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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA Tainá Costa Baia EFEITO DO ETANOL E FLUNITRAZEPAM NA ATRATIVIDADE DE DÍPTEROS NECRÓFAGOS À CARCAÇA DE RATO EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DO NATAL (RN) E DETECÇÃO DESSAS SUBSTÂNCIAS POR ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO Natal 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

Tainá Costa Baia

EFEITO DO ETANOL E FLUNITRAZEPAM NA

ATRATIVIDADE DE DÍPTEROS NECRÓFAGOS À CARCAÇA DE

RATO EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO

MUNICÍPIO DO NATAL (RN) E DETECÇÃO DESSAS

SUBSTÂNCIAS POR ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO

PRÓXIMO

Natal

2015

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Baia, Tainá Costa.

Efeito do etanol e flunitrazepam na atratividade de dípteros necrófagos à carcaça de rato em um

fragmento de Mata Atlântica no município do Natal (RN) e detecção dessas substâncias por

espectroscopia no infravermelho próximo / Tainá Costa Baia. – Natal, RN, 2015.

88 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Renata Antonaci Gama.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências.

Programa de Pós Graduação em Biologia Parasitária.

1. Entomologia forense. – Dissertação. 2. Entomofauna cadavérica. – Dissertação. 3. Etanol. –

Dissertação. I. Gama, Renata Antonaci. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 595.7

TAINÁ COSTA BAIA

EFEITO DO ETANOL E FLUNITRAZEPAM NA

ATRATIVIDADE DE DÍPTEROS NECRÓFAGOS À CARCAÇA DE

RATO EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO

MUNICÍPIO DO NATAL (RN) E DETECÇÃO DESSAS

SUBSTÂNCIAS POR ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO

PRÓXIMO

Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, para obtenção do Título de Mestre em Biologia Parasitária na área de Entomologia Forense.

Orientadora: Profa. Dra. Renata Antonaci Gama

Natal 2015

BAIA, T. C. Efeito do etanol e flunitrazepam na atratividade de dípteros

necrófagos à carcaça de rato em um fragmento de Mata Atlântica no

município do Natal (RN) e detecção dessas substâncias por espectroscopia

no infravermelho próximo. 89 f. Dissertação de Mestrado (Curso de Pós-

Graduação em Biologia Parasitária) – Centro de Biociências, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

BAIA, T. C. Efeito do etanol e flunitrazepam na atratividade de dípteros

necrófagos à carcaça de rato em um fragmento de Mata Atlântica no município

do Natal (RN) e detecção dessas substâncias por espectroscopia no

infravermelho próximo. Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio

Grande do Norte para a obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária.

Aprovado em:

Banca Examinadora:

Profº. Dr. Simão Dias de

Vasconcelos Filho

Instituição: UFPE

Julgamento: _________________

Assinatura: __________________

Prof ͣ. Dr ͣ. Vanessa de Paula

Soares Rachetti

Julgamento: __________________

Assinatura: ___________________

Instituição: UFRN

Prof ͣ. Dr ͣ. Renata Antonaci Gama

Instituição: UFRN

Julgamento: __________________

Assinatura: ___________________

Prof º. Dr. Herbert Tadeu A.

Andrade

Instituição: UFRN

Julgamento:

___________________

Assinatura: ___________________

6

À minha família que sempre foi minha base de incentivo e apoio.

7

AGRADECIMENTOS

À Deus por me conceder grandes conquistas e me guiar sempre.

À minha mãe Vera, ao meu pai Baia e o meu irmão Gustavo pelo amor, carinho

e apoio de sempre. Sem eles nada disso seria possível.

Aos meus avós que estão sempre me encheram de muito carinho.

Ao meu namorado Diego que sempre esteve presente, me incentivando para

que eu concluísse esse projeto.

A professora Renata por me orientar, ajudar, e apoiar sempre que precisei.

Aos colegas Rafael, Alessandra e Clara que me ajudaram no trabalho de

campo.

As minhas amigas, Andrielle, Nathálya, Jéssyca que distantes ou perto sempre

se fazem presentes em todos os momentos de minha vida.

Aos amigos Bruno, Giulia e Anna Aline que foram presentes de Deus na minha

vida.

Aos colegas do LIVe, Alessandra, Fernanda, Paula, Renato, Fellipe, Márjore

que compartilharam comigo esses dois anos entre pesquisa, reunião e

discussões cientificas.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária pelo apoio financeiro

e pela propagação do conhecimento.

Ao Professor Dr. Paulo Guedes, coordenador do programa de pós-graduação,

que sempre foi muito solicito.

À Professora Dra. Vanessa Rachetti, por conceder os ratos para que eu

realizasse minha pesquisa.

Ao Professor Dr. Kássio Lima, que abriu as portas do seu grupo de pesquisas

para que eu fizesse parte dos experimentos em seu laboratório.

À Leomir Aires que quebrou cabeça com os algoritmos e fez o trabalho de

quimiometria.

À Taciano Barbosa que me ajudou na identificação de muitos exemplares, e

com o escalonamento multidimensional não-paramétrico.

8

RESUMO

BAIA, T. C. Efeito do etanol e flunitrazepam na atratividade de dípteros

necrófagos à carcaça de rato em um fragmento de Mata Atlântica no

município do Natal (RN) e detecção dessas substâncias por

espectroscopia no infravermelho próximo. 2015. 89 f. Dissertação

(Mestrado)- Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.

Estudos que demostrem a atratividade de insetos frente a carcaças tratadas

com flunitrazepam e etanol são escassos na literatura, apesar de ambas

substâncias apresentarem um consumo frequente pela sociedade. Dessa

forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito do etanol e do

flunitrazepam na atratividade e diversidade de insetos em carcaças de ratos,

bem como avaliar a presença dessas substâncias nos insetos imaturos usando

a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) e técnicas de classificação

multivariada: PCA (análise de componente principal), LDA (análise linear

discriminante), SPA (algoritmo das projeções sucessivas) e GA (algoritmo

genético) como ferramenta. Foram utilizados 32 ratos Wistar divididos em

quatro grupos contendo oito animais em cada, sendo: grupo 1: tratado com

etanol; grupo 2: flunitrazepam; grupo 3: etanol e flunitrazepam (conjugado);

grupo 4: água (controle). Os animais foram divididos em 32 armadilhas de

cheiro colocadas em uma área de preservação ambiental, de bioma

predominantemente de Mata Atlântica, no município do Natal - Rio Grande do

Norte (RN), e monitoradas por cinco dias consecutivos, sendo realizadas

coletadas diárias de adultos e de imaturos durante o terceiro e quarto dia. Os

insetos adultos e imaturos foram identificados com auxílio de chaves

dicotômicas, e os imaturos foram utilizados para a análise química através do

NIR. Foram coletados 3.165 dipteros necrófagos, identificados em:

Calliphoridae (61,7%), Fanniidae (10,5%), Sarcophagidae (10,4%),

Anthomyiidae (4,0%), Muscidae (2,2%), Phoridae (0,9%), Ullidiidae (0,4%) e

Drosophilidae (0,1%). Três novos registros de interesse forense foram feitos

9

para o Estado do RN, sendo duas espécies da família Muscidae

(Synthesiomyia nudiseta e Ophyra chalcogaster) e uma Phoridae (Megaselia

scalaris). A maior atratividade de insetos foi observada para o tratamento

utilizando etanol e flunitrazepam juntos (44,3% dos insetos coletados), quando

comparados com o tratamento utilizando etanol (20,8%), flunitrazepam (15,0%)

e ao grupo controle (19,7%). Os dados obtidos no presente estudo nos permite

concluir que o tratamento etanol e flunitrazepam concomitantes provoca maior

atratividade de insetos, no entanto, não há espécie e/ou padrão de sucessão

entomológica exclusivo para um determinado tipo de tratamento. Através das

técnicas de classificação multivariada (PCA, LDA, SPA, e GA) foram

selecionadas cinco variáveis pelo SPA-LDA e dezessete pelo GA-LDA com

características químicas inerente ao flunitrazepam e etanol, permitindo a

separação dos diferentes grupos, evidenciando o NIR e os métodos de

classificação multivariada um método eficaz para a detecção de etanol e

flunitrazepam em larvas de insetos provenientes de exames necroscópicos,

permitindo ainda manter o exemplar de inseto intacto.

Palavra-chave: Entomologia forense, entomofauna cadavérica, etanol, droga de

estupro, espectroscopia do infravermelho próximo (NIR).

10

ABSTRACT

BAIA, T. C. Effect of ethanol and flunitrazepam attractive necrofagous

insect for rats carcasses in a fragment of Atlantic Forest area in Natal (RN)

and detection of these substances by near infrared spectroscopy. 2015.

89 p. Thesis (MS) - Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2015.

Studies demonstrating the attractiveness of insects front of carcasses treated

with flunitrazepam and ethanol are scarce in the literature, although both

substances is frequent consumption by society.Thus, this study aimed to

evaluate the effect of ethanol and flunitrazepam in the attractiveness and

diversity of insects in rat carcasses, as well as assessing the presence of this

substance in immature insects using near infrared spectroscopy (NIR) and

multivariate classification: PCA (principal component analysis), LDA (linear

discriminant analysis), SPA (sucessive projections algorithm) and GA (genetic

algorithm) as a tool. For this, 32 Wistar rats were divided into four groups

containing eight animals each: Group 1: ethanol; Group 2: flunitrazepam; Group

3: ethanol and flunitrazepam (conjugate); Group 4: water (control). The animals

were divided into 32 smell of traps placed in an area of environmental

preservation, biome predominantly of Atlantic forest in the city of Natal - Rio

Grande do Norte (RN), and monitored for five consecutive days, being held

collected daily for adults and immature during the third and fourth day. The adult

and immature insects were identified with the aid of dichotomous keys, and

immatures were used for chemical analysis by NIR. We collected 3.165

dipterous scavengers, identified: Calliphoridae (61.7%), Fanniidae (10.5%),

Sarcophagidae (10.4%), Anthomyiidae (4.0%), Muscidae (2.2%), Phoridae

(0.9%), Ullidiidae (0.4%) and Drosophilidae (0.1%). Three new records of

forensic interest were made to the state RN, two species of Muscidae

(Synthesiomyia nudiseta and Ophyra chalcogaster) and a Phoridae (Megaselia

scalaris). The major attraction of insects were observed for treatment using

11

ethanol and together flunitrazepam (44.3% of the collected insects), compared

to treatment using ethanol (20.8%), flunitrazepam (15.0%) and the control group

(19.7%). The data obtained in this study allow us to conclude that ethanol

treatment and concomitant flunitrazepam causes more attractive to insects,

however, there is no species and / or unique entomological succession pattern

for a particular type of treatment. Through multivariate classification techniques

(PCA, LDA, SPA, and GA) five variables were selected by SPA-LDA and

seventeen by GA-LDA with chemical characteristics inherent in the

flunitrazepam and ethanol, allowing the separation of different groups, with the

NIR and multivariate classification methods an effective method for the

detection of ethanol and flunitrazepam in insect larvae from postmortem

examination also allowing to keep the insect copy intact.

Keyword: Forensic entomology, cadaverous entomofauna, ethanol, rape drug,

near infrared spectroscopy (NIR).

12

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fórmula estrutual do Flunitrazepam..................................... 26

Figura 2- Regiões do espectro eletromagnético com ênfase na

região do

infravermelho...................................................................

29

Figura 3- Arranjo experimental para a aquisição de espectros. Em

A, fluxograma demostrando as etapas para a obtenção

dos espectros, no qual cada número corresponde à

referida etapa em B. 1) exemplos de amostras biológicas

de interesse forense utilizadas no espectofotômetro- larva,

pupa e adulto. 2) Componentes básicos de um aparelho

de espectofotômetro: fonte de luz, seletor de comprimento

de onda, amostra, detector e registrador. No seletor de

comprimento de onda, as setas em vermelho representam

a radiação que é emida na amostra e a radiação refletida

(reflectância difusa) da amostra. 3) Espectro obtidos de

diferentes amostras..............................................................

33

Figura 4- (A) Estado do Rio Grande do Norte, com destaque para a

localização do 7 ͦ Batalhão de Engenharia de Combate.

Fonte: Google Imagens (B) Área do 7 ͦ Batalhão de

Engenharia de Combate no Parque Estadual Dunas do

Natal “Jornalista Luis Maria Alves” e suas imediações no

município do Natal. Fonte: Google Maps (C) Trilha

pertencente ao 7 ͦ Batalhão de Engenharia de Combate

onde foram colocadas as

armadilhas....................................

35

Figura 5- Em destaque a disposição das armadilhas contendo as

13

carcaças de rato para cada tratamento, ao longo da trilha

do 7º Batalhão de Engenharia de Combate no município

do Natal- Rio Grande do

Norte...................................................

37

Figura 6- Armadilha de cheiro feita com garrafa pet utilizada em

campo para coleta de insetos, composta por: saco

plástico, garrafa pet e rato

(carcaça)...................................................

38

Figura 7- Coleta de imaturos da carcaça distribuídas ao longo da

trilha no 7º Batalhão de Engenharia de Combate no

município do Natal- Rio Grande do

Norte..............................

39

Figura 8- Aquisição dos espectros dos imaturos pela espectroscopia

do infravermelho próximo. Em destaque uma larva de

Lucilia eximia posicionada na parte superior da probe

(sonda de reflectância) do aparelho NIR. Laboratório de

Química Analítica – Instituto de Química- UFRN................

40

Figura 9- Componentes do aparelho de espectroscopia do

infravermelho próximo. (A) Fonte de luz; (B) Sonda; (C)

Amostra (D) Detector. Laboratório de Química Analítica –

Instituto de Química-

UFRN..................................................

41

Figura 10- ANCOVA realizado com o total das espécies de

Calliphoridae coletadas em carcaças de ratos submetidos

aos tratamentos controle, etanol, flunitrazepam e etanol e

flunitrazepam, em uma área de Mata Atlântica, no

município do Natal, no estado do Rio Grande do Norte, no

período de 18 de novembro a 22 de novembro de

2013......................................................................................

46

Figura 11- Quantidade total de dípteros coletados em carcaças de

ratos submetidos aos tratamentos controle, etanol,

flunitrazepam e conjugado, em uma área de Mata

Atlântica, no município de Natal, no estado do Rio Grande

14

do Norte, no período de 18 de novembro a 22 de

novembro de

2013.....................................................................................

48

Figura 12- Análise de Covariância para a distribuição de

Sarcophagidae coletados em carcaças de ratos

submetidos aos tratamentos controle, etanol,

flunitrazepam e etanol e flunitrazepam, em uma área de

Mata Atlântica, no município de Natal, no estado do Rio

Grande do Norte, no período de 18 de novembro a 22 de

novembro de

2013.....................................................................................

49

Figura 13- Distribuição dos quatro tratamentos baseando-se na

abundância dos insetos coletados durante os cinco dias,

utilizando o método de escalonamento multidimensional

não-paramétrico (nMDS). As letras correspondem aos

tratamentos e os números representam os

dias.......................................................................................

50

Figura 14- Larva de Lucilia sp. Em destaque os espiráculos

respiratório característico: peritrema fechado e com

botão....................................................................................

52

Figura 15- Espectros NIR pré- processados de larvas de Lucilia sp.

coletadas de carcaças de ratos submetidos ao tratamento

de etanol, flunitrazepam, conjugado e controle, em uma

área de Mata Atlântica, no município do Natal, no estado

do Rio Grande do Norte, nos dias 20 e 21 de novembro de

2013.....................................................................................

53

Figura 16- Resultados após aplicação dos algoritmos PCA- LDA das

amostras de larvas de Lucilia sp.: DF1 × amostras

calculadas pelo modelo de PCA-LDA a partir de etanol

(azul), conjugado (vermelho), controle (preto) e

flunitrazepam (amarelo).......................................................

53

Figura 17- Resultados após aplicação dos algoritmos SPA-LDA para

as amostras de larvas de Lucilia sp.: DF1 × amostras

15

calculadas usando os cinco números de onda

selecionados por modelo SPA-LDA a partir de etanol

(azul), conjugado (vermelho), controle (preto) e

flunitrazepam

(amarelo)..............................................................................

54

Figura 18- Resultados após aplicação dos algoritmos GA- LDA: DF1

× amostras calculadas usando os 17 números de onda

selecionados por modelo GA-LDA a partir de etanol (azul),

conjugado (vermelho), controle (preto) e drogas

(amarelo)..............................................................................

54

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Abundância de insetos coletados em carcaças de ratos

submetidos aos tratamentos controle, etanol, flunitrazepam

e etanol e flunitrazepam, em uma área de Mata Atlântica,

no município de Natal, no estado do Rio Grande do Norte,

no período de 18 de novembro a 22 de novembro de 2013.

(C): Controle; (E): Etanol; (F): Flunitrazepam; (EF) Etanol e

Flunitrazepam.......................................................................

45

Tabela 2- Abundância absoluta dos insetos coletados em carcaças

de ratos submetidos aos tratamentos controle, álcool,

flunitrazepam e álcool e flunitrazepam, em uma área de

Mata Atlântica, no município de Natal, no estado do Rio

Grande do Norte, no período de 18 de novembro a 22 de

novembro de 2013...............................................................

50

Tabela 3- Dados meteorológicos sobre umidade, temperatura,

velocidade do vento e precipitação durante o

experimento..........................................................................

51

Tabela 4- Quantidade de larvas coletadas por tratamento durante o

primeiro e segundo dia de coleta de imaturos. C: Controle;

E: Etanol; F: Flunitrazepam; EF: Etanol e

16

Flunitrazepam....................................................................... 51

LISTA DE ABREVIATURAS

ANCOVA Análise de Covariância

ANOVA Análise de Variância

CG Cromatografia gasosa

CG-MS Cromatografia gasosa com espectroscopia de massa

DEA “Drug Enforcement Administration” (tradução livre Órgão

de controle/combate às drogas)

DFAS Drogas facilitadoras de agressões sexuais

GA “Genetic algorithm” (algoritmo genético)

GABA Ácido gama-aminobutírico

HPLC Cromatografia líquida de alta resolução

IPM Intervalo Pós-morte

LDA “Linear discriminant analysis” (análise linear discriminante)

NIR “Near infrared” (espectroscopia do infravermelho próximo)

nMDS Escalonamento multidimensional não métrico

OMS Organização Mundial da Saúde

PCA “Principal component analysis” (análise de componente

principal)

PCR Reação da cadeia da polimerase

SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

17

SPA “Sucessive projections algorithm” (algoritmo das projeções

sucessivas)

TLC Cromatografia de placa

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 18

1.1 Conceito de Entomologia

Forense....................................................18

1.2 Atratividade ...................................................................................... 19

1.3 Etanol ............................................................................................... 23

1.4 Flunitrazepam .................................................................................. 25

1.5 Espectroscopia do Infravermelho Próximo (NIR) e classificação

multivariada.............................................................................................28

2 OBJETIVOS .......................................................................................... 34

Objetivos específicos ............................................................................. 34

3 MATERIAIS E

MÉTODOS......................................................................35

3.1 Local de estudo ............................................................................... 35

3.2 Animais utilizados no experimento................................................... 36

3.3 Armadilhas utilizadas ....................................................................... 37

3.4 Monitoramento das armadilhas ........................................................ 38

3.5 Dados meteorológicos.......................................................................39

3.6 Análise química. .............................................................................. 39

18

3.7 Análise

estatística..............................................................................41

3.7.1 Estatística

clássica...............................................................41

3.7.2 Estatística multivariada........................................................42

4

RESULTADOS..........................................................................................45

4.1 Riqueza e abundância de dípteros

necrófagos..................................45

4.2 Análise dos tratamentos e dias de

experimento.................................47

4.3 Dados meterológicos.........................................................................50

4.4 Larvas utilizadas na espectroscopia do infravermelho

próximo..........51

4.5 Espectroscopia do Infravermelho

Próximo.........................................52

5 DISCUSSÃO...........................................................................................55

CONCLUSÕES.......................................................................................65

REFERÊNCIAS.......................................................................................66

ANEXOS.................................................................................................85

1 INTRODUÇÃO

1.1 Conceito de Entomologia Forense

A Entomologia Forense compreende a utilização de insetos e outros

artrópodes como ferramenta relevante para a elucidação de litígios variados na

área criminal ou cível. No âmbito criminal, os insetos permitem a estimativa do

intervalo pós-morte (IPM), a determinação local do crime, causa de morte,

identificação de vítima e suspeito, detecção de drogas no organismo, ou,

podem atuar como bioindicadores de impactos ambientais (CATTS e GOFF,

1992; HALL, 2001; NAKAZA et al., 2009); na esfera cível, podem estar

19

envolvidos na contaminação de alimentos e em danos à estruturas e imóveis

(LORD; STEVENSON, 1986). Dessa forma, a Entomologia Forense está

ganhando, paulatinamente, reconhecimento, e vem sendo aplicada em casos

pericias para a resolução de casos cíveis e criminais (NUORTEVA, 1977;

ERZINÇLIOGLÚ e WHITCOMBE, 1983; KEH, 1985; SMITH, 1986; CATTS;

GOFF 1992; HALL, 2001).

Na área criminal, principalmente para os casos de morte violenta, os

insetos são relevantes nas investigações periciais devido à capacidade desses

se deslocarem rapidamente e serem atraídos pela matéria em decomposição,

da qual utilizam o micro-habitat temporário para nutrição, reprodução e

deposição de ovos, correspondendo aos primeiros indivíduos colonizadores de

um cadáver, e por permanecerem no corpo durante o processo de

decomposição (OLIVEIRA-COSTA, 2013).

No aspecto forense, os insetos nos estágios de larvas, pupas e adultos

são utilizados como fonte de amostras biológicas durante as perícias.

Conhecer as espécies de interesse forense, a bionomia das espécies, os

efeitos que algumas substâncias apresentam sobre o desenvolvimento dos

insetos e na dinâmica de atratividade, correspondem às principais linhas de

pesquisas na Entomologia Forense Médico-legal.

No entanto, na literatura há uma carência de trabalhos que relacionam

substâncias quimioatraentes/quimiorepelentes com a dinâmica de atratividade

de insetos de interesse forense, como acontece com o etanol e flunitrazepam.

Ambas substâncias apresentam uma importância social, visto que o consumo é

frequente e muitas vezes abusivo. O etanol é uma substância lícita, de fácil

acesso e com preço acessível; o flunitrazepam está envolvido nos casos de

“Boa noite, Cinderela!” e ganhou a reputação de droga da violação

(GAHLINGER, 2004), sendo utilizado nos casos de violência sexual. Por esses

motivos, muitos litígios são cometidos em consequência do consumo dessas

substâncias, assim sendo, é relevante compreender como tais substâncias

interferem na atratividade, na taxa de desenvolvimento dos insetos presentes

nas carcaças/cadáveres e a influência direta que terão no processo de

decomposição e na estimativa do intervalo pós-morte.

20

1.2 Atratividade

Na Entomologia Forense, a atratividade de insetos é um importante fator

a ser utilizado para auxiliar nas resoluções de casos periciais, determinando a

causa, local e tempo de morte, assim como, as fases de decomposição do

corpo (SMITH, 1986; KEH, 1985; CATTS e HASKELL, 1990; GOFF, 1992;

OLIVA et al., 1995; NUORTEVA, 1997).

Carcaças e cadáveres em decomposição podem atrair grande

quantidade de organismos, dos quais os artrópodes constituem a fauna

predominante. Os insetos, por terem capacidade olfativa aguçada, são

atraídos a longas distâncias pelo odor dos compostos orgânicos voláteis

liberados durante a decomposição, e sua capacidade de deslocamento permite

que sejam um dos primeiros a colonizarem o recurso (NUORTEVA, 1977;

SMITH, 1986; VAN LAERHOVEN, 1996; DILLON, 1997; OLIVEIRA- COSTA,

2001). Braack e Retief (1986) relatou que dípteros do gênero Chrysomya

foram capturados sobre estímulos olfativos (iscas) a 63,5km do ponto de

liberação. Esse pioneirismo dos insetos é reflexo de suas características

ecológicas e biológicas, e pelo fato de utilizarem o corpo como fonte de

nutrição, reprodução e oviposição (VON ZUBEN, 2001; LIMA, 2009).

Dessa forma, a avaliação da atratividade permite conhecer a

entomofauna cadavérica associada e determinar a comunidade de espécimes

atraídos de acordo com as características físico-química específicas, o que por

conseguinte, pode determinar os eventos de sucessão cadavérica- fator este

que auxilia na determinação do intervalo pós-morte máximo (IPM máximo). A

sucessão cadavérica pode ser definida como o acréscimo ou substituição

sequencial de espécies em uma comunidade, que provoca alterações no

substrato, tornando-o mais ou menos atrativo para as próximas espécies de

insetos. Ou seja, a característica ecológica do inseto irá determinar o momento

da colonização do cadáver: no início - logo após a morte; no auge da

decomposição; ou no final da decomposição- na qual os restos mortais

consistem em cartilagens e ossos (AMENDT et al., 2010; OLIVEIRA-COSTA,

2011). É importante ressaltar que o padrão de sucessão cadavérica leva em

consideração as variações biogeoclimáticas, ou seja, diferentes climas,

21

vegetação, tipo de solo e sazonalidade, influenciam quais espécies de insetos

que serão atraídas para um corpo (GOFF, 2000).

Levantamentos de espécies endêmicas para os diversos biomas são

escassos, principalmente entre as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,

sendo as pesquisas concentradas na região Sudeste. Por esse fato, os estados

de São Paulo e Rio de Janeiro já apresentam um relevante banco de dados

que pode auxiliar a Polícia Científica na confecção de laudos periciais

(OLIVEIRA-COSTA, 2013). Porém, o interesse pela pesquisa na área da

entomologia forense esta paulatinamente alçando com grupos de pesquisas

que estão se consolidando na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e

Paraíba (VERAS, CORDEIRO e THE, 2009; OLIVEIRA-COSTA, 2013; BAIA,

2013; CAMPOS, 2015; BARBOSA e VASCONCELOS, 2015). Tais pesquisas

utilizam animais como modelo e são feitas para avaliar a relação da sucessão

entomológica com a decomposição do corpo, das quais se observam as

diferenças na atratividade, na dispersão larval, e diversidade de insetos

dependendo do modo de morte e exposição da carcaça (OLIVEIRA- COSTA,

2013).

A entomofauna cadavérica é composta principalmente por coleópteros e

dípteros, correspondendo a 60% dos insetos coletados em uma carcaça

(PAYNE, 1965; SOUZA, KIRST e KRUGER, 2008; BARBOSA, et al., 2009;

LEDO, BARROS e PUJOL-LUZ, 2012; OLIVEIRA et al., 2012; VASCONCELOS

e ARAUJO, 2012; OLIVEIRA- COSTA, 2014). Dentre os dípteros, as famílias

Calliphoridae e Sarcophagidae apresentam maior número de espécies

necrófagas de interesse forense e destacam-se pela abundância relativa e pela

sucessão cadavérica durante o processo de decomposição (BORNEMISSZA,

1957; REED, 1958; PAYNE, 1965; NUORTEVA, 1974; SOUZA, 1994). Em

relação aos coleópteros, as famílias mais encontradas em carcaças e corpos

em decomposição no Sudeste e Nordeste brasileiro são Dermatidae, Silphidae

e Cleridae (SMITH, 1986; CARVALHO et al., 2000; MEIRA, 2013; OLIVEIRA-

COSTA, 2013).

Nos Estados Unidos e África do Sul foram observadas espécies de

Chrysomya como a fauna associada a carcaças e corpos, sendo Chrysomya

rufifacies (Macquart) e C. megacephala (Fabricius, 1794) para o primeiro, e C.

albiceps (Wiedemann, 1819) e C. marginalis (Wiedemann, 1830) para o

22

segundo, além de Lucilia cuprina (Wiedemann, 1830), L.sericata (Meigen,

1826), Musca domestica (Linnaeus, 1758) e Piophila casei (Linnaeus) (LOUW

e LINDE, 1993). Na Europa, Calliphora vomitoria. (Linnaeus, 1758) e L.

sericata são as espécies que representam interesse forense (FREDERICKX,

2012). Na América do Sul há relativamente poucas informações sobre insetos

associados a cadáveres e carcaças (BARRETO et al., 2002). Em Medellín, na

Colômbia, o primeiro relato de um estudo continuo (durante 207 dias) sobre a

sucessão de insetos em carcaça foi realizado em 2001, no qual se avaliou a

entomofauna presente associada às fases de decomposição. Foram coletados

insetos de seis ordens: Diptera, Coleoptera, Hymenoptera, Hemiptera,

Dermaptera e Lepdoptera (WOLFF et al., 2001). Também na Colômbia, um

estudo realizado em um ambiente fechado com carcaça de porco (Sus scrofa),

foi coletado Cochliomyia macellaria (Fabricius, 1775), L. eximia (Wiedemann,

1819), C. albiceps, M. domestica, Lepidodexia sp., e Ophyra aenescens

(Wiedemann, 1830) (RAMOS-PASTRANA, VELASQUEZ-VALENCIA e

WOLFF 2014). No Peru, Iannacone (2003) estudou a antropofauna associada

a um cadáver no Callao, relatou a família Calliphoridae como mais abundante

(81,62%).

No cenário brasileiro, os primeiros estudos datam de 1908, com os

trabalhos de Edgard Roquette Pinto e Oscar Freire, realizados

respectivamente no Rio de Janeiro e Bahia, na qual os autores registraram a

diversidade de insetos necrófagos com base em estudos de casos humanos e

animais em região de Mata Atlântica, até então preservada (PUJOL-LUZ,

ARANTES e CONSTANTINO, 2008).

Após o trabalho de Freire, poucos trabalhos foram publicados na região

Nordeste, sendo registrada pesquisa apenas em 2005, quando Andrade e

colaboradores publicaram um trabalho realizado com cadáveres no Instituto

Médico Legal do Rio Grande do Norte (ITEP-RN), na qual identificou espécies

de Chrysomya megacephala, C. albiceps, Co. macellaria, L. eximia e Lucilia

cuprina.

Ainda no Nordeste brasileiro, Cruz (2008) registrou 17 famílias de

insetos associadas à decomposição animal em uma área de Mata Atlântica de

Pernambuco. Foram coletados dípteros das famílias Anthomyiidae, Asilidae,

Calliphoridae, Chloropidae, Drosophilidae, Dixiidae, Fanniidae, Micropezidae,

23

Milichidae, Muscidae, Neridae, Phoridae, Piophilidae, Rodalomeridae,

Sarcophagidae, Stratiomydae e Tabanidae (OLIVEIRA- COSTA, 2013).

Vasconcelos e Salgado (2014) realizaram o primeiro registro de seis espécies

de califorídeos na região de Caatinga do nordeste brasileiro. Foram

identificadas três espécies nativas da Região Neotropical (Cochliomyia

macellaria, Chloroprocta idioidea (Robineau- Desvoidy, 1830) e Lucilia eximia)

e três espécies exóticas (Chrysomya albiceps, C. putoria (Wiedemann, 1818) e

C. megacephala).

As diversas pesquisas visam o conhecimento da entomofauna

cadavérica em diversos ecossistemas, levando em consideração as condições

ambientais de temperatura, umidade e pluviosidade, ou seja, fatores abióticos

que podem apresentar alguma interferência na atratividade de insetos

(VANLAERHOVEN e ANDERSON, 1999; ARCHER, 2004; MORETTI, 2006;

VASCONCELOS et al., 2013; ALVES et al., 2014a; VASCONCELOS,

BARBOSA e OLIVEIRA, 2015) Porém, estudos que avaliam o uso de

substâncias químicas na atratividade ou repulsão de insetos para

corpos/carcaças em decomposição são raros.

A atratividade é um fator intimamente ligado com modo de morte, e que

influencia no processo de decomposição (CARVALHO e LINHARES, 2001;

TURCHETTO e VANIN, 2004) e na estimativa do intervalo pós-morte, como foi

observado em carcaças suínas mortas por overdose de cocaína ou por disparo

de arma de fogo, na qual comparou a taxa de diversidade e abundância entre

espécies associadas (MARTINS, 2009). Os resultados não mostraram

diferenças entre as espécies, entretanto, houve momentos que a carcaça morta

por overdose de cocaína proporcionou quase o dobro de captura de adultos do

que o correspondente morto por disparo, sendo as carcaças de porcos mortas

por cocaína consumidas mais rapidamente (MARTINS, 2009).

1.3 Etanol

O etanol ocupa o primeiro lugar no ranking das substâncias psicoativas

mais consumidas do mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde

24

(OMS), cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo consomem bebidas alcoólicas

e o abuso desta substância, assim como sua dependência, afetam mais de 25

milhões de brasileiros, e dessa forma, representa um dos maiores problemas

de saúde pública, tanto no Brasil como no resto do mundo. Estima-se, ainda,

que 3,3 milhões de mortes por ano estão relacionadas à esta substância

(WHO, 2014). O consumo de álcool foi identificado como um dos fatores de

risco mais importantes do mundo para morbidade, incapacidade e mortalidade

prematura, sendo responsável por 4% do total das mortes mundiais, um

percentual maior do que o de mortes causadas por outras doenças, como a

AIDS (WHO, 2002; WHO, 2011; WHO, 2014; RODRÍGUEZ-ÁLVAREZ et al.,

2015).

No cenário brasileiro e nos demais países em desenvolvimento, o

consumo de bebida alcoólica representa uns dos principais fatores de doença e

mortalidade, sendo um problema crescente e preocupante para o nosso país.

Nos últimos 40 anos, houve um crescimento de aproximadamente 154% no

consumo de bebida álcoolica de acordo com a OMS, e os danos psíquicos e

físicos de correntes do uso abusivo de bebida álcoolica passaram de 10 para

15% na população brasileira (PASSAGLI, 2013), sendo a dependência desta

substância responsável por 90% das internações em hospitais e clínicas

psiquiátricas no Brasil (GALDURÓZ e CAETANO, 2004).

Muitos são os problemas sociais atrelados ao consumo de álcool, dentre

eles é a relação com a criminalidade. Nos países desenvolvidos, as estatísticas

mostram uma estreita ligação entre o etanol e atos ilícitos; em países como

Bélgica, Alemanha e Inglaterra, o número de pessoas que cometeram crime

sob influência do álcool corresponde a aproximadamente 46,5, 50,0 e 80,0%,

respectivamente, de todos os casos (PASSAGLI, 2013). No Brasil, no Estado

de São Paulo, um estudo publicado em 2007 que mostrou que das 2.714

pessoas assassinadas em 2001, em 42,5% havia presença de álcool

(PASSAGLI, 2013). Em Curitiba, 130 processos de homicídio ocorridos entre

1990 a 1995 foram analisados, e os resultados apontaram que 58,9% dos

homicidas e 53,6% das vítimas estavam sob efeito do álcool à época do delito

(DUARTE e CARLINI-COTRIM, 2000).

Para a região Nordeste, dados epidemiológicos relacionando o consumo

de álcool com a criminalidade são escassos. Uma pesquisa publicada em 2004

25

mostrou que a prevalência de dependentes no Brasil foi mais alta nas regiões

Norte e Nordeste, com porcentagens acima dos 16%. Fato mais preocupante é

a constatação de que, no Norte e Nordeste brasileiro, aproximadamente 9%

dos adolescentes entre 12 e 17 anos eram dependentes do álcool, superior à

porcentagem nacional de 5,2% (GALDURÓZ e CAETANO, 2004; GOUVEIA et

al., 2009).

O etanol possui características que o tornam mais atraente do que

qualquer outra substância psicoativa: é lícito, com ampla disponibilidade, preço

acessível, apresenta facilidade de produção e muito divulgado pela mídia

(PASSAGLI, 2013).

Do ponto de vista farmacodinâmico, entende-se que o etanol afeta o

controle cognitivo, provocando desinibição comportamental e emocional

(MONGRAIN, 1989; ZHENG et al., 2015). Todavia, sabe-se que o consumo do

álcool interfere de diversas maneiras nos processos de neurotransmissão, em

especial, atuando sobre a neurotransmissão GABAérgica e glutamatérgica

(LOVINGER, 2008), além de outros sistemas neuronais como adrenérgico,

serotoninérgico, dopaminérgico, opioidérgico e colinérgico (PASSAGLI, 2013).

No sistema GABAérgico (principal sistema inibitório do sistema nervoso

central), em um período agudo, o etanol atua como agonista de seus

receptores (principalmente GABAA – ionotrópico permeáveis ao cloreto),

especialmente os localizados no córtex pré frontal e em certos núcleos

hipotalâmicos, provocando os efeitos geralmente característicos em indivíduos

que consomem bebida alcoólica: sedação e efeitos ansiolíticos. Sobre a

transmissão glutamatérgica (sistemas excitatórios do SNC), apresenta uma

ação antagonista, inibindo tanto a transmissão sináptica, em especial aquela

regulada por receptores do tipo NMDA (N-Metil-D-Aspartato), quanto a

plasticidade sináptica que depende da ativação destes receptores, levando a

prejuízos na memória, fato também comumente observado nos usuários desta

droga (FAINGOLD, N'GOUEMO e RIAZ, 1998; SIGGINS, ROBERTO e NIE,

2005; AMINOFF, 2007; LOVINGER, 2008).

No universo da entomologia forense, o etanol é pouco estudado.

Pesquisas in vitro são difíceis pela facilidade de volatilização e oxidação do

álcool, e em análises post mortem o grande problema se deve à degradação da

amostra biológica, que produz mais etanol, além de outros alcoóis

26

(isopropranol, n-propranol) formados por bactérias, caracterizando a

contaminação da amostra (PASSAGLI, 2013).

Nas análises toxicológicas post mortem, recomenda-se a coleta de

sangue de diferentes regiões do corpo, além de urina e humor vítreo, afim de

se verificar a redistribuição post mortem e evitar possíveis contaminações

microbiológicas. Destes, o humor vítreo é a amostra de escolha e de grande

importância para as análises, uma vez que é estéril, e geralmente demora para

ser contaminado por microorganismos (PASSAGLI, 2013; LIANG et al., 2015).

Nessa perspectiva, os insetos de interesse forense pode ser uma

ferramenta alternativa para a análise toxicológica, uma vez que estão em

contato direto com o corpo, se alimentando e participando do processo de

decomposição.

1.4- Flunitrazepam

O flunitrazepam (Figura 1), um medicamento da classe dos

benzodiazepínicos, foi sintetizado inicialmente em 1963 pelo Laboratório

Hofmann La Roche, no intuito de ser utilizado clinicamente como anestésico,

ansiolítico, sedativo e relaxante muscular (SMITH, LARIVE e ROMANELLI,

2002; MALANCIUC et al., 2009), e que veio a substituir a classe dos

barbitúricos devido a sua margem de segurança.

Assim como os demais benzodiazepínicos, o flunitrazepam é um agonista

dos receptores ácido gama-aminobutírico (GABAA), e atua na inibição da

neurotransmissão a nível cerebral e da medula espinal (RALL, 1993; ANGLIN

et al., 1997). A interação entre flunitrazepam e receptor GABA permite a

abertura dos canais de cloreto nos neurônios, resultando no influxo de cloro

para o interior da célula, provocando sua hiperpolarização e

consequentemente, diminuição da excitabilidade celular (BRITT e MCCANCE-

Figura 1- Fórmula estrutural do Flunitrazepam (adaptada Malanciuc et al., 2009).

27

KATZ, 2005; CHAKRABORTY, NEOGI e BASU 2011).

A toxicocinética é determinada pela via de administração do fármaco, que

pode ser oral, sublingual, intravenosa, intramuscular e retal. Na administração

oral, é quase completamente absorvido no trato gastrointestinal (ANGLIN et al.,

1997), 10-15% do fármaco sofre um metabolismo de primeira passagem no

fígado, originando uma biodisponibilidade absoluta de aproximadamente 85%

(SMITH, LARIVE e ROMANELLI, 2002). As concentrações plasmáticas

máximas ocorrem 0.75-2 horas após a administração oral, podendo ser

aumentada pela presença de alimentos no estômago, que reduz a velocidade

de absorção. Trata-se de um composto muito lipofílico, passando rapidamente

a barreira hemato-encefálica, explicando a sua rapidez de ação. O efeito

persiste cerca de 8 horas, podendo ser observadas alterações motoras até 12

horas após ingestão. O flunitrazepam é quase totalmente biotransformado

antes da sua eliminação. Os principais metabólitos plasmáticos são o 7-amino-

flunitrazepam e o N-desmetil-flunitrazepam. O principal metabólito urinário é o

7-amino-flunitrazepam (MALANCIUC et al., 2009).

O flunitrazepam tem como propriedade física ser uma substância cristalina

branca ou ligeiramente amarelada. É praticamente insolúvel em água, sendo

solúvel em acetona, etanol (1:172), metanol (1:100), clorofórmio (1:3) e dietil-

éter (1:300) (MALANCIUC et al., 2009).

Comercializado com o nome de Rohypnol®, está disponível em mais de 60

países da Europa e da América Latina, e encontra-se proibido nos EUA e

Canadá; porém, no Brasil, sua comercialização está restrita de acordo com a

Portaria 344/98 do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária), com

controle especial Lista B (tarja preta) (PASSAGLI, 2011). Foi o único

benzodiazepínico de substância controlada a sofrer alteração da escala IV para

escala III, na tentativa de melhorar a documentação de distribuição. Ainda há a

possibilidade de ser transferido para escala I, sob avaliação do Drug

Enforcement Administration (DEA) (SMITH et al., 2002; PASSAGLI, 2011). Esta

escala permite a designação de substâncias segundo o potencial abusivo da

mesa, no qual a escala I representa o maior potencial de abuso.

Popularmente apresenta diversos nomes: Roofies, la Rocha, Roche, R2,

Rope, FM2, Forget-mePill, Koofies, Rowie, Ruffies, LaRoche, La Kocha, Rib

28

Roche Run-trip-and-fall, Los Dos e MexicanValium (ANGLIN et al., 1997;

MALANCIUC et al., 2009).

Por ser um hipnótico eficaz e de ação rápida, o flunitrazepam ganhou, nos

últimos anos, a reputação de droga de violação (date rape drug) (DRUID,

2001). O seu consumo ilícito, em altas doses e associado a bebidas alcoólicas,

potencializa os efeitos sedativos, favorecendo a ação de criminosos nos casos

conhecidos como “Boa noite, Cinderela”, nos quais a vítima torna-se incapaz

de reagir, de se defender, devido à falta de controle muscular e perda da

consciência, ficando vulnerável à violação sexual e/ou vítimas de assalto

(ANGLIN et al., 1997; SCHWARTZ, MILTEER e LEBEAU, 2000; SMITH,

LARIVE e ROMANELLI, 2002; BISHOP, LERCH e MCCORD, 2004;

MALANCIUC et al., 2009). A amnésia anterógrada que acomete o individuo

incapacita-o de recordar o que sucedeu após a ingestão e a procurar as

autoridades policiais para realizar notícia-crime do ocorrido.

Nas suas priemrias formulações, o flunitrazepam era de fácil diluição,

incolor, inodoro e insípido (BARNETT e BROAD, 2003), e ao ser adicionado a

bebida alcóolica não mudava as características físicas do líquido. Por essa

preocupação, a indústria farmacêutica adicionou a sua composição um corante

azul, para torna perceptível a diferença de coloração na bebida (BARNETT e

BROAD, 2003), além de tornar mais difícil a diluição (GAUTAM, 2014).

Para além da sua relação com violações, tem sido documentada uma alta

frequência de abuso por parte de adolescentes e jovens adultos, em discotecas

e “raves”. Um estudo realizado em Lisboa, em adolescentes e jovens adultas

do sexo feminino verificou que cerca de 6% utilizou este fármaco, sendo

frequente a associação com etanol e outras drogas ilícitas, 10% das usuárias

reportaram abuso sexual ou físico subsequente (RICKERT, WIEMANN e

BERENSON, 1999). De acordo com o estudo de 2005, Monitoring the Future,

nos EUA 0,7% dos adolescentes no oitavo ano do ensino fundamental e 1,2%

dos adolescentes no 12º ano do ensino médio utilizaram no último ano esta

substância (JOHNSTON et al., 2007; GUERREIRO et al., 2011). Um estudo

realizado em 2002 por Wu e colaboradores nos Estados Unidos, mostrou que

0,4% dos jovens entre 16 e 23 anos já havia consumido flunitrazepam em sua

vida. O flunitrazepam também pode ser ingerido com outras substâncias, como

a cocaína e heroína (SMITH, LARIVE e ROMANELLI, 2002).

29

As formas de detecção do flunitrazepam nos fluidos corporais (sangue e

urina) exigem equipamentos sensíveis, uma vez que são administradas

pequenas dosagens, e o fármaco é rapidamente distribuído pelo corpo,

tornando os métodos de detecção muitas vezes falhos (SMITH, LARIVE e

ROMANELLI, 2002). Um dos métodos de escolha é a cromatografia gasosa-

espectrometria em massa (CG-MS), HPLC ou HPLC-MS que é capaz de

detectar o flunitrazepam ou metabólitos ativos, em dosagem de até 1 mg, 72

horas após a ingestão (SMITH, LARIVE e ROMANELLI, 2002; MALANCIUC et

al., 2009). Por essas limitações, o uso de insetos em análises pós-morte pode

ser uma ferramenta auxiliar potencial na detecção de substâncias, uma vez que

estes estão em contato direto com o corpo, tornando-os capazes de introduzir

no metabolismo substâncias que foram ingeridas pelo indivíduo antes da morte,

e dessa forma, informar se a vítima usou drogas (GOFF et al., 1994; BOUREL

et al., 2001).

1.5 Espectroscopia do infravermelho próximo (NIR) e análise

multivariada

A espectroscopia na região do infravermelho possui uma ampla faixa

espectral no qual é dividida em Infravermelho Próximo (NIR, 780 – 2500 nm),

Infravermelho Médio (MIR, 2500 – 5x104) e Infravermelho Distante (FIR, 5x104

– 1x106) (MARQUES, 2013) (Figura 2).

30

Figura 2- Regiões do espectro eletromagnético com ênfase na região do infravermelho. Fonte: Autora

A descoberta da radiação infravermelha data de 1800, pelo astrônomo e

músico inglês Frederik Willian Herschel, entre suas experiências para descobrir

o planeta Urânio, resultando na determinação da primeira parte não visível do

espectro eletromagnético. Passados 81 anos, Abney e Festing obtiveram o

primeiro espectro do infravermelho próximo, marco relevante na história do NIR

por trazer à tona o reconhecimento dos grupos atômicos e da importância da

ligação de hidrogênio. Apesar da grande descoberta, a utilização do NIR ficou

latente até meados do século 20, pelo fato dos pesquisadores considerarem os

espectros do NIR muito confusos de interpretação, em que apresentavam

muita sobreposição e picos de baixa intensidade. Entretanto, este cenário se

modifica na década de 1980, com a introdução do microprocessador no

desenvolvimento de instrumentos eletrônicos, o que facilitou e permitiu uma

aquisição, manipulação e interpretação dos dados complexos através de

programas computacionais (PASQUINI, 2003).

Devido a capacidade de detectar a “impressão digital” química da

amostra desejada (SHENK, WORKMAN e WESTERHAUS, 2001; PASQUINI,

2003), o NIR apresenta uma vasta possibilidade de aplicação, sendo utilizado

atualmente em diversos ramos: na clínica (SAKUDO et al., 2009), farmácia

(NEVES et al., 2012), microbiologia (MARQUES et al., 2013; MARQUES et al.,

2014), biodiesel (ZHANG, 2012), análise laboratorial (PEZZANITI et al., 2001;

NEVES et al, 2012), agricultura (SALGUERO-CHAPARRO et al., 2013),

entomologia (OLIVEIRA et al., 2014), alimentos (INACIO, MOURA e LIMA

31

2011), petróleo (KHANMOHAMMADI, GARMARUDI e DE LA GUARDIA, 2012),

entre outros.

A espectroscopia do infravermelho próximo tem como fundamento a

utilização de fótons de energia no intervalo de 2.65 x 10-19 a 7.96 x 10-20 J, que

corresponde ao comprimento de onda de 780 a 2500 nm. Essa quantidade de

energia permite que as moléculas alcancem um estado vibracional excitado

(por meio de uma transição vibracional fundamental), no entanto, incapazes de

provocar transições eletrônicas na mesma. Dessa forma, o objetivo geral de

submeter uma determinada amostra a radiação NIR é obter informação

qualitativa e / ou quantitativa proveniente da interação das ondas

eletromagnéticas do infravermelho próximo com seus constituintes, uma vez

que haja interação entre os momentos de dipolo da amostra em questão

(SKOOG, HOLLER e CROUCH, 1992; PASQUINI, 2003; NEVES et al., 2012).

A utilização da espectroscopia NIR como método analítico traz consigo

algumas características vantajosas quando comparadas com outras técnicas

de análise: apresenta natureza não destrutiva, não invasiva, rápida na

obtenção dos espectros, mínimo tratamento das amostras, não gera resíduos

químicos, e ser quase universal em termos de aplicação (considerando que

pode ser aplicada a qualquer molécula contendo as ligações C-H, N-H, O-H e

S-H) (PASQUINI, 2003; NEVES et al., 2012).

As técnicas mais convencionais e amplamente usadas em análises

toxicológicas incluem o radioimunoensaio (RIA), imunohistoquimica,

cromatografia gasosa (CG), de placa (TLC), líquida de alta resolução (HPLC)

ou gasosa com espectroscopia de massa (CG-MS). Essas técnicas permitem

separar, identificar e quantificar as substâncias químicas, mas por outro lado,

apresentam o inconveniente da preparação prévia da amostra, utilização de

reagentes, e consequentemente gerando um custo adicional e um período

maior para a obtenção dos resultados (COLLINS, BRAGA e BONATO, 1997;

SOTO, 2008). A cromatografia gasosa e espectrometria em massa, por

exemplo, utilizam urina ou sangue como amostras biológicas; entretanto, essas

amostras podem não apresentar um resultado fidedigno devido á meia-vida da

maioria dos medicamentos, tornando a detecção problemática (GAUTAM et al.,

2014).

32

No Brasil, as primeiras contribuições da utilização da espectroscopia NIR

se reportam em 1991, quando uma instituição de pesquisa brasileira

determinou a presença de um adoçante natural, esteviosideo, em uma planta

nativa da América do Sul (NISHIYAMA, ALVAREZ e VIEIRA, 1992; PASQUINI,

2003).

Na Entomotoxicologia, a aplicação do NIR mostrou-se uma ferramenta

eficiente e prática. A possibilidade de utilização de espécies adultas, imaturos e

pupas já foi comprovada como excelentes amostras biológicas para detecção

de substâncias químicas. Dessa forma, o NIR é considerado uma ferramenta

promissora para detecção de drogas facilitadoras de agressões sexuais

(DFAS), como o flunitrazepam, em associação com a entomologia forense, em

contrapartida às técnicas convencionais que necessitam de equipamentos

sensíveis, utilização de substâncias químicas, preparação de amostras e

algumas exigem determinado período para a conclusão de laudos (OLIVEIRA

et al., 2014).

O aparelho de espectrofotômetro é composto basicamente de uma fonte

de luz, seletor de comprimento de onda, porta amostra, detector e registrador

(Figura 3). O espectrofotômetro é um instrumento espectroscópico que utiliza

um monocromador ou policromador que dispersa a radiação em seus

comprimentos de onda constituintes, podendo variar o comprimento de onda

sobre uma faixa espectral considerável, juntamente com um transdutor que

converte as intensidades radiantes em sinais elétricos (MARQUES, 2013). Os

sinais elétricos, resultantes da reflectância difusa da amostra, são

transformados em espectros.

Entretanto, para realizar as análises multivariadas, os dados brutos

precisam ser pré-processados para a eliminação de ruídos gerados por

variações de temperatura, pH e tempo, assim como eliminar variações

sistemáticas de linha base, diferentes ordens de grandeza, e outras variações

que podem dificultar a interpretação e modelagem destes sinais. Os pré-

processamentos podem ser aplicados às variáveis ou às variações existentes

nas amostras (MARQUES, 2013).

A partir dos espectros pré-processados, é necessário realizar a

quimiometria, que é uma área de estudo que aplica métodos matemáticos e

estatísticos às ciências químicas, no qual permite converter as informações dos

33

espectros obtidos em uma linguagem mais acessível para se entender a

natureza química, de forma a agrupar ou diferenciar as amostras analisadas.

Portanto, as dificuldades que os pesquisadores tinham para as interpretações

dos espectros gerados, foram sanadas com a introdução de softwares capazes

de manipular e interpretar os dados complexos, sendo a técnica NIR

considerada parte hardware (instrumento) e software (quimiometria)

(MARQUES, 2013).

Para a análise multivariada utilizam-se técnicas quimiométricas com o

emprego de algoritmos como PCA (análise de componentes principais, do

inglês principal component analysis), LDA (análise linear discriminante, do

inglês linear discriminant analysis), SPA (algoritmo das projeções sucessivas,

do inglês sucessive projections algorithm), e GA (algoritmo genético), que são

capazes de distinguir, selecionar variáveis, separar ou agrupar as amostras. Na

literatura, a utilização de tais modelos foi aplicada à identificação de

flunitrazepam em amostras de larvas, pupários e adultos de Chrysomya

megacephala (OLIVEIRA et al., 2013); quantificação de glicose, colesterol e

triglicerídeos em plasma de ratos e humanos (NEVES, 2013); identificação de

Sthaphylococcus aureus em amostras de sangue (MARQUES et al., 2014).

(1) Amostras entomológicas

(2) Equipamento de

espectrofotômetro

(3) Espectros obtidos

1 2

(A)

34

Figura 3- Arranjo experimental para a aquisição de espectros. Em A, fluxograma demostrando as etapas para a obtenção dos espectros, no qual cada número corresponde à referida etapa em B. 1) exemplos de amostras biológicas de interesse forense utilizadas no espectofotômetro- larva, pupa e adulto. 2) Componentes básicos de um aparelho de espectofotômetro: fonte de luz, seletor de comprimento de onda, amostra, detector e registrador. No seletor de comprimento de onda, as setas em vermelho representam a radiação que é emida na amostra e a radiação refletida (reflectância difusa) da amostra. 3) Espectro obtidos de diferentes amostras. (Adaptado Oliveira et al., 2013).

2. OBJETIVOS

(B)

35

2.1 Objetivo geral

Avaliar os efeitos do etanol e do flunitrazepam na atratividade e

diversidade de insetos em carcaças de ratos e detectar essas substâncias por

espectroscopia no infravermelho próximo.

2.2 Objetivos específicos

1- Avaliar a influência do etanol e do flunitrazepam na diversidade e

abundância de insetos;

2- Avaliar a influência do tempo de exposição da carcaça na atratividade

e diversidade de insetos;

3- Avaliar o NIR e as ferramentas de classificação multivariada na detecção de etanol e flunitrazepam em insetos imaturos coletados nas carcaças.

3 MATERIAL E MÉTODOS

36

3.1 Local do estudo

O experimento de campo foi realizado no 7º Batalhão de Engenharia de

Combate, localizado a 5°49’ 50.2’’S 35°11’41.6’’W, em Natal, Rio Grande do

Norte (Figura 4).

Figura 4- (A) Estado do Rio Grande do Norte, com destaque para a localização do 7 ͦ Batalhão de Engenharia de Combate. Fonte: Google Imagens (B) Área do 7 ͦ Batalhão de Engenharia de Combate no Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luis Maria Alves” e suas imediações no município do Natal. Fonte: Google Maps (C) Trilha pertencente ao 7 ͦ Batalhão de Engenharia de Combate onde foram colocadas as armadilhas. Fonte: Gama, 2013.

Esta área corresponde a uma pequena parte da unidade de conservação

ambiental conhecida como Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luis

Maria Alves” (Parque das Dunas), ou seja, uma área de preservação de Mata

Atlântica. O Parque Estadual Dunas do Natal é o segundo maior parque urbano

do Brasil, com 9 km de comprimento, abrangendo uma área de 1.172,80 ha, e

constituindo uma área de dunas costeiras colonizados por plantas e animais de

diferentes domínios morfoclimáticos (AB'SABER, 1977), como a Mata Atlântica

e Tabuleiro Litorâneo (FREIRE, 1990). Está situado na fronteira norte da Mata

(B)

(A)

N

S L O

(C)

37

Atlântica, sendo rodeado por uma área urbana, e já mostra indícios da ação

antrópica (LISBOA, SALES e FREIRE, 2012). De acordo com levantamento

florístico, o parque abriga pelo menos 350 espécies nativas distintas, das quais

aproximadamente 200 já estão identificadas em gênero e espécie

(SEARH/COTIC, 2015).

3.2 Animais utilizados nos experimentos

Para a realização dos ensaios foram utilizadas 32 ratas Wistar (Rattus

norvegicus), com peso médio de 255 g ± 30 (Comitê de Ética Protocolo nº

044/2013) (ANEXO A).

As ratas com 60±5 dias no início do experimento provenientes do Biotério

do Departamento de Biofísica e Farmacologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, foram alojadas (4 animais/gaiola) em gaiolas-viveiro, com

livre acesso a água (ou às soluções de etanol) e comida (Ração Purina®,

Labina). As gaiolas-viveiro eram forradas com maravalha, e o processo de

higienização das mesmas (trocas) foi realizado a cada dois dias. O biotério

possuía ciclo de luz claro-escuro de 12 horas (claro, das 6:00 às 18:00) e

temperatura (23 °C ± 1 °C) controlados.

As ratas foram divididos em quatro grupos com 8 ratos em cada, onde

cada grupo recebia um tratamento diferente: (1) etanol – onde foi utilizado o

álcool etílico (Alcoolabor®, Segmenta) em concentrações crescentes de 2% (3

dias), 4% (3 dias) e 6% (15 dias) durante um período de 21 dias (TIRAPELLI et

al., 2008); (2) flunitrazepam – receberam dosagem de 2 mg/kg (SHINOMIYA et

al., 2004) via oral; (3) conjugado (etanol mais flunitrazepam) – utilizado o álcool

etílico (Alcoolabor®, Segmenta) em concentrações crescentes de 2% (3 dias),

4% (3 dias) e 6% (15 dias) durante um período de 21 dias (TIRAPELLI et al.,

2008) e que receberam dosagem de 2 mg/kg flunitrazepam por via oral

(SHINOMIYA et al., 2004); (4) controle – recebe apenas água ad libitum.

Após uma hora da administração do flunitrazepam, as ratas foram

eutanasiadas através de decapitação com auxílio de guilhotina e cada rato foi

38

colocado em um saco plástico individualizado. Animais pertencentes aos quatro

tratamentos foram transportados separadamente.

Em campo, as armadilhas contendo os ratos foram distribuídas em 8 grid

ao longo de uma das trilhas no 7º Batalhão de Engenharia de Combate,

distantes 50 metros aproximadamente (Figura 5), e a 1,50 metros de altura do

chão. Cada grid continha uma rata de cada tratamento: controle, etanol,

flunitrazepam, e conjugado distantes 5 metros entre si. As armadilhas

permaneceram em campo por cinco dias consecutivos (18 a 22 de novembro

de 2013), período de estação seca.

Figura 5- Em destaque a disposição das armadilhas contendo as carcaças de rato para cada tratamento, ao longo da trilha do 7º Batalhão de Engenharia de Combate no município do Natal- Rio Grande do Norte. Fonte: Gama, 2013.

3.3 Armadilhas utilizadas

Para as coletas em campo foram utilizadas armadilhas de cheiro

adaptadas de Ferreira (1978) confeccionadas com garrafa pet, com abertura na

lateral de aproximadamente 10 cm para permitir a entrada dos insetos, e outra

abertura na parte superior onde foi colocado saco de coleta (Figura 6).

39

Figura 6- Armadilha de cheiro feita com garrafa pet utilizada em campo para coleta de insetos, composta por: saco plástico, garrafa pet e rato (carcaça). Fonte: Gama, 2013.

3.4 Monitoramento das armadilhas

Após 24 horas de instalação, as armadilhas foram vistoriadas diariamente

e sempre às nove horas da manhã. O monitoramento foi realizado através da

retirada dos sacos de plásticos com insetos adultos e a substituição por um

novo. Os sacos plásticos eram acondicionados em caixas de isopor (de acordo

com o tratamento) e encaminhados para laboratório para a identificação com o

auxílio de chaves dicotômicas especificas (CARVALHO e RIBEIRO, 2000;

CARVALHO e MELLO- PATIU, 2008; VAIRO, MELLO-PATIU e CARVALHO,

2011; VAIRO MOURA e MELLO-PATIU, 2015).

Durante o terceiro e quarto dia, também foram coletadas 10 imaturos

(resultantes da oviposição e larviposição, com preferência pelas maiores lavas,

por representarem as primeiras gerações que chegaram na carcaça) de cada

armadilha (Figura 7). As larvas foram colocadas em frascos de vidro contendo

Saco plástico

Garrafa pet

Saco plástico

Rato

Saco plástico

40

glicerina e encaminhadas para laboratório para identificação e análise química

para detecção de flunitrazepam e etanol através da técnica de espectroscopia

no infravermelho próximo.

Figura 7- Coleta de imaturos das carcaças distribuídas ao longo da trilha no 7º Batalhão de Engenharia de Combate no município do Natal- Rio Grande do Norte. Fonte: Gama, 2013.

3.5 Dados meteorológicos

Os dados meteorológicos (umidade relativa do ar, temperatura,

velocidade do vento e precipitação) foram obtidos junto a Estação

Climatológica Principal, no Departamento de Geografia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

3.6 Análise química

41

As larvas coletadas em campo, após identificação, foram encaminhadas

para a ánalise química. Dois exemplares de cada tratamento foram limpos com

papel absorvente para a retirada do excesso de glicerina, e realizados três

incidências do feixe de luz ao longo da larva– anterior, mediana e posterior

(Figura 8).

A análise química foi realizada em conjunto com o Grupo de Pesquisa

Química Biológica e Quimiometria, no Laboratório de Química Analítica, no

Instituto de Química, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Figura 8- Aquisição dos espectros dos imaturos pela espectroscopia do infravermelho próximo. Em destaque uma larva de Lucilia eximia posicionada na parte superior da probe (sonda de reflectância) do aparelho NIR. Laboratório de Química Analítica – Instituto de Química- UFRN. Fonte: Baia, 2015.

Foi utilizada a técnica da espectroscopia do infravermelho próximo (NIR) e

métodos de classificação multivariadas para avaliar a composição química das

larvas, e detectar a presença do flunitrazepam e do etanol nos imaturos (Figura

9).

42

Figura 9- Componentes do aparelho de espectroscopia do infravermelho próximo. (A) Fonte de luz; (B) Sonda; (C) Amostra (D) Detector. Laboratório de Química Analítica – Instituto de Química- UFRN. Fonte: Baia, 2012.

Os espectros brutos obtidos correspondiam à composição química da

larva, além de alguns ruídos e variações de linha base, que precisaram ser pré-

processados com a aplicação de derivadas e suavizações. As análises foram

feitas por software específico (MatLab R2014a) e com o emprego de algoritmos

como PCA, SPA, LDA e GA, para detectar, separar ou agrupar os grupos que

continham a substância química flunitrazepam e etanol.

3.7 Análises estatísticas

3.7.1 Estatística clássica

O presente estudo avaliou a relação dos quatro diferentes tratamentos:

etanol, flunitrazepam, conjugado e controle com a diversidade de espécie e

famílias de insetos coletados nas armadilhas, e os dias em que as carcaças

ficaram expostas.

(D)

(B) (A)

(C)

43

Para avaliar as influências dos quatro tratamentos nas espécies/famílias

coletadas durante dos dias, utilizou-se a Análise de Covariância (ANCOVA),

que é uma extensão da Análise de Variância (ANOVA), na qual inclui uma ou

mais variáveis quantitativas correlacionadas ao desfecho de interesse. Estas

variáveis contínuas são incluídas na análise devido a sua influência que elas

possuem sobre o desfecho e são conhecidas como covariáveis (AGRANONIK;

MACHADO, 2011). O ANCOVA foi realizado com auxílio do programa XLSTAT

2015 (utilizado como um suplemento do Excel 2013).

Para a análise dos quatro tratamentos com base nos espécimes

coletados, com o intutito de avaliar a similaridade entre as espécies coletadas,

realizou-se o escalonamento multidimensional não métrico (nMDS) que

preserva a similaridade das amostras e utiliza matriz de abundância numérica

das espécies de moscas. Este teste pretende gerar gráficos na qual as

espécies similares agrupam os tratamentos, enquanto as distintas se

posicionem distante do espaço de ordenação (GOTELLI; ELLISON, 2011).

Para permitir essa análise, foi realizada a transformação de log (x+1) a

quantidade de insetos coletados em cada tratamento e utilizamos como medida

de similaridade Bray-Curtis para comparar a similaridade entre os tratamentos

(controle, etanol, flunitrazepam, etanol e flunitrazepam). Além disso, foi

conduzida a análise de ANOSIM para comprovar a confiabilidade do resultado

do nMDS. Para isso, foi utilizado o software Primer® 6.0.

Para a avaliação da interferência das variáveis ambientais na abundância

de insetos coletados, foi realizada uma regressão linear múltipla, pelo

programa estatístico BioEstat® 5.3.

3.7.2 Estatística multivariada

A estatísitica multivariada apresenta uma quantidade de amostras menor,

no entanto, um elevado número de variáveis. Enquanto que na estatística

clássica ocorre o contrário, com um número de amostras maior e quantidade

de variáveis menor.

44

A análise estatística multivariada realizada com os espectros obtidos pelo

espectrofotômetro NIR é um procedimento importante em virtude dos espectros

carregarem informações química e físicas das amostras, sendo a análise

explanatória utilizada para detecção de padrões de associação nos conjuntos

de dados e, a partir desses padrões, tornar possível o estabelecimento de

relações entre as amostras e variáveis, descobrir amostras anômalas ou

agrupá-las conforme determinada característica (MARQUES, 2013).

Os espectros NIR foram pré-processados entre os comprimentos de onda

900 e 1.700 nm, e dentre as técnicas de pré-processamento testadas, o PCA,

SPA-LDA e GA-LDA mostraram melhor separação quando combinadas com a

segunda derivada de Savitzky-Golay e suavização de Savitzky-Golay (LIMA et

al., 2015).

O PCA (principal component analysis) compreende à análise de

componentes principais, de forma que cada PC carrega informações diferentes

sobre as amostras e variáveis originais. De maneira geral, o princípio do PCA é

realizar uma aproximação da matriz original das respostas instrumentais (X)

como um produto de duas outras matrizes, de menores dimensões, os scores e

loadings. Portanto, a maior parte das informações (variabilidade) presente no

conjunto de dados está contida no primeiro PC, com decaimento das

informações nos PCs seguintes (CHAMINADE, BAILLET e FERRIER, 1998;

MATTHIAS, 2007). O SPA (do inglês sucessive projections algorithm) é um

algoritmo de seleção de variáveis, que através de diversas projeções vetoriais,

seleciona as variáveis espectrais mais relevantes, com o mínimo de

colinearidade e redundância, para a construção de modelos multivariados (LIU,

HE e SUN, 2009). O LDA (linear discriminant analysis) é utilizado no intuito de

encontrar uma combinação linear, que captura as principais diferenças entre as

classes e as separa. Neste modelo, ocorre uma classificação individual das

amostras, e o algoritmo tenta diferenciá-las. O LDA está intimamente ligado ao

PCA, no entanto, no PCA não há uma discriminação das classes (não

supervisionada), enquanto no LDA ocorre essa discriminação, sendo uma

análise supervisionada. O GA é um algoritmo genético de seleção de variáveis.

O modelo designa as variáveis determinados valores: código 1 quando a

variável for selecionada, e 0 quando for excluída. Este modelo pode ser

comparado com os constituintes genéticos, na qual a variável seria um gene, e

45

apenas os cromossomos mais bem adaptados e com maior aptidão são

selecionados. Dessa forma, são selecionados cromossomos “parentes” na

tentativa de gerar uma nova população (MARTEN e NAES, 2002).

46

4 RESULTADOS

4.1 Riqueza e abundância de dípteros necrófagos

Compilados todos os quatro tratamentos, durante os cinco dias, foram

coletados 3.165 dipteros necrófagos, identificados em: Calliphoridae (61,7%),

Fanniidae (10,5%), Sarcophagidae (10,4%), Anthomyiidae (4,0%), Muscidae

(2,2%), Phoridae (0,9%), Ullidiidae (0,4%) e Drosophilidae (0,1%).

Tabela 1- Abundância de dípteros coletados em carcaças de ratos submetidos aos tratamentos controle, etanol, flunitrazepam e conjugado, em uma área de Mata Atlântica, no município do Natal, no estado do Rio Grande do Norte, no período de 18 de novembro a 22 de novembro de 2013. (C): Controle; (E): Etanol; (F): Flunitrazepam; (EF) Conjugado. Os valores conrrespondem à soma dos exemplares nas 8 réplicadas de cada tratamento.

Família/Espécie C E F EF Total %

Calliphoridae 377 373 202 1.003 1.955 61,7

Chrysomya megacephala (Fabricius, 1794) 288 183 121 633 1.225 38,7

Chrysomya albiceps (Wiedemann, 1819) 71 151 43 294 559 17,6

Chrysomya putoria (Wiedemann, 1818) 16 14 11 47 88 2,7

Lucilia eximia (Wiedemann, 1818) 2 24 26 28 80 2,5

Cochliomyia macellaria (Fabricius, 1775) 0 1 1 1 3 0,1

Sarcophagidae* 71 70 73 116 330 10,4

Peckia (Peckia) chrysostoma (Wiedemann, 1830) 1 4 3 4 12 0,3

Oxysarcodexia timida (Aldrich, 1916) 1 0 1 0 2 0,1

Oxysarcodexia amorosa (Schiner, 1868) 0 1 0 0 1 0,1

Oxysarcodexia introna (Curran & Walley, 1934) 0 4 0 0 4 0,1

Muscidae* 14 40 6 11 71 2,2

Musca domestica (Linnaeus, 1758)

Ophyra aenescens (Wiedemann, 1830)

3

2

1

30

1

0

0

7

5

39

0,1

1,2

Ophyra chalcogaster (Wiedemann, 1824)1 1 0 0 0 1 0,1

Atherigona orientalis (Schiner, 1868) 4 8 1 4 17 0,5

Synthesiomyia nudiseta (Wulp, 1883)1 0 1 0 0 1 0,1

Fanniidae* 83 70 74 106 333 10,5

Fannia pusio (Wiedemann, 1830) 0 3 2 1 6 0,1

Fannia sp. 0 25 0 9 34 1,0

Phoridae* 6 13 4 8 31 0,9

47

(continuação) Tabela 1

Megaselia scalaris (Loew, 1866)1 0 1 0 0 1 0,1

Ulidiidae 0 1 8 4 13 0,4

Anthomyiidae 34 29 21 43 127 4,0

Drosophilidae 0 3 0 1 4 0,1

Não identificados 40 61 87 113 301 9,5

Total 625 660 475 1.405 3.165 100

*Apenas alguns exemplares foram identificados em espécie.

1 Espécies

que são primeiro registro para o Estado do Rio Grande do Norte.

A família Calliphoridae foi a mais coletada, sendo representada por cinco

espécies: Chrysomya megacephala (n = 1.225), C. albiceps (n = 559), C.

putoria (n = 88), Lucilia eximia (n = 80) e Cochliomyia macellaria (n = 3)

(Gráfico 1).

Figura 10- ANCOVA realizado com o total das espécies de Calliphoridae coletadas em carcaças de ratos submetidos aos tratamentos controle, etanol, flunitrazepam e etanol e flunitrazepam, em uma área de Mata Atlântica, no município do Natal, no estado do Rio Grande do Norte, no período de 18 de novembro a 22 de novembro de 2013.

Chrysomya megacephala

Chrysomya albiceps Chrysomya putoria

Cochliomyia macellaria Lucilia eximia

48

As espécies de Calliphoridae tiveram uma atratividade crescente, com

exceção de L. eximia que tem um crescimento e pico até o segundo dia,

decrescendo de maneira considerável nos dias seguintes. Exemplares de Co.

macellaria foram coletados apenas no quarto e quinto dia, em pequena

quantidade (Figura 10).

Fanniidae foi a segunda família mais abundante, com duas espécies

identificadas Fannia pusio e Fannia sp. Muitos foram identificados apenas em

gênero Fannia.

Os sarcofagídeos apresentaram 330 indivíduos coletados, dos quais

foram identificados em Peckia (Peckia) chrysostoma (Wiedemann, 1830),

Oxysarcodexia tímida (Aldrich, 1916), Oxysarcodexia amorosa (Schiner, 1868),

e Oxysarcodexia introna (Curran & Walley, 1934) (Tabela 1).

A família Muscidae (n = 71) teve a representatividade distribuída em

cinco espécies: Musca domestica, Ophyra aenescens, Atherigona orientalis

(Schiner, 1868), Ophyra chalcogaster (Wiedemann, 1824) e Synthesiomyia

nudiseta (Wulp, 1883).

Para a família Phoridae (n = 31), foi identificado um exemplar de

Megaselia scalaris (Loew, 1866).

Os espécimes das famílias Anthomyiidae, Ullidiidae, Drosophilidae,

apresentaram respectivamente, 127, 13 e 4 indivíduos coletados, não sendo

identificados em espécies.

4.2 Análise dos tratamentos e dias de experimento

Levando em consideração os tratamentos aplicados, a atratividade foi

maior para o tratamento conjugado, representando 44,3% de todos os insetos

coletados, mostrando-se prevalente em relação aos demais (p < 0,05), como

observado no Figura 11. Em seguida aparece o grupo etanol (20,8%), controle

(19,7%) e flunitrazepam (15,0%).

49

Figura 11- Quantidade total de dípteros coletados em carcaças de ratos submetidos aos tratamentos controle, etanol, flunitrazepam e conjugado, em uma área de Mata Atlântica, no município de Natal, no estado do Rio Grande do Norte, no período de 18 de novembro a 22 de novembro de 2013.

O grupo conjugado apresentou maior atratividade e foi estatisticamente

relevante. No total foram coletados 1.405 dipteros necrófagos, com ênfase para

C. megacephala (n = 633), C. albiceps (n = 294), C. putoria (n = 47), L. eximia

(n = 28), Co. macellaria (n = 1), Sarcophagidae ( n = 116) e Fanniidae (n =

106). Este grupo atraiu mais sarcofagídeos quando relacionado com os demais

(Figura 12).

A atratividade no grupo etanol propiciou a coleta de 660 indivíduos

identificados em 373 Calliphoridae, 70 Sarcophagidae, 70 Fanniidae, 40

Muscidae, 29 Anthomyiidae, 13 Phoridae, 3 Drosophilidae e 1 Ullidiidae.

O grupo flunitrazepam foi o que apresentou menor atratividade,

perfazendo um total de 475 dipteros necrófagos, dos quais 388 foram

identificados em califorídeos (n = 202), sarcofagídeos (n = 73), e fanídeos (n =

74).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 1 2 3 4 5 6

Qu

anti

dad

e

Dia

Regressão de quantidade por dia (R²=0.498)

a c f af

Modelo(a) Modelo(af) Modelo(c) Modelo(f)

Conjugado Etanol Flunitrazepam

Controle

50

Figura 12- Análise de Covariância para a distribuição de Sarcophagidae coletados em carcaças de ratos submetidos aos tratamentos controle, etanol, flunitrazepam e etanol e flunitrazepam, em uma área de Mata Atlântica, no município de Natal, no estado do Rio Grande do Norte, no período de 18 de novembro a 22 de novembro de 2013.

No grupo controle foram coletados 625 dipteros, dentre os quais 377

indivíduos eram da família Calliphoridae, com as respectivas espécies: C.

megacephala (n = 288), C. albiceps (n = 71), C. putoria (n = 16) e Lucilia eximia

(n = 2); 83 Fanniidae, 71 Sarcophagidae, 34 Anthomyiidae, 14 Muscidae e 6

Phoridae.

Dentre as espécies identificadas, a C. megacephala foi predominante em

todos os tratamentos. Estatisticamente, a proporção desta foi sempre maior

que as demais (P < 0,05).

A Tabela 2 mostra a dinâmica de atratividade de dípteros necrófagos

para todos os quatro grupos analisados durante os cinco dias de experimento.

0

10

20

30

40

50

60

0 1 2 3 4 5 6

Qu

anti

dad

e

Dia

Regressão de quantidade por dia (R²=0.550)

a c f af

Modelo(a) Modelo(af) Modelo(c) Modelo(f)

Conjugado Etanol

Controle Flunitrazepam

50

Tabela 2- Abundância absoluta dos insetos coletados em carcaças de ratos submetidos aos tratamentos controle, etanol, conjugado e flunitrazepam, em uma área de Mata Atlântica, no município do Natal, no estado do Rio Grande do Norte, durante o experimento. Valores referentes a soma das oito réplicas para cada tratamento.

Controle Etanol Flunitrazepam Conjugado

Espécimes/Dia 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Chrysomya megacephala 0 14 34 103 137 1 35 55 74 18 0 23 31 48 19 0 21 99 73 440

Chrysomya albiceps 0 1 14 21 35 3 8 41 79 20 0 2 20 16 5 0 2 45 39 208

Chrysomya putoria 0 1 2 5 8 2 0 2 7 3 0 1 4 3 3 0 0 3 9 35

Lucilia eximia 1 0 1 0 0 1 23 0 0 0 0 21 2 3 0 0 21 6 0 1

Cochliomyia macellaria 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

Sarcophagidae 3 5 12 26 25 4 4 16 17 29 11 4 24 26 8 3 13 37 13 50

Anthomyiidae 5 17 0 2 10 2 12 0 1 14 1 1 7 10 2 3 9 3 4 24

Muscidae 0 1 3 5 5 1 0 7 18 14 0 3 1 1 1 0 1 6 1 3

Fanniidae 0 0 35 15 33 0 8 15 30 17 0 19 35 20 0 0 16 57 8 25

Phoridae 0 0 2 1 3 0 3 8 0 2 0 0 2 0 2 4 0 1 1 2

Não identificados* 4 13 1 12 10 4 12 38 2 5 9 25 13 20 20 5 26 3 11 68

*Não identificados por falta de caracteres morfológicos.

50

A distribuição dos insetos necrófagos entre os tratamentos apresentando

um padrão heterogêneo de distribuição. A análise multivariada, efetuada pelo

escalonamento multidimensional (nMDS) com o fator “drogas” (presença de

etanol e flunitrazepam) e levando em consideração a abundância de insetos

coletados, mostrou que não é possível ver uma ordenação dos tratamentos

(Figura 13).

Figura 13 - Distribuição dos quatro tratamentos baseando-se na abundância dos insetos coletados durante os cinco dias, utilizando o método de escalonamento multidimensional não-paramétrico (nMDS). As letras correspondem aos tratamentos e os números representam os dias.

Na comparação entre os dias, a atratividade de insetos necrófagos foi

crescente durante os cinco dias, no entanto, não houve uma tendência de

agrupamento das réplicas entre os tratamentos observados no mesmo dia.

4.3 Dados Meteorológicos

Os dados meteorológicos não influenciaram significativamente a

atratividade da entomofauna cadavérica durante o período de realização do

teste (p>0,05).

Transform: Log(X+1)

Resemblance: S17 Bray Curtis similarity

Tratamentos

Controle

Etanol

Flunitrazepam

Conjugado

C1E1

F1

EF1

C2E2

F2

EF2

C3E3

F3EF3C4

E4

F4EF4C5

E5

F5

EF5

2D Stress: 0.09

51

A temperatura média foi de 26,3 ͦ C, variando entre 25 ͦ C e 28 ͦ C. A

umidade variou de 78% a 94%. O nível de precipitação alcançou 12 mm no

segundo dia de experimento, porém no primeiro e quarto foram 0 mm. A média

foi de 3, 92 mm. A velocidade do vento manteve-se entre 3,3km/h e 5,9km/h

(Tabela 3).

Tabela 3- Dados meteorológicos sobre umidade, temperatura, velocidade do vento e precipitação durante o experimento.

Fator Dias

1 2 3 4 5

Temperatura (ͦC) 25 25 28 27 25.4

Umidade (%) 78 94 78 82 92

Precipitacao (mm) 0 12 6.1 0 1.5

Velocidade do vento (Km/h) 5 5.8 5.9 5 3.3

4.4 Larvas usadas na espectroscopia do infravermelho próximo

(NIR)

Um total de 541 imaturos foram coletados de forma ativa durante o terceiro

e quarto dia de experimento, e os espécimes foram identificados em famílias e

espécies de acordo com a chave de identificação para larvas. As famílias

Sarcophagidae e Calliphoridae foram as encontradas, dos quais apresentaram

25 e 504 indivíduos respectivamente. Os califorídeos foram representados por

Lucilia sp. (n = 457), C. albiceps (n = 38), e C. megacephala (n = 9). Larvas no

estádio L2 não puderam ser identificadas (n = 12) devido à chave de

identicação ser exclusiva para imaturos L3 (Tabela 4).

Tabela 4- Quantidade de larvas coletadas por tratamento durante o terceiro e quarto dia de experimento. C: Controle; E: Etanol; F: Flunitrazepam; EF: Conjugado.

Família/Espécies/ Estádio

Dia 3 Dia 4

C E F EF C E F EF

Chrysomya megacephala (L3) 1 0 0 1 0 0 7 0

Chrysomya albiceps (L3) 0 0 1 0 16 11 0 10

Lucilia sp. (L3) 61 80 69 79 41 29 39 59

52

(continuação) Tabela 3

Sarcophagidae (L3) 0 0 0 0 11 0 3 11

L2 (Não identificada) 6 0 3 0 2 0 1 0

Devido a abundância de indivíduos da espécie Lucilia sp., esta foi a espécie

escolhida para realizar a análise química através da técnica da espectroscopia

NIR. A figura abaixo ilustra um exemplar de imaturo de Lucilia sp (Figura 14).

Figura 14- Larva de Lucilia sp. Em destaque os espiráculos respiratório característico: peritrema fechado e com botão. Fonte: Baia, 2014.

4.5 Espectroscopia NIR Para a espectroscopia NIR foram utilizadas 2 larvas da espécie Lucilia sp.

de cada tratamento, com a aquisição de espectros da parte anterior, mediana e

posterior de cada larva. Após o pré-processamento (Figura 15), os espectros

foram submetidos à análise do PCA (análise dos componentes principais), na

qual o modelo utilizou 10 PCs (componentes principais) e cumulativamente

explicam 95% da variância entre dados depois de aplicado o pré-

processamento de suavização de Savitzky-Golay. A figura abaixo representa

os espectros obtidos a partir da média dos três espectros obtidos de cada

imaturo em cada tratamento.

53

Figura 15- Espectros NIR pré- processados de larvas de Lucilia sp. coletadas de carcaças de ratos submetidos ao tratamento de etanol, flunitrazepam, conjugado e controle, em uma área de Mata Atlântica, no município do Natal, no estado do Rio Grande do Norte, nos dias 20 e 21 de novembro de 2013.

A figura 16 mostra a sobreposição dos grupos. Devido a pequena

separação, o conjunto de dados foi submetido ao SPA (análise de sucessivas

projeções) e GA (algoritmo genético) com as quatro categorias: controle,

droga, etanol, e etanol e droga (LIMA et al., 2015).

Figura 16- Resultados após aplicação dos algoritmos PCA- LDA das amostras de larvas de Lucilia sp.: DF1 × amostras calculadas pelo modelo de PCA-LDA a partir de etanol

(azul), conjugado (vermelho), controle (preto) e flunitrazepam (amarelo).

SPA resultou em cinco variáveis, determinadas em 900, 1317, 1482, 1631 e

1700 nm, resultando na figura 17. Utilizando apenas esses comprimentos de

onda, pelo teste de Fisher foi possível obter uma melhor separação quando

comparado PCA com LDA (linear discriminant analysis) (LIMA et al., 2015).

Etanol Conjugado Controle Flunitrazepam

Absorbância (a.u)

Comprimento de onda (nm)

Etanol

Conjugado Flunitrazepam

Controle

54

Figura 17- Resultados após aplicação dos algoritmos SPA-LDA para as amostras de larvas de Lucilia sp.: DF1 × amostras calculadas usando os cinco números de onda selecionados por modelo SPA-LDA a partir de etanol (azul), conjugado (vermelho), controle (preto) e flunitrazepam (amarelo).

Realizando um LDA sobre as variáveis de GA selecionadas, obteve-se

17 comprimentos de onda 917, 1007, 1039, 1066, 1161, 1171, 1173, 1181,

1200, 1230, 1352, 1404, 1475, 1491, 1493, 1617 e 1625 nm. Aplicando o teste

de Fisher, foi possível obter uma ótima separação, principalmente para o grupo

controle (Figura 18) (LIMA et al., 2015). Na figura seguinte observa-se que

houve separação no eixo vertical, que dividiu o grupo controle dos demais que

apresentavam etanol e/ou flunitrazepam na sua constituição; assim como no

eixo horizontal, entre os tratamentos etanol e flunitrazepam.

Figura 18- Resultados após aplicação dos algoritmos GA- LDA: DF1 × amostras calculadas usando os 17 números de onda selecionados por modelo GA-LDA a partir de etanol (azul) conjugado (vermelho), controle (preto) e drogas (amarelo).

Etanol

Conjugado Flunitrazepam

Controle

Etanol

Conjugado Flunitrazepam

Controle

55

5 DISCUSSÃO

Conforme demonstrado na Tabela 1, as carcaças de ratos foram

frequentadas e decompostas por uma grande variedade de insetos necrófagos,

principalmente dípteros representados pelas famílias Calliphoridae, Fanniidae e

Sarcophagidae, evidenciando que a carcaça é um substrato básico para a

colonização e desenvolvimento desses insetos, além de reafirmar a

importância em casos forense e no processo de decomposição.

Dos espécimes coletados, três primeiros registros foram identificados para o

estado do Rio Grande do Norte: Muscidae- Ophyra chalcogaster e

Synthesiomyia nudiseta; e Phoridae- Megaselia scalaris. As espécies de

muscídeos são consideradas sinantrópicas (LINHARES, 1981; D’ALMEIDA,

1992; MENDES e LINHARES, 1993; CARVALHO, MOURA e RIBEIRO, 2002;

LEANDRO e D’ALMEIDA, 2005), e seus indivíduos podem ser predadores,

saprófagos ou necrófagos e as larvas podem ocupar diversos habitats, dos

quais se destaca matéria orgânica de origem animal (COURI e CARVALHO,

2005). Por essa última característica, demonstram sua importância forense

(KRÜGER et al., 2002; OLIVEIRA; VASCONCELOS, 2010). Dessa forma,

podemos inferir a importância de realizar mais levantamentos faunísticos no

estado, no intuto de catalogar as espécies de interesse forense, assim como

predeterminar que a área do Parque das Dunas sofre impacto de ação

antrópica, visto que o mesmo esta inserido em uma área urbana. A

importância forense da espécie O. chalcogaster já foi reportada por Carvalho e

colaboradores (2000) pela associação com cadáveres no estado de São Paulo,

e em carcaças de suínos, principalmente nas primeiras fases de

decomposição, em um fragmento de floresta tropical no nordeste brasileiro

(VASCONCELOS et al., 2013). A outra espécie de Muscidae, Synthesiomyia

nudiseta, foi reportada por Freire (1914) em seu trabalho pioneiro no nordeste,

na qual observou sua abundância em cadáveres, especialmente no estágio

inicial de decomposição, semelhante aos resultados encontrados por Krüger et

al. (2010), na região sul do Brasil, que citam a importância forense dessa

espécie, uma vez que as larvas são encontradas na carcaça nos primeiros dois

56

dias de decomposição. Estudo realizado no Rio de Janeiro mostrou que S.

nudiseta – além de Musca domestica e Ophyra aenescens- foram as únicas

espécies de Muscidae associadas com cadáveres nas cenas de crime

(OLIVEIRA-COSTA e LOPES, 2000; OLIVEIRA-COSTA, MELLO-PATIU e

LOPES, 2001)

Dentre as pesquisas na área forense até então realizadas no estado do Rio

Grande do Norte, nenhuma havia reportado a família Phoridae. Seu primeiro

registro em cadáveres na região nordeste do Brasil foi feito por Vasconcelos et

al. (2014), no estado de Pernambuco. No entanto, a espécie Megaselia scalaris

já foi catalogada em cadáveres e utilizada como prova em casos forenses

(GREENBERG e WELLS, 1998; CARVALHO et al., 2000; VASCONCELOS,

SOARES e COSTA, 2014), e foi caracteretizada por apresentar predileção

pelos últimos estágios de decomposição e geralmente está associada a corpos

de difícil acesso para moscas maiores (GREENBERG e WELLS, 1998;

OLIVEIRA-COSTA, 2008).

As pesquisas desenvolvidas no estado do RN sobre a entomofauna

cadavérica limitavam-se a identificar, principalmente, algumas espécies de

Calliphoridae– Chrysomya megacephala, C. albiceps, C. putoria, Cochliomyia

macellaria, Lucilia eximia, L. cuprina (ANDRADE et al., 2005; MEIRA, 2009;

MEIRA, 2013) – e somente uma espécie de Muscidae- Musca domestica. Os

exemplares de Sarcophagidae eram relatados em nível de família (MEIRA,

2013). Somente Campos (2015) registrou 10 novas espécies de

Sarcophagidae, uma espécie de Fanniidae, e três de Muscidae coletadas de

isca forense em áreas de manguezal.

No presente trabalho, para os Dipteros, a família Calliphoridae

contabilizou maior número de espécimes coletadas, como pode ser visto na

Tabela 1, e esteve presente durante todo processo de decomposição (Figura

10). Isso se deve ao fato dos califorídeos compreendem 1.526 espécies de

moscas com distribuição mundial e além de serem frequentemente associados

com cadáveres em decomposição (CARVALHO et al., 2012; VASCONCELOS,

SOARES e COSTA, 2014). Sabe-se que, em virtude do seu olfato apurado,

geralmente, são os pioneiros na colonização de um cadáver em decomposição,

permanecendo até o estágio de esqueletização, corroborando com os achados

deste trabalho (MONTEIRO-FILHO e PENEREIRO, 1987; SALVIANO, 1996;

57

MEIRA, 2013). A espécie Chrysomya megacephala foi a mais abundante,

seguida de C. albiceps, C. putoria, Lucilia eximia e Cochliomyia macellaria.

Essa elevada quantididade de espécimes coletados deve-se, provavelmente,

pelas características ecológicas dos califorídeos por apresentarem

comportamento cosmopolita, pela alta capacidade de dispersão e adaptação

aos novos ambientes (GUIMARÃES, PRADO e BURALLI, 1979). Da mesma

forma, Andrade et al. (2005) e Campos (2015) obtiveram resultados

semelhantes quando coletaram mais C. megacephala de cadáveres e iscas em

área de manguezal no estado do RN, respectivamente. No entanto,

comparando com os resultados de Meira (2013), ainda no estado do RN, essa

coletou mais espécies de C. albiceps em cadáveres. Apesar da abundância de

insetos serem convergentes, ambas espécies são as principais observadas em

cadáveres no Brasil (CARVALHO et al., 2000; VASCONCELOS et al., 2014) e

em diversos países incluindo Colômbia (BARRETO et al., 2002), Itália (VANIN

et al., 2009) e Malásia (KUMARA et al., 2012).

Essa variedade de predominância de espécies forense em um mesmo

Estado pode ocorrer pelos diferentes biomas estudados (área de mangue,

Mata Atlântica e área urbana, por exemplo), assim como pelo tipo de substrato

utilizado (iscas, cadáveres e carcaças). Como pode ser observado quando

comparamos com o estudo realizado por Moretti (2006) em uma área de

vegetação secundária no município de Campinas, em que obteve grande

quantidade de Lucilia eximia e Peckia (Pattonella) intermutans, utilizando

carcaças de ratos.

Outro aspecto relevante observado na Tabela 1 e Figura 10, é pequena

quantidade de Co. macellaria e L. eximia coletadas. Ambas são espécies

nativas, que já foram consideradas as mais frequentes e constantes espécies

encontrada em carcaças nos estágios de putrefação e fermentação, raramente

ocorrendo no estágio de decomposição inicial (FREIRE, 1914; MORETTI,

2006). Todavia, após a introdução das espécies de Chrysomya no Brasil por

volta de 1975, este quadro foi alterado, provavelmente devido à competição

entre essas e Co. macellaria, a qual possivelmente tenha sido deslocada pelas

espécies invasoras (BAUMGARTNER e GREENBERG, 1984; SERRA, COSTA

e GODOY, 2011), experimentando inclusive declínio populacional em certas

regiões brasileiras. No entanto, a menor abundância não significa que a

58

espécie esteja sofrendo declínio populacional na região estudada. Individuos

dessa espécie podem ser menos vorazes e competitivos que espécimes do

gênero Chrysomya; ou serem meros frequentadores, e não colonizadores da

carcaça. Outro ponto observado é que adultos desta espécie foram coletados

apenas nos últimos dois dias de experimento, quando a carcaça já estava nos

estágios finais de decomposição. Tais resultados contrariam o trabalho de

Souza (1994), que mostrou que Co. macellaria não foi encontrada na fase final

de decomposição, e para o trabalho de Thyssen (2000), que não coletou

nenhum exemplar dessa espécie. Entretanto, para Meira (2009), a espécie foi

coletada no começo, meio e fim da decomposição, assim como para Alves et

al. (2014b), sendo a espécie mais coletada em carcaças de porcos durante a

estação seca em área de caatinga no nordeste brasileiro.

Para os fanídeos, poucos exemplares dessa família foram identificados

em nível de espécie devido a dificuldades taxonômicas e poucos taxonomistas

especializados, o que a torna pouco estudada, principalmente na região

Nordeste. Apenas a espécie Fannia pusio foi catalogada, registro também feito

por Campos (2015), em um estudo em duas áreas de manguezais no Rio

Grande do Norte. Em uma pesquisa feita no litoral pernambucano, F. pusio foi

a mais abundante e frequente entre as espécies de Fanniidae (BARBOSA,

2015). Essa família é comumente associada à decomposição de carcaças de

vertebrados (BARBOSA et al., 2009; ROSA et al., 2009; ALVES et al., 2014b;

BARBOSA, 2015), e já foi coletada em carcaças de porco (CARVALHO et al.,

2000) e em cadáveres no Rio de Janeiro (OLIVEIRA-COSTA, 2005). F. pusio

apresenta um pico populacional na primavera (SALVIANO et al., 1996), e é

capaz de suportar altas temperaturas (MARCHIORI e PRADO, 1999).

Os sarcofagídeos estiveram presentes durante todo o processo de

decomposição e foi a família de dípteros mais representativa no primeiro dia de

experimento. Por apresentarem algumas restrições para identificação, onde é

limitada, pois existe apenas chave de identificação através da genitália de

machos (CARVALHO et al., 2008; VAIRO, MELLO-PATIU e CARVALHO,

2011). Para as fêmeas, há poucas descrições morfológicas e raras chaves de

identificação (VAIRO, MOURA e MELLO-PATIU 2015). Foram identificadas

quatro espécies: Peckia (Peckia) chrysostoma, Oxysarcodexia timida,

Oxysarcodexia amorosa e Oxysarcodexia introna, porém, a maioria dos

59

exemplares foram identificados apenas em nível de família – muitos por serem

fêmeas - não permitindo uma comparação entre as espécies, e não destacando

uma mais prevalente para a região. Esta família é amplamente distribuída com

certa de 3.100 espécies descritas em 400 gêneros, no entanto é mais

concentrada em regiões de clima tropical temperado e quente, e na região

Neotropical mais de 800 espécies são encontradas, das quais, apenas a

subfamília Sarcophaginae tem espécies de importância médica e forense

(PAPE, 1996; VAIRO, MOURA e MELLO-PATIU, 2015). Trabalhos anteriores

sobre Entomologia Forense realizados no Estado do Rio Grande do Norte

registraram a presença de espécimes da família Sarcophagidae, porém não

identificados até espécie (ANDRADE et al., 2005; MEIRA, 2013). Somente em

2015, Campos catalogou 10 espécies dessa família, representando os

primeiros registros para o Estado do Rio Grande do Norte. Na região

Neotropical, os gêneros Oxysarcodexia e Peckia são os mais representativos

com 83 e 69 espécies conhecidas, respectivamente (PAPE, 1996; SOARES e

MELLO-PATIU, 2010; BUENAVENTURA e PAPE, 2013). O gênero Peckia

possui interesse forense e médico-veterinário (MOURA, CARVALHO e

MONTEIRO-FILHO 1997; BARROS, MELLO-PATIU e PUJOL-LUZ 2008) uma

vez que seus espécimes utilizam como fontes alimentares excrementos e

matéria orgânica em decomposição, inclusive cadáveres (SALVIANO, 1996;

CARVALHO et al., 2000). Já o gênero Oxysacordexia se sobressai por sua alta

riqueza e abundância nas pesquisas realizadas no Brasil, apresentando

espécies relatadas nos estudos relacionados à decomposição de vertebrados

(BARROS, MELLO-PATIU e PUJOL-LUZ, 2008; ROSA et al., 2009; MELLO-

PATIU et al., 2014; BARBOSA, 2015).

No geral, comparando com pesquisas de entomofauna associada a

carcaça animal (porcos) realizadas no Sudeste, muitas espécies de interesse

forense se assemelham: Calliphoridae- C. albiceps, C. megacephala, C.

putoria, L. eximia; Muscidae- O. chalcogaster; Phoridae – M. scalaris (SOUZA,

1994; CARVALHO et al., 2000; CARVALHO e LINHARES, 2001). Fazendo a

comparação com o mesmo tipo de substrato utilizado nesse estudo, Moretti et

al. (2008) observaram que a diversidade de Calliphoridae e Sarcophagidae foi

elevada independente da estação do ano. Foram coletadas 53 espécies das

famílias: Sarcophagidae, Calliphoridae, Muscidae, Fanniidae, Syrphidae,

60

Richardiidae, Sepsidae, Micropezidae, Otitidae, Drosophilidae, Phoridae,

Dolichopodidae, Anthomyiidae, Asilidae e Lauxaniidae (Diptera), Formicidae,

Ichneumonidae, Encyrtidae e Apidae (Hymenoptera), Staphylinidae

(Coleoptera) e Gonyleptidae (Opiliones), das quais 7 famílias de dípteros foram

identificados neste estudo.

Trabalhos utilizando atratividade de insetos são relevantes para

determinar a entomofauna cadavérica de uma região. No entanto, trabalhos

que incorporam o uso de substâncias químicas como atraentes ou repelentes

são escassos. Muitos trabalhos utilizam apenas as variações abióticas -

estação climática, umidade, sombra, sol, ambiente fechado ou aberto, que não

versam sobre as condições biológicas da carcaça ou cadáver. Dessa forma,

levando em consideração o tratamento aplicado, o comportamento dos insetos

não sugeriu nenhuma espécie ou característica exclusiva para determinado

grupo, apesar do tratamento conjugado ter atraído maior número de espécimes

e ter sido estatisticamente diferente dos demais (Figura 11 e 13).

Estudos sobre estímulo olfativo que utilizem etanol e flunitrazepam em

moscas varejeiras são inexistentes, no entanto, foi possível observar no

presente estudo que as duas substâncias concomitantes apresentaram

capacidade de atração de insetos maior quando comparado com os demais

grupos. Por meio disso, podemos inferir que durante a prática de uma perícia

criminal em local de crime – por exemplo, estupro favorecido pelo consumo de

drogas recreativas e bebida alcoólica, o corpo da vítima poderá apresentar uma

maior quantidade de insetos necrófagos, e que a abundância de insetos

presentes poderá auxiliar na estimativa do intervalo pós-morte, assim como,

acelerar o processo de decomposição cadavérica.

Não se sabe ao certo quais mecanismos desencadeiam esse sinergismo

entre o etanol e flunitrazepam. Podemos inferir que essas quando conjugadas

apresentam características que podem retardar o processo de volatização das

substâncias no organismo; ou por formação de algum composto que torna a

carcaça mais atrativa. Quando as substâncias foram analisadas

separadamente, o grupo etanol, controle e flunitrazepam apresentaram,

respectivamente, uma atratividade decrescente em quantidade de insetos

coletados no geral.

61

Segundo estudo de Detheir (1961), os quimiorreceptores olfativos da

mosca rejeitam substratos que apresentam altas concentrações de álcool. No

presente trabalho, esse fato pode ter ocorrido pela quantidade de etanol

ingerido pelo rato antes da eutanásia, assim como, em decorrência do próprio

processo de decomposição, em virtude da atividade dos microrganismos

(Cândida albicans, Clostridium sp, Escherichia coli, Streptococcus faecalis,

Lactobacillus sp) capazes de produzir etanol por meio da degradação dos

tecidos (CORRY,1978; BYRD e CASTNER, 2009).

No entanto, do ponto de vista da avaliação da do grupo etanol isolado,

foi o que atraiu mais que o grupo controle e flunitrazepam. De forma

semelhante, Tabor et al. (2005) avaliaram os efeitos antemortem da ingestão

de etanol em suínos, e o padrão de sucessão de insetos nos Estados Unidos, e

observaram que porcos que ingeriram etanol atraíram mais dípteros e

coleópteros. Vale ressaltar ainda, que das 32 espécies identificadas, apenas

três foram semelhantes às coletadas neste trabalho: Cochliomyia macellaria,

Musca domestica e Synthesiomya nudiseta, evidenciando as diferenças

ecológicas, e a importância de realizar levantamentos faunísticos em diferentes

biomas.

Comparando com modo de morte e ingestão de droga de abuso, Martins

(2009) comparou a taxa de diversidade e abundância entre espécies

associadas às carcaças de suínos mortos por overdose de cocaína e por

disparo de arma de fogo. Naquele estudo, não houve diferenças entre as

espécies, porém, as carcaças de porcos mortas por cocaína foram consumidas

mais rapidamente. Houve momentos que a carcaça morta por overdose de

cocaína proporcionou quase o dobro de captura de adultos do que o

correspondente morto por disparo. Em outro estudo no qual se comparou o

padrão de sucessão entomológica em suínos carbonizados e não carbonizados

(controle), observou-se que os carbonizados apresentaram uma maior

atratividade, abundância e riqueza, devido a uma exposição maior dos tecidos,

e consequentemente o IPM poderia ser subestimado caso fosse calculado

como um suíno não carbonizado (OLIVEIRA-COSTA et al., 2014).

Apesar de alta atratividade e coleta de insetos durante os cinco dias,

destacamos a necessidade de se aperfeiçoar a armadilha de cheiro utilizada,

pois essa permite perdas de insetos, tanto pela possibilidade deles fugirem da

62

armadilha, como pela morte quando se misturam com o material em

decomposição e líquidos produzidos.

Portanto, para a avaliação da atratividade entre os tratamentos no

presente estudo, foi possível fazer um pequeno mapeamento da entomofauna

cadavérica presente no ambiente de Mata Atlântica, e notar que a presença de

etanol e flunitrazepam, concomitantemente, atrai mais insetos do que as duas

substâncias separadas. Porém, não ocorreu evidência de nenhuma espécie

exclusiva para um determinado grupo, assim como um padrão de sucessão

estabelecido. Portanto, não houve uma homogeneidade entre os diferentes

tratamentos, conforme demonstrado na Figura 13.

Levando em consideração o fator “dias de decomposição”, não ocorreu

agrupamento entre os tratamentos e isso evidencia que não há um padrão

entre a entomofauna cadavérica atraída.

No presente estudo, as variáveis abióticas não interferiram na

abundância de insetos coletados, uma vez que não ocorreram variações nas

condições climáticas, além do pequeno intervalo de tempo analisado (Tabela

3). Resultado semelhante foi observado por Ferreira et al. (1995) e Campos

(2015).

As espécies de larvas coletadas entre o terceiro e quarto dia de

experimento não foram condizentes com o número e espécie de adultos

coletados. Enquanto para as larvas a espécie Lucilia sp. e C. albiceps esteve

mais presente, para os adultos foi C. megacephala. Esperava-se que a

quantidade de imaturos de C. megacephala fosse maior, visto que muitos

adultos foram coletados, e consequentemente responsável por um maior

número de oviposição. No entanto, essa diferença pode ser explicada pelo

local de preferência de deposição dos ovos pelas moscas, que pode ter

coincidido com o local de melhor acesso para a retirada das larvas; a presença

de algumas vespas, que são insetos onívoros e predam a fauna associada,

tanto adulto quanto imaturos, podem ter predado a maioria dos imaturos de C.

megacephala; e bem como através de fatores ecológicos, como a densidade

larval e as interações interespecíficas. Estudos anteriores mostraram que a

espécie C. albiceps é predadora facultativa de outras larvas de dípteros

(FULLER, 1934; COE, 1978; GAGNÉ, 1981; ERZINÇLIOGLU e WHITCOMBE,

1983). Essa predação intraguilda de C. albiceps exibe maiores taxas de ataque

63

sobre larvas de Co. macellaria, seguida de C. putoria. A espécie C.

megacephala tem mostrado melhores habilidades para desvencilhar-se de C.

albiceps durante o ataque larval (FARIA et al., 1999; DIAS, 2001). Segundo

Souza (2009), L. eximia e C. albiceps também foram as espécies de imaturos

mais abundantes em um experimento com carcaças de suínos.

Visto a grande abundância de adultos e imaturos presentes nas

carcaças, é crescente a utilização desse tipo de amostra biológica durante as

perícias, e a possibilidade de se obter informações durante um inquérito

policial. Dessa forma, a introdução de novas metodologias se fazem

necessárias, tanto para otimizar as técnicas já existentes, assim como torná-las

mais rápidas, baratas e acessíveis para os institutos de polícias técnicas.

Dentro dessa ótica, foi utilizada a espectroscopia NIR associada à

análise multivariada, que permite uma análise química da amostra, sem

destruí-la, e com a utilização de software que propicia a diferenciação entre os

grupos. Dessa forma, a análise dos imaturos da espécie Lucilia sp. permitiu

uma separação dos quatro diferentes tratamentos, como observado na Figura

19, tanto no eixo horizontal quanto no vertical. No eixo vertical, é possível

distinguir o grupo controle dos demais grupos que apresentam etanol e/ou

flunitrazepam na sua composição, mostrando que a ferramenta NIR e os

métodos de classificação são capazes de identificar a presença química de

substâncias que não são caracteristicas das propriedades bioquímicas das

larvas. No eixo horizontal, verificamos que houve separação e diferenciação

entre os grupos etanol e flunitrazepam, a qual pode ser justificada pela

detecção do comprimento de onda característico do flunitrazepam, em 1617 e

1625 nm, que representa o primeiro sobretom da cadeia C-H alongada do

flunitrazepam. Houve algumas sobreposições entre os todos grupos em

decorrência, possivelmente, da composição química característica da larva da

espécie Lucilia sp., na qual os comprimentos de onda 917, 1007 e 1039 nm são

peculiares ao hidrocarboneto cuticular dessa espécie, ou por substâncias

formadas – etanol, n-propanol, isopropanol, e butanol- pelo processo natural de

decomposição realizado por microrganismo (LEIKIN e WATSON, 2003;

FLANAGAN e CONNALLY, 2005). Como demonstrado em outros trabalhos do

nosso grupo de pesquisa de entomologia forense, o NIR já foi capaz de

identificar o flunitrazepam em larvas, pupário e adultos de C. megacephala

64

criados em dieta artificial contendo essa substância (OLIVEIRA et al., 2014).

Além disso, é uma técnica eficaz na classificação de espécies de adultos e

imaturos coletados em local de crime, como também dos estágios do ciclo de

vida (PICKERING et al., 2015). Além disso, é capaz de auxiliar na estimativa do

intervalo pós-morte em amostras biológicas de tecido de ratos em diferentes

estágios de decomposição (HUANG et al., 2009).

Na classificação multivariada, foram usadas quatro ferramentas –PCA,

LDA, SPA e GA- para separar os tratamentos. Ao realizar o PCA, todas as

variáveis espectrais no infravermelho entraram no modelo matemático,

entretanto, nem todas as variáveis foram úteis para realizar a classificação,

pois algumas não são informativas na capacidade de discriminar os grupos.

Dessa forma, foram utilizados o LDA, SPA e GA que selecionam as variáveis

específicas que apresentam uma relação direta com uma informação química

ou biológica da amostra, e que são capazes de fazer a diferenciação dos

grupos.

Dessa forma, o NIR e as técnicas de classificação multivariadas

despontam como uma nova ferramenta que pode ser utilizada nos institutos de

perícia, e auxiliará na determinação do intervalo pós-morte, na análise

toxicológicas de espécimes entomológicas, assim como material biológico

proveniente do cadáver. Como principal vantagem, diferentemente dos

métodos convencionais, o NIR é uma técnica não destrutiva, não utiliza

reagentes químicos, não produz resíduos, além de ser rápida e barata. O

radioimunoensaio (RIA), imunohistoquimica, cromatografia gasosa (CG), de

placa (TLC), líquida de alta resolução (HPLC) ou gasosa com espectroscopia

de massa (CG-MS) necessitam, geralmente, de preparação da amostra

biológica, com uso de reagentes químicos, e com produção de resíduos, assim

como, na análise molecular- PCR (reação em cadeia da polimerase) por

exemplo, utilizados na identificação molecular de espécies de Sarcophagidae,

precisam de reagentes e equipamentos caros para realizar o procedimento.

No presente trabalho, foi observado que o tratamento conjugado atraiu

uma elevada quantidade de insetos dípteros necrófagos, o que pode acelerar a

decomposição e dificultar a estimativa do intervalo pós-morte por métodos

convencionais. A atividade larval além de consumir a matéria orgânica, pode

introduzir no metabolismo as substâncias – ou metabólitos - consumidas pela

65

vítima antes da morte. Essa característica viabiliza a utilização dos insetos no

âmbito da entomologia forense, e em conjunto com o NIR, permite detectar a

presença de drogas nos insetos, no entanto, a técnica ainda precisa ser

validada por outros métodos convencionais.

CONCLUSÕES

Avaliando os efeitos do etanol e flunitrazepam na atratividade de carcaças

de ratos para insetos necrófagos, observa-se que as duas substâncias usadas

concomitantemente são mais atrativas para insetos necrófagos do que quando

analisadas separadamente. A entomofauna cadavérica atraída para as

carcaças foi constituída principalmente de espécimes das famílias

Calliphoridae, Fannidae e Sarcophagidae, com ênfase para a espécie

Chrysomya megacephala sendo a espécie mais coletada entre todos os

tratamentos. O padrão de atratividade foi homogêneo, não havendo nenhuma

espécie atraída exclusivamente para um único tratamento. Entretando, três

novos registros foram feitos para o Estado do Rio Grande do Norte: duas

espécies da família Muscidae (Synthesiomyia nudiseta e Ophyra chalcogaster)

e uma da família Phoridae (Megaselia scalaris).

No geral, o tempo de exposição da carcaça foi um fator diretamente

proporcional a quantidade de insetos coletados, ou seja, com o avançar das

fases do processo de decomposição, mais insetos eram atraídos.

A espectroscopia do infravermelho próximo associado aos métodos de

classificação multivariada, utilizados para detectar o etanol e o flunitrazepam,

mostra-se uma ferramenta viável para a análise química e toxicológica de

larvas de moscas, onde consegui separar e diferenciar os quatro diferentes

grupos estudados.

É importante ressaltar que, para a continuação desse trabalho, como

perspectiva futura, o método NIR e as ferramentas de classificação

multivariadas serão validados por métodos toxicológicos convencionais, como

o HPLC, e otimizado para que seja aplicado nos casos periciais pelos institutos

de Polícia Técnica, além da necessidade de ampliar as observações para as

quatro estações do ano, verificando se diferentes períodos interferem na

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atratividade, e desenvolver uma armadilha mais eficaz para as coletas, sem

perda de dados.

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85

ANEXO

86

ANEXO A- Protocolo emitido pela Comissão de Ética no uso de animais (CEUA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a realização do projeto.

87

ANEXO B- Artigo publicado na Revista NIR NEWS

88

ANEXO B – (continuação) Artigo publicado na Revista NIR NEWS

89

ANEXO B- (Continuação) Artigo publicado na Revista NIR NEWS B