direito tributário e direito privado: planejamento tributário

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Direito Tributário e Direito Privado Cláudio de Oliveira Santos Colnago Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais/FDV http://www.slideshare.net/claudiocolnago http://claudiocolnago.blogspot.com

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Slide utilizado em aula da pós-graduação em Direito Tributário da FDV, acerca do tema "Direito Tributário e Direito Privado".

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Page 1: Direito Tributário e Direito Privado: Planejamento Tributário

Direito Tributário e Direito Privado

Cláudio de Oliveira Santos ColnagoMestre em Direitos e Garantias Fundamentais/FDV

http://www.slideshare.net/claudiocolnagohttp://claudiocolnago.blogspot.com

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ProgramaPrograma

Direito Tributário e Direito Privado. Definições e utilidade.

O planejamento tributário. Fundamentos constitucionais e legais. Evasão, Elisão e Elusão. Hipóteses de desconsideração do planejamento tributário.

Casuística.

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Planejamento TributárioPlanejamento Tributário

- Opções lícitas a serem tomadas pelo sujeito passivo potencial, para evitar ou reduzir o impacto fiscal.

- Paralelo ao planejamento de mercado, de viabilidade econômica, técnico, etc.

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Planejamento TributárioPlanejamento Tributário

- Trata-se de uma "... zona de liberdade para adoção de procedimentos preventivos lícitos, anteriores à ocorrência do fato jurídico-tributário, objetivando uma economia tributária". (PONTES, Helenilson Cunha. O princípio da proporcionalidade no Direito Tributário. São Paulo: Dialética, 2000, p. 109

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Fundamentos Fundamentos ConstitucionaisConstitucionais

- Livre iniciativa- Estrita legalidade tributária

- “Importação” de conceitos- Livre concorrência- Resultante: autonomia privada

- direito fundamental de organizar suas atividades e praticar negócios jurídicos da forma que melhor lhe aprouver.

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Fundamentos LegaisFundamentos Legais- CÓDIGO CIVIL DE 2002- “Art. 1.011. O administrador da sociedade

deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.”

- LEI 6.404/76 (LEI DAS S. A.)- “Art. 153. O administrador da companhia

deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios.”

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Autonomia privada: Liberdade Autonomia privada: Liberdade absoluta?absoluta?- Teriam então os particulares uma autonomia

privada absoluta, podendo dispor o que queiram acerca de seus negócios jurídicos?

- Estado poderá intervir sobre o negócio jurídico sempre que pretender tutelar princípios constitucionais dos artigos

- 1º (fundamentos)- 3º (objetivos)- 5º (direitos fundamentais)- 170 (princípios da ordem econômica)

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Intervenção estatal total?Intervenção estatal total?- Teria então o Estado a aptidão de intervir

em qualquer negócio jurídico sob o argumento de tutelar os princípios constitucionais mencionados?

- Pela conjugação dos inúmeros princípios constitucionais mencionados, emergem três liberdades fundamentais do contribuinte, que colaboram na conformação da autonomia privada:

- Liberdade de causa- Liberdade de forma

- Liberdade de tipo

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Liberdade de causaLiberdade de causa

- Causa: finalidade que as partes pretendem alcançar com o negócio jurídico.

- Causa objetiva: demonstrável por provas.

- Projeção (suporte material) da declaração de vontade.

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Liberdade de causa e Liberdade de causa e CCBCCB- O Código Civil enumera, em vários

dispositivos, a causa como essencial ao negócio jurídico.

- “Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.”

- “Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.”

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Liberdade de formaLiberdade de forma- CCB, art. 107. “A validade da declaração de

vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.”

- Forma escolhida não impede re-qualificação pelo Fisco, mas esta dependerá da causa por ele verificada.

- Ex: Considerar operação de leasing como de compra-e-venda, atribuindo-lhe os efeitos fiscais da última e não da primeira.

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Liberdade de tiposLiberdade de tipos

- Os tipos consistem em um “...modelo de estrutura formal que o ordenamento jurídico apresenta para vincular as pessoas, no exercício da autonomia da vontade em um grupo finito e previamente delimitado de opções de negócios jurídicos". (TÔRRES, Heleno. Direito Tributário e Direito Privado: autonomia privada, simulação, elusão tributária. São Paulo: RT, 2003, p. 155)

- Negócios podem ser típicos ou atípicos.

- CCB: “Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”.

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Liberdade de tiposLiberdade de tipos- Negócios jurídicos indiretos:

- Tipo escolhido é o previsto em lei- Causa do negócio jurídico é distinta daquela

normalmente desejada pelas partes e prevista em lei.

- Imprescindível: contrastar a adequação do tipo escolhido à causa pretendida.- Sendo a causa diferente da prevista em lei,

mas tendo ela conteúdo negocial (não-exclusivamente fiscal), Fisco não poderá se opor.

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A não incidência e seu A não incidência e seu tratamentotratamento- Elisão: afastamento lícito da incidência,

total ou parcial, da norma tributária, com a obtenção de resultado econômico favorável e resultado prático equivalente ao do evento tributável.

- Evasão: afastamento ilícito da incidência, total ou parcial, da norma tributária, mediante atos de ocultação e falsificação.

- Elusão: afastamento, total ou parcial, da incidência, mediante atos com aparência de licitude, mas nos quais não há causa negocial (simulação ou fraude à lei).

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A não incidência e seu A não incidência e seu tratamentotratamento

- Elisão: Licitude.

- Evasão: ilicitude direta (criminosa)

- Elusão: ilicitude indireta (utilização de negócio jurídico simulado ou fraudulento)

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A evasão tributáriaA evasão tributária

- Atuação no sentido de propositadamente omitir ou esconder a ocorrência do evento tributável.

- Difere do mero inadimplemento.

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Crimes contra a ordem Crimes contra a ordem tributáriatributária“Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;(...)

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Crimes contra a ordem Crimes contra a ordem tributáriatributáriaIV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.”

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A evasão tributáriaA evasão tributária

IPI - FALSIDADE MATERIAL OU IDEOLÓGICA - NOTA CALÇADA. A consignação de valores diferentes nas diversas vias de uma mesma nota fiscal caracteriza evasão do tributo mediante expediente chamado "nota calçada", e quando comprovada, legitima a exigência fiscal de pagamento do tributo não recolhido, com acréscimos legais. Infração qualificada. Recurso negado.(2º CC, Recurso Voluntário n. 089602, Câmara: SEGUNDA CÂMARA. Processo: 13804.000320/91-76, Relator: JOSÉ CABRAL GAROFANO, Decisão: ACÓRDÃO 202-05366)

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Elisão = LicitudeElisão = Licitude

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO DE OFÍCIO. PERDA DE CAPITAL - ELISÃO TRIBUTÁRIA. Inexistindo dispositivo legal que caracterize a operação como infração fiscal deverá ser considerado como dedutível o prejuízo não operacional apurado na alienação de investimento à empresa. Recurso de ofício conhecido e desprovido. (1º CC, Recurso 115353, PRIMEIRA CÂMARA, Processo 10410.001755/93-90, Relator: Sebastião Rodrigues Cabral)

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Definição de ElusãoDefinição de Elusão“...os exercícios de autonomia privada carentes de causa ou quando o negócio aparente (simulado ou fraudulento) demonstre insuficiência da causa ou sua dolosa programação para evitar lei cogente. Não cabendo tal enquadramento, o que se tem na espécie é exercício legítimo de autonomia privada, com criação de negócio atípico, indireto, fiduciário ou com forma própria plenamente admissível, porquanto oriundo das três liberdades negociais: de escolha da melhor 'causa‘ (fim negocial), da melhor 'forma' e do melhor 'tipo' contratual ou societário, quando estes não sejam definidos por lei". (TÔRRES, Heleno. Direito Tributário e Direito Privado: autonomia privada, simulação, elusão tributária. São Paulo: RT, 2003 p. 17).

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ElusãoElusão

- Não há intenção de esconder a prática de qualquer ato pelo contribuinte.

- Diferencia-se da evasão, em que há a preocupação em esconder a ocorrência do evento tributável.

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Conceitos “importados” sobre Conceitos “importados” sobre ElusãoElusão- Alemanha: abuso de formas

- Espanha: fraude à lei

- França: abuso de direito subjetivo

- EUA e Inglaterra: prevalência da substância sobre a forma (business purpose test)

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Possíveis hipóteses de Elusão Possíveis hipóteses de Elusão (Brasil)(Brasil)

- Abuso de direito subjetivo

- Abuso de formas

- Negócio jurídico indireto

- Ausência de finalidade negocial

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Abuso de DireitoAbuso de Direito

Abuso de Direito: situação subjetiva a princípio autorizada pelo sistema jurídico, mas que é desvirtuada pelo titular.

- CCB/02, “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

“Ilícito atípico”: situação legal que se torna ilegal.

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Abuso de Direito: Abuso de Direito: compatível?compatível?- Abuso pelo Fisco: ilegalidade ou

abuso de poder.

- Abuso pelo Contribuinte: infração legal

- Conclusão: não é dado ao Fisco desconsiderar negócios jurídicos com fundamento num suposto “abuso de direito”.

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Abuso de DireitoAbuso de Direito“Em resumo, o conceito de abuso de direito encontra severas limitações para se ajustar à matéria tributária. Basta pensar que o direito que se abusaria seria o de auto-regramento da vontade, que em verdade não é um direito, mas um poder normativo, como prefere Ferri. E qualquer abuso de direito contra normas tributárias, por serem cogentes e não dispositivas, converte-se de imediato em sanção, por descumprimento frontal de norma impositiva de conduta, tal como uma espécie de fraude à lei.” (TÔRRES, Heleno. Direito Tributário e Direito Privado: autonomia privada, simulação, elusão tributária. São Paulo: RT, 2003, p 337-338).

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Abuso de FormasAbuso de Formas

- Conceito estrangeiro, ligado à idéia de fraude à lei ou de desvirtuação da pessoa jurídica.

- Brasil: liberdade de formas?

- Inaplicabilidade.

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Negócio jurídico indiretoNegócio jurídico indireto

- Liberdade de tipos - partes podem firmar:- Negócios típicos- Negócios atípicos- Negócios atípicos mistos

- Negócio típico com causa distinta daquela prevista em lei:- “Negócio jurídico indireto”.- Liberdade de causa.- Não é dado ao Fisco desconsiderar.

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Negócio jurídico indiretoNegócio jurídico indireto

IRPJ - SIMULAÇÃO NA INCORPORAÇÃO.- Para que se possa materializar, é indispensável que o ato praticado não pudesse ser realizado, fosse por vedação legal ou por qualquer outra razão. Se não existia impedimento para a realização da incorporação tal como realizada e o ato praticado não é de natureza diversa daquela que de fato aparenta, não há como qualificar-se a operação de simulada. Os objetivos visados com a prática do ato não interferem na qualificação do ato praticado. Portanto, se o ato praticado era lícito, as eventuais conseqüências contrárias ao fisco devem ser qualificadas como casos de elisão fiscal e não de "evasão ilícita." (Ac. CSRF/01-01.874/94).

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Negócio jurídico indiretoNegócio jurídico indireto

IRPJ- INCORPORAÇÃO ATÍPICA- A incorporação de empresa superavitária por outra deficitária, embora atípica, não é vedada por lei, representando negócio jurídico indireto. (1º CC, Recurso Voluntário n. 131653, PRIMEIRA CÂMARA, Processo: 16327.001715/2001-26, Relator: Sandra Maria Faroni)

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Causa negocialCausa negocial

Business purpose test- Análise do objetivo do negócio

jurídico- Objetivo negocial (business

purpose): elisão- Objetivo não-negocial: elusão

- Ignora-se negócio efetuado e considera-se ocorrido o negócio que seria efetuado, em condições “normais”.

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Causa negocialCausa negocial

IRPF - EXERCÍCIO DE 2001 - OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE FONTE NO EXTERIOR – SIMULAÇÃO.Constatada a prática de simulação, perpetrada mediante a articulação de operações com o intuito de evitar a ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, é cabível a exigência do tributo, acrescido de multa qualificada (art. 44, inciso II, da Lei nº. 9.430, de 1996).(...)

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Causa negocialCausa negocial

(...)OPERAÇÕES ESTRUTURADAS EM SEQUÊNCIA - O fato de cada uma das transações, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio.AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO EXTRATRIBUTÁRIA - A liberdade de auto-organização não endossa a prática de atos sem motivação negocial, sob o argumento de exercício do planejamento tributário. Recurso parcialmente provido. (1º CC, Recurso Voluntário 143715, Número do Processo: 18471.000286/2004-84, Relator: Maria Helena Cotta Cardozo)

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Confusão com abuso de Confusão com abuso de DireitoDireitoIRPJ E CSLL - TRANSFERÊNCIA DE ESTOQUE DE IMÓVEIS NO INTUITO EXCLUSIVO DE EVITAR A CORREÇÃO MONETÁRIA DE BALANÇO - EVASÃO TRIBUTÁRIA COM ABUSO DE DIREITO - É abusiva, e não produz efeitos perante o Fisco, a formalização de contrato particular, em 28 de dezembro, para transferência do estoque de imóveis à empresa ligada, com subseqüente rescisão do contrato no mês de janeiro do ano seguinte, com o intuito exclusivo de afastar a correção monetária das demonstrações financeiras que incide sobre os custos dos imóveis do Ativo Circulante. (...) Recurso parcialmente provido. (1º CC, Recurso Voluntário 114164, OITAVA CÂMARA, Processo: 10950.000482/95-10, Relator: José Antônio Minatel, Acórdão 108-05748)

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTN

“Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários”.  

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTN

Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTN

“Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:

(...)

VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação.”

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTN“Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTN“Art. 116 (..)Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. (Incluído pela LC nº 104, de 10.1.2001)

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTNEntendimentos acerca dos efeitos da introdução do parágrafo único do art. 116, pela Lei Complementar 104:

- Desconsideração de negócios jurídicos nos casos do art. 149, VII era atribuição auto-aplicável do agente fiscal. Com a Lei Complementar, tal atribuição passou a demandar lei ordinária.

- Art. 116, parágrafo único e 149, VII, tratam de situações distintas.

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTN- No entendimento do Fisco (exposição de motivos da MP 66/02), o CTN estabelece dois regimes possíveis de desconsideração dos negócios jurídicos particulares pelo Fisco:

- O regime jurídico do art. 149, aplicável quando se demonstre: dolo, fraude ou simulação.

- O regime jurídico do art. 116, parágrafo único, quando será necessário demonstrar abuso de forma ou ausência de causa a justificar o negócio jurídico.

- Este último dependerá de lei específica a ser editada por cada ente da Federação.

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTNEVASÃO

“Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:(...)VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação.”

ELUSÃO“Art. 116. (...)

   Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”.

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O planejamento e o CTNO planejamento e o CTN

- Possível “dissimulação da ocorrência do fato gerador” ou a “dissimulação da natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária” sem que haja simulação?

- Negócio simulado é negócio sem causa.

- Revogação tácita: 149, VII não pode mais ser aplicado nos casos de simulação.

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A simulaçãoA simulação

Código Civil de 2002:“Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

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Simulação absolutaSimulação absoluta

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Não se qualifica como planejamento tributário lícito a economia obtida por meio de atos e operações que não foram efetivas, não apenas artificial e formalmente revelados em documentação e/ou na escrituração. (...) (1º CC, Recurso de Ofício 142607, PRIMEIRA CÂMARA, Processo: 19515.000499/2004-15, Relator: Sandra Maria Faroni)

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Desconsideração do negócio Desconsideração do negócio simuladosimulado“GANHO DE CAPITAL. SIMULAÇÃO. PROVA - A ação da contribuinte de procurar reduzir a carga tributária, por meio de procedimentos lícitos, legítimos e admitidos por lei revela o planejamento tributário. Para a invalidação dos atos ou negócios jurídicos realizados, cabe a autoridade fiscal provar a ocorrência do fato gerador ou que o contribuinte tenha usado de estratagema para revestí-lo de outra forma.

(...)

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Desconsideração do negócio Desconsideração do negócio simuladosimulado(...)

Não havendo impedimento legal para a realização das doações, ainda que delas tenha resultado a redução do ganho de capital produzido pela alienação das ações recebidas, não há como qualificar a operação de simulada. A reduzida permanência das ações no patrimônio dos donatários/doadores e doadores/ donatários, por si só, não autoriza a conclusão de que os atos e negócios jurídicos foram simulados. No ano - calendário de 1997 não havia incidência de imposto sobre o ganho de capital produzido pela diferença entre o custo de aquisição pelo qual o bem foi doado e o valor de mercado atribuído no retorno do mesmo bem. Recurso provido”. (1º CC, Recurso Voluntário 137411, SEXTA CÂMARA, Processo 10865.002044/2002-28 Relator: Sueli Efigênia Mendes de Britto)

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Tentativa de Tentativa de regulamentaçãoregulamentaçãoMedida Provisória nº 66/02, Exposição de motivos: (...)“11.  Os arts. 13 a 19 dispõem sobre as hipóteses em que a autoridade administrativa, apenas para efeitos tributários, pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos, ressalvadas as situações relacionadas com a prática de dolo, fraude ou simulação, para as quais a legislação tributária brasileira já oferece tratamento específico.    12.   O projeto identifica as hipóteses de atos ou negócios jurídicos que são passíveis de desconsideração, pois, embora lícitos, buscam tratamento tributário favorecido e configuram abuso de forma ou falta de propósito negocial.

13.   Os conceitos adotados no projeto guardam consistência com os estabelecidos na legislação tributária de países que, desde algum tempo, disciplinaram a elisão fiscal.”

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SimulaçãoSimulação“IRPF – GANHO DE CAPITAL – SIMULAÇÃO. Para que se possa caracterizar a simulação, em atos jurídicos, é indispensável que os atos praticados não pudessem ser realizados, fosse por vedação legal ou por qualquer outra razão. Se não existia impedimento para a realização de aumento de capital, a efetivação de incorporação e de cisões, tal como realizadas e cada um dos atos praticados não é de natureza diversa daquele que de fato aparenta, não há como qualificar-se a operação como simulada. Os objetivos visados com a prática dos atos não interferem na qualificação dos atos praticados, portanto, se os atos praticados eram lícitos, as eventuais conseqüências contrárias ao fisco devem ser qualificadas como elisão fiscal e não evasão ilícita.” (Ac. nº 106-09.343, 18/09/1997)

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SimulaçãoSimulação

“IRPJ – CSLL – SIMULAÇÃO – OPERAÇÃO DE SWAP. Para que se possa caracterizar a simulação relativa é indispensável que o ato praticado, que se pretende dissimular sob o manto do ato ostensivamente praticado, não pudesse ser realizado por vedação legal ou qualquer outra razão. Se as partes queriam e realizaram negócio sob a estrutura de swap para atingir indiretamente economia de tributos não restou caracterizada a declaração enganosa de vontade, essencial na simulação.” (Ac. nº 101-93.616; 20/09/2001)

Page 52: Direito Tributário e Direito Privado: Planejamento Tributário

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O Conselho Administrativo de O Conselho Administrativo de Recursos FiscaisRecursos Fiscais

- O Conselho de Contribuintes vem buscando a essência dos negócios jurídicos.

- Busca pelo propósito negocial: sob o ponto de vista tributário, a validade do negócio jurídico está associada à licitude do negócio no geral, e não à licitude de cada etapa individualmente considerada;

- A economia de tributo justifica um planejamento, contanto que respeitada a finalidade dos institutos do direito privado;

- Subsunção do fato à norma: verificação do cumprimento dos requisitos formais e materiais para a caracterização do negócio declarado;

- O negócio jurídico indireto continua sendo sinônimo de planejamento tributário, desde que as partes se submetam aos efeitos de cada um dos negócios praticados.

Page 53: Direito Tributário e Direito Privado: Planejamento Tributário

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RequisitosRequisitos“DESCONSIDERAÇÃO DO ATO JURÍDICO. Não basta a simples suspeita de fraude, conluio ou simulação para que o negócio jurídico realizado seja desconsiderado pela autoridade administrativa, mister se faz provar que o ato negocial praticado deu-se em direção contrária à norma legal, com o intuito doloso de excluir ou modificar as características essenciais do fato gerador (...).

SIMULAÇÃO. Configura-se como simulação o comportamento do contribuinte em que se detecta uma inadequação ou inequivalência entre a forma jurídica sob a qual o negócio se apresenta e a substância ou natureza do fato gerador efetivamente realizado, ou seja, dá-se pela discrepância entre a vontade querida pelo agente e o ato por ele praticado para exteriorização dessa vontade.

NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO. Configura-se negócio jurídico indireto quando um contribuinte se utiliza de um determinado negócio, típico ou atípico, para obtenção de uma finalidade diversa daquela que constitui a sua própria causa (...)” (Ac. nº 101-94.340)

Page 54: Direito Tributário e Direito Privado: Planejamento Tributário

CasuísticaCasuística

Page 55: Direito Tributário e Direito Privado: Planejamento Tributário

Regime de tributação Regime de tributação do IRdo IR

Page 56: Direito Tributário e Direito Privado: Planejamento Tributário

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IR – qual sistema de IR – qual sistema de apuração?apuração?As empresas, como regra, podem optar por apurar o IR por dois regimes: lucro real ou lucro presumido.

Lei 9.430/96: “Art. 1º A partir do ano-calendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. ”

Page 57: Direito Tributário e Direito Privado: Planejamento Tributário

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IR – qual sistema de IR – qual sistema de apuração?apuração?- Caso concreto:- Empresa prestadora de serviços de

intermediação de negócios.

- Receita de R$ 1.000.000,00- Custos e despesas de R$ 500.000,00- Deverá optar pelo Lucro Real ou pelo

Lucro Presumido?

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Lucro real Lucro real versusversus Lucro Lucro

presumidopresumido Opção 1: Lucro real- Receita: R$ 1.000.000

- Custos e Despesas dedutíveis: R$ 500.000

- Lucro real: R$ 500.000

- Tributos:- CSLL (9%): R$ 45.000- IRPJ (15+10%): R$

101.000- TOTAL: R$ 146.000,00

Opção 2: Lucro presumido

- Receita: R$ 1.000.000

- Lucro Presumido: R$ 320.000 (32% da Receita Bruta)

- Tributos:- CSLL (9%): R$ 28.800- IRPJ (15+10%): R$

56.000- TOTAL: R$ 44.800

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Prestação de serviços: Prestação de serviços: pessoa física ou pessoa física ou

jurídica?jurídica?

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Prestação de serviçosPrestação de serviços

- Pessoa é sondada para prestar serviços eventuais.

- Proposta: remuneração bruta de R$ 5.000,00 por serviço prestado.

- Vale à pena constituir uma pessoa jurídica de prestação de serviços?

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Lei 11.196/05Lei 11.196/05

“Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão-somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil”.

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OpçõesOpçõesOpção 1: pessoa físicaBase de cálculo: R$ 5.000,00Tributos incidentes:Contribuição ao INSS do prestador (contribuinte individual): 20% sobre remuneração = R$ 1.000Contribuição ao INSS da empresa (tomadora): 20% sobre remuneração = R$ 1.000Imposto de Renda: 27,5% = R$ 1.375

Opção 2: pessoa jurídica (Lucro Presumido)Base de cálculo: R$ 1.600 (32% da receita bruta)Tributos incidentes:IR: 15% = R$ 240Contribuições = R$ 202,40PIS: 0,65%COFINS: 3%CSL: 9%

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ConclusõesConclusões

Opção 1: pessoa física

- Tomador arcará com custo de R$ 1.000,00

- Prestador arcará com custo de R$ 2.375,00

- Sobra: R$ 1.225,00

Opção 2: pessoa jurídica (Lucro Presumido)

Tomador não arca com custo tributário (não é contribuinte)

-Prestador arcará com custo de R$ 242,40

-Sobra: R$ 4.737,60

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Transferência de imóvel Transferência de imóvel para pessoa jurídicapara pessoa jurídica

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Transferir um imóvel para Transferir um imóvel para

empresaempresa Opção 1:Celebrar contrato de compra-e-venda.

Tributação incidente:

IR sobre ganho de capitalITBI sobre o valor do imóvel transmitido

Opção 2:Integralizar o capital da sociedade com o imóvelPosterior cisão parcial da sociedade, com versão de parte do capital social para o sócio retirante.Economia:Não incide IR (restituição de investimento)Não incide o ITBI (imunidade)

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Fusão de empresasFusão de empresas

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FusãoFusão

Lei 6.404/76- “Art. 228. A fusão é a operação pela

qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.”

CCB/02- Art. 1.119. A fusão determina a

extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações.

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FusãoFusão

Empresa A

- Objeto social: exportação de mercadorias.

- Resultado final: acúmulo de créditos de ICMS.

Empresa B

- Objeto social: transporte intermunicipal de mercadorias.

- Resultado: débito de ICMS.

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ICMS e não-cumulatividadeICMS e não-cumulatividade (suposta (suposta alíquota 10%)alíquota 10%)

Empresa Entrada (insumos)

Saída ICMS devido

Crédito escritural

A pagar

Comercial exportadora

R$ 100ICMS = 10

R$ 300ICMS = 30

IMUNE 10

0 (com acúmulo do crédito de R$ 10)

Transportadora

R$ 10ICMS = 1

R$ 500ICMS = 50

50 1 49

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Resultados da fusãoResultados da fusão

- Nova empresa:

- Congregará ambos os objetos sociais.

- Poderá utilizar os créditos acumulados da exportação nas operações de transporte de mercadorias (ICMS como crédito financeiro).

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““Incorporação às Incorporação às avessas”avessas”

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““Incorporação às avessas”Incorporação às avessas”

- Downstream Merger.- Situação “comum”:

- Empresa lucrativa incorpora empresa deficitária.

- Incorporação “comum”

- Situação “incomum”- Empresa deficitária incorpora empresa

lucrativa- Incorporação “às avessas”.

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““Incorporação às avessas”Incorporação às avessas” - Peculiaridades comuns:

- Empresa “A” (lucrativa) controla Empresa “B” (deficitária)

- Empresa “B” incorpora Empresa “A”.

- Empresa “B” altera seu nome empresarial para “A”

- Empresa “B” troca seu quadro de diretores pelo de “A”.

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““Incorporação às avessas”Incorporação às avessas”

- Indagação: operação é lícita?

- Lei 6.404/76: Art. 264, § 4º: - “Aplicam-se as normas previstas neste artigo

à incorporação de controladora por sua controlada, à fusão de companhia controladora com a controlada, à incorporação de ações de companhia controlada ou controladora, à incorporação, fusão e incorporação de ações de sociedades sob controle comum.” (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)

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““Incorporação às avessas”: efeitos Incorporação às avessas”: efeitos societáriossocietários

- Efeitos societários da operação:- Lei 6.404/76:- “Art. 227. A incorporação é a operação pela

qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.”

- “Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão serão submetidas à deliberação da assembléia-geral das companhias interessadas mediante justificação, na qual serão expostos:

- I - os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização”.

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““Incorporação às avessas”: Incorporação às avessas”:

efeitos fiscaisefeitos fiscais - Sociedade empresária tem capital social R$

100.000,00

- Nos anos de 2001, 2002 e 2003 ela obtém prejuízo acumulado de R$ 30.000,00.- Este prejuízo será coberto contabilmente pelo capital

social, que ficará reduzido “de fato” para R$ 70.000,00.

- Sociedade aufere lucro de R$ 50.000,00 em 2004.

- Para se apurar o IR, deverá ser abatido do lucro bruto de R$ 50.000,00 o prejuízo dos anos anteriores, de R$ 30.000,00.

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““Incorporação às avessas”: Incorporação às avessas”:

efeitos fiscaisefeitos fiscais - O abatimento do prejuízo fiscal garante que a

tributação se dê sobre o efetivo acréscimo patrimonial.

- Assim, teremos: R$ 50.000,00 (lucro 2004) – R$ 30.000,00 (prejuízo dos anos anteriores) = R$ 20.000,00 (efetivo acréscimo patrimonial, base de cálculo do IR).

- Vedar o abatimento do prejuízo consistiria em tributação sobre o patrimônio da pessoa jurídica, fato este não permitido pela competência tributária do IR.

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““Incorporação às avessas”: Incorporação às avessas”:

efeitos fiscaisefeitos fiscais - Efeitos fiscais da operação: DL 2.341/87:

- “Art. 32. A pessoa jurídica não poderá compensar seus próprios prejuízos fiscais, se entre a data da apuração e da compensação houver ocorrido, cumulativamente, modificação de seu controle societário e do ramo de atividade.”

- “Art. 33. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida.”

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Posição dos Conselhos de Posição dos Conselhos de

ContribuintesContribuintes IRPJ - SIMULAÇÃO NA INCORPORAÇÃO. Para que se possa materializar, é indispensável que o ato praticado não pudesse ser realizado, fosse por vedação legal ou por qualquer outra razão. Se não existia impedimento para a realização da incorporação tal como realizada e o ato praticado não é de natureza diversa daquela que de fato aparenta, não há como qualificar-se a operação de simulada. Os objetivos visados com a prática do ato não interferem na qualificação do ato praticado. Portanto, se o ato praticado era lícito, as eventuais conseqüências contrárias ao fisco devem ser qualificadas como casos de elisão fiscal e não de "evasão ilícita." (Ac. CSRF/01-01.874/94).IRPJ- INCORPORAÇÃO ATÍPICA - A incorporação de empresa superavitária por outra deficitária, embora atípica, não é vedada por lei, representando negócio jurídico indireto. (1º CC, Recurso Voluntário n. 131653, PRIMEIRA CÂMARA, Processo: 16327.001715/2001-26, Relator: Sandra Maria Faroni)

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