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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial História Moderna

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

História Moderna

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© Editora Positivo Ltda., 2013Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

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EDITORAÇÃO:CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

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IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

CONTATO:

Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyNorton Frehse Nicolazzi Junior / Maria Bethânia de Araújo /Rogério Pereira da CunhaJonas Wilson PegoraroAriete NasuliczLysvania Villela CordeiroRosana FidelixTatiane Esmanhotto KaminskiVictor Oliveira PuchalskiAngela Giseli de SouzaLuciano Daniel Tulio / Marilu de Souza / Talita Kathy BoraAngela GiseliO

2 Comunicação

Sinal Gráfico / Expressão Digital© 2001-2009 HAAP Media Ltd/nkzs’s; © Wikimedia Commons/Spoladore; © 2001-2009 HAAP Media Ltd/theswedish’s; © Shutterstock/ilker canikligil; © Dreamstime.com/Lee SniderEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

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@HIS1246Estandarte de Ur: a

guerra entre os povos

da Mesopotâmia

@HIS1246

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

N641 Nicolazzi Junior, Norton Frehse.

Ensino médio : modular : história : história moderna / Norton Frehse Nicolazzi Junior, Maria Bethânia de Araújo, Rogério Pereira da Cunha ; ilustrações Angela Giseli. – Curitiba : Positivo, 2013.

: il.

ISBN 978-85-385-7485-9 (livro do aluno)

ISBN 978-85-385-7486-6 (livro do professor)

1. História. Ensino médio – Currículos. I. Araújo, Maria Bathânia de . II. Cunha, Rogério Pereira da. III. Giseli, Angela. IV. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: Expansão marítima e absolutismo

Unidade 3: Povos da América

Unidade 4: Colonização europeia nas Américas

Unidade 2: Renascimento e Reforma

Participação da burguesia 5

Política absolutista 6

Economia mercantilista 10

Expansão comercial 11

Grandes navegações 13

Chegada dos europeus 33

Organização dos povos pré-colombianos 34

Conquista 34

Ação colonizadora espanhola 43

Ação colonizadora inglesa 52

Conceito 21

Renascimentos: do Oriente e do Ocidente 24

Panorama religioso 26

Conceito de Reforma 26

Reforma Religiosa 27

Contrarreforma 29

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História Moderna4

Expansão marítima e absolutismo1

Durante os séculos XIV e XV a Europa ocidental vivenciou um

período de intensas transformações: drásticas e temíveis no pri-

meiro século e revolucionárias e inovadoras no século seguinte. As

mudanças alteraram vários aspectos da vida cotidiana da população

europeia, inclusive gerando consequências para grupos populacionais

estabelecidos a grandes distâncias daquele continente.

Apesar de grande parte das mudanças em questão terem ocorrido

naqueles dois séculos, é preciso recuar um pouco no tempo, para que

se possa compreender os motivos e os fatores que colaboraram para

tamanha modificação nas estruturas políticas, econômicas, sociais e

culturais do mundo europeu.

Isso significa considerar o contexto histórico: o declínio de po-

der dos senhores feudais e do próprio sistema feudal, que foi sendo

gradualmente substituído pelo poder centralizado dos Estados Mo-

dernos; o crescimento e fortalecimento da classe burguesa, que foi

acompanhado por um renascimento urbano e comercial; e os questio-

namentos dirigidos à Igreja Católica, instituição que exerceu grande

controle ideológico e cultural durante os primeiros séculos do segun-

do milênio.

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Ensino Médio | Modular 5

HISTÓRIA

Nesse sentido, o historiador Robert B. Marks salienta que “nascemos e crescemos em circunstân-cias que não escolhemos nem criamos”. Para o historiador, “o mundo no qual nos encontramos está composto de grandes estruturas sociais, políticas e culturais que mudam de maneira muito lenta e dificilmente como consequência da ação consciente de uma única pessoa”.

Em outras palavras, aquelas transformações, ocorridas no período de transição entre as idades Média e Moderna, não foram necessariamente planejadas ou se constituíram em um objetivo de alguém ou de algum determinado grupo. E, como as mudanças foram tão lentas, dificilmente pode-se, com precisão, determinar o momento específico do fim do Período Medieval e do início da Idade Moderna.

Apesar disso, é inegável que todos os acontecimentos dos séculos XIV e XV, relacionados ou não com o mundo europeu, contribuíram para lançar as fundações daquilo que foi chamado de Mundo Moderno.

Participação da burguesia

Os primeiros séculos do segundo milênio apresentaram significativas mudanças para a sociedade eu-

ropeia ocidental. As Cruzadas, expedições religiosas de caráter militar empreendidas pela Igreja Católica, inauguraram uma nova relação entre Oriente e Ocidente. As divergências religiosas, apesar de intensas e violentas, não impediram trocas comerciais e culturais entre populações de cultura tão diferenciada. Nesse sentido, o Oriente passou a influenciar o modo de vida do Ocidente, com seus produtos comerciais, suas tecnologias e seus conhecimentos.

Em grande parte, os responsáveis por fomentar a ligação entre dois mundos tão distintos foram os burgueses, que comandaram o transporte de muitos cruzados em direção à Terra Santa e, no retorno, vol-tavam com suas embarcações repletas de mercadorias de grande interesse comercial. Além dos produtos orientais que abarrotavam os porões das frotas burguesas, também seguiam embarcados costumes e tradições, cultura e conhecimento. Aos poucos, a vida na Europa sofreu profundas modificações.

Entre as evidentes transformações, pode-se citar o crescimento e fortalecimento da classe burguesa. O comércio, cada vez mais vigoroso, rendeu aos burgueses um notável enriqueci-mento, principalmente a burguesia do norte da Península Itálica e da região dos Países Baixos. O acúmulo de capital proporcionou o desenvol-vimento urbano, acompanhado do surgimento de inovações mercantis, como os bancos e as letras de câmbio.

A burguesia logo percebeu que “a venda paga a compra”. De acordo com o historiador Fernand Braudel, um mercador, como o do retrato, pensava que, já que pagava a mercadoria, devia vendê-la com lucro. E as compras e vendas deveriam ocorrer sem muita demora

HOLBEIN, Hans the younger. Retrato do comerciante Georg Gisze. 1532. 1 óleo sobre madeira, color., 96,3 cm x 85,7 cm. Staatliche Museen, Berlim.

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Política absolutista

De acordo com o Dicionário Aurélio, absolutismo é um “sis-

tema de governo em que o governante se investe de poderes absolutos, sem limite algum, exercendo de fato e de direito os atributos da soberania”. O termo absolutismo, apesar de derivar do latim absolutus, está mais próximo do absolutismo francês, que teve o seu uso difundido a partir do século XIX, quando passou a designar um tipo de sistema político que existiu na Europa ocidental entre os séculos XV e XVIII.

Porém, o surgimento do absolutismo antecedeu o século XV em quase trezentos anos, isto é, podem-se identificar características do nascimento dos Estados Modernos desde o século XII. Foi nesse período que vários fatores, como as Cruzadas e o Renascimento Comercial e Urbano, criaram as condições que conduziram a Europa ocidental em “um longo processo histórico de concentração do poder em proveito da coroa régia”, como salientou o cientista político Olivier Nay.

O efetivo fracasso das Cruzadas em alcançar seus princi-pais objetivos contribuiu para o enfraquecimento do poder po-lítico dos senhores feudais e para o fortalecimento econômico da burguesia. Tais mudanças levaram à crise do sistema feudal, que foi dando vez à centralização territorial e à concentração do poder. Durante alguns séculos, as transformações ocorridas acabaram fundando as bases dos Estados Modernos.

Com a definição de um território único a ser governado por um único soberano, surgiram determinadas necessidades a se-rem supridas. Entre elas, a questão da manutenção do território, que exigia a formação de um exército profissional para garantir a segurança. Os reis sabiam que seus Estados só sobreviveriam com um forte aparato militar. O historiador Perry Anderson destaca que “é significativo que o primeiro imposto nacional e regular a ser instituído na França, a taille royale, tenha sido criado para financiar as primeiras unidades militares regulares da Europa”.

O bom funcionamento do exército exigia, por sua vez, que o Estado criasse um complexo e eficiente aparelho ad-

ministrativo, um verdadeiro sistema burocrático responsável pelas políticas públicas. Elaboração de leis e cobrança de impostos eram apenas algumas das atribuições das burocra-cias estatais, que passaram a empregar um cada vez maior número de funcionários que eram remunerados pelo Estado.

Paralelamente a esse processo histórico, os Estados instituí-ram moeda única e padronizaram os pesos e as medidas em seus reinos. Os procedimentos reais tinham um objetivo bem especí-fico: estimular e facilitar as transações comerciais. A lógica dos reis era perfeitamente compreensível, já que o desenvolvimento comercial atrairia mais capital, possibilitando a ampliação de suas próprias riquezas, afinal, quanto maior o comércio, maior volume de dinheiro circulante e, consequentemente, mais e maiores os impostos a serem pagos pelos súditos.

Para colocar tantas medidas em prática, os governantes lançaram mão de várias prerrogativas que foram vistas como uma demonstração de “poder ilimitado e arbitrário”. Logo, atribuiu-se àquela forma de governo a designação do abso-lutismo. Na origem do termo, absolutismo pode indicar um poder ilimitado e arbitrário. Quando aplicado a determinados governos europeus dos séculos XV a XVIII, a mesma definição torna-se equivocada. O absolutismo foi uma forma de governo em que o poder dos governantes não dependia do controle de outros poderes, mas era, de alguma maneira, limitado consti-tucionalmente em relação aos valores e às crenças da época. O cientista político Norberto Bobbio considera o absolutismo “um regime político constitucional (no sentido de que seu fun-cionamento está sujeito a limites e regras preestabelecidas), não arbitrário (enquanto a vontade do monarca não é ilimitada) e, sobretudo, de tradições seculares e profanas”.

É importante se destacar que o absolutismo adquiriu características diversificadas em função das peculiaridades regionais e culturais de onde existiu. Assim, o absolutismo português foi bastante distinto do francês e do inglês, que também exibiram significativas diferenças entre si. Em suma, pode-se dizer que não houve um absolutismo como fenômeno único e unitário, mas, sim, vários “absolutismos”, que se adaptaram às contingências de cada Estado.

A sustentação teórica de um governo centralizador contou, em toda a Europa, com reflexões profundas e apaixonadas realizadas por pensadores das mais diversas correntes ideológicas. Entre as variadas teses apre-sentadas do século XVI ao XVIII, destacam-se a de três homens em especial: o florentino Niccolò Machiavelli (1469-1527), que teve seu nome aportuguesado para Nicolau Maquiavel; o francês Jean Bodin (1530-1596); e o inglês Thomas Hobbes (1588-1679).

A Península Itálica, terra natal do florentino Maquiavel, era marcada por uma intensa fragmentação política, econômica e cultural. A cientista política Maria Tereza Sadek destaca que foi “neste cenário conturbado, no qual

História Moderna6

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a maior parte dos governos não conseguia se manter no poder por um período superior a dois meses”.

De família simples, que não era nem aristocrática nem rica, Maquiavel recebeu uma esmerada educação, que lhe valeu um cargo público na república florentina. As constantes disputas pelo poder acabaram por dissolver a república, quando a família dos Médicis voltou ao controle político de Florença e demitiu Maquiavel. Era o ano de 1512 e Maquiavel estava desempregado e sem perspectivas de voltar a ocupar um cargo público, passava os dias a perambular pelas proximidades da propriedade herdada de seu pai, em São Casciano, ao sul de Florença.

Mas, quando chegava a noite, Maquiavel retornava para sua casa, quando tirava suas roupas cobertas de sujeira e pó e vestia suas “vestes dignas das cortes reais e pontifícias”. Era assim, “convenientemente trajado”, que Nicolau visitava “as cortes prin-cipescas dos gregos e romanos antigos”. Foi lendo os clássicos da Antiguidade greco-romana que Maquiavel se inspirou a escre-ver sobre os negócios políticos, rompendo com uma tradição de séculos, que considerava o poder político dotado de influências sagradas e sobrenaturais.

Nicolau Maquiavel inaugurou uma nova era para o pensamento político, ao defender que o mesmo tem origem mundana, pois foi criado pelos homens para tentar organizar o convívio entre os próprios homens. Maquiavel acreditava que as malignas carac-terísticas da natureza humana, já que “os homens são ingratos, volúveis, fingidos e dissimulados, avessos ao perigo, ávidos de ganhos”, contribuíam para que a desordem prevalecesse entre os homens.

Diretamente influenciado pela política italiana da sua época, que era dividida, corrompida e sujeita às invasões externas, Maquiavel criou uma das mais fabulosas obras políticas de todos os tempos, De principatibus, comumente chamada de O príncipe (1512-1513). Na sua obra, Maquiavel fornece orientações práti-cas para um governante administrar o seu território com êxito. O sociólogo Fernando Henrique Cardoso indica que a novidade de O príncipe reside no fato de que o “autor se propõe a analisar a vida política ‘tal como ela é’, e não como ‘deveria ser’. Não o preocupam ditames morais, mas formas efetivas de comportamento”.

De acordo com Maquiavel, o fundamental para qualquer Estado “são as boas leis e os bons exércitos”. Além disso, a manutenção da ordem e da segurança dependeriam “do bom ou do mau uso da crueldade”. A boa crueldade (“se é lícito tecer elogios ao mal”) é empregada de uma só vez e não se repete, enquanto a outra vai sendo empregada aos poucos, mas cada vez com maior intensidade.

Desse raciocínio, Maquiavel indica que um governante deve “levar a efeito todas as violências necessárias e praticá-las de uma só vez para não ter de renová-las a cada dia”. A receita, para Maquiavel, “poderá inspirar confiança aos homens e conquistar a sua simpatia”. A indicação de Nicolau Maquiavel é amoral, pois não considera os meios para conquistar a confiança e a simpatia de seus súditos e, sim, apenas os seus resultados. Em resumo, nas palavras do próprio autor, “nas ações de todos os homens, especialmente nas dos príncipes, quando não há juiz a quem apelar, o que vale é o resultado final”. Maquiavel destaca que “os meios serão sempre julgados honrosos e merecerão o elogio de todos” quando o governante pretender conquistar e manter o seu Estado.

O francês Jean Bodin e o inglês Thomas Hobbes certamente leram a obra de Nicolau Maquiavel, porém suas teorias políticas sofreram influências do contexto histórico de seus Estados natais. Conturbações sociais de caráter político e religioso marcaram a França de Bodin, que assistiu aos violentos confrontos entre protestantes e católicos, os quais culminaram no massacre de São Bartolomeu, em 1572. O temor vivenciado por Bodin durante os sucessivos conflitos religiosos levou-o a escrever Os seis livros da repú-blica (1576), obra na qual ele se mostrou um irredutível defensor do absolutismo.

Fonte: MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Penguin Classics/Cia. das Letras, 2010. p. 9. Adaptação.

Península Itálica em 1500

Mar

ilu d

e So

uza

Maria Tereza Sadek afirma que o mapa político da Península, “um verdadeiro mosaico, sujeito a conflitos contínuos e alvos de constantes invasões”, era dominado pelo reino de Nápoles, ao sul; pelos Estados papais e pela república de Florença, ao centro; e, ao norte, pelo ducado de Milão e pela república de Veneza

Ensino Médio | Modular 7

HISTÓRIA

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O pensamento de Bodin, exposto na obra, reflete a situação francesa da época. Para ele, o governo deveria garantir mais a ordem do que a liberdade, situação essa que só seria possível com um soberano absoluto. Dessa forma, proclamou que os governantes deveriam comandar, mas nunca serem comandados. A soberania de “direito divino” atendia plenamente aos interesses defendidos por Bodin em relação às ordens do soberano absoluto que deveriam ser atendidas, mesmo que não fossem “justas e honestas”, pois “não é lícito o súdito transgredir as leis de seu príncipe”, ainda mais sendo esse príncipe um soberano diretamente ordenado por Deus.

Posteriormente, outro francês, Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704), reafirmou e aprofundou as reflexões de Bodin, de modo a justificar os poderes absolutos da monarquia francesa. Bossuet também sus tentou a concentração do poder nas mãos do soberano como uma necessidade, defendendo que os poderes ilimitados se justificavam pelo fato de o soberano fazer apenas o Bem, combatendo as injustiças e protegendo os mais humildes. A tese de Bossuet estava relacionada diretamente com os trechos da Bíblia.

Thomas Hobbes também vivenciou um período contur-bado na história de seu país de origem, a Inglaterra, de-vido à mudança da dinastia dos Tudors para a dinastia dos Stuarts, em 1603. Com a sucessão de governantes, Stuart foi violentamente in-terrompida pela execução do rei Carlos I (1649), depois de duas guerras civis (1642-1646 e 1648). Foi justamente nesse turbilhão de acontecimentos que Hobbes, refugiado em Paris de 1640 a 1651, decidiu elaborar sua teoria política, publicada em 1651, com o título de Leviatã.

O filósofo Renato Janine Ribeiro afirma que “a chave para entender o pensamento de Hobbes” é compreender o que o inglês escreveu a res-peito do estado de natureza.

Isto é, entender a defesa do absolutismo proposta por ele demanda a compreensão do homem sobre si mesmo de maneira natural. Para Hobbes, “a natureza fez os homens tão iguais quanto às faculdades do corpo e do espírito”, que,

mesmo existindo um homem mais forte ou mais inteligente do que outro, “a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele”.

Renato Janine Ribeiro ressalta ainda que Hobbes não afirma que os homens são absolutamente iguais, “mas que são ‘tão iguais que...’: iguais o bastante para que nenhum possa triunfar de maneira total sobre outro”. Essa visão da natureza humana fez Hobbes considerar que todos os homens são naturalmente egoístas, vaidosos, ciumentos e violentos, pois vivem em constante desconfiança, já que, “se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos”.

Hobbes constata, na animosidade natural do homem, três fatores que causam discórdia: a competição, a desconfiança e a glória. Segundo o autor de Leviatã, os homens brigam entre si pelo lucro, pela segurança e pela reputação, “usam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulhe-res, filhos e rebanhos dos outros homens”, e também são violentos para defender suas conquistas ou simplesmente “por ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma diferença de opinião, e qualquer outro sinal de desprezo”.

Foi para acabar com essa condição, que se denominou guerra, “todos os homens contra todos os homens”, que Hobbes apresentou a ideia de um “contrato social”, “um pacto de cada homem com todos os homens, de um modo que é como se cada homem dissesse a cada homem: cedo e transfiro meu direito de governar-me a mim mesmo a este homem [...] autorizando todas as suas ações”.

O cientista político Olivier Nay, em sua História das ideias políticas, afirma que “para Bossuet, o poder régio é um ‘ministério’ diretamente concedido por Deus. A vontade do rei, encarnação do desígnio divino, não poderia conhecer nenhum entra-ve. Sua potência é absoluta”

RINGOUD. Hyacinte. Retrato de Jacques- -Bénigne Bossuet. 1792. 1 óleo sobre tela, color., 240 cm × 165 cm. Museu do Louvre, Paris.

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Na Inglaterra de Thomas Hobbes, a desordem

e a violência, como ele próprio verificou,

corroem a sociedade. Então, Hobbes propôs,

como alternativa ao caos que imperava em

seu país, um acordo entre os homens, um pacto, um “contrato

social”, estabelecendo regras de convívio e,

principalmente, de subordinação política.

Por isso, considera--se Hobbes um dos

primeiros contratualistas e um defensor do

absolutismo

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HOBBES, Thomas. Leviatã. Londres, 1651. Frontispício da primeira edição, com gravura de Abraham Bosse.

História Moderna8

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1. Leia com atenção o fragmento a seguir:TEXTO:

Leviatã Os clássicos da política

De acordo com o fragmento, responda às questões:

a) Explique o significado da frase considerada síntese da obra Leviatã, de Hobbes: Homo homini lupus, ou “o homem é o lobo do próprio homem”.

2. (UFBA) A formação das monarquias nacionais na Europa, entre os séculos XV e XVIII, resultou da superação de antigas práticas feudais e do estabelecimento de novos princípios. A partir dessa afirmação, identifique uma prática superada e um novo princípio estabelecido para a formação das monarquias.

b) Hobbes, em sua obra Leviatã, defende o monarquismo absolutista? Justifique a sua resposta.

Para Hobbes, a essência de um Estado absolutista pode ser definida como “uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum”

HOBBES, Thomas. Leviatã. Londres, 1651. Frontispício da primeira edição, com gravura de Abraham Bosse. Detalhe.

Ensino Médio | Modular 9

HISTÓRIA

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Economia mercantilista

A ênfase no comércio exterior caracterizou-se pela ligação entre metrópole e colônia que, dentro da lógica mercantilista, recebeu a denominação de Pacto Colonial. Tratou-se de uma relação de exclusividade (monopólio) estabelecida entre uma metrópole e sua(s) colônia(s), que tem o objetivo principal de gerar lucros para aquela por meio de tarifas alfandegárias e protecionismos impostos à(s) colônia(s)

Nem só de política viviam os Estados absolutistas, afinal, a manutenção de toda a estrutura adminis-trativa e militar, a burocracia e o exército exigiam numerosos recursos financeiros. Os impostos, apesar de representarem grande parte da arrecadação dos Estados Modernos, eram insuficientes para garantir que os governantes desfrutassem, de maneira mais tranquila, de amplos poderes.

Portanto, para assegurar o poder do tipo absolutista em um Estado Moderno, era fundamental contar com muita riqueza. Talvez a maior parte dessa riqueza não estivesse na Europa, mas, sim, espalhada por todo o mundo conhecido, ou seja, em partes da África e da Ásia. Vale lembrar que a chegada de europeus nas Américas só aconteceu na década final do século XV.

Os soberanos dos Estados Modernos tomaram medidas para aumentar a circulação de riquezas em seus reinos e, consequentemente, aumentar a possibilidade de cobrarem mais e maiores impostos. Para isso, foi preciso recorrer aos burgueses, que possuíam capital para investir em novas atividades comerciais. Em troca, os Estados concederam a determinados grupos de burgueses muitos privilégios e benefícios.

Mesmo as medidas adotadas por cada soberano serem muito diferentes entre si, convencionou--se denominar as práticas econômicas empregadas de práticas mercantilistas. Ou seja, os Estados Modernos e seus governantes absolutistas adotaram o mercantilismo como sistema econômico para ampliar seus recursos financeiros e garantir seus poderes.

De maneira geral, o mercantilismo caracterizou-se por empregar um conjunto variável de práticas comer-ciais visando ao lucro. Predominou, nesse contexto, o espírito mercantil, que enfatizava o comércio exterior e a criação de políticas monopolistas e restritivas. Assim, a aliança entre os governantes absolutistas e representantes da classe burguesa se consolidou.

Costuma-se dizer que, entre as práticas mercantilistas, destacaram-se o monopólio, o protecionismo, o metalismo, a balança comercial favorável e o Pacto Colonial. De fato, tais práticas realmente fizeram parte das economias de diversos Estados Modernos. Porém, cada Estado imprimiu sua própria identidade em cada uma daquelas práticas, de modo a atender aos próprios interesses. Assim, o monopólio que alguns comerciantes portugueses desfrutavam era distinto de algumas companhias de comércio dos ingleses.

Independentemente das peculiaridades de cada mercantilismo, esse conjunto de práticas econômicas resultou em um evidente aumento das transações comerciais, que extrapolaram as fronteiras europeias em direção aos quatro outros continentes da Terra. Além do comércio, o intercâmbio comercial foi favorecido e, de posse de novos conhecimentos e outras tecnologias, foi possível aos europeus empreenderem um processo de grandes navegações ao redor dos mares do mundo.

1. De acordo com seus estudos sobre mercantilismo, responda às seguintes questões:

a) Explique de que maneira o mercantilismo se relacionava com o absolutismo monárquico.

b) Escolha uma das características sobre o mercantilismo e explique-a.

A dinâmica do

mercantilismo

@HIS1235

História Moderna10

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2. Sobre o absolutismo e o sistema econômico denominado mercantilismo, analise as afirmações a seguir: (01) A situação de mercado, em que só um vendedor controla toda a oferta de uma mercadoria, foi uma

das alternativas utilizadas pelos monarcas absolutistas para ampliar suas riquezas, pois se trata de um monopólio característico do sistema mercantilista.

(02) “O consultor do Sebrae – PR (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná), Edvaldo Pires Correia, lembrou que muitas empresas de confecções fecharam as portas na década de 1990, quando houve a abertura comercial no governo Collor. ‘Muitas não estavam preparadas. Quando houve a abertura, o impacto foi grande’.” A medida do governo Collor caracterizou o fim do protecionismo às confecções brasileiras. Esse tipo de medida, o protecionismo, é uma das características do mercantilismo.

(04) A relação de exclusividade estabelecida entre uma metrópole e sua(s) colônia(s), com o objetivo prin-cipal de gerar lucros para a metrópole por meio de tarifas alfandegárias e protecionismos impostos à(s) colônia(s), configura uma das características do mercantilismo: o Pacto Colonial.

(08) Metais preciosos, como o ouro e a prata, serviam de lastro aos sistemas monetários dos Estados absolutistas. A prática de acumulação desses metais, denominada metalismo, era fundamental para garantir o valor das moedas circulantes.

De acordo com a análise das afirmações, o somatório das afirmativas corretas é

Expansão comercial

Até o ano de 1400, as transações comerciais estavam espalhadas por um espaço territorial muito amplo. São facilmente identificáveis oito zonas de comércio, que se conectavam entre si. O historiador Robert B. Marks destaca que nesse sistema comercial não havia uma força central de controle ou domínio. Ou seja, “o mundo do século XIV era policêntrico”, formado por vários mercados regionais que se comunicavam por meio de redes comerciais.

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Fonte: MARKS, Robert B. Los orígenes del mundo moderno: uma nova visión. Barcelona: Crítica, 2007. p. 57. Adaptação.

Comércio mundial até 1400: as oito zonas de comércio

HISTÓRIA

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Documento n.º 1: descrição da cidade de Veneza feita pelo religioso Pietro Casola.

El bazar del renacimiento

Documento n.º 2: Procissão na Praça S. Marco, 1496.

1. A seguir, são apresentados dois documentos históricos relacionados, de alguma forma, com o desenvolvimento comercial na cidade de Veneza. Analise com atenção cada documento.

BELLINI, Gentile. Procissão na Praça S. Marco, 1496. 1 têmpera e óleo sobre tela, color., 367 cm x 745 cm. Gallerie dell'Accademia, Veneza.

2. Após analisar os dois documentos apresentados, elabore, no caderno, um texto estabelecendo uma relação entre eles, de modo a comprovar a observação feita por Mario Sanudo, para quem “os venezianos, que sempre foram mercadores, continuam comercializando ano após ano”.

Durante o século XV, ampliaram-se significativamente as zonas de comércio, quando foram integradas outras regiões. A expansão comercial no referido período decorre, principalmente, de dois fatores: a necessidade de os soberanos absolutistas ampliarem suas riquezas; e o interesse dos comerciantes burgueses em aumentar o volume de produtos comercializados e, consequentemente, seus lucros.

Como parte significativa dos produtos de interesse comercial encontrava-se fora das zonas de comércio europeu, tornou-se importante estabelecer contato mais direto com regiões distantes. Buscar os produtos diretamente nas regiões produtoras evitava a ação dos atravessadores que encareciam o comércio. Sem atravessadores, as margens de lucro poderiam ser ainda maiores. Por isso, soberanos absolutistas aliaram-se a grupos de burgueses e aventuraram-se em novas rotas comerciais.

Após 1453, ano em que a cidade de Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos, o acesso aos mercados orientais ficou praticamente inacessível para os europeus. Isso não significou a extinção do comércio, mas que o acesso irrestrito terminou. Apenas alguns grupos, mediante acordos e tratados, muitos deles de completa exclusividade, permaneceram comercializando com os centros do Oriente. Exemplo disso foi o registro do cronista veneziano Mario Sanudo que, em 1493, constatou que “os venezianos, que sempre foram mercadores, continuam comercializando ano após ano; enviam galeras a Flandres, Beirute, Alexandria e terras gregas”.

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Enquanto Estados italianos gozavam de privilégios comerciais com o Oriente, outros, como Portugal e Espanha, não desfrutavam dessa facilidade. Logo, a concorrência mercantil favoreceu a ação daqueles Estados em incentivar a burguesia a buscar alternativas para manter o comércio dinâmico e lucrativo.

Uma alternativa encontrada pelos Estados ibéricos foi lançar ao mar frotas de navegadores e

aventureiros, que ansiavam encontrar os míticos locais descritos em lendas e por outros viajantes. Foi

nesse contexto que o Mare Tenebrosum, como era conhecido o Oceano Atlântico, recebeu sucessivas

embarcações. Inicialmente, a navegação foi tímida e temerosa, pois o mar Oceano, o mar Exterior dos

antigos ainda era um mundo desconhecido. Com o passar do tempo, os europeus dominaram técnicas

e conhecimentos, o que permitiu um avanço em todas as direções, em um processo de expansão

marítima e comercial.

Grandes navegações

Os relatos, invariavelmente, aborda-vam a localização, sempre misteriosa e imprecisa, do Paraíso. Também con-tavam sobre uma Fonte da Juventude, que garantia a eterna jovialidade da-queles que bebessem de suas águas, e de montanhas de ouro que ofuscavam a vista dos aventureiros. A gravura faz referência ao Paraíso bíblico e a uma estranha árvore da qual goteja água diariamente

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003.

Porcelanas; tintas e pigmentos; cavalos; sedas e tecidos; madeiras de lei; ópio; plantas medi-cinais; ouro, prata e pedras preciosas; todas as especiarias (cravo, canela, gengibre, noz-moscada, pimenta-do-reino, açafrão, etc.); a lista poderia continuar até que os porões de alguma embarcação estivessem abarrotados desses cobiçados produtos. Aliás, a cobiça não era só pelos produtos, mas tam-

bém pelos seus lugares de origem. Desde o século XII, muitos europeus sonhavam com as distantes terras do Oriente, as chamadas Índias.

Até o século XV pouco se sabia daquelas longínquas regiões, a não ser o que contavam as lendas e os poucos viajantes que retornavam de viagens consideradas fantásticas. Quando chegavam a algum porto eu-ropeu, alguns peregrinos relatavam a existência de reinos tão ricos que os telhados e as paredes das casas eram de puro ouro. Outros afirmavam ter visto, pessoalmente, seres acéfalos e exércitos de amazonas.

Ensino Médio | Modular 13

HISTÓRIA

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Embarcações sendo preparadas paras as viagens interoceâ-nicas. Apesar da unificação precoce, ocorrida em meados do século XII, Portugal só conseguiu consolidar seu poder no início do século XV, justamente quando começou a expansão ultramarina

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 117.

A fantasia dos mitos e das lendas contribuiu para atiçar a cobiça de muitos homens, que resolve-ram ultrapassar obstáculos e vencer seus medos em busca das riquezas que acreditavam existir nas distantes terras do Oriente. Com muita coragem, e pouco conhecimento, que aventureiros deixaram suas famílias e embarcaram em navios rumo ao desconhecido. As embarcações, nem sempre bem conservadas, foram invadidas por exércitos de homens, muitos dos quais nunca haviam colocado os pés nas águas de qualquer mar.

Com base em estudos e mapas da Antiguidade, e aproveitando as tecnologias e conhecimentos orientais levados à Europa pelos árabes e muçulmanos, os Estados ibéricos deram início ao processo histórico de expansão ultramarina. Entre Portugal e Espanha, os lusitanos, politicamente unificados, saíram à frente.

Para ser mais preciso, foi em 1415 que os portugueses, liderados pelo rei D. João I e pelos infantes D. João e D. Henrique, invadiram a cidade de Ceuta, localizada no estreito de Gibraltar, no norte da África. Ceuta, uma antiga colônia fenícia que se tornou domínio muçulmano durante o segundo milênio da Era Cristã, era um rico entreposto comercial, de localização estratégica para quem ambicionava acabar com o controle mediterrâneo dos italianos e muçulmanos. Porém, seria “necessária a formação de um império que se estendesse de Ceuta até o Mar Vermelho, tarefa reconhecidamente impossível para as condições portuguesas de então”, como advertiu o historiador Fábio Pestana Ramos.

Desse modo, o Estado português decidiu que, se era impossível substituir italianos e muçulmanos no controle mediterrâneo do comércio das especiarias, eles iriam buscar um caminho alternativo. Como todas as riquezas conhecidas e sonhadas estavam no Oriente, restava aos lusitanos empreenderem viagens marítimas pelo tenebroso mar Oceano, até então incógnito Oceano Atlântico. Para isso era preciso lutar contra o medo e contra as lendas, que davam conta de monstros marinhos, peixes gigantes que engoliam embarcações inteiras, das crenças de que, nos trópicos, as águas do mar borbulhavam de tão quentes e podiam, inclusive, cozinhar uma pessoa. Enfim, era preciso muita coragem para ultrapassar todos esses obstáculos.

Depois da conquista de Ceuta, os portugueses navegaram de um extremo a outro do litoral atlântico da África, venceram tormentas e definiram vários marcos. No ano de 1435, os lusitanos alcançaram o Cabo do Bojador. Em 1488, chegaram ao Cabo das Tormentas. Nesse período, os espanhóis também tinham colocado seus barcos nas águas, mas não foram tão longe. Somente em 1492 os espanhóis inscreveram seu nome na história da expansão ultramarina.

Depois de ter seu projeto de navegação recusado pelo Estado português, Cristóvão Colombo foi tentar a sorte com a coroa espanhola. Colombo conseguiu a permissão para colocar três embar-

cações no mar e navegar em direção ao oeste, até que, segundo seus cálculos, chegaria às Índias, onde estava localizada a Ilha de Cipango. A estimativa de Colombo não era precisa, pois a distância entre o porto de Palos, no sul da Espanha, e as terras descritas por Marco Polo era muito maior do que ele insistia em defender. Entretanto, depois de navegar mais de um mês, Colombo e sua tripulação alcançaram terras que imaginaram ser muito próximas da tão sonhada ilha.

Colombo não tinha, de fato, como saber o quão equivocado estava, pois havia aportado em terras que, posteriormente, foram denomina-das América. Tratava-se de um continente inteiro e não de algumas ilhas que margeavam o litoral asiático. Porém, outros navegadores logo perceberam o engano de Colombo e passaram a fazer constantes incursões em terras americanas. Um desses navegadores foi Pedro Álvares Cabral (1467 ou 1468-1520 ou 1526), que alcançou o atual litoral da Bahia, em abril de 1500.

A expansão ultramarina não cessou até 1522, quando a primeira viagem de circum-navegação foi concluída. O mundo se convertera em uma grande aldeia global. Pode-se, inclusive, afirmar que, com as grandes navegações, se iniciou um longo processo de globalização.

História Moderna14

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El bazar del renacimiento

A hidra de muitas cabeças

Por mares nunca dantes navegados

BRY, Theodore de. América (1590--1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 71. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634).

Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 119. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid:

Ediciones Siruela, 2003. p. 125. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 166. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 68. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590-1634).

Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 182.

Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela,

2003. p. 166. Detalhe.

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HISTÓRIA

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No tempo das especiarias

História do medo no ocidente 1300-1800

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 167. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones

Siruela, 2003. p. 72. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 166. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590-1634).

Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 277. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 400. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 183. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid:

Ediciones Siruela, 2003. p. 73. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela,

2003. p. 69. Detalhe.

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BRY, Theodore de. América (1590-1634).

Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 70. Detalhe.

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1. Leia, a seguir, duas versões literárias que abordam o tema das navegações.

Documento 1:

Santo André

O mercador de Veneza

Documento 2:

Seleção poética

2. Após a leitura, utilizando o caderno, faça o que se pede:

a) Estabeleça uma relação que sintetize a visão de cada autor a respeito das viagens marítimas.

b) De acordo com o exercício anterior, transcreva de cada fragmento um trecho que assegure a vera-cidade de sua resposta.

c) De acordo com os fragmentos citados em relação ao processo das viagens marítimas, assinale V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):

( ) O narrador no fragmento de Shakespeare é um mercador de especiarias que não se atormenta com a possibilidade de um desastre marítimo.

( ) No fragmento de Fernando Pessoa, os inconvenientes das viagens marítimas sobrepõem-se às benesses por elas proporcionadas.

( ) Os dois autores enfatizam apenas as dificuldades das viagens marítimas.( ) No trecho de O mercador de Veneza os riscos das viagens marítimas desencorajam o narrador

a investir no comércio de especiarias.( ) Apesar dos obstáculos e dos medos, Mar português é um elogio à coragem dos viajantes

marítimos.

d) Agora, reescreva a(s) afirmativa(s) assinalada(s) como falsa(s) de modo a torná-la(s) verdadeira(s).

HISTÓRIA

Ensino Médio | Modular 17

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1. Sobre o absolutismo, leia a citação a seguir:

TEXTO:

São quatro as características ou qualidades essenciais da autoridade real.

Primeira: a autoridade real é sagrada.Segunda: é paternal.Terceira: é absoluta.Quarta: está sujeita à razão.

BOSSUET, Jacques. Política tirada das próprias palavras das Sagradas Escrituras. In: BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das cavernas às naves espa-ciais. São Paulo: Globo, 2003. p. 425.

Agora, analise as afirmativas a seguir:

I. A maioria dos Estados Nacionais Modernos do Ocidente teve um perfil político enqua-drado dentro da centralização de poderes nas mãos dos monarcas absolutos.

II. Pode-se dizer que Luís XIV representou o auge do absolutismo na França. Assim, como a rainha Elizabeth I foi o grande exemplo do absolutismo inglês.

III. Apesar da concentração de poderes nas mãos dos monarcas absolutos, esses gover-nantes ficaram conhecidos por não intervi-rem na área econômica.

IV. A manutenção de um exército nacional era considerada, assim como a cobrança de im-postos, uma prioridade dos monarcas abso-lutistas.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta:

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I, II e III estão certas.

d) As afirmativas I, II e IV estão certas.

e) Apenas as afirmativas II, III e IV estão certas.

2. Sobre características do absolutismo, assinale a alternativa correta:

a) Trata-se de um sistema de governo em que o governante é investido de poderes demo-cráticos, limitados por um conselho ou par-lamento.

b) A manutenção do poder absoluto dependia unicamente do carisma do monarca, que assim poderia contar com o apoio de seus súditos.

c) O sistema econômico denominado mercanti-lismo não tinha nenhuma relação com o ab-solutismo, pois um cuidava da economia e o outro da política.

d) Absolutismo é um sistema de governo em que o governante é investido de poderes ab-solutos, exercendo de maneira ilimitada os atributos da soberania.

e) Os governos absolutos eram caracterizados por manter o Estado totalmente independen-te dos assuntos religiosos.

3. Sobre as contribuições de Nicolau Maquiavel para a consolidação de uma teoria que defendia o absolutismo, analise as afirmações seguintes:

(01) Maquiavel afirma que os homens são iguais, independentemente de sua posição social.

(02) O príncipe, segundo Maquiavel, está acima de todos, já que suas ações não podem ser julgadas por nenhum tribunal.

(04) Pode-se afirmar que, O príncipe, de Maquiavel, é um dos mais conhecidos livros de aconse-lhamento aos governantes que desejavam manter seus poderes com sucesso.

(08) Segundo Maquiavel, um governante “que agir virtuosamente em todos os casos” logo des-cobrirá quanto “há de padecer, em meio a tantos que não são virtuosos”. O pensamen-to de Maquiavel se desvincula totalmente da moral cristã ao orientar os governantes.

(16) De maneira geral, os governantes eram orientados a serem antes temidos do que amados. Maquiavel rompeu com essa ideia ao sugerir que as virtudes convencionais deviam ser fielmente seguidas pelos gover-nantes. Ele afirmava que “é muito melhor ser amado que temido, se não puderes ser ambas as coisas”.

Somatório:

4. A respeito das ideias de Thomas Hobbes, que defendia a instalação de um contrato social, a fim de regular a vida em sociedade, analise as afirmativas a seguir:

I. Hobbes afirma que os homens são iguais e no estado de natureza todo homem tem di-reito a tudo.

História Moderna18

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II. O estado de natureza é uma condição de guerra, porque cada homem se imagina (com razão ou sem) poderoso, perseguido, traído.

III. O homem no estado de natureza é, segun-do Hobbes, o lobo do próprio homem (homo homini lupus).

De acordo com seus estudos e com a análise das afirmativas, assinale a alternativa correta:

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas a afirmativa I está certa.

d) Apenas a afirmativa II está certa.

e) Apenas a afirmativa III está certa.

5. Sobre o Renascimento Comercial ocorrido du-rante a Idade Moderna, analise as afirmações a seguir:

(01) As rotas comerciais, durante a Idade Média, alcançaram tanto a América como as re giões da China e da Índia, favorecendo também um processo de trocas culturais.

(02) A burguesia dominava as transações comer-ciais, pois consideravam tais atividades ex-tremamente refinadas. Os burgueses viam no comércio a possibilidade de ascensão e de manutenção social.

(04) O Renascimento Comercial europeu contri-buiu para o surgimento das primeiras cidades na Ásia e na América, pois estimulou a forma-ção e o desenvolvimento de centros urbanos.

(08) Juntamente com o Renascimento Comercial ocorreu o renascimento urbano na Europa, já que o comércio acontecia nas vilas e nos burgos, que depois se transformaram em ci-dades.

(16) O emprego do termo “renascimento urbano” é completamente equivocado quando usado para designar o processo histórico ocorrido na Europa entre os séculos XIII e XVI.

Somatório:

6. Observe com atenção a tirinha a seguir:

Fonte: QUINO. Toda a Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 144.

De acordo com a tirinha e a respeito do processo histórico de Expansionismo Marítimo, assinale a alter-nativa correta:

a) É explícita a referência ao pensamento geocêntrico, contestado rigidamente pela Igreja Católica.

b) Colombo, por ser um católico fervoroso, defendia a teoria do heliocentrismo, difundida pela Igreja Católica.

c) Trata-se de uma ironia, pois o “burro” em questão não era exatamente Colombo.

d) A esfericidade da Terra foi defendida por Colombo, que recebeu apoio de todos os setores da socie-dade europeia da época.

e) Por causa das oposições contrárias à teoria da esfericidade da Terra, Colombo abandonou suas ideias e dedicou-se exclusivamente à religião.

Ensino Médio | Modular 19

HISTÓRIA

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História Moderna20

Renascimento e Reforma2

Para o historiador Jerry Brotton, “se há um momento, em que a maioria das pessoas costuma localizar o nascimento da civilização europeia moderna, definitivamente é o período de tempo entre os anos de 1400 e 1600”. No entanto, pode-se estender esse intervalo para antes e para depois dessas datas. Aliás, para se com-preender, de maneira mais ampla, o nascimento da modernidade ocidental, é preciso recuar até o fim do século XI e avançar até o fim do século XVIII.

Considerando-se apenas alguns aspectos históricos, como o expansionismo comercial, o aparecimento dos Estados Modernos, o Renascimento Cultural, a revolução intelectual, o achamento da América e a Reforma Religiosa, verifica-se que o nascimento da civilização europeia moderna compreende um longo processo de rupturas e permanências históricas. Nesse sentido, a história da Europa ocidental sofreu significativas mudanças em quase sete séculos, resultando em uma nova ordem mundial.

É importante destacar que, apesar de a história da Europa ocidental ganhar relevo nessa introdução, as mudanças históricas experimentadas pelos europeus ocidentais repercutiram em todo o mundo. Populações das Américas, da África, da Ásia e da Oceania foram, direta ou indiretamente, afetadas pelo processo histórico que fez parir o Mundo Moderno.

Durante um mesmo período de tempo ocorrem vários acontecimentos diferentes que, de al-guma maneira, podem ter relação entre si. A seguir, são apresentadas denominações de seis processos históricos que, apesar de terem características diferentes, se relacionaram entre si. Sua tarefa é observar a “linha da história” de modo que cada denominação de processo histórico ocupe o espaço de tempo correspondente.

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Ensino Médio | Modular 21

HISTÓRIA

Conceito

Renascimento é uma derivação da palavra renas-

cer, que significa “tornar a nascer”. Como o prefixo re- in dica uma repetição, renascimento é o ato de um novo nascimento, logo, um renascer. Para que alguém, ou alguma coisa, possa “nascer de novo”, é preciso, basicamente, 1) que já tenha nascido anteriormente, 2) que tenha morrido. Resumindo, para que o ato do re-nascimento possa, de fato, ocorrer, é fundamental que a pessoa, ou coisa a renascer, tenha existido e deixado de existir.

Costuma-se chamar de Renascimento um período da história em que, segundo alguns historiadores, um “espírito” de uma época nasceu de novo. Trata-se do

Renascimento, um movimento cultural, artístico e filosó-fico ocorrido a partir do século XIII. Além da cultura, das artes e do pensamento, o Renascimento também afetou a política, a economia e a sociedade de uma época.

Comumente, o Renascimento é empregado para de-signar aquelas mudanças que ocorreram na Europa, prin-cipalmente durante os séculos XIV, XV e XVI. Porém, as transformações foram, cronologicamente, mais amplas. E não ficaram restritas ao mundo europeu. Por isso, pode--se dizer, assim como defende o historiador Jacques Le Goff, que não houve um único Renascimento, mas vários, e ocorreram em períodos distintos, envolvendo grupos e regiões distintas.

Documento 1:

Dicionário de conceitos históricos

Documento 2:

O Renascimento História Moderna através de textos

Documento 3:

Breve historia del mundo

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HOLBEIN, Hans. Os embaixadores, 1533. 1 óleo sobre tela, color., 207 cm x 210 cm. National Gallery, Londres.

Costuma-se caracterizar o Renascimento de acordo com alguns de seus traços mais marcantes. Geralmente isso é feito por meio da identificação das características renascentistas em obras de arte. Porém, nem sempre uma mesma obra de arte daquele período apresenta todas as caracte-

rísticas ao mesmo tempo. Mas essa constatação não estabelece nenhuma regra.

Em outras palavras, é possível identificar todas as características renascentistas, ou quase todas, em uma única obra de arte, como a pintura Os embaixadores, de Hans Holbein, o Jovem.

Analisar e interpretar a obra de Hans Holbein exige alguns cuidados importantes, sem os quais o exercício ficará incompleto. Atentar meticulosamente para os detalhes é um dos primeiros passos para uma análise. Além disso, para que a interpretação seja bem elabora-da e corretamente fundamentada, é essencial conhecer o contexto histórico no qual a obra foi produzida.

Para isso, algumas etapas de trabalho devem ser seguidas, de modo a auxiliar o exercício de análise e interpretação da obra Os embaixadores, que se encontra ampliada no material de apoio.

Etapa 1 Inicialmente, faça uma pesquisa que permita a coleta de informações a respeito do artista,

Hans Holbein, o Jovem, que produziu a obra Os embaixadores. Com base nas informações cole-tadas, faça o que se pede:

Mecenas, no contexto histórico do Renascimento, eram todos os indivíduos ricos, ou instituições, que protegiam os artistas, pro-

porcionando recursos financeiros para suas produções e sobrevi-vência. A prática do mecenato

ainda existe na atualidade, consistindo no patrocínio aos

artistas contemporâneos.

Etapa 2 Depois de realizada a pesquisa referente ao artista Hans Holbein, o Jovem, analise cuida-

dosamente a obra Os embaixadores, fazendo uma descrição meticulosa da pintura. Com base na sua descrição, converse com seus colegas e procure identificar semelhanças e diferenças entre suas descrições.

a) Qual foi a principal região na qual o artista atuou? (Responda identificando referên-cias atuais de localização geopolítica.)

b) Qual era o contexto religioso nas regiões onde o artista atuou?

c) Qual foi o principal mecenas do artista?

d) Cite outras obras de arte produzidas pelo artista.

História Moderna22

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Etapa 3 Os historiadores e os estudiosos da arte costumam atribuir ao movimento renascentista várias

caraterísticas, entre elas o Racionalismo, o Empirismo, o Humanismo, o Antropocentrismo, o Realismo e o Individualismo. Essas características não resumem completamente o Renasci-mento, mas contribuem para um melhor entendimento das ambições dos artistas renascentistas.

1. Considerando que o Renascimento foi um movimento operado por homens que buscavam romper com o passado medieval, com suas superstições e crenças fundadas, na grande maioria, apenas na fé, elabore uma definição para as principais características renascentistas:

c

a) Racionalismo

b) Empirismo

c) Humanismo

d) Antropocentrismo

e) Realismo

f) Individualismo

2. Com base na obra Os embaixadores, relacione as principais características renascentistas com detalhes apresentados pelo artista. Justifique cada relação estabelecida entre as características e os detalhes da obra.

Com base nas suas observações da obra Os embaixadores, de Hans Holbein, o Jovem, analise as afirmativas a seguir:

(01) É possível identificar na obra de Holbein a representação das sete artes liberais que constituíam a base da educação renascentista: trivium: gramática, lógica e retórica; quadrivium: aritmética, música, geometria e astronomia.

(02) A corda arrebentada do alaúde pode ser considerada um poderoso símbolo do conflito religioso que ca-racterizou o Período Renascentista. Holbein captou esse conflito de maneira gráfica ao justapor os hinos luteranos (livro impresso que aparece aberto) e o crucifixo católico.

(04) O espírito da Época Renascentista pode ser interpretado na obra de Holbein: viagens, explorações e descobrimentos foram características dinâmicas e controvertidas do período. Deve-se ressaltar que, em relação às conquistas culturais, científicas e tecnológicas do período, também houve intolerância religiosa, ignorância política, escravidão e as enormes desigualdades de riqueza e status.

(08) Humanismo e conhecimento; religião; imprensa; comércio; viagens e explorações; política e império; e a constante presença da riqueza e sabedoria oriental são elementos observados na obra de Holbein. Todos esses elementos refletem o interesse da época: compreender e dominar o mundo natural.

(16) Na obra de Holbein, apesar de todos os elementos fazerem referência ao período histórico denominado Renascimento, não se pode encontrar nenhum indício da influência dos povos árabes e muçulmanos na cultura europeia da época.

De acordo com a análise, o somatório das afirmativas corretas é

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Renascimentos: do Oriente e do Ocidente

O Renascimento, de maneira geral, pode ser considerado como a combinação de dois mundos: o

oriental e o ocidental. Na Europa, o Renascimento caracterizou um processo de construção de uma identidade artística e cultural própria. Porém, durante o referido processo, a Europa mantinha seus olhos voltados para o Oriente.

Após o século XII, aconteceu um rico intercâmbio de ideias e de mercadorias entre a Europa e regiões do norte da África, do Oriente Médio e da Ásia. Nos séculos XV e XVI, o intercâmbio intensificou-se, possibilitando ao Ocidente o acesso a inúmeros produtos orientais, além, é claro, de conhecimentos técnicos, científicos e artísticos.

Essa reciprocidade de relações comerciais e culturais foi fundamental para o estabelecimento de novos costumes, fato que pode ser verificado, por exemplo, na arquitetura, na escultura, na pintura e no comércio. Um quadro pintado pelos irmãos Bellini, Gentile e Giovanni apresenta vários indícios do intercâmbio entre Ocidente e Oriente.

Gentile e Giovanni Bellini registraram em sua pintura o fascínio europeu pela cultura, arquitetura e comunidades orientais. O historiador Jerry Brotton afirma que “os Bellini não acreditavam que os mamelucos egípcios, os otomanos da Turquia e os persas da Ásia fossem ignorantes ou bárbaros, mas, ao contrário, que aquelas culturas possuíam muitas coisas que os europeus desejavam”

BELLINI, Giovanni. Sermão de São Marcos em Alexandria. 1504-07. 1 óleo sobre tela, color., 347 cm x 770 cm. Pinacoteca di Brera, Milão.

Uma observação cuidadosa da pintura revela um pouco da miscelânea cultural que caracterizou o Renascimento. Nobres venezianos, em meio a mulheres orientais, mamelucos egípcios entre mouros norte-africanos, persas, turcos, etíopes e tártaros, compartilham um mesmo espaço na praça da igreja de São Marco em Alexandria. Azulejos egípcios decoram fachadas das casas e a escada do púlpito onde São Marcos faz sua pregação. A arquitetura da igreja é uma mescla de elementos orientais e ocidentais. Vê-se, ao fundo, minaretes de mesquitas muçulmanas. Cavalos, camelos e até uma girafa compõem o cenário da obra dos Bellini. O historiador Jerry Brotton considera o quadro como “uma engenhosa combinação de dois mundos”, a verdadeira mistura de comunidades e culturas diferentes “em uma cena que remete à Igreja ocidental e ao bazar oriental”.

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1. Observe a imagem e o fragmento:

O casamento do casal Arnolfini

Historia de la pintura

EYCK, Jan van. O casamento do casal Arnolfini. 1434. 1 óleo sobre madeira, color., 60 cm x 82 cm. National Gallery, Londres.

Considerando os documentos e as características do movimento denominado Renascimento, analise as afirmações a seguir:

I. A representatividade da arte renascentista foi consequência dos investimentos financeiros da burguesia europeia, que atuava como patrocinadora dos artistas.

II. Apesar do caráter sagrado do matrimônio, a pintura enaltece o individualismo, que considera o indivíduo como a realidade mais essencial ou como o valor mais elevado.

III. A perfeição dos detalhes foi conseguida graças ao desenvolvimento de técnicas inovadoras, como o uso da tinta a óleo.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta: a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas.c) Apenas a afirmativa II está certa. d) Apenas as afirmativas I e II estão certas.e) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

2. Observe com atenção a imagem a seguir:

UCCELLO, Paolo. A caçada no bosque. C. 1465-70. 1 têmpera e óleo, com traços de ouro, no painel, color., 73,3 cm x 177 cm. Ashmolean Museum, Oxford.

Análise da

obra

O casamento do casal Arnolfini@HIS977

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HISTÓRIA

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Há uma história sobre uma ocasião na qual Uccello trabalhava durante toda uma noite estudando a pers-pectiva, em busca de uma solução para ordenar a confusão do mundo. Sua mulher ouviu seu grito extasiado: “Oh! Esta perspectiva é maravilhosa!”. Então, o chamou para deitar-se, ele, por sua vez, respondeu que não poderia deixar sua “doce amante perspectiva”.

De acordo com a imagem, analise as afirmações a seguir: I. A arte da perspectiva é a representação dos objetos sólidos e do espaço tridimensional de acordo com a nossa

percepção óptica (e em oposição direta a uma forma de representação puramente simbólica ou representativa). II. Nós vemos o mundo “em perspectiva”: os objetos são vistos menores à medida que se aumenta a dis-

tância deles. As paredes de um longo corredor, por exemplo, parecem convergir a um mesmo ponto (as leis da perspectiva estão baseadas em um “ponto de fuga” fixo e único).

III. A caçada no bosque, de Uccello, demonstra sua fascinação pela perspectiva. Toda a pintura está organi-zada sobre um distante e quase invisível cervo que foge: é o chamado “ponto de fuga”.

De acordo com a análise das afirmações, assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas estão certas. b) Todas as afirmativas estão erradas.c) Apenas a afirmativa I está errada. d) As afirmativas I e II estão erradas.e) As afirmativas I e III estão erradas.

Panorama religioso

O intercâmbio cultural entre Ocidente e Oriente foi uma importante influência para os artistas europeus. Do mesmo modo, o intercâmbio comercial também estimulou a adoção, por parte dos ocidentais, de práticas econômicas orientais que, de acordo com Jerry Brotton, eram muito mais sofisti-cadas do que as utilizadas pelos europeus. Nesse contexto, houve a convivência, nem sempre pacífica, de três religiões monoteístas: judeus, muçulmanos e cristãos.

Apesar do contínuo crescimento das transações comerciais, duas religiões impunham alguns obstáculos para os comer-ciantes. Entre cristãos e muçulmanos, os princípios religiosos proibiam os lucros excessivos e o empréstimo a juros, premissa básica para a obtenção do lucro, objetivo principal dos comer-ciantes e mercadores. Para os judeus, não havia impedimento religioso contra a usura, motivo pelo qual muitos judeus atua-vam como banqueiros, emprestando dinheiro a juros.

Na Europa, onde a maioria da população era cristã, a relação dos judeus com as finanças contribuiu para que se disseminasse um preconceito hipócrita, baseado em estereótipos antissemitas. Os cristãos também não viam com bons olhos os muçulmanos, que eram considerados como bárbaros infiéis, fato potencializado pela presença islâmica na Terra Santa e na Península Ibérica.

Logo, o panorama religioso na Europa durante os sé-culos XV e XVI era tenso e instável. A Igreja Católica buscava, de diversas maneiras, consolidar a sua hege-monia no continente europeu e, em muitos casos, fez uso de violência e força contra todos que discordaram de seus preceitos religiosos. A postura adotada pela Igreja Católica para alcançar seus objetivos acabou desagra-dando várias pessoas, dando origem a um processo de significativas mudanças religiosas.

Conceito de Reforma

Entre as mudanças religiosas ocor-

ridas na Europa durante os séculos XV e XVI, a Reforma e a Contrarreforma foram, talvez, as mais importantes. Por isso, é imprescindível compreender o

conceito de Reforma naquele contexto histórico: a Igreja havia perdido a sua forma original, havia se desviado das

premissas básicas e fundamentais do cristianismo e, de acordo com alguns religiosos cristãos, era preciso reformá-la.

O termo Reforma, referindo-se ao processo histórico de revo-lução das estruturas da Igreja Católica no início do século XVI, é aplicado retrospectivamente. Isto é, a Reforma indica um processo de mudanças ocorridas como consequência das ideias difundidas por um monge alemão de nome Martinho Lutero (1483-1546).

Eventos da

Reforma e da

Contrarreforma

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Reforma Religiosa

A Igreja Católica passou por diversas disputas internas que fragilizaram o poder daquela instituição religiosa. Desde 1054, com o Cisma do Oriente, que dividiu a cristandade em duas partes, a Igreja Ca-tólica sofria com a desunião do alto clero, motivada pela rivalidade de grupos de cardeais divergentes. O próprio papado foi algumas vezes dividido, tendo, inclusive, havido períodos em que dois papas, e até três, pretenderam comandar a Igreja Católica ao mesmo tempo.

Uma reorganização era necessária para centralizar e pacificar a ordem e o poder católicos. Durante o século XV, depois que o papa Martin V acabou com o cisma interno, a Igreja Católica procurou se reafirmar por meio da construção de grandiosos edifícios que celebrariam a sua glória. O papa Nicolau V chegou a dizer que os católicos “veriam suas crenças confirmadas e corroboradas dia após dia graças aos grandes edifícios que pareceriam feitos pelas mãos de Deus”.

Problemas para executar tamanha ambição logo apareceram, pois a empreitada desejada pela Igreja demandava grande quantia de recursos financeiros. A captação das verbas necessárias para as obras foi caracterizada pelas práticas abusivas e pela corrupção, que mancharam a imagem da Igreja Católica e contribuíram para mudar o panorama religioso da Europa e do mundo para sempre.

É possível afirmar que as mudanças religiosas ocorridas durante os séculos XV e XVI foram, de certa forma, o ápice de um processo mais duradouro e complexo de questionamentos e críticas ao poder papal e clerical. Assim, se Martinho Lutero difundiu ideias reformadoras em relação à Igreja Católica, ele não foi o primeiro. Por isso, é importante conhecer como se desenvolveu o processo histórico denominado Reforma, principalmente a atuação de alguns homens que são considerados precursores dos reformistas propriamente ditos, entre eles, John Wycliff (1320-1384) e John Huss (1369-1415). Faça uma pesquisa para saber o que esses homens propunham em relação à ordem religiosa até então vigente e como suas ideias influenciaram os reformistas dos séculos XV e XVI. Na pesquisa é possível encontrar outros precursores da Reforma, além de Wycliff e Huss. Nesse caso, reúna todas as informações e organize um quadro sistemático apresentando quem eram, quando e onde atuaram, quais ideias defendiam e como essas ideias se contrapunham à ordem religiosa em vigor, e, por fim, escreva sobre o destino desses homens e/ou mulheres.

Arte e religião, suntuosidade e luxo, monumentalidade e esplendor, são alguns substantivos que evidenciam a essência das pretensões da Igreja Católica no projeto de construção da igreja de São Pedro, em Roma. No final do século XV, a igreja não era, necessariamente, um exemplo de requinte e poder. A comparação feita com algumas igrejas da cristandade oriental reduzia ainda mais a im-portância do templo fundado por Constantino, no qual Carlos Magno havia sido coroado imperador.

A reconstrução da cidade de Roma e a construção de novos e majestosos edifícios tiveram início em meados do século XV. Foram dois florentinos da família Médici que, ao conquistarem o papado, decidiram erguer uma nova igreja de São Pedro, de dimensões imponentes e de beleza nunca antes vista.

Para o projeto de embelezamento de Roma e construção da igreja de São Pedro foram convocados alguns dos mais importantes artistas da época, como os arquitetos Leon Battista Alberti (1404-1472) e Donato di Angelo del Pasciuccio, o Bramante (1444-1514); o pintor Giovanni da Fiesole, nascido Guido di Pietro Trosini e mais conhecido como Fra Angelico, (1387-1455); o pintor e escultor Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (1475-1564), o pintor e arquiteto Rafael Sanzio (1483-1520), Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, dito Sandro Botticelli (1445-1510).

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HISTÓRIA

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A igreja de São Pedro, no Estado da Cidade do Vaticano, em Roma. A monumentalidade do mais importante templo católico pretendia afirmar o po-der da Igreja. De dimensões colossais, o templo foi, contraditoriamente, um dos motivos que causaram inúmeros protestos contra a autoridade papal e os abusos de parte do clero. A imagem apresenta a fachada da majestosa basílica

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Diante das práticas corruptas e abusivas ado-tadas pela Igreja Católica, alguns católicos mais conservadores começaram a protestar. O monge Girolamo Savonarola (1452-1498) foi um dos que se mostraram indignados com o clero corrompido, chegando a expressar, com exagero, o seu descon-tentamento: “a Igreja de Roma é uma prostituta pronta a vender seus favores por uma moeda”. No mesmo tom, Erasmo de Roterdã (1466-1536) afirmou que “muitos conventos de homens e de mulheres pouco diferem de bordéis públicos”.

Glutoneria e embriaguez também eram mo-tivos para críticas: “aqueles que deviam ser os pais dos pobres cobiçam as comidas requintadas e apreciam o sono matinal”, atacou um monge dominicano do século XIV. No fim do século XV, a situação não havia mudado, como escreveu um

abade alemão, citando os monges do norte da Europa: “os três votos da religião são tão pouco respeitados por estes homens como se nunca tivessem prometido cumpri-los”.

Se o comportamento de muitos religiosos desencadeou uma onda de críticas e censuras, a queixa que serviu como o estopim para a Reforma foi a venda de indulgências. Os religiosos da Igreja Católica costumavam prescrever penitências sob forma de orações, de esmolas, de peregrinação a algum lugar sagrado, de participação em uma Cruzada contra infiéis e trabalhos comunitários. Outra forma era a doa-ção de uma soma em dinheiro à Igreja, que teoricamente substituiria a penitência exigida pelos pecados cometidos por um cristão.

A venda de indulgências, impulsionada pela cobiça de alguns religiosos, tornou-se uma prática mercenária que livrava um fiel dos pecados cometidos e, dependendo da quantia entregue à Igreja, poderia lhe conceder a remissão de pecados futuros. A indugência eximia o comprador da obrigação de fazer suas penitências por seus pecados. Logo, um pecador que tinha dinheiro poderia, facilmente, conquistar seu lugar no paraíso. Por outro lado, aqueles pecadores desprovidos de recursos financeiros amargariam uma temporada no purgatório.

Martinho Lutero, que não concordava com a venda de indulgências, decidiu queixar-se e questionar por qual razão o papa, cuja fortuna era maior do que a dos mais opulentos ricos, não construía a Basílica de São Pedro apenas com seu próprio dinheiro, ao invés de explorar almas infelizes que acreditavam que comprando indulgências asseguravam sua salvação.

Interessado em chamar a atenção para os abusos cometidos, Lutero, no ano de 1517, escreveu e afixou, na porta da catedral de Wittemberg, 95 proposições, mais conhecidas como as 95 teses contra as indul-gências. Entre as ideias divulgadas por Lutero, estava a contestação à necessidade de intermediários entre Deus e o cristão, pois acreditava que a salvação só seria alcançada pela fé. Lutero também propôs a livre interpretação da Bíblia (o que exigia a sua tradução para outras línguas); a rejeição dos sacramentos, com exceção do batismo e da eucaristia; e a abolição do celibato clerical.

Michelangelo foi um dos artistas contratados para ornamentar o conjunto de edifícios encomendados pela Igreja Católica. Atualmente, obras como a escultura Pietà, exposta na entrada da Basílica de São Pedro, são admiradas pela beleza e per-feição, além da riqueza nos detalhes. Porém, na época da execução das obras, pintores e escultores eram, de acordo com o escritor e pesquisador Ross King, “considerados meros artesãos, tendo aproximadamente o mesmo status social de alfaiates e sapateiros”

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As teses de Lutero desagradaram o clero que, em 1520, o condenou por heresia. Martinho Lutero não aceitou a condenação e, por isso, foi excomungado. Uma revolução religiosa no interior da Igreja Católica havia começado, dando início a um processo de mudanças, conhecido como Reforma, um movimento de protesto contra a comercialização da fé. Lutero, que incialmente não pretendeu romper com a Igreja, foi responsável por estimular uma reação de apoio às suas ideias, que valeu aos seus seguidores a denominação de protestantes.

Assim, na primeira metade do século XVI, um novo cisma tomou conta da Igreja Católica. As ideias de Lutero espalharam-se rapidamente, já que o advento da imprensa favoreceu a disseminação escrita de suas teorias. As consequências da divulgação dos preceitos luteranos foram variadas: ataques a propriedades senhoriais, lideradas pelo teólogo revolucionário Thomas Müntzer (1489-1525); guerra civil na Suíça, promovida pelo padre Ulrich Zwinglio (1484-1531); defesa da Teoria da Predestinação Divina, pelo teólogo francês Jean Calvino (1509-1564); rompimento do rei inglês Henrique VIII com a Igreja Católica, seguido pela fundação da Igreja Anglicana.

Contrarreforma

Diante do processo de mudanças ocorrido a partir da publicação das 95 teses de Martinho Lutero, a Igreja Católica viu o seu poder esfacelar-se na Europa, acompanhado, consequentemente, por uma sensível diminuição no número de fiéis. A hegemonia católica estava em xeque. A reação veio em uma Reforma Católica, conhecida também como Contrarreforma, movimento que teve início com o Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563.

O historiador Will Durant afirma que “milhares de vozes, muito tempo antes de Lutero, haviam clamado por um concílio para reformar a Igreja”. Mas, foi no ano de 1542 que o papa Paulo III marcou uma reunião com esse objetivo, ocorrida na cidade de Trento, no dia 1.º de novembro. Somente em 13 de dezembro de 1545 é que o Décimo Nono Concílio Ecumênico da Igreja Cristã iniciou suas sessões efetivas em Trento.

Concluindo que o Concílio chegara ao fim de sua utilidade, o papa Pio IV o dissolveu no dia 4 de dezembro de 1563, fixando, dessa forma, as diretrizes da Igreja Católica por séculos. Entre 1545 e 1563 ocorreram várias sessões, reunindo religiosos e governantes, católicos e protestantes, que definiram as regras que orientaram a doutrina católica.

Para combater a expansão do protestantismo na Europa, a Igreja Católica fortaleceu o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, uma instituição medieval que visava processar e condenar os acusados de cometerem heresias. Para evitar que as ideias circulassem, foi criado o Index Librorum Prohibitorum, uma lista de livros considerados heréticos e ameaçadores dos dogmas católicos.

Em 1534, um nobre espanhol e militar chamado Inácio de Loyola (1491-1556) fundou uma ordem religiosa denominada Companhia de Jesus. Seus seguidores, os jesuítas, ofereceram seus serviços de soldados de Deus para lutarem a favor da Igreja Católica. No ano de 1540, o papa Paulo III aceitou a oferta dos jesuítas, que passaram a combater com prudência e força, como um exército, os inimigos externos e internos da Igreja Católica.

A Companhia de Jesus teve uma participação bastante efetiva na tentativa de reverter as perdas ocorridas com a Reforma. Os jesuítas, na tentativa de reverter essa situação na Europa, empreenderam uma ampla tarefa de conversão ao catolicismo em outras regiões do mundo, como na África, nas Amé-ricas e na Ásia.

Em meio a todas as conturbações da Reforma e da Contrarreforma, há algo que foi comum tanto aos protestantes como aos cristãos: a intolerância religiosa. Perseguições de caráter religioso se multiplicaram após Lutero ter publicado suas teses, fato que promoveu um intenso deslocamento de minorias religiosas e a execução em larga escala daqueles que eram considerados hereges.

Os livros

proibidos

durante a

Contrarreforma

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HISTÓRIA

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1. Depois do que se convencionou chamar de a “Idade das Trevas”, período sobre o qual o historiador francês Jules Michelet chegou a di-zer que não houve nenhum compromisso em seiscentos anos, teve início um processo de des-pertar: a Renascença. O termo Renascença é de origem francesa (renaissance) e é empregado para designar algumas transformações históri-cas ocorridas nos séculos XIV, XV e XVI.

Sobre o Renascimento e suas características, analise as afirmativas a seguir:

I. Uma das características do Renascimento era o Humanismo. O movimento humanista res-gatou a cultura clássica greco-romana como fonte de pesquisa e de inspiração para a pro-dução artística renascentista.

II. Algumas obras de arte renascentistas des-tacam a verossimilhança com a realidade. Essa característica pode ser entendida pelo Realismo, pois buscava representar o mun-do da forma mais real possível, sem ideali-zações.

III. A principal característica do Renascimen-to foi a ênfase dada aos aspectos religiosos presentes na sociedade. Em outras palavras, a religião, principalmente a Igreja Católica, monopolizou a produção cultural durante o Renascimento.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas as afirmativas I e II estão certas.

d) Apenas as afirmativas I e III estão certas.

e) Apenas as afirmativas II e III estão certas.

2. Dentro do contexto histórico do Renascimento cultural, explique quem eram os mecenas.

3. Sobre a Reforma Religiosa, analise as seguintes afirmações:

I. A insatisfação de alguns membros da Igreja Católica em relação a determinadas práticas da Igreja, como a venda de indulgências e de relíquias sagradas, favoreceu o movimento reformista.

II. Um dos principais reformistas foi Martinho Lutero, que teve todas as suas reivindicações aceitas pela Igreja Católica.

III. Pode-se afirmar que, após a Reforma Religio-sa, a Igreja Católica destacou-se como única igreja atuante na Europa.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta:

a) Todas as afirmativas estão certas.

b) Todas as afirmativas estão erradas.

c) Apenas a afirmativa I está certa.

d) Apenas a afirmativa II está certa.

e) Apenas a afirmativa III está certa.

4. (UNIT – SE) Leia o documento histórico, escrito na Europa, no século XVI.

Havendo Jesus Cristo concedido à Igreja o poder de conceder indulgência, e tendo a Igreja usado essa faculdade que Deus lhe concedeu [...], ensi-na e ordena o sacrossanto Concílio que o uso das indulgências [...] deve conservar-se pela Igreja. Não obstante, deseja que se proceda com mo-deração na sua concessão [...] a fim de que, pela facilidade de concedê-las, não decaia a disciplina eclesiástica. E ansiando para que se emendem e corrijam os abusos que se introduziram ne-las, motivo que leva os hereges a blasfemarem contra elas; estabelece em geral, pelo presente decreto, que se exterminem de forma absoluta todos os lucros ilícitos que se cobram dos fiéis para que as consigam; pois disto se originaram muitos abusos no povo cristão. E não poden-do proibir-se fácil e individualmente os demais abusos que se originaram da superstição, igno-rância, irreverência, ou de outra causa qualquer, pelas muitas corruptelas dos lugares e províncias em que se cometem; manda a todos os bispos, e os faça presentes no primeiro concílio provincial, para que, conhecidos e qualificados pelos outros

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bispos, sejam imediatamente delatados ao sumo pontífice romano, por cuja autoridade e prudên-cia se estabelecerá o que for conveniente para a Igreja universal; e deste modo se possa repartir a todos os fiéis, piedosa, santa e integralmente o tesouro das santas indulgências.

Sessão XXV do Concílio de Trento. In: Adhemar Marques, Flávio Berutti e Ricardo Faria. História Moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 1997.

Com base no conhecimento e no documento, pode-se afirmar que:

a) a Igreja Católica decidiu manter a venda das in dulgências, ainda que essa prática tenha sido criticada duramente, sobretudo, pelos luteranos.

b) os líderes protestantes decidiram, em con-gresso de cúpula, aprovar a concessão de indulgências como faziam os bispos e padres católicos.

c) a cúpula da Igreja cristã anunciou o fim da venda das indulgências e a punição dos pa-dres que cobrassem um valor para a salvação.

d) a Igreja Luterana concordou com o “comércio” de indulgência, mas recomendou às autorida-des a punição para os que cometessem abusos.

e) a venda das indulgências, após ter o aval ofi-cial do Sumo Pontífice, passou a ser praticada pelos membros das religiões protestantes.

5. (UECE) As ideias reformistas de Martinho Lutero foram divulgadas na Europa e refor-muladas por alguns de seus seguidores, por exemplo, João Calvino (1509-1564), que pro-pôs novos princípios, ampliando a doutrina luterana. Sobre Calvinismo, assinale a alterna-tiva correta:

a) A doutrina calvinista começou com a tradu-ção da Bíblia para o alemão, em linguagem simples e clara, resumindo tudo aquilo em que um cristão deve acreditar, e tudo aquilo que ele deve praticar e viver.

b) As ideias calvinistas refutavam as propostas defendidas por Lutero e lutaram contra a im-plantação do Luteranismo.

c) O Calvinismo defendeu a livre interpretação da Bíblia, a negação ao culto dos santos e da Virgem, a autoridade do papa e a justifi-cativa das atividades econômicas, até então condenadas pela Igreja.

d) As ideias de Calvino complementaram as de Lutero, e ambas unidas implantaram o Luteranismo na Alemanha.

6. (UNIMONTES – MG) Acerca da chamada Contrar-reforma da Igreja Católica no século XVI, é incor-reto afirmar que:

a) o Concílio de Trento afirmou a dupla origem das crenças da Igreja Católica, fundamenta-das em sua interpretação das Escrituras e nas suas próprias tradições.

b) a Companhia de Jesus, fundada em moldes semelhantes aos militares, foi uma das estra-tégias de expansão da fé católica na Ásia e América.

c) o Concílio de Trento decidiu por uma renova-ção administrativa, descentralizando o poder eclesiástico com o objetivo de enfrentar a ex-pansão protestante.

d) a Igreja tomou medidas de caráter “re-pressivo” em relação às chamadas heresias como a reativação do Tribunal de Inquisição e o estabelecimento do Índex, lista de livros proibidos.

7. Analise as alternativas e assinale a que não apre-senta um dos objetivos da política da Igreja Ca-tólica, esboçada durante o Concílio de Trento.

a) A expansão da fé cristã.

b) A moralização do clero.

c) A reafirmação dos dogmas.

d) A criação do Index – lista de livros proibidos.

e) A permissão do casamento para os padres e freiras.

8. Sobre o Humanismo, assinale a alternativa in-correta:

a) Movimento ligado ao Renascimento, por suas características antropocentristas e individuais.

b) Promovia o estudo da greco-romana, utilizan-do-a como tema de inspiração para o movi-mento renascentista.

c) Foi caracterizado pelo o misticismo, o geo-centrismo e as realizações culturais medievais.

d) No humanismo o homem passou a ser o cen-tro, em oposição ao teocentrismo, encarando-o como “medida comum de todas as coisas”.

e) Procurou romper os limites religiosos impos-tos pela Igreja às manifestações culturais.

Ensino Médio | Modular 31

HISTÓRIA

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História Moderna32

Relatos de exploradores, como Marco Polo, que viajou pelo Oriente durante o século XIII, contribuíram para um “alargamento” do mundo europeu. Entretanto, as informações colhidas pelo explorador não atingiram um grande número de pessoas em função da censura e do fato de que muitos o consideravam um louco e criador de histórias fantasiosas. A Europa sofreu grandes mudanças com o expansionismo marítimo, a exploração e colonização de novos continentes.

Após os europeus explorarem as terras africanas e se depararem com muitos povos de origem e culturas diferentes, chegaram à América, “terras novas” que se encontravam, em 1492, povoadas de um extremo ao outro. A denominação

atribuída a todos esses povos americanos foi a de povos pré-colombianos.

Devido ao desenvolvimento de prá-ticas econômicas mercantilistas pelos Estados Modernos europeus, o principal objetivo da expansão marítima era tam-bém a expansão comercial. Movido por tal objetivo, Colombo, em sua primeira via-gem, tomou o “novo território” em nome da realeza espanhola.

O ato de tomar posse significava con-quistar o território, dominá-lo e submetê--lo à justiça, no caso a justiça espanhola e, ao mesmo tempo, apossar-se de suas riquezas naturais.

A partir da chegada dos europeus à América, foram produzidos documentos com os relatos das riquezas e dos povos que já habitavam o continente. As infor-mações anteriores sobre a chegada de Colombo à América são possíveis graças aos estudos arqueológicos desenvolvidos em todo o continente americano. No Brasil, esses estudos tiveram início ainda no sécu-lo XIX. O dinamarquês Peter Wilhelm Lund foi um dos primeiros a se dedicar de forma sistemática aos fósseis aqui encontrados. Durante a primeira metade do século XIX, morando em Lagoa Santa (MG), o pesqui-sador explorou diversas grutas da região, escrevendo suas conclusões para revistas europeias.

Luci

ano

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Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 37. Adaptação.

Povos pré-colombianos

Povos da América3

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Ensino Médio | Modular 33

HISTÓRIA

Chegada dos europeus

Em 1492, Cristóvão Colombo chegou às terras americanas, pensando ter atingido as Índias. Assim, ele chamou

os habitantes de índios, denominação que permaneceu para designar os povos mais antigos que habitavam nesse continente.

Os conquistadores europeus impuseram a esses povos a sua cultura, muitas vezes por meio da violência e escravização. Apesar dessas tentativas, esses povos reagiram em busca da preservação de seus costumes.

Vegetação tropical luxuriante, novas plantas medicinais, novos tipos de ali-mentos, como tomate, batata, mandioca, feijão, abóbora, abacate, abacaxi, milho, pimenta, cacau, algodão, etc., além de muito ouro e muita prata. O sentimento de admiração e cobiça dos europeus em relação ao Novo Mundo ficou por conta dos relatos dos conquistadores em relação às riquezas locais.

Os costumes e o modo de vida dos povos americanos aguçavam a curiosidade, o espanto e a rejeição dos europeus. A antropofagia, os sacrifícios humanos, a prática do politeísmo faziam parte desse universo cultural que os europeus passaram a combater violentamente, em nome da fé cristã.

Ilustração do Códice Fiorentino. Ela mostra a importância do milho, base da alimentação dos povos pré-colombianos

Em relação ao choque cultural resultante do encontro de povos tão diferentes, leia o texto a seguir:

O paraíso destruído

De acordo com o texto, mencione os fatores que determinaram a superioridade dos espanhóis.

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Os incas estabeleceram seus templos no alto das montanhas para que os deuses os ouvissem mais facilmente e atendessem seus pedidos. A cidade de Machu Picchu foi edificada no alto da montanha e abrigava um complexo de templos

Organização dos povos pré-colombianos

A organização dos povos americanos remonta ao período compreendido entre 2300 a.C e 1500 a.C., quando pequenas comunidades viviam da agricultura e possuíam uma produção artesanal de cerâmica bastante aperfeiçoada. De 1500 a.C a 500 a.C., ocorreu um maior desenvolvimento desses povos, destacando-se os olmecas, que dominavam as primeiras formas de escrita hieroglífica e detinham

conhecimentos matemáticos.Os olmecas instalaram-se inicialmente no México e, com o passar do tempo,

avançaram seus domínios até a Costa Rica.Por volta do século I a.C., os povos olmecas desapareceram, enquanto a cidade

de Teotihuacán iniciou seu desenvolvimento. Nesse local, a população dedicava- -se à agricultura e construção de canais de irrigação. No traçado das cidades, observaram-se tendências religiosas na avenida central pontuada de pirâmides- -templos. A maior delas era a de Quetzalcoátl, possivelmente dedicada ao herói mitológico venerado pelas primitivas populações mexicanas.

Havia ainda Texcoco, Tlacopán, para não falar de Cuzco e Machu Picchu, cidades incas na região andina da América do Sul. Os povos, que inicialmente se estabeleceram na região andina, remontam ao ano de 500 a.C. Segundo os espe-cialistas, os povos da cultura Mochica, Nazca e Thiahuanaco teriam constituído uma sociedade expressiva em termos artísticos, sociais e políticos. As cidades apresentavam estrutura urbana regular e equilibrada.

Conquista

Para os incas e astecas, a chegada dos europeus foi associada, em um primeiro momento, à realização das profecias dos seus deuses mitológicos. Os nativos ficaram estarrecidos ao verem os homens brancos de barba, montados a cavalo (animal que não conheciam), e imaginaram homens e cavalos tratarem-se de um único ser. As caravelas, as armas de fogo, os canhões, as roupas, a língua e os costumes dos europeus, desconhecidos por eles, encheram os nativos de espanto e curiosidade. Contudo, passados os primeiros momentos, os nativos perceberam que os europeus tinham o objetivo de conseguir metais preciosos e tudo o que pudesse ser comercializado, proporcionando enriquecimento rápido. O confronto que se estabeleceu entre os europeus e as sociedades americanas foi desastroso.

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Forme uma equipe, escolha um dos povos denominados pré-colombianos e elabore uma pesquisa sobre a organização política, econômica e social do povo escolhido. Escolha algumas imagens para completar sua produção.

A descoberta

da cidade de

Machu Picchu

@HIS783

Arte e

arquitetura

dos Incas

@HIS1134

História Moderna34

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Vários foram os fatores que contribuíram para a vitória dos portugueses e espanhóis sobre os povos americanos em diversas partes do continente. As doenças trazidas pelos europeus, tais como: varíola, pneumonia, gripe, tifo, gonorreia, etc., dizimaram populações inteiras.

A utilização de armas de fogo, cavalaria e estratégias militares impôs a derrota aos nativos. Diferentemente da cultura das nações indígenas, a guerra para os europeus visava ao extermínio e à conquista. A própria crença nas antigas profecias dos incas e astecas contribuiu para que a conquista fosse ainda mais rápida e devastadora.

Em relação à chegada dos europeus ao continente americano no século XV, estima-se que a população local, na época, era de aproximadamente 80 a 100 milhões de habitantes. Um século e meio depois, estava reduzida a 3,5 milhões.

A conquista dos astecas

O Império dos Astecas no México foi conquistado, em 1519, por uma frota espanhola, de 11 navios, 600 canhões, 16 cavalos, dois intérpretes e 600 soldados, comandada pelo nobre espa-nhol Hernán Cortés. Estima-se que o Império dos Astecas possuía, nessa época, uma população de aproximadamente 10 milhões de pessoas. Como foi possível aos espanhóis derrotarem uma população tão numerosa? Além dos motivos já mencionados, Cortés soube fazer uso das intri-gas entre algumas tribos do Império que estavam descontentes com a dominação asteca e, com essa ajuda, chegou a Tenochtitlán, capital do Império dos Astecas (atual Cidade do México), onde Montezuma, imperador dos astecas, foi aprisionado e, posteriormente, morto pelos espanhóis.

Após a conquista, as riquezas foram saqueadas; peças produzidas em ouro e prata, fundidas; documentos, templos e imagens, destruídos e substituídos por santos católicos.

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MAURIN, Nicolas Eustache. Hernán Cortés para os sacrifícios humanos. Desenho feito por litografia em giz e posteriormente colorida. Século XVI. Museo de Américas, Madri.

A conquista dos incas

Ao contrário de Cortés, que era nobre, o conquistador do Império dos Incas, Francisco Pizarro, era filho ilegítimo e analfabeto. Pizarro chegou à região do Peru em 1513 com um pequeno contingente de mercenários espanhóis (180 homens) com objetivo de encontrar riquezas. Com esse reduzido número de homens, Pizarro conquistou a capital Cuzco, em 1533.

Ensino Médio | Modular 35

HISTÓRIA

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A partir do final do século XV e início do XVI ocorreu a chegada, e posterior conquista e ocupação do ter-ritório americano pelos europeus. Contudo, há muitos anos a historiografia dedicada a estudar essa temática observou que só ocorreu uma “descoberta” na perspectiva eurocêntrica da história.

Para o historiador Ronaldo Vainfas, a perspectiva histórica formada para se falar da América e dos povos que existiram “só têm a ver com os europeus”. No processo de expansão marítima, os europeus desejavam chegar às Índias, nessa perspectiva chamaram os povos do “novo continente” de índios. “Resolveram homenagear Américo Vespúcio e chamaram o continente de América. É a linguagem que faz da Europa o centro do mundo.”

Se o foco da perspectiva histórica mudar e não mais se observar com os “olhos dos europeus”, mas, sim, pelo ponto de vista dos habitantes “descobertos” por eles, palavras, como “América”, “selvagens”, “canibais”, “índios”, não fariam o menor sentido, ao mesmo tempo que os habitantes do “novo continente” não estavam sendo “descobertos”.

A América antes dos europeus possuía sociedades que tinham valores, línguas, costumes, interpretações de mundo, etc., diferentes dos europeus. Porém, isso não significava que eram sociedades “atrasadas”. As sociedades que se desenvolveram na América dominavam conhecimentos sobre agricultura, astrologia, mate-mática, astronomia; construíram gigantescos templos, palácios, canais de irrigação, reservatórios, estradas e tinham complexas organizações religiosas e administrativas.

A conquista das sociedades inca e asteca ficou a cargo, respectivamente, de Francisco Pizarro (1476-1541) e Hernán Cortés (1485-1547). Por mais que tivessem exércitos numericamente inferiores às sociedades nativas americanas, a possibilidade da conquista se deu por diversos motivos.

Observe a ilustração de Theodore de Bry inserida em seu material de apoio. Analise a imagem e os fragmentos em destaque. Nas linhas, descreva os detalhes da produção de Theodore de Bry, associando-os aos fatores que auxiliaram os espanhóis no empreendimento da conquista do território americano.

Assim como havia ocorrido entre os astecas, a conquista do Império dos Incas foi precedida por uma atmosfera de magia e profecias. Aproveitando-se da expectativa dos incas que esperavam a volta de Viracocha e da disputa pelo trono entre dois irmãos, Atahualpa e Huascar, Pizarro soube tirar partido da situação e, por meio de uma emboscada, aprisionou Atahualpa. Para libertá-lo, exigiu um enorme resgate a ser pago em ouro e prata. O próprio Atahualpa pagou seu resgate, mas, mesmo assim, acabou sendo executado.

Ao entrar em Cuzco, os espanhóis foram surpreendidos pela riqueza encontrada na capital do Império. Os incas utilizavam ouro e prata como ornamento pessoal, na decoração de seus templos e imagens de deuses. Pizarro não tardou a comandar o saque da cidade, tornando-se assim um bem-sucedido conquistador da América espanhola. Com as riquezas obtidas na América, a Espanha tornou-se um reino muito rico, no século XVI.

36 História Moderna

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1. Leia o texto a seguir:

Um dos mistérios da história é a docilidade do imperador asteca Montezuma diante dos con-quistadores espanhóis liderados por Cortés. Diz a lenda que os astecas ficaram tão embasbacados com os cavalos dos invasores que desistiram de reagir. A verdade deve ser outra. Junto com a esquadra de Cortés viajava um notário real, e a posse das novas terras para a Espanha obede-ceu a todos os trâmites legais – da Espanha. Os nativos ficaram assombrados menos com os ca-valos dos espanhóis do que com sua hipocrisia. Uma cultura fundada na cerimônia tinha o seu primeiro encontro com uma cultura legalista, um império de gestos rituais rígidos encontrava um império de palavras manejáveis, e os astecas sucumbiram não às armas espanholas, mas ao jargão jurídico.

Em toda a conquista da América pelos es-panhóis repetiu-se a formalidade da leitura do “Requerimento”, que proclamava a posse da ter-ra pela Coroa espanhola e a transformação dos nativos em seus súditos. Se os nativos não es-tivessem presentes na leitura não importava, o notário real estava lá e dava fé. Tudo começou com Cristóvão Colombo, que proclamou formal-mente diante dos índios caribenhos que tomava posse das suas ilhas para o rei da Espanha e de-pois escreveu: “y no me fué contradicho”. Nin-guém o contradisse porque nenhum nativo tinha a menor ideia do que ele estava dizendo. Mas isso é apenas bom senso, algo sem nenhuma majestade histórica. E “y no me fué contradicho” ficou como a frase-síntese de toda a aventura co-lonialista na América.

Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/donna/ 19,206,2903068,Luis-Fernando-Verissimo-Bom-senso.html>. Acesso em: 18 set. 2010.

De acordo com o texto de Luis Fernando Verissimo e os estudos sobre os povos pré-colombianos, res-ponda:

a) Muitos foram os motivos que levaram os es-panhóis a conquistarem a América. Conforme o texto de Luis Fernando Verissimo, há um fa-tor a mais possível de ser adicionado à lista dos conquistadores, qual seria esse fator?

b) O autor, de forma irônica, ressalta o confron-to de duas culturas completamente distintas. Extraia do texto o trecho que mostra esse conflito cultural.

Ensino Médio | Modular 37

HISTÓRIA

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2. Leia com atenção o fragmento a seguir:

Quando estava, mui católico Senhor, naque-le acampamento do campo, vieram a mim seis senhores de Montezuma com até duzentos ho-mens, para me dizer que este queria ser vassalo de vossa alteza e que eu determinasse o tributo que a cada ano ele daria em ouro, prata, pedras, escravizados e roupas de algodão. Desde que eu não entrasse em sua terra, porque eram muito estéreis e desprovidas de mantimentos, e que lhe causaria grande pesar que eu ali fosse passar neces-sidade. Estes emissários de Montezuma permane-ceram comigo, inclusive durante as batalhas que travamos. Os moradores da província vinham me dizer que não devia confiar neles, porque eram traidores e haviam subjugado todos de sua terra. Por outro lado, os de Montezuma me avisavam que não devia confiar nos da província, porque estes eram traidores. Eu simplesmente fazia de conta que confiava em quem vinha me falar e usava a discórdia para subjugá-los mais.

FONTE: CORTÉS, Hernán. A conquista do México. Porto Ale-gre: L&PM, 1996. p. 47.

a) Segundo o relato apresentado, qual motivo auxiliou Hernán Cortés na conquista dos aste-cas?

b) O relato de Cortés faz menção a Montezuma, rei dos Astecas, que estaria disposto a nego-ciar para que ele não entrasse em suas terras.

Qual a forma de pagamento que Montezuma estaria disposto a pagar para se tornar vassa-lo do rei espanhol?

3. (ENEM) Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas se-tas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta ino-cência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios.

CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997 (adaptado).

O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento fundamental para a for-mação da identidade brasileira. Tratando da rela-ção que, desde esse primeiro contato, se estabe-leceu entre portugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a:

a) preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à ocupação da terra.

b) postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena.

c) orientação da política da Coroa portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nova terra.

d) oposição de interesses entre portugueses e ín-dios, que dificultava o trabalho catequético e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra.

e) abundância da terra descoberta, o que possi-bilitou a sua incorporação aos interesses mer-cantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios.

História Moderna38

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4. Observe a charge a seguir:

VERISSIMO, Luis Fernando. As cobras: antologia definitiva. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. p. 126.

a) Como é possível explicar a afirmação do primeiro quadrinho: “Chegamos à Índia pelo outro lado”?

b) É possível afirmar que a charge satiriza a visão de “superioridade” europeia frente aos povos “desco-bertos”? Justifique sua resposta.

5. (ENEM) O Império Inca, que corresponde principalmente aos territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses, escravizados e soldados. A religião contava com vários deuses, e a base da economia era a agricultura, principalmente o cultivo da batata e do milho.

A principal característica da sociedade inca era a:

a) ditadura teocrática, que igualava a todos.

b) existência da igualdade social e coletivização da terra.

c) estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens.

d) existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito.

e) impossibilidade de se mudar de estrato social e a existência de uma aristocracia hereditária.

Ensino Médio | Modular 39

HISTÓRIA

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História Moderna40

Colonização europeia nas Américas4

A tabela abaixo apresenta algumas informações do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Analise os dados da tabela e, em seguida, faça o que se pede:

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de alguns países latino-americanos

Posição no IDH

País

Índice de Desenvol-vimento Humano

(IDH)

Esperança de vida à nascença

(anos)

Média de anos de

escolaridade (anos)

Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita (PPC em USD

em 2008)45 Chile 0,783 78,8 9,7 13,56146 Argentina 0,775 75,7 9,3 14,60352 Uruguai 0,765 76,7 8,4 13,80856 México 0,750 76,7 8,7 13,97163 Peru 0,723 73,7 9,6 8,42473 Brasil 0,699 72,9 7,2 10,60775 República Bolivariana da

Venezuela0,696 74,2 6,2 11,846

79 Colômbia 0,689 73,4 7,4 8,58995 Estado Plurinacional da

Bolívia0,643 63,3 9,2 4,357

96 Paraguai 0,640 72,3 7,8 4,585145 Haiti 0,404 61,7 4,9 949

PNUD. Relatório de Desenvolvimento Humano, 2010. Tabela 1: Índice de Desenvolvimento Humano e seus componentes, p. 151. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2010_PT_Tables_reprint.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2011.

Como é

calculado o IDH

@HIS1182

O continente americano, de maneira geral, é caracterizado por sua riqueza natural e material. Dois exem-plos dessa característica podem ser citados: a Amazônia (América do Sul) é uma região conhecida por sua biodiversidade, fator que atrai investimentos e exploradores de todo o mundo; o Vale do Silício (América do Norte), lugar de surgimento de grande parte das inovações científicas e tecnológicas do mundo contemporâneo.

Entretanto, o continente americano também é caracterizado pelas grandes diferenças econômicas e sociais, criando um verdadeiro abismo entre as pessoas que desfrutam de boa qualidade de vida e aquelas que vivem na mais completa pobreza.

A contradição entre uma América rica e desenvolvida e uma América pobre e subdesenvolvida pode ser melhor compreendida por meio do conhecimento do processo histórico da colonização do continente americano.

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Ensino Médio | Modular 41

HISTÓRIA

a) O primeiro relatório do PNUD, publicado em 1990, foi apresentado com a ideia de que: “As pessoas são a verdadeira riqueza de uma nação”. A partir dessa ideia, analise os dados referentes à expectiva de vida e à escolaridade e discuta como esses indicadores se relacionam à posição do país no ranking.

b) O IDH é composto de indicadores sociais e econômicos e, levando-se em conta o resultado, os países são clas-sificados em um ranking. Escolha um dos indicadores da tabela e reorganize o ranking em função do indicador escolhido. Agora, compare o ranking que você obteve com o do IDH, verificando as mudanças ocorridas. Com base na sua análise da comparação, elabore um texto, estabelecendo relações entre os dois rankings.

c) A tabela é formada por dados relativos à renda, expectativa de vida e média de escolaridade. Que outros indicadores você considera importantes para fazer parte de um Índice de Desenvolvimento Humano? Justifique a sua resposta.

O processo de formação das Américas teve início com as primeiras viagens marítimas, que proporcionaram o “descobrimento” do continente americano. Os europeus depararam-se com condições geográficas, sociais e culturais muito distintas. Nesse sentido, não se deve desprezar a cultura dos povos indígenas, tampouco sua participação na formação das sociedades. Assim, devido às diferenças encontradas, a ação colonizadora europeia em terras americanas ocorreu de maneira variada, adequando-se à região e à população de cada lugar.

O processo de colonização teve como uma de suas principais características a expansão do poderio econômico da metrópole. Inserida no contexto histórico do mercantilismo, a colonização visava ao acúmulo de metais preciosos e à exploração de produtos primários que pudessem render bons lucros na Europa.

Tal objetivo torna-se mais compreensível se analisado a partir da relação entre política absolutista e economia mercantilista. O sistema absolutista demandava muitos recursos econômicos para assegurar o controle aos monarcas. Assim, a colonização cumpria o papel de prover os Estados europeus de recursos financeiros. O historiador Boris Fausto ressalta que “as colônias deveriam contribuir para a autossuficiência da Metrópole”.

Em outras palavras, as colônias americanas deviam ser uma fonte de sustentação econômica das metrópoles europeias, ou dos Estados absolutistas. De acordo com o jornalista uruguaio Eduardo Galeano, “as colônias america-nas foram descobertas, conquistadas e colonizadas dentro do processo da expansão do capital comercial. A Europa estendia seus braços para alcançar o mundo inteiro”.

A ação colonizadora europeia também pode ser considerada uma ação exploradora, na qual os euro-peus se utilizaram dos mais variados artifícios para alcançarem seus objetivos. Nesse sentido, alguns his-toriadores alertam para a desigualdade existente entre as relações sociais que se estabeleceram na América.

Os nativos americanos, chamados equivocadamente de índios pelos europeus, foram sumariamente dizimados pelo que o cientista político e filósofo Karl Marx chamou de “cruzada de extermínio”, ocorrida durante o Período Colonial. Além da violência com que foram tratados, em razão da exploração do trabalho, muitos perderam a vida por causa de doenças trazidas pelos europeus.

Segundo Eduardo Galeano, em sua obra As veias abertas da América Latina, a doença foi a maior arma dos conquistadores, sendo a gripe, a varíola e as do-enças sexualmente transmissíveis, como a gonorreia e a sífilis, responsáveis por milhares de mortes. Para o autor, a América Latina serviu aos interesses dos colonizadores das metrópoles até a sua exaustão. O presente vivido por muitos países hoje tem seu embrião na conquista e exploração desse continente.

Os indígenas não foram passivos diante da colonização europeia

afastados do contato até meados do século XX. A imagem mostra um dos ataques promovidos pelos botocudos

Os indígenas não foram passivos diante da colonização europeia Os indígenas não foram passivos diante da colonização europeianas Américas. Muitos reagiram, partindo para o conflito armado nas Américas. Muitos reagiram, partindo para o conflito armado nas Américas. Muitos reagiram, partindo para o conflito armadocom os colonizadores. Alguns povos indígenas mantiveram-se com os colonizadores. Alguns povos indígenas mantiveram-seafastados do contato até meados do século XX. A imagem mostra afastados do contato até meados do século XX. A imagem mostraum dos ataques promovidos pelos botocudosum dos ataques promovidos pelos botocudos

REQUERIMENTO do padre Caetano da Fonseca de Vasconcelos, Vigário da Igreja de São Miguel de Piracicaba, no Distrito de Vila Nova da Rainha, pedindo um número maior de presídios na região das Minas Gerais com a finalidade de evitar danos e mortes causadas por Botocudos. s.d. 1 desenho aquarelado: 27,3 cm x 38,5 cm. Original em Coleção Lamego. Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros/Universidade de São Paulo.

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A colonização da América não seguiu uma regra, pois cada metrópole desenvolveu uma forma peculiar de colonizar e explorar o seu quinhão no continente americano. Apesar das diversas parti-cularidades, considera-se que as ações caracterizadas pela exploração da mão de obra escrava, pela monocultura e pelo latifúndio nas colônias portuguesas e espanholas eram a base do Pacto Colonial, denominação dada ao sistema no qual as colônias serviam, unicamente, para abastecer a metrópole, sendo caracterizado pela ligação entre as metrópoles e as colônias, com ênfase no comércio exterior. Tratava-se de uma relação de exclusividade (monopólio) estabelecida entre uma metrópole e suas colônias, que teve como objetivo principal gerar lucros para a metrópole por meio de tarifas alfande-gárias e protecionismos impostos às colônias.

O livro As veias abertas da América Latina, do jornalista Eduardo Galeano, é uma referência para mui-tos que se dedicam a estudar a história da América Latina. Entretanto, o professor de Geografia José William Vesentini não corrobora dessa opinião. Leia, a seguir, uma ponderação que ele fez a respeito da obra de Galeano.

Publicado inicialmente em 1971, em espanhol, e tendo obtido um sucesso imediato (e tradução para inúmeros idiomas, inclusive o português), este livro do escritor uruguaio Galeano pretende, ao menos na aparência, fazer uma história da América Latina com ênfase na sua constante “exploração” pelas potências imperialistas. Digo na aparência porque de fato não se trata de uma história: não existe qualquer seriedade acadêmica ou científica, qualquer preocupação com as fontes, sua checagem e o confronto com outras sobre o mesmo tópico, nem mesmo qualquer preocupação em dialogar (seja reproduzindo, adaptando, criticando ou modificando) com as ideias dos clássicos que teorizaram a respeito da exploração dos tra-balhadores (Marx) ou das “nações oprimidas” (Lênin), e sequer a de ter uma interlocução a sério (sem meramente citar uma ou outra frase descontextualizada) com a ampla e boa bibliografia sobre a história da América Latina que já existia antes da redação desta obra, tais como os trabalhos de Manoel Bomfim, Celso Furtado, Raul Plebish ou Tulio H. Donghi, para mencionar apenas alguns exemplos. É um livro mais de ficção, embora com frequência mencione – quase sempre numa leitura enviesada – determinados episódios verídicos e sempre escolhidos a dedo para comprovar a ideia central do livro. Mas é uma boa ficção jornalística, bem escrita e de leitura agradável, acessível ao público letrado em geral (até mesmo a alunos do ensino básico, daí advindo boa parte da sua enorme popularidade, pois pode ser usada como leitura complementar nas disciplinas história e geografia quando se aborda a América Latina) e no fundo contendo humor ou episódios engraçados (ou melhor, que o Autor torna engraçados pela sua experiência anterior como chargista e jornalista).

VESENTINI, José William. Resenha crítica do livro As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano (editora Paz e Terra, 1994, 36a. edição). Disponível em: <http://www.geocritica.com.br/galeano.html>. Acesso em: 21 abr. 2011.

Com base na leitura da resenha de Vesentini, elabore, em seu caderno, um texto relacionando a resenha com a seguinte afirmação: “a História é um gênero de discurso marcado textualmente por ambivalências, no qual os discursos hegemônicos se revelam incompletos”. Para tanto, destaque o ponto de vista dos dois autores e a relação estabelecida pelos dois com a sua prática de pesquisa. Ao final, conclua discorrendo sobre o uso das fontes na pesquisa histórica.

42 História Moderna

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Leia a seguir um trecho do diário da primeira viagem realizada por Cristóvão Colombo com a permissão da rainha Isabel de Castela.

A primeira viagem (1492-1493)In Nomine D. N. Jesu ChristiPorque, cristianíssimos e mui augustos, excelentes e poderosos soberanos, Rei e Rainha das Espanhas

[...] Vossas Majestades, como católicos cristãos e Soberanos devotos da santa fé cristã [...] pensaram em enviar-me, a mim, Cristóvão Colombo, às mencionadas regiões da Índia para ir ver os ditos príncipes, os povos, as terras e a disposição delas e tudo e a maneira que se pudesse ater-se para a sua conversão à nossa fé; e ordenaram que eu não fosse por terra ao Oriente, por onde se costuma ir, mas pelo caminho do Ocidente, por onde até hoje não sabemos com segurança se alguém teria passado. [...]

COLOMBO, Cristóvão. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1998. p. 29-30.

Considerando o contexto histórico da viagem de Colombo, é possível afirmar que o motivo apresentado no fragmento acima expunha o único objetivo do navegador e dos reis da Espanha? Justifique sua resposta.

A ideia de Pacto Colonial sugere uma relação altamente desigual entre metrópole e colônia, na qual a primeira aumen-tava o seu capital proporcionalmente ao processo de paupe-rização da segunda. Entretanto, a existência de uma relação radicalmente desigual é questionável. Sem desconsiderar a série de normas e práticas características do sistema colonial, historiadores, como Boris Fausto, preferem a ideia de “exclusi-vo” metropolitano à de Pacto Colonial. A ideia de “exclusivo” colonial baseava-se na exclusividade do comércio externo da colônia em favor da metrópole, que dependia, por sua vez, em parte, do desenvolvimento interno da colônia.

Outra particularidade que merece ser mencionada é a bipolarização da empresa colonizadora em relação aos seus

objetivos, normalmente classificadas como colônias de explo-ração (grandes propriedades dedicadas à monocultura com utilização de mão de obra escrava) e colônias de povoamento (formadas por pequenas propriedades, onde os colonos de-senvolviam as mais diversas atividades que garantissem a subsistência e a autossuficiência).

Vários historiadores advertem que a comparação entre colônias de exploração e de povoamento é incompatível com a documentação disponível, além de ser extremamente sim-plificadora. O historiador Leandro Karnal defende que se deve “combater a ideia quase perversa de ‘colônias de exploração’ e ‘colônias de enraizamento ou povoamento’”, pois, para ele, “esta ideia traduz, na verdade, um preconceito”.

Ação colonizadora espanhola

Entre as metrópoles europeias, a Coroa espanhola foi a primeira a chegar ao continente americano na época do expansionismo marítimo europeu. Cristóvão Colombo, após conquistar a autorização da rainha Isabel de Castela para tentar alcançar as Índias Orientais navegando em direção ao oeste, atracou no Caribe em 1492.

Um dos recursos utilizados por Colombo para convencer a rainha foi o argumento religioso. Isabel de Castela, conhecida como Rainha Católica, vislumbrou no projeto do navegador genovês a possibilidade da conversão de novos fiéis ao catolicismo.

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-americanos

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espanhol nasespanhol nasAméricasAméricas

Os vice-reinados e a América contemporânea

Fonte: DUBY, Georges. Atltas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 189. Adaptação.

Alguns anos depois, no início do século XVI, a Reforma Religiosa empreendida por Lutero abalou os alicerces da Igreja Católica, contribuindo para uma redução de fiéis nos territórios onde as ideias protestantes proliferaram. A Igreja reagiu por meio da Contrarreforma, adotando, entre outras práticas, o estímulo aos países ibéricos para promover a evangelização nas Américas.

Assim, tendo como interesse a catequização de novos fiéis e a busca de riquezas, os espanhóis iniciaram o processo de conquista e colonização nas Américas. Para muitos europeus, explorar o con-tinente americano era uma das poucas possibilidades de enriquecimento, de modo que aguardavam o momento de voltar à Europa para desfrutar uma eventual ascensão social.

No entanto, quando chegaram à América continental, os espanhóis encontraram sociedades com Estados centralizados, rígida organização militar e práticas agrícolas desenvolvidas e adaptadas às mais variadas condições de solo e clima da região.

Em meados do século XVI, os espanhóis “descobriram” metais preciosos na América, o que tornou o projeto colonial bastante lucrativo, atraindo a atenção de outras potências europeias. Vale ressaltar que essa descoberta tornou a Espanha um dos Estados mais poderosos da Europa, durante os séculos XVI e XVII.

A prata e o ouro estimularam a Coroa espanhola a reforçar seu sistema de controle administrativo na América, pois um rígido domínio das colônias deveria ser a garantia de maior lucratividade, ao mesmo tempo que os prejuízos e desperdícios poderiam ser reduzidos. Esse era o pensamento da Coroa, mas, a realidade nas colônias não era tão simples.

Para exercer o controle real nas colônias, a Coroa espanhola organizou uma estrutura burocrática baseada em vice-reinados, que eram governados por vice-reis, representantes diretos do Rei nas Américas. Esses governadores tinham como missão descobrir riquezas tão almejadas e administrar a posse espanhola.

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A exploração pretendida e executada pelos europeus exigiu um intenso contato com as populações nativas, principalmente para assegurar o domínio e exercer o controle. Não havia, necessariamente, uma regra para a efetivação dos contatos. Nesse sentido, existiram diversas formas de relação entre os povos nativos e os europeus: por meio dos aldeamentos controlados por religiosos, pelo uso da violência, pelas relações de trabalho exploratórias e, mais raramente, pela aceitação pacífica e amigável por parte dos indígenas em relação às exigências dos colonizadores.

Dois grandes impérios indígenas, o Inca e o Asteca, localizavam-se justamente na porção de terras que os espanhóis consideravam suas por direito (em função de acordos europeus, sem consultar os nativos americanos). O fato de que os incas e astecas eram, na chegada dos espanhóis, sociedades populosas, poderia ser interpretado como um grande obstáculo para a dominação. Contudo, o que aconteceu foi justamente o contrário.

Pouco tempo depois de chegarem às terras americanas, os espanhóis encontraram inúmeros indícios da fartura e abundância de metais preciosos, visto que algumas sociedades nativas já exploravam e utilizavam o ouro e a prata de maneira variada (em ornamentos pessoais, adornos religiosos, utensílios de uso cotidiano, etc.).

Identificada a existência das ambicionadas fontes de riquezas, os espanhóis organizaram a extração dos metais preciosos e, consequentemente, a exploração da mão de obra nativa. Como, de acordo com os preceitos cristãos, a escravização dos indígenas não era permitida, os espanhóis lançaram mão de outras formas de ordenar o trabalho nas colônias.

Durante a conquista, os espanhóis utilizaram práticas já conhecidas dos povos indígenas. A mita, uma dessas práticas, caracterizava-se como um sistema primitivo de trabalho rotati-vo, empregado especialmente nas obras públicas, apropriada e utilizada como parte dos tributos indígenas devidos aos espanhóis. O uso das tradições indígenas e ibéricas formatou a principal instituição de vínculo entre os espanhóis e os indígenas: a encomenda. Esta assumiu diferentes formatos durante o Período Colonial, de acordo com as diferenças territoriais, mas pode-se afirmar que, na maioria dos casos, segundo os historiadores Stuart Schwartz e James Lockhart representou uma “tentativa espanhola de conseguir dos índios bens e serviços pelo uso da autoridade indígena tradicional local e com base em unidades sociopolíticas já existentes”.

A mão de obra indígena era usada em diferentes frentes de trabalho, no cultivo do campo para a agricultura, na criação de animais e, também, nas minas. Nesse sistema, os indígenas não são escravos, pois permanecem livres nas suas terras e mantêm sua organização social, devendo o pagamento de tributos ao seu chefe, seja em forma de trabalho ou bens. O direito aos tributos era concedido ao encomendero pela autoridade institucional es-panhola na América que, por meio do repartimento, dividia entre os indivíduos mais importantes o direito de explorar o trabalho de uma comunidade indígena, representada por seu líder local.

O encomendero recebia acesso à terra e à mão de obra que, por sua vez, era essencial para a manutenção e explo-ração do solo, fosse na agricultura ou na mineração, assim

como para a captura, venda e aluguel de escravos (capturados entre os indígenas hostis). Em meados do século XVI, o encomendero passou a ter a obrigação de fornecer catequização aos indígenas. Os religiosos integram-se à vida da estância (espaço rural do território do encomendero, que também possuía uma residência no centro do núcleo urbano), passando a desempenhar suas funções religiosas.

Quanto mais sedentária era a sociedade indíg na, mais facilmente

pelos colonizadores. E, por outro lado,

grupo, mais dificuldades impunha aos

Quanto mais sedentária era a Quanto mais sedentária era asociedade indígena, mais facilmente sociedade indígena, mais facilmenteela foi dominada e desagregada ela foi dominada e desagregadapelos colonizadores. E, por outro lado,pelos colonizadores. E, por outro lado,quanto mais nômade era determinado quanto mais nômade era determinado quanto mais nômade era determinadogrupo, mais dificuldades impunha aos grupo, mais dificuldades impunha aos grupo, mais dificuldades impunha aoscolonizadorescolonizadorescolonizadores

Sociedade indígena. BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Siruela, 2003. p. 45.

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HISTÓRIA

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De acordo com os historiadores Stuart Schwartz e James Lockhart, a estrutura tributária dos nativos no Período Pré-Colombiano foi reaproveitada pelos espanhóis. Antes da chegada dos europeus, os nativos já pagavam impostos para seus governantes, que poderiam ser na forma de mão de obra ou produtos. Desse modo, a encomienda, além de permitir o acesso direto à mão de obra, também garantiu, indiretamente, a aquisição de metais preciosos ao encomendero.

Responda ao que se pede:

a) No esquema, foram representados aspectos da relação econômica e política estabelecida entre encomendero e nativos, contudo, a responsabilidade do encomendero com os nativos não está representada. Descreva qual é essa responsabilidade e indique, no esquema, a localização correta.

b) Com base no esquema e na leitura do texto, elabore uma síntese sobre as diversas tarefas dos nativos na encomienda.

Acostumados com uma estrutura social rigidamente hierarquizada na Península Ibérica, os espanhóis repetiram nas colônias americanas o modelo de uma sociedade extremamente estratificada. Os estratos sociais, isto é, os grupos que compunham a sociedade, podem ser divididos em quatro. Os chapetones eram espanhóis e tinham o privilégio de ocupar os altos postos da burocracia estatal e eclesiástica na América; os crioulos eram grandes proprietários e comerciantes nascidos na América, que participavam dos governos das suas localidades. Outro grupo, mais numeroso e que não desfrutava das mesmas regalias e privilégios que os chapetones e crioulos, compunha-se de mestiços, fruto de relações interétnicas entre espanhóis e nativos. Por fim, espalhados por todo o território e sujeitos aos mandos e desmandos das elites dominantes, estavam os africanos trazidos para as Américas e os indígenas.

É fácil estabelecer relação entre a desigualdade social que se instalou nas Américas e a colonização espanhola com mentalidade europeia no contexto histórico do Antigo Regime. A hierarquização e sua consequente estratifica-ção da sociedade eram vistas como algo natural, pois acreditava-se que a origem da pessoa marcava, ou não, sua importância na sociedade.

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i b imetais que, basicamente, metais que, basicamente,resumem a sociedaderesumem a sociedadecolonial espanholacolonial espanhola

SCHWARTZ, Stuart; LOCKHART, James. A América Latina na época colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 96.

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Leia, a seguir, fragmentos de textos sobre a relação entre os europeus e os nativos durante a colonização.

Texto 1A comunicação entre índios e espanhóis era praticamente impossível no início, pois não só as línguas

eram estranhas, como o universo cultural de ambos os lados era muito diferente. A solução encontrada pelos conquistadores foi a guerra e a dominação dos índios (nome dado por Colombo aos povos americanos).

A vida das tribos e civilizações indígenas da América foi completamente transformada com a chegada dos conquistadores espanhóis. A superioridade tecnológica dos europeus aterrorizou a todos: o barulho ensurdecedor das armas, o cheiro insuportável da pólvora e os “monstros de quatro patas” (o cavalo, animal desconhecido pelos povos da América) causaram grande alvoroço e pavor.

Junte-se a isso a falta de respeito às tradições locais, a facilidade em mentir sobre seus reais interesses, uma bagagem histórica de guerras, o fanatismo religioso cristão e a intolerância e teremos alguns aspec-tos que nos ajudam a compreender como poucas centenas de europeus conseguiram vencer e explorar milhares de índios.

TURCI, Érica. América: colonização espanhola – dos adelantados aos vice-reinos da Nova Espanha e do Peru. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/historia/america-colonizacao-espanhola-dos-iadelantadosi-aos-vice-reinos-da-nova-espanha-e-do--peru.jhtm>. Acesso em: 21 abr. 2011.

Texto 2A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi unicamente não terem outra

finalidade última senão o ouro, para enriquecer em pouco tempo, subindo de um salto a posições que absolutamente não convinham a suas pessoas. Enfim não foi senão a sua avareza que causou a perda desses povos e quando os índios acreditaram encontrar algum acolhimento favorável a esses bárbaros, viram-se tratados pior que os animais e como se fossem menos ainda que o excremento das ruas; e assim morreram sem fé e sem sacramentos, tantos milhões de pessoas.

LAS CASAS, Frei Bartolomé de. O paraíso destruído: a sangrenta história da conquista da América Espanhola. Porto Alegre: L&PM, 2007. p. 29.

Texto 3[...] Assim não pense ninguém que foram tirados o poder, os bens e a liberdade [dos indígenas]: e sim

que Deus lhes concedeu a graça de pertencerem aos espanhóis, que os tornaram cristãos e que os tratam e os consideram exatamente como digo. Deram-lhes animais de carga para que não façam trabalho pesado; e lã para que se vistam, não por necessidade, mas por honestidade, se quiserem. E carne para que comam, pois lhes faltava. Ensinaram-lhes o uso do ferro e da candeia, o que lhes melhorou a vida. Deram-lhes moedas para que saibam o que compram e vendem, o que devem e o que possuem. Ensinaram-lhes latim

Em síntese, a sociedade da América espanhola rapidamente descobriu metais preciosos, apropriou-se e desagregou as populações indígenas, montando uma colonização baseada na exploração dos recursos naturais, sem muitas preocupações em desenvolver a sociedade local.

No período final do século XVIII e no início do XIX, as ideias iluministas (que defendiam a liberdade e a igualdade), nascidas na Europa, disseminaram-se pelas Américas, favorecendo outro processo de mudanças históricas. Tais mudanças também foram favorecidas pelo contexto político europeu, carac-terizado pelas expansões napoleônicas e pela invasão francesa da Espanha. Livres do rígido controle metropolitano, as colônias espanholas trilharam um controvertido processo de emancipação política, sem muitas mudanças para a sociedade.

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HISTÓRIA

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e ciências, que valem mais do que toda a prata e todo o ouro que eles tomaram. Porque com conheci-mentos são verdeiramente homens, e da prata nem todos tiravam muito proveito [...].

GÓMARA, Francisco López de. Historia general de las Indias. In: KOSHIBA, Luiz; PEREIRA, Denise Manzi Frayze. Amé-ricas: uma introdução histórica. São Paulo: Atual, 1992. p. 29.

Analise os dados relacionados com o processo de colonização e exploração do território americano pelos espanhóis.

Mortandade de nativos na

região do atual México

(números estimados)

1519 25 milhões de nativos

1569 2 700 000 nativos

1619 750 000 nativos

MARKS, Robert B. Los orígenes del mundo moderno: una nueva visión. Barcelona: Crítica, 2007. p. 116.

Quantidade de trabalhadores

mortos nas minas do Potosí

(números estimados)

1545-1845

8 milhões de mortos

(7 em cada 10 traba-

lhadores)MARKS, Robert B. Los orígenes del mundo moderno: una nueva visión. Barcelona: Crítica, 2007. p. 118.

Quantidade de metais preciosos

explorados nas minas de Potosí

(números estimados)

Período Prata Ouro

1545-184514 mil

toneladas

160

toneladasFonte: MARKS, Robert B. Los orígenes del mundo moderno: una nueva visión. Barcelona: Crítica, 2007. p. 118.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.

a) É possível afirmar que a ação colonizadora espanhola na região do atual México pouco influenciou o modo de vida das populações nativas.

b) Apesar do elevado índice de mortandade ocorrido na região do atual México, não há qualquer evidência que atribua a responsabilidade pelas mortes aos espanhóis.

c) A relação de 7 mortos para cada 10 trabalhadores nas minas do Potosí pode ser justificada pelos altos lucros obtidos. Tal justificativa continua sendo adotada em vários setores de produção industrial.

d) Pode-se considerar que, durante a colonização e exploração da América pelos espanhóis, os lucros obtidos não refletiam qualquer tipo de preocupação em assegurar qualidade de vida aos nativos.

Com base na leitura dos fragmentos dos textos, faça o que se pede.

a) Estabeleça uma relação entre os três documentos, procurando identificar similaridades e diferenças nas informações apresentadas por autor.

b) É possível afirmar que um dos documentos apresenta o relato mais verídico ou mais completo do que os outros? Justifique a resposta.

48 História Moderna

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Ação colonizadora inglesa

O primeiro impulso da Inglaterra em prol da colonização do Novo Mundo ocorreu em 1587,

com a fundação do território da Virgínia, por Sir Walter Raleight, a partir da concessão da rainha Elizabeth I. Segundo o historiador Leandro Karnal, esse projeto era muito semelhante ao ibérico no mesmo período, mas uma série de fatores – ataques indígenas, doenças e fome – fizeram-no fracassar.

Durante o século XVII, a Inglaterra passou por um processo político que resultou no estabe-lecimento de uma monarquia parlamentar e na ascensão política da burguesia, o que limitou os poderes da Coroa, atrasando, assim, a política expansionista e criando condições específicas para a ocupação da América.

O povoamento das colônias é retomado com a iniciativa privada de companhias de colonização, cujos esforços estavam voltados para atrair a imigração de pequenos proprietários, empobrecidos na Inglaterra, que viam na emigração a possibilidade de enriquecimento e liberdade. As transfor-mações econômicas pelas quais passava a Metrópole promoveram o aumento da produção, que deixou de ser apenas de subsistência, passando a ser destinada, também, ao mercado externo. Além desses fatores, questões religiosas desencadeadas pela reforma protestante criaram um clima propício à imigração de uma população cujo objetivo era, efetivamente, o de se estabelecer nas colônias e construir uma nova sociedade.

A população imigrante era, na sua maioria, formada por homens sem recursos que não encon-travam condições de serem inseridos como mão de obra, em virtude da pressão provocada pelo aumento demográfico na Metrópole. Havia também órfãos e mulheres que, em razão de suas condições precárias, eram transportados para as colônias. No entanto, muitas dessas pessoas não dispunham de recursos para o pagamento de uma viagem oceânica. Por esse motivo, surgiu na colônia uma forma de servidão temporária, na qual o imigrante era obrigado a pagar as des-pesas de sua passagem na forma de trabalho. Além dessa população despossuída, foram para as colônias os peregrinos, que eram refugiados religiosos perseguidos na Metrópole e viriam a se tornar, segundo a historiografia mais tradicional, os fundadores da nação americana.

As diferenças geográficas também influenciaram a sociedade estabelecida. O Sul, com con-dições adequadas para o ingresso imediato do imigrante na lógica do sistema colonial, teve um desenvolvimento semelhante ao do Brasil e da América hispânica, com a implantação de grandes propriedades agrícolas voltadas para a exportação de produtos tropicais, que tinham por base a exploração do trabalho escravo.

O Norte, cujas características físicas não permitiam a exploração da terra em grande escala, voltou-se para produção destinada ao mercado interno, fazendo uso, para tanto, de mão de obra livre e assalariada. Esse processo permitiu o surgimento de uma burguesia que se forma com base na expansão do mercado local.

O funciona-

mento do

comércio

triangular

@HIS1937

HISTÓRIA

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Uma peculiaridade do processo de colonização inglesa nas Américas foi o desenvolvimento de um elaborado sistema comercial, comumente denominado de comércio triangular. A grande diferença entre esse sistema, e os demais procedimentos comerciais, adotados no continente americano pelas metrópoles europeias foi a relativa liberdade comercial desfrutada pelos comerciantes das colônias inglesas. Apesar dos limites existentes nas leis coloniais, os comerciantes “seguiam mais a lei da oferta e da procura do que as leis do Parlamento de Londres”, como salienta o historiador Leandro Karnal.

O triângulo comercial envolvia as colônias inglesas e regiões das Antilhas e da África. Entre os produtos comercializados havia pescados, madeira, cana, açúcar, melado, rum, tabaco, manufaturados e escravos.

O comércio triangular pode ser descrito, simplificadamente, como a compra de cana e melado das Antilhas, que seriam transformados em rum. A bebida obtinha fáceis mercados na África, para onde era levada por navios da Nova Inglaterra e trocada, usualmente, por escravos. Esses escravos eram levados para serem vendidos nas fazendas das Antilhas ou nas colônias do sul. Após a venda, os navios voltavam para a Nova Inglaterra com mais melado e cana para produção de rum. Era uma atividade altamente lucrativa, entre outros motivos por garantir que o navio sempre estivesse carregado de produtos para vender em outro lugar.

KARNAL, Leandro (Org.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. p. 56-57.

De acordo com as informações presentes no texto, complete as legendas do mapa que se encontra no material de apoio, página 59.

Pesquise de que forma a relativa autonomia dada pela Inglaterra às colônias americanas contribuiu para o desenvolvimento da economia e da formação de uma sociedade diferente, em parte, daquela implantada nas colônias ibéricas.

1. Inseridas no contexto do mercantilismo, as colô-nias deveriam ser fonte de sustentação econômi-ca para a Metrópole. Explique como esse proces-so ocorreu nas Américas.

2. Sobre a colonização na América espanhola é cor-reto afirmar: I. A descoberta de metais preciosos tornou a co-

lonização da América bastante lucrativa para a metrópole, dentro da lógica do mercantilismo.

II. A aceitação dos povos indígenas à catequi-zação realizada pela Igreja Católica nas co-lônias favoreceu o bom relacionamento com os nativos.

III. A influência das ideias iluministas contribuiu com o processo de independência das colônias.

a) Estão corretas as alternativas I e II.b) Estão corretas as alternativas II e III.c) Está correta apenas a alternativa I.

d) Todas as alternativas estão corretas. e) Estão corretas as alternativas I e III.

3. Sobre a União Ibérica, faça a somatória das alter-nativas corretas: (01) O período que o Brasil foi governado pelos

espanhóis se estendeu por 60 anos. (02) A Holanda, inimiga da Espanha, aproveitou

o contexto para invadir o território brasileiro.(04) Nenhuma reforma legislativa ocorreu nesse

período na administração portuguesa.(08) A nobreza foi a maior favorecida com os lu-

cros do comércio desse período. (16) Com o fim da União Ibérica, o Brasil se fir-

mou como a mais importante Colônia por-tuguesa.

4. Comente sobre as principais características da co-lonização inglesa na América do Norte.

História Moderna50

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Material de apoio

HOLBEIN, Hans. Os embaixadores. 1533. 1 óleo sobre tela, color., 207 cm x 210 cm. National Gallery, Londres.

Ensino Médio | Modular 51

HISTÓRIA

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Material de apoio

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 223. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 223.

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Material de apoio

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 223. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 223. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 223. Detalhe.

Ensino Médio | Modular 53

HISTÓRIA

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Material de apoio

BRY, Theodore de. América (1590-1634). Madrid: Ediciones Siruela, 2003. p. 223. Detalhe.

BRY, Theodore de. América (1590- -1634). Madrid:

Ediciones Siruela, 2003. p. 223. Detalhe.

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Os triângulos comerciais

Fonte: KARNAL, Leando (Org.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. p. 56-57. Adaptação.

Material de apoio

Escravizados trabalhando na extração Escravizados trabalhando na extraçãode pedras e metais preciosos sob os de pedras e metais preciosos sob osolo hares atentos dos feitoresolhares atentos dos feitores

JULIÃO, Carlos. Extração de diamantes. 1776. 1 aquarela colorida, 35 cm x 45,5 cm. Fundação Biblioteca Nacional/DRD/Divisão de Iconografia, Rio de Janeiro.

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HISTÓRIA

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Anotações