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SERVIÇO SOCIAL _________________________________________________________ VANILDA MAXIMINO DOS SANTOS MANUTENÇÃO E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES DOS IDOSOS DAINSTITUIÇÃO “CASA LAR IRMÃOS DENTZER” DE TOLEDO-PR TOLEDO PR __________________________________________________ 2017

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SERVIÇO SOCIAL

_________________________________________________________

VANILDA MAXIMINO DOS SANTOS

MANUTENÇÃO E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES DOS

IDOSOS DAINSTITUIÇÃO “CASA LAR IRMÃOS DENTZER” DE TOLEDO-PR

TOLEDO – PR

__________________________________________________

2017

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VANILDA MAXIMINO DOS SANTOS

MANUTENÇÃO E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES DOS

IDOSOS DA INSTITUIÇÃO “CASA LAR IRMÃOS DENTZER” DE TOLEDO-PR

Trabalho de Conclusão de Curso/Monografia

apresentado ao Curso de Serviço Social, Centro de

Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná, como requisito

parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço

Social.

Orientadora: Profa. Ms. Roseli Odorizzi.

TOLEDO - PR 2017

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VANILDA MAXIMINO DOS SANTOS

MANUTENÇÃO E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES DOS

IDOSOS DA INSTITUIÇÃO “CASA LAR IRMÃOS DENTZER” DE TOLEDO-PR

Monografia de Conclusão de Curso, aprovado

como requisito parcial para a obtenção do Título

de Bacharel em Serviço Social, Centro de

Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná, Campus de

Toledo, pela banca examinadora formada pelo

(as) docentes:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________

Profa. Ms. Roseli Odorizzi(Orientadora) Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________ Profa. Ms. Ana Carolina Becker Nisiide

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________ Prof.Ms. Amarildo Benvenutti

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Toledo, 20 fevereiro de 2017.

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Dedico este trabalho a Deus por estar comigo

em todos os momentos, seja nos felizes e nos

difíceis, em que pensei que tivesse desistido de

mim, mas foi aí que me carregou no colo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar, por ter me iluminado e dado força e

discernimento nessa caminhada, mostrando o caminho certo a percorrer. Foi difícil. Muitas

lutas apareceram que pensei que não iria conseguiralcançar meus objetivos tão sonhados, mas

como não sou de desistir dos meus ideais, segui em frente. Muitas vezes me senti esgotada,

sem força para continuar, mas nesse momento que vem a família, o dom de Deus.

Agradeço a todos os meus familiares: pai Antônio, mãe Nair, irmã Rosilda, irmão

Valmir, tia Neuza, filha Kelly, filho Everton, genro Alan, cunhado Bia, neto Arthur e neta

Victoria, pelo incentivo para que eu continuasse essa jornada e também por entenderem que

muitas vezes estive ausente. Perdoem-me, era por um bom motivo, a conclusão do curso.

A todos os professores que contribuíram direta ou indiretamente para minha formação

acadêmica e profissional, aos membros da banca professora Ana Carolina Becker Nissiide e o

professor Amarildo Benvenutti, por terem aceitado o convite e principalmente à minha

orientadora, aprofessora Roseli Odorizzi pelo seu carinho e tempo que disponibilizou me

auxiliando para realização dessa etapa tão almejada.

Agradeço do fundo do meu coração, em especial ao meu namorado Jose Domingos,

que me auxiliou nessa longa caminhada, dispensando sua paciência. Muita paciência. Seu

carinho, conselhos e compreensão em todos os momentos difíceis que passamos juntos.

Obrigada por fazer parte de minha história. Você chegou na hora certa.

Aos meus colegas da universidade, Tatiane, Carina, Simone, Elis, Edna. Cristina, e aos

colegas de trabalho, Maria Angenária, Maria Isabel, Marly e Vanei.

À diretora do campo de estágio, Lar Irmãos Dentzer, Patrícia Ortigoza Chaves e à

minha supervisora de campo de estágio,Rosimeri Cristina Maria. Aprendi muito com todos

vocês.

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SANTOS, VanildaMaximino.Manutenção e Fortalecimento de Vínculos Familiares dos

Idosos da Instituição “Casa Lar Irmãos Dentzer” de Toledo-PR.Trabalho de Conclusão

de Curso (Bacharelado em Serviço Social), Centro de Ciências Sociais Aplicadas -CCSA.

Universidade Estadual do Oeste do Paraná –UNIOESTE- campus Toledo-PR, 2017.

RESUMO

A monografia trata da convivência familiar dos idosos da instituição “Casa Lar Irmãos

Dentzer” de Toledo-PR e tem como objetivo analisar o significado/importância da

manutenção e fortalecimento dos vínculos familiares para o bem-estar e saúde do idoso

institucionalizado. O interesse pela temática se deu pela experiência de Estágio

Supervisionado Curricular Obrigatório I e II em Serviço Social, realizado no período 2015-

2016, na Casa Lar Irmãos Dentzer, localizada na cidade de Toledo. Parte-se do pressuposto

que a família, ainda que possa contar com os serviços especializados de uma instituição, não

deve se eximir de seu comprometimento e de sua responsabilidade em zelar pelo bem-estar

físico e mental de seus idosos, participando cotidianamente de suas vidas. Nem tão pouco, a

Instituição deve prescindir de meios e atividades que busquem maior bem-estar físico e

mental do idoso e a busca constante pela maior proximidade da família no cotidiano

institucional, evitando e/ou diminuindo os impactos negativos, que fragilizam o idoso e

podem acarretar maior probabilidade de aquisição de doenças e/ouoseu abandono por parte

dos familiares. Na operacionalização da pesquisa, optou-se pela modalidade da pesquisa de

campo edométodo estudo de caso na abordagem qualitativa,como uso datécnicada entrevista e

da observação. Os instrumentos utilizados foramoquestionário semiestruturado, diário de

campo, relatórios produzidos no decorrer do estágio e a construção aproximativa do campo de

Estágio, elaborada no ano de 2015. Os sujeitos da pesquisaforam 01(uma) Assistente Social,

01(uma) Psicóloga, 12(doze) idosos e 03(três)famíliasque residem em Toledo-Pr. Os

resultados apontam que a instituição, as famílias e os idosos têm consciência da importância

do convívio familiar para a saúde, bem-estar e maior qualidade de vida dos idosos. No

entanto,mesmo que de forma satisfatória,háações na Instituição que buscam maior convívio e

aproximação dos internos com seus familiares e o acompanhamento presencial das famílias

no dia-a-dia dos idosos institucionalizados. As causas apontadas pela família são

influenciadas pela estrutura socioeconômica e cultural, notadamente o trabalho e a distância

entre o Lar e a residência dos familiares. Os projetos desenvolvidos pela Instituição, com o

objetivo de manutenção e fortalecimento dos vínculos familiares, visam superar os desafios

do convívio familiar de seus idosos, permitindo o equilíbrio, a saúde e o bem-estar dos idosos

institucionalizados.

Palavras-chave: Idoso, ILPI, Convivência Familiar, Saúde.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- Composição por gênero, de idosos do LID.....................................................41

GRÁFICO 2- Relação de Idade e Grau de Dependência.......................................................42

GRÁFICO 3- Tempo de Residência no Lar...........................................................................43

GRÁFICO 4- Percentual por Estado Civil.............................................................................43

GRÁFICO 5-Relação estado civil e nível de escolaridade..................................................44

GRÁFICO 6 – Idosos que tem filhos......................................................................................45

GRÁFICO 7 – Religião dos Idosos.........................................................................................45

GRÁFICO 8 –Responsável pelos idosos do Lar....................................................................46

GRÁFICO 9 – Cidade que mora os responsáveis dos idosos do Lar......................................47

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência de Vigilância Sanitária

BPC Benefício de Prestação Continuada

CDI Conselho do Direito do Idoso

CEDI Conselho Estadual Direito do idoso

CERTI Centro de revitalização da terceira Idade

CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil

CRAS Centro de Referência da Assistência Social

CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social

D.O.U Diário Oficial da União

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e estatística

ILPI Instituição de Longa Permanência para Idosos

LID Lar Irmãos Dentzer

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

LOM Lei Orgânica do Município

NOB-RH/SUAS Norma Operacional Básica de recursos Humanos do SUAS

PAIFI Proteção e Atendimento Especializado as Famílias e Indivíduos

PEDI Política Estadual do Direito do Idoso

PNAS Política Nacional de Assistência Social

PNI Política Nacional do Idoso

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

SMAS Secretária Municipal de Assistência Social

SUAS Sistema Único de Assistência Social

TCLE Termo de Compromisso Livre e Esclarecido

UNATI Programa Universidade Nacional Aberta da Terceira Idade

UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10

1 AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS E A POLÍTICA

DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL E DE FORTALECIMENTO DE

VÍNCULOS FAMILIARES DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO CONTEXTO

BRASILEIRO ......................................................................................................................... 13

1.1 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ..................................................................... 13

1.2 CONSTRUINDO A PROTEÇÃO SOCIAL DO IDOSO ............................................... 16

1.2.1 Os Serviços Socioassistenciais de Atenção Integral do Idoso ................................. 22

1.3 MODALIDADES DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL .............................. 23

1.4 AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA E A RESOLUÇÃO N. 283

ANVISA ................................................................................................................................... 24

1.5 IDOSO E A FAMÍLIA.................................................................................................... 26

2 A INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA “CASA LAR IRMÃOS DENTZER”

E A POLÍTICA DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL E DE

FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NO MUNÍCIPIO DE TOLEDO ........................................... 29

2.1 A SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ..................................... 29

2.2 A REDE DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL E DE PROTEÇÃO AO

IDOSO ...................................................................................................................................... 31

2.3 ........................................................... A INSTITUIÇÃO CASA LAR IRMÃOS DENTZER

................................................................................................................................................ 33

2.3.1 Lar Irmãos Dentzer – Um pouco de sua história ..................................................... 33

2.3.2 Lar Irmãos Dentzer – Atuação .................................................................................. 34

2.3.3 O Fortalecimento dos Vínculos Familiares na Instituição ...................................... 35

3 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA ...

................................................................................................................................................ 37

3.1 CONSTRUINDO A METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................. 38

3.2 CONHECENDO ALGUNS ASPECTOS REFERENTES AOS SUJEITOS DA

PESQUISA ............................................................................................................................... 40

3.3 QUANTO A INSERÇÃO E DESLIGAMENTO DE IDOSOS NA INSTITUIÇÃO ........ 47

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3.4 QUANTO ÀS VISITAS DOS FAMILIARES E A RELAÇÃO DE VÍNCULOS

FAMILIARES .......................................................................................................................... 50

3.5 QUANTO A PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NA INSTITUIÇÃO ........................... 56

3.6 QUANTO A RESTITUIÇÃO DE VÍNCULOS FAMILIARES ........................................ 57

3.7 QUANTO A INSTITUIÇÃO E A SAÚDE DOS IDOSOS ............................................... 59

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 62

APÊNDICES ........................................................................................................................... 66

ANEXOS.................................................................................................................................. 76

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INTRODUÇÃO

Se de um lado almejamos, cada vez mais, maior qualidade de vida e saúde para o

idoso institucionalizado, de outro, sabemos que a manutenção e o fortalecimento de vínculos

familiares são fundamentais e um desafio tanto para a Instituição onde se encontra o idoso,

como para a família que, na maioria das vezes, obrigou-se a interná-lo por não mais conseguir

suprir as suas necessidades cotidianas. A pesquisa trata do significado/importância da

manutenção e fortalecimento dos vínculos familiares para o bem-estar e saúde do idoso da

Instituição “Casa Lar Irmãos Dentzer” (LID) no período 2015-2016.

O interesse pela área do idoso sobreveio devido à experiência de Estágio

Supervisionado Curricular Obrigatório I e II, em Serviço Social, realizado na Casa Lar Irmãos

Dentzer de Toledo-PR, realizado no período 2015-2016, sendo que no acompanhamento e

execução dos Projetos “Descontraindo com Familiares e Amigos” e “Fortalecimento dos

Vínculos entre Familiares e Idosos do LID”, constatou-se que nas datas da realização

dosProjetos,as famílias compareciam e aderiam às atividades de forma significativa. No

entanto, em outrosmomentos e no cotidiano da instituição, a família não se fazia presente de

forma satisfatória. Mesmo não havendo nenhuma restrição de horário, pela instituição, ou

necessidade de agendamento por parte da instituição.

Partindo dessa reflexão e experiência, definiu-se como problema dessa pesquisa

entender “qual o significado/importância da manutenção e fortalecimento dos vínculos

familiares, para o bem-estar e saúde do idoso institucionalizado da Casa Lar Irmãos Dentzer”,

estabelecendo as seguintes questões norteadoras: Em caso de fragilidade ou rompimento dos

vínculos familiares, qual a intervenção necessária, para que o idoso e sua família possam ter

uma nova aproximação que amenize o sofrimento? Quando surgiu a Instituição e quais os

objetivos ações e projetos que são desenvolvidos no Lar para a manutenção e fortalecimento

dos vínculos dos idosos e seus familiares? Qual a importância da participação da família no

cotidiano do idoso?Quais políticas assistenciais que os atendem? Que espaço tem a família no

atendimento e acompanhamento do idoso na instituição? Como se dá as relações de vínculos

familiares no Lar e qual a frequência das visitas para os idosos institucionalizados?

No intuito de responder o problema exposto, parte-se do pressuposto que a família,

ainda que possa contar com os serviços especializados de uma instituição, não deve se eximir

de seu comprometimento e de sua responsabilidade em zelar pelo bem-estar físico e mental de

seus idosos, participando cotidianamente de suas vidas. Nem tão pouco a Instituição deve

prescindir de meios e atividades que busquem maior bem-estar físico e mental do idoso e a

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busca constante pela maior proximidade da família no cotidiano institucional, evitando ou

diminuindo a incidência de impactos negativos que fragilizam o idoso e podem acarretar

maior probabilidade de aquisição de doenças e seu abandono por parte da família.

O objetivo da pesquisaé analisar o significado/importância da manutenção e

fortalecimento dos vínculos familiares, para o bem-estar e saúde do idoso da Instituição “Casa

Lar Irmãos Dentzer” de Toledo-Pr.

Na operacionalização da pesquisa, optou-se pela modalidade de pesquisa de campo,

com o uso do método específico “estudo de caso” da abordagem qualitativa e a técnica da

entrevista e da observação. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram o

questionário semiestruturado com perguntas fechadas e abertas, diário de campo, relatórios

produzidos no decorrer do estágio e a construção aproximativa do campo de estágio elaborada

no ano de 2015. Os sujeitos da pesquisa foram a Assistente Social, a Psicóloga, os idosos

institucionalizados que estejam no grau de dependência I e seus familiares que residem em

Toledo-Pr.

Na análise e interpretação dos dados da pesquisa, utilizou-se a técnica de triangulação

de Triviños (1987), pois essa técnica abrange maior descrição, explicação e compreensão dos

dados, considerando seu objeto de estudo, sua história e sua cultura.

O trabalho de Conclusão de Curso – TCC, em forma de monografia, está organizado

em três capítulos, sendo que o primeiro capítulo discorre sobre as Instituições de Longa

Permanência para Idosos e as políticas de atendimento socioassistenciais, mais

especificamente direcionadas ao fortalecimento de vínculos familiares de idosos

institucionalizados no contexto brasileiro.

O segundo capítulo aborda a Instituição de Longa Permanência “Casa Lar Irmãos

Dentzer” e a rede de atendimento socioassistencial de proteção ao idoso no Município de

Toledo.O terceiro capítulo descreve a metodologia desenvolvida, apresenta por meio de

gráficos e dados sobre os idosos da instituição, obtidos por meio dos seus dados cadastrais, e

aborda a análise qualitativa e a interpretação dos dados coletados da pesquisa, buscando

responder aos objetivos propostos.

Pretende-se com a pesquisa situar o estudante de Serviço Social nos desafios do dia

adia do exercício da profissão, a produção e ampliação do conhecimento sobre a temática,

uma demanda crescente e atual no Brasil e no mundo, até a possibilidade de contribuir com o

trabalho dos profissionais, nas instituições de longa permanência para idosos, despertando o

interesse de outros pesquisadores. Ampliando assim, ações e programas relacionados ao

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fortalecimento de vínculos familiares, colaborando para a superação dos desafios presentes na

realidade, e também que possa contribuir como incentivo para inspirações futuras.

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1 AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS E A POLÍTICA

DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL E DE FORTALECIMENTO DE

VÍNCULOS FAMILIARES DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO CONTEXTO

BRASILEIRO

Pretende-se neste capítulo abordar o surgimento e a efetivação da política de

atendimento ao idoso através das Instituições de Longa Permanência de Idosos, consolidadas

pela Política Nacional do Idoso e a Resolução 283 da ANVISA, dentro de um contexto de

proteção social desse segmento populacional. A construção do entendimento da proteção

social, descrita neste capítulo, baseia-se numa visão geral da proteção constituída pela

legislação a partir da Constituição Federal de 1988, buscando entender, sob os princípios do

vínculo familiar, a assistência social destinada ao idoso, especialmente no âmbito do idoso

institucionalizado.

1.1 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Para se conceituar a proteção social, direcionada ao idoso, parece conveniente

conceituar, de início, o envelhecimento, processo que faz do cidadão, objeto das políticas

públicas específicas.

O envelhecimento pode ser definido de diversas formas, mas antes é preciso

compreender que o envelhecimento é um processo, que produz alterações gradativas e

naturais, no corpo, na mente e nas relações sociais. Se compreendido num enfoque biológico,

a cada dia vivido,perde-se a sua vitalidade. Assim “O processo do envelhecimento começa

desde quando somos concebidos em vida” (FILHO, 2009, p. 34). Portanto, biologicamente, o

envelhecimento começa tão precocemente quanto a puberdade (alguns o querem já após a

concepção) e é um processo contínuo durante a vida (PASCHOAL, 2005. p. 27).

Isso nos remete a ideia de que cada pessoa nasce com um tempo de vida pré-

determinado. Porém, outros estudos indicam que o tempo de vida, bem como sua qualidade,

depende diretamente do meio e da forma com que se vive:

O envelhecer normal está ligado à capacidade de adaptação do indivíduo aos

rigores e agressões do meio ambiente. Desta forma, cada sujeito envelhece

ao seu modo, dependendo de variáveis como o sexo, origem, lugar onde

vivem, tamanho da família, aptidões para a vida e as experiências

vivenciadas. A exposição ao estresse ou a agentes facilitadores de doenças

tais como o álcool e o tabagismo, falta de exercícios ou de nutrição

inadequada, são fatores que de certa forma vão determinar a qualidade do

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envelhecimento de cada indivíduo, fazendo com que a diferença ainda

aumente (BRAZ, 2006, p.13).

Papaléo Netto e Borgonovi(2005, p. 44)defendem “[...] o envelhecimento como

processo dinâmico e progressivo, no qual há grandes modificações morfológicas, fisiológicas,

bioquímicas e psicológicas”. O fato é que normalmente se percebe o processo de

envelhecimento, quando a vitalidade já não é mais a mesma, quando ovigorfísico já limita a

realização de algumas tarefas que até então eram corriqueiras, quando saímos do mercado de

trabalho pelo fator idade, quando a memória já não responde com a mesma presteza de antes,

etc. São essas e dentre outras mudanças na vida pessoal que afetam as relações produtivas,

familiares e sociais do indivíduo.

Ao longo desta fase da vida, o idoso busca meios para sua sobrevivência, manutenção

de sua identidade e sua permanência como ser útil e importante na sociedade, na família, na

comunidade, mas, muitas vezes, o ambiente em que vive nem sempre é propício. Nessa luta

constante, encontra pelo caminho alegrias e sofrimentos que acarretam alguns transtornos

vivenciados que acabam por deixar sequelas. No entanto, em cada fase da vida é preciso viver

bem, e “o segredo do bem viver é aprender a conviver bem com estas limitações”

(ZIMERMAN, 2000, p. 23).

Portanto, concebendo o envelhecimento como um processo progressivo e, não sendo

possível evitar a progressão que desencadeia, muitas vezes, em enfermidade, perdas e

sofrimento, Braz rebate que o processo de envelhecimento também é uma oportunidade de

fazer novos planos, que se traduzem em ganhos.

O processo do envelhecimento é caracterizado por contínuas perdas de

ordem fisiológica e socioeconômica. Entretanto, também durante este

mesmo processo existem ganhos, traduzidos pela sabedoria proveniente das

experiências vividas além da possibilidade de reconstrução, oferecida pela

aposentadoria se for possível vislumbrá-la como sinal de que é chegado o

tempo da reconstrução de um novo projeto de vida (2006, p. 25).

Para fins de assistência social, há a necessidade ainda de se estipular a velhice a partir

de uma determinada idade. Camaranoet al. (1999), diz que a delimitação etária, advém de um

padrão de declínio de algumas características físicas dos indivíduos em uma sociedade, mas

alerta que a idade serve apenas para separar idosos de não idosos.

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Como vimos anteriormente, o envelhecimento e suas limitações dependem muito mais

das condições de vida de cada indivíduo, não sendo a idade, fator determinante para

vislumbrar a dependência da pessoa.

A partir da concepção de um limite etário é possível estudar estatisticamente a

população de idosos de um determinado país e determinar, assim, as políticas de assistência e

proteção social.

A terceira idade, grupo de pessoas que na atualidade, ocupam grande parcela da

população vivem com certa dificuldade em relação ao preconceito e a discriminação e são

considerados como peso social na sociedade contraditória que é o Brasil:

A sociedade moderna encontra-se hoje diante de uma situação contraditória:

de um lado, defronta-se com o crescimento massivo da população de idosos,

fruto do aumento da expectativa média de vida da raça humana, e, de outro,

se omite ou adota mesmo atitudes preconceituosas sobre o velho e a velhice,

retardando destarte a implementação de medidas que visam minorar o

pesado fardo dos que ingressam na terceira idade (PAPALÉO NETTO;

PONTE, 2005, p. 09).

Ainda há um desafio grande a ser enfrentado com o aumento de contingente de idosos.

Nos últimos anos esse grupo de pessoas vem crescendo significativamente. “Conforme dados

trazidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o envelhecimento é um

fenômeno mundial, ou seja, o crescimento da população idosa, em números absolutos e

relativos, está ocorrendo em nível sem precedente”(RITT, 2008, p. 21).

“No Brasil, também se observa o acelerado crescimento da população idosa, que dobra

seu número a cada 20 anos” (GOMES, 2010 p. 71-72). De acordo com o censo demográfico

do IBGE (2010), a população brasileira com idade igual ou superior a 60 anos, somavam

20.590.601 de pessoas, o que correspondia a aproximadamente 10,8 % da população.

Juntamente com o crescimento da população idosa, cresce os desafios de se construir

uma sociedade com políticas públicas de assistência e proteção social abrangente e de

qualidade, que promova de forma eficaz condições de vivência digna de seus idosos e

superação das principais dificuldades, de forma que sejam minimizados os fatores negativos

do envelhecimento.

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1.2 CONSTRUINDO A PROTEÇÃO SOCIAL DO IDOSO

A assistência social sempre esteve presente na sociedade e durante muito tempo foi

exclusivamente feita como forma de caridade pelas instituições religiosas. Para Carvalho

(2008, p 10), desde os tempos remotos, na história humana, a solidariedade social foi

praticada de diferentes formas para ajudar os mais carentes, compreendendo que sempre

haveria desigualdades e, portanto, haveria sempre os “carecedores de ajuda alheia”.

No Brasil, segundo Faleiros, os direitos da pessoa idosa foram contemplados nas

Constituições de 1934 (inciso h parágrafo 1º do artigo 121), de 1937 (artigo 137) de 1946

(artigo 157) e de 1967 (artigo 158), sempre na forma de Previdência Social para os

trabalhadores urbanos que haviam contribuído com a Previdência, excluindo desta cobertura

os trabalhadores rurais e os que não contribuíam (FALEIROS, 2007).

A partir da Constituição Federal de 1988 (CF/88), a assistência social passa a ser um

Estado de direito, com vistas a garantias de cidadania. Em seu Art. 203, “A Assistência Social

será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social,

e tem por objetivo: I a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à

velhice” (BRASIL, 2011, p. 113).

Diz ainda, em seu artigo 230 que o lar é o lugar preferencial para se viver e garantir o

bem-estar e a dignidade, sendo o amparo é de responsabilidade da família, Estado e Sociedade

em geral:

Art. 230: A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as

pessoas idosas, assegurando sua participação nacomunidade, defendendo sua

dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

§ I: Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente

em seus lares (BRASIL, 2011, p. 123).

A assistência, em forma de Previdência Social (anterior a CF/88), consiste em dar

apenas um retorno financeiro ao idoso, após sessada sua capacidade de trabalho, sem a

responsabilidade de que isso lhe represente uma continuidade de vida digna.Diferenciando-se

da concepção de Estado de direito, concebida na CF/88. Esta, por sua vez, apresenta meios

para que o idoso continue participando da vida social, com qualidade de vida e bem-estar,

através de políticas públicas de assistência e proteção social, sob tutela compartilhada do

Estado, da família e da sociedade civil organizada. Além de garantir a universalidade do

direito a assistência e proteção social, a CF/88 reforça a essência do convívio familiar como

principal ambiente de proteção aos idosos.

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De acordo com o Art. 229 da CF/88, “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os

filhos menores, e os filhos maiores tem o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,

carência ou enfermidade”(BRASIL, 2011, p. 123).

Sendo assim, o dever que antes era dos pais para com os seus filhos, da mesma forma,

a responsabilidade passa a ser dos filhos para com os pais. Os verbos “ajudar e amparar”, nos

remete a ideia da existência de uma necessidade. Ou seja, que exista um determinado grau de

dependência, não considerando aqui o fator idade, que seria uma mera rotulagem. Mas para o

usufruto das políticas públicas, o fator idade é critério de inclusão.

Como considera Faria, a Constituição Federal de 1988, contempla de forma

abrangente a atenção ao idoso, mas precisam, de fato, que sejam efetivadas na realidade com

ações institucionais práticas de política pública com ações intersetorial:

Evidentemente algumas dessas garantias constitucionais precisarão

atravessar ainda uma longa trajetória legal, passando pela promulgação da

Lei Ordinária, além de necessário que as normas legais se transformem em

práticas institucionais, e aí residirá a maior resistência à mudança. O avanço

na destinação universal dos serviços de seguridade social envolve o

reconhecimento e o tratamento da assistência social enquanto política

pública, integrante das políticas sociais: políticas que reclamam ao Estado

brasileiro maior severidade e efetividade (2005, p. 79).

Faz-se necessário, a partir de então, uma série de normas e regulamentações que vem

sendo construídas com a finalidade de efetivação dos direitos constituintes, iniciada pela Lei

8.742 de 7 de dezembro de 1993, denominada Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS),

que é uma construção colegiada e participativa dos três(3) níveis de governo, que regulamenta

a concepção da CF/88 para assistência social brasileira (BRASIL, 2005, p. 41).

Com a chegada da LOAS, houve mudanças significativas na área da assistência social.

Mudanças essas que estão expressas no Art. 2º, parágrafo único: “A assistência social realiza-

se de forma integrada às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia

dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à

universalização dos diretos sociais” (BRASIL, 1993, p. 9).

Trata-se, portanto, da lei que define princípios e diretrizes que norteariam a

implementação da nova assistência social no Brasil, proposta pela CF/88. Isto é, a

materialização da assistência social, passando a ser tratado como direito, e não mais como

caridade.

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Chaves (2007, p. 16), citando Pereira (1996), diz: “A LOAS possui duas funções

básicas: assegurar o que foi conhecido na Constituição Federal. Ou melhor, materializar o que

estava apenas na lei; definir detalhar e explicitar a natureza, o significado e o campo próprio

da assistência social no âmbito da seguridade social”.

A partir do Art. 2º da LOAS diz que “a assistência social tem por objetivo a proteção à

família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice”, surge a possibilidade e

necessidade de construção de legislação específica de atendimento socioassistencial ao idoso,

constituindo-se a Política Nacional do Idoso (PNI), conforme Lei nº 8.842, de janeiro de

1994, a qual “dispõe sobre a política nacional do idoso, cria oConselho Nacional do Idoso e

dá outras providências” (BRASIL, 2010, p. 5).

O objetivo primordial da PNI é de promover à pessoa idosa uma longevidade com

qualidade de vida, promovendo autonomia, integração e participação social e comunitária,

considerando o idoso sujeito de direitos sociais, atendendo as necessidades básicas, saúde,

educação, esporte, trabalho, habitação e urbanismo, assistência social e previdência.

Faz-se necessário salientar ainda, alguns pontos essenciais da Lei 8.842, art. 4º, inciso

“I- viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que

proporcionem sua integração às demais gerações”; e no inciso “IX- apoio a estudos e

pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento” (BRASIL, 2010, p. 6). Ou seja,

ressalta-se aqui a importância do convívio do idoso junto a sua família, o qual possa interagir,

de forma integral, com os demais grupos de outras faixas etárias, passando seus

conhecimentos historicamente vividos e aprendendo fatos da atualidade, com os mais jovens.

Faz-se necessário questionar neste momento se este convívio seria ou não prejudicado aos

idosos institucionalizados.

A Política Nacional do Idoso preocupou-se também com as ações governamentais,

destinando um capítulo especialmente voltado para definir as competências, planejamentos,

normas de funcionamento, nas diversas áreas, assistência social, saúde, educação, trabalho e

previdência social, habitação e urbanismo, justiça, cultura, esporte e lazer, ressaltando sempre

que ações de assistência e proteção social é responsabilidade conjunta do Estado, da família e

sociedade civil, por meio de entidades não governamentais(BRASIL, 2010).

Em consonância com a Política Nacional do Idoso e com o Art. 5º, inciso I da Lei

Orgânica da Assistência Social, que determina a descentralização da organização da

assistência social, cria-se a Política Estadual dos Direitos do Idoso (PEDI), no Estado do

Paraná através da Lei nº 11.863, de 23 de outubro de 1997, a qualdetermina em seu Art. 1º os

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objetivos dessa política: “[...] assegurar os direitos da pessoa idosa maior de 60 (sessenta)

anos de idade, criando condições para sua autonomia, integração e participação efetiva na

sociedade” (BRASIL, 1997, p. 59), constitui o Conselho Estadual dos Direitos do Idoso

(CEDI), e determina quais as funções estabelecidas que o conselho deverá cumprir.

O Conselho Estadual dos Direitos do Idoso é um órgão colegiado, fiscalizador e

deliberativo, vinculado a Secretária do Estado que é responsável pela defesa dos direitos da

pessoa idosa. É de sua competência promover, articular entre os órgãos públicos e privados,

buscando a promoção, defesa e socialização dos conhecimentos para contribuir na orientação

sobre os direitos dos idosos (BRASIL, 1997, p. 65).

Portanto, cabe aos órgãos públicos e a sociedade civil organizada, a implementação

dessa política. O Art. 3º da Política Estadual dos Direitos do Idoso descreve as diversas áreas

em que as políticas públicas devem se fazer presentes visando os direitos do idoso como na

área da saúde; da Promoção e Assistência Social; da Educação e da Ciência e Tecnologia:

a) I - Na área da Promoção e Assistência Social: o estimulo à criação de

incentivos e de alternativas de atendimentos ao idoso, como centros de

convivência da família, grupos de convivência, centros-dia, casas lares,

condomínios da 3ª idade, oficinas ocupacionais, atendimentos domiciliares e

outros;b) II- Na área da Saúde: a garantia ao idoso da assistência à saúde nos

diversos níveis de atenção do SistemaÚnico de Saúde-SUS;c) III- Na área da

Educação: o desenvolvimento de programas educativos e em especial a

utilização dos meios decomunicação, a fim de informar a população sobre o

processo de envelhecimento; d) IV- Na área da Ciência e Tecnologia:o

estímulo à criação e a manutenção das universidades abertas a 3ª Idade;

(BRASIL, 1997,p. 60-65).

Complementando os avanços da legislação brasileira na área da assistência social e

proteção ao idoso, iniciados com a CF/88, é criado pela lei nº 10.741 de 1º de outubro de

2003,oEstatuto do Idoso,com intuito de valorização do sujeito idoso, delimitando normas e

regulamentos os direitos estabelecidos às pessoas maiores de 60 anos, assegurando e

garantindo os direitos determinado por lei, com o poder de punir o não cumprimento dos

mesmos.

O Art. 3º do Estatuto do Idoso reforça a corresponsabilidade da família, sociedade e

Estado, na efetivação dos direitos, bem como ações que promovam a atenção integral, a

dignidade, o respeito e a convivência familiar e comunitária:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público

assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à

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saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho,

à cidadania, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária

(BRASIL, 2008, p. 8).

Foi a partir do Estatuto do Idoso que: “[...] as políticas públicas voltadas para o idoso

se efetivaram [...], num momento em que o olhar para o idoso deixou de ser meramente

assistencialista para tornar-se Política de Assistência Social” (SÁ;CASTRO; SOUSA, 2013,

p. 145).

Sendo a Assistência Social um direito fundamental previsto a partir da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988 e um dos tripés da Política Pública de Seguridade

Social, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, juntamente com o

Conselho Nacional de Assistência Social, publica em outubro de 2004 a resolução nº 145, que

propõe uma nova Política Nacional de Assistência Social (PNAS), prevista nas diretrizes da

Lei Orgânica da Assistência Social, por meio da gestão do Sistema Único de Assistência

Social (SUAS). Este modelo de gestão, organizado de forma descentralizada e participativa,

regulamenta e organiza as ações socioassistenciais em todo o país. Ou seja, define normas e

padrões que resultam uma melhor qualidade dos serviços em todo o território nacional.

Visando uma padronização dos serviços socioassistenciais, o SUASestrutura suas

ações a partir dos seguintes eixos: Matricialidadesóciofamiliar; Descentralização político-

administrativa e territorialização; Novas bases para a relação entre Estado e sociedade

civil;Financiamento; Controle social; O desafio da participação popular/cidadão usuário;A

política de recursos humanos; A informação; o monitoramento e a avaliação (BRASIL, 2005,

p. 56).

A nova Política Nacional de Assistência Social deve garantir também a segurança da

vivência familiar ou a segurança do convívio, considerando esta, como uma das necessidades

do ser humano, pela qual a Política de Assistência Social deve promover. Como alimentação,

saúde, educação, lazer entre outros, a convivência familiar é uma necessidade humana. Ou

seja, na concepção da Assistência Social, o fortalecimento de vínculos familiares e

comunitários podem prevenir situações de risco atuando como meio de proteção social básica

(BRASIL, 2005).

A Política Nacional de Assistência Social é “[...] reconhecida como Política de

Proteção, em vez de seguridade, considerando que, como proteção, a Assistência Social terá a

missão de prover a proteção à vida, reduzir danos, monitorar populações em risco e prevenir a

incidência de agravos à vida em face das situações de vulnerabilidade”(SÁ; CASTRO e

SOUZA, 2013, p. 153).

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A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é um direito universal garantido na

CF./88 e reafirmado através da Lei Orgânica da Saúde, no intuito de que a atenção à saúde

seja promotora do bem-estar e atendimento digno:

A meta final deve ser uma atenção à saúde adequada e digna para os idosos e

idosas brasileiras, principalmente para aquela parcela da população idosa

que teve, por uma série de razões, um processo de envelhecimento marcado

por doenças e agravos que impõem séries limitações ao seu bem-estar

(BRASIL, 2006, p. 3).

Essa Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa determina ainda os princípios e

diretrizes que é essencial para o bem-estar e saúde do Idoso, sendo que o objetivo primordial

é a promoção da autonomia da pessoa idosa:

A finalidade primordial da Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa é

recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos

idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim,

em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É

alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de

idade (BRASIL, 2006, p. 3).

Pode usufruir dessa política todo o cidadão que encaixar no requisito determinado sem

precisar ter contribuído, ou seja, qualquer cidadão brasileiro terá direito de acessar esse

benefício.

Um dos pontos importantes de partida é sobre a saúde da população idosa que não é só

de controlar ou prevenir, mas depende também de uma: “[...] interação entre a saúde física, a

saúde mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social”

(RAMOS, 2002, apud. BRASIL, 2006, p. 4).

Partindo desse pressuposto, a saúde do corpo e da mente precisa estar em equilíbrio,

para que o ser humano esteja desfrutando uma qualidade de vida adequada. É necessário que

o atendimento na área da saúde contemple as necessidades da população.A Política Nacional

da Assistência Social organizada e normatizada pelo Sistema Único de Assistência Social,

representa grande avanço, no que diz respeito à profissionalização na área da Assistência

Social.

Assim,otrabalhador da Assistência Social “[...] deve ofertar seus serviços com

conhecimento e compromisso ético e político de profissionais que operam técnicas e

procedimentos impulsionadores das potencialidades e da emancipação de seus usuários”

(FERREIRA, 2011, p. 19).

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Cabe ainda assinalar que, a NOB-RH/SUASdeve garantir: “[...]aos usuários do

Sistema Único de Assistência Social serviços públicos de qualidade” (BRASIL, 2006, p. 13).

Essa norma é um instrumento de gestão que propõe a consolidação da Assistência Social

através das políticas públicas, juntamente com a participação da sociedade civil.

1.2.1 Os Serviços Socioassistenciais de Atenção Integral do Idoso

Os serviços socioassistenciais de atenção integral ao idoso estão subdivididos de

acordo com a complexidade do atendimento, visando atender de forma específica e mais

direcionada cada situação, proporcionando maior agilidade e melhor qualidade no

atendimento.

A proteção social básica atende a população em situação de vulnerabilidade social.

Suas ações estão voltadas para o desenvolvimento e fortalecimento dos vínculos familiares e

comunitários, através de programas e projetos que promovam o acolhimento, a convivência e

a socialização de indivíduos e famílias. Estes serviços são executados nos Centros de

Referências da Assistência Social (CRAS) e na rede de entidades e organizações de

assistência conveniadas.

Os serviços devem potencializar o fortalecimento dos vínculos familiares,

considerados pela assistência social, serviços de proteção básica, dada que a família é a

unidade de referência básica do convívio social (BRASIL, 2005, p. 49).

No âmbito do SUAS, o Programa de Atenção Integral a Família (PAIF) é um

programa de destaque que é desenvolvido nos CRAS, prevendo inclusive, assistência de renda

financeira aos assistidos, através do Benefício de Prestação Continuada –BPC, assim como

benefício de inclusão e enfrentamento à pobreza.

A Proteção Social Especial tem por objetivo, proteger e atender os indivíduos e suas

famílias com vínculos familiares e comunitários violados ou rompidos e que estejam em

situação de vulnerabilidade e risco social, podendo ser por: violência, abandono, ou pessoas

que não tem lugar para morar. São serviços, individualizados e que carecem de maior

flexibilidade e com medidas essencialmente protetivas de direitos violados.

As estratégias buscam a reestruturação e o fortalecimento do núcleo familiar, para que

se possa compreender sua vocação protetora e suas funções afetivas, reestabelecendo ou

assumindo sua autonomia como base de um convívio social saudável(BRASIL, 2005, p. 51).

A Proteção Social Especial de Média Complexidade são serviços prestados àqueles

indivíduosquetiveram seus direitos violados, mas que não houve rompimento dos vínculos

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familiares e comunitários. Os quais carecem de acompanhamentos sistemáticos e

monitoramento, a fim de evitar que as situações de violação de direitos continuem ou se

repitam. Esses serviços são desenvolvidos pelos “[...] Centro de Referência Especializado de

Assistência Social –CREAS, unidade pública que se constituiu como polo de referência,

coordenador e articulador da proteção social de média complexidade” (BRASIL, 2012, p. 32).

O objetivo fim é fortalecer e/ou reestruturar a função protetiva das famílias.

A Proteção Social Especial de Alta Complexidadeatende o indivíduo ou a família com

risco pessoal e social sem referência e/ou sob ameaça, precisando ser retirado de seu núcleo

familiar ou comunitário. Estes serviços buscam garantir proteção integral e podem ser por

tempo indeterminado ou temporário, normalmente, serviços prestados por instituições como

Casa Lar, República, Casa de passagem e Albergue, que oferecem proteção integral para o

indivíduo e suas famílias como, por exemplo, alimentação, moradia e trabalho ao indivíduo

que se encontra em situação de vulnerabilidade e, devem igualmente favorecer o convívio

familiar e comunitário (BRASIL, 2005).

Reafirmando esta prioridade a resolução nº 109 do Conselho Nacional de Assistência

Social descreve que para idosos, “A natureza do acolhimento deverá ser provisória e,

excepcionalmente, de longa permanência quando esgotadas todas as possibilidades de auto

sustento e convívio com os familiares” (BRASIL, 2009, p. 33).

1.3 MODALIDADES DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL

O atendimento asilar garante ao idoso que está em situação de vulnerabilidade social,

atendimento com atenção diferenciada e efetiva, visando a garantia dos direitos.Segundo o

Decreto 1948,em seu Art. 3º: “Entende-se por modalidade asilar o atendimento, em regime de

internação, ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover à própria subsistência

de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência

social”(BRASIL, 1996, p. 1).

Há ainda as instituições e os atendimentos de modalidade não asilar definidas pelo

decreto 1948, Art. 4º, como a criação dos Centros de Convivência; Centros de Cuidados

Diurnos; Casa-Lar; Oficinas Abrigadas de Trabalho e Atendimento Domiciliar:

I-Centro de Convivência: local destinado à permanência diurna do idoso,

onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas e de

educação para a cidadania;

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II-Centro de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia: local destinado à

permanência diurna do idoso dependente ou que possua deficiência

temporária e necessite de assistência médica ou de assistência

multiprofissional;

III-Casa-Lar: Residência em sistema participativo, cedida por instituições

públicas ou privadas, destinada a idosos detentores de renda insuficiente

para sua manutenção e sem família;

IV-Oficina Abrigada de Trabalho: local destinado ao desenvolvimento, pelo

idoso, de atividades produtivas, proporcionando-lhe oportunidade de elevar

sua renda, sendo regida por normas específicas;

V-Atendimento domiciliar: é o serviço prestado ao idoso que vive só e seja

dependente, a fim de suprir as suas necessidades da vida diária. Esse serviço

é prestado em seu próprio lar, por profissionais da área de saúde ou por

pessoas da própria comunidade; (BRASIL, 1996, p. 2).

Este mesmo decreto prevê que a saúde dos idosos deve ser promovida através da sua

permanência ativa junto à família, do modo como lhe convém (BRASIL, 1996).

1.4 AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA E A RESOLUÇÃO Nº 283 ANVISA

As primeiras instituições denominadas asilos “[...] surgiram no Império Bizantino, no

século V da era cristã [...] fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), transformando sua casa em

hospital para idosos desamparados. [...]” (ALCANTARA (2004) apud, PAES, 2007, p. 14).

Desde sua origem, os asilos possuíam a função de casa de acolhimento para todos os

tipos de pessoas que, de certa forma, sofriam marginalização social, originando assim, a ideia

de algo negativo, o que ainda persiste na sociedade atual. “[...] há uma verdadeira profusão

de construções para o acolhimento de peregrinos, enfermos, pobres, velhos, inválidos e

enjeitados de toda sorte. Porém sob a influência do cristianismo, esta segregação adquiriu o

caráter de ação criativa” (LUIS, 2000, p.15).

Com o passar do tempo os grupos de pessoas foram separados, por suas necessidades,

em hospitais, manicômios, sanatórios, orfanatos, entre outros. “Somente no século XX, o

termo asilo passou a ser uma instituição para velhos. Justifica-se, desse modo na sua origem,

as instituições para velhos como um lugar de tristeza, abandono, pobreza e decadência”

(XIMENES; CÔRTE, 2007, p. 32).

Portanto, a partir do ano de 1794, no Brasil Colônia,particularmentena cidade do Rio

de Janeiro, foi quando: “[...] começou então a funcionar a Casa dos Inválidos, não como ação

de caridade, mas como reconhecimento àqueles que prestaram serviço à pátria, para que

tivessem uma velhice tranquila” (ARAUJO; SOUZA; FARO, 2010, p. 252).

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No Brasil, a Política Nacional do Idoso e a Resolução RDC nº 283, entende como

asilo as instituições de internato ao idoso, de caráter temporário ou permanente, que não tem

vínculo familiar ou sem condições de prover a suas necessidades de moradia, alimentação,

saúde e convivência social. Reconhece ainda, a prioridade de convivência do idoso no grupo

familiar, com condições de atender suas necessidades que garantam seu bem-estar (BRASIL,

1994 apud XIMENES e CÔRTE, 2007).

A denominação mais adequada e atual para abrigo de idosos é Instituição de Longa

Permanência para Idosos (ILPIs), expressão adotada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e

Gerontologia (SBGG) (SOCIEDADE, 2003 apud XIMENES e CÔRTE, 2007, p.32), em

regime de internato em tempo integral. Seguem regulamentos e normas no sentido de garantir

o bem-estar de seus integrantes, conforme define o Estatuto do Idoso. São instituições de

domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte

familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania (ANVISA, 2005, p. 2). Estas

instituições devem propiciar o completo exercício dos direitos civis, políticos, econômicos,

sociais, culturais e individuais de seus residentes, como segue:

Art. 49. As entidades que desenvolvem programas de institucionalização de

longa permanência adotarão os seguintes princípios:

I- Preservação dos vínculos familiares:

II- Atendimento personalizado e em grupos:

III- Manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força

maior;

IV- Participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e

externo;

V- Observância dos direitos e garantias dos idosos;

VI- Preservação da identidade do idoso e oferecimento de respeito e

dignidade; (BRASIL, 2008, p.32).

O idoso ao ser institucionalizado chega com sua história, sua cultura, costumes e

manias. Cada um carrega o motivo de sua institucionalização, a partir daí segue o período de

adaptação. Os idosos se deparam com outra realidade, com normas e regulamentos por isso:

“A decisão de ingressar numa instituição deve ser tomada após serem examinadas as

alternativas possíveis[...]” (BORN, 2005, p. 406). Ou seja, quando se esgotar todas as

alternativas, é que deve amadurecer a ideia, da institucionalização.

Camarano (2007, p. 175) aponta que “[...] morar numa instituição fora do contexto

familiar pode gerar sentimentos de desamparo e abandono, principalmente, em se tratando de

pessoas que vivem a última fase da vida. [...]”. O autor alerta que pode ser prejudicial a esse

grupo tirá-lo do seio da família, entendendo que nessa fase é um momento delicado, onde são

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vivenciados sentimentos, emoções, carências, doenças, partindo desse pressuposto que a

família é o porto seguro, “[...] lugar idealizado de amparo e aconchego [...]” (NERI, 2007, p.

175).

É importante que o idoso tenha conhecimento, sempre que possível, da realidade

familiar e dos motivos pelos quais a decisão de institucionalização está sendo tomada. Aliás,

mais importante ainda é que o idoso faça parte deste momento de decisão. Como ressalta

Leme e Silva, o sentir-se útil e valorizado representa muito para o idoso.

Sua idade representa assim uma condição essencial para a particular

contribuição que pode dar e passa a ser valorizado exatamente na condição e

porque é idoso. Sem dúvida, por outro lado, este sentir-se útil, não por ser

falso paternalismo, mas de uma forma natural, deve contribuir

significativamente para o equilíbrio psíquico do indivíduo(2005, p. 93).

A intenção principal é que a Instituição de Longa Permanência seja para o idoso, o

mais parecido possível com o seu lar familiar, no qual recebam os cuidados necessários que

sua condição financeira, de saúde, de convívio social e emocional exige, ou seja, demandas

que a família não tenha condição de proporcionar. Além disso, essa entidade deve

proporcionar àfamíliao direito de acompanhar, da melhor forma possível, especialmente no

período de adaptação.

A Resolução da Diretoria Colegiada-RDC/ANVISA, nº 283 de setembro de 2005, é o

regulamento técnico que defini normas para o funcionamento das Instituições de Longa

Permanência para Idosos, portanto, é a resolução que direciona como deve ser o

funcionamento das instituições, garantindo os direitos da população idosa e promovendo

assim, a redução de riscos.

1.5 IDOSO E A FAMÍLIA

A Relação familiarpossuipapel fundante do ser humano. Faz-se necessário avaliar

alguns elementos de mudanças sociaisque, segundo Bakker (2000), impactaram diretamente

na relação familiar como a urbanização, o aumento populacional, a industrialização e os

avanços tecnológicos, transformando as questões familiares como questões públicas:

A urbanização, o aumento populacional e a passagem de um modelo de

produção exclusivamente doméstica e artesanal para uma economia de

mercado, consequências do processo de industrialização e do avanço

tecnológico, alteram de maneira significativa o ritmo das transformações

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sociais. O que antes era restrito ao ambiente privado e familiar torna-se

público, submetendo o homem às ingerências impostas pelo Estado

Moderno, dentre as quais sobressai à imposição de pertencer ao mundo do

trabalho [...] (BAKKER, 2000, p. 27-28).

Com esse novo modelo de produção, o indivíduo precisou buscar alternativas para

sobreviver. “A sociedade, ao industrializar-se, começou a impor uma nova postura de

sobrevivência, em que cada indivíduo passava a depender de seu próprio esforço e capacidade

de produção; e aqueles que não mais produziam viam-se na dependência de outros [...]”

(BAKKER, 2000, p. 138). Ou seja, a família que trabalhava unida, e mesmo quando os filhos

constituíam novos lares, permaneciam juntos à família de origem e que, por conseguinte,

podiam amparar seus pais na velhice, agora, porém, o trabalho passa a ser individual, em que

cada um produz seu próprio sustento, já não mais sendo possível amparar seus idosos.

Para Born (2005), além da urbanização e industrialização, o emprego feminino,

espaços habitacionais diminuídos e crises econômicas que vem atingindo duramente parte da

população, impactando em mudanças na organização familiar. São os reflexos vem

acontecendo no Brasil desde os anos 60.

A família, base formadora do sujeito em todos os sentidos, já não consegue mais dar o

suporte necessário aos seus idosos, necessitando a intervenção do Estado através de

instituições de assistência social. Partindo desse pressuposto. “[...]Justifica a adoção dessa

centralidade a noção de que a família é a base da sociedade e corresponsável, juntamente com

o Estado, pela proteção da criança, do adolescente e do idoso. [...]” (SIQUEIRA, 2003, apud

NERI et al, 2007, p. 219).

Leme e Silvatambém consideram que a vivência familiar tem importância especial

para a criança e o idoso, capaz de promover saúde e bem-estar que resulte em maior equilíbrio

afetivo e físico:

Com efeito, o papel da família, importante em qualquer estágio da vida,

torna-se particularmente relevante durante dois períodos polares: o período

educativo propriamente dito, isto é, a infância e adolescência, e, em outro

polo, na senectude. Em ambas as situações, a consideração do indivíduo

como pessoa é única forma de desenvolver, por um lado, e de manter, por

outro, o equilíbrio afetivo e físico do ser humano, propiciando seu

desenvolvimento harmônico e natural, valorizando todas as suas

potencialidades de maneira global (2005, p. 92).

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Portanto, a família é importante desde o nascimento, fazendo-se presente na educação,

bem como seguindo as etapas e ascendendona velhice, proporcionandoa tranquilidade

fundamental que o ser humano precisa ao longo de sua vida.

Cabe ainda assinalar que “[...] a sociedade tem o dever de promover um ambiente no

qual seus idosos possam desfrutar direitos e oportunidades, após uma vida dedicada à

construção dessa sociedade” (SIQUEIRA, 2007, p. 209).Camarano apontaque na ausência do

ambiente familiar,aspolíticas públicas de assistência e proteção sejam oferecidas aos idosos

por instituições com maior ênfase:

[...] A despeito dessas recomendações e do consenso entre os especialistas de

que a manutenção do idoso em ambientes familiares é mais adequada para o

bem-estar, reconhece-se a necessidade de estabelecer políticas públicas que

possibilitem a modalidade de atendimento institucional a determinados

idosos (2007, p. 171).

Ou seja, o esforço da legislação brasileira em priorizar o convívio dos idosos no seio

familiar, requer prioritariamente uma vida digna e saudável para o ser humano, durante todo

seu curso. De igual forma, isso nos remete a pensar que a manutenção para uma boa qualidade

de vida depende de vários elementos, desde uma família estruturada, leis que realmente

funcionem e fundamentalmente políticas socioassistenciais que atendam as expectativas.

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2 A INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA “CASA LAR IRMÃOS

DENTZER” E A POLÍTICA DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL E DE

FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS FAMILIARES DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS NO MUNÍCIPIO DE TOLEDO

Este capítulo tem por objetivo descrever a estrutura organizacional, a gestão, a

abrangência e os fundamentos e diretrizes legais, geridos pela Secretaria Municipal de

Assistência Social no Município,referindo-seao atendimento de assistência e proteção ao

idoso, bem como, os serviços, programas e ações desenvolvidas pela Instituição de Longa

Permanência para Idosos, denominada “Casa Lar Irmãos Dentzer”. Busca-se também analisar

de forma mais aprofundada os projetos desenvolvidos na instituição, com a finalidade de

promoção do fortalecimento dos vínculos familiares dos seus assistidos.

2.1 A SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

A rede de atendimento socioassistencial de política e de proteção ao idoso do

Município, criada para atender a Política de Assistência Social do Município é gerida pela

Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), criada através da Lei nº. 1.781, de 27 de

outubro de 1995 e atualizada pela Lei nº. 2.003, de julho de 2009. A Secretária Municipal de

Assistência Social é o órgão gestor das Políticas Públicas da Assistência Social do Município

de Toledo, a qual oferta, em parceria com a rede socioassistencial, desenvolvida no âmbito

governamental e da sociedade civil organizada, serviços, programas, projetos e benefícios de

assistência social em conformidade com a Política Nacional de Assistência Social e Sistema

Único de Assistência Social (TOLEDO, 2016).

Um dos pontos de partida para a efetivação e realização dessa política está descrito na

Política Municipal de Assistência Social do Município de Toledo, em que trata da união do

governo e da sociedade para a proteção social através de programas, projetos, ações,

benefícios e serviços:

A assistência social será prestada através da implementação de benefícios,

serviços, programas e projetos desenvolvidos com a participação

governamental e não governamental e da sociedade civil, visando a prover

os mínimos sociais e a atender as necessidades básicas da

população(TOLEDO, 1995, p. 1).

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Esse é o comprometimento, no que diz respeito ao Munícipio, em prol da população

carente e que se encontre em situação de vulnerabilidade social, garantindo as necessidades

básicas à sua população.

O SUAS organiza as três esferas de governo e as ações socioassistenciais com a

participação da sociedade civil, direcionando para que as ações sejam implantadas em todo o

país de forma igualitária e universal:

O SUAS cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui-

se na regulação e organização em todo o território nacional das ações

socioassistenciais. [...] Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, com

financiamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das

competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, com participação e mobilização da sociedade civil, e este tem o

papel efetivo na sua implantação e implementação (BRASIL, 2005.p. 55).

Assim, uma das bases organizacional do SUAS, prevê a assistência e a proteção

voltada para as famílias, uma vez que consideraesta,como célula base da sociedade, espaço de

socialização e proteção social,na qual o idoso poderá ser cuidado e protegido:

[...] faz- se primordial sua centralidade no âmbito das ações da política de

assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e

socialização primárias, provedora de cuidados a seus membros, mas que

precisa também ser cuidada e protegida (BRASIL, 2005.p. 58).

Nesse sentido, a família e seus membros, sujeitos de direitos, são foco principal das

ações socioassistenciais.

A Secretaria Municipal de Assistência Social está estruturada em departamentos,

sendo eles: Gabinete da Secretaria de Assistência Social; Secretaria Executiva dos Conselhos;

Conselho Tutelar; Proteção Social Básica; Proteção Social Especial; Gestão do Sistema

Municipal de Assistência Social; Planejamento e Orçamento.

A SMAS conta com uma estrutura física composta por5(cinco) Centros de Referência

e Assistência Social, 2 (dois) Centros de Revitalização da Terceira Idade – CERTI e Espaço

Vida, que atendem as demandas de proteção social básica, e ainda, dois CREAS e casas

abrigos que atendem as necessidades de proteção social especial. Ambas as unidades estão

localizadas estrategicamente, de forma a atender todos os bairros e distritos do município (ver

apêndice A). A rede assistencial abrange ainda 12 (doze) instituições não governamentais que

desenvolvem diversos programas de atendimento à assistência social, em parceria com a

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Secretaria Municipal de Assistência Social. Aqui está inserido o campo da pesquisa “Lar

Irmãos Dentzer”.

A Secretaria Municipal de Assistência Social, responsável pela implantação, gestão e

acompanhamento de todas as atividades, utiliza o Cadastro Único alinhado às esferas

estaduais e federais,o qual proporciona maior abrangência dos programas sociais, além de

ajudar a identificar potenciais acrescidos de benefícios.

As diretrizes da assistência social, oferecidas pelo município, estão alinhadas à

Política Nacional de Assistência Social, à Política Nacional do Idoso e a Lei Orgânica do

Município (LOM), apontam o caminho e os compromissos que o município deve assumir

junto ao idoso, assegurando toda a assistência, dispensada de contribuição, se caso for

necessário, sendo os recursos repassados pelo Município, Estado e pela União.

Conforme podemos ver no Art. 3º da LOM, ela prevê a promoção do bem-estar sem

discriminação, além de combater as desigualdades sociais:

Constituem objetivos fundamentais do Município de Toledo como ente

integrante da República Federativa do Brasil:

I-promover o bem-estar de todos os toledanos, sem preconceitos de origem,

raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação;

II-erradicar, com a participação da União e do estado do Paraná a pobreza e

a marginalidade e reduzir as desigualdades sociais, em sua área

territorial(TOLEDO, 1990, p. 1).

Através da Lei Orgânica, o Município de Toledo define os objetivos de proteção e

promoção socioassistencial sem qualquer tipo de preconceito ou discriminação para toda a

população, contando com a participação da União e do Estado do Paraná.

A prioridade da política de Desenvolvimento Municipal, segundo o “Art. 8º da LOM,

inciso I–alínea b) bem-estar e justiça sociais e inciso V, realizar plano, programa e projetos de

interesse dos segmentos marginalizados da sociedade” (TOLEDO, 1990, p. 2).

2.2 A REDE DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL E DE PROTEÇÃO AO IDOSO

A estrutura da rede de atendimento socioassistencial e de proteção social ao idoso é

formada pelos Centros de Referência de Assistência Social, os Centros de Revitalização da

Terceira Idade, as Casas-lares ou Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPs),

Residência Temporária para Idosos vítimas de violência doméstica, juntamente com o

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Conselho de Direitos do Idoso (CDI), Serviços de Saúde, Promotoria do Idoso, Defensoria do

Idoso e atendimento domiciliar ao Idoso.

Os Centros de Referência de Assistência Social são a porta de entrada dos usuários à

rede de proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social. É uma unidade pública

estatal responsável pela oferta de serviços continuados de proteção social básica de assistência

social às famílias, grupos e indivíduos em situação de vulnerabilidade social(BRASIL, 2005).

Os serviços do CRAS são realizados visando à valorização das heterogeneidades, as

particularidades de cada grupo familiar, a diversidade de cultura e a promoção e o

fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Por meio dos CRAS são realizados

atualizações e ajustes cadastrais dos usuários, desenvolvimentos e avaliações de programas

socioassistenciais, articulações com outras esferas do governo e estruturas sociais,

treinamento e capacitação dos funcionários e encaminhamentos junto à rede de assistência e

proteção social, conforme a necessidade (BRASIL, 2005).

Os programas e os projetos direcionados ao idoso têm como objetivo, possibilitar aos

cidadãos idosos do município de Toledo ações diferenciadas, preconizando o fortalecimento

da qualidade de vida por meios de atividades culturais, educacionais, físicas, sociais, lazer e

atendimento especializados,independente deste ser ou não membro de grupos de idosos, tudo

isso desenvolvido pelo Centro de Revitalização da Terceira Idade.

Conforme a Política Nacional de Assistência Social, a rede de proteção social básica

deve desenvolver serviços, programas e projetos que evitem, por antecipação, riscos e danos

para a população vulnerável, principalmente pelo fortalecimento dos vínculos familiares e

comunitário:

A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de risco por

meio dodesenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento

de vínculos familiares e comunitário. Destina-se à população que vive em

situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência

de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou,

fragilização de vínculos afetivos - relacionais e de pertencimento social [...]

(BRASIL, 2005. p. 45).

Atuar na prevençãosignificaapossibilidade de evitar os diversos danos que uma

situação de risco pode causar à pessoa, família e/ou sociedade. Já a Proteção Social Especial é

uma; “modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se

encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos

físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, [...]” (BRASIL, 2005, p. 51). Os serviços de proteção

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social especial, dada sua complexidade, por vezes, contam com a colaboração de outros

órgãos, como por exemplo, o Poder Judiciário e o Ministério Público (BRASIL, 2005, p. 52).

Na área da Educação, possuem-se os Cursos de Capacitação de Cuidadores de Idosos

e o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade-UNATI, na UNIOESTE.Assim,

considera-se que a educação também é um meio de promoção do bem-estar, da valorização da

vida e da inserção social, que ajuda a terceira idade a ter expectativas e satisfação, buscando

aumentar sua autoestima, sendo um sujeito valorizado e reconhecido, ganhando oportunidades

de participação efetiva na sociedade, como prevê a Política Nacional do Idoso, em seu Art. 1º.

O acesso ao mundo digital, por exemplo, permite que o idoso possa interagir com amigos,

familiares e outras pessoas, através do uso dos meios virtuais de comunicação.

2.3 A INSTITUIÇÃO CASA LAR IRMÃOS DENTZER

2.3.1 Lar Irmãos Dentzer – Um pouco de sua história

Os irmãos Johann, Max, Franz e Katharina nasceram em BrühlbeiKöi, na Alemanha e

perderam o pai Sr. Anton Dentzer na Primeira Guerra Mundial. A mãe Sra. Gertrud e os 4

(quatro) filhos, desembarcaram no porto de Santos, dia 04 de dezembro de 1937, obrigados a

deixar a terra natal por perseguição nazista e foram para a cidade de Castro-PR, zona rural,

onde moraram até abril de 1951, mudaram-se então para Toledo e se tornaram pioneiros da

colonização(TOLEDO, documento Lar Irmãos Dentzer).

No ano de 1958, os quatro irmãos perdem a mãe, a qual foi vítima de câncer.

Decidiram permanecer solteiros e cuidarem uns dos outros. Combinaram que “[...] quando

restarem só dois deles, ambos doariam todo o patrimônio para uma entidade, a fim de

construir um lar para idosos, e que este, cuidasse deles até o fim da vida, pois essa era uma

preocupação que muito os inquietavam”. Isso aconteceu em setembro de 1997 quando os

irmãos Johann e Katharina doaram todo o patrimônio para a Sociedade Batista de

Beneficência TABEA, ligada à Convenção Batista Pioneira do Sul do Brasil(TOLEDO,

documento Lar Irmãos Dentzer).

A Casa Lar Irmãos Dentzer, iniciou suas atividades em 23 de julho de 2001, sendo um

abrigo institucional de longa permanência para idosos, entidade de caráter filantrópico, não

governamental,queproporciona o atendimento completo de moradia, incluindo alimentação,

lazer, saúde, cultura e acesso aos direitos, ou seja, atende as necessidades essenciais,

oferecendo ao abrigado, oportunidade para uma qualidade de vida segura e com direitos.

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A entidade passou a ter convênio com o poder público municipal em agosto de 2013,

para a qual são repassados recursos financeiros, em contrapartida da disponibilidade de vagas

para atendimento a idosos encaminhados pelos Centros de Referência Especializados de

Assistência Social.

2.3.2 Lar Irmãos Dentzer– Atuação

O Lar Irmãos Dentzer atende as necessidades da SMAS, para a proteção social

especial de alta complexidade, por garantir “[...] proteção integral como moradia,

alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram

sem referência e/ou em situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar

e/ou comunitário” (GOMES, 2009, p. 23).

Atualmente o Lar tem capacidade para atender 40 (quarenta) idosos, sendo

resguardadas6 (seis) vagas para idosos da assistência, encaminhados pelo CREAS.

O público atendido pela instituição são os idosos de 60 anos ou mais e que estejam no

grau de dependência I (que seria o idoso independente). Porém, já institucionalizado, caso o

idoso entrar no grau de dependência II (que seria o idoso que depende do auxílio de outra

pessoa para realizar até três atividades, ex.: alimentação, mobilidade e higiene), e o grau III

(que requer assistência para todas as atividades diárias), esses permanecem na instituição e

terão atendimento adequado, além de toda a assistência que necessitar, principalmente na área

da saúde.

No momento, a Casa Lar Irmãos Dentzer atende 29 (vinte e nove) idosos,

disponibilizando o acesso a seus direitos constitucionais, fazendo valer sobre o dever da

família, e a efetivação dos direitos dos idosos garantidos na Constituição Federal e no

Estatuto do Idoso em seu artigo 3º, citado anteriormente.

O objetivo da instituição é propiciar aos idosos residentes, o acesso aos seus direitos.

Os serviços e ações são pautados no Sistema Único de Assistência Social, na Lei Orgânica de

Assistência Social e no Estatuto do Idoso.

A entidade atende ao regulamento técnico para o funcionamento de Instituição de

Longa Permanência para Idosos, em conformidade com aResolução da Diretoria Colegiada-

RDC/Anvisa, nº 283, de setembro de 2005, podendo responder judicialmente, quanto ao não

cumprimento das normas, conforme determina o Art. 3º da resolução.

O descumprimento das determinações deste Regulamento Técnico constitui

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infração de natureza sanitária sujeitando o infrator a processo e penalidades

previstas na Lei n 6437, de 20 de agosto de 1977, ou instrumento legal que

venha a sustituí-la, sem prejuízo das responsabilidades penal e civil

cabíveis(ANVISA, 2005, p.2).

Nesse caso, poderá ocorrer penalidade e processo quanto a negligência por parte da

instituição, pondo em risco os moradores.

O Lar possui o documento de Utilidade Pública Federal, decreto de 22 de novembro

de 1991, publicado no Diário Oficial da União (D.O.U) em 25 de novembro de 1991 e o

Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, publicado no Diário Oficial da União em 29 de

julho de 1996.

Na Casa Lar Irmãos Dentzer são desenvolvidos planos, programas e projetos que

visam buscar uma qualidade de vida acessível, para que o idoso institucionalizado possa ter

um atendimento adequado às suas necessidades, nas mais diversas aréas da assistência, saúde,

lazer, alimentação, cultura e outras.

Os Projetos na área da assistência que a Casa Lar desenvolve são: o projeto “Oficina

da Memória”; que tem como finalidade ativar a memória dos idosos, sendo executado

semanalmente; “Cine Dentzer”; com o objetivo de ajudar na manutenção da memória, o qual

édesenvolvido mensalmente; “Descontraindo com familiares e amigos do LID”,com o intuito

de proporcionar momentos de interação com a família e amigos “Fortalecimento dos vínculos

entre familiares e idosos do LID”; cujo propósito principal é de restabelecer os vínculos

familiares dos Idosos institucionalizados; e por fim “A Terceira Idade e as Interfaces com a

Sociedade”; a qual objetiva promover encontros dos idosos com outros grupos da sociedade.

2.3.3 O Fortalecimento dos Vínculos Familiares na Instituição

2.3.3.1 O Projeto “Descontraindo com familiares e amigos”

Através do cotidiano dos moradores do Lar, a assistente social percebeu a necessidade

de uma aproximação dos familiares com seus idosos. Diante da realidade exposta,criou-se um

projeto para se trabalhar com as famílias, que tem por finalidade fortalecer o vínculo familiar,

em conformidade com o Estatuto do Idoso art. 3º, o direito reservado ao idoso à convivência

familiar e comunitária (BRASIL, 2008).

Considerando a observação e acompanhamento ao idoso e suas famílias, mesmo

contando com os serviços especializados de uma instituição, a família não deve se eximir de

seu comprometimento e de suas responsabilidades, em zelar pelo bem-estar de seus idosos,

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participando cotidianamente de suas vidas e das atividades que são desenvolvidas pela

instituição. Todas as ações buscam constante aproximação da família no cotidiano

institucional, evitando-se os impactos negativos que possam fragilizar o idoso e acarretar

maior probabilidade de aquisição de doenças e seu abandono.

Na atualidade, o Lar Irmãos Dentzer (LID), desenvolve dois (2) projetos, direcionados

ao fortalecimento de vínculos familiares dos idosos institucionalizados, que são:

“Fortalecimento dos vínculos entre familiares e idosos da LID” e “Descontraindo com

Familiares e amigos”.

O projeto “Descontraindo com Familiares e amigos”, iniciado em 24 de junho de

2014, tem por objetivo, proporcionar momentos de interação entre idosos, amigos e seus

familiares, priorizando o resgate do convívio familiar e social.A metodologia adotada

contempla inicialmente dois (2) encontros anuais, podendo ser aplicado com maior

frequência.

A avaliação é feita com os idosos que respondem a um questionário semiestruturado, o

qual possui perguntas fechadas e abertas, além de contar com o registro através de fotografias

tiradas nos dias da atividade do projeto.

2.3.3.2 O Projeto “Fortalecimento dos vínculos entre familiares e idosos da LID”

O projeto “Fortalecimento dos vínculos entre familiares e idosos da LID”, iniciou-se

em 2016, sendo desenvolvidas palestras com a participação dos idosos e seus familiares. No

primeiro encontro aconteceu a palestra “Vínculo Família/Idoso”, no segundo a temática foi

“O envelhecimento e suas mudanças no contexto familiar”, e o terceiro encontro teve como o

assunto “A importância da família no cotidiano do Idoso”.

O objetivo desse projeto é preveniro agravamento de situações de negligência, de

violência e de ruptura de vínculos; reestabelecer os vínculos familiares e sociais; compreender

e envolver a família, como partícipe do cotidiano do idoso; possibilitar a ampliação e o

conhecimento dos familiares; e aprimorar a relação entre idoso e sua família.

A frequência do projeto, pensada primeiramente em três encontros anuais, permite a

modificação conforme a realidade. A metodologia adotada conta com a utilização do

instrumental questionário, tendo perguntas abertas e fechadas, o qual é entregue ao sujeito

participante da palestra ao final de cada reunião, para que possam avaliar e dar sugestões para

os próximos encontros, inclusive sugerir temas e horário para as próximas palestras, visando

atender aos interesses dos participantes.

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3 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA.

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Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos, baseando-se nos

caminhos relacionados à coleta, análise e interpretação dos dados da pesquisa. Para um

melhor conhecimento do campo pesquisado, sentiu a necessidade de mostrar alguns aspectos

referentes aos sujeitos da pesquisa.

3.1 CONSTRUINDO A METODOLOGIA DA PESQUISA

O desenvolvimento de uma pesquisa exige em primeiro instante, o conhecimento e

escolha da metodologia a ser desenvolvida, mediante um problema ou uma dúvida que se

deseja investigar. Ou seja, é preciso planejar o conjunto de técnicas que vão articular o

pensamento e as ações do pesquisador na abordagem e interpretação da realidade.

O próximo passo da pesquisa, de acordo com Lakatose Marconi (2008), é a análise

minuciosa de todas as fontes documentais que possam contribuir com a investigação

planejada. Para Severino (2007, p. 68), “A documentação temática visa coletar elementos

relevantes para o estudo em geral ou para a realização de um trabalho em particular, sempre

dentro de determinada área”.

A pesquisa proposta se enquadra como pesquisa de campo, definida por Severino

(2007, p. 123) como a pesquisa em que “[...] o objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente

próprio”, e as técnicas específicas utilizadas na pesquisa de campo, de acordo com Andrade,

(2010, p. 131) “[...] tem o objetivo de recolher e registrar, de maneira ordenada, os dados

sobre o assunto em estudo”. Para Lakatose Marconi (2008), a pesquisa de campo consiste na

observância de fatos e fenômenos que ocorrem na coleta de dados, mas que não se atém

simplesmente em coletar os dados, pois possui objetivos previamente definidos, orientados

sempre por fases definidas na metodologia adotada. Neste sentido, é importante a atenção e

observação do pesquisador, acerca dos fenômenos que ocorrem em torno do campo de

pesquisa, razão pela qual se contempla na pesquisa, além da instrumentalização por

questionário, a observação, que visa registrar acontecimentos ou fatos novos que não foram

percebidos ou descritos na problemática previamente planejada.

Na coleta dos dados, utilizou-se a abordagem qualitativa, que para Chizzotti (1998, p.

79), “[...] parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito

[...]”. Nesse sentido o pesquisador se coloca como parte integrante e fundamental do processo

da pesquisa qualitativa que não avalia os fatos sociais apenas pela sua aparência:

Ele deve, preliminarmente, despojar-se de preconceitos, predisposições para

assumir uma atitude aberta a todas as manifestações que observa, sem

adiantar explicações nem conduzir-se pelas aparências imediatas, a fim de

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alcançar uma compreensão global dos fenômenos (CHIZZOTTI, 1998, p.

82).

Embora as pesquisas com abordagens qualitativas não possam ter seus resultados

quantificados, isto não as fazem menos importante, poisabordamsegundoMinayo (1994), de

forma mais aprofundada os significados das ações e relações do ser humano.

Ainda que o pesquisador esteja aberto a todos os fatos relacionados à pesquisa no

momento de sua realização, e que deva se conter ao seu posicionamento prévio, sua

observação está condicionada aos conhecimentos adquiridos. A pesquisa qualitativa permite,

por ocasião da interpretação dos dados, a contribuição pessoal do pesquisador.

O método específico utilizado define-se como estudo de caso, que de acordo com Gil

(2010, p. 37), “Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira

que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. Ainda, “[...] é encarado como o

delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de

seu contexto real [...]”.

Determinar como método específico o estudo de caso, para uma pesquisa, representa

considerar, portanto, uma situação real e contemporânea, além de se propor a uma

investigação aprofundada e abrangente do objeto de estudo, em relação aos objetivos

propostos, mas de forma alguma, a intenção é esgotar as abordagens ou finalidade do estudo

em questão.

Para a coleta de dados, optou-se pela técnica de entrevista e observação. A entrevista é

um recurso de obtenção de informações que exige um interlocutor, o que a diferencia da

observação. Esta recolhe as informações por meio dos sentidos do investigador,

especialmente a visão e audição, e que exige do investigador um contato direto com a

realidade (MARCONI e LAKATOS, 2008). Este contato pode se traduzir em maior segurança

na análise dos dados, propondo-se assim, uma pesquisa com levantamentos combinados pelas

duas técnicas, esperando que as quais se complementem na coleta de dados da pesquisa em

questão.

A adoção de questões formuladas como base para a entrevista visa como considera

Carvalho (2003), dar um padrão mínimo a coleta de dados para que possam ser analisadas e

comparadas as respostas dos entrevistados, extraindo subsídios para a pesquisa. Quanto ao

Instrumental questionário, Gil (2008, p. 121), considera, “[...] técnica de investigação

composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de

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obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, [...]”. A elaboração de

questionários consiste em conduzir dados do sujeito pesquisado.

Considerando o procedimento metodológico da pesquisa, foi providenciado o Termo

de Compromisso para Uso de Dados em Arquivos, termo necessário para utilização dos

documentos da instituição. O termo deverá ser assinado em duas vias, permanecendo uma

cópia na Instituição e a outra com o pesquisador colaborador, e também o Termo de

Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), que é um instrumento que se aceito e assinado,

demonstra o interesse do sujeito da pesquisa.

Mediante o aceite de participação do estudo, os participantes da pesquisa, serão

entrevistados mediante questionário semiestruturado com questões fechadas e abertas. Se for

necessário, e os participantes envolvidos na pesquisa autorizarem, será utilizado o gravador

com a garantia de que seus nomes serão preservados.

Quanto à coleta de dados para a realização da pesquisa, serão considerados os

princípios do Código de Ética Profissional do assistente social, descrito no Capítulo V, Art.

16, no qual consta que o sigilo do pesquisador protegerá o participante em todas as

informações de que se tenha conhecimento, como decorrência do exercício profissional

(BRASIL, 2012).

Na análise e interpretação dos dados da pesquisa, utilizar-se-á a técnica de

triangulação que de acordo com Triviños(1987, p. 138), “[...] tem por objetivo abranger a

máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo [...]”, pois

através desta técnica, entende-se que um fenômeno social não existe de forma isolada, mas

possuem raízes culturais, históricas, sociais e econômicas na sociedade.

Para a devolução dos dados aos participantes da pesquisa, será feito uma apresentação

dos resultados obtidos ao término da pesquisa e será entregue uma cópia com os resultados

para o responsável da Instituição de Longa Permanência Casa Lar Irmãos Dentzer.

3.2 CONHECENDO ALGUNS ASPECTOS REFERENTES AOS SUJEITOS DA

PESQUISA

Com a finalidade de conhecer melhor os sujeitos da pesquisa, apresentar-se-á alguns

aspectosespecíficosreferentes aos idosos do Lar Irmãos Dentzer.

Os sujeitos participantes da pesquisa são: 1 (uma) Assistente Social; 1 (uma)

Psicóloga; 12 (doze) idosos institucionalizados; 3 (três) famílias. Priorizar-se-á o recorte com

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critérios adotados como: interesse, disponibilidade, ser morador do Município de Toledo

(para as famílias) e, idosos com grau de dependência I.

A Assistente Social possui graduação em Serviço Social pela UNIOESTE de Toledo-

Pr., além de pós-graduação em Planejamento Municipal e Políticas Públicas. Está trabalhando

na Casa Lar Irmãos Dentzerhá4 (quatro) anos e 6 (seis) meses, desenvolve como parte de suas

atribuições, programas e projetos denominados “Descontraindo com Familiares e Amigos”,

“Fortalecimento dos vínculos entre familiares e idosos da LID”, “Oficina da Memória”, entre

outros.

A Psicóloga possui graduação em Psicologia pela UNIPAR de Cascavel-Pr., pós-

graduação em Recursos Humanos e trabalha no Lar Irmãos Dentzercerca de1 (um) ano e 5

(cinco) meses e também na Clínica de Trânsito.

Quanto ao gênero,dos 29 idosos institucionalizados, têm-se 19 (dezenove) mulheres e

10 (dez) homens. Observa-se, portanto, uma relativa predominância do sexo feminino,

representando praticamente o dobro em relação ao número de homens, como podemos ver

gráfico1.

GRÁFICO 1 -Composição, por gênero, de idosos do LID

FONTE:Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

A predominância das mulheres representa, em parte, ao fenômeno da longevidade

feminina, conforme salienta Camarano, (1999, p. 76) “[...] o envelhecimento diferenciado

entre homens e mulheres, destaca-se a maior e crescente proporção de mulheres no total da

população idosa, ou chamada ‘feminização da velhice’”. Segundo dados do censo

65,52%

34,48% 19 Mulheres

10 Homens

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demográfico de 2010, a representação percentual entre mulheres e homens maiores de 60 anos

no Brasil, são de 55,53% e 44,47% respectivamente.

Na instituição pesquisada em termos absolutos, há 12 (doze) idosos representando um

número maior no grau de dependência I, (RDC nº 283/ANVISA). Sendo que 1(um) idoso

com 69 anos, 7(sete) idosos entre 71 a 80 anos e 4(quatro) idosos acima de 80 anos. No grau

de dependência II: 1(um) idoso com 65 anos, 3(três) idosos entre 71 a 80 anos e 6(seis) idosos

acima de 80 anos. Já no grau de dependência III, têm-se 3(três) idosos com idade entre 60 e

70 anos, 2(dois) idosos entre 71 a 80 anos e 2(dois) idosos acima de 80 anos:

GRÁFICO 2 - Relação de Idade e Grau de Dependência

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

A quantificação maior para o grau de dependência I pode ser parcialmente explicado

pelo critério de seleção adotada pela instituição, em que se estabelece que no momento do

ingresso, o idoso esteja no grau de dependência I, para os integrantes voluntários. Este gráfico

também revela que a idade não é fator determinante para o grau de dependência dos idosos.

Como podemos conferir no gráfico 2, na faixa etária de idade entre 71 a 80 anos, tem-

se um percentual relativamente maior no grau de dependência I, ao passo que o grau

dependência III é a maioria no grupo com idade entre 60 e 70. Já para o grupo acima dos 80

anos, o grau de dependência III representa o menor número.

Quanto ao tempo de residência dos idosos no Lar, descritos no gráfico 3, estabeleceu-

se como critério a data de ingresso entre o mês de outubro até setembro do ano seguinte, para

contemplar assim, com fidelidade, o tempo de inserção dos idosos do Lar. Como se pode

analisar, há 6(seis) idosos com menos de 1 ano, 5(cinco) idosos entre 1 a 2 anos, 6(seis)idosos

1

7

4

1

3

6

3

2 2

0

1

2

3

4

5

6

7

8

60 a 70 anos 71 a 80 anos Acima de 80 anos

Grau I Grau II Grau III

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entre 2 a 3 anos, 1(um) idoso entre 3 a 4 anos e acima de 5 anos são 11(onze) idosos

institucionalizados.

GRÁFICO 3 - Tempo de residência no Lar

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

Observa-se uma quantidade maior de idosos com mais tempo de instituição, porém, a

rotatividade de ingresso e desligamento da instituição é bastante grande. Nos primeiros nove

meses de 2016 ocorreram 5 inserções e 10 desligamentos, sendo 5 por falecimento e 5 por

retorno à família.

Constata-se que a maioria dos idosos no Lar, são viúvos, com um percentual de

55,17%. Os solteiros representam 24,14% e 13,79% são casados, restando 6,90% divorciado

como podemos ver:

GRÁFICO 4 - Percentual por Estado Civil

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

20,69%

17,24%

20,69% 3,45%

38%

6- 1 mês a 1 ano

5- 1 a 2 anos

6- 2 a 3 anos

55,17%

13,79%

24,14%

6,90% 16 Víuvo(a)

4 Casado(a)

7 Solteiro(a)

2 Divorciado(a)

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Esta realidade parece mostrar que a ausência de um(a) companheiro(a), influência

marcante na decisão de se morar em uma Instituição de Longa Permanência, considerando

que a decisão seja do próprio idoso.

O gráfico abaixo representa uma relação interessante entre o estado civil e o nível de

escolaridade. Considerado os idosos com ensino médio completo e com ensino superior

completo, os quais representam 42,86 % dos solteiros e apenas 18,18 % no grupo dos

casados, viúvos e divorciados. O avanço nos estudos também se apresenta favorável aos

homens, 36,36 % deles têm ensino médio completo ou ensino superior completo, ao passo

que entre as mulheres, esta escolaridade é representada por 16,67%:

GRÁFICO 5 - Relação estado civil e nível de escolaridade

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

Este gráfico mostra uma relação favorável aos solteiros, com relação ao avanço nos

estudos, quando agrupado os viúvos, casados e divorciados, considerando assim, que estes

mudaram seu estado civil em algum momento da vida, situação que, de certa forma,

influenciou no tempo de escolaridade.

Os dados do gráfico 6 demonstram 18(dezoito) idosos que possuem filhos e 11(onze)

que optaram em não ter filhos, predominando dessa forma a maioria de idosos que têm filhos:

4

1 2

18

3 1

0

5

10

15

20

Ens. Fundamental Ens. Médio Ens. Superior

Solteiro(a) Casado(a), Viúvo(a), Divorciado(a)

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GRÁFICO 6 - Idosos que têm filhos

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

Analisando o gráfico acima, pode-se constatar que a maioria dos idosos tem filhos. No

entanto, embora estes filhos sejam responsáveis, não reúnem condições que atendam a todos

os cuidados necessários para o bem-estar dos idosos. Para Born (2005, p. 403), diversos

fatores como, “[...] urbanização intensa, mudanças na organização familiar, emprego

feminino, espaços habitacionais diminuídos, [...] vêm atingindo duramente uma grande parte

da população”. São as exigências do mundo do trabalho em uma sociedade capitalista, na qual

a população economicamente ativa, não consegue dispensar os cuidados necessários aos seus

idosos.

O gráfico 7 representa a denominação religiosa declarada, no qual prevalece a religião

evangélica, com 16(dezesseis) idosos e 13(treze) idosos que seguem a Religião Católica:

GRÁFICO 7 - Religião dos Idosos

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

Os dados acima apresenta um percentual de 55,17% de idosos que têm a preferência

pela religião evangélica, mas a religião católica também é bem expressiva, não representando,

62,07%

37,93% 18 Tem

11 Não tem

44,83%

55,17%

13 Católica

16 Evangélica

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portanto, uma diferença significativa. Estas duas expressões religiosas são as mais

representativas no Brasil, segundo dados do IBGE de 2010.

No gráfico abaixo, pode-se analisar que se tratando dos responsáveis, afirma-se que18

(Dezoito) filhos(as) ficam com a responsabilidade de seus pais idosos no Lar,3 (Três) idosos

estão sob responsabilidade de amigos(as), outros 3 (três) com irmão(s),2 (Duas) com

sobrinhase um idoso sob cuidados de 1 (uma) cunhada. Há também outros dois idosos que

sofrem com ausência famíliar, ficando a cargo do Lar e da secretaria da Assistencia Social de

Ouro Verdea responsabilidade por ambos:

GRÁFICO 8 - Responsável pelos idosos do Lar

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

O gráfico acima confirma a predominância de responsabilidade ficando a cargo dos

filhos, com 62,07 %, em relação aos demais responsáveis. Embora este percentual pareça ser

pequeno, ele representa que todos os idosos que tem filhos, estão sob responsabilidade dos

mesmos. Se estendido o conceito de família (diferente grau de parentesco), esta

responsabilidade sobe para 82,76 %. Outro dado interessante é que todos os idosos que estão

sob responsabilidade de pessoas que não são membros da família ou de instituições

assistenciais, não tiveram filhos.

Considerando o deslocamento para acompanharem o cotidiano dos idosos, tem-se um

número de 18 (dezoito) idosos com familiares residindo próximo ao Lar e 11 (onze) idosos

com familiares residindo relativamente distante.

10,34% 6,90%

62,07%

3,45%

10,34%

3,45% 3,45%

3-Amigo (a)

2- Sobrinha

18- Filho (a)

1- Cunhada

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GRÁFICO 9 - Cidade que mora os responsáveis dos idosos do Lar.

FONTE: Dados obtidos através do cadastro do idoso junto a Instituição.

O percentual de 37,93 % exposto acima demonstra que a instituição atende diversos

idosos com domicílio de origem, relativamente distante, inclusive de outros estados, o que

dificulta o acompanhamento presencial do cotidiano destes idosos.

3.3 QUANTO A INSERÇÃO E DESLIGAMENTO DE IDOSOS NA INSTITUIÇÃO

Em relação à inserção, a instituição adota os critérios, na qual o idoso deve manifestar

sua vontade de vir para o Lar e estar no grau de dependência I, que é um critério de saúde, em

que após cadastro é feita a avaliação médica para averiguar sobre a saúde do idoso. Havendo

a vaga disponível é feita a inserção, ou a espera pela disponibilidade da vaga (PLANO DE

AÇÃO, da instituição, 2016). O Lar disponibiliza ainda, 6 (seis) vagas ao Sistema Único da

Assistência Social, sendo encaminhadas pelo CREAS do município de Toledo e neste caso,

de qualquer grau da dependência. Assim a vontade do idoso passa a ser secundária

prevalecendo à necessidade de assistência social e proteção.

Na fala dos profissionais, em relação à inserção dos idosos na Instituição, podemos

perceber que se levaemcontaa manifestação do desejo do idoso, o fator saúde, a renda, a

necessidade de cuidadores e o grau de dependência em que o idoso se encontra em

observância aos critérios adotados pela instituição:

“Vontade própria e condição de saúde e idosos encaminhados pelo CREAS”

(A.1).

“Questões de saúde física, psíquica, familiar, renda, vínculos, cuidados e

cuidadores anteriores, medicações, rotinas de consultas médicas, exames já

realizados e quais precisarão fisioterapia se foi indicado (verifica-se qual

grau de dependência o idoso se enquadra)” (A.2).

48,27%

27,58%

3,44%

6,89%

3,44%

3,44% 3,44% 3,44% 14- Toledo

8- São Paulo

1- Maripá

2- Ouro Verde

1- Porto Alegre

1- Cascavel

1- Curitiba

1- Olinda

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Observa-se que a instituição adota critérios para impedir que as famílias tentem

institucionalizar o idoso à revelia do mesmo. Percebe-se ainda, segundo a fala dos

profissionais do Lar, que o idoso passa por avaliaçõesnecessáriasantes da sua inserção.

Sobre o motivo que levou a inserção do idosona instituição, 2 (duas) famílias

responderam que foi por vontade própria e 1 (uma) família respondeu que a idosa teve que ir

pois não era capaz de ficar sozinha, devido o perigo de se machucar. Nessa fala,apresenta a

falta de alguém que esteja disponível para ficar com a pessoa idosa. Um fato importante que

deve ser salientado é que, num caso específico, mesmo com a insistência dos filhos, a idosa

quis ir para o Lar, prevalecendo novamente à vontade do idoso.

Na visão das famílias se identifica,num contexto geral,à vontade ou concordância dos

idosos com a institucionalização, devida a situação atual em que ele se encontra. Por exemplo,

saúde debilitada e impossibilidade de se cuidar. Em outro caso, há a preferência de ir para o

Lar mesmo estando em desacordo com os filhos:

“Ela mesma quis, faz 12 (doze) anos que está lá [...]” (A.3).

“Ela quis ir [...] os filhos não estava de acordo, queria que ela ficasse com

uma das filhas, mas ela não quis” (A.4).

“Ela não conseguia mais ficar sozinha, caiu e se machucou e não podia

mais ficar sozinha, daí ela aceitou ir para o lar” (A.5).

Nas falas anteriores, identifica-se a reunião familiar na tomada de decisão, a

preocupação com o fator saúde e o acompanhamento. Por exemplo, na fala do sujeito (A.4),

considerando a decisão do idoso de querer morar no Lar, a família atendeu, mesmo querendo

cuidar e ficar juntos, porém, sabendo que o melhor lugar seria estar junto com a família.

Os idosos pesquisados ressaltam a causa que os levou para o Lar. Percebe-se dentre os

12 (doze) sujeitos pesquisados que todos vieram para o Lar por vontade própria, o que

diferencia é o motivo de sua inserção, como morte do conjugue, não querer ficar sozinho,

melhor acompanhamento e assistência, não querer incomodar os filhos, não ter filhos,fator

trabalho, presença de familiar também institucionalizado e ao Lar ser equiparadoaum lar

(casa):

“Sim, quando aposentei [...] o ano passado minha esposa ficou doente, daí

eu já conhecia o Lar antes” (A.6).

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“Sim, a minha nora que arrumou para mim no Lar” (A.7).

“Sim. Necessidade! Cai! Quebrei o quadril e depois a saúde começou a

deteriorar e não tinha como se cuidar pois morava sozinha” (A.8).

“Sim. Minhas irmãs que insistiram, elas acharam que no Lar dava mais

assistência” (A.9).

“Sim, tenho duas (2) filhas elas viajam muito não tem tempo para ajudar”

(A.10).

“Sim, porque o marido faleceu daí vim morar no Lar” (A.11).

“Sim, Eu achei melhor deixar os filhos, ficarem sozinhos” (A.12).

“Sim, vim porque não tenho filhos” (A.13).

“Sim, não queria dar trabalho para os filhos, parece que ia incomodar”

(A.14).

“Sim, por causa do marido que ficou doente, problema de coração ai seria

duro pra mim cuidar dele” (A.15).

“Sim, minha irmã já morava aqui, [...] e porque o Lar é parecido com um

Lar” (A.16).

“Sim, Na realidade conhecia o Lar, um (1) cunhado estava aqui, não queria

dar problema para os filhos, eles trabalham” (A.17).

Ressalta-se que o“sim” manifestado pelos idosos não representa, necessariamente, sua

primeira opção. Nas relações atuais, especialmente no trabalho, cada ganha seu próprio

sustento, normalmente fora de casa. Talvez seja o principal fator que não permita à família

proteger mais adequadamente seus parentes idosos. Aparecem ainda nas falas, famílias que

não dão conta de atender a necessidade do idoso, além de idosos que, de certa forma, sentem

que atrapalham a vida dos filhos, (A.14 e A.12) e também se observa o fator saúde nas

justificativas apresentadas. Identifica-se também uma relativa segurança quando se tem a

presença de um familiar (A.16 e A.17), e outros que não tinham filhos (A.13).

Em relação ao período de adaptação dos idosos no Lar, foram entrevistados os

profissionais, com o objetivo de identificar alguns elementos importantes que a instituição

adota, como a utilização de alguns de seus pertences: a presença da família, atitudes de maior

acolhimento e atividades na Instituição que lhes possa interessar. Também se consideraa

importância do trabalho com as famílias, como fonte primordial, lembrando que a presença da

família, na fala dos profissionais, ajuda no processo de adaptação:

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“[...] idosos trazem os seus móveis para facilitar na adaptação [...] quando

o morador tem família a equipe orienta que eles sejam ainda mais presentes

neste momento” (A.1).

“Observação, acolhimento, atendimento psicológico, anamnese, trabalhos

em grupo, dinâmicas” [...] (A.2).

A partir disso, podemos perceber o cuidado especial dispensado pela instituição, com

acompanhamento e atenção diferenciada no período de adaptação.

A permissão de que o idoso tenha consigo seus pertences, reforça o cuidado com sua

saúde emocional e um acolhimento humanizado. Verifica-se que a instituição prima sempre

pelo fortalecimento e a importância do convívio familiar.

É legítimo que as organizações se preocupem com o bem-estar dos idosos, sendo que a

qualidade de vida no envelhecimento depende de muitos fatores e a família é parte integrante

dessa qualidade de vida.

De acordo com a fala dos profissionais sobre como ocorre o desligamento do idoso da

instituição e as ações que são realizadas para o acompanhamento por parte da instituição, o

qual é feito durante 3 (três) meses por uma assistente social, um dos motivoscitados sobre os

desligamentos ocorreremépor falecimento. Porém, nos casos de retorno à família, a instituição

faz o acompanhamento por um determinado período e em seguida o fechamento do caso:

“O idoso é acompanhado por três (3) meses, onde é realizado uma visita

domiciliar para posterior arquivamento dos documentos” (A.1).

“As visitas domiciliares dos idosos que retornam ao seio familiar, são

realizados pela Assistente Social” [...] (A.2).

Como podemos ver, o acompanhamento é feito através de visitas na casa da família,na

qual o idoso se encontra, a fim de averiguar se está tudo bem com o idoso e se não existe

nenhuma violação aos direitos, conforme determina a legislação brasileira, seguidamente são

arquivados os documentos do idoso que retornou para sua família.

3.4 QUANTO ÀS VISITAS DOS FAMILIARES E A RELAÇÃO DE VÍNCULOS

FAMILIARES

A instituição trabalha sempre por um bom relacionamento e fortalecimento de

vínculos entre os idosos e as famílias, mas nem sempre consegue bom resultado. Devendo-

selevar em consideração como era antes essa relação familiar, sendo que “Não podemos

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esperar que todas as famílias tenham uma relação amorosa com o idoso e nem que todos os

filhos tenham o senso de responsabilidade desejável. [...] e procurar compreender a dinâmica

da situação, avaliando as forças e as debilidades da família [...]” (BORN, 2005, p. 407). Mas

nem por esse motivo a instituição deve deixar de buscar alternativas e ações que visem uma

aproximação da Família/Idoso, primando pelo fortalecimento de vínculos familiares.

Na fala dos profissionais é relatado também que algumas famílias acompanham

presencialmente seus idosos, e em outros momentos por contato telefônico, embora a

distância possa dificultar. Já outras são totalmente ausentes, mesmo que a instituição

disponibilize atividades e projetos que auxilie na manutenção e fortalecimento do vínculo

familiar entre idosos e as famílias. Em outros casos, o idoso não possui família. Nessa

situação, a instituição envolve palestras e dinâmicas para atender a necessidade do idoso,

como aparece na fala do profissional pesquisado:

“Alguns moradores possuem familiares bem presentes, os que não possuem,

o Lar busca incentivar a presença deles e quando se faz necessário a família

é chamada no Lar ou é feito contato telefônico cobrando a presença do

familiar, em alguns casos os idosos não possuem familiares” (A.1).

“Familiares de alguns idosos são presentes, outros pela distância, se

comunicam mais via telefone. Outros são ausentes. [...] são realizados com

a família (sem os idosos) palestras e dinâmicas voltadas sempre ao bem

estar do idoso. Algumas com bons resultados (presença dos familiares), e

outras não, (ausência sem justificativa)” (A.2).

Como podemos perceber no relato dos profissionais da instituição, há muitos desafios

encontrados com ausência de algumas famílias, sendo desenvolvido pela instituição o trabalho

de busca a aproximação e participação da família no cotidiano do idoso institucionalizado,

porém, nem todos conseguem participar da vida de seu ente. Verifica-se que há o

reconhecimento de que a distância é um empecilho, mesmo assim, outros meios de contato

são realizados, por exemplo, via telefone. Mesmo assim existem as ausênciasde algumas

famílias sem justificativa.

Em relação às visitas dos familiares na Instituição, há asfamílias que comparecem

sempre e algumas que não acompanham o idoso na instituição. A esse respeito os

profissionais avaliam que:

“Depende do idoso e da família, alguns se fazem presente diariamente

outros, quase nunca aparece. E tem o idoso que não tem familiares” (A.1).

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“Eu particularmente, no contexto geral avalio como ruim. Somente uma (1)

idosa recebe visitas de seus familiares todos os dias. As demais são

esporádicos” (A.2).

Conforme as falas, verifica-se insatisfação quanto à presença das famílias. Na

avaliação do sujeito (A.2) “No contexto geral avalio como ruim”, considera-se que a relação

de vínculos familiares tem muito a perder quando os familiares não se fazem presentes na

vida do idoso.

Nas relações atuais, especialmente no trabalho, em que cada um cuida em ganhar seu

sustento, normalmente fora de casa, seja talvez esse o principal fator que não permita à

família proteger e acompanhar mais adequadamente o institucionalizado.

A família é a primeira instituição social de nossas vidas, na qual se recebe os cuidados

e carinho, pelos quais carregamos pela vida toda. Família é a base formadora do indivíduo.

Sendo assim, somos levados a defender que a família é o melhor lugar para se viver com

dignidade. Segundo Prado (2012, p. 52, apud COSSI, 2015, p. 20), “A família é onde vivemos

mais fortemente as relações afetivas e sentimentais. Portanto, local de realização existencial

plena”.

Sobre a frequência das visitas,obteve-sesobre as famílias a seguinte informação:

existem aquelas que comparecem toda semana, outras mais vezes na semana e ainda há a

possibilidade do idoso ir visitar sua família. Vejamos as respostas:

“Vou toda a semana ou mais vezes quando eu posso” (A.3).

“Eu vou duas vezes na semana, eu falo para ela vir mais em casa” (A.4).

“Geralmente todos os domingos eu vou e quando tem que levar ela no

médico em Cascavel” (A.5).

As três famílias entrevistadas assumem sua participação presencial, porém, aparecem

as condições para isso. O que significa entre outras coisas, que os familiares têm

naturalmente, outros compromissos. Além disso, possuem aquelas famílias que residem em

outros municípios, comprometendo sua participação presencial, elemento este, observado

durante o estágio no Lar, no acompanhamento do idoso e sua família.

Em relação à visita dos familiares, buscou-se ouvir dos idosos quem os visita e com

que frequência. Todos os idosos responderam que recebem visitas. Filhos, netos, bisnetos,

cunhados, irmão, sobrinhos, genro, amigos e pessoas de fora que vem conhecer a instituição,

foram mencionados como visitantes. Quanto à frequência, aparece a cada um ano,

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esporadicamente, uma vez por mês, ou quando podem. Há idoso que vão ao encontro das

famílias. Aparece ainda nas falas, que mesmo a família estando longe ela se preocupa com o

idoso:

“Sim. Recebi visita a muito tempo atrás. Mais ou menos um ano [...] Meus

filhos moram longe e eles não tem muita verba para vir para cá” (A.6).

“Sim. A minha filha, minha neta, bisneto e neto de Ponta Grossa com a

esposa e filha. Vem mais ou menos uma vez por ano” (A.7).

“Sim. Minha cunhada, irmã vem de vez em quando. Toda semana quando

eles podem” (A.8).

“Sim, mas esporadicamente, o pessoal de fora, com interesse de visitar e

conhecer uma instituição. A família vem menos pois moram em Porto

alegre. Eles veem a cada meio ano. E quando posso eu vou para lá” (A.9).

“Sim, meus filhos me visitam. Agora para o natal eles veem com a família de

Blumenau. Também vem me visitar quatro vezes por ano mais ou menos.

Meus filhos veem a cada mês. Se trocam” (A.10).

“Recebo minha família, filhas, irmãs vem quando pode. A irmã vem mais.

Uma vez por mês” (A.11).

“Sim. Filha da Alemanha. A minha filha veio me visitar, Sempre fala no

telefone e um filho no sábado e outro no domingo” [...] (A.12).

“Sim. Irmãos. Sobrinhos de Curitiba esporadicamente por causa da

distância.” (A.13).

“Sim. Genro, filha, filho, nora, netos vem uma vez por ano. Os filhos mais

ou menos uns três meses, quando dá certo vem mais vezes” (A.14).

“Sim. Meus filhos que moram em São Paulo, neto uma vez por ano. Cada

um tem seu serviço. Esse ano nós que vamos para São Paulo” (A.15).

“Sim. Amigos que vem de São Paulo. Filhos também que moram em São

Paulo e Belo Horizonte. Meus filhos sempre ligam e se preocupam muito

com a gente, o bem-estar” (A.16).

“Sim. Os filhos veem uma vez por ano” (A.17).

Novamente se percebe como a distância e os compromissos, especialmente com o

trabalho, influenciam no acompanhamento do cotidiano dos idosos. Nota-se também que os

idosos têm consciência destas dificuldades. Interessante perceber que várias pessoas da

família fazem visitas, ainda que esporádicas. Importante ainda é de alguns idosos terem a

possibilidade de visitar suas famílias.

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Buscou-se saber também a satisfação dos idosos quantoà frequência das visitas, tendo

5 (cinco) idosos que responderam não fazer falta, pois utilizam outros meios para se

comunicarem e além de entenderem que os familiares possuem outros compromissos. Eles

têm consciência de que a distância dificulta a frequência das visitas e por isso não exigem

mais, não querem incomodar, sabendo que a família trabalha e não tem tempo, concordando

assim com a situação. Em outros casos, os idosos têm parentes morando no Lar e sempre

estão juntos. Outros idososmanifestam a satisfação ao receber a visita, para compartilhar

momentos, matar a saudade, fazer compras e outros. Ainda, na fala do sujeito (A. 16), aparece

a vontade de receber mais visitas. “Se eles pudessem, mas não exijo”, e diz que se sente feliz.

Vale ressaltar que alguns idosos gostariam de receber mais visitas, uma vez quesesentem

amados e felizes, mas quando a família vai embora sofrem ao ficarem sozinhos, pois sentem

falta de alguém para conversar, como podemos constatar nas respostas dos entrevistados a

seguir:

“Não. Não me faz falta, o dia inteiro se comunicamos por mensagens”

(A.6.)

“Sim. Para a gente matar a saudade, tomar vitamina, andar nas lojas,

comprar alguma coisa” (A.7).

“Não. Eu sei que não podem. Quando vem está bem recebido, e a maioria

não mora aqui” (A.8).

“Sim. Tenho que exigir o que eles podem para oferecer, não quero

incomodar em virtude da distância. Tá bom assim. Está levando controlado,

nem demais nem de menos, na média”. (A.9).

“Não. Meus parentes, minha família, meu filho mais velho, engenheiro

eletrônico e o outro é engenheiro de som. Eles não têm tempo para ficar

comigo. Se eles têm eles veem” (A.10).

“Eu acho que está sendo bom, eles têm família para mim está sendo ótimo

assim” (A.11).

“Não. Porque tenho minhas irmãs no Lar e sempre estamos juntas, café,

almoço, janta e igreja” (A.12).

“A gente fala por telefone todos os dias até várias vezes, eu não cobro deles

por entender que estão longe” (A.13).

“Gostaria. Porque se sente amada, feliz quando eles veem. E sofro quando

vão embora. Quando fico sozinha sinto muita falta dos filhos, para

conversar isso me faz sofrer” (A.14).

“Já tem minhas irmãs que moram no Lar” (A.15).

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“Sim. Se eles pudessem, mas não exijo. Estou muito feliz” (A.16).

“Não. Eles têm os compromissos, todos trabalham não tem como vir visitar

(A.17).

Além da compreensão dos compromissos dos familiares, por parte dos idosos, destaca-

se novamente que a presença de outro familiar residindo no Lar (fala dos idosos A.12 e A.15),

traz a sensação de pertencimento a família. A vivência comunitária e a participação social

também aparecem como expressão de satisfação, como ir à igreja, fazer compras, etc.

Observa-se que apenas uma idosa (A.14) manifesta explicitamente a falta dos familiares. Se

comparado a sua fala anterior, pode-se identificar que a presença de seus familiares é

insuficiente para deixá-la feliz, pois fica sem ver os filhos por meses.

Também se procurou saber, na visão da família, qual a satisfação dos idosos ao

receberem visitas. Através das respostas constata-se que todos gostam e ficam felizes ao

receber visitas e compartilham com a família seu cotidiano na instituição.Vejamos:

“Ela fica bem feliz, ela conversa bastante, conta que joga bingo, participa

da oficina da memória” (A.3).

“Ela se sente bem, ela gosta quando vou lá “[...] (A.4).

“Ela fica contente, ela passa [...]pra mim toda a semana o que ela não

gosta do Lar, ela é bem tratada mas ela é difícil de lidar” (A.5).

As famílias, de um modo geral, responderam que os idosos gostam de receber as

visitas. Identifica-se ainda que, mesmo havendo reclamação por parte do idoso (A.5), não

aparece avaliação negativa da instituição pelo familiar. O relato do dia a dia do idoso a seu

familiar, reforça a importância do convívio.

No intuito de saber como as famílias avaliam os horários de visita oferecidos pela

instituição, verifica-se avaliações como ótima, bom e cem por cento. A flexibilidade de

horários recebeu avaliação positiva das famílias, como podemos ver:

“Acho ótimo posso visitar a qualquer horário” (A.3).

“Bom, tipo assim de você não pode ir no horário de visita você vai a hora

que quer” (A.4).

“Ótimo cem por cento não tem como reclamar, eu vou a tarde e quando está

fechado peço para abrir e vou, não tenho do que reclamar” (A.5).

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As respostas revelam satisfação à liberdade de visitação, identificando que a

instituição proporciona oportunidades de convívio familiar.

Para saber se o idoso é feliz no Lar Irmãos Dentzer, foram entrevistadas as famílias,

em quesecolheram respostas que mostrama percepção de que há tristeza longe da

família,principalmente com o idoso que sempre viveu sozinho, fazendo seus afazeres e passa

a depender dos outros. Há também famílias que estão convencidas de que o idoso é feliz:

“Sim ela é feliz e quando ela quer ela vem em casa, fica perto do Lar, vem

almoça também” (A.3).

“Olha ela fala que sim, a gente percebe que ela fica abandonada se sente

sozinha, percebe que ela é triste como diz família é família” (A.4).

“Ela tem que ser, mas percebo que ela não é feliz, uma pessoa que viveu

sempre sozinha sem filho, sem marido cuidando do próprio nariz, ela não é

feliz” (A.5).

A clareza do sim aparece em uma resposta (A.3). As outras famílias indicam que, na

realidade, o idoso sente solidão e não está feliz. As famílias reconhecem a importância de

suas presenças no cotidiano do idoso, associando a isso o sentimento de felicidade.

Interessante a percepção do sujeito (A.4) “família é família”. “Nessa ordem de ideias,

Louzada (2013) define que a família [...] é uma comunhão de afetos, troca de amparos e

responsabilidade” (apud. COSSI, 2015, p. 17). De certa forma a institucionalização limita

essa afetividade.

3.5 QUANTO A PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NA INSTITUIÇÃO

De um modo geral, os profissionais da instituição destacam que a participação das

famílias é ruim, atribuem a “correria do dia a dia” (fala do sujeito A.2), como fator principal,

justificando assim a ausência no cotidiano do idoso. Ao serem cobrados pela instituição,há

família não gosta eháaquelas que participam e gostam de todos os trabalhos desenvolvidos

pela instituição. Ainda está em destaque a fala doprofissional (A.1) que ressaltou as datas

comemorativas, ou seja, os dias de festas, a avaliação é sendo boa:

“Depende da situação, para comemoração e festas avalio como boa a

participação deles. Já para outras atividades avalio como ruim, pois não

participa, quando a família é chamada dificilmente comparece com

facilidade” (A.1).

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“Ruim, os familiares mais ausentes atribuem sua ausência pela correria do

dia-a-dia e percebe-se que se incomodam quando são cobrados. Aos que

comparecem, percebe-se que gostam de todo o trabalho voltado a eles

(familiares)” (A.2).

Conforme pudemos perceber nas falas dos profissionais, há a predominância da

insatisfação na participação das famílias no cotidiano da instituição.

Quanto à participação das famílias nos eventos ou projetos disponibilizados pela

instituição, as famílias afirmamque participam quando podem e quando não têm

compromisso:

“Sim, participo sempre que posso” (A.3).

“Sim, só se eu tiver algum compromisso médico quando da sempre vou”

(A4).

“Sim, só tem alguns que eu não posso mas normalmente eu vou, sempre que

possível a gente vai quando tem festas levo as coisas” (A.5).

As afirmações positivas aparecem nas respostas, mas logo em seguida aparece como

condicionais outros compromissos da família. Sendo assim, muitas vezes não conseguem

participar dos projetos de fortalecimento de vínculos, disponibilizados pela instituição.

3.6 QUANTO A RESTITUIÇÃO DE VÍNCULOS FAMILIARES

De acordo com a fala dos profissionais sobre a violação de direitos, de qual forma a

instituição acompanha o processo, com o objetivo do retorno do idoso ao convívio familiar,

ressaltam que a instituição incentiva o convívio familiar e quando possível o idoso retorna

para sua família, porém, quando a família vem em busca do Lar é para evitar a violação de

direitos. Já se experimentouvárias alternativas para queoidoso permaneça com a família,

recorrendo principalmente a cuidadores:

“Geralmente os idosos e/ou familiares buscam atendimento do LID, para

evitar possíveis violação de direito, por diversas situações, na maioria das

vezes os idosos já fizeram a tentativa de morar com familiares e com

cuidadores. O LID busca sempre incentivar a convivência dos idosos com

seus familiares. Nas poucas ocasiões que é possível, ocorre o retorno do

idoso residir com os filhos/familiares. Idosos encaminhados pelo CREAS

muitas vezes não possuem familiares” (A.1).

“Antes dos familiares procurar um Lar (instituição) ao idoso, geralmente

em algumas situações, já tentaram várias ideias, algum familiar tentou

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cuidar e não deu certo, cuidadores desconhecidos etc... e por última

tentativa os colocam no Lar de idoso” (A.2).

Nas falas acima, identifica-se a compreensão de todos que, o primeiro passo é

certificar-se e dar oportunidade paraqueas famílias tenham condições de cuidar dos seus

idosos.

E quanto aos vínculos familiares rompidos, quais as ações no sentido de minimizar os

traumas caso houver.Como podemos observar nas respostas dos profissionais, a instituição

incentiva à família para que participe da vida do idoso, através das visitas e projetos que o Lar

oferece.

“Incentivar a família a participar da vida do idoso, através de atendimento

e projetos executados pelo LID” (A.1).

“Atendimento psicológico semanal aos idosos institucionalizado, trabalho

em grupo quando possível” (A.2).

Reconhece-se ainda que o trabalho profissional do LID compreende a importância do

convívio familiar, do equilíbrio físico, emocional e social na qualidade de vida de seus idosos.

Sobre o compartilhamento das responsabilidades e cuidados do idoso

institucionalizado,observou-se que quando o idoso é institucionalizado, uma pessoa da família

deve ficar como responsável e seus dados ficam no cadastro do idoso. Nas respostas aparecem

que mais membros da família como, irmão e filhos também ajudam nos cuidadoscom o idoso,

outros não têm mais ninguém ficando sós com a responsabilidade, ainda justifica que as irmãs

não podem e que uma é doente. Como podemos constatar:

“Sim, eu e meu irmão que mora em Toledo também” (A.3).

“Não, só eu que cuido dela tudo é eu, minhas irmãs não tem tempo nunca,

uma irmã não mora aqui e a outra vive doente” (A.4).

“Com meus filhos, eles levam o que precisa quando fico doente, ai eles

ajudam na responsabilidade” (A.5).

Percebe-se nas respostas das famílias, referente à divisão de cuidados, que outros

membros da família também compartilham as responsabilidades.

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3.7 QUANTO A INSTITUIÇÃO E A SAÚDE DOS IDOSOS

Em diversos momentos da entrevista, foi possível identificar o cuidado com a saúde

dos idosos. Para as famílias o fator saúde foi considerado na decisão de inserir seus entes no

Lar e alguns, quando da necessidade de cuidados com a saúde, optou-se por morar no Lar. De

igual forma, a instituição procura assistir de forma abrangente as demandas de saúde física,

mental e social, compreendendo que o equilíbrio destes é determinante na qualidade de vida, e

na prevenção de doenças, conforme argumenta Brito e Ramos (2005, p. 394)sobre a

necessidade de, “[...] fundamentar as ações de saúde para os idosos são os de procurar mantê-

los com o máximo de capacidade funcional e independência física e mental na comunidade e

no seio de suas famílias”.

É possível verificar na observação e na análise da pesquisa que desde o momento da

inserção, no convívio diário, nos projetos desenvolvidos, no espaço e na importância dada ao

convívio familiar, bem como na insistência dos profissionais em melhorar a participação

familiar no cotidiano da instituição, demonstrando bastante preocupação com a saúde dos

idosos. A instituição compreende que manter os idosos inseridos e ativos no convívio familiar

e social, contribui de forma significativa na saúde e bem-estar.

Verificou-se que da mesma maneira, os idosos que não possuem familiares, são

inseridos no convívio e na afetividade por meio de atividades de grupo, dinâmicas e

acompanhamento psicológico.

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CONCLUSÃO

Ao iniciar este trabalho,tinha-se como objetivo averiguar o significado/importância da

manutenção e fortalecimento dos vínculos familiares para o bem-estar e saúde dos idosos

institucionalizados na Casa Lar Irmãos Dentzer, orientados por algumas questões fundadas ao

longo da realização dos estágios supervisionados, para as quais buscaríamos respostas através

da pesquisa proposta e aqui apresentada em forma de Trabalho de Conclusão de Curso.

Compreendemos que o envelhecimento é um processo natural que produz alterações

na condição física e mental e também nas relações sociais, mas isso não representa,

necessariamente, tragédia ou perda de dignidade. Deste modo,o foco das ações, no que tange

a assistência e proteção social, deve priorizar a dignidade da pessoa humana. Este é o sentido

fundamental das políticas públicas, a partir da Constituição Federal de 1988, ao elevar a

assistência social como Estado de direito.

Por razões culturais entendemos, prioritariamente que a família precisa estar ao lado

de seus idosos, fase de vida cuja fragilidade, especialmente na questão de saúde, tende a se

destacar. Por outro lado, compreendemos que a família às vezes, não dá conta de atender a

todas as necessidades de seus idosos, especialmente pelas demandas do mundo do trabalho,

conforme observado na pesquisa, razão pela qual são corresponsáveis por esta proteção, o

Estado e a sociedade civil, mais particularmente pela institucionalização que não pode, em

nenhum momento, prescindir dos vínculos familiares, sob pena de imputar ao idoso, perda de

dignidade.

Considerando os resultados da pesquisa, pode-se afirmar que a instituição cumpre de

forma bastante abrangente seus objetivos, seja pelos projetos e ações que proporcionam

interação entre os idosos e seus familiares, seja por proporcionar que seus idosos continuem

participando da vivência familiar e comunitária, ou pela flexibilidade nos horários de visita.

Mas embora, apresentam-se todas essas avaliações positivas, há insatisfação. Do contrário

seria acomodar-se ou deixar de evoluir como sociedade na assistência e proteção social.

Assim, a instituição tem a compreensão de que a manutenção dos vínculos familiares é

de suma importância para a saúde e bem-estar dos idosos institucionalizados e que as questões

de estrutura socioeconômica e cultural, marcadamente a questões de distância dos domicílios,

dificultam significativamente que as famílias participem do cotidiano de seus idosos

presencialmente. E isso é muito sentido pelos idosos internos.

Pôde-se perceber através dos dados da pesquisa, que as famílias têm seu espaço na

instituição. Porém, devido a correria do dia a dia não conseguem aproveitar esses momentos

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disponibilizado pela instituição de forma plena. Foi constatado que um número significativo

das famílias, não moram em Toledo, fator que dificulta essa aproximação. A ausência da

família de certa forma acarreta saudade e sofrimento, constatado na fala de alguns sujeitos da

pesquisa.

Outro fator positivo detectado na pesquisa fica por conta de que, vários idosos

recebem visitas de diversos membros da família e que outros idosos também saem

frequentemente da instituição para visitar as suas famílias, fatores estes que nos faz pensar

que podemos avançar no convívio familiar dos idosos ampliando o contato com mais

membros de suas famílias e promovendo, sempre que possível, que os idosos, mais

frequentemente, vão de encontro às suas famílias. Aliás, ampliar o contato familiar poderia

possibilitar àqueles idosos que não tem filhos ou que não tem, de fato, algum familiar como

responsáveis, o convívio, ainda que pequeno, com alguém de sua família.

Foi possível identificar pela pesquisa, que a decisão de morar no Lar, na maioria das

vezes, foi por consenso familiar e com a participação do idoso. Isto de certa forma, poderá

trazer segurança para a tomada de decisão. Verificou-se que normalmente a

institucionalização acontece após outras tentativas de promover a assistência e proteção que o

idoso precisa no seio familiar. É preciso reconhecer que as famílias não têm, de fato, as

condições de prestar acompanhamento em tempo integral, especialmente de atenção à saúde,

cuidado esse que as instituições oferecem com profissionais qualificados.

Por fim, pudemos compreender que o mais desejável do convívio é a afetividade, seja

ela entre consanguíneos ou não. Obviamente que esperamos mais afetividade dentro da

própria família, na qual se tem, especialmente para os idosos, toda uma história de vida

construída, com suas dignidades e mazelas. Foi possível verificar isto, na expressão de alguns

idosos que no momento da decisão de ir morar no Lar, sentiram-se mais seguros por já terem

alguém da família morando na mesma instituição.

De resto, trabalhar de modo diferenciado no período de adaptação, permitir e

promover que o idoso continue ativo em sua vida social e comunitária, além de contribuir

com o convívio familiar, significa possibilitar o equilíbrio físico e psicológico que contribui

de modo eficaz na saúde, bem-estar e melhoria da qualidade de vida psíquica do idoso

institucionalizado.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

Localização da Rede Socioassistencial no Município de Toledo- PR

FONTE: Adaptado do Googlemaps, 2016.

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APÊNDICE B

01- OBJETIVO GERAL: Analisar o significado/importância da manutenção e

fortalecimento dos vínculos familiares para o bem-estar físico e mental dos idosos da

instituição “Casa Lar Irmãos Dentzer” Toledo-PR.

Questionário: Assistente Social

NOME e Profissão:

de atuação:

SEXO: (...) Feminino (...) Masculino

1-Quanto tempo você faz parte do quadro de funcionário do Lar?

___________________________________________________________________________

2-Quando o idoso é institucionalizado, quais critérios são avaliados para a inserção do idoso?

___________________________________________________________________________

3- Em caso de violação de direitos a instituição acompanha o processo, objetivando o retorno

do idoso ao convívio familiar?

___________________________________________________________________________

4- Quanto aos vínculos familiares rompidos, quais as ações no sentido de minimizar os

traumas, se houverem?

___________________________________________________________________________

5- Quais as ações desenvolvidas de forma diferenciada no período de adaptação?

___________________________________________________________________________

6- Como se dá as relações de vinculo familiar no Lar? E de que forma são desenvolvidas as

ações para os idosos institucionalizados?

___________________________________________________________________________

7- Quando ocorre desligamento do idoso (a) no Lar há algum acompanhamento por parte da

instituição? Se sim de que forma é feito?

___________________________________________________________________________

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8- Quando é programado algum evento ou até mesmo a execução dos projetos direcionados

para as famílias como você avalia a participação dos familiares?

Boa ou ruim? Justifique?

___________________________________________________________________________

9. Como você avalia as visitas de familiares para os idosos desta

Instituição?______________________________________________________-

_____________________

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APÊNDICE C

2- OBJETIVO GERAL: Analisar o significado/importância da manutenção e fortalecimento

dos vínculos familiares para o bem-estar físico e mental dos idosos da instituição “Casa Lar

Irmãos Dentzer” Toledo-PR.

Questionário: Psicóloga

NOME e Profissão:

Tempo de atuação:

SEXO: (...) Feminino ( ) Masculino

1-Quanto tempo você faz parte do quadro de funcionário do Lar?

___________________________________________________________________________

2-Quando o idoso é institucionalizado, quais critérios são avaliados para a inserção do idoso?

___________________________________________________________________________

3- Em caso de violação de direitos a instituição acompanha o processo, objetivando o retorno

do idoso ao convívio familiar?

___________________________________________________________________________

4- Quanto aos vínculos familiares rompidos, quais as ações no sentido de minimizar os

traumas, se houverem?

___________________________________________________________________________

5- Quais as ações desenvolvidas de forma diferenciada no período de adaptação?

___________________________________________________________________________

6- Como se Dá as relações de vinculo familiar no Lar? E de que forma são desenvolvidas as

ações para os idosos institucionalizados

___________________________________________________________________________

7- Quando ocorre desligamento do idoso (a) no Lar há algum acompanhamento por parte da

instituição? Se sim de que forma é feito?

___________________________________________________________________________

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8- Quando é programado algum evento ou até mesmo a execução dos projetos direcionados

para as famílias como você avalia a participação dos familiares? Boa ou ruim? Justifique?

___________________________________________________________________________

9. Como você avalia as visitas de familiares para os idosos desta Instituição?

___________________________________________________________________________

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APÊNDICE D

03-OBJETIVO GERAL: Analisar o significado/importância da manutenção e

fortalecimento dos vínculos familiares para o bem-estar físico e mental dos idosos da

instituição “Casa Lar Irmãos Dentzer” Toledo-PR.

Questionário: Familiares.

1. Idade ________

2. Estado Civil: Solteira (o) ( ) Casada(o) ( ) Viúva(o) ( )

3. Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não Quantos: _____

4. Escolaridade: _________________________

5. Qual é a sua profissão?

6. Grau de parentesco com o idoso:____________________________________

Questões

1. Qual foi o motivo que levou a inserção, do idoso (a) na Casa Lar Irmãos Dentzer?

___________________________________________________________________________

2. Com que frequência você vai visita-lo (a)?

___________________________________________________________________________

3.Quando o idoso (a) institucionalizado recebe sua visita como ele se sente?

___________________________________________________________________________

4.Você percebe se ele (a) é feliz no Lar Irmãos Dentzer?

___________________________________________________________________________

5.Nas visitas que você realiza o idoso (a) reclama sua ausência ou pede para você o (a) visitar

mais vezes?

___________________________________________________________________________

6.Você divide as responsabilidades de cuidado ao idoso com mais alguém da família? Quem?

___________________________________________________________________________

7.Quando você é convidado a participar de algum evento ou projeto disponibilizado pela

instituição normalmente você consegue participar?

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___________________________________________________________________________

8. Como você avalia o horário de visita oferecido pela Instituição?

___________________________________________________________________________

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APÊNDICE E

04-OBJETIVO GERAL: Analisar o significado/importância da manutenção e

fortalecimento dos vínculos familiares para o bem-estar físico e mental dos idosos da

instituição “Casa Lar Irmãos Dentzer” Toledo-PR.

Questionário: IDOSOS

1. Idade ________

2. Estado Civil: Solteira (o) (...) Casada (o) (...) Viúva (o) (...)

Outro:______________________________________________________________________

3. Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não Quantos: _____

4. Escolaridade: __________________________________________________________

5. Qual é a sua profissão?___________________________________________________

6. Situação Previdenciária: Aposentado ( ) Pensionista ( )

Não aposentado ( ) Outro ( )

Qual:_____________________________________________

7. Moradia: Morava sozinho ou com

familiar:_______________________________________

8. Possuía casa própria? Sim ( ) ou não ( )

9. Possui problemas de saúde: Quais?_____________________________________________

Questões

1. Você veio para a Casa Lar Irmãos Dentzer por vontade própria?

( ) Sim ou Não ( )

Justifique___________________________________________________________________

2. Você se considera feliz no Lar Irmãos Dentzer?

( ) Sim ou Não ( )

Justifique___________________________________________________________________

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3. Você recebe visita? Quem lhe visita? Quantas vezes por semana? (filho, irmão, outros...)

___________________________________________________________________________

4. Você gostaria de receber mais visita dos familiares, Por quê?

___________________________________________________________________________

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ANEXOS

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