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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 000.745/2011-1 GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIO TC-000.745/2011-1 Natureza: Relatório de Auditoria Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit Responsáveis: Alfredo Soubihe Neto (CPF 020.109.818- 04), Cristiane Subtil de Oliveira (CPF 560.479.321- 34), Flávio Murilo Gonçalves Prates de Oliveira (CPF 306.587.481-49) e Octacílio Oliveira Cunha (CPF 551.820.038-20) Advogado constituído nos autos: não há SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. OBRAS DA BR-060 TRECHO ABADIA DE GOIÁS/GO - JATAÍ/GO. VERIFICAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DAS INFORMAÇÕES CONSTANTES DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS DE TERRAPLENAGEM UTILIZADAS NO PROJETO DA OBRA, DETERMINADA PELO ACÓRDÃO 3405/2010-TCU-PLENÁRIO. CONSTATAÇÃO DE SOBREPREÇO NOS SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM CONSTANTES DO PROJETO LICITADO. OITIVAS. AUDIÊNCIAS. RELATÓRIO Trata-se de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit, objetivando verificar a consistência das informações constantes das seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra de adequação de trecho rodoviário na BR-060, em cumprimento a determinação prolatada por meio do Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário. O referido acórdão foi proferido nos autos do TC- 008.198/2010-1, que tratava de auditoria no âmbito do Fiscobras/2010, realizada nas obras de adequação de trecho rodoviário na BR-060, trecho Abadia de Goiás/GO-Jataí/GO. Dentre outras providências adotadas na decisão, foi determinado à 2ª Secob: “9.3.2. realize, até o final do mês de fevereiro de 2011, inspeção com vistas a verificar em campo a consistência das informações constantes das seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra, fornecidos pelo Dnit em cumprimento ao subitem 9.1.2 do Acórdão 2501/2010-TCU-Plenário;” 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 000.745/2011-1

GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIOTC-000.745/2011-1 Natureza: Relatório de AuditoriaUnidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DnitResponsáveis: Alfredo Soubihe Neto (CPF 020.109.818-04), Cristiane Subtil de Oliveira (CPF 560.479.321-34), Flávio Murilo Gonçalves Prates de Oliveira (CPF 306.587.481-49) e Octacílio Oliveira Cunha (CPF 551.820.038-20)Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. OBRAS DA BR-060 TRECHO ABADIA DE GOIÁS/GO - JATAÍ/GO. VERIFICAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DAS INFORMAÇÕES CONSTANTES DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS DE TERRAPLENAGEM UTILIZADAS NO PROJETO DA OBRA, DETERMINADA PELO ACÓRDÃO 3405/2010-TCU-PLENÁRIO. CONSTATAÇÃO DE SOBREPREÇO NOS SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM CONSTANTES DO PROJETO LICITADO. OITIVAS. AUDIÊNCIAS.

RELATÓRIO

Trata-se de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit, objetivando verificar a consistência das informações constantes das seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra de adequação de trecho rodoviário na BR-060, em cumprimento a determinação prolatada por meio do Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário. O referido acórdão foi proferido nos autos do TC-008.198/2010-1, que tratava de auditoria no âmbito do Fiscobras/2010, realizada nas obras de adequação de trecho rodoviário na BR-060, trecho Abadia de Goiás/GO-Jataí/GO. Dentre outras providências adotadas na decisão, foi determinado à 2ª Secob:

“9.3.2. realize, até o final do mês de fevereiro de 2011, inspeção com vistas a verificar em campo a consistência das informações constantes das seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra, fornecidos pelo Dnit em cumprimento ao subitem 9.1.2 do Acórdão 2501/2010-TCU-Plenário;”

Neste processo é apresentado o relatório de fiscalização resultante das verificações realizada pela 2ª Secob, o qual encontra-se parcialmente reproduzido a seguir:

“3 - ACHADOS DE AUDITORIA 3.1 - Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado.3.1.1 - Tipificação do achado: Classificação - Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO - O

indício de irregularidade não mais se enquadra no art. 94, § 1°, inciso IV da Lei 12.309/2010, visto que, apesar de a análise das seções transversais utilizadas no Projeto para cálculo das movimentações de terra indicar a superestimativa dos quantitativos de terraplenagem, o sobrepreço global estimado de R$ 34.223.689,02, que corresponde a 3,04% do valor total contratado, de acordo com os termos do supracitado artigo, não é materialmente relevante. ?

3.1.2 - Situação encontrada: As seções transversais de terraplenagem utilizadas para cálculo dos volumes de

movimentação de terras (Quadro de Cubação) constantes do Projeto Executivo de adequação

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rodoviária da BR-060/GO, trecho compreendido entre as cidades de Abadia de Goiás/GO e Jataí/GO, apresentaram as seguintes inconsistências: 1º) as seções transversais dos trechos em aterro possuem uma área superior a decorrente da topografia primitiva que subsidiou a elaboração do Projeto, aumentando em mais de 20% o volume de terraplenagem; e 2º) os volumes de terraplenagem foram calculados com as cotas do pavimento acabado, ou seja, computando os volumes referentes as camadas de sub-base, base e revestimento, aumentando o sobrepreço no quantitativo do volume de movimentação de terra de 20% para mais de 40% do valor total de terraplenagem.

DO CÁLCULO DOS VOLUMES DE CUBAÇÃO Os procedimentos para cálculo dos volumes de cortes e aterros, conforme dispõe o Manual

de Implantação Básica de Rodovia – Dnit (págs. 202/204), consistem em determinar o volume do prisma por duas seções transversais consecutivas. Ou seja, o volume é obtido somando-se a área das duas seções transversais consecutivas e multiplicando-as pela semidistância (distância/2) entre as referidas seções.

Assim, com as premissas do supracitado Manual, a equipe de fiscalização realizou levantamentos topográficos nos cinco lotes de construção, compreendidos entre Abadia de Goiás e Jataí/GO, com vistas a verificar a consistência das áreas apresentadas nas seções transversais de terraplenagem, e, por conseguinte, do volume de movimentação de terras, de forma a cumprir o determinado no item 9.3.2 do Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário.

DO SOBREPREÇO NOS SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM DEVIDO À UTILIZAÇÃO, NOS QUADROS DE CUBAÇÃO DO PROJETO, DE ÁREAS SUPERIORES ÀS OBTIDAS PELA TOPOGRAFIA PRIMITIVA

Realizaram-se os seguintes procedimentos com o objetivo de verificar a adequação das seções utilizadas no Projeto para cálculo das movimentações de terra: 1º) compararam-se as seções extraídas do levantamento topográfico da primitiva que subsidiou a elaboração do Projeto com as seções utilizadas no Projeto para cálculo das movimentações de terra; e 2º) compararam-se as seções extraídas da topografia que subsidiou a elaboração do Projeto com as seções extraídas do levantamento topográfico efetuado pela equipe de fiscalização em campo.

Preliminarmente mostra-se oportuno relembrar o conceito de alguns termos técnicos que serão utilizados na descrição desta achado: a) Off-set - local em que a crista de corte ou pé de aterro encontra o terreno natural; b) Cota Vermelha - diferença entre a cota do greide no projeto e a do terreno natural, considerada no mesmo ponto; e c) Notas de Serviço - plano detalhado das operações a serem realizadas pelo pessoal engajado em um serviço de terraplenagem.

No primeiro procedimento, observou-se que as seções extraídas da topografia que subsidiou a elaboração do projeto não correspondiam às seções utilizadas no quadro de cubação. As seções dos trechos em aterros possuíam uma área maior, aumentando o volume das movimentações de terra e, consequentemente, o preço final da obra. Essa diferença na área decorreu de cotas inferiores na primitiva do terreno, sem, no entanto, causar modificações facilmente perceptíveis nas cotas dos off-sets, tampouco nas cotas vermelhas, assim impossibilitando sua detecção pelas notas de serviço. Destarte, cumpre transcrever o seguinte trecho do relatório de fiscalização nº. 264/2010: ‘Segundo o Dnit, a apresentação das seções transversais não faz parte do escopo do projeto, apenas a apresentação das notas de serviço. No entanto, a apresentação das seções transversais nos projetos executivos é prevista expressamente nas Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários - Escopos Básicos/Instruções de Serviço, Publicação IPR 726/ 2006’.

Por fim, percebeu-se, também, que as áreas das seções transversais dos trechos em corte extraídas da supracitada topografia correspondiam com as utilizadas no quadro de cubação, agravando o indício de irregularidade, visto que quanto menores forem os cortes, maior a necessidade de se utilizar material proveniente de empréstimos para os trechos em aterro, geralmente com distâncias de transportes maiores, logo, aumentando o custo da obra. Os gráficos que explicitam as diferenças apontadas nas áreas de aterro são apresentados nos anexos 6.3 a 6.8.

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No segundo procedimento, observou-se que as seções extraídas da topografia que subsidiou a elaboração do projeto possuem, nas amostras analisadas, a mesma conformação da primitiva do terreno obtido pelo levantamento topográfico efetuado pela equipe de fiscalização, porém há indícios da inadequação das referencias de nível adotadas. Alguns pontos importantes merecem ser relatados: a) os marcos planialtimétricos implantados para controle dos estudos topográficos não se encontravam materializados no trecho, tendo sido, inclusive, encontrado vestígio de marco recém-destruído; b) devido a ausência de marcos, a equipe de fiscalização utilizou pontos da topografia apresentada no Projeto como referência; c) as cotas dos marcos apresentados na topografia do Projeto possui diferenças de até 1,80m em relação às informadas no Relatório do Projeto, fls. 109/114 do volume 1, conforme resumido na Tabela 2, a seguir apresentada; e d) existem trechos da duplicação da rodovia, por exemplo o trecho compreendido entre as estacas 5347-5356 da pista esquerda, em que a diferença de nível para a pista existente é superior a quatro metros, sendo a distância entre os bordos das pistas de apenas doze metros.

Diante dos resultados obtidos pelos procedimentos, em resumo, inferiu-se que: a) há indícios de que as seções de aterro utilizadas para cálculo do volume de movimentação de terras possuem áreas maiores do que a topografia indica, o que resultou na majoração indevida do quantitativo do volume de movimentação de terras e, por conseguinte, o preço total contratado; b) apesar de a primitiva da topografia que subsidiou a elaboração do projeto possuir conformação semelhante ao levantamento topográfico efetuado pela equipe de fiscalização, as ressalvas acima relacionadas induzem para a inadequação dos dados topográficos apresentados pelo Dnit.

DO SOBREPREÇO NOS SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM DEVIDO À AUSÊNCIA DE DESCONTO DA ÁREA DO PAVIMENTO (SUB-BASE, BASE E REVESTIMENTO)

Em análise no projeto percebeu-se que, apesar de constar referências da utilização do greide de terraplenagem para o cálculo de volume, o greide utilizado no projeto, tanto geométrico como de terraplenagem, foi o greide do pavimento acabado, ou seja, incluindo sub-base, base e revestimento. Tal conclusão decorre da verificação das cotas nos encontros das pontes, assim como das cotas de trechos da pista esquerda em que ocorre o encontro do pavimento que será construído com o pavimento existente. Caso o greide utilizado no projeto fosse o de terraplenagem, nesses encontros haveria uma diferença em torno de 45 cm, que corresponderia à espessura do pavimento (sub-base, base e revestimento).

Ratificando a conclusão da equipe de auditoria, a Instrução de Serviço para Projeto Geométrico (IS-208) que consta do Manual de Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários do Dnit dispõe que em perfil deve-se ‘indicar a linha de terreno e do projeto representando este a superfície do greide da pavimentação no eixo da plataforma’.

Destarte, considerou-se que os volumes de terraplenagem foram calculados com as cotas do pavimento acabado, ou seja, incluindo sub-base, base e revestimento, assim, aumentando o sobrepreço no quantitativo do volume de movimentação de terras.

DO CÁLCULO DA ESTIMATIVA DE SOBREPREÇOConsiderando o acréscimo constatado na área das seções transversais de terraplenagem,

Tabelas 1-6, e a superestimativa de volume decorrente da ausência de desconto do pavimento, Tabela 7, calculou-se o volume de aterro corrigido para os cinco lotes de construção da rodovia, Tabela 8. Empregou-se tal volume corrigido nos quantitativos dos serviços influenciados pela superestimativa, a saber: ‘escavação, carga e transporte’ e ‘compactação de aterros’, conforme exposto nas Tabelas 9-13. Comparou-se, então, o valor contratado com o corrigido, obtendo-se um percentual médio de sobrepreço de 41,54% em relação aos serviços de terraplenagem e 5,59% em relação ao valor total do contrato, Tabela 14.

Cumpre esclarecer que o percentual de superestimativa de volume obtido nas Tabelas 1-6 foram extrapolados para o volume total de aterro contratado nos respectivos lotes, alcançando-se a diferença total de volume entre as seções utilizadas no Projeto para cálculo das movimentações de

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terra e as seções extraídas do levantamento topográfico da primitiva que subsidiou a elaboração do Projeto, conforme demonstrado na Tabela 8.

3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado: (IG-C) - Contrato 0727/2010-00, 30/8/2010, Serviços necessários a execução das Obras

de Duplicação, Restauração da Pista Existente, Implantação de Ruas Laterais, Melhoramentos para Adequação de Capacidade e Eliminação de Pontos Críticos e Implantação de Itens de Segurança na Rodovia BR-060/GO - Lote 2, Consórcio Construmil / Ccb / Cetenco.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 7.719.239,52(IG-C) - Contrato 0729/2010-00, 30/8/2010, Serviços necessários a execução das obras

de duplicação, restauração da pista existente, implantação de ruas laterais, melhoramentos para adequação de capacidade e eliminação de pontos críticos e implantação de itens de segurança na rodovia BR-060/GO - Lote 5, Consórcio Queiroz Galvão / Via.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 5.918.984,33(IG-C) - Contrato 0739/2010-00, 30/8/2010, Serviços necessários a execução das obras

de duplicação, restauração da pista existentes, implantação de ruas laterais, melhoramentos para adequação de capacidade e eliminação de pontos críticos e implantação de itens de segurança na rodovia BR-060/GO - Lote 1, Consórcio Egesa / Emsa.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 4.639.094,89(IG-C) - Contrato 0731/2010-00, 30/8/2010, Serviços necessários a execução das Obras

de Duplicação, Restauração da Pista Existente, Implantação de Ruas Laterais, Melhoramentos para Adequação de Capacidade e Eliminação de Pontos Críticos e Implantação de Itens de Segurança na Rodovia BR-060/GO - Lote 3, Consórcio Delta / JM / Cbemi.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 10.185.217,09(IG-C) - Contrato 0730/2010-00, 30/8/2010, Serviços necessários a execução das obras

de duplicação, restauração da pista existente, implantação de ruas laterais, melhoramentos para adequação de capacidade e eliminação de pontos críticos e implantação de itens de segurança na rodovia BR-060/GO - Lote 4, Consórcio Trier / Goiás / Etec.

Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 5.761.153,183.1.4 - Causas da ocorrência do achado: Inexistência ou insuficiência de gestão de riscos - Diversamente do procedimento usual,

em razão de portaria do Diretor-Geral, a aprovação do projeto doado pela FIEG foi delegada a uma comissão composta por engenheiros da Superintendência do Dnit em Goiás que desempenham inúmeras outras atividades. O projeto, portanto, não foi analisado pela Diretoria de Planejamento e Pesquisa na sede do órgão em Brasília, onde existem vários grupos de especialidades constituídos para esse fim.

3.1.5 - Critérios: Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 12Norma Técnica - Dnit - Manual de Diretrizes Básicas Para Elaboração de Estudos e

Projetos Rodoviários - Escopos Básicos/Instruções de Serviço - Publ. IPR 726Norma Técnica - Dnit - Manual de Implantação Básica de Rodovia - 3ª edição - Publ. IPR

7423.1.6 - Evidências: Projeto Executivo das Obras de Duplicação e Restauração da Rodovia BR-060, trecho

compreendido entre Abadia de Goiás - Jataí/GO.Seções Transversais de Terraplenagem Abadia Jataí - Lote 01 - Seções transversais de

terraplenagem utilizadas para cálculo dos volumes de movimentação de terras.

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OFÍCIOS DE REQUISIÇÃO N°S 03 E 04-20/2011-TCU/Secob-2, PROCESSO N° 000.745/2011-1, FISCALIZAÇÃO N° 20/2011, SOBRE A REALIZAÇÃO DE LEVANTAMENTO DE AUDITORIA NAS OBRAS DE ADEQUAÇÃO DE CAPACIDADE NA RODOVIA BR-060/GO, SUBTRECHO ABADIA DE GOIÁS - JATAÍ.

RE-0000454673225 - Estudos Topográficos utilizados para elaboração do Projeto Executivo de Engenharia.

Relatório dos Estudos Topográficos realizados pela ISO Engenharia - Estudos Topográficos realizados pela ISO Engenharia - empresa contratada pelo TCU.

OFÍCIOS DE REQUISIÇÃO N°S 03 E 04-20/2011-TCU/Secob-2, PROCESSO N° 000.745/2011-1, FISCALIZAÇÃO N° 20/2011, SOBRE A REALIZAÇÃO DE LEVANTAMENTO DE AUDITORIA NAS OBRAS DE ADEQUAÇÃO DE CAPACIDADE NA RODOVIA BR-060/GO, SUBTRECHO ABADIA DE GOIÁS - JATAÍ.

RE-0000454673225 - Planilhas orçamentárias dos cinco lotes de construção da Rodovia BR-060.

3.1.7 - Esclarecimentos dos responsáveis: A Diretoria Geral do Dnit, por meio do Ofício 1.340/2011/DG-Dnit, encaminhou o Ofício

523/2011-Gab, no qual o Superintendente Regional - GO/DF apresentou manifestação da Empresa de Consultoria responsável pela elaboração do Projeto Executivo da obra, Spazio Urbanismo e Engenharia Ltda., bem como solicitou prazo de quinze dias para informar acerca do resultado da auditoria que está sendo realizada pela Superintendência Regional Dnit com a finalidade de verificar as seções primitivas e o volume de terraplenagem.

Os principais tópicos apresentados pela Empresa de Consultoria foram transcritos abaixo:‘- Do sobrepreço nos serviços de terraplenagem devido à utilização, nos quadros de

cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva(...)Os auditores ao visualizarem as planilhas de cálculo de volume fizeram uma comparação

simples, com algumas áreas calculadas geometricamente por eles próprios, chegando-se a algumas diferenças em seções especificas, em especial nas regiões de aterro, concluindo que se poderia haver majoração dos quantitativos de terraplenagem envolvidos na obra.

(...)Vamos aos pontos ignorados pelos nobres auditores, que os conduziram à conclusão

precipitada e falha apontada no relatório preliminar:. Toda terraplenagem é calculada considerando-se a remoção da camada vegetal que é

proveniente dos serviços de ‘desmatamento, destocamento e limpeza de áreas com árvores de diâmetro inferior a 0,15m’ que, no caso do projeto em questão, atinge profundidade média de 0,20m e deve ser inserida nos volumes necessários à implantação dos corpos de aterro. Sobre o tema, transcrevemos abaixo trecho que discorre sobre o mesmo no Manual de implantação Básica de Rodovias do Dnit em sua página 204:

‘Nos trechos a serem construídos em terrenos virgens, é necessário que se faça a remoção, antes de qualquer operação de terraplenagem, de todas as espécies vegetais e também a camada superior do terreno (camada vegetal) de características geotécnicas inadequadas para fins rodoviários.

Como as operações de limpeza removem a porção superior do terreno natural, então:. Para as seções de corte efetiva e, consequentemente, volume com o qual se pode contar, é

obtida pela diferença entre a área total e a área resultante da remoção da camada superior (...). Para as seções de aterro, o processo é o inverso: a remoção da camada vegetal é feita

antes da execução do aterro e torna a área efetiva, e consequentemente o volume a aterrar, maior do que a área total por um dos processos expeditos ou precisos (...)

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. Na fase de projeto, as áreas de remoção da camada vegetal podem ser avaliadas, em cada seção, multiplicando-se a distancia dos ‘offsets’ pela espessura média do solo vegetal, obtida nas sondagens.’

. Esse procedimento foi adotado diretamente por meio de inserção no programa computacional TOPOGRAPH da espessura média da limpeza da camada vegetal levantada, sendo que o mesmo já adiciona às áreas das seções os valores referentes à recomposição dos volumes extraídos no procedimento de limpeza, conforme descrito no Manual do Dnit;

(...). Fica implícito que este volume não se aplica aos cortes, uma vez que a extração do

material de remoção não precisa ser recomposto. Tornando-se equivocada a conclusão de que as áreas das seções de corte estariam sendo calculadas com correções para que fosse ampliada a necessidade de exploração de empréstimos (...)

. Observando as seções anexadas ao relatório de auditoria para ilustração da diferença de áreas avaliadas, é bastante clara a visualização do cálculo da reposição da camada vegetal nos volumes tidos como ‘excepcionais’ pelo relatório de auditoria;

. Outro ponto ignorado pelos auditores está nos volumes calculados para a conformação dos canteiros centrais, os quais tiveram que ser inseridos seção por seção para que seja possível efetuar o levantamento das áreas que serão delimitadas pelos bordos internos das duas pistas de duplicação, possibilitando a implantação de drenagem superficial e proporcionando segurança aos usuários;

. O encaixe da terraplenagem do canteiro central com os taludes de aterro da pista existente implica em escalonamento deste, envolvendo volumes quantificados caso a caso, conforme prescrito no volume 2 – projeto de execução, em sua página PT-01.07 e na especificação de serviço Dnit 108/2009-ES, item 5.3.6, transcrito abaixo:

‘No caso de alargamento de aterros, sua execução obrigatoriamente deve ser procedida de baixo para cima, acompanhada de degraus nos seus taludes. Desde que justificado em projeto, pode a execução ser feita por meio de arrasamento parcial do aterro existente, até que o material escavado preencha a nova seção transversal, complementando-se após, com material importado, toda a largura da referida seção transversal. No caso de aterros em meia encosta, o terreno natural deve ser, também, escavado em degraus.’

. As seções de projeto enviadas aos Auditores, bem como aquelas apresentadas no relatório de auditoria demonstram claramente este ponto, podendo-se observar que a linha que demarca o talude interno da pista nova não representa o canteiro central, pois a conformação e escalonamento dos taludes existentes são bastante variáveis caso a caso. Fato que torna impossível inserir um elemento na seção de cálculo computacional que representasse esta região de terraplenagem, tornado-se o cálculo em separado desta área e posterior inserção da mesma na área de cada seção de aterro calculada;

(...)O relatório ainda apresenta algumas ‘constatações’ precipitadas que geraram dúvida quanto

à confiabilidade de projeto executivo. Todas as dúvidas levantadas não constituem indícios, mas sim confusões de ordem técnica que podem ser facilmente esclarecidas pelas seguintes informações:

. A informação de que ‘os marcos planialtimétricos implantados para controle dos estudos topográficos não se encontravam materializados no trecho, tendo sido, inclusive, encontrado marco recém-destruído’ nos parece ter sido apresentada com o intuito de convencer que os marcos implantados foram deliberadamente destruídos de forma que fossem escondidas informações ou algo do gênero. Ora, qualquer pessoa um mínimo conhecedora de serviços topográficos, em especial os rodoviários, já deveria estar informada que uma base de marcos implantada em região de intensa atividade agrária e grande presença humana, com um lapso temporal de quase 2 anos encontrar-se-ia bastante comprometida. A destruição de marcos implantados em projetos

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rodoviários é fato comum e completamente alheio à vontade de quem os implantou ou do órgão rodoviário responsável pela implantação do projeto;

. Quanto à discrepância entre cotas de marcos apresentados na topografia de projeto e a informada no relatório de projeto, uma questão técnica um pouco mais complexa explica de forma inconteste as diferenças observadas nas informações apresentadas no volume 2 e no volume 1. As cotas apresentadas no volume 1 são referentes ao rastreamento dos pontos de referencia de nível por meio de GPS geodésico, o que foi executado preliminarmente à implantação do eixo referencial locado. Esta cota apresenta a particularidade de referir-se ao elipsoide de referência utilizado pelo sistema GPS, que em hipótese nenhuma pode ser utilizado como base de nível para projetos rodoviários. A informação importante nesse aspecto é o referenciamento cartesiano para a obtenção das coordenadas dos marcos, os quais passam a ter referência geodésica, pouco importando se os mesmos sejam destruídos com o passar dos anos ou não, sendo estranha a dificuldade da equipe de topografia do TCU na restituição das informações dos marcos, uma vez que os mesmos podem ser facilmente reimplantados com as informações referentes às suas coordenadas amplamente fornecidas no projeto executivo. As informações de referência de nível constantes do volume 2 (projeto de execução), por óbvio são divergentes do relatório de georreferenciamento apresentado nas páginas 109/114 do volume 1 (relatório de projeto), pois se tratam de cotas obtidas por intermédio do levantamento taqueométrico resultante de nivelamento e contranivelamento conforme instruções de serviço para elaboração de estudos topográficos do Dnit;

. Quanto à diferença de nível entre a pista existente e a pista projetada, em especial entre as estacas 5347-5356, mais uma vez a falta de observação de informações amplamente fornecidas em projeto e a precipitação conduziu à conclusão equivocada. Neste trecho especificamente está inserida a ponte sobre o rio Turvo, que possui notoriamente problemas de insuficiência hidráulica quando se observa obra de arte existente. Há inúmeros relatos que em diversas ocasiões, durante precipitações de maior monta, o curso d’água atingiu as longarinas da ponte. A verificação hidráulica realizada durante a elaboração do projeto executivo definiu a cota de cheia máxima para todos os cursos d’água cortados pelo segmento rodoviário do projeto em questão, as quais definem a altura das obras de arte novas a serem construídas. O greide da pista nova seguiu indistintamente esta cota, gerando a diferença de nível para a pista existente;

. Vale salientar que esta diferença de nível de 4 metros é facilmente alojada no canteiro de 12 metros projetado para a duplicação da rodovia. Em um talude de 2:3 de aterro como é o caso daquele projetado para a rodovia, 6 metros seriam suficientes para alojar esta diferença de nível, sendo incompreensível a afirmação constante do relatório de que ‘... diferença de nível para a pista existente é superior a quatro metros, sendo que a distância entre os bordos das pistas de apenas doze metros’. O canteiro de doze metros projetado visou exatamente permitir maior flexibilidade de greide para a pista nova projetada, possibilitando que se projetasse sempre que possível desníveis maiores entre as duas pistas, visando tanto obtenção de economia em termos de terraplenagem quanto à melhoria das condições de segurança da rodovia duplicada, uma vez que é desejável tal diferença de nível para reduzir o ofuscamento proporcionado por faróis altos de veículos em sentido oposto de tráfego. O canteiro de 12 metros permite uma variação de até 8 metros entre as duas pistas de duplicação em sua configuração final sem que tenhamos problemas com os taludes que separarão as mesmas.

(...)- Do sobrepreço nos serviços de terraplenagem devido à ausência de desconto da área do

pavimento (sub-base, base e revestimento)É desprovida de razoabilidade e de demonstração técnica a afirmação dos Senhores

Auditores Federais de que as notas de serviço e do projeto geométrico elaborados no projeto executivo de duplicação da rodovia BR-060/GO de que o greide apresentado estaria assentado sobre o pavimento acabado, o que não condiz com a realidade do projeto, como se demonstrará.

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Toda a suspeita da equipe de auditoria se baseia de uma citada verificação na qual seria observado que nos pontos de encaixe entre pista existente e pista nova e nas entradas e saídas de pontes e viadutos o greide apresentado não estaria sendo visualizado o ‘degrau’ que seria proveniente do pavimento projetado. Entretanto, todos os encontros existentes são providos da diferença de nível necessária ao alojamento do pavimento projetado. Para que não haja qualquer dúvida a respeito desta realidade, apresentamos (...) o quadro contendo algumas cotas de projeto e terreno em encontros entre pista nova e pista existente (...). As cotas vermelhas, em função de encaixes em curvas verticais e outras nuances, acabam por apresentar pequenas variações se comparadas diretamente às espessuras das camadas de pavimento, mas estão sempre contidas em intervalos próximos a 40 cm.

(...)A hipotética redução de 40 centímetros no greide de terraplenagem projetado implicaria na

total descaracterização técnica do projeto de duplicação, ocasionando dentre outros problemas:. Aprofundamento exagerado dos cortes, em especial naqueles referentes aos viadutos

projetados para as travessias urbanas de Indiara e Guapó;. Insuficiência de altura livre no viaduto da travessia urbana de Acreúna;. Insuficiência de altura livre nas pontes projetadas para o trecho em relação às cotas de

enchentes máximas calculadas por métodos hidrológicos;. Desnível entre as pistas da duplicação em pontos de retorno, projetados para estarem

nivelados em favor da segurança dos usuários, melhorando sensivelmente a visibilidade nestes pontos;

. Incompatibilidade geral do projeto geométrico com os demais projetos concebidos para o empreendimento, como é o caso do projeto de drenagem, sinalização e obras complementares.

(...)Esclareça-se que a utilização do greide de terraplenagem para o projeto em questão

baseou-se em fator técnico, que é a variação da espessura das camadas de pavimento ao longo do trecho de duplicação, o que poderia tornar confusa a representação gráfica nas plantas. Como se trata apenas de questão visual, que em nada influi na qualidade dos dados apresentados ou na compreensão do projeto em si, a adoção da apresentação do greide de terraplenagem nas plantas de projeto geométrico em detrimento do greide de pavimentação em nada comprometem a confiabilidade das informações fornecidas, não havendo motivo para criar maiores imbróglios a respeito da premissa da IS-208 que indica a apresentação de greide de pavimento acabado, sendo que a apresentação de plantas de projeto geométrico contendo greide de terraplenagem já é aceita normalmente pelo Dnit em seus projetos a dilatado espaço de tempo, o Anexo II elimina a dúvida e o indício de irregularidade.

(...)Em face do exposto fica claro que o volume de terraplenagem calculado para a

materialização da duplicação da rodovia BR-060/GO entre Abadia de Goiás e Jataí foi efetuado dentro das normas e das técnicas aplicadas ao caso, não existindo qualquer majoração ou acréscimo indevido de áreas ou volumes’.

Conforme peça Manifestação Prévia - Ofício 1.340/2011/DG-Dnit.3.1.8 - Conclusão da equipe: DA ANÁLISE DA MANIFESTAÇÃO PRÉVIAInicialmente, cumpre analisar abaixo a manifestação da Empresa de Consultoria

responsável pela elaboração do Projeto Executivo da obra:a) Sobrepreço decorrente da superestimativa dos quantitativos dos serviços de

terraplenagem originado pela utilização, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva

a.1) Remoção de Camada Vegetal

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A Empresa Consultora argumentou que os auditores do TCU ignoraram, no cálculo dos volumes de terraplenagem, a remoção da camada vegetal que é proveniente dos serviços de ‘desmatamento, destocamento e limpeza’. Acrescentou que, no projeto em questão, tal limpeza atinge profundidade média de 0,20m e deve ser inserida nos volumes necessários à implantação dos corpos de aterro.

Cumpre esclarecer, no entanto, que a influência das operações de limpeza já havia sido considerada no levantamento topográfico que subsidiou a elaboração do projeto. Percebeu-se que as cotas dos Modelos Digitais do Terreno (MDT) encaminhados à equipe de auditoria haviam sido reduzidas em 0,20m.

Ademais, a alegação apresentada para tentar justificar a consideração dos volumes decorrentes da limpeza apenas nas seções em aterro, a saber: ‘fica implícito que este volume [decorrente da limpeza da camada vegetal] não se aplica aos cortes, uma vez que a extração do material de remoção não precisa ser recomposto’, carece de fundamentos técnicos. Seguindo essa hipótese, a camada vegetal proveniente das seções em corte teriam como destino os aterros, visto que não houve desconto do volume oriundo camada vegetal das seções em cortes para aplicação nos aterros, conforme percebe-se no ‘Quadros de Distribuição de Massas’.

Por fim, a título de exemplificação, em uma análise pontual na seção da estaca 96 percebem-se diferenças nas cotas da primitiva do terreno superiores a 2,5m, bem diferente dos 0,20m da limpeza do terreno, assim como, a área obtida multiplicando-se a distância dos ‘off-sets’ pela espessura da camada vegetal seria de 11,51m², divergente dos 80,65m² acrescidos à área da seção dessa estaca.

a.2) Conformação dos Canteiros CentraisA Projetista alegou que a equipe de auditoria desconsiderou os volumes necessários para

conformação dos canteiros centrais. As seções analisadas pela equipe de auditoria, no entanto, já consideravam a conformação

dos canteiros, conforme percebe-se na inclinação dos taludes internos da pista e na discrição ‘cof. do canteiro’ presente nas seções dos anexos 6.3 a 6.8.

a.3) Escalonamento dos taludes existentesA Empresa justificou que no caso de alargamento de aterros, sua execução implica em

escalonamento nos taludes, envolvendo volumes quantificados caso a caso. O escalonamento nos taludes proveniente do arrasamento parcial do aterro existente, no

entanto, não implica em majoração dos volumes de terraplenagem. O volume proveniente do arrasamento aterro existente será novamente aplicado no aterro, completando-se somente após, com material importado, toda a largura da referida seção de aterro, conforme especificação de serviço Dnit 108/2009-ES, item 5.3.6. Logo, tal volume não justifica a majoração de quantitativos.

Além disso, as cinco seções apresentadas na manifestação preliminar visando demonstrar com mais clareza as suas próprias justificativas merecem considerações: a) a primitiva do terreno está conforme o levantamento topográfico que subsidiou a elaboração do projeto, diferente portando das seções de aterro utilizadas para cálculo do volume de movimentação de terras (cumpre esclarecer que o indício de sobrepreço foi apontado exatamente porque o volume de movimentação de terras calculado no projeto não utilizou as seções da primitiva do terreno que subsidiou a elaboração do projeto); b) os degraus apresentados nos taludes decorrentes do arrasamento não estão em conformidade com as dimensões máximas definidas no Relatório do Projeto, fl. PT-01.08 do volume 2, assim aumentando a área a ser arrasada.

a.4) Marcos Planialtimétricos ImplantadosA Consultora ressaltou que os marcos foram implantados em região de intensa atividade

agrária e grande presença humana e que com um lapso temporal de quase dois anos encontrar-se-iam bastante comprometidos.

Cumpre esclarecer que, por meio do Ofício 244/2011-GAB, datado de 10/02/2011, o Eng. Alfredo Soubihe Neto, Superintendente Regional – Dnit GO/DF, respondeu que ‘os marcos

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planialtimétricos encontram-se materializados no campo de acordo com as coordenadas informadas pela tabela constante das fls. 109/114 do Volume 1 – Relatório do Projeto e Documentos para Concorrência – TOMO I’.

Quanto à discrepância entre cotas de marcos apresentados na topografia de projeto e a informada no relatório de projeto, a Projetista justificou que as cotas apresentadas no Volume 1 são referentes ao rastreamento dos pontos de referencia de nível por meio do GPS geodésico, enquanto as informações de referência de nível constantes do volume 2 foram obtidas por intermédio do levantamento taqueométrico resultante do nivelamento e contranivelamento.

Cumpre esclarecer que, segundo a justificativa, a primeira refere-se ao elipsóide de referência utilizado pelo sistema GPS e a segunda ao geóide da Terra. Assim, a diferença entre ambas refere-se a ondulação geoidal que pode ser obtida por meio do Software Mapgeo/IBGE.

Utilizando o referido Software, os valores obtidos no relatório de projeto diferem dos apresentados pelo mencionado programa, conforme demonstrado na Tabela 22.

a.5) Diferença de nível entre a pista existente e a projetada no trecho entre as estacas 5347-5356

A Projetista justificou que tal diferença decorre da cota de cheia máxima do Rio Turvo, obtida pela verificação hidráulica.

Observou-se que a obra de arte existente no Rio Turvo, de acordo com os dados apresentados nos estudos hidrológicos, realmente possui problemas de insuficiência hidráulica, porém o cálculo da vazão máxima apresentado no Projeto não foi verificado devido a ausência das plantas de bacias.

Esclareça-se que tal diferença de nível em nada influenciou o cálculo do sobrepreço apontado.

b) Sobrepreço nos serviços de terraplenagem devido à ausência de desconto da área do pavimento (sub-base, base e revestimento)

b.1) Ausência de desconto da área do pavimentoA Projetista apresentou fundamentos para justificar que o greide utilizado para cálculo dos

volumes foi o de terraplenagem. Tais fundamentos corroboraram que as cotas apresentadas no perfil são de terraplenagem, visto que a redução de 0,40m no greide projetado poderia causar insuficiência de altura livre em viaduto e nas pontes.

Assim, pela dificuldade de verificação neste momento, devido a ausência no Projeto de Obras de Arte Especiais das cotas de implantação de algumas pontes e viadutos, assim como da ausência das plantas de bacias para confirmação das cotas de cheias máximas dos rios, achou-se por bem retirar o volume proveniente da área do pavimento do cálculo do sobrepreço. Destaca-se que faz-se importante a verificação das cotas de implantação da terraplenagem na época da execução da obra.

DA CONCLUSÃOOs argumentos preliminares apresentados não foram capazes de afastar o indício de

sobrepreço nos serviços de terraplenagem devido à utilização, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva. Assim, propõe-se:

a) a audiência dos membros da comissão responsável pela aprovação do projeto base do Edital Dnit/GO nº 832/2009 para apresentarem as suas razões de justificativa quanto ao indício de sobrepreço ora apresentado;

b) a oitiva do Dnit e das empresas contratadas para que se manifestam acerca do indício de sobrepreço ora apresentado.

As oitivas se justificam tendo em vista que os indícios de irregularidades ora apontados podem ensejar alterações nos contratos originados pelo Edital da Concorrência 832/2009-GO.

DA ATUALIZAÇÃO DO CÁLCULO DA ESTIMATIVA DE SOBREPREÇOConsiderando o acréscimo constatado na área das seções transversais de terraplenagem,

Tabelas 1-6, calculou-se o volume de aterro corrigido para os cinco lotes de construção da rodovia,

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Tabela 15. Empregou-se tal volume corrigido nos quantitativos dos serviços influenciados pela superestimativa, a saber: ‘escavação, carga e transporte’ e ‘compactação de aterros’, conforme exposto nas Tabelas 16-20. Comparou-se, então, o valor contratado com o corrigido, obtendo-se um percentual médio de sobrepreço de 19,56% em relação aos serviços de terraplenagem e 3,04% em relação ao valor total do contrato, Tabela 21.

Cumpre esclarecer que o percentual de superestimativa de volume obtido nas Tabelas 1-6 foram extrapolados para o volume total de aterro contratado nos respectivos lotes, alcançando-se a diferença total de volume entre as seções utilizadas no Projeto para cálculo das movimentações de terra e as seções extraídas do levantamento topográfico da primitiva que subsidiou a elaboração do Projeto, conforme demonstrado na Tabela 15.

DA RECLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DO ACHADOO presente achado foi reclassificado, após a Manifestação Prévia, de uma gravidade IG-P

para IG-C, visto que o indício de sobrepreço reduziu-se de R$ 61.390.179,69 para R$ 34.223.689,02, não mais se enquadrando nos termos do art. 94, § 1°, inciso IV da Lei 12.309/2010.

3.1.9 - Responsáveis: Nome: Octacílio Oliveira Cunha - CPF 551.820.038-20 - Cargo: Presidente da Comissão

responsável pela aprovação do Projeto Executivo base do Edital Dnit 832/2009-GO (desde 18/11/2009)

Nome: Flávio Murilo Gonçalves Prates de Oliveira - CPF 306.587.481-49 - Cargo: Membro da Comissão responsável pela aprovação do Projeto Executivo base do Edital Dnit 832/2009-GO (desde 18/11/2009)

Nome: Cristiane Subtil de Oliveira - CPF 560.479.321-34 - Cargo: Membro da Comissão responsável pela aprovação do Projeto Executivo base do Edital Dnit 832/2009-GO (desde 18/11/2009)

Conduta: Aprovar, mediante Portaria Dnit-GO/DF nº 244, de 04/12/2009, o Projeto Executivo de Engenharia base do Edital Dnit nº 832/2009-GO com superestimativa nos serviços de terraplenagem devido à utilização, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva, quando deveria ter verificado a conformidade dos quantitativos relativos aos projetos.

Nexo de causalidade: A aprovação do Projeto Executivo de Engenharia resultou na contratação de serviços de terraplenagem com quantitativos superiores aos obtidos pela topografia primitiva.

Culpabilidade: É razoável afirmar que era possível aos responsáveis terem consciência do indício de irregularidade apontado pela equipe de fiscalização.

4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAISA obra objeto desta fiscalização foi objeto do processo TC-008.198/2010-1. Como o

referido processo encontra-se aberto, conservou-se, na autuação destes autos (TC-000.745/2011-1), a relatoria original do Exmº Senhor Ministro Substituto Augusto Sherman, conforme dispôs o item 9.7.2 do Acórdão 442/2010-TCU-Plenário.

5 - CONCLUSÃO A seguinte constatação foi identificada neste trabalho:

Questão 1 Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado. (item 3.1)

Por meio da verificação realizada em campo com vistas a confirmar a consistência das informações constantes das seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra, determinada pelo item ‘9.3.2’ do Acórdão 3.405/2010-P, a equipe de fiscalização constatou que as seções de aterro utilizadas para cálculo do volume de movimentação de terras possuem áreas maiores do que a topografia indica, o que resultou na majoração indevida do quantitativo do volume

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de movimentação de terras e, por conseguinte, resultou em um sobrepreço global estimado de R$ 34.223.689,02 no valor total contratado.

Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a mitigação dos riscos de danos ao erário decorrentes de aprovação de projeto executivo com superestimativa de quantitativos nos serviços de terraplenagem, sendo o total dos benefícios quantificáveis desta auditoria de R$ 34.223.689,02 (valor do indício de sobrepreço nos contratos originados pelo Edital da Concorrência 832/2009-GO).

COMENTÁRIOS ADICIONAISA equipe de fiscalização verificou se as determinações ao Dnit constantes do Acórdão

3405/2010-TCU-Plenário estavam sendo cumpridas. No que se refere ao item ‘9.2.1’ do Acórdão supracitado, relativo às repactuações dos

Contratos. 0727/2010-00, 0729/2010-00, 0730/2010-00, 0731/2010-00 e 0739/2010-00, com o objetivo de eliminar os sobrepreços apontados no relatório que acompanha o Acórdão 2501/2010-TCU-Plenário, verificou-se que por meio do segundo e do terceiro termos aditivos aos referidos contratos foram corrigidos os valores referentes aos serviços de desmatamento e limpeza, escavação de solos e fornecimento de materiais asfálticos. Já para os serviços de transportes de materiais asfálticos, que foram corrigidos pelo quarto termo aditivo, a intempestividade do Ofício Dnit nº 604/2011-GAB, de 15/04/2011, não permitiu a sua análise nesta fiscalização, motivo pelo qual o documento foi encaminhado para exame no TC-008.198/2010-1.

Quanto aos demais itens determinados pelo Acórdão supracitado, a saber: ‘9.2.2’, ‘9.2.3’, e ‘9.2.6’, por meio do Ofício Dnit nº 244/2011-GAB, de 10/02/2011, foi informado pelo Dnit que os estudos solicitados encontravam-se em elaboração, motivo pelo qual devem ser acompanhadas mediante monitoramento, conforme determinado no item ‘9.3.1’ do referido acórdão.

6 - ENCAMINHAMENTO Proposta da equipeAnte todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmº Sr.

Ministro-Relator Augusto Sherman, com a (s) seguinte (s) proposta (s):Responsáveis: Cristiane Subtil de Oliveira, Flávio Murilo Gonçalves Prates de Oliveira,

Octacílio Oliveira CunhaAudiência de Responsável:Com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92 c/c o art. 250, inciso IV, do

Regimento Interno, a audiência dos Srs. Cristiane Subtil de Oliveira (CPF 560.479.321-34), Flávio Murilo Gonçalves Prates de Oliveira (CPF 306.587.481-49) e Octacílio Oliveira Cunha (CPF 551.820.038-20), na qualidade de membros da Comissão responsável pela aprovação do Projeto Executivo base do Edital 832/2009-GO, para apresentarem, no prazo de quinze dias, a contar da ciência, as razões de justificativa pelo indício de sobrepreço de R$ 34.223.689,02 nos contratos originados pelo Edital da Concorrência 832/2009-Dnit/GO, decorrente de utilização de quantitativos inadequados nos serviços de terraplenagem devido à utilização, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva, contrariando assim os termos estabelecidos no art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, da Lei 8.666/93, conforme detalhado no Achado ‘‘Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado”.

Oitiva:Determinar à 2ª Sec. de Fiscalização de Obras que realize a oitiva do Dnit e dos consórcios

Construmil/Ccb/Cetenco, Queiroz Galvão/Via, Trier/Goiás/Etec, Delta/JM/Cbemi e Egesa/Emsa, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, c/c a Súmula Vinculante nº 3 do STF, para que se manifestem, se assim o desejarem, no prazo de quinze dias, acerca do indício de sobrepreço de R$ 34.223.689,02 nos Contratos. 0727/2010-00, 0729/2010-00, 0730/2010-00, 0731/2010-00 e 0739/2010-00, originados pelo Edital da Concorrência 832/2009-Dnit/GO, decorrente de utilização de quantitativos inadequados nos serviços de terraplenagem devido à utilização, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia

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primitiva, contrariando assim os termos estabelecidos no art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, da Lei 8.666/93, conforme detalhado no Achado ‘‘Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado’ ‘.

Determinação de Providências Internas ao TCU:1. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do

Congresso Nacional que não foram detectados indícios de irregularidade que se enquadram no disposto no inciso IV do § 1° do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), nos contratos Dnit nºs 0727/2010-00, 0729/2010-00, 0730/2010-00, 0731/2010-00 e 0739/2010-00, relativos a execução das obras de adequação da BR-060, no trecho compreendido entre Abadia de Goiás/GO e Jataí/GO.

2. encaminhar cópia do relatório de fiscalização e do Acórdão que o Tribunal vier a adotar, acompanhados do relatório e do voto que o fundamentarem ao Dnit, às empresas contratadas e aos responsáveis chamados em audiência para subsidiar a elaboração de suas razões de justificativa.

3. apensar definitivamente, nos termos do art. 34 da Resolução TCU 191/2006, o presente processo ao processo TC-008.198/2010-1, que trata do mesmo objeto desta fiscalização, para exame em conjunto.”

É o relatório.

VOTO

O presente trabalho de fiscalização tem como finalidade básica complementar a análise do projeto executivo licitado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit para contratação da execução das obras de adequação do trecho rodoviário da BR-060, localizado entre Abadia de Goiás/GO e Jataí/GO.2. Nos autos do TC-008.198/2010-1 (Fiscobras/2010) foram analisados pela 2ª Secob os diversos aspectos técnicos do referido projeto executivo licitado por meio da Concorrência relativa ao Edital DNIT/GO nº 832/2009. Em decorrência dos achados de auditoria resultantes daquela fiscalização, foi prolatado o Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário, no qual foi determinado ao Dnit um conjunto de providências visando ao saneamento dos sobrepreços e deficiências apurados pela auditoria. Dentre as medidas determinadas, destacam-se:

a) condicionamento do início das obras à repactuação dos contratos firmados com os consórcios e empresas vencedores do certame, de modo a eliminar os sobrepreços apontados nos serviços analisados;

b) revisão do projeto dos serviços de aterro sobre solos moles de forma a afastar as deficiências e superdimensionamentos apurados, devendo estar demonstrado nesses projetos a adequação técnica e a economicidade das soluções adotadas;

c) revisão do projeto dos serviços de restauração de pavimentos de forma a afastar as deficiências e superdimensionamentos apurados, devendo estar demonstradas nesses projetos a adequação técnica e a economicidade das soluções adotadas, observando-se, ainda, que o projeto deve considerar, por meio de métodos de dimensionamento oficiais, reconhecidos e tecnicamente indicados, as condições estruturais resultantes das melhorias implementadas nos pavimentos pelas obras de restauração dos contratos do Programa PIR-IV;3. Entretanto, naquela auditoria restou prejudicada a análise do projeto em relação às seções transversais de terraplenagem, conforme as seguintes considerações constantes do Voto condutor do Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário:

“26. Por fim, em relação às seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra, em cumprimento ao subitem 9.1.2 do Acórdão 2501/2010-TCU-Plenário, o Dnit apresentou ao Tribunal o referido item de projeto. Contudo, ante a impossibilidade, neste momento, de se aferir em campo as informações prestadas, estou de acordo com a proposta da unidade técnica no sentido de que essa aferição

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seja diferida para as fiscalizações do Fiscobras/2011. Entretanto, considerando que esses serviços são realizados na fase inicial da execução obra, entendo que a checagem das seções transversais deva ocorrer, por meio de inspeção, antes mesmo do início dessas obras, de forma a permitir que o Tribunal atue tempestivamente caso sejam constatadas divergências no projeto.”

4. Em decorrência, foi prolatada por meio do Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário a seguinte determinação à 2ª Secob:

“9.3.2. realize, até o final do mês de fevereiro de 2011, inspeção com vistas a verificar em campo a consistência das informações constantes das seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra, fornecidos pelo Dnit em cumprimento ao subitem 9.1.2 do Acórdão 2501/2010-TCU-Plenário;”

5. Em cumprimento à determinação, a 2ª Secob realizou a análise dos elementos técnicos, recorrendo a informações obtidas em inspeção em campo. Como resultado desses trabalhos, foi constatado um sobrepreço total no referido serviço no valor de R$ 34.223.689,02 após a análise das justificativas oferecidas em manifestação preliminar do Dnit. O referido sobrepreço decorre da utilização, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva.6. Face à constatação de sobrepreços nos serviços de terraplenagem da obra, a unidade técnica propõe a oitiva do Dnit e dos contratados para que se manifestem sobre a ocorrência, bem como a audiência dos membros da comissão responsável pela aprovação do projeto base do Edital DNIT/GO nº 832/2009.7. Entendo não haver reparos a fazer, neste momento, nos trabalhos técnicos realizados pelos auditores da 2ª Secob. Dessa forma, considero pertinentes as oitivas propostas, dirigidas tanto ao Dnit quanto às empresas e consórcios contratados para a execução dos cinco lotes em que foi dividida a obra, bem como as audiências dos técnicos responsáveis pela aprovação dos projetos nos quais foram apurados os sobrepreços. Entretanto, considero não haver razão de se fazer nova comunicação ao Congresso Nacional neste momento, tendo em vista o que já foi comunicado por meio do Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário.8. Por fim, entendo pertinente que a análise das respostas às oitivas e audiências seja realizada pela 2ª Secob em um prazo máximo de quinze dias após o seu recebimento, em vista da urgência requerida no deslinde do presente processo, por se tratar de complementação da decisão prolatada por meio do acórdão acima mencionado.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 1 de junho de 2011.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI Relator

ACÓRDÃO Nº 1467/2011 – TCU – Plenário

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 000.745/2011-1

1. Processo nº TC 000.745/2011-12. Grupo: I – Classe: V – Assunto: Relatório de Auditoria.3. Responsáveis: Alfredo Soubihe Neto (CPF 020.109.818-04), Cristiane Subtil de Oliveira (CPF 560.479.321-34), Flávio Murilo Gonçalves Prates de Oliveira (CPF 306.587.481-49) e Octacílio Oliveira Cunha (CPF 551.820.038-20).4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit.5. Relator: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade técnica: 2ª Secob.8. Advogado constituído nos autos: não consta.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes – Dnit, objetivando verificar a consistência das informações constantes das seções transversais de terraplenagem utilizadas no projeto da obra de adequação de trecho rodoviário na BR-060, em cumprimento à determinação prolatada pelo Acórdão 3405/2010-TCU-Plenário,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. determinar à 2ª Secob que:9.1.1. realize a oitiva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit para que

se manifeste, no prazo de 15 (quinze) dias, acerca do sobrepreço no valor de R$ 34.223.689,02 apurado nos Contratos 0727/2010-00, 0729/2010-00, 0730/2010-00, 0731/2010-00 e 0739/2010-00, decorrentes do Edital da Concorrência nº 832/2009-Dnit/GO, em razão da utilização de quantitativos inadequados nos serviços de terraplenagem devido ao emprego, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva, contrariando assim os termos estabelecidos no art. 6º, inciso IX, alínea "f", da Lei nº 8.666/93, conforme detalhado no Achado ''Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado'';

9.1.2. realize a oitiva dos consórcios Construmil/Ccb/Cetenco, Queiroz Galvão/Via, Trier/Goiás/Etec, Delta/JM/Cbemi e Egesa/Emsa, para que se manifestem, se assim o desejarem, no prazo de 15 (quinze) dias, acerca dos sobrepreços apurados nos respectivos contratos decorrentes do Edital da Concorrência nº 832/2009-Dnit/GO, em razão da utilização de quantitativos inadequados nos serviços de terraplenagem devido ao emprego, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva, contrariando assim os termos estabelecidos no art. 6º, inciso IX, alínea "f", da Lei nº 8.666/93, conforme detalhado no Achado ''Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado'';

9.1.3. realize, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento Interno do TCU, a audiência dos Srs. Flávio Murilo Gonçalves Prates de Oliveira, Cristiane Subtil de Oliveira e Octacílio Oliveira Cunha, na qualidade de membros da Comissão responsável pela aprovação do Projeto Executivo base do Edital nº 832/2009-GO, para que apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativas em relação ao sobrepreço no valor de R$ 34.223.689,02 nos contratos originados pelo Edital da Concorrência nº 832/2009-Dnit/GO, decorrente de utilização de quantitativos inadequados nos serviços de terraplenagem devido à utilização, nos quadros de cubação do projeto, de áreas superiores às obtidas pela topografia primitiva, contrariando assim os termos estabelecidos no art. 6º, inciso IX, alínea "f", da Lei nº 8.666/93, conforme detalhado no Achado ''Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado'' do Relatório de Fiscalização elaborado pela equipe de auditoria da 2ª Secob, transcrito no relatório que fundamenta este acórdão;

9.1.4. analise as respostas às oitivas e audiências e formule proposta de mérito em um prazo de 15 (quinze) dias contados do seu recebimento, e

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9.2. encaminhar cópia e deste acórdão, acompanhado das peças que o fundamentam, ao Dnit, aos consórcios contratados e aos responsáveis chamados em audiência para subsidiar a elaboração de suas justificativas.

10. Ata n° 21/2011 – Plenário.11. Data da Sessão: 1/6/2011 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1467-21/11-P.13. Especificação do quorum:13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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