gazeta rural nº 211

40
www.gazetarural.com Director: José Luís Araújo | N.º 211 | 15 de Outubro de 2013 | Preço 2,00 Euros O mundo ao contrário Clima Castanha em Festa em Sernancelhe e Vinhais Mostra do Medronho e da castanha em Oleiros Festa da Maça em Armamar

Upload: jose-araujo

Post on 09-Mar-2016

230 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

As alterações climáticas voltam a estar em destaque na Gazeta Rural, um tema que nos preocupa a todos e que nos é caro. Mas, nem só de preocupações com o clima ‘vive’ a actualidade. As Festas da Castanha, em Vinhais e Sernancelhe, a Festa da Maçã, em Armamar, a Mostra do Medronho e da Castanha, em Oleiros, o ‘Mercado Magriço’, em Penedono são algumas opções para um roteiro num dos próximos fins-de-semana. Mas há mais para ler na edição nº 211, de 15 de Outubro, da Gazeta Rural.

TRANSCRIPT

Page 1: Gazeta rural nº 211

w w w . g a z e t a r u r a l . c o mDirector: José Luís Araújo | N.º 211 | 15 de Outubro de 2013 | Preço 2,00 Euros

O mundoao contrário

Clima

Castanha em Festa em Sernancelhe e Vinhais

Mostra do Medronho e da castanha em Oleiros

Festa da Maça em Armamar

Page 2: Gazeta rural nº 211
Page 3: Gazeta rural nº 211

MancheteOu

trOs

dest

aque

s

6

4

1710

9

11

AgriculturaPreservar o ambiente é o novo desafio

Os agricultores europeus têm condições para dar resposta à ne-cessidade de aumentar a produção mundial de alimentos em 60%, até 2050, e consideram que a melhor via é a intensificação susten-tável da agricultura. Este foi o tema central do Fórum para o Futuro da Agricultura na Europa (FFA), realizado em Lisboa, com a co-orga-nização da Syngenta.

Clima pode mudar dentro de 30 anosA Terra pode ter um clima radicalmente diferente

do actual já daqui a 34 anos, mudando para sempre a vida como a conhecemos, sustenta um estudo que pretende chamar a atenção para os perigos do aque-cimento global.

Ponta Delgada“Wine In Azores” de 25 a 27 de Outubro

É um dos eventos que marca esta altura do ano no arquipélago dos Açores. O Pavilhão do Mar, em Ponta Delgada recebe o “Wine In Azores”, um evento vínico que visa mostrar o melhor da gastronomia, com destaque para o peixe dos Açores, com os melhores vinhos re-gionais e nacionais.

Vinhais: ‘Rural Castanea’ de 25 a 27 de OutubroVinhais recebe a Rural Castanea, a primeira feira do calendário

dedicada à castanha, mas também a outros produtos da terra. O certame tem este ano muito atractivos, como o aumento da área de exposição em mais 3000 metros quadrados, fruto da grande procura de expositores às feiras promovidas pela autarquia de Vinhais.

SernancelheFesta da Castanha de 25 a 27 de Outubro

O Expo Salão de Sernancelhe abre as portas para a edição 2013 da Festa da Castanha. O certame do género com maior longevidade na região, conta este ano com um programa repleto de actividades culturais, desportivas e também acções técnicas de valorização da castanha enquanto produto determinante para a economia local.

Oleiros: VII Mostra do Medronho e da Castanha Vai realizar-se de 1 a 3 de Novembro, a VII edição da Mostra do Me-

dronho e da Castanha, um evento temático que compreende diversas actividades. Promovido pelo município de Oleiros, em parceria com a associação Pinhal Maior.

34

14

Incêndios:As lições de 2013

O período crítico de incêndios florestais chegou ao fim com mais um ano negro para a floresta portuguesa. Com cerca de 135.000 ha de área ardida contabilizados no final de Setembro, 2013 apresenta a pior registo desde 2005.

Armamar : Festa da MaçãA Maçã de Montanha é o produto de excelência do concelho de

Armamar e a autarquia local está empenhada em promove-la. Para o efeito, vai levar a efeito nos dias 26 e 27 de Outubro a sexta edição da Festa da Maçã, evento que pretende divulgar este fruto e outros produtos de qualidade do concelho.

SEDE: Lugar o Barbeiro - Est. Aeródromo 3515-342 CAMPO VISEU Tel.: 232 424 182 - E-mail: [email protected] - www..magril.pt FIlial: EN 111 - Quimbres - 3025-528 SÃO SILVESTRE COIMBRA

SEDE: Lugar o Barbeiro - Est. Aeródromo 3515-342 CAMPO VISEU Tel.: 232 424 182 - E-mail: [email protected] - www..magril.pt FIlial: EN 111 - Quimbres - 3025-528 SÃO SILVESTRE COIMBRA

MAGRILMAGRILMáquinas Agrícolas LdaMáquinas Agrícolas Lda

SEDE: Lugar o Barbeiro - Est. Aeródromo 3515-342 CAMPO VISEU Tel.: 232 424 182 - E-mail: [email protected] - www..magril.pt FIlial: EN 111 - Quimbres - 3025-528 SÃO SILVESTRE COIMBRA

Page 4: Gazeta rural nº 211

4 www.gazetarural.com

Os perigos do aquecimento global

Estudo mostra como clima pode mudar ‘radicalmente’

dentro de 30 anos

Page 5: Gazeta rural nº 211

5www.gazetarural.com

A Terra pode ter um clima radicalmente diferente do actual já daqui a 34 anos, mudando para sempre a vida como a conhecemos, sustenta um estudo que pretende chamar a atenção para os perigos do aquecimento global.

Se se mantiverem os actuais níveis de emissões de gases com efeito de estufa, 2047 será o ano em que o clima da maior parte da Terra mudará para além dos extremos documentados, de acordo com o estudo. Esta data é adia-da até 2069 num cenário em que as emissões da combustão de combustível fóssil sejam estabilizadas, indica uma análise de projecções climáticas publi-cada na revista científica Nature.

“Os resultados chocaram-nos”, disse das descobertas o autor coordenador do estudo, Camilo Mora, do departamento de Geografia da Universidade do Hawai. “Passada a minha geração, qualquer que seja o clima a que estejamos habituados, será uma coisa do passado”, acrescentou.

A maioria dos estudos climáticos prevê mudanças globais moderadas até uma data-limite escolhida ao acaso como 2100. O novo estudo optou por uma estratégia diferente, distinguindo entre diferentes áreas do mundo e pro-curando identificar o ano em que as mudanças climáticas ultrapassarão o pa-tamar em que eventos meteorológicos antes vistos como extremos passam a ser a norma e debruçou-se sobre aspectos como temperatura do ar e do mar, queda de precipitação e acidez dos oceanos. “Independentemente do cenário, as mudanças chegarão em breve, obrigando as espécies a adaptar--se, mudar-se ou morrer”, afirmou Mora.

“O trabalho demonstra que estamos a empurrar os ecossistemas do mundo para fora do ambiente em que evoluíram e para condições completamente novas com as quais eles poderão não ser capazes de lidar. É provável que daí resultem extinções”, comentou Ken Caldeira, do departamento de Ecologia Global da Carnegie Institution for Science.

Os trópicos poderão ser atingidos mais cedo e com maior severidade, de acordo com o estudo.

As plantas e os animais tropicais não estão habituados a variações climá-ticas e, por isso, são mais vulneráveis a mudanças, ainda que pequenas. “Os trópicos têm a maior diversidade mundial de espécies marinhas e terrestres e vão enfrentar condições climáticas sem precedentes 10 anos antes que qual-quer outro ponto na Terra”, referem os autores do estudo numa declaração. São também onde reside a maioria da população mundial e contribuem sig-nificativamente para a produção alimentar global. “Sobretudo em países em desenvolvimento, mais de mil milhões de pessoas, num cenário optimista, e cinco mil milhões, num cenário realista, vivem em áreas que vão sofrer altera-ções climáticas extremas antes de 2050”, aponta o co-autor do estudo Ryan Longman. “Isto levanta preocupações quanto a alterações no abastecimen-to de comida e água, saúde humana, disseminação de doenças infecciosas, stress provocado pelo excesso de calor, conflitos e desafios às economias”, sublinhou, acrescentando que os resultados do estudo sugerem que “os pri-meiros países atingidos pelas alterações climáticas sem precedentes serão aqueles que menos capacidade têm para reagir”.

Num cenário em que as emissões de dióxido de carbono se mantêm nos actuais níveis, a equipa previu datas de “desaparecimento do clima” que vão de 2020 para Manokwari, na Indonésia, 2029 para Lagos, na Nigéria, e 2031 para a Cidade do México, a 2066 para Reiquiavique, na Islândia, e 2071 em Anchorage, no estado norte-americano do Alasca.

“Desaparecimento do clima” é o ponto a partir do qual os extremos me-didos nos últimos 150 anos, o período em que os dados meteorológicos são considerados fiáveis, passam a ser a norma.

A data de 2047 baseia-se num cenário em que os níveis de dióxido de car-bono (CO2) na atmosfera se mantêm inalterados. Actualmente pouco abaixo de 400 partes por milhão, atingirão 936 partes por milhão em 2100, o que implica uma subida média da temperatura durante este século de cerca de 3,7 graus Celsius.

A data de 2067 baseia-se num abrandamento das emissões de gases com efeito de estufa, atingindo 538 partes por milhão em 2100, o que represen-ta um aquecimento durante este século de cerca de 1,8 graus Celsius. Cerca de 0,7 graus Celsius devem ser somados a estas temperaturas para incluir o aquecimento ocorrido desde o início da Revolução Industrial até 2000.

A ONU estabeleceu o objectivo de limitar o aquecimento a dois graus Cel-sius em relação aos níveis pré-industriais.

Page 6: Gazeta rural nº 211

6 www.gazetarural.com

Os agricultores europeus têm condições para dar resposta à necessidade de aumentar a produção mundial de alimentos em 60%, até 2050, e consideram que a melhor via é a intensificação sustentável da agricultura. Este foi o tema central do Fórum para o Futuro da Agricultura na Europa (FFA), realizado em Lisboa, com a co-organização da Syngenta.

Cerca de 400 especialistas estiveram reunidos no Fórum para o Futuro da Agricultura na Europa (FFA), em Lisboa, para debater o maior desafio da actualidade: produzir mais alimentos, pre-servando o ambiente. Desta reunião resultou “um conjunto de opiniões fundamentadas que possibilitam que cada vez mais o sector agrícola se posicione também como um sector ambien-tal”, concluiu a organização do FFA.

O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, que encerrou o evento, sublinhou a pertinência do FFA e o importante contributo deste debate para o desenvolvimen-to das políticas públicas. Francisco Gomes da Silva lembrou o “crescente reconhecimento público da agricultura em Portugal” e disse que “os agricultores estão a usar cada vez mais tecnolo-

Conclusões do Fórum para o Futuro da Agricultura na Europa

Alimentar o mundo preservando o ambiente é o novo desafio

gia sustentável do ponto de vista ambiental”, dando o exemplo da “agricultura de regadio, onde a eficiência do uso da água aumen-tou em mais de 30% na última década”.

O governante enunciou o desafio de “encontrar formas de valo-rizar os recursos naturais da floresta, cujo maior estrangulamento é a deficiente estrutura fundiária nas regiões Norte e Centro do país, uma reestruturação que demorará mais do que uma década a pôr em prática”. Francisco Gomes da Silva defendeu que “cabe aos produtores uma parte do esforço para que o mercado reco-nheça o uso sustentável dos recursos” e ao Estado “ser catalisa-dor de práticas que conduzam à conservação dos recursos”.

Thierry de l’Escaille, secretário-geral da Organização Europeia de Proprietários Rurais (ELO), uma das entidades organizadoras da FFA, disse que o objectivo deste Fórum “é descobrir novas for-mas de aumentar a produção e ajudar as economias portuguesa e europeia, reflectindo sobre como aplicar tecnologia que leve à sustentabilidade” e deixou uma crítica às “políticas europeias que, por vezes, não olham para as oportunidades de mercado com vis-ta a alimentar a população mundial crescente”.

Page 7: Gazeta rural nº 211

7www.gazetarural.com

The good growth plan

Alain-Dominique Quintart, responsável de relações institucio-nais da Syngenta, empresa que co-organiza o FFA com a ELO desde a primeira edição há sete anos, defendeu “que a agricultu-ra pode ser intensiva mas sustentável, uma ideia profundamente enraizada na Syngenta”. A este propósito deu a conhecer o “The good growth plan”, um projecto anunciado no final de Setembro, através do qual a Syngenta assume, a nível internacional, seis compromissos, até 2020. Ajudar a aumentar a produtividade média das culturas agrícolas em 20% sem usar mais terra e água; melhorar a fertilidade de 10 milhões de hectares de terras aráveis; aumentar a biodiversidade em cinco milhões de hectares de ter-ras; ajudar 20 milhões de pequenos agricultores a duplicar a sua produtividade; treinar 20 milhões de agricultores a trabalhar de forma mais segura e garantir condições de trabalho mais justas em toda a cadeia de fornecedores da empresa são as metas a atingir.

Novos mercados e novas formas de produção

No painel “Visão Global: Novos mercados, novas formas de produção e desenvolvimento económico” foi recordado que mais de um sexto da população mundial não tem acesso a água potá-vel. Barun Mitra, especialista em direito da propriedade, questões ambientais e agrícolas, do Liberty Instituto de Nova Deli, Índia, re-cordou que “agricultura é sinónimo de pobreza nos países onde o uso da água é ineficiente, dando o exemplo da Índia, onde 50% da população depende da agricultura, mas consume mais de 80% da água disponível”.

Sobre novos mercados, Bernardo Pacheco de Carvalho, pro-fessor associado do Instituto Superior de Agronomia, disse que “a Europa só poderá potenciar a sua capacidade excedentária se se abrir ao mundo, potenciando as ligações com África, a América Latina e os países dos trópicos”. João Lé, Administrador da Por-tucel Soporcel Florestal, recordou que nos últimos anos em Por-tugal dois em cada três empregos foram gerados no sector agro-

florestral, e deu o exemplo de produtos inovadores gerados no subsector das florestas: embalagens à base nas fibras naturais, biotêxteis, biocompostos ou papel inteligente.

Nova PAC, verde mas polémica

Os agricultores terão de aumentar a produção mundial de alimentos em 60% até 2050 para conseguir alimentar a popu-lação mundial, segundo as estimativas dos especialistas. Este é um desafio para a União Europeia e os seus agricultores. Eric Peters, conselheiro do BEPA - Bureau of European Policy Advi-sers para o presidente da Comissão Europeia, considera que “a única posição da UE é a excelência e a inovação baseada em elevados standards de qualidade”, onde se enquadram as me-didas de “greening” previstas na futura PAC. Recorde-se que o orçamento da PAC, já aprovado, prevê, até 2020, um investi-mento de 100 biliões de euros em medidas ambientais aplicadas à agricultura.

Eduardo Diniz, director do Gabinete de Planeamento e Políti-cas do Ministério da Agricultura, explicou que a nova PAC “remu-nera os bens públicos ambientais, que são uma boa oportunida-de para as explorações agrícolas”. Segundo este responsável, o governo português procurará na distribuição nacional dos apoios comunitários um “equilíbrio entre os sectores com gran-de produtividade e outros sectores menos produtivos, mas que espalham a sua actividade ao longo de todo o território”.

As críticas à nova PAC fizeram-se ouvir pela voz dos proprie-tários rurais europeus. Allan Buckwell, investigador do Instituto de Política Europeia do Ambiente e especialista do ELO para a reforma da PAC, disse que “temos uma PAC mais pequena, com um orçamento reduzido em 11%”, acrescentando que as medi-das de greening são “muito fortes em retórica, mas fracas em acção, porque a ambição inicial da Comissão Europeia foi barra-da pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu”. Apesar de elogiar o “papel mais social” da actual reforma, questiona se esta PAC vai realmente contribuir para aumentar a produtivida-de da agricultura europeia.

Cont. pág. 8

Page 8: Gazeta rural nº 211

8 www.gazetarural.com

Portugal dá exemplo no uso sustentável dos recursos

O último painel do FFA discutiu a produção e uso sustentá-vel dos recursos. Os oradores deram exemplos práticos do que está a ser feito em Portugal. É o caso do projecto europeu Wil-dlife Estates, que atribui selos de qualidade a zonas de caça onde se promove a conservação dos recursos naturais. Há 40 propriedades certificadas em Portugal com este selo, segun-do João Carvalho, secretário-geral da Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC), co-organizadora do FFA.

Os exemplos existem também nos sectores das grandes cul-turas e dos produtos hortofrutícolas. João Coimbra, produtor de milho no Ribatejo, demonstrou como aumentou a rentabi-lidade da sua exploração através de uma gestão mais eficien-te do uso da terra e da água e como está reduzir emissões de CO2 em 40%, para compensar as emissões geradas pela rega, através de painéis fotovoltaicos para produção de energia eléctrica. Da mesma forma demonstrou como é possível pro-mover a biodiversidade através da instalação de margens mul-tifuncionais como as margens Operation Pollinator. “É possível conciliar empresas intensivas e ambientalmente sustentáveis”, garantiu este agricultor.

No Alentejo pratica-se horticultura intensiva no Parque Na-tural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, integrado no perímetro de rega do Mira. Diversas empresas comprovam ali

diariamente que agricultura e ambiente são compatíveis e finan-ceiramente viáveis, exportando milhares de toneladas de produ-tos hortícolas e flores para cadeias de supermercados em toda a Europa, que lhes exigem certificação com referenciais de qualida-de e ambientais. “Produzir dentro de um parque natural é para nós uma mais-valia”, garante Paul Dolleman, presidente da Associa-ção de Horticultores do Sudoeste Alentejano (AHSA).

No sector da floresta, Portugal tem mais de 120 mil hectares certificados com FSC, um selo internacional que atesta uma ges-tão florestal sustentável. António Gonçalves Ferreira, presidente da União da Floresta Mediterrânica (UNAC), lembrou porém que estes investimentos só são viáveis “se valerem a pena em termos económicos, e para tal precisamos de instrumentos políticos para os pôr em prática”. A UNAC é co-organizadora do FFA Lisboa.

Paula Sarmento, presidente do conselho directivo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), reconheceu que é necessária a “especialização de territórios para agricultura intensiva e outros que servirão para conservar a biodiversidade”, considerando que a certificação da gestão florestal é uma ferra-menta para aumentar a produção florestal, mantendo a biodiver-sidade.

A próxima edição do Fórum para o Futuro da Agricultura na Eu-ropa está já agendada para 1 de Abril, em Bruxelas, tendo como tema central o acordo de livre comércio entre a União Europeia e os EUA.

Page 9: Gazeta rural nº 211

9www.gazetarural.com

Vinhais recebe de 25 a 27 de Outubro a Rural Castanea, a primeira feira do calendário dedicada à castanha, mas também a outros pro-dutos da terra. O certame tem este ano muito atractivos, como o au-mento da área de exposição em mais 3000 metros quadrados, fruto da grande procura de expositores às feiras promovidas pela autarquia de Vinhais.

Em conversa com a Gazeta Rural, Carla Alves, responsável pela organização do certame, espera uma grande feira, com muita cas-tanha e com muita gente a demandar o nordeste transmontano.

Gazeta Rural (GR): A Rural Castanea é a grande feira da cas-tanha do norte?

Carla Alves (CA): Esta é a grande feira de Trás-os-Montes e é, também, a primeira do ano ligada a castanha. Outros concelhos também fazem, e bem, a promoção deste produto de Outono, mas Vinhais é, no calendário, a primeira que se realiza e, também por isso, talvez mais apetecida, porque o primeiro fruto a cair é sempre o mais apetecido.

Vai ser um fim-de-semana em que esperamos haja muito cas-tanha, pois a chuva também ajudou bastante a que seja uma boa colheita e, por isso também, esperamos ter uma grande feira, com muita gente e com muita venda de castanha durante estes dias.

GR: A feira tem um programa bastante atractivo?CA: O certame é bastante idêntico aos anos anteriores, com um

programa para os três dias de sexta a domingo, mas há, obviamen-te, alterações e coisas novas que iremos fazer. Destaco, neste fim--de-semana, em colaboração com outras organizações, um raide todo o terreno e um passeio de BTT. Irá também decorrer o lança-mento do livro “Memorias da Maria Castanha”, do Doutor Jorge Laje.

Depois na área do mundo rural, e ligado aos cavalos e aos tou-ros, teremos na nossa praça de touros muitas actividades, como demonstração equestre de cavalos, mas também a primeira prova do Campeonato Regional de Perícia Equestre a ser feita em Vinhais, no dia 26.

Portanto, temos um programa cheio de actividades, em que não podemos deixar de referir também o grande magusto com a família do Tio João, um homem sobejamente em Trás-os-Montes e que traz um clube de fãs enorme atras dele, e, no domingo, o programa da TVI “Somos Portugal”, com seis horas de emissão em directo de Vinhais.

GR: Há um aumento da área de exposição?CA: Vamos ter mais três mil metros quadrados de área de ex-

posição do que em anos anteriores. Teremos, por isso, muito mais expositores, isto porque a procura das nossas feiras tem sido mui-to grande, porque as pessoas também associam a organização à Feira do Fumeiro. Este ano vamos poder receber mais cerca de uma centena de expositores do que nos anos anteriores. Para isso, no mesmo patamar em que fazemos a Feira da Castanha, teremos uma área de exposição bastante grande para podermos receber os mui-tos expositores que nos procuram para esta feira.

GR: Expositores de que área?CA: Esta é uma feira bastante rural, das colheitas de Outono. Por-

tanto, para além do destaque maior à castanha, teremos compotas, licores, vinhos, frutos secos, como as nozes, mas tambem os cogu-melos, o mel e outros produtos da região.

De 25 a 27 de Outubro em Vinhais

“Rural Castanea” é “a grande feira de Trás-os-Montes”

Page 10: Gazeta rural nº 211

10 www.gazetarural.com

De 25 a 27 de Outubro, o Expo Salão de Sernancelhe abre as portas para a edição 2013 da Festa da Castanha. O certame do género com maior longevidade na região, conta este ano com um programa repleto de actividades culturais, desportivas e também acções técnicas de valorização da castanha enquanto produto determinante para a economia local.

A edição deste ano da Festa da Castanha, organizada pelo Mu-nicípio de Sernancelhe, com o apoio de Beira Douro – Associação de Desenvolvimento do Vale do Douro e PRODER, é o corolário de mais de duas décadas de aposta na castanha como fruto com uma importância cada vez maior na economia local. Dinamizado-ra do tecido empresarial local, a castanha e as magníficas paisa-gens de soutos das encostas de Sernancelhe desvendam todo o seu potencial com a realização do Percurso Pedestre pela Rota da Castanha e do Castanheiro e também com o Passeio BTT que traz ao Concelho milhares de pessoas por estes dias.

A aposta do município na castanha ganhou um novo incentivo com a celebração, em 2010, do protocolo com a Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro (UTAD), tendo como objectivo o acompa-nhamento por técnicos da produção de castanha e tratamento dos soutos, a análise dos solos, a criação de campos de ensaio e a des-coberta de novas soluções que combatam as doenças dos soutos e, ao mesmo tempo, potenciem o aumento da produção.

Deste protocolo fazem parte também acções teóricas como a reali-zação da Palestra “Castanha, Redescobrindo o alimento do século XXI”, por José Gomes Laranjo, docente da UTAD, no Auditório Municipal, na tarde de 26 de Outubro, pretendendo fazer chegar aos produtores a in-formação actualizada sobre a castanha e os castanheiros.

Ao longo destes três dias, destaque para as iniciativas que permitem aos visitantes conhecer os soutos e contactar com a natureza. No capítulo do desporto, e aproveitando o Percurso Pedestre Rota da Castanha, a edição da Festa da Castanha 2013 oferece um passeio, organizado pelo Ambula IPSS – Associação dos Funcionários do Município de Sernancelhe, que percorre sou-

Em festa de 25 a 27 de Outubro

Sernancelhe é a “Terra da Castanha”tos com séculos de existência, garantindo assim uma viagem única aos locais onde “nasce” uma das melhores castanhas do Mundo.

Já a sexta edição do Passeio BTT, que conta com a colabora-ção da Casa do Benfica de Sernancelhe, do Núcleo Desportivo e Cultural de Vila da Ponte, Bombeiros Voluntários e Associação Desportiva e Recreativa da Sarzeda, pretende superar a do ano passado, que contou com mais de 600 inscrições. De todo o país aguardam-se amantes do desporto, mas também da natureza e da cultura destas terras da Beira. Atraídos pelos aromas da castanha, os participantes terão oportunidade de pedalar por uma das mais belas manchas de castanheiros do país, conhecer a paisagem deslumbrante da serra e do vale, o património arqui-tectónico e provar a excelente gastronomia local. Para os acom-panhantes dos bttistas, a organização preparou todo um pro-grama de visita e ocupação durante a estada por Sernancelhe.

No interior do Exposalão, por entre produtores e transfor-madores de castanha, juntas de freguesia e restaurantes, que proporcionarão uma mostra da gastronomia local associada à castanha, estará naqueles dias o que melhor define o concelho de Sernancelhe. Destaque também para o concurso da melhor castanha com Denominação de Origem Protegida “Soutos da Lapa”, que decorrerá durante a Feira, sendo os vencedores co-nhecidos apenas no último dia do certame.

Animada por grupos locais de concertinas e fado à desgarra-da, pela Banda Musical 81 de Ferreirim, pelo Rancho Folclórico de Sernancelhe e de Arnas, a Festa da Castanha oferecerá tam-bém um programa repleto de acções em torno da castanha e do castanheiro, como os concursos da melhor montra e melhor doce de castanha, idealizados para incentivar à participação do comércio local na Festa da Castanha.

Ao longo destes três dias, Festa da Castanha é sinónimo de animação, cultura, gastronomia, informação técnica aos produ-tores, convívio e homenagem à castanha.

Page 11: Gazeta rural nº 211

11www.gazetarural.com

De 1 a 3 de Novembro no centro da Vila

Oleiros promove VII Mostra do Medronho e da Castanha

Oleiros com a realização da Maratona de BTT “Rota do Medronho” e da Caminhada “Rota da Castanha”, integradas na Mostra do Medronho e da Castanha que decorrerá de 1 a 3 de No-vembro. As duas actividades têm início pelas 9 horas, no Jardim Municipal. A caminhada tem um grau de dificuldade média-alta e ao longo de 9 quilómetros irá percorrer as ser-ranias de Oleiros, passando por alguns dos centenários castanheiros que povoavam estas terras antigamente. A participação é gratuita e as inscrições podem ser efectua-das através do telefone 272 680 130.

A maratona de BTT é organizada pela As-sociação Pinhal Total e para além do percurso de 50 km, existe ainda um percurso destinado à meia-maratona (25 km) e está ainda pre-vista a realização de um passeio guiado para quem não quiser entrar na alta competição. A actividade insere-se ainda nas comemora-ções do Ano Internacional para a Cooperação pela Água, pelo que os participantes irão cer-tamente poder desfrutar das paisagens de um concelho que deve a sua toponímia aos muitos “olhos d´água” (fontes e nascentes) existentes pelo território.

Vai realizar-se de 1 a 3 de No-vembro, a VII edição da Mostra do Medronho e da Castanha, um evento temático que compreen-de diversas actividades. Promovi-do pelo município de Oleiros, em parceria com a associação Pinhal Maior, este é já um acontecimento reconhecido a nível nacional e que conta anualmente com a afamada Mostra Gastronómica, Caminhada Rota da Castanha, Maratona de BTT Rota do Medronho, organiza-da pela associação Pinhal Total, a bem-sucedida Mostra de Produ-tos Locais numa tenda situada no centro da vila e a sessão de teatro “Viagem”.

O evento começa a envolver cada vez mais a comunidade local, mobilizando os comerciantes que aderem a esta iniciativa, os quais decoram as suas montras com os dois frutos em destaque na Mos-tra: a castanha e o medronho. Este último, conhecido como o fruto do medronheiro, insere-se na catego-ria dos pequenos frutos, tal como o mirtilo, cujo mercado se encontra em franca expansão.

Sessão de esclarecimento sobre o Projecto “+ Terra”

Vai ter lugar no próximo dia 22 de Outubro, pelas 10,30 horas, no au-ditório da Casa de Cultura de Olei-ros, uma sessão de esclarecimento sobre o Projecto “+ Terra”. A inicia-tiva destina-se a todos os produto-res e demais interessados, da zona do pinhal, que estejam dispostos a ser parceiros do projecto.

Com o apoio da Câmara Oleiros, este projecto resulta da iniciativa de um grupo de jovens que pre-tende criar uma cooperativa, cuja actividade consiste na comercia-lização e divulgação dos produtos do Pinhal Interior Sul.

Rotas do Medronho e da Castanha concentram

desporto de natureza

Se é amante do desporto de na-tureza, no próximo dia 3 de Novem-bro todos os caminhos o levam a

Oleiros assinala 500 anos de Foral

A 20 de Outubro de 2013 assinala-se a passagem dos 500 anos sobre a atribuição do foral manuelino, ou foral novo, a Oleiros. Recorde-se que esta vila do Pinhal Interior já possuía foral desde o reinado de D. Sancho I (no séc. XIII), o chamado foral velho, ou seja há mais de 800 anos.

A atribuição do foral manuelino a Oleiros, para além de reforçar a antiguidade daquelas terras, foi fundamental para o seguimento das directi-vas régias da governação e no municipalismo de outrora. Com estas comemorações, pretende-se assim homenagear todos os oleirenses que fazem daquela a sua pátria, por naturalidade ou por escolha.

As celebrações têm vindo a decorrer des-de 2011, com a produção de feiras de épo-ca ou com o lançamento de livros, e para o próximo dia 20 de Outubro (domingo) está prevista a realização da conferência “A pre-sença do foral velho nas determinações do foral manuelino de Oleiros”, pelo Doutor Leonel Azevedo, que terá lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Oleiros.

Page 12: Gazeta rural nº 211

12 www.gazetarural.com

A 8 e 9 de Novembro

Penedono mostra potencialidades económicas no “Mercado Magriço”

De 19 a 27 de Outubro não falta animação num certame de raízes tradicionais

Cadaval celebra o final das colheitas na Festa das Adiafas

Regressa ao Cadaval, de 19 a 27 de Outubro, a XII edição do certame “Festa das Adiafas e Festival Nacional do Vinho Leve”, iniciativa que visa celebrar o final das colheitas e promover a generalidade dos produtos regionais. Gastronomia, exposições, espectáculos, actividades equestres e colóquios voltam a ani-mar a vila cadavalense ao longo de nove dias.

A Festa das Adiafas, que volta a realizar-se no recinto junto ao Campo da Feira, é um certame cujas origens remontam aos tempos áureos das vindimas. A “adiafa” significava exactamente a refeição oferecida pelos proprietários vinhateiros aos seus tra-balhadores no final da campanha agrícola, em sinal de gratidão pelo esforço e também como forma de assinalar o fim do ciclo produtivo.

Penedono vai levar a efeito mais uma edição do “Mercado Magriço”, evento que pretende, acima de tudo, ser montra das potencialidades económicas concelhias, um espaço onde se pretende promover o artesanato, a gastronomia, a pecuária e restantes actividades agrícolas, comerciais e industriais, assi-milando-as como catalisadores do tecido económi-co concelhio.

Organizado pela Câmara local, o “Mercado Magri-ço” tem lugar nos dias 8 e 9 de Novembro e tem por objectivo cumprir os objectivos a que o município de Penedono “cedo se propôs, que é o de caminhar lado a lado com os produtores, empresários e artífices do concelho, na certeza de que juntos, a afirmação de Penedono, dos produtos e dos bens produzidos serão uma realidade e que marcarão presença assí-dua nos mercados nacionais e, porque já que se vem verificando, internacionais”, refere a autarquia em comunicado.“É esse querer, é essa certeza que move a organização deste evento”, acrescenta a edilidade, que “pretende com este evento uma dinâmica capaz de gerar a envolvência de todo o concelho mas, tam-bém, de todos aqueles que por esta altura nos visi-tam, sejam eles turistas ou potenciais investidores”. O espaço do “Mercado Magriço” não será somente local de intercâmbio e mostra comercial, envolvendo também várias iniciativas de índole cultural que vi-sam gerar a animação necessária a qualquer evento deste género.

Assim se constrói o “Mercado Magriço”, “mas a sua existência só é possível se pudermos contar com a presença de todos”. Fica o desafio para uma visita ao “Mercado Magriço”, ao mesmo tempo que os vi-sitantes podem descobrir os encantos de Penedono, aproveitando para passar um fim-de-semana rela-xado, diferente, sentindo o pulsar das gentes daquela região beirã, encontrando nos seus produtos aquilo que procura.

Dando seguimento ao antigo “Baile das Vindimas” – antiga tradição da responsabilidade da associação de bombeiros locais que remonta ao final dos anos 50 –, a Câmara Municipal quis, em finais da década de 90, consagrar um certame a este momen-to alto para o concelho do Cadaval, do ponto de vista cultural e económico, começando anualmente a celebrar um evento co-memorativo, que apelidaria de “Festa da Adiafa das Vindimas”. Em 2002, esta iniciativa municipal passaria a chamar-se “Festa das Adiafas”, no intuito de abarcar não só a celebração da actividade vitivinícola como de toda a produção de origem regional, nomea-damente a Pera Rocha do Oeste (de que o Cadaval é o principal concelho produtor e exportador), mas também artesanal e de ou-tros sectores da vida socioeconómica e cultural da região.

Page 13: Gazeta rural nº 211

13www.gazetarural.com

Page 14: Gazeta rural nº 211

14 www.gazetarural.com

Nos dias 26 e 27 de Outubro

Armamar promove Festa da Maçã de Montanha

Page 15: Gazeta rural nº 211

15www.gazetarural.com

loriza, e muito, a produção da maçã. Agora, é evidente que te-mos que lutar, e vamos ter que conseguir, que o concelho seja totalmente coberto pela rega. Nao vai ser exclusivamente pela barragem, porque me parece que é impossível, mas por projectos alternativos de captação de águas e de reservatórios para cobrir a 100% a área de produção de maçã. A água é um bem precioso para se conseguir fruto de qualidade, mas também para a compe-titividade dos nossos fruticultores.

GR: Há uma área que preocupa os fruticultores, que é a ques-

tão do frio?JPF: O município não quer ser um promotor mas um parceiro

privilegiado na área da conservação do fruto. Temos a noção que a produção está a crescer de uma forma muito rápida e temos que nos preocupar com a conservação do produto.

A produçao estimada do ano passado foi de 60 mil toneladas e Armamar tem uma capacidade de frio para 15 a 20 mil toneladas de fruto, o que quer dizer que há cerca de 40 mil toneladas que não têm essa cobertura em termos de conservação, o que pode causar um problema sério no futuro.

Neste aspecto o município já tem neste área alguns projectos para o futuro, onde pretende ser parceiro, envolvendo todos os intervenientes, quer da produção, quer da comercialização, para que não deixemos desvalorizar um produto que hoje é reconheci-do e valorizado pelas suas características e qualidade.

Queremos também criar sinergias na região. Estamos muito sa-tisfeitos com o que conseguimos em Armamar, como, com cer-teza, estarão Moimenta da Beira, Lamego e Tarouca, mas temos que, de uma vez por todas, olhar para isto como uma região e não para um conjunto de municípios, em que cada um trabalha para si, para aquilo que são as suas fronteiras, em detrimento de um produto que tem que ser valorizado em termos regionais, até para ganharmos escala e poder negocial, perante aqueles que possam ser os nossos clientes.

A Maçã de Montanha é o produto de excelência do concelho de Armamar e a autarquia local está empenhada em promove--la. Para o efeito, vai levar a efeito nos dias 26 e 27 de Outubro a sexta edição da Festa da Maçã, evento que pretende divul-gar este fruto, mas também outros produtos de qualidade do concelho, como o vinho, o fumeiro e o queijo, mas também a gastronomia. O certame é organizado pelo Município de Arma-mar e pela Associação dos Fruticultores de Armamar, em arti-culação com vários agentes económicos, sociais e culturais do concelho. Em conversa com a Gazeta Rural o novo presiden-te da Câmara de Armamar defende a necessidade de falar da maçã “de uma forma mais abrangente”, referindo do facto dos concelhos limítrofes de Armamar terem também produções significativas. João Paulo Fonseca está empenhado, enquan-to autarca, em ajudar a resolver alguns problemas do sector, como a questão da comercialização, que diz, “deve acom-panhar a evolução da produção”, mas também a questão da água, “um bem precioso para se conseguir fruto de qualidade”.

Gazeta Rural (GR): Que feira teremos este ano?João Paulo Fonseca (JPF): Vamos levar a cabo a quinta edi-

ção de uma feira que, essencialmente, pretende promover um produto de excelência que é a Maçã de Montanha produzida em Armamar, mas não só, porque temos que falar da maçã de uma forma mais abrangente, tendo em conta que os concelhos limí-trofes de Armamar têm produções significativas.

Será um certame de promoção do nosso produto de exce-lência, que tem tido nos últimos anos uma grande projecção, mas que não se limita aos produtores e comercializadores de maçã, pois pretende também dar a conhecer outros produtos na região, como os nossos vinhos. Armamar tem uma parte do seu território na Região Demarcada do Douro, mas tem uma zona de excelência de produção de uvas brancas utilizadas para base de espumantes. Para além da maçã e do vinho, há a destacar a produção de queijo de cabra e fumeiro. Temos, portanto, um leque vasto de produtos regionais de qualidade, que pretendemos promover, num certame que visa, essencial-mente, a promoção da maçã produzida no nosso concelho.

GR: Como está o sector primário no concelho?JPF: Acho que temos que nos orgulhar do nosso sector pri-

mário, que evoluiu bastante nos últimos anos. Armamar cres-ceu muito na produção de maçã. Nos últimos 15 anos passá-mos de cerca de 15 mil toneladas para uma produção estimada, em 2012, de 60 mil.

Tivemos 272 projectos ProDeR aprovados o ano passado na área da fruticultura, grande parte deles de jovens agricultores, o que é muito bom e nos dá garantias para o futuro, porque os jovens estão, cada vez mais, a fixar-se em Armamar, num sector em que a aposta é na qualidade da produção. Neste as-pecto, os nossos fruticultores também tiveram a capacidade e a preocupação de aprender com quem faz bem, deslocando--se a países como a França, mas essencialmente a Itália, para conhecer outras realidades.

Agora, temos depois dar o passo seguinte, que é a questão da comer-cialização, que vai ter necessariamente que acompanhar a evolução da produção.

GR: O que entende que ainda há para fazer neste sector?JPF: Essencialmente a questão da água, que nos preocupa.

Porém, temos que dizer que o município de Armamar tem que se orgulhar daquilo que já foi feito nesta área, porque somos o único concelho da região que possui uma barragem direccio-nada para a rega.

Temos que estar satisfeitos com esta infraestrutura que va-

Page 16: Gazeta rural nº 211

16 www.gazetarural.com

A Quinta do Encontro, em São Lourenço do Bairro, foi palco da entrega de prémios do 33º concurso “Os melhores vinhos da Bairrada 2012”. Organizado pela Confraria dos Enófilos da Bairrada, este concurso procura premiar a qualidade dos vi-nhos da região bairradina.

Após a revisão do respectivo Regulamento, esta edição de-correu em moldes diferentes. A principal alteração consistiu em haver uma única categoria de concorrentes. Desta forma, o número total de prémios atribuídos foi menor.

Premiados:Vinhos BrancosMedalhas de Ouro: Quinta do Encontro, S.A. e Adega

Cooperativa de Cantanhede, S.C.R.L.Medalhas de Prata: Caves Solar São Domingos, S.A.,

Caves S. João, S.A. e Quinta da Mata Fidalga, Lda. Vinhos RosadosMedalha de Prata: Quinta da Mata Fidalga, Lda. Vinhos TintosMedalha de Ouro: Caves São Domingos, S.A.Medalhas de Prata: Aveleda, S.A.; Quinta do Encontro,

S.A e Caves Messias, S.A. Grande Medalha de OuroVinhos Brancos: Quinta do Encontro, S.A.

Concurso vai na 33ª edição

Confraria dos Enófilos da Bairradapremiou melhores néctares de 2012

Adega de Cantanhede premiada no Ber-liner Wein Trophy Summer Edition 2013

Os vinhos da Adega de Cantanhede continuam a conquistar os mais exigentes palatos a nível internacional, desta vez na Summer Edition do Berliner Wein Trophy, que decorreu de 25 a 28 de Julho em Berlim, Alemanha.

Foram três as medalhas de Ouro conquistadas, e os laureados fo-ram o já multimedalhado Foral de Cantanhede Baga Grande Reser-va 2009, e dois repetentes neste concurso - o espumante Marquês de Marialva Baga Blanc de Noirs 2011 e o vinho branco Marquês de Marialva Arinto Reserva 2012, que somam, ambos, a sua terceira Medalha de Ouro consecutiva neste concurso.

O Foral de Cantanhede Baga Grande Reserva 2009 somou a sua oitava medalha, decorridos apenas cinco meses após o seu lança-mento e conta já com uma Grande Medalha de Ouro, três Medalhas de Ouro e quatro Medalhas de Prata.

“Uma vez mais a Adega de Cantanhede, com as suas marcas Marquês de Marialva e Foral de Cantanhede, representa ao mais alto nível a inquestionável qualidade dos vinhos e espumantes DOC Bairrada, confirmando aqui a versatilidade da casta Baga e o feliz casamento da casta Arinto com o terroir da Bairrada onde se expri-me ao seu melhor nível”, refere a Adega de Cantanhede.

Page 17: Gazeta rural nº 211

17www.gazetarural.com

É um dos eventos que marca esta altura do ano no arquipélago dos Açores. O Pavilhão do Mar, em Ponta Delgada recebe o “Wine In Azores”, um evento vínico que visa mostrar o melhor da gastronomia, com destaque para o peixe dos Açores, com os melhores vinhos re-gionais e nacionais.

O “Wine In Azores” decorre nos dias 25, 26 e 27 de Outubro, datas seleccionadas de acordo com os interesses dos produtores, distri-buidores e comerciantes. “O sucesso dos nossos clientes é o nosso sucesso”. Assim, “a proximidade de datas festivas marcantes, nomea-damente Natal e Fim de Ano, reforçam a sua importância promocional e comercial, motivo acrescido para maior sucesso na promoção das marcas e nos negócios”, sublinha a organização do evento.

Este é um festival único e irreverente, que em quatro edições con-secutivas tem vindo a surpreender tudo e todos, baseado em dois conceitos, “Business & Pleasure” e “Fish & Meat”, que o influenciam fortemente. A prova do sucesso deste evento reside no aumento, ano após ano, dos produtores inscritos, bem como as críticas muito posi-tivas que lhe têm sido dirigidas.

Este ano a organização conta com 70 expositores, mais 15 que em 2012, 43 dos quais produtores de vinho, sete dos quais dos Açores.

“Business & Pleasure”

O conceito “Business & Pleasure” demonstra a grande preocupação da organização com a parte comercial e promocional dos produtos presentes na feira. A presença, no ano transacto, de mais de 10.000 visitantes e mais de 100 expositores presentes marcaram pela posi-tiva e contrariam todos os que não estavam à espera de um evento desta dimensão nos Açores.

A presença de mais de trinta órgãos de comunicação social, na sua maioria de Portugal Continental e do estrangeiro, foi fundamental para transformar este evento da área dos vinhos, carne, peixe e produtos gourmet num dos três mais importantes do país. A presença de inúmeros turistas das mais variadas origens e de vários apreciadores de vinhos na-cionais e estrangeiros fizeram as delícias dos expositores.

Para a organização “os expositores são os nossos clientes princi-pais”, pelo que lhes é reservado um acolhimento e tratamento VIP, com a entrega de stands completos, pelo que lhes resta colocar os vinhos. Além disso, “poderão visitar os inúmeros lugares turísticos nas horas livres e até partir à aventura em passeios de veleiro, iate, ob-servar as baleias e golfinhos”, afirmou Joaquim Coutinho, destacando a que “os Açores são para ver e essencialmente para degustar com prazer”.

“Fish and Meat”

O vinho, a terra e o mar são o tema deste evento. Falar de carne e peixe dos Açores é falar da sua qualidade, diversidade e frescura de excelência. Estes produtos são cada vez mais procurados pelos mais afamados restaurantes nacionais e internacionais. Juntar estes ma-ravilhosos “acepipes” com a arte de chefs de renome nacional e in-ternacional e com o melhor vinho de Portugal será “ouro sobre azul”.

Joaquim Coutinho mostra-se confiante num “grande sucesso desta edição”, referindo o facto de estarem presentes grandes nomes da gas-tronomia nacional, alguns deles Estrela Michelin, como Renato Cunha e Dalila Cunha (Garfo de Ouro), Leonel Pereira, Francisco Gomes, Jorge Pe-res, António, Gil Mourão, a par de chefs regionais como João Rieff, Paulo Mota, Álvaro Lopes, César Arruda, Hugo Alcântara e Vicente Quiroga.

De 25 a 27 de Outubro, em Ponta Delgada

“Wine In Azores” atrai mais de uma centena de produtores de vinhos

Page 18: Gazeta rural nº 211

18 www.gazetarural.com

Uma prova de 300 vinhos do Alentejo vai decorrer nos dias 18 e 19 deste mês, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com a presença de produtores e especialistas do sector, divulgaram os promotores.

Segundo a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), durante dois dias, vão estar em prova cerca de 300 vinhos alentejanos, com des-taque para os últimos lançamentos disponíveis no mercado e para as “grandes referências” da região.

A presidente da CVRA, Dora Si-mões, adiantou que este é o quinto ano consecutivo da prova de vinhos do Alentejo em Lisboa. Trata-se, se-gundo a responsável, de um evento de promoção dos vinhos da região, tendo este ano como palco “um dos mais nobres espaços lisboetas”, o Centro Cultural de Belém.

“A Grande Lisboa é um dos princi-pais mercados internos para os vi-nhos do Alentejo. A realização deste evento permite reforçar o posicio-namento dos nossos vinhos nesta região e, sobretudo, captar novos públicos”, salientou Dora Simões.

Para a presidente da CVRA, trata--se de uma “oportunidade privile-giada para os agentes económicos alentejanos tomarem o pulso aos consumidores, percebendo a evolu-ção de gostos e tendências”.

O programa do evento inclui pro-vas comentadas, orientadas por es-pecialistas, conversas sobre o vinho e música ao vivo. No âmbito desta iniciativa, decorre dia 18, às 19,30 ho-ras, a entrega de prémios do “Con-curso Melhores Vinhos do Alentejo”, promovido pela Confraria dos Enófi-los do Alentejo. Para dia 19, está pre-visto um seminário sobre “Fisiologia dos Sentidos - Teste os seus e saiba se é um bom provador”. A acção de promoção, destinada aos consumi-dores, é organizada pela CVRA.

Com oito sub-regiões vitivinícolas nomeadamente, Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vidigueira, Moura, Évora e Granja/Amareleja, o Alentejo, que possui 22 mil hectares de vinha, exporta os seus vinhos para os quatro cantos do mundo, sendo Angola, Brasil, Estados Unidos e Canadá alguns dos princi-pais mercados.

No Centro Cultural de Belém a 18 e 19 deste mês

Cerca de 300 vinhos do Alentejo promovidos em Lisboa

Page 19: Gazeta rural nº 211

19www.gazetarural.com

A Região Demarcada do Dão deverá este ano produzir vinhos que vão responder às necessidades do mercado, em qualidade e quantidade, apesar dos dias de chuva contínuos que afectaram as vindimas no início do mês. A convicção é de Carlos Silva, enó-logo da União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Dão (UDACA), que representam cerca de dez mil produtores.

Carlos Silva, que tem acompanhado as vindimas quer no ter-reno, quer nas adegas, explicou que, antes da chuva, terão sido vinificadas 30% das uvas e “houve produtores que conseguiram excelentes vinhos brancos e tintos”. Os dias de chuva constante fizeram temer o pior mas, segundo o enólogo, “não há nenhu-ma uva que chegue e tenha que se deitar fora, são todas uvas aproveitáveis”. “Não vou dizer que serão vinhos brilhantes. Hou-ve uvas que foram vinificadas dois/três dias depois da chuva e estavam óptimas e outras mais medianas, mas não é vinho para estragar”, acrescentou.

Com a melhoria gradual do tempo nos últimos dias, “a uva encontra-se a recuperar e a ficar mais seca” e Carlos Silva está

Garante o enólogo Carlos Silva

Dão vai ter vinhos para responderàs necessidades do mercado

convencido de que vão ser conseguidos “vinhos interessantes”, um pouco à semelhança do que aconteceu em 2002, quando também choveu bastante na altura das vindimas. “A chuva bai-xa o grau, a cor e a estrutura dos vinhos. Agora, a videira está a recuperar dessa hidratação excessiva e a voltar aos níveis de concentração de açúcares mais normais”, explicou.

Neste âmbito, e apesar de a vindima no Dão se ir prolongar quase até ao fim do mês, o enólogo está convencido de que haverá vinho com qualidade “para segurar boas marcas” e em quantidade para “os vinhos mais regulares”. “Estava tudo a pre-parar-se para ser um excelente ano, não fosse a chuva, que vai diminuir um bocadinho a qualidade em relação ao que era espe-rado. Mas não é nenhum drama”, garantiu.

A Região Demarcada do Dão tem cerca de 20.000 hectares de vinhas, distribuídas por 60.000 explorações. Num ano con-siderado normal, a produção de vinho ronda os 50 milhões de litros, dos quais 40 a 50 por cento são susceptíveis de obter a Denominação de Origem.

Page 20: Gazeta rural nº 211

20 www.gazetarural.com

Jovens Agricultores (entre os 18 e os 40anos) com projetos submetidos no âmbitodo PRODER - medida 1.1.3 “Instalação deJovens Agricultores”

Formação Básica de Agricultura – 48h

Formação específica p/ orientaçãoProdutiva da Exploração – 60h

Formação de Gestão da Empresa Agrícola – 45h

Componente Prática emContexto Empresarial – 60h

Locais: Viseu I Moimenta da Beira I Coimbra I Bragança I Leiria Castelo Branco

Av. Dr Alexandre Alves, Lj 33, 3500-632 ViseuTlf: 232 083 342 |Tlm: 915 940 146 www.indicemaximo.pt|[email protected]

O paladar, o olfacto e a visão são apurados num curso de iniciação à prova de vinhos, dia 26, du-rante a manhã, na Casa da Baía, em Setúbal, numa iniciativa do programa municipal “Viva o Vinum”. A iniciativa, organizada pela Câmara de Setúbal, de-corre entre as 10,30 e as 13 horas e pretende trans-mitir conhecimentos básicos para apreciação de vinhos através do desenvolvimento dos sentidos.

Os mecanismos e o vocabulário de prova, as técnicas para aferir a qualidade de um vinho, a in-fluência das temperaturas na degustação e testes olfactivos e gustativos, com os aromas e os dife-rentes sabores básicos, são tópicos a abordar no curso.

O curso de iniciação à prova de vinhos, com um limite máximo de vinte inscrições, é conduzido pela engenheira Susana Garcia. A iniciativa, com um custo de 13 euros por pessoa, confere o direito à atribuição de um diploma de participação.

Os interessados em participar nesta iniciati-va, com a duração de duas horas e meia, devem efectuar a inscrição até dia 24, na Casa da Baía. Mais informações pelo telefone 265 545 010 ou pelo endereço de correio electrónico [email protected].

No âmbito do programa municipal “Viva o Vinum”

Setúbal promove curso de iniciação à prova de vinhos

Page 21: Gazeta rural nº 211

21www.gazetarural.com

Jovens Agricultores (entre os 18 e os 40anos) com projetos submetidos no âmbitodo PRODER - medida 1.1.3 “Instalação deJovens Agricultores”

Formação Básica de Agricultura – 48h

Formação específica p/ orientaçãoProdutiva da Exploração – 60h

Formação de Gestão da Empresa Agrícola – 45h

Componente Prática emContexto Empresarial – 60h

Locais: Viseu I Moimenta da Beira I Coimbra I Bragança I Leiria Castelo Branco

Av. Dr Alexandre Alves, Lj 33, 3500-632 ViseuTlf: 232 083 342 |Tlm: 915 940 146 www.indicemaximo.pt|[email protected]

Page 22: Gazeta rural nº 211

22 www.gazetarural.com

Na Feira da Maça Bravo de Esmolfe

Directora da DRAPC desafiou produção a organizar-se

Adelina Martins desafiou os produtores presentes na Festa da Maçã Bravo de Esmolfe a organizarem-se, “cada vez mais”, defendendo a criação de “uma estratégia entre as autarquias, produtores, dirigentes associativos e as universidades, que tem um papel muito importante na investigação e experimenta-ção, com o apoio do Ministério da Agricultura, para melhorar e preservar aquilo que é nosso”, neste caso a maçã Bravo de Esmolfe. A Directora Regional de Agricultura e Pescas do Cen-tro (DRAPC) disse haver necessidade de dinamizar o sector, “no sentido de conseguirmos valorizar a nossa produção” para que seja uma efectiva mais-valia para os produtores.

Adelina Martins destacou a maçã Bravo de Esmolfe como “um produto diferenciado e de qualidade”, que contribui para a promoção do território. Destacou as características únicas desta variedade, afirmando que “quem prova, gosta e quem gosta, consome”. Adelina Martins salientou que a inovação já existe, tem é de chegar mais longe, sendo que para isso podem contar também com o Ministério da Agricultura. A directora da DRAPC deixou ainda uma palavra de estímulo aos produtores, porque, “se produzirmos com qualidade, veremos o nosso es-forço recompensado”.

Na ocasião, o presidente da Câmara de Penalva do Caste-lo lembrou que “comer uma maçã bravo de Esmolfe equivale a comer três maçãs “golden”, pois a bravo de Esmolfe tem pro-priedades únicas, sendo um fruto promissor a nível de promover a saúde cardiovascular”. Leonidio Monteiro realçou a importân-

cia de “produzirmos em Esmolfe a Rainha das Maçãs” e, por isso, “temos de continuar neste caminho de trabalho, de dedicação, dando passos seguros e firmes”. Leonidio Monteiro salientou a necessidade de “produzir cada vez mais maçã bravo de Esmolfe, realizando a promoção e a venda de forma adequada”.

Por sua vez o presidente da Junta de Esmolfe, Rogério Cravei-ro, realçou as características e propriedades da “melhor maçã do mundo”, a Maçã Bravo de Esmolfe, na protecção da saúde, lem-brando que “a maçã Bravo de Esmolfe tem características especí-ficas, que a diferenciam de todas as outras”.

Abel Marques lembrado

Fruticultor, dirigente associativo e antigo presidente da Junta de Freguesia de Esmolfe, Abel Marques, recentemente desaparecido, foi lembrado e homenageado. O presidente da Câmara de Penalva do Castelo, Leonídio Monteiro, lembrou-o como “pessoa que me-rece a nossa consideração, por tudo o que fez em prol da nossa região”. Por sua vez Rogério Martinho, vice-presidente da FELBA, apontou-se como “um grande Homem, que também foi dirigente da FELBA, que muito contribuiu para que hoje aqui estejamos”.

Também o presidente da Junta de Esmolfe, Rogério Craveiro, destacou o grande trabalho feito por Abel Marques na divulgação de um dos produtos “ex-libris” da fruticultura portuguesa, a Maçã Bravo de Esmolfe, única e inconfundível.

Page 23: Gazeta rural nº 211

23www.gazetarural.com

A Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor) promoveu a IV Gala Anual da Cortiça, evento que se repetiu pelo quarto ano consecutivo, que elegeu sete categorias de Prémios que distin-guiram diferentes áreas do saber. O evento teve lugar no Convento de Espinheiro, em Évora, e pretendeu valorizar e reconhecer a excelência de personalidades e/ou entidades que, nos úl-timos anos, se destacaram e contribuíram para a promoção, desenvolvimento e crescimento do sector e da fileira da cortiça.

Para o Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Francisco Gomes da Silva, que deu inicio à cerimónia de entrega dos prémios, “esta Gala tornou-se já um marco in-contornável do ano corticeiro nacional”. Depois de reconhecer a importância da fileira da cor-tiça tanto em termos económicos como am-bientais e sociais, o governante referiu alguns dos grandes desafios que se colocam ao sector nos próximos anos, e qual o contributo que o Estado está empenhado em dar para que eles sejam ultrapassados com sucesso: “A sanidade e declínio do montado, a inovação em matéria de gestão de montados, o fortalecimento da or-ganização da fileira interprofissional, o aumento da produtividade dos montados e da qualidade da matéria-prima, aliados à preocupação com a valorização dos serviços dos ecossistemas de montado são pontos que procuraremos manter na ordem do dia”.

Para o presidente da Apcor, João Rui Ferreira, “este foi mais um momento de prestígio e de or-gulho, uma vez que tivemos a oportunidade de enaltecer personalidades e entidades de reno-me nacional e internacional”. “É pois mais uma iniciativa que eleva a cortiça aos mais altos pa-drões da qualidade e que pretende ser também um incentivo para que as entidades externas ao sector e nas mais diversas áreas continuem

Gala Anual decorreu no Convento de Espinheiro, em Évora

APCOR atribuiu sete prémios pelo reconhecimento do trabalho em prol da cortiça

a promover e a divulgar a cortiça, a in-vestigar e a informar sobre este produto inigualável”. E terminou garantindo que “para o ano iremos continuar a homena-gear quem muito fez, quem muito faz e quem muito fará por algo que é parte do nosso desígnio nacional”.

O evento contou com uma forte ade-são dos associados da Apcor e de enti-dades externas ao sector, num total de mais de 200 pessoas.

O júri da Gala foi constituído pelo pre-sidente da Apcor, João Rui Ferreira, por Helena Pereira, ex-Reitora da Universi-dade Técnica de Lisboa e professora do Instituto Superior de Agronomia (ISA), e Armando Sevinate Pinto, actual assessor do Presidente da República e ex-ministro da agricultura.

Premiados:Prémio Inovação – Ricardo Sousa,

professor do Departamento de Enge-nharia Mecânica da Universidade de Aveiro, pela aplicação da cortiça, em substituição do esferovite, em capacetes anti-choque;

Prémio Conhecimento - Systecode -

Sistema de Acreditação das Empresas mediante o Código Internacional das Práticas Rolheiras -, pela implemen-tação na indústria de um sistema de qualidade na produção das rolhas, prémio atribuído à C.E.Liège – Confe-deração Europeia da

Cortiça; Prémio Informação – Maria Augusta

Casaca, jornalista da TSF, pela sua re-portagem “O País da Cortiça”;

Prémio Floresta – Fundação João Lopes Fernandes, pelos trabalhos de investigação e de promoção que tem desenvolvido em prol do sobreiro;

Prémio Revelação – Alexandre Farto aka Vhils, pelos seus trabalhos em cor-tiça – Diorama Cork Faktory;

Prémio Rolha de Cortiça – ViniPor-tugal, pelo seu trabalho de promoção dos vinhos portugueses e do apoio à Apcor na promoção conjunta entre vi-nho e cortiça;

Prémio Mérito – Henrique Ferreira Veiga de Macedo e Jorge Mendes Pin-to de Sá, pelo trabalho associativo que desenvolvem há mais de 35 anos em benefício do sector da cortiça.

Page 24: Gazeta rural nº 211

24 www.gazetarural.com

O projecto Terraprima - Pastagens Permanentes Semea-das Biodiversas, nascido de um “spin-off” do Instituto Superior Técnico e da experiência alcançada numa quinta localizada em Caria, Belmonte, foi o vencedor português do concurso europeu “um mundo que me agrada”.

A Comissão Europeia considerou que este projecto “apresentou a melhor solução para o clima em Portugal” e que por isso será agracia-do com uma campanha publicitária, a desenvolver em Lisboa.

“O reconhecimento do nosso trabalho é sempre bem-vindo e, portanto, encaramos esta distinção como mais uma forma de darmos a conhecer o que foi feito e eventualmente para con-seguirmos abrir outras portas. Enfim, para encontrarmos outras formas de recompensar os agricultores que aderiram ao Terra-Prima”, referiu Tiago Domingos, responsável pelo projecto e pro-fessor no Técnico.

Tiago Domingos recorda que o TerraPrima foi lançado em 2009, depois de ter obtido financiamento do Fundo Português de Carbo-no e que, entre os projectos financiados para obter a redução do dióxido de carbono, este é o que mais contribui para que Portugal cumpra os objectivos fixados no protocolo de Quioto.

Actualmente, o TerraPrima permite o sequestro de um milhão de toneladas de carbono, envolve mais de mil agricultores, cerca de 80 por cento localizados no Alentejo, e abarca mais de 50 mil hecta-res de terreno. “Ao conseguirmos este financiamento para semear pastagens permanentes entre 2009 e 2012, apresentámos as van-tagens aos agricultores e conseguimos uma larga adesão”, refere.

De acordo com Tiago Domingos, a “inovação do projecto prende-se com a diversidade das pastagens”, já que se opta não por uma ou duas pastagens da mesma espécie, mas por uma pastagem com diversas variedades de leguminosas, como o trevo subterrâneo ou a bisserrula, num conjunto de 20 espécies

No concurso “um mundo que me agrada”

Projecto com raízes em Belmonte conquistou prémio europeu

seleccionadas. “São pastagens que por serem mais produtivas, conseguem, no processo de fotossíntese, retirar mais dióxido de carbono da atmosfera já que parte desse carbono vai para a raiz das plantas e, mesmo quando elas morrem, esse carbono fica nos solos”, especifica o responsável do projecto.

Além de darem um contributo fundamental para o ambiente, os agricultores que semearam pastagens permanentes biodiversas contaram ainda com outros benefícios, como o pagamento de cerca de 135 euros por hectare semeado e a garantia de apoio técnico pelos promotores do projecto. A isto, soma-se ainda a maior produtividade das pastagens, a redução dos custos em fer-tilizantes e a melhoria da alimentação para os animais.

Tiago Domingos salienta ainda que a investigação inerente a este projecto já provou que o aumento das pastagens permanen-tes semeadas biodiversas também contribui para a protecção do solo. “Este carbono quando fica no solo constitui matéria orgâ-nica, o que o protege da erosão e evita a desertificação do mes-mo”, especifica. Entre as mais-valias, é ainda possível apontar a redução do risco de incêndios. “Como estas pastagens são mais produtivas, poderão ter mais animais e a presença de um maior número de animais evita que as pastagens sejam invadidas por mato, o principal factor de risco de incêndio”, explicou Tiago Do-mingos.

Laureado pela Comissão Nacional de Combate à Desertifica-ção com o certificado “defensor das zonas áridas 2013”, em Ju-nho deste ano, o projecto Terraprima já tinha sido, em 2012, um dos 15 semifinalistas entre mais de 100 candidaturas de 52 países apresentadas no concurso promovido pelas Nações Unidas Land for Life e, em 2011, recebeu a menção honrosa nos Green Projets Awards. Em 2010, foi reconhecido com o Galardão Climático Ouro Empresas da Associação Portuguesa de Engenharia do Ambiente.

Page 25: Gazeta rural nº 211

25www.gazetarural.com

Um sistema que integra e articula dados a par-tir de sensores que medem vários parâmetros agrícolas, e que permite actuar, automatica-mente, em conformidade, serve de teste a uma plataforma de comunicações “máquina-a-má-quina” que está a ser desenvolvida na Universi-dade de Aveiro (UA). Esta plataforma resulta de um projecto promovido pela Portugal Telecom Inovação e pelo Instituto de Telecomunicações da UA, no âmbito do QREN. A aplicação da pla-

Já ouviu falar em e-agriculture?

Projecto da UA e PT leva tecnologia do futuro à agricultura

taforma à agricultura pode ser mais um contributo para recolocar o sector no caminho do futuro.

O projecto Apollo procura desenvolver uma base tecnológica de suporte a no-vos serviços, na área das comunicações máquina-a-máquina (também designa-da por M2M – “machine-to-machine”). Um dos cenários de teste desta base tecnológica, com aplicação à agricultura

consiste na articulação de uma rede de sensores sem fios a uma estufa hortícola que permite a monitorização de parâmetros relacionados com as diferentes fases de desenvolvimento das plantas, a optimização do proces-so de cultivo e a automação de diver-sas tarefas na estufa.

As potencialidades desta solução de e-agriculture vão muito além dos sistemas comerciais, uma vez que estes são, essencialmente, autóma-tos que reagem aos valores indica-dos pelos sensores, sem qualquer capacidade de correlacionar infor-mação. Os serviços de alerta de ope-ração permitem ao utilizador identi-ficar, no momento, parâmetros cujo valor esteja fora da gama normal. Esta informação pode ser facultada localmente mas, acima de tudo, de forma remota, permitindo uma moni-torização constante, mesmo quando não existe ninguém no local.

Através da comparação dos valores medidos com as regras pré-definidas pelo sistema, ou pelo utilizador, podem ser emitidos alertas para situações tais como: falha no sistema de rega; desvios excessivos nos valores de pH da água; presença de condições am-bientais extremas que exijam medidas de precaução adicionais, entre vários outros.

O protótipo inicial é composto por sete unidades, cada uma contendo oito sensores específicos, nomeadamente, de temperatura do ar, humidade no ar, temperatura do solo, humidade no solo, radiação solar, humidade ao nível da fo-lha e quantidade de CO2.

Os testes decorrem na estufa de propagação vegetal da Escola Supe-rior Agrária de Coimbra, com apoio de alunos, docentes e investigadores daquela instituição que colaboram na validação dos modelos.

A equipa de investigadores envol-ve Rui Aguiar, investigador principal e professor do Departamento de Elec-trónica, Telecomunicações e Informá-tica (DETI) da UA, Diogo Gomes, coor-denador da plataforma de serviços e também professor do DETI, e João Paulo Barraca, responsável pela pla-taforma de sensores.

Page 26: Gazeta rural nº 211

26 www.gazetarural.com

Uma equipa da Escola Superior Agrária do Instituto Politéc-nico de Viseu foi a grande vencedora do prémio do Concurso Universitário “CAP – Cultiva o Teu Futuro”, este ano alusivo à te-mática da “Inovação no Sector da Vinha e do Vinho”, promovido pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), com o projecto “Iogurtes enriquecidos com antioxidantes extraídos a partir dos compostos fenólicos do vinho”.

O concurso, em segunda edição, decorreu na sede da CAP, e tem como objectivo promover a criatividade e a inovação junto da população académica, premiando os melhores trabalhos de diversas áreas científicas aplicadas ao sector agrícola e, neste caso, ao sector da vinha e do vinho.

A equipa da Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV), cons-tituída pelas alunas Suzanna Ferreira e Ana Rodrigues, com a orientação científica da professora Raquel Guiné e co-orien-tação do professor Fernando Gonçalves, ambos docentes da ESAV, recebeu o prémio no valor total de nove mil euros, desti-nados seis mil aos alunos concorrentes e três mil aos respecti-vos professores orientadores, das mãos do Secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque.

Para o Secretário de Estado da Agricultura o concurso repre-senta “um sinal positivo de modernização do sector agrícola” e que a inovação patente nos projectos apresentados é “funda-

II edição do “Concurso Universitário CAP - Cultiva o teu Futuro”

Projecto inovador da Escola Superior Agrária de Viseu foi o grande vencedor

mental para o sector”.O trabalho de investigação agora premiado foi desenvolvido

pelas alunas no âmbito da unidade curricular de “Inovação, De-senvolvimento e Aproveitamento de Produtos Alimentares” do curso de Engenharia Alimentar da ESAV.

Ao concurso foram submetidos 125 projectos concorrentes, com trabalhos de áreas académicas diversas, dos quais 16 foram seleccionados para apresentação na sessão “Elevator Pitch” e que apurou os seis finalistas e o grande vencedor: a Escola Supe-rior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu.

O júri do concurso foi composto por João Machado, presiden-te da CAP; Luís Pato, enólogo e produtor; Frederico Falcão, pre-sidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV); Jorge Monteiro, presidente da Viniportugal; e Telmo Vieira, Partner da Premivalor Consulting, promotora da iniciativa.

Este concurso universitário destina-se a alunos que à data da candidatura frequentem uma Licenciatura, Pós-Graduação, Mes-trado, ou Doutoramento cujos programas contemplem conteú-dos de Agronomia, Ambiente, Design, Gestão, Economia, Gestão Industrial, Saúde, Marketing, entre outros, e que pretendam apre-sentar um projecto no âmbito do tema em vigor para cada edição do concurso. A primeira edição, lançada no ano lectivo 2011/2012, foi dedicada ao tema “Inovação no sector do Azeite”.

Page 27: Gazeta rural nº 211

27www.gazetarural.com

A ADICES - Associação de Desenvolvimento Local, enquanto membro da parceria liderada pela Minha Terra – Federação Por-tuguesa de Associações de Desenvolvimento Local, é uma das entidades autorizadas a praticar actos de gestão operacional da Bolsa de Terras.

O Ministério da Agricultura e do Mar autorizou 225 entidades idóneas que se constituirão como uma rede de proximidade jun-to dos proprietários e demais interessados, com vista à divulga-ção e dinamização da Bolsa de Terras.

A Bolsa de Terras aplica-se aos prédios rústicos e à parte rús-tica dos prédios mistos, integrados voluntariamente pelos seus proprietários ou seus representantes, com aptidão agrícola, flo-restal e silvopastoril, e visa facilitar o acesso à terra através da sua disponibilização, quando não seja utilizada, e uma melhor identificação e promoção da sua oferta, para arrendamento, venda ou outros tipos de cedência.

Os actos de gestão contemplados no despacho correspon-dem à divulgação e dinamização da Bolsa de Terras; prestação de informação; promoção da comunicação entre as partes inte-

O secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque, anunciou que as ajudas directas aos agricultores, no valor de 320 milhões de euros, vão ser pagas neste mês de Outubro. “Os pagamentos di-rectos aos agricultores decorrentes da PAC - Política Agrícola Comum - vão ser pagos todos em Outubro. Nós conseguimos antecipar o pagamento único aos agricultores”, disse José Diogo Albuquerque.

Segundo o secretário de Estado da Agricultura, normalmente os valores das ajudas do Regime de Pagamento Único (RPU), eram transferidos pela Comissão Europeia em Dezembro, mas o Governo de Portugal conseguiu “ter autorização para pagar em Outubro”. Essa possibilidade aconteceu na me-dida em que os controlos, que teriam que ser feitos até 15 de Outubro, já foram realizados, explicou. “O Estado já não se atrasa mais com os controlos. Aquilo que se passava no passado acabou. Nós pa-gamos a tempo e a horas, que é a nossa função”, disse o governante.

José Diogo Albuquerque assumiu que o traba-lho realizado pelas várias entidades envolvidas no processo garante que “Portugal está hoje capaz de antecipar os pagamentos aos agricultores”. Lem-brou que a antecipação dos apoios comunitários é “importante” porque “permite injectar liquidez fi-nanceira no sector” agrícola nacional.

O governante também anunciou que Portugal as-segurou que o programa de reconversão das vinhas VITIS “vai ser executado a 100% e não há devolução de verbas à Comissão Europeia”. “Estamos a falar de um envelope à volta de 63 milhões de euros de apoios comunitários, que Portugal tem no apoio ao sector do vinho”, explicou o secretário de Estado da Agricultura.

Processo está em marca com 225 entidades a nível nacional

ADICES gere da Bolsa de Terras na região

Anunciou o secretário de Estado da Agricultura

Ajudas directas aos agricultores vão ser pagas em Outubro

ressadas; verificação da informação relativa à caracterização dos prédios prestada pelos proprietários que disponibilizem os seus prédios; envio de informação à Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Regional (DGADR) para disponibilização na Bol-sa de Terras, após cumprimento dos procedimentos necessários por parte dos proprietários; e apoiar a celebração de contratos, em representação da DGADR.

A referida parceria, liderada pela federação Minha Terra, agre-ga 29 associações de desenvolvimento local, além da entidade responsável.

RUDE reconhecida na Cova da Beira

A RUDE - Associação de Desenvolvimento Rural, entidade res-ponsável pela implementação da estratégia de desenvolvimento local e gestora da Iniciativa Comunitária LEADER na Cova da Beira ao longo dos últimos 18 anos, é uma das entidades autorizadas a praticar actos de gestão operacional da Bolsa de Terras, de acor-do com despacho n.º 12109/2013, de 23 de Setembro.

Page 28: Gazeta rural nº 211

28 www.gazetarural.com

Presente no 33º Festival Nacional de Gastronomia - Santarém

Região produz em média entre 250 a 300 mil toneladas por ano

Laranja do Algarve com quebra global de 60% a 70% este Verão

A laranja do Algarve registou uma quebra global de produção entre 60% a 70% na campanha de Verão deste ano, que terminou no dia 30 de Setembro, em relação a 2012, segundo os produto-res. A redução foi provocada pela onda de calor que houve no ano passado na época da floração e que impediu a floração da laranja que seria para produzir este ano.

Apesar da quebra, com alguns agricultores a sofrerem perdas na ordem dos 90%, outros não foram tão afectados pelo tem-po, registaram quebras de 20% e “ganharam dinheiro”, explicou Pedro Madeira, presidente da Frusoal, sociedade com 23 anos de existência no Algarve e que congrega cerca de 50 produtores de citrinos. “Esta campanha foi óptima para quem teve laranja, o problema é que a percentagem que viu a sua produção brutal-mente reduzida é muito grande e para esses foi má”, observou o empresário.

Uma grande parte das laranjas que resistiram às intem-péries da onda de calor, por um lado, e da geada, por outro, foram para países europeus e africanos, enquanto o merca-do nacional absorveu os restantes 40%. “Sessenta por cen-to da exportação foi para França, Itália Suíça, Luxemburgo, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Angola, Cabo Verde, Polónia, Dinamarca, Noruega e Suécia”, enumerou Horácio Ferreira, um dos responsáveis pela Cacial, a cooperativa mais antiga do Algarve, que faz 50 anos em 2014 e conta com 90 peque-nos produtores de laranja.

Page 29: Gazeta rural nº 211

29www.gazetarural.com

A introdução no mercado de produtos provenientes da agri-cultura familiar ou de subsistência e produtos regionais trans-formados de forma tradicional, seguindo os princípios do co-mércio justo, é um dos objectivos do recém-criado projecto MaisTerra, disseram os seus promotores.

Nasceu na Sertã, mas abrange a área deste e dos concelhos de Proença-a-Nova, Oleiros, Vila de Rei e Mação, pela mão de oito jovens, com idades entre os 22 e os 27 anos, de áreas de formação académica diferentes, mas que partilham o gosto pe-los produtos locais e pelos “velhos costumes”.

Fábio Marçal, Nuno Farinha, Daniela Nunes, Sérgio Nunes, Sofia Matias, Joana Vale, Ana Marques e Nadine Castro são os timoneiros desta equipa que tem em fase de formalização uma cooperativa que visa “ajudar os pequenos produtores a escoar a sua produção e os excedentes, dando-lhes visibilidade e di-mensão”. Trabalham com produtos hortofrutícolas, artesanato ou produtos transformados.

“Ajudamos os pequenos produtores a rentabilizar ao máximo a sua produção e, assim, contribuímos de alguma forma para um maior desenvolvimento local”, explicam.

Fábio Marçal, um dos promotores do projecto, notou que “havia um enorme desperdício de uma fatia considerável da produção local”, algo que acontecia, em parte, “devido à pre-ferência das pessoas em adquirir produtos nas grandes super-fícies”. Por outro lado, verificou que “da agricultura de subsis-tência praticada por muitas famílias resultavam excedentes que não tinham forma de escoamento e, por isso, eram desperdiça-

Com idades entre os 22 e os 27 anos

Jovens criam cooperativa paravalorizar os produtos da terra na zona do Pinhal

dos, tornando-se num prejuízo para quem os produzia”.Contrariar esta tendência foi a meta traçada e o trabalho co-

meçou, através do programa CoopJovem, promovido pela Coope-rativa António Sérgio para a Economia Social (CASES).

O projecto MaisTerra canaliza os produtos de acordo com os três segmentos que definiram, nomeadamente “as empresas de restauração, hotelaria, supermercados e Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS) da região; os consumidores particula-res da região; e os consumidores particulares de grandes centros urbanos”.

Os objectivos são “incentivar o crescimento do turismo gas-tronómico na região, que está subaproveitado; levar as pessoas a consumir mais produtos da terra e introduzi-los nas IPSS e su-permercados, ou comercializá-los directamente”.

Estão já a aceitar encomendas do “Serás Cabaz?”, um conjun-to de produtos regionais e da horta, variando a sua constituição consoante a época do ano. Nesta altura, por exemplo, estão a procurar quem tenha produtos derivados do medronho e da cas-tanha.

Em preparação está uma gama de chás e de ervas aromáticas, onde predominam a marcela, a carqueja e o rosmaninho, para ser comercializada aquando a oficialização da cooperativa, o que de-verá acontecer em Janeiro de 2014.

Esta equipa de jovens ambiciona que “o rótulo MaisTerra seja um símbolo de produtos da Zona do Pinhal Interior Sul, preten-dendo que cada produto esteja associado ao concelho de ori-gem”.

Page 30: Gazeta rural nº 211

30 www.gazetarural.com

Apicultores de todo o país vão analisar, em Vila Nova de Cer-veira, a presença da vespa asiática em Portugal, espécie que ameaça a produção de mel e cuja expansão é receada por estes profissionais.

Organizado pela Federação Nacional Apicultores de Portugal (FNAP), que reúne cerca de 40 associações de produtores de mel de todo o país, este encontro, agendado para 25 de Ou-tubro, surge numa altura em que a Protecção Civil confirma ter detectado, só este ano, 101 novos ninhos desta espécie invaso-ra no Alto Minho.

Segundo João Casaca, técnico daquela federação, o ob-jectivo do encontro é “partilhar conhecimentos e técnicas de combate” à progressão desta vespa predadora das abelhas nacionais. “No curto e médio prazo vamos assistir à expansão territorial desta espécie, tal como acontece em todas as inva-soras. Apenas as mudanças climáticas, com as diferenças entre o norte e o sul, poderão limitar essa expansão, dado tratar-se de um insecto que se reproduz bem e que não tem predadores”, apontou o técnico da FNAP.

Na reunião de Vila Nova de Cerveira pretende-se dar a co-nhecer o problema a outros apicultores e técnicos, assim como formas de identificar e combater a presença da espécie, inclu-sivamente com a visita a um ninho de vespa velutina, também

Em Vila Nova de Cerveira, a 25 de Outubro

Apicultores reúnem-se para analisar expansão da vespa asiática

conhecida como “asiática”, dada a sua origem. Serão ainda partilhadas estratégias para minimizar os efeitos da

predação desta vespa sobre as abelhas. “Só no distrito de Viana do Castelo é que está identificada, oficialmente, a presença des-ta espécie invasora. Há relatos de apicultores de Braga, mas que ainda carecem de confirmação oficial”, acrescentou João Casaca. Trata-se de uma vespa maior e mais agressiva do que a espécie autóctone nacional e que foi introduzida na Europa através do porto de Bordéus, em França, no ano de 2004.

Os primeiros indícios da sua presença em Portugal surgiram em 2011, mas a situação só se agravou a partir do final de 2012, com mais de uma centena de ninhos destruídos em Viana do Castelo nos últimos meses.

Os apicultores recordam que já existem em Portugal outras espé-cies de vespas predadores de abelhas, mas a presença da asiática, que se reproduz rapidamente e em grande escala, veio alterar a reali-dade. “Estamos perante uma situação de desequilíbrio que nunca vi-mos até agora e haverá maior pressão sobre as populações de abe-lhas. Estamos preocupados, sobretudo porque ainda não sabemos o verdadeiro impacto no sector”, apontou João Casaca.

A FNAP reclama ainda a “monitorização” da presença desta vespa no resto do país por parte das entidades oficiais nacionais, algo que, dizem os apicultores, não está a ser feito.

Page 31: Gazeta rural nº 211

31www.gazetarural.com

A CAULE – Associação Florestal da Beira Serra prepara--se para arrancar com um projecto-piloto de reconversão de povoamentos florestais no concelho de Oliveira do Hospital, propondo-se substituir várias áreas de pinhal infectadas pela doença do nemátodo da madeira pela plantação de espécies autóctones. O projecto, desenvolvido no âmbito do Plano de Gestão da Zona de Intervenção Florestal (ZIF) Alva e Alvoco, deverá arrancar ainda este mês, prevendo a plantação de mais de 35 mil árvores numa área estimada de 32,5 hectares, só na freguesia de Alvoco das Várzeas.

A reconversão florestal acontece em oito locais diferentes da freguesia, envolvendo cinco proprietários, onde vai ter lugar a remoção do pinheiro bravo que se encontra infectado, para se-rem plantadas as novas espécies. O projecto contempla a ocu-pação daquela área com quatro espécies diferentes, mas perfei-tamente adaptadas à região, como são o carvalho, castanheiro, sobreiro e pinheiro manso, sendo que este último é o que “vai ter maior predominância”, refere Tiago Gonçalves, engenheiro florestal da CAULE, que justifica esta opção com a intenção de expandir esta espécie a áreas onde ainda não acontece a sua “regeneração natural”. Além disso, o pinheiro manso é uma es-pécie que, do ponto de vista ambiental, apresenta diversas van-tagens, tratando-se de uma árvore menos sensível às pragas e doenças, sendo igualmente uma boa opção em termos econó-micos, já que, além do valor da madeira, os seus subprodutos - a

Reconversão de povoamento florestal arranca na freguesia de Alvoco das Várzeas

CAULE planta espécies autóctones em áreas de pinhal infectado comnemátodo

pinha e o pinhão- são bastante procurados e consequentemente valorizados no mercado. “Da área total a reconverter 19 hectares vão ser ocupados com pinheiro manso”, ou seja, mais de metade do repovoamento vai ser colonizado com esta espécie, realça o técnico florestal da CAULE, destacando a mais-valia comercial e ecológica desta produção, comparativamente com o pinheiro. “A estas árvores estão associados vários subprodutos que tem um aproveitamento multifuncional”, faz notar, realçando ainda a importância deste projecto para acabar com a “monocultura” do pinhal bravo. “Damos um novo aproveitamento à floresta e ao mesmo tempo estamos a aumentar a biodiversidade”, refere o engenheiro, aludindo, todavia, à dificuldade em “congregar” os proprietários florestais para a execução destes projectos. Uma di-ficuldade igualmente sublinhada pelo presidente da CAULE, Vasco Campos, que apesar de gerir projectos de defesa da floresta con-tra incêndios no âmbito das ZIF, envolvendo inúmeros proprietá-rios, gostaria de avançar com mais projectos desta natureza, até porque, “estas espécies são uma boa alternativa económica ao pinheiro bravo, nomeadamente o pinheiro manso, cuja produ-ção de pinhão, a curto prazo, pode ser uma fonte de rendimento anual”. Isto, para além da sua “mais-valia” paisagística, garante o dirigente florestal, alertando para a importância destas espécies para a recuperação dos solos e da própria paisagem, pois “a flo-resta não pode ser só pinhal e eucalipto”.

Page 32: Gazeta rural nº 211

32 www.gazetarural.com

No âmbito do projecto âncora Carbon Footprint Label

Nova etiqueta ambiental valoriza os produtos de origem florestalA Associação para a Competitividade da

Indústria da Fileira Florestal (AIFF) apresen-tou a Etiqueta Escala de Carbono, no âm-bito do projecto âncora Carbon Footprint Label, para produtos de origem florestal. O projecto pretende dar visibilidade à capa-cidade dos produtos de origem florestal em capturar carbono e demonstrar as respecti-vas mais-valias ambientais.

Esta nova etiqueta, diferenciadora dos produtos colocados no mercado, pretende dar a conhecer aos consumidores o valor de dióxido de carbono (CO2) equivalente cap-turado ou emitido por determinado produto de origem florestal, de que são exemplos os revestimentos, pavimentos ou peças de mobiliário de base de madeira ou de cortiça.

A Etiqueta Escala de Carbono foi apre-sentada em Lisboa, enquadrada na terceira edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa, numa cerimónia que contou com a presen-ça do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural.

“A materialização dos valores, associa-dos ao desenvolvimento sustentável, exige a concepção e operacionalização de ins-trumentos reconhecidos pelos diferentes actores sociais: o Estado, as empresas, os consumidores, e as suas diferentes formas de organização quer sejam associações, ONGs ou outras”, explicou Francisco Gomes da Silva.

Os produtos transformados de origem florestal detentores da Etiqueta Escala de Carbono, desejavelmente provenientes de florestas, cuja gestão é reconhecida como sustentável, permitirão, por um lado, a mi-tigação dos efeitos das alterações climá-ticas (ao aumentar o sequestro de dióxido de carbono) e, por outro, podem contrariar os efeitos do processo de desertificação e, ainda, contribuir para o crescimento da nossa economia.

“A etiquetagem ambiental, enquanto ins-trumento voluntário de diferenciação de processos, produtos ou empresas, potencia de forma inegável a percepção, por parte dos consumidores, da mais-valia ambiental a eles associada. Esta etiqueta é, sem mar-gem para dúvida, um factor de estímulo à competitividade e inovação das indústrias de base florestal”, reiterou ainda o Secretá-

rio de Estado das Florestas e Desenvolvi-mento Rural.

“Os produtos da fileira florestal, en-quanto armazenadores de carbono, cap-turam carbono durante todo o seu ciclo de vida e armazenam-no depois de trans-formados, contribuem para o combate às alterações climáticas e, consequente-mente, para a preservação do ambiente. Ao criar esta etiqueta pretendemos de-monstrar e reforçar os benefícios desta fileira”, explicou João Ferreira do Amaral, presidente da AIFF.

Os produtos a que será atribuída a Eti-queta Escala de Carbono terão de apre-sentar uma percentagem de pelo menos 30% de matérias-primas (percentagem mássica) com origem na fileira florestal.

O Arvatar Para ajudar a comunicar o conceito

de captura de carbono e clarificar o pa-pel dos produtos de origem florestal, en-quanto armazenadores de carbono, foi criado o Arvatar, que será o protagonista da nova etiqueta ambiental.

O Arvatar é uma personagem criada para “ensinar” ou “recordar” de forma lúdica o conceito de captura e armaze-namento de carbono. Enquanto ser da floresta, o Arvatar tem como missão sen-sibilizar os seres humanos para os benefí-cios do uso de produtos de base florestal, enquanto produtos que armazenam car-bono e que consequentemente ajudam no combate às alterações climáticas e preservação do ambiente.

De realçar que as florestas correcta-mente geridas são sumidouros de carbo-no mais eficientes do que as florestas em estado selvagem, uma vez que as árvores jovens absorvem mais CO2 do que as ár-vores maduras, para além de que estas, ao morrerem e apodrecerem devolvem o CO2 à atmosfera. Assim, ao retirar da floresta as árvores maduras antes que morram, assegurando a sua replanta-ção, a floresta mantém elevados níveis de sequestro de CO2 e armazenamento de carbono.

Green Savers

Page 33: Gazeta rural nº 211

33www.gazetarural.com

A primeira mata nacional em Portugal com gestão florestal certificada é a do Buçaco, que garante a sustentabilidade da-quele espaço único em Portugal. O processo para implementar os requisitos dos referenciais do Forest Stewardship Council - FSC® foi assegurado pela empresa Unimadeiras.

Uma vasta equipa multidisciplinar, constituída por técnicos da Fundação Mata do Buçaco e da empresa Unimadeiras, trabalhou diariamente durante longos meses, para que fosse possível implementar a certificação na Mata do Buçaco. A 1 de Outubro, a notícia tão esperada chegou, tornando a Mata Na-cional do Buçaco a primeira a nível nacional a obter certifica-ção florestal em Portugal.

O processo de submeter a gestão florestal da Mata Nacio-nal do Buçaco a certificação internacional iniciou-se há cerca de um ano, envolvendo a consulta a várias entidades. O Grupo Unimadeiras, através da sua dependente “UniFloresta - Certifi-cação Florestal”, prontificou-se, desde logo, a verificar da pos-sibilidade de inclusão da Mata Nacional do Buçaco no seu sis-tema de certificação de grupo. Este sistema permite a adesão de novos membros, autónomos, independentes e soberanos, à certificação da gestão florestal num grupo de proprietários e propriedades florestais, permitindo que a entidade detento-ra do sistema de certificação se constitua simultaneamente como entidade fornecedora de serviço de certificação (sub-missão de processo de certificação junto das entidades gesto-ras do respectivo referencial internacional - FSC®) e entidade certificadora que atribui e gere o certificado.

Deste modo, foi desencadeado o processo de certificação da Mata Nacional do Buçaco sem qualquer imputação de cus-tos à Fundação Mata do Buçaco. A Unimadeiras custeou todo o processo para a obtenção do reconhecimento internacional

Processo acompanhado pela empresa Unimadeiras

Mata do Buçaco é primeira a nível nacional com gestão certificada

da sustentabilidade e da qualidade da gestão florestal da Mata Nacional do Bussaco que de outro modo, pelos custos envolvidos, não teria sido possível.

Por outro lado, a Fundação Mata do Buçaco reconhece tam-bém ao Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro a importância do trabalho que realiza neste espaço há cerca de uma década, tendo a informação científica reunida sido de impor-tância fundamental para a certificação da Mata como Floresta de Alto Valor de Conservação.

Importância da certificação florestal

A certificação da gestão florestal tem como objectivo primordial a promoção da gestão sustentável da floresta, que compreende a sua utilização tendo em conta tanto os aspectos económicos como ambientais e sociais.

Deste modo, são inúmeros os benefícios da certificação florestal para a Mata Nacional do Buçaco, nomeadamente assegurar uma gestão florestal sustentável; promover a empregabilidade e rentabi-lidade dos espaços florestais; a criação de “referência” reconhecível a nível regional, nacional e internacional; garantir de qualidade dos serviços e produtos explorados e das formas de exploração deste; aumentar a visibilidade, com consequentes benefícios para o turis-mo, para a economia local e regional, entre outros.

A Fundação Mata do Buçaco está assim inequivocamente com-prometida em assegurar a manutenção da saúde e vitalidade dos ecossistemas florestais, das suas funções produtivas e ainda a conservação e melhoria adequada da diversidade biológica. Está também obrigada a uma correta gestão das relações de vizinhan-ça, mantendo e melhorando as funções e as condições socioeco-nómicas da região onde se insere.

Page 34: Gazeta rural nº 211

34 www.gazetarural.com

O período crítico de incêndios florestais chegou ao fim com mais um ano negro para a floresta portuguesa. Com cerca de 135.000 ha de área ardida contabilizados no final de Setembro, 2013 apresenta a pior registo desde 2005 e confirma a tendên-cia dos últimos anos de agravamento do problema dos incên-dios florestais em Portugal. Num primeiro “rescaldo” analítico, destacaria três lições a retirar dos incêndios florestais em 2013.

1: O reforço do peso orçamental do combate aos incêndios flo-restais, - a verba do Orçamento de Estado atribuída este ano à Protecção Civil teve um acréscimo de 5% -, não contribuiu para reduzir a área ardida. Existem estudos científicos que concluem que a concentração dos gastos no combate aos incêndios flores-tais, em detrimento da prevenção, tem efeitos perversos a longo--prazo, levando a um aumento da intensidade dos fogos.

2: Mantem-se uma excessiva dependência das condições meteorológicas, que associada a um elevado número de in-cêndios, determinou que na segunda quinzena de Agosto te-nha ardido mais de metade do total contabilizado até final de Setembro. Foi neste período que se perdeu a guerra e pôs a descoberto as muitas fragilidades ainda existentes no combate aos grandes incêndios florestais.

3: Os incêndios de grandes proporções, como aquele de de-vastou a serra do Caramulo, dado o elevado grau de comple-xidade que apresentam, carecem de equipas pluridisciplinares especializadas na organização do combate. Este ano, 51 gran-des incêndios (com área superior a 500 ha) foram responsáveis por mais de 60% da área ardida.

Numa leitura mais estrutural, dificilmente compreendo a perda de força do ICNF, enquanto estrutura de coordenação do pilar da prevenção, que tem estas competências alojadas numa “mera” divisão orgânica. Este é um sinal claro da pouca importância que o actual Governo atribuiu a este domínio da intervenção pública tão importante para a sustentabilidade da floresta portuguesa.

As lições de 2013

E o resultado é evidente. As autarquias, que devem assumir um papel de primeira linha na prevenção dos incêndios florestais, não estão integradas numa politica nacional (ou regional) de pre-venção de incêndios florestais, o que agravou a atomização da intervenção e a consequente definição de prioridades na aloca-ção dos dinheiros públicos destinados à prevenção dos incêndios florestais.

Mas, na essência, porque continuam a arder as florestas em Portugal? O estudo coordenado pela Universidade de Aveiro é claro nas suas conclusões - “Portugal dispõe de orientações na-cionais e instrumentos de planeamento para uma gestão florestal sustentável, mas é geral o desconhecimento e a reduzida parti-cipação dos proprietários nos processos de decisão”, afirmou a Prof. Celeste Coelho. Conclusões objectivas e assertivas que de-vem merecer uma reflexão séria da parte da Assembleia da Repú-blica, do poder político e também dos agentes do sector.

Ou seja, numa floresta maioritariamente privada, o Estado de-senvolveu desde 2006 o enquadramento político, legal e institu-cional da política de Defesa de Defesa da Floresta Contra Incên-dios, mas tarda a sua efectiva concretização no terreno, apesar da existência de um Plano Nacional e dos muitos milhões de euros disponibilizados para o efeito no ProDeR.

Na prática, as reestruturações operadas quer nos Serviços Flo-restais, quer nos Ministérios (com a separação do Ministério da Agricultura do Ministério do Ambiente, actualmente, o ICNF tem “dupla Tutela”…), têm condicionado a capacidade de transposição das políticas para o terreno. Depois, o afastamento dos técnicos florestais do combate aos incêndios florestais. Uma decisão polí-tica que tenho dificuldade em compreender, quando Portugal pre-cisa exactamente do oposto, de criar um corpo técnico especiali-zado, estável e integrado na estrutura de combate aos incêndios florestais para abordar com sucesso o combate a incêndios com dimensões cada vez maiores e de um grau de complexidade cres-cente. Um estudo recentemente publicado por investigadores da

Opinião

Page 35: Gazeta rural nº 211

35www.gazetarural.com

Universidade do Minho1, que analisa os grandes incêndios nos últimos 30 anos, é claro quanto ao aumento das dimensões dos grandes incêndios nos últimos dez anos.

Mas, nem tudo são más noticias. Está em cur-so um projecto de investigação (FIRE-ENGINE), enquadrado no programa MIT-Portugal, que visa encontrar novos modelos mais flexíveis para apoiar as decisões de políticas públicas e estra-tégias de operações no sistema de gestão de prevenção e combate a incêndios florestais, por exemplo, no sentido de permitir uma gestão mais eficiente na alocação dos meios de combate consoante a probabilidade de ocorrências, ba-seada em factores climáticos e geográficos.

É imperativo voltar a investir na prevenção. Aprofundar a cooperação com os proprietários florestais e com as suas organizações, no sen-tido da promoção de uma gestão florestal pro-fissional. Aliás, tem sido o caminho seguido com sucesso há muitos anos no Sul de França – a aposta na promoção da gestão florestal e da sil-vicultura preventiva como principal vector para a prevenção dos incêndios florestais. E, para isso, o envolvimento activo dos principais interessados, os “donos das matas”, é fundamental.

E é este caminho que Portugal tem de retomar urgentemente – a adopção de políticas de pre-venção de incidência local, adaptadas às espe-cificidades sociais e biofísicas de cada território. Um caminho que exige uma maior intervenção técnica da parte das organizações de produtores florestais e dos Municípios, nomeadamente das Comissões Municipais, na coordenação da ac-tuação dos vários agentes presentes no terreno.

Sinceramente, espero que os Executivos Muni-cipais que resultaram das eleições autárquicas de 29 de Setembro reconheçam a importância dos recursos florestais e inscrevam a Defesa da Flo-resta Contra Incêndios como uma prioridade na acção governativa. Espero, também, que o Grupo de Trabalho constituído na Assembleia da Repú-blica analise os incêndios de 2013 e produza um conjunto de recomendações para que o Governo retome o processo desencadeado em 2006 da consolidação de uma estratégia nacional para a prevenção dos incêndios.

Termino com uma palavra de pesar para as famílias enlutadas das mulheres e homens que perderam a vida este ano em consequência dos incêndios florestais. No caso particular dos oito bombeiros falecidos, julgo que valia a pena, de um a vez por todas, avançar na estruturação de um gabinete de estudos destes acidentes ali-cerçado na ANPC/Escola Nacional de Bombeiros para retirar as necessárias lições e evitar aciden-tes semelhantes no futuro.

Miguel Galante (Eng. Florestal)

1 FERREIRA-LEITE, Flora et al. Grandes Incên-dios Florestais em Portugal Continental como Resulta-do das Perturbações nos Regimes de Fogo no Mundo Mediterrâneo. Silva Lus., Lisboa, v. 21, n. Especial, jun. 2013 .

Page 36: Gazeta rural nº 211

36 www.gazetarural.com

Chegado o Outono, com as suas temperaturas mais convidativas a experiências gastronómicas, é tempo de retemperar os estômagos, e Tomar dá o mote, com mais uma edição da mostra “Todos com o feijão… o feijão com todos”.

Durante todos os sábados e domingos do mês de Outubro, nos 22 restaurantes aderentes, a arte e saber dos cozinheiros apresentam a le-guminosa a que os livros de botânica chamam Phaseolus vulgaris em todas as suas inesgotáveis capacidades culinárias.

Já experimentaram feijão-frade salteado com morcela de arroz? E coelho com feijão e espigos? Ou enguias fritas com requentado? E que tal fei-joada de leitão? Ou frango com laranja, vinagre balsâmico e puré de feijão branco?

Não se assustem, porém, os adeptos da cozi-nha mais tradicional. Não vão faltar os peixinhos da horta, a sopa de feijão com couve, a sopa da pedra, os carapauzinhos fritos com arroz de fei-jão ou a dobrada com feijão branco, entre muitos outros clássicos da cozinha portuguesa.

E para que o Phaseolus vulgaris possa ser ad-mirado em toda a panóplia da sua paleta de sa-bores, preparem-se os mais gulosos para o doce de feijão com amêndoa, a delícia de feijão, os pastéis de feijão, o pudim de feijão, o semifrio de feijão, a tarte de feijão, a laranjada de feijão, o doce de Santa Iria, o mascavado de feijão e ainda a tarte de feijão com nozes e canela.

Se ficou entusiasmado com este menu virtual, imagine como ficará inebriado com todas estas cores, aromas e sabores diante de si. Só tem que demandar, durante os fins-de-semana de Outu-bro, um destes restaurantes aderentes: Alminhas, Almourol, Baía, Beira Rio, Brazinha, Chico Elias, Convento do Leitão, Hotel Estalagem de Santa Iria, Ginginha, Grelha, Infante, Lúria, Manjar dos Templários, Mister Grill, Moinhos, Nabão, Ninho do Falcão, Picadeiro, Pica-Pau Amarelo, S. Lou-renço, Tabuleiro e Tomaz.

“Todos com o feijão… o feijão com todos” encerra o ciclo gastronómico anual em Tomar, numa organização do Município local em colabo-ração com os restaurantes aderentes.

Mostra gastronómica durante o mês de Outubro

Tradição e modernidade voltam a unir-se em torno do feijão tomarense

F I C H A T É C N I C A

Ano X - N.º 211Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), [email protected] | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda.Redacção Luís Pacheco | Departamento Comercial Filipe Figueiredo, João Silva, Helena AntunesOpinião Miguel Galante | Apoio Administrativo Jorge Araújo Redacção Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320 Fax: 232461614 - E-mail: [email protected] | Web: www.gazetarural.comICS - Inscrição nº 124546Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada Administração José Luís AraújoSede Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04Execução Gráfica Sá Pinto Encadernadores - Telf. 232 422 364 | E-mail: [email protected] | Marzovelos - ViseuTiragem média Versão Digital: 73000 exemplares | Versão Impressa: 2500 exemplaresNota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores

Page 37: Gazeta rural nº 211

37www.gazetarural.com

BREVES

Workshop “Cogumelos de produção” na Guarda

Casal de jibóias apreendidas em Resende Parque Biológico da Serra das Meadas recebe novas

espécies de animais

Com gastronomia e muita animação Proença-a-Nova recebe

Passeio 100 a 22 de Dezembro

Moimenta da Beira promove concurso de abóboras gigantes

A Câmara da Guarda, através do Espaço Educativo Florestal, organiza no próximo dia 19 de Outubro, o workshop “Cogumelos de produção”, que irá decorrer no Espaço Educativo Florestal – Quinta da Maunça, das 9,30 às 12,30 horas, sob a orientação do formador Pedro Prata.

Pretende-se com esta iniciativa fornecer conhecimentos ele-mentares sobre o cultivo caseiro de cogumelos, apresentando diferentes técnicas e processos de cultivo em interior e exterior, habilitando os participantes a cultivar por si mesmos a partir de culturas comerciais.

Não menos importante é a familiarização dos participantes com as diferentes técnicas e processos de produção de cultu-ras próprias e gestão das mesmas, em caso de cultivo regular. Desta forma é incentivado o empreendedorismo e a criação de postos de trabalho numa área extremamente importante, ligada ao sector primário.

Esta actividade está inserida na I Semana da Alimentação, or-ganizada pela Câmara da Guarda.

As inscrições são gratuitas, mas obrigatórias.

O Parque Biológico da Serra das Meadas, situado a sete qui-lómetros do centro da cidade de Lamego, voltou a diversificar a fauna que tem em exposição, com a introdução de novas es-pécies de animais. Agora, o visitante para além de poder ver, ao longo de um percurso de aproximadamente três quilómetros, veados, gamos, cavalos, pavões e até javalis, também pode ob-servar outros animais selvagens: um casal de jibóias, que atin-gem mais de dois metros de comprimento, ou uma raposa.

Recentemente apreendidas em Resende, as jibóias – bapti-zadas de Pink e Floyd – foram entregues ao Parque Biológico, após o Núcleo de Protecção Ambiental da GNR de Lamego as ter retirado a um indivíduo que as mantinha ilegalmente em ca-tiveiro.

Com o objectivo de dar continuidade ao reforço da diversi-dade da fauna existente, os responsáveis por este santuário de espécies de animais e vegetais pediram ao Instituto da Conser-vação da Natureza e das Florestas novos exemplares: faisões, patos-reais e perdizes. Considerado, igualmente, como sendo um centro de receção de espécies irrecuperáveis e um espaço de lazer, o Parque Biológico também recebeu do Centro de Eco-logia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens do Parque Natural da Serra da Estrela, duas águias de asa redonda e uma gralha preta.

Inaugurado a 5 de Junho de 2002, este espaço cedo se tor-nou no maior centro pedagógico ambiental da região e um dos mais importantes santuários de espécies animais e vegetais. Pelo local, já passaram milhares de pessoas, sobretudo crian-ças e jovens, sensibilizadas para as problemáticas ambientais e ansiosas por contactar de perto com uma enorme variedade de animais.

Desde que em Junho de 2004 os passeios pedestres come-çaram a realizar-se regularmente no concelho de Proença-a--Nova e já foram percorridos cerca de mil quilómetros. Ao cen-tésimo passeio, que se atinge em Dezembro, não faltam motivos para comemorar com um evento de grande dimensão, que in-cluirá o sorteio de 100 brindes, degustação de produtos locais e surpresas ao longo do percurso. Marcado para 22 de Dezembro, o centésimo passeio irá ainda contemplar uma visita à Feira de Natal, que decorre nesse fim-de-semana.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no site do Município, por email ([email protected]), pelo telefone 274670000 ou directamente no posto de turis-mo. O valor de inscrição é de apenas 5 euros, valor que inclui almoço, degustações e seguro.

Para que o grau de dificuldade não seja obstáculo para ninguém e possam participar pessoas de todas as idades, existirá um percur-so alternativo mais reduzido, com apenas cerca de 4 quilómetros. O início da recepção aos visitantes está marcado para as 8 horas, no parque urbano, seguindo-se o aquecimento ao som de música.

É o terceiro concurso de abóboras promovido pela autarquia de Moimenta da Beira. A iniciativa vai realizar-se a 19 de Outu-bro, pelas 9 horas, dia da Feirinha da Terra, no espaço do Merca-do Municipal, em Moimenta da Beira, e premiará três categorias de espécies cultivadas em terras moimentenses: a de maior diâ-metro, a mais pesada e a de formato mais original.

As abóboras vencedoras serão brindadas com vales de 20 euros para utilização em produtos à venda na Feirinha da Terra. Todos os outros restantes participantes receberão um certifi-cado de participação. As espécies distinguidas ficarão depois expostas no átrio do edifício dos Paços do Concelho.

A inscrição deverá ser feita no acto de entrega da abóbora, no espaço do mercado municipal, no dia do concurso, até às 10 horas.

Page 38: Gazeta rural nº 211

É já nos dias 8, 9, 10 e 11 de Novembro que se realiza mais uma edição do ‘Encontro com o Vinho e Sabores’. A Revista de Vinhos or-ganiza pelo XIV ano consecutivo aquela que é a maior prova de vinhos e sabores dirigida ao grande público. O evento vínico e gastro-nómico mais antigo e mais esperado do ano tem lugar no Centro de Congressos de Lisboa (situado na Praça das Industrias, 1300-307 Lisboa).

Um evento único em Portugal, que reúne mais de 350 produtores de vinhos, queijos, presuntos, enchidos e azeites. Provas de vi-nhos e sabores, provas especiais, harmoniza-ções vínicas, concursos – “A Escolha da Im-prensa” e “Melhor Carta de Vinhos” –, loja de vinhos, expositores de acessórios, tudo num só lugar e com o cunho de qualidade da Re-vista de Vinhos. Tal como nas edições anterio-res, os melhores vinhos e algumas das delica-tessens de países estrangeiros, disponíveis no mercado português, vão também objecto de livre degustação por todos os participantes.

De 8 a 11 de Novembro, no Centro de Congressos

‘Encontro com o Vinho e Sabores 2013’ em Lisboa

Page 39: Gazeta rural nº 211

ConcessionárioMoradaContactosSite

Page 40: Gazeta rural nº 211