gazeta rural nº 237

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www.gazetarural.com Director: José Luís Araújo | N.º 237 30 de Novembro de 2014 | Preço 2,00 Euros www.fnapf.pt | www.facebook.com/FNAPF Floresta é riqueza! Floresta é vida! Túnel desactivado faz ‘borbulhas’ Mercado de Natal em Nelas Viseu festeja o Natal “Vinhos de Inverno” no Solar do Dão

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‘Cave Colina de Pedra”, o projecto de Ari Portugal em Piraquara, nos arredores de Curitiba, no Brasil, está em destaque na última edição da Gazeta Rural. Na edição nº 237, de 30 de Novembro, damos também destaque ao Mercado de Natal, em Nelas, o Viseu Natal Sonho Tradicional, que se estende por 35 dias, a Feira Ecoraia, em Salamanca, a I Rota da Vitela de Lafões, os Vinhos do Dão em Curitiba ou os “Vinhos de Inverno, no Solar do Dão, em Viseu, a produção de cogumelos, em Portugal, e o sucesso da prova de vinhos velhos, na mostra do sector cooperativo do Dão. Para além destes, referência para uma entrevista a Miguel Freitas, coordenador do GP do PS na Comissão de Agricultura e Mar, sobre o estado do sector florestal, assim como outras noticias que fazem a actualidade do mundo rural.

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w w w . g a z e t a r u r a l . c o m Director: José Luís Araújo | N.º 23730 de Novembro de 2014 | Preço 2,00 Euros

www.fnapf.pt | www.facebook.com/FNAPF

Floresta é riqueza! Floresta é vida!

Túnel desactivado faz ‘borbulhas’

Mercado de Natal em NelasViseu festeja o Natal“Vinhos de Inverno” no Solar do Dão

Sum

ário 04 Câmara de Nelas promove II Edição do Mercado de

Natal

06 Mais de 100 produtores vão estar presentes na V Feira Ecoraia

07 Feira Anual de Santa Luzia em Trancoso a 13 de De-zembro

08 Mais de 275 mil luzes iluminam Viseu no Natal

09 Vinhos do Dão degustados e dados a conhecer em Curitiba

10 Solar do Dão recebe salão de “Vinhos de Inverno”

12 Feira do Vinho do Dão promovida no Portugal Agro

14 Ari Portugal fez de um túnel uma cave de espuman-tes

17 Produção de cogumelos: um sector em expansão

24 Neste Natal dê ‘prendas doces’ da Bee Sweet

25 Cooperativa Terras de Besteiros no terreno no pró-ximo ano

27 Investigadora de Vila Real aponta solução para mos-ca da azeitona

28 Quintas biológicas atraem estrangeiros aos Açores

30 “Hoje não há uma política florestal”, diz Miguel Freitas, do PS

32 Zonas de Intervenção Florestal são o caminho para obter fundos comunitários

34 Dom Daganel entre os 10 melhores no Concurso de Vinhos “A Escolha da Imprensa”

35 Sector Cooperativo do Dão mostrou grandes vinhos velhos

37 Aldeia Natal de Seia mantém tradição do presépio e exclusão do Pai Natal

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Tem lugar nos dias 12, 13 e 14 de Dezembro, a segunda edição do Mercado de Natal, promovido pela Câmara de Nelas, envolvendo várias associações, produtores e arte-sãos do concelho.

À semelhança da edição do ano passado, o evento, que conta com o apoio do Crédito Agrícola, decorrerá no recinto do Mercado Municipal e contará com exposições de arte-sanato, apontamentos gastronómicos, como doçaria tra-dicional, pastelaria regional, compotas, queijos e enchidos, sessões de showcooking, armazém do Pai Natal, sessões fotográficas com o Pai Natal, uma Feira do Livro, Workshops e muita animação garantida pela autarquia e pelas diversas coletividades e organizações que se associam ao evento.

O presidente da Câmara de Nelas diz que esta iniciativa “pretende mostrar à comunidade uma evolução relativa-mente à edição anterior, pois será um palco onde os arte-são, e temos mais de 40 inscritos, vão poder ter um Natal melhor, aumentando a venda dos seus produtos”. Borges da Silva lembra que “há no concelho excelentes artesãos a ela-borar presépios de Natal nos mais variados materiais”.

Segundo o autarca de Nelas, este ano “haverá uma di-nâmica diferente, com sessões de showcoocking todos os dias do evento, onde serão apresentadas receitas de Natal para as crianças e para todas as bolsas, numa época de al-gum gasto extraordinário”. Por isso, frisou Borges da Silva, “pedimos a todos os chefs que trabalhassem os produtos locais nas receitas natalícias com a preocupação de serem disponíveis para todas as bolsas”.

Entre as actividades daquele fim-de-semana, destaque para a iniciativa “Sopa Dourada”, uma sopa que será con-feccionada pelo Chef Diogo Rocha, em parceria com alunos da Escola Secundária de Nelas, do curso profissional de Téc-nico Mesa e Bar, e servida pelos escuteiros a todos aqueles que quiserem “aquecer o coração neste Natal” contribuindo para a adaptação de um espaço e equipamentos que refor-cem a capacidade de intervenção no terreno da Unidade de Cuidados à Comunidade, particularmente, no que diz res-peito à Intervenção Precoce (crianças até aos 6 anos). Esta será a causa solidária da edição 2014.

O Mercado de Natal deste ano aposta no lema “Estrelas de Natal”, uma mensagem de cariz solidário que visa levar a população a entrar no verdadeiro espírito natalício onde mais que receber o mote é oferecer. Seguindo a filosofia da quadra, o Mercado de Natal vai organizar várias atividades com fins solidários como a Sopa Dourada, ou o Armazém do Pai Natal, onde os visitantes podem deixar presentes de Natal que serão distribuídos pelas famílias mais carenciadas do concelho.

As escolas do I Ciclo do Ensino Básico e Pré-escolar também foram convidadas a participar na iniciativa atra-vés da decoração de Estrelas de Natal que irão decorar o Mercado Municipal, sendo que o primeiro dia do evento será dedicado às crianças, estando prevista a visita de cerca de 700 alunos ao Mercado de Natal.

Mais que um espaço onde se podem encontrar produ-tos alusivos à época natalícia, o Mercado de Natal pretende ser um local onde o espírito desta quadra é vivido em toda a sua plenitude, promovendo a interação e ligação emocio-

Nos dias 12, 13 e 14 de Dezembro, no Mercado local

Câmara de Nelas promove II Edição do Mercado de Natal

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nal entre todos os visitantes, com destaque para o incentivo aos encontros inter-geracionais, que serão promovidos en-tre a Universidade Sénior e as crianças do concelho através de um workshop sobre a temática “O Natal de Antigamente”. Este workshop, além da vertente pedagógica, pretende reunir gerações e criar laços de empatia, ao mesmo tempo que dá a conhecer alguns dos projetos que a Universidade Sénior re-presenta.

“No âmbito de uma estratégia de políticas de proximidade e bem-estar social, a promoção de programas e projetos dire-cionados às boas práticas alimentares e ao crescimento sau-dável das crianças do concelho são prioridades deste execu-tivo”, referiu Borges da Silva. Neste âmbito, surgem projectos como o Fruticool, um programa de Intervenção Pedagógica dirigido aos alunos do Ensino Pré-escolar e I Ciclo do Ensino Básico do concelho, num universo de 700 crianças, protago-nizado por duas equipas da autarquia, - Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família e Serviços Educativos -, com total coopera-ção dos dois Agrupamentos de Escolas. Com este projecto a autarquia de Nelas garante a distribuição diária de uma peça de fruta, por aluno, sendo uma medida de apoio social às famí-lias, uma vez que representa uma diminuição no encargo eco-nómico que estas têm com os lanches das crianças, e apoian-do produtores locais. O Programa Fruticool estará presente no Mercado de Natal e com a colaboração da Patelaria Salinas será confeccionado um bolo-rei com frutas naturais e frutas desidratadas, assim como o tradicional Tronco de Natal rein-ventado para crianças saudáveis.

O Mercado de Natal é apenas uma das atividades que irão fazer parte das celebrações natalícias em Nelas, sendo que um dos principais objetivos deste evento, “é trazer visitantes e convidá-los a conhecerem o concelho durante esta quadra, estimulando o comércio tradicional e envolvendo todos nesta iniciativa”, refere o autarca de Nelas. Para isso, numa iniciativa da Junta de Freguesia de Nelas, os comerciantes foram convi-dados a participar num concurso de montras de Natal. As ruas estarão decoradas com motivos alusivos à época, e a ilumina-ção de Natal será ativada no dia 1 de Dezembro.

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Mais de uma centena de produtores portugueses vai estar presente na quinta edição consecutiva da Feira Transfronteiriça Ecoraia, que este ano tem lugar em Salamanca, nos dias 13 e 14 de Dezembro.

O certame volta a juntar expositores dos dois lados da fronteira, onde os produtores regionais terão mais uma vez a oportunidade de exporem os seus produtos, de estabelecerem e trocarem saberes e experiências. À semelhança das edições anteriores, irão estar representados vários sectores de activida-de, desde vinho ao azeite, do mel aos bolos regionais, do pão aos enchidos, passando pelas compotas, marmeladas, caracóis, cogumelos, frutos secos, crepes, entre outros.

O presidente da Associação de Municípios da Cova da Bei-ra refere a presença “de mais de uma centena de produtores, portugueses e espanhóis, que terão oportunidade de exporem, darem a conhecer, a provar e a vender os seus produtos regio-nais, de excelente qualidade”. É que, refere José Manuel Biscaia, “é muito importante dar oportunidade aos nossos produtores de mostrarem os seus produtos, que são, sem dúvida, o melhor que se produz na nossa região”.

O também autarca de Manteigas acrescentou que “a Ecoraia é uma feira tipicamente promocional, mas ao mesmo tempo de carácter comercial, onde os nossos produtores estabelecem e reforçam contactos com o mercado espanhol”. É que, diz José Manuel Biscaia, ninguém tem dúvidas de que o desenvolvimento sustentável da nossa região passa por potenciarmos e dinami-zarmos os nossos excelentes produtos regionais e a Ecoraia tra-duz isso mesmo”.

Além disso, “esta feira contribui para o processo de dinami-zação, modernização e diversificação do sector alimentar e tu-rístico da região da Beira Interior Norte e Província de Salaman-

O Município de Vouzela promove até 7 de Dezembro a I Rota da Vi-tela de Lafões, em parceria com a Turismo Centro de Portugal, Confraria dos Gastrónomos de Lafões, Associação Empresarial de Lafões e Coo-perativa Agrícola de Vouzela. A iniciativa, que teve inicio a 21 de No-vembro, decorre em oito restaurantes que dedicam8 as suas ementas a este produto que é uma das imagens de marca do concelho.

Casa Arêde e Quinta D’Avó em Alcofra, Casa dos Pereiras em Cam-bra, O Sacristão e Tarântula em Campia, Eira da Bica em Paços de Vilha-rigues e Margarida e Quinta da Cavada em Vouzela são os restauran-tes aderentes. Nestes será confeccionada vitela de Lafões certificada, chancela que garante a qualidade deste produto de excelência.

A proposta é gastronómica, mas o convite aos visitantes é também para que desfrutem de toda a zona envolvente, quer na vertente do pa-trimónio, percursos pedestres e paisagem.

Durante a I Rota da Vitela de Lafões decorrerá um concurso que sorteará no primeiro prémio uma noite na Quinta do Paço (TR), em Fi-gueiredo das Donas; no segundo prémio uma visita guiada à Rota do Pastel de Vouzella, promovida pela Casa Museu (TR) e no terceiro pré-mio um cabaz de produtos locais.

Em Salamanca, nos dias 13 e 14 de Dezembro

Mais de 100 produtores vão estar presentes na V Feira Ecoraia

Até 7 de Dezembro, em oito restaurantes aderentes

Município de Vouzela promove I Rota da Vitela de Lafões

ca”, refere o presidente da AMCB, mostrando-se convicto de que “esta mostra de produtos terá impacto na dinamização turística desta região transfronteiriça”.

Além da exposição dos produtos regionais, haverá também um magusto tipicamente português, com castanhas e jeropiga da Serra da Malcata (Sabugal), bem como a actuação do Ran-cho Folclórico Flor do Campo de Souropires e do Grupo Trovas da Beira (música tradicional portuguesa).

Ao longo dos dois dias de Feira os visitantes poderão degus-tar vários produtos da região da Beira Interior Norte e da Provín-cia de Salamanca e ainda usufruir de várias actividades lúdicas.

A Ecoraia é realizada no âmbito do Projecto VIP BIN SAL II, financiado pelo POCTEP.

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Chamam-lhe a Feira dos Capotes ou das Samarras. A Feira Anual de Santa Luzia é em Trancoso um certame marcante, de origens recuadas no tempo, mas que antevê um Inverno rigoro-so onde as gentes procuram o necessário agasalho face ao frio intenso que se avizinha.

A feira é anual e realiza-se a 13 de Dezembro. As referências históricas não são abundantes mas que, embora sem elas, per-manece a tradição de um mercado grande, associado ao culto da Santa Luzia cuja capela, de origem medieval, chegou a ser centro de outras e de várias localidades do concelho de Tran-coso.

Era costume as pessoas deslocarem-se a esta feira para comprarem as roupas que usariam nas festas que se avizinham, mas também um tanto de alfaias agrícolas para a labuta da terra difícil beirã, entrecortada por penedias e vales, lameiros e hortas, soutos e olivais.

A Feira de Santa Luzia foi sempre um evento económico com uma característica muito especial e diferente das outras feiras que se realizam em Trancoso, de grande impacto económico no concelho e região interior e do nordeste da Beira. “Foi sempre considerada a feira dos capotes e das samarras, porque esse sa-ber tradicional que aponta Trancoso como uma terra muito fria, leva a que as pessoas procurassem vir e participar para compra-rem agasalhos para o Inverno e como a Feira de Santa de Luzia, a 13 de Dezembro, vinha muita gente para se prevenir do frio”, afirmam os locais.

E, em jeito de tertúlia às Portas d’El Rey, acrescentam: “Eram

Realiza-se a 13 de Dezembro

Feira Santa Luzia é um dos maiores eventos socioeconómicos de Trancoso

os antigos capotes e roupa à base de algodão ou lã, mais indi-cados para agasalho para o Inverno e esta uma feira com uma característica muito própria, até pelo convívio das pessoas que enchem Trancoso, vindas de outras localidades, muitas vezes de regiões da Beiras mas também de Além Douro ou Trás -os – Montes”.

Reconhecem, contudo, que “ à medida que se avança no tempo, a Feira de Santa Luzia tem vindo a decrescer, fruto da crise em que o país se encontra e de que esta região sofre e é prejudicada pela situação económico-financeira que este país vive”. Estão, porém, esperançados em que a feira de Santa Lu-zia – em cuja igreja o pároco de Trancoso, Joaquim António, aproveita neste dia para fazer uma romagem à Santa – venha a ressurgir até porque “ as famílias trancosenses, cristãs, não dei-xam de ir ao templo medieval e fazer uma oração para que todos continuem a pugnar pela terra, pelos amigos, pela família e pela comunidade”.

Antigamente na feira vendia-se de tudo: agasalhos, tecidos, alfaias, sementes, quinquilharias, animais. “É uma feira de negó-cio, de convivência, de participação, em que as pessoas convi-vem e, antigamente, era tradição os forasteiros trazerem o seu farnel e espalharem-se pelos largos e praças ou em torno da Ca-pela de Santa Luzia para conviverem e comerem. Era uma festa “, dizem os trancosenses.

Era, assim, “uma feira de trabalho, de sacrifício, em que as pessoas procuravam participar e conviver, numa altura em que as terras já estão semeadas e transformadas em semeadura, porque esta é uma altura de as pessoas colherem a azeitona, quando as couves já estão na terra. Vinha gente de longe, como ainda hoje, para fazerem uns o seu negócio e outros convive-rem”.

Feira e Mostra/Exposição de Gado

Uma das características principais da Feira de Santa Luzia baseia-se na tradição de ser um certame onde a transacção de gado tinha grande peso. Por isso, a Câmara de Trancoso, com o objectivo de a valorizar e promover essa actividade promove, no Mercado de Gado da cidade, a II Mostra/Exposição de Gado, que compreende a realização das Jornadas Técnicas de divulgação dirigidas aos produtores pecuários e uma exposição de Raças Autóctones.

Programa:

09H00 - Abertura Visita das entidades oficiais10H00 - Jornadas técnicas e de divulgação- Churra mondegueira problemas e perspectivas APROMEDA- Bordaleira Serra da Estrela problemas e perspectivas- Licenciamento Agroindustrial | Dr. António Mendes (Vete-

rinário Municipal - Actividade produtiva local, produção primária, licencia-

mento e comercialização | Dr.ª Eugénia Lemos (Directora Regio-nal de Alimentação e Veterinária)

11H30 - Animação12H00 - Entrega de lembranças aos participantes12H30 - Almoço convívio

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Mais de 275 mil luzes e 200 peças decorativas com dese-nhos inspirados na figura do anjo vão iluminar na época de Natal a cidade de Viseu, que este ano tem uma programação orçada em cem mil euros. O programa do Viseu Natal Sonho Tradicional estende-se por 35 dias, entre o final de Novembro e os Reis.

O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, afir-mou que a iluminação colocada em 25 ruas, praças, largos e jardins da cidade será “quente e, ao mesmo tempo, inteligente”, no âmbito de um projecto de tecnologia LED de baixo consumo.

Apesar de, neste período, Viseu querer tornar-se numa “ci-dade luz”, não foi esquecida a sua condição de “cidade jardim”, sendo criados três jardins de Natal no centro histórico, nomea-damente nas ruas Direita e da Paz e na Praça D. Duarte.

Almeida Henriques contou que os jardineiros vão também colocar plantas alusivas à época natalícia em duas rotundas e em alguns canteiros da cidade. “Viseu reforça a sua atractivida-de nesta época”, sublinhou o autarca, acrescentando que serão valorizadas as suas tradições natalícias, fugindo o mais possível à figura do Pai Natal, e também “o seu património cultural, a sua vocação comercial e a sua dimensão solidária”.

Durante os 35 dias, estão previstas mais de 50 iniciativas, 550 horas de animação para crianças em oito espaços diferen-tes, 40 concertos de Natal, Ano Novo e Reis e muitas parcerias.

Almeida Henriques referiu que o Montepio Geral patrocina a iniciativa em 50 mil euros, “dentro de uma lógica de cultura de parceria e de responsabilidade social” que considera estar a ser

Mais de 275 mil luzes iluminam a cidade no Natal

Programa do Viseu Natal Sonho Tradicional estende-se por 35 dias

criada.As freguesias não vão ficar de fora da programação, estando

a ser formada “uma rota de presépios em Viseu que faz um péri-plo por todas as freguesias”. “Em cada uma haverá um concerto de Natal, descentralizando o acesso à música nesta época. Os grupos de cantares tradicionais terão também um palco fre-quente na cidade”, acrescentou.

Um mercado de Natal, actividades de conto centradas no escritor Aquilino Ribeiro, um concerto dos Clã destinado ao pú-blico infanto-juvenil e um ateliê onde as crianças poderão pintar 500 anjos inspirados na figura de um anjo do pintor Grão Vasco são outras actividades previstas.

A programação inclui também galas de solidariedade de di-versas instituições, um mercado de rua solidário e a comemora-ção do Dia Internacional da Pessoas com Deficiência.

A passagem de ano será assinalada com o espectáculo “Águas Dançantes”, que consiste no movimento sincronizado de 360 jatos de água e 13 projectores ao som de música, com pro-jecção de imagens em três dimensões, 134 vulcões multicores e 2.100 efeitos pirotécnicos, no Adro da Sé.

O presidente da Associação Comercial do Distrito de Viseu, Gualter Mirandez, mostrou-se satisfeito com a programação e com o impacto que prevê que aquela vá ter nas ruas da cidade.

“O que pedimos para as ruas de Viseu é gente. Creio que, para esta altura do ano, a resposta está aqui”, frisou.

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No passado dia 20 de Novembro, o charmoso restaurante Asdrubal Bistrô, sediado em Curitiba, Brasil, recebeu um selecto grupo de convidados e apreciadores de vinhos para uma noite muito agradável, com uma deliciosa sequência de crepes fran-ceses, preparados pela chef Cris Veríssimo e harmonizado com vinhos portugueses da região do Dão. A noite contou com a presença especial do enófilo e jornalista português, José Luís Araújo, que encantou a todos os presentes com sua simplicida-de e simpatia.

O primeiro prato da noite a ser servido foi um crepe de le-gumes “jardineira”, harmonizado com o vinho Morgado de Sil-gueiros 2013 branco, produzido com 50% de uvas Malvasia Fina e 50% Encruzado. A seguir chegou o vinho Ribeiro Santo Encru-zado 2013, produzido pela Magnum - Vinhos, do enólogo Carlos Lucas. A casta Encruzado é a ‘rainha’ dos brancos no Dão e é autóctone desta região.

A seguir a chef Cris Veríssimo serviu uma nova sequência de crepes, sendo que nesta fase era possível a escolher entre duas opções: Crepe de lascas de bacalhau ao velouté e crepe de tiras de frango ao molho funghi. A partir daí José Luís deu início à de-gustação dos tintos escolhidos para noite, iniciando pelo vinho Morgado de Silgueiros 2011, produzido com 40% Touriga Nacio-nal, 30% Tinta Roriz e 30% Jean Tinto.

Na continuação da degustação, o expert em vinhos serviu o tinto Pinhanços, produzido ao sopé da serra da Estrela, a uma altitude de 550 metros, na Quinta de Pinhanços, pertencente ao produtor Álvaro de Castro. Este vinho é produzido com uvas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaén. Esta opção foi o casamento perfeito com o crepe de lascas de bacalhau ao ve-louté.

Dando continuidade à explanação sobre os vinhos do Dão, antes de a sobremesa ser servida, o nosso guia em terras Lusi-tanas passou para o penúltimo vinho da noite, o Pedra Cancela, produzido pelo enólogo João Paulo Gouveia, com uvas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz.

Para fechar a noite em grande estilo a chef Cris Veríssimo

No charmoso restaurante Asdrubal Bistrô

Vinhos do Dão degustados e dados a conhecer em Curitiba

serviu um Crepe de ganache de chocolate e sorvete, que foi har-monizado com um tinto muito especial e Invulgar. Este foi mo-mento mais esperado da noite, poder degustar o ‘Invulgar’ que foi especialmente trazido por nosso enófilo em sua mala. Este vinho é engarrafado pela UDACA - União das Adegas Coopera-tivas do Dão, em parceria com as quatro adegas cooperativas do Dão (Vila Nova de Tazem, Silgueiros, Penalva do Castelo e Mangualde) juntamente com a união do trabalho e dedicação de cinco enólogos, produzido com uvas Touriga Nacional e Al-frocheiro.

A noite não poderia ter sido melhor, numa deliciosa sequên-cia de crepes franceses harmonizados com alguns dos melhores vinhos da região do Dão. O ambiente, muito agradável e acon-chegante, é indicado para quem gosta de boa gastronomia, de-gustar um bom vinho, ouvir uma boa música e com um serviço impecável.

Este evento contou com colaboração da Lusovini (Nelas), através do seu distribuidor em São Paulo, e também de Raphael Senna Evangelisti, da La Plastina, que distribui o Morgado de Sil-gueiros, produzido pela Adega de Silgueiros, para o Brasil.

Asdrubal Bistrô

O Bistrô foi inaugurado no passado dia 21 de Julho e tem à frente a Chef Cris Veríssimo, com uma equipa competente, com formação em Paris e no Brasil. A casa tem como filosofia a for-mação e a divulgação de vinhos e a boa gastronomia, além de ser um espaço com vocação cultural e artística, para exposições de arte e lançamentos de livros.

Asdrubal Bistrô para conhecer em sua próxima vinda ao Bra-sil, localizado na Rua Conselheiro Araújo, nº 385 – Alto da Glória – Curitiba – PR.

Bruno Bertani | Cidadão Gastronómico Com a colaboração de Alice Varjão, jornalista portuguesa

radicada em Curitiba.

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De 5 a 7 de Dezembro, no âmbito do Viseu & Vinho Dão Festa

Solar do Dão recebe salão de “Vinhos de Inverno”

Viseu volta a promover mais um evento ví-nico, denominado “Vinhos de Inverno”, e que terá por palco o Solar do Vinho do Dão, em Vi-seu, um programa de eventos vinhateiros in-door que pretende ajudar a redescobrir a re-gião, os vinhos, os aromas e sabores do Dão e Viseu como Cidade Vinhateira.

A iniciativa realiza-se no âmbito do progra-ma de eventos promocionais vínicos designado “Viseu & Vinho Dão Festa”, uma iniciativa da Câmara de Viseu em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVR Dão), a As-sociação de Desenvolvimento Dão, Lafões e Alto Paiva (ADDLAP), com o apoio do Turismo do Centro.

O certame oferece durante três dias um mix de eventos e experiências, como provas víni-cas e degustação de produtos gourmet, espa-ço de venda de vinhos, sabores do Dão à mesa, workshops para enófilos e iniciados, animação musical, duas wine parties, cinema e conversas à volta do vinho. A iniciativa também será mar-cada pela entronização de novos confrades, pela Confraria dos Enófilos do Dão, a partir das 15,30 horas de sábado, dia 6 de Dezembro.

Participarão do certame cerca de 50 opera-dores económicos ligados aos vinhos do Dão e ao sector agro-alimentar de Viseu, nomeada-mente de produção de queijos, enchidos, com-potas, pão e biscoitos de forno.

Os “Vinhos de Inverno” terão também um espaço infantil entre as 17 e as 20 horas, onde as crianças poderão personalizar adereços ví-nicos para os pais e realizar quizzes temáticos sobre o mundo rural, com acesso a prémios, e outras actividades. O programa do evento in-clui a realização de mais um capítulo de entro-nização da Confraria dos Enófilos do Dão.

João Paulo Gouveia, vereador do pelou-ro das Freguesias e Desenvolvimento Rural e Grão-Mestre da Confraria dos Enófilos do Dão, à Gazeta Rural, traçou os objectivos da inicia-tiva, adiantando alguns nomes que irão jurar defender o vinho do Dão.

Gazeta Rural (GR): O que espera deste even-to?

João Paulo Gouveia (JPG): Este evento faz parte de uma estratégia de dinamização do nosso territó-rio, em que Viseu se assume como capital vinhateira. Portanto, pensamos que, efectivamente, o vinho é um dinamizador e agregador de vontades e, ao mesmo tempo, um produto que consegue arrastar outros. Por isso, entendemos que Viseu poderá contribuir para o desenvolvimento da região, nomeadamente dos seus

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produtos endógenos, numa relação onde todos têm a ganhar, mas também nessa tentativa de Viseu, como dizia o senhor presidente da câmara, respirar vinho 365 dias por ano.

GR: Depois de um evento com os Vinhos de Verão, temos os “Vinhos de Inverno”?

JPG: O nome do evento tem apenas a ver com a época em que ocorre e está integrado numa estratégia mais vasta a que chamamos “Viseu, Vinho, Dão”. Este será um evento que vai arrastar outros produtos do território e, naturalmente, não vai ter apenas tintos, mas uma pa-nóplia alargada de outros vinhos.

GR: Que perspectivas tem para esta iniciativa?

JPG: Este evento fecha um ciclo de comemorações e manifestações ligadas ou vinho em 2014. O que pretendemos é que o Dão tenha mais notoriedade, fa-zendo com que a região seja mais fala-da e que, cada vez mais, se afirme como uma região próxima do consumidor. Esse é o nosso objectivo, que é valorizar e promover cada vez mais os vinhos do

Dão. Esse é o nosso propósito.

GR: São iniciativas para repetir em 2015?

JPG: Na estratégia que Viseu tem como cidade capital vinhateira, com cer-teza que teremos muitas novidades para 2015.

GR: No âmbito deste evento, a Confraria dos Enófilos do Dão pro-move mais um capítulo de entroniza-ção, em que algumas figuras de re-levo da vida política, social e cultural da região e do país vão jurar defen-der o Vinho do Dão?

JPG: Convém referir que a Confraria dos Enófilos do Dão é umas mais antigas em Portugal no sector do vinho e tem como propósito promover e defender os produtos vínicos e a região do Dão.

Para esta entronização, que fazemos de dois em dois anos, congregamos esfor-ços, com a Comissão Vitivinícola Regional do Dão e com a Câmara de Viseu, juntan-do vontades, e convidámos uma série de personalidades que aceitaram ser nossos confrades. Referia, por exemplo, no âmbi-to desportivo, o maratonista Carlos Lopes,

que apadrinhou a Meia Maratona do Dão, mas também pessoas da esfera política ou comercial, como o senhor Embaixador do Japão, que será nosso confrade; ou outras ligadas à agricultura, como a Directora Regional de Agricultura e Pescas do Cen-tro, assim como os senhores presidentes das câmaras da Região Demarcada do Dão.

Convidamos também personalidades de diferentes áreas e várias pessoas que têm defendido o nome do vinho do Dão. Falo, por exemplo, de um movimento que existe nas redes sociais, o DãoWineLovers, e convidamos os dois maiores promoto-res, para além de várias entidades do sis-tema científico e tecnológico de Portugal, bem como alguns jornalistas de renome da nossa praça. Portanto, vamos ter uma panóplia de pessoas que nos irão ajudar, no futuro, a defender os vinhos do Dão.

GR: Está em final de mandato na Confraria?

JPG: Este é o meu último mandato enquanto Grão-Mestre da Confraria dos Enófilos do Dão. Há um plano para a con-fraria, mas convém deixá-lo nas mãos de quem vier a ser eleito.

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O Município de Nelas esteve presente no Portugal Agro, que decorreu na FIL de 20 a 23 de Novembro, aproveitando para promover o concelho e em especial a Feira do Vinho do Dão que decorrerá de 4 a 6 de Setembro de 2015.

o espaço partilhado entre a Câmara de Nelas e a Associação Nacional dos Escan-ções, os visitantes tiveram a oportunidade de ficar a conhecer mais pormenores acerca da próxima edição da Feira e puderam participar no concurso que levará à escolha da melhor frase que será, aquando do evento, utilizada em material promocional da Feira.

A promoção deste concurso foi feita através da distribuição de Bombons de Tou-riga Nacional, confecionados pela choco-lateria Delicia de Viseu, contendo uma frase alusiva ao vinho e que fizeram as delícias dos visitantes. O concurso decorre no facebook da Feira do Dão, em www.facebook.com/fei-radovinhododao, até 31 de janeiro, e a frase que obtiver maior número de “gostos” será a vencedora dando, ao seu autor, a oportuni-dade de passar um fim-de-semana para duas pessoas no concelho de Nelas.

Um dos momentos altos do certame foi o I Concurso de Vinhos do Crédito Agrícola, numa parceria com a Associação de Escan-ções de Portugal, destinado a produtores e cooperativas de todas as regiões vitivinícolas do país.

O concurso teve lugar no dia 20 e os prémios foram entregues no dia 21 numa cerimónia que contou com a apresentação de Sílvia Alberto e com a participação espe-cial do presidente da Câmara de Nelas, José Borges da Silva, que teve a oportunidade de, uma vez mais, promover e representar a re-gião e os vinhos do Dão, destacando a quali-dade dos vinhos e dos produtores da região, que têm vindo a conquistar notoriedade um pouco por todo o mundo, revelando ser uma das melhores marcas que Portugal tem para exportar e que o Município de Nelas, em par-ticular, tem para explorar.

Este evento contou com a participação de várias personalidades de destaque no mundo vinícola e gastronómico, como os Chefs Nuno Diniz e Henrique Sá Pessoa, assim como a jornalista Maria João de Almeida, co-nhecida crítica de vinhos, ou Virgílio Gomes, crítico gastronómico, com quem o executivo nelense teve a oportunidade de estabelecer pontes de trabalho futuro bastante sólidas para a estratégia de promoção da próxima feira do Vinho do Dão de 2015, no primeiro fim-de-semana de Setembro de 2014.

Câmara de Nelas esteve representada por Borges da Silva

Feira do Vinho do Dão 2015 promovida no Portugal Agro

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Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, foi escolhida como Cidade Europeia do Vinho para 2015, pela Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN), uma decisão tomada pelo júri reunido na assembleia-geral deste organismo, realizada em Je-rez de La Frontera (Espanha).

Além de Reguengos de Monsaraz, existiam, este ano, outras duas candidaturas portuguesas a esta distinção: uma da Bairra-da, envolvendo os municípios de Cantanhede, Anadia, Mealhada, Águeda e Oliveira do Bairro, e outra das câmaras de Monção e Melgaço.

O presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, manifestou-se honrado por o seu concelho ter sido elei-to, referindo que a escolha do júri “não foi fácil”. “O que foi tor-nado público pelo júri, no acto solene depois do anúncio da can-didatura, foi uma enorme dificuldade devido à grande qualidade que possuíam as três candidaturas portuguesas”, disse.

O autarca alentejano frisou que a escolha de Reguengos de Monsaraz implica também “uma enorme responsabilidade”, a qual se vai “traduzir em trabalho a partir de agora e durante os 12 meses da programação da Cidade Europeia do Vinho”. Esta distinção, argumentou, “é um veículo de promoção importantís-simo” para o vinho de Reguengos de Monsaraz e, igualmente, para o vinho do Alentejo e para a própria região. “É um canal óp-timo para divulgarmos uma região que está transformada para melhor e, durante a apresentação da candidatura, foi notório que os jurados não conheciam esta região”, referiu.

O júri ficou “visivelmente agradado” com o que lhe “foi mos-trado”, ou seja, “todas as componentes que envolvem o conce-lho e o Alentejo”, partido “da biodiversidade e do ambiente e do Alqueva”, passando pela “cultura, megalitismo e património, ar-tesanato, gastronomia e turismo em espaço rural”. “Foi notório que estávamos a divulgar uma região que o mundo talvez ainda não percepcione do modo como julgamos que deve ser percep-cionada”, frisou José Calixto.

Reguengos também “não tem a dimensão em termos de po-pulação” de outras cidades, como é o caso da actual Cidade Eu-

Sucede a Jerez de La Frontera

Reguengos de Monsaraz escolhida para Cidade Europeia do Vinho 2015

ropeia do Vinho, Jerez de La Frontera, onde decorreu a reunião, mas a sua candidatura “representou 43% do mercado nacional dos vinhos de denominação de origem” e foi “em nome de um Alentejo que deixou de ser o ‘celeiro da Nação’ e tem hoje outras mais-valias”, disse.

A Cidade Europeia do Vinho 2015, que arranca oficialmente em Reguengos de Monsaraz com uma gala de passagem do tes-temunho, a 21 de Fevereiro do próximo ano, é uma iniciativa da RECEVIN e da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV).

O concurso visa distinguir, anualmente, uma cidade símbolo do desenvolvimento vitivinícola a nível europeu e, por ter um ca-rácter rotativo entre os diversos países que fazem parte da rede, cabe a Portugal a organização da edição de 2015.

“É uma grande vitória”, afirmou o presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo

O presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo considerou “uma grande vitória” a escolha de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, para Cidade Europeia do Vinho 2015, pela Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN).

Ceia da Silva salientou que o trabalho que tem sido desen-volvido, em parceria com o município e empresários do sector, está a traduzir-se no “reconhecimento internacional”. “Trata-se de uma grande vitória do Alentejo e de mais um reconhecimento de um produto importantíssimo como é o vinho, associando-se aqui ao enoturismo, ao turismo rural e às dinâmicas de desen-volvimento turístico”, sublinhou.

O presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alen-tejo e Ribatejo adiantou que, no próximo ano e em parceria com o município de Reguengos de Monsaraz, vão ser desenvolvidas acções para promover o vinho e o enoturismo. “Vamos apro-veitar todo o ano de 2015 para realizar diferentes actividades, como um congresso sobre enoturismo”, referiu.

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Foi num túnel desactivado em Piraquara (arredores de Curitiba), com 400 metros de comprimentos, que fez parte da linha férrea origi-nal construída na década de 80 do século 19, que liga Curitiba a Antoni-na, no Paraná, que um descendente de transmontanos instalou uma cave para maturação de espumantes.

Ari Pinto de Portugal é o prota-gonista desta história. A sua família de origem ainda hoje produz um dos mais renomados vinhos em Trás-os--Montes (Vale Padrinhos) e talvez daí o gosto de Ari pelos vinhos e es-pumantes. O seu tetravô, Diogo Pinto de Azevedo, tenente-coronel, viajou para o Brasil com o Imperador D. Pe-dro II, por lá casou e teve seis filhos. Porque lhe chamavam de ‘Portugal’, um dia pediu autorização a D. Pedro II para o incluir no seu sobrenome, passando a chamar Diogo Pinto de Azevedo Portugal, que Ari hoje man-tem e que está perpetuado num qua-dro à entrada do restaurante.

Mas o projecto é algo de inovador no mundo e já foi mesmo permeado mesmo antes de abrir. A sua inaugu-ração ocorreu no passado dia 29 de Novembro e está a gerar uma enor-me expectativa no meio curitibano, mas também no Brasil e no Mundo.

Tivemos o privilégio, juntamente com um grupo alargado de amigos, de visitar o local. Ari Portugal foi o cicerone. Irradiou simpatia e mos-trou paixão pelo projecto e pelos es-

Caves Colinas de Pedra ficam nos arredores de Curitiba, no Brasil

Ari Portugal fez de um túnel uma cave de espumantes

pumantes. No final da visita conver-sou com a Gazeta Rural.

Gazeta Rural (GR): Quando se ini-ciou e quando começou a idealizar este projecto?

Ari Pinto de Portugal (APP): Com-prámos esta área 1999, que tem de 45 hectares, para construir um Hotel-Fazen-da. Na sequência desse projecto, acaba-mos por comprar a estação de caminho--de-ferro e comprámos também um túnel desactivado, com 400 metros de compri-mento que faria parte do projecto turístico do Hotel-Fazenda.

Em 2007 uma pessoa que passou por aqui constatou a temperatura do túnel, conversou comigo e recomendou-me que estudasse a possibilidade de lá fazer uma

cave de maturação de espumantes. Nessa altura, abortámos o projecto inicial e co-meçámos a investir só no projeto da cave de envelhecimento de vinho espumante.

GR: Para o efeito, fez um acordo com um parceiro (Mário Geisse) que lhe vai fornecer o espumante?

APP: Na verdade, como não temos terroir para produzir uvas de qualidade das castas Chardonnay e Pinot Noir, tivemos que procurar uma parceria, que aconteceu com a Cave Geisse, uma vinícola de porte médio do Brasil, mas que é considerada a melhor cave de espumante do Brasil. O proprietário é o Mário Geisse, que é asses-sor em várias vinícolas do Chile, Argentina e Uruguai e, actualmente, é também di-rector técnico na Viña Casa Silva, no Chile.

O Mário Geisse veio para cá e con-tatou que efetivamente o túnel tinha as melhores condições para acolher uma cave de maturação de espumante e avan-çámos com a parceria comercial e tec-nológica. Ele fornece o vinho espumante semi-elaborado e nós fazemos a parte de maturação. Nos contra-rótulos das nos-sas garrafas vai constar que o vinho base para espumante e produzido por eles e finalizado por nós. Esse é o projeto que te-mos há quase 8 anos e que inauguramos no final deste mês de Novembro

GR: O que vai oferecer aos visi-tantes?

APP: Vamos abrir de quarta a domin-go das 9 da manha às 5 horas da tarde. Em primeiro lugar este projeto tem o foco na área do vinho espumante. Vamos ter cin-co qualidades. Vamos ter um espumante

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branco feito com as castas Chardonnay e Pinot Noir, o Nature Brut e um Rosé de Pi-not Noir. Teremos também dois espuman-tes feitos pelo método de ‘Asti’, um com a casta moscatel e um rosé.

Haverá também sucos de uva e sucos orgânicos. No nosso restaurante (antiga estação) vamos ter um ‘brunch’ para os nossos visitantes e na litorina (carruagem) teremos a parte de doces.

A degustação de espumantes ocorrerá durante a visita ao túnel, paralelo à actual linha férrea que liga Curitiba a Antonina.

O projecto base assenta em três pon-tos, que será o brunch, a casa de chá e a cave de envelhecimento, numa área de 45 hectares onde temos várias trilhas, que vão dos 952 a 1100 metros de altitude. As pessoas podem andar pele espaço e

aqueles que são mais atletas e gostam da natureza podem fazer os percursos. Have-rá guias que vão orientar as pessoas para fazerem as suas caminhadas.

GR: O objectivo é fazer com que as pessoas venham e que passem aqui o dia?

APP: Exactamente. Podem chegar às nove horas da manha e às cinco da tarde ir embora. O projecto tem apoio, há uma linha de ónibus para 45 pessoas, que po-dem vir com os seus próprios carros.

GR: Como serão feitas as reservas?APP: Serão feitas pela internet. Va-

mos disponibilizar o nosso site até final do mês. Vai se chamar: cavecolinasdepedra.com.br.

GR: Este é um projecto de um so-nhador ou de um louco?

APP: Olhe, em princípio era de um so-nhador, mas depois… Quando você está projectando é um projecto. Então, você pode falar o que quiser sobre ele. Mas, de-pois de pronto, quando olha a coisa feita, você diz que, realmente, é um pouco de louco. Mas, que se não tiver um pouco de louco, um pouco de ousadia, você acaba não fazendo o projectos. Se calcular mui-to, se fizer muitos exercícios de taxa de re-torno, você não faz nada.

Quem faz projectos diferentes são pessoas que são desprendidas dos valores monetários e se prendem mais a uma coi-sa sustentável, que dure muitos e muitos anos. Não de projecto efémeros, mas de projectos de muito longo prazo.

GR: Aquela cave não é efémera?APP: Não. Aliás este local inteiro não

é efémero. Primeiro, estamos na Mata Atlântica uma das matas mais preservadas do planeta. É um património natural tom-bado onde não se se pode construir nada nem se pode destruir nada.

Tem uma altitude de 952 até 1100 metros, o que confere uma temperatu-ra maravilhosa e uma humidade relativa do ar maravilhosa. A temperatura média anda pelos 19’. No Inverno chega aos 2’ negativos e no Verão aos 34’. A humida-de relativa do ar anda entre 75% e 80% praticamente o ano inteiro e temos índice pluviométrico fantástico.

GR: É um lugar fantástico?APP: Basta olhar para este verde

maravilhoso, para a exuberância da Mata Atlântica. Tudo o que você planta aqui fica bonito. Tem insolação e faz uma fotossín-tese maravilhosa. As árvores são bonitas e tem uma biodiversidade muito grande.

Tudo isto é um património que, na minha visão de empresário e de pessoa, se vai se perpetuar durante muitos séculos, partindo da premissa que aqui não é permitido destruir, nem construir. Tudo foi feito com materiais de longa duração, com pedras e aço inox.

A minha alegria num projeto destes é perceber que não é uma coisa efémera, mas de longo prazo e que pode receber gente de todos os cantos do nosso pla-neta. Cá estarei sempre de braços abertos para acolhe-los.

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A AdegaMãe entra no Inverno de 2014 renovando a sua gama de vinhos tintos, apresentando ao mercado uma inter-pretação muito especial de três castas originárias de Bordéus – Petit Verdot, Merlot e Cabernet Sauvignon – e também a nova colheita do Dory Tinto 2012.

Para além da original expressão atlântica destas castas bor-dalesas, que demonstram mais três casos de excelente adapta-ção à Região Oeste, a AdegaMãe lança ainda o Dory Colheita Tinto 2012, um lote Syrah e Aragonez, com estágio parcial em barrica, apostando num vinho bastante gastronómico e moder-no, no que é já uma característica da marca Dory, referência de casa de Torres Vedras.

Este lançamento surge num momento muito especial para a AdegaMãe, não apenas porque coincide com a celebração do terceiro aniversário, mas também porque surge em plena fase de reconhecimento nacional e internacional do projecto, graças aos diversos prémios conquistados e entre os quais se destaca a Medalha de Ouro (AWC Vienna) e o prémio Escolha da Imprensa portuguesa atribuídos ao Dory Reserva Tinto 2011.

“No fundo este é o patamar onde pretendemos posicionar os nossos vinhos. Queremos que sejam originais, que expressem as condições únicas que temos na Região e os novos Monocastas ou o novo Dory Colheita apontam exactamente nesse sentido: demonstrar que podemos fazer vinhos únicos, de grande quali-dade e acessíveis aos consumidores”, explica o director-geral da AdegaMãe, Bernardo Alves.

Os novos monocastas tintos da AdegaMãe continuam com um preço referência de sete euros, enquanto o novo Dory Co-lheita Tinto, um lote Syrah e Aragonez, com estágio parcial em barrica, se mantém na fasquia dos 4 euros.

A AdegaMãe, inaugurada em 2011, resulta do investimento do Grupo Riberalves numa nova área de negócio e surge como uma homenagem da família Alves à sua matriarca, Manuela Al-

Quando está a celebrar o terceiro aniversário

AdegaMãe lança três monocastas e a nova colheita Dory Tinto 2012

ves. O conceito de “Mãe” é a inspiração para um espaço de nas-cimento, de criação, no qual se pretende potenciar as melhores uvas e fazer nascer os melhores vinhos. Localizada no Concelho de Torres e vocacionada para a produção de vinhos com carac-terísticas muito próprias, graças à proximidade do mar e influên-cia do Clima Atlântico, a AdegaMãe é, igualmente, uma referên-cia para o enoturismo da Região de Lisboa, destacando-se pela arquitectura exclusiva e por todas as actividades desenvolvidas em torno da vinha e do vinho. Sendo uma empresa do Grupo Riberalves, a marca Dory (inspirada nos Dóris, embarcações an-tigamente utilizadas pelos portugueses na pesca do bacalhau) representa a principal gama de vinhos comercializados. A expor-tação assume 60 por cento do volume de vendas.

Notas de prova dos novos vinhos:

AdegaMãe Petit Verdot 2012 é um vinho de cor rubi, com aroma a frutos silvestres, ginjas e cerejas e um ligeiro toque de especiaria. Muito elegante na boca, equilibrado e intenso.

AdegaMãe Merlot 2012 tem cor rubi profunda e um aroma marcado pelas notas de pimentão, ameixa e cravinho. É encor-pado, com taninos gulosos e final muito persistente.

AdegaMãe Cabernet Sauvignon 2012 tem aroma muito ca-racterístico à casta, com notas de pimento, grafite e ligeiro sil-vestre. Na boca é um vinho composto, com taninos macios e acidez equilibrada. Ligeiro tostado no final da boca. Vinho per-sistente. Perfil muito gastronómico.

Dory Colheita Tinto 2012 de cor rubi brilhante e aroma inten-so com notas de fruta preta e especiarias. Bom corpo na boca, com presença e equilíbrio. Final redondo e persistente.

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E… de repente, a produção de cogumelos está na moda. O sector tem aparecido com alternativa a mui-ta gente que, de um momento para o outro, se viu no desemprego ou para quem viu no sector primário uma forma de iniciar a sua vida empresarial.

Há, contudo, problemas, espelhados nalguns dos testemunhos que deixamos nesta edição, mas que nos obrigam a reflectir. O sector emergiu, mas a falta de organização é um dos principais problemas a ultra-passar, assim como o escoamento da produção. Esta última é mesmo a principal preocupação dos produ-tores, sabendo-se que a exportação não é solução imediata, tendo em conta que os custos de produção por cá são superiores. Urge, por isso, que o sector se una, procure soluções para diminuir a distância com o que chega de fora, para que possa ser competitivo, para entrar no ‘mercado global’.

Por outro lado, o consumo no mercado interno ainda não é o desejável, pois, para muitos, o cogumelo ainda ‘impõe’ dúvidas, seguindo o velho ditado de que “alguns só se comem uma vez’. Ora, este conceito só pode ser aplicado por desconhecimento, uma vez que todos os cogumelos que se encontram no mercado podem ser comidos as vezes que nos apetecer.

José Luís Araújo

Produção de cogumelos: um sector em franca expansão

OPI

NIÃ

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Era professor de línguas e de um momento para o outro viu-se de-sempregado. José Vasconcelos não perdeu tempo e ‘atirou-se’ aos co-gumelos. Juntamente com a esposa criou o projecto “Ementa Saudável” e, aproveitando um terreno como que abandonado, avançou para a produção de shiitake.

Crescer de forma sustentável é a meta, que tem como objectivo criar a sua própria distribuição e exportar. Para tal, defende a constituição de uma organização de produtores, de forma a ganhar escala e relevância no mercado.

Gazeta Rural (GR): O que é o pro-jecto “Ementa Saudável”? Como co-meçou?

José Vasconcelos (JV): Nasceu de uma situação má, de desemprego. Sou professor de línguas, não estava colocado, e como tínhamos um terreno como que abandonado e decidi, juntamente com a minha mulher, rentabilizar o espaço. Jun-tou-se o útil ao agradável e fizemos um projecto de produção de shiitake.

É uma área do nosso interesse, pois

José Vasconcelos criou o projecto “Ementa Saudável”

Do desemprego à produção de cogumelos

sempre foi um assunto que nos chamou a atenção. Sempre estivemos ligados ao cogumelo silvestre e então surgiu a ideia do shiitake.

GR: Há quanto tempo começou o projecto?

JV: O projecto foi entregue em 2012, mas só começamos a trabalhar em Feve-reiro deste ano, altura em que começa-mos a inocular os troncos.

GR: Tinham alguma experiencia na área ou foi curiosidade?

JV: Não tinha experiência nenhuma, excepto algum conhecimento. Sou pro-fessor, tenho amigos engenheiros que já estavam ligados, de uma maneira ou de outra, aos cogumelos e em associação ‘não muito vinculativa’, mas numa junção de vários amigos, cada um fez o seu pro-jecto e surgiu o cogumelo.

GR: Já fez a primeira colheita?JV: Sim. Começámos a produzir efec-

tivamente em Agosto, apesar da nossa primeira produção ter sido em Fevereiro. Desde Agosto produzimos, em média, 80 quilos por semana. Temos capacidade

para produzir mais, só que o escoamen-to não é garantido. Ou seja, temos es-coamento mas o preço não nos agrada. Porque as condições não são as que nos interessam, optamos por produzir aquilo que sabemos que vamos vender.

GR: Qual o preço médio de venda?JV: No shiitake o preço de referência

nas grandes superfícies, em que nos ba-seamos, ronda os 23 euros. Nos produto-res anda em torno dos 12,50 a 15 euros.

GR: Pela sua experiência, como desempregado, a produção de shii-take ou de cogumelos pode ser uma opção?

JV: Sim. Acho que pelas suas proprie-dades é um cogumelo bastante sabo-roso e com uma boa textura. Tem todas as características para ser um cogumelo comestível por massas. No entanto, tem em handicap não ser pouco conhecido e as pessoas associam-no a um cogumelo com preço elevado.

Acho que o cogumelo será uma mais--valia caso os produtores se associem e formem uma organização de produtores

GR: Há algum novo projecto em mente?

JV: Para já estamos a ver até que ponto esta é uma actividade rentável e se conseguimos viver do cogumelo. O nosso projecto futuro será excluir os intermediá-rios e conseguirmos encontrar um canal de distribuição. Nesse caso, teremos todo o interesse em ampliar a estufa e meter mais matéria-prima para termos uma pro-dução semanal mais significativa.

Para já temos 150 toneladas de maté-ria-prima e estamos a pensar meter mais 50 para encher a estufa, que tem 1140 metros quadrados.

GR: O escoamento do produto é a grande preocupação?

JV: Estamos vender uma grande parte da produção a um intermediário que está a exportar. O resto, estamos a escoar lo-calmente, através de frutarias, talhos, res-taurantes e cafés.

A exportação será sempre um cami-nho. O único, talvez. Para conseguirmos crescer será exportando directamente com a tal organização de produtores. Se vários produtores se conseguirem juntar, as produções passam a ter relevância no mercado e conseguiremos exportar. Esse é o nosso projecto e a nossa ambição.

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O gosto pela biotecnologia levou Sandra Ferrador a constituir a Bio-invitro Biotecnologia Lda, empresa sedeada em Vila do Conde que se de-dica cultivo de cogumelos. A respon-sável da empresa realça o percurso feito, as parcerias criadas e a forma de se relacionar com os clientes para o sucesso da empresa.

Sandra Ferrador, à Gazeta Rural, diz que o mercado português neces-sita ainda de ser muito trabalhado, pois “ainda existe muito medo asso-ciado ao cogumelo”. A abertura de uma loja no passado mês de Março foi decisiva para dar um novo con-ceito ao cogumelo. Ali as pessoas podem ver o que é possível fazer com cogumelos, falar de cogumelos e provar.

Gazeta Rural (GR): Como nasceu a Bioinvitro Biotecnologia Lda?

Sandra Ferrador (SF): A empresa surgiu do gosto pela biotecnologia, espe-cialmente na área da micropropagação de plantas e na área da micologia, em particular no cultivo de cogumelos. Foi o aliar do gosto pelo laboratório e pela área comercial que tornou possível a sua exis-tência. A Bioinvitro tem laboratórios pró-prios onde fazemos investigação e pro-duzimos produtos de elevada qualidade. O nosso laboratório inicial tornou-se pe-queno face à elevada procura e, por isso, em 2013, foi tomada a decisão de crescer e aumentar significativamente a nossa produção. Neste momento, temos labo-ratórios específicos para cada uma das nossas áreas de intervenção, como a pro-dução de inóculos de fungos produtores de cogumelos, micropropagação de plan-tas e transformação de cogumelos. Na área da micologia, começamos por fazer testes com diferentes tipos de substrato e estirpes de fungos, colocando os mesmos em diferentes condições para ver qual, ou quais, que melhor se adaptariam ao nosso

país e às nossas condições de cultivo.

GR: Testaram diferentes varieda-des?

SFD: Sim. Testámos diversas varie-dades, melhorámos protocolos e, neste momento, conseguimos obter plantas prontas para atempar num viveiro. Nesta área e por opção, trabalhamos apenas com viveiristas. No entanto, desenvol-vemos uma parceria com um viveiro que nos permite comercializar várias espécies de plantas. Da mesma forma, foram de-senvolvidas parcerias na área dos fungos com empresas internacionais e entidades públicas e privadas do ensino superior. Es-tas parcerias permitem-nos desenvolver e experimentar novos conceitos e produtos.

Desde que iniciamos a actividade sempre estabelecemos uma relação co-mercial privilegiada com os nossos clien-tes, com base na personalização dos ser-viços e produtos assim como na confiança nos técnicos que trabalham diariamente na empresa. Temos tido muitos sucessos mas também fracassos, no entanto, são as ideias que correm menos bem que nos tornam capazes de chegar mais à frente. E é esse o objectivo da Bioinvitro enquanto empresa nas suas áreas de intervenção.

GR: Como se relacionam com os vossos clientes?

SF: Oferecemos diversos produtos e serviços. Para complementar a nossa actividade comercial e, especialmente, para dar um novo conceito ao cogumelo abrimos a nossa loja em Março deste ano, onde as pessoas podem ver o que é pos-sível fazer com cogumelos, falar de cogu-melos e provar, se assim o desejarem.

GR: Como está o mercado nacio-nal?

SF: O mercado português ao nível do cogumelo necessita ainda de ser muito trabalhado. Existe muito medo associado ao cogumelo, por causa das notícias que ouvem todos os anos, mas estamos a fa-lar de cogumelos silvestres e que são apa-nhados por pessoas que não conhecem nem sabem identificar os mesmos. Nos cogumelos de cultivo, não existe esse ris-co. Nos últimos anos, o cultivo mundial de cogumelos tem vindo aumentar, o mesmo está acontecer em Portugal. Estamos, mesmo, a assistir um aumento exponen-cial de produção de cogumelos shiitake em tronco, muito impulsionado pelo pro-jecto de jovem agricultor (PRODER). No entanto, e apesar, do nosso cogumelo ter melhor qualidade, continuamos a impor-tar e muitas vezes de qualidade duvidosa, o que leva a que haja uma necessidade crescente e urgente de esclarecer o con-sumidor final.

Diz a gerente da Bioinvitro Biotecnologia Lda

“Ainda existe muito medo associado ao cogumelo”

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A “Aromas e Boletos” nasceu da paixão dos seus três sócios pela floresta e pela micologia, mas que aposta no ambiente e sustentabili-dade da floresta. Sedeada no distri-to de Leiria, a empresa desenvolve produtos à base de cogumelos, ex-plorando as suas virtudes gastro-nómicas e medicinais, prestando também apoio e serviços na área da floresta, nomeadamente fornecen-do todos os produtos e serviços para produção de cogumelos.

Maria João Costa, uma das só-cias da empresa, afirmou à Gazeta Rural que as principais dificuldades no sector prendem-se “com a falta de escala por produtor, bem como a falta de organização e cooperação entre produtores”.

Gazeta Rural (GR): como nasceu a Aromas e Boletos?

Maria João Costa (MJC): A Aromas e Boletos é uma empresa que trabalha na área da micologia, ambiente e sustenta-bilidade. Desenvolve produtos à base de cogumelos, explorando as suas virtudes gastronómicas e medicinais, aproveitan-do o que a natureza nos oferece de forma sustentável, sem esquecer as preocupa-ções ambientais. A empresa nasceu da vontade de três sócios apaixonados pela floresta e pela micologia, que puseram mãos-à-obra.

GR: Que produtos e serviços a empresa oferece aos empresários do sector micológico?

MJC: Temos como como principais clientes produtores de cogumelos, forne-cendo todos os produtos e serviços para

produção de cogumelos desde o micélio até à unidade de produção, e produto-res agro-florestais, fornecemos plantas micorrizadas (produtoras de cogumelos silvestres) entre as quais se destacam o castanheiro, o carvalho e o pinheiro. Nesta área, prestamos ainda aos nos-sos clientes todos os serviços de imple-mentação de projetos florestais, que vão desde o levantamento topográfico, en-genharia florestal, plantação das árvores micorrizadas e fornecimento de soluções para calibragem, higienização e embala-mento do produto final.

GR: Na área florestal a empresa é operadora registada pelo ICNF?

MJC: Sim. Dispomos de formação especializada na produção de cogume-los e micorrização. Aos distribuidores de produtos alimentares a empresa fornece cogumelos frescos, desidratados e con-gelados, para além de outros produtos aromatizados com cogumelos, tais como azeite, vinagre, sal, temperos e chocola-tes. A empresa, nesta área, procura sem-pre soluções inovadoras tendo sempre em vista as necessidades dos clientes.

GR: Há novos projectos micológi-cos na vossa região?

MJC: Sim. A cada dia surgem pro-jetos relacionados com a micologia, desde a exploração, passando pela in-terpretação/identificação de espécies cultivadas e silvestres, bem como even-tos relacionados com esta temática. GR: Pela experiência adquirida no contacto com empreendedo-res do sector, quais as principais dificuldades que nota no sector? MJC: Prendem-se, sobretudo, com a falta de escala por produtor, bem como a falta de organização e cooperação entre pro-dutores.

Explorando as virtudes gastronómicas e medicinais dos cogumelos

“Aromas e Boletos” aposta no ambiente e na sustentabilidade da floresta

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A Fungifresh, sedeada no conce-lho de Braga, dedica-se à produção e comercialização de cogumelos fres-cos, tendo com o principal meio de escoamento o canal Horeca no nor-te do país. Pedro Capela é o funda-dor da empresa, fruto do gosto pela micologia. À Gazeta Rural diz que o principal problema do sector é o mercado, que “continua a ser o prin-cipal obstáculo”.

A exportação é uma possibilidade, mas urge baixar os custos de produ-ção, tendo em conta os preços prati-cados no mercado internacional.

Gazeta Rural (GR): Como surgiu a Fungifresh?

Pedro Capela (PC): O gosto e a paixão pela macromicomicologia (vul-go cogumelos) acompanha-me desde 2002, altura em que comecei a trabalhar exclusivamente com cogumelos. Após al-gumas experiências profissionais nesta área, fundei em 2010 a Fungifresh, que nasceu da necessidade de fazer che-gar ao consumidor um produto fresco, diversificado e com elevada qualidade. A Fungifresh dedica-se exclusivamente ao mundo da micologia. A sua principal actividade é a produção e distribuição de cogumelos frescos. Além das espécies cultivadas, a oferta disponibilizada semanalmente aos nossos clientes é complementada com cogumelos silvestres recolhidos em vários pontos do país, o que nos permite garantir uma oferta contínua e diversificada ao longo de quase todo o ano. Paralelamente, prestamos apoio técnico na produção de cogumelos saprófitas a outros produtores.

GR: Que tipo de cogumelos produz e qual a média de produção anual?

PC: Os Pleurotus ostratus (repolgas, cogumelo ostra) são a principal espécie

produzida pela FungiFresh em substrato à base de palha e em salas de ambiente controlado, rondando a produção anual as 16 toneladas. Como complemento, a outra espécie produzida é o Lentinus edo-des (shiitake) que é realizado em toros de carvalho, sob o método tradicional ja-ponês, com uma produção anual de duas toneladas.

GR: Qual o principal mercado alvo?

PC: É o canal Horeca da região Norte Litoral, onde fazemos distribuição porta a porta várias vezes por semana, com duas viaturas refrigeradas. As exportações para a vizinha Galiza são pontuais e apenas se verificam em períodos de excesso de pro-dução.

O facto de ser respeitada a cadeia de frio em todo o circuito comercial, desde a produção à distribuição, permite-nos apresentar um produto com qualidade ao nosso cliente.

O preço médio de venda ao consumi-dor final é de 6 €/kg Pleurotus ostreatus e 11 €/kg Lentinus edodes.

GR: Quais são, na sua opinião, as principais dificuldades que o sector atravessa?

PC: A principal dificuldade sentida pelos produtores que se estão a instalar prende-se com a garantia de escoamento do seu produto. A falta de conhecimento técnico já não é um factor limitativo para a instalação de novos produtores, uma vez que o aparecimento de empresas ligadas ao sector veio colmatar essa lacuna.

O mercado, ou falta dele, continua a ser o principal obstáculo. Embora o con-sumo interno de cogumelos frescos esteja a aumentar, não cresce na proporção ne-cessária para dar resposta ao aumento da produção. No entanto, este é o mercado mais atractivo para os produtores, porque conseguem diminuir os intervenientes na cadeia de distribuição.

A exportação é a alternativa presente desta actividade, mas a generalidade dos preços no mercado europeu são inferiores aos praticados em Portugal. Para trabalhar neste mercado, teremos que conseguir baixar os custos de produção, através de sinergias e cooperações entre produtores.

Diz o gerente da Fungifresh

“O mercado continua a ser o principal obstáculo”

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Criada em 2013, a Cogumelos de Portugal é uma empresa familiar, se-deada no concelho de Odivelas, que aposta na produção de micélio de várias espécies de cogumelos sapró-fitas, comestíveis e medicinais em modo de produção biológica, des-tinado a produtores profissionais e amadores. Patrício Costa, adminis-trador da empresa, sublinha a aposta na produção biológica, adiantando que a empresa vai começar a expor-tar a partir do próximo ano.

Gazeta Rural: Como começou a Cogumelos de Portugal?

Patrício Costa (PC): A empresa nasceu em início de 2013, na freguesia da Ramada, no concelho de Odivelas. É uma empresa familiar constituída por dois sócios, Patrício Costa (CEO) e Helena Costa (Bióloga Professora e Directora de Laboratório), detentores de um profun-do conhecimento técnico-científico de cogumelos saprófitas, dominando varias técnicas de cultivo em troncos de madeira e em diversos tipos de substratos pasteu-rizados e esterilizados, peritos e especia-lizados na produção de micélio (semente de cogumelos), sendo actualmente esta última a actividade principal.

GR: Prestam e fornecem material aos vossos clientes?

PC: A empresa desenvolve e produz micélio de várias espécies de cogumelos saprófitas, comestíveis e medicinais em modo de produção biológica, destinado a produtores profissionais e a amadores, sendo uma das poucas com certificação biológica na área em que trabalha. O pro-duto é manuseado por pessoal especiali-zado, em instalações apetrechadas com equipamentos de vanguarda, de forma a garantir a segurança e a qualidade do material biológico produzido, tentando-se satisfazer as expectativas e as necessida-des dos nossos clientes.

Recentemente, e com o intuito de promover a produção e o consumo de cogumelos, criamos dois novos produtos destinados ao público em geral (amado-res, curiosos e amantes dos cogumelos) que pretenda aprender a cultivar cogu-melos em troncos de madeira em casa ou no seu jardim. Em ambos os produtos, o cliente tem disponíveis várias espécies de cogumelos.

Sedeada na freguesia da Ramada, no concelho de Odivelas

Cogumelos de Portugal aposta na produção em modo biológico

Para além de prestar serviços de as-sessoria técnica ao produtores de cogu-melos, a Cogumelos de Portugal tem vin-do, e irá continuar, a organizar, promover e realizar diversos Workshops, direcciona-dos a produtores profissionais e/ou a afi-cionados, os quais foram e serão sempre dinamizados por formadores devidamente credenciados na área micológica.

A Cogumelos de Portugal dedica-se também, e mais recentemente, à distribui-ção e comercialização de cogumelos fres-cos, congelados, desidratados e transfor-mados, de várias espécies comestíveis e medicinais, cultiváveis e silvestres.

GR: A produção de cogumelos pode ser uma mais-valia para o mer-cado português, face ao contexto económico que atravessamos?

PC: Sim, sem dúvida. A grande maioria dos projectos estão a ser desenvolvidos por jovens agricultores, que face ao con-texto económico actual de “desemprego”, viram-se obrigados a criar o seu próprio negócio, muitos deles regressando à sua (ou dos seus pais) aldeia natal, aprovei-tando infra-estruturas e terrenos que se encontravam inutilizados e quase no abandono.

A produção de cogumelos é, principal-mente, em troncos de madeira, uma técni-ca de cultivo muito recente no nosso país e, posso mesmo acrescentar, pioneira na Europa, relativamente à realidade de ou-tros países, tais como Japão, China, Brasil e EUA. Esta técnica de cultivo em troncos permite produzir cogumelos de altíssi-ma qualidade no que respeita ao sabor, à consistência e ao valor nutricional, quan-do comparados com os que são produzi-dos em substrato. E este aspecto é uma mais-valia do ponto de vista económico pois podemos oferecer ao consumidor cogumelos de alta qualidade.

GR: Que conselho deixa a um po-tencial novo empreendedor na área dos cogumelos?

PC: Aconselhava às pessoas que pre-tendam iniciar uma produção de cogu-melos que, antes de iniciar qualquer pro-jecto/investimento, pequeno ou grande, obtenham informações junto de empresas credíveis e de produtores já implementa-dos no sector, que frequentem formações na área com o intuito de adquirem co-nhecimentos teórico-práticos, o que lhes

permitirá compreender a orgânica e a di-nâmica do processo e dessa forma iniciar a sua actividade o mais autonomamente possível e com redução de despesas des-necessárias.

GR: O mercado internacional é uma aposta?

PC: Os dois primeiros anos da nossa empresa foram direccionados 100% para o mercado nacional. Apesar de sermos ambiciosos, somos igualmente realistas e conhecedores da realidade actual, pelo que, inicialmente, apostamos muito na qualidade do nosso produto e em desen-volver soluções diversificadas viradas para os diferentes tipos de clientes, profissio-nais e amadores.

A partir de 2015, vamos exportar a marca Cogumelos de Portugal. Vamos entrar nos mercados internacionais, mais particularmente nos europeus. Vamos estar envolvidos em vários projectos em diversos países europeus, nos quais par-ticiparemos, inicialmente, com o forneci-mento dos nossos produtos. Logo, o mer-cado internacional é uma aposta em parte alcançada.

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Duas primas, residentes em Estarreja, deram de caras com o desemprego e não perderam tempo. Com tradição familiar na área da apicultura, lançaram no mundo do mel, “redescobrindo” uma actividade familiar.

Aproveitando a paixão do avô pelas abelhas e pelo mel, Ana e Carla apostaram na criação de novos sabores, incluindo o iné-dito mel de mirtilo. “Quando nos vimos desempregadas, resol-vemos olhar para as nossas raízes e cultura da nossa famílias”, conta Ana Pais, de 31 anos, licenciada em turismo e com uma es-pecialização em tradução. A experiência do avô como apicultor fê-las “fervilhar de ideias”, até que decidiram trazer “uma lufada de ar fresco ao mercado do mel”.

A ideia passou por criar “algo diferente, com impacto e sabo-res diferenciadores”, pegando no “mel monofloral de qualidade que Portugal” e, com base na sua tradição familiar, “colocar-lhe um sabor” que pode ir “desde os mais frescos, como os cítricos, aos mais intensos”. Desta forma, o mel chega ao consumidor com “roupagem completamente diferenciadora e inovadora, como se de um perfume raro se tratasse, com vários sabores, cheiros, texturas e cores”. Nesse sentido, e com o apoio da pri-ma, Carla Pereira, de 28 anos, lançou em Julho passado a ‘Bee Sweet’, cujo catálogo conta com “uma gama fresca e uma gama quente, mais intensa”.

Graças a estes ‘flavors’ diferenciados, os consumidores po-

Marca criada por duas primas… desempregadas

Neste Natal dê ‘prendas doces’ da Bee Sweet

dem utilizar o mel em diferentes situações e aplicações gastro-nómicas. Além disso, será ainda confeccionado um mel raro e específico, feito a partir da floração de mirtilo, e que, actualmen-te, só existe no Canadá: o Beeblue.

Para caracterizar o mel e estudar as suas propriedades an-tibacterianas, assim como a sua actividade cicatrizante e capa-cidade antioxidante, as duas primas estabeleceram contactos com a Faculdade de Ciências de Nutrição do Porto, a Universi-dade de Aveiro, e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jor-ge. “Queríamos fazer o nosso mel de forma certificada e garan-tida, de maneira a que este tenha benefícios diferenciadores em comparação com outro tipo de mel”, afirma Ana Pais, segundo a qual os novos produtos se destinarão ao mercado ‘Premium’. Uma outra novidade passa pela embalagem “leve, ergonómica, com zero desperdícios e glamorosa”.

A Bee Sweet já está no mercado nacional premium, mas o mercado externo já tem algumas portas abertas. A presença na Feira Internacional Interwine, em Guangzhou, na China, abriu al-gumas portas.

Para este Natal, e se ainda não pensou numa prenda, nada como oferecer uma das muitas propostas da Bee Sweet. Por exemplo, o Beesweet nº 25 Christmas, um mel a lembrar aromas natalícios, ou o Beesweet nº 1 Citrus, com um aroma mais cítrico.

Tel. 232 430 450 | Avenida da Bélgica - ViseuVendas & Peças & O�cina & Assistência Técnica

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A Cooperativa Terras de Besteiros - constituída há seis me-ses para valorizar e desenvolver o sector primário do concelho de Tondela - deve começar a distribuição de produtos no próxi-mo ano, revelou a autarquia local.

O vereador da Câmara de Tondela, Pedro Adão, explicou que foi lançado um desafio aos produtores daquele concelho do sul do distrito de Viseu, no sentido de produzir maior diver-sidade e quantidade de produtos. “Pretendemos desenvolver o sector primário do concelho, valorizando os produtos agrícolas e locais. Constituímos há cerca de seis meses uma cooperativa a que demos o mesmo nome de uma que já existiu no passado e entendemos que está na altura de arrancar”, revelou.

A Cooperativa Terras de Besteiros tem por objectivo “a pro-dução, divulgação, promoção e comercialização de produtos locais, quer do sector agrícola, pecuário, artesanato ou outros projectos diferenciadores do território”. Além das questões li-gadas directamente à produção, esta entidade servirá também para “apoiar e ministrar formação, ou outros apoios que se acharem pertinentes no decorrer das suas actividades”.

Numa sessão de esclarecimento sobre os propósitos e as condições de adesão à recém-criada Cooperativa Terras de Besteiros, Pedro Adão adiantou que sede administrativa vai ficar

Revelou a Câmara de Tondela

Cooperativa Terras de Besteiros no terreno no próximo ano

localizada num edifício que está a ser reabilitado no centro his-tórico, “faltando encontrar um espaço que sirva de armazém”. “Está na altura de voltar a repensar o território e lançámos este desafio aos produtores, pois este sector tem potencialidade de criar emprego e riqueza no concelho. Vamos estruturar tudo para arrancar no terreno já no próximo ano, começando a coo-perativa a fazer distribuição”, realçou.

Pedro Adão referiu que a maior preocupação dos produtores é o escoamento dos produtos, que agora terão destino assegu-rado. “Reunimos com as IPSS [Instituições Particulares de So-lidariedade Social] e instituições de grande consumo, que ma-nifestaram interesse em comprar aos produtores. Sabendo que vão ter escoamento, penso que os produtores passarão a olhar para o sector de outra forma”, sustentou.

O autarca espera que este venha a ser um sector que atraia os mais jovens, já que muitos contam com terrenos de familiares que estão ao abandono. “Gostaríamos de ver recuperada a pro-dução da laranja do Vale de Besteiros, que praticamente já nem existe. Actualmente, só temos dois produtores, quando antiga-mente chegamos a ter uma fábrica de laranjada no concelho”, concluiu Pedro Adão.Tel. 232 430 450 | Avenida da Bélgica - Viseu

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A campanha da azeitona já começou e com isso os lagares da região já laboram em ritmo pleno. Francisco Lemos está nesta actividade desde 1971, mas, como referiu, “toda a vida vivi com lagares de azeite, pois era uma actividade a que a minha família, nomeadamente o meu avô e o meu pai, se dedicavam”.

Este empresário já fez investimentos significativos nesta área e tem três lagares de azeite em plena laboração: Codornelas (Penalva do Castelo), em Moimenta do Dão (Mangualde) e Tazem (Gouveia), que cumprem todas as regras de higiene e segurança no trabalho, mas também as questões de ordem ambiental. O lagar de Moimenta do Dão é o de maior dimensão e de maior capacidade de produção, com um decanter de quatro toneladas.

A campanha desde ano não é famosa. Na região as oliveiras foram afectadas por algumas pragas e o tempo também não aju-dou. A quebra de produção estimada pode chegar aos 50%.

Todavia, há outros aspectos importantes, que Francisco Le-mos destaca. “Em primeiro lugar o produtor deve estimar a azei-tona, colhe-la e conservá-la em lugar certo, antes de a levar para o lagar. O ideal é que a colha e a leve ao lagar”, salienta o proprie-tário do lagar.

Na região, segundo Francisco Lemos, o aumento da área do olival “tem vindo a aumentar”, embora as características dos ter-renos não sejam muito propícios para esta cultura. Todavia, reco-nhece que “há variedades, como a galega, que se dá bem nesta região e que produz azeite de excelente qualidade”.

O empresário também já avançou para a comercialização de azeite com marca própria. ‘Lagares de azeite Francisco Lemos’ é a marca que ostenta em garrafas e garrafões de azeite que co-mercializa. “É o resultado do azeite que os clientes deixam, mas também de produção própria e outro que compro”, diz, desafian-do aqueles agricultores que dizem que não fazem o azeite por-que não o vendem, para “levarem a azeitona, fazem o azeite e eu compro na hora”.

Depois de ter começado a vender o azeite em vasilhame de cinco litros, Francisco Lemos decidiu avançar para a venda de azeite em garrafa, “o que implicou o investimento numa linha de engarrafamento”.

Esta é uma actividade de actualização permanente. “A evo-lução é grande. Por exemplo, hoje, a partir do momento em que a azeitona é colocada no moinho, todo o processo é feito sem se ver o azeite, até que este chegue ao vasilhame”, diz Francisco Le-mos, que procura acompanhar a mais recente evolução no sector, visitando algumas feiras com ele relacionadas.

Para os diferentes lagares de que é proprietário, Francisco Le-mos diz que os clientes podem fazer a sua marcação, levar lá a sua azeitona, mas também a pode transportar em viaturas próprias.

Em Moimenta do Dão, Codornelas e Tazem

Lagares de azeite de Francisco Lemos já laboram

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Uma investigadora da Universidade de Vila Real ga-rantiu que a mosca da azeitona pode ser combatida “rá-pida, barata e eficazmente” com recurso a modelos de previsão do ataque da praga que está a afectar o olival.

De norte a sul do país, são muitos os olivicultores que se queixam do ataque da mosca da azeitona, que está ter consequências a nível da produção de azeite nesta campanha.

Fátima Gonçalves, do Centro de Investigação e de Tecnologias Agro-ambientais e Biológicas (CITAB), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro UTAD), garantiu que esta praga pode ser combatida de “forma rápida, barata e eficaz”. “Basta ter um computador liga-do a uma estação meteorológica para recolher os dados necessários que permitem prever, por exemplo, quais são os períodos de risco de ataque de ‘Bactrocera oleae’ ou a melhor oportunidade para o olivicultor fazer os tra-tamentos com insecticida”, explicou a especialista.

A investigadora desenvolveu dois modelos de pre-visão para a Terra Quente Transmontana: o ‘Modelo de Previsão do Ataque’, que permite conhecer a percenta-gem de frutos atacados a partir do número de capturas de moscas em armadilhas, e o ‘Modelo de Somas de Temperatura’. “Este modelo acumula as temperaturas diárias registadas no olival, a partir de uma fórmula, o que permite prever os períodos de risco da praga e rea-lizar os tratamentos nas fases do ciclo em que é mais vulnerável. O objectivo é reduzir o mais possível o uso de insecticidas no olival”, salientou.

Fátima Gonçalves disse que estes modelos serão cada vez mais necessários, pois “as alterações climáti-cas vão obrigar os produtores a utilizá-los para poderem combater a praga da forma mais rápida e eficaz”.

Os dois modelos foram criados para a região da Terra Quente, no âmbito da tese de doutoramento da investi-gadora, em 2011, mas poderão ser adaptados a outras regiões.

A responsável defendeu, por isso, que a ferramenta deve ser recuperada e utilizada por produtores e asso-ciações de todo o país para minimizar os riscos no sec-tor, e evitar ataques como os deste ano.

As condições climáticas verificadas nesta colheita, com um Verão com temperaturas amenas e chuva muito abun-dante no final do Verão e no princípio do Outono, foram favoráveis para o desenvolvimento da praga da mosca da azeitona.

Os prejuízos originados pela mosca da azeitona são qualitativos e quantitativos. A actividade da larva no in-terior da azeitona afecta o seu desenvolvimento e pro-voca a sua queda prematura.

Desenvolveu dois modelos de previsão para a Terra Quente

Transmontana

Investigadora aponta solução

barata e eficaz para mosca da azeitona

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Cidadãos de todo o mundo, sobretudo da Europa e oriundos de grandes centros urbanos, estão a procurar os Açores para fazerem voluntariado em quintas de agricultura biológica, em troca de alimentação e estadia.

Trata-se de uma iniciativa da associação ambiental Gê Questa, da ilha Terceira, que se inspirou no WWOOF (World Wide Oportunities on Organic Farms), um programa global de inter-câmbio ao abrigo do qual, em troca da prestação de serviços, em regime de voluntariado, os envolvidos são alimentados e alojados em espaços rurais e têm a oportunidade de aprender algo sobre estilos de vida biológica.

“Este actual projecto que a Gê Questa desenvolve, inspira-do no WWOFF e na nossa edição anterior, teve de se adaptar à realidade que vivemos hoje em dia, ou seja, a falta de financia-mento, o que fez com que este seja um projecto mais pequeno mas, simultaneamente, mais abrangente”, afirmou o presidente da Gê Questa.

Segundo Dário Silva, que destaca que todos os elementos ligados à associação ambiental se encontram em regime de voluntariado, no Verão, surgem grupos de 15 pessoas para de-senvolverem trabalhos em várias áreas, como a agricultura bio-lógica. “Um outro trabalho que nós vamos desenvolver consiste nalgumas obras de recuperação e conservação do património da nossa sede, um forte que se localiza na freguesia de São Ma-teus”, acrescentou.

Os voluntários são ainda, de acordo com Dário Silva, envol-vidos numa acção de conservação da natureza, bem como em

Uma iniciativa da associação ambiental Gê Questa, da ilha Terceira

Quintas biológicas atraem estrangeiros aos Açores para fazer voluntariado

iniciativas da associação ambiental, como a campanha “SOS Cagarro” e monitorização de ribeiras.

De acordo com o presidente da Gê Questa, os voluntários chegam aos Açores através de vários meios, designadamente pela publicitação do programa da associação, páginas governa-mentais, dinamização das redes sociais e partilha de informação com antigos voluntários, que depois a passam a outras pessoas, em rede.

Dário Silva acrescentou que a Gê Questa tem, por outro lado, uma parceria com o grupo SATA que permite aos volun-tários chegar aos Açores a preços mais reduzidos, com tarifas entre os 100 e os 15O euros. “Outra benesse que as pessoas que vêm realizar voluntariado recebem assenta no facto de ficaram a conhecer os Açores, dando-nos também a conhecer”, decla-rou ainda.

O dirigente associativo aponta que o sucesso do voluntaria-do nas quintas dos Açores tem levado os interessados a esten-der os períodos de estadia, algo que a associação tem de con-trolar, para que cada vez mais pessoas possam participar nestas iniciativas.

Para além desta iniciativa da Gê Questa, no âmbito do pro-jecto WWOOF existem vários projectos que estão a ser desen-volvidos em quintas espalhadas por várias ilhas dos Açores.

A WOOF Portugal possui uma página na internet (www.wwoof.pt) onde os potenciais interessados em realizar voluntariado po-dem consultar as opções disponíveis em todo o país.

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Decorreu em Mangualde um colóquio subordinado ao tema “A Política Agrícola Comum 2014-2020 – Implicações na região”, numa organização da Cooperativa Agro-Pecuária Agricultores Mangualde (COAPE). A iniciativa teve como palestrantes Capou-las Santos, ex-ministro da Agricultura e relator do Parlamento Europeu para a Nova PAC, Maria António Figueiredo, Secretária--Geral Adjunto da Confagri, Domingo Godinho e Fernando Gon-çalves, técnicos da Confagri, assim como Teresa Pinto, técnica da Associação de Desenvolvimento do Dão.

O presidente da COAPE fez um balanço positivo da iniciativa, bastante participada, que considerou “uma grande sessão de es-clarecimento aos agricultores, nomeadamente naquilo que são as ajudas e os apoios aos investimentos que vão existir no futuro PDR 20-20”. Para Rui Costa “há factores importantes e novi-dades, nomeadamente no que respeita ao pequeno produtor”, considerando “que foi feito um excelente trabalho e que pode, nesta complementaridade de ajudas, trazer mais-valias aos agri-cultores”.

Na ocasião, o director Regional Adjunto da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro deixou alguns alertas, nomea-damente na área do mirtilo, onde houve um grande incremento. Os números, segundo José Paulo Costa, indicam que se plantaram seis hectares de mirtilo para um de maçã na região centro, refe-rindo que no concelho de Mangualde há 55 produtores de mirtilo.

Numa iniciativa da COAPE

Nova PAC 14-20 e as implicações na região discutidas em Mangualde

Rui Costa confirma a existência destes números, acrescentando que a cooperativa “detém cerca de 50 produtores”.

O dirigente desdramatiza a situação, uma vez que “nos res-truturamos antecipadamente, pensando na situação da comer-cialização”. Para o efeito, Rui Costa lembrou que a COAPE “tem um contrato de escoamento garantido por 15 anos de toda a sua produção, com a Euroberries, um player mundial, que nos dá al-guma tranquilidade”.

O presidente da COAPE admite no futuro, se a Euroberries “nos criar condições para receber mais produção, poderemos abrir as portas a outros produtores que, porventura, tenham difi-culdade em escoar os seus produtos”.

Outro dos alertas lançados prende-se com o alargamento da base social de apoio de organizações como a COAPE, no sentido de terem mais peso e poder reivindicativo.

“Nós estamos muito empenhados nessa questão. Aliás, te-mos vários projectos em mão para lançar a partir de Janeiro, uma vez que vamos a eleições até final do ano e isso é fundamental. Sabemos que, naturalmente, a qualidade de vida das pessoas está fortemente ligada aos rendimentos e às receitas que podem chegar da agricultura”, refere Rui Costa, sublinhando que “esta é uma matéria que nos preocupa e que queremos, investindo na formação e na capacitação dos nossos produtores, poder ga-rantir isso no mais curto espaço de tempo”.

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O sector florestal esteve em de-bate no Parlamento, com o Partido Socialista a questionar o governo sobre a “Lei da eucaliptização”, que tem vindo a originar uma presença cada vez mais significativa do euca-lipto nas nossas florestas.

Miguel Freitas, coordenador do Grupo Parlamentar do Partido So-cialista na Comissão de Agricultura e Mar, à Gazeta Rural, questiona o rumo que o Governo tem sido seguido para o sector, afirmando mesmo que “hoje não há uma política florestal”.

Gazeta Rural (GR): Que análise faz o PS do actual momento do sec-tor florestal?

Miguel Freitas (MF): Muito negativa, sendo exactamente no domínio da flores-ta que temos maior divergência com o Go-

Diz Miguel Freitas, coordenador do GP do PS na Comissão de Agricultura e Mar

“Hoje não há uma política florestal”verno. Hoje não há uma política florestal. Tapam-se buracos sem sentido estraté-gico.

A actualização da Estratégia Nacional para as Florestas continua por concluir, a revisão dos Planos Regionais de Ordena-mento Florestal (PROF) já não será feita por este executivo e não se sabe para quando fica a conclusão do Inventá-rio Florestal Nacional. Tudo porque este sector foi politicamente preterido, e, pa-ralelamente, tem sido sujeito a tremenda instabilidade e grande deriva institucional.

Em pouco mais de três anos de go-vernação, depois da implosão do Me-gaministério que juntou Agricultura e Ambiente, depois da saída de dois Secre-tários de Estado das Florestas, extingue--se o cargo, com as suas competências a serem pulverizadas.

A administração florestal sofreu mais uma mudança orgânica profunda, perdeu identidade e capacidade de acção de proximidade, com uma redução de 300 funcionários e viu o seu orçamento redu-zir em mais de 20% face a 2012. Como é possível resistir a isto?

À instabilidade institucional, acresce o corte de 200 milhões de euros nas medi-das florestais do PRODER, a interrupção do período de transição sem justificação e sem se saber quando se fará a abertura de medidas florestais no novo PDR 2020. Conclusão: falhas no apoio ao investi-mento e uma política florestal sem rumo.

GR: O PS questionou o Governo sobre a “Lei da eucaliptização”, que um ano após a sua entrada em vigor tem licenciado sobretudo a arbori-zação com eucalipto. Que aprecia-ção faz o PS deste diploma?

MF: O novo Regime Jurídico de Arbo-rização e Rearborização (REJAAR) tem a virtude de procurar agilizar os mecanis-mos e processos de aprovação de novas plantações, por forma a diminuir a buro-cracia e o tempo de aprovação e auto-rização da instalação de novos povoa-mentos florestais.

Mas este novo regime veio revogar le-gislação importante de salvaguarda am-biental; mais do que passar a tratar todas as espécies por igual (ou seja, espécies de rápido e lento crescimento, autóctones ou exóticas), passou a tratar de forma igual regimes de exploração distintos (in-tensivo e extensivo); retirou as autarquias do processo de aprovação, deixando--lhes um papel de mera fiscalização; in-cluiu as aprovações tácitas no processo e

assenta em demasia a sua boa execução na capacidade operacional das entidades que o fiscalizam.

Num balanço global, as virtudes deste diploma são, pois, inteiramente secunda-rizadas pelas dúvidas e questões suscita-das. Dúvidas que o primeiro ano de imple-mentação já veio confirmar.

Segundo a resposta do Governo, 52% da superfície total de (re)arborizações é eucalipto, o que confirma uma tendência crescente e irreversível para a consolida-ção desta espécie como principal espécie nacional florestal.

Por outro lado, o Governo não con-segue identificar o número de acções de fiscalização, logo pode deduzir-se que não sabe se estão a correr bem ou mal, se há muitas infracções a serem cometidas ou não.

GR: Na perspectiva do PS, este diploma foi importante para o de-senvolvimento do sector florestal?

MF: Para nós este diploma foi extem-porâneo e por isso assumiu uma dimen-são para a qual não estava destinado. Este diploma só deveria ter sido publica-do após a revisão da Estratégia Nacional para as Florestas e a revisão das metas dos PROF, ambas iniciadas ainda sob a égide do anterior governo, bem como conhecidas as orientações globais e a aprovação do PDR 2020.

Ora, sem estes instrumentos apro-vados, o REJAAR passou a assumir uma dimensão de instrumento de política e de ordenamento florestal. E assume essa di-mensão porque se desconhecem quais as medidas e metas que podem contraba-lançar a expectativa de aumento de uma espécie florestal em função das demais, quais as medidas e acções que podem promover uma floresta nacional mais he-terogénea ou quais as condições e níveis de apoio que tem o sector florestal.

Por outro lado, tendo em conta a ma-téria que estava a ser alvo de alteração, o governo deveria ter promovido uma dis-cussão mais alargada e profícua com os agentes do sector, procurando enquadrar as necessidades das diferentes fileiras florestais, evitando assim o extremar de posições e as manifestações assumidas contra o eucalipto, e que são de todo desnecessárias.

GR: Que medidas de política flo-restal importam concretizar para di-namizar o sector?

MF: Actuar no sentido de aumentar a

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capacidade de gestão e assim aumentar a rentabilidade dos investimentos no sec-tor florestal deve ser o foco das medidas públicas para esta área.

Tendo em conta estes pressupostos, as medidas de política, os incentivos ao investimento privado e o quadro fiscal para dinamizar o sector florestal devem priorizar a promoção da gestão integra-da do espaço rural, através de diversas formas de organização territorial, como as Zonas de Intervenção Territorial ou sociedades por quotas com objectivos de gestão dos activos florestais dos sócios que a constituem.

Importa também alterar o paradig-ma da relação existente entre os agentes do sector e entre estes e a Administra-ção Florestal, alargando-se o conceito de contratos-programa a objectivos de gestão activa da floresta, em particular, inovando a acção junto das Organiza-ções de Produtores Florestais e do sector cooperativo.

A valorização dos produtos não le-nhosos florestais de valor acrescentado, onde o pagamento de serviços públicos prestados pela floresta, semelhante ao existente na agricultura com o “grenning” é um outro aspecto que está por realizar, bem como o enquadramento da activi-dade florestal através de um alvará pró-prio, que permita uma maior qualidade na prestação de serviços.

Além disso, devem-se desenvolver instrumentos de apoio à decisão dos proprietários florestais (p.ex. sistema na-cional de informação sobre os recursos florestais), que permita dar maior trans-parência ao mercado dos produtos flo-restais.

Por outro lado, e ainda procurando responder à necessidade de uma gestão activa como elemento central da política florestal, o desenvolvimento e respecti-vo financiamento de um Plano Nacional para a Certificação da Gestão Florestal Sustentável (onde deverão estar incluí-das, necessariamente, as matas do Esta-do), seria um importante passo para uma abordagem nacional à necessidade de matéria-prima certificada, seja ela lenho-sa ou não lenhosa.

GR: O Governo abriu em 15 de Novembro o PDR 2020. As medidas florestais inscritas serão suficientes para alavancar o desenvolvimento da floresta portuguesa?

MF: No presente momento, convém lembrar que o PDR 2020 ainda não foi aprovado por Bruxelas e como as nego-ciações ainda decorrem com a Comissão Europeia pode haver algumas alterações finais.

Relativamente à abertura de candida-turas do PDR 2020 a 15 de Novembro, o sector florestal não foi consagrado, nem existe previsão de quando as candidaturas abrirão. Esta incerteza sobre a aprovação do PDR 2020 e sobre a publicação das portarias que irão regulamentar e opera-cionalizar as medidas florestais pode con-duzir a um atraso irreversível de dois anos para o sector florestal, nomeadamente no que diz respeito a novas arborizações.

Quanto ao programa teria sido im-portante consagrar uma medida que po-tenciasse a gestão integrada dos espaços rurais, assim como teria sido desejável que as medidas de inovação não estivessem

exclusivamente dependentes dos Grupos Operacionais. A investigação e a inova-ção são centrais para o desenvolvimento de redes e das fileiras e o estado não se deve ausentar do seu papel neste pro-cesso.

Quanto à sua operacionalização, neste momento, desconhece-se a ver-são final das fichas de medida, embora, numa primeira apreciação e segundo o que o sector nos vai transmitindo, não parece ter havido uma grande evolução no processo de simplificação das medi-das florestais. De resto, o importante é assegurar desde já 10% dos fundos deste programa para a floresta.

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A ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, anun-ciou que os pequenos proprietários florestais vão ter benefícios fiscais no âmbito da reforma da fiscalidade verde. “A reforma da fiscalidade verde inclui medidas positivas para dar um impulso também ao investimento na floresta”, disse Assunção Cristas. Segundo a ministra, a reforma da fiscalidade florestal vai incluir oito medidas, nomeadamente ao nível do IRS, Imposto Munici-pal sobre Imóveis (IMI) e Imposto de Selo.

Assunção Cristas adiantou que há cerca de 400 mil peque-nos proprietários florestais no país que, muitas vezes, não têm os recursos necessários para fazer os investimentos e cumprir com todas as suas obrigações, além de não se sentirem com-pensados com os investimentos florestais. “Por isso mesmo, foi possível na reforma da fiscalidade verde, incluir a reforma da fis-calidade florestal”, disse a governante.

A ministra da Agricultura afirmou que a criação de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e de associações de produtores é o caminho a seguir para obter financiamento comunitário para a floresta. Assunção Cristas visitou a zona que foi intervencionada de emergência devido a um incêndio, em 2012, nos concelhos de Tavira e São Brás de Alportel, e destacou o pouco tempo ne-cessário para replantar cerca de 300 mil novas árvores de so-breiros e medronheiros.

“Estamos aqui a assistir a um trabalho digno de realce, por-

No âmbito da reforma da fiscalidade verde

Ministra da Agricultura anuncia benefícios fiscais para pequenos proprietários florestais

Diz a Ministra da Agricultura

Zonas de Intervenção Florestal são o caminho para obter fundos comunitários

que foi um trabalho célere, apoiado pelos fundos do PRODER (Programa de Desenvolvimento Regional), em que logo após o incêndio de 2012, com apoio das câmaras, das ZIF e as organiza-ções de produtores, foi possível termos aqui acções de emergên-cia, que são as adequadas à primeira fase pós incêndio”, afirmou Assunção Cristas durante a visita às novas plantações existentes em Cachopo, cerca de 40 quilómetros a norte da sede de con-celho, Tavira.

A governante destacou, no entanto, o facto de “logo a seguir, e na primeira oportunidade”, ter havido duas ZIF, organizações que agrupam proprietários de terrenos e centralizam as candi-daturas aos fundos comunitários, a “replantar no terreno 300 mil pés” de novas árvores de “sobreiros e medronheiros”. Estas duas espécies foram as mais afectadas pelo incêndio de 2012, que consumiu durante três dias mais de 20 mil hectares de floresta na serra algarvia, tendo também destruído uma dezena de habi-tações, nos concelhos de Tavira e São Brás de Alportel.

Sobre os trabalhos das ZIF, Assunção Cristas explicou que é “feito de forma colectiva, agregada” e está já a constituir-se nas zonas afectadas uma terceira organização que agrega produto-res. “Portanto haverá mais uma aqui na região e esse é o cami-nho que devemos prosseguir, porque se conseguirmos gerir em conjunto as propriedades que normalmente são muito pequenas, então seremos mais eficazes”, acrescentou a detentora da pasta da Agricultura e Pescas.

O Algarve é, por isso, um exemplo que, segundo a governante, deve ser seguido em todo o país, porque tem “a rede primária de defesa da floresta contra incêndio já a cobrir muito boa parte da região”, mas continua a ser “um trabalho prioritário para esta zona”. “Tudo isto com apoio de fundos comunitários”, enfatizou, defendendo que o investimento na floresta «passa por um bom aproveitamento dos fundos comunitários” e que o Governo criou já “o regulamento de transição do PRODER”, que permitiu “numa semana a entrada de 1.247 projectos, com um investimento as-sociado de 168 milhões de euros”.

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Até final de Dezembro deverá estar concluída a montagem de um novo pavilhão do complexo Derovo II, que permitirá a instalação de 150 mil galinhas a juntar ao primeiro bloco, em funcionamento desde Abril de 2013. Em Janeiro irá iniciar-se a construção de mais dois pavilhões e 2015 marca igualmente o arranque da instalação do centro de classificação e embalagem de ovos, no qual também existirão outras valências, nomeada-mente todos os serviços administrativos e zona social.

Estima-se que em agosto estejam em produção 600 mil ga-linhas poedeiras. Nessa altura estará concluída a primeira fase dos investimentos. Projetado para vir a produzir, no futuro, 290 milhões de ovos por ano, o complexo terá no total 11 pavilhões, em terrenos localizados nas imediações do Parque Empresarial

Numa iniciativa da Casa do Pessoal do Hospital de São Teo-tónio de Viseu, com o apoio da Câmara de Penalva do Castelo, realizou o “Magusto/Passeio de Automóveis Antigos e Clássicos entre a cidade de Viseu e a vila de Penalva do Castelo.

O programa iniciou-se pela manhã com a concentração junto à Casa do Pessoal do Hospital de São Teotónio de Viseu, rumo à vila de Penalva do Castelo. O grupo de cerca de 110 par-ticipantes e 60 viaturas, foi recebido nos paços do concelho pelo presidente da Câmara, Francisco Carvalho, que agradeceu a visita e procedeu à entrega de lembranças.

Seguiram-se visitas guiadas à Igreja da Misericórdia e ao seu núcleo Museológico; Adega de Penalva do Castelo; Queijaria de Germil; Casa da Ínsua; Capela de Nossa Senhora da Esperança e Forno Comunitário de Sangemil – locais e sabores que ficarão certamente na memória dos participantes.

A tarde terminou em Pindo, na Festa da Castanha e do Vi-nho, onde os participantes puderam apreciar o tradicional caldo

de Proença-a-Nova.Apontado como o projecto de avicultura mais importante

dos últimos 20 anos, o investimento ultrapassa os 20 milhões de euros. A maior parte da produção destina-se à comercialização em fresco, mas cerca de 40% dos ovos serão encaminhados para quebra e pré-pasteurização, para posterior transformação.

Tal como a construção, também a contratação de funcio-nários tem vindo a ser feita de forma faseada. Actualmente está cerca de meia centena de funcionários na montagem da nova es-trutura, cerca de uma dezena dos quais recrutados no concelho. Em pleno funcionamento, a unidade poderá vir a empregar cerca de 60 pessoas.

Em Janeiro inicia a construção de mais dois pavilhões

Novo pavilhão da Derovo em Proença-a-Nova pronto em Dezembro

Promovido pela Casa do Hospital de São Teotónio de Viseu

Penalva do Castelo recebeu Passeio de Automóveis Antigos e Clássicos

de Castanhas, que, noutros tempos, foi presença assídua na mesa das famílias desta região.

A Casa do Hospital de São Teotónio de Viseu é uma associa-ção que tem como finalidade, entre outras, prestar um serviço de carácter cultural, desportivo, recreativo e social a todos os seus associados e respectivos familiares. O Município de Penalva do Castelo apoiou esta iniciativa com o propósito de dar a conhecer o concelho nas várias vertentes; gastronómica, patrimonial, cul-tural e histórica, e ao mesmo tempo dinamizar a economia local.

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Aires Santos, artista plástico e pintor da região do Dão, sentiu que havia necessidade de pintar um quadro, abordando os tons de Outono, onde se podem encontrar as cores quentes, desde os verdes, amarelos, vermelhos e castanhos das vinhas.

Foi nesse sentido que Aire San-tos se juntou a Nelson Santos e o António Dias, passando o dia em Santar a pintar temas que envol-vessem o vinho e os tons de Ou-tono, com as vinhas do Dão como pano de fundo.

O espaço das Fidalgas de San-tar, junto à estrada Viseu – Nelas, em Santar, foi o local perfeito para pintar os quadros. “A arte é um veí-culo muito importante para mostrar as cores, os valores, a vinha, o pa-trimónio e a cultura da vila de San-tar”, referiu Aires Santos.

No espaço das Fidalgas de Santar, com as vinhas do Dão em fundo

Artistas plásticos ‘casam’ a arte e o vinho

Produzido para comemorar os 50 anos da Adega da Sil-gueiros, o Dom Daganel Colheita 2005 foi seleccionado como um dos 10 melhores no Concurso de Vinhos “A Escolha da Im-prensa”, uma iniciativa da Revista Vinhos, que decorreu no passado dia 30 de Outubro, no hotel Holiday Inn Continental em Lisboa.

Este é um concurso com um conceito original e único no país, pela heterogeneidade do painel de jurados – jornalistas e representantes da imprensa, mas não necessariamente crí-ticos ou especialistas –, que representa de uma forma “mais” fidedigna as escolhas dos consumidores e as tendências do mercado. Estamos perante um Concurso organizado por uma revista da especialidade que convida os colegas do meio para provarem alguns dos melhores vinhos que venham a estar ex-postos e em prova no ECVS. O facto de nele participarem vi-nhos topo de gama, que habitualmente não vão a concursos, torna também esta uma competição especial.

“O Dom Daganel não é um vinho para sair todos os anos, mas apenas em anos de excepcional qualidade”, refere o pre-sidente da Adega de Silgueiros. Este vinho, destaca Fernando Figueiredo, “foi medalha de ouro no concurso dos Melhores Vinhos do Dão e foi lançado para comemorar os 50 anos da Adega Cooperativa, pelo que tinha que ser um néctar espe-cial”.

Com uma produção limitada, “o stock já é muito peque-no”, refere o dirigente, que garante que a Adega está “à pro-cura de um vinho de alta qualidade para engarrafar um novo Dom Daganel”.

Vinho comemorativo dos 50 anos da Adega da Silgueiros

Dom Daganel entre os 10 melhores no Concurso de Vinhos “A Escolha da Imprensa”

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Um tinto da UDACA de 1970 ou um branco da Adega de Tazem de 1985, passando por diversas colheitas da década de 80 e 90 das Adegas de Tazem, Silgueiros, Penalva e Mangual-de, foram os vinhos velhos em prova na Pousada de Viseu, uma iniciativa que mostrou a capacidade de guarda dos vinhos do Dão, mas especialmente que o sector cooperativo está bem, há muitos anos, e recomenda-se.

A iniciativa inseriu-se na mostra de vinhos do sector, que decorreu naquela unidade hoteleira de referência da cidade de Viseu e que, mais uma vez, atraiu um elevado número de aman-tes do vinho, um produto cada vez apreciado, também, por gen-te jovem. Em prova estiveram as melhores referências de cada

Na Pousada de Viseu

Sector Cooperativo do Dão mostrou grandes vinhos velhos

Adega, mas também outros produtos regionais marcaram pre-sença, assim como uma sessão de showcoocking.

O presidente da União das Adegas Cooperativas do Dão estava “muito satisfeito”, num evento que “foi uma maravilha”. “Considero até que teve mais gente que o ano passado”, afir-mou Fernando Figueiredo.

O dirigente destacou que “os dois eventos”, na mesma ini-ciativa, - e referia-se à prova de vinhos velhos -, “tiveram um êxito incrível”. A prova de vinhos velhos, salientou Fernando Fi-gueiredo, “esteve muito animada”, numa prova de que “os vi-nhos do sector cooperativo têm, efectivamente, muita qualida-de, não só os mais antigos como os atuais”.

36 www.gazetarural.comF I C H A T É C N I C A

Ano X - N.º 237Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), [email protected] | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda.Redacção Luís Pacheco | Departamento Comercial Filipe Figueiredo, João Silva, Fernando Ferreira, José Martins e Helena MoraisOpinião Miguel Galante | Apoio Administrativo Jorge Araújo Redacção Praça D. João I Lt 363 Fracção AT - Lj 11 - 3510-076 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320E-mail: [email protected] | Web: www.gazetarural.comICS - Inscrição nº 124546Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada | Administração José Luís AraújoSede Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04Execução Gráfica Sá Pinto Encadernadores | Telf. 232 422 364 | E-mail: [email protected] | Zona Industrial de Coimbrões, Lote 44 - 3500-618 ViseuTiragem média Versão Digital: 80000 exemplares | Versão Impressa: 2500 exemplaresNota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores

A Pampimel - Cooperativa de Apicultores e Pro-dutores de Medronho de Pampilhosa da Serra foi criada para dar resposta a um conjunto de neces-sidades existentes neste concelho, nomeadamente a divulgação e promoção dos produtos apícolas das explorações dos seus associados, com maior inci-dência no mel, mas também a comercialização de materiais apícolas.

O mel produzido neste território é monofloral de urze, de qualidade e com bastante procura no mercado, nomeadamente o externo. Neste sentido, a Pampimel lançou o mel com a marca própria, no passado mês de Agosto.

Na área de influência da Associação, existem outros méis que são produzidos pelas abelhas não explorados convenientemente, como o mel de Calluna e principalmente o mel de medronheiro, muito valorizado na Sardenha e no Norte da Europa, pela fraca produção por colmeia, epoca do ano que é produzido, falta de informação dos apicultores e falta de canais de comercialização e marketing.

A Pampimel tem notado uma procura de oferta formativa por parte dos seus cooperantes, havendo também pessoas sem qualquer ligação à área que se tem denotado interesse, como se tem verificado a nível nacional. Neste sentido, já foi levada a cabo uma acção de formação de iniciação à apicultura, estando prevista a realização na próxima Primavera de um curso de desdobramentos e criação de rai-nhas.

Na área da Pampimel há três projectos de jo-vem agricultores na área da apicultura, havendo outros em estudo. Num território com peque-nos apicultores, e pouca tecnologia usada, os novos projectos são um passo importante, uma vez que à apicultura da região, e mesmo a ní-vel nacional, falta dimensão económica, mas-sa critica e organização com visão empresarial.

Luís EstêvãoPAMPIMEL

Pampimel - Cooperativa de Apicultores e Produtores de Medronho

de Pampilhosa da SerraCO

NH

ECER

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Evento gastronómico decorre até 13 de Dezembro

Certificação do Capão à Freamunde vai dar

escala nacional à iguaria A certificação do Capão à Freamunde com Indicação Geográ-

fica Protegida (IGP) vai desencadear uma entidade que assegure a distribuição da iguaria à escala nacional e todo o ano, prevê a associação de criadores. “A certificação vai ajudar a ter o animal disponível, morto, para servir as pessoas que o querem provar e co-nhecer”, explicou Ricardo Graça.

O dirigente recorda que o modelo da entidade ainda está a ser discutido pelo sector, mas o objectivo passa por criar uma estru-tura que assegure os processos de abate, embalagem e distribui-ção do capão. “Estamos a agilizar com a entidade certificadora. É uma coisa morosa. Temos de arranjar operadores de distribuição e matadouros”, assinala, destacando o interesse que aquela es-pecialidade gastronómica tem despertado nos consumidores. “No ano passado vendemos mais de 300 capões para as unidades de restauração em Lisboa, coisa que era impensável há seis ou sete anos”, exemplificou.

O Capão à Freamunde (cidade do concelho de Paços de Fer-reira) é um frango castrado antes de atingir a maturidade sexual e que se destina exclusivamente à produção de carne. Em 2013, fo-ram comercializados mais de 2.200 capões na região de Paços de Ferreira. No concelho, há 73 produtores registados, a maioria de dimensão familiar.

O vinho Vilarouco Reserva 2010 recebeu medalha de ouro no Concurso do Crédito Agrícola, cuja entrega de prémios de-correu recentemente. O vinho do produtor José Carlos Corte Real, de S. João da Pesqueira, voltou a ser medalhado, o que atesta a qualidade deste vinho do Douro.

O produtor, que ainda tem para venda o Vilarouco Colheira 2009, prepara-se para engarrafar no próximo mês de Janeiro um Reserva 2012 e um Colheira 2013, néctares aguardado com enorme expectativa.

Estas são algumas propostas para as suas prendas de Na-tal, num produtor que tem já 16 hectares de vinha nas encostas do Douro. José Carlos Corte Real tem também uma casa de tu-rismo rural, sendo também produtor de amêndoa e azeite.

I Encontro Nacional de Produtores de Amora

No próximo dia 9 de Dezembro irá decorrer o primeiro encontro Nacional de Produtores de Amora, englobado no projecto “Cluster dos Pequenos Frutos”. Esta iniciativa conta com o INIAV como par-ceiro e com o COTHN como co-promotor.

O evento que está previsto para se iniciar às 9,30 horas e irá contar com uma visita técnica na empresa Wildbessy, Lda, que se dedica à produção de amoras em Poceirão/Palmela. O encerra-mento do encontro está previsto para as 17 horas.

Uma povoação da Serra da Estrela

Aldeia Natal de Seia mantém tradição do presépio

e exclusão do Pai Natal A aldeia de Cabeça, no concelho de Seia, vai ser “Aldeia Natal”

até 04 de Janeiro, dando destaque à tradição do presépio religioso e deixando de fora a figura do Pai Natal. Pelo segundo ano conse-cutivo, aquela povoação da Serra da Estrela, com 190 habitantes, propõe aos visitantes um Natal “autêntico e ecológico”, segundo a organização.

Durante a quadra natalícia, a aldeia está enfeitada com cená-rios inspirados no imaginário de Natal na montanha, na natureza, biodiversidade e respeito pelo meio ambiente. “Depois da expe-riência francamente positiva do ano passado, a comunidade está empenhada na operacionalização da iniciativa, trabalhando diaria-mente e voluntariamente na concepção dos enfeites que vão ves-tir a aldeia de Natal, que este ano verá a sua área de abrangência alargada”, referem os promotores.

O evento, que envolve na sua preparação pessoas com idades entre 16 e 90 anos, propõe ao público “uma viagem ao imaginário do Natal” na Serra da Estrela e uma experiência de “autenticidade”. As ruas e as casas foram enfeitadas com decorações ecológicas, como sejam grinaldas de folhas e corações concebidos com musgo e lã da Serra da Estrela. As estrelas são confeccionadas a partir de desperdícios das florestas e a própria árvore de Natal é revestida com pinheiro natural e pinhas.

Em Moimenta da Beira artesãs expõem trabalhos de Natal

Carla Rocha e Susana Mendes, duas artesãs que vivem em Moimenta da Beira, apresentam em simultâneo, na Galeria Mu-nicipal Luís Veiga Leitão, em Moimenta da Beira, até 19 de De-zembro, trabalhos que produziram para esta quadra natalícia, grande parte deles feitos de materiais reciclados, “lembranças sob o princípio de um Natal mais ecológico”, sublinha Carla Ro-cha.

A mostra, a que se deu o nome de “Especial Natal 2014”, inclui centros de mesa, aproveitando garrafas, frascos, frasqui-nhos e flores várias, bonecos de neve, utilizando abóboras, bo-nequinhos de Natal, usando rolos de papel higiénico, etc.

Uma proposta para este Natal

Vilarouco Reserva 2010 recebe medalha de ouro no Concurso

do Crédito Agrícola

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O engenheiro agrónomo Sousa Veloso, apresentador do pro-grama TV Rural, que durante três décadas deu notícias na RTP sobre a agricultura em Portugal, falaceu no passado dia 27 de Novembro.

O programa TV Rural, tal como o apresentador, fazem parte da história da televisão pública portuguesa, e, desde a primeira emissão, a 06 de dezembro de 1960, transmitiu aos portugueses notícias relacionadas com o mundo da agricultura e da lavoura.

O tema era caro para Sousa Veloso, licenciado em Agrono-mia pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Téc-nica de Lisboa, no ano de 1954. Profissionalmente, passou ainda por um departamento do Ministério da Agricultura.

O convite para a apresentação do programa partiu do Minis-tério da Agricultura, que pretendia um programa televisivo que abordasse temas relacionados com a agricultura, tal como exis-tia em vários outros países europeus. Os agricultores tinham voz neste programa que, durante três décadas, correu o país, com Sousa Veloso a apresentar o TV Rural nos mais variados cenários naturais.

A música do folclore português “A Tirana” foi o genérico ini-cial do programa que era apresentado aos domingos e durava 30 minutos. No final, as mesmas palavras de Sosua Veloso: “Despe-ço-me com amizade até ao próximo programa”.

O estilo de Sousa Veloso foi reconhecido em 1963, quando recebeu o Prémio Imprensa para TV pela autoria do “TV Rural”, programa que passou a ser produzido, realizado, montado e apresentado pelo engenheiro.

Sousa Veloso tinha 88 anos

Faleceu o apresentador do “TV Rural”

O TV Rural deixou de ser emitido a 15 de setembro de 1990, ao fim de 1.500 horas de emissão, sendo o programa de maior longevidade da televisão portuguesa. Na última emissão, o en-genheiro despediu-se com um “até sempre”.

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Saiba muito mais em www.vindimasviseu.pt e www.facebook.com/municipioviseu

Salão de Vinhos de Inverno Provas vínicas de produtores e outros produtos locais, até às 23h.

Todos os dias, 17h.

5 - 7 Dezembro · Solar do Vinho do DãoDão Festa

Cinema com VinhosDia 7, 16h.

Workshop com Luis CostaVinhos Brancos & Queijos.

Dia 7, 17h.

Sabores do Dão Petiscos by Taberna da Milinha

Todos os dias, 17h.

Organização: Parceiros:

Workshop com Luis Costa Torne-se especialista em Vinhos em 60 min.

Dia 6, 17h.

Dão PartyDia 5 e 6, 23h.

Dão PetizEspaço Infantil

Todos os dias, 17h às 20h.

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