gazeta rural nº 242

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www.gazetarural.com Director: José Luís Araújo | N.º 242 | 28 de Fevereiro de 2015 | Preço 2,00 Euros Cardo: a ‘flor’ do queijo Tel. 232 430 450 | Avenida da Bélgica - Viseu Vendas & Peças & Oficina & Assistência Técnica www

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O Cardo está em destaque na Gazeta Rural de 28 de Fevereiro. Na edição nº 242 pode ainda ficar a parte de vários eventos gastronómicos, nas novidades da Cavalhadas de Vildemoinhos 2015, da época das Amendoeiras em Flor, bem como de outras notícias que marcam a actualidade do mundo rural.

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w w w. g a z e t a r u r a l . c o mDirector: José Luís Araújo | N.º 242 | 28 de Fevereiro de 2015 | Preço 2,00 Euros

Cardo: a ‘flor’ do queijo

Tel. 232 430 450 | Avenida da Bélgica - ViseuVendas & Peças & O�cina & Assistência Técnica

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Sum

ário

04 Especial: Cardo, a flor… do queijo!

09 Região da Serra da Estrela tem 22 produtores que certificam queijo

11 Fornos de Algodres recebe Feira do Queijo Serra da Estrela

13 Feira do Fumeiro dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira

14 Cinfães Gralheira é palco da II Feira do “Fumeiro na Serra”

17 Lampreia é prato recomendado no “Primavera HFA”

18 O “Vinho e a Broa” são o tema das Cavalhadas de Vildemoinhos

20 Cabrito Estonado e Maranho em destaque na Páscoa oleirense

21 Peixe em Lisboa regressa de 9 a 19 de Abril

22 Festa de Saberes e Sabores do Douro com bastantes visitantes

23 Flor da amendoeira atrasada cerca de 20 dias

24 Secretário de Estado tranquiliza produtores de queijo de Serra da Estrela

25 Oliveira do Hospital fez o maior requeijão do mundo

26 Vila Pouca de Aguiar cria pastéis para potenciar castanha e cogumelos

28 Ecolã comemora 20 anos a trabalhar burel

29 Escola de Hotelaria de Manteigas forma novos profissionais

30 Aguiar da Beira cria Centro de Interpretação Viva do Castanheiro e da Castanha

31 Açores reforçam apoios à instalação de jovens agricultores

32 Doenças provocam quebra de 20 por cento na produção de azeitona para azeite

33 Jovens agricultores já podem requerer apoios à instalação

35 Município de Viseu vai estudar os 623 anos da Feira de São Mateus

FUMEIROXII FEIRA DO

TRANCOSO- 2015

DOS SABORES E DO ARTESANATO DO NORDESTE DA BEIRA

PAVILHÃO MULTIUSOS27, 28 FEVEREIRO e 1 MARÇO - 7 E 8 MARÇO

Fumeiro

Queijos

Vinho

Azeite

Pão e Doces Regionais

Artesanato

Gastronomia Regional

Música e Folclore da Região

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Lembro-me dos meus tempos de juventude em que, ali para as bandas do Sátão, corria lá pela quinta atrás da cabras e das ovelhas ou quando ia ao quintal, ao cardo plantado lá no canto, buscar a flor que a minha mãe preparava para que pudesse fazer o queijo do leite que não era consumido diariamente lá por casa. E não era por acaso, ou não fosse ela natural da Soalheira, na Beira Baixa, onde também se produz do melhor queijo.

O uso do cardo é ancestral na região, se bem que uma parte dos produtores de hoje compra cardo oriundo de outras regiões, nomeadamente do Alentejo.

Quando há cerca de quatro anos o professor Paulo Barra-cosa, docente da Escola Superior Agraria de Viseu, me falou do Cardop, desde logo acedi a dar a minha humilde contribuição, num projecto que se tem revelado ‘estruturante’ e que veio co-locar em destaque um ingrediente para muitos ‘dispensável’ mas ora considerado de crucial importância na produção do Queijo Serra da Estrela. Neste processo, é bom destacar o papel de duas instituições de Ensino Superior sediadas na região, como a Es-cola Superior Agrária de Viseu e a Universidade Católica, e dos seus investigadores em articulação com o Prof. Doutor Euclides Pires, docente da Universidade de Coimbra/UC Biotech; a Anco-se, como Associação de Produtores de ovinos Serra da Estrela, e produtores como a Casa da Ínsua pela mão do Eng.º José Matias e a Queijaria de Germil, entre outros.

Hoje é confirmado por alguns produtores que a tipicidade dos queijos Serra da Estrela pode ser ajustada com diferentes flores de cardos, não só na textura, mas também no aroma e no sabor. Para além disso, ficou a saber-se que, deste modo, um produtor poderá definir o padrão e tipicidade do seu produto, o Queijo Serra da Estrela DOP, e escolher o cardo mais adequado para a criação do ‘seu´ produto final, permitindo assim oferecer ao mercado um produto diferenciador, mas padronizado.

Fazendo um paralelismo com o sector do vinho, que é um exemplo de excelência na área dos recursos genéticos agrícolas,

EDITORIAL

Cardo, a flor… do queijo!

pode dizer-se que no Cardop mais do que as ´castas´ estão a estudar o uso de ´leveduras´ específicas e exclusivas da região DOP que fazem toda a diferença. É procurar dar um passo em frente em conjunto com a investigação, no sentido da inovação pela qualidade e exclusividade de um produto, de um território, das suas gentes, das suas tradições e da sua cultura.

O interesse do Cardop ultrapassou a região, mas terá, a meu ver, sido menorizado, desde logo pelo corte no investimento no projecto Proder e na importância que algumas entidades lhe atribuíram. A verdade, porém, é que quem lhe deu vida não desistiu, insistiu e resistiu. Foram buscar parceiros em institui-ções ímpares como a APPACDM e o Estabelecimento Prisional do Campo, que hoje são reconhecidos como pares e que têm o maior campo de recursos genéticos de cardo na região DOP Serra da Estrela.

Procurar a diferença nem sempre é um caminho fácil. Para muitos é mesmo utopia, porque, dizem, ‘já nos tempos dos meus avós era assim’. Procurar melhorar e fazer diferente é, para muitos, um caminho arriscado, mas as grandes conquistas não se conseguem enquanto estivermos sentados à espera que o tempo passe.

O projecto Cardop veio mostrar o quão importante é a in-vestigação e a inovação no sector da produção de queijo. O ca-minho feito não pode ficar por aqui e, acredito, que o projecto vá até ao fim.

A directiva europeia de 2008, ‘escondida’ nas secretárias dos gabinetes durante quase sete anos, veio trazer de volta a importância do Cardo, não apenas como uma enzima que faz coalhar o leite, mas um ingrediente sem qual não há como pro-duzir queijo Serra da Estrela DOP ou outros produzidos no nos-so país.

José Luís Araújo

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Há muito que o cardo é objecto de es-tudo em Portugal. Euclides Pires, docente da Universidade de Coimbra/UC Biotech é um dos investigadores, responsável por uma vasta equipa, que estuda o cardo há cerca de 30 anos. À Gazeta Rural, diz que “Existem muitas razões utilização da flor do cardo no fabrico do Queijo Serra da Es-trela (QSE)”.

Gazeta Rural (GR): Como um dos in-vestigadores responsáveis de uma vas-ta equipa que estuda o cardo há cerca de 30 anos, como assiste à actual con-trovérsia relativa à aplicação do Regu-lamento (CE) Nº 1332/2008 que parece pôr em causa a utilização do cardo na produção do Queijo Serra da Estrela DOP?

Diz Euclides Pires, docente da Universidade de Coimbra/UC Biotech

“Existem muitas razões utilização da flor do cardo no fabrico do QSE”

Euclides Pires (EP): A flor de cardo está na ordem do dia pelo facto de con-siderar-se que as enzimas que a integram terem que ser incluídas numa lista comu-nitária de enzimas alimentares, cujo prazo termina no mês de Março. Há um vasto trabalho científico desenvolvido em Por-tugal, cuja informação relativa à caracteri-zação das cardosinas está disponível para as poder fazer incluir nesse documento.

Seguramente que este assunto delica-do está a ser tratado ao mais alto nível pe-las entidades responsáveis para que seja assegurada a continuação da utilização da flor de cardo na produção do Queijo Serra da Estrela DOP e estamos comple-tamente disponíveis para ajudar a creditar cientificamente a sua utilização.

Há um outro argumento que defende-

mos que considera a flor de cardo como um dos três ingredientes, a par do leite de ovelha da raça Serra da Estrela e do sal e, nessa perspectiva, tem um papel muito mais abrangente que uma mera enzima alimentar e que acredito poderá ser usado na argumentação para a dispensar de ser incluída na lista de enzimas.

Em relação às eventuais fragilidades da utilização da flor de cardo, o único as-pecto que poderá ser levantado tem a ver com a possível contaminação microbioló-gica da flor do cardo durante o processo de secagem. Todavia, no que se refere a este aspecto podem ser evocados dois argumentos: Em primeiro lugar, até ao presente, não foram reportados casos de saúde imputáveis à utilização da flor do cardo, e em segundo será sempre possível proceder à higienização e manutenção da flor do cardo em embalagens submetidas a radiação gama.

GR: Quais as premissas que consi-dera fundamentais para a utilização da flor de Cardo no fabrico do Queijo Serra da Estrela DOP

EP: Para além da presente obrigato-riedade da utilização da flor do cardo no fabrico do QSE DOP, existem muitas ou-tras razões para se manter esta prática, nomeadamente o conjunto de caracte-rísticas organolépticas do QSE, algumas das quais resultam da utilização da flor do cardo. Efectivamente, para além das va-riantes de coagulação que são atribuíveis às proporções em que existem as enzimas coagulantes (cardosinas) nos diferentes cardos, existem ainda diversos compostos cuja contribuição para o produto final não está ainda totalmente esclarecida.

Também, no que diz respeito às enzi-mas coagulantes refira-se por curiosida-de que foram já identificados oito genes distintos, o que levanta a possibilidade de oito enzimas que poderão aparecer em di-ferentes proporções consoante o tipo de cardo.

Ignorar esta biodiversidade significa abandonar a hipótese de se produzirem queijos de qualidade com características organolépticas distintas.

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O CARDO

Diz Paulo Barracosa, docente da Escola Superior Agraria de Viseu

“Num tempo de inovação é crucial perpetuar saberes e recriar tradições”

Paulo Barracosa é o mentor do CARDOP. Em entrevista à Gazeta Ru-ral, defende o projecto que iniciou há cinco anos, considerando que “devemos privilegiar a obtenção de Flor de Cardo de qualidade suprema para a obtenção de um Queijo Serra da Estrela de excelência”. O docente da Escola Superior Agraria de Viseu diz também que “num tempo de ino-vação é crucial perpetuar saberes e recriar tradições”.

Gazeta Rural (GR): Na sua opi-nião, que efeito teve o projecto CARDOP na produção do queijo Serra da Estrela DOP e o que ainda falta fazer para cumprir os objecti-vos a que se propuseram em 2010?

Paulo Barracosa (PB): O pro-jecto CARDOP foi candidatado pela Escola Superior Agrária de Viseu ao Programa Proder em 2010, no âm-bito da acção “Conservação e Me-lhoramento de Recursos Genéticos” com um delineamento de objectivos ambiciosos, que previa a instalação de um campo de recursos genéticos e a caracterização da biodiversidade morfológica, bioquímica e genética do cardo.

Para isso estabelecemos par-cerias estratégicas na região com a Universidade Católica, a Ancose, na qualidade de Associação de Produ-tores de Ovinos e produtor de Quei-jo Serra da Estrela, a par da Casa da Ínsua e da Queijaria de Germil, entre outros distribuídos pelo território da DOP do Queijo Serra da Estrela.

O projecto, apesar de elogiado na sua avaliação, sofreu um corte de 75% do valor orçamentado, ficando restringida a sua acção à criação e manutenção de um campo de recur-sos genéticos de cardo. Esta ampu-tação não nos inibiu de mantermos os pressupostos, pedindo um esforço acrescido às instituições, aos produ-tores e às próprias pessoas envolvi-das, para prosseguirmos naquilo que acreditávamos, embora tivéssemos que ir de uma forma mais lenta e com meios muito mais limitados, numa área extraordinariamente exigente sob ponto de vista orçamental. Este

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cenário não nos inibiu de criarmos, não um mas quatro campos experimentais, na ESAV, na Casa da Ínsua, em Vale Papas e no Estabelecimento Prisional do Cam-po, em Viseu, num total de mais de 3400 plantas e assim sabermos hoje o que de-vemos privilegiar para a obtenção de Flor de Cardo de qualidade suprema para a obtenção de um Queijo Serra da Estrela de excelência.

Procuramos ainda, nas várias acções que temos desenvolvido ao longo destes cinco anos, a valorização de um sector e de uma fileira muitas vezes desvaloriza-da, mas que possui um potencial imenso. Aprendemos a valorizar o empenho das gentes que laboram na criação deste íco-ne, desde o pastor, à queijeira e a todos os outros que, directa ou indirectamente, es-tão envolvidos e nós, enquanto parceiros científicos, procuramos ajudar na busca de soluções em conjunto com todos os outros para um melhor desempenho e para um produto ainda mais exclusivo, em qualidade, tipicidade e alma.

Temos a clara noção que a Flor de Cardo é apenas mais um elemento, a par do leite de ovelha Serra da Estrela e do sal. Mas hoje acreditamos que pode aju-dar a fazer a diferença para uma valori-zação ainda superior de um produto final que procura atingir o ideal da perfeição. É nesta diferença e diversidade, na qual este projeto assenta, que fomos buscar outros parceiros como a APPACDM e o Estabele-cimento Prisional do Campo que têm sido de crucial importância para a obtenção de material vegetativo seleccionado para a criação dos campos de cardo que temos vindo a criar e para aqueles que iremos criar no futuro.

Poderíamos concluir dizendo que fi-zemos muito, mas ainda falta fazer uma parte que acreditamos podermos concluir com um novo projeto que iremos candi-datar neste novo quadro comunitário e para o qual estamos a trabalhar activa-mente com aqueles que desde a primeira hora acreditaram neste projecto e, even-tualmente, também com os outros que passaram a acreditar.

GR: Acredita que a posição da UE, contestada pelo Governo Português, em relação à utilização do Cardo, pode ser uma oportunidade para o Queijo Serra da Estrela?

PC: Neste projecto têm surgido uma série de coincidências, sendo a maior de todas o facto de o seu término ter sido antecipado para Março do corrente ano, precisamente o mês em que se aplicará o Regulamento (CE) Nº 1332/2008 que visa a harmonização das disposições legais relativamente à utilização de enzimas em géneros alimentícios.

Quando em 2010 lançamos o projecto já havíamos antecipado que um dia este assunto haveria de ser colocado e se, na altura, tivessem sido reunidas as condi-ções acreditamos que hoje não se colo-caria esta questão, porque teríamos já a Flor de Cardo certificada, mas sempre a Flor de Cardo e não um qualquer extracto provindo da biotecnologia ou de um outro qualquer agente coagulante.

Mas este Regulamento que agora en-tra em vigor, na nossa opinião, é um falso problema, porque de acordo com as espe-cificações que estabelece a DOP do Quei-jo Serra da Estrela, conforme o constante no atual Caderno de Especificações, que retrata a sua autenticidade e tradição, a produção do Queijo Serra da Estrela DOP (QSE), determina a obrigatoriedade do uso como ingredientes, o leite das raças ovinas Serra da Estrela e Mondegueira cru, sal e Flor de Cardo (Cynara cardunculus L.), todos eles, devendo ser, produzidos na área geográfica definida pela DOP. Neste sentido, a Flor de Cardo é um ingrediente e não uma mera enzima, reclamando para além da função coagulante um conjunto de outras valências identitárias para a ob-tenção de Queijos Artesanais que se pau-tam pela tradição e tipicidade valorizadas pela sua exclusividade que nunca podem ser replicados pela simples adição de en-zimas alimentares de forma individualiza-da e estereotipada.

Consideramos, pelo conhecimento científico adquirido, que os diversos pa-drões bioquímicos já hoje tipificados na Flor de Cardo em interação com a diver-sidade de compostos fenólicos identifi-cados, com propriedades antioxidantes, permitem obter um conjunto de valori-zações nutracêuticas e características organolépticas exclusivas claramente promotores de saúde e bem-estar. Deste modo, poderemos reforçar que o elemen-to Flor de Cardo deva ser considerado um ingrediente e que, concomitantemente, será excessivamente redutor considerá--lo como uma mera “enzima alimentar” a constar na lista que este Regulamento pretende estabelecer.

A hipótese de criação da formulação de um extracto na “Preparação de enzima alimentar”, para além dos problemas as-sociadas à estabilidade das combinações enzimáticas que comprometem a identi-dade do alimento a produzir, não cumprirá na íntegra a multiplicidade dos atributos específicos da Flor do Cardo.

A biodiversidade do cardo, a tipicidade das pastagens e paisagens, a excelência das raças autóctones de ovinos “Serra da Estrela” e a preservação e valorização do saber empírico dos pastores e das queijei-ras, cujas mãos moldam as massas, são a

marca do Queijo Serra da Estrela. Neste tempo de inovação, na qual

acreditamos, julgamos que é crucial per-petuar saberes, recriar tradições e recu-perar “credos” que se estão a esvaziar dos territórios, destes nossos territórios, de essência natura e potencial biotecnológi-co ancestral.

Um dos objetivos da divulgação deste projeto prende-se com uma estratégia de unir esforços em prol de um produto de referência e de uma região, numa lógica de criar valor com o território do qual este ícone é uma referência.

Não deixemos que uns quaisquer queiram destruir um património e um le-gado com dois mil anos de história com justificações exclusivamente economicis-tas. Para se perspectivar o nosso futuro tem que conhecer muito bem a nossa his-tória e no Queijo Serra da Estrela sempre tivemos a Tradição de Inovar. No próximo dia 21 de março, na Casa da Ínsua, estará toda esta vasta equipa a apresentar al-gumas das conclusões deste estudo mas acima de tudo a perspectivar o futuro do projecto CARDOP em prol de um Território de um Produto e das suas Gentes.

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A Casa da Ínsua, em Penalva do Cas-telo, foi um dos parceiros do projecto CARDOP e onde foi instalado um campo experimental de cardo. José Matias, res-ponsável pela área de produção daquele empreendimento do Grupo Visabeira, foi um dos mais entusiastas, defendendo, em conversa com a Gazeta Rural, que “o CARDOP é uma ‘ferramenta’ essencial para a melhoria qualitativa do Queijo Ser-ra da Estrela (QSE)”.

Gazeta Rural (GR): Na Qualidade de Produtor de Queijo Serra da Estrela DOP “Casa da Ínsua” e parceiro, qual a análise que faz do Projecto CARDOP até o mo-mento e o que perspectiva para o futuro próximo?

José Matias (JM): É do interesse dos produtores de QSE identificar e controlar todos os factores de produção, os quais garantem uma melhor qualidade do seu produto. Entre eles destaca-se a flor de cardo (coagulante vegetal) que nunca ninguém conseguiu garantir a sua genui-dade e caracterização para a utilização na produção de QSE.

O projecto CARDOP aparece não só como um estudo científico, mas sobre-tudo uma demonstração prática, à qual a Casa da Ínsua se tornou parceira de ime-diato, face à necessidade de controlar e caracterizar um ingrediente que interfere na qualidade do QSE.

Durante estes três anos de parceria, a qual implicou a instalação de um campo de cardo com 200 plantas de 11 ecóti-pos diferentes, a manutenção do campo, a colheita da flor de cardo por ecótipo, a realização de diversas experiências com a utilização de diferentes ecótipos de cardo na produção de QSE, até aos recentes re-sultados obtidos, conclui-se que o CAR-DOP é uma “ferramenta” essencial para a melhoria qualitativa do QSE.

No caso concreto da Casa da Ínsua, a mesma já identificou, pelos resultados experimentais obtidos, qual o ecótipo de cardo preferido para o tipo de pasta pre-tendida para o seu QSE.

Da mesma forma consegue identificar os tipos de pasta do seu queijo pelos ecó-tipos de cardo utilizados na coagulação do leite. Estas são algumas das conclu-sões obtidas, mas há mais para obter, fru-to do empenho e dedicação de todos os intervenientes do CARDOP, que acreditam

Diz José Matias, da Casa da Ínsua

“O CARDOP é uma ‘ferramenta’ essencial para a melhoria qualitativa do QSE”

numa região, nos pastores, nas queijeiras, na preservação e valorização de um pro-duto e de uma paisagem.

Tendo como objectivo a melhoria qualitativa do QSE, entendo que o CAR-DOP poderá disponibilizar no futuro todo o tipo de informação a todos os produ-tores de QSE na Região Demarcada, para que possam produzir a sua própria flor de cardo e a partir da qual possam obter a maior valorização do seu produto.

GR: Corrobora a opinião do projecto

CARDOP que é fundamental uma caracte-rização da Biodiversidade do Cardo, bem como um cuidado particular no modo de colheita e processamento da flor para a produção de queijo Serra da Estrela DOP?

JM: Tanto a caracterização da biodi-versidade, como o processo da colheita

da flor de cardo são factores importan-tes para a qualidade do QSE. Identificar o ecótipo, o modo de colheita e de seca-gem do cardo vai interferir na quantida-de necessária a utilizar para coagular um litro de leite. Tudo isto são factores que interferem na apreciação organoléptica do QSE e por isso o CARDOP tem uma função, diria, pedagógica no sentido de disponibilizar informação para que esses factores estejam identificados e possam ser controlados pelos próprios produto-res.

O CARDO

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Vinte e dois produtores da região demarcada de produção de queijo Serra da Estrela estão actual-mente a certificar o produto, disse o presidente da Estrelacoop - Cooperativa dos Produtores de Queijo Serra da Estrela, com sede em Celorico da Beira, que representa os produtores certificados da região de-marcada.

“Neste momento temos 22 produtores a certificar queijo. Já chegaram a ser só 14, mas o número aumen-tou”, disse Francisco Granjal. Segundo este responsá-vel, o maior número de produtores com queijo certi-ficado localiza-se no concelho de Celorico da Beira, que tem um total de cinco, seguindo-se Seia e Oliveira do Hospital com quatro e Gouveia com três.

A região demarcada de produção do queijo Ser-ra da Estrela abrange 18 municípios, como Guarda, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Gouveia, Man-teigas, Seia, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Mangualde e Covilhã.

A Estrelacoop é a entidade gestora da DOP (De-nominação de Origem Protegida) do queijo Serra da Estrela que só pode ser produzido com leite de ovelha das raças Serra da Estrela ou Churra Mondegueira.

Nas feiras do queijo da região o queijo certificado foi vendido entre 15 e 16 euros o quilo e o não cer-tificado a 13 euros. Segundo Francisco Granjal, a Es-trelacoop tem sensibilizado os produtores para que apostem na certificação, mas refere que muitos não aderem, alegando “que a burocracia é muita e que preferem vender sem aderirem à certificação”.

O presidente da autarquia de Celorico da Beira, José Monteiro, disse que a Câmara, através do Gabi-nete de Apoio ao Agricultor, tem “incentivado a apos-ta na certificação do queijo por ter o maior número de produtores da região demarcada e por ter a maior produção”. “Estamos a apoiar, sem custos para o pro-dutor, o licenciamento das queijarias (execução de projectos e a aprovação dos mesmos junto das enti-dades competentes), certificação das queijarias e do produto, e implementação do Sistema HACCP – Aná-lise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo’”, expli-cou. No seguimento deste apoio “têm aderido novos produtores à certificação e instaram-se novos produ-tores de queijo” na área daquele município que se as-sume como “Capital do Queijo Serra da Estrela”, disse.

À imagem de Celorico, outras autarquias da região demarcado de queijo Serra da Estrela estão a pro-ceder da mesma forma, apoiando os produtores no licenciamento das queijarias e no processo de certi-ficação.

Por parte dos produtores, as opiniões dividem-se em relação à certificação do queijo. Manuela Granjal disse que só produz queijo certificado e que tem a pro-dução “totalmente escoada”. Já Margarida Coito, que comercializa queijo certificado e não certificado, vende “melhor” o não certificado, por ser “mais barato”. “Eu já certifiquei queijo e desisti, porque a certificação dá muito trabalho e não compensa”, contou Isaura Gomes.

Segundo adiantou o presidente da Estrelacoop

Região da Serra da Estrela tem 22 produtores que certificam queijo

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A empresa António F. L. Vaz Patto, Lda, sedeada em Gramaços, no concelho de Oliveira do Hospital produz vinho do Dão, queijo Serra da Estrela, para além de outros produtos, aproveitando os re-cursos endógenos da quinta sob a marca “Dos Lobos”, dedicando-se também ao agro-turismo.

Em conversa com a Gazeta Rural, Ma-riana Vaz Pato salientou a aposta da em-presa no vinho, com a primeira referência no mercado, o DOC Tinto Dos Lobos 2013, a ter boa receptividade por parte da crí-tica e a receber uma medalha de bronze num concurso. O queijo Serra da Estrela é outra das jóias da coroa da empresa, que assume a aposta num produto de altíssi-ma qualidade, tal como foi determinado pelo fundador da empresa, António Vaz Patto.

Gazeta Rural (GR): Como está ser o ano na produção de queijo?

Mariana Vaz Pato (MVP): A produ-ção é ligeiramente inferior à do ano pas-sado. Isto deve-se não só ao facto de ter-mos iniciado o nosso alavão (período de produção de queijo) um mês mais tarde do que o habitual, mas também devido às diferenças climatéricas entre este Inverno e o anterior

GR: Há quem considere ser este um dos piores anos na produção de leite, devido a problemas com os pas-tos. Para uma queijaria que tem obtido inúmeros prémios, esta situação preo-cupa?

MVP: Quando há menos pasto isso significa que os animais terão que ser ali-mentados de outra forma. No entanto, a diminuição da quantidade de leite produ-

Vinho do Dão e Queijo Serra da Estrela são as jóias da coroa

Marca “Dos Lobos” aposta em produtos de excelência

zido não se deve apenas à quantidade de erva que as ovelhas têm para comer. Esta também depende se os dias são mais ou menos frios, se há mais ou menos chuva, das condições em que elas são guarda-das, etc.

A razão principal para a diminuição da produção de leite tem a ver com a falta de pasto. Isso significa que os custos de produção do queijo são necessariamente superiores e isso tem que se reflectir no preço final ao consumidor. Mas isto não implica necessariamente um produto final de qualidade inferior. Pode traduzir-se em menos queijos, mas não pior qualidade.

A Queijaria dos Lobos tem, desde sempre, como objectivo, desenhado pelo seu sócio fundador e gerente Dr. António Vaz Patto, produzir o melhor Queijo Ser-ra da Estrela. Para atingir esse objectivo temos tentado reunir as melhores condi-ções, não só humanas como materiais. E isso tem-se reflectido na qualidade dos queijos que colocamos no mercado, no passa palavra que tem vindo a aumentar o nosso leque de clientes e nos prémios que nos vão dando conta do que pessoas, que há partida são especialistas, pensam do produto que provam.

GR: Para além de queijo, também produzem vinho. Como foi a última campanha?

MVP: Passámos a produzir o nosso vi-nho na Adega Cooperativa de Mangualde na campanha de 2013. Com o apoio dos enólogos, António Mendes e Jaime Mur-ça, apresentámos ao mercado um trio de Vinhos DOC - Tinto, Branco e Rosé - que têm recebido boas críticas e ganho adep-tos.

O DOC Tinto Dos Lobos 2013 por sinal,

no primeiro e até agora único concurso a que se apresentou, ganhou uma medalha de bronze o que nos deixa bastante agra-dados. Para além deste DOC, produzimos também vinho de mesa, branco e tin-to, vendido com a marca Safrel e que se apresenta em bag-in-box branca e preta, conforme o vinho. Este produto tem um mercado diferente e que se tem fidelizado ao longo dos anos, com uma aceitação muito significativa a partir da campanha de 2013.

Com a campanha de 2014 ainda esta-mos a analisar a evolução dos vinhos por forma a tomarmos uma decisão quan-to ao futuro. De qualquer das formas, a quantidade produzida e o grau apresen-tado pelas uvas em 2014 foi inferior à do ano anterior.

Mas para além do queijo Serra da Es-trela e do vinho do Dão, a empresa pro-duz também azeite, mel, chás, compotas e marmelada, dedicando-se ainda ao Agro--Turismo. Todos estes produtos e ser-viços pretendem aproveitar os recursos existentes nas diversas quintas que fazem parte da empresa e são feitos recorrendo a receitas e processos utilizados por várias gerações da família do sócio fundador.

GR: No plano comercial, como tem sido este início de 2015?

MVP: O início do ano é normalmente mais tranquilo, até porque sucede ao pe-ríodo do Natal, que é a época alta para qualquer empresa que se dedica à produ-ção de bens agro-alimentares.

No entanto, as coisas têm evoluído positivamente e fazemos votos que este ano possa ser não só positivo como tam-bém um ano de investimentos para o fu-turo. Começámos o ano com a admissão de uma nova funcionária, o que nos deixa bastante satisfeitos.

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Fornos de Algodres volta a receber a Feira do Queijo Serra da Estrela, no fim-de-semana de 14 e 15 de Março, um evento que é imagem de marca e que se insere na estratégia do município para fomentar e valorizar os produtos endógenos, os recursos, a cultura e as tradições locais.

A promoção da identidade e ruralidade do concelho, os pas-tores, as queijarias tradicionais e os produtores de queijo DOP são elementos de atracção a uma feira que é, também, uma mostra de produtos regionais do concelho, como o azeite, os enchidos, o mel, o vinho do Dão, os doces regionais e os produ-tos com urtiga, outras das imagens de marca de Fornos.

Para o presidente da Câmara local, na edição este ano “o figurino vai manter-se” e a novidades é que a feira “passa a ter lugar durante dois dias”. Ao contrário de outros concelhos da região, a autarquia de Fornos não promove a feira na época do Carnaval, pois, diz António Manuel Fonseca, “é êxito e é uma marca nesta região”. O certame contará com cerca de uma cen-tena de expositores, instalados no mercado municipal e zonas adjacentes.

O sector do queijo em Fornos de Algodres vai “resistindo”, refere o António Manuel Fonseca, sublinhando que apesar dos “produtores terem boas vendas no queijo, de ano para ano tem diminuído os números de rebanhos no concelho”. Segundo o autarca, “este não é um problema de Fornos, mas de todos os concelhos do interior que se debatem com a desertificação”, criticando a postura “das várias autoridades responsáveis, neste caso o Estado, que nunca olhou como deve ser para esta situa-ção, que é preocupante”. Segundo o edil, o sector do queijo “tem

A 14 e 15 de Março

Fornos de Algodres recebe Feira do Queijo Serra da Estrela

resistido, com os apoios que a Câmara vai dando, e está a ter su-cesso na venda do queijo”. No entanto, acrescenta o presidente da autarquia de Fornos, “era necessário algum investimento, que teria que ser dado pelo Estado, como medida de descriminação positiva”. António Manuel Fonseca dá como exemplo os custos da energia. “É impossível alguém se fixar no interior, quando a energia tem o mesmo custo que no litoral do país”, pois, “com o tempo rigoroso que por cá temos no Inverno, os custos com a electricidade disparam e tornam-se quase incomportáveis”, sustenta o autarca.

A finalizar o edil deixa um convite para que “visitem a Feira”, onde para além do queijo e de outros produtos endógenos do concelho, estarão artesãos, haverá muita animação, um festival folclore, o cão Serra da Estrela e o elemento mais diferenciador: a ovelha Serra da Estrela.

Isabel Maria Porfírio Marques ReisRua Senhora dos Milagres

6370-341 Maceirá - Fornos de AlgodresTel.: 271 789 399

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Sedeada em Valverde, no concelho de Aguiar da Beira, a Lacto Serra é uma em-presa que se dedica à produção de queijo, colocando no mercado quinze tipos dife-rentes para cerca de vinte marcas, tanto próprias como de distribuidores. O queijo de mistura Dom Sebastião e o de cabra Fonte Mourisca, recentemente lançado, são dois produtos que foram bem rece-bidos pelos consumidores. Procurando a matéria-prima na região centro do Pais, Ricardo Gomes, director geral da Lacto Serra, refere, à Gazeta Rural, a aposta na produção de queijo de qualidade, criti-cando “as políticas europeias dos últimos anos”, que não ajudaram os produtores de leite nacionais.

Gazeta Rural (GR): Há quantos anos existe a Lacto Serra e que tipo de queijo que produz?

Ricardo Gomes (RG): A Lacto Serra foi fundada em 1985, comemorando este

Ricardo Gomes, director geral da Lacto Serra

“As políticas europeias dos últimos anos não ajudaram os produtores de leite”

ano 30 anos de existência. No início a em-presa produzia apenas três tipos de queijo com uma única marca. Actualmente tem capacidade para produzir quinze tipos de queijo para cerca de vinte marcas, tanto próprias como de distribuidores. De salien-tar o queijo de mistura Dom Sebastião e o queijo de cabra Fonte Mourisca, recente-mente lançado, que têm tido um feedback muito positivo devido à elevada qualidade.

GR: Onde obtêm a matéria-prima para os vossos produtos?

RG: A Lacto Serra, desde o início de la-boração, percorre a região centro do país para recolher o leite que usa para a sua produção. Da recolha dos anos 90 para os dias de hoje houve mudanças conside-ráveis. Quem ainda se lembra do lavrador que ia levar a bilha de leite ao posto pú-blico? A realidade de hoje é bem diferente. Actualmente os produtores de leite dis-põem de tanques refrigerados e a reco-lha é feita em cisternas para assegurar a

máxima higiene e qualidade, garantindo todas as normas da ISO 22000. Portugal é auto-suficiente em leite. Não sentimos, até ao momento, necessidade de procurar produtores fora do nosso país.

GR: Face ao preço oscilante do leite e às várias políticas adoptadas sobre a produção, qual o posicionamento da Lacto Serra?

RG: As oscilações no preço do leite sempre existiram, mas actualmente as va-riações são maiores e invertem de tendên-cia rapidamente, causando instabilidade, quer nos custos de produção da Lacto Serra, quer no projecto do próprio produ-tor de leite. As políticas europeias dos últi-mos anos não ajudaram os nossos produ-tores e o fim das quotas leiteiras será um ponto marcante na nossa agricultura. As ajudas comunitárias deveriam ser direc-cionadas no sentido de beneficiar quem produz e por quantidade produzida, de forma a baixar os custos de produção dos nossos agricultores, ao invés de beneficiar quem não produz e por área de pouso.

GR: De que forma analisa o momen-to do sector em Portugal?

RG: A febre do low cost tem crescido no país, em muito devido ao clima econó-mico em que vivemos. Como o nosso lema é a máxima qualidade, não podemos ir por esse caminho. Baixar o preço dos produtos num sector já tão competitivo obriga a baixar a qualidade, algo que não deseja-mos. O que garantimos é que ao adquirir um produto da Lacto Serra vai ter a máxi-ma qualidade na sua mesa.

GR: A Lacto Serra tem vindo a apos-tar no mercado nacional, mas também na exportação?

RG: A globalização é um facto ine-vitável. Já estamos em muitos países e continuamos a apostar na exportação. Procuramos explorar novos mercados que pretendam produtos de elevada quali-dade. Como Portugal esta associado ao queijo da Serra, quem procura esse pro-duto, procura qualidade e é esse mercado que pretendemos. A participação em fei-ras internacionais tem dado visibilidade à empresa e aos nossos produtos.

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O Pavilhão Multiusos de Trancoso recebe a XII Feira do Fu-meiro dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira. O certame, que começou no último fim-de-semana de Fevereiro e termina a 7 e 8 de Março, é uma iniciativa da Associação Em-presarial do Nordeste da Beira (AENEBEIRA), em colaboração com a Câmara de Trancoso e apoio da empresa municipal Tran-coso Eventos.

No Pavilhão Multiusos de Trancoso encontrar-se-ão os produtores regionais da região, como as industriais de salsicha-ria, de lacticínios, queijarias artesanais, salsicharias artesanais, produtores/engarrafadores de vinhos e azeites, produtores de pão e doçaria regional, produtores de mel, agentes económi-cas representativos da gastronomia regional e produtores de artesanato.

Aproveitando a centralidade de Trancoso como porta de entrada e saída para os milhares de visitantes que nesta época do ano demandam a região do Nordeste da Beira e de Trás-os--Montes para uma visita às fantásticas paisagens que a região oferece, que são as amendoeiras em flor, a organização “pre-

Termina no fim-de-semana de 7 e 8 de Março

Feira do Fumeiro dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira decorre em Trancoso

tende com a realização desta Feira, promover as empresas e os produtos alimentares endógenos da região e, ainda, proporcio-nar a quem a visita, uma oferta bastante diversificada de pro-dutos de qualidade - do melhor que faz no país – que propor-cionará, com toda a certeza, uma experiencia única de sabores que fará bem ao paladar e aos sentidos de todos aqueles que se deslocarem à Feira”.

Uma das apostas da organização passa pelo incremento da criação de porco bísaro na região, raça autóctone portuguesa, base fundamental para a produção de fumeiro de qualidade e para a sua certificação. Aproveitando a notoriedade da Morcela da Guarda, irá ser assinado um protocolo entre a AENEBEIRA e o NERGA - Núcleo Empresarial da Região da Guarda / Associa-ção Empresarial, para se avançar com o processo de criação da marca “Guarda”, que dê cobertura a todos os produtos de fumeiro da região, feitos a partir de matéria-prima de reconhe-cida qualidade, como é o porco de raça bisara.

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A aldeia da Gralheira, no concelho de Cinfães, vai ser palco da segunda edição da feira do “Fumei-ro na Serra” no fim-de-semana de 7 e 8 de Março. O evento, que conta com 50 stands, é organizado pela Associação Recreativa, Cultural e Desportiva da Gra-lheira, com a colaboração do Município de Cinfães e da União de Freguesias de Alhões, Bustelo, Gralheira e Ramires.

O evento, que o ano passado atraiu um elevado número de visitantes, aposta no fumeiro tradicional e nos produtos endógenos, bem como uma mostra do artesanato do concelho. Presuntos, salpicões, chou-riças, a broa à moda antiga, queijos, compotas, doces e licores são alguns dos muitos produtos que estarão expostos nas bancas ao longo do fim-de-semana. Para regar tudo a preceito, o certame conta também com os produtores de vinho verde do concelho.

Os cantares e as músicas tradicionais compõem o ramalhete. A animação do evento estará a cargo da prata da casa, com a participação de vários grupos do concelho. A abertura está marcada para as 13 horas do dia 7 de Março.

No concelho de Cinfães, a 7 e 8 de Março

Aldeia da Gralheira é palco da II Feira do “Fumeiro na Serra”

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O concelho de Ponte da Barca movimenta cerca de meio milhão de euros nos quatro domingos gastronómicos que pro-move entre Fevereiro e Novembro com a participação de 11 restaurantes do concelho. “Em média, por cada fim-de-semana gastronómico os 11 restaurantes aderentes encaixam mais de 120 mil euros. Com os quatro roteiros gastronómicos estamos a falar de um volume de negócios de cerca de meio milhão de euros”, afirmou o presidente da Câmara local.

Segundo Vassalo Abreu, a iniciativa, que começou este mês dedicada a um dos pratos típicos com concelho, o “cozido à portuguesa” é “fundamental para dinamizar a economia local”.

“Vem gente de todo o lado para comer as nossas especiali-dades nos 11 restaurantes que aderem aos domingos gastronó-micos. Não só pessoas dos concelhos vizinhos como da Galiza. Nesta altura também já temos muitos turistas, sobretudo do Norte da Europa, atraídos não só pela gastronomia mas pelos percursos pedestres que promovemos”, afirmou.

O próximo domingo gastronómico, 1 de Março vai ser de-dicado à lampreia do rio Lima. No mês de Abril será servida a posta barrosã e, em Novembro, o sarrabulho.

Paralelamente, a autarquia promove em todos os domingos gastronómicos um programa de animação que no dia 01 Mar-ço inclui folclore, um mercado de produtos em segunda mão e passeios pedestres pelo concelho que está inserido em pleno coração do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), clas-sificado desde 2009, pela Unesco, como Reserva Mundial de Biosfera.

Com a participação de 11 restaurantes do concelho

Ponte da Barca movimenta cerca de meio

milhão de euros com domingos gastronómicos

O Município de Tábua promove nos próximos dias 7 e 8 de Março, no Pavilhão Multiusos, a XXVI Feira do Queijo, do Pão, dos Enchidos e do Mel de Tábua / VI Mostra de Artesanato e Gastronomia das Freguesias do Concelho.

Com um leque de variado de actuações e iniciativas, o evento tem como objectivo divulgar e promover não só os pro-dutos endógenos, como também as tradições dos nossos an-tepassados, com a participação das freguesias do concelho, de produtores e artesãos, sem esquecer as tradicionais tasquinhas que espelham os sabores e iguarias presentes no concelho e na região.

De destacar, ainda, a presença do programa “Aqui Portugal” da RTP1, que através uma viagem pelo saber, pelo património, pelo artesanato, pela história, pela gastronomia, pela cultura e pelo turismo do concelho de Tábua.

Nos dias 7 e 8 de Março

Tábua promove Feira do Queijo e outros produtos regionais

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Mais de 30 mil lampreias subiram o rio Mondego, em 2013 e 2014, através da nova escada de peixes de Coimbra, que per-mitiu ainda a passagem de pelo menos dois milhões de peixes diversos nesse período, segundo dados oficiais.

Em 2013, uma equipa da Universidade de Évora responsável pela monitorização daquele equipamento registou a passagem de 8.333 lampreias, número que aumentou para cerca de 22 mil exemplares em 2014.

Reivindicação antiga das populações ribeirinhas, autarquias e associações, incluindo a Confraria da Lampreia de Penacova, apoiada por diferentes partidos, a passagem de peixes foi cons-truída junto ao açude-ponte, na margem esquerda do rio, tendo começado a funcionar em 2011.

Nos últimos dois anos, “o maior número de passagens de lampreia-marinha ocorreu nos meses de Março, Abril e Maio”, disse o investigador Pedro Raposo de Almeida, da Universidade de Évora e do Centro de Ciências do Mar e Ambiente (MARE), organismo que reúne seis universidades e apoia o trabalho de monitorização.

Investimento de 3,5 milhões de euros, a nova escada “foi uma medida importante” para a recuperação das populações piscícolas, ao permitir o acesso a um troço do rio com cerca de 31 quilómetros, entre Coimbra e Penacova, adiantou.

Nos anos 80 do século passado, o açude-ponte de Coimbra veio reforçar a regularização dos caudais, que a montante já era feita pela barragem da Aguieira, tendo igualmente desviado do centro de Coimbra trânsito que outrora atravessava a cidade. Mas esta obra teve também impactos nefastos no ambiente: secou milhares de árvores na Mata do Choupal, ao baixar dras-ticamente o nível freático a jusante, e bloqueou a passagem da lampreia e de vários peixes, todos de reconhecido valor econó-mico na região, como o sável, a savelha, a enguia, o barbo, a

Segundo dados oficiais

Trinta mil lampreias subiram o Mondego em dois anos pela nova escada em Coimbra

boga, a tainha e a truta.“As barragens, açudes e outros obstáculos construídos nos

rios e ribeiras portugueses interrompem a continuidade longitu-dinal dos cursos de água, afectando principalmente as espécies que migram entre o mar e o rio (diádromas)”, para reprodução (anádromas) ou para crescimento (catádromas), disse Pedro Raposo de Almeida.

A passagem de peixes de Coimbra, gerida pela Agência Por-tuguesa do Ambiente, tem demonstrado “elevada eficácia e eficiência para as espécies alvo”. No caso das lampreias, o seu crescente afluxo é favorecido por “anos hídricos bons”, como 2013 e 2014, e por uma espécie de “comunicação química” que as larvas (que permanecem quatro a cinco anos no rio) estabe-lecem há milhões de anos com os indivíduos adultos.

“As larvas libertam feromonas que indicam o caminho às lampreias adultas que estão no mar”, explicou o biólogo, indi-cando que a suspensão das capturas na chamada época da lampreia, entre Janeiro e Abril, tem igualmente facilitado a subida dos ciclóstomos, já que os pescadores são obrigados a remover todas as redes que colocam no rio num período, que este ano é de cinco dias e decorre de 02 a 06 de Março.

A equipa de Pedro Raposo de Almeida é ainda responsável pelo projecto “Reabilitação dos habitats de peixes diádromos na bacia hidrográfica do Mondego”, financiado pelo Ministério da Agricultura e do Mar e pelo Fundo Europeu das Pescas, que envolve autarquias e outras entidades e contempla a realização de intervenções nos açudes do rio, entre Formoselha, em Mon-temor-o-Velho, e Penacova.

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O Primavera HFA - programa de actividades que animam os dias primaveris nas Aldeias de Portugal em terras de Santa Maria - arranca no início de Março em Areja, no concelho de Gondomar.

“Os dias cinzentos e o frio do Inverno não abnegam todos aqueles que têm participado activamente nas diferentes com-ponentes do projecto Há Festa na Aldeia”, afirmou a coorde-nadora da Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria (ADRITEM), Teresa Pouzada. “A ideia é manter uma dinâmica integrada, com espírito de grupo e de entreajuda, promovendo o Primavera HFA, onde não faltam mo-tivos de interesse para visitar o nosso território”, sublinhou.

A iniciativa “Almoce Connosco” - a decorrer dia 01 e 08 de Março em Areja - será um atractivo para deliciar a aldeia de Areja e apreciar uma das iguarias mais apreciadas da região: a lampreia.

Os residentes de Areja vão, assim, abrir as portas das suas casas aos visitantes para saborear este prato delicioso. O “Can-tinho do Mineiro” (dia 01 de Março), “Manel, o Pescador” (01 e 08) e a “Tasca da Aldeia” (dia 08) aderiram ao projecto. A Câ-mara de Gondomar disponibiliza o “transfer” para quem quiser viajar do outro lado do rio.

Vilarinho e Ul preparam actividades

As aldeias de Porto Carvoeiro (Santa Maria da Feira), Vilarinho de S. Roque (Albergaria-a-Velha) e Ul (Oliveira de Azeméis também já preparam o cartaz do Primavera HFA para os próximos meses.

Em Porto Carvoeiro, dia 22 de Março, a lampreia volta a ser o prato de excelência da iniciativa “Almoce Connosco”. Em Vilari-nho de S. Roque, no dia 12 de Abril, há um conjunto de iniciativas a ter em conta: “Almoce Connosco”, “Moinhos Abertos”, feirinha e animação, com uma desgarrada de concertinas.

Em Ul, está previsto para o dia 09 de Maio uma acção de voluntariado, com oferta de almoço.

Milhares de pessoas são esperadas no Festival do Arroz e da Lampreia - Sabores do Campo e do Rio, que decorrerá du-rante dez dias, de 13 a 22 de Março, em Montemor-o-Velho. O Festival regista a inscrição de 24 restaurantes, contra apenas 15 em 2014, cabendo-lhes disponibilizar uma ementa turística que tem como “componente principal” o arroz carolino pro-duzido no Baixo Mondego.

O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho encara com optimismo o evento, esperando uma grande adesão dos visitantes, especialmente os apreciadores da gastronomia à base deste ciclóstomo, que existe há mais de 300 milhões de anos. “É uma boa oportunidade para promovermos os nossos produtos endógenos, incluindo o artesanato, e animarmos o centro da vila”, disse Emílio Torrão.

A organização aposta este ano numa “maior oferta dos serviços disponíveis devidamente direccionados a vários seg-mentos de público, sendo exemplos os de fruição familiar e os de fruição nocturna”, segundo uma nota da Câmara de Mon-temor-o-Velho. O festival procura também valorizar a doçaria conventual local.

“Almoce Connosco” arranca a 01 de Março na Aldeia de Areja

Lampreia é prato recomendado no “Primavera HFA”

De 13 a 22 de Março, em Montemor-o-Velho

Festival promove a lampreia e o arroz

carolino

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É uma tradição que se repete há 333 anos, este ano sob o lema “Vinho, a Vinha e a Broa”. A 24 de Junho, no dia de São João, as Cavalhadas de Vildemoinhos percorrem as ruas de Viseu, atraindo mui-tas dezenas de milhares de pessoas.

A edição 2015 já mexe, com muito trabalho e com muitas actividades que antecedem o cortejo. A actual direcção das Cavalhadas, presidida por Alfredo Manuel, está apostada em tornar o even-to “mais dinâmico, aberto a toda a socie-dade e de nível nacional”.

Gazeta Rural (GR): Que novidades terão as Cavalhadas deste ano?

Alfredo Manuel (AM): Queremos tornar as Cavalhadas de Vildemoinhos num evento mais dinâmico, aberto a toda a sociedade e de nível nacional. Acho os 333 anos já merecem isso e muito mais.

O ponto alto das Cavalhadas é o cor-tejo do dia 24 de Junho e as festas po-pulares nos dias 23, 24 e 25. Mas, temos mais actividades durante o ano em torno

Cortejo percorre a cidade de Viseu a 24 de Junho

O “Vinho e a Broa” é o tema das Cavalhadas de Vildemoinhos

das Cavalhadas, eventos que queremos divulgar e tornar mais conhecidos.

Começamos pelo tradicional e já mui-to conhecido Ajuste das Cavalhadas, que se realiza dois domingos a seguir a Páscoa e que este ano será a 19 de Abril. Haverá uma deslocação da população de Vilde-moinhos, aberta a toda a gente que queira assistir, a um local a que chamamos Ponte Mourisca. O objectivo desta deslocação é comprometermo-nos perante a cidade de Viseu que o cortejo vai ser realizado. Por isso se chama Ajuste de Cavalhadas. Haverá comes e bebes e um pequeno ar-raial com o conjunto Soma e Segue, que tem sido nosso parceiro. No final, haverá um desfile dos participantes até Vildemoi-nhos, com os cavalos, com a nossa ban-deira à frente, os bombos “Zés Pereiras”, com o povo atrás a cantar e a dançar.

Depois do Ajuste, seguir-se-á a mis-sa na capela de São João Batista, em São João da Carreira, acto que todos os anos faz parte do programa. Haverá a missa, a que seguirá um rancho no adro da capela com as gentes de Vildemoinhos.

GR: O que haverá de novo no corte-jo?

AM: Pretendemos que seja um gran-de evento. Vamos tentar fazer um cortejo com mais qualidade, pelo menos igual aos anos anteriores, e reduzir custos. Com-preendemos a situação económica do país e há patrocinadores que deixaram de existir. Alguns, já não estão em Viseu e noutros sentimos que tem muita dificul-dade em nos apoiarem.

GR: O cortejo é dedicado ao vinho, um produto nobre da região. Como foi a escolha?

AM: Todos os anos temos um tema. Na reunião de direcção apareceram duas propostas. Uma era o milho e a broa e a outra era o vinho e a vinha. No final juntá-mos as duas propostas. O vinho tem esta-do em destaque nos eventos promovidos pela Câmara de Viseu, que é nosso grande parceiro, e quisemos dar continuidade ao tema, já que o vinho é um produto da re-gião.

Queremos também dar alguma ma-turidade ao nosso evento. Juntamos o

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vinho, a vinha e a broa e esse é o tema deste ano. Acreditamos que as equipas que vão fazer os carros alegóricos darão expressão à proposta, apresentando uma boa variedade de carros. Acreditamos que o tema lhes vai dar muito trabalho

GR: As Cavalhadas ainda ‘juntam’ as gentes de Vildemoínhos?

AM: Com trabalho e dedicação vamos conseguindo juntar gente nova. Mais de metade dos membros da actual direcção são pessoas que residem em Vildemoi-nhos por razões profissionais e familia-res. Temos gente natural e residente em Vildemoinhos, que tem muito gosto em fazer parte da direcção, mas não são tan-tos como gostaríamos. Queríamos que a população de Vildemoínhos estivesse

mais aberta às Cavalhadas, porque é um evento que não pode morrer, por mil e umas razões.

Quando fiz a equipa para trabalhar comigo, senti dificuldade eme algumas pessoas, que são válidas e ainda tem muito para dar às Cavalhadas. Este é um evento que se vai prolongar no tempo. Nós vamos embora e as Cavalhadas fi-cam.

GR: E difícil manter esta tradição?AM: É muito difícil. Poucas pessoas

sabem o que são as Cavalhadas. Só mes-mo aquelas que vivem e residem em Vil-demoinhos há muitos anos. Outros sabem que no dia 24 de Junho o cortejo vai à ci-dade.

Só que há muito trabalho para colo-

car o cortejo na cidade. Dois a três meses antes há uns rapazes simpáticos e amigos que fazem uns carros com muita qualida-de. Porém, há pouca juventude nova com vontade de aprender a fazer as Cavalha-das, mas nós todos os anos queremos le-var o cortejo à cidade.

Eu fiz parte da direcção anterior e já nessa altura sentimos a falta de gente nova. Porém, acreditamos que isto vai mudar. A juventude começa a estar cada vez mais apostada em recuperar tradi-ções e isso também vai acontecer em Vil-demoinhos.

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O cabrito estonado e o maranho são duas iguarias que vão atrair muitos visitantes a Oleiros, nos fins-de-semana de 28 e 29 de Março e 4 e 5 de Abril. Nove restaurantes aderiram ao VII Festival Gastronómico do Cabrito Estonado e do Maranho, que se realiza por alturas da Páscoa.

Para além da mais genuína gastronomia oleirense, com des-taque para o Cabrito da Paz de Oleiros e das celebrações religio-sas associadas à Páscoa em Oleiros, no primeiro fim-de-semana do Festival, no dia 28 de Março, será inaugurado o Trilho Interna-cional dos Apalaches português, totalmente situado no concelho de Oleiros. Durante esse dia, em plena serra quartzítica do Mu-radal, haverá um encontro entre as comunidades circundantes e não faltará aventura, música folk, representações teatrais de várias épocas a cargo da Companhia de Teatro Viv´Arte e uma Ceia Lusitana.

No dia 29 de manhã, quem visitar Oleiros poderá ainda par-ticipar no oitavo Passeio pedestre da Associação Pinhal Total – Oleiros Aventura e pelas 15 horas, no Jardim Municipal, tem início uma demonstração teatral da época do período neolítico a cargo da Companhia de Teatro Viv´Arte.

Os estabelecimentos são, em Oleiros: Callum (272 680 010), Casa Peixoto (272 682 250), Ideal (272 682 350), Maria Pi-nha (965 586 477), Prontinho (272 682 338), Regional (272 682 309), Salina (961 258 844), em Orvalho: Pérola do Orvalho (272 746 119) e em Ponte de Cambas: Slide (965 720 287).

Nos fins-de-semana de 28 e 29 de Março e 4 e 5 de Abril

Cabrito Estonado e Maranho em destaque na Páscoa oleirense

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O mais emblemático dos festivais gastronómicos portugue-ses dedicados à gastronomia de mar vai regressar ao Pátio da Galé – Terreiro do Paço, de 9 a 19 de Abril. A organização do Peixe em Lisboa está a ultimar a programação da oitava edição, que além da presença de vários dos mais conceituados restau-rantes e chefes de cozinha portugueses contará ainda convi-dados internacionais de países como Espanha, França e Brasil.

Do “universo Michelin” chegarão a Lisboa algumas das grandes estrelas da actualidade, que protagonizarão as sem-pre aguardadas apresentações de cozinha ao vivo no Auditório, este ano novamente instalado em plena Praça do Comércio. Não faltarão debates e workshops sobre gastronomia e cozinha nem mesmo o popular concurso “O Melhor Pastel de Nata”.

Ao ritmo de 12 horas diárias, uma dezena de restaurantes combinará tradição e contemporaneidade, com propostas gas-tronómicas exclusivamente de peixes e mariscos do mar por-tuguês. Uma panóplia de outros sabores poderá ser provada e adquirida na área do mercado gourmet, com dezenas de expo-sitores com produtos tão variados como conservas, chocolates, doçaria tradicional, azeites, vinhos e até práticos utensílios de cozinha. E para apurar conhecimentos sobre a temática do fes-tival, os peixes e os mariscos, não faltarão aulas de cozinha em que os chefes desafiam os visitantes a aprender dicas e truques culinários.

Oitava edição regressa de 9 a 19 de Abril

Peixe em Lisboa com chefs de cozinha do “universo Michelin”

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A Festa de Saberes e Sabores do Douro, que decorre durante três fins--de-semana em S. João da Pesqueira em pleno coração do Douro Vinhatei-ro, tem tido uma elevada afluência de visitantes. O evento, que pretende promover a região do Douro no âmbito da Rota das Amendoeiras em Flor, no-meadamente, através da divulgação da gastronomia típica e regional, bem como das artes e ofícios”.

A confirmar o sucesso da inicia-tiva, que cumpre este ano a oitava edição, estão os 20 mil visitantes re-gistados o ano passado, número que o Município de S. João da Pesqueira es-pera ver ultrapassado este ano, onde para além da animação cultural, as tradicionais tasquinhas, o pão casei-ro, os enchidos, o azeite, vinho, mel, amêndoas e figos secos fazem as de-lícias dos visitantes.

A autarquia mostra-se satisfeita com a adesão do público ao certame. A vereadora com o pelouro da cultura diz que os primeiros fins-de-semana

Decorre até ao fim de semana de 7 e 8 de Março

Festa de Saberes e Sabores do Douro com bastantes visitantes

“correram bem”, aguardando-se mais gente nos dias 7 e 8 de Março. Del-fina Tavares, à Gazeta Rural, destaca os produtos de grande qualidade ex-postos, adiantando que no concelho, em Paredes da Beira, está prevista a construção de uma cooperativa de produtores de maçã.

Gazeta Rural (GR): Como está a decorrer a Festa?

Delfina Tavares (DT): Está a cor-rer bem, dentro do estávamos a espe-ra. Esperamos mais gente no último fim-de-semana, quando as amen-doeiras estiverem mais floridas. O in-verno rigoroso que tivemos atrasou a floração. Com a programação que temos, esperamos uma maior adesão, se bem que este tem sido um dos me-lhores anos.

GR: Os produtos locais são o atractivo para a festa?

DT: Sim. Temos produtos de ex-celente qualidade, feitos de maneira

tradicional e sem recorrer a métodos industriais. Com certeza que o sabor que lhe vem associado faz com que as pessoas venham e comprem.

GR: Ao falarmos de São João da Pesqueira associamos o vinho e o Douro. Porém, o concelho é muito mais que isso?

DT: É muito mais. Aliás, nesta Feira há pouco vinho. O objectivo é, justa-mente, demonstrar que, além do vi-nho, temos outros produtos de grande qualidade, ‘projectados’ na nossa gas-tronomia.

GR: O sector primário continua a ser uma aposta no concelho, no-meadamente a vinha?

DT: Na zona sul do concelho, que não é privilegiada pela vinha, temos a castanha e a maçã, cuja área de produção tem vindo a crescer. Neste âmbito, está projectada para Paredes da Beira uma cooperativa, pois há ali uma grande produção de maçã. Temos a produção de azeite, complementar à vinha, mas também de hortícolas e frutícolas, como a cereja, frutos secos e amêndoa.

GR: O Douro continua a ser um chamariz?

DT: Mais ainda do que tem sido nas últimas décadas, principalmente lá fora, onde se nota que o Douro é um destino muito procurado.

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O director Regional de Agricultura do Norte disse que a flo-ração das amendoeiras na região trasmontana poderá estar atrasada cerca de 20 dias nas variedades mais precoces, pre-vendo-se o seu pico para meados de Março.

Manuel Cardoso adiantou que as baixas temperaturas pro-longadas que se fizeram sentir na região provocaram um atraso na floração das variedades de amendoeiras mais temporãs. “A floração das variedades mais precoces está no seu início, po-dendo juntar-se aos amendoais de floração mais tardia, pro-porcionado assim um espectáculo natural único”, frisou.

O tempo de floração será “provavelmente” mais curto do que em anos anteriores. Contudo, o espectáculo natural da flor da amendoeira em tons de rosa e branco será mais “acentua-do”, devido às espécies que povoam os amendoais das paisa-gens trasmontanas, beirãs e durienses e que poderão florir qua-se em “simultâneo”

Segundo aquele responsável, os agricultores transmonta-nos estão apostar na produção de amêndoa com investimentos

Apesar de algum atraso na floração, o nordeste da Beira tem tido muitos visitantes. Por Foz Côa, a Festa das Amendoeiras em Flor está em pleno, com as muitas acti-vidades que o programa prepara-do pela Câmara local oferece.

O vice-presidente da autarquia de Foz Côa mostrou-se satisfeito com o início do evento. “Tem cor-rido bem e o tempo tem ajudado”, afirmou João Paulo Sousa, que destacou os espectáculos “Alfama e o Fado Fozcoense”, que teve a sala do Centro Cultural cheia, bem como o espectáculo de Rita Guer-ra, que, apesar do frio, teve a Praça do Município praticamente cheia.

João Paulo Sousa espera que o tempo ajude e nas próximas se-manas a região continue a atrair visitantes. O vice-presidente da Câmara de Foz Côa espera que a 8 de Março, dia em que está mar-cado um desfile etnográfico pelo centro da cidade, o vale que e cir-cunda esteja todo florido de rosa e branco.

de 33 milhões de euros na expansão de amendoal na maior re-gião produtora nacional deste fruto seco, devido ao seu poten-cial económico.

Segundo dados da Direcção Regional de Agricultura do Norte (DRAN), até 2009 registou-se um decréscimo do número de hectares de amendoal na região, valor que agora vive um au-mento traduzido no número de pedidos de apoio financeiro ao PRODER (Programa de Desenvolvimento Regional).

No Nordeste Transmontano, sobretudo nas zonas da Terra Quente e do Douro Superior, mais para o sul do Distrito de Bra-gança, concentra-se a maior parte do amendoal português, 16 mil dos cerca de 24 mil hectares, e daqui sai 67 por cento da produção nacional de amêndoa.

Nas variedades mais precoces

Flor da amendoeira atrasada cerca de 20 dias

Em Vila Nova de Foz Côa

Festa das Amendoeiras em Flor com muitas actividades

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O secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar, Nuno Viera de Brito, tranquilizou os produtores de queijo Serra da Estrela sobre a utilização do cardo na produ-ção daquele produto tradicional.

Na visita à feira do queijo de Seia o governante foi questio-nado pelos produtores e pelo presidente da autarquia sobre a directiva europeia que determina que seja apresentado um pe-dido de autorização para o uso de qualquer enzima em produtos alimentares, como é o caso do cardo, utilizado na confecção do queijo tradicional daquela região.

“Entregámos o dossier na Comissão Europeia no sentido de que toda a parte analítica do cardo, que é importante não só para o queijo Serra da Estrela mas também para todos os ou-tros queijos tradicionais, possa continuar a ser utilizado”, disse o governante.

Segundo Nuno Viera de Brito, a directiva comunitária obri-gava a uma caracterização das enzimas, até 11 de Março, asse-gurando que Portugal entregou o dossier “antes do prazo”. O documento vai ser analisado, mas obviamente que temos esta-do a fazer o processo em companhia com a Comissão Europeia e, portanto, sim, os produtores podem estar tranquilizados e continuar a produzir bem o nosso queijo da Serra”, afirmou.

O governante abordou o assunto após o presidente da câ-mara de Seia, Carlos Filipe Camelo, ter dito que a possibilidade de o cardo deixar de ser utilizado no fabrico do queijo era um cenário “ridículo”, porque colocava em causa a sua produção

Na visita à Feira, em Seia

Secretário de Estado tranquiliza produtores de queijo

Serra da Estrela sobre utilização de cardo pelos métodos ancestrais.

A garantia do secretário de Estado tranquilizou os produto-res de queijo e também a Associação de Artesãos da Serra da Estrela que tem cerca de 700 associados nos vários sectores, sendo cerca de 70 produtores de queijo. “Estamos muitos mais descansados” disse o presidente, João Amaral. A indicação da entrega do dossier em Bruxelas, “garante que a questão não cai em saco roto” e merece a atenção do Governo, acrescentou.

“Prescindirmos do cardo para produzir o queijo da Serra da Estrela era estarmos a viciar o jogo, o produto e a dar indica-ção àquelas pessoas que mantêm os saberes sobre esta maté-ria, que não vale a pena preservar tradições, porque a inovação ultrapassa de forma errada aquilo que é a tradição”, declarou.

O produtor de queijo Pedro Gomes disse acreditar “que to-das as entidades estão a fazer todo o esforço para tipificar” a enzima do cardo. “Não deixaremos nunca de produzir queijo Serra da Estrela sem o cardo, que é o terceiro ingrediente funda-mental, para além do leite e do sal, e, estou certo que o assunto será ultrapassado sem qualquer problema”, concluiu.

Já o produtor Élio Silva referiu que o cardo “é essencial” para a produção do queijo, por isso ficou “mais descansado” após ou-vir as declarações do secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar.

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No âmbito da XXIV Festa do Queijo Serra da Estrela e Outros Produtos Locais de Qualidade de Oliveira do Hospital foi con-feccionado o maior requeijão do mundo. Produzido a partir do soro do leite de ovelha, o requeijão atingiu os 54,250 quilos. O recorde vai ser enviado para o Guinness World Records para que possa constar no livro dos maiores recordes do mundo, como era ambição do Município de Oliveira do Hospital.

O processo envolveu várias queijeiras do concelho que na tarde de domingo confeccionaram o maior requeijão do mundo. Em simultâneo foi também feito um saboroso doce de abóbora com recurso a 60 quilos de abóbora e 40 quilos de açúcar.

No final da tarde, o requeijão e o doce de abóbora, acom-panhados pela broa de milho, foram servidos no Largo Ribeiro do Amaral. Foi no coração da cidade, e quando ainda decorria o programa televisivo “Somos Portugal” da TVI, que os visitantes da maior Festa do Queijo Serra da Estrela do país provaram e sa-borearam estas iguarias. As opiniões foram unânimes, o requei-jão e o doce de abóbora estavam deliciosos. Outro ponto alto da XXIV Festa do Queijo Serra da Estrela de Oliveira do Hospital foi o Concurso Gastronómico “Com Queijo Serra da Estrela” que tem vindo a suscitar cada vez mais interesse por parte do público.

Foram muitos os visitantes que no primeiro dia da Feira, na tenda de eventos, assistiram à avaliação das iguarias por parte do júri que levou em conta critérios como degustação, apresen-tação, originalidade da recolha ou da receita e viabilidade da sua produção empresarial.

O Concurso Gastronómico “Com Queijo Serra da Estre-la” para além de dar a conhecer diferentes iguarias, doces e salgadas, confeccionadas com queijo Serra da Estrela e seus derivados, procura incentivar a inovação e o empreendedo-

Recorde vai ser enviado para o Guinness World Records

Oliveira do Hospital fez o maior requeijão do mundo

rismo para a eventual criação de um produto de referência, associado ao concelho de Oliveira do Hospital, onde será produzido e comercializado.

O secretário de Estado da Administração Local, João Al-meida, foi o membro do governo pressente, que, acompa-nhado pelo autarca de Oliveira do Hospital, José Carlos Ale-xandrino, bem como o presidente da Câmara de Coimbra e da Associação Nacional de Municípios, Manuel Machado, o presidente da Câmara de Arganil, Ricardo Pereira Alves, e do presidente da ANCOSE, Manuel Marques, entre outras entida-des, inauguraram o certame.

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Castanhas e cogumelos são os principais ingredientes dos novos pastéis regionais de Vila Pouca de Aguiar, uma iniciativa da autarquia que visa promover e valorizar estes produtos es-tratégicos para a economia local. “A castanha e o cogumelo são dois produtos de excelência de Vila Pouca de Aguiar”, afirmou Duarte Marques, vereador desta autarquia do distrito de Vila Real.

Espalhados pelo concelho existem muitos produtores de castanhas e há também muitas famílias que se dedicam à reco-lha de cogumelos silvestres, enquanto jovens empresários abri-ram, nos últimos tempos, unidades de produção destes fungos. São dois produtos que movimentam milhões de euros na eco-nomia local e que a Câmara de Vila Pouca de Aguiar quer agora, valorizar, potenciar e rentabilizar.

Na Denominação de Origem da Padrela, que incluiu território de Vila Pouca de Aguiar, em média por ano são produzidas cerca de 10 toneladas de castanha, que rendem cerca de 30 milhões de euros. Duarte Marques explicou que a ideia do município foi “elevar o valor” da castanha e dos cogumelos. Para o efeito fo-ram criados os novos pastéis que se pretende se sejam “típicos” deste território, um doce feito de castanha e outro salgado, com base de cogumelos. “É também muito importante dar símbolos e

“Doce Aguiar” e “Pastel de Aguiar” são as designações

Vila Pouca de Aguiar cria pastéis para potenciar castanha e cogumelos

ícones para atrair pessoas à região e representar o concelho em várias situações”, salientou.

O vereador quer que estes pastéis sejam também um “pri-meiro passo para desenvolver novas ideias e inovações a nível da pastelaria e panificação”. Duarte Marques explicou ainda que se pretendeu envolver a comunidade neste processo de confec-ção do produto e de escolha dos nomes tendo, para o efeito, decorrido uma votação que elegeu os nomes: “Doce Aguiar” e “Pastel de Aguiar”.

Duarte Marques referiu ainda que já receberam contactos da Suíça, por parte de emigrantes deste concelho, que se mos-traram interessados em provar e depois talvez até vender estes produtos naquele país.

A Câmara de Vila Pouca de Aguiar realizou uma campanha de lançamento dos pastéis, entregando às pastelarias aderentes os certificados de produtores e vendedores destes novos pro-dutos regionais.

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Um centro de competências nacional para potenciar a fileira do pinheiro manso, através da investigação e da partilha de conhecimento, vai ser criado na Mata Nacional de Valverde, em Alcácer do Sal, anunciou o município.

O Centro de Competências do Pinheiro Manso e do Pi-nhão (CCPMP) vai actuar no sentido de reforçar os estu-dos neste sector, promover a cooperação entre os orga-nismos públicos, os institutos de investigação e os agentes económicos, como os produtores florestais e os industriais do pinhão, e elaborar candidaturas a financiamento co-munitário.

O novo organismo vai aproveitar o “valor acrescenta-do” em termos de conhecimento já existente na Mata Na-cional de Valverde, onde estão instalados viveiros estatais de plantas, e dar-lhe “outra dinâmica”, disse o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença.

De acordo com Vítor Proença, o custo do projecto ainda não está determinado, mas “não será um organismo para criar mais despesa pública, com pessoas a tempo in-teiro”, estando previsto que incorpore “quadros” que cada membro “já tem”. O autarca manifestou-se “muito feliz” por o CCPMP ficar sediado em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, uma vez que o concelho tem “a maior área de pinheiro manso a nível nacional”, sendo a qualidade do pi-nhão aí produzido “reconhecida internacionalmente”.

Vítor Proença lembrou que foi submetido à União Eu-ropeia um pedido para a criação de uma Denominação de Origem Protegida (DOP) com a marca Alcácer do Sal para o pinhão produzido em “todo o Ribatejo e Vale do Sado”. De acordo com dados divulgados no ano passado pela União da Floresta Mediterrânica (UNAC), que também faz parte dos membros fundadores do CCPMP, o pinhão foi o segundo fruto seco mais exportado em 2013, a seguir à castanha, subindo para primeiro lugar se for incluído o valor da pinha.

Num relatório que sintetiza os resultados do programa de valorização da fileira da pinha e do pinhão promovido por esta entidade, é indicado que a falta de informação é um dos problemas do sector, não se sabendo, por exem-plo, a quantidade de pinhão que os portugueses conso-mem, nem qual é a produção total de pinha.

Em 2013, havia mais de 175 mil hectares de pinheiro manso em Portugal, que representavam cerca de seis por cento da floresta nacional, com destaque para o Alente-jo, que produz 67 por cento das pinhas nacionais e 15 por cento das pinhas mundiais. A capacidade produtiva da pi-nha é estimada num valor económico que se situa entre os 50 e 70 milhões de euros por ano.

Criado na Mata Nacional de Valverde

Alcácer do Sal vai ter centro de investigação do pinheiro manso

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De um produto rústico, usado pelos pastores e gentes do campo, o burel tor-nou-se moda. João Clara deixou a capital para voltar às origens e pegar num negó-cio de família. Da lã das ovelhas fez um tecido que hoje está presente em bouti-ques de moda em Paris, Milão, Tóquio e noutras capitais do mundo ou usado nos trajes das Confrarias.

A Ecolã, que João Clara criou há 20 anos em Manteigas, tem hoje lojas em Lisboa e Porto, respondendo assim às solicitações dos muitos clientes. Em conversa com a Gazeta Rural, o empresá-rio aposta em continuar a dar visibilidade ao burel produzido em Manteigas.

Gazeta Rural (GR): Está a comemo-rar 20 anos de actividade?

João Clara (JC): Sim. Duas décadas de grande dinâmica. O burel é um tecido nosso, de Manteigas, com as caracte-rísticas que lhe são inerentes, como ser impermeável, ser resistente e transmitir calor.

Foi um percurso com muito esforço, do qual estamos agora a tirar dividen-dos e a ter retorno. De tal ordem, que conseguimos transmitir a mensagem, em grande parte através das feiras, da forma como o burel começou a ser testado em várias vertentes, não só no vestuário, mas

João Clara foi o grande impulsionador

Ecolã comemora 20 anos a trabalhar bureltambém nos assessórios, na decoração de interiores, entre outras aplicações.

Hoje sentimo-nos à vontade e vamos continuar com esta dinâmica em redor do burel. O trabalho foi bem feito e tornou--se apetecível para outros mercados e para outras pessoas que trabalham o burel. Hoje está a ser utilizado em coisas que ninguém imaginava.

GR: A Ecolã foi pioneira nesse cam-po, mas esta área não era desconheci-da para si?

JC: Sinto-me realizado e a Ecolã está de parabéns. Sou a terceira geração des-te negócio. Herdei isto e penso que soube dar-lhe a volta, porque se assim não fos-se o burel continuaria a ser utilizado pe-los pastores e nas zonas agrícolas. Hoje o burel tem potencialidades incríveis e é consumido de tal forma, que é quase im-possível satisfazer todos os pedidos que recebemos, não só nacionais, como de toda a Europa e da Ásia, nomeadamente no Japão.

GR: Tem noção de que é o grande

responsável pelo relançamento deste tecido?

JC: Olhe, eu sou suspeito, mas tenho consciência daquilo que fiz. E, portan-to, também não posso ser tão modesto

assim, que me impeça de responder à sua pergunta. Reconheço que foi através do meu trabalho que dinamizei o sector do burel. O trajecto foi muito duro, mas sou o pioneiro. Dessa forma conseguiu ca-tivar os clientes para consumir o burel. Sinto-me à vontade. Sem querer ser pre-sunçoso, tenho que dizer que o burel de-senvolveu-se um pouco, ou quase na sua totalidade, pelo meu trabalho, pela minha dinâmica e pela forma que eu soube aca-tar a herança do burel e dar-lhe a volta.

GR: Que volta que lhe deu?JC: Olhe, do tecido tradicional, rústi-

co, dei-lhe a ponte para a modernidade, mostrando que se podem criar inúmeros produtos com o burel. Esse trabalho deu resultado e hoje vemos o burel na tele-visão, nas boutiques em Paris, em Milão e agora também nas nossas em Lisboa e no Porto, onde quase que fomos obri-gados a abrir, por ‘imposição’ de muitos clientes.

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Sedeada no coração da Serra da Es-trela, a Escola Profissional de Hotelaria de Manteigas (EPHM) tem actualmen-te menos de meia centena de alunos. A dar formação nas áreas de hotelaria, cozinha, pastelaria, restaurante e bar, os alunos da EPHM têm um grau de empre-gabilidade que anda nos 90%.

A funcionar há 21 anos, a EPHM já teve mais de uma centena de alunos. Ricardo Jorge, antigo aluno e hoje Formador, lamenta a quebra no número de alunos, fruto da interioridade. Toda-via, os que por lá fazem a sua formação, depois de algumas dificuldades, adap-tam-se bem a Vila de Manteigas.

Gazeta Rural (GR): Que tipo de for-mação dá a Escola?

Ricardo Jorge (RJ): Formamos pro-fissionais na área de hotelaria, cozinha, pastelaria, restaurante e bar. Os forman-dos ficam com um grau académico equi-valente ao 12º ano e têm tido uma boa saída profissional, nomeadamente para as áreas de cozinha, pastelaria e restau-rante e bar. Temos um grau de emprega-bilidade que ronda os 90% e raros são os formandos que não ficam colocados.

GR: Como é que os jovens chegam a escola?

Apesar dos custos da interioridade

Escola Profissional de Hotelaria de Manteigas forma novos profissionais

RJ: Já formamos profissionais há 21 anos. Foi cá na Escola que fiz os meus estudos em gestão hoteleira. Trabalhei em vários sítios e agora estou cá como formador.

Os jovens chegam com a ideia de serem cozinheiros. Gostam da cozinha e da pastelaria, que são as áreas fortes da Escola.

GR: O facto de a Escola estar se-deada em Manteigas cria alguma difi-culdade?

RJ: Acredito que o primeiro ano seja complicado para os alunos que chegam, porque o meio é diferente, mas de uma forma geral adaptam se todos muito bem. A vila é agradável, as pessoas são hospitaleiras e é fácil adaptarmo-nos cá.

GR: Quantos alunos tem a Escola?RJ: Neste momento são 43. Já hou-

ve anos em que tivemos um pouco mais de uma centena de alunos. Agora, como há muita oferta, nomeadamente na es-cola pública, o número de alunos baixou bastante. É o preço da interioridade. Os acessos não são fáceis e isso paga-se. Porém, os que vêm de uma forma geral adaptam se bastante bem e saem de cá como bons profissionais.

GR: Já chegam com a vocação ou alguns vêm experimentar?

RJ: A maior parte deles já chegam com a ideia do que querem fazer. Depois, com o passar do tempo e com a prática vão-se adaptando melhor.

Dois exemplos

Diogo Curto e Catarina Monteiro são dois dos formandos. O primeiro gosta dos tachos, enquanto Catarina está mais vi-rada para as áreas de restaurante/bar. Diogo Curto estudou um ano no Fundão, mas depois de conhecer a Escola em Manteigas rendeu-se aos encantos da Serra e à formação da Escola. “Aqui são mais profissionais e preparam-nos me-lhor para o futuro”, referiu à Gazeta Rural, acreditando ser esta “uma boa aposta, pois é isto que quero fazer”.

Já Catarina Monteiro está tirar forma-ção de Restaurante/Bar, uma área que gosta. “Comecei por tirar um curso pelas Novas Oportunidades. Gostei e conti-nuei”, disse à Gazeta Rural.

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O concelho de Aguiar da Beira vai ter um Centro de Inter-pretação Viva do Castanheiro e da Castanha, que contempla a instalação e manutenção de um Campo de Demonstração.

O projecto, que visa promover e reforçar a cultura do casta-nheiro, envolve a autarquia de Aguiar da Beira, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a União de Freguesias de Aguiar da Beira e Coruche e a empresa Arvofruti - Produção de Árvores e Fruta, que celebraram um protocolo para o efeito.

Segundo a autarquia presidida por Joaquim Bonifácio, a ins-talação do centro de interpretação será concretizado “através da implementação e disseminação de práticas de cultivo condu-centes à melhoria da produtividade do castanheiro” e da insta-lação e manutenção de um Campo de Demonstração, traduzido na plantação de um soito de castanheiros num terreno cedido pela freguesia envolvida. A partilha de conhecimentos e infor-mação técnica junto dos serviços do município e dos produtores locais é outro aspecto contemplado no projecto que vai vigorar até 31 de Dezembro de 2019.

O novo soito será plantado de raiz, “praticando e demons-trando todos os preceitos técnicos necessários à correta insta-lação da cultura”, segundo o acordo hoje celebrado. A instalação e a sua manutenção serão da responsabilidade do município, podendo para tal recorrer a incentivos ou a linhas de apoio no âmbito das políticas agrícolas. “As acções a desenvolver no Campo de Demonstração serão complementadas com ‘dias abertos’, através dos quais os agricultores terão oportunidade de interagir com os membros da equipa técnica, inteirando-se das técnicas preconizadas e sendo motivados a praticá-las quer no decorrer dessas actividades, quer posteriormente no maneio dos seus soitos”, está definido no acordo.

No âmbito do protocolo, este Centro aproveitará todo o caudal de conhecimento científico que a UTAD vem consoli-dando no domínio da cultura do castanheiro. Pretende-se, pois, “fomentar a implementação de práticas de cultivo conducentes à melhoria da produtividade do castanheiro neste concelho, mediante a implementação de um campo de demonstração sob a forma de uma plantação de um souto, bem como através da

Projecto envolve a autarquia, a UTAD, a UF Aguiar da Beira e Coruche e a Arvofruti

Aguiar da Beira cria Centro de Interpretação Viva do Castanheiro e da Castanha

transferência de conhecimentos, quer para o Gabinete Técnico do município, quer directamente para os produtores”.

A UTAD esteve representada pelo Reitor, António Fontainhas Fernandes, na sua intervenção, realçou a importância do sector agroalimentar como uma das grandes apostas nesta região, cujo tecido económico continua a caracterizar-se por um número elevado de pequenas empresas, “vulneráveis a factores exter-nos e que incorporam pouca tecnologia, inovando pouco nos seus processos de fabrico e gestão”. Neste quadro, sustentou o Reitor, “o reforço da competitividade destas empresas passará, certamente, pela diferenciação de produtos e a promoção inter-nacional, cujo impacto será tanto mais forte, quanto mais coe-sa for a imagem assumida pela região como uma marca única”. E, ao mesmo tempo, “esta competitividade será reforçada pela transferência de conhecimento das instituições de ensino supe-rior, que permitirá às empresas incorporar conhecimento tecno-lógico e inovar ao nível da gestão, dos produtos e dos serviços”.

A realização de actividades de informação e de sensibiliza-ção junto dos agricultores para a adopção de práticas culturais mais adequadas e a elaboração de um Livro Técnico com todo o historial da plantação e cultivo do Campo de Demonstração de Aguiar da Beira são outros dos propósitos estabelecidos.

O presidente da câmara de Aguiar da Beira disse que a au-tarquia disponibiliza para o projecto agrícola o valor global de 40 mil euros. Joaquim Bonifácio referiu que o plano surge tendo em conta que o seu concelho “tem que apostar nos produtos endógenos” e a castanha é de “grande importância económica” para os seus habitantes.

O concelho de Aguiar da Beira integra a área geográfica de produção da Castanha dos Soutos da Lapa que também abran-ge os concelhos de Trancoso, Armamar, Tarouca, Tabuaço, São João da Pesqueira, Moimenta da Beira, Sernancelhe, Penedono e Lamego.

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O Governo Regional dos Açores anunciou que vai reforçar os apoios à instalação de jovens agricultores, no âmbito do Progra-ma de Desenvolvimento Rural até 2020 (Prorural+), aprovado na semana passada pela Comissão Europeia.

Segundo o secretário regional da Agricultura e Ambiente dos Açores, Luís Neto Viveiros, o “prémio à primeira instalação de jovens agricultores na região” passa de 35 mil euros para um máximo de 50 mil. Por outro lado, o executivo açoriano “vai re-formular” o regime de incentivos à compra de terras agrícolas, conhecido por RICTA, de forma a alterar a “idade ilegível dos be-neficiários” e rever os escalões de bonificação, disse ainda Neto Viveiros.

O RICTA é uma linha de crédito bonificado, comparticipada exclusivamente com verbas regionais, que permite a aquisição de terrenos pelos agricultores dos Açores com o objectivo de aumentar a dimensão das explorações através do emparcela-mento, para as tornar mais competitivas.

O Governo Regional tomou estas medidas para compensar o fim dos incentivos às reformas antecipadas na agricultura no âmbito do Prorural+, ditado pelas novas regras europeias para o período de programação financeira 2014-2020. Segundo Neto Viveiros, os incentivos às reformas antecipadas foram até agora “da maior importância para os Açores”, por terem ajudado à re-novação geracional pretendida no sector. O Prorural+ tem uma dotação de 340 milhões de euros, sendo 295 milhões fundos europeus e 45 milhões verbas do orçamento dos Açores.

Neto Viveiros destacou que o programa contempla um con-junto de apoios ao investimento num sector que representa nove por cento do Produto Interno Bruto (PIB) açoriano e em-prega 13,1 por cento da população activa do arquipélago, quan-do a nível nacional esses números são, respectivamente, três e 10,5 por cento. “Trata-se de um importante instrumento para o desenvolvimento sustentável do sector agro-florestal e que foi desenhado por forma a apoiar os nossos agricultores, indústria e comercialização a enfrentarem, com sucesso, os desafios ac-tuais e futuros”, afirmou.

Referindo-se especificamente ao fim das quotas leiteiras na Europa este ano, em Abril, Neto Viveiros afirmou que as medidas previstas no Prorural+ reforçam aquilo que tem sido feito nos Açores “ao longo dos últimos anos no sentido da modernização das explorações”, com vista a aumentar a competitividade dos produtos regionais.

“Conscientes das dificuldades que vamos enfrentar, certa-mente, temos também a convicção de que ao longo dos anos nos temos vindo a preparar de forma sustentada para podermos estar aptos a enfrentar esses desafios”, sublinhou, reforçando que a estratégia dos Açores passa por valorizar a qualidade do leite, associada a uma forma diferenciada de produção baseada no consumo de erva em pastagem durante todo o ano.

O secretário regional acrescentou, porém, que a região con-tinuará a reclamar junto de Bruxelas apoios suplementares, no âmbito do seu estatuto de ultraperiferia, para responder ao fim das quotas e ao impacto do embargo russo aos lacticínios eu-ropeus.

Cerca de 44 por cento das verbas do Prorural+ destinam-se a apoios a investimentos na modernização das explorações agrí-colas. Outros 44 por cento destinam-se a “preservar os ecossis-

No âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural

Açores reforçam apoios à instalação de jovens agricultores

temas dependentes da agricultura e das florestas”, promovendo uma boa utilização dos recursos, a passagem a uma economia de baixo carbono e a adaptação às alterações climáticas.

Neto Viveiros sublinhou que a taxa de cofinanciamento pelo Prorural+ de investimentos em explorações oscila entre os 50 e os 75 por cento, quando a nível nacional chega, no máximo, aos 50 por cento. Por outro lado, revelou que será ao abrigo do Prorural+ que serão feitos os investimentos necessários para terminar a rede regional de abate, que prevê a construção dos matadouros do Faial e da Graciosa, além de obras de melhora-mento dos matadouros das outras ilhas.

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O Centro Nacional de Exposições (CNEMA), em conjunto com o Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), promove nos dias 14, 15 e 22 de Maio a nova edição do Concurso Nacional de Azeites de Portugal.

A evolução do Concurso ao longo dos anos atesta o nível e a dimensão que o mesmo já atingiu, não só pelo número de parti-cipantes, mas também pela qualidade dos produtos apresenta-dos: 147 azeites de 90 produtores, 40 provadores (portugueses e espanhóis), onde se incluíram técnicos do sector de todas as regiões de produção do país, jornalistas e consumidores. O ob-jectivo mantêm-se o de sempre e visa premiar produtos nacio-nais de qualidade, contribuindo para a sua promoção e divulga-ção, junto dos consumidores.

Este Concurso enquadra-se no âmbito de um conjunto de iniciativas promovidas pelo CNEMA, onde se incluem também os Concursos Nacionais de Enchidos, Presuntos e Ensacados, Car-nes Qualificadas, de Doçaria Conventual e Tradicional Popular, de Licores, de Queijos Tradicionais, de Conservas de Pescado, de Pães, Broas, Bôlas e Folares, de Azeitonas de Conserva, de Doces de Fruta, de Frutos Secos, de Bolo-rei (e de outros Concursos que serão brevemente anunciados), para além dos Concursos Nacionais de Mel e Vinho, assim como o Salão Prazer de Provar, integrados na Feira Nacional de Agricultura / Feira do Ribatejo.

“Julgamos estarem reunidas as condições necessárias para

Os problemas fitossanitários que afectaram os olivais tradicionais vão provocar uma redução de 20 por cento na produção de azeitona para azeite, cuja qualidade deve ser também inferior ao normal, estimou o Instituto Nacional de Estatística.

Nas previsões agrícolas, o Instituto Nacional de Estatís-tica (INE) adianta que a actual campanha oleícola se deve fixar nas 507 mil toneladas, 634 mil na anterior campanha, ficando ainda assim cinco por cento acima da média dos últi-mos cinco anos. A quebra de produção nos olivais intensivos, sujeitos a práticas culturais e cuidados fitossanitários mais adequados, foi menor do que a verificada nos olivais tradi-cionais, destaca o INE.

A qualidade do azeite produzido foi também afectada pelas condições deficientes de uma parte considerável das azeitonas recebidas nos lagares, ficando a proporção de azeite virgem extra obtido abaixo do normal. Já a área de ce-reais de Inverno deve manter-se face à campanha anterior.

As baixas temperaturas de Dezembro e Janeiro, apesar de terem retardado a germinação e crescimento dos cereais semeados nesses meses, beneficiaram o desenvolvimento dos já instalados, perspectivando-se um aumento de produ-tividade nestas culturas, que na aveia deve rondar os 15 por cento.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística

Doenças provocam quebra de 20% na produção de azeitona para azeite

Nos dias 14, 15 e 22 de Maio, em Santarém

CNEMA recebe IX Concurso Nacional de Azeites de Portugal

que o êxito do Concurso Nacional de Azeites de Portugal esteja desde já assegurado”, refere a organização.

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Notícias Verallia

Os apoios à instalação de jovens agricultores no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) arrancou no passado dia 23 de Fevereiro, sendo Portugal o primeiro Estado--membro da União Europeia a abrir esta medida.

As novas regras para apoiar jovens agricultores trazem algu-mas novidades face ao anterior programa (PRODER), nomeada-mente exigindo “formação agrícola adequada” aos beneficiários e investimentos mínimos de 55 mil euros. O prémio à instalação passa também a abranger o sector do vinho, que antes não era elegível.

Para se poderem candidatar, os jovens agricultores, com ida-des entre 18 e 40 anos, terão de estar enquadrados na catego-ria de micro e pequenas empresas, ter adquirido a titularidade da exploração agrícola e apresentar um plano empresarial com a duração de cinco anos e respectivos investimentos. São também elegíveis pessoas colectivas desde que os sócios gerentes sejam jovens agricultores, detenham a maioria do capital social e indivi-dualmente uma participação superior a 25% no capital social

O montante do apoio à instalação é de 15 mil euros (incentivo não reembolsável) que pode ser acrescido de 25%, 50% ou 75%, se o plano empresarial incluir investimentos superiores a 80, 100 ou 140 mil euros, respectivamente. Ao prémio, incluindo o acrésci-mo, serão adicionados cinco mil euros se o jovem for membro de um agrupamento ou organização de produtores reconhecidos no sector relacionado com a instalação. O pagamento do apoio será feito em duas vezes: 75% no início da instalação e os outros 25% após verificação da boa execução do plano empresarial.

Um em cada quatro projectos financiados pelo anterior pro-grama de fundos comunitários (PRODER) pertencia a um jovem agricultor. O PRODER financiou no total 37.500 projectos, dos quais 9.000 de jovens agricultores que receberam um apoio total de cerca 650 milhões de euros para alavancar um investimento total superior a 1,1 mil milhões de euros.

De maneira a marcar a diferenciação no mercado dos vinhos e responder às necessidades dos seus clientes, a alteração do nível de enchimento foi feita com base na Bordalesa ECOVA Elite. De facto, tendo em consideração as oscilações de temperatu-

Desde o passado dia 23 de Fevereiro

Jovens agricultores já podem requerer apoios à instalação

Na linha da frente no diz respeito à inovação.

Verallia Portugal inova com nível de enchimento de 70mmra ao longo do percurso da embalagem, existe por vezes, pela expansão volumétrica do líquido, um consequente aumento de pressão interna cujo objectivo foi mantê-la a mais baixa possível de forma a otimizar todo o circuito do produto, até ao consumi-dor final.

A modificação foi feita no tradicional nível de enchimento de 63mm que passa para 70mm, em cor canela e branco nas pró-ximas fabricações vidreiras. Contudo, na cor Branco-Azulado o nível de enchimento de 70mm já foi consolidado e com bons resultados.

A Verallia Portugal apresenta, desta forma, todo o seu po-tencial inovador e tecnológico com foco na satisfação dos seus clientes e com base na linha ECOVA em prol do meio ambiente.

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OPINIÃO

Fala-se muito (e ainda bem) de aquecimento global, de po-luição do ar e das águas, mas pouco se ouve acerca da degra-dação ou da destruição dos solos, cada vez mais exauridos e retraídos em consequência do crescimento da população e da expansão dos espaços urbanos e das múltiplas estruturas da so-ciedade do presente (aeroportos, auto-estradas e outras)

Em termos muito gerais, esta entidade natural que nos as-segura o sustento pode ser descrita como uma capa superficial das terras emersas (de escassos centímetros a vários metros de espessura) de material não consolidado (incoerente), a um tem-po, mineral e orgânico, formado no contacto do substrato geo-lógico com o ar e a água (da chuva ou da neve), constituindo um suporte propício ao crescimento das plantas. Como material não consolidado deve aqui entender-se um qualquer tipo de rocha desagregada por efeito da meteorização e, ainda, os sedimen-tos, a todo o momento remobilizáveis, depositados nas planícies aluviais e deltas deste nosso mundo.

Sempre que a vegetação, seja ela herbácea, arbustiva ou arbórea (e com ela todo um cortejo de seres vivos e de matéria orgânica associada) invade a dita capa superficial, gera-se um solo, através de um processo a que os especialistas (pedólogos) chamam pedogénese. Trata-se de um processo geodinâmico, dito supergénico porque, à semelhança da biogénese, da glip-togénese (erosão) e da sedimentogénese, tem lugar à superfície da Terra e é, como eles, assegurado pela energia radiante rece-bida do Sol.

Na “Declaração de Princípios sobre o Solo Português”, apre-sentada pela Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo, em 1975, o solo é um corpo natural, complexo e dinâmico, constituído por elementos minerais e orgânicos, caracterizado por uma vida ve-getal e animal própria, sujeito à circulação do ar e da água e que funciona como receptor e redistribuidor de energia solar.

Para o agricultor, o solo é a terra arável e fértil ou fertilizável. É a terra que se cava e estruma. No seu modo local de referir o solo, os açorianos falam de leiva, um termo radicado no latim

Falando dos solos

glaeba (terra arável), o mesmo étimo de onde deriva a nossa pa-lavra gleba.

Dos solos mais incipientes e pobres aos mais evoluídos e ricos de matéria orgânica, todos existem porque sempre exis-tiu e existe meteorização das rochas. É comum distinguir solos eluviais ou autóctones, isto é, não deslocados, permanecendo sobre a rocha-mãe, e solos aluviais ou autóctones, formados sobre materiais igualmente resultantes de meteorização mas que sofreram transporte.

Do ponto de vista termodinâmico, o solo é um sistema aber-to, que permite trocas de matéria e de energia com os sistemas adjacentes, nomeadamente, a litosfera, a biosfera, a atmosfe-ra e a hidrosfera (aqui representada pelas águas pluviais e de infiltração). Absorve e armazena energia solar, é sede de fenó-menos físicos, químicos e biológicos e tende, naturalmente, para um estado de equilíbrio estacionário enquanto se mantiverem as condições sob as quais evoluiu. Localizado na interface des-tes quatro sistemas, o solo faz a ponte entre a vida subaérea e o esqueleto mineral, abiótico, do substrato geológico, sendo considerado um dos mais importantes ecossistemas do planeta.

Funcionando como fronteira e zona de interacção entre o orgânico e o inorgânico, o autotrófico e o heterotrófico, o solo representa, simultaneamente, uma consequência da alteração meteórica das rochas e um agente activo dessa mesma altera-ção. Com efeito, a evolução do solo sobrepõe-se à meteoriza-ção, utiliza-a e, por seu turno, fornece-lhe condições para que prossiga e, até, se intensifique. Tal dinâmica ficou bem clara na afirmação, segundo a qual “à meteorização geoquímica, envol-vendo apenas a alteração das rochas, segue-se a meteoriza-ção pedoquímica”, avançada, em 1953, pelos pedólogos norte--americanos Marion Jackson (1914-2002) & George Sherman (1904-1973).

A.M. Galopim de Carvalho - Ciência Viva

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Com a aproximação da primavera e o desabrochar das flo-res, o Município de Resende promove visitas guiadas pela Rota das Cerejeiras em Flor, nos meses de Março e Abril.

durante esta época, as encostas do rio Douro encontram-se pintadas de branco, num cenário maravilhoso proporcionado pelas cerejeiras em flor que, nesta altura do ano, encontram--se em plena floração. Assim, o Município de Resende lança o

Em Março e Abril município promove visitas guiadas

Cerejeiras em Flor são atracção em Resendeconvite aos visitantes para descobrirem este cenário único e inspirador.

Do programa consta uma visita guiada ao Museu Municipal de Resende e uma viagem pelas freguesias de São João de Fontoura, São Pedro de Paus, Barrô e São Martinho de Mouros (que inclui uma visita guiada ao Centro Interpretativo da Cereja), onde o cultivo das cerejeiras é mais evidente. Durante o percurso, uma técnica man-tém o diálogo com os visitantes e explica o desenvolvimento do ci-clo da cereja. As inscrições encontram-se abertas para grupos com o mínimo de 20 pessoas, sendo que poderá obter mais informações em cm-resende.pt ou através do telefone 254 877 200.

No dia 29 de Março, o Grupo Folclórico e Etnográfico de S. Pedro de Paus, com o apoio do Município de Resende, também vai celebrar as Cerejeiras em Flor, numa festa a decorrer a partir das 15 horas, na freguesia de S. Pedro de Paus, e que conta com a participação dos vários Ranchos Folclóricos do concelho.

Depois das Cerejeiras em Flor, o Município de Resende pre-para já o Festival da Cereja que este ano decorre nos dias 30 e 31 de Maio, numa mostra que apresenta e promove o delicioso fruto, sempre acompanhado de animação e música popular.

A Câmara de Viseu autorizou a adjudicação do contrato para a realização de um estudo sobre a história da secular Feira de S. Mateus, que se vai desenvolver durante três anos. O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, considerou que se trata de um estudo estrategicamente muito importante, por ser “mais um grande passo no sentido da reabilitação futura da Feira de S. Mateus”, que tem 622 anos e que se realiza anualmente naquela cidade. “O estudo da sua história multissecular é extremamen-te importante”, frisou, acrescentando que, por um lado, ficará “como um repositório daquilo que foi a feira ao longo destes últimos séculos” e, por outro, permitirá “pegar em aspectos de pormenor que venham a ser aproveitados em edições futuras”.

Segundo Almeida Henriques, o estudo custará 24.950 eu-ros (mais IVA) por ano e terá três blocos, nomeadamente “da fundação à contemporaneidade, a contemporânea Feira de S. Mateus e as memórias, materializações e vivências” decorrentes do certame. “Vai implicar 36 cadernos sobre a Feira de S. Mateus e as suas diferentes fases. Já não virá a tempo da organização da feira deste ano, mas será seguramente um trabalho que nos ajudará a preparar feiras futuras”, acrescentou.

Fornos comunitários tradicionais reacende-ram-se em Santos-Evos

Três fornos comunitários tradicionais de Santos-Evos, Vi-seu, reacenderam-se, na sequência de uma operação de re-cuperação. Os fornos encontravam-se em estado avançado de degradação, praticamente em ruínas, tendo sido objecto de reabilitação ao abrigo de um projecto financiado por fundos co-munitários do PRODER, geridos pela Associação de Desenvolvi-mento Dão, Lafões e Alto Paiva (ADDLAP).

Os fornos de lenha passarão a ser reutilizados pela popula-ção local com uma regularidade, pelo menos, semanal, estan-do ao dispor de toda a comunidade. Participam do momento o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, o presidente da Junta de Freguesia, Fernando Rodrigues, e o presidente da ADDLAP e vereador da Câmara de Viseu com o pelouro das fre-guesias e do desenvolvimento rural, João Paulo Gouveia.

Para Almeida Henriques, “este é um momento particular-mente simbólico para a identidade local e autenticidade rural de Santos-Evos. A reabilitação das nossas aldeias e do sentido comunitário é uma aposta estratégia na preservação e desen-volvimento do espaço rural”.

Antes desta reactivação, o presidente da Câmara de Viseu celebrou contratos locais de delegação de competências e de cooperação, na sede da Junta de Freguesia de Santos-Evos, num valor global de 23 mil euros.

Com o intuito de revitalizar um certame histórico

Município de Viseu vai estudar os 623 anos da Feira de São Mateus

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36 www.gazetarural.comF I C H A T É C N I C A

Ano X - N.º 242Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), [email protected] | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda.Redacção Luís Pacheco | Departamento Comercial Filipe Figueiredo, Fernando Ferreira e José MartinsOpinião Miguel Galante | Apoio Administrativo Jorge Araújo Redacção Praça D. João I Lt 363 Fracção AT - Lj 11 - 3510-076 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320E-mail: [email protected] | Web: www.gazetarural.comICS - Inscrição nº 124546Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada | Administração José Luís AraújoSede Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04Execução Gráfica Sá Pinto Encadernadores | Telf. 232 422 364 | E-mail: [email protected] | Zona Industrial de Coimbrões, Lote 44 - 3500-618 ViseuTiragem média Mensal Versão Digital: 80000 exemplares | Versão Impressa: 2500 exemplaresNota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores

Reguengos de Monsaraz é, até ao final do ano, a Cidade Europeia do Vinho 2015, iniciativa que a autarquia local quer aproveitar para promover a produção vitivinícola do concelho alentejano. Reguengos de Monsaraz sucede a Jerez de La Fron-tera (Espanha) como Cidade Europeia do Vinho, cuja distinção é atribuída pela RECEVIN.

“São os vinhos de Reguengos de Monsaraz e a sua gran-de qualidade que queremos promover, ao longo de 2015, com eventos que têm um palco europeu”, afirmou o presidente do município de Reguengos de Monsaraz, José Calixto.

O autarca sustentou que o sector tem “um valor económi-co muito forte” no concelho, tendo contribuído para os atuais índices de “desenvolvimento económico”, apesar do “contexto regional muito difícil”. “A sub-região de Reguengos de Monsa-raz produziu, nos últimos quatro anos, mais de 100 milhões de litros de vinho”, o que “demonstra bem” o valor económico que o sector vitivinícola representa para o concelho, referiu. Nes-se sentido, disse que “o município quer aproveitar este ciclo de eventos para valorizar o trabalho de centenas de agricultores da sub-região vitivinícola de Reguengos de Monsaraz”, no distrito de Évora, tendo como montra “um palco europeu”, através da Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN).

A Cidade Europeia do Vinho 2015 arranca oficialmente em Reguengos de Monsaraz, no sábado, com a entrega da “bandei-

Sucede a Jerez de La Frontera

Reguengos de Monsaraz é a Cidade Europeia do Vinho 2015

ra” e uma gala de passagem do testemunho, mas, para sexta--feira, está prevista uma recepção às comitivas, visitas a enotu-rismos e um espectáculo.

Na cerimónia oficial que marcou o início das comemora-ções, decorreu uma reunião do conselho de administração da RECEVIN e a assinatura de um convénio entre o município de Reguengos de Monsaraz, a rede e as anteriores Cidades Euro-peias do Vinho, bem como uma gala que assinalou o arranque oficial da Cidade Europeia do Vinho 2015, com a entrega da bandeira com a distinção à Câmara de Reguengos de Monsaraz. No espectáculo juntou-se o cante alentejano, o fado e o fla-menco, três expressões musicais classificadas como Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A I ViniReguengos, Simpósio Europeu de Confrarias Enogas-tronómicas, Congresso da Vinha e do Vinho e o colóquio “Pros-pecção em Larga Escala e Conservação da Diversidade das Cas-tas de Videira em Portugal” são algumas das iniciativas que vão ser organizadas ao longo do ano.

A Rede Europeia das Cidades do Vinho integra cidades da Alemanha, Áustria, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália e Portugal conhecidas pela qualidade da sua produção de vinho.

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BREVESFeira do Porco Alentejano 2015 aumenta área e número de expositores

A edição de 2015 da Feira do Porco Alentejano, que se

realiza em Ourique entre os dias 20 e 22 de Março, com en-tradas gratuitas, está a ser preparada para receber, uma vez mais, cerca de 50 mil visitantes.

Para o efeito a organização está a desenvolver o alar-gamento da área de exposição, que representa um aumento do número de expositores, estando já confirmados 130 divi-didos em seis sectores: produtos e enchidos de porco; pro-dutos alimentares; artesanato; espectáculos e tasquinhas; restauração; parque de diversões infantis.

Quintais no Mercado de Oleiros

O piso superior do Mercado Municipal de Oleiros vai aco-lher no próximo dia 8 de Março mais uma edição dos Quin-tais nas Praças do Pinhal. Aquela infra-estrutura está a ser alvo de obras de requalificação que pretendem tornar aque-le espaço mais cómodo e atraente para os seus utentes.

A iniciativa pretende chamar a atenção para as poten-cialidades daquele espaço público, aproximando-o a po-pulação. Com horário das 10 às 18 horas, naquele dia não faltará animação e muitas surpresas.

Feira de São Matias em Abrantes à beira do Tejo

A Feira de São Matias, este ano a decorrer no Aquapolis Sul (margens ribeirinhas do Tejo), em Rossio ao Sul do Tejo, foi inaugurada oficialmente no dia 20 de Fevereiro. Carros-séis, carros de choque, outros divertimentos, espaços com jogos electrónicos, barracas de quinquilharia, exposição, bares, roulottes de farturas, pipocas e algodão doce são al-gumas das atracções deste certame que vai realizar-se até dia 8 de Março.

Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara de Abrantes, salientou a importância da realização do certame: “Esta é uma feira secular, muito importante porque estimula economia local e as actividades económicas destas famílias. Há muitos feirantes que já fazem este certame há muitos anos uma vez que iniciam aqui o calendário anual deste tipo de festividades,” referiu.

Mais de 200 tocadores de concertina em Vilar

Dezenas de grupos de concertinas vão juntar-se dia 8 de Março à tarde, pelo terceiro ano consecutivo, na aldeia de Vilar, Moimenta da Beira, para uma demonstração de génios executantes. A organização estima que o terceiro encontro reúna, ao todo, mais de 200 tocadores. O evento é organi-zado pela associação “Ensaiaplauso”, com a colaboração da Câmara Municipal de Moimenta da Beira.

O programa tem início às 12 horas, com a recepção dos grupos, no parque da igreja, a que se seguirá o almoço que antecede a arruada dos tocadores, da Matriz ao edifício da Junta de Freguesia, onde actuarão em palco, um grupo de cada vez. No fim haverá cantares ao desafio por Maria do Carmo e Américo Silva que apadrinharão a associação or-ganizadora.

Câmara de Trancoso torna gratuita utilização do mercado de gado

A Câmara de Trancoso considera de relevância funda-mental para o desenvolvimento do concelho o incremento e valorização da actividade agro-pecuária. Nesta estraté-gia, assume particular destaque a revitalização e dinamiza-ção do Mercado de Gado de Trancoso, de modo a que este recupere o seu papel de mais importante polo regional de transacções de gado, como já foi no passado, constituindo assim, uma importante estrutura de auxílio à comercializa-ção para os produtores pecuários do concelho.

Neste sentido, e considerando que as taxas que vêm sendo cobradas naquele mercado podem ser pouco in-centivadoras da sua utilização, a autarquia deliberou, após acordo com a Cooperativa Bandarra, tornar totalmente gra-tuita a utilização do Mercado do Gado de Trancoso, durante o ano de 2015, não sendo cobradas aos utilizadores as taxas de entrada de animais e de desinfecção de viaturas.

ACOS promove leilão de bovinos em Beja

Realiza-se no próximo dia 12 de Março, pelas 10 horas, no Pavilhão da Pecuária - recinto da OVIBEJA, o primeiro Leilão de Bovinos.

Organizada pela ACOS, esta iniciativa, que representa um investimento significativo para a Associação, vem res-ponder aos anseios dos produtores de bovinos da zona sul do Alentejo de ter mais próximo das suas explorações um local de venda organizada da produção.

Os próximos Leilões terão uma periodicidade quinzenal ou mensal consoante o número de animais inscritos e reali-zam-se sempre à quinta-feira de manhã.

Município de Vila de Rei prossegue com plantação de medronheiros

Funcionários da Câmara de Vila de Rei deram seguimen-to à plantação de medronheiros do Município, num terreno da Autarquia localizado em Saborosa, perto da aldeia de Milriça.

A iniciativa traduziu-se na plantação de mais de 500 ár-vores, que se juntaram assim às mais de 1.000 plantadas em Dezembro de 2014, naquele que é um importante ponto de partida para a criação, em Vila de Rei, de uma infra-estrutura com lagar, destilaria e zona de embalamento, que levará a um potenciamento e melhor aproveitamento das fantásti-cas condições agrícolas e florestais existentes no concelho.

O presidente da Câmara de Vila de Rei, Ricardo Aires, es-teve presente nesta iniciativa, salientando que “o aprovei-tamento das fantásticas condições que o nosso Concelho possui a nível de floresta e agricultura deve ser potenciado ao máximo, para que possamos retirar o maior proveito e rendimento do nosso território. O município espera alargar esta plantação de medronheiros por um total de 16 hecta-res, dando o exemplo para que outras iniciativas semelhan-tes possam avançar no nosso concelho”.

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A Comissão Europeia atribuiu à Meloa de Santa Maria, no arquipélago dos Açores, a classificação de Indicação Geográfica Protegida (IGP), passan-do o fruto a integrar uma lista que conta já com quase 1.200 produtos regionais. A meloa em cau-sa, cultivada na ilha açoriana de Santa Maria, foi classificada devido ao seu sabor doce e suculento quando madura e ao elevado teor de vitamina C, muito superior à média das meloas comuns.

A IGP é a classificação ou certificação oficial regulamentada pela União Europeia atribuída a produtos gastronómicos ou agrícolas tradicional-mente produzidos numa região. Para um produto obter a classificação de IGP, tem de ficar demons-trado que pelo menos uma parte do seu ciclo pro-dutivo tem origem no local que lhe dá o nome e que tem uma “reputação” associada a essa mes-ma região, de tal forma que é possível ligar algu-mas das características do produto aos solos, ao clima, às raças animais, às variedades vegetais ou ao saber fazer das pessoas dessa área.

Cultivada na ilha açoriana

Meloa de Santa Maria é produto com Indicação Geográfica Protegida

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