimento de um novo produto deve partir de uma intenção, que deve estar delimitado por uma grande variedade de quesitos que procuram orientar o foco do desenvolvimento. Procura-se especificar qual o produto a ser desenvolvido, qual o seu conceito e para quem se destina. O briefing inicial é um conjunto de idéias, como uma pauta de intenções que possibilitará a equipe de trabalho compreender e mensurar o projeto. Fundamental para elaboração de orçamento com o designer e para uma análise prévia de viabilidade.

10 Disponível em http://www.designbrasil.org.br/portal/empresas/ferramentas_gestao_conteudo.jhtml?ferramenta=1, Acesso em 01.06.06.

O sucesso do produto é diretamente relacionado a um briefing bem construído, de maneira clara e objetiva.” (grifos nossos)

O pedido de orçamento enviado aos proponentes (fls. 14/15, Anexo 2) não contém nenhuma especificação ou diretriz da ECT ou da agência acerca da exposição, apenas itens a serem orçados por cada proponente. Não se consegue ter noção do que seria pretendido pela ECT para a exposição permanente do museu, uma vez que a empresa não apresentou qualquer especificação acerca do trabalho e de seu conteúdo. Não se depreende do pedido de orçamento nada que remeta ao “Projeto museográfico que apresente à comunidade a rica história dos Correios, desde a época do seu surgimento, até os dias de hoje” descrito no registro de datas. Não há comprovação, também, que informações relevantes tenham sido fornecidas aos proponentes de outro modo, o que só se admitiria de maneira formal, a fim de evitar a distorção da informação e assegurar que os proponentes tenham acesso às mesmas informações, em estrita observância aos princípios da impessoalidade e da isonomia, basilares da Administração Pública. Não constam dos autos quaisquer documentos encaminhados aos proponentes contendo descrição do espaço físico onde seria montada a exposição e do acervo a ser trabalhado, condições relevantes para elaboração do projeto e formação dos preços envolvidos.A precariedade do pedido de orçamento teve reflexo nas estimativas de preços fornecidas por cada uma das empresas - único documento analisado pela ECT para seleção do profissional a desempenhar os serviços -, pois a partir delas não se pode concluir como seria o produto a ser desenvolvido pela subcontratada. Com relação às etapas ‘Anteprojeto’, ‘Projeto-executivo’, ‘Roteiros e conteúdos’ e ‘Montagem’ apresentadas pela MAG+ , a agência limitou-se a conferir e encaminhar a documentação, acompanhada da fatura para pagamento, constituindo-se, mais uma vez, em mera intermediação contratual, à semelhança do ocorrido na contratação da participação em feiras e eventos. .Na etapa ‘Projeto-executivo’, consta do pedido de orçamento item denominado ‘Design Gráfico’ que compreende criação de programação visual para todas as peças de divulgação da exposição, além da criação de peças como folheto de visitação, cartazes, catálogo da exposição e demais peças. Esse item implicou, além da criação das peças relatadas, a criação de logo para o museu, do qual a agência teria participado da escolha e enviado a referência de cores da ECT (fl. 165, Anexo 6). Verifica-se aí, mais uma subcontratação pela agência de publicidade do objeto principal do contrato – atividades de criação (da marca do museu) -, atividades que a agência deveria estar apta a realizar conforme item 3.1 e seus subitens das Normas Padrão, sem a apresentação de justificativas para a contratação. A necessidade de sua justificação decorre, conforme mencionado, do item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003.A subcontratação de atividades de criação, além de acarretar o pagamento de honorários de 5% à agência de publicidade, não permitem, na ausência de justificativa para a contratação, aferir a economicidade da contratação frente ao item 8.1.3 da cláusula oitava combinado com o item 5.1.25.1 da cláusula quinta do contrato 12378/2003 que estabelecem:

“5.1.25.1 Em casos de subcontratação de terceiros para a execução, total ou parcial, de serviços estipulados neste instrumento, exigir dos eventuais contratados, no que couber as mesmas condições do presente contrato.”“8.1.3 Desconto de 30% (trinta por cento) dos valores previstos na tabela de preços do Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal, a título de ressarcimento dos custos internos dos trabalhos realizados pela própria CONTRATADA.”

As demais tarefas relacionadas pela agência no registro de datas – a maioria delas sem comprovação – consistem em tarefas essencialmente administrativas, como: ‘entramos em contato’, ‘recebemos a proposta’, ‘repassamos a proposta’, ‘emitimos fatura’, ‘recebemos pagamento’. Estas tarefas poderiam, sem pagamentos de honorários, ser desempenhadas pela ECT.Atividades como ‘a agência deverá propor uma campanha ...’ (fl. 166, Anexo 6), ‘a agência irá pensar em uma campanha interna ...’ revelam somente supostas intenções da agência, sem materialização e sem relação com o desenvolvimento da contratação sob análise. Se realizadas, seriam ações posteriores, distintas. Irrelevantes no caso em questão, portanto.Os argumentos trazidos pela ECT em suas razões de justificativa não permitem identificar qualquer outra atuação da agência, além da coleta de propostas e da subcontratação total das ações relacionadas à exposição permanente de abertura do Museu Nacional dos Correios, inclusive da criação da nova marca do museu, da programação visual dos elementos gráficos da exposição, das peças de divulgação, dentre outras atribuições.Consideramos que os argumentos trazidos aos autos pela ECT por ocasião de suas razões de justificativa são insuficientes para afastar as irregularidades correspondentes ao item 9.4.2 do Acórdão 1.874/2005-Plenário.

16.4. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor a aplicação de multa aos responsáveis, com fundamento nos artigos 43, parágrafo único e 58, III da Lei 8.443/92 c/c o art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pelo pagamento à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, de honorários correspondentes à 5% do valor concedido à título de remuneração ao serviço contratado, conforme tabela a seguir, sem que tenha sido caracterizada e comprovada a sua efetiva intermediação no que concerne ao desenvolvimento e execução do evento, nos precisos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003.

Ação Etapa Valor (R$) Honorários (R$) Total Etapa (R$)Exposição de Abertura do Museu Postal

Anteprojeto (fls. 33/ 61, Anexo 2)

167.281,93 8.364,10 175.646,03

Projeto Executivo (fls. 62/101, Anexo2)

330.405,29 16.520,26 346.925,55

Total (R$) 497.687,22 24.884,36 522.571,58

17. Irregularidade: Fuga do objeto contratual/burla ao processo licitatório (item 9.4.3 do acórdão 1.874/2005-Plenario) – Ação: Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios

17.1. Situação EncontradaContratação de serviços técnicos profissionais, desvinculados do objeto do contrato 12378/2003, relativos à criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios, sem a realização do processo licitatório cabível, em afronta ao art. 37, XXI da Constituição Federal e art. 2º c/c arts. 6º II e 13, I da Lei 8.666/93.

17.2. Razões de justificativa – ECT (fls. 52/343 , Anexo 6)Os principais pontos das razões de justificativa apresentadas pela ECT acerca do item 9.4.3 do acórdão 1.874/2005-Plenário foram:

- ao ser tomada decisão de que o museu voltaria a ocupar o prédio localizado no Setor Comercial Sul em Brasília, a ECT licitou, sob a condução da área de engenharia da ECT, a contratação de empresa para restabelecer as funcionalidades do local, ou seja, deixar em condições de uso a parte elétrica, hidráulica, de elevadores, revestimentos de pisos e paredes e fachada, além de outros itens que compunham as obras de reforma e adequação do prédio. Para esse fim, foi firmado contrato com a Cinzel Engenharia Ltda., CNPJ 08.059.768/0001-04, vencedora da concorrência 002/2004-AC/ECT.

- foi providenciado o processo de contratação de empresa para montagem da exposição com características tão específicas que nem os Correios, nem a agência de publicidade, possuem em seu quadro de empregados profissionais com qualificação técnica para o desenvolvimento de projeto museográfico, que envolve equipe com diversas especializações para a sua execução total.

- o trâmite para a subcontratação seguiu os preceitos legais cabíveis para ação previstos no contrato 12.378/2003, e coube à agência prestar apoio e assessoramento na execução de ações de comunicação relacionadas ao planejamento e montagem de exposições e à organização de eventos.

- A ação foi solicitada pela ECT à agência que buscou empresas para apresentarem propostas, as quais foram avaliadas pela ECT para seleção da mais adequada e de menor preço e, posteriormente, foram submetidas à SECOM, que analisou e aprovou a ação, permitindo que se desse continuidade ao trabalho.

- Para que a MAG+, vencedora da cotação, desenvolvesse o detalhamento da proposta, foi necessário que ela conhecesse o projeto da Cinzel Engenharia Ltda., a fim de considerar as características da reforma, para não se ter um projeto inadequado ao ambiente.

- A proposta apresentada pela MAG+ envolve única e exclusivamente o projeto de exposição, com os atributos pertinentes à montagem desse tipo de ação, que contempla o planejamento total da ambientação, incluindo características criativas e técnicas, tais como o tratamento de paredes, piso, teto, expositores e tantos outros detalhes.

- A área de engenharia da ECT está finalizando os procedimentos licitatórios para aquisição dos materiais e serviços necessários à viabilização da exposição. Os equipamentos, por suas características, serão objeto de outro processo licitatório, conduzido pela área administrativa da ECT.

- Após a conclusão dessas fases, a MAG+ poderá concluir a quarta fase do projeto, correspondente à efetiva montagem da exposição. Ressalta que a proposta da MAG+ procurou dar à ECT mais do que uma exposição de abertura, pois na formatação idealizada, será possível renovar os conceitos e motivos a serem expostos.

- A exposição divulgará uma das mais completas bases de informações a respeito da história dos Correios no Brasil, procurando provocar uma verdadeira imersão do público no ambiente, conforme previsto no projeto da exposição. Na mesma oportunidade, o público terá oportunidade de despertar seu interesse pela filatelia e outros produtos e serviços da ECT.17.3. Análise da unidade técnicaA cláusula segunda do contrato firmado entre a ECT e a agência estabelece que o seu objeto é a prestação de serviços de publicidade, neles compreendidos:

- estudo, concepção, execução e distribuição de campanhas e peças publicitárias;- desenvolvimento e execução de ações promocionais;- elaboração de marcas;- assessoramento e apoio na execução de ações de comunicação – especialmente

aquelas destinadas a integrar ou complementar os esforços publicitários – relacionadas à assessoria de imprensa e relações públicas, ao desenvolvimento de pesquisas, ao desenvolvimento de produtos ou serviços, ao planejamento e montagem de stands em feiras e exposições e à organização de eventos.

Não há como inserir no objeto contratual serviços que não possam ser classificados como serviços de publicidade ou que não constituam seu desdobramento natural ou lhes sejam complementares. A inclusão de serviços desvinculados desse objeto, por mais abrangente que o objeto contratual possa parecer, representaria a utilização da agência para contratação de serviços sem relação com a sua área de especialização - publicidade, bem como a infringência de preceitos constitucionais e legais, como o da obrigatoriedade de licitação para contratação de bens e serviços.

Por conseguinte, para identificar se determinada atividade se enquadra no objeto contratual – serviços de publicidade, cabe conceituar publicidade e estabelecer seus elementos essenciais.

As Normas Padrão da Atividade Publicitária (8ª edição - Março de 2004) apresentam, no seu item 1.1, a definição de publicidade constante do art. 2º do Decreto 57.690/66:

“1.1 Publicidade ou Propaganda: é, nos termos do art. 2º do Dec. nº 57.690/66, qualquer forma remunerada de difusão de idéias, mercadorias, produtos ou serviços por parte de um anunciante identificado.”

Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin traz a definição do jurista português Carlos Ferreira Almeida, que conceitua publicidade como “toda a informação dirigida ao público com o objectivo de promover, directa ou indirectamente, uma actividade económica.” . O mesmo autor traz outro conceito mais concreto e menos utópico que

define publicidade como “o conjunto de comunicações controladas, identificáveis e persuasivas, transmitidas através dos meios de difusão, com o objetivo de criar demanda de um produto ou produtos e contribuir para a boa imagem da empresa”.

Para uma adequada caracterização como publicidade, é necessária a presença de dois elementos: difusão e informação. A difusão consiste na propagação, na divulgação da informação, e é o elemento material, o meio de expressão da publicidade. A informação é o elemento finalístico, intencional da atividade publicitária, o conteúdo a ser transmitido. Conclui-se, portanto, que, sem difusão não há publicidade, uma vez que a informação precisa ser transmitida ao seu receptor, bem como não há publicidade sem a presença de um conteúdo mínimo de informação a ser difundida.

A publicidade pode ser classificada conforme seu objetivo em publicidade institucional ou promocional. A publicidade institucional divulga a própria empresa, não um produto, visa institucionalizar a marca. Na esfera governamental, a publicidade institucional deve se adequar à classificação e definição legal apresentadas na Instrução Normativa nº 28, de 06 de junho de 2002, da SECOM, reproduzida a seguir:

“1. As ações publicitárias de iniciativa dos integrantes do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal (SICOM) de que tratam as alíneas "a" e "b", inciso III, art. 2º, do Decreto nº 3.296, de 16 de dezembro de 1999, são classificadas e conceituadas como segue:...III) Publicidade Institucional - a que tem como objetivo divulgar informações sobre atos, obras e programas dos integrantes do SICOM, suas metas e resultados;” (grifo nosso)

A documentação fornecida pela ECT, principalmente o plano executivo (fls. 62/101, Anexo 2) elaborado pela empresa MAG+ Rede Cultural Produção e Edições Ltda., consiste num projeto arquitetônico ou de decoração, pois envolve projeto de reforma completa e permanente dos andares térreos, quarto, quinto e sexto do edifício do museu postal em Brasília/DF. Como reforma consideramos aspectos como especificações para piso e pintura para paredes, detalhamento para construções de vitrines e painéis permanentes, especificação de equipamentos (projeto sanyo plc su51) e soluções de iluminação, aplicação de película perfurada na fachada envidraçada do prédio, painéis de vidro de cristal líquido 11mm (Switchlite), disposição de mobiliário, dentre outros itens detalhados nas plantas. Ressaltamos que se tratam de instalações permanentes, como bem se observa do projeto executivo, repetidas nas plantas de cenografia apresentadas pela ECT em suas razões de justificativa (fls. 200/218, Anexo 60).A contratação envolveu, ainda, projeto de comunicação visual contendo identificação dos andares da exposição, sinalizações de portas, placas de sinalização (fumantes, deficientes físicos, banheiros), totens e até a elaboração de logomarca do museu postal (fls. 249/281, Anexo 6).Não se depreende do projeto de cenografia (fls. 200/218, Anexo 6) e dos demais itens produzidos pela MAG+ - salvo a elaboração da logomarca, que, ademais, poderia ter sido elaborada pela própria agência - elementos que caracterizem algum conteúdo a ser transmitido, alguma mensagem institucional a ser divulgada, conforme os conceitos apresentados, ou, nos termos do item 1 da IN nº 28, de 06.06.02, da SECOM, informações acerca de atos, obras e programas da ECT. Enfim, não constam do projeto

apresentado pela MAG+, elementos que possibilitem enquadrar o projeto apresentado como atividade publicitária. Mais adequadamente, o rol de tarefas previstas no projeto executivo (fls. 62/101, Anexo 2) evidencia sua conformidade ao conceito de serviços técnicos enunciado no inciso I do art. 13 da Lei 8.666/93, uma vez que se configura como trabalho relativo a estudo técnico, planejamento e projeto básico ou executivo, sendo, portanto, necessária a realização de licitação para sua contratação, nos precisos termos do art. 2º c/c o art. 6º, II da Lei 8.666/93 e do inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal. Apresentados os conceitos de publicidade, seus elementos essenciais: difusão e informação, e sua classificação, consideramos que o serviço contratado junto à empresa MAG+ não se enquadra no objeto do contrato, por não constituir serviço de publicidade, mas sim serviço técnico especializado, e não é, por conseguinte, passível de execução no âmbito do contrato de publicidade. Resta, portanto, caracterizado que, a subcontratação do projeto da exposição permanente, por intermédio da agência, configura fuga ao objeto contratual e burla aos preceitos constitucionais e legais pertinentes a licitações de obras e serviços, e que, nesse caso, demandaria a realização prévia de procedimento licitatório para sua contratação.Mesmo os serviços relacionados às etapas 3ª e 4ª, ‘roteiros e conteúdos’ e ‘montagem’, que teriam como escopo a definição do acervo a ser proposto para a divulgação, propriamente ditos, não se depreende a produção de serviços que possam ser enquadrados como publicidade. A natureza especializada da contratação fica evidente da afirmação da ECT em suas razões de justificativas ao afirmar “que não há, no quadro de pessoal da ECT e nem da agência de publicidade que presta serviços aos Correios, profissionais especializados em projetos museográficos, o que provocou a contratação de solução completa, a partir da elaboração do projeto completo da exposição até sua implementação.”Apesar da exposição envolver a divulgação da comunicação postal e da ECT, ainda assim não poderá ser caracterizada com o publicidade, pois, como bem explica Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin, nem toda forma de comunicação integra o conceito de publicidade: fora desse campo ficam a informação cientifica, política, didática, lúdica ou humanitária, porque alheia à atividade econômica, mesmo quando seja produzida com a intenção de gerar certa convicção nos seus destinatários.Diante do exposto, consideramos que as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis foram insuficientes para afastar a irregularidade apontada no item 9.4.2 do acórdão 1.874/2005-Plenário.

17.4. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor a aplicação de multa aos responsáveis, com fundamento nos artigos 43, parágrafo único e 58, III da Lei 8.443/92 c/c o art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pela contratação de serviços técnicos profissionais, desvinculados do objeto do contrato 12378/2003, relativos à criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios, sem a realização do processo licitatório cabível, em afronta ao art. 37, XXI da Constituição Federal e art. 2º c/c arts. 6º II e 13, I da Lei 8.666/93.

18. Seleção de proposta sem conhecimento do projeto do serviço a ser prestado (item 9.4.4 do acórdão 1.874/2005-Plenario) – Ação: Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios

18.1. Situação EncontradaSeleção de proposta de criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios pelo critério de menor preço, sem detalhamento das especificações do projeto contratado e sem análise da adequabilidade dos preços propostos, em afronta aos artigos 2º, 6º, incisos II e IX, 7º, §§ 2º e 4º e 13 da Lei 8.666/93.

18.2. Razões de justificativa – ECT (fls. 52/343 , Anexo 6)A ECT fala da necessidade de recuperação do edifício Apolo, onde se situa o Museu Postal, e das vantagens decorrentes de sua revitalização.Relata, mais uma vez, que a agência elaborou briefing, enviado às empresas MAG+, Ponto de Produção e Metro Dois, solicitando a apresentação de proposta de planejamento, detalhamento técnico necessário à realização da citada exposição para fins de cotação de preços.Quanto ao fato da seleção da proposta ter ocorrido sem o detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional, utilizando somente o critério de menor preço, ressalta, que não há no quadro de pessoal da ECT nem da agência profissionais especializados em projetos museográficos, o que provocou a contratação da solução completa. Portanto, o projeto com o detalhamento técnico e especificação seria uma das etapas do trabalho sob cotação.Ratifica que, para a seleção da contratação, levou-se em consideração o objeto da contratação, a motivação, a qualidade e relevância dos trabalhos já realizados pelo proponente (fls. 321/324, Anexo 6) e o menor preço (fls. 309/319, Anexo 6), conforme previsto na legislação em vigor. Acrescenta, ainda, que todos os passos previstos nas normas específicas foram seguidos, desde a recepção da demanda, até a autorização definitiva pela SECOM (fl. 326, Anexo 6) para sua realização e posterior execução18.3. Análise da unidade técnicaDa análise da estimativa de preços fornecida por cada uma das empresas - único documento analisado pela ECT para seleção do profissional a desempenhar os serviços -, não se pode concluir como seria o produto a ser desenvolvido pela subcontratada. Aliás, do pedido de orçamento encaminhado às empresas não se consegue ter noção do que seria pretendido pela ECT para a exposição permanente do museu, uma vez que a empresa não apresentou qualquer especificação acerca do trabalho e de seu conteúdo.

Como já mencionado, a contratação do projeto para a exposição do museu seria possível, desde que fora do âmbito do contrato de publicidade e nos termos dos artigos 2º, 6º, incisos II e IX, 7º e 13 da Lei 8.666/93. Ainda de acordo com a lei de licitações, os proponentes deveriam ter submetido à aprovação da entidade projeto que, nos termos do projeto básico definido no art. 6º, IX, da Lei 8.666/93, fornecesse detalhamento preciso do que seria executado e permitisse avaliação minuciosa dos custos envolvidos, do prazo de execução, dentre outros aspectos.

Da forma como a contratação foi realizada, ao selecionar o projeto apenas pela aprovação de seu orçamento, adquiriu a ECT um pacote fechado, cujo conteúdo era

conhecido apenas do subcontratado, e começaria a ser desvendado apenas a partir da entrega do anteprojeto.

É evidente que a aprovação só se deu em função dos custos e não poderia levar em conta qualquer outro fator, uma vez que elementos que pudessem permitir uma avaliação de outros aspectos só foram fornecidos pelo proponente após a seleção da proposta de mais baixo custo. Isso se torna evidente a partir de afirmação proferida pela representante da agência de publicidade em e-mail de 29.08.05 (fl. 11, Anexo 2):

“A informação que passamos para todos [fornecedores] , no primeiro contato, é que eles só precisariam produzir algo após a aprovação do orçamento.” (grifo nosso)

Não se consegue avaliar requisitos de qualidade e relevância a partir de cotação de preços e de descrição de itens como “locação de imagens históricas de acervos e bancos de imagens”, “criação de todas as peças de divulgação da exposição”, etc.Esse procedimento acarreta, ainda, impossibilidade de análise da adequabilidade dos preços propostos, pois permitiria a inclusão no objeto da contratação do fornecimento de materiais e/ou de serviços sem previsão de quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às necessidades reais, o que, em sede de procedimento licitatório, representaria afronta ao disposto nos §§ 2º e 4º do art. 7º da lei de licitações. A lesividade dessa conduta é clara, pois aponta para a possível prática de preços excessivos, uma vez que houve previsão genérica de serviços a serem prestados. Essa afirmação permanece após a análise das razões de justificativa e revela-se evidente do exame de alguns itens da estimativa preliminar de custos de produção apresentada pela MAG+, que poderiam ter sido otimizados com a seleção de um projeto que atendesse aos requisitos do art. 6º, IX da Lei 8.666/93. Como exemplo, citamos:

a. na etapa 3 - roteirização/entrega de conteúdos (fl. 13, Anexo 2) -, são previstas locação de imagens históricas (item 2.1) e de fotografias (item 2.2) de acervos e bancos de imagens a um custo total de R$ 120.000,00 (R$ 60.000,00 por item). Como precisar antecipadamente os custos envolvidos nessa etapa, se ainda não foram definidas quantas e quais imagens seriam locadas? Tampouco foram definidos os períodos de utilização das imagens. Não há como quantificar previamente esses itens, pois a pesquisa e a seleção de imagens faz parte dessa etapa, conforme relacionado no item 1.1 da etapa 3 da estimativa de custos (fl.13, Anexo 2).

b. da mesma forma, o item 2.3 - Edição de Imagens (fl. 13, Anexo 2) - atribui ao serviço de edição de imagem e som, vídeos, fotografias e arranjos para músicas, um custo de R$ 48.100,00, e ao serviço de tratamento de imagens danificadas, digitalização de vídeos e fotografias, adequação de formatos, transferência dos conteúdos para as mídias selecionadas, o custo de R$ 32.600,00. Não há, novamente, como identificar antecipadamente os custos envolvidos nesse item, pois não há definição do conteúdo a ser trabalhado. Como quantificar serviços de tratamento de imagens danificadas, por exemplo, se não se sabe se haverá efetivamente imagens que necessitarão desse procedimento.

c. No item 2.1 da etapa 4 (fl. 13-B, Anexo 2) - Montagem da Exposição está previsto o licenciamento de músicas e pagamento de direitos autorais pelo custo de R$ 23.000,00. Licenciamento de músicas e pagamento de direitos autorais são serviços passíveis de análise objetiva, contendo discriminação detalhada de cada um dos itens licenciados e dos direitos autorais pagos. Não ficou evidente como os custos foram

obtidos, uma vez que, por ocasião da apresentação da proposta, não foi apresentada relação de músicas.

As considerações acerca dos custos feitas pelo Sr. Marcelo Dantas, representante da empresa MAG+, não subsistem a uma análise mais acurada, pois não foram previamente repassados para as empresas proponentes, elementos que permitissem às mesmas ter noção do prédio, do acervo, e de outros elementos necessários para realização de estudos mais detalhados com vistas à concepção do evento. Ao que consta, isso só teria ocorrido quando da contratação da MAG+. Ademais, não foi apresentada qualquer tabela referencial de custo, de sorte a fundamentar suas afirmações.

Apesar de não ter sido selecionada, a proposta da empresa Ponto de Produção Ltda. (fls. 77/82, Anexo 7), trazida aos autos em resposta à audiência determinada no item 9.5 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, é bastante ilustrativa para demonstrar a ofensividade do procedimento adotado:

a. a proposta contempla diversos pagamentos a título de passagens e diárias, sobre o qual incidem o pagamento de honorários de 5% à agência em afronta ao item 8.5 da cláusula oitava do contrato 12378/2003 que prevê:

“8.5 Despesas com deslocamento de profissionais da CONTRATADA ou de seus representantes serão de sua exclusiva responsabilidade. Eventuais exceções, no exclusivo interesse da CONTRATANTE, poderão vir a ser ressarcidas por seu valor líquido e sem cobrança de honorários pela CONTRATADA, desde que antecipadamente orçadas e aprovadas pela CONTRATANTE;” (grifo nosso)

b. a descrição e os valores dos itens ‘Projeto Executivo’ e ‘Roteiro e Conteúdo’ são idênticos, revelando indícios de cobrança de serviços em duplicidade. À guisa de exemplo, transcrevemos dois dos itens apresentados (grifos nossos):

EtapaItem Projeto Executivo Roteiro e conteúdo

Curadoria Definição da linha curatorial, seleção das obras a serem expostas, seleção de material fotográfico e digital, elaboração de textos para material gráfico e informações anexas às obras, agrupamento, distribuição e ordenação em cada piso.

Definição da linha curatorial, seleção das obras a serem expostas, seleção de material fotográfico e digital, elaboração de textos para material gráfico e informações anexas às obras, agrupamento, distribuição e ordenação em cada piso.

Arquitetos Levantamento do espaço (aferição de medidas), desenvolvimento do projeto executivo.

Levantamento do espaço (aferição de medidas), desenvolvimento do projeto executivo.

c. para o desenvolvimento de nova logomarca da ECT, a proposta contempla itens nas três primeiras etapas, que totalizam R$ 59.000,00. Não há como confirmar o cumprimento do item 8.1.3 que, combinado com o item 5.1.25.1 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, que prevêem para os serviços de criação:

“5.1.25.1 Em casos de subcontratação de terceiros para a execução, total ou parcial, de serviços estipulados neste instrumento, exigir dos eventuais contratados, no que couber as mesmas condições do presente contrato.”“8.1.3 Desconto de 30% (trinta por cento) dos valores previstos na tabela de preços do Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal, a título de

ressarcimento dos custos internos dos trabalhos realizados pela própria CONTRATADA.”

Saliente-se, por fim, que outras conseqüências que podem advir do desconhecimento do objeto a ser contratado, notadamente pela ausência de apresentação de um projeto básico, são relacionadas no seguinte trecho do voto do Ministro Relator Humberto Souto (Decisão 339/2000-Plenário, TC 925.591/1999-5, Ata 15/2000):

“É verdade que não deve perder de vista a necessidade de prévia elaboração de projeto básico nas licitações de obras públicas, a fim de garantir a lisura do procedimento licitatório e que a proposta apresentada seja factível, evitando reajustes contratuais indevidos ou superiores aos limites previstos na Lei nº 8.666/93, alterações em quantitativos de itens contratados e modificações nas soluções técnicas que, além de dificultar sobremaneira o exercício do controle, aumentam as necessidades de recursos financeiros para a conclusão dos empreendimentos ...”

Diante do exposto, consideramos que as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis foram insuficientes para afastar a irregularidade apontada no item 9.4.4 do Acórdão 1.874/2005-Plenário.

18.4. EncaminhamentoDiante do exposto, consideramos adequado propor a aplicação de multa aos responsáveis, com fundamento nos artigos 43, parágrafo único e 58, III da Lei 8.443/92 c/c o art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pela seleção de proposta de criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios pelo critério de menor preço, sem detalhamento das especificações do projeto contratado e sem análise da adequabilidade dos preços propostos, em afronta aos artigos 2º, 6º, incisos II e IX, 7º, §§ 2º e 4º e 13 da Lei 8.666/93.

19. Irregularidade: Indícios da apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação de produtos/serviços (item 9.5 do Acórdão 1.874/2005-Plenário) – Ação: Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios

19.1. Razões de Justificativa – ECT (fls. 52/343 , Anexo 6)A ECT apresenta breve relato acerca do processo de seleção de propostas para a ação Exposição de Abertura.Descreve, a seguir a irregularidade levantada pela equipe de auditoria e argumenta:

- os domicílios constantes das propostas encaminhadas à ECT eram distintos, bem como os CNPJs dos proponentes;

- cabe à contratada a responsabilidade do processo de subcontratação, nos termos dos itens 5.1.7, 5.1.9.1 e 5.1.25.1 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, motivo pelo qual a Ling foi notificada da suposta irregularidade;

Transcreve trecho de manifestação da agência Link/Bagg sobre o assunto, da qual abreviamos os principais argumentos:

- a agência não tinha instrução para consultar ou solicitar documentação das empresas, tais como o CNPJ. Não poderia, portanto, ter conhecimento da coincidência dos endereços, pois, nas propostas os endereços são distintos entre si;

- a Ponto de Produção solicitou, perante a junta comercial alteração de

endereço;- as duas empresas firmaram declaração atestando o caráter concorrencial que

existe entre elas, não obstante a coincidência de endereço no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;

- a coincidência entre os endereços se deve a questões fiscais.

Ressalta que, em razão dos indícios apresentados pela equipe de auditoria, foi determinada pela presidência da ECT, a abertura de sindicância para apuração e aprofundamento dos fatos apontados pela equipe de auditoria.

Conclui que, as informações prestadas conduzem à conclusão inafastável que todos os procedimentos adotados pelos informantes estão alicerçados nos diplomas legais que regem à matéria, bem como obedecem às cláusulas contratuais respectivas, além de terem obedecido ao princípio da economicidade gerando benefícios financeiros à estatal.

19.2. Razões de Justificativa – MAG+ Rede Cultural Produção e Edições Ltda. (Anexo 5)

A empresa MAG+ Rede Cultural Produções e Edições Ltda. tece, em suas razões de justificativa, uma série de considerações acerca da metodologia utilizada para desenvolver o orçamento e definir os valores de cada item da proposta e sobre a ausência de detalhamento da proposta. Esse aspecto foi objeto de questionamento no item 9.4.4 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, tratado no item desta instrução. Por esse motivo, não serão reproduzidas neste item, que trata dos indícios de utilização de proposta fraudulenta para respaldar a subcontratação.Acerca dos indícios de fraude, argumentou que não manteve qualquer contato, nem tomou qualquer conhecimento das propostas das demais empresas indicadas no processo e desconhecia o fato de que havia outras empresas convidadas a apresentar projeto para o museu, razão pela qual considera não poder prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto.

19.3. Razões de Justificativa – Ponto de Produção Ltda. (fls. 8/82, Anexo 7)A seguir, apresentamos os principais pontos das razões de justificativa apresentada pela Ponto de Produção Ltda.:

- a empresa foi constituída em 2002, a partir da experiência e reputação profissionais de sua sócia-gerente, Patrícia Azeredo Galvão, responsável pela produção de projetos de grande importância no cenário cultural brasileiro;

- é empresa respeitada no mercado de produção cultural, sendo natural a solicitação de sua proposta para subcontratação do serviço, principalmente em face da organização de exposições de grande repercussão;

- os indícios de inidoneidade da sua proposta são de uma fragilidade absoluta, não resistindo ao menor exame;

- a empresa foi constituída em Santana do Parnaíba por razões de natureza fiscal, ocasião em que o Sr. Joaquim de Oliveira Pinto Neto (sócio da Metro Dois), colocou à sua disposição imóvel de sua propriedade na cidade;

- o espaço oferecido era adequado às necessidades da empresa, que não poderia instalar-se lá de imediato, razão pela qual a sociedade foi constituída como sede no

referido imóvel, deixando-se para formalizar o contrato de locação no momento efetivo da ocupação do imóvel;

- por problemas pessoais da sócia-gerente, a empresa nunca funcionou em Santana do Parnaíba, tendo sempre funcionado na cidade de São Paulo, no endereço para onde foi enviada a intimação do TCU;

- o Sr. Joaquim de Oliveira Pinto Neto solicitou a regularização do endereço, tendo sido alterado o contrato social em 08.12.05;

- as duas empresas – Ponto de Produção e Metro Dois – nunca funcionaram no mesmo endereço e a coincidência de endereços não autoriza qualquer juízo acerca da inidoneidade da proposta;

- quanto ao fato das duas empresas trabalharem juntas, isso decorre do fato de que diversas empresas participam na execução de projetos de grande envergadura e que, como as pessoas qualificadas para tal serviço são poucas, será possível estabelecer uma “vinculação” entre quase todas as empresas do setor;

- com relação às exposições relacionadas no Acórdão, essas são projetos enormes, que contaram com a participação de diversas empresas, prestando serviços distintos a mesmo cliente e que a Ponto de Produção desenvolve suas atividades de forma absolutamente independente de qualquer outra empresa do setor;

- a informação extraída do CNPJ, de que a atividade principal da empresa seria a produção de filmes e fitas de vídeo, não subsiste ao exame do contrato social, que inclui a prestação de serviços afetos ao objeto pretendido pela ECT;

- a semelhança entre os padrões gráficos das propostas restringe-se à utilização de editor de texto de uso corrente (Word), aplicando-se fonte corriqueira, com formatação desprovida de qualquer aspecto digno de nota, sendo impossível identificar na sua proposta padrão gráfico que permita identificá-lo com qualquer outro texto;

- a semelhança entre os padrões textuais decorre dos padrões de linguagem adotados por profissionais da área;

- as semelhanças entre as propostas não representam elementos idôneos para sustentar qualquer conclusão acerca da fraude;

- o orçamento foi elaborado de acordo com os critérios utilizados habitualmente no mercado e adotados pela Ponto de Produção;

- os cálculos foram feitos considerando a área a ser ocupada pela exposição e os preços dos serviços estão de acordo com aqueles praticados no mercado, conforme planilha anexa;

- como a prestação dos serviços objeto da subcontratação tem preços definidos no mercado, seria de estranhar que as propostas apresentassem disparidade de valores acentuadas;

- o escopo enviado pela Link para definir o objeto continha, a partir de critérios consagrados no mercado, elementos suficientes para estruturação da proposta.

19.4. Razões de Justificativa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls. 463/464, Anexo )

O teor das razões de justificativa apresentadas pela agência de publicidade se encontra na defesa da ECT.

19.5. Razões de Justificativa – Metro Dois Cenografia e Locação de Bens (fls. 2/7, Anexo 7)

Os principais aspectos das razões de justificativa apresentadas pela Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda. foram, em síntese:

- o Sr. Joaquim de Oliveira Pinto Neto tem carreira sólida e reconhecida no mercado, conforme seu portifólio de serviços, e que, antes da Metro Dois, esteve associado a outras empresas, razão pela qual os clientes procuram pelo profissional e não pela pessoa jurídica;

- o imóvel em que a Metro Dois está sediada é de propriedade do Sr. Joaquim que, em março de 2002 autorizou a abertura da Ponto de Produção em sala daquele endereço para posterior formalização do contrato de locação, nunca efetivada, pois a sala não chegou a ser ocupada;

- a Metro Dois foi aberta em dezembro de 2004 em sala daquele endereço que se encontrava desocupada e mantém, também, escritório em São Paulo no endereço informado na proposta;

- para comunicar a chegada de correspondências, o Sr. Joaquim entrou em contato com a responsável da Ponto de Produção, que se comprometeu a providenciar a alteração no endereço no contrato social, o que já foi providenciado perante a Junta Comercial;

- a estimativa de preços foi realizada atendendo à solicitação da Link e para formatar a estimativa foi encaminhado escopo junto com a solicitação;

- o orçamento segue padrão habitualmente utilizado pela Metro Dois e seus termos são os usualmente utilizados por um mercado específico como o de exposições e semelhanças são comuns entre prestadores do mesmo serviço;

- os preços apresentados são os praticados pelo mercado e foram calculados com base na vasta experiência do Sr. Joaquim;

- a Metro Dois não mantém qualquer vínculo profissional ou societário de qualquer tipo com a Ponto de Produção, sendo sua concorrente.

19.6. Análise da unidade técnicaOs procedimentos adotados pela ECT para seleção da proposta para realizar a ação “Exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios” foram analisadas nos itens , 17 e desta instrução e revelaram indícios das seguintes irregularidades: recebimento de comissão pela agência sem a prestação de qualquer de qualquer serviço, fuga do objeto contratual / burla ao processo licitatório e seleção de proposta sem conhecimento do projeto do serviço a ser prestado. Nos termos do art. 70 da Lei 8.666/93, o contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, contudo, nos termos do referido artigo, a responsabilidade do contratado não exclui a responsabilidade da ECT.A imposição de fiscalização da execução do contrato decorre dos artigos 58, III e 67 da Lei 8.666/93 . Segundo Marçal Justen Filho11, “a fiscalização pela Administração não é mera faculdade assegurada a ela. Trata-se de um dever a ser exercitado para melhor realizar o interesse público. Parte-se do pressuposto, inclusive, de que a fiscalização induz o contratado a executar de modo mais perfeito os deveres a ele impostos”. A

11 Justen Filho, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 10. ed. São Paulo: Dialética, 2004. p. 541.

fiscalização dos serviços é viável e o dispositivo pode ser plenamente aplicado, mediante a exigência das passagens, notas fiscais de hotel, dentre outros comprovantes.Não pode, portanto, a ECT alegar a exclusiva responsabilidade da agência em relação à fiscalização da execução do contrato.Acerca do indício de apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação da ação “Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios”, objeto da audiência do item 9.5 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, os dados de cada proposta eram diferentes (razões sociais, CNPJ, endereços, signatários), e sua identificação exigiria, pelo menos, habilitação fiscal dos proponentes, o que não é feito pelo DMARK. Porém, há outros aspectos que revelam indícios de fraude e não foram mencionados, nem pela ECT, em suas razões de justificativa, nem pela Link/Bagg, ao ser questionada pela ECT, tampouco foram afastados pelas subcontratadas, e que poderiam ter sido percebidos pela leitura das propostas e comparação com o Pedido de Orçamento, conforme repetiremos a seguir.Da análise das propostas apresentadas pela Ponto de Produção Ltda. (fls. 17/19, Anexo 2) e pela Metro Dois Cenografia Ltda. (fls. 29/30, Anexo 2) observa-se que as duas propostas apresentam padrão gráfico e textual semelhantes. No quadro a seguir, relacionamos expressões semelhantes utilizadas nos orçamentos das duas empresas, que não encontram correspondente no texto do pedido de orçamento:

Pedido de Orçamento Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda.

Ponto de Produção Ltda.

“projeto de iluminação com desenho de luz”

“criação de projeto de iluminação”

“criação de projeto de iluminação”

“Especificações técnicas, listas de equipamentos, plantas de instalação da exposição”

“especificação dos equipamentos e elaboração do projeto de instalação”

“especificação de equipamentos e elaboração do projeto de instalação”

“suportes para peças” “criação dos suportes de obras” “elaboração de desenhos de todos os suportes de obras”

“seleção, tratamento e logística do acervo existente e a ser adquirido”

“seleção de imagens a serem adquiridas”

“seleção de imagens existentes em acervo e a serem adquiridas”

“equipe para execução dos serviços”

“definição e supervisão de equipe de iluminação e cenografia”

“definição e supervisão de equipe para a construção cenográfica”

locação de imagens históricas de acervos e bancos de imagens

“compra de imagens e fotos em acervos e banco de imagens”

“”aquisição de imagens e fotografias em acervos e bancos de imagens”

não menciona “supervisão do processo construtivo”

“supervisão de todo o processo construtivo”

‘supervisão para instalação da exposição”

“supervisão da instalação das obras”

“supervisão da montagem e instalação das obras”

“licenciamento de músicas” “licença para uso de músicas e imagens”

”aquisição de licenças para uso de imagens e músicas”

“Produção de conteúdos digitais”

“produção de material digital” “produção de material digital, audiovisual e interativo”

não menciona “Serviços de computação gráfica para animação”

“Serviço de computação gráfica para animações”

não menciona “Responsabilidade técnica” “Responsabilidade técnica da execução de todos os itens”

Observa-se, ainda, que a proposta apresentada pela Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda. (fls. 29/30, Anexo 2), não preenche todos os itens descritos no projeto de orçamento, possuindo, portanto, objeto distinto do previsto, não sendo, portanto, passível de utilização para realização da estimativa de preços prevista no item 5.1.7. Como exemplo da deficiência do orçamento apresentado evidenciamos que o orçamento da Metro Dois, na etapa denominada Anteprojeto, não apresenta rubricas referentes a serviços previstos, tais como, revitalização da marca do museu, despesas com cópias, plotagens, detalhamento construtivo, suportes para peças, dentre outros.

Mesmo não contemplando todos os itens previstos no pedido de orçamento, a proposta da empresa Metro Dois apresenta estrutura de custos bastante semelhante à da proposta de empresa Ponto de Produção (fls. 21/23, Anexo 2), pois, como se observa, as variações para os preços dos serviços orçados para cada etapa não superam 15%.

Etapas (valores em R$)Fornecedor CNPJ Anteprojeto Projeto

ExecutivoRoteiro e Conteúdo

Montagem Total

Ponto de Produção Ltda.

04.992.156/0001-57 220.000,00 312.000,00 254.000,00 334.000,00 1.120.000,00

Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda.

07.207.110/0001-70 241.730,00 298.000,00 262.000,00 383.400,00 1.185.130,00

Variação (%) 9,8 (4,4) 3,1 14,8 5,8

Evidenciamos que os valores totais das propostas das três empresas também são muito próximos, não apresentando variação superior a 15% entre a menor proposta apresentada (R$ 1.033.874,78) e a maior (R$ 1.185.130,00). A semelhança entre os custos apresentados chama a atenção, pois nenhuma das empresas apresentou qualquer projeto para realização de “tomada de preços”, apenas uma estimativa preliminar do orçamento. Ressalte-se, ainda, que a agência de publicidade não encaminhou para as empresas qualquer descrição do espaço físico onde seria montada a exposição, nem do acervo de peças da ECT a ser trabalhado, elementos essenciais para formação dos preços dos serviços.Os custos envolvidos na ação sob análise dependem do profissional contratado, da sua experiência e da sua concepção de evento, dentre outros aspectos, que levarão a projetos exclusivos, com demandas distintas, não sendo possível a aplicação de um padrão ou invocar o mercado para balizar os preços praticados.Pela especificidade da contratação, a equipe de auditoria não teve como aferir a economicidade da contratação, mas, diante das irregularidades levantadas, neste item e nos demais, que apontam para uma seleção eivada de vícios, não há como concordar com os responsáveis da ECT de que “as informações prestadas conduzem à conclusão inafastável que todos os procedimentos adotados pelos informantes estão alicerçados nos diplomas legais que regem à matéria, bem como obedecem às cláusulas contratuais respectivas, além de terem obedecido ao princípio da economicidade gerando benefícios financeiros à estatal”. Acerca das razões de justificativas apresentadas pelas empresas Metro Dois e Ponto de Produção, algumas considerações.

O imóvel sito à rua Pedro Procópio 113, Centro, Santana de Parnaíba/SP, uma casa residencial, realmente é de propriedade do Sr. Joaquim de Oliveira Pinto Neto, que, no entanto, cedeu seu usufruto à Sra. Antônia Martins a partir de 03.01.96, conforme matrícula do imóvel obtida a partir de diligência junto ao Oficial de registro de imóveis, títulos e documentos e civil de pessoa jurídica da comarca de Barueri (fl. 265/270, Principal).A mudança de endereço solicitada pela Ponto de Produção à Junta Comercial não afasta o indício de irregularidade tratado neste item e foi feita, inclusive, a partir de dezembro de 2005, cerca de seis meses depois da apresentação da proposta à Link/Bagg e após a prolação do Acórdão 1.874/2005-Plenário.A coincidência entre os domicílios fiscais e entre os trabalhos realizados pelas duas empresas, além das semelhanças entre as propostas, vêm se juntar a outras identificadas pela equipe de auditoria no decorrer da fiscalização que revelam que a agência de publicidade seleciona seus contratados em um círculo bastante restrito, conforme será descrito no item desta instrução, o que, em alguns casos revelou indícios da prática de sobrepreço e de despesas sem comprovação de sua execução, além de violação a princípios basilares da Administração pública, tais como o da publicidade e o da isonomia. Acerca das declarações atestando o caráter concorrencial entre as empresas, sobre a utilização de declaração como prova processual, vale destacar o que o legislador, ao elaborar o Código de Processo Civil (Lei n. 5.869/73), definiu sobre a força probante da declaração ao redigir o parágrafo único do art. 368, que possui a seguinte redação: ”quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato”.Consideramos que as razões de justificativa apresentadas pela ECT, pela agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. e pelas subcontratadas MAG+, Metro Dois e Ponto de Produção foram insuficientes para afastar as irregularidades objeto de audiência no item 9.5 do Acórdão 1.874/2005-Plenário referente aos indícios da apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação da ação “Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios”.

19.7. EncaminhamentoPela dificuldade de constatação do achado, que envolveu minuciosa análise por parte da equipe de auditoria, o que não se exigia dos responsáveis da ECT, consideramos, apesar de mantida a irregularidade apontada, afastada a sua responsabilidade, razão pela qual deixamos de propor medidas. Persiste a responsabilidade da agência nos indícios de fraude verificados, por ser ela a única responsável pela seleção das propostas em um círculo bastante restrito de profissionais, conforme relatado neste e em outros itens desta instrução, o que, em alguns casos revelou indícios da prática de sobrepreço e de despesas sem comprovação de sua execução, além de violação a princípios basilares da Administração pública, tais como o da publicidade e o da isonomia.Diante do exposto, consideramos adequado propor encaminhamento de cópia deste item e da documentação a ele correspondente ao Ministério Público Federal em razão de indícios da prática de atos caracterizados como fraude à execução do contrato, nos

termos do art. 96 da Lei 8.666/93.

20. Irregularidade: Indícios da apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação de produtos/serviços (item 9.6 do Acórdão 1.874/2005-Plenário) - Ação: Brésil à La LOUPE

20.1. Situação EncontradaPara realizar a produção da exposição “Brésil À La Loupe”, realizada no Museu de La Poste em Paris, no período de 15 de julho a 15 de setembro de 2005, foi contratada a empresa ProMaker Marketing Promocional Ltda., conforme NF 001655 (fl. 14, Anexo 3), e Planilha de Ações de Divulgação 812/2005 (fls. 3/4, Anexo 3)A fim de viabilizar a subcontratação e dar cumprimento ao item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato, a agência apresentou propostas das empresas Promowaal Comunicação Integrada e Master Publicidade S.A.12, relacionadas a seguir (fls. 15/17, Anexo 3).

Fornecedor CNPJ Valor (R$)Master Publicidade S.A. 04.513.101/0002-06 802.112,22Promowaal Marketing Promocional Ltda. 04.752.924/0001-03 799.891,15ProMaker Marketing Promocional Ltda. 03.187.046/0001-50 609.286,14

Conforme informação contida no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (acesso em 13.10.05):

a. Antônio Luiz de Freitas, CPF 028.687.509-82, é sócio das empresas Master Publicidade S.A., CNPJ 04.513.101/0002-06, e ProMaker Marketing Promocional Ltda. (fls. 38 e 40, Anexo 3);

b. o signatário do relatório executivo da ProMaker Marketing Promocional Ltda. (fl. 6/9, Anexo 3), Sr. Ricardo Augusto Chaves Saraiva Gomes, CPF 245.587.898-82, é sócio da Promowaal Marketing Promocional Ltda., CNPJ 04.752.924/0001-03 (fl. 39, Anexo 3).

20.2. Razões de Justificativa – ECT (fls. 2/135, Anexo 4)A ECT inicia suas razões de justificativa descrevendo a importância institucional do evento “Brésil a La Loupe” e as providências adotadas pela ECT para sua realização, que levaram a agência a apresentar propostas de três empresas Promaker, Promowaal e Master, tendo ocorrido a seleção da Promaker, que apresentou a melhor qualificação, associada ao menor preço.Reforçam os responsáveis que a subcontratação de parte do objeto do contrato 12378/2003 é prerrogativa legalmente admitida nos termos da norma do art. 72 da Lei 8.666/93, amparada pelos doutrinadores e jurisprudência dominantes prevista no ato convocatório e no contrato.A seguir, consideram que, não obstante as firmas consultadas terem no seu plexo acionário representantes comuns, tal fato, isoladamente, não serviria de comprovação contundente para caracterizar os indícios de fraude nas cotações, visto que a participação em licitações de empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico não está vedada pela Lei de Licitações.

12 A proposta da empresa Master Publicidade S.A. não consta dos documentos fornecidos pela ECT, seu valor e CNPJ foram obtidos das informações presentes na Planilha de Ações de Divulgação 812/2005 (fls. 3/4, Anexo 3).

Por fim, consignam que a ECT agiu de boa-fé, visto que caberia à agência contratada a responsabilidade pela verificação da regularidade do processo de subcontratação, cabendo à ECT tão somente adotar providências caso constatadas irregularidades na execução contratual. Não obstante, a ECT solicitou esclarecimentos da agência de publicidade, bem como adotou providências para abertura de sindicância.

20.3. Razões de Justificativa – Master Publicidade S.A. (fls. 245/260, Anexo 4)Sobre os indícios da apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação da ação “Brésil a La Loupe”, objeto da audiência determinada no item 9.6 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, apresentou a Master Publicidade S.A. razões de justificativa (fls. 245/260, Anexo 4), das quais reproduzimos os principais aspectos:

- o Sr. Antônio Luiz de Freitas promoveu a sua efetiva retirada do quadro societário da Promaker em 1º de junho de 2004, conforme 2ª alteração contratual da empresa, e que, a partir daquela data, o Sr. Antônio Luiz de Freitas afastou-se de todas as atividades relacionadas àquela empresa, deixando de exercer qualquer atividade no âmbito daquela sociedade. O registro perante a Junta Comercial não foi possível devido a dificuldades da empresa em obter certidões negativas de tributos exigidas pela Junta Comercial, situação que perdurou da data da alteração contratual, em 1º de junho de 2004, até a data do registro da alteração contratual, em 31.10.05;

- o pedido de alteração junto à SRF foi feito, mas até a apresentação das justificativas, ainda não havia sido implementada por aquele órgão;

- o Sr. Antônio Luiz de Freitas, portanto, a partir do dia 1º de junho de 2004, já não mais integrava o quadro social da Promaker, e não participou ou tomou conhecimento, quer direta ou indiretamente, das atividades desenvolvidas por esta empresa;

- não possui condições de se manifestar acerca da proposta fraudulenta, pois não teve oportunidade de analisar a proposta que supostamente teria apresentado à Link/Bagg para viabilizar a subcontratação no âmbito do referido contrato;

- somente com a visualização da proposta poderia manifestar-se a respeito da fraude para afirmar se a mesma foi ou não elaborada e fornecida por seus profissionais com poderes para tanto, se o documento e a assinatura nele aposta são realmente legítimos, se o seu conteúdo ou número de identificação seguem os padrões adotados pela Master;

- a materialidade da conduta não está presente e a Master não tem possibilidade de se manifestar de forma a assegurar a ampla defesa no processo.

20.4. Razões de Justificativa – Promaker Marketing Promocional Ltda. (fls. 137/243 , Anexo 4)

Sobre a irregularidade objeto de audiência no item 9.6 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, reproduzimos a seguir os principais tópicos das razões de justificativa da Promaker:

- a Promaker ignorava os procedimentos que a Link/Bagg deveria ter seguido para subcontratar a realização dos trabalhos em questão e não sabia que outras empresas seriam consultadas, visto não ser empresa que costumeiramente presta serviços a entidades públicas;

- no que concerne aos vínculos societários entre as proponentes, estes não mais existiam por ocasião da realização dos trabalhos, pois o Sr. Antônio Luiz de

Freitas retirou-se da sociedade em 01.07.04, não mais participando de qualquer ato da sociedade;

- a empresa foi consultada por sua enorme experiência na área, não cabendo cogitar que o trabalho foi a ela conferido por força de favorecimento;

- o evento contratado foi realizado com o mais absoluto sucesso;- os preços recebidos pelos serviços prestados estão rigorosamente afinados

ao que, normalmente, se recebe por serviços semelhantes;- a Promaker teve origem na Master Marketing Promocional Ltda., tendo o

Sr. Antônio Luiz de Freitas como sócio desde setembro de 1999, quando ocorreu o desmembramento da sociedade. Em 01/06/04, o referido Sr. retirou-se da sociedade. A alteração contratual tardou a ser registrada por pendências tributárias;

- afirma ter conhecimento que o Sr. Ricardo Augusto Chaves Saraiva, signatário da proposta da Promaker, foi sócio da Promowaal até fins de 2004, desde então passou a prestar serviços à Promaker, sem vínculo societário algum, conforme contrato de prestação de serviços de consultoria, firmado em 14.03.05, junto à empresa Saravia Gomes Adm. e Participação Ltda. (fls. 219/243, Anexo 4);

- a alteração da Promowaal todavia também não foi registrada, encontrando-se pendente de exigências que até o momento não puderam ser atendidas;

- a saída do Sr. Ricardo da Promowaal é confirmada pela impraticabilidade de cumulação, não só pela existência da alteração contratual, pendente de registro, como pela existência do contrato de prestação de serviços, que vem sendo cumprido, atendendo os requisitos que justificam sua realização;

- quanto à Master Publicidade S.A. a Promaker afirma desconhecer sua composição acionária e que tem conhecimento da sociedade apenas e tão-somente pela natural divulgação que dela e de outras empresas se faz e ouve dizer no mercado;

- não havia, portanto, à época do fato questionado, qualquer ponto comum entre as diversas empresas, que pudesse comprometer a coleta de preços.

20.5. Razões de Justificativa – Promowaal Marketing Promocional Ltda. (fls. 344/364, Anexo 6)

Sobre os indícios da apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação da ação “Brésil a La Loupe”, objeto da audiência determinada no item 9.6 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, apresentou a Promowaal Marketing Promocional Ltda., razões de justificativa, das quais reproduzimos os principais aspectos:

- a Promowaal teve alteração em seu quadro societário em 03.01.05, que ainda não consta na base de dados do CNPJ, retirando-se o sócio Ricardo Augusto Chaves Saraiva Gomes, signatário da proposta da Promaker, figurando com sócio unipessoal da mesma o Sr. Wagner Alexandre Alves Lima;

- não se pode falar em irregularidades relativas à Promowaal, pois o Sr. Ricardo, no ato da apresentação das propostas, o mesmo não fazia parte do quadro societário da requerida;

- a Promowaal apresentou somente uma estimativa de custos solicitada pela Link, e não uma proposta, um documento para participar de qualquer tomada de preços relativa a qualquer licitação pública. A estimativa não tinha caráter oficial, sendo um documento meramente informativo e não uma tomada de preços oficial para execução do projeto, que deve ser revestida de formalidades definidas em lei.

- a solicitação da estimativa de custos foi dirigida ao Sr. Wagner Lima, único sócio da Promowaal à época;

- o item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato prevê que para haver legalidade na sub-contratação de serviços, deve haver a apresentação de três propostas e que a empresa apresentou uma estimativa de custos e não uma proposta, como dito no Acórdão.

20.6. Razões de Justificativa – Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (fls. 465/467, Anexo 6)

Sobre a irregularidade objeto de audiência no item 9.6 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, reproduzimos a seguir os principais tópicos das razões de justificativa da agência Link/Bagg:

- para executar o projeto da exposição, a Link levantou em seu cadastro de fornecedores três empresas que considerou capazes de viabilizar operacional e financeiramente o projeto: Promaker, Promowall e Master;

- a experiência dessas empresas pode ser comprovada, não só pelo fato de já terem prestado serviços para a Link, mas pela leitura de seus sites na internet, onde figuram clientes importantes e de grande porte, tanto públicos quanto privados;

- foi enviado cópia do projeto aprovado, para que as empresas pudessem fornecer estimativa de custo para a produção da exposição e o de menor custo foi o da Promaker, que realizou o trabalho;

- os dados apresentados pelas proponentes eram coerentes, não havendo, até onde se sabia, nenhuma coincidência ou relação entre elas, e a irregularidade levantada pelo TCU só poderia ser verificada caso a agência solicitasse o contrato social das empresas;

- o site da Promowall não relaciona o nome do Sr. Ricardo Augusto Chaves Saraiva Gomes como um de seus responsáveis;

- a agência não possuía qualquer informação sobre a ligação societária entre a Promaker e a Master, até porque são empresas de porte e renome no mercado e que executam o mesmo tipo de trabalho, e que a notícia colhida junto à empresa Promaker de que o Sr. Antônio Freitas desligou-se e afastou-se dos negócios da empresa há cerca de três anos talvez explique essa falta de informação;

- não havia, portanto, como a agência identificar a ligação societária entre os membros das empresas escolhidas.

20.7. Análise da unidade técnicaApesar dos argumentos apresentados pela ECT em suas razões de justificativa, consideramos que a afirmação de que a apresentação de propostas de empresas com composição societária comum não constitui indício de fraude deve ser analisada com cautela no caso das subcontratações realizadas pelas agências de publicidade no âmbito dos contratos firmados com a ECT, conforme procuraremos demonstrar a partir da comparação entre o procedimento licitatório previsto na Constituição Federal e regulamentado pela Lei 8.666/93 e aquele previsto para subcontratação no contrato com as agências, bem como a partir de aspectos da dogmática penal brasileira que desconsidera a pessoa jurídica e atribui responsabilidade aos sócios nos casos de ilicitudes.

A Lei 8.666/93 estabelece, no seu art. 3º, os princípios que devem nortear os procedimentos licitatórios, dentre eles o da publicidade e o da isonomia.O princípio da publicidade consagra o “dever administrativo de manter plena transparência em seus comportamentos”13. O TCU, ao analisar esse princípio, assim o explicou: “Qualquer interessado deve ter acesso às licitações e seu controle, mediante divulgação dos atos praticados pelos administradores em todas as fases da licitação”.14

O procedimento previsto no item 5.1.7 da cláusula quinta dos contratos firmados com as agências não assegura publicidade à subcontratação, pois apenas a ECT, a agência de publicidade e os fornecedores por ela (agência) selecionados têm conhecimento da subcontratação.Em decorrência da ausência de publicidade surge a violação ao princípio da isonomia, que impõe “dar tratamento igual a todos os interessados. É condição essencial para garantir competição em todas as fases da licitação”15.Novamente, como apenas os fornecedores indicados pela agência participam, não há como assegurar isonomia tampouco o cumprimento de outro princípio basilar de licitações e contratos, o da seleção da escolha mais vantajosa para a Administração pública.Outro aspecto que deve ser observado, para apurar a diferença entre uma licitação e o procedimento de subcontratação analisado, diz respeito ao fato de que, numa licitação regida pela Lei 8.666/93, os licitantes se apresentam voluntariamente para participar no certame, ao passo que, no caso da subcontratação prevista nos contratos com as agências, a agência apresenta propostas de fornecedores por ela escolhidos, ressaltando ainda mais a ausência de publicidade e isonomia.As conseqüências da ausência de isonomia e de publicidade fica evidente nas coincidências que se verificaram ao longo da análise das empresas indicadas pela agência, que, em alguns casos, apresentaram identidade em sua composição societária, em outros, mostraram profissionais com estreitas ligações profissionais, conforme procuraremos evidenciar nos exemplos a seguir:

a. Na ação ‘Dia do Carteiro 2005’, a agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. apresentou, para aquisição de um Walkman, propostas de fornecedores de Belo Horizonte, que tinham o Sr. Samy Katz como diretor ou sócio. Como conseqüência, o preço unitário pago pela ECT para adquirir os rádios, R$ 8,00, foi, cerca de 35% superior ao preço pesquisado, RS 5,90;

b. Na ação ‘Assessoria de Imprensa’, todos os subcontratados eram vinculados ao site ABC Politiko (http://www.abcpolitiko.com.br), na condição, ou de editores, ou de empresa colaboradora;

c. Na ação ‘Exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios’, as empresas Ponto de Produção Ltda. e Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda., cujas propostas foram apresentadas pela agência Link, possuíam o mesmo domicílio fiscal;

d. No caso que gerou a audiência sob análise, a agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. selecionou três empresas: Master

13 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Malheiros, 8. ed. p.68.14 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Licitações e Contratos: orientações básicas. 2.ed. Brasília: TCU, Secretaria de Controle Interno, 2003. p. 15.15 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Licitações e Contratos: orientações básicas. 2.ed. Brasília: TCU, Secretaria de Controle Interno, 2003. p. 15.

Publicidade S.A, Promowaal Marketing Promocional Ltda. e Promaker Marketing Promocional Ltda. Destas, as empresas Master e ProMaker tinham sócio em comum e o signatário da proposta da ProMaker constava na base de dados da Receita Federal como sócio da Promowaal. Ressalte-se que a agência foi colher proposta da Master Publicidade, com sede em Curitiba, e a mesma, coincidentemente possuía sócio comum com a ProMaker, com sede em São Paulo.O processo licitatório prevê, ainda, etapa de habilitação dos licitantes, nos quais a Administração deve exigir documentos de habilitação compatíveis com o ramo do objeto licitado. Estão previstas habilitações jurídica, fiscal, técnica e econômico-financeira. A habilitação dos licitantes e sua importância foi destaque no excerto doutrinário mencionado pelos responsáveis em suas razões de justificativa (fl. 8, Anexo 4):

“Diante de um caso concreto de participação, na mesma licitação, de empresas pertencentes aos mesmos sócios ou ao mesmo grupo econômico, sempre será preciso examinar a documentação fornecida pelas empresas para exame de sua habilitação jurídica e técnica, para que se possa aferir se ambas as empresas existem de direito e de fato, funcionam normalmente, têm cada uma vida própria e faturamento expressivo.O que se deve evitar é o risco de que qualquer uma delas seja uma simples empresa de fachada, sem existência real, criada apenas para dar respaldo à outra em licitações.” (grifo nosso)

No procedimento para subcontratação previsto no contrato com as agências, o único aspecto verificado é o preço, mais nada. Não há verificação da documentação, para, como bem afirmaram os responsáveis da ECT no excerto anterior, verificar a autonomia de cada uma das empresas proponentes, em caso de composição societária comum. A ausência de habilitação dos proponentes nas subcontratações acarretou o apresentação pela agência de proposta de empresa em situação fiscal irregular, reforçando o indício de fraude à execução contratual perpetrado pela agência contra a ECT:

Agência Ação Empresa IrregularidadeLink/Bagg Dia do Carteiro

2005Brands Brasil contribuinte desaparecido do ICMS desde 31.03.04, nove

meses antes da apresentação da proposta

A partir da habilitação fiscal a agência poderia também ter identificado a coincidência entre os domicílios fiscais da empresa Ponto de Produção Ltda. e Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda. cujas propostas foram apresentadas por ocasião da Ação “Exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios”.Outro aspecto que diferencia a licitação e a subcontratação sob análise, diz respeito à estimativa de preços, prevista para licitações, que deve servir como critério de aceitabilidade de preços para a contratação, conforme previsto na Lei 8.666/93. Na subcontratação realizada pelas agências não há qualquer referência de preços, apenas a previsão genérica de que a mesma deverá envidar esforços para obter as melhores condições para a ECT. A ECT não critica preços, apenas acata o menor dos três apresentados pela agência. Da mesma forma procede a SECOM.A ECT apresenta, ainda, afirmação concernente à autonomia da pessoa jurídica em relação à pessoa física dos sócios, bem como dos seus respectivos atos, sobre o que discorreremos a seguir.

No ordenamento jurídico nacional, identificam-se dois tipos de pessoas, a pessoa física do sócio e a pessoa jurídica da empresa. Os sócios da pessoa jurídica atuam com personalidade distinta da sua pessoa física. Dessa separação decorre o princípio da separação patrimonial entre os bens da sociedade e os bens dos sócios, que limita a responsabilidade dos sócios e resguarda seu patrimônio pessoal de eventuais infortúnios. Trata-se de incentivo ao investimento, pois oferece segurança ao sócio frente ao risco inerente ao negócio. O princípio da separação patrimonial, contudo, só oferece proteção quando a pessoa jurídica operar licitamente. Caso contrário, prevê a lei hipóteses de atingir o patrimônio pessoal dos sócios, com a desconsideração da pessoa jurídica. Segundo Fátima Nancy Andrighi, ministra do STJ:

“Assim, a distinção da personalidade da pessoa natural e da pessoa jurídica só se opera enquanto não prejudicar ou causar danos aos credores. Tal afirmação traz no seu bojo o fundamento da teoria da desconsideração da pessoa jurídica, qual seja: a ausência de prejuízo na utilização da ficção jurídica.A personificação tem seus limites que são a fraude e ou abuso do direito de personificação.” (grifos nossos)

No mesmo sentido, o art. 28 do Código de Defesa do Consumidor cita as hipóteses de desconsideração da pessoa jurídica, das quais ressaltamos a infração à lei e o fato ou ato ilícito. Estas hipóteses permitem enquadrar a fraude à execução contratual, notadamente por se constituir de atos desvirtuados de sua finalidade.A desconsideração da pessoa jurídica apresenta, contudo, enfoque predominantemente patrimonial, razão pela qual são pertinentes novas citações, para bem definir que há, sim, em casos de ilicitudes, responsabilização dos sócios da empresa.Inicialmente, a lição de Luiz Régis Prado:

"De primeiro, ressalta à evidência que a pessoa coletiva não tem consciência e vontade em sentido psicológico - semelhante à pessoa física, e, com isso, capacidade de autodeterminação, faculdades que necessariamente hão de ser tomadas por empréstimo aos homens. Isso vale dizer: só o ser humano, enquanto pessoa-indivíduo, pode ser qualificado como autor ou partícipe de um delito. Omissis. De conseguinte, falta ao ente coletivo o primeiro elemento do delito: capacidade de ação ou omissão (típica).”

Nesse sentido, René Ariel Dotti afirma que “só a pessoa humana tem capacidade genérica de entender e querer, sendo a potencial consciência da ilicitude, isto é, a culpabilidade em si, uma qualidade exclusiva da pessoa física e impossível de ser encontrada no ente jurídico. Assim, por ser desprovida da capacidade de ação, a pessoa coletiva não seria, então, capaz de uma conduta infratora, pois não poderia ser a ela atribuída a culpabilidade inerente à pessoa natural.”(grifos nossos)Apesar de exceções, como no caso dos crimes ambientais, o raciocínio predominante indica que a imputação penal a empresas encontra obstáculos devido a sua incapacidade de praticar ações de relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades, conforme indicam alguns excertos jurisprudenciais:

HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E SONEGAÇÃO FISCAL. RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. PRINCÍPIO NULLUM CRIMEN SINE CULPA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

1. Desprovida de vontade real, nos casos de crimes em que figure como sujeito ativo da conduta típica, a responsabilidade penal somente pode ser atribuída ao HOMEM, pessoa física, que, como órgão da pessoa jurídica, a presentifique na ação qualificada como criminosa ou concorra para a sua prática. 2. Em sendo fundamento para a determinação ou a definição dos destinatários da acusação, não, a prova da prática ou da participação da ou na ação criminosa, mas apenas a posição dos pacientes na pessoa jurídica, faz-se definitiva a ofensa ao estatuto da validade da denúncia (Código de Processo Penal, artigo 41), consistente na ausência da obrigatória descrição da conduta de autor ou de partícipe dos imputados. 3. Denúncia inepta, à luz dos seus próprios fundamentos. 4. Habeas corpus concedido para trancamento da ação penal" (HC 15051⁄SP, 6ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJU de 13⁄08⁄2001). "RHC - PENAL - PROCESSUAL PENAL - PESSOA JURÍDICA - SÓCIO - RESPONSABILIDADE PENAL - DENUNCIA - REQUISITOS - A RESPONSABILIDADE PENAL É PESSOAL. IMPRESCINDÍVEL A RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. REPELIDA A RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TAIS PRINCÍPIOS SÃO VALIDOS TAMBÉM QUANDO A CONDUTA É PRATICADA POR SÓCIOS DE PESSOA JURÍDICA. NÃO RESPONDEM CRIMINALMENTE, PORÉM, PELO SÓ FATO DE SEREM INTEGRANTES DA ENTIDADE. INDISPENSÁVEL O SÓCIO PARTICIPAR DO FATO DELITUOSO. CASO CONTRARIO, TER-SE-A, ODIOSA RESPONSABILIDADE POR FATO DE TERCEIRO. SER SÓCIO NÃO É CRIME. A DENUNCIA, POR ISSO, DEVE IMPUTAR CONDUTA DE CADA SÓCIO, DE MODO A QUE O COMPORTAMENTO SEJA IDENTIFICADO, ENSEJANDO POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO DO DIREITO PLENO DE DEFESA" (RHC 2882⁄MS, 6ª Turma, Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJU de 13⁄09⁄93). "EMENTAS: 1. AÇÃO PENAL. Denúncia. Deficiência. Omissão dos comportamentos típicos que teriam concretizado a participação dos réus nos fatos criminosos descritos. Sacrifício do contraditório e da ampla defesa. Ofensa a garantias constitucionais do devido processo legal (due process of law). Nulidade absoluta e insanável. Superveniência da sentença condenatória. Irrelevância. Preclusão temporal inocorrente. Conhecimento da argüição em HC. Aplicação do art. 5º, incs. LIV e LV, da CF. Votos vencidos. A denúncia que, eivada de narração deficiente ou insuficiente, dificulte ou impeça o pleno exercício dos poderes da defesa, é causa de nulidade absoluta e insanável do processo e da sentença condenatória e, como tal, não é coberta por preclusão. 2. AÇÃO PENAL. Delitos contra o sistema financeiro nacional. Crimes ditos societários. Tipos previstos nos arts. 21, § único, e 22, caput, da Lei 7.492⁄86. Denúncia genérica. Peça que omite a descrição de comportamentos típicos e sua atribuição a autor individualizado, na qualidade de administrador de empresas. Inadmissibilidade. Imputação às pessoas jurídicas. Caso de responsabilidade penal objetiva. Inépcia reconhecida. Processo anulado a partir da denúncia, inclusive. HC concedido para esse fim. Extensão da ordem ao co-réu. Inteligência do art. 5º, incs. XLV e XLVI, da CF, dos arts. 13, 18, 20 e 26 do CP e 25 da Lei 7.492⁄86. Aplicação do art. 41 do CPP. Votos vencidos. No caso de crime contra o sistema financeiro nacional ou de outro dito "crime societário", é inepta a denúncia genérica, que omite descrição de comportamento típico e sua atribuição a autor individualizado, na condição de diretor ou administrador de empresa" (HC 83301⁄RS, 1ª Turma, Rel. Min. Cézar Peluso, DJU de 06⁄08⁄2004).

Diante do exposto, conclui-se que a pessoa jurídica só tem a separação da pessoa dos sócios assegurada no caso de atuação lícita, e que, a dogmática penal clássica se fundamenta em ações atribuídas às pessoas físicas, de onde se conclui que, a prática de uma infração pressupõe uma conduta humana.Cremos que esses poucos argumentos foram suficientes para ressaltar o caráter pouco isonômico do processo de subcontratação realizado pela agência e os problemas que dele decorrem, bem como fundamentar entendimento de que não se pode aceitar, sem críticas, a afirmação da ECT de que não há óbice à apresentação de propostas de empresas com sócios comuns e que os atos das empresas são distintos e autônomos com relação aos atos dos sócios, principalmente num caso em que, das três empresas selecionadas pela agência, todas possuíam coincidências em sua composição societária.Estes argumentos são oportunos também para reputar como insuficientes para afastar os indícios de fraude apontados as alterações societárias mencionadas pelas empresas Máster, Promowaal e Promaker. Acerca destas alterações, vale dizer que, à época da contratação, por não estarem devidamente averbadas na Junta Comercial, só tinham efeito inter partes, não podendo ser opostas à sociedade ou à terceiros, nos termos do parágrafo único do Código Civil (Lei 10406/2002):

“Art. 1.057. Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.”

Além disso, a cessão de quotas da Promowaal, datada de 03.01.05, na qual o sócio Ricardo Augusto Chaves Saraiva Gomes, signatário da proposta da Promaker, teria se retirado da sociedade, e o Sr. Wagner Alexandre Alves Lima, passaria a figurar como único sócio pelo período de 180 dias, não apresenta registro na Junta Comercial, nem protocolo correspondente. Caso a alegada sociedade unipessoal perdurasse até a data de apresentação das razões de justificativa, restaria configurada causa de sua dissolução, nos precisos termos do Art. 1.033, IV do Novo Código Civil. Ressalte-se que, pesquisa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica em 26.07.06, indicava a manutenção do Sr. Ricardo Augusto no quadro societário da Promowaal, em flagrante contradição com a informação prestada pela empresa. Saliente-se, por fim, que nem a ECT, nem a agência de publicidade apresentaram cópia da suposta cotação oferecida pela Master, a qual, inclusive, levanta suspeitas quanto à veracidade e existência do documento.

20.8. EncaminhamentoConsideramos, que, apesar de discordarmos dos argumentos apresentados pela ECT e pelas empresas proponentes para justificar a irregularidade apontada, e de considerar que a irregularidade não foi afastada no caso em questão, tratava-se de indício de fraude à execução contratual de difícil constatação, pois demandava minuciosa pesquisa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o que não é feito pelos empregados lotados no DMARK, razão pela qual deixamos de propor medidas.Pelos fundamentos de fato e de direito referentes à esta irregularidade, persiste a responsabilidade da agência nos indícios de fraude verificados, por ser ela a única responsável pela seleção das propostas em um círculo bastante restrito de profissionais,

conforme relatado neste e em outros itens desta instrução, o que, em alguns casos revelou indícios da prática de sobrepreço e de despesas sem comprovação de sua execução, além de violação a princípios basilares da Administração pública, tais como o da publicidade e o da isonomia.

Diante do exposto, consideramos adequado propor encaminhamento de cópia deste item e da documentação a ele correspondente ao Ministério Público Federal em razão de indícios da prática de atos caracterizados como fraude à execução do contrato, nos termos do art. 96 da Lei 8.666/93.

21. ConclusãoPor todo o exposto, entende-se que as alegações de defesa e as razões de justificativa trazidas aos autos pelos responsáveis não conseguiram afastar as irregularidades identificadas na execução do contrato 12378/2003, firmado entre a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e a Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., acarretando prejuízos à ECT. Em síntese, foram constatadas as seguintes irregularidades não afastadas pelas alegações de defesa e pelas razões de justificativa trazidas aos autos pelos responsáveis:

Recebimento de comissão pela agência sem a prestação de qualquer serviço; Sobrepreço na aquisição de bens ou na prestação de serviços contratados pela

agência de publicidade no âmbito do contrato; Pagamento de despesas sem comprovação da execução; Prática de orçamentos globais, dificultando a comprovação da adequação do

preço praticado e da execução da despesa; Contratação de produtos e serviços sem a apresentação de três propostas; Apresentação de propostas de empresas em situação fiscal irregular

(contribuinte desaparecido); Subcontratação do objeto do contrato sem justificativa; Burla aos preceitos constitucionais e legais de licitação e contrato; Apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a subcontratação de

produtos/serviços; Seleção de proposta sem conhecimento do detalhamento do projeto do serviço

a ser prestado

As irregularidades foram levantadas em uma pequena amostra das ações realizadas no âmbito do contrato firmado pela ECT com a Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. e indicam problemas que devem se repetir na maioria das ações publicitárias realizadas, não somente pela ECT, mas pela Administração pública como um todo. Em que pese a baixa materialidade dos achados, em comparação com o montante total do contrato, a auditoria realizada nas ações desenvolvidas pela agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. forneceu um panorama bastante ilustrativo do modo de atuação das agências de publicidade contratadas pelas entidades da Administração pública, que, combinado com deficiências sérias na fiscalização por parte do setor estatal, levam à infração de dispositivos contratuais, legais e até constitucionais, acarretando, em muitos casos, dano ao erário, pela prática de sobrepreço e pelo pagamento de despesas sem comprovação de execução, e fraude à execução contratual decorrente da utilização de propostas fraudulentas para respaldar

as subcontratações. Entendemos, ainda, ser o rol identificado pela equipe de auditoria, exemplificativo das irregularidades perpetradas pela agência, e não exaustivo.Consideramos, ainda, que as irregularidades identificadas, notadamente aquelas relacionadas à apresentação de propostas fraudulentas e à prática de sobrepreço, são graves e devem ser objeto de processo administrativo, a ser instaurado pela ECT, com vistas à aplicação da penalidade prevista no art. 87, III da Lei 8.666/93 - suspensão temporária da Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. de participação em licitação e impedimento de contratar com a ECT - e pelo Ministro de Estado das Comunicações, nos termos do §3º do art. 87 da Lei 8.666/93, visando a aplicação da penalidade prevista no art. 87, IV - declaração de inidoneidade da agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. para licitar e contratar com a Administração pública.

“Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: ...III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.’” (grifos nossos)

22. Proposta de Encaminhamento

Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior propondo ao TCU:

I – com relação às irregularidades que ensejaram as citações realizadas nos Acórdãos 1.529/2005-Plenário e 1.874/2005-Plenário:

a. rejeitar as alegações de defesa referentes aos itens 9.3.1, 9.3.2.1, 9.3.2.2, 9.3.3.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário e 9.3 do Acórdão 1.874/2005-Plenário;

b. acatar parcialmente as alegações de defesa referentes aos itens 9.3.3.3 e integralmente as alegações de defesa referente ao item 9.3.3.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário;

c. julgar irregulares as contas dos responsáveis abaixo relacionados, com fundamento no art. 16, III da Lei 8.443/92;

d. aplicar multa aos responsáveis abaixo relacionados, com base nos artigos 19, caput, 57 e 58, III da Lei 8.443/92, e no art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pela prática dos seguintes atos de gestão antieconômico, causadores de dano ao erário:

- pagamento à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, de honorários por patrocínios concedidos, conforme quadro a seguir, sem a efetiva intermediação da agência, em afronta ao item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003, c/c o item 4, da IN nº 3, de 31.05.93, da Assessoria de Comunicação Institucional da Presidência da República e art. 9º, § 1º do Decreto 4.799, de 02.08.03, da Presidência da República (itens 5.5.a e 14.5.a)

Planilha de Ações de Divulgação

Ação Mercadológica Valor (R$) Honorários (R$)

Total (R$)

0104/2004 10ª Festa Nacional da Vindima 25.000,00 1.250,00 26.2501050/2004 Maximídia Direct 2004 200.000,00 10.000,00 210.0000822/2004 Fórum Telecomunicações 2004 – Um novo

salto476.190,48 23.809,52 500.000

1204/2004 CUT – Dia das Crianças 200.000,00 10.000,00 210.0001084/2004 HSM Expo Management World 2004 300.000,00 15.000,00 315.000,00

- contratação da empresa Foto Forum (Ver e Ouvir – Áudio e Foto Ltda. ME) para reprodução digital de selos que poderiam ter sido obtidos, sem custos, junto ao Departamento Filatélico da ECT (item 6.5.a);

Responsável Órgão / Entidade CPF CargoJosé Otaviano Pereira ECT 318.752.461-34 Chefe do Departamento de

Comunicação e Marketing - DMARKMaria Laurência Santos Mendonça

ECT 126.946.491-49 Chefe da Divisão de Propaganda e Publicidade do DMARK

João Henrique de Almeida Sousa ECT 035.809.703-72 Presidente

e. determinar à ECT que, com fundamento no art. 19 da Lei 8.443/92, retenha, das próximas faturas a serem pagas à Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., os seguintes valores:

- R$ 60.059,22 (sessenta mil cinqüenta e nove reais e vinte e dois centavos), correspondente ao pagamento indevido à agência de honorários correspondentes à 5% do valor concedido à título de patrocínio às ações mercadológicas, conforme quadro a seguir, sem que tenha sido caracterizada e comprovada a sua atuação no desenvolvimento e na execução da ação promocional, nos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003, e, também, por ser a intervenção da agência de publicidade dispensável, nos termos do § 1º do art. 9º do Decreto 4.799, de 02.08.03 e da citada IN nº 3, de 31.05.93, caracterizando ato de gestão antieconômica, ensejador de dano ao erário, nos termos do art. 16, III, c da Lei 8.443/92, informando ao TCU, no prazo de 30 (trinta) dias, a adoção da medida; (itens 9.3.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário e 9.3 do Acórdão 1.874/2005-Plenário) (itens 5.5.b e 14.5.b);

Planilha de Ações de Divulgação

Ação Mercadológica Patrocínio (R$) Honorários (R$)

Total (R$)

0104/2004 10ª Festa Nacional da Vindima 25.000,00 1.250,00 26.2501050/2004 Maximídia Direct 2004 200.000,00 10.000,00 210.0000822/2004 Fórum Telecomunicações 2004 – Um novo

salto476.190,48 23.809,52 500.000

1204/2004 CUT – Dia das Crianças 200.000,00 10.000,00 210.0001084/2004 HSM Expo Management World 2004 300.000,00 15.000,00 315.000

Total (R$) 1.201.190,48 60.059,52 1.261.250

- R$ 4.686,57, correspondentes à diferença entre o preço pago pela ECT (R$ 4.547,40) e o preço cotado (12 x R$7,00 = R$ 84,00), acrescida de honorários de 5% (R$ 223,17), para a contratação de serviços de reprodução fotográficas e pagamento indevido de direitos de reprodução para a produção do Display de Mesa (Calendário 2005) junto à empresa Foto Forum (Ver e Ouvir –Audio e Foto Ltda. ME), CNPJ 26.478.784/0001-51 (item 9.3.2.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) (item 6.5.b);

- R$ 116.865,00, correspondentes à diferença entre o preço pago pela ECT (R$ 424.000,00) e o preço cotado (R$ 312.700,00), acrescida de honorários de 5% (R$ 5.565,00), corrigida monetariamente a partir de 15.02.05, para a aquisição de 53.000 unidades de rádio tipo Walkman junto à empresa Presença Comercial Ltda., CNPJ 19.590.579/0001-18, por ocasião do Dia do Carteiro 2005 (item 9.3.2.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) (item 7.5);

- R$ 2.898,00, correspondentes à diferença entre o preço pago pela ECT, R$ 11.500,00, e o maior preço cotado, R$ 8.740,00, acrescido de honorários de 5%, R$ 138,00, para a locação de equipamentos de informática e de audiovisual para o evento Maximídia Direct 2004, junto à empresa Imagepro Sistemas e Produtos Ltda., CNPJ 03.884.532/0001-27 (item 9.3.3.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) (item 9.5);

- R$ 6.342,30 (seis mil trezentos e quarenta e dois reais e trinta centavos) referentes ao evento Maximídia Direct 2004 sem comprovação de sua execução acrescido de honorários, conforme quadro a seguir (item 9.3.3.3 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) (item 10.5).Fornecedor Serviço Valor (R$) Honorários (R$) Valor Total (R$)Dream Factory Ltda.

Taxas hidráulica, telefonia/internet e segurança. Taxas obrigatórias cobradas pela organização do evento

3.785,52 189,28 3.974,84

Capricórnio Consultoria

Elaboração e finalização de peças impressas

2.350,00 17,50 2.367,50

Total (R$) 6.135,52 206,78 6.342,34

II – com relação às irregularidades que ensejaram as audiências realizadas nos Acórdãos 1.529/2005-Plenário e 1.874/2005-Plenário:

a. rejeitar as razões de justificativa referentes ao item 9.6 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, dos responsáveis abaixo relacionados pela utilização de propostas fraudulentas das empresas Master Publicidade S.A. e Promowaal Marketing Promocional Ltda. para realizar a cotação de preços prevista no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, para respaldar a subcontratação da ProMaker Marketing Promocional Ltda. para realizar a produção da exposição “Brésil À La Loupe”, realizada no Museu de La Poste em Paris, no período de 15 de julho a 15 de setembro de 2005, sem, contudo, aplicar penalidades, por tratar-se de fraude à execução contratual de difícil constatação (item 20.8).

Responsável Órgão / Entidade

CPF Cargo

José Carlos Julião ECT Chefe do Departamento de Comunicação e Marketing – DMARK

Maria Laurência Santos Mendonça

ECT 126.946.491-49 Chefe da Divisão de Propaganda e Publicidade do DMARK

Jânio Cézar Luiz Pohren ECT Presidente

b. rejeitar as razões de justificativa referentes ao item 9.5 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, dos responsáveis abaixo relacionados, pela utilização de propostas fraudulentas das empresas Ponto de Produção Ltda. e Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda. para realizar a cotação de preços prevista no item 5.1.7 da

cláusula quinta do contrato 12378/2003, para respaldar a subcontratação da MAG+ Rede Cultural Produção e Edições Ltda., para a realização de serviços de criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios sem, contudo, aplicar penalidades, por tratar-se de fraude à execução contratual de difícil constatação (item 19.6).

c. acatar parcialmente as razões de justificativa referentes ao item 9.4.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário (item 11.2.2), no que concerne à ação Display de Mesa, e rejeitar as razões de justificativa referentes ao item 9.4.2 do Acórdão 1.529/2005-Plenário, dos responsáveis abaixo relacionados, por diversas subcontratações, sem a apresentação de três propostas, em afronta aos itens 5.1.5 e 5.1.7 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, sem, contudo, aplicar penalidades, por não restar configurada grave infração à norma legal, nem ser possível identificar injustificado dano ao erário decorrente do ato, conforme previsto nos incisos II e III do art. 58 da Lei 8.443/92 (item 12.3) .

d. rejeitar as razões de justificativa dos responsáveis abaixo relacionados, nos termos do art. 43, parágrafo único, da Lei 8.443/92, e do art. 250, § 2º do Regimento Interno do TCU, com aplicação de multa, com base no art. 58, III da Lei 8.443/92, e no art. 268, III do Regimento Interno do TCU, pelas seguintes ocorrências:

- subcontratações relacionadas a seguir sem comprovada necessidade, em afronta aos item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003 e aos artigos 68 e 72 da Lei 8.666/93 (item 9.4.1 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) (item 11.3.3.a).

Evento Fornecedor CNPJ Objeto Valor (R$) Honorários (R$)

Total (R$)

Maximídia 2004

Capricórnio Consultoria

06.926.823/0001-29 criação e finalização de peças publicitárias.

2.350,00 117,50 2.467,5

Dream Factory Comunicação e Eventos S.A.

04.458.217/0001-09 criação, planejamento e coordenação da montagem e desmontagem do stand e da realização de ação promocional durante o evento Maximídia 2004.

31.202,51 1.560,00 32.762,51

Total (R$) 41.476,51 2.311,42 43.787,93

- aceitação de propostas fraudulentas para realizar a cotação de preços prevista no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, com relação à subcontratação da Foto Fórum (Ver e Ouvir – Áudio e Foto Ltda. ME), CNPJ 26.478.784/0001-51, para realização de serviços de reprodução fotográfica de selos no âmbito da ação Display de Mesa (Calendário 2005), que oneraram a contratação em, pelo menos, R$ 4.686,57 (item 9.4.3 do Acórdão 1.529/2005-Plenário) (item 13.4);

- subcontratação da empresa Banco de Eventos Ltda., CNPJ 04.468.464/0002-69, para execução integral do objeto do contrato, sem a adequada

necessidade, prevista no item 5.1.2 do contrato, e sem que tenha sido caracterizada qualquer atuação da agência, nos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do Contrato 12378/2003, além da mera intermediação contratual (item 9.4.1 do Acórdão 1.874/2005-Plenário) (item 15.4).

Planilha de Ações de Divulgação

Fornecedor Valor (R$) Honorários (R$) Total (R$)

1782/2004 Banco de Eventos Ltda. 415.001,61 20.750,68 435.751,69

- pelo pagamento à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., CNPJ 34.358.432/0001-90, de honorários correspondentes à 5% do valor concedido à título de remuneração ao serviço contratado, conforme tabela a seguir, sem que tenha sido caracterizada e comprovada a sua efetiva intermediação no que concerne ao desenvolvimento e execução do evento, nos precisos termos do item 8.1.2 da cláusula oitava do contrato 12378/2003 (item 9.4.2 do Acórdão 1.874/2005-Plenário)(item 16.4).

Ação Etapa Valor (R$) Honorários (R$) Total Etapa (R$)Exposição de Abertura do Museu Postal

Anteprojeto (fls. 33/ 61, Anexo 2) 167.281,93 8.364,10 175.646,03Projeto Executivo (fls. 62/101, Anexo2)

330.405,29 16.520,26 346.925,55

Total (R$) 497.687,22 24.884,36 522.571,58

e. rejeitar as razões de justificativa dos responsáveis abaixo relacionados, nos termos do art. 43, parágrafo único, da Lei 8.443/92, e do art. 250. § 2º do Regimento Interno do TCU, com aplicação de multa, com base no art. 58, II da Lei 8.443/92, e no art. 268, II do Regimento Interno do TCU, pelas seguintes ocorrências:

- contratação de serviços técnicos profissionais, desvinculados do objeto do contrato 12378/2003, relativos à criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios, sem a realização do processo licitatório cabível, em afronta ao art. 37, XXI da Constituição Federal e art. 2º c/c arts. 6º II e 13, I da Lei 8.666/93 (item 9.4.3 do Acórdão 1.874/2005-Plenário). (item 17.4)

- seleção de proposta de criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios pelo critério de menor preço, sem detalhamento das especificações do projeto contratado e sem análise da adequabilidade dos preços propostos, em afronta aos artigos 2º, 6º, incisos II e IX, 7º, §§ 2º e 4º e 13 da Lei 8.666/93 (item 9.4.4 do Acórdão 1.874/2005-Plenário). (item 18.4)

Responsável Órgão / Entidade CPF CargoJosé Otaviano Pereira ECT 318.752.461-34 Chefe do Departamento de

Comunicação e Marketing – DMARKMaria Laurência Santos Mendonça

ECT 126.946.491-49 Chefe da Divisão de Propaganda e Publicidade do DMARK

João Henrique de Almeida Sousa

ECT 035.809.703-72 Presidente

f. determinar à ECT que:- só autorize as subcontratações previstas nos termos do item 5.1.2 da cláusula

oitava do contrato 12378/2003 por intermédio da agência de publicidade, e não por intermédio de subcontratados da agência (item 12.4.a);

- a fim de dar efetivo cumprimento ao item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, que estabelece que a contratada deverá realizar os serviços contratados com recursos próprios e prevê a contratação de terceiros apenas quando necessário, realize avaliação formal da necessidade, da conveniência e da economicidade por ocasião das subcontratações realizadas no âmbito dos contratos firmados com as agências de publicidade (item 11.3.3.b);

- para o desenvolvimento de ações publicitárias, nas hipóteses de subcontratação previstas no item 5.1.2 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, exija de cada proponente, com fundamento nos itens 5.1.5, 5.1.6 e 5.1.8 da cláusula quinta do contrato 12378/2003, orçamento de todas as peças, serviços ou veículos que compõem a proposta, com o detalhamento pormenorizado de suas especificações e custos unitários, e proceda à aferição de sua compatibilidade com os preços de mercado, conforme previsto no art. 43, IV da Lei 8.666/93, evitando a prática de orçamentos globais (itens 8.5, 10.5 e 12.4.b);

- contrate a participação em atividades publicitárias de promoção, dentre elas feiras e exposições, definidas nos termos do art. 1º, V da IN nº 2, de 20.02.06, da Secretaria-Geral da Presidência da República, diretamente com a organização do evento, sem a intermediação de agência de publicidade, por ser esta intermediação desnecessária e antieconômica, capaz de propiciar enriquecimento sem causa contra entidade da Administração pública federal, fato que fere os princípios da moralidade, da eficiência e da economicidade. (item 5.5.c)

g. determinar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos a instauração de processo administrativo, para apurar as irregularidades identificadas pela equipe de auditoria, com vistas à aplicação da penalidade prevista no art. 87, III da Lei 8.666/93 - suspensão temporária da Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. de participação em licitação e impedimento de contratar com a ECT (item 21);

h. determinar ao Ministro de Estado das Comunicações a instauração de processo administrativo, para apurar as irregularidades identificadas pela equipe de auditoria, visando a aplicação da penalidade prevista no art. 87, IV - declaração de inidoneidade da agência de publicidade Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. para licitar e contratar com a Administração pública (item 21);

i. seja remetida, de imediato, cópia dos itens e do presente relatório, que tratam da apresentação de propostas fraudulentas para subcontratar produtos/serviços nas ações: Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios e Brésil à La Loupe (itens 9.5 e 9.6 do Acórdão 1.874/2005-Plenário, respectivamente), e da documentação a eles correspondentes, ao Ministério Público Federal em razão de indícios da prática de atos caracterizados como fraude à execução do contrato, nos termos do art. 96 da Lei 8.666/93 (itens 19.7 e 20.8).

(...)ANEXO I

Ação: CUT-Dia das crianças (fls. 22/29, Anexo 8)- Agência recebeu autorização da ECT para realização da ação e passou a tomar as providências para sua realização.- Fez contato telefônico com o proponente para confirmação de dados cadastrais.- Confirmou por e-mail as contrapartidas acertadas.- Enviou e-mail com instruções detalhadas sobre faturamento e envio de documentação de comprovação da ação.- Fez contatos telefônicos com o proponente para dirimir dúvidas sobre a ação.

- Solicitou ao proponente especificações sobre o anúncio contemplado na contrapartida da ação, a fim de verificar formato, forma de envio e prazo de entrega do material.- Recebeu o detalhamento do proponente e, após acertar com a ECT o anúncio a ser veiculado, enviou e-mail à Giovanni para solicitar o arquivo do referido anúncio e enviar ao proponente.- Enviou fisicamente o material para o proponente efetuar a veiculação do anúncio.- Confirmou por telefone o recebimento do material e checou se o arquivo se apresentava em condições ideais de reprodução.-Enviou o pedido de produção para o proponente.- Recebeu a nota fiscal do proponente, juntamente com a apresentação das contrapartidas, realizando a checagem de todo o material.- Emitiu relatório cronológico de sua atuação na ação.- Emitiu sua fatura e encaminha para a ECT toda a documentação e as contrapartidas referentes ao evento.- Após recebimento do pagamento realizado pela ECT, a agência pagou ao proponente.Ação: Festa da Vindima (fls. 30/39, Anexo 8)- Agência recebeu autorização da ECT para realização da ação e passou a tomar todas as providências para sua realização.- Fez contato telefônico com o proponente para confirmação de dados cadastrais.- Confirmou as contrapartidas acertadas e passou por telefone as instruções detalhadas sobre faturamento e envio da documentação.- Emitiu orçamento de produção numerado e encaminhou para a ECT.- Enviou o pedido de produção para o proponente.- Recebeu a nota fiscal do proponente, juntamente com a apresentação das contrapartidas, realizando a checagem de todo o material.- Emitiu relatório cronológico de sua atuação na ação.- Emitiu sua fatura e encaminhou para a ECT toda a documentação e as contrapartidas referentes ao evento.- Após recebimento do pagamento pela ECT, a agência pagou ao proponente.Ação: Fórum Telecomunicações (fls. 40/75, Anexo 8)- A Agência participou de reunião de briefing na ECT, recebendo informações sobre como deveria ser a ação e a incumbência de desenvolver um ícone para o evento.- Criou e enviou para a ECT duas opções de ícone e fundo para aplicação nas peças do evento.- Encaminhou logomarca para aplicação no convite.- Checou a correta aplicação da marca nas peças: bloco de anotações, banner, faixa do plenário e pasta executiva.- Recebeu, checou e enviou para apreciação da ECT a aplicação da marca nas peças do evento.- Agilizou junto à ECT o envio de mailing ao proponente para convites.- Providenciou o envio de anúncio para publicação na revista.- Providenciou o envio de filme para a ECT para veiculação durante o evento.- Providenciou o selo a ser utilizado no rodapé das páginas da revista com cobertura do Fórum.- Elaborou relatório de participação no evento.- Recebeu a nota fiscal do proponente, juntamente com a apresentação das contrapartidas, realizando a checagem de todo o material.- Emitiu relatório cronológico de sua atuação na ação.- Emitiu fatura e encaminhou para a ECT documentação e contrapartidas referentes ao evento.Após receber pagamento da ECT, pagou ao proponente.Ação: Maximídia Direct 2004 (fls. 76/89, Anexo 8)- A ECT demandou a agência avaliação das opções de stands oferecidos pela M&M Eventos e a indicação do melhor espaço. A Agência sugeriu os stands 10,11,12 ou 13, por considerar espaços localizados em posição de maior visibilidade.- A Agência fez contato telefônico com a M&M Eventos e deixou recado com a secretária da responsável pelo evento, para confirmar a razão social do proponente e e-mail para contatos.- Recebeu confirmação dos dados solicitados e enviou e-mail com instruções sobre o processo da ação promocional e informou sobre as condições de pagamento.-Enviou à ECT Ordem de Produção.- Enviou Pedido de Produção à M&M Eventos com as especificações de contrapartidas negociadas.- Recebeu fatura da M&M com as contrapartidas.

- Conferiu as contrapartidas e constatou falta de itens.- Enviou e-mail e cobrou a efetiva comprovação das contrapartidas.- Recebeu os itens que faltavam e emitiu fatura.- Enviou fatura e contrapartidas à ECT.- Efetuou o pagamento à M&M Eventos.- Emitiu relatório cronológico da ação promocional juntamente com a participação da ECT na feira de relacionamentos e negócios.

”3. A Diretora da 3ª Diretoria Técnica da 1ª Secex, atuando em substituição à titular da unidade técnica, manifestou-se nos seguintes termos (fl. 295):

“Manifestamo-nos de acordo com a análise empreendida na instrução precedente, à exceção da contida nos itens 5.4 e 14.4, pertinentes, respectivamente, ao item 9.3.1 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário e ao item 9.3 do Acórdão nº 1.874/2005 – Plenário, que tratam do pagamento de honorários à Link em face de patrocínios concedidos pela ECT.

Restou demonstrado nos argumentos apresentados tanto pela Link, quanto pela ECT, que, até a aprovação da ação promocional pela SECOM, não há a efetiva participação da agência na sua realização. Toda contratação da participação no evento se dá diretamente entre a organização do evento e a ECT, tal como relatado na referida instrução (fls. 234).

Todavia, os documentos acostados aos autos demonstram que, após a aprovação, ocorre a delegação de atribuições à agência, que passa a controlar as questões operacionais afetas ao evento. Tal foi verificado, notadamente, para os eventos Fórum Telecomunicações e HSM Expo Management, onde diversos e-mails apresentados pelos ouvidos apontam a atuação da agência na negociação das contrapartidas, na seleção de logos do evento, bem assim no seu acompanhamento, dentre outras atividades (fls. 136, 434/448 e 450/459, do Anexo 6 do TC nº 017.307/2005-4 e fls.155/163 e 165/172, Anexo 8 do TC nº 015.938/2005-4). É certo que tais atividades não estão relacionadas ao desenvolvimento de nenhuma “idéia criativa”. Antes, possuem cunho administrativo, e se caracterizam, em boa parte, como intermediação contratual entre a ECT e a organização do evento, numa espécie de terceirização de serviços que poderiam ser realizados diretamente pelo DMARK.

No entanto, ainda que possam ser consideradas restritas, as atividades desenvolvidas pela agência foram delegadas pelo DMARK, sendo cabível remuneração pelos serviços prestados. Não é possível precisar quanto valeriam tais serviços, nem se o pagamento de 5% do valor do patrocínio é justo ou excessivo, a questão é que, tendo sido prestados, eles devem ser remunerados.

Assim, somos pelo acatamento das alegações de defesa apresentadas para os itens 9.3.1 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário e 9.3 do Acórdão nº 1.874/2005 –Plenário, não cabendo a imputação do débito pertinente (R$ 60.059,22). Não obstante, entendemos correta a aplicação de multa aos responsáveis da ECT, ante a delegação de atribuições que poderia ser realizadas diretamente pelo DMARK, caracterizando ato anti-econômico.”

4. O representante do Ministério Público junto ao Tribunal (MP/TCU), Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado, exarou o parecer às fls. 305/309, conforme segue:

“Trata-se da análise das alegações de defesa e das razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis relacionados nos processos em epígrafe, referentes à Auditoria realizada junto à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Centrais – ECT.

O trabalho de auditoria, realizado no ano de 2005, decorreu de notícias veiculadas na imprensa nacional sobre possíveis atos de corrupção praticados no âmbito daquela empresa pública.

Preliminarmente, ressalte-se que as distintas e diversas irregularidades constatadas nesses dois processos aparecem da mesma forma em outros contratos firmados pela ECT com outras empresas de propaganda tal como se fossem acordados e planejados previamente, com claros indícios de fraude. Tem-se, a exemplo disso, que as irregularidades levantadas em relação à agência SMP&B (vide TC 017.714/2005-0) ocorrem também no contrato firmado com a agência Link/Bagg, objeto dos processos em epígrafe, em demonstração de raríssima e indesejada coincidência.

A seguir, fornecemos nosso posicionamento diante das principais irregularidades apontadas pela Equipe.

IIQuestão preliminar

Quanto à subordinação da ECT ao órgão central de comunicação de Governo e às normas relacionadas à comunicação do Governo Federal, aquela empresa de correios deve se orientar pelas diretrizes e orientações técnicas emanadas da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e do Decreto nº 4.799/2003, sem que isso represente insubordinação às diretrizes e orientações do Ministério das Comunicações ao qual está hierarquicamente vinculado, consoante estabelece o parágrafo único do art. 4º de referido Decreto nº 4.799/2003.

No entanto, a Direção da ECT deixou de observar alguns dos principais dispositivos dali constantes, a saber o princípio da eficiência e da racionalidade na aplicação dos recursos, bem como aquele que determina sejam os resultados das ações de comunicação avaliados sistematicamente.

IIIDas irregularidades

Quanto à primeira das irregularidades apontadas na Instrução, respeitante ao entendimento de que a agência de propaganda teria sido contratada para atuar já na fase de contratação do patrocínio, entendemos, data venia, que não houve tal atuação da agência, como de fato não deveria haver, mas que, mesmo em tendo havido, deve ser considerada como não-existente, em face da vedação regulamentar contida no supracitado Decreto. Nossa compreensão é de que o percentual de ganho auferido pela agência deve ser considerado, exclusivamente, como proveniente de sua suposta atuação técnica na fase posterior, de execução do patrocínio.

Todavia, as alegações de defesa não nos permitem concluir pela efetiva atuação da agência nem mesmo na fase para a qual fora contratada ou, se muito, concluímos que sua mera atuação, relacionada ao orçamento e à proposta de produção, não justificaria sua contratação pela ECT, especialmente porque se tratava de ação promocional de patrocínio para cuja ação não se fazia necessária a intermediação de

agências de publicidade, nos termos em que dispõe o artigo 9º, §1º, do Decreto nº 4.799/2003.

Quanto à questão da contratação da agência para intermediar os interesses da ECT e das organizadoras dos respectivos eventos, para o desenvolvimento das ações de comunicação na área de publicidade levadas a efeito, o Decreto nº 4.799/2003 deixa a critério da ECT e das demais unidades integrantes do SICOM contratar ou não contratar empresas de propaganda para desenvolver ações de promoção institucional, aí incluídos os patrocínios.

Diante disso, entendemos por indevida qualquer forma de interferência deste Tribunal na opção, em si, que fez a ECT de contratar a agência Link/Bagg, visto que proveniente do exercício legal de seu poder discricionário. Isso não significa, contudo, que este Tribunal esteja a abrir mão do controle sobre os resultados práticos oriundos da opção feita por aquela empresa pública.

O exercício do poder discricionário, de forma a não converter-se em poder arbitrário, deve vir sempre acompanhado de expressa motivação para os atos praticados sob o manto da discricionariedade. Destarte, não cabe a este Tribunal fazer juízo de valor sobre a opção em si, sob pena de ingerência indevida, mas cobrar do jurisdicionado que ele revele os fatos e as circunstâncias que o levaram a optar por uma forma ou outra de agir. Assim sendo, no caso em tela, cabe a este Tribunal avaliar objetivamente se a conduta da ECT está em conformidade com os termos e condições constantes do citado Decreto nº 4.799/2003 e, uma vez não o estando, deve adotar, também objetivamente, as medidas punitivas cabíveis.

Como acima mencionamos, não se tem notícia nos autos da efetiva participação da agência de publicidade Link/Bagg nas ações de publicidade que afirmam terem sido promovidas pela agência. A defesa da agência e da própria ECT se resumem a relatar o ocorrido sem, todavia, trazerem provas das supostas ações desenvolvidas pela agência. Sem tais provas, não há como este Ministério Público se pronunciar em outro sentido senão pelo inacolhimento das alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis.

Em suma, não havia necessidade legal ou material de intermediação das ações de patrocínio havidas entre a ECT e as organizadoras. Considerando-se, entretanto, que a ECT optou por exercer seu poder discricionário e, assim, contratou a empresa Link/Bagg, o pagamento pelos serviços de publicidade só seria devido caso restasse comprovada sua efetiva prestação pela agência.

A maneira prevista em contrato de comprovar o serviço prestado era na forma de relatórios circunstanciados, redigidos e firmados pela agência contratada, que deveriam ser entregues à ECT. Uma vez não se tendo notícia nos autos, destes ou de outras formas de comprovação dos serviços supostamente prestados, não há falar em pagamento devido à agência, por absoluta ausência de respaldo documental.

Destarte, os pagamentos havidos devem, por conseguinte, ser tidos por débito em desfavor dos agentes públicos que os promoveram, bem como daqueles que deles se beneficiaram diretamente, no caso, a agência Link/Bagg, exceto se ainda for possível reter tal importância, devidamente corrigida, de eventuais pagamentos de obrigação da ECT junto à Link/Bagg, no valor original de R$ 45.059,52.

Em relação à subcontratação de profissional para a reprodução fotográfica de 12 selos (fl. 238) para serem utilizados na confecção de calendários de mesa para o ano

de 2005, a Unidade Técnica alega haver sobrepreço e fraude no levantamento de preços levado a efeito pela Link/Bagg.

Segundo a Unidade Técnica, a reprodução de 12 selos não custa mais do que R$ 84,00, pelo maior preço cotado junto a lojas especializadas localizadas em Brasília. Além disso, consigna que as propostas de preços resultantes do levantamento realizado pela ECT “apresentam o mesmo padrão gráfico e textual, mesmos valores e número de orçamento, bem assim a mesma pessoa para contato, revelando fortes indícios de que a proposta da empresa Clausem Fotografia foi elaborada apenas para cumprir a formalidade prevista no item 5.1.7 da cláusula quinta do contrato, que prevê a apresentação de, no mínimo, três propostas. Corrobora o indício, o fato de que o fotógrafo indicado na proposta da Clausem Fotografia, Cristiano Sérgio, ser representante legal da Foto Fórum, conforme declaração fiscal (fls. 32 e 34, Anexo 6).”

Não bastassem tais constatações, a Unidade Técnica alega ainda que a própria ECT já dispunha desses mesmos selos, em forma digital, em seus bancos de dados, os quais poderiam ter sido utilizados na produção de tais calendários, o que reforçaria ainda mais a constatação de desnecessidade do serviço e de indícios de fraude.

Por sua vez, a ECT e a Link/Bagg alegam que o serviço de reprodução fotográfica, ao preço de R$ 84,00, levantado pela Unidade Técnica não pode ser comparado sob qualquer hipótese ao serviço levado a cabo pela ECT, por tratarem de serviços sensivelmente distintos quanto a inúmeros aspectos.

Segundo justificam, o resultado da reprodução obtido meramente via scanner, objeto de pesquisa de mercado pela Unidade Técnica, fica muito aquém, em termos de qualidade, em comparação ao resultado obtido por meio de máquina fotográfica profissional, com a utilização de lentes especiais, iluminação adequada, com edição das fotografias via software de tratamento de imagens e de todos os demais recursos fotográficos somente disponibilizados por um estúdio fotográfico, sob a supervisão de um fotógrafo profissional.

Este Ministério Público é de opinião de que cabe razão aos responsáveis quando alegam que a pesquisa realizada pela Unidade Técnica não pode ser utilizada para fins de comparação com o serviço subcontratado pela ECT para a reprodução dos selos. Todavia, esse não é o único aspecto a ser analisado quanto à questão sob exame. A indesejada coincidência de nomes, números e redações nas propostas apresentadas e, ainda, o fato de a ECT já dispor dos aludidos selos, digitalizados, em seu banco de dados, por ocasião da subcontratação havida, são o que, a nosso ver, dão ensejo à proposta de imputação de sanções aos responsáveis, com a qual concordamos em relação à multa, mas deixamos de concordar em relação ao débito, o qual entendemos deva ser computado pelo valor total do serviço contratado, visto havermos nos convencido, pelos motivos acima expostos, pela ocorrência de fraude na contratação.

Quanto ao indício de sobrepreço na contratação de serviços de infra-estrutura para a realização da ação Maximídia Direct 2004, descrito à fl. 245, concordamos com o encaminhamento da Unidade Técnica, no sentido de determinar à ECT que, em futuras licitações, dê prioridade ao detalhamento do orçamento em substituição a valores globais.

No que respeita ao sobrepreço havido no contrato de locação de monitores de plasma e de LCD, de DVD e de microcomputadores, a Equipe de Auditoria realizou levantamento de preços em outras três empresas do ramo e concluiu que a importância contratada restou 41% superior ao menor valor cotado pelas empresas pesquisadas.

Entendo que a conclusão a que chegou a Unidade Técnica reveste-se de fundamento fático tendo em vista que o resultado por ela obtido tratou corretamente tanto a questão da deflação dos preços dos produtos quanto contemplou devidamente todos os produtos objeto de locação do contrato ora contestado.

Sabidamente, os preços dos produtos do ramo de informática sofrem deflação com o passar do tempo e tal fator deve, sim, ser levado em consideração quando da necessidade de comparação de preços cotados em datas distintas, separadas por considerável espaço de tempo, tal como no presente caso, cujas cotações distam pelo menos um ano entre si.

Diante de tal premissa, somos de opinião de que o débito deva corresponder à diferença entre a maior cotação pesquisada e o preço contratado, ambas destituídas do valor do operador e, ambas convertidas para uma data única, tal como fizera a Unidade Técnica, à fl. 249 in fine.

Calculado dessa maneira, o valor à que corresponde à irregularidade havida deve ser de R$ 1.007,00 ao invés dos R$ 2.898,00 sugeridos no correspondente encaminhamento da Instrução, à fl. 250.

Em relação aos valores de R$ 6.777,12 e de R$ 4.557,19, pagos às empresas Capricórnio Consultoria e Dream Factory, pela contratação de taxas de energia, limpeza, telefonia etc (fl. 250), colocamo-nos em consonância com a proposta de encaminhamento apresentada pela Unidade Técnica no sentido de cobrar da Link/Bagg a importância correspondente à parcela de produtos e serviços não comprovados por aquelas subcontratadas, haja vista que os próprios documentos apresentados pelas empresas para fins de comprovação dos serviços é falho e só revela a execução de parte daquilo que alegam ter sido realizado.

Ademais, o descompasso havido entre as datas constantes de tais documentos e a data de realização da ação compromete a veracidade das informações ali contidas.

Quanto à ausência de avaliação dos resultados das ações de patrocínio desenvolvidas pela ECT, o artigo 7º, inciso X, do decreto regulamentador da matéria, Decreto nº 4.799/2003, dispõe que cabe à Secretaria de Comunicação Social/PR “coordenar o processo de avaliação dos resultados das ações de comunicação de governo e do desempenho das empresas contratadas para prestar serviços de publicidade aos integrantes do SICOM”.

Todavia não se tem notícia nos autos sobre o desempenho desse mister, tanto pela ECT quanto pela Secretaria de Comunicação Social, a quem cabe, na qualidade de órgão central do Sistema de Comunicação do Governo Federal (SICOM), a coordenação e o controle das ações de comunicação das unidades integrantes. Tal omissão evitou que se corrigisse, contemporaneamente, ao menos algumas das irregularidades aqui tratadas.

IVDa manifestação final

No tocante às demais irregularidades identificadas e analisadas pela Equipe de Auditoria, colocamo-nos de acordo com a proposta de encaminhamento apresentada ao fim da Instrução (fls. 289/293), seja por não restarem dúvidas deste Ministério Público quanto à improcedência das alegações de defesa, seja pela similitude dos fatos verificados em ambos os processos (TC 015.938/2005-4 e TC 017.307/2005-4).

Ante o exposto, este Representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União manifesta-se em consonância com o encaminhamento de mérito contido na Instrução da Unidade Técnica, sem prejuízo das seguintes alterações:

1. em relação à subcontratação de profissional para a reprodução fotográfica de 12 selos, deixamos de concordar em relação ao débito, o qual entendemos deva ser computado pelo valor total do serviço contratado, visto havermos nos convencido, pelos motivos acima expostos, pela ocorrência de fraude na contratação;

2. no que respeita ao sobrepreço havido no contrato de locação de monitores de plasma e de LCD, de DVD e de microcomputadores, o valor à que corresponde à irregularidade havida deve ser de R$ 1.007,00, ao invés dos R$ 2.898,00 sugeridos no correspondente encaminhamento da Instrução, à fl. 250.”

É o relatório.

VOTO

O processo que trago à apreciação deste colegiado foi constituído a partir de denúncias veiculadas pela Revista Veja, edição de 18/5/2005, noticiando possíveis irregularidades em contratações efetuadas pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Nessa mesma data, levei comunicação ao Plenário determinando que a 1ª Secex "procedesse aos levantamentos de dados necessários ao exame da matéria e, em conjunto com a Segecex, verificasse a possibilidade de desenvolver uma metodologia para atuação conjunta com o Ministério Público e outros órgãos públicos que entenderem pertinentes para o saneamento da matéria ora em discussão, de forma a racionalizar e agilizar a atuação dos entes fiscalizadores, mas mantendo a devida independência de suas esferas de atuação".

2. Nesse contexto, o processo sob exame foi autuado pela 1ª Secex em cumprimento à metodologia de trabalho definida por essa unidade técnica e pela Segecex, qual seja, a de formalizar representações para cada um dos contratos nos quais fossem detectadas irregularidades.

3. Na presente TCE, oriunda de representação, a atuação do Tribunal restringiu-se às ações promocionais “Dia do Carteiro 2005”, “10ª Festa Nacional da Vindima”, “Fórum Telecomunicações – Um novo salto”, “Maximídia Direct 2004”, “CUT – Dia das Crianças”, “Display de Mesa (Calendário 2005)”, desenvolvidas no âmbito do Contrato nº 12.378/2003, firmado entre a ECT e a empresa Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., cuja vigência encerrou-se em 14/12/2006.

4. Além dessas ações, outras três foram objeto de exame no TC 017.307/2005-4 - “HSM Expo Management World 2004”, “Exposição de Abertura do Museu Nacional dos Correios” e “Brésil a La Loupe” -, ora apensado a esta TCE.

5. Do exame das irregularidades apontadas nestes autos resultou, inicialmente, a conversão da representação da 1ª Secex em TCE, consoante Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário, por meio do qual foram determinadas citações e audiências. De igual modo, o TC 017.307/2005-4, autuado originalmente como representação, foi convertido em TCE, por

meio do Acórdão nº 1.874/2005 – Plenário, que também determinou a realização de diversas citações e audiências, além do seu apensamento a este processo.

6. Cabe mencionar que, por meio do subitem 9.7 da última deliberação mencionada, foi determinada à ECT a retenção integral da garantia de cumprimento das obrigações contratuais dada pela agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. no âmbito do Contrato n° 12.378/2003 (cláusula décima segunda), “sem liberar qualquer valor, até que este Tribunal decida de outra forma, adotando, ainda, providências no sentido de sua complementação, caso alguma parcela já tenha sido liberada, de modo a permanecer em montante suficiente a saldar os débitos apontados nestes autos e no TC 015.938/2005-4”.

7. Nesta assentada, portanto, cabe ao Tribunal manifestar-se acerca das alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis da ECT, pela agência Link/Bagg e por outras empresas envolvidas em irregularidades apontadas nos autos, além de se pronunciar quanto à retenção definitiva de valores e liberação de eventual garantia contratual remanescente.

8. Em resumo, os responsáveis foram ouvidos em sede de citação e audiência neste processo com relação às seguintes irregularidades:

a) recebimento de comissão pela agência sem a prestação de qualquer serviço;b) subcontratação do objeto do contrato sem justificativa;c) subcontratação de produtos/serviços sem a apresentação de três propostas;d) sobrepreço na aquisição de bens ou na prestação de serviços contratados pela

agência de publicidade no âmbito do contrato;e) indícios de apresentação de propostas fraudulentas para respaldar a

subcontratação de produtos/serviços;f) pagamento de despesas sem comprovação.

9. Passo à abordagem de determinadas conclusões com relação às quais discordo das propostas sugeridas pela 1ª Secex, sendo que, com relação àquelas que não forem mencionadas explicitamente neste voto, manifesto concordância com o exame levado a efeito pela unidade técnica, nos termos do relatório que precede este voto, passando, assim, a fazer parte de minhas razões de decidir.

10. Minha primeira discordância refere-se ao exame proferido pelo ACE quanto aos subitens 9.3.1 do Acórdão nº 1.529/2005 e 9.3 e 9.4.1 do Acórdão nº 1.874/2005, ambos do Plenário. Ao concordar com a manifestação da Diretora da 1ª Secex – discordando, por conseguinte, da manifestação do MP/TCU -, entendo que há elementos nos autos que demonstram não exatamente a intermediação da agência nos patrocínios – que seria desnecessário, em regra, consoante entendimento consignado no subitem 9.5 do Acórdão nº 755/2006 – Plenário -, mas, sim, sua participação no desenvolvimento de ações nos eventos inquinados, a exemplo da negociação das contrapartidas, da seleção de logotipos dos eventos, entre outras tarefas.

11. Desse modo, podem ser aceitas parcialmente as alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis da ECT e pela Link/Bagg com relação aos mencionados quesitos de citação e audiência. Resta, contudo, reprovável a conduta dos

gestores da ECT, por repassarem à agência de publicidade tarefas que poderiam ser desenvolvidas pelo próprio Departamento de Marketing da entidade.

12. Quanto à irregularidade que deu ensejo à citação do subitem 9.3.2.1 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário, concordo com a proposta do representante do MP/TCU, pela impugnação integral do valor de R$ 4.547,40, pago à empresa Foto Forum (Ver e Ouvir -Audio e Foto Ltda. ME), em razão dos fortes indícios de ocorrência de fraude na apresentação de propostas de preços para a subcontratação dos serviços de reprodução fotográfica de 12 selos e pagamento de direitos de reprodução.

13. Conforme demonstram os documentos às fls. 28/34 – Anexo 6, na proposta da empresa Clausem Fotografia consta como fotógrafo o nome de “Cristiano Sérgio”, que figura como representante legal da empresa Foto Forum. Desse modo, nota-se que houve fraude para que fosse alcançado o número de três propostas para a subcontratação, o que impede que se reconheça a legalidade do pagamento do valor de R$ 4.547,40 à subcontratada que participou diretamente da irregularidade.

14. Cabe, portanto, reter definitivamente o mencionado valor da garantia contratual, acrescido de honorários pagos à empresa Link/Bagg, caso tenha se exaurido saldo contratual porventura retido por iniciativa da ECT.

15. Com relação à citação objeto do subitem 9.3.2.2 do Acórdão nº 1.529/2005 - Plenário, que tratou do suposto superfaturamento na aquisição de 53.000 unidades de rádio tipo Walkman junto à empresa Presença Comercial Ltda., por ocasião do “Dia do Carteiro 2005”, entendo que a única cotação obtida pela unidade técnica não pode servir de base para caracterização da irregularidade. A diferença de R$ 2,10 por unidade, entre o preço pago e aquele tomado como sendo o praticado no mercado, não é suficiente para que se proponha a retenção definitiva de valores relativos a essa aquisição, por não terem sido obtidas informações suficientes para a configuração de dano ao erário.

16. Desse modo, embora não tenha sido possível caracterizar o superfaturamento inicialmente aventado, podem ser aceitas as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis, sem prejuízo de que a ECT conclua as apurações, se ainda não o fez, em cumprimento ao subitem 9.5 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário (aplicação das penalidades previstas no art. 87 da Lei de Licitações, em relação à agência Link/Bagg), em vista dos indícios de fraude na subcontratação da empresa Presença Comercial Ltda.

17. No que diz respeito à irregularidade que ensejou a citação objeto do subitem 9.3.3.2 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário, entendo que não há parâmetro confiável, com base apenas nos orçamentos levantados pela equipe de auditoria, para se caracterizar superfaturamento, nos termos que discrimino a seguir. Discordo, assim, do posicionamento da unidade e mesmo daquele do MP/TCU, que havia sugerido um débito de menor monta em relação àquele apresentado pela 1ª Secex.

18. No caso sob exame, questionou-se o pagamento da quantia de R$ 11.500,00 pela locação de 4 microcomputadores Pentium IV com tela LCD 15’’, 1 tela de plasma de 42’’, 1 tela de plasma de 60’’ para exibição de filmes, 1 DVD e 1 operador durante os 4 dias do evento “Maximídia Direct 2004”. Para a equipe de auditoria, poderiam ser obtidos valores menores do que os pagos pela ECT, com intermediação da subcontratação por parte da Link/Bagg, na empresa Infoview, do Rio de Janeiro/RJ, que atenderia no telefone que

constou da nota fiscal da Imagepro Sistemas e Produtos Ltda. (que, por sua vez, locou os equipamentos para o evento da ECT).

19. Posiciono-me pelo acatamento das alegações de defesa por entender que o transcorrer do tempo – considerando a emissão da nota fiscal pela empresa Imagepro, em outubro de 2004, e a realização da auditoria, em 2005 – é crucial na aferição de preços para equipamentos eletrônicos e de informática, que tendem a decrescer com a evolução tecnológica, o que traz impacto na modalidade de locação. Desse modo, como nos autos não foram obtidos orçamentos com preços praticados à época da locação, não há como caracterizar superfaturamento dos valores pagos à empresa Imagepro.

20. Assim, devem ser aceitas as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis quanto à citação promovida por meio do subitem 9.3.3.2 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário.

21. No que diz respeito à análise das alegações de defesa apresentadas quanto ao subitem 9.3.2.1 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário (envolvendo a empresa Foto Fórum) e das razões de justificativa apresentadas com relação aos subitens 9.5 e 9.6 do Acórdão nº 1.874/2005 – Plenário (envolvendo as empresas MAG+ Rede Cultural Produção e Edições Ltda. e ProMaker Marketing Promocional Ltda.), não foram afastados os indícios de ocorrência de fraude nos orçamentos apresentados pela Link/Bagg à ECT e que deram suporte às subcontratações.

22. Lembro que os fatos relativos à subcontratação da empresa Foto Fórum (bem como da empresa Presença Comercial Ltda.) já foram objeto de determinação para apuração por parte da ECT, por meio do subitem 9.5 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário, e aqueles relacionados à subcontratação da empresa RF Comunicação & Consultoria S/C Ltda. conforme subitem 9.3.2 do Acórdão nº 892/2006 – Plenário.

23. Nota-se, portanto, que já existem determinações para instauração de procedimentos no âmbito administrativo da ECT para apuração de eventual ocorrência de fraude na subcontratação de terceiros pela agência Link/Bagg.

24. Desse modo, cabe apenas remeter à ECT cópia do relatório e do voto que fundamentarem o acórdão que vier a ser proferido pelo colegiado nesta sessão para subsidiar os exames que estão sendo levados a efeito com relação à atuação da empresa Link/Bagg no âmbito do Contrato n° 12.378/2003.

25. Podem ser agregadas a essas análises, portanto, se for o caso, as apurações que vierem a ser efetivadas com relação às subcontratações das empresas MAG+ Rede Cultural Produção e Edições Ltda. para a realização de serviços de criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios (objeto de questionamento do subitem 9.5 do Acórdão nº 1.874/2005 – Plenário) e da empresa ProMaker Marketing Promocional Ltda. para realizar a produção da exposição "Brésil À La Loupe", realizada no Museu de La Poste em Paris, no período de 15 de julho a 15 de setembro de 2005 (objeto de questionamento do subitem 9.6 do Acórdão nº 1.874/2005 – Plenário).

26. Considerando a rejeição da maior parte das alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis, que também tiveram razões de justificativa rejeitadas, cabe o

julgamento pela irregularidade das contas dos envolvidos, no caso, gestores da ECT e a agência Link/Bagg.

27. Ressalto que da análise dos autos foram comprovadas irregularidades graves constatadas no âmbito do Contrato nº 12.378/2003, cuja execução coube à empresa Link/Bagg, especialmente a ocorrência de fraude em subcontratações e ganhos indevidos da agência, a título de honorários na intermediação de patrocínios e outras atividades publicitárias, por atividades administrativas que poderiam ter sido desempenhadas pelo próprio Dmark/ECT.

28. No que diz respeito às apenações alvitradas, verifico que a unidade técnica sugeriu a aplicação das multas previstas nos arts. 57 e 58, incisos II e III, da Lei nº 8.443/1992 em desfavor dos Srs. João Henrique de Almeida Souza e José Otaviano Pereira e da Srª Maria Laurência Santos Mendonça, que ocupavam, à época, os cargos de Presidente, Chefe do Departamento de Comunicação e Marketing (Dmark) e Chefe da Divisão de Propaganda e Publicidade do Dmark da ECT, respectivamente.

29. Tendo em vista que esses gestores da ECT foram multados pelo Tribunal por meio do subitem 9.7 do Acórdão nº 2.455/2007 – Plenário, com fundamento em situações análogas à maioria daquelas enfrentadas nesta TCE - a exemplo da ausência de efetiva fiscalização do contrato firmado com agências de publicidade, que acarretou os inúmeros desvios analisados ao longo deste processo e de outros que foram autuados pelo TCU em 2005 -, proponho, contudo, a aplicação de multa ao Sr. José Otaviano Pereira, à Srª Maria Laurência Santos Mendonça e à empresa Link/Bagg, com base na rejeição das alegações de defesa relativas aos subitens 9.3.2.1 e 9.3.3.3 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário.

30. No caso dos dois gestores do Dmark/ECT que mencionei, a apenação justifica-se, ainda, em face do não-acatamento das razões de justificativa apresentadas com relação aos subitens 9.4.3 e 9.4.4 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário.

31. Na audiência relativa ao subitem 9.4.3 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário, não foram trazidas aos autos justificativas para que a ECT autorizasse a contratação de serviços técnicos profissionais, junto à empresa MAG+ Rede Cultural Produção e Edições Ltda., desvinculados do objeto do Contrato n° 12.378/2003, relativos à criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios, sem a realização do processo licitatório cabível, em afronta ao art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e ao art. 2º c/c os arts. 6º, inciso II, e 13, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.

32. Com relação à audiência do subitem 9.4.4 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário, os gestores da ECT não trouxeram explicações para o fato de a seleção de proposta de criação, planejamento e detalhamento técnico da exposição de abertura do Museu Nacional dos Correios ter sido efetivada pelo critério de menor preço, sem detalhamento das especificações do projeto contratado e sem análise da adequabilidade dos preços propostos pela empresa MAG+, em afronta aos arts. 2º, 6º, incisos II e IX, 7º, §§ 2º e 4º, e 13 da Lei nº 8.666/1993.

33. Registro que a apenação da empresa Link/Bagg em montante superior aos dos gestores da ECT se deve ao fato de que esta foi diretamente beneficiada com os pagamentos indevidos.

34. Deixo de propor a aplicação de multa ao então presidente da ECT quanto às irregularidades tratadas nestes autos, que tiveram alegações de defesa ou razões de justificativa rejeitadas, pois os fatos ora reprovados pelo TCU já acarretaram multa ao Sr. João Henrique de Almeida Souza, conforme Acórdão nº 2.455/2007 – Plenário. Tal apenação fundamentou-se em situações análogas à maioria daquelas enfrentadas nesta TCE, a exemplo da ausência de efetiva fiscalização de contratos firmados com agências de publicidade, que acarretou os inúmeros desvios analisados ao longo deste processo e de outros que foram autuados pelo TCU em 2005.

35. Ressalte-se que o dirigente-máximo da entidade foi ouvido, neste processo, em sede de citação ou audiência, por irregularidades que macularam pontualmente a execução do Contrato n° 12.378/2003, e não pela ausência de supervisão do Dmark – o que poderia caracterizar culpa in vigilando e/ou culpa in eligendo, a ser analisada oportunamente, na análise das contas de 2004 e 2005 da entidade.

36. Verifico, por exemplo, que o Sr. João Henrique de Almeida Souza não teria, ao que tudo indica, condições de identificar que a subcontratação da empresa MAG+ pela agência Link/Bagg estava além do rol de atividades que poderiam ser executadas no âmbito do Contrato n° 12.378/2003.

37. Tal posicionamento justifica-se pelo fato de que as condições para que a fiscalização direta dos contratos de publicidade e propaganda fosse efetivada a contento encontravam-se no âmbito do Dmark, unidade da ECT responsável pelo acompanhamento da execução dos contratos de publicidade e propaganda na entidade, e não na pessoa de seu então presidente.

38. De qualquer forma, a supervisão geral sobre os contratos firmados pela entidade – inclusos aqueles relativos à área de publicidade e propaganda - caberia ao seu dirigente máximo. Desse modo, deve ser anexada cópia do acórdão que vier a ser proferido nesta TCE às contas anuais da ECT de 2004 e 2005, para que, em conjunto e em confronto com outras irregularidades que porventura venham a ser identificadas nesses exercícios, seja verificada a necessidade de aplicação de multa ao Sr. João Henrique de Almeida Sousa (nesse caso, em razão de possíveis ilegalidades na gestão da entidade como um todo).

39. As contas do então dirigente máximo da ECT nestes autos devem ser, portanto, julgadas irregulares, sem que lhe seja imputado débito, pois, de qualquer forma, não pode ser afastada a responsabilidade do Sr. João Henrique de Almeida Sousa pela supervisão geral dos departamentos que a ele estavam subordinados na entidade, a exemplo do Dmark. Sem que tal acompanhamento fosse levado a efeito de modo mais próximo pelo seu presidente, a entidade se viu propensa à ocorrência de diversas irregularidades não apenas no Dmark, mas também em outras unidades de sua estrutura, conforme atestam os inúmeros processos já apreciados pelo Tribunal e que foram autuados nesta Casa a partir das denúncias veiculadas na Revista Veja em maio de 2005.

40. Após serem efetivadas, pela ECT, as retenções definitivas dos débitos de R$ 4.911,19 e R$ 6.342,30, conforme discriminados no acórdão que ora submeto ao colegiado – com as atualizações e acréscimos pertinentes, a serem calculados na data do efetivo recolhimento -, que seriam, em princípio, devidos à empresa Link/Bagg, mas que foram impugnados pelo TCU, entendo que pode ser liberado o saldo da garantia de cumprimento das obrigações contratuais dada pela agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda.

no Contrato n° 12.378/2003 (cláusula décima segunda), porventura existente, retido por força da determinação constante do subitem 9.7 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário.

41. Esclareço que a conformação do título executivo por parte do Tribunal, não obstante a existência de garantia contratual retida, nos montantes mencionados no item precedente, visa resguardar o erário, caso não seja possível a retenção definitiva dos montantes, atualizados e acrescidos de juros de mora, da garantia relativa ao Contrato n° 12.378/2003. Em conseqüência, se não for possível a concretização da retenção esperada, pode-se, desde já, ser autorizada a cobrança judicial dos débitos, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992.

42. Tendo em vista o encerramento da vigência do Contrato nº 12.378/2003 em 14/12/2006, conforme informado pela ECT à agência Link/Bagg em 29/11/2006, por meio da Carta nº 1.041/2006 – Dmark (fl. 301), e o fato de que as medidas sugeridas pela 1ª Secex à fl. 292 (letra “f”) já foram expedidas à ECT por meio dos Acórdãos nº 755/2006 e 2.455/2007, ambos do Plenário, deixo de acolher as determinações consignadas na instrução da unidade técnica.

43. Em razão do interesse demonstrado com relação a este processo, conforme Ofício nº 3.543/2007 – IPL 0717/2007 – SR/DPF/DF – DELEFAZ, de 26/10/2007 (fl. 310), cabe encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida por este colegiado à Superintendência Regional no Distrito Federal do Departamento de Polícia Federal, para subsidiar o exame do Inquérito Policial nº 717/2007-SR/DPF/DF.

44. De igual modo, tendo em vista a autuação do Processo Administrativo nº 1.00.000.012215/2005-31 no âmbito da Procuradoria da República no Distrito Federal, motivada pela ciência dada a esse Parquet acerca das irregularidades apuradas pelo TCU no âmbito do TC 017.307/2005-4, conforme subitem 9.9 do Acórdão nº 1.874/2005 – Plenário, cabe encaminhar a esse órgão cópia do acórdão que vier a ser aprovado nesta assentada.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 20 de fevereiro de 2008.

UBIRATAN AGUIARMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 204/2008 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo TC-015.938/2005-4 - c/ volume e 10 anexos (estes c/ 1 volume)Apenso: TC-017.307/2005-4 - c/ 1 volume e 7 anexos (estes c/ 6 volumes)2. Grupo II – Classe IV – Tomada de Contas Especial3. Responsáveis: Jânio Cezar Luiz Pohren (CPF 299.183.240-15), João Henrique de Almeida Sousa (CPF 035.809.703-72), José Carlos Julião (CPF 209.413.666-34), José Otaviano Pereira (CPF 318.752.461-34), Maria Laurência Santos Mendonça (CPF 126.946.491-49), Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. (CNPJ 34.358.432/0001-90), MAG+ Rede Cultural Produções e Edições Ltda. (CNPJ 06.030.656/0001-33), Master Publicidade S.A. (CNPJ 04.513.101/0001-17), Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda. (CNPJ 07.207.110/0001-78), Ponto de Produção Ltda. (CNPJ 04.992.156/0001-57), ProMaker Marketing Promocional Ltda. (CNPJ 03.187.046/0001-50), Promowaal Marketing Promocional Ltda. (CNPJ 04.752.924/0001-03)4. Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado7. Unidade Técnica: 1ª Secex8. Advogados constituídos nos autos: Adriana Serra de Souza Lopes (OAB/DF nº 16.528), Claudette Vallone de Camargo Sheldon (OAB/SP nº 14.779), Fernando de Camargo Sheldon Júnior (OAB/SP nº 154.018), Francisco Oliveira Thompson Flores (OAB/DF nº 17.122), João Maurício Ferreira Maciel (OAB/DF nº 15.031), José Ribeiro Braga (OAB/DF nº 8.874), Manoel J. Siqueira Silva (OAB/DF nº 8.873), Paulo Roberto Moglia Thompson Flores (OAB/DF nº 11.848), Rodrigo Madeira Nazário (OAB/DF nº 12.931)

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial oriunda de

Representação formulada por equipe de auditoria da 1ª Secex, a fim de apurar irregularidades noticiadas pela imprensa, no ano de 2005, em licitações e contratos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. acatar as alegações de defesa referentes aos subitens 9.3.2.2, 9.3.3.1 e 9.3.3.2 do Acórdão nº 1.529/2005 - Plenário, apresentadas pelos Srs. João Henrique de Almeida Sousa e José Otaviano Pereira, pela Srª Maria Laurência Santos Mendonça e pela empresa Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda.;

9.2. acatar parcialmente as alegações de defesa referentes aos subitens 9.3.1 e 9.3.3.3 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário e 9.3 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário, apresentadas pelos Srs. João Henrique de Almeida Sousa e José Otaviano Pereira, pela Srª Maria Laurência Santos Mendonça e pela empresa Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda.;

9.3. rejeitar as alegações de defesa referentes ao subitem 9.3.2.1 do Acórdão nº 1.529/2005 - Plenário, apresentadas pelos Srs. João Henrique de Almeida Sousa e José Otaviano Pereira, pela Srª Maria Laurência Santos Mendonça e pela empresa Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda.;

9.4. acatar parcialmente as razões de justificativa referentes aos subitens 9.4.1 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário e 9.4.1 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário,

apresentadas pelos Srs. João Henrique de Almeida Sousa e José Otaviano Pereira e pela Srª Maria Laurência Santos Mendonça;

9.5. rejeitar as razões de justificativa referentes aos subitens 9.4.2 e 9.4.3 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário e 9.4.2, 9.4.3 e 9.4.4 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário, apresentadas pelos Srs. João Henrique de Almeida Sousa e José Otaviano Pereira e pela Srª Maria Laurência Santos Mendonça;

9.6. rejeitar as razões de justificativa referentes ao subitem 9.5 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário, apresentadas pelos Srs. João Henrique de Almeida Sousa e José Otaviano Pereira e pela Srª Maria Laurência Santos Mendonça, bem como pelas empresas Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., MAG+ Rede Cultural Produção e Edições Ltda., Ponto de Produção Ltda. e Metro Dois Cenografia e Locação de Bens Ltda.;

9.7. rejeitar as razões de justificativa referentes ao subitem 9.6 do Acórdão nº 1.874/2005 - Plenário, apresentadas pelos Srs. Jânio Cézar Luiz Pohren e José Carlos Julião e pela Srª Maria Laurência Santos Mendonça, bem como pelas empresas Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., ProMaker Marketing Promocional Ltda., Master Publicidade S.A. e Promowaal Marketing Promocional Ltda.;

9.8. com fundamento no art. 16, inciso III, alínea “b”, da Lei nº 8.443/1992, julgar irregulares as contas dos Srs. João Henrique de Almeida Sousa - ex-Presidente da ECT e José Otaviano Pereira - ex-Chefe do Departamento de Comunicação e Marketing (Dmark), da Srª Maria Laurência Santos Mendonça – ex-Chefe da Divisão de Propaganda e Publicidade do Dmark e da empresa Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda.;

9.9. condenar, solidariamente, o Sr. José Otaviano Pereira, a Srª Maria Laurência Santos Mendonça e a empresa Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. ao pagamento das quantias indicadas a seguir, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento das dívidas aos cofres da ECT, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir de suas respectivas datas de ocorrência até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

9.9.1. R$ 4.911,19 (quatro mil, novecentos e onze reais, dezenove centavos), correspondentes ao preço pago pela ECT (R$ 4.547,40), acrescido de honorários de 5% (R$ 363,79), para a contratação de serviços de reprodução fotográfica e pagamento indevido de direitos de reprodução para a produção do Display de Mesa (Calendário 2005) junto à empresa Foto Forum (Ver e Ouvir - Áudio e Foto Ltda. ME) (item 9.3.2.1 do Acórdão nº 1.529/2005-Plenário), com data de ocorrência em 13/12/2004;

9.9.2. R$ 6.342,30 (seis mil, trezentos e quarenta e dois reais, trinta centavos), referentes ao evento Maximídia Direct 2004, sem comprovação de sua execução, inclusos honorários, conforme quadro a seguir (item 9.3.3.3 do Acórdão nº 1.529/2005 - Plenário), com data de ocorrência em 13/11/2004:Fornecedor Serviço Valor (R$) Honorários (R$) Valor Total (R$)Dream Factory Ltda.

Taxas hidráulica, telefonia/Internet e segurança. Taxas obrigatórias cobradas pela organização do evento

3.785,52 (três mil, setecentos e oitenta e cinco reais, cinqüenta e dois centavos)

189,28 (cento e oitenta e nove reais, vinte e oito centavos)

3.974,84 (três mil, novecentos e setenta e quatro reais, oitenta e quatro centavos)

Capricórnio Elaboração e 2.350,00 (dois mil, 17,50 (dezessete 2.367,50 (dois

Consultoria finalização de peças impressas

trezentos e cinqüenta reais)

reais, cinqüenta centavos)

mil, trezentos e sessenta e sete reais, cinqüenta centavos)

Total (R$) 6.135,52 (seis mil, cento e trinta e cinco reais, cinqüenta e dois centavos)

206,78 (duzentos e seis reais, setenta e oito centavos)

6.342,34 (seis mil, trezentos e quarenta e dois reais, trinta e quatro centavos)

9.10. determinar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que retenha, de modo definitivo, da garantia contratual relativa ao Contrato nº 12.378/2003, as importâncias relacionadas no item precedente, que seriam devidas à agência Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. e que foram retidas neste processo, conforme subitem 9.7 do Acórdão nº 1.874/2005 – Plenário;

9.11. informar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que, após a efetivação das retenções definitivas indicadas no item precedente deste acórdão, pode ser liberado eventual saldo da garantia contratual relacionada ao Contrato nº 12.378/2003, firmado com a empresa Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda., caso não existam outras quantias devidas pela agência em outros processos;

9.12. aplicar, individualmente, multa aos responsáveis relacionados no quadro seguinte, com base no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora estabelecido, até a data dos respectivos recolhimentos:

Responsável Valor (R$)José Otaviano Pereira 3.000,00 (três mil reais)Maria Laurência Santos Mendonça 3.000,00 (três mil reais)Link/Bagg Comunicação e Propaganda Ltda. 6.000,00 (seis mil reais)

9.13. autorizar o desconto da multa imputada ao Sr. José Otaviano Pereira na remuneração do servidor, nos termos do art. 28, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, observado o disposto no art. 46 da Lei nº 8.112/1990, caso não atendida a notificação;

9.14. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial das multas mencionadas no item 9.12 deste acórdão, se não forem atendidas as respectivas notificações ou, no caso da multa imputada ao Sr. José Otaviano Pereira, não for possível a implementação da medida indicada no item precedente desta deliberação;

9.15. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial dos débitos indicados no item 9.9 deste acórdão, caso não forem atendidas as respectivas notificações ou não for possível a retenção definitiva de valores, na forma descrita no item 9.10 desta deliberação;

9.16. encaminhar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, para subsidiar, se for o caso, o exame dos procedimentos levados a efeito no âmbito administrativo da entidade, em cumprimento aos subitens 9.5 do Acórdão nº 1.529/2005 – Plenário e 9.3.2 do Acórdão nº 892/2006 – Plenário, com relação à atuação da empresa Link/Bagg na execução do Contrato n°

12.378/2003;9.17. dar ciência desta deliberação à Casa Civil da Presidência da República, para as

providências de sua alçada com relação à medida indicada no subitem 9.13 deste acórdão;9.18. encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a

fundamentam, aos responsáveis, ao Ministério das Comunicações, à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, à Procuradoria da República no Distrito Federal (Processo Administrativo nº 1.00.000.012215/2005-31) e à Superintendência Regional no Distrito Federal do Departamento de Polícia Federal (Inquérito Policial nº 717/2007-SR/DPF/DF).

9.19. anexar cópia deste acórdão ao TC 020.585/2005-3 (prestação de contas da ECT referente ao exercício de 2004) e ao TC 020.571/2006-6 (prestação de contas da ECT referente ao exercício de 2005).

10. Ata nº 4/2008 – Plenário 11. Data da Sessão: 20/2/2008 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0204-04/08-P 13. Especificação do quórum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro.13.2. Auditor convocado: Marcos Bemquerer Costa.13.3. Auditor presente: Augusto Sherman Cavalcanti.

WALTON ALENCAR RODRIGUES UBIRATAN AGUIARPresidente Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARINProcurador-Geral, em exercício