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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas PPGCB FELLIPE ALBANO MELO DO NASCIMENTO Padronização e implementação do uso de armadilhas de oviposição nas ações de monitoramento do mosquito Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) no município de Natal, RN. Natal-RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Biociências

Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas

PPGCB

FELLIPE ALBANO MELO DO NASCIMENTO

Padronização e implementação do uso de armadilhas de

oviposição nas ações de monitoramento do mosquito Aedes

aegypti (Diptera: Culicidae) no município de Natal, RN.

Natal-RN

2017

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FELLIPE ALBANO MELO DO NASCIMENTO

PADRONIZAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO USO DE

ARMADILHAS DE OVIPOSIÇÃO NAS AÇÕES DE

MONITORAMENTO DO MOSQUITO AEDES AEGYPTI (DIPTERA:

CULICIDAE) NO MUNICÍPIO DE NATAL, RN.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência Biológicas,

curso de Mestrado, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como

requisito para a obtenção do grau de

mestre em ciências biológicas.

Orientadora: Profa. Dra. Renata Antonaci

Gama.

Natal-RN

2017

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Nascimento, Fellipe Albano Melo do.

Padronização e implementação do uso de armadilhas de oviposição

nas ações de monitoramento do mosquito Aedes aegypti (Diptera:

Culicidae) no município de Natal, RN / Fellipe Albano Melo do Nascimento. - Natal, 2017.

59 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ciências

Biológicas. Orientadora: Profa. Dra. Renata Antonaci Gama.

1. Aedes aegypti - Dissertação. 2. Ovitrampa - Dissertação. 3.

Infusão - Dissertação. 4. Natal - Dissertação. I. Gama, Renata Antonaci. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.

Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 614.4

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DEDICATÓRIA

Dedico a elas, as mulheres da minha vida, que foram meu alicerce, minha motivação,

minha inspiração. Que ouviram os meus temores, que compartilharam das minhas

alegrias, que sofreram junto comigo cada decepção, e que recebem da mesma forma

esse título de mestres da vida.

Amo vocês!

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AGRADECIMENTOS:

Primeiramente a Deus que com sua infinita bondade e graça me permitiu

mais uma conquista.

A minha grande orientadora, Renata Antonaci, que mais que uma mestra

se tornou uma amiga, que abriu as portas do seu laboratório para mim, ainda quando

aluno de graduação, e depositou toda a sua confiança durante esses 5 anos.

Aos meus colegas e por que não amigos de laboratório, que durante todo

esse período, ou em um período mais curto compartilharam do conhecimento, das

gargalhadas, das angustias, dos lanches nas reuniões de laboratório. São eles:

Alessandra Campus, Paula Tissot, Renato Freire, Taina Baía, Marjore Lorena,

Jucélia Medeiros, Jéssica Jales, Raíssa Cortês, Larissa Gabriela e Camila Leite.

Não poderia esquecer da minha família, em especial a minhas duas

guerreiras, Maria Isma (Vó) e Ziandra Albano (Mãe) que sempre fizeram o possível

e o impossível para que meus sonhos fossem realizados.

A minha princesa (Lorena Raquel) que nos momentos mais angustiantes

desse trajeto foi meu porto-seguro, minha conselheira, minha motivação.

Por fim, mas não menos importante, aos professores Bruno Bellini

(banca examinadora da qualificação), Josélio Araújo e ao Wanderli Tadei por

aceitarem participar desse momento tão impar em minha vida.

A todos meus sinceros agradecimentos.

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“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles

que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.

(Romanos 8:28)

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RESUMO

A ovitrampa, ou armadilha de oviposição, é uma das ferramentas

preconizadas pelo Ministério da Saúde como complemento aos métodos de

vigilância do Aedes aegypti. Essa armadilha visa à coleta de ovos de A. aegypti

E sua eficiência pode ser potencializada pelo acréscimo de infusões orgânicas.

O objetivo do presente estudo foi de padronizar a aplicação dessa metodologia

de monitoramento para o município de Natal-RN nas ações de monitoramento

do A. aegypti. Para isso foram realizados testes de padronização do raio de

instalação das ovitrampas, onde foram testados os raios de 150 e 300 metros

em dois bairros de Natal (Tirol e Quintas). Também foram realizados testes de

atratividade de infusões de capim, folhas de caju, feno e água (controle) em

laboratório e campo. Em laboratório os testes foram feitos com 100 fêmeas de

A. aegypti (10 em cada gaiola) com duração de 3 dias. No Campo foram

utilizadas 36 ovitrampas, distribuídas na UFRN, onde foram monitoradas durante

10 dias havendo a contagem dos ovos e troca das palhetas, diariamente. Como

resultado do melhor raio, foi visto que não houve diferença significativa entre as

distâncias para nenhum índice pesquisado (IDO, IPO, IMO). Quanto os testes

com as infusões, em laboratório a quantidade de ovos na infusão de caju foi

maior do que todos os outros tratamentos, em campo o feno foi o melhor

tratamento, mas não demonstrou diferença estatística com a água, somente com

as demais, e não foi observada diferença entre os dias de postura. Diante disso,

sugere-se o uso da armadilha a cada 300m contendo apenas água em seu

interior.

Palavras-Chave: infusão; ovitrampa; Aedes aegypti; Natal.

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ABSTRACT

The ovitrap, or oviposition trap, is one of the tools recommended by the Ministry

of Health as a complement to the methods of surveillance of Aedes aegypti. This

trap is for the collection of eggs of A. aegypti. The efficiency of this trap can be

enhanced by the addition of organic infusions. The objective of the present study

was to standardize the application of this monitoring methodology for the city of

Natal-RN in the monitoring actions of A. aegypti. For this, tests were performed

to standardize the installation radius of the ovitraps, where distances of 150 and

300 meters were tested in two districts of Natal (Tirol and Quintas), these

distances were alternated weekly for 2 months (July and August). Infusion

attractiveness tests were performed in laboratory and field. The infusions tested

were: grass, young leaves of cashew, hay and water, as control. In the laboratory

the tests were done with 100 females of A. aegypti (10 in each cage), with

duration of 3 days. The field was used 36 ovitraps, distributed in the UFRN, where

they were monitored for 10 days, counting the eggs and changing the straws

daily. As a result of the best radius, it was seen that there was no significant

difference between the distances for any index searched (IDO, IPO, IMO). About

the infusion tests, in the laboratory the amount of eggs in the cashew infusion

was higher than all other treatments. In the field, the hay was the best treatment,

but did not show statistical difference with water, only with the others, and no

difference was observed between the days of laying.

Keywords: infusion; Ovitrap; Aedes aegypti; Natal.Standardization.

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Sumário

1. Introdução......................................................................................................10

1.1. Família Culicidae........................................................................................10

1.2. Aspectos gerais do Aedes aegypti..............................................................13

1.3. Epidemiologia.............................................................................................14

1.3.1. Dengue....................................................................................................14

1.3.2. Zika..........................................................................................................16

1.3.3. Chikungunya............................................................................................19

1.4. Vigilância epidemiológica e monitoramento................................................21

1.5. Ovitrampa...................................................................................................23

2. Justificativa....................................................................................................25

3. Objetivos.......................................................................................................28

3.1. Geral...........................................................................................................28

3.2. Específicos.................................................................................................29

4. Metodologia...................................................................................................29

4.1. Área de estudo...........................................................................................30

4.2. Padronização do raio de instalação das armadilhas..................................32

4.3. Preparo das infusões..................................................................................34

4.4. Criação e manutenção da colônia em laboratório......................................36

4.5. Ensaios em laboratório...............................................................................37

4.6. Ensaios em campo.....................................................................................38

5. Análise estatística.........................................................................................39

6. Resultados....................................................................................................39

7. Discussões....................................................................................................44

8. Conclusão .....................................................................................................50

9. Referências bibliográficas..............................................................................51

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Lista de Imagens

Figura 1- Larva de culicídeo..............................................................................11

Figura 2- Formas adultas...................................................................................11

Figura 3- Fêmeas de Aedes aegypti..................................................................13

Figura 4-Ovitrampa............................................................................................23

Figura 5-Mapa da vulnerabilidade dos bairros de Natal....................................31

Figura 6- Mapeamento das ovitrampas no bairro das Quintas.........................33

Figura 7- Mapeamento das ovitrampas no bairro de Tirol.................................33

Figura 8-Infusões armazenadas em garrafas Pet. ...........................................36

Figura 9-Gaiolas de acrílico teladas utilizadas durante os testes......................37

Figura 10- Ensaios em laboratório.....................................................................37

Figura 11- Ensaios em campo ......................................................................... 38

Figura 12- Palhetas utilizadas como superfície de oviposição..........................38

Figura 13- Gráfico de Médias de ovos para cada distância avaliada................40

Figura 14- Gráfico do IPO do bairro das Quintas..............................................40

Figura 15- Gráfico do IDO do bairro das Quintas..............................................40

Figura 16- Gráfico do IPO do bairro de Tirol.....................................................41

Figura 17- Gráfico do IDO do bairro de Tirol.....................................................41

Figura 18- Mapa de grau de infestação por bairro............................................48

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1. INTRODUÇÃO

1.1- Família Culicidae

A Família Culicidae, pertencente a ordem Diptera, é o mais abundante

e diversos grupo, considerado um grupo cosmopolita, porém, ao mesmo tempo

que são mais diversos, o conhecimento sobre esse grupo é um tanto limitado em

ambientes de florestas tropicais (HARBACH & HOWARD, 2007). Atualmente são

formalmente conhecidas aproximadamente 3.610 espécies de culicídeos em

todo o mundo e no Brasil há aproximadamente 470 espécies registradas

(GUEDES, 2012).

Essa grande diversidade no território brasileiro, é possível graças ao

Brasil ser um dos países com maior diversidade de ecossistemas do planeta,

que é reflexo de sua ampla extensão latitudinal, características climatológicas e

a posição geográfica gerando megadiversidade entre muitos grupos de animais

e vegetais (LOYOLA et al. 2007).

Os culicídeos são insetos de corpo delgados, de pernas longas e com

um aparelho bocal do tipo picador-sugador, além disso, apresentam grande

parte do corpo coberto por escamas. Suas formas imaturas, as larvas, são

aquáticas e distinguem-se de outros insetos pela ausência de apêndices

locomotores, apresentando uma cabeça, tórax e abdômen, e um par de

aberturas respiratórias (subfamília Anophelinae) ou um sifão alongado

(subfamília Culicinae) localizados próximo da extremidade do abdômen

(HARBACH & KITCHING, 1998; REINERT et al, 2004, 2006) (Figura 1).

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Atualmente, essa Família subdivide-se em duas subfamílias:

Anophelinae e Culicinae. Distinguem-se quanto à posição que ficam ao pousar

(Figura 2), uma vez que os mosquitos pertencentes a subfamília Anophelinae

pousam com o corpo e a probóscide em linha reta, quase em ângulo reto com o

substrato, enquanto que os pertencentes a subfamília Culicinae pousam quase

paralelamente ao substrato. Além disso, possuem diferenças quanto a

morfologia dos palpos, sendo observado fêmeas de palpos longos e machos com

o último seguimento dos palpos clavado em Anophelinae, enquanto que em

Culicinae é observada a presença de palpos curtos nas fêmeas e os machos

com o último segmento dos palpos não clavado (CONSOLI & OLIVEIRA, 1994).

Essas duas subfamílias possuem várias espécies de relevância

médica, uma vez que as fêmeas desses grupos são hematófagas, podendo ser,

Figura 1- A- Culicinae; B- Anophelinae; S= sifão; Barras de escala 5 0,1 mm.

Fo

nte

: C

ON

SO

LI &

OLIV

EIR

A,

1994

Figura 2- Fêmeas adultas das subfamílias Culicinae e Anophelinae.

Fo

nte

: w

ikib

ooks.o

rg

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no caso de algumas espécies, antropofílicas (FORATTINI, 2002). Esses dípteros

são considerados fitófagos, machos e fêmeas, porém, as fêmeas apresentam

um hábito hematófago essencial para a fecundidade e maturação dos ovos, onde

a quantidade de sangue ingerido é um fator determinante no número de ovos

que terão sucesso (CLEMENTS,1963; BRIEGEL, 1985).

O primeiro indício da importância médica desses artrópodes surge a

partir do final do século XIX, quando várias doenças tiveram seus ciclos

esclarecidos, período que ocorre a descoberta, por Patrik Mason, do papel dos

mosquitos na transmissão de Wuchereria bancrofti, marcando o ponto de partida

da Entomologia Médica, desde então foram esclarecidos os vetores de doenças

como malária, peste, doença do sono, entre outras (MARCONDES, 2009).

1.2- Aspectos gerais do Aedes aegypti

O gênero Aedes é considerado um gênero cosmopolita com

aproximadamente 931 espécies descritas (WILKERSON et al, 2015). O Aedes

aegypti, umas das espécies que mais se destacam nesse grupo devido sua

importância médica e epidemiológica, sendo vetor dos vírus Dengue, Zika e

Chikungunya. Apresenta características morfológicas bem peculiares. Sua forma

adulta caracteriza-se por exibir uma coloração escura ou praticamente negra,

podendo variar em suas tonalidades desde um marrom claro. Em seu escudo,

localizado na região dorsal convexa no tórax, destacam-se escamas prateadas

disposta em linhas longitudinais que forma um desenho que é comparado à uma

“lira”- instrumento musical (FORATTINI, 2002) (Figura 3).

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É uma espécie exótica oriunda do continente africano, chegou ao

continente americano por meio das grandes navegações, onde, em seus

ambientes primários, desenvolveu um significante grau de sinantropia (GOMES,

1998). Acredita-se que o A. aegypti evoluiu tornando-se antropofílico no

continente africano, originando à subespécie A. aegypti aegypti, sendo

encontrados até hoje os descendentes dessa linhagem tanto na África ocidental,

quanto no resto do mundo (CRAWFORD et al, 2017).

Como a maioria das espécies sinantrópicas, a dispersão dessa

espécie aconteceu de forma muito rápida levando, atualmente, a uma extensa

distribuição geográfica. Além disso, é possível destacar o crescimento

desordenado dos centros urbanos como um fator crucial para essa acentuada

distribuição (TEXEIRA et al, 1999).

Vale ressaltar que a distribuição e abundância dessa espécie são

diretamente influenciadas pelo clima, por exemplo, em regiões que apresentam

baixa umidade, geralmente verifica-se uma redução significativa da oviposição

das fêmeas desse vetor (CANYON et al, 1999). Além disso, são observados

padrões sazonais na atividade de oviposição de populações de A. aegypti,

Figura 3- Fêmea de Aedes aegypti;

word

lesste

ch.c

om

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quando relacionados a condições ambientais, em regiões subtropicais,

intensificando ainda mais sua expansão (VEZZANI et al, 2004).

1.3- Epidemiologia

1.3-1. Dengue:

O vírus da dengue foi isolado na década de 1940 por Kimura e Hotta,

que denominaram a cepa de Mochizuki. Um ano depois, Sabin e Schlosinger

isolaram a cepa Havaí, onde, nesse mesmo ano, Sabin isolou outro vírus em

Nova Guiné, percebendo que os vírus tratavam de sorotipos de um mesmo vírus,

classificando as primeiras cepas de sorotipo 1 e a da Nova Guiné de sorotipo 2.

Anos depois, mais especificamente em 1956, os sorotipos 3 e 4 foram isolados

no Sudeste Asiático (Martinez-Torres, 1990). Surpreendentemente em 2013 um

novo sorotipo foi identificado em amostras colhidas em um surto no Estado de

Sarawak, na Malásia por Nikos Vasilakis, o novo sorotipo apresenta uma

sequência genética diferente dos sorotipos já conhecidos (NORMILE, 2013).

Essa doença tem como agente etiológico um vírus da família

Flaviviridae e do gênero Flavivirus (TAUIL, 2001). Atualmente, em todo mundo,

aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas vivem em áreas de risco de

transmissão do vírus da dengue, principal arbovirose transmitida pelo A. aegypti.

Com o desenvolvimento das cidades e de vários centros urbanos em regiões

emergentes a incidência de Dengue cresceu 30 vezes nos últimos 30 anos,

devido à expansão geográfica desse vetor, ocasionando o ressurgimento da

Dengue e da Dengue Grave, sendo os seres humanos os principais

responsáveis por essa expansão (OMS, 2016). A dengue não grave foi

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caracterizada pela presença ou não de sinais de alerta, enquanto que a forma

grave pode apresentar sintomas como síndrome do choque por dengue e a

dengue hemorrágico, podendo evoluir para óbito (CAVALCANTI, 2011).

No Brasil, a primeira epidemia de dengue que se tem registro ocorreu

no estado de Roraima em Boa Vista, nos de 1981 e 1982, onde foram isolados

os sorotipos 1 e 4. Desde então, esse estado sempre apresentou os maiores

índices incidência do país, sendo considerado como um estado hiperendêmico

(GUBLER,1998). Em 1986 foi registrada a primeira epidemia de dengue no

Estado do Rio de Janeiro com a circulação do sorotipo 1 do vírus, que alcançou

em pouco tempo a região Nordeste. A partir desse episódio a doença passa a

ter importância epidemiológica em nosso país (SILVA, 2002).

Em todo o mundo, a doença atinge cerca de 50 milhões de casos

confirmados por ano, chegando a 500.000 hospitalizações e 20.000 mortes. Com

relação a esses números, 95% de todos os casos de dengue grave são

acometidos em crianças menores de 15 anos (OPAS/OMS, 1999). No continente

americano tem-se visto o aumento mais dramático na atividade de dengue das

últimas décadas, principalmente no Brasil, Cuba, Colômbia, Peru, Equador e

Paraguai (DÍAZ-QUIJANO et al,2006)

A reinfestação do território brasileiro pelo vetor A. aegypti é

considerado como desencadeadora da ocorrência de dengue no Brasil, isso

devido a sua acentuada preferência desse culicídeo por recipientes contendo

água relativamente limpa, ou até mesmo ambientes poluídos (CLEMENTS,

1999).

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Segundo o Ministério da Saúde (2016), até a 32ª Semana

Epidemiológica (SE) foram registrados 1.426.005 casos prováveis de dengue no

Brasil. Nesse mesmo período, a região sudeste foi a que registrou o maior

número de casos, cerca de 59%, totalizando 841.286 casos prováveis com

relação ao total do país. A região com a segunda maior soma de casos foi o

Nordeste, somando 310.161 casos prováveis (21,8% do total nacional), seguido

do Centro-Oeste e Norte, 11,5% e 2,6% respectivamente.

Segundo a Secretária Municipal de saúde (2016), até a 39º semana

epidemiológica de 2016, no município de Natal foram registrados 12.997 casos

notificados de Dengue. A região administrativa leste apresenta a maior

incidência de casos de dengue. Considerando a distribuição espacial, oito

bairros estão com alta incidência de casos de dengue. Seis estão localizados no

distrito sanitário leste e dois no distrito oeste.

1.3-2. Zika:

O Zika vírus (ZIKV) foi descoberto em 1947 em Uganda, na África,

classificado como pertencente ao gênero Flavivírus. O vírus pode causar, em

20% dos humanos adultos, uma infecção leve, que leva a uma febre que varia

de 37,8ºC e 38,5ºC, surgimento de erupção maculopapular, dores de cabeça

retro-ocular, dor nas articulações e na maioria dos casos conjuntivite, que podem

durar de 3 a 7 dias (OEHLER et al., 2014)

A manifestação da doença foi vista pela primeira vez em humanos em

1953 na Nigéria, até então desconhecida pelos profissionais da saúde, quando

a infecção viral foi confirmada em três pessoas (MacNAMARA, 1954). Nesse

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período não se havia registrado nenhum surto da doença, até um surto em 2007

em várias ilhas no estado de Yap, estados federados da Micronésia,

surpreendendo a todos e resultando em aproximadamente 5.000 infeções em

uma população estimada em 6.700 habitantes (DUFFY, 2009).

O Zika foi registrado pela primeira vez no continente americano em

março de 2015, em um surto da doença no Estado da Bahia, Nordeste do Brasil

(CAMPOS, 2015). Até o final de 2015 já haviam sido notificados casos

autóctones em pelo menos 17 estados do Brasil, segundo o Ministério da Saúde

(2015). Em 2016, até a 37ª semana epidemiológica, foram registrados 200.465

casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país (taxa de incidência de 98,1

casos/100 mil hab.), distribuídos em 2.288 municípios, tendo sido confirmados

109.596 (54,8%) casos de acordo com o Ministério da Saúde (2016).

Uma possível relação entre o vírus Zika e a ocorrência de microcefalia

congênita em recém-nascidos foi observada pela primeira vez no Brasil. Dentre

os 35 casos da deformação em recém-nascidos, todas as mães residiam ou

haviam visitado uma área com a circulação do vírus. Em fevereiro de 2016, a

OMS afirmou a um grande aumento na propagação do vírus Zika associado, até

então sem nenhuma explicação, ao surgimento e crescimento de inúmeros

casos de microcefalia congênita e a síndrome de Guillain-Barré (OMS, 2016).

Desde então, tem-se observado uma relação temporal e geográfica entre a

síndrome de Guillain-Barré, Menigoencefalite e mielites e os surtos do vírus no

Pacífico e do continente americano (OEHLER et al, 2014; ROZÉ et al, 2016;

CARTEAUX et al, 2016).

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Estudos realizados em 2016 comprovam a relação do Vírus Zika e a

ocorrência de microcefalia em recém-nascidos. Neles foi possível observar a

partir de relatos de casos onde a infecção materna foi documentada, que

exposição ao vírus ocorreu entre a 7º e 13º semana de gestação, havendo casos

que ocorreram na 18º semana (BRASIL et al, 2016; MLAKAR et al, 2016).

No ano de 2015, até a 36ª SE foram notificados 8.006 casos suspeitos

de zika vírus, em 2016 no mesmo período foram notificados 5.641, apresentando

um maior número de casos na 11ª SE no Estado do Rio Grande do Norte. Dos

casos notificados, foram confirmados 97 em 2015 e 160 em 2016. Foi observada

uma redução importante no número de notificação de ZIKV nas últimas semanas

epidemiológicas segundo a Secretária Estadual de Saúde (2016).

Até a 32º semana epidemiológica de 2016, foram confirmados

laboratorialmente 3 óbitos por vírus Zika no Brasil: em São Luiz-MA (1 óbito),

Benevides-PA (1 óbito) e em Serrinha-RN (1 óbito), onde as vítimas tinham uma

média de 20 anos de idade. Além disso, foram registrados 196.976 casos

prováveis de febre pelo vírus Zika, distribuídos em 2.277 municípios, onde foram

confirmados 101.851 casos (BRASIL, 2016).

1.3-3. Chikungunya

O vírus Chikungunya (CHIK) é mais um arborvírus transmitido pelo

mosquito A. aegypti, porém, diferente dos vírus da Dengue e Zika, ele pertence

ao gênero Alphavirus (Família Togaviridae), caracterizado por apresentar um

genoma de RNA de cadeia simples e por ser sensível à dessecação e a

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temperaturas acima de 58º C (KHAN et al, 2002). O vírus CHIK foi isolado pela

primeira vez em 1953 na Tanzânia (LUMSDEN, 1955).

O homem é seu principal reservatório durante os períodos

epidêmicos. Em períodos não epidêmicos foi observado a existência de um ciclo

silvestre no continente africano onde macacos, pássaros e roedores podem ser

reservatórios, havendo também a participação de outros mosquitos na

transmissão. Porém, somente quando o bando apresenta queda na imunidade

que há a ocorrência de surtos em macacos, mas não ocorrem manifestações

clínicas nesses animais (INOUE, 2003).

Desde 2004 é possível observar uma alta disseminação do vírus CHIK

por inúmeros países, onde, provavelmente, a expansão do transporte aéreo tem

contribuído significativamente para o aumento da dispersão viral (NUNES et al,

2014). No continente americano, o primeiro relato de transmissão de CHIK

autóctone foi registrado no final do ano de 2013, sendo observado, a partir de

então, transmissão autóctone em no mínimo 33 países, onde no Haiti foram

registrados durante as 23 primeiras semanas de 2014 um total de 39.343 casos

suspeitos de febre Chikungunya (REPÚBLICA DOMINICANA, 2013; HAITI,

2014)

Como principais sintomas da doença, o paciente costuma

desenvolver febre elevada, artralgias, mialgias, tontura, náuseas, fotofobia por

um período que pode chegar a sete dias, porém, muitos pacientes acabam

desenvolvendo uma forma subaguda da doença, ou até mesmo uma fase crônica

que pode variar de semanas a meses levando a casos de artrite e artropatias

severas (SISSOKO et al, 2009).

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20

A doença teve seus primeiros casos autóctones no território brasileiro

em setembro de 2014, em Oiapoque, no estado do Amapá (TEXEIRA et al,

2015). No ano de 2015 foram registrados um total de 38.332 casos prováveis de

febre Chikungunya, distribuídos em 696 municípios, sendo confirmados seis

óbitos causados pelo vírus. Já em 2016, esse número aumentou seis vezes só

nas primeiras 37 semanas epidemiológicas, chegando a um total de 236.287

casos prováveis. Destes possíveis casos, 116.523 foram confirmados da doença

e um total de 120 óbitos, distribuídos em 2.297 municípios, sendo os estados do

Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas os que apresentam as maiores

taxas de incidência da doença.

No Estado do Rio Grande do Norte, no ano de 2015, da semana

epidemiológica 01 a 36 foram notificados 4.506 casos de Chikungunya, sendo

confirmados no mesmo período apenas 08 casos. Já em 2016, no mesmo

período foram notificados 25.542, sendo confirmados 7.167 casos (critérios

laboratoriais, clínicos e epidemiológicos), apresentando uma taxa de incidência

de 742,06 casos/100 mil habitantes, de acordo com a secretária Estadual de

Saúde (2016).

1.4- Vigilância epidemiológica e monitoramento

Além do ZIKV, o gênero Flavivírus também comporta os vírus Dengue,

Febre Amarela, Febre do Nilo Ocidental e Febre e Encefalite Equina Oriental

(MLERA et al., 2014).

Desde a década de 60 que a utilização da vigilância tem sido

amplamente abordada, levando a sua afirmação como instrumento eficaz para

ações e monitoramento da saúde pública (WALDMAN, 1998). Com o passar dos

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21

anos, muitas definições foram dadas a essa ferramenta e Segundo Gomes

(2002) a vigilância epidemiológica pode ser definida como:

“A contínua observação e avaliação de informações

originadas das características biológicas e ecológicas dos vetores, nos

níveis das interações com hospedeiros humanos e animais reservatórios,

sob a influência de fatores ambientais, que proporcionem o conhecimento

para detecção de qualquer mudança no perfil de transmissão das

doenças. Tem a finalidade de recomendar medidas de prevenção e

controle dos riscos biológicos, mediante a coleta sistematizada de dados

e consolidação no Sistema de Informação da Vigilância Ambiental em

Saúde. ”

A partir de alguns estudos foi possível observar que os programas de

vigilância para artrópodes de importância médica dependem muito da

sensibilidade da metodologia para obter sucesso em sua implantação (BRAGA

et al., 2007). Com isso, entende-se que a escolha de métodos de coletas mais

eficientes pode trazer grandes diferenças nos resultados do monitoramento.

Atualmente no Brasil, a prevenção de arbovirose transmitidas pelo A.

aegypti se dá por meio do monitoramento e controle desse vetor, porém a

metodologia utilizada, busca ativa de imaturos, apresenta baixa eficácia e altos

custos econômicos aos gestores públicos (BARSANTE, 2012). O Levantamento

de Índice Rápido (LIRA), utilizado pelas equipes de monitoramento em todo país,

é realizado por meio da pesquisa larvária.

Porém, essa metodologia apresenta algumas limitações, entre elas:

não permite, na maioria das vezes, diferenciar as áreas quanto à infestação e a

chance de detecção de um domicílio positivo para larvas é significativamente

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menor, uma vez que se trata de uma metodologia ativa que irá depender da

percepção do agente na busca do foco (BRAGA et al., 2000).

O LIRA consiste na vistoria de depósitos de água e outros recipientes

presentes nas residências e demais imóveis, como cemitérios, terrenos baldios,

ferros-velhos, entre outros, para a realização dos índices de infestação predial

(IIP) e de Breteau (IB), onde leva em conta apenas o número de imóveis positivos

e o outro os o número de imóveis e a quantidade de criadouros respectivamente.

A busca ativa de larvas é importante para a verificação dos impactos das

estratégias de controle da doença, direcionadas à eliminação das larvas dos

vetores, porém, essa metodologia não é eficaz para estimar o risco de

transmissão, embora seja o principal método usado com esse objetivo, sendo

realizados um total de 5 ciclos anuais do LIRA (NELSON, 1995).

Por outro lado, a utilização de outra metodologia de monitoramento

está demonstrando eficácia e já vem sendo usada em algumas cidades do País.

Armadilhas de oviposição estão sendo utilizadas como forma de monitoramento

sendo possível observar sua superioridade com relação ao método mais antigo

de monitoramento (SCHIFFINO De OLIVEIRA & MUSIS, 2014)

Com base nesses estudos, o Programa Nacional de Controle da

Dengue (PNCD) incorporou o uso de ovitrampas como uma possível

metodologia de monitoramento. Além disso, as ovitrampas possibilitam também

a coleta de grandes quantidades de ovos para criação de colônias em laboratório

para representatividade dos vetores de uma determinada localidade, com a

finalidade de realização de ensaios biológicos (LIMA, 2003).

1.5- Ovitrampa

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Em 1966, Fay e Eliason desenvolveram a armadilha de oviposição,

conhecida como ovitrampa (Figura 4), que consiste em um recipiente preto

semelhante a um vasinho de boca larga, uma palheta de madeira com um dos

lados áspero colocado em seu interior e preenchido com água, deixando parte

da palheta para fora da água. Essa armadilha foi resultado de um estudo

realizado no ano de 1965, por Fay e Perry que buscava elucidar o

comportamento de oviposição da fêmea do mosquito.

Muitos estudos fizeram uso dessas armadilhas associadas a infusões

a base de diferentes materiais orgânicos como infusões de carvalho branco

(PONNUSAMY et al 2008), capim elefante (SANT’ANA et al, 2006) e a

frequentemente utilizada a base de feno (MACIEL-DE-FREITAS et al 2008;

CHADEE et al 1993), para melhorar o desempenho da armadilha, tornando-a

mais atrativa ao A. aegypti. Essa atração pode ser determinada pela

concentração de detritos orgânicos, variações na abundância e os tipos de

microrganismos (MURREL & JULIANO, 2008).

Figura 4- Ovitrampa e seus constituintes

Acerv

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róprio

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2016

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A armadilha possibilita a determinação da densidade, dispersão

geográfica, frequência, dominância e sazonalidade, mas não é possível por meio

dela, quantificar o número de fêmeas que visitaram a ovitrampa (PASSOS et al.

2003). Além disso, desde o início de sua utilização, essa armadilha vem

demonstrando uma boa relação custo-benefício, ao ser sensível e econômica na

detecção do A. aegypti (BRAGA & VALLE, 2007).

Além de todas as possibilidades trazidas pelas ovitrampas, dados obtidos

com essa metodologia podem ser utilizados para monitoramento dos impactos

oriundos de vários tipos de medidas de controle que envolvam a redução do

vetor com inseticidas. Porém, embora as ovitrampas sejam muito eficazes para

verificação da presença e distribuição de fêmeas do vetor, não devem ser

usadas como ferramenta única para estimativa do risco de dengue (GOMES,

1998), como qualquer método de monitoramento.

A detecção de ovos nas palhetas permite calcular a infestação de um

local através de dois índices: o Índice de Positividade da Ovitrampa (IPO) e o

Índice de Densidade de Ovos (IDO). Ainda de acordo com Gomes (1998), o IPO

indica o percentual de armadilhas positivas, já o IDO está relacionado ao número

médio de ovos por armadilhas. Sendo assim, o IPO indica a distribuição espacial

da infestação, enquanto o IDO demonstra os períodos de maior e menor

reprodução das fêmeas do mosquito.

IPO =𝑁º 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠

𝑁º 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠𝑥100

𝐼𝐷𝑂 =𝑁º 𝑑𝑒 𝑜𝑣𝑜𝑠

𝑁º 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠

𝐼𝐷𝑂 =𝑁º 𝑑𝑒 𝑜𝑣𝑜𝑠

𝑁º 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠

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2. JUSTIFICATIVA

É demonstrado em estudo que tanques, tambores, caixas d’água e

potes são possíveis criadouros do A. aegypti, onde é observada a preferência

por depósitos de alvenaria e de plástico (MARTINS et al, 2010). Porém, segundo

Forattini e Brito (2003) muitos desses reservatórios, mesmo contendo água limpa

e com o livre acesso pelas fêmeas do A. aegypti, não apresentam formas

imaturas desses mosquitos, gerando a hipótese da existência de algum fator de

atração contido em outros recipientes.

Essa variedade comportamental expressa pelas fêmeas nos

criadouros pode estar relacionada a fatores exógenos especialmente a chuva, a

temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento (BENTLEY & DAY,

1989). A procura por esses criadouros para a oviposição envolvem respostas

olfativas, táteis e visuais, onde alguns trabalhos demonstram a preferência das

fêmeas de A. aegypti por substratos mais escuros (GOMES et al, 2006).

Em um estudo sobre a dispersão do A. aegypti (soltura e recaptura)

realizados no Brasil foi possível notar que as fêmeas podem se distanciar até

800 m do ponto de liberação em busca de sítios de oviposição (HONÓRIO et al,

2003). Por outro lado, a maioria dos estudos realizados demonstram uma

dispersão média de aproximadamente 100 m de distância (GETIS et al., 2003;

ORDONEZ-GOZALES, 2001).

Em um estudo realizado por Arduino e Ávila (2015), foi visto que

alguns aspectos físico-químicos presentes na água dos criadouros podem

determinar a preferência para oviposição e desenvolvimento dos imaturos.

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Destacam-se entre esses fatores o volume da água, composição iônica, pH,

temperatura. Além disso, foi visto que o A. aegypti está se desenvolvendo em

água com certo grau de poluição, como em ralos, barcos e outros locais

contendo resíduos de várias substâncias como óleo, ferrugem, como também

sal, reforçando a caracterização da espécie como osmoconformista.

Entretanto, é importante salientar que essa escolha do criadouro é um

fator crítico para o ciclo-evolutivo desse mosquito, pois as suas formas imaturas

são incapazes de se deslocarem quando as condições do criadouro forem

desfavoráveis aos seus desenvolvimentos (SPENCER et al. 2002).

Segundo o que foi observado por Abreu et al (2015) as fêmeas do A.

aegypti demonstram dois padrões distintos de oviposição quanto à proporção de

ovos. De acordo com o estudo, algumas fêmeas botam cerca de 40% dos ovos

em um só local e espalha o restante em outros locais de reprodução, por outro

lado, outro grupo de fêmeas põem menos de 40% dos ovos em seu local favorito

e apresentam uma dispersão mais ampla do restante dos ovos em outros

criadouros. A presença ou ausência de larvas interespecíficas e

heteroespecíficas também se demonstraram como fatores relevantes e

determinantes na escolha do local de postura pelas fêmeas de A. aegypti

(GONZALEZ et al, 2015).

O mapeamento de áreas de risco em determinados territórios é a

grande finalidade dos programas que monitoram os fatores de risco biológico

que envolvem vetores de doenças. Com isso, aplica-se a vigilância entomológica

nas ações de controle, sendo elas biológicas, químicas, ou físicas, como também

nas relações com a vigilância epidemiológica quando relacionadas a disposição

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dessas doenças e aos impactos resultantes dessas ações, de acordo com a

Fundação Nacional de Saúde (2002).

Atualmente, nos programas de controle de dengue no Brasil, a

vigilância entomológica é realizada, na maioria dos estados e municípios, por

meio da busca ativa e coleta de larvas, e a posterior aferição da densidade do A.

aegypti em áreas urbanas, conforme a proposta de Connor e Monroe em 1923.

Por outro lado, foi percebido a maior sensibilidade das ovitrampas, em

relação à pesquisa larvária, para o monitoramento do vetor (MARQUES et al,

1993). A partir de alguns estudos verificou-se também, ainda, que as ovitrampas

constituem uma metodologia muito eficaz para o estudo da dispersão do vetor

(HONÓRIO, 2003).

Para a utilização da metodologia de oviposição o Ministério da Saúde

(2009) preconiza que a instalação de uma ovitrampa deve acontecer a cada nove

quarteirões ou uma a cada 225 imóveis. Porém, decorrente da variabilidade das

dimensões e densidade de imóveis nos quarteirões, a distribuição das

armadilhas em um bairro por essa metodologia acaba não sendo homogênea,

podendo resultar em amostragens distintas de acordo com a localidade a ser

estudada. Com isso, há a necessidade de uma nova padronização para sua

utilização.

Como essas metodologias tratam da vigilância entomológica, é

necessário um olhar para a biologia e ecologia do vetor. Diante disso, observa-

se que entre os animais que melhor desempenham o sentido do olfato, os insetos

são mais bem-sucedidos quando se trata de empregar os odores para realização

de atividades, sendo fundamentais para a percepção de presas, seleção de

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hospedeiros, defesa, escolha de parceiros, atividades sociais, escolha de

criadouros, entre outros comportamentos (VILELA & LÚCIA, 2001).

Muitos estudos de comportamento de oviposição de fêmeas de A.

aegypti utilizaram infusões para alcançar um melhor desempenho das

armadilhas de oviposição, sendo a infusão a base de feno a mais comum entre

as utilizadas (CHADEE et al 1993; MACIEL-DE-FREITAS et al 2008). Por meio

dessas informações o presente trabalho buscou a padronização dessa

metodologia para uma aplicação no município de Natal-RN, com base em

experiências anteriores demonstradas em outras cidades do país.

3. OBJETIVOS

3.1. Geral

Estabelecer um padrão mais eficiente de utilização da armadilha de

oviposição para o uso nas ações de monitoramento do mosquito Aedes

aegypti, no município de Natal-RN.

3.2. Específicos

3.2.1. Avaliar diferentes distâncias de instalação entre as ovitrampas no

monitoramento do A. aegypti;

3.2.2.Testar a eficiência de atração de diferentes tipos de infusões a

base de materiais orgânicos para fêmeas do mosquito;

4. METODOLOGIA

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4.1. Área de estudo:

Atualmente, o município de Natal é subdivido em quatro Regiões

Administrativas de acordo com a Lei Ordinária Número 3.878/89, e são elas:

Região Administrativa Norte (RAN) composta pelos bairros de Lagoa Azul,

Pajuçara, Potengi, Nossa Senhora da Apresentação, Redinha, Igapó e Salinas;

Região Administrativa Leste (RAL) composto pelos bairros de Santos Reis,

Rocas, Ribeira, Praia do Meio, Cidade Alta, Petropólis, Areia Preta, Mãe Luiza,

Alecrim, Barro Vermelho, Tirol e Lagoa Seca; Região Administrativa Sul (RAS)

composta pelos bairros de Lagoa Nova, Nova Descoberta, Candelária, Capim

Macio, Pitimbu, Neópolis e Ponta Negra; e a Região Administrativa Oeste (RAO)

composta pelos bairros de Quintas, Nordeste, Dix-sept Rosado, Bom Pastor,

Nossa Senhora de Nazaré, Felipe Camarão, Cidade da Esperança, Cidade

Nova, Guarapes e Planalto (Figura 5).

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Os bairros utilizados no estudo foram Quintas (RAO) e Tirol (RAL),

com altas e baixas vulnerabilidade e incidência de dengue respectivamente.

Quintas está presente na região Oeste da cidade e é caracterizado

por ser um bairro de classe média baixa. É um dos mais tradicionais na periferia

de Natal, e é tido como um ponto estratégico na geografia urbana da capital

potiguar, fazendo a ligação das zonas leste e sul da cidade com a zona norte.

Apresenta numerosas áreas de vilas e está localizado próximo a uma área de

manguezais, sendo muito comum áreas com pouco ou nenhum saneamento

básico, pavimentação asfáltica e coleta de lixo.

Figura 5- Mapa da vulnerabilidade dos casos de Dengue notificados em 2011 em todos os bairros de Natal.

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Ao contrário do bairro Quintas, o bairro de Tirol está presente na zona

Leste de Natal, apresentando uma população de classe média e classe média

alta. Possui saneamento básico adequado, pavimentação asfáltica e coleta de

lixo adequada e um dos maiores IDH do município.

4.2. Padronização do raio de instalação das armadilhas

Para a padronização da instalação das ovitrampas, foram realizados

alguns testes. O estudo se iniciou com a avaliação de duas formas de instalações

das ovitrampas baseadas exclusivamente na distância entre elas. Diante disso,

houve a instalação das armadilhas a partir de uma distância pré-determinada

com o auxílio do software Arcgis 9.3, responsável também pela escolha dos

domicílios para as instalações que foi totalmente ao acaso e posteriormente

georreferenciado.

Foram então determinadas as distâncias de 150 e 300 metros entre

as ovitrampas, para os testes.

Figura 6- Mapeamento dos locais onde foram instaladas as

ovitrampas no bairro das Quintas em Natal, RN. Figura 7- Mapeamento dos locais onde foram instaladas as

ovitrampas no bairro de Tirol em Natal, RN.

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Esses valores foram baseados em experiências de outras capitais

brasileiras como, por exemplo, Belo Horizonte que já utiliza uma metodologia

semelhante a aproximadamente 10 anos. Para evitar a influência dos fatores

intrínsecos (tamanho dos quarteirões, densidade populacional, densidade

vetorial) dos bairros na positividade das armadilhas e consequentemente na

escolha da metodologia de instalação, as duas metodologias foram avaliadas ao

mesmo tempo em cada bairro. Esses bairros foram divididos em duas áreas (de

mesmo tamanho), onde foram instaladas armadilhas com raio de alcance de

150 metros em uma e na outra com o raio de 300 metros (Figuras 6 e 7). A cada

semana essas áreas foram alternadas, e as áreas que apresentavam armadilhas

a cada 150 metros receberam a cada 300m e as que possuíam a cada 300

receberam a cada 150m. Essa metodologia piloto foi realizada durante 2 meses,

possibilitando a escolha da melhor distância de ovitrampas em Natal, uma vez

que essa ferramenta, até então, nunca havia sido utilizada no município como

rotina.

4.3. Preparo das infusões

Além da padronização do distanciamento na instalação das

ovitrampas, foi realizada a padronização da melhor infusão no que diz respeito

à eficiência de atratividade das fêmeas grávidas para a oviposição.

Para o preparo das infusões foram utilizados três tipos de materiais

orgânicos escolhidos com base em estudo anteriores (SANTANA et al,2006;

CHADEE et al 1993; MACIEL-DE-FREITAS et al 2008):

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a. Capim colonião (Panicum maximum), espécie do gênero Panicum

originário do continente africano, encontrado, geralmente, em

margens florestais, em solos recém desmatados, como também

em pastagens sombreadas (EUCLIDES et al, 2008). As primeiras

sementes do capim colonião chegaram ao Brasil por meio dos

navios negreiros trazidos da África, onde eram utilizados como

camas (JANK et al, 2003). Segundo Souza et al (1996), o

Panincum caracteriza-se por apresentar uma boa produtividade e

alto valor nutritivo.

b. Folhas de caju (Anacardium occidentale), uma espécie de arbusto

que apresenta um tamanho que varia de 6 a 12 metros, com folhas

de coloração verde escura, tronco curto ocasionalmente tortuoso.

Esse espécime vegetal caracteriza-se por exibir propriedades

bactericida, fungicida, vermicida e amebicida, tornando-a uma

planta de ampla importância medicinal, além da importância

econômica oriunda do seu fruto (caju) muito utilizado na culinária,

na produção de xarope e bebidas alcolizada (ARBONNIER, 2002);

c. O feno que é produzido a base de capim colonião, no qual

apresenta, entre suas principais características para produção do

feno, uma alta relação folha:caule e a presença de caules finos,

que, além de terem um alto valor nutritivo, facilita o processo de

desidratação (LIMA & CUNHA, 2008).

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Para cada infusão foram utilizadas 30 g dos materiais anteriormente

citados. Os materiais foram picados em pequenos pedaços e posteriormente

adicionados em garrafas Pet de 2 litros (Figura 8), completadas com água

mineral. Após esse procedimento, as infusões permaneceram armazenadas por

sete dias para que ocorresse a fermentação do material.

Após o período de uma semana, o material foi coado com o auxílio de

papel filtro e em seguida foram diluídas a 30% em água mineral para uso nos

ensaios (SANTOS, 2010). Essas infusões foram utilizadas tanto nos testes de

campo, quanto nos testes em laboratório.

4.4. Criação e manutenção da colônia em laboratório:

Para os testes em laboratório foi necessária a criação e manutenção

de uma colônia de A. aegypti. Para isso, foram coletados ovos com a utilização

de ovitrampas no Campus central da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN). Os ovos coletados foram colocados para a eclosão das larvas em

Figura 8-Infusões armazenadas em garrafas

Pet; A- Infusão de Caju; B- Infusão de Feno; C- Infusão de Capim.

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recipientes plásticos de dimensões 8,5cm x 20cm x 29,5cm aproximadamente,

contendo água mineral, aproximadamente 800 ml.

As larvas foram alimentadas à base de ração de peixe (TetraMin) de

uma a duas vezes por dia. A água foi trocada sempre que aparentava certa

turbidez causada pela fermentação da comida ou pelos processos de ecdise dos

imaturos. Ao se tornarem pupas, as mesmas foram retiradas das bandejas e

inseridas no interior das gaiolas para sua emergência.

A criação foi mantida no insetário do Laboratório de Insetos e Vetores- CB-

UFRN sob condições controladas (± 27ºC, ± 80% UR e 12 h luz/ fotoperíodo).

Os adultos foram mantidos em gaiolas de acrílicos teladas com dimensões de

60x50x50cm e alimentados com solução de sacarose a 10%. Para a obtenção

de postura foram oferecidos repastos sanguíneos em camundongos

anestesiados, previamente aprovados pela Comissão de Ética no Uso de

Animais (CEUA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pelo protocolo

N.º 023/2013. Para a realização do repasto, as fêmeas foram submetidas a um

período de 24 horas sem se alimentar da solução a base de sacarose a 10%e

posteriormente expostas ao camundongo, isso para garantir a realização do

repasto.

4.5. Ensaios em laboratório

A primeira etapa dos testes com as infusões foi realizada em

laboratório. O desenho experimental consistia na utilização de 10 fêmeas

ingurgitadas três dias após o repasto sanguíneo, a partir da geração F1 da

colônia para cada repetição do teste, num total de 10 repetições, somando

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100 fêmeas de A. aegypti observadas. Cada gaiola recebia os três

tratamentos a serem testados, além da água como o controle.

As infusões e a água foram colocadas em recipientes plásticos de

100ml não os enchendo por completo, deixando uma superfície não submersa

pelos tratamentos e as forrando com papel filtro. O papel-filtro foi utilizado para

tornar a substrato mais áspero e atraente às fêmeas, além de facilitar a posterior

contagem dos ovos. Esses recipientes foram adicionados as gaiolas de testes

que eram feitas de acrílico com dimensões de 60x50x50 centímetros (Figura 9).

Os tratamentos foram dispostos em um quadrante, estando cada um em uma

das extremidades da gaiola (Figura 10).

Diariamente os papeis-filtro eram retirados para a contagem dos ovos

e adicionado papeis novos para as próximas posturas, além da renovação dos

papeis, a posição dos tratamentos eram alteradas diariamente. A contagem dos

ovos foi realizada por três dias consecutivos com o auxílio de um

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SC

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20

16

Figura 9- Gaiolas utilizadas na realização dos

ensaios de laboratórios e para a criação da colônia. Figura 10-Realização dos ensaios em laboratório.

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esteromicroscópio e um contador manual. Após a contagem os ovos eram

colocados em contato com a água para a eclosão das larvas.

4.6. Ensaios em Campo

Os ensaios em campo foram realizados com ovitrampas contendo as

infusões testadas anteriormente em laboratório. Os quatro tratamentos foram

dispostos com a distância de 1 metro um do outro, formando um quadrante

(Fig.11). A partir disso foi possível a observação da preferência das fêmeas.

Entre as repetições foi respeitada uma distância mínima de 20 metros.

Um total de trinta e seis armadilhas, de cada tratamento, foi instalado no campus

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte por um período de 10 dias.

Diariamente, as palhetas (Figura 12) eram retiradas e trocadas por

uma nova para que fossem analisadas em laboratório. Após a troca, as palhetas

foram levadas ao laboratório para a contagem dos ovos e 20% das palhetas

foram colocadas em contato com a água para a eclosão das larvas para

confirmação da espécie.

Figura 11-Realização dos ensaios em campo.

Fo

nte

: A

ce

rvo p

róp

rio

NA

SC

IME

NT

O,

2016

Figura 12-Palhetas usadas como substratos de

oviposição.

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38

5. ANÁLISE ESTATÍISTICA

Foi realizada avaliação da normalidade dos dados com o auxílio do

teste de Kolmogorov-Smirnov. Para as análises das distâncias de instalações

das ovitrampas foi realizado o teste Mann-Whitney. Para a análise de eficácia

entre as infusões nos ensaios em laboratório foi utilizado teste não-paramétrico

Kruskal-Wallis; e para esse ensaio em campo foi utilizado uma ANOVA. Todas

as análises estatísticas foram realizadas no programa BioEstat 5.0.

6. RESULTADOS

a. Padronização da distância de instalação:

Durante os ensaios de padronização das distâncias das ovitrampas

em campo foram coletados 4.717 ovos, onde 83% das larvas eclodiram e foram

identificadas como A. aegypti. Não foram observadas diferenças significativas

entre as duas distâncias amostradas, indicando que o uso do raio de 300 metros

entre as armadilhas poderia ser usado sem perda da eficácia.

Figura 13- Médias de ovos para cada distância avaliada em ambos os bairros testados (Tiro e Quintas) ± EP

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O total de ovos coletados no bairro das Quintas foi de 2.548, sendo

maior na distância de 300 metros entre as armadilhas (p<0,05) (Figura 12). Não

foi observada diferença significativa entre todos os índices pesquisados no bairro

Quintas entre as duas distâncias avaliadas (Figura 14 e 15).

O total de ovos coletados no

bairro Tirol foi de 2.169, sendo maior na distância de 150 metros entre as

armadilhas (p<0,05) (Figura 13). Não foi observada diferença significativa entre

Figura 14- Índices de Positividade de ovitrampa. Armadilhas instaladas no bairro das quintas durante as 4 semanas de testes.

Figura 15- Índices de Densidade de Ovos. Armadilhas instaladas no bairro das quintas durante as 4 semanas de testes.

Figura 16- Índices de Positividade de ovitrampa. Armadilhas instaladas no bairro de Tirol durante as 4 semanas de testes.

Figura 17- Índices de Densidade de Ovos. Armadilhas instaladas no bairro das quintas durante as 4 semanas de testes.

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40

todos os índices pesquisados no bairro Tirol entre as duas distâncias avaliadas

(Figura 16 e 17).

Apesar da quantidade de ovos ter sido diferente entre as distâncias

quando se analisa cada bairro em separado, os índices calculados para

ovitrampa, Índice de Positividade da Ovitrampas (IPO) e o Índice de Densidade

de Ovos (IDO) não apresentaram diferença significativa entre as distâncias de

150 e 300 metros.

b. Ensaios com infusões:

Nos testes de eficiência das infusões na atração das fêmeas de

A. aegypti, foram observadas diferenças entre os resultados de campo e

laboratório. O total de ovos coletados (ovos presos ao substrato de papel e ovos

livres meio líquido) foi de 13.745 ovos, contabilizando todos os tratamentos,

inclusive o controle. Houve diferença quantitativa entre o número de ovos no

substrato e os que estavam livres na superfície líquida, sendo maior o número

dos fixados no papel (Tabela 1).

A quantidade de ovos na infusão de caju foi maior do que todos os

outros tratamentos, sendo significativa (p<0,05) em relação todos os

tratamentos. Foi observado também que para a infusão de caju e a água a

postura reduz após 3º dia (p<0.05), enquanto as demais não apresentaram

diferença.

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41

Foram coletados 19.681 ovos no total em campo (Tabela 2). Em

campo o tratamento que contabilizou o maior número de ovos foi o Feno com

33% do número total de ovos, mas, no entanto, não foi possível observar uma

diferença significativa com o controle, somente com os demais tratamentos, e

não foi observada diferença entre os dias de postura.

Tratamentos

Ovos no papel *

Ovos Livres*

Médias Desvio Padrão

Total

Controle

2.135

490

95.45455

71.31049

2.625

Caju

3.944

3.289

263.0182

158.642

7.233*

Capim

1.005

182

43.16364

48.11013

1.187

Feno

2.460

240

98.18182

117.6073

2.700

Total

9.544

4.201

124.9545

13.745

Tratamentos

Total Médias Desvio Padrão

Porcentagem

Controle

5.438*

15,1

35.31231

0,27

Caju

3.108

8,6

18.67674

0,15

Capim

4.528

12,5

30.00236

0,23

Feno

6.607*

18,3

39.51776

0,33

Total

19.681

13,6

1

Tabela I- Número de ovos contados nos ensaios de laboratório, um total de 10 repetições com

duração de três dias de observações cada* tratamentos que apresenta diferença estatística

significativa quanto ao número de ovos coletados com os demais.

Tabela 2- Número de ovos contados nos ensaios de campo, um total de 36 repetições com duração de

10 dias de observações cada.

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O controle se demonstrou muito positivo nos ensaios em campo

quanto ao número de ovos, onde se obteve o segundo melhor resultado

apresentando uma diferença significativa com o tratamento que foi considerado

o melhor em laboratório (caju) e como já mencionado, não houve diferença

significativa entre o controle e o melhor tratamento em campo (feno).

7. Discussão:

A instalação das ovitrampas como método de monitoramento do A.

aegypti atende a uma preconização do Ministério da Saúde, que sugere uma

proporção mínima de uma armadilha para cada nove quarteirões, uma para cada

225 imóveis (Ministério da Saúde, 2009).

Essa forma de distribuição pode tornar o monitoramento menos

sensível, uma vez que há diferenças entre as dimensões dos imóveis nas áreas

investigadas, não havendo assim uma distância padrão entre cada ovitrampa

instalada.

Diante disso, foi proposto pelo presente trabalho a padronização de

um raio de alcance das ovitrampas, ou seja, uma distância entre elas que

cobrisse toda a áreas de estudo, mas que não interferisse na eficiência da

armadilha. Então foram testadas as distâncias de 150 e 300 metros.

Como foi observado, os resultados demonstram que essas duas

distâncias não apresentam diferenças significativas entre si, quanto ao número

de ovos coletados pelas armadilhas e a positividade das armadilhas

Em um estudo de dispersão realizado em 2009 na cidade do Rio de

Janeiro, foi observado que dentre 725 fêmeas de A. aegypti devidamente

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marcadas, soltas e recapturadas, 6,3% dispersaram em média 288,12 m do

ponto de soltura, 50% e 90% das fêmeas voaram até 350 m e 500,2 m

respectivamente (MACIEL-DE-FREITAS & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 2009).

Esses resultados corroboram com as distâncias utilizadas no presente estudo,

uma vez que ambas as distâncias (150 e 300 m) estão dentro do alcance de voo

do vetor, mas além disso, os raios adotados pelo presente estudo estão dentro

do intervalo médio da distância preconizada pelo Ministério da Saúde (9

quarteirões e 225 imóveis).

Foi observado que entre as duas distâncias analisadas não houve

diferença significativa entre os índices atestados (IPO e IDO). Esse resultado se

assemelha com o resultado observado em um estudo realizado no município de

Macapá, capital do Estado do Amapá, onde também não foi observada diferença

significativa no Índice de Positividade de Ovitrampa entre as regiões estudadas

(MONTEIRO et al, 2014). Isso demonstra que mesmo em situações

socioeconômicas distintas, esse índice se apresenta resultados semelhantes,

isso deve se dar ao fato do IPO avaliar de forma qualitativa a presença do A.

aegypti.

Destacamos que a adoção do maior raio de instalação das ovitrampas

confere a implementação da metodologia uma maior aplicabilidade. Isso se dá

ao fato de ser necessário um número menor de armadilhas facilitando assim o

deslocamento dos materiais e do recurso humano para os locais de instalações.

Além disso, uma menor quantidade de armadilhas permite que haja uma

economia de tempo nas instalações e coletas de dados, como também uma

economia financeira para a gestão dos municípios.

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Em um estudo publicado recentemente, que visava demonstrar a

preferência das fêmeas de A. aegypti frente a vários tipos de infusões, realizado

somente em laboratório, foi observado um resultado semelhante ao exposto pelo

presente estudo. A infusão a base de folha de caju (A. Occidentale) foi

considerado o melhor tratamento, obtendo o maior número de ovos (SANTOS et

al, 2010). Segundo Navarro et al (2003), a eficiência das infusões orgânicas é

diretamente influenciada pelo processo de crescimento bacteriano e

posteriormente a formação de metabólitos.

Em um estudo realizado em 2008, viu-se que o ácido hexadecanóico

é um bom estimulante da postura em fêmeas de A. aegypti, esse ácido está

presente no óleo produzido pela folha fresca do A. occidentales (PONNUSAMY

et al, 2008).

Foi visto que tanto em laboratório quanto em campo, é possível

observar que o controle (água) se demonstrou muito sensível. Em campo foi

considerado o melhor tratamento, se demonstrando superior a infusão de caju

que apresentou o melhor resultado em laboratório. Além disso, a água e o feno

(melhor tratamento em campo), não apresentaram diferenças significativas entre

si.

Em campo, a infusão a base de folha de caju apresentou um

desempenho inferior ao controle, e a infusão que apresentou a maior quantidade

de ovos foi a infusão a base de feno. Isso já havia sido observado por Reiter et

al (1991), quando percebeu que as fêmeas de A. aegypti eram atraídas para

armadilhas que apresentavam a infusão de feno em seu interior.

Entretanto, o feno não demonstrou diferença significativa com o

controle, mesmo apresentando uma quantidade de ovos superior a este. Esse

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resultado vem a corrobora com o resultado obtido por Nunes et al (2011), que

observou um total de 5.947 ovos nas armadilhas com presença de feno e 3.804

ovos nas armadilhas que apresentavam somente água, mas mesmo assim não

obteve uma diferença significativa.

É possível que por estar em condições controladas e devido a

restrição a apenas quatro opções de sítios de oviposição, tenha sido possível

uma diferença comportamental em campo e em laboratório. Há de se ressaltar

que em campo a grande variedade de sítios de oviposição permite que o vetor

seja mais seletivo em sua escolha. Isso pode ser influenciado pelo

comportamento, bastante conhecido, em que a fêmea do A. aegypti distribui seus

ovos de um único ciclo gonotrófico em vários criadouros (CORBET & CHADEE,

1993; CHADEE, 2010).

Antemão, é possível dizer que a utilização da ovitrampa contendo

apenas água em seu interior tende a apresentar uma relação de custo-benefício

mais vantajosa, uma vez que, há uma economia de matéria-prima e mão-de-

obra. Outros benefícios são observados para o uso somente da água, com

relação a logística de instalação das armadilhas, dado que, não será necessário

o transporte das infusões para os locais de instalação, como também, a

padronização do uso da água evitaria o mau cheiro exalado pelas armadilhas

contendo infusão, principalmente a de feno.

Em Natal-RN, como na maioria dos Estados do Brasil, anualmente é

realizado o Levantamento de Índice rápido (LIRA), em um total de 5 ciclos

anuais. Essa metodologia se dá por meio da pesquisa larvária e um dos seus

pontos positivos é a identificação dos criadouros mais frequentes, a eliminação

dos imaturos e a possibilidade da aferição de um índice de infestação. Porém,

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essa metodologia apresenta algumas limitações: não permite, na maioria das

vezes, diferenciar as áreas quanto à infestação, por não apresentar dados

semanais muitas informações entomológicas e epidemiológicas são perdidas,

além disso, a chance de detecção de um domicílio positivo para larvas é

significativamente menor, uma vez que se trata de uma metodologia ativa que

irá depender da percepção do agente na busca do foco, da mesma forma em

períodos de seca essa metodologia é prejudicada (BRAGA et Al., 2000).

A metodologia atualmente empregada na maioria dos Estados do

Brasil para o monitoramento do vetor da Dengue, o LIRA, demostra-se pouco

sensível quando se observa a taxa de positividade de infestação e o número de

casos notificados para uma mesma área. Em seguida, os dois mapas ilustrados

pela figura 18 demonstram essa incompatibilidade entre as áreas de maior

infestação pelo vetor e as áreas com maior número de casos confirmados do

vírus Dengue.

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Essa metodologia é realizada a partir da pesquisa larvária, que se dá

pela busca ativa das formas larvais em possíveis criadouros em domicílios. A

partir dos resultados observados, são então determinados os índices de

infestação (Predial e de Breteu).

Segundo Gomes (1998), além de denotar muito esforço, estes índices

são indicadores fracos para predizer a infestação do mosquito, sendo limitado

para avaliação do risco de transmissão de arbovíroses. Outro ponto importante

é o fato de que a presença de formas imaturas não indica, fidedignamente, a

presença simultânea do vetor adulto naquele local, de maneira que as formas

aquáticas observadas em determinado momento podem ser originárias de ovos

depositados meses antes e que só eclodiram recente a coleta devido a resposta

a condições ambientais (ACYOLI, 2006).

Figura 18- A) grau de infestação por bairro de Natal, a partir da utilização do LIRA; B) números de casos de Dengue por bairro de Natal.

A B

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48

Diante disso, inúmeros estudos demonstram a superioridade da

armadilha de oviposição para o monitoramento do A aegypti (PASSOS et al.

2003; BRAGA & VALLE, 2007). Um ponto importante no uso da ovitrampa pela

vigilância entomológica é a possibilidade de observação de dados semanais que

possam corroborar com o número de casos observados em cada semana

epidemiológica, possibilitando tomadas de decisões mais pontuais no combate

ao vetor, mas para isso é necessário o desenvolvimento de índice que seja

possível realizar essa aferição.

No presente trabalho a armadilha de oviposição provou ser um

método econômico e operacionalmente viável, sendo muito efetivo na vigilância

de A. aegypti corroborando com outros estudos (BRAGA et al, 2000; OPAS,

1994). Frente a essas inúmeras vantagens, é sugerido a implantação dessa

metodologia no programa de vigilância entomológica no município do Natal. É

importante destacar que é recomendável que os demais munícipios que se

interessem no uso dessa metodologia, realize estudo semelhante para que

sejam padronizadas as variáveis (raio de alcance das ovitrampas, número de

ovitrampas, concentração de infusão, tipo de infusão e etc.) de acordo com as

particularidades de cada localidade.

Com isso ressaltamos a importância da utilização da ovitrampa nos

programas de monitoramento, como mais uma ferramenta para a tomada de

decisões pelos gestores, mas sempre sendo observados os fatores

populacionais, ambientais e epidemiológico. Para uma melhor observação da

eficiência dessa ferramenta, será necessária a realização de uma análise de

correlação que busque corrobora os dados entomológicos adquiridos pelas

armadilhas com os dados epidemiológicos (casos notificados de Dengue).

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8. CONCLUSÃO:

A análise dos resultados obtidos neste trabalho permite concluir que

a ovitrampa é uma ferramenta promissora para os programas de vigilância

entomológicas, sendo necessária a padronização de sua utilização para cada

localidade que assim decidir utiliza-la. Foi observado também, que para o

município de Natal-RN, o melhor raio de instalação dessas armadilhas é o de

300 m, apresentando assim uma melhor padronização das distâncias entre as

ovitrampas. Com relação ao uso de infusão, conclui-se que a melhor forma de

utilização dessas armadilhas é sem o aditivo de soluções orgânicas, sendo

utilizado apenas água em seu interior. Diante disso, pode-se avaliar essa

metodologia como uma boa alternativa para os gestores, sendo de fácil utilização

e de baixo custo, para a otimização dos programas de combate ao Aedes

aegypti.

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