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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E CITOTÓXICO ASSOCIADO A QUEIMA ARTESANAL DA CASTANHA DE CAJU NO MUNICÍPIO DE JOÃO CÂMARA-RN. MARCOS FELIPE DE OLIVEIRA GALVÃO NATAL – RN 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E CITOTÓXICO ASSOCIADO A QUEIMA ARTESANAL DA CASTANHA DE CAJU

NO MUNICÍPIO DE JOÃO CÂMARA-RN.

MARCOS FELIPE DE OLIVEIRA GALVÃO

NATAL – RN 2011

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MARCOS FELIPE DE OLIVEIRA GALVÃO

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E CITOTÓXICO ASSOCIADO A QUEIMA ARTESANAL DA CASTANHA DE CAJU

NO MUNICÍPIO DE JOÃO CÂMARA-RN.

Dissertação apresentada ao

Departamento de Bioquímica da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em

Bioquímica.

Orientadora: Profª. Drª. Silvia Regina

Batistuzzo de Medeiros

NATAL – RN 2011

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Seção de Informação e Referência

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Galvão, Marcos Felipe de Oliveira.

Avaliação do potencial genotóxico e citotóxico associado a queima artesanal da

castanha de caju no Município de João Câmara. / Marcos Felipe de Oliveira Galvão–

Natal, RN, 2011.

116 f. ; il.

Orientador: Silvia Regina Batistuzzo de Medeiros.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de

Biociências. Departamento de Bioquímica. Programa de Pós-Graduação em

Bioquímica.

1. Risco ocupacional – Dissertação. 2. Queima de biomassa – Dissertação. 3.

Castanha de caju – Dissertação. 4. Material particulado – Dissertação. 5.

Genotoxicidade – Dissertação. 6. Micronúcleo – Dissertação. I. Medeiros, Silvia

Regina Batistuzzo de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 504.5

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Dedico essa dissertação aos meus pais, Alfredo Galvão Neto e Tereza

Cristina de Oliveira pelo empenho e dedicação no meu processo de formação

e construção do caráter e a minha avó Paula Frassinetti de Oliveira por

despertar em mim a importância da educação como ferramenta de

transformação.

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AGRADECIMENTOS

Confesso que escrever os agradecimentos foi uma das etapas mais

prazerosas desta longa caminhada, por exigir apenas do meu coração para

demonstrar toda a minha gratidão, que dá sentido ao passado, traz paz para o hoje,

e cria uma visão para o amanhã. Venho aqui agradecer aqueles que contribuíram

direta e indiretamente para a conclusão desse trabalho.

Agradeço:

A Deus, que me concedeu a dádiva da vida e ter me dado a força necessária

para continuar trilhando minhas conquistas.

Aos meus pais, por terem me apoiado em todos estes anos, ensinando-me,

principalmente, a importância da construção e coerência do caráter, valores éticos e

cuidado com o próximo, que são características que um homem digno deve sempre

ter.

A minha mãe, Tereza Cristina de Oliveira, pelo cuidado, carinho e atenção.

Tenho cada vez mais certeza de que nossas divergências só nos aproximam e o

que sempre prevaleceu é o sentimento mais puro da maternidade.

Ao meu pai, Alfredo Galvão Neto, sei que é na nossa eterna cumplicidade que

são amenizadas as nossas dificuldades e provações. Me fez entender que a

distância física não é obstáculo para a perpetuação do sentimento que temos um

pelo outro, sinto em cada momento a sua forte presença em meu coração, meu

maior e eterno ídolo. Tenho forte na memória as suas palavras: “a maior herança

que um pai pode deixar para um filho é a educação, esta ninguém poderá tirar de

você”.

A minha avó materna Paula Frassinetti de Oliveira pela sensatez, dignidade e

força de vontade com a qual exerce o papel de matriarca, cuidando de todos da

família. Nunca esquecerei as diversas palavras de incentivo e motivação para com

os meus estudos, exaltando a importância deles em minha vida. A minha avó

paterna Raimy de Moura Galvão pelo carinho e preocupação comigo, seu bom

humor me contagia.

A minhas tias Ana Cláudia e Cláudia Adriana por acreditarem no meu

potencial, sempre me motivando.

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Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq,

Edital 18/2006, pelo apoio financeiro a este projeto de pesquisa.

A minha orientadora, Profa Dra Sílvia Regina Batistuzzo de Medeiros, pela

oportunidade, confiança, ensinamentos e orientação. Minha mais profunda

admiração e respeito pela genialidade como pesquisadora e, simplicidade como

pessoa.

Ao meu grande amigo Thiago de Melo Cabral pelo apoio incondicional a

realização deste trabalho, pelos conselhos e palavras de incentivo, estimulando

minhas descobertas. Foram meses e meses saindo de casa à meia noite para

chegar na Comunidade do Amarelão à 80 km de distância, no horário de início da

queima da castanha de caju (02:00), dirigido em carro particular por estradas

perigosas e de barro, muitas vezes encharcada, dormindo dentro do carro em meio

a melodia dos seus intermináveis roncos, não foi fácil. Mas a amizade e

companheirismo construído ao longo deste período superou qualquer dificuldade.

Aos moradores da comunidade do Amarelão, em especial a família do casal

Sr. Emanoel e Dona Noêmia que nos recebeu com tanta atenção e empenho em

suas palhoças.

Ao meu irmão Túlio Madson sempre disposto a ajudar e incentivar quando eu

mais preciso. Aos demais irmãos Isabelle Cristina, Thayanne Gabriele, Mayana

Camila e Thales Pessoa.

A família Cabral, Tarcisio Cabral, Maria Eunice, Thiago Cabral, Marcelly

Cabral e Marcelo Cabral, podem ter certeza que o padrão e princípios de família que

eu aprendi com vocês irei guardar para o resto de minha vida. Não tem uma única

vez em que entrei na casa de vocês e não tenha me sentido como mais um filho. A

Jonny de Freitas, me faltam palavras para descrever a genialidade desse rapaz, sua

amizade é fundamental em minha vida. Aos agregados da família e amigos do poker

Rodrigo Noronha e Suellen Moraes, Diogo Dantas e Gersica Dantas.

A Jana Dara e Angélica Leal por me mostrar o real valor de uma verdadeira

amizade construída com muito carinho ao longo dessa jornada. Jana Dara quantas

vezes esteve me apoiando nos momentos mais difíceis de minha vida, quantas

lágrimas compartilhadas, quantos conselhos que eu nunca segui. Agradeço muito ao

mestrado por ter nos aproximado e aflorado esse sentimento que tenho por vocês e

que guardarei com muito carinho. A todos os demais amigos da turma de 2009.1 do

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Mestrado em Bioquímica, Luciana Rabelo, Diego, Dayse Santos, Dayse Cunha,

Leonardo Nobre, Ruth, Renata, e Rafael.

Aos queridos amigos do Laboratório de Mutagênese Ambiental – LAMA,

certamente não teria lugar mais apropriado para o desenvolvimento deste trabalho.

As inesquecíveis tardes de trabalho regadas a diversão e descontração jamais serão

esquecidas.

Aos amigos da “velha guarda”: Givanilson Brito, hilário e companheiro,

Jefferson Barbosa e Edson Caio, sensatos e competentes, Maria Beatriz, sempre de

bem com a vida, Daniel Andrade, Alexandre Endres, Lucila Egito e Luciana

Fentanes. A Nilmara de Oliveira Alves (ou simplesmente Nilmarete) que fez presente

em todos os momentos deste trabalho, você não tem idéia do quanto suas palavras,

incentivo e carinho foram importantes, sua simplicidade e honestidade são minhas

referências. A Anuska Garcia, irreverência em pessoa, sempre com as palavras

certas na hora certa, sou grato pelas milhares de risadas seguidas de conselhos

preciosos que você me proporcionou. A Deborah Afonso, desculpe pelas vezes que

te chamei de vovó, mas toda a sua maturidade e espírito de vida sempre me

encantou. A Carol Corado, exemplo de uma pessoa perspicaz e amiga. A Caio

Graco pelas previsões, desmistificando alguns mitos. Natália Barbosa, sempre

atenciosa, principalmente ao trazer empadinhas direto de João Pessoa. Joana

Cristina, Isabella Tanus, Luíza Xavier, Thais Pimentel Guilermo, Mayara, Richelly

Dantas e Ana Flávia.

A todos os amigos do Laboratório de Biologia Molecular e Genômica – LBMG.

A Fábio Duarte, vulgo Fabão, pelo carinho e momentos de irreverência, chefe dos

“pintas”. A Tatiana Pereira, sua breve passagem pela laboratório demonstrou o

quanto você é especial e transforma os lugares em que passa. Amanda Larissa e

Ana Rafaela o carinho e amizade de vocês é um presente que guardo com muito

carinho e sei que a perpetuação desta amizade é uma constante cada vez mais

certa. Ana Helena, Abí Jack, Daniel Chaves, Daniele Maria, Delanne Sena, Fabrícia

Lima, Fabíola Marques, Fernanda, Francinaldo, Juliana Alves, Julliane Tâmara,

Larissa Medeiros, Leonam Coutinho, Sthephanie Nassif e Thayse Azevedo.

Aos meus velhos e fiéis amigos, não sei o que seria de mim sem o apoio

incondicional, vocês são a força motriz que rege todas as minhas conquistas. Me

sinto muito querido em saber que tenho amizades pautadas na cumplicidade,

fidelidade e respeito: Joel Giuseppin, Camila Joice, Camila Saraiva, Camila

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Santiago, Engel Medeiros, João Carlos, Alamanda Araújo, Monalyza Roberta, Paula

Beatriz, Pedro Vitor Rabelo, Iraktan Ramos, Amaury Duarte, Edgard Maranhão,

Clara Carvalho, Aline Mendonça, Daniela Vieira, Juliana Mendonça, Ana Paula

Fulco, Jailson Sousa, Katrine Cavalcanti, Ana Guedes, Carina Vasconcelos e

Larissa Galvão. A Ana Carolina pelo aprendizado de vida.

A Eloísa Teixeira Berreza que foi um anjo de olhos verdes que Deus mandou

para me iluminar nesta reta final do mestrado. Companheirismo, atenção, cuidado e

cumplicidade que me encantou de forma muito encorajadora. Jamais irei esquecer

as vezes em que limpou as minhas lágrimas, nunca deixando de acreditar em mim,

ressaltando meus princípios e capacidade.

Aos meus grande amigos da família Harper, Felipe Neto e Daniel Braz, tenho

certeza que o companheirismo e encanto desta bela amizade irá perdura por muito

tempo. A Maria Fernandes, Rebecca Guimarães, Jovilma Soares, Raphaella Martins,

Priscila Coelho, Larissa Chamberlain, Emilia Teixeira e Milton Duarte, amigos que

vieram na hora e dose certa.

Ter começado a escrever estes agradecimentos na mais bela praia do Brasil,

Barra do Cunhaú - RN, local cuja a minha história de vida está registrada e

testemunhada em cada grão de areia, em meio a muitas lágrimas, por ter

relembrado dos momentos de felicidade com as pessoas que estarão para sempre

guardadas no meu coração, me faz lembrar o quanto eu sou feliz por simplesmente

fazer o que eu gosto. Obrigado a todos que entendem os meus momentos de euforia

acompanhados de entusiasmo, alegria e bom humor, mas principalmente os

momentos de silêncio.

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“Ninguém é digno do pódio se não usar suas

derrotas para alcançá-lo. Ninguém é digno da

sabedoria se não usar suas lágrimas para cultivá-la.

Ninguém terá prazer no estrelato se desprezar a beleza

das coisas simples no anonimato. Pois nelas se

escondem os segredos da felicidade.”

Augusto Cury

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RESUMO

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de castanha de caju e apesar da importância social e econômica, sua produção ainda é realizada de forma artesanal. Um dos maiores problemas da cadeia produtiva do caju são as condições nas quais ocorre a queima artesanal da castanha para se obter a amêndoa. No presente estudo foi realizado um biomonitoramento do potencial genotóxico e avaliação da citotoxicidade associada aos elementos oriundos da queima artesanal da castanha de caju no município de João Câmara - RN, semi-árido brasileiro. Para a avaliação genotóxica foi utilizado o bioensaio de micronúcleo (MN) em Tradescantia pallida. Além disso, foi realizado um comparativo quanto a sensibilidade da T. pallida frente ao clone KU-20 e outros biomarcadores de danos no DNA, tais como as pontes nucleoplasmáticas (PNP) e fragmentos nucleares (FN) foram quantificados. A avaliação citotóxica se deu pelo ensaio MTT e método de exclusão por tripan blue. As concentrações de material particulado (MP1,0, MP2,5, MP10) e black carbon (BC) foram determinadas e a composição inorgânica do MP2.5 definida pela técnica de fluorescência de raios-X. Foram definidos dois pontos testes: Comunidade do Amarelão (local de queima da castanha de caju) e Fazenda Santa Luzia (sem influência da atividade). Os valores médios obtidos para o MP2,5 (Jan - 2124,2 µg/m3; Mai – 1022,2 µg/m3; Set – 1291,9 µg/m3) e BC (Jan 363,6 µg/m3; Mai 70 µg/m3; Set 69,4 µg/m3), bem como a concentração dos elementos Al, Si, P, S, Cl, K, Ca, Ti, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Se, Br e Pb obtidos no Amarelão foram significativamente maiores que na Fazenda Sta. Luzia. Os testes de genotoxicidade com T. pallida indicaram um aumento de 2-7 vezes maior na frequência de MN para o Amarelão. Os outros biomarcadores também apresentaram sua frequência aumentada. Além disso, verificou-se uma correlação negativa entre a freqüência de MN, PNP e FN com a precipitação pluviométrica. As concentrações de 200 µg/mL e 400 µg/mL do MP2,5 em suspensão foram citotóxicas para as células MRC-5. O conjunto dos resultados indicaram genotoxicidade e citotoxicidade para a comunidade do Amarelão, sendo as altas concentrações de MP2,5 um dos prováveis contribuintes para esse efeito, principalmente pela elevada presença de metais de transição, sobretudo Fe, Ni, Cu, Cr e Zn, que potencialmente causam lesões no DNA. Outras alterações nucleares, como PNP e FN podem ser utilizadas como biomarcadores efetivos de danos no DNA em tétrades de T. pallida. Os conjunto dos resultados possibilitaram a identificação de um problema ocupacional grave, com sérios riscos aos trabalhadores que exercem a atividade. Diante disto, a adoção de medidas preventivas e de melhores práticas, são de fundamental importância para o desenvolvimento sustentável da atividade e melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores. Palavras-chave: Risco ocupacional, Queima de biomassa, Castanha de caju, Material particulado, Genotoxicidade, Micronúcleo.

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ABSTRACT

The Brazil is the third largest producer of cashew nuts in the world. Despite the social and economic importance of the cashew nut, its production is still carried out artisanally. One of the main problems encountered in the cashew production chain are the conditions under which the roasting of the nut occurs to obtain the kernel from the shell. In the present study was conducted a biomonitoring of the genotoxic and cytotoxicity effects associated with the elements from the cashew nut roasting in João Câmara - RN, semi-arid region of Brazil. To assess the genotoxic was used the bioassay of micronucleus (MN) in Tradescantia pallida. In addition, it was performed a comparative between the Tradescantia pallida and KU-20 and other biomarkers of DNA damage, such as the nucleoplasmic bridges (NBP) and nuclear fragments (NF) were quantified. The levels of particulate matter (PM1.0, PM2.5, PM10) and black carbon (BC) were also measured and the inorganic chemical composition of the PM2.5 collected was determined using X-ray fluorescence spectrometry analysis and the assessment of the cytotoxicity by MTT assay and exclusion method by trypan blue. . For this purpose, were chosen: the Amarelão community – where the roasting occurs and the Santa Luzia farm – an area without influence of this process. The mean value of PM2.5 (Jan 2124.2 µg/m3; May 1022.2 µg/m3; Sep 1291.9 µg/m3) and BC (Jan 363.6 µg/m3; May 70.0 µg/m3; Sep 69.4 µg/m3) as well as the concentration of the elements Al, Si, P, S, Cl, K, Ca, Ti, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Se, Br and Pb obtained at Amarelão was significantly higher than at Santa Luzia farm. The genotoxicity tests with T. pallida indicated a significant increase in the number of MN, NBP and NF and it was found a negative correlation between the frequency of these biomarkers and the rainfall. The concentrations of 200 µg/mL and 400 µg/mL of PM2.5 were cytotoxic to MRC-5 cells. All together, the results indicated genotoxicity and citotoxicity for the community of Amarelão, and the high rates of PM2.5 considered a potential contributor to this effect, mainly by the high presence of transition metals, especially Fe, Ni, Cu, Cr and Zn, these elements have the potential to cause DNA damage. Other nuclear alterations, such as the NPBs and NFs may be used as effective biomarkers of DNA damage in tetrads of Tradescantia pallida. The results of this study enabled the identification of a serious occupational problem. Accordingly, preventative measures and better practices should be adopted to improve both the activity and the quality of life of the population. These measures are of fundamental importance for the sustainable development of this activity. Key words: Occupational risk, Biomass burning, Cashew nut roasting, Particulate matter, Genotoxicity, micronuclei.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. A - Distribuição do MP nas vias aéreas. O MP ≥ 10 µm é retido entre o

nariz e a boca. MP 10 µm ultrapassa a laringe e penetra na traquéia e brônquios. MP

2,5 µm e MP 0,1 µm chega aos alvéolos pulmonares. B - Partículas finas e

ultrafinas fagocitadas pelos alvéolos pulmonares e desencadeando um processo

inflamatório........................................................................................................... 23

Figura 2. Modelo hierárquico de estresse oxidativo ............................................ 25

Figura 3. (A-E) Processo de queima da castanha de caju na comunidade do

Amarelão, João Câmara - RN; (F) Quebra da castanha para obtenção da amêndoa

............................................................................................................................. 34

Figura 4. (A) Esquema do processo de formação do micronúcleo (origem

clastogênica e aneugênica); (B) e ponte nucleoplasmática ................................ 39

Figura 5. Tradescantia pallida (Rose) D.R. Hunt var. purpúrea........................... 40

Figura 6. Localização dos pontos de exposição das mudas de T. pallida e do clone

KU-20 e amostragens do material particulado. A seta acima indica a direção

dominante dos ventos na região. ......................................................................... 45

Figura 7. (A e C) Medição de MP1,0, MP2,5 e MP10 na comunidade do Amarelão com

o auxílio do amostrador portátil “DUSTRAK” aerossol monitor; (B e D) Medição de

MP2,5 e BC realizada com o equipamento portátil “Mini-Sampler”........................ 47

Figura 8. A - Floreiras contendo os diferentes componentes utilizados na

preparação do solo. B - Casa de vegetação onde foi realizada a propagação das

mudas antes do período experimental. C - Mudas prontas para serem levadas para

os locais de exposição.............. ........................................................................... 50

Figura 9. Esquema da preparação citológica. ..................................................... 51

Figura 10. Filtros de policarbonato usado no amostrador Mini-sampler após

campanha de exposição nos três pontos teste. A - Corresponde ao filtro exposto na

comunidade do Amarelão; B - Corresponde ao ponto Fazenda Sta. Luzia. ........ 57

Figura 11. Índice pluviométrico para a cidade de João Câmara - RN no ano de 2007,

período em que foi realizado as medições de MP1,0, MP2,5 e MP10 com o amostrador

portátil “DUSTTRAK™ Aerossol Monitor”............................................................. 60

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Figura 12. Índice pluviométrico para a cidade de João Câmara - RN entre os meses

de agosto/2008 e setembro/2009, período em que foi realizado o biomonitoramento

e as amostragens de MP2,5 com o amostrador portátil “Mini-Sampler”................. 60

Figura 13. Tétrades de Tradescantia pallida coradas com acetato de carmim a 2% e

visualizadas em microscopia óptica com um aumento de 400 X. A e D – Morfologia

de tétrades sem alterações nucleares; B, C e E – Tétrades com a presença de um

micronúcleo; F – Tétrade com dois micronúcleos. (As setas apontam os

micronúcleos).. ..................................................................................................... 61

Figura 14. Comparativo da frequência média de MN in situ em inflorescências de

Tradescantia pallida frente ao clone KU-20 para o mês de novembro/2008 na

fazenda Sta. Luzia, UFRN e Comunidade do Amarelão.. .................................... 62

Figura 15. Frequência média de MN in situ em tétrades de T. pallida expostas na

comunidade do Amarelão e a concentração média de MP2,5 para os meses de

janeiro, maio e setembro de 2009. ....................................................................... 64

Figura 16. Biomonitoramento in situ da frequência média de MN em tétrades de T.

pallida para a Comunidade do Amarelão e Fazenda Sta. Luzia e precipitação

pluviométrica mensal para o mesmo período em análise. ................................... 66

Figura 17. Diagrama de dispersão para o índice de MN com relação a precipitação

pluviométrica para o mesmo período de coleta das inflorescências de T. pallida.

Correlação negativa franca para a Fazenda (r = -0,41) e negativa moderada para o

Amarelão (r = -0,58). ............................................................................................ 67

Figura 18. Ensaio de viabilidade celular pelo método de exclusão por azul de tripan,

utilizando as cinco concentrações do extrato inorgânico obtido do MP2,5 coletado na

comunidade do Amarelão..................................................................................... 69

Figura 19. Ensaio de citotoxicidade celular pelo método MTT, utilizando as sete

concentrações do extrato inorgânico obtido do MP2,5 coletado na comunidade do

Amarelão.............................................................................................................. 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Padrões nacionais de qualidade do ar estabelecidos pelo CONAMA,

Resolução nº 03 de 28/06/90. .............................................................................. 28

Tabela 2. Critérios para episódios agudos de poluição do ar estabelecidos pelo

CONAMA, Resolução nº 03 de 28/06/90.............................................................. 29

Tabela 3. Quantificação do MP1,0, MP2,5 e MP10 para os dois pontos testes no mês

de maio de 2007, utilizando o amostrador portátil “DUSTTRAK™ Aerossol Monitor”,

assim como os limites de qualidade do ar estabelecidos pelo CONAMA, USEPA e

OMS. .................................................................................................................... 56

Tabela 4. Quantificação do MP2,5 e black carbon para os dois pontos testes no mês

de janeiro do ano de 2009, utilizando o amostrador portátil “Mini-Sampler” da

Harvard................................................................................................................. 58

Tabela 5. Composição elementar dos componentes retidos nos filtros de

policarbonato amostrados pelo Mini-Sampler na Fazenda Santa Luzia e Comunidade

do Amarelão nos meses de janeiro, maio e setembro de 2009............................ 59

Tabela 6. Frequência mensal de micronúcleos e respectivos desvio-padrão (D.P.)

em inflorescências de T. pallida amostradas em cada ponto teste, durante o período

de julho de 2008 a setembro de 2009 e o número de tétrades analisadas. ......... 63

Tabela 7. Matriz de correlação entre a frequência de micronúcleos (MNs), pontes

nucleoplasmáticas (PNP), fragmentos nucleares (FN) e pluviometria para a

Comunidade do Amarelão e Fazenda Sta. Luzia. ................................................ 68

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LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS

ACGIH American Conference of Govermental Industrial Hygienists

BC Black Carbon

BNL-4430 Clone de Tradescantia desenvolvido no Brookhaven National

Laboratory

CAT Catalase

CAP Concentrated Ambient Particles

CBMN Cytokinesis-Block Micronucleous Assay

CEN European Standardization Committee

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DMEM Dulbeccos Minimal Essential Medium

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte

EROs Espécies Reativas de Oxigênio

FN Fragmento nuclearF

FPG Formamidopirimidina DNA Glicosilase

FRX Fluorescência de Raios-X

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

HPAs Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPCS International Programme on Chemical Safety

ISO International Organization for Standardization

KU-20 Clone de Tradescantia desenvolvido na Universidade de Kyoto

LCC Líquido da Castanha de Caju

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MN Micronúcleo

MP Material Particulado

MP0,1 Material Particulado com granulometria menor ou igual a 0,1 µm

MP2,5 Material Particulado com granulometria menor ou igual a 2,5 µm

MP10 Material Particulado com granulometria menor ou igual a 10 µm

MRC-5 Estirpe de células diplóides de pulmão de feto humano

MTT Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazoL-2-il)-2,5-difeniltetrazólio

NAAQS National Ambient Air Quality Standards

NOx Óxidos de nitrogênio

NR-9 Norma Regulamentadora 9 (Programa de Prevenção dos Riscos

Ambientais – PPRA)

NR-15 Norma Regulamentadora 15 (Atividades e Operações Insalubres)

OH• Radical hidroxila

OMS Organização Mundial da Saúde

PED Partículas de Exaustão do Diesel

PEG Partículas de Exaustão da Gasolina

PIB Produto Interno Bruto

PNP Ponte nucleoplasmática

PTS Partículas Totais em Suspensão

SEDEC Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico do Rio Grande

do Norte

SOD Superóxido Dismutase

T. pallida Tradescantia pallida

LEO Limites de Exposição Ocupacional

Trad-MCN Teste de micronúcleo em Tradescantia

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TVL Threshold Limit Values

UFP Ultrafine Particles

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

US EPA United States Environmental Protection Agency

WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................21

1.1 Poluição atmosférica........................................................................................21

1.1.1 Material Particulado (MP) ......................................................................22

1.1.2 Black carbon (BC)..................................................................................26

1.2 Legislação ambiental e ocupacional aplicável ao material particulado ............27

1.3 Queima de biomassa.......................................................................................31

1.3.1 Queima da castanha de caju no Rio Grande do Norte ..........................31

1.4 Testes de genotoxicidade................................................................................35

1.4.1 Vegetais como bioindicadores da poluição atmosférica ........................36

1.4.2 Teste de micronúcleo em Tradescantia (Trad-MCN).............................37

1.4.2.1 Utilização da Tradescantia pallida no Trad-MCN............................40

1.5 Testes de citotoxicidade ..................................................................................41

1.6 Objetivos..........................................................................................................42

2. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ........................................................................43

3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................44

3.1 Área de estudo ................................................................................................44

3.2 Quantificação do material particulado com o uso de amostradores ................45

3.2.1. Amostrador DUSTTRAK™ Aerossol Monitor (MP1,0, MP2,5 e MP10) .....45

3.2.2. Amostrador Mini-Sampler (MP2,5) .........................................................46

3.3 Análise da composição do material particulado acumulado nos filtros de

policarbonato .........................................................................................................47

3.3.1. Determinação Gravimétrica de Massa..................................................48

3.3.2. Análise de Reflectância ........................................................................48

3.3.3. Análise de Fluorescência de raios-X ....................................................48

3.4 Teste de micronúcleo em Tradescantia (Trad-MCN).......................................49

3.4.1 Cultivo e exposição das mudas .............................................................49

3.4.2 Coleta das inflorescências.....................................................................50

3.4.3 Preparação citológica ............................................................................51

3.4.4 Análise citogenética...............................................................................51

3.5 Extração do MP2,5 retido nos filtros..................................................................52

3.6 Bioensaios com cultura de células...................................................................52

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3.6.1. Cultura de células .................................................................................52

3.6.2 Viabilidade celular..................................................................................53

3.6.3 Citotoxicidade celular.............................................................................53

3.7 Análise estatística............................................................................................54

4. RESULTADOS......................................................................................................55

4.1 Quantificação do material particulado com o uso de amostradores ................55

4.1.1. Amostrador DUSTTRAK™ Aerossol Monitor (MP1,0, MP2,5 e MP10) .....55

4.1.2. Amostrador Mini-Sampler (MP2,5) .........................................................56

4.2 Análise da composição elementar do material particulado acumulado nos

filtros de policarbonato...........................................................................................58

4.3 Parâmetros pluviométricos ..............................................................................60

4.4 Teste de micronúcleo em Tradescantia (Trad-MCN).......................................61

4.4.1. Índice de micronúcleos em T. pallida x MP2,5 .......................................64

4.4.2. Índice de micronúcleos em T. pallida x pluviometria.............................65

4.4.3. Correlação entre os biomarcadores de dano ao DNA ..........................67

4.5 Viabilidade Celular...........................................................................................68

4.6 Citotoxicidade Celular ......................................................................................69

5. DISCUSSÃO .........................................................................................................70

6. CONCLUSÃO .......................................................................................................78

REFERÊNCIAS.........................................................................................................79

APÊNDICE................................................................................................................99

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INTRODUÇÃO

21

1. INTRODUÇÃO

1.1 Poluição atmosférica

A poluição atmosférica representa um dos maiores problemas da atualidade,

podendo causar sérios danos ao meio ambiente e, de forma mais preocupante, ao

ser humano. É possível observar que, ao longo dos últimos anos, vem crescendo a

preocupação da população acerca dos possíveis efeitos adversos à saúde causados

pela exposição à poluentes atmosféricos. Esta preocupação, porém, não é um fato

recente. Os efeitos nocivos da poluição do ar vêm sendo mais claramente

documentados desde a primeira metade do século passado, durante episódios de

alta concentração de poluentes como os observados no Vale Meuse, na Bélgica em

1930; em Donora, na Pensilvania em 1948; e em Londres, Inglaterra, no inverno de

1952 (FIRKET, 1931; CIOCCO & THOMPSON, 1961; GOUVEIA et al., 2003).

De acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) nº 03, de 28/06/1990 considera-se poluente atmosférico “qualquer forma

de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou

características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam

tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar

público, danosos aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso

e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade”.

Existem diversas maneiras de classificar os poluentes atmosféricos. Estes

podem ser classificados quanto ao tipo de fonte de emissão (natural ou antrópica,

móvel ou estacionária), quanto a sua formação (primário ou secundário), estado

físico (particulado, gases e vapores) e composição química (orgânicos ou

inorgânicos).

São exemplos de fontes naturais de poluentes atmosféricos as emissões de

gases provocadas por erupções vulcânicas, decomposição de vegetais e animais,

tempestades de areia (haboob), ressuspensão de poeira do solo pelos ventos,

formação de gás metano em pântanos, aerossóis marinhos, a formação de ozônio

devido a descargas elétricas na atmosfera, os incêndios naturais em florestas e os

pólens de plantas. Dentre as fontes antrópicas de poluição do ar destacam-se os

diversos processos e operações industriais, a queima de combustível para fins de

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INTRODUÇÃO

22

transporte, queimadas na agricultura, incineração de lixo, produtos voláteis,

equipamentos de refrigeração e ar condicionado, e sprays (GODISH, 1997;

ALMEIDA, 1999).

Os poluentes primários são aqueles emitidos diretamente no ar. Já os

poluentes secundários são aqueles que se formam por meio de reações químicas

que ocorrem entre os poluentes primários e componentes naturais da atmosfera (ex.

radiação solar). Dentre os poluentes primários estão o monóxido de carbono (CO),

material particulado (MP), black carbon (BC), dióxido de enxofre (SO2), óxidos de

nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC). Na atmosfera, os componentes primários

podem interagir com os diversos componentes nela existente formando os

componentes secundários, como o peróxido de hidrogênio (H2O2), ácido sulfúrico

(H2SO4), ácido nítrico (HNO3), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e

ozônio (O3) (WHO, 2005).

1.1.1 Material Particulado (MP)

Sob a denominação geral de material particulado (MP) se encontra um

conjunto de poluentes que se mantém suspenso na atmosfera devido ao seu

pequeno tamanho aerodinâmico. O MP representa uma complexa mistura de

substâncias orgânicas e inorgânicas, onde as partículas do aerossol atmosférico

podem variar quanto ao tamanho em mais do que quatro ordens de grandeza, desde

pequenos agrupamentos contendo algumas moléculas em gotículas até partículas

de poeira com tamanho de até dezenas de mícrons. O tamanho das partículas está

diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, sendo que,

quanto menores, maiores os efeitos provocados (US EPA, 2004; WHO, 2005).

A composição química do MP é bastante variada, e vai depender

principalmente da sua fonte de emissão. Os principais componentes do MP são os

compostos orgânicos adsorvidos, que podem ser voláteis ou semivoláteis (HPAs,

nitro-HPAs, quinonas); os metais de transição (ferro, níquel, cobre, zinco, vanádio);

íons (sulfato, nitrato); gases reativos (ozônio, peróxidos, aldeídos); material de

origem biológica (endotoxinas, bactérias esporulantes, polén) e minerais (quartzo,

amianto, poeira de solo) (VALAVANIDIS et al., 2008). As partículas originadas da

combustão de matéria orgânica apresentam um núcleo de carbono elementar que é

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INTRODUÇÃO

23

revestido com uma camada de produtos químicos, incluindo os hidrocarbonetos

orgânicos, metais, nitratos e sulfatos. Todos estes componentes desempenham um

papel importante na toxicidade atribuída ao MP (NEL, 2005).

De forma geral o MP é divido de acordo com o seu diâmetro aerodinâmico em

fração grossa (partículas maiores que 2,5 µm), fina (partículas menores que 2,5 µm -

MP2,5) e ultrafina (partículas menores que 0,1 µm - MP0,1). A fração particulada

grossa, quando inalada, fica retida nas vias respiratórias superiores pelo mecanismo

mucociliar. No entanto, as frações particuladas fina e ultrafina, quando inaladas,

podem atingir as vias aéreas inferiores, chegando aos alvéolos pulmonares, onde

podem exercer seu potencial tóxico sobre as células alveolares, como macrófagos,

neutrófilos e células epiteliais. Além disso, algumas partículas podem transpor a

barreira epitelial alveolar, cair na circulação sanguínea e desencadearem efeitos

sistêmicos (DONALDSON et al., 2001; CORMIER et al., 2006) (Figura 1).

Figura 1. A - Distribuição do MP nas vias aéreas. O MP ≥ 10 µm é retido entre o nariz e a

boca. MP 10 µm ultrapassa a laringe e penetra na traquéia e brônquios. MP 2,5 µm e

MP 0,1 µm chega aos alvéolos pulmonares. B - Partículas finas e ultrafinas fagocitadas nos

alvéolos pulmonares e desencadeando um processo inflamatório. Figura original

(DONALDSON et al., 2001; CORMIER et al., 2006).

Outra classificação para o material particulado adotada pela comunidade da

saúde ocupacional é feita conforme o seu acesso nas diversas partes do sistema

respiratório. Esta classificação foi adotatada a partir de 1993 pela American

Conference of Govermental Industrial Hygienists (ACGIH), pela International

Organization for Standardization (ISO) e pelo European Standardization Committee

(CEN). As partículas são divididas em: partículas inaláveis, torácicas e respiráveis.

AA)) BB))

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INTRODUÇÃO

24

As partículas inaláveis são definidas como a fração em massa das partículas

totais em suspensão que são inaladas através da boca e nariz. Essa fração

depende, principalmente, da velocidade e direção do movimento do ar próximo à

cabeça, taxa de respiração (inspirações por minuto) e volume de respiração

(mL inspirado). As partículas torácicas são o conjunto de partículas que atravessam

a laringe e alcançam as vias aéreas dos pulmões e as regiões de troca de ar dos

pulmões. As partículas respiráveis são o subconjunto de partículas torácicas que

estão mais suscetíveis a alcançar as regiões de troca de ar dos pulmões, os

alvéolos pulmonares (US EPA, 2004 apud RESENDE, 2007).

O principal efeito pulmonar do MP tem sido associado ao processo de

inflamação nas vias aéreas inferiores, o que pode levar à exacerbação da asma e

bronquite crônica, obstrução das vias aéreas e diminuição das trocas gasosas. O

MP também pode interferir na remoção e inativação de bactérias pelo tecido

pulmonar (NEL, 2005).

O processo de inflamação evidenciado na exposição celular ao MP muitas

vezes é associado com a geração de espécies reativas de oxigênio (EROs). A

presença de metais de transição, tais como: o cobre, vanádio, cromo, níquel,

cobalto, ferro e hidrocarbonetos orgânicos pró-oxidantes, como os HPAs e quinonas

associados ao particulado fino e ultrafino favorecem a formação das EROs,

aumentando a capacidade oxidativa destas partículas (NEL, 2005). Além disto,

quando comparado com o particulado grosso, as partículas finas e ultrafinas, numa

mesma concentração, apresentam uma área de superfície maior, o que lhes permite

interagir com um número maior de estruturas celulares e agregar uma quantidade

maior de metais de transição e hidrocarbonetos (DREHER et al., 1997; DICK et al.,

2003; GWINN, et al., 2006). Diferenças no tamanho e composição química do MP

foram relacionadas à sua capacidade de absorção pelos diferentes sistemas

celulares e indução de estresse oxidativo (BROWN et al., 2001; KREYLING et al.,

2002; DICK et al., 2003).

O Radical hidroxila (OH•) é uma das EROs com o maior potencial oxidante, e

sua geração, mediada por metais de transição, é uma das principais hipóteses para

a toxicidade atribuída ao MP. Uma vez que o material particulado pode conter uma

grande variedade de metais, a produção de OH• mediada por metais de transição,

depende da quantidade de cada metal no particulado e suas interações

(VALAVANIDIS et al., 2000; VIDRIO et al., 2008). Estudos in vitro e in vivo utilizando

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INTRODUÇÃO

25

partículas ambientais concentradas e particulado ultrafino com composição química

definida e em tamanhos diferentes, mostraram que a produção de EROs é um fator

importante que contribui para a inflamação e à toxicidade do MP (GWINN, et al.,

2006).

A geração de EROs induzida pelo particulado fino e ultrafino, leva ao estresse

oxidativo e ativação de vias de sinalização e apoptose, que são considerados novos

insights no desenvolvimento de doenças pulmonares e cardiovasculares. Esta

relação foi ilustrada em um modelo de estresse oxidativo hierárquico que apresentou

a correlação entre estresse oxidativo e alterações correspondentes as respostas

celulares induzidas por partículas ultrafinas (Figura 2) (NEL et al., 2006).

Os efeitos sobre a saúde decorrentes da exposição por curtos e longos

períodos ao MP têm sido associados a infecções respiratórias agudas em crianças,

doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pneumoconiose, tuberculose pulmonar

(ARBEX et al., 2004), comprometimento do sistema cardiovascular (DOCKERY,

2001; PARK et al., 2005), desenvolvimento e/ou agravo da arteriosclerose (SUWA et

al., 2002; HOFFMANN et al., 2007; ARAUJO et al., 2008), irritação ocular (SAXENA

et al., 2003), alterações no sistema reprodutor feminino (ŜRÁM et al., 1999;

MOHALLEM et al., 2005; VERAS et al., 2008), alterações no sistema reprodutor

Figura 2. Modelo hierárquico de estresse oxidativo. Baixo nível de estresse oxidativo (estágio 1), enzimas antioxidantes da fase II são induzidas pela ativação transcricional dos elementos de resposta antioxidante. Nível intermediário de estresse oxidativo (estágio 2), a ativação de MAPK e cascatas de NF-kB induz reações pró-inflamatórios. Alto nível de estresse oxidativo (estágio 3), perturbações na permeabilidade mitocondrial e disfunções na transferência de elétrons resultam no processo de apoptose celular ou necrose. Modelo adaptado de Nel et al. (2006).

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INTRODUÇÃO

26

masculino (ŜRÁM et al., 1999; LICHTENFELS et al., 2007), além da mortalidade

intra-uterina (PEREIRA et al., 1998), neonatal e pós-neonatal (THURSTON, 2000) e

mortalidade cardiorrespiratória (LÓPEZ-VILLARRUBIA et al., 2010).

Num estudo realizado por Pope et al. (2002) nos Estados Unidos com

500.000 pessoas revelou que um acréscimo de 10 µg/m3 nos níveis de MP2,5 na

atmosfera urbana de diversas cidades americanas foi associado ao aumento de 6%

nas taxas de doenças cardiopulmonares e 8% nas taxas de câncer pulmonar.

Somado a isto, diversos estudos associam a exposição ao MP por um longo período

com o desenvolvimento de câncer no pulmão (BEESON et al., 1998; POPE et al.,

2002; VINEIS et al., 2005).

1.1.2 Black carbon (BC)

O aerossol “Black carbon” (BC), também conhecido como carbono elementar,

é um dos mais importantes constituintes do material particulado. O BC é

essencialmente um poluente primário emitido durante combustão incompleta de

biomassa ou combustíveis fósseis e representa a fração do particulado de maior

eficiência na absorção de radiação solar de comprimento de onda curta, o que

influencia de forma definitiva no balanço radioativo da atmosfera e

consequentemente nas condições climáticas. Em regiões urbanas, grandes

concentrações de BC levam à redução da visibilidade. Os aerossóis BC são o

segundo maior contribuinte para o aquecimento global, depois do CO2 e na frente do

CH4 em termos de sua força radiativa direta (JACOBSON, 2001; VIIDANOJA et al.,

2002).

Além dos efeitos no aquecimento global, vários estudos correlacionam os

níveis de BC aos efeitos na saúde humana, principalmente com a elevação na

pressão arterial (MORDUKHOVICH et al., 2009) e com o aumento de

hospitalizações causadas pelo risco de infarto do miocárdio e pneumonia

(ZANOBETTI & SCHWARTZ, 2006).

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INTRODUÇÃO

27

1.2 Legislação ambiental e ocupacional aplicável ao material particulado

No Brasil, a resolução nº 03 de 28 de junho de 1990, do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA, 1990) estabelece como limite de padrões de

qualidade do ar para o material particulado utilizando apenas a sua concentração

total. Entretanto, um aspecto importante na avaliação do risco à saúde e relevância

ambiental das partículas em suspensão é a caracterização de espécies químicas

tóxicas a elas associadas, mesmo que a legislação não determine o seu

monitoramento.

Em todo o mundo, agências oficiais e organizações não governamentais

avaliam a qualidade do meio ambiente através do desenvolvimento de metodologias,

legislação apropriada e monitoramento contínuo dos poluentes, tal como a Agência

de Proteção Ambiental Norte-Americana (Environmental Protection Agency, EPA) e

Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil os padrões de qualidade do ar são

estabelecidos pelo CONAMA, com a determinação da concentração de partículas

totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (MP10), dióxido de enxofre (SO2),

monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e óxidos de nitrogênio (NOx), conforme

Tabela 1 (CONAMA, 1990).

A Resolução 03/90 do CONAMA estabelece dois tipos de padrões de

qualidade do ar: os primários e os secundários. O primeiro refere-se às

concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da

população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração

de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo. Já os

padrões secundários de qualidade do ar são as concentrações de poluentes

atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar

da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio

ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração

de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo (CONAMA, 1990).

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INTRODUÇÃO

28

Tabela 1. Padrões nacionais de qualidade do ar estabelecidos pelo

CONAMA, Resolução nº 03 de 28/06/90.

1 - Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano. 2 - Média geométrica anual. 3 - Média aritmética anual.

Nesta mesma resolução, em seu artigo 5º, o CONAMA trata dos critérios para

elaboração de plano de emergência, definindo como episódio crítico de poluição do

ar a presença de altas concentrações de poluentes na atmosfera, em curto período

de tempo, resultante de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos

poluentes, Tabela 2.

Poluente Tempo de Amostragem

Padrão Primário

µg/m³

Padrão Secundário

µg/m³

Método de Medição

partículas totais

em suspensão (PTS) 24 horas1

MGA2 240 80

150 60

amostrador de grandes volumes

partículas inaláveis

(MP10) 24 horas1

MAA3 150 50

150 50

separação inercial/filtração

fumaça 24 horas1 MAA3

150 60

100 40 refletância

dióxido de enxofre

(SO2) 24 horas1

MAA3 365 80

100 40 pararosanilina

dióxido de nitrogênio

(NO2) 1 hora1 MAA3

320 100

190 100

quimiluminescência

monóxido de carbono 1 hora1

8 horas1

40.000

10.000

40.000

10.000

infravermelho não dispersivo

Ozônio (O3) 1 hora1 160 160 quimiluminescência

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INTRODUÇÃO

29

Tabela 2. Critérios para episódios agudos de poluição do ar

estabelecidos pelo CONAMA, Resolução nº 03 de 28/06/90.

Parâmetros Atenção Alerta Emergência

partículas totais em suspensão (PTS)

(µg/m3) - 24h 375 625 875

partículas inaláveis (MP10)

(µg/m3) - 24h 250 420 500

fumaça

(µg/m3) - 24h 250 420 500

dióxido de enxofre (SO2)

(µg/m3) - 24h 800 1.600 2.100

dióxido de nitrogênio (NO2)

(µg/m3) - 1h 1.130 2.260 3.000

monóxido de carbono (CO)

(ppm) - 8h 15 30 40

ozônio

(µg/m3) – 1h 400 800 1.000

Mais recentemente, a resolução nº 382, de 26 de dezembro de 2006, do

CONAMA estabeleceu os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos

para fontes fixas. Dentre as diversas fontes de poluição, o anexo 3 estabelece os

limites de emissão de poluentes atmosféricos gerados em processos de geração de

calor a partir da combustão do bagaço de cana-de-açúcar. Para as partículas totais

em suspensão, a resolução define o limite de 200 mg/Nm3 para uma potência

térmica nominal maior que 75 MW.

A legislação brasileira ainda não estabeleceu padrões para as partículas

respiráveis, com diâmetro inferior a 2,5 µm (MP2,5). Nos países em que o

monitoramento das emissões de poluentes é amparado por legislações mais

rigorosas, como nos Estados Unidos, os padrões para o MP2,5 foram estabelecidos

desde 1997 (EPA, 1999).

No ano de 2006 a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou novos

padrões de qualidade do ar para material particulado. Os valores limite são

sugestões a serem adotadas pelos países, baseadas em pesquisas de diversas

instituições mundiais sobre os efeitos nocivos do MP à saúde humana. São

estabelecidos padrões para MP10 e MP2,5 para concentração média anual de

20 µg/m3 e 10 µg/m3, respectivamente e concentração em 24 horas de exposição

para MP10 e MP2,5 de 50 µg/m3 e 25 µg/m3, respectivamente. Os padrões de

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INTRODUÇÃO

30

qualidade do ar norte-americanos (NAAQS - National Ambient Air Quality Standards)

adotados pela USEPA para MP10 e MP2,5 para a concentração média anual são de

50 µg/m3 e 15 µg/m3, respectivamente e para concentração em 24 horas de

exposição para MP10 e MP2,5 de 150 µg/m3 e 65 µg/m3.

Para auxiliar no gerenciamento e controle dos riscos ocupacionais, de modo a

garantir a saúde dos trabalhadores, os órgãos técnicos e agências reguladoras têm

estabelecido os limites de exposição ocupacional.

Os limites de exposição ocupacional (LEO) são considerados padrões de

referência importantes para o controle dos ambientes de trabalho e tomada de

decisão com relação à melhoria destes controles, a fim de prevenir as doenças

ocupacionais. Os danos à saúde que são considerados incluem aqueles nos quais

possa haver redução da expectativa de vida, comprometimento de alguma função

fisiológica, redução da capacidade de resistência a outras substâncias tóxicas ou à

instalação de doenças, ou ainda, que tragam efeitos adversos à reprodução ou ao

processo de desenvolvimento do ser humano. Contudo, é possível que nem todos

os danos tenham sido considerados quando do estabelecimento dos LEOs. (ACGIH,

2005 apud REBELO, 2007).

Na legislação brasileira estes limites foram adotados com a denominação de

Limites de Tolerância e estão expressos na Norma Regulamentadora 15 (NR-15) do

Ministério do Trabalho e Emprego – que trata das Atividades e Operações

Insalubres (BRASIL, 1991). Na ausência destes, são remetidos aos padrões

internacionais estabelecidos pela American Conference of Govermental Industrial

Hygienists (ACGIH), conforme o item 9.3.5.1.a da Norma Regulamentadora 9 (NR-9)

– Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) ou àqueles que venham a

ser estabelecidos em negociação coletiva, desde que com critérios técnico-legais

mais rigorosos do que os limites de tolerância já estabelecidos (BRASIL, 1994).

A legislação Brasileira, através da NR-15 - Anexo nº 11 (Agentes químicos

cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de

trabalho), estabelece os limites de tolerância válidos para jornadas de trabalho de

até 48 horas semanais para diversos compostos químicos, tais como: acetaldeído,

ácido clorídrico, brometo de etila, clorofórmio, formaldeído, dióxido de carbono,

dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio, entre outros. O Anexo nº 12, a NR-15, trata

dos limites de tolerância para poeiras minerais, estabelecendo os LEOs para apenas

três tipos de particulados minerais: o asbesto, também conhecido como amianto; o

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INTRODUÇÃO

31

manganês e seus derivados e a sílica livre cristalizada, na forma de quartzo, não

contemplando demais fontes de emissão de material particulado (BRASIL, 1991).

Mesmo que não tenha sido estabelecido um TVL - Threshold Limit Values -

(Limites de Exposição, da ACGIH) para as partículas insolúveis ou pouco solúveis, a

ACGIH ressalta que, mesmo biologicamente inerte, podem causar efeitos adversos

à saúde. Por isto, recomenda que as concentrações no ambiente de trabalho devam

ser mantidas abaixo de 3 mg/m3, para partículas respiráveis, e 10 mg/m3 para

partículas inaláveis, até que um TLV seja estabelecido para a substância em

particular (ACGIH, 2005).

1.3 Queima de biomassa

A queima de biomassa (qualquer matéria de origem animal ou vegetal

utilizada como fonte de energia) em ambientes internos e externos é utilizada desde

a pré-história para produção de energia e representa uma das importantes fontes

antropogênicas de poluição atmosférica. Cerca de 80% da combustão de biomassa

ocorre nos trópicos e ela representa a maior fonte de produção de gases tóxicos,

material particulado e gases do efeito estufa no planeta, influencia a química e a

física atmosférica, produz espécies químicas que mudam significativamente o pH da

água da chuva e afeta o balanço térmico da atmosfera pela interferência na

quantidade de radiação solar refletida para o espaço (ARBEX et al., 2004).

1.3.1 Queima da castanha de caju no Rio Grande do Norte

Em geral, o tema das condições de vida, trabalho, saúde e doença dos

trabalhadores rurais no Brasil evocam estereótipos, e entre eles a associação com

atividades rudimentares, trabalhadores empobrecidos, socialmente marginalizados e

intoxicados pelos agrotóxicos. Entretanto, apesar da veracidade e dessa realidade

ser ainda muito frequente, é necessário romper com o reducionismo e conhecer

melhor o problema, na perspectiva da mudança desse quadro (DIAS, 2006).

As atividades econômicas desenvolvidas no meio rural têm raízes profundas

na história brasileira. Apesar do intenso processo de industrialização promovido

pelas políticas públicas a partir de meados dos anos 40, do século passado e da

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INTRODUÇÃO

32

acelerada migração rural-urbana que acompanhou esse processo, a produção e

atividades rurais têm grande importância no país, contribuindo ainda hoje com uma

fatia expressiva do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (DIAS, 2006).

O semi-árido brasileiro é uma das regiões mais pobres do Brasil, sendo

caracterizada por períodos de fortes secas, os quais flagelam milhares de

nordestinos com a falta de água. A falta de água, e consequentemente a ausência

de emprego e renda, tornam parte da população permissiva a qualquer atividade

que possa ser desenvolvida durante o ano inteiro promovendo o sustento das

famílias. Nesse contexto, o beneficiamento artesanal da castanha de caju é uma

alternativa socialmente e financeiramente viável, pois além de poder ser

desenvolvida por todos os membros de uma família, é um produto facilmente

comercializável. Em geral, a atividade pode ser desenvolvida durante o ano inteiro,

onde mesmo nos períodos de seca, a castanha produzida no período de safra pode

ser acondicionada e processada durante a entressafra. Contudo, a falta de

assistência aos trabalhadores, a informalidade da atividade e a falta de

conhecimento da sociedade em geral sobre as condições em que é desenvolvido o

beneficiamento da castanha de caju inibem qualquer forma de controle dos

potenciais efeitos lesivos a saúde associada ao trabalho.

Segundo o censo agropecuário do IBGE/2008 o estado do Rio Grande do

Norte ocupa a terceira colocação na produção nacional de castanha de caju, ficando

atrás dos estados do Ceará e Piauí. A produtividade média do estado gira em torno

de 42.593 toneladas de castanha numa área cultivada de 116.685 ha. Segundo

dados fornecidos pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico do Rio

Grande do Norte (SEDEC/RN), entre os anos de 2006 a 2009, a castanha de caju foi

o segundo produto mais exportado pelo estado, com um volume médio anual de

exportação em torno de 43,05 milhões de dólares, ficando a frente de produtos como

o camarão, petróleo, álcool, açúcar e sal. Contudo, um dos maiores problemas da

cadeia produtiva do caju são as condições na qual ocorre a queima da castanha

para se obter a amêndoa (subproduto de maior valor) (Figura 3A-E).

A combustão gerada a partir da queima da castanha libera o líquido da

castanha de caju (LCC), um óleo fenólico caustico que é bastante inflamável e que

libera novos gases poluentes na atmosfera. O LCC contém uma grande quantidade

de derivados de naftoquinonas (GÓMEZ-CARAVACA et al., 2010). As naftoquinonas

promovem efeitos citotóxicos sobre vários organismos, incluindo uma grande

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INTRODUÇÃO

33

variedade de bactérias, algas e dermatófitos (MAHONEY et al., 2000;

MONTENEGRO et al., 2010). O processo de combustão do LCC aumenta o

conteúdo total de fenóis e diminui as proantocianidinas (CHANDRASEKARA e

SHAHIDI, 2011).

A fumaça gerada durante a queima da castanha possui altas concentrações

de MP, que é inalada diariamente por grupos familiares que participam do processo

de queima por um período que pode exceder 9 horas diárias. O processo de queima

da castanha de caju é iniciado às 2:00 h da manhã e continua, na maioria dos casos,

até as 11:00 h, com o resto do dia para finalizar o processo. Além da queima

propriamente dita, existe o contato direto através da pele principalmente das mãos

dos beneficiadores, já que após assar a castanha a mesma necessita ser quebrada

para se obter a amêndoa (Figura 3F).

A última fase deste processo consiste na remoção do epicarpo e mesocarpo

que envolve a amêndoa da castanha de caju, para que esta possa ser embalada e

comercializada.

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INTRODUÇÃO

34

Os indicativos de danos à saúde gerados pela atividade da queima da

castanha de caju demandam estudos toxicológicos amplos, fazendo-se necessária à

identificação tanto dos principais agentes químicos envolvidos no processo, bem

como os efeitos das misturas in situ em organismos monitores expostos como

plantas e o próprio homem. As possíveis genotoxinas oriundas da queima de

matéria orgânica podem causar graves consequências nos organismos.

Comumente, agentes genotóxicos podem acarretar perda de gametas, diminuição

CC

EE FF

DD

BB

Figura 3. (A-E) Processo de queima da castanha de caju na comunidade do Amarelão, João Câmara - RN; (F) Quebra da castanha para obtenção da amêndoa. Fotos: Marcos Felipe

AA

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INTRODUÇÃO

35

do sucesso reprodutivo, desenvolvimento anormal, câncer e mutações letais

(mortalidade de embriões) (DIEKMANN et al., 2004).

1.4 Testes de genotoxicidade

Em um sentido mais amplo, refere-se à indução de genotoxicidade para todos

os tipos de danos na molécula do DNA. Agentes que interagem com o DNA e/ou

seus componentes celulares associados (por exemplo, o fuso mitótico) ou com

enzimas como as topoisomerases e helicases são designados genotóxicos. Efeitos

genotóxicos incluem a formação de adutos de DNA, quebras na dupla fita do DNA,

tais como os micronúcleos, síntese não programada de DNA, trocas de cromátides

irmãs (SCE), entre outros. Devido à grande variedade de possíveis eventos

genéticos que podem ser examinados, não há atualmente nenhum teste para

detectar o espectro completo dos diferentes “endpoints” abrangidos pela

genotoxicidade induzida. No entanto, baterias de testes têm sido desenvolvidas para

avaliar efeitos nos principais “endpoints” de danos genéticos associados com

doenças humanas: mutações gênicas (substituições de base, deleções e inserções)

e mutações cromossômicas (aberrações cromossômicas estruturais e numéricas)

(DEARFIELD et al., 2002).

Mutação é definida como uma alteração permanente na sequência

nucleotídica de um organismo. A mutação pode se manifestar como uma alteração

hereditária em células germinativas, contribuindo para diversas doenças genéticas

e/ou em células somáticas que podem desencadear diversos estados patológicos,

incluindo o câncer e processos crônico-degenerativos, tais como as doenças

cardíacas coronárias. Elas podem ser expressas ao nível gênico ou cromossômico.

Embora existam diferenças no metabolismo, reparo do DNA, e outros processos

fisiológicos afetando na mutagênese química, a universalidade do DNA e do código

genético fornece uma base racional para a utilização de vários sistemas de testes

não-humanos para prever a mutagenicidade intrínseca das substâncias químicas

(DEARFIELD et al., 2002).

Os ensaios de genotoxicidade ao contrário das análises químicas permitem

detectar os efeitos combinados dos vários compostos presentes em uma amostra,

incluindo efeitos sinérgicos e antagônicos, levando a uma caracterização mais

abrangente das amostras a serem analisadas (HELMA et al., 1996).

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INTRODUÇÃO

36

Atualmente, diversos organismos têm sido usados na avaliação da

genotoxicidade de diferentes fontes de poluição atmosférica. Dentre os vários

organismos utilizados, estão as bactérias, utilizadas no teste de Ames pelo método

direto e com microsuspensão, e o teste de Kado, com as diferentes linhagens de

Salmonella typhimurium (BRITS et al., 2004; UMBUZEIRO et al., 2008); líquens

(ARAS et al., 2010); vegetais superiores, tais como: Allium cepa, Tradescantia

pallida e Nicotiana tabacum (CARVALHO-OLIVEIRA et al., 2005; SAVÓIA et al.,

2009; VILLARINI et al., 2009); aves (SICOLO et al., 2010); roedores (ESPINOSA-

REYES et al., 2010); cachorro (KIMURA et al., 2010) e humanos (KOEHLER et al.,

2010).

1.4.1 Vegetais como bioindicadores da poluição atmosférica

O biomonitoramento, principalmente no que diz respeito a organismos

expostos a poluentes (bioindicadores), utilizando parâmetros biológicos

(biomarcadores), propicia promissoras ferramentas para a identificação de poluentes

capazes de causar dano à saúde humana e ao ambiente (DA SILVA et al., 2003;

HINTON et al., 2005). A utilização de bioindicadores vegetais de genotoxicidade

representa uma alternativa eficiente, rápida e de baixo custo para avaliar o potencial

genotóxico de agentes contaminantes ambientais.

Os poluentes atmosféricos são absorvidos pelos vegetais, em geral, através

dos estômatos, que são poros existentes na superfície das folhas que permitem as

trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente. No entanto, alguns poluentes são

absorvidos, em menor quantidade, pela superfície radicular (MANNING & FEDER,

1980; FARMER, 1993; FREEDMAN, 1995).

As alterações causadas pelos poluentes atmosféricos nas plantas mais

citadas na literatura são: variações na expressão de algumas enzimas (ANTONIELLI

et al., 1997; PASQUALINI et al., 2003), alterações genéticas (BATALHA et al., 1999;

GUIMARÃES et al., 2000; CARRERAS et al., 2006; PRAJAPATI e TRIPATHI, 2008;

SAVÓIA et al., 2009), alterações quantitativas e qualitativas de metabólitos, aumento

na concentração de hormônios vegetais relacionados ao estresse (DIJAK &

ORMROD 1982), aumento ou diminuição da respiração, distúrbios na fotossíntese

(KOLB & MATYSSEK, 2001; GEROSA et al., 2003) e alterações na abertura e no

fechamento estomático (SCHAUB et al., 2005). Consequentemente estas alterações

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INTRODUÇÃO

37

levam à sintomas como clorose e necrose em tecidos e órgãos, que podem evoluir,

levando o vegetal à morte (MANNING & FEDER, 1980).

1.4.2 Teste de micronúcleo em Tradescantia (Trad-MCN)

Estudos sobre o genoma da Tradescantia iniciaram-se com os trabalhos

pioneiros de Sax & Edmonds (1933), quando foram descritas as várias fases do

desenvolvimento do micrósporo, determinando os períodos e ritmo dos eventos

meióticos. Observações importantes foram feitas sobre os efeitos de raios-X nos

micrósporos de Tradescantia (SAX & EDMONDS, 1933; HUSTED, 1936; RILEY,

1936), inclusive com a constatação de que as alterações cromossômicas variam de

forma dose-dependente (RICK, 1940). Além disso, determinou-se que cromossomos

meióticos eram mais suscetíveis a quebras que cromossomos mitóticos; e mais

importante, que cromossomos em divisão eram ao menos dez vezes mais

susceptíveis que aqueles em repouso (SAX & EDMONDS, 1933). Os conceitos de

temporalidade e sensibilidade que emergiram desses estudos tornaram-se

extremamente importantes na seleção de bioindicadores para mutagênese, uma vez

que a sincronia no desenvolvimento celular e precisão nos períodos de recuperação

após os tratamentos mostraram-se dois fatores decisivos para a performance dos

bioensaios (RODRIGUES, 1999).

O bioensaio de micronúcleo em tétrades de Tradescantia (Trad-MCN) é um

dos testes mais utilizados em estudos de genética toxicológica, podendo ser

realizado com as inflorescências da Tradescantia pallida ou dos clones de

Tradescantia, entre eles os principais são: o BNL-4430 desenvolvido no Brookhaven

National Laboratory, Estados Unidos, um híbrido gerado pelo cruzamento da

T. hisutiflora Bush x T. subacaulis Bush (MA et al., 1994) e o clone KU-20

selecionado na Universidade de Kyoto, Japão.

O teste Trad-MCN baseia-se na contagem de micronúcleos que são

pequenas massas nucleares que surgem nas células em divisão e são derivados de

quebras cromossômicas (quando sua origem clastogênica) e/ou cromossomos

inteiros (origem aneugênica) delimitados por uma membrana nuclear e separados do

núcleo principal (Figura 4A). Os micronúcleos, quando compostos por fragmentos de

cromossomos (clastogênicos), podem resultar da quebra direta na dupla fita do

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INTRODUÇÃO

38

DNA, conversão de quebra simples fita em quebra dupla fita após a replicação

celular ou inibição da síntese do DNA. Já os micronúcleos formados por

cromossomos inteiros (aneugênicos) são basicamente formados por defeitos no

mecanismo de segregação cromossômica, tais como deficiências no controle de

genes do ciclo celular, falhas no fuso mitótico, cinetócoro, ou outras partes do

aparelho mitótico, ruptura mecânica ou hipometilação de DNA centromérico

(MATEUCA, et al., 2006).

No Trad-MCN os micronúcleos são visualizados na fase de tétrade jovem,

final do processo de meiose em Tradescantia. A frequência de micronúcleos tem

sido utilizada para avaliar o grau de dano mutagênico ao qual as células

germinativas (tétrades) desta planta são expostas, indicando a atividade mutagênica

da substância em exposição (MA, 1981; RODRIGUES et al., 1997; MISÍK et al.,

2011). Apesar de não existir relatos e nem trabalhos publicados que avaliam outros

tipos de alterações nucleares utilizando a Tradescantia, que não o micronúcleo, tais

como pontes nucleoplasmáticas, fragmentos nucleares e brotamento nuclear, estas

alterações foram quantificadas no presente estudo.

As pontes nucleoplasmáticas (PNP) ocorrem quando os centrômeros dos

cromossomos dicêntricos ou cromátides são puxadas para os pólos opostos da

célula durante a anáfase, formando uma ponte que conecta um núcleo ao outro

(Figura 4B) (FENECH, 2002a). Trabalhos publicados por Gisselsson et al. (2000,

2001a, 2001b), utilizando cultura primária de tumores sólidos, confirmaram que: (a)

as pontes nucleoplasmáticas, os micronúcleos e brotamentos nucleares são

características comuns de uma ampla variedade de células cancerosas, e (b) a

grande maioria (71-86%) dessas estruturas nucleares anormais são provenientes de

cromossomos dicêntricos instáveis ou cromossomos em anel. Portanto, a morfologia

nuclear anormal representada pela presença das pontes nucleoplasmáticas,

micronúcleos e brotamentos nucleares é um importante indicativo da instabilidade

genômica característica de alguns tumores (FENECH, 2002a).

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INTRODUÇÃO

39

Com o objetivo de avaliar a sensibilidade, eficiência e confiabilidade do

bioensaio Trad-MCN quatro produtos químicos codificados (N-metil-N-nitrosourea,

azida de sódio, hidrazida maléica e azido glicerol) foram testados em cinco

laboratórios independentes de quatro países diferentes. O estudo foi realizado sob a

supervisão do IPCS - International Programme on Chemical Safety e todos os

laboratórios participantes utilizaram um protocolo padrão para o bioensaio. Os

resultados obtidos por todos os laboratórios, embora não fossem iguais, foram

bastantes confluentes. Os dados deste estudo sugerem que o Trad-MCN é bastante

sensível e confiável, qualificado-o para o monitoramento de poluentes ambientais

(MA et al., 1994).

Um estudo realizado por Mariani et al. (2009) na cidade de São José dos

Campos - SP mostrou que o bioensaio Trad-MCN pode ser utilizado como uma

importante ferramenta na avaliação dos riscos à saúde humana impostos pelos

poluentes atmosféricos. Neste estudo os autores encontraram uma associação

significativa entre a frequência de micronúcleos em Tradescantia pallida e as taxas

de mortalidade devido a doenças cardiovasculares e câncer.

Uma vantagem adicional do Trad-MCN é o curto período de exposição

necessário para se completar um teste, de apenas 6 horas, seguidas de uma

Figura 4. (A) Esquema do processo de formação do micronúcleo (origem clastogênica e aneugênica); (B) e ponte nucleoplasmática. Adaptado de Fenech et al. (2007).

AGENTES CLASTOGÊNICOS E ANEUGÊNICOS

Célula com MN

Célula com MN

Célula com

MN

Formação da ponte nucleoplasmática

AA))

BB))

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INTRODUÇÃO

40

recuperação de 24 horas para permitir que as células submetidas aos tratamentos

na fase de prófase atinjam o estágio de tétrade, apropriado para contagem de

micronúcleos (RODRIGUES, 1999). Por outro lado, várias limitações do bioensaio

têm sido apresentadas. O teste obviamente oferece apenas um índice relativo de

danos genéticos. Translocações, inversões e outros tipos de rearranjos nos

cromossomos e cromátides não são revelados como micronúcleos,

consequentemente passam sem serem detectados pelo bioensaio (MA, 1981).

1.4.2.1 Utilização da Tradescantia pallida no Trad-MCN

A fim de desenvolver um ensaio mais adequado às condições ambientais

comumente encontradas no Brasil, vários trabalhos tem voltado a atenção para uma

planta pertencente a família das Comelináceas, a Tradescantia pallida (Rose) Hunt.

var. purpurea Boom. Esta espécie é tetraplóide, nativa da região da América do

Norte e Central (México e Honduras), do tipo herbácea, com folhas roxas e

pubescentes. Nos últimos anos a Tradescantia pallida tem sido amplamente utilizada

em todo o Brasil, em bioensaios de mutagenicidade, pela facilidade de propagação e

cultivo da planta durante todo o ano, o que permite a realização dos ensaios o ano

inteiro, por apresentar fácil adaptação a diferentes ambientes, se desenvolvendo

tanto em estufa quanto em condições experimentais severas, por apresentar notável

resistência a parasitas e insetos, e principalmente por ser sensível a compostos

mutagênicos (SUYAMA et al., 2002).

Figura 5. Tradescantia pallida (Rose) D.R. Hunt var. purpúrea. Foto: Marcos Felipe

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INTRODUÇÃO

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CLASSE - Liliopsida

ORDEM - Commelinales

FAMÍLIA - Commelinaceae

GÊNERO - Tradescantia

ESPÉCIE – Tradescantia pallida

Diversos trabalhos na literatura demonstram a sensibilidade da

Tradescantia pallida frente a poluentes atmosféricos in situ (BATALHA et al., 1999;

GUIMARÃES et al., 2000; CARRERAS et al., 2006; PRAJAPATI e TRIPATHI, 2008;

MARIANI et al., 2009; MEIRELES et al., 2009; SAVÓIA et al., 2009; SISENANDO

et al., 2011), testes com poluentes atmosféricos em laboratório (CARVALHO-

OLIVEIRA et al., 2005; ALVES et al., 2011), lodo de esgoto tratado (MIELLI et al.,

2009), produtos químicos (ALVES et al., 2008), depósitos radioativos (LEAL et al.,

2008) e sensibilidade ao ozônio (LIMA et al., 2009). Neste sentido, o

biomonitoramento nas comunidades envolvidas com a queima da castanha de caju,

utilizando a Tradescantia pallida, representa uma importante ferramenta na

avaliação do risco inerente ao beneficiamento artesanal da castanha de caju.

1.5 Testes de citotoxicidade

Vários métodos in vitro, para avaliar a toxicidade de poluentes atmosféricos,

foram padronizados utilizando-se diferentes culturas celulares. Estes testes de

citotoxicidade consistem em colocar a amostra em contato com uma cultura de

células de mamíferos, verificando-se as alterações celulares por diferentes

mecanismos, entre os quais a incorporação de corantes vitais, inibição do

crescimento celular ou atividade enzimática.

O parâmetro mais utilizado para avaliar a toxicidade é a viabilidade celular,

que pode ser evidenciada com auxilio de corantes como o azul de trypan, trata-se de

uma substância capaz de penetrar apenas em células mortas, uma vez que as

membranas celulares são extremamente seletivas, fazendo com que elas

apresentem a coloração azul característica ao serem analisadas com o auxílio de

microscópio óptico (YIP E AUERSPER, 1972).

Outro parâmetro comumente utilizado na avaliação da citotoxicidade é a

atividade enzimática pelo teste colorimétrico MTT como descrito por Mosmann em

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INTRODUÇÃO

42

1983. Esse teste é usado como um método indireto para monitorar a atividade

metabólica celular após a exposição ao material teste.

1.6 Objetivos

Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os

constituintes e o potencial genotóxico e citotóxico associado aos elementos oriundos

da queima de castanha de caju no município de João Câmara - RN, sendo

realizado:

a) A quantificação da concentração de material particulado e black carbon no

local de queima de castanha de caju com o uso de amostradores ativos;

b) Análise da composição elementar do material particulado acumulado em

filtros de policarbonato com auxílio da técnica de fluorescência de raio X;

c) Um biomonitoramento utilizando o bioensaio de micronúcleo em tétrades

de Tradescantia pallida (Trad-MCN). Além de avaliar a mutagenicidade, o

biomonitoramento objetivou explorar a contribuição específica das condições

climáticas no potencial mutagênico atribuído a queima da castanha e avaliar a

correlação do micronúcleo em T. pallida com outros biomarcadores de dano no

DNA, tais como pontes nucleoplasmáticas e fragmentos nucleares;

d) Avaliar a sensibilidade da espécie Tradescantia pallida frente ao clone de

Tradescantia KU-20 utilizando o Trad-MCN;

e) Extração dos compostos retidos nos filtros de policarbonato para execução

de ensaios utilizando a linhagem celular MRC-5, tais como:

- Método de exclusão trypan blue

- Ensaio de citotoxicidade pelo método MTT

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JUSTIFICATIVA DO TRABALHO 43

2. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

A geração de informações qualificadas sobre os efeitos da poluição é um

requisito fundamental para a elaboração de políticas públicas que visam a melhoria

da qualidade de vida da população. O Brasil, como um dos maiores produtores de

alimentos do planeta possui problemas ambientais com impacto à saúde humana,

que são característicos das suas regiões agropecuárias, e que demandam pesquisa

básica e aplicada. Devido a sua extensão continental, e a enorme disparidade social

existente em diferentes localidades do país, cidades de pequeno porte e

desprovidas de centros de pesquisa são desfavorecidas devido a falta de logística

na investigação de problemas locais. Tais problemas podem atingir uma parte

significativa tanto de sua população quanto daquela vivente nas proximidades das

fontes poluidoras.

A poluição atmosférica tem sido associada a diversos efeitos deletérios a

saúde, como o agravamento e desenvolvimento de doenças respiratórias,

cardiovasculares e até neoplasias. É muito antiga a observação de que a exposição

dos seres humanos a determinadas substâncias presentes no meio ambiente ou no

seu local de trabalho pode levar ao desenvolvimento de câncer (LOUREIRO et al.

2002). Se esse fator de risco tem contribuído para esses ônus na saúde, então é

preponderante entender os seus mecanismos de geração, exposição ao homem,

promoção e associação de doenças.

A cultura do caju tem na castanha sua maior rentabilidade. A real

possibilidade de expansão da atividade no estado do Rio Grande do Norte indica um

cenário cada vez maior de lucro e pessoas envolvidas com a atividade. Estudos

como o proposto é de fundamental importância para a sociedade, pois poderá

identificar problemas e propor medidas preventivas e de melhores práticas,

objetivando melhoria tanto para a atividade como para o aumento da qualidade de

vida da população.

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MATERAIS E MÉTODOS

44

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O município de João Câmara localiza-se, em sua sede, a 05°32’15” de

latitude sul e 35°49’11” de longitude oeste, abrangendo uma área total de

714,95 km². Inserido na mesorregião Agreste Potiguar, é caracterizado pelo clima

quente e semi-árido, com estação chuvosa entre os meses de março a julho. A

temperatura média anual gira em torno de 24,7 ºC, com umidade relativa média

anual de 70%. Segundo dados do IBGE/2007 sua população estimada é de 30.423

habitantes.

Para quantificar a concentração de MP, bem como os efeitos genotóxicos e

citotóxicos ocasionados pelo processo de queima da castanha de caju, foram

definidas duas regiões distintas: A comunidade do Amarelão, situada no perímetro

rural do município de João Câmara - RN (05°30'51.81"S; 35°54'17.13”O), local onde

ocorre intensa queima da castanha de caju e Fazenda Santa Luzia (05°33'6.72"S;

35°46'10.75"O), situada próxima à região de queima da castanha de caju,

aproximadamente 13 quilômetros de distância, portanto com as mesma condições

ambientais, porém sem a influência da atividade. A figura 6 mostra a localização dos

dois pontos amostrais, assim como a direção predominante do vento para a região.

De acordo com a representação, o ponto definido como controle negativo (Fazenda

Santa Luzia) não sofre influência direta dos poluentes oriundos da comunidade do

Amarelão.

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MATERAIS E MÉTODOS

45

3.2 Quantificação do material particulado com o uso de amostradores

3.2.1. Amostrador DUSTTRAK™ Aerossol Monitor (MP1,0, MP2,5 e

MP10)

A primeira coleta foi realizada em maio de 2007, e para quantificar a

concentração de MP1,0, MP2,5 e MP10 foi utilizado o amostrador portátil

“DUSTTRAK™ Aerossol Monitor” (Modelo 8520 – TSI Inc.) desenvolvido pela Escola

de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Esse equipamento tem um sensor

(laser photometer - 90° light scattering, laser diode) que realiza medições da

concentração em massa de material particulado no ar, o qual é aspirado do meio

ambiente por uma bomba interna. O aparelho possui capacidade de realizar

medições em um espectro muito amplo, que varia de 0,001 mg/m3 a 100 mg/m3,

com precisão de ± 0,1%. O registro das informações é realizado a cada minuto de

Figura 6. Localização dos pontos de exposição das mudas de T. pallida e do clone KU-20 e amostragens do material particulado. A seta acima indica a direção dominante dos ventos na região.

pontosComunidade do AmarelãoFazenda Santa Luzia

latitude05°30'51.81“05°33'6.72“

longitude35°54'17.13”35°46'10.75“

legenda:

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MATERAIS E MÉTODOS

46

forma automática na memória do próprio equipamento, que foi devidamente

posicionado nos três pontos testes a uma altura média de 1,65 m, que corresponde

aproximadamente a altura em que os trabalhadores que participam do processo de

beneficiamento da castanha de caju respiram (Figura 7 A e 7 C).

3.2.2. Amostrador Mini-Sampler (MP2,5)

Para a segunda coleta foi utilizado o equipamento portátil “Mini-Sampler” da

Harvard, que remove o MP2,5 da atmosfera e deposita em filtros de policarbonato de

37 mm. Estes filtros podem ser utilizados para quantificar e caracterizar físico-

quimicamente os elementos nele retidos, bem como a realização de ensaios

toxicológicos ex situ. O equipamento é composto basicamente por uma sonda e um

gabinete. A sonda se comunica com o meio externo por uma entrada de ar, e com o

gabinete por meio de uma mangueira de látex. A sonda é o elemento responsável

por selecionar o tamanho aerodinâmico do material particulado que será acumulado

no filtro posicionado na própria sonda. O gabinete possui uma bomba de vácuo, um

horímetro e um medidor de pressão. A bomba de vácuo é responsável pelo fluxo de

ar, o qual foi regulado para um fluxo de 1,8 lpm. O horímetro auxilia no registro de

tempo de exposição, e o medidor de pressão permite verificar eventuais momentos

de saturação do filtro.

As coletas de MP2,5 foram realizadas nos meses de janeiro, maio e setembro

de 2009, nos dois pontos teste (Figura 7 B e 7 D). Para cada campanha foram

utilizados 10 filtros em cada ponto, totalizando 30 filtros por campanha, e 90 filtros

para as três campanhas realizadas.

Tanto nas coletas realizadas com o amostrador “DUSTTRAK™ Aerossol

Monitor” como nas coletas com o amostrador “Mini-Sampler” os dados climatológicos

(índice pluviométrico) referentes aos períodos de coleta foram cedidos pelo setor de

meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte

(EMPARN).

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MATERAIS E MÉTODOS

47

3.3 Análise da composição do material particulado acumulado nos filtros

de policarbonato

Os filtros de policarbonato foram submetidos a vários testes na Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo, com o objetivo de caracterizar o material

particulado acumulado. Os parâmetros analisados foram: concentração de material

particulado na fração respirável (MP2,5), black carbon e composição elementar.

A concentração do material particulado foi determinada com auxílio da análise

gravimétrica, a determinação das concentrações de carbono elementar (“Black

Carbon” - BC) pela técnica de reflectância de luz e a análise elementar foi realizada

com a técnica de fluorescência de Raio-X.

AA BB

CC DD

Figura 7. (A e C) Medições de MP1,0, MP2,5 e MP10 na comunidade do Amarelão com o auxílio do amostrador portátil “DUSTRAK” aerossol monitor. (B e D) Medições de MP2,5 e BC realizada com o equipamento portátil “Mini-Sampler”. Fotos: Marcos Felipe e Thiago Cabral.

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MATERAIS E MÉTODOS

48

3.3.1. Determinação Gravimétrica de Massa

Todos os filtros amostrados foram submetidos à análise gravimétrica, sendo

pesados antes e depois da amostragem em uma balança eletrônica de precisão

nominal de 1 µg. Neste procedimento, antes da pesagem, os filtros foram

submetidos a ação de fontes de 210Po a fim de serem descarregados

eletrostaticamente.

3.3.2. Análise de Reflectância

Para determinação das concentrações de carbono elementar (“Black Carbon”

- BC) presentes nas amostras, foi utilizada a técnica de reflectância de luz induzida

pelo particulado, com um o auxílio de um Reflectômetro, marca “Diffusion Systems

Ltd.” modelo “Smoke Stain Reflectometer-Model 43” (YAMASOE et al., 2000). Os

dados obtidos por esse equipamento foram resultado da absorção de luz pelo

particulado depositado no filtro. A fração do particulado que é absorvedora de

radiação (gerada por uma lâmpada de Tungstênio) é classificada como BC,

constituído em boa parte pelo carbono elementar.

A técnica de reflectância consiste na incidência de luz de uma lâmpada de

Tungstênio no filtro amostrado, o qual reflete uma intensidade inversamente

proporcional à quantidade de BC presente. Como as partículas de BC são boas

absorvedoras de luz, quanto maior a sua presença, menor a intensidade de luz

refletida pelo filtro e menor a detectada pelo fotosensor.

3.3.3. Análise de Fluorescência de raios-X

As amostras de material particulado foram analisadas para a determinação da

composição elementar pela técnica de fluorescência de raios-X (FRX). A

fluorescência de raios-X é uma técnica que permite a análise qualitativa e

quantitativa da amostra, e desse modo, é possível estabelecer a proporção em que

cada elemento se encontra. Nessa técnica todos os elementos da amostra são

excitados ao mesmo tempo e o detector de energia dispersiva, juntamente com um

analisador multicanal é usado para simultaneamente detectar a radiação

fluorescente emitida da amostra e separar as diferentes energias de radiação

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MATERAIS E MÉTODOS

49

característica de cada elemento presente. O procedimento ocorre de modo que em

uma câmara de vácuo o feixe atinge a amostra de aerossol, colidindo com os

átomos desta e removendo os elétrons das camadas eletrônicas mais internas. As

vacâncias nestas camadas são preenchidas por elétrons de camadas mais externas,

e nessa transferência ocorre liberação de energia característica de cada elemento, a

qual é emitida como raios-X, possibilitando a identificação química do elemento

(JOHANSSON et al., 1988). Assim, na análise de FRX têm-se três fases: 1°

excitação dos elementos que constituem a amostra; 2 ° dispersão dos raios-X

característicos emitidos pela amostra; 3° detecção dos raios emitidos pela amostra

após excitação. No presente estudo os elementos identificados foram: Al, Si, P, S,

Cl, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Se, Br, e Pb.

3.4 Teste de micronúcleo em Tradescantia (Trad-MCN)

3.4.1 Cultivo e exposição das mudas

As mudas de T. pallida e do clone KU-20 utilizadas no biomonitoramento

foram cedidas pelo Laboratório de Poluição Atmosférica (LPAE) da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo e foram propagadas a partir de uma única

muda. Essa homogeneidade genética teve como objetivo evitar diferenças na

sensibilidade dos biomonitores frente a possíveis compostos genotóxicos, devido a

variações genéticas individuais.

As mudas de T. pallida foram propagadas e cultivadas em 30 floreiras

plásticas com 50 cm de comprimento por 17 cm de altura. Já para o clone KU-20, as

mudas foram propagadas em 21 vasos plásticos de material reciclado com 20 cm de

diâmetro por 20 cm de profundidade. Para ambas, foi utilizado uma mistura de solo

padronizada a fim de que possíveis variações no tipo de solo e/ou deficiências

quanto a disponibilidade de nutrientes não venham a comprometer a avaliação de

genotoxicidade. A mistura de solo utilizada foi composta por: duas partes de terra

vegetal, uma parte do substrato Eucatex® Plantmax HT, uma parte de vermiculita

fina e uma parte de húmus de minhoca (2:1:1:1 v/v) (Figura 8 A). Todas as floreiras

foram mantidas numa casa de vegetação com condições de temperatura e umidade

constantes (30 ± 2 ºC e 70%, Figura 8 B-C), sendo regadas com água destilada

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MATERAIS E MÉTODOS

50

diariamente, tanto no período de propagação como nos períodos de aclimatação e

exposição. Após três meses de cultivo em casa de vegetação os vasos e floreiras

foram transferidos para os dois pontos teste. O período de aclimatação das mudas

nestes pontos foi de dois meses. Para garantir a qualidade da água destilada

utilizada para regar as mudas foi realizada uma análise química dos metais

presentes (Apêndice 2). Além disto, nenhum pesticida foi aplicado sobre ou próximo

às plantas durante o período de propagação ou exposição.

O período de exposição das mudas decorreu de julho de 2008 à setembro de

2009, a fim de combinar e explorar a contribuição específica das condições

climáticas no potencial genotóxico atribuído a queima artesanal da castanha caju.

3.4.2 Coleta das inflorescências

Após o período de adaptação das mudas, cerca de 30 inflorescências jovens

foram coletadas em tubos tipo falcon e fixadas em solução de ácido acético 45% e

álcool etílico 70% (1:3 v/v) por 48 horas, em seguida preservadas em álcool etílico

100%, conforme adaptação do protocolo estabelecido por MA et al. (1981, 1994). As

Figura 8. A - Floreiras contendo os diferentes componentes utilizados na preparação do solo. B - Casa de vegetação onde foi realizada a propagação das mudas antes do período experimental. C - Mudas prontas para serem levadas para os locais de exposição. Fotos: Marcos Felipe

AA

BB CC

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MATERAIS E MÉTODOS

51

inflorescências coletadas permaneceram sob refrigeração por um período máximo

de até seis meses.

3.4.3 Preparação citológica

A preparação citológica, tanto para a T. pallida quanto para o clone KU-20,

incluiu inicialmente a escolha do botão floral apropriado contendo o estágio de

tétrade. Com o auxilio de uma pinça e uma agulha, os botões florais foram abertos e

as anteras maceradas, em seguida foi acrescentado o corante acetato de carmim a

2% sobre uma lâmina de microscopia (26 x 76 mm). Após o posicionamento da

lamínula a lâmina foi rapidamente aquecida a aproximadamente 80ºC para melhor

fixação do corante e pressionada entre folhas de papel absorvente para remover o

excesso de corante e garantir com que as tétrades posicionassem todas num

mesmo plano de visualização (Figura 9).

3.4.4 Análise citogenética

A análise citogenética consistiu na contagem do número de micronúcleos

(MN) presentes num grupo aleatório de 300 tétrades por lâmina. Além da avaliação

da frequencia média de MN, outras alterações nucleares, tais como as pontes

Figura 9. Esquema da preparação citológica. Adaptado de Ma (1981).

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MATERAIS E MÉTODOS

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nucleoplasmáticas (PNP) e os fragmentos nucleares (FN) foram quantificadas neste

estudo. A contagem foi realizada em microscopia óptica (Microscópio Olympus,

modelo: CX31RBSFA) com aumento de 400 X. O presente trabalho de

biomonitoramento contemplou um total de, no mínimo, 10 lâminas e 3000 tétrades

analisadas mensalmente para cada ponto teste, identificando os MN e PNP de

acordo com os critérios propostos por Fenech et al (2003) para linfócitos humanos,

uma vez que não possui critérios estabelecidos para identificação de MN e PNP em

tétrades de Tradescantia.

3.5 Extração do MP2,5 retido nos filtros

Os filtros de policarbonato (Isopore™, 0.8 µm, 37 mm, Millipore, USA)

utilizados na coleta do material particulado foram submetido ao processo de

extração dos compostos solúveis em água. Estes filtros, quando submetidos a

vibrações em ultra-som liberam a totalidade das partículas nele retidas, permitindo a

obtenção de suspensões de material particulado em meio líquido com concentração

conhecida. O particulado coletado nos filtros de policarbonato foi extraído a partir do

processo de ultra-som em água deionizada Milli-Q, em três ciclos de sonicação de

30 minutos cada. Para os ensaios celulares foi utilizado as concentrações de:

6,25 µg/mL, 12,5 µg/mL, 25 µg/mL, 50 µg/mL, 100 µg/mL, 200 µg/mL e 400 µg/mL.

Os filtros brancos (não expostos) foram submetidos ao mesmo processo de extração

dos demais filtros.

3.6 Bioensaios com cultura de células

3.6.1. Cultura de células

Para os ensaios biológicos com cultura de células foi utilizado a linhagem

MRC-5 que foi desenvolvida em setembro de 1966 e deriva do tecido pulmonar de

um feto masculino humano normal, de 14 semanas de gestação, removido de uma

mulher de 27 anos por razões psiquiátricas e com histórico de familiares

geneticamente normais e nenhum sinal de doença neoplásica. A morfologia da

célula é do tipo fibroblasto com cariótipo 46 XY. A partir da cultura seriada desse

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MATERAIS E MÉTODOS

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tecido formou-se um banco celular com 481 ampolas mantidas em nitrogênio líquido

(JACOBS et al., 1970). As células foram cultivadas sob a forma de monocamadas

em meio de cultura Eagle modificado por Dulbecco (DMEM), acrescido de 10% de

soro fetal bovino, 100 U/mL de penicilina e 100 U/mL estreptomicina em garrafas e

mantidas em atmosfera úmida com 5% de CO2 a temperatura de 37 ºC.

As células MRC-5 foram tratadas em diferentes concentrações dos extratos

obtidos do MP2.5 coletado na Comunidade do Amarelão, semeando 7 x 104 de

células em placas de cultura na presença de tais extratos e incubadas a 37ºC em

atmosfera úmida com 5% de CO2 até o recobrimento da superfície. Os controles

negativos consistiram em células crescidas em meio DMEM sobre placa de cultura

com o extrato dos filtros branco. Após o período de incubação, as células foram

tripsinizadas para desagregarem da superfície e então centrifugadas por 5 mim a

1500 rpm. O precipitado de células foi ressuspendido em meio DMEM e coletado

para os bioensaios.

3.6.2 Viabilidade celular

A viabilidade celular foi medida utilizando o método de exclusão por

coloração, no qual é utilizado o corante azul de tripan.

As células foram tratadas por 24 horas, em seguida foram tripsinizadas e

transferidas para microtubos e adicionado 10 µl de azul de tripan (0,4 %) numa

proporção de 1:1 (v/v).

O crescimento populacional relativo foi estimado pela porcentagem de células

viáveis nas culturas submetidas ao particulado extraído dos filtros, comparadas às

células cultivadas na ausência do particulado.

3.6.3 Citotoxicidade celular

A avaliação da citotoxicidade e da proliferação celular foi realizada através do

teste colorimétrico MTT como descrito por Mosmann em 1983 com algumas

modificações. O princípio do método consiste na absorção do sal MTT (brometo de

3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio) que é transformado pela desidrogenase

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MATERAIS E MÉTODOS

54

mitocondrial em formazana. O produto, acumulado dentro da célula, é extraído

através da adição de um solvente apropriado, de maneira que a quantidade de

formazana produzida é diretamente proporcional a atividade celular.

A solução de MTT a 1 mg/mL foi preparada pela dissolução do sal em meio

D-MEM pobre, sem a adição de soro fetal bovino e antibiótico e sem fenol. Após o

tratamento das células por 24 horas numa placa de 24 poços, 500 µl da solução de

MTT foi adicionado em cada amostra. Após 4 horas de incubação a 37ºC em

atmosfera úmida com 5% de CO2, o meio foi retirado e 500 µl da solução

solubilizadora, DMSO, foi adicionada para lisar as células e dissolver os cristais de

formazana. A placa foi mantida sob agitação constante durante cinco minutos no

escuro. Posteriormente, 100 µL do sobrenadante resultante foram transferidos para

uma placa de 96 poços e a densidade ótica foi medida em 570 nm de comprimento

de onda, utilizando o leitor de microplaca µQuant (Biotek, EUA), fornecendo a

diminuição da atividade mitocondrial.

A % de viabilidade celular = Absorbância do tratamento X 100

Absorbância do controle negativo

3.7 Análise estatística

Para verificar se os resultados obtidos apresentavam distribuição normal, foi

realizado o teste de Anderson-Darling com α = 0,05 (Dado normal quando P ≥ α).

Para o cálculo da tendência central da amostra foi realizado o cálculo de média para

todos os resultados e a dispersão foi verificada pelo cálculo do desvio padrão.Para

determinar as diferenças estatísticas entre os resultados (P < 0,05), os dados que

apresentaram uma distribuição normal foram submetidos a ANOVA e os que não

apresentaram distribuição normal ao teste Kruskal-Wallis. Os dados obtidos para

MN, NPB e NF foram submetidos ao teste de comparação múltipla de Dunnett’s para

analisar as diferenças significativas entre a comunidade do Amarelão e Fazenda

Santa Luzia. A correlação entre os biomarcadores de danos no DNA e precipitação

pluviométrica foi definida com base na matriz de correlação de Pearson. As análises

estatísticas foram obtidas com a utilização do Software Minitab 15 e do Microsoft

Excel®, 2007.

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RESULTADOS

55

4. RESULTADOS

4.1 Quantificação do material particulado com o uso de amostradores

4.1.1. Amostrador DUSTTRAK™ Aerossol Monitor (MP1,0, MP2,5 e

MP10)

A Tabela 3 mostra os resultados mínimos, máximos e médios obtidos para as

medições de MP1,0, MP2,5 e MP10 realizadas em maio de 2007, com o auxilio do

amostrador portátil “DUSTTRAK™ Aerossol Monitor”, assim como, os limites de

qualidade do ar estabelecidos pela legislação brasileira (Conselho Nacional de Meio

Ambiente - CONAMA), Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (USEPA) e

Organização Mundial da Saúde (OMS). Vale salientar que a legislação brasileira

para critérios de poluição do ar, não contempla as partículas menores que 2,5 µm

(MP2,5).

A concentração média de MP2,5 dentre as seis medições realizadas na

comunidade do Amarelão foi de 2051 µg/m3. Este resultado difere significativamente

dos resultados obtidos na Fazenda Santa Luzia, de 6 µg/m3. Também foi encontrado

altas concentrações de MP1,0 e MP10 para a comunidade do Amarelão, 1002 µg/m3 e

1745 µg/m3 respectivamente (Tabela 3).

A concentração de MP10 para a comunidade do Amarelão excedeu o nível de

exposição definido como “estado de emergência” estabelecido pela Resolução Nº 03

de 28 de junho de 1990 do CONAMA (de 500 µg/m3 para partículas inaláveis, MP10).

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RESULTADOS

56

Tabela 3. Quantificação do MP1,0, MP2,5 e MP10 para os dois pontos

testes no mês de maio de 2007, utilizando o amostrador portátil

“DUSTTRAK™ Aerossol Monitor”, assim como os limites de qualidade

do ar estabelecidos pelo CONAMA, USEPA e OMS.

a Corresponde aos valores de MP2,5 que diferiram significativamente; * Padrão Primário - são as concentrações de poluentes que, quando ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. ** Estado de Emergência - Nível de qualidade do ar considerado crítico pelo CONAMA (resolução 03/1990), indicando risco grave à saúde da população exposta.

4.1.2. Amostrador Mini-Sampler (MP2,5)

Na figura 10 é possível observar o aspecto dos filtros de policarbonato após a

realização de uma campanha de exposição (janeiro/2009). Na Figura 10 – A é

apresentado um filtro completamente saturado de MP2,5. Esse resultado foi obtido

após um curto período de exposição (≈ 3 h) na comunidade do Amarelão durante o

período de queima da castanha. Na Figura 10 – B é apresentado o filtro que foi

exposto Fazenda Sta. Luzia. Os resultados obtidos para os meses de janeiro, maio e

Local MP (µm)

Duração (d/hr/mim/s)

Mínima (µg/m3)

Máxima (µg/m3)

Média (µg/m3)

Fazenda 2,5 03:20:53:00 1,0 578,0 6,0

Amarelão 1,0 00:01:30:00 12,0 8731,0 1002,0

Amarelão 2,5 00:00:33:00 5,0 384,0 27,0a

Amarelão 2,5 00:00:26:00 17,0 15014,0 1040,0a

Amarelão 2,5 00:01:29:00 9,0 11580,0 1369,0a

Amarelão 2,5 00:02:59:00 8,0 12425,0 753,0a

Amarelão 2,5 00:00:39:00 65,0 4091,0 632,0a

Amarelão 2,5 00:02:20:00 52,0 49864,0 8489,0a

Amarelão 10 00:01:34:00 27,0 12196,0 1745,0

CONAMA 10 24 horas Padrão primário* 150,0

CONAMA 10 24 horas Emergência** 500,0

USEPA 2,5 24 horas - 65,0

USEPA 10 24 horas - 150,0

OMS 2,5 24 horas - 25,0

OMS 10 24 horas - 50,0

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RESULTADOS

57

setembro de 2009 para a concentração de MP2,5 e Black Carbon (BC) estão

apresentados na Tabela 4.

Para as medições realizadas com o amostrador portátil “Mini-Sampler” a

concentração média de MP2,5 dentre as dez medições realizadas em cada mês na

comunidade do Amarelão foi de 2.124,2 µg/m3, 1.022,2 µg/m3 e 1.291,9 µg/m3 para

os meses de janeiro, maio e setembro de 2009, respectivamente. Enquanto que a

concentração média de BC foi de 363,6 2 µg/m3, 70,0 µg/m3 e 69,4 µg/m3, para

janeiro, maio e setembro/2009, respectivamente. Para os resultados obtidos para a

Fazenda a concentração média dente as dez medições de MP2,5 realizadas foi de

26,2 µg/m3, 21,1 µg/m3 e 29,4 µg/m3 para os meses de janeiro, maio e setembro de

2009, respectivamente. Para as medições de BC na Fazenda foram encontrados

0,4 µg/m3, 0,19 µg/m3 e 0,68 µg/m3 (Tabela 4).

Figura 10. Filtros de policarbonato usados no amostrador Mini-sampler após campanha de

exposição nos três pontos teste. A – Corresponde ao filtro exposto na comunidade do

Amarelão; B – Corresponde ao ponto Fazenda Sta. Luzia.

AA BB

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RESULTADOS

58

Tabela 4. Quantificação do MP2,5 e black carbon para os dois pontos testes

no mês de janeiro do ano de 2009, utilizando o amostrador portátil “Mini-

Sampler” da Harvard.

4.2 Análise da composição elementar do material particulado acumulado

nos filtros de policarbonato

Para os elementos analisados (Al, Si, P, S, Cl, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Ni,

Cu, Zn, Se, Br, e PB) foi encontrado um aumento em suas concentrações na

comunidade do Amarelão, quando comparado a Fazenda. (Tabela 5).

Período Ponto Amostral

MP (µm)

Duração (h/min)

Deposição (µg)

Concentração media de BC

(µg/m3)

Concentração média de MP2,5

(µg/m3)

Fazenda 2,5 239:20 682,70 0,4 26,2 Janeiro 2009

Amarelão 2,5 30:30 1.811,60 363,6 2.124,2

Fazenda 2,5 117:30 - 0,19 21,1 Maio 2009

Amarelão 2,5 11:70 - 70,0 1.022,2

Fazenda 2,5 115:90 - 0,68 29,4 Setembro

2009 Amarelão 2,5 14:60 - 69,4 1.291,9

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RESULTADOS

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Tabela 5. Composição elementar dos componentes retidos nos filtros de policarbonato amostrados pelo Mini-Sampler na Fazenda

Santa Luzia e Comunidade do Amarelão nos meses de janeiro, maio e setembro de 2009. Resultados expressos em ng/m3.

Janeiro/2009 Maio/2009 Setembro/2009

Fazenda Amarelão Fazenda Amarelão Fazenda Amarelão

Al 73,97 ± 0,0 178,50 ± 117,69 97,56 ± 31,31 --- 11,30 ± 0,0 ---

Si 72,43 ± 21,90 279,71 ± 378,32 274,94 ± 113,93 8.339,02 ± 1233,04 179,49 ± 250,81 9.258,56 ± 12165,93

P 5,77 ± 0,81 10,12 ± 6,83 1,21 ± 0,0 1,33 ± 0,0 10,12 ± 0,0 121,51 ± 0,0

S 120,74 ± 37,95 1.023,24 ± 1118,12 75,67 ± 22,15 545,72 ± 222,98 199,38 ± 49,75 455,49 ± 179,03

Cl 301,77 ± 386,62 1.786,05 ± 1513,89 156,56 ± 43,70 424,04 ± 370,15 23,42 ± 4,71 608,08 ± 638,47

K 199,52 ± 133,46 1.427,42 ± 1179,43 124,35 ± 122,67 2.048,15 ± 1936,36 185,77 ± 59,17 2.348,70 ± 1992,44

Ca 114,22 ± 119,32 309,85 ± 303,53 56,28 ± 41,30 179,63 ± 155,61 14,92 ± 3,30 115,29 ± 72,23

Ti 1,35 ± 0,0 12,44 ± 0,0 --- --- 1,87 ± 1,39 7,76 ± 2,04

V --- 2,15 ± 0,0 0,19 ± 0,0 0,51 ± 0,21 0,44 ± 0,38 ---

Cr --- 59,70 ± 0,0 2,76 ± 0,0 --- 2,07 ± 2,10 52,37 ± 63,28

Mn 3,51 ± 1,97 11,62 ± 8,65 1,50 ± 0,0 6,33 ± 0,0 --- ---

Fe 10,22 ± 4,31 244,90 ± 52,95 13,39 ± 4,73 26,28 ± 24,24 2,81 ± 3,45 5,03 ± 1,18

Ni 3,86 ± 3,05 15,60 ± 9,12 4,48 ± 2,24 40,79 ± 15,11 1,43 ± 0,46 26,72 ± 10,12

Cu 21,93 ± 21,12 38,49 ± 14,11 32,66 ± 13,47 324,61 ± 269,71 1,64 ± 0,0 ---

Zn 18,97 ± 27,80 35,69 ± 21,71 24,85 ± 7,85 207,85 ± 182,89 4,85 ± 0,0 ---

Se 1,05 ± 0,0 7,60 ± 5,21 1,14 ± 0,0 1,25 ± 0,0 0,89 ± 1,15 4,85 ± 0,0

Br 0,18 ± 0,0 12,32 ± 0,0 4,61 ± 3,18 25,70 ± 17,54 2,45 ± 1,70 0,16 ± 0,0

Pb 1,69 ± 0,07 14,09 ± 7,04 2,04 ± 0,0 --- --- 60,62 ± 52,74

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RESULTADOS

60

4.3 Parâmetros pluviométricos

Nas figuras 11 e 12 pode-se observar os índices pluviométricos para o ano de

2007, período em que foram realizadas as medições de MP1,0, MP2,5 e MP10 com o

amostrador portátil “DUSTTRAK™ Aerossol Monitor” e para o período de

agosto/2008 a setembro/2009, em que foi realizado o biomonitoramento e as

amostragens de MP2,5 com o amostrador portátil “Mini-Sampler”. Os dados foram

cedidos pelo setor de meteorologia da EMPARN.

Figura 12. Índice pluviométrico para a cidade de João Câmara - RN entre os meses de agosto/2008 e setembro/2009, período em que foi realizado o biomonitoramento e as amostragens de MP2,5 com o amostrador portátil “Mini-Sampler”.

Figura 11. Índice pluviométrico para a cidade de João Câmara - RN no ano de 2007, período em que foi realizado as medições de MP1,0, MP2,5 e MP10 com o amostrador portátil “DUSTTRAK™ Aerossol Monitor”.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07

Pre

cip

itaç

ão p

luvi

om

étri

ca (

mm

)

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

ago/0

8

set/0

8

out/0

8

nov/0

8

dez/0

8

jan/0

9fe

v/09

mar

/09

abr/0

9

mai/

09

jun/0

9jul

/09

ago/0

9

set/0

9

Pre

cip

itaç

ão p

luvi

om

étri

ca (

mm

)

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RESULTADOS

61

4.4 Teste de micronúcleo em Tradescantia (Trad-MCN)

No sentido de validar e efetivar o uso desta espécie nos testes de

genotoxicidade, foi realizado no mês de novembro de 2008 um comparativo com o

clone KU-20, quanto a sensibilidade à formação de micronúcleos (Figura 14). Além

dos pontos Fazenda Sta. Luzia e Comunidade do Amarelão foi adicionado um

terceiro ponto, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

(05°50'28.78"S; 35°12'6.85"O), zona urbana de Natal-RN.

A taxa de MN encontrados em T. pallida para os três pontos teste foi de:

3,59 ± 0,75 micronúcleos para Fazenda, 4,69 ± 1,07 micronúcleos na UFRN e

9,13 ± 1,30 micronúcleos na comunidade do Amarelão. Enquanto que para o clone

KU-20 foi de 5,20 ± 1,56 micronúcleos, 7,11 ± 2,77 micronúcleos e

12,89 ± 2,41 micronúcleos para Fazenda, UFRN e comunidade do Amarelão,

respectivamente. Os resultados estão expressos na figura 15.

Figura 13. Tétrades de Tradescantia pallida coradas com acetato de carmim a 2% e visualizadas em microscopia óptica com um aumento de 400 X. A, B, C e D – Morfologia de tétrades sem alterações nucleares; E, F e G – Tétrades com a presença de micronúcleos (MN); H e I – Tétrade apresentando uma ponte nucleoplasmática (PNP); J – Tétrade com a presença de um fragmento nuclear (FN), as setas apontam os MN, PNP e FN.

AA BB

DDCC

AA BB

DDCC

Fotos: Marcos Felipe

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RESULTADOS

62

Pelos resultados acima descritos, tanto o clone KU-20 quanto a Tradescantia

pallida são efetivos na sensibilidade em gerar micronúcleos frente à poluentes

atmosféricos, tais como os oriundos da queima da castanha de caju.

A Tabela 6 mostra a frequência mensal de micronúcleos (MN), pontes

nucleoplasmáticas (PNP), fragmentos nucleares (FN) e respectivos desvio-padrão

(D.P.) em inflorescências de Tradescantia pallida amostradas na Comunidade do

Amarelão e Fazenda Santa Luzia, durante o período do biomonitoramento, assim

como, o número de tétrades analisadas para cada mês e em cada ponto.

Figura 14. Comparativo da frequência média de MN in situ em inflorescências de Tradescantia pallida frente ao clone KU-20 para o mês de novembro/2008 na fazenda Sta. Luzia, UFRN e Comunidade do Amarelão. (*) Estatisticamente significativo adotando um p < 0,01, pelo teste de Dunnett, utilizando a Fazenda Sta. Luzia como controle. (**) Significativo adotando um p < 0,05.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Tradescantia pallida Clone KU-20

MC

N/1

00 t

étra

des

Fazenda

UFRN

Amarelão

**

*

*

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RESULTADOS

63

Tabela 6. Frequência mensal de micronúcleos (MN), pontes nucleoplasmáticas (PNP), fragmentos nucleares (FN) e respectivos desvio-padrão (D.P.)

em inflorescências de T. pallida amostradas na Comunidade do Amarelão e Fazenda Santa Luzia, durante o período de julho de 2008 a setembro de

2009, assim como o número de tétrades analisadas.

ª Período em que houve uma diminuição na queima da castanha de caju. * Estatisticamente significativo adotando um p < 0,05. ** Estatisticamente significativo adotando um p < 0,01. *** Estatisticamente significativo adotando um p < 0,0001. ns Não significativo

MN (%) ± D.P. PNP (%) ± D.P. FN (%) ± D.P. Número de tétrades analisadas Mês/ano

Fazenda Amarelão Fazenda Amarelão Fazenda Amarelão Fazenda Amarelão

07/2008ª 1,61 ± 0,95 3,75 ± 1,43*** ª 0,26 ± 0,19 0,56 ± 0,19*** 0,09 ± 015 0,18 ± 0,17ns 4200 6000

08/2008 1,66 ± 0,81 5,03 ± 1,49*** 0,30 ± 0,18 1,03 ± 0,27*** 0,10 ± 0,16 0,51 ± 0,27** 3000 3300

09/2008 2,23 ± 1,15 5,63 ± 1,74*** 0,50 ± 0,28 1,33 ± 0,49** 0,13 ± 0,23 0,93 ± 0,44*** 3000 3300

10/2008 1,33 ± 0,58 5,63 ± 2,76*** 0,26 ± 0,21 1,43 ± 0,38*** 0,06 ± 0,14 1,03 ± 0,33*** 3000 3000

11/2008 3,59 ± 0,75 9,13 ± 1,30*** 0,93 ± 0,37 2,06 ± 0,37*** 0,96 ± 0,33 1,93 ± 0,49*** 3000 3000

12/2008 2,99 ± 0,94 8,20 ± 1,14*** 0,86 ± 0,17 1,26 ± 0,64ns 0,36 ± 0,24 0,96 ± 0,42** 3000 3000

01/2009 1,26 ± 0,62 8,46 ± 2,32*** 0,13 ± 0,17 --- 0,03 ± 0,10 --- 3000 3000

02/2009 1,63 ± 0,69 6,76 ± 1,35*** 0,40 ± 0,43 1,16 ± 0,39** 0,06 ± 0,14 0,60 ± 0,49** 3000 3000

03/2009 1,69 ± 0,65 5,56 ± 0,54*** 0,46 ± 0,52 0,93 ± 0,66ns 0,06 ± 0,21 0,66 ± 0,31 3000 3000

04/2009 1,49 ± 0,42 5,43 ± 1,28*** 0,43 ± 0,62 0,90 ± 0,68ns 0,03 ± 0,10 0,20 ± 0,28ns 3000 3000

05/2009 1,46 ± 1,12 5,36 ± 2,02*** --- 0,80 ± 0,67 --- 0,20 ± 0,23 3000 3000

06/2009 1,86 ± 0,77 5,66 ± 1,06*** 0,50 ± 0,36 0,96 ± 0,71ns 0,16 ± 0,23 0,56 ± 0,41** 3000 3000

07/2009 1,93 ± 0,34 5,90 ± 1,42*** 0,53 ± 0,42 1,09 ± 0,59* 0,20 ± 0,17 0,85 ± 0,53** 3000 2100

08/2009 1,33 ± 0,47 5,66 ± 1,82*** 0,56 ± 0,27 1,06 ± 0,40** 0,10 ± 0,22 0,30 ± 0,36* 3000 3000

09/2009 1,26 ± 0,81 5,76 ± 2,83*** 0,50 ± 0,45 1,10 ± 0,52* 0,13 ± 0,17 0,43 ± 0,31** 3000 3000

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RESULTADOS

64

Importante enfatizar a diminuição na frequência de MN na comunidade do

Amarelão para o mês de julho de 2008 (3,78 ± 1,41), período em que houve uma

redução na queima da castanha de caju em virtude de falta de abastecimento da

castanha de caju, in natura, vinda do município de Serra do Mel - RN. Para os

demais meses do biomonitoramento, cuja queima da castanha foi normatizada, a

frequência média de MN em T. pallida na comunidade do Amarelão foi de 2 a 7

vezes maior que a encontrada para a fazenda Sta. Luzia (controle negativo). Para

todos os meses analisados a frequência média de MN encontrados no Amarelão foi

significativamente superior (p < 0,0001) a da Fazenda.

Na análise das PNP, com exceção dos meses de 12/2008, 03/2009, 04/2009

e 06/2009, todos os outros meses analisados apresentaram um aumento

significativo na taxa de PNP, quando comparado o Amarelão com a Fazenda. Para a

análise dos FN, exceto nos meses de 07/2008 e 04/2009, os demais meses

analisados apresentaram um aumento significativo da taxa de FN no Amarelão

(Tabela 6).

4.4.1. Índice de micronúcleos em T. pallida x MP2,5

Ao analisar os dados de micronúcleos em T. pallida para a comunidade do

Amarelão nos meses de janeiro, maio e setembro de 2009 e a concentração média

de MP2,5 no mesmo período, podemos perceber uma correlação positiva significativa

(y = 0,0029x + 2,2139, R2 = 0,986) entre os dois parâmetros em questão (Figura 15).

Figura 15. Frequência média de MN in situ em tétrades de T. pallida expostas na comunidade do Amarelão e a concentração média de MP2,5 para os meses de janeiro, maio e setembro de 2009.

0

2

4

6

8

10

12

jan/09 mai/09 set/09

MN

/100

tétr

ades

0

500

1000

1500

2000

2500

MP

2,5

(µg

/m3)

MN - Amarelão

MP2,5 Amarelão

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RESULTADOS

65

4.4.2. Índice de micronúcleos em T. pallida x pluviometria

Ao analisar os dados de micronúcleos em T. pallida e o índice pluviométrico

no mesmo período em que foi coletada as inflorescências, pode-se perceber uma

correlação negativa (r = -0,58; p < 0,02) entre a frequência de MN na comunidade do

Amarelão e a precipitação pluviométrica (Figura 17; Tabela 7). Ou seja, para os

meses mais chuvosos: março, abril, maio, junho e julho, foi verificado uma

diminuição na frequência de MN, para a comunidade do Amarelão. Já nos meses de

menor precipitação pluviométrica a frequência de MN no Amarelão aumentou

significativamente (p < 0,02). A mesma correlação negativa foi verificada para os

dados obtidos na Fazenda Santa Luzia, porém não significativa estatisticamente

(Figura 17; Tabela 7).

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RESULTADOS

66

Figura 16. Biomonitoramento in situ da frequência média de MN em tétrades de T. pallida para a Comunidade do Amarelão e Fazenda Sta. Luzia e precipitação pluviométrica mensal para o mesmo período em análise. (*) Estatisticamente significativo adotando um p < 0,0001.

0

2

4

6

8

10

12

ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09

MN

/100

tétr

ades

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

Pre

cip

itaçã

o p

luvi

om

étri

ca (m

m)

MN - Fazenda

MN - Amarelão

Precipitação

*

*

*

*

*

*

*

*

*

* *

* *

*

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RESULTADOS

67

Para melhor visualização da correlação observada, a frequência de

micronúcleos por ponto amostral e a precipitação pluviométrica também foi

representada graficamente na figura 18 pelo diagrama de dispersão.

4.4.3. Correlação entre os biomarcadores de dano ao DNA

Foi verificada uma forte correlação cruzada entre os três biomarcadores de

dano no DNA utilizados: MN, PNP e FN. Esta correlação positiva foi evidenciada

tanto para as frequências obtidas na comunidade do Amarelão,como para as obtidas

na Fazenda Sta. Luzia (Tabela 7).

Figura 17. Diagrama de dispersão para o índice de MN com relação a precipitação pluviométrica para o mesmo período de coleta das inflorescências de T. pallida. Correlação negativa franca para a Fazenda (r = -0,41) e negativa moderada para o Amarelão (r = -0,58).

y = -0,0093x + 7,2333

R2 = 0,3409r = - 0,58

y = -0,0034x + 2,1836

R2 = 0,1705r = - 0,41

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0

Precipitação pluviométrica (mm)

MC

N/1

00 t

étra

des

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RESULTADOS

68

Tabela 7. Matriz de correlação entre a frequência de micronúcleos (MNs),

pontes nucleoplasmáticas (PNP), fragmentos nucleares (FN) e

pluviometria para a Comunidade do Amarelão e Fazenda Sta. Luzia.

Local Biomarcador Pluviometria MN FN

PNP p <0,002 <0,0003 <0,0001

r -0,76 0,82 0,93

FN p <0,01 <0,0007 --

r -0,67 0,79 --

MN p <0,02 -- --

Amarelão

r -0,58 -- --

PNP p Ns <0,0002 <0,0007

r -0,29 0,84 0,79

FN p Ns <0,0001 --

r -0,43 0,89 --

MN p Ns -- --

Fazenda

r -0,41 -- -- ns Não significativo

4.5 Viabilidade Celular

As células MRC-5 cultivadas em diferentes concentrações do material

inorgânico extraído dos filtros de MP2.5 coletados na comunidade do Amarelão,

assim como o controle negativo (somente meio de cultura) apresentaram viabilidade

celular ≥ 96% (Figura 18).

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RESULTADOS

69

4.6 Citotoxicidade Celular

Para o ensaio de citotoxicidade celular foi utilizado, além do controle negativo,

os filtros brancos (não expostos). Sendo acrescentado duas concentrações do

material inorgânico extraído dos filtros de MP2.5 (200 µg/mL e 400 µg/mL). Tais

concentrações foram citotóxicas quando comparadas aos filtros brancos (Figura 19).

Figura 18. Ensaio de Viabilidade Celular pelo método de exclusão por azul de tripan, utilizando as cinco concentrações do extrato inorgânico obtido do MP2.5 coletado na comunidade do Amarelão.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 6,25 12,5 25 50 100

Material Particulado (µg/mL)

Via

bil

idad

e (%

)

Figura 19. Ensaio de citotoxicidade celular pelo método MTT, utilizando as sete concentrações do extrato inorgânico obtido do MP2.5 coletado na comunidade do Amarelão. (*) Estatisticamente significativo pelo teste de Dunnett´s, adotando um p < 0,01 e os filtros brancos como controle negativo.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 Branco 6,25 12,5 25 50 100 200 400

Material Particulado (µg/mL)

Re

duç

ão

do

MT

T (

% d

o c

ontr

ole)

*

*

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DISCUSSÃO

70

5. DISCUSSÃO

Para melhor entender quais os principais elementos presentes nos dois

pontos estudados foram realizadas medições de vários componentes: MP1,0, MP2,5,

MP10, BC, Al, Si, P, S, Cl, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Se, Br, e Pb. A

presença de alguns compostos em altas concentrações são importantes indicadores

de exposição a poluentes ambientais.

Segundo a “USEPA” (1998) o maior percentual do material particulado

produzido, seja por combustão de produtos fósseis, seja por combustão de

biomassa, é formado por partículas menores que 2,5 µm de diâmetro aerodinâmico,

em uma proporção de aproximadamente 90%. Sendo assim, a segunda etapa de

medições do MP na comunidade do Amarelão e Fazenda Santa Luzia durante o ano

de 2009 (Tabela 4), caracterização dos compostos inorgânicos (Tabela 5) e

execução dos ensaios com cultura de células (Figura 18 e 19) foram realizados a

partir da coleta do MP2,5 retido nos filtros de policarbonato.

Os trabalhadores envolvidos no beneficiamento da castanha de caju estão

expostos a uma concentração de MP10 que excede o nível de exposição definido

como “estado de emergência” estabelecido pelo CONAMA (de 500 µg/m3 para

partículas inaláveis, ou seja, partículas com diâmetro menor que 10 µm). Todas as

medições de MP2,5 e MP10 realizadas na comunidade do Amarelão excederam os

limites diários estabelecidos pelo CONAMA, US EPA e OMS. Sendo assim, a

atividade, da maneira como é realizada atualmente, é caracterizada como um

problema ocupacional grave com sérios riscos a saúde dos trabalhadores envolvidos

no processo.

Num estudo realizado no leste da Índia, foi verificado que a concentração

média de MP10 e MP2,5 na residência de mulheres que utilizam a queima de

biomassa (madeira) como fonte de energia para cozinhar foi de 625 ± 150 µg/m3 e

312 ± 85 µg/m3, respectivamente. Enquanto que no grupo controle, mulheres que

utilizam o gás natural (GLP), a concentração foi de 129 ± 42 µg/m3 e 77 ± 29 µg/m3,

para MP10 e MP2,5, respectivamente. Os autores verificaram elevada presença de

MNs (ensaio CBMN), aumento de danos oxidativos (ensaio Cometa), aumento de

EROs e diminuição de enzimas antioxidantes (SOD). As medições de MP10 e MP2,5

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DISCUSSÃO

71

na comunidade do Amarelão foram de três a seis vezes superiores as encontradas

por Mondal et al. (2010).

Num estudo realizado por Zelikoff et al. (2000, 2002a) na Universidade de

Nova York, vários ratos foram expostos a fumaça proveniente da queima de madeira

de carvalho por uma hora, numa concentração de 750 µg/m3, um pouco abaixo das

concentrações de MP encontradas na comunidade do Amarelão. Em seguida, os

mesmos ratos foram expostos ao Staphylococcus aureus, agente que causa

infecção respiratória grave, por instilação intratraqueal. Um grupo controle, não

exposto à fumaça também recebeu o mesmo tratamento. A bactéria mostrou-se

mais virulenta nos ratos expostos à fumaça e os autores sugeriram que a fumaça

suprime a atividade dos macrófagos (NAEHER et al., 2007).

O mesmo grupo realizou um estudo com ratos previamente infectados com

Streptococcus pneumoniae e expostos a uma concentração de MP2,5 um pouco

acima da estabelecida pela NAAQS (National Ambient Air Quality Standard) da

cidade de Nova York, Estados Unidos. Os resultados deste estudo demonstram que

uma única exposição por inalação do MP2,5 agravou a infecção gerada pela bactéria,

comprometendo o sistema de defesa imunológica dos animais expostos (ZELIKOFF

et al., 2000, 2002b). Outro estudo examinou os efeitos em ratos expostos à fumaça

gerada pela queima de madeira (Pinus edulis) no período de 4 e 12 semanas. A

fumaça gerou comprometimento da função pulmonar, inflamação crônica leve e

metaplasia de células escamosas na laringe de todos os grupos de ratos expostos

(TESFAIGZI et al., 2002).

O material particulado pode conter uma grande variedade de metais. Como

resultado disto, a produção de agentes oxidantes mediada por metais de transição,

vai depender da quantidade de cada metal (especialmente do ferro), assim como

suas interações. O Radical hidroxila (OH•) é uma das EROs com o maior potencial

oxidante, e sua geração, mediada por metais de transição, é uma das principais

hipóteses para a toxicidade atribuída ao MP (VALAVANIDIS et al., 2000; VIDRIO et

al., 2008).

Valavanidis et al. (2000) mostraram que as partículas totais em suspensão

(PTS), partículas de exaustão do diesel (PED) e partículas de exaustão da gasolina

(PEG) geram radicais hidroxila (OH•) na presença de pequenas concentrações de

peróxido de hidrogênio. A observação da geração de OH• frente à exposição ao MP

também foi documentada em estudos in vitro e in vivo com MP10, PED e outras

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DISCUSSÃO

72

partículas inaláveis (cinzas, pó de carvão e sílica) (GHIO et al., 1992;

DUSSELDORP et al., 1995; HUANG et al., 1998). Outros trabalhos publicados

enfocam na formação de OH• mediada pela presença de metais de transição,

principalmente via reação de Fenton (KNAAPEN et al., 2002; ZHOU et al., 2003;

TURI et al., 2004; DEGUILLAUME et al., 2005).

Na reação de Fenton (Eq. 1) o ferro na forma reduzida (Fe+2) reage com o

peróxido de hidrogênio (H2O2) para produzir a forma oxidada do ferro (Fe+3) e o

radical hidroxila (OH•):

Fe+2 + O2 ↔ Fe+3 + O2-•

2O2-• + 2H+ → O2 + H2O2

Fe+2 + H2O2 → Fe+3 + OH- + OH• (Eq. 1)

Reações similares podem ocorrer com o Cu, Cr e Ni (STOHS & BAGCHI,

1995; VIDRIO et al., 2008). Neste sentido, a elevada presença de metais de

transição encontrados no MP2,5 coletado na comunidade do Amarelão, sobretudo Fe,

Ni, Cu, Cr e Zn, podem estar influenciando na genotoxicidade (Tabela 6) e

citotoxicidade celular (Figura 19) observada, um vez que esses elementos

apresentam o potencial de causar danos na molécula do DNA.

No entanto, o estabelecimento da relação de causalidade entre a exposição

química pelo MP e os danos à saúde dos trabalhadores envolvidos na queima da

castanha de caju deve ser bastante criteriosa, já que a maioria da exposição química

ocupacional e ambiental é dada por uma mistura complexa, e não de agentes

individualizados (AZEVEDO et al., 2004). Não devendo ser descartado a presença e

potencialidade dos compostos orgânicos voláteis, sobretudo os HPAs em gerar

danos na molécula do DNA.

Devido a alta sensibilidade o bioensaio de micronúcleo em Tradescantia tem

sido mundialmente utilizado em estudos de genotoxicidade (GRANT, 1994;

ČĖSNIENĖ et al., 2010; MISÍK et al., 2011). No entanto, em países de clima tropical

os clones de Tradescantia BNL-4430 e KU-20 não se desenvolvem bem nas

condições de elevada temperatura, umidade e precipitação destes países,

manifestando uma diminuição no seu crescimento e floração. Além disso, quando

mantidos por longos períodos em condições abertas os clones são fortemente

atacados por parasitas e insetos, inviabilizando a sua utilização em estudos de

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DISCUSSÃO

73

biomonitoramento a médio e longo prazo (SUYAMA et al., 2002). Uma alternativa

mais adequada às condições ambientais encontradas no Brasil e em países tropicais

é a utilização da Tradescantia pallida.

Pelos dados obtidos no presente estudo a Tradescantia pallida demonstrou

ser tão sensível a poluentes atmosféricos quanto o clone KU-20, sobretudo os

oriundos da queima da castanha de caju. Tal resultado, somado aos diversos

trabalhos publicados na literatura que utilizam a Tradescantia pallida como

bioindicador de genotoxicidade (BATALHA et al., 1999; GUIMARÃES et al., 2000;

CARVALHO-OLIVEIRA et al., 2005; CARRERAS et al., 2006; ALVES et al., 2008;

LEAL et al., 2008; PRAJAPATI e TRIPATHI, 2008; LIMA et al., 2009; MARIANI et al.,

2009; MEIRELES et al., 2009; MIELLI et al., 2009; SAVÓIA et al., 2009;

SISENANDO et al., 2010; ALVES et al., 2011), validam tal espécie para o

biomonitoramento proposto.

Uma melhor compreensão do potencial tóxico e mutagênico da poluição

atmosférica exige que os testes toxicológicos in situ sejam realizados durante

diferentes estações do ano, com variações de temperatura, índice pluviométrico e

umidade relativa do ar, permitindo incluir essas variáveis na análise do potencial

mutagênico atribuído ao particulado. Um estudo realizado por Klumpp et al. (2004)

demonstrou a influência da temperatura e umidade relativa do ar no bioensaio

Trad-MCN. Sendo assim, o biomonitoramento realizado neste estudo contemplou o

período de julho de 2008 a setembro de 2009.

Savóia et al. (2009) ao realizarem um biomonitoramento com a T. pallida a fim

de avaliar o potencial clastogênico da poluição do ar em Santo André - SP,

verificaram a influência de fatores abióticos, tais como: umidade relativa do ar,

temperatura e precipitação pluviométrica com a formação de MN nas plantas

expostas. Assim como os dados obtidos por Savóia et al. (2009), o presente estudo

também observou uma relação inversa entre a taxa de MN e a precipitação

pluviométrica mensal.

A autora justifica a relação inversa observada chamando atenção para a

influência da disponibilidade de água na abertura e fechamento dos estômatos,

estes podem ser fechados sob baixa disponibilidade de água. Em tal situação, a

absorção de gases poluentes, que ocorre principalmente via estômatos, pode ser

restrita, o que iria mascarar a resposta de genotoxicidade frente ao poluente em

análise. No entanto, no presente estudo a justificativa apresentada não se aplica, já

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DISCUSSÃO

74

que as mudas de T. pallida foram regadas diariamente com água destilada. A

justificativa mais plausível seria a de que na estação chuvosa os aerossóis em

suspensão na atmosfera são precipitados e sua concentração no ar é reduzida.

Sendo assim, as chuvas exercem um papel positivo como um agente de

autodepuração dos poluentes atmosféricos.

Um estudo realizado por Lara et al. (2005) com as emissões de aerossóis

durante a queima da cana de açúcar na cidade de Piracicaba – SP revelou uma

variação na concentração de alguns poluentes atmosféricos entre os períodos de

seca (baixa precipitação pluviométrica) e chuvoso (alta precipitação pluviométrica).

As concentrações médias de MP2,5, partículas grossas (2,5 µm < diâmetro < 10 µm),

black carbon e alguns elementos químicos (Al, Si, P, S, Cl, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe,

Ni, Cu, Zn, Br, Pb) foram estatisticamente menores (p < 0,01) na estação chuvosa

que na estação seca.

Outro estudo realizado por Maenhaut et al. (2002) em Alta Floresta – MT com

a queima de biomassa em florestas tropicais verificou que a concentração média de

MP na estação de seca foi de 65 ± 55 µg/m3 para o particulado fino e 37 ± 25 µg/m3

para o particulado grosso. Já na estação chuvosa essas concentrações reduziram

para 9,9 ± 9,9 µg/m3 no particulado fino e 15,1 ± 9,9 µg/m3 para o particulado grosso.

As concentrações médias de BC e outros 38 elementos químicos também

diminuíram significativamente na estação chuvosa.

Apesar do número reduzido de amostragens do MP2,5 com relação aos

estudos acima descritos, no presente estudo também foi verificado uma correlação

negativa entre a concentração média de MP2,5 e a precipitação pluviométrica. Esta

redução nas concentrações de MP2,5 na estação chuvosa reduz a quantidade de

particulado captado pelas mudas de T. pallida em exposição e consequentemente

tem influência na diminuição de MN observada para esta estação (Figura 16 e 17).

Para todos os meses analisados, foi verificado uma frequência média de

micronúcleos em T. pallida na comunidade do Amarelão de 2 a 7 vezes maior que a

encontrada para a Fazenda Sta. Luzia (controle negativo), sendo esta diferença

estatisticamente significativa (p < 0,01) em todos os meses. No mês de julho de

2008 houve uma diminuição na frequência de MN (3,78 ± 1,41) na comunidade do

Amarelão em virtude da redução na queima da castanha de caju (Tabela 6).

Os resultados obtidos para a taxa de MN decorrente da queima de biomassa

pela castanha de caju na comunidade do Amarelão são superiores aos resultados

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DISCUSSÃO

75

obtidos por diversos estudos que utilizam o Trad-MCN com o objetivo de avaliar a

genotoxicidade de diversas fontes de poluição, a citar: monitoramento de poluentes

de origem veicular, fábrica de produtos químicos industriais e incinerador na cidade

de Bratislava, Eslováquia (MISÍK et al., 2006); diversas áreas industriais na Europa,

tais como Barcelona, Espanha; Lyon, França e Klagenfurt, Áustria (KLUMPP et al.,

2006); combustão para aquecimento residencial e tráfego de automóveis na cidade

de Perugia, Itália (VILLARINI et al., 2009); poluentes atmosféricos urbanos em áreas

de intenso tráfico de veículos na cidade de Córdoba, Argentina (CARRERAS et al.,

2006); Barcelona e Valencia, Espanha; Düsseldorf e Stuttgart, Alemanha;

Copenhagen, Dinamarca; Edinburgh, Reino Unido (KLUMPP et al., 2006); Varanasi,

Índia (PRAJAPATI et al., 2008); São José dos Campos, Brasil (MARIANI et al.,

2009); Santo André, Brasil (SAVÓIA et al., 2009) e Feira de Santana, Brasil

(MEIRELES et al., 2009).

Apesar de não existir estudos que utilizam as PNP e FN como biomarcadores

de danos em tétrades de Tradescantia, este tipo de parâmetro avaliativo tem sido

utilizado em células humanas binucleadas, sobretudo linfócitos, e linhagens

celulares estabelecidas. O uso de PNP como biomarcador de danos no DNA foi

validado em células humanas WIL2-NS tratadas com peróxido de hidrogênio,

superóxido ou após a co-incubação com neutrófilos humanos ativados. A frequência

de PNP em células binucleadas aumentou de forma dose-dependente até 20 vezes

em relação ao controle. As PNP foram positivamente correlacionadas com a

frequência de MN nas mesmas células binucleadas (r > 0,82, p < 0,0001) (UMEGAKI

& FENECH, 2000).

Num estudo realizado com cultura de linfócitos humanos foi observado a inter-

relação entre MN, PNP e brotamento nuclear, numa tentativa de validar o uso

desses biomarcadores e determinar de forma mais abrangente o impacto da

deficiência do ácido fólico em vários aspectos da estabilidade genômica. Foi

observado que tanto a frequência de MN como as frequências de PNP e brotamento

nuclear foram negativamente correlacionadas com as doses de ácido fólico,

sugerindo que os fragmentos cromossomicos (MN), o rearranjo do cromossômico

(PNP) e a amplificação de gênica (brotamentos nucleares) são induzidos pela

deficiência de ácido fólico. Também foi observado uma forte correlação cruzada

entre a frequência de MN, PNP e brotamento nuclear (r = 0,75 a 0,77; p < 0,001)

(FENECH & CROTT, 2002b).

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DISCUSSÃO

76

Os resultados obtidos para a comunidade do Amarelão também evidenciaram

uma correlação positiva entre a frequência de MN e os demais biomarcadores

utilizados na avaliação da genotoxicidade, as PNP (r = 0,82; p < 0,0003) e os FN

(r = 0,79; p < 0,0007). Para a Fazenda Sta. Luzia a correlação entre MN e os

biomarcadores, PNP (r = 0,84; p < 0,0002) e FN (r = 0,89; p < 0,0001) também foi

verificada (Tabela 7).

Estudos realizados por Jalava et al. (2008) demonstraram que macrófagos

RAW 264.7 expostos a 150 µg/ml da fração urbana de MP2,5 solúvel em água,

mostrou atividade citotóxica pelo ensaio MTT. Os resultados obtidos foram similares

aos encontrados nas frações extraídas do MP2,5 coletado no Amarelão. Meng e

Zhang (2007) analisando os efeitos toxicológicos da fração solúvel em água e fração

orgânica do MP2,5 de tempestades de poeira na China observaram um decréscimo

na viabilidade celular e um aumento de danos ao DNA de macrófagos alveolares de

ratos, atribuindo tais efeitos a formação de adutos de DNA pelos hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos e o potencial oxidativo da fração solúvel em água. Além

disso, os solventes orgânicos extraíveis apresentaram maior dano do DNA do que a

fração solúvel em água.

O presente estudo identificou a presença de altas concentrações de MP na

comunidade do Amarelão, provocada pela queima da castanha de caju.

Adicionalmente, foi observada toxicidade genética em Tradescantia pallida e

citotoxicidade em células MRC-5. Diante da importância da qualidade do ar e da

grande importância social e econômica do beneficiamento da castanha de caju para

as centenas de famílias ao redor do mundo que fazem uso da queima artesanal, se

faz necessário a elaboração de um programa periódico de avaliação da qualidade do

ar, levando em conta não somente os parâmetros químicos, mas também análises

de mutagenicidade. Os resultados contidos neste estudo possibilitaram a

identificação de um problema ocupacional grave, com sérios riscos aos

trabalhadores e familiares que vivem da atividade. Diante disto, a adoção de

medidas preventivas e de melhores práticas, tais como o uso de exaustores

coletivos e equipamentos de segurança (máscaras e luvas), objetivando a melhoria

tanto para a atividade como na qualidade de vida da população, seria de

fundamental importância para o desenvolvimento sustentável da atividade.

Estudos adicionais também devem ser realizados, utilizando outras

metodologias e frações, para detecção de outros tipos de poluentes e seus efeitos

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DISCUSSÃO

77

sobre a biota e trabalhadores envolvidos, como também para uma melhor

caracterização e compreensão dos processos genético-moleculares envolvidos na

toxicidade observada.

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CONCLUSÃO

78

6. CONCLUSÃO

As medições de MP1,0, MP2,5, MP10 e BC na comunidade do Amarelão alertam

para um problema ocupacional grave, com sérios riscos a saúde dos trabalhadores

envolvidos no beneficiamento artesanal da castanha de caju, fazendo necessário o

planejamento de medidas que visem o desenvolvimento sustentável da atividade,

garantindo o controle na emissão de poluentes ambientais. Para a análise

elementar, a elevada presença de metais de transição encontrados no MP2,5

coletado na comunidade do Amarelão, sobretudo Fe, Ni, Cu, Cr e Zn, pode estar

influenciando na genotoxicidade e citotoxicidade observada.

O bioensaio de micronúcleo utilizando tétrades de Tradescantia pallida

demonstrou-se tão efetivo quanto o clone KU-20 em detectar a ação de poluentes

atmosféricos na indução de danos cromossômicos, indicando que os elementos

oriundos da queima da castanha de caju são capazes de elevar significativamente a

taxa de mutações no DNA de células germinativas de T. pallida. Além disto,

variáveis ambientais, como a precipitação pluviométrica, influenciam na

genotoxicidade observada.

Outras alterações nucleares, como as pontes nucleoplasmáticas e fragmentos

nucleares apresentaram forte correlação com a frequência de micronúcleos e podem

ser utilizados como biomarcadores de danos em tétrades de Tradescantia.

A futura utilização destes parâmetros avaliativos constitue uma importante

ferramenta adicional ao Trad-MCN.

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APÊNDICE

99

APÊNDICE

Apêndice 1: Dados brutos obtidos durante a leitura das lâminas de tétrades de

Tradescantia pallida e clone KU-20 durante o biomonitoramento (07/2008-09/2009).

Tabela A1 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de julho/2008.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia 1 291 7 2 0 0 1 0 11 0,666

Fazenda Santa Luzia 2 291 6 2 0 0 0 0 10 1,666

Fazenda Santa Luzia 3 297 2 1 0 0 1 1 4 0,666

Fazenda Santa Luzia 4 297 2 1 0 0 1 0 4 0,333

Fazenda Santa Luzia 5 297 1 2 0 0 0 0 5 0,333

Fazenda Santa Luzia 6 299 1 0 0 0 1 0 1 2,666

Fazenda Santa Luzia 7 293 5 0 0 0 1 0 5 1,333

Fazenda Santa Luzia 8 297 2 1 0 0 2 1 4 2,333

Fazenda Santa Luzia 9 295 3 1 0 0 1 0 5 1,000

Fazenda Santa Luzia 10 296 3 1 0 0 0 1 5 1,666

Fazenda Santa Luzia 11 299 1 0 0 0 1 0 1 0,666

Fazenda Santa Luzia 12 298 2 0 0 0 1 1 2 1,666

Fazenda Santa Luzia 13 297 1 2 0 0 0 0 5 0,666

Fazenda Santa Luzia 14 295 4 1 0 0 1 0 6 0,333

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APÊNDICE

100

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 294 5 1 0 0 3 1 7 2,333

Amarelão 2 288 7 3 0 0 1 1 13 4,333

Amarelão 3 295 3 1 0 0 2 0 5 1,666

Amarelão 4 293 3 2 2 0 2 0 13 4,333

Amarelão 5 293 4 3 0 0 2 0 10 3,333

Amarelão 6 286 7 5 0 0 1 1 17 5,666

Amarelão 7 289 8 2 0 0 2 1 12 4,000

Amarelão 8 294 3 2 0 0 2 1 7 2,333

Amarelão 9 293 1 5 0 0 1 0 11 3,666

Amarelão 10 292 4 3 0 0 2 0 10 3,333

Amarelão 11 285 12 3 0 0 2 1 18 6,000

Amarelão 12 289 7 3 1 0 1 1 16 5,333

Amarelão 13 294 4 2 0 0 2 0 8 2,666

Amarelão 14 294 4 1 0 0 1 0 6 2,000

Amarelão 15 285 9 3 2 0 1 1 21 7,000

Amarelão 16 296 2 1 1 0 2 0 7 2,333

Amarelão 17 289 8 2 0 0 2 1 12 4,000

Amarelão 18 291 6 3 0 0 2 1 12 4,000

Amarelão 19 292 4 2 0 0 1 0 8 2,666

Amarelão 20 291 6 3 0 0 2 1 12 4,000

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APÊNDICE

101

Tabela A2 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de agosto/2008.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 297 2 1 0 0 2 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

2 294 3 2 0 0 1 1 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

3 298 1 1 0 0 0 1 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

4 297 2 0 0 0 1 0 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

5 295 2 2 0 0 1 0 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

6 295 5 0 0 0 1 1 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

7 294 4 2 0 0 1 0 8 2,666

Fazenda Santa Luzia

8 296 4 0 0 0 0 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

9 293 5 2 0 0 1 0 9 3,000

Fazenda Santa Luzia

10 298 2 0 0 0 1 0 2 0,666

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 291 6 3 0 0 3 2 12 4,000

Amarelão 2 292 4 1 1 0 2 2 9 3,000

Amarelão 3 294 4 1 1 0 4 1 9 3,000

Amarelão 4 287 10 1 0 0 4 1 12 4,000

Amarelão 5 287 9 2 1 0 3 2 16 5,333

Amarelão 6 291 3 4 1 0 3 3 14 4,666

Amarelão 7 289 3 7 0 0 2 1 17 5,666

Amarelão 8 288 6 5 0 1 2 2 20 6,666

Amarelão 9 290 6 1 1 1 4 1 15 5,000

Amarelão 10 285 7 3 2 0 3 2 19 6,333

Amarelão 11 284 8 4 1 1 4 0 23 7,666

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APÊNDICE

102

Tabela A3 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de setembro/2008.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 295 5 0 0 0 2 1 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

2 298 1 1 0 0 3 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

3 298 1 0 1 0 2 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

4 295 3 1 1 0 1 1 8 2,666

Fazenda Santa Luzia

5 293 6 1 0 0 2 0 8 2,666

Fazenda Santa Luzia

6 298 2 0 0 0 1 0 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

7 294 5 1 0 0 2 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

8 295 4 1 0 0 1 0 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

9 291 5 4 0 0 0 2 13 4,333

Fazenda Santa Luzia 10 293 4 2 1 0 1 0 11 3,666

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 289 5 5 1 0 3 2 18 6,000

Amarelão 2 286 9 4 1 0 4 4 20 6,666

Amarelão 3 290 6 3 1 0 1 2 15 5,000

Amarelão 4 291 8 1 0 0 3 3 10 3,333

Amarelão 5 287 10 2 1 0 5 2 17 5,666

Amarelão 6 282 13 4 1 0 5 3 24 8,000

Amarelão 7 292 6 1 1 0 3 3 11 3,666

Amarelão 8 294 4 1 1 0 6 4 9 3,000

Amarelão 9 289 8 1 1 1 4 3 17 5,666

Amarelão 10 285 10 3 1 1 6 0 23 7,666

Amarelão 11 282 14 4 0 0 4 5 22 7,333

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APÊNDICE

103

Tabela A4 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de outubro/2008.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 298 2 0 0 0 0 0 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

2 295 5 0 0 0 1 1 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

3 295 3 2 0 0 1 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

4 295 4 1 0 0 1 0 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

5 296 3 1 0 0 1 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

6 297 3 0 0 0 0 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

7 298 2 0 0 0 0 1 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

8 298 2 0 0 0 1 0 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

9 296 4 0 0 0 2 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

10 296 4 0 0 0 1 0 4 1,333

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 296 4 0 0 0 5 3 4 1,333

Amarelão 2 283 12 4 1 0 6 4 23 7,666

Amarelão 3 289 9 2 0 0 4 2 13 4,333

Amarelão 4 291 5 4 0 0 3 5 13 4,333

Amarelão 5 287 9 4 0 0 3 3 17 5,666

Amarelão 6 287 10 2 1 0 5 3 17 5,666

Amarelão 7 284 10 2 4 0 3 2 26 8,666

Amarelão 8 295 5 0 0 0 6 4 5 1,666

Amarelão 9 283 7 9 1 0 4 2 28 9,333

Amarelão 10 287 7 4 0 2 4 3 23 7,666

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APÊNDICE

104

Tabela A5 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de novembro/2008.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 294 5 1 0 0 2 2 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

2 294 1 5 0 0 3 2 11 3,666

Fazenda Santa Luzia

3 294 3 2 1 0 2 3 10 3,333

Fazenda Santa Luzia

4 293 5 1 0 1 3 3 11 3,666

Fazenda Santa Luzia

5 290 5 5 0 0 5 4 15 5,000

Fazenda Santa Luzia

6 293 4 2 1 0 2 5 11 3,666

Fazenda Santa Luzia

7 290 9 1 0 0 1 3 11 3,666

Fazenda Santa Luzia

8 291 5 4 0 0 3 2 13 4,333

Fazenda Santa Luzia

9 295 2 3 0 0 4 2 8 2,666

Fazenda Santa Luzia

10 293 3 4 0 0 3 3 11 3,666

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 286 7 6 1 0 5 5 22 7,333

Amarelão 2 283 10 6 0 1 6 6 26 8,666

Amarelão 3 285 11 2 2 0 7 5 21 7,000

Amarelão 4 284 10 4 2 0 5 4 24 8,000

Amarelão 5 279 11 10 0 0 8 5 31 10,33

Amarelão 6 279 11 10 0 0 6 4 31 10,33

Amarelão 7 282 9 5 4 0 6 8 31 10,33

Amarelão 8 279 14 5 1 1 8 6 31 10,33

Amarelão 9 283 8 7 2 0 6 8 28 9,333

Amarelão 10 285 7 4 2 2 5 7 29 9,666

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APÊNDICE

105

Tabela A6 – Dados obtidos para o clone KU-20 no mês de novembro/2008.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 286 12 2 0 0 10 3 16 5,333

Fazenda Santa Luzia

2 291 7 1 1 0 4 6 12 4,000

Fazenda Santa Luzia

3 285 13 2 0 0 5 4 17 5,666

Fazenda Santa Luzia

4 281 16 2 1 0 7 3 23 7,666

Fazenda Santa Luzia

5 288 10 2 0 0 6 5 14 4,666

Fazenda Santa Luzia

6 287 10 3 0 0 11 4 16 5,333

Fazenda Santa Luzia

7 283 15 1 1 0 6 3 20 6,666

Fazenda Santa Luzia

8 287 11 2 0 0 5 6 15 5,000

Fazenda Santa Luzia

9 289 10 0 1 0 3 7 13 4,333

Fazenda Santa Luzia

10 289 9 1 0 0 9 8 11 3,666

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 268 17 12 2 0 14 14 47 15,666

Amarelão 2 274 12 10 3 1 10 10 45 15,000

Amarelão 3 270 21 7 2 0 19 19 41 13,666

Amarelão 4 268 20 11 1 0 16 16 45 15,000

Amarelão 5 279 16 4 1 0 22 8 27 9,000

Amarelão 6 277 12 9 2 0 18 6 36 12,000

Amarelão 7 278 13 7 2 0 10 10 33 11,000

Amarelão 8 274 18 7 1 0 27 9 35 11,666

Amarelão 9 276 18 5 1 0 14 14 31 10,333

Amarelão 10 271 15 11 2 1 7 7 47 15,666

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APÊNDICE

106

Tabela A7 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de dezembro/2008.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 295 4 1 0 0 3 1 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

2 293 6 1 0 0 2 1 8 2,666

Fazenda Santa Luzia

3 293 4 3 0 0 3 2 10 3,333

Fazenda Santa Luzia

4 289 10 1 0 0 3 1 12 4,000

Fazenda Santa Luzia

5 293 4 3 0 0 2 0 10 3,333

Fazenda Santa Luzia

6 295 3 0 1 1 3 0 10 3,333

Fazenda Santa Luzia

7 296 1 2 0 1 2 1 9 3,000

Fazenda Santa Luzia

8 290 6 4 0 0 2 2 14 4,666

Fazenda Santa Luzia

9 296 3 1 0 0 3 1 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

10 294 6 0 0 0 3 2 6 2,000

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 280 16 4 0 0 1 2 24 8,000

Amarelão 2 282 12 5 1 0 2 4 25 8,333

Amarelão 3 282 11 6 1 0 4 2 26 8,666

Amarelão 4 281 14 3 1 1 2 4 27 9,000

Amarelão 5 284 9 6 1 0 5 4 24 8,000

Amarelão 6 285 8 7 0 0 6 3 22 7,333

Amarelão 7 288 5 4 3 0 7 2 22 7,333

Amarelão 8 283 7 9 1 0 5 5 28 9,333

Amarelão 9 289 7 1 3 0 3 1 18 6,000

Amarelão 10 280 12 6 2 0 3 2 30 10,000

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APÊNDICE

107

Tabela A8 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de janeiro/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 298 2 0 0 0 0 0 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

2 296 1 3 0 0 1 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

3 298 2 0 0 0 0 0 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

4 297 2 1 0 0 1 1 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

5 297 2 1 0 0 0 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

6 296 3 1 0 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

7 299 1 0 0 0 1 0 1 0,333

Fazenda Santa Luzia

8 295 4 1 0 0 0 0 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

9 298 1 1 0 0 1 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

10 297 2 1 0 0 0 0 4 1,333

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 10 3 0 1 10 - - 20 6,666

Amarelão 2 13 5 2 0 13 - - 29 9,666

Amarelão 3 10 3 0 1 10 - - 20 6,666

Amarelão 4 10 7 2 1 10 - - 34 11,33

Amarelão 5 9 6 1 0 9 - - 24 8,000

Amarelão 6 15 5 1 0 15 - - 28 9,333

Amarelão 7 7 5 0 0 7 - - 17 5,666

Amarelão 8 7 4 1 0 7 - - 18 6,000

Amarelão 9 14 7 2 1 14 - - 38 12,66

Amarelão 10 9 7 1 0 9 - - 26 8,666

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APÊNDICE

108

Tabela A9 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de fevereiro/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 294 5 1 0 0 3 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

2 298 2 0 0 0 2 1 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

3 294 3 3 0 0 0 0 9 3,000

Fazenda Santa Luzia

4 296 3 1 0 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

5 297 1 2 0 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

6 296 2 2 0 0 2 0 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

7 297 3 0 0 0 3 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

8 298 0 2 0 0 0 1 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

9 297 3 0 0 0 2 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

10 296 3 1 0 0 0 0 5 1,666

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 288 9 2 1 0 3 1 16 5,333

Amarelão 2 287 7 5 1 0 2 5 20 6,666

Amarelão 3 289 8 1 2 0 5 2 16 5,333

Amarelão 4 279 16 5 0 0 4 2 26 8,666

Amarelão 5 285 9 3 3 0 2 3 24 8,000

Amarelão 6 291 5 3 1 0 3 1 14 4,666

Amarelão 7 287 9 2 1 1 3 2 20 6,666

Amarelão 8 277 11 7 0 0 5 0 25 8,333

Amarelão 9 288 8 4 0 1 3 2 20 6,666

Amarelão 10 285 11 2 1 1 5 0 22 7,333

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APÊNDICE

109

Tabela A10 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de março/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 295 3 2 0 0 2 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

2 297 2 1 0 0 0 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

3 295 3 2 0 0 0 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

4 296 3 1 0 0 3 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

5 296 3 1 0 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

6 293 7 0 0 0 3 2 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

7 295 3 2 0 0 0 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

8 297 2 1 0 0 2 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

9 296 4 0 0 0 4 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

10 299 1 0 0 0 0 0 1 0,333

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 288 9 2 1 0 4 2 16 5,333

Amarelão 2 287 9 3 1 0 3 3 18 6,00

Amarelão 3 290 7 2 1 0 0 2 14 4,666

Amarelão 4 290 4 6 0 0 4 3 16 5,333

Amarelão 5 292 3 4 1 0 2 0 14 4,666

Amarelão 6 288 7 4 1 0 5 2 18 6,000

Amarelão 7 286 11 2 1 0 2 3 18 6,000

Amarelão 8 287 9 3 1 0 6 2 18 6,000

Amarelão 9 288 9 1 2 0 2 1 17 5,666

Amarelão 10 285 13 1 1 0 0 2 18 6,000

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APÊNDICE

110

Tabela A11 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de abril/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 295 3 2 0 0 2 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

2 297 1 2 0 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

3 298 0 2 0 0 5 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

4 297 2 1 0 0 0 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

5 298 1 1 0 0 2 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

6 297 2 1 0 0 0 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

7 297 3 0 0 0 0 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

8 296 4 0 0 0 0 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

9 297 2 0 1 0 4 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

10 296 2 2 0 0 0 1 6 2,000

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 288 6 6 0 0 6 1 18 6,000

Amarelão 2 291 7 2 0 0 2 2 11 3,666

Amarelão 3 287 11 2 0 0 2 0 15 5,000

Amarelão 4 287 11 2 0 0 6 0 15 5,000

Amarelão 5 288 5 5 2 0 0 0 21 7,000

Amarelão 6 285 13 2 0 0 1 0 17 5,666

Amarelão 7 287 9 3 1 0 4 1 18 6,000

Amarelão 8 291 7 1 1 0 3 0 12 4,000

Amarelão 9 291 6 2 1 0 1 2 13 4,333

Amarelão 10 284 11 3 2 0 2 0 23 7,666

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APÊNDICE

111

Tabela A12 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de maio/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 291 8 1 0 0 - - 10 3,333

Fazenda Santa Luzia

2 295 5 0 0 0 - - 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

3 299 1 0 0 0 - - 1 0,333

Fazenda Santa Luzia

4 299 1 0 0 0 - - 1 0,333

Fazenda Santa Luzia

5 295 5 0 0 0 - - 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

6 298 2 0 0 0 - - 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

7 299 1 0 0 0 - - 1 0,333

Fazenda Santa Luzia

8 297 3 0 0 0 - - 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

9 294 5 1 0 0 - - 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

10 292 7 1 0 0 - - 9 3,000

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 289 8 3 0 0 2 2 14 4,666

Amarelão 2 289 10 1 0 0 2 0 12 4,000

Amarelão 3 288 7 3 2 0 4 0 19 6,333

Amarelão 4 293 4 3 0 0 5 1 10 3,333

Amarelão 5 289 9 2 0 0 2 0 13 4,333

Amarelão 6 291 5 3 1 0 6 1 14 4,666

Amarelão 7 282 11 3 4 0 1 1 29 9,666

Amarelão 8 293 4 3 0 0 0 0 10 3,333

Amarelão 9 286 11 3 0 0 2 1 17 5,666

Amarelão 10 282 13 5 0 0 0 0 23 7,666

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APÊNDICE

112

Tabela A13 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de junho/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 293 7 0 0 0 2 1 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

2 294 6 0 0 0 1 0 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

3 297 3 0 0 0 1 1 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

4 296 3 1 0 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

5 294 4 2 0 0 3 0 8 2,666

Fazenda Santa Luzia

6 293 4 3 0 0 2 1 10 3,333

Fazenda Santa Luzia

7 295 4 1 0 0 3 0 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

8 295 5 0 0 0 0 2 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

9 297 3 0 0 0 1 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

10 298 1 1 0 0 2 0 3 1,000

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 283 13 3 1 0 2 1 22 7,333

Amarelão 2 288 9 3 0 0 5 2 15 5,000

Amarelão 3 285 11 3 1 0 3 2 20 6,666

Amarelão 4 289 9 2 0 0 6 2 13 4,333

Amarelão 5 289 8 2 1 0 0 1 15 5,000

Amarelão 6 288 9 1 1 1 1 0 18 6,000

Amarelão 7 288 12 0 0 0 0 2 12 4,000

Amarelão 8 284 15 1 0 0 3 0 17 5,666

Amarelão 9 286 9 5 0 0 4 4 19 6,333

Amarelão 10 287 9 3 0 1 5 3 19 6,333

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APÊNDICE

113

Tabela A14 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de julho/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 295 4 1 0 0 3 1 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

2 296 2 1 1 0 2 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

3 297 1 1 1 0 0 1 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

4 298 0 1 1 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

5 295 3 2 0 0 1 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

6 295 5 0 0 0 0 1 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

7 295 3 1 0 0 2 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

8 295 4 1 0 0 2 1 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

9 295 3 2 0 0 3 1 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

10 296 4 0 0 0 3 1 4 1,333

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 288 6 4 1 1 2 6 21 7,000

Amarelão 2 288 6 5 1 0 3 2 19 6,333

Amarelão 3 286 6 7 1 0 2 2 23 7,666

Amarelão 4 286 10 4 0 0 4 1 18 6,000

Amarelão 5 285 12 2 1 0 5 2 19 6,333

Amarelão 6 290 8 1 1 0 1 3 13 4,333

Amarelão 7 293 4 2 1 0 6 2 11 3,666

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APÊNDICE

114

Tabela A15 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de agosto/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 296 4 0 0 0 2 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

2 297 3 0 0 0 1 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

3 297 2 1 0 0 3 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

4 297 1 2 0 0 1 1 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

5 299 1 0 0 0 1 0 1 0,333

Fazenda Santa Luzia

6 298 1 1 0 0 2 0 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

7 294 6 0 0 0 1 2 6 2,000

Fazenda Santa Luzia

8 297 1 2 0 0 2 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

9 295 5 0 0 0 3 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

10 297 2 1 0 0 1 0 4 1,333

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 295 3 1 1 0 5 2 8 2,666

Amarelão 2 292 5 2 1 0 3 0 12 4,000

Amarelão 3 284 11 5 0 0 2 2 21 7,000

Amarelão 4 288 7 5 0 0 2 0 17 5,666

Amarelão 5 291 7 2 0 0 4 0 11 3,666

Amarelão 6 286 9 5 0 0 2 1 19 6,333

Amarelão 7 288 8 4 0 0 3 0 16 5,333

Amarelão 8 282 10 8 0 0 5 3 26 8,666

Amarelão 9 286 8 5 0 1 2 0 22 7,333

Amarelão 10 286 10 4 0 0 4 1 18 6,000

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APÊNDICE

115

Tabela A16 – Dados obtidos para a Tradescantia pallida no mês de setembro/2009.

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Fazenda Santa Luzia

1 298 2 0 0 0 4 0 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

2 296 3 1 0 0 0 0 5 1,666

Fazenda Santa Luzia

3 298 2 0 0 0 2 1 2 0,666

Fazenda Santa Luzia

4 299 1 0 0 0 0 0 1 0,333

Fazenda Santa Luzia

5 299 1 0 0 0 2 0 1 0,333

Fazenda Santa Luzia

6 295 2 3 0 0 1 1 8 2,666

Fazenda Santa Luzia

7 296 4 0 0 0 3 0 4 1,333

Fazenda Santa Luzia

8 295 3 2 0 0 0 0 7 2,333

Fazenda Santa Luzia

9 298 1 1 0 0 2 1 3 1,000

Fazenda Santa Luzia

10 295 5 0 0 0 1 1 5 1,666

Número de MN por tétrade Grupo Amostral Lâmina

0 1 2 3 4 PNP FN ∑ MN MN/100

tétrades

Amarelão 1 287 4 5 4 0 2 2 26 8,666

Amarelão 2 291 6 3 0 0 3 1 12 4,000

Amarelão 3 291 8 1 0 0 2 3 10 3,333

Amarelão 4 287 9 4 0 0 3 1 17 5,666

Amarelão 5 288 6 6 0 0 6 2 18 6,000

Amarelão 6 289 6 3 2 0 2 1 18 6,000

Amarelão 7 298 1 0 0 1 4 0 5 1,666

Amarelão 8 292 5 3 0 0 2 2 11 3,666

Amarelão 9 275 18 5 2 0 3 1 34 11,33

Amarelão 10 287 6 5 2 0 6 0 22 7,333

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APÊNDICE

116

Apêndice 2: Quantificação de metais pesados presentes na água destilada do Laboratório de Mutagênese Ambiental da UFRN, utilizada para regar as floreiras durante todos os ensaios.

Tabela A18 – Resultado da quantificação de espécimes químicas inorgânicas da

água destilada.

Químico Água destilada (mg/L)

Nitrato 0,0 Nitrito 0,0 Ferro 0,0

Cromo 0,0 Cobre 0,0 Zinco 0,0 Níquel 0,0

Chumbo 0,0

A análise da presença de espécies químicas inorgânicas, foi realizada pela

técnica de espectrofotometria, utilizando o espectrofotômetro para análise de águas

B572A (Micronal). As concentrações (mg/L) dos seguintes químicos inorgânicos

foram determinadas: cobre, cromo hexavalente (IV), chumbo, ferro, níquel, zinco,

nitrito e nitrato utilizando os seus respectivos kits (Vacu-Vials CHEMTERICS).