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1 MANIFESTAÇÃO TÉCNICA INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA DIRETORIA DE BIODIVERSIDADE E ÁREAS PROTEGIDAS DIBAP GERÊNCIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO GEUC Parecer GEUC nº 35/2016 Data: 11/10/2016 UNIDADE: Serviço de Planejamento e Pesquisa SEPES/INEA ASSUNTO: Criação de Refúgio de Vida Silvestre Estadual na Serra da Estrela PROCESSO: E-07/002.4688/2016 INTERESSADO Instituto Estadual do Ambiente (INEA) 1. ANÁLISE Trata o presente da análise da versão preliminar do “ESTUDO DE VIABILIDADE – UC SERRA DA ESTRELA”, elaborado pela empresa Essati engenharia, como Relatório de Acompanhamento da condicionante 17 da Autorização de Licença Ambiental Nº 044/2011, referente ao empreendimento da Nova Subida da Serra, emitida pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. O referido estudo foi dividido em 08 grandes tópicos, além de bibliografia e anexo. A seguir, abordaremos cada um desses temas, separadamente: 1 – Introdução: Este tópico traz uma breve contextualização da área sugerida para criação da unidade de conservação na Serra da Estrela abrangendo os municípios de Duque de Caxias, Magé e Petrópolis. Destaca ainda que esta localidade apresenta “exuberante vegetação natural, preservada em muitas áreas em função da topografia acidentada, representando um importante remanescente de Mata Atlântica, cuja preservação se justifica pela manutenção dos serviços ecossistêmicos fornecidos por ela.” (p.02). O estudo destaca que a região onde se localiza a Serra da Estrela foi considerada, no âmbito do Workshop, promovido pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO (em 1999), umas das 182 áreas prioritárias para conservação da Biodiversidade, tendo sido apontada como de extrema importância biológica. Outro ponto ressaltado pelo estudo consiste na proximidade da Serra da Estrela em relação tanto à Reserva Biológica do Tinguá quanto ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e a sobreposição à APA de Petrópolis, unidades de conservação federais que integram “o Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense, que já congrega 39 unidades de conservação e é reconhecido oficialmente, através da Portaria N° 350 do Ministério do Meio Ambiente de 11 de dezembro de 2006” (p.02). A Serra da Estrela, portanto, devido ao seu status de conservação, “se apresenta como um importante corredor natural entre a Reserva Biológica do Tinguá e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos”. (p.02). Por fim, a introdução do estudo destaca ainda que:

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MANIFESTAÇÃO TÉCNICA

INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE - INEA

DIRETORIA DE BIODIVERSIDADE E

ÁREAS PROTEGIDAS – DIBAP

GERÊNCIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – GEUC

Parecer GEUC nº 35/2016

Data: 11/10/2016

UNIDADE: Serviço de Planejamento e Pesquisa SEPES/INEA

ASSUNTO: Criação de Refúgio de Vida Silvestre Estadual na Serra da Estrela

PROCESSO: E-07/002.4688/2016

INTERESSADO Instituto Estadual do Ambiente (INEA)

1. ANÁLISE

Trata o presente da análise da versão preliminar do “ESTUDO DE VIABILIDADE – UC SERRA DA

ESTRELA”, elaborado pela empresa Essati engenharia, como Relatório de Acompanhamento da

condicionante 17 da Autorização de Licença Ambiental Nº 044/2011, referente ao empreendimento

da Nova Subida da Serra, emitida pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. O referido estudo

foi dividido em 08 grandes tópicos, além de bibliografia e anexo. A seguir, abordaremos cada um

desses temas, separadamente:

1 – Introdução: Este tópico traz uma breve contextualização da área sugerida para criação da

unidade de conservação na Serra da Estrela abrangendo os municípios de Duque de Caxias, Magé e

Petrópolis. Destaca ainda que esta localidade apresenta “exuberante vegetação natural, preservada

em muitas áreas em função da topografia acidentada, representando um importante remanescente

de Mata Atlântica, cuja preservação se justifica pela manutenção dos serviços ecossistêmicos

fornecidos por ela.” (p.02). O estudo destaca que a região onde se localiza a Serra da Estrela foi

considerada, no âmbito do Workshop, promovido pelo Projeto de Conservação e Utilização

Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO (em 1999), umas das 182 áreas prioritárias

para conservação da Biodiversidade, tendo sido apontada como de extrema importância biológica.

Outro ponto ressaltado pelo estudo consiste na proximidade da Serra da Estrela em relação tanto à

Reserva Biológica do Tinguá quanto ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e a sobreposição à APA

de Petrópolis, unidades de conservação federais que integram “o Mosaico da Mata Atlântica Central

Fluminense, que já congrega 39 unidades de conservação e é reconhecido oficialmente, através da

Portaria N° 350 do Ministério do Meio Ambiente de 11 de dezembro de 2006” (p.02). A Serra da

Estrela, portanto, devido ao seu status de conservação, “se apresenta como um importante corredor

natural entre a Reserva Biológica do Tinguá e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos”. (p.02). Por

fim, a introdução do estudo destaca ainda que:

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“O redirecionamento do fluxo de veículos para a Nova Subida da Serra e a

consequente redução do tráfego no trecho da atual subida, que hoje corta a

Serra da Estrela, poderá ocorrer uma potencial melhora nos fluxos gênicos,

através dos remanescentes florestais. Situação que pode ser melhor

potencializada com a criação de uma unidade de conservação na área. A sua

criação também impactará positivamente o turismo local, tornando-se mais um

destino com atrativos naturais na região, que já conta com o Parque Nacional

da Serra dos Órgãos, que recebe milhares de visitantes anualmente (ICMBio,

2014). Dessa maneira, a criação da nova unidade impactará nos

empreendimentos do setor turístico, alavancando e gerando novos postos de

trabalho e renda para a região.” (p.03)

2 – Diagnóstico: O diagnóstico realizado levou em consideração dados de meio físico, biótico e

socioeconômico. Os dados referentes ao meio físico foram secundários, ao passo que os de meio

biótico contaram com dados primários. O estudo não descreve a metodologia utilizada para a

obtenção dos dados relacionados ao meio socioeconômico, que parecem ter sido obtidos por meio

de questionários.

Em relação ao diagnóstico de flora cabe destacar que, ao longo de 4 anos de monitoramento, “nos

remanescentes florestais estudados, ao longo da serra de Petrópolis, foram catalogados mais de

1500 táxons, distribuídas em aproximadamente 108 famílias botânicas.” (p.07). As famílias que

apresentaram maior diversidade de espécies foram Myrtaceae (17%), Lauraceae (11%), Fabaceae

(9%) e Rubiaceae (9%). Essas famílias têm importante função, pois caracteristicamente produzem

frutos atrativos a fauna, sendo indicadores de áreas com riqueza ecológica. (p.08).

Considerando as espécies nativas e ameaçadas de extinção “foram encontradas 6 espécies

classificadas como ameaçadas de extinção (AE) e 5 espécies com deficiência de dados (DD) na lista

de espécies ameaçadas (MMA 2008). Além disso, 18 espécies classificadas como vulnerável (VU) ou

em Perigo de extinção (EN) nas Informações disponibilizadas on-line pela IUCN (The World

Conservation Union, 2011.1).” (p.09). Destas espécies com status AE (MMA) destacam-se Euterpe

edulis (palmito-jussara), Parinari brasiliensis (milho-cabeludo), Dicksonia sellowiana (xaxim), Ocotea

catharinensis (canela-cheirosa), Ocotea odorifera (canela-sassafrás) e Macrotorus utriculatus

(macrotorus); já as espécies com status EN (IUCN), destacam-se Aspidosperma polyneuron (pau-

marfim), Inga lanceifolia (ingá), Phyllostemonodaphne geminiflora (canela-geminiflora),

Urbanodendron bahiense (canelinha-lança), Cedrela fissilis (cedro-rosa), Brosimum glaziovii

(brosimum-açu), Pseudolmedia hirtula (pseudomedia3), Campomanesia laurifolia (guabirobinha),

Manilkara bella (manilkara) e Pouteria macahensis (pouteria-macae) largamente explorados em

diversas localidades do território fluminense.

Em relação à fauna, os dados do referido estudo foram obtidos “através do Programa de

Monitoramento da Fauna, que já é realizado há três anos em determinadas áreas ao longo da

rodovia BR-040 entre os municípios do Rio de Janeiro e Petrópolis, em cumprimento das exigências

do Plano Básico Ambiental (PBA) da Nova Subida da Serra de Petrópolis/BR-040, estando uma das

áreas de monitoramento existentes localizada dentro dos limites propostos para a unidade de

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conservação da Serra da Estrela. Nesse programa são monitoradas as espécies pertencentes à

herpetofauna, ornitofauna e mastofauna. (p.10)

Para herpetofauna, destaca-se que 03 espécies tiveram deficiência de dados e que as espécies

Cycloramphus brasiliensis (Steindachner, 1864) e Aplastodiscus eugenioi (Carvalho-e-Silva &

Carvalho-e-Silva, 2005) constam na lista da IUCN, como quase ameaçadas (NT). Para ornitofauna,

foram encontrados 9 espécies classificadas pela IUCN como NT, 13 espécies como VU e 01 como em

Perigo de extinção (EN), qual seja Touit melanonotus (apuim-de-costas-pretas), merecendo

destaque, portanto. Além dessa espécie, chama atenção as espécies que estão com o status de

conservação vulnerável (VU) – IBAMA (2003) e são endêmicos da Mata Atlântica, destacando

Amadonastur lacernulatus (gavião-pombo-pequeno), Myrmotherula minor (choquina-pequena),

Sporophila frontalis (pixoxó) e Sporophila falcirostris (cigarra-verdadeira); e ainda o Touit surdus

(apuim-de-cauda-amarela), que está na lista regional como vulnerável e endêmico da Mata

Atlântica. Já para mastofauna, das espécies encontradas, 04 espécies são classificadas como VU e

duas figuram na Nova Lista de espécies ameaçadas MMA (2014) como em perigo de extinção:

Callithrix aurita (sagui-da-serra-escuro) e Leontopithecus rosalia (mico-leão-dourado), que teve o

registro feito na região proposta para a criação da UC Serra da Estrela.” (p.22). Além das espécies

vulneráveis da mastofauna Alouatta guariba clamitans (bugio), Leoparus guttulus (gato-do-mato),

Kannabateomys amblyonyx (rato-de-bambu), e Cuniculus paca (paca). Por fim, nesse levantamento

ainda é apresentado, duas espécies de quirópteros que estão na Lista das Espécies da fauna

Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro, Dermanura cinerea e Platyrrhinus recifinus.

Em relação, a espécie Leontopithecus rosalia que já foi alvo de diversos projetos específicos da

Secretaria do Estado do Ambiente – SEA, como: o “Abrace essas 10”, a Gerência de Fauna, da

Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Inea, vem coordenando o seguinte projeto:

”Remoção e monitoramento pós-captura de grupos de micos-leões-de-cara-dourada

(Leontopithecus chrysomelas) invasores na área de ocorrência do mico-leão-dourado

(Leontopithecus rosalia). O projeto em questão visa a translocação de L. chrysomelas para sua área

de ocorrência natural no estado da Bahia deixando áreas de ocorrência natural L. rosalia livres da

espécie invasora.

Para o meio socioeconômico, o estudo destaca que:

“Devido ao relevo montanhoso predominante na região da Serra da Estrela,

que dificulta o acesso e a ocupação humana, cerca de 90% da área proposta

para a unidade de conservação apresenta-se coberta por floresta ombrófila

densa em bom estado de conservação. Todavia, em alguns pontos mais

próximos dos limites propostos para a unidade já existe ocupação antrópica”

(p.25).

Sob esse aspecto vale destacar que ainda que os limites propostos para a UC da Serra da Estrela pelo

estudo aqui analisado difiram dos limites propostos pelo Inea, vale ressaltar que o dado de pouca

ocupação humana e baixa transformação antrópica foram critérios para escolha da localidade como

área prioritária para criação de unidade de conservação estadual.

Para o trecho de 11 Km da BR-040 (entre os quilômetros 84 e 95) foi feito o levantamento de campo

e mapeamento, onde constatou-se 282 edificações (com padrões diferenciados), dessas 33 estando

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no interior da área proposta da UC. Já para o trecho da RJ 107, o estudo apensas informa se tratar

de uma avaliação das edificações e principais atividades extrativistas e industriais existentes...

(p.29). Dentre as atividades extrativista foram apontadas duas lavras próximas aos limites da futura

UC; além de outros pontos significativos como a antiga vila residencial da Fábrica da Estrela, do

Ministério da Defesa; a estação ferroviária de Inhomirim; o Parque Ecológico dos Orixás (local de

práticas associadas a cultos afro-brasileiros); e casas ora esparsas ora formando bairros ou

comunidades, como os casos das localidades Meio da Serra; Açude; Horta ou São Francisco; Alto da

Serra; Chácara Flora, Siméria e Independência; e Alto Independência. Para todos os locais não houve

quantificação das edificações, apenas um apontamento do padrão das mesmas.

Mesmo se tratando de uma categoria de UC que não requer desapropriação, salvo estabelecido em

lei, chama atenção a variação da proximidade do limite proposto (variando de 100 m a 500 m de

distância) à essas construções. Além desse fato, tem ainda o registro no estudo de que existem

construções situadas no limite proposto e na borda do limite proposto. Portanto recomenda-se um

refinamento do limite utilizando-se de imagens de satélites mais atualizadas, para eliminar possíveis

conflitos de uso.

3 – Localização e Delimitação da área: A Unidade de Conservação proposta pelo referido estudo

localiza-se na Serra da Estrela situada nas Escarpas das Serras do Couto e dos Órgãos, no estado do

Rio de Janeiro (Figura 1). A área da unidade em estudo é de 3.971,76 hectares, abrangendo os

municípios de Duque de Caxias, Magé e Petrópolis, estando cerca de 94% de sua área inserida na

APA Petrópolis. A maior porção da área proposta para criação da unidade de conservação está

localizada no município de Duque de Caxias, com 2.075,81 ha, representando 52% da área, seguido

pelo município de Petrópolis, com 1.116,20 ha, equivalentes a 28% da área, e do município Magé,

com 779,75 ha, que correspondem a 20% da área proposta do parque (p.32).

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Figura 1 - Limites propostos para a Unidade de Conservação da Serra da Estrela, retirada da versão

preliminar do Estudo de Viabilidade – UC Serra da Estrela.

O desenho da UC proposta pelo estudo é bastante coerente com o que se pretende pelo Inea (Figura

2), abrangendo partes dos mesmos municípios. Contudo, existem algumas diferenças: a área total

da proposta do Inea possui cerca de 1.000 ha a mais que a do estudo da Essati, totalizando 5.012,09

hectares, estando 3.528,82, equivalentes a 70,41 % sobrepostos à APA Petrópolis. Esse dado é

bastante interessante, pois mostra que mesmo com uma área maior, a taxa de sobreposição é

menor, ou seja, há um ganho maior em hectares de áreas especialmente protegidas.

Em relação à distribuição da UC proposta por municípios pelo Inea, tem-se que: A maior porção da

proposta está em Duque de Caxias com 2.105,27 hectares (42,00% da proposta), seguido de Magé

com 1.580,82 hectares (31,54% da proposta); e por último Petrópolis 1.326,01 hectares (26,46% da

proposta). Esses dados mostram uma inversão entre a segunda e terceira posição, se comparados

ao estudo aqui analisado. Parte dessa diferença advém da menor sobreposição à APA Petrópolis,

bem como a inclusão na proposta de uma área ao Sul do Parque Nacional da Serra dos Órgãos,

pertencente ao município de Magé.

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Comparando os limites propostos para a UC, temos algumas semelhanças, sendo as maiores

congruências referentes aos limites Norte e Nordeste, compostos pela REBIO do Tinguá e bairro

Independência (Petrópolis), conforme a tabela 1, a seguir:

Área Estudo da Essati Proposta do Inea

Norte e

Noroeste

REBIO do Tinguá, bairro Independência

(Petrópolis). REBIO do Tinguá, bairro Independência

(Petrópolis).

Leste Estrada RJ-107 (Estrada da Serra da

Estrela).

Parque Nacional da Serra dos Órgãos, estrada RJ-107 e bairro Pau Grande-

(Magé).

Sudeste Bairros Vila Inhomirim e Fragoso

(Magé).

Sul Bairros de Santa Cruz da Serra e Taquara

(Duque de Caxias). Bairros Taquara e Vila Bernadete (Duque

de Caxias).

Oeste

Os bairros de Santo Antônio e Leal

(Duque de Caxias) e Santa Rosa

(Petrópolis), e pista de descida da Serra

da rodovia BR-040.

Meio da Serra (Duque de Caxias).

Tabela 1: Tabela comparativa dos limites da UC da Serra da Estrela propostos pelo estudo da Essati e pelo Inea.

Figura 2 - Limites para a Unidade de Conservação da Serra da Estrela, propostos pelo Instituto Estadual do Ambiente –

Inea.

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4 - Importância na Escala da Paisagem: Este tópico traz uma análise da região da Serra da Estrela

em macroescala, inserindo-a no Bioma Mata Atlântica, um dos 34 hotspots mundiais de

biodiversidade, que apresenta grande riqueza e endemismo de espécies da fauna e flora. A Mata

Atlântica é, dentre os sete Biomas brasileiros, o mais ameaçado pela ação antrópica, possuindo,

cerca de 27% da sua área original coberta por florestas naturais e ecossistemas associados em

diferentes estados de regeneração. Todavia, apenas 8,5% da sua área é coberta por florestas

primárias ou em estágio avançado de regeneração com áreas superiores a 100 ha. O Ministério do

Meio Ambiente afirma que apenas 6% das áreas de Mata Atlântica estão protegidas em unidades

de conservação, dos quais 2% em unidades de conservação de proteção integral, representando

uma das principais lacunas para a conservação da Mata Atlântica a longo prazo (p.34).

O estudo destaca a implantação de corredores ecológicos que buscam integrar diferentes

fragmentos florestais e unidades de conservação visando criar uma conexão entre as áreas, como

uma estratégia de conservação que vem sendo utilizada pelo governo brasileiro para contribuir com

a manutenção e a restauração dos processos naturais. Tal iniciativa possibilita o fluxo gênico e a

viabilidade das diferentes populações de espécies da fauna e flora. Em uma escala local, como já

mencionado anteriormente, a área de estudo, que possui cerca de 90% da área coberta por

vegetação natural, encontra-se entre duas importantes unidades de conservação de proteção

integral: a oeste está a Reserva Biológica do Tinguá e a leste o Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

(p.34). Nesse sentido, a criação de um refúgio Estadual de Vida Silvestre na Serra da Estrela, pelo

Inea, vai de encontro ao que se preconiza pelas políticas federais de implantação e gestão de áreas

especialmente protegidas.

5 - Importância para Visitação: Além da significância para a proteção da biodiversidade e serviços

ambientais, o estudo mostra a importância da visitação para a região e o potencial turístico que

possui, destacando que só no ano de 2014, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos registrou um

número recorde de visitantes de várias partes do mundo, superando em mais de 45 mil a marca

anterior de 137.972 visitantes obtida no ano de 2012 (p.38). Com a finalização das obras da nova

subida da serra de Petrópolis da BR-040, o atual trecho da rodovia limítrofe a área proposta para a

unidade de conservação poderá se tornar uma estrada-parque, uma vez que o fluxo de veículos terá

sido direcionado para a nova subida da serra. Tal medida aproveitaria a infraestrutura já existente

para atrair frequentadores para a unidade de conservação (p.43). Para esta questão ressaltamos a

necessidade de estudos de viabilidade que corroborem com as condicionantes do licenciamento do

trecho em questão.

“Por contar com uma natureza bem conservada e estar localizada próxima a

importantes centro urbanos e ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a área

em estudo poderá vir a ser mais um local de lazer e contemplação da natureza

para a população. (p.38)”

O estudo destaca também, a prática de observação de aves, reforçando que “além de causar pouco

impacto ambiental quando comparada com outras atividades de ecoturismo, apresenta vários

aspectos positivos, tais como atrair incentivos financeiros para a conservação de áreas naturais e

fomentar a educação e emprego de guias locais (p.40)”.

Ainda em relação ao turismo e a visitação, destacamos que não se tratam de objetivos centrais na

criação de unidades de conservação Refúgio da Vida Silvestre. Estes, conforme o Sistema Natural de

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Unidades de Conservação, devem objetivar principalmente: “proteger ambientes naturais onde se

asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e

da fauna residente ou migratória. ” Nesse sentido, considerando, que o Inea acredita na prerrogativa

de “Conhecer para Preservar”, ou seja, corrobore o incentivo ao turismo e à visitação como questões

sine qua non, a regulação minuciosa dessas atividades, é imprescindível.

6 - Tipologia da Unidade de Conservação: Esse tópico traz uma breve explicação sobre a Lei Federal

9985/2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, dividindo-as

em dois grandes grupos: “Unidades de Proteção Integral, que tem por objetivo proteger a natureza,

sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais, salvo casos previstos na lei; e

Unidades de Desenvolvimento Sustentável, que buscam compatibilizar a conservação da natureza

com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.” Além disso, propõe a categoria de

Refúgio da Vida Silvestre para a UC a ser criada na Serra da Estrela, primeiramente por ser de

proteção integral e posteriormente, contrapondo os objetivos de proteção da Serra, aos objetivos

de criação de cada uma das tipologias de UCs de Proteção Integral, definidas pelo SNUC. Nas

palavras do estudo da Essati engenharia:

“Tendo em vista os objetivos definidos para a criação da unidade de

conservação, o presente estudo propõe a criação de Refúgio de Vida Silvestre,

uma vez que esta região possui uma grande riqueza biológica e atualmente

atua como um importante corredor ecológico que conecta a REBIO Tinguá ao

Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Além disso, essa categoria não exige a

desapropriação das áreas particulares existentes dentro de seus limites. Da

mesma forma, a área em questão não se enquadra como um sítio natural raro,

singular ou de grande beleza cênica, por isso não se optou pela categoria de

Monumento Natural.” (p. 41).

Após as análises do estudo em questão, assistidas por campanhas de campo realizadas pela equipe

do Serviço de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do INEA,

propõe-se a mesma categoria de Unidade de Conservação que o referido estudo, corroborando os

motivos utilizados como critérios para tal escolha.

7 – Objetivos: O estudo da Essati engenharia define os seguintes objetivos para a criação de uma

unidade de conservação na Serra da Estrela:

I. Preservar os remanescentes de Mata Atlântica e proporcionar

oportunidade de recuperação das áreas degradadas ali existentes;

II. Fornecer ambientes naturais onde se asseguram condições para

existência ou reprodução das populações de animais e plantas nativas e

refúgio às espécies migratórias, raras, vulneráveis, endêmicas e

ameaçadas de extinção da fauna e flora nativas;

III. Preservar a cobertura vegetal natural, as formações geológicas e os sítios

históricos contidos em seus limites;

IV. Impor limites à expansão das ocupações antrópicas, residenciais ou de

extração mineral, em áreas com cobertura florestal remanescente ou em

regeneração na área da unidade de conservação;

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V. Oferecer oportunidades de visitação, recreação, interpretação, educação

e pesquisa científica;

VI. Assegurar a continuidade dos serviços ambientais prestados pela natureza

e a conectividade entre as unidades de conservação de proteção integral

já existente; e

VII. Possibilitar o desenvolvimento do turismo e do ecoturismo ordenados e

atividades econômicas em bases sustentáveis.

VIII. Compatibilizar a preservação e a recuperação com a utilização da terra e

dos recursos naturais do local pelos proprietários.

8. A Unidade de Conservação e a BR-040: Este tópico traz uma abordagem bastante interessante,

pois não só fala da obra da BR-040 e de suas condicionantes, em si, mas sugere a criação de uma

estrada-parque no trecho da rodovia. Além disso, traz dados oriundos de entrevistas com moradores

da região, deixando claro o caráter participativo e socioambiental do estudo. O estudo destaca 03

(três) condicionantes da Licença emitida para a Nova Subida da Serra, quais sejam: “1) Manter e

ampliar o Projeto Caminhos da Fauna, que deve contar com as seguintes características: g. Na subida

antiga da serra, após a inauguração da NSS, deverá ser implantado programa de controle da

velocidade e de restrição de linha que servem às populações lindeiras. Este programa deverá ser

detalhado no PBA como parte das medidas mitigadoras do impacto à fauna. 16) Restringir e

controlar o tráfego de veículos na subida antiga da serra a partir da entrada em operação da NSS,

com a instalação de cancelas e câmeras de monitoramento 17) Apresentar ao ICMBio, e executar

após aprovação, estudo de viabilidade para interrupção do tráfego no trecho que pode ser destinado

à criação de uma nova unidade de conservação.” Nas palavras do estudo:

“Tais exigências buscam proteger a vida silvestre e evitar a expansão urbana

as margens da atual pista de subida após a inauguração da nova subida da

serra. Visto isso, a proposta de criação da unidade de conservação da Serra da

Estrela e da estrada-parque no trecho da rodovia que corta a UC está em

consonância com as exigências impostas pelas condicionantes apresentadas

acima. Possuindo uma extensão de cerca de 8 km, a estrada-parque terá três

pontos de acesso a unidade de conservação, onde deverão existir unidades de

controle para gerenciar a entrada e saída dos visitantes. Três alternativas de

circulação viária são sugeridas para a futura estrada-parque. (p. 43)”

Nesse ponto, vale destacar que o Instituto Estadual do Ambiente, novamente concorda com a

abordagem do estudo aqui analisado, ainda que não contemple em sua proposta atual de criação

do Refúgio da Serra da Estrela, a implantação de uma estrada-parque. Todavia, tal medida pode vir

a ser foco de estudos e ações para execuções futuras.

2. INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

Em relação à definição de áreas prioritárias, a SEA/Inea, elaboraram em 2010, um estudo e

mapeamento acerca da presença e classificação dessas áreas no estado do Rio de Janeiro. De acordo

com esse mapeamento (tabela 2 e Figura 3), 97,56% da área proposta pelo Inea para criação de uma

UC na Serra da Estrela se classifica nas três classes mais prioritárias para conservação, ao passo que

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apenas 0,53% apresenta uso consolidado. A Figura 4 mostra a ausência de arruamentos e escassez

de estradas e rodovias que cortem à área proposta pelo Inea para a UC da Serra da Estrela.

Classe Área (hectares) % da proposta

Fragmentos Florestais 4.685,86 93,49

Prioridade Muito Alta 101,80 2,03

Prioridade Alta 102,48 2,04

Prioridade Média 95,33 1,90

Uso consolidado 26,63 0,53

Tabela 2: Tabela mostrando as classificações das áreas prioritárias para conservação, no âmbito dos limites propostos

pelo Inea para a UC da Serra da Estrela.

Figura 3 – Mapa mostrando as classificações das áreas prioritárias para conservação, no âmbito dos limites propostos

pelo Inea para a UC da Serra da Estrela.

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Figura 4 – Mapa mostrando as vias presentes nos limites propostos pelo Inea para a UC da Serra da Estrela.

Outro ponto a se destacar, refere-se à hidrografia. O Brasil tem 12% da reserva de água doce do

mundo, e mais de 70% das reservas hídricas do País se concentram na Amazônia. Devido a essa

aparente abundância, muitas vezes, o recurso é tratado com se jamais fosse acabar. Entretanto, a

importância da preservação dos rios e nascentes é indiscutível. Nas últimas décadas, o

desmatamento de encostas, das matas ciliares e o uso inadequado dos solos tem contribuído para

a diminuição dos volumes e da qualidade da água, um bem natural insubstituível na vida do ser

humano.

Os cuidados devem se iniciar com a preservação das nascentes, pois, são as origens dos rios que

abastecem nossas casas. Elas são manifestações superficiais de água armazenadas em reservatórios

subterrâneos, chamados de aquíferos ou lençóis, que dão início a pequenos cursos d’água, que

formam os córregos, se juntando para originar os riachos e dessa forma surgem os rios. Para a

conservação de nascentes e mananciais em propriedades rurais, podem ser adotadas algumas

medidas de proteção do solo e da vegetação, que vão desde a eliminação das práticas de queimadas

até o enriquecimento das matas nativas.

Além disso, outros cuidados também são importantes para a preservação delas. Por exemplo, o

avanço da fronteira agropecuária sobre Áreas de Preservação Permanente (APP’s) e as demais

causas de desmatamento no entorno das nascentes, o acúmulo de lixo nas regiões próximas a elas

precisam de atenção, o crescimento populacional desordenado, a expansão da extração mineral

sem a reparação do dano ambiental e a falta de planejamento integrado de uso, manejo e

conservação do solo nas áreas urbanas e rurais.

O desmatamento e a ocupação irregular do solo devastam as áreas de cabeceira ou de recarga,

responsáveis pelo reabastecimento dos lençóis freáticos, aquíferos e nascentes, o que contribui em

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grande parte com a redução da quantidade e da qualidade de água disponível no planeta. Essas

localidades são cruciais para o reabastecimento dos lençóis freáticos, aquíferos, das nascentes e,

consequentemente, dos rios. Destaca-se neste contexto que a ascensão dos índices de

desmatamento tem priorizado a pauta do MMA para ações preventivas, de planejamento e

repressivas à degradação.

Diante do cenário cada vez mais preocupante, o tema relacionado ao uso racional dos recursos

hídricos para diferentes fins, tais como o consumo humano e animal, recreação, geração de energia,

produção de alimentos entre outros, vem notoriamente ganhando destaque em todos os setores da

sociedade. São evidentes os casos de mau uso dos recursos em todas as regiões do país, o que tem

levado à intensificação de graves problemas de cunho socioambiental.

Em relação ao tema suprarreferido, a Lei Federal nº 9.433, de 8 de Janeiro de 1997 instituiu a

Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, regulamentando o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal. A Política Nacional de

Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o

consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo

das águas;

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da

Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a

participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Essa legislação tem como objetivos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de

água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o

transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem

natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Para o alcance desses objetivos, constituem diretrizes gerais de ação para implementação da

Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de

quantidade e qualidade;

II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas,

bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões

do País;

III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

IV- a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores

usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional;

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V- a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas

estuarinos e zonas costeiras.

Em relação aos Planos de Recursos Hídricos, a legislação preconiza que estes sejam elaborados por

bacia hidrográfica, por Estado e para o País, com caráter de longo prazo, com horizonte de

planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos, tendo o

seguinte conteúdo mínimo:

I- diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;

II- análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de

atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

III- balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos,

em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;

IV- metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da

qualidade dos recursos hídricos disponíveis;

V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a

serem implantados, para o atendimento das metas previstas;

VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;

IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;

X- propostas para a criação de áreas sujeitas à restrição de uso, com vistas à

proteção dos recursos hídricos.

Outro ponto extremamente relevante, trazido pela referida legislação, trata do Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos que traz os seguintes objetivos:

I - coordenar a gestão integrada das águas;

II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos

hídricos;

III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;

IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos

recursos hídricos;

V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

Em relação a sua composição, Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II - a Agência Nacional de Águas;

III - os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

IV - os Comitês de Bacia Hidrográfica;

V - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e

municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos

hídricos;

VI - as Agências de Água.

A área proposta pelo Inea para o REVIS da Serra da Estrela engloba cerca de 126 nascentes e tem

uma extensão de cursos hídricos protegidos com cerca de 125 quilômetros (Figura 5). Diante de tal

hidrografia, do baixo uso consolidado, bem como de todo o exposto, a criação desta UC corrobora

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tanto as diretrizes nacionais para contenção de desastres hidrológicos e proteção da água, quanto

as prerrogativas para racionalização é regulação de seus usos.

Figura 5 – Mapa mostrando a hidrografia presente nos limites propostos pelo Inea para a UC da Serra da Estrela.

3. CONCLUSÃO

Pelos motivos expostos no presente parecer técnico, optou-se por criar uma unidade de

conservação de proteção integral da categoria Refúgio de Vida Silvestre, a ser denominada: Refúgio

de Vida Silvestre da Serra da Estrela.

Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2016.

Liane Moreira Instituto Estadual do Ambiente

Bióloga, Mat.:390681-5 DIBAP/GEUC/SEPES

Renata Lopes Secretaria de Estado do Ambiente

Bióloga, Mat.:42746604 SEA/ SUBCLIM/SBF

Fernando Matias Superintendente de Biodiversidade e Floretas

Secretaria de Estado do Ambiente Biólogo, Mat.: 390648-4

SEA/ SUBCLIM/SBF

Felippe P. S. de Andrade Instituto Estadual do Ambiente

Técnico Florestal, Mat.:390.611-2 DIBAP/GEUC