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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial História do Brasil I

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

História do Brasil I

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Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyLysvania Villela Cordeiro / Maria Bethânia de Araujo / Norton Frehse Nicolazzi Junior / Rogério Pereira da CunhaLuciano Gomes OrfãoCamila Castro de SouzaLysvania Villela CordeiroRosana FidelixTatiane Esmanhotto KaminskiVictor Oliveira PuchalskiAngela Giseli de SouzaJulio Manoel França da SilvaAngela GiseliO

2 Comunicação

Danielli Ferrari Cruz© 2001-2009 HAAP Media Ltd/nkzs’s; © Wikimedia Commons/Spoladore; © 2001-2009 HAAP Media Ltd/theswedish’s; © Shutterstock/ilker canikligil; © Dreamstime.com/Lee SniderEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

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@HIS1246Estandarte de Ur: a

guerra entre os povos

da Mesopotâmia

@HIS1246

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

C794 Cordeiro, Lysvania Villela.

Ensino médio : modular : história : história do Brasil I / Lysvania Villela Cordeiro ... [ et al.] ; ilustrações Angela Giseli. – Curitiba : Positivo, 2013.

: il.

ISBN 978-85-385-7489-7 (livro do aluno)

ISBN 978-85-385-7490-3 (livro do professor)

1. História. Ensino médio – Currículos. I. Giseli, Angela. II. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: Ação colonizadora portuguesa

Unidade 2: Colonização portuguesa na América

Unidade 3: Processo de independência na América portuguesa

Organização política 14

Organização econômica 17

Organização social 22

Cultura na Colônia portuguesa 27

Inconfidência Mineira 30

Conjuração Baiana 33

América portuguesa 34

Exploração colonial portuguesa no Brasil 5

Administração portuguesa na Colônia 7

União Ibérica 8

Brasil dos holandeses 10

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Ação colonizadora portuguesa1

O continente americano, de maneira geral, é caracterizado por sua

riqueza natural e material. No caso da América do Sul, pode-se citar

a Amazônia Legal como uma região conhecida por sua biodiversidade,

que atraiu investimentos e exploradores de todo o mundo. No Brasil,

o projeto colonizador mercantilista português explorou a terra brasilis

para enriquecimento de seu império ultramarino. Nesse processo, o

encontro entre as etnias europeia, indígena, africana, entre outras,

contribuiu para a formação da identidade do povo brasileiro.

História do Brasil I4

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A exploração colonial portuguesa no Brasil está diretamente relacionada ao processo de desenvolvi-mento econômico que marcou a passagem da Idade Média para a Idade Moderna. O sistema econômico característico desse período foi o mercantilismo, estágio inicial do capitalismo, que visava garantir aos Modernos Estados Nacionais o acúmulo de riquezas por meio do comércio marítimo, da exploração de colônias e da mineração, entre outras medidas econômicas.

Foi nesse contexto que Portugal iniciou seu projeto colonizador, e o Brasil passou, na condição de Colônia, a ser responsável por abastecer a economia de sua Metrópole com produtos tropicais, minérios e matéria-prima que fosse de interesse dos colonizadores. Em contrapartida, recebia toda espécie de produtos manufaturados de que necessitasse, além de escravizados para atuarem na produção agrícola da Colônia.

O Império Colonial português e a “rota da pimenta”

DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2007. p. 152, 156.

Os portugueses que vieram para a América tinham finalidades muito parecidas com as dos espanhóis: expandir a fé católica e viabilizar formas de enriquecer o Estado. Se os espanhóis descobriram suas minas em meados do século XVI, os portugueses demoraram mais 150 anos para encontrar metais preciosos no Brasil. Somente na década de 1690 as primeiras minas foram encontradas.

Durante o século XVI, o comércio de especiarias com as Índias foi o foco da Metrópole portuguesa. Nesse sentido, até 1530, o Brasil se manteve como um entreposto comercial entre a Metrópole e o rico comércio com as Índias, um ponto de parada e de reabastecimento na lucrativa “rota da pimenta”.

Julio

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Exploração colonial portuguesa no Brasil

Ensino Médio | Modular 5

HISTÓRIA

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Naquele primeiro momento, a única riqueza a ser comercializada era a madeira do pau-brasil que, por meio de alianças com os indígenas, começou a ser explorada e exportada para a Europa. No entanto, mesmo sem atingir margens de lucro, como as alcançadas pelas especiarias, a exploração de pau-brasil chamou a atenção principalmente dos holandeses e dos franceses, que passaram a se aliar com grupos nativos para também terem acesso à mercadoria. Para os portugueses, esse ato era considerado contrabando. Para os outros europeus, que não reconheciam a legitimidade da posse portuguesa na América, não havia grandes problemas em explorar esse recurso, na época tão abundante no litoral brasileiro.

Apesar de não verem nenhuma perspectiva de lucros imediatos com a sua Colônia americana, os portugueses deram início a um processo de fortificação do litoral, na tentativa de evitar que estrangeiros tirassem proveito das terras portuguesas na América.

As primeiras expedições enviadas pela Coroa para avaliar o território a ser colonizado foram realiza-das entre 1501 e 1503, comandadas pelos exploradores Gaspar de Lemos e Gonçalo Coelho. Este último foi responsável pela fundação das primeiras feitorias no litoral, locais destinados ao armazenamento do pau-brasil. Posteriormente, entre os anos de 1516 a 1526, a preocupação dos portugueses foi enviar expedições denominadas guarda-costas. Lideradas por Cristóvão Jacques, elas tinham como objetivo proteger as terras brasileiras da presença de corsários (piratas patrocinados por Estados) franceses.

Reforçando sua ambição de proteger o litoral brasileiro, a Coroa portuguesa concedeu a determi-nados comerciantes a exploração da madeira. Em troca, os beneficiados, com o privilégio colonial, deviam proteger o território contra traficantes estrangeiros, além de pagar a quinta parte do valor da madeira à Metrópole. Esse negócio foi bastante lucrativo para a Coroa, pois não exigiu grandes investimentos financeiros.

Assim mesmo, vários fatores levaram a Coroa portuguesa a iniciar um projeto de efetiva ocupação do território americano, pelo menos aquela parte que os portugueses acreditavam lhes pertencer por direito. As mudanças ocorridas no processo de acesso e distribuição das especiarias, que deixou de ser majoritariamente controlado pelos portugueses; as notícias de descoberta de metais preciosos nas possessões espanholas; e os constantes ataques de traficantes à costa do Brasil, que as expedições guarda-costas não conseguiam reprimir, foram alguns dos fatores com os quais a empresa colonizadora portuguesa na América teve de lidar.

Depois de oficializado o “descobrimento” do Brasil pelos portugueses, em 1500, o movimento de embarcações verificado entre Lisboa e a Terra de Santa Cruz nos trinta anos seguintes foi extremamente baixo. Nesse período, a Carreira da Índia oferecia alta lucratividade, concentrando as atenções do reino, e o território brasileiro, apesar da célebre carta de Pero Vaz de Caminha informando sobre a prodigiosa fertilidade do solo, tinha interesse apenas como ponto de escala para as naus com destino a Calicute.

Com o comércio estabelecido entre o Oriente e Portugal, bastando à Coroa controlar alguns pontos estratégicos na África e na Índia, parecia grande demais o esforço de colonizar as novas terras, implantar povoações e cultivar, ali, as preciosas especiarias. Naquele momento, do ponto de vista dos portugueses, era muito mais simples continuar no papel de intermediador por excelência do fluxo da pimenta, o que, de fato, gerava lucros consideráveis sem que fosse preciso muito esforço físico.

Assim, armadas lusitanas enviadas para o Brasil tinham apenas duas finalidades: patrulhar o litoral para prevenir ataques dos piratas franceses, que infestavam a área em busca do cobiçado pau-brasil; e mapear a costa fazendo uso de viagens exploratórias a fim de garantir a segurança dos navios que faziam escala na viagem para Calicute. Como missão primordial, os navios de reconhecimento deveriam identificar os melhores pontos para a instalação de entrepostos de troca entre a Coroa e os nativos, para, futuramente, estabelecer estaleiros nesses locais, que serviriam para o reparo das naus da Carreira da Índia.

RAMOS, Fábio Pestana. No tempo das especiarias. São Paulo: Contexto, 2004. p. 216-217.

História do Brasil I6

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A partir da década de 1530, Portugal estabeleceu uma ocupação baseada nas Capitanias Hereditárias. Os donatá-rios recebiam o direito de possuir uma faixa de terra, porém não eram considerados proprietários, pois a terra continuava pertencendo à Coroa. Aos donatários cabia, basicamente, protegê-las contra as invasões estrangeiras. Essa experiência já havia sido implantada na Ilha da Madeira e em Açores, como parte do empreendimento de produção comercial de açúcar, e também nas feitorias na África. Portugal, inspirado em experiências bem-sucedidas em suas outras colônias, adequou a colonização do Brasil de modo a reduzir os riscos financeiros para a Coroa, uma vez que concentrava os gastos iniciais da instalação das capitanias nas mãos de particulares.

Contudo, a extensão territorial, o relacionamen-to com os nativos, a falta de recursos humanos, a diferença de solo e de clima e, principalmente, a falta de investimentos foram as principais dificul-dades enfrentadas pelos donatários.

O Governo-Geral foi instituído em 1549 devido à necessida-de de haver maior presença do Estado na Colônia, ou seja, de centralizar as ações de povoamento e ocupação em uma única instituição político-administrativa. O Governador-Geral era considerado o chefe da administração colonial, tendo funções militares, administrativas, civis e judiciárias. Com o objetivo de fortalecer o Estado português no Brasil, o Governador-Geral também deveria auxiliar os donatários e os colonos no processo de ocupação das terras, combate aos indígenas rebelados e defesa do território de corsários e piratas, além de fomentar a busca de riquezas no interior por meio de expedições em busca de metais preciosos.

Dois casos específicos podem ser citados como exemplos deDois casos específicos podem ser citados como exemplos deDois casos específicos podem ser citados como exemplos desucesso: as capitanias de São Vicente e Pernambuco, que sucesso: as capitanias de São Vicente e Pernambuco, queprosperaram economicamente devido à produção de açúcarprosperaram economicamente devido à produção de açúcar

Autoria desconhecida. São Vicente. 1624. Ilustração do “Reys-boeck van het rijcke Brasilien”. Exemplar da Koninklijke Bibliotheek, Haia, O Reys-boeck é um livro de relato de viagens publicado na Holanda, em 1624.

História

dos

piratas e

corsários

e as

diferenças

entre eles

@HIS1914

Uma das riquezas da Época Colonial já conhecidas pelos portugueses,

o pau-brasil foi alvo de pirataria na costa brasileira.

Os franceses retiravam a madeira com a ajuda dos indígenas em

troca de produtos, como facões, machados, espelhos e tecidos. A efetiva ocupação da Colônia

pelos portugueses buscava a defesa da costa contra as incursões estrangeiras e a possível tomada de

território por parte desses

Administração portuguesa na Colônia

CAVALCANTI, Lailson de Holanda. Pindorama: a outra História do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004. p. 32.

Ensino Médio | Modular 7

HISTÓRIA

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A criação dessa instância político-administrativa refletia a pre-ocupação da Coroa portuguesa com um importante acontecimento daquela época: no ano de 1545, os espanhóis descobriram as minas de Potosí, fato que foi interpretado pelos portugueses como uma possibilidade concreta de se encontrarem metais preciosos também no Brasil. Desse modo, a criação do Governo-Geral foi uma tentativa de organizar a exploração do território com base em um governo centralizado e com o rei legalmente representado.

Essa ação da Coroa iniciou um novo processo de colonização portuguesa na América, favorecendo o surgimento de uma socie-dade com concentração de poder em nível regional, nas mãos das elites econômicas rurais.

A morte de D. A morte de D.Sebastião inspirou Sebastião inspiroumovimentos sociais movimentos sociaisde cunho religiosode cunho religiosoem Portugal e noem Portugal e noBrasil. Essa influência Brasil. Essa influênciaesteve presente até esteve presente atéa República, quandoa República, quandoocorreu a Guerraocorreu a Guerrade Canudos, cujosde Canudos, cujosrebeldes acreditavamrebeldes acreditavamno retorno do rei no retorno do reipara libertá-los dapara libertá-los daopressãoopressão

MORAIS, Cristóvão de. O Rei Dom Sebastião de Portugal, o Desejado. 1565. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

Considerando o fato de Portugal ainda estar vivendo um período de transição do feudalismo para o capitalismo no século XVI, converse com os colegas e procurem encontrar traços das relações vassálicas feudais na forma de administração colonial montada por Portugal.

União Ibérica

Enquanto a sociedade colonial se desenvolvia, Portugal enfrentou uma crise sucessória que teve reflexos em todo o Império. Em 1578, Portugal perdeu seu jovem rei D. Sebastião, morto em Alcácer-Quibir, na África. Por não ter tido filhos, o trono passou a ser ocupado por seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que foi rei até 1580, quando faleceu.

Um dos pretendentes na linha sucessória era Filipe II, rei da Espanha, que acabaria se tornando também rei de Portugal. Desse modo, iniciava-se o período conhecido como União Ibérica (1580-1640), no qual os reinos de Portugal e Espanha eram governados pelo mesmo monarca. Mas quais foram as consequências da crise na sucessão do trono português para o Brasil?

Filipe II da Espanha (ou Filipe I de Portugal) acabou se tornando rei de Portugal em virtude do apoio da nobreza e da burguesia portuguesa. A nobreza recebeu recursos financeiros em troca do apoio. Ela não sim-patizava com os demais aspirantes ao trono. D. Antônio, por exemplo, que era o pretendente mais popular, foi rejeitado pela nobreza por ser filho bastardo.

Além disso, Portugal enfrentava uma crise financeira, em decorrência dos esforços da expansão ul-tramarina, e a Espanha poderia auxiliá-lo com os metais preciosos americanos. Nesse sentido, setores da burguesia portuguesa apoiaram a união das duas coroas, pois tinham interesse em fornecer escravos e alimentos para a América hispânica em troca de prata.

Mas as pretensões imperiais expansionistas dos espanhóis – que tinham como política a busca de novos territórios para serem suas colônias – e a forte influência do catolicismo nas decisões do Estado foram fatores determinantes para o envolvimento em conflitos internacionais que acabaram afetando os luso-brasileiros.

Como resultado desse contexto, Portugal e Brasil sofreram ataques das potências inimigas da Espanha. Houve conflitos entre luso-brasileiros e holandeses na costa africana, asiática e brasileira.

Na década de 1580, o rei Filipe II proibiu os estrangeiros de exercerem atividades agrícolas e comerciais no Brasil. Essa medida acabou por reforçar a atitude estrangeira de praticar o corso, a pirataria e o contra-bando no litoral brasileiro. Mas, ao mesmo tempo, foi incentivado o comércio entre a América hispânica e a portuguesa. Além disso, expedições de reconhecimento dos sertões que pertenciam à Espanha foram permitidas, possibilitando que os luso-brasileiros chegassem ao Rio Amazonas e ao Rio Grande do Sul.

História do Brasil I8

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Os dois impérios permaneceram separados admi-nistrativamente, porém, por exigência espanhola, a ad-ministração portuguesa passou por reforma com base nas Ordenações Filipinas. Até 1620, a burguesia luso-brasileira obteve muitos benefícios com a União Ibérica, como os lucros do fornecimento de escravos e o contrabando da prata de Potosí. Porém, na década de 1620, quando as disputas entre Espanha e Holanda ficaram mais acirradas, os portugueses foram forçados a romper suas relações comerciais com os holandeses, perdendo o mercado de Amsterdã, que era um dos mais movimentados da Europa.

Em 1640, foi feita a Restauração, resultante de um contexto de retomada da autonomia de Portugal. O trono português foi ocupado por uma nova dinastia: a casa de Bragança. Os principais fatores responsáveis pela Restauração foram o declínio espanhol, em função dos gastos excessivos com as guerras, e a ação da burguesia portuguesa, que tecia alianças com comerciantes dos Países Baixos.

De 1580 a 1640, a visão de Portugal sobre o Brasil foi se modificando. À medida que o século XVII avançava, o Brasil deixava de ser uma colônia secundária para os portugueses e começava a assumir o status de possessão mais importante do além-mar. As dificuldades na costa africana e o fim do monopólio do comércio das especiarias asiáticas, somadas ao sucesso da produção açucareira, estimularam Portugal a não poupar esforços para manter a colônia americana, deslocando seu foco do oriente para o Atlântico Sul.

Os nobres apoiaram Filipe II na crise sucessória de Portugal. Fizeram-no porque dependiam dos metais espanhóis para sanarem as suas dificuldades financeiras. O documento abaixo era um verso popular citado em 1580, após a morte do rei cardeal D. Henrique. Leia-o com atenção e depois responda ao que se pede.

Viva El Rei D. HenriqueNo inferno muitos anos

Pois deixou em testamentoPortugal aos castelhanos.

In: WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. M. Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. p. 64.

A posição da população mais pobre na crise sucessória portuguesa pode ser identificada no verso acima. Interprete a estrofe com base no que foi estudado e elabore um texto identificando as opiniões e as posições adotadas por nobreza, burguesia e povo.

A tomada, pelos holandeses, da Bahia (1624) e de Pernambuco

contexto. Na Bahia, eles foram rapidamente expulsos, contudo

A tomada, pelos holandeses, da Bahia (1624) e de PernambucoA tomada, pelos holandeses, da Bahia (1624) e de Pernambuco(1630), importantes regiões produtoras de açúcar, ocorreu nesse (1630), importantes regiões produtoras de açúcar, ocorreu nesse (1630), importantes regiões produtoras de açúcar, ocorreu nessecontexto. Na Bahia, eles foram rapidamente expulsos, contudo contexto. Na Bahia, eles foram rapidamente expulsos, contudoficaram mais de duas décadas em Pernambucoficaram mais de duas décadas em Pernambuco

BARLEUS, Gaspar. Vista de Salvador. 1624. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.

HISTÓRIA

9Ensino Médio | Modular

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Brasil dos holandeses

Para o Brasil, a principal consequência da União Ibérica foi a chegada dos holandeses, também chamados de flamen-gos ou batavos. Antes de se formar como Estado Nacional, o território compreendido hoje pela Holanda e parte da Bélgica era conhecido como Flandres, uma região de intenso comércio e desenvolvimento urbano, que, no século XVI, fazia parte do império espanhol. O açúcar brasileiro era um dos produtos que indiretamente (sem quebrar o Pacto Colonial) enriquecia a bur-guesia holandesa, visto que eles participavam do financiamento de engenhos, do transporte, do refino e da venda do açúcar no mercado europeu, lucrando com essa atividade.

Porém, quando houve a União Ibérica, os holandeses es-tavam lutando pela sua independência, ou seja, estavam em guerra com a Espanha. Como represália, os espanhóis proibiram o comércio do açúcar brasileiro com os holandeses, o que levou o governo holandês (pactuado com a burguesia) a invadir o Brasil, por meio da recém-criada Companhia das Índias Ocidentais.

A primeira invasão foi em Salvador, em 1624. Por se tratar da sede da capitania da Bahia e do Governo--Geral da Colônia, a cidade estava bem fortificada e a ocupação holandesa ali durou apenas alguns meses, sendo expulsos já em 1625.

Em 1630, os holandeses voltaram fortemente aparelhados com armas, dezenas de navios e mais de mil canhões. Desta vez, invadiram a capitania de Pernambuco e vasta área do litoral nordestino, onde se encontrava a maioria dos engenhos de cana do Brasil.

Após esse período de conflitos militares e expansão holandesa, teve início uma fase de relativa estabilidade com a chegada do conde Maurício de Nassau em 1637. Durante seu governo, apoiado pela Companhia das Índias Ocidentais, os holandeses ofereceram vários incentivos financeiros e políticos aos senhores de engenho no Brasil. Esse fato minimizou a resistência à ocupação, uma vez que alavancou a produção açucareira. Houve ainda iniciativas no campo cultural e urbanístico. A cidade e o porto de Recife foram reformados, artistas,

Analise o cartum e discuta com os colegas a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, assim como seus efeitos para a geografia do país.

LIBERATI, Bruno. Era uma vez um Brasil: história espremida de Cabral a FHC. Rio de Janeiro: Revan, 1995. p. 10.ral a FHCFHC RRioio dde JanJ eiro: Revan 1995 p 10

A resistência portuguesa em terra se deu por táticas de guerrilha,A resistência portuguesa em terra se deu por táticas de guerrilha,em que se destacou a figura de Domingos Fernandes Calabar, em que se destacou a figura de Domingos Fernandes Calabar,um mulato, proprietário de terras e gado, que se aliou aos um mulato, proprietário de terras e gado, que se aliou aosholandeses. Essa atitude colocou seu nome relacionado à traiçãoholandeses. Essa atitude colocou seu nome relacionado à traição

PEETERS, Gilles. Combate entre holandeses e portugueses. 1640. 1 óleo sobre tela, color. Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo, São Paulo.

História do Brasil I10

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Fronti pício da obra ,

Willem Piso e Georg Marcgraf contaram com os desenhos de Albert Eckhout para l

Frontispício da obra Frontispício da obra Historia Naturalis BrasiliaeHistoria Naturalis Brasiliae,, de 1648. Considerada uma , de 1648. Considerada umaimportante obra científica publicada durante o governo de Nassau. Os autores importante obra científica publicada durante o governo de Nassau. Os autoresWillem Piso e Georg Marcgraf contaram com os desenhos de Albert Eckhout para Willem Piso e Georg Marcgraf contaram com os desenhos de Albert Eckhout parailustrar e registrar suas observações científicas sobre o Brasililustrar e registrar suas observações científicas sobre o Brasil

Sobre a invasão holandesa no Brasil, não se pode deixar de citar a figura de Calabar. Faça uma pesquisa detalhada sobre quem foi Calabar e responda: Foi ele um traidor da pátria? Pesquise também sobre a peça Calabar, o elogio da traição, de Ruy Guerra e Chico Buarque, de 1973, e conclua por que ela foi proibida pelo Regime Militar.

Após a pesquisa, responda à questão abaixo:

(ENEM) Ruy Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada Calabar, pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar, pernambucano que ajudou decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste brasileiro, em 1632.

“Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação que explorava a colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato em uma sociedade escravista e discriminatória, traiu a elite branca?”

Os textos referem-se também a esta personagem.

Texto I “... dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível História, lhe chamará infiel, desertor e traidor,

por todos os séculos.”Visconde de Porto Seguro. In: SOUZA JÚNIOR, A. Do Recôncavo aos Guararapes. Rio de Janeiro: Bibliex, 1949.

Texto II“Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de Belchior Dias com a gente da Casa da

Torre; ajudara Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido, e desertara em con sequência de vários crimes praticados...” (os crimes referidos são o de contrabando e roubo). CALMON, P. História do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.

naturalistas, engenheiros e cientistas holandeses vieram trabalhar no Brasil, além de ser decretada a liberdade de culto, dada a origem calvinista dos holandeses.

Com o fim da União Ibérica (1640) e do governo de Nassau (1644), o período de bom relacionamento entre a aristocracia açucareira nordestina e os holandeses teve fim. Gastos de guerra levaram a Holanda a arrochar sua política fiscal no nordeste brasileiro, provocando a revolta daqueles que viviam do negócio do açúcar. Com isso, tropas portuguesas e coloniais passaram a investir na expulsão dos holandeses do Brasil.

O episódio da Batalha dos Guararapes resultou na capitulação e na expulsão dos holandeses em 1654. Expulsos do Brasil, investiram na produ-ção de açúcar em suas colônias nas Antilhas. Uma vez que os holandeses possuíam melhores técnicas de refino e transporte e controlavam o mercado açucareiro na Europa, a concorrência holandesa favoreceu a decadência da economia açucareira brasileira, dando início a um período de crise e tensão entre a colônia e a metrópole.

Ensino Médio | Modular 11

HISTÓRIA

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1. (ENEM) Em geral, os nossos tupinambás ficaram bem admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta per-gunta: “Por que vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?”LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.

O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) re-produz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma dife-rença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido

a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.

b) da preocupação com a preservação dos recur-sos ambientais.

c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.

d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.

e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno.

2. (UFPE) Na opinião do historiador Caio Prado Jr., todo povo tem na sua evolução, vista a distância, um certo sentido. Este se percebe, não nos porme-nores de sua história, mas no conjunto dos fatos e

acontecimentos essenciais... Assinale a alternativa que corresponde ao “sentido” da colonização por-tuguesa no Brasil.

a) A colonização se estabeleceu dentro dos pa-drões de povoamento e expansão religiosa.

b) A colonização foi um fato isolado, portanto, uma aventura que não teve continuidade.

c) A colonização foi o resultado da expansão ma-rítima dos países da Europa e, desde o início, constituiu-se numa sociedade de europeus sem nenhuma miscigenação.

d) A colonização se realizou no “sentido” de uma vasta empresa comercial para fornecer ao mer-cado internacional açúcar, tabaco, ouro, dia-mantes, algodão e outros produtos.

e) A colonização portuguesa teve, desde cedo, o ob jetivo de criar um mercado nacional no Brasil.

3. (FUVEST – SP) Os portugueses chegaram ao terri-tório, depois denominado Brasil, em 1500, mas a administração da terra só foi organizada em 1549.Isso ocorreu porque, até então:

a) os índios ferozes trucidavam os portugueses que se aventurassem a desembarcar no litoral, impedindo assim a criação de núcleos de po-voamento;

b) a Espanha, com base no Tratado de Tordesilhas, impedia a presença portuguesa nas Américas, policiando a costa com expedições bélicas;

c) as forças e atenções dos portugueses conver-giam para o Oriente, onde vitórias militares garantiam relações comerciais lucrativas;

Pode-se afirmar que:

a) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e chegam às mesmas conclusões.

b) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à suposta traição de Calabar, e o texto II mostra uma posição contrária à atitude de Calabar.

c) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de Calabar, e a peça demonstra uma posição indiferente em relação ao seu suposto ato de traição.

d) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição de Calabar, ao contrário do texto I, que condena a atitude de Calabar.

e) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto I atribui a Calabar, enquanto o texto II descreve ações positivas e negativas dessa personagem.

História do Brasil I12

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d) os franceses, aliados dos espanhóis, controla-vam as tribos indígenas no litoral, bem como as feitorias da costa sul-atlântica;

e) a população de Portugal era pouco numerosa, impossibilitando o recrutamento de funcioná-rios administrativos.

4. (UNIRIO – RJ) A colonização brasileira no século XVI foi organizada sob duas formas administra-tivas, Capitanias Hereditárias e Governo-Geral. Assinale a afirmativa que expressa corretamente uma característica desse período.

a) As capitanias, mesmo havendo um processo de exploração econômica na maior parte delas, garantiram a presença portuguesa na América, apesar das dificuldades financeiras da Coroa.

b) As capitanias representavam a transposição para as áreas coloniais das estruturas feudais e aristocráticas europeias.

c) As capitanias, sendo empreendimentos priva-dos, favoreceram a transferência de colonos europeus, assegurando a mão de obra neces-sária à lavoura.

d) O Governo Geral permitiu a direção da Coroa na produção do açúcar, o que assegurou o rápido povoamento do território.

e) O Governo Geral extinguiu as Donatarias, in-terrompendo o fluxo de capitais privados para a economia do açúcar.

5. (MACKENZIE – SP) “Do rei os donatários não re-cebiam mais do que a própria terra e os poderes para conquistá-la”.(Eduardo Bueno – Capitães do Brasil)

Assinale a alternativa correta sobre o sistema de colonização citado no texto.

a) O sistema de capitanias tinha por objetivo so-lucionar a questão demográfica em Portugal, deslocando para a colônia o excedente de po-pulação.

b) Pernambuco e São Vicente foram as capi-tanias bem sucedidas, graças ao apoio fran-cês ao comércio do açúcar e extrativismo de pau-brasil.

c) Financiado totalmente pelo governo portu-guês, fracassou em virtude da péssima ad-ministração.

d) As lutas contra nativos, longas distâncias, fal-ta de recursos levaram o sistema ao fracas-so; embora seu legado, como o latifúndio e a estrutura social excludente, tenha sido dura-douro em nosso país.

e) A excelente situação econômica de Portugal facilitou o apoio aos donatários que reprodu-ziram no Brasil o sistema feudal europeu.

6. (UFPR) Sobre as Capitanias Hereditárias no Brasil, totalize os valores corretos: (01) os núcleos coloniais fundados por Martim

Afonso não eram suficientes para garantir a posse das terras para Portugal.

(02) ofereciam vantagens aos donatários, mas os riscos da empresa ficavam por sua conta.

(04) os documentos jurídicos básicos eram a Car-ta de Doação e o Foral.

(08) não haviam sido experimentados em nenhu-ma colônia portuguesa antes do Brasil.

(16) as únicas que prosperaram foram São Vicente e Pernambuco.

Somatório: ________________

7. (FUVEST – SP) “Eu, el-rei D. João III, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa que ordenei mandar fazer nas terras do Brasil uma fortaleza e povoação grande e forte na Baía de Todos-os-Santos.

[…] Tenho por bem enviar-vos por governador das ditas terras do Brasil.”

(Regimento de Tomé de Sousa, 1549.)

As determinações do rei de Portugal estavam re-lacionadas:a) à necessidade de colonizar e povoar o Brasil

para compensar a perda das demais colônias agrícolas portuguesas do Oriente e da África;

b) aos planos de defesa militar do Império Por-tuguês para garantir as rotas comerciais para Índia, Indonésia, Timor, Japão e China;

c) a um projeto que abrangia conjuntamente a exploração agrícola, a colonização e a defesa do território;

d) aos projetos administrativos da nobreza pa-laciana visando à criação de fortes e feitorias para atrair missionários e militares ao Brasil;

e) ao plano de inserir o Brasil no processo de co-lonização escravista semelhante ao desenvol-vido na África e no Oriente.

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O Brasil Colonial deve ser pensado como parte integrante do Império Colonial Português. Desse modo, é possível encontrar na América portuguesa características e instituições que também existiram em Portugal e no mundo ibérico.

A organização de uma sociedade hierárquica é uma dessas características. Havia desigual-dade jurídica entre os súditos, ou seja, cada um recebia sentenças conforme sua posição social. Se um pobre livre e um grande proprietário cometessem o mesmo crime, eles receberiam penas diferentes, pois eram considerados diferentes perante a lei. Assim, aqueles que possuíam terras, escravizados e títulos nobiliárquicos detinham mais prestígio e privilégios do que os demais membros da sociedade colonial.

Na administração, não havia diferenciação entre atribuições executivas, legislativas e judi-ciárias. Um mesmo funcionário podia ter funções dessas três naturezas, pois a divisão dos poderes só surgiu na França do século XVIII. Além disso, a noção de pureza de sangue também imperava. Por ela, indivíduos cristãos novos (judeus convertidos ao catolicismo), mouros, mulatos e mestiços, considerados impuros, eram proibidos de ocupar qualquer cargo público.

Organização política

O Império Colonial Português foi o que mais tempo durou entre os impérios do período moderno. Sua expansão se iniciou em 1415, com a tomada de Ceuta, e sua última colônia, o Timor, tornou-se independente apenas em 2002. Mas como será que Portugal, um país pequeno, de recursos limitados e população pouco numerosa, conseguiu dominar diversos territórios por tanto tempo?

Uma forma possível de responder a essa questão é prestar atenção nas fraquezas do Estado português. Em Portugal, o absoltutismo não teve a mesma força que alcançou na França, por exemplo. Desse modo, a centralização política portuguesa não foi das mais eficientes e fortes, sendo o período pombalino uma exceção, pois nesses anos (1750-1777) a centralização do Estado atingiu um grande patamar.

Colonização portuguesa na América

2

História do Brasil I14

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Se não houve um poder tão centralizado na Coroa, significa que as elites locais tiveram relativa autonomia para impor seus projetos políticos e sociais. Era-lhes permitida uma margem considerável de negociação. O historiador António Manuel Hespanha sugere que o Estado português possuía um “estatuto colonial múltiplo” e um “direito plural”, ou seja, os direitos e os costumes das diversas localidades conquistadas não eram suprimidos, de maneira que os níveis de poder das autoridades locais não eram demasiadamente afetados pela ação da Coroa. Desse modo, um dos mecanismos de legitimação do Estado português, paradoxalmente, encontrava-se na sua incapacidade de interferir sistematicamente nas decisões locais e na permissão da continuidade de direitos costumeiros.

Todavia, esse cenário não significava que o rei tivesse pouca autoridade. Ele era entendido como o grande juiz e árbitro dos conflitos. A sociedade era pensada como um grande corpo, que tinha o rei como a cabeça que movimentava com harmonia todo o resto. O soberano era entendi-do como o chefe supremo e representante de Deus na Terra. Sua mais importante atribuição era garantir e ministrar a justiça a todos os seus súditos, solucionando os conflitos que pudessem comprometer a ordem.

No Brasil, a elite local agia politicamente no espaço das câmaras municipais, que funcionavam como um entreposto político entre a Coroa e a população. Além disso, essas instituições eram o local mais indicado para se conseguir negociar com o rei. Os vereadores que nelas atuavam eram chamados de homens bons e, de acordo com uma lei régia de 1705, estavam proibidos de serem vereadores “os mecânicos, operários, degredados, judeus e todos os peões”. Os homens

bons eram aqueles que

ocupavam uma posição social

alta em suas respectivas localidades,

normalmente em virtude da sua riqueza e

do prestígio da sua família.

Na maioria das vezes,

não possuíam títulos

nobiliárquicos, mas viviam

como se fossem nobres.

Geralmente, eram

proprietários de terras e de

escravizados ou comerciantes

e ocupavam os cargos públicos,

sobretudo, nas câmaras

municipais. Esse modelo de administração permitiu uma descentralização política no Brasil. Contudo, esse modelo de governo não agradava necessariamente à Coroa, que, por diversas ocasiões, buscou criar mecanismos de redução do poder das elites locais. A principal forma de controle encontrada pelo governo português foi inserir funcionários régios dentro das instituições locais.

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Era nas câmaras que se resolviam problemasEra nas câmaras que se resolviam problemascorriqueiros das vilas, como a fiscalização da higiene, corriqueiros das vilas, como a fiscalização da higiene, corriqueiros das vilas, como a fiscalização da higiene,a reforma de estradas e pontes e o controle do preço a reforma de estradas e pontes e o controle do preço a reforma de estradas e pontes e o controle do preçodos produtos de primeira necessidade, buscando dos produtos de primeira necessidade, buscando dos produtos de primeira necessidade, buscandoevitar altas excessivas e crises de abastecimento, evitar altas excessivas e crises de abastecimento,que foram muito comuns no Brasil Colonial. Além que foram muito comuns no Brasil Colonial. Além que foram muito comuns no Brasil Colonial. Alémdisso, elas possuíam autonomia tributária, o que disso, elas possuíam autonomia tributária, o que disso, elas possuíam autonomia tributária, o quelhes permitia criar e extinguir impostos, como lhes permitia criar e extinguir impostos, como lhes permitia criar e extinguir impostos, comotambém julgar pequenos crimes, como furtos ou também julgar pequenos crimes, como furtos ou também julgar pequenos crimes, como furtos oudesordem. Seu porão era utilizado como prisão para desordem. Seu porão era utilizado como prisão paraos condenadosos condenados

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Religiosos e militares

A fé católica foi um dos motores da expansão portuguesa e também esteve presente no projeto de colonização.

O clero era dividido em regular e secular. O regular era composto das ordens religiosas que aqui atuaram, como as dos beneditinos, carmelitas, capuchinhos, franciscanos e jesuítas. Suas principais ações, sobretudo a ordem dos jesuítas, que veio para o Brasil em 1549, foram a evangelização dos nativos, a criação de instituições educacionais e a formação de aldeamentos, que auxiliaram o processo de avanço dos domínios portugueses rumo ao interior, na direção oeste.

Esses aldeamentos eram espaços de catequização. A estratégia dos jesuítas consistia em criar um território similar ao de uma aldeia, e deslocar os indígenas para esses territórios. Lá, eles recebiam os ensinamentos cristãos, o letramento e participavam de atividades culturais.

Muitas dessas ordens religiosas eram proprietárias de grandes fazendas com centenas de escravizados. Embora os integrantes dessas ordens não se posicionassem contra a escravização dos africanos, eram francamente contrários à escravização dos indígenas.

O clero secular era composto de religiosos diretamente ligados à administração da Igreja Católica, ou seja, os vigários e os bispos. Porém, devido à política do Padroado, o clero secular, nessa época, era

diretamente subordinado às vontades do Estado Português, cabendo ao rei propor a criação de novas dioceses e escolher os bispos para ocupá-las.

Os militares se organizavam basicamente em três ins-tâncias: Tropas Regulares, Tropas Auxiliares e Ordenanças. As Tropas Regulares, também conhecidas como Tropas de Primeira Linha ou Pagas, eram compostas, normalmente, de portugueses que se dedicavam de forma integral a essa atividade. Cabia-lhes estar sempre com armas em punho e prontos para conflitos quando requisitados.

As Tropas Auxiliares, também chamadas de Segunda Linha ou Milícias, eram compostas de homens que estavam em serviço militar obrigatório e não remunerado. Os que as compu-nham ficavam nas suas vilas de origem e eram submetidos a treinamentos e manobras. Em casos de conflitos, poderiam ser deslocados para as zonas de guerra para auxiliarem as Tropas Pagas. Essa obrigatoriedade gerava muitas reclamações, pois muitos pequenos agricultores eram afastados das suas planta-ções devido aos exercícios ou em caso de conflitos. Esse cenário muitas vezes resultava em carestia na produção de alimentos, trazendo grandes males para as famílias e as comunidades.

Por fim, existiam as Ordenanças, que dificilmente eram deslocadas para áreas de conflito, cabendo-lhes apenas a

realização de alguns exercícios e a resolução de pequenos conflitos da localidade. Muitos oficiais desse corpo militar prestavam pequenos serviços para as câmaras ou para o Governo-Geral, como produzir mapas populacionais e listas nominativas de habitantes.

Poucos homens pobres entre 18 e 60 anos se interessavam pelo serviço militar, pois a baixa remunera-ção, ou ausência dela, somada à brutalidade com que eram tratados e ao distanciamento das suas terras e famílias, eram todos fatores desestimulantes. Usava-se então o recurso do recrutamento forçado, sendo os indivíduos pobres e livres coagidos pela força a ocuparem postos militares de baixa patente. A elite proprie-tária de terras normalmente ocupava as patentes mais altas da Milícia e Ordenanças, pois isso reforçava sua autoridade perante a comunidade. O recrutamento, por ser feito de forma coercitiva e violenta, portanto, foi um instrumento que reafirmava as hierarquias sociais existentes no Brasil Colonial.

Apesar de os recrutamentos serem feitos com uso da violência,Apesar de os recrutamentos serem feitos com uso da violência,Apesar de os recrutamentos serem feitos com uso da violência,muitos entendiam que pertencer a um corpo militar poderia ser muitos entendiam que pertencer a um corpo militar poderia ser um sinal de distinção social um sinal de distinção social

JULIÃO, Carlos. Oficial do Terço dos Pardos. Oficial do Terço Auxiliar dos Pretos Forros. 1776. 1 aquarela colorida, 35 cm x 45,5 mm.

História do Brasil I16

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Coloque V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas:a) ( ) As câmaras municipais eram caracterizadas como instituições com pouca autonomia, pois a

política absolutista portuguesa permitia à Coroa impor suas vontades arbitrariamente.b) ( ) O clero regular e o secular foram os responsáveis pela expansão da fé católica na América

portuguesa. Enquanto os religiosos do regular adentraram o sertão para catequizar os indígenas, os do secular estavam mais ligados à administração da Igreja.

c) ( ) Os recrutamentos militares criaram diversos momentos de tensão para os pobres livres que, com frequência, eram obrigados a abandonar suas famílias e se deslocarem para áreas de conflitos.

Organização econômica

Parte significativa da economia colonial foi montada com base na mão de obra escravizada. A

grande oferta de terras livres e a preferência pela produção em larga escala nas grandes propriedades tornavam a escravização uma opção viável e desejada pelos colonos e pelo Estado português. Nos séculos XV e XVI, Portugal dominou as ilhas atlânticas Madeira e São Tomé e nelas passou a produzir açúcar com mão de obra escravizada. Essa experiência foi transportada para a América no século XVI, tornando o Brasil o grande produtor mundial dessa mercadoria nos séculos XVI e XVII.

O açúcar era um produto caro e cobiçado nos mercados europeus, e controlar a sua produção possibilitou aos portugueses o acesso a metais preciosos usados para o pagamento. A principal área brasileira produtora era a costa do Nordeste, sobretudo a da Bahia e a de Pernambuco. Esse fato explica o porquê das invasões holandesas nessas duas cidades.

A unidade básica de produção do açúcar era o engenho, e essa cadeia produtiva normalmente se organizava com base na plantation, sistema agrícola que tinha como características o latifúndio, a escravização e a monocultura.

Após a cana ser colhida nas roças, escravizados ou trabalhadores livres especializados se ocupavam, nos engenhos, das etapas de fabrico. Quanto mais claro o açúcar ficava, melhor era a sua qualidade, podendo ser, então, vendido por um bom preço. O de pior qualidade, com coloração mais escura, era utili-zado para a fabricação de aguardente, importante mercadoria utilizada no comércio com a África. Depois de seco, o açúcar era encaixotado e levado ao porto mais próximo para ser despachado para Portugal.

Esse monopólio português sobre as mercadorias pro-duzidas no Brasil é chamado de exclusivo colonial, ou seja, Portugal possuía o privilégio de revender os produtos coloniais tanto na Europa como também em suas colônias. Contudo, essa relação bilateral não deve ser entendida, necessariamente, como um mau negócio para os colonos brasileiros, pois, de acordo com o historiador João Fragoso, o exclusivo comercial foi capaz de formar uma comunidade mercantil no Brasil, que enriqueceu pelo comércio de longo curso com a Metrópole e demais colônias.

Após a expulsão dos holandeses do Nordeste bra-sileiro, estes estabeleceram novos locais de produção de açúcar no Caribe, aumentando a produção mundial do produto, acarretando em concorrência e queda nos preços. Dessa forma, o açúcar continuava sendo um bom negócio em fins do século XVII e início do XVIII, porém já não garantia mais tantos lucros.

Um engenho necessitava de um conUm engenho necessitava de um conjunto de fatores para funcionar: junto de fatores para funcionar:mão de obra escravizada e livre, bois, fornos, tachos e moendas mão de obra escravizada e livre, bois, fornos, tachos e moendas

Autoria não identificada. Engenho e lavoura do Brasil. 1710, 1 gravura, 20,8 cm x 29,5 cm.

Produção

do açúcar

no Brasil

@HIS1835

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1. Leia e observe os documentos a seguir. Eles se referem ao funcionamento de um engenho de açúcar que foi considerado um dos mais importantes do Brasil Colonial, chamado Sergipe do Conde, localizado no Recôncavo Baiano.

Documento 1

PINTO, Estevão; FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala em quadrinhos. Adaptação de Estevão Pinto, ilustrações de Ivan Wasth Rodrigues, colorização de Helio Mario Noguchi. São Paulo: Global, 2005. p. 86.

História do Brasil I18

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Documento 2

O ser Senhor de Engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obede-cido e respeitado de muitos. [...] Servem ao senhor do engenho em vários ofícios, além dos escravos de enxada e fouce que têm nas fazendas e na moenda, e fora os mulatos e mulatas, negros e negras de casa, ou ocupados em outras partes, barqueiros, canoeiros, calafates, carapinas, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores e pescadores. Tem mais, cada senhor destes, necessariamente, um mestre de açúcar, um banqueiro e um contrabanqueiro, um purgador, um caixeiro no engenho e outro na cidade, feitores nos partidos e roças, um feitor-mor do engenho, e para o espiritual um sacerdote seu capelão [...] assim, é para pasmar, como hoje se atrevem tantos a levantar engenhocas tanto que chegaram a ter algum número de escravos, e acharam quem lhes emprestasse alguma quantidade de dinheiro, para começar a tratar de uma obra que não são capazes por falta de governo e agência, e muito mais por ficarem logo na primeira safra tão empenhados em dívidas, que na segunda ou terceira já se declaram perdidos.ANTONIL, João André. Cultura e opulência do Brasil. Disponível em: <http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/oliteraria/483.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2011.

Documento 3

O engenho Sergipe do Conde foi considerado um dos maiores do século XVII. Era administrado por jesuítas e tinha ao seu redor disponibilidade de lenha, pasto para gado, alimentos de subsistência, como mandioca, e rios que permitiam o funcionamento do en-genho o qual possuía moenda movida a força hidráulica.SCHWARTZ, Stuart; LOCKHART, James. A América Latina na Época Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 253.

Ang

ela

Gis

eli.

2011

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or.

Documento 4A primeira colheita costumava levar de quinze a dezoito meses para amadurecer, mas depois, nos

três ou quatro anos seguintes, o mesmo campo fornecia nova colheita mais ou menos a cada nove meses sem replantio. A colheita [...] começava no final de julho e continuava por oito ou nove meses. Durante esse período, o engenho fervilhava de atividade. Os escravos cortavam a cana e enchiam com ela os carros de boi, que eram então levados ao engenho propriamente dito. Ali outra equipe de escravos produzia o açúcar de cana sob a direção de técnicos e com a ajuda de artesãos que poderiam ser escravos ou livres. [...] Primeiramente a cana era passada por uma prensa de roletes verticais, que, nos grandes engenhos, era movida a água, e nos pequenos, por juntas de bois. O caldo extraído da cana passava então por uma série de tachos, onde era fervido e clarificado até ficar suficientemente limpo para fazer açúcar. O líquido era despejado em moldes cônicos, colocados em longas filas de pranchas num local especial para a secagem. Depois de mais drenagem, que levava de três semanas a um mês, os moldes eram abertos para a retirada do açúcar cristalizado na forma característica de “pão de açúcar” [...]. Durante a colheita, o engenho funcionava de dezoito a vinte horas por dia, e muitos observadores notaram que o calor e o fogo dos tachos lembravam cenas do inferno.SCHWARTZ, Stuart; LOCKHART, James. A América Latina na Época Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 246-247.

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2. Agora, responda ao que se pede:

a) Um engenho era uma empresa que demandava a mão de obra de diversos especialistas. Escreva alguns exemplos desses trabalhadores e a sua função dentro da cadeia produtiva do açúcar.

b) A história em quadrinhos do documento 1 mostra duas formas de força utilizadas para a movimentação das moendas de um engenho. Quais são?

c) Na história em quadrinhos, nos dois quadros localizados na parte superior, são retratadas situações que demonstram como a hierarquia social fazia parte da vida colonial. Identifique na imagem essas situações e justifique sua escolha.

d) Com base no esquema do documento 3, descreva a dinâmica do açúcar, levando em conta os recursos necessários para sua produção e o escoamento do produto.

e) Pesquise qual o papel da cana-de-açúcar na economia brasileira atual.

A descoberta de ouro O ouro foi encontrado na última década do século XVII na América portuguesa.

As constantes expedições bandeirantes localizaram as primeiras jazidas e a notícia da descoberta rapidamente se espalhou, criando uma grande movimentação de indivíduos em busca de riqueza rápida e fácil.

A população da América portuguesa cresceu, pois muitos portugueses deixaram Portugal, indo em busca do metal precioso. Uma quantidade razoável de africanos também foi desterrada e trazida ao Brasil para trabalhar nas lavras.

De acordo com a historiadora Sheila de Castro Faria, a des-coberta dos veios auríferos no Sudeste permitiu um processo de interiorização da colonização, pois antes a ocupação ficava restrita às áreas litorâneas. Esse processo estimulou o desenvolvimento dos núcleos urbanos, principalmente na Região Sudeste.

Nas primeiras décadas do século XVIII, Portugal já havia es-tabelecido instituições que tinham a finalidade de controlar e tri-butar a extração do ouro. As Intendências e as Casas de Fundição

cobravam o “quinto”, imposto real que separava 20% do ouro e o remetia a Portugal. Na década de 1720, pedras preciosas também foram encontradas, permitindo ainda mais lucros para os mineiros e para a Coroa.

Em Minas Gerais, formou-se uma sociedade bastante específica. A mobilidade social era possível, pois um escravizado poderia ser alforriado ao achar uma boa pepita de ouro. Ex-escravizados pode-riam, inclusive, tornar-se proprietários de escravizados. Contudo, de acordo com a historiadora Laura de Mello e Souza, o que imperava era a pobreza, pois a maior parte das pessoas que migraram para Minas Gerais não conseguiu fazer riqueza. Muitos desses aventu-reiros, sem ocupação e fortuna, eram tachados pelas autoridades como vadios, gerando grande estigma social.

JULIÃO, Carlos. Extração de diamantes. 1776. 1 aquarela colorida, 45,5 cm x 35 cm. Fundação Biblioteca Nacional/DRD/Divisão de Iconografia, Rio de Janeiro.

No campo cultural, floresceu o Barroco e o Rococó. No campo cultural, floresceu o Barroco e o Rococó.O principal expoente da cultura mineira foi AntônioO principal expoente da cultura mineira foi AntônioFrancisco Lisboa, o Aleijadinho, mulato e filhoFrancisco Lisboa, o Aleijadinho, mulato e filhoilegíilegítimo de um português. Destacou-se pela sua timo de um português. Destacou-se pela suaíííígg niageg niageg nialidade exposta nas igrejas mineiraslidade exposta nas igrejas mineiraslidade exposta nas igrejas mineiras

Mapa com a

localização das

regiões que

produziam ouro e

diamante no Brasil

Colônia

@HIS1426

Características

do Barroco

mineiro

@HIS1223

A obra de

Aleijadinho

@HIS866

Bom Jesus de

Matosinhos

– Os 12

Profetas

@HIS609

Santuário de

Bom Jesus de

Matosinhos

@HIS972

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História do Brasil I20

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Conforme a presença do ouro aumentava na América, outras áreas eram estimuladas a produzirem gêneros de abastecimento para atender às demandas de Minas Gerais. Nesse sentido, aumentou-se a produção de gado no Sul e no Nordeste e boa parcela desses animais era consumida pelo mercado mineiro. Esse processo permitiu que produtores de diversas localidades pudessem acumular capital oriundo das Minas, além de estimular a integração entre as regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

A mineração permitiu o deslocamento do centro econômico do Nordeste açucareiro para o Centro--Sul. Minas Gerais e Rio de Janeiro se transformaram nos principais mercados brasileiros e muitos dos seus habitantes se tornaram muito ricos, seja pela produção do ouro, seja pela participação no

mercado de abastecimento e no comércio de longa distância com a Ásia, África e Europa.

As possibilidades de enriquecimento eram muito maio-res na atividade mercantil. O comércio era capaz de permi-tir a construção de verdadeiras fortunas, muito maiores do que aquelas feitas na produção agrária. Essa situação criou um paradoxo na sociedade brasileira, pois a propriedade agrária era o que garantia status, mas o que permitia a acumulação econômica era a prática comercial. Contudo, o comércio era encarado como uma atividade degradante. Por essa razão, conforme os historiadores João Fragoso e Manolo Florentino, muitos comerciantes enriquecidos investiam parte das suas fortunas em elementos que os enobreciam, como a posse de engenhos e escravizados. Desse modo, o raciocínio econômico era afetado pela

busca de elementos aristocratizantes.

1. Observe as imagens no material de apoio (páginas 44 e 45). 2. Agora, responda ao que se pede:

a) Por que razão os feitores estão retratados em uma posição mais elevada?

b) Ambas as imagens mostram o momento em que alguma pedra ou metal precioso foi encontrado. Elabore um texto descrevendo o modo como a produção dessas mercadorias permitiu a integração de diversas regiões do Brasil.

3. A frase a seguir era um ditado popular do Brasil Colonial. Com base no que foi abordado até aqui, descreva o que a população queria dizer com este verso:“Pai taberneiro, filho barão e neto mendicante”.

Minas Gerais trabalhavam nas atividades de produção e

O complexo de produção de metais preciosos demandava O complexo de produção de metais preciosos demandavaa oferta de alimentos. Muitos dos escravizados das a oferta de alimentos. Muitos dos escravizados dasMinas Gerais trabalhavam nas atividades de produção e Minas Gerais trabalhavam nas atividades de produção ecomercialização de gêneros alimentícioscomercialização de gêneros alimentícios

JULIÃO, Carlos. Negras vendedoras. 1776. 1 aquarela colorida, 35 cm x 45,5 cm. Fundação Biblioteca Nacional/DRD/Divisão de Iconografia, Rio de Janeiro.

O ciclo do ouro

e a produção

de gado

@HIS878

21Ensino Médio | Modular

HISTÓRIA

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Organização social

Foi frequente no Brasil Colonial a existência de famílias nas quais o homem exercia um intenso controle sobre a mulher, os filhos e demais pessoas que vivessem em sua residência. Esse modelo de família é chamado de patriarcal, ou seja, o chefe da casa é o patriarca.

Porém, é impossível estabelecer o patriarcalismo como único padrão de organização familiar do Período Colonial. Os arranjos variavam conforme a riqueza e o local onde os cônjuges viviam, mas havia muitas famílias chefiadas por mulheres.

No início da colonização, poucas mulheres europeias se transferiram para a Colônia, fortalecendo as relações entre portugueses e indígenas. O historiador Fábio Pestana afirma que houve uma prática do Estado português de enviar órfãs entre 14 e 30 anos para as colônias. Contudo, apenas algumas dessas vieram para o Brasil, pois a maioria foi mandada para a Índia.

Em virtude do tamanho do Império, muitos homens deixavam a esposa e os filhos no reino e acabavam casando-se novamente nas colônias. As práticas de concubinato, ou seja, a relação entre um casal que não teve sua união sacramentada pela Igre-ja, também eram recorrentes. Por muito tempo, associou-se o concubinato ao desregramento sexual; entretanto, casar-se custava muito caro. Esse fato impedia os casais mais pobres de legalizarem suas relações perante a Igreja, mas nem por isso deixavam de viver uma relação estável e ter filhos.

CHAMBERLAIN, Henry; CLARKE, John. Família brasileira. 1819. 1 gravura colorida, 20,5 cm x 29 cm.

A posição dos membros da família na imagem ilustra o A posição dos membros da família na imagem ilustra opatriarcalismo no Período Colonial: ao homem cabia o patriarcalismo no Período Colonial: ao homem cabia opap pel de chefe e condutor da famíliapap pel de chefe e condutor da família

De acordo com a historiadora Sheila De acordo com a historiadora Sheilade Castro Faria, as pesquisas recentes de Castro Faria, as pesquisas recentes

vêm demonstrando que muitas famílias vêm demonstrando que muitas famíliaseram chefiadas por mulheres, no entanto eram chefiadas por mulheres, no entanto

predominavam na Região Sudeste as famílias predominavam na Região Sudeste as famíliasconjugais (casais com ou sem filhos). Na conjugais (casais com ou sem filhos). Na

imagem de Jean-Baptiste Debret, vê-se uma imagem de Jean-Baptiste Debret, vê-se umafamília pobre composta de mulheres dentro família pobre composta de mulheres dentro

da moradia. Nela é possível perceber a da moradia. Nela é possível perceber apobreza pelo vaso quebrado, pela ausência de pobreza pelo vaso quebrado, pela ausência demobília, pelas vestimentas simples, pelo chão mobília, pelas vestimentas simples, pelo chão

batido, pela porta cheia de buracos, pelas batido, pela porta cheia de buracos, pelasparedes de taipa e pelos animais circulando paredes de taipa e pelos animais circulando

no interior da residência. No entanto, mesmo no interior da residência. No entanto, mesmoas famílias mais pobres poderiam possuir as famílias mais pobres poderiam possuir

cativos, como representado na imagem na cativos, como representado na imagem naqual a escravizada traz o ganho do qual a escravizada traz o ganho do

dia de trabalhodia de trabalho

DEBRET, Jean-Baptiste. Família pobre recolhendo o produto do trabalho da negra velha que carrega água. 1827. 1 aquarela sobre papel, 16 cm x 21,9 cm. Museu Castro Maya, Rio de Janeiro.

Nas famílias dos proprietários de grandes engenhos que viviam nas chamadas casas-grandes, o patriarcalismo tinha características bem definidas: o chefe era o dono da terra, da casa, dos escravizados e da vida dos seus familiares. Ele escolhia com quem os filhos e as filhas se casariam. Os casamentos arranjados eram um momento de estabelecer alianças com outras famílias.

História do Brasil I22

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A família de ser enten

de rodução, uma vez que a mão de obra

familiar era utilizada nas atividades produtivas do

-ceito de família, nessa

A família pode ser entenA família pode ser enten--dida como uma unidadedida como uma unidade

de produção, uma vez de produção, uma vezque a mão de obraque a mão de obra

familiar era utilizada nas familiar era utilizada nasatividades produtivas do atividades produtivas do

engenho. Contudo, o conengenho. Contudo, o con--ceito de família, nessaceito de família, nessa

época, compreendia nãoépoca, compreendia nãoépoca, compreendia nãoapenas os parentes conapenas os parentes con---

sanguíneos, mas também sanguíneos, mas também sanguíneos, mas tambémescravizados e indivíduos escravizados e indivíduos

sem nenhum grau desem nenhum grau desem nenhum grau deparentesco, que podiam,parentesco, que podiam,

inclusive, habitar nainclusive, habitar nainclusive, habitar nacasa-grandecasa-grande

Indígenas e bandeirantesO termo “índio” nasceu de um equívoco, pois Colombo julgava ter chegado à Índia e não a um novo

continente. No Brasil, os portugueses distinguiram os nativos em dois grupos: tupi e tapuia.Tapuia era a forma como os tupis se referiam aos indígenas dos grupos que não falavam a sua

língua. Essa denominação passou a ser utilizada para se referir a um aglomerado de diversos grupos que os portugueses eram incapazes de diferenciar naquele momento.

A percepção dos europeus sobre os indígenas era muito diversa. Para alguns jesuítas, como o padre Nóbrega, os índios eram como folhas em branco, prontas para serem escritas, ou seja, aptos a abraçar a fé católica. Mas outros jesuítas duvidavam das possibilidades de conversão, em virtude da nudez, dos rituais considerados práticas de feitiçaria e do canibalismo.

Muitos, fossem religiosos ou leigos, compartilhavam a opinião de que os indígenas não pronun-ciavam as letras “f”, “l” e “r”, ou seja, não tinham fé, nem lei nem rei. Desse modo, muitos colonos e muitas autoridades os entendiam como seres inferiores, que deveriam ser escravizados e usados no projeto colonial. A sua escravização era fundamentada pelo direito da época, que permitia a chamada “Guerra justa”, ou seja, se um nativo supostamente ameaçasse os colonos, estes teriam o direito de escravizá-lo. Contudo, mesmo sem estarem amparados por esse direito, os bandeirantes organizavam expedições para os sertões com o objetivo de capturar índios e transformá-los em escravos para trabalhar na lavoura.

HISTÓRIA

23Ensino Médio | Modular

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a) As pesquisas de Eduardo Viveiros de Castro levaram-no a concluir que o fato de os europeus terem se tornado os inimigos impediu a reciprocidade e alterou a lógica do ritual do canibalismo. Explique essa opinião do antropólogo.

BRY, Teodoro de. América (1590-1634). Madrid: Siruela, 2003. p. 144.

Uma das práticas que mais causaram estranhamento aos colonos, religiosos e europeus foram as dos rituais de antropofagia. Leia e observe os documentos a seguir e, em seguida, responda ao que se pede.

[...] a antropofagia seria um ritual, enquanto o canibalismo ocorreria motivado pela necessidade, sendo parte da dietética indígena. Os antropólogos discordam desta variação, alegando não haver notícia de sociedade que tenha consumido carne humana como alimento. [...] os festins canibalescos faziam parte da guerra. O prisioneiro era conduzido à aldeia, onde mais tarde, encontraria a morte em ritual marcado pela vingança e demonstração de coragem. Logo após a chegada, o chefe designava uma mulher para casar com o cativo, mas ela não podia afeiçoar-se ao esposo. O dia da execução era uma grande festa. No centro da aldeia, os índios, sobretudo as índias, alvoroçavam-se. Os vizinhos também estavam convidados e todos provariam da carne do oponente. No ritual, homens, mulheres e crianças lembravam dos seus bravos e vingavam-se, simbolicamente, dos parentes mortos. Apesar de imobilizado por meio de cordas, a vítima não podia esquecer de seu ímpeto guerreiro, devendo enfrentar com bravura os inimigos, debatendo-se e prometendo que os seus logo vingariam sua morte. [...] a carne era dividida entre músculos e entranhas. As partes duras eram moqueadas e consumidas pelos homens; as mulheres e as crianças ingeriam as partes internas em forma de mingau. [...] Com a colonização, esse rito foi paulatinamente abandonado, provocando, segundo Eduardo Viveiros de Castro, a perda da identidade tupinambá. [...] Como os europeus passaram a ocupar o lugar e as funções dos inimigos, alterou-se a lógica do ritual do canibalismo, faltando a reciprocidade antropofágica entre grupos, aspecto inerente ao sistema de vingança em que se inseriam esses rituais.VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 90-92.

A trajetória de Hans

Staden em sua segunda

viagem pelo país

@HIS1745

Teodoro de Bry ilustrou imagens dos nativos americanos em banquetes antropofágicos com base na leitura da obra de Hans Staden, viajante prussiano que foi capturado por nativos antropófagos, porém conseguiu reverter a situação e sair com vida do seu cativeiro. Bry nunca veio ao Brasil

História do Brasil I24

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Os escravizados eram submetidos a trabalhos variados, que envolviam

e nos engenhos de açúcar até afaze-

Os escravizados eram submetidos a Os escravizados eram submetidos atrabalhos variados, que envolviamtrabalhos variados, que envolviam

desde atividades nas lavras de ouro desde atividades nas lavras de ouroe nos engenhos de açúcar até afazee nos engenhos de açúcar até afaze---

res domésticos e urbanos, como osres domésticos e urbanos, como osde quitandeiro e vendedorde quitandeiro e vendedor

Escravização africana

Nos primeiros séculos da colonização, a escravização africana foi preponderante nas regiões agroexportadoras, como o Nordeste açucareiro no século XVII e a região de mineração no século XVIII.

No Brasil, a reprodução natural entre os escravizados era impedida pelas próprias características do tráfico negreiro, pois aqui desembarcavam muito mais homens adultos do que mulheres e crianças. Nas regiões de plantation do Nordeste, chegava-se a taxas de mais de 200 homens cativos para cada 100 mulheres. Essa característica demográfica dificultava a formação de casais que pudessem ter seus filhos e formar suas famílias.

Por muito tempo achou-se que os escravizados recebiam um tratamento brando e, por essa razão, não tinham motivos para resistir à escravização. Porém, pesquisas recentes demonstram que eles resistiam de várias maneiras: fugiam e formavam quilombos, revoltavam-se, assassinavam senhores e feitores, cometiam suicídio, quebravam instrumentos e ateavam fogo nas fazendas, enfim, atacavam o quanto podiam os interesses senhoriais. Nesse sentido, a negociação cotidiana deveria fazer parte da dinâmica das relações entre senhores e escravizados.

A escravização durou muito tempo no Brasil. Essa longevidade pode ser explicada pelo fato de que a propriedade de escravizados era possível para qualquer pessoa. Nas áreas de plantation, a propriedade era mais concentrada nas mãos dos senhores de engenho, mas nas áreas de produção para abastecimento e nas cidades, a propriedade de escravizados era mais pulverizada. Desse modo, muitos brasileiros eram proprietários, tornando a escravização um valor social enraizado.

Essa longa história do Brasil com a escravização foi possível em razão da estrutura social africana. O historiador Manolo Florentino afirma que os cativos importados eram escravizados na África por africanos. Os reinos africanos capturavam inimigos, os escravizavam e vendiam para os europeus. Normalmente os escravizados eram trocados por fumo, aguardente, tecido e, algumas vezes, por armas de fogo.

b) Diferencie ritual antropofágico de canibalismo.

c) Teodoro de Bry fez essa obra sem nunca ter visitado o Brasil e conhecido um nativo. Com base na imagem, escreva o modo como o artista representava os nativos americanos.

GUILLOBEL, Joaquim Cândido. [Sem título]. 1812--1816. 1 aquarela sobre papel. 14 cm x 11,5 cm. Coleção Cândido Guinle de Paula Machado, Rio de Janeiro.

GUILLOBEL, Joaquim Cândido. Negro vendedor de louça fina com imenso tabuleiro na cabeça. [ca. 1814]. 1 aquarela sobre papel. Coleção Cândido Guinle de Paula Machado, Rio de Janeiro.

Ensino Médio | Modular 25

HISTÓRIA

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Observe com atenção a imagem a seguir.

Converse com os colegas sobre a aquarela de Guillobel e, em seguida, escreva um pequeno texto contendo informações que podem ser observadas na imagem sobre a escravização de africanos.

-Mercadores Mercadores Mercadoresde escravide escravide escravi--zadoszados

daquela época. Nota-se que uma das carruagens é mais luxuosa que a outra, sendo puxada por dois animais. Escravizados trabalhando como cocheiros. Nessas obras, pode-se observar como eram os meios de transporte Escravizados trabalhando como cocheiros. Nessas obras, pode-se observar como eram os meios de transportedaquela época. Nota-se que uma das carruagens é mais luxuosa que a outra, sendo puxada por dois animais. daquela época. Nota-se que uma das carruagens é mais luxuosa que a outra, sendo puxada por dois animais.Além disso, as vestimentas dos escravizados também tornam visível a riq eza do prop ietárioAlém disso, as vestimentas dos escravizados também tornam visível a riqueza do proprietárioAlém disso, as vestimentas dos escravizados também tornam visível a riqueza do proprietário

Muitos brasileiros perceberam no tráfico um negócio muito lucrativo e constituíram grandes fortunas nesse comércio. O fumo e a aguardente eram produzidos no Brasil. O tecido era elaborado nas possessões asiáticas e os escravizados provinham da África. Desse modo, as colônias do império português se conectavam comercial e culturalmente por meio da ação dos comerciantes.

GUILLOBEL, Joaquim Cândido. Escravos e compradores examinando as peças. [ca. 1814]. 1 aquarela sobre papel. Coleção Cândido Guinle de Paula Machado, Rio de Janeiro.

GUILLOBEL, Joaquim Cândido. Senhora em carro de passeio rústico, puxado por besta e conduzido por molecote. 1812-1816. 1 aquarela sobre papel. Coleção Cândido Guinle de Paula Machado, Rio de Janeiro. GUILLOBEL, Joaquim Cândido. A sege. [ca.1814]. 1 aquarela sobre papel.

Coleção Cândido Guinle de Paula Machado, Rio de Janeiro.

26 História do Brasil I

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Cultura na Colônia portuguesa

O catolicismo esteve muito ligado às diversas práticas culturais do Período Colonial. As festas religiosas proporcio-navam momentos de descontração, mas serviam também para reafirmar as hierarquias sociais. O local que um indivíduo se posicionava em uma procissão ou dentro da igreja no momento da missa era um espelho do local que ele ocupava na sociedade. Aos grandes proprietários rurais eram reservados os espaços próximos ao altar e aos santos. Já aos escravizados, negros livres e mulatos, cabia, nas grandes festas, permanecer na parte externa da igreja.

Uma característica que pode ser percebida na religiosidade colonial era o sincretismo religioso, ou seja, os elementos das

religiões africanas e indígenas se fundiam com os do catolicismo nas práticas cotidianas da população comum. Esse sincretismo era muito visível nas festas organizadas pelos escravizados, como a Festa de Reis, na qual elementos dos ritos africanos se mesclavam com os do catolicismo.

Muitos grupos criaram as chamadas “Irmandades” ou “Confrarias”, que eram associações entre pessoas do mesmo grupo social, as quais mantinham capelas e igrejas e organizavam procissões. As irmandades tinham sempre algum santo como protetor e era comum que os africanos, mulatos e brancos não frequentassem os mesmos grupos. Desse modo, um escravizado normalmente era proibido de participar de uma confraria de brancos.

JULIÃO, Carlos. Rei e rainha negros na Festa de Reis. 1776. 1 aquarela colorida, 35 cm x 45,5 cm. Fundação Biblioteca Nacional/DRD/Divisão de Iconografia, Rio de Janeiro.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário, prinIgreja de Nossa Senhora do Rosário, prin--cipal padroeira das irmandades formadas cipal padroeira das irmandades formadaspop r escravizados. Diamantina – MGpop r escravizados. Diamantina – MG

A grande extensão territorial permitiu o surgimento de práticas religiosasA grande extensão territorial permitiu o surgimento de práticas religiosasprivadas nas grandes propriedades rurais. Era comum, nessas fazendas, exisprivadas nas grandes propriedades rurais. Era comum, nessas fazendas, exis--tit rem pequenas capelas com oratórios e imagens de santos. São Paulo – SPtirem pequenas capelas com oratórios e imagens de santos. São Paulo – SP

Coroação na Festa de Reis Coroação na Festa de Reis

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Ensino Médio | Modular 27

HISTÓRIA

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1. (UFSC) Leia o texto abaixo com atenção:

Se edificámos com eles as suas igrejas […], eles servem a Deus e a si, nós servimos a Deus e a eles; mas não eles a nós. Se nos vêm buscar em uma canoa […], para os ir doutrinar por seu turno, ou para ir sacramentar os enfermos a qualquer hora do dia ou da noite, em distância de trinta, de qua-renta, e de sessenta léguas, não nos vêm eles servir a nós, nós somos os que os imos servir a eles. [sic]VIEIRA, António. Obras completas do Padre António Vieira: Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959. p. 39.

Durante o ano de 2008, celebram-se os 400 anos do nascimento do padre Antônio Vieira, missio-nário jesuíta, pregador renomado e autor do fragmento acima citado.

Sobre o padre Antônio Vieira e a atuação dos jesuítas na América, é correto afirmar que:

(01) os missionários jesuítas, entre eles José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Antônio Vieira, atuaram no Brasil, na tentativa de converter os povos indígenas ao Catolicismo.

(02) os Aldeamentos e Reduções foram criados pelos missionários jesuítas no Brasil, Para-guai e Argentina, como tentativas de escra-vização das comunidades indígenas.

(04) a autonomia administrativa permitida aos jesuítas pelas autoridades da Espanha e de Portugal possibilitou aos grupos aldeados e às Reduções um desenvolvimento pacífico e harmonioso até o século XX.

(08) na América do Sul os jesuítas fundaram Al-deamentos, Reduções e Escolas, nos quais pretendiam educar os colonos e convencer os povos indígenas que a aceitação pacífica do trabalho escravo os tornaria dignos do Céu.

(16) nas Reduções e Aldeamentos do Paraguai e do Brasil, além da evangelização, os jesuítas organizavam atividades artísticas, como a música e o teatro.

(32) o padre Antônio Vieira, além de dedicar-se às atividades missionárias, atuou como pre-gador e publicou extensa obra, com desta-que para os Sermões, que reúnem as suas pregações.

2. (ENEM) Hoje em dia, nas grandes cidades, enter-rar os mortos é uma prática quase íntima, que diz respeito apenas à família. A menos é claro, que se trate de uma personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para um historiador, os sepultamentos são uma fonte de informações importantes para que se compreen-da, por exemplo, a vida política das sociedades.

No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepultamentos,

a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desvalorizadas, porque o mais importante era a democracia experimentada pelos vivos.

b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influên-cia sobre os rituais fúnebres, preocupando-se mais com a salvação da alma.

c) no Brasil Colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas era regido pela observância da hie-rarquia social.

d) na época da Reforma, o catolicismo conde-nou os excessos de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos.

e) no período posterior à Revolução Francesa, devido às grandes pertubações sociais, aban-dona-se a prática do luto.

A línguaNa América portuguesa do século XVI, falavam-se diversos idiomas: no litoral o tupi predominava,

no interior existiam várias línguas nativas e os próprios portugueses vinham de um processo recente de consolidação da sua língua.

Na língua falada houve um intenso hibridismo linguístico entre o português e os idiomas nativos e africanos, gerando os chamados falares crioulos, que deram origem, posteriormente, de acordo com o historiador Arno Wehling, aos dialetos caipira e nordestino. Para esse mesmo pesquisador, com exceção de Pernambuco e Bahia, locais em que se falava português, no restante do litoral da América portuguesa se falava a língua geral, ou seja, o tupi. Foi somente no século XVIII com a vinda de mais de 800 mil imigrantes portugueses que o idioma luso passou a ser preponderante no Brasil.

História do Brasil I28

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3. (ENEM) Na América inglesa, não houve nenhum processo sistemático de catequese e de conversão dos índios ao cristianismo, apesar de algumas ini-ciativas nesse sentido. Brancos e índios confronta-ram-se muitas vezes e mantiveram-se separados. Na América portuguesa, a catequese dos índios começou com o próprio processo de colonização, e a mestiçagem teve dimensões significativas. Tan-to na América inglesa quanto na portuguesa, as populações indígenas foram sacrificadas. Os índios não tinham defesas contra as doenças trazidas pe-los brancos, foram derrotados pelas armas de fogo desses últimos e, muitas vezes, escravizados.

No processo de colonização das Américas, as po-pulações indígenas da América portuguesa:

a) foram submetidas a um processo de doutri-nação religiosa que não ocorreu com os indí-genas da América inglesa.

b) mantiveram sua cultura tão intacta quanto a dos indígenas da América inglesa.

c) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu amplamente com os indígenas da América inglesa.

d) diferenciaram-se dos indígenas da América inglesa por terem suas terras devolvidas.

e) resistiram, como os indígenas da América in-glesa, às doenças trazidas pelos brancos.

4. (PUCRS) Entre 1500 e 1530, os interesses da Coroa portuguesa, no Brasil, focavam o pau-brasil, ma-deira abundante na Mata Atlântica e existente em quase todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. A extração era feita de maneira predatória e assistemática, com o objetivo de abastecer o mercado europeu, especialmente as manufaturas de tecido, pois a tinta avermelha-da da seiva dessa madeira era utilizada para tingir tecidos. A aquisição dessa matéria-prima brasileira era feita por meio da:a) exploração escravocrata dos europeus em re-

lação aos índios brasileiros.b) criação de núcleos povoadores, com utiliza-

ção de trabalho servil.c) utilização de escravos africanos, que trabalha-

vam nas feitorias.d) exploração da mão de obra livre dos imigran-

tes portugueses, franceses e holandeses. e) exploração do trabalho indígena, no estabele-

cimento de uma relação de troca, o conheci-do escambo.

5. (UEG – GO) A colonização portuguesa do Brasil foi feita à contramão dos movimentos de ideias que predominavam nos países da Europa Ocidental no século XVI: enquanto lá se vivia a efervescência do Classicismo Renascentista e da Reforma Protestante, no Brasil predomi-nava esteticamente o Barroco, com sua litera-tura marcada pelo uso de antíteses, e religio-samente a Contrarreforma, com sua proposta de converter os nativos por meio de ordens re-ligiosas católicas. Respectivamente, foram dois nomes da literatura Barroca e da Contrarreforma no Brasil colonial:

a) Botelho de Oliveira e Pedro Álvares Cabral.

b) Tomás Antônio Gonzaga e Duarte Coelho.

c) Padre Antônio Vieira e Tomé de Souza.

d) Gregório de Matos e José de Anchieta.

6. (FURG – RS) Sobre a política colonialista é correto afirmar:

I. A política colonialista europeia teve como principal preocupação a incorporação de vas-tas regiões da África, da América e do Oriente.

II. Ela foi marcada pela convivência amistosa e pacífica entre os nativos e os europeus.

III. Somente Portugal e Espanha empreenderam a política colonialista.

IV. Para controlar a produção nas colônias, os Estados empreenderam o chamado “Pacto Colonial”, pelo qual a colônia existia em fun-ção da metrópole. Sua produção deveria pos-sibilitar lucros elevados aos comerciantes e, principalmente, às coroas europeias.

V. As colônias, somente, podiam comercializar com as metrópoles que, posteriormente, re-vendiam os produtos alcançando altos lucros.

VI. As colônias tinham liberdade para produzi-rem o que lhes interessava e, também, ven-der para quem pagasse mais.

Leia atentamente e assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas:

a) Apenas a I, a IV e a V estão corretas.

b) Somente a IV está correta.

c) A I, a III e a V estão corretas.

d) Somente a II e a IV estão erradas.

e) A II, a IV e a VI estão corretas.

Ensino Médio | Modular 29

HISTÓRIA

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Processo de independência na América portuguesa

3

O processo de emancipação do Brasil está inserido em um contexto de mudanças tanto na América Latina quanto na Europa e nos Estados Unidos. A instabilidade do sistema co-lonial brasileiro foi mais um item na crise do Antigo Regime. A mineração deu novos traços à sociedade e à economia brasileiras, que, sob influência econômica europeia e dos ideais iluministas, levou o Brasil a se separar de Portugal.

Antes de ser resultado de um ato de D. Pedro I, a independência do Brasil teve forte moti-vação econômica e atendeu a interesses tanto da elite local quanto do capital internacional, então dominado pelo liberalismo inglês.

Inconf idência Mineira

Com a decadência da extração do ouro e dos diamantes na região de Minas, a Coroa portu-guesa adotou práticas fiscais cada vez mais opressoras, haja vista as reformas pombalinas, da segunda metade do século XVIII, que visavam aumentar a produtividade aurífera e enrijecer o controle fiscal da metrópole. O aumento tributário levou os habitantes da Colônia portuguesa a entrarem em constantes conflitos com os agentes da Coroa. O desenvolvimento do mercado interno, a formação de uma classe média urbana – incluindo intelectuais que divulgavam ideias iluministas – e de uma elite com interesses políticos e econômicos nacionais foram fundamentais para o início do processo de independência do Brasil.

Influenciados pelas ideias de liberdade divulgadas na Europa e pelo conhecimento de movimentos como a declaração de independência dos Estados Unidos, os moradores da região de Vila Rica iniciaram um significativo movimento contra as arbitrariedades da colonização portuguesa conhecido como Conjuração Mineira ou Inconfidência Mineira (1789).

Desde 1750, estava estabelecida pela Coroa a arrecadação mínima anual de 100 arrobas de ouro (equivalente a 1,5 tonelada) em toda a região de Minas Gerais. Se a arrecadação não atingisse essa quantia mínima – o que já era esperado, devido à decadência da produção aurífera naquele momento –, a diferença seria cobrada de toda a população até que a cota determinada fosse alcançada. Para isso, foi criado o Regimento dos Dragões, militares que usavam a força para fazer a cobrança, inclusive confiscando propriedades como forma de pagamento. Essa cobrança foi chamada de Derrama.

História do Brasil I30

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te brasileira durante o século XVIII, fato que é considerado, por muitos historiadores, elemento decisivo para Tradicional centro acadêmico de Portugal, a Universidade de Coimbra foi frequentada por integrantes da eliTradicional centro acadêmico de Portugal, a Universidade de Coimbra foi frequentada por integrantes da eliTradicional centro acadêmico de Portugal, a Universidade de Coimbra foi frequentada por integrantes da eli--te brasileira durante o século XVIII, fato que é considerado, por muitos historiadores, elemento decisivo para te brasileira durante o século XVIII, fato que é considerado, por muitos historiadores, elemento decisivo paraa chegada dos ideais iluministas no Brasil e para a consequente eclosão da Inconfidência Mineira, em 1789a chegada dos ideais iluministas no Brasil e para a consequente eclosão da Inconfidência Mineira, em 1789

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Uma das derramas deveria ser executada, conforme determinação do governo português, em fevereiro de 1789. Antes mesmo da cobrança, a elite mineradora começou a tramar uma conjuração contra a Coroa. O plano consistia em rebelar-se no momento em que fosse decretado o pagamento da derrama e proclamar um governo independente, em Minas Gerais. Além da proclamação de uma república (aos moldes da recém-proclamada república estadunidense, em 1776), estava prevista também a criação de uma universidade na região. Apesar do seu caráter liberal, o movimento dos inconfidentes não visava à abolição da escravatura. Apenas alguns poucos líderes defendiam a libertação dos escravos, mas em geral não se discutia essa questão devido ao caráter elitista da liderança do movimento. Ricos intelectuais e poetas, como Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, estavam entre os organizadores do movimento.

Há inúmeras formas de manifestar ideias. Seja por meio de charges, obras de artes, panfletos, músicas ou textos literários, o estudo dessas fontes traz à luz conhecimentos vividos pelos personagens em deter-minado contexto histórico. Leia a seguir um trecho da obra Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, integrante da elite intelectual brasileira à época da Conjuração Mineira.

Pretende, Doroteu, o nosso chefe/ Mostrar um grande zelo nas cobranças/ Do imenso cabedal de todo o povo,/ Aos cofres do Monarca, está devendo./ Envia bons soldados às Comarcas,/ E manda--lhes que cobrem, ou que metam/ A quantos não pagarem, nas cadeias./[...] Entraram, nas Comarcas os soldados,/ E entraram a gemer os tristes povos/ [...] Aquele que não tem cativo, ou joia,/ Satisfaz com papéis, e o soldadinho/ Estas dívidas cobra, mais violento.GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas chilenas. São Paulo: Ática, 1999. p. 91-92.

Após a leitura, procure identificar o contexto a que o trecho se refere e busque em outras obras dos poetas árcades brasileiros referências à Conjuração Mineira e aos ideais iluministas.

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HISTÓRIA

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Antes que o plano dos insurretos se concretizasse, Joaquim Silvério dos Reis, um dos inconfidentes, delatou o movimento ao governador de Minas e provocou a prisão dos líderes. O fracasso do movi-mento não evitou a devassa, ou seja, o processo pelo qual as autoridades portuguesas investigaram todo o projeto da Conjuração Mineira até a punição dos envolvidos. Joaquim Silvério dos Reis, grande proprietário de terras e de minas, endividado com a Coroa, denunciou e delatou os líderes em troca da anistia de seus débitos junto ao governo português.

Após a devassa, o governo português condenou ao exílio alguns dos líderes da conjuração e condenou à morte Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. A rigorosa e violenta punição destinada a Tiradentes foi utilizada como símbolo de repressão da Coroa portuguesa contra todos que questionassem sua autoridade.

Sabe-se que Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, não deixou retratos. Sua fisionomia foi criada em representações artísticas con-forme solicitações para a criação de um herói nacional. Em grupo, faça uma pesquisa sobre o papel de Tiradentes no movimento da Inconfidência Mineira e comente como foi criada e utilizada sua imagem.

FIGUEIREDO, Aurélio de. Martírio de Tiradentes. 1893. 1 óleo sobre tela, color., 57 cm x 45 cm. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.

PARREIRAS, Antônio. Jornada dos mártires. 1928. 1 óleo sobre tela, color., 200 cm x 381 cm. Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora.

História do Brasil I32

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Conjuração Baiana

A conjuração ocorrida na Bahia, em 1798, apresentou algumas diferenças se comparada à Incon-fidência Mineira. Além do iluminismo, movimentos como a revolta dos escravizados no Haiti, iniciada em 1791 (culminando na independência do país em 1804), e a fase jacobina da Revolução Francesa (1792-1795) serviram de inspiração aos conjurados baianos.

Também conhecida como Conjuração dos Alfaiates, muitos dos líderes da revolta eram de origem mais humilde se comparados aos mineradores que idealizaram a Inconfidência, em 1789. Soldados, comerciantes e alfaiates, também influenciados pelos ideais iluministas assim como já havia ocorrido em Minas Gerais, questionaram a exploração portuguesa. No entanto, em virtude da participação popular, uma importante diferença do movimento baiano em comparação com o mineiro foi uma proposta mais incisiva dos conjurados baianos quanto à abolição do trabalho escravo. Enquanto em Minas o assunto não era unanimidade entre os inconfidentes, no projeto dos “alfaiates” o fim da escravidão era uma das reivindicações principais. Porém, da mesma forma como terminou a Inconfidência Mineira, na Bahia o movimento de libertação colonial também fracassou dada a violenta repressão imposta pelas autoridades portuguesas.

Nenhuma das duas, Inconfidência Mineira e Conjuração dos Alfaiates, atingiu seus objeti-vos libertários. Entretanto, mesmo reprimidas, deixaram um importante legado à população da Colônia: o desejo de pôr fim à exploração portuguesa no Brasil e conquistar a independência do país, dando início a um processo de transformação que culminou, em 1822, com a emancipação política do Brasil.

QuadrinistaA história em quadrinhos está presente em diversos tipos de publicações e agrada a pessoas de todas

as idades. Jornais, revistas e livros didáticos exploram essa forma linguística. Prova disso são os exemplos que estão sendo estudados nos livros de História.

As primeiras histórias em quadrinhos começaram a circular no início do século XX impulsionadas pelo desenvolvimento da imprensa e dos meios de comunicação de massa. Rudolph Töpffer, Wilhelm Bush e Georges Colomb são os europeus considerados precursores das histórias em quadrinhos. No Brasil, elas começaram a circular nas décadas de 1930 e 1940, sendo Angelo Agostini considerado o iniciador desse tipo de comunicação no país.

Se você aprecia histórias em quadrinhos, tem criatividade e alguma aptidão para o desenho ou artes gráficas, fica aqui uma sugestão de profissão que vem ganhando valorização e espaço no mundo do trabalho.

HISTÓRIA

33Ensino Médio | Modular

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América portuguesa

A invasão de Portugal pelas tropas do general Junot desencadeou o processo que levaria o Brasil à proclamação da sua independência política. Aliado da Inglaterra e se movimentando para permanecer neutro no cenário de guerra europeu, Portugal atrasou o quanto pôde a sua decisão de aceitar o bloqueio continental imposto pela França à ilha inglesa.

A transferência da Corte para a Co-lônia brasileira, em 1808, com a escol-ta dos ingleses, permitiu que a dinastia Bragança continuasse a reinar, fato dife-rente do ocorrido na Espanha, que pas-sou a ser governada por um sobrinho de Napoleão Bonaparte. A vinda da Corte para o Brasil ocasionou não só uma mu-dança política na condição jurídica da Colônia, que passou a ser a sede do reino, mas também social, econômica e cultural.

Cerca de 15 mil pessoas embar-caram rumo à Colônia portuguesa na América, para escapar da invasão francesa. O embarque foi decidido às pressas, quando a notícia da iminente invasão francesa chegou a Portugal. A falta de tempo para organizar a partida da Corte proporcionou algumas situa-ções inusitadas, como o esquecimento

no cais do porto de valiosas caixas, contendo prataria retirada das igrejas e uma imensa quantidade de livros da Biblioteca Real, que só chegaram ao Brasil entre 1810 e 1811.

No total, 19 embarcações de origem portuguesa partiram do porto de Lisboa, escoltadas por 17 navios ingleses, em uma grande frota, que cruzou o Oceano Atlântico até atingir o litoral brasileiro.Os 54 dias de permanência no mar até chegar ao litoral da Bahia foram repletos de dificuldades. As condições de higiene e alimentação eram péssimas. Alimentos mal armazenados estavam sujeitos à contaminação; a água apodrecia e não era suficiente para todas as pessoas a bordo.

A Família Real chegou à costa brasileira, desembarcando primeiramente em Salvador, em 22 de janeiro de 1808. Posteriormente, em 26 de fevereiro, D. Maria I e sua Corte navegaram ao Rio de Janeiro, onde desembarcaram em definitivo no dia 8 de março.

Chegada da Corte portuguesaA Inglaterra se beneficiou da influência que possuía sobre o regente D. João e teve grandes

ganhos comerciais com a abertura dos portos às nações amigas, o que incrementou a exportação de produtos de diversas partes da Europa, África e Ásia. O Tratado de Comércio e Navegação, assinado em 1810, dava aos ingleses taxas especiais para comercialização com o Brasil. Além da importação e da exportação diretas, outra medida importante tomada pelo regente foi a revogação do edital que proibia a instalação de manufaturas no Brasil e a adoção de medidas de incentivo à produção industrial interna.

DELERIVE, Nicolas. Despedida de D. João de seus súditos. Século XIX. 1 óleo sobre tela, color., 62,5 cm x 87,6 cm. Museu Nacional dos Coches, Lisboa.

História do Brasil I34

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1. A chegada da Corte portuguesa ao Brasil alterou não só o cotidiano social e cultural da colônia como também sua estrutura econômica. Considerando as medidas determinadas pelo Tratado de Navegação e Comércio de 1810, comente a característica econômica existente nesse acordo ao fixar as taxas alfandegárias na Colônia.

2. Levando em consideração o atual contexto da globalização econômica, responda: O Brasil, de modo geral, é um país com tendência protecionista ou liberal em suas relações econômicas internacionais?

Autoria não identificada. Uma dama indo fazer uma visita. 1816. 1 gravura colorida, 16,5 cm x 22,5 cm.

Modos de vida e formas de transporte no Brasil Colonial causariam estranheza nos dias atuais. Na ima m, ode-se Modos de vida e formas de transporte no Brasil Colonial Modos de vida e formas de transporte no Brasil Colonialcausariam estranheza nos dias atuais. Na imagem, pode-se causariam estranheza nos dias atuais. Na imagem, pode-seperceber a forma de uma dama da elite se movimentar perceber a forma de uma dama da elite se movimentarna cidade. A imagem apresenta ainda bons indicativos dona cidade. A imagem apresenta ainda bons indicativos docotidiano colonial, expresso na arquitetura, na organização cotidiano colonial, expresso na arquitetura, na organização cotidiano colonial, expresso na arquitetura, na organizaçãourbana e nas roupasurbana e nas roupas

No entanto, a chegada da Corte não foi apenas festa e comemoração. Havia a necessidade de instalar todas as pessoas que vieram de Portugal. Ao chegarem, encontraram uma terra malcheirosa, suja e descuidada. Com o objetivo de alojar os cortesãos, mais de duas mil famílias foram desalojadas, suas residências requisi-tadas pela Coroa e eram marcadas com as letras P e R, de Príncipe Regente. O povo desalojado em pouco tempo passou a traduzi-las por “Ponha-se na Rua” e “Propriedade Roubada”.

Aos poucos, melhorias estruturais foram realizadas, como a drenagem de pântanos, o alargamento de ruas, a construção de calçadas, trazendo mudanças para a vida cotidiana, principalmente na capital. Com a chegada da missão francesa em 1816, a Coroa buscava, com a vinda de artistas, cientistas, arquitetos, entre outros homens da ciência, “civilizar” a Colônia. A criação de uma rede de instituições voltadas para o saber, como o Museu Real, a Imprensa Régia, a Biblioteca e o Horto Real, possibilitava a transformação da Colônia em um centro produtor de reprodução de cultura e memória, como lembra a antropóloga Lilia Schwarcz. É dessa época a rica iconografia sobre os modos de vida nos trópicos produzida pelos viajantes, em especial os trabalhos de Debret e Taunay.

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HISTÓRIA

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A forma como a Corte se estabeleceu no Brasil e todo o aparato de instituições que foi criado na capital mostravam que a ideia de permanência provisória começava a ficar ofuscada pelo antigo projeto português de fazer do Brasil a sede da monarquia portuguesa, que nada tinha a ver com a invasão napoleônica. O fato de a Família Real não retornar a Portugal assim que Napoleão foi derrotado e as tropas francesas deixaram o país é mais uma evidência de que a vinda da Família Real para o Brasil não ocorreu apenas pela pressão napoleônica, mas encontrou nela o pretexto para transferir a Corte para sua mais rica colônia e se distanciar da onda liberal que ameaçava as monarquias europeias.

1. A imagem acima representa uma casa cigana do Rio de Janeiro em meados do século XIX. Analise a imagem e descreva o cotidiano dessa habitação, analisando os diferentes aspectos presentes na iconografia, tais como: as vestimentas, a arquitetura, os tipos humanos, os trabalhos desenvolvidos, a postura dos retratados, etc.

2. Após a leitura do texto a seguir, sobre a descrição do interior de uma residência de classe alta das Minas Gerais, no século XVIII, discuta com os colegas as semelhanças e as diferenças que podem ser estabelecidas entre o passado e o presente.

DEBRET, Jean-Baptiste; FRERES, Thierry. Interior de uma habitação de ciganos.1834-1839. 1 litografia, 17,3 cm x 25,5 cm.

Seus interiores ganhavam tetos lisos ou com painéis ricamente decorados com grinaldas, desenhos geométricos, colunas e figuras de animais. Com o mesmo objetivo de embelezar, a esteira de bambu achatado, processo trazido pelos por-tugueses do Oriente, recebia curiosas pinturas. Os imóveis eram acessados por

corredores, muitas vezes pavimentados com hematitas e quartzos rolados. Uma escada metida entre as paredes levava ao primeiro andar. Nele se encontravam o salão de visitas – de frente para a rua – e a sala de jantar, nos fundos abrindo-se

CARRAZZONI, Maria Elisa (Coord.). Guia

dos bens tombados no Brasil. 2. ed.

Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1987.

p. 201, 255.

História do Brasil I36

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A hegemonia inglesa durante o reinado português no Brasil ficou evidente nas relações políticas estabelecidas pelos tratados assinados entre as duas nações. O Tratado de Navegação e Comércio e o Tratado de Aliança e Amizade permitiram aos ingleses privilégios comerciais, liberdade religiosa e julgamentos especiais, por exemplo. A abolição gradativa do trabalho escravo e a limitação do tráfico negreiro à África, estabelecidas pelos tratados, no entanto, não foram cumpridas. Nesse sentido, a escravização de africanos e seus descendentes foi pouco alterada no nível político e jurídico até meados do século XIX, quando uma série de estratégias utilizadas pelos escravizados, juntamente com a proibição oficial do tráfico, foi ganhando espaço na busca da liberdade.

As práticas metropolitanas logo encontraram lugar na administração do Brasil. Afinal, era necessário encontrar colocação para toda a Corte transferida com a Família Real. Órgãos e instân-cias foram reformulados e passaram a atuar na Colônia, especialmente como forma de justificar a imensa quantidade de empregos públicos. Muitos desses serviços eram ineficientes e a corrup-ção, o suborno e a propina faziam parte do cotidiano, especialmente devido aos atrasos e à má remuneração dos funcionários públicos, como lembra o historiador Raymundo Campos. O aumento das taxas e dos impostos e a concorrência com os produtos ingleses desgostavam os brasileiros.

Pequenos versos que denunciavam a corrupção do governo circulavam na Corte, como o exemplo a seguir:

Quem furta pouco é ladrão,Quem furta muito é Barão,

Quem mais furta e esconde, Passa de Barão a Visconde.

SCHULTZ, Kirsten. Versalhes tropical: Império, monarquia e a Corte portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 396.

A política externa do período joanino foi caracterizada pela ampliação das fronteiras, primei-ramente com a anexação da Banda Oriental do Uruguai, como Província Cisplatina (1816), pois, com o enfraquecimento espanhol devido à invasão napoleônica, D. João realizou o antigo sonho de ficar com a colônia de Sacramento; e também com a invasão da Guiana Francesa (1809), em represália à França, que havia ocupado Portugal. A Guiana foi devolvida à França, em 1815, por determinação do Congresso de Viena.

para uma varanda. Os quartos de dormir abriam-se para o primeiro recinto. As cozinhas, para a varanda. Aí também se localizava o quartinho em que eram depositados os vasos de serviço íntimo e onde, em gamelas ou baias e arame, se tomava banho. Uma outra escada ligava a varanda ao pátio interno. Para além do pátio, estendia-se a horta familiar. Debaixo da casa, junto ao galinheiro, às cocheiras e ao quarto dos arreios, localizava-se o espaço onde os escravos dormiam. Segundo especialistas, com poucas variantes, esse foi o tipo de construção comum à elite nos distritos do ouro e dos diamantes.PRIORE, Mary del; VENANCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. p. 91.

CARRAZZONI, Maria Elisa (Coord.). Guia dos bens tombados no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1987. p. 201, 255.

lado) e Casa de Chica da Silva (página anterior)

D i l d i d l XVIII iDois exemplos de arquitetura do século XVIII na região Dois exemplos de arquitetura do século XVIII na regiãodas Minas Gerais: antigo solar do padre Correia (ao das Minas Gerais: antigo solar do padre Correia (ao

lado) e Casa de Chica da Silva (página anterior)lado) e Casa de Chica da Silva (página anterior)

CARCARRAZRAZZONZONII, MMariia EliElisa

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HISTÓRIA

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Elevação a Reino Unido

GERSTENBERG, Christel. Congresso de Vienna 1814-1815. [ca. 1815]. LCNI.

OO Congresso de Viena reuniu representantes das nações europeias que buscavam se reorganizar após a derrota dad s tropas francesas de Napoleão BonaparteOO Congresso de Viena reuniu representantes das nações europeias que buscavam se reorganizar após a derrota OO Congresso de Viena reuniu representantes das nações europeias que buscavam se reorganizar após a derrotadad s tropas francesas de Napoleão Bonapartedad s tropas francesas de Napoleão Bonaparte

Com a derrota de Napoleão em 1815, o Congresso de Viena se reuniu para redefinir as fronteiras e reor-ganizar os tronos europeus. Nesse contexto, a volta da Família Real para Portugal, governada pelo general inglês Beresford, era imprescindível. No entanto, D. João não tinha intenção de voltar a Portugal e, a fim de fortalecer a presença de Portugal no Congresso, acatou a sugestão do ministro do exterior da França e elevou o Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. Dessa forma, a Colônia, que já caminhava para a independência desde a abertura dos portos, deu mais um passo em direção à emancipação de Portugal, uma vez que seu estatuto político e jurídico havia mudado.

No Nordeste, em 1817, estourou a Revolução Pernambucana, que tinha como objetivo o fim da centra-lização política da Corte. Tendo como base as ideias liberais, os revoltosos buscavam constituir um novo governo, motivados pela carestia e pela alta dos preços decorrentes da seca de 1816, pela diminuição da produção algodoeira, assim como pela queda das exportações de açúcar e dependência comercial devida aos portugueses – que dominavam o comércio com os ingleses. A participação popular foi intensa nesse movimento. Bastante heterogêneo, ele aglutinou grandes proprietários, comerciantes, clérigos, militares e homens livres. Com influências da Revolução Francesa, da independência dos Estados Unidos e da América espanhola, os revolucionários depuseram o governador e instauraram um governo provisório que foi organizado em torno de uma lei orgânica, determinando as bases do novo governo: regime republicano, liberdade de religião, de imprensa e de comércio, assim como a garantia do direito à propriedade. O fim da escravidão dividiu opiniões. A repressão foi organizada a partir da Bahia e de Alagoas, com reforço das tropas vindas da Corte. A falta de experiência militar foi decisiva para a derrota do movimento, que teve seus líderes presos ou sentenciados à pena máxima.

A intranquilidade política vinha também do reino. Em 1820, iniciou-se em Portugal a Revolução do Porto. De caráter liberal e tendo representantes de várias camadas sociais lideradas pela burguesia comercial da cidade do Porto, os revolucionários substituíram o governo tutelado pelo inglês Beresford e convocaram as Cortes Gerais Constituintes da Nação Portuguesa. Essa assembleia tinha como principal tarefa elaborar uma constituição para Portugal. A nação empobrecida buscava na recolonização do Brasil a saída para sua crise econômica. O liberalismo propagado pelos revolucionários só servia para Portugal, ou seja, o Brasil precisava voltar ao status de Colônia. Essa forma de pensar a política econômica exigia o retorno da Família Real, que sob pressão decidiu pelo retorno, deixando no Brasil D. Pedro como regente.

História do Brasil I38

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IndependênciaEnquanto isso, as elites se organizavam no Brasil e os diferentes grupos buscavam defender suas

propostas. Entre os grupos, pode-se perceber o conservadorismo do “partido português”, que pretendia restabelecer o monopólio e era fiel às Cortes; a forte presença da elite rural no “partido brasileiro”, que apoiava a Independência com a manutenção de D. Pedro no poder; por fim, a radicalidade do “partido liberal”, formado pelas camadas médias urbanas e que defendia a implantação de uma república democrática, aceitando depois a possibilidade de um governo monárquico constitucional.

O processo de Independência ganhou força com a hostil pressão das Cortes para o retorno do Príncipe Regente a Portugal. Apoiado pela população e com os conselhos de José Bonifácio de Andrada e Silva, presidente da junta governativa de São Paulo, e da princesa Leopoldina, D. Pedro proclamou a Inde-

pendência. Alguns autores ufanistas encerram o processo com o gesto do regente indicando uma união pacífica em torno da nova nação. Mas lutas internas fizeram com que a consolidação da Independência não ocorresse de forma imediata.

É importante refletir ainda se a Independência signi ficou mudanças na sociedade e na economia do novo país. A subor dinação à Inglaterra e a exportação, com base na grande propriedade rural, monocultora e escravista, mantiveram-se como modelo econômico durante o Império. A sociedade permaneceu dividida entre proprietários, ca madas médias urbanas, homens livres pobres e escravizados.

Em março de 1822, foram eleitos, de forma indireta, 72 deputados para representar o Brasil nas Cortes. Destes, 50 viajaram para Lisboa. No entanto, a política externa de Portugal se delineava cada vez mais como recolonizadora e os deputados brasileiros não tinham a força necessária para impedir as medidas aprovadas em relação ao Brasil. Essas medidas demons-travam claramente a vontade das Cortes em devolver o papel de Colônia ao Brasil, restau-rando o monopólio comercial e enfraquecendo o poder de D. Pedro.

Construção de nossa

emancipação política

@HIS1639

objetivo era a elaboração de uma S CSessão das Cortes em Lisboa cujo Sessão das Cortes em Lisboa cujoobjetivo era a elaboração de uma objetivo era a elaboração de umaconstituição ara Port alconstituição para Portugalconstituição para Portugal

TAUNAY, Félix Emile. Aclamação de S.M.O. Snr. D. Pedro I imperador Cal. do Brasil. 1 gravura, água-forte, aquarelada, 32,9 cm x 47 cm. Coleção Oliveira Barboza. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

AAclamação de D. Pedro I imperador do Brasil, em obra de Félix Aclamação de D. Pedro I imperador do Brasil, em obra de FélixEmE ile TaunayyEmE ile Taunayy

SILVA, Oscar Pereira da. Sessão das Cortes de Lisboa. [ca. 1920]. 1 óleo sobre tela, color. Museu Paulista, São Paulo.

Ensino Médio | Modular 39

HISTÓRIA

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1. (UEM – PR) Em 1808, fugindo da invasão france-sa, que resultou da não adesão de Portugal ao bloqueio continental determinado por Napoleão Bonaparte, a Corte portuguesa desembarcou no Rio de Janeiro. A respeito da presença da Corte no Brasil, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

(01) Em reação à decisão de D. João VI de retor-nar a Portugal, eclodiu a Revolução Pernam-bucana, em Recife, em 1817, que defendeu que o Brasil continuasse sendo a sede da monarquia lusitana. Tal fato adiou o retor-no da Corte para Lisboa até 1822.

(02) Com a abertura dos portos, em 1808, a eco-nomia brasileira deixou de ser predominan-temente agrícola e iniciou um rápido pro-cesso de industrialização.

(04) Visando promover um desenvolvimento cultural, D. João fundou escolas, criou a im-prensa régia, a biblioteca real e promoveu a vinda da Missão Francesa, que trouxe artis-tas e cientistas ao Brasil.

(08) Entre as principais medidas de caráter eco-nô mico adotadas por D. João no Brasil, entre 1808 e 1821, destacam-se a abertura dos portos, a suspensão da proibição de instalação de fábricas e manufaturas, a criação do Banco do Brasil, entre outras.

(16) A permanência da Corte e a transposição dos principais órgãos do Estado português para o Brasil tornaram a Colônia, naquele período, o centro do Império Português.

Somatório:

2. (ENEM) Em 2008 foram comemorados os duzentos anos

da mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no período de 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa perma-neceram no Brasil.

Entre esses eventos destacam-se os seguintes:

A leitura de uma obra de arte deve sempre levar em conta o contexto de sua produção. O quadro de Pedro Américo, que representa o grito do Ipiranga, foi uma encomenda do governo imperial para representar o nascimento do Brasil como nação independente. Nesse sentido, é importante perceber todo um conjunto de representações, eternizado pela obra, que remete à construção de uma identidade nacional. Em grupos, analise a imagem e discuta a importância dessa obra na formação das memórias sobre a História do Brasil.

AMÉRICO, Pedro. Independência ou morte. 1888. 1 óleo sobre tela, color., 760 cm x 415 cm. Museu do Ipiranga – USP, São Paulo.

Represen-

tações

iconográficas

da nossa

emancipação

política

@HIS950

História do Brasil I40

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Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a famí-lia real portuguesa para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ataque de Napoleão.

Rio de Janeiro – 1808: Desembarque da família real portuguesa na cidade onde residiriam em sua permanência no Brasil.

Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas, ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à es-quadra portuguesa.

Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I.

Pernambuco – 1817: as tropas de D. João VI su-focam a revolução republicana.

GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe me-droso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e muda-ram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Pla-neta, 2007 (adaptado).

Uma das consequências desses eventos foi:

a) a decadência do império britânico, em razão do contrabando dos produtos ingleses atra-vés dos portos brasileiros.

b) o fim do comércio de escravos no Brasil, por-que a Inglaterra decretara, em 1806, a proibi-ção do tráfico de escravos em seus domínios.

c) a conquista da região do Rio da Prata em re-presália à aliança entre a Espanha e a França de Napoleão.

d) a abertura de estradas, que permitiu o rom-pimento do isolamento que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a comu-nicação antes de 1808.

e) o grande desenvolvimento econômico de Por-tugal, após a vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manu-tenção do rei e de sua família.

3. Leia com atenção o fragmento a seguir:

A carta régia de 28 de janeiro de 1808 é o ato escri-to que formalmente inaugura a presença do prínci-pe regente no Brasil. Mal tinha aportado na Bahia, decorridos sete escassos dias de restabelecimen-to após demorada travessia atlântica, dom João anuncia na chegada que trazia novidades. O do-cumento é curto e direto. Explica a motivação por necessidade de abastecimento e de animação da vida econômica, promete enquadramento global

para breve, autoriza tratamento igual para embar-cações nacionais e das nações amigas, diminui os direitos de entrada de 30% para 24% (com exceção de vinhos, aguardentes e azeites que duplicavam tais direitos), autoriza a saída para portos nacionais e estrangeiros de quaisquer produtos provenientes de território brasileiro (com exceção do pau-brasil, cuja saída se declarava proibida) e declara sem efeito todas as leis que impediam “neste Estado do Brasil o recíproco comércio e navegação”. OLIVEIRA, Luís Valente; RICUPERO, Rubens. (Org.). A abertura dos portos. São Paulo: Senac, 2007. p. 179-180

O fragmento aborda uma das realizações de D. João durante sua estada no Brasil.

Assinale a alternativa que apresenta as respostas corretas para:

O ato descrito pelo documento;

País que mais obteve benefícios com a decreta-ção desse documento;

A principal mudança trazida para a Colônia Brasil.

a) Tratados de 1810 França Independência.

b) Abertura dos portos Inglaterra fim do Pacto Colonial.

c) Tratados de Aliança e Amizade Inglaterra industrialização do Brasil.

d) Abertura dos portos Espanha Abolição da Escravatura.

e) Tratados de Comércio e Navegação França fim do Pacto Colonial.

4. Observe o texto a seguir e responda:

A cidade que acolheu a família real portuguesa, em 1808, estava para as rotas marítimas transo-ceânicas como o aeroporto de Frankfurt, na Ale-manha, está hoje para os voos intercontinentais. Era uma espécie de esquina do mundo, na qual praticamente todos os navios que partiam da Eu-ropa e dos Estados Unidos paravam antes de se-guir para a Ásia, a África e as terras recém-desco-bertas do Pacífico Sul. Protegidas do vento e das tempestades pelas montanhas, as águas calmas da Baía da Guanabara serviam como abrigo ideal para reparo das embarcações e reabastecimento de água potável, charque, açúcar, cachaça, taba-co e lenha. “Nenhum porto colonial do mundo estava tão bem localizado para o comércio geral (...)”, ponderou o viajante John Mawe. GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um prín-cipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Plane-ta do Brasil, 2007. p. 153.

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Assinale a alternativa que apresenta as respostas corretas para:

A cidade descrita no texto. O motivo de a família real fixar residência nela. Uma das mudanças ocorridas na cidade a par-tir da chegada da família real.

a) Salvador era a capital da colônia criação da primeira universidade;

b) Rio de Janeiro era a cidade mais bela da co-lônia criação do Jardim Botânico;

c) Salvador era rica em função da exportação de açúcar criação do Pelourinho;

d) Rio de Janeiro era a capital da colônia cria-ção da Biblioteca Nacional;

e) Rio de Janeiro possuía melhores acomoda-ções criação do Banco de Portugal.

5. (PUCPR) A Conjuração Baiana (1798) diferenciou--se da Conjuração Mineira (1789), entre outros aspectos, porque aquela:a) envolveu a alta burguesia da sociedade do

Nordeste;b) pretendia a revogação da política fiscal do

Marquês de Pombal;c) aglutinou a oficialidade brasileira insatisfeita

com seu soldo; d) teve um caráter popular, com preocupações

sobretudo sociais;e) ficou também conhecida como “revolta dos

marinheiros”.

6. (ENEM) No clima das ideias que se seguiram à re-volta de São Domingos, o descobrimento de pla-nos para um levante armado dos artífices mulatos da Bahia, no ano de 1798, teve impacto muito es-pecial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos conscientes tinham já começado a com-preender: as ideias de igualdade social estavam a propagar-se numa sociedade em que só um terço da população era de brancos e iriam inevitavel-mente ser interpretados em termos raciais.

MAXWELL. K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M. N. (Coord.) O Império luso-brasileiro, 1750- -1822. Lisboa: Estampa, 1986.

O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas das lideranças populares da Con-juração Baiana (1798) levaram setores da elite colonial brasileira a novas posturas diante das reivindicações populares. No período da Inde-pendência, parte da elite participou ativamente do processo, no intuito de

a) instalar um partido nacional, sob sua lideran-ça, garantindo participação controlada dos afro--brasileiros e inibindo novas rebeliões de negros.

b) atender aos clamores apresentados no movi-mento baiano, de modo a inviabilizar novas rebeliões, garantindo o controle da situação.

c) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a promoção de mudanças exigi-das pelo povo sem a profundidade proposta inicialmente.

d) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor libertário, o que terminaria por preju-dicar seus interesses e seu projeto de nação.

e) rebelar-se contra as representações metro-politanas, isolando politicamente o Príncipe Regente, instalando um governo conservador para controlar o povo.

7. (UFPB) No final do século XVIII, dois movimentos sociais, a Inconfidência Mineira (1789) e a Incon-fidência Baiana (1798), tiveram como motivação romper com o domínio colonial português. So-bre essas rebeliões, afirma-se:

I. As duas inconfidências tinham como objeti-vo criar uma república e abolir a escravidão. A Inconfidência Mineira foi um movimento de elite, e a Baiana, mais popular, contava com a participação de pessoas de origem hu-milde, como alfaiates, soldados e escravos.

II. A Inconfidência Mineira tinha um caráter mais econômico, prevalecendo em seus projetos medidas mais anticoloniais do que sociais. Já a Inconfidência Baiana, além de anticolonial, foi mais voltada para reformas sociais, pois defen-dia uma sociedade em que os menos favoreci-dos tivessem melhores condições de vida.

III. A repressão imposta pela Metrópole portu-guesa atingiu principalmente os mais humil-des. Entre os mineiros, o único condenado foi Tiradentes. Entre os baianos, foram con-denados dois soldados, um aprendiz de al-faiate e um alfaiate. Para os condenados, foi aplicada a pena máxima: enforcamento e es-quartejamento.

Está(ão) correta(s):

a) apenas I e II

b) apenas I e III

c) apenas II e III

d) apenas III

e) todas

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8. (UFSC) Leia e analise o texto a seguir:

[...] Que estava plenamente provado o crime de lesa-majestade [...] a que premeditadamente concorriam de se subtraírem da sujeição em que nasceram e que como vassalos deviam ter a dita senhora (Dona Maria I), para constituírem uma República, por meio de uma formal rebelião, pela qual assentaram de assassinar ou depor General e Ministros, a quem a mesma senhora tinha dado jurisdição e poder de reger e governar os povos da capitania [...] Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha Tiradentes, Alfe-res que foi da tropa paga da Capitania de Minas, a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural, para sempre. E que, depois de morto, lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde em lugar mais público dela, seja pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos e pregados em postas pelo caminho de Minas [...].CASTRO, Therezinha de. História documental do Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1968, p. 123-124.

Analisando o texto, o momento e as circunstân-cias em que foi escrito, assinale V para a(s) pro-posição(ões) verdadeira(s) ou F para a(s) falsa(s):

( ) A conspiração pretendia ainda a abolição da escravatura, independência das colônias americanas e a adoção dos princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Ci-dadão, proclamada na França.

( ) Segundo o texto, entre outros objetivos do movimento conspiratório estava o de pro-clamar uma república.

( ) Trata-se da condenação de Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, que com outros não citados no trecho fo-ram julgados por terem participado de uma insurreição contra o governo português.

( ) O movimento por cuja participação foi con-denado Tiradentes é conhecido, na História do Brasil, como Revolta de Vila Rica.

( ) O movimento que motivou a condenação de Tiradentes teve forte participação po-pular. Muitos dos que foram presos eram operários, soldados, agricultores pobres e mesmo alguns clérigos, como Frei Caneca, também condenado e executado.

9. (FUVEST – SP) “Eis que uma revolução, proclaman-do um governo absolutamente independente da sujeição à corte do Rio de Janeiro, rebentou em

Pernambuco, em março de 1817. É um assunto para o nosso ânimo tão pouco simpático que, se nos fora permitido [colocar] sobre ele um véu, o deixaríamos fora do quadro que nos propusemos tratar.”

F. A. Varnhagen. História geral do Brasil, 1854.

O texto trata da Revolução Pernambucana de 1817. Com relação a esse acontecimento é possí-vel afirmar que os insurgentes

a) pretendiam a separação de Pernambuco do restante do reino, impondo a expulsão dos portugueses desse território.

b) contaram com a ativa participação de ho-mens negros, pondo em risco a manutenção da escravidão na região.

c) dominaram Pernambuco e o norte da colônia, decretando o fim dos privilégios da Compa-nhia do Grão-Pará e Maranhão.

d) propuseram a independência e a república, congregando proprietários, comerciantes e pessoas das camadas populares.

e) implantaram um governo de terror, ameaçan-do o direito dos pequenos proprietários à livre exploração da terra.

10. (ENEM) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sen-do um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil. Alvará de liberdade para as indústrias (1.o de abril de 1808). In: BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).

O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que ca-racterísticas desse período explicam esse fato?

a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas.

b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio.

c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa.

d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no co-mércio internacional.

e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portu-guesas.

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Escravizados trabalhando na extr ção de dras e metais eciosos sob os olhares Escravizados trabalhando na extração de pedras e metais preciosos sob os olhares Escravizados trabalhando na extração de pedras e metais preciosos sob os olharesatentos dos feitoresatentos dos feitores

MAWE, John. Viagens no interior do Brasil. Londres, 1812. Acervo Universidade da Virginia, EUA.

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JULIÃO, Carlos. Extração de diamantes. 1776. 1 aquarela colorida, 35 cm x 45,5 cm. Fundação Biblioteca Nacional/DRD/Divisão de Iconografia, Rio de Janeiro.

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