planejamento empresarial e tributÁrio · 2019. 5. 21. · planejamento empresarial e tributÁrio...

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PLANEJAMENTO EMPRESARIAL E TRIBUTÁRIO TRIBUTÁRIO - AULA 24 Leticia Vogt 27.04.19 Defesas Administrativas no Planejamento Tributário Livros PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: IPI, ICMS, ISS e IR Humberto Bonavides Borges Editora: Atlas. A PROVA NO DIREITO TRIBUTÁRIO Faniana Del Padre Tomé Editora: Noeses VADE MECUM TRIBUTÁRIO Rafael Matthes Editora: Rideel. VISA PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 1º) EVITAR (EXCLUIR) A INCIDÊNCIA DO TRIBUTO 2º) REDUZIR O MONTANTE DO TRIBUTO 3º) RETARDAR (ADIAR) O PAGAMENTO DO TRIBUTO

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  • PLANEJAMENTO EMPRESARIAL E TRIBUTÁRIO

    TRIBUTÁRIO - AULA 24

    Leticia Vogt – 27.04.19 – Defesas Administrativas no Planejamento Tributário

    Livros

    PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: IPI, ICMS, ISS e IR – Humberto Bonavides Borges

    – Editora: Atlas.

    A PROVA NO DIREITO TRIBUTÁRIO – Faniana Del Padre Tomé – Editora: Noeses

    VADE MECUM TRIBUTÁRIO – Rafael Matthes – Editora: Rideel.

    VISA PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

    1º) EVITAR (EXCLUIR) A INCIDÊNCIA DO TRIBUTO

    2º) REDUZIR O MONTANTE DO TRIBUTO

    3º) RETARDAR (ADIAR) O PAGAMENTO DO TRIBUTO

  • LIMITES JURÍDICOS – LIBERDADE FISCAL

    ELISÃO

    Planejamento – contribuinte busca evitar a ocorrência do fato gerador, o que configura a

    evasão lícita (elisão).

  • EVASÃO

    PORTANTO:

  • NORMAS CONTRA EVASÃO FISCAL – aula 18/05/2018 - Crimes Tributários

    ELUSÃO

  • Cuidado: simulação – art. 167, fraude – art. 166 e abuso de direito –ART. 187 CCB

    PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL

    • Por se tratar de processo on-line o contador tem acesso como se fosse o próprio

    contribuinte.

    • Aos advogados deve ser outorgado uma procuração pelo sistema da Receita

    Federal.

    • Recomenda-se que não se responsabilizem com recebimento das intimações via

    correio eletrônico.

  • • Em algumas situações é necessário fazer um agendamento na Receita Federal,

    sendo necessário uma procuração (dica – procuração com firma reconhecida).

    – LEI FEDERAL Nº 13.726, DE 8 DE OUTUBRO DE 2018 - Racionaliza atos e

    procedimentos administrativos dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e

    dos Municípios e institui o Selo de Desburocratização e Simplificação.

    – LEI DE SÃO PAULO Nº 16.931, DE 24 DE JANEIRO DE 2019 - Altera a Lei nº

    10.177, de 30 de dezembro de 1998, para dar poderes ao advogado constituído de

    autenticar cópias reprográficas de documentos, no processo administrativo no âmbito da

    Administração Pública Estadual.

    – MEDIDA PROVISÓRIA Nº 876, DE 13 DE MARÇO DE 2019 - Altera a Lei nº 8.934,

    de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis

    e Atividades Afins - contador ou advogado.

    • DECRETO 70.235/72 - processo administrativo fiscal (grifos nossos)

    Art. 7º. O procedimento fiscal tem início com

    I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o

    sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto;

    II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros;

    III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada.

    § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos

    atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações

    verificadas.

    § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo

    prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer

    outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos.

    Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação

    da falta, e conterá obrigatoriamente:

    I - a qualificação do autuado;

    II - o local, a data e a hora da lavratura;

    II - a descrição do fato;

    IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável;

    V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de

    trinta dias;

    VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de

    matrícula.

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.726-2018?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/mpv%20876-2019?OpenDocument

  • Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios

    de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

    – Certidão Negativa de Débitos é um documento que comprova a regularidade fiscal e

    cadastral perante a Secretaria da Receita Federal.

    – A certidão positiva com efeito de negativa tem o mesmo valor que uma certidão

    negativa de débitos, ou seja, serve para comprovar a regularidade fiscal do contribuinte.

    – Impugnação do sujeito passivo: ocorre quando o sujeito passivo não concorda parcial

    ou totalmente com o lançamento efetuado. Ou seja, é uma defesa ou reclamação,

    apresentada na órbita administrativa, implicando na instauração de fase litigiosa do

    procedimento. (Código Tributário Nacional Comentado / Eduardo Sabbag. – 2. ed. rev.,

    atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018).

  • Súmula 112 do STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se

    for integral e em dinheiro.

    Art. 9º. A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão

    formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada

    tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos,

    depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do

    ilícito.

    ➔ FISCO TEM O DEVER DE PROVAR

  • FASE LITIGIOSA DO PROCEDIMENTO

    Súmula 373 do STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de

    recurso administrativo.

  • Intempestividade: ACÓRDÃO 197-00.031 em 20.10.2008 - PAF - IMPUGNAÇÃO -

    PRAZO - INTEMPESTIVIDADE. A impugnação apresentada fora do prazo de trinta

    dias da ciência do lançamento é intempestiva e não instaura o litígio administrativo, a teor

    do disposto nos arts. 14 e 15 do Decreto nº 70.235/72. Por unanimidade de votos, NEGAR

    provimento ao recurso. Marcos Vinicius Neder de Lima - Presidente.

  • • IMPUGNAÇÃO – REQUISITOS:

    Art. 16. A impugnação mencionará:

    I - a autoridade julgadora a quem é dirigida;

    II - a qualificação do impugnante;

    III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as

    razões e provas que possuir;

    IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os

    motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames

    desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação

    profissional do seu perito.

    V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia

    da petição.

    § 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de

    atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16.

    § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas

    nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento

    do ofendido, mandar riscá-las.

    § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-

    á o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador.

    § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o

    impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que:

    a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força

    maior;

    b) refira-se a fato ou a direito superveniente;

    c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.

  • § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade

    julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma

    das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.

    § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão

    nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de

    segunda instância.

    Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo

    sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do

    lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível

    apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da

    constante do processo judicial.

    Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a

    inconstitucionalidade de lei tributária.

    Súmula CARF nº 28, vinculante: O CARF não é competente para se pronunciar sobre

    controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins

    Penais.

    A PROVA NO DIREITO TRIBUTÁRIO https://www.youtube.com/watch?v=cp5FvakMiEg

    PROPÓSITO NEGOCIAL EM PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO https://www.youtube.com/watch?v=r787-ShlScA

    BONS ESTUDOS!!!!

    MONITOR: ZOZIMAR RAMONDA

    https://www.youtube.com/watch?v=cp5FvakMiEghttps://www.youtube.com/watch?v=r787-ShlScA

  • S2C2T2 Fl. 11.345 

      

      

    1

    11.344 

    S2C2T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO 

     

    Processo nº  11030.720089/201316 

    Recurso nº               Voluntário 

    Acórdão nº  2202004.821  –  2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Sessão de  06 de novembro de 2018 

    Matéria  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA 

    Recorrente  MAURICIO DAL AGNOL 

    Recorrida  FAZENDA NACIONAL 

     

    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA  IRPF Anocalendário: 2008 

    DESCONSIDERAÇÃO  DE  ATOS  OU  NEGÓCIOS  JURÍDICOS PRATICADOS  COM  A  FINALIDADE  DE  DISSIMULAR  O  FATO GERADOR. POSSIBILIDADE DE LANÇAMENTO. DESNECESSIDADE DA LEI ORDINÁRIA. 

    Não  há  que  se  falar  em  regulamentação  do  art.  116  do  CTN  para  que  a autoridade  lançadora  efetue  lançamento  sobre  atos  considerados dissimulados.  A  permissão  legal  que  a  autoridade  fiscal  tem  para  realizar lançamento  sobre  atos  dissimulados  decorre  da  combinação  do  art.  116, parágrafo único, com os artigos 142 e 149, inciso VII, todos do CTN. 

    UTILIZAÇÃO  INDEVIDA  DE  PESSOA  JURÍDICA.  ESCRITÓRIO  DE ADVOCACIA. PESSOA FÍSICA 

    Caracterizada a utilização de empresa interposta, suas operações tributamse, no  escritório  de  advocacia.  Correta  a  tributação  das  operações  na  pessoa física, na declaração do contribuinte. 

    DEDUÇÃO  INDEVIDA  DE  DESPESAS  DE  LIVRO  CAIXA. COMPROVAÇÃO. 

    Para dedutibilidade no Livro Caixa há que ser provada a correspondência dos contratos e a efetividade dos pagamentos, com detalhamento das operações, e comprovação financeira. 

    RECLASSIFICAÇÃO  DE  RECEITA  TRIBUTADA  NA  PESSOA JURÍDICA  PARA  RENDIMENTOS  DE  PESSOA  FÍSICA. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICA. 

    Devem  ser  compensados  na  apuração  de  crédito  tributário  os  valores arrecadados sob o código de tributos exigidos da pessoa jurídica, cuja receita foi  desclassificada  e  convertida  em  rendimentos  de  pessoa  física,  base  de cálculo do lançamento de oficio. 

      

    ACÓR

    DÃO

    GERA

    DO N

    O PG

    D-CA

    RF PR

    OCES

    SO 11

    030.7

    2008

    9/201

    3-16

    Fl. 11345DF CARF MF

    11030.720089/2013-16 2202-004.821 SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Voluntário Acórdão 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 06/11/2018 IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA MAURICIO DAL AGNOL FAZENDA NACIONAL Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido CARF Rosy Adriane da Silva Dias 2.0.4 22020048212018CARF2202ACC Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 DESCONSIDERAÇÃO DE ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS PRATICADOS COM A FINALIDADE DE DISSIMULAR O FATO GERADOR. POSSIBILIDADE DE LANÇAMENTO. DESNECESSIDADE DA LEI ORDINÁRIA. Não há que se falar em regulamentação do art. 116 do CTN para que a autoridade lançadora efetue lançamento sobre atos considerados dissimulados. A permissão legal que a autoridade fiscal tem para realizar lançamento sobre atos dissimulados decorre da combinação do art. 116, parágrafo único, com os artigos 142 e 149, inciso VII, todos do CTN. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE PESSOA JURÍDICA. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. PESSOA FÍSICA Caracterizada a utilização de empresa interposta, suas operações tributam-se, no escritório de advocacia. Correta a tributação das operações na pessoa física, na declaração do contribuinte. DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA. COMPROVAÇÃO. Para dedutibilidade no Livro Caixa há que ser provada a correspondência dos contratos e a efetividade dos pagamentos, com detalhamento das operações, e comprovação financeira. RECLASSIFICAÇÃO DE RECEITA TRIBUTADA NA PESSOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DE PESSOA FÍSICA. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICA. Devem ser compensados na apuração de crédito tributário os valores arrecadados sob o código de tributos exigidos da pessoa jurídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de pessoa física, base de cálculo do lançamento de oficio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para que sejam compensados os tributos recolhidos pela: empresa interposta, relacionados às receitas da empresa D&F que foram considerados rendimentos do recorrente. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andréa de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Trata-se de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 10-46.356, proferido pela 4a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre-RS (DRJ/POA), que julgou parcialmente procedente o lançamento, mantendo a cobrança parcial do crédito tributário.Pela clareza, reproduzo o relatório da Resolução nº 2202-000.619, de 10/12/2015, da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF:Em desfavor do contribuinte MAURICIO DAL AGNOL, foi lavrado o auto de infração do imposto sobre a renda de pessoa física (fls. 3.920 a 3.931), que exigiu um crédito tributário total de R$ 4.802.742,75, incluídos multa de ofício e juros de mora calculados até 01/2013, tendo sido apuradas infrações relativas ao exercício 2009 (ano-calendário 2008).Conforme o Termo de Verificação Fiscal (fls. 3.932 a 3.978), o fiscalizado é advogado, com escritório profissional à rua Coronel Chicuta, 151, Centro, Passo Fundo/RS, mesmo endereço informado como domicílio tributário da empresa DAL AGNOL & FERNANDES LTDA., CNPJ 06.081.082/0001-22, optante pelo Simples Nacional, da qual ele detinha participação societária até março de 2008.No decorrer da ação fiscal, a Fiscalização concluiu que MAURICIO DAL AGNOL e DAL AGNOL & FERNANDES LTDA (D&F) nada mais eram que uma mesma unidade econômica voltada à prestação de serviços advocatícios sob a alcunha "DAL AGNOL ADVOCACIA" e que as notas fiscais de emissão da D&F eram, na verdade, honorários advocatícios auferidos pelo contribuinte fiscalizado, que visando reduzir a carga tributária a que estava sujeito, na condição de pessoa física, valeu-se da pessoa jurídica, apenas formalmente constituída, mas que se configurou verdadeira interposta pessoa do contribuinte de fato.A Fiscalização também efetuou a glosa de diversas despesas deduzidas a título de livro caixa pelo contribuinte, por entender que não seriam dedutíveis, parte por falta de comprovação e parte por não serem necessárias à percepção da receita.Foram apuradas as seguintes infrações:1) OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS;2) OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA;3) DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO (AJUSTE ANUAL) -DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA;4) DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO (CARNÊ-LEÃO) -DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA.O contribuinte apresentou impugnação ao auto de infração, com os seguintes argumentos, em síntese:- O Auto de Infração é nulo, pois os Auditores-Fiscais que o lavraram não eram contadores legalmente habilitados no CRC-RS , não estando aptos a efetuarem auditoria nos livros contábeis;- a ausência de intimação da empresa DAL AGNOL & FERNANDES LTDA. importa na suspensão do presente processo ou na sua anulação, pois o impugnante não poderia receber intimações em nome da empresa fiscalizada, por não ser seu representante legal;- Os juros na forma em que foram descritos no Auto de Infração impedem que o impugnante possa realizar o seu pagamento, em relação a alguma das infrações, com benefícios de redução da multa, posto que não há qualquer demonstrativo que viabilize a realização de defesa e verificação da real correção dos valores e percentuais aplicados;- o impugnante é parte ilegítima para responder sobre os pagamentos realizados sob a descrição de "emolumentos pagos a terceiros", pois se trata de créditos cedidos a terceiros, que não mais integravam seu patrimônio;- em nenhum momento a Fiscalização negou a existência da empresa DAL AGNOL & FERNANDES LTDA.;- a terceirização de atividades meio é algo comum e legal, tendo o impugnante criado a sua própria empresa de cópias reprográficas;- as atividades da empresa foram ampliadas e o que antes era apenas copiadora, passou também a ser digitação e digitalização de documentos, além de outras atividades de controle de processos e de processamento de dados, fossem eles financeiros, organizacionais, administrativos, mas nunca os jurídicos;- os serviços de limpeza e segurança também foram terceirizados;- a empresa era antes de sua propriedade e depois passou a ser da sra. Márcia Fátima da Silva Dal Agnol, mas nem por isso se retirou a independência na gestão da D&F, na contabilidade, na gestão financeira e de pessoas;- não existe necessidade ou exigência de que as empresas terceirizadas sejam de pessoas estranhas;- o impugnante é advogado e trabalhava cerca de 14 horas por dia e então terceirizou toda a atividade administrativa;- ele e a empresa não são a mesma pessoa, não são um grupo econômico, não possuem a mesma gerência, não possuem a mesma contabilidade, não possuem os mesmos funcionários, não possuem as mesmas contas bancárias e ele não possui poder de mando na administração da D&F;- somente as atividades administrativas eram terceirizadas e isso é legal, não se constituindo em fraude;- não se utilizava da D&F para sonegar imposto, pois se assim o fosse, os rendimentos tributáveis de RS 17.144.404,97 do ano de 2008 seriam faturados pela D&F;- os valores pagos pelo impugnante à empresa D&F não poderiam ter sido glosados, pois se trata de serviços efetivamente prestados e pagos;- o impugnante era titular de direitos creditórios com origem em honorários advocatícios e os cedeu à empresa D&F, o que o desobrigava de registrar em seu livro caixa;- não tem como se defender da omissão de rendimentos recebidos do Estado do Rio Grande do Sul, uma vez que não há especificação do processo onde se deu o suposto pagamento e ele não presta serviços àquele ente. O Fiscal deveria ter intimado o órgão público para prestar tal informação;- os pagamentos da Telasul S/A feitos às pessoas físicas foram objeto de cessão de crédito firmado com a empresa D&F;- devem ser anuladas as glosas de despesas lançadas na conta caixa da empresa D&F pois essa não foi intimada a produzir defesa;- as despesas com segurança privada são necessárias à atividade, tendo em vista a situação em que se encontra a segurança pública;- não podem prosperar as glosas de despesas referentes a pagamentos feitos a advogados, porquanto são despesas de custeio necessárias à percepção da receita, por serem percentual de honorários transferidos a advogados parceiros, sem os quais não haveria clientes, pois eram eles que realizavam todos os contatos e solicitavam dos clientes as documentações complementares ao longo da tramitação das ações;- a multa de ofício é excessiva e deve ser reduzida para 20%;- a multa de 150% deve ser afastada porque não há que se falar em sonegação, fraude, dolo ou simulação;- a multa relativa ao carnê-leão é improcedente pois todos os valores foram corretamente lançados e pagos, não havendo pendência de pagamento;- também devem ser declarados improcedentes os juros, independente do percentual que tenha sido lavrados e sobre que base de cálculo.A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (DRJ/POA) julgou a impugnação procedente em parte, afastando a glosa relativa a serviços de segurança privada. A decisão foi assim ementada:ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendario: 2008APURAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. ALTERAÇÃO DO LANÇAMENTO. COMPROVAÇÃO.Contribuinte apresentou documentação, comprovando item integrante da apuração anual do imposto de renda, que altera o lançamento efetuado.UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE PESSOA JURÍDICA. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA.Caracterizada a utilização de empresa interposta, as operações da empresa tributam-se no escritório de advocacia, e correta a tributação das operações na pessoa física, na declaração do contribuinte.DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA. COMPROVAÇÃO.Para dedutibilidade no livro caixa a discussão de matéria de prova de sobrepõe a possibilidade de deduzir. Há que ser provada a correspondência dos contratos e pagamentos, com detalhamento das operações, com a comprovação financeira.AUDITOR FISCAL. EXAME DA CONTABILIDADE.A competência do Auditor Fiscal para exame da contabilidade da empresa decorre de lei, não estando sujeitando a habilitação em curso superior específico ou ao registro junto ao Conselho de Contabilidade.Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em ParteCientificado da decisão em 03/10/2013 (fl. 4.272), o contribuinte interpôs recurso voluntário no dia 31/10/2013 (fls. 4.273 a 4.457), no qual reitera as razões da impugnação e enfatiza os seguintes pontos:- o Auto de Infração é nulo pois ocorreu cerceamento de defesa, uma vez que a sociedade Dal Agnol & Fernandes Ltda, não foi regularmente cientificada para prestar esclarecimentos e apresentar provas;- as autoridades fiscais desconsideraram a pessoa jurídica da empresa referida sem a devida decisão judicial;- ao calcular o suposto tributo devido, a Fiscalização não permitiu a dedução de despesas referentes a emolumentos pagos a terceiros, expressamente permitidas pela legislação;- são apresentados documentos em anexo que provam os valores pagos como emolumentos a terceiros;- tendo em vista o exíguo prazo para apresentação do recurso voluntário, os documentos trazidos são por amostragem, sendo requerida a possibilidade de juntada posterior ou que sejam os autos baixados em diligência para apresentação de tais documentos;- a autoridade fiscal não considerou os contratos, recibos e notas apresentados pelo recorrente em relação às parcerias com os advogados, ao contrário do que julgou a DRJ em sua decisão;- em respeito à segurança jurídica, à ampla defesa e ao princípio da verdade material, é imprescindível que o recorrente tenha o direito de juntar provas agora aceitas pela DRJ;- além de não considerarem os emolumentos pagos a terceiros como despesas, também não consideraram os tributos pagos pela pessoa jurídica, na apuração do lançamento;- não há base legal para incidência dos juros SELIC incidentes sobre a multa de ofício.O Recurso Voluntário do contribuinte foi julgado em 10/12/2015, momento em que foi exarada a Resolução nº 2202-000.619, para que a Unidade de Origem tomasse as seguintes providências:1 - Intime o contribuinte a apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias, relatório, preferencialmente em forma de planilha, com a discriminação das despesas glosadas pela Fiscalização, a título de "emolumentos pagos a terceiros", vinculando cada despesa com os correspondentes documentos comprobatórios;2 - Que a autoridade fiscal se manifeste, em relatório circunstanciado e conclusivo, sobre a validade das alegações presentes nesse relatório quanto à dedução das despesas a título de "emolumentos pagos a terceiros", indicando as glosas a serem mantidas e dando-se vista ao recorrente, com prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, se pronunciar.Após as providências tomadas pela Unidade de Origem, conforme determinado na Resolução supracitada, a Autoridade Fiscal emitiu o relatório fiscal da diligência (fls. 11312/11322), que em síntese explica que a autuação se deu em função da indedutibilidade das despesas, após análise dos documentos apresentados, e que a planilha acostada aos autos pelo recorrente após intimação solicitada por Resolução do Carf não corroborava com os documentos constantes nos autos.Intimado do relato fiscal, o recorrente apresentou resposta (fls. 11328/11337), argumentando que a decisão a quo reconheceu que as despesas poderiam ser indedutíveis, mas que não foram apresentados os documentos para a devida correspondência com os dados declarados, e como a Resolução do Carf, levando isso em consideração, converteu o julgamento em diligência para que o intimasse a apresentar planilha correlacionando os documentos constantes nos autos, o Auditor Fiscal diligenciante deveria ter se limitado a verificar essas correspondências, e não dizer que as despesas eram indedutíveis. Adicionou que a Autoridade Diligenciante anexou ao processo a planilha em formato PDF, desconfigurando as informações apresentadas pelo recorrente que mostravam a correlação de documentos. Pediu em sua resposta que fosse anexada ao processo a planilha conforme apresentada em formato XLS, fato que foi atendido pela fiscalização (fls. 11341/11342), sem fazer demais considerações sobre os dados constantes nessa planilha.É o relatório.

    Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, RelatoraAdmissibilidadeO Recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço.Delimitação da lideObservo que não houve alegação em relação à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica (Estado do Rio Grande do Sul), nem sobre a qualificação da multa, portanto, considero como matérias não impugnadas, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72.Além disso, a DRJ exonerou parte do crédito fiscal, portanto, a controvérsia se limita aos seguintes tópicos:1. Omissão de rendimentos recebidos de pessoa física (desconstituição da Dal Agnol & Fernandes Ltda)2. Dedução indevida de despesas de Livro CaixaDas preliminaresCerceamento de defesaEm relação ao cerceamento de defesa por falta de intimação da D&F para prestar esclarecimentos sobre a relação jurídica que mantinha com o recorrente, e sobre as diligências desenvolvidas nos clientes dessa empresa, compartilho os fundamentos do julgador a quo, quanto ao não acolhimento dessa preliminar.Primeiramente, a D&F foi diligenciada e intimada a apresentar documentos e prestar esclarecimentos julgados necessários para o desenvolvimento do procedimento fiscal no recorrente (fls. 1870/1871; 2408/2409; 3358/3359; fls. 3485/3486; fls. 3490/3492; fls. 3609/3610; fls. 3615/3616). Os depoimentos prestados pelos clientes da D&F por meio de diligência é procedimento normal em uma fiscalização, para busca da verdade material, e não configura cerceamento de defesa, visto que tais depoimentos foram corroborados por provas postas à disposição do recorrente.Segundo, o procedimento fiscal é a fase inquisitória em que são buscados dados para a apuração da verdade material, nessa fase não se instaura o contencioso, nem é dado à fiscalização apresentar documentos e depoimentos colhidos, pois estes comporão o auto de infração, em que serão anexados todos os documentos necessários ao sujeito passivo, para conhecimento de todos os fatos que lhe são imputados e, assim, possa exercer seu pleno direito de defesa na fase do contencioso.Ademais, ao contrário do que afirma o recorrente, a questão da nulidade do lançamento por cerceamento de defesa foi analisada pelo julgador de primeira instância, que respondeu às alegações do impugnante de que a D&F teve sua personalidade jurídica desconsiderada sem ter sido intimada, e, o julgador rebate essa alegação entendendo que não houve essa desconsideração, e os documentos foram obtidos de forma regular, por meio de intimação enviada à D&F enquanto empresa diligenciada.Adiciono que os relatórios, demonstrativos, e documentos juntados aos Autos de Infração trazem os esclarecimentos sobre a origem e a constituição do crédito tributário lançado. Cada um deles tem uma função específica e contém as informações que lhe são próprias.No Termo de Verificação Fiscal (fls. 3932/3978) o Auditor Fiscal descreve todos os fatos que deram origem ao lançamento, assim como, os motivos da lavratura, anexando documentos comprobatórios que demonstram de onde foram extraídas as bases de cálculo.Portanto, o conjunto de relatórios e demonstrativos que compõem o Auto de Infração contém as informações necessárias para elucidar o crédito, o que deu recorrente todos os dados necessários para rebater contrariamente os fatos apurados.O direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório, disposto no inciso LV do art. 5º, da Constituição Federal de 1988, tem por finalidade possibilitar aos litigantes, seja em processo judicial ou administrativo, o direito à reação contra atos desfavoráveis, momento esse em que a parte interessada exerce o direito à ampla defesa e ao contraditório.Dessa forma, quando a Administração, antes de decidir o mérito de uma questão administrativa, dá à parte contrária oportunidade de impugnar da forma mais ampla que entender, em hipótese alguma, pode ser acusada de negar ao contribuinte o exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório.Logo, conclui-se que não houve qualquer tipo de cerceamento do direito de defesa, pois o Auto de Infração foi lavrado em obediência ao princípio da estrita legalidade, expondo com objetividade e clareza a origem do lançamento de crédito, sua composição, bem como os dispositivos legais e os documentos que o fundamentaram, atendendo a todos os dispositivos normativos sobre a matéria, permitindo assim, o exercício do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa do contribuinte.Desconsideração da personalidade jurídicaEm relação à alegação da desconsideração da personalidade jurídica, compartilho o entendimento do julgador a quo, de que tal fato não ocorreu. O que a fiscalização fez foi desconsiderar as receitas da D&F, que pelos fatos apurados, verificou que elas eram em verdade honorários advocatícios recebidos pelo recorrente.Por outro lado, enganou-se o recorrente ao afirmar que na infração de omissão de rendimentos não houve qualificação da multa, por conduta dolosa, no percentual de 150%. Essa conduta está descrita no relato fiscal (fls. 3963/3967), com a aplicação da qualificação da multa, em todas as infrações relacionadas aos rendimentos oriundos da interposição de pessoa jurídica D&F, sendo que a auditoria segregou as infrações com aplicação da multa de 75% e de 150%:

    Isso é perceptível também pela visualização do auto de infração, que consolidou as infrações por valores (fls. 3923/3924)

    O recorrente alega ainda que, a auditoria desenvolveu seu raciocínio baseado no art. 116 do CTN que ainda não está regulamentado. Sem respaldo essa alegação. Como bem observou o recorrente, o Auditor Fiscal em nenhum momento cita o referido artigo.Por oportuno, assevero que o art. 149 do CTN estabelece os casos em que é cabível o lançamento de ofício, trazendo em seu inciso VII, a hipótese de simulação. Já o art. 142 desse Código estabelece a competência da autoridade administrativa para constituir o crédito tributário pelo lançamento, cabendo a ele verificar a ocorrência do fato gerador. Neste ponto, ressalto que, para verificar tal ocorrência a autoridade deve analisar todas as circunstâncias e elementos que permeiam esse fato gerador, inclusive descartando falsas evidências que poderiam deixá-lo encoberto aos "olhos" do Fisco.Assim, o art. 149 do CTN deu à autoridade fiscal a competência para efetuar o lançamento fiscal nos casos em que ocorre simulação. E o parágrafo único do art. 116 chancelou essa competência, ao estabelecer que essa autoridade pode desconsiderar atos ou negócios que dissimulam a ocorrência do fato gerador do tributo. Portanto, a autoridade fiscal pode, ao contrário do que entende o recorrente, desconsiderar os atos e negócios, amparada pelo parágrafo único referido, corroborado pelo inciso VII do art. 142, e art. 146, todos do Código Tributário Nacional.Nesse sentido, o parágrafo único do art. 116 do CTN não engessou a atuação da autoridade fiscal, que ao verificar a ocorrência do fato gerador se depara com casos de simulação. Ao contrário, o Auditor Fiscal deve efetuar o lançamento nos termos do art. 142 do CTN. Assim, ele não age aleatoriamente, mas obedece a procedimentos regulamente estabelecidos e de acordo com dispositivos legais específicos aplicados a cada tributo.Portanto, não há como acatar a nulidade baseada em tal alegação.Apresentação de provasA recorrente requer a intimação da D&F para apresentar documentos e que lhe seja oportunizada a apresentação de outros meios de prova.Em relação a isso, importante lembrar que o Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo Fiscal, no art. 16 e parágrafos, e art. 18, aborda a questão nos seguintes termos:Art. 16. A impugnação mencionará:[...]III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)[...]§ 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)[...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)b) refira-se a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)§ 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)[...]Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. (redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748/93).Os dispositivos acima transcritos demonstram que a juntada de documentos após o recurso somente é permitida nas situações expressamente previstas, que, no caso, não foram demonstradas pelo recorrente.MéritoErro na base de cálculo. Emolumentos pagos a terceirosNo mérito, o recorrente se limitou a contrapor o lançamento referente à desconsideração de negócios da D&F e dedução no Livro Caixa de emolumentos pagos a terceiros.Alega o recorrente erro na apuração da base de cálculo, pois a auditoria desconsiderou as despesas relativas a emolumentos pagos a terceiros pela sociedade D&F e pelo recorrente.Assevera que a fiscalização não intimou os representantes da D&F para esclarecerem esses pagamentos, e anexa documentos, que afirma provarem se tratarem de emolumentos pagos a terceiros e passíveis de dedução no Livro Caixa. Explica que a apresentação se dá por amostragem pelo exíguo prazo para apresentação do recurso voluntário, requer que a D&F seja intimada a apresentar tais documentos, e seja oportunizada a apresentação deles posteriormente. Acrescenta que a auditoria não considerou os contratos, recibos e notas provenientes de parcerias com advogados.A alegação de falta de intimação da D&F já foi debatida nas preliminares. Portanto, passo a analisar demais argumentos da recorrente.Na verificação da ocorrência do fato gerador, o autuante enumera fatos que o levaram a concluir que o recorrente recebia honorários advocatícios por meio da D&F, vejamos:D&F emitiu em favor de GEORGINA MARIA DOS SANTOS FLORES a Nota Fiscal nº 578 em 04/04/2008, no valor de R$ 7.641,62 (fl. 1964). Este é exatamente o mesmo valor informado pelo fiscalizado como tendo sido recebido da citada cliente na RESPOSTA AO TERMO nº 02 (fls. 790 a 826).Em resposta à intimação, a Sra. Georgina apresentou uma procuração e dois instrumentos particulares, sendo um contrato de prestação de serviços (honorários advocatícios) entre ela e MAURÍCIO DALAGNOL, e outro de CESSÃO DE DIREITOS E AÇÕES DE CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA, entre a cliente e DAL AGNOL & FERNANDES LTDA (fls. 2248 a 2250).[...]D&F emitiu em favor de INES TEREZINHA SCHMITZ DA SILVA a Nota Fiscal n° 600 em 17/07/2008, no valor de R$ 10.784,91 (fl. 1986). No entanto, não consta o nome da cliente na "RESPOSTA AO TERMO n° 02" (fls. 790 a 826).Em atendimento à intimação, a cliente compareceu pessoalmente à repartição, munida dos documentos requisitados, oportunidade em que foi lavrado o TERMO DE DEPOIMENTO de 18/06/2012.A intimada entregou cópia da Nota Fiscal de Prestação de Serviço n°600, emitida em 17/07/2008 por "DAL AGOL & FERNANDES", CNPJ 06.081.082/0001-22, no valor de R$ 10.784,91, declarando que este foi o único documento comprobatório do valor devido a Maurício Dal Aqnol a título de honorários advocatícios recebido em decorrência do processo judicial n°001/1.06.004210 5-1.Declarou, ainda, que o comprovante dos honorários advocatícios (nota fiscal de prestação de serviços n°600, de emissão de DAL AGNOL & FERNANDE S LTDA.) só lhe foi entregue após solicitação feita pela própria cliente, em razão de ter incidido em Malha Fiscal e ter recebido a Notificação de Lançamento - Imposto de Renda Pessoa Física - n° 2009/004340239921495, para a qual necessitava do referido documento a fim de interpor defesa junto a este órgão fazendário.Apresentou o "Resumo Demonstrativos dos Valores Recebidos relativos ao Principal da Complementação das Ações da Brasil Telecom, Celular e Dividendos", firmado em 17/07/2008, no qual foram discriminados os valores que lhe eram devidos em decorrência da causa judicial, destacando-se a linha "Honorários Advocatícios contratados", cuja importância é exatamente a mesma da Nota Fiscal n° 600 (R$ 10.784,91), emitida por D&F a título de "digitação de processo judicial". Ao final do mesmo documento, consta o Recibo da quitação dos valores que couberam à cliente em decorrência do processo n° 001/1.06.0042105-1, mencionando expressamente que o valor de R$ 32.322,38 foi recebido de MAURICIO DAL AGNOL.[...]D&F emitiu em 12/08/2008 a nota fiscal n° 609 em favor de GILBERTO ERNESTO TOMELERO, CPF 445.562.170-91, no valor de R$ 11.552,48, em cuja discriminação de serviços consta "digitação de processo judicial" (fl. 1995). Ressalte-se que este mesmo valor foi informado pelo Sr. Gilberto em sua DIRPF 2009 (ano-calendário 2008), como pagamento a MAURICIO DAL AGNOL a título de honorários advocatícios.Intimado, o Sr. Gilberto apresentou o "Resumo Demonstrativos dos Valores Recebidos ao Principal da Complementação das Ações da Brasil Telecom, Celular e Dividendos", com o timbre "DAL AGNOL ADVOCACIA" no cabeçalho, e recibo de quitação informando ter o cliente recebido de MAURICIO DAL AGNOL o valor líquido de R$21.433,15, percebido em decorrência da ação n° 001/1.05.2457130-2 (fl. 2285). Naquele documento, ficou estampado que o valor cobrado a título de "honorários advocatícios contratados" foi exatamente o mesmo valor constante da nota fiscal n° 609 (R$ 11.552,48).[...]O vasto material probatório comprova que a vinculação existente entre a pessoa física e D&F é um caso de simulação e as provas coligidas demonstram que o fiscalizado agiu de má fé.Como se viu, a utilização de notas fiscais falsas para forjar uma prestação de serviço que nunca ocorreu, ou que ao menos não foi o serviço efetivamente contratado pelos respectivos destinatários, visou unicamente criar receitas fictícias na pessoa jurídica, até o limite anual do SIMPLES, a fim de aparentar, apenas sob o aspecto formal, uma atividade econômica regular. As diligências realizadas junto às pessoas físicas (supostos clientes da D&F) comprovam que os valores inscritos nas notas fiscais emitidas em favor desses clientes se referem em sua totalidade a "honorários advocatícios contratados", rendimentos tributáveis auferidos pela pessoa física MAURICIO DAL AGNOL e não receitas da DAL AGNOL & FERNANDES.Diante das provas constantes nos autos, entendo que a auditoria tinha fundamentos suficientes para considerar que os negócios da D&F em realidade eram do recorrente, que a utilizava para recebimento de honorários advocatícios. Verifica-se que em diligência a essa empresa, ela foi intimada a apresentar documentos (fls. 1870/1871; 2408/2409; fls. 3358/3359 (termo de constatação, em que o recorrente se identifica como advogado da empresa); fls. 3485/3486; fls. 3490/3492; fls. 3609/3610; fls. 3615/3616), que quando analisados e comparados como depoimentos colhidos em diligência, e dados constantes nos sistemas do Fisco, demonstram a conduta apontada pela auditoria.Os fatos narrados poderiam ser contraditados pelo recorrente em seu momento de defesa, inclusive em relação aos documentos apresentados pela própria D&F, da qual, o recorrente se apresentou como advogado, segundo Termo de Constatação às fls. 3358/3359. Pelo que se vê nos autos, essa empresa não passava de uma interposta do recorrente, portanto, da mesma forma que ele teria acesso aos documentos que foram por ela apresentados, ela teria acesso a todos os documentos que constam nesse processo, podendo o recorrente apresentar contra-prova aos depoimentos e elementos colhidos durante as diligências, mas o recorrente apenas trouxe alegações genéricas, sem apresentar documentos que infirmassem que as receitas da D&F eram verdadeiramente receitas dessa empresa.Em relação à dedução das despesas no Livro Caixa, ao contrário do que entende o recorrente, o julgador a quo, não concluiu em definitivo que tais despesas eram dedutíveis, ele afirmou que havia a possibilidade, mas que esta dependia de análise das provas, veja:Emolumentos pagos a terceiros. A utilização de outros advogados nas atividades do contribuinte, a repartição dos honorários, pode ter ocorrido na forma descrita pelo contribuinte. E concordamos com a argumentação da impugnação quanto à possibilidade de dedução na forma do art. 75 do RIR, de 1999. No entanto, no Termo de Verificação Fiscal, fls. 3970 e 3971, também consta:[...]A discussão de matéria de prova de sobrepõe a possibilidade de deduzir. E entendemos que não foi provada a correspondência dos contratos e pagamentos, pois não se encontram demonstrados os detalhamentos dos rendimentos recebidos, quais ações, quais clientes, nem demonstrados os respectivos repasses aos parceiros. Não há detalhamento das operações nem a comprovação financeira. Assim, concordando com o texto do lançamento reproduzido acima, quanto a comprovação dos emolumentos pagos a terceiros, entendemos não comprovados os pagamentos, no sentido de dedutibilidade no livro caixa. (grifos no original).Assim, da forma como entendeu a autoridade diligenciante, o lançamento foi efetuado porque, diante das provas apresentadas, chegou-se à conclusão que as despesas eram indedutíveis.Como o julgador a quo assevera ser necessário analisar as provas antes de dizer se as despesas são ou não dedutíveis, e a Resolução nº 2202-000.619 deste Colegiado, foi por intimar o recorrente a apresentar planilha, fazendo as correlações com os documentos que comprovariam a verdadeira existência da despesa, há que se observar se as correlações foram efetuadas, e se os documentos correlacionados são suficientes para suportar as deduções efetuadas.Analisando a planilha em formato ".xls", anexa ao arquivo não paginável de fls. 11340, verifica-se que ela foi dividida em três blocos de informações, denominadas anexos I, II e III. Em suas considerações sobre a planilha anexada (fls. 4519/4523), a defesa explica que os dados das planilhas estão em sequência com o Anexo 3 do Termo de Verificação Fiscal (3900/3915), onde estão discriminadas as despesas glosadas pela auditoria.Entretanto, entendo que as informações constantes nessa planilha não atendem ao solicitado na Resolução. Primeiro, os dados constantes nos documentos aos quais foram correlacionados não guardam relação com os dados da planilha, e/ou com as glosas constantes no Anexo 3 do TVF; inconformidades essas que tornam a planilha complexa, e sem efetividade para provar as alegações do recorrente. Segundo, os documentos a que estão correlacionadas são insuficientes para demonstrar o efetivo pagamento de emolumentos a terceiros.Tomando como exemplo a sequência 349 do Anexo 3 do TVF, que são os primeiros dados que constam na planilha do recorrente, verifica-se que para essa despesa o recorrente relaciona no Anexo II três recibos com data de 08/02/2008, apresentando-os às fls. 4845/4847 (fls. 907, 908, 909 do Anexo II (trazidos pós Resolução)), e no anexo III apresenta como se deu a divisão dos honorários com os parceiros/subparceiros, entretanto, as informações constantes neles não apresentam correlação, vejamos:Anexo 3 do Termo de Verificação Fiscal

    Anexos I, II e III da Planilha do recorrente:

    Fls. 907, 908 e 909 do Anexo II (fls. 4845/4847 dos autos):

    Conforme se verifica nas figuras acima, o Auditor Fiscal apresenta como despesa glosada o valor de R$ 1.442,17 (sequência 349), informada pelo recorrente como paga a Marco Aurélio Spier (CPF 561.448.810-34), relativo a emolumentos pagos a terceiros, entretanto, a defesa correlaciona essa despesa a recibos assinados por Plínio, nos valores de R$ 479,75, R$ 481,21, R$ 481,21; sem apresentar outros elementos que demonstrem o efetivo repasse do recurso e para quem (se para Marco Aurélio ou a Plínio).Além disso, em tais recibos consta que o valor de crédito recebido pelo cliente Renato Schimitt foi R$ 11.993,82; por Neri Wagner, R$ 12.030,19; por Ivan Alaor Ponath, R$ 12.030,19. Entretanto, tais valores destoam do informado na planilha no valor de R$ 9.060,29 para esses três clientes. E mais, na referida Planilha consta como subparceiro/parceiro o nome de Plínio para esses clientes, mas consta nas últimas colunas do Anexo III os parceiros Dirceu/Valdecir como recebedores dos respectivos honorários. Consta ainda para esses mesmos clientes, honorários totais no valor de R$ 1.812,06, sendo que R$ 362,41 foi pago ao sub-parceiro, R$ 483,22 pago ao Maurício, e R$ 966,43 pago a Dirceu/Valdecir. Ou seja, as informações estão desencontradas: primeiro, consta no histórico da despesa o nome de Marco Aurélio, os recibos foram assinados por Plínio, e na planilha consta como honorários de Dirceu/Valdecir e Maurício. Fazendo um esforço para tentar entender a planilha apresentada pela defesa, e relacioná-la aos documentos, vejo que na primeira linha da planilha para o cliente Ivan Alaor consta na coluna honorários totais o valor de R$ 1.812,06, sendo que desse valor, R$ 362,41 foi pago a subparceiro (que estou supondo tenha sido paga a Plínio) e, R$ 966,43 pago ao parceiro (que supondo tenha sido Dirceu/Valdecir); se assim foi, então o recibo às fls. 4847 não corroboram a informação constante na tabela, pois em referido recibo consta que Plínio recebeu R$ 481,21, que por coincidência é o mesmo valor que consta na planilha como tendo sido recebida pelo recorrente.O recorrente afirma que apenas recebia os honorários, mas que não eram deles, mas dos parceiros, se assim fosse, por que não há qualquer recibo assinado por Dirceu/Valdecir afirmando ter recebido R$ 966,43 de honorários? E mais, por que não foram acostados aos autos, outros elementos que confirmassem o efetivo repasse desses honorários (tais como comprovantes de depósitos e/ou transferências, extratos bancários, cópias de cheques com respectivos nomes de emissor e emitente, etc.)? Por que o recorrente insiste em alegar que os honorários não lhe pertenciam, apesar de as cópias dos alvarás constantes no anexo IV (fls. 7865/11311) afirmarem o contrário?.Outro exemplo é a sequência 1734 do Anexo 3 do TVF (despesa glosada no valor de R$ 983,84 (Wessel Contabilidade S/S Ltda)), a qual o recorrente correlaciona os documentos às fls. 6191 (1253 do anexo II), em que consta recibo assinado por Wessel no valor de R$ 489,49; de um crédito do Cliente Erson Eldor Stapenhorst no valor de R$ 12.237,17, entretanto, no anexo III da planilha do recorrente, consta para esse cliente o valor de R$ 8.510,52, com honorários totais no valor de R$ 1.276,58, sendo R$ 255,32 pago a subparceiro (que suponho tenha sido Wessel), R$ 340,00 a Mauricio, e R$ 680,84 aos parceiros Dirceu/Valdecir, portanto, nenhum desses valores bate com os R$ 489,49, que consta no recibo correlacionado.Fazendo mais um esforço para verificar se houve correlação da planilha no formato ".xls" com os documentos constantes nos autos, tomei como exemplo as sequências 1197, 1199, 722, 1378, 1223, 1543 constantes no Anexo 3 do TVF, conforme abaixo:

    Mês DataCód.Conta HistóricoCPF / CNPJ Benef. Valor Seq Conta

    04/ago17/04/20084.006GEOVANI CEREZER ADV. ASSOC. CNPJ06023861/0001-71 602386100017111.605,50 11974.006 EMOLUMENTOS PAGOS A TERCEIR

    04/ago17/04/20084.006VERA LUCIA FAGUNDES DOS SANTOS CPF374164300-97 374164300975.830,86 11994.006 EMOLUMENTOS PAGOS A TERCEIR

    03/ago10/03/20084.006VERA LUCIA FAGUNDES DOS SANTOS CPF374164300-97 374164300975.167,15 7224.006 EMOLUMENTOS PAGOS A TERCEIR

    04/ago30/04/20084.006GEOVANI CEREZER ADV.ASSOC. CNPJ06023861/0001-71 60238610001715.671,24 13784.006 EMOLUMENTOS PAGOS A TERCEIR

    04/ago18/04/20084.006VILSON BELLE CPF250175510-34 2501755103472.439,03 12234.006 EMOLUMENTOS PAGOS A TERCEIR

    05/ago20/05/20084.006ROGER MAURICIO BELLE CPF961884480-34,PF-RS 9618844803465.407,00 15434.006 EMOLUMENTOS PAGOS A TERCEIR

    Diante delas me reportei aos dados na planilha no formato ".xls" do recorrente que correspondiam às sequências acima, a fim de verificar se tais dados se relacionavam com os documentos constantes nos número de folhas indicados pelo recorrente na planilha, e se batiam com os valores da tabela acima por sequência. Desse batimento, extraí da planilha do recorrente as seguintes informações, relativas à sequência 1197:

    Os documentos relacionados a elas, conforme Anexo II estão às fls. 1726/1753.No Anexo III, o recorrente demonstra como foram divididos os honorários, da seguinte forma:

    Entretanto, os honorários dos parceiros que, segundo o recorrente, são despesas dedutíveis como emolumentos pagos a terceiros, e foram glosadas pela auditoria, estão disformes com os valores glosados pela auditoria. Fazendo o batimento chegou-se aos seguintes valores:SequênciaSomatório da divisão dos honorários relacionados aos documentos apresentados pós Resolução Carf

    722295,65

    119711.545,37

    11992.918,35

    13072.041,59

    13781.287,12

    Mesmo que somemos todos os valores relativos às sequências 1223/1523, conforme indicado pela recorrente no Anexo III, o valor também não bate com o valor de despesa glosado pela Auditoria no Anexo 3 do TVF, vejamos:ANEXO III

        Valor Ind.Perc. Valor TotalHonor. Honor.HonoráriosHonoráriosHonorários

    SubParceiro/ParceiroProcesso CLIENTECPF/CNPJCorrigidoHonor.HonoráriosSub-ParceiroMauricioBelléCeliDirceu/Valdecir

    Bellé José Carlos Federle383.889.100-789246,7120%1849,34924,67924,67  0,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João Maria Inez Both Bolzan325.445.450-209246,7120%1849,34431,45647,27462,34308,29

    Bellé José Carlos Federle383.889.100-781291,3420%258,27129,13129,13  0,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João Maria Inez Both Bolzan325.445.450-201291,3420%258,2760,2590,3964,5743,05

    Geovani Cerezer/Bellé/João Maria Regina Daniel Rosso243.673.200-063779,2720%755,85176,34264,55188,96126,00

    Celito E. Dariva/Bellé Sérgio Rodrigues da Silva303.585.900-003779,2720%755,85264,55377,93113,38 

    Bellé Itacir Calgaro380.270.970-5351697,3120%10339,465169,735169,73  0,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João Espólio de Eloi Sampaio Affonso por Sonia Rosa Affonso771.451.000-5351537,3320%10307,472404,733607,612576,871718,25

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.06.0018415-7Theodora Anita Varini Sanfelice525.536.470-3418629,8730%5588,962235,581956,141397,240,00

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.07.0193414-3Adubar Comércio e Representações Agropastoril Ltda.93.644.078/0001-205149,9030%1544,97617,99540,74386,240,00

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.06.0005273-0V. Parcianello & Cia. Ltda.89.252.209/0001-5610009,4730%3002,841201,141050,99750,710,00

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.07.0171652-9Plinio Niederauer Petri dos Santos075.242.260-0420466,5220%4093,301637,321432,661023,330,00

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.06.0024576-8Dalva Maria Fernandes768.816.010-3418616,7230%5585,022234,011954,761396,250,00

    Vera L. Fagundes/Bellé001/1.05.2430537-8Avanir Catarina Venturini Cavedon191.864.870-002586,4820%517,30206,92206,92103,460,000,00

    Bellé001/1.07.0105921-8Nilce Maria Denti Favero144.641.600-3419342,9020%3868,581934,291934,29  0,00

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.06.0080855-0Daito Gomes Ferreira045.941.000-823369,4320%673,89157,22235,86168,47112,34

    Bellé001/1.05.2393569-6Edemar Valérius 246.067.400-7841248,8620%8249,774124,894124,89  0,00

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.06.0019454-3Antonio Stein283.723.520-204688,1420%937,63218,75328,17234,41156,30

    Bellé001/1.07.0063849-4João Rosalino de Andrade274.809.170-1515897,4340%6358,973179,493179,49  0,00

    Vera L. Fagundes/Bellé001/1.07.0176638-0Reneu José Zanon272.751.830-7252734,0320%10546,814218,724218,722109,360,000,00

    Bellé001/1.05.2301409-4Elenice Fernandes Nunes305.334.570-688607,8120%1721,56860,78860,78  0,00

    Bellé001/1.06.0018742-3Carlos Alberto Pertile592.123.570-9134089,6530%10226,905113,455113,45 0,00

    Bellé Osmar Luiz Berlato230.888.420-7234626,1930%10387,865193,935193,93 0,00

    Bellé001/1.05.0135648-0Tabelionato e Registro Civil de Severiano de Almeida90.982.588/0001-19244,7520%48,9524,4724,47 0,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João Celso Aita260.814.230-341201,6720%240,3356,0784,1260,0840,06

    Celito E. Dariva/Bellé Mitra Diocesana de Erechim87.635.405/0001-84369,8620%73,9725,8936,9911,10 

    Geovani Cerezer/Bellé/João Friggi & Cia. Ltda.90.138.223/0001-02738,4520%147,6934,4651,6936,9224,62

    Vera L. Fagundes/Bellé001/1.06.0093041-0Onildo Sarzi Sartori048.152.030-917391,2020%1478,24591,30591,30295,650,000,00

    Bellé001/1.06.0034959-8Drogaria e Perfumaria Cabo Grando Ltda.00.736.429/0001-410,0020%4322,722161,362161,36 0,00

    Vera L. Fagundes/Bellé001/1.05.0135427-5Espólio de Dinora Culau Fruett por José Francisco Portella Fruett048.797.590-1517638,2620%3527,651411,061411,06705,530,000,00

    Bellé001/1.05.2442072-0Ernan Gottliebs Coutinho131.063.170-0010853,1920%2170,641085,321085,32 0,00

    Bellé João Carlos Arcego395.977.250-5310849,5020%2169,901084,951084,95 0,00

    Bellé Sérgio João Salvati390.693.200-1010947,9520%2189,591094,791094,79 0,00

    Bellé Elide Bertolini526.077.630-5322694,2620%4538,852269,432269,43 0,00

    Bellé001/1.07.0262068-1Albanize Giacomini480.407.540-2020248,8430%6074,653037,333037,33 0,00

    Bellé Inez Maria Guareschi Fioreze636.139.480-8719346,7625%4836,692418,342418,34 0,00

    Bellé Vilmar José Pacheco Ritta215.734.840-912354,3125%588,58294,29294,29 0,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João Cláudio Rafael Schmitt175.020.200-043240,5620%648,11151,20226,84162,03108,040,00

    Celito E. Dariva/Bellé Sérgio Rodrigues da Silva303.585.900-0024460,7020%4892,141712,252446,07733,82 

    Celito E. Dariva/Bellé João Antonio Teles de Farias117.130.110-3421395,1320%4279,031497,662139,51641,85 

    Bellé001/1.05.0218012-2Nadir Perin308.660.490-53138770,5920%27754,1213877,0613877,06 0,00

    Bellé001/1.06.0122201-0Devino Rigo024.972.550-9147871,6020%9574,324787,164787,16 0,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João001/1.05.0181939-1Luiz Verno Staudt198.827.770-15904,5720%180,9142,2163,3245,2330,16

    Geovani Cerezer/Bellé/João Noé Piussi88.375.449/0001-85282,6420%56,5313,1919,7814,139,42

    Geovani Cerezer/Bellé/João Spode e Cia. Ltda.97.168.058/0001-801112,4420%222,4951,9177,8755,6237,09

    Bellé001/1.06.0012935-0Onesmo Scariot463.776.110-7226065,9725%6516,493258,253258,25  0,00

    Bellé001/1.07.0195873-5Alvino Paim195.756.880-152170,2340%868,09434,05434,05  0,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João001/1.05.2391974-7Vitélio Zanini064.007.360-34851,3920%170,2839,7359,6042,5728,39

    Bellé001/1.05.2403464-1João Batista da Silva Tatim206.492.230-042058,2340%823,29411,65411,65  0,00

    Geovani Cerezer/Bellé001/1.07.0212404-8Ibira Tarik Garcia Cecin045.331.600-002801,4320%560,29224,11196,10140,070,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João Espólio de João Jorge Gonçalves por Filomena Bittencourt Neves Camani141.619.150-0410698,8520%2139,77499,21748,92534,94356,70

    Geovani Cerezer/Bellé/João João Alberto Fernandes Rochedo004.961.380-4910555,3120%2111,06492,51738,87527,77351,91

    Vera L. Fagundes (Bellé) Walmir Martins Carpes256.947.820-2051039,8220%10207,964083,194083,192041,590,000,00

    Geovani Cerezer/Bellé/João Flavio Jair Hatzfeld Schirmann280.868.640-494538,0720%907,61211,75317,67226,90151,30

    Marcelo C. Schaurich/ Bellé001/1.06.0224803-9Pedro Alvarez Fortes Nunes304.713.030-206344,2830%1903,28570,99666,15666,15 

    Geovani Cerezer/Bellé/João Ailton Flores Zucuni165.240.550-0410906,1520%2181,23508,88763,43545,31363,61

    Bellé Nilce Maria Denti Favero144.641.600-3410906,1515%1635,92817,96817,96  0,00

    Celito E. Dariva/Bellé João Batista da Silva Tatim206.492.230-0410771,5220%2154,30754,011077,15323,15 

    Bellé Eloi Pertile024.367.100-8215960,6540%6384,263192,133192,13  0,00

    Bellé Hildo Da Ré232.268.460-0016127,5020%3225,501612,751612,75  0,00

    Total18786,003965,540,00

    Total22751,53 

    Diante desses exemplos, entendo que a planilha apresentada pelo recorrente, não demonstra com clareza e exatidão se as glosas efetuadas pela fiscalização são indevidas, mostrando-se ineficaz para modificar o lançamento fiscal.Aliás, a autoridade diligenciante, a despeito de ter feito seu juízo sobre a dedutibilidade ou não das despesas no Livro Caixa, chegou a mesma conclusão:A planilha mostra-se ininteligível. Não obstante o esforço do contribuinte em explicá-la, em sua carta-resposta, ela não demonstra, com a clareza minimamente necessária, a vinculação de cada despesa glosada (constante do Anexo 3 do Auto de Infração) com os documentos, apresentados por ele como anexos físicos (anexos I a IV). 26. Embora o contribuinte diga, na carta-resposta de 27/06/2016, que o prazo de 30 (trinta) dias foi exíguo para a confecção da referida planilha, lembra-se que durante o procedimento fiscal lhe foi oportunizado, em várias ocasiões (por meio do Termo nº 03 Intimação Fiscal, de 13/12/2011; do Termo nº 07 Reintimação Fiscal, de 11/05/2012; do Termo nº 10 Intimação Fiscal, de 24/09/2012, e do Termo nº 11 Constatação e Intimação Fiscal, de 30/10/2012), o fornecimento das mesmas informações, instruídas por documentos comprobatórios, que deveriam constar da planilha em questão. Não se pode, pois, aceitar a suposta exiguidade do tempo para se justificar a desorganização das informações prestadas. 27. Os valores e as datas destas despesas, lançados no livro-caixa do contribuinte, constam de comprovantes de pagamento (como recibos, assinados pelos terceiros, ou notas fiscais, emitidas por eles, recebedores), que foram analisados, por amostras relevantes, no procedimento fiscal, juntamente com os contratos de prestação de serviço que ampararam estes pagamentos. 28. Para justificar a origem dos recursos empregados nestes pagamentos, o contribuinte apresentou, por meio do ANEXO IV, os Alvarás de Autorização, emitidos pelo Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul, contendo os levantamentos de depósitos judiciais, e documentos correlatos (como cópias de petições relativas a estes Alvarás), referentes aos créditos dos clientes, dos quais ele retirou seus honorários advocatícios contratuais.29.O contribuinte apresentou, também, por meio do ANEXO III, planilhas contendo a destinação, aos terceiros (parceiros e subparceiros, captadores dos clientes), das comissões, calculadas sobre seus honorários advocatícios contratuais.30.Com base nos cálculos feitos por meio das planilhas do ANEXO III, o contribuinte efetuou os pagamentos registrados nos recibos de pagamento e nas notas fiscais do ANEXO II, que foram lançados no livro-caixa e representam as despesas glosadas no procedimento de fiscalização. 31.Muitos comprovantes de pagamento (recibos e notas fiscais) contêm valores referentes ao total da soma de duas ou mais comissões, destinadas aos terceiros, devidas em face da captação de diferentes clientes, titulares de créditos oriundos de diversos processos judiciais. 32.É muito confuso. 33.As informações e os documentos apresentados na diligência fiscal demonstram que cada comissão paga pelo contribuinte aos terceiros, em face do recebimento de honorários advocatícios contratuais deduzidos dos créditos dos clientes,não corresponde, necessariamente, a um registro de despesa, referente a este pagamento, no livro-caixa. Isto é, não há equivalência entre a comissão paga ao terceiro, considerada individualmente (referente ao êxito em processo judicial de cliente,do contribuinte, captado por este terceiro), e o valor constante do comprovante de pagamento, que foi INDEVIDAMENTE registrado pelo contribuinte em seu livro-caixa. Muitas vezes (na maior parte das vezes), o contribuinte somou diversas comissões devidas ao terceiro, oriundas de processos judiciais de diferentes clientes, seguindo sistemática de pagamento própria, e registrou o total desta soma no comprovante de pagamento (recibo ou nota fiscal) e no livro-caixa. Assim, os valores INDEVIDAMENTE registrados na conta 4.006 EMOLUMENTOS PAGOS A TERCEIROS correspondem aos valores constantes dos comprovantes de pagamento (recibos ou notas fiscais) mas não às comissões, consideradas individualmente, pagas (e sim ao total da soma de duas ou mais comissões, segundo critério peculiar do contribuinte).34. As palavras do contribuinte, em sua carta-resposta, confirmam a afirmativa supra (parágrafo 33) e denotam a ausência de critério uniforme empregado na somadas comissões que totalizaram os valores constantes dos comprovantes de pagamento: [...]35. Portanto, ultrapassando-se o fato, já exposto, de que o motivo das glosas em questão foi essencialmente jurídico, verificou-se, por cautela, no cumprimento da presente diligência fiscal, que a escrituração, pelo contribuinte, em seu livro-caixa, das despesas referentes aos pagamentos, aos terceiros, das comissões, não possui lastro documental satisfatório.[...]37. Ressalta-se que, assim como ocorreu durante o procedimento fiscal, mesmo apresentando, no âmbito da diligência que embasa o presente Relatório Fiscal, as informações e os documentos ora analisados, o contribuinte, pelos motivos retro expostos (parágrafos 31 a 36), não atendeu ao requisito clareza, intrínseco à escrituração do livro-caixa, especialmente em relação às despesas, redutoras da base de cálculo do imposto de renda, mais expressivas, que foram neste lançadas.Além disso, mesmo os recibos que o recorrente apresentou pós-Resolução Carf não são suficientes para exonerar ou alterar o crédito tributário, pois lhes faltam elementos que possam provar o efetivo repasse dos valores ali glosados, uma vez que os alvarás demonstram que os honorários foram recebidos pelo recorrente, e não foram apresentados extratos bancários, comprovantes de depósito, etc, que pudessem corroborar a afirmação do recorrente de que recebia honorários e os repassava aos parceiros.Portanto, entendo que o recorrente não se incumbiu de fazer a correspondência dos dados constantes na planilha apresentada com documentos que a suporte, a fim de que seja verificado que tais documentos já constavam ou não nos autos. Assim, entendo que as informações tanto da auditoria fiscal quanto da autoridade diligenciante de que não há correspondência entre os documentos apresentados pelo recorrente que suportem as despesas deduzidas estão corretas, sendo por certo que deve ser mantida a autuação na forma com decidido em primeira instância.Falta de recolhimento do carnê leãoComo consequência do lançamento pela omissão de rendimentos, deve ser mantida a multa como proposta pela decisão de primeira instância.Compensação dos tributos pagos pela D&FAduz o recorrente que os tributos recolhidos pela D&F na sistemática do SIMPLES devem ser compensados com o IRPF por ele devido, antes da aplicação da multa de ofício e correção monetária.Entendo que assiste razão ao recorrente, uma vez que a auditoria concluiu que as receitas auferidas pela D&F eram do recorrente, o tributo recolhido sobre elas deve ser considerado na apuração do imposto devido. Nesse sentido, os acórdãos nº 2102-002.441, nº 2801-002.280, nº 2202-00252:RECLASSIFICAÇÃO DE RECEITA TRIBUTADA NA PESSOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DE PESSOA FÍSICA.COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICA. Devem ser compensados na apuração de crédito tributário os valores arrecadados sob o código de tributos exigidos da pessoa jurídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de pessoa física, base de cálculo do lançamento de oficio. (Acórdão nº 2102-002.441, data de publicação: 11/03/2013, rel. Núbia Matos Moura).RECLASSIFICAÇÃO DA RECEITA TRIBUTADA NA PESSOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DA PESSOA FÍSICA.COMPENSAÇÃO DOS TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICA. Devem ser compensados na apuração do crédito tributário os valores arrecadados sob os códigos de tributos exigidos da pessoa jurídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de pessoa física, base de cálculo do lançamento de ofício. (Acórdão nº 2801-002.280, data de publicação: 21/10/2012, rel. Tânia Maria Paschoalin).IRPF RECLASSIFICAÇÃO DA RECEITA TRIBUTADA NA PESSOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DA PESSOA FÍSICA. COMPENSAÇÃO DOS TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICADevem ser compensados na apuração do crédito tributário os valores arrecadados sob os códigos de tributos exigidos da pessoa jurídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de pessoa física,base de cálculo do lançamento de oficio. (Acórdão nº 2202-00252, data de publicação: 23/09/2009, rel. Antonio Lopo Martinez).Juros sobre multa de ofícioEm relação à alegação de impossibilidade da cobrança desses juros, entendo não assistir razão ao recorrente.Cabe destacar, aqui, que, ao contrário do que entende o recorrente, a legislação autoriza a cobrança de juros de mora sobre o valor da multa de ofício.Registre-se, que, a teor das disposições contidas nos artigos 113, § 1º, e 139 do Código Tributário Nacional (CTN), verifica-se que a penalidade pecuniária, a despeito de não ser tributo, faz parte do crédito tributário. Por conseguinte, tem-se que a cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pela legislação ao crédito tributário.Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.[...]Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. (Grifou-se)Ressalte-se que a fundamentação para a futura cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício é sustentada no art. 161 do CTN, quando dispõe acerca da incidência de juros de mora sobre o crédito tributário não pago no vencimento, que são devidos seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo das penalidades cabíveis:Código Tributário Nacional (CTN):Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. O art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, dispõe sobre a incidência dos juros de mora sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica. Essa mesma lei, em seu art. 43, estabelece expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. O caput do artigo se refere à formalização de exigência de crédito tributário correspondente, exclusivamente, a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente.Lei n.º 9.430/96:Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente.Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.[...]Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)[...]§ 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998). (Grifou-se)Dessa forma, o CTN admite a incidência de juros de mora sobre as multas lançadas de ofício.Ademais, a Lei nº 10.522/02, por meio de seu art. 17, incluiu o § 8º no art. 84 da Lei nº 8.981/95, que dispõe, de forma geral, que os juros de mora se aplicam aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Assim, ainda que se interprete que a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, após seu vencimento, não está incluída no art. 61 da Lei nº 9.430/96, prospera a interpretação de que os juros são devidos sobre a multa de ofício, considerando-se o disposto no § 8º do art. 84 da Lei nº 8.981/95.Cabe reiterar, no caso, que o conceito de crédito tributário abrange a multa de ofício, de forma que, não efetuado o pagamento no prazo legal, o contribuinte se caracteriza em débito para com a União, incidindo juros de mora sobre o principal e a multa de ofício.Ademais a matéria já foi consolidada neste Conselho, por meio da Súmula Carf nº 108: "Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício.".ConclusãoPelo exposto, voto por rejeitar as preliminares, e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para compensar os tributos recolhidos pela empresa interposta, relacionados às receitas da D&F que foram considerados rendimentos do recorrente.(assinado digitalmente)Rosy Adriane da Silva Dias

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    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. 

    Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para que sejam compensados os tributos recolhidos pela: empresa interposta, relacionados às receitas da empresa D&F que foram considerados rendimentos do recorrente. 

     

    (assinado digitalmente) 

    Ronnie Soares Anderson  Presidente. 

     

    (assinado digitalmente) 

    Rosy Adriane da Silva Dias  Relatora. 

     

    Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andréa de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson (Presidente). 

     

    Relatório 

    Tratase  de  recurso  voluntário  interposto  contra  o  acórdão  nº  1046.356, proferido pela 4a Turma da Delegacia da Receita Federal  do Brasil  de  Julgamento  em Porto AlegreRS  (DRJ/POA),  que  julgou  parcialmente  procedente  o  lançamento,  mantendo  a cobrança parcial do crédito tributário. 

    Pela  clareza,  reproduzo  o  relatório  da  Resolução  nº  2202000.619,  de 10/12/2015, da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF: 

    Em  desfavor  do  contribuinte  MAURICIO  DAL  AGNOL,  foi lavrado o auto de infração do imposto sobre a renda de pessoa física (fls. 3.920 a 3.931), que exigiu um crédito tributário total de  R$  4.802.742,75,  incluídos multa  de  ofício  e  juros  de mora calculados até 01/2013, tendo sido apuradas infrações relativas ao exercício 2009 (anocalendário 2008). 

    Conforme o Termo de Verificação Fiscal  (fls. 3.932 a 3.978), o fiscalizado  é  advogado,  com  escritório  profissional  à  rua Coronel  Chicuta,  151,  Centro,  Passo  Fundo/RS,  mesmo endereço informado como domicílio tributário da empresa DAL AGNOL  &  FERNANDES  LTDA.,  CNPJ  06.081.082/000122, optante pelo Simples Nacional, da qual ele detinha participação societária até março de 2008. 

    Fl. 11346DF CARF MF

  • Processo nº 11030.720089/201316 Acórdão n.º 2202004.821 

    S2C2T2 Fl. 11.346 

      

      

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    No  decorrer  da  ação  fiscal,  a  Fiscalização  concluiu  que MAURICIO  DAL  AGNOL  e  DAL  AGNOL  &  FERNANDES LTDA  (D&F)  nada  mais  eram  que  uma  mesma  unidade econômica  voltada  à  prestação  de  serviços  advocatícios  sob  a alcunha "DAL AGNOL ADVOCACIA" e que as notas fiscais de emissão  da  D&F  eram,  na  verdade,  honorários  advocatícios auferidos  pelo  contribuinte  fiscalizado,  que  visando  reduzir  a carga  tributária  a  que  estava  sujeito,  na  condição  de  pessoa física,  valeuse  da  pessoa  jurídica,  apenas  formalmente constituída, mas que se configurou verdadeira interposta pessoa do contribuinte de fato. 

    A  Fiscalização  também  efetuou  a  glosa  de  diversas  despesas deduzidas a título de livro caixa pelo contribuinte, por entender que  não  seriam  dedutíveis,  parte  por  falta  de  comprovação  e parte por não serem necessárias à percepção da receita. 

    Foram apuradas as seguintes infrações: 

    1)  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  DO  TRABALHO  SEM VÍNCULO  EMPREGATÍCIO  RECEBIDOS  DE  PESSOAS JURÍDICAS; 

    2)  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  DO  TRABALHO  SEM VÍNCULO  EMPREGATÍCIO  RECEBIDOS  DE  PESSOA FÍSICA; 

    3)  DEDUÇÃO  DA  BASE  DE  CÁLCULO  (AJUSTE  ANUAL)  DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA; 

    4)  DEDUÇÃO  DA  BASE  DE  CÁLCULO  (CARNÊLEÃO)  DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS DE LIVRO CAIXA. 

    O contribuinte apresentou impugnação ao auto de infração, com os seguintes argumentos, em síntese: 

      O  Auto  de  Infração  é  nulo,  pois  os  AuditoresFiscais  que  o lavraram não eram contadores legalmente habilitados no CRCRS  ,  não  estando  aptos  a  efetuarem  auditoria  nos  livros contábeis; 

      a  ausência  de  intimação  da  empresa  DAL  AGNOL  & FERNANDES LTDA. importa na suspensão do presente processo ou  na  sua  anulação,  pois  o  impugnante  não  poderia  receber intimações  em  nome  da  empresa  fiscalizada,  por  não  ser  seu representante legal; 

     Os juros na forma em que foram descritos no Auto de Infração impedem que o impugnante possa realizar o seu pagamento, em relação a  alguma das  infrações,  com benefícios  de  redução da multa, posto que não há qualquer demonstrativo que viabilize a realização de defesa e verificação da real correção dos valores e percentuais aplicados; 

      o  impugnante  é  parte  ilegítima  para  responder  sobre  os pagamentos realizados  sob a descrição de "emolumentos pagos 

    Fl. 11347DF CARF MF

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    a  terceiros",  pois  se  trata  de  créditos  cedidos  a  terceiros,  que não mais integravam seu patrimônio; 

      em  nenhum  momento  a  Fiscalização  negou  a  existência  da empresa DAL AGNOL & FERNANDES LTDA.; 

     a terceirização de atividades meio é algo comum e legal, tendo o  impugnante  criado  a  sua  própria  empresa  de  cópias reprográficas; 

      as  atividades  da  empresa  foram ampliadas  e  o  que  antes  era apenas  copiadora,  passou  também  a  ser  digitação  e digitalização  de  documentos,  além  de  outras  atividades  de controle de processos e de processamento de dados, fossem eles financeiros,  organizacionais,  administrativos,  mas  nunca  os jurídicos; 

      os  serviços  de  limpeza  e  segurança  também  foram terceirizados; 

     a empresa era antes de sua propriedade e depois passou a ser da sra. Márcia Fátima da Silva Dal Agnol, mas nem por isso se retirou a independência na gestão da D&F, na contabilidade, na gestão financeira e de pessoas; 

      não  existe  necessidade  ou  exigência  de  que  as  empresas terceirizadas sejam de pessoas estranhas; 

     o impugnante é advogado e trabalhava cerca de 14 horas por dia e então terceirizou toda a atividade administrativa; 

      ele  e a  empresa não  são a mesma pessoa, não  são um grupo econômico,  não  possuem  a  mesma  gerência,  não  possuem  a mesma contabilidade, não possuem os mesmos funcionários, não possuem as mesmas contas bancárias e ele não possui poder de mando na administração da D&F; 

     somente as atividades administrativas eram terceirizadas e isso é legal, não se constituindo em fraude; 

     não se utilizava da D&F para sonegar imposto, pois se assim o fosse, os rendimentos tributáveis de RS 17.144.404,97 do ano de 2008 seriam faturados pela D&F; 

      os  valores  pagos  pelo  impugnante  à  empresa  D&F  não poderiam  ter  sido  glosados,  pois  se  trata  de  serviços efetivamente prestados e pagos; 

     o impugnante era titular de direitos creditórios com origem em honorários  advocatícios  e  os  cedeu  à  empresa  D&F,  o  que  o desobrigava de registrar em seu livro caixa; 

      não  tem  como  se  defender  da  omissão  de  rendimentos recebidos do Estado do Rio Grande do Sul, uma vez que não há especificação  do  processo  onde  se  deu  o  suposto  pagamento  e ele  não  presta  serviços  àquele  ente.  O  Fiscal  deveria  ter intimado o órgão público para prestar tal informação; 

      os pagamentos  da Telasul  S/A  feitos  às  pessoas  físicas  foram objeto de cessão de crédito firmado com a empresa D&F; 

    Fl. 11348DF CARF MF

  • Processo nº 11030.720089/201316 Acórdão n.º 2202004.821 

    S2C2T2 Fl. 11.347 

      

      

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      devem ser anuladas as glosas de despesas  lançadas na  conta caixa  da  empresa D&F  pois  essa  não  foi  intimada  a  produzir defesa; 

      as  despesas  com  segurança  privada  são  necessárias  à atividade,  tendo  em  vista  a  situação  em  que  se  encontra  a segurança pública; 

      não  podem  prosperar  as  glosas  de  despesas  referentes  a pagamentos  feitos  a  advogados,  porquanto  são  despesas  de custeio necessárias à percepção da receita, por serem percentual de honorários transferidos a advogados parceiros, sem os quais não  haveria  clientes,  pois  eram  eles  que  realizavam  todos  os contatos  e  solicitavam  dos  clientes  as  documentações complementares ao longo da tramitação das ações; 

     a multa de ofício é excessiva e deve ser reduzida para 20%; 

     a multa de 150% deve ser afastada porque não há que se falar em sonegação, fraude, dolo ou simulação; 

      a  multa  relativa  ao  carnêleão  é  improcedente  pois  todos  os valores  foram  corretamente  lançados  e  pagos,  não  havendo pendência de pagamento; 

      também  devem  ser  declarados  improcedentes  os  juros, independente do percentual que tenha sido lavrados e sobre que base de cálculo. 

    A  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  em Porto  Alegre  (DRJ/POA)  julgou  a  impugnação  procedente  em parte,  afastando  a  glosa  relativa  a  serviços  de  segurança privada. A decisão foi assim ementada: 

    ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA FÍSICA  IRPF Anocalendario: 2008 

    APURAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA NA DECLARAÇÃO DE  AJUSTE  ANUAL.  ALTERAÇÃO  DO  LANÇAMENTO. COMPROVAÇÃO. 

    Contribuinte  apresentou  documentação,  comprovando  item integrante da  apuração anual  do  imposto  de  renda,  que  altera  o lançamento efetuado. 

    UTILIZAÇÃO  INDEVIDA  DE  PESSOA  JURÍDICA. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. 

    Caracterizada a utilização de empresa interposta, as operações da empresa  tributamse  no  escritório  de  advocacia,  e  correta  a tributação  das  operações  na  pessoa  física,  na  declaração  do contribuinte. 

    DEDUÇÃO  INDEVIDA  DE DESPESAS DE  LIVRO  CAIXA. COMPROVAÇÃO. 

    Fl. 11349DF CARF MF

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    Para  dedutibilidade  no  livro  caixa  a  discussão  de  matéria  de prova de sobrepõe a possibilidade de deduzir. Há que ser provada a  correspondência  dos  contratos  e  pagamentos,  com detalhamento das operações, com a comprovação financeira. 

    AUDITOR FISCAL. EXAME DA CONTABILIDADE. 

    A competência do Auditor Fiscal para exame da contabilidade da empresa decorre de lei, não estando sujeitando a habilitação em curso  superior  específico  ou  ao  registro  junto  ao  Conselho  de Contabilidade. 

    Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte 

    Cientificado da decisão em 03/10/2013 (fl. 4.272), o contribuinte interpôs  recurso  voluntário  no  dia  31/10/2013  (fls.  4.273  a 4.457),  no  qual  reitera  as  razões  da  impugnação  e  enfatiza  os seguintes pontos: 

     o Auto de Infração é nulo pois ocorreu cerceamento de defesa, uma vez que a sociedade Dal Agnol & Fernandes Ltda, não foi regularmente  cientificada  para  prestar  esclarecimentos  e apresentar provas; 

      as  autoridades  fiscais  desconsideraram  a  pessoa  jurídica  da empresa referida sem a devida decisão judicial; 

      ao  calcular  o  suposto  tributo  devido,  a  Fiscalização  não permitiu a dedução de despesas referentes a emolumentos pagos a terceiros, expressamente permitidas pela legislação; 

     são apresentados documentos em anexo que provam os valores pagos como emolumentos a terceiros; 

      tendo  em  vista  o  exíguo  prazo  para  apresentação do  recurso voluntário,  os  documentos  trazidos  são  por  amostragem,  sendo requerida a possibilidade de  juntada posterior ou que sejam os autos  baixados  em  diligência  para  apresentação  de  tais documentos; 

      a  autoridade  fiscal  não  considerou  os  contratos,  recibos  e notas apresentados pelo recorrente em relação às parcerias com os advogados, ao contrário do que julgou a DRJ em sua decisão; 

     em respeito à segurança jurídica, à ampla defesa e ao princípio da verdade material, é  imprescindível que o  recorrente tenha o direito de juntar provas agora aceitas pela DRJ; 

      além de  não considerarem os  emolumentos  pagos  a  terceiros como  desp