atps direito empresarial e tributário

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SUMÁRIO 1. Introdução.................................................... .............................................................. ..02 2. Princípios do Direito Cambiário..................................................... ...........................03 2.1. Teoria geral dos títulos de crédito....................................................... ....................04 2.2. Títulos de crédito (Novo Código Civil Brasileiro)..................................................0 7 2.3. Princípio da cartularidade................................................. .......................................09 2.4. Princípio da literalidade.................................................. ..........................................09 2.5. Princípio da autonomia e abstração..................................................... ....................10 3. Direito tributário.................................................... .......................................................11 1

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Page 1: ATPS Direito Empresarial e Tributário

SUMÁRIO

1. Introdução....................................................................................................................02

2. Princípios do Direito Cambiário................................................................................03

2.1. Teoria geral dos títulos de crédito...........................................................................04

2.2. Títulos de crédito (Novo Código Civil Brasileiro)..................................................07

2.3. Princípio da cartularidade........................................................................................09

2.4. Princípio da literalidade............................................................................................09

2.5. Princípio da autonomia e abstração.........................................................................10

3. Direito tributário...........................................................................................................11

3.1. Princípio da capacidade contributiva.......................................................................12

3.2. Carga Tributária no Brasil e suas conseqüências....................................................15

4. Conclusão........................................................................................................................22

5. Referências Bibliográficas.............................................................................................23

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1. Introdução

A letra de câmbio é uma espécie de título de crédito, ou seja, representa uma

obrigação pecuniária, sendo desta autônoma.

A emissão da letra de câmbio é denominada saque; por meio dele, o sacador (quem

emite o título), expede uma ordem de pagamento ao sacado (pessoa que deverá paga-la), que

fica obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor específico), o valor

determinado no título.

Apesar de atribuir ao sacado a obrigação de pagar o tomador, o sacador permanece

subsidiariamente responsável pelo pagamento da letra. Não sendo pago o título no seu

vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a cobrança judicial do crédito, que se dá por

meio da ação cambial. Porém, para que o credor possa agir em juízo, é necessário que esteja

representado por um advogado.

Quanto à possibilidade de transferência, diz-se que a letra de câmbio é um título de

crédito nominativo, ou seja, em favor de um credor específico, suscetível de circulação

mediante endosso. Assim, o endossante (tomador original), transfere a letra para um

endossatário (novo tomador).

Letra de câmbio no Brasil

No Brasil, a letra de câmbio é regulada principalmente pela Convenção de Genebra,

também conhecida como Lei Uniforme (Decreto 57.663/66), e também pelo Decreto Lei n.º

2.044 de 31 de Dezembro de 1908. O Código Civil de 2002 tem valor supletivo (art. 903).

A letra de câmbio é mais usada em operações de crédito entre financiadoras e

comerciantes, as normas enquanto em operações mercantis internas a prazo o título mais

comum é a duplicata.

Direito comercial ou Direito empresarial é um ramo do direito privado que pode ser

entendido como o conjunto de normas disciplinadoras da atividade negocial do empresário, e

de qualquer pessoa física ou jurídica, destinada a fins de natureza econômica, desde que

habitual e dirigida à produção de bens ou serviços conducentes a resultados patrimoniais ou

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Page 3: ATPS Direito Empresarial e Tributário

lucrativos, e que a exerça com a racionalidade própria de "empresa", sendo um ramo especial

de direito privado.

Assim entendido, o direito empresarial abrange um conjunto variado de matérias,

incluindo as obrigações dos empresários, as sociedades empresárias, os contratos especiais de

comércio, os títulos de crédito, a propriedade intelectual, entre outras.

Fontes do Direito Comercial

A Constituição Federal;

As leis;

Atos do poder Executivo (o antigo Decreto-lei, que passou a se chamar medida

provisória);

Os contratos (acordo bilateral entre partes);

Os usos e costumes, a analogia e os princípios gerais do direito.

2. Princípios do Direito Cambiário

Segundo Fábio Ulhoa Coelho, para que um título de crédito exerça os direitos por ele

representados é indispensável estar na posse de tal documento. Assim, mesmo que a pessoa

seja de fato a credora, não poderá exercer o seu direito de crédito valendo-se dos benefícios

do regime jurídico-cambial se não estiver na posse do documento em questão, visto que,

cartularidade é a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu

titular.

 

Existem algumas exceções ao princípio da cartularidade, criados ultimamente pelo direito,

em vista da informalidade que caracteriza os negócios comerciais. Assim: a Lei das duplicatas

– LD admite a execução judicial de crédito representado por este tipo de título, sem a sua

apresentação pelo credor (LD, art. 15, § 2º), Outro importante fato que tem interferido com a

atualidade desse princípio é o desenvolvimento da informática no campo da documentação de

obrigações comerciais, com a criação de títulos de crédito não-cartularizados.

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Outro dos princípios importantes que orientam os títulos de crédito é o Princípio da

Literalidade, neste o que não está contido no título, expressamente, não terá eficácia, pois não

produz conseqüências na disciplina das relações jurídico-cambiais. Sendo assim, no caso de

um aval ser permitido por um instrumento privado, este não terá nenhuma eficácia, pois não

gera vínculo jurídico com o título de crédito. E quanto ao princípio da autonomia, entende-se

que as obrigações representadas por um mesmo título de crédito são independentes entre si.

Sendo que no caso de uma dessas obrigações, ser considerada nula ou anulável, eivada de

vício jurídico, esse fato não comprometerá a validade e a eficácia das demais obrigações

constantes do mesmo titulo de crédito.

2.1. Teoria Geral dos Títulos de Crédito

Dentre as várias características dos títulos de crédito pode-se destacar a

negociabilidade, a executividade, a tipicidade, a circulabilidade, o formalismo e a co-

obrigação:

A negociabilidade decorre da facilidade de circulação do crédito, como diz

Fábio Ulhoa, “possibilita uma negociação mais fácil do crédito decorrente da

obrigação representada”;

A executividade resulta numa maior eficiência na cobrança, ou seja, existindo

um documento provando o crédito, a cobrança judicial é mais eficiente e

rápida;

A tipicidade significa ter uma lei específica que regule os títulos de crédito,

como está posto no artigo 903 do Código Civil Brasileiro;

A circulabilidade traz maior benefício ao mundo econômico, garantindo maior

rapidez na circulação de valores, seja através do endosso, seja pela simples

tradição1, quando ocorre transmissão de todos os direitos inerentes ao título de

crédito;

O formalismo está presente no título através de seus requisitos, sendo

necessário documento e declaração de vontade, ou seja, assinatura dos

interessados;

1 A simples tradição compreende a transferência física do título

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Page 5: ATPS Direito Empresarial e Tributário

A co-obrigação tem por finalidade dar maior proteção ao portador do título,

ficando, cada pessoa que coloca sua aposta, responsável por seu pagamento

tanto quanto o devedor principal. Tal característica vem descrita no artigo 47

da Lei Uniforme de Genebra: “Os sacadores, aceitantes, endossantes ou

avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para com o

portador”.

Os princípios norteadores do direito cambiário também podem ser considerados

características marcantes dos títulos de crédito. Dos princípios que disciplinam o regime

jurídico dos títulos de crédito, destacam-se a cartularidade, literalidade e autonomia.

O princípio da cartularidade, também chamado incorporação, exige documento no

aspecto físico: se o direito está incorporado ao documento, e o mesmo some, desaparece o

direito. O que se pode notar, é que este princípio de acordo com as evoluções da informática

tem sido alvo de várias discussões, pois, será possível emitir títulos de crédito pela internet?

Realmente, se precisa da cártula para que se considere o título de crédito válido, é necessário,

então, um papel para que neste seja lançado o crédito, e assim, provar o direito ao valor. Com

isso, não se pode conferir a mesma garantia a cópias autênticas. A cartularidade busca evitar

um enriquecimento indevido, a boa fé de terceiros e o direito de regresso.

Fábio Ulhoa diz que pelo princípio da cartularidade o credor do título de crédito deve

provar que se encontra de posse do documento para exercer o direito nele mencionado, o que

se conclui é que, no regime jurídico-cambial a presença do documento no aspecto físico é

essencial para que se tenha direito à titularidade do crédito e que possa transferir o título

exercendo a negociabilidade. A posse da cártula também garante a executividade, pois só com

a existência de um título é que se pode entrar diretamente com o processo de execução.

O princípio da literalidade é aquele em que só valerá o que está escrito no título de

crédito, sendo nulo qualquer outro documento apartado em relação ao portador do título. No

que diz respeito a este princípio, pode-se observar que as garantias e direitos serão

exclusivamente as que estão presentes no conteúdo do título. O valor descrito não pode ser

ultrapassado, e mesmo que o valor devido seja menor do que o do título, todo o montante

registrado no mesmo deverá ser pago. A literalidade firma todas as obrigações das pessoas

que assinaram a cambial, permitindo posteriormente, cobrar a totalidade do devedor, pelo fato

do crédito poder ser transacionado. Este princípio garante a facilidade da circulação do crédito

incorporado ao título.

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Page 6: ATPS Direito Empresarial e Tributário

O princípio da autonomia pode ser visto sob duas vertentes: a descrita pelo jurista

Wille Duarte, que separa autonomia em três âmbitos (do Direito, do Título e das Obrigações);

e a descrita pela maioria dos autores, que dividem esse princípio em independência das

obrigações cambiais, em abstração e na inoponibilidade das exceções pessoais.

Wille Duarte afirma que o princípio da autonomia parte do Direito quando refere-se a

boa fé objetiva e não tem sub-rogação. O direito é autônomo e não derivado. Com relação ao

Título, este é considerado: autônomo; circula através do endosso; desvincula-se da causa (é

abstrato); e não tem nada a ver com o motivo que levou à emissão do mesmo. E o jurista,

quando refere-se às Obrigações, diz respeito às pessoas que assinam os títulos, que aceitam,

avalizam, endossam, emitem e sacam.

A maioria dos doutrinadores divide o princípio da autonomia em três sub-princípios:

O da independência, como descrita por Fábio Ulhoa, em que no princípio da

autonomia das obrigações cambiais, os vícios que comprometem a validade de

uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às

demais relações abrangidas no mesmo documento. Com isso, podemos

concluir que, havendo apenas um título e mais de uma obrigação, sendo uma

dessas, inválida, a mesma não poderá prejudicar as demais. Isso pode ser

vislumbrado no artigo 7º da Lei Uniforme de Genebra;

Sobre abstração, ela somente existirá se houver a circulação do título, ou seja,

quando este for transmitido a terceiros de boa-fé, promovendo o afastamento

do documento cambial de sua relação de origem. Através deste princípio, o que

se almeja é afastar o devedor da exoneração de suas obrigações cambiárias,

protegendo terceiros de boa-fé, evitando atos ilícitos ou viciados que possam a

vir contaminar a relação principal. Sendo este sub-princípio fundamental para

que haja o desligamento da cambial ao negócio que a originou.

Na inoponibilidade das exceções pessoais, quem for demandado em virtude de

um título, não pode opor-se ao terceiro de boa-fé, salvo se provar má-fé entre

os envolvidos na relação anterior. Se o terceiro souber de fato oponível ao

credor anterior do título, isso pode ser suficiente para caracterizar a má-fé. O

artigo 17 da Lei Uniforme de Genebra diz: “As pessoas acionadas em virtude

de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações

pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, ao menos que o

portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do

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Page 7: ATPS Direito Empresarial e Tributário

devedor”. Este sub-princípio também está descrito no artigo 916 do Código

Civil Brasileiro.

Enfim, existem muitas informações que podem ser atribuídas aos títulos de crédito,

mas, o que se registra é que estes documentos cambiários já possuem tradição entre os

comercialistas e também entre os comerciantes, não podendo ser extinto e nem perder sua

essência.

Os títulos de crédito constituem, na atualidade, fator importante para circulação de

valores no Brasil e no mundo. Ao longo dos séculos, estes documentos vêm sofrendo várias

mudanças e os sistemas econômicos atuam para adaptarem as evoluções aos ítens que

sustentam a teoria geral dos títulos de crédito.

2.2. Títulos de Crédito (De acordo com o novo C. C. Brasileiro)

O novo Código Civil Brasileiro define como título de crédito o documento necessário

ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, e que somente produz efeito

quando preenche os requisitos da lei.

Os títulos de crédito contém no mínimo dois sujeitos envolvidos: o emitente (devedor) ou

sacador e o beneficiário (credor). Em alguns casos, existe ainda a figura do sacado, um

intermediário encarregado de pagar ao beneficiário o valor constante no título.

Os títulos de crédito são regulados pelo direito cambiário ou cambial. Segundo este

ramo do direito, o crédito passa de um sujeito a outro facilmente, não estando vinculado a

determinado negócio ou a exceções pessoais que um dos pólos possa ter contra o outro.

O título de crédito representa o direito de receber do credor e o dever de pagar do devedor,

sendo autônomo da relação jurídica que lhe deu origem e, por essa razão, pode ser transferido

livremente de um credor a outro, seja pela simples entrega (tradição), seja por assinatura de

um possuidor em favor de outro (endosso).

“Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e

autônomo, nele mencionado”. (César Vivante)

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Page 8: ATPS Direito Empresarial e Tributário

“Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias. Não se

confundem com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em que a

representam”. (Fábio Ulhoa Coelho)

Para Fábio Ulhoa, três são as características que distinguem os títulos de crédito dos

demais documentos representativos de direitos e obrigações: primeiramente o fato dele

referir-se unicamente a relações creditícias, posteriormente por sua facilidade na cobrança de

crédito em juízo (não há necessidade de ação monitória) e, finalmente, pela circulação e

negociação do direito nele contido.

2.3. Princípio da Cartularidade

Princípio de cartularidade ou incorporação: esse princípio expressa a materialização

ou incorporação do direito de crédito no título. Enquanto o documento ou cártula corporifica o

direito a um crédito, a obrigação que ele deu origem torna-se uma relação extracartular.

Portanto, quem detém o título tem legitimidade para exigir o cumprimento do crédito nele

incorporado, independentemente de o fato que motivou a expedição do título seja legítimo ou

não.

De acordo com o princípio da cartularidade, a execução somente poderá ser

ajuizada se acompanhada do título de crédito original. As únicas defesas possíveis do

executado (devedor) serão aquelas fundadas em defeito de forma do título ou falta de

requisito necessário ao exercício da ação.

Nos dizeres de Fábio Ulhoa, “é a garantia de que o sujeito que postula a

satisfação do direito é mesmo o seu titular , sendo , desse modo , o postulado que evita o

enriquecimento indevido de quem , tenha sido credor de um título de crédito , o negociou

com terceiros”.

Por este princípio, entendemos que o possuidor de um título de crédito, desde que

o tenha adquirido por um meio lícito e idôneo, presumindo-se o titular o crédito, nele

mencionado, gozando dessa posição perante os respectivos devedores.8

Page 9: ATPS Direito Empresarial e Tributário

2.4. Princípio da Literalidade

É o princípio de que no título vale apenas o que nele está escrito. Sendo o título de

crédito um documento necessário para o exercício de direitos, é indispensável que estejam

expressos no título esses direitos. Mas também devemos observar que o princípio

da literalidade vai ainda mais adiante. O que está escrito tem valor, o que nele não está escrito

não pode ser alegado. Assim, literalidade significa que “ vale o que está escrito no título,

limitando os direitos nele incorporados.” .

Segundo Fábio Ulhoa, o princípio da literalidade determina que só vale o que está escrito no

título de crédito, ou seja, só é credor quem o título determina, e no exato valor e forma que

determina. Diz-se inclusive que só existe para o direito cambiário o que está expresso no

título. Neste sentido, o devedor também não se obriga a nada além do que está escrito no

titulo de crédito.

2.5. Princípio da Autonomia e Abstração

Autonomia: o que efetivamente circula é o título e não o direito que ele representa, ou seja, o

possuidor do título exerce direito próprio que não se vincula às relações entre os possuidores

anteriores e o devedor. As obrigações representadas pelos títulos de crédito são independentes

entre si, sendo uma delas nula ou anulável, tal efeito não poderá influir na validade e eficácia

das demais obrigações.

O título é autônomo, ou seja, ele por si só responde ao cumprimento da obrigação assumida,

não precisando vincular-se a outra obrigação qualquer. A obrigação, em princípio, tem a sua

origem, nos verdadeiros títulos de crédito, em um ato unilateral da vontade de quem se obriga;

aquele que assim o faz não subordina sua obrigação a qualquer outra por acaso já existente no

título.

Abstração: consiste na separação da causa ao título por ela originado. Pode se ter embasado a

emissão do título numa compra e venda, um contrato de mutuo, de aluguel, etc. No título

emitido poderá ou não constar esta obrigação. Quando essa relação inicial não for mencionada

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Page 10: ATPS Direito Empresarial e Tributário

no título este se torna abstrato em relação ao negócio original. Ele passa a circular sem

qualquer ligação com a causa que lhe deu origem. Em oposição a tais títulos, existem os

títulos causais, ou seja, aqueles que expressamente declaram a relação jurídica que a eles deu

causa. A duplicata é um exemplo disso, ela só pode ser emitida em decorrência de uma venda

efetiva de mercadoria ou prestação de serviço, os quais se encontram discriminados no título.

Porém, é causal apenas na sua origem, visto que, após ser colocada em circulação, torna-se

independente do negócio originário.

Os direitos decorrentes do título são abstratos, não dependendo do negócio que o originou.

Uma vez emitido, o título liberta-se de sua causa, não podendo ser alegada para invalidar sua

obrigação.

3. Direito Tributário

INTRODUÇÃO

- Nas relações de Direito Tributário, o Estado atua como sujeito passivo da relação jurídica –

obrigação tributária, enquanto o particular fica submetido ao cumprimento de uma obrigação

tributária por ele imposta como sujeito passivo.

 

CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO

- “Ramo do direito público que compreende um conjunto de normas coercitivas que

estabelecem relações jurídicas entre os contribuintes e o Estado, direitos e deveres de ambos e

dos agentes fazendários; regula o sistema tributário e disciplina o lançamento, a arrecadação,

fiscalização e aplicação dos impostos em geral, taxas e contribuições. O mesmo que direito

fiscal e direito financeiro” (Pedro Nunes).

- Artigo 3o c/c 16 CNT.

 

CARACTERÍSTICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

- Ramo do direito público;

- atividade pública financeira . Despesa: autorizada em lei orçamentária

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Page 11: ATPS Direito Empresarial e Tributário

. Gestão: administração do patrimônio público

. Receita (arrecadação): tributária / decorrente de

patrimônio.

- relação jurídica a partir de um tributo (artigo 3o. CNT)

3.1. Princípio da Capacidade Contributiva

A Carta Magna Federal prevê no texto do art. 145, §1º, o Princípio da Capacidade

Contributiva, assim discorrendo:

Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a

capacidade econômica do contribuinte, facultando à administração tributária, especialmente

para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos

termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

O princípio constitucional da capacidade contributiva, aplicável ao direito tributário,

estabelece um limite à atividade do legislador ordinário consistente em definir as hipóteses de

incidência. Essa, contudo, não é a única leitura possível para esse princípio. Além de fonte de

obrigação para o legislador, o princípio da capacidade contributiva consagra, igualmente, um

direito fundamental do contribuinte, oponível ao Estado.

Griziotti propôs como conceito da capacidade de pagar imposto a soma da riqueza

disponível, depois de satisfeitas as necessidades elementares de existência que pode ser

absorvida pelo Estado, sem reduzir o padrão de vida do contribuinte e sem prejudicar as suas

atividades econômicas.

Bernardo Ribeiro de Moraes assim conceitua o referido princípio:

O princípio da capacidade contributiva, pelo qual cada pessoa deve contribuir para as

despesas da coletividade de acordo com a sua aptidão econômica, ou capacidade contributiva,

origina-se do ideal de justiça distributiva.

Com a aplicação deste princípio haverá tratamento justo, se o legislador considerar as

diferenças dos cidadãos, tratando de forma desigual os desiguais impondo o recolhimento de

impostos considerando a capacidade contributiva de cada cidadão em separado. O tributo é 11

Page 12: ATPS Direito Empresarial e Tributário

justo desde que adequado à capacidade econômica da pessoa que deve suportá-lo. Não basta

que o imposto seja legal, mister se faz que o mesmo seja legítimo.

Trata-se de um desdobramento do Princípio da Igualdade, aplicado no

âmbito da ordem jurídica tributária, na busca de uma sociedade mais igualitária, menos

injusta, impondo uma tributação mais pesada sobre aqueles que têm mais riqueza.

Não obstante, existem ainda alguns impostos que, devido a técnica de arrecadação

utilizada, dificultam a aplicação deste princípio. Os chamados pela melhor doutrina de

impostos reais, que abrangem os impostos indiretos, constitucionalmente conceituados como

aqueles tributos que comportam a transferência do ônus tributário, e acabam por tributar o

consumidor final do produto, sem nenhuma observância à capacidade contributiva do mesmo.

Em conseqüência, o contribuinte de jure não é aquele que efetivamente arca com o encargo

do tributo, mas esse é assumido pelo chamado contribuinte de fato. Na tentativa diminuir as

conseqüências desta transferência e, de certa forma, aplicar o Princípio da Capacidade

Contributiva, o legislador criou o Princípio da Seletividade, que, em proporções bem

menores, rege a instituição dos impostos indiretos impondo uma mínima observância à

capacidade contributiva daqueles que, ao final, pagam o tributo embutido no preço dos

produtos adquiridos.

Com a aplicação deste princípio haverá tratamento justo, se o legislador considerar as

diferenças dos cidadãos, tratando de forma desigual os desiguais impondo o recolhimento de

impostos considerando a capacidade contributiva de cada cidadão em separado. O tributo é

justo desde que adequado à capacidade econômica da pessoa que deve suportá-lo. Não basta

que o imposto seja legal, mister se faz que o mesmo seja legítimo. O eminente doutrinador

Sacha Calmon teceu as seguintes considerações:

Por que deve o legislador considerar as disparidades? Para nós, a juridicidade da

capacidade contributiva resulta, como vimos, do lado positivo do princípio da igualdade: o

dever imposto ao legislador de distinguir disparidades.

A capacidade contributiva a ser aferida é a capacidade subjetiva do contribuinte, a real

aptidão de determinada pessoa para recolher ao Fisco. Assim, observa o ilustre mestre

Aliomar Baleeiro, na sua obra clássica Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar,

verbis:

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Do ponto de vista subjetivo, a capacidade econômica somente se inicia após a dedução

das despesas necessárias para a manutenção de uma existência digna para o contribuinte e sua

família. Tais gastos pessoais obrigatórios ( com alimentação, vestuário, moradia, saúde,

dependentes, tendo em vista as relações familiares e pessoais do contribuinte, etc.) devem ser

cobertos com rendimentos em sentido econômico – mesmo no caso dos tributos incidentes

sobre o patrimônio e heranças e doações – que não estão disponíveis para o pagamento de

impostos. A capacidade econômica subjetiva corresponde a um conceito de renda ou

patrimônio líquido pessoal, livremente disponível para o consumo, e assim, também para o

pagamento de tributo. Desta forma, se realizam os princípios constitucionalmente exigidos da

pessoalidade do imposto, proibição do confisco e igualdade, conforme dispõem os arts. 145,

§1º, 150, II e IV, da Constituição.

Toda pessoa que possui capacidade contributiva possui capacidade para ser sujeito

passivo tributário. O tributo é um dever e tem como finalidade captar recursos para os cofres

públicos, tem natureza econômica, patrimonial. Os cidadãos devem contribuir para a

manutenção do Estado, para que este possa atingir os seus fins, devendo esta contribuição

operar-se na medida do possível, na proporção de suas respectivas capacidades. A

observância deste princípio resulta na equidade da tributação, ensinamentos já relevantes no

final do século XVIII, tendo sua primeira manifestação sido percebida na Declaration des

droits, a declaração francesa de direitos, de 1989, e profundamente difundido por Adam

Smith.

Trata-se de uma verdadeira limitação ao poder do Estado de instituir tributos, já que é

de aplicação imperativa a referida norma constitucional. Assim, sempre que for possível, os

impostos deverão ser graduados de forma progressiva em nome da justiça e da igualdade, sob

pena de ser instituído imposto juridicamente inválido. Configura-se, enfim, como uma

proteção ao contribuinte.

Misabel Abreu Machado Derzi, brilhante atualizadora da clássica obra de Aliomar

Baleeiro, Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar, teceu a seguinte consideração:

É que a capacidade contributiva é princípio que serve de critério ou de instrumento à

concretização dos direitos fundamentais individuais, quais sejam, a igualdade e o direito de

propriedade ou vedação do confisco.

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Page 14: ATPS Direito Empresarial e Tributário

Conclui-se, portanto, a grosso modo, que quem tem maior riqueza deve, em termos

proporcionais, pagar mais impostos do que quem tem menor riqueza, ou seja, deve contribuir

mais para a manutenção da coisa pública.

Vale de transcrever um trecho da obra de Luciano Amaro, que importante colaboração

deu à este estudo:

O princípio da capacidade contributiva inspira-se na ordem natural das coisas: onde

não houver riqueza é inútil instituir imposto, do mesmo modo que em terra seca não adianta

abrir poço à busca de água.

A capacidade contributiva é, de fato, a espinha dorsal da justiça tributária. É um

critério de comparação que inspira o princípio constitucional da igualdade.

3.2 Carga tributária no Brasil e suas conseqüências

O Estado possui como objetivo a realização de seus fins, pelo que, no exercício de sua

atividade financeira, procura ajustar a receita à programação de sua política.

Nesse sentido, o Estado deve funcionar como um órgão de redistribuição de riqueza,

realizando despesas úteis à coletividade, investindo o dinheiro arrecadado na educação, saúde,

infra-estrutura, etc.

A despesa pública produz efeitos na esfera econômica do país e tal fenômeno se

observa a partir da importância do volume das despesas em ralação à renda nacional.

Os efeitos da variação das despesas públicas podem ser sentidos pelos indivíduos, uma

vez que seu alcance pode ser facilmente determinado. Nos países em que a economia está em

crise ou que os fatores de produção não atingiram o máximo, o aumento da despesa pública

faz crescer a renda nacional, pois há maior demanda de trabalho, maior número de pessoas

recebem salário e a produção aumenta.

Estes efeitos econômicos ocorrem não só na produção, como na circulação, na

distribuição e no próprio consumo, como por exemplo, se o Estado aumenta suas despesas

objetivando elevar a renda dos particulares, ocorrerá um aumento na área de consumo, que

acarretará um incremento na produção, pois, como se sabe, quanto maior for à capacidade

econômica do cidadão mais este consumirá, por outro lado, na simples distribuição de renda,

14

Page 15: ATPS Direito Empresarial e Tributário

como o salário-família e outros programas meramente assistenciais, que é uma despesa que

visa somente atenuar as conseqüências da desproporção da riqueza nacional, não há efetivo

aumento do consumo e conseqüentemente da produção.

Assim é que, podemos concluir que as despesas públicas são fundamentais para o

desenvolvimento econômico do país, contudo, não é qualquer despesa que será produtiva, ou

seja, a forma como serão gastos o dinheiro público é que influenciará no desenvolvimento ou

não de um país.

Verifica-se uma tendência universal no crescimento das despesas públicas uma vez

que o Estado passou a intervir no mundo econômico. Assim, as despesas públicas podem ser

consideradas um poderoso instrumento da política fiscal.

Aqui, novamente chegamos ao ponto mais importante, pois bem, as despesas públicas

são de fundamental importância para o desenvolvimento econômico do país, porém, faz-se

necessário apurar de que maneira serão efetivadas estas despesas.

Como já havíamos afirmado, o ponto crucial da carga tributário no Brasil é exatamente este, a

forma como são efetivadas as despesas públicas. Temos, que a pressão tributária que sofre o

cidadão brasileiro é conseqüência direta dá má gestão dos gastos públicos.

Se a carga tributária aumenta é porque também o governo gasta mais. Basta verificar

como ocorrem os gastos públicos, seu caráter muitas vezes acessórios, supérfluo e até

suntuário para concluir que o equilíbrio orçamentário poderia com facilidade ser obtido

através do corte de despesas totalmente evitáveis, ao invés de impor ainda mais sacrifícios aos

contribuintes.

Uma reestruturação da máquina administrativa do Estado será fundamental para

diminuir a carga tributária nacional. Sabemos que o Executivo federal poderá funcionar com

eficiência, com um menor número de ministérios, secretarias, agências reguladoras e

programas sociais. Também os Estados e Municípios poderão participar de um "desmonte"

dessa máquina burocrática, como por exemplo, reduzindo as Assembléias Legislativas, em

que é flagrantemente excessivo o número de funcionários por deputado estadual e reduzindo

também o número de vereadores, no âmbito municipal.

Sabemos que tais mudanças serão de difícil concretização, pois encontrarão enormes

dificuldades e resistências políticas, contudo não conseguimos ver outra solução para a

diminuição da carga tributária no Brasil.

Por outro lado, os cidadãos jamais seriam prejudicados se todas essas despesas fúteis

fossem suprimidas de uma vez por todas ao invés do governo avançar sobre o bolso dos

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Page 16: ATPS Direito Empresarial e Tributário

contribuintes com mãos ávidas para bancar tais despesas que só a ele interessa.

Enquanto os governos persistirem nesta política de gastar mal o dinheiro público, para

não dizer desperdiçar, o que o cidadão ganha com o suor do seu trabalho não há condições

para se falar em redução da carga tributária no Brasil.

Contudo, podemos ainda destacar outros inúmeros problemas em relação à tributação

brasileira que conduz a esta insustentável pressão tributária sobre o contribuinte.

Primeiro, a forma como é conduzida a política tributária nacional. Temos, essencialmente, a

Receita Federal junto com o Tesouro Nacional conduzindo a política tributária, traçando

como objetivo primordial aumentar a eficiência na arrecadação. Nesse contexto, perde-se

uma grande e relevante discussão que se trava em outros países em relação a sopesar o que

mais interessa ao País: eficiência econômica X igualdade.

Segundo, destacamos o fato de a tributação no Brasil recair mais sobre o consumo do

que sobre a renda. O sistema que prioriza a tributação sobre a renda é mais justo, facilita a

individualização do contribuinte e estimula a economia.

Essa tendência brasileira de tributar mais o consumo do que a renda vem, exatamente,

da política fiscal adotada pelo governo, que visa essencialmente a arrecadação. Para evitar ou

dificultar a sonegação preferem tributar o consumo, uma vez que estes tributos são mais fáceis

de serem fiscalizados.

Porém o ideal para o país seria dar mais ênfase aos tributos que recaem sobre a renda e

não sobre o consumo, desonerando um pouco a produção para estimular a economia, como é

na grande maioria dos demais países.

Enquanto os países ditos de primeiro mundo reduzem a carga tributária sobre as

atividades produtivas e simplificam o sistema tributário, o Brasil vai na contra-mão.

Aqui observamos verdadeira distorção no sistema tributário que onera o consumo e tira a

competitividade dos produtos nacionais.

Terceiro, o custo de conformidade. Este é outro grande problema que inflama a carga

tributária no Brasil, as legislações são confusas, muitas vezes obscuras, excessivamente

técnicas e impossível sua compreensão pelos contribuintes, sem falar na monstruosa

burocracia. Tal fato gera um enorme custo para obtenção de adequada conformação com a

legislação, sendo o contribuinte obrigado a contratar os serviços de contadores, advogados

especializados, etc.

Acompanhar as novas regras tributárias, que são criadas todos os dias é um trabalho

difícil e caro também para as empresas. Um estudo do IBPT mostra que as empresas

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Page 17: ATPS Direito Empresarial e Tributário

brasileiras tiveram de despender R$ 20 bilhões no ano de 2004 apenas com pessoal para

acompanhar as mudanças na legislação e cumprir a burocracia fiscal representada pelos

inúmeros tributos (impostos, taxas e contribuições) exigidos pelos governos federal, estaduais

e municipais.

Estes custos geram sérios entraves para manter as empresas e os investidores

estrangeiros no país, fazendo com que o chamado Custo Brasil se eleve a ponto de os

investidores preferirem outros países que oferecem menores custos burocráticos.

Por outro lado, também o Estado tem altos custos de conformação, como por exemplo,

com o grande número de fiscais que são necessários para manter a eficiência da arrecadação,

a enorme estrutura que deve manter para proporcionar suporte à arrecadação, etc.

Neste contexto, talvez a idéia de um Imposto Único, ou pelo menos, de um menor

número de tributos, mesmo que concentrados, seja interessante, pois eliminaria estes altos

custos de conformidade.

Em quarto, destacamos ainda outro ponto importante que é a não cumulatividade dos

tributos que impede sua cobrança mais de uma vez dentro da mesma cadeia produtiva,

evitando a verticalização da produção dentro de grandes conglomerados. Se os tributos forem

cumulados as empresas, ao invés de terceirizar, buscando diversos fornecedores vão tentar

concentrar toda a cadeia produtiva, não se especializando e perdendo em eficiência.

Porém, no Brasil apenas alguns tributos obedecem o princípio da não-cumulatividade,

sendo que grande parte deles são cumulativos, como por exemplo, PIS, COFINS, CPMF, ISS,

IOF, etc.

Por todo o exposto, temos que essa pressão tributária muito pesada, que oprime e

sufoca o contribuinte, em face dos diversos efeitos que pode gerar, somente será solucionada

por um sistema tributário bem estruturado que propicie a superveniência dos benefícios da

tributação sobre os malefícios.

Assim, vamos insistir na idéia de que a alta carga tributária no Brasil é mais do que o

problema em si, é efeito da má gestão dos gastos públicos, que desencadeia na população um

desejo de escapar da tributação e sonegar impostos.

Isto porque o cidadão sente estar pagando duplamente por serviços que deveriam ser

públicos, ou seja, paga para o governo por meio dos tributos, para que este invista no país e

ofereça os serviços essenciais aos cidadãos, inclusive garantidos constitucionalmente, mas

não recebe o retorno merecido e tem de arcar com os custos privados de saúde, educação,

segurança, etc.

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Page 18: ATPS Direito Empresarial e Tributário

O desvio do dinheiro público se torna cada vez mais notório, sem medidas eficazes de

combate à corrupção e a tão falada Reforma Tributária que poderia diminuir a carga tributária

parece não ser assunto levado a sério pelo governo, tanto que continuou a aumentar tributos.

Então, faz-se necessário um grande controle do orçamento público, melhor

objetividade e clareza no gasto das verbas arrecadadas pela tributação. Aqui temos várias

questões que merecem outras amplas discussões, incabíveis neste breve trabalho, como a já

citada corrupção, o desvio de dinheiro público e os pesados investimentos nas camadas mais

ricas da população, como bancos e grandes exportadores.

Assim, entendemos que a alta carga tributária é a necessária para financiar as elevadas

despesas do setor público. Então antes de se falar em uma reforma tributária realmente

eficiente é preciso realizar grandes mudanças que reduzam e eliminem distorções nos atuais

gastos públicos.

A reforma tributária continuará sendo uma meta de extrema importância para o

crescimento e desenvolvimento econômico do país, pelas suas profundas repercussões neste

setor, mas é preciso encontrar um ponto de equilíbrio na discussão deste tema a fim de

assegurar ao Brasil um sistema mais justo que, sem prejuízo da preservação das fontes de

custeio do Estado, permita uma melhor redistribuição da carga tributária e elimine os

impostos em cascata, que afetam a competitividade das empresas.

Mas, esta reforma não pode ser dissociada da Lei de Responsabilidade Fiscal no

sentido de controlar os gastos nos estritos limites orçamentários, a fim de impedir o

desequilíbrio entre receita e despesa, realimentando déficits públicos e, em última análise,

destruindo o próprio objetivo da reforma.

Salientamos também que uma reforma tributária hoje precisaria lidar com problemas

complexos e delicados de ordem política como:

1) O conflito entre Estado x Iniciativa Privada, onde, de um lado o Estado quer arrecadar mais

porque sempre precisa de mais dinheiro, e de outro os empresários que querem pagar menos

impostos;

2) O conflito vertical entre os próprios níveis de governo – Federal, Estadual, Distrito Federal

e Municípios. Vimos que a União tem criado cada vez mais contribuições para não precisar

repassar verbas para os demais entes federados. Existem também neste âmbito conflitos de

competência tributária como o recente caso dos provedores de acesso a Internet (ICMS ou

ISS, ou seja, Estados ou Municípios) e;

3) O conflito horizontal que surge entre os governos (Estado X Estado, ou Município X

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Page 19: ATPS Direito Empresarial e Tributário

Município), como por exemplo, o ICMS que se discute se deve ser tributado no Estado de

origem ou no de destino. Aqui está a origem da conhecida Guerra Fiscal entre os entes da

federação de mesmo nível.

Mas, apesar de todas as dificuldades que possa surgir com a implementação de uma

reforma tributária esta se faz necessária, principalmente para diminuir a elevada carga

tributária que chega a patamares quase insuportáveis.

Porém, sem sermos pessimistas, não vislumbramos, pelo menos no curto e médio prazo,

possibilidade de uma redução expressiva na carga tributária nacional, porque isto resultaria

em comprometer seriamente as finanças públicas do país.

Somente uma urgente interrupção no desenfreado gasto público mediante uma

verdadeira reestruturação nas despesas como um todo poderia conduzir a um processo de

redução da carga tributária no Brasil.

Enquanto isso, o contribuinte pode lançar mão do princípio do não-confisco inserto no

art. 150, inciso IV, da Constituição Federal, como argumente de defesa para discutir

judicialmente a pressão tributária que sofre, caso a caso.

Tal princípio é considerado pela doutrina majoritária como fator limitador da atividade

estatal de criação ou majoração de tributos, quando o ato importar na imposição de uma carga

tributária demasiadamente excessiva.

Vários tributaristas de renome já se posicionaram no sentido de que a ocorrência do

confisco pode ser averiguada frente da carga tributária global que se impõe ao contribuinte e

não somente frente a um único tributo.

Assim, parece que o princípio do não confisco desponta como um mecanismo

constitucional viável para dar sustentáculo à proteção do contribuinte face a eventuais

desmandos do Estado no que toca à exacerbação do ônus tributário.

Porém, desde já alertamos que a aplicação deste princípio é questão complexa, ainda

insolúvel, pois até mesmo a definição do que seja confisco é ponto controvertido.

Inexiste um parâmetro legal que fixa o limite de tributação de cada contribuinte ou de cada

categoria de contribuinte, surgindo então uma enorme dificuldade em se dimensionar a carga

tributária compatível com a capacidade contributiva de cada um.

Os critérios existentes para se concluir se o tributo ou conjunto de tributos assumem

características confiscatórias impregnam-se no subjetivismo. Desta forma o princípio do não-

confisco acaba por oferecer unicamente uma simples advertência ao legislador, no sentido de

comunicar-lhes que existe limite para a carga tributária.

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Page 20: ATPS Direito Empresarial e Tributário

Assim, sua aplicação aos casos concretos ainda é algo a ser perquirido, enquanto não

for estabelecido pela via legislativa ou mesmo jurisprudencial, critérios mais objetivos para a

determinação do quantum a que pode estar sujeito o contribuinte em geral, sem que isso

redunde em confisco, sua materialização é inviável.

Resta à sociedade como um todo não se conformar com a alta carga tributária, e não aceitar a

livre vontade do legislador nem do governo, que vem incessantemente aumentando os tributos

sem que haja proporcionalidade nas contraprestações, nos serviços que o Estado deveria

prestar à população.

Então, o que devemos fazer é nos conscientizar politicamente, escolher bem nossos

governantes e depois, fiscalizar suas ações, cobrar-lhes atitude e programas políticos sérios,

que contenham os gatos públicos e direcionem os investimentos nos os setores que realmente

precisam.

Já afirmamos anteriormente que somente com um efetivo controle das despesas

públicas poder-se-á diminuir a carga tributária no Brasil.

Contudo, ainda mais urgente e necessário que diminuir a carga tributária, que a nosso

ver será conseqüência natural dessa, é melhor gerir os gastos públicos, investir a verba

arrecada onde realmente precisa, desenvolver políticas educacionais, instruir a população,

gastar com a saúde e infra-estrutura. Resumindo, redistribuir a renda nacional em benefício do

país.

Se o Estado tributar pesadamente, mas prestar à população todos os serviços públicos

de que necessita, não reclamaremos da alta carga tributária.

4. Conclusão

Conforme o apresentado nesta atividade prática supervisionada (ATPS), a unificação

dos códigos realizada trata-se de questão de organização legislativa e em nada afeta a

autonomia de determinado ramo do direito. O direito comercial, tenha ou não as suas normas

inseridas em um código próprio (autonomia formal), sempre terá autonomia jurídica

(autonomia cientifica), evidenciada em seus métodos e princípios próprios e uma extensão

delimitada.

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Com a vigência do Código Civil brasileiro o direito comercial continuara como

disciplina jurídica autônoma no país, assim como ocorre em outros países em que o direito

privado foi unificado sob o aspecto legislativo, pois a matéria comercial e a matéria civil não

se confundem no novo código, a teoria da empresa não extingue a dicotomia do direito

privado tradicional, amplia a abrangência do direito comercial ao alterar os limites de

incidência das normas comerciais, que passam a tratar de atividades econômicas

anteriormente destinadas ao regime civil pela teoria dos atos de comercio.

 

5. Referências Bibliográficas

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.01. 20ª ed. São Paulo: Saraiva,2008

COSTA, Wille Duarte. Títulos de Crédito. Belo Horizonte: Del Rey,2003

SOUSA, Oziel Francisco de. Princípio da capacidade contributiva. Pauta ao legislador ou

fonte de direito fundamental do contribuinte?. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2354, 11

dez. 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/13999>.

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