distorÇÃo idade-sÉrie na transiÇÃo do ensino...

22
1 Curso de Letras Artigo Original DISTORÇÃO IDADE-SÉRIE NA TRANSIÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA O MÉDIO EM ESCOLAS PÚBLICAS NO DF AGE-SERIE DISTORTION IN EDUCATION TRANSITION BASICS THE MIDDLE IN PUBLIC SCHOOLS IN DF Janaína Souto de Castro 1 Maria Cristina Sousa da Silva 1 , Marcello Lucas de Araújo Brito 2 1 Alunas do Curso de Letras 2 Mestre do Curso de Letras Resumo Atualmente são vários os aspectos levados em consideração quando se tenta explicar as causas do fracasso escolar. Esta pesquisa enfoca a distorção idade série, abordando algumas das possíveis causas para as dificuldades no aprendizado. Também, a influência da família no processo de aprendizagem, o papel do corpo docente na formação dos conceitos e habilidades, da Instituição como canal motivador por meios dos projetos educativos, e o próprio aluno com esforço e dedicação. Embora exista um grande número de variáveis envolvidas no desenvolvimento das dificuldades de aprendizagem, com a presente pesquisa, será possível compreender que uma relação presente entre família, aluno e escola pode ser um facilitador do diagnóstico e tratamento dos fatores responsáveis pela distorção idade série. Palavras-chave: distorção idade-série; DIS; educação; aprendizagem; ensino. Abstract Currently there are several aspects taken into account when trying to explain the causes of school failure. This research focuses on student age range, addressing some of the possible causes for the difficulties in learning. Also, the family's influence in the learning process, the faculty role in the formation of concepts and skills, the institution as a motivator channel by means of educational programs, and the student himself with effort and dedication. Although exist a large number of variables involved in the development of learning difficulties, with the present research, will be possible comprehend that a relationship between family, school and student can be a facilitator of the diagnosis and treatment of the factors responsible for distortion age- serie. Keywords: age-serie distortion; DIS; education; learning; education. Contato: [email protected] Introdução Esta tem a visão de discutir os problemas na Distorção Idade Série (DIS) no Centro Educacional (CED) 03 de Brazlândia e demonstrar quais os fatores que levam os alunos a se encontrarem nesse retardo. Para a iniciação desse trabalho foi necessário levar em consideração o perfil dos alunos, dos professores, da instituição e da região onde está localizada, pois se acredita que esses são fatores de grande contribuição para o sucesso ou fracasso do ensino. A Distorção Idade Série é um problema que vem sendo discutido por pesquisadores, educadores e autoridades competentes há algum tempo. Porém, é importante frisar que essa é uma questão que não será resolvida facilmente e os índices de evasão escolar e repetência têm aumentado significativamente a cada ano, pois essas são apontadas como as maiores causas de DIS, caracterizando o fracasso escolar desses alunos retardatários. A educação se constitui como direito fundamental e essencial ao ser humano. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação afirma que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade” (LDB, 2006, 319). Essa garantia de ensino para todos, fortalece não somente o desenvolvimento do país, mas também o crescimento pessoal, o seu exercício da cidadania e sua qualificação para o mercado de trabalho. No primeiro momento foi feito o reconhecimento da estrutura da escola e direção, nessa oportunidade as pesquisadoras visitaram as salas de aula e foram apresentadas pela direção aos alunos que participariam da entrevista. No segundo contato da pesquisa, realizou-se a entrevista com um total de sete alunos, o diretor, dois professores, coordenadores pedagógicos e o supervisor da escola. A todo o momento a direção se demonstrou solícita para que a pesquisa fosse realizada da melhor forma possível. Estar em situação de Distorção Idade Série é uma realidade enfrentada por inúmeros alunos do ensino Fundamental e Médio. A diferença entre a idade e a série na qual os alunos se encontram, são alvos de grandes discussões pelas autoridades e órgãos competentes. Essa distorção é ocasionada por duas principais causas: o elevado número de evasão escolar e a repetência. Apesar dos projetos existentes no CED 03 de Brazlândia para manter o aluno por mais tempo no ambiente escolar e evitar a evasão, o problema ainda não está resolvido, o desafio vai muito além

Upload: trinhnhi

Post on 08-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Curso de Letras Artigo Original

DISTORÇÃO IDADE-SÉRIE NA TRANSIÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA O MÉDIO EM ESCOLAS PÚBLICAS NO DF AGE-SERIE DISTORTION IN EDUCATION TRANSITION BASICS THE MIDDLE IN PUBLIC SCHOOLS IN DF Janaína Souto de Castro

1 Maria Cristina Sousa da Silva

1, Marcello Lucas de Araújo Brito

2

1 Alunas do Curso de Letras

2 Mestre do Curso de Letras

Resumo

Atualmente são vários os aspectos levados em consideração quando se tenta explicar as causas do fracasso escolar. Esta pesquisa enfoca a distorção idade série, abordando algumas das possíveis causas para as dificuldades no aprendizado. Também, a influência

da família no processo de aprendizagem, o papel do corpo docente na formação dos conceitos e habilidades, da Instituição como canal motivador por meios dos projetos educativos, e o próprio aluno com esforço e dedicação. Embora exista um grande número de variáveis envolvidas no desenvolvimento das dificuldades de aprendizagem, com a presente pesquisa, será possível compreender que

uma relação presente entre família, aluno e escola pode ser um facilitador do diagnóstico e tratamento dos fatores responsáveis pela distorção idade série. Palavras-chave: distorção idade-série; DIS; educação; aprendizagem; ensino.

Abstract

Currently there are several aspects taken into account when trying to explain the causes of school failure. This research focuses on student age range, addressing some of the possible causes for the difficulties in learning. Also, the family's influence in the learning process, the faculty role in the formation of concepts and skills, the institution as a motivator channel by means of educational programs,

and the student himself with effort and dedication. Although exist a large number of variables involved in the development of learning difficulties, with the present research, will be possible comprehend that a relationship between family, school and student can be a facilitator of the diagnosis and treatment of the factors responsible for distortion age- serie.

Keywords: age-serie distortion; DIS; education; learning; education.

Contato: [email protected]

Introdução Esta tem a visão de discutir os problemas

na Distorção Idade Série (DIS) no Centro Educacional (CED) 03 de Brazlândia e demonstrar quais os fatores que levam os alunos a se encontrarem nesse retardo. Para a iniciação desse trabalho foi necessário levar em consideração o perfil dos alunos, dos professores, da instituição e da região onde está localizada, pois se acredita que esses são fatores de grande contribuição para o sucesso ou fracasso do ensino.

A Distorção Idade Série é um problema que vem sendo discutido por pesquisadores, educadores e autoridades competentes há algum tempo. Porém, é importante frisar que essa é uma questão que não será resolvida facilmente e os índices de evasão escolar e repetência têm aumentado significativamente a cada ano, pois essas são apontadas como as maiores causas de DIS, caracterizando o fracasso escolar desses alunos retardatários.

A educação se constitui como direito fundamental e essencial ao ser humano. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação afirma que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade” (LDB, 2006, 319).

Essa garantia de ensino para todos, fortalece não somente o desenvolvimento do país, mas também o crescimento pessoal, o seu exercício da cidadania e sua qualificação para o mercado de trabalho.

No primeiro momento foi feito o reconhecimento da estrutura da escola e direção, nessa oportunidade as pesquisadoras visitaram as salas de aula e foram apresentadas pela direção aos alunos que participariam da entrevista. No segundo contato da pesquisa, realizou-se a entrevista com um total de sete alunos, o diretor, dois professores, coordenadores pedagógicos e o supervisor da escola. A todo o momento a direção se demonstrou solícita para que a pesquisa fosse realizada da melhor forma possível.

Estar em situação de Distorção Idade Série é uma realidade enfrentada por inúmeros alunos do ensino Fundamental e Médio. A diferença entre a idade e a série na qual os alunos se encontram, são alvos de grandes discussões pelas autoridades e órgãos competentes. Essa distorção é ocasionada por duas principais causas: o elevado número de evasão escolar e a repetência.

Apesar dos projetos existentes no CED 03 de Brazlândia para manter o aluno por mais tempo no ambiente escolar e evitar a evasão, o problema ainda não está resolvido, o desafio vai muito além

2

das salas de aula, de projetos interdisciplinares e se torna um problema social. Esse fator ocorre na maioria dos casos por problemas na estrutura familiar, como a falta de empenho dos pais na vida escolar do aluno, ou seja, falta a escola e a família caminhar lado a lado. Existem casos de alunos do CED 03 em que o abandono escolar ocorre pela grande responsabilidade que é confiada aos jovens pelos seus pais a cuidarem dos irmãos mais novos.

Na escola onde a pesquisa foi realizada, a repetência se apresenta como um grande empecilho no processo de aprendizagem dos alunos. Apesar do perfil socioeconômico traçado da comunidade, esse não é o fator que determina os problemas enfrentados pela instituição. São inúmeras as atitudes que podem ser tomadas tanto por parte da família, quanto da escola para que esse aluno não deixe de frequentar as aulas, pois como foi citado anteriormente, escola e família devem trabalhar juntas em prol de uma educação de qualidade. No decorrer das conversas com os alunos, professores e direção, pôde-se perceber que no caso da repetência, a responsabilidade não é atribuída a uma das partes, mas de todos, por parte da família, dos alunos e dos professores, na forma de ensino adotada.

Pensando nesses alunos, o Governo Federal possui uma forma mais rápida desse estudante recuperar o tempo desperdiçado, seja por causa repetência ou pela evasão escolar. A correção de fluxo foi desenhada como uma alternativa de experiência educacional voltadas para os estudantes que se encontravam dois ou mais anos atrasados em sua escolaridade. O Programa oferecia a esses jovens a oportunidade de um aprendizado significativo que desfizesse a discrepância idade série. O Ministério da Educação e Cultura (MEC) se propôs a dar todo o apoio necessário para que os Estados implementassem essa modalidade de ensino, esse apoio viria através de assistência técnica e recursos financeiros para a realização dos treinamentos profissionais necessários.

As Unidades Federativas adotaram esta proposta e implantaram a correção de fluxo, essa modalidade é uma forma de aproveitamento dos estudos. O aluno faz em menos tempo os anos que lhe faltariam para entrar em regularidade ou concluir os estudos. Nessa pesquisa, o foco serão alunos que recorreram a essa modalidade de ensino no nível fundamental e voltaram a cursar o ensino regular no nível médio, conhecer suas limitações e a forma com que a escola trata esse aluno.

Na maioria das vezes os alunos vêem a correção de fluxo de forma positiva, como uma maneira de voltarem a cursar o ensino médio regular e participarem de programas que lhes possibilitem o ingresso às Universidades. Em contrapartida, muitos alunos utilizam desse

método apenas para concluírem os estudos sem muitas perspectivas de continuação. Por esses motivos o CED 03 vê nos projetos interdisciplinares, que serão apresentados no capítulo 2, uma forma de estimulá-los a darem o melhor de si nos estudos e valorizar os talentos individuais.

O maior desafio nas escolas hoje é a permanência do aluno em sala, sendo a evasão escolar é a principal causa da Distorção Idade Série no CED 03. Na escola a direção busca nos projetos uma saída para que esse número diminua, pois alguns resultados já foram perceptíveis, porém ainda não é o suficiente. Depois da implantação desses métodos, o número de evasão escolar foi bem menor comparado com os anos anteriores, pois para que os alunos participem é exigido que o mesmo seja um aluno assíduo.

Devido ao fato da escola se localizar em um setor socialmente vulnerável, muitos jovens necessitam abandonar a escola por fatores externos de natureza socioeconômica. Esse é uma das maiores causa da evasão escolar nessa instituição, a partir dessa atitude de abandonar a sala de aula, os alunos passam a se encontrarem em situação de Distorção Idade Série. Devido à necessidade de recuperar o tempo perdido, os jovens buscam as turmas de correção de fluxo para concluírem os estudos ou voltarem ao Ensino Médio em situação de regularidade.

Com o intuito de analisar essas causas de DIS e saber que atitudes a instituição está tomando com relação ao assunto. O capitulo I faz a apresentação do tema de acordo com os estudos realizados. No capítulo II, faz-se a apresentação do campo, expondo as causas do problema de acordo com o perfil da comunidade e o como a Distorção Idade Série é encarada. A análise do tema ficou a cargo do capítulo III, com uma visão crítica das pesquisadoras baseado nos estudos e nas visitas realizadas no campo.

CAPÍTULO 1: OS FATORES QUE CAUSAM A DISTORÇÃO IDADE SÉRIE EM ESCOLAS PÚBLICAS DO DF

Alunos em todo o Brasil e de todas as faixas

etárias enfrentam dificuldades cognitivas ou psicológicas. Um dos problemas que vem tornando o ensino no país ainda mais discrepante é a diferença entre idade e a série cursada pelos alunos, denominada pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB (Lei 9.394/1996) por Distorção Idade Série (DIS). No Brasil a idade adequada para o aluno ingressar no Ensino Fundamental I é de 6 a 7 anos, isso significa que o mesmo estaria ingressando no Ensino Médio entre 14 e 15 anos, o que nem sempre ocorre, pois são vários os fatores que contribuem para que o aluno interrompa ou atrase os estudos.

3

Essa defasagem tem se tornado algo cada vez mais comum e vem chegando a uma situação alarmante. Em um artigo publicado no portal do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira em junho de 2014, a Secretaria de Educação diagnosticou que a DIS acontece quando há uma diferença de, no mínimo, dois anos entre a idade e a série que o aluno cursa.

De acordo com Camila Moreira (2013) as principais causas apontadas em pesquisas são a evasão escolar – que ocorre quando um aluno deixa de freqüentar a escola – e a repetência – retenção dos alunos reprovados nas atividades avaliativas de um determinado curso, levando os estudantes a frequentarem as aulas de um curso e a estudar as mesmas matérias que já haviam estudado –, todavia existem os motivos primários que contribuem para estas, e apesar de muitas vezes estarem intimamente ligadas à situação socioeconômica do aluno, isso nem sempre é fator determinante. Uma das principais consequências da DIS é o baixo desempenho dos alunos em atraso escolar quando comparados aos alunos do Ensino Regular, o que pode ser evidenciado pelos resultados inferiores aos esperados nas avaliações nacionais do Ensino Fundamental.

Um aluno que vem de uma situação de DIS encontra-se, na maioria dos casos, desacreditado. O problema da evasão escolar pode ser causado por vários motivos, dentre eles a necessidade que os alunos possuem de ajudar a família por vontade própria ou a pedido dos pais. A repetência também possui vários causadores, o que na maioria das vezes é ocasionado pela ausência dos pais na vida escolar desse aluno, isso se dá pela falta de acompanhamento na escola ou até mesmo nas atividades e compromissos que os alunos levam para casa.

A distorção idade série pode ocasionar um alto custo psicológico sobre a vida escolar, social e profissional dos alunos. Isso faz com que a sociedade tenha em comum um tipo de estudante caracterizado como impróprio, que são os alunos com dúvidas e problemas cognitivos em comum. O educador se depara sem material para desenvolver o seu trabalho, em especial, a dificuldade de ministrar alguns conteúdos específicos como, atualidades e exercícios de raciocínio lógico. A escola, por sua vez, tenta entrecruzar o projeto coletivo da sociedade com a colaboração de alunos e professores.

A educação é formada primeiramente em casa e posteriormente na escola. A família vem se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, econômicas e sócio-culturais do contexto em que estão inseridas, porém se requer cada vez mais a presença desses membros em conselhos escolares. É fundamental que sigam os mesmos princípios e critérios, e a mesma direção em relação aos objetivos que desejam alcançar. De acordo o Artigo 1º da LDB (Lei 9.394/1996), a

educação abrange um processo formativo que começa no convívio familiar, na convivência humana, no trabalho, nos movimentos socais e organizações da sociedade civil, nas manifestações culturais e nas instituições de ensino e pesquisa.

Essas instituições são um espaço de ensino que formam princípios éticos, funcionando como um instrumento. Se a educação como instrumento social básico é que possibilita ao individuo a transposição da marginalidade para o pleno exercício da cidadania, não é possível pensar sua conquista sem educação. Educar, nessa perspectiva, é entender que direitos humanos e cidadania significam prática da vida em todas as instancias de convívio social dos indivíduos na família, na escola, na igreja, no conjunto da sociedade.

A revalorização das relações interpessoais de solidariedade e de cooperação, o reconhecimento do caráter coletivo dos processos de tessitura de conhecimentos e de construção de identidades, além da atribuição de uma prioridade pedagógica ao desenvolvimento da autonomia intelectual, psíquica e social requer, sobretudo, ações concretas em termos de metodologias de ensino (OLIVEIRA, 2005, 31).

Na escola o aluno aprende a valorizar as

relações interpessoais, ou seja, a forma como o indivíduo lida com o seu meio social, seja na família, no trabalho ou onde haja interação. Vista de um aspecto solidário e cooperativo refere-se à abertura que cada aluno dá em receber e entender informações. Algumas pessoas têm a facilidade de extrair conteúdos valiosos e relevantes de seu convívio social, aumentando a sua capacidade de compreender determinadas situações e saber lidar com elas. Isso leva a uma reflexão sobre as práticas de ensino nas escolas e a percepção de que o conhecimento intelectual que o aluno carrega para a sala de aula são importantes e proveitosos. A prática de ensino tem que ser algo social e não individual. Pode-se dizer então que o conhecimento faz uma ligação com as práticas sociais tanto quanto com o desenvolvimento do aluno no ambiente escolar.

De acordo com Lorenzo Luzuriaga, (2001) a evolução histórica dos métodos educacionais passou de um aspecto individual para o aspecto coletivo e social, ou seja, é na escola onde o aluno na maioria das vezes vai assumir o seu papel de cidadão e decidir sobre carreira profissional e outras escolhas relacionadas ao meio social. Por isso é tão necessário permanecer na escola até o término dos Ensinos Fundamental e Médio, pois o abandono dos estudos preocupa os educadores, as famílias e responsáveis pelas políticas públicas educacionais e traz problemas relacionados à

4

compreensão e habilidade dos estudantes. O aluno tem que perceber na escola,

pessoas que acreditam e valorizam sua capacidade de reverter sua atual realidade, seja ela causada pela evasão escolar ou repetência. “O sentimento de fracasso experimentado por um aluno não é, muitas vezes senão a interiorização do julgamento da instituição escolar, expresso pelo professor ou por um examinador do alto de seu saber” (PERRENOUD, 2000, 22).

Os professores então têm um papel importante no retorno do aluno. As instituições competentes impõem suas normas e regras para o ensino, enquanto o professor põe em prática na sala de aula, o docente pode ainda modificá-las na abordagem de determinados conteúdos, escolhendo a melhor forma de trabalhar os conteúdos, porém jamais alterará o seu objetivo. A instituição também tem que assumir sua responsabilidade nessa fase, as duas partes devem trabalhar juntas. Receber um aluno em situação de DIS no Ensino Médio Regular não é tarefa fácil, pois a escola cumpre seu papel de acolhedor, tentando dar a esse jovem todo o suporte que ele necessita para encontrar seu novo caminho. Para que mais adiante não necessite recorrer novamente à correção de fluxo. Em contrapartida, Perrenoud (2000) traz ainda para discussão o fato de ser mais fácil para a escola, avaliar se um determinado aluno sabe ler do que, por exemplo, decifrar uma partitura musical.

Projetos escolares/políticos pedagógicos como a música, a dança e o teatro são grandes aliados para atrair os alunos à escola. Por meio dessas propostas é importante valorizar sempre os talentos dos alunos e respeitar suas individualidades. Diferenciar o ensino é lutar para que as desigualdades da escola atenuem-se, e conseqüentemente, o nível de ensino se eleve. Para executar essa proposta é necessária uma mudança profunda na escola. Conforme Perrenoud (2000), desenvolver uma educação, é o sonho de todos que acham que ensinar de maneira igual, sempre com os mesmos métodos, para pessoas diferentes é um absurdo como se o tempo não tivesse passado, presos a técnicas ultrapassadas. O ensino diferenciado, leva em consideração as características individuais dos alunos, isso é uma forma de respeito às pessoas e bom senso pedagógico.

Os projetos ajudarão em diversos aspectos, como por exemplo, a diminuição do número de faltas e a formação de uma pessoa com bons ideais. Ana Mae Barbosa (2008) defende a idéia da arte a serviço da responsabilidade social, apesar de considerar em alguns momentos um esforço quase que inútil, pois sabe que todo entusiasta cedo ou tarde desanima. Porém segundo ela, não há motivo para negar ou duvidar que a arte em sala de aula possa promover crescimentos pessoais. Mesmo que o estudante não consiga um grande sucesso profissional por

meio da arte, a proposta inicial não terá sido em vão, pois contribuiu para seu desenvolvimento pessoal tornando-o um ser humano mais crítico e sensível.

(...) conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: (...) a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade (GARIBA, FRANZONI, 2001, 61).

A música e a dança proporcionam um

importante modo de expressão pessoal. São manifestações que fazem parte da humanidade desde o início, os homens primitivos já dançavam para manifestar seus sentimentos. Eles utilizavam seus instrumentos para emitir sons e produzirem suas músicas. Estas manifestações, no contexto escolar, auxiliam para que os alunos compreendam a importância de se manifestar e conseqüentemente respeitar a forma que o outro tem de se expressar.

O teatro é uma arte milenar, que acompanha o ser humano desde os períodos mais remotos até os tempos atuais, desenvolvendo um papel de grande importância para a sociedade. A proposta de levar essa arte para a sala de aula não é simplesmente levar os alunos a assistirem peças, o teatro ajuda os mesmos a desenvolver a oralidade, a expressão corporal, a improvisar, além de trabalhar a cidadania, incentivar a leitura, despertar a criatividade e estimular as habilidades para as artes plásticas.

O engajamento em um projeto de médio ou longo alcance oferece uma oportunidade de aprender a planejar, a negociar, a cooperar, a realizar e, ao mesmo tempo, um quadro integrador a atividades mais limitadas, que tomadas isoladamente, seriam recebidas como exercícios sem grande interesse (...) (PERRENOUD, 2000, 22).

O principal objetivo dos projetos

apresentados na escola além de valorizar seus talentos particulares, visa o aprendizado escolar e valores sociais. Muitas vezes em sala de aula ou por meio de provas, a instituição não consegue perceber alguns talentos específicos que podem ser muito bem utilizados pelos alunos futuramente. O estudante resiste, na maioria das vezes, ao aprendizado por meio de métodos tradicionais. É nesse momento, também, que as oficinas pedagógicas exercem um papel importante, pois clareia e apresenta visivelmente as facilidades que os estudantes possuem e não só as dificuldades.

Segundo Marita Andrade (2013), todo

5

educador tem a grande missão de tornar o aprendizado mais interessante e agradável. Esse fator se apresenta como grande desafio, pois nem sempre as políticas das escolas estão adequadas a esses modelos de ensino e sobrecarregam o professor, afirmando que uma forma de ensino mais lúdica ajuda para que o convívio escolar seja o melhor possível, apesar das adversidades.

Abrir fronteiras, não se acomodar e buscar novos caminhos para tornar o ensino mais dinâmico, são exemplos de atitudes que podem transformar a realidade da escola. “Por isso, o professor desempenha um papel ativo no processo de educação: modelar, cortar, dividir e entalhar os elementos do meio para que estes realizem o objetivo buscado” (VYGOTSKY, 2003, 79). Um professor com suas palavras e atitudes pode transformar a vida do seu aluno, ou seja, ele tem grande influência na formação de caráter, de conhecimentos científicos e formação de opinião do aprendiz, como também pode ocorrer o contrário, pois a escola também é um ambiente de aprendizado para os professores, que em muitos momentos tiram lições com as atitudes dos seus alunos. Isso é uma característica do convívio em sociedade, pois permite que haja aprendizado para todas as pessoas.

Ao estabelecer um clima de confiança com o aluno, o professor, visando sempre o respeito mútuo pode facilitar a convivência entre as duas partes. O sucesso do ensino e da aprendizagem está diretamente ligado com a relação que existe entre educador e educando. O bom relacionamento entre professor e aluno é um fator que tem que ser repensado no contexto escolar, pois não se deve negar a importância que todo mestre tem na vida do aluno. Em muitas situações o educador exerce um poder de decisão sobre o destino dos estudantes como cidadãos, mas para que isso aconteça é preciso que o mesmo assuma o papel de protagonista da educação.

A cidadania proposta em um projeto político pedagógico, como os já citados, consolida a escola como lugar central da educação, qualidade no processo educativo, construção coletiva dos professores envolvidos, uma política educativa “libertadora” Os direitos e deveres não sendo cumpridos, a luta contra a discriminação, todos esses fatores pedem para que exista uma atenção para uma nova cidadania.

A nova cidadania trabalha com a redefinição da idéia de direitos, cujo ponto de partida é a concepção de um direito a ter direitos (...) concepção que não se limita a conquistas legais ou ao acesso de direitos previamente definidos, ou à implementação efetiva de direitos abstratos e formais, e inclui fortemente a invenção/criação de novos direitos que emergem de lutas

específicas e da sua prática concreta (BAGNINO apud MARTINS, 2001, 52).

A vigência da cidadania ativa requer

consciência clara acerca do papel da educação e as novas exigências para a escola que pode servir como ponte para a construção da cidadania. Ou seja, a educação, praticada efetivamente, representa um investimento na construção do individuo como cidadão.

Educar então vai além de preparar o jovem para ingressar no mercado de trabalho, prepara cidadãos para o pleno exercício de suas obrigações e convicção de seus direitos. É um espaço de relações humanas, onde há idéias e opiniões distintas, nesse momento que entra a educação de cidadãos, pois é essencial que os alunos saibam respeitar as outras opiniões e não se tornem pessoas intolerantes. Segundo Maria Lúcia de Arruda Aranha (1989), educação é um conceito genérico, que supõe o processo de desenvolvimento integral do homem, ou seja, a capacidade física, intelectual e moral que o mesmo possui, visando não só sua formação como trabalhador, mas também de caráter e cidadania.

Desde o momento em que a criança ingressa na escola até a conclusão do Ensino Médio, vários personagens tornam-se essenciais no processo de ensino/aprendizagem, os pais – com a responsabilidade de iniciar o processo educacional –, o corpo docente das instituições de ensino e a sociedade. Sem a participação de todos esses a educação não se concretiza como o que foi proposto, causando então, problemas como a distorção idade série. A partir disso, fica clara a necessidade de estar presente no cotidiano desses alunos, a fim de compreender de forma mais clara e perceber as conseqüências que essa defasagem trás.

As pesquisadoras, com a ajuda de questionários, entrevistas e conversas informais, foram ao Campo de Pesquisa para melhor visualizar a questão proposta. A partir destas observações feitas, foi produzido o próximo capítulo, com relatos de observações, anotações e relatos dos alunos, professores, pais e a direção, com relação a realidade dos alunos no CED 03.

CAPÍTULO 2: PROJETOS E PEDAGOGIAS APLICADAS ÀS TURMAS DE DIS.

A visita realizada como o primeiro contato

com o Centro de Ensino 03 (CED 03) de Brazlândia, foi realizada no dia 07 (sete) de Outubro de 2014. Para melhor conhecimento do ambiente, dos professores que trabalham com a Distorção Idade Série (DIS) e da direção de onde seria realizada a pesquisa de campo. O CED fica localizado na Vila São José, Quadra 36 Conjunto E - Brazlândia, Brasília - DF, têm na direção o Sr.

6

Edson de Oliveira Cardoso, Ciro Fernandes vice-diretor e Ricardo Vieira como supervisor. A coordenação pedagógica é formada por Mayssara Reanny, Rosilene Farias, Lázaro da Silva e Rafael Oliveira.

As pesquisadoras tiveram todo o apoio da direção, coordenação e alunos para que a pesquisa fosse realizada. A direção disponibilizou-se para apresentar o ambiente físico, assim como a apresentação para as turmas e os professores que seria de interesse trabalhar. Trata-se de um ambiente com boa estrutura e agradável, com sala de informática, quadra coberta, área de convivência, biblioteca, jogos interativos, salas bem arejadas e os projetos de destaque que a instituição possui.

A escolha do CED 03 se deu pelo fato de ficar localizado em uma área de grande vulnerabilidade social, pois se trata de um local exposto à exclusão social, onde as pessoas sofrem com o desemprego e as condições de moradias e saneamento não são muito boas. Nessa comunidade foram conhecidos jovens de diversos perfis e com inúmeros casos de alunos em situação de Distorção Idade Série. A escola possui 05 turmas de correção de fluxo no período vespertino e no período matutino contém turmas somente do ensino médio regular.

Segundo o aluno Jonathan da Silva a instituição não faz distinção entre alunos da DIS e alunos do ensino regular, pois segundo ele, as duas modalidades de ensino são tratadas de forma igualitária. Em contrapartida, o aluno Gustavo Rogério afirma que há distinção no tratamento dos estudantes por parte de alguns professores. Essa distinção se dá devido à preferência que uma parte de professores dá a determinados educandos, principalmente os que se destacam mais em sala, por isso o mesmo não considera que o tratamento seja considerado igualitário.

A realidade que a escola viveu e a situação atual da mesma despertou o interesse por esse campo, pois a instituição era vista com péssimos olhos pela própria comunidade, hoje com os projetos propostos e a forma diferenciada dos gestores trabalharem, fez toda a diferença para que as pessoas mudassem a visão daquela que um dia tanto foi desprezada. Em conversas com diversos alunos, pode-se perceber o quanto os mesmos encontram-se satisfeitos com a escola que tem, apesar de ainda manifestarem algumas insatisfações e garantirem que a instituição ainda está longe de agradar a todos.

A primeira visita foi apenas para observação, porém desde esse primeiro contato a direção se dispôs a colaborar com as pesquisadoras, sempre muito receptivos. Percebeu-se a partir do segundo contato a satisfação dos gestores pela escolha da escola como campo de pesquisa, pelo processo de transformação pela qual estão passando. Pois

segundo a direção, é um tema preocupante, principalmente pelo número de alunos que a própria escola possui em DIS.

Em todos os momentos da pesquisa o diretor fez questão de acompanhar o trabalho, inclusive cedendo à sala da direção para que fossem realizadas as entrevistas com os alunos e professores. Os alunos também se disponibilizaram a colaborar da melhor maneira possível, pois dos sete estudantes convidados a responderem o questionário, apenas um se recusou a colaborar, também não houve resistência com relação às fotos, foi necessário tirar algumas fotografias com os alunos em sala de aula e participando dos projetos e não se teve maiores problemas com relação ao uso das imagens.

Desde o início de 2013, a escola passou a adotar o método da semestralidade, onde as aulas são divididas por semestres. No primeiro semestre o aluno se dedica às seguintes matérias: Química, Biologia, Sociologia, História e Espanhol, no semestre seguinte esses mesmos se dedicam à Física Geografia Filosofia e Inglês. No caso de Português, Matemática e Educação Física os estudantes se dedicam o ano letivo inteiro. A partir dessa modalidade adotada, algumas mudanças já foram visíveis na escola e no desempenho dos estudantes.

Em uma conversa, os Srs. Diretor e Supervisor afirmaram que com relação à evasão, esse método foi positivo, pois o aluno leva mais tempo para desistir. Os números de alunos evadidos normalmente começavam a aumentar a partir do início do segundo semestre. Com a semestralidade, pôde-se perceber que esses números começaram a aparecer em Outubro, ou seja, por mais que ainda haja um número significativo de alunos evadidos, os jovens passam mais tempo na escola.

Para trabalhar a questão da evasão escolar, que é apontada como um dos maiores causadores da DIS, a escola possui os projetos como, por exemplo, o teatro, onde só podem participar os alunos com referencias em sala. Segundo Ana Mae Barbosa, “as pessoas estão acreditando cada vez mais que uma boa educação significa bem mais do que simplesmente aprender a ler, escrever e a trabalhar com computadores” (2008, 57). Nessa perspectiva o teatro vem para somar no aprendizado, como um estimulante para que os alunos participem mais das aulas diminuído o número de faltas.

A música como instrumento de estudo para os alunos também é bem aproveitada, sendo utilizado nas aulas de interpretação de texto, por exemplo. Para Ana Mae Barbosa, “Na verdade, a educação musical parece cada vez mais reconhecer o poderoso potencial de currículo da música popular” (2008, 49). Com a aplicação da oficina de música na escola, o que pôde ser percebido, foi uma boa convivência entre os

7

jovens, pois eles utilizam a música para se socializar, seja nos intervalos ou após as aulas, essa oficina de música conta com a aula de violão ministrada pelos próprios alunos voluntários para outros jovens da escola que tenham interesse em aprender um pouco mais sobre o universo da música.

Na escola, os talentos dos seus estudantes são aproveitados da melhor maneira possível, pois os muros da escola foram grafitados com artes feitas pelos próprios alunos em uma das tentativas de fazerem desses sujeitos os donos da escola, deixando ali seu trabalho. Nas artes feitas por eles são reproduzidos assuntos como igualdade social, respeito, amor e educação. O discurso sobre a igualdade é abordado sempre que possível, seja nos festivais que a escola realiza ou em trabalhos do dia a dia juntos com alguns professores, para que os jovens aprendam a respeitar as diferenças.

A biblioteca é bem equipada para receber os alunos e muito utilizada devido ao projeto de leitura. Esse projeto é desenvolvido pelos professores de Português e os alunos têm liberdade na escolha dos títulos dos livros, desde que esteja dentro do assunto abordado. Na sala de leitura, estão disponíveis sofás, cadeiras e pufes, para que o aluno se sinta o mais confortável possível e realize sua leitura de forma confortável. Em conversa com os alunos, a discente Vanessa Lopes observou que foi feito o pedido de aumento do acervo da biblioteca à Regional de Ensino, porém ainda não foram atendidos, por esse motivo os alunos fazem campanha para população façam doação de livros para a biblioteca da escola.

A única reivindicação dos alunos é com relação ao aumento do acervo, apesar disso eles classificam a estrutura da biblioteca como boa.

As salas de aula são bem arejadas, cada uma com capacidade para 35 alunos. Nas salas os estudantes não podem contar com ar condicionado, mas há uma boa ventilação, pois a escola se localiza próximo a uma área de preservação ambiental (Parque Ecológico Veredinha). Nas salas de aula os alunos podem contar com televisão, armários e retroprojetores que são utilizados sempre que solicitado pelo professor. Após as aulas os mesmos podem contar com uma área de convivência bem arejada e com os jogos interativos, como xadrez, damas e totó, além de música onde os próprios alunos se reúnem e cantam.

No intervalo, alguns alunos permanecem na sala de aula, conversando com os professores ou com os próprios colegas sobre assuntos das aulas ou conteúdos particulares. A grande maioria fica nos corredores conversando, outros jogando cartas, dama ou outros jogos em mesas preparadas e espalhadas pela escola para essa finalidade. Os alunos, muitas vezes se reúnem na área de convivência da escola para tocarem violão e cantarem, outros vão à lanchonete adquirem o seu lanche.

O laboratório de informática comporta trinta computadores e com trinta cadeiras. Com rede de internet e de fácil acesso para pesquisas escolares e trabalhos que são solicitados pelo professor no decorrer das aulas. Sites de pesquisas são utilizados para aprender sobre conteúdos de trabalhos e até mesmo ajudar nos estudos das provas bimestrais. Apesar de ser uma sala não muito ampla e sem ventilador, o posicionamento das janelas é bom, ao ponto de que a sala fica sempre arejada, contribuindo para um bom ambiente e propício na concentração dos alunos. Na sala sempre fica uma pessoa para auxiliar o professor que estiver utilizando os computadores.

Com a popularização dos equipamentos de tecnologias como tablets, computadores e smartphones, os livros deixaram de ser a principal ferramenta de textos escritos. Hoje, os jovens passam mais tempo digitando do que com cadernos e canetas em mãos. No contexto atual é impossível realizar muitas atividades em sala de aula sem utilização de tecnologias, o uso desses equipamentos é cada vez mais frequente principalmente na vida dos jovens. É necessário que essas ferramentas sejam utilizadas em prol do conhecimento. Na CED 03 as professores utilizam desses equipamentos para realizarem diversos trabalhos, pois a sala de computação é muito solicitada e os estudantes confirmam que as aulas tradicionais dão espaço às mais dinâmicas.

Os próprios alunos ressaltam a importância da utilização desse método no desenvolvimento dos trabalhos. Segundo o aluno Maurício Barbosa, as notas de Física aumentaram depois que o professor começou a levá-los para trabalharem com os computadores, lá eles aprendem a fazer gráficos e realizam pesquisa que enriquecem o aprendizado. Esses mecanismos também são utilizados pelos alunos sem necessariamente acompanhado pelo professor, ou seja, alguns alunos que não disponibilizam de computadores em suas residências e comparecem à escola para realizarem pesquisas.

A Instituição dispõe de uma quadra coberta, com vestiário para melhor conforto. Essa era uma reivindicação dos estudantes há muito tempo, pois o esporte é um das atividades mais procuradas pelos jovens e não havia condições necessárias para essa prática. Segundo o professor de Educação Física Tiago, depois da implantação da cobertura da quadra, os alunos se sentem mais incentivados a participarem das atividades. Nestas aulas são ministradas tanto em sala quanto na quadra de esporte, dependendo da necessidade.

O ambiente escolar é bem explorado pelos estudantes nos horários contrários das aulas, para tirar dúvidas com os professores em coordenação e para realização de trabalhos, principalmente em grupo. Segundo o diretor, é importante essa procura, pois a atitude dos alunos irem à escola sem nenhuma obrigação o deixa extremamente

8

satisfeito, pois segundo ele o objetivo da sua equipe sempre foi que o estudante considerasse a escola como sua segunda casa. A partir desse comentário se pôde perceber o quanto os alunos estão envolvidos com a escola.

Apesar de alguns alunos buscarem a escola nas horas vagas, essa atitude ainda não é uma unanimidade, conforme afirma o aluno Gustavo Rogério, não disponibiliza de tempo para usufruir desses métodos, pois trabalha no período matutino e estuda no vespertino, o que é muito comum no CED 03. Por se tratar de uma área carente, muitos alunos optam por trabalhar no período oposto aos estudos para ajudar sua família e essa atitude não é por mera opção, mas uma necessidade.

As realidades enfrentadas no CED 03 não são diferentes de outras escolas do Distrito Federal, apenas encaradas de forma diferente, pois são muitos os fatores que contribuem para que a evasão e a repetência sejam fatos constantes. Pelo fato de ser uma área carente da cidade, tem um fator agravante, o tráfico de drogas, e a própria necessidade de trabalho, como citado acima. Conforme Dermeval Savianni (1997), o cidadão que vive vulnerável socialmente, em seu significado não se trata, propriamente, o ignorante, mas aquele que é rejeitado. Uma pessoa está integrada não necessariamente quando é ilustrado, mas quando este se sente aceito por um determinado grupo e, através dele, pela sociedade em seu conjunto. Pensando nisso, a direção solicita que a presença da família seja constante na escola, para que trabalhem por um só objetivo, a educação como bem maior.

Conforme o professor Sóstenes Dias, a participação da família é de extrema importância, pois a maioria dos alunos que apresentam dificuldades escolares enfrenta outros tipos de problemas particulares, ainda afirma que esses alunos que passam por problemas como a Distorção Idade Série, chegam à escola com a auto estima afetada. A confiança do professor no aluno, na maioria das vezes é retribuída de forma positiva, porém nem sempre isso ocorre, pois existem alunos que só esperam o momento de concluírem os estudos e saírem da escola, ou seja, encara aquilo como mera obrigação e não há nada que o educador possa fazer para que o mesmo mude de ideia.

O professor ainda afirma que na maioria das vezes a família é a grande responsável por essa baixa auto-estima. Para o educador, nesse caso é muito complicado o professor assumir sozinho esse papel de incentivador, pois são alunos desacreditados da sua própria capacidade. A maioria dos estudantes que já vem de retardo muito grande no ensino fundamental, ingressa no ensino médio somente com o objetivo de concluir essa etapa, com poucas perspectivas para o futuro como estudante.

A escola tenta ao máximo fazer com que a

presença da família seja constante, através das reuniões bimestrais e a participação na tomadas de algumas decisões. “A família é uma instituição social e historicamente situada, sujeita a mudanças de acordo com as diferentes relações estabelecidas entre os homens” (ARANHA, 1996, 58). O supervisor Ricardo Vieira, afirma que depois que a família passou a ter voz na escola o rendimento de alguns alunos melhorou e o número de expulsões diminuiu. Sempre que há casos de situações extremas onde professores solicitam a transferência de alunos para outras escolas, nesses casos é solicitada a presença dos pais e na maioria das vezes é dada uma segunda chance ao aluno, o supervisor ainda garante que na maioria dos casos essa medida é eficaz.

Os casos de alunos problemáticos no CED 03 eram resolvidos com a retirada dos mesmos da escola e transferidos para outras, hoje diante desses casos a direção da escola se reúne com os professores, coordenadores e família para decidirem que atitudes tomarem, na maioria das vezes é decidido à permanência desses estudantes na escola, exceto em casos extremos. Essa decisão de um debate a cerca do aluno, se deu pelo fato do Diretor pensar que retirando o aluno da escola não resolveria a situação. Pois existem casos de muitos alunos com pais ausentes na família e isso causa uma grande revolta principalmente nos meninos pela falta da figura masculina em casa e a mãe precisa trabalhar o dia inteiro para manter a família.

Outro desafio a ser enfrentado pela “nova família” está nos resgates dos momentos de encontro, que possibilitam a conversa e até as famosas discussões. Isso porque, na sociedade contemporânea, o ritmo frenético de trabalho provocou uma grave intromissão do mundo dos negócios no âmbito da subjetividade, o que tem impedido o cultivo dos afetos humanos, com evidente perda de qualidade de vida (ARANHA, 1996, 62).

Devido à realidade em que a comunidade

está inserida, muitos pais precisam sair das suas casas cedo para trabalhar, retornando às suas residências somente à noite. Em casos como estes a casa na maioria das vezes fica na responsabilidade dos filhos, normalmente esses pais não disponibilizam de tempo para acompanhar as atividades diárias realizada pelos seus filhos na escola. Esse é um fator que contribui para o mau rendimento desse aluno.

No CED 03 como na maioria das escolas do Distrito Federal, a permanência do aluno na escola é um grande desafio, pois as adversidades são muitas, além de muitos terem que se evadir para trabalhar e ajudar nas despesas de casa, a droga

9

é uma realidade na vida de muitos alunos. Os projetos que a escola possui são fermentas utilizados contra esses empecilhos, pois evitam que os jovens fiquem na rua. Apesar dos projetos trazerem um grande número de alunos, ainda falta muito, há uma grande resistência por parte de alguns a não participarem.

A proposta desta Instituição vai além da preparação dos alunos para o mercado de trabalho, a escola procura prepará-los para o pleno exercício da cidadania. Uma instituição onde se prega o respeito às diferenças, seja ela por opção sexual, de raças ou crenças, visando o bom relacionamento, pregando o respeito àquele que possua opinião diferente. Essa educação está diretamente ligada à família e a sociedade, pois não funciona se a escola sozinha assumir esse papel.

Segundo o vice-diretor Ciro Fernandes, o número de alunos que participam dos projetos da escola ainda é muito baixo, é grande o desafio de incentivar esses jovens a participarem. Infelizmente esse grande número de não-participantes está nas turmas de Distorção Idade Série, os alunos do ensino regular costumam serem mais participativos. Muitos dos jovens alegam que trabalham e não disponibilizam tempo para se dedicarem aos projetos, talvez esse seja o motivo da falta de interesse.

Várias instâncias da sociedade exercem a função de educar, entre as quais a família, a igreja, o trabalho, o lazer, os meios de comunicação, mesmo que a ação educacional desenvolvida por esses grupos seja informal, no sentido de não obedecer a regras explícitas nem ser submetida a rígido controle externo (ARANHA, 1996, 72).

Não é justo que se atribua somente ao

professor o fracasso de determinado aluno, ele também é responsável pelo sucesso dos estudantes. Em muitos casos a evasão e repetência se dão por uma série de fatores, são eles: a família, a escola, os professores, a sociedade. Os professores do CED 03 reclamam da estrutura e do suporte que a Regional de Ensino não dispõe, afirmam que as ideias para os projetos e trabalhos na escola até surgem, mas que na maioria das vezes os professores e os alunos têm que levantar verbas para que os executem.

A escola se disponibiliza para que os alunos levantem as verbas necessárias através da venda de rifas, de picolés e o aluguel da cantina, porém não são suficientes, eles consideram poucas, mas é de grande ajuda. Ao visitar a instituição foi possível presenciar a tentativa do levantamento de verbas, pois os alunos estavam realizando a venda de picolé, porém o dinheiro arrecadado

serviria para a colação de grau do terceiro ano. Essa prática é muito natural para a realização de eventos que a escola realiza, porém os decentes acreditam que a Regional de Ensino deveria apoiar os projetos da instituição.

A partir desse contato com a escola, foi possível obter uma visão mais clara do assunto e compreender os principais fatores que levam os jovens a esse retardo nos estudos, e que perceber que os problemas apontados (evasão escolar e repetência) são realmente as principais causas da Distorção Idade Série. Com as visitas ao campo e analisando de perto a realidade a qual a comunidade se encontra, é perceptível o quanto a exclusão social reflete na qualidade da educação fornecida para esses estudantes.

Por esse motivo, fez-se necessária uma análise de comparação com o conteúdo proposto e a sua realização no ambiente escolar. A partir das observações feitas e descritas no presente Capítulo, em consideração e relação com o anterior, foi possível obter algumas respostas para as questões que norteiam este tema. Assim sendo, a pesquisa trouxe várias vertentes em referência ao problema, tais foram analisadas para melhor compreensão.

CAPÍTULO 3: ANÁLISE DA DIS NO CAMPO DE PESQUISA.

O presente capítulo tem função de analisar

as informações expostas nos anteriores, o que auxilia na melhor percepção das abordagens que foram discutidas. São necessários conceitos básicos para melhor compreensão. De acordo com René Hubert (2007), educação é o ato de instruir, é polidez, disciplinamento. Em seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte. A formação educacional acontece por meio de situações presenciadas e experiências vividas por cada indivíduo ao longo da sua vida. Este conceito engloba o nível de cortesia, delicadeza e civilidade demonstrada por um indivíduo e a sua capacidade de socialização.

O filósofo supracitado afirma que a educação é um conjunto de ações e influências exercidas voluntariamente por um ser humano em outro, normalmente de um adulto em um jovem. Essas ações pretendem alcançar um determinado propósito no indivíduo para que este possa desempenhar alguma função nos contextos sociais, econômicos, culturais e políticos de uma sociedade. Para amenizar os problemas que atingem a sociedade, a mudança deverá começar pela educação. Ficam claras algumas variantes que influenciam na dificuldade dos alunos de se manterem na escola, que envolvem a família, a sociedade e os profissionais.

No histórico de alunos retardatários, percebe-se que os principais fatores que causam a

10

evasão escolar e repetência são originários na própria família, ou seja, muitos alunos que concluíram o ensino fundamental na DIS e ingressam no ensino médio foram alunos que precisaram se ausentar da escola para ajudar a família de alguma maneira, seja no lado financeiro ou mesmo pra auxiliar em casa. Essa ausência do ambiente escolar não ocorre de um dia para o outro, é um processo e vai acontecendo aos poucos, ou seja, tanto a evasão escolar como a repetência podem ser evitadas a tempo.

A qualidade da participação se eleva quando as pessoas aprendem a conhecer sua realidade; a refletir; a superar contradições reais ou aparentes; a identificar premissas subjacentes; a antecipar conseqüência; a entender novos significados das palavras; a distinguir efeitos de causas, observações de inferência e fatos de julgamentos (BORDENAVE, 1986, 72-73).

Nessa perspectiva, e com a colaboração de

ambas as partes, a escola cumprindo com seu papel de instituição, no sentido de apoiar os alunos nos projetos disciplinares, na recepção ao chegar à escola e no apoio com atividades extraclasse, a família dando apoio com correções e acompanhamentos e os professores em sala de aula, propondo aos alunos atividades e ensinando diferentes conceitos, podem-se diminuir esses índices negativos. A educação é um processo onde todas as partes envolvidas devem cumprir com seu papel.

Na tentativa de fazer com que a educação para todos se concretize, existe uma política direcionada para a universalização do ensino público, mas essa medida gera um problema que é o número excessivo de alunos se matriculando, em outras palavras colocar toda criança e jovem na escola. Mas, com isso, as turmas ficam com número maior de alunos e os professores, partindo do princípio do tempo para as aulas ser curto, não conseguem sanar as dúvidas de todos e têm que reduzir os temas a serem abordados, levando a uma degradação da qualidade do ensino. O Estado passa a voltar-se a quantidade de alunos matriculados e consequentemente desvia-se do foco qualidade. Isso se refletiu no alto número de repetência, gerando um déficit de concordância idade-série e o abandono escolar conhecido como evasão.

O CED 03, apresentado no capítulo anterior é uma instituição que recebe, de muitas outras, alunos com essa distorção. Desde a sua fundação, procura fazer com que os alunos deixem de olhar para a escola como uma instituição que devem estar presentes por obrigação, mas sim como um ambiente cercado de conhecimento e entretenimento. Manter os alunos

na escola é importante, ainda mais quando as atividades que a sociedade oferece são degradantes, como uso de álcool e outras drogas, tráfico, prostituição e o crime. Porém, manter os alunos na Instituição sem que o ensino seja de qualidade de nada adianta. A Instituição fez uma junção de possibilidades e vem tornando a escola um ambiente desejado, onde cada aluno sente a escola como sua segunda casa.

Mas essa permanência só pode acontecer quando o mesmo encontra-se á vontade com seu local de estudo. Um ambiente agradável e receptivo chama a atenção para os alunos que chegam em situação de DIS, esta que aparece como um dos grandes agravantes que atingem a educação. Ao longo das observações verificou-se que, a distorção idade série, apresenta duas vertentes que podem ser seguidas, aproveitar ou não a correção de fluxo.

De acordo com as entrevistas e os comentários feitos pelos professores, alguns estudantes que concluíram o ensino fundamental na DIS e seguiram o Ensino Regular fazendo um esforço de acompanhar as demandas de trabalhos sugeridos pelos professores, estudando para as provas e sanando dúvidas, obtiveram resultados positivos, não só corrigindo a idade/série, mas podendo ingressar em universidades e no mercado de trabalho mais cedo. Em outra visão faz-se menção aos alunos que passaram pelo mesmo processo, mas infelizmente não tiveram resultados positivos, reprovando algumas vezes de série e voltando a situação de DIS, ingressando um pouco mais tarde no mercado.

O que pôde ser notado é a tentativa da escola e dos docentes de incentivar o aluno a se dedicar mais aos estudos. Se um estudante teve um ano letivo completo para realizar tarefas e aprender sobre as matérias propostas pelo corpo docente e nesse período, e não consegue alcançar os objetivos propostos nem não absorve os conteúdos apresentados, não obtendo boas médias e acaba repetindo essa série, mesmo com um tempo maior, na correção de fluxo é ainda mais complicado, porque o período para estudar cada matéria é significativamente menor, nesse momento que aparecem as principais dificuldades, o que requer mais dedicação.

Porém, é perceptível que nem todos estão em igual grau de conhecimento, uns alunos tem facilidades, outros não. Alguns estudantes apresentam dificuldades como: limitações físicas ou psicológicas. De acordo com Jean Piaget (1997), o desenvolvimento é sensório-motor porque a aprendizagem se dá pela sensação do movimento em toda experiência com o corpo e, sendo assim, na concepção motora ocorre uma sequência de diferentes e variadas posturas e aquisições de sentidos. O problema neurológico prejudica em dois sentidos o desenvolvimento psicomotor, o qual compreende a capacidade de movimentação corporal espontânea e a

11

intencional. Essas dificuldades também se apresentam

como agravantes do quadro de desmotivação e repetências sucessivas. Não conseguir adequar-se ao ambiente escolar, baixa estima, falta de entendimento dos conteúdos desenvolvidos e a dificuldades de relacionamento entre aluno e o professor são uns dos pontos mais citados pelos alunos em entrevistas. Segundo autor supracitado, paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral. A afeição deve estar presente na relação entre professor e alunos dentro da sala de aula e mesmo nas atividades fora dela. Considera ainda que de acordo com o grau de afeto apresentado entre as duas classes que a interação se realiza e constrói-se um conhecimento altamente envolvente. Essa interação está de certa forma, ligada à permanência e o interesse do aluno pela Instituição.

A escola desenvolve projetos voltados para a tentativa de ingressar, os alunos desacreditados, novamente em um quadro satisfatório. O projeto “A escola é minha, a escola é sua, a escola é nossa” que vem sendo desenvolvido tem como finalidade atrair a atenção do aluno para o ambiente escolar. O slogan deste projeto foi elaborado pelos próprios alunos, pois a condisseram como um local particular acolhedor e atrativo, que procura sempre mudar a estrutura da escola convencional, baseada em provas e exercícios, e busca levar atrativos esportivos e educacionais para a interação dos alunos.

O “Cine Clube” é uma proposta cultural, voltada à linguagem audiovisual, que tem como principal função a abordagem de filmes significativos para a educação, com o estudo voltado á cultura como fonte de aprendizado e outros que já foram citados e que auxiliam na a permanência dos alunos no ambiente escolar. Segundo Milton José de Almeida (1994), a transmissão eletrônica de informações em imagem/som propõe uma maneira diferente de inteligibilidade, sabedoria e conhecimento, como se fosse necessário acordar algo adormecido no cérebro para entender o mundo, não só pelo conhecimento fonético-silábico das línguas, mas pelas imagens e sons também. Pensando nisso, estes e outros projetos abrem uma gama de informações e conhecimentos muito importantes para o desenvolvimento pessoal.

Os projetos desenvolvidos levam os alunos a ter mais interesse em conteúdos escolares a até mesmo em decisões sobre a carreira profissional. Muitas vezes o discente percebe com os projetos qual atividade que vai desenvolver em sua vida. Os alunos desenvolvem habilidades motoras com o auxílio das aulas práticas de atividades na quadra de esportes. Como também a sua capacidade de raciocinar a partir de jogos como

dama, xadrez e sudoku. Apresentados pelos professores para auxiliar no aprendizado.

Em conversas com alunos, pôde-se notar que muitos deles nunca tiveram os responsáveis presentes em reuniões ou apresentações. Esse é um quadro negativo, pois segundo eles, não existe necessidade de alcançar notas boas, se os pais nunca apareceram e nem aparecerão na escola. Quando foram questionados sobre a preferência entre trabalho e escola, a grande maioria não soube o que responder, e os que souberam, informaram que o trabalho se sobressai por causa do auxilio dado á família. A realidade escolar do aluno deve ser de conhecimento dos pais, esses devem refletir juntos sobre as prioridades nos casos em que este aluno tenha que escolher entre a escola e o trabalho.

É importante família, corpo docente e o Estado olharem com mais atenção para esse problema. Com o apoio dos familiares, os programas que a escola oferece começaram a obter sucesso, pois os pais passam a conhecer a importância dos mesmos através de representantes em reuniões, conselhos escolares e na interação com os seus filhos. Para Vygostsky (2000) o ser humano não pode ser entendido sem referência ao meio social, destacando que o processo de aprendizagem é anterior ao processo de escolarização. Desde o início de sua vida, por meio das diversas interações, o aluno se desenvolve, aprendendo sobre as coisas e o mundo em que vive. Denomina essa forma de pensamento, marcada pelas experiências e vivências imediatas mediadas pela palavra, de conceitos cotidianos. A inserção do grupo familiar tem por finalidade acompanhar e apoiar o aluno em seus propósitos educacionais para que posteriormente ele não necessite de atenção especial.

Sabe-se que a sociedade está em modificação continua, porém mesmo após essas mudanças. Segundo Carvalho (2004), os professores ainda esperam que os pais encontrem tempo para monitorar seus filhos quanto às tarefas de casa e outras necessidades escolares, como materiais para projetos ou assistência para trabalhos em grupo aos finais de semana. Mas, não existe somente o lado da família que não comparece a Instituição, o contrario pode ocorrer. Para muitas famílias a escola ainda é um ambiente desconhecido. Muitas dessas Instituições fecham suas portas para a comunidade, quando na verdade a escola é um ambiente onde tanto as famílias quanto os professores devem trabalhar em prol de um só objetivo que é a formação do jovem como ser social.

O corpo docente desenvolve um papel tão importante quanto o da família no processo de aprendizagem do aluno. Apesar de não ser o principal agente na produção de conhecimento, o professor media a interação do aluno com os conteúdos. Em relação a isso, Vygotsky (2003)

12

afirma que o professor desempenha um papel ativo no processo de educação: modelar, cortar, dividir e entalhar os elementos do meio para que os alunos realizem o objetivo buscado. É relevante ressaltar que o professor saiba identificar não só onde os alunos demonstram dificuldades de aprendizagem, mas também em que esse se destaca. Assim o aprendizado não será medido apenas em uma visão quantitativa, como também qualitativa.

É perceptível que o apoio dado pelo professor pode influenciar o aluno. De acordo com as observações, alguns alunos sentem-se influenciados pelos educadores, de forma positiva ou negativa. A construção de conhecimento e a formação de caráter também são papeis dos educadores que por meio de atividades escolares e até mesmo conselhos, levam os alunos a refletir sobre suas atitudes. Para Vygotsky (2003), a relação professor/aluno não deve ser uma relação de imposição, mas, sim de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado como um ser interativo e ativo no seu processo de construção do conhecimento. O professor por sua vez deverá assumir um papel fundamental nesse processo, como um sujeito mais experiente. Por essa razão cabe ao professor considerar o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural é muito importante para a construção da aprendizagem. O educador é o mediador da aprendizagem facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais.

De acordo com relatos, as notas vêm aumentando continuamente, pois os alunos estão sentindo-se cada vez mais a vontade no ambiente escolar e, portanto querendo ter mais acesso aos programas educacionais. Vygotsky (2003), diz ainda que a avaliação não é nem deve ser jamais a etapa final da ação docente, ela não deve ser um pretexto para um mero e frio registro de dados numéricos requisitados pela burocracia escolar. Ao contrário, a avaliação deve se pautar pela possibilidade da superação. A utilização da escola em horários contrários para sanar dúvidas e fazer pesquisar tem sido também um grande facilitador para o sucesso dos estudantes. Foi possível perceber, durante as observações, que grande parte dos alunos que freqüenta a escola em horários contrários as suas aulas, por exemplo, tem obtido melhores notas e tem desenvolvido mais as suas habilidades cognitivas.

Os espaços que a escola tem estão sendo bem utilizados pelos alunos e com isso gerando mudanças no aprendizado. De acordo com Horn (2004) é no espaço físico que o aluno consegue estabelecer relações entre o mundo e as pessoas, transformando-o em um pano de fundo no qual se inserem emoções, nessa dimensão o espaço é entendido como algo conjugado ao ambiente e vice-versa. Todavia é importante esclarecer que essa relação não se constitui de forma linear. Assim sendo, em um mesmo espaço podemos ter

ambientes diferentes, pois a semelhança entre eles não significa que sejam iguais. Eles se definem com a relação que as pessoas constroem entre elas e o espaço organizado. Com isso foi possível perceber que os diversos ambientes que a escola tem, ajudam no desenvolvimento do aluno.

A biblioteca, por exemplo, tem sido um ambiente que cada vez mais tem chamado à atenção dos alunos. O “Projeto Leitura” que vem sendo desenvolvido atraiu alunos de todas as séries. A leitura é uma ação que engloba muitas esferas tanto nos contextos sociais quanto educacionais. Conforme Martins (2006), a leitura pode ser conceituada como sendo um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas que se dá a conhecer através de várias linguagens.

Portanto, a leitura não se limita apenas à decifração e decodificação de sinais gráficos. É muito mais do que isso: exige do indivíduo uma participação efetiva, levando-o à construção do conhecimento. Assim sendo, aprender a ler passa a ser não só um processo cognitivo, mas também uma atividade social e cultural essencial para criação de vínculos entre cultura e conhecimento. Cagliari (2004) lembra que ler é uma atividade muito complicada e que a leitura é a realização da finalidade da escrita. O autor fala ainda que, apesar da complexidade, a leitura tem grande importância na vida do indivíduo, visto que a maioria dos problemas enfrentados pelos alunos desde criança até o nível superior está relacionado às dificuldades de leitura.

Essa visão também tem sido apresentada por professores de ciências sociais, que a partir da utilização do laboratório de informática com a internet, têm visto diferença significativa no conhecimento dos alunos em questões sociais, culturais e históricas. Os professores informaram que a escolha do diretor da Instituição em utilizar a internet nos laboratórios para fins pedagógicos teve efeitos positivos sobre a proficiência. As atividades têm sido mais voltadas a atualidades e como esses efeitos sociais podem auxiliar ou prejudicar em questões escolares. Os professores explicam que proporcionar aos alunos pesquisas de conhecimentos gerais auxilia na elaboração textos para provas de ENEM e PAS, por exemplo, pois é mais fácil apresentar argumentos e exemplos de acordo com os conhecimentos adquiridos.

Outro âmbito de discussão que pode ser visto no CED 03 é o uso dos fenômenos artístico para fins educativos. Duarte Júnior (1991) classifica a arte através de três dimensões: a sociocultural, que aponta o pensamento artístico como causa da preservação da cultura de um determinado grupo social num determinado tempo; a dimensão currículo-escolar, na qual a arte como área específica leva o aluno a estabelecer conexões com outras disciplinas do currículo e a

13

dimensão psicológica, que observa a educação em arte como promotora de um pensamento capaz de fazer com que o indivíduo possa relacionar-se com outros levando em conta uma maior afetividade, além do desenvolvimento da criatividade.

Pensando nisso, a Instituição vem utilizando esse recurso também para motivar as habilidades. O projeto de música tem gerado uma grande repercussão. O diretor da escola informa que depois de sua implantação, outras Instituições convidam os alunos para fazerem apresentações de músicas compostas por eles mesmos ou recitais preparados com a ajuda dos professores. Desde a entrada, até o portão de trás do CED 03 existem alunos com violões, pandeiros e guitarras, reunidos para ensaios ou para momentos de lazer.

Os alunos agora utilizam a escola com mais freqüência, até mesmo em horários contrários, seja pra estudar ou se reunir para fazer trabalhos. O convívio entre os educadores também melhorou muito segundo eles, pois na realidade que se encontram os professores não precisam mais ficar indo atrás, para que possa haver um interesse, nas salas de aula não tem sido diferentes.

As matérias propostas pelo corpo docente também tomaram um rumo diferente e muitas outras atividades têm sido mais proveitosas e gratificantes a partir da percepção de um novo tipo de estudante que estava sendo formado pelos conceitos da escola. Com isso pode ser finalizado um processo de análise que foi necessário para melhor compreensão da DIS. A partir dessas considerações foi possível produzir maior conhecimento sobre essa defasagem e descobrir quais os métodos que podem ser aplicados para amenizá-la.

Considerações Finais

Localizado em uma das regiões de mais vulnerabilidade em Brazlândia, está o CED 03, uma área onde a população necessita se esforçar para obter sustento e na maioria das vezes os alunos começam a trabalhar para complementar a renda familiar. A escola acolhe tanto alunos do ensino regular quanto os em DIS, porém com uma atenção especial aos alunos que passaram pelo programa de correção de fluxo para que os mesmos não se evadam da escola e necessitem novamente de programas como esses.

É importante, nesse processo, a família, o corpo docente, a instituição e o Estado olharem com mais atenção para esse problema. Com o apoio dos familiares, os programas que a escola oferece começaram a obter sucesso, pois os pais passam a conhecer a importância destes através de representantes em reuniões e conselhos escolares. A inserção do grupo familiar tem por finalidade acompanhar e apoiar o aluno em seus propósitos educacionais para que posteriormente ele não necessite de atenção especial. Entender

os papéis que a família deve desempenhar foi um dos motivos pelos quais essa pesquisa se realizou, pois acredita-se que antes da escola, os familiares desempenham o papel de educar.

O corpo docente desenvolve um papel tão importante quanto o da família no processo de aprendizagem do aluno. Apesar de não ser o principal agente na produção de conhecimento, o professor media a interação do aluno com os conteúdos. Essa medida, de certa forma, tem sido de cada vez mais difícil em salas de aula sempre lotadas e com tempo de classe tão curto. O Estado por sua vez, tem o papel de investir financeiramente nos projetos educacionais. Esse investimento é empregado na melhoria do esporte, na cultura e na preparação de um ambiente visivelmente agradável. A intervenção auxilia não só o corpo docente, que agora terá mais métodos á serem aplicados, como também a escola que disponibilizará maior suporte para a execução dessas atividades.

Esta pesquisa pôde proporcionar às investigadoras, maior entendimento sobre esse agravante da educação e com isso foi possível perceber as principais dificuldades encontradas, as medidas de prevenção e o auxílio que os projetos educativos proporcionam. No âmbito familiar, a pesquisa trouxe duas perspectivas. A primeira, á que se refere as famílias que não estão presentes no ambiente escolar e muitas vezes nunca participaram de uma reunião com o corpo docente. Para esse tipo de família, a conclusão foi que os alunos sentem-se, na maioria dos casos, desmotivados. O pensamento deles é que não é necessário estudar, já que não têm o apoio das pessoas de sua própria casa. Com isso, passam por muitos problemas, principalmente quando precisam de ajuda para tarefas e trabalhos escolares, e por não terem esse apoio, deixam de fazê-los ou quando fazem, não é de boa qualidade. De acordo com Montandon (2005) a família tem grande influência no desenvolvimento do aprendizado, pois reflete os problemas da sociedade, bem como a presença ou ausência de valores nos diversos contextos humanos, é o espelho da criança nos primeiros anos de vida antes de entrar na escola, é o primeiro grupo social que as crianças têm contato e pode propiciar, por meio do ambiente físico e social, as condições necessárias ao desenvolvimento da personalidade da criança.

Em contrapartida, a segunda perspectiva aponta a situação de um aluno que tem a família presente na escola, seja em projetos, em apresentações, nas reuniões ou em coordenação com os professores. Foi possível perceber que, os alunos que se encontram apoiados por essa entidade, apresentaram significativas melhoras no decorrer das atividades desenvolvidas, formando um estudante mais dedicado e participativo.

A escola, por sua vez, após ter implementado os projetos de música e outros tipos

14

de artes, conseguiu de forma explicita garantir uma redução do número de faltas e maiores interações dos alunos. Atualmente, busca estar sempre colocando os seus alunos em oficinas de música e teatro, participando de grandes eventos educacionais com outras do Distrito Federal. Quando questionado, o diretor da Instituição afirma que a melhoria tem sido clara, desde que a escola parou de ver os alunos em situação de DIS como um ser marginalizado, mas sim como uma pessoa que não teve muitas oportunidades. Partindo por esse pensamento que os projetos educacionais foram criados, gerando benefícios educacionais, sociais e psicológicos.

Os pais, em conversas formais, informaram que na maioria dos casos, depois da criação dos projetos, os filhos passaram a fazer trabalhos até nos finais de semana, estudando com os colegas e preparando apresentações com a turma. Segundo eles, “foi muito bom a criação das oficinas de música e teatro, os jovens saíram da rua e melhor, encontraram seus dons”. A partir dessa afirmativa, conclui-se que, de maneira significativa, essa medida tomada pela escola influenciou não somente em manter os alunos no ambiente escolar, como também, aumentou a sua capacidade de raciocínio, convívio social e os conhecimentos artísticos e cognitivos.

Portanto, foi possível comprovar a necessidade de se ter na escola atividades que influenciem positivamente na educação de seus alunos. Nas entrevistas e nos questionários as pesquisadoras puderam perceber a melhoria significativa da atitude dos alunos até mesmo em conversar uns com os outros. Tornaram-se mais receptivos e aprenderam a conviver com as diferenças. Fizeram mais discussões sobre as realidades escolares e sociais, e muitas outras mudanças positivas.

Logo, esta pesquisa apontou tipos de problemas enfrentados pelo aluno para que se encontre em situação de DIS e a sua personalidade aparece com um dos principais motivos para esta ocorrência. Alguns alunos são motivados, por mais que estejam passando por problemas, por exemplo, os financeiros, eles sentem-se sempre confiantes de que vão conseguir superá-los, e mantém o nível de motivação. Em contrapartida, existem os alunos que não conseguem, de maneira nenhuma, acreditarem em si mesmo. Alguns, de acordo com as pesquisas, nomearam-se como seres impossíveis de aprender, não confiavam em si mesmos e por esse motivo, não assimilavam e nem entendem os conteúdos programados. Esses pensamentos são determinados de autoconceitos. Com isso, em geral, os estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem experimentam sentimentos de inferioridade, insatisfação e ansiedade, apresentando assim um autoconceito negativo.

Assim, o autoconceito apareceu como um

dos influenciadores mais perceptíveis no quesito fracasso escolar devido a sua função dinâmica na personalidade do indivíduo e de seu papel como regulador dos estados afetivos e motivacionais do comportamento. Stevanato e Carneiro, Martinelli e Sisto (2003) apresentaram conclusões semelhantes no que se refere à relação entre o autoconceito e os obstáculos de aprendizagem. De acordo com os autores, existe uma relação significativa entre as duas variáveis, assim sendo, foi observado que os alunos com problemas no aprendizado apresentavam autoconceito negativo enquanto que as crianças com bom rendimento escolar obtiveram melhor resultado quanto ao autoconceito.

Finalmente, pode-se concluir que são muitas as variáveis envolvidas no desenvolvimento das dificuldades de aprendizagem, sendo este um assunto muito amplo. Entretanto, acredita-se que, a partir do momento em que os pais tomarem conhecimento de que as suas atitudes e a forma com que se relacionam com seus filhos podem repercutir no desempenho e em vários aspectos em suas vidas, a escola manter a intenção e as atitudes para ser sempre um ambiente acolhedor e interessante, o corpo docente apresentando aulas explicativas e atraentes, e principalmente, os alunos acreditando mais em si mesmos, os problemas relativos à aprendizagem poderão ser minimizados.

Agradecimentos

Agradecer a Deus primeiramente, por nos permitir a vida. Aos nossos pais, pela educação que nos foi concedida, por nunca desistirem e estarem sempre ao nosso lado. Ao orientador por sua disponibilidade, dedicação e por acreditar na nossa capacidade. Agradecemos à direção, coordenação, professores e alunos do Centro Educacional 03 de Brazlândia que gentilmente nos receberam e nos permitiram fazer as observações. Aos amigos e colegas do curso que de alguma forma nos auxiliaram nessa pesquisa. A todos que contribuíram para a nossa formação pessoal e profissional.

15

Referências

1 - ALMEIDA, Milton José. Imagens e sons - a

nova cultura oral. São Paulo: Cortez, 1994.

2 - ANDRADE, Marita. Para transformar a

educação. Presença pedagógica. Belo Horizonte,

2013.

3 - ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da

Educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1989.

4 - ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS,

Maria Helena Pires. Filosofando. 2.ed. SÃO

PAULO: Moderna, 1995.

5 - BARBOSA, Ana Ma e (Org.). Arte-educação:

leitura no subsolo. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

6 - BORDENAVE, J. E. D. O que é Participação. 4.

ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.

7 - BRASIL. Constituição. Lei de Diretrizes e Base

da Educação. Brasília: Senado, 2010.

8 - CAGLIARI, Carlos Luiz. Alfabetização e

linguística. São Paulo: Scipione, 2004.

9 - CARVALHO, M. E. P. de. Modos de educação,

gênero e relações escola-família. Cadernos de

Pesquisa. São Paulo: ISA, 2004.

10 - DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Porque

Arte-Educação? 6. ed. - Campinas, SP: Papirus,

1991.

11 - GARIBA, Chames Maria Stalliviere;

FRANZONI, Ana. Dança escolar: uma

possibilidade na Educação Física. Movimento,

Porto Alegre, v. 13, n. 02, p. 155-171, maio/ agosto

2007.

12 - HORN, Maria da Graça de Souza. Sabores,

cores, sons, aromas. A organização dos espaços

na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

13 - HUBERT, René. História da Pedagogia. São

Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.

14 - LUZURIAGA, Lorenzo. História da Educação

e da pedagogia. São Paulo: Companhia Editora

Nacional, 2001.

15 - MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo:

Brasiliense, 2006.

16 - MARTINS, Rosilda Baron. Educação para a

Cidadania: O Projeto Político Pedagógico como

Elemento Articulador. 6. ed. Campinas: Papirus,

2003.

17 - MONTANDON, Cléopâtre. As práticas

educativas parentais e a experiência das crianças.

São Paulo: Educação Social, 2005.

18 - MOREIRA, Camila Ferreira. Distorção idade-

série na educação básica. São Paulo: JusBrasil,

2013.

19 - OLIVEIRA, Maria Rita Neto Sales (Org.).

Alternativas no ensino de didática. São Paulo:

Papirus, 2005.

20 - PERRENOUD, Phelippe. Pedagogia

diferenciada: das intenções às ações. Tradução:

Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes

Médicas Sul, 2000.

21 - SAVIANNI, Dermeval. Escola e democracia.

37. ed. Campinas: Autores Associados, 2005.

22 - STEVANATO, Indira Siqueira. Autoconceito de

crianças com dificuldades de aprendizagem e

problemas de comportamento. Psicologia em

estudo. Paraná: Vozes, 2007.

23 - VYGOTSKY, Lev Semenovich. A construção

do pensamento e da linguagem. São Paulo:

Martins Fontes, 2000.

24 - VYGOTSKY, Lev Semenovich. Psicologia

pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.

16

Anexos

Anexo 1: Alunos no Laboratório de Informática fazendo pesquisa de História.

Anexo 2: Corredor Central entre os blocos B e C do Ced. 03.

17

Anexo 3: Mesa pintada com tabuleiro de damas.

Anexo 4: Área de convivência entre os blocos A e B do Ced. 03

18

Anexo 5: Pátio em frente a direção do Ced. 03

Anexo 6: Área externa próximo ao estacionamento.

19

Anexo 7: Quadra coberta do Ced. 03

Anexo 8: Refeitório do Ced. 03

20

Anexo 9: Entrada do Ced. 03

Anexo 10: Acesso às salas de aula.

21

Anexo 11: Entrevista com o aluno

(1) Qual o seu nome?

(2) Qual a primeira série que você reprovou

(3) Qual foi o motivo da reprovação?

(4) Você considera o CED 03 uma escola acolhedora.

(5) Em sua opinião, o tratamento dado aos alunos em situação regular e em distorção idade série é o

mesmo?

(6) Quais os métodos utilizados pelos professores você considera mais produtivos?

(7) Você participa de alguém projeto que a escola possui?

(8) Quais desses você mais se identifica?

(9) Você se sente descriminado por vindo de correção de fluxo?

(10) Quais matérias você encontra mais dificuldade?

(11) Quais os procedimentos você recorre para complementar os conhecimentos obtidos em sala de

aula?

22

Anexo 12: Entrevista com o professor.

(1) Qual seu nome?

(2) Que tipos de problemas psicológicos e cognitivos os alunos que saem da distorção idade série

apresentam no retorno ao ensino regular?

(3) Em sua opinião, qual a influência da família na baixa auto-estima do aluno retardatário?

(4) A diferenciação no conteúdo trabalhado para aluno da distorção idade série e alunos do ensino

regular?

(5) A idade influencia na escolha do vocabulário?

(6) Em sua opinião, ate que ponto a autoconfiança do aluno é determinante no processo de transição

da distorção idade série para o ensino regular?