documento protegido pela lei de direito autoral · 2015. 2. 18. · abordagem sobre o mesmo....
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
APLICAÇÃO DO ICMS POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
NA VENDA MERCANTIL
Por: Viviane Oliveira da Silva
Orientador
Profª. Gisele Leite
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
APLICAÇÃO DO ICMS POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
NA VENDA MERCANTIL
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Planejamento
e Gestão Tributária.
Por:. Viviane Oliveira
3
AGRADECIMENTOS
...Aos meus amigos de classe, meu
esposo, a toda a minha família, à
minha professora e orientadora de
monografia e todos os meus
professores que contribuíram para que
eu pudesse finalizar o curso de pós-
graduação...
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu
esposo, que se manteve ao meu lado
em todas as noites em claro para que
eu pudesse desenvolver os trabalhos
de todos os módulos do curso, e aos
meus queridos pais, que sempre me
apoiaram na dedicação e continuidade
de meus estudos, em especial ao meu
Pai que ainda hoje me concede
subsídio financeiro para que meus
estudos possam prosseguir.
5
RESUMO
A dificuldade imensa que as empresas privadas possuem em pôr em prática os
procedimentos que o governo impõe para que essas possam recolher os
impostos para os cofres públicos de modo a cumprir todas as exigências
legais, e, ainda, a injusta injunção confiscatória de um regime híbrido do
Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Telecomunicações e
Transporte os quais deram origem a várias discussões nos tribunais a pedido
dos empresários. Dentre essas discussões e dificuldades, os empresários
falam em inconstitucionalidade do imposto, ou seja, o que vai contra ao direito
dos contribuintes do ICMS, pois quando o Governo exige a antecipação do
recolhimento de um imposto (ICMS-ST para frente) há a possibilidade do fato
gerador não ocorrer.
Entender como se aplica, quais os procedimentos corretos e seguros a serem
tomados, porque é tão oneroso para as empresas trabalharem com produtos
que incidem ICMS-ST, e como planejar as ações para que as operações
comerciais não se tornem dispendiosas para os empresários são os objetivos
deste trabalho.
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METODOLOGIA
Os métodos que levam ao problema proposto deste trabalho é a leitura
de artigos, revistas, jurisprudências e coleta de dados e informações relevantes
para o enriquecimento do assunto pertinente ao problema. Além de utilizar-se
de pesquisas bibliográficas tomando por base o que já fora publicado em
relação ao tema, para que se possa esquematizar uma nova e mais completa
abordagem sobre o mesmo. Também serão utilizadas pesquisas digitais,
vivência profissional no meio empresarial e a observação minuciosa do objeto
de estudo de modo a proporcionar ao leitor leitura técnica e que esta possa
servir de embasamento para futuras pesquisas e também possa ser aplicável
no dia a dia empresarial.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O que é, como surgiu, como funciona
e por que há a Substituição Tributária do ICMS? 10
CAPÍTULO II - Como realizar adequadamente o
cálculo do ICMS-ST 16
CAPÍTULO III – Por que a Substituição Tributária
do ICMS causa tamanha polêmica 27
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
BIBLIOGRAFIA CITADA 37
ÍNDICE 38
8
INTRODUÇÃO
A substituição tributária do ICMS tem sido objeto de muitas
discussões nas empresas e nos tribunais desde o princípio de sua existência.
Isto porque muitas empresas vêem o modo de cobrança deste imposto um
tanto excessiva. E, há um tempo, muitos alegavam que sua cobrança era
inconstitucional, até que um instituto (chamado Substituição Tributária)
conseguiu a inclusão no Código Tributário Nacional em seu inciso II, §
2º, artigo 58, este então normatizou e indicou os contribuintes da seguinte
forma:
“Art. 58. Contribuinte do imposto é o comerciante, industrial ou produtor
que promova a saída da mercadoria.
(.)
§2º A lei pode atribuir a condição de responsável:
(.)
II - ao industrial ou comerciante atacadista, quanto ao imposto devido por
comerciante varejista, mediante acréscimo, ao preço da mercadoria a ele
remetida, de percentagem não excedente a 30% (trinta por cento) que a lei
estadual fixar.”
Em 1968 o referido instituto foi abolido, voltando a vigorar
somente em 1983, através da edição da Lei Complementar nº 44. Mas, foi com
a edição da Emenda Constitucional nº 03/1993, a substituição tributária
ganhou status constitucional, determinada pelo artigo 150, §7º, da nossa
Constituição Federal:
“Art. 150. (.)
§ 7º. A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição
de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador
deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição
da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.”
9
Mesmo com o referido artigo disposto na nossa Constituição
Federal, a aplicabilidade da Substituição Tributária não era executada por
nenhuma empresa, o que passou a ocorrer somente com a sanção da Lei
complementar 87 de 1996, com a qual viabilizou as regras para execução dos
procedimentos.
O presente trabalho tem como objetivo, mostrar como o ICMS-ST
(para frente) é aplicado nas operações das empresas, uma vez que, o não
recolhimento ou a tomada de procedimentos incorretos poderá onerá-las
excessivamente em multas. Este trabalho também procurará esclarecer os
motivos da exigência tributária progressiva deste imposto, que sempre se
configura exorbitante, imediata e ainda dificultosa pela instável legislação do
tributo que se altera cotidianamente.
10
CAPÍTULO I
O QUE É, COMO SURGIU, COMO FUNCIONA E
POR QUE HÁ SUSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA DO ICMS?
Heleno Torres (2001, p. 87-108), define a substituição tributária
como o mecanismo de arrecadação no qual um terceiro sujeito se insere na
relação jurídica entre o fisco e o contribuinte de modo a antecipar o pagamento
devido por este. Entende-se a partir desta afirmação que numa operação em
que há substituição tributária do ICMS há o envolvimento de duas figuras: uma
pessoa substituta e uma pessoa substituída, sendo que a substituta é a
responsável, enquanto a substituída é a verdadeira contribuinte, conforme
ensina Aires F. Barreto (2002, p. 7-32), dessa forma consiste em atribuir o
dever do pagamento do imposto ao chamado terceiro da afirmação de Heleno
Torres.
A figura do substituto ou o responsável pelo pagamento do imposto
da cadeia mercantil geralmente é determinado por fabricante, distribuidor ou
importador, enquanto o substituído é o revendedor.
A substituição tributária surgiu pelo fato de existirem muitos
revendedores para várias mercadorias diferentes, e o Estado certamente
tomou conhecimento desse fato, e para coibir o problema de sonegação de
impostos e a não padronização dos preços comercializados se viu necessária
a cobrança do imposto de modo antecipado, garantindo assim o valor total dos
impostos incidentes em toda a cadeia seqüencial mercantil até os
consumidores finais.
Logo após a implantação do ICM, alguns comerciantes sugeriram
ao fisco a implantação da modalidade da substituição tributária, preocupados
com a concorrência desleal dos preços dos produtos. Tal fato desencadeou um
maior controle por parte do governo em relação à sonegação de impostos.
11
Realmente foi uma maneira bastante eficaz do Estado na imposição
de tal imposto, uma vez que, apenas um contribuinte (geralmente o substituto)
realiza o recolhimento dos valores devidos aos cofres públicos.
1.1 - Regras gerais para aplicação do ICMS-ST
A aplicabilidade ICMS-ST é considerada uma das mais difíceis no
campo tributário brasileiro, visto que, a cada dia a legislação dos Estados sofre
alterações. Ele é aplicável nas operações mercantis em vários Estados da
nossa federação e cada Estado estabelece uma lista de produtos, os quais
sofrerão a incidência deste imposto.
Por obrigatoriedade, o contribuinte deverá ter o conhecimento se os
produtos comercializados fazem parte desta lista, observando as normas para
o enquadramento deste no Regime de Substituição Tributária.
O regime do ICMS-ST poderá ser justaposto em qualquer natureza de
operação entre dois entes: Venda/compra, doação, industrialização e etc, o
que torna a sua abrangência bastante eficaz. Atualmente a lista de produtos
que sofre a incidência deste imposto aumenta de maneira exorbitante e há
quem acredita que futuramente só existirá esta modalidade de arrecadação do
ICMS.
Quando iniciada a cadeia para revenda, o contribuinte substituto deverá
recolher o ICMS antecipadamente, e, de forma imediata. Por norma legal, a
operação só poderá ser concretizada se houver o pagamento efetivo do
referido tributo. A guia gerada para o recolhimento deverá ser paga e anexada
à nota fiscal que ampara a carga comercializada, sob pena de multas
absurdamente altas, caso as empresas envolvidas descumpram as obrigações
legais impostas.
Segue abaixo um esquema prático de como a Substituição Tributária é
imposta nas operações das empresas:
12
Neste esquema, é possível visualizar que o referido imposto é
recolhido inteiramente no início da cadeia, e nas operações posteriores não
haverá mais o seu destaque. Obviamente este esquema trata de uma
operação para um único Estado. Caso houver uma nova intervenção, para
outro Estado, se iniciará uma nova cadeia de revenda e um novo fato gerador,
logicamente o imposto deverá ser recolhido para o Estado que estará
“recebendo” esta mercadoria.
Quando há a aplicação do Regime de Substituição Tributária do
ICMS na operação para outro Estado, os procedimentos a serem adotados
possuem certas peculiaridades: o contribuinte substituto, além de consultar a
legislação do Estado comprador para verificar se há a inclusão do produto na
lista de mercadorias que sofrem ST, deverá ainda verificar se o seu Estado
possui convênio com o Estado comprador.
O Convênio entre os Estados nada mais é do que uma espécie de
acordo realizado entre os Governos desses Estados, e, geralmente, quando há
a existência do convênio, a margem de valor agregada para o cálculo do
imposto a ser recolhido antecipadamente deverá estar explícita em legislação.
13
Caso os Estados envolvidos não possuírem convênio, a operação
poderá não se enquadrar nos procedimentos fiscais de recolhimento do ICMS-
ST, e, neste caso, o Estado vendedor poderá realizar o trâmite normal, porém,
caso o produto esteja incluso na lista que há a incidência do referido imposto
para o Estado comprador, tal fato não abona os entes envolvidos na obrigação
de recolhimento do ICMS-ST, apenas o contribuinte substituto não é obrigado
a fazê-lo, neste caso, cabe por acordo comercial amigável e um dos entes
deverá recolher o tributo antes que a mercadoria cruze a barreira fiscal.
É importante ressaltar que, caso o ente Substituto não realize o
procedimento legal do Regime de Substituição Tributária da cadeia, os
Substituídos serão considerados para o Estado que estiver recebendo tal
produto, como os responsáveis solidários pela operação, e também poderão
sofrer consequências dispendiosas.
A Lei Nº 4.982 de 05 de Dezembro de 2012, que altera a Lei nº 1.254,
de 8 de novembro de 1996, dispõe quanto ao Imposto sobre Operações
Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações e Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (O ICMS), em seu
Artigo 65 também trata da aplicação da multa referente ao descumprimento
das obrigações principais impostas nas operações que exigem o recolhimento
do ICMS-ST:
“()... Sobre o valor do imposto não recolhido, no todo ou em parte,
aplica-se, após o prazo-limite para pagamento, multa nos seguintes
percentuais:
I – 10% nas seguintes hipóteses:
a) antes de iniciado procedimento fiscal relacionado com a
infração;
b) imposto declarado em guias de informação e apuração ou por
escrituração fiscal eletrônica, inclusive quando se tratar de imposto retido
pelo substituto tributário;
14
II – 15% para o contribuinte submetido a medidas de fiscalização
ou a atos administrativos decorrentes do monitoramento, exclusivamente
antes da lavratura do auto de infração;
III – 50% nas seguintes hipóteses:
a) imposto escriturado nos livros fiscais exigidos antes da
obrigatoriedade da escrituração fiscal eletrônica;
b) ocorrência do fato gerador previsto no art. 5º, III, IV, XI, a e d,
XII, XIV e XVIII;
IV – 100% nas seguintes hipóteses:
a) não escrituração de documento fiscal relativo às operações de
saída de mercadoria ou à prestação de serviços;
b) escrituração ou apuração de débito do imposto ou de imposto a
recolher em valor inferior ao constante dos documentos fiscais;
c) escrituração de crédito fiscal:
1) superior àquele previsto na legislação para a respectiva
operação ou prestação;
2) efetuada em momento anterior ao previsto na legislação do
imposto;
3) referente a operação ou a prestação isenta ou não tributada ou
nos casos em que não haja previsão legal para o aproveitamento do
crédito;
4) referente a produtos sujeitos a substituição tributária, pelo
contribuinte substituído;
5) mais de uma vez referente ao mesmo documento fiscal;
d) aproveitamento de crédito do imposto que deveria ter sido
estornado, nos termos da legislação;
15
e) emissão de documento fiscal com indicação indevida de não
incidência, de benefício ou de incentivo fiscal;
f) emissão de documento fiscal com indicação de alíquota inferior à
aplicável, implicando destaque a menor do imposto;
g) emissão de documento fiscal sem destaque do imposto devido;
V – 200% nas seguintes hipóteses:
a) ocorrência de qualquer das situações previstas no art. 5º-A;
b) não emissão de documento fiscal relativo à operação ou à
prestação;
c) emissão de documento fiscal com prazo de validade vencido ou
sem autorização para impressão;
d) remessa, transporte, entrega, recebimento, estocagem ou
manutenção em depósito de mercadoria desacompanhada de
documentação fiscal idônea;
e) imposto não declarado e não recolhido à Fazenda Pública do
Distrito Federal, relativo às obrigações decorrentes da condição de
substituto tributário;
f) falta de fornecimento ao Fisco, quando submetido a
procedimento administrativo ou a medida de fiscalização, de documento
fiscal comprobatório da operação ou da prestação;
g) escrituração de crédito fiscal:
1) referente a documento fiscal que não corresponda à entrada de
mercadoria ou à aquisição de serviço, ou que tenha sido emitido por
estabelecimento inexistente ou com atividade paralisada ou com inscrição
cadastral cancelada;
2) referente a documento inexistente ou impresso sem autorização
do Fisco;
16
h) entrada no Distrito Federal de mercadoria
destinada a contribuinte inexistente, com a inscrição desativada ou
cancelada ou que não mais exerça suas atividades;
VI – 100% nas demais hipóteses.
()...”
CAPÍTULO II
COMO REALIZAR ADEQUADAMENTE O CÁLCULO
DO ICMS-ST
O cálculo para se chegar ao valor a ser recolhido para os cofres
públicos é extremamente complexo.
Existem dois modos para compor o cálculo da Substituição Tributária
do ICMS: para operações internas (que ocorrem dentro do mesmo Estado) e
para operações entre Estados diferentes. Apesar de serem operações
diferenciadas o cálculo só se alterará em relação às alíquotas do ICMS normal
e margens de valor agregado do ICMS-ST, ou seja, em toda operação em que
o produto estiver enquadrado na incidência da Substituição Tributária do ICMS,
terá o ICMS normal (ICMS devido) e o ICMS-ST.
Nas operações mercantis que exigem este imposto, os itens que irão
compor o cálculo serão a base de cálculo do ICMS-ST (MVA), a alíquota da
operação própria, alíquota da operação de destino (para o caso de operações
interestaduais), alíquota adicional (caso houver majoração da alíquota para
destinação específica, como exemplo a FECP no Estado do Rio de Janeiro).
17
2.1 - Base de cálculo e o MVA
É possível utilizar-se como exemplo a aplicação do ICMS-ST em uma
operação interna no Rio de Janeiro. De acordo com o RICMS-RJ, do Livro II,
acrescentada pelo Decreto Estadual n.º 44.318/2013 temos:
“()...
Art. 7.º A margem de valor agregado será estabelecida com base em
preços usualmente praticados no mercado, obtidos por levantamento, ainda
que por amostragem ou através de informações e outros elementos fornecidos
por entidades representativas dos setores, adotando-se a média ponderada
dos preços coletados, observado ainda os seguintes parâmetros:
I - levantamento de preços efetuado por órgão oficial de pesquisa ou
pela Secretaria de Estado de Fazenda;
II - o levantamento deverá abranger um conjunto de municípios que
represente pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor adicionado fiscal
previsto na legislação que define o índice de participação dos municípios na
arrecadação do imposto;
III - as informações resultantes da pesquisa deverão conter os dados
cadastrais dos estabelecimentos pesquisados, as respectivas datas das
coletas de preços e demais elementos suficientes para demonstrar a
veracidade dos valores obtidos
Art. 8.º Quando uma nova espécie de mercadoria for submetida ao
regime de substituição tributária relativamente às operações subsequentes, a
Secretaria de Estado de Fazenda e Controle Geral, através de seu órgão
técnico, convocará as entidades representativas do setor na produção e
comercialização da mercadoria, a fim de que sugiram a margem de valor
agregado a ser utilizada na composição da base de cálculo do ICMS devido
por substituição tributária, bem como forneçam as informações que julgarem
pertinentes para justificar sua sugestão.
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§ 1.º O ato convocatório determinará o prazo para a apresentação da
margem sugerida e das informações.
§ 2.º Poderá ser exigido que as informações apresentadas estejam
acompanhadas de confirmação de instituto, órgão ou entidade de pesquisa de
reputação idônea, desvinculado da entidade representativa do setor, quanto à
fidelidade das informações.
Art. 9.º Após o recebimento e análise das informações, serão adotadas
as medidas necessárias para a fixação da base de cálculo do ICMS para efeito
de substituição tributária.
§ 1.º Na hipótese de haver discordância em relação à margem sugerida,
o setor será cientificado, sendo apontados os motivos da rejeição e
apresentada a pesquisa efetuada pela Secretaria de Estado de Fazenda e
Controle Geral, bem como a sistemática aplicada.
§ 2.º O setor apresentará suas contra-razões, no prazo de 15 (quinze)
dias após a ciência.
§ 3.º Decorrido o prazo fixado no parágrafo anterior sem que tenha
havido manifestação das entidades representativas do setor, presume-se
aceita a pesquisa realizada pelo Estado, sendo implementada a margem de
valor agregado por ele apurada.
§ 4.º Não sendo atendida a convocação de que trata o § 1.º do artigo
anterior, o Estado adotará a margem de valor agregado por ele apurada.
§ 5.º O disposto no parágrafo anterior também se aplica quando não
forem aceitas as contra-razões apresentadas pelo setor.
Art. 10. Na definição da metodologia da pesquisa a ser efetuada pelo
órgão técnico da Secretaria de Estado de Fazenda e Controle Geral e pelas
entidades representativas do setor envolvido para fixação da margem de valor
agregado, deverão ser observados os seguintes critérios, dentre outros que
poderão ser necessários face a peculiaridade da mercadoria:
I - identificação do produto, observadas as características particulares,
tais como: tipo, espécie e unidade de medida;
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II - preço de venda à vista no estabelecimento fabricante ou importador,
incluído o IPI, frete, seguro, e demais despesas cobradas do destinatário,
excluído o valor do ICMS relativo à substituição tributária;
III - preço de venda à vista no estabelecimento atacadista, incluído o
frete, seguro e demais despesas cobradas do destinatário, excluído o valor do
ICMS relativo à substituição tributária;
IV - preço de venda à vista no varejo, incluído o frete, seguro e demais
despesas cobradas do adquirente.
§ 1.º Não serão considerados os preços de promoção, bem como
aqueles submetidos a qualquer tipo de comercialização privilegiada.
§ 2.º A pesquisa será efetivada por levantamento a ser realizado por
sistema de amostragem nos setores envolvidos.
§ 3.º Sempre que possível, a pesquisa considerará o preço de
mercadoria cuja venda no varejo tenha ocorrido em período inferior a 30 (trinta)
dias após sua saída do estabelecimento fabricante, importador ou atacadista.
§ 4.º As informações resultantes da pesquisa deverão conter os dados
cadastrais dos estabelecimentos pesquisados, as respectivas datas das
coletas de preços e demais elementos suficientes para demonstrar a
veracidade dos valores obtidos.
Art. 11. A margem de valor agregado será estabelecida calculando-se a
relação percentual entre os preços do varejo e da indústria ou entre os preços
do varejo e do atacado, adotando-se a média ponderada dos preços coletados.
Art. 12. Aplica-se o disposto neste Capítulo à revisão de margem de
valor agregado de mercadoria sujeita ao regime de substituição tributária, que
porventura vier a ser realizada por iniciativa do Estado ou de entidade
representativa do setor interessado.
Art. 13. A mercadoria submetida ao regime de substituição tributária em
operação interestadual terá a margem de valor agregado estabelecida em
convênio ou protocolo.
Art. 13-A. Observado o disposto no artigo 5.º e Anexo I, nas operações
internas ou interestaduais com destino ao Estado do Rio de Janeiro, o
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contribuinte ou o responsável por substituição observarão a margemde valor
agregado:
I - Original: quando o remetente for designado contribuinte substituto
nas operações internas;
II - Ajustada:
a) na hipótese de o remetente ser designado contribuinte substituto nas
operações interestaduais;
b) na hipótese de aquisições realizadas em operações provenientes de
outra unidade federada por contribuinte substituto localizado neste estado com
mercadoria sujeita à substituição tributária quando não há convênio, protocolo
ou termo de acordo atribuindo a qualidade de contribuinte substituto ao
remetente.
§ 1.º Na hipótese de operações interestaduais destinadas ao Estado do
Rio de Janeiro com a adoção de alíquota de 4% (quatro por cento), os sujeitos
passivos por substituição deverão observar a margem de valor agregado
ajustada prevista na coluna do Anexo I a partir da referida alíquota.
§ 2.º Aplica-se a margem de valor agregado original nas operações
interestaduais destinadas ao território fluminense quando não houver previsão
de ajuste no Anexo I ou em instrumentos normativos de que o Estado do Rio
de Janeiro seja signatário ()...”.
De acordo com o trecho apresentado, o primeiro passo para se
chegar à base de cálculo do imposto é a obtenção do percentual a ser aplicado
para simular as cadeias seqüenciais da revenda. A margem de valor agregado
Original é exatamente o percentual que será aplicado à fórmula para se obter a
base de cálculo do ICMS-ST a ser recolhido em uma determinada operação
mercantil. O MVA é obtido com base nos preços regularmente praticados no
mercado determinado por cada produto a ser comercializado do Estado que
estiver comprando.
Quando há uma operação a partir de uma Indústria, neste caso
tratando-se do contribuinte substituto em uma operação para dentro do próprio
Estado, deverá ser aplicado diretamente o MVA Original, não precisando,
21
portanto, realizar o ajuste dos valores de acordo com as alíquotas, pois, não
haverá distinção entre elas.
Quando a operação ocorrer para fora do Estado, cabe ao
contribuinte realizar o ajuste deste MVA. Ainda utilizando como exemplo, para
uma operação interestadual com destino ao Rio de Janeiro, segue abaixo mais
um trecho do RICMS-RJ, mais precisamente em seu Livro II:
“()...
Art. 13-B. Na hipótese de operação interestadual destinada ao Estado
do Rio de Janeiro com os produtos relacionados nos itens 6 a 25 e 28 a 35 em
que a alíquota interna aplicável, nominal ou efetiva decorrente de redução de
base de cálculo, seja inferior ao percentual de 19% (dezenove por cento), já
considerado o Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECP), em substituição
às margens de valor adicionado ajustadas constantes do Anexo I, o
contribuinte substituto deve adotar a margem obtida com a aplicação da
fórmula a seguir, para adequar a Margem de Valor Adicionado Ajustada:
“MVA ajustada = [(1+ MVA ST original) x (1 - ALQ inter) / (1- ALQ intra)]
-1”, em que:
I) “MVA ST original” é a margem de valor agregado fixada para as
operações internas no Anexo I;
II) “ALQ inter” é o coeficiente correspondente à alíquota interestadual
aplicável à operação;
III) “ALQ intra” é o coeficiente correspondente à alíquota interna
(nominal ou efetiva decorrente de redução de base de cálculo) aplicável às
operações realizadas pelo contribuinte substituto industrial localizado no
Estado do Rio de Janeiro com as mesmas mercadorias.
§ 1.º Na hipótese de alíquota efetiva inferior ao percentual de 19%
(dezenove por cento), o disposto no caput somente se aplica caso a redução
de base de cálculo seja concedida em caráter geral, independentemente de
termo de acordo ou da prática de ato administrativo de enquadramento do
contribuinte.
§ 2.º A MVA Ajustada e adequada, obtida nos termos do caput, não
poderá ser inferior à MVA original aplicada às operações internas.
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§ 3.º Caso sejam adotadas as disposições presentes no caput, o
contribuinte substituto deve consignar no documento fiscal, no campo
"Informações Complementares", o dispositivo normativo que fundamenta a
aplicação da alíquota interna incidente (nominal ou efetiva) inferior a 19%, a
alíquota respectiva e a MVA Ajustada utilizada no cálculo.
§ 4.º Na hipótese de aquisições realizadas em operações provenientes
de outra unidade federada por contribuinte substituto localizado neste estado
com mercadoria sujeita à substituição tributária quando não há convênio,
protocolo ou termo de acordo atribuindo a qualidade de contribuinte substituto
ao remetente, as informações de que trata o § 3.º deste artigo deverão ser
consignadas no Documento de Arrecadação do Estado do Rio de Janeiro -
DARJ que acompanha as mercadorias, no campo “Informações
Complementares.”.
É importante ressaltar que no caso de uma operação interestadual,
os Estados envolvidos na operação possuindo convênio ou protocolo entre si,
a Margem de Valor Ajustada já poderá vir descrita no Regulamento do ICMS
de ambos os Estados. Cabe aos contribuintes a leitura minuciosa dos
regulamentos para se obter uma operação segura, livre de problemas com as
barreiras fiscais.
2.2 – Outras formas de apuração da Base de Cálculo
Para alguns casos específicos, os percentuais obtidos para a base de
cálculo do ICMS por Substituição Tributária poderá ser substituído por valores
descritos em Pauta fiscal. Esta pauta é estabelecida por órgão público
competente, realizada a partir de um valor mínimo aceitável pela fiscalização.
Geralmente pode-se obter em decorrência da divulgação do preço para os
consumidores finais.
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As pautas possuem regras e produtos que variam de acordo com os
Estados. Essas poderão sofrer modificações constantes, de acordo com a
legislação interna de cada Estado. Algumas pautas poderão ser bem
facilmente entendidas pelo contribuinte, outras possuem um grau de
complexidade bastante alto e possuem condições para utilização. O
contribuinte obrigatoriamente deverá consultá-las de forma bastante minuciosa
observando as imposições das normas para utilização.
Pode-se tomar como exemplo uma operação interna do Estado de
Goiás que consiste na venda de bebidas, em 04/04/2014 foi publicada a
Instrução Normativa SRE Nº 7 de 01/04/2014 na qual podemos ler a pauta
fiscal:
INSTRUÇÃO NORMATIVA 7 SRE, DE 1-4-2014 (DO-GO DE 3-4-2014)
O SUPERINTENDENTE DA RECEITA DA SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS, no uso de suas atribuições, tendo em vista o disposto nos arts. 18 e 441 do Decreto nº 4.852, de 29 de dezembro de 1997, Regulamento do Código Tributário do Estado de Goiás – RCTE –, resolve baixar a seguinte INSTRUÇÃO NORMATIVA: Art. 1º – Os valores a serem considerados como base de cálculo, para efeito de pagamento do ICMS devido por substituição tributária pelas operações posteriores com “CIMENTO”, classificado no código 2523 da NBM/SH, relacionado no inciso XII do Apêndice VIII do RCTE, passam a ser os preços médios ponderados pelo consumidor final, constante do Anexo Único desta instrução. Art. 2º – Esta instrução entra em vigor no primeiro dia útil subsequente à data de sua publicação, ficando revogada a Instrução Normativa nº 028/08-SAT, de 3 de setembro de 2008. (Glaucus Moreira Nascimento e Silva – Superintendente de Administração Tributária)
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ANEXO ÚNICO CIMENTO
PRODUTO UNIDADE PREÇO EM R$
Cimento Branco por kg 2,00
Cimento Portland saco de 25 kg 11,00
Cimento Portland saco de 50 kg 20,35
Cimento Portland por kg 0,91
Demais Cimentos por kg 0,78
2.3 - Apresentação do cálculo definitivo e o resultado do ICMS-ST a ser
recolhido
De fato é extremamente enredada uma empresa no auge de suas
operações realizar cálculos demasiadamente complexos, principalmente para
pequenas e médias empresas as quais não possuem um planejamento
tributário bem delineado. São tantas as minudências que a empresa deve
tomar conhecimento para operacionalizar o ICMS-ST, que muitas passam
desapercebidas. Neste sentido, para Claudia Marchetti da Silva (2009), “Resta
a esperança de condescendência quanto aos equívocos fiscais cometidos
pelos contribuintes quando se iniciarem as fiscalizações.”.
Abaixo, segue um exemplo prático de como o procedimento de
cálculo deverá ser realizado e analisado pelos contribuintes:
Trata-se de uma operação interestadual com natureza de venda do
Estado emitente Rio de Janeiro para o destinatário Paraná, cujo produto se
baseia em certa quantidade de carrinhos nacionais em miniatura (enquadrado
no NCM 9503, a respeito de brinquedos em geral), que totaliza um montante
de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Ao emitir a nota fiscal o contribuinte deverá
fazer leitura da legislação do ICMS do Paraná, pois é para este Estado que
será recolhido o referido imposto. O dispositivo legal que amparará esta
operação será o Protocolo ICMS número 204, o qual está disposto do
25
Regulamento do ICMS do Paraná de 2012, em seu Artigo 132, Decreto N.º
6080 de 28/09/2012.
Consultando o referido regulamento, é possível verificar que o produto
tem uma Margem de Valor Agregado (MVA) disposta, sendo que a interna é
75,89%, 88,76% para alíquotas normais entre contribuintes de 12%, e
105,92% cuja alíquota do ICMS normal é reduzida a 4% para produto
importado. Neste caso iremos utilizar uma margem de valor agregado ajustada,
por se tratar de operação interestadual com a alíquota de ICMS normal a 12%.
Para este caso a alíquota ajustada já está discriminada na própria legislação, o
que facilita muito o cálculo em si. Somente a título de informação, é possível
tirar a prova real da alíquota determinada no dispositivo legal, através da
fórmula apresentada neste capítulo:
Fórmula:
MVA ajustada = (1+ MVA ST original) x (1 - ALQ inter) -1
(1- ALQ intra)
Simulação do MVA com a fórmula:
MVA ajustada = (1 + 75,89%) x (1 – 12%) - 1 = 88,76%
(1- 18%)
De posse do MVA teremos condições de obter a base de cálculo do
ICMS-ST desta operação. seguem abaixo informações importantes para o
próximo passo:
MVA 88,76%
Alíquota ICMS Operação interestadual 12,00%
Alíquota ICMS Interna estado destino 18,00%
26
A base de cálculo do ICMS-ST é constituída pelo resultado da soma
dos valores totais das mercadorias e o valor do ICMS normal da operação,
multiplicada pelo resultado da divisão do percentual do MVA por um
adicionado de uma unidade:
Base ST = (10000,00+(10000,00 x 12%)) x ((1 + (88,76% / 1)) = R$ 18.876,00
A seguir, devemos obter o valor do ICMS-ST multiplicando a base
pela alíquota interna de destino, ou seja, teremos que obter o valor a ser
recolhido para o Estado destinatário, para as operações subseqüentes:
ICMS – ST = 18876,00 x 18% = R$ 3.397,68
Uma parte deste ICMS o fabricante já deduz do montante do valor
total dos produtos na operação corrente que neste caso é o ICMS normal da
cadeia, dessa forma o mesmo deverá ser descontado do valor total, para que
não haja cobrança em duplicidade de ICMS:
ICMS-ST final = 3.397,68 – 1200,00 = R$ 2197,68
O valor do ICMS-ST final deverá ser adicionado ao valor total da nota
fiscal, o contribuinte não terá direito a crédito deste valor caso a operação se
concretize. A guia de recolhimento do ICMS-ST (GNRE – Guia Nacional de
Recolhimento de tributos) deverá ser paga imediatamente e anexada à nota
fiscal para que a carga possa seguir conforme combinado com o comprador.
27
CAPÍTULO III
POR QUE A SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA DO ICMS
CAUSA TAMANHA POLÊMICA
São várias as causas das polêmicas geradas pela instituição da
substituição tributária do ICMS nas operações mercantis, desde a
regulamentação do imposto até a prática deste nas operações das empresas.
Abaixo serão exemplificadas situações reais do cotidiano das
empresas que sofrem a cobrança deste imposto.
3.1 - O Crédito do ICMS-ST e a questão sobre sua inconstitucionalidade
A nossa Constituição Federal em seu artigo 150, § 7º, estabelece que
a lei possa atribuir ao sujeito passivo de obrigação tributária a condição de
responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador
deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição
da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Esta é a
primeira discussão acerca da instituição deste imposto sobre as mercadorias e
em muitos tribunais há sua constitucionalidade questionada. Como forma
jurisprudencial, esses questionamentos iniciaram-se com a ADIn (Ação Direta
de Inconstitucionalidade 1851-4 de Alagoas) contra um convênio do ICMS
(convênio 13 de 21 de março de 1997) o qual impediu a restituição dos valores
de ICMS quando a operação ou prestação realizar-se em valor inferior ao
presumido no pagamento efetuado pelo substituto tributário, este disposto
fixou-se na cláusula segunda do referido convênio. O Supremo Tribunal
Federal julgou improcedente o pedido de inconstitucionalidade e causou
bastante agitação entre os empresários. Para expressar tamanho abalo, Luis
Carlos Silva de Faria (2008, p.27) diz: “Com todo nosso mais profundo
28
respeito, erraram, como só os sábios erram, os Ministros de nosso augusto
Supremo Tribunal Federal [...]”, expressando sua mais profunda indignação.
Mas, após a análise minuciosa dos votos, foi constatado pelos
ministros que tal convênio fere o Artigo 150, § 7° da Carta Magna, dando assim
razão ao pedido de revogação do convênio e ratificando a doutrina de que todo
contribuinte que realizar pagamentos de ICMS-ST a maior, ou que a operação
não tenha se consumado tem direito ao ressarcimento dos valores.
Mesmo passado anos após os episódios de questionamentos acerca
do direito de ressarcimentos de valores pagos de ICMS-ST, por motivos justos,
dos contribuintes deste imposto, eles ainda sofrem quando procuram as
inspetorias para fazê-lo.
De certo, o ICMS-ST não pode ser apropriado de forma indébita pelos
cofres públicos, a lei prevê de tal forma, mas, o procedimento para as
empresas requerem o crédito tributário do imposto pago à maior ou que não
tenha acontecido o fato gerador é impraticável de tão burocrático. Muitos
empresários abdicam deste crédito.
De acordo com os ensinamentos do professor Roque Antonio
Carraza:
“(...) a Constituição veda a tributação com base em fatos de provável
ocorrência. Para que o mecanismo de substituição venha adequadamente
utilizado, é preciso que se estribe em fatos concretamente ocorridos: nunca em
fatos futuros, de ocorrência incerta. Essa é uma barreira constitucional
inafastável, pois integra o conjunto de direitos e garantia que a Lei Maior
confere ao contribuinte.”
O que o professor expõe é exatamente uma das materialidades das
discussões já ditas anteriormente. O ICMS-ST passou a ser mais comentado
quando a lista de produtos que sofrem a incidência deste imposto aumentou,
daí veio o questionamento dos empresários se esta sistemática de pagamento
antecipado do ICMS sobre toda a cadeia mercantil era de fato amparada pela
legislação, ou pelos princípios da legalidade. Embora atualmente o regime
está em pleno funcionamento nas empresas, é possível obter algumas
29
situações jurisprudenciais os quais a incidência do imposto é discutida em
alguns Estados dependendo da natureza da operação
Um exemplo prático desse fato é uma venda de mercadoria em
consignação mercantil, ou seja, quando o vendedor não há a certeza de que
toda a mercadoria seria vendida, mas, em alguns Estados o fisco exige o
recolhimento antecipado de toda a compra em consignação mercantil, sendo
esta vendida pelo comprador ou não. O imposto pago pelo fabricante é tido
diretamente como sua despesa, encarecendo e prejudicando a sua
negociação.
3.2 - Empresas enquadradas no Regime de tributação do Simples
Nacional
De acordo com o parágrafo 20 do artigo 18 da Lei Complementar
Federal n.º 123, de 14 de dezembro de 2006 em atendimento ao disposto no
artigo 13 da Resolução CGSN n.º 05, de 30 de maio de 2007 que tratam da
redução dos recolhimentos de impostos devidos pelas microempresas ou
empresas de pequeno porte, em conformidade com as leis Estaduais de cada
Estado, o imposto sobre circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (o ICMS)
também foi incluso através dessas regulamentações para sofrer a redução tal
como as tabelas de alíquotas difundidas pelos Estados brasileiros.
Essas empresas são enquadradas no Regime do Simples Nacional, e
possui o sistema de tributação diferenciado com a implantação da LC
123/2006. Mas, já que, a lei engloba alíquotas reduzidas para aplicação do
ICMS nas operações das empresas que optam por este Regime Tributação,
podemos dizer que o ICMS-ST também faz parte deste beneficiamento? O
único beneficiamento que um fabricante poderá ter em relação ao ICMS-ST é
que em todas as suas operações serão consideradas as margens de valor
30
agregado originais e não as ajustadas como no processo normal para cálculo
do ST.
A alíquota do ICMS da operação própria de uma empresa que se
enquadra no Simples Nacional e faz uma venda para outro Estado de um
produto que sofre a incidência de ICMS-ST é exatamente a mesma que em
uma operação de um fornecedor fora do Simples Nacional. Acredita-se que
com o advento da ST foi arrancado um grande benefício das empresas do
Simples. Para Edmilson Martins (2012, apud José Chapina, presidente do
Conselho de Assuntos Tributários da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo a Fecomercio), "Antes da ST, o
comércio varejista comprava, estocava, o consumidor adquiria e somente
naquele momento o comerciante pagaria o imposto incidente sobre a
mercadoria", ou seja, ratifica-se o fato de que o empreendedor pequeno acaba
por ser prejudicado em uma operação que há ICMS-ST.
Atualmente fala-se muito no Novo Simples Nacional que dispensa o
recolhimento do ICMS-ST para alguns produtos listados, que estejam na
condição de etapa única da operação (monofásica) e que será aplicada
somente ao setor industrial. Essas inovações do Simples Nacional estão
surgindo através da Lei Complementar nº. 147 de 2014, que ainda está para
ser revisada, disciplinada e regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples
Nacional, com vigência a partir de 2016, mas, ainda não se sabe o teor
completo da normativa na suspensão do ICMS-ST para as empresas do
Simples Nacional, enquanto isso, os empreendedores tentam planejar-se o
máximo possível para que os impostos não sejam um problema para a saúde
de suas empresas.
31
CONCLUSÃO
A operacionalização da substituição tributária é sem dúvida muito
complexa. O grande problema acerca da aplicabilidade nas operações que
envolve o ST é a constância na mutação das legislações dos Estados que
regem a aplicação deste imposto.
Infelizmente muitas empresas que trabalham com produtos que
incidem este imposto não estão preparadas e necessitam de um planejamento
tributário muito eficaz para que não haja dispêndio de verba e prejudique os
seus lucros.
Os colaboradores que trabalham auxiliando os empregadores nas
negociações que exigem o recolhimento do ICMS-ST devem estar engajados
com os protocolos e convênios que são assinados entre os Estados, e, por
isso, exigem muito da experiência, conhecimento técnico aprofundado e um
grau de envolvimento avantajado deste profissional.
O número de produtos que incidem este imposto aumenta a cada
dia, proporcionalmente os profissionais devem estar igualmente preparados
utilizando-se dos procedimentos corretos para não haver erros no cálculo do
imposto e evitar a evidência à fiscalização, até porque, os profissionais
fiscalizadores também estão se munindo de conhecimentos avançados para
evitar a evasão fiscal das empresas.
É certo que além da dificuldade da aplicabilidade das legislações e
dos cálculos de ICMS-ST, a imposição do recolhimento antecipado de um
imposto é aos olhos dos empresários um tanto injusto, pois seu fato gerador
pode não acontecer, e o valor pago em antecipação é dado como despesa,
mas a legislação a normatizou desta forma e tem sido um método bastante
eficaz para os cofres públicos, muito embora tenha que se exigir muito dos
empregadores e dos empregados no momento de decidir sobre o seu
planejamento tributário e no momento de buscar conhecimento para se
garantir no mercado tão competitivo.
32
Com isso, é possível concluir que para que as empresas não entrem
em processo de descontinuidade é necessário ter uma equipe de planejamento
tributário qualificada, assessorando de maneira integral de modo a promover a
elisão fiscal. A assessoria tributária certamente é de grande ajuda para as
empresas, mesmo que esta esteja enquadrada no regime tributário do Simples
Nacional, uma vez que, a aplicação do ICMS-ST é realizada da mesma forma
para todos os regimes tributários. É extremamente necessário também que as
empresas passem a oferecer treinamentos adequados para os seus
colaboradores, e valorizem o profissional que realmente almejam contribuir
para o sucesso próprio e o sucesso da empresa.
Só assim, é possível garantir que o governo, os contribuintes e
consumidores possam buscar a justiça tributária adequada.
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS
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36
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10/02/2015.
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CITADAS
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Diferenças de Base de Cálculo. Revista Dialética de Direito Tributário. São
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CARRAZA, Roque Antonio. ICMS. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.
TORRES, Heleno T. Substituição Tributária - Regime Constitucional,
Classificação e Relações Jurídicas (Materiais e Processuais). Revista Dialética
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FARIA, Luis Carlos Silva de. Da Substituição tributária do ICMS. 2ª Ed.
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Substituição Tributária. Disponível em:
<http://www.fiscosoft.com.br/a/4o9n/asdificuldades-na-operacionalizacao-da-
substituicao-tributaria-claudia-marchettida-silva> - Acesso em 03/02/2015.
38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O que é, como surgiu, como funciona e porque há a
substituição tributária do ICMS 10
1.1 - Regras Gerais para aplicação do ICMS-ST 11
CAPÍTULO II
Como realizar adequadamente o cálculo do ICMS-ST 16
2.1 – Base de cálculo e o MVA 17
2.2 – Outras formas de apuração da Base de Cálculo 22
2.3 – Apresentação do cálculo definitivo e o resultado do
ICMS-ST a ser recolhido 24
CAPÍTULO III
Por que a substituição tributária do ICMS causa
tanta polêmica? 27
3.1 – O crédito do ICMS-ST e a questão sobre
sua inconstitucionalidade 27
3.2 – Empresas enquadradas no Regime de tributação do
Simples Nacional 29
CONCLUSÃO 31
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
BIBLIOGRAFIA CITADA 37
ÍNDICE 38