administração financeira e planejamento tributário

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1 Administração Financeira e Planejamento Tributário

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Page 1: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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Administração

Financeira e

Planejamento Tributário

Page 2: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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Apresentação

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar o que você

sabe. Ensinar é lembrar os outros que eles sabem tanto quanto você. Somos,

todos, aprendizes, fazedores, professores. Richard Bach.

O que é aprender? O que é ensinar? Qual a relação entre ensino e aprendizagem? São esses os principais questionamentos presentes nesta matéria.

Queridos alunos: vamos dar início a uma disciplina muito importante para quem

já é professor, porque lhe dá oportunidade de refletir sobre a sua prática

pedagógica e para o que ainda não o é, de entrar em contato com um campo da

ciência discriminado (que é o campo das ciências humanas) pelos que adentram

nas áreas experimentais laboratoriais, mas que nos permite um conhecimento

das teorias que regem o ensino e a aprendizagem.

Um professor que desconhece os saberes fundamentais que cercam os princípios

da aprendizagem, como poderá oferecer um ensino que dê oportunidades de

construção e produção do conhecimento de uma maneira metódica, crítica,

científica e ética?

Começaremos o estudo sobre a Didática, registrando que ela sempre existiu na

história da humanidade porque o homem sempre ensinou e aprendeu. No

entanto, a escola como uma instituição para todos só foi instituída socialmente,

como forma de transmitir o legado cultural construído pela humanidade, somente

há pouco mais de duzentos anos.

Page 3: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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1. A FUNÇÃO DO ADMINISTRADOR

FINANCEIRO

O principal objetivo de qualquer

empresa privada é a obtenção de lucros

para os seus proprietários, mediante a

produção de bens e serviços para venda

no mercado. Para que tal meta possa ser

alcançada, a empresa adquire os fatores

de produção e com eles produz venda. A

parte essencial da administração

financeira é a formulação de uma

estratégia empresarial para se determinar

a utilização mais eficiente dos recursos,

disponíveis a qualquer momento, bem

como selecionar as fontes mais adequadas

de fundos adicionais, que eventualmente

possam tornar-se necessários.

Do nosso ponto de vista, o

administrador financeiro desempenha

uma função operacional. É um dos

membros da alta administração,

incumbido de assumir responsabilidades

de planejamento, organização, execução e

controle das atividades financeiras da

empresa. Em firmas de maior porte, é

designado vice-presidente para assuntos

financeiros, tesoureiro ou “controler”. Em

firmas menores, tal função é geralmente

desempenhada pelo presidente, no caso de

sociedade anônima, ou pelo proprietário,

quando a empresa é organizada de outra

forma; neste caso, essa função é exercida

cumulativamente com outros encargos

que normalmente lhe competem. O bom

ou mau desempenho que o administrador

financeiro dá a seus encargos determina o

êxito ou o insucesso da empresa.

O conjunto de responsabilidades do

administrador financeiro reúne cinco

funções principais:

1. Análise financeira em profundidade

dos registros e demonstrativos contábeis.

2. Estimativa do movimento (entrada e

saída) de caixa, para o trimestre ou ano

seguintes, com o objetivo de determinar o

provável grau de liquidez da empresa.

3. Escolha do investimento mais

interessante, de retorno rápido, para os

excedentes de caixa ou quase moeda da

empresa.

4. Fornecimento à alta administração

de informações relativas às condições

financeiras atuais e futuras da firma,

como base para a tomada de decisões

Page 4: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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sobre operações de compra,

comercialização e fixação de preços.

5. Por último e como função mais

importante, a elaboração de planos

financeiros detalhados para a obtenção

(fontes) e utilização (aplicações) de fundos

pela firma, tanto a longo quanto a curto

prazo. O administrador financeiro é

responsável pela avaliação do custo

provável dos recursos, comparado com o

lucro previsto na aplicação desses fundos

em diferentes unidades operacionais.

2. DADOS CONTABEIS

O contador registra os resultados das

atividades econômicas da empresa.

Enumeram todas as receitas, as despesas

explícitas (ou observáveis) e os lucros ou

prejuízos resultantes. O administrador

financeiro analisa, além de todos esses

itens, os custos implícitos (ou não

observáveis). Enquanto o contador

registra somente as variações de valor dos

ativos que estão “de perfeito acordo com

os princípios contábeis”, o administrador

financeiro analisa a importância de outros

fatores, que podem afetar a posição de

crédito da empresa, sua capacidade de

obtenção de empréstimos, bem como sua

avaliação, na eventualidade de uma fusão

ou venda. O administrador financeiro

preocupa-se, ainda, com as causas

específicas dos lucros ou prejuízos

apresentados pela firma. Por exemplo,

poderá interessar-se em saber se os lucros

obtidos decorreram de um nível mais alto

de eficiência ou simplesmente do fator

“sorte”, no caso de seus principais

concorrentes terem sofrido paralisação

temporária, resultante de greve, incêndio

ou qualquer outro transtorno inesperado.

Procura igualmente projetar as condições

e necessidades financeiras da empresa

para os meses subsequentes, baseado em

dados recentes sobre vendas, lucros ou

prejuízos.

3. FLUXO DE FUNDOS

O administrador financeiro deve

estimar a entrada de caixa decorrente das

vendas efetuadas, bem como as saídas de

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5

caixa resultantes de pagamentos de

salários, serviços, compra de mercadorias,

impostos etc. Este fluxo de fundos pode

ser projetado tanto em bases semanais,

quanto mensais, constituindo ponto de

partida para a determinação da

necessidade, ou não, de empréstimos de

fundos para fazer frente a um déficit de

caixa, caso em que deverá ser

determinado o período de tempo deste

empréstimo. O administrador financeiro

também é responsável pela avaliação das

vantagens financeiras de outras

alternativas, além da tomada de

empréstimo. Por exemplo, deveria a

empresa, quando necessário, adquirir

mercadorias e materiais auxiliares em

pequenas quantidades, sem aproveitar o

desconto concedido pela aquisição de

maior quantidade? Ou deveria aproveitar

integralmente o crédito concedido pelos

fornecedores ao invés de obter um

desconto pelo pagamento das

mercadorias, alguns dias após o seu

recebimento?

4. FUNDO EXCEDENTE

A existência de um saldo

substancial de caixa em relação às

necessidades financeiras programadas

constitui experiência bastante comum

para uma firma, especialmente em se

tratando de empresa de grande porte.

Tal situação surge periodicamente por

influências de caráter sazonal; em

outras palavras, registra-se no período

de ritmo mais lento de produção e/ou

volume de vendas mais reduzido.

Saldos de caixa superiores às

necessidades conhecidas podem provir

da venda, pela firma, de um ativo fixo,

ou do lançamento de ações ou “bonds”.

Embora esses recursos possam ser

posteriormente aplicados em novos

ativos fixos, constituem-se em fundos

excedentes, até que sejam

desembolsados. São tarefas do

administrador financeiro: 1) a

estimativa do período de tempo em que

a firma poderá dispor desses recursos

monetários excedentes, e 2) a escolha

dos projetos de investimento

temporário, para os quais esses

recursos poderão ser canalizados.

Dentre outros, poderia o investimento

ser feito sob a forma de depósito

bancário, de certificado de depósito ou

de obrigações governamentais a curto

prazo, aplicações essas que

apresentam elevado grau de liquidez,

rendem juros e envolvem riscos

mínimos.

Page 6: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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5. PERSPECTIVAS FINANCEIRAS

Em qualquer empresa, cabem aos

diversos membros da administração áreas

específicas de supervisão, planejamento e

tomada de decisões, e todos os atos

administrativos exercem influências

diretas sobre a disponibilidade de

recursos financeiros da empresa. Compete

ao administrador financeiro avaliar os

efeitos de tais atos sobre as condições

financeiras da firma e comunicar suas

descobertas e conclusões aos demais

membros da equipe administrativa.

Enquanto as principais preocupações dos

gerentes de compras ou produção

restringem-se às suas respectivas esferas

de responsabilidade, o administrador

financeiro analisa uma dada iniciativa em

função de uma perspectiva empresarial

global. Uma despesa que poderá ser

considerada conveniente para um

determinado departamento, poderá privar

um outro dos recursos necessários ao seu

adequado funcionamento.

6. PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Por último, mas não menos

importante, cabe à alta administração a

tomada de decisões quanto ao momento,

fonte e forma de obtenção de fundos para

aumentos da produção corrente ou

expansão da planta, ou mesmo para

ambos, seja em intervalos regulares de

tempo ou esporadicamente. Ao

administrador financeiro compete avaliar

as fontes alternativas de fundos, seus

respectivos custos, e a extensão em que a

obtenção de recursos de uma determinada

fonte pode influir sobre as condições

futuras da política de dividendos, da

capacidade de obtenção de empréstimos

ou dos poderes decisórios da alta

administração.

7. ALOCAÇÃO DE FUNDOS

Ao contrário dos demais executivos da

firma, o administrador financeiro avalia o

êxito de sua atuação em uma perspectiva

global, ou seja, tomando a firma como um

todo. O gerente do departamento de

produção pode referir-se ao nível de

produção e ao custo unitário, como

padrão de medida de sua capacidade e

eficiência. O gerente de vendas pode

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aferir, pelo volume de vendas alcançado, a

medida de seu próprio êxito. O diretor de

pesquisas e desenvolvimento pode

apresentar, por sua vez, as melhorias

experimentadas pelos produtos da firma

ou os novos projetos e inovações que se

tenham originado em seu departamento,

como prova de sua participação específica

no progresso alcançado pela empresa.

A contribuição do administrador

financeiro, porém, não se restringe a

determinado setor da empresa,

prontamente identificável. Sua função e

responsabilidade abrangem todas as

operações da firma. Uma de suas tarefas

consiste em avaliar, em termos

monetários, o desempenho de cada

departamento ou divisão, em função dos

objetivos específicos. Ao mesmo tempo,

cabe-lhe estimar o efeito financeiro das

operações de um dado departamento

sobre os fundos exigidos por outros

departamentos. Deve, por fim, avaliar o

rendimento, o desempenho da empresa

como um todo.

Imaginemos o caso de uma firma

varejista ou de uma empresa industrial,

que possui três divisões principais: A, B e

C. Admitamos que, baseado nas previsões

de vendas, o gerente da divisão A solicita

um aumento substancial de fundos para

expandir seus estoques e realizar uma

agressiva campanha promocional,

enquanto que as divisões B e C não

prevêem qualquer modificação

significativa nos seus respectivos volumes

de vendas. Suponhamos, entretanto, que

o administrador financeiro verificou ser

impossível a obtenção de recursos

adicionais para atender à solicitação feita

pela divisão A. Deverá aprovar o pedido de

fundos adicionais? No caso da resposta

ser o reajustamento da alocação de fundos

deverá ser feito na divisão B, C ou em

ambas? Em que medida deverá isso

ocorrer? De que forma a redução de

recursos disponíveis poderá afetar os

lucros da divisão (ou divisões) que a tiver

sofrido, e quais os efeitos sobre a firma

como um todo? A redução de recursos

disponíveis a B ou C irá prejudicar a

“imagem” da firma? Provocará reações

desfavoráveis da parte de clientes que

normalmente compram nas três divisões,

mas que reduzirão suas compras, em A,

se B e C não mais oferecerem uma linha

completa?

Do ponto de vista do administrador

financeiro, uma divisão isolada constitui

apenas parte de uma entidade integrada a

que denominamos firma ou empresa.

Enquanto o administrador ou gerente de

cada divisão se preocupa com a

rentabilidade do segmento da empresa

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pelo qual responder, o administrador

financeiro - e isto também é válido, para a

alta administração - deve sempre analisar

a divisão, estabelecendo sua relação com

a firma em seu conjunto.

O administrador financeiro prepara a

análise que serve de base à alta

administração, na tomada de decisões

concernentes à distribuição dos fundos

disponíveis pelos diversos departamentos

ou divisões da empresa. Cada elemento

operacional da firma exige recursos

monetários, e dele se espera que

contribua para o lucro total. Entretanto,

os fundos disponíveis podem ser

limitados. Para garantir o emprego mais

proveitoso desses recursos, o

administrador financeiro deve examinar e

comparar cada uma das alternativas de

usos. Se, por exemplo, for o caso de

fundos adicionais serem utilizados em

pesquisa e desenvolvimento, essa decisão

provocará uma redução das somas

disponíveis para as outras divisões da

firma. Admitiremos, por hipótese, que

uma firma disponha de $100.000 para

despesas de capital e que a alta

administração esteja levando seriamente

em consideração os seguintes fatos: 1)

uma despesa de $50.000 para a compra

de uma frota de caminhões para entrega

de mercadorias; espera-se que essa

compra represente substancial economia

de recursos, comparada com o atual custo

dos serviços de transporte prestados por

outra empresa; 2) a compra de novas

máquinas, no total de $50.000, para

substituir equipamentos menos eficientes;

3) uma despesa de $30.000 para

instalação de um sistema moderno de ar

condicionado e calefação, com o objetivo

de aumentar o grau de eficiência da força

de trabalho empregada; e 4) a instalação

de um moderno sistema de contabilização

e controle por $20.000. Os recursos

exigidos totalizam $150.000, sendo que a

firma dispõe apenas de $100.000. Um dos

membros da alta administração deverá

definir a forma de distribuição dos

recursos disponíveis. O administrador

financeiro deverá avaliar e comparar a

rentabilidade relativa de cada alternativa e

recomendar, dentre as solicitações

concorrentes, a alocação de fundos mais

promissores.

Na verdade, uma das tarefas básicas

do administrador financeiro é, em relação

aos fundos utilizados na empresa, a

comparação dos seus usos alternativos.

Seu objetivo consiste em fazer com que a

empresa obtenha “a máxima

quilometragem” de cada unidade

monetária utilizada em suas operações

diárias, bem como dos fundos investidos

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em ativos fixos, tais como planta,

equipamentos, maquinaria e outros

ativos.

8. FONTES DE FUNDOS

Os fundos que o administrador

financeiro pode distribuir pelos diversos

departamentos da firma provêm de duas

fontes. A principal fonte provém do capital

investido pelos proprietários da firma e

dos lucros nela reinvestidos. Além disso,

qualquer empresa tem acesso às mais

variadas fontes externas. Estas últimas

incluem o crédito concedido por seus

fornecedores; empréstimos obtidos de

instituições financeiras, de emprestadores

particulares ou de instituições

governamentais de empréstimos; e ainda,

as receitas obtidas pela venda de títulos

(“bonds”, debêntures), ou de novas ações

emitidas.

Geralmente, a decisão de recorrer a

fontes externas de fundos envolve a

tomada de empréstimos, o que gera custos

sob a forma de pagamentos de juros. Além

disso, os fundos tomados por empréstimo

são obtidos por um dado período de tempo

e exigem, com frequência, o pagamento de

prestações em determinados intervalos.

Isto obriga o administrador financeiro a

determinar que o uso de fundos obtidos

de fontes externas gere, com razoável

probabilidade, um lucro bruto superior ao

seu custo. Cabe-lhe ainda estimar a

probabilidade de a firma dispor de

recursos suficientes para resgatar o

empréstimo ou pagar suas prestações nas

datas preestabelecidas.

Os supridores externos de fundos

oferecem uma escala de taxas de juros e

discriminam os prazos pelos quais se

dispõe a conceder crédito ou fazer

empréstimos, assim como o montante do

empréstimo (ou crédito) que pretendem

conceder a uma empresa de determinado

vulto. Além do mais, as políticas e

critérios para a concessão de empréstimos

não se mantêm inalterados

indefinidamente. Mesmo no âmbito de um

dado grupo de supridores de recursos,

podem existir instituições que decidam

reduzir seus empréstimos, por certo

período, enquanto outros bancos mantêm

uma política “liberal”. Destarte, cada

fornecedor em potencial, de recursos e

emprestador representa uma, dentre

numerosas fontes de fundos externos, a

curto ou a longo prazo.

A seleção da fonte externa de recursos,

tida como mais favorável dentre as várias

que estejam à disposição da firma,

constitui-se em mais uma importante

tarefa da competência do administrador

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financeiro. O efetivo desempenho dessa

tarefa exige, em primeiro lugar, adequado

conhecimento das políticas e condições

vigentes dos diversos tipos de fontes

externas de recursos. Em segundo lugar,

requer a avaliação dos efeitos financeiros

de diversos métodos concorrentes para a

obtenção de fundos dessas fontes

externas, seus custos, e os compromissos

de resgate assumidos pela empresa. Por

exemplo, o uso de capital de terceiros

deverá afetar a disponibilidade e o custo

do financiamento mediante capital

próprio, ou seja, a venda de ações

ordinárias.

Em certas ocasiões, apresenta-se o

problema adicional da escolha entre

fontes internas e externas de recursos.

Geralmente esse problema aparece

conjugado à decisão relativa a pagamento

de dividendos, quando a firma pretende

realizar amplo programa de expansão. Se

a empresa decidir-se pelo não-pagamento

de dividendos e, ao invés disso, reinvestir

os lucros em instalações adicionais,

poupará o custo dos fundos a serem

obtidos por empréstimo e não será

obrigada a efetuar pagamentos de

amortização pelo empréstimo. Por outro

lado, o não pagamento de dividendos

poderá provocar reação desfavorável nos

acionistas e determinar a queda do preço

das ações. Não há dúvida, portanto, de

que a escolha, dentre diversas alternativas

da maneira de agir, constitui problema

dos mais importantes.

9. TIPOS SOCIETÁRIOS

Em primeiro lugar, é preciso advertir

que não existe um tipo melhor ou pior de

sociedade ou constituição de Pessoa

Jurídica, o que existe são tipos e formais

mais adequados a cada situação. Neste

sentido, segue abaixo um apanhado geral

de algumas das principais características

de cada um dos tipos de organização que

a legislação brasileira permite que um

empreendedor possa adotar ao decidir

iniciar seus negócios.

Empresário Individual (base legal: art.

966 a 980, CC): O Empresário Individual é

aquele que exerce pessoalmente atividade

empresarial e deve ser registrado na Junta

Comercial mediante Ficha de Registro de

Empresário Individual. A responsabilidade

do seu titular se confunde com a da

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empresa. Seu nome precisa ser o nome do

Empresário, podendo conter abreviações,

indicando ainda a atividade que irá

exercer.

Empresário Individual de

Responsabilidade Limitada (base legal:

art. 980-A, CC): Muito semelhante ao

empresário individual, também é

registrado na Junta Comercial, mas sob a

forma de um pequeno contrato e deve ter

o Capital Social igual ou superior a 100

salários mínimos. Seu nome pode ser

escolhido livremente, mas deve indicar a

atividade que será exercida e terminar

com a expressão “Eireli”.

Sociedade Simples (base legal: art. 997

a 1.038, CC): Divide-se em Sociedade

Simples Pura, onde o patrimônio pessoal

dos sócios pode ser comprometido pelas

dívidas contraídas pela empresa, ou

poderá ser uma Sociedade Simples

Empresária (geralmente limitada), onde o

patrimônio do sócio permanece protegido.

Caso trate-se de uma Sociedade Simples

Pura, seu registro deverá ser feito no

Registro Civil de Pessoas Jurídicas, o

RCPJ. O Documento hábil para registro é

o Contrato Social, seu nome pode ser

escolhido livremente, sendo sociedade

simples, não precisa constar prefixo ou

sufixo, mas deve indicar qual a atividade

exercida pela sociedade. No caso da

Sociedade Simples Limitada seu registro

deve ser feito na Junta Comercial e o

documento hábil também é o Contrato

Social. Seu nome pode ser escolhido com

razoável liberdade, uma vez que apenas

deverá acrescentar ao final do nome a

insígnia “LTDA”, devendo ainda o nome

indicar a atividade exercida pela

sociedade. Além das normas acima,

aplicam-se à sociedade limita os artigos do

CC referentes a Sociedade Empresária

Limitada. Em ambos os casos o capital da

empresa divide-se por quotas.

Sociedade em Nome Coletivo (base

legal: art. 1.039 a 1044, CC): Mesmo

sendo sociedade, aqui o patrimônio dos

sócios não são protegidos, perdendo uma

das principais vantagens de ter sócio(s).

Seu nome necessariamente deve ser o de

um dos sócios, acompanhado da

expressão “Cia.”, ou pelo nome de todos os

sócios, podendo conter abreviações,

seguido da mesma expressão. Esta

sociedade geralmente é formada por

familiares, e constitui-se mediante

contrato registrado na Junta Comercial.

Sociedade em Comandita Simples

(base legal: art. 1.045 a 1.051, CC): Nesta

sociedade temos dois tipos de sócios, os

comanditários (que apenas investem

recursos na empresa) e os comanditados

(que são os que efetivamente irão operar a

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empresa). Os primeiros terão sua

responsabilidade limitada ao valor

investido, deixando assim seu patrimônio

seguro. Já os segundos poderão responder

com seu patrimônio pessoal por dívidas da

empresa. Seu nome, necessariamente será

o nome do(s) sócio(s) comanditado(s)

seguidos da expressão “Cia”. Se em

qualquer momento o sócio investidor

exercer gerência ou tiver o nome envolvido

diretamente nas atividades da empresa,

perderá a proteção do seu patrimônio. É

uma sociedade contratual e deve ser

registrada na Junta Comercial.

Sociedade Empresária Limitada (base

legal: art. 1.052 a 1.087,CC): Salvo no

caso de simulação, fraude, má-fé, etc. os

sócios não responderam pelas dívidas da

empresa com o seu patrimônio pessoal. O

nome pode ser escolhido livremente, mas

necessariamente ao seu final deverá

conter a expressão Ltda., e deve indicar a

atividade realizada pela sociedade

também. É constituída por Contrato

Social e deve ser registrada na Junta

Comercial. É a sociedade mais utilizada

no Brasil, pela simplicidade de se operar e

pela proteção do patrimônio de ambos os

sócios. Seu capital social divide-se em

quotas.

Sociedade Anônima (base legal: art.

1.088 e 1.089, CC e Lei nº 6.404/76): O

patrimônio de nenhum dos sócios

(tecnicamente chamados de acionistas)

será prejudicado por dívidas contraídas

pela empresa. Esta sociedade pode ter

qualquer nome, desde que precedido pela

expressão “Cia.” ou finalizado pela

expressão “S/A”. A Sociedade Anônima

poder ser aberta (quando ações

negociadas na bolsa) ou fechada (se não

tiver). Ambas serão constituídas por

estatuto, registrado na Junta Comercial.

Seu capital social divide-se em ações.

Recomenda-se apenas para empresas de

grande porte.

Sociedade em Comandita por Ações

(base legal: art. 1.090 a 1.092, CC e Lei

6.404/76): Tal como na sociedade em

comandita simples, tem os sócios

(acionistas) administradores, que podem

responder com o seu patrimônio pessoal

sobre as dívidas contraídas pela empresa,

e os sócios (acionistas) investidores, que

respondem apenas de acordo com o valor

investido. Seu nome poderá ser escolhido

livremente, seguido da expressão “em

comandita por ações” ou conter

necessariamente o(s) nome(s) do(s) sócio(s)

administradore(s). É constituída por

estatuto e deve ser registrada na Junta

Comercial.

Sociedade Cooperativa (base legal: art.

1.093 a 1.096, CC): Esta sociedade não

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possui sócios, e sim cooperativados, que

podem ter o seu patrimônio

comprometidos ou não pelas obrigações

da cooperativa. Seu nome poderá ser

escolhido livremente, sem depender de

prefixos ou sufixos e deverá ser registrado

no Registro Civil de Pessoas Jurídicas,

podendo ser um contrato ou estatuto.

10. CAPITAL DE GIRO

Capital de giro significa capital de

trabalho, ou seja, o capital necessário

para financiar a continuidade das

operações da empresa, como recursos

para financiamento aos clientes (nas

vendas a prazo), recursos para manter

estoques e recursos para pagamento aos

fornecedores (compras de matéria-prima

ou mercadorias de revenda), pagamento

de impostos, salários e demais custos e

despesas operacionais.

Conforme o próprio nome indica, o

capital de giro está relacionado com

todas as contas financeiras que giram

ou movimentam o dia a dia da

empresa.

Se o capital de giro está relacionado

com as contas financeiras que giram

ou movimentam o dia a dia da

empresa, podemos concluir que:

Toda empresa que vende a prazo

precisa de recursos para financiar seus

clientes;

Toda empresa que mantém estoque de

matéria-prima ou de mercadorias

precisa de recursos para financiá-lo;

Quando a empresa compra a prazo

(matéria-prima ou mercadorias)

significa que os fornecedores financiam

parte ou todo o estoque;

Quando a empresa tem prazos para

pagar as despesas (impostos, energia,

salários e outros gastos) significa que

parte ou o total dessas despesas é

financiado pelos fornecedores de

serviços.

A interpretação das situações acima

nos leva a determinar em quais contas a

empresa precisa aplicar recursos e de que

contas a empresa obtém recursos para

financiar o capital de giro.

Um conceito importante para

entendimento do capital de giro está

relacionado à necessidade desse dinheiro.

Essa necessidade indica o montante de

recursos que a empresa precisa para

financiar suas operações, ou seja, o valor

dos recursos que a empresa precisa para

que seus compromissos sejam pagos nos

prazos de vencimento.

Page 14: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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A necessidade de capital de giro

representa a diferença entre o montante

de recursos aplicados (I) menos o total dos

recursos que a empresa consegue para

financiar o capital de giro (II).

11. CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO

Utilizadas para mensurar o tempo em

que as atividades da empresa são

desenvolvidas. De fundamental

importância no controle gerencial e gestão

de negócios, refletem a cultura

organizacional da empresa, dentro do seu

ramo de negócios. Seus valores dependem

dos processos de produção, capacidade de

vendas e recebimentos de clientes. No

caso do ciclo financeiro considera-se

também o pagamento a fornecedores.

Considere uma empresa onde as

mercadorias permaneçam 42 dias em

estoque, com uma média de recebimento

de clientes igual a 60 dias sendo o

pagamento a fornecedores em 30 dias.

Teremos os seguintes valores para o

cálculo dos ciclos como exemplo:

Prazo Médio de Estocagem (PME) = 42

dias.

11.1. CICLO ECONÔMICO

O ciclo econômico é o tempo em que a

mercadoria permanece em estoque. Vai

desde a aquisição dos produtos até o ato

da venda, não levando em consideração o

recebimento das mesmas (encaixe).

Fórmula:

Ciclo Econômico = Prazo Médio de

Estocagem (PME)

Exemplo:

Ciclo Econômico = 42 dias

Prazo Médio de Contas a Receber

(PMCR) = 60 dias.

Prazo Médio de Pagamento a

Fornecedores (PMPF) = 30 dias

Page 15: Administração Financeira e Planejamento Tributário

15

11.2. CICLO OPERACIONAL

Compreende o período entre a data da

compra até o recebimento de cliente. Caso

a empresa trabalhe somente com vendas á

vista, o ciclo operacional tem o mesmo

valor do ciclo econômico.

Fórmula:

Ciclo Operacional = Ciclo Econômico +

Prazo Médio de Contas a Receber (PMCR).

Exemplo:

Ciclo Operacional = 42 dias + 60 dias

Ciclo Operacional = 102 dias

11.3. CICLO FINANCEIRO

Também conhecido como Ciclo de

caixa é o tempo entre o pagamento a

fornecedores e o recebimento das vendas.

Quanto maior o poder de negociação da

empresa com fornecedores, menor o ciclo

financeiro.

Fórmula:

Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional -

Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores

(PMPF).

Exemplo:

Ciclo Financeiro = 102 dias - 30 dias

Ciclo Financeiro = 72 dias

11.4. ANÁLISE

É importante para a empresa, sempre

buscar alternativas que resultem em

ciclos financeiros reduzidos, observando

sempre as limitações do mercado e o setor

econômico inserido.

Com ciclos menores temos o aumento

do giro de negócios, proporcionando

maiores retornos sobre os investimentos.

No exemplo acima temos um ciclo

financeiro de 72 dias, isso significa dizer

que durante 1 ano (360 dias) a empresa

gira 5 vezes. Observe que após o

pagamento a fornecedores, a empresa

começa a financiar suas atividades com

seu próprio capital de giro. Abaixo temos a

diminuição do ciclo financeiro estendendo

o pagamento a fornecedores de x' para x''.

Outras medidas seriam a antecipação de

vendas e de seus respectivos

recebimentos.

Page 16: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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12. SISTEMA TRIBUTÁRIO

NACIONAL E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Segundo Musgrave (1976), o conceito

de Sistema Tributário é entendido como

sendo o complexo de regras jurídicas

formado pelos tributos instituídos em um

país ou região autônoma e os princípios e

normas que os regem. Desta forma,

podemos concluir que o Sistema

Tributário instituído no Brasil é composto

dos tributos, dos princípios e normas que

regulam tais tributos. No Brasil o

principio adotado é o da estruturalidade

orgânica do tributo, o qual determina a

espécie tributária pelo seu fato gerador,

com base na doutrina majoritária, pode-se

afirmar que são cinco as espécies

tributárias que compõem o sistema

tributário brasileiro: impostos, taxas,

contribuições de melhoria, contribuições

especiais e empréstimos compulsórios.

13. TRIBUTOS INCIDENTES

SOBRE O FATURAMENTO

13.1. PIS/PASEP E COFINS

Apesar de estes dois tributos serem

contribuições federais com destinações

diferentes e criados em épocas diferentes,

ambos incidem sobre o faturamento, e as

Leis n. 10.637/02 e 10.833/03

praticamente unificaram as normas

destas contribuições.

O Programa de Integração Social, mais

conhecido como PIS/PASEP ou somente

PIS, é uma contribuição social de

natureza tributária, devido pelas pessoas

jurídicas, com o objetivo de financiar o

pagamento do seguro-desemprego e do

abono para os trabalhadores que ganham

até dois salários mínimos.

Conforme Oliveira et al. (2003) a

contribuição para o PIS foi criada em 7 de

setembro de 1970 pela Lei Complementar

Page 17: Administração Financeira e Planejamento Tributário

17

nº 7, para beneficiar os trabalhadores, já o

PASEP, foi criada pela Lei Complementar

nº 8, de 3 de dezembro de 1970, para

beneficiar os funcionários públicos.

A Contribuição para o Financiamento

da Seguridade Social, COFINS, é uma

contribuição federal, de natureza também

tributária, e incidente sobre a receita

bruta das empresas, destinada a financiar

a seguridade social. Este termo?

Seguridade social?, abrange a previdência

social, a saúde e a assistência social.

São contribuintes da COFINS as

empresas em geral, excluindo-se as

microempresas e as empresas de pequeno

porte submetidas ao regime do Simples

Nacional, que recolhem esta contribuição,

além de outros tributos federais num

único código de arrecadação que envolve

todos esses tributos.

A Lei 9.718/98 alterou o conceito de

faturamento para essas contribuições,

passando a conceituá-las como receita

total, ou seja, incluindo além das vendas

de bens e prestação de serviços, todas as

receitas independentes da sua

denominação ou classificação contábil.

Porém, o Decreto n. 5.164/04, em seu

artigo 1º, reduziu a zero as alíquotas de

PIS e COFINS incidentes sobre as receitas

financeiras auferidas pelas pessoas

jurídicas sujeitas ao regime não

cumulativo dessas contribuições.

Portanto, esta redução não se aplica as

receitas oriundas de juros sobre o capital

próprio.

Não integram a base de cálculo da

COFINS, conforme descreve o § 3, do

artigo 1º, da Lei 10.833/03, as receitas:

I – isentas ou não alcançadas pela

incidência da contribuição ou sujeitas á

alíquota 0 (zero);

II – não operacionais decorrentes da

venda de ativo permanente […];

III – auferidas pela pessoa jurídica

revendedora, na revenda de mercadorias

em relação às quais a contribuição seja

exigida da empresa vendedora, na

condição de substituta tributária […];

V – referentes a:

a) vendas canceladas e aos descontos

incondicionais concedidos;

b) reversões de provisões e

recuperações de créditos baixados como

perda que não representem ingresso de

novas receitas, o resultado positivo da

avaliação de investimentos pelo valor do

patrimônio líquido e os lucros e

Page 18: Administração Financeira e Planejamento Tributário

18

dividendos derivados de investimentos

avaliados pelo custo de aquisição que

tenham sido computados como receita;

VI – decorrentes de transferência

onerosa a outros contribuintes do Imposto

sobre Operações Relativas a Circulação de

Mercadorias e sobre Prestações de

Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação ? ICMS

de créditos de ICMS originados de

operações de exportação […].

Estes dois tributos, o PIS e a COFINS,

tornaram-se não cumulativos pelas Leis n.

10.637/02 e 10.833/03, porém, ambos

tornam-se parcialmente não cumulativos,

pois permite que inúmeras pessoas

jurídicas permaneçam no sistema

anterior, cumulativo.

O artigo 2º da Lei nº. 9.718/98

estabelece para o regime cumulativo, que

as contribuições para o PIS e a COFINS,

devidos pelas pessoas jurídicas de direito

privado, serão calculadas com base no seu

faturamento. E ainda, o artigo 3º desta Lei

descreve que o faturamento a que se

refere o artigo anterior corresponde á

receita bruta das pessoas jurídicas.

Já no regime não cumulativo do PIS e

da COFINS, a redação das Leis n.

10.637/02 e 10.833/03, em seu artigo 1º,

descrevem que estas contribuições têm

como fato gerador o faturamento mensal,

assim sendo o total das receitas das

empresas, independente de sua

denominação ou classificação contábil.

Completa ainda que o total das receitas

compreenda a receita bruta da venda de

bens e serviços nas operações em conta

própria ou alheia e todas as demais

receitas auferidas pela pessoa jurídica.

O regime cumulativo é apurado pelas

empresas optantes pela tributação no

Lucro Presumido, onde não há descontos

de créditos, calculando-se em regra geral,

o valor das contribuições devidas

diretamente sobre o valor do faturamento.

As alíquotas aplicadas para o cálculo do

PIS são de 0,65% (zero vírgula sessenta e

cinco por cento) e da COFINS de 3% (três

por cento) conforme o que estabelece as

Leis n. 9.715/98 e 9.718/98, em seu

artigo 8º, onde a contribuição do PIS será

calculada mediante a aplicação da

alíquota de 0,65% (zero vírgula sessenta e

cinco por cento) sobre o faturamento e a

COFINS alíquota de 3% (três por cento).

Já no caso do regime não cumulativo,

este é aplicado em empresas optantes ou

obrigadas a tributação pelo Lucro Real,

onde há direito a deduções do valor a

pagar por meio de créditos, sendo que

suas alíquotas são mais altas tanto no PIS

Page 19: Administração Financeira e Planejamento Tributário

19

quanto na COFINS, sendo de 1,65% (um

vírgula sessenta e cinco por cento) e 7,6%

(sete vírgula seis por cento), conforme a

Lei n. 10.637/02, que descreve que, para

a determinação do valor da contribuição

para o PIS aplica-se sobre a base de

cálculo a alíquota de 1,65% (um vírgula

sessenta e cinco por cento), e a Lei n.

10.833/03 relata também em seu artigo

26 que para a determinação do valor da

COFINS aplica-se sobre a base de cálculo

apurada a alíquota de 7,6% (sete vírgula

seis por cento).

As Leis n. 10.637/02 e 10.833/03

comentam sobre o contribuinte e o

responsável no pagamento destes tributos,

sendo que contribuinte é a pessoa jurídica

que auferir as receitas, e o responsável é a

pessoa jurídica que efetuar pagamentos a

outra pessoa jurídica de direito privado,

pela prestação de serviços.

O artigo 30 da Lei n. 10.833/03,

descreve que:

Art. 30. Os pagamentos efetuados

pelas pessoas jurídicas de direito privado,

pela prestação de serviços de limpeza,

conservação, manutenção, segurança,

vigilância, transporte de valores e locação

de mão de obra, pela prestação de serviços

de assessoria creditícia, mercadológica,

gestão de crédito, seleção e riscos,

administração de contas a pagar e a

receber, bem como pela remuneração de

serviços profissionais, estão sujeitos a

retenção na fonte da Contribuição Social

sobre o Lucro Líquido – CSLL, da COFINS

e da contribuição para o PIS/PASEP […].

O artigo desta lei relata ainda que não

estão obrigadas a estas retenções as

pessoas jurídicas optantes pelo Simples

Nacional.

O artigo 31 desta Lei, descrimina o

valor das retenções, sendo determinado

mediante a aplicação, sobre o montante a

ser pago, do percentual de 4,65% (quatro

vírgula sessenta e cinco por cento), sendo:

1% (um por cento) da Contribuição Social

sobre o Lucro Líquido, 3% (três por cento)

da COFINS e 0,65% (zero vírgula sessenta

e cinco por cento) do PIS. As alíquotas de

0,65% (zero vírgula sessenta e cinco por

cento) e 3% (três por cento), aplicam-se

inclusive no caso das prestadoras de

serviços enquadrar-se no regime de não

cumulatividade na cobrança da

contribuição para o PIS e para a COFINS.

O § 3º do artigo 31 da Lei n.

10.833/03 descreve que ?é dispensada

retenção para pagamentos de valor igual

ou inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil

reais)?. Mas a legislação deixa claro

também que sendo efetuado mais de um

Page 20: Administração Financeira e Planejamento Tributário

20

pagamento no mesmo mês a mesma

empresa, deverá ser efetuada a soma de

todos os valores pagos no mês para efeito

do cálculo do limite de retenção previsto,

compensando-se o valor retido

anteriormente.

13.2. IMPOSTOS SOBRE SERVICOS

DE QUALQUER NATUREZA

O Imposto sobre Serviços de Qualquer

Natureza (ISS), conforme trata a Lei

Complementar n. 116/03, em seu artigo

1º, é um imposto de competência dos

Municípios e do Distrito Federal, e tem

como fato gerador a prestação de serviços.

A Constituição Federal de 1988, em

seu artigo 156, relata que compete aos

Municípios instituir impostos sobre:

I – propriedade predial e territorial

urbana;

II – transmissão interr vivos, a

qualquer título, por ato oneroso, de bens

imóveis, por natureza ou acessão física, e

de direitos reais sobre imóveis, exceto os

de garantia, bem como cessão de direitos

a sua aquisição;

III – serviços de qualquer natureza,

definidos em Lei Complementar […].

A Constituição Federal de 1988 em seu

§ 3º do artigo 156, prevê ainda que

compete os Municípios, no que se refere

aos serviços restados de qualquer

natureza (ISS): fixar as alíquotas máximas

e mínimas; excluir da incidência deste

tributo as exportações de serviços para o

exterior, e; regulamentar a forma e as

condições como isenções, incentivos e

benefícios fiscais que serão concedidos ou

revogados.

Conforme Fabretti (2006), a Lei

Complementar n. 116/03 apresenta ainda

algumas inovações, podendo-se citar as

seguintes:

– Amplia o alcance da lei,

subordinando os tomadores de serviços

como responsáveis ;

– Dá competência para o municípios

definirem os responsáveis;

– Fixa alíquota máxima de 5% (cinco

por cento);

– Não fixa alíquota mínima para

cálculo deste imposto.

Assim, o autor Fabretti (2006) relata

que pela falta de fixação de alíquota

mínima por esta Lei Complementar,

entende-se, que deve-se prevalecer o que

está instituído na Emenda Constitucional

Page 21: Administração Financeira e Planejamento Tributário

21

n. 37/02, sendo a alíquota de 2% (dois

por cento).

De acordo com este autor, esta

Emenda Constitucional n. 37/02, alterou

o dispositivo do artigo 88 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias

(ACDT), que passou a vigorar com a

seguinte redação:

Art. 88. Enquanto lei complementar

não disciplinar o disposto nos incisos I e

III do § 3º do art. 156 da Constituição

Federal, o imposto a que se refere o inciso

III do caput do mesmo artigo:

I ? terá alíquota mínima de dois por

cento […];

II ? não será objeto de concessão de

isenções, incentivos e benefícios fiscais,

que resulte, direta ou indiretamente, na

redução da alíquota mínima, estabelecida

no inciso I.

Desta forma, a base de cálculo para a

incidência da alíquota deste tributo, é o

preço do serviço. Conforme Oliveira et al.

(2003), consideram-se preço do serviço à

receita bruta.

A Lei Complementar n. 116/03, em

seu artigo 2º, descreve que o tributo não

incide sobre:

I – as exportações de serviços para o

exterior do País;

II – a prestação de serviços em relação

de emprego, dos trabalhadores avulsos,

dos diretores e membros de conselho

consultivo ou de conselho fiscal de

sociedades e fundações, bem como dos

sócios? Gerentes e dos gerentes?

Delegados, e;

III – o valor intermediado no mercado

de títulos e valores mobiliários, o valor dos

depósitos bancários, o principal, juros e

acréscimos moratórios relativos a

operações de crédito realizadas por

instituições financeiras.

O artigo 5º desta Lei Complementar

destaca ainda que o contribuinte deste

imposto é o prestador do serviço. Esta Lei

concedeu inteira liberdade para os

Municípios, mediante Lei, atribuírem a

responsabilidade pelo crédito tributário a

terceira pessoa, sendo que esta deve estar

vinculada ao fato gerador.

O responsável é obrigado a reter na

fonte o Imposto sobre Serviços de

Qualquer Natureza (ISS), devendo recolher

o valor integral deste tributo, no prazo

fixado na Lei Municipal, e, se for o caso,

recolher multas e acréscimos legais

eventualmente devidos. O responsável é o

Page 22: Administração Financeira e Planejamento Tributário

22

tomador do serviço e deve ser

expressamente indicado na Lei Municipal.

13.3. LOCAL DA PRESTACAO DE

SERVICOS

Há anos que se discute sobre o local

onde deve ser recolhido o Imposto sobre

Serviços de Qualquer Natureza, o ISS.

Existem muitas Leis Municipais e decisões

judiciais divergentes sobre o local onde é

devido este tributo, ou seja, se no

Município do estabelecimento do

prestador ou naquele em que o serviço for

efetivamente prestado.

Fabretti (2006, p. 197), descreve que

?a lei ordinária municipal subordina-se às

normas constitucionais e à Lei

Complementar, que tem caráter nacional e

sobrepõem-se às demais normas

infraconstitucionais?.

Assim, os Municípios, de acordo com

este autor, têm editado várias leis,

contrariando a regra geral de que este

tributo deve ser recolhido no local do

estabelecimento, ou, na sua falta, no

domicílio do prestador do serviço.

Portanto, de acordo com Fabretti

(2006), com a Lei Complementar n.

116/03, essas divergências não tem mais

razão de ser, de uma vez que repartiu

diversos tipos de serviços entre os

Municípios. Assim, a regra é o

recolhimento no Município onde está

localizado o estabelecimento do prestador

de serviços, ou seja, onde está localizada a

empresa.

É importante destacar o que estabelece

o artigo 4º da Lei Complementar n.

116/03:

Art. 4º. Considera-se estabelecimento

prestador o local onde o contribuinte

desenvolva a atividade de prestar serviços,

de modo permanente ou temporário, e que

configure unidade econômica ou

profissional, sendo irrelevantes para

caracterizá-lo denominações de sede, filial,

agência, posto de atendimento, sucursal,

escritório de representação ou contato, ou

quaisquer expressões que venham a ser

utilizadas.

Para os casos de serviços prestados,

conforme descreve Fabretti (2006), sob

forma de trabalho pessoal do próprio

contribuinte ou de sociedade de

profissionais, o tributo será calculado em

valores fixos, também conhecidos de

alíquotas fixas e não sobre o preço do

serviço.

Entretanto, a lei somente considera,

para efeito do pagamento do Imposto

Page 23: Administração Financeira e Planejamento Tributário

23

sobre Serviço de Qualquer Natureza, o

ISS, por alíquota fixa anual, as sociedades

formadas por profissionais no exercício da

mesma atividade, como exemplo:

sociedades só de advogados, ou só de

contadores, entre outros. Mas se acaso a

sociedade for de advogados e de

contadores, a alíquota incidirá sobre o

valor do serviço.

14. REORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS E

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

De forma genérica pode-se definir

Planejamento Tributário como uma

atividade de natureza preventiva que

objetiva projetar os atos negociais das

empresas, trazendo à luz as formas lícitas

menos onerosas, do ponto de vista fiscal,

para a realização dos mesmos,

promovendo, assim, uma maior economia

tributária.

Gubert (2003, p.33) define

planejamento tributário como: “[...] o

conjunto de condutas comissivas ou

omissivas da pessoa física ou jurídica

realizadas antes ou depois da ocorrência

do fato gerador, destinadas a reduzir,

mitigar, transferir ou postergar legal e

licitamente os ônus dos tributos”.

Depreende-se do conceito acima que o

planejamento tributário está dividido em

duas etapas distintas: a primeira antecede

a ocorrência do fato gerador da obrigação

tributária, quando o contribuinte estudará

os mecanismos que a legislação fiscal

oferece para redução do ônus tributário.

Posteriormente a ocorrência do fato

gerador, inicia-se a segunda etapa do

planejamento tributário, constituindo-se

em apurar possíveis compensações e na

verificação de algum procedimento

administrativo ou judicial.

Fazer um correto planejamento

tributário é uma necessidade de

sobrevivência no mercado, levando em

consideração que o custo tributário tem

uma enorme expressividade na

composição do preço final de qualquer

produto ou serviço.

É através do planejamento que se

torna possível organizar a empresa e

otimizar recursos visando reduzir custos

Page 24: Administração Financeira e Planejamento Tributário

24

com tributos e com outros elementos

inerentes a atividade empresarial.

Para Young (2005), “o planejamento

tributário consiste em observar a

legislação pertinente e optar ou não, pela

ocorrência do fato gerador. É uma forma

de projetar dados e assim, determinar

resultados, os quais poderão ser

escolhidos para serem realizados ou não”.

O elevado custo financeiro resultante

de um sistema tributário

exacerbadamente complexo vem

despertando nas empresas a necessidade

de elaboração de um planejamento

tributário eficaz, que assegure o correto

cumprimento das obrigações fiscais,

evitando multas e contingências

tributárias, e buscando soluções seguras e

legais para a diminuição da carga

tributária.

Faz-se mister destacar que todos as

alternativas produzidas para fins de

planejamento tributário devem,

obrigatoriamente, sob pena de incorrer em

crime contra a ordem tributária, estar

eivados de licitude. O fato é que não se

deve utilizar o planejamento tributário e

societário como meio de redução da

obrigação tributária através de abuso de

formas ou por interpretação abusiva das

possibilidades existentes no ordenamento

jurídico brasileiro.

14.1. FINALIDADES

Para Amaral (2005), três são as

finalidades propostas pelo planejamento

tributário:

Evitar a incidência do tributo:

tomam-se providências com o fim de

evitar a ocorrência do fato gerador do

tributo. Ex: no caso da tomada de

empréstimos do exterior, se o prazo médio

for de até 90 dias a alíquota do IOF é de

5%, se o prazo for superior a 90 dias o IOF

será zero.

Reduzir o montante do tributo: as

providências são no sentido de reduzir a

alíquota ou a base de cálculo do tributo.

Ex: Empresa comercial estabelecida no

Paraná, em que a maior parte das suas

vendas são estaduais (alíquota de 17% de

ICMS), pode transferir sua sede para um

Estado vizinho e então fazer operações

interestaduais de ICMS, em que a alíquota

é 12%.

Retardar o pagamento do tributo: o

contribuinte adota medidas que têm por

fim postergar (adiar) o pagamento do

tributo, sem a ocorrência da multa. Ex:

nos contratos de prestação de serviços, as

Page 25: Administração Financeira e Planejamento Tributário

25

partes podem estabelecer várias formas

pelas quais será realizada a prestação dos

serviços e diversos critérios para a

exigência do pagamento do preço. Assim,

é o contrato que definirá o momento da

realização do serviço e da consequente

realização da receita. Portanto, pode ser

acordado que a realização da receita se dê

no exercício ou período-base posterior,

desde que baseados em critérios técnicos.

A obrigação tributária tem sua gênese

na materialização de uma hipótese de

incidência descrita em lei. A ocorrência

fática desta hipótese é apresentada como

fato gerador da obrigação tributária, seja

principal ou acessória, imputando ao

contribuinte ou responsável uma

obrigação de dar, cujo objeto é o

pagamento do tributo ou penalidade

pecuniária, ou uma obrigação de fazer, de

não fazer ou tolerar, no caso de obrigações

acessórias.

Cabe ao contribuinte, juntamente com

uma equipe técnica especializada, buscar

alternativas permitidas pela legislação

para a realização de suas atividades

negociais sem que tais operações sejam

enquadradas como hipóteses de

incidência de determinado tributo,

evitando, assim, a ocorrência do fato

gerador.

Quando o contribuinte não conseguir

evitar a ocorrência do fato gerador da

obrigação tributária, seus esforços

deverão estar centrados para o objetivo de

reduzir o montante do tributo. Na seara

do planejamento tributário legítimo, sobre

o qual versa este capítulo, a expressão

“reduzir o montante do tributo” significa

buscar as situações previstas na

legislação tributária que imputem ao

contribuinte somente a obrigação que for

realmente devida.

Constituído o crédito tributário contra

o contribuinte, o legislador define a base

de cálculo, a alíquota e o prazo para

recolhimento do tributo. Neste momento

restam ao sujeito passivo duas

alternativas: a primeira consiste no

cumprimento da obrigação tributária,

através do pagamento do tributo nos

prazos definido em lei. Na segunda, o

contribuinte buscará na legislação meios

aplicáveis, objetivando postergar o

cumprimento da obrigação.

14.2. OPERACIONALIZACAO

Traçar estratégias que vislumbrem um

maior retorno sobre o capital investido é

direito de toda e qualquer pessoa. A

elevada carga tributária continua sendo o

grande entrave para o desenvolvimento

produtivo das empresas, ou seja, quanto

Page 26: Administração Financeira e Planejamento Tributário

26

maior for a carga tributária imposta pelo

estado, menores serão as iniciativas dos

empresários em relação aos seus

investimentos. No contexto organizacional

das empresas, o planejamento tributário

atua através de medidas gerenciais que

possibilitem a não ocorrência do fato

gerador do tributo, que diminua o

montante devido ou que postergue o seu

vencimento.

No âmbito da esfera administrativa que

arrecada o tributo, o contribuinte buscará

preencher os requisitos legais exigidos

para classificar seu produto, mercadoria

ou serviço, objetivando a redução dos

tributos incidentes.

Nem sempre o legislador toma as

cautelas devidas, instituindo ou

majorando exações inconstitucionais ou

ilegais, a partir daí, o planejamento

tributário, poderá ser operacionalizado no

âmbito do poder judiciário, pela adoção de

medidas, com o fim de suspender o

pagamento (adiamento), diminuição da

base de cálculo ou alíquota e contestação

quanto à legalidade da cobrança do

tributo. Outro fator favorável é relativo à

quantidade de normas tributárias,

ocorrendo, muitas vezes contradição entre

elas. Como no Direito Tributário vige o

princípio da dúvida em favor do

contribuinte, compete a ele, então,

descobrir estas contradições.

14.3. ELISÃO FISCAL X EVASÃO

FISCAL

Elisão é um expediente utilizado pelo

contribuinte para atingir um impacto

tributário menor, em que se recorre a um

ato ou negócio jurídico real, verdadeiro,

sem vícios no suporte fático, nem na

manifestação de vontade, o qual é lícito e

admitido pelo ordenamento jurídico

brasileiro.

É um proceder legalmente autorizado.

Diferente da evasão fiscal, são utilizados

meios legais na busca da

descaracterização do fato gerador da

obrigação tributária. Pressupõe a licitude

do comportamento do contribuinte. É uma

forma honesta de evitar a submissão a

uma hipótese tributária desfavorável.

Marins (2002, p.31) entende que “a

adoção pelo contribuinte de condutas

lícitas que tenham por finalidade

diminuir, evitar ou retardar o pagamento

do tributo é considerada como prática

elisiva”.

Para Fabretti (2001, p.148) elisão fiscal

é “o método de planejamento tributário

que consiste na escolha da melhor

Page 27: Administração Financeira e Planejamento Tributário

27

alternativa legal, visando a maior

economia de impostos possível. A adoção

dessa melhor alternativa deve ser feita

antes de ocorrido o fato gerador”.

Para Melo (1998, p.83):

A elisão fiscal consiste em

procedimento lícito, revestindo a natureza

do negócio jurídico indireto, colimando a

obtenção de uma economia fiscal, tendo

como limite legal a livre forma jurídica

consentânea com os atos do contribuinte.

Observa-se que a doutrina vem

formando entendimento uníssono acerca

do conceito de elisão fiscal, como prática

não defesa em lei que proporciona o

contribuinte organizar seus negócios da

forma mais produtiva possível, escolhendo

entre as alternativas permitidas pela

legislação tributária que concorrerão para

uma maior economia de tributos.

Contrariamente o entendimento

doutrinário para elisão fiscal, a evasão

fiscal decorre de conduta eivada de

sonegação, de simulação, de dolo, de

fraude, dissimulação, abuso de forma. Os

objetivos propostos pelos conceitos de

elisão tributária – evitar a ocorrência do

fato gerador; reduzir o montante do

tributo e postergar o pagamento da

obrigação – são alcançados de forma ilícita

e fraudulenta.

Para Young (2005, p.60) entende-se

por evasão fiscal “aquele negócio jurídico

efetuado de forma dolosa, com o intuito de

burlar o Fisco, visando o não pagamento

da obrigação tributária, ou pagando com

menor carga, porém, de forma ilícita”.

Marins (2002, p.30) afirma que:

Sempre que o contribuinte se utiliza

comportamentos proibidos pelo

ordenamento para diminuir, deixar de

pagar retardar o pagamento de tributos

diz-se que está se utilizando prática

evasiva. A evasão tributária é a economia

ilícita ou fraudulenta de tributos porque

sua realização passa necessariamente pelo

incumprimento de regras de conduta

tributária ou pela utilização de fraudes.

A evasão tributária pode ser

caracterizada como uma forma de

planejamento efetuado fora dos

parâmetros legais.

Para Melo (1998, p.83), “a evasão

fiscal é toda ação ou omissão de natureza

ilícita, objetivando a subtração a uma

obrigação tributária caracterizada por

ato viciado, fraude e simulação, e

praticada após tipificada a obrigação

tributária”.

Page 28: Administração Financeira e Planejamento Tributário

28

Fabretti (2001, p.148) ensina que:

Evasão fiscal ocorre quando o

contribuinte adota métodos ilícitos, após a

ocorrência do fato gerador, para diminuir

o montante do tributo devido ou para até

mesmo não pagá-lo. Por ser ilícita, a

evasão fiscal configura crime contra a

ordem tributária.

A Lei nº 8.137 de 27 de dezembro de

1990 define os crimes contra à ordem

tributária, econômica e contra as relações

de consumo.

Quando o contribuinte infringir

qualquer das disposições da norma supra,

estará incorrendo em crime contra a

ordem tributária. Neste caso estará agindo

com dolo, intencionalmente, devendo ficar

claro que se trata de ilícito penal

tributário, e não apenas, o ilícito

tributário, este representado pelo simples

descumprimento de uma obrigação

tributária, seja ela principal ou acessória.

O ilícito penal tributário é mais

abrangente, pois se refere ao dolo,

conforme já mencionado, ou seja,

configura-se no crime tributário

propriamente dito.

Depreende-se dos conceitos

doutrinários expostos que os objetivos

almejados pela figuras da elisão e evasão

são os de: evitar, reduzir ou postergar o

cumprimento de uma obrigação tributária,

divergindo seus fundamentos sob o

prisma da legalidade, a primeira, embora

sua prática acarrete prejuízo na

arrecadação pelo ente tributante, seus

atos estão revestidos de formalidades

legais, não podendo ser questionada a sua

validade. Na segunda o contribuinte

incorre em ilícitos tributários, seus

procedimentos não garantem segurança

jurídica ao contribuinte. Neste caso deve-

se observar se houve dolo na consecução

de suas ações ilícitas ou se a evasão

decorre de imperícia ou desconhecimento

do contribuinte, a fim de se configurar ou

não um ilícito penal tributário previsto na

Lei nº 8.137/1990.

14.4. ÉTICAS E LIMITES DO

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

A doutrina predominante preceitua

que a teoria do abuso do direito e a figura

Page 29: Administração Financeira e Planejamento Tributário

29

da fraude a lei são os dois elementos

delineadores do planejamento tributário.

Jamais as práticas adotadas com fins de

planejamento tributário poderão infringir

tais regras.

Existe uma corrente de doutrinadores

que defendem a teoria de que o

contribuinte que se utiliza do

planejamento exclusivamente para fins de

obter menor onerosidade tributária está

ferindo o princípio da capacidade

contributiva, caracterizando-se como

abuso de direito. No entanto esta

interpretação carece de maturação, tendo

em vista no ordenamento jurídico

brasileiro, o direito tributário ser pautado

na lei, na tipicidade, portanto não há

como penalizar o contribuinte que cometa

intencionalmente um ato que se enquadra

na situação de lacuna existente na lei.

O professor Seixas Filho (2001, p.15)

cita que:

[...] possuindo o contribuinte mais de

uma forma jurídica para realizar o seu

intento, sendo as mesmas normais, sem

desvio de funcionalidade ou discrepância

de forma jurídica, não há como a

autoridade fiscal alegar uma dissimulação

para desconsiderar a forma jurídica

legitimamente adotada.

O elemento ético é caracterizado pelo

fato de o contribuinte não se utilizar de

expedientes ardilosos para reduzir sua

carga tributária, devendo agir de acordo

com a lei, sem efetuar interpretações

extensivas da lei, ou seja, sem cometer

abusos de direito. Deverá estar presente

no contribuinte o sentimento de que a

arrecadação justa do tributo será utilizada

em prol da sociedade e que ele estará

contribuindo para isso.

Em contrassenso, surgem

questionamentos sobre se seria ético

utilizar-se de planejamento tributário com

o objetivo de reduzir a carga tributária,

tendo a consciência de que este valor

deveria ser aproveitado para manter as

garantias constitucionais dos cidadãos.

Nesta seara, pode-se entender como

ético o planejamento feitos nos moldes da

lei, aproveitando as opções ofertadas para

se beneficiar tributariamente, podendo

contrabalançar com a abertura de campos

de serviços ou melhores condições de

trabalho aos trabalhadores já empregados

como forma de dar um retorno à

sociedade por um ato de planejamento

efetuado.

Page 30: Administração Financeira e Planejamento Tributário

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