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SERVIÇO SOCIAL
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JÉSSICA FERNANDA MOTTA
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS JOVENS-ADOLESCENTES: UM ESTUDO
SOBRE A PERCEPÇÃO DE PARTICIPANTES DO PROJOVEM ADOLESCENTE
EM TOLEDO-PR
____________________________________________________ TOLEDO-PR
2017
JÉSSICA FERNANDA MOTTA
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS JOVENS-ADOLESCENTES: UM ESTUDO
SOBRE A PERCEPÇÃO DE PARTICIPANTES DO PROJOVEM ADOLESCENTE
EM TOLEDO-PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito
parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço
Social.
Orientadora: Profa. Dra. Zelimar Soares Bidarra
TOLEDO
2017
JÉSSICA FERNANDA MOTTA
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS JOVENS-ADOLESCENTES: UM ESTUDO
SOBRE A PERCEPÇÃO DE PARTICIPANTES DO PROJOVEM ADOLESCENTE
EM TOLEDO-PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito
parcial à obtenção do grau de Bacharel em
Serviço Social.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Orientadora – Profa. Dra. Zelimar Soares Bidarra
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________
Profa. Dra. Diuslene Rodrigues da Silva
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________
Profa. Dra. Eugenia Aparecida Cesconeto
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo, 13 de dezembro de 2017.
Dedico àqueles que sempre estiveram comigo,
mesmo eu estando ausente. E àqueles que
partiram antes da conclusão dessa etapa da
minha vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente eu gostaria de agradecer a toda a minha família que sempre me apoiou,
que por muitas vezes não entendiam o motivo de tanta solidão, de tanta rebeldia, de tantas
brigas por opiniões que foram sendo lapidadas durante esses quatro anos de formação, mas
mesmo assim, continuaram me amando e me apoiando.
Agradeço imensamente a minha mãe, Fatima, por sempre acreditar em mim. Das
diversas vezes que me disse “Você é capaz, minha filha!”, “Você é inteligente” “Calma, é só
uma fase. As coisas irão melhorar”. Agradeço por todos os ensinamentos e principalmente
pelo amor incondicional que sempre me motivou a seguir em frente. Quando eu desacreditei
em mim, minha mãe estava ao meu lado, e não me deixou desistir. Minha mãe sempre foi
carinhosa e nunca me abandonou, quando eu precisei dela, sempre esteve comigo, e eu nunca
esquecerei disso. Obrigada “mamis linda”!
Agradeço também ao meu pai, Rouvan, por ser um pai rígido, que me ensinou desde
pequena a ser estudiosa. Lembro da célebre frase “Primeiro a obrigação, depois a diversão”.
Confesso que essa frase me deixa até hoje um pouco paranóica, mas essa lição eu carrego por
toda vida. Obrigada meu pai!
Agradeço ao meu eterno namorado, meu companheiro, meu “noivarido”, Marcus, que
sempre esteve ao meu lado, que me ajudou como pôde, me garantindo meios para eu
continuar estudando. Que por várias e várias vezes, chorando em desespero pela pressão de
ser acadêmica, simplesmente me colocava em seu peito e me acalmava dizendo “Falta tão
pouco, você não pode desistir”. Por várias vezes eu pensei em desistir e por várias vezes ele
estava ali me fortalecendo para seguir em frente. Obrigada meu amor!
Agradeço as minhas irmãs, especialmente a mais velha, Rafaela, que sempre me
animou para continuar, dizendo palavras doces. Eu sei que muitas vezes te amedrontei com o
tanto de conteúdos a serem estudados e o esforço que se deve ter para garantir uma formação
de qualidade. Eu sei também que queria que eu deixasse tudo para lá e simplesmente te
ouvisse, que eu tivesse tempo para você. Vou compensar esse tempo, maninha!
Agradeço ao meu padrasto, Eloy e a minha madrasta, Eliane que me apoiaram nessa
árdua trajetória. O fato de me incentivaram a continuar em frente e não se lamentar pelos
sofrimentos, me fez crescer e amadurecer para a vida. Obrigada pelo carinho!
Agradeço a minha querida amiga, a minha maninha que nasceu de uma barriga
diferente, mas é minha família. Obrigada Débora, por entender que não te esqueci, apenas me
tornei uma acadêmica super atarefada, isso sim! Agradeço por me incentivar a estudar, e me
fazer rir quando eu estava desanimada, com nossos vídeos bobos. Obrigada “miguxa”!
Agradeço também a minha sogra e meu sogro, dona Clarice e senhor Natalino, que
cuidaram de mim como se fosse sua filha. Minha sogra querida me orientou quando estava
indecisa em qual curso optar. Percebo hoje que estava certa e o quanto cresci com a escolha
que fiz. Meus pais de consideração me acolheram em sua casa e sempre me permitiram
estudar. Nunca me esquecerei disso e sempre serei grata pela conquista que vocês me
ajudaram a alcançar.
Agradeço a minha vó, Odete e minha nona, Nelsa, que sempre acreditaram em mim e
me fortaleceram com suas palavras e orações. Sei que sentiram minha falta, durante esses
quatros anos de dedicação ao ensino superior, principalmente, no último, mas sei também o
quanto estão felizes por me ver vencer. Meu vô Osvaldo, meu nono, Alberto e meu querido
tio Rudi, eu sei que torceram por mim no Céu. Obrigada por ser serem meus anjos!
Nesse TCC, não poderia deixar de agradecer minha querida orientadora Profa.
Zelimar. No primeiro contato que tive, ela veio com um discurso dizendo que não era amiga
da nossa turma. De fato, ela não foi nossa amiga, ela foi a melhor docente que tivemos no
curso. Com as orientações de TCC pude perceber o quão compreensiva é. Apesar das
dificuldades pessoais e acadêmicas (que não foram poucas), com sua sabedoria pode fazer o
seu papel brilhantemente que foi o de me orientar. Obrigada, não esquecerei jamais dos
aprendizados, dos puxões de orelha e das correções em que faltavam espaços para tantas
observações. Sou grata por ter me orientado, seus ensinamentos levarei para minha vida
pessoal e profissional. Obrigada por ter me orientado e me acalmado durante esse processo de
aprendizado.
Agradeço também a Profa. Diuslene e Profa. Eugenia por aceitarem participar como
arguidoras da minha banca examinadora para defesa desse TCC. E também agradeço a Profa.
India Nara que durante as aulas me auxiliou para a construção desse trabalho e me emprestou,
diversas vezes, seu notebook. Aos professores que lecionaram aula a mim, meu muito
obrigada também.
Não poderia deixar de agradecer, a minha supervisora de estágio, a Assistente Social
Isabel, que me orientou durante esses dois anos, dispondo de diversas horas para me ensinar e
que também me proporcionou ter um contato maior com os sujeitos do meu TCC, isto, é, com
os adolescentes do ProJovem Adolescente do período vespertino. Eu também agradeço aos
adolescentes que aceitaram participar da minha pesquisa, me auxiliando para a construção
desse trabalho, e me ensinaram muito.
Finalmente, gostaria de agradecer minha turma de Serviço Social, e, principalmente,
as minhas colegas Daiane, Adriele e Raíssa, que foram minhas companheiras de caminhada.
Eu tenho um carinho muito especial para com essas meninas que estão comigo há quatro anos
e sempre me deram “uma mão” quando precisei! Obrigada gatas sociais!
Mencionei algumas pessoas, as mais marcantes, mas existem outras que fizeram parte
dessa caminhada, e eu sou grata por fazerem parte da minha vida!
Obrigada pessoas queridas, vocês fazem parte da minha conquista!
MOTTA, Jéssica Fernanda. Direitos fundamentais dos jovens-adolescentes: um estudo
sobre a percepção de participantes do ProJovem Adolescente em Toledo-PR. Trabalho de
Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus Toledo, 2017.
RESUMO
A construção dos direitos dos adolescentes está sujeita a avanços e retrocessos, no qual,
muitas vezes, os próprios adolescentes têm dificuldades em se identificarem como sujeitos
portadores de direitos, e, comumente desconhecem as leis que os favorecem. Nesse sentido, o
presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem por objetivo identificar quais as
percepções de adolescentes participantes do Programa ProJovem Adolescente, do Centro de
Referência de Assistência Social - (CRAS V), do município de Toledo-PR em relação aos
direitos fundamentais garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e Estatuto da
Juventude. O interesse pelo tema surgiu através do Estágio Supervisionado em Serviço Social
I e II, o qual é realizado no CRAS V, em que houve contato com o Programa ProJovem
Adolescente. O processo de construção deste TCC se deu por meio da pesquisa bibliográfica,
da documental e de campo, em que se utilizou como metodologia a análise qualitativa. A
pesquisa bibliográfica buscou aproximação com o tema abordado e para a construção do
referencial teórico que norteou a investigação. A pesquisa documental se deu através da
organização e sistematização de dados dos documentos de registro das atividades e oficinas,
realizadas pelos adolescentes do ProJovem Adolescente do CRAS V. Para a pesquisa de
campo, se utilizou a técnica de entrevista, em que os sujeitos que aceitaram participar da
investigação, mediante a autorização dos pais ou responsáveis, responderam à perguntas
abertas e fechadas contidas em um questionário semiestruturado. Para a realização deste TCC
foram preservadas a integridade e identidade dos sujeitos, respeitando os princípios do
Código de Ética do/a Assistente Social e as demais deliberações do Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP). Em tal sentido, esse TCC é uma contribuição à comunidade acadêmica, e,
consequentemente, à formação do profissional Assistente Social, pois após um levantamento
de trabalhos acadêmicos do curso de Serviço Social, não foi encontrado discussões acerca do
tema abordado, o que indica que há um vasto campo de investigação sobre a temática aqui
exposta.
Palavras-Chaves:Direitos Fundamentais; Adolescentes; ProJovem Adolescente.
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
ADS Assistente em Desenvolvimento Social
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CRAS V Centro de Referência de Assistência Social – região V
E. F. Ensino Fundamental
E. M. Ensino Médio
EJA Educação de Jovens e Adultos
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PAIF Proteção e Atendimento Integral à Família
PNAS Política Nacional de Assistência Social
SBP Sociedade Brasileira de Pediatria
SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SINAJUVE Sistema Nacional de Juventude
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SUS Sistema Único de Saúde
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9
1 DIREITOS DOS JOVENS-ADOLESCENTES EM QUESTÃO .................................... 11
1.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE OS DIREITOS DOS ADOLESCENTES NO
BRASIL .................................................................................................................................... 12
1.1.1 Estatuto da Criança e do Adolescente.......................................................................... 13
1.1.2 Estatuto da Juventude ................................................................................................... 15
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA JOVENS-ADOLESCENTES ........................................ 18
1.3 CARACTERIZANDO O PROGRAMA PROJOVEM ADOLESCENTE ........................ 21
1.3.1 Contextualização do Programa ProJovem Adolescente no Município de Toledo-PR
.................................................................................................................................................. 23
2 DIREITOS A PARTIR DAS PERCEPÇÕES DOS JOVENS-ADOLESCENTES ....... 29
2.1 OS SUJEITOS ADOLESCENTES E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE DIREITOS........... 31
2.2 O PROGRAMA PROJOVEM ADOLESCENTE E A CONSTRUÇÃO DO IDEÁRIO DE
DIREITOS ................................................................................................................................ 40
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 48
APÊNDICES ........................................................................................................................... 51
ANEXOS.................................................................................................................................. 57
9
INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) busca identificar a percepção de
adolescentes participantes do Programa ProJovem Adolescente do Centro de Referência de
Assistência Social – região V (CRAS V), em relação aos direitos fundamentais previstos no
Estatuto da Criança e do Adolescente e no Estatuto da Juventude.
O interesse pelo tema surgiu devido à necessidade própria de melhores
esclarecimentos quanto ao tema, visto que houve contato com o Programa ProJovem
Adolescente, através da realização do Estágio Supervisionado I e II do curso de Serviço
Social na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Toledo, o qual
é realizado no CRAS V, localizado no Jardim Santa Clara IV, neste mesmo município.
Nesse sentido, a partir de experiências de realização de atividades com os referidos
adolescentes, verificou-se a importância de tratar sobre formas de percepção dos direitos
fundamentais dos mesmos, visto que as pessoas dessa faixa-etária estão em processo de
construção e afirmação de valores, da constituição do ser social, se preparando e
desenvolvendo-se para a vida adulta.
Apesar dos diversos obstáculos, tais como a defasagem escolar, pobreza, falta de
habitação apropriada, condenação de comunidades, entre outros, que os distanciam cada vez
mais de seus direitos, vale salientar a necessidade de preparar esse indivíduo para a superação
dessa condição, sendo imprescindível, nesse processo, o reconhecimento dos próprios
adolescentes como sujeitos portadores de direitos. Nesse aspecto, é importante desmistificar
ideias do senso comum de cunho preconceituoso contra os adolescentes que se encontram nas
circunstâncias mencionadas, voltando-se a atender as necessidades sociais que os mesmos
apresentam decorrentes dos processos de exclusão e/ou falta de acesso aos seus direitos.
Assim sendo, para a construção do primeiro capítulo deste TCC, utilizou-se da
pesquisa bibliográfica. Esse processo de investigação propiciou aproximação com o tema
estudado e construção do referencial teórico que norteou a investigação. O primeiro capítulo
apresenta as categorias centrais que permeiam este TCC, sendo estas: direito, direitos
fundamentais e adolescentes. Após a explanação dessas categorias, buscou-se fazer uma breve
contextualização dos direitos dos adolescentes no Brasil, abordando o Estatuto da Criança do
e Adolescente e o Estatuto da Juventude. Em sequência, discorreu-se sobre a importância das
políticas públicas para jovens-adolescentes como parte do processo de identificação e garantia
desses direitos. Finalmente, foi realizada uma contextualização do Programa ProJovem
Adolescente, abordando este também, em âmbito municipal.
10
O segundo capítulo foi desenvolvido a partir da pesquisa documental e de campo, em
que a metodologia utilizada foi a análise qualitativa. A pesquisa documental se processou
através da organização e sistematização de dados dos documentos de registro das atividades e
oficinas, realizadas pelos adolescentes do ProJovem Adolescente do CRAS V. Para a pesquisa
de campo, o instrumento utilizado foi a Entrevista, em que os sujeitos que aceitaram participar
da investigação, mediante a autorização dos pais ou responsáveis, responderam à perguntas
abertas e fechadas contidas em um questionário semiestruturado, no qual, a análise de
conteúdo das respostas dos entrevistados foram utilizadas para auxiliar no desenvolvimento
da pesquisa1. Assim sendo, a análise utilizada para os dados sistematizados foi a de conteúdo,
apresentando uma breve investigação sobre percepção dos jovens-adolescentes a respeito de
direitos fundamentais, com discussão dos resultados obtidos a partir das entrevistas com os
adolescentes, posteriormente, apresenta-se a discussão sobre o Programa ProJovem
Adolescente enquanto direito dos entrevistados.
Nesse aspecto, este TCC poderá contribuir para a comunidade acadêmica, e,
consequentemente, à formação do profissional Assistente Social, pois, após um levantamento
de trabalhos acadêmicos do curso de Serviço Social, campus de Toledo-PR, não foi
encontrado discussões acerca do tema abordado.
1Em ambos os casos, foram preservados a integridade e identidade dos sujeitos, respeitando os princípios do
Código de Ética do/a Assistente Social e as demais deliberações do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
11
1 DIREITOS DOS JOVENS-ADOLESCENTES EM QUESTÃO
O primeiro passo para se desenvolver o presente Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) é entender as categorias que norteiam o mesmo. Em tal sentido, serão abordadas as
categorias: direitos, direitos fundamentais e adolescentes.
A palavra Direito, de acordo com as definições do dicionário jurídico, pode ser
interpretada como: “faculdade legal de praticar um ato, prerrogativa” (ACQUAVIVA, 2013,
p. 9). Em outra consulta, o termo se refere:
[...] ao conjunto de normas jurídicas vigentes em um país [...]. É aquilo que é
justo, reto e conforme a lei. É ainda uma regalia, um privilégio,
uma prerrogativa. A ciência do direito é um ramo das ciências sociais que
estuda as normas obrigatórias que controlam as relações dos indivíduos em
uma sociedade. [...] Para alguns autores, é um sinal de organização de uma
determinada sociedade, porque indica a recepção de valores e aponta para a
dignidade do ser humano [...] (COSTA; AQUAROLI, 2006, p. 26).
Assim sendo, ao termo Direito, quando acrescido da palavra “fundamental”, se refere
ao direito que possui extrema relevância. Logo, os Direitos Fundamentais garantidos às
crianças e aos adolescentes pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e Estatuto da Juventude
são básicos. Ratificá-los via legislação como Constituição Federal é um modo de reafirmar
compromissos da família, da sociedade e do Estado para com as circunstâncias em que podem
não estar sendo atendidos.
Para os objetivos deste TCC, entende-se que não se pode falar sobre os direitos
fundamentais dos adolescentes, sem o entendimento do significado e conceito de
adolescência.
Nesse sentido, ao buscar o significado da palavra “adolescência”, pode-se encontrar
algumas definições elaboradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Ministério
da Saúde (MS) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que a definem a partir de um
recorte etário, período que se estende dos 10 aos 19 anos de idade (EISENSTEIN, 2005).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90 e atualizações), por sua vez,
define adolescência como o período compreendido entre os 12 e os 18 anos de idade.
Também, baseando-se em documentos legais, afirma-se que o adolescente é o indivíduo em
estado de desenvolvimento, para o qual é determinante o usufruto de direitos e de condições
de vida, de educação, de socialização, de inclusão social, com vistas ao desenvolvimento
pleno.
12
O adolescente é considerado vulnerável por pertencer a “[...] um grupo social que se
encontra em fase de importantes transformações biológicas e mentais, articuladas a um
redimensionamento de identidades e de papéis sociais [...]” (AYRES; FRANÇA JR., 1996,
p.68). Por isso, neste momento, é essencial que os pais, a escola e a sociedade possam
colaborar na formação, na autonomia, na aquisição de valores, competências e,
principalmente, na identidade.
Assim sendo, a reflexão sobre direito e adolescência, fundamenta a ideia central desta
pesquisa, delimitada pelo problema, de buscar identificar como são percebidos por
adolescentes participantes do Programa ProJovem Adolescente do Centro de Referência de
Assistência Social - região V, de Toledo-PR os direitos assegurados pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente e Estatuto da Juventude.
1.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE OS DIREITOS DOS ADOLESCENTES NO
BRASIL
Durante muito tempo o direito da criança e do adolescente foi negligenciado e não se
tinha consideração especial para com aqueles que seriam o futuro de nossa sociedade.
No Brasil, a ideia de proteção e sentimento em relação à criança e ao adolescente não
existia. Confundiam-se os sujeitos mencionados com adultos, em que partilhavam de
trabalhos e jogos, na qual, as crianças e os adolescentes, detinham as piores condições de
trabalhos, que faziam mal à saúde e ao corpo (CURY; GARRIDO; MARÇURA, 2002).
Diante da conjuntura social de redemocratização do País pós-período ditatorial, a
organização popular passou articular-se na luta pela garantia de direitos. Surgiu um amplo
movimento social em favor das crianças e adolescentes que desencadeou o processo de
reivindicação dos direitos de cidadania das pessoas pertencentes a esse grupo etário.
Só a partir de 1978 o movimento de proteção à criança ganhou visibilidade com a
notoriedade alcançada no Ano Internacional da Criança (1979). Na década de 80, a noção de
irregularidade para com os direitos de crianças e adolescentes começou a ser questionada, na
medida em que as informações sobre a problemática da infância e adolescência passaram a ser
produzidas e a circular com maior intensidade. Nessa época, a Organização das Nações
Unidas (ONU) fez pressão sobre os países membros, para a promoção dos direitos de crianças
e adolescentes (FIRMO, 2005).
A declaração e garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes em nosso País, se
posicionou como uma das lutas traçadas entre as diversas lutas sociais que já aconteceram ao
13
longo da história. Criaram-se alianças em favor desses direitos, culminando com uma
legislação social e política pública. A cidadania da criança e do adolescente foi incorporada
em função da luta dos movimentos sociais no bojo de elaboração da Constituição Federal de
1988.
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, crianças e adolescentes
passaram a ser considerados como sujeitos de direitos, dignos de proteção, sendo apontada
como um avanço muito grande para a garantia de direitos (FIRMO, 2005). Destaca-se que, em
todos os parágrafos contemplados pela referida legislação, a criança e o adolescente têm
direito à proteção integral e prioritária por serem pessoas em desenvolvimento.
O artigo 227 da legislação mencionada especifica a relação entre direitos fundamentais
garantidos para as crianças, adolescentes e jovens, e os responsáveis diretos pela oferta e
execução das medidas que atendam às necessidades dos mesmos. O artigo contém a
afirmação sobre o dever da família, da sociedade e do Estado, respectivamente, para com a
garantia dos direitos e considera que as lacunas sejam cobertas pelos serviços das políticas
públicas executadas pelo Estado. Outro aspecto relevante é a noção de prioridade das
crianças, adolescentes e jovens no que diz respeito à agenda de tais políticas públicas.
Para a melhor realização do espírito do artigo 227 em 13 de julho de 1990 foi
aprovada a Lei Federal de n° 8.069, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente,
o qual será abordado com mais detalhes a seguir.
1.1.1 Estatuto da Criança e do Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente é um conjunto de Leis, que garantem
oportunidades para que crianças e adolescentes cresçam com liberdade e respeito. O Estatuto
foi aprovado, buscando mudar a realidade deplorável em que crianças e adolescentes se
encontravam, com vistas a garantir os direitos daqueles que anteriormente viviam sem
nenhuma perspectiva futura, sendo considerado um marco na defesa dos direitos da criança e
do adolescente brasileiro (FIRMO 2005).
O Estatuto define que a pessoa de até doze anos de idade incompletos é criança e entre
doze e dezoito anos de idade é adolescente, garantindo a todos dessas faixas etárias direitos à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, sendo estes, os direitos
basilares das crianças e dos adolescentes. O Estatuto apresenta também questões de políticas
14
de atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre outras providências,
como base da política de atendimento dos direitos das crianças e dos adolescentes quando
estão sob alguma situação de risco (CURY; GARRIDO; MARÇURA, 2002).
Com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, surgiu um novo paradigma
jurídico político, administrativo e social, em que essa Lei traz em cerne e, como premissa
fundamental, a proteção integral a todas as crianças e adolescentes. Ou seja, independente de
raça, credo, religião, condição econômica ou social, todas as crianças e adolescentes
receberam a proteção, o cuidado e a promoção de direitos pelo Estado (BRASIL, 2017).
O Estatuto ao se tratar de desenvolvimento, estabelece que a criança e adolescente
são pessoas em condição de desenvolvimento, pois ainda não desenvolveram
completamente sua personalidade, estando ainda em processo de formação, sob os
aspectos físico, psíquico, moral, social e em formação de caráter (RABELO; VIEGAS, 2017).
As crianças e os adolescentes são sujeitos de direitos, que se encontram em fase de
desenvolvimento, nesse sentido, é necessário promover e proteger esses direitos por meio de
leis, resoluções, decretos, e, também, através de instâncias públicas, de órgãos estatais e
entidades sociais.
Em tal contexto, a família, a sociedade e o Estado, respectivamente, estão incumbidos
de fazer com que tais direitos sejam materializados. Entretanto, a mera atribuição de
responsabilidades não garante assistência e, consequentemente, o usufruto de direitos. As
famílias, muitas vezes, reproduzem a ausência histórica desse respaldo. Não raro, a sociedade,
em vários momentos se exime de intervenção social. Desse modo, resta ao Estado assumir
alternativas para garantir tais direitos.
Cabe ao Estado zelar para que as crianças e adolescentes se desenvolvam em
condições sociais que favoreçam a integridade física, liberdade e dignidade, que possibilita os
direitos necessários para que estes tenham condição social de ter um futuro de valor.
Contudo, não se pode atribuir tal responsabilidade apenas a uma suposta
inaplicabilidade do Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez que esses nada mais são
do que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm importância fundamental
no comportamento dos mesmos.
A fim de complementar alguns direitos dos adolescentes que no Estatuto da Criança e
do Adolescente não foram detalhados, em 5 de agosto de 2013 foi sancionada a Lei 12.852,
que institui o Estatuto da Juventude, que será melhor desenvolvido no próximo tópico.
15
1.1.2 Estatuto da Juventude
O Estatuto da Juventude dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes
das políticas públicas de juventude e disciplina o Sistema Nacional de Juventude
(SINAJUVE) (BRASIL, 2013).
Vigorado desde o dia 02 de fevereiro de 2014, para efeitos dessa Lei, são considerados
jovens, as pessoas com idade entre 15 e 29 anos de idade, para os quais são garantidos acesso
a direitos básicos, como justiça, educação, saúde, lazer, transporte público, esporte, liberdade
de expressão e trabalho. Alguns dos princípios do Estatuto são os de promoção da sua
autonomia, valorização da participação social e política, promoção da criatividade, do bem-
estar e do desenvolvimento, respeito à identidade e diversidade e promoção de uma vida
segura e sem discriminação (BRASIL, 2013).
O Estatuto da Juventude dialoga com a Constituição Federal de 1988 no que diz
respeito aos Direitos Fundamentais e com o Estatuto da Criança e do Adolescente,
acrescentando alguns direitos ao grupo etário mencionado que visa proporcionar postura
participativa, autonomia dos sujeitos, oportunizando seguranças e autonomia política.
Práticas que incentivem o protagonismo juvenil são indispensáveis para que o projeto
de nação pautado em igualdade social e cidadania seja bem-sucedido. Logo, reproduzem de
fato o que se firma pela Legislação. Nesse sentido, reconhecesse a necessidade de explanar
sobre os direitos preconizados no Estatuto da Juventude.
A participação é um direito garantido no Estatuto da Juventude, sendo uma grande
conquista afirmada pela juventude brasileira. A essência desse direito consiste no
reconhecimento do jovem como sujeito político, portador de direitos, responsável pela
transformação social (BRASIL, 2013). A garantia desse direito se contrapõe ao discurso do
senso comum, de que a juventude ainda está em processo de formação, não sendo capaz de
emitir opinião e transformar a sociedade.
O segundo aspecto de grande importância e relevância no direito à participação, diz
respeito à construção e compreensão dos espaços políticos, no qual deve haver “diálogos”
entre a sociedade, os governos e os diferentes agentes que constituem as políticas públicas, no
sentido de efetivar ações políticas e programas que sejam coerentes com a realidade da
população jovem. Nesse aspecto, os jovens precisam estar presentes em processos
participativos, no qual, a pluralidade juvenil possa estar cada vez mais consciente desse
direito e atuando para fazer valê-lo (BRASIL, 2013).
A educação é um direito reafirmado pelo Estatuto da Juventude em que jovens têm
16
acesso ao ensino de qualidade e gratuito, a fim de promover autonomia e consolidação da
cidadania. Para aqueles que não concluíram a educação básica, o Estado deve oferecer
programas na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), adaptados às necessidades
dos jovens (BRASIL, 2013).
Além do mais, o Estatuto da Juventude garante o direito à profissionalização, ao
trabalho e à renda, sendo esse direito essencial na construção de autonomia. A partir do
momento em que o jovem tem acesso ao mercado de trabalho e tem renda própria, ele
constrói sua autonomia individual. Outro aspecto importante é a formação profissional e
intelectual continuada, em que o trabalho deve estar em consonância com a continuidade da
formação do jovem, para que ele possa continuar estudando (BRASIL, 2013).
O Estatuto determina e estabelece o direito à diversidade e à igualdade, considerando
que os jovens brasileiros apresentam diversidades de raças, cores, origens, orientação sexual,
opção religiosa, bem como, diversidade de filiação partidária e de ideologia política
(BRASIL, 2013). O Estatuto da Juventude ao reconhecer e afirmar os direitos do jovem
brasileiro, reafirma um direito humano, o direito de convivência pacífica entre toda essa
diversidade.
Vale ressaltar que o Estatuto é a primeira legislação que estabelece e que reconhece o
direito à livre orientação sexual, sendo um avanço muito grande na garantia de direitos, já que
no Brasil os jovens são as principais vítimas de violência, motivada pela orientação sexual
(SEVERO, 2012).
É muito importante o direito à saúde garantida no Estatuto da Juventude, uma vez que,
muitas vezes, o jovem não frequenta os serviços de saúde e não recorre aos serviços de
tratamento e, principalmente, prevenção. É preciso considerar as especificidades e
necessidades dos jovens, investindo em ações articuladas, no trabalho em rede de serviços
públicos, e profissionais que tenha uma linguagem adequada para tratamento dos jovens e
voltada à juventude usuária de drogas, álcool e tabaco (BRASIL, 2013).
O direito à saúde precisa ser garantido, considerando as diretrizes do Sistema Único de
Saúde (SUS), principalmente no que diz respeito à universalidade e à integralidade, com
atenção integral ao jovem, que dispõe do Estatuto da Juventude com uma ferramenta
importante de acesso a seus direitos (BRASIL, 2013).
O Estatuto da Juventude garante também o direito à cultura, para que os jovens
possam ser o principal protagonista da construção do movimento/segmento cultural, tendo em
vista que, de uma forma geral quem produz a cultura, são as pessoas que fazem parte desse
meio (BRASIL, 2013).
17
O Estatuto é uma importante ferramenta para atender as demandas culturais da
juventude, sendo preciso garantir as condições básicas para a juventude de periferia, em que a
cultura, muitas vezes, necessita de estrutura e de qualificação, sendo preciso ampliar o
seguimento cultural que o jovem esteja inserido ou esteja desenvolvendo.
A bandeira da liberdade de expressão é essencialmente jovem, por isso, é muito
importante, garantir no Estatuto o direito à comunicação. É fundamental que se garanta o
acesso e a produção de conteúdo de rádio e televisão, com caráter educativo e cultural, e que a
juventude possa ser representada nesses meios de comunicação, que são concessões públicas
(BRASIL, 2013).
Outro aspecto importante e fundamental que se garante em relação à liberdade de
expressão e direito à comunicação, é o acesso dos jovens às novas tecnologias (BRASIL,
2013). A internet é um grande espaço de interlocução de diálogo e, portanto, o jovem precisa
ser assegurado do acesso a ela. Isso precisa levar em conta a necessidade da ampliação de
ferramentas que abranjam e empoderam a juventude no ponto de vista da cidadania através da
internet. Uma série de medidas precisa ser garantida no âmbito da rede mundial de
computadores, para que o jovem continue a se expressar com cada vez mais liberdade e
autonomia.
Outro direito assegurado ao jovem brasileiro é o direito à práticas esportivas e ao
lazer, sem sofrer nenhum tipo de preconceito e que garantam seu pleno desenvolvimento
(BRASIL, 2013). O jovem tem direito à participação das atividades que tenha mais afinidade
e de acesso a locais comunitários que permitam à práticas esportiva, cultural e de lazer, como
quadras poliesportivas, pistas de skates, praças de lazer, entre outros.
O Estatuto da Juventude representa um avanço por reconhecer o território e a
mobilidade como dimensões fundamentais da cidadania e juventude brasileira (BRASIL,
2013). Entretanto, no Brasil, esse direito está longe de se tornar realidade para a grande parte
da população, principalmente, pelos jovens negros, jovens residentes na periferia e pelos
jovens portadores de deficiência, que enfrentam várias dificuldades no dia a dia, ao tentar
circular livremente, e permanecer nos espaços de acesso público. Nesse sentido, o Estatuto
estabelece, a reserva de vagas para o transporte coletivo interestadual, sendo uma medida
ainda muito restrita e insuficiente, mas que não deixa de ser uma conquista importante.
Para que o direito ao território e a mobilidade sejam efetivados e ampliados é preciso
que a juventude faça pressão, continue mobilizada, e exija do Poder Público para que as ideias
que estão no papel sejam transformadas em políticas públicas concretas que melhorem de fato
a vida cotidiana dos jovens.
18
O Estatuto da Juventude é um marco legal e também extremamente importante para as
políticas ambientais, para as políticas de conservação e preservação do meio ambiente e de
promoção à qualidade e vida (BRASIL, 2013). A juventude precisa ter acesso à informação
sobre as questões ambientais e estímulo à educação ambiental, para promover mudanças de
comportamento na produção e no consumo como uma população economicamente ativa,
como detentores de direitos, portadores de direitos políticos, para acessar as informações para
fazer parte das tomadas de decisões, para que no futuro gozem de um ambiente de melhor
qualidade e com menos degradação ambiental.
Garantir o direito à segurança para a juventude no Estatuto é uma conquista muito
importante, porque viabiliza os jovens a ter outro tratamento por parte das forças de
seguranças, das instituições e de toda a sociedade, embora esse direito já seja um direito
fundamental (BRASIL, 2013). Por falta de percepção dos jovens enquanto sujeito de direitos,
muitas vezes esses direitos são violados.
À medida em que se garante o direito à segurança pública, os jovens passam
protegidos por toda sociedade, a ser considerados pelas instituições como especificidade e
com olhar mais atento. Garantir esse direito é reafirmar a importância do jovem enquanto
sujeito de direitos, ratificando a importância do olhar atento das instituições e da sociedade
para essa juventude.
Os direitos mencionados do Estatuto da Juventude é uma conquista que levou mais de
dez anos para ser aprovada no Congresso Nacional e que hoje garante direitos básicos aos
jovens de todo País. Assim sendo, os jovens precisam reivindicar e efetivar esses direitos, a
fim de desfrutar dos mesmos.
Sendo assim, as políticas públicas foram válidas, pois acarretaram para a sociedade
mais segurança, dignidade e respeito por ter um atendimento e acompanhamento melhor pelo
Estado. Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, parte da população
jovem foi beneficiada. Mas somente com o advento do Estatuto da Juventude, em 2013, é que
toda a juventude foi contemplada, tendo respaldos de seus direitos e garantias individuais.
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA JOVENS-ADOLESCENTES
Foi em meados de 1980 que as políticas públicas para jovens-adolescentes ganharam
maior destaque no Brasil, dado aos esforços de pesquisadores, organismos internacionais,
movimentos juvenis e gestores municipais que consideravam a especificidade da experiência
19
social desta geração de jovens (BRASIL, 2006).
O número de jovens e adolescentes crescia cada vez mais. Verificou-se que,
Em 1995, o número de jovens entre 20 a 24 anos atingiu um contingente de
13 milhões de indivíduos, o equivalente a 8,5% da população total do País.
[...] Adolescentes de 15 a 19 anos somavam 15,7 milhões de pessoas, ou
10,4% da população geral. Como resultado, em 2000 houve um inédito pico
demográfico do número de adolescentes, calculado em cerca de 50 milhões
na faixa etária de 10 a 24 anos, sendo a maior população juvenil registrada
da história demográfica brasileira (OLIVEIRA, 2006, p. 54).
No período que vai de 1995 a 2002, as iniciativas federais na área social foram
demasiadamente pequenas (devido às configurações neoliberais que acarretam na redução da
intervenção do Estado na área social) se comparadas a outros programas e projetos
governamentais (SPOSITO, 2003a). Pois se observou que uma série de
projetos isolados e sem avaliação, configurando a inexistência de um
desenho institucional mínimo que assegure algum tipo de unidade, que nos
permita dizer que caminhamos na direção da consolidação de políticas e
formas democráticas de gestão (SPOSITO, 2003, p. 15).
Entretanto, nesse período, as políticas públicas eram restritas ao universo das pessoas
com até 18 anos. Somente depois de um debate histórico e decisivo é que os direitos foram
concedidos não só a crianças e adolescentes, mas aos jovens também (OLIVEIRA, 2006).
O universo juvenil é complexo e compreende inúmeras especificidades que
precisam de uma atenção especial quando se trata da elaboração e
implementação de políticas públicas. Diante do desafio de inovar essa
concepção, passou-se a reconhecer que a juventude não é única, mas sim
heterogênea, com características distintas que variam de acordo com
aspectos sociais, culturais, econômicos e territoriais. Este novo olhar
inaugurou uma nova concepção de política pública, que considera a
juventude como um segmento social portador de direitos e protagonistas do
desenvolvimento nacional. Essa nova concepção é composta por duas
noções fundamentais: oportunidades e direitos. Oportunidades para adquirir
capacidades, como, acesso à educação e à qualificação profissional e à
cidadania, e também, para utilizar capacidades, como, acesso ao mercado de
trabalho, ao crédito, à renda, aos esportes, ao lazer, à cultura e à terra. Além
de garantia de direitos, como oferta de serviços que garantam a satisfação
das necessidades básicas do jovem e as condições necessárias para
aproveitar as oportunidades disponíveis (BRASIL, 2006, p. 7-8).
As ações e programas do governo buscam ofertar oportunidades e garantir direitos aos
jovens, para que eles possam resgatar a esperança e se envolver com a construção da vida
cidadã no Brasil.
20
As políticas do Estado capitalista podem ser definidas como o conjunto de estratégias
mediante as quais se produzem e reproduzem, constantemente, o acordo e a compatibilidade
entre as determinações estruturais desse Estado. Entretanto, a estratégia geral de ação do
Estado consiste em criar as condições segundo as quais cada cidadão seja incluído nas
relações de troca. Já as políticas sociais do Estado capitalista podem ser definidas como um
caso particular das políticas estatais: são aquelas relações e estratégias organizadas que visam
criar as condições para que os proprietários da força de trabalho sejam incluídos nas relações
de troca (OFFE; LENHARDT, 1984).
Sendo assim, o Estado passa a privilegiar os interesses econômicos em detrimento dos
sociais, consolidando um padrão de intervenção pública, segundo o qual os investimentos na
área social. Para Cohn (2004), os investimentos em setores como saúde e educação, para
aqueles que não estão no mercado de trabalho, no qual, inclui a juventude, passam a ser
objetos de políticas (quando existem) pontuais, segmentadas e não regidas pelo paradigma dos
direitos sociais.
Rua (1998) afirma que as políticas públicas são respostas, e enquanto não há
demandas e pressões sociais, as questões não são pautadas na agenda pública e, por isso, se
mantêm num “estado de coisas”: situações mais ou menos prolongadas de incômodo,
injustiça, insatisfação ou perigo, que atingem de formas diferenciadas amplos grupos da
sociedade sem, contudo, chegar a compor a agenda governamental ou mobilizar as
autoridades políticas. Para que, de fato, se constitua problema político.
Visto que a juventude passou a ser compreendida como fase singular do
desenvolvimento pessoal e social, no qual, os jovens passam a ser considerados sujeitos de
direitos e deixam de ser definidos por suas incompletudes ou desvios. Prevendo políticas
centradas na noção de cidadania, abrindo a possibilidade da consideração dos jovens como
sujeitos integrais, para os quais se fazem necessárias políticas articuladas intersetorialmente
(KRAUSKOPF, 2003).
Havendo um aumento significativo referente à temática dos adolescentes e jovens no
âmbito do governo federal, verificando-se que esse grupo etário também merece atenção,
tanto em estudos, como de Leis. Neste sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente e
Estatuto da Juventude, nos dias atuais, têm ações afirmativas em prol da criança, do
adolescente e do jovem. Contudo, para além do registro escrito em lei e/ou meros discursos
orais em ambientes sociais e comunitários é preciso garantir a materialização desses
benefícios ao público supracitado.
21
É necessário reconhecer os jovens como sujeitos de direitos e promotores e
destinatários de políticas públicas. Identificando a importância do
reconhecimento do papel dos jovens como agentes ativos e autônomos, o
reconhecimento dos seus direitos deve estar alicerçado em uma perspectiva
ampla de garantia de uma vida social plena e de promoção de sua autonomia
(CONJUVE, 2006, p.7).
Por isso, as políticas públicas são elaboradas para garantir outra perspectiva de vida
aos jovens-adolescentes, promovendo a autonomia das suas vidas, através de um leque de
opções que antes não tinham. O Programa ProJovem Adolescente seria um dos direitos que
estes possuem, que contribui para seu desenvolvimento perante a sociedade. Logo mais, será
abordado as leis que regem este Programa, sua importância e o processo de implantação do
ProJovem Adolescente no município de Toledo-PR.
1.3 CARACTERIZANDO O PROGRAMA PROJOVEM ADOLESCENTE
O Programa ProJovem Adolescente integra o campo das ações na área da Política de
Assistência Social, a qual, garante a proteção social básica, que tem por finalidade “prevenir
situações de risco por meio do desenvolvimento […] e o fortalecimento de vínculos familiares
e comunitários, ofertando um conjunto de serviços [..]” para famílias cujos vínculos familiar e
comunitário não foram rompidos. A proteção social básica destina-se à “[...] população que
vive em situação de risco social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário
ou nulo acesso aos serviços públicos) e, ou, fragilização de vínculos afetivos [...]” (BRASIL,
2004, p. 33-34).
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) contempla também a proteção
social especial, que tem por objetivo prover atenções socioassistenciais às famílias e
indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, sendo desenvolvida na
ocorrência “[...] de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de
substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação
de trabalho infantil [...]” (BRASIL, 2004, p. 37).
Devido à delimitação deste TCC, se dará ênfase à proteção social básica, sem deixar
de reconhecer a importância de a mesma se articular com os serviços de proteção especial e
“[...] com as demais políticas públicas locais, de forma a […] superar […] e a prevenir as
situações que indicam risco potencial” (BRASIL, 2004, p. 34-35).
Assim sendo, os serviços de proteção social básica têm caráter preventivo, protetivo e
22
proativo e,
serão executados de forma direta nos Centros de Referência da Assistência
Social – CRAS e em outras unidades básicas e públicas de assistência social,
bem como de forma indireta nas entidades e organizações de assistência
social da área de abrangência dos CRAS. (BRASIL, 2004, p. 35).
A Política Nacional de Assistência Social define o Centro de Referência da
Assistência Social (CRAS), como:
uma unidade pública estatal de base territorial, localizado em áreas de
vulnerabilidade social [...]. Executa serviços de proteção social básica,
organiza e coordena a rede de serviços socioassistenciais locais da política
de assistência social, que atua com famílias e indivíduos em seu contexto
comunitário, visando a orientação e o convívio sócio-familiar e comunitário
(BRASIL, 2004, p. 35).
Os serviços ofertados pelos CRAS’s se dividem em: Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família (PAIF); Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos (SCFV), organizados por faixa etária (crianças, adolescentes, jovens e idosos); e o
Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosos
(BRASIL, 2004, p. 35). Para os efeitos da presente pesquisa, será abordado somente o Serviço
de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), o qual integra o Programa ProJovem
Adolescente.
Os usuários do SCFV são divididos em grupos, considerando as especificidades de
cada faixa-etária: para crianças de até 6 anos de idade; para crianças de 6 a 15 anos; para
adolescentes de 15 a 17 anos; para jovens de 18 a 29 anos; para adultos de 30 a 59 anos e para
idosos a partir dos 60 anos de idade (BRASIL, 2009). O SCFV é realizado para grupos, de
acordo com o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho social com famílias e
prevenir a ocorrência de situações de risco social (BRASIL, 2017b).
O trabalho com os grupos deve ser planejado de forma coletiva, contando com a
participação ativa do Técnico de Referência, dos Orientadores Sociais2 e dos Usuários. Deve
ser organizado de forma a estimular as trocas culturais e o compartilhamento de vivências
para desenvolver com os usuários o sentimento de pertencimento e de identidade. Além de
incentivar a socialização e a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2016).
2 No município de Toledo, é designado Assistente em Desenvolvimento Social quem exerce a função de
Orientador Social, apresentado no Caderno de Orientações – PAIF e SCFV (2016) e nas Orientações Técnicas
Centro de Referência de Assistência Social – CRAS (2009).
23
Para adolescentes de 15 a 17 anos, o SCFV tem o propósito de fortalecer a
convivência familiar e comunitária, e contribuir para o retorno ou a permanência dos
adolescentes na escola. Deve-se projetar atividades que estimulam a convivência social, a
participação cidadã e uma formação geral para o mundo do trabalho (BRASIL, 2009).
Os adolescentes são organizados em grupos, denominados “coletivos”, compostos por
no máximo 30 integrantes. O “coletivo” é acompanhado por um Orientador Social, e também
por um profissional de nível superior do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS),
sendo este o Técnico de Referência do Programa, encarregado de atender às famílias dos
adolescentes, por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF).
Na cidade de Toledo-PR, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para
adolescentes com idade entre 15 e 17 anos, é executado através do ProJovem Adolescente,
sendo um Programa integrante da Política Nacional de Assistência Social (TOLEDO, 2016).
O acesso ao Programa ProJovem Adolescente se dá através do programa social
Cadastro Único, o qual, serve para avaliar a situação econômica das famílias, identificando
aquelas em situação de maior vulnerabilidade social, permitindo assim, o acesso destas e
auxiliando no planejamento das políticas públicas. O público do ProJovem Adolescente, em
sua maioria, são adolescentes pertencentes às famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa
Família, além daqueles que se encontram em situação de risco pessoal e/ou social,
encaminhados ou não por outros programas e projetos da rede social (BRASIL, 2009).
Reconhecendo a importância da execução de Programas e Projetos voltados aos
adolescentes, será tratado a seguir o processo de implantação do Programa ProJovem
Adolescente no município de Toledo-PR.
1.3.1 Contextualização do Programa ProJovem Adolescente no Município de Toledo-
PR3
No ano de 2002 o município de Toledo deu início ao desenvolvimento de Programas e
Projetos voltados aos adolescentes, intitulados como Projeto “Formando Cidadão”, Projeto
“Agente Jovem” e Projeto “Bem Toledo”, nos quais se realizavam os atendimentos aos
adolescentes com idade entre 14 e 17 anos em situação de vulnerabilidade social. A execução
3 Devido a reduzida documentação que contivesse o registro da forma como ocorreu o processo de transição do
Programa ProJovem Adolescente no município de Toledo-PR buscou-se alguns informantes que pudessem
contribuir com relatos e dicas sobre a trajetória do Programa. Assim, destaca-se a importância desta pesquisa
como forma de documentar a história do Programa em âmbito municipal. Dessa forma, todo o texto que segue
está essencialmente baseado nos relatos e apontamentos obtidos.
24
dos Projetos se dava a partir de diversas atividades como: informática, biscuit, artesanato,
atividades pedagógicas e atividades físicas, que eram realizadas de forma centralizada, em
contra turno escolar, de segunda à sexta-feira.
Inicialmente, os Projetos eram integrados e compostos por dois grupos de vinte
adolescentes residentes em vários bairros do município que recebiam uma bolsa-auxílio no
valor de R$ 90,00 (noventa reais). O Governo Federal destinava verbas para o pagamento de
profissionais com formação superior para ministrar algumas atividades em formato de
módulos, enquanto o município de Toledo arcava com a oferta de outros profissionais e vales-
transportes para o deslocamento dos adolescentes aos equipamentos públicos responsáveis
pela execução do Programa ProJovem Adolescente.
Em 2005, seguindo o Programa Nacional de Inclusão de Jovens, foi lançado pela
Presidência da República o Programa ProJovem Adolescente, destinado a jovens de 15 a 17
anos pertencentes à famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família ou em situação de risco
social, sendo de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) (BRASIL, 2017a).
O município de Toledo fez a adesão do Programa ProJovem Adolescente no ano de
2008, para isso previu a continuidade do Projeto “Agente Jovem”, do qual participavam
adolescentes que recebiam uma bolsa-auxílio municipal. O Projeto passou a ser denominado
de “Programa ProJovem Adolescente”, inserido no Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos, integrante da Política Nacional de Assistência Social, tendo como finalidade
reconhecer os direitos peculiares dos adolescentes com idade entre 15 e 17 anos, por meio do
desenvolvimento de atividades e oficinas que serão detalhadas posteriormente (TOLEDO,
2016). Até então, os conteúdos desenvolvidos estavam direcionados pela lógica do órgão que
conduzia as ações, o Batalhão da Polícia Militar de Toledo.
Para a execução do ProJovem Adolescente foi utilizada a metodologia da busca ativa,
mediante a qual foi entregue convites para a participação em colégios estaduais do município.
Foram realizadas 16 visitas aos colégios nos períodos matutino e noturno, em que uma equipe
(de três a quatro pessoas) convidava o público-alvo para a participação no Programa. Assim
sendo, foi marcada uma reunião com os interessados, a qual totalizou a presença de 180
adolescentes. Após uma explicação prévia sobre os objetivos e critérios de inclusão para a
participação do Programa, restaram 150 adolescentes aptos a integrarem a iniciativa.
Os participantes foram distribuídos da seguinte forma: dois coletivos no CRAS I, dois
coletivos no CRAS II, um coletivo no bairro Jardim Panorama e um coletivo no antigo
ginásio de esportes do Jardim Coopagro. Na época, não foi possível executar os nove
25
coletivos que foram previamente acordados através da adesão do município ao Programa
ProJovem Adolescente4, devido à falta de estrutura adequada e de profissionais para a
execução do mesmo.
O primeiro dia de atividades do Programa aconteceu no dia 05 de julho de 2008, com
cinco adolescentes no Jardim Europa, dando início ao primeiro coletivo do ProJovem
Adolescente do Município de Toledo, cujas atividades aconteciam de segunda a quinta-feira.
No município de Toledo-PR houve a contratação de um educador físico, o concurso
era para técnico desportivo na área de gestão esportiva, entretanto, este profissional exercia
funções de orientador social, educador social, facilitador, oficineiro, técnico de referência e
coordenador, ou seja, havia apenas um profissional para a execução do Programa ProJovem
Adolescente.
Com o passar dos anos, e reconhecida a necessidade de mais profissionais para a
execução do ProJovem Adolescente, foi realizado concurso para Assistente em
Desenvolvimento Social (ADS), que exerce a função de Orientador Social de acordo com a
Tipificação Nacional de Serviço Sócios Assistenciais de 2009. Este processo acarretou
melhoras para a qualidade dos serviços prestados aos adolescentes, já que alguns desses
profissionais eram formados em Pedagogia e/ou Formação Docente (magistério), e agregaram
muito para o Programa.
Apesar desses ganhos, houve certa dificuldade com a metodologia empregada, por que
muitos dos profissionais comparavam o Programa ProJovem como de contra-turno escolar,
baseado na realização de tarefas escolares, reforçando a relação professor e aluno, o que não
condiz com a proposta do SCFV. Entre avanços e retrocessos, o número de participantes foi
oscilando e diminuindo com o passar dos anos, pois, houve dificuldades em relação à oferta
da bolsa-auxílio e execução de atividades recreativas, bem como a falta de sala de informática
e de cursos profissionalizantes.
4 Na época, cada município conforme seu tamanho (porte) fazia adesão ao Programa para receber os co-
financiamentos do Governo Federal. O município de Toledo apesar de seu porte pequeno/médio, assumiu 9
coletivos, tendo apenas, dois Centros de Referência de Assistência Social habilitados, no qual o CRAS situado
no Jardim Europa havia recentemente sido inaugurado, não havendo suporte para a execução do Programa. Além
disso, para a execução do Programa, havia apenas um profissional.
26
Figura 1: Tabela de participantes – ProJovem Adolescente de Toledo-PR
ANO QUANTIDADE DE ADOLESCENTES
2008 150
2009 92
2010 78
2011 76
2012 54
2013 130
Fonte: elaborado pela autora, a partir de dados coletados com os informantes (2017).
No ano de 2012, diante da reduzida presença do público-alvo, houve o esforço para
elevar o número de participantes do Programa ProJovem Adolescente, contratando
profissionais e fazendo novas parcerias. Nesse sentido, foi feita uma parceria com o Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), com dispensa de licitação, justificando-se a
contratação dos cursos da empresa para os participantes dos 05 coletivos do ProJovem
Adolescente. Após o término dos cursos do SENAC, no ano de 2013 houve o desligamento de
42 adolescentes do Programa, pois haviam sido inseridos no mercado de trabalho na condição
de adolescente aprendiz. A partir de então, o número de participantes do Programa ProJovem
Adolescente começou a aumentar, formando-se os 9 coletivos5.
É importante ressaltar que, em 2013 houve um reordenamento dos SCFV a nível
federal, sendo extinto o Programa ProJovem Adolescente. Contudo, no município de Toledo
decidiu-se pela manutenção e o Programa foi readequado, conforme a Portaria MDS Nº 134,
de 28 de novembro de 2013. A decisão foi motivada pela percepção da necessidade de
execução do Programa, visto que há inúmeros desafios quanto ao atendimento desse público-
alvo, principalmente no que se refere à área de abrangência do município (BRASIL, 2013a).
Nesse contexto, o SCFV para o público de 15 a 17 anos continuou sendo executado
com nomenclatura de ProJovem Adolescente, dada a identidade conquistada com os
adolescentes (TOLEDO, 2016).
No final do ano de 2014, os recursos repassados pelo Governo Federal começaram a
atrasar, dificultando a execução do Programa. Antes disso, foi possível visitar a Usina
5 Em julho de 2017 houve a abertura de mais um coletivo no bairro Jardim Coopagro, fazendo com que o
número de participantes do ProJovem aumentasse para 149 adolescentes e totalizasse 10 coletivos no município
de Toledo/PR.
27
Hidrelétrica de Itaipu e as Cataratas do Iguaçu, do projeto de meio ambiente do Programa
ProJovem Adolescente. Em Ponta Grossa, visitaram Vila Velha-PR, através do projeto de
cultura, mostrando aos adolescentes a riqueza do Estado. Em Curitiba-PR, foram ao Museu
Oscar Niemeyer, com exposição de Frida Kahlo e do escultor João Turin. Ressalta-se que
viagens têm um direcionamento seguindo os planejamentos e orientações, visando contribuir
com o exercício da cidadania.
Atualmente, o ProJovem Adolescente no município de Toledo tem vários subprojetos,
dentre os quais: Adolescência e Trabalho; Cidadania e Direitos Humanos; Cultura e
Comunidade; Sociedade de Consumo e Meio Ambiente; Prevenção e Saúde na Adolescência
e Convivência em Movimento6. Esses projetos são desenvolvidos pelo Assistente em
Desenvolvimento Social e pela Técnica de Referência, tendo o objetivo de fortalecer os
vínculos, desenvolver autonomias e potencialidades (TOLEDO, 2016).
As atividades do Programa ProJovem Adolescente realizadas nos CRAS’s têm como
princípio a compreensão dos adolescentes como sujeitos de direitos que precisam de
oportunidades para melhor se desenvolverem. Assim, os projetos executados dentro do
Programa propiciam a disciplina, respeito, responsabilidade, ética e cidadania (BRASIL,
2009).
Deve haver incentivos aos adolescentes para que possam se interessar pelas decisões
coletivas sobre a sociedade, através do sentimento de ser um participante ativo e com voz,
desenvolvendo o protagonismo social, a fim de garantir possibilidades de melhoramento das
capacidades, em busca da autonomia e emancipação social (BRASIL, 2009).
Para isso, é necessária a superação das práticas de subalternidade e de preconceitos
contra jovens e adolescentes, substituindo-as por aquelas que estimulem o respeito às
diferenças e o exercício da autonomia, favorecendo a ampliação do seu acesso e usufruto aos
seus direitos (BRASIL, 2009).
Portanto, observa-se a grande importância da aprovação de legislações que favorecem
crianças, adolescentes e jovens, visto que não possuíam nenhuma expectativa de futuro, sem
liberdade e dignidade. A partir das políticas públicas muita coisa mudou, e estes passaram a
ser vistos como parte importante da sociedade. Foi a partir dessas conquistas de direitos, que
o ProJovem Adolescente passa a existir e a ser executado a fim de cumprir as novas diretrizes,
garantindo os direitos de jovens-adolescentes.
6 Título conforme a reformulação dos projetos do Programa ProJovem Adolescente com vigência de janeiro de
2017 a dezembro de 2019.
28
Considera-se importante que os jovens e adolescentes tenham noção dos diversos
direitos que possuem, além de colocá-los em prática, garantindo uma nova perspectiva de vida
aos mesmos. Ou seja, os jovens-adolescentes precisam ter conhecimento de seus direitos.
Sendo assim, o próximo capítulo apresenta a investigação realizada para identificar a noção
de direitos dos jovens-adolescentes participantes do Programa ProJovem Adolescente do
CRAS V de Toledo-PR.
29
2 DIREITOS A PARTIR DAS PERCEPÇÕES DOS JOVENS-ADOLESCENTES
Para identificar a percepção de adolescentes participantes do Programa ProJovem
Adolescente do Centro de Referência de Assistência Social-região V (CRAS V) de Toledo-
PR com relação aos direitos fundamentais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente
e no Estatuto da Juventude, optou-se por realizar a investigação a partir da pesquisa
bibliográfica, da documental e de campo. Para procedimento de classificação, optou-se pelo
método qualitativo, mediante o qual buscou o entendimento acerca da percepção sobre
direitos pelos adolescentes do ProJovem Adolescente do CRAS V, a partir de descrições e
observações.
A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida a partir de legislações, livros e artigos
escritos sobre o tema abordado, tendo em vista a importância de se familiarizar com os
conteúdos pesquisados (GIL, 2002). A pesquisa documental foi realizada a partir dos
relatórios e outros registros em documentos das atividades e oficinas do Programa ProJovem
Adolescente do CRAS V no município de Toledo-PR. De tais fontes se procurou extrair
dados que auxiliassem responder ao problema pesquisado. Assim sendo, após aprovação do
projeto pelo Comitê de Ética na Pesquisa (CEP) foi reservado um momento para levantar e
organizar os documentos que se constituíram em fontes de dados em arquivos realizados pelos
adolescentes do ProJovem Adolescente do CRAS V. Após a seleção e classificação, foram
lidos e analisados, com a finalidade de complementar o processo de investigação, sendo
selecionada uma atividade desenvolvida no curso de teatro pelos adolescentes.
Para a pesquisa de campo se utilizou a técnica de entrevista, realizada por meio de um
questionário semiestruturado que, para Minayo (2010, p. 64), “[...] é a concentração entre
perguntas abertas e fechadas, na qual o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o
tema em questão sem se prender à indagação formulada”.
A entrevista foi realizada, individualmente, com adolescentes do ProJovem
Adolescente do CRAS V do período vespertino que aceitaram a participar da pesquisa. Atenta
a evitar a inibição do pesquisado e garantir a autenticidade das manifestações, foi solicitada a
autorização para o uso de gravador durante as entrevistas. Os oito (8) adolescentes
concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(APÊNDICE A) assentindo para a realização da entrevista.
Esclarece-se que as entrevistas só foram realizadas mediante a autorização prévia
obtida junto aos pais ou responsáveis dos adolescentes. Para tanto, com vistas à obtenção de
consentimento, se aproveitou o momento da reunião do Projeto “Fortalecendo a Família”,
30
(realizada a cada dois meses com os adolescentes do ProJovem Adolescente e seus
respectivos pais ou responsáveis) para explicar sobre os objetivos da investigação,
importância da pesquisa e possíveis riscos. A reunião mencionada ocorreu no dia 26 de
setembro de 2017 e nela estiveram presentes apenas dois (2) responsáveis que assinaram o
TCLE.
Devido a isso, foi preciso utilizar outras estratégias para buscar obter o consentimento
dos pais ou responsáveis para a realização das entrevistas. Deste modo, primeiramente, foi
agendado um horário para cada familiar com a Técnica de Referência do Programa ProJovem
Adolescente, e se aproveitou o momento para o esclarecimento referente ao Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Compareceram para o horário agendado cinco (5) pais ou
responsáveis, que assinaram o documento. A última assinatura foi coletada a partir de uma
visita domiciliar, devido à dificuldade de contatar o responsável.
Vale lembrar que a investigação de campo só foi iniciada após a aprovação da
pesquisa no mês de julho pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos/UNIOESTE
e, também, depois de cada responsável pelo entrevistado concordar e assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
O processo de realização das entrevistas foi iniciado no mês de outubro e ocupou o
espaço físico destinado a coordenação do CRAS V, pois a estrutura da sala pôde garantir o
sigilo requerido para a pesquisa. Para a realização das entrevistas foram considerados: a) os
princípios do Código de Ética Profissional do/a Assistente Social (Lei n° 8.662/ 1993), cujo
sigilo profissional protege a integridade dos sujeitos da pesquisa; b) a Resolução 466/2012-
CNS, que assegura a confidencialidade e o anonimato dos sujeitos participantes da pesquisa,
pois os dados são utilizados exclusivamente para fins científicos; c) os critérios de inclusão7 e
exclusão8 da pesquisa.
Após a finalização do processo das entrevistas passou-se para a fase do tratamento de
dados, com vistas à análise de conteúdo, que Severino (2007, p. 121) define como “[...] uma
metodologia de tratamento e análise de informações constantes de um documento sob forma
7Critérios de Inclusão: a pesquisa incluiu os adolescentes matriculados no Programa ProJovem Adolescente do
Centro de Referência de Assistência Social, região V do município de Toledo, durante o período de agosto de
2016 a agosto de 2017. Para a participação na pesquisa os sujeitos deveriam estar matriculados há no mínimo
três meses no Programa. 8Critérios de Exclusão: foram excluídos da pesquisa os adolescentes que não estivessem matriculados no
Programa ProJovem Adolescente do Centro de Referência de Assistência Social, região V do município de
Toledo, bem como, aqueles que estivessem com matrícula inferior a três meses do período estabelecido para o
início da pesquisa de campo. Salienta-se que a exclusão poderia ocorrer, também, se os sujeitos desistissem de
participar da pesquisa ou mesmo se negassem a responder a entrevista.
31
de discursos pronunciados em diferentes linguagens: escritos, orais, imagens, gestos”,
considerando também, o silêncio ou reticências expressas pelo entrevistado.
Mediante a essa modalidade de análise, se buscou articular o referencial teórico com
as narrativas manifestas nas entrevistas, sob a forma de fala direta9, e também com
documentos que contivessem registro de atividades e de oficinas realizadas pelos próprios
sujeitos da pesquisa, isto é, documentos da Equipe Técnica do Programa ProJovem
Adolescente do CRAS V.
A análise de dados em arquivo foi realizada após a construção do referencial teórico e
organização dos dados empíricos, fundamentados através da pesquisa bibliográfica. Os dados
coletados foram sistematizados, para fins de uma análise qualitativa das informações obtidas,
nos quais os entrevistados foram identificados por números (de um a oito), de acordo com a
ordem da realização das entrevistas.
O resultado final da pesquisa realizada para a elaboração desse TCC será entregue aos
adolescentes do ProJovem Adolescente do CRAS V, aos pais ou responsáveis dos mesmos e a
equipe do CRAS V, através de atividade de socialização.
2.1 OS SUJEITOS ADOLESCENTES E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE DIREITOS
A análise dos dados coletados está baseada nas oito entrevistas realizadas com os
adolescentes e documentos de registros elaborados pelos mesmos, cujo intuito foi o de
levantar suas opiniões acerca das noções de direitos fundamentais que estão estabelecidos nas
legislações, bem como, suas percepções sobre como o ProJovem Adolescente do Centro de
Referência de Assistência Social - região V do município de Toledo - PR pode colaborar para
o desenvolvimento dos jovens-adolescentes, de acordo com que a legislação propõe.
As entrevistas foram realizadas a partir de um questionário que continha perguntas
abertas e fechadas (APÊNDICE B). Após esse momento, foram transcritas as falas dos
mesmos e, para a tabulação dos resultados obtidos, utilizou-se o programa Excel, cuja
planilha elaborada facilitou a análise de conteúdo do material coletado.
A tabulação dos dados mostrou que dos adolescentes entrevistados, com idade entre
15 a 17 anos, sete são solteiros, sendo seis do sexo feminino e dois do sexo masculino. Seis
dos entrevistados residem no bairro Santa Clara IV. Viu-se que, sete adolescentes estudam,
dentre os quais, seis deles não trabalham. Dentre os que relataram atividade laborativa, teve-
9 Foram mantidas as gírias e os aspectos da fala coloquial dos adolescentes.
32
se uma pessoa que alegou trabalhar como “babá” e outra como “pintor”, ambos afirmaram
trabalhar de uma a duas vezes por semana, sem qualquer tipo formalização do trabalho, se
caracterizando como trabalho infantil, que viola um direito fundamental do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Os trabalhos realizados pelos sujeitos da pesquisa são de caráter informal e segundo
eles, esse tipo de atividade não atrapalha o compromisso com a escola. Mas, foi observado
que um dos entrevistados apenas trabalha e não estuda, o que é uma grave violação de direito
fundamental.
Dos adolescentes que estudam, três dos entrevistados estão no 9º ano do Ensino
Fundamental (E.F.), outros três estão no 1º ano do Ensino Médio (E.M.), e um frequenta a
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Apenas um dos sujeitos entrevistados não está em
defasagem escolar, isto é, o ano escolar é correspondente com a idade do adolescente.
Figura 2: Defasagem escolar dos entrevistados
ENTREVISTADO IDADE ANO ESCOLAR DEFASAGEM
1 17 anos 9° ano – E.F. 3 anos
2 16 anos 1° ano – E.M. 1 ano
3 17 anos Desistência no1° ano
– E.M. 2 anos
4 15 anos 1° ano – E.M. Sem Defasagem
5 16 anos 1° ano – E.M. 1 ano
6 15 anos 9° ano – E.F. 1 ano
7 16 anos 9° ano – E.F. 2 anos
8 17 anos EJA -
Fonte: Dados coletados a partir da pesquisa, 2017.
Dentre os entrevistados há duas adolescentes que participam de treino de futsal (de
duas a três vezes por semana, no período noturno), pertencente a um Projeto da Secretaria de
Esporte; um adolescente participa também de treino de futsal (uma vez por semana), em um
Projeto da Secretaria de Educação e, uma adolescente frequenta o Projeto Cegonha Feliz da
Secretaria de Assistência Social (uma vez ao mês, no período vespertino).
33
Na entrevista, buscou-se conhecer como a noção de direitos fundamentais está
presente nas percepções dos jovens-adolescentes entrevistados, isto é, como estes enxergam
seus direitos e importância dos mesmos, visto que a adolescência é uma fase de descobertas,
da formação da identidade e personalidade.
As perguntas dispostas no questionário como A, B, C, D e E, foram respondidas pelos
8 (oito) sujeitos entrevistados, que para identificação dos mesmos, foram utilizados números
de 1(um) a 8 (oito), conforme a ordem de entrevista dos adolescentes.
Pergunta A: Você acha ou sabe o que são direitos? Esse tema já foi abordado com
você? Os entrevistados 01, 07 e 08 responderam que não sabiam e/ou não se lembravam. No
entanto, ao dar continuidade à entrevista, os entrevistados 01 e 07 conseguiram exemplificar
alguns dos direitos a que possuíam acesso. Ressalta-se uma das respostas a essa pergunta.
Direito é aquilo...vamos supor...[...] direito é como se fosse assim, que nem,
em caso de doença, eu tenho direito de ir procurar um atendimento de
graça, sem pagar pelo tratamento[...], a gente tem direito de estudar, tipo, o
direito a educação.... Ah, e de segurança também...mais ou menos, né...não
sei... porque aqui no bairro o que é chamado de ‘segurança’ é mais uma
forma de...vamos dizer...criminalizar ou culpar as pessoas[...]
(ENTREVISTADO 4, grifo meu).
O entrevistado ao citar a segurança como direito, esboçou certa dúvida em detrimento
da recorrente violência policial sofrida pelos adolescentes de bairros periféricos. Alguns dos
adolescentes relatam ser natural as constantes abordagens/revistas policiais, em que muitas
vezes, são discriminados, caracterizando uma violação de direito.
Pergunta B: Você acha que possui direitos? Você consegue me dar um exemplo de
um de seus direitos? Apenas o entrevistado 08 respondeu com certa dúvida, afirmando:
“Acho que tem, né. Mas a gente não pode fazer nada”. Os demais entrevistados
responderam que possuem direitos e conseguiram dar diversos exemplos, principalmente
referente à saúde, educação e ao Programa Bolsa-Família.
Quanto aos exemplos de direitos, os entrevistados mencionaram:
[silêncio]Ah sei lá, tipo... direito de ir pra escola, de ter lanche, de eu ter
feito uns cursos que eram de graça, umas coisas assim. Que nem, minha
família tem um ‘barraco’ que é próprio. E quando a gente fica doente, a
gente vai pra aquele hospital [...]que demora pra ser atendido, mais que a
gente não tira do bolso ‘cascalho’ nenhum. E tipo... isso é um direito
(ENTREVISTADO 1, grifo meu).
34
Direito a saúde, a educação, a ...ao voto, a segurança[...]. Quando acontece
um ...por exemplo, um assalto, ou uma agressão ou alguma coisa do tipo, e
a gente procura a polícia é um direito a nossa segurança. Se a gente fica
doente, daí a gente vai para o médico, que é o direito a saúde. Eu estar
estudando é meu direito a educação [...](ENTREVISTADO 2).
[...] não sei se é um exemplo de direito, mas, tipo assim, no mês passado eu
precisava de uma vacina, e daí fui no ‘postinho’ ali em baixo com minha
mãe, e tomei [...] eu tinha que tomar, pra deixar a carteira de vacina em dia,
porque senão corta o Bolsa - Família. Então assim, eu tenho direito de
tomar a vacina, mas também é um dever senão a gente não recebe. Que
nem ir na escola, eu tenho que ir, porque é meu direito, mas também é meu
dever, porque senão cortam o Bolsa - Família. Tipo, o Bolsa -Família. é um
direito, então tá tudo ligado, onde tem direito, tem dever, e assim vai [...]
(ENTREVISTADO7, grifo meu).
Pergunta C: Você consegue observar esses seus direitos no seu dia a dia? Seis dos
entrevistados responderam que sim e citaram diversos exemplos:
Direito de vir aqui pro ProJovem, de ir pra escola, da gente ir pra igreja
que a gente escolhe, direito de trabalhar, porque um dia vou trabalhar, né.
E também tipo, como por exemplo, minha mãe fez uma cirurgia em Curitiba
e minha irmã precisou ir junto com ela como acompanhante, e a gente não
‘pago’ nada, tipo, o município pagou pra elas irem, sei que com impostos
da gente, né, mas ela foi super bem atendida e cuidada, e se dependesse da
gente pagar, ela tinha morrido, porque a gente não tem condição de pagar
(ENTREVISTADO 1, grifo meu).
Ah, tipo com base naquilo, se eu to doente, eu vou no posto de saúde. E com
esse exemplo, eu estou exercendo meu direito, acho que é assim que se diz.
E na escola também, no dia-a-dia, eu tenho que ta lá, senão, o Conselho
Tutelar ‘vai vir pra cima’ da minha mãe, então, eu tenho direito e dever de
tá lá. Acho que é isso (ENTREVISTADO 4, grifo meu).
Vale ressaltar que tanto na pergunta B, quanto na pergunta C, dois adolescentes
relacionam direitos com os deveres, em que demonstram ciência de que os direitos requerem
deveres para com a sociedade a qual está inserido, desmistificando a ideia errônea de que as
legislações remetem apenas direitos à crianças e adolescentes.
Destaca-se uma resposta diferente para a pergunta C, na qual o entrevistado relata um
exemplo vivenciado, em que buscou exercer o direito ao voto, democracia, liberdade de
expressão, entre outros:
Como exemplo, tipo na minha sala, a gente tinha uma líder de turma, mas
ela foi para outra cidade, daí queriam colocar uma menina lá, mas a gente
não queria ela, então a gente foi na sala do Diretor e falou que queríamos
35
uma votação. No começo ele disse que não, que quem assumiria para ser
líder de sala, seria a vice. Mas daí a gente bateu o pé, e falamos ‘cadê nosso
direito a democracia?’. Aí não teve jeito, fizemos uma votação
(ENTREVISTADO 5, grifo meu).
Apenas o entrevistado 08 afirmou não possuir direitos, principalmente, no que se
refere ao direito à liberdade e a expressar opiniões, em que justifica:
Tipo, por exemplo, eu to pagando hora, e pra isso ninguém pediu o que eu
queria. Simplesmente determinaram e pronto, eu tenho que cumprir. Eu
penso assim, eu fiz coisa errada, na verdade, eu tentei me defender e me
acusaram de desacato. Mas o que eles fazem comigo, não é?!Te julgam
pela roupa, pelo jeito de ‘fala’, uso brinco e daí? E não é porque tenho
tatuagem que sou bandido! Me dão tapa na cara e riem de mim! Eu sou
enquadrado de duas a três vezes por semana, devido a minha aparência,
pela musica que escuto e apenas por estar na rua. Eu não acho que isso
seja direito. Talvez, bem pouquinho, porque daí ao invés de eu ir para o
xilindró, por eu ser de menor, eu pago as horas em
liberdade(ENTREVISTADO 8, grifo meu).
Essa resposta é peculiar e retrata a revolta do adolescente quanto à violência policial
sofrida, pois, alega ser comum esse tratamento repressivo e preconceituoso aos adolescentes
de bairros periféricos. A realidade relatada caracteriza as recorrentes violações de direitos, as
quais estão submetidas os adolescentes pobres residentes em bairros periféricos. Esse relato
demonstra o motivo pelo qual possuem dúvidas quanto ao direito à segurança, em que se
sentem ameaçados e repreendidos.
Pergunta D: Você acha que são importantes os direitos que você possui? Seis dos
entrevistados afirmaram que sim e dois entrevistados ficaram na dúvida.
Algumas das respostas obtidas valem a pena serem destacadas, pois trazem exemplos
da importância dos direitos dos adolescentes:
[...] tipo assim, antes tinha exploração de crianças e de adolescentes [...]
para fazer trabalhos pesados, não tipo, que nem eu, só lavar a louça, limpar
a casa, mas tinha que trabalhar em empresas grandes e nem estudavam, pra
ajudar a família com um pouco de dinheiro. Tipo, nesse caso, não tinha
direito, né. As pessoas não tinham nenhum tipo de futuro. Já hoje não, a
gente tem esses direitos aí e traz pra gente uma vida melhor
(ENTREVISTADO 3, grifo meu).
[...] esses direitos hoje, todas as pessoas têm. Não é que nem antes, na
época da minha mãe, que adolescente não tinha direito, que não podia nem
abrir a boca, não podia se opinar nas coisas, e nas janta, é o que ela me
conta, né, não podiam se quer falar com os adultos, sentavam em mesas
separadas e tudo, como se fosse um bicho ou inferior. Ainda bem que as
36
coisas mudou! Mas assim, eu acho que todos têm direitos [...], porque isso
faz a gente crescer e não ficar pensando numa caixinha quadrada. Esses
direitos expande a nossa mente e dá novos horizontes para as pessoas
(ENTREVISTADO 5, grifo meu).
Esses relatos fazem uma comparação compatível com os conhecimentos dos
entrevistados, sobre a realidade de adolescentes quando não havia, ainda, a garantia de
direitos estabelecidos por legislações. Observa-se ainda, que tais relatos demonstram os
benefícios de se exercer direitos, em que se desenvolve perspectivas de vida.
Outro entrevistado, através de sua fala, nos faz refletir acerca da efetividade das
legislações existentes:
[...] porque eu sei que existe uma ‘pá’ de leis que defende as criança e os
adolescente, uns se prevalecem disso, servindo como ‘facilitador nos
crimes’, mas outros apenas, querem ter esses direitos não só no papel, mas
sim que seja realmente feito alguma coisa pra gente (ENTREVISTADO 8,
grifo meu).
Pergunta E: A sua participação no ProJovem é um direito? A afirmação foi 75 %
positiva para essa questão, apenas dois adolescentes não estavam certos.
[...] Tipo, nem todo mundo pode fazer, porque não tem vaga, mas a gente
que tem a chance de fazer, tá exercendo um direito, tipo assim
(ENTREVISTADO 1, grifo meu).
É um direito, [...] porque igual, se eu não tivesse no ProJovem, eu ia tá em
casa sem fazer nada, ia tá na rua. É um direito sim, igual eu que tenho
direito de tá aqui,outros tem direito de tá aqui ‘tamém’, mas não dá por
causa do tamanho (ENTREVISTADO 3, (grifo meu).
Eu falo que é um direito, porque os adolescentes que não faz nada, no
contra turno da escola, vem aqui no ProJovem fazer alguma coisa de útil,
melhor do que fica na rua, essas coisas assim(ENTREVISTADO 5, grifo
meu).
Eu acho que sim. Tipo, é um direito que não é pra todos os adolescentes,
tem que ter idade certa pra entrar aqui, e quando a gente faz 18 anos a
gente sai do ProJovem, que é pra outros entrarem. E também não tem como
atender todo mundo, de todo mundo participar, porque a sala do ProJovem
é um ‘ovo’, tipo, pra um levantar a mão o outro tem que abaixar (risos),
daí é um ruim, não tem espaço. Mas pra aqueles que fazem ProJovem é um
direito sim(ENTREVISTADO 6, grifo meu).
37
Um aspecto comum apresentado pelos relatos foi sobre o espaço físico do CRAS V ser
reduzido. A capacidade de atendimento do Programa ProJovem Adolescente é de 8
adolescentes no período matutino e 8 adolescentes no período vespertino, apresentando uma
demanda reprimida, atualmente, de 52 adolescentes. O fato de o espaço físico do CRAS V ser
pequeno causa prejuízos percebidos pelos próprios adolescentes, pois limita a realização de
algumas atividades pelos participantes e limita também, o acesso de mais adolescente ao
Programa.
Pergunta complementar à letra E: Você consegue perceber algo de positivo na sua
participação no ProJovem? Todos os entrevistados responderam que “sim” e que o Programa
ProJovem Adolescente faz total diferença em suas vidas.10
A Figura 3 apresenta o quadro das respostas dos adolescentes para as perguntas A, B,
C, D e E e complementar do questionário.
Figura 3: Resultado das Entrevistas com os adolescentes
Fonte: Dados coletados a partir da pesquisa, 2017.
Com base nas entrevistas verificou-se que os adolescentes conseguiram dar exemplos
dos direitos que possuem e dos acessos, em que expressam as narrativas, de acordo com suas
formas de linguagem. Todos os adolescentes afirmaram ter como um de seus direitos, a
10 As respostas a essa pergunta complementar será melhor desenvolvida no próximo item.
38
participação do ProJovem Adolescente, além de relatarem a importância do acesso a esse
direito.
Além disso, buscando conhecer como a noção de direitos fundamentais está presente
nas percepções dos jovens-adolescentes participantes do Programa ProJovem do CRAS V, na
pesquisa documental, selecionou-se o registro de uma atividade específica realizada no curso
de teatro, no qual, os adolescentes foram incentivados a elaborarem poemas que constituíssem
suas compreensões sobre diferentes aspectos das suas vivências, que denotassem como
significam a noção de direitos.
Um dos adolescentes elaborou um poema que ressaltou o quão controverso é o
exercício de direitos pelos negros, apresentando uma contextualização histórica da escravidão
e de como ainda há preconceito para com os negros no Brasil.
1888
Mais de dois séculos atrás,
Foi contada a maior mentira
que já se foi ouvida.
A Lei Áurea da Princesa Isabel,
abolindo a escravidão no Brasil.
Mas Majestade que Lei foi essa que você assinou?
A escravidão acabou, mas do que adiantou?
Pro negro, agora ex-escravo,
muito pouco mudou
ele agora tinha patrão e não senhor.
Livres foram jogados as margens da sociedade,
sem direitos respeito ou igualdade
No Rio de Janeiro, a primeira favela foi formada,
os negros fizeram do morro sua morada.
Hoje ainda é julgado pela sua cor!
Ficaram os resquícios da escravidão:
Intolerância, desigualdade, humilhação e dor
(ADOLESCENTE 6, grifo meu).
Nessa perspectiva de análise crítica, outro adolescente retrata um aspecto recorrente na
realidade brasileira. O poema que segue contém uma importante crítica aos “políticos
corruptos”.
Já estou cansado, de tantos problemas no Brasil
Já estou cansado, desses políticos que só pensam em roubar,
Em quanto isso, “menores” querem uma chance para estudar,
39
Eu não quero roubar, mas não tive opção,
Quando eu vi, meu irmão, eu já “tava” no mundão
Se esses políticos melhorassem os colégios,
mais empregos e cursos no ProJovem
Não teria tanto roubo nesse mundo.
Os políticos estão tirando nosso dinheiro,
por isso tem muito jovem
saindo do colégio e indo para o crime,
para as drogas e para os roubos.
Os políticos não estão nem ai pra gente,
só querem o dinheiro que é nosso!
Se eles pegassem o dinheiro e colocasse na saúde
Não teria tanta gente morrendo nos postos
(ADOLESCENTE 4, grifo meu).
Esse poema retrata o quão a corrupção é nociva para a sociedade, sendo apresentadas
sugestões em onde é preciso investir recursos. Nesse sentido, é necessário ofertar alternativas
saudáveis para a redução da criminalização e garantir direitos básicos à população.
Em outro texto, um adolescente externaliza sua compreensão sobre as rupturas com
garantias de direitos a partir dos encarcerados no sistema prisional, em que se pratica uma
constante negação de direitos.
Pra a polícia foi só mais um,
Que sem emprego foi para os“corre”,
Querendo ganhar algum
Pra a polícia foi só mais um,
Que sem futuro e atrás das grades
Pensam que irá fazer bem pra sociedade
Mas lá dentro o moleque, só tá “no veneno”
Longe das pessoas que ama,
querendo sair logo daquele lugar, armando uns esquema
Lá dentro é só covardia, comida azeda todos os dias
Pensam que os presos, vão virar pessoas do bem,
sendo que lá só prospera o ódio?
Quando eles saem de lá de dentro,
eles voltam com mais revolta
Se tornando uma pessoa pior do que já era
(ADOLESCENTE 8, grifo meu).
Esse poema reafirma o anterior, demonstrando que solução não está no
encarceramento, e muito menos na redução da maioridade penal.
40
Há em poema sobre a violação dos direitos das mulheres e sobre o empoderamento
feminino:
Ei malandro, não fique se achando
Sou mulher, exijo respeito,
Não mexa comigo
Pois você não tem o direito.
Mulheres que apanham
tem que se defender
Pois vale a pena viver
Homens com machismo,
acham que é bonito para a humanidade
Mas isso é uma covardia
Com as damas da sociedade
Vocês que se acham o machão,
um dia cai do topo,
Mulheres que apanham hoje
amanhã dão o troco!
Podemos ir a luta, ou apanhar
Mulheres decidam
Qual rumo vamos tomar!
(ADOLESCENTE 7, grifo meu).
Nessa atividade identifica-se que os adolescentes participantes do ProJovem
Adolescente possuem noção sobre direitos, não só daqueles que os contemplam, mas em
âmbito geral, sabem o quanto os direitos são importantes e precisam ser garantidos e
efetivados.
2.2 O PROGRAMA PROJOVEM ADOLESCENTE E A CONSTRUÇÃO DO IDEÁRIO DE
DIREITOS
O ProJovem Adolescente contribui para a formação da identidade e dá ao adolescente
a perspectiva para explorar novos lugares e desenvolver atividades que favoreçam o exercício
da cidadania. A adolescência é uma fase de grandes mudanças, sendo necessário apoio e
orientação, para que os jovens-adolescentes possam fazer muito por si mesmo e pelo mundo
(DALLARI, 1998. p.14).
Sobre a contribuição do Programa ProJovem Adolescente, um dos entrevistados
mencionou que desenvolveu novas perspectivas ao participar desse coletivo:
41
[...] tô aqui desde o início do ano, [...] nesse tempo eu percebi uma mudança
na minha percepção de ver as coisas, tipo eu vejo as coisas diferentes agora,
porque tem interação entre os adolescentes, daí a gente aprende com o
outro e com as atividades que construímos juntos. Se eu não viesse aqui, eu
ia ficar na rua, o dia inteiro no celular ou dormindo, e isso não tem
conteúdo, sabe, e o ProJovem é bom por isso, porque a gente tem outras
opções e aprende mais (ENTREVISTADO 4, grifo meu).
Outro adolescente mencionou que amadureceu com a participação do Programa e que
desenvolveu vínculos com outras pessoas:
Tipo, eu gosto das coisas que fazem aqui. Em janeiro eu vou ter que sair,
vou ter que arrumar um emprego, mas foi bom ficar aqui nesses três anos,
porque eu mudei bastante, eu amadureci mais, comecei a ver as coisas
diferentes, sabe, que nem antes, eu só queria saber de ficar andando por ai,
em companhia errada, só batendo perna, e daí com o ProJovem eu aprendo
coisas novas, bem legais. Que nem eu fiz novas amizades, mudou bastante,
eu fiquei com uma convivência melhor, sabe, e isso agregou na minha
vida, e eu quero que minha filha um dia faça o ProJovem, porque eu sei
que será bom para ela, assim como foi pra mim (ENTREVISTADO 3, grifo
meu).
Um entrevistado relata sobre os conselhos recebidos e sobre a interação entre os
adolescentes, que suscitam novas reflexões acerca da maneira de pensar:
‘Vô te passar a visão’, tipo... a gente faz umas coisas legal. Tem uns
‘baguio’ que a gente faz, que faz a gente pensar. Eu aprendi a conversar
com as pessoas, agora tenho uns ‘parça’ai, que são legal, a gente troca
umas ideias e tals. A [Fulana] é meio rígida e durona, mas dá uns
conselho‘da hora’ pra gente. Às vezes penso que aprendi lhe dar com as
pessoas, mas as pessoas ainda não aprenderam a lhe dar comigo
(ENTREVISTADO 8, grifo meu).
Um dos entrevistados descreveu que o Programa ajudou na construção de valores e
relata sua participação no ProJovem Adolescente positivamente:
Só trouxe ganhos para mim, eu faço ProJovem desde os meus 15 anos e isso
me ajudou muito. Desde que eu entrei no ProJovem eu melhorei bastante, eu
me tornei uma pessoa melhor. As atividades e as pessoas daqui ajudou a me
construir, ajudou a gente... eu pelo menos, a ver o mundo de uma maneira
diferente, por toda a minha situação de vida, [...] me ajudou a superar toda
essa experiência (ENTREVISTADO 2, grifo meu).
Outro relatou que aprendeu a habilidade de comunicação, através das atividades e
cursos realizados no ProJovem Adolescente, o que poderá lhe proporcionar oportunidades
futuras:
42
Tipo, esse direito que eu tenho de vir pro ProJovem é bom, porque antes eu
ficava na rua o dia inteiro, sem fazer nada a tarde, e agora não, eu venho
aqui fazer alguma coisa de útil que vai me dar futuro, né. Tipo esses
cursos, de teatro, de garçom, de vendas que a gente teve, foi bom, porque a
gente aprendeu umas coisas que vão ajudar a ter um emprego, de saber
conversar com as pessoas e ‘tals’ (ENTREVISTADO 1, grifo meu).
Ainda referente às atividade e cursos, outro entrevistado expôs:
Tipo, com as atividades a gente aprende alguma coisa... A gente faz cursos,
que ganham certificados e isso é um direito, né (ENTREVISTADO 4).
Um entrevistado apresentou uma crítica com relação à falta de recursos destinados ao
Programa, que impossibilitaram as viagens e os passeios que ocorriam anteriormente:
Tipo, nas coisas que a gente faz é um direito que eu tô aproveitando.
Quando a gente fazia viagens... nossa, era ‘mó’ legal, pena que não saímos
mais... nem pra ir no Lago, que fica nessa cidade mesmo. Era um direito
que hoje não se acontece mais. Bem, pelo menos agora, tá tendo cursos,
acho que é direito, porque agente aprende coisas pra trabalhar depois e ter
dinheiro pra viver. Acho que isso (ENTREVISTADO 6, grifo meu).
Observa-se que os relatos de maneira geral não vislumbram a escola como um lugar
significativo para os adolescentes. Em contrapartida, o Programa ProJovem Adolescente tem
valor simbólico para esses sujeitos, que ressalvam mudanças em suas vidas, mesmo o
ProJovem Adolescente sendo um trabalho pontual, desenvolvido com um grupo restrito.
Além disso, a partir das narrativas, os adolescentes apresentam o ProJovem
Adolescente como um divisor de águas em suas vidas, em que se não participassem do
Programa, estariam na rua, sem perspectivas futuras.
Assim sendo, os relatos destacaram que o Programa ProJovem está realmente
contribuindo com os adolescentes, cujas famílias se encontram em situação de vulnerabilidade
social. Eles, muitas vezes, não têm dentro de casa a referência e o apoio para mudar suas
realidades, suas vidas. Vivem uma situação difícil, às vezes com relação à família ou mesmo
com o seu próprio “eu”, tendo problemas de entenderem a si mesmo como indivíduo e fica
ainda mais complicado quando não encontram ajuda e a compreensão no seio familiar, que
seria o lugar para se sentirem seguros e protegidos.
Os jovens-adolescentes entrevistados têm ideia de seus direitos e da sua importância.
Alguns adolescentes conseguiram expor exemplos de quais seriam seus direitos, bem como o
43
reflexo do seu usufruto no dia a dia. Todos os entrevistados afirmaram que o ProJovem
Adolescente é um dos direitos que possuem, assim como os cursos oferecidos no Programa,
além do direito a educação, saúde, Programa Bolsa-Família, entre outros.
Observa-se que os adolescentes conseguem expressar exemplos de direitos através das
próprias formas de linguagens, em que se identificam como cidadãos que dispõem de direitos
previstos em Estatutos, leis, decretos, que regulam os direitos e deveres, inclusive com
atenção especial por serem considerados como cidadãos em processo de formação e
aprendizado.
É necessário informar os jovens-adolescentes, abordando de forma clara o que são
direitos, quais são e qual sua importância. É de suma importância informá-los para que não
fiquem a mercê de outrem ou “presos” à realidade que estes acreditam ser a única que possam
ter. Incentivar o saber sobre o conhecimento dos direitos que lhes são garantidos, torna
possível transformar o que muitos julgam ser sua única saída.
Os profissionais, assistentes sociais, psicólogos, professores que possuem acesso à
informação precisam investir na disseminação do conhecimento acerca dos direitos
preconizados nas legislações, dada a necessidade de prepará-los para a superação da condição
de vulnerabilidade. As ações profissionais podem criar condições para a compreensão e a
construção de contraposição sobre os estigmas, o senso comum e os preconceitos, contra os
jovens que se encontram em situações de vulnerabilidade social. Bem como, buscar suprir
necessidades sociais, colaborarem para que estes se vejam como portadores de seus direitos.
Todas as pessoas devem ser responsáveis, cada uma no âmbito de suas possibilidades,
pela realização de estruturas sociais que permitam aos membros de uma comunidade a atingir
níveis de vida compatíveis com sua dignidade (TEIXEIRA, 2002).
O ProJovem Adolescente contribui para a construção de um novo tipo de sociedade
através de transformações realizadas pelos sujeitos participante do Programa, sendo uma das
formas de promover condições de igualdade e dignidade. É nesse ambiente que seus direitos e
deveres quanto à inclusão, igualdade e dignidade devem ser exercitados e refletidos.
Estar por dentro de seus direitos é fundamental para se posicionar de maneira
adequada perante a sociedade. Podendo assim, contribuir para mudar a realidade em que vive.
Tendo a noção de que através dos seus direitos há a ampla possibilidade de alcançar o que
deseja. É importantíssimo que os adolescentes conheçam seus direitos para que possam fazer
uso da crítica quanto às situações que os cercam, para assim estarem protegidos, combatendo
as violações de seus direitos. Entretanto, necessitam saber que todos direitos têm deveres, ou
seja, da mesma forma que conheçam seus direitos também precisam saber dos seus deveres.
44
Nosso papel como sociedade é incentivar a estes jovens a buscarem o conhecimento e
a maneira certa de se colocarem no mundo em relação aos seus direitos. A informação é
fundamental para a construção de uma identidade, na qual a cidadania possa se consolidar e o
protagonismo juvenil possa ser estimulado (BAZÍLIO, 2003).
Pensando nisso, é o entendimento dos adolescentes acerca de seus direitos, bem como
dos seus valores, que poderá fazer uma diferença real em nossa sociedade. No entanto,
também precisam ser levados a pensarem e analisarem o que querem para o futuro. Saber o
que busca e ter um alvo a ser alcançado, é um caminho para exercer sua cidadania e para
conseguir valer seus direitos.
45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente TCC foi elaborado com o intuito de identificar quais as percepções de
adolescentes participantes do Programa ProJovem Adolescente do Centro de Referência de
Assistência Social – região V de Toledo-PR em relação aos direitos fundamentais assegurados
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pelo Estatuto da Juventude.
Na sociedade brasileira, a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do
Adolescente e o Estatuto da Juventude deram início a uma nova forma de olhar e considerar
as crianças, os adolescentes e os jovens, os quais, antes de tais legislações não tinham espaço
significativo e nem ocupavam as pautas de preocupações para os investimentos dos nossos
governos nos diferentes níveis da federação. As referidas legislações visam, principalmente,
por meio da oferta de políticas públicas, implementar a garantia de direitos básicos à saúde, à
educação, à liberdade, à dignidade, entre outros.
A partir das políticas públicas constituídas para atender aos direitos dessas pessoas,
também surgiram os mais diversos programas e projetos que buscam dar vazão às novas
intencionalidades de proteção previstas em tais Leis. Com isso, vislumbra-se colaborar para a
construção de um novo indivíduo, agora com opções e direitos que antes não existiam. Nesse
sentido, não se desconhece a importância de todo esse universo de ações de atendimentos aos
direitos, contudo, no presente TCC só foi possível tratar de uma experiência localizada, qual
seja: a do Programa ProJovem Adolescente do município de Toledo executada em um dado
equipamento da Política Municipal de Assistência Social. Mas, existem outros programas que
visam afirmar os direitos dos adolescentes.
Nesse sentido, para responder ao problema estabelecido, a investigação realizada
focou-se no procedimento da entrevista e na análise dos documentos que registram momentos
e partes da existência e funcionamento do Programa ProJovem Adolescente, em tela. Como
resultado, percebeu-se que os referidos adolescentes têm muita clareza com relação à noção
de direitos, inscritas nas Legislações supramencionadas. A partir das narrativas expressas por
eles ao longo das entrevistas ficou evidente suas formas próprias e efetivas de traduzirem a
linguagem de direitos – mediante ao uso de exemplos dos seus cotidianos, dado que isso
representa o mundo real desses sujeitos da pesquisa. Destaca-se que, as palavras, as
entonações e os recursos explicativos para transmitir suas compreensões sobre o significado
de ter direitos, nem sempre é compatível ou idêntica com a forma da linguagem que consta
nas legislações e em trabalhos acadêmicos. Com a pesquisa, viu-se que os Adolescentes
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sujeitos da pesquisa têm e valorizam suas linguagens próprias, em que usam exemplos da vida
prática para demonstrarem a presença ou ausência dos direitos em seus cotidianos.
Esses adolescentes são providos de entendimentos, são extremamente críticos e se
expressam a partir de suas vivências. Esse aspecto foi destacadamente observado, a partir do
desenvolvimento da análise nos documentos dos registros das atividades, proporcionadas no
âmbito da programação dos atendimentos do Programa, através das quais os adolescentes
puderam externalizar opiniões mediante o recurso da elaboração de poemas, nos quais estão
perceptíveis a crítica e indignação dos mesmos quanto: ao tratamento preconceituoso para
com os negros, a corrupção dos políticos para com a população, ao tratamento desumano para
com os presidiários e o tratamento machista para com as mulheres.
Também, por meio das entrevistas realizadas com esses Adolescentes, conseguiu-se
verificar o quão efetiva tem sido a atuação do Programa para com o objetivo e de auxiliar-lhes
a vislumbrar e construir outros referenciais para uma vida com outras perspectivas de futuro.
Os Adolescentes entrevistados relataram aquilo que consideram como as grandes
transformações operadas em suas vidas que foram possibilitadas pelos cursos, viagens,
conselhos e novos amigos que o Programa lhes proporcionou.
A partir de tais aprendizados com esses sujeitos, fica a certeza de que cabe a cada um
de nós garantir que os aprendizados e experimentação sobre esses direitos fundamentais
continuem a ser cumpridos, uma vez que: é dever dos pais, da sociedade e do Estado
colaborar para que os jovens-adolescentes façam uso daquilo que é seu por direito e, acima de
tudo, saibam das opções para mudarem os rumos das suas histórias, nas quais, a igualdade, a
liberdade e a dignidade se tornem real.
É importante garantir a continuidade do Programa ProJovem Adolescente, ainda que
se esteja num ambiente de ameaças e de encaminhamento de medidas políticas para a redução
dos recursos e das verbas destinadas à Assistência Social, o que pode culminar na extinção do
ProJovem Adolescente. Os dados evidenciados pela pesquisa deixam claro o quanto o
Programa é rico e contribui para a transformação desses indivíduos. Porém, a sociedade
brasileira experimenta um momento conjuntural de enorme recusa para com os processos
sociais e políticos que visam à formação de sujeitos críticos. E por tal motivo, não se investe
na educação crítica ou em programas (que é o caso do ProJovem Adolescente) que auxiliam
nessa reflexão.
Em síntese, tendo como referências a pesquisa realizada e a experiência como
estagiária de Serviço Social, reconhece-se o quanto o ProJovem Adolescente precisa de mais
investimento e visibilidade. Para isso, propõe-se uma Semana Cultural do Programa
47
ProJovem Adolescente, para que sejam expostos os resultados das riquíssimas atividades
desenvolvidas nas oficinas e cursos, que propiciaram experimentações de teatro, de
elaboração de poemas, de músicas, de expressão corporal com as danças, tudo isso contando
com a elaboração e protagonismos dos Adolescentes. Enfim, dentre as alternativas para dar
mais visibilidade ao ProJovem Adolescente, sugere-se pleitear parcerias com os meios de
comunicação local, principalmente, em jornais, para que os adolescentes possam externalizar
suas opiniões, o que também valoriza as atividades realizadas, além de se constituir como um
importante meio para ampliar a voz ativa desses sujeitos.
48
REFERÊNCIAS
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TOLEDO. Secretaria de Assistência Social e Proteção à Família. Programa ProJovem
Adolescente. Toledo, PR, 2016.
51
APÊNDICES
52
APÊNDICE A
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP
Aprovado na
CONEP em 04/08/2000
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE
Título do projeto: Direitos Fundamentais dos Jovens-Adolescentes: um estudo sobre
a percepção de participantes do ProJovem Adolescente em Toledo-PR.
Profa. Dra. Zelimar Soares Bidarra – (45) 99113-6227
Jéssica Fernanda Motta - (45) 99991-2030
Convidamos___________________________________________________________
a participar de nossa pesquisa que tem como objetivo identificar quais as percepções dos
participantes do Programa ProJovem Adolescente, em relação a direitos fundamentais
assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Estatuto da Juventude.
Esperamos, com este estudo, desenvolver conhecimentos em relação aos direitos das
pessoas dessa faixa-etária, além de estudar o Programa ProJovem Adolescente por meio da
efetuação dessa pesquisa. Para tanto, será realizada uma entrevista semi-estruturada com os
participantes do Programa ProJovem Adolescente do Centro de Referência de Assistência
Social - região V.
Durante a execução do projeto, os riscos são mínimos, podendo ser que alguns não
queiram participar da pesquisa dado algum receio ou, também, caso os pais ou responsáveis
não autorizarem o adolescente a participar da pesquisa.
No caso de ocorrer situação de constrangimento, o pesquisado poderá interromper a
entrevista a qualquer momento e para evitar esse tipo de desconforto, a pesquisadora irá
explicar antecipadamente os objetivos da pesquisa e solicitar somente aqueles que
53
demonstrem interesse na participação. Nesse sentido, também será explicado aos pais ou
responsáveis sobre a contribuição e enriquecimento dessa pesquisa ao projeto desenvolvido,
sendo requerida autorização para a participação dos adolescentes.
A identidade do adolescente entrevistado não será divulgada e seus dados serão
tratados de maneira sigilosa, sendo utilizados apenas para fins científicos. É importante
destacar que não haverá remuneração pela realização da entrevista e também não será cobrado
qualquer valor para a participação do estudo.
No caso de dúvidas ou da necessidade de relatar algum acontecimento, poderá ser
contatado os pesquisadores pelos telefones mencionados acima ou o Comitê de Ética pelo
número 3220-3092.
Vale ressaltar que esta pesquisa está de acordo com a regulamentação, no que tange a
resolução 466 de 12 de dezembro de 2012 e a resolução 510 de 7 de abril de 2016 do Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP).
Este documento será assinado em duas vias, sendo uma delas entregue aos pais ou
responsáveis dos sujeitos participantes da pesquisa.
Declaro estar ciente do exposto e autorizo
___________________________________________________________________________
a participar da pesquisa.
_____________________________________________.
Assinatura e Parentesco
Eu, Jéssica Fernanda Motta, declaro que forneci todas as informações do projeto ao
participante e/ou responsável.
______________________________________.
Jéssica Fernanda Motta
54
Toledo, _____ de _______________ de 2017.
APÊNDICE B
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP
Aprovado na
CONEP em 04/08/2000
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO
PROFESSORA ORIENTADORA DE TCC: Dra. Zelimar Soares Bidarra
ACADÊMICA:Jéssica Fernanda Motta
OBJETIVO GERAL DA PESQUISA:Identificar quais as percepções dos adolescentes
participantes do Programa ProJovem Adolescente do Centro de Referência de Assistência
Social, região V de Toledo-PR, em relação aos direitos fundamentais assegurados no Estatuto
da Criança e do Adolescente e no Estatuto da Juventude.
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: Questionário semi-estruturado, com
perguntas abertas e fechadas, sendo respondido em forma de entrevista.
SUJEITOS DA PESQUISA: Adolescentes participantes do Programa ProJovem
Adolescente do Centro de Referência de Assistência Social, região V de Toledo-PR.
DATA DA ENTREVISTA:___/___/_____
Nº DA ENTREVISTA: _____________
Nome: (opcional)____________________________________________________________.
Idade: 15 anos( ) 16 anos( ) 17 anos ( ).
55
Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )
Estado Civil: Solteiro ( ) Casado( ) União Estável ( ) Outros( )____________.
Reside em qual bairro?
Santa Clara IV ( ) Pinheirinho ( ) Jardim Heloísa ( ) Barcelona ( )
Distritos ( ). Qual Distrito?_____________________.
Você estuda? Sim( ) Não( )
Se sim, qual Escola/Colégio e série/ano, frequenta?
___________________________________________________________________________.
Você trabalha?Sim( ) Não( )
Se sim, aonde?
___________________________________________________________________________.
Além do Programa ProJovem Adolescente, você participa de outros Projetos da
Secretária de Assistência Social, Saúde, Juventude, Esportes e Lazer, Educação,
Cultura, Meio Ambiente? Sim ( ) Não( )
Se sim, quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
Quando necessita de atendimento médico, em qual instituição de saúde busca
atendimento?
Unidade Básica de Saúde – UBS ( ) Unidade de Pronto Atendimento- UPA ( )
Hospital Particular ( ) Clínica de Saúde ( ) Outros ( )_____________________.
Sua família recebe algum benefício do Governo? Sim( ) Não( )
Se sim, qual?
___________________________________________________________________________.
56
a) Você sabe o que são direitos? Exemplifique.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
b) Você acha que têm direitos? Se sim, quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
c) Como você observa os direitos cotidianamente?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
d) É importante ter esses direitos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
e) A sua participação do Programa ProJovem Adolescente é um direito? De que
forma você consegue perceber isso?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
57
ANEXOS
58
ANEXO A
59
60