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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial História do Brasil III

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Page 1: SPE ER15 MDEM12 HIS ALprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/HISTORIA/... · Regime militar 48 Milagre econômico 50 Cultura e contracultura 53 Unidade 5: Brasil: Nova República

APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

História do Brasil III

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PROJETO GRÁFICO:EDITORAÇÃO:

CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

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Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyAndréa Maria Carneiro Lobo / Lysvania Villela CordeiroCamila Castro de SouzaLysvania Villela CordeiroAndré Maurício Corrêa / Paulo Cezar Migliozzi Paiva / Shirlei França dos SantosTatiane Esmanhotto KaminskiVictor Oliveira PuchalskiAngela Giseli de SouzaLuciano Daniel Tulio / Talita Kathy BoraDKO Estúdio / José Luis JuhasO

2 Comunicação

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Neste livro, você encontra ícones com códigos de acesso aos conteúdos digitais. Veja o exemplo:

Acesse o Portal e digite o código na Pesquisa Escolar.

@HIS1246Estandarte de Ur: a

guerra entre os povos

da Mesopotâmia

@HIS1246

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

L799 Lobo, Andréa Maria Carneiro.

Ensino médio : modular : história : história do Brasil III / Andréa Maria Carneiro Lobo, Lysvania Villela Cordeiro ; ilustrações DKO Estúdio, José Luís Juhas. – Curitiba : Positivo, 2013.

: il.

ISBN 978-85-385-7512-2 (livro do aluno)

ISBN 978-85-385-7513-9 (livro do professor

1. História. 2. Ensino médio – Currículos. I. Cordeiro, Lysvania Villela. II. DKO Estúdio. III. Juhas, José Luís. IV. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: República no Brasil

República dos Marechais (1889-1894) 5

República do café com leite 8

Movimentos sociais da Primeira República 10

Unidade 2: Brasil: Era Vargas

As eleições de 1930 e o processo revolucionário 17

Governo Provisório (1930-1934) 19

Governo constitucional (1934-1937) 23

Governo ditatorial (1937-1945) 25

Cultura e sociedade nos anos de 1930 a 1940 26

Unidade 3: Brasil nos anos de 1940 a 1950

Dutra: contradição interna e abertura externa 31

O retorno de Getúlio Vargas 32

Juscelino Kubitschek e o Nacional Desenvolvimentismo 35

Cultura e sociedade 39

Unidade 4: O Brasil nos anos de 1960 a 1980

Jânio Quadros e João Goulart: a crise do populismo 43

Regime militar 48

Milagre econômico 50

Cultura e contracultura 53

Unidade 5: Brasil: Nova República

Abertura política 58

Eleição de Tancredo Neves 61

Neoliberalismo no Brasil 66

Cultura e sociedade no Brasil dos anos 1980 e 1990 68

Unidade 6: O Brasil nos anos de 1990

Crescimento econômico x desigualdade social 71

A questão da violência 75

Cultura e sociedade 76

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Neste módulo, estudaremos desde os primeiros tempos da República

no Brasil, período conhecido como República Velha, até os dias atuais,

com a Nova República. Antes, porém, vamos relembrar algumas questões

relacionadas ao movimento que culminou com a instituição do regime

republicano?

República no Brasil 1

História do Brasil III4

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Entre os elementos que diferenciam uma república de uma monarquia do tipo tradicional ou de um governo despótico, está a extensão da participação política para a maioria da população, garantida, em tese, por uma Constituição, elaborada por seus representantes, reunidos em Assembleia.

No Brasil, logo após a deflagração do movimento republicano, uma Assembleia Constituin-te foi formada e a primeira constituição promulgada, no ano de 1891. No entanto, isso não garantiu participação política para a maioria: os segmentos que não poderiam votar nem ser eleitos compunham uma parcela considerável da população brasileira e estavam excluídos da República. Logo, a “coisa pública” não era tão pública assim...

Analise com atenção os documentos a seguir:

Após a análise dos documentos, responda em seu caderno:

1. Pesquise no dicionário o significado da expressão “bestializado”.

2. Em sua opinião, o que representa a constatação de Aristides Lobo, citada pelo historiador José Murilo de Carvalho?

3. A palavra “república” é de origem latina e significa “coisa pública”. Analise a representação do artista Benedito Calixto sobre o modo como nossa República foi proclamada. Segundo essa visão, a República foi fruto de um movimento realmente vindo do público? Justifique sua resposta.

Em frase que se tornou famosa, Aristides Lobo, o propagandista da República, manifestou seu desa-pontamento com a maneira pela qual foi proclamado o novo regime. Segundo ele, o povo, que pelo ideá-rio republicano deveria ter sido o protagonista dos acontecimentos, assistira a tudo bestializado, sem compreender o que se passava, julgando ver talvez uma parada militar.CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 9.

CALIXTO, Benedito. A Proclamação da República. 1893. 1 óleo sobre tela, color., 123,5 cm x 198,5 cm. Acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo.

República dos Marechais (1889-1894)

Ensino Médio | Modular 5

HISTÓRIA

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Leia um fragmento da nossa primeira Constituição:Art. 70 – São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.

§ 1º. – Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos Estados: 1º. os mendigos; 2º. os analfabetos; 3º. as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino superior; 4º. os religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações ou comunidades de qualquer denomi-nação, sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto que importe a renúncia da liberdade individual. § 2º. – São inelegíveis os cidadãos não alistáveis. [...] BRASIL. Casa Civil. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, 24 fev. 1891. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao91.htm>. Acesso em: 19 jan. 2012.

Em que sentido as disposições constitucionais mencionadas no fragmento contrariavam a ideia de um governo como “coisa pública”?

Ainda nos primeiros tempos da recém-instalada República, as relações entre o Legislativo (Congresso Nacional) e o Executivo (Presidência) tornaram-se tensas, conforme relata o texto a seguir:

[...] Deodoro havia convocado eleições, reunindo a Assembleia que o elegera presidente da República, mas que não se lhe submete. E a 3 de novembro o voluntarioso comandante dissolve o Congresso, institui “estado de sítio”, provocando um manifesto de protesto, redigido por Campos Sales e tendo como primeiro signatário Prudente de Morais. Sua publicação no Cor-reio Paulistano é impedida pela Polícia, sendo então divulgado em boletins clandestinos. [...]SILVA, Hélio. Governo Deodoro e Floriano. In: _____. O primeiro século da República. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987. p. 24.

Estado de sítio é um estado de exceção

decretado em casos extremos (guerras e revoluções), em que o governo considera

a segurança nacional ameaçada. Nesse

caso, os direitos dos cidadãos são temporariamente

suspensos e os poderes do Legislativo

e do Judiciário ficam submetidos ao

Executivo, que governa com plenos poderes. Crise do encilhamento

A posição autoritária e intransigente de Deodoro provocou a oposição de parlamentares ligados aos grandes produtores de café e do alto comando da marinha, que se rebelou contra o governo. Ainda durante seu mandato, houve uma grave crise econômica, conhecida como crise do encilhamento.

Na tentativa de estimular o crescimento industrial, o ministro da Fazenda Rui Barbosa tomou uma medida extrema. Para acalmar os ânimos dos cafeicultores – que precisavam de dinheiro para pagar seus trabalhadores, visto que a escravidão havia acabado – autorizou em 75% o aumento da emissão de papel-moeda.

O resultado foi uma enxurrada de dinheiro sem lastro na economia, o que motivou a especulação na Bolsa de Valores. Empresários – reais e “fantasmas” –, cafeicultores e profissionais liberais emprestavam dinheiro dos bancos e investiam na Bolsa de Valores, considerada uma forma rápida e fácil de enriquecimento.

De toda essa situação, resultou a designação “crise do encilhamento”: o barulho e a agitação que caracterizavam a euforia dos especuladores na Bolsa de Valores assemelhavam-se à agitação nos preparativos para o encilhamento de cavalos de corridas.

Bolsa de Valores é uma instituição

financeira onde se pode comprar e/ou vender

ações de empresas de capital aberto (S.A.). Os interessados em

operar na bolsa só podem fazê-lo por meio

de uma corretora, que deve possuir um título

da referida bolsa.

História do Brasil III6

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A foto mostra o estado em que ficou parte da cidade do Rio de Janeiro após

um bombardeio durante a Revolta da Armada

Charge do fim do século XIX, que satiriza a corrida dos investidores à Bolsa de Valores durante a crise do encilhamento

Febre do encilhamento. Caricatura de Pereira Neto. Revista Ilustrada, n. 595, julho 1890.

Empresas faliram e muitos trabalhadores ficaram sem emprego. Profissionais liberais e fazendeiros se endivida-ram, e um aumento generalizado de preços tomou conta da capital, Rio de Janeiro, e de outros centros urbanos do país. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, nos primeiros cinco anos da República, enquanto os salários subiram, em média, 100%, os preços subiram 300%!

Problemas políticos e a crise econômica tornaram o go-verno de Deodoro indesejável para aqueles que o tinham apoiado. Em 1891, Deodoro renunciou em nome de seu vice, o Marechal Floriano Peixoto. Este terminou o mandato de Deodoro e governou até 1894.

Em 1893, a marinha, sob a liderança do Almirante Cus-tódio de Melo e de Saldanha da Gama, rebelou-se contra o governo em um episódio que ficou conhecido como a Revolta da Armada. Durante o episódio, os revoltosos chegaram a bombardear a cidade do Rio de Janeiro, a qual mantiveram sob a mira de canhões por vários dias.

Os líderes da revolta não conseguiram angariar apoio en-tre outros setores da política e das forças armadas da capital: após sofrerem dura repressão do Exército (que continuou fiel a Floriano), buscaram, em vão, alianças em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Floriano chegou a adquirir navios estrangeiros para coibir os rebeldes, que foram finalmente dominados em 1894.

Revolução FederalistaDurante o governo de Floriano Peixoto, em 1893, no Rio

Grande do Sul, lideranças regionais adeptas ao parlamen-tarismo e ao federalismo – forma de governo em que os Estados teriam mais autonomia diante do governo central – insurgiram-se contra o governador Julio de Castilhos – que apoiava o centralismo do presidente Floriano – originando a Revolução Federalista.

Grupo de federalistas (também conhecidos como maragatos), com o líder do movimento – Gumercindo Saraiva – ao centro

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HISTÓRIA

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STORNI. [Sem título]. Careta, Rio de Janeiro, 1925.

República do café com leite

O período da Primeira República, que teve início com a Presidência de Prudente de Morais, foi caracterizado como República do café com leite.

Você achou estranho? Nós explicamos: é que nessa época – entre 1894 e 1930 – a aliança política entre o estado de São Paulo – grande produtor de café – e o estado de Minas Gerais – que se destacava na produção de leite – determinou os rumos da sucessão presidencial.

Essa aliança possibilitava que, a cada eleição presidencial, mineiros e paulistas se alternassem no poder.

De 1894 até 1930, os dois estados elegeram 8 dos 13 presidentes da República.

Em equipe, pesquise o mandato de um dos presidentes da República Oligárquica – o período em que governou, o estado de sua procedência e as principais características de seu governo – e organize os dados de sua pesquisa no caderno.

Charge das primeiras décadas do século XX satirizando a alternância entre políticos mineiros e paulistas na

presidência da República do Brasil

Política dos Governadores e coronelismo

Após dois anos de intensos combates e mais de 12 mil mortos, o primeiro presidente civil da República, Prudente de Morais, conseguiu estabelecer um acordo com os rebelados, oferecendo-lhes anistia.

A partir de 1894, encerrava-se essa primeira fase da Primeira República – também conhecida como República da Espada – e iniciava-se um período marcado pela dominação das oligarquias regionais na política brasileira.

O primeiro presidente civil foi o paulista Prudente de Morais, eleito em um contexto de grave crise política, caracterizado pela oposição entre os representantes das oligarquias cafeeiras paulistas e os partidários de Floriano, chamados florianistas.

Com o apoio dos grandes cafeicultores paulistas, após sofrer uma tentativa de atentado, Prudente de Morais instituiu estado de sítio, centralizando as decisões no Poder Executivo e eliminando a oposição representada pelos florianistas. Sob seu mandato, o país atravessou uma grave crise econômica, mas os interesses das oligarquias que o apoiaram, vindas, sobretudo, do setor cafeeiro paulista, foram mantidos. Tinha início a República Oligárquica.

O padrão político definido por Prudente de Morais, e que vigorou durante toda a Primeira República, foi denominado Po-lítica dos Governadores.

Segundo essa política, em troca do apoio oferecido pelo governo federal às oligarquias, as bancadas estaduais, eleitas por meio do mandonismo local exercido sobre a população pelos coronéis, deveriam concordar com o Executivo no Congresso.

A palavra “oligarquia” é de origem grega e significa “governo de poucos”. Aplica-se à dinâmica política da Primeira República no Brasil, pois, no período, apenas representantes políticos de dois estados (São Paulo e Minas Gerais) e, por vezes, do Rio de Janeiro, costu-mavam chegar à presidência da República.

História do Brasil III8

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Para garantir que tudo saísse conforme os interesses das lideranças regionais e nacionais, o voto era aberto e as eleições fraudadas: nas listas de eleitores, constavam, por exemplo, nomes de pessoas já falecidas ou que nunca existiram. Especialmente nas regiões rurais, os eleitores se sentiam obrigados a votar em quem os coronéis determina-vam, ou porque dependiam destes para sua sobrevivência ou porque eram obrigados pelos jagunços a fazê-lo. Era o chamado voto do cabresto.

Após o processo eleitoral, os candidatos eleitos tinham seu mandato reconhecido pelo Legislativo, e não pelo Ju-diciário, como é atualmente. Dessa forma, os candidatos da oposição, que, por ventura, conseguiam se eleger, eram impedidos pelo Congresso Nacional (de maioria governista) de serem empossados. Era a chamada "degola".

Fraudes

eleitorais na

História do

Brasil

@HIS1910

Leia com atenção estas charges, da época da Primeira República:

De acordo com os documentos, responda em seu caderno:

1. Qual é a situação denunciada? Como o conteúdo desses documentos se relaciona com o contexto político e eleitoral da chamada República Velha?

2. Aponte mudanças e permanências no processo eleitoral brasileiro, comparando o formato atual com o que existia na Primeira República.

YANTOK. As próximas eleições. Revista D. Quixote, 20 fev. 1918.

Charge da época da República Velha satirizando um aspecto das fraudes nas eleições: o fato de pessoas já falecidas constarem na lista de eleitores

Na charge do gaúcho Alfredo Storni, de 1927, uma crítica ao voto do cabresto

Produza uma charge retratando algum aspecto do nosso processo eleitoral atual que, de alguma forma, represente uma permanência do processo eleitoral da República Velha.

STORNI, Alfredo. Revista Careta, ano 20, n. 974, 19 fev. 1927.

Ensino Médio | Modular 9

HISTÓRIA

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Messiânico é o tipo de

movimentação religiosa

caracterizada pela crença no retorno

ou na vinda de um messias, um enviado de Deus

que vem com a missão de libertar

um povo (que se considera escolhido) de uma situação de

opressão.

Enquanto o destino da política brasileira era decidido pelas oligarquias estaduais aliadas ao governo central, a maioria da população passava por sérias dificuldades. Não havia assistência do governo com relação à saúde, à educação nem acesso a programas sociais que pudessem auxiliar o povo em momentos de crise econômica.

Mas os brasileiros não permaneceram “bestializados” diante de tal situação. Várias foram as mo-vimentações populares, nas regiões rurais e urbanas, que agitaram o cenário nacional nos primeiros 30 anos de República.

Movimentos sociais ruraisEntre os movimentos rurais, alguns tinham um caráter messiânico, como as movimentações

religiosas de Canudos, no Nordeste, e do Contestado, no Sul. Outros foram marcados pelo bandi-tismo social e pela violência, como o Cangaço, também no Nordeste. Vale citar a extrema influência que líderes religiosos locais, excluídos pelo catolicismo oficial, exerciam sobre inúmeros fiéis pobres e abandonados pelo poder público. Entre esses líderes, o padre Cícero Romão Batista, no Ceará, teve grande destaque.

Movimentos sociais da Primeira República

Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 45. Adaptação.

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Movimentos sociais rurais

História do Brasil III10

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Veja, a seguir, alguns dos principais movimentos rurais ocorridos no período:

Cangaço – Região Nordeste – Sergipe Cangaceiro era a designação dada a grupos de bandoleiros

que atuavam nos sertões de regiões como Ceará, Sergipe e Bahia. Temidos pela população e procurados pelas autoridades

policiais, eles sobreviviam dos crimes que praticavam. Algumas vezes chegavam a distribuir parte do que saqueavam, o que dá ao

movimento um caráter de banditismo social.O bando de cangaceiros mais famoso foi o liderado por Virgulino Ferreira

da Silva, o “Lampião”. Ele e seu bando se tornaram os bandidos mais procurados do Nordeste. O governo baiano chegou a oferecer altas recompensas pela sua captura. Em 28 de julho de 1938, na fazenda

Angico, no Sergipe, Lampião sofreu uma emboscada e foi decapitado.

Lampião com sua companheira, Maria Bonita, em uma foto do início da década de 1930

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Canudos (1893-1897) – Bahia

Liderados pelo beato Antônio Conselheiro, milhares de sertanejos fundaram no interior da Bahia (Arraial de Canudos) a comunidade religiosa “Império do Belo Monte”. Compunham uma congregação religiosa que aboliu a propriedade privada e se recusava a pagar impostos. Após duas investidas em 1896, uma com 600 homens e outra com 1 500, as tropas do governo foram vencidas pelos sertanejos, armados, principalmente, com paus e pedras. Somente em 1897, com um contingente de 6 000 soldados fortemente armados, a comunidade de Canudos foi derrotada. Centenas de sertanejos foram mortos e mulheres e crianças feitos prisioneiros. Era o fim de Belo Monte.

Na foto de Flávio Barros, de 1897, 400 membros da comunidade de Canudos foram presos após o confronto final. Em sua maioria, mulher e crianças doentes e desnutridas

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Padre Cícero: O Beato de Juazeiro – Ceará (1889-1934) Cícero Romão Batista, conhecido como Padre Cícero, atraiu multidões de todas as partes do Ceará para sua igreja, em Juazeiro. Os fiéis afirmavam que, durante suas missas, ocorriam milagres: hóstias consagradas se tornavam sangue durante a comunhão. A popularidade de Padre Cícero e suas práticas nada ortodoxas incomodaram as autoridades religiosas, que acabaram por expulsá-lo da sua ordem, proibindo-o de realizar cerimônias religiosas. A popularidade de Padre Cícero, entretanto, só aumentou. Ele assumiu os cargos de prefeito de Juazeiro e vice-governador do Ceará.

O padre Cícero Romão Batista em foto de meados do século XX

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Contestado – Paraná/Santa Catarina (1911-1915)Movimento messiânico ocorrido no Sul do Brasil, na região

conhecida como Contestado, em torno das pregações do monge José Maria, no início do século XX. O movimento recebeu esta

denominação devido às disputas territoriais entre Paraná e Santa Catarina. Na região, estabeleceram-se trabalhadores

rurais expulsos de suas terras em virtude da instalação de uma madeireira e de uma ferrovia. Essas pessoas passaram a ser

alvo de ataques de milícias estaduais e de jagunços a serviço de coronéis locais.

A comunidade passou então a organizar uma resistência tendo como líder a figura de um beato que se identificava como José

Maria. Após vários confrontos, foram finalmente destruídos pelas tropas do governo em 1915.

JANSSON, Claro. Guerreiros do Contestado. Acervo pessoal do artista.

Sob o olhar do fotógrafo sueco Claro Jansson, os caboclos guerrilheiros do Contestado, na segunda década do século XX

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A Guerra do

Contestado

e seus

personagens

@HIS1912

A Guerra do

Contestado

em imagens

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Ensino Médio | Modular 11

HISTÓRIA

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Movimentos sociais urbanos

Enquanto nos sertões, multidões carentes de recursos e de atenção por parte dos seus represen-tantes políticos se deixavam levar pelas pregações de místicos locais ou sofriam com as atrocidades de cangaceiros e jagunços, nos grandes centros urbanos, a industrialização se desenvolvia e, com ela, a proletarização da população urbana.

As péssimas condições de trabalho e moradia estavam entre os fatores que ocasionaram duas das mais significativas movimentações urbanas ocorridas durante a Primeira República: a Revolta da Vacina e as greves promovidas pelos operários de São Paulo. Podemos ainda citar o Movimento Tenentista e a Semana de Arte Moderna como movimentos sociais urbanos.

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Fonte: ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 45. Adaptação.

Movimentos sociais urbanos

História do Brasil III12

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Revolta da Vacina – Rio de Janeiro (1904)A urbanização desordenada durante o final século XIX no Rio de Janeiro gerou a multiplicação dos cortiços. Em virtude das

péssimas condições de moradia, higiene e trabalho, doenças como varíola, cólera, diarreia e gripe, rapidamente se alastravam e preocupavam as autoridades.

A Diretoria Geral de Saúde Pública, sob a administração do jovem médico Osvaldo Cruz, colocou em prática a lei da vacinação obrigatória. A vacinação forçada, associada à demolição de cortiços, provocou a ira da população pobre do centro da cidade do Rio de Janeiro, num episódio que ficou conhecido como Revolta da Vacina (10 e 18 de novembro de 1904). Apesar das amotinações

e quebra-quebras, as reformas urbanas foram feitas, a população foi vacinada e duas das grandes endemias da capital – a febre amarela e a varíola – foram, temporariamente, controladas.

Aspecto do interior de um cortiço no Rio de Janeiro, em 1906. “Habitações” desse tipo se multiplicaram no centro de grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, entre o final do século XIX e início do século XX. As precárias condições de higiene de seus moradores preocupavam as autoridades: dali poderiam sair focos de doenças endêmicas, como a febre amarela

MALTA, A. Cortiço no Rio de Janeiro. c. século XX. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.

Movimento operário – Greve geral – São Paulo (1917)Ao longo de toda a Primeira República, circulavam jornais em prol da causa operária, incitando greves e paralisações. A

maior delas aconteceu em São Paulo, em julho de 1917. A greve geral de 1917 caracterizou-se pela paralisação do comércio e da indústria na cidade de São Paulo e em outras

regiões do Estado e do Brasil. Participaram cerca de 40 mil pessoas. Os grevistas reivindicavam a proibição do trabalho de menores de 14 anos, o direito de associação, o aumento de salários e a

jornada de 8 horas. Os empresários se comprometeram a analisar essas exigências e concederam aumento imediato de salário para

que os grevistas voltassem ao trabalho.

Operários em greve, no centro de São Paulo, em 1917. A greve geral, convocada por lideranças ligadas ao anarcossindicalismo, teve início

numa indústria têxtil em julho de 1917. O movimento se expandiu, congregando trabalhadores de diferentes categorias. O número de

adeptos chegou a 40 mil

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Semana de Arte Moderna – São Paulo (1922)Entre 13 e 17 de setembro de 1922, literatos, pintores, arquitetos, escultores e

intelectuais expuseram, ao público no Teatro Municipal de São Paulo, sua concepção de arte renovada. Era a Semana de Arte Moderna.

Os envolvidos no movimento artístico criticavam a mera absorção de valores europeus e defendiam a necessidade de se criar uma arte genuinamente brasileira.

Entre os participantes, destacou-se a presença de artistas plásticos, como Anita Malfatti e Di Cavalcanti, e de escritores, como Oswald de Andrade e Mário de Andrade.

MALFATTI, Anita. A estudante. 1916. 1 óleo sobre tela, 76 cm x 61 cm. Museu de Arte de São Paulo.

Movimento tenentista (1922-1926)No dia 5 de julho de 1922, jovens oficiais do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, deram início a uma rebelião. Isolados, foram

atacados por mar e terra por tropas do governo. Dezoito deles ousaram sair do Forte e enfrentar essas tropas. Só dois voltaram com vida: Eduardo Gomes e Siqueira Campos. O episódio, que ficou conhecido como Os Dezoito do Forte, deu início a um movimento maior, que entraria para a história com o nome de Tenentismo.

Os Dezoito do Forte denominação pela qual ficaram conhecidos os que enfrentaram as tropas federais

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Semana

de Arte

Moderna

de 1922

@HIS208

A Revolta

da Vacina

no Rio de

Janeiro, em

1904

@HIS221

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HISTÓRIA

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1. (UERJ)

J. Carlos. Osvaldo Cruz monumento histórico. 1971.

EXÉRCITO AUMENTA APOIO À CAMPANHA DE COMBATE AO DENGUE

Brasília. [...] atendendo a solicitação do Minis-tério da Saúde, o Comando Militar do Leste foi autorizado a aumentar o apoio dado aos agen-tes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que combatem a epidemia de dengue no Rio de Ja-neiro. O Exército apoia os agentes em transpor-te, alimentação e alojamento. Segundo a nota, é significativo o número de militares que partici-pam agora diretamente de ações que objetivam conter a epidemia de dengue.(J. CARLOS. In: LEMOS, Renato (Org.). Uma história do Brasil através da caricatura. Rio de Janeiro: Bom Texto, Letras e Expressões, 2001.) (Radiobrás, 19/02/02)

Tanto a legenda da charge quanto a notícia atual evidenciam aspectos da atuação do poder públi-co numa situação de combate a epidemias.

Comparando os dois contextos, essa atuação e essa intervenção no combate à epidemia podem

ser caracterizadas, respectivamente, pelos seguin-tes traços:

a) maior eficácia nas áreas rurais e menos habi-tadas – permanência e predomínio da iniciati-va privada.

b) ação ampla em bairros periféricos e menos atingidos – responsabilidade das instituições beneficentes.

c) maior competência em áreas privilegiadas e menos afetadas – descentralização por insti-tuições municipais.

d) autoritarismo sobre a população carente e menos esclarecida – integração e aparato téc-nico de instituições federais.

2. (UFC-CE)

“Morte à gordura! morte às adiposidades cerebrais! Morte ao burguês-mensal! ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! ‘– Ai, filha, que te darei pelos teus anos? – Um colar... – Conto e quinhentos!!!’ [(...)] Fora! Fu! Fora o bom burguês!...”

O trecho acima, transcrito do poema Pauliceia Des-vairada, de Mário de Andrade, foi recitado na Se-mana de Arte Moderna, realizada de 11 a 18 de fe-vereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Sobre esse movimento, é correto afirmar que:

a) teve como princípio uma arte baseada na es-tética romântica e realista.

b) tentou traduzir a cultura e os problemas na-cionais através da arte.

c) gerou uma valorização da arte europeia em detrimento da arte brasileira.

d) foi uma tentativa de renovar as manifestações artísticas no Brasil Império.

e) foi um grupo de poetas e escultores que rea-firmaram o parnasianismo no Brasil.

3. (UFC-CE)

“A travessia para o Juazeiro fez-se a marchas força-das, em quatro dias. E quando lá chegou o bando dos expedicionários, fardas em trapos, feridos, es-tropiados, combalidos, davam a imagem da derro-

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ta. Parecia que lhes vinham em cima, nos rastros, os jagunços. A população alarmou-se, reatando o êxodo. Ficaram de fogos acesos na estação da via férrea todas as locomotivas. Arregimentaram-se todos os habitantes válidos dispostos ao combate. E as linhas do telégrafo transmitiram ao país intei-ro o prelúdio da guerra sertaneja.”

O trecho acima é parte do livro de Euclides da Cunha que teve sua primeira edição em 1902 e relata o cotidiano de um conflito ocorrido nos primeiros anos da República. O livro de Euclides e o conflito ao qual se refere são respectiva-mente:

a) Inferno Verde, Caldeirão.

b) Inferno Verde, Cabanagem.

c) Os Sertões, Canudos.

d) Os Sertões, Caldeirão.

e) A guerra do fim do mundo, Contestado.

4. (UFSC) Na década de 1920, política, economia e cultura andaram muito próximas no Brasil e cada uma, a seu modo, propunha mudanças para o país.

Sobre este período, é correto afirmar que:

(01) a Semana de Arte Moderna, em 1922, procu-rou evidenciar uma arte com raízes brasilei-ras e de compromisso com a nacionalidade, tendo expoentes intelectuais como Mário de Andrade e Di Cavalcanti, entre outros.

(02) na política destacou-se o movimento tenen-tista, que procurava manter a ordem oligár-quica através de várias revoltas, apoiando militarmente a República Velha.

(04) o Cap. Luís Carlos Prestes organizou uma coluna de combatentes, que percorreu o in-terior do Brasil em uma longa marcha, pre-gando a destituição do governo golpista de Getúlio Vargas.

(08) a economia dependia basicamente da ex-portação do café. No entanto, o mercado internacional não absorvia a superprodução brasileira, quadro agravado com a quebra da Bolsa de Nova York, que paralisou o co-mércio, afetando profundamente a cafei-cultura nacional.

(16) foi notório o processo de industrialização e urbanização do Brasil, o que facilitou a for-mação de novos grupos sociais, tais como a burguesia industrial, a classe média urba-na e o operariado. Os capitais acumulados com a atividade cafeeira foram investidos no setor industrial, cujo marco significativo foi a criação do Centro das Indústrias do Es-tado de São Paulo.

Somatório: _____________

5. (ENEM) A serraria construía ramais ferroviários que aden-

travam as grandes matas, onde grandes locomo-tivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as compo-sições de trem, as toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente pas-savam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em meio às matas eram destruídos por este deslocamento.

MACHADO, P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp, 2004. (Adaptado).

No início do século XX, uma série de empreen-dimentos capitalistas chegou à região do meio- -oeste de Santa Catarina ferrovias, serrarias e projetos de colonização. Os impactos sociais gerados por esse processo estão na origem da chamada Guerra do Contestado. Entre tais im-pactos, encontrava-se:

a) a absorção dos trabalhadores rurais como trabalhadores da serraria, resultando em um processo de êxodo rural.

b) o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que diminuíam a necessida-de de mão de obra.

c) a desorganização da economia tradicional, que sustentava os posseiros e os trabalhado-res rurais da região.

d) a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que passavam a disputar o poder político com os novos agentes.

e) o crescimento dos conflitos entre os operá-rios empregados nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao capital inter-nacional.

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HISTÓRIA

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Brasil: Era Vargas2Nesta unidade, estudaremos a Era Vargas, período da história brasileira compreendido

entre os anos de 1930 e 1945 e que teve como característica principal a concentração do poder presidencial nas mãos do líder da Revolução de 1930, Getúlio Dorneles Vargas.

O movimento de 1930 e a ascensão política de Getúlio Vargas marcaram o fim da chamada Primeira República.

Sobre a Primeira República, responda às questões a seguir.

1. Por que São Paulo e Minas Gerais detinham o predomínio político durante esse período da história brasileira?

2. Observe a charge a seguir:

Cartaz de campanha eleitoral do Partido Democrático, década de 1920

Charge: tipo específico

de ilustração que, por meio da caricatura,

satiriza um ou mais

personagens relacionados a

acontecimentos econômicos,

políticos e sociais atuais,

promovendo um tipo de crítica

humorística.

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a) Qual era a vergonha com a qual o Partido Democrático desejava acabar?

b) De acordo com a política do café com leite, se Washington Luís foi eleito presidente em 1926, pelo Partido Republicano Paulista, ele deveria apoiar a candidatura de um candidato ligado a qual partido?

O ano de 1930 foi o último do mandato do presidente Washington Luís. Uma nova eleição presidencial ocorreria posteriormente. O Partido Republicano Paulista e o então presidente apoiaram a candidatura do paulista Júlio Prestes.

Esse apoio gerou divergências entre paulistas e mineiros e abriu espaço para a formação da Aliança Liberal, que reuniu políticos de oligarquias dissidentes e jovens oficiais descontentes com a República Oligárquica. Getúlio Vargas, político sul-rio-grandense, foi lançado como candidato à presidência pela Aliança Liberal.

Júlio Prestes venceu as eleições presidenciais ocorridas em 1o. de março de 1930 por uma pequena margem de votos. A Aliança Liberal alegou fraude no pleito. Para piorar a situação, o então presidente da Paraíba (o cargo equivalia ao de atual governador), João Pessoa, candidato à vice pelo partido de Getúlio Vargas, foi assassinado.

Sob a liderança civil de Getúlio Vargas e do Tenente Coronel Góes Monteiro, a Aliança Liberal comandou uma movimentação armada com o objetivo de depor Washington Luís. Após tomar vários Estados, os revoltosos marcharam para o Rio de Janeiro e, em 24 de outubro de 1930, Washington Luís foi deposto pela cúpula do Exército. Era o fim da república do café com leite e o início de um Governo Provisório exercido pelo então líder da Aliança Liberal: Getúlio Vargas.

As eleições de 1930 e o processo revolucionário

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HISTÓRIA

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Cartaz de Júlio Prestes, candidato à presidência nas eleições de 1930. O Cruzeiro de 1o. de março de 1930

Cartaz da Aliança Liberal, lançando Getúlio Vargas como

candidato à presidência nas eleições de 1930. Revista

da Semana de 16 de novembro de 1929

Revolucionários marchando pela Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, em outubro de 1930

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Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930 e anunciou que a “Revolução não reconhecia direitos adquiridos”. Entre suas primeiras medidas, Vargas destituiu o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais, depôs os governadores e nomeou interventores que ficariam no poder até a realização de eleições para a formação da Assembleia Nacional Constituinte.

Crise cafeeira Com a Crise de 1929 e a recessão mundial seguida a ela, o café, principal produto brasileiro de expor-

tação, que já vinha sofrendo sucessivas quedas de preço no mercado internacional, passou a valer quase nada. Além disso, 73% das safras nacionais eram compradas pelos Estados Unidos.

O primeiro grande desafio enfrentado por Getúlio Vargas foi contornar os efeitos dessa crise e promover a dinamização da economia.

Para solucionar a crise cafeeira, Vargas decretou a criação, em 1931, do Conselho Nacional do Café. Tal conselho determinou a compra do produto excedente e a queima de milhares de sacas com o objetivo de diminuir a quantidade e elevar o preço da saca.

Getúlio Vargas ainda estimulou a policultura e a industrialização.

Governo Provisório (1930-1934)

G

Analise com atenção a tabela a seguir.

Tabela 1 – Brasil – Taxas Médias Anuais de Crescimento da Economia 1920-1939

1920-29 (%) 1929-33 (%) 1933-39 (%)

Produção agrícola 4,0 2,5 1,6

Produção agrícola de exportação 7,5 3,7 1,1

Produção industrial 2,8 4,4 11,2

Produto físico 3,9 2,9 4,9

Fonte: VILLELA, Aníbal V.; SUZIGAN, Wilson. Política de governo e crescimento da economia brasileira: 1889-1945. 3. ed. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 2001. In: RIBEIRO, Maria Alice Rosa. Indústria farmacêutica na Era Vargas. v. 2, n.1, São Paulo, 2006. (Cadernos de História da Ciência)

F

Produto físico: em economia,

produto constitui o resultado final de um processo

de produção. Um bem material

é chamado de produto físico.

Interprete os dados da tabela, relacionando-os aos conteúdos já estudados e responda no caderno às questões a seguir.

1. Qual a situação da produção agrícola e da produção agrícola de exportação no Brasil entre 1920 e 1929?

2. Relacione os crescimentos apontados na resposta anterior com a política econômica da República Velha.

3. Que alterações se observam no setor produtivo agrícola entre os anos de 1929 e 1939?

4. Que fatores externos explicam esse quadro?

5. Houve alterações na produção industrial brasileira a partir de 1929?

6. Cite os fatores internos e externos que podem explicar esse quadro.

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HISTÓRIA

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São Paulo resistiu por três meses às tropas do governo federal, mas, sem o apoio de outros estados da Federação, o movimento constitucionalista foi vencido pelas tropas governistas. Dois anos depois, em 1934, a constituição era entregue à população brasileira.

A Revolução Paulista apressou a elaboração do Código Eleitoral. Publicado em 1932, esse código instituiu novas regras para as eleições no Brasil. Entre as suas deliberações estavam o estabelecimento do voto livre, secreto e direto, e o voto feminino.

Os paulistas desenvolveram até mesmo armas pesadas com o objetivo de vencer as tropas federais. Este tanque de guerra foi produzido pelos alunos da Escola Politécnica em 1932

Observe com atenção o documento a seguir.Após a análise da imagem, responda às questões abaixo.

1. Cite os elementos presentes no cartaz que são representativos do estado de São Paulo.

2. Explique a mensagem comunicada pelo documento.

Cartaz do Movimento Consti-tucionalista. São Paulo, 1932. Acervo da Assembleia Legisla-tiva do Estado de São Paulo

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do

Revolução ConstitucionalistaValendo-se de divulgação da imprensa – cartazes, jornais, emissoras de rádio –, o movimento atraiu

a participação popular para lutar contra o Governo Provisório e por maior autonomia para as unidades federativas. Ao todo, o exército dos patriotas ou constitucionalistas chegou a contar com 135 mil homens.

Em meados de 1932, Vargas ainda não havia cumprido sua principal promessa: a convocação de eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Os paulistas, descontentes com a nomeação de um interventor pernambucano e militar para o estado produtor de café, passaram a cobrar as eleições para a Assembleia. Como não foram atendidos, em 9 de julho de 1932, deram início à Revolução Constitucionalista.

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O voto femininoO direito ao voto feminino foi garantido pela Constituição de 1934. Foi uma conquista fruto de uma

longa luta de mulheres de várias partes do mundo.

Sobre a participação popular na política, responda às questões a seguir.

1. Procure o conceito de cidadania e anote o seu significado.

2. Estabeleça a relação entre o direito ao voto e o exercício da cidadania.

3. É possível um indivíduo exercer a sua cidadania mesmo que não tenha idade para votar? Justifique sua resposta.

Pesquise a respeito do sufrágio no Código Eleitoral vigente no Brasil, buscando resposta para os itens a seguir.

Data de aprovação do atual Código Eleitoral no Brasil.

As pessoas que têm direito ao voto no Brasil, segundo o atual Código Eleitoral.Anote suas conclusões em seu caderno.

A conquista

do voto pelas

mulheres

brasileiras

@HIS900

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HISTÓRIA

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As leis trabalhistas, entre elas, o estabelecimento da jornada de oito horas de trabalho, do descanso semanal remunerado, do salário mínimo e das férias remuneradas.

A criação da Justiça do Trabalho. A instituição do pluralismo sindical. A instituição da nacionalização das reservas de minas e de jazidas minerais, das quedas-d’água, das empresas

de seguros e dos bancos de depósito. A oficialização do casamento religioso.

Algumas das primeiras e principais leis trabalhistas do Brasil foram publicadas durante os vários anos em que Vargas esteve na Presidência da República. No entanto, muitas outras leis sobre o trabalho foram promulgadas, sobretudo desde a vigência da Constituição de 1988.

Observe as principais leis trabalhistas criadas desde 1988 dispostas na linha do tempo a seguir:

Após a análise, responda às questões:

1. Qual a importância de existirem leis trabalhistas no Brasil?

2. Qual a importância de tais leis estarem sendo constantemente discutidas e avaliadas no Brasil?

1990 1998 2000 2003

Lei n.º 9.601/1998: Dispõe sobre os contratos de trabalho por tempo determinado e regulamentou o banco de horas.

Lei n.º 8.036/1990:Lei do FGTS: dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),

são impenhoráveis e devem ser aplicados com fundos monetários e corrigidos.

Lei n.º 10.101/2000: Dispõe sobre a participação dos empregados nos lucros ou resultados das empresas em que trabalham.

Lei n.º 10.748/2003: Criou o Programa Primeiro Emprego.

Lei n.º 10.820/2003: Permitiu o desconto em folha de prestações de empréstimo.

A Constituição de 1934A nova Constituição, promulgada em 17 de julho de 1934, mantinha o regime presidencialista em seu

formato republicano e federativo e representava o anseio de um Brasil que se pretendia moderno e liberal.Veja, a seguir, algumas características expressas na Carta de 1934:

História do Brasil III22

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Ao longo dos anos de 1930, o integralismo se constituiu em uma das forças políticas mais influentes do país. Plínio Salgado foi lançado como candidato à presidência do Brasil em 1937, mas não teve êxito, uma vez que naquele mesmo ano Getúlio Vargas instituiu um Golpe de Estado que o manteria no poder por mais oito anos.

A Aliança Nacional

LibertadoraDe orientação socialista, a Aliança Nacional Liber-

tadora (ANL) foi um movimento político ligado ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Entre suas propostas estavam a estatização de empresas, a reforma agrária e a suspensão do pagamento da dívida externa. Seu lema era: Pão, Terra e Liberdade.

Fundada em março de 1935, em poucos meses a ANL atraiu milhares de militantes. Por representar uma ameaça à política varguista, Getúlio Vargas decretou o fechamento da ANL em 11 de julho de 1935.

Título de eleitor de Getúlio Vargas, 1934. FGV/CPDOC.Como já era previsto que Getúlio Vargas venceria as eleições indiretas, a

Constituição de 1934 estabeleceu o impedimento da reeleição presidencial. Dessa forma, em 1938, Getúlio Vargas, após permanecer no poder por oito

anos, encerraria seu governo

Partido Comunista do Brasil (PCB):

fundado em 25 de março de 1922, o

Partido Comunista do Brasil tinha por objetivo a

organização do proletariado para

a luta sindical por melhores condições de

trabalho e vida.

Como previsto, Getúlio Vargas venceu as eleições e tomou posse para mais quatro anos de governo no dia 20 de julho de 1934. En-tretanto, o novo mandato foi marcado por muitas disputas entre os grupos políticos.

Diante da diversidade de interesses das classes sociais brasi-leiras e da influência do nazifascismo e do stalinismo na Europa, surgiram no Brasil duas grandes tendências políticas: a Ação In-tegralista Brasileira (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL).

Cartaz de propaganda do Movimento Integralista. Note que o símbolo do movimento (a letra sigma) está sendo pregada no mapa do Brasil por um integrante do movimento.

Governo constitucional (1934-1937)

A Ação Integralista Brasileira

A AIB, criada em 1932, foi um movimento político de extrema-direita, inspirado nos governos fascistas de Benito Mussolini e Adolf Hitler. Seu principal líder era Plínio Salgado.

A ideologia integralista caracterizava-se pelo forte naciona-lismo, antiliberalismo e anticomunismo. Defendia ainda o forta-lecimento do poder do Estado e uma sociedade hierarquizada.

Os integrantes da AIB usavam uniformes militares verdes nos quais estava presente o símbolo ∑ (sigma), que significa a soma de todas as partes. Adotavam a expressão de saudação Anauê! (que em tupi significa “você é meu irmão”). Eles ficaram conhecidos como os “camisas verdes” e promoviam passeatas que atraíram as classes médias urbanas e intelectuais.

Os integralistas apoia-ram a eleição de Getúlio Vargas em 1934 e espe-ra vam assumir cargos im portantes no governo. En tretanto, quando Vargas não correspondeu aos anseios integralistas, eles passaram a fazer oposição ao presidente.

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Cartaz de Luiz Carlos Prestes convocando a população para o Levante

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Olga Benário Prestes e Luiz Carlos Prestes, meus pais

Agora, responda no caderno: 1. Considerando o que já se estudou sobre o tema, qual a “causa nobre” à qual Anita Prestes afirma que seus

pais se dedicaram? Você concorda com ela a esse respeito? Justifique. 2. Como você interpreta a afirmação de Anita de que a deportação de Olga para a Alemanha nazista foi um

gesto de “boa vontade” de Getúlio Vargas em relação a Hitler? 3. Qual o destino de Olga Benário Prestes? E de Anita Prestes? 4. De que forma a história de Anita se relaciona com o contexto político nacional e internacional do período

em questão?

e Olga Benário Prestes, duas pessoas extraordinárias, que deram suas vidas por uma causa nobre. Dois com-batentes revolucionários que se dedicaram inteiramente à luta por justiça social, por liberdade, pelo socialismo e por um futuro melhor para a humanidade.

Olga, grávida de sete meses, foi deportada para a Alemanha nazista pelo governo Getúlio Vargas, em setembro de 1936. Companheira dedicada de Luiz Car-los Prestes, meu pai, a quem salvara a vida de ambos quando foram presos, pela polícia de Filinto Müller, em março daquele ano, no subúrbio carioca do Méier. Na ocasião, ela se interpusera corajosamente entre os policiais e o marido, impedindo seu assassinato.

A deportação de Olga Benário Prestes e Elise Ewert – ambas militantes comunistas alemãs – foi um gesto de boa vontade de Vargas em relação a Hitler, expressando a aproximação então em curso entre os dois governos. Foi também vingança e castigo cruel impostos ao gran-de inimigo do regime varguista – Luiz Carlos Prestes, o "Cavaleiro da Esperança" para tantos brasileiros. Olga e Elise viajaram ilegalmente, sem culpa forma-

da, sem julgamento nem defesa. Na calada da noite, foram embarcadas no navio cargueiro La Coruña, que partiu rumo a Hamburgo com ordens expressas de não parar em nenhum outro porto estrangeiro, pois havia precedentes de os portuários franceses e espanhóis resgatarem prisioneiros deportados para a Alemanha.

de mulheres Barminstrasse (Berlim), onde nasci, em novembro de 1936. Como resultado de importante e vigorosa campanha internacional pela libertação de Prestes e dos presos políticos no Brasil, assim como

minha avó paterna – Leocádia Prestes – mulher va-lente e decidida, que encabeçava a campanha. Quando me separaram de minha mãe contava com apenas 14 meses de idade. Não pude, portanto, guardar nenhuma lembrança dela. Logo depois, Olga seria transferida para outra prisão, em condições muito piores, e mais tarde para o campo de concentração de Ravensbruck. Em abril de 1942, era assassinada numa câmara de gás no campo de Bernburg.

[...]

PRESTES, Anita. Olga Benário Prestes e Luiz Carlos Prestes, meus pais. Disponível em: <http://old.kaosenlared.net/noticia/87702/olga-benario-prestes-luiz-carlos-prestes-meus-pais>. Acesso em: 30 jan. 2012.

Em resposta ao seu fechamento, o PCB de Luiz Carlos Prestes organizou um mo-vimento que ficou conhecido como Intentona Comunista. Esse movimento foi de curta duração e teve repercussões no Rio de Janeiro e em Recife. O episódio serviu de pretexto para uma série de medidas autoritárias por parte do governo, entre elas a aprovação de um estado de sítio, prorrogado por várias vezes até 1937, e a perseguição violenta de partidários do PCB e da ANL.

Em março de 1936, Luiz Carlos Prestes foi preso. Em setembro do mesmo ano, Olga Benário Prestes, sua companheira, grávida, foi enviada para a Alemanha nazista onde foi presa. A filha de Olga e Luiz Carlos Prestes, Anita, nasceu na prisão e foi criada, no Brasil, pela mãe do líder comunista.

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Getúlio Vargas comunicou aos brasi-leiros a Constituição de 1937, conjun-to de leis outorgadas por ele

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De acordo com a Constituição de 1934, deveriam ocorrer eleições livres e diretas para presidente da República em janeiro de 1938. Por isso, a partir de 1936, a mo-vimentação e o debate em torno da sucessão presidencial tomaram conta do país. Armando de Salles Oliveira foi lançado candidato pelo Partido Constitucionalista (PC) e Plínio Salgado pela Ação Integralista Nacional. O candidato oficial, apoiado por Getúlio, era o paraibano José Américo de Almeida. A fim de desestabilizar o processo eleitoral, Vargas e militares aliados a ele organizaram um conjunto de medidas repressivas e de estratégias políticas. Uma dessas medidas foi a decretação do Estado de Guerra, em março de 1936, sob a alegação de combate ao comunismo. Violentas perseguições e repressões aos partidos de oposição caracterizaram o esforço de Vargas para permanecer no poder.

O debate político foi sendo esvaziado, contribuindo para isso as prisões e as perseguições políticas. Um documento denominado Plano Cohen, que supostamente continha a organização de um atentado comunista, serviu de pretexto para o Golpe em 10 de novembro de 1937. Naquele dia, Getúlio Vargas anunciou pelo rádio a instituição do Estado Novo.

O Estado NovoA Constituição de 1934, que estabelecia um governo democrático, não era mais

adequada. Em decorrência disso, uma nova constituição foi redigida pelo jurista Francisco Campos em 1937. Por apresentar muitos pontos comuns à constituição da Polônia, ficou conhecida como “a polaca”.

Governo ditatorial (1937-1945)

A Constituição de 1937 apresentava um caráter autoritário com sérias restrições à liberdade individual. Veja, a seguir, algumas características desse documento.

Destituiu os estados de sua autonomia política Estabeleceu o mandato presidencial de seis anos

presidente.

Instituiu a pena de

morte.

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públicos que se opusessem ao regime.

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Você sabe quais os benefícios sociais concedidos aos trabalhadores durante o Governo Vargas? Pesquise a respeito e registre no caderno suas conclusões.

O Departamento de Imprensa e PropagandaUma das criações do Estado Novo foi o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), instituído em

1939 no lugar do antigo Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC). Esse Departamento tinha por objetivo divulgar uma imagem oficial do presidente, estimulando o nacionalismo e difundindo as realizações sociais, em especial a promulgação de leis e benefícios destinados aos trabalhadores. O DIP tinha, ainda, a função de ocultar a repressão imposta pelo regime ditatorial.

Cultura e sociedade nos anos de 1930 a 1940

A cantora Linda Batista, eleita a primeira “rainha do rádio”, em 1936. O concurso era promovido pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e mexia com os ânimos dos ouvintes

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Durante o período em que Vargas esteve no poder, muitas mudanças aconteceram também na so-ciedade e na cultura. Talvez a mais importante delas tenha sido a disseminação do rádio como meio de comunicação de massa.

1. Em equipe, entrevistem duas pessoas que viveram sua infância ou juventude nos anos de 1940 a 1950. Pergunte a elas sobre o papel que o rádio tinha, na época, no dia a dia das pessoas.

2. Entrevistem, também, dois jovens da sua época, considerando a mesma questão. Registre as respostas dos dois grupos em seu caderno.

3. Quais mudanças e permanências se observam em relação ao papel do rádio na vida cotidiana dos jovens, no passado e no presente?

A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, por exemplo, fundada em 1936 e estatizada em 1940, atuou como importante meio de divulgação da política varguista e de difusão de novos padrões artísticos e culturais. Sua programação era rica e diver-sificada. Apresentava radionovelas (lançadas em 1941), radioteatro e programas de auditório, que lançaram cantoras como Emilinha Borba. Contava também com programas esportivos e noticiários, como o famoso “Repórter Esso”.

Foi instituído, então, um governo federal centralizador e autoritário, de tendência totalitária, na linha do nazifascismo europeu.

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O Estado Novo e a construção da nacionalidade

Analise o trecho da letra do samba com-posto por Ary Barroso em 1939 e intitulado “Aquarela do Brasil”:

Aquarela do BrasilBrasil, meu Brasil brasileiroMeu mulato inzoneiroVou cantar-te nos meus versosO Brasil, samba que dáBamboleio que faz gingarO Brasil do meu amorTerra de Nosso Senhor.Brasil! Brasil! Pra mim! ... pra mim!...BARROSO, Ary. Aquarela do Brasil. Grava-dora Odeon, Álbum11786, Disco 78 rpm,1939.

Agora, leia um trecho do samba “Lenço no pescoço”, composto por Wilson Batista em 1932:

Meu chapéu de ladoTamanco arrastandoLenço no pescoçoNavalha no bolsoEu passo gingando

Eu tenho orgulhoEm ser vadio...BATISTA, Wilson.

. Gravadora RCA Victor, Disco 78 rpm, 1933.

Responda às questões a seguir.

1. Qual o tema da primeira canção?

2. Qual o tema da segunda canção?

3. Em sua opinião, qual delas reflete a ideologia oficial do Estado Novo? Por quê? Justifique:

Uma das características do Estado Novo foi a difusão de valores como a dignidade do trabalho, a necessidade da obe-diência civil e da ordem social. Tais valores eram difundidos nas escolas e se tornaram uma forma de atrair o apoio da população para o governo de Getúlio Vargas.

Pretendia-se criar um espírito cívico entre as massas, reforçando, para isso, uma determinada ideia de brasilida-de. Para tanto, o governo instituiu inúmeros eventos como

passeatas, desfiles cívicos e festivais folclóricos, durante os quais promovia sua imagem e obras. Propiciou, também, incentivo financeiro a artistas para que, por meio de suas obras, enaltecessem o Brasil (e, dessa forma, o governo).

Em alguns sambas compostos nesse período, é possível perceber a alusão ao espírito de civismo e nacionalismo associado a uma determinada ideia de nação, de território e de cultura popular difundida pelo Estado Novo.

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HISTÓRIA

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Sob o Estado Novo desenvolveu-se também um projeto de “naciona-lização cultural”, do qual se destaca a obra do maestro Heitor Villa-Lobos e de outros artistas. Eles puderam contar com os incentivos político e financeiro de Vargas para realizar suas composições, algumas vezes tocadas em grandes eventos cívicos promovidos pelo governo.

Em 1939 teve início a Segunda Guerra Mundial. Apesar de, ideologicamente, o governo brasileiro se vincular ao ideário político defendido pelo Eixo, acabou entrando na guerra ao lado dos aliados, em 1942, enviando tropas para atuar na Itália em 1944.

A vitória das forças aliadas representou, também, a derrota do nazifascismo. A ditadura estabelecida por Getulio Vargas, desde 1937, ficou então ameaçada, o que o levou a renunciar ao governo em 1945.

Nas eleições presidenciais, o General Eurico Gaspar Dutra foi eleito, apoiado pelo próprio Vargas. Era o início, para o Brasil, de um período de renovação democrática, o qual será estudado adiante.

1. (UECE) São características da legislação trabalhis-ta estabelecida no período Vargas:

a) A instituição do imposto sindical e a universa-lização dos direitos trabalhistas e políticos aos trabalhadores urbanos e rurais.

b) O enquadramento dos sindicatos e a concessão de direitos sociais aos trabalhadores urbanos.

c) A incorporação dos trabalhadores rurais à legis-lação do trabalho e a plena liberdade sindical.

d) O controle dos sindicatos de trabalhadores e o fim dos direitos sociais, como as férias anuais remuneradas.

2. (FGV – SP) Em 21 de dezembro de 1941, Getúlio Vargas recebeu Osvaldo Aranha, seu ministro das relações exteriores, para uma reunião. Leia alguns trechos do diário do presidente: "À noite, recebi o Osvaldo. Disse-me que o governo ame-ricano não nos daria auxílio, porque não confia-va em elementos do meu governo, que eu deve-ria substituir. Respondi que não tinha motivos para desconfiar dos meus auxiliares, que as fa-cilidades que estávamos dando aos americanos não autorizavam essas desconfianças, e que eu não substituiria esses auxiliares por imposições estranhas."

VARGAS, Getúlio. Diário. São Paulo: Siciliano/Fundação Getú-lio Vargas, 1995. v. 2, p. 443.

A respeito desse período, podemos afirmar:

a) As desconfianças estadunidenses eram com-pletamente infundadas porque não havia ne-nhum simpatizante do nazifascismo entre os integrantes do governo brasileiro.

b) Com sua política pragmática, Vargas nego-ciou vantagens econômicas com o governo americano e manteve em seu governo simpa-tizantes dos regimes nazifascistas.

c) Apesar das semelhanças entre o Estado Novo e os regimes fascistas, Vargas não permitiu nenhum tipo de relacionamento diplomático entre o Brasil e os países do Eixo.

d) No alto escalão do governo Vargas havia uma série de simpatizantes do regime comunista da União Soviética e de seu líder Joseph Stalin.

e) As pressões do governo estadunidense leva-ram Vargas a demitir seu ministro da Guerra, o general Eurico Gaspar Outra, admirador dos regimes nazifascistas.

3. (UEL – PR)“O cinema falado/É o grande culpado da trans-formação/Dessa gente que sente que um barra-cão/Prende mais que um xadrez./Lá no morro, se eu fizer uma falseta, a Risoleta/Desiste logo do francês e do inglês.

A gíria que o nosso morro criou/Bem cedo a cida-de aceitou e usou./Mais tarde o malandro deixou

Na imagem, Getúlio Vargas fala aos estudantes. Foi durante o Estado Novo que a “cartilha” foi implantada nas escolas brasileiras. Como a maioria dos ditado-res, Getúlio Vargas procurou doutrinar as novas gera-ções. Na produção cultural estimulada pelo governo, o brasileiro considerado ideal era o cidadão trabalha-dor, ordeiro, saudável e cumpridor de seus deveres perante a pátria e a família. Valores como esses eram repassados, sobretudo, aos jovens nas escolas

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de sambar/Dando pinote/E só querendo dançar o Fox-trot!Essa gente hoje em dia/Que tem a mania da exi-bição/Não se lembra que o samba não tem tra-dução no idioma francês./Tudo aquilo que o ma-landro pronuncia,/Com voz macia,/É brasileiro, já passou de português.Amor, lá no morro, é amor pra chuchu,/As rimas do samba não são “I love you”./E esse negócio de “alô”, “alô, boy”,/”Alô, Johnny” Só pode ser conversa de telefone.”

ROSA, Noel. Não tem tradução. (1933). In: MÁXIMO, João; DIDIER, Carlos. Noel Rosa: uma biografia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1990. p. 243.

Sobre o Brasil republicano e com base na leitura da letra da música, é correto afirmar:

a) A contrariedade do compositor revela que a chegada do cinema falado à cidade do Rio de Janeiro, a partir de 1929, foi mal recebida pela sociedade da época, que evitou a incorporação da linguagem estrangeira a seu cotidiano.

b) A música reflete o ambiente cultural existente na década de trinta do século XX, que, esti-mulado pelas transformações em curso, pas-sou a valorizar o encontro da cultura com as raízes do povo brasileiro.

c) O crescimento dos núcleos urbanos possibilitou que a aversão aos estrangeiros, existente entre os moradores da periferia, influenciasse os de-mais habitantes das cidades, inviabilizando a penetração da indústria de entretenimento es-tadunidense no Brasil até meados do século XX.

d) Na letra da música, percebe-se a adesão for-mal aos modelos culturais europeus defen-didos pelos participantes da Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922, no Teatro Muni-cipal de São Paulo.

e) A canção “Não tem tradução” reproduz o dis-tanciamento entre a música popular e o gos-to musical das elites nacionais, agravado pela instalação no país da indústria fonográfica nas primeiras décadas do século XX.

4. (UFPI) Leia com atenção as observações abaixo sobre a Revolução de 1930. I. A expressão “Revolução de 30” representa

a assimilação do discurso produzido pelos “vencedores”, silenciando a memória dos “vencidos” e da luta de classes em curso nas décadas que antecederam o golpe que levou Vargas ao poder.

II. Em 1930, não houve uma revolução, mas sim um golpe. Pode-se afirmar que, em 1928, houve um momento revolucionário com a criação do Bloco Operário Camponês, expli-citando-se assim a luta de classes.

III. A primeira revolução popular que ocorreu no país foi justamente em 1930. Naquele mo-mento, de forma inédita, o grupo político de Vargas liderou os operários e trabalhadores em geral para implantar uma “república sin-dicalista” ou o Estado Novo.

IV. A “Revolução de 30” serviu para fazer justiça à extraordinária votação obtida por Vargas no pleito presidencial daquele ano. Como a Justiça Eleitoral omitiu-se, só restou à can-didatura derrotada reunir as tropas do Rio Grande do Sul e tomar o Catete.

Assinale a opção que indica as afirmativas incor-retas sobre a Revolução de 1930:

a) I e II. b) II e III. c) III e IV.

d) I e IV. e) II e IV.

5. (ENEM) É difícil encontrar um texto sobre a Pro-clamação da República no Brasil que não cite a afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bes-tializado. Essa versão foi relida pelos enaltecedo-res da Revolução de 1930, que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o estrangeirismo da for-mula implantada em 1889. Isto porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930.MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrá-tica e consentida no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007 (adaptado).

O texto defende que a consolidação de uma determinada memória sobre a Proclamação da República no Brasil teve, na Revolução de 1930, um de seus momentos mais importantes. Os defensores da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa para os eventos de 1889, porque esta era uma maneira de:

a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas;

b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à monarquia;

c) criticar a política educacional adotada duran-te a República Velha;

d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder;

e) destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.

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HISTÓRIA

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Nesta unidade, será estudado o período da História do Brasil entre o fim do Estado Novo, em 1945, e o fim da década de 1950, que coincidiu com o término do mandato de Juscelino Kubitschek.

Antes, porém, relembre algumas questões referentes à Guerra Fria, pois o contexto internacional influenciou de maneira decisiva os rumos da política brasileira no período que será objeto de estudo.

I. Teve início a Guerra Fria, disputa ideológica pela hegemonia mundial, travada entre Estados Unidos e União Soviética.

II. A União Soviética, com o Pacto de Varsóvia, tinha por objetivo consolidar e ampliar o bloco de países socialistas.

III. O Plano Marshall, caracterizado pelo auxílio econômico estadunidense aos países destruídos pela Segunda Guerra Mundial, foi um dos instrumentos utilizados para evitar que o bloco de países socialistas aumentasse.

De acordo com a análise, assinale a alternativa correta:

Brasil nos anos de 1940 a 19503

O posicionamento do Brasil com os aliados contra o nazifascismo, durante a Segunda Guerra Mundial, tornou a ditadura exercida por Getúlio Vargas desde 1937 uma contradição. A nação bra-sileira, que apoiou o envio de tropas para combater os regimes totalitários na Europa, não poderia mais aceitar a presença de um regime autoritário em seu próprio país.

Diante da solicitação popular para o fim do Estado Novo, Vargas passou a articular, então, estratégias para a transição, pois pretendia deixar a presidência, mas não a política.

Naquela época, intensos debates e movimentações em prol da anistia de pessoas exiladas du-rante o Estado Novo ganharam as ruas e os jornais de todo o país. Quando a anistia foi finalmente concedida por Vargas, em 18 de abril de 1945, professores, intelectuais, escritores e outros exilados retornaram ao Brasil. Outros dois movimentos passaram a mobilizar a opinião pública: um pela rea-lização de eleições presidenciais, outro pela realização de eleições para a Assembleia Constituinte.

Sobre o panorama político e econômico internacional após a Segunda Guerra Mundial, analise as afirmativas a seguir:

a) Todas as afirmativas estão corretas.b) Todas as afirmativas estão erradas.c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.d) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

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Antigas e novas organizações partidárias – como a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB) – foram legalizadas. Vargas apoiou o recém-criado Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). PCB, UDN e PSD lançaram candidatos próprios para as eleições presidenciais previstas para 1946, enquanto o PTB defendia a convocação da Constituinte, fato que demandaria o prolongamento de Vargas no poder.

Movimentação dos queremistas no Largo da Carioca, Rio de Janeiro, em 30 de agosto de 1945. O movimento pela convocação da Constituinte foi denominado “queremismo”, pois seus defensores eram adeptos da “Constituinte com Getúlio” e gritavam “Queremos Getúlio” sendo, por isso, chamados de queremistas

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As forças armadas, fortalecidas pela participação do Brasil na Guerra, mobilizaram mais de 170 mil simpatizantes à renúncia, obrigando Getúlio Vargas a deixar o governo em outubro de 1945. O PTB de Vargas, sem candidato, apoiou o general Eurico Gaspar Dutra, candidato do PSD. Dutra acabou se tornando o primeiro presidente a chegar ao poder de forma democrática após 15 anos de Governo Vargas. Getúlio conseguiu se eleger senador e passou a morar em São Borja, no Rio Grande do Sul. Ausentava-se, assim, da presidência, mas, como veremos adiante, não por muito tempo.

No plano político, o governo de Dutra foi marcado pela contradição. A Constituição por ele promulgada em 1946, ao mesmo tempo que assegurava o voto universal e secreto para os brasileiros maiores de 18 anos, excluía analfabetos, militares e religiosos. Estabelecia, também, o mandato presidencial de cinco anos.

A nova Constituição apresentava algumas leis que se constituíram em um marco liberal: a extinção da censura e da pena de morte, lega-lizadas durante o Estado Novo e a restituição das garantias individuais dos cidadãos, como o direito de livre associação. Apesar da garantia desses direitos, o governo de Dutra decretou a ilegalidade de associa-ções trabalhistas não vinculadas ao Estado, proibindo movimentações populares, associações sindicais e manifestações políticas de esquerda, como o partido comunista.

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Posse de Eurico Gaspar Dutra, em 31 de janeiro de 1946

Dutra: contradição interna e abertura externa

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Na campanha para a sucessão presidencial de Eurico Gaspar Dutra, com esmagadora maioria dos votos, venceu o candidato do PTB, Getúlio Dorneles Vargas, com apoio do Partido Social Progressista (PSP). Vargas deveria governar de 1950 a 1955, pois a Constituição brasileira da época determinava cinco anos de mandato para presidente.

Ao renunciar em 1945, conta-se que o ex-presidente afirmara: “Voltarei nos braços do povo”. Vargas retornou à presidência do Brasil, agora pelo voto direto.

A aproximação entre Brasil e Estados Unidos sofreu um revés em função da política populista e nacionalista de Var-gas. Em sua estratégia de governo, ele defendia o desenvol-vimento da indústria nacional e a diminuição da dependência da economia brasileira do capital internacional. Isso, de certa forma, afetaria os interesses estadunidenses na economia brasileira, representados politicamente pelo partido da União Democrática Nacional (UDN).

Em sua campanha política, Getúlio Vargas já anunciava o interesse em aprimorar a legislação trabalhista e promover o desenvolvimento da industrialização nacional. Defendia também o monopólio estatal de setores tidos como fundamentais para o

desenvolvimento econômico: as indústrias de base – siderúr-gicas, petroquímicas, comunicações, transportes e energéticas.

Em 1952, lançou a Campanha “O petróleo é nosso”, cujo objetivo era mobilizar a opinião popular em torno da ne-cessidade de se estabe-lecer o monopólio sobre a extração petrolífera no Brasil. Em 1953, sur-gia a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), indús-tria estatal que passou a deter o privilégio da exploração e do refino do petróleo no Brasil.

Vargas defendia que o desenvolvimento industrial e a modernização da economia brasileira viriam como conse-quência dos investimentos na industrialização de base.

Ao longo dos primeiros anos da década de 1950, o custo de vida aumentou sensivelmente no Brasil, mobili-zando a atenção dos sindicatos cuja atividade tinha sido legalizada por Vargas. Greves ocorreram em diferentes regiões do país.

Vargas tentou direcionar a causa trabalhista de modo a não se indispor com o operariado emergente. Mas, naque-la altura, a movimentação sindical fugia ao seu controle, algo que incomodava, sobretudo, as elites, representadas politicamente pelo partido da UDN e que tinha à frente o jornalista Carlos Lacerda.

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Cartaz da campanha eleitoral de Getúlio Vargas.Durante o carnaval de 1950, a marchinha mais cantada

apresentava o seguinte refrão:“Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar,

O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar”

O retorno de Getúlio Vargas

Para tentar conter a inflação e fomentar o desenvolvimento econômico do país, o governo Dutra adotou a estratégia de planificação da economia, criando o Plano SALTE, sigla que representava a política de intervenção e planejamento do Estado nas quatro áreas consideradas essenciais para o desenvolvimento do país: Saúde (S), Alimentação (AL), Transporte (T) e Energia (E).

No entanto, as atitudes de repressão e desmobilização dos movimentos sindicais, características do governo Dutra, representaram uma queda significativa nos salários dos trabalhadores, fazendo o custo de vida subir consideravelmente durante seu mandato. Somado a isso, o Brasil abriu as portas às importações que haviam sido interrompidas durante a Segunda Guerra Mundial. Desde produtos essenciais até supérfluos inundaram o país, acabando com as reservas cambiais brasileiras.

Conferência em Belo Horizonte, 1937. A campanha pela criação da Petrobras reuniu até mesmo intelectuais como Monteiro Lobato

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A oposição da UDN ao governo Vargas se intensificou quando ele nomeou para o Ministério do Trabalho o jovem político gaúcho João Goulart, conhecido como Jango. João Goulart conseguiu administrar algumas das principais greves ocorridas no período, intermediando negociações e conse-guindo que boa parte das reivindicações dos trabalhadores fosse aceita. Sua postura, no entanto, foi avaliada como “socialista” pela elite nacional.

A preocupação de determinados setores da elite e do alto comando do exército era a de que Jango transformasse o país em uma República de Sindicalistas.

Esse temor era canalizado mediante críticas contra Vargas, publicadas no jornal de Carlos Lacerda, chamado Tribuna da Imprensa. Lacerda acusava Vargas de corrupção, questionava sua capacidade administrativa e denunciava que, por trás de sua política trabalhista, escondiam-se in-teresses socialistas.

Enquanto isso, Vargas apelava aos trabalhadores e às massas urbanas, dizendo-se defensor da indústria nacional e do trabalhismo e contrário à remessa indiscriminada de capitais ao exterior. A crise chegou ao auge no ano de 1954, quando João Goulart apresentou uma proposta de aumento de 100% para os trabalhadores que ganhavam o salário mínimo.

Em virtude da violenta reação que essa atitude teve entre os grupos oposicionistas, Goulart teve que renunciar ao posto de ministro, mas deixou, entre as massas, a imagem de um político que perdia o cargo por lutar pelos interesses dos trabalhadores.

Nesse mesmo ano, no dia 5 de agosto de 1954, um atentado di rigido ao jornalista Carlos Lacerda tornou as relações entre UDN e governo ainda mais tensas: ele apenas se feriu, mas o major Rubens Tolentino Vaz, da Aeronáutica, que o acompanhava, acabou morrendo. Investiga-ções conduzidas pela oposição afirmavam que o mandante do crime tinha sido o se gurança de Getú-lio Vargas.

O atentado oca-sionou uma reação imediata das Forças Armadas: em 23 de agosto, o exército lançou um manifesto à Nação, assinado por vários generais, exigindo a renúncia do Presidente. Na manhã do dia 24 de agosto, após redigir uma carta--testamento, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no peito. Na carta, acusava os grupos ligados ao capitalismo internacional pelo impasse que o levou à morte.

O suicídio de Vargas e a publicação da sua carta--testamento pela imprensa provocaram uma onda de revoltas em todo o país. Trabalhadores promoveram mobilizações e greves. Populares invadiram a sede do jornal O Globo – na época, antigetulista – e a depre-daram. Grupos tentaram tomar a sede da diplomacia estadunidense no Rio de Janeiro.

O jornalista Carlos Lacerda foi auxiliado por amigos após sofrer atentado em agos-to de 1954. Major Rubens Tolentino Vaz,

que o acompanhava, morreu. A oposição culpou o segurança de Getúlio

Uma multidão nunca antes vista acompanhou o cortejo fúnebre de Getúlio Vargas até o aeroporto, de onde o corpo foi levado para o Rio Grande do Sul

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Após a leitura, responda às questões a seguir.

1. Quando Getúlio diz “as forças e os interesses contra o povo”, a quais forças estava se referindo?

2. Quem, segundo o texto, representaria os interesses desse “povo”?

3. “Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar.” Em 1937, Getúlio Vargas instalou no país o Estado Novo. Foi realmente um regime de liberdade

social que ele instaurou em 1937? Justifique.

4. Em sua opinião, a carta escrita por Getúlio pode ter influenciado, de alguma maneira, as revoltas que se sucederam à sua morte? Justifique.

Leia trechos da carta-testamento escrita por Getúlio Vargas.

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de

de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. [...] Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito

a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem

sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente, dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.VARGAS, Getúlio Dorneles. Carta-testamento

História do Brasil III34

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A construção de Brasília

Prédio do Congresso Nacional. Marco da arquitetura moderna no Brasil, planejado por Oscar Niemeyer, o palácio do Congresso Nacional é um dos símbolos mais expressivos da Capital Federal

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Juscelino Kubitschek, no alto, é confirmado como candidato do PSD à presidência da República, durante a convenção do partido, em 1955

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A primeira Constituição republicana, datada de 1891, já previa a mudança da capital do país, mas foi durante o go-verno de Juscelino que esse projeto se operacionalizou. Isso graças à atuação do urbanista Lúcio Costa, do Arquiteto Oscar Niemeyer e de inúmeros migran-tes nordestinos que constituíram a mão de obra que transformou uma região de Cerrado, no Planalto Central, em um dos mais significativos empreendimentos ur-banísticos da América Latina.

Após a brusca interrupção do mandato de Vargas e o governo de transição exercido por seu vice, Café Filho, o Brasil experimentou a euforia dos “anos JK”, como ficou conhecido o período de governo exercido pelo presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961).

Nas eleições de outubro de 1955, o mineiro Jus-celino Kubitschek, do PSD, que tinha como candidato à vice João Goulart, do PTB, venceu em uma disputa apertada o candidato da UDN Joaquim Távora (um dos líderes históricos do movimento tenentista).

A aliança entre o partido do PSD, Juscelino Kubitschek e o PTB – do falecido Getúlio Vargas – apresentava tendências getulistas: no entanto, o PSD era mais conservador.

O propósito de JK de conciliar “desenvolvimen-to com ordem” agradou os setores oposicionistas,

que temiam que governos muito flexíveis aos movimentos sindicais abrissem caminho para a ascensão do socialismo. Seu governo foi marcado por um clima de estabilidade e otimismo, assegurados, por um lado, pelo crescimento econômico e, por outro, pela capacidade de o governante contornar o movimento sindical e acalmar os ânimos dos altos comandantes das Forças Armadas, melhorando os vencimentos, equipando melhor o exército e nomeando militares para postos dentro do governo.

Juscelino Kubitschek e o Nacional Desenvolvimentismo

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HISTÓRIA

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Apesar da oposição dos udenistas, que caracterizavam o empreendimento como demagógico, anunciando que seria mais uma fonte de endividamento externo, JK conseguiu mobilizar grande parte da opinião pública a seu favor. Em 21 de abril de 1960, com grande pompa e expectativa, era inaugurada a nova Capital Federal, no Estado de Goiás: a cidade de Brasília.

Sob o olhar atento do fotógrafo Marcel Gautherot, operários envolvidos com a

construção da sede da nova Capital Federal. Eles eram chamados à época de candangos e eram

oriundos, sobretudo, da Região Nordeste do país. Seus braços ajudaram a transformar o projeto de

Niemeyer e o sonho de JK em realidade

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ZCongressoFoi descoberto na última segunda-feira [8 de

agosto de 2011], por servidores terceirizados da Câmara, um fosso fechado por concreto, que data da construção do prédio do Congresso Nacional em 1959, antes da inauguração da nova capital, em 1960. Na parede de concreto do fosso foram encontradas mensagens deixadas pelos trabalhadores da obra.

São frases que expressam o sentimento políti-co dos operários, falam da solidão e da esperança no futuro: “Que os homens de amanhã que aqui

que a lei se cumpra”; “Duraleques CE de lequis”; “Si todos brasileiros focem digninos de honra e honestidade, teríamos um Brazil bem melhor. Só temos uma esperança nos brasileiros de amanhã. Brazilia de hoje, Brazil de amanhã”; “Amor, pa-lavra sublime que domina qualquer ser humano”.

[...]Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas--noticias/2011/08/11/inscricoes-de-trabalhadores-que-cons-truiram-brasilia-sao-descobertas-no-congresso.htm>. Acesso em: 13 abr. 2012.

História do Brasil III36

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JK: 50 anos em 5 Em seu programa de governo, JK anunciava: “50 anos em 5”, ou seja, pretendia fazer o Brasil cres-

cer o equivalente a 50 anos de desenvolvimento em 5 anos de governo. Para cumprir sua promessa, lançou o Programa de Metas, que visava abranger seis grandes pontos considerados cruciais para o desenvolvimento econômico e social do país: além da meta-síntese, que era a construção de uma nova capital para o Brasil – que se chamaria Brasília e seria edificada no Planalto Central – estabelecia ainda como metas: a saúde, a educação, a industrialização de base, os transportes e a energia.

Criou o Conselho de Desenvolvimento Econômico, órgão controlador da economia diretamente ligado à Presidência, que tinha a finalidade de integrar os ministérios, os chefes dos gabinetes e os superintendentes dos bancos estatais, de modo a estabelecer a unidade das decisões quanto ao desenvolvimento econômico do país.

Operários trabalhando na linha de montagem da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, 1958. Ao lado de São Caetano e Santo André, a cidade se tornaria parte do primeiro grande centro de produção automobilística do país

O seu estilo de governo foi caracterizado como “na-cional-desenvolvimentismo” que, segundo o historiador Boris Fausto, constitui uma política que buscava combinar investimentos do capital estrangeiro e da indústria privada nacional para promover o desenvolvimento do país.

Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) ter atingido níveis significativos em seus primeiros anos de governo, o final do mandato de JK anunciava a chegada de uma grave crise econômica. O governo havia gasto demais com as políticas de incentivo à industrialização e a construção de Brasília. Em contrapartida, o valor pago pelas nossas exportações diminuía, enquanto o país gastava muito com as importações.

1. Os desejos dos operários que trabalharam em Brasília em 1959 se concretizaram?

2. Em sua opinião, quais ações podem transformar o Brasil para melhor?

3. Se você pudesse deixar um desejo registrado para os brasileiros do futuro, no mesmo local do Congresso Nacional, qual seria a sua mensagem?

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HISTÓRIA

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Estudiosos caracterizaram o estilo de governo de Vargas em seu segundo mandato como populista. O populismo é um tipo de política em que o governante se constitui um elo entre o Estado e as massas. Ele se propõe a ser o porta-voz do povo e o único capaz de solucionar suas carências mais urgentes, impedindo, assim, que os setores menos favorecidos se mobilizem e lutem por seus direitos.

Em meio às dificuldades impostas pela vida no cenário urbano, as massas sentiam-se seguras por poder confiar em políticos que se diziam seus “amigos”, algo que pareceu, de início, mais fácil do que a organização e a luta autônoma por seus direitos civis e políticos. No Brasil, os maiores representantes do populismo político foram os presidentes Getúlio Vargas (especialmente em seu mandato de 1951 a1954), JK (1956-1961), Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964).

Agravando o quadro, a inflação chegou a 39,5% no final do ano de 1957. A crise econômica veio acompanhada das crises política e social: os sindicatos se mobilizaram organizando greves por pari-dade de vencimentos.

A inflação, associada à queda nas exportações, levou o governo a solicitar, em 1958, empréstimos de 300 milhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O empréstimo só foi concedido em 1959 e as exigências impostas pelo FMI ameaçavam a autonomia econômica brasileira.

Mediante a pressão dos comunistas e dos trabalhistas, que acusavam JK de querer vender o Brasil aos banqueiros internacionais, o presidente rompeu relações com o FMI em 1959. Por essa mesma época, JK demonstrou seu interesse em reatar relações diplomáticas e estreitar relações comerciais com a União Soviética e com a China, medida que recebeu forte apoio dos sindicatos e movimentos de esquerda.

Em meio a uma grave crise econômica e ao acirramento das tensões sociais, o mandato de JK findou em 1961. Na campanha para as eleições presidenciais, ganhou corpo a candidatura de Jânio Quadros, recém-eleito governador de São Paulo pelo Partido Trabalhista Nacional, partido de pouca expressividade no cenário nacional.

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Cultura e sociedade

Durante as décadas de 1940 e 1950, ocorreu um considerável crescimento das populações urbanas no Brasil. O aumento dos aglomerados urbanos contribuiu para a expansão dos meios de comunicação de massa, como o rádio e a televisão, e também facilitou a difusão das propagandas populistas.

cultura brasileira nos anos 1950[...] A sociedade brasileira, sobretudo as cidades do

Rio de Janeiro e São Paulo, assistia a um considerável processo de urbanização desde as primeiras décadas do século XX. Mas foi na segunda metade dos anos

-dices impressionantes até os anos 1970. Obviamente, não se pode falar de urbanização no Brasil sem citar dois fenômenos correlatos: migração (do Norte para o Sul e do interior para a capital) e industrialização. Os migrantes, seja das áreas rurais do Centro-Sul seja do Nordeste como um todo, se tornaram a base social das novas camadas populares urbanas, somando-se aos descendentes dos escravos e ex-escravos e imigrantes

-íam boa parte das camadas populares das capitais brasileira. Para todo esse conjunto heterogêneo de população, que fornecia os contingentes de mão de obra para as indústrias que se instalavam no país, o rádio tinha um papel fundamental. Ele era fonte de informação, de lazer, de sociabilidade, de cultura. Estimulava paixões e imaginários, não só individuais, mas, sobretudo, coletivos. NAPOLITANO, Marcos. Sonhando com a modernidade: a cultura brasileira nos anos 1950. In: _____. Cultura brasileira: utopia e

Eleita a Rainha do Rádio de 1953, Emili-nha Borba, à direita, passa a faixa para a sua sucessora, Ângela Maria, “Rainha do Rádio” de 1954.

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O desenvolvimento de toda uma cultura voltada para as massas está associado aos novos meios de comu-nicação surgidos entre os anos de 1940 e 1950. Os programas de rádio e um estilo de filme nacional produzido na década de 1950 – as chamadas chanchadas – fazem parte desse processo.Para saber mais, leia o texto a seguir.Agora, responda no caderno:

Estabeleça a relação entre o processo de industrialização e urbanização ocorridos no Brasil, entre 1940 e 1950, e o sucesso de programas veiculados por meios de comunicação de massa.

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Professor Marco Napolitano

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HISTÓRIA

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Um Brasil para brasileiro verNo contexto da política da “boa vizinhança”, que Washington procurou estabelecer com as nações

latino-americanas, a partir da década de 1940, destaca-se o interesse estadunidense em fomentar o desenvolvimento industrial desses países.

O crescimento das atividades industriais e do comércio inevitavelmente contribuiria para o cres-cimento das populações urbanas, o que levaria ao aumento do consumo de produtos industrializados. Daí o interesse dos Estados Unidos na industrialização da América Latina.

Além dos produtos industrializados, também era importante a difusão do estilo de vida estaduniden-se, o american way of life. A inserção de novos hábitos e necessidades, ligados a traços culturais locais,

possibilitava a aceitação e a adoção de hábitos e traços culturais estadunidenses. Para a difusão dessa visão da cultura latina sob a ótica estadunidense contribuíram,

de forma decisiva, os meios de comunicação de massa: rádio, jornal, revista, cinema e, a partir da década de 1950, a televisão.

No cinema estadunidense, o Brasil era identificado como uma terra de belezas naturais e exóticas, de ritmos e cores diversificados, de gente alegre e lindas mulheres. Uma terra promissora a ricos investimentos.

A produção Você já foi à Bahia, lançada em 1944 pelos Estúdios de Walt Disney, serve de exemplo. Em uma mistura de animação e filme, a produção conta a história de Pato Donald em uma viagem pela América Latina. Zé Carioca representa uma versão americanizada, caricata e estereotipada do brasileiro. A animação foi um sucesso no Brasil e exemplifica a tentativa de aproximação dos Estados Unidos com os países latino-americanos.

1. Analise com atenção a charge de Chico Caruso sobre Getúlio Vargas.

Essas cinco figuras de Getúlio Vargas represen-tam as etapas políticas vivenciadas por ele. Com-plete o quadro com a fase política que cada figu-ra representa:

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Figura 5

História do Brasil III40

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2. (PUC Rio – RJ)

"O petróleo é nosso" foi o lema da campanha que empolgou grupos políticos, associações profissio-nais e organizações diversas no Brasil, entre 1947 e 1953. Sobre esse tema, o episódio e suas moti-vações, são corretas as afirmativas, à exceção de uma. Assinale a opção que apresenta essa exceção.

a) O petróleo foi foco de importantes disputas no Brasil, porque se tornou a principal fonte de energia para a indústria contemporânea, devido às transformações tecnológicas mun-diais ocorridas desde a segunda metade do século XIX.

b) A forte correlação entre petróleo e indústria foi de grande importância para a formulação de projetos de desenvolvimento e para as dis-cussões acerca das possibilidades de conquis-ta da soberania econômica brasileira, após a II Guerra Mundial.

c) Os militares – pelo interesse no desenvolvi-mento da indústria brasileira, em especial a de armamentos – e os estudantes – pelo en-gajamento nacionalista – foram dois grupos que participaram ativamente dos debates relativos à regulamentação da exploração do petróleo.

d) A Campanha do Petróleo teve como desdo-bramento a criação de uma empresa estatal de petróleo – a Petrobras.

e) Se o Governo Vargas demonstrou interesse na Petrobrás, o governo de Juscelino Kubitschek foi indiferente à produção de petróleo, prefe-rindo investir nas pesquisas para o desenvol-vimento da energia nuclear.

3. (UERJ)

JK – Você agora tem automóvel brasilei-ro, para correr em estradas pavimen-tadas com asfalto brasileiro, com ga-solina brasileira.Que mais quer?JECA – Um prato de feijão brasileiro, seu doutô!

STORNI, 1927. In: LEMOS, Renato. Uma história do Brasil atra-vés da caricatura. Rio de Janeiro: Bom Texto, Letras e Expressões, 2001.

O texto e a charge representam, de formas dife-rentes, um dos principais dilemas do desenvolvi-mentismo no governo Juscelino Kubitschek, du-rante a 2.a metade da década de 1950.

A alternativa que melhor apresenta esse dilema é:

a) os contrastes culturais e educacionais entre as elites paulistas e nortistas;

b) a desigualdade política e ideológica entre as oligarquias nordestinas e sulistas;

c) a defasagem histórica e tecnológica entre o setor petrolífero e o agroexportador;

d) as disparidades econômicas e sociais entre os setores agrário e urbano-industrial.

4. (ENEM) O ano de 1954 foi decisivo para Carlos Lacerda. Os que conviveram com ele em 1954, 1955, 1957 (um dos seus momentos intelectuais mais altos, quando o governo Juscelino tentou cassar o seu mandato de deputado), 1961 e 1964 tinham consciência de que Carlos Lacerda, em uma batalha política ou jornalística, era um trator em ação, era um vendaval desencadeado não se sabe como, mas que era impossível parar fosse pelo método que fosse.

HÉLIO, Fernandes. Carlos Lacerda, a morte antes da missão cumprida. In: Tribuna da Imprensa, 22 maio 2007. Com adaptações.

Com base nas informações do texto acima e em aspectos relevantes da história brasileira entre 1954, quando ocorreu o suicídio de Vargas (em grande medida, devido à pressão política exer-cida pelo próprio Lacerda), e 1964, quando um golpe de Estado interrompe a trajetória demo-crática do país, conclui-se que:

a) a cassação do mandato parlamentar de Lacer-da antecedeu a crise que levou Vargas à morte;

b) Lacerda e adeptos do getulismo, aparente-mente opositores, expressavam a mesma po-sição político ideológica;

c) a implantação do regime militar, em 1964, decorreu da crise surgida com a contestação à posse de Juscelino Kubitschek como presi-dente da República;

d) Carlos Lacerda atingiu o apogeu de sua car-reira, tanto no jornalismo quanto na política, com a instauração do regime militar;

e) Juscelino Kubitschek, na presidência da Repú-blica, sofreu vigorosa oposição de Carlos La-cerda, contra quem procurou reagir.

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HISTÓRIA

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O Brasil nos anos de 1960 a 19804

Ao longo das últimas unidades, estudamos o período republicano no Brasil, que teve início em 1889, com a proclamação da República, e dura até os dias atuais. A Primeira República ou República Velha, a República Nova ou Era Vargas e parte do período populista já foram estudados. Ao longo das próximas páginas, estudaremos a crise do populismo e o período de Ditadura Militar. E, para iniciar nosso estudo, devemos retomar os primeiros governos do período populista.

Analise o fragmento a seguir:

[...] o fenômeno populista corresponde a uma manipulação das massas por parte do líder, mas também corresponde a uma satisfação de aspirações longamente acalentadas. Dessa maneira, o líder populista, em geral com forte dose de carisma, ao mesmo tempo em que procura manipular as massas para que elas se enquadrem dentro dos limites por ele impostos, também ativa mecanismos de satisfação de velhas aspirações – um exemplo, apenas, a legislação social – das massas trabalhadoras.PRADO, Maria Lígia. O populismo na América Latina. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 76.

Explique de que maneira, no populismo, as ambições de poder do líder e os anseios do povo se unem.

História do Brasil III42

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O governo de JK promoveu muitas re-alizações. Entretanto, ao final de seu man-dato, a inflação já atrapalhava a vida dos brasileiros, e o endividamento de nossa economia devido aos empréstimos exter-nos era visível. Os opositores de JK ainda o acusavam de ter realizado investimento apenas nas regiões mais ricas do país, deixando o Norte e o Nordeste de lado.

JK subindo a rampa do Palácio do Planalto no dia da inauguração da

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(IFTO) Leia o trecho abaixo:

“O grande número de obras realizadas no governo [...] fez-se à custa de empréstimos e investimentos estrangeiros, além do sacrifício dos trabalhadores brasileiros. O governo internacionalizou a economia, aumentou a dívida externa e manteve os salários em níveis baixos. Permitiu que grandes empresas multinacionais instalassem suas filiais no país e controlassem importantes setores industriais, como os de eletrodomésticos, automóveis, tratores, produtos químicos e farmacêuticos e cigarros. Por isso, os nacionalistas diziam que a política econômica de JK [...] tinha a vantagem de ser modernizadora, mas o defeito de ser desnacionalizadora. Tem início, então, um processo que se desenvolve até o presente e que consiste em optar entre o nacionalismo ou a internacionalização da economia.”PRIORI, Mary del; VENÂNCIO, Renato Pinto. . Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. p. 382.

O trecho acima se relaciona respectivamente ao governo e período de:a) João Goulart – Ditadurab) Jânio Quadros – República Velhac) Getúlio Vargas – Estado Novod) Figueiredo – Redemocratização

e) Juscelino Kubitschek de Oliveira – Populismo

Jânio Quadros e João Goulart: a crise do populismo

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Foi nesse contexto político, econômico e so-cial que ocorreram as eleições presidenciais de 1960. Jânio Quadros foi o vitorioso e deu início a um governo de apenas sete meses.

Em seu discurso de posse, ele fez sérias acusações ao governo de Juscelino Kubitschek, salientando a inflação, o endividamento externo e ainda a corrupção, que grassava em todos os setores da vida pública. Em função desse discurso, Jânio ganhou a oposição de muitos integrantes da Assembleia e do Senado, fato que dificultou a sua curta gestão na presidência do Brasil.

Autoritário e conservador, realizou um gover-no no qual todas as decisões careciam de sua aprovação. Ele tomava decisões e as comunicava aos seus ministros por meio de bilhetes. Além

disso, impôs leis consideradas polêmicas, como a proibição de jogos de futebol em dias úteis, a proibição de brigas de galo e o uso do biquíni.

Por todas essas características, seu governo logo caiu no descrédito. Entretanto, é im-portante salientar que Jânio Quadros assumiu um país com sérios problemas econômicos. O Brasil estava endividado e a inflação anual chegava a 31%, valor considerado muito elevado para a época.

Como forma de sanear a economia, o presidente foi obrigado a tomar medidas bastante impopulares: congelou os salários, demitiu cerca de dez mil funcionários públicos, limitou o crédito e ainda desvalorizou o cruzeiro em 100%. Ele também retirou os subsídios sobre o trigo e os transportes públicos, o que levou ao encarecimento do custo de vida do trabalhador brasileiro.

Diante da inflação galopante e das medidas que atingiam diretamente a vida das famílias brasileiras, Jânio foi perdendo popularidade e, em 25 de agosto de 1961, apresentou sua carta de renúncia. De acordo com alguns estudiosos, ele desejava ser aclamado e convidado a per-manecer no cargo, fato que não ocorreu.

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Jânio Quadros em um dos seus comícios. Para parecer familiar aos eleitores mais humildes, o candidato costumava se apresentar utili-zando ternos gastos e remendados e, não raro, chegava adiantado ao local onde ocorreria o comício, sentava-se no palanque e comia vorazmente um pão com banana. O povo, ao observar a cena, gritava: “Veja, ele é um dos nossos! Ele é povo também!”

Observe os pronunciamentos do presidente Jânio Quadros, a seguir:

"Ninguém perturbará a ordem deste país comigo vivo. Ninguém! E eu não aconselharia, quem quer que seja, a tentá-lo" (25 de março de 1961).

"Fui vencido pela reação e, assim, deixo o governo [...]. Sinto-me, porém, esmagado. Forças ter-ríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou me infamam, até com a desculpa da colaboração. Se

da minha autoridade. Creio, mesmo, que não manteria a própria paz pública" (25 de agosto de 1961). BENEVIDES, Maria Vitória de Mesquita. . São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 73.

O breve

mandato de

Jânio Quadros

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Agora, responda:

1. De que maneira os dois pronunciamentos atestam as contradições existentes no governo de Jânio Quadros?

2. O discurso de renúncia do presidente Jânio Quadros apresenta alguma semelhança com a Carta Testa-mento de Getúlio Vargas? Explique.

Jânio Quadros, em sua campanha à presidência, fez uso da vassoura com a qual iria varrer do país toda a corrupção.

Varre, varre, varre, varre,Varre, varre vassourinha,Varre, varre a bandalheiraQue o povo já está cansadoDe sofrer dessa maneiraJânio Quadros é esperançaDesse povo abandonado.

MAUGERI NETO, José. Varre, varre vassourinha. Disponível em: <http://www.franklinmartins.com.br/som_na_caixa_gravacao.php?titulo=varre-varre-vassourinha-jingle-de-janio-quadros-em-1960#>. Acesso em: 18 jun. 2012.

1. Na história mais recente de nossa república algum outro presidente também lançou mão da luta contra a corrupção em sua campanha? Em caso afirmativo, cite o presidente e quais os símbolos e slogans utilizados por ele.

2. Em nosso país, assim como em muitos outros, a corrupção ainda é uma realidade. Reúna-se com seus colegas e criem uma campanha para a conscientização da população sobre o problema. Criem um slogan e organizem cartazes.

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HISTÓRIA

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Com a renúncia de Jânio Quadros, de acor-do com a Constituição, deveria tomar posse o vice-presidente João Goulart. Entretanto, ele encontrava-se em visita oficial à China, país in-tegrante do Bloco Socialista. Esse fato, somado à condecoração de Che Guevara por Jânio Quadros com a Ordem do Cruzeiro do Sul, causou temor em vários setores da sociedade que receavam a implantação do socialismo no Brasil.

Um grupo de militares resolveu impedir a pos-se de João Goulart (Jango). O Marechal Henrique Teixeira Lott passou a liderar uma campanha para que a Constituição fosse cumprida e acabou preso sob a ordem do ministro da Guerra. Leonel Brizola, cunhado de Jango, lançou a Campanha pela Lega-lidade, ou seja, pelo cumprimento da Constituição.

Com o objetivo de abreviar a vacância da presidência da República, Plínio Salgado propôs a dis-cussão de uma emenda constitucional que aprovasse a implantação da República Parlamentarista no Brasil. Dessa forma, João Goulart assumiria, mas não com amplos poderes. A emenda foi aprovada e João Goulart tomou posse no dia 7 de setembro de 1961.

A posse, porém, não colocou fim aos problemas, pois Jango teve dificuldades em compor o mi-nistério. Além disso, o primeiro-ministro, Tancredo Neves, afastou-se do ministério em 1962, para concorrer ao cargo de governador de Minas Gerais. Os novos primeiros-ministros não ficaram tempo suficiente para estabilizar o governo.

Enquanto isso, a crise econômica aumentava e o descontentamento da população era visível. Em 1961, ocorreram 105 greves no país. No ano seguinte, foram 128 e, em 1963, 149 greves. No campo, as Ligas Camponesas comandadas por Francisco Julião promoviam a invasão de muitas terras produtivas, especialmente latifúndios.

Diante desse quadro, João Goulart sugeriu um plebiscito para a escolha da permanência da Re-pública Parlamentarista ou o retorno ao presidencialismo. No dia 6 de janeiro de 1963, foi realizado o plebiscito, e o presidencialismo foi vitorioso.

Posse de Jânio Quadros. Na imagem, é possível observar também o presi-dente Juscelino Kubitschek, que entregava o Poder Executivo ao seu sucessor, e o vice--presidente João Goulart (Jango). Jango já havia ocupado a pasta de ministro do Trabalho durante o governo de Getúlio Vargas

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Propaganda contra o Parlamentarismo no plebiscito de 1963

Você que sabe que o Presidente da República tinha direitos adquiridos pela Constituição, Você que sabe que as regras do jogo foram mudadas depois da eleição,Você que está vendo que o parla-mentarismo não funciona,Você que tem o direito de escolher o seu presidente e o seu gover-nador,Você que não admite desrespeito à Constituição,Compareça dia 6 e marque NÃO. WORMS, Luciana Salles. Brasil século XX: ao pé da letra da canção popular. Curi-tiba: Nova Didática, 2002. p. 81. Ilu

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Como presidente com maiores poderes, João Goulart anunciou as Reformas de Base, um programa amplo de mudanças que, como o nome afirmava, pretendia iniciar uma reforma pela base da economia e dos serviços essenciais.

Analise o texto de Edgard Carone, no qual ele explica o que integrava as Reformas de Base:

Por Reformas de Base entende-se a questão da reforma agrária, a reforma sindical, a reforma bancária, as reformas constitucional, político-partidária e eleitoral, a reforma

defesa dos preços dos produtos exportáveis, a dinamização da Zona Livre de Comércio e a reorganização da Marinha Mercante Nacional. Como se vê, trata-se de transformar a Estrutura da terra, a estrutura sindical, o sistema político-constitucional, o problema

terrestres e pôr em prática a ideia do planejamento econômico.CARONE, Edgard. . São Paulo: Difel, 1980. p. 206.

João Goulart, tendo ao lado a esposa Maria Teresa, no dia 13 de

março de 1964, em um comício na Estação

Central do Brasil, Rio de Janeiro, para conseguir

apoio à Reforma de Base

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(UEMS) Para alguns historiadores, o governo João Goulart nasceu, conviveu e morreu sob o signo do Golpe de Estado, concretizado em 64. Um dos maiores projetos do presidente João Goulart, que assustou as camadas conservadoras, foram as Reformas de Base, que, entre outros pontos, previam:

a) a reforma agrária, com desapropriação de terras improdutivas, reforma urbana destinada a tirar o inquilino do aluguel e ajudar na compra da casa própria, reforma política, com a possibilidade de voto de analfabetos, reforma na educação, com construção de mais escolas e universidades de bom nível.

b) a supressão do pluripartidarismo, resumindo-se a apenas dois partidos políticos.

c) a proibição da atuação dos movimentos sociais de esquerda, notadamente o das Ligas Camponesas.

d) o alinhamento do Brasil ao bloco socialista da União Soviética.

e) a proibição da atuação da Igreja Católica no Brasil.

e dos

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HISTÓRIA

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Entre os dias 25 e 26 de março de 1964, os motins entre os integrantes das forças armadas vieram a se somar ao descontentamento da população em geral. No dia 31 de março, os militares, com o apoio de setores civis, iniciaram o golpe que depôs João Goulart. Iniciava-se a fase da Ditadura Militar no Brasil, que duraria até 1985.

Regime militar

A crise que levou os militares ao poder teve início com a re-núncia de Jânio Quadros. João Goulart, ao não conseguir compor um ministério e manter um primeiro-ministro, conferindo ao país um tom de normalidade e mostrando ao povo que a crise estava sendo controlada, aprofundou a ruptura que levou à ditadura.

O golpe foi apoiado pelos Estados Unidos, que não desejava que mais um país latino-americano passasse para o sistema socialista, como fizera Cuba.

A sucessão de cinco governantes militares após o golpe dava à ditadura um caráter mais leve, de alternância de líderes. Se os militares não possuíam planos de governo bem organizados ao promover o golpe, aos poucos foram eliminando a oposição, impondo a censura em todos os setores e estabelecendo um aparente crescimento econômico que todos os brasileiros nas-cidos muito depois iriam arcar com os custos.

Após a deposição de Goulart, Ranieri Mazzilli assumiu in-terinamente o poder. O Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco foi eleito indiretamente e anunciou que ficaria no cargo até o ano de 1965, quando seriam convocadas eleições livres.

Já no início do governo Castelo Branco foram decretados dois atos institucionais: o AI 1, que determinava o governo militar no Brasil, e o AI 2, que estabelecia o bipartidarismo político no país. Com apenas dois partidos políticos, um seria simpatizante do regime militar (Aliança Renovadora Nacional – Arena) e todos os que estivessem na oposição integrariam o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Era uma estratégia para enfraquecer a oposição, uma vez que o MDB era composto pelos mais variados tipos de militâncias e ideologias, sendo que muitas vezes o único fator de união era a oposição à Ditadura Militar.

Uma das primeiras ações dos militares em relação à política externa foi a reaproximação com os Estados Unidos e o recebimento de empréstimos para o auxílio no controle da crise econômica.

Em relação à segurança interna, as greves foram proibidas e as Ligas Camponesas foram dissolvidas com a prisão de muitos dos seus integrantes.

A promessa de eleições livres em 1965 foi frustrada e Castelo Branco estendeu seu mandato até 1967, com o apoio das ações policiais do exército. Toda e qualquer oposição foi perseguida e anulada. Muitos intelectuais, políticos e artistas que faziam oposição ao governo foram banidos do país. Os movimentos estudantis e operários foram sufocados. Todas essas ações coordenadas pelo Serviço Nacional de Informação (SNI).

Em 1967, Arthur da Costa e Silva foi eleito pelo Colégio Eleitoral como sucessor de Castelo Branco e permaneceu no poder até 1969. O período de governo de Costa e Silva seria marcado pela agitação de setores da população brasileira que clamavam pela volta à democracia. Além da decepção com a sucessão de militares no poder e a ausência de liberdade de expressão, também os ecos dos movimentos sociais que ocorriam no mundo ampliaram as agitações internas.

Posse do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Com esse governo, teve início o período de Ditadura Militar no Brasil

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Os atos institucionais foram decretos

por meio dos quais os militares

impuseram suas leis. Eram

deliberados sem a participação de

representantes populares.

Golpe de

1964: o início

da Ditadura

Militar

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História do Brasil III48

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Diante de tantas manifestações e criações de alianças pela democracia, o governo militar resolveu endurecer ainda mais e lançou o Ato Institucional n.º 5, que estabe-leceu a ditadura com todo o rigor. Por meio desse decreto, o Senado e Assembleias poderiam ser fechados, políticos poderiam ter os seus mandatos cassados e os seus direitos políticos suspensos por dez anos e funcionários públicos considerados subversivos poderiam ser demitidos. Os di-reitos dos cidadãos foram suspensos e o estado de sítio poderia ser determinado sem justificativa.

Enquanto pessoas eram perseguidas, presas e tortu-radas, a economia era estabilizada por meio da elevação dos salários abaixo dos índices de inflação e o cruzeiro era desvalorizado mensalmente para privilegiar as ex-portações.

A Passeata dos Cem Mil foi uma das maiores manifestações contra o autoritarismo dos militares. Ocorreu na cidade do Rio de Janeiro no dia 26 de junho de 1968 e contou com a participação de estudantes, operários, artistas, intelectuais e também de representantes da Igreja Católica

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(UFG – GO) Analise a imagem a seguir.

HENFIL. Diretas Já! São Paulo: Record. 1984. Disponível em: <flick.com/photos/fotosdocalc/3632225649/>. Acesso em: out. 2009.

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HISTÓRIA

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Essa imagem alude a um importante acontecimento político da história do Brasil contemporâneo. Tomando como referência os elementos presentes no cartum:

a) identifique e explique as principais características desse acontecimento.

b) Qual o desfecho desse acontecimento e como o cartunista o interpreta?

Em 1969, o presidente Arthur da Costa e Silva faleceu de um derrame cerebral e foi substituído pelo general Emílio Garrastazu Médici, que governou até 1974.

O governo de Emílio Garrastazu Médici foi marcado pela repressão e violência contra os conside-rados “inimigos” do Brasil e pelo desenvolvimento econômico.

Milagre econômico

Em 1971, o governo Médici anunciou o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que tinha por ob-jetivo promover o desenvolvimento econômico do país, colocando-o em apenas 25 anos entre as nações desenvolvidas do mundo. Para marcar esse crescimento espetacular, foram realizadas obras grandiosas, como a Transamazônica e a Usina Hidrelétrica de Itaipu, além de inaugurada a Ponte Rio-Niterói.

A construção da Transama-

zônica foi uma das grandiosas

obras que caracterizaram

o período do “milagre econômico”

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História do Brasil III50

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O Brasil tornou-se um paradigma do que é conhecido na América Latina como “desenvolvi-mentismo”, fazendo de uma elevada taxa de crescimento o principal objetivo, sem dar ênfase à

de uniforme, quando dizia: “A meta essencial de meu governo pode ser resumida numa palavra: desenvolvimento.”DROSDOFF, Daniel. : o governo Médici. São Paulo: Global, 1986. p. 37.

Durante a gestão de Médici, o Brasil viveu um processo de crescimento muito rápido. A economia cresceu em 11,4% e a inflação ficou estabilizada em 15,7% ao ano, um índice recorde para um país que nos últimos anos dos governos populistas havia apresentado uma inflação anual de quase 90%. Entretanto, é importante salientar que esse crescimento era decorrente dos empréstimos volumosos no exterior e à custa da manutenção dos baixos salários para as classes trabalhadoras. Durante o governo Médici, a nossa dívida externa cresceu de 4,4 bilhões de dólares para 17,2 bilhões ao final de seu mandato.

A todo esse processo de desenvolvimento econômico foi dada a denominação de milagre econômico.Apesar de toda a repressão e do “ânimo” criado pela estabilização da

economia, os movimentos de esquerda cresceram na clandestinidade e passaram a promover ações contra o governo. Podemos mencionar como movimentos atuantes no período: a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR), a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). Esses e outros grupos atuaram pro-movendo ações guerrilheiras, assaltos a banco para obter financiamento para suas ações e até mesmo sequestrando embaixadores.

Ernesto Geisel assumiu a presidência em 1974 e deu início a uma abertura lenta e gradual, que se estendeu ao longo de todo o seu go-verno até 1979. Essa abertura foi sentida quando o governo permitiu que o partido de oposição, o MDB, fizesse uso de horário político na televisão e no rádio para as eleições legislativas de 1974. O resultado foi a derrota da Arena.

Com o intuito de diminuir a velocidade da abertura e garantir a perma-nência da Arena como o partido de situação, o governo criou mecanismos que procuravam dificultar as vitórias da oposição. Podemos citar, em 1975, a criação da Lei Falcão, que reduzia o tempo das propagandas eleitorais, dificultando ou impossibilitando aos candidatos do MDB expor suas plataformas políticas. Também foi criado o “senador biônico”, que não era eleito pelo voto popular, mas nomeado pelo governo como forma de manter a maioria dos senadores aliados ao governo.

Apesar de ser um período de afrouxamento da repressão, os militares da Linha Dura, temendo perder o comando do país e contrários ao processo de abertura gradual, continuaram com as prisões e torturas. O assassinato do operário Manuel Fiel Filho e o suposto suicídio do jornalista Vladimir Herzog, enquanto estava preso para um interrogatório, geraram protestos da população e divisões internas entre os grupos de militares.

Foi nesse contexto que a figura de Luiz Inácio Lula da Silva começou a ficar conhecida como líder sindical e opositor do governo militar.

O último militar a governar foi João Batista Figueiredo, que assumiu em 1979 com a promessa de fazer do Brasil um país democrático.

João Batista Figueiredo deu continuidade ao processo de abertura promovendo a volta do pluri-partidarismo e anistiando os exilados políticos.

A foto do jornalista enforcado na cela em que estava preso passou a ser um dos documentos mais evidentes das atuações violentas e escusas dos militares, apesar da anunciada abertura lenta e gradual

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Nesse período, os efeitos negativos do “milagre econômico” já estavam bastante aparentes: a inflação e a elevação do custo de vida já eram sentidos, fruto dos empréstimos externos e do custo das grandes obras que estavam sendo realizadas em várias partes do país.

O atentado ao edifício da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro e o atentado frustrado no Riocentro no dia 30 de abril de 1981, em comemoração ao Dia do Trabalho, não impediram que a abertura política iniciada durante o governo Geisel e continuada no governo Figueiredo decretasse o fim dos governos militares em 1985 e desse início ao processo de redemocratização no país.

Leia o fragmento a seguir:

Os órgãos de imprensa eram todos censurados, impedidos de mostrar o que acontecia nos porões da ditadura. Ao contrário disso, promoviam campanhas ufanistas para enaltecer o “milagre brasileiro”.

Com apoio de maciço capital estrangeiro, o crescimento econômico acelerado colocou o Brasil entre as maiores economias do mundo sem, contudo distribuir a renda. A acentuação na concentração de renda foi a estratégia para um capitalismo brasileiro de rápido desenvolvimen-to adotada pelo ministro da Fazenda, Delfim Neto; “Fazer o bolo crescer para depois dividir”.

A forte propaganda do “milagre” valeu-se de slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o”, “Ninguém segura este país” ou “Este é um país que vai pra frente”. Muito contribuiu para justificar o clima de euforia a conquista do tricampeonato na Copa do Mundo do México, 1970.

WORMS, Luciana Salles. Brasil século XX: ao pé da letra da canção popular. Curitiba: Nova Didática, 2002. p. 111.

De acordo com o fragmento e nossos estudos sobre a Ditadura Militar, responda:

1. Quais foram as duas principais características do governo Médici?

2. O crescimento econômico atingiu todas as classes sociais? Justifique sua resposta.

3. Cite o slogan presente no texto que representa a repressão política imposta aos brasileiros.

4. Cite os slogans que apelavam para o desenvolvimento econômico.

5. De que maneira é possível comparar a política brasileira da década de 1970 à Política do Pão e Circo de Otávio, imperador romano?

História do Brasil III52

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Cultura e contracultura

Os anos de desenvolvimento econômico são também períodos de investimento nos setores culturais e artísticos. Dessa forma, o início da década de 1960, especialmente durante o governo JK, correspon-deu a um grande momento para o setor cultural. A literatura recebeu grande incentivo e as obras que fizeram grande sucesso no período foram Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. O Cinema Novo, com Glauber Rocha e as obras de Nelson Pereira dos Santos, estava no foco das discussões.

Conforme a inflação ia aumentando e os governos de Jânio Quadros e João Goulart davam mostras de que a crise política levaria ao fim da democracia, também o comportamento da juventude passou a abandonar o balanço da bossa nova e a buscar expressões artísticas e comportamentais mais en-gajadas na luta política.

Durante a Ditadura Militar, o Teatro Opinião passou a ser a referência da arte engajada na denúncia à opressão e na luta pela democracia.

Os ecos dos movimentos Beatnik e Hippie chegavam ao Brasil e reforçavam a luta da juventude, que desejava a democracia e o fim da violência. O rádio e a televisão contribuíram na aproximação dos movimentos estudantis que ocorriam pelo mundo com os movimentos internos. Porém, também aproximou o comportamento dito “alienado” de Elvis Presley e dos Carpenters, entre tantos outros, dos jovens brasileiros que queriam apenas aproveitar os anos de ouro da juventude.

O Tropicalismo ou a Tropicália reuniu uma grande variedade de ritmos que, segundo Caetano Veloso, representava o avesso da sofisticação da bossa nova.

Apesar de comporem e executarem em seus shows muitas músicas cujas letras apresentavam contestações à ditadura instalada no país e à falta de liberdade, os tropicalistas eram considerados tão alienados como os integrantes da Jovem Guarda pelos chamados integrantes e partidários das músicas de protesto.

Outro ponto a ser destacado nos movimentos culturais durante as décadas de 1960 e 1970 foram os festivais da canção. Nesses eventos, muitos compositores, músicos e cantores conseguiram burlar a censura.

Roberto Carlos, o principal

representante da Jovem

Guarda, cantava “Eu só quero que você me

aqueça nesse inverno e que tudo mais vá

para o inferno”. Esse refrão foi

considerado o hino dos alienados

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1. (UPE) Apesar da repressão e da censura, os anos dos governos militares pós-1964 não impediram o surgimento de movimentos culturais e artísti-cos, que trouxeram renovação e polêmica. É pos-sível destacar nesse período

a) ( ) a realização dos festivais de músicas nos quais apareceram artistas importantes para renovação da cultura da época;

b) ( ) a organização do Movimento Armorial, preocupado, apenas, com o crescimento da chamada cultura popular;

c) ( ) a existência de imprensa atuante e crítica, participante de jornais como Movimento, Opinião e Pasquim;

d) ( ) a produção de peças teatrais com lingua-gem renovadora, apresentando críticas contra a situação dominante;

e) ( ) a afirmação musical de Roberto Carlos e seu grupo, apresentando novos ritmos e alcançando muito sucesso na TV.

2. (UFMS) Leia com atenção os versos abaixo, que correspondem ao samba Vai Passar, composto e gravado por Chico Buarque de Hollanda em 1984.

“Vai passarNessa avenida um samba popularCada paralelepípedo da velha cidadeEsta noite vai se arrepiarAo lembrar que aqui passaram sambas imortaisQue aqui sangraram pelos nossos pésQue aqui sambaram nossos ancestraisNum tempoPágina infeliz da nossa históriaPassagem desbotada na memóriaDas nossas novas geraçõesDormiaA nossa pátria mãe tão distraídaSem perceber que era subtraídaEm tenebrosas transaçõesSeus filhos erravam cegos pelo continenteLevavam pedras feito penitentesErguendo estranhas catedraisE um dia, afinalTinham direito a uma alegria fugazUma ofegante epidemiaQue se chamava carnaval,O carnaval, o carnaval...Vai passar [...]”

Com base nos versos e nos seus conhecimen-tos sobre a história do Brasil, assinale a(s) afirmativa(s) correta(s).

(01) A frase “Seus filhos erravam cegos pelo con-tinente” é uma menção aos opositores do re-gime militar brasileiro, que foram obrigados a buscar exílio no exterior como alternativa para escapar da repressão política, só poden-do retornar legalmente ao país após 1979, quando foi sancionada a Lei da Anistia.

(02) As frases “Dormia / A nossa pátria mãe tão distraída / Sem perceber que era subtraída / Em tenebrosas transações” indicam que o compositor refere-se ao governo Juscelino Kubitschek, também conhecido como “anos dourados”, quando houve uma abertura da economia brasileira ao capital internacional, o que acarretou uma enorme especulação finan-ceira, crescimento da dívida externa e a conse-quente retração do parque industrial do país.

(04) Os versos estão inseridos no contexto his-tórico do fim da Ditadura Militar, momento marcado por grandes manifestações em di-versas cidades brasileiras, em que os popu-lares saíram às ruas em prol do movimento denominado Campanha Pelas Diretas Já!

(08) A frase “Num tempo/ Página infeliz da nossa história”, presente na segunda estrofe, refe-re-se ao período do regime militar brasileiro, quando a repressão política exercida pelo governo voltou-se inclusive contra o meio artístico e cultural, transformando o próprio compositor em alvo da censura da época.

(16) A frase “Num tempo/ Página infeliz da nossa história”, presente na segunda estrofe, refere--se ao contexto histórico da ditadura do Estado Novo, quando o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) censurou os meios de comu-nicação, intelectuais e artistas, o que levou o próprio compositor a exilar-se na Europa.

Somatório:

3. (UDESC) Assinale a alternativa correta sobre a expressão “milagre econômico”.

a) Remete a um período em que houve de fato crescimento econômico no país, mas o preço foi elevado: inflação, endividamento ao FMI e redução drástica das liberdades individuais.

História do Brasil III54

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b) Remete a um período em que o crescimento econômico ocorreu junto com o avanço de projetos sociais criados pelo Estado brasileiro, preocupado em “dividir melhor o bolo”.

c) Remete especificamente à década de 1980, a de maior crescimento econômico do país.

d) O milagre foi, na realidade, uma grande revo-lução social tomada como meta de campanha pelos governos militares.

e) A Luta Armada é uma forte expressão da polí-tica do “milagre econômico”.

4. (UERJ) O gráfico a seguir representa as variações nas exportações de produtos brasileiros, entre as décadas de 1960 e 1990.

GOMES, Angela Castro et al. A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

A alternativa que corresponde adequadamente recorte temporal, tipo de produto e contexto his-tórico do decréscimo no percentual das exporta-ções é:

a) 1964/1974 – café – retração da fronteira agrí-cola.

b) 1974/1976 – industrializado – crise interna-cional do petróleo.

c) 1982/1996 – agrícola – modelo de substitui-ção de importações.

d) 1984/1992 – extrativo – estabilidade monetária.

5. (UEM – PR)

Entre os anos de 1968 e 1973, a economia brasi-leira apresentou um crescimento extraordinário. Foram os anos do chamado ‘milagre econômi-co’, durante os quais se registraram médias anu-ais de aumento do PIB acima de 10%.

TEIXEIRA, Francisco M. P. Brasil: História e Sociedade. São Paulo: Ática, 2000. p. 299.

Sobre o chamado “milagre econômico brasileiro”, assinale o que for correto.

(01) O endividamento externo do Brasil cresceu enormemente durante o “milagre econômi-co” brasileiro.

(02) Ainda que não estivesse nos planos gover-namentais, o chamado “milagre econômi-co” brasileiro teve, como resultado mais significativo, uma política desenvolvimen-tista de redistribuição de renda.

(04) O sucesso dos planos econômicos implanta-dos pelos governos militares deve-se à privati-zação de estatais e à proibição de investimen-tos estrangeiros na economia brasileira.

(08) Na década de 1970, o “milagre econômico” brasileiro fez do Brasil a oitava economia mundial.

(16) O “milagre econômico” brasileiro aconte-ceu em período de ampla liberdade cultural e política no Brasil.

Somatório:

6. (UFPR) Sobre as manifestações ocorridas no Brasil, no ano de 1968, considere as seguintes afirmativas:1. O fim do milagre econômico, com suas con-

sequências econômicas e sociais, foi uma das razões que levaram a tais manifestações.

2. Em 1968 houve várias greves de trabalhado-res. Algumas delas terminaram pacificamente; outras, sobre repressão do aparato militar do governo.

3. Um marco para o desencadeamento de várias dessas manifestações no Brasil foi o assassina-to de um estudante, pela polícia, quando ele participava de uma passeata.

4. O ponto alto da convergência dessas manifes-tações foi a Passeata dos Cem Mil, realizada nesse ano.

5. Uma reação do Marechal Castelo Branco às manifestações foi a promulgação do Ato Ins-titucional n.º 1, que restabelecia direitos civis e políticos ao cidadão.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente as afirmativas 2 e 5 são verdadeiras.b) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 5 são verda-

deiras. c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.d) Somente as afirmativas 1, 4 e 5 são verdadeiras.e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.

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HISTÓRIA

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Com o objetivo de relembrar os governos militares, complete a linha do tempo a seguir:

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AI-2

Ditadura militar no Brasil

1964

1974

1967

1979

1969

1985

Brasil: Nova República5

Dando continuidade ao estudo da República brasileira, estudaremos o processo de redemo-cratização que teve lugar em nosso país durante a década de 1980. E para que a Nova República seja compreendida em sua maior amplitude, é importante retomar algumas das características dos governos militares.

História do Brasil III56

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Apesar de os governos militares se sucederem e imporem à população brasileira os atos institucionais que estabeleciam um governo por decreto, o ano de 1968 foi repleto de manifes-tações contra a ditadura. Vários foram os movimentos que reuniram estudantes, intelectuais, artistas, professores, operários, enfim, representantes de todos os setores da sociedade. Essas manifestações tiveram a influência dos movimentos estudantis que ocorreram nesse mesmo ano na França, na Polônia e nos Estados Unidos.

Os militares temiam que as grandes manifestações estudantis de Paris se repetissem nas principais capitais brasileiras e advertiram: “Enquanto estivermos aqui, o Rio não se transformará numa nova Paris!” e “O Tietê não é o Sena!”.

O Rio de Janeiro acabou por se transformar em uma cidade parecida com Paris durante os dias 19, 20 e 21 de maio de 1968. Os estudantes saíram às ruas para exigir eleições livres e o fim dos governos militares. Especialmente o dia 21 de maio ficou conhecido como a “sexta-feira sangrenta”, pois um grande número de manifestantes enfrentou por mais de 10 horas a polícia, lutando com as armas das quais dispunha: paus, pedras, móveis, máquinas de escrever, mobiliário de rua, etc.

No mês de julho de 1968, o Rio de Janeiro viveu a Passeata dos Cem Mil. Mais uma vez, a multidão saiu às ruas exigindo o fim da repressão, da tortura e da ditadura.

Os militares responderam com o AI-5, conjunto de medidas repressivas “baixadas” no dia 13 de dezembro de 1968. Desde essa publicação, a ditadura tomava seus contornos mais duros, repressivos e violentos no Brasil.

Sobre a ditadura e a repressão imposta aos brasileiros pelos militares, responda:

1. (ENEM)

Podem me prenderPodem me baterPodem até deixar-me sem comerQue eu não mudo de opinião.Aqui do morro eu não saio nãoAqui do morro eu não saio não.Se não tem águaEu furo um poço

Se não tem carneEu compro um osso e ponho na sopaE deixa andar, deixa andar...Falem de mimQuem quiser falarAqui eu não pago aluguelSe eu morrer amanhã seu doutor,Estou pertinho do céu

Zé Ketti. . Disponível em: <http:/www.mpbnet.com.br>. Acesso em: 28 abr. 2010.

[...] No dia 31 de março de 1964, uma conspiração civil e militar destituiu o então presidente João Goulart da

Presidência da República. Iniciava-se o longo período em que os militares governaram e ditaram as regras

democracia brasileira que se iniciara em 1945”.[...]

ALMEIDA, Maria Fernanda Lopes. Veja sob censura: 1968-1976. São Paulo: Jaboticaba, 2009. p. 78.

É importante salientar que

os movimentos estudantis de Paris

lutavam por uma sociedade menos

conservadora, por um ensino

mais adequado às novas exigências

tecnológicas e ainda pelo fim dos excessos

da sociedade de consumo e da desigualdade

material entre os indivíduos. No Brasil, os

estudantes iam às ruas para protestar contra a ditadura e

a falta de liberdade.

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HISTÓRIA

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e) restringir a atuação do Parlamento.Abertura política

E foi a democracia que o povo brasileiro buscou desde o estabelecimento da Ditadura Militar até o final do governo do general João Batista Figueiredo. Os dois últimos governos militares, de Geisel e Figueiredo, propuseram-se a diminuir a ditadura ao longo de suas gestões. Entretanto, uma parte dos militares, os denominados Linha Dura, não desejava que tal processo tivesse êxito.

O general Geisel, para poder manter o “processo de abertura lenta, segura e gradual”, foi obrigado a afastar alguns de seus ministros considerados de Linha Dura, como o ministro do Exército Sylvio Frota.

O movimento de abertura não foi gradual e contínuo como apregoavam os militares. Ele teve re-trocessos, como o denominado Pacote de Abril de 1977, que determinou o fechamento do Congresso Nacional e a imposição de um conjunto de medidas que estabelecia um mandato de seis anos para o próximo presidente militar. Estipulava ainda que este seria eleito por um colégio eleitoral composto de membros do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas estaduais, além de outras medi-das autoritárias. Além das medidas que integravam o Pacote de Abril, vários políticos tiveram seus mandatos cassados e a Lei Falcão limitava o tempo de campanha política dos candidatos da oposição nos meios de comunicação.

Golpe de

1964: o início

da Ditadura

Militar

@HIS297

Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o de:

a) entretenimento para os grupos intelectuais.

b) valorização do progresso econômico do país.

c) crítica à passividade dos setores populares.

d) denúncia da situação social e política do país.

e) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.

2. (ENEM)

Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.”JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. . Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo:

a) impedir a contratação de familiares para o serviço público.

b) reduzir a ação das instituições constitucionais.

c) combater a distribuição equilibrada de poder.

d) evitar a escolha de governantes autoritários.

e) restringir a atuação do Parlamento.

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Diante da pressão interna e da observação internacional, o AI-5 foi revogado em 28 de agosto de 1978, por meio da Emenda Constitucional n.º 11. A liberdade de expressão foi restabelecida e foi extinta a censura prévia.

Ao anunciar, pela televisão, o recesso do Congresso Nacional, na noite da última sexta-feira, o presidente Ernesto Geisel tacitamente abriu mão das últimas esperanças de que durante seu mandato pudesse acontecer uma vigorosa corrida das instituições políticas para a democra-cia plena – sonho acalentado no início de seu governo, sob o inspirado rótulo de distensão, e cada vez menos citado no “mundo” político, desde quando as preocupações econômicas

com o Congresso fechado e a decisão de impor por via revolucionária não só a reforma do Judiciário como todas as outras que o governo julgar necessárias, pouco restava do sonho.

[...]OS RISCOS do recesso. Veja, ed. 448, 6 abr. 1977. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx>. Acesso em: 4 jul. 2012.

Congresso Nacional, abril de 1977, no período de recesso determinado pelo governo. No plenário apenas o senador Eurico Resende e o deputado Ulysses Guimarães, além da responsável pela limpeza

Durante o período da ditadura militar, todos os textos jornalísticos, os conteúdos veiculados nos programas de rádio e televisão, as letras de música e os espetáculos artísticos deviam submeter seus conteúdos à censura prévia. Esta

determinava o que podia ou não podia ser de conhecimento público. O compositor e cantor Chico Buarque, por exemplo, teve muitas de suas letras censuradas e alteradas, pois seu nome passou a ser identificado como de oposição ao regime. Para fugir

da censura, ele compôs várias músicas utilizando o pseudônimo Julinho da Adelaide.

Chico Buarque foi um dos compositores mais perseguidos pela censura dos militares. A tal ponto de ter transformado uma viagem de dez dias à Europa, para uma apresentação no Festival de Cannes, em um autoexílio em Roma.

Na capital italiana, Chico Buarque, em parceria com Vinicius e Toquinho, compôs Samba de Orly, letra que também sofreu censura quando foi lançada no Brasil. Observe:

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1. Após a análise da letra da música, levando em conta o cenário político do Brasil, escreva o sig-nificado das estrofes:a) Você tem razão

De correr assim Desse frio

b) Mas beija O meu Rio de Janeiro Antes que um aventureiro Lance mão

c) Vê como é que anda Aquela vida à toa

E se puder me manda Uma notícia boa

2. O que levou a censura a exigir as alterações na letra? Qual era o significado que os censores desejavam apagar da letra original?Pede perdão Pela duração (pela omissão*)Dessa temporada (Um tanto forçada*)

Vai, meu irmão Pega esse avião Você tem razão De correr assim Desse frio Mas beija O meu Rio de Janeiro Antes que um aventureiro Lance mão Pede perdão Pela duração (pela omissão*)Dessa temporada (Um tanto forçada*) Mas não diga nada Que me viu chorando E pros da pesada Diz que eu vou levando Vê como é que anda Aquela vida à toa E se puder me manda Uma notícia boa WORMS, Luciana Salles; COSTA, Wellington Borges. Brasil século XX: ao pé da letra da canção popular. Curitiba: Nova Didática, 2002. p. 114.

*Trechos que foram substituídos em virtude da censura.

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História do Brasil III60

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Durante o governo de João Batista Figueiredo, em 28 de agosto de 1979, foi aprovada a Lei da Anistia, que permitia a volta de todos os exilados políticos. Entretanto, a lei também concedeu o perdão a todos os torturadores e algozes que trabalharam para a Ditadura Militar. Esse fato causou profundo descontentamento na sociedade brasileira, que desejava o julgamento e a punição de todos os crimes cometidos em nome da ditadura.

O pluripartidarismo substituiu o bipartidarismo, dando lugar à formação de diversos partidos po-líticos. A Aliança Renovadora Nacional (Arena) deu origem ao Partido Democrático Social (PDS). Por

sua vez, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que concentrou toda a oposição aos governos militares, deu origem a vários partidos políticos: o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Partido Popular (PP) e o Partido dos Trabalhadores (PT).

A foto representa a fundação do Partido dos Trabalhadores em São Paulo, no Colégio Sion, no dia 10 de fevereiro de 1980. Formado por líderes sindicais, trabalhadores e intelectuais, o partido nasceu com a missão de defender os direitos da classe trabalhadora brasileira. O Partido dos Trabalhadores se mostrou uma experiência inédita no Brasil por ter surgido das agremiações e lideranças sindicais. Além da grande massa de trabalhadores, contou com grande número de professores universitários, profissionais ligados às artes, intelectuais e estudantes. Luiz Inácio Lula da Silva, um dos fundadores do partido, concorreu à Presidência da República em várias eleições, chegando ao cargo em 2003

Manifestação pelas Diretas Já, diante do Congresso Nacional em Brasília. Manifestações como essa ocorreram em muitas cidades brasileiras e reuniram centenas ou milhares de pessoas

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Todas as conquistas rumo à redemocratização do país não calaram os partidários da Linha Dura. Eles ainda tentaram retroceder o processo, promovendo assassinatos e espancamentos de pessoas ligadas aos movimentos grevistas e à Comissão de Paz e Justiça. Podemos citar como exemplos o assassinato do operário Santo Dias da Silva e o espancamento do jurista Dalmo Dallari. O atentado à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Rio de Janeiro, em 1980, e o atentado ao Centro de Convenções, no Riocentro, durante as comemorações do dia 1.º de maio, em 1981, são outros dois exemplos de atos violentos perpetrados por grupos ligados à Ditadura Militar. Apesar de todas essas ações, não havia mais a possibilidade de frear o estabelecimento do estado democrático no Brasil.

Eleição de Tancredo Neves

Em 1984, teve início uma campanha de mobilização nacional para a aprovação de uma emenda parlamentar que estabeleceria as eleições diretas para a Presidência da República. A Campanha Diretas Já, como ficou conhecida, foi proposta pelo deputado federal Dante de Oliveira.

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HISTÓRIA

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Dante explica como ela nasceu:Durante a campanha, me chamava a atenção que, nos debates nas universidades, nos bairros e

mesmo em comícios e grandes eventos, a resposta da população era muito forte quando se falava em elegermos o presidente da República. Aquilo me marcava, era algo que tocava as pessoas.

Quando me elegi, tomei a decisão: vou apresentar o projeto. Antes, fui ao Congresso, em janeiro, não tinha ainda tomado posse, fui pesquisar sobre os projetos que estariam tramitando [...] um funcionário do Senado me informou que não havia nenhum. Já haviam sido arquivados os projetos de Marcos Freire, de Quércia. Antes de iniciar a legislatura, eu já estava colhendo as assinaturas, em janeiro e fevereiro. Algumas eu consegui às vésperas de dar entrada no projeto.

o primeiro a falar. Eu tinha clareza de que o projeto seria muito discutido, por conta da sucessão presidencial. Por isso eu queria ser o primeiro a apresentá-Io.

Dispõe sobre a eleição direta para Presidente e Vice-Presidente da República. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, no uso das atribuições que lhes confere o art. 49 da Constituição, promulgam a seguinte Emenda ao Texto Constitucional:

Art. 1.º Os arts. 74 e 148 da Constituição Federal, revogados seus respectivos parágrafos, passarão a viger com a seguinte redação:

Art. 74. O Presidente e Vice-Presidente da República serão eleitos, simultaneamente, entre os brasileiros maiores de trinta e cinco anos e no exercício dos direitos políticos, por sufrágio universal e voto direto e secreto, por um período de cinco anos.

Parágrafo único. A eleição do Presidente e Vice-Presidente da República realizar-se-á no dia 15 de novembro do ano que anteceder ao do término do mandato presidencial.

Art. 148. O sufrágio é universal e o voto é direto e secreto; os partidos políticos terão repre-sentação proporcional, total ou parcial, na forma que a lei estabelecer.

Art. 2.° Ficam revogados o art. 75 e respectivos parágrafos, bem como o Parágrafo 1.º do art. 77 da Constituição Federal, passando seu Parágrafo 2.º a constituir-se parágrafo único.

LEONELLI, Domingues; OLIVEIRA, Dante de. : 15 meses que abalaram a ditadura. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 78-79.

Sob o lema “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil”, os manifestantes paralisaram a Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, no dia 10 de abril de 1984

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Observe a charge a seguir:

Agora, responda:

1. Paulo Caruso fez alusão a uma obra de arte histórica relacionada à nossa História. Qual é essa obra e quem é o seu autor?

2. Qual era o tema retratado na obra que serviu de inspiração a Paulo Caruso?

3. Que relação pode ser estabelecida entre as duas produções?

4. Você reconhece alguns dos personagens apresentados por Paulo Caruso em sua charge? Cite-os.

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CARUSO, Paulo. Diretas Já. , 25 abr. 1984.

Apesar de toda a mobilização nacional, a Emenda Dante de Oliveira foi derrotada no Congresso. Foram 298 votos pela aprovação, 65 pela não aprovação e 3 abstenções. O número de votos favoráveis à aprovação não atingiu o quórum necessário e foi reprovada. Apesar da derrota da Emenda, o povo brasileiro exercitara com todo o processo a força da união por objetivos nacionais.

Ensino Médio | Modular 63

HISTÓRIA

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O cortejo fúnebre de Tancredo reuniu cerca de dois milhões de pessoas pelas cidades de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João del Rey, onde foi sepultado. A morte do presidente eleito deixou um vazio no coração de todos os brasileiros que sonhavam com a democracia e com um presidente eleito com o consentimento do povo

Definida a eleição indireta para presidente do Brasil, a Aliança Democrática lançou como candidato Tancredo Neves para presidente e José Sarney para vice-presidente. Paulo Salim Maluf foi lançado candidato a presidente pelo Partido Social Democrata. Flávio Portela Marcílio foi lançado candidato a vice de Maluf. A eleição ocorreu no dia 15 de janeiro de 1985 e o Colégio Eleitoral confirmou Tancredo Neves e José Sarney para os cargos aos quais concorreram. Depois de um período de 21 anos, o Brasil voltava a ter um presidente civil.

A posse de Tancredo Neves estava marcada para o dia 15 de março. Entretanto, no dia 14 o pre-sidente eleito foi hospitalizado e veio a falecer no dia 21 de abril.

O vice-presidente José Sarney assumiu a Presidência e anunciou a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, cujos integrantes foram eleitos nas eleições de 15 de novembro de 1985.

A oitava constituição brasileira foi finalizada e entregue ao povo em 1988. Foi chamada por Ulysses Guimarães, presidente da Constituinte, de “Constituição Cidadã” em razão dos grandes avanços sociais que atingiu.

Apesar de a Constituição determinar o mandato de quatro anos para o cargo de presidente, vice--presidente, governadores e prefeitos, o presidente Sarney ficou no poder de 1985 a 1990.

Os três grandes desafios impostos ao presidente Sarney foram a elaboração da nova Cons-tituição, a estabilização da economia e a retomada do crescimento econômico.

A nova Constituição foi entregue ao povo brasileiro. Entretanto, a crise econômica se mostrou muito mais difícil de controlar. Ao longo da gestão Sarney foram estabelecidos vários planos econômicos que tinham por objetivo primordial controlar a inflação. Os planos Cruzado I e II, Plano Bresser e Plano Verão mudaram a moeda, congelaram salários, acabaram com a correção monetária e diminuíram o

crédito. Entretanto, as medidas antipopulares não surtiram efeito e no mês de março do ano de 1990 a inflação atingiu 80%.

O governo Sarney terminou com altos índices de rejeição em virtude da hiperinflação, que chegou a 1 000% ao ano. A Nova República havia tornado realidade o sonho democrático, mas a crise financeira trazia ao sonho um tom de pesadelo para muitas famílias que não conseguiam fechar o mês com os seus rendimentos.

Após a leitura da proposta do deputado Dante de Oliveira, pesquise com seus familiares mais velhos e colha informações sobre o Movimento Diretas Já em seu município. Busque as seguintes informações:

Você participou do Movimento Diretas Já? Em caso afirmativo, explique como foi a sua participação.

Quantos anos você tinha quando ocorreu o movimento?

Na época, você tinha consciência da importância da aprovação da Emenda Constitucional?

Além das respostas, se houver a possibilidade, colete material que possa contribuir para o estudo do período (fotos, matérias jornalísticas, vídeos, etc.) e traga-os para a escola.

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História do Brasil III64

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Com o objetivo de controlar a crise econômica, Collor lançou o audacioso Plano Brasil Novo, que determinou a troca da moeda cruzado novo (implantada durante o governo Sarney) para cruzeiro. Além disso, estabeleceu por 18 meses o confisco dos depósitos acima de 50 cruzeiros das contas correntes e aplicações financeiras (inclusive da poupança). Restabeleceu o congelamento de salários e limitou o crédito. Abriu o país para os produtos importados com o objetivo de que a concorrência gerasse a queda dos preços dos produtos nacionais.

O Plano Collor, como acabou mais conhecido o Plano Brasil Novo, atingiu alguns sucessos nos primeiros meses após a sua implantação. Entretanto, como a concentração de renda e a corrupção não foram atacadas pelas medidas governamentais, a crise voltou com maiores índices inflacionários e com as denúncias de corrupção no governo federal.

Fernando Collor, acusado publicamente pelo próprio irmão Pedro Collor, foi alvo de uma grande mobilização nacional que incluía órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), grupos estudantis e organizações sindicais que exigiam o seu impeachment.

Enquanto uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias foi organizada, a população saía às ruas para exigir a renúncia ou o afastamento de Collor.

A CPI votou a abertura do processo de impeachment no dia 29 de setembro de 1992. Com 441 votos a favor da continuidade do processo, o povo comemorava nas ruas.

Fernando Collor renunciou no dia 29 de dezembro de 1992, minutos antes do início da votação do processo no Senado. O objetivo de Collor, ao renunciar, era evitar a perda de seus direitos políticos. Entretanto, mesmo com a renúncia o Senado determinou a cassação dos direitos políticos do ex-presidente pelo período de oito anos.

Na campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 1989 se inscre-veram 22 candidatos. Entre eles estavam Fernando Collor de Mello (PRN), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Leonel Brizola (PDT), Ulysses Guimarães (PMDB), Ronaldo Caiado (PSD), Mário Covas (PSDB) e Paulo Salim Maluf (PDS).

O primeiro turno foi realizado em 15 de novembro de 1989 e os dois candidatos que passaram para o segundo turno foram Fernando Collor de Mello (vice-presidente Itamar Franco) e Luiz Inácio Lula da Silva (vice--presidente José Paulo Bisol). Fernando Collor de Mello foi o vitorioso com cerca de 35 milhões de votos, no segundo turno ocorrido no dia 17 de dezembro do mesmo ano.

Em 15 de março de 1990, tomou posse Fernando Collor de Mello. O presidente, em sua campanha, lançou mão de forte apelo populista prometendo lutar pelos “descamisados”, caçar os "marajás" e acabar com a corrupção no país. Outra promessa de campanha era controlar o processo inflacionário

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O presidente Collor, denominado “o caçador de marajás”, no momento da renúncia para evitar a cassação

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HISTÓRIA

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Sobre o movimento popular que contribuiu para a renúncia do presidente Fernando Collor de Mello, responda à questão a seguir:

(ENEM)

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado).

O movimento representado na imagem, do início dos anos de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil. Nesse contexto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico:

a) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha Diretas Já.

b) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação da Lei da Ficha Limpa.

c) engajou-se nos protestos relâmpagos e utilizou a internet para agendar suas manifestações.

d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou ações revolucionárias armadas.

e) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no processo de impeachment do então presidente Collor.

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Neoliberalismo no Brasil

Após a renúncia do presidente Fernando Collor de Mello, assumiu em definitivo como presidente Itamar Franco, que governava interinamente desde o dia 29 de setembro, quando a Câmara de Depu-tados aprovou o pedido de impeachment.

Para muitos, a continuidade do mandato por Itamar Franco foi uma confirmação do fortalecimento da democracia em nosso país.

Durante a gestão de Itamar Franco (1992-1995), ocorreu em 21 de abril de 1993 um plebiscito no qual o povo pôde escolher entre monarquia e república e entre presidencialismo e parlamentarismo. A escolha de 66% dos brasileiros foi pela república e apenas 10% optou pela monarquia. O presiden-cialismo recebeu 55% dos votos e o parlamentarismo, 25% dos votos.

Em 1994, o ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, colocou em prática um novo plano econômico denominado Plano Real. Era mais um plano que tinha por objetivo a contenção da onda inflacionária e o crescimento econômico do país. Inicialmente, foi criada uma moeda temporária, o cruzeiro real, que faria a transição entre o cruzeiro e a nova moeda: o real. No dia 1.º de julho de 1994, passou a circular o real, que tinha seu valor equiparado ao dólar (1 real = 1 dólar).

Plebiscito é uma consulta que se

faz aos eleitores. É realizada uma

ou mais perguntas dentre as quais

o eleitor escolhe SIM ou NÃO ou

opta por uma das alternativas

presentes na cédula.

História do Brasil III66

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[...]

poupanças. Apesar disso, também se espraiava a sensação de que não seria possível continuar do jeito que estava. O único plano do qual o público e os políticos tinham saudades era o Cruzado. É certo que o Cruzado terminou em moratória e

salários durante um certo período.

medida que produziu sensação de desafogo e prosperidade – e até mesmo crescimento econômico – causou também o

preços, os congelamentos temporários, as mudanças de índices perpassaram vários desses planos e geraram incontá-veis demandas judiciais, dando margem a parte do que se chamou de “esqueletos” do setor público, ou seja, dívidas existentes, ou bombas-relógios de débitos em pleno curso de estourar, mas não incluídas formalmente na contabilidade

anteriores de estabilização e a urgência em tomar alguma providência que aliviasse a situação. [...]

CARDOSO, Fernando Henrique. A arte da política: a história que vivi. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 142-143.

Quando os brasileiros já estavam descrentes de planos econômicos que realmente contro-lassem a inflação, veio o Plano Real. Ele conseguiu manter a estabilidade da moeda, o controle inflacionário e deu início aos novos índices de crescimento da economia.

O governo Itamar Franco terminou com altos índices de aceitação e garantiu a eleição de Fernando Henrique Cardoso para dois mandatos na Presidência.

Em 1995, seguinte ao lançamento do Plano Real, o presidente Fernando Henrique anunciou mais uma série de medidas necessárias para equilibrar a economia e continuar na condução eficiente do novo plano econômico. Eram elas: a reforma tributária, a reforma da Previdência Social e a quebra de vários mono-pólios estatais, abrindo espaço para a iniciativa privada. Era a chegada do neoliberalismo ao Brasil.

Ocorreu a aceleração dos processos de privatizações de várias empresas estatais e o fim dos monopólios em diversos setores da economia, especialmente na indústria petrolífera e no setor da telefonia. Isso levou muitos partidos políticos da oposição a uma forte reação ao que eles consideravam política aliada aos interesses neoliberais estadunidenses.

O Plano Real se manteve e a moeda completou em 2004 uma década de existência, fato inédito no Brasil da Nova República. As mudanças promovidas estabilizaram a eco-

nomia brasileira e lançaram o país no mercado financeiro internacional. O Brasil passou a ser visto como um lugar seguro para investimentos. Entretanto, o povo ansiava por mudanças mais profundas que diminuíssem as desigualdades entre ricos e pobres e promovessem a igualdade social. Por esse motivo, o governo de Fernando Henrique Cardoso não terminou com a aceitação que tivera no final do primeiro mandato.

Nas eleições de 2002, foi vencedor Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que concorreu com o candidato José Serra (PSDB).

No dia 1.º de janeiro de 2003, chegava à Presidência da República um líder sindical de família humilde.

Ao longo dos dois mandatos, o presidente Lula demonstrou que daria continuidade aos programas iniciados no governo anterior, mantendo a estabilidade econômica como uma das principais metas. Na política externa, o Brasil se firmou como uma liderança política e econômica na América Latina e como um país preocupado com as questões sociais tanto internas quanto dos demais países.

Presidente Fernando Henrique Cardoso. Nas eleições de 1994, candidato pelo PSDB-PFL, con-correu no segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva, candidato pelo PT. Fernando Henrique venceu com 54,28% dos votos

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O presidente Lula ganhou a confiança dos empresários brasileiros e dos investidores internacionais ao anunciar em sua campanha que cumpriria todos os acordos firmados nos governos anteriores

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Ensino Médio | Modular 67

HISTÓRIA

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O Rock in Rio, ocorrido em 1985,

foi o primeiro grande festival a comemorar

a democracia no Brasil com transgressão e

rebeldia, segundo as palavras de

seu idealizador, o empresário Roberto

Medina

Cultura e sociedade no Brasil dos anos 1980 e 1990

A década de 1980 foi marcada pela abertura política e, portanto, ainda estava impregnada pelos resquícios da ditadura que aos poucos foram dando espaço para o debate e para a liberdade de expressão.

Os sindicatos e as agremiações estudantis passaram a ganhar mais integrantes e tiveram atuações estrondosas em movimentos como o das Diretas Já e o dos Caras-Pintadas.

A instabilidade política e o processo inflacionário causaram temor e o desemprego impediu que muitas famílias tivessem as condições materiais necessárias para a sobrevivência.

Com o fim da censura, a televisão exibia programas que chocavam os mais velhos, acostumados com a “moral e os bons costumes”. As novelas, programa diário de milhões de brasileiros, passaram a mostrar diálogos mais rudes e tramas que veiculavam críticas à sociedade, à política e à economia.

Nas artes, o terreno estava fértil para produções que contestavam o período de dita-dura militar. Na música, ocorreu o aparecimento de novos grupos. Blitz, Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Paralamas do Sucesso, entre outras bandas, passaram a promover shows irreverentes e que reuniam milhares de fãs.

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A música “Brasil”, do cantor e compositor Cazuza, passou a ser o hino que cobrava mudanças das gerações mais velhas e dos políticos

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1. (ENEM)

Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos anos imediatamente anteriores ao Golpe Militar de 1964. A diminuição da oferta de empregos e a desvalorização dos salários, provocadas pela infla-ção, levaram a uma intensa mobilização política popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de várias categorias profissionais, o que apro-fundou as tensões sociais. Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pelas “sobras” do modelo econômico juscelinista.MENDONÇA, S. R. A industrialização brasileira. São Paulo: Moderna, 2002. (adaptado)

Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos 1960 decorreram principalmente:

a) da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart.

b) das contradições econômicas do modelo desen-volvimentista.

c) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas.

d) da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das greves.

e) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação trabalhista.

2. (UFAM) “Causa excelente impressão, e ao mesmo tempo acentua as expectativas quanto às primei-ras medidas do novo governo, o discurso do pre-sidente Fernando Collor no Congresso Nacional. Longe das exaltações de campanha, mas com im-pressionante firmeza, o presidente assumiu com-promissos com uma linha pragmática que dificil-mente mereceria algum reparo [...]. Trata-se de um pronunciamento não só adequado aos impe-rativos da atual circunstância, como também hábil

História do Brasil III68

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no que aponta para uma abrangência real de vi-sões políticas. [...] O encadeamento do discurso, as ênfases bem dosadas em cada ponto que se abordava – da ecologia ao cenário internacional, da profissão de fé democrática ao diagnóstico da crise econômica –, suscitam a impressão de um pronunciamento planejado cuidadosamente, e vêm aguçar a esperança de que as ideias ali ins-critas se traduzem na prática. [...] Mas se o futuro governo corresponderá de fato ao que se propõe, eis uma pergunta que se torna mais candente à medida mesma que seu programa, de forma níti-da e inteligente, aponta para soluções corretas e imprescindíveis na conjuntura brasileira”.

Folha de São Paulo, 16 de março de 1990, Caderno A, p. 2.

Nesta passagem do Editorial do periódico Folha de São Paulo, é perceptível a crença de que o governo recém-empossado do presidente Fernando Collor de Mello – conhecido outrora como “o caçador de marajás” – promovesse a redenção política, econômica e social do Brasil, que vinha sendo castigado pela hiperinflação e por graves desequilíbrios sociais. Todavia, ao longo do período entre 1990 e 1992, as esperanças dessa redenção foram frustradas por uma série de desajustes políticos e econômicos, que culminariam com o impeachment de Fernando Collor em dezembro de 1992. Das alternativas a seguir, assinale aquela que não está relacionada ao governo Collor.

a) Uma reforma monetária com o retorno do cruzeiro como moeda nacional.

b) Bloqueio da quase totalidade dos ativos fi-nanceiros das pessoas físicas e jurídicas.

c) Uma reforma administrativa, que implicava a extinção de várias empresas estatais e de vá-rios órgãos administrativos, levando à privati-zação da economia.

d) A redução dos entraves às importações com o objetivo de aumentar a base tributária.

e) O fim do monopólio exercido pela Petrobras so-bre a extração de petróleo em território nacional.

3. (UNIT – SE) Considere o gráfico.

(In: João Paulo M. Hidalgo Ferreira e Luiz Estevam O. Fernandes. Nova História integrada. Campinas: Companhia da Escola, 2005)

Tendo como referenciais o conhecimento da eco-nomia brasileira do período entre 1985 e 1997 e os dados do gráfico, é possível concluir que:

a) o Plano Real, aprovado no governo de Itamar Franco, manteve o controle dos preços de pro-dutos e serviços por um tempo mais longo do que os demais planos econômicos.

b) o governo de José Sarney conseguiu, com os três planos que adotou, reduzir drasticamen-te os índices inflacionários que eram provoca-dos pela alta de preços no governo anterior.

c) os planos econômicos do governo Fernando Collor não tiveram impacto sobre os preços de produtos e serviços, pois a inflação man-teve-se nos patamares mais altos da história do país.

d) o Plano Bresser, idealizado e executado pelo governo de Itamar Franco, ao contrário do que se pretendia, fez os preços e serviços su-birem num patamar de cerca de 80% ao mês.

e) os planos econômicos adotados conseguiram manter os índices inflacionários num patamar que não afetou o poder de compra da classe média e dos trabalhadores assalariados.

4. (UCS – RS) Considere as seguintes afirmativas em relação à História do Brasil recente.

I. Eleição de Luis Inácio Lula da Silva, após concorrer à Presidência do Brasil por quatro vezes.

II. Promulgação da atual Constituição Federal, conhecida como “Constituição Cidadã”.

III. Impeachment (impedimento) do presidente Fernando Collor de Mello.

IV. Lançamento do Plano Real, cujos principais ob jetivos eram a estabilidade da moeda e a continuidade do processo de abertura eco-nômica.

Assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, a ordenação desses fatos, desde o mais antigo ao mais moderno.

a) IV, II, III, I

b) II, III, IV, I

c) III, I, II, IV

d) II, IV, III, I

e) III, I, IV, II

Ensino Médio | Modular 69

HISTÓRIA

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O Brasil nos anos de 19906

A desigualdade social é herança de nossa colonização e da cultura europeia que nos foi imposta. A manutenção do trabalho escravo, indígena ou africano, deixou marcas ainda na atualidade bas-tante visíveis na sociedade brasileira. Nela, as diferenças de oportunidades entre brancos, negros, pardos e indígenas é uma das principais características. Felizmente, essas desigualdades vêm sendo discutidas nos últimos anos. E como fruto desses debates surgiram leis que têm por objetivo o estabelecimento de uma sociedade com oportunidades iguais para todos os seus integrantes.

Para finalizar nossos estudos sobre a República brasileira, realizaremos algumas análises a respeito de nosso país durante a década de 1990 e também nos primeiros anos do século XXI.

E para traçarmos um perfil mais claro do país em que vivemos e da sociedade da qual fazemos parte, é importante relembrarmos que em nossa história política tivemos grandes períodos de di-tadura ou de grupos que se revezavam no poder. A real participação do povo brasileiro na política, por meio do voto, ocorreu de forma espaçada e interrompida por períodos ditatoriais. Esse fator contribuiu para que os brasileiros tivessem dificuldades no exercício da participação política e na atuação ativa nas campanhas eleitorais, nas eleições e no acompanhamento dos atos dos políticos.

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Um dos indicadores do crescimento da economia de um país é o Produto Interno Bruto (PIB). Observe os dados referentes ao Brasil:

PIB do Brasil nos últimos anos

Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Contas Nacionais. Disponível em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=SCN52&sv=41&t=produto- interno-bruto-brvalores-correntes>. Acesso em: 10 jul. 2012.

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Crescimento econômico x desigualdade social

Na última década do século XX, o Brasil mostrou um considerável crescimento econômico. O sucesso do Plano Real, que estabilizou o valor de nossa moeda e possibilitou aos brasileiros planejarem seus orçamentos, contribuiu para que a economia brasileira servisse de exemplo para vários países.

De devedores do Fundo Monetário Internacional (FMI), passamos a promover empréstimos para que esse fundo pudesse auxiliar países em graves situações econômicas.

O sistema de cotas para o ingresso nas univer-sidades é um dos bons frutos gerados por tais discussões. Além disso, a inclusão de pessoas com necessidades especiais nas escolas e no mercado de trabalho e, ainda, o fácil acesso aos meios de transporte e a possibilidade de locomoção em seus locais de moradia são evidências de um Brasil que pensa nessa igualdade.

Ensino Médio | Modular 71

HISTÓRIA

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Às mulheres eram apenas ensinadas as prendas domésticas e as orações

DEBRET, Jean-Baptiste. Uma senhora de algumas posses em sua casa. 1823. 1 aquarela sobre papel, 16,2 cm x 23 cm. Coleção Castro Maya.

Para que uma sociedade tenha igualdade de condições, é importante que todos os brasileiros tenham acesso à escola e ao ensino formal. A educação apenas para os filhos das famílias abas-tadas foi outra herança colonial. Somente os filhos dos grandes proprietários tinham condições de aprender a ler e escrever com preceptores, professores particulares, aos quais era incumbida a educação das crianças até os 8 ou 10 anos. A partir dessa idade, essas crianças eram enviadas à Europa para o estudo em colégios internos e de lá voltavam formados para dar continuidade aos negócios de cada família.

Após analisar o gráfico, responda:

1. Observando o cenário internacional, o que levou o nosso PIB a ficar negativo em 2009?

2. Ainda sob o contexto da economia internacional, o que podemos afirmar sobre a economia brasileira diante da crise mundial?

3. De que modo uma economia fortalecida ou em crise afeta a vida dos indivíduos?

Durante o Império, surgiram colé-gios geralmente dirigidos por religiosos, como o Colégio São Paulo. No entanto, o ingresso nessas instituições continuava restrito aos filhos de famílias brancas e ricas. Ao longo do período republica-no, as mudanças foram ocorrendo, mas ainda continuavam lentas se compara-das às necessidades da maior parte da população brasileira, que se via exclu-ída de uma formação profissional mais especializada.

História do Brasil III72

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Taxa de analfabetismo na faixa etária de 15 anos ou

mais – Brasil e Grandes Regiões – 1980/2000

Fonte: IBGE. Tendências demográficas. Uma análise dos resultados da amostra do Censo Demográfico 2000. Disponível em: <http://www.ibge. gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/tendencias_demograficas/tabela03.pdf>. Acesso em: 6 maio 2013. Adaptação.

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analf = número de analfabetos na faixa etária i,Pi = população na faixa etária i

Onde:I = 15 anos ou mais, 15 a 19, 20 a 24, 25 a 29, 30 a 39, 40 a 49 e 50 anos ou mais

A população atendida pelo ensino básico aumentou progressivamente nas últimas décadas. A taxa de atendimento da população de 7 a 14 anos passou de 80,9% em 1980 para 96,4% em 2000, uma cobertura muito próxima à de países desenvolvidos.

O Estado de São Paulo e o Distrito Federal praticamente já alcançaram a meta de universalização do acesso ao ensino fundamental, com taxas superiores a 98%. Mas, apesar dos avanços ocorrerem em todo o território nacional, há regiões defasadas em relação ao Sudeste e ao Sul. As Regiões Norte e Nordeste encontram-se abaixo da média brasileira, com taxas de atendimento de 7 a 14 anos correspondentes a 93,4% e 95,2%, respectivamente.INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Brasileira. Brasília: O Instituto, 2002. p. 64.

De acordo com a análise dos documentos, responda:

1. É possível afirmar que o Brasil está vencendo o analfabetismo? Justifique sua resposta.

Ensino Médio | Modular 73

HISTÓRIA

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Capitanias Hereditárias – 1534

Reforma agráriaOutra questão de grande importância para que haja justiça social e a diminuição da desigualdade

econômica no Brasil é a realização da planejada, adiada e esperada reforma agrária. Em nosso país, grandes extensões de terras rurais estão concentradas nas mãos de poucos pro-

prietários, enquanto a maioria dos agricultores não tem onde viver e plantar. Muitos ainda dependem do emprego temporário em grandes fazendas, os chamados boias-frias. Outros migram para a periferia das grandes cidades porque a mecanização retirou suas poucas oportunidades de empregos.

A questão da concentração de terras em nos-so país é proveniente do sistema das Capitanias Hereditárias que, em 1534, dividiu a Colônia em 15 lotes de terras doados pelo rei de Portugal a 12 donatários. Começava aí todo o problema.

A doação de sesmarias era concedida pelo rei de Portugal, pois toda a Colônia era consi-derada propriedade real. Para adquirir um lote de terra, era necessário solicitar uma doação pessoal. A posse de terras na Colônia era sinal de prestígio social e poder econômico.

Quando ocorreu a nossa emancipação política em 1822 e foi convocada a Assembleia Consti-tuinte para a elaboração de nossa primeira cons-tituição, o problema da concentração de terras poderia ter sido resolvido. Bastaria a criação de leis que tornassem a divisão das terras e a doação ou a aquisição delas mais acessíveis aos brasilei-ros. Entretanto, a Constituição de 1824 garantiu a posse das terras que haviam sido doadas ao longo do nosso Período Colonial aos seus proprietários, tornando oficial a posse delas.

2. Apesar dos índices apontados, por que ainda não podemos comemorar a diminuição do analfabetismo no Brasil?

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Fonte: TEIXEIRA, Luis. Litoral Brasileiro com as Capitanias Hereditárias. 1574. Códice Quinhentista da Biblioteca da Ajuda, Portugal.

A questão agrária

no Brasil

@HIS1397

História do Brasil III74

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A questão da violência

Fonte: SIM/SVS *2010: Dados preliminares

Evolução das taxas de homicídio. Brasil, 1980/2010*

No histórico de 30 anos que atualmente disponibiliza o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, [...] o Brasil passou de 13 910 homicídios em 1980 para 49 932 em 2010, um aumento de 259% equivalente a 4,4% de crescimento ao ano.

Mas segundo os censos nacionais a população do país também cresceu, embora de forma bem menos intensa. Passou de 119,0 para 190,7 milhões de habitantes, crescimento de 60,3%. Considerando a população, temos a

26,2 em 2010. Um aumento real de 124% no período ou 2,7% ao ano.Uma segunda questão que surge imediatamente é a evidente quebra na série histórica que se observa a partir

de 2003. Até esse ano, as taxas de homicídio cresceram 4,4% aa. Entre 2003 e 2010 o crescimento foi negativo:

apresentam oscilações, aumentando um ano, caindo outro, o que denota uma situação de equilíbrio instável. Ten-tar explicar esses movimentos é um dos objetivos do presente estudo. Vários fatores concomitantes e complexos parecem intervir nessa explicação dessas quebras e oscilações a partir de 2003: políticas de desarmamento, planos e recursos federais e estratégias de enfrentamento de algumas UF parecem atuar concomitantemente [...].

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mortes matadas por armas de fogo no Brasil. 1979-2003. Brasília, Unesco, 2005. p. 19. In: ______. Mapa da : os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, 2012.

Durante o Segundo Reinado (1840-1889), sob o governo de D. Pedro II, foi aprovada a Lei de Terras em 1850. Essa lei determinou que a aquisição de terras era possível por meio da compra dos lotes pertencentes ao governo. A mesma lei vetava a posse por ocupação ou doação. Assim, quando um proprietário falecia sem deixar herdeiros, a terra voltava para o governo. Da mesma forma, os posseiros eram retirados da terra, a qual voltava também para o governo, que a revendia. A Lei de Terras favoreceu os grandes proprietários, pois eles passaram a adquirir as terras devolutas que ficavam nas fronteiras de suas propriedades.

Ao longo de todo o século XX, especialmente em sua segunda metade, a questão da reforma agrária foi bastante debatida e causou movimentos que pregavam a invasão de

terras, como o das Ligas Camponesas, que atuaram durante a década de 1960. A Ditadura Militar, utilizando de violên-cia, acabou com qualquer movimento ou discussão sobre o assunto.

No final da década de 1970, foi fundado o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Este passou a atuar em diversas unidades da Federação, promovendo a invasão de latifúndios e montando assentamentos de tra-balhadores rurais.

Apesar de os governos da Nova República desenvol-verem políticas de efetivação da reforma agrária e para a melhoria de vida dos trabalhadores rurais, ainda há muito o que se fazer.

Ensino Médio | Modular 75

HISTÓRIA

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Apesar das campanhas para o desarmamento da popu-lação, os números de homicídios crescem a cada ano, como é possível observar nos documentos extraídos da publicação Mapa da violência 2012: os novos padrões da violência homicida no Brasil. As estatísticas ainda afirmam que a maioria das vítimas é de homens jovens. Além disso, as mortes violentas estão ligadas ao tráfico de drogas e ao

comércio internacional e ilegal de armas que têm o Brasil como um dos seus pontos de conexão com os grandes centros consumidores desses produtos.

Alguns estados estão desenvolvendo programas que visam urbanizar e pacificar regiões tomadas pelos traficantes. As Unidades de Polícia Pacificadora que estão sendo implan-tadas no Rio de Janeiro podem ser citadas como exemplo.

1. (UFAM) Desde a Proclamação da República, a his-tória das constituições brasileiras registra o lento avanço da democratização e da ampliação da ci-dadania em nosso país. Que Carta Constitucional pode ser apontada como uma clara exceção a essa regra?a) A Constituição de 1988.

b) A Constituição de 1934. c) A Constituição de 1946. d) A Constituição de 1891. e) A Constituição de 1937.

2. (UFAC) Embora o conceito de raça tenha sido desautorizado pela ciência atual, a prática do ra-cismo permanece ativa. Para Hernandez (2005, 131-2): “Essa situação a partir da modernidade tem raízes histórico-estruturais no tráfico atlân-tico de escravos, elemento fundamental do sis-tema colonial do século XVI, e foi reforçado pelo imperialismo colonial de fins do século XIX na África. Mas, enquanto este tem sido por vezes qualificado como contingente, o racismo integra um corpo ideológico que antecede e transcende o imperialismo colonial”.

O texto acima nos permite afirmar que:

a) Como o Brasil não é mais colônia, racismo é coisa do passado.

b) O racismo atualmente só é identificado nas piadas de programas humorísticos.

c) O racismo existe dos dois lados porque há ne-gros que não gostam de brancos e vice-versa.

d) O racismo é saudável, pois nos Estados Unidos essa prática levou ao desenvolvimento e, atu-almente, temos um negro na presidência da-quele país.

e) O eurocentrismo e a ideia de que uns são “mais capazes, mais aptos” do que os outros consi-deram, como natural, a submissão de povos dominados, notadamente na África.

3. (UNIFAP)

Fonte: Vista da favela da Rocinha. Alicia Nijdam. Revista Discutin-do Geografia. n.º 20, Ano 04/2008.

Cultura e sociedade

Na primeira década do século XXI, a população brasileira, integrada ao processo de globalização, passou a ter acesso à internet e à telefonia móvel. Produtos eletrônicos, como televisão e computador, ficaram mais acessíveis aos consumidores da denominada “classe c”. A expressão é utilizada para fazer referência às famílias cuja renda mensal está entre R$ 1.200 e R$ 5.174, de acordo com o IBGE.

Grandes mudanças vêm ocorrendo com o objetivo da concretização de uma sociedade mais justa para todos os brasileiros. No entanto, cada cidadão tem um papel importante nas suas ações pessoais, interpessoais e profissionais para a continuação da construção de um Brasil melhor.

História do Brasil III76

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“O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado. É verdade que o capitalis-mo manteve como constante à extrema miséria três quartos da humanidade, pobres demais para a dívida, numerosos demais para o confinamen-to: o controle não só terá que enfrentar a dissi-pação das fronteiras, mas também a explosão de guetos e favelas”.

(DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Ed. 34, 1994, p. 224).

Tendo a imagem e o texto acima como referência, bem como o contexto de desenvolvimento do ca-pitalismo e as contradições de sua espacialização nas grandes cidades, julgue os itens da questão:

(01) O texto nos coloca que os homens precisam ter as suas necessidades básicas atendidas para estarem vivos: se alimentarem, se alo-jarem, terem educação e lazer, etc. Esse é o conjunto básico de reivindicações populares que precisam ser atendidos, mas o modo de produção capitalista não está conseguindo satisfazer estas exigências.

(02) O capitalismo, na nova ordem mundial, passou a receber críticas e análises pessimis-tas, devido ao desemprego, ao aumento da pobreza, das crises econômicas, poluição e destruição do meio ambiente, fazendo res-surgir movimentos de contestação e procu-ra de novos caminhos para a consolidação de um mundo melhor.

(04) Ao longo de sua historicidade, os grupos humanos tiveram que produzir para garan-tir sua sobrevivência material passando, por-tanto, por diferentes modos de produção. No entanto, isso não ocorre em nossa con-temporaneidade, em todos os contextos so-cioeconômicos, cujos procedimentos foram substituídos pela tecnologia tornando o ser humano mero expectador do mundo fabril.

(08) O consumo de drogas vem a cada ano crescendo incessantemente no Brasil. Ago-ra, além da maconha – de uso tradicional nas camadas populares – e da cocaína – de uso nos setores privilegiados da sociedade – é possível verificar o uso de haxixe, crack, heroína, ecstasy. É possível verificar tam-bém que o tráfico de varejo tem se disse-minado nos anos recentes, fazendo uso de espaços da camada pobre (favelas, lotea-mentos periféricos, baixadas, etc.) como suporte logístico.

(16) A concentração urbana e os baixos salários condenavam os trabalhadores a viver em si-tuação de miséria. No século XIX, as tensões sociais aumentavam e a reação dos trabalha-dores se manifestou de diferentes formas: inicialmente os trabalhadores destruíram má-quinas que lhes tiravam o emprego; depois fizeram greves e, finalmente, após muitas lutas, organizaram-se em sindicatos.

Somatório: _________________

4. (UFBA)

Os problemas referentes à questão agrária es-tão relacionados, essencialmente, à propriedade da terra, consequentemente à concentração da estrutura fundiária, aos processos de expropria-ção, expulsão e exclusão dos trabalhadores ru-rais: camponeses e assalariados; à luta pela terra, pela reforma agrária e pela resistência na terra; à violência extrema contra os trabalha-dores, à produção, abastecimento e segurança ali mentar; aos modelos de desenvolvimento da agro pecuária e seus padrões tecnológicos, às po líticas agrí colas e ao mercado, ao campo e à cidade, à qualidade de vida e dignidade hu-mana. Por tudo isso, a questão agrária compre-ende as di mensões econômica, social e política. (FERNANDES, 2001, p. 23-24).

Com base na ilustração, no texto e nos conheci-mentos sobre o espaço agrário, pode-se afirmar:

(01) A desigual distribuição das terras, herança do modelo econômico que se implantou re-centemente no país, trouxe como consequ-ência os atuais conflitos sociais no campo e a fixação, cada vez maior, do homem nas áreas rurais em função da chegada da mo-dernização agrícola.

(02) O movimento das “Ligas Camponesas”, ori-ginado no início do século passado, deve ser entendido como uma manifestação local dos produtores rurais do agreste pernambucano contra a alta dos impostos.

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(04) A luta por terra é uma importante dimensão da questão agrária e os movimentos sociais dela resultantes se configuram em ações dos trabalhadores, que envolvem processos de expropriação, expulsão e exclusão social.

(08) A modernização da agricultura e da pecuá-ria é bastante equilibrada nas diversas regi-ões do país, originando grande produtivida-de de alimentos com farta dieta alimentar da população.

(16) O modelo de reforma agrária vigente no país vem assegurando o acesso à terra, propor-cionando recursos necessários para ela pro-duzir e atingindo grande número de traba-lhadores rurais.

(32) O MST representa diferentes expressões de contestação, seja contra a desapropriação de terras pelo Estado, a exemplo da região de Itaipu, seja contra a permanência de la-tifúndios improdutivos, como áreas no inte-rior do Norte e do Nordeste.

Somatório: _______________

5. (ENEM)

A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fun-damental e médio, oficiais e particulares, a obri-gatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo pro-gramático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da socie-dade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política perti-nentes à História do Brasil, além de instituir, no ca-lendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).

A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a socie-dade brasileira, porque:

a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.

b) divulga conhecimentos para a população afro--brasileira.

c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.

d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação.

e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.

6. (ENEM)

TEXTO I

A ação democrática consiste em todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de toda coletividade.

GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997. (adaptado).

TEXTO II

É necessário que haja liberdade de expressão, fis-calização sobre órgãos governamentais e acesso por parte da população às informações trazidas a público pela imprensa.

Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: 24 abr. 2010.

Partindo da perspectiva de democracia apresen-tada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o Texto II, assumem um papel rele-vante na sociedade por:

a) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobrevivência e bem-estar.

b) fornecerem informações que fomentam o de-bate político na esfera pública.

c) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos.

d) propiciarem o entretenimento, aspecto rele-vante para conscientização política.

e) promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões esportivas.

História do Brasil III78

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Anotações

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