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UNIVERSDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA Janete Cunha Lima AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE RECEPTORES DA IMUNIDADE INATA EM LINHAGENS DE CAMUNDONGOS SUSCETÍVEIS E RESISTENTES A INFECÇÃO PELO Schistosoma mansoni Janeiro de 2016

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UNIVERSDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

Janete Cunha Lima

AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE RECEPTORES DA IMUNIDADE

INATA EM LINHAGENS DE CAMUNDONGOS SUSCETÍVEIS E

RESISTENTES A INFECÇÃO PELO Schistosoma mansoni

Janeiro de 2016

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Janete Cunha Lima

AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE RECEPTORES DA IMUNIDADE

INATA EM LINHAGENS DE CAMUNDONGOS SUSCETÍVEIS E

RESISTENTES A INFECÇÃO PELO Schistosoma mansoni

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Biologia Parasitária.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes (UFRN)

Co-orientador: Prof. Dr. Alan Lane de Melo (UFMG)

Janeiro de 2016

JANETE CUNHA LIMA

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AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE RECEPTORES DA IMUNIDADE INATA EM

LINHAGENS DE CAMUNDONGOS SUSCETÍVEIS E RESISTENTES A INFECÇÃO

PELO Schistosoma mansoni

Relatório final, apresentado a Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

parte das exigências para a obtenção do

Título de Mestre em Biologia Parasitária.

Natal, 29 de Janeiro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. Paulo marcos da Matta Guedes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

________________________________________ Profa. Dr. Antônia Cláudia Jácome da Câmara

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

________________________________________ Prof. Dr. Cléber de Mesquita Andrade

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências – CB

Lima, Janete Cunha.

Avaliação da expressão de receptores da imunidade inata em

linhagens de camundongos suscetíveis e resistentes a infecção pelo Schistosoma mansoni / Janete Cunha Lima. - Natal, 2016.

62 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes.

Coorientador: Prof. Dr. Alan Lane de Melo.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em

Biologia Parasitária.

1. Schistosoma mansoni - Dissertação. 2. Imunidade Inata -

Dissertação. 3. Receptores - Dissertação. 4. Citocinas -

Dissertação. I. Guedes, Paulo Marcos da Matta. II. Melo, Alan Lane

de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 616-008.89

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DEDICATÓRIA

Aos meus avós: Irene Pinheiro da Cunha (in memoriam) e José Pereira da

Cunha (in memoriam) com todo meu amor e gratidão, por terem me propiciado o

privilégio de viver ao lado deles.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Ivaneide da Cunha Lima e João Lima Cunha, pelo amor

incondicional. A minha irmã, Janaína da Cunha Lima, e ao meu irmão, José Cunha

Lima, e a minha tia, Irilene Pinheiro da Cunha, pela cumplicidade.

Ao meu orientador professor Dr. Paulo M. M. Guedes, do Laboratório de

Imunoparasitologia (LIP) do Departamento de Microbiologia e Parasitologia do

CB/UFRN, pelos os esforços dedicados para a realização deste trabalho.

Ao meu co-orientador professor Dr. Alan Lane de Melo, do Laboratório de

Taxonomia e Biologia de Invertebrados do Departamento de Parasitologia do

ICB/UFMG, por ter me acolhido de forma tão generosa, a quem tenho imenso carinho

e admiração.

Aos funcionários do Departamento de Parasitologia do ICB/UFMG, Airton Lobo,

José Carlos dos Reis, Hudson Alves Pinto, Selma Fernandes de Souza e Zenir de

Souza. Agradeço não só pela ajuda durante meu trabalho, mas principalmente pela

convivência tão prazerosa.

A Fabiana Mello de Matos e Marcus Vinícius Andrada Anconi por conversas tão

agradáveis.

As colegas do Laboratório de Imunoparasitologia (LIP), Tamyres Queiroga e

Nathalie de Sena Pereira, pela preciosa ajuda cedida a mim sempre que precisei.

A professora Dra. Janeusa T. Souto, do Departamento de Microbiologia e

Parasitologia do CB/UFRN, por compartilhar comigo conselhos cheios de sabedoria.

A todos os amigos e entes queridos que me ajudaram a vencer desafios. Sou

muito grata a todos.

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RESUMO

O presente estudo objetivou avaliar a expressão dos receptores da imunidade

inata em linhagens de camundongos suscetíveis e resistentes à infecção pelo

Schistosoma mansoni. Cerca de 30 cercárias da cepa LE do S. mansoni foram

inoculadas por via subcutânea em camundongos machos das linhagens Balb/c,

C57BL/6 e Swiss. Duas, sete, 12 e 16 semanas após a infecção (SAI) os

camundongos foram mortos e quando possível foram avaliados os seguintes

parâmetros: parasitismo (por meio de perfusão hepática), oograma, presença de

granulomas hepáticos, e expressão do RNA mensageiro (RNAm) de citocinas da

imunidade inata (IL-1β, IL-6, IL-10, IL-12p35, IL-18 e TNF-α), dos receptores do tipo

Toll (TLR1, TLR2, TLR3, TLR4, TLR5, TLR6, TLR7, TLR8, TLR9), dos receptores do

tipo Nod (NALP1 e NALP3) e moléculas adaptadoras (Myd88, ASC, Caspase-1) em

tecido hepático, por meio de PCR em tempo real. Camundongos Balb/c e C57BL/6

apresentaram sobrevivência de 70%, enquanto camundongos Swiss apresentaram

sobrevivência de 100%, quando avaliados até 16 SAI. Em duas SAI os camundongos

Swiss apresentaram maior expressão do RNAm de NLRP1, NLRP3, Caspase-1, IL-1β

e IL-18, quando comparados aos Balb/c e C57BL/6. Os animais das linhagens Balb/c

e C57BL/6 apresentaram maior expressão do RNAm de TLR2, TLR3, TLR5, NLRP3 e

ASC em sete SAI, quando comparados aos Swiss. Em adição, a linhagem Balb/c

apresentou expressão aumentada do RNAm de TLR6, TLR7, TLR9, Myd88, NLRP1 e

TNF-α. Ademais, camundongos Swiss apresentam menor quantidade de parasitos

adultos no sistema porta hepático e menor quantidade de ovos no fragmento íleo

distal, em sete e 12 SAI, quando comparados aos C57BL/6 e Balb/c. Em conclusão,

os camundongos C57BL/6 e Balb/c apresentam expressão elevada dos receptores

TLRs e NLRs em sete SAI (início da oviposição), sugerindo maior suscetibilidade a

infecção, com consequente aumento na taxa de mortalidade nestes animais.

Outrossim, camundongos Swiss apresentam acentuado perfil inflamatório inicial (em

duas SAI), o que poderia auxiliar no controle do parasitismo. E a supressão da

ativação dos receptores e citocinas da imunidade inata, em sete SAI, poderiam

ocasionar menor mortalidade e maior resistência à infecção neste período.

Palavras-chave: Schistosoma mansoni, Imunidade Inata, Receptores, Citocinas

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ABSTRACT

This study aimed to evaluate innate immune receptors expression in

susceptible and resistant mouse strains to infection with Schistosoma mansoni. About

30 S. mansoni cercariae, LE strain, were inoculated subcutaneously into Balb/c,

C57BL/6 and Swiss male mice. Two, seven, 12 and 16 weeks after infection (WAI)

mice were euthanized and when possible evaluated the following parameters:

parasitism by hepatic portal system perfusion, oogram, presence of hepatic

granulomas, and cytokines of innate immunity (IL-1β, IL-6, IL-10, IL-12p35, IL-18 and

TNF-α) mRNA expression, innate immunity Toll-like receptor (TLR1, TLR2, TLR3,

TLR4, TLR5, TLR6, TLR7, TLR8, TLR9) mRNA expression, Nod-like receptor (NALP1

and NALP3), and adapter molecules (Myd88, ASC, and Caspase-1) mRNA expression

in liver tissue, by Real-time PCR. Balb/c and C57BL/6 mice showed survival of 70%,

while Swiss mice showed 100% survival when evaluated by 16 WAI. In two WAI Swiss

mice showed higher NLRP1, NLRP3, caspase-1, IL-1β and IL-18 mRNA expression

when compared to Balb/c and C57BL/6. Balb/c and C57BL/6 mice showed higher

TLR2, TLR3, TLR5, NLRP3 and ASC mRNA expression in seven WAI when

compared to the Swiss. In addition, Balb/c mice showed increased TLR6, TLR7, TLR9,

MyD88, NLRP1 and TNF-α mRNA expression. Moreover, Swiss mice have a lower

number of adult parasites in the hepatic portal system and fewer eggs in the distal

ileum fragment in seven and 12 WAI when compared to Balb/c and C57BL/6. In

conclusion, C57BL/6 and Balb/c mice showed high TLRs and NLRs receptors mRNA

expression in seven WAI (oviposition beginning), suggesting intensify susceptibility to

infection, with consequent increase in the mortality rate in these animals. Furthermore,

Swiss mice exhibited increase initial inflammatory profile (in two WAI), which could

assist in the control of parasitism. And the mRNA activation suppression of cytokines

and receptors of innate immunity, in seven WAI, could cause lower mortality and

greater resistance to infection during this period.

Keywords: Schistosoma mansoni, Innate Immunity, Receptors, Cytokine

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura e localização dos Receptores do tipo Toll ................................. 18

Figura 2 - Representação esquemática das vias de sinalização dos Receptores do

tipo Toll ...................................................................................................................... 19

Figura 3 - Delineamento Experimental ..................................................................... 27

Figura 4 - Sobrevivência de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss

infectados com Schistosoma mansoni. ..................................................................... 35

Figura 5 - Tamanho dos granulomas hepáticos nas linhagens Balb/c, C57BL/6 e

Swiss infectados com Schistosoma mansoni ............................................................ 36

Figura 6 - Número de parasitos adultos recuperados do sistema porta hepático de

camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss infectados com Schistosoma

mansoni ..................................................................................................................... 37

Figura 7 - Expressão do RNAm de Receptores do tipo Toll em fragmento de fígado de

camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss infectados com Schistosoma

mansoni ..................................................................................................................... 40

Figura 8 - Expressão de RNAm de Receptores do tipo NOD em fragmento de fígado

de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss infectados com Schistosoma

mansoni ..................................................................................................................... 41

Figura 9 - Expressão do RNAm de citocinas da imunidade inata em fragmento de

fígado de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss infectados com

Schistosoma mansoni ............................................................................................... 42

Figura 10 - Correlação entre a expressão do RNAm de citocinas e receptores da

imunidade inata com os parâmetros parasitológicos de camundongos das linhagens

Balb/c, C57BL/6 e Swiss infectados com Schistosoma mansoni .............................. 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Desenho dos Primers utilizados nas reações de PCR em tempo real ...... 33

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APC - “Antigen Presenting Cells” Células Apresentadoras de Antígenos

ANOVA - “Analysis of Variance” Análise da Variância

CB - Centro de Biociências

DNAc - Ácido Desoxirribonucleico complementar

CLRs - “C-type Lectin Receptors” Receptores de Lectina do tipo C

DALY - “Disability-Adjusted Life Year” Anos de vida ajustados por

incapacidade

DAMPs - “Damage-Associated Molecular Patterns” Padrões Moleculares

Associados ao Dano

DMP - Departamento de Microbiologia e Parasitologia

g - Força-g ou força centrífuga relativa

HSC - “Hepatic Stellate Cells” Células Estreladas Hepáticas

ICB - Instituto de Ciências Biológicas

LIP - Laboratório de Imunoparasitologia

IκB - “Inhibitor of kappa B” Inibidor de kappa B

IKK - “IκB Kinase” Quinase Inibidora de κB

IL - Interleucina

IRAK - “IL-1 Receptor-Associated Kinase” Quinase associada ao receptor de

IL-1

LRR - “Leucine-Rich Repeats” Repetições Ricas em Leucina

M2 - Macrófagos ativados pela via alternativa

MAPKs - “Mitogen-Activated Protein Kinases” Proteínas quinases ativadas por

mitógeno

MyD88 - “Myeloid Differentiation Factor 88” Fator de Diferenciação Mielóide 88

NF-κB - “Nuclear factor-κappaB” Fator Nuclear-κB

NLR - “Nod-like Receptors” Receptores do tipo Nod

ng - Nanograma

OMS - Organização Mundial da Saúde

PAMPs - “Pathogen-Associated Molecular Patterns” Padrões Moleculares

Associados à Patógenos

PBS - “Phosphate-buffered saline” Solução Salina Tamponada com Fosfato

PCR - “Polymerase Chain Reaction” Reação em Cadeia de Polimerase

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PRRs - “Pattern Recognition Receptors” Receptores de reconhecimento

padrão

RIP - “Receptor-interacting protein” Proteína de interação com receptor

RLRs - “RIG-I-like Receptors” Receptores do tipo RIG-I

RNAm - Ácido Ribonucléico mensageiro

RT-PCR - “Reverse transcription-PCR” PCR-transcriptase reversa

SAI - Semanas Após a Infecção

SEA - “Soluble egg antigens” Antígenos solúveis dos ovos

TAK1 - “Transforming growth factor beta-activated kinase 1”Quinase 1

ativada pelo fator de crescimento transformador-β

Th1 - “T helper cells type 1” Células T Auxiliares do Tipo 1

Th2 - “T helper cells type 2” Células T Auxiliares do Tipo 2

Th17 - “T helper cells type 17” Células T Auxiliares do Tipo 17

TIR - “Toll-Interleukin 1 Receptor” Receptor de IL-1/Toll

TLR - “Toll-like Receptors” Receptores do tipo Toll

TRAF6 - “Transforming growth factor beta-activated kinase 6” Quinase 6

ativada pelo fator de crescimento transformado beta

TNF-α - “Tumor Necrosis Factor-alpha” Fator de Necrose Tumoral-alfa

TRIF - “TIR domain-containing adaptor protein inducing interferon β”

Proteína adaptadora contendo o domínio TIR indutor de IFN-β

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

UFRN - Universidade Federal do Rio grande do Norte

WHO - “World Health Organization” Organização Mundial da Saúde

µg - Micrograma

µL - Microlitro

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO.................................................................................................... 15

1.1 – A Esquistossomíase e o Schistosoma mansoni ............................................... 15

1.2 – Imunidade Inata: Receptores do tipo Toll (TLRs) e Receptores do tipo Nod

(NLRs) ....................................................................................................................... 16

1.3 – Imunidade Adquirida e Resistência a Infecção ................................................. 22

1.4 – Esquistossomíase Murina ................................................................................ 24

2 – OBJETIVOS ....................................................................................................... 26

2.1 – Objetivo Geral ................................................................................................... 26

2.2 – Objetivos Específicos ....................................................................................... 26

3 – MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 27

3.1 – Delineamento Experimental ............................................................................. 27

3.2 – Animais de Experimentação ............................................................................. 27

3.3 – Cepa de Schistosoma mansoni ........................................................................ 28

3.4 – Obtenção das cercárias .................................................................................... 28

3.5 – Grupos Experimentais ...................................................................................... 28

3.6 – Histopatologia ................................................................................................... 29

3.6.1 – Confecção das Lâminas Histológicas ............................................................ 29

3.6.2 – Mensuração dos Granulomas........................................................................ 29

3.7 – Avaliação Parasitológica .................................................................................. 29

3.7.1 – Perfusão do Sistema Porta Hepático ............................................................. 29

3.7.2 – Oograma........................................................................................................ 30

3.8 – Extração no RNA mensageiro (RNAm) e Síntese do DNA complementar (DNAc)

.................................................................................................................................. 30

3.9 – Avaliação Imunológica: Expressão dos Receptores e Citocinas da Imunidade

Inata .......................................................................................................................... 32

3.10 – Análise Estatística .......................................................................................... 33

3.11 – Financiamento ................................................................................................ 34

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4 – RESULTADOS .................................................................................................... 35

4.1 – Avaliação da Sobrevivência ............................................................................. 35

4.2 – Mensuração dos Granulomas........................................................................... 35

4.3 – Parâmetros Parasitológicos .............................................................................. 36

4.3.1 – Perfusão do Sistema Porta Hepático..............................................................297

4.3.2 – Oograma.........................................................................................................307

4.4 – Parâmetros Imunológicos ................................................................................. 38

4.4.1 – Expressão do RNAm dos Receptores do Tipo Toll (TLRs) ........................... 38

4.4.2 – Expressão de RNAm dos Receptores do Tipo Nod (NLRs) ......................... 40

4.4.3 – Expressão Relativa do RNA mensageiro da Citocinas da Imunidade Inata .. 41

4.5 – Correlação entre os Parâmetros Parasitológicos e Imunológicos .................... 43

5 – DISCUSSÃO ....................................................................................................... 46

6 – CONCLUSÃO ..................................................................................................... 52

7 – REFERÊNCIAS ................................................................................................... 53

ANEXO A .................................................................................................................. 62

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15

1 – INTRODUÇÃO

1.1 – A Esquistossomose e o Schistosoma mansoni

A Esquistossomose é uma doença parasitária causada por trematódeos

digeneícos pertencentes à família Schistosomatidae Poche, 1907, sendo descritas

pelo menos seis espécies do gênero Schistosoma Weinland, 1858, que possuem

importância médica e de saúde pública, a saber: Schistosoma haematobium Bilharz,

1852; S. japonicum Katsurada, 1904; S. mansoni Sambon, 1907; S. intercalatum

Fisher, 1934; S. mekongi Voge, Bruckner e Bruce, 1978 e S. guineensis Pagès et al.,

2003. Destas, o S. haematobium é a espécie causadora da forma urogenital da

esquistossomose, estando as demais incriminadas como as causadoras da forma

intestinal da doença (SILVA, NEVES e GOMES, 2008; WHO, 2015).

Apesar de quase dois séculos de estudos acerca das espécies de

Schistosoma, a esquistossomose ocupa a segunda colocação como a parasitose

negligenciada que mais afeta a população mundial – em se tratando de pessoas

infectadas e em risco de se adquirir a infecção (STEINMANN et al., 2006). Não

havendo ainda um consenso do real impacto causado por esta helmintose na vida

dos portadores da doença, visto que o parâmetro utilizado pela Organização Mundial

da Saúde (OMS) – o DALY (Disability-Adjusted Life Year), que leva em consideração

os anos de vida saudáveis perdidos devido às morbidades, incapacidades e

mortalidade causadas por determinada doença – não consegue delimitar claramente

as manifestações clínicas e, consequentemente, definir os prejuízos causados pelas

suas variações fisiopatológicas, ou ainda calcular tais agravos frente à co-infecções.

Por isso, os danos globais causados por esta parasitose, que segundo a OMS em

DALY é entre 1,7 a 4,5 milhões, são tidos como controversos e subestimados (KING,

DICKMAN e TISCH, 2005; WHO, 2013).

Nesse contexto, estima-se que mais de 200 milhões de pessoas no mundo

tenham esquistossomose, sendo esta doença endêmica em 78 países ou territórios

(WHO, 2014), dos quais em média 20 milhões de pessoas possuem morbidades

graves associadas (BRUUN e AAGAARD-HANSEN, 2008). Em se tratando da

Esquistossomose mansoni, estima-se que 54 países sejam endêmicos, estando

distribuída principalmente na América Latina, África e Oriente Médio (BRUUN e

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16

AAGAARD-HANSEN, 2008). O Brasil é o país da América do Sul com a maior

prevalência da Esquistossomose mansoni, existindo cerca de seis milhões de

pessoas afetadas pela doença e, aproximadamente, 25 milhões de pessoas vivendo

em áreas de risco de transmissão do parasito (WHO, 2008; CONCEIÇÃO e COURA,

2012).

No homem, assim como em outros mamíferos eventualmente infectados, o S.

mansoni permanece em sua forma adulta (macho e fêmea) no plexo hemorroidário

onde se acasalam, e neste local iniciam a oviposição, entre a quinta e sexta

semanas após a infecção. Os ovos maduros que alcançam o lúmen intestinal

chegam ao ambiente por meio das fezes e, entrando em contato com água, liberam

miracídios, que são larvas ciliadas que nadam a procura do hospedeiro intermediário

– moluscos do gênero Biomphalaria (B. glabrata, B. straminea e B. Tenagophila).

Dentro destes, os miracídios passam por várias gerações de esporocistos (primários,

secundários e/ou terciários) culminando no processo de transformação em cercárias

– que são larvas natatórias, providas de corpo e cauda bifurcada característica, a

procura de hospedeiros definitivos que ao se exporem em águas infestadas podem

ter a pele penetrada pelas mesmas. Posteriormente a penetração, as cercárias

transformam-se em esquistossômulos, os quais iniciam a migração pelos sistemas

linfático e circulatório, passando pelos pulmões e coração, até chegarem ao sistema

porta hepático, onde completam o seu desenvolvimento, ocorrendo o acasalamento

e migração para as ramificações da veia mesentérica, dando prosseguimento ao

ciclo de desenvolvimento (COELHO, 1970; PEARCE e MACDONALD, 2002).

1.2 – Imunidade Inata: Receptores do tipo Toll (TLRs) e Receptores do tipo Nod

(NLRs)

Após a penetração das cercárias de S. mansoni, o sistema imune inato do

hospedeiro começa a reagir em uma tentativa de eliminar os invasores (PAVELEY et

al., 2011). A imunidade inata representa a primeira linha de defesa contra a invasão

de agentes patogênicos e é ativada pelo reconhecimento de padrões moleculares

conservados entre as espécies de patógenos e as moléculas endógenas liberadas a

partir de células danificadas, – conhecidos como Padrões Moleculares Associados à

Patógenos (PAMPs) e Padrões Moleculares Associados ao Dano (DAMPs). O

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17

reconhecimento de PAMPs e DAMPs dar-se por meio dos Receptores de

Reconhecimento Padrão (PRRs) contidos nas células apresentadoras de antígenos

(APCs) profissionais, especialmente células dendríticas e macrófagos, em células

imunes não profissionais e em células não imunes, como células epiteliais, células

endoteliais e fibroblastos (TAKEUCHI e AKIRA, 2010; KAWAI e AKIRA, 2011;

AKIRA, UEMATSU, e TAKEUCHI, 2006).

Os PRRs são formados por várias famílias de receptores da imunidade inata,

sendo mais conhecidas as famílias dos: Receptores do tipo Toll (TLRs), Receptores

de Lectinas do tipo C (CLRs), Receptores do tipo RIG (RLRs) e Receptores do tipo

Nod (NLRs) (ISHII et al., 2008; NEWTON e DIXIT, 2012). O reconhecimento de

PAMPs ou DAMPs pelos PRRs pode induzir o aumento da transcrição de genes que

codificam citocinas pró-inflamatórias [Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α),

interleucina (IL)-1 e IL-6], interferon (IFN) do tipo I (IFN-α e IFN-β), quimiocinas e

proteínas antimicrobianas. A resposta inflamatória gerada atua regulando a morte

celular de tecidos inflamados, modificando a permeabilidade do endotélio vascular,

recrutando mais células imunes para os tecidos inflamados, e induzindo a produção

de proteínas de fase aguda (TAKEUCHI e AKIRA, 2010; RODRIGUES, OLIVEIRA e

BELLIO, 2012).

Os TLRs são glicoproteínas transmembrana responsáveis por detectar agentes

patogênicos invasores dentro e fora do microambiente celular, sendo identificados

nove membros funcionais conservados no homem e em camundongos (TLRs 1-9), e

existindo ainda o TLR10, que é seletivamente expresso em humanos, enquanto o

TLR11, TLR12 e TLR13 estão presentes apenas em camundongos (QIAN e CAO,

2013). A expressão desses receptores também varia de acordo com o tipo de célula

ou tecido ao qual estão presentes, e quanto à localização na célula, podendo ocorrer

na superfície celular (TLR1, TLR2, TLR4, TLR5, TLR6 e TLR11) ou em

compartimentos endossomais (TLR3, TLR7-10) (JIN e LEE, 2008a). Estruturalmente

os TLRs são formados por homodímeros ou heterodímeros, contendo: um domínio

extracelular denominado ectodomínio, que é composto por três porções, as quais

apresentam regiões de repetição ricas em leucina (LRR) e tem por função interagir

com o ligante (PAMP ou DAMP); um domínio transmebranar único, que liga o

ectodomínio à porção intracelular; e um domínio de sinalização intracelular,

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conhecidos como receptor de IL-1/Toll (TIR), que tem por função interagir com o

domínio TIR igualmente presente nas moléculas adaptadoras envolvidas na via de

sinalização dos TLRs (JIN e LEE, 2008a, b; BOTOS, SEGAL e DAVIES, 2011)

(Figura 1).

Figura 1 - Estrutura e localização dos TLRs. Estrutura e localização dos TLRs. (A) Em vermelho, o domínio extracelular ou ectodomínio, contendo regiões de repetição ricas em leucina (LRR) subdivididas em motivos contendo LRR com N-terminal (LRR-NT), LRR central, e LRR com C-terminal (LRR-CT). Em azul, o domínio transmembranar. Em laranja, o domínio intracelular contendo o TIR. (B) Localização de TLR2/TLR1, TLR2/TLR6, TLR4 e TLR5 na membrana celular, e TLR3, TLR7 e TLR9 localizados no compartimento endossomal. Adaptado de: JIN e LEE, 2008b; KAWAI e AKIRA, 2010; TAKEUCHI e AKIRA, 2010; BOTOS, SEGAL e DAVIES, 2011.

A interação do ligante com os TLRs faz com que estes sofram mudanças

conformacionais, permitindo o recrutamento de moléculas adaptadoras

intracelulares, como Myd88 (fator de diferenciação mielóide 88) ou TRIF (proteína

adaptadora contendo o domínio TIR indutor de IFN-β), que iniciam a cascata

bioquímica de sinalização intracelular (Figura 2). MyD88 relaciona-se com a família

de proteína quinase associada ao receptor de IL-1 (IRAK), como a IRAK4 que

favorece a fosforilação de IRAK1, permitindo a ligação de TRAF6 (fator 6 associado

ao receptor de TNF) ao complexo, ativando TAK1 (Quinase 1 ativada pelo fator de

crescimento transformador-β) e IKK (Quinase inibidora de κB) que, por sua vez, ativa

o Fator Nuclear-κB (NF-κB). Simultaneamente, TAK1 ativa membros da família das

proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPKs) e todos esses eventos induzem

a produção de mediadores inflamatórios (KAWAI e AKIRA, 2010). Outro resultado da

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interação dos TLRs, por meio de MyD88, é a melhora da função e acidificação do

fagossoma (maturação do fagossoma), – que é necessário para a esterilização

eficaz de seus conteúdos (BLANDER e MEDZHITOV, 2004; MAGANTO-GARCIA et

al., 2008; QIAN e CAO, 2013) – ou ainda, a indução da maturação de células

dendríticas e, consequente, ativação das APCs profissionais a diferentes tipos de

resposta imune mediada pelos linfócitos T auxiliares ou helper (Th1, Th2, Th17,

linfócitos T reguladores), representando o elo entre a imunidade inata e a imunidade

adaptativa (KAWAI e AKIRA, 2010).

Figura 2 - Representação esquemática das vias de sinalização dos TLRs. A interação dos TLRs com os PAMPs induz mudanças conformacionais nos receptores que permitem o recrutamento de proteínas adaptadoras, tais como MyD88, TIRAP, TRIF e TRAM. O TLR5, que é expresso na

superfície celular e utiliza MyD88 para ativar o NF-κB através IRAKs, TRAF6, TAK1 e complexo IKK,

resultando em indução de citocinas inflamatórias. Heterodímeros de TLR1-TLR2 e TLR2-TLR6

também são expressos na superfície celular e induzem a ativação de NF-κB por meio de

recrutamento de TIRAP e MyD88. O TLR2 é encontrado no compartimento endossomal e induz a produção de IFN tipo I, via IRF3 e IRF7. O TLR4 pode ser expresso na superfície celular (onde ativa

NF-κB através do recrutamento de TIRAP e MyD88, e induz citocinas inflamatórias) ou pode ser

transportado para a membrana de fagossomas (dependente da molécula Rab11a, onde recruta TRAM e TRIF, e ativa o eixo-TRAF3-TBK1-IRF3 para produção de IFN tipo I, ou utiliza TRAF6 na

ativação de NF-κB com indução de citocinas inflamatórias). No retículo endoplasmático (RE) os TLRs

permanecem em estado estacionário, dependentes da interação com as moléculas PRAT4A (TLR1,

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TLR4, TLR7 e TLR9) e UNC93b1 (TLR3, TLR7 e TLR9). A ativação do NF-κB durante a sinalização

por TLR7 e TLR9 é iniciada a partir do endossoma, sendo também encontrados na organela

relacionada com lisossoma [LRO (via dependente da molécula AP3)] e ativam NF-κB e IRF7 através

MyD88 para induzir citocinas inflamatórias e interferon do Tipo I, respectivamente. O TLR3, no compartimento endossomal, ativa a via dependente de TRIF para induzir IFN tipo I e citocinas inflamatórias. Adaptado de: KAWAI e AKIRA, 2011.

Os TRLs envolvidos no reconhecimento dos antígenos de S. mansoni, até

agora descritos, são o TLR2, TRL3, TLR4 e TLR9 (JENKINS, HEWITSON e

FERRET-BERNARD, 2005; JOSHI et al., 2008a). O TLR2 reconhece o componente

Lisofosfatidilserina, presente nos ovos de S. mansoni (VAN DER KLEIJ et al., 2002),

levando ao desenvolvimento da resposta do tipo Th2 (GAO et al., 2012).

Camundongos deficientes para o TLR2 e infectados com S. mansoni apresentaram

imunopatologia mais acentuada, devido ao desenvolvimento da resposta Th1

exacerbada, que ocorreu devido a ausência da produção de IL-10 e não expansão

das células T regulatórias (LAYLAND et al., 2007; GAO et al., 2012). O TLR3 pode

interagir com o RNA de fita dupla liberado pelos ovos de S. mansoni (AKSOY et al.,

2005). Segundo JOSHI et al. (2008b) camundongos deficientes para o TRL3 e

infectados peloS. mansoni possuem aumento no tamanho do granuloma formado

em torno dos ovos, os quais apresentam maior deposição de colágeno, devido ao

aumento nos níveis de citocinas e quimiocinas do perfil Th2, além do aumento no

número de macrófagos M2 (ativados diante das citocinas do perfil Th2) e maior

liberação de IL-17, resultando em acentuada patologia. O TLR4 pode reconhecer

antígenos do tegumento de esquistossômulo, induzindo a produção de IL-12 e TNF-

α por meio da via de sinalização de MyD88 (DURÃES et al., 2009). Em

contrapartida, o TLR4 também pode estar envolvido na supressão da produção e

maturação de citocinas (IL-6, IL-12 e TNF-α) em células dendríticas (VAN LIEMPT et

al., 2007) na presença do componente lacto-N-fucopentose III (LNFPIII) presente

nos antígenos solúveis dos ovos (SEA) de Schistosoma (THOMAS et al., 2003). Foi

determinado que o TLR9 é sensível a ativação pelo SEA (JOSHI et al., 2008a;

ANTHONY, RAMM e MCMANUS, 2012), não estando com seu papel bem

determinado durante a infecção esquistossomótica. Em relação a MyD88,

camundongos deficientes para esta molécula e infectados pelo S. mansoni,

apresentaram lesões mais brandas devido a supressão do perfil Th1 e aumento dos

níveis de IL-10 e IL-13. Assim, os granulomas formados foram significativamente

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menores, mais fibróticos e com menos eosinófilos (LAYLAND, WAGNER e DA

COSTA, 2005).

Os receptores do tipo NOD (NLRs) fazem parte do grupo de sensores

citosólicos compostos por um domínio central de oligomerização de nucleotídeos,

denominado de NOD; um domínio efetor N-terminal o qual pode ser constituído por

um domínio pirina (PYD), ou domínio recrutador e ativador de Caspase (CARD), ou

por repetições de inibidores de Bacilovírus (BIRs), ou ainda por um domínio ácido,

ou domínio sem homologia significativa com qualquer domínio conhecido (X), que

liga-se a moléculas da cascata de sinalização; e o domínio C-terminal, que é

caracterizado por uma região rica em leucina, a qual reconhece os padrões

moleculares associados à patógenos (PAMPs) (PROELL et al., 2008; FRANCHI et

al., 2009b). Em humanos a família NLR é formada por 22 proteínas distribuídas em 5

grupos: NLRA (N-terminal com domínio ácido), NLRB (N-terminal com BIRs), NLRC

(N-terminal com CARD), NLRP (N-terminal com PYD), e NLRX (N-terminal X)

(CHEN et al., 2009; FRANCHI et al., 2009b).

Os receptores NOD1 e NOD2 foram os primeiros reguladores de apoptose a

serem descobertos e pertencem ao grupo NLRC (FRANCHI et al., 2009b). O NOD1

é expresso em muitos tipos de células e organismos, enquanto o NOD2 parece ser

mais restrito, tendo sido descrito em células hematopoiéticas. O NOD1 reconhece

moléculas relacionadas aos peptideoglicanos que contém o ácido meso-

diaminopimélico, encontrados em todas as bactérias gram-negativas e também em

algumas gram-positivas. Por sua vez, o NOD2 reconhece muramildipeptídeo (MDP)

MurNAc-L-Ala-D-iso-Gln, conservados em peptídeoglicano de todos os tipos de

bactérias (OGURA et al., 2001; MCDONALD et al., 2005). A estimulação de NOD1 e

NOD2 resulta na ativação de NF-κB e MAPKs, resultando na produção de citocinas

e quimiocinas pró-inflamatórias, além da produção de peptídeos antimicrobianos

(VOSS et al., 2006; FRANCHI et al., 2009a, 2009b), refletindo na ativação de

numerosos genes envolvidos na resposta imune inata e na resposta imune

adaptativa (HAYDEN e GHOSH, 2004).

Os NLRs podem formar complexos multiprotéicos chamados de inflamassoma

que se organizam no citosol celular após dois sinais: o primeiro é o reconhecimento

de antígenos/PAMPs por meio de TLRs, resultando na ativação do NF-κB, com

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consequente produção da pró-IL-1β, pró-IL18 e de moléculas como o NLRP3

(BAUERNFEIND et al., 2009; CIRACIA et al., 2012); o segundo sinal – que pode ser

representado pelo efluxo de potássio, espécies reativas de oxigênio (ROS), ATP,

cristais de urato monossódico, dentre outros estímulos (MARTINON, MAYOR e

TSCHOPP, 2009) – propiciam a montagem e ativação do inflamassoma por meio de

NLRs (NLRP1, NLRP3, NLRP6, NLRP12, NLRC4 e NLRC5), que normalmente se

oligomerizam com a proteína adaptadora ASC (proteína Speck-like associada a

apoptose com domínio de recrutamento de Caspase), levando ao engajamento da

pro-Caspase-1, que depois de ativada tem por função a clivagem da pró-IL-1β e pró-

IL18 em suas formas ativas (CARNEIRO et al., 2008; LATZ, 2010; BAUERNFEIND e

HORNUNG, 2013; LIU, RHEBERGEN e EISENBARTH et al., 2013). A IL-1β é uma

citocina pró-inflamatória que está intimamente envolvida com a resposta imune inata,

além de atuar no desenvolvimento da resposta Th17 (DINARELLO, 2009), podendo

ser induzida pelo SEA (RITTER et al., 2010). A IL-18 também está ligada ao

desenvolvimento do perfil Th1, sendo um fator indutor de IFN-ɣ (DINARELLO et al.,

1998).

Segundo RITTER et al. (2010) existe a formação do inflamassoma NLRP3-

ASC-Caspase-1, durante a esquistossomose murina, resultando na liberação de IL-

1β; em consonância, camundongos deficientes para NLRP3 e ASC demonstraram

diminuição considerável na liberação da IL-1-β, em 8 semanas após a infecção pelo

S. mansoni, culminando em lesão hepática mais branda devido ao controle entre as

resposta Th1, Th2 e Th17, quando comparados aos camundongos geneticamente

íntegros.

1.3 – Imunidade Adquirida e Resistência a Infecção

Os esquistossômulos que escapam da ação da resposta imune celular –

desencadeada pela resposta T helper (Th)1 nas semanas inicias (3a–5a semanas)

após a infecção – passam pela diferenciação sexual, amadurecimento, e

acasalamento no sistema porta intra-hepático, com o início da oviposição, e em

seguida ocorre a alteração da resposta imune que é modulada para o tipo Th2 –

mudança propiciada principalmente pelos antígenos dos ovos de Schistosoma

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(PEARCE e MACDONALD, 2002; RITTER et al., 2010; HAMS, AVIELLO e FALLON,

2013).

Em condições experimentais, observou-se que à resposta do tipo Th2

acentuada, a qual apresenta elevados níveis da IL-13 (citocina fibrogênica) com

ausência ou baixos níveis da IL-10, leva ao surgimento de fibrose hepática devido à

ativação da produção de colágeno e componentes da matriz extracelular por parte

das células hepáticas residentes (como as células de Kupffer, células estreladas

hepáticas e fibroblastos (ANTHONY et al., 2007). Em contrapartida, a ausência da

modulação para a resposta Th2, seja por polarização da resposta Th1 ou por

incapacidade imunológica das células T CD4+, pode resultar em imunopatologia

fulminante, levando ao desenvolvimento de hepatoxicidade causada pela liberação

de SEA para o espaço intersticial, com consequente morte por endotoxemia logo

após o início da oviposição (FALLON e DUNNE, 1999; HOFFMANN, CHEEVER e

WYNN et al., 2000; RUTITZKY, HERNANDEZ e STADECKER, 2001; HAMS,

AVIELLO e FALLON, 2013). Assim, a IL-10 (pertencente ao perfil Treg) é tida como

citocina reguladora do equilíbrio entre as resposta Th1/Th2, impedindo o

desenvolvimento de maiores danos ao hospedeiro (WILSON et al., 2007); além de

ser importante na transição da fase aguda para a fase crônica da esquistossomose

(SADLER et al., 2003). Por outro lado, o equilíbrio entre as respostas Th1/Th2,

realizado pelas células Treg, pode ser afetado pelo perfil Th17, que tem como

citocina principal a IL-17, a qual está aliada a intensa inflamação granulomatosa em

volta dos ovos de S. mansoni, assim como, a sua ausência esta ligada a

imunopatologia mais branda em murinos (BURKE et al., 2009; RUTITZKY e

STADECKER, 2011; LARKIN et al., 2012). Dessa forma, o desequilíbrio no perfil Th2

está intimamente relacionado com o surgimento de fibrose, morbidade e mortalidade

crônica, ou morte fulminante por endotoxemia na esquistossomose (WILSON et al.,

2007; HAMS, AVIELLO e FALLON, 2013).

Segundo KARANJA et al. (2002) o perfil de resistência a infecção pelo S.

mansoni pode ser classificado em três grupos, vistos normalmente em pessoas que

residem em regiões endêmicas: (i) indivíduos que tornam-se resistentes após ciclos

de re-infecções e tratamento; (ii) indivíduos suscetíveis de acordo com a idade, onde

crianças são os principais atingidos; e (iii) pessoas resistentes independente da

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idade. Sendo definido que altos níveis de IL-10 pode dificultar o desenvolvimento da

resistência durante re-infecções, e a presença de níveis aumentados de IgG e IgE,

junto a eosinofilia pode estar relacionada ao perfil de resistência (WILSON et al.,

2010). De fato, hospedeiros resistentes a re-infecções pelo Schistosoma apresentam

maior destruição dos esquistossômulos ainda na pele, quando expostos a pequenas

quantidades de cercárias, enquanto indivíduos expostos a infecção primaria com

quantidade elevada de larvas podem rapidamente evoluir para forma

hepatoesplênica descompensada (ANDRADE, 1970). Todavia, esses achados são

muito variáveis devido à influência de diversos fatores como a cepa do parasito,

carga parasitária, estado nutricional, genética do hospedeiro, e ocorrência de

infecções concomitantes (ABATH et al., 2006).

1.4 – Esquistossomose Murina

A reprodução experimental da esquistossomose em modelo animal é de

fundamental importância para o esclarecimento da dinâmica da infecção em

humanos, e para tal faz-se o uso comumente de camundongos, os quais são

permissíveis a infecção pelo S. mansoni (FALLON et al., 2000; CHEEVER et al.,

2002; SOUZA et al., 2006; ABDUL-GHANI e HASSAN, 2010). Nos camundongos a

resposta granulomatosa em torno dos ovos de S. mansoni é bem conhecida, mas a

imunopatologia da doença e a carga parasitária podem ser variáveis, e onde nem

sempre é reproduzível a fibrose periportal principalmente em camundongos

isogênicos (SANTOS, SOUZA e ZILTON, 2000; COUTINHO et al., 2010; BARROS

et al., 2014).

FANNING E KAZURA (1984) demonstraram que camundongos de diferentes

linhagens infectados subcutaneamente por 30 cercárias de S. mansoni,

apresentaram diferenças no parasitismo sanguíneo e, consequentemente, na

resistência à infecção. Neste experimento os camundongos da linhagem Balb/c

apresentaram elevado parasitismo (média de oito a dez parasitos por animal) e o

C57BL/6 redução no parasitismo (três a quatro parasitos por animal). DAJEM,

MOSTAFA e EL-SAID (2008), utilizando 100 cercárias para a infecção, constataram

que a linhagem C57BL/6 tinha elevado parasitismo (aproximadamente vinte e cinco

parasitos por animal), enquanto a linhagem Balb/c mostrou-se resistente (com cerca

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de cinco parasitos por animal). Quanto aos aspectos patológicos, os camundongos

das linhagens C57BL/6 e Balb/c são considerados menos suscetíveis por

apresentarem poucas lesões granulomatosas, devido a melhor balanço entre os

perfis imunes Th1 e Th2 (STADECKER et al., 2004), enquanto animais de outras

linhagens, como CBA/J e C3H apresentam lesões mais acentuadas (HERNANDEZ

et al., 1998; RUTITZKY, HERNANDEZ e STADECKER, 2001). Dentre os

camundongos não isogênicos, a linhagem Swiss parece representar o modelo mais

apropriado para reprodução da esquistossomose, pois quando bem nutridos e

expostos a longos períodos de infecção (superiores a 16 semanas de infecção) pelo

S. mansoni, cerca de 50% dos camundongos desta espécie podem desenvolver

fibrose periportal, semelhante aos humanos (COUTINHO et al., 2010).

Com isso, os diferentes padrões de desenvolvimento da resposta imune entre

as linhagens isogênicas e não isogênicas levam ao surgimento de diferentes

padrões imunopatológicos durante a infecção que representam maior ou menor

suscetibilidade do hospedeiro ao parasito. A suscetibilidade do hospedeiro a

infecção pode ser avaliada pela quantidade de parasitos adultos que se

desenvolvem no sistema porta hepático, o número e viabilidade dos ovos liberados,

fibrose e formação de granulomas hepáticos e taxa de mortalidade (COLLEY e

FREEMAN, 1980; ELOI-SANTOS et al., 1992; SANTOS, SOUZA e ZILTON, 2000;

DAJEM, MOSTAFA e EL-SAID, 2008; COUTINHO et al., 2010; BARROS et al.,

2014).

A análise das diferenças na resposta imunológica é um fator relevante que

pode explicar as diferenças na carga parasitária, patologia e, consequentemente,

suscetibilidade ou resistência a infecção pelo S. mansoni. Assim, o presente estudo

objetivou analisar a expressão dos receptores da imunidade inata (TLRs e NLRs)

durante infecção experimental pelo S. mansoni, utilizando linhagens de

camundongos que desenvolvem lesões leves (Swiss) e moderadas (C57BL/6 e

Balb/c). Este conhecimento poderá servir de base para estudos envolvendo

adjuvantes e/ou vacinas visando proteção contra a infecção pelo S. mansoni, que

são de extrema importância pela dificuldade em controlar esta parasitose, devido à

complexidade do ciclo biológico do helminto, complexa relação parasito-hospedeiro,

e a ocorrência de re-infecções constantes em áreas endêmicas.

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2 - OBJETIVOS

2.1 – Objetivo Geral

Avaliar a expressão do RNA mensageiro dos receptores da imunidade inata em

linhagens de camundongos suscetíveis e resistente a infecção experimental pelo

Schistosoma mansoni.

2.2 – Objetivos Específicos

Observar a sobrevivência dos camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss

infectados pelo S. mansoni por até 16 semanas após a infecção (SAI).

Verificar o parasitismo, por meio de oograma e da recuperação dos parasitos adultos

por perfusão do sistema porta hepático nas linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss

Webster.

Avaliar inflamação no fígado pela mensuração dos granulomas nas linhagens Balb/c,

C57BL/6 e Swiss.

Avaliar a expressão de receptores do tipo Toll (TLR1, TLR2, TLR3, TLR4, TLR5,

TLR6, TLR7, TLR8 e TRL9) e da molécula adaptadora MyD88 no fígado.

Avaliar a expressão de receptores do tipo NOD (NALP1 e NALP3), e das moléculas

adaptadoras ASC e Caspase-1 no fígado.

Avaliar a expressão das citocinas da imunidade inata (IL-1β, IL-6, IL-10, IL-12p35,

IL-18, TNF-α) no fígado.

Correlacionar a expressão do RNA mensageiro dos receptores e citocinas da

imunidade inata ao parasitismo e aos diferentes níveis de suscetibilidade ou

resistência nas linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss Webster durante a infecção

experimental pelo S. mansoni.

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3 – MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 – Delineamento Experimental

Figura 3 - Delineamento Experimental

3.2 – Animais de Experimentação

Foram utilizados 114 camundongos machos adultos, pesando cerca de 25

gramas, das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss Webster (38 animais de cada

linhagem), oriundos Centro de Bioterismo do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e

posteriormente mantidos no biotério do Departamento de Parasitologia (ICB) da

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os experimentos foram conduzidos

de acordo com o Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) protocolo n.º 049/2014

(2).

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3.3 – Cepa de Schistosoma mansoni

Para os experimentos utilizou-se a cepa LE de S. mansoni (isolada de um

paciente em Belo Horizonte) e mantida em condições laboratoriais há

aproximadamente 50 anos, em passagens sucessivas em hamsters (Mesocricetus

auratus) e caramujos (Biomphalaria glabrata) segundo FREITAS (1973) no

Laboratório de Esquistossomose do Departamento de Parasitologia, ICB/UFMG.

3.4 – Obtenção das cercárias

As cercárias foram obtidas de acordo com Pellegrino e Katz (1968), de forma

que os planorbídeos previamente infectados foram transferidos para recipientes

contendo água desclorada, e submetidos à luz artificial por cerca de duas horas.

Posteriormente, foi realizada a contagem das mesmas em alíquotas de 0,5 mL de

água desclorada, com o auxílio de placa de Kline e lupa sendo ajustada a

quantidade a ser utilizada.

3.5 – Grupos Experimentais

Doze camundongos não infectados de cada linhagem foram mantidos como

grupo controle, e 26 camundongos de cada linhagem foram submetidos à infecção

experimental. Uma alíquota de 0,5mL de água desclorada contendo

aproximadamente 30 cercárias foi inoculada subcutaneamente na região dorsal,

utilizando-se, para isto, de uma seringa BD Cornwall de 2 cc e agulha 30x10. Os

animais foram mantidos em gaiolas separadamente de acordo com a linhagem, e

água e ração ad libitum, foram fornecidos aos animais durante todo o período de

estudo.

Dos animais infectados, seis de cada linhagem foram monitorados

diariamente por até 16 SAI, com o intuito de observar a mortalidade. Os demais

foram mortos por deslocamento cervical nos períodos experimentais determinados,

sendo selecionados aleatoriamente cinco animais infectados e três animais não

infectados por linhagem.

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3.6 – Histopatologia

3.6.1 – Confecção das Lâminas Histológicas

As amostras de fígado foram fixadas em formalina a 10%, desidratadas em

série crescente de etanol (70%, 80%, 95%, álcool absoluto), onde cada amostra

permaneceu por trinta minutos em cada concentração de álcool, e quando no álcool

absoluto realizou-se três passagens. Em seguida, as amostras foram diafanizadas

em xilol, e imersas em parafina líquida (56° C) durante 1 hora e, em sequência,

foram emblocadas. Posteriormente, os blocos de parafina foram cortados com o

auxílio do micrótomo. As lâminas foram, então, submetidas ao xilol, e reidratados em

sequência alcoólica (álcool absoluto, 95%, 80% e 70%), coradas com hematoxilina,

submetidas à água corrente, coradas pala eosina e, seguidamente, lavadas em água

e secas a temperatura ambiente. Essa etapa foi realizada no Laboratório de

Taxonomia e Biologia de Invertebrados do Departamento de Parasitologia do

ICB/UFMG.

3.6.2 – Mensuração dos Granulomas

Em cada corte histológico obtido foram contados 10 granulomas definidos,

com ovo contendo miracídio, utilizando-se de microscopia de luz (objetiva de 10X).

Realizou-se, então, a mensuração longitudinal e transversal de cada granuloma,

com o auxílio de ocular milimetrada, sendo os valores obtidos posteriormente

corrigidos levando-se em consideração o coeficiente micrométrico. A mensuração

final foi expressa pela média e desvio padrão das duas medidas obtidas.

3.7 – Avaliação Parasitológica

3.7.1 – Perfusão do Sistema Porta Hepático

A perfusão do Sistema Porta Hepático foi realizada em sete, 12 e 16 SAI, e de

acordo com Pellegrino e Siqueira (1956), utilizando-se salina a 0,85% e máquina

perfusora Brewer (BBL – USA). Resumidamente, os camundongos após

deslocamento cervical tiveram aberta a região ventral, sendo o intestino, amarrado

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na altura do reto, em seguida, a veia porta foi cortada e a agulha do perfusor foi

inserida na aorta, para realização do procedimento.

O conteúdo da perfusão de cada camundongo foi acumulado em recipientes

plásticos de igual numeração a do camundongo perfundido. Tal conteúdo foi lavado

com salina e transferido para placa de Petri, sendo os parasitos, recuperados,

contados e diferenciados, entre macho e fêmea, com o auxilio de lupa.

3.7.2 – Oograma

As lâminas para oograma foram montadas e contadas seguindo as seguintes

etapas: um fragmento íleo distal do intestino de cada camundongo de

aproximadamente 1cm foi aberto longitudinalmente, lavado em salina a 0,85%,

pesado em balança de precisão Marte BL3200H, colocado entre lâmina e lamínula

plástica, prensado de acordo com Pellegrino e Faria (1965) e, seguidamente,

realizou-se a contagem dos ovos, utilizando-se do microscopia de luz (objetiva de

10x).

Para a classificação dos ovos em imaturos (1º, 2º, 3º ou 4º estádios), assim

como, em maduros, mortos ou cascas utilizou-se dos critérios determinados por

Pellegrino et al. (1962). E para a contagem relativa dos ovos por grama de tecido

íleo distal foi usada a fórmula de acordo com Mati (2009):

3.8 – Extração no RNA mensageiro (RNAm) e Síntese do DNA complementar

(DNAc)

A extração de RNAm e síntese DNAc foram realizadas no Laboratório de

Imunoparasitologia (LIP) e no Laboratório de Biologia Molecular de Doenças

Infecciosas e do Câncer (LADIC) do Departamento de Microbiologia e Parasitologia

e (DMP) do Centro de Biociências (CB) na Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN). A extração do RNAm total foi realizada a partir de tecido hepático de

Ovos/grama = Número total de ovos no fragmento íleo distal x 1000

Peso do fragmento (miligrama)

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camundongos infectados pelo S. mansoni, utilizando o reagente Trizol (Invitrogen,

Carlsbad, CA, EUA) e Kit SV Total RNA Isolation System (PROMEGA). Brevemente,

para cada amostra, em tubos de microcentrifugação de 2,0mL, adicionou-se 500µL

do reagente Trizol (Sigma) seguido de trituração com auxílio de macerador

automático (tecido hepático). Posteriormente, foi adicionado 200µL de clorofórmio

PA e as amostras foram agitadas durante 30 segundos. Os tubos foram

centrifugados a 12.000g por 15 minutos a 4°C. A fase aquosa foi transferida para

tubo novo, onde adicionou-se 200L de etanol 95%. Em sequência, as amostras

foram colocadas em novo tubo contendo uma coluna, a qual tinha uma membrana

para a aderência do RNAm. As colunas foram novamente centrifugadas a 12.000g

por 2 minutos a 4°C, sendo desprezado o filtrado. Em seguida, as colunas foram

lavadas com 400L de RNA Wash Solution e centrifugadas a 12.000g por 2

minutos a 4°C. Após isso, foram adicionados 50L de solução DNAse sobre a

membrana de cada coluna, as quais foram incubadas durante 15 minutos em

temperatura ambiente. Seguidamente foi colocado 200L de DNAse Stop Solution e

os tubos foram centrifugados a 12.000g por 2 minutos a 4°C. Posteriormente, o

filtrado foi desprezado e 500L de RNA Wash Solution foram adicionados às

colunas, seguindo-se centrifugação a 12.000g por 2 minutos a 4°C. As colunas

foram colocadas em novos tubos de microcentrifugação e sobre a membrana da

coluna foram acrescidos 20L de Água Nuclease Free. Depois os tubos de

microcentrifugação contendo as colunas foram centrifugados a 12.000g por 2

minutos a 4°C. O filtrado contendo o RNAm foi então armazenado a -70 °C até a

confecção do DNA complementar (DNAc).

Para a confecção do DNAc foi utilizado o Kit High Capacity cDNA Reverse

Transcription (Applied Biosystems, Warrington, Reino Unido), e seguida as

especificações do fabricante para preparação do mix para transcrição do RNAm para

DNAc. Após acrescentar o mix de transcrição (10µL) e as amostras (10µL) em tubos

de microcentrifugação, as amostras foram levadas ao termociclador com o primeiro

passo (desnaturação) realizado em 25°C durante 10 minutos, o segundo passo

(anelamento) em 37°C durante 120 minutos e o terceiro passo (extensão) em 85°C

durante 5 minutos, e por fim o quarto passo (término) em 4°C ao∞. O DNAc foi então

armazenado a -70°C até a realização das reações de PCR em tempo real.

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32

3.9 – Avaliação Imunológica: Expressão dos Receptores e Citocinas da Imunidade

Inata

A expressão quantitativa dos genes dos receptores da imunidade inata e das

moléculas adaptadoras foi analisada por meio de reações de PCR em tempo real,

utilizando-se o sistema SYBR Green e o aparelho ABI Prism 7500 Fast Sequence

Detection System (Applied Biosystems, Warrington, Reino Unido). Para tal,

empregou-se os iniciadores específicos para os receptores do tipo Toll (TLR1, TLR2,

TLR3, TLR4, TLR5, TLR6, TLR7, TLR8 e TRL9), para os receptores do tipo NOD

(NALP1 e NALP3), e para as moléculas adaptadoras (Myd88, ASC e Caspase-1),

como seus respectivos desenhos contidos na tabela 1. O DNAc (2,5ng/reação)

sintetizado a partir do RNAm e oligonucleotídeos específicos (1-2g/reação) foram

utilizados juntamente com os tampões de reação contendo (SYBR Green” Applied

Biosystems) como determinado pelo fabricante. As condições de PCR para cada

oligonucleotídeo utilizado foram padronizadas de acordo com a concentração,

temperatura de anelamento, ausência de formação de dímeros, eficiência de

amplificação dos genes alvos e controle interno (gene constitutivo). A determinação

dos níveis de expressão dos genes alvo realizou-se por meio da normalização das

amostras quanto à expressão constitutiva de β-actina. Após a normalização dos

resultados baseado na expressão do gene constitutivo da β-actina, a expressão das

proteínas estudadas foi calculada baseada na fórmula 2-(Ct).

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33 Tabela 1 - Desenho dos Iniciadores utilizados nas reações de PCR em tempo real

Iniciadores Direto Reverso G

en

e

β-actina AGGCAAACCGTGAAAAGATG CTGTGGTACGACCAGAGGAATA

Cito

cin

as

IL-1β GCAACTGTTCCTGAACTCAACT ATCTTTTGGGGTCCGTCAACT

IL-18 GTGAAGTAAGAGGACTGGCTGTG TTTTGGCAAGCAAGAAAGTGT

IL-12p35 TCTCTGGACCTGCCAGGTGT CCTGTTGATGGTCACGACGCG

IL-6 CCATCCAGTTGCCTTCTTG AAGTGCATCATCGTTGTTCATAC

IL-10 TGGACAACATACTGCTAACC GGATCATTTCCGATAAGGCT

TNF-α TGTGCTCAGAGCTTTCAACAA CTTGATGGTGGTGCATGAGA

Rece

pto

res d

o t

ipo

To

ll

TLR1 TCTCTTCGGCACGTTAGC CGTAAGAAATAAGAGCAGCCC

TLR2 CGAGTGGTGCAAGTACG GGTAGGTCTTGGTGTTCATTATC

TLR3 GGTGGTCCCGTTAATTTCCT CCCGAAAACATCCTTCTCAA

TLR4 CCTCTGCCTTCACTACAGAGACTTT TGTGGAAGCCTTCCTGGATG

TLR5 CGCACGGCTTTATCTTCTCC GGCAAGGTTCAGCATCTTCAA

TLR6 CCGGTGGAGTACCTCAAT TCAGCAAACACCGAGTATAGC

TLR7 TGGAAATTTTGGACCTCAGC TTGCAAAGAAAGCGATTGTG

TLR8 CACGTGTGACATAAGTGATTTTCG TTTGATCCCCAGGATTGGAA

TLR9 CTGCCGCTGACTAATCTG CTGAAATTGTGGCCTATACCC

MyD88 TGATGCGGAGCCAGATT GAGGAGGCATGTGTGTACT

Rece

pto

res

do

tip

o N

od NALP1 TGGCACATCCTAGGGAAATC TCCTCACGTGACAGCAGAAC

NALP3 AGCCTTCCAGGATCCTCTTC GGGCAGCAGTTTCTTTC

ASC AAGCTGCTGACAGTGCAAC GCCACAGCTCCAGACTCTTC

Caspase-1 AGATGGCACATTTCCAGGAC CCTCCAGCAGCAACTTC

3.10 – Análise Estatística

O Software de bioestatística GraphPad Prism 5.01 foi utilizado para avaliação

dos dados e construção dos gráficos. A análise da variância (ANOVA) foi utilizada

para a análise de diferenças das médias entre os grupos, e o teste de Tukey, para a

comparação dos grupos (dois a dois) com o intuito de verificar possível diferença

estatística entre eles. Para a mensuração do grau de relação entre duas variáveis

distintas foi utilizada a Análise de Regressão Linear. Em todos os casos, as

diferenças foram consideradas estatisticamente significantes quando o valor de

P<0,05.

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34

3.11 – Financiamento

Este trabalho foi realizado com o apoio da Fundação Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Laboratório de Taxonomia e

Biologia de Invertebrados do Departamento de Parasitologia do ICB/UFMG e

Laboratório de Imunoparasitologia (LIP) do Departamento de Microbiologia e

Parasitologia do CB/UFRN.

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4 – RESULTADOS

4.1 – Avaliação da Sobrevivência

Os camundongos das linhagens Swiss, Balb/c e C57BL/6 infectados com a

cepa LE do S. mansoni foram observados até a 16a SAI para determinação da

mortalidade. Os camundongos Swiss apresentaram 100% de sobrevivência,

enquanto animais das linhagens Balb/c e C57BL/6 apresentaram mortalidade de

30% (Figura 4).

Figura 4 - Sobrevivência de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss, infectados com ± 30 cercárias de Schistosoma mansoni (cepa LE) por via subcutânea e observados até em dezesseis semanas após a infecção.

4.2 – Mensuração dos Granulomas

Quanto ao tamanho dos granulomas hepáticos nas linhagens Balb/c, C57BL/6

e Swiss infectados com a cepa LE do S. mansoni, nos períodos de sete, 12 e 16 SAI

foi observado que a linhagem Swiss apresentou granulomas maiores na sétima SAI,

quando comparada as linhagens Balb/c e C57BL/6. Enquanto a linhagem C57BL/6

apresentou granulomas maiores na décima sexta SAI em relação às linhagens

Balb/c e Swiss (Figura 5).

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Figura 5 - Tamanho dos granulomas hepáticos, em milímetros, nas linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss, infectados com ± 30 cercárias de Schistosoma mansoni (cepa LE) por via subcutânea, mortos por deslocamento cervical em sete, 12 e 16 semanas após a infecção. Os

dados são apresentados como média desvio padrão. [As diferenças estatísticas são marcadas por asterisco (*), onde *=p<0,05, **=p<0,01 e ***=p<0,001].

4.3 – Parâmetros Parasitológicos

4.3.1 – Perfusão do Sistema Porta Hepático

A recuperação dos parasitos adultos do sistema porta hepático demonstrou a

presença de menor número de parasitos nos camundongos Swiss, quando

comparados aos camundongos das linhagens Balb/c e C57BL/6 na sétima SAI,

enquanto animais da linhagem C57BL/6 apresentaram maior quantidade de

parasitos adultos em 12 SAI em relação à linhagem Swiss (Figura 6A).

4.3.2 – Oograma

A análise do oograma demonstrou que a linhagem C57BL/6 apresentou maior

número total de ovos de S. mansoni contados no fragmento íleo distal em 12 SAI,

quando comparados com a linhagem Swiss (Figura 6B). Camundongos C57BL/6

apresentaram uma maior quantidade de ovos imaturos de S. mansoni na sétima e

12a SAI, quando comparados aos animais da linhagem Swiss (Figura 6C). Animais

da linhagem C57BL/6 apresentaram maior número de ovos imaturos na sétima SAI,

em relação à Balb/c. Quanto ao número de ovos maduros de S. mansoni contados

no fragmento íleo distal, é possível observar que a linhagem C57BL/6 apresentou

maior quantidade de ovos em sete SAI em relação a linhagem Swiss, que por sua

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vez teve uma baixa produção durante toda a infecção (Figura 6D). Também é

possível observar que a linhagem Swiss apresentou maior número de ovos mortos

de S. mansoni contados no fragmento íleo distal na 16a SAI, quando comparada a

linhagem C57BL/6 (Figura 6E). Animais da linhagem Swiss apresentaram menor

número de ovos por grama de tecido distal, na sétima e 12a SAI, quando

comparados a linhagem C57BL/6 (Figura 6F).

Figura 6 - Quantidade de parasitos adultos recuperados do sistema porta hepático de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss, infectados com ± 30 cercárias de Schistosoma mansoni (cepa LE) por via subcutânea, mortos por deslocamento cervical em sete, 12 e 16 semanas após a infecção (A). Número total de ovos (B), número de ovos imaturos (1º, 2º, 3º e 4º estádios) (C), número de ovos mortos (D), número de ovos maduros (E) e número de ovos por grama de tecido íleo distal (F) contados em lâmina de oograma, realizado a partir de fragmento íleo distal, de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss, infectados com ± 30 cercárias de Schistosoma mansoni (cepa LE) por via subcutânea, mortos por deslocamento cervical em sete, 12 e 16 semanas após a infecção.

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Os dados são apresentados como média ± desvio padrão. [As diferenças estatísticas são marcadas por asterisco (*), onde *=p<0,05 e **=p<0,01].

4.4 – Parâmetros Imunológicos:

4.4.1 – Expressão do RNAm dos Receptores do Tipo Toll (TLRs)

A infecção de camundongos Swiss, Balb/c e C57BL/6 com a cepa LE do S.

mansoni levou supressão da expressão do RNAm de TLR1 em duas, sete, 12 e 16

SAI quando comparados a animais não infectados (Figura 7A). A expressão do

RNAm de TLR2 esteve reduzida na linhagem Swiss em relação aos camundongos

Balb/c e C57BL/6 na sétima SAI, também foi observada maior expressão do RNAm

de TLR2 em sete SAI em camundongos Balb/c, quando comparados a linhagem

C57BL/6 (Figura 7B). Camundongos Swiss apresentaram menor expressão do

RNAm de TLR3 na sétima SAI, quando comparados com as linhagens Balb/c e

C57BL/6 (Figura 7C). A expressão do RNAm de TLR4 mostrou-se aumentada nos

animais da linhagem C57BL/6 em 16 SAI,quando comparados a linhagem Balb/c

(Figura 7D). De maneira similar a TLR2 e TLR3, camundongos da linhagem Swiss

apresentaram supressão na expressão do RNAm de TLR5 na sétima SAI quando

comparados aos camundongos das linhagens Balb/c e C57BL/6 (Figura 7E). Os

animais da linhagem Balb/c apresentaram maior expressão do RNAm de TLR6

(Figura 7F), TLR7 (Figura 7G) e TLR9 (Figura 7I) em sete SAI, quando comparado

as linhagens C57BL/6 e Swiss. A expressão do RNAm de TLR8 nas três linhagens

de camundongos infectados pelo parasito foram semelhantes a expressão

apresentada pelo grupo de animais não infectados em todos os períodos avaliados

(Figura 7H). Camundongos Balb/c possuem expressão aumentada do RNAm da

molécula adaptadora MyD88 em relação as linhagens C57BL/6 e Swiss na sétima

SAI, enquanto a linhagem C57BL/6 expressa maior quantidade do RNAm que a

linhagem Balb/c na 16a SAI (Figura 7J).

.

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39

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40 Figura 7 - Expressão do RNAm de TLR1 (A), TLR2 (B), TLR3 (C), TLR4 (D), TLR5 (E), TLR6 (F), TLR7 (E), TLR8 (G), TLR9 (I), e da molécula adaptadora MyD88 (J) realizado por meio de PCR em tempo real, a partir de fragmento do fígado de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss, infectados com ± 30 cercárias de Schistosoma mansoni (cepa LE) por via subcutânea, mortos por deslocamento cervical em sete, 12 e 16 semanas após a infecção. Os dados são apresentados como média ± desvio padrão. CN: grupo Controle não infectado. [As diferenças estatísticas são marcadas por asterisco (*), onde *=p<0,05, **=p<0,01 e **=p<0,001].

4.4.2 – Expressão de RNAm dos Receptores do Tipo Nod (NLRs)

Os camundongos Swiss apresentaram maior expressão do RNAm de NALP1

na segunda em 16 SAI quando analisados conjuntamente com as linhagens Balb/c e

C57BL/6, enquanto os animais da linhagem Balb/c apresentaram maior expressão

do RNAm de NALP1 na sétima SAI (Figura 8A). Os animais da linhagem Swiss

apresentaram maior expressão do RNAm de NALP3 na segunda SAI, quando

comparados com os camundongos das linhagens C57BL/6 e Balb/c, enquanto nos

camundongos das linhagens C57BL6 e Balb/c verificou-se maior expressão do

RNAm de NALP3 na sétima SAI, quando comparados aos camundongos Swiss

(Figura 8B). A infecção pelo S. mansoni ocasionou a redução da expressão do

RNAm de Caspase-1 nas três linhagens avaliadas na segunda, sétima, 12 e 16 SAI

(Figura 7C). Contudo, os animais da linhagem Swiss expressaram maiores níveis do

RNAm de Caspase-1 na segunda e 16a SAI, quando comparados aos camundongos

das linhagens C57BL/6 e Balb/c (Figura 8C). A expressão do RNAm da molécula

adaptadora ASC esteve aumentada na sétima SAI em camundongos Balb/c e

C57BL/6, quando comparados ao grupo de animais Swiss (Figura 8D).

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Figura 8 - Expressão de RNAm de NALP1 (A), NALP3 (B), Caspase-1 (C) e ASC (D) realizado por meio de PCR em tempo real, a partir de fragmento do fígado de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss, infectados com ± 30 cercárias de Schistosoma mansoni (cepa LE) por via subcutânea, mortos por deslocamento cervical em sete, 12 e 16 semanas após a infecção.Os dados

são apresentados como média desvio padrão. CN: grupo Controle não infectado. [As diferenças estatísticas são marcadas por asterisco (*), onde *=p<0,05 e **=p<0,01].

4.4.3 - Expressão Relativa do RNA mensageiro da Citocinas da Imunidade Inata

Camundongos Swiss infectados com a cepa LE do S. mansoni apresentam

maior expressão do RNAm de IL-1β no fígado na segunda, sétima e 12a SAI,

quando comparados aos camundongos Balb/c e C57BL/6 nos mesmos períodos

após a infecção (Figura 9A). Ocorreu maior expressão do RNAm de IL-18 na

segunda SAI em camundongos Swiss infectados quando comparados aos linhagens

Balb/c e C57BL/6 (Figura 9B). A infecção pelo S. mansoni levou a inibição da

expressão do RNAm de IL-18, IL-6 e IL-12p35 em camundongos Swiss, Balb/c e

C57BL/6 na segunda, sétima, 12a e 16a SAI (Figura 9B, Figura 9C e Figura 9D,

respectivamente), quando comparados aos animais não infectados (linha

pontilhada). A expressão do RNAm de IL-10 esteve aumentada em camundongos

C57BL/6 na segunda e 12a SAI, quando comparados aos camundongos Swiss e

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Balb/c infectados, e também aos controles não infectados (Figura 9E).

Camundongos Swiss apresentaram menor expressão do RNAm de TNF-α no fígado

na sétima SAI quando comparados aos camundongos Balb/c e C57BL/6 infectados.

De modo contrário, os camundongos Swiss mostraram maior expressão do RNAm

de TNF-α no fígado, quando comparados aos animais da linhagem Balb/c (Figura

9F).

Figura 9 - Expressão do RNAm da IL-1β (A), IL-18 (B), IL-6 (C), IL-12p35, (D), IL-10 (E) e TNF-α (F) realizado por meio de PCR em tempo real, a partir de fragmento do fígado de camundongos das linhagens Balb/c, C57BL/6 e Swiss, infectados com ± 30 cercárias de Schistosoma mansoni (cepa LE) por via subcutânea, mortos por deslocamento cervical em sete, 12 e 16 semanas após a

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43 infecção. Os dados são apresentados como média desvio padrão. CN: grupo Controle não infectado. [As diferenças estatísticas são marcadas por asterisco (*), onde *=p<0,05, **=p<0,01 e ***=p<0,001].

4.5 – Correlação entre os Parâmetros Parasitológicos e Imunológicos

Houve correlação negativa entre a expressão do RNAm de IL-1β em relação

ao número total de ovos S. mansoni no fragmento íleo distal na 12a SAI (Figura

10A), e de maneira similar, foi observada correlação negativa entre a expressão do

RNAm de IL-1β e o número de ovos de S. mansoni por grama de tecido no íleo distal

na 12a SAI (Figura 10B); ou seja, existe correlação inversamente proporcional entre

a expressão do RNAm de IL-1β e o números ovos no fragmento íleo distal. Foi

observada uma correlação positiva diretamente proporcional em relação à expressão

de RNAm de TLR2 e a quantidade de ovos mortos de S. mansoni no fragmento íleo

distal na 16a SAI (Figura 10C). Por outro lado, verificou-se correlação negativa entre

a expressão de RNAm de TLR4 em relação ao número de ovos mortos na décima

sexta SAI (Figura 10D). A análise da correlação entre a expressão do RNAm de

TNF-α, demonstrou a existência de correlação positiva entre a expressão do RNAm

desta citocina com parasitos adultos de S. mansoni resgatados do sistema porta

hepático na sétima e 12a SAI (Figura 10E e Figura 10F). Ademais, observou-se que

a expressão do RNAm de TNF-α esteve correlacionada positivamente com a

quantidade de ovos viáveis na sétima SAI (Figura 10G).

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Figura 10 - Correlação entre a expressão do RNAm de IL-1β e o número total de ovos de Schistosoma mansoni no fragmento íleo distal em 12 semana após a infecção (A). Correlação entre a

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45 expressão do RNAm de IL-1β e o número de ovos de S. mansoni por grama de tecido íleo distal em 12 semana após a infecção (B). Correlação entre a expressão do RNAm de TLR2 e o número de ovos mortos de S. mansoni no fragmento íleo distal em 16 semana após a infecção (C). Correlação entre a expressão do RNAm de TLR4 e o número de ovos mortos de S. mansoni no fragmento íleo distal em 16 semana após a infecção (D). Correlação entre a expressão do RNAm de TNF-α e o número total de parasitos adultos de S. mansoni resgatados do sistema porta hepático em sete semana após a infecção (E). Correlação entre a expressão do RNAm de TNF-α e o número total de parasitos adultos de S. mansoni resgatados do sistema porta hepático em 12 semana após a infecção (F). Correlação entre a expressão do RNAm de TNF-α e o número de ovos viáveis de S. mansoni no fragmento íleo distal em sete semana após a infecção (G). [Os resultados são expressos com valores individuais em Gráficos de Dispersão, mostrando o Coeficiente de Correlação (r) com p<0,05. As linhas de ligação representam os índices de correlação positivos e negativos].

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5 – DISCUSSÃO

A análise da sobrevivência dos animais infectados com S. mansoni

demonstrou que os camundongos da linhagem Swiss suportaram melhor a infecção,

visto que apresentaram 100% de sobrevivência em até 16 SAI, enquanto os

camundongos das linhagens Balb/c e C57BL/6 mostraram-se mais sensíveis ao

parasitismo, tendo sido verificado mortalidade de 30% dos animais infectados

nessas duas linhagens nas semanas de início da oviposição. Por se tratar de

infecção experimental, na qual procura-se controlar os fatores inerentes ao parasito

e ao hospedeiro como, cepa do parasito, carga parasitária, estado nutricional do

hospedeiro, reinfecções e coinfecções, os resultados aqui obtidos, aparentemente,

estão fortemente ligados as diferenças imunológicas intrínseca a cada linhagem.

Dessa forma, presente estudo buscou evidenciar diferenças imunológicas,

principalmente em relação a expressão de receptores da imunidade inata (TLRs e

NLRs), correlacionando aos achados parasitológicos entre as linhagens murinas

Swiss, BALB/c e C57BL/6 durante a infecção pelo S. mansoni, contribuindo para a

geração de novos conhecimentos acerca dos mecanismos imunológicos

desencadeados em resposta ao desenvolvimento do parasito no hospedeiro

definitivo.

Os dados parasitológicos mostram que os camundongos da linhagem Swiss

apresentaram menor quantidade de parasitos adultos recuperados do sistema porta

hepático. Tal resultado pode estar relacionado com a produção de citocinas

proinflamatórias verificada em camundongos Swiss, que apresentaram maior

produção do RNAm da IL-18 na segunda SAI, quando comparados aos

camundongos das linhagens Balb/c e C57BL/6. De fato, a IL-18 apresenta

importante papel na esquistossomose, por induzir a resposta do tipo celular (ou Th1)

protetora contra o parasito, havendo maior expressão desta citocina nos dias iniciais

após a penetração das cercárias, e forte infiltrado de polimorfonucleares

(principalmente neutrófilos) e linfócitos (DUPRÉ et al., 2001).

Os camundongos da linhagem C57BL/6 apresentaram o maior quantidade de

parasitos adultos na sétima e 16a SAI, e em consonância foi nessa linhagem que

ocorreu a menor produção do RNAm da IL-18 na segunda SAI, – o que poderia

interferir no desenvolvimento da resposta Th1 efetiva contra os esquistossômulos,

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podendo justificar a maior quantidadede parasitos adultos encontrados nos

camundongos dessa linhagem. Em adição, foi vista nos camundongos C57BL/6 a

maior produção do RNAm da IL-10 em duas, sete e 12 SAI. A IL-10, produzidas

pelas células Treg, tem por função regular as respostas imunes T helper, fato que

também poderia influenciar em menor efetividade da resposta Th1 na eliminação do

parasito.

Quanto ao número total de ovos no oograma, assim como, em relação à

quantidade de ovos por grama de tecido íleo distal e do número de ovos imaturos,

os camundongos da linhagem C57BL/6 apresentaram as maiores quantidade na

sétima e 12a SAI; em contrapartida, os camundongos da linhagem Swiss

apresentaram as menores contagens para os mesmos parâmetros nos mesmos

períodos. Estes resultados estão em proporcionalidade ao número de parasitos

adultos contados nas suas respectivas linhagens.

O RNAm da IL-1β foi produzida durante toda a infecção pelas três linhagens,

porém, foi vista de modo marcante em camundongos Swiss na segunda, sétima e

12a SAI. A expressão da IL-1β que pode ser desencadeada pela presença do SEA

(RITTER et al., 2010) e está envolvida com o aumento da expressão de moléculas

de adesão em células endoteliais, tais como, molécula-1 de adesão intracelular

(ICAM-1), molécula-1 de adesão vascular (VCAM-1) e E-selectina, as quais facilitam

à adesão do ovo de Schistosoma a parede do endotélio vascular (LEJOLY-

BOISSEAU et al., 1999), e deste local as células inflamatórias ajudam a carrear os

ovos através da parede intestinal até o lúmen (FALLON E DUNNE, 1999). Ademais,

a IL-1β pode induzir diferentes quimiocinas (que promovem a infiltração celular e

inflamação) além de ativar a enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS)

(DINARELLO, 2009). De fato, a presença do óxido nítrico, pode ser desencadeada

pela IL-1β/α, em conjunto com o IFN-ɣ ou TNF-α, resultando na morte de larvas

recém transformada em até duas SAI (OSWALD et al., 1994). Dessa forma, nossos

resultados sugerem que, além da IL-18, a IL-1β atuou de modo eficiente no início da

infecção, protegendo o hospedeiro e fazendo-o suportar melhor a parasitose.

A produção acentuada do RNAm da IL-1β na linhagem Swiss é indicativo da

existência de um estímulo (PAMP ou DAMP) anterior a presença dos ovos de S.

mansoni, visto que ovos congelados, assim como suas cascas, e antígenos do

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parasito não induzem a produção da IL-1β, de forma tão eficaz quanto o SEA

(RITTER, 2012). Um provável estímulo a produção da IL-1β, é o pigmento

esquistossomótico, derivado do metabolismo da hemoglobina por parte do parasito,

igualmente visto na malária (OLIVEIRA et al., 2000). O pigmento malárico pode

ativar os inflamassomas NLRP3, AIM2 e NLRP12 utilizando o TLR9 como via de

internalização da hemozoína, associada ao DNA do parasito (DOSTERT et al., 2009;

KALANTARI et al., 2014; ATAIDE et al., 2014). Segundo DOSTERT et al. (2009) o

pigmento malárico é internalizado como cristal, e no citosol celular leva a produção

de espécies reativas de oxigênio e efluxo de potássio, que são estímulos para a

ativação do inflamossoma NLRP3 e clivagem da pro-IL-1β (JIN e FLAVELL, 2010;

HARIJITH, EBENEZER e NATARAJAN, 2014). Dessa forma, antígenos presentes

nos ovos de Schistosoma - como omega-1 e IPSE/alpha-1, com atividade

hepatotóxica, (ABDULLA et al., 2011) - podem interagir com TLRs ou outros PRRs,

estimulando-os ou levando a produção estímulos primários e/ou secundários para a

ativação do inflamossoma.

A expressão do RNAm de TLR9 esteve aumentada na linhagem Balb/c, mas

apresentou uma baixa expressão na linhagem Swiss, sendo esta a linhagem que

apresentou os maiores níveis do RNAm da IL1-β, indicando que o TLR9 não

participa efetivamente da via de sinalização que ativa inflamassoma nos

camundongos Swiss infectados com S. mansoni. Desse modo, a internalização do

pigmento esquistossomótico poderia ocorrer por intermédio de outros receptores da

imunidade inata, como exemplo, o receptor Dectina-2 (da família dos CLRs) que

interage com componentes do SEA e ativa o inflamossoma NLRP3, com

consequente liberação da IL-1β (RITTER et al., 2010).

A expressão do RNAm de NLRP3 e ASC esteve aumentada para os

camundongos das linhagens Balb/c e C57BL/6 na sétima SAI, enquanto para os

camundongos da linhagem Swiss a produção do RNAm de NLRP3 e ASC

apresentou-se suprimida, no mesmo período. Esse resultado indica que a liberação

da IL-1β nos camundongos Swiss não se dá, de forma principal, por meio do

inflamossoma NLRP3-ASC, sugerindo que exista outro inflamossoma que atue na

clivagem da pró-IL-1β. Como exemplo, o inflamossoma NLRP1-Caspase-1 pode

atuar na clivagem da forma inativa da IL-1β (SCHRODER e TSCHOPP, 2010).

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Ademais, a produção do RNAm de NLRP1 esteve aumentada nos camundongos da

linhagem Swiss na segunda e 16a SAI, enquanto para os camundongos da linhagem

Balb/c houve aumento da expressão na setima SAI. Por sua vez, a produção do

RNAm da Caspase-1 esteve suprimida durante toda a infecção nos camundongos

Balb/c e C57BL/6, podendo existir outra caspase que trabalhe igualmente a

Caspase-1. Segundo GRINGHUIS et al. (2012) existe a formação do inflamossoma

não convencional, formado por MALT1-ASC-Caspase-8, o qual leva a liberação de

IL-1β, após o reconhecimento de PAMPs de fungos pelo receptor Dectina-1. Ou

seja, existem diversas vias de sinalização entre os componentes da imunidade inata

que venham a convergir para uma mesma resposta – a liberação da IL-1β.

Em relação aos granulomas formados em torno dos ovos de S. mansoni

verificou-se em camundongos da linhagem Swiss os maiores tamanhos quando

comparados aos C57BL/6 e Balb/c. Este resultado está em conformidade com a

produção do RNAm da IL-1β, apesar de não ser decisiva em manter a resposta

inflamatória aos antígenos dos ovos em longo prazo pois na 12a SAI ocorreu

diminuição do tamanho dos granulomas nas três linhagens, apesar da expressão do

RNAm da IL-1β permanecer aumentada na linhagem Swiss. É possível que a

diminuição do granuloma na fase crônica da infecção, ocasione redução na

magnitude da resposta imune do tipo Th2, entrando em equilíbrio com Th1 e com a

consequente diminuição da inflamação granulomatosa em volta dos ovos de

Schistosoma (PEARCE e MACDONALD, 2002; COLLEY et al., 2014).

Quanto à expressão dos TLRs os camundongos da linhagem Balb/c

apresentaram aumento da expressão do RNAm de TLR2, TLR3, TLR5, TLR6, TLR7,

TLR9 e MyD88 na sétima SAI. Os camundongos C57BL/6 apresentaram aumento da

expressão do RNAm de TLR2, TLR3 e TLR5 em 7 SAI, além de TLR4 e MyD88 em

16 SAI. Por fim, os camundongos da linhagem Swiss apresentaram supressão de

todos os TLRs testados, durante toda a infecção, podendo-se inferir que a

supressão desses receptores pode ser importantes no perfil de resistência

desenvolvido pelos camundongos dessa linhagem.

O TLR2, na esquistossomose, participa no reconhecimento de

Lisofosfatidilserina presente no SEA (VAN DER KLEIJ et al., 2002), mas não tem-se

definido qual o outro TLR interage com o TLR2 para a formação do heterodímero

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funcional (OLIVEIRA-NASCIMENTO, MASSARI e WETZLER, 2012). Com isso, de

acordo com a expressão do RNAm de TLR2 e TLR6, nos camundongos das

linhagens Balb/c e C57BL/6 em sete SAI, é provável que exista a formação do

heterodímero entre TLR2-TLR6, pois estes receptores tiveram aumento proporcional

da expressão do RNAm, enquanto a expressão do RNAm de TLR1 (outro candidato

a formação de heterodímero com TLR2) apresento-se baixa nas três linhagens

avaliadas. O TLR3 é endossomal e está envolvido no reconhecimento de

componentes que causam dano celular (KAWASAKI e KAWAI, 2014) e no

reconhecimento do RNA de dupla fita de Schistosoma (AKSOY et al., 2005). Dessa

forma, entende-se que existiu dano celular que tornou o RNA de dupla fita acessível

ao TLR3. O TLR4 tem seu papel definido em lesões envolvidas tais como injúria e

fibrose hepática (GUO e FRIEDMAN, 2010), o que é condizente com a

Esquistossomose mansoni, na qual o TLR4 reconhece o componente lacto-N-

fucopentose III (LNFPIII) presente nos SEA (THOMAS et al., 2003). Mas, segundo

VAN LIEMPT et al. (2007) células dendríticas humanas expostas ao SEA

apresentaram aumento da expressão CLRs (DC-SIGN, MGL e MR), e supressão da

expressão dos TLRs (TLR2, TLR3 e TLR4), fato que interferiu na maturação das

células dendríticas via TLRs (KANE et al., 2008). Em consequência a exposição das

células dendríticas humanas inativas ao SEA ocorreu a não secreção de IL-10, IL-6,

IL-12p70 e TNF-α por estas células (VAN LIEMPT et al., 2007). Esse dado justifica a

supressão da expressão do RNAm da IL-6 e IL-12p35, durante toda a infecção, nas

três linhagens de camundongos aqui avaliadas.

A expressão do RNAm da moléluca adaptora MyD88 foi similar a maioria dos

TLRs que fazem uso desta molécula como via de sinalização celular, estando,

portanto, o RNAm do MyD88 suprimido nos camundongos Swiss, e aumentada,

principalmente, na linhagem Balb/c na sétima SAI. A produção do RNAm de MyD88

também esteve aumentada para os camundongos da linhagem C57BL/6 em 16 SAI,

fato que pode estar ligado ao aumento da expressão do RNAm de TLR4 nesses

camudongos em 16 SAI, indicando que existe uma via de sinalização ativa entre

TLR4-MyD88 na fase crônica da infecção, o que é sugestivo a existência de

lesão/fibrose hepática.

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A correlação negativa entre a expressão da IL-1β do RNAm com a quantidade

total de ovos de S. mansoni verificada no fragmento íleo distal, assim como, uma

menor quantidade de ovos por grama detecido poderia devido a facilitação de

adesão destes à parede parede intestinal pela expressão de IL-1β (LEJOLY-

BOISSEAU et al., 1999) e, por conseguinte, a reação inflamatória presente ao redor

dos ovos facilita a passagem dos mesmos para o lúmen intestinal (LENZI, SOBRAL

e LENZI, 1987; FALLON e DUNNE, 1999).

Também correlação positiva entre a quantidade de ovos mortos na 16a SAI e

a expressão do RNAm do TLR2, poderiaser explicada pela participação deste

receptor no reconhecimento da Lisofosfatidilserina, presente nos ovos de S.

mansoni. Em relação ao TLR4 a correlação negativa no mesmo período, é sugestiva

de falta de interação com o receptor por motivos ainda desconhecidos.

Por outro lado, a correlação positiva entre a expressão do RNAm de TNF-α e

a quantidade de parasitos adultos na sétima e 12a SAI, e de de ovos viáveis e

imaturos no fragmento íleo distal em sete SAI é também sugestiva e suporta a ideia

de que o TNF favorece a postura e excreção dos ovos no hospedeiro (OLIVEIRA et

al., 2009; ABDUL-GHANI e HASSAN, 2010). O TNF-α pode ser considerado um

sinal que influencia as fêmeas de Schistosoma a iniciarem a oviposição (AMIRI et

al., 1992), e sua produção pode ser a tribuída a presença do parasito, atuando na

maturação do mesmo, além de atuar na formação e maturação do granuloma

hepático (LEPTAK e MCKERROW, 1997; DAVIES et al., 2004; OLIVEIRA et al.,

2009).

De posse desses dados vê-se que os camundongos Balb/ c e C57BL/6 se

mostraram mais permissivos ao desenvolvimento do S. mansoni e, em

consequência, são mais suscetíveis a infecção devido ao parasitismo mais

acentuado.

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6– CONCLUSÃO

Camundongos Swiss são mais resistentes a infecção pelo S. mansoni por

apresentarem sobrevivência de 100%.

Camundongos Swiss apresentam supressão do RNAm de todos os TLRs

avaliados, e aumento na expressão do RNAm de NLRP1, Caspase-1, IL-1β e IL-

18.

Animais das linhagens Balb/c e C57BL/6, são mais suscetíveis a infecção pelo

S. mansoni e apresentam maior expressão de RNAm de TLR2, TLR3, TLR5,

TLR6, TLR7, TLR9, MyD88, NALP3, ASC e TNF-α no fígado durante o início da

oviposição (7 SAI).

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ANEXO A