04 tc fap pia analitica funcional cap iii

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    3Suplementacao

    Aumentando a capacidade do terapeuta paraidentificar comportamentos clinicamente relevantes

    A funcionalidade terapeutica nasce da deteccao daqueles comportamentos doc1ienteque sao exemplos de comportamento c1inicamenterelevante (CRB). Temosobservado que, quanto mais CRBs forem detectados, mais profunda, intensa,emocional e fascinante e a terapia. Assim, ha lugar na FAP para qualquer metodaau conceito que possa auxiliar a deteccao de CRB, especialmente porque asocorrencias destes comportamentosdurante as sessoes nfio sao, de urn modogeral, facilmente identificadas. Como os CRBs sao variaveis fracas no controledas observacoes por parte do terapeuta, elas geralmente requerem umasuplementacao (Skinner, 1957) com 0intuito de aumentar 0seu poder de controle.Nas pr6ximas secoes (Classificacao de Comportamento Verbal e SituacoesTerapeuticas que Evocam CRBs), nosso objetivo e oferecer suplementos paraaumentar a capacidade e competencia do terapeuta em observar os CRBs,tambem chamados algumas vezes de sensibilidade ou insight.

    CLASSIFICA(:AO DE COMPORTAMENTO VERBAL

    Como acontece em todo campo de trabalho humano, urn sistema declassificacao ou taxonomia estimula uma observacao mais minuciosa. Porexemplo, uma garotinha que aprende a classificar insetos procurara e observara

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    52 Capitulo 3mais insetos, e quando os encontrar, certificar-se-a quanto ao mimero de patasdos mesmos. Da me sma forma, nos propomos urn sistema de classificacao queaumente a observacao do CRBs. A classificacao de comportamentos verbaisajuda a aumentar a competencia do terapeuta na observacao de CRB, de duasmaneiras. Primeiro, ela descreve 0 tipo de afirmacoes do cliente que levam adeteccao do CRB. Depois, ela se firma na nocao de que toda vez que 0clientefizer uma declaracao, e possivel que urn CRB tenha ocorrido - mesmo que issonao seja facilmente identificavel,

    o exemplo a seguir demonstra como 0 uso de nosso sistema declassificacao pode conduzir a urna produtiva intervencao terapeutica. Uma sessaocom Karen, que foi tratada pelo primeiro autor, comecou com:T: Como foi sua semana?C: A sernana passada foi muito ruim, eu tomei uma multa de $ 108 [suspiro] por

    licenca vencida.Nosso sistema de classificacao verbal me levou a considerar que havia

    algo na resposta de Karen alem do aparente a primeira vista. Baseado no meuco~hecimento de Karen, algumas possibilidades me vieram a mente:

    1. Ao receber a multa, ela foi pega em flagrante; talvez, seja assim queela ve a terapia e por conseguinte, reage a mim como se estivessecom 0policial,

    2. Talvez ela esteja preocupada com 0custo da terapia e a pagamentode suas contas.

    3. Ela esta obviamente aborrecida com a multa e talvez seu comentariorealmente indicasse "por favor, ajude-me a me sentir melhor!"

    4. Ela pode ter mencionado esse problema por nao ter feito a tarefa decasa que eu the dei, e 0fato de trazer 0assunto da multa a tona podeser uma maneira de evocar solidariedade ou desviar a atencao doassunto temido.

    5. Talvez ela tenha visto urn policiallogo antes da sessao ou notadoque havia uma passagem aerea sobre a mesa da recepcionista aopassar par lao

    Eu entao passei a checar algumas dessas hipoteses, e e assim que elareagiu quando eu perguntei sobre a conta:T: E quanto a nossa conta, voce esta preocupada com ela?C: Nao, porque meu seguro tern $100 dedutiveis, que eu ja usei em medicamentos.

    Isso entao cobre 0 dedutivel e eles me asseguraram que as primeiras 10 sessoes ja

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    estao pagas. Eu nao estou certa sobre 0que acontece depois disso, mas eles ternsido muito bons. .

    T: A razao pela qual eu estou abordando esse assunto e que estou tentando descobriro que incomoda voce no fato de me dever algum dinheiro.

    C: Eu nao gosto de dever dinheiro a ninguem.T: Eu sei, mas vamos nos ater ao nosso assunto especifico. 0 que incomodaria voce?C: Eu tenho pensado muito nisso, e uma nota de dolar mevem a mente toda vez que

    eu passo pela porta.

    Essa ultima declaracao apoiou a hip6tese de que a preocupacao deKarenem relacao as contas se manifestou em seus comentarios sobre 0 incidente damulta. Mais importante, entretanto, e que minha hip6tese quanto aos significados"ocultos" me levou a descobrir que Karen se preocupava com 0 fato de.medever dinheiro da mesma maneira que a preocupava dever para qualquer outrapessoa. Sua preocupacao e ansiedade em relacao a varias contas nao pagas forao foco da terapia de reestruturacao cognitiva em sessoes anteriores e ela seesquivou de trabalhar mais este assunto, dando a entender que esse ja era urnproblema superado. Confonne esta indicado na transcricao, ainda representavaurn problema. Sua falta de consciencia e modo indireto de lidar com esse problemadurante a sessao, no entanto, se assemelhavam ao modo inadequado de conduzirsua vida cotidiana. A identificacao deste CRB 1 alertou-me para uma aberturaterapeutica. Ali estava uma oportunidade in vivo de bloquear a esquiva de Karene encorajar maneiras mais adequadas para 0 encaminhamento do problema.Durante os seis rneses seguintes, Karen desenvolveu repert6rios melhores paralidar com 0problema das contas por rneio do aprendizado de como lidar com asua divida comigo. Isto tambem propiciou 0 trabalho terapeutico sobre urnproblema mais abrangente, relacionado as suas respostas a outras pessoas quandosentia que estava sendo negativamente avaliada.

    Alguns de nossos leitores podem estar se perguntando se a nossaespeculacao sobre os significados ocultos se encaixa na esfera do behaviorismo,e mais ainda, podem desconfiar de sua similaridade com a Psicanalise. Maistarde, quando explicarmos nosso sistema de classificacao de. comportamentoverbal, mostraremos como a teoria behaviorista radical leva a este tipo deatividade interpretativa. Mas, por enquanto, a inclusao dos significados ocultosna teoria behaviorista radical sera ilustrada pela hist6ria do desafio amigavelfeito ao behaviorismo pOIAlfred North Whitehead. Em umjantar com Skinnerem 1934, Whitehead disse a ele, "Vamos ver sua resposta ao meu comportamento,

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    quando, sentado aqui, eu digo 'nenhum escorpiao preto esta caindo nessa mesa'."Na manha seguinte, Skinner comecou a escrever Comportamento Verbal- urnrelato comportamental sobre a linguagem. No epilogo desse livro, que levou 23anos para ser concluido, Skinner esquematizou os principios comportamentaisnos quais a afirmacao de Whitehead se basearia. Uma das conclusoes foi a deque 0 significado do "escorpiao preto" de Whitehead era behaviorismo. Ainterpretacao de Skinner derivou-se da sua teoria contextual do significado, aqual forma 0 centro da proposta behaviorista para a 1inguagem. Uma vez queSkinner, urn behaviorista dec1arado, usou principios comportamentais pararevelar 0significado oculto de uma declaracao feita 23 anos antes, parece corretoargumentar que tal esforco pertence a esfera do behaviorismo. De fato,0terapeutase encontra em uma posicao mais comoda que Skinner para fazer interpretacoessobre os relatos do paciente fundamentadas na teoria comportamenta1, ja que(1) elas podem ser feitas imediatamente ap6s a ocorrencia dos relatos, (2) 0terapeuta esta em contato mais direto com as circunstancias que rodeiam 0relato, e (3) 0 terapeuta continua a interagir com 0 cliente, e pode obterinformacoes adicionais que legitimem a sua interpretacao,

    Apesar desta atividade interpretativa se parecer com a atividade.. psicanalitica, ha profundas diferencas quanto as irnplicacoes clinic as e aos

    pressupostos basicos.Acima de tudo, ter~peuta comportamental deve semanterhumilde, tendo sempre em mente que silas interpretacoes sao apenas hip6teses.Alem disso, a validade de suas interpretacoes e dificil de ser avaliada pois asvariaveis de controle nao podem ser isoladas em uma situacao de laborat6rio. Ateoria behaviorista sugere que os significados ocultos (na verdade, causas ocuJtase variaveis de control e) estao no ambiente circundante, nao sao necessariamenterelevantes do ponto de vista clinico, e nao sao 0 resultado de alguma coisadentro da pessoa que luta para se expressar. Nossa visao dos comportamentosverbais do cliente sugere que interpretacoes psicanaliticas sao uteis quandopermitem que 0analista observe CRBs. Como aFAP e especificamente planejadapara aumentar a observacao de Ck.Bs, 0desempenho desta tarefa se torn a maiseficiente.

    o Sistema da FAP de Classiflcacao das Respostas do ClienteAs respostas ou 0comportamento verbal do cliente podem se constituir

    em dicas para que 0 terapeuta utilize 0 sistema de classificacao da FAP deforma a chegar as possiveis causas deste comportamento enquanto ele estaocorrendo. 0 sistema de classificacao da FAP e base ado em conceitos do

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    Comportamento Verbal (1957) de Skinner. Urn livro frequentemente criticado"mas raramente lido, e uma rica fonte de conceitos que podem ajudar a detectarCRBs na situacao terapeutica, E urn livro de Ieitura dificil e os conceitos naosao de facil compreensao. Por havermos usado alguns dos conceitos de Skinner,e apesar de termos feito urn esforco para tomar nossa classificacao compreensivel,ela pode estar alem do interesse de muitos de nossos leitores. Entao, aqueles quenao estao interessados em aprender 0sistema de classificacao em detalhes nessemomento, consultem a pr6xima secao, que resume as suas implicacoes. Emseguida, pule os detalhes de classificacao e va direto a secao Situacoesterapeuticas que freqiientemente evocam CRB.

    Implicacoes do Sistema de Classificacdo de Respostas para a FAPAs sugestoes dadas abaixo agilizam 0 desenvolvimento da relacao

    terapeuta-cliente e dos CRBs, assim como fazem deles urn objetivo da interacaoterapeutica.

    1.Encorajar e reforcar as descricoes do cliente que se relacionam aestimulos presentes no ambiente terapeutico. Aqui inclui-se qualquer comentarioou descricao sobre 0terapeuta, a relacao terapeutica, sentimentos sobre a terapia(eficiencia, preco, qualidades, defeitos, etc.), dialogos anteriores ou outros eventosocorridos durante a sessao, como se sentem ao vir para as sessoes, qualquersentimento que tenham experimentado durante a sessao, 0conforto ou desconfortoda cadeira, da luz, e assim por diante. Sao exemplos de questoes e afirmacoesformuladas pelo terapeuta que possibilitam 0relato dessas descricoes por partedos clientes: "Como se sentiu ao vir para ca hoje?"; "Como se sentiu apes nossaultima sessao?"; "Como se sente em relacao a terapia?"; "0 que voce acha queeu penso de voce?"; "Sabre 0 que esta pensando?"; "Estou inccmodado comsua hostilidade para comigo."; "Estava imaginando se voce acha que estamosfazendo progressos suficientes."; "Estive pensando no que ocorreu durante nossaultima sessao."

    2.Encorajar comparacoes controladas por eventos ocorridos naterapia e na vida cotidiana. Sao exemplos de relatos de clientes que se enquadram* Mais conhecida foi a revisao de Chomsky (1959), aceita por muitos como a critica definitiva quedesacreditou 0 Comportamento Verbal. Grande parte da revisao de Chomsky, entretanto, refere-seao behaviorismo metodo16gico, que Skinner rejeitou veementemente e que portanto nao era aabordagem utilizada no Comportamento Verbal.

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    56 Capitulo 3aqui: "A ansiedade que estou sentindo agora e parecida com a que eu sintoconversando com a diretoria."; "Voce me lembra muito meu pai."; "Voce e comotodos os outros - nao se pode confiar em voce."; "Esse e 0unico lugar onde mesinto seguro."

    Exemplos de questoes terapeuticas e interpretacoes que estimulam essetipo de comparacoes: "0 que acaba de ocorrer eo mesmo que acontece quandovoce ve sua mae?"; "De que modo 0jeito como se sente agora se assemelha aoque voce sentiu no trabalho?"; "Voce pode comparar seus sentimentos em relacaoa mim com outra pessoa muito proxima a voce?"; "0 jeito que voce reagiuquando eu disse que me importava com voce parece com 0jeito com que vocediz agir quando outra pessoa mostra afeicao por voce."

    3.Encorajar desejos, sugestoes epedidos diretos. Exemplos deste tipode resposta sao: "Por favor, me ajude a superar essa ansiedade."; "Eu precisode mais atencao."; "Eu nao quero me lembrar de minha infancia."; "Voce poderiareduzir 0valor da sessao?".

    Os terapeutas podem encorajar os pedidos de c1ientes dizendo: "Epermitido e desejavel que voce queira e peca 0que quer de mim. Eu levarei emconsideracao todos os seus comentarios, mesmo que nao seja possivel para mimfazer tudo conforme 0 seu desejo," Imitar este tipo de comportamento para osc1ientes 6bem saudavel. Exemplo: "Eu gostaria que voce chegasse no horatio.",e "Eu gostaria de conversar sobre seus debitos para comigo".

    4.Use as descricoes dos eventos da vida cotidiana do cliente comometaforas para eventos que tenham ocorrido em sessdo. De acordo com osprincipios do Comportamento Verbal, qualquer resposta do c1iente pode serdeterminada por multiples fatores; ou seja, podem haver motivos ocultos(variaveis de controle menos explicitas) que 0 proprio c1iente desconhece.Sugerimos entao que voce levante algumas hipoteses sobre quais poderiam seresses eventos na sessao e se sao c1inicamente relevantes. Por exemplo, um c1ienterelata 0quae incompetente seu dentista e . 0 terapeuta pode responder, "Eu mepergunto se voce esta preocupado com 0 meu conhecimento acerca do meutrabalho", ou, no caso de um tratamento recem- iniciado, "Voce acha que ospsicologos sabem 0que estao fazendo?".

    o terapeuta pode tambem especular se a metafora e mais que uma meradescricao de eventos ocorridos na sessao. Pode ser um pedido disfarcado e 0terapeuta pode fazer suposicoes sobre quais reforcadores ocultos podem estar

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    Suplementacao 57envolvidos. Por exemplo, se 0cliente descreve 0quao insatisfatoria foi a semanae 0quao infeliz ele tern estado, isso poderia ser compreendido como urn pedidoencoberto com reforcadores ocultos de solidariedade, e para que 0terapeuta naoforce muito durante a sessao.

    Motivos ocultos podem tambem ser entendidos como apelos diretos.Por exemplo, 0 pedido do cliente de terminar a terapia poderia ser reforcadopela esquiva de urn confiito, decorrente de se sentir atraido sexualmente peloterapeuta.

    Classijicando 0 comportamento verbalA abordagem de Skinner nao se parece com nenhum outro sistema de

    classificacao linguistica porque classifica 0que e falado com base nas causasmais do que em sua forma ou formacao fonetica, Apesar de haver muitos niveisde causas" , aquelas as quais nos referimos aqui sao simplesmente estimulosdiscriminativos que ocorrem antes das respostas e estimulos contingentes queocorrem logo apos, 0 primeiro grupo tern enfase na definicao do "tato" e 0segundo no "mando". Esses dois terrnos, tato e mando, exercem 0papel centraldo nosso sistema de classificacao e se referem a comportamentos verbais quediferem urn do outro em suas causas.

    Uma visao geral do processo de classificacao e representada na Figura1. 0 processo comeca com a classificacao da resposta do cliente como tato(quadro 1), urn mando (quadro 3), ou urn intraverbal (quadro 4). Nosvisualizamos 0sistema de classificacao apresentado aqui como uma introducaoao usa dos principios do comportamento verbal de Skinner na situacaoterapeutica, Para efeitos praticos, limitamos arbitrariamente 0 numero deconceitos de comportamentos verbais aos tres citados acima, porem naoexaurimos as implicacoes da abordagem. Ainda que uma aplicacao mais completado comportamento verbal pudesse adicionar muito mais ao processo terapeutico,sua discussao esta alem dos objetivos deste livro.

    1.0 tatoo Urn tato e definido como uma resposta verbal que esta sobcontrole preciso de estimulos discriminativos, e e reforcado por reforcadores Do ponto de vista behaviorista, h it (I) contingencias de causas de sobrevivencia (causas evolucionarias

    ou de constituicao); (2) contingencias de sobrevivencia cultural (praticas cuJturais); e (3) contingenciasde reforcamento (Skinner, 1974).

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    Capitulo 3

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    Suplernentacao 59secundarios generalizados. Por exemplo, se the mostram uma bola vermelha eperguntam, "0 que e isso?" e voce diz, "Uma bola vermelha", voce estaria"tateando" pois a forma de sua resposta ("bola vermelha") e controlada peloobj eto e e reforcada por urn reforcador condicionado generalizado, como "uh-huh", "certo", ou "obrigado", ou qualquer outra resposta que indique que vocefoi compreendido. Note que a contingencia ou reforcador e amplo e geral, aopasso que 0estimulo discriminativo inicial (Sd) e especifico,

    o tato e , assim, produzido pela presenca de urn estimulo particular (nocaso, uma bola vermelha) e uma audiencia (0 terapeuta ou urn parente). Ostatos, neste sentido, assemelham-se a nocao de r6tulos ou nomes. Entretanto,como os termos r6tulo ou nome sugerem a ideia de representacao simb6lica,usamos "tato" ao inves de "rotulo" para reforcar essa diferenca. Do ponto devista comportamental, as palavras "bola vermelha" nao representamsimbolicamente nem significam 0 objeto, assim como a pressao a barra porratos nao representa ou significa uma luz sinalizadora amarela numa caixa deSkinner. 0 problema com uma palavra que "representa" ou "simboliza" urnobjeto e que em seguida dever-se-ia explicar qual 0significado destes dois termospara que houvesse a compreensao da resposta verbal. Por outro lado, ao dizermosque 0tato e "controlado" por urn estimulo discriminativo inicial, podemos explicarurn comportamento simplesmente nos referindo ao processo de discriminacaodelineado. Este processo abrange 0significado comum de "simb6lico" ou "querdizer" alguma coisa. Isso nao significa, no entanto, que n6saceitamos as palavrasde nossos clientes como verdade absoluta. Nossa posicao, exemplificada nocaso da multa de $108, nos conduz a uma visao bern divergente.

    A localizacao do estimulo discriminativo (Sd) que controla 0 tato eimportante na classificacao da FAP do comportamento verbal. Do ponto devista terapeutico, 0 mundo pode ser dividido em dois tipos de Sds - aquelelocalizado nas sessoes de terapia ou aquele da vida cotidiana do cliente. Os doistipos de Sds sao mostrados na Figura 1, no quadro 6 (SdVc) para a vida cotidiana,e no quadro 7 (SdT) para terapia. Uma categoria final, reservada para os tatosevocados pelos Sds localizados tanto na terapia quanta na vida cotidiana, emostradano quadro 8 (SdTVc). Entao, se a situacao da "bola vermelha" ocorreudurante a sessao terapeutica, 0 tato "bola vermelha" foi motivado por urn SdTuma vez que a bola vermelha estava localizada na sessao terapeutica.

    Uma cliente que des creve uma briga com seu marido esta emitindo urntato sob 0controle de urn estimulo discriminativo localizado em sua vida cotidiana(isto e , urn SdVc, mostrado no quadro 6). Uma cliente falando sobre uma

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    discussao com seu terapeuta esta sob controle de estimulos localizados noambiente terapeutico (ou seja, um SdTlocalizado na quadro 7). A mesma clienteque diz que sua briga com 0marido e semelhante a sua discussao com 0terapeutaesta fazendo um tato sob 0 controle de estimulos localizados na terapia e noambiente da vida cotidiana, e e mostrado no quadro 8 (denominado SdTVc).

    o foco inicial da FAP esta em respostas controladas por estimulosocorridos durante a sessao terapeutica. Assim, 0 terapeuta da FAP (1) fica alertae (2) encoraja respostas controladas por SdT e SdTVc. Identificar essas respostas,aquelas controladas por SdT e Sdl/c, ajuda claramente na determinacao de quaisrespostas do cliente sao mais importantes. Por exemplo, aponta as respostasmais importantes entre aquelas emitidas por Andrea, uma c1iente cujo problemaera uma infelicidade cronica e fobia social. Aqui estao suas declaracoes noinicio de uma sessao:

    1. "Hoje eu perdi a calma, porque fui chamada e me disseram que eutinha que estar em Boise semana que vern para uma entrevista deemprego de secretaria. E eu nao sei se posso fazer isso, eu nao sei seposso conseguir isso."

    2. "Quando sai daqui semana passada, eu me senti leve. Eu me sentirealmentebem e nao sei 0porque."

    3. "Eu ate mesmo tinha que marcar a entrevista de modo que naointerferisse com 0horario da minha medicacao. E isso me fez sentirestupida, Eu imaginei 0que aconteceria se eles soubessem, se elessoubessem que eu nao poderia estar Ia ao meio-dia porque teria queinterromper 0 encontro para tomar minha pilula."

    4. "Se eles descobrissem que estou tomando tranqiiilizantes, eles naoiriam querer me contratar."

    Essas respostas seriam classificadas como tatos 6bvios, mas apenasuma, a resposta 2, e controlada por urn estimulo dentro da sessao - um SdT. E ,alias, a resposta mais relevante do ponto de vista clinico (assumindo que todasestao igualmente relacionadas ao seu atual problema).

    Lembre-se que um tato ocorre simplesmente devido a presenca de umestimulo, Essa caracteristica do tato e particulannente importante para acompreensao dadiscussao sobre causas multiplas e dos assim chamadossignificados ocultos. N6s nao dizemos que 0cliente "usa" 0tato para descrever

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    o estimulo, assim como nao dizemos que alguem "usa" 0andar para se deslocardaqui ate laoEvitamos ver 0 cliente como "usuario" de uma resposta verbalporque entao nos deparariarrios com uma compreensao do que esta sendo "usado".Esse "0 que" que esta sendo usado e a resposta verbal e assim retornamos aoproblema original 0 qual tentamos resolver - compreender a resposta verbal.Por exemplo, digamos que voce esteja tentando entender as causas deuma ameacade suicidio. Se voce disser que ocliente "usa a ameaca", entao, temos quecompreender as causas do comportamento de "usar", bem como as palavrasempregadas. Por outro lado, atraves da nossa perspectiva, poderiamos dizerque a ameaca poderia ser motivada pela atencao que ela recebe (um mando,como veremos abaixo) ou ela poderia ser controlada por comportamentos pre-suicidas (um tato) ou uma combinacao dos dois. Alem disso, 0cliente pode ounao estar ciente dos fatores controladores e/ou motivadores.

    2.0 mando. Mandos sao os discursos que fazem parte de demandas,comandos, pedidos, e questoes. Um mando e um comportamento com as seguintescaracteristicas: (1) ocorre porque e seguido por um reforcador particular, (2)sua forca varia conforme a privacao relevante ou estimulacao aversiva, e (3)aparece sob uma ampla faixa de estimulos discriminativos. Assim, se voce disser,"Eu gostaria de um pouco de agua" porque voce esta com sede, isto seria ummando pois haveria ai a acao de um reforcador muito especifico - alguemescutando voce e the dando agua ou mostrando onde consegui-la. A resposta a"Eu gostaria de um pouco de agua" nao teria a influencia de um reforcadorsecundario generalizado como por exemplo, alguem dizendo "Esta bem", ou"Obrigado por compartilhar issocomigo", ou ainda "Eu entendo 0 que vocequer dizer." Sua forca tambem poderia variar de acordo com a necessidade quevoce tem de agua, Seu mando por agua pode ocorrer em quase todas as situacoesem que voce esteja com sede e haja outra pessoa para escutar.

    Do mesmo modo, se um cliente lhe diz "Eu gostaria de uma sessaoextra essa semana", isso seria reforcado (e por isso possivel de ocorrer novamente)pelo fato de conseguir uma nova sessao (urn reforcador especifico). 0 mandopode indiretamente envolver privacao ou estados aversivos como "Por favor,leve-me a passear", ou "Nao me abandone". 0 comportamento do cliente, queocorre especificamente porque evoca 0cuidado do terapeuta, e um mando.

    Como mostra a Figura 1 e ja foi dito anteriormente, a primeiraclassificacao a se fazer e verificar se a resposta do cliente e urn tato (quadro 1),urn mando (quadro 3) ou um intraverbal (quadro 4).0 intraverbal e urn compor-tamento verbal evocado por estimulos verbais e geralmente abrange aquelas

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    62 Capitulo 3respostas que nao podem ser classificadas como tato ou mando. Por exemplo,quando perguntam "Como voce esta?", a resposta "Bern" geralmente e urnintraverbal, uma vez que ela realmente nao tern nada a ver com os sentimentosdo falante, sendo simplesmente uma resposta apropriada ao conjunto de palavras"Como esta voce" (se a resposta "Bern" estiver realmente demonstrando ossentimentosdo falante entao teriamos ai urn tato, e nao urn intraverbal). Asrespostas do cliente a questoes como "Onde nasceram seus pais?" e "Onde seuparceiro trabalha?" saointraverbais.

    3.Mandos disfarcados. Voce nao pode ter certeza se uma resposta dadae tato ou mando com base apenas em sua forma (ou som). A palavrafogo, porexemplo, poderia ser urn mando para urn bombeiro ou urn tato enquanto urnincendio. Visto que a classificacao de urn comportamento verbal com base emsua forma ou som e denominada analise formal, 0 metoda Skinneriano declassificacao com base em suas causas e denominado Analise Funcional. Usando -a abordagem funcional skinneriana, quanta mais soubermos acerca do contextoe da historia que levam a resposta, mais certeza teremos sobre suas causas e suaclassificacao enquanto tato, mando ou intraverbal. Assim, se voce vir 0incendioe 0 falante apontando para ele, voce ted 0contexto necessario para classificarseguramente aquela resposta como urn tatoo

    o exemplo do fogo ilustra bern 0 fato de que a mesma palavra pode terdiferentes causas. 0 significado de uma palavra (ou sentenca, gesto, discurso,etc.) corresponde a sua funcao, ou seja, urn delineamento de suas causas. Quandodizemos que a "mesma" palavra pode ter "diferentes" significados, "me sma" serefere ao aspecto formal da palavra (seu som e a sua grafia) e "diferente" serefere ao seu aspecto funcional. Consideremos 0exemplo de urn cliente que diz"Eu you me matar". Se a resposta do cliente tern urn historico de comportamentosuicida, como planos de suicidio e alguns sentimentos associados a eles, entao aafirmacao e urn tatoo Se a declaracao e primar iamente mantida pela preocupacaoque evoca em outras pessoas, entao temos urn mando. Em nosso esquema declassificacao, 0primeiro caso esta representado como urn tato no quadro 1 e 0segundo como urn mando disfarcado no quadro 2. E disfarcado porque pareceurn tato se nos basearmos em sua forma, mas de fato, e urn mando baseando-seem sua funcionalidade. Os nao-behavioristas podem preferir diferenciar essesdois tipos de discursos suicidas com base nas intencoes e propositos do cliente.Embora estes termos denotem urn significado similar, eles podem ser confusosou ambiguos. Por exemplo, a intencao ou proposito implicam consciencia? Senao implicam, 0 que significa ter uma intencao inconsciente? Usando nossa

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    Suplcmentacao 63teoria de tato versus mando, a consciencia e um assunto a parte e nao temnada a ver com nossa classificacao. Assim, 0 cliente pode ou nao estarconsciente do motivo que 0 leva a ameaca de suicidio, mas isso nao impede asua classificacao enquanto tato ou mando. Ademais, se utilizamos as intencoesou propositos para explicar a tentativa de suicidio por parte do cliente, 0proximopasso na terapia seria descobrir a origem dessa intencao ou proposito. Tatos emandos, por outro lado, j a estao definidos em termos de suas origens.

    o exemplo da ameaca de suicidio mostrou como a mesma expressaopode ter diferentes significados. De maneira correspondente, diferentes expressoescomo "Por favor, me ame" e "Sou inutil e desprezivel" podem ter 0 mesmosignificado funcional (causas). 0 pedido explicito por amor pode ser causadopor uma hist6ria passada de obtencao de amor e carinho sempre que solicitadoe/ou uma atual falta de amor e carinho" . Pela consistencia de forma e de funcao,n6s podemos dizer que esse cliente realmente sente aqui 1 0 que diz. A resposta erepresentada no quadro 3 e e abreviada como Ma. 0 reforcador deste mando,amor e carinho, recai no sistema de classificacao mostrado no quadro 10 e erepresentado por SrE. A segunda declaracao, sobre ser inutil, poderia tambemser causada pelo desejo de amor e carinho. Assim, e um mando, apesar deparecer um tato; ou seja, na experiencia de vida do cliente, amor e carinhoocorriam com maior probabilidade depois de uma auto-depreciacao e nao aposum pedido direto. Como indicamos anteriormente, esses mandos disfarcados detatos sao os mandos disfarcados (quadro 2). 0 reforcador que e contingente aosmandos disfarcados e considerado um reforcador especial, SrE (quadro 9), demaneira a significar que urn reforcador especifico apropriado a urn mando estaenvolvido, e nao simplesmente 0 reforcamento secundario generalizado que econtingente aos tatos.

    Desta forma, e possivel tennos afirmacoes formal mente similares efuncionalmente diferentes (0 exemplo do suicidio), assim como formalmentediferentes e similares funcionalmente (0 exemplo do amor e carinho).

    4. Causas Multiplas e Estimulaciio Suplementar. A maioria doscomportamentos verbais tem multiplas causas. Em adicao a urn estimulocontrolador inicial, geralmente M estimulos controladores adicionais que tambeminfluenciam as respostas. Isso fica 6bvio em lapsos verbais onde a multiplicidadede causas produz uma distorcao das respostas. Urn exemplo e a mulher que diz Uma circunstancia POSS! vel seria a de que 0 cliente tern um hist6rico de nunca ter ganho qualquer

    coisa de terceiros sem que haja pedido direta e forcosamente, Assim, apesar da possivel ausencia deamor e carinho, 0 mando ocorre agora devido it forca de mandos em geral.

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    64 Capitulo 3ao namorado que ira encontra-lo para jantar as sexo horas' . A resposta "sexo"e resultado da presenca simultanea de estimulos primaries evocando a resposta"seis" e de outros adicionais evocando "sexo", apesar de aqueles para sexoserem menos visiveis a urn observador extemo. A maior parte das causasmultiplas, entretanto, sao menos dramatic as e nao produzem uma distorcao tao6bvia nas respostas. Ao contrario, podem evidenciar porque um comentario emparticular esta naquele instante sendo feito, ao inves de outros que tambemseriam possiveis. Uma cliente que esta sendo estimulada tambern por suas pre-ocupacoes sobre os efeitos nocivos da terapia, pode contar as experiencias queteve com um quiropata incompetente na semana anterior. Um outro cliente, comestimulacao adicional por sua raiva pelo terapeuta, pode trazer a tona urn inci-dente em que tenha perdido a compostura com sua parceira. Skinner se refere aesse processo como selecdo de respostas e 0 propoe como altemativa parajustificar porque 0 cliente "escolheu" aquela expressao em particular dentretantas outras disponiveis e possiveis,

    Causas multiplas, mandos disfarcados e reforcadores especiais saoconceitos que explicam 0que tradicionalmente costuma chamar -se de significadosocultos, latentes ou inconscientes. Consequentemente, temos dado umaexplicacao comportamental a este tipo de fenomenos, tais como, lapsos delinguagem e 0modo como os clientes conseguem dizer uma coisa querendodizer outra. Em geral, os clientes nao estao conscientes destas variaveis, massofrem seus efeitos independentemente dessa consciencia. Nao situamos essesefeitos em urn mecanismo intemo como 0 inconsciente, mas, ao inves, nosreferimos a eles como efeitos de variaveis sutis. Em contraste, as variaveis obviassao aquelas que correspondem de fato a forma da resposta. Uma metafora, damaneira usada neste livro, refere-se a respostas controladas pelas variaveis sutis.Por exemplo, uma experiencia ruim no dentista e a variavel 6bvia que atua nocliente quando ele diz ao terapeuta "Meu dentista me machucou." Se 0 clienteesta contando ao terapeuta sobre 0 dentista naquele momento em particularporque tambem foi ferido pelo terapeuta, entao a variavel sutil e a dolorosaexperiencia com 0 terapeuta. De acordo com nossa definicao, 0 "rneu dentistame machucou" e uma metafora pois e uma resposta de causas multiplas sobcontrole parcial de uma variavel sutil. 0 cliente nao precisa ter (e provavelmentenao tern) consciencia de que a variavel sutil teve efeito sobre 0que ele disse.

    Como mostra a Figura 1, todas as respostas do cliente sao primeiramenteclassificadas com base nas variaveis 6bvias como sendo Tato (quadro 1), um N. do T.: em ingles, six-seis e sex-sexo.

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    Suplementacao 65Mando (quadro 3) ou um Intraverbal (quadro 4). Depois, naqueles locaisindicados pelas flechas escuras (quadros 1, 3 e 6) ha a sugestao de que a variavelsutil deve ser considerada. Por exemplo se, tendo como base a forma, vocec1assificou a resposta como um tato 6bvio (quadro 1), e a localizacao dosestimulos co ntro lado re s e sta na vida cotidiana (quadro 6), e ntao po de -se especularem relacao a quais estimulos sutis presentes na sessao (quadro 5) poderiam tersido acrescidos aos 6bvios para que aquela resposta ocorresse. Por exemplo, seo c1iente esta falando sobre uma relacao de amizade, quais elementos da relacaoterapeutica estao presentes tambem na relacao exterior e que podem serresponsaveis por ele mencionar 0assunto neste momento? Se 0c1iente descreveseus sentimentos em relacao a outra pessoa, pode-se aventar a hip6tese de queha similaridade com 0que ele sente por voce. Se 0c1iente descreve um eventoocorrido na semana, 0que poderia haver em comum entre a relacao terapeuticaeo fato?

    Usar 0 sistema de classificacao da FAP ajudara a criar hip6teses sobreas variaveis sutis que podem influenciar os comentarios do c1iente. Levantada ahipotese, outras informacoes podem ser coletadas para ajudar em sua legitimacaoou rejeicao.

    Classificacao e Observacao de Comportamento Clinicamente Relevante

    Aqui estao alguns exemplos de como a classificacao pode ajudar aidentificar comportamentos c1inicamente relevantes (CRBs) em seus c1ientes:

    1.Alguns clientes raramente ou nunca observam a si mesmos ou outrosno "aqui e agora". A falta dessas observacoes poderia ser urn CRB 1que interfereem relacoes mais intimas. A observacao de si mesmo e dos outros no aqui eagora deriva da classe de respostas do tato controladas por eventos na sessao -TaSdT (quadro 7). 0 principal metodo utilizado na identificacao de CRB 1 e 0de pedir aos c1ientes para comparar seus comportamentos durante as sessoes ea sua vida cotidiana (por exemplo, "Voce desviou 0olhar e ficou quieta quandoeu pedi para falar sobre seus sentimentos em relacao a mim. E assim tambemcom seu parceiro?"). A respostada comparacao do c1iente pode ser um TaSdTVc(quadro 8).

    2. TaSdTVc (quadro 8). Esse tipo de resposta se enquadra no aprimo-ramento de CRB3, a descricao dos clientes sobre seu comportamento e suas

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    causas. CRB3 e uma forma especial de tato controlada por estimulos ocorridosdurante a sessao terapeutica. A modelagem de CRB3 comeca com 0encorajamento pelo terapeuta, de qualquer tato controlado por estimulosdiscriminativos na terapia (TaSdT),e tanto na terapia quanto na vida cotidiana(TaSdTVc). Uma comparacao entre 0 comportamento nas sessoes versus navida cotidiana encaixa-se na categoria de CRB3 que pode ajudar a transferir osganhos da terapia para a vida cotidiana.

    3.Respostas sutis geralmente constituem CRBl. Primeiramente, elasmostram uma falta de consciencia. Assim, quando uma resposta sutil ocorre,fomece uma oportunidade terapeutica para aumentar a consciencia por meio dedicas e de reforcamento do CRB3 apropriado. Por exemplo, se urn cliente estasob controle da variavel sutil de ser magoado pelo terapeuta e conta a ele sobreuma experiencia dolorosa no dentista, 0 c1iente se beneficia por descrever avariavel sutil e como isso 0 afeta (CRB3). Ou seja, 0 terapeuta deve ajudar 0c1ientea tomar consciencia das variaveis que afetam 0seu comportamento (Regra5). Acreditamos que esse processo comportamental e muito semelhante ao que 0psicanalista descreve como "tomar consciente 0inconsciente". Em segundo lugar,a razao pela qual muitas variaveis controladoras "se escondem" e tomam-sesutis e , principalmente, devido aos efeitos do condicionamento aversivo, indicandoassim urn CRB 1 de esquiva. Em terceiro lugar, mandos disfarcados saofrequentemente CRB 1s pais sao maneiras indiretas de pedir alguma coisa e asolicitacao direta e geralmente mais eficiente.

    4.Classificar as respostas do cliente leva 0terapeuta a urn melhor contatocom 0 contexto total do comportamento do cliente. Ao inves de aceitar oscomentarios do cliente ao pe da letra, 0 sistema de classificacao pode ajudar 0terapeuta a ver as respostas como resultado de variaveis 6bvias e sutis querefletem a hist6ria do cliente, bern como os efeitos da relacao terapeuta-cliente,Enxergar esse "quadro maior" aumenta a sensibilidade ao CRB e ao papel doreforcamento nas sessoes.

    E importante lembrar que a classificacao nao e 0 unico motivo peloqual 0CRB deve ser considerado durante a sessao. Todo 0comportamento docliente deve ser constantemente avaliado quanto as suas possibilidades de CRB.Uma avaliacao de CRB e feita antes mesmo das respostas serem ciassificacas eo diagrama montado. Considere, por exemplo, urn cliente timido e temeroso quenunca se defrontou com uma autoridade e que repentinamente deixa escapar"Voce nao esta prestando atencao no que eu estou dizendo e isso me irritaprofundamente". Imediatamente podemos identificar nesta frase urn CRB2 e

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    Suplementacao 67urn CRB3 sem nem mesmo usarmos 0 processo de classificacao docomportamento verbal. 0 proposito desse processo classificatorio e tomar visiveismais CRBs do que aqueles que podem ser rapidamente averiguados, mas naodeve ser visto como 0unico metodo para se reconhecer este CRB. Vamos agorapassar a alguns exemplos de classificacao.

    Exemplos de Classiflcacao de Respostas do Cliente

    1. "sao dez para as cinco. E hora de ir : s s De acordo com 0 diagrama,primeiramente nos perguntamos "Isso e urn tate obvio (quadro 1),mando (quadro3), ou intraverbal (quadro 4)?". Nossa resposta e "tato obvio" desde que 0relogio seja aparentemente 0estimulo controlador subjacente a forma especificada resposta "dez para as cinco", que por sua vez serve como dica para 0fim dasessao, Prosseguindo no diagrama, nos determinamos a localizacao do estimulodiscriminativo (Sd). Como 0cliente se referiu ao relogio e este esta localizadona sessao terapeutica, e urn 6bvio SdT (quadro 7).

    Agora, a avaliacao do CRB: se urn problema da vida cotidiana do clientee que ele vive compulsivamente sob controle do relogio e "deve" encerrar asessao pontualmente as cinco horas, entao a resposta e urn CRB 1. Entretanto,se 0comentario do cliente e uma melhora em relacao a sua compulsao tipica dotempo, ja vista em sessoes anteriores (onde simplesmente levantaria e sairia), aresposta e urn CRB2. 0 diagrama tambem direciona nossa atencao para fatoressutis; quer dizer, a possibilidade de que a resposta possa ser urn mando disfarcado(quadro 2).

    Por exemplo, uma cliente que deseja que voce pare de perguntar sobreseus sentimentos. 0 reforcamento especial seria, entao, a esquiva de discussoesmaiores sobre este assunto, Sendo esta uma interpretacao sutil, a natureza indiretada resposta poderia ser urn CRB 1.

    2. "Minh a esposa se recusa a lavar as roupas. " Novamente, primeironos perguntamos "Isso e urn tate obvio, mando, ou intraverbal? E urn tato (quadro1), se assumirmos que 0 proprio fato da esposa se recusar a lavar roupas e avariavel de controle sobre a resposta. A localizacao deste evento e a vida cotidianado cliente (SdVc quadro 6). Ao avaliar as possibilidades de CRB, se 0 clientemostrara-se anteriormente receoso de ser critico em relacao a sua esposa, entaopoderiamos ter urn CRB2. 0 proximo pas so, de acordo com 0diagrama e 0de

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    fazer uma interpretacao sutil de um mando disfarcado (quadro 2). E possivelque oc1iente nfio esteja simplesmente "relatando os fatos" como esta implicitono tato 6bvio, mas, ao contrario (ou em adicao), tenha motivos ocultos (isto e ,reforcadores sutis ou especiais - quadro 9). Os possiveis reforcadores especiaissao aqueles em que 0cliente deseja que 0terapeuta diga algo como "Que esposairresponsavel voce tem"; "Aqui esta a maneira de fazer sua mulher lavar aroupa"; ou "Isso e pessimo, num momenta em que voce ja esta estressado". Umpossivel CRB 1relacionado as motivacoes ocultas seria "querer que os outros 0apoiem em seus conflitos conjugais e interpessoais, sem que tenha que pedirdiretamente."

    3. "Quanto voce cobra pelas sessiies?" A resposta e um 6bvio mando(quadro 3) pois exprime um reforcador especifico (quadro 10). 0 reforcador6bvio e 0terapeuta estabelecer uma taxa. E possivel que 0mando nfio seja 0queaparenta, mas envolva um reforcador especial e sutil, SrE (quadro 9). A maisobvia dessas preocupacoes e 0valor fixado pelo terapeuta. Por exemplo, 0eli-ente poderia querer dizer "Reduza 0preco." Essa motivacao oculta indicaria 0CRB 1 de nao ser direto ou nao estar consciente. Se 0 cliente evita estabelecercompromissos em geral, entao outro CRB 1poderia ser a esquiva em estabele-cer 0compromisso de iniciar a terapia, usando 0preco como desculpa.

    4. "Ninguem gosta de mim. " Com base em sua forma, a resposta e umtato 6bvio (quadro 1). A localizacao do Sd de controle parece ser um SdTVc(quadro 8) pois 0"ninguem" pode se referir tambem ao terapeuta. Se 0problemaatual da c1iente, em suas pr6prias palavras, e que "ela nao e digna de ser amada",entao a resposta indica que um CRB 1 esta ocorrendo. Em termos de umainterpretacao sutil, 0mando disfarcado (quadro 2) poderia ser "Por favor, gostede mim" ou "Diga-me que gosta de mim". A qualidade indireta ou inconscientedo mando disfarcado poderia ser um CRB 1.

    5. "Eu sinto nauseas. "E um tato 6bvio (quadro 1) porque a respostaparece ser controlada por um estimulo vindo do estomago. A localizacao do Sdde controle deste tato esta na sessao terapeutica, um SdT (quadro 7). Em geral,as declaracoes de sentimentos sao tatos 6bvios porque considera-se que sejamcontroladas por estimulos anteriores. Pode ser interessante notar que os estimulosde controle sao privados. A resposta indica que um CRB 1 esta ocorrendo, se anausea e 0problema atual, ou um CRB2 se 0cliente nunca reclama de problemasfisicos. Uma interpretacao sutil e que a resposta e um mando disfarcado porempatia ou esquiva de algo que acontecia antes da reclamacao ser feita.

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    Suplementacao 69

    SITUA

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    70 Capitulo 3comportamentos que acompanham este tipo de sentimentos (outros, alem do defalar neles) sao CRB 1 (ou seja, procurar isolar-se, quebrar coisas, tentativas desuicidio),

    3.Encerramento. 0 tipo mais dificil de encerramento e 0 de urntratamento incompleto que termina devido a fatores na vida do terapeuta taiscomo mudanca de emprego, de lugar, ou 0 fim de urn estagio, Isso pode fazeraflorar os sentimentos descritos no item anterior de urn modo ainda mais intenso.Em encerramentos de consenso, e 0momenta do terapeuta ficar atento em relacaoaos CRBs evocados peIo termino. Encerramentos podem trazer preocupacoesacerca da independencia e da auto-confianca, e tristezas acerca de perdasanteriores, separacoes e mortes. E uma chance para 0 cliente aprender a dizeradeus de uma maneira adequada, atraves da expressao da gama de sentimentoscausados pelo fim de uma relacao especial, mas transit6ria. 0 modo como 0cliente reage ao fim do tratamento tern grande probabilidade de tambem ser umaindicacao de como ele reage aos comecos ou terminos em outras areas de suavida pessoal.

    4.Contas. 0 modo como 0 cliente lida com 0 pagamento da terapiapode representar a forma como ele lida com 0dinheiro em geral. 0 c1iente pagaem dia? 0 cliente gerencia suas contas adequadamente? 0 assunto do precopo de ser inserido no tratamento de varias maneiras: (a) Pode levar acomportamentos de afastamento e termino que estao associados a declaracoesdo tipo "Eu nao mereco gastar este dinheiro comigo, outros membros da familiasao mais importantes e merecem muito mais do que eu." (b) Pode ser usado paraevitar sentimentos de intimidade em relacao ao terapeuta - "Voce esta sendolegal comigo porque eu the pago e esse e 0seu service." (c) Pode ser usado paraexplorar 0comportamento e/ou sentimento evocado por produzir (ou nao) umacerta quantia de dinheiro; sentimentos de sucesso, inferioridade, incompetencia,inseguranca, vergonha; competitividade com ou inveja do terapeuta. (d) Ao invesde expressar diretamente para 0terapeuta seus sentimentos negativos em relacaoas contas, a esquiva pode envolver 0atraso do cliente no pagamento da terapia.(e) 0 cliente pode tentar uma reducao dos custos da terapia atraves da mencaodo salario que recebe. (f) Se 0cliente esta em crise financeira, ele pode aceitar aideia de dever 0pagamento e dessa forma receber urn emprestimo do terapeuta?Nessas ocasioes freqiientemente podemos observar comportamentos relacionadosao dar e receber numa relacao, e a nao querer dever nada a ninguem, mesmo aponto de ter prejuizo pessoal.

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    Suplementacao 71

    5. "Erros" ou comportamentos ndo intencionais do terapeuta. 0 ditado"Tudo 0 que caina rede da terapia e peixe" se aplica aqui. Mesmo 0melhorterapeuta pode chegar atrasado a sessao, passar do horario com 0cliente anterior,pensar em outra coisa enquanto 0cliente esta contando algo importante, esquecerde fazer uma ligacao que havia prometido ao c1iente ou agir de qualquer outramane ira que faca com que 0cliente se sinta pouco importante ou incompreendido.Como 0 seu c1iente reagiria a urn terapeuta que nao fosse perfeito? Os erros doterapeuta sao ocasioes que podem evocar os seguintes CRBs: esquivar-se deexpressar diretamente a raiva e frustracao, problemas associados asentimentosde baixa auto-estima, ou reagir aos erros do terapeuta de forma extremada,decorrente de idealizar os outros a tal ponto que uma desilusao se toma inevitavel.Qualquer urn desses comportamentos pode interferir no desenvolvimento derelacoes estaveis.

    6. Silencios e lapsos na conversa. A caracteristica mais evidente dapsicoterapia de adultos e que esta consiste em duas pessoas conversando entresi. : E comum essa conversa chegar a urn beco sem saida e parar - ambos parecemnao ter nada mais a dizer. Essa situacao pode evocar CRBs no cliente, alem deno proprio terapeuta. Urn lapso na conversa evoca ansiedade aliada a uma certaconfusao que, par sua vez, dificulta ainda mais 0 reinicio da conversa. Aansiedade, confusao, e dificuldade em retomar a interacao sao 0problema. 0CRB2 se constituiria em aprender a tolerar mais as silencios, extinguir a ansiedadee/ou desenvolver urn comportamento que facilite a retomada da conversa nasocasioes em que ela se interrompe.

    7.Expressdo de afeto. Estamos nos referindo a expressao dos sentimentosque resultam do contato com estimulos que eliciam os respondentes chamadosemociies e/ou descricoes de sentimentos. Nossa vi sao das emo90es e dada noCapitulo 4, que traz uma explicacao mais completa e fomece a racional paranossos comentarios nessa secao, A expressao de afetos tais como tristeza,necessidade, vulnerabilidade, raiva e carinho, facilita 0 desenvolvimento e amanutencao de relacoes mais pr6ximas. Ha, entretanto, muitos fatores queprejudicam essa expressao, Assim, por exemplo, muitos c1ientes tern problemasem chorar na frente dos outros ou em expressar adequadamente sua raiva. Essedesconforto em mostrar suas emocoes mais fortes freqiientemente dificulta 0tratamento. Clientes tern afirmado que mostrar sentimentos significaria "tornar-se fraco", "tornar-se inferior", "ser vulneravel demais", "nao ser capaz de parar",

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    72 Capitulo 3

    "estar fora de controle" ou "ser motivo de chacota". Incluern-se noscomportamentos de esquiva que estao associados a demonstracao de afeto: mudaro assunto; conversas interminaveis e detalhadas sobre topicos tangenciais; naofalar; focalizar urn objeto no escrit6rio; contagem regress iva de 1000 ate 1. Emalguns raros exemplos, 0CRB eo uso deliberado que 0 c1iente faz da raiva oudas lagrimas, para controlar 0 comportamento dos outros.

    8. Sentindo-se bern, estando bern. Para alguns c1ientes, sentir-se bernou estar bern serve como urn estimulo aversivo. Isso motiva urn comportamentode esquiva que aparece na forma de ser e agir de maneira infeliz ou depressiva.Alguns clientes contam que sentem ansiedade, medo, perda de controle e "umasensacao de estar chegando ao fundo do P090." Suas historias revelamexperiencias nas quais foram punidos de alguma forma por sentirem-se bern, e,em conseqiiencia disso, atribuiram ao "estar bern" suas propriedades de controleaversivo. Por exemplo, urn pai ciumento e com disturbios psicologicos que seafasta, ou, entao, pune a crianca que e bern sucedida. Estar bern tambem poderiasinalizar a perda do terapeuta, pois a terapia se encerraria. E desnecessariodizer que 0CRB 1 que consiste de depressao ou de infelicidade como forma deesquivar-se ao estar bern ou 0 termino do tratamento poderiam comprometerseriamente 0 reforcamento positivo a longo prazo para 0 cliente.

    9 . Feedback positivo e demonstracoes de afeiciioporparte do terapeuta.Alguns c1ientes nao reagem bern as expressoes positivas vindas do terapeuta.Eles podem reagir ao feedback positivo como se este fosse urn reforcadorarbitrario, urn sinal de exigencias crescentes, ou uma indicacao da retirada dereforcamentos positivos. Os clientes, desta maneira, podem resistir, se esquivar,ignorar ou ainda desconsiderar 0que 0terapeuta lhes tenha dito. Suas respostaspodem tambem estar acompanhadas de sentimentos de ernbaraco, inutilidade,desconforto e de pensamentos como "Agora terei que corresponder a essas suasexpectativas ou voce ira me desaprovar"; "Voce nao me conhece realmente, equando conhecer, ira me deixar"; "Voce esta me dizendo isto para ser agradavele eu nao acredito em voce". Todas essas respostas podem ser adquiridas emfamilias nas quais 0 feedback positivo tenha sido associado a conseqiienciasaversrvas,

    10. Sentindo-se intimo ao terapeuta. Quando 0 terapeuta demonstraafeto, preocupacao e compreensao, ou fica ao lado do cliente durante momentosdificeis, 0 cliente pode sentir-se intimo do terapeuta. Esses sentimentosnonnalmente sao acompanhados de um repertorio de manter contato, que inclue

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    Suplernentacao 73passar mais tempo com a pessoa, contato ou proximidade fisica; expressao desentimentos positivos; fazer coisas para ajudar ou proteger a pessoa. No entanto,estes repertories comportamentais podem ter sido punidos no passado por meiode perdas, rejeicoes ou abandono. Alem disso, as limitacoes da relacao terapeutica(limite de tempo, contato restrito a sessao, etc.) tambem resultam em punicaopara estes "repertories de proximidade". Qualquer que seja a causa, essaproximidade e geralmente urn Sd aversivo que motiva 0 cliente a emitir urncomportamento que a remova. Como essa esquiva pode ser dificil de detectarpois muitos desses comportamentos de proximidade nao ocorrem durante asessao, 0 terapeuta guia-se pelos sentimentos colaterais. Quando voce se senteproximo ao cliente, ele se comporta de tal maneira a facilitar essa proximidade,ou ele emite comportamentos que diminuem seus sentimentos de proximidade?Uma variedade de respostas de esquiva pode resultar no distanciamento, incluindotornar-se critico, sentir raiva, sentir-se entorpecido par dentro e sem sentimentonenhum, dizer que nao precisa mais comparecer as sessoes ou fazer comentariosque desmerecam 0valor da relacao apenas porque esta e uma relacao profissional.Urn primeiro passo para resolver este problema esta em 0 cliente aprender afalar sobre a relacao funcional (CRB3s), como no exemplo "Neste instante euestou me sentindo proximo a voce, estou querendo ficar com voce, mas sei queisso nao e possivel. Isso me entristece, entao quero afastar voce de mim".

    11. Caracteristicas do terapeuta. Certas caracteristicas estaveis doterapeuta como idade, sexo, raca, peso, atrativos fisicos, e tendencias decomportamento para ser falante ou quieto, gentil ou confrontador, expansivo oudiscreto, liberal ou inflexivel, podem evocar CRB. Por exemplo, urn terapeutamais velho pode fazer lembrar do pai; urn terapeuta falante ou confrontadorpode evocar falta de assertividade, alem de sentimentos de intimidacao evulnerabilidade; urn terapeuta magro pode causar inveja, retraimento ecomentarios do tipo "Voce nao e capaz de entender meu problema", a urn clienteacima do peso. Todo terapeuta deveria tentar pensar sobre suas propriascaracteristicas e procurar pelos possiveis efeitos evocativos de CRB.

    12. Eventos incomuns. Algumas vezes 0 CRB mais importante podeocorrer sob condicoes pouco comuns. Alguns exemplos desses eventosidiossincraticos podem ser: encontrar 0 terapeuta com outra pessoa fora doconsultorio; a terapeuta engravidar, quebrar uma perna, ou ter que viajar porcausa de uma emergencia na familia. Eles podem servir como estimulos aversivosmuito fortes que provocam comportamentos tais como sentimentos intensos deposse, rivalidade, dependencia, desamparo e mortalidade.

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    13. Sentimentos ou privacidade do terapeuta. As respostas privadasdo terapeuta em relacao ao c1iente podem ser uma boa fonte de informacoessobre os comportamentos c1inicamente relevantes. Sentimentos de tedio, irritacaoou raiva no terapeuta podem indicar que as maneiras pelas quais 0cliente estase comportando tern grande probabilidade de fazer emergir esses mesmossentimentos em outras pessoas. Por exemplo, uma cliente reclama que terndificuldade em fazer amizades e nao entende 0porque. Voce nota que facilmentese entedia com ela e sua atencao se dispersa, porque ela fala monotonamentesobre trivialidades por urn longo periodo, sem se preocupar se voce esta ou naointeressado no assunto. Assim, uma auto-observacao pode auxiliar nadiscriminacao destes comportamentos-problema e tambem pode ser usada paradetectar as melhoras (CRE2), como por exemplo, falar de modo mais animadopor urn periodo de tempo menor, e formular perguntas.

    Em resumo, as situacoes terapeuticas que foram analisadas saorepresentativas das divers as maneiras pelas quais os estimulos associados aterapia podem evocar CRE no cliente. 0 sistema de classificacao do compor-tamento verbal apresentado na primeira parte deste capitulo pode ajudar aaumentar a consciencia do CRE atraves da focalizacao da atencao do terapeutanas causas sutis das verbalizacoes do c1iente. As auto-observacoes dos c1ientesno aqui e agora, e tambem suas comparacoes dos eventos na terapia com a vidacotidiana, sao descricoes que podem ajudar na generalizacao dos ganhos obtidosna terapia.