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I UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA BACHARELADO EM ENGENHARIA DE AQUICULTURA JOÃO PEDRO DOS SANTOS RIBEIRO AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL PARA O CAMARÃO MARINHO Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) Natal/RN 2016

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

BACHARELADO EM ENGENHARIA DE AQUICULTURA

JOÃO PEDRO DOS SANTOS RIBEIRO

AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

PARA O CAMARÃO MARINHO Litopenaeus vannamei (Boone, 1931)

Natal/RN

2016

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II

JOÃO PEDRO DOS SANTOS RIBEIRO

AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

PARA O CAMARÃO MARINHO Litopenaeus vannamei (Boone, 1931)

Monografia apresentada ao Departamento de

Oceanográfico e Limnologia da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Bacharel em Engenharia de

Aquicultura.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Antônio Ponce de Leon

Ferreira de Carvalho

Natal/RN

2016

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I

JOÃO PEDRO DOS SANTOS RIBEIRO

AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

PARA O CAMARÃO MARINHO Litopenaeus vannamei (Boone, 1931)

Esta monografia, apresentada pelo aluno João Pedro dos Santos Ribeiro ao Curso de

Bacharelado em Engenharia de Aquicultura do Centro de Biociências, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, foi julgada adequada e aprovada, pelos Membros da Banca

Examinadora, na sua redação final, para a conclusão do Curso e à obtenção do título de Bacharel

em Engenharia de Aquicultura.

Julgada em / /

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Antônio Ponce de Leon Ferreira de Carvalho

EAJ / UFRN

_____________________________________________________

Prof. Dra. Karina Ribeiro

EAJ / UFRN

_______________________________________________________

Msc. Bernard Devresse

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II

Quem passou pela vida em branca

nuvem, e em plácido repouso

adormeceu; quem não sentiu o frio da

desgraça, quem passou pela vida e não

sofreu, foi espetro de homem, não foi

homem, só passou pela vida, não viveu.

Francisco Otaviano.

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III

AGRADECIMENTOS

A Deus.

Aos meus pais, Cleide e Mano pela minha educação e por tudo que sou até hoje;

Aos meus irmãos, François e Daniel;

A minha noiva, Blênda por todo amor, apoio e carinho a mim investidos;

Ao meu orientador Prof. Dr. Rodrigo Antônio Ponce de Leon Ferreira de Carvalho,

pelas oportunidades de crescimento, conselhos e ensinamentos, e claro, por toda sua paciência;

A Profª. Drº Karina Ribeiro, pelas conversas, orientação e ensinamentos;

Agradeço aos meus amigos que viabilizaram este estudo, incluindo os que me

antecederam no laboratório: Liziane, Mariana, Rafaella, Fracielle, Eduarda, Janaina,

Hortência, João Pedro, Dalmo, Josean, Wellington, Barbara, Emília, Janderson, Andrey, Jhon

e Marcelo Borba. Neste trabalho têm suor e sangue de vocês;

A melhor EJ do Brasil, minha querida SEA Jr. - Serviços em Engenharia Aquícola,

assim como a todos os seus componentes;

Ao sempre sorteado 1º, grupo número 1: Duane, Renata, Deiwis, Suelen e Arielly;

A todos os servidores e professores do Departamento de Oceanografia e Limnologia e

da Escola Agrícola de Jundiaí que nesses anos nos transmitiu amizade e respeito;

A minha tia preferida, Cledinaide, por acreditar que serei muito rico;

Ao meu sogro e minha sogra; Avôs e Avós; meus Tios e Tias; Primos e Primas,

Cunhados e Cunhadas, Sobrinha e demais familiares que rezaram por este momento;

E a todos os amigos que demostraram apoio (ou não), encorajaram (ou não), rezaram

e transmitiram um pouco do que são sobre o meu ser.

Meu muito obrigado a todos!

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IV

RESUMO

Estudos a fim de conhecer a digestibilidade do camarão marinho Litpenaeus vannamei e

entender a exigência nutricional deste animal é fundamental para o crescimento sustentavel da

atividade e aumento da rentabilidade da produção, formulando dietas cada vez mais eficientes

que diminuam com a quantidade de nutrientes que pode ser descartado nos ambientes naturais

ou de cultivos trazendo problemas econômicos-sociais e ambientais. Este estudo teve como

objetivo avaliar o coeficiente de digestibilidade aparente da matéria-seca, proteína bruta e

energia bruta de 6 subprodutos proteicos provindos de animais terrestres (boi e frango)

utilizados numa dieta referência com inclusão destes 6 ingredientes em dois níveis (10% e

30%): farinha de hemácias - HEM, farinha de sangue - SAN, farinha de vísceras de frango de

alta qualidade - VISA, farinha de vísceras de frango de baixa qualidade - VISB, farinha de

penas de frango de alta qualidade - PENA e farinha de penas de frango de baixa qualidade -

PENB. Foi utilizado o método in vivo indireto que consiste na formulação de uma dieta

referência e de dietas testes que são misturas da dieta referência com o ingrediente teste e um

marcador indigerível, neste caso, óxido crômico (Cr2O3). As dietas que apresentaram os

melhores coeficientes de digestibilidade aparente de matéria-seca, proteína bruta e energia bruta

foi a dieta com inclusão de 30% de HEM e a dieta com inclusão de 10% de VISB, e os

ingredientes que apresentaram os menores coeficiente de digestibilidade aparente foram as

dietas com inclusão de 30% de SAN e com inclusão de 30% de PENB. Os ingredientes que

apresentaram os maiores coeficientes de digestibilidade aparente para a matéria-seca, proteína

bruta e energia bruta foram a HEM e VISB, enquanto que os menores valores foram

encontrados nos ingredientes PENB e VISA. Foi observado correlação fraca entre a

digestibilidade aparente da proteína x o crescimento (em g/semana). Com base nos resultados

positivos destes estudos a indústria é encorajado a avaliar o uso de fontes proteicas de animais

terrestres e a continuar os estudos no que se refere à digestibilidade desses ingredientes.

Palavras-chave: digestibilidade, camarão marinho, Litopenaeus vannamei, sistema de

recirculação.

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V

ABSTRACT

Studies about the digestibility of marine shrimp Litopenaeus vannamei to understand the

nutritional requirement of this animal are critical to the sustainable growth of the farmed shrimp

industry through the formulation of more efficient diets to reduce to the amount of nutrients

that can be discarded in the environment and increase growth rates, productivity and the

profitability to promote social equity. This study aimed to evaluate the apparent digestibility of

dry matter (ADMD), crude protein (ACPD) and gross energy (AED) of six animal byproducts

derived from cattle and poultry which are employed as protein sources in commercial diets. The

ingredients were: red blood cells meal (RBC), blood meal (BM), poultry by-product meal (low

grade) (PBM-L), poultry by-product meal (high grade) (PBM-H), hydrolyzed feather meal (low

grade) (HFM-L), hydrolyzed feather meal (high grade) (HFM-H). The digestibility of the six

protein sources was evaluated through the in vivo method where the ingredients are included in

a reference diet, in this study, at two levels (10% and 30%). The indigestible marker, chromic

oxide (Cr2O3) was included in all diets at 0.5%. The trials were performed in digestibility tanks

equipped with settling columns and feces were collected hourly, lyophilized and stored frozen.

Diets that showed the smallest ADMD, ACPD and AED coefficients were BM at 30% followed

by HFM-L also at 30% in contrast to diets HFM-H included at 30% followed by RBC included

at 10%. For ingredients, those which displayed the lowest digestibility values were HFM-L and

PBM-H, in contrast to RBC and PBM-L which registered the highest coefficients among all

ingredients. ACPD showed a weak correlation to growth rate and productivity. The digestibility

values found in this study are within the ranges reported in the literature but reflect the nutritive

value of ingredients available in the Brazilian market which should be taken into account for

the formulation of efficient diets applied to our conditions.

Keywords: digestibility, marine shrimp, Litopenaeus vannamei, recirculation system.

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VI

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Planta baixa dos sistemas experimentais 1 e 2 do Laboratório de Nutrição de

Organismos Aquáticos localizado no Centro de Treinamento de Aquicultura

(CTA) da UFRN, localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia

(Lacerda, 2013).

10

Figura 2 - Figura 2 - Foto dos sistemas experimentais 1 e 2 do Laboratório de Nutrição

de Organismos Aquáticos localizado no Centro de Treinamento de

Aquicultura (CTA) da UFRN, localizado no Departamento de Oceanografia

e Limnologia.

11

Figura 3 -

À esquerda: vista lateral do tanque de digestibilidade utilizado nos ensaios de

digestibilidade e crescimento por Carvalho et al. (2013) e os tanques após a

adaptação para o presente estudo.

12

Figura 4 - Fezes de L. vannamei liofilizada, pesada congelada para ser enviada para

análise.

14

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VII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição dos ingredientes proteicos: centesimal, conteúdo de energia,

extratos não-nitrogenados e aminoácidos (literatura): AAE: Arginina-ARG;

Fenilalanina-FEN; Histidina-HIS; Isoleucina-ISO; Leucina-LEU; Lisina-

LIS; Metionina-MET; Treonina-TRE; Triptofano-TRI; Valina-VAL.

4

Tabela 2 - Formulação das dietas referência e teste contendo os ingredientes protéicos:

farinha de hemácias, farinha de sangue, farinha de vísceras de alta qualidade,

farinha de vísceras baixa qualidade, farinha de penas hidrolisadas de alta

qualidade e farinha de penas hidrolisadas de baixa qualidade incluída nos níveis

de 10% e 30% na dieta referência para a determinação do desempenho de

juvenis Litopenaeus vannamei.

6

Tabela 3 - Desenho experimental adotado na rodada 1, na rodada 2 para a avaliação

da digestibilidade, crescimento, conversão alimentar e sobrevivência de

juvenis do L. vannamei alimentados com dietas contendo ingredientes

proteicos nos níveis de inclusão de 10%, e 30% com três repetições por

tratamento.

7

Tabela 4 - Composição centesimal, proteína digestível e energia analisadas das dietas

referência e teste elaborados para a avaliação da digestibilidade e do

desempenho em função do ingrediente e do nível de inclusão em dietas para o

L. vannamei. Valores base matéria natural em g 100g-1 exceto quando

especificado¹.

8

Tabela 5 - Níveis médios de oxigênio dissolvido (OD), temperatura (T°C) e salinidade

durante as rodadas 1 e 2 para a determinação do desempenho de ingredientes

proteicos para L. vannamei em sistema de recirculação.

18

Tabela 6 - Desempenho zootécnico dos camarões L. vannamei cultivados em sistema de

recirculação durante as rodadas 1 e 2 para o estudo da digestibilidade de

ingredientes proteicos.

22

Tabela 7 - Análise de variância (ANOVA) de 2 vias para a digestibilidade aparente da

matéria-seca, proteína bruta e energia bruta das dietas teste contendo seis

ingredientes proteicos nos níveis de inclusão 10 e 30% em função do tipo de

ingrediente, nível de inclusão e sua interação em dietas para juvenis do L.

vannamei.

23

Tabela 8 - Coeficiente de digestibilidade aparente para a matéria-seca (DAMS), proteína

bruta (DAPB) e energia bruta (DAE) das dietas referências nas rodadas 1 e 2

e dietas testes nos níveis de inclusão 10 e 30% por juvenis do L. vannamei.

Valores expressos em média ± desvio padrão (n=3)¹.

24

Tabela 9 - Análise de variância (ANOVA) de 2 vias para a digestibilidade aparente da

matéria-seca, proteína bruta e energia bruta dos ingredientes teste contendo

seis ingredientes proteicos nos níveis de inclusão 10 e 30% em função do tipo

24

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VIII

de ingrediente, nível de inclusão e sua interação em dietas para juvenis do L.

vannamei.

Tabela 10

-

Tabela 10 - Digestibilidade aparente da matéria-seca (DAMS), digestibilidade

aparente da proteína bruta (DAPB), digestibilidade da energia bruta (DAE) de

seis ingredientes proteicos inclusos em dietas teste nos níveis de inclusão de

10 e 30% para juvenis do L. vannamei. Valores expressos em média ± desvio

padrão (n=3)¹.

26

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IX

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

2. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 3

2.1. Local de Estudo ................................................................................................................ 3

2.2. Ingredientes ....................................................................................................................... 3

2.3. Dietas experimentais .......................................................................................................... 5

2.4. Desenhos Experimentais .................................................................................................... 7

2.5. Origem e manutenção dos camarões .................................................................................. 8

2.6. Manutenção do sistema e manejo dos camarões ................................................................. 9

2.7. Avaliação do desempenho dos camarões .......................................................................... 13

2.8. Coleta e conservação das amostras de fezes ...................................................................... 13

2.9. Análises químicas ............................................................................................................ 15

2.10. Cálculos ......................................................................................................................... 15

2.11. Análises estatísticas ........................................................................................................ 17

3. RESULTADOS ................................................................................................................... 18

3.1. Qualidade da água ........................................................................................................... 18

3.2. Composição dos ingredientes ........................................................................................... 18

3.3. Composição das dietas ..................................................................................................... 19

3.4. Desempenho zootécnico ................................................................................................... 21

3.5. Digestibilidade das dietas ................................................................................................ 22

3.6. Digestibilidade aparente dos ingredientes ........................................................................ 24

3.7. Relação desempenho x digestibilidade .............................................................................. 26

4. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 26

4.1. Qualidade da água e desempenho .................................................................................... 26

4.2. Composição dos ingredientes ........................................................................................... 27

4.3. Digestibilidade das dietas ................................................................................................. 27

4.4. Digestibilidade dos ingredientes ....................................................................................... 29

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 30

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 31

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1

1. INTRODUÇÃO

Na década de 50 a população mundial chegou ao número de 3 bilhões de habitantes e

na segunda década dos anos 2000 esse número mais que duplicou, chegando aos 7 bilhões, e

podendo chegar aos 10 bilhões em 2050 (UNFPA, 2011). A fim de resguardar o consumo

mínimo per capita de pescado sugerida pela Organização Mundial de Saúde - OMS a

aquicultura e a pesca deve garantir um aumento tão grande quanto o populacional, porém

desde a década de 80 a pesca apresenta estagnação do seu potencial produtivo, enquanto a

aquicultura continua crescendo anualmente, podendo ultrapassar a pesca em 2022 (FAO,

2014).

Em 2013 a produção do camarão marinho Litopenaeus vannamei tem mostrado

inúmeros avanços em sua produção, chegando a 3,8 milhões de toneladas (FAO, 2014). Todo

esse crescimento é atrelado à utilização de rações ricas em subprodutos da pesca que

encarecem a produção, principalmente pelo alto valor comercial e pelas outras utilizações que

estes produtos podem desenvolver. E com sua crescente demanda, buscam-se maneiras de

tornar o processo produtivo mais rentável e eficiente a cadeia produtiva (Tacon, Dominy &

Pruder, 1998).

Com a diminuição da oferta e aumento da demanda de farinha e o óleo de peixe

(FAO,2014), os fabricantes de rações precisam garantir produtos cada vez mais competitivos

e que supram as necessidades do produtor (consideração o “custo x benefício” da atividade)

(Borges, 2007). Uma das formas de avaliar a qualidade das rações é a partir do estudo da

digestibilidade, para formular rações adequadas que possam proporcionar um alimento que

possua maior absorção no trato digestivo, proporcionando melhorias no cultivo e ao meio

ambiente.

Na produção de camarão o custo da ração pode chegar a mais de 50% dos custos totais

de produção (Borges, 2007). E mesmo com o custo tão elevado, pouco se conhece a respeito

da necessidade nutricional dos camarões, mas nos últimos anos tem aumentado o interesse em

estudos sobre a digestibilidade de ingredientes para encontrar novas fontes proteicas que

possam substituir a farinha e o óleo de peixe (Carvalho, 2013; Vieira, 2015; Cruz-Suarez et

al., 2009; Tacon, Metian & Hassan, 2009; Davis et al, 2002; Siccardi et al, 2006) entre outros

autores.

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2

O método mais utilizado no mundo para avaliar a digestibilidade é o método in vivo

indireto que consiste na formulação de uma dieta referência e de dietas teste que são uma

mistura de parte da dieta referência com o ingrediente teste e um marcador indigerível, na

maioria dos casos o oxido crômico (Carvalho, 2013). O cálculo da digestibilidade, considera

a diferença entre os nutrientes presentes na ração e nas fezes em proporção ao oxido crômico.

A diferença, ou saldo, entre o nutriente ingerido e o presente nas fezes dos animais é a

medida mais reprodutível para avaliar um ingrediente. Nas fezes não encontramos apenas

material não-digerido, mas também excretas metabólicos endógenos do animal, assim como

outros produtos exógenos (VAN SOEST, 1994). Dessa forma a digestibilidade aparente pode

ser considerado a subtração das fezes sobre o valor total do produto ofertado na alimentação

(NCR, 2011).

Em 2013 a produção de bois e aves no Brasil chegou a cerca de 211,764 milhões de

cabeças e 1,249 bilhões de cabeças, respectivamente (IBGE, 2013). O abate destes animais

produz uma quantidade considerável de subprodutos que são amplamente utilizados na

alimentação animal. Entre estes subprodutos se destacam os derivados de sangue bovinos

(farinha de sangue e farinha de hemácias), a farinha de vísceras de aves e a farinha de penas

hidrolisadas.

O derivado de sangue mais utilizado é a farinha de sangue (IFN: 5-00-380). Este

ingrediente é obtido a partir da sangria na hora do abate, por calhas ou drenos no chão. Após

a drenagem o sangue tem que ser rapidamente tratado com produtos químicos para evitar a

coagulação. Em seguida, é realizado a secagem do sangue fresco com sistemas a vácuos em

baixas temperaturas (49ºC), em seguida o material é vaporizado em uma corrente de ar quente

de 316ºC. A qualidade deste ingrediente vai depender principalmente da temperatura utilizada

no processo, assim como na velocidade do tratamento do sangue (Hertrampf e Piedad-Pascual,

2000). Outro ingrediente que vem sendo utilizado é a farinha de hemácias. Pouco se conhece

a respeito deste ingrediente, mas é percebido melhorias em relação ao teor e na qualidade

digerível de proteína.

Quanto aos subprodutos de aves, a farinha de vísceras (que 6,5% dos resíduos dos

abates) (IFN: 5-03-798) é obtida a partir do cozimento sob pressão principalmente do aparelho

digestivo das aves, ovos não desenvolvidos e das vísceras, sem penas, porém é permitido a

inclusão de cabeças, pescoços e pés, desde que não altere a composição química média do

produto, após o cozimento, faz-se a separação da gordura, secagem e trituração. Fatores que

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3

podem afetar a qualidade da farinha de vísceras é a grande quantidade de cinzas provindo dos

ossos erroneamente colocados no processo, também a idade das aves pode alterar a quantidade

de proteína digerível, tal quanto falhas nos processos de manipulação (Hertrampf e Piedad-

Pascual, 2000; Olivo et al., 2006). A farinha de penas (que corresponde a 8,5% dos resíduos

dos abates) (IFN: 5-03-795) é o produto resultante do tratamento sob pressão das penas limpas.

As penas têm que ser livres de aceleradores de crescimento e de aditivos, e a quantidade de

proteína digerível tem que ser igual ou superior a 75% da proteína total (Tacon et al. 2009).

O objetivo do presente estudo foi determinar a digestibilidade aparente da proteína

bruta, matéria-seca e energia bruta para juvenis do camarão L. vannamei de 6 matérias primas

obtidas do processamento de resíduos de animais terrestres com dois níveis de inclusão 10%

e 30% em um sistema de recirculação de água.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Local de Estudo

O referido estudo foi realizado no Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos

- NOA localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Via Costeira Senador Dinarte Medeiro Mariz, S/Nº, Mãe Luiza,

CEP: 590.14-200, Natal, RN, Brasil.

2.2. Ingredientes

A escolha dos ingredientes teve como critérios fundamentais: teor de proteína,

disponibilidade no mercado nacional, utilização pela indústria e sua aplicação na fabricação

de dietas para camarão marinho. Foram selecionados seis ingredientes, de origem terrestre:

farinha de hemácias (HEM), farinha de sangue (SAN), farinha de vísceras de frango de alta

qualidade (VISA), farinha de vísceras de frango de baixa qualidade (VISB), farinha de penas

hidrolisadas de alta qualidade (PENA), farinha de pena hidrolisada de baixa qualidade

(PENB).

A composição centesimal dos ingredientes analisados neste trabalho e o perfil de

aminoácidos dos ingredientes segundo a literatura são apresentados na Tabela – 1, abaixo:

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4

Tabela 1 - Composição c e n t e s i m a l e e n e r g i a a n a l i s a d a s e aminoácidos essenciais segundo Rostagno

(2011) e Santos, (2013) dos s e i s ingredientes proteicos avaliados no ensaio de crescimento e digestibilidade

para juvenis do camarão marinho L. vannamei. Arginina-ARG; Fenilalanina-FEN; Histidina-HIS; Isoleucina-ISO;

Leucina-LEU; Lisina-LIS; Metionina-MET; Treonina-TRE; Triptofano-TRI; Valina-VAL. Valores com base

matéria natural em g 100g-1, exceto quando especificado.

Farinha de

hemácias

Farinha

de sangue

Far. de vísceras

de frango1

Far. de vísceras

de frango²

Farinha de penas

hidrolisadas1

Farinha de penas

hidrolisadas2

Nome em inglês Blood cells

Blood

meal

(Brazil)

Poultry by-

product meal

(feed grade,

Brazil)

Poultry by-

product meal

(feed grade,

Brazil)

Hydrolysed feather

meal

Hydrolysed

feather meal

Código HEM SAN VISA VISB PENA PENB

IFN1 - 5-00-380 5-03-798 5-03-795

AAE (g 100g-1)

ARG 3,4 3,4 4,1 0 5,6 0

FEN 7,1 6,2 2,4 0 4,0 0

HIS 6,0 5,1 1,1 0 1,1 0

ISSO 0,5 0,7 2,3 0 3,9 0

LEU 12,4 11,0 4,1 0 7,0 0

LIS 8,6 7,6 3,3 0 2,4 0

MET 1,2 1,0 1,1 0 0,7 0

TRE 4,3 4,2 2,4 0 3,8 0

TRI 1,4 1,5 0,5 0 0,6 0

VAL 8,2 7,4 2,9 0 6,0 0

Nutriente HEM SAN VISA VISB PENA PENB

Matéria-seca (%) 91,1 87,7 93,4 95,3 94,6 92,9

Proteína (%) 92,6 83,0 58,0 63,0 82,1 84,6

Lipídeos (%) 1,2 0,2 16,1 9,5 8,0 5,1

Fibras (%) 0,12 0,22 0,7 1,66 0,56 1,19

Cinzas (%) 4,0 4,7 16,7 18,7 3,4 3,1

ENN (%) -6,9 -0,5 2,0 2,4 0,5 -1,1

Energia bruta (MJ Kg-1) 5111,0 4987,0 4988,0 4541,0 5543,0 5531,0

1IFN – International Feed Number (número internacional do ingrediente).

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5

2.3. Dietas experimentais

Foi formulada uma dieta referência para suprir as exigências nutricionais do camarão

marinho L. vannamei e a partir desta foram preparadas doze dietas teste com substituição 10%

e 30% da dieta referência pela mesma quantidade de cada um dos seis ingredientes teste,

resultando em proporções (dieta referência: ingredientes teste) = 90%:10% e 70%:30%. O

marcador inerte utilizado para o cálculo da digestibilidade aparente foi o óxido crômico

(Cr2O3) adicionados a cada dieta na proporção fixa de 0,5%. As formulações da dieta

referência e das doze dietas teste estão relacionadas abaixo (Tabela 2).

A confecção das 13 dietas experimentais foi iniciada com a pesagem dos ingredientes,

previamente moídos em um moinho de martelos (Vieira Ltda.) com peneira com abertura de

600 µm, os micros ingredientes (premix, minerais, colesterol e óxido crômico) misturados em

uma porção de 0,5 kg de farinha de trigo e adicionados a um misturador em Y (Marconi

Equipamentos para Laboratório Ltda.) para homogeneização por 10 minutos.

Os macros ingredientes e a mistura de micro ingredientes foram adicionados a uma

batedeira planetária (G-Paniz BP 12 S) durante 10 minutos. Em seguida a adição 30% de água

em temperatura ambiente, proporcionando um teor de umidade 32%, para obter a consistência

suficiente para a moldagem seguido por uma segunda mistura.

A mistura foi peneirada e seguiu para a compactação e formatação em uma Micro

extrusora, com capacidade para 15 kg/h (Exteec Máquinas, Ribeirão Preto, SP) e equipada

com uma matriz com orifícios de 2,2 mm de diâmetro, sob uma temperatura de 90%, Os

peletes extrusados foram secados a 60°C por quatro horas até alcançar um teor de umidade

entre 10% e 12%. A ração seca foi identificada e armazenada em câmara fria na temperatura

de -18°C.

Foi realizada a medição com paquímetro nos pellets de rações a fim de avaliar o

tamanho e a uniformidade das rações ofertadas aos animais estudados.

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Tabela 2- Formulação das dietas referência para a determinação do desempenho e a digestibilidade em juvenis do

camarão marinho Litopenaeus vannamei.

Dieta

Alimento Referência

Farinha de trigo, resíduo1 30,0

Far. de salmão2 20,0

Farelo de soja 46%1 10,0

Farinha de vísceras de frango1 8,0

Quirera de arroz1 6,0

Concentrado protéico de soja1 5,0

Farinha de lula1 5,0

Levedura de álcool1 4,0

Hidrolisado de sardinha3 2,5

Óleo de salmão2 2,5

Lecitina1 2,0

Fosfato monobicálcico4 1,6

Premixmineral e vitamínico5 1,4

Fosfato monossódico4 1,0

Óxido crômico5 0,5

Óxido de magnésio4 0,3

Colesterol6 0,3

100,0

Ingrediente teste¹

Farinha de sangue

Farinha de hemácias

Farinha de vísceras de alta qualidade

Farinha de vísceras de baixa qualidade

Farinha de penas hidrolisadas de. alta qualidade

Farinha de penas hidrolisadas de baixa qualudade

Total 100,0

1Poli-Nutri Alimentos Ltda.Campinas, SP 2Pesquera Pacific Star, Chile

³Diana, São Paulo.

4Magnesium do Brasil Ltda, Messejana, CE

5DSM, São Paulo, SP*

6Vetec, Duque de Caxias, RJ (min 99% pureza, 60,5% de cromo).

7Impextraco, Curitiba, PR (colesterol 92%, esteróis totais 99%) *Rovimix Camarão Intensivo, DSM Produtos Nutricionais Brasil Ltda. São Paulo, Brasil. Níveis de garantia por kg

de dieta (dieta referência, dieta teste com inclusão de 10%, dieta teste com inclusão de 20%, dieta teste com inclusão

de 30%): vitamina A, 17.500/15.750/12.250/ IU; vitamina D, 4900.000/4410.000/3430.000 IU; vitamina E,

350/315/245 UI; vitamina K, 7.000/6.300/4.600 mg; vitamina B1, 70.000/63.000/49.000 mg; vitamina B2,

56.000/50.400/39.200 mg; vitamina B6; 140/126/98 mg; Vit. B7 biotina, 2.100/1.890/1.470 mg; ác. fólico,

17.500/15.750/12,250 mg; vitamina C, 350.000/315.000/245.00 mg; colina, 700.000/630.00/490.000 mg; inositol,

280.000/252.00/196.000 mg; ferro 152.800/137.500/107.000 mg; cobre, 53.000/47,800/37.100 mg; zinco,

168.998/152.098/118.299 mg; manganês, 2234/2010/1563 mg; selênio, 0,6/0,5/0,4 mg; iodo, 2,1/1,9/1,5 mg; cobalto,

0,5/0,4/0,3 mg; cromo 1,1/1,0/0,9/0,8 mg; veículo q.s.p., 14/13/11/10 g.

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2.4. Desenhos Experimentais

Os testes foram executados de forma simultânea compreendendo dois ensaios de

crescimento e dois ensaios de digestibilidade e realizados em duas rodadas. Na primeira

rodada foram avaliados dois ingredientes com dois níveis de inclusão para HEM (10% e 30%)

e um nível de inclusão para SAN (10%) e uma dieta referência. Na segunda rodada foram

avaliados cinco ingredientes com um nível de inclusão para SAN (30%) e dois níveis de

inclusão para VISA, VISB, PENA, PENB (10% e 30%) mais uma dieta referência que foi a

mesma da primeira rodada, totalizando doze dietas teste e uma dieta referência.

Cada tratamento foi distribuído a três tanques de forma casual entre os sistemas

experimentais 1 e 2, sendo 16 no sistema 1 e 14 no sistema 2, totalizado 30 tanques. (Tabela

3).

Tabela 3. Desenho experimental adotado na rodada 1, na rodada 2 para a avaliação da digestibilidade,

crescimento, conversão alimentar e sobrevivência de juvenis do L. vannamei alimentados com dietas contendo

ingredientes proteicos nos níveis de inclusão de 10%, e 30% com três repetições por tratamento.

Dieta Ingrediente teste

Inclusão do

ingrediente teste

REF Dieta referência -

Rodada

1

HEM10 Farinha de hemácias 10

1 HEM30 Farinha de hemácias 30

SAN10 Farinha sangue 10

REF Dieta referência -

SAN30 Farinha sangue 30

VISA10 Farinha de vísceras de frango 10

Rodada VISA30 Farinha de vísceras de frango 30

2 VISB10 Farinha de vísceras de frango 10

VISB30 Farinha de vísceras de frango 30

PENA10 Farinha de penas hidrolisadas 10

PENA30 Farinha de penas hidrolisadas 30

PENB10 Farinha de penas hidrolisadas 10

PENB30 Farinha de penas hidrolisadas 30

Farinha de hemácias – HEM, farinha de sangue – SAN, farinha de vísceras de frango de alta qualidade – VISA,

farinha de vísceras de frango de baixa qualidade – VISB, farinha de penas hidrolisadas de alta qualidade – PENA,

farinha de penas hidrolisadas de baixa qualidade – PENB. Valores 10 e 30 após o código do ingrediente significam

os níveis de inclusão do ingrediente teste na dieta referência.

A composição centesimal, energia, bruta, energia digestível e relação energia:proteína

da dieta referência e das doze dietas analisadas são apresentadas na tabela 4.

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Tabela 4. Composição centesimal, proteína digestível e energia analisadas das dietas referência e teste elaborados

para a avaliação da digestibilidade e do desempenho em função do ingrediente e do nível de inclusão em dietas

para o L. vannamei. Valores base matéria natural em g 100g-1 exceto quando especificado¹

Dieta PB PD EE FB ENN MS MM EB

(Kcal Kg-1)

ED

(Kcal Kg-1)

ED:PD

(Kcal proteina g-

1)

REFERÊNCIA 38,0 33,0 8,7 1,0 33,5 90,8 9,6 4260,0 3586,3 9,4

HEM10 43,3 35,7 7,8 0,7 30,6 90,3 8,8 4308,0 3626,7 8,4

HEM30 54,7 41,2 6,2 0,6 24,4 92,1 7,8 4509,0 3795,9 6,9

SAN10 43,0 34,8 7,8 0,5 31,6 91,4 8,9 4343,0 3656,1 8,5

SAN30 52,2 38,4 6,1 0,5 25,5 92,1 8,1 4395,0 3699,9 7,1

VISA10 39,9 34,2 8,9 0,7 31,8 92,2 10,3 4298,0 3618,3 9,1

VISA30 44,4 36,6 9,5 0,9 24,6 92,3 11,9 4470,0 3763,0 8,4

VISB10 39,7 34,2 8,9 0,6 32,4 92,0 10,4 4289,0 3610,7 9,1

VISB30 44,4 36,6 9,5 0,8 26,3 92,0 12,1 4286,0 3608,2 8,1

PENA10 42,1 33,9 8,1 0,4 30,9 91,5 8,7 4362,0 3672,1 8,7

PENA30 51,8 35,8 7,3 0,4 23,4 92,4 7,6 4480,0 3771,5 7,3

PENB10

PENB30

41,9

51,8

33,9

35,8

8,1

7,3

0,8

0,6

31,8

24,5

90,9

92,1

8,6

7,6

4150,0

4459,0

3493,7

3753,8

8,3

7,2

¹PB – proteína bruta, PD – proteína digestível, EE – extrato etéreo, FB – fibra bruta, ENN – extrato não

nitrogenado, MS – matéria-seca, MM – matéria mineral, EB – energia bruta, ED – energia digestível, PD:ED –

relação proteína digestível: energia digestível. Farinha de hemácia – HEM, farinha de sangue – SAN, farinha de

vísceras de frango de alta qualidade – VISA, farinha de vísceras de frango de baixa qualidade – VISB, farinha de

penas hidrolisadas de alta qualidade – PENA, farinha de penas hidrolisadas de baixa qualidade – PENB. Valores

10 e 30 após o código do ingrediente significam os níveis de inclusão do ingrediente teste na dieta referência.

Proteína digestível e energia digestível calculado a partir dos dados obtidos segundo a compilação dos dados de

composição dos ingredientes encontrada na literatura (Rostagno, et. Al., 2005; Santos, 2013)

2.5. Origem e manutenção dos camarões

As pós-larvas foram adquiridas através da empresa de larvicultura Aquatec Industrial

Pecuária Ltda. no estágio de PL10, oriundas do mesmo lote, estocados em dois berçários, com

capacidade de 1000L na densidade 2,5 PL’s L-1

e em sistema de bioflocos e alimentadas com

ração (Flake Negro 52, Mackay Marine) e em seguida foram transferidas para a larvicultura do

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CTA/DOL e estocados em um tanque de larvicultura com volume de 7000L na densidade de

400 indivíduos por m2

e m a n t i d o s em sistema d e b i o f l o c o s . Ao atingirem o peso

médio de 4,0g os camarões foram transferidos para os tanques experimentais

alimentados com ração comercial (Potimar 38 Active, Guabi Nutrição Animal Ltda) até

atingirem um peso médio 9,0g.

Foram utilizados indivíduos com peso médio de 9,8 ± 0,64g em uma densidade média

de 37 indivíduos por tanque, ou 51,3 indivíduos por m2, para a primeira rodada de determinação

do desempenho, com duração de 42 dias. Ao final da primeira rodada os camarões foram

redistribuídos, e se iniciou segunda rodada, a uma densidade de estocagem de 30 indivíduos

por tanque, ou 41,6 indivíduos por m2, com peso médio de 15,7 ± 1,02g por tanque e a duração

foi de 47 dias.

Nas duas rodadas os camarões foram alimentados com ração comercial (Poli-Camarão, Poli-

Nutri, Ltda) durante sete dias, o que correspondeu ao período de adaptação. Os camarões foram

alimentados em intervalos regulares de 3h ao longo de um período de 24 h, quatro vezes por

dia, fornecidas 12g de ração por dia, com suas respectivas dietas experimentais, nos horários

08:00, 11:00, 14:00 e 17:00 horas. Toda a ração não consumida era retirada diariamente das

colunas de decantação trinta minutos após as alimentações.

2.6. Manutenção do sistema e manejo dos camarões

O experimento foi realizado no Laboratório de Nutrição de Organismo Aquático

(NOA) localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) pertencente à

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN em Natal. O laboratório de nutrição

ocupa uma área de cerca 210 m² e se situa a cerca de 30 m da preamar e aproximadamente 5

m acima do nível do mar. Toda a estrutura composta por tanques, equipamentos e instalações

é coberta por uma tenda com cerca de 200m² (Figura 1).

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Figura 1- Planta baixa dos sistemas experimentais 1 e 2 do Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos localizado no Centro de Treinamento de Aquicultura (CTA) da

UFRN, localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia (Lacerda, 2013).

1,0m

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O sistema experimental de recirculação era composto por 32 tanques, cada

tanque possuem as seguintes dimensões de 1.040 x 675 mm (diâmetro x altura), de 500L

divididos em dois sistemas independentes, nomeados de sistema 1 e sistema 2 (Figuras

1 e 2).

Figura 2 - Foto dos sistemas experimentais 1 e 2 do Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos

localizado no Centro de Treinamento de Aquicultura (CTA) da UFRN, localizado no Departamento de

Oceanografia e Limnologia.

Fonte: Santos (2013, p. 25)

Cada tanque possuía uma coluna de decantação, com volume de 8,9 L e dimensões

de 400 x 150mm (altura e diâmetro) com fundo cônico, individual para a concentração dos

sólidos, adaptada para o encaixe de um tubo Falcon de 50 ml e um plug de 60mm para

facilitar o acesso durante a limpeza. Um fundo falso regulável evitava o acesso dos animais

à bacia central sem impedir a passagem da ração não consumida e das fezes, consistia em

uma tampa de fibra de vidro com 180 mm de diâmetro laminada em um tubo de PVC de

50 mm de diâmetro por 400 mm de comprimento chanfrado para a passagem da água com

cerca de 25mm de diâmetro na extremidade que se encaixava em uma luva de PVC 50 mm

laminada no meio da bacia central (Figura 3) (Carvalho et al., 2013). Cada tanque

experimental possuía uma tampa de fibra de vidro para diminuir a perda de calor para o

meio externo, evitar a fuga dos camarões e diminuir a luminosidade dentro dos tanques.

Cada tampa tinha uma abertura por onde era ofertado o alimento.

O sistema era abastecido por bomba que captava a água diretamente do mar, na

praia de Areia Preta, durante as marés cheias, e era armazenada em um reservatório de

abastecimento 5.000L, que antes de ser utilizada na reposição por perdas, ocasionadas

pelas amostragens, limpeza, evaporação e retrolavagem dos filtros, a água passava por

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12

processo de desinfecção, realizado por meio de cloração e decloração da água, para cada

sistema que contava com 16 tanques experimentais.

Figura 3 - À esquerda: vista lateral do tanque de digestibilidade utilizado nos ensaios de digestibilidade e

crescimento por Carvalho et al. (2013) e os tanques após a adaptação para o presente estudo.

Cada sistema era dotado de um filtro de areia com capacidade para 50 Kg e duas

bombas de 0,5 cv, que funcionavam em regime automático alternado, acionadas por boias

controladoras de nível. Quando o reservatório de abastecimento estava abaixo do nível

estabelecido a bomba e r a acionada e a água do reservatório de efluentes bombeada

através do filtro de areia, que realizava a filtração mecânica, até encher o reservatório

de abastecimento. O bombeamento era interrompido quando o nível do reservatório de

efluentes b a i x a v a a t é o l i m i t e d e s e g u r a n ç a estabelecido para evitar

a entrada de ar no sistema de bombeamento.

A vazão dos tanques experimentais foi mantida em 4 L min-1 ao longo dos ensaios

e o oxigênio dissolvido foi fornecido continuamente, por meio de dois compressores um

deles 2cv (Aeromack, modelo CR03) e o outro 4cv (Aeromack, modelo CR-04), através

de pedra porosa difusora de ar posicionada a 2/3 da coluna d’água para impedir a

ressuspensão dos sólidos. Um sistema de emergência foi montado para fornecer aeração

em caso de falta de energia e compreende os dois compressores e um gerador portátil com

potência de 11,5kVA e motor de 20 HP (Toyama, CXE3) movido à gasolina.

As análises da água compreenderam os níveis de oxigênio, temperatura e

salinidade três vezes por semana e pH semanalmente. As amostras para as análises de

oxigênio dissolvido, temperatura, salinidade e pH foram coletadas reservatório de

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efluentes de cada um dos sistemas experimentais. As análises OD e temperatura são

realizadas com um equipamento oxímetro YSI 55 (YSI, Yellow Springs, EUA), a

salinidade através de refratômetro. A amônia, nitrito e o pH foram verificados por meio de

um kit comercial para água salgada (Alfakit, Florianópolis, SC).

2.7. Avaliação do desempenho dos camarões

Ao final de cada uma das rodadas foram determinados os parâmetros de

desempenho em termos de taxa de crescimento (g semana-1), fator de conversão

alimentar e sobrevivência.

A taxa de crescimento foi analisada a partir de biometrias realizadas

semanalmente com a coleta total dos indivíduos por tanques e posteriormente pesados e

medidos (individualmente e coletivamente). Também foi realizado semanalmente a

contagem de indivíduos presente em cada tanque para que houvesse controle de

mortandade e de fugas.

O FCA foi analisado somente no fim do experimento e o cálculo pode ser

observado no item 2.10. deste trabalho. A fim de manter o trato digestivo do animal

sempre preenchido, foi ofertado ração a vontade aos camarões para que os mesmos não

ficassem sem alimento (por competição ou por desperdício).

2.8. Coleta e conservação das amostras de fezes

As coletas das amostras de fezes foram realizadas diariamente (sem exceção de

feriados e fins de semanas). Foram realizadas as limpezas das unidades experimentais

trinta minutos após a primeira alimentação por meio de dois procedimentos. As

segundas, quartas e sextas-feiras foram realizadas uma limpeza completa que

compreendia a retirada da sujeira acumulada na bacia central dos tanques e nas colunas

de decantação.

Para a limpeza da bacia central dos tanques a pedra de aeração era retirada para

evitar a ressuspensão das partículas, o fundo falso era afastado e a bacia central era limpa

com um esfregão.

Após a limpeza da bacia central era feita a lavagem do interior das colunas de

decantação, o registro central era fechado e o tubo Falcon removido para esvaziar a

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coluna de decantação. Em seguida era retirado o plug com o auxílio de uma chave inglesa

e feita a limpeza usando uma mangueira com jatos de água doce em alta pressão e ao

final o plug e o tubo Falcon eram recolocados e o registro central reaberto.

A limpeza dos 30 tanques por 4 pessoas levava cerca de 1 hora. Nos outros dias

era realizada uma limpeza simples que compreendia o fechamento do registro central, a

retirada do tubo Falcon e a abertura total do registro seguido pelo seu fechamento total

até o esvaziamento da coluna de decantação repetidamente por três vezes. A duração da

limpeza simples dos 30 tanques era de 20 minutos.

Uma hora após a limpeza diária realizava-se a primeira coleta da manhã, seguida

por mais duas coletas com intervalo de 1 hora totalizando três coletas que eram repetidas

à tarde após a alimentação dos camarões e uma limpeza simples. Cada coleta de amostras

era realizada em sequência e iniciava com a abertura parcial dos tubos Falcon de todos

os tanques para facilitar a decantação das partículas a caminho do tubo Falcon tomando

cuidado para não perder amostras. Após abrir o tubo Falcon do último tanque, iniciava-

se a coleta a partir do primeiro tanque trocando rapidamente o tubo com a amostra por

um tubo vazio. O tubo com a amostra tinha o sobrenadante descartado e a amostra era

transferida para um segundo tubo vazio identificado com o número do tanque.

Imediatamente após a coleta as amostras foram cuidadosamente lavadas com água

destilada para a retirada dos sais (Forster et al, 2003) para evitar interferências nos

resultados analíticos e filtrados à vácuo (Millipore, Billerica, EUA) com filtros

qualitativos e armazenados em tubos Falcon de 15ml a -15ºC até o final dos ensaios

quando então foram liofilizados e congelados a -15ºC.

Figura. 4 - Fezes de L. vannamei liofilizada, pesada congelada para ser enviada para análise.

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2.9. Análises químicas

As análises de umidade, cinzas, proteína das dietas e ingredientes, lipídeos, fibra,

e proteína, foram realizadas no laboratório CBO Análises Laboratoriais, Campinas, SP.

Estudos demostram efeitos do ambiente aquático sobre a integridade do pellet da

ração através da redução da estabilidade física e aumento da lixiviação dos nutrientes

resultando na diminuição do valor nutricional da ração (Obaldo et al., 2002; Cruz-Suárez

et al., 2007; Dias et al., 2009) e a determinação das perdas de matéria-seca e nutrientes

em estudos sobre digestibilidade contribuem para tornar esses dados mais precisos. A

fim de avaliar as perdas por lixiviação incidindo sobre as dietas utilizadas neste estudo

as mesmas foram submetidas à análise de lixiviação segundo o método descrito por

Obaldo et al. (2002) e Dias et al. (2009).

Para simular a lixiviação, foi utilizado um equipamento para banho maria com

temperatura e salinidade iguais as médias encontradas no período de experimentação,

30º C e 34 PSU para a rodada 1 e 27º C e 37 PSU para a rodada 2. Três repetições de 2g

para cada ração testada foram imersas em beckers de 50ml por 5 minutos.

A água contendo a amostra foi filtrada à vácuo em filtros de fibra de vidro 0,7 µm

Millipore AP4004700 (Millipore, Billerica, EUA); previamente secos em estufa a 105º

C por 24h, resfriados em dissecador por 2h, pesados e identificados; e a amostra

cuidadosamente lavada com água destilada para remoção do sal e seca para cálculo da

massa. A estabilidade do pellet foi calculada a partir da relação matéria-seca lixiviação

da ração: matéria-seca da ração original multiplicada por 100% (Obaldo et al. 2002). Os

coeficientes de digestibilidade da matéria-seca foram corrigidos em relação à perda de

matéria-seca em suas respectivas dietas.

2.10. Cálculos

Crescimento

O ganho de peso (%) foi calculado da seguinte forma:

G= Pf Pi⁄

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16

Onde:

G = ganho de peso %

Pf = peso final (g)

Pi = peso inicial (g)

O crescimento semanal (g semana-1) foi calculado da seguinte forma:

𝐶𝑆 = [(𝑃𝑓 − 𝑃𝑖) 𝑑⁄ ] × 7

Onde:

CS = crescimento semanal (g semana-1)

Pf = peso final (g)

Pi = peso inicial (g)

d = número de dias de cultivo

FCA

Foi adotado o fator de conversão alimentar econômico, que considera a

quantidade de ração ofertada e não a quantidade de ração consumida (Rana, 2009).

𝐹𝐶𝐴 = 𝑅 𝐺𝐵⁄

Onde:

FCA = fator de conversão alimentar

R = ração fornecida (g)

GB = ganho de biomassa (g)

𝐺𝐵 = 𝐵𝑓 − 𝐵𝑖

Onde:

Bi = biomassa inicial (g)

Bf = biomassa final (g).

Sobrevivência

A sobrevivência inclui as mortalidades por canibalismo e as fugas e foi

calculada da seguinte forma:

𝑆 = [1 − (𝑁𝑓 𝑁𝑖⁄ )/𝑁𝑖] × 100

Onde:

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17

S = Sobrevivência (%)

Nf = número final de indivíduos.

Ni = número inicial de indivíduos

Digestibilidade

Os cálculos dos coeficientes de digestibilidade aparente da proteína bruta e da

energia bruta das dietas referência e teste foram realizados a partir da fórmula (Cho et al.,

1982):

DA = 1 - (F/D x iD / iF)

Onde: DA = coeficiente da digestibilidade aparente da matéria-seca (DAMS),

proteína bruta (DAPB), energia bruta (DAE) das dietas; D = % do nutriente (ou MJ g-¹

de energia bruta) da dieta; F = % do nutriente (ou MJ g-¹ de energia bruta) das fezes; iD

= porcentagem do indicador cromo na dieta; IF = % de indicador nas fezes.

Os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria-seca e proteína bruta foram

calculados a partir da adaptação da fórmula (Bureau e Hua, 2006):

DA = DAdieta teste + [(DAdieta teste - DAdieta referência) x ( Ndieta referência

x Dref / Ndieta teste x Dingrediente)]

Onde DA - coeficiente de digestibilidade da matéria-seca (DAMS), proteína bruta

(DAPB), energia (DAE) dos ingredientes: Ndieta referência = % de participação da dieta

referência na mistura; Ndieta teste = % de participação do ingrediente teste na mistura;

Dref = % do nutriente (ou MJ g-¹ de energia bruta) da mistura da dieta referência (matéria

natural); Ding = % do nutriente (ou MJ g-¹ de energia bruta) do ingrediente teste (matéria

natural).

2.11. Análises estatísticas

Os valores são expressos como média e desvio padrão exceto quando

especificado. O efeito dos ingredientes e dos níveis de inclusão na digestibilidade foram

analisados por meio de ANOVA de duas vias e as diferenças entre os coeficientes de

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18

digestibilidade aparente foram determinadas com o Teste de Tukey. As análises de

correlação de Pearson foram aplicadas aos dados relacionando os coeficientes de

digestibilidade aparente à composição das dietas e dos ingredientes. As diferenças foram

consideradas significativas quando P< 0,05. Os testes foram realizados com o software

Statistica 9.1 (StatSoft, Inc. Tulsa, OK, EUA).

3. RESULTADOS

3.1. Qualidade da água

Os parâmetros de qualidade da água permaneceram estáveis durante todo o

experimento, dentre os parâmetros aferidos estão: oxigênio dissolvido, temperatura,

salinidade, pH e nitrogenados. O oxigênio dissolvido apresentou médias de 3,3 mg L-1

na primeira rodada e 4,4 mg L-1 na segunda rodada. A temperatura apresentou média

de 30,1º C na primeira rodada e 27,5º C na segunda rodada. A salinidade apresentou

média de 33,5‰ na primeira rodada e 37,4‰ na segunda rodada. Não foram

encontradas quantidades significativas de nitrogenados, também não houve variações

no pH do sistema permanecendo sempre nas faixas toleráveis para cultivo do L.

vannamei.

Tabela 5 – Níveis médios de oxigênio dissolvido (OD), temperatura (T°C) e salinidade durante as

rodadas 1 e 2 para a determinação do desempenho de ingredientes proteicos para L. vannamei em sistema

de recirculação.

3.2. Composição dos ingredientes

As composições dos ingredientes apresentaram valores nutricionais diferentes

entre todos os ingredientes testadas. A matéria-seca obteve valor médio de 92,5%, e

obteve a menor variação encontrada, variando 8% em relação a maior quantidade

Rodada OD

mgl-1

Temperatura

°C

Salinidade

1 3,3 30,1 33,5

2 4,4 27,4 37,4

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encontrada (95,3%) no ingrediente farinha de vísceras de frango de baixa qualidade, para

a menor quantidade encontrada no ingrediente farinha de sangue 87,7%.

A proteína bruta obteve valor médio igual à 77,2%, variando 37% em relação ao

maior valor encontrado, que foi no ingrediente de farinha de hemácias com 92,6% e o

menor valor encontrado no ingrediente farinha de vísceras de frango de alta qualidade

com 58,0%.

Os lipídeos apresentaram valores médios iguais a 6,7%, apresentando variação de

99%, sendo de 16,1% no ingrediente de farinha de vísceras de frango de alta qualidade

com o maior valor e 0,2% para o ingrediente farinha de sangue com o menor valor,

respectivamente.

A fibra foi analisada nos ingredientes e obteve valor médio igual a 0,7% e

apresentou uma variação do maior para o menor igual a 93%. O maior valor encontrado

para fibra foi no ingrediente farinha de vísceras de frango de baixa qualidade com 1,66%

e o menor valor encontrado foi no ingrediente de farinha de hemácias com 0,12%. O

material-mineral apresentou média igual a 8,4% com variação de 83% quando comparado

o maior valor encontrado no ingrediente farinha de vísceras de frango de baixa qualidade

com 18,7% e no ingrediente de farinha de penas de frango de baixa qualidade com 3,1%.

A energia bruta obteve valor médio igual a 5086,8 MJ Kg-1 com variação de 18%

entre o maior valor encontrado e o menor valor encontrado. O maior valor encontrado foi

o do ingrediente de farinha de penas de alta qualidade com 5543,0 MJ Kg-1 e o menor

valor respectivamente foi o do ingrediente farinha de vísceras de baixa qualidade com

4541,0 MJ Kg-1 de energia bruta. Os valores de extrato não nitrogenados foram inferiores

a 3% em todos os ingredientes.

3.3. Composição das dietas

As dietas experimentais apresentaram valores variados de níveis proteicos (PB),

lipídeos (EE), fibra (FB), extrato não-nitrogenado (ENN), matéria-seca (MS), material

mineral (MM) e energia bruta (EB) quando comparados com a dieta REF (Tab. 4). Estes

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20

valores também apresentaram mudanças quando comparados com os mesmos

ingredientes testes variando apenas os níveis de inclusão.

O valor da PB na dieta REF foi de 38,0%, enquanto que a média da PB nas dietas

teste foi de 45,9%. Foi observado variação de 27% entre o maior e o menor valor de PB

nas dietas teste, sendo o maior valor a dieta com HEM30 que obteve valor igual a 54,7%

e o menor valor encontrado foi com a VISB10 que obteve valor igual a 39,7%.

Na dieta REF foi observado valor igual a 8,7% para os EE e média de valor igual

a 8,0% para as concentrações de EE nas dietas testes. Foi observado variação de 58% do

menor ao maior valor de EE, sendo o maior valor igual a 10,8% para a dieta VISA30 e

menor valor para a dieta HEM30.

O valor de FB presenta na dieta REF foi igual a 1,0% e a média das dietas teste

foi igual a 0,6%. A variação entre o maior e o menor valor encontrado foi de 54%. A dieta

que apresentou maior valor foi a VISA30 com valor igual a 0,9% e o menor valor

encontrado para FB foi de 0,4% na dieta PENA30.

O valor do ENN na dieta REF foi igual a 33,5% e a média das dietas teste foi igual

a 28,1%. A variação do maior e menor valor encontrado desse nutriente nas dietas testes

foi de 28%, sendo o maior valor o da dieta de VISB10 com o valor igual a 32,4% e o

menor valor o da dieta PENA30 que foi igual a 23,4%.

O valor de MS na dieta referência foi igual a 90,8%, enquanto que a média dos

valores das dietas testes foi igual a 91,8%. Foi observado na MS a menor variação entre

todos os outros nutrientes das dietas com apenas 2% entre o maior e menor valor de MS

nas dietas teste, sendo o maior valor a dieta HEM10 com valor igual a 90,3%, enquanto

que o menor valor encontrado foi para a dieta PENA30 que obteve valor igual a 92,4%.

O valor encontrado na dieta REF para MM foi igual a 9,6% e o valor médio das

dietas teste foi igual a 9,2%, variando 37% do maior ao menor valor encontrado. A dieta

VISB30 foi a que apresentou o maior valor entre as dietas teste com 12,1%, enquanto que

a dieta PENB30 apresentou o menor valor encontrado com 7,6%.

Também houve variação para a EB das dietas. A EB variou de um valor mínimo

de 4150,0 MJ Kg-1 da dieta PENB10 ao valor máximo de 4509,0 MJ Kg-1 da dieta HEM30

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21

que representa um aumento de 8% do maior valor ao menor. A dieta REF obteve o valor

igual a 4260,0 MJ Kg-1.

3.4. Desempenho zootécnico

Ganho de peso

O crescimento semanal médio foi de 0,9g na primeira rodada e 0,5g na segunda

rodada, respectivamente. Foi observado uniformidade no crescimento dos indivíduos

estudados na primeira rodada, com ganhos de peso variando de 0,8g para as dietas com

inclusão de HEM10 e HEM30 e de 0,9g para a dieta REF e SAN10 (Tab x). Porém a

uniformidade no crescimento semanal não se repetiu na segunda rodada, tendo variação

de 0,3g para as dietas com inclusão de SAN30, PENA10 e PENB30 até 0,6g para as dietas

com inclusão de VISA10, VISA30, VISB30 e REF.

Sobrevivência e Fator de conversão alimentar aparente

Foi alcançada uma sobrevivência média de 94% em todo experimento, sendo

89,9% de sobrevivência na primeira rodada e 95,6% na segunda rodada, respectivamente.

Foi observado um FCA de 9,9 para todo o experimento, sendo de 3,6 para a

primeira rodada e 12,5 para a segunda rodada.

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Tabela 6 - Desempenho zootécnico dos camarões L. vannamei cultivados em sistema de recirculação

durante as rodadas 1 e 2 para o estudo da digestibilidade de ingredientes proteicos e alimentados com as

dietas: REF - Dieta referência, HEM - farinha de hemácias, SAN - farinha de sangue, VISA - farinha de

vísceras de frango de alta qualidade, VISB - farinha de vísceras de frango de baixa qualidade, PENA -

farinha de penas de frango de alta qualidade, PENB - farinha de penas de frango de baixa qualidade. 10 e

30 após as dietas significam o nível de inclusão. FCA - Fator de conversão alimentar.

Rodada Dieta¹ Sobrevivência

%

Peso final

(g)

Biomassa

final

Crescimento

semanal FCA²

1

REF 89,2 14,9 490,6 0,9 3,4

HEM10 90,1 14,8 494,3 0,8 3,9

HEM30 90,1 14,0 465,7 0,8 3,7

SAN10 90,1 14,6 481,5 0,9 3,3

2

SAN30 94,4 17,4 492,6 0,3 24,8

VISA10 96,7 19,7 572,4 0,6 6,0

VISA30 95,6 20,4 580,0 0,6 10,5

VISB10 95,6 19,9 569,4 0,5 7,1

VISB30 96,6 20,1 577,4 0,6 5,6

PENA10 96,7 19,5 564,8 0,3 22,5

PENA30 93,3 17,5 490,2 0,4 19,0

PENB10 95,6 18,7 535,4 0,5 7,4

PENB30 94,4 16,7 474,5 0,3 15,5

REF 96,7 19,3 558,7 0,6 6,4

3.5. Digestibilidade das dietas

Os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria-seca, proteína bruta e

energia das dietas teste apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p<0,05)

de acordo com o ingrediente e com o nível de inclusão, bem como foi significativa a

digestibilidade de cada ingrediente de acordo com a sua inclusão.

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Tabela 7. Análise de variância (ANOVA) de 2 vias para a digestibilidade aparente da matéria-seca, proteína

bruta e energia bruta das dietas teste contendo seis ingredientes proteicos nos níveis de inclusão 10% e 30%

em função do tipo de ingrediente, nível de inclusão e sua interação em dietas para juvenis do L. vannamei.

Matéria-seca Proteína Bruta Energia Bruta

VARIÁVEIS P P P

NIVEL DE INCLUSÃO 0,000320 0,000000 0,000933

INGREDIENTE 0,005422 0,000000 0,000475

INGREDIENTE x INCLUSÃO 0,015328 0,000452 0,001657

Digestibilidade da matéria-seca

A digestibilidade aparente da matéria-seca (DAMS) das dietas diminuiu com o

aumento da inclusão, exceto para a dieta com a inclusão do ingrediente HEM que houve

um aumento de 3% no coeficiente de digestibilidade. Apesar de apresentar diminuição no

DAMS da primeira para a segunda rodada com valores abaixo de 65%, a dieta referência

teve aumento no coeficiente de digestibilidade na segunda rodada de 70,9% para 72,7%;

A dieta que apresentou o pior valor de DAMS foi PENB30 com 61,3% (Tab. 8).

Digestibilidade da Proteína

A digestibilidade aparente da proteína bruta (DAPB) das dietas tiveram redução

no seu coeficiente, exceto para as rações com inclusão de HEM (nos dois níveis de

inclusão) e VISB10 e uma pequena redução para VISB30. Todas as outras dietas

apresentaram redução no coeficiente de digestibilidade da PB, apresentando o maior valor

entre as dietas teste HEM30 com 85,1% e o menor valor a dieta SAN30 com 62,6%,

respectivamente (Tab. 8).

Digestibilidade da energia

O coeficiente de digestibilidade da energia (DAE) não variou tanto quanto os

outros nutrientes, entre as dietas, independente da rodada, exceto para as dietas com

inclusão de SAN30 (69,6%), PENB30 (72,4%) e PENA30 (73,0%) que obtiveram os

coeficientes mais baixos. O DAE mais alto foi observado na dieta com inclusão de

HEM30 com 84,2%, enquanto que a dieta REF apresentou 84,2% nas duas rodadas (Tab.

8).

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Tabela 8 - Coeficiente de digestibilidade aparente para a matéria-seca (DAMS), proteína bruta (DAPB) e

energia bruta (DAE) das dietas referências nas rodadas 1 e 2 e dietas testes nos níveis de inclusão 10 e 30%

por juvenis do L. vannamei. Valores expressos em média ± desvio padrão (n=3)¹.

Círculos cheios e vazios representam os maiores e menores valores encontrados, respectivamente.

3.6. Digestibilidade aparente dos ingredientes

Os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria-seca, proteína bruta e

energia bruta não apresentaram diferença significativa (P<0,05) em função do tipo do

nível de inclusão e ingrediente avaliado, exceto a proteína bruta que apresentou diferença

significativa (P<0,05) no tipo do ingrediente.

Tabela 9 - Análise de variância (ANOVA) de 2 vias para a digestibilidade aparente da matéria-seca, proteína

bruta e energia bruta dos ingredientes teste contendo seis ingredientes proteicos nos níveis de inclusão 10

e 30% em função do tipo de ingrediente, nível de inclusão e sua interação em dietas para juvenis do L.

vannamei.

Matéria-seca Proteína Bruta Energia Bruta

VARIÁVEIS P P P

NIVEL DE INCLUSÃO ns ns ns

INGREDIENTE ns 0,000011 ns

INGREDIENTE x INCLUSÃO ns ns ns

Digestibilidade da matéria-seca

Dieta

REF R1 70,8% ± 0,4% abc 82,2% ± 1,4% ab 84,2% ± 0,3% c

REF R2 72,8% ± 0,6% ab 82,4% ± 1,4% ab 84,2% ± 0,7% c

HEM10 68,8% ± 3,5% abcd 83,8% ± 2,0% ab 82,0% ± 1,0% c

HEM30 73,4% ± 0,3% a 85,1% ± 1,4% ab 84,4% ± 1,5% c

SAN10 69,9% ± 8,1% abc 76,2% ± 6,9% bc 80,5% ± 5,9% c

SAN30 62,4% ± 1,7% cd 62,6% ± 2,6% e 69,6% ± 1,4% d

VISA10 66,6% ± 0,4% abcd 78,1% ± 0,7% abc 81,4% ± 0,0% abc

VISA30 62,5% ± 2,6% cd 73,8% ± 1,5% cd 80,8% ± 0,0% abc

VISB10 70,9% ± 2,5% abc 82,2% ± 1,9% ab 82,4% ± 0,0% abc

VISB30 69,0% ± 0,5% abcd 80,5% ± 0,8% abc 84,1% ± 0,2% c

PENA10 70,4% ± 4,5% abc 77,2% ± 4,2% bc 84,5% ± 0,0% c

PENA30 64,3% ± 0,6% bcd 67,3% ± 0,8% de 73,0% ± 0,6% abd

PENB10 70,1% ± 0,6% abc 76,2% ± 0,7% bc 80,8% ± 1,0% ac

PENB30 60,8% ± 1,9% d 65,2% ± 2,3% e 72,4% ± 1,6% bd

DAMS DAPB DAE

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O aumento do nível de inclusão teve efeitos variados na DAMS e causou uma

tendência de diminuição para a maioria dos ingredientes testados, tendo diminuído para

SAN, VISB, PENA e PENB. Já os ingredientes HEM e VISA apresentaram aumento nos

coeficientes de digestibilidade quando aumentado o nível de inclusão do ingrediente teste

nas dietas, como de 81,2% para 84,6% para HEM e 37,0% para 45,9% para VISA.

A VISA apresentou o pior coeficiente quando incluído 10% na dieta (37,0%),

enquanto que o melhor coeficiente de MS foi de SAN10 que obteve coeficiente igual a

88,6%, quase o dobro do que obtido pelo mesmo ingrediente quando incluso à 30% na

dieta (44,9%).

Digestibilidade da Proteína

O aumento do nível de inclusão nas dietas teste resultaram em diminuição do

coeficiente de digestibilidade da proteína (DAPB) para quase todos os ingredientes

testados, exceto quando a inclusão foi de 30% no ingrediente VISA, que obteve um

aumento de 5% em relação ao tratamento com inclusão de 10% do mesmo ingrediente.

O melhor coeficiente foi observado na dieta com inclusão de 10% de HEM que

obteve o DAPB igual a 90,7% seguido pelo mesmo ingrediente quando a inclusão foi de

30% que obteve valor igual a 87,9%. O pior desempenho no DAPB foi na dieta com

inclusão de 30% de SAN que obteve resultado igual a 44,9% (menos da metade do melhor

ingrediente HEM10), seguido pelo segundo pior ingrediente PENB com inclusão de 30%

que obteve valor igual a 49,3%.

Digestibilidade da energia

Os coeficientes de digestibilidade aparente de energia (DAE) aumentaram com o

nível de inclusão para HEM, VISA e VISB, diminuindo para SAN, PENA e PENB.

Obteve o pior coeficiente o ingrediente SAN com 45% quando incluso a 30% e PENB

com 52,5% quando incluso a 30%, o melhor coeficiente foi para PENA10 com 86% e

HEM30 quando incluso a 30% com coeficiente igual a 84,7%.

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Tabela 10 - Digestibilidade aparente da matéria-seca (DAMS), digestibilidade aparente da proteína bruta

(DAPB), digestibilidade da energia bruta (DAE) de seis ingredientes proteicos inclusos em dietas teste nos

níveis de inclusão de 10 e 30% para juvenis do L. vannamei. Valores expressos em média ± desvio padrão

(n=3)¹.

Círculos cheios e vazios representam os maiores e menores valores encontrados, respectivamente.

3.7. Relação desempenho x digestibilidade

Correlações DAP x gramas/semana

Foi observada correlações entre a digestibilidade aparente da proteína na dieta em

relação ao crescimento por semana do camarão (p=0,00003). Também foi observado

correlação entre a digestibilidade da proteína no ingrediente e o crescimento por semana

do camarão (p=0,0068). Ambas as correlações são consideradas correlações fracas.

4. DISCUSSÃO

4.1. Qualidade da água e desempenho

Todos os parâmetros de qualidade de água se apresentaram ótimos para o cultivo

do camarão marinho Litopenaeus vannamei (SÁ, 2012). Foi observado uma leve queda

da média de temperatura na segunda rodada, mas que não apresentou diferença na

digestibilidade, se comparado as dietas referências. Quando comparado com outros

Dieta

HEM10 74,8% ± 30,7% 90,7% ± 8,5% a 67,8% ± 7,5%

HEM30 84,3% ± 0,9% 87,9% ± 2,5% ab 84,7% ± 4,0%

SAN10 85,4% ± 73,8% 57,0% ± 31,2% abcd 56,6% ± 44,3%

SAN30 44,6% ± 5,3% 44,9% ± 4,9%d

44,9% ± 3,8%

VISA10 34,8% ± 3,7% 57,4% ± 4,3% abcd 61,8% ± 0,0%

VISA30 46,1% ± 7,7% 62,4% ± 3,5% abcd 74,7% ± 0,0%

VISB10 72,4% ± 21,3% 83,3% ± 11,3% abc 68,5% ± 0,0%

VISB30 65,6% ± 1,4% 78,6% ± 1,8% abcd 83,9% ± 0,7%

PENA10 67,9% ± 38,5% 58,8% ± 20,2% abcd 86,2% ± 0,0%

PENA30 51,8% ± 1,9% 52,8% ± 1,5%cd

54,5% ± 1,5%

PENB10 65,2% ± 4,9% 55,0% ± 3,1% bcd 59,1% ± 7,6%

PENB30 41,1% ± 5,8% 49,3% ± 4,4%cd

52,5% ± 4,4%

DAMS DAEDAPB

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trabalhos de digestibilidade, percebe-se semelhança com os parâmetros encontrados por

(Carvalho, 2013; Vieira, 2015; Davis, 2002).

4.2. Composição dos ingredientes

De forma geral os ingredientes apresentaram valores satisfatório em termos

nutritivos condizentes com os demais trabalhos encontrados na literatura (Hertrampf e

Piedad-Pascual, 2000; Rostagno, 2011; Tacon, 2009). A farinha de hemácias e a farinha

de sangue por exemplo, obtiveram valores nutricionais muito parecidos com o encontrado

por (Rostagno, 2011), com níveis de proteína bruta em torno de 86,29% e 83,5%, MS em

torno de 90,21% e 92,90%, e EB em com 4981 e 5134, respectivamente.

Não há distinção na literatura sobre o que torna um ingrediente de alta ou baixa

qualidade. Porém, ambos os ingredientes provindos de derivados de frango, farinha de

penas hidrolisadas e farinha de vísceras (alta e baixa qualidade) apresentaram valores

similares ao encontrados por outros autores, como 81,54% de PB e 3,35% de EE

encontrados por (Carvalho, 2013) e 83,63% de PB, 91,06% de MS e 5225 de EB

encontrados por (Rostagno, 2011) para farinha de penas hidrolisadas. E 91,40% de MS,

65,71% de PB e 5231 de EB e 58,37% de PB e 13,15% de EE para farinha de vísceras de

frango encontrados por (Rostagno, 2011).

4.3. Digestibilidade das dietas

O objetivo da dieta referência nesse estudo era garantir um grupo controle, que

resultasse digestibilidade e desempenho zootécnicos de alto rendimento similar a uma

dieta comercial comparável a outros trabalhos a fim de obter a eficiência (aumento ou

diminuição) das dietas testes. O coeficiente de digestibilidade da matéria-seca foi similar

ao encontrado por vários autores quando estudado o L. vannamei: 76,1% e 71,6%

(Carvalho, 2013), 71% (Cruz-Suarez et al., 2009), 78,46% (Foster et al., 2003), 70,2%

(Rivas-Veja et al., 2006).

A DAPB encontrado na dieta referência nas duas rodadas não apresentaram

diferença estatística significativamente entre si (82,2% e 82,4%) e próximas aos valores

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encontrados de 81,3% (Carvalho, 2013), 84,2% e 83,7% (Vieira, 2015), 77,7% (Cruz-

Suárez et al., 2009), 88,9% (Cruz-Suárez et al., 2007), 85,3% (Hernández et al, 2008). Do

mesmo modo a DAPB a DAE não apresentou diferença estatística significativamente

entre si nas duas rodadas na dieta referência (84,2% nas duas rodadas) e apresentou

valores próximos ao encontrado por 83,5% e 81,2% (Carvalho, 2013).

A semelhança nos coeficientes de digestibilidade das dietas referências nas duas

rodadas, podem comprovar a eficiência do sistema de digestibilidade utilizado neste

trabalho, que mesmo apresentando diminuição no FCA e no crescimento semanal dos

animais, assim como quedas de temperaturas, não diminuiu os coeficientes de

digestibilidade aparente dos nutrientes estudados. Outros estudos, relatam que o tamanho

do camarão pode influenciar os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes (Siccardi et

al., 2006; Carvalho, 2013), assim como outros estudos relatam que o coeficiente de

digestibilidade apresentaram variações independentemente do tamanho dos animais

(Smith et al., 1985).

Os resultados deste estudo mostram que o melhor aproveitamento da dieta para o

L. vannamei se deu nas dietas referência, ou seja, sem inclusão de proteínas advindas de

animais terrestres, mostrando a eficiência das dietas formuladas essencialmente com

material proteico provindo do ambiente marinho, semelhante ao encontrado por (Vieira,

2015), porém, dependendo do nível de inclusão, pode-se substituir quantidades

significativas destes ingredientes proteicos a fim da diminuição de custos sem diminuir a

qualidade da ração, como por exemplo a similaridade das dietas com inclusão de HEM10,

SAN10 e VISB10, que foi estatisticamente igual a dieta teste, em todos os coeficientes

de digestibilidade.

Vale ressaltar que ingredientes tidos como de baixa qualidade como as farinhas

de vísceras, farinha de sangue e farinhas de penas apresentaram valores inferiores de

digestibilidade quando inclusos em quantidades maiores a 10% nas dietas referências,

originando em sua maioria, perda de crescimento e de digestibilidade nos camarões

estudados, exceto para a dieta com inclusão de PENA30 que obteve desempenho

zootécnico melhor que a dieta PENA10.

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29

4.4. Digestibilidade dos ingredientes

Os coeficientes de digestibilidade dos ingredientes aparente variaram de acordo

com o ingrediente e o seu nível de inclusão, apresentando coerência na maioria dos

ingredientes quando aumentado o nível de inclusão, diminui a digestibilidade dos

mesmos. Essa tendência foi observada para os DAMS nos ingredientes SAN, VISB,

PENA e PENB. Enquanto que houve melhora quando os ingredientes foram inclusos a

30% nos ingredientes HEM e VISA.

Quando comparado os níveis de inclusão em relação a DAPB observa-se que para

todos os ingredientes, houve diminuição do coeficiente de digestibilidade aparente,

exceto para o ingrediente VISA, que aumentou cerca de 5% do ingrediente incluso a 10%.

Já o DAE apresentou resultados variados em seus coeficientes, como a HEM, VISA e

VISB apresentaram aumento no coeficiente de digestibilidade aparente, enquanto que

SAN, PENA e PENB apresentaram diminuição nos coeficientes de digestibilidade

aparente para este nutriente.

A farinha de hemácias apresentou os melhores coeficientes de digestibilidade

aparente para DAMS e DAPB, porém apresentou DAE inferior aos ingredientes PENA10

e VISB30. Supõe-se que a farinha de hemácias por possuir a maior quantidade de proteína

possua efeito positivo na digestibilidade (Siccardi et al., 2006).

Os coeficientes de digestibilidade aparente da farinha de sangue apresentaram

resultados distintos quando comparados os níveis de inclusão do ingrediente, diminuindo

quando aumentado o nível de inclusão. Hertrampf e Piedad-Pascual (2000) relata que

falhas no processamento do sangue como temperaturas elevadas na secagem ou demora

no processamento pode ocasionar redução na qualidade do ingrediente.

Diferente do que era esperado, a VISB apresentou coeficientes de digestibilidade

aparente superior aos ingredientes SAN, VISA, PENA e PENB. Hertrampf e Piedad-

Pascual (2000) afirmam que a qualidade da farinha de vísceras de frango não depende

somente do processamento da matéria-prima, mas também, se os frangos possuem grande

quantidade de gordura abdominal. Segundo Carvalho (2013), a falta de padronização na

produção deste subproduto afeta diretamente a qualidade do ingrediente produzido no

Brasil. Apesar da utilização de cabeças, pescoços e pés na fabricação de farinha de

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vísceras ser permitida, tal prática pode alterar negativamente a qualidade do produto,

diminuindo a quantidade de proteína digerível (Tacon, 2009).

O coeficiente de digestibilidade aparente da PENA30, PENB10 e PENB30

apresentou resultados inferiores aos demais ingredientes testados, com exceção da

SAN30. Segundo Sinhorini (2013) apesar da farinha de penas apresentar alto valor de

proteína bruta, esta proteína é de baixa qualidade e pouco digerível. O mesmo foi

observado por Carvalho (2013) onde foi atribuído coeficientes de digestibilidade aparente

abaixo dos demais ingredientes a suposta presença de nitrogênio não-proteico.

5. CONCLUSÕES

Com base nos resultados deste estudo, bem como em outros estudos realizados

com o camarão marinho Litopenaeus vannamei, existe a possibilidade da inclusão de

ingredientes proteicos oriundos dos animais de corte terrestres, tornando com estas

inclusões o processo mais rentável. A farinha de hemácias tem potencial como um

ingrediente de alimentação alternativo ou suplementação dos ingredientes proteicos já

utilizados pelas fábricas de rações. As demais proteínas devem ser adicionadas com

cautela para que não haja redução na digestibilidade, como observado com inclusões

maiores que 10% desses ingredientes. Com base nos resultados positivos destes estudos

a indústria é encorajado a avaliar o uso de fontes proteicas de animais terrestres e a

continuar os estudos no que se refere a digestibilidade desses ingredientes.

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