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Defesa dos direitos. Promoção da justiça. Relatório Anual de 2011

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Defesa dos direitos. Promoção da justiça.

Relatório Anual de 2011

ACORD A REPORT 2011-PORTUGUESE:Layout 1 12/13/12 6:22 PM Page 1

Tabela de matérias

ACORD | Relatório Anual 2011Défendre les droits. Promouvoir la justice.

Mensagem do Presidente do Conselho de Administração e doDirector Executivo 2I. Subsistência e Soberania Alimentar 4

Soluções Práticas para o Reforço da Segurança Alimentar 4

Casos em Estudo:África Austral: Compartilha de Conhecimentos e Habilidades Além Fronteiras 5Fórum Social Mundial: Dizer Não à Apropriação de Terras 6Associações Comunitárias Mudam Vidas na Etiópia 6

II. Os Direitos da Mulher e a Justiça Social 7O Direito da Mulher à Terra e à Justiça em África 8

Casos em Estudo:De Vítima a Activista: Tabuo Triunfa sobre a Violência Sexual 8

III. HIV e SIDA 9“Pare o Estigma!” – Campanha contra HIV e SIDA 9

Casos em Estudo:Reduzir a Vulnerabilidade ao HIV nas Comunidades de Difícil Acesso 10Agricultores Lutam Contra o HIV e SIDA no Ruanda 11

IV. Consolidação da Paz 12Paz, Recuperação e Reconciliação Comunitária 12

Casos em Estudo:Soluções Duradouras para Conflitos Relacionados com Recursos no Chade 13

Relatório Financeiro 14Receitas por Tipo e Despesas por Actividade (2011) 15

Sobre a ACORD 16 Visão Geral do Plano Estratégico 2011 - 2015 16Conselho de Administração e Equipa de Direcção Superior 17Recursos 17Agradecimentos aos Nossos Doadores e Apoiantes! 18

Publicado em 2012, Nairobi, Quénia

©2012 ACORD (Agência de Cooperação e Pesquisa no Desenvolvimento)

Concepção e Impressão por Blue Apple Ltd

Fotografias: Caroline Testud, Digital Perceptions, Hannah Chira, JB Russell, Jean Blaylock,

Kristin Seljeflot, Nashon Tado

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ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça.

Mensagem do Presidente do Conselho de Administraçãoe do Director Executivo Caros Amigos,O provérbio africano que diz “o amanhã pertence àqueles que sepreparam hoje” vem à mente em relação ao ano de 2011, quandoa ACORD embarcou numa outra trajectória ambiciosa de cincoanos no seu planeamento estratégico. O plano estratégico de2011-2015 reafirma a visão da ACORD de promover a justiçasocial em África, bem como o seu compromisso de trabalhar emprol de uma causa comum com pessoas cujos direitos sãonegados.

O ano de 2011 assinala o 35º Aniversário do trabalho da ACORDno continente africano com vista a lograr a transformação sociale o desenvolvimento alicerçados nos direitos, através da provisãode apoio ao desenvolvimento de movimentos sociais. A trajectóriarumo ao desenvolvimento sustentado de muitas comunidadesafricanas é caracterizado por histórias de determinação,esperança, anseio, coragem e incerteza. Desenvolvendoactividades junto de algumas das comunidades maismarginalizadas, a ACORD pode dar testemunho destastrajectórias, pois, tivemos um papel a desempenhar, em especial,nos países onde desenvolvemos as nossas actividades.

Coincidentemente, 2015 também assinala o culminar dosObjectivos de Desenvolvimento do Milénio ou ODMs. Já está aser levantada a questão de até que ponto os ODMs serãoalcançados e quais serão os próximos passos para a África e omundo. Isto significa que, ao concluir a implementação do seuplano estratégico em 2015, a ACORD encontrar-se-á numaposição privilegiada em termos de abordagens aodesenvolvimento comprovadas e poder dar um contributosignificativo na articulação das acções futuras no contexto dodesenvolvimento pós-2015.

Em 2011, o mundo saudou a emergência do Sudão do Sul comosua mais nova nação independente após um referendo decisivoque determinou o rumo entre a separação e a unificação com onorte. Mas a auto-administração e o fim de uma guerra quedurava há décadas constituíram apenas o primeiro passo naedificação de uma sociedade estável capaz de responder aosseus desafios mais prementes e de se sustentar.

As questões fundamentais de desenvolvimento e o papel dasorganizações não-governamentais como a ACORD continuam a

ser reconhecidos no contexto dos novos desafios com que Áfricase confronta, bem como no contexto da mudança continua nasrelações globais e de ajuda. Sendo uma organização financiadaatravés de subvenções, a ACORD está sempre preparada paraagir em conformidade com os mais elevados padrões de eficáciano desenvolvimento como o primeiro passo para a transformaçãodas comunidades em África.

Os nossos agradecimentos a todos os nossos parceiros queprovidenciaram apoio crítico, um ingrediente que assegura que oplaneamento se traduza em acção real concreta. Este apoio incluia presença física, doações financeiras ou materiais, queproporcionam à ACORD a oportunidade de poder atingir maispessoas com as suas mensagens, disseminando produtos a umpúblico mais amplo, bem como variadas outras formas de apoio,grande e pequeno.

Gostaríamos também de agradecer sinceramente a todos osnossos amigos e partes interessadas que dispuseram de tempopara tomar parte, tanto interna como externamente, no processode planeamento estratégico para o período de 2011-2015. Isto irágarantir que, até 2015, sejam alcançados resultados concretosnas diferentes esferas de desenvolvimento em que a ACORD eos seus parceiros estão a trabalhar, com vista a lograr umimpacto positivo e de longo prazo, em benefício dos cidadãosafricanos.

Ibrahim OuedraogoPresidente do Conselho

de AdministraçãoOusainou Ngum

Director Executivo

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Membros da Associação Distrital de Agricultores de Magude em Mocambique

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ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça. 4

1 | Subsistência e soberania alimentar

“Reforçar os meios de subsistência das comunidades marginalizadas e a sua capacidade de modo a poderem

desenvolver com sucesso a advocacia dos seus direitos e melhorar o seu bem-estar através da conquista da

soberania alimentar” – Plano Estratégico Quadro da ACORD para 2011 - 2015

O Conjunto de Ferramentas de Advocacia para pequenosagricultores tem como objectivo desenvolver a capacidade dosparceiros para que possam melhor mobilizar e engajar-se com osdecisores políticos. Tem como finalidade influenciar as políticasnacionais, regionais e internacionais em torno dos seus direitos.O conjunto de ferramentas estabelece uma analogia interessanteda enxada, salientando que em África, ela representa umaextensão da mão do agricultor. Entretanto, os pequenosagricultores necessitam de outras ferramentas para garantir queo ciclo de produção de alimentos, desde o seu cultivo,processamento até ao consumo, continue a ser um processoprogressivo, seguro e benéfico. Estes factores incluem o acessoaos mercados, o controlo de doenças, o desenvolvimento deinfra-estrutura e o apoio do governo através de maiorinvestimento público na agricultura.

Embora a maioria dos pequenos agricultores em África continuea dedicar o seu tempo, energia e recursos às actividadesagrícolas, isto nem sempre garante uma subsistência melhorada,em especial, a segurança alimentar.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para aAlimentação e Agricultura (FAO), 925 milhões de pessoas aindanão têm acesso a alimentos suficientes e, destas pessoas, 98%(ou seja, 906,5 milhões) vivem nos países em desenvolvimento.Em 2011, muitas comunidades em África experimentaram secaprolongada, com a maioria das regiões a sofrer um défice deprecipitação superior a 150mm. Isto levou à escassez dealimentos, desnutrição, movimento de populações e ao recrudescimento de crimes relacionados com meios desubsistência, tais como roubo de gado.

A incidência de alimentos que apodrecem nos campos e deintoxicação por fungos também levou a uma redução naprodução de alimentos. Em muitos casos, em todo o continente,os alimentos colhidos não conseguem chegar àqueles que delesmais precisam devido à falta de informação, à deficiência dossistemas de transporte, entre outros desafios. A falta dealimentos suficientes no mercado também exacerbou ademanda das limitadas reservas disponíveis, o que teve comoconsequência o agravamento dos preços, em mais de 60%, damaioria dos produtos alimentares. Com o sector agrícolarepresentando 20-40% do PIB, os países da África subsaarianaestão ainda a importar produtos essenciais como cereais eprodutos pecuários.

Enquanto, por um lado, a dependência nas importaçõesdesencoraja os esforços dos agricultores na produção localdestes mesmos produtos; por outro, também aumenta o fardoem termos de défice das receitas do país, que amiúde é, por suavez, transferido para o consumidor.

Por conseguinte, há necessidade de se abordar a dinâmica queafecta a cadeia de produção de alimentos a fim de quebrar ociclo da insegurança alimentar. É fundamental que os pequenosagricultores e pastores ganhem, em troca, o equivalente legítimodo seu trabalho e investimento. A fim de apoiar as actividadesagrícolas, a ACORD está a elaborar um manual de formaçãosobre a agricultura sustentável, que tem como base a formaçãode formadores e a compartilha de experiências bem sucedidas.

Soluções Práticas para o Reforço da Segurança Alimentar

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5ACORD | Relatório Anual 2011

Defesa dos direitos. Promoção da justiça.

Casos em EstudoÁfrica Austral: Compartilha de conhecimentos e habilidades além fronteiras

Seis representantes de associações de pequenos agricultores deMoçambique efectuaram uma visita ao Zimbabué durante umamissão de aprendizagem, facilitada pelo Fórum dos Agricultoresda África Oriental e Austral (ESAFF). A equipa visitou o Centro dePerma-cultura de Fambidzanai e o Centro do Rio da Vida ondeos pequenos agricultores zimbabueanos recebem formação emagricultura orgânica. Os agricultores moçambicanos tiveram aoportunidade de participar em actividades de produção dediferentes culturas a fim de equipá-los com conhecimentos ehabilidades comprovados que poderão aplicar no seu país.

Também visitaram a Associação dos Pequenos AgricultoresOrgânicos de Svove, um centro de apoio agrário situado a cercade 100 km da capital, Harare. Durante a visita, os participantespuderam perceber as semelhanças nos métodos de produçãoagrícola adoptados tais como o uso de adubo orgânico ecobertura de material vegetal húmido para conter as ervasdaninhas e preservar a humidade do solo. Houvera, também,oportunidade para observar melhores práticas de agricultura aserem implementadas, tais como metodologias de testagem dahumidade do solo, selecção de sementes de qualidade paraplantação, bem como métodos criativos de produção deculturas.

Um dos participantes teve isto a dizer na sequência da visita: “A oportunidade de visitar os agricultores do nosso país vizinhoZimbabwe terá um impacto positivo no nosso trabalho agrário eirá beneficiar centenas de pequenos e médios agricultores donosso país, o que levará ao aumento da produção agrícola”.

A aquisição de novos conhecimentos e aptidões é uma formapoderosa de equipar os pequenos agricultores com métodoseficazes. A confiança que desenvolvem com os novosconhecimentos terá, em última análise, um impacto positivo naspolíticas e práticas, e assegurará que a voz dos pequenosagricultores seja ouvida durante os debates nacionais einternacionais em torno do desenvolvimento rural emMoçambique.

Através de intervenções conjuntas semelhantes com parceirosnacionais como a Rede Nacional de Organizações queTrabalham na Soberania Alimentar em Moçambique (ROSA) eoutros parceiros em África, a ACORD pretende assegurar que osdireitos de todos os cidadãos à alimentação sejam respeitadospelos governos nacionais através do aprofundamento dosconhecimentos e melhoramento da prestação de contas aosseus cidadãos.

“Devemos enfatizar ainteracção ao nível continental

e transnacional naimplementação do nossoprograma. É obvio que há

muitas lições que podem seraprendidas dos países

vizinhos” – Ousainou Ngum,Director Executivo da ACORD

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ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça. 6

O Fórum Social Mundial retornou à África em 2011, trazendo75.000 pessoas de todo o mundo para Dakar, no Senegal. AACORD participou de modo a dar o seu contributo, aprender eestabelecer contacto com outros actores que trabalham em prolda justiça social e do desenvolvimento.

A ACORD levou a Dakar uma equipa de 36 funcionários eparceiros oriundos de dez países do continente. A apropriação deterras foi um dos tópicos mais candentes do fórum e a ACORDpatrocinou um workshop coordenado pelo Comissão Católicacontra a Fome e para o Desenvolvimento. Na segunda metade do

fórum, as organizações que trabalham nesta matéria reuniram-seem assembleia e lançaram o Apelo de Dakar Contra a Apropriaçãode Terras. A componente on-line desta petição recebeuassinaturas de pessoas de todo o mundo em solidariedade comos esforços visando conter a apropriação de terras em África.

O Fórum congregou as pessoas para que pudessem interagirdirectamente entre si, num espaço colectivo, sobre os problemasprementes do nosso mundo. Este Fórum também coincidiu comas revoltas na Tunísia e no Egipto, o que suscitou um sentimentode possibilidades renovadas.

Casos em Estudo

Fórum Social Mundial: Dizer não à Apropriação de Terras

Selamina Fikir Yeshekla Sira ou Associação de Paz, Amor eCerâmica com sede no bairro de Gulele, Adis Abeba, foi criada emJaneiro de 2004 e actualmente conta com 46 membros cominteresse especial na cerâmica. Na sociedade tradicional etíope,as pessoas que trabalham nesta área sofrem discriminação.

Até há bem pouco tempo, estes grupos não podiam contrairmatrimónio em outros grupos sociais. A partir de 2005, a ACORDajudou o grupo a organizar-se em cooperativa de produtores e aobter licença e instalações através do gabinete de promoçãocooperativista. Além disso, a ACORD organizou formação eworkshops para o grupo abordando matérias como princípios decooperativismo, empreendedorismo, liderança e gestão,manutenção de registos, género e VIH/SIDA.

Após o estabelecimento formal da cooperativa, o grupo obteveinstalações através das autoridades do bairro, pagando umarenda mensal de 240 birr. Em apoio aos esforços da associação etendo em vista o melhoramento dos meios de subsistência dosmembros, a ACORD contribuiu com 40.000 birr, sob a forma desubvenção para a criação de sistema de crédito.De acordo com os membros do grupo, as diferentes sessões deformação e o apoio financeiro providenciados pela ACORDcontribuíram para o incremento da produção e, posteriormente,para os seus rendimentos. Também conseguiram ter acessocontínuo às matérias-primas necessárias, garantindo desta formaque não houvesse nenhuma ruptura na produção.

Hoje, todos os membros possuem o seu equipamento demoldagem. Cada máquina custa 700 birr. Os membros do grupodemonstraram que o equipamento poupa trabalho e tempo emelhora a forma e a textura do produto.

Um exemplo é a Bizualem, de 24 anos de idade e casada.Bizualem desistiu da escola e entrou no negócio de cerâmicaquando tinha apenas 10 anos. Adquiriu as habilidades dos seusvizinhos, escondendo-se dos seus pais. Bizualem foi a primeirapessoa do grupo a usar equipamento de moldagem. Pagava 20birr por mês pelo aluguel da máquina. Como resultado, conseguiuatrair clientes e conseguiu ganhar 600 birr por mês.

Agora, Bizualem conseguiu adquirir a sua própria máquina atravésde um empréstimo de 1000 birr do regime de crédito. Os seusrendimentos mensais aumentaram de 600 para 1.200 birr(equivalente a £45). Bizualem está continuamente a melhorar aqualidade e o design dos seus produtos. Mais importante ainda,ela trata os seus clientes de forma correcta. Por conseguinte, éconsiderada como um modelo dentro da Associação. Ela e osrestantes membros da Associação querem confeccionar produtosde qualidade e abastecer o mercado local e estrangeiro. Noentanto, para realizar a visão na sua plenitude, têm consciência deque necessitam de aprimorar as suas habilidades ainda maisatravés de formação e de aquisição de equipamentos como fornoe misturadora.

Para apoiar este projeto, escreva [email protected]

Associações Comunitárias Mudam Vidas na Etiópia

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ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça.7

Os direitos da mulher e a justiça socialO Direito da Mulher à Terra e à Justiça em ÁfricaNa África Subsaariana, as mulheres têm muito pouco acesso àterra, com a maioria sendo concedida direitos de uso eaproveitamento apenas. As disparidades de género em relaçãoaos direitos à terra muitas vezes limitam a capacidade da mulherparticipar ou beneficiar de desenvolvimento e estão intimamenteligadas à violência contra a mulher. A ACORD defende, emparceria com grupos de mulheres e outras organizações dasociedade civil, a igualdade entre homens e mulheres no queconcerne aos direitos à terra, bem como a outros meioseconómicos de produção.

No âmbito deste trabalho, foi realizada uma conferência emNairobi de 30 de Maio a 2 de Junho de 2011 com o objectivo depromover o direito da mulher à terra e à justiça em África. Oevento reuniu mais de 150 participantes de diferentes países,que reafirmaram o seu compromisso para com a realização dodireito da mulher à terra em África.Compartilharam experiências e conhecimentos e desenvolveramplanos de acção concretos ao nível das bases, nacional, regionale global. Isto visava influenciar as políticas, integrar os direitos damulher em todas as acções da sociedade civil, do governo e dosector privado e mudar as atitudes e as práticas no seio daspróprias comunidades.

Há necessidade de engajamento num diálogo contínuo com oslíderes comunitários e instituições tradicionais a fim de assegurarque os direitos da mulher à terra sejam salvaguardados eapoiados. Isto deve ser feito em reconhecimento da relação queexiste entre os direitos da mulher à terra, as práticasdiscriminatórias de herança, as questões de desenvolvimentoagrícola, a apropriação e privatização das terras comunais eautóctones, os conflitos e a reconstrução pós-conflito e o VIH eSIDA.

A economia da maioria dos países em África depende em grandemedida dos recursos da terra. Infelizmente, os problemasrelacionados com a terra têm constituído um grandeimpedimento à utilização eficaz destes recursos vitais. Alémdisso, o direito consuetudinário relativo à terra discrimina contraas mulheres e alguns países promulgaram políticas e legislaçãoprogressivas sobre terra que não têm sido, no entanto,implementadas. Há, por conseguinte, necessidade de um maiordinamismo no desenvolvimento de campanhas e mobilização detodos os interessados a fim de garantir que o direito dasmulheres à terra seja respeitado.

Os participantes à Conferência comprometeram-se a promoveros direitos da mulher e a emitir um comunicado oficial abordandoas questões dos direitos de terra, propriedade e liberdade sexuale da violência baseada no género. Por conseguinte, com basenesta declaração, os governos nacionais, a Comissão da UniãoAfricana e a Agência de Planificação e Coordenação da NEPAD,bem como as organizações da sociedade civil e as organizaçõesnão-governamentais internacionais têm o dever de agir de formadecisiva em defesa dos direitos da mulher à terra e à justiça.

Participantes na conferência sobre o direito das mulheres àterra e Justiça de 2011.

“As mulheres representam mais de 60% dos pequenos agricultores e providenciam cerca de três quartos daforça de trabalho engajada na produção e processamento de alimentos” – O Direito da Mulher à Terra e à

Justiça em África, 2011

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Encontra-se abaixo um testemunho comovente de Tabuo*, umasobrevivente de estupro em Goma, na República Democráticado Congo (RDC) apresentado num workshop realizado pelaACORD durante o Fórum Social Mundial de 2011, em Dakar,Senegal.

Porém, graças à sua resiliência, auto-empoderamento e apoio defamiliares, amigos e membros da comunidade, as coisasmudaram para o melhor. Hoje, Tabuo exerce as funções deconselheira para outras sobreviventes de violência sexual. Elaparticipou no Fórum Social Mundial para ajudar na sensibilizaçãosobre a dimensão do problema e sobre a necessidade detomada de acção com vista a transformar uma cultura que toleraa violência contra as mulheres.Uma das coisas mais assustadoras em relação à história deTabuo é o facto de termos a consciência de que a mesma não éexclusiva ou especial a ela apenas - muitas mulheres têm sofridoo mesmo! A violência sexual contra as mulheres e raparigascontinua a constituir um problema grave, em especial, nassociedades em situações de conflito e pós-conflito em África.

*O verdadeiro nome foi mudado a fim de proteger a suaidentidade

ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça. 8

Casos em Estudo

De Vítima a Activista: Tabuo Triunfa Face à Violência Sexual

Tabuo partilhando a sua história durante o Forum Social Mundial em 2011.

“O nosso desejo é facilitar amudança de paradigma

empoderando as mulherespara impugnar as relações degénero e de poder através da

sua participação nosprocessos de tomada de

decisão, bem como na arenapolítica” – Plano Estratégico da

ACORD para 2011-2015.

“Fui estuprada por quatro soldados Interahamwe combatendo dolado de uma das inúmeras facções na guerra civil do Congo. Fuimantida em cativeiro, mas fugi decorridos alguns meses e conseguichegar a um campo de refugiados. Decorridas algumas semanas,descobri que estava grávida. Embora a equipa médica fosse capazde providenciar algum apoio, inicialmente, acharam que eu estavademasiado fraca e traumatizada para me darem a notícia de que iriater trigémeos.

“Isto constituiria um enorme fardo para mim tendo em conta aminha vulnerabilidade. Entretanto, apesar da minha fuga, quaisquerilusões de segurança que eu nutrisse desmoronaram-se quando fuiestuprada novamente, desta vez pelos guardas, quando estava aapanhar lenha...”

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“Pare o Estigma!” – Campanha deHIV e SIDA

A ACORD estabeleceu parceria com um conceituado artistaqueniano para o lançamento da sua primeira canção intitulada“Pare o Estigma”, em Adis Abeba, Etiópia. Isto foi durante a XVIConferência Internacional sobre SIDA e Infecções deTransmissão Sexual em África (ICASA), realizada a 4 deDezembro de 2011. A canção denuncia o estigma e adiscriminação contra comunidades de difícil acesso, populaçõesque são excluídas dos serviços sociais, em geral, quer comoconsequência da sua acessibilidade geográfica, factores sociais,culturais, económicos e políticos. Estes incluem pessoas quevivem com HIV, minorias étnicas e sexuais, vítimas de violênciasexual e de género, famílias chefiadas por crianças, pessoasportadoras de deficiências e refugiados, entre outros.

A campanha, que foi lançada na aldeia global da Conferência,atraiu partes interessadas-chave, incluindo o Presidente daSociedade para o combate à SIDA em África, ONUSIDA, váriasorganizações internacionais e nacionais, bem como asorganizações comunitárias representadas na Conferência. Como

parte do lançamento, a canção foi transmitida ao vivo natelevisão etíope, seguida de entrevistas com os funcionários daACORD.

O entusiasmo manifestado em torno da canção foi muitoencorajador e muitos participantes concordaram em promovê-ladentro das suas próprias organizações e junto dos parceiros.Gerou inúmeros testemunhos vivos dos delegados àConferência, que reconheceram que o estigma era na verdade aarma silenciosa do HIV e juntos ‘Temos de pará-lo!’

As lições geradas a partir deste processo incluem o importantepapel da música como instrumento de advocacia. Através damúsica, foi captada a atenção de todos os delegadosindependentemente da sua profissão, idade ou sexo e osdebates que se seguiram foram uma clara indicação de que amensagem fora bem compreendida.

A necessidade do envolvimento directo das comunidadesafectadas na campanha foi ainda uma outra lição crítica. Duranteo lançamento da campanha, representantes das comunidadesde difícil acesso, incluindo pessoas que vivem com HIVestiveram na vanguarda da campanha para enfatizar o facto deque se encontram em melhor posição para expor a sua situação.

“Podemos acabar com o estigma, mas isso deve começar com aabertura, a coragem de falar. Todos devem ensinar a tolerância, orespeito e a compreensão. Os governos, os líderes eclesiásticose os órgãos de comunicação social devem usar a sua influênciapara fazer advocacia em prol da mudança social. Penso que oestigma e a discriminação continuarão a existir enquanto asociedade como um todo não tiver uma compreensão clara eaceitar as pessoas marginalizadas, a dor e o sofrimento causadospelas atitudes negativas e pelas práticas discriminatórias.O estigma e a discriminação existem em todo o mundo e, comoartista, quero disseminar a mensagem através da canção ‘Pare oEstigma’ desde o nível comunitário até ao resto do mundo.O estigma não é a cura, a união é a resposta!” - Kwame Rigii, músico.

Consulte nosso website para escutar a canção!

3 | HIV e SIDA

Legenda da fotografia: A equipa da ACORD na ConferênciaInternacional sobre SIDA e Infeccoes de Transmissao Sexualem Africa (ICASA), Etiopia.

ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça.

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10ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça.

O programa de integração do HIV e SIDA da África Oriental eCentral, concebido para integrar o HIV e SIDA nas intervençõesna área de subsistência das Comunidades de Difícil Acesso temcomo alvo uma grande variedade de comunidades quedificilmente têm acesso aos serviços sociais no Uganda, Ruandae Burundi. Estas populações que são consideradas de difícilacesso devido à acessibilidade geográfica (pastores,comunidades pesqueiras que vivem em ilhas); pessoas excluídasdos programas de políticas nacionais e populaçõeseconomicamente vulneráveis, como mulheres e crianças. Outrosfactores também afectam as comunidades com crençasculturais profundamente enraizadas no que respeita à infecçãodo HIV, tratamento e sexualidade, populações afectadas porcalamidades naturais, guerras e exclusão com base empreconceitos raciais e culturais.

Dada a sua marginalização, estas categorias de populaçõesgeralmente requerem intervenções especialmente adaptadaspara permitir que tenham acesso aos serviços de prevenção,cuidados e tratamento de HIV. Mesmo assim, a maioria destas éainda excluída dos planos estratégicos nacionais devido à faltade dados sobre as suas necessidades específicas.

Em 2011, os esforços do programa de integração do HIV e SIDApara reforçar os meios de subsistência de algumas dascomunidades de difícil acesso como forma de reduzir a suasusceptibilidade à infecção pelo HIV e a sua vulnerabilidade aosimpactos negativos da SIDA. Este processo foi levado a cabousando a abordagem de análise da vulnerabilidade e dos riscos,uma metodologia participativa que permite às comunidadesanalisar os riscos de infecção pelo HIV e a vulnerabilidade à SIDAe identificar os possíveis cursos de acção. Um dos aspectos-chave no processo de análise pelas comunidades envolve aidentificação da relação entre o HIV e SIDA e os seus meios desubsistência. As comunidades de difícil acesso puderamcompreender os riscos e as vulnerabilidades associadas com assuas opções em termos de meios de subsistência e comosolucioná-los. Além disso, o programa estabeleceu a ligaçãoentre os grupos comunitários de difícil acesso e os provedores

de serviços de HIV e SIDA com vista a aumentar a sensibilidadeem relação às necessidades especiais dos grupos vulneráveis aonível da comunidade, nacional e regional.

O programa reportou a insuficiência de dados e a falta decompreensão de como os factores que induzem a propagaçãodo HIV afectam específicos grupos comunitários de difícilacesso. Constatou-se ainda que os esforços de prevençãoeficazes que se coadunam com as intervenções de tratamentoforam também considerados como sendo extremamentereduzidos numa média de apenas 22% de todos os beneficiáriosnos países que providenciam serviços de prevenção.

Por conseguinte, o programa recomenda que os governosnacionais da África Central e Oriental prestem apoio a pesquisasconduzidas no seio das comunidades em risco. Dadoscolectados através de pesquisas são usados na concepção deintervenções adaptadas às necessidades especiais daspopulações de difícil acesso, de modo a fazerem uma diferençasignificativa nas tendências da epidemia.

Casos em Estudos

Reduzir a Vulnerabilidade contra o HIV Junto das Comunidades de Difícil Acesso

Legenda da fotografia: Agregados chefiados por crianças noRuanda.

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ACORD | Relatório Anual 2011Defesa dos direitos. Promoção da justiça.11

“Se é agricultor, a sua situação serológica positiva não deveimpedi-lo de usar a enxada. Consigo trabalhar como toda a gentee, às vezes, trabalho mais arduamente do que as pessoas quenão estão infectadas pelo HIV” - Disse uma pessoa que vive comVIH do distrito de Kirehe, no Ruanda.

A prevalência do HIV e da SIDA tem consequências graves naactividade agrícola e na subsistência das famílias, pois, resulta naperda de mão de obra produtiva devido a prolongadasenfermidades e morte. Também leva à redução das horas detrabalho e, em certos casos, ao abandono de projectos de longoprazo a favor de actividades de pequena escala, à medida quemais tempo é despendido no cuidado dos membros do agregadofamiliar doentes. Portanto, é importante que os agricultoresentendam e comecem a falar sobre a doença abertamente comvista a prevenir a infecção e abordar as lacunas na suasubsistência.

Estas e outras lições emanaram durante uma série de workshopsde formação e sensibilização em que a ACORD congregouassociações locais que trabalham com pessoas que vivem comHIV e SIDA no distrito de Kirehe, no Ruanda.

Os agricultores que integram o programa de subsistênciaconfirmaram que alguns dos seus colegas estavam a viver com ovírus de HIV e que os efeitos da epidemia eram já evidentes nacomunidade. Enquanto que alguns membros da comunidadecujos testes confirmaram serem seropositivos divulgaram a suasituação serológica, houvera outros que, tendo testadoseropositivos, não estavam dispostos a divulgar a sua situaçãoserológica e optaram por visitar os centros de saúde distantes emRwamagana e Kigali. A outros faltou a coragem para fazer o testede HIV.

Os agricultores que participam na formação colocarampreocupações em relação ao elevado risco de exposição àinfecção pelo HIV no seio dos jovens na comunidade - que sãosexualmente activos, mas carecem de informações precisas sobrea prática de sexo seguro.

Como resultado da formação, os membros da comunidade deUrugaga Imbaraga formaram um grupo de agricultores paradefender os seus interesses comuns e adquirir sementesmelhoradas, fertilizantes e insumos agrícolas. Reúnem-seregularmente para debater os seus problemas e desafios a fim deencontrar soluções comuns. Os assuntos discutidos incluem aprevenção do HIV e SIDA, infecções durante a gravidez e adisponibilidade de terapia anti-retroviral.

“Os grupos de agricultores são muito importantes para cimentar anossa solidariedade. As nossas contribuições mensais de 100francos ruandeses (ou USD 2) incutem em nós um forte sentido depropriedade em relação ao grupo”, observaram os participantesdos sectores de Byumba, Bicumbi e Kageyo. Têm um fundo apartir do qual concedem empréstimos aos que necessitam deassistência financeira. Além de assistência monetária, órfãos queperderam os pais devido a complicações relacionadas com aSIDA também recebem aves de capoeira e coelhos para criar.

Mais importante ainda, também ajudam as pessoas que vivemcom HIV e SIDA a integrarem-se nas suas comunidades. Atravésde reuniões públicas e plataformas de consciencialização,sensibilizam as comunidades sobre a tolerância para com aspessoas infectadas pelo HIV. Estão também a inscrever novosmembros, incluindo pessoas que vivem com HIV e SIDA e asmulheres, que gozam de liberdade para concorrer para cargos deliderança a diferentes níveis. A convicção comum é que a lutacontra o HIV e a SIDA não pode ser conquistada através dadiscriminação e estigmatização das pessoas que vivem com HIV.

Casos em Estudos

Agricultores Abordam o HIV e a SIDA no Ruanda

Legenda da fotografia: Uma agricultora a preparar mandiocano Ruanda.

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O lançamento oficial do Manual de Paz, Recuperação e Reconciliação Comunitárias,uma publicação conjunta da ACORD, do Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento e da Comissão Nacional de Construção da Paz e Gestão de Conflitosteve lugar em Nairobi, em Março de 2011.

A publicação descreve a abordagem que permite às pessoas afectadas pelos conflitosprocessar as suas experiências, confrontar os estereótipos e os preconceitos e assumira liderança na busca de soluções para se lograr a coexistência pacífica e arecuperação.

Após o lançamento oficial, a ACORD, a Comissão Directiva Nacional e o PNUDpuseram de imediato mãos à obra realizando workshops de formação de formadoresem diferentes regiões do Quénia a fim de dotar as organizações locais, incluindo asorganizações comunitárias e os monitores de paz, de habilidades para facilitar a pazcomunitária e permitir que as comunidades possam compreender os seus direitos àcoexistência pacífica e os desafios relacionados com a compartilha de recursoslimitados.

Um dos resultados bem sucedidos da implementação com base na aplicação domanual foi demonstrado quando os membros das comunidades de Bukusu, Sabaot eTeso na região ocidental do Quénia celebraram contratos de paz e comprometeram-sea salvaguardar a coexistência pacífica. A cerimónia, realizada em Mabanga no distritode Bungoma, foi presidida pelo Vice-Presidente do Quénia, acompanhado por membrosdo Parlamento, representantes do governo local e parceiros ao nível das bases.

Paz, recuperação e reconciliação comunitárias

“Não podemos lograr odesenvolvimento sem paz; nãopodemos desfrutar da paz sem

desenvolvimento; e nãopodemos desfrutar de nenhum

destes sem o respeito pelosdireitos humanos” - Koffi

Annan, 7º Secretário Generaldas Nações Unidas.

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Legenda da fotografia: MzalendoKibunjia da Comissão Nacional deCoesão e Integração do Quénia.

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Após meses de tentativas de reconciliação e contratempos,houve um grande suspiro de alívio quando, em Abril de 2011, osanciãos das comunidades vizinhas da região de Chari Baguirmino Chade cederam em relação à sua resistência inicial econcordaram em dar uma oportunidade à coexistência pacífica.Através de diálogo, as duas comunidades de Elfass e Kadadaretornaram à mesa de negociações para expor as suaspreocupações de forma amistosa e buscar soluções viáveis parase lograr uma gestão não-violência dos seus recursos naturais.

Conflitos esporádicos entre os camponeses e os pastores sobreo controlo de recursos vitais como água e terra tinham-setornado comuns ao longo das áreas de intersecção entre aagricultura e a pastorícia como no caso dos municípios de ChariBarguirmi, Guéra, Hadjer-Lamis e Ouaddaï. Geralmente, osconflitos surgem quando o gado destrói as culturas. Emresposta, os camponeses residentes e agro-pastoralistaserguem barreiras em volta das suas machambas e impedem atravessia das rotas frequentadas pelas manadas que seencontram nas proximidades ou que conduzem às terrasprodutivas.

“Uma maior população de humanos e animais levou ao aumentoda concorrência pelos recursos, incluindo terra que pode serusada para a produção de alimentos e água. Isto tem contribuídode forma significativa para a eclosão de conflitos, em especial,entre pastores e agricultores”,explica Ndade Clementine daACORD, no Chade.

Ciente desta situação, a ACORD interveio para resolver estasituação delicada, providenciando a mediação entre ascomunidades beligerantes, envolvendo também outrascomunidades afectadas dentro das localidades de Kadada eElfass, na região de Chari Baguirmi. Foi criado um elaboradosistema de consultas para facilitar o diálogo e permitir que cadauma das partes exprima livremente as causas dos conflitos nasua perspectiva. Este programa também incorporavacomponentes de formação em técnicas eficazes de resolução deconflitos para as autoridades locais.

“Às vezes, os agricultores ou os pastores eram obrigados a pagarpesadas multas às autoridades, mesmo quando eram a partelesada, agravando ainda mais a situação. Isto agora mudou etodos têm a oportunidade de serem ouvidos” - explicou ummembro de uma rede de construção da paz ao nível das bases.

Esta abordagem à construção de paz duradoura financiada pelaCounterpart International revelou-se eficaz conformetestemunhado pela aderência de mais agricultores e pastoresque batiam à porta dos mediadores de paz a solicitar que sejamenvolvidos no processo. Até ao final do ano, mais de um quartode milhão de pessoas oriundas de quatro regiões tinhambeneficiado da iniciativa.

Legenda da fotografia: Um pastor da Região de ChariBarguimi no Chade a cuidar do gado. A ACORD está apromover diálogo entre os agricultores e os pastores noChade com vista a evitar conflitos relacionados comrecursos.

4 | Consolidação da Paz

Tchad: Soluções duráveis aos conflictos ligados a competitição pelos recursos

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Relatório FinanceiroDemonstrações Financeiras relativas ao exercício findo em 31 de Dezembro De 2011

Fundos Não Fundos Total Total Restritos Restritos 2011 2010

£ 000 £ 000 £ 000 £ 000ReceitasDoações e recursos afins 6 0 6 9Recursos do governo e outros 2,309 7,287 9,596 8,417

Total de Receitas 2,315 7,287 9,602 8,426

ReceitasActividades de Caridade em curso 1,950 7,390 9,340 8,500Custos de Administrativos 107 34 141 174Total de Despesas 2,057 7,424 9,481 8,674

Receitas/ Receitas Líquidas 258 (137) 121 (248)Movimento líquido dos fundos (180) 180Saldo dos Fundos em 31 de Dezembro de 2011 892 273 1,165 1,044

Todas as receitas e despesas decorrem de actividades contínuas. Não há nenhuns outros ganhos ou perdas fora dos acima ilustrados,por conseguinte, não há nenhuma declaração de ganhos e perdas reconhecidos a apresentar

Balancete em 31 de Dezembro de 2011(Em ‘000 libras esterlinas)

2011 2010Activos correntesImobilizações corpóreas 15 19Activos correntesDevedores 1,733 1,551Depósitos bancários e caixa 828 919Quantias com termo de um ano (1,411) (1,445)Valor Patrimonial Líquido 1,165 1,044

FundosFundos restritos líquidos 273 230Fundos não restritos 892 814Fundos Líquidos 1,165 1,044

Eis o resumo do extracto das contas completas. As contas completas são examinadas por Crowe Clark Whitehill LLP eencontram-se disponíveis no nosso sitio Web: www.acordinternational.org

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Receitas da ACORD por Tipo (2011)

Despesas na ACORD por atividade (2011)

Receitas dos membros

Multilaterais

Bilaterais

Outras instituições privadas

6%

17%

53%24%

Despesas de governança

Género

Construção da Paz

HIV e SIDA

Subsistência14%

9%

12%63%

2%

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A Agência de Cooperação e Pesquisa no Desenvolvimento(ACORD) é uma organização pan-africana que trabalha em prolda justiça e desenvolvimento sociais.

A ACORD desenvolve as suas actividades no terreno em dezoitopaíses africanos, trabalhando com as comunidades nosdomínios de subsistência e soberania alimentar, VIH e SIDA,construção da paz e direitos da mulher. Também realizamoscampanhas e trabalho de advocacia afins aos níveisinternacional e pan-africano.

O nosso mandato principal é lograr a justiça social e odesenvolvimento alicerçados nos direitos, através da provisão deapoio ao desenvolvimento de movimentos sociais.

VisãoUma sociedade em que todos os cidadãos são igualmentecapazes de realizar os seus direitos e cumprir as suasresponsabilidades.

MissãoA ACORD trabalha em prol de uma causa comum com aspessoas pobres e aqueles que têm sido negados os seus direitosà justiça e ao desenvolvimento sociais e fazer parte dosmovimentos de cidadãos com raízes locais.

Valores• Acreditamos que as pessoas são os principais actores na sua

própria sobrevivência e desenvolvimento• Trabalhamos em prol da justiça social e igualdade, em

especial, para os pobres e os marginalizados• Para conseguir isto, trabalhamos em parceria com as

comunidades e em aliança com outras organizações• Vamos contribuir para a resolução dos conflitos que afectam

as comunidades com as quais trabalhamos, cientes de que aigualdade e a justiça social são a base para uma paz significativa

• A fim de promover estes valores, a ACORD irá desenvolver oseu trabalho com integridade e coragem

• Respeitamos e celebramos a diversidade, tanto dentro das comunidades com que trabalhamos, como também dentro danossa própria organização

• Procuramos alcançar a excelência no que fazemos.

Visão Geral do Plano Estratégico de 2011-2015O novo plano estratégico da ACORD abrange um período de 5anos, de 2011 a 2015, e reafirma a visão da ACORD de promovera justiça social em África, bem como o seu compromisso detrabalhar em prol de uma causa comum com as pessoas cujosdireitos têm sido negados. O plano é desenvolvido em torno dequatro pilares complementares, a saber, programação coerente,aprendizagem e responsabilidade organizacionais, comunicaçãoexterna e financiamento de qualidade.

Em consonância com os pilares complementares, o planoarticula ainda os objectivos-chave subjacentes a cada um dosprincipais pilares que têm como finalidade cumprir a visão daACORD de uma sociedade na qual todos os cidadãos sãoigualmente capazes de realizar os seus direitos e de cumprir assuas responsabilidades. Estes objectivos são como se segue:

• Fortalecer a voz dos pobres e marginalizados de modo a permitir que possam alterar as condições que comprometema justiça e o desenvolvimento sociais em África através de pesquisa participativa centrada nas pessoas, acções práticas, capacitação da sociedade civil e advocacia

• Facilitar sistemas organizacionais, relações inter-pessoais e inter-grupos consolidadas pelas conquistas, aprendizagem einovação; enquanto por outro se asseguram de forma concomitante níveis adequados de controlo interno e externo,bem como a coesão da identidade organizacional

• Promover uma estratégia de comunicação pujante para que aACORD possa ter um impacto e uma mais-valia no seu trabalho de advocacia e apoio na captação de recursos

• Melhorar o nível de qualidade de financiamento através da mobilização de financiamento irrestrito e fundos para o desenvolvimento institucional e angariação de financiamento adicional a partir de fontes não tradicionais.

Em suma, o novo plano estratégico para 2011-2015 servirá deguião para as operações globais da ACORD, ajudará aconsolidar ainda mais a ACORD como uma Organização Pan-Africana e a desenvolver a instituição para que possaefectivamente cumprir a sua agenda programática, bem comopropagar o seu impacto em toda a África na busca da justiça eigualdade sociais.

Sobre a ACORD

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O Conselho de AdministraçãoIbrahim Ouedraogo | PresidenteMaggie Pankhurst | Tesoureiro (demitiu-se em Outubro de 2011)Jacqueline Williams | TesoureiroMutizwa Mukute | MembroGertrude Kazoviyo | MembroRichard Bennett | MembroSylli Gandega | MembroBetty Plewes | MembroAugusta Henriques | Membro (admitida em Outubro de 2011)

Equipa de Direcção Superior Ousainou Ngum | Director Executivo Almonda Foday-Khabenje | Chefe dos Recursos Humanos eDesenvolvimento Organizacional Elijah Lutwama | Chefe de FinançasKristin Seljeflot | Chefe de Angariação de Fundos eDesenvolvimento de Parcerias Emime Ndihokubwayo | Chefe de Políticas e Advocacia(demitiu-se em Outubro de 2011)Annette Msabeni-Ngoye | Gestora de Programas, Operações eDesenvolvimento

Recursos:

Plano Estratégico de 2011-2015 Versão

Resumida (Inglês, Francês e Português)

Ferramentas de Advocacia para Pequenos

Agricultores (Inglês e Francês)

O Direito da Mulher à Terra e à Justiça emÁfrica - Conferência Africana sobre osDireitos da Mulher à Terra de 2011 (Inglês eFrancês)

Paz, Recuperação e ReconciliaçãoComunitária: Manual de Desenvolvimento deLiderança para a Paz e RecuperaçãoSustentável no Seio de ComunidadesDivididas (Inglês)

Iddirs Alem do Funeral (DVD): Umdocumentário mostrando as comunidadesna Etiópia a juntarem-se para contribuir aodesenvolvimento e justiça social (Inglês)

Marcha para a Justiça Social na ÁfricaOcidental (DVD): Comunidadesmarginalizadas e amiúde excluídas naÁfrica Ocidental estão a organizar-se e atrabalhar para preservar os seus direitosfundamentais, em particular, o seu direitoà alimentação.

Estes e muitos outros recursos podem ser carregados apartir do sitio Web da ACORD: www.acordinternational.org

Sobre a ACORD

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Agradecemos aos nossos doadores e apoiantes pelo seu apoio inabalável no cumprimento da nossamissão:

Organizações MembrosCCFD-Terre Solidaire │ Inter Pares │ Mani Tese │ Vredeseilanden

Outras instituições privadasAction Aid │ American Jewish World Service │ American Refugee Committee | Amnesty International | Big Lottery Fund | Brot Fur DieWelt │ Care International │ Caritas Suisse | Comic Relief │ Counterpart International │ Cordaid │ CUTS International | EASUNFondation Leger Canada │ Fondation Roi Baudoin | Foundation Open Society Institution │ GEZA - Gemeinnuetzige GMBH│ HEKS -Swiss Interchurch Aid │ HIVOS People Unlimited │ International HIV/SIDA Alliance | International Land Coalition | Misereor│ OxfamGB │ Oxfam Hong Kong │ Oxfam Intermon │ Oxfam Ireland │ Oxfam Novib │ Plan International │ Reseau Burundais de PersonnesVIH │ RWECO Uganda Samaritan Austria | Trans-cultural Psychosocial Organisation │ Trocaire │ Water Aid

Instituições de financiamento multilateralComunidade Europeia │ IFAD │ FAO │ PNUD │ UNICEF │ UNIFEM │ ACNUR │ FNUAP

Instituições de financiamento bilateralAgence Française de Développement │ Belgian Government │ Canadian International Development Agency – CIDA │ ChadeGoverno │ DFID-UK │ Governo Alemao │ Governo do Sudao do Sul │ Guernsey Overseas Aid Commission | Millennium ChallengeAccount - Mozambique | SNAP Sudan | States of Jersey │ Governo do Uganda

IndividuaisEstamos gratos aos milhares de pessoas que apoiam o nosso trabalho através de doações únicas, contribuições regulares e de outrasformas. Estas incluem pessoas que providenciam apoio em espécie ou dedicam tempo e energia participando em campanhas,efectuando visitas a projectos e outras actividades que promovem a nossa visão e missão, de forma directa ou por via dos nossosparceiros ao nível das bases.

Agradecimentos aos Doadores e Apoiantes!

"Para alcançar a eficácia nodesenvolvimento, a nossa abordagem em

relação à ajuda deve ser guiada pelonosso mandato de alcançar a justiça e odesenvolvimento sociais alicerçados nosdireitos, através da provisão de apoio ao

desenvolvimento dos movimentos sociais"– Declaração do Fórum de Aprendizagem

de 2011: “Da eficácia da ajuda aodesenvolvimento efectivo: O papel da

sociedade civil na garantia da apropriaçãodemocrática para o desenvolvimento

sustentável e justiça social".

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ACK Garden House

PO Box 61216 – 00200

Nairobi, Kenya

Tel: +254 20 272 11 72 / 85 / 86

Fax: +254 20 272 11 66

E-mail: [email protected]

Development House

56 - 64 Leonard Street

London, EC2A 4LT

United Kingdom

Tel: +44 (0) 20 7065 0850

Fax: +44 (0) 20 7065 0851

A ACORD é uma Organização Pan-Africana que desenvolve as suas actividades em dezoito países,

trabalhando com as pessoas pobres e marginalizadas em prol da justiça e desenvolvimento sociais.

www.acordinternational.orgRejoignez-nous sur Facebook (ACORD) et Twitter (@ACORDAfrica)!

UK Charity Number: 283302.A ACORD é uma ONG com estatuto consultivo especial junto do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ONU-ECOSOC).

Angola

RepúblicaDemocrática do

Congo

Tanzânia

Kenya

Sudão

Etiópia

Chade

RepúblicaCentro-africana

MaliMauritânia

Burundi

Ruanda

Uganda

Guiné

Camarões

Moç

ambi

que

BurkinaFaso

Sudão - Sul

Areas operationais

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