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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARATAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR PADRÕES CARIOTÍPICOS EM TETRAODONTIFORMES (Osteichthyes ): REDUÇÃO GENÔMICA E MECANISMOS DE DIVERSIFICAÇÃO LORENA CORINA BEZERRA DE LIMA NATAL/RN 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARATAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR

PADRÕES CARIOTÍPICOS EM TETRAODONTIFORMES

(Osteichthyes ): REDUÇÃO GENÔMICA E

MECANISMOS DE DIVERSIFICAÇÃO

LORENA CORINA BEZERRA DE LIMA

NATAL/RN2007

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PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR

PADRÕES CARIOTÍPICOS EM TETRAODONTIFORMES

(Osteichthyes ): REDUÇÃO GENÔMICA E MECANISMOS DE

DIVERSIFICAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação emGenética e Biologia Molecular, Departamento de Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Genética e Biologia Molecular.

LORENA CORINA BEZERRA DE LIMA

ORIENTADOR: WAGNER FRANCO MOLINA

NATAL/RNFEVEREIRO- 2007

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“... O nailon movera-se. Fiquei agitado. A linha

corria de um lado para outro. Seu Félix jogou

fora o cigarro e se apressou em ajudar-me. O

peixe chegou, debateu-se no chão. Mas que

decepção: um baiacu. Um indesejável baiacu.

Creio que até hoje é assim. Esse peixe, feio que

dá dó, encarna a frustração de qualquer

pescador. Contudo, não é desprezado apenas

por sua feiúra, mas principalmente pelo veneno

entranhado em suas carnes... Os pescadores o

recusam mais ainda por conta de seus dentes

afiados que cortam as linhas, com a perda de

anzóis e chumbadas. Mas um peixe pertencente

a uma ordem de nome tão elegante –

Tetraodontiformes – não pode ser tão inútil

assim... Joguei-o no rio escuro, com o desdém

de praxe. Faz tanto tempo aquele peixe... E tanto

tempo demorei para saber da sua importância e

para lembrá-lo agora, com todo respeito.”

Iveraldo Guimarães – Veleiros do Infinito

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AGRADECIMENTOS

“Nunca atribua unicamente a você o sucesso dessa ou daquela tarefa,

compreendendo que em todo trabalho há que considerar o espírito de

equipe”.

Francisco Cândido Xavier

Gostaria de agradecer a todos aqueles que de alguma forma, direta ou

indiretamente, contribuíram para que a realização deste trabalho fosse possível,

mas de maneira especial a:

Meus pais, fonte infinita de inspiração e exemplo e meus irmãos Thaína

e Iury. Graças a vocês sei que nunca estarei só e que sempre serei amada...

Obrigada é muito pouco para agradecer....

Ao meu orientador, Wagner Molina, pela paciência extrema e exemplo,

obrigada por aceitar orientar-me e contribuir para o meu crescimento. Quando eu

crescer eu quero ser assim...

À banca examinadora, por aceitar contribuir para o crescimento deste

trabalho;

A UFRN e o Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia

Molecular, pelas condições oferecidas, ainda que não fossem as ideais, mas

foram as melhores possíveis;

Aos meus companheiros de curso : Giva, Tiago, Rodrigo, Cris, Viviane,

Leo Pedala, Cíntia, Lourena, Valeska e Vanessa, pelos bons momentos

compartilhados e pela amizade gerada, fazendo com que as disciplinas não

fossem um martírio....

Aos meus queridos amigos de laboratório Ingrid, pelos bons momentos e

sempre procurara me fazer rir e Antônio, meu companheiro de aventuras pelas

iilhas e amigo de todas as horas, a amizade de vocês fez esses dois anos

suportáveis...Espero encontra-los ainda pelo mundo.....

A todos os meus amigos do LGRM que estão e que já saíram:

Leozinho,Tati, Érika, Isabeli, Alisonzinho, Gideão (Digimon), Inailson,

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Euricuzinho, Delane, Gustavo e Temis, obrigada pelos bons momentos, risadas

e opiniões compartilhadas. Certamente não há laboratório com um clima tão

harmônico....

A Débora pela infinita paciência e ajuda ímpar neste trabalho. Lembre-se

sempre de segurar na minha mão, porque eu nunca larguei a sua.....

A Garcia, pela paciência na identificação dos exemplares, valeu mesmo!

Aos pescadores, por me favorecer do fruto de seu trabalho;

Às minhas tias Ivone e Iza: Muito obrigada pela paciência e cuidados, e

por permitir que seu lar fosse o meu durante todos estes anos.....A vocês meu

respeito e eterna gratidão;

Aos meus avós: Chiquinho e Corina, pela proteção , e Lurdes e Lucílio,

pelo amor e momentos de extremo aprendizado. Muito obrigada pela herança

maravilhosa;

Aos meus tios Cicí, Chaguinha, Neto, Cida e Ivonete, pelo acolhimento,

apoio, amor e cuidados constantes;

À minha dupla sertaneja favorita: Jordana e Joyce, as irmãs que tenho

aqui, obrigada pelas risadas e amizade infinita;

Aos meus primos Lucila, Camila, Tales, Túlio, Tomas e Poliana pela

amizade a mim dedicada;

A todos da família dos cabeludos, pela vida partilhada;

A todos os meus amigos da minha querida terra;

A Nitinha e Dinarte, pelo carinho enorme;

A Pedro: meu motorista, psicólogo, editor de imagens, redator,

formatador, pescador, banco 24 horas, amigo, companheiro de cinema, web

designer, mágico particular, massagista, conselheiro (ufa!) e também nas horas

vagas, namorado. A você, companheiro de todas as horas, meu amor, respeito

e carinho. Sem você certamente este trabalho não se realizaria de forma tão

tranqüila....

Ao Espírito criador, pela vida, por mais esta vitória;

A todas as formas de vida, pela persistência.

Obrigada a todos, esta vitória é um pouco de cada um de vocês.

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................................. ii

ABSTRACT......................................................................................................................... iv

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ viii

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

1.1. Aspectos gerais das famílias Balistidae, Diodontidae, Monacanthidae e Tetraodontidae ............................................................................................................ 3

1.2. Dados genéticos e citogenéticos na ordem Tetraodontiformes e espécies em estudo .......................................................................................................................... 7

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 13

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 14

3.1 Material........................................................................................................................ 14

3.2 Método.......................................................................................................................... 15

3.2.1 Estimulação Mitótica.................................................................................................. 15

3.2.1.1. Técnica de Estimulação Mitótica (Lee e Elder, 1980)........................................... 15

3.2. 2 Obtenção de Cromossomos Mitóticos..................................................................... 15

3.2.1.1Técnica de suspensão celular, segundo Gold et al., (1990) ................................... 16

3.3. Técnicas de Bandamentos Cromossômicos .............................................................. 17

3.3.1. Detecção das Regiões Organizadoras do Nucléolo ................................................ 17

3.3.1.1 Técnica de detecção das Regiões Organizadoras do Nucléolo (RONs) (Howell e Black, 1980) ........................................................................................................ 17

3.3.2.Bandamento C ......................................................................................................... 17

3.3.2.1. Técnica de Detecção da Heterocromatina Constitutiva (Sumner, 1972) .............. 18

CAPÍTULO 1...................................................................................................................... 19CAPÍTULO 2...................................................................................................................... 32CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 464. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 555. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 586. REFERENCIAS.............................................................................................................. 59

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ii

RESUMO

A ordem Tetraodontiformes é composta por cerca de 400 espécies de

peixes, distribuídas em dez famílias, com distribuição circuntropical. A

diversidade morfológica de cada família reflete em, parte, os diferentes níveis de

especialização. Este grupo representa uma linhagem pós-Perciformes e

constitui o último ramo da difusão dos Teleósteos, ocupando uma posição

filogenética de destaque. Nesta ordem encontram-se algumas das espécies de

peixes mais conhecidas popularmente, os baiacus, famílias Diodontidae e

Tetraodontidae; e os cangulos, famílias Balistidae e Monacanthidae. Existem

diversos trabalhos examinando as relações filogenéticas dos Tetraodontiformes

e, em todos, estas famílias são reconhecidas como grupos irmãos, sendo

Diodontidae mais próximo de Tetraodontidae e Balistidae mais próximo de

Monacanthidae. Embora possua um número representativo de espécies, são

poucos os trabalhos citogenéticos envolvendo exemplares das famílias

Balistidae e Monacanthidae, especialmente espécies insulares.

Neste trabalho foram analisadas citogeneticamente as espécies

Cantherhines macrocerus, Cantherhines pullus (Monacanthidae), Melichthys

niger (Balistidae), Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae) e Chilomycterus

antennatus (Diodontidae); através de coloração convencional, Ag-RONs e

bandamento C. Diante das diferentes tendências de evolução cariotípicas

apresentadas pelos Tetraodontiformes, o presente trabalho também buscou

verificar a existência de relação entre o tamanho total dos cromossomos com a

quantidade de DNA nestes grupos de Tetraodontiformes. Para tal, foram

correlacionados o tamanho total do complemento haplóide destas espécies, com

valores de conteúdo de DNA disponíveis na literatura. As análises citogenéticas

para as espécies C.macrocerus, C.pullus (Monacanthidae) e M.niger (Balistidae),

revelaram um cariótipo composto de 40 cromossomos, todos acrocêntricos.

Todas possuem apenas um par de RONs e heterocromatina pericentromérica.

Para S.testudineus o número diplóide encontrado foi igual a 2n=46, com NF=78

(16m+18sm+8st+4a), enquanto que para C.antennatus possui 2n=50, com

NF=76 (4m+22st+24a). Ambas espécies possuem RONs simples e blocos

heterocromáticos centroméricos.

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iii

Em M. niger, a presença de marcação positiva (heterocromatina e RON) na

constrição secundária no 2°par cromossômico em M. niger sugerindo a

ocorrência de um rearranjo, possivelmente uma fusão envolvendo estes

homólogos, indicando que estes eventos foram importantes para o

estabelecimento dos cariótipos deste grupo.A manutenção da constância

cariotípica encontrada nas populações de C. macrocerus (Monacanthidae) e

Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae) talvez se deva pelo favorecimento do

fluxo gênico através das correntes oceânicas. Estes dados contrastam com os

citótipos diferenciados de C.antennatus entre a costa Nordeste e Sudeste,

sugerindo que os padrões ecológicos de cada espécie, somados às condições do

meio ambiente marinho, possam ser responsáveis pela delineação cariotíopica

de cada espécie.

As características citogenéticas encontradas para as espécies

C.macrocerus, C.pullus, M.niger, S.testudineus e C.antennatus somam-se aos

dados disponíveis para outras espécies de Tetraodontiformes. A partir dos dados

obtidos no presente estudo, pode-se inferir que o conteúdo de DNA possui

relação direta com o comprimento total do genoma.

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iv

ABSTRACT

The Tetraodontiformes order is composed for about 400 species of fish,

distributed in ten families, with circuntropical distribution. The morphologic

diversity of each family reflects in, part, the different levels of specialization. This

group represents an ancestry after-Perciformes and constitutes the last branch of

the diffusion of the Teleósteos, occupying a position of prominence. The

phylogenetics relationships of the Tetraodontiformes exist diverse works

examining and, in all, these families are recognized as groups brothers, being

Diodontidae next to Tetraodontidae and Balistidae next to Monacanthidae.

Although it possesss a representative number of species, the works involving of

the families Balistidae and Monacanthidae are few exemplary, especially species

insulares. In this work cytogenetic studies in five species had been analyzed

Cantherhines macrocerus, Cantherhines pullus (Monacanthidae), Melichthys

niger (Balistidae), Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae) and Chilomycterus

antennatus (Diodontidae); through conventional coloration, Ag-NORs and C

banding. Ahead of the different karyological trends of evolution presented by the

Tetraodontiformes, the present work also searched to verify the relation existence

enters the total size of the chromosomes with the amount of DNA in these groups

of Tetraodontiformes. For such, they had been correlated the total size of the

chromosomes of these species, with values of content of available DNA in

literature.

The cytogenetics analyses for the species C.macrocerus, C.pullus

(Monacanthidae) and M.niger (Balistidae), had disclosed 40 chromosomes, all

acrocentrics. All possess only one pair of NORs and pericentromeric

heterochromatin. For S.testudineus the found dyploid number was equal 2n=46,

with NF=78 (16m+18sm+8st+4a), while that for C.antennatus it possesss 2n=50,

with NF=76 (4m+22st+24a). Both species possess simple NORs and

pericentromeric heterochromatin blocks.

In M.niger, the presence of positive marking (heterochromatin and NOR) in

the secondary constriction in the second chromosomic pair in M.niger suggesting

the occurrence of a rearrangement, possibly a fusing involving these homologous

ones, indicating that these events had been important for the establishment of the

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v

karyological history of this group. A maintenance of the chromosomic constancy

found in the populations of C.macrocerus (Monacanthidae) and S.testudineus

(Tetraodontidae) perhaps if must for the aiding of the gene flow through oceanic

chains. These data contrast with the differentiated kinds of chromosomes of

C.antennatus between the Northeast coast and Southeastern, suggesting that the

ecological standards of each species, added to the conditions of the marine

environment, can be responsible for the karyological delineation of each species.

The found characteristics for the species C.macrocerus, C.pullus, M.niger,

S.testudineus and C.antennatus add it the available data for other species of

Tetraodontiformes. From the data gotten in the present study, it can be inferred

that the DNA content possesss direct relation with the total length of the

chromosomes.

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vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Morfologia de um representante geral de cada uma das dez famílias de

Tetraodontiformes, onde nota-se a extrema diversidade morfológica da ordem. Retirado

de Santini e Tyler (2003)..................................................................................................... 2

Figura 2. Exemplares das espécies em estudo. a. Melicthys niger (Balistidae), b.

Cantherhines macrocerus (Monacanthidae), c. Cantherhines pullus (Monacanthidae), d.

Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae), e. Chilomycterus antennatus

(Diodontidae)....................................................................................................................... 6

Figura 3. Mapa mostrando os pontos de coleta dos exemplares. 1. Natal (RN), 2.

Salvador (BA), 3. Arquipélago de São Pedro e São Paulo................................................. 14

CAPÍTULO 1

Figura 1. A. Mapa mostrando os pontos de coleta dos exemplares, onde 1)

Arquipélago de São Pedro e São Paulo e 2) Salvador. B. Vista aérea do Arquipélago de

São Pedro e São Paulo (ASPSP)....................................................................................... 22

Figura 2. Cariótipos de Melicthys niger: a. Giemsa, ao lado o par organizador nucleolar;

b. Bandamento C; c. constrição secundária do par n°2 (seta), mostrando a localização

coincidente das RONs e sítios heterocromáticos.

Barra=5µm.......................................................................................................................... 25

Figura 3. Cariótipos de Cantherhines macrocerus. a. Giemsa, b. Bandamento, c. Em

destaque o para organizador nucleolar (7º par). Barra=5µm.............................................. 26

Figura 4. a. Cariótipo de Cantherhines pullus. b. Banda C. Em destaque o par

organizador nucleolar. Barra=5µm......................................................................................27

CAPÍTULO 2

Figura 1. Mapa mostrando os locais de coleta. a. Rio Grande do Norte, b. Natal, onde

1) praia de Ponta Negra, 2) praia da Redinha.................................................................... 34

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vii

Figura 2. A. Cariótipo corado em Giemsa de S. testudineus. B. Padrão

heterocromático. Em destaque, o par organizador nucleolar corado com nitrato de prata

banda C...............................................................................................................................

37

Figura 3. A. Cariótipo corado em Giemsa de C. antennatus. B. Padrão heterocromático

para a espécie. Em destaque o par organizador nucleolar (7° par) corado com nitrato de

prata.................................................................................................................................... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Figura 1. Níveis de parentesco entre as famílias de Tetraodontiformes. Modificado de

Santini e Tyler, 2003.......................................................................................................... 56

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viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Lista de famílias e espécies de Tetraodontiformes encontradas no litoral

potiguar........................................................................................................................... 3

Tabela 2. Espécies de Tetraodontiformes cariotipadas no Brasil. *ASPSP =

Arquipélago de São Pedro e São Paulo......................................................................... 8

Tabela3: Resumo dos dados citogenéticos para os Tetraodontiformes ( Modificado

de Brum e Galetti,1997).................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1

Tabela 1. Dados cariotípicos disponíveis para as famílias Balistidae e

Monacanthidae (Modificado de Brum e Galetti,

1997)............................................................................................................................... 20

CAPÍTULO 2

Tabela 1. Resumo dos dados citogenéticos disponíveis para as espécies de

Tetraodontidae e Diodontidae (Modificado de Brum e Galetti,

1997)............................................................................................................................... 40

CAPÍTULO 3

Tabela 1. Resumo das mensurações obtidas para as espécies M. niger, C. pullus, S.

testudineus e C. antennatus. Observa-se uma nítida correlação entre os tamanhos

do genoma e o somatório dos tamanhos dos cromossomos das espécies .................. 54

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1

1. INTRODUÇÃO

Os peixes representam o ramo vertebrado mais diversificado, com mais de

24.000 espécies. Este grupo está largamente distribuído nos ambientes dulcícolas e

marinhos, exibindo imensa variedade morfológica, ecológica, fisiológica e

comportamental (Nelson, 1994).

Em meio a vastidão de espécies de peixes marinhos, insere-se a Ordem

Tetraodontiformes. Esta ordem possui aproximadamente 400 espécies organizadas

em dez famílias: Aracanidae, Balistidae (cangulos ou pufas), Diodontidae (baiacus-

espinho), Molidae (peixes-lua), Monacanthidae (cangulos), Tetraodontidae (baiacus),

Triacanthodidae, Triacanthidae, Triodontidae e Ostraciidae (peixes-cofre) (Santini e

Tyler, 2003).

Este grupo possui imensa diversidade morfológica (Figura 1), onde cada

família apresenta várias formas e níveis de especialização, como por exemplo,

focinhos alongados com mandíbulas reduzidas e corpos afilados nos

Monacanthidae; corpo coberto por fortes armaduras nos Ostraciidae; processos

dermais em formato de espinhos e capacidade de inflar os corpos são adaptações

típicas dos Diodontidae e Tetraodontidae; bem como muitos de seus representantes

apresentam perda de elementos morfológicos (principalmente de partes internas do

corpo) e dentes fusionados (Santini e Tyler, 2002).

Os Tetraodontiformes possuem distribuição circuntropical, formam um grupo

primariamente marinho e suas espécies estão freqüentemente associadas a

diferentes tipos de substratos, como recifes de corais, fundos arenosos e algas,

existindo também espécies pelágicas, como os representantes da família Molidae

(Nelson, 1994). Embora a maior parte de seus exemplares sejam marinhos, alguns

habitam ambientes dulcícolas, como é o caso da espécie Colomesus asellus

(Tetraodontidae), encontrada em rios amazônicos (Lima e Araújo-Lima, 2004).

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2

Figura 1. Morfologia de um representante geral de cada uma das dez famílias de

Tetraodontiformes, onde nota-se a extrema diversidade morfológica da Ordem.

Retirado de Santini e Tyler (2003).

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3

1.1. ASPECTOS GERAIS DAS FAMÍLIAS BALISTIDAE, DIODONTIDAE,

MONACANTHIDAE E TETRAODONTIDAE.

Dentre as espécies de Tetraodontiformes, 40 delas pertencem à família

Balistidae; 19 à família Diodontidae; 100 à família Monacanthiadae e 120 espécies à

família Tetraodontidae (Nelson, 1994). Muitas espécies de Tetraodontiformes

ocorrem na costa brasileira e cerca de 30 espécies são encontradas no litoral do Rio

Grande do Norte (Garcia, 2006).

Tabela 1. Lista de famílias e espécies de Tetraodontiformes encontradas no

litoral potiguar.

FAMÍLIA ESPÉCIE

Balistidae

Balistes capriscus Balistes vetula Canthidermis sufflamen Melichthys niger Xanthichthys ringens

Monacanthidae

Aluterus heudelotti Aluterus monoceros Aluterus schoepfii Aluterus scriptus Cantherhines macrocerus Cantherhines pullus Monacanthus ciliatus Monacanthus setifer Stephanolepis hispidus

Ostraciidae Acanthostracion polygonius Acanthostracion quadricornis Lactophrys bicaudalis Lactophrys trigonus

Tetraodontidae

Canthigaster figueiredoi Colomesus psittacus Lagocephalus laevigatus Sphoeroides cf. dorsali Sphoeroides greeleyi Sphoeroides pachigaster Sphoeroides spengleri Sphoeroides testudineus

DiodontidaeCyclichthys antillarum Cyclichthys spinosus Chilomycterus antennatus Diodon holacanthus Diodon hystrix

Fonte: Garcia (2006)

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4

Conhecidos como cangulos, pufas ou peixes-porcos, os membros da família

Balistidae são marinhos, distribuindo-se pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico.

Sua principal característica é a presença de três espinhos dorsais, onde o primeiro é

mais desenvolvido que os demais. As espécies desta família possuem geralmente

cores vivas, são diurnas e habitantes comuns de áreas recifais (Santos, 1992; Chen

et al., 2001). A espécie Melicthys niger (Bloch, 1786) (Figura 2a) é popularmente

denominada cangulo-preto, devido à coloração negra do corpo, com linhas azuis ao

longo da nadadeira dorsal e caudal. Distribuem-se pelos oceanos Atlântico, Índico e

Pacífico, formam grandes cardumes que habitam preferencialmente as ilhas

oceânicas, recifes e parcéis em águas claras e afastadas da costa (Szpilman, 2000).

Os membros da família Monacanthidae apresentam características

morfológicas semelhantes aos representantes da família Balistidae, distinguindo-se

principalmente por apresentarem apenas dois espinhos dorsais, sendo o primeiro

mais desenvolvido do que o segundo. Os peixes da família Monacanthidae ocorrem

mais comumente em fundos rochosos e de recifes de coral (Matsura in Carpenter,

2002). Vulgarmente denominado porquinho-pintado, a espécie Cantherhines

macrocerus (Hollard, 1853) distribui-se desde o Caribe até a costa Brasileira (Figura

2b) e caracteriza-se por possuir corpo marrom com uma grande mancha alaranjada

e numerosas pintas brancas distribuídas pelo corpo, ocorrendo geralmente aos

pares (macho e fêmea). Os machos adultos possuem de dois a quatro pares de

espinhos bem desenvolvidos no pedúnculo caudal (Robins e Ray,1986). Fazendo

parte desta mesma família, a espécie Cantherhines pullus (Ranzai, 1842) possui

coloração geralmente marrom onde destacam-se faixas claras longitudinais na parte

posterior do corpo com numerosas pintas alaranjadas (Figura 2c). Distribui-se desde

a costa dos Estados Unidos até São Paulo (Carvalho-Filho, 1999).

Os peixes da família Diodontidae são denominados vulgarmente de baiacus-

espinho devido à característica de possuírem processos dermais em formato de

espinhos recobrindo todo o corpo e, quando ameaçados, podem inflar totalmente o

corpo, causando o enrijecimento dos mesmos (Leis in Carpenter, 2002). Pertencente

a esta família, a espécie Chilomycterus antennatus (Cuvier, 1816) caracteriza-se por

possuir dois grandes ocelos no dorso e espinhos amarelados na região ventral.

Apresentam um tentáculo, semelhante a uma antena, acima de cada olho, com

cerca do mesmo tamanho do diâmetro do olho (Figura 2d). Distribui-se da Flórida à

Bahia, habitando fundos rochosos e de corais; são solitários (Carvalho-Filho, 1999).

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5

Os representantes da família Tetraodontidae são conhecidos popularmente

como baiacus-lisos. Em grande parte marinhos, podem ocorrer espécies em água

doce e salobra. Semelhante aos Diodontidae, os Tetraodontidae também podem

inflar os seus corpos (porém somente a região ventral) e possuem espinhos no

dorso e ventre (menores que nos Diodontidae) (Shipp in Carpenter, 2002). A espécie

Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) (Figura 2e) desta família é uma das

espécies de baiacus mais conhecidas, vulgarmente denominada baiacu-mirim,

sendo muito bem representada no litoral nordestino. Possui coloração marrom com

linhas amareladas que formam malhas poligonais por onde distribuem-se pintas

negras irregulares com ventre branco. Ocorre desde a costa dos Estados Unidos até

o Rio Grande do Sul, sendo comum em regiões costeiras e estuarinas, mas raros em

áreas de coral (Carvalho-Filho, 1999).

Além da capacidade de inflar o corpo, as famílias Tetraodontidae e

Diodontidae compartilham outras características, como possuir toxicidade (algumas

espécies). Os peixes destas famílias são predadores eficientes, com mandíbulas

fortes que permitem esmagar presas com carapaças duras (como crustáceos ou

mexilhões), forrageando em recifes de coral e estuários (Shigemiya, 2004).

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6

A B

C

D E

Figura 2. Exemplares das espécies em estudo. a. Melichthys niger (Balistidae), b.

Cantherhines macrocerus (Monacanthidae), c. Cantherhines pullus

(Monacanthidae), d. Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae), e. Chilomycterus

antennatus (Diodontidae)

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1.2 DADOS GENÉTICOS E CITOGENÉTICOS DA ORDEM

TETRAODONTIFORMES E ESPÉCIES EM ESTUDO

Os Tetraodontiformes representam uma linhagem pós-Perciformes e

constituem o último ramo da difusão dos Teleósteos (Elmerot et al., 2002), ocupando

uma posição filogenética de destaque. Em 1968, Hinegard quantificou (em

picogramas) o tamanho do genoma de vários teleósteos, detectando que os peixes

da família Tetraodontidae possuíam as menores quantidades de DNA. Desde então,

vários estudos comparativos têm sido conduzidos utilizando-se espécies de

Tetraodontidae como modelo animal. A maior parte destes trabalhos abrange

pesquisas citogenéticas, identificação de elementos de transposição,

seqüenciamento do genoma completo e do genoma mitocondrial dos peixes desta

família (Crollius e Weissenbach, 2005).

O primeiro genoma vertebrado a ser seqüenciado depois do genoma humano

foi o da espécie Fugu rubripes (Tetraodontidae), com um tamanho estimado em 400

Mbp (oito vezes menor que o genoma humano) (Aparício et al., 2002).

Posteriormente ocorreu o seqüenciamento do genoma de Tetraodon nigroviridis

(Tetraodontidae), cujo tamanho é estimado em 350 Mbp (Jailon et al., 2005). Ambos

possuem muitas características interessantes. Estas espécies têm genomas

reconhecidos como sendo os menores existentes entre os vertebrados, sendo por

isso frequentemente chamados de “compactos” ou “reduzidos”, e que tal redução

está diretamente relacionada com perda de DNA não-codificante. Foi demonstrado

que tanto Fugu quanto Tetraodon possuem arcabouço gênico similares entre si e

com o genoma humano, exibindo a organização de exons e íntrons conservadas,

possuindo essencialmente os mesmos genes e seqüências regulatórias (Venkatesh

et al., 2000; Jailon et al., 2005). Ambos possuem cerca de 70 diferentes famílias de

elementos de transposição (em poucas cópias), enquanto que humanos e

camundongos possuem cerca de 20 (com um número maior de cópias) (Fischer et

al., 2004; Yamanoue et al., 2006).

As seqüências genômica de Fugu e Tetraodon, bem como de outros modelos

biológicos como Zebrafish e Medaka fazem surgir novas oportunidades de estudar a

evolução genômica dos vertebrados, como por exemplo, através do estudo de

domínios conservados de proteínas, verificar com que freqüência ocorre substituição

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de nucleotídeos, quais os sítios envolvidos e o tempo estimado de divergência entre

peixes e mamíferos durante o curso da evolução (Crollius e Weissenbach, 2005).

Jaillon (2005) e colaboradores publicaram recentemente um rascunho do

genoma completo de Tetraodon nigroviridis (Tetraodontidae), com um mapa de

ligação dos seus cromossomos. Neste trabalho os autores lançam a idéia de que o

genoma desta espécie assemelha-se à organização genômica e cariotípica primitiva

dos vertebrados, defendendo a hipótese de que ocorreu uma série de duplicações

(seguidas de perdas massivas de genes) no genoma completo dos peixes ósseos.

Desta forma, o genoma de Tetraodon pode ser utilizado como uma referência no

estudo comparativo de genes entre os peixes e os outros grupos de vertebrados.

Aproximadamente 60 espécies de Tetraodontiformes possuem cariótipos

estabelecidos (Tabela 3) (Brum e Galleti, 1997), destas, apenas dez espécies são

encontradas na costa brasileira (Tabela 2) (Galetti et al., 2006).

Tabela 2. Espécies de Tetraodontiformes cariotipadas no Brasil.

*ASPSP = Arquipélago de São Pedro e São Paulo, 2n= N° diplóide, NF= Número fundamental.

FAMÍLIA ESPÉCIE 2n NF ORIGEM REFERÊNCIAS

Balistidae Balistes vetula 44 44 BA Sá-Gabriel e Molina (2005)

Melichthys niger 40 40 *ASPSP Sá-Gabriel e Molina (2005)

Diodontidae Diodon holacanthus 46 66 RN Sá-Gabriel e Molina (2005)

Chilomycterus antenatus 52 58 RJ Sá-Gabriel e Molina (2005)

Chilomycterus spinosus 52 68 RJ Brum (2000)

Cyclichthys spinosus 52 76 PR Noleto et al (2006)

Monacanthidae Stephanolepis hispidus 33M 34F

34 RJ Sá-Gabriel e Molina (2005)

Tetraodontidae Sphoeroides testudineus 46 74 RNPR

Sá-Gabriel e Molina (2005) Noleto et al (2006)

S. greeleyi 46 70 RJPR

Brum (1996) Noleto et al (2006)

S. tyleri 46 58 RJ Brum (1996)

S. spengleri 46 66 RJ Brum (1996) Sá-Gabriel e Molina (2001)

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Uma marcante diversidade de fórmulas cariotípicas é encontrada (ver Tabela

3), reflexo da forte especialização do grupo, aparentemente não existindo um padrão

comum como ocorre nos Perciformes (Sá-Gabriel e Molina, 2005). Enquanto que

espécies de Triacanthidae, possuem números diplóide e fundamental

freqüentemente iguais a 48, as outras famílias, como Balistidae, Diodontidae,

Tetraodontidae e Ostraciidae, possuem cariótipos mais derivados, com números

diplóides variando de 28 à 50 e números fundamentais com valores de 33 a 78

(Galetti et al., 2000).

Tabela 3: Resumo dos dados citogenéticos para os Tetraodontiformes (Modificado de Brum

e Galetti, 1997).

FAMÍLIA ESPÉCIES 2nFÓRMULA

CROMOSSÔMICA NF REFERÊNCIAS

Triacanthus brevronsis 48 48a 48 Choudhury et al., 1972

TRIACANTHIDAE T. striglifer 48 48a 48 Rish, 1973

Arothron hispidus 42 36sm + 6st/a 78 Natarajan e Subrahmanjan, 1974

A. immaculatus 42 14m + 16sm + 12st/a 72 Arai e Nagaiwa, 1976

A. immaculatus 42 12m + 14sm + 16st/a 68 Choudhury et al., 1982

A. leopardus 40 14m + 14sm + 12st/a 68 Choudhury et al., 1982

A. nigropunctatus 38 14m + 20sm + 4st/a 72 Arai e Nagaiwa, 1976

A. reticularis 42 12m + 14sm + 16st/a 68 Choudhury et al., 1982

Canthigaster coronata 28 8m/sm + 20st/a 36 Arai, 1983

C .rivulata 34 4m + 6sm + 10st/a + 14a 54 Arai e Nagaiwa, 1976

Chelonodon patoca 40 14m + 16sm + 10st/a 70 Arai e Nagaiwa, 1976

Fugu chrysops 44 6m + 14sm + 24st/a 64 Arai e Nagaiwa, 1976

F. niphobles 44 20m/sm + 24st/a 64 Arai e Katsuyama, 1973

F. pardalis 44 - - Arai, 1983

F. poecilonotus 44 - - Arai, 1983

TETRAODONTIDAE Lagocephalus laevigatus 46 - - Sá-Gabriel e Molina, 2001

L. lunaris 44 10m + 14sm + 20st/a 68 Choudhury et al., 1982

Monotetra palambangensis 42 - - Hinegardner e Rosen, 1972

Sphoeroides greeleyi 46 24m/sm + 22st/a 70 Brum et al.,2002S. tyleri 46 12m/sm + 34st/a 58 Brum et al.,1996S. spengleri 46 20m/sm + 26st/a 66 Brum et al.,1996

S. spengleri 46 - 66 Sá-Gabriel e Molina, 2001

S. testudineus 46 - - Sá-Gabriel e Molina, 2001

Takifugu niphobeles 44 4m/sm + 16sm + 24st/a 64 Miyaki, K. et al., 1995

T. pardalis 44 6m/sm + 16sm + 22st/a 66 Miyaki, K. et al., 1995

T. poecilonotus 44 12m + 10st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al., 1995

T. radiatus 44 8m + 14st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al., 1995

T. rubripes 44 10m + 12st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al., 1995

T. xanthopterus 44 8m + 14st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al., 1995

Tetraodon cutcutia 42 16m + 12st + 10a 70 Khuda-Bukhsh e Barat, 1987

Tetraodon fluviatilis 42 2m + 4sm + 2st + 34a 50 Mandrioli, 2000

Tetraodon nigroviridis 42 20m/sm + 22st 62 Fisher, 2000

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Diodon bleekeri 46 - 58 Arai e Nagaiwa, 1976

DIODONTIDAE D. holocanthus 46 20m/sm + 26st/a 66 Sá-Gabriel e Molina, 2001

Chilomycterus spinosus 52 16m/sm + 36st/a 68 Brum, 1996

Chilomycterus antennatus 52 6m+46st/a 58 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Ciclicthys spinosus 50 4m+18sm+12st+16a 76 Noleto et al.,2006

Continua

OSTRACIIDAE Lactoria diaphana 36 - 48 Arai, 1983

Ostracion cubicus 50 4sm+46st/a 54 Arai e Nagaiwa, 1876

O. immaculatus 50 4sm+46st/a 54 Arai, 1983

Balistapus undulatus 42 42st/a 42 Takai e Ojima, 1987

Balistes vetula 44 44 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Balistoides conspicullum 44 44st/a 44 Takai e Ojima, 1987

B. viridescens 44 2m + 2sm +40st/a 48 Takai e Ojima, 1988

Carolinensis gmelin 44 44a - Thode, et al., 1994

Melichthys niger 40 40 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Melichthys vidua 40 40st/a 40 Kytayama e Ojima, 1984

BALISTIDAE Odonus niger 42 42st/a 42 Kitayama e Ojima, 1984

Parika scaber 40 40st/a 40 Murofushi et al.,1989Pseudobalistesflavimarginatus

44 2sm + 42st/a 46 Arai e Nagaiwa, 1976

Rhineacanthus aculeatus 44 44st/a 44 Arai e Nagaiwa, 1976

R. echarpe 44 44st/a 44 Kitayama e Ojima, 1984

R. verrucosus 44 44st/a 44 Arai e Nagaiwa, 1976

Rucanus arcodas 36 36st/a 36 Arai e Nagaiwa, 1976

Sufflamen chysopterus 46 46st/a 46 Arai e Nagaiwa, 1976

S. traenatus 46 46st/a 46 Takai e Ojima, 1987

Cantherhines pardalis 40 40st/a 40 Arai e Nagaiwa, 1976

Navodon modestus 40 40st/a 40 Murofushi e Yosida, 1979

MONACANTHIDAE Stephanolepis cirrhifer (F) 34 34st/a 34 Murofushi et al.,1980

Stephanolepis cirrhifer (M) 33 33st/a 34 Murofushi et al.,1980

Stephanolepis hispidus (M) 33 33st/a 34 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Stephanolepis hispidus (F) 34 34st/a Sá-Gabriel e Molina, 2005

Stephanolepis japonicus 34 34st/a 34 Murofushi e Yosida, 1979 Paramonacanthusjaponicus

34 34st/a 34 Murofushi e Yosida, 1979

Rudarius ercodes 36 36st/a 36 Arai e Nagaiwa, 1976 Oxymonacanthuslongirostris

36 36st/a 36 Arai e Nagaiwa, 1976

Com base nas informações citogenéticas obtidas até o momento, os

Triacanthidae foram considerados como o grupo mais basal desta ordem, com

números diplóide e fundamental iguais a 48 (igualando-se ao padrão encontrado

para os Perciformes); enquanto que as espécies das famílias de Balistidae,

Tetraodontidae e Diodontidae, com números diplóides que variam de 28 a 52 e

números fundamentais com altos valores; talvez representem formas mais derivadas

do cariótipo tido como basal para os Triacanthidae. Esta inferência apóia-se no fato

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da existência de cromossomos biarmados nestes grupos, um caráter que tem sido

considerado derivado nesta ordem (Brum e Galleti, 1997).

No Brasil, as espécies de Tetraodontiformes analisadas citogeneticamente

pertencem às famílias Balistidae, Monacanthidae, Tetraodontidae e Diodontidae.

Estes estudos referem-se ao estabelecimento do número diplóide e número

fundamental, identificação de cromossomos sexuais, detecção das RONs e regiões

heterocromáticas.

De acordo com Sá-Gabriel e Molina (2005), Balistes vetula (Balistidae) possui

números diplóide e fundamental iguais a 44. Melichthys niger (Balistidae) possui

números diplóide e fundamental iguais a 40. Estas duas espécies possuem

cromossomos do tipo acrocêntrico. Verifica-se para a espécie Chilomycterus

antennatus (Diodontidae) um cariótipo com 2n=52, com 16 cromossomos

submetacêntricos e 36 subtelo-acrocêntricos. A espécie Sphoeroides testudineus

(Tetraodontidae) possui um número modal de 2n=46, com 18 cromossomos

metacêntricos, 4 submetacêntricos, 6 subtelo-acrocêntricos e 18 acrocêntricos e

número fundamental igual a 78. Nestas espécies não ocorre diferenças entre

cariótipos de machos e fêmeas. Em Stephanolepis hispidus (Monacanthidae), os

machos apresentam um valor diplóide igual a 33 cromossomos, com 32

cromossomos acrocêntricos e um grande metacêntrico despareado, fazendo com

que a fórmula cariotípica seja igual a 34 e caracterizando um sistema sexual do tipo

X1X1X2X2/X1X2Y. Todas estas espécies apresentam regiões organizadoras do

nucléolo simples (sobre um único par cromossômico) e sítios heterocromáticos

reduzidos, localizando-se preferencialmente em regiões centroméricas.

Para o gênero Sphoeroides existe o maior número de descrições cariotípicas.

Brum et al. (2002) e Brum (1996) e descreveram os cariótipos de S. greeleyi e S.

spengleri, coletados no Rio de Janeiro, compostos por um número diplóide de 46

cromossomos, com variações no número fundamental entre as espécies. A primeira

apresentou NF=70 e a segunda NF=64, não sendo encontrado sistema sexual no

complemento cariotípico. A espécie Sphoeroides spengleri do litoral do Rio Grande

do Norte, foi citogeneticamente caracterizada por Sá-Gabriel e Molina (2001), tendo

sido determinado um valor diplóide de 46 para esta espécie. Para Sphoeroides tyleri,

os estudos realizados por Brum (1996) revelaram um cariótipo com 2n=46, com 6

pares de meta-submetacêntricos e 17 subtelo-acrocêntricos .

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Sá-Gabriel e Molina (2001) descreveram o cariótipo de Diodon holacanthus

possuindo 46 cromossomos, com 20 homólogos meta-submetacêntricos e 26

subtelo-acrocêntricos, com número fundamental igual a 66.

Para a ordem Tetraodontiformes, análises citogenéticas utilizando-se de

fluorocromos e FISH só foram realizadas até o momento para as espécies

Tetraodon nigroviridis (Crollius et al., 2000; Fischer et al., 2000), Tetraodon fluviatilis

(Mandrioli e Manicardi, 2001) e Fugu rubripes (Brenner et al., 1993; Elgar et al.,

1996).

Neste contexto, fica evidente a importância do estudo das famílias Balistidae,

Diodontidae, Monacanthidae e Tetraodontidae, pertencentes à ordem

Tetraodontiformes, como forma de se compreender os mecanismos evolutivos que

conduziram a sua atual organização, auxiliando na determinação da posição

filogenética deste grupo e identificação de seus grupos irmãos.

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2. OBJETIVOS

Através da utilização das técnicas de obtenção de cromossomos mitóticos,

bandamento C e coloração com nitrato de prata, fazer a descrição cariotípica das

espécies Cantherhines macrocerus e Cantherhines pullus (Monacanthidae) e

fazer uma análise mais apurada dos dados citogenéticos existentes para as

espécies Melichthys niger (Balistidae), Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae)

e Chilomycterus antennatus (Diodontidae).

Inferir possíveis tendências na evolução cariotípica destas espécies (e suas

respectivas famílias);

Contribuir para a elucidação das relações filogenéticas nestes grupos e da ordem

Tetraodontiformes.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 MATERIAL

No presente trabalho foram analisadas seis espécies pertencentes a quatro

famílias de Tetraodontiformes. Foram utilizados 10 exemplares da espécie

Melichthys niger (Balistidae), 14 exemplares da espécie Cantherhines macrocerus

(Monacanthidae), 2 exemplares da espécie Cantherhines pullus (Monacanthidae), 13

exemplares da espécie Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae), e 7 exemplares

da espécie Chilomycterus antennatus (Diodontidae).

Os espécimes de M. niger e C. macrocerus foram coletados no Arquipélago

de São Pedro e São Paulo, distante 1.010 km da costa do Rio Grande do Norte

(00°56’N e 029°22’W). Os exemplares de C. pullus foram provenientes do litoral de

Salvador - BA (13°50’N, 88°55’ O). Os indivíduos pertencentes às espécies S.

testudineus e C.antennatus foram coletados em Natal (RN), nas praias de Ponta

Negra e Redinha (35°10'23" W, 05°52'43" S; 5º44’20’’, 35º12’23’’, respectivamente).

Figura 3. Mapa mostrando os pontos de coleta dos exemplares. 1. Natal (RN), 2. Salvador

(BA), 3. Arquipélago de São Pedro e São Paulo.

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3.2 MÉTODOS

3.2.1 ESTIMULAÇÃO MITÓTICA

A estimulação mitótica é o passo inicial para a obtenção de cromossomos

mitóticos. Esta técnica visa aumentar o número de células em estágio metafásico.

Para tal, os indivíduos são submetidos a um tratamento com um agente mitogênico,

proporcionando uma elevada taxa de divisão celular, aumentando a probabilidade de

obterem-se células em metáfase.

3.2.1.1 Técnica de Estimulação Mitótica (Lee e Elder, 1980)

a) Aplicar intraperitoneal ou intramuscular solução glicosada de levedura,

Sacharomyces cerevisae (6 g de fermento biológico em 25 ml de água morna), na

proporção de 1ml para cada 100g de peso corporal do animal;

b) Aguardar um período de 24 a 48 horas, procedendo às técnicas de

obtenção de cromossomos mitóticos.

3.2.2 OBTENÇÃO DE CROMOSSOMOS MITÓTICOS

Após ter decorrido o período de 24 a 48 horas, os peixes são sacrificados e a

porção cefálica de seus rins é removida. O rim anterior é utilizado por ter função

hematopoiética (ou seja, produtora de células sanguíneas), possuindo assim, nível

elevado de atividade de divisão, o que poderá levar à obtenção de um número maior

de células metafásicas.

Nos casos em que a quantidade de rim cefálico foi insuficiente, outros tecidos

foram utilizados em adição a este, como a porção posterior do rim, as brânquias e

sangue periférico.

O material retirado é então posto em meio de cultura para que não se

deteriore, vindo a perder suas características. Os passos subseqüentes são a

inibição da formação do fuso mitótico (deixando as células estacionadas em

metáfase), o que é feito utilizando-se a colchicina; em seguida faz-se um tratamento

de hipotonia ;e por fim, procede-se à fixação do material, conservando-o.

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A obtenção de cromossomos mitóticos foi realizada seguindo a técnica

preconizada por Gold et al. (1990), com algumas modificações:

3.2.2.1 Técnica de suspensão celular, segundo Gold et al., (1990)

a) Remover o material renal e colocar numa cuba de vidro contendo 9 ml de

meio de cultura RPMI 1640, sem soro fetal bovino;

b)Dissociar o material com o auxílio de pinças e seringas de vidro desprovidas

de agulha;

c) Adicionar 6 gotas de colchicina a 0,025% para cada 9 ml de meio de

cultura e homogeneizar com pipeta Pasteur;

d) Deixar o material em temperatura ambiente por cerca de 30 minutos;

e) Ressuspender e centrifugar por 10 minutos a 900 r.p.m;

f) Remover o sobrenadante e acrescentar solução hipotônica de KCl à 0,075

M (10-12 ml);

g) Ressuspender o material e deixar à temperatura ambiente por 40 minutos;

h) Adicionar 0,5 ml de fixador e ressuspender o material, depois transferir

para um tubo de centrífuga desprezando os blocos de tecido não desfeitos;

i) Centrifugar durante 10 minutos e descartar o sobrenadante com auxílio de

pipeta Pasteur;

j) Adicionar 6 ml de fixador (álcool metílico e ácido acético na proporção de

3:1), com solução recém preparada e gelada ;

k) Ressuspender o material, cuidadosamente, com auxílio de pipeta Pasteur;

l) Repetir os itens “i a k” por três vezes. Após a última centrifugação e

eliminação do sobrenadante, adicionar 1-2 ml de fixador, dependendo da quantidade

de sedimento e ressuspender o material e reservá-lo em eppendorfs.

Após o processamento do material, prepara-se as lâminas para a observação

dos cromossomos. Isto se faz pingando uma pequena quantidade da suspensão

celular (3 a 4 gotas) sobre a lâmina (com auxílio de pipeta). Posteriormente as

lâminas são submetidas às técnicas de coloração e bandamentos. A coloração

convencional é feita utilizando-se uma solução de Giemsa diluído a 5% em tampão

fosfato. Esta técnica é usualmente empregada para a análise dos cromossomos

quanto a sua morfologia e freqüência. A classificação dos cromossomos seguiu os

padrões determinados por Levan et al., (1964).

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3.3 TÉCNICAS DE BANDAMENTOS CROMOSSÔMICOS

3.3.1. Detecção das Regiões Organizadoras do Nucléolo

As RONs correspondem aos sítios do DNA onde estão os genes que

codificam para as diferentes subunidades ribossomais.O procedimento mais comum

para a detecção destes locais é coloração com uma solução aquosa de nitrato de

prata. A detecção das regiões organizadoras do nucléolo seguiu o método descrito

por Howell e Black (1980), com algumas modificações.

3.3.1.1 Técnica de detecção das Regiões Organizadoras do Nucléolo (RONs)

(Howell e Black, 1980)

a) Preparar a lâmina como descrito para cromossomos mitóticos;

b) Colocar 2 gotas de solução aquosa de gelatina (1 g de gelatina incolor

mais 50 ml de água destilada mais 0,5 ml de ácido fórmico), 2 gotas de água

destilada e 9 gotas de nitrato de prata (AgNO3) diluído a 50 % em água destilada;

c) Cobrir com uma lamínula e incubar em estufa à temperatura de 60º C até

a lâmina adquirir uma coloração caramelada;

d) Lavar a lâmina em água corrente para deslocar a lamínula e deixar secar

em temperatura ambiente;

e) Corar com Giemsa, por cerca de 5 minutos.

3.3.2. Bandamento C

A técnica de bandamento C possibilita a detecção das regiões

heterocromáticas, através da destruição parcial das regiões eucromáticas, tornando

evidentes os sítios de heterocromatina constitutiva. Neste trabalho foi utilizado o

método descrito por Sumner (1972), com algumas modificações.

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3.3.2.1. Técnica de Detecção da Heterocromatina Constitutiva (Sumner, 1972)

Esta técnica submete os cromossomos a um tratamento que combina ações

alternadas de base e ácido fortes, temperatura elevada e banho em solução salina.

Consiste em:

a) Imergir uma lâmina envelhecida (ou seja, que foi preparada e deixada

em estufa a 37° C, por no máximo uma semana) em HCl a 0,2 N em temperatura

ambiente por 15 minutos. Lavar em seguida com água destilada e deixar secar ao

ar;

b) Incubar a lâmina em 2xSSC por 10 minutos em estufa à 60°C. Lavar

em seguida com água destilada e deixar secar ao ar;

c) Incubar a lâmina em solução saturada de Ba(OH)2.8H2O a 5 % por 2

minutos a 45°C;

d) Mergulhar rapidamente a lâmina em HCl a 0,2 N,

e) Voltar a incubar em solução de 2xSSC a 60°C por 20 minutos.

Decorrido este tempo, lavar em água destilada, secar ao ar e corar com Giemsa

diluído a 5 %, em tampão fosfato (pH=6,8), por 10 minutos.

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19

CAPÍTULO 1

EVIDÊNCIAS DE RELACIONAMENTO FILOGENÉTICO

ENTRE AS FAMÍLIAS BALISTIDAE E MONACANTHIDAE

(TETRAODONTIFORMES) ATRAVÉS DE ANÁLISES

CROMOSSÔMICAS

Lorena Corina Bezerra de Lima e Wagner Franco Molina

RESUMO

Dentre a grande variedade de peixes marinhos, a ordem Tetraodontiformes

destaca-se por sua marcante diversidade. Existem diversos trabalhos examinando as

relações filogenéticas dos Tetraodontiformes e, em todos, os membros das famílias

Balistidae e Monacanthidae são considerados grupos irmãos. Embora possua um

número representativo de espécies, são poucos os trabalhos citogenéticos envolvendo

estas duas famílias, especialmente as insulares. Neste trabalho foram analisadas

citogeneticamente as espécies Cantherhines macrocerus, Cantherhines pullus

(Monacanthidae) e Melichthys niger (Balistidae). As análises citogenéticas para as três

espécies revelaram um cariótipo composto de 40 cromossomos, todos acrocêntricos.

Todas possuem apenas um par de RONs e heterocromatina pericentromérica. Estas

características, somadas aos dados morfológicos e moleculares, sugerem que estas

espécies compartilham um mesmo ramo ancestral, com possível origem monofilética.

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20

1. INTRODUÇÃO

Dentre a grande variedade de peixes marinhos, a ordem Tetraodontiformes

destaca-se por sua marcante diversidade (Nelson, 1994). Este grupo foi o último ramo

da expansão dos Teleósteos, representando uma linhagem pós-Perciformes (Elmerot

et al., 2002) e, embora seja geralmente reconhecido como um grupo monofilético, as

relações de parentesco entre suas famílias e gêneros ainda não estão claramente

definidas (Holcroft, 2004).

Existem diversos trabalhos examinando as relações filogenéticas dos

Tetraodontiformes em seus vários níveis de organização (para revisão, consultar

Holcroft, 2005). Com base tanto em similaridades morfológicas (como por exemplo,

caracteres osteológicos e miológicos), como em estudos moleculares (com gene

mitocondrial RAG1 e dados de conteúdo de DNA), os membros das famílias Balistidae

e Monacanthidae são considerados grupos irmãos, com origem monofilética, sendo

agrupados na superfamília Balistoidea (Brainerd et al., 2001; Holcroft, 2004; Holcroft,

2005).

Das cerca de 400 espécies de Tetraodontiformes existentes, aproximadamente 60

espécies foram estudadas citogeneticamente. Entre os Balistidae 19 espécies foram

cariotipadas, sendo a maioria dos trabalhos desenvolvidos para espécies do Pacífico e

apenas três espécies da costa do Brasil apresentam cariótipos descritos. Em relação à

família Monacanthidae, este número torna-se mais reduzido, com oito espécies

descritas, sendo uma da costa brasileira (tabela 1).

Tabela 1. Dados cariotípicos disponíveis para as famílias Balistidae e Monacanthidae

(Modificado de Brum e Galetti, 1997).

FAMÍLIA ESPÉCIES 2nFÓRMULA

CROMOSSÔMICA NF REFERÊNCIAS

Balistapus undulatus 42 42st/a 42 Takai e Ojima, 1987

Balistes vetula 44 44 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Balistoides conspicullum 44 44st/a 44 Takai e Ojima, 1987

B. viridescens 44 2m + 2sm +40st/a 48 Takai e Ojima, 1988

Carolinensis gmelin 44 44a - Thode, et al., 1994

Melichthys niger 40 40 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Melichthys vidua 40 40st/a 40 Kytayama e Ojima, 1984

Odonus niger 42 42st/a 42 Kitayama e Ojima, 1984

BALISTIDAE Parika scaber 40 40st/a 40 Murofushi et al.,1989Pseudobalistes flavimarginatus

44 2sm + 42st/a 46 Arai e Nagaiwa, 1976

Rhineacanthus aculeatus 44 44st/a 44 Arai e Nagaiwa, 1976

R. echarpe 44 44st/a 44 Kitayama e Ojima, 1984

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21

Continua

R. verrucosus 44 44st/a 44 Arai e Nagaiwa, 1976

Rucanus arcodas 36 36st/a 36 Arai e Nagaiwa, 1976

Sufflamen chysopterus 46 46st/a 46 Arai e Nagaiwa, 1976

S. traenatus 46 46st/a 46 Takai e Ojima, 1987

Cantherhines pardalis 40 40st/a 40 Arai e Nagaiwa, 1976

Navodon modestus 40 40st/a 40 Murofushi e Yosida, 1979

Stephanolepis cirrhifer (F) 34 34st/a 34 Murofushi et al.,1980

Stephanolepis cirrhifer (M) 33 33st/a 34 Murofushi et al.,1980

Stephanolepis hispidus (M) 33 33st/a 34 Sá-Gabriel e Molina, 2005

MONACANTHIDAE Stephanolepis hispidus (F) 34 34st/a 34 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Stephanolepis japonicus 34 34st/a 34 Murofushi e Yosida, 1979

Paramonacanthus japonicus 34 34st/a 34 Murofushi e Yosida, 1979

Rudarius ercodes 36 36st/a 36 Arai e Nagaiwa, 1976 Oxymonacanthus longirostris

36 36st/a 36 Arai e Nagaiwa, 1976

Neste trabalho foram analisadas citogeneticamente as espécies insulares

Melichthys niger (Balistidae) e Cantherhines macrocerus e a espécie costeira

Cantherhines pullus (Monacanthidae).

Apesar das espécies M. niger e C. macrocerus já possuírem descrições

cariotípicas anteriores, os dados obtidos previamente na literatura mostraram-se

incipientes, com pouca informação a respeito dos cariótipos ou mesmo resultados

ambíguos encontrados por autores diferentes. Neste sentido, é oportuna uma

reavaliação dos dados citogenéticos destas espécies, como forma de enriquecer as

informações disponíveis para estes grupos.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Os exemplares de Cantherhines macrocerus (Monacanthidae) e Melichthys niger

(Balistidae) foram coletados no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (00º 55'15" N-

029º20'60" W), distante 1.010 km da costa do Rio Grande do Norte, Brasil (Figura 1). Os

exemplares de Cantherhines pullus foram coletados no litoral de Salvador, Bahia, NE do

Brasil. Precedendo a obtenção de cromossomos mitóticos para estas espécies foi

realizada a estimulação mitótica, conforme descrito por Lee e Elder (1980), através da

aplicação intraperitoneal de cultura de levedura Sacharomyces cerevisae, visando

aumentar o número de células em estágio metafásico.

A obtenção de cromossomos mitóticos seguiu a técnica descrita por Gold et al.,

(1990). Os cromossomos foram classificados quanto a sua morfologia de acordo com a

classificação estabelecida por Levan et al., (1964). As regiões organizadoras de nucléolo

(RONs) foram identificadas através da coloração com solução aquosa de nitrato de prata,

conforme a técnica preconizada por Howell e Black (1980). Para o bandamento C foi

utilizado o procedimento clássico descrito por Sumner (1972).

BA

Figura 1. A. Mapa mostrando os pontos de coleta dos exemplares, onde 1) Arquipélago de São Pedro e São Paulo e 2) Salvador. B. Vista aérea do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP).

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3. RESULTADOS

3.1 Melichthys niger

Foram analisados 10 exemplares de M. niger (Balistidae), estabelecendo-se o

número diplóide desta espécie em 2n=40. O cariótipo é constituído por 20 pares de

cromossomos acrocêntricos (NF=40) (Figura 2A). Não foram observadas diferenças entre

os cariótipos de machos e fêmeas desta espécie. Verificou-se a presença de uma

constrição secundária visível em posição intersticial no 2° par cromossômico na maioria

das metáfases analisadas, correspondentes aos sítios Ag-RONs evidenciados pela

coloração com nitrato de prata realizada em seqüência à coloração convencional (Figura

2).

As regiões heterocromáticas mostraram-se dispersas em posição pericentromérica

na maioria dos pares (Figura 2B), com uma marcação mais intensa sobre o 1° par

cromossômico, sobreposto à localização das RONs (Figura 2C).

3.2 Cantherhines macrocerus

As análises citogenéticas realizadas em 14 exemplares (5 fêmeas, 4 machos, 6

indeterminados) de C. macrocerus (Monacanthidae) permitiram estabelecer o valor

diplóide desta espécie em 2n=40. O cariótipo é composto de 20 pares de cromossomos,

todos acrocêntricos, com número de braços cromossômicos igual a 40 (Figura 3A). As

análises não identificaram diferenças entre cariótipos de machos e fêmeas.

Os sítios ribossomais estão localizados intersticialmente em um único par

acrocêntrico mediano (Figura 3). Na maioria das metáfases de C. macrocerus tratadas

com nitrato de prata, apenas um dos homólogos pode ser identificado. Quando

submetidas ao tratamento com bandamento C, os cromossomos de C. macrocerus

revelaram blocos de heterocromatina em posição centromérica na maioria dos pares

(Figura 3B).

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3.3 Cantherhines pullus

Em C. pullus foram realizadas contagens cromossômicas que permitiram identificar

o número diplóide modal desta espécie igual a 2n=40, onde o cariótipo é constituído por

20 pares de cromossomos acrocêntricos (NF=40) (Figura 4A).

As regiões organizadoras do nucléolo foram identificadas como marcações simples

no 5° par do complemento, em posição pericentromérica (Figura 4). As regiões

heterocromáticas nesta espécie estão distribuídas em posição pericentromérica em todos

os cromossomos de C. pullus. No 5° par cromossômico, além da marcação

pericentromérica, observou-se uma marcação positiva congruente às RONs (Figura 4B).

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25

2

A

B

C

Figura 2. Cariótipos de Melichthys niger: a. Giemsa, ao lado o par organizador nucleolar;b. Bandamento C; c. constrição secundária do par n°2 (seta), mostrando a localizaçãocoincidente das RONs e sítios heterocromáticos. Barra=5µm.

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26

A

7

B

Figura 3. Cariótipos de Cantherhines macrocerus. a. Giemsa, b. Bandamento C. Em

destaque o para organizador nucleolar (7º par). Barra=5µm.

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27

5

A

B

Figura 4. a. Cariótipo de Cantherhines pullus. b. Banda C. Em destaque o par

organizador nucleolar. Barra=5µm.

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4. DISCUSSÃO

Na família Monacanthidae, até o momento, existem oito espécies cariotipadas, das

quais seis possuem números diplóides variando de 33 a 36 cromossomos (Tabela 1).

Apenas as espécies Navodon modestus e Cantherhines pardalis possuem número

diplóide igual a 40 cromossomos. Neste sentido, as espécies C. macrocerus e C. pullus

demonstram conservadorismo em relação ao padrão descrito para o gênero Cantherhines

(2n=40 acrocêntricos). Porém, este número diplóide é elevado quando comparado às

demais espécies da família que já foram analisadas (2n 33-36) (Tabela 1). Estes dados

situam C. macrocerus e C.pullus, que embora pertençam à família Monacanthidae, em

uma condição mais próxima daquela encontrada na família Balistidae.

Na família Monacanthidae existem espécies com descrições de sistemas de

cromossomos sexuais múltiplos, Stephanolepis hispidus e S. cirrhifer, que possuem 2n=

33 (macho) e 2n=34 (fêmea), caracterizando um sistema sexual do tipo X1X1X2X2/X1X2Y.

Apesar de possuir forte dimorfismo sexual em relação aos seus padrões corporais, os

dados obtidos neste trabalho não permitiram distinguir cariótipos de machos e fêmeas em

C. macrocerus e C. pullus. A presença de cromossomos sexuais funcionalmente

diferenciados, mas citogeneticamente crípticos parece ser uma característica geral dos

Teleósteos (Almeida-Toledo et al., 2000; Artoni e Bertollo, 2002). Neste sentido, os

cariótipos de C. macrocerus e C. pullus podem ser considerados mais primitivos em

relação às espécies Stephanolepis hispidus e S. cirrhifer, que apresentam sistemas de

cromossomos sexuais diferenciados.

Os dados citogenéticos obtidos para a população de C. macrocerus do Arquipélago

de São Pedro e São Paulo são coincidentes com as observadas por Pauls e

colaboradores (1995) para exemplares desta espécie coletados no estado do Rio de

Janeiro (sudeste do Brasil), apesar destas populações estarem separadas por cerca de

2.000 Km. A maioria dos peixes recifais apresenta ciclos de vida que em se alternam

adultos sedentários com larvas pelágicas, onde durante o período larval ocorre a

dispersão destas espécies, colonizando novas regiões, próximas ou distantes dos locais

de desova (Galetti et al., 2006). Assim, a manutenção da constância cariotípica

encontrada nas populações de C. macrocerus talvez se deva pelo favorecimento do fluxo

gênico através das correntes oceânicas (Rocha, 2003; Feitoza et al., 2005).

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Sá-Gabriel e Molina (2005) determinaram para a espécie Melichthys niger número

diplóide e fundamental iguais a 40 cromossomos, todos acrocêntricos, com regiões

organizadoras do nucléolo (RONs) situadas em posição intersticial no 5° par.

As análises realizadas neste trabalho confirmam o número diplóide e o número

fundamental obtidos anteriormente, mas demonstrou um resultado discordante no que diz

respeito à localização das RONs. Os dados obtidos neste estudo revelaram que as

regiões organizadoras do nucléolo estão situadas na constrição secundária presente no

2° par do cariótipo. Este trabalho observou, através do bandamento C, uma marcação

positiva nesta constrição, demonstrando que as RONs coincidem com as regiões

heterocromáticas nesta espécie. Esta variação na identificação do par organizador

nucleolar pode ser devido a diferentes níveis de condensação cromossômica existentes

entre o material analisado pelos autores.

Casos de polimorfismo de RONs são freqüentemente descritos na literatura,

ocorrendo, por exemplo, marcações em pares não homólogos, marcações de tamanhos

diferentes no mesmo par ou ainda apenas um dos homólogos marcado (Martins e Galetti,

2001; Diniz e Bertollo, 2006). Um dos motivos dessas variações seria a própria natureza

das RONs. Apesar da seqüência de DNAr 45s ser conservada em geral, o tamanho

destas é extremamente variável, devido ao fato de serem formadas por repetições em

tandem, onde o número de vezes que estão presentes em um cromossomo pode variar,

alterando conseqüentemente o seu tamanho.

Heteromorfismos das RONs também podem ser resultado de crossing-over

desigual evolvendo os sítios de rDNA, favorecido, por exemplo, por seqüências como

elementos de transposição que atuariam como hot-spots de recombinação com o DNAr

(Mandrioli et al., 1999).

Outro fator a ser considerado é a presença de heterocromatina associada às

RONs. Foi demonstrado em M. niger, que os sítios ribossomais são coincidentes com as

regiões heterocromáticas. A associação entre RONs e heterocromatina é freqüentemente

descrita em peixes, onde estas regiões mostram-se adjacentes às RONs, sobrepondo-se

ou intercalando-se a elas nos cromossomos, favorecendo rearranjos nos pares portadores

destas regiões (Vicari et al, 2003).

As características citogenéticas descritas neste trabalho para C. macrocerus, C.

pullus e M. niger, como presença de RONs simples e heterocromatina pericentromérica,

representam o fenótipo mais comum para a maioria das espécies de Tetraodontiformes

analisadas (Grützner et al., 1999; Mandrioli, 2000; Fischer et al., 2004; Sá-Gabriel e

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Molina, 2005; Noleto, 2006), somando-se aos inúmeros resultados já descritos para

outras ordens de peixes, como Perciformes, Siluriformes, Beryciformes, Salmoniformes

(Brum, 1996; Galetti et al., 2000; Porto-Foresti et al., 2004) etc, corroborando a

proposição de que estas são características plesiomórficas para Teleostei.

Em M. niger foi observado segmento heterocromático na constrição secundária do

2° par cromossômico e ausência de marcação na região correspondente ao centrômero,

presente nesta região na maioria dos pares cromossômcos da espécie. Uma vez que a

heterocromatina em peixes localiza-se preferencialmente nos centrômeros e que a

heterocromatina constitutiva é frequentemente associada com a diversificação cariotípica

(Molina, 1995; Mantovani et al., 2004; Molina e Galetti, 2004), é possível que rearranjos

temporalmente seqüenciais envolvendo este par possa ter internalizado os cístrons

ribossomais ou a redução de segmentos heterocromáticos na região centromérica do par

nucleolar.

Kytayama e Ojima (1984) descreveram resultados semelhantes para uma espécie

do mesmo gênero, Melichthys vidua. Esta espécie possui número diplóide e fundamental

iguais a 40, e dois pares de homólogos grandes também possuem constricção

secundárias, que apresentaram marcação positiva ao tratamento de banda C. Segundo

estes autores, isto seria resultado de uma fusão em tandem envolvendo estas regiões.

Desta forma, este mecanismo parece ter sido importante na diferenciação destas

espécies de Balistidae. Uma vez que na família Balistidae existem espécies com

cariótipos compostos por 42 cromossomos, um evento de fusão em tandem pode ser

considerado entre dois pares, resultando em um conjunto com 40 cromossomos.

A redução numérica observada tanto em Balistidae como em Monacanthidae,

quando estabelecida um parentesco filogenético basal com os Perciformes, parece

demonstrar que eventos de fusões em tandem, constituem um dos principais mecanismos

de evolução cariotípica para estes grupos pós-Perciformes.

Assumindo-se que os Tetraodontiformes são tidos como um clado monofilético

derivado dos Perciformes (Holcroft, 2005) e que, entre os Perciformes, um cariótipo com

2n=48 cromossomos acrocêntricos é considerado como basal (Brum e Galetti, 1997), os

cariótipos de M. niger, C. macrocerus e C. pullus (2n=40a) exibem cromossomos

potencialmente mais conservados em relação aos Perciformes (embora ocorra diminuição

no número diplóide).

Entre os Perciformes, a presença de RONs simples e em posição intersticial é uma

situação freqüente, representando uma condição basal. Da mesma forma, a presença de

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heterocromatina restrita às regiões centroméricas também é um traço característico neste

grupo (Molina e Galetti, 2004). Os dados obtidos para RONs e regiões heterocromáticas

para C. macrocerus, C. pullus e M. niger estão de acordo com o padrão observado para

as espécies de Perciformes analisadas, demonstrando um aparente conservadorismo

destes caracteres.

Estes dados sustentam a hipótese de que os processos de fusões e fissões foram

predominantes para o estabelecimento dos cariótipos de Balistidae e Monacanthidae

(Kitayama e Ojima, 1984; Sá-Gabriel e Molina, 2005).

Estudos comparativos utilizando dados morfológicos e moleculares sugerem que

as famílias Balistidae e Monacanthidae formam a superfamília Balistoidea (Brainerd et al.,

2001; Neafsey e Palumbi, 2003; Holcroft, 2004; Holcroft, 2005). Esta proposição parece

ser corroborada também pelos dados citogenéticos disponíveis na literatura e obtidos no

presente trabalho, que demonstram as similaridades cariotípicas existentes entre estas

famílias, dando indicações de que Monacanthidae e Balistidae possuem maior afinidade

filogenética entre si do que com os demais grupos da Ordem Tetraodontiformes.

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CAPÍTULO 2

ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM ESPÉCIES DAS

FAMÍLIAS TETRAODONTIDAE E DIODONTIDAE

(TETRAODONTIFORMES):

UMA ABORDAGEM POPULACIONAL

Lorena Corina Bezerra de Lima e Wagner Franco Molina

RESUMO

Os peixes da Ordem Tetraodontiformes são predominantemente marinhos

com distribuição tropical. A marcante diversidade morfológica entre cada família

reflete em, parte, os diferentes níveis de especialização. Embora pareça uniforme, o

ambiente marinho, em muitos casos, apresenta barreiras físicas eficientes para a

dispersão de muitos grupos de peixes, existindo diferenças biogeográficas entre os

ambientes recifais do norte, centro e sul do Atlântico. Neste trabalho, descreve-se o

cariótipo de duas espécies de baiacu, Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae) e

Chilomycterus antennatus (Diodontidae), comuns no litoral NE do Brasil. Exemplares

de cada uma das espécies foram coletados e submetidos a estimulação mitótica e

subseqüente preparação e análise cromossômica. Para S. testudineus encontrou-se

2n=46, com NF=78 (16m+18sm+8st+4a), enquanto que para C.antennatus 2n=50,

com NF=76 (4m+22st+24a). Ambas espécies possuem RONs simples e blocos

heterocromáticos centroméricos. O conservadorismo cromossômico observado em

S.testudineus ao longo do litoral contrasta com os citótipos diferenciados de

C.antennatus entre a costa Nordeste e Sudeste, sugerindo que os padrões

ecológicos de cada espécie, somados às condições do meio ambiente marinho,

possam ser responsáveis pela delineação cariotíopica de cada espécie.

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1. INTRODUÇÃO

A habilidade de dispersão dos organismos aquáticos traz impactos diretos na

sua distribuição, ecologia e evolução. Em muitas espécies marinhas, a dispersão

está confinada aos estágios planctônicos, que permanecem na água até se fixar em

substratos rochosos. Esta habilidade de dispersão varia de acordo com a estratégia

ecológica adotada por cada espécie (Paulay e Meyer, 2006).

A maioria dos peixes habitantes de fundos rochosos (como recifes e parcéis)

não se desloca por grandes distâncias quando adultos, ficando desta forma a

conectividade entre populações distantes acoplada à dispersão larval (Bowen et al.,

2006).

Embora pareça uniforme, o ambiente marinho em muitos casos apresenta

barreiras físicas eficientes para muitos grupos de peixes. Os recifes do Atlântico são

vastamente distribuídos, entretanto, existem diferenças biogeográficas entre os

ambientes recifais do norte, centro e sul do Atlântico, que seriam potenciais barreiras

físicas para a dispersão das espécies (Rocha, 2005). Na costa brasileira, por

exemplo, o padrão de distribuição das espécies de peixes mostra-se fortemente

correlacionado com as diferenças biogeográficas locais (Floeter e Gasparini, 2000).

Os peixes da Ordem Tetraodontiformes são predominantemente marinhos,

com distribuição tropical (Nelson, 1994). A marcante diversidade morfológica entre

cada família reflete, em parte, os diferentes níveis de especialização. Nesta ordem

encontram-se algumas das espécies de peixes mais conhecidas popularmente, os

baiacus, vastamente distribuídos em ambientes recifais, ilhas oceânicas, mangues e

estuários. Os peixes que recebem esta denominação popular estão agrupados em

duas famílias de Tetraodontiformes, Diodontidae e Tetraodontidae (Santos, 1992;

Szpilman, 2000). Devido às suas similaridades morfológicas, estas famílias são

reconhecidas como grupos irmãos (Santini e Tyler, 2003).

Duas espécies de baiacu muito comuns no litoral brasileiro são Sphoeroides

testudineus (Tetraodontidae) e Chilomycterus antennatus (Diodontidae). Estas

espécies possuem descrições cariotípicas anteriores, realizadas para populações do

sul e sudeste. Entretanto, devido às diferentes condições ecológicas e

oceanográficas verificadas ao longo da costa brasileira, o presente trabalho procurou

verificar a possível existência de diferenças cariotípicas nestas espécies.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. MATERIAL

Foram analisados 13 exemplares da espécie Sphoeroides testudineus

(Tetraodontidae) e 7 exemplares da espécie Chilomycterus antennatus

(Diodontidae), coletados nas praias de Ponta Negra e Redinha (07º47'42

S/35º12'34"W), Natal, Rio Grande do Norte, litoral NE do Brasil.

B

1

2

NATAL

A

Figura 1. Mapa mostrando os locais de coleta. a. Rio Grande do Norte, b. Natal,

onde 1) praia de Ponta Negra, 2) praia da Redinha.

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35

2.2 MÉTODOS

Os exemplares sofreram estimulação mitótica precedendo às preparações

cromossômicas de acordo com a técnica de Lee e Elder, 1980. Para a obtenção de

cromossomos mitóticos, utilizou-se o método preconizado por Gold et al. (1990). As

análises cromossômicas para determinação do número diplóide e número

fundamental foram realizadas em microscopia óptica no aumento de 1000X, através

de coloração convencional, utilizando solução tamponada de Giemsa a 5%, pH 6,8.

As melhores metáfases foram fotografadas no microscópio Olympus BX42, com

sistema de captura digital de imagens. A nomenclatura dos cromossomos seguiu o

padrão estabelecido por Levan et al., (1964). Para a identificação das regiões

organizadoras do nucléolo (RONs) foi utilizado o método de coloração com nitrato de

prata (Howell e Black, 1980). Os segmentos heterocromáticos foram visualizados

através da técnica de bandamento C descrita por Sumner (1972).

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36

3. RESULTADOS

3.1 Sphoeroides testudineus

As análises realizadas para a espécie S. testudineus determinaram um

número diplóide (2n) igual 46, onde oito pares são metacêntricos, nove pares são

submetacêntricos, quatro pares são subtelocêntricos e dois pares acrocêntricos,

constituindo assim número fundamental igual a 78 (16m+18sm+8st+4a). A coloração

com nitrato de prata evidenciou RONs simples localizadas no braço curto de um par

submetacêntrico (6° par). O bandamento C nesta espécie evidenciou reduzidos

segmentos heterocromáticos localizados na posição centromérica em poucos pares

cromossômicos (Figura 1).

3.2 Chilomycterus antennatus

Verificou-se para Chilomycterus antennatus um número diplóide igual a 50

cromossomos, sendo o cariótipo constituído de 2 pares de metacêntricos, 11 pares

de subtelocêntricos e 12 pares de acrocêntricos (4m+22st+24a), com número

fundamental equivalente a 76. As RONs estavam situadas no braço curto de um par

subtelocêntrico (7° par). Foram observadas na maioria dos pares cromossômicos,

segmentos heterocromáticos situados nas regiões pericentroméricas (Figura 2).

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37

2

A

B

Figura 2. a. Cariótipo corado em Giemsa de S. testudineus. b. Padrão heterocromático. Em destaque, o par organizador nucleolar corado com nitrato de prata.

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38

A

7

B

Figura 3. a. Cariótipo corado em Giemsa de C. antennatus. b. Padrão heterocromático para a espécie. Em destaque o par organizador nucleolar (7° par) corado com nitrato de prata.

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4. DISCUSSÃO

Aproximadamente 60 espécies de Tetraodontiformes já foram estudadas

citogeneticamente. Destas, 30 espécies pertencem à família Tetraodontidae e

apenas cinco à família Diodontidae. Para os Tetraodontidae, os valores de número

diplóide variam desde 34 a 46. Para os Diodontidae, os valores diplóide encontrados

são um pouco mais elevados, situando-se entre 46 e 52 (ver Tabela 1), ocorrendo

nas duas famílias uma enorme variedade de fórmulas cromossômicas e de números

fundamentais.

As análises cromossômicas realizadas no presente estudo revelaram para

espécie Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae), um número diplóide igual a 46

cromossomos, cuja fórmula cariotípica é 16m+18sm+8st+4a, equivalendo a um

número fundamental igual a 76. Esta espécie possui descrições cariotípicas

realizadas para a costa do Rio Grande do Norte (Sá-Gabriel e Molina, 2005) e do

Paraná (Noleto et al., 2006). No presente estudo e nos trabalhos anteriores, o

número diplóide descrito para esta espécie é igual a 46 cromossomos. Em todos os

estudos somente um par de RONs é encontrado, e, da mesma forma, os sítios de

heterocromatina foram identificados como extremamente reduzidos ou mesmo

ausentes na maioria dos pares cromossômicos.

Porém todos os trabalhos apresentam resultados discordantes no que diz

respeito à fórmula cromossômica e número fundamental. Sá-Gabriel e Molina (2005)

identificaram a fórmula cariotípica desta espécie como 18m+4sm+6st+18a e NF=74,

enquanto que Noleto et al. (2006) descreveram como 14m+6sm+10st+16a e NF=76

e, neste trabalho, a fórmula cromossômica desta espécie foi definida como

16m+18sm+8st+4a com NF=76.

Esta aparente divergência de dados pode ser atribuída ao tamanho

extremamente diminuto dos cromossomos desta espécie, o que dificulta uma

classificação exata dos tipos cromossômicos e pareamento correto dos mesmos,

não significando necessariamente uma diferença entre as populações, uma vez que

os dados de RONs e heterocromatina são equivalentes em todas as descrições.

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Análises realizadas em outras espécies do gênero Sphoeroides (ver Tabela 1)

indicam que este grupo demonstra um certo conservadorismo numérico, onde todas

as espécies estudadas caracterizam-se por apresentar 2n=46. Desta forma

Sphoeroides testudineus estaria dentro dos padrões observados para o gênero.

Tabela 1. Resumo dos dados citogenéticos disponíveis para as espécies de Tetraodontidae e Diodontidae (Modificado de Brum e Galetti, 1997).

FAMÍLIA ESPÉCIES 2nFÓRMULA

CROMOSSÔMICA NF REFERÊNCIAS

Arothron hispidus 42 36sm + 6st/a 78 Natarajan e Subrahmanjan, 1974

A. immaculatus 42 14m + 16sm + 12st/a 72 Arai e Nagaiwa, 1976

A. immaculatus 42 12m + 14sm + 16st/a 68 Choudhury et al., 1982

A. leopardus 40 14m + 14sm + 12st/a 68 Choudhury et al., 1982

A. nigropunctatus 38 14m + 20sm + 4st/a 72 Arai e Nagaiwa, 1976

A. reticularis 42 12m + 14sm + 16st/a 68 Choudhury et al., 1982

Canthigaster coronata 28 8m/sm + 20st/a 36 Arai, 1983

C .rivulata 34 4m + 6sm + 10st/a + 14a 54 Arai e Nagaiwa, 1976

Chelonodon patoca 40 14m + 16sm + 10st/a 70 Arai e Nagaiwa, 1976

Fugu chrysops 44 6m + 14sm + 24st/a 64 Arai e Nagaiwa, 1976

F. niphobles 44 20m/sm + 24st/a 64 Arai e Katsuyama, 1973

F. pardalis 44 - - Arai, 1983

F. poecilonotus 44 - - Arai, 1983

TETRAODONTIDAE Lagocephalus laevigatus 46 - - Sá-Gabriel e Molina, 2001

L. lunaris 44 10m + 14sm + 20st/a 68 Choudhury et al., 1982

Monotetra palambangensis 42 - - Hinegardner e Rosen, 1972

Sphoeroides greeleyi 46 24m/sm + 22st/a 70 Brum et al.,2002 S. tyleri 46 12m/sm + 34st/a 58 Brum et al.,1996 S. spengleri 46 20m/sm + 26st/a 66 Brum et al.,1996

S. spengleri 46 - 66 Sá-Gabriel e Molina, 2001

S. testudineus 46 - - Sá-Gabriel e Molina, 2001

Takifugu niphobeles 44 4m/sm + 16sm + 24st/a 64 Miyaki, K. et al. 1995

T. pardalis 44 6m/sm + 16sm + 22st/a 66 Miyaki, K. et al. 1995

T. poecilonotus 44 12m + 10st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al. 1995

T. radiatus 44 8m + 14st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al. 1995

T. rubripes 44 10m + 12st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al. 1995

T. xanthopterus 44 8m + 14st + 22st/a 66 Miyaki, K. et al. 1995

Tetraodon cutcutia 42 16m + 12st + 10a 70 Khuda-Bukhsh e Barat, 1987

Tetraodon fluviatilis 42 2m + 4sm + 2st + 34a 50 Mandrioli, 2000

Tetraodon nigroviridis 42 20m/sm + 22st 62 Fisher, 2000

Diodon bleekeri 46 - 58 Arai e Nagaiwa, 1976

DIODONTIDAE D. holocanthus 46 20m/sm + 26st/a 66 Sá-Gabriel e Molina, 2001

Chilomycterus spinosus 52 16m/sm + 36st/a 68 Brum, 1996

Chilomycterus antennatus 52 6m+46st/a 58 Sá-Gabriel e Molina, 2005

Ciclicthys spinosus 50 4m+18sm+12st+16a 76 Noleto et al.,2006

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Para Chilomycterus antennatus (Diodontidae), o número diplóide encontrado

no presente trabalho foi de 2n=50, com fórmula cromossômica igual a 4m+22st+24a

e NF=76. Em um estudo anteriormente realizado com esta espécie na costa do Rio

de Janeiro, Sá-Gabriel e Molina (2005) descreveram para a mesma um número

diplóide de 52 cromossomos, com fórmula cariotípica de 6m+46st/a e NF=58. De

fato, uma descrição de outra espécie do gênero, Chilomycterus spinosus (Brum,

1996), também coletada no Rio de Janeiro, relata um 2n=52 Neste sentido, a

variação numérica observada no número diplóide de Chilomycterus antennatus do

Rio Grande do Norte é bastante robusta sugerindo tratar-se de um novo citótipo para

a espécie.

Verificou-se para C. antennatus e S. testudineus RONs simples. Em ambas, o

bandamento C não produziu marcações observáveis na maioria dos pares

cromossômicos, indicando que estas espécies possuem baixo conteúdo

heterocromático.

Heterocromatina reduzida restrita às regiões pericentroméricas na maioria dos

pares é uma característica encontrada em grande parte das espécies de

Tetraodontiformes analisadas (Grützner et al., 1999; Mandrioli, 2000; Fischer et al.,

2004; Sá-Gabriel e Molina, 2005; Noleto, 2006), enquanto que um par de

cromossomos portador das regiões organizadoras do nucléolo é uma característica

freqüentemente descrita, não apenas para os Tetraodontiformes, mas também para

outras ordens de peixes como Perciformes, Salmoniformes, Siluriformes,

Cypriniformes, Characiformes, entre outras (Martins e Galetti, 2001; Porto-Foresti et

al., 2004).

Um conceito básico da genética é a idéia de que cada indivíduo tem seu

fenótipo determinado pelo somatório de seu genótipo e das condições ambientais

que o cercam. Assim, a compreensão dos mais variados aspectos ecológicos nos

quais os indivíduos estão imersos propicia uma visão mais abrangente de como as

espécies chegaram à sua atual configuração genética (Netto, 2000). Quanto maior

for o fluxo gênico entre os indivíduos, maior será a homogeneidade genética de uma

população ou espécie. Dessa forma, um cariótipo estável estará associado a um

menor nível de variação genética. Com isso, espécies que tendem a constituir

populações grandes e com um maior grau de mobilidade, favorecidas por barreiras

físicas pobremente definidas ou que podem ser facilmente transpassadas, estariam

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propensas a apresentar um menor nível de variação cromossômica (Molina et al.,

2002).

Diversos estudos genéticos têm apontado que muitas espécies marinhas

como peixes, corais, moluscos, são homogêneas geneticamente ao longo de uma

área geográfica grande (Palumbi e Wilson, 1990; Bagley et al., 1999; Ayre e Hughes,

2000; Knutsen et al., 2003; Bowen et al., 2006).

Todos estes trabalhos apontam o transporte passivo de larvas e/ou ovos por

correntes oceânicas como a principal forma de dispersão das espécies marinhas, já

que, uma vez no ambiente pelágico, a larva estará sujeita à difusão, turbulência e

adversidades das águas oceânicas, que podem potencialmente levá-las por

centenas de quilômetros dos sítios de desova, transportando-as regularmente entre

populações locais e distantes (Cowen et al., 2000). Este conceito baseia-se no fato

de que boa parte das espécies marinhas tem, quando adultas, movimentos limitados

ou mesmo são sésseis, então a fase larval representaria a principal oportunidade

para dispersão (Cowen et al., 2006). Dessa forma, a dispersão de larvas podem

contribuir para a perpetuação da homogeneidade genética ao longo de grandes

distâncias geográficas (Gilbert-Horvath et al., 2006).

Bonhome e Planes (2000) observaram uma correlação positiva entre o

período de duração larval (PDL), que inclui a duração de todos os estágios larval e

junvenil e a ocorrência de espécies de peixes em ilhas oceânicas isoladas. Da

mesma forma, Riginos e Victor (2001), descreveram conectividade populacional

entre espécies de Bleniidae que possuíam PDLs de 18 a 24 dias por uma distância

de 100 a 350 quilômetros. Além disso, a conectividade genética não implica

necessariamente em um intercâmbio demográfico contínuo, demonstrando que

níveis muito baixos de migração são necessários para homogeneizar

estruturalmente uma população (Choat, 2006).

Entre os peixes existem diversos exemplos de conservação na estrutura

cariotípica, sendo o mais notório encontrado na ordem Perciformes. Este grupo é

considerado o mais rico dentre os vertebrados, e apesar de sua enorme

heterogeneidade, a freqüência de distribuição dos números diplóides e fundamental

apresenta uma surpreendente uniformidade, onde o valor igual a 48 é claramente

dominante (Klinkhardt, 1998). Este cenário é especialmente visto nos grupos

marinhos de Perciformes, como Chaetodontidae, Haemulidae, Pomacanthidae,

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Pomacentridae, Serranidae, Scaridae, Carangidae, Centropomidae, entre outros

(Brum 1996, Galetti et al, 2006).

Este parece ser o caso de Sphoeroides testudineus. Esta espécie distribui-se

nos Estados Unidos, Caribe e por toda a extensão da costa brasileira, sendo uma

das espécies de baiacus mais comuns em áreas costeiras, estuarinas e de

manguezais onde formam enormes agregações (Shipp in Carpenter, 2002). Em

todos os trabalhos citogenéticos realizados para esta espécie, o número diplóide

descrito foi igual e os dados de RONs e padrão de heterocromatina foram

equivalentes indicando uma aparente homogeneidade cromossômica nesta espécie,

uma vez que as populações analisadas estão afastadas por mais de 2000

quilômetros. Isto sugere que os padrões ecológicos desta espécie, como formar

grandes populações e possuir distribuição geográfica extensa, aliados a condições

ambientais favoráveis (como correntes para transporte de larvas), podem restringir a

fixação de rearranjos cromossômicos e a diversificação cariotípica (Molina e Galetti,

2004), resultando na homogeneidade cromossômica observada nesta espécie.

Ao contrário do cenário conservativo observado em S. testudineus, em C.

antennatus ocorreram diferenças cariotípicas entre as populações do Rio de Janeiro

e Rio Grande do Norte.

Assim como nos ambientes terrestres, a biodiversidade na esfera oceânica é

gerada e mantida pelas barreiras físicas, embora estas não sejam tão discerníveis

quanto na terra (Siegel et al., 2003). Uma conseqüência imediata disto é que muitos

organismos têm nas fases pelágicas o principal veículo de dispersão e entretanto é

difícil definir a distância através da qual as larvas podem ser dispersas ou mesmo

identificar as barreiras que atuariam para dispersar ou isolar populações (Thorrold,

2006).

As quebras biogeográficas que limitam o movimento de indivíduos entre

populações podem gerar grandes lacunas genéticas entre populações vizinhas ou

espécies crípticas, levando à evolução de linhagens filogeneticamente distintas e/ou

a manutenção das diferenças entre linhagens parapátricas (Irwin, 2002).

Poucas barreiras têm sido identificadas com clareza no ambiente marinho,

como por exemplo, a península da Flórida, o mar do Caribe, as Ilhas Bahamas e as

descargas de águas continentais geradas pelos rios Orinoco e Amazonas. Todas

estas barreiras correspondem a fracionamentos biogeográficos, onde os ambientes

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passam a ter características biogeográficas muito acentuadas (Taylor e Hellberg,

2006).

A costa brasileira estende-se por mais de 8000 quilômetros sob a influência

de diversas condições ecológicas e oceanográficas. Estudos recentes têm

identificado, para o litoral brasileiro, grupos diferenciados de meio ambiente : a costa

Sul, com águas de temperatura baixa, sem diversidade de corais e ausência de ilhas

; e a costa Nordeste, caracterizada por águas quentes, grande quantidade de recifes

coralinos e ilhas oceânicas (Atol, Fernando de Noronha, São Pedro e São Paulo e

Trindade). Em geral, a variação na composição geográfica das espécies da costa

brasileira é fortemente correlacionada com estes ambientes (Floeter e Gasparini,

2000; Joyeux et al., 2001).

A alopatria é um fator importante para a especiação nos ambientes terrestres

e dulcícolas. Porém isto não é considerado para a maioria das espécies de peixes

recifais, uma vez que isto requer um isolamento completo entre as espécies, uma

condição que não é facilmente mantida porque muitas espécies têm um período

larval que é potencialmente efetivo para a dispersão. Uma alternativa para este

mecanismo seria a especiação parapátrica, onde as espécies efetuariam uma

seleção por ambientes contrastantes, levando ao isolamento reprodutivo (Rocha,

2005).

Assim, duas ou mais espécies que ocupam uma mesma área, mas se

especializam em explorar diferentes regiões ecológicas podem tornar-se

relativamente isoladas, podendo desenvolver divergência genética, incluindo

modificações cariotípicas. Um bom exemplo de divergência cariotípica ligada ao

hábitat é a família Pomacentridae (Perciformes). A quase totalidade de suas

espécies que foram analisadas apresenta 2n=48, mas os números fundamentais

variam de 48 a 92, divergindo do padrão basal encontrado em Perciformes. Neste

grupo, características biológicas como territorialismo, ovos adesivos e mutualismo

com organismos sésseis agiriam como reguladores do fluxo gênico e contribuiriam

para a micropartição do ambiente marinho, favorecendo o estabelecimento de

rearranjos (Molina e Galetti, 2004a).

Isto também é observado em espécies de peixes dulcícolas (como Perciidae e

Cichlidae) ou em grupos marinhos que ocorrem em áreas restritas ou com baixa

mobilidade (como Bleniidae) (Galetti et al., 2000).

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Tal fato parece se adequar ao padrão observado em C. antennatus. Esta

espécie tem hábitos solitários (Leis in Carpenter, 2002), não formando grandes

agregações. Isto poderia dificultar o contato entre populações e favorecer o

estabelecimento de diferenças genéticas entre as mesmas. As diferenças regionais

também podem ser relevantes. Diante do fato de que as correntes que regem o

litoral brasileiro circulam no sentido norte-sul da costa, os indivíduos de C.

antennatus estão submetidos a uma gradação ecológica mediada por temperatura,

luminosidade, presença de recifes de corais, quantidade de nutrientes e fauna

circundante progressivamente diferenciadas, que seletivamente podem levar a

eventos de diferenciação genética culminando em possíveis eventos de especiação

parapátrica.

Desta forma, os fortes padrões de divergência genética entre as espécies de

peixes com diferentes níveis de preferência de hábitat, mas com capacidades

dispersivas semelhantes, reforça a idéia da ecologia como força direcionadora na

evolução dos peixes recifais.

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CAPÍTULO 3

CONTRIBUIÇÃO À CITOGENÉTICA DOS

TETRAODONTIFORMES E TENDÊNCIAS NA EVOLUÇÃO

CARIOTÍPICA DO GRUPO

Lorena Corina Bezerra de Lima e Wagner Franco Molina

RESUMO

A ordem Tetraodontiformes é composta por cerca de 400 espécies de peixes,

distribuídas em dez famílias, exibindo marcante diversidade morfológica. Este grupo

representa uma linhagem pós-Perciformes e constitui o último ramo da difusão dos

Teleósteos, ocupando uma posição filogenética de destaque. Neste grupo foram

encontradas espécies com os menores genomas vertebrados conhecidos, alçando-

as a modelos no estudo comparativo de evolução genômica dos vertebrados. Diante

das diferentes tendências de evolução cariotípicas apresentadas pelos

Tetraodontiformes, incluindo a redução genômica, o presente trabalho buscou

verificar a existência de relação entre o tamanho total dos cromossomos com a

quantidade de DNA em vários grupos de Tetraodontiformes. Para tal, foram

correlacionados o tamanho total do complemento haplóide de Melichthys niger

(Balistidae) (2n=40) Cantherhines pullus (Monacanthidae) (2n=40), Sphoeroides

testudineus (Tetraodontidae) (2n=46) e Chilomycterus antennatus (Diodontidae)

(2n=50); com valores de conteúdo de DNA disponíveis na literatura. A partir dos

dados obtidos no presente estudo, pode-se inferir que o conteúdo de DNA possui

relação direta com o comprimento total do genoma.

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1. INTRODUÇÃO

Os peixes da Ordem Tetraodontiformes são predominantemente marinhos,

com distribuição tropical (Nelson, 1994). Este grupo exibe marcante diversidade

morfológica, e cada família possui diferentes formas e níveis de especialização.

Nesta ordem encontram-se algumas das espécies de peixes mais conhecidas

popularmente, os baiacus e os cangulos. Os baiacus são animais singulares que

têm a sofisticada capacidade de inflar seus corpos quando ameaçados. Estes peixes

estão agrupados em duas famílias : os Tetraodontidae, chamados de baiacus, e os

Diodontidae, chamados de baiacus-de-espinho. Já os peixes vulgarmente

denominados cangulos ou peixes-porco pertencem às famílias Balistidae e

Monacanthidae (Santos, 1992; Szpilman, 2000). Devido às suas similaridades

morfológicas, estas famílias são reconhecidas como grupos irmãos, sendo

Diodontidae mais próximo de Tetraodontidae e Balistidae mais próximo de

Monacanthidae (Santini e Tyler, 2003). Esta proposição é apoiada por estudos

moleculares realizados com um gene mitocondrial de cópia única RAG1 (Holcroft,

2005) e por mensurações no conteúdo de DNA de espécies destas famílias (Tabela

1) (Brainerd et al, 2001; Neafsay e Palumbi, 2003).

O tamanho do genoma diplóide varia largamente entre os vertebrados. A

variação no conteúdo de DNA tem sido ignorada como um fator na evolução. Apesar

disto, o tamanho do genoma vem sendo freqüentemente relacionado com diferentes

características, como por exemplo, duração da mitose e meiose; taxa de

metabolismo basal em mamíferos; tempo de desenvolvimento do embrião em

salamandras; complexidade do cérebro em rãs; respostas de plantas ao CO2;

volume celular, entre outros (Gregory, 2000; Petrov, 2001).

Nos Tetraodontiformes, dados obtidos por citometria de fluxo determinaram

uma variação no conteúdo de DNA variando de 0,7pg nos Tetraodontidae até 2,26pg

em Ostraciidae (Brainerd et al., 2001; Neafsey e Palumbi, 2003). O primeiro genoma

vertebrado a ser seqüenciado depois do genoma humano foi de uma pequena

espécie de baiacu, Fugu rubripes (Tetraodontidae), com um tamanho estimado em

400Mbp (milhões de pares de bases) (Aparício et al., 2002). Esta espécie,

juntamente com Tetraodon nigroviridis (350 Mpb) (Jailon et al., 2004), possuem os

menores genomas que já foram seqüenciados.

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Logo, devido ao seu genoma significativamente reduzido, estas duas

espécies representam um importante modelo na pesquisa da genômica animal. Esta

característica de possuir um genoma reduzido é especialmente notável nos

membros da família Tetraodontidae, onde o tamanho médio do genoma haplóide é

em torno de 400Mbp (Elgar et al., 1996).

Semelhantemente à quantidade de DNA, os Tetraodontiformes possuem

conjuntos cromossômicos extremamente diversificados, exibindo uma vasta gama

de números diplóides e fórmulas cariotípicas. Neste sentido, a disposição e a

quantidade de cromossomos poderiam estar relacionadas com o tamanho do

genoma.

Devido às similaridades morfológicas e de mensuração do conteúdo

genômico apresentados entre as famílias Tetraodontidae e Diodontidae e entre

Balistidae e Monacanthidae, este trabalho propôs comparar os dados de conteúdo

de DNA disponíveis para estas famílias com o tamanho total dos cariótipos das

espécies S. testudineus (Tetraodontidae), Chilomycterus antennatus (Diodontidae),

Cantherhines pullus (Monacanthidae) e Melichthys niger (Balistidae), verificando se

há correlação entre o tamanho dos cromossomos em micrômetros e o conteúdo de

DNA em pg.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. MATERIAL

As espécies Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae) e Chilomycterus

antennatus (Diodontidae) foram coletadas em Natal (07º47'42’’ S e 35º12'34" W),

Rio Grande do Norte. Os exemplares da espécie Melichthys niger (Balistidae)

foram provenientes do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, situado sobre a

cordilheira meso-Atlântica e localizado a 1.010 quilômetros da costa do Brasil. Os

indivíduos de Cantherhines pullus (Monacanthidae) são oriundos do litoral de

Salvador, Bahia, NE do Brasil.

2.2. MÉTODOS

2.2.1 OBTENÇÃO DE CROMOSSOMOS MITÓTICOS

Para a obtenção de cromossomos mitóticos, utilizou-se o método

preconizado por Gold et al. (1990). As análises cromossômicas para

determinação do número diplóide e número fundamental foram realizadas em

microscopia óptica, através de coloração convencional (Giemsa a 5%). A

classificação dos cromossomos seguiu o padrão estabelecido por Levan et al.,

(1964).

2.2.2 MENSURAÇÕES CROMOSSÔMICAS

Para a mensuração dos cariótipos foram selecionadas metáfases que possuíam

grau de condensação intermediário, onde os cromossomos não apresentavam-se

nem muito distendidos, nem muito condensados. As figuras metafásicas foram

obtidas com fotomicroscópio Olympus BX41 com sistema de captura digital de alta

definição. Os cromossomos de cada uma das espécies foram mensurados, com

réplica, utilizando-se o programa Image Tools for Windows (Versão 3.0). As medidas

individuais de cada cromossomo foram somadas, obtendo-se o comprimento total do

genoma haplóide em micrômetros (soma das medidas individuais de cada

cromossomo), onde a média do comprimento total para cada espécie foi calculada.

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3. RESULTADOS

As análises realizadas determinaram para a espécie S. testudineus

(Tetraodontidae, 2n=46) um comprimento total médio do genoma haplóide de

61,2µm. A espécie Chilomycterus antennatus (Diodontidae, 2n=50) apresentou um

comprimento total médio do genoma haplóide de 110,7µm. O Balistidae Melichthys

niger (2n=40) revelou um comprimento total médio do genoma haplóide igual a

78,18µm. A somatória do complemento haplóide de Cantherhines pullus

(Monacanthidae, 2n=40), apresentou um valor correspondente a 73,4µm.

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51

a) b)

c) d)

Figura 1: Cariótipos das espécies em estudo. a) S. testudineus, b) C.antenantus,

c) M.niger, d) C.pullus.

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4. DISCUSSÃO

Os peixes representam a maior e mais diversificada categoria de vertebrados.

É neste grupo onde se encontram, simultaneamente, o menor e o maior conteúdo de

DNA medidos até o momento entre os vertebrados, respectivamente, das espécies

Takifugu rubripes, com 0,4 pg e Protopterus aethiopicus, com 130 pg (Gregory,

2000).

O conteúdo de DNA tem sido relacionado com diversas características

celulares, mas o traço mais notável da variação do conteúdo genômico é sua

associação com o volume nuclear (Gregory, 2001). Uma vez que os cromossomos

representam uma considerável parte do conteúdo nuclear e que neles está boa parte

do conteúdo genômico de uma espécie, as mensurações do conteúdo de DNA

realizadas nas mais diferentes espécies de peixes podem estar relacionadas com o

tamanho dos cromossomos.

Para a espécie S. testudineus (Tetraodontidae) não há dados de quantidade

de DNA, mas os valores citados na literatura para outras espécies do gênero são em

média de 0,9pg (Brainerd et al.,2001). Para C.antennatus (Diodontidae) também não

existem dados de conteúdo genômico, mas para uma espécie do mesmo gênero

Chilomycterus schoepfi este valor é de 1,6pg (Brainerd et al.,2001), cerca de 43,7%

maior que os valores para Sphoeroides. O comprimento total médio do genoma

haplóide de S. testudineus foi de 61,5µm (menor valor obtido), enquanto que para C.

antennatus foi de 110,7µm (maior valor), representando uma diferença superior a

44,5%.

De fato, os representantes da família Diodontidae possuem genomas cerca

de duas vezes maiores que os Tetraodontidae. Estima-se que esta diferença seja

resultado de uma redução no tamanho do genoma dos Tetraodontidae desde que

ocorreu a separação destes dois grupos, cerca de 50 a 70 milhões de anos

(Brainerd, 2001; Santini e Tyler, 2003). A presença de um genoma compacto é

especialmente notável nos membros da família Tetraodontidae, onde o tamanho

médio do genoma haplóide é em torno de 400Mbp (Elgar et al., 1996).

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Existem várias teorias para explicar a redução genômica observada nos

Tetraodontidae, mas todas estão relacionadas à perda de DNA não codificante.

Análises realizadas em Tetraodon nigroviridis (Tetraodontidae) e Takifugu rubripes

(Tetraodontidae) vêm auxiliando na elucidação desta questão.

Uma das hipóteses seria a quantidade reduzida de elementos de

transposição presente no genoma destes peixes: em Tetraodon e Takifugu estas

seqüências representam somente 3,8% do genoma total. Esta quantidade reduzida

de elementos de transposição e de outras seqüências que não possuem significado

funcional tem uma taxa elevada de deleção, como vem sendo confirmado pelo fato

de que pseudogenes são eliminados mais rapidamente nestas espécies que em

humanos (Da Silva et al, 2002; Fischer et al, 2004, Jailon et al, 2004, Volff, 2005).

Outro fator que pode explicar o genoma reduzido é a alta resistência à inserções,

verificado particularmente nos membros da família Tetraodontidae (Neafsey e

Palumbi, 2003). Esta tendência à redução parece constituir uma condição

apomórfica presente apenas entre os Tetraodontidae.

Os dados citogenéticos obtidos previamente para a espécie S. testudineus,

com cromossomos extremamente pequenos e baixo conteúdo heterocromático,

somados aos dados disponíveis na literatura para o gênero, corroboram a teoria de

compactação genômica nos Tetraodontidae.

Apoiando-se em dados morfológicos, nas mensurações da quantidade de

DNA e em estudos moleculares (Holcroft, 2005), as famílias Diodontidae e

Tetraodontidae têm sido consideradas como grupos irmãos (Neafesey e Palumbi,

2003).

Segundo as informações disponíveis na literatura, os valores médios de

quantidade de DNA para M. niger (Balistidae) é de 1,42pg, enquanto que para

Cantherhines pullus este valor corresponde a 1,17pg; representando uma diferença

de 17,6%. Com relação ao tamanho do genoma haplóide para a espécie M. niger o

comprimento total médio obtido foi de 78,18µm. Para a espécie C. pullus o valor

encontrado foi de 73,4µm; representando uma diferença de 5,4%. De fato, os

cariótipos destas espécies são extremamente semelhantes: ambas possuem 2n e

NF=40, mas os cromossomos de M. niger são ligeiramente maiores que os de C.

pullus. É verificada uma correlação entre o comprimento dos cromossomos e a

quantidade de DNA entre estas duas espécies. As características citogenéticas

destas espécies (2n=40 cromossomos acrocêntricos) somadas aos dados

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comparativos obtidos através de estudos morfológicos e moleculares sustentam a

idéia de uma superfamília Balistoidea formada pelas famílias Balistidae e

Monacanthidae (Holcroft, 2004, Holcroft, 2005).

Os cromossomos de S. testudineus são significativamente menores que os

das espécies M. niger em 21,4% e que C.pullus em 16,2%. Porém, quando se

comparam os cariótipos de C. antennatus com M. niger e C. pullus, a diferença é de

cerca de e 30% em relação a M. niger e 33,6% em relação a C. pullus. De fato,

segundo mensurações de conteúdo de DNA realizadas por Brainerd et al. (2001), os

Diodontidae representa o grupo com os maiores valores de quantidade de DNA

(Tabela 1).

Tabela 1. Resumo das mensurações obtidas para as espécies M. niger, C. pullus, S.

testudineus e C. antennatus. Observa-se uma nítida correlação entre os tamanhos do

genoma e o somatório dos tamanhos dos cromossomos das espécies.

ESP / FAM 2nQuantidade DNA pg

(Brainerd et al., 2001) Comprimento Total Médio do Genoma Haplóide (µm)

Maior Par (µm)

Menor Par (µm)

DIODONTIDAE C. antennatus

50 1,60 110,7 3,0 1,4

BALISTIDAE M. niger

40 1,42 78,18 3,2 1,1

MONACANTHIDAE C. pullus

40 1,17 73,40 3,0 1,0

TETRAODONTIDAE S. testudineus

46 0,90 61,50 2,3 0,5

A partir dos dados obtidos no presente estudo, pode-se inferir que o conteúdo

de DNA possui relação direta com o comprimento total do genoma (referido neste

trabalho como a soma dos comprimentos individuais de cada cromossomo), mas

não possui relação com o tamanho individual de cada cromossomo.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os peixes correspondem a cerca de metade de todas as espécies de

vertebrados existentes, agregando diferentes ordens que incluem espécies com

vários graus de relacionamento evolutivo (Nelson, 1994). Este grupo exibe marcante

diversidade em sua morfologia, ecologia, comportamento e genomas, tornando-o

extremamente atrativo para estudos que envolva múltiplas questões evolutivas, bem

como sua biodiversidade é importante para os humanos nos mais diferentes

aspectos: ecológico, cultural, econômico, social.

A era da genômica nos trouxe uma poderosa ferramenta de comparação

entre as mais diferentes espécies de vertebrados e este poder comparativo está

intimamente relacionado à quantidade de dados disponíveis para as espécies. A

partir do seqüenciamento do genoma humano, vários outros projetos de

seqüenciamento foram abertos para os mais diferentes organismos. Muitos destes

projetos envolvem espécies de peixes, como o zebrafish (Danio rerio), medaka

(Oryzias latipes) e platyfish (Xiphophorus maculatus), e dois importantes

representantes da Ordem Tetraodontiformes, Tetraodon nigroviridis e Takifugu

rubripes.

Estes estudos nos fornecem dados a respeito da estrutura gênica e

cromossômica, seqüências homólogas, fenótipos mutantes (Vollf, 2005; Crollius e

Weissenbach, 2005), auxiliando-nos a desenhar a história evolutiva dos vertebrados.

Com o avanço das práticas moleculares, os estudos e comparações

cromossômicas que envolvem o uso de técnicas mais básicas estão sendo

descartados. Porém, a análise cromossômica representa uma ferramenta útil no

estudo taxonômico, para caracterizar cariotipicamente as espécies, identificar

rearranjos, polimorfismos e variações, auxiliando no estabelecimento de relações

filogenéticas. É através das análises cromossômicas que são geradas informações a

respeito da constituição genética básica das espécies, servindo de alicerce para a

compreensão da evolução genômica; daí sua relevância no estudo de um grupo tão

importante quanto os Tetraodontiformes.

Os Tetraodontiformes representam um grupo extremamente variado em sua

morfologia (Santini e Tyler, 2002). Esta variedade é refletida nos seus conjuntos

cromossômicos, exibindo marcante diversidade de números diplóides e fórmulas

caritípicas e, ao contrário do cenário observado na ordem Perciformes, onde a maior

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parte de suas espécies possuem números diplóide e fundamental iguais a 48, os

Tetraodontiformes demonstram não possuir um padrão cariotípico comum (Sá-

Gabriel e Molina, 2005).

Apesar de ser geralmente reconhecido como um grupo monofilético, as

interrelações dos grupos componentes desta Ordem não estão claramente definidas

(Holcroft, 2004), mas as informações citogenéticas disponíveis permitem identificar

certas tendências da evolução cromossômica deste grupo.

Partindo-se da afirmação de que os Tetraodontiformes compõe uma linhagem

pós-Perciformes, a família Triacanthidae pode ser considerada como o grupo mais

basal dentro da Ordem, já que seus exemplares possuem cariótipos com números

diplóide e fundamental iguais a 48, correspondendo aos valores encontrados para a

maioria dos Perciformes (Brum e Galetti, 1997).

Figura 1. Níveis de parentesco entre as famílias de Tetraodontiformes.

Modificado de Santini e Tyler, 2003.

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Desta forma, os cariótipos das famílias Balistidae, Monacanthidae,

Tetraodontidae e Diodontidae, cujos números diplóides variam de 28 a 52;

possivelmente representam variações deste conjunto ancestral, sendo por isso

considerados derivados.

As análises realizadas neste trabalho, somadas aos dados disponíveis na

literatura, permitem inferir que a diminuição no número diplóide foi o evento

marcante na delineação cariotípica de Monacanthidae, uma vez que os números

diplóides desta família variam entre 34 e 40, com cromossomos predominantemente

acrocêntricos.

Para a família Balistidae, cujos representantes possuem 2n= 36 a 42, a

redução de números diplóides também pode ser observada, entretanto, os eventos

de fusões cêntricas foram predominantes, já que neste grupo são encontrados um

número maior de cromossomos bi-braquiais.

As espécies de Diodontidae e Tetraodontidae possuem cariótipos com

número diplóide que variam de 28 a 52. Nestas famílias são encontradas os maiores

valores de números fundamentais, entre 36 a 78, devido ao elevado número de

cromossomos biarmados. Isto sugere que para estes dois grupos, as inversões

pericêntricas, ao lado de fusões e fissões, parecem ter sido o mecanismo mais

importante na diferenciação cariotípica destas famílias. Porém, para Tetraodontidae,

a redução genômica parece ter sido o processo predominante.

Através da expansão dos estudos citogenéticos envolvendo as famílias

Balistidae, Monacanthidae, Tetraodontidae e Diodontidae será possível entender

melhor os processos ocorridos em seus cromossomos, que conduziram à atual

configuração dos Tetraodontiformes; contribuindo para o entendimento dos padrões

evolutivos desta ordem e dos peixes como um todo.

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5. CONCLUSÕES

De acordo com os dados expostos, pode-se concluir que:

As características citogenéticas encontradas nas espécies Cantherhines

pullus, Cantherhines macrocerus (Monacanthidae) e Melichthys niger

(Balistidae), 40 cromossomos acrocêntricos, RONs simples e

heterocromatina pericentromérica, corroboram a hipótese de que estas

famílias são grupos relacionados, com possível origem monofilética;

A presença de marcação positiva (heterocromatina e RON) na constrição

secundária no 2°par cromossômico em M. niger sugere a ocorrência de um

rearranjo, possivelmente uma fusão envolvendo estes homólogos, indicando

que estes eventos foram importantes para o estabelecimento dos cariótipos

deste grupo;

A espécie Sphoeroides testudineus (Tetraodontidae), apesar da discordância

na literatura, mostra alguma uniformidade cariotípica entre populações

distantes (Rio Grande do Norte e Paraná), enquanto que para

Chilomychterus antennatus (Diodontidae), registra-se a ocorrência de um

novo citótipo para a população da costa do Rio Grande do Norte, diferindo

em número diplóide da população analisada na costa do Rio de Janeiro;

sugerindo fluxo gênico reduzido entre as populações do Nordeste e Sudeste

do Brasil;

Embora os Diodontidae e Tetraodontidae sejam considerados grupos

irmãos, a tendência de redução genômica parece ser um caráter apomórfico

verificado apenas em Tetraodontidae;

Diodontidae representa o grupo que possui o maior conteúdo genômico,

bem como maior tamanho total do complemento haplóide, revelando que o

tamanho dos cromossomos pode ser compensado por seu número e que

existe uma correlação direta entre o conteúdo de DNA e o tamanho do

genoma haplóide das espécies.

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