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SERVIÇO SOCIAL
________________________________________________________
CRISTINA YUMI IIJIMA MUNIZ
MERCADO DE TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: MAPEAMENTO DOS
EGRESSOS DA UNIOESTE DE TOLEDO-PR
_________________________________________________________
TOLEDO-PR
2017
CRISTINA YUMI IIJIMA MUNIZ
MERCADO DE TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: MAPEAMENTO DOS
EGRESSOS DA UNIOESTE DE TOLEDO-PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Serviço Social, Centro de
Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE,
como requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Ms. Índia Nara Smaha
TOLEDO
2017
CRISTINA YUMI IIJIMA MUNIZ
MERCADO DE TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: MAPEAMENTO DOS
EGRESSOS DA UNIOESTE DE TOLEDO-PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas, da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná – UNIOESTE, como
requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Serviço Social.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Orientadora - Profa. Ms. Índia Nara Smaha
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________
Prof. Dr. Alfredo Aparecido Batista
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________
Profa. Dra. Marize Rauber Engelbrecht
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo, 24 de fevereiro de 2017.
À toda categoria de Assistentes Sociais,
em especial aos sujeitos desta pesquisa!
AGRADECIMENTOS
Entendo que o agradecimento se constitui um momento ímpar da manifestação de
reconhecimento das pessoas que participaram, contribuíram e acompanharam um processo
que exigiu compreensão, renúncias e esforços. Dentre os quais desejo citar: Edson Renato,
meu marido, que me acompanha e conhece meus sonhos e projetos, muitos pelos quais não
tem medido esforços para que se concretizem, como o presente trabalho; nossos filhos, Lauro
Cesar e Gabriel Vinicius e suas respectivas namoradas Paula Carolina e Milena, que as tenho
como minhas filhas, pois acompanharam todo esse processo, que, muitas vezes,
impossibilitou passeios, almoços e jantares e outros momentos em família.
Agradeço a docente Índia Nara Smaha, uma pessoa e profissional admirável pelas suas
vivências, conquistas e lutas, sendo isso determinante para que eu a solicitasse como minha
orientadora nesse processo; e no seu decorrer compartilhou de forma incondicional todos seus
conhecimentos e experiências, contribuindo para minha formação acadêmica e, sobretudo, a
construção de uma maravilhosa amizade.
Agradeço à Universidade e sociedade civil, aos docentes que constituem a banca
examinadora e demais docentes do curso de Serviço Social da Unioeste – campus de Toledo,
assim como o Diretor de campus de Toledo Remi Schorn, a Secretária Acadêmica Ana Maria
do Nascimento e sua equipe de trabalho que tiverem importante contribuição neste processo.
Não poderia deixar de agradecer a minha amada amiga Silvânia Pelegrine Manica,
pois sempre esteve do meu lado me fortalecendo e apoiando, assim, sempre estará presente
nas minhas boas lembranças. Também não esqueço da amiga e colega de longa data: Carla
Maria Geraldo.
Registro meus agradecimentos à Assistente Social, Jaqueline Nadir da Silva de Souza
ou simplesmente “JaqueLinda”, uma profissional excepcional e admirável, que compartilhou
seus conhecimentos e habilidades profissionais no campo de estágio, contribuindo no meu
processo de formação acadêmica.
Agradeço imensamente a todos os egressos do curso de Serviço Social que,
prontamente, contribuíram com, em média, seis minutos valiosos para responder aos
questionários que embasaram esta pesquisa, mostrando-se atentos aos anseios e discussões
que dizem respeito ao Serviço Social.
MUNIZ, Cristina Yumi Iijima. Mercado de trabalho e Serviço Social: mapeamento dos
egressos da Unioeste de Toledo-PR. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – campus de Toledo, 2017.
RESUMO
Nas relações sociais vigentes, o capital almeja converter todas as atividades humanas, entre
elas o trabalho e as demais formas de práxis em fontes direta e indiretas de mais-valia,
acentuando o conflito capital e trabalho. Ressaltamos que o trabalhador, dispondo apenas da
venda força de trabalho, sujeita-se às leis de oferta e procura do mercado de trabalho,
vivenciando o aprofundamento das manifestações da “questão social”. É nesse cenário que
profissionais do Serviço Social se veem como trabalhadores assalariados e protagonistas de
um período histórico. Entendemos que a implantação de várias Políticas Sociais contribuiu na
ampliação de espaços de atuação do Serviço Social, contudo condicionantes estruturais
impõem limites e formas precarizadas de inserção nesses espaços. Assim, enquanto
acadêmica do curso de Serviço Social da Unioeste, surgiu o interesse em pesquisar a condição
no mercado de trabalho dos egressos do curso, tendo em vista que até o momento a Unioeste
não dispõem de nenhuma pesquisa semelhante. Propomos a problematização: qual a condição
no mercado de trabalho dos egressos do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – campus de Toledo-PR, que se formaram no período de 2007 a 2015?. Para
desenvolver a pesquisa, buscamos compreender alguns conceitos e categorias como: trabalho;
classe trabalhadora da atualidade; serviço social e espaço sócio-ocupacional, recorrendo a
autores contemporâneos para a construção histórica e social dessa discussão. Portanto, a
presente pesquisa, sob a temática mercado de trabalho e Serviço Social, apresenta tanto como
objeto e sujeitos da pesquisa os egressos do curso de Serviço Social e tem, inicialmente, como
objetivo geral analisar a condição desses no mercado de trabalho. A metodologia da presente
pesquisa pressupõe uma abordagem qualitativa de aspecto exploratório, tendo como
elementos que subsidiaram a elaboração: o levantamento bibliográfico e documental, a
sistematização e análise de dados coletados da Secretaria Acadêmica do campus de Toledo e
dos questionários enviados aos e-mails dos sujeitos. A utilização de um software possibilitou
todo o procedimento de envio e retorno por meio virtual (e-mail). Contudo, apenas 36,7%, ou
seja, 87 egressos retornaram os questionários respondidos. Estes nos deram a condição de
identificar que a maioria dos formados no período de amostra estão empregados por meio de
concurso público em espaços sócio-ocupacionais da esfera municipal. Ainda, por meio desses
sujeitos buscamos a apreensão do movimento dos egressos do curso de serviço social no
mercado de trabalho, assim como outros elementos, para discussão da categoria profissional.
PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social; Assistente Social; Unioeste.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Municípios de origem dos egressos do curso de Serviço Social
Unioeste, de 2007 a 2015, do campus de Toledo..............................................................
39
GRÁFICO 2 – Amostra de formandos do curso de Serviço Social Unioeste, de 2007 a
2015, do campus de Toledo................................................................................................
43
GRÁFICO 3 - Condição no mercado de trabalho.............................................................
45
GRÁFICO 4 - Localização geográfica: se permanecem no mesmo município ou se
mudaram.............................................................................................................................
47
GRÁFICO 5 - Média salarial dos Assistentes Sociais......................................................
48
GRÁFICO 6 - Espaços sócio-ocupacionais......................................................................
49
GRÁFICO 7 - Condições técnicas e éticas dos espaços sócio-ocupacionais...................
56
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Inscrições Regionais no CRESS dos Egressos, de 2007 a 2015, da
Unioeste – campus de Toledo.....................................................................................................
44
QUADRO 2 - Ano de conclusão do curso X condição no mercado de trabalho...............
45
QUADRO 3 - Faixa etária X condição no mercado de trabalho.......................................
46
LISTA DE SIGLAS
CE Código de Ética
CF Constituição Federal
CFESS Conselho Federal de Serviço Social
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CRESS Conselho Regional de Serviço Social
CUT Central Única dos Trabalhadores
DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
EaD Educação a Distância
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LBA Legião Brasileira de Assistência
MPC Modo de produção capitalista
OIT Organização Internacional do Trabalho
PEC Proposta de Emenda Constitucional
PNAD Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI Serviço Social da Indústria
SM Salário Mínimo
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9
1 O TRABALHO NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA .............................. 12
1.1 OS MECANISMOS DE MANUTENÇÃO DO CAPITALISMO QUE REBATEM
SOBRE A CLASSE TRABALHADORA ...................................................................... 18
1.2 BREVE PANORAMA DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO .................. 21
2 SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO, DE 1936 A 2016: BREVE
CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 27
2.1 SERVIÇO SOCIAL E SUA TRAJETÓRIA NO MERCADO DE TRABALHO
BRASILEIRO..................................................................................................................30
2.2 SERVIÇO SOCIAL NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANA,
CAMPUS DE TOLEDO .................................................................................................. 37
2.3 EGRESSOS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DOS ANOS DE 2007 A 2015 ...... 41
2.3.1 Mapeamento dos Egressos do Curso de Serviço Social dos Anos de 2007 a 2015 ... 43
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 62
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 65
APÊNDICES ................................................................................................................. 74
ANEXOS ....................................................................................................................... 88
9
INTRODUÇÃO
Na atual sociedade capitalista, sobretudo sob diversos mecanismos para a própria
manutenção e fortalecimento, a classe trabalhadora dispondo unicamente da sua força de
trabalho, para a manutenção de suas necessidades, busca por meio da formação acadêmica, a
inserção no mercado de trabalho, e uma relação de melhores condições de assalariamento;
contudo entendemos que apenas a formação acadêmica não garante a inserção em espaço
ocupacional da profissão.
Entretanto, o Assistente Social se coloca como proprietário de sua força de trabalho,
que é produto de formação universitária que o capacita a realizar um “trabalho”1
especializado, cujo preço é estabelecido por um mercado cada vez mais exigente, competitivo
e com indicativos de saturação, tendo em vista, entre outras condições, a expansão dos cursos
de Serviço Social, sobretudo na modalidade de Ensino à Distância, resultando entre outras
implicações, na alta concorrência em concursos públicos.
Em um contexto marcado pela luta da comunidade regional para suprir necessidades
de recursos humanos especializados a partir da formação de profissionais de nível superior é
que, em 1987, foi criado o curso de Serviço Social na Facitol, que no ano de 1994 obteve o
reconhecimento como Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, Campus de
Toledo. Desde a criação do curso até o início do ano de 2016 a instituição lançou no mercado
de trabalho 720 profissionais do Serviço Social preparados para atuarem e intervirem nas
diversas configurações das expressões da “questão social”, por meio de Políticas Sociais e,
sobretudo, sob uma direção social.
Entendemos que as políticas públicas e sociais e em especial a institucionalização do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e seus programas sociais, implantados na
primeira e início da segunda década do século XXI por governo de esquerda – todavia sob a
lógica capitalista – contribuíram para ampliação do mercado de trabalho, devido à criação de
novos espaços sócio-ocupacionais para o Serviço Social nos entes federados e,
principalmente, municípios, devido a um processo de descentralização das políticas públicas.
Entretanto, o momento conjuntural em curso impõe limites quanto à inserção dos
profissionais no mercado de trabalho, pois a oferta da força de trabalho especializado no que
1 Destacamos que Batista (2014) e Lessa (2012) não compartilham com Iamamoto (2008) a compreensão de que
o Serviço Social é trabalho. Batista (2014, p. 159) recorre à dissertação de Costa (1999), que “[...] conclui que o
Serviço Social não é trabalho e nem tem um processo de trabalho próprio. No entanto, participa de diferentes
processos de trabalho ao se colocar cotidianamente, como uma especialidade inserida na divisão social e técnica
do trabalho coletivo da sociedade capitalista. E, ao intervir, o Serviço Social age na realidade, tendo por base um
momento ideal a partir do qual opera como posição teleológica secundária [...]”.
10
se refere ao Serviço Social é maior que a oferta de posto de trabalho para esses profissionais.
Nesse sentido, o Serviço Social que é preparado para intervir nas mais diferentes expressões
da “questão social” também prova da experiência de desemprego, empregos temporários,
flexibilização dos contratos de trabalho, alta concorrência em concursos públicos,
precarização das condições de trabalhos e demais implicações sobre o trabalhador no modo de
produção capitalista.
Portanto, diante desses elementos elegemos como tema de pesquisa o mercado de
trabalho e o Serviço Social, indagamos sobre as condições no mercado de trabalho dos
egressos do curso de Serviço Social da Unioeste, campus de Toledo, que concluíram a
graduação nos anos de 2007 a 2015. Interessa saber se esses sujeitos têm conquistado espaços
sócio-ocupacionais da profissão; quais são esses espaços; as Políticas Sociais com as quais
atuam; se atuam em outras atividades; se há ou não um contingente de desempregados; e
demais questões relacionadas à condição no mercado de trabalho desses sujeitos.
Destacamos que diante da necessidade de se estabelecer uma amostra, selecionamos
apenas egressos que ingressaram e concluíram o curso sob vigência do Projeto Político
Pedagógico de 2003 do curso de Serviço Social da Unioeste, campus de Toledo, pois,
inicialmente tínhamos o intuito de apresentar brevemente, entre os nossos objetivos, uma
relação entre mercado de trabalho e formação acadêmica em Serviço social. Decidimos,
porém, deixar esse objetivo para um posterior momento, tendo em vista o limite de páginas
estabelecido pelo Regulamento de trabalho de conclusão de graduação do curso de Serviço
Social da Unioeste. Contudo, mantivemos o corte para amostra, estabelecendo uma pesquisa
de campo de aspecto exploratório com abordagem qualitativa, subsidiada por levantamento
bibliográfico e documental e a técnica de aplicação de questionários para se obter tanto dados
quantitativos quanto qualitativos que possibilitassem maior compreensão, considerando os
pressupostos e o referencial teórico, de acordo com o objeto e tema propostos.
Na presente pesquisa, o objetivo geral se constitui em uma análise da condição em que
se encontram no mercado de trabalho os egressos do curso de Serviço Social da Unioeste,
campus de Toledo, dos anos de 2007 a 2015. Logo, determinamos três objetivos específicos.
O primeiro foi localizar e identificar geograficamente 240 egressos delimitados para essa
pesquisa, por meio de contatos pessoais, redes sociais, levantamento documental da Secretaria
Acadêmica e demais recursos possibilitados pelo auge da informática e internet, que resultou
na localização de 237 egressos; o segundo objetivo foi constituído pelo mapeamento desses
sujeitos no mercado de trabalho; e o terceiro se voltou à apresentação das possibilidades e
limites para a inserção em espaços sócio-ocupacionais do Assistente Social. Esses Objetivos
11
são brevemente apresentados em três eixos: 1) Egressos no mercado de trabalho, 2) Espaços
sócio-ocupacionais e 3) Possibilidades e limites para a inserção nos espaços sócio-
ocupacionais.
Portanto, para dar conta da problematização quanto às condições em que se encontra
os egressos do curso de Serviço Social/sujeitos determinados para a presente pesquisa, no
primeiro capítulo apresentamos uma breve abordagem da categoria trabalho no modo de
produção capitalista, que contribuirá para compreender também, entre os seus elementos, a
práxis do Assistente Social em uma conjuntura marcada pela exploração da força de trabalho.
Posteriormente, adentrarmos na discussão sobre os mecanismos de manutenção e
fortalecimento da forma de sociabilidade posta, que afeta a classe trabalhadora. Em seguida,
apresentaremos um breve panorama da classe trabalhadora brasileira na atualidade. Esse
capítulo se deve à compreensão de que os sujeitos desse trabalho acadêmico se encontram sob
dois polos: primeiro, é trabalhador assalariado assemelhando-se ao trabalhador improdutivo,
disponível no mercado de trabalho, e por meio da venda de sua força de trabalho, expressa na
sua práxis, garante os seus meios de subsistência; e, segundo, por se tratar de um profissional
que deve apresentar respostas para as demandas oriundas do antagonismo capital e trabalho,
comprometido, contudo, com a defesa dos interesses da classe trabalhadora, na qual se
identifica.
O desenvolvimento do primeiro capítulo foi subsidiado por leituras atentas e reflexivas
de publicações de renomados autores reconhecidos pela categoria do Serviço Social
contemporâneos, tais como: Ricardo Antunes, Sergio Lessa, José Paulo Netto, Marilda
Iamamoto, entre outros, que discutem com propriedade a categoria trabalho e Serviço Social.
No segundo capítulo, abordamos o Serviço Social brasileiro no mercado de trabalho
desde na década de 1930 até os dias atuais, reservando um subcapítulo para o Serviço Social
da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – momento em que apresentamos os resultados
da pesquisa empírica. Esta retrata os espaços sócio-ocupacionais conquistados, a média
salarial, a carga horária e outros aspectos inerentes à condição desses sujeitos no mercado de
trabalho.
Destarte, o Serviço Social na atual conjuntura brasileira, vê-se desafiado diante do
ressurgimento do viés conservador que busca resgatar a atuação assistencialista nas políticas
sociais, apresentando implicações no mercado de trabalho de Assistentes Sociais, e,
sobretudo, na garantia de direitos sociais dos usuários dos serviços das políticas sociais
públicas.
12
1 O TRABALHO NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
Ao entender que na sociedade capitalista todos os pertencentes a classe trabalhadora
dependem da venda da força de trabalho para a manutenção das condições materiais de vida,
propomo-nos a discutir a categoria trabalho no modo de produção capitalista (MPC)2,
considerando que foi a partir da Revolução Industrial que ocorreram alterações profundas nas
condições de vida dos trabalhadores que dispõem unicamente da força de trabalho, sendo esta
reduzida a mera mercadoria. Condição esta que coloca em questionamento o verdadeiro
significado do trabalho3. Antunes (2009), que subsidiou muitos autores em discussões acerca
da categoria, destaca que o sentido dado ao trabalho pelo capital é completamente diferente do
sentido que a humanidade confere a ele.
No capitalismo aquilo que é produzido pelo trabalhador na esfera privada
torna-se social a partir das necessidades coletivas, constituindo os laços
sociais entre os indivíduos, os quais estão mediatizados pela mercadoria que
produzem, adquirindo um significado monetário, financeiro, ou seja um
valor socialmente determinado [...] no contexto do desenvolvimento da
divisão social do trabalho [...]Assim, é necessário situar a divisão social do
trabalho e o próprio trabalho em uma condição fundada no valor de troca
[...] (FRANÇA JUNIOR; LARA, 2015, p. 22-23, grifo nosso).
A categoria trabalho é amplamente discutida por teóricos/trabalhadores, em especial
por autores de obras estudadas pelo Serviço Social. Apesar de pequenas divergências entre
autores de referência da atualidade, tais como: Iamamoto, Antunes, Netto, Castel e Lessa4, há
consenso no essencial, ou seja, na compressão de que o trabalho é a categoria fundante do
mundo dos homens e que a produção e reprodução da vida humana se realiza pelo trabalho.
Contudo, destacamos que o ser social não se reduz ou esgota no trabalho, pois ele cria
2 Segundo Mandel (1978), o capitalismo moderno é atrelado à três transformações econômicas e sociais: 1)
separação dos produtores dos seus meios de produção e de subsistência; 2) a formação da burguesia moderna que
se constitui uma classe social que monopoliza esses meios de produção; e 3) a transformação da força de
trabalho em mercadorias. 3 De acordo com Batista (2014, p. 161-162), a maior contribuição do Serviço Social, foi “[...] ter encontrado na
categoria trabalho a centralidade para entender a existência do ser social e continuar construindo essa existência
na perspectiva emancipatória, na busca constante para alcançar uma sociedade onde a vida seja repleta de
sentidos.”. 4 Ressaltamos que Lessa (2007), no seu livro Trabalho e proletariado no capitalismo contemporâneo, apresenta
uma análise das discussões de Iamamoto, Antunes e Saviani acerca do trabalho. Destacamos também que Burke
(1956 apud CASTEL, 1998) menciona o trabalho como mercadoria; já Iamamoto, em suas publicações,
apresenta a força de trabalho como mercadoria. Entendemos, assim, que o trabalhador é proprietário da força de
trabalho, que é uma mercadoria. Por fim, Lessa (2012, p. 65) no Capítulo V – As classes e os assistentes sociais,
busca “[...] analisar mais detalhadamente até que ponto, e em que termos, podemos dizer que os assistentes
sociais são trabalhadores[...]”.
13
objetivações que transcendem o universo do trabalho (ANTUNES, 1997, 2009;
IAMAMOTO, 2000; LESSA, 2007, 2012; NETTO; BRAZ, 2011).
Netto e Braz (2011) enfatizam que o trabalho é uma objetivação material, realizada
por uma forma de práxis voltada ao controle e à exploração da natureza; e Lessa (2012, p. 45-
46, grifo nosso) enfatiza que “[...] O trabalho é a práxis social que produz os meios de
produção e de subsistência sem os quais a sociedade não poderia sequer existir. Esta é a
função social do trabalho, e é isto que o distingue das outras práxis sociais [...]”, que influem
no comportamento e na ação dos homens, tais como a práxis educativa e a política – formas
de práxis exercidas por trabalhadores improdutivos. Não obstante, destacamos que,
atualmente, muitos trabalhadores assalariados exercem tais práxis, de forma à “[..] impor na
vida cotidiana [...]” a submissão dos demais trabalhadores à ordem burguesa5 (LESSA, 2012,
p. 53).
Sob esse prisma, Iamamoto (2000, 2008, 2010) ressalta que a reprodução de um modo
de vida e de trabalho envolve o cotidiano da vida social e Antunes (1997, 2009) apreende o
trabalho em dois aspectos que nos permitem entender o seu significado:
1. O trabalho como parte da vida cotidiana, que se converte no capitalismo em
sinônimo de trabalho alienado, atividade estranhada, fetichizada; e
2. O trabalho como uma objetivação diretamente genérica, que transcende a vida
cotidiana.
Entendemos que o autor, ao apontar o aspecto do trabalho como uma objetivação
genérica, refere-se à satisfação que se espera do trabalho. Contudo, o trabalho realizado em
condições de dominação, exploração e alienação6 perde o sentido de satisfação, tornando-se
uma forma penosa de sobrevivência (ANTUNES, 1997; NETTO; BRAZ, 2011).
Nesse sentido, Antunes (1997), a partir de sua leitura nos escritos de György Lukács,
apresenta o entendimento de que o trabalho subordinado apenas à lógica da acumulação do
capital compromete a dimensão privilegiada que garante a condição humana. Porém, a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) confere a importância do trabalho e do emprego
produtivo em toda sociedade, não só inerente aos recursos que criam para a comunidade, mas
também da renda que proporcionam aos trabalhadores, do papel social que lhes concedem e
5 Essas distinções discutidas por Netto e Braz (2011) e Lessa (2012) são bastante complexas, contudo, no
presente trabalho de conclusão de curso, levamos em consideração que os sujeitos da pesquisa, por meio de suas
práxis, constituem-se como trabalhadores assalariados, pois, no sentido mais comum, vendem sua força de
trabalho e o próprio Lessa (2007) inclui o trabalho abstrato na gama de atividades assalariadas. 6 De acordo com Barroco (2008, p. 35), “[...] No trabalho alienado, os homens continuam a trabalhar juntos; no
entanto, não se reconhecem como seres de uma mesma espécie, se estranham; ao invés de desenvolver formas de
compartilhamento, criam formas de sociabilidade fragmentadas [...]”.
14
do sentimento de satisfação pessoal. Entretanto, é justamente essa “satisfação” que coloca a
categoria trabalho em discussão (BRASIL, 1998).
No Modo de Produção Capitalista (MPC), o trabalho é atrelado à base da atividade
econômica, visto que na Declaração da OIT (1998), entre suas primeiras considerações,
encontramos a importância dada ao crescimento econômico7. Isto permite entender a
preocupação da Econômica Política Clássica8 quanto às relações sociais pelas quais as
atividades econômicas apresentam um processo que envolve a produção e a distribuição dos
bens que satisfazem as necessidades individuais e coletivas dos membros da sociedade,
camuflando, contudo, o aspecto da exploração do trabalho (NETTO; BRAZ, 2011).
As publicações que tratam da estrutura e da dinâmica econômica da sociedade
burguesa discutem a categoria trabalho no interior do desenvolvimento histórico,
considerando que o trabalho que possibilitou que a humanidade se constituísse como tal,
sendo o elemento fundante do ser social9, em um processo de humanização. Entretanto, esse
processo de humanização tem ocorrido de forma extremamente desigual, pois a construção da
riqueza social por meio do trabalho tem sido coletiva, mas sua apropriação se apresenta de
forma individual/privada – característica esta própria do capitalismo (NETTO; BRAZ, 2011).
Nesse processo, de acordo com Iamamoto (2008), a acumulação ampliada do capital se deve
tanto à exploração da classe trabalhadora10, quanto à expropriação dos capitalistas menores11,
de tal forma que a miséria coletiva aumenta à medida que o capital individual é acumulado.
Portanto, não é por acaso que os economistas clássicos, de acordo com Netto e Braz
(2011), obscurecem a condição de exploração do trabalho em que se funda o capitalismo, pois
o criador da riqueza apropriada é o próprio trabalho. O trabalhador, segundo Antunes (1997),
7 “[...] o crescimento econômico é essencial, mas não suficiente, para assegurar a equidade, o progresso social e a
erradicação da pobreza, o que confirma a necessidade de que a OIT promova Políticas Sociais sólidas, justiça e
instituições democráticas.” (OIT, 1998, p. 5). 8 A Economia Política aborda questões ligadas diretamente aos interesses materiais (econômicos e sociais) e,
diante deles, não há nem pode haver “neutralidade”, pois suas preocupações estão sempre conectadas aos
interesses de grupos e classes sociais. Netto e Braz (2011, p. 26) ressalta que a Economia Política Clássica é
considerada por György Lukács (apud. NETTO: BRAZ, 2011, p. 28) a “[...] maior e mais típica ciência nova da
sociedade burguesa [...]”. 9 O ser social também é resultado da atividade humana, ou seja, ele não é uma determinação natural. No interior
do ser social se distinguem dimensões diferentes como trabalho, política, direito, educação, arte, etc. (TONET,
2009). 10 O trabalhador, além de ser explorado, vê-se “expropriado da sua humanidade”. De acordo com Tonet (2009),
essa expropriação se dá em três momentos: 1) antes do ato da produção, quando o trabalhador vê a sua formação
humana voltada para um trabalho alienado; 2) durante o ato da produção, quando suas forças físicas e espirituais
são reduzidas à mera mercadoria; e 3) após o trabalho, quando se vê transformado em mero e precário
consumidor e não pode se reconhecer no resultado de sua atividade. 11 A autora permite que se entenda como pequenos capitalistas o empresariado que não dispõe dos mesmos
meios de produção e demais condições financeiras para acompanhar o processo da acumulação ampliada do
capital, sendo enfraquecidos ou, até mesmo, obrigados a vender seus meios de produção às empresas maiores,
aumentando, consequentemente, a fileira de venda de força de trabalho / exército de reserva.
15
ao produzir e reproduzir o “valor de troca”, produz e reproduz o capitalismo, ou seja, por
meio do trabalho alienado produz a mais-valia e, além disto, cria e recria as condições em que
é submetido à condição de dominado pelo capital; assim, a riqueza produzida pelo trabalho
humano é apropriada pelo capitalista. Portanto, a riqueza social proveniente do trabalho é o
ponto crucial para se discutir o trabalho na sociedade capitalista, pois permite evidenciar a
exploração do trabalho, sacrificando indivíduos e uma classe inteira. Assim, Lessa (2007)
enfatiza que uma enorme quantidade de atividades que remetem o trabalho abstrato é
explorada:
[...] o trabalho abstrato é uma forma de exploração do homem pelo homem
que inclui toda uma gama de atividades que são assalariadas, mas que
não operam o intercâmbio orgânico com a natureza. E o fundamento dessa
especificidade do trabalho abstrato está na forma de riqueza particular à
sociedade burguesa: o capital. Diferente das formas anteriores de riqueza
social, o capital é uma relação social que se reproduz imediatamente não
pela transformação da natureza, mas sim pela produção da mais-valia. Com
extensão das relações mercantis a quase todos os complexos sociais, o
capital conseguiu que quase todas as atividades humanas tendam a se
converter em fontes de mais-valia, [...] (LESSA, 2007. p. 339, grifo
nosso).
Antunes (2015) reafirma que no século XVIII e XIX o mundo do trabalho era restrito
ao proletariado industrial, enquanto o setor de serviços era incipiente. Atualmente,
observamos que esse setor tem se expandido e vinculado (direta e indiretamente) à
produção de mais-valia, reforçando o entendimento de que o trabalho abstrato, de fato,
cumpre papel decisivo na criação de valores de troca12.
O que vem ocorrendo desde o século passado é uma incorporação tanto do tradicional
proletariado industrial, que representa os trabalhadores produtivos que participam
diretamente do processo de criação de mais–valia e valorização do capital, como dos
trabalhadores improdutivos, que, a princípio, não criam diretamente a mais-valia, pois
são utilizados como serviço público para uso capitalista, mas vivenciam situações muito
aproximadas com aquelas experimentadas pelo conjunto dos trabalhadores produtivos, e de
forma indireta podem contribuir para a reprodução do capital. Nesse sentido, hoje, a classe
trabalhadora é constituída por trabalhadores que colocam à venda a sua força de trabalho, que
não se restringe só às indústrias ou à transformação da natureza, mas que, de uma forma ou de
outra, contribuem na produção de mais-valia, por meio de trabalho abstrato improdutivo, que,
12 Para maior compreensão sugerimos a leitura da entrevista que Ricardo Antunes concedeu a Claudia Mazzei
Nogueira e Maria Liduína de Oliveira e Silva, transcrita na revista Serviço Social e Sociedade n. 124 de 2015.
16
de acordo com Lessa (2007, p. 312), corresponde ao “[...]conjunto de práxis sociais
imprescindíveis à reprodução do capital que, contudo, não produzem [diretamente] mais valia
[...]”, (ANTUNES; ALVES, 2004).
De modo geral, trabalhadores improdutivos, são aqueles, cujas objetivações não
operam transformações em uma estrutura material – conforme mencionamos –, mas que
apresentam produtos e obras resultantes das práxis voltadas a influir no comportamento e na
ação dos homens – por isto Netto e Braz (2011) não compreendam esse tipo de práxis13 como
trabalho. Entretanto, nas relações sociais vigentes: professores, Assistentes Sociais,
psicólogos, advogados, assim como muitos outros profissionais e demais sujeitos com
objetivações ideais, da ciência, da filosofia e da arte, se assemelham à trabalhadores
improdutivos, e dependem unicamente da venda da sua força de trabalho expressa na práxis
educativa, ética e política, em troca de renda ou salário14 para a manutenção de suas vidas.
Destarte, diante da exploração do trabalho pelo capitalismo, parece complexo
distinguir trabalho produtivo de improdutivo, mas a exemplificação Iamamoto (2010)
esclarece:
[...] um alfaiate que vai à casa do capitalista e produz valores de uso é um
trabalhador improdutivo. Um escritor não é um trabalhador produtivo
enquanto produz idéias, mas o é à medida que enriquece o editor que explora
a editora e publica seus livros (enquanto é um trabalhador assalariado de um
capitalista) [...]. Um fabricante de piano é trabalhador produtivo para o
empresário, pois repõe o salário e cria mais-valia, mas se faz piano para si
mesmo é um trabalhador improdutivo (IAMAMOTO, 2010, p. 79).
Lessa (2007) enfatiza que a distinção do trabalho produtivo e improdutivo não se
encontra na forma ou no indivíduo em que o realiza, mas na função social do produzir, ou
seja, é a mais-valia que determina se um trabalho é produtivo ou improdutivo. Nesse sentido,
o autor destaca que entre os assalariados, os intelectuais15, não percebidos como proletários,
possuem identidades e contradições tanto com a burguesia como com o assalariado
proletariado produtivo. Segundo o autor, isto ocorre em virtude da forma de inserção dos
assalariados intelectuais na estrutura produtiva e, sobretudo, na sua função social, que
13 Tais como a práxis do Assistente Social, que distingue das práxis do proletário (LESSA, 2012). 14 De acordo com Netto e Braz (2011, p. 113), “[...] o salário não deve cobrir apenas as necessidades fisiológicas
do trabalhador e sua família – o desenvolvimento social põe em cena necessidades de outra ordem (sociais,
culturais, etc.) que também devem ser atendidas.”. 15 Antunes (1997), também ressalta que há um processo de intelectualização de uma parcela da classe
trabalhadora, isso porque os trabalhadores que supervisionam o processo de trabalho têm aumentado de forma
significativa quando comparados com os trabalhadores produtivos. Ainda lembramos que entre os intelectuais
incluem-se os Assistentes Sociais.
17
corresponde à reprodução das relações sociais burguesas, ou seja, de forma indireta atuam
como força auxiliar na reprodução do capital, contribuindo de forma indireta – por meio de
suas práxis de objetivação não material/ideal – na produção de mais-valia, de forma alienada.
Contudo, ambos são submetidos à mesma lógica do capitalismo, mesmo que o trabalho
intelectual sobrepõe o trabalho braçal, isto porque cabe ao trabalhador braçal a produção
material da riqueza social pela transformação da natureza que corresponde à transformação
material, enquanto o trabalhador intelectual se encarrega do controle do trabalho braçal.
Portanto, diante de todas essas compressões acerca do trabalho, podemos compartilhar
com Lessa (2007) que com o desenvolvimento das novas tecnologias capitalistas, a
supremacia do trabalho morto, que corresponde ao capital constante, acentua as distinções
entre proletários e assalariados não proletários, que Lessa (2012) também chama de
integrantes de “classe de transição”16 – em geral funcionários públicos. Porém, estes
apresentam uma única identidade: são todos assalariados, explorados pelo capital. Assim,
não houve alterações nas relações de produção capitalista, pois o trabalho coletivo – conjunto
de trabalhadores que têm alguma relação com a manipulação do objeto do trabalho – cumpre
a função social de converter a natureza nos meios de produção e de subsistência, enquanto a
burguesia se apodera da riqueza produzida pelo trabalho coletivo (LESSA, 2012).
Consideramos importante compreender a categoria trabalho no MPC, pois os sujeitos
da presente pesquisa são em sua maioria trabalhadores assalariados, “[...]inseridos na divisão
social e técnica como uma especialidade do trabalho coletivo [...]” (BATISTA, 2014, p.123).
Embora vejamos que, para fins de pesquisas que buscam dados referente ao
trabalhador e sua inserção no mercado de trabalho, em geral, segue-se recomendações
metodológicas da OIT. Assim, nas Pesquisas Nacional de Amostra de domicilio- PNAD:
Trabalho é o exercício de: a) Ocupação remunerada em dinheiro, produtos,
mercadorias ou benefícios [...] na produção de bens e serviços; b)
ocupação sem remuneração na produção de bens e serviços, desenvolvida
durante pelo menos uma hora na semana em ajuda a membro da unidade
domiciliar que tivesse trabalho como: empregado na produção de bens
primários, [...] conta própria ou empregador; em ajuda a instituição religiosa,
beneficente ou de cooperativismo; ou como aprendiz ou estagiário; ou c)
Ocupação desenvolvida, durante pelo menos uma hora na semana: na
produção de bens, do ramo que compreende as atividades da [...] (IBGE,
2014, s.p. grifo nosso).
16 A “classe de transição” mencionada por Lessa (2012), se refere aos trabalhadores tais como administradores,
Assistentes Sociais, psicólogos, funcionários públicos e toda uma gama de novos trabalhadores, que de certa
forma obtém salários mais elevados do que a dos operários, e auxiliam na extração da mais-valia e da
manutenção do capitalismo; contudo, o que distingue os Assistentes Sociais dos demais integrantes da “classe de
transição”, é que os Assistentes Sociais por meio de seu projeto profissional manifestam claramente contrários a
toda forma de exploração nas relações sociais do MPC.
18
Na PNAD são definidas quatro categorias de ocupação: 1) empregado, entre eles o
trabalhador doméstico, militar do exército, da marinha, da aeronáutica, da polícia militar ou
corpo de bombeiro militar, empregados do setor privado e empregados do setor público
(incluindo os empregados de empresas mistas); 2) conta própria; 3) empregador; 4)
trabalhador familiar auxiliar. Os empregados, quanto à categoria do emprego são
classificados: 1) com carteira assinada, 2) militares e funcionários públicos estatutários e 3)
sem carteira assinada, constituídos por trabalhadores informais que se expandem na mesma
razão de desemprego – esta categoria de trabalhadores será abordada brevemente ao discorrer
sobre a reestruturação produtiva para fins de maior exploração do trabalho no próximo
subcapítulo (IBGE, 2014).
1.1 OS MECANISMOS DE MANUTENÇÃO DO CAPITALISMO QUE REBATEM
SOBRE A CLASSE TRABALHADORA
Castel (1998), explicita que a classe trabalhadora do século XX se deslumbrou diante a
criação de novas posições, oportunidades, ampliação dos direitos e das garantias asseguradas
por meio do trabalho, o que obscurece a alienação, mas não a elimina. No caso do Brasil, a
maior expressão dessas garantias é a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943,
contudo o autor, assim como Netto (2012) e Antunes (1997; 2011), possibilita perceber que
na última década do mesmo século, sob exigências imediatas do capital, o projeto neoliberal,
deliberou um retrocesso, evidenciando as desigualdades sociais próprias do capitalismo – e
dentro da própria classe trabalhadora – em um processo de:
Formação de trabalhadores em posições de prestígio, ou seja, acima das condições da
média dos assalariados; entretanto, ao mesmo tempo, ocorreu o aumento de
trabalhadores em condições indignas, abaixo da média da categoria da classe
assalariada esperada;
Trabalhadores que, colocados em situação de flutuação na estrutura social,
encontram-se em condição incerta no mercado de trabalho, ora como assalariado, ora
na informalidade, ou desempregado e sem possibilidades de desenvolver qualquer
outra atividade na informalidade.
É estabelecido, assim, uma disparidade dentro da própria classe trabalhadora,
desviando a atenção de que a verdadeira desigualdade se constitui entre as classes
trabalhadora e a burguesa (ANTUNES, 1997;2011). Portanto, todas as condições que
destacamos evidenciam que a classe trabalhadora não é homogênea, aliás ela nunca foi:
19
[...] Sempre houve diferenciações entre os diversos setores que a
compunham. Contudo, não há como negar que havia um grau de unidade e
de identidade maior entre todos os que compunham essa classe até o advento
dessa última reestruturação produtiva. A partir dessa reestruturação, deu-se
uma intensa fragmentação no interior da classe trabalhadora com a extinção
de determinados segmentos e o surgimento de outros, além do aparecimento
da enorme massa de trabalhadores desempregados, terceirizados e
precarizados (TONET, 2009, p. 114).
A reestruturação produtiva é centrada, fundamentalmente, na redução dos custos da
produção e elevação das taxas de mais-valia, propondo mudanças na forma de produção,
contudo sob a lógica do capital, visando a maior taxa de lucros por meio das mais variadas
estratégias, dentre as quais estão o avanço técnico-científico e a drástica redução de trabalho
vivo. Contudo, a estratégia mais astuta é a oferta de salários superiores a determinados
trabalhadores, para que sejam aliados e fiéis aos princípios neoliberais e imponham na vida
cotidiana a submissão dos demais trabalhadores aos interesses capitalistas (NETTO; BRAZ,
2011; TONET, 2009; IMAMOTO, 2009b, LESSA, 2012).
A reestruturação ocorre também por meio de formas de flexibilização e
desregulamentação de trabalho e uma tendência pelo aumento do novo proletariado, que
realiza produção em suas próprias casas, ganhando por peça17, sem nenhum vínculo
empregatício, tais como os trabalhadores terceirizados, subcontratados que são tanto os
dotados de baixa qualificação como os profissionais liberais e/ou especializados. Assim,
tantas outras formas assemelhadas se expandem em escala global e em condições de
precarização das relações de trabalho, atormentando a classe trabalhadora, que depende tão
somente da venda da sua força de trabalho para sua sobrevivência; enquanto para o capital a
compra da força de trabalho nessas condições é o primeiro passo para garantir e aumentar a
riqueza apropriada (ANTUNES; ALVES, 2004; ANTUNES, 1997; 2015).
Destacamos, ainda, que a precarização do trabalho, tal como a informalização,
apresenta-se como um traço constitutivo e crescente da acumulação de capital nos dias atuais,
supondo a ruptura com os laços de contratação e regulação da força de trabalho, tal como se
estruturou a relação capital e o trabalho, em especial ao longo do século XX, sob a vigência
taylorista-fordista, quando o trabalho regulamentado tinha prevalência sobre o
17 Identificamos essa forma de produção já no período pré-industrial. Batista (2014, p. 38, grifo nosso) menciona
que a relação estabelecida entre o capital e trabalho nesse período (pré-industrial e princípio do século XIX),
“[...] Possibilitou aos capitalistas, emergentes, usufruírem vantagens significativas para a estruturação e
efetivação do projeto burguês, destacando que: [..] A força de trabalho [...] se encontrava à disposição do capital
e garantia a execução contínua e sem interrupção das atividades [...] aproveitando-se da elasticidade da força
de trabalho física e psíquica[...], garantindo o aumento da mais-valia-absoluta e relativa [...]”. Assim,
entendemos que a exploração da força de trabalho apenas vem se aperfeiçoando no processo de alienação e
fetichização até os dias atuais.
20
desregulamentado18. Assim, a partir das últimas décadas do século passado ocorreu uma
expansão de assalariados no “setor de serviços”, como reflexo das políticas neoliberais19 que
deliberaram pela desregulamentação, a informalidade, a flexibilização e privatização do
patrimônio público e de atividades de responsabilidade do Estado (ANTUNES; ALVES,
2004).
Logo, no que se refere as consequências da restruturação capitalista sobre o trabalho,
consideramos que:
[...], o chamado ‘mercado de trabalho’ vem sendo radicalmente
reestruturado – e todas as “inovações” levam à precarização das condições
de vida da massa dos vendedores de força de trabalho: a ordem do capital é
hoje reconhecidamente a ordem do desemprego e da ‘informalidade’ (NETTO, 2012, p. 417, grifo nosso).
Destacamos que os impactos da reestruturação produtiva da década de 1990 se
estendeu até final de 200220, de forma agudizada sobre a classe trabalhadora brasileira.
Contudo, de acordo com Barbosa (2013), passado uma década, o cenário é outro, devido a
geração expressiva de empregos21, com aumento sustentável dos salários reais e inserção de
trabalhadores no mercado de trabalho formal. Isto aumentou parte da sociedade de consumo
de massa, chegando a classe trabalhadora ser reconhecida como uma nova classe média
assalariada, com maior poder aquisitivo e que também, por meio de programas sociais,
ampliou os direitos sociais, tais como moradia, educação, saúde e assistência social.
Entretanto:
O reconhecimento dos avanços históricos realizados [...] na esfera social,
como a redução da pobreza, a elevação do salário-mínimo e a
democratização do consumo das famílias de classes mais baixas e do
mercado de trabalho de nosso país, não pode ocultar que ainda temos um
longo caminho pela frente no aprofundamento do processo de distribuição da
renda e no enfrentamento dessas questões [...] (MATTOSO, 2013, p. 118).
18 A desregulamentação das relações de trabalho está intimamente ligada ao surgimento de formas atípicas de
emprego, da flexibilização, afetando o nível e a estrutura de emprego e da renda do trabalho, aumentando as
inseguranças dos trabalhadores e ameaçando seus direitos sociais (JATOBÁ; ANDRADE, 1993). 19 Chauí (2013) discorre brevemente sobre os rebatimentos do neoliberalismo sobre a classe trabalhadora. 20 Embora não seja consenso, Chauí (2013, p. 122) entende que o governo de Lula e Dilma apresentaram “[...]
políticas contrárias ao neoliberalismo” Já Frigotto (2011, p. 237), entende que o governo do PT se centrou
“[...]na realização de um governo desenvolvimentista [...]”, enquanto Gonçalves (2012), observa que a
apropriação da denominação “desenvolvimentismo” tem intuito de diferenciar o governo de Lula das drásticas
experiências neoliberais do governo de Fernando Henrique Cardoso, que se rebateu sobre a classe trabalhadora. 21 Contudo, ressalta-se que de acordo com a DIEESE, em 2015 o cenário do mercado de trabalho, apresenta
sinais semelhantes aos anos anteriores a 2002.
21
Destarte, em 2016, um cenário sociopolítico ameaça a classe trabalhadora, diante de
medidas cogitadas e adotadas pelo governo de Temer que indicam “[...] o desmonte do
Estado, a redução do investimento em políticas públicas fundamentais como a saúde e a
educação [...]” (CUT, 2016, s.p.); que sob o argumento de sanar contas públicas e contornar
uma crise econômica apresenta a Proposta de Emenda Constitucional 5522 (PEC55),
promulgada em 16 de dezembro de 2016, sob o texto de Emenda Constitucional nº 95, que
altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal
(ver Anexo A), propondo congelamento, por um período de 20 anos, nos gastos públicos,
portanto para as Políticas Sociais – uma ameaça, principalmente, aos direitos sociais
adquiridos gradativamente pela classe trabalhadora (CUT, 2016).
Desse modo, estamos vivenciando um cenário que lembra um passado recente, uma
reedição do neoliberalismo que marcou a década de 1990 (CUT, 2016). Temos fortes
indicativos de um processo de desarticulação das formas de negociação salarial, em prol da
expansão da economia, ou seja, ônus para a classe trabalhadora e bônus para o capital. Nesse
sentido, um sucinto panorama da atual classe trabalhadora será apresentado nas próximas
páginas do presente trabalho.
1.2 BREVE PANORAMA DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
Iniciar uma discussão sobre mercado de trabalho requer a consideração mínima acerca
da lógica mercantilista do capital, pois, o capitalista se apresenta como comprador no mercado
de mercadorias e no mercado de trabalho; e é no processo de produção que o trabalho vivo
se converte em capital (MARX, 1986; IAMAMOTO, 2010).
Quebra as formas seculares de organização dos ofícios e faz do trabalho
forçado uma sobrevivência bárbara. [...]. Sob regime de contrato, ela se
desenvolve, mas, paradoxalmente, a condição operária se torna frágil ao
mesmo tempo em que se liberta. Descobre-se, então, que a liberdade sem
proteção pode levar à pior servidão: a da necessidade (CASTEL, 1998, p.
44, grifo nosso).
22 O que nos preocupa é que com o congelamento proposto pela PEC 55, os gastos com as Políticas Sociais não
acompanharão a expansão da demanda por serviços públicos decorrentes do simples aumento populacional,
contudo, os gastos públicos nunca (mesmo sob o governo do PT), atenderam de forma satisfatórias as demandas
da classe trabalhadora. Assim diante dessa compreensão, a PEC55 representa uma catástrofe social sem
precedentes.
22
O trabalho, sendo uma mercadoria exposta no mercado de trabalho, sujeita-se à lei da
oferta e da procura, assim, evidencia-se que o maior beneficiado nesse mercado é o
comprador da força de trabalho. Essa vantagem foi evidenciada durante a Revolução
Industrial, mas permanece nos dias atuais e, talvez, de forma mais acirrada (CASTEL, 1998).
Isto porque até os dias atuais evidencia-se a afirmação de Smith (apud CASTEL, 1998, p.
273), de que “[...] o operário é tão necessário ao patrão quanto o patrão ao operário, mas a
necessidade que têm um do outro não é tão urgente[...]”, pois o empregador pode esperar,
enquanto o trabalhador tem urgência no seu salário para sobreviver.
A realidade mostra que o que vale para o comprador é tão somente o lucro. Por isto, ao
discorrer sobre a categoria trabalho no modo de produção capitalista, evidenciamos o
significado que a exploração do trabalho tem para as duas classes.
Castel (1998) afirma que a condição de assalariado não é só um modo de retribuição
do salário, mas a condição a partir do qual os indivíduos estão distribuídos no espaço social e
por trás da situação de emprego ocorre um julgamento social e de posição social e, sobretudo,
um processo de alienação em níveis diferenciados. Assim, de acordo com o autor, na
atualidade o trabalho é almejado como um “suporte” privilegiado de inscrição na estrutura
social.
O mesmo autor observa que a condição de assalariado que permite hoje uma
vinculação com políticas de proteção social:
[...] foi, durante muito tempo, uma das situações mais incertas e também,
uma das mais indignas e miseráveis [...] Alguém era um assalariado quando
não era nada e nada tinha para trocar, exceto a força de seus braços. Alguém
caía na condição de assalariado quando sua situação se degradava: o artesão
arruinado, o agricultor que a terra não alimentava mais, o aprendiz que não
conseguia chegar a mestre (CASTEL, 1998, p. 21).
Porém, hoje, constitui-se um estatuto de fonte de renda e de proteção, mesmo com os
retrocessos que temos vivenciado. Segundo o autor, a origem à condição de assalariado foi
caracterizada apenas por uma remuneração próxima de uma renda mínima, permitindo apenas
a reprodução do trabalhador e de sua família – condição que, em grande parte, não é diferente
nos dias atuais, até mesmo porque o salário mínimo vigente não proporciona dignidade ao
trabalhador e sua família. Todavia, essa condição se encaminhou para uma sociedade que
impôs sistemas de proteção e legislações trabalhistas garantidos pelo Estado (CASTEL,
1998). No Brasil, de acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF-1988), essa proteção
23
está vinculada aos direitos dos trabalhadores rurais e urbanos expresso no Art. 7º do capítulo
II que trata dos direitos sociais:
[...] salário mínimo[23] , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo (BRASIL, 2016, s.p., grifo nosso).
Podemos observar que entre os direitos determinados pela CF-1988 para os
trabalhadores, são citados como direitos sociais: a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social e a proteção à
maternidade e à infância que devem ser constituídos por meio do salário. Porém, podemos
afirmar, e qualquer diagnóstico social poderá confirmar, que parcela significativa de
trabalhadores não usufrui dos direitos sociais assegurados nos termos da Constituição.
Pesquisas da DIEESE (2011) confirmam que o salário mínimo nominal está longe de atender
as necessidades básicas do trabalhador e sua família e diante da necessidade de salários
maiores do que os ofertados no mercado de trabalho, muitos optam por trabalharem na
informalidade.
Contudo, a partir de Tavares (2015) e DIEESE (2011), entendemos que a condição na
informalidade é o trabalho sem proteção social24, ora, atualmente vemos as mais diferentes e
novas formas de inserção no mercado de trabalho que negam mecanismos de proteção social.
Assim, a autora entende o trabalho informal como uma modalidade flexível de exploração de
trabalho, “uma recusa ao desemprego”, que aparenta uma falsa autonomia, mascarando a
contradição inerente ao trabalho e capital, uma vez que a aparência de autonomia dá ao
trabalhador a ilusão de que ele não está sendo explorado pelo modo de produção capitalista,
quando, na verdade, ele permanece subordinado ao capital.
Observamos que, devido a essa condição de desproteção, há uma tendência em
relacionar o trabalho informal com a pobreza, mas podemos verificar que nem sempre essa
relação se estabelece, pois existem trabalhadores informais com renda superior do que na
23 O valor do salário mínimo nominal vigente no ano de 2016 equivale à R$ 880, 00 (oitocentos e oitenta reais),
valor este que de forma alguma assegura as necessidades vitais básicas previstas na Constituição Federal de
1988. Ainda de acordo com a DIEESE (2017), o salário mínimo necessário no mês de dezembro de 2016
equivaleria à R$ 3.856,23, valor este que atenderia as necessidades básicas de um trabalhador e sua família – que
para fins de cálculos considera 2 adultos e duas crianças. 24 Proteção social se refere a um “[...]conjunto de ações coletivas voltadas para proteger os indivíduos e a
sociedade dos riscos inerentes à condição humana ou atender necessidades geradas em diferentes momentos
históricos relativas a múltiplas situações de dependência. Associada às necessidades de segurança em situações
de risco e vulnerabilidade social.” (YAZBEK, 2009a, p. 140).
24
maioria dos assalariados e contribuem com algum sistema previdenciário, como forma de
garantir alguns direitos sociais. Embora não seja regra, não podemos negar que a
informalidade, em grande parte, está atrelada à baixa e incerta renda e precarização do
trabalho. Cabe ressaltar que o aumento do trabalho informal, também está vinculado ao
aumento de desemprego em uma conjuntura. (ANTUNES, 2011; HIRATA; MACHADO,
2007).
Entretanto, a taxa de desemprego diminuiu substancialmente; a qualidade do emprego
foi ampliada, com o aumento expressivo dos vínculos empregatícios com carteira de trabalho
assinada e, em menor medida, o aumento do emprego público; e o rendimento médio real do
trabalho se elevou, acompanhado de uma melhora do seu perfil distributivo entre os anos
2004 e 2014, período em que o país estava sob governos de partido de esquerda, que, embora
tenha destinado uma atenção especial a classe trabalhadora, não rompeu com os propósitos
neoliberais e dos mecanismos da reestruturação da década de 1990 (DIEESE, 2016a).
No entanto, a partir de 2015 foi verificado uma deterioração do mercado de trabalho,
expressa na ampliação do desemprego, na precarização da ocupação e na queda do
rendimento médio real do trabalho e da massa de rendimentos. Em contrapartida, ampliou-se
relativamente as inserções ocupacionais mais frágeis, ou seja, menos protegidas pela
legislação trabalhista brasileira, a exemplo do trabalho por conta própria e do trabalho
doméstico. Essas informações nos permitem reafirmar que, de fato, o aumento da
informalidade está condicionado ao desemprego, conforme mencionamos (DIEESE, 2016a).
Ressaltamos que, de acordo com a Projeção da População do Brasil e das unidades da
federação, publicada pelo site do IBGE no dia 18 de outubro 2016, atualmente a população
brasileira supera a marca de 206 milhões de habitantes, e, por meio de Pesquisa Nacional de
Amostra de Domicílios (PNAD), identificamos entre estes que a população economicamente
ativa (PEA) é constituída pela população ocupada e desocupada, que totaliza
aproximadamente 102,1 milhões de pessoas (dados de outubro de 2016). Destes, 12 milhões
constituem a população desocupada, que compreende as pessoas desempregadas que
estavam efetivamente procurando trabalho, que, segundo Antunes (2009), significa uma
condição de desefetivação, desrealização e brutalização; e 90,1 milhões constituem a
população ocupada que compreende as pessoas empregadas ou que exploravam seu próprio
negócio e os que trabalhavam sem remuneração em ajuda a membros da família. Os demais
constituem a população não economicamente ativa25 (IBGE, 2016a; 2016b; 2016c).
25 População Não-Economicamente Ativa se refere à parcela da população que no momento da PNAD do IBGE,
não estavam trabalhando regularmente, com ou sem remuneração e não estavam à busca de trabalho, da qual se
25
Identificamos que dos 90,1 milhões de pessoas que constituem a população
ocupada, somente 34,2 milhões são empregados do setor privados com carteira assinada e
aproximadamente 10,2 milhões de pessoas sem carteira assinada no setor privado; 11,4
milhões são empregados do setor público, 22,2 milhões constituem a categoria dos
trabalhadores autônomos; 3,9 milhões são empregadores; e 8,2 milhões seriam os
trabalhadores domésticos e os que desenvolvem outras formas de trabalhos informais e
flexíveis (IBGE, 2016a).
Castel (1998) nos permite identificar que no Brasil, mesmo diante de legislação tal
como a CLT26, é visível, no cotidiano, a fragilidade das condições de trabalho, a
vulnerabilidade das massas e a precariedade que contribuem para a permanência e atualização
da “questão social”27 em decorrência da agudização do conflito entre capital e trabalho, e
expressos nos quantitativos apresentados anteriormente. Portanto, o direito ao trabalho, ou
melhor, emprego, apresenta-se como uma das maiores reivindicações nos dias atuais. De
acordo com Boschetti (2009), historicamente, o acesso ao trabalho sempre foi condição básica
para garantir o acesso à seguridade social, embora, em linhas gerais, retratamos que nem
todos trabalhadores têm esse direito social assegurado.
Sobretudo, o mercado de trabalho tem apresentado configurações complexas em
decorrência da ampliação da acumulação capitalista e condições tais como mencionamos. O
mercado de trabalho se apresenta cada vez mais exigente, restrito e competitivo,
diversificando as formas de absorção dos trabalhadores. Iamamoto (2010) enfatiza que o
crescimento da disponibilidade da força de trabalho é impulsionada pelas mesmas causas da
força expansiva do capital, expressando a lei geral da acumulação capitalista. Ora, a
população trabalhadora cresce de forma mais rápida do que as necessidades de seu emprego
para os fins de valorização do capital e entre suas consequências ocorre um aprofundamento
das manifestações da “questão social”, atingindo a vida da classe trabalhadora. Toda essa
inserem, as pessoas que, exercem afazeres domésticos, estudantes, aposentados e pensionistas, os detentos, os
doentes ou inválidos e as pessoas sem ocupação (FCC, 2016). 26 A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi criada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, durante o período do Estado Novo. Ela veio para unificar toda a
legislação trabalhista então existente no Brasil e foi um marco por inserir, de forma definitiva, os direitos
trabalhistas na legislação brasileira. Seu objetivo principal é regulamentar as relações individuais e coletivas do
trabalho, nela previstas. Ela surgiu como uma necessidade constitucional, após a criação da Justiça do Trabalho.
(BRASIL, 1943). Contudo no momento atual, vivenciamos um movimento de governo que luta por uma
ideologia burguesa em detrimento da classe trabalhadora, ameaçando a legislação que já não nos parece tão
sólida, como se acreditava. 27 Para Cerqueira Filho (1982) a “questão social”, no sentido universal significa o conjunto de problemas
políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária impôs no mundo no curso da constituição da
sociedade capitalista. Assim, a “questão social” está fundamentalmente vinculada ao conflito entre capital e o
trabalho.
26
realidade evidencia, de forma cruel, que para o mercado não há sociedade, mas indivíduos em
competição. Assim, no “[...] mundo da acumulação flexível, não há lugar para todos, só para
os considerados mais competentes[...]” (FRIGOTTO, 2011. p. 251).
O discurso que atrela a empregabilidade somente à competência não passa de um
subterfúgio para não evidenciar que a condição de exército de reserva é própria dos
mecanismos do capitalismo para maior exploração da força de trabalho. De acordo com Chauí
(2013), a ideologia da competência valoriza somente trabalhadores que possuem
determinados conhecimentos, impregnando a falsa ideia de que no mercado de trabalho só
tem lugar para os competentes.
Nesse momento histórico, mesmo para os “competentes”, ou simplesmente
trabalhadores empregados, a mencionada PEC 55 apresentará um grande impacto na vida dos
trabalhadores, sejam públicos, sejam da iniciativa privada. Para trabalhadores públicos ocorre
a precarização de condições de trabalho, devido aos tetos e a restrição para realização de
concursos públicos, entre tantas outra implicaçoes; enquanto que para os trabalhadores da
iniciativa privada, com a possível alteração na metodologia de reajuste do salário mínimo,
seus ganhos reais serão comprometidos e, além disto, haverá redução drástica ao acesso de
Políticas Sociais, para a classe trabalhadora. Portanto, o momento atual é de eminente ameaça
às conquistas da classe trabalhadora por meio propostas de redução, tanto em quantidade
como em qualidade da Previdência Social e de serviços públicos como Saúde, Educação e
Assistência Social (DIEESE, 2016b).
A importância dada por nós na discussão desse capítulo se deve pela compressão de
que o profissional do Serviço Social se constitui um trabalhador assalariado, assemelhando-se
à condição de trabalhador improdutivo, atuando na vida cotidiana do trabalho coletivo, por
meio de suas práxis política e ética, e, ao vender sua força de trabalho, identifica-se com a
classe trabalhadora, como uma profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho,
atuando, de modo geral, como profissional assalariado nos âmbitos da produção material e
reprodução ideológica da vida social, determinadas pelo conflito entre capital e trabalho.
Mesmo que na formação haja a discussão e apreenda os determinantes inerentes ao trabalho
alienado impregnados nas suas diversas formas, o Assistente Social como trabalhador não está
imune ao desemprego, à precarização do trabalho e, principalmente, as mais diferentes formas
de expropriação presentes no mundo do trabalho. Considerando o que foi exposto até o
momento, no capítulo seguinte abordaremos o Serviço Social, com o intuito de discorrer
sobre as condições desse profissional no mercado de trabalho.
27
2 SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO, DE 1936 A 2016: BREVE
CONTEXTUALIZAÇÃO
Abordaremos, neste capítulo, o Serviço Social, destacando que o fundamento das
profissões, portanto, não somente do Serviço Social, é a realidade social; e o Serviço Social
brasileiro emerge no mesmo momento que a burguesia industrial em formação nos anos de
1930 estabelece uma realidade social em que as expressões da “questão social” exigem a
atuação da profissão, tornando as Políticas Sociais o âmbito privilegiado do seu exercício
profissional voltado à intervenção da realidade.
O Assistente Social se constitui, assim, um trabalhador inserido na divisão social e
técnica, como uma especialidade do trabalho coletivo, colocando-se entre o capital e trabalho,
identificando-se, contudo, com a classe trabalhadora – embora Lessa (2012) enfatize a
distinção entre operários e os Assistentes Sociais, pois aqueles produzem a riqueza que move
e sustenta toda a sociedade, enquanto estes vivem da riqueza produzida pelos operários.
Porém, a categoria se posiciona claramente contrária a toda forma de exploração.
O Serviço Social é uma profissão legitimada, de formação acadêmica, reconhecida
pelo MEC e, de acordo com Lei 8.662/93 de Regulamentação da Profissão, possibilita uma
formação intelectual e cultural generalista crítica e, acima de tudo, comprometida com os
valores e princípios norteadores do Código de Ética do/a Assistente Social de 1993. Espera-se
desse profissional uma intervenção nas múltiplas expressões da “questão social”, em claro
posicionamento de defesa da classe trabalhadora, reconhecendo-se integrante dessa classe,
pois, como os demais trabalhadores, depende da venda de sua força de trabalho (BRASIL,
1993).
O assistente social é proprietário de sua força de trabalho especializada. Ela
é produto da formação universitária que o capacita a realizar um ‘trabalho
complexo’, nos termos de Marx (1985). Essa mercadoria força de trabalho é
uma potência, que só se transforma em atividade – em trabalho – quando
aliada aos meios necessários à sua realização, grande parte dos quais se
encontra monopolizado pelos empregadores: recursos financeiros, materiais
e humanos necessários à realização desse trabalho concreto, que supõe
programas, projetos e atendimentos diretos previstos pelas políticas
institucionais (IAMAMOTO, 2009a, p. 352).
Para Iamamoto e Carvalho (2008), a prática institucionalizada e legitimada do Serviço
Social na sociedade se afirma ao responder as necessidades sociais derivadas da prática
histórica das classes sociais na produção e reprodução dos meios de vida e de trabalho de
forma socialmente determinada. Assim, a proposta de formação profissional vigente atesta o
28
significado sócio-histórico e ideopolítico do Serviço Social no conjunto das práticas sociais e
acionado pelas classes trabalhadora e capitalista, no entanto mediadas pelo Estado em face
das sequelas da “questão social” (IAMAMOTO, 2010).
Considerando o que discutimos no primeiro capítulo dessa pesquisa, a partir Netto e
Braz (2011) e Lessa (2007), entendemos que se trata de um trabalhador , que não dispõe de
um processo de trabalho produtivo, mas se assemelha ao trabalhador improdutivo ao atuar
como força auxiliar na reprodução do capital e por meio de suas práxis realiza atividades que
incide no comportamento e nas ações humanas e condições materiais de seus usuários,
exigindo desse trabalhador ações criativas e propositivas, para que, mesmo em um contexto
contraditório, possa apresentar respostas de acordo com as necessidades da classe
trabalhadora.
Toda a compreensão que a categoria do Serviço Social acumulou acerca do conflito
entre capital e trabalho na construção de um projeto profissional, busca propiciar a
materialização dos direitos e interesses da classe trabalhadora, da qual o Assistente Social se
identifica. Aliás, por meio das leituras realizadas para a construção dessa pesquisa,
entendemos que o reconhecimento do profissional do Serviço Social como trabalhador
assalariado pode em parte explicar sua aproximação com a teoria social crítica, que por sua
vez possibilitou o desvelamento do conflito capital e trabalho, e mecanismo de exploração.
Entretanto, foi esse referencial teórico que contribuiu na construção do Projeto Ético Político
da Profissão, que “[...] vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de uma
nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero [...]” (NETTO,
1999, p. 105). Trata-se, pois, de um projeto que se opõe as todas as formas de exploração.
Assim, o profissional do Serviço Social, ao atuar, deve compreender a dimensão
ambígua das Políticas Sociais, que ora são mecanismos de manutenção da força de trabalho
ou da hegemonia capitalista, ora conquistas da classe trabalhadora. Aliás, as Políticas Sociais
surgiram por meio de mobilizações dos operários das primeiras revoluções industriais e da
crítica à desigualdade social. De acordo com Vieira (1992), a Política Social é a maneira de
expressar as relações sociais, cujas raízes se localizam no mundo da produção.
As Políticas Sociais são concessões/conquistas mais ou menos elásticas, a
depender da correlação de forças na luta política entre os interesses das
classes sociais e seus segmentos envolvidos na questão. No período de
expansão, a margem de negociação se amplia; na recessão, ela se restringe.
Portanto, os ciclos econômicos, que não se definem por qualquer movimento
natural da economia, mas pela interação de um conjunto de decisões ético-
políticas e econômicas [...] (BEHRING, 2009, p. 315-316).
29
Portanto, as Políticas Sociais, embora possam imediata e aparentemente serem
direcionadas à classe trabalhadora, tem como objetivo primeiro e último atender aos requisitos
do capital que, muitas vezes, antes de tudo, impõe obstáculos à emancipação humana. Essa
dimensão contraditória deve ser clara para os profissionais do Serviço Social, pois:
[...] todas as pesquisas e enquetes sobre inserção no mercado de trabalho
mostram as Políticas Sociais e em especial as políticas de seguridade social
[...] como principais empregadores dos assistentes sociais. Essa relação na
verdade é antiga e remete às formas de enfrentamento da ‘questão social’ [...]
(BEHRING, 2009, p. 302).
Entendemos que há uma estreita relação da categoria trabalho, Políticas Sociais e
Serviço Social, pois as manifestações da “questão social”, provenientes do conflito capital e
trabalho, em determinado momento histórico, exigem estudos socioeconômicos que apontem
as reais demandas e necessidades que exigem Políticas Sociais. Por sua vez, o profissional do
Serviço Social é habilitado a elaborar, analisar, coordenar, executar e avaliar planos,
programas e projetos com o objetivo de viabilizar os direitos sociais amparados pela CF. O
seu diferencial está na sua capacidade de analisar as condições de vida da população em face
das determinações históricas que redimensionam a “questão social”.
Iamamoto (2010; 2008, p. 85) salienta que o Estado, ao assumir o enfrentamento da
“questão social” por meio de Políticas Sociais, expressas em prestação de serviços sociais,
cria as bases sociais que sustentam o mercado de trabalho para o Assistente Social, que se
constitui em trabalhador assalariado, recebendo um salário, que representa o preço de sua
mercadoria – força de trabalho –, em troca de seus serviços prestados, “[...] ingressando sua
atividade no reino do valor” e, sobretudo, colocando-se frente a lei da oferta e da procura do
mercado de trabalho.
E, Teixeira (2009, p. 554) reafirma que se abrem possibilidades de inserção de
Assistentes Sociais nos espaços sócio-ocupacionais, justamente pela grande demanda estatal
“[...] para o planejamento, a gestão e formulação de políticas públicas nos marcos jurídico-
políticos da Constituição de 1988, que avançou na concepção de direitos sociais [...]”,
sobretudo no tripé da Seguridade Social, constituído por Saúde, Previdência e Assistência
Social.
Em 2015, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicou a 23º edição
do boletim Políticas Sociais: acompanhamento e análise (BPS), apresentando um panorama
amplo e variado das ações desenvolvidas pelo governo federal nos principais setores que
atualmente recebem minimamente atenção com Políticas Sociais pública, entre as quais estão:
30
previdência social, assistência social, saúde, educação, cultura, trabalho, desenvolvimento
rural, igualdade racial e igualdade de gênero, entre outros possíveis campos de intervenção do
Serviço Social que, no momento atual, exigem esforços e mobilização social para que não
sejam retirados da pauta das ações do Estado (IPEA, 2015).
2.1 SERVIÇO SOCIAL E SUA TRAJETÓRIA NO MERCADO DE TRABALHO
BRASILEIRO
A inicial trajetória do Serviço Social no Brasil pode ser compreendida por meio de
Castro (1993), que discorre sobre a fundação das escolas pioneiras de Serviço Social no Brasil
sob influência da Igreja Católica, inserida nos blocos de poder, e apresenta o Centro de
Estudos e Ação Social (CEAS)28 como o vestíbulo da profissionalização do Serviço Social no
Brasil. Já, Iamamoto e Carvalho (200829) discorrem sobre o Serviço Social do ponto de vista
das relações sociais, a partir de uma interpretação histórica das principais forças
determinantes na origem e evolução do Serviço Social brasileiro, considerando que as
relações entre as classes sociais se engendram contraditoriamente no ciclo do capital.
Contudo, Batista (2014) permite observar que o Serviço Social no Brasil emerge em
momento histórico que se institui a Administração Pública Burocrática no Brasil que desponta
com o intuito de: romper com Administração Pública Administrativa Patrimonialista,
apresentando propostas de profissionalizar o quadro de trabalhadores públicos; criar a ideia e
implantar o cargo de carreira; constituir uma hierarquia funcional e implantar a
impessoalidade. Assim, no ano de 1936 a Administração Pública foi profissionalizada,
implantando os princípios de uma burocracia moderna no país que, de alguma forma,
entendemos que contribuíram no processo de institucionalização do Serviço Social.
Castro (1993) ressalta que a primeira escola de Serviço Social do Brasil foi criada no
Estado de São Paulo em 1936. Motivo este para que no ano de 2016 o CFESS juntamente
com o CRESS 4º Região e a ABPESS promovessem a 15ª edição do Congresso Brasileiro de
Assistentes Sociais (CBAS), destacando datas significativas da trajetória da profissão, tais
28 A criação do CEAS em 1932 tinha o objetivo de promover uma formação a partir do estudo da doutrina social
da Igreja e fundamentar a sua ação nessa base doutrinária e no conhecimento profundo, daquilo que na época era
entendido como “problemas sociais”, hoje claramente compreendida pela categoria: como manifestações da
“questão social” (CASTRO, 1993). 29 Iamamoto e Carvalho (2008) disponibilizaram um material considerado “clássico” no acervo do Serviço
Social sob o título Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. A obra tem como objeto de estudo o Serviço
Social como profissão no contexto de aprofundamento do capitalismo na sociedade brasileira, no período de
1930 a 1960.
31
como os 80 anos de criação do primeiro curso que marca o início do Serviço Social no Brasil;
70 anos da fundação da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social30
(ABEPSS), e os 20 anos das Diretrizes Curriculares.
Cabe lembrar que essa primeira escola de Serviço Social em São Paulo exerceu
influência para o surgimento de outras escolas no Brasil. Além disto, essa escola paulista, de
acordo com Castro (1993), forneceu profissionais para o quadro de docentes da Escola de
Serviço Social do Rio de Janeiro, pois ex-alunas da escola paulista, que prosseguiram seus
estudos na Bélgica, retornaram ao Rio de Janeiro integrando o quadro de docentes.
Yazbek, Martinelli e Raichelis (2008) também observam que as Escolas de São Paulo
inseriram, na época, suas discentes com facilidade em estágios, assim como os profissionais
formados no mercado de trabalho, em decorrência da intensa demanda por mão de obra
especializada em Serviço Social. Carvalho (2008) reafirma que na década de 1930 para 1940
e no seu decorrer, a demanda por Assistentes Sociais diplomados constantemente era maior
que a disponibilidades desses profissionais. Assim, os mecanismos de cursos intensivos para
auxiliares sociais e as bolsas de estudos ofertadas a partir de 1942, por grandes instituições,
configurou-se em uma estratégia para acelerar a formação de Assistentes Sociais que
constituiriam o quadro de funcionários de grandes instituições. “[...] nesse momento, para os
Assistentes Sociais não se coloca um problema de mercado de trabalho [...] mas de luta pelo
reconhecimento da profissão e pela exclusividade para diplomados[...]” (CARVALHO, 2008.
p. 187), pois eram inúmeras vagas que se abriram no serviço público e demais campos para
atuação do profissional do Serviço Social.
De acordo com Ortiz (2010), é na década de 1940, que as primeiras instituições
socioassistenciais, tais como LBA, SENAI, SESI e Fundação Leão XIII se apresentam como
espaços legítimos de intervenção profissional. Na mesma década, no estado de São Paulo, a
demanda maior por Assistentes Sociais se encontrava no Departamento de Serviço Social do
Estado e no Departamento Estadual do Trabalho. No Rio de Janeiro, o Juízo de Menores e o
Serviço de Assistência ao Menor da Prefeitura e a Associação Lar Proletário (obra particular)
foram as primeiras instituições a contratarem Assistentes Sociais, que, neste momento
histórico, atuavam a partir da perspectiva doutrinária e eminentemente assistencial
(CARVALHO, 2008).
Nesse período, de acordo com o mesmo autor, o elemento essencial do Serviço Social
de casos individuais era a política de encaminhamentos, já que o tratamento dos casos se
30 Criada em 1946, sob denominação de Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social.
32
constituía basicamente por encaminhamentos, colocação de empregos, regularização da
situação legal da família (casamento), organização da assistência social, educação popular e
pesquisa social, sendo o serviço de plantão a referência do Serviço Social. Porém, atualmente,
de acordo com o CFESS (2011a), a intervenção profissional apresenta uma perspectiva que
pressupõe enfrentar e superar essas tendências que restringem a atuação do Serviço Social,
pois a proposta contemporânea é de intervenções que supere a imediaticidade e a aparência.
Ainda na década de 1940, precisamente em 15 de outubro de 1942, a Legião Brasileira
de Assistência (LBA) é reconhecida pelo Decreto-Lei nº 483, como órgão de cooperação com
o Estado no tocante aos serviços de assistência social (BRASIL, 1942). Esse órgão atuava em
praticamente todas as áreas de assistência social, embora entregue às Primeiras Damas e
caracterizado pelo aspecto filantrópico, ações clientelistas, de acordo com os interesses dos
governos. Contudo, a LBA:
[...] será de grande importância para a implantação e institucionalização do
Serviço Social, contribuindo em diversos níveis para a organização,
expansão e interiorização da rede de obras assistenciais, incorporando ou
solidificando nestas os princípios do Serviço Social, e a consolidação e
expansão do ensino especializado de Serviço Social e do número de
trabalhadores sociais (IAMAMOTO, 2008, p. 252-253).
No mesmo ano de reconhecimento da LBA foi criado o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), com a missão de organizar e administrar escolas de
aprendizagem para industriários, a serviço do empresariado, configurando-se em um
empreendimento de qualificação da força de trabalho, que incorporaria o Serviço Social, para
obtenção de fins determinados, utilizando para tal as técnicas de caso e grupo em um projeto
de reprodução de força de trabalho, ou seja, como forma evidente de força auxiliar para
reprodução do capital, de acordo com o que expomos no primeiro capítulo (CARVALHO,
2008).
Em 1946 surge a Fundação Leão XIII, que se trata da primeira grande instituição
assistencial que tem por objetivo explícito uma atuação ampla sobre os habitantes das grandes
favelas do Rio de Janeiro, por meio de Centros de Ação Social, cujas bases da atuação do
Serviço Social eram centradas em casos individuais e, principalmente, na educação popular
no sentido de levantamento moral, requerendo do assistente social sua práxis educativa –
contudo seu direcionamento ou práxis política não era clara como nos dias atuais. Também
nesse mesmo ano é oficializado o Serviço Social da Indústria (SESI). O Assistente Social era
chamado para atuar nos serviços de plantão, tais como realização de encaminhamentos,
33
concessão de auxílios, orientação orçamentária, conciliação das situações e prevenção de
dissídios; atuar em atividades ligadas ao lazer, recreação e se estendendo às questões
previdenciárias do trabalhador e, sobretudo, engendrado em mecanismos de controle social e
político. Assim, o Serviço Social no SESI teve as primeiras experiências com estudos,
planejamentos e execuções de medidas que atendessem demandas dos trabalhadores.
(CARVALHO, 2008).
Somente em 1949 o Serviço Social é reconhecido como profissão liberal e em 13 de
junho de 1953 é legitimada pela Lei n. 1.889. Em 27 de agosto de 1957 a Lei n. 3.252 –
revogada pela Lei 8.662 de 07 de junho de 1993 – confere o monopólio do exercício da
profissão somente aos portadores do diploma. Todavia, o “[...] Decreto-Lei n. 994, de 15 de
maio de 1962, regulamenta a lei, definindo requisitos, atributos, [e] prorrogativas dos
profissionais [...] (CARVALHO, 2008, p. 343, rodapé). Nesse processo de reconhecimento
profissional, identificamos, por meio de Batista (2014, p. 76), que, na década de 1950, o
projeto nacional-desenvolvimentista possibilitou a criação de “[...] uma estrutura burocrática
ministerial para responder aos conteúdos trabalhista e de seguridade social [...]”; conjuntura
esta que no nosso entendimento já pode ter apontado possiblidades – embora tímidas – de
atuação de Assistentes Sociais no âmbito da seguridade social.
De acordo com Netto (2011, p. 119), o processo da modernização conservadora,
conduzido por governos militares no Brasil “[...] engendrou um mercado nacional de trabalho,
macroscópico e consolidado, para os assistentes sociais. [...]”. Assim esse mercado
contextualizado se deve à:
[...] crescente centralização das Políticas Sociais pelo Estado capitalista, no
processo de modernização conservadora no Brasil, que gerou o aumento da
demanda pela execução de programas e serviços sociais, impulsionando a
conexão entre Política Social e Serviço Social no Brasil e a consequente
expansão e diversificação do mercado profissional (RAICHELIS, 2009.
p.379).
Essa expansão e diversificação ocorreu tanto no âmbito estatal como no setor privado.
Contudo, Netto (2011) enfatiza que até meados de 1960 o mercado para Assistentes Sociais,
especialmente nas médias e grandes empresas, era residual e atípico, mas diante do
crescimento industrial, principalmente, nos anos do “milagre”, torna o mercado de trabalho
desses profissionais visível. Netto (2011, p. 122) salienta que “[...] o espaço empresarial não
se abre ao Serviço Social apenas em razão do crescimento industrial, mas determinado
também pelo pano de fundo sociopolítico em que ele ocorre e que instaura necessidades
34
peculiares, e vigilância e controle da força de trabalho no território da produção” e, no
entendimento de Lessa (2007), encarregado pelo controle da força de trabalho.
Guerra e Braga (2009) acrescentam, que se ampliam na década de 1960 as instituições
sociais que exigem a prática designada de assistência técnica em Serviço Social, impressas
nas atividades de assessoria, consultoria, supervisão e orientação, como parte das estratégias
dos organismos internacionais, tais como a Organização das Nações Unidas (ONU),
Organização dos Estados Americanos (OEA), Comissão Econômica para a América Latina
(CEPAL), entre outras.
Contudo, entendemos que a consolidação do mercado de trabalho nacional de trabalho
nas instituições estatais para Assistentes Sociais, ocorridas durante o ciclo autocrático
burguês, que Netto (2011) analisa de forma crítica, é visível até os dias atuais, até mesmo
porque o Estado continua sendo o maior empregador de Assistentes Sociais, tal como
mostraremos por meio do resultado da coleta de dados para esta pesquisa.
Entretanto, a partir de Yazbek (2009b), podemos destacar que no período posterior à
Constituição Federal de 1988, no âmbito da criação do Sistema Único de Saúde (SUS),
implementação da Lei Orgânica da Assistência Social de 1993 (LOAS/1993), do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), criado em 2005, e de outras Políticas Sociais públicas,
assim como os processos de descentralização que se instituem no Brasil, que ocasionaram a
expansão e diversificação tanto do mercado de trabalho como das demandas ao profissional
de Serviço Social.
Assim, atualmente, no Brasil, são mais de 160.000 profissionais do Serviço Social
com registros nos 26 Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), logo, o Brasil é o
segundo país no mundo em maior quantidade de Assistentes Sociais, ficando atrás apenas dos
Estados Unidos. Somente no Estado do Paraná, entre inscrições ativas e canceladas, há,
atualmente, um total de 11.691 profissionais registrados (CFESS, 2016a; 2016b; 2016d).
O crescimento exponencial do contingente profissional, segundo Iamamoto (2010),
ocorre, em grande parte, em virtude da expansão de cursos de Serviço Social na modalidade
de EaD, autorizados pelo MEC, que surgiram a partir de 2006, e de acordo com a autora isto
apresenta implicações para o exercício profissional e para as relações de trabalho, tais como
as condições salariais por meio das quais ele se realiza, pois essa expansão torna a oferta de
força de trabalho especializada maior do que dos postos de trabalho existentes para esse
profissional, e, consequentemente, pode-se antever um crescimento acelerado de desemprego
de profissionais do Serviço Social, o que a autora chama de “exército assistencial de reserva”,
uma condição própria do capitalismo.
35
Em 2015, a DIEESE e a CUT disponibilizaram uma publicação apresentando os
Assistentes Sociais no mercado de trabalho no Brasil, contudo utilizaram para a pesquisa
dados da PNAD-IBGE, da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do
Trabalho e Emprego e do Código Brasileiro de Ocupação (CBO) de Assistentes Sociais e
Economistas Domésticos, e justamente por agregarem essas duas profissões em uma só CBO,
os dados de tal pesquisa se tornaram pouco confiáveis; pois as duas profissões, assim como
seus espaços de atuação são totalmente distintos e cada uma tem seu Código de Ética, seus
órgãos e documentos de legitimação próprios. Contudo, alguns dados apresentados, como a
média salarial, podem ser úteis para a análise da presente pesquisa (DIEESE; CUT, 2015).
Os Assistentes Sociais, atuam sob a perspectiva de um projeto ético-político
materializado no Código de Ética dos Assistentes sociais, nas Diretrizes Curriculares da
ABEPSS de 1996 e na Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, que Regulamenta a Profissão de
Assistente Social, apontando as possibilidades legais e normativas para o exercício da
profissão (ABEPPS, 1996; CFESS, 2002):
Art. 2º - Somente poderão exercer a profissão de Assistente Social: I - Os
possuidores de diploma em curso de graduação em Serviço Social [...]
Parágrafo Único - O exercício da profissão de Assistente Social requer
prévio registro nos Conselhos Regionais que tenham jurisdição sobre a
área de atuação do interessado nos termos desta lei (BRASIL, 1993, s.p.,
grifo nosso).
Entendemos que o atendimento a essa regulamentação é de suma importância pois
hoje espera-se do profissional do Serviço Social a capacidade de decifrar a realidade e
construir propostas de trabalho criativas, possibilitando a preservação e efetivação de direitos
na trama das relações sociais vigentes, ou seja, um profissional com capacidade teórico-
metodológica, ético-política e técnico-operativa desenvolvidas em um processo de formação
profissional, para apreender de forma crítica os processos da sociedade em uma perspectiva
de totalidade (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008).
A profissão ampliou seus espaços sócio-ocupacionais, intervindo nas mais diversas
manifestações da “questão social”, que repercutem no campo dos direitos, no universo da
família, do trabalho, da saúde, da educação, enfim, na sociedade contemporânea como um
todo.
De acordo com Mioto (2009, p. 505), “[...] os espaços sócio-ocupacionais se
organizam a partir de um conjunto de princípios e finalidades [...]” voltadas, especialmente,
para a execução de Políticas Sociais. Assim devem dispor de “[...] recursos e diretrizes
36
voltadas ao atendimento de determinadas necessidades/direitos de cidadania ou de
determinados segmentos da população. [...]”.
Almeida e Alencar (2011) também discorrem sobre os diferentes espaços ocupacionais
dos/as assistentes sociais ao discutirem o mercado de trabalho desse profissional e as políticas
públicas, contribuindo nas reflexões sobre as possibilidades e limites quanto à inserção nesses
espaços, mas deixam uma lacuna quanto aos profissionais do Serviço Social que para se
manterem no mercado de trabalho31, diante o crescimento exponencial do contingente de
profissionais e outros processos que repercutem no mercado de trabalho, são encontrados
desenvolvendo atividades não inscritas como atribuições privativas do/a Assistente Social.
Sobretudo, tanto suas demandas como condições para sua inserção no mercado de trabalho
são repercussões da reestruturação produtiva e transformações socioeconômicas em curso que
atingem a classe trabalhadora.
O Assistente social, ao se disponibilizar no mercado de trabalho, coloca-se na relação
de compra e venda de força de trabalho, que constitui um serviço a ser prestado em forma de
uma mercadoria e seu preço é estabelecido pelo mercado, mas como atividade subordinado ao
capitalismo (IAMAMOTO, 2008).
Assim, o profissional do Serviço Social, inserido nos mais diversos espaços sócio-
ocupacionais, deverá, de acordo com Silva (2010, p. 424), ter a “[...] clareza sobre o
significado político da ética burguesa, para opor-se a ela em seu trabalho cotidiano [...]”;
atendendo o pressuposto central das diretrizes de “[...] permanente construção de conteúdo
(teóricos, éticos, políticos, culturais) para a intervenção profissional nos processos sociais [...]
assegurando elevados padrões de qualidade na formação do Assistente Social” (ABEPSS,
1996, p. 62), e, principalmente, comprometido e capaz de atender as competências que serão
atribuídas pelo Estado e pela sociedade civil (ABEPSS, 1996; GUERRA, 2000; CFESS,
2002).
Moraes (2016, p. 590), ao analisar o Serviço Social brasileiro na entrada do século
XXI, salienta que a profissão cada vez mais é atingida pelos “[...] processos gerais de
precarização do trabalho, de suas condições e relações no cenário atual. Seus vínculos
trabalhistas são muitas vezes precários, e as exigências institucionais são crescentes,
desafiando o profissional”, justamente na sua atuação crítica, propositiva e criativa como
31 Ressaltamos que o termo mercado de trabalho- na presente pesquisa- se referenciará ao emprego ou colocação
em diversos espaços ocupacionais, não exclusivo do assistente social. Já o termo espaços sócio-ocupacionais,
amplamente utilizados por Iamamoto (2009a), Raichelis (2010), e outros autores ao discorrerem sobre a atuação
do profissional do Serviço Social, se referirá somente aos espaços ocupacionais próprios do/a assistente social.
37
citamos, a fim de não infringir o os princípios fundamentais do Código de Ética do Assistente
Social, que, por sua vez, exige ações profissionais sob direção de um projeto em defesa dos
interesses da classe trabalhadora, articulando com outros sujeitos sociais, em prol de uma
sociedade anticapitalista. É com essas bases que foi criado e atua o curso de Serviço Social na
Unioeste de Toledo-PR.
2.2 SERVIÇO SOCIAL NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ,
CAMPUS DE TOLEDO
A história da criação do curso de Serviço Social na Unioeste, campus de Toledo,
conecta-se ao movimento de constituição e de consolidação do ensino superior na região
Oeste do Estado do Paraná na década de 1980, em um “[...] contexto marcado pela luta da
comunidade regional para suprir necessidades de recursos humanos especializados
através da formação de profissionais de nível superior [...]” (UNIOESTE. 2014, p. 12,
grifo nosso), na expectativa de que esses futuros profissionais preparados intelectual e
politicamente intervissem nas mais variadas expressões da “questão social”, presentes na
esfera local, regional, estadual, nacional e internacional (UNIOESTE, 2014).
O processo de criação do curso teve início na década de 198032, quando na atual
estrutura física do campus da UNIOESTE se constituía a então Faculdade de Ciências Sociais
Humanas Arnaldo Busato (FACITOL), que era mantida pela Fundação Municipal de Ensino
Superior de Toledo (FUMEST), que, por sua vez, era mantida com recursos do município de
Toledo, contribuições de alunos e da sociedade civil, auxílios, subsídios e demais fontes
definidas em Estatuto. Contudo, um processo de integração das faculdades regionais no Oeste
do Paraná na década de 1990, possibilitou a transição de faculdades isoladas, tais como a
FECIVEL (Cascavel), FASISA (Foz do Iguaçu), FACIBEL (Francisco Beltrão), FACIMAR
(Marechal Cândido Rondon) e FACITOL (Toledo), para a institucionalização e o
reconhecimento da atual Unioeste, constituída, hoje, por 5 campi. (UNIOESTE, 2003, 2014,
2016c).
Atualmente, o campus de Toledo oferta 8 cursos de graduação, entre estes o de
Serviço Social que completou 30 anos em 2016, tendo em vista que a sua autorização foi
expedida pelo Conselho Estadual de Educação (CEE) do Paraná no dia 05 de setembro de
32 A autorização de funcionamento do curso de Serviço Social se deu pelo Decreto Federal nº 93.593/86 e o
reconhecimento pela Portaria Ministerial nº 674/91 (UNIOESTE, 2016b).
38
1986 e o início das atividades do curso se deu no mês de fevereiro de 1987 (UNIOESTE,
2003, 2014, 2016c).
Constatamos, por meio de produções de Barroco (2010), que a autorização do referido
curso ocorreu no mesmo ano em que foi reelaborado o Código de Ética profissional do
Assistente Social de 1986, resultante do momento histórico em que a sociedade brasileira
exigia modificações em todos os processos da vida material e espiritual, e do movimento da
categoria dos Assistentes Sociais que passaram a exigir uma nova ética que refletisse uma
vontade coletiva, superando a visão acrítica diante da inserção da categoria nas lutas da classe
trabalhadora e uma nova visão da sociedade brasileira.
Portanto, o curso de Serviço Social da Unioeste se instala em momento que, segundo
Barroco (2010), ocorreu um processo de redemocratização da sociedade brasileira e também
de efervescência do movimento político-sindical nos anos de 1980, também mencionado por
Amaral e Cesar (2009). Vale lembrar que nessa mesma década a promulgação da Constituição
Federal de 1988 contribuiu na requisição de profissionais do Serviço Social, pois ao
estabelecer os direitos sociais se tornou imprescindível a atuação de profissionais habilitados
para materializar essas políticas por meio de planos, programas e projetos e de ações de
domínio desse profissional, tal como discutimos anteriormente.
A fase inicial do curso enfrentou diversas dificuldades e, de acordo com docentes da
Unioeste, isto se devia à “[...] ausência de um projeto coletivamente construído que orientasse
a formação profissional.[...]” (UNIOESTE, 2003, p. 4), a insuficiência de profissionais que
integrassem o corpo docente e que se disponibilizassem como supervisores acadêmicos e de
campos de estágios, e, além disto, percebia-se a falta de apoio e até a oposição dos
profissionais da categoria que já se encontravam atuando na região. Assim, no primeiro
semestre do curso, com o ingresso de 50 acadêmicos, por meio de vestibular, Marli Renate
von Borstel Roesler33,era a única Assistente Social que constituía o corpo docente e tinha
como desafio: a responsabilidade de coordenar o curso de Serviço Social. (UNIOESTE,
2003).
33 Atualmente, além de ministrar aulas no curso de graduação de Serviço Social, é Coordenadora do Programa de
Pós-Graduação em Serviço Social, nível de Mestrado, no campus de Toledo-Paraná, que iniciou as atividades
com sua primeira turma no segundo semestre de 2013, após sua aprovação em 26 de outubro de 2012. De acordo
com a Unioeste (2014) a área de concentração do mestrado é “Serviço Social, Políticas sociais e Direitos
Humanos”, mantendo-se a articulação da graduação com a pós-graduação, como a articulação ensino, pesquisa e
extensão, que são os pressupostos pedagógicos que estão presentes na trajetória do curso de Serviço Social e na
construção do próprio Mestrado em Serviço Social.
39
Atualmente, de acordo com a Coordenação do curso34, o corpo docente conta com 17
docentes efetivos, 5 temporários, contratados por teste seletivo, e mais 5 de áreas afins.
Quanto a titulação, dos docentes efetivos: 4 são Pós-Doutores, 8 são doutores, e 6 mestres
(entre as quais 2 doutorandas). Portanto, o curso de Serviço Social da Unioeste, na sua
trajetória ampliou seu quadro de docentes; que atualmente tem contribuído de forma
significativa na administração pública, “[...] juntamente a organização da sociedade civil no
enfrentamento da ‘questão social’ na região. Também tem ocupado espaços públicos de
representação, principalmente na área de assistência social” (UNIOESTE, 2014, p. 18).
Quanto aos acadêmicos/sujeitos da pesquisa dessa universidade, embora na sua grande
maioria nos primeiros anos fossem residentes do município de Toledo, haviam entre eles
provenientes de outros municípios que até os dias atuais prevalecem, como demonstra o
gráfico abaixo, em que dos 254 egressos do período de 2007 à 2015 do curso de Serviço
Social do campus de Toledo, 113 sujeitos, ou seja, 44,5% são de Toledo e os demais são de
outros municípios do estado do Paraná, prevalecendo os residentes em Cascavel, Assis
Chateaubriand e Marechal Cândido Rondon – municípios mais próximos geograficamente de
Toledo –, assim como era nos primeiros anos do curso. Ressaltamos que dessa amostra 2,75%
eram provenientes de outros Estado, entre as quais: Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul. (UNIOESTE, 2003, 2014, 2016a).
GRÁFICO 1 - Municípios de origem dos egressos do curso de Serviço Social Unioeste, de 2007 a
2015, do campus de Toledo
Fonte: adaptado de UNIOESTE, 2016a.
34 Atualização de informação obtida por meio da atual coordenadora do curso de serviço social da Unioeste de
Toledo: a professora Cleonilda Sabaini Thomazini Dallago na data de 01 de fevereiro de 2017.
40
O curso de Serviço Social da Unioeste, campus de Toledo, desde a primeira turma que
se formou em 1990, até o início do ano de 201635, lançou no mercado de trabalho um total de
720 profissionais do Serviço Social, ofertando a sua força de trabalho especializada, em um
cenário de hegemonia das finanças e busca incessante da produção de superlucros, que
incidem no universo do trabalho e dos direitos sociais (UNIOESTE, 2014; IAMAMATO,
2009a).
Entre os primeiros campos de estágios ofertados aos acadêmicos destacavam-se:
Organizações Comunitárias, Sindicatos, Cooperativas, Poder Judiciário, empresas como a
Sadia, Sanepar, a extinta Telepar, Emater e, principalmente, prefeituras e Órgãos estaduais,
assim como ocorre atualmente, proporcionando aproximação com políticas sociais, na área da
saúde, educação, habitação e Assistência Social (UNIOESTE, 2003). Contudo, atualmente,
em decorrência da implantação do SUAS, a Assistência Social e seus equipamentos, tais
como o CRAS, CREAS, os Centros de convivência, o Lar de idosos, entre outros têm se
constituído em um dos mais amplos campos de estágio, e espaços sócio-ocupacionais que têm
absorvido os egressos do curso de Serviço Social.
Devido à inserção de egressos do curso de Serviço Social da Unioeste em diversos
espaços sócio-ocupacionais, atualmente, segundo coordenação de estágio do curso36, do total
de 28 Assistentes Sociais que são supervisores de campo de estágio do curso de Serviço
Social, 20 são egressos da universidade. Portanto, são egressos que atuam em órgãos,
equipamentos de Secretarias de Assistência Social de municípios da região, e demais
Unidades governamentais e não governamentais, tais como: a Aldeia Betesda e o Lar Irmãos
Dentzer, as Secretarias de Assistência Social de municípios Cascavel, Assis Chateaubriand,
Marechal Cândido Rondon; o Forúm da Comarca de Toledo, o Conselho da comunidade, o
Programa Patronato, as Secretarias Municipais de Habitação e de Educação de Toledo, a 20ª
Regional de Saúde, a Empresa privada Prati-Donaduzzi, o Hospital Bom Jesus, o Ministério
Público de Toledo, o Instituto Federal do Paraná de Assis Chateaubriand e o CAPS de Assis
Chateaubriand.
Portanto, são estes, entre tantos outros, os espaços sócio-ocupacionais que integram o
mercado de trabalho do Assistente Social na região, onde, logo após a conclusão do curso, o
egresso do curso de Serviço Social almeja a inserção como profissional assalariado.
35 Lembra-se que os formandos do ano letivo de 2015, em virtude de paralização e greve de docente e técnicos
da universidade, concluíram efetivamente o curso em março de2016. 36 Informação obtida por meio da professora Cristiane Carla Konno em 2016, atual coordenadora de estágio do
curso de serviço social da Unioeste de Toledo.
41
2.3 EGRESSOS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DOS ANOS DE 2007 A 2015
Na tentativa de apresentar uma analisar dessa pesquisa, foi necessário desenhar um
caminho para que a mesma pudesse ser executada. Contudo lembrando que “[...] que os
conhecimentos produzidos são aproximações da dinâmica do mundo social, e por isso mesmo,
são sempre relativos[...]” (Lukásc, apud Minayo, 2014, p.121). Assim, partimos da
abordagem qualitativa com base exploratória, desenvolvendo a pesquisa de campo aliada à
fundamentação nos levantamentos bibliográficos e documentais. Para tanto, a organização e
sistematização partiu do envio do projeto de pesquisa ao Comitê de Ética no dia 27 de junho
de 2016 – uma exigência por ser tratar de pesquisa com seres humanos. Enquanto no aguardo
da resposta dessa instância, fomos construindo uma revisão bibliográfica, organizando de
acordo com os temas e categorias centrais do material do levantamento bibliográfico, que
resultou em uma ampla lista de autores, sendo que alguns se tornaram indispensáveis, devido
ao intuito de apresentar dados e discussões sobre o tema mercado de trabalho e Serviço
Social, e outros foram excluídos tão somente para não extrapolar os limites de páginas
impostos para a realização do TCC.
O Universo dessa pesquisa corresponde a 720 sujeitos formados pela Unioeste desde o
início das atividades do Curso de Serviço Social, mas como o tempo é reduzido, assim como
o número de páginas para apresentação deste Trabalho, estratificamos uma amostra
considerando o Projeto Político Pedagógico de 2003 como recorte (ver apêndice G). Assim
propusemos o projeto.
A aprovação pelo Comitê de Ética em pesquisa, do projeto de pesquisa proposta,
ocorreu no dia 23 de setembro de 2016. A partir desse momento, iniciamos a pesquisa
empírica, com o intuito de localizar e identificar geograficamente os sujeitos da pesquisa.
Realizamos um levantamento documental junto a Secretaria Acadêmica do campus de
Toledo, obtendo dados tais como: nome, data de nascimento, gênero, ano de conclusão e o
endereço, município e estado de origem de 254 egressos que concluíram a graduação entre
2007 e 2015 – tudo isto sistematizado em planilha do Excel. (Apêndice F).
Contudo, para fins de estabelecimento do critério de amostra, decidimos pela exclusão
de 14 egressos do período delimitado: 12 que iniciaram o curso sob Projeto Político
Pedagógico anterior ao de 2003, e outros 2 egressos que ingressaram no curso de Serviço
42
Social na Unioeste, campus de Toledo, por meio de transferência externa. Por fim, a pesquisa
delimitou 24037 egressos.
Prevendo que muitos endereços obtidos por meio da Secretaria Acadêmica do campus
de Toledo estariam desatualizados, recorremos aos avanços que a tecnologia possibilita, tais
como a criação de um grupo fechado de ex-acadêmicos do curso de Serviço Social da
Unioeste, campus de Toledo no Facebook, e consultas no Portal de Transparência da União,
Portal de Transparência do Estado do Paraná, e Portal de Transparência de várias prefeituras
municipais (ver Figuras 1, Figura 2 e Figura 3, Figura 4, Figura 5, Figura 6 e Figura 7 nos
Anexos). Tais procedimentos possibilitaram a localização de 99% dos egressos, ou seja, um
quantitativo de 237.
Após a localização desses sujeitos, no dia 02 de outubro de 2016, contratamos um
software denominado SurveyMonkey, que possibilitou o envio de questionários, previamente
elaborados, para os 237 egressos localizados. Porém, apenas 87 egressos (36,7%) retornaram
as respostas dentro do prazo determinado de 01 de novembro de 2016, constituindo-se os
sujeitos desta pesquisa.
“Alguns autores lembram que, ante a explosão da utilização da informática, é
importante desenvolver técnicas que utilizem meios eletrônicos [...] por e-mail, e outros [...]”,
pois proporciona agilidade no processo da pesquisa, contudo nos asseguramos de todos os
princípios éticos que uma pesquisa acadêmica exige (MINAYO, 2014, p. 268). Diante dessa
consideração, os questionários com questões abertas e fechadas (Apêndice E) foram
encaminhados, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento (TCLE)
(Apêndice B).
Assim que recebemos as respostas dos questionários, lançamo-las em planilha do
Excel, juntamente com os dados obtidos junto a Secretaria Acadêmica. A utilização das
funções do Excel se constituíram ferramentas importantes para elaboração de gráficos e
quadros para melhor visualização dos resultados, possibilitando a análise de dados de forma
ágil e segura. A leitura complementar desses dados foi fundamental para a apresentação dos
resultados que seguirá. Dos sujeitos que responderam, poucos deram respostas descritivas,
algumas delas selecionamos para apresentar, e para manter o sigilo identificaremos os sujeitos
por XX e um número de ordem, por exemplo: XX1.
37 Ressalta-se que o universo total de egressos concluintes do curso de Serviço Social desde sua criação até o
início de 2016 é de 720. Destes, 254 se formaram entre os anos de 2007 e 2015. Para fins de amostra, delimitou-
se uma amostra de 240 egressos, mas somente 237 egressos foram localizados. Foram enviados questionários
para esses 237 egressos, mas somente 87 responderam.
43
Ressaltamos que de 240 egressos, o gênero feminino predomina, conforme o gráfico
abaixo:
GRÁFICO 2 – Amostra de formandos do curso de Serviço Social Unioeste de 2007 a 2015 do
campus de Toledo
Fonte: UNIOESTE 2016a.
Iamamoto (2008), ao analisar as protoformas do Serviço Social, menciona que a
natureza da mulher, vinculada às qualidades de paciência, devoção e dedicação, permite-a
exercer a profissão. Concepção esta que pode estar impregnada na sociedade atual e explicar a
prevalência desse gênero até os dias atuais nos cursos de Serviço Social.
2.3.1 Mapeamento dos Egressos do Curso de Serviço Social dos Anos 2007 a 2015
Para melhor organização e apresentação dos resultados da pesquisa, pontuaremos três
eixos, apresentando um mapeamento dos sujeitos da pesquisa no mercado de trabalho,
iniciando pela condição e localização da inscrição junto ao CRESS; identificação dos espaços
sócio-ocupacionais e uma breve apresentação de possibilidades e limites quanto à inserção
nesses espaços.
Eixo 1 - Egressos no mercado de trabalho
Sabendo que, “[...] O curso não dispõe de uma pesquisa referente à inserção no
mercado de trabalho dos profissionais formados pela Unioeste”, (UNIOESTE, 2014, p. 18), a
presente pesquisa objetivou analisar a condição no mercado de trabalho dos egressos do curso
de Serviço Social da Unioeste, campus de Toledo-PR, no período determinado.
44
Destacamos que por meio de consulta de serviços on-line do site do CFESS de lista de
inscritos nos CRES38 – conforme Figura 4, nos Anexos e no Quadro 1 abaixo –, constatamos
que do universo de 240 egressos pré-estabelecidos para a pesquisa, 75% tem inscrições ativas
nos CRESS e que aproximadamente 86,5% dos egressos inscritos nos CRESSs estão na 11º
Região do Paraná, embora nem todos estejam inseridos em espaços ocupacionais da profissão.
QUADRO 1 - Inscrições Regionais no CRESS dos Egressos de 2007 a 2015 da Unioeste,
campus de Toledo
Situação das inscrições
20
07
20
08
20
09
*
20
10
20
11
20
12
*
20
13
20
14
20
15
Total
Inscrições Ativas 11º Região PR 17 26 13 15 16 28 11 18 11 155
Não Inscritos 1 0 4 4 4 3 4 9 17 46
Inscrições Canceladas 1 2 1 3 0 2 1 1 0 11
Ativa 12º Região SC 1 1 0 1 1 3 0 0 0 7
Inscrição Homônimas 0 0 0 0 0 1 1 0 0 2
Inscrições Ativas 20º Região MT 2 1 0 0 0 0 1 0 0 4
Inscrições Ativas 21º Região MS 0 1 1 0 1 1 0 0 0 4
Inscrições Ativas 10º Região RS 0 0 0 0 2 1 0 1 0 4
Inscrições Ativas 09º Região SP 1 2 1 0 0 0 0 0 0 4
Inscrição Ativa 06º Região MG 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Amostra de formandos 23 33 21 23 24 39 18 29 28 238
*identificamos que do ano de 2009, um sujeito da pesquisa havia falecido, portando não consultamos sua
situação de inscrição, assim como ocorreu no ano de 2012. Fonte: adaptado de CFESS, 2016b.
Podemos ver que os inscritos se encontram na: 11º Região PR, 12º Região SC, 20º
Região MT, 21º Região MS, 10º Região RS, 09º Região SP e 06º Região MG. Identificamos
que apenas 4,6% dos egressos estão com a inscrição cancelada e não foi encontrado a
inscrição de 19% dos egressos. Como enfatizamos que para o exercício da profissão de
Assistente Social requer o registro nos Conselhos Regionais da categoria, deduzimos que os
sujeitos não inscritos não estejam atuando como Assistentes Sociais.
Constatamos que em um grupo de 20 egressos não inseridos em espaços sócio-
ocupacionais da profissão, 10 destes (50%) estão inscritos no CRESS e mencionaram no
questionário o desejo de trabalhar como Assistente Social, explicando o motivo da inscrição,
mesmo não atuando.
Enfatizamos que os resultados e a análise partirão do quantitativo de 87 egressos
que responderam aos questionários enviados, conforme Quadro 2 e Gráfico 3:
38 A pesquisa virtual foi realizada entre os dias 17 e 20 de outubro de 2016.
45
QUADRO 2 - Ano de conclusão do curso X condição no mercado de trabalho
Ano Amostra
de
concluintes
Participaram
da pesquisa*
Atuam como
Assistentes
Sociais
Trabalham em
Outras
atividades
Desempregadas
2007 23 06 05 01 -
2008 33 07 07 - -
2009 22 11 11 - -
2010 23 06 04 - 02
2011 24 09 08 01 -
2012 40 19 16 02 01
2013 18 02 01 01 -
2014 29 14 11 03 -
2015 28 13 04 06 02
* que responderam aos questionários Fonte: Elaborado a partir de dados coletados.
GRÁFICO 3 - Condição no mercado de trabalho
Fonte: Elaborado a partir de dados coletados.
Logo, dos 87 sujeitos, 67 (77%), atuam como Assistentes Sociais – todos se encontram
devidamente inscritos nos respectivos CRESS –, 14 (16%) desenvolvem outras atividades,
conforme o Quadro 3, e 6 (7%) declararam situação de desemprego, integrando os 12
milhões que constituem a atual população desempregada, que Antunes (2009), descreve como
uma condição de desefetivação e desrealização no mundo do trabalho, tal qual discorremos no
primeiro capítulo.
Identificamos que dos sujeitos que concluíram o curso nos anos de 2008 e 2009 e
participaram da pesquisa, 100% trabalha como Assistentes Sociais. Do ano de 2007, dos 6
sujeitos que participaram da pesquisa, apenas um sujeito não atua como Assistente Social,
pois ao concluir o curso já era funcionário público, e seu atual salário é superior que a média
salarial ofertada pelo mercado de trabalho aos Assistentes Sociais.
Quanto à faixa etária dos sujeitos que participaram da pesquisa, podemos ver, no
Quadro 3, que a maioria está com idade entre 21 anos e 30 anos:
46
QUADRO 03 - Faixa etária X condição no mercado de trabalho
Faixa etária Participaram
da pesquisa*
Atuam como
Assistentes
Sociais
Trabalham
em
Outras
atividades
Desempregadas
21 a 30 anos 64 52 (81,%) 07 (11%) 05 (8%)
31 a 40 anos 18 12 (67%) 05 (28%) 01 (5%)
Acima de 40 anos** 05 03 (60%) 02 (40%) -
Amostra Total 87 67 (77%) 14 (16%) 06 (7%)
* que responderam aos questionários
** O sujeito com a maior idade tinha 45 anos. Fonte: Elaborado a partir de dados coletados.
Observamos que a maioria dos desempregados são jovens, porém 50% concluiu a
graduação no início de 201639. Portanto, eles estão disponíveis no mercado de trabalho
aproximadamente, 8 meses. Lembramos ainda que entre os 06 sujeitos desempregados 3
(equivale à 50% dos sujeitos desempregados) realizaram curso de especialização, e um sujeito
está realizando mestrado; todos enviaram currículos e realizaram concursos – a maioria mais
de 5 concursos. Quando questionados quanto os fatores que interferem na inserção em
espaços sócio-ocupacionais do Assistente Social, a totalidade apontou a alta concorrência em
concursos, coexistente as poucas vagas ofertadas.
Entendemos que a educação continuada é primordial na formação profissional, mas
não garante em si a empregabilidade no mercado de trabalho. Pois, os determinantes para
inserção no mercado de trabalho estão na própria conjuntura política e social brasileira.
Ainda em relação aos sujeitos que não atuam como Assistente Sociais, 5 dos 6 sujeitos
se encontram empregados por meio de concurso público – em funções de nível médio –, e
com remunerações médias iguais da maioria dos/as Assistentes Sociais, ou seja, entre 4 a 6
SM, e 23,08% desses se encontram com salários entre 7 a 10 SM, com carga horária entre 30
e 40 horas semanais. Devido ao plano de cargo, carreira e salário, esses sujeitos tiveram e têm
possibilidades de progressões salariais, logo, suas remunerações podem ultrapassar a média
salarial ofertada para profissionais do Serviço Social, tal como podemos identificar na
declaração de sujeito40 da pesquisa: “ [...] com a carreira muito avançada [...] tendo [...] anos
de concurso, o salário ofertado como Assistente Social é muito menor” (XX1). Diante disso,
entende-se que para o sujeito os salários ofertados no mercado de trabalho para Assistentes
Sociais são pouco atrativos.
39 Devido aos movimentos de paralização e greve ocorridos no ano de 2015, a conclusão do ano letivo ocorreu
no início de 2016. 40 Ressaltamos que a fala dos sujeitos da pesquisa será citada de forma genérica, sem especificação de gênero e
como “XX1” e “XX2”, a fim de preservar a identidade e garantir o anonimato de acordo com o TCLE assinado.
47
Portanto, entre os sujeitos não inseridos em espaços sócio-ocupacionais da profissão,
30% desses também são funcionários público – embora não como Assistentes Sociais –,
seguido pelos que trabalham no comércio e/ou nas indústrias – autônomos –, e uma minoria
que trabalha em empresa da família.
Quanto à média salarial do grupo que atua no comércio e ou na indústria, constituído
de 5 sujeitos, a maioria tem salários abaixo a 2 SM, embora há um sujeito que declarou salário
superior a 7 SM. A totalidade desse grupo realiza carga horária de 40 horas semanais e tem
como direito vinculado ao emprego o Fundo de Garantia, e apenas um sujeito conta com
plano de saúde e auxílio alimentação.
Entre os sujeitos que declaram trabalhar como autônomos, 1 sujeito declarou que está
inserido em curso de pós-graduação em nível de mestrado. Em relação salarial, identificamos
uma renda média de 2 a 3 salários mínimos, para 20 a 40 horas semanais de trabalho. Quando
questionados quanto às garantias e aos direitos decorrentes do trabalho, apenas foi
mencionado o horário flexível como uma vantagem. Contudo, entendemos como uma
condição de trabalho informal, caracterizada pela ausência de garantia de direitos sociais e
trabalhistas, como Previdência Social, carga horária regulamentada, FGTS, férias, décimo
terceiro salário, auxílio-doença e, sobretudo, uma renda incerta; condição essa discutida no
primeiro capítulo desta pesquisa, em que destacamos que, de acordo com Tavares (2015), a
informalidade se constitui uma forma de negar uma condição de desemprego; e a
possibilidade de trabalhar em horário flexível obscurece mais ainda o aspecto de exploração
da força de trabalho.
Quem trabalha em empresa da família menciona remuneração superior à 7 SM, para
trabalhar 44 horas semanais com direitos com a Previdência Social, fundo de garantia e plano
de saúde. Entretanto, essa condição é apontada apenas por um sujeito da pesquisa.
Quanto aos sujeitos inseridos em espaços sócio-ocupacionais, identificamos que
49,2% desses sujeitos, sujeitaram-se a mudar de seus municípios de origem, justamente pela
inserção se dar por meio de concurso público.
GRÁFICO 4 - Localização geográfica: se permanecem no mesmo município ou se mudaram
Fonte: Elaborado a partir de dados coletados.
48
A partir do Gráfico 4, podemos observar que entre os 67 egressos que atuam como
Assistentes Sociais, 34 conquistaram espaços sócio-ocupacionais no mesmo município em
que residiam enquanto acadêmicos do curso de Serviço Social, 21 em municípios diferentes
ao que residiam enquanto acadêmico, mas no estado do Paraná, e 12 em outros estados (sendo
que desses: 2 sujeitos atuam, ou sejam retornaram para seus estados de sua origem). Logo, a
maioria trabalha no próprio município de origem, o que não exigiu mudança geográfica.
Quanto aos Assistentes Sociais inseridos em espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social
em outros Estados, estes estão no Estado de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do
Sul e Mato Grosso, sendo todos funcionários públicos, exceto um sujeito do Estado de São
Paulo, que atua em espaço sócio-ocupacional de empresa mista. 50% desse grupo realizaram
mais de 5 concursos públicos, dado que vem a reafirmar que profissionais do Serviço Social
almejam inserção em instituições da esfera estatal, nem que para isto tenham que se sujeitar a
mudanças de cidade, Estado e região.
Em relação ao intervalo entre a conclusão do curso e a inserção nos espaços sócio-
ocupacionais, de acordo com a Unioeste (2003; 2014), estimava-se que aproximadamente
80% dos profissionais poderiam estar inseridos nos primeiros 6 meses de término do curso,
contudo, nossa pesquisa aponta que dos 77% dos inseridos nos espaços sócio-
ocupacionais da profissão, 59,70% se inseriram em menos de 6 meses após a conclusão
do curso, os outros 19,40% levaram de 7 meses a 1 ano, 14,93% aguardaram de 1 a 2 anos
para conquistar um espaço e 5,97% conseguiram a inserção após 2 anos da conclusão do
curso. O gráfico abaixo apresenta a média salarial desses sujeitos:
GRÁFICO 5 - Média salarial dos Assistentes Sociais
Fonte: elaborado a partir de dados coletados.
De acordo com a DIESSE/CUT (2015) Assistentes Sociais com os maiores salários se
encontravam na região Sul. Já a presente pesquisa identificou que no grupo de inseridos em
espaços (estatais, privados e demais) do Serviço Social a maioria desses, que equivale a 44%,
49
têm média salarial de 4 á 6 SM; 38% contam com média salarial de 2 à 3 SM, 12% tem
remunerações entre 7 e 10 SM; 4,5 % recebem menos de 2 SM, e apenas 1,5% conta com
remuneração superior à 10 SM.
Ao tabular os dados, verificamos que as maiores médias salariais são encontradas
entre os Assistentes Sociais que atuam realmente na esfera estadual, seguidos pelos que atuam
na esfera federal e nos municípios. Constatamos que 98% dos Assistentes Sociais, que são
funcionários públicos, têm plano de salários, cargo e carreira, ou seja, com possibilidades de
ascensão salarial (estatutários), e 2% são contratados por meio de Processo Seletivo
Simplificado (PSS), ou cargo de confiança, tendo apenas o direito à Previdência Social, sem
possibilidades de ascensão salarial e uma permanência temporária na instituição.
Eixo 2 - Espaços sócio-ocupacionais
As formas de inserção, na maior parte, ocorrem por meio de concurso públicos,
confirmando-se que o Assistente social se constitui trabalhador assalariado e é
majoritariamente um funcionário público, que atua predominantemente na formulação,
planejamento e execução de Políticas Sociais, com destaque para as políticas de assistência
social, saúde educação, habitação, entre outras, conforme Iamamoto (2009a) já havia
destacado.
Constatamos que 99,9% do total dos sujeitos realizaram concursos. 48% fizeram mais
de 5 concursos, e 82% dos 67 sujeitos inseridos nos espaços profissionais são funcionários
públicos, distribuídos nas esferas municipais (35 profissionais), estaduais (12) e federais (8).
GRÁFICO 6 - Espaços sócio-ocupacionais
Fonte: Elaborado a partir de dados coletados.
Foi possível identificar que as instituições públicas municipais são as maiores
empregadoras de profissionais do Serviço social, o que pode ser compreendido devido a um
50
processo de descentralização das políticas públicas ocorrido, principalmente, por meio do
SUAS e do SUS, conforme explicitado.
Os Assistentes Sociais funcionários públicos (35 sujeitos da pesquisa), que se
encontram na esfera municipal, atuam entre outras políticas, principalmente com a Política da
assistência Social, ou seja, trabalham no âmbito do SUAS41, que se constituí em campo fértil
para intervenção profissional, pois o SUAS, ao ser implantado no território nacional com a
função de gerir a Política de Assistência Social, tem ampliado consideravelmente os espaços
sócio-ocupacionais para profissionais do Serviço Social, para atuarem em programas, projetos
e serviços da proteção social. De fato, esses sujeitos atuam nos Centros de Referência Social-
CRAS42, nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)43, e em
outras instituições, como serviços Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos,
Serviços de acolhimento e outros sob gestão municipal, realizando articulações com políticas
da criança de adolescente, política do idoso, políticas da educação, política da habitação,
previdência, política para mulheres, política da saúde (SUS), entre outras, além de atenderem
às demandas do sistema judiciário (RAICHELIS, 2010).
No SUS também há demanda para profissionais do Serviço Social, em Unidades
Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento e Secretarias e departamentos de Saúde
que, entre suas ações, realizam articulações com o SUAS. A política habitacional também
oferta espaços para Assistentes Sociais. Salientamos que é no interior de sistemas como o
SUS, SUAS, Sistema Educacional, Sistema Previdenciário e demais Sistemas que cidadãos
procuram profissionais do Serviço Social, visando à garantia de seus direitos sociais
(TEIXEIRA, 2009).
Quanto à forma de inserção desses profissionais municipais, 88,5% se dá por meio de
concurso público e os demais por contrato temporário e ou cargos de confiança. Ressaltamos
41 O SUAS, como um sistema único e nacional, propôs para a assistência social maior organicidade entre seus
serviços, benefícios, programas e projetos, maior articulação entre as ações da União, Estados e municípios,
maior integração entre a política de assistência social e as outras políticas. Para tanto, a NOB/SUAS 2005, define
os parâmetros para a regulamentação e implantação do SUAS, estabelece critérios e procedimentos para os
Estados integrarem o SUAS, pois um dos objetivos desta NOB/SUAS é transformar a política de assistência
social em uma política realmente federativa, por meio da cooperação efetiva entre União, Estados, Municípios e
Distrito Federal. Contudo, só em 6 de julho de 2011, a Lei 12.435 é sancionada, assegurando, definitivamente,
no país, a institucionalização do SUAS, garantindo avanços significativos, dentre os quais pode-se destacar o
confinamento federal operacional por meio de transferência automática e o aprimoramento da gestão, dos
serviços, programas e projetos de assistência social.(BRASIL, 2005). 42 O CRAS se apresenta como uma unidade de proteção social básica do SUAS, que tem por objetivo prevenir a
ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e da ampliação do ascesso
aos direitos de cidadania (BRASIL 2009). 43 Unidade pública e estatal de abrangência municipal ou regional, que oferta, obrigatoriamente, o Serviço de
Proteção Básica e Especial de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para crianças, adolescentes, jovens e
idosos (BRASIL, 2009).
51
que a contratação temporária, em geral, deve ser realizada somente em casos excepcionais e
transitórias, até a realização de concurso público. Já os cargos de confiança, de acordo com
Borges (2012), em geral, tratam-se de cargos de comissão, em que são atribuídas funções de
direção, de chefia e assessoramento, também com vínculo transitório com a administração
pública. Esses cargos são atribuídos tanto a servidos públicos estatutários como a empregados
públicos – contratados em um percentual mínimo previsto em lei –, porém sem estabilidade.
A autora destaca que para esses cargos, assim como a nomeação pelo órgão nomeante
a exoneração também é de livre escolha – em qualquer tempo. Portanto, ao ser destituído do
cargo de confiança, poderá permanecer como servidor público somente se for concursado
estatutário, retornando à função pela qual foi nomeado por meio de concurso público
(BORGES, 2012).
Quanto à carga horaria, observamos que Assistentes Sociais em municípios como
Cascavel, Umuarama e Toledo realizam 30 horas semanais – mas, quando ocupam cargos de
direção ou coordenação realizam 40 horas semanais. No entanto, ainda, muitos Assistentes
Sociais e, em geral, de municípios pequenos, realizam 40 horas, mesmo com a conquista legal
das 30 horas para a categoria, disposta na Lei nº 12.317, de 26 de agosto de 2010 (BRASIL,
2010).
Quanto às garantias e aos direitos vinculados ao trabalho dos Assistentes sociais que
trabalham em instituições da esfera municipal, verificamos que:
Assistentes Sociais que ocupam cargo de confiança (e não são estatutários) citam
como garantias em decorrência de função, a Previdência Social, o Fundo de Garantia e,
raramente, plano de saúde.
Assistentes Sociais contratados temporariamente relatam, como direitos previstos,
somente a Previdência Social e o Fundo de Garantia.
Assistentes Sociais concursados/estatutários, têm como garantias proporcionadas
pelo emprego: estabilidade; Previdência Social ou caixa previdenciária; possibilidade de
ascensão salarial e plano de cargo e carreira; licença-prêmio. Algumas prefeituras, também
ofertam Planos de Saúde, auxílio ou bolsa para educação e auxílio-alimentação/vale-
alimentação.
Entre os municípios em que se encontram os sujeitos da pesquisa, constatamos que,
atualmente, a prefeitura municipal de Toledo-PR tem ofertado a maior média salarial entre os
Assistentes Sociais de instituições públicas municipais, recebendo uma média salarial entre
4 à 6 SM, com possibilidade de ascensão salarial; e até o final de dezembro de 2016 recebiam
um auxílio de R$ 300,00 (34% de 1 SM) de vale-alimentação.
52
A pesquisa constatou que após as instituições públicas municipais, o maior
empregador são as instituições públicas estaduais, pois nessas instituições se encontram 18%
dos pesquisados, sendo que 6 permanecem no Estado do Paraná (em universidades,
Defensoria Pública, Hospital Regional e Ministério Público), 2 se encontram no Estado de
Mato Grosso (Poder judiciário), 1 em Santa Catarina (Ministério Público), 1 no Estado
do Rio Grande do Sul (Secretária Estadual de Saúde) e 2 profissionais no Estado de São
Paulo (Tribunal de Justiça). Foi identificado que todos desse grupo, que se sujeitaram a
mudar de Estado, têm ganhos salarias superiores à 7 SM e possibilidades de ascensão salarial.
O Ministério Público foi citado entre as instituições da esfera estadual, porém esse
órgão em concordância com a CF-1988, nos termos do art. 127, é órgão constitucional
autônomo que tem função de defender direitos de todos os cidadãos; já o Tribunal de
Justiça é órgão máximo do Poder Judiciário, enquanto a Defensoria Pública, nos termos do da
seção IV da CF de 1988,
[...] é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados [...]
(BRASIL, 2016, s.p. grifo nosso).
Portanto, esses órgãos são espaços de fértil atuação profissional, pois sob a perspectiva
dos princípios fundamentais do CE do Assistente Social, busca-se a ampliação e
consolidação da cidadania, com objetivo determinante de garantir direitos civis sociais e
político das classes trabalhadoras e posicionamento em favor da equidade, justiça social e
gestão democrática. Não obstante, de acordo com CFESS (2014b, s.p.) “Há uma grande
demanda por parte de juízes que requisitam assistentes sociais [...] contratados por instituições
da esfera municipal [...], para realização de laudos, pareceres sociais por falta de profissionais
do Serviço Social da Justiça[...]”, ou seja, nos Tribunais da Justiça – condição esta que
sobrecarrega profissionais que não são contratados para esse fim e evidencia a necessidade de
contração de Assistentes Sociais nos espaços sociojurídicos.
Por meio das discussões já apresentadas no primeiro capítulo deste trabalho e
confirmado por Raichellis (2009), entendemos que o processo de reestruturação produtiva,
sobretudo os processos de descentralização e municipalização dos serviços públicos
reduziram postos de atuação de Assistentes sociais na esfera estadual e federal, à medida que
ampliou os espaços sócio-ocupacionais na esfera municipal. Contudo, no Estado do Paraná as
53
Secretárias de Saúde, Educação, da Família e Desenvolvimento Social, da Segurança Pública
e Administração Penitenciária Estadual e tantos outros órgãos requerem profissionais que
possam realizar atribuições privativas do Assistente Social.
Retomando as condições dos Assistentes Sociais inseridos em órgão de nível
estadual, constatamos que dentre os sujeitos que permanecem no estado do Paraná, 50 %
tem faixa salarial de 4 a 6 SM, contudo são profissionais em início de carreira – estão a menos
de 5 anos no mesmo espaço –, pois 16,6% que tem salário acima de 10SM se encontram no
mesmo espaço a mais de 5 anos, portanto já tiveram parcial ascensão salarial, outros 16,6%
tem faixa salarial entre 7 a 10 SM. Contudo, o mesmo quantitativo, ou seja, 16,6%, recebe
salário entre 2 e 3 SM (trabalha em instituição hospitalar pública), e vinculado a essa faixa
salarial está a temporariedade da forma de contratação, tendo como único direito vinculado ao
trabalho a Previdência Social. Observamos que os maiores salários são alcançados por
profissionais que trabalham no Ministério Público, com faixa salarial superior a 10SM (órgão
autônomo), no Poder judiciário (Tribunais), e em universidade como docente (por meio de
contratados temporário/PSS). Todos têm plano de cargos, carreira e salários, exceto sujeitos
contratados temporariamente.
Portanto, 83,3% desse grupo de Assistentes Sociais de Instituições de esfera estadual
são contratados por meio de concurso público, o que lhes garantem estabilidade, Previdência
Social, auxílio alimentação (não a totalidade), possibilidade de ascensão salarial e, no caso
dos profissionais do Ministério Público (Paraná), auxílio ou bolsa para educação.
Quanto à carga horaria dos Assistentes sociais da esfera estadual: 58,33% realiza 30
horas semanais e os demais realizam 40 horas semanais, como se a Lei nº 12.317, de 26 de
agosto de 2010, inexistisse.
Já os sujeitos inseridos em instituições federais representam 12%, do grupo de 67
Assistentes Sociais, o que equivale a 8 Assistentes Sociais que atuam com políticas da
educação e saúde do trabalhador em universidades federais e Hospitais Universitários (não
como docentes); e os profissionais que atuam no Instituto Nacional Seguridade Social (INSS)
e também em Hospitais Universitários, com ganhos salarias iniciais de 4 a 6 SM, após sete
anos de carreira podem alcançar a faixa salarial de 7 a 10 SM e em final de carreira
remuneração superior a 10 SM. Destacamos que todos declararam possibilidade de ascensão
salarial e contam com plano de cargos e carreira. Todos mencionaram usufruírem de auxílio-
alimentação entre os benefícios percebidos. Em relação à carga horaria desses profissionais
que atuam na esfera federal, 50% realiza 40 horas semanais e os demais realizam 30 horas
semanais.
54
Ressaltamos que a totalidades desses sujeitos são concursados, em sua maioria sob o
regime jurídico único (estatutário); e uma minoria sob o regime de CLT, o que denota o
movimento de terceirização dos serviços públicos, pois as contratações são realizadas pela
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – empresa pública de direito privado,
que foi criada pela Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011 –, estabelecendo parceria entre
o público e o privado, em um processo de precarização do trabalho e retrocesso dos serviços
públicos que deveriam ser geridos plenamente pelo Estado (CFESS, 2014a).
Até o momento discorremos sobre os Assistentes Sociais de instituições públicas
municipais, estaduais e federais. Entretanto, as empresas de sociedade de economia mista
de participação do Estado e de particulares no fundo social, ou seja, de acordo com Miranda
(2011), uma entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, também se
constituem espaços de atuação do Serviço Social. No Estado do Paraná se destacam a
Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (CODAPAR), Companhia de
Habitação do Paraná (COHAPAR), Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR),
Companhia Paranaense de Energia (COPEL), entre tantas outras. Assim, dos 67 pesquisados
inseridos em espaços da profissão, 5 (7,46%) profissionais se encontram em empresas de
sociedade mista, entre as quais citamos a Sanepar e Cohapar, entre outros, sendo esses
profissionais contratados por meio de concurso, mas em regime de CLT. Entre os benefícios
garantidos por meio do emprego mencionaram: estabilidade, previdência social, FGTS, plano
de saúde e auxílio alimentação. Destacamos que Assistentes Sociais de empresas mistas
atuam em políticas da assistência social, políticas de habitação, políticas para criança e
adolescente, politicas da educação, políticas do idoso, politicas da saúde e políticas do meio
ambiente.
No que se refere à faixa salarial de Assistentes Sociais que trabalham em empresas
mistas: 60% recebe entre 4 e 6 SM, e 40% tem remunerações inferiores a 4 SM. Quanto à
carga horária a maioria realiza 30 horas semanais, enquanto 20% realiza 40 horas semanais.
Um profissional que atua em Instituição Mista declarou trabalhar 40 horas mensais,
caracterizada por contrato por hora, sem direitos trabalhistas, sem condições técnicas e éticas
e com remuneração abaixo de 2 SM. Isto denota a precarização, usurpação de direitos
trabalhistas e demais condições da própria conjuntura em que vivemos e que discutimos no
primeiro capítulo.
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), Organização-Não
Governamental e demais instituições com Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos,
tais como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAI), Associação de Pais e
55
Amigos dos Deficientes Auditivos (APADA) e Instituições de Longa Permanecia de Idosos
(ILPI) também ofertam espaços de atuação para Assistentes Sociais, que atuam com as
políticas de assistência social (SUAS), educação, previdência, políticas para idoso, política
para pessoa com deficiência, entre outras com o intuito de garantir direitos sociais aos seus
usuários. Contudo, grande parte dos profissionais desse grupo mencionaram falta de
condições técnicas e éticas para realizarem suas atribuições privativas de Assistente Social.
Ainda, identificamos nesse grupo um sujeito que trabalha em condição de
polivalência, ao exercer duas funções em um só espaço: “30 horas atuando como Assistente
Social e 10 horas atuando como administrativo, pois tenho curso de auxiliar administrativo”
(XX2). O salário desse sujeito, está entre 2 SM à 3 SM, reafirmação as condições próprias da
reestruturação produtiva.
Os demais sujeitos que atuam em instituições consideradas filantrópicas, a faixa
salarial declarada não ultrapassa 6 SM, para atuarem em cargas horárias que vão de 8 a 40
horas semanais. Nesse grupo também foi identificado um profissional que concilia dois
empregos, sendo um em cargo estatutário em instituição pública municipal (município
pequeno) e outro em instituição com certificado filantrópico.
As empresas privadas, embora de forma muito reduzida, também se constituem
espaços de inserção de Assistentes Sociais. Conforme Abreu e Cardoso (2009), em geral,
empresas privadas atribuem a função de mobilização social, formação de grupos de produção,
e atividades inerentes ao setor de recursos humanos e responsabilidade social aos Assistentes
Sociais. Do total de 67 pesquisados, somente 2 profissionais declararam trabalhar em empresa
privada e, contrário ao autor, os profissionais assinalaram realização de intervenções por meio
de políticas da assistência social, políticas de saúde e educação. Trabalham 30 horas semanais
em regime de CLT, o que lhes garantem o fundo de garantia, e uma média salarial entre 2 e 3
SM. Os sujeitos que trabalham em empresas privadas declaram ter condições técnicas e éticas
para atuarem profissionalmente, cumprindo com o que versa o CE, no que se refere à estrutura
física, ética e técnica.
Considerando todos os espaços que pesquisamos, concordamos com Boschetti (2011),
que entre as instituições governamentais, são justamente as instituições do âmbito do SUAS
que respondem por denúncias de condições precárias de trabalho, entre as quais cita a falta de
condições técnicas, a superexploração da força de trabalho, falta de realização de concursos
em conformidade com a demanda e a inserção de um profissional em dois e até três locais de
atuação. Nesse sentido, a pesquisa constatou que dos 10 profissionais, conforme gráfico
56
abaixo, que declaram falta de condições técnicas e éticas para exercer as atribuições privativas
do Assistente Social, 50% deles estão inseridos em instituições públicas municipais.
GRÁFICO 7 - Condições técnicas e éticas nos espaços sócio-ocupacionais
Fonte: Elaborado a partir de dados coletados.
Embora entre os objetivos do presente trabalho não se pensou em uma análise desses
aspectos, ressaltamos que:
[...] o Assistente Social deve informar por escrito à entidade, instituição ou
órgão que trabalha ou presta serviços, sob qualquer modalidade, acerca das
inadequações constatadas por este, quanto as condições éticas, físicas e
técnicas do exercício profissional, sugerindo alternativas para a melhoria dos
serviços prestados (CFESS, 2011c, p. 155).
Isto sob pena de apuração de sua responsabilidade ética. Portanto, observar as
condições técnicas e éticas também é uma condição para se manter no espaço sócio-
ocupacional da profissão.
Eixo 3 - Possibilidades e limites para a inserção nos espaços sócio-ocupacionais
Foi justamente com o intuito de apresentar possiblidades e limites para a inserção nos
espaços sócio-ocupacionais que, primeiramente, apresentamos uma discussão teórica acerca
da categoria trabalho e a classe trabalhadora na atualidade e, em seguida, os resultados da
pesquisa empírica que desvelou as condições dos sujeitos da pesquisa no mercado de trabalho.
Ademais, a pesquisa partiu da hipótese de que a grande maioria dos egressos do curso de
Serviço Social da Unioeste tivessem conquistado os mais diversos espaços ocupacionais da
profissão em diversas regiões do país, pois entendemos que Políticas Sociais, a
institucionalização do SUAS e seus programas sociais, entre outras Políticas Sociais, vigentes
no governo do presidente Lula e Dilma, contribuíram para a ampliação de espaços de atuação
57
do Serviço Social. De fato, a pesquisa nos mostrou, por meio de 86 sujeitos, que a maioria é
funcionário público da esfera municipal atuando em diversas Políticas Sociais, sobretudo na
assistência social, reafirmando que a ampliação das Políticas Sociais regidas pelo Estado se
constituem nas possibilidades de inserção nos espaços-sócio-ocupacionais da profissão.
A pesquisa desvelou que entre os inseridos em espaços sócio-ocupacionais do/a
Assistente Social e dos não inseridos nos espaços da profissão há uma disparidade nos ganhos
salariais, sendo que a média salarial dos profissionais do Serviço Social é superior à dos
egressos/ sujeitos que atuam em áreas não específicas do Assistente Social, conforme
apresentados no Quadro 4 do Apêndice A. Embora identificamos sujeitos não inseridos em
espaços da profissão, com média salarial superior aos salários ofertados para a categoria.
Entretanto, salientamos que a categoria do Serviço Social ainda não tem um piso
salarial, mas há um Projeto de Lei n. 5.278/2009 que propôs um piso salarial de R$ 3.720,0044
(três mil setecentos e vinte reais), que hoje equivaleria a R$ 7.040, 00 ou seja 8 SM, para uma
jornada de trabalho de 30 (trinta) horas semanais; que aguarda encaminhamentos para se
transformar em lei federal (CFESS, 2016e). Diante disto, constatamos que menos de 12% dos
sujeitos da presente pesquisa que se encontram atuando como Assistentes Sociais recebem
entre 7 a 10 SM; enquanto a maioria recebe de 4 a 6 SM, o que hoje equivale de R$ 3.520,00
a R$ 5.280, 00.
Atualmente, há uma Tabela Referencial de Honorários de Serviço Social, que
determina o valor da hora técnica, fixando o valor mínimo a ser cobrado e serve de parâmetro
para prestação dos serviços profissionais que trabalham sem qualquer vínculo empregatício ou
de natureza assemelhada. De acordo com essa Tabela, válida até agosto de 2017, o valor de
hora técnica corresponde a R$ 125,70 para graduados/as, R$ 141,23 para especialistas, R$
177,98 para mestres/as e R$ 201,21 para doutores/as (CFESS, 2016c).
De acordo com CFESS (2001; 2016c, s.p.), esses valores poderão ser cobrados pelos
profissionais, pois: “[...] é assegurado ao Assistente Social o direito de cobrar na íntegra seus
honorários, respeitadas as normas constantes no Código de Defesa do Consumidor, Código
Civil e outras normas referentes à matéria.”. Todavia, o que se constata é uma condição que
despreza essas recomendações da Tabela de Honorários, pois a pesquisa empírica encontrou
profissional que presta oitos horas semanais, em instituição com certificado filantrópico e sem
vínculo empregatício, recebendo remunerações abaixo de 2 salários mínimos, o que equivale
a menos de R$ 45,00 por hora técnica.
44 Esse piso foi apresentado no dia 25 de maio de 2009 no Projeto de Lei n. 5.278/2009, de autoria da deputada
Alice Portugual do PCdoB/BA, e na época correspondia a 8 SM.
58
Consideramos que, em um processo de luta e forte mobilização da categoria
profissional e do Conjunto CFESS-CRESS, os/as Assistentes Sociais conquistaram o direito
de trinta horas semanais, contemplada na Lei nº 12.317/2010 de 26 de agosto de 2010, o que
representa um avanço na luta por melhores condições de trabalho do/a assistente social
(BOSCHETTI, 2011; CFESS, 2011b). Porém, dos 67 sujeitos pesquisados que atuam como
Assistentes Sociais, 60,66% trabalha 30 horas semanais e 39,4% trabalha 40 horas semanais;
sendo que um sujeito declarou que atua 30 horas como Assistente Social e outras 10 horas
como auxiliar administrativo em instituição com certificado de filantropia; ainda, entre os 67
sujeitos, 1 mencionou trabalhar 8 horas semanais, 2 trabalham 35 horas semanais e 1 trabalha
37 horas semanais
Embora as políticas sociais públicas sejam o fio condutor da atuação profissional,
entendemos que a estabilidade e salários são atrativos para empregos/cargos públicos. A
pesquisa empírica mostra que a grande maioria dos Assistentes Sociais das esferas públicas
contam com plano de cargo, salários e carreira que possibilita ascensão salarial e ganhos
salariais maiores do que os Assistentes Sociais de empresas privadas, Instituições de
economia mista e Instituições de certificado Filantrópico. Ainda, Assistentes Sociais de
setores públicos têm relativa autonomia na viabilização e efetivação de direitos aos usuários
das Políticas Sociais e maiores chances na luta por melhores condições de trabalho – devido à
estabilidade garantida.
O ingresso nas esferas públicas, na maior parte, faz-se por meio de concursos público
e nos últimos anos os concursos têm apresentado altos índices de concorrência. Contudo, é
necessário a defesa de concursos públicos, que se tornam imprescindíveis para a garantia de
Assistentes Sociais em seus espaços, para o enfrentamento das contradições entre capital e
trabalho por meio de Políticas Sociais e públicas, exigindo posicionamento em favor da
equidade e justiça social, o que assegura a universalidade de acesso aos bens e serviços, bem
como sua gestão democrática de acordo com o Código de Ética da profissão, evitando, assim,
o autoritarismo e ações conservadoras e clientelistas, que em nada contribuem na vida dos
usuários. Logo, a categoria deve estar alerta para as intenções de políticas liberais em
vigência, que ameaça a realização de concursos públicos, sob argumento de contenção de
gastos públicos, tal qual como discutimos em páginas anteriores desta pesquisa (CFESS,
2012).
Embora tenha ocorrido uma ampliação do mercado de trabalho devido à implantação
do SUAS a partir de 2005 – demandando pela atuação de Assistentes Sociais nos CRAS,
CREAS, e outros equipamentos e instituições que articulam com o sistema, mencionada por
59
Raichelis (2010) e CFESS (2011a) –, ocorre, simultaneamente, a expansão de curso de
Serviço Social.
De acordo com Iamamoto (2010), no ano de 2006 entre 6 cursos à distância de
graduação em Serviço Social, apenas 1 era ofertado por universidade pública estadual e os
demais eram ofertados por instituições privadas. Atualmente, só no Estado do Paraná,
segundo dados on-line do Ministério da Educação, 50 instituições ofertam o curso de Serviço
Social, dentre estas, 15 ofertam o curso na modalidade de EaD. Constatamos que no Estado
do Paraná somente as instituições privadas têm ofertado o Curso de Serviço Social à
Distância, enquanto a modalidade presencial é ofertada tanto por instituições privadas e
públicas, embora a grande maioria seja instituições privadas. Dessa forma, não se tem como
negar que o capital sempre está atento a toda forma de expansão de seus negócios e lucros.
Assim, a criação, ampliação e diversificação dos espaços para o Assistente social não é
equivalente à oferta de “mão de obra” desses profissionais (BRASIL, 2017a).
Não obstante, Delgado (2013) assinala possibilidades de inserção de Assistentes
Sociais na área da assistência social, na área sociojurídica e na área da saúde – como
aparecem na nossa pesquisa. Ainda, a autora menciona a Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984,
que trata da atuação de no mínimo um Assistente Social em cada estabelecimento penal,
podendo, inclusive, ocupar cargo de diretor/a do estabelecimento. Identificamos, porém, no
relatório de inspeção em estabelecimentos penais do Estado do Paraná do período de 24 e 25
de abril de 2014, a falta de Assistentes sociais em alguns estabelecimentos Penais no Estado
do Paraná e a carência de programas voltados à inserção social de detentos. Segundo o mesmo
relatório, na Cadeia Pública Laudemir Neves de Foz de Iguaçu – mas não é a única –, no ano
de 2014 não havia “[...] Assistentes Sociais, nem local adequado [...] Segundo informações,
um/a profissional de Serviço Social de outra unidade prisional atende, quando possível.[...]”
(CNPCP, 2014, s.p). Notamos a condição de infração de Lei e sobretudo negação de direito
humano e social, que exige uma ação fiscalizadora dos devidos Conselhos, com o intuito de
efetivação da contratação de Assistentes Sociais nesses espaços.
No decorrer da pesquisa citamos a área da saúde como espaço de atuação de
Assistentes Sociais, diante disto consideramos importante destacar que Delgado (2013) afirma
que o Conselho Nacional de Saúde reconhece o Assistente Social também como profissional
da saúde. Entendemos, pois, que as equipes de saúde devem contar com, pelo menos, um
profissional do Serviço Social. Ademais, a autora ressalta que Assistentes Sociais na área da
saúde podem manter até dois vínculos de emprego público:
60
[...] os assistentes sociais (bem como os demais) como profissionais de
saúde, ampliam suas oportunidades de contratação e rendimentos, uma vez
que assim poderão ter dois vínculos públicos de emprego, [...] Entretanto
[...], ao mesmo tempo que amplia as oportunidades de emprego, também
pode contribuir para o aumento da precarização do trabalho destes
profissionais (duplo ou pluriemprego, jornadas excessivas, vínculos
precários, baixos salários, adoecimento etc.) (DELGADO, 2013. p. 140-
141).
Diante de baixos salários ofertados aos Assistentes Sociais, a possibilidade de manter
dois vínculos empregatícios se constitui uma oportunidade de aumentar sua renda, pois, de
acordo com nossa pesquisa, 41,7% dos sujeitos inseridos têm remunerações igual ou
inferiores a 3 SM. A acumulação de dois vínculos para o Assistente Social é possível pois, a
CF de 1984 no artigo 37, inciso XVI, apesar de vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos, permite a exceção no caso de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas, tal como o Serviço Social, desde que haja
compatibilidade de horário e que a carga horária esteja de acordo com a na Lei nº
12.317/2010 de 26 de agosto de 2010, que estabelece 30 horas semanais (BRASIL, 2010;
DELGADO, 2013)).
Contudo, o trabalhador na condição de dois vínculos45 sofrerá um maior desgaste
físico e psíquico. Logo, a luta por melhor salário deve se estabelecer por meio de
estabelecimento de piso salarial que dê conta de satisfazer as necessidades humanas/os
direitos sociais do Assistente Social trabalhador, como alimentação, moradia, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que
preservem o seu poder aquisitivo. Assim, lembramos, que:
Ao longo da evolução do capitalismo, constatou-se que o melhor
instrumento para os trabalhadores evitarem que os salários caiam abaixo do
seu valor é a organização classista e política: quando dispõem de sindicatos
fortes e partidos políticos que os representam, os trabalhadores adquirem
condições para negociar favoravelmente o preço da única mercadoria que
possuem a força de trabalho. E quanto mais cresce o poder de suas lutas e de
suas organizações, mais podem pressionar o Estado [...] para intervir na
regulação dos mínimos salariais [...] (NETTO; BRAZ, 2011, p. 113-114).
Tendo em vista o que foi exposto até aqui, entendemos que as possibilidades de
inserção em espaços próprios ao profissional do Serviço Social estão intimamente vinculadas
às demandas da sociedade, concomitante a expansão de políticas sociais e públicas, que se
45 De acordo com uma pesquisa realizada pelo CFESS/UFAL, em 2005, aproximadamente 11% dos participantes
da pesquisa da ocasião, acumulavam 2 vínculos (CFESS, 2016d).
61
fazem necessárias na atual conjuntura que requer intervenções com o intuito de garantia e
defesa de direitos sociais da classe trabalhadora. Todavia, a mesma conjuntura estrutural que
apresenta possibilidades de inserção profissional limita a inserção do excedente, pois o
desemprego nos dias atuais não se explica por falta de formação, mas como uma
consequência específica e exigida pelo capital.
Sobretudo, a atual conjuntura de redução de investimentos em Políticas Sociais poderá
refletir no encolhimento dos espaços sócio-ocupacionais do Assistente Social, mas não na
demanda para a profissão, acarretando sobrecarga de atividades para profissionais inseridos
em espaços sócio-ocupacionais. Destarte, a ampliação, expansão e diversificação do mercado
de trabalho do Assistente Social está condicionada pelo desenvolvimento do capitalismo
brasileiro e, sobretudo, sob tensão de interesses antagônicos.
Ainda, lembramos que Netto, enfatiza que a razão de existência do Serviço Social tem
sido a “questão social”, e embora o projeto ético-político da profissão direciona-se a um
determinado projeto societário, “[...], ainda está aberto um longo caminho para a profissão
[...] está longe o futuro em que esta profissão vai se esgotar, pelo próprio exaurimento do seu
objeto. ” (NETTO, 2001, p. 49)
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento da pesquisa se constituiu uma atividade bastante envolvente, pois
buscou respostas para indagações sobre as condições no mercado de trabalhado dos egressos
do curso de Serviço Social e procurou apresentar a realidade que envolve os sujeitos da
pesquisa. Dessa forma, o que se buscou foi abordar a realidade que corresponde ao “[...] lugar
dos indivíduos na organização social [...]” (MINAYO, 2010, p. 9). Todavia, essa realidade
que buscamos desvendar se apresentou de forma parcial e provisória (MINAYO, 2014).
A pesquisa realizada por meio de levantamento bibliográfico possibilitou entender que
o Assistente Social se constituí trabalhador assalariado, assemelhando-se aos trabalhadores
improdutivos, tendo como diferencial seu projeto ético político. Realiza, todavia, atividades
dentro de um conjunto de práxis sociais imprescindíveis para a reprodução do capital, que
permite Batista (2014) afirmar que o Serviço Social contribui no preparo da força de trabalho
disponível para o capital, ao mesmo tempo que, por meio de Políticas Sociais compensatórias,
atenua os conflitos cotidianos postos pela conjuntura em curso. Contudo, ele não está livre de
ser atingido por todas as refrações do mundo do trabalho, tais como desemprego, precarização
e tantas outras adversidades que exigem mobilização da categoria para defesa de seus
espaços, conquista de um piso salarial que atenda suas necessidades básicas, sustentação de
direitos sociais e jornada de trabalho de acordo carga horaria estabelecida em lei.
O Assistente Social vivencia todas as condições impostas pela lógica capitalista, tal
como os operários e demais trabalhadores produtivos e improdutivos, assim, de acordo com
Iamamoto (2010), poderá ocorrer a formação de um “exército assistencial de reserva”. Visto
que da amostra de 240 sujeitos, 154, ou seja, 64% não responderam aos questionários que
enviamos, esse quantitativo nos instiga e inquieta em entender: esses sujeitos que não
responderam aos questionários, constituiriam o que Iamamoto (2010) chama de “exército
assistencial de reserva”? Entretanto, considerando que o índice de desemprego no Brasil está
próximo de 12%, o e resultado da pesquisa apresentou um quantitativo relativamente baixo:
em torno de 7%, mas entendemos que esse índice se deve a um quantitativo de sujeitos que
para não ficarem na condição de desempregados se sujeitam ao trabalho informal, tal como
compreende Tavares (2015), e discorremos nas páginas 23 e 47 dessa pesquisa (2015), (IBGE,
2016a).
Ainda, evidenciamos a existência de espaços sócio-ocupacionais, tal como as
instituições penais e espaços sociojurídicos que carecem de contratações de Assistentes
Sociais. Isto reforça a necessidade de realização de concurso públicos, já que a CF de 1988 no
63
capítulo VII, ao tratar da administração pública, estabelece que a investidura em cargo ou
emprego público exige aprovação prévia em concurso público, ressalvadas as nomeações para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Embora recentemente
tenha ocorrido a promulgação da PEC 55, a garantia de realização de concurso público
permanece na redação da Constituição federal. Assim, diante de todos os retrocessos que
estamos vivenciando, a possibilidade de realização de concurso ainda se apresenta como uma
forma ampla e democrática de se conquistar uma vaga no setor público (BRASIL 2016;
CNPCP, 2014)
Destarte, são nos setores públicos que são ofertadas as melhores médias salarias para
Assistentes Sociais. Entendemos, também, que diante da aprovação da lei 12.317/2010 que
trata das 30 horas semanais, é principalmente nos setores públicos, que se deve exigir que isto
seja cumprido – função esta que cabe aos devidos conselhos e movimentos de mobilização da
categoria. Assim, todas as formas de lutas por melhores condições éticas e técnicas devem
estar presentes em todos os espaços de trabalho, e a exigência maior se faz em órgão da
administração pública (BRASIL, 2010).
Diante de possibilidades e limites para a inserção no mercado de trabalho, em um
cenário que ameaça a classe trabalhadora, sobretudo funcionários públicos, a luta contra a
precarização do trabalho requer que se coloque na pauta a defesa dos concursos públicos,
pois, de modo geral, essa forma de contratação inibi contratações ilegais/“cabides de
emprego”, assegurando prestação de serviços públicos com melhor qualidade, principalmente
quando se trata de Políticas Sociais, que são o campo fértil de atuação do Assistente Social.
Ademais, sendo o conflito capital e trabalho o que determina a profissão, esta tem muitos
espaços a conquistar. Contudo, a maior luta no momento atual é pela preservação dos espaços
conquistados, pois a redução nos gastos públicos com Políticas Sociais pode estabelecer uma
estreita relação com eliminação de espaços sócio-ocupacionais públicos de Assistentes
Sociais que têm nas Políticas Sociais os meios de assegurar direitos sociais.
Ao problematizarmos a condição dos egressos do curso de Serviço Social na Unioeste,
no mercado de trabalho, encontramos a resposta ao identificá-los como trabalhadores, que,
igualmente aos demais trabalhadores, produtivos ou improdutivos, dependem unicamente da
venda de sua força de trabalho para manter os meios de subsistência. Entre os 87 sujeitos
participantes da pesquisa, 77% se encontra inserido em espaços sócio-ocupacionais da
profissão, em sua grande maioria em instituições da esfera municipal, atuando principalmente
com políticas da assistência Social, tendo média salarial entre 4 e 6 SM. Contudo, entendemos
que 15% destes, enfrentam condições de precariedade, pela falta de condições técnicas e
64
éticas. Constatamos que 16 % do total dos sujeitos, trabalham em outras atividades, e desses
42% também são funcionários públicos, mas contratados e atuando como: técnicos de
enfermagem, assistente administrativo de prefeitura, agente educacional do Estado do Paraná
e agentes universitário da Unioeste. Entre os motivos citados por não atuarem como
Assistentes Sociais, relataram a estabilidade devido à condição de concursado na função de
nível médio e por seus salários serem superiores aos salários ofertados aos Assistentes
Sociais.
Portanto, essas constatações se apresentam como respostas para a problematização
levantada, que foram possíveis por meio do alcance dos objetivos propostos: 1) identificação
e localização dos egressos do curso de Serviço Social da Unioeste, campus de Toledo, por
meio de dados coletados junto à Secretaria Acadêmica e por meio da formação de grupo
fechado em rede social, 2) mapeamento do mercado de trabalho dos egressos, por meio de
resposta de questionários e complementada por informações encontradas em Portais de
Transparências (ver anexos) e sistematizados no Excel, e 3) a apresentação parcial de
possibilidades e limites para a inserção em espaços sócio-ocupacionais, devido ao baixo
quantitativo de participantes e também pelo tempo inviável diante dos prazos estabelecidos
para a apresentação da presente pesquisa.
O objetivo geral que buscou analisar condições dos egressos do curso de Serviço
Social do período de 2007 a 2015 foi apresentado de forma parcial e provisória, haja vista que
a apreensão da realidade é parcial e sempre provisória. Além disto, no dia a dia encontramos
potenciais sujeitos da presente pesquisa atuando no comércio e tanto outros espaços do
mercado de trabalho, contudo não se dispuseram a participar da pesquisa, deixando uma
lacuna na análise.
Ainda, muitos elementos com estreita relação à problematização proposta não foram
discutidos, tais como a importante relação entre a formação e mercado de trabalho –
embora tenhamos coletado dados por meio do questionário aplicado – que possibilitará
futuras discussões. Ademais, os limites como prazos e número de páginas também
interromperam o processo da pesquisa, portanto essa se apresenta parcial e provisória, que
poderá avançar a partir dos apontamentos e considerações que a banca examinadora possa
apresentar. Esperamos que este trabalho sirva de apoio para as próximas pesquisas que
tenham esse tema sob outro enfoque, ou mesmo avançar na análise.
65
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<http://www.unioeste.br/servicos/arqvirtual/arquivos/2472014-CEPE.pdf>. Acesso em: 22
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UNIOESTE. Manual do Candidato/concurso vestibular 2017. Cascavel, 2016c. Disponível
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profissionais. Brasília, DF: CFESS/ABEPSS, 2009b. p. 143 – 163.
74
APÊNDICES
APÊNDICE A - QUADRO 04 - Comparativo de média salarial: inseridos em espaços sócio-
ocupacionais X não inseridos em espaços sócio-ocupacionais ............................................... 75
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................ 76
APÊNDICE C - Termo de Ciência do Responsável do Campo de Estudo ............................ 78
APÊNDICE D - Termo de Autorização para Coleta de Dados .............................................. 79
APÊNDICE E - Formulário de Questionário Enviados ......................................................... 80
APÊNDICE F - Planilha do Excel utilizada para Sistematização de Dados .......................... 86
APÊNDICE G - Diagrama do universo da pesquisa ............................................................ .87
75
APÊNDICE A
QUADRO 04 - Comparativo de média salarial: inseridos em espaços sócio-ocupacionais X
não inseridos em espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social
Média salarial no mercado de
trabalho
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De
2 à
3 s
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s
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De
4 à
6 s
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imo
s
De
7 à
10 s
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mín
imo
s
Su
per
ior à
10
salá
rios
mín
imo
s
Inseridos em espaços sócio-
ocupacionais do Serviço Social
4,55%
37,88%
43,94%
12,12%
1,52%
Não inseridos em espaços sócio-
ocupacionais do
30,77%
23,08%
23,08%
23, 08%
0%
Fonte: Dados coletados na pesquisa.
76
APÊNCICE B
77
78
APÊNDICE C
79
APÊNDICE D
80
APÊNDICE E
MERCADO TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL: COMO SE DÁ ESSA RELAÇÃO
PARA OS EGRESSOS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UNIOESTE DE
TOLEDO-PR?
Questionário para os Egressos do Curso de Serviço Social
Essa pesquisa será utilizada para Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que visa
compreender qual a situação dos egressos do curso de serviço social, formados entre os
anos 2007 a 2015.
Pesquisadora responsável: India Nara Smaha
Pesquisadora Acadêmica: Cristina I. Y. Muniz
1. Embora o resultado seja sigiloso, para sistematização precisamos saber quem
preencheu os questionários.
NOME:
* 2. Cidade de residência
3. Por que escolheu o curso de Serviço Social? (pode marcar mais de uma alternativa)
por ser ofertado por universidade pública.
por maior probabilidade de inserção no mercado de trabalho.
Influência de um profissional do Serviço Social / Assistente Social.
Influência da família.
por falta de opção.
por convicção / afinidade com a profissão.
teste vocacional.
avaliou a concorrência no vestibular.
Outro (especifique)
4. Atualmente escolheria fazer o curso de Serviço Social?
Sim
Nao
Se não, qual curso escolheria?
81
5. Após a graduação em serviço social realizou outro curso de graduação?
Não
Sim
Qual? Especifique
6. Após a Graduação em Serviço Social realizou pós-graduação? Especifique a área
Nenhuma
Especialização
Mestrado
Doutorado
Em que área?
Questões somente para sujeitos que exercem a profissão do Serviço Social. Se não exerce
pular para questão 19
7. Quanto tempo depois de formado/a levou para se inserir em espaço sócio-ocupacional
do assistente social?
menos de 6 meses
de 7 meses à 1 ano
de 1 ano à 2 anos
mais de 2 anos
8. Quantos concursos públicos para Assistente Social realizou?
Nenhum concurso
1 concurso
2 a 5 concursos
mais de 5 concursos
9. Desde que se formou, quantos empregos como assistente social teve?
esse foi o primeiro e único
2 empregos
3 empregos
mais de 3 empregos
10. O espaço sócio-ocupacional da profissão em que atua, se caracteriza em:
Instituição pública municipal
Instituição pública Estadual
Instituição pública Federal
82
Privada
Filantrópica
Mista
Cooperativa
ONG; OSCIP
Outro (especifique)
11. Qual a forma de contratação?
Concurso público
Contrato temporário
Cargo de confiança
CLT
Prestação de serviços, sem vínculo empregatício
Outras. Qual?
12. Qual a média salarial?
abaixo de 2 salários mínimos
de 2 à 3 salários mínimos
de 4 à 6 salários mínimo
de 7 à 10 salários mínimos
mais de 10 salários mínimos
13. Qual a carga horaria semanal?
30H
40H
44H
Outro (especifique)
14. Quais são as garantias proporcionada por meio do seu emprego /ou atividade que
exerce atualmente (assinalar quantas questões achar necessário).
Estabilidade (estatutário)
Previdência social ou caixa previdenciária
Fundo de Garantia FGTS (CLT)
Plano de saúde
Auxílio ou bolsas para educação
83
Auxílio alimentação
Possiblidade de ascensão salarial / Plano de cargo e carreira
Outro (especifique)
15. Há quanto tempo está nesse espaço sócio-ocupacional?
16. Qual a área atua no seu cotidiano profissional? (Assinale quantas achar necessário)
Assistência Social
Saúde
Previdência Social
Educação
Habitação
Trabalho e emprego/RH
Politicas para Idoso
Politicas para mulheres
Politicas para crianças e adolescentes
Judiciário
Outros (especifique)
17. No espaço sócio-ocupacional, dispõe de condições técnicas e éticas para exercer as
atribuições privativas do Assistente Social?
Sim
Não
18. Quais fatores interferem na inserção em espaços-sócio ocupacionais do Assistente
Social?
Alta concorrência em concursos
Impossibilidade para mudar de município
Poucas vagas
Falta de experiência
Falta de especialização
Outro (especifique)
Questões somente para sujeitos que NÃO exercem a profissão de Serviço Social
19. Quantos concursos públicos para Assistente Social realizou?
Nenhum concurso
84
1 concurso
2 a 5 concursos
mais de 5 concursos
20. Qual o motivo de hoje não atuar na profissão de Serviço Social? (você poderá marcar
quantas questões achar necessário).
tentou concurso, mas não foi aprovado/a
tentou concurso, mas não foi convocado/a.
enviou currículo, e ou realizou entrevistas porém sem êxito
não se sujeita a mudança de cidade
não se identificou com a profissão.
considera baixo, os salários ofertados.
a atividade que exerce atualmente lhe confere um salário maior
a atividade que exerce atualmente lhe confere estabilidade.
Outro (especifique)
21. Qual atividade desenvolve atualmente?
emprego público de nível médio
emprego público de nível superior
atua no comércio ou indústria
trabalha como autônomo
tem empresa ou trabalha em empresa da família
desempregado
Outro (especifique)
22. Qual a sua média salarial?
abaixo de 2 salários mínimos
de 2 à 3 salários mínimos
de 4 à 6 salários mínimo
de 7 à 10 salários mínimos
mais de 10 salários mínimos
23. Qual a carga horaria semanal?
30H
40H
44H
85
Outro (especifique)
24. Quais são as garantias proporcionada por meio do seu emprego / ou atividade que
exerce atualmente (assinalar quantas questões achar necessário).
estabilidade (estatutário)
previdência social ou caixa previdenciária
Fundo de Garantia FGTS (CLT)
Plano de saúde
possiblidade de ascenção salarial / Plano de cargo e carreira
auxilio ou bolsas para educação
auxilio alimentação.
Outro (especifique)
25. Gostaria de atuar como Assistente Social?
Sim
Não
26. Quais fatores interferem na inserção em espaços-sócio ocupacionais do Assistente
Social?
alta concorrência em concursos
impossibilidade para mudar de município
Poucas vagas
falta de experiência
falta de especialização
Outro (especifique)
27. Termo de Consentimento e Livre Esclarecimento ASSINADO
Por favor leia o termo antes de enviar
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86
APÊNDICE F P
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87
APÊNDICE G
720 Egressos formados do curso de
Serviço Social da Unioeste de 1990 a 2015
254 Egressos formados do curso de Serviço Social da
Unioeste de 2007 a 2015
240 sujeitos selecionados como amostra delimitada, tendo como corte o PPP
2003
237 egressos localizados
87 sujeitos responderam aos questionários
67 sujeitos
inseridos em
espaços
sócio-
ocupacionais
da profissão
6 sujeitos
são
funcionários
públicos
concursados,
em outras
funções e
cargos
6 sujeitos se
encontram na
condição de
desempregados
5 sujeitos
trabalham
no comércio ou em indústrias
2 sujeitos
trabalham
como autônomos
1 sujeito
trabalha
em
empresa
da família
88
ANEXOS
ANEXO A - Proposta de Emenda Constitucional n. 55 de 2016............................................ 89
ANEXO B - FIGURA 1 - Portal da Transparência do Estado do Paraná para consulta de
remuneração de servidores públicos estadual .......................................................................... 90
ANEXO C - FIGURA 2 - Portal da Transparência do Governo Federal para consulta da
remuneração dos servidores públicos federais do Poder Executivo ........................................ 91
ANEXO D - FIGURA 3 - Portal da Transparência do Município de Toledo-PR, para consulta
da remuneração dos servidores públicos municipais ............................................................... 92
ANEXO E - FIGURA 4 - Serviços on-line para consulta de lista de inscritos nos CRESS... 93
ANEXO F - FIGURA 5 - Portal da Transparência do Tribunal de Justiça -PR, para consulta
da dos servidores ...................................................................................................................... 94
ANEXO G - FIGURA 6 - Portal da Transparência do Ministério Público do Estado do
Paraná, para consulta da remuneração dos servidores .............................................................. 95
ANEXO H - FIGURA 7 - Portal da Transparência da Defensoria Pública do Estado do
Paraná, para consulta da remuneração dos servidores ............................................................. 96
89
ANEXO A
Proposta da Emenda Constitucional n. 55 de 2016
90
ANEXO B
FIGURA 1 - Portal da Transparência do Estado do Paraná para consulta de remuneração de
servidores públicos estadual.
Fonte: PARANÁ, 2017a.
Nota: Print Screen da tela de consulta do Portal da Transparência do Governo do Estado do Paraná
91
ANEXO C
FIGURA 2 - Portal da Transparência do Governo Federal para consulta da remuneração dos
servidores públicos federais do Poder Executivo.
Fonte: BRASIL, 2017b.
Nota: Print Screen da tela de consulta do Portal da Transparência do Governo Federal
92
ANEXO D
FIGURA 3 - Portal da Transparência do Município de Toledo-PR, para consulta da
remuneração dos servidores públicos municipais
Fonte: TOLEDO, 2016.
Nota: Print Screen da tela de consulta do Portal da Transparência do Governo Municipal de Toledo-PR
93
ANEXO E
FIGURA 4 - Serviços on-line para consulta de lista de inscritos nos CRESS
Fonte: CFESS, 2016.
Nota: Print Screen da tela de consulta do Serviço on-line do CFESS.
94
ANEXO F
FIGURA 5 - Portal da Transparência do Tribunal de Justiça -PR, para consulta da
remuneração dos servidores
Fonte: PARANÁ, 2017d.
Nota: Print Screen da tela de consulta do Portal da Transparência do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.
95
ANEXO G
FIGURA 6 - Portal da Transparência do Ministério Público do Estado do Paraná, para
consulta da remuneração dos servidores
Fonte: PARANÁ, 2017c.
Nota: Print Screen da tela de consulta do Portal da Transparência do Ministério Público do Estado do Paraná.
96
ANEXO H
FIGURA 7 - Portal da Transparência da Defensoria Pública do Estado do Paraná, para
consulta da remuneração dos servidores.
Fonte: PARANÁ, 2017b.
Nota: Print Screen da tela de consulta do Portal da Transparência da Defensoria Pública do Estado do Paraná.