a engenharia mecânica e os transportes - mobilidade...

18
A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica Comboios elétricos Projeto FEUP 2016/2017 Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica: Equipa 1M5_3 Teresa Duarte Supervisor: Abílio Jesus Monitor: Mariana Silva Estudantes & Autores: Daniel O. Santos - [email protected] Miguel Vázquez da Silva - [email protected] Pedro A. M. Monforte - [email protected] Rafael J. F. de Sousa - [email protected] Ricardo F. D. Cardoso - [email protected]

Upload: lybao

Post on 09-Nov-2018

230 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade

através de energia elétrica

Comboios elétricos

Projeto FEUP 2016/2017 – Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica:

Equipa 1M5_3

Teresa Duarte

Supervisor: Abílio Jesus Monitor: Mariana Silva

Estudantes & Autores:

Daniel O. Santos - [email protected] Miguel Vázquez da Silva - [email protected]

Pedro A. M. Monforte - [email protected] Rafael J. F. de Sousa - [email protected]

Ricardo F. D. Cardoso - [email protected]

Page 2: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos I

Resumo O relatório aqui elaborado pelo grupo 3 da turma 5, no âmbito da unidade curricular

Projeto FEUP, inserida no curso de Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica (MIEM),

tem por objetivo mostrar a contribuição da engenharia mecânica no projeto de comboios,

tendo em conta o tema "A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de

energia elétrica".

Assim sendo, irá ser feita uma extensa análise do comboio, desde da sua origem,

materiais utilizados, vantagens e desvantagens, e dos seus constituintes chegando até a

comentar sobre o futuro deste meio de transporte.

O início deste tipo de transporte remonta ao século XVI. Com o desenvolvimento do

motor a vapor, foi possível iniciar uma expansão dos principais caminhos de ferro, que foram

um componente muito importante durante a Revolução Industrial.

De um modo geral, podemos afirmar que o transporte ferroviário tem vindo a evoluir,

e com isso, o volume de carga transportado tem vindo a aumentar, ano após ano. Portanto,

este meio de transporte continua a ser ideal para o transporte de mercadorias pesadas em

longas distâncias e de passageiros que necessitam de percorrer curtas e longas distâncias,

confortavelmente.

Page 3: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos II

Índice

Lista de Figuras .................................................................................................................... III

Lista de Símbolos ................................................................................................................. IV

1. História dos Comboios ...................................................................................................... 1

2. O comboio ........................................................................................................................ 1

2.1. Origem dos comboios ................................................................................................. 1

2.2. Evolução dos comboios .............................................................................................. 2

2.3. Tipos de locomotivas ................................................................................................. 3

2.3.1. Locomotivas a vapor ............................................................................................ 3

2.3.2. Locomotivas a diesel ........................................................................................... 3

2.4. Desvantagens ............................................................................................................. 4

2.5. Vantagens .................................................................................................................. 4

3. Motor elétrico ................................................................................................................... 5

3.1. Funcionamento .......................................................................................................... 5

4. Aerodinâmica nos comboios .............................................................................................. 8

4.1. Resistência dos comboios ........................................................................................... 8

4.2. “Narizes” do Comboio ................................................................................................ 8

4.3. Estabilidade Lateral ................................................................................................... 9

5. Sistema de Travagem...................................................................................................... 10

6. Comboios do futuro ........................................................................................................ 12

7. Conclusões ...................................................................................................................... 13

Referências Bibliográficas ................................................................................................... 14

Page 4: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos III

Lista de Figuras

Figura 1. Primeira locomotiva a vapor, construída em 1804 1

Figura 2. Esquema de uma locomotiva a vapor 2

Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3

Figura 4. Esquema de uma típica locomotiva diesel-elétrica 4

Figura 5. Esquema de um motor elétrico simples 5

Figura 6. Comboio Shinkansen da série E2 e série 200 na estação de Tóquio 9

Figura 7. Travão de disco 10

Page 5: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos IV

Lista de Símbolos

CD - Coeficiente de resistência aerodinâmica

g - Aceleração gravítica

A - Área de Referência (m2)

V - Velocidade (m/s)

r - Coeficiente de rolamento

𝜌 - Densidade do ar (kg/m3)

Page 6: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 1

1. História dos Comboios

A energia elétrica é uma das maiores inovações tecnológicas produzidas pelo homem,

e sem ela não seria possível presenciar o enorme desenvolvimento em diversas áreas do

conhecimento humano. A eletricidade pode ser gerada de várias formas, mas é sempre

resultado da transformação de outros tipos de energia.

Veículo elétrico é um tipo de veículo que utiliza propulsão através de motores elétricos.

É composto por um sistema primário de energia, constituído por uma ou mais máquinas

elétricas e um sistema de iniciação e controlo de velocidade ou binário.

2. O comboio

2.1. Origem do comboio

O início do transporte ferroviário remonta ao século XVI. Com o desenvolvimento do

motor a vapor, foi possível iniciar uma expansão dos principais caminhos de ferro, que foram

um componente muito importante durante a Revolução Industrial.

Figura 1. Primeira locomotiva a vapor, construída em 1804

A primeira viagem de comboio em Portugal aconteceu cerca de 90 anos depois da

primeira locomotiva a vapor da história (Figura 1), construída em 1804.

Page 7: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 2

Esta primeira viagem em Portugal acabou por ser um pouco atribulada e

provavelmente não se previa que este novo conceito de viagem perduraria no tempo, ou seja,

previa-se que seria uma apenas mera experiência. No entanto, hoje em dia pode-se refutar

esta ideia, dada a funcionalidade e o sucesso que os comboios de passageiros e de

mercadorias têm no nosso país. [1]

2.2. Evolução do comboio

Um comboio é uma série de carruagens atreladas umas às outras, movidas por

locomotivas ou por uma unidade autoalimentada (automotora). As locomotivas são veículos

ferroviários que fornecem energia necessária para colocar os comboios em movimento e que

não têm capacidade própria de transporte de passageiros.

Figura 2. Esquema de uma locomotiva a vapor

As primeiras locomotivas eram a vapor (Figura 2), usando como combustível lenha e

mais tarde o carvão mineral. Com o final da 2ª Guerra Mundial (1945) surgiram locomotivas

com motor diesel. Estas locomotivas apesar de serem melhores que as de vapor, tinham fraco

poder de tração, e que foram progressivamente substituídas pelo modelo diesel-elétrico. As

locomotivas elétricas foram entrando cada vez mais em circulação, sendo que as diesel foram

abandonadas pouco a pouco, visto que eram bastante dispendiosas. Estas locomotivas são

alimentadas por catenárias (sistema de distribuição e alimentação elétrica aérea) ou por um

terceiro carril como é o caso do metropolitano de Lisboa. Neste sistema a tensão elétrica

injetada nos motores é de milhares de Volts. O comboio foi evoluindo cada vez mais, surgindo

a automotora. Trata-se de uma grande carruagem de passageiros com capacidade de

locomoção própria, a diesel ou a eletricidade.

Page 8: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 3

2.3. Tipos de locomotivas

Existem vários tipos de locomotivas e estas normalmente encontram-se isoladas do

resto do comboio por diversas razões tais como a maior facilidade de manutenção, o maior

afastamento em relação aos passageiros em casos de perigo, etc.

2.3.1. Locomotivas a vapor

A locomotiva a vapor funciona por meio de um motor a vapor, sendo este composto

por três partes importantes: a caldeira que produz o vapor através da energia que obtém da

queima da lenha e do carvão mineral; a máquina térmica que transforma a energia do vapor

em trabalho mecânico; a carroçaria que transporta a construção. A locomotiva contém ainda

uma carruagem que transporta o combustível e a água necessários para abastecer a

máquina.

2.3.2. Locomotivas a diesel

As locomotivas a diesel, que utilizam motor de combustão interna, diferem entre si na

forma como a energia é transmitida do motor às rodas, existindo locomotivas a diesel-

mecânicas e diesel-elétricas.

As locomotivas diesel-mecânicas (Figura 3) foram as primeiras a surgir, contudo

rapidamente foram substituídas por possuírem um fraco poder de tração, pois apresentavam

problemas no momento da troca na caixa de velocidades, que não suportava o elevado atrito

entre os dentes das engrenagens e se partiam ou desgastavam com extrema facilidade. [2]

Figura 3. Locomotiva a diesel G12

Page 9: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 4

Nas locomotivas diesel-elétricas (Figura 4) o motor principal a diesel aciona o gerador

elétrico que irá transferir a potência para os motores de tração. Estas locomotivas evitam as

dificuldades que surgem como resultado das limitações do motor térmico, assim como o uso

de um sistema complicado de transferência de potência do motor para rodas. [3]

Figura 4. Esquema de uma típica locomotiva diesel-elétrica

2.4. Desvantagens

➔ Elevados investimentos na construção e manutenção das linhas férreas.

➔ As vias férreas têm de ser instaladas totalmente, não podendo ser construídas por

etapas.

➔ São necessários largos investimentos em material circulante e de tração, instalações

fixas, terminais e equipamentos de carga e de descarga.

➔ Fraca flexibilidade limitações da rede e itinerários fixos, implicando o transbordo de

passageiros e mercadorias.

2.5. Vantagens

➔ Grande capacidade de transporte.

➔ Elevada segurança.

➔ Velocidade operacional elevada.

➔ Custo operacional baixo.

➔ Descongestionamento das estradas.

➔ Transporte ecológico. [4]

Page 10: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 5

3. Motor elétrico

Hoje em dia, os motores elétricos têm um papel extremamente importante no

progresso da humanidade. Devido à extrema versatilidade que possuem, há um grande

aproveitamento deste recurso na área dos comboios, visto que a utilização de motores

elétricos acarreta inúmeras vantagens, como por exemplo: o preço ser reduzido face à

utilização de um outro tipo de motor (a diesel); maior capacidade de aceleração e travagem,

o que o torna ideal para o transporte de passageiros em grandes zonas populacionais, e, por

último, a sua utilização em comboios de alta velocidade, visto que não há necessidade de

transportar a energia que é requerida para a viagem, pois esta é transferida para as

locomotivas através de cabos elétricos (a energia provém de centrais elétricas).

Atualmente, o motor elétrico é um dos meios mais eficientes usados na transformação

de energia elétrica em mecânica. Para que estes possam ser ‘catalogados’ corretamente, é

necessário saber alguns dados acerca dos tipos de motores existentes, princípios de

funcionamento, características construtivas e regras a seguir para a seleção do motor mais

adequado à aplicação pretendida. [5]

3.1. Funcionamento

O motor elétrico simples funciona, basicamente, pela repulsão entre dois ímanes, um

natural e outro não natural (eletroíman). É conveniente o uso de ímanes não naturais num

motor elétrico, pois há a possibilidade de inversão dos pólos magnéticos, por meio da

inversão do sentido da corrente elétrica.

Figura 5. Esquema de um motor elétrico simples

Observando a figura 5 acima, temos um exemplo de motor simples, constituído por

uma base, na qual está apoiada uma pilha (fonte de energia) e, sobre ela, foi fixado um íman

natural. Temos ainda duas hastes de fio condutor (mancal) unidas, cada uma, a uma

Page 11: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 6

extremidade da pilha (uma no pólo positivo e outra no pólo negativo); e, completando a

máquina, uma espira também constituída de um fio condutor. Observe que essa espira pode

ser substituída por várias espiras (bobinas). Um detalhe extremamente importante é que uma

das extremidades da espira deve ser semi-raspada - e a outra, raspada por completo.

A pilha fornece energia elétrica quando as partes raspadas da espira estão em contato

com a haste (mancal) - temos, assim, um circuito elétrico por onde passa uma corrente que,

ao percorrer a espira, graças ao campo magnético associado a essa corrente, transforma-a

num pequeno íman (íman não natural).

O íman fixo na pilha (íman natural) tem um de seus pólos voltados para a espira e,

quando ela se torna um íman, passa a existir uma interação entre eles. Quando a espira tiver

o mesmo tipo de pólo ao qual está presa, teremos uma força de repulsão que movimentará a

espira. Esse movimento depende, muitas vezes, de um empurrão inicial.

Um detalhe importante: quando a espira tiver o pólo contrário ao do íman ao qual está

presa, a força que existirá será de atração e o movimento da espira será amortecido,

resultando no fim de seu movimento.

Para resolver esse problema e evitar que o motor pare, usamos uma extremidade da

espira totalmente raspada, por onde a corrente sempre pode passar, e a outra semi-raspada,

de forma que a corrente só passará nessa extremidade quando a parte raspada estiver em

contato com a haste. Dessa maneira, quando as faces de mesmo pólo estiverem voltadas

uma para a outra, a espira se movimentará por causa da força magnética de repulsão entre

os ímanes.

No momento em que as faces de pólos opostos estiverem voltadas uma para a outra,

a corrente deixa de passar, pois a extremidade da espira que não está raspada impede a

passagem da corrente. A espira deixa, assim, de ser um íman natural, mas mantém seu

movimento, devido à inércia. No momento em que a parte raspada da espira entra em contato

com a haste, o processo se reinicia, possibilitando o movimento constante da espira.

Em motores mais sofisticados (como os dos comboios) há comutadores, que têm a

função de inverter o sentido da corrente no momento em que a espira fica com sua face de

pólo oposto voltada para o íman. Lembrando que, ao invertemos o sentido da corrente,

também invertemos os pólos do íman não natural. Dessa maneira, teremos sempre a espira

com a face de mesmo pólo do íman voltada para ele, resultando num movimento ininterrupto.

No nosso exemplo, como não conseguimos inverter o sentido da corrente, utilizamos

as ideias da interrupção da corrente e da continuidade do movimento por inércia. Dessa

forma, temos a corrente produzindo o movimento da espira.

É graças a este movimento giratório da espira que é possível transformar energia

elétrica em energia mecânica. [6]

Page 12: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 7

4. Aerodinâmica nos comboios

4.1. Resistência dos comboios

Durante a movimentação dos comboios, existem dois tipos de forças que intervém

com a progressão do veículo: as que facilitam o movimento do comboio, a principal é a força

motriz designada por força de tração, e as que dificultam a o movimento do mesmo de entre

as quais se destacam a força de resistência aerodinâmica, a força de inércia correspondente

à aceleração pretendida no caso de haver uma elevação e a resistência de rolamento. Esta

última tem pouca influência no cálculo da resistência total sendo que esta força tem um papel

principal quando ocorre uma distribuição assimétrica nas rodas por causa da deformação

plástica entre as rodas e os carris.

𝐹(𝑡𝑟𝑎çã𝑜) = 𝑅(𝑎𝑒𝑟𝑜𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎) + 𝑅(𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) + 𝐹(𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜) (1)

Se considerarmos a resistência do ar desprezável e se o comboio se estiver a mover

a uma velocidade constante de 150 km/h, uma área frontal de 10m2(A), massa do comboio

na ordem das 40 toneladas, um coeficiente de rolamento(r) de 10-4 e um coeficiente(CD) (o

qual quantifica a resistência de um objeto num fluido, isto é, permite quantificar a força de

resistência ao ar numa superfície) igual a 1, tem-se

𝑅(𝑎𝑒𝑟𝑜𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎) = 𝐶𝐷×𝜌×𝑉2×0.5×𝐴 = 10383.4 𝑁 (2)

𝑅(𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) = 𝑚×𝑔×𝑟 = 39,2 𝑁 (3)

𝐹(𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜) = 𝑚×𝑎 = 8000𝑁 (4)

𝐹(𝑡𝑟𝑎çã𝑜) = 18422.6 𝑁 (5)

Como se pode reparar a força de resistência aerodinâmica é superior a 50% do total

da força de tração.

4.2. “Narizes” do Comboio

Numa tentativa de diminuir a força de resistência aerodinâmica, os “narizes” dos

comboios que foram desenhados para atingir velocidades acima de 300 km/h são longos e

pontiagudos (Figura 6) assemelhando-se a um avião supersónico. Se o nariz do comboio for

mais pequeno a velocidade do ar varia em módulo e direção ao longo da espessura

provocando vórtices longitudinais por efeitos de gradiente de pressão transversais. Estes

vórtices é que são os responsáveis pela diferença de pressão em ambas faces laterais do

comboio, desnivelando-o.

Page 13: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 8

Figura 6. Comboio Shinkansen da série E2 e série 200 na estação de Tóquio

4.3. Estabilidade Lateral

A força aerodinâmica é a principal responsável pelo descarrilamento de comboios,

sobretudo quando estes circulam a elevadas velocidades, visto que, como a força

aerodinâmica cresce com o quadrado da velocidade, quanto maior a velocidade maior a força

de resistência aerodinâmica. Como já foi mencionado anteriormente, os vórtices longitudinais

desempenham um papel fulcral na estabilidade lateral do comboio.

No entanto, a situação ainda piora se o comboio estiver a circular num túnel ou numa

ponte. No primeiro, existem assimetrias de pressão e no segundo existem ventos laterais

fortes, e qualquer um destes provoca o desequilíbrio do comboio. Uma possível solução para

este efeito é a utilização de barreiras laterais que impedem os ventos laterais geradores de

assimetrias de pressão mencionadas anteriormente. [7]

Page 14: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 9

5. Sistema de Travagem

O travão (Figura 7) é um tipo de mecanismo que permite controlar o movimento de

aceleração de um veículo ou de uma máquina, de modo a retardar ou parar o seu movimento

ou impedir que o movimento seja reiniciado.

A energia cinética aumenta com o quadrado da velocidade. Isto significa que se a

velocidade de um veículo dobrar, ele tem quatro vezes mais energia. Os travões devem,

consequentemente, dissipar quatro vezes mais energia para parar o veículo e

consequentemente a distância de travagem é quatro vezes maior. Existem travões para a

maioria dos veículos sobre rodas, desde automóveis de todos os tipos, a camiões, aviões,

comboios, motocicletas e bicicletas.

Os sistemas de travões de disco funcionam da seguinte forma: o disco de travão roda

em conjunto com a roda e a pinça de travão, onde estão as pastilhas de travão, é fixa na

suspensão e não gira. Ao aplicar pressão no pedal de travão, o líquido de travões circula nas

tubagens, atuando nas bombas e consequentemente as pastilhas de travão são empurradas

contra o disco, obrigando-o a perder velocidade por fricção. Os comboios mais recentes

possuem todos este mesmo sistema de travagem. [8]

Figura 7. Travão de disco

Page 15: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 10

A energia cinética inerente ao movimento é transformada em calor por fricção.

Alternativamente, na travagem regenerativa, muita da energia é recuperada e armazenada

num condensador ou transformada em corrente por um alternador, sendo então armazenada

numa bateria para uso posterior.

Nos travões de disco, as superfícies de fricção são expostas aos elementos externos, tais

como água, poeira e outros. Esta exposição tem a vantagem de arrefecer rapidamente o

sistema pelo ar que circula em redor do disco. A superfície de travagem deverá ser regular

de forma a assegurar uma travagem eficaz. [9]

Page 16: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 11

6. Comboio do futuro

Mais de cem anos depois do aparecimento do primeiro comboio, há comboios de

modelos irreverentes, sistemas e aplicações sofisticados e designs aerodinâmicos. Mas para

onde caminham os comboios de hoje? Foi-se em busca do plano mais futurista que pode

chegar à nossa sociedade.

Um comboio de levitação magnética ou Maglev (em inglês: Magnetic levitation

transport) é um veículo semelhante a um comboio que transita numa linha elevada sobre o

chão e é propulsionado pelas forças atrativas e repulsivas do magnetismo através do uso de

supercondutores. Devido à falta de contato entre o veículo e a linha, a única fricção que existe,

é entre o aparelho e o ar. Por consequência, os comboios de levitação magnética conseguem

atingir velocidades enormes, com relativo baixo consumo de energia e pouco ruído (existem

projetos para linhas de maglev que chegariam aos 650 km/h e também projetos como o

Maglev 2000 que, utilizando túneis despressurizados em toda a extensão dos trilhos,

chegariam à marca de 3200 km/h).

Embora a sua enorme velocidade os torne potenciais competidores das linhas aéreas,

o seu elevado custo de produção limitou-o, até agora, à existência de uma única linha

comercial, o transrapid de Xangai. Essa linha faz o percurso de 30km até ao Aeroporto

Internacional de Pudong em apenas 8 minutos. [10]

Page 17: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 12

7. Conclusões

O trabalho teve como principal objetivo definir qual a importância do engenheiro mecânico no

fabrico do comboio e dos seus componentes. Além disso, procurou-se abordar o

funcionamento do comboio bem como as vantagens/desvantagens do mesmo.

Pelos temas abordados no trabalho, percebe-se que o engenheiro mecânico desempenha

um papel fulcral na conceção do comboio desde ao seu desenho até à sua construção, sendo

que assume grande parte do trabalho relacionado com cálculos de forças aerodinâmicas e

associada à elaboração do sistema de travagem.

Por fim, é possível também relacionar esta temática de trabalho com as energias renováveis

e preocupação ecológica, acompanhando a evolução através de uma sequência cronológica,

que se inicia no comboio a vapor, no qual eram lançados para a atmosfera grandes

quantidades de CO2, provenientes da queima de toneladas de carvão, passando pelo elétrico

em que a fonte de energia é a eletricidade, maioritariamente gerada a partir de fontes não

poluentes, até, finalmente, ao comboio de levitação magnética que é visto como tecnologia

de ponta, tanto em termos ambientais como em velocidade e sofisticação.

Assim, conclui-se que o comboio foi uma inovação muito importante e bastante suportada

pela engenharia mecânica, ao tentar encontrar novas forma para melhorar este meio de

transporte.

Page 18: A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade ...projfeup/submit_16_17/uploads/relat_1M05... · Esquema de uma locomotiva a vapor 2 Figura 3. Locomotiva a diesel G12 3 Figura

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

A Engenharia Mecânica e os transportes - Mobilidade através de energia elétrica - Comboios elétricos 13

Referências Bibliográficas

1. URL: http://paginas.fe.up.pt/~projfeup/cd_2010_11/files/CIV214_relatorio.pdf –

Acedido a 10 de outubro de 2016

2. Retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Trem a 10 de outubro de 2016

3. URL: http://paginas.fe.up.pt/~projfeup/cd_2010_11/files/CIV216_relatorio.pdf -

Acedido a 13 de outubro de 2016

4. Retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_ferrovi%C3%A1rio a 14 de

outubro de 2016

5. URL: http://paginas.fe.up.pt/~projfeup/submit_14_15/uploads/relat_1M06_4.pdf –

Acedido a 15 de outubro de 2016

6. URL: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/eletromagnetismo-4-oersted-

faraday-e-o-motor-eletrico---3.htm – Acedido a 15 de outubro de 2016

7. URL:https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395142128132/Disserta%C3%A7%

C3%A3o.pdf – Acedido a 10 de outubro de 2016

8. Retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Trav%C3%A3o a 11 de outubro de 2016

9. Retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Seebeck#Utiliza.C3.A7.C3.A3o a 13

de outubro de 2016

10. Retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Maglev a 16 de outubro de 2016