jornal locomotiva 58

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Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação Locomotiva 17 de março - sábado - nº58 - Distribuição Gratuita Moradores de Franco da Rocha fazem ‘procissão’ para cruzar linha de trem Sem nova estação, cidadãos usam trilhos da Linha 7-Rubi da CPTM para atravessar até o outro lado da cidade | Pág 3 Uma mulher que não foge à luta pelo Juquery | Pág 6 Assim não dá: ladeira sem asfalto e luz na Vila Olinda| Pág 7 H o m e n a g e m a o m ê s d a s m u l h e r e s Descaso com saúde feminina: mamógrafo de R$ 150 mil fica sem uso | Págs 4 e 5

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17 de Março de 2012

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Page 1: Jornal Locomotiva 58

Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação

Locomotiva17 de março - sábado - nº58 - Distribuição Gratuita

Moradores de Franco da Rocha fazem ‘procissão’ para cruzar linha de tremSem nova estação, cidadãos usam trilhos da Linha 7-Rubi da CPTM para atravessar até o outro lado da cidade | Pág 3

Uma mulher que não foge à luta pelo Juquery| Pág 6Assim não dá: ladeira sem asfalto e

luz na Vila Olinda| Pág 7

Homenagem ao mês das mulheres

Descaso com saúde feminina: mamógrafo de R$ 150 mil fica sem uso | Págs 4 e 5

Page 2: Jornal Locomotiva 58

Qual a importância da mulher em nossa sociedade? Antes frágil e submissa, hoje ela é responsável pela administração

e pelo sustento de um grande número de lares brasileiros. A mulher atual tem competência e direito de fazer a sua própria história.

O instinto feminino de querer cuidar e a capa-cidade das mulheres em fazê-lo tornou uma delas presidente de nosso país. E isso é apenas o começo. Mas, diante de tudo que uma mulher faz (entre sua jornada de profissional, mãe, esposa, dona de casa), é triste ver que pouco é feito por ela.

A mulher franco-rochense há algum tempo espera não apenas pelo reconhecimento de seu valor, mas por uma retribuição de seus cuidados. A história de Dona Margarida Carcelen Castro

que, aos 86 anos, cansada de esperar pelo poder público, ‘colocou a mão na massa’ e carpiu em volta de um ponto de ônibus da avenida Sete de Setembro, é um exemplo que nos indigna e nos faz questionar a respeito das prioridades deste governo municipal. Um mamógrafo há anos sem utilização, jogado em uma sala qualquer, mostra mais do que descaso, expõe um desprezo pela vida de milhares de mulheres que diariamente morrem de câncer de mama.

Está mais do que na hora de cuidarmos de quem sempre cuidou de nós. As mulheres não podem ser lembradas apenas no dia 8 de março. Elas não querem frases bonitas expostas em outdoor. Querem seus direitos respeitados e o dinheiro de seus impostos investidos no que realmente importa.

Mais um?Toninho Lopes (PSD), presidente da Câmara, no discurso de encerramento da sessão de quinta-feira, jogou no ar uma afirmação: “a terceira via vem aí”. Alusão à entrada de mais um candidato a prefeito, para se somar aos dois já colocados, Kiko e Pinduca.

Um pulo na capital...Toninho e os vereadores Pablo (PTB) e Tenório (PV) foram a Brasília, onde visitaram 11 gabinetes, dentre os quais o do senador Suplicy. Foram buscar recursos para a cidade, mas podem ter trazido o esboço de uma nova coligação para disputar as eleições.

...Sem dinheiro públicoO presidente da Câmara afirmou que a viagem a Brasília foi custeada com recursos próprios dos vereadores.

Nova estação: quando mesmo?A sessão foi agitada, com George Juventino (PT) defendendo o modo petista de governar. E atacando a CPTM, que decidiu construir uma nova estação sem se dar ao trabalho de verificar a possibilidade de usar terrenos que não lhe

EDITORIAL

Locomotiva é uma publicação semanal da

Editora Havana Ltda. ME.

Circula em Franco da Rocha, Caieiras, Francis-

co Morato e Mairiporã.

E-mail: [email protected]

Impressão: LWC Gráfica e Editora

Tiragem: 50 mil exemplares

Editor: Ricardo Barreto Ferreira Filho

Reportagens: Valéria Fonseca e Mateus do Amaral

Projeto gráfico: Feberti

Diagramação: Vinícius Poço de Toledo

Todos os artigos assinados são de responsa-

bilidade de seus autores e não representam,

necessariamente, a opinião do jornal.

Expediente

pertence. Quando percebeu o erro, a prefeitura tentou culpar o governo federal pela paralisação, sem se preocupar em esclarecer a verdade (confira na página 3).

E aí,CPTM?Enquanto isso, Franco da Rocha saiu na primeira página da Folha de S.Paulo, na edição do dia 16 (veja na pág. 3). Na matéria, que fala da falta de investimento do governo do Estado na CPTM, que transporta 2,7 milhões de usuários por dia e apresenta muitos problemas, a companhia disse: plataforma nova em Franco só em 2014.

Satisfação de papelPanta (PSDB) defendeu o modo PSDB de governar, afirmando que o povo está satisfeito, que a Prefeitura dá duas camisetas para cada aluno. E que a maternidade está voltando. Será que ele se refere ao ofício que o prefeito conseguiu entregar ao secretário da Saúde?

Problemas nas estradasPablo (PTB) pediu moção de repúdio ao DER por desrespeito à população, com obras mal feitas e falta de sinalização, que ocasionam acidentes. TG (PSDB) achou melhor convocar o engenheiro João Paulo, responsável da empresa na região, e foi acatado pela maioria. Depois que já estava decidido, Toninho Lopes se disse a favor da moção.

NOS TRILHOS

Enquanto alguns se limitam ao pro-testo virtual, outros saem de casa para solucionar problemas, que deveriam ser resolvidos pelo poder público. Quem mora nos arredores do ponto de ônibus na rua Sete de Setembro, na altura da Honoré de Balzac, vive incomodado com mato alto que invade o ponto, o entulho da obra da UBS do Parque Lanel e o mau cheiro oriundo

da água da chuva parada no local.O caso ganhou repercussão virtual na rede social Facebook com muitos internautas indigna-dos. Mas, no mundo real, dona Margarida Carcelen Castro, 86 anos, que mora diante do problema, atravessou a rua e há uma se-mana capina o mato. Na última terça-feira (dia 13), ela podia ser vista trabalhando no local. #FICAADICA.

Do Facebook ao ‘Foicebook’

Falta de estação adequada faz morador atravessar linha de trem em Franco

Não é fácil depender de transporte público em Fran-co da Rocha. Mas depender da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para ter uma nova estação parece um problema maior. Na última sexta-feira, dia 16, Franco da Rocha foi estampada na primeira página do jornal Folha de S.Paulo. Uma “procissão” de moradores atravessando os trilhos do trem da Linha 7-Rubi para chegar do outro lado da cidade.

A travessia no meio dos trilhos não é o único proble-ma da estação. A entrega de uma nova plataforma, que deveria ocorrer no fim 2010, está atrasada. A previsão é 2014, segundo publicou o Locomotiva em edições an-teriores e segundo a CPTM comentou com a Folha.

A empresa afirma que os prazos estão sendo revis-tos e as obras em Franco foram suspensas para al-teração no projeto. Mas a queda de investimento no sistema ferroviário pelo governo estadual ficou em evidência.

Diante disso, o cidadão se vira como pode. E conta até com auxílio de funcio-nários que, para controlar o fluxo, improvisaram uma cerca com tapumes, en-quanto guardas tentam controlar as cancelas dis-postas no local, segundo reportagem da Folha.

A Folha ilustrou na capa, com a imagem de Franco da Rocha, repor-tagem sobre a decisão do

Atraso da CPTM na nova plataforma causa transtorno e cidadãos se arriscam nos trilhos para cruzar a cidade

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que, aos 86 anos, cansada de esperar pelo poder público, ‘colocou a mão na massa’ e carpiu em volta de um ponto de ônibus da avenida Sete de Setembro, é um exemplo que nos indigna e nos faz questionar a respeito das prioridades deste governo municipal. Um mamógrafo há anos sem utilização, jogado em uma sala qualquer, mostra mais do que descaso, expõe um desprezo pela vida de milhares de mulheres que diariamente morrem de câncer de mama.

Está mais do que na hora de cuidarmos de quem sempre cuidou de nós. As mulheres não podem ser lembradas apenas no dia 8 de março. Elas não querem frases bonitas expostas em outdoor. Querem seus direitos respeitados e o dinheiro de seus impostos investidos no que realmente importa.

da água da chuva parada no local.O caso ganhou repercussão virtual na rede social Facebook com muitos internautas indigna-dos. Mas, no mundo real, dona Margarida Carcelen Castro, 86 anos, que mora diante do problema, atravessou a rua e há uma se-mana capina o mato. Na última terça-feira (dia 13), ela podia ser vista trabalhando no local. #FICAADICA.

Do Facebook ao ‘Foicebook’

Falta de estação adequada faz morador atravessar linha de trem em Franco

Não é fácil depender de transporte público em Fran-co da Rocha. Mas depender da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para ter uma nova estação parece um problema maior. Na última sexta-feira, dia 16, Franco da Rocha foi estampada na primeira página do jornal Folha de S.Paulo. Uma “procissão” de moradores atravessando os trilhos do trem da Linha 7-Rubi para chegar do outro lado da cidade.

A travessia no meio dos trilhos não é o único proble-ma da estação. A entrega de uma nova plataforma, que deveria ocorrer no fim 2010, está atrasada. A previsão é 2014, segundo publicou o Locomotiva em edições an-teriores e segundo a CPTM comentou com a Folha.

A empresa afirma que os prazos estão sendo revis-tos e as obras em Franco foram suspensas para al-teração no projeto. Mas a queda de investimento no sistema ferroviário pelo governo estadual ficou em evidência.

Diante disso, o cidadão se vira como pode. E conta até com auxílio de funcio-nários que, para controlar o fluxo, improvisaram uma cerca com tapumes, en-quanto guardas tentam controlar as cancelas dis-postas no local, segundo reportagem da Folha.

A Folha ilustrou na capa, com a imagem de Franco da Rocha, repor-tagem sobre a decisão do

governador Geraldo Alck-min (PSDB) de paralisar a Linha 9-Esmeralda aos domingos, após uma série de incidentes no sistema de trens metropolitanos, para intensificar manutenção na parte elétrica.

A CPTM transporta 2,7 milhões de passageiros em dias úteis. O aumento de demanda neste ano, em relação a 2011, é de qua-se 9% no Metrô e de mais de 20% na CPTM. Mesmo assim, houve contingen-ciamento de quase 20% da verba da CPTM feito pelo governador.

Nova estação Enquanto isso, o terre-

no que será utilizado pela CPTM para a nova estação ferroviária vive um imbró-glio jurídico. Portaria da Superintendência do Pa-trimônio da União em São Paulo (SPU-SP) revogou, em 28 de fevereiro, a cessão provisória para a Prefeitu-ra das áreas ocupadas por comerciantes na rua Cava-lheiro Ângelo Sestini.

O procedimento inicial para a cessão não foi o normal: a primeira por-taria da SPU foi expedida antes do parecer jurídico da Advocacia-Geral da União, quando deveria ser o contrário. A expedição deveu-se à pressão política de deputados da bancada paulista com influência no governo federal para destravar as obras em be-nefício da população.

Como a Prefeitura não

Atraso da CPTM na nova plataforma causa transtorno e cidadãos se arriscam nos trilhos para cruzar a cidade

Os moradores do Parque Montreal, a oito quilômetros do Centro, afirmam que o bairro não possui saneamento básico e que a água suja é lançada nas ruas, trazendo transtornos como mau cheiro, doenças, ratos e insetos. O Locomoti-va visitou o local e constatou um cenário composto por ruas de terra e esgoto que corre a céu aberto – que faz parte da paisagem há mais de 10 anos –, situação que evidencia a falta de sanea-mento básico.

A dona de casa Maria de Fátima da Silva, morado-ra há cinco anos, acredita que a solução mais urgente

Parque Montreal: moradores convivem com esgoto a céu abertoReclamam falta de saneamento básico um dos principais problemas do bairro é o mau cheiro

Reprodução da capa da Folha de S.Paulo do dia 16 com foto de Franco da Rocha que ilustra reportagem sobre a falta de investimento do governo do Estado no sistema ferroviário

O terreno em questão tem 3.529 me-tros quadrados e havia sido transferido à União por Lei Federal 11.483, que em 2007 extinguiu a Rede Ferroviária Federal S. A. (RFFSA) e transferiu seus bens imóveis para a União.

A revogação da cessão do terreno pela SPU-SP não é definitiva. Grande parte da área pertence à União, mas a SPU-SP

aguarda inventário feito pela CPTM para responder às dúvidas da Advocacia-Geral da União sobre a titularidade da área e qual exatamente é a metragem que pertence à União e se há possíveis interfaces com particulares e governo do Estado.

A expectativa da SPU é que o processo seja concluído em poucas semanas e não deve influenciar no andamento das obras.

Entenda o caso

desocupou a área no pe-ríodo, a SPU não teve como manter a cessão em oposição ao parecer jurídico, ao contrário do que Prefeitura divulgou, insinuando que o governo federal teria cancelado a cessão para atrasar o pro-jeto de urbanização.

Prefeitura não procura SPU

A superintendente da SPU procurou a admi-nistração municipal para comunicar a revogação, mas nem o prefeito nem o vice estavam na Prefei-tura no dia 27, véspera de carnaval. “Ainda estou aguardando a Prefeitu-ra me procurar. Nem a Câmara Municipal me procurou, foram direto a Brasília, que me pediu para encaminhar o pro-cesso. Se os vereadores tivessem me procurado teriam resposta em curto prazo”, disse Ana Lucia dos Anjos, superintenden-te do SPU.

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Câncer de mama é um risco para mulheres entre 40 e 69 anos

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. A cada ano, aproximadamen-te 22% dos novos casos de câncer em mulheres são de mama, segundo a Organi-zação Mundial da Saúde . O câncer de mama é também a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, segundo estimativas do Ins-tituto Nacional do Câncer, principalmente na faixa etária entre 40 e 69 anos.

Por isso, exames gine-cológicos são de extrema importância para a saúde feminina, como prevenção contra determinadas doenças ou para controle de natalidade. A rotina de ir ao consultório médico deve fazer parte da

No mês da mulher, ‘novela do mamógrafo parado’ continua

O mês de março é de-dicado internacionalmente à mulher e suas lutas por autoafirmação. Entretanto, neste mês, continua parado o mamógrafo da Praça da Saúde – responsável por um dos principais exames ligados à saúde da mulher na cidade e que custou aos cofres públicos quase R$150 mil, adquirido por meio de emenda parla-mentar do deputado estadual Enio Tatto (PT).

A “novela do mamógra-fo” começou no primeiro mandato do prefeito Marcio Cecchettini. O Jornal Loco-motiva divulgou na edição 31, setembro de 2011, que o mamógrafo fora transferido da UBS Central para a Praça da Saúde, depois de sofrer com enchente, e havia ficado três anos dentro da caixa por não ter sala adequada para sua montagem e operação.

Em outubro de 2011, o Locomotiva visitou a Praça da Saúde juntamente com o vereador George Juventino

dos Santos (PT) e se deparou com uma equipe montando a sala em pleno processo de finalização. “A sala fica pron-ta hoje”, declarou na época o engenheiro responsável.

Na última sexta-feira (dia 16), a reportagem voltou à Praça da Saúde, novamente com o vereador George, e en-controu a sala pronta. Segundo Sebastião Franco da Rocha, responsável pela manutenção e zeladoria da Praça, o que falta é a finalização do processo li-citatório que fará a contratação da empresa responsável pela operação do equipamento. “Detalhes com o secretário, mas posso adiantar que a con-tratação da empresa está em processo licitatório”, afirmou. Sebastião comentou que a de-manda por mamografia na Praça da Saúde é zero.

Sem fundamentoMarcos Cruz, responsável

pela Central de Vagas, afirma que a procura emergencial é sanada pela Casa Rosa,

Hospital Carlos Lacas (Fran-cisco Morato) e Santa Casa (São Paulo), mas acredita ser indispensável um aparelho no município para os exames de rotina. “Quando a mulher suspeita de algum problema ela se desespera e quer ter o exame imediatamente. Não é possível oferecer algo tão rá-pido, mesmo porque a Casa Rosa só tem um equipamen-to para a mamografia. Além disso, segundo as usuárias, o Lacas oferece um atendi-mento melhor”. A Casa Rosa é um serviço estadual, que atende mensalmente de 250 a 300 mulheres.

Para o vereador George, a situação não tem fundamen-to e uma cobrança intensa será necessária até que a população possa utilizar o serviço. “Nós temos acom-panhado e cobrado, mas esbarramos nesse tipo de justificativa. Nosso empenho será manter a cobrança para que o serviço seja efetiva-mente entregue a população”.

Senador se encanta com campanha pela Universidade Federal em Franco da Rocha e reforça iniciativa

Complexo universitário será um atrativo econômico para Franco da Rocha e tirará o estigma de cidade dormitório, avalia Kiko (à esq.); senador vai enviar emendas ao Senado

Exame de mamografia e visita periódica ao ginecologista são importantes para a saúde feminina

Depois de três anos na caixa à espera de uma sala, justificativa agora é falta de licitação para operar o equipamento na Praça da Saúde

ATENDIMENTO DE SAÚDE PÚBLICA, SEGUNDO AS MULHERES

“Hoje faço meus exames com regularidade, pois possuo con-vênio particular. Quando usava o serviço público fiquei enojada com a falta de higiene e aten-

dimento ruim oferecidos, além de médicos que ‘te tocam’ de qualquer jeito e nem trocavam o papel-lençol da maca, usados em atendimentos anteriores”

Talita dos Santos Camargo, 25 anos, estudante e mãe de 2 filhos

“Do atendimento até a forma como cadastram está real-mente péssimo. A burocracia torna tudo mais difícil. Ape-sar disso, acho que a falta

de um hospital que funcio-ne bem e que esteja pronto quando acontece uma emer-gência ainda é a pior coisa por aqui”

Karina Silva Maia, 26 anos, dona de casa e mãe de 2 filhos

“Eu cheguei a brigar na Pra-ça da Saúde quando uma en-fermeira tratou de qualquer maneira uma amiga que levei às pressas pra lá. A demora

e o descaso fazem com que a gente se sinta um lixo. Nós realmente somos pobres, mas merecemos um trata-mento melhor”

Luzia M. da Silva Pereira, 44 anos, comerciante e mãe de um filho.

PRINCIPAISEXAMES GINECOLÓGICOS

Aparelho está sem uso, mesmo com demanda na cidade pelo exame de rotina de mamografia

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Câncer de mama é um risco para mulheres entre 40 e 69 anos

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. A cada ano, aproximadamen-te 22% dos novos casos de câncer em mulheres são de mama, segundo a Organi-zação Mundial da Saúde . O câncer de mama é também a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, segundo estimativas do Ins-tituto Nacional do Câncer, principalmente na faixa etária entre 40 e 69 anos.

Por isso, exames gine-cológicos são de extrema importância para a saúde feminina, como prevenção contra determinadas doenças ou para controle de natalidade. A rotina de ir ao consultório médico deve fazer parte da

vida de toda mulher, ao longo de sua vida. A periodicidade de cada exame ginecológico relaciona-se, diretamente, às fases de sua vida.

Aproximadamente 80% dos tumores são descober-tos pela própria mulher ao apalpar suas mamas. Porém, um dos fatores que dificul-tam o tratamento é o estágio avançado em que a doença é descoberta. Cerca de 50% dos casos são diagnostica-dos em estágios avançados, gerando tratamentos muitas vezes mutilantes, causando maior sofrimento.

Toda mulher deveria realizar anualmente a ma-mografia (exame capaz de detectar lesões não palpá-veis) a partir dos 50 anos e, mais precocemente, em

No mês da mulher, ‘novela do mamógrafo parado’ continua

Hospital Carlos Lacas (Fran-cisco Morato) e Santa Casa (São Paulo), mas acredita ser indispensável um aparelho no município para os exames de rotina. “Quando a mulher suspeita de algum problema ela se desespera e quer ter o exame imediatamente. Não é possível oferecer algo tão rá-pido, mesmo porque a Casa Rosa só tem um equipamen-to para a mamografia. Além disso, segundo as usuárias, o Lacas oferece um atendi-mento melhor”. A Casa Rosa é um serviço estadual, que atende mensalmente de 250 a 300 mulheres.

Para o vereador George, a situação não tem fundamen-to e uma cobrança intensa será necessária até que a população possa utilizar o serviço. “Nós temos acom-panhado e cobrado, mas esbarramos nesse tipo de justificativa. Nosso empenho será manter a cobrança para que o serviço seja efetiva-mente entregue a população”.

Exame de mamografia e visita periódica ao ginecologista são importantes para a saúde feminina

Befama: 60 anos dedicados à cidade

caso da existência de caso de câncer de mama em mãe ou irmã (antecedente familiar de primeiro grau). Na im-possibilidade dessa rotina,

o autoexame de mamas é a melhor saída.

O câncer de mama atinge principalmente mulheres em idades em torno da

menopausa (entre 45 e 55 anos), mas podem aparecer nódulos benignos em outras faixas etárias, que precisam ser tratados.

Praça da Saúde em Franco da Rocha: reclamações de atendimento com desleixo e falta de educação

Depois de três anos na caixa à espera de uma sala, justificativa agora é falta de licitação para operar o equipamento na Praça da Saúde

ATENDIMENTO DE SAÚDE PÚBLICA, SEGUNDO AS MULHERES

“Eu cheguei a brigar na Pra-ça da Saúde quando uma en-fermeira tratou de qualquer maneira uma amiga que levei às pressas pra lá. A demora

e o descaso fazem com que a gente se sinta um lixo. Nós realmente somos pobres, mas merecemos um trata-mento melhor”

Luzia M. da Silva Pereira, 44 anos, comerciante e mãe de um filho.

“A consulta demora e gente acaba desanimando. Não posso dizer que seja falta de informação, mas realmente perdi o interesse diante de

tanto contratempo.As visi-tas ao ginecologista são até regulares, pelo uso do DIU, mas os exames ficam para segundo plano”

Ana Maria Ramos de Araujo, 26 anos, balconista, mãe de um filho.

“Encontro problemas para fa-zer meus exames e levar meu bebê para as consultas de rotina na cidade. Eles chega-ram a pedir uma carta da dona

da casa que alugo para fazer meu cadastro e não há ponto de ônibus em frente à UBS. E ainda tem a grosseria e a falta de educação no atendimento”

Ivanir Regiane da S. Ferreira, 36 anos, dona de casa, mãe de 4 filhos.

PRINCIPAISEXAMES GINECOLÓGICOS

MamografiaDeve ser feita a cada dois anos após os 35 anos. A partir dos 40, anualmente. O Sistema Único de Saúde (SUS) cobre a maioria deles

PapanicolauLocaliza infecções vaginais e identifica alterações que podem virar câncer (no colo do útero e na vagina)

Ultrassom pélvicoExamina útero e ovários em busca de qualquer alteração (pólipo, mioma, cisto, nódulo)

Rastreamento infecciosoDetecta sífilis, hepatites e HIV

ColposcopiaVisualiza colo do útero e va-gina, podendo acusar lesões (benignas e malignas)

Citologia e microflora vaginais

Diagnosticam eventual câncer antes de se instalar. Também auxiliam na prevenção de tu-mores na mama, ovários, útero e trompas.

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Via sem pavimentação atormenta Vila Olinda

Fátima Pelizari, professora da E.E. Benedito Fagundes Marques

Mirem-se no exemplo dessas mu-lheres que cruzam o seu caminho pelas ruas da cidade, vindas dos bairros, apres-sadas com várias jornadas a cumprir. Ainda sofrem preconceito e sua valori-zação no emprego não é a mesma dos homens, mesmo realizando o mesmo tipo de serviço.

Frequente arrimo de família, têm filhos e muitas não têm mais o com-panheiro, mas seguem incansáveis na

luta diária, utilizando transporte coletivo sempre lotado, sem ter sua condição de mulher respeitada.

Quando retornam da primeira jorna-da, outras a esperam: afazeres domés-ticos e educação dos filhos.

No mês de março, dedicam-lhes um Dia Internacional da Mulher, conquista-do por companheiras em busca de me-lhores condições de trabalho. Às vezes ganham flores, bombons e até um cari-

nho especial do marido ou namorado, mas a partir de 9 de março percebem que era somente uma data no calendário dessa sociedade, ainda machista.

Sua saúde é relegada ao último pla-no. Programas de prevenção de doen-ças que afetam as mulheres ainda são insuficientes.

Mas haverá o dia – e intuitivamente elas sabem disso – em que será reco-nhecida sua importância na sociedade,

afinal temos uma presidenta. Dedico este texto a três mulheres,

que contribuíram para que minha vida fosse melhor: Amália de Oliveira Pelizari, minha avó, Luzia Ivone Pelizari Silvei-ra, minha mãe, e uma grande amiga, Jô (Maria Jussinelda Alencar da Silva).Três grandes mulheres que cumpriram suas múltiplas jornadas: trabalhadoras, donas de casa, mães e avós. Saudades de todas!

Trecho sem asfalto nem iluminação é intransitável para veículos, além de inseguro para pedestres

Com a falta de estru-tura de muitas prefeituras da região, um empreendi-mento tem desempenhado importante papel: peque-nos reparos em instalações e áreas públicas. Criada há 20 anos, a Oliveira Ramos Comércio e Serviços Ltda., além de tudo, é conduzi-da por uma mulher, uma história que lembra a da personagem Pereirão, da novela Fina Estampa, da Rede Globo.

Paranaense de Cambira, Rosa de Oliveira Ramos veio com o marido para Franco da Rocha em 1980, acreditando no crescimento da cidade. Ela começou revendendo pro-dutos que comprava em São Paulo, como roupas, carne e madeira, e despertou sua vocação de empreendedora.

Em 1992, abriu a empresa, que presta serviços de jardi-nagem, de manutenção em geral e de construção. O pré-dio do Serviço Municipal de

Previdência Social (Seprev) de Franco da Rocha é obra da Oliveira Ramos. Serviços de capinação, limpeza de calça-das e pequenos reparos são outros exemplos do trabalho da empresa, que já prestou ser-viço para prefeituras da região, como Francisco Morato e Embu das Artes. Atualmente, a equipe tem 10 funcionários e um encarregado.

Em 20 anos de empresa, Rosa ofereceu trabalho a diversas pessoas que se en-contravam em situação ruim, como catadores de rua e anal-fabetos. “Eu os contratei para que tivessem uma oportu-nidade. Como a cidade não tem nada a oferecer, eu me sensibilizei”, afirma.

Rosa conta que não é fácil para uma mulher tocar um negócio nesse ramo. “Para conquistar meu espaço, tive que fazer melhor que os ou-tros. Eu era tratada como homem e tive de me supe-rar”, lembra.

Pequenos reparos, grande obras e prestação de serviços na região

Esta nova sEção do Locomotiva é dEdicada ao comércio dE Franco da rocha, o mais FortE da rEgião. Em cada Edição, vamos mostrar um produto ou sErviço quE é prEstado aqui, do Lado dE casa.AQUI TEM

Oliveira Ramos Comércio e Serviços Ltda.Estrada da Olaria, 65, Chácara São José, Franco da RochaTelefone: (11) 4819-4231

shops, clínicas veterinárias e demais pontos de grande circulação de pessoas;

5- Caso o animal seja de raça, entre em con-

tato com associações de criadores6- Murais virtuais na internet são uma boa

saída. Você pode procurar por feiras ou eventos de adoção.

Coisas de mulheres

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Via sem pavimentação atormenta Vila Olinda

A rua Santo André foi divida em duas. Uma continua com o mesmo nome e está par-cialmente pavimentada; a de baixo, rua das Oliveiras (acesso para a chácara dos Ribeiros) está completamente sem condições de tráfego ou de caminhada. Quase não se consegue andar a pé pela via – onde moram cerca de 20 crianças em fase escolar, além de adultos e idosos que transitam a noite pelo local sem iluminação.

Além de todos esses problemas, uma enor-

Moradores da Vila Olinda estão insatisfeitos com a péssima qualida-de da rua Euclides da Cunha, nas proximidades do Jardim Alice. A via, em formato de “U”, é cortada pela rua Rio Formoso, que a divide em duas partes. A pavimentação foi feita apenas em um dos trechos e o outro – sem a menor condição de tráfego de ve-ículos – sofre constante erosão por causa da chuva. A falta de pavimentação e de iluminação impede a travessia segura dos moradores.

A moradora Fernan-da Almeida afirma que,

Entenda o caso

Fátima Pelizari, professora da E.E. Benedito Fagundes Marques

afinal temos uma presidenta. Dedico este texto a três mulheres,

que contribuíram para que minha vida fosse melhor: Amália de Oliveira Pelizari, minha avó, Luzia Ivone Pelizari Silvei-ra, minha mãe, e uma grande amiga, Jô (Maria Jussinelda Alencar da Silva).Três grandes mulheres que cumpriram suas múltiplas jornadas: trabalhadoras, donas de casa, mães e avós. Saudades de todas!

Rua Euclides da Cunha sofre com erosões por causa da água de chuva, que invade as casas; moradores reclamam esquecimento

quando a rua Euclides da Cunha foi pavimentada, não havia moradores do outro lado, então deixaram sem asfalto.

“Quando comecei a construir, procurei as au-toridades para resolver o problema. Na época, em 2006, chegaram a dar um jeito para que pudéssemos passar, mas nunca resol-veram. Não posso sequer usar minha garagem, pois o carro não desce. Aliás, na época da construção, descíamos o material com carrinho de mão, já que o caminhão não chega aqui”.

Fernanda comenta que nenhum tipo de transporte tem condições de descer a rua. Nem coleta de lixo, nem a entrega de compras dos supermercados. “Só o IPTU chega em casa, sem atrasos”, diz.

Uma das residentes mais antigas da rua, Antonia F. P. da Silva, desanima com

Trecho sem asfalto nem iluminação é intransitável para veículos, além de inseguro para pedestres

a situação e não se ilude com promessas políticas. “Luto há 15 anos e cansei de ouvir políticos dizendo que iriam resolver a fal-ta de pavimentação”, diz. Para ela, é lamentável que o socorro não chegue em sua residência. “Quando meu filho passou mal, teve de ser carregado no colo porque a ambulância não passa na rua”.

Por se tratar de uma la-deira, em dias de chuva a água entra nas residências erguidas abaixo do nível da rua. “Em dias de chu-va forte, a água invade a casa. Além disso, o mato e a possibilidade de animais peçonhentos deixam a gente em estado de alerta com as crianças”, afirma Antonia.

Procurada pelo Jornal Locomotiva por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura não retornou contato até o fechamento desta edição.

Pequenos reparos, grande obras e prestação de serviços na região

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nEsta sEção, trarEmos sEmprE as pEssoas, LugarEs E EvEntos quE briLham na vida sociaL dE nossa cidadE E rEgião. SOCIAIS

Aniversariantes

Greg Miller, 14 de março

Francieula Barros, 13 de março

Paula Barreto,12 de marco

Maria Paixão, 8 de marco

Valter Cesarino, 8 de março

Nascida em sua casa em 1958, na então pacata rua Dr. Hamilton Prado, Raquel Alves Massinelli teve uma infância “gostosa”. “Fui mo-leca, brincava no rio, jogava bola, andava de carrinho de rolemã. A boneca passava longe”, conta. Mãe de dois filhos, ela hoje reclama da falta de espaços de lazer.

Aos 11 anos, para enfren-tar a timidez, decidiu atuar no movimento estudantil no Befama. Com um grupo de colegas, fundou o Movimen-to Democrático Estudantil, cuja sigla era “MoDEs”, pro-vocativa referência à marca de absorventes femininos, na época em que as mulheres lutavam por sua afirmação na sociedade. “Mulher não podia entrar de calça com-prida na igreja, fumar ou falar de política na rua”, lem-bra. O MoDEs tratava de

Raquel Alves Massinelli, algo mais que liberdadeNOSSA GENTE

nEsta sEção vamos rEgistrar as histórias, os “causos”, a vida dos homEns E muLhErEs quE FizEram E FazEm, a cada dia, a nossa cidadE.

Bruna Polido, 15 de março

pequenas demandas da esco-la, mas foi o primeiro passo de Raquel em sua vocação para a atuação política.

Em 1978, depois do ca-samento, mudou-se com o marido para o Rio de Janeiro, onde o casal foi testemunha da história em 30 de abril de 1981: estavam no show em comemoração ao Dia do Trabalhador, no centro de convenções Riocentro, mar-cado pelo frustrado atentado. A bomba explodiu antes e matou dois militares – ato da ditadura, que queria respon-sabilizar radicais de esquerda e endurecer a repressão. “Achamos que as explosões eram fogos de artifício”, re-corda. Depois de cinco anos no Rio, Raquel se separou e retornou para Franco. Em 1985, ingressou no Hospital Psiquiátrico do Juquery como atendente de enfermagem

e fazia um pouco de tudo. “Cheguei a ficar sozinha num pavilhão à noite, com dezenas de pacientes”, conta.

Desde então, Raquel milita no Sindicato dos Trabalha-dores Públicos da Saúde (SindSaúde). “Em 2003, ou-via boatos de que o Juquery acabaria e virei delegada do sindicato”, conta. A entidade

fez um movimento junto com a população para impedir o fechamento do hospital.

Como atual diretora regio-nal do sindicato, Raquel luta por conquistas salariais para a categoria e pela recuperação do Juquery. Ela é entusias-ta do projeto de criação do câmpus de uma universidade federal no antigo hospital.

Raquel acredita que a sociedade ainda não está preparada para encarar a mulher independente. “Por ser uma mulher ativa, acho que eu incomodo – inclusive nos relacionamentos. Mas me mantenho firme. Como disse Clarice Lispector, ‘Li-berdade é pouco; o que eu desejo ainda não tem nome’.”

Atendente de enfermagem e diretora sindical luta pela recuperação do Juquery

8 17 de março - sábado - nº58 - Distribuição Gratuita Locomotiva